Apostila - Sistema de Gestão de Segurança Do Trabalho - OIT

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Sistema de Gesto

da Segurana e
Sade no Trabalho:
Um instrumento para uma
melhoria contnua

DIA MUNDIAL DA
SEGURANA E SADE
NO TRABALHO
28 Abril 2011 - www.ilo.org/safeday

DIA MUNDIAL DA SEGURANA E SADE NO TRABALHO


28 ABRIL 2011

SISTEMA DE GESTO DA SEGURANA


E SADE NO TRABALHO:
UM INSTRUMENTO PARA UMA MELHORIA CONTNUA

Organizao Internacional do Trabalho

Copyright Organizao Internacional do Trabalho 2011


Primeira edio 2011
Traduo em lngua portuguesa: ACT - Autoridade para as Condies do Trabalho

Sistema de Gesto da Segurana e Sade no Trabalho: Um instrumento para uma melhoria contnua
Edio: Abril 2011
Tiragem: 2 500 Exemplares
ISBN: 978-989-8076-71-7 (edio impressa)
ISBN: 978-989-8076-72-4 (web pdf)
Deprito legal:
Impresso: Cincia Grfica
Traduo: WWF - World Wide Funds
Reviso tcnica: Lus Rodrigues (ACT)
Igualmente disponvel em ingls: OSH Management System: A tool for continual improvement. ISBN 978-92-2-1247395 (print). ISBN 978-92-2-124740-1 (web pdf), Turim, 2011, em francs: Systme de gestion de la SST: un outil pour
une amlioration continue. ISBN 978-92-2-224739-4 (print). ISBN 978-92-2-224740-0 (web pdf), Turim, 2011, e em
espanhol: Sistema de gestin de la SST: una herramienta para la mejora continua. ISBN 978-92-2-324739-3 (print). ISBN 97892-2-324740-9 (web pdf), Turim, 2011.

Fotografias Organizao Internacional do Trabalho


Design e produo: Centro Internacional de Formao da OIT, Turim
Impresso em Portugal

ndice
Introduo ................................................................................................................................ 1
Avaliao e gesto de riscos ...................................................................................................... 1
O que um Sistema de Gesto da Segurana e Sade no Trabalho (SGSST)? ............................... 3
O caminho para o SGSST .......................................................................................................... 4
A OIT e SGSST .......................................................................................................................... 5
SGSST para sistemas nacionais ................................................................................................ 7
SGSST e as organizaes (empresas) ..................................................................................... 8
Auditorias .............................................................................................................................. 9
Participao dos trabalhadores .................................................................................................. 10
Empresas de pequena dimenso .............................................................................................. 11
O SGSST e os sectores de risco elevado ........................................................................................ 12
Produtos qumicos e SGSST ..................................................................................................... 13
Controlo de Riscos Graves ...................................................................................................... 14
Nanotecnologias ...................................................................................................................... 15
Os sistemas de gesto so benficos para a SST? .................................................................... 16
Pontos fortes de um SGSST ................................................................................................. 17
Limitaes de um SGSST ..................................................................................................... 18
Cooperao tcnica do BIT relativa aos sistemas de gesto da segurana
e sade no trabalho.................................................................................................................. 20
Observaes finais................................................................................................................... 21
Referncias ............................................................................................................................. 22
Anexo 1 - Elementos essenciais de um sistema de gesto da segurana e sade no trabalho ..... 23

Introduo
A Segurana e sade no trabalho (SST) uma disciplina que trata da preveno de acidentes
e de doenas profissionais bem como da proteco e promoo da sade dos trabalhadores.
Tem como objectivo melhorar as condies e o ambiente de trabalho. A sade no trabalho
abrange a promoo e a manuteno do mais alto grau de sade fsica e mental e de bem-estar
social dos trabalhadores em todas as profisses. Neste contexto, a antecipao, a identificao, a avaliao e o controlo de riscos com origem no local de trabalho, ou da decorrentes, que possam deteriorar a sade e o bem-estar dos trabalhadores, so os princpios fundamentais do processo de avaliao e de gesto de riscos profissionais. O possvel impacto nas
comunidades envolventes e no meio ambiente deve ser igualmente tomado em considerao.
O processo fundamental de aprendizagem sobre a reduo dos riscos est na origem
dos princpios mais sofisticados que regem a actual SST. Presentemente, a necessidade de controlar uma industrializao galopante e as suas solicitaes em matria de fontes energticas altamente e inerentemente perigosas, tal como o uso de energia nuclear, de sistemas de transporte e de tecnologias cada vez mais complexas, conduziu ao
desenvolvimento de mtodos de avaliao e de gesto de riscos muito mais sofisticados.
Relativamente a todas as reas da actividade humana, deve fazer-se um balano entre as vantagens e os custos associados aos riscos. No caso da SST, esse balano complexo recebe a influncia de muitos factores, tais como o rpido progresso cientfico e tecnolgico, um mundo
do trabalho muito diversificado e em alterao constante, incluindo os aspectos econmicos.
O facto de que a aplicao dos princpios de SST implica a mobilizao de todas as disciplinas sociais e cientficas, uma medida clara da complexidade do seu campo de aplicao.

Avaliao e gesto de riscos


Os conceitos de perigo e de risco, bem como a relao entre ambos, podem facilmente
levar a confuses. Um perigo a propriedade intrnseca ou potencial de um produto, de um
processo ou de uma situao nociva, que provoca efeitos adversos na sade ou causa danos
materiais. Pode ter origem em produtos qumicos (propriedades intrnsecas), numa situao
de trabalho com utilizao de escada, em electricidade, num cilindro de gs comprimido
(energia potencial), numa fonte de incndio ou, mais simplesmente, num cho escorregadio.
Risco a possibilidade ou a probabilidade de que uma pessoa fique ferida ou sofra efeitos
adversos na sua sade quando exposta a um perigo, ou que os bens se danifiquem ou se
percam. A relao entre perigo e risco a exposio, seja imediata ou a longo prazo, e
ilustrada por uma equao simples:

De acordo com o j referido, o objectivo essencial da SST a gesto de riscos profissionais.


Para o concretizar, a deteco de perigos e a avaliao de riscos tm de ser consideradas de
modo a identificar o que poderia afectar os trabalhadores e a propriedade, para que se possam
desenvolver e implementar medidas de preveno e de proteco adequadas. O mtodo
de avaliao de riscos que a seguir se indica, com 5 etapas, foi desenvolvido pelo rgo
Executivo de Segurana e Sade do Reino Unido como uma simples abordagem para avaliar
riscos, particularmente em empresas de pequena dimenso (PMEs), tendo sido aprovado a
nvel mundial:
Quadro 1

Um processo de avaliao de riscos pode ser facilmente adaptado dimenso e actividade da


empresa, bem como aos recursos e s competncias disponveis. Um estabelecimento de risco
elevado, tal como uma empresa petroqumica, requerer avaliaes de determinao de risco
altamente complexas e mobilizar um elevado nvel de recursos e de competncias. Muitos
pases desenvolvem as suas prprias linhas orientadoras de avaliao de riscos, utilizadas
muitas vezes para fins reguladores ou para desenvolver normas aprovadas internacionalmente.
Dois mtodos de avaliao de riscos considerados essenciais para a gesto de riscos
profissionais so a determinao dos valores limite de exposio profissional (VLE) e a
constituio de listas de doenas profissionais. A maior parte dos pases industrializados
constitui e mantm as suas listas de VLE actualizadas. Estes limites cobrem riscos qumicos,
fsicos (calor, rudo, radiaes ionizantes, frio) e biolgicos. Uma lista notvel em termos de
cobertura e com um processo de reviso mpar e, em consequncia, usada como referncia
por outros pases, a lista dos valores limite de exposio (VLE) da Conferncia Americana
de Higienistas Industriais Governamentais (CAHIG).
A insero de doenas profissionais nas listas nacionais tem, tambm, como base mtodos
de avaliao de riscos, com o objectivo de identificar e caracterizar doenas profissionais para
fins compensatrios. Esta listagem abrange desde as doenas respiratrias e dermatolgicas,
perturbaes msculo esquelticas e cancro profissional, at s perturbaes mentais e
comportamentais. A lista de doenas profissionais da OIT (revista em 2010) d apoio aos
pases na elaborao das suas prprias listas, na preveno, no registo, na notificao e, se
aplicvel, na compensao de doenas cuja causa tenha sido exposio no local de trabalho.
2

O que um Sistema da Gesto de Segurana


e Sade no Trabalho (SGSST)?
A noo de sistemas de gesto muitas vezes utilizada nos processos de tomada de deciso
de empresas e, tambm, de uma forma inconsciente no dia-a-dia, quer seja na compra de
equipamento, no alargamento do negcio ou simplesmente na seleco de novo mobilirio.
A aplicao de Sistemas de Gesto da Segurana e Sade no Trabalho (SGSST) baseia-se
em critrios relevantes de SST, em normas e em comportamentos. Tem como objectivo
proporcionar um mtodo de avaliar e de melhorar comportamentos relativamente preveno
de incidentes e de acidentes no local de trabalho, atravs da gesto efectiva de riscos perigosos
e de riscos no local de trabalho. Trata-se de um mtodo lgico e gradual de decidir o que
necessrio fazer, como fazer melhor, de acompanhar os progressos no sentido dos objectivos
estabelecidos, de avaliar a forma como feito e de identificar reas a aperfeioar. e deve ser
susceptvel de ser adaptado a mudanas na operacionalidade da organizao e a exigncias
legislativas.
Figura 1: O Ciclo operacional Deming1

Este conceito de procedimento baseia-se no princpio do Ciclo Deming PlanificarDesenvolver-Verificar-Ajustar (PDVA), concebido nos anos 50 para verificar o desempenho
de empresas numa base de continuidade. Quando aplicado a SST, Planificar envolve o
estabelecimento de uma poltica de SST, o planeamento incluindo a afectao de recursos,
a aquisio de competncias e a organizao do sistema, a identificao de perigos e a
avaliao de riscos. A etapa Desenvolver refere-se implementao e operacionalidade
do programa de SST. A etapa Verificar destina-se a medir a eficcia anterior e posterior
ao programa. Finalmente, a etapa Ajustar fecha o ciclo com uma anlise do sistema no
contexto de uma melhoria contnua e do aperfeioamento do sistema para o ciclo seguinte.
Um SGSST uma ferramenta lgica, flexvel, que pode ser adequada dimenso e actividade
da organizao e centrar-se em perigos e riscos de carcter genrico e especfico, associados
referida actividade. A respectiva complexidade pode abranger desde as necessidades simples
de uma pequena empresa gerindo um nico processo produtivo, no qual os perigos e os riscos
sejam de fcil identificao, a actividades de mltiplos riscos como o sector da construo civil
e obras pblicas, a actividade mineira, a energia nuclear ou o fabrico de produtos qumicos.

1
Diagrama de Karn G. Bulsuk:
(http://blog.bulsuk.com/2009/02/taking-first-step-with-pdca.html#axzz1GBg5Y7Fn)

A abordagem do SGSST assegura que:


A implementao de medidas de preveno e de proteco seja levada a efeito de um modo
eficaz e coerente;
Se estabeleam polticas pertinentes;
Se assumam compromissos;
Se tenham em ateno todos os elementos do local de trabalho para avaliar riscos
profissionais, e
A direco e os trabalhadores sejam envolvidos no processo ao seu nvel de responsabilidade.

O caminho para o SGSST


O relatrio do Comit Britnico de Segurana e Sade no Trabalho sobre o ponto da situao
de segurana e sade no trabalho, apresentado em 1972 (Relatrio Robens, RU), anunciou
a alterao dos regulamentos especficos da indstria para um quadro legislativo cobrindo
todas as indstrias e todos os trabalhadores. Foi o incio de uma tendncia no sentido de uma
abordagem mais sistmica de SST. Esta alterao paradigmtica foi formulada no Acto de SST
de 1974 no Reino Unido, bem como nas legislaes nacionais de outros pases industrializados.
A nvel internacional, a Conveno da OIT sobre Segurana e Sade no Trabalho, 1981, (N.
155) e a correspondente Recomendao (N. 164) do nfase importncia fundamental
de uma participao tripartida na implementao de SST, tanto a nvel nacional como
empresarial. Alguns anos depois, considerou-se que a crescente complexidade e a rpida
mudana da natureza do mundo do trabalho exigiam novas abordagens para que as condies
de trabalho e de ambiente se mantivessem seguras e saudveis. Os modelos de gesto
empresarial constitudos para assegurar uma resposta rpida s flutuaes da conjuntura
atravs de uma avaliao continuada do desempenho, foram rapidamente identificados
como modelos possveis para o desenvolvimento de uma abordagem sistmica para a gesto
de SST. Essa abordagem foi rapidamente avalizada como um meio efectivo de assegurar
uma implementao coerente de medidas de SST, com enfoque na avaliao e na melhoria
contnua da eficcia e da auto-regulao.
Em resposta necessidade de continuar a reduzir o nmero de leses, de doenas, de acidentes
de trabalho e os respectivos custos adicionais, foram exploradas novas estratgias para
incrementar as abordagens tradicionais reguladoras e de gesto para orientao e controlo, no
sentido de uma posterior melhoria de funcionamento. Como exemplos, apontam-se: tcnicas
de segurana baseadas em comportamentos, melhor avaliao de riscos de segurana e sade
e melhores mtodos de verificao, bem como mecanismos de sistemas de gesto. Nos
ltimos anos, a aplicao de modelos sistmicos a SST, agora referida como a abordagem de
sistemas de gesto de SST, foi alvo da ateno de empresas, de governos e de organizaes
internacionais enquanto estratgia que permitiria harmonizar as necessidades de empresas e
de SST e assegurar uma participao mais efectiva dos trabalhadores na implementao de
medidas preventivas.

Nos ltimos dez anos, o conceito de SGSST tem vindo a ser apresentado como um
modo efectivo de melhorar a implementao de SST no local de trabalho, assegurando
que as respectivas necessidades integrem os planeamentos empresariais e os processos de
desenvolvimento. Um nmero significativo de normas e de linhas orientadoras de SST
tem vindo, desde ento, a ser desenvolvido por entidades profissionais, governamentais e
internacionais com responsabilidades ou interesses na rea de SST. Muitos pases formularam
estratgias nacionais de SST que integram, igualmente, a abordagem dos sistemas de gesto.
A nvel internacional, a OIT publicou em 2001 Sistemas de gesto da segurana e sade no
trabalho: Directrizes prticas da OIT (OIT-SST 2001), que, pela abordagem tripartida, se
tornou num modelo largamente utilizado para o desenvolvimento de normas nacionais nessa
rea.

A OIT e SGSST
A abordagem de SGSST ganhou apoios na sequncia da ampla adeso s normas ISO
da Organizao Internacional para a Normalizao (ISO) e do sucesso que tiveram,
nomeadamente as normas para a Qualidade (srie ISO 9000) e, posteriormente, para o
Ambiente (srie ISO 14000). Este modelo baseia-se em teorias sistmicas desenvolvidas em
primeiro lugar no mbito das cincias naturais e sociais, mas tem tambm algumas semelhanas
com mecanismos de gesto empresarial. H quatro elementos comuns s referidas teorias
gerais: actividades, desenvolvimento, resultados e retorno (feedback).
Na sequncia da adopo das normas tcnicas de gesto de qualidade (ISO 9000) e de gesto
do ambiente (ISO 14000) no incio dos anos 90, foi discutida, num colquio internacional
organizado pela ISO em 1996, a possibilidade de desenvolver uma norma ISO nos sistemas
de gesto de SST. Tornou-se rapidamente evidente que, sendo a proteco da sade e da
vida de seres humanos o objectivo da segurana e sade, deveria estar j consignada nas
legislaes nacionais como uma obrigao para o empregador.
Neste contexto, foram tambm abordadas outras questes
relacionadas com tica, direitos e deveres e a participao
dos Parceiros Sociais. Daqui resultou a obrigatoriedade de
uma norma de gesto nesta rea integrar os princpios das
normas de SST da OIT, nomeadamente na Conveno sobre
Segurana e Sade no Trabalho, 1981 (N. 155), no podendo
ser tratada do mesma forma que outras matrias ambientais
e de qualidade. Esta tornou-se numa questo fundamental de
debate e acordou-se que, com a sua estrutura tripartida e a sua
responsabilidade no estabelecimento de normas, a OIT era a
entidade mais adequada para desenvolver normas orientadoras
de SST a nvel internacional. Uma tentativa de 1999 do Instituto
de Normalizao Britnico (BSI) para desenvolver uma norma
de gesto de SST sob a influncia da ISO, originou de novo uma
forte oposio internacional, tendo como resultado o adiamento
da proposta. O BSI desenvolveu mais tarde linhas orientadoras
de SGSST na forma de normas tcnicas de carcter privado
(OHSAS) mas a ISO no o fez.

Ao fim de dois anos de desenvolvimento e de avaliao internacional, as Directrizes prticas


da OIT (OIT-SST 2001) foram finalmente adoptadas num e ncontro tripartido de peritos
realizado em Abril de 2001 e publicadas em Dezembro de 2001, na sequncia da aprovao
do Conselho de Administrao do Bureau Internacional do Trabalho (BIT). Em 2007, o
Conselho de Administrao reafirmou o mandato da OIT em matria de SST, pedindo
OIN que se abstivesse de desenvolver uma norma internacional em SGSST. As Linhas
orientadoras OIT-SST de 2001 estabelecem um modelo nico a nvel internacional, compatvel
com outras orientaes e normas sistmicas de gesto. Reflectem a abordagem tripartida
da OIT e os princpios definidos nos seus instrumentos internacionais, designadamente na
Conveno sobre Segurana e Sade no Trabalho, 1981 (N.155). Essa orientao permite a
gesto sistemtica de SST a nvel nacional e organizacional. O diagrama seguinte sumariza
efectivamente as etapas de gesto definidas nas linhas orientadoras.

SGSST para sistemas nacionais

ILO

A segurana e sade no trabalho uma rea complexa, que chama interveno de mltiplas
matrias e ao envolvimento de todos os interessados. As disposies institucionais necessrias
transposio da poltica nacional de SST para execuo reflectem, inevitavelmente, essa
complexidade. Em consequncia, as respectivas infra-estruturas obrigam a mecanismos de
comunicao e de tomada de deciso muito mais lentos e, assim, a uma dificuldade natural
de adaptao continuada s alteraes no mundo do trabalho a um ritmo adequado. Dado
que tanto os sistemas nacionais de SST, que regulamentam as necessidades de SST, como
as empresas que devem aplicar esses sistemas tm de acompanhar esse ritmo de mudana
continuado e rpido, a aplicao da abordagem de sistemas de gesto operacionalidade dos
sistemas nacionais de SST pareceria ser um desenvolvimento lgico. Se a sua aplicao se
tornasse sistemtica, essa abordagem traria coerncia, coordenao, simplificao e rapidez,
muito necessrias aos processos de transposio de disposies regulamentares para medidas
eficazes de preveno e de proteco e de avaliao da respectiva conformidade.
A finalidade de uma melhoria contnua no sentido de atingir e de
sustentar condies e um ambiente de trabalho dignos, seguros
e saudveis est prevista na Estratgia Global de SST da OIT
de 2003. A ideia de aplicar o SGSST a sistemas nacionais de SST
foi posteriormente concretizada, pela primeira vez, numa norma
internacional em 2006, quando a Conferncia Internacional da OIT
adoptou uma Conveno sobre Enquadramento promocional
de segurana e sade no trabalho (N.187) e a correspondente
Recomendao (N. 197). O objectivo fundamental da Conveno
assegurar que seja atribuda maior prioridade a SST em agendas
nacionais e suscitar compromissos polticos para incremento de SST
num contexto tripartido. O respectivo contedo mais promocional
do que prescritivo e baseia-se em dois conceitos diferentes,
designadamente o desenvolvimento e a manuteno de uma cultura
preventiva de segurana e sade e a aplicao, a nvel nacional, de
uma abordagem do sistema de gesto a SST. A Conveno define, em
termos gerais, os elementos e a funo de uma poltica nacional, de
um sistema nacional e de um programa nacional.
O elemento operacional fulcral a formulao de programas nacionais
de SST, que deveriam ser aprovados pela mais alta autoridade
governamental no sentido de assegurar uma ampla consciencializao do compromisso
nacional. A aplicao da abordagem dos sistemas de gesto a nvel nacional prope um
mecanismo operacional integrado para melhoria contnua, abrangendo:
Uma poltica nacional de SST formulada, implementada e periodicamente revista por
uma autoridade competente, em consulta com as organizaes mais representativas dos
empregadores e dos trabalhadores;
Um sistema nacional de SST cuja infra-estrutura permita implementar a poltica nacional e os
programas nacionais e coordenar as actividades reguladoras, tcnicas e promocionais relacionadas
com SST;

Um programa nacional de SST que defina objectivos nacionais relevantes para SST num
perodo de tempo previamente determinado, estabelecendo prioridades e meios de aco
desenvolvidos atravs de uma anlise da situao de SST, conforme estabelecido por um
Perfil Nacional de SST
Um mecanismo para reviso dos resultados do programa nacional, com vista a avaliar o
progresso dos mesmos e a definir novos objectivos e actividades para o ciclo seguinte.
A Conveno n. 187 sublinha a importncia do dilogo social e da total participao de todos
os interessados nesta rea, como requisito prvio para uma gesto bem sucedida do sistema
nacional de SST. A educao e a formao profissional a todos os nveis so, igualmente,
considerados factores essenciais para o sistema e a respectiva operacionalidade.
Os sistemas de inspeco do trabalho continuam a ser o principal elo oficial entre o sistema
nacional de SST e as organizaes relativas a relaes de trabalho e a SST. Com formao
profissional adequada, poderiam certamente representar um papel decisivo em assegurar
que os programas de SGSST, incluindo mecanismos de auditoria, estejam em conformidade
com a legislao e a regulamentao nacional.
Os instrumentos da OIT directamente relacionados com a gesto de SST nas empresas,
designadamente a Conveno OIT SST, 1981 (N. 155), o Enquadramento Promocional
para a Conveno SST, 2006 (N. 187) e as Directrizes prcticas OIT-SST 2001, definem
os elementos e as funes essenciais de uma estrutura de gesto de SST, tanto para sistemas
nacionais como para organizaes (empresas). O futuro do SGSST reside em procurar um
equilbrio certo entre abordagens voluntrias e obrigatrias, reflectindo as necessidades e as
prticas locais.

A implementao de segurana e sade no


trabalho e a respectiva conformidade com
as exigncias estabelecidas pela legislao
e pela regulamentao nacionais so, em
todos os pases, responsabilidade e dever do
empregador. A aplicao de uma abordagem
sistmica gesto de SST na organizao
(empresa) assegura que o nvel de preveno
e de proteco seja continuadamente avaliado
e sustentado atravs de melhorias adequadas
e atempadas.
A maior parte das organizaes (empresas)
poderia beneficiar do conceito de SGSST se
tivessem em conta um nmero de princpios
importantes aquando da deciso de aplicar
uma abordagem sistmica gesto do seu programa de SST. Os sistemas de gesto no so o
remdio universal e as organizaes deveriam analisar cuidadosamente as suas necessidades
em face dos meios de que dispem e adaptar, em conformidade, o respectivo SGSST. Tal
pode eventualmente ser feito reduzindo-o ou tornando-o menos formal. A direco deve
8

ILO/Maillard J.

SGSST e as organizaes (empresas)

assegurar que o sistema seja construdo para melhorar a eficcia das medidas de preveno
e de proteco e permanea mais centrado na implementao desse objectivo do que em
tornar-se um fim em si prprio. Dever igualmente assegurar que as auditorias contribuam
para o processo de melhoria contnua em vez de se tornarem mecanismos para melhorar
unicamente os resultados da prpria auditoria.

Auditorias
Um dos interesses fundamentais do SGSST a capacidade de medir a eficcia do sistema e
da sua melhoria ao longo do tempo. A qualidade dessas medidas depende muito da qualidade
do mecanismo de auditoria usado, interno ou externo, e da competncia dos auditores. De
um modo geral, auditoria a monitorizao de um processo por uma pessoa ou equipa
competentes, que no estejam ligadas ao processo em questo. Dever proceder-se a
auditorias peridicas para determinar se o sistema de gesto de SST e os seus elementos esto
bem implementados, se so adequados e eficazes na proteco da segurana e da sade dos
trabalhadores e na preveno de acidentes de trabalho. Fornecem, igualmente, os meios para
avaliar a eficcia do sistema ao longo do tempo.
Quando se planeiam melhorias, os resultados das auditorias deveriam ser sempre vistos em
paralelo com outros dados sobre o desempenho do sistema. Qualquer sistema de avaliao de
uma auditoria deveria providenciar referncias para melhorias futuras em vez de realar bons
resultados obtidos no passado. As concluses da auditoria deveriam determinar se o SGSST
implementado eficaz relativamente aos objectivos e poltica de SST da organizao e na
promoo da ampla participao dos trabalhadores; na resposta aos resultados da avaliao
da eficcia da SST e a auditorias prvias; em dar organizao a possibilidade de cumprir
a legislao e a regulamentao nacionais relevantes e de atingir os objectivos fixados de
melhoria contnua e de utilizao de melhores prticas em SST. As auditorias requerem uma
boa comunicao dentro de uma organizao, de modo a que, quando a auditoria est a ser
conduzida, as pessoas estejam prontas a fornecer a informao necessria sob a forma de
documentos/registos, entrevistas ou acesso ao local. Verifica-se tambm a necessidade de
bons mtodos de comunicao quando os resultados da auditoria forem difundidos.
As empresas privadas de auditoria e de certificao podem facilmente entrar numa situao de
conflito ao ajudarem a organizao a implementar o seu SGSST e ao procederem de seguida
sua monitorizao. Algumas experincias com auditorias financeiras tm mostrado que pode
ser difcil prestar servios de auditoria realmente independentes caso haja um relacionamento
concreto com os auditores, ou quando os custos dos servios se tornam o principal factor
condutor. H que considerar cuidadosamente a seleco dos auditores e a definio de termos
de referncia precisos para levar a efeito auditorias, no sentido de assegurar que o perfil
especfico da organizao seja tido em devida conta. Um sistema de auditoria realmente eficaz
aquele em que os que vo ser auditados aguardam o seguimento do processo, esperando
por ideias novas e teis para aperfeioamentos prticos. Se as auditorias so encaradas com
apreenso, o sistema de auditorias que necessita de ser melhorado e no quem est a ser
auditado.
Quer o SGSST seja voluntrio ou obrigatrio, as organizaes (empresas) dependem de
entidades de auditoria e de certificao acreditadas a nvel nacional ou profissional para
avaliar o seu nvel de cumprimento relativamente s exigncias do SGSST e a eficcia das
medidas implementadas. Os processos de auditoria completam o SGSST, providenciando
uma avaliao independente do seu desempenho e propondo aces correctivas e novos
objectivos para melhorias futuras.
9

Participao dos trabalhadores

Um princpio fundamental do
SGSST consiste em estabelecer
responsabilidades para todos os
nveis da hierarquia, incluindo o
envolvimento expresso de todos os
trabalhadores a todos os nveis na
organizao, com responsabilidades
definidas em SST. Tem sido
demonstrado por diversas vezes que
a implementao de SST, e mais ainda de um SGSST, s pode ter sucesso se todos os interessados
participarem amplamente nessa implementao atravs do dilogo e da cooperao. No caso
do SGSST, um sistema gerido somente por administradores, sem qualquer contribuio dos
trabalhadores dos nveis mais baixos da hierarquia, est condenado a perder o seu objectivo
e a falhar. Alguns estudos sugerem a existncia de uma associao entre taxas mais baixas
de acidentes com ausncia ao trabalho e a presena na organizao (empresa) de comisses
de SST e de sindicatos. Outros estudos indicam que os acordos participativos no local de
trabalho levam a prticas de SGSST que resultam num melhor desempenho da SST, dando
ainda melhores resultados em locais de trabalho onde os trabalhadores so sindicalizados.
A ampla participao dos trabalhadores fortemente aconselhada e promovida em todas as
normas da OIT, particularmente na Conveno da OIT sobre Segurana e Sade no Trabalho,
1981 (N. 155) e na correspondente Recomendao (N. 164), bem como nas Linhas
Orientadoras da OIT sobre SGSST. Para que as comisses de SST e outros instrumentos
similares sejam eficazes, importante que sejam disponibilizadas informao e formao
profissional adequadas, que sejam estabelecidos mecanismos de dilogo social e de comunicao
eficazes e que os trabalhadores e os seus representantes sejam envolvidos na implementao
de medidas de SST. Embora geralmente se entenda que a participao no SGSST se refere
aos empregadores e aos trabalhadores nas organizaes (empresas), a participao no
sentido da comunicao e da troca de informaes deveria igualmente abranger, no que se
refere implementao de medidas, a subcontratao de servios e as partes interessadas
externas organizao. Podem aqui considerar-se autoridades de controlo, prestadores de
servios, comunidades e organizaes vizinhas, clientes e empresas que integrem a cadeia dos
fornecedores, seguradoras, accionistas e consumidores, bem como entidades internacionais de
normalizao.

10

ILO/Maillard J.

O SGSST no pode funcionar devidamente sem a existncia de um dilogo social efectivo,


seja no contexto de comisses de segurana e sade ou de outros mecanismos, tais como
negociaes de convenes colectivas. Dever-se-ia dar oportunidade aos trabalhadores
e aos seus representantes para
participarem amplamente, atravs de
envolvimento directo ou de consulta,
na gesto de SST na organizao.
Um sistema s bem sucedido
se, para o gerir, forem atribudas
responsabilidades definidas a todos
os interessados.

A formao profissional em SST a todos os nveis, desde gestores a trabalhadores, um


elemento fundamental na implementao de qualquer programa de SST. Essa formao
dever ser ministrada numa base de continuidade, de modo a assegurar o conhecimento do
sistema e que as instrues relativas s mudanas na organizao estejam sempre actualizadas.
Neste contexto, os canais de comunicao entre os diferentes nveis da organizao devem
ser eficazes e funcionar em ambos os sentidos, o que significa que as informaes e as
preocupaes relativamente a SST aprovadas por operrios deveriam ser devidamente tidas
em considerao e levadas administrao. Este um exemplo que ilustra a necessidade de
que o sistema se centre nas pessoas.

Empresas de pequena dimenso


As empresas de pequena dimenso, que tm geralmente poucos recursos, podem igualmente
efectuar uma avaliao eficaz de riscos atravs da implementao de medidas simples, tais como
exigir fichas de dados de segurana antes de proceder compra de produtos e de equipamento,
de identificar riscos profissionais por posto de trabalho e de desenvolver formao profissional
adequada. Ainda que a integrao de exigncias de SST nas polticas empresariais e nos
mecanismos participativos das grandes empresas, nomeadamente multinacionais, seja agora
uma tendncia estabelecida, torna-se ainda necessrio desenvolver grandes esforos para dar
apoio s pequenas empresas na implementao de uma forma de integrar alguns elementos do
SGSST nas suas prticas de SST, que seja prtica e tenha uma boa relao de custo-benefcio.
Algumas pequenas e mdias empresas podem no ter um SGSST totalmente documentado,
sendo, no entanto, capazes de demonstrar um entendimento claro sobre perigos, riscos e
medidas de controlo eficazes.

ILO/Maillard J.

Porque requer um nvel mdio de competncias, de conhecimento tcnico e de recursos, a


aplicao de um SGSST em pequenas empresas continua a ser um desafio que provoca algum
receio. O progresso nesta rea est muito dependente de preveno primria e de acesso
mais fcil a informao e a formao profissional bsicas em SST. H, contudo, um nmero
de etapas que poderiam ser simplificadas e adaptadas dimenso e aos meios tcnicos da
empresa. Os programas WISE e WIND de formao profissional, Melhoria do Trabalho
em Pequenas Empresas e Melhoria do Trabalho no Desenvolvimento de Parcerias para
pequenos agricultores e o programa POSITIVE dirigido aos sindicatos, foram desenvolvidos
e amplamente testados pelo BIT. Incluem frmulas simplificadas de avaliao de riscos,
semelhantes etapa 1 da implementao do SGSST.
Embora no sejam um modelo de SGSST,
baseiam-se em metodologias de preveno
primria bsica, apresentada de uma forma
simples a empresas de pequena dimenso.
Poderiam, assim, ser adaptadas de modo a
incluir alguns dos elementos bsicos do SGSST,
designadamente os que se relacionam com a
identificao de perigos e com a avaliao de
riscos, tal como as etapas constantes do Quadro
1 atrs apresentado. Os servios de inspeco
do trabalho fornecem um bom vector para o
aconselhamento e a difuso de informao sobre
formas simples de gerir os riscos profissionais
11

em pequenas e mdias empresas. As organizaes de empregadores e de trabalhadores a nvel


nacional e internacional tm tambm um papel importante a desempenhar relativamente ao
desenvolvimento e promoo destes mtodos, bem como na disponibilizao da necessria
formao profissional.
As empresas multinacionais tm um papel particularmente importante no que respeita
influncia a exercer sobre os seus fornecedores, muitos dos quais so pequenas empresas. O
facto de se ter em conta a cultura local pode facilitar grandemente a aceitao de abordagens
inovadoras em matria de SST. Dado que cada vez mais empresas se interessam realmente pelo
SGSST, a sade e segurana no trabalho e as condies de trabalho deveriam melhorar tanto
nos pases desenvolvidos como nos pases em desenvolvimento.

O SGSST e os sectores de risco elevado

ILO/Crozet M.

Pelo atrs demonstrado, a essncia da SST a gesto dos riscos profissionais. Do mesmo modo,
o SGSST um mtodo genrico, que pode ser adaptado gesto dos riscos especficos de
uma determinada indstria ou processo produtivo, particularmente em indstrias de risco
elevado, nas quais a implementao de medidas preventivas e de proteco requer uma
avaliao exaustiva e organizada dos riscos e a verificao contnua da eficcia de sistemas de
controlo complexos. Alguns dos exemplos que a seguir se indicam descrevem a aplicao do
SGSST a sectores chave de risco elevado da actividade econmica.

O sector da construo tem uma taxa elevada de acidentes de trabalho, sendo que o recurso
a mltiplos empreiteiros e subempreiteiros regra nos estaleiros de construo. Um forte
incentivo para se utilizar um SGSST neste sector o facto de que o mesmo oferece uma matriz
comum, permitindo que todos os intervenientes no empreendimento possam harmonizar o
planeamento, a implementao e a monitorizao das exigncias em matria de SST e construir
uma base para a auditoria ao desempenho. Facilita tambm a integrao das necessidades de
SST na preparao das fases prvias dos processos complexos de concepo e de planeamento,
contratao e arranque de um projecto de construo. Assim, a implementao de sistemas
de gesto integrados no sector da construo reconhecida como uma ferramenta eficaz
12

para assegurar uma integrao coerente da qualidade, das questes ambientais e de SST num
estaleiro com mltiplos intervenientes. A indstria mineira outra indstria de risco elevado,
na qual o SGSST, com a sua abordagem coerente, progressiva e lgica pode constituir uma
ferramenta eficaz na reduo de acidentes e de doenas profissionais. O sector martimo
outro exemplo de um sector de alto risco. A Conveno sobre Trabalho Martimo da
OIT, 2006, tem como objectivo promover a preparao de linhas orientadoras e de polticas
nacionais relativamente a sistemas de gesto de segurana e sade no trabalho e de disposies,
regras e manuais sobre a preveno de acidentes.

Produtos qumicos e SGSST


Dado que os produtos qumicos so uma parte integrante do nosso ambiente natural e urbano,
com benefcios inestimveis para a sociedade, no h escolha possvel a no ser aprender a
gerir eficientemente os seus efeitos indesejveis e prejudiciais. As estratgias de segurana
relativamente aos produtos qumicos devero, para serem eficazes, conformar-se totalmente
aos princpios gerais de SST, nomeadamente identificao e caracterizao de perigos,
caracterizao de riscos, avaliao da exposio e, acima de tudo, implementao de uma
abordagem sistmica para conseguir uma gesto racional dos produtos qumicos. Esta gesto
requer mais uma abordagem integrada do que medidas isoladas, especialmente quando alguns
desses problemas podem muitas vezes ter um impacto global. Uma gesto racional pode
abranger o ciclo de vida completo dos produtos qumicos. Todas as recentes regulamentaes
e estratgias que promovem a gesto racional dos produtos qumicos a nvel internacional,
nacional e organizacional, integram os princpios do SGSST.
A preveno da exposio a produtos qumicos perigosos o objectivo fulcral da
avaliao de riscos. Organizaes intergovernamentais e internacionais, tais como a OIT, a
Organizao Mundial de Sade (OMS), o Programa Ambiental das Naes Unidas (PANU),
a Organizao das Naes Unidas para a Alimentao e a Agricultura (FAO) e a Organizao
de Cooperao e Desenvolvimento Econmicos (OCDE), colaboram para produzir diversos
princpios orientadores sobre perigos e avaliao de riscos, adoptados a nvel internacional
e largamente utilizados como documentos de referncia para avaliar riscos profissionais. O
Sistema Global Harmonizado de Classificao e Rotulagem de Produtos Qumicos (SGH),
as Fichas Internacionais de Segurana em Produtos Qumicos ou os Documentos Sucintos
Internacionais sobre a Avaliao de Produtos Qumicos (CICAD) no mbito do Programa
Internacional de Segurana Qumica, so exemplos de trabalho conjunto e de cooperao a
nvel internacional nesta rea.
Entre a ampla gama de normas da OIT em SST, a Conveno da OIT sobre os Produtos
Qumicos, 1990 (N. 170), oferece um vasto campo de aplicao e um enquadramento nacional
abrangente no sentido de uma gesto racional dos produtos qumicos, incluindo a formulao, a
implementao e a reviso peridica de uma poltica coerente , em consulta com organizaes
de Empregadores e de Trabalhadores. Uma particularidade muito importante da Conveno
traduz-se nas suas disposies relativas comunicao de perigos relativos aos produtos
qumicos e transferncia de informaes da parte dos fabricantes, dos fornecedores e dos
importadores para os utilizadores, relativas a uma utilizao segura dos mesmos. A respectiva
Recomendao e o Cdigo de Prticas sobre Segurana na utilizao de produtos qumicos
no trabalho, 1993, oferecem orientaes adicionais. Um outro instrumento internacional
2NT

2NT

Poltica de segurana na utilizao de produtos qumicos no trabalho (Nota da Tradutora)

13

importante a Abordagem Estratgica gesto Internacional de


Produtos Qumicos3 do PANU, 2006.
O Regulamento da Unio Europeia para o Registo, a Avaliao, a
Autorizao e a Restrio de Produtos Qumicos (REACH), de 2007,
prev o registo e a criao de dados para todos os produtos qumicos
produzidos ou importados pela UE em quantidades superiores a uma
tonelada por ano. A Lei Canadiana de Proteco Ambiental, 1999
outro exemplo de uma legislao que desenvolveu uma abordagem,
com base nos riscos, para avaliao e gesto de produtos qumicos
novos e j existentes. A indstria qumica desenvolveu, escala
mundial, iniciativas voluntrias para a gesto racional dos produtos
qumicos; dois bons exemplos a citar so: Cuidados Responsveis e
Gesto de Produtos.
A capacidade limitada das PMEs para gerir a exposio aos produtos
qumicos conduziu recentemente ao desenvolvimento de uma
nova abordagem gesto dos mesmos. Chama-se Nivelamento do
Controlo (Control Banding), um mtodo baseado na vigilncia da
exposio atravs do qual um produto qumico classificado em
funo do seu grau de risco. A cada grau de risco correspondem medidas de controlo definidas
com base na respectiva classificao de riscos, de acordo com critrios internacionais, com a
quantidade de produtos qumicos em uso e com a respectiva volatilidade/pulverulncia.

Controlo de Riscos Graves


A indstria qumica e o sector da energia (seja nuclear, carbonfera ou de base petrolfera)
so sectores de risco elevado, nos quais o SGSST foi primeiramente aplicado e utilizado. Os
acidentes industriais graves, tais como a exploso da nuvem de vapor de metilciclohexano
em Flixborough, no Reino Unido, em 1974, a fuga de isocianato de metilo em 1984 em
Bhopal, que matou milhares de pessoas na ndia, a exploso da central nuclear de Tchernobyl
em 1986 e, mais recentemente, a exploso de nitrato de amnio que ocorreu em 2001 na
fbrica de AZF em Frana, ilustram o potencial das instalaes industriais para provocar
catstrofes e as consequncias da existncia de disfunes na gesto de SST. Muitos destes
acontecimentos apressaram o desenvolvimento de instrumentos reguladores e tcnicos para
o estabelecimento de procedimentos muito rigorosos de deteco de perigos e de avaliao
de riscos.
Um elemento crtico nos procedimentos de avaliao de riscos em instalaes com risco
de acidentes industriais graves a anlise dos perigos nas fases de projecto, construo e
funcionamento. Alguns mtodos e tcnicas bem documentados no sentido de sistematizar
a avaliao dos riscos so a Anlise Preliminar dos Riscos (PHA), o Estudo sobre Riscos e
Operabilidade (HAZOP), Anlise da rvore de Falhas (FTA), ou Anlise de Modos de
Falha e Efeitos (FMECA). Muitos destes mtodos foram inicialmente desenvolvidos pela
indstria de energia nuclear e adaptados a outros processos.
5NT

http://www.saicm.org.
No sentido de uma gesto responsvel (Nota da Tradutora)
5NT
Condies de funcionamento (Nota da Tradutora)
4NT

14

ILO/Maillard J.

4NT

Estes instrumentos ajudam na identificao de potenciais falhas de determinados elementos


do processo, antecipando consequncias, desenvolvendo medidas preventivas e preparando
planos de emergncia e de interveno eficazes.
A maior parte dos pases industrializados desenvolveu critrios regulamentares para considerar
instalaes industriais como instalaes com risco de acidentes graves, requerendo medidas
de segurana e sade muito especficas e rigorosas. A Directiva
Seveso 96/82/CE de 1996 da UE, sobre o controlo de riscos
associados a acidentes graves envolvendo substncias perigosas, um
bom exemplo dos referidos regulamentos.
A Conveno da OIT sobre a preveno de acidentes industriais
graves, 1993 (N. 174) prope um modelo de suporte sistemtico
e abrangente para a proteco dos trabalhadores, do pblico e do
ambiente contra acidentes industriais graves envolvendo substncias
perigosas, bem como para a reduo das consequncias desses acidentes
nos locais em que ocorram. As normas estabelecem a identificao
sistemtica de instalaes com riscos de acidente grave e do respectivo
controlo, das responsabilidades dos empregadores, das autoridades
competentes e dos direitos e responsabilidades dos trabalhadores.
Definem igualmente as responsabilidades dos pases exportadores.
A correspondente Recomendao (N. 181) contm disposies
suplementares, como por exemplo o transporte internacional e a
rpida indemnizao das vtimas de acidentes. Estabelece tambm
que os pases que ratificaram a Conveno deveriam ter em conta o
Cdigo de Prticas em preveno de acidentes graves, BIT 1991, para
a formulao da sua poltica nacional, e que as multinacionais deveriam providenciar medidas
semelhantes em todos os seus estabelecimentos. O BIT desenvolveu igualmente um manual
sobre Controlo de Riscos Graves, (1993), visando apoiar os pases no desenvolvimento de
sistemas e de programas de controlo e preveno aplicveis s instalaes com riscos de
acidente grave.

A aplicao de nanotecnologias produo de nanomateriais e os efeitos potencialmente


adversos para a sade humana da exposio a partculas inferiores a 100 nanmetros, so
preocupaes maiores emergentes de SST. As nanopartculas manufacturadas podem
ter propriedades qumicas, fsicas e biolgicas
claramente diferentes das propriedades de
partculas maiores de composio qumica similar.
Um estudo bibliogrfico relata algumas exposies
de carcter profissional e ambiental a um nmero
limitado de nanomateriais, mas seriam necessrios
muito mais dados para caracterizar os efeitos
sobre a sade e o ambiente associados exposio
a tais materiais. Vrios governos e organizaes
governamentais, como a Organizao de
Cooperao e Desenvolvimento Econmico
(OCDE), criaram grupos de trabalho para: avaliar
o possvel impacto dos nanomateriais na sade humana e no ambiente; conceber a classificao

Fotolia IV

Nanotecnologias

15

e os mtodos de avaliao dos riscos, e as medidas de gesto; avaliar as implicaes da produo


industrial e do uso de nanomateriais na regulamentao. Esta cooperao um bom exemplo
da aplicao de uma avaliao de um risco emergente analisada a nvel internacional.

Os sistemas de gesto so benficos para


a SST?

O grau de eficcia de um SGSST s pode ser medido em


funo do comportamento da gesto da organizao no seu
conjunto. Como todos os mtodos, tem pontos fortes e fracos
que deveriam ser conhecidos. , assim, importante ter noo
das armadilhas que podem provocar o disfuncionamento de um
SGSST, mas tambm saber quais os elementos a considerar para
assegurar a sua eficcia e beneficiar das importantes vantagens
de um SGSST para a segurana e sade. Deve ter-se em ateno
que estes pontos fortes e fracos se aplicam principalmente a
mdias e grandes organizaes, com os recursos tcnicos e
financeiros necessrios a uma ampla implementao do SGSST.
muito importante lembrar que o SGSST um mtodo de gesto e no um programa
de SST em si prprio. Assim, uma abordagem sistmica de gesto funcionar unicamente
em funo do que o suporte ou o programa de SSTT em vigor na organizao permitam.
Os programas do SGSST devem funcionar no mbito do suporte legislativo nacional de
SST e a organizao deve assegurar que o sistema preveja uma verificao das exigncias da
16

ILO/Crozet M.

Os SGSST no deveriam ser considerados como a panaceia que permite melhorar a eficcia
da organizao relativamente a assegurar e a sustentar um ambiente de trabalho seguro e
saudvel. Como qualquer mtodo, o SGSST tem pontos fortes e fracos, e a sua eficcia depende
em grande parte da forma como entendido e aplicado. Enquanto que muitas organizaes
beneficiaro provavelmente de uma verso exaustiva de um SGSST, outras podero considerar
a utilizao de uma abordagem gesto de SST mais reduzida e menos formal. A deciso de
optar por um SGSST pode ser por vezes difcil de justificar, visto que a diferena entre um
programa e um sistema potencialmente frgil. As abordagens programticas como a que a
Conveno sobre SST da OIT 1981 (N. 155) oferece, contm
caractersticas sistmicas e, do mesmo modo, as abordagens dos
sistemas contm caractersticas programticas. Isto passa-se
tambm num grande nmero de legislaes nacionais de SST.
Contudo, a gesto sistmica confere SST a possibilidade de
estabelecer mecanismos visando no s a avaliao e a melhoria
contnua do desempenho de SST, mas tambm a construo
de uma cultura preventiva de segurana e sade, tal como se
encontra definida na Estratgia Global em matria de SST
(2003) da OIT e na Conveno sobre um Enquadramento
Promocional para Segurana e Sade no Trabalho da OIT, 2006
(N. 187).

regulamentao e seja consequentemente actualizado. No Anexo 1 consta uma descrio


genrica detalhada dos elementos de um sistema de gesto de SST na organizao, baseada
na Conveno OIT-SST 2001.

Pontos fortes de um SGSST


Actualmente reconhece-se que a abordagem dos sistemas de gesto tem vantagens importantes
para a implementao de SST, algumas das quais foram j atrs identificadas. Uma abordagem
sistmica vai tambm ajustando o programa genrico de segurana e sade ao longo do tempo,
permitindo que as decises sobre o controlo e a reduo de riscos sejam progressivamente
aperfeioadas. Outras vantagens chave so:
Possibilidade de integrar as exigncias em matria de SST em sistemas empresariais e de
alinhar os objectivos de SST com os objectivos das empresas, resultando, assim, numa
melhor consciencializao dos custos de implementao relacionados com o controlo de
processos e equipamentos, competncias, formao profissional e informao;
Harmonizao das necessidades de SST com outras necessidades associadas, designadamente
as que se referem qualidade e ao ambiente;
Fornecimento de um suporte lgico sobre o qual estabelecer e gerir um programa de SST,
que ponha em evidncia todos os elementos que necessitem de aco e de monitorizao;
Racionalizao e melhoria de mecanismos de comunicao, de polticas, de procedimentos,
de programas e de objectivos de acordo com um conjunto de regras aplicadas universalmente;
Adaptabilidade a diferenas existentes em sistemas reguladores e culturais nacionais;
Estabelecimento de um enquadramento conducente construo de uma cultura preventiva
de segurana e sade;
Fortalecimento do dilogo social;

Adaptao dimenso e actividade da


organizao e ao tipo de riscos encontrados;
Estabelecimento de um suporte para
melhoria contnua; e,

ILO/Crozet M.

Distribuio de responsabilidades de SST


por todos os nveis da hierarquia: gestores,
empregadores e trabalhadores, a quem
foram atribudas responsabilidades para
uma implementao eficaz do sistema;

Disponibilizao de base de dados para auditoria, para fins de avaliao de resultados.

17

Limitaes de um SGSST
Embora o potencial de um SGSST para melhorar a segurana e a sade seja inegvel, h muitas
armadilhas que, se no evitadas, podem muito rapidamente conduzir ao insucesso. A utilidade
de um SGSST tem sido questionada em vrios estudos levados a efeito sobre o assunto, nos
quais foram sublinhadas algumas dificuldades possveis, tais como:
A produo de documentos e de registos necessita de ser cuidadosamente controlada
para evitar a inibio do objectivo do sistema, atolando-o com informao excessiva. A
importncia do factor humano pode perder-se caso se d mais nfase aos procedimentos
administrativos de um SGSST do que s pessoas.
So de evitar os desequilbrios entre os processos de gesto (qualidade, SST e ambiente)
para que as exigncias e as prioridades no sejam enfraquecidas. A falta de um planeamento
cuidado e de uma ampla comunicao anterior introduo de um programa de SGSST
pode levantar suspeitas e resistncia mudana.
Um SGSST d geralmente maior nfase segurana do que sade, com o risco de no
detectar o surgimento de doenas profissionais. A vigilncia da sade ocupacional dos
trabalhadores deve ser integrada no sistema como um instrumento importante e eficaz de
controlo da sade dos trabalhadores a longo prazo. Os servios de medicina ocupacional,
tal como definidos na Conveno sobre Servios de Medicina Ocupacional, 1985 (N. 161)
e na correspondente Recomendao (N. 171), deveriam ser parte integrante do SGSST.
Dependendo da dimenso da organizao, os recursos necessrios implementao de um
SGSST podem ser significativos, devendo, assim, ser objecto de uma estimativa realista de
custos globais em termos do tempo necessrio referida implementao, s competncias
e aos recursos humanos necessrios para a instalao e a gesto do sistema. Isto
particularmente importante quando se trata de subcontratao do trabalho.

18

Elementos chave para um bom Sistema de Gesto da SST


Fazer uma avaliao cuidadosa das necessidades da organizao em funo dos meios
de que dispe;
Adaptar o SGSST aos resultados da avaliao;
Assegurar que o sistema se concentra na eficcia das medidas de preveno e de
proteco;
No esquecer que o sistema delineado mais para se aperfeioar do que para se
justificar;
Assegurar que as auditorias contribuam para um processo de melhoria contnua e
no se tornem unicamente num mecanismo para melhorar os resultados da prpria
auditoria;
Lembrar que o nvel de desempenho de um sistema de gesto da SST funciona
unicamente em funo do suporte ou do programa de SST existentes na organizao;
Assegurar que os programas de SGSST se desenvolvam em conformidade com o
enquadramento legislativo nacional, devendo a organizao assegurar que o sistema
inclua uma anlise das disposies regulamentares e que tais disposies sejam
integradas nos programas consoante a sua evoluo;
Providenciar para que a formao profissional em matria de SST para a implementao
do programa de SGSST seja concretizada numa base de continuidade a todos os
nveis, desde os administradores de topo at aos operrios, e actualizada regularmente,
de modo a assegurar o conhecimento do sistema e o acompanhamento das mudanas
na organizao;
So necessrios canais de comunicao entre os diferentes nveis da organizao para
que o sistema se enfoque nas pessoas. As informaes e as preocupaes em matria
de SST devem circular nos dois sentidos, devendo dar-se a devida considerao s que
so transmitidas pelos operrios e permitir que cheguem ao topo da hierarquia;
Um SGSST no pode funcionar devidamente sem que exista um dilogo social efectivo
(envolvimento e consulta directos). Deve ser dada oportunidade aos trabalhadores e
aos seus representantes de participarem amplamente na gesto da SST na organizao,
seja no contexto de comits de segurana e sade ou de outros mecanismos, tais como
convenes colectivas.
Um sistema s bem sucedido se forem atribudas responsabilidades definidas para a
respectiva execuo a todos os interessados.

Os servios de inspeco do trabalho so ainda, no que se refere s relaes laborais


e a SST, o principal elo oficial entre o sistema nacional de SST e as organizaes.
Com formao profissional adequada, poderiam ter um papel decisivo na garantia
de que os programas de SGSST, incluindo os mecanismos de verificao, estejam em
conformidade com a legislao e os regulamentos nacionais.

19

Cooperao tcnica do BIT relativa aos


sistemas de gesto da segurana e sade
no trabalho
Desde a publicao da Conveno OIT-SST 2001 que o BIT tem estado muito empenhado
em oferecer assistncia de cooperao tcnica aos pases interessados em desenvolver as
suas prprias linhas orientadoras em matria de SGSST. O Centro de Formao Profissional
Internacional da OIT em Turim, Itlia, oferece cursos sobre a matria. Pases como a Argentina,
o Brasil, Israel e a Irlanda reconheceram oficialmente os princpios orientadores do BIT como
referncia para a promoo ou o desenvolvimento de linhas orientadoras de um SGSST
adaptadas s suas necessidades nacionais. A Frana reconheceu os princpios do BIT como os
nicos vlidos a utilizar na certificao nacional. A primitiva Repblica Jugoslava da Macednia
acabou de iniciar um programa de 3 anos com vista a implementar a Conveno OIT-SST
2001 em mdias e grandes empresas. No Japo, foram desenvolvidas linhas orientadoras
adequadas usando como modelo os princpios enunciados pelo BIT - Linhas Orientadoras
sobre Sistema de Gesto da Segurana e Sade no Trabalho na Construo produzidas pela
Associao Japonesa para a Segurana e Sade na Construo e as Linhas Orientadoras do
Sistema de Gesto de SST para a Indstria produzidas pela Associao Industrial Japonesa
para a Segurana e Sade.
Onze pases CEI (Comunidade de Estados IndependentesNT6) adoptaram em 2007 uma
norma interestadual - GOST 12.0.230-2007: Sistema de normas sobre segurana no trabalho.
Sistemas de gesto de segurana e sade
no trabalho. Necessidades genricas,
com base na Conveno OIT-SST 2001.
Um bom indicador do aval mundial das
Linhas Orientadoras da OIT o facto
de terem sido traduzidas para mais de
22 idiomas e aplicadas em, pelo menos,
30 pases. Esses princpios orientadores
esto a tornar-se rapidamente no
modelo de referncia mais utilizado
no desenvolvimento de programas de
SGSST a nvel nacional e empresarial. O
seu formato genrico torna-as fceis de
serem utilizadas juntamente com outras
normas de SGSST ou de serem includas
em sistemas de gesto integrados, bem
como de facilitar a implementao de
necessidades de SST por organizaes multinacionais e internacionais.
Muitas das normas voluntrias, desenvolvidas por agncias nacionais ou por entidades
profissionais, utilizaram as Linhas Orientadoras OIT-SST 2001 como modelo, porque
reflectem os princpios preconizados pelas normas de SST da OIT e foram desenvolvidas e
adoptadas numa base tripartida, representando, assim, um consenso muito alargado sobre o
modo mais eficaz de gerir a SST.
6NT

20

Note da Tradutora

Embora as organizaes possam utilizar muitas verses das normas de um SGSST em funo
das necessidades nacionais e do sector envolvido, todas essas normas integram o modelo
PFVANT7 j atrs mencionado. Diversas normas tcnicas de SGSST e de linhas orientadoras
elaboradas para organizaes (empresas), foram desenvolvidas por entidades privadas tais
como o Instituto Nacional de Normalizao Americano (ANSI Z10) ou o Instituto de
Normalizao Britnico (BSI OHSAS 18000 series). Nos ltimos 20 anos, uma grande maioria
de pases tem vindo a introduzir a implementao de SGSST nas organizaes atravs de
vrios mecanismos voluntrios ou reguladores, que podem ser:
Obrigatrios em resultado de medidas reguladoras, pelo menos para empresas especficas
(Indonsia, Noruega, Singapura);
Normas voluntrias aplicveis no mbito nacional com o suporte de mecanismos de
certificao (Austrlia e Nova Zelndia, China, Taiwan, Tailndia);
Voluntrios atravs da promoo de linhas orientadoras nacionais de SGSST elaboradas por
uma entidade nacional (Hong Kong, Japo, Koreia);
Voluntrios atravs da adopo de um SGSST reconhecido internacionalmente, tal como o
constante na Conveno OIT-SST 2001 (ndia, Malsia).

Observaes Finais
Durante a ltima dcada, a abordagem sistmica de um SGSST popularizou-se e foi introduzida
tanto em pases industrializados como em pases em desenvolvimento. As formas de que a
promoo da respectiva aplicao se reveste variam entre as disposies regulamentares e os
mecanismos voluntrios. A experincia mostra que um SGSST um instrumento lgico e
til de promoo da melhoria contnua do funcionamento da SST a nvel organizacional. Os
elementos chave para que a sua aplicao seja bem sucedida passam por assegurar a existncia de
compromissos da parte da direco e a participao activa dos trabalhadores na implementao
conjunta. Espera-se que cada vez mais pases integrem o SGSST nos programas nacionais
de SST, como um meio de promover estrategicamente o desenvolvimento de mecanismos
sustentveis para aperfeioamentos de SST nas organizaes.

7NT

Mencionado com referncia ao Ciclo de Deming, na pgina 3 desta publicao (Nota da Tradutora).

21

Referncias
1. International Labour Standards by subject, Occupational safety and health, ILO Internet
site: http://www.ilo.org/ilolex/english/subjectE.htm#s12
2. Global Strategy on Occupational Safety and Health: Conclusions adopted by the International Labour Conference at its 91st Session, 2003. International Labour Office, 2004.
http://www.ilo.org/safework/info/publications/lang--en/docName--WCMS_107535/
index.htm
3. List of occupational diseases (revised 2010). Identification and recognition of occupationaldiseases: Criteria for incorporating diseases in the ILO list of occupational diseases
(OSH 74).http://www.ilo.org/safework/publications/
4. Guidelines on occupational safety and health management systems. (ILO-OSH 2001).
http://www.ilo.org/safework/info/publications/
5. General Survey concerning the Occupational Safety and Health Convention,1981 (No.
155), the Occupational Safety and Health Recommendation, 1981(No. 164), and the
Protocol of 2002 to the Occupational Safety and Health Convention, 1981, International Labour Conference, 98th Session, 2009. Report III (Part 1B), International Labour
Office, Geneva. ISBN 978-92-2- 120636-1.
6. Fundamental principles of occupational health and safety, second edition, International
Labour Office, Geneva, 2008
7. Background information for developing an ILO policy framework for hazardous substances, Sectoral Activities Programme, International Labour Office, Geneva, 2007
(MEPDHS/2007). http://www.ilo.org/public/english/dialogue/sector/techmeet/mepfhs07/mepfhs-r.pdf
8. ILO SafeWork: Information on Control banding: http://www.ilo.org/public/english/
protection/safework/ctrl_banding/index.htm
9. Robens: Great Britain Committee on Safety and Health at Work: Safety and health at
work, report of the Committee, 197072 (London, 1972).
10. Report of the OECD Workshop on the Safety of Manufactured Nanomaterials, 79
December 2005, Document No. ENV/JM/MONO(2006)19, available at http://www.
oecd.org/ehs/.
11. Registration, Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemicals (REACH) Regulation (EC) No 1907/2006 and Directive 2006/121/EC amending Directive 67/548/EEC
were published in the Official Journal on 30 December 2006.
12. Strategic Approach to International Chemicals Management, 2006. United Nations Environment Programme (UNEP). http://www.chem.unep.ch/ 13. International Council of
Chemical Associations (ICCA) Responsible Care http://www.icca-chem.org/en/Home/
ICCA-initiatives/Responsible-Care/
14. Work improvement and occupational safety and health management systems: Common
features and research needs, Kazutaka Kogi, Industrial Health 2002, 40, 121-133.
15. Systems in focus: Guidance on occupational safety and health management systems,
Institution of Occupational Safety and Health (IOSH), 2009. http://www.iosh.co.uk
16. Workplace Arrangements for OHS in the 21st Century, Professor David Walters, TUC
Professor of Work Environment, School of Social Sciences, Cardiff University, United
Kingdom, July 2003.
22

Anexo 1.
Elementos essenciais de um sistema de gesto da
segurana e sade no trabalho
Poltica
Poltica de SST: O empregador, em consulta com os trabalhadores e os seus representantes, deveria formular
por escrito uma Poltica para SST.
Participao dos trabalhadores: A participao dos trabalhadores um elemento essencial de um sistema de
gesto de segurana e sade no local de trabalho.

Organizao
Responsabilidade e obrigaes: O empregador deveria ser globalmente responsvel pela proteco da
segurana e sade dos trabalhadores, liderar as actividades de SST e assegurar que a SST uma responsabilidade
da hierarquia, conhecida e aceite a todos os nveis.
Competncia e formao profissional: O empregador deveria definir os requisitos necessrios para as
competncias em SST, sendo que deveriam ser estabelecidas e confirmadas disposies que assegurassem a
competncia de todas as pessoas para assumirem os seus deveres e as suas responsabilidades relativamente aos
aspectos de segurana e sade.
Documentao: De acordo com a dimenso do local de trabalho e com a natureza das respectivas actividades,
a documentao relativa a SST deveria ser elaborada, actualizada, revista, modificada se necessrio, comunicada
e prontamente acessvel a todos os trabalhadores no local de trabalho ou afectos ao mesmo. A documentao
poderia abranger: a poltica de SST; responsabilidades atribudas; disposies sobre perigos e riscos profissionais
assim como medidas para a respectiva preveno e controlo; registos das actividades de SST, acidentes de
trabalho, doena e incidentes, legislao e regulamentao nacionais sobre SST; registos de exposio, controlo
do ambiente de trabalho, dados sobre a sade dos trabalhadores; resultados do controlo; procedimentos tcnicos
e administrativos, instrues e outros documentos relevantes para orientao interna.
Comunicao: Dever-se-ia proceder ao estabelecimento e actualizao dos procedimentos e das disposies
necessrios para receber, documentar e responder adequadamente a comunicaes internas e externas relativas
a SST; a garantir a comunicao interna de informaes sobre SST entre nveis e funes relevantes no local de
trabalho; e assegurar que as preocupaes, as ideias e os contributos dos trabalhadores e dos seus representantes
sobre matrias de SST sejam recebidos, considerados e que lhes seja dada resposta.

Planeamento e implementao
Anlise inicial: O sistema de gesto de SST existente e as disposies relevantes deveriam ser avaliados
atravs de uma anlise inicial adequada ao fornecimento de uma linha de base a partir da qual se possa medir
o processo de melhoria contnua do sistema de gesto de SST. No caso de no existir qualquer sistema de
gesto de SST, a anlise inicial serviria de base para criar um sistema de gesto de SST. A anlise inicial deveria
ser levada a efeito por pessoas competentes, consultados os trabalhadores e os seus representantes, como
conveniente.
Planeamento, desenvolvimento e implementao do sistema: O objectivo do planeamento deveria ser
criar um sistema de gesto de SST que preveja: (a) no mnimo, a existncia de conformidade com as leis e
regulamentaes nacionais; (b) os elementos do sistema de gesto de SST; e (c) a melhoria continuada dos
resultados obtidos em matria de SST. Deveriam ser implementadas disposies para um planeamento adequado
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e apropriado em matria de SST com base nos resultados da anlise inicial, em anlises subsequentes e noutros
dados disponveis. Estas disposies para o planeamento deveriam contribuir para a proteco da segurana e
sade no trabalho, devendo abranger o desenvolvimento e a implementao de todos os elementos do sistema
de gesto de SST.
Objectivos da segurana e sade no trabalho: Em conformidade com a poltica de SST e com base na
anlise inicial e noutras anlises subsequentes, deveriam ser estabelecidos objectivos mensurveis de SST
e as necessidades especficas do local de trabalho. Deveriam estar em conformidade com a legislao e as
regulamentaes nacionais; dirigir-se melhoria continua da proteco dos trabalhadores para atingir o melhor
desempenho de SST; ser realistas e alcanveis; ser documentadas e comunicadas a todas as funes e nveis
relevantes no local de trabalho; ser periodicamente avaliadas e, se necessrio, actualizadas.

Preveno de riscos
Medidas de preveno e de controlo: Os perigos e os riscos para a segurana e sade dos trabalhadores
deveriam ser identificados, hierarquizados e avaliados numa base de continuidade. Por ordem de prioridade, as
medidas preventivas e de proteco deveriam: (a) eliminar os perigos e os riscos; (b) controlar os riscos na sua
origem atravs de medidas adequadas; (c) minimizar os riscos atravs da concepo de sistemas de trabalho
seguro; e (d) quando os riscos residuais no puderem ser controlados por medidas colectivas, o empregador
deveria providenciar equipamento de proteco individual apropriado incluindo vesturio, a ttulo gratuito, e
deveria implementar medidas para garantir a utilizao e a conservao do referido equipamento.
Deveriam ser estabelecidos procedimentos de preveno e de controlo de riscos, devendo tambm: (a) ser
adaptados aos riscos identificados na organizao;(b) ser revistos e modificados, se necessrio, com regularidade;
(c) estar em conformidade com a legislao e as regulamentaes nacionais e reflectir boas prticas; e (d) ter em
conta o estado actual do conhecimento sobre a matria, incluindo informaes e relatrios de organizaes, tais
como servios de inspeco do trabalho, servios de segurana e sade no trabalho e, eventualmente, outros
servios.
Gesto da mudana: O impacto na SST de mudanas internas (tais como as relativas a pessoal, novos
processos, procedimentos de trabalho, estruturas organizacionais ou aquisies) e de mudanas externas (por
exemplo, em resultado de alteraes na legislao e regulamentaes nacionais, de fuses de empresas e de
desenvolvimentos nos conhecimentos e na tecnologia de SST) deveria ser avaliado, sendo que se deveriam
tomar medidas preventivas antes de concretizar essas mudanas. Deveria proceder-se, no local de trabalho, a
uma identificao de perigos e a uma avaliao de riscos antes de qualquer modificao ou introduo de novos
mtodos de trabalho, de processos ou de maquinaria. Tal avaliao deveria ser levada a efeito em consulta com
os trabalhadores, envolvendo-os, aos seus representantes e, eventualmente, ao comit de segurana e sade
no trabalho. Para a implementao de uma deciso de mudar, dever-se-ia assegurar que todos os membros
interessados da organizao fossem devidamente informados e recebessem formao adequada para o efeito.
Preparao e resposta a emergncias: Os procedimentos de preveno, preparao e resposta a emergncias
deveriam ser estabelecidos e confirmados por meio de informao e formao internas continuadas e da
comunicao com servios de emergncia externos. Esses procedimentos deveriam identificar a possibilidade
de ocorrncia de acidentes e de situaes de emergncia e prevenir os riscos em matria de SST da decorrentes.
Deveriam, ainda, ser estabelecidos em cooperao com servios de emergncia externos e, eventualmente, com
outras entidades.
Aquisies: Deveriam ser estabelecidos e actualizados os procedimentos necessrios para assegurar que: (a)
as condies necessrias em matria de segurana e sade no local de trabalho sejam identificadas, avaliadas
e integradas nas especificaes de compra e de locao de bens e servios; (b) as exigncias em matria de
segurana e sade no trabalho previstas na legislao e nas regulamentaes nacionais e pela organizao sejam
identificadas antes da aquisio de bens e servios; e (c) antes da utilizao desses bens e servios se tomem
disposies que estejam em conformidade com as exigncias mencionadas.
Contratao: Deveriam ser estabelecidos e actualizados procedimentos para assegurar que as exigncias de
segurana e sade no local de trabalho sejam aplicadas aos subcontratados e aos seus trabalhadores.
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Avaliao
Monitorizao e medio do desempenho: Os procedimentos para controlar, medir e registar regularmente
o desempenho de SST deveriam ser desenvolvidos, implementados e revistos periodicamente. Deveriam ser
atribudas responsabilidades, obrigaes e poderes de controlo aos diferentes nveis da estrutura.
Investigao de acidentes de trabalho, doenas e incidentes e o seu impacto na eficcia das medidas de
SST: A investigao da origem e das causas subjacentes dos acidentes de trabalho, das doenas e dos incidentes
deveria identificar algumas falhas no sistema de gesto de SST e deveria ser documentada. Tais investigaes
deveriam ser levadas a efeito por pessoas competentes, com a adequada participao dos trabalhadores e dos
seus representantes. Os resultados deveriam ser comunicados comisso de segurana e sade, sempre que
exista, e a comisso deveria fazer as recomendaes adequadas. Os dados da investigao e as recomendaes
deveriam ser objecto de comunicao s pessoas adequadas, visando medidas correctivas a incluir na anlise de
gesto e ser tidas em conta para fins de melhoria contnua. Os relatrios produzidos por agncias de investigao
externas, tais como servios de inspeco do trabalho e instituies de segurana social, deveriam ser tratadas do
mesmo modo que as investigaes internas, respeitando a devida confidencialidade.
Auditoria: Deveriam ser estabelecidas disposies no sentido de efectuar auditorias peridicas de cada um
dos elementos do sistema de gesto de SST, para determinar o desempenho global do sistema e a sua eficcia
na proteco da segurana e sade dos trabalhadores e na preveno de acidentes. Deveria proceder-se ao
desenvolvimento de uma poltica e de um programa de auditorias, que englobem a designao da competncia
do auditor, o mbito da auditoria, a frequncia das auditorias, a metodologia das mesmas e os respectivos
relatrios.
Anlise da gesto: As anlises da gesto deveriam ser efectuadas periodicamente, no sentido de avaliar a
estratgia global do sistema de gesto de SST para determinar se corresponde aos objectivos previstos e s
necessidades do local de trabalho; deveriam basear-se nos dados coligidos e nas aces levadas a efeito durante
o perodo em considerao, bem como na identificao dos aspectos e das prioridades a alterar para melhorar a
eficcia do sistema e atingir os objectivos.

Aco para a melhoria


Aco preventiva e correctiva: Deveriam ser estabelecidas e confirmadas medidas em matria de aco
preventiva e correctiva, em resultado da monitorizao e da medio do desempenho do sistema de gesto
de SST, das auditorias do sistema de gesto de SST e das anlises da gesto. Quando a avaliao do sistema de
gesto de SST ou outras fontes indicarem que as medidas de preveno e correco dos riscos so inadequadas
ou tendem a s-lo, as medidas correctivas deveriam ser tratadas em conformidade com a ordem de prioridade
reconhecida para as medidas de preveno e de controlo, completadas e documentadas atempadamente de
forma pertinente.
Melhoria contnua: Deveriam ser estabelecidas e confirmadas medidas para a melhoria contnua dos elementos
relevantes do sistema de gesto de SST e do sistema na sua globalidade. Estas medidas deveriam ter em conta
os objectivos e todas as informaes e dados obtidos sobre cada um dos elementos do sistema, incluindo
os resultados da avaliao, medies do desempenho, investigaes, recomendaes das auditorias, resultados
das anlises da gesto, recomendaes para aperfeioamento, alteraes na legislao e nas regulamentaes
nacionais e nos acordos colectivos, novas informaes relevantes, quaisquer modificaes significativas de
carcter tcnico ou administrativo nas actividades do local de trabalho, bem como os resultados dos programas
de proteco e de promoo da sade. Os processos de segurana e sade no trabalho deveriam ser comparados
com outros, no sentido de melhorar a eficcia em matria de segurana e sade.

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11-15 Setembro 2011


Centro de Congressos de Hail, Istambul, Turquia

www.safety2011turkey.org

Construindo uma cultura da


preveno para um futuro
saudvel e seguro

Os quatro temas principais deste congresso so os seguintes:

Juntem-se a ns em Istambul em Setembro de 2011!

Organizao Internacional do Trabalho

Associao Internacional da Segurana Social

Ministrio do Trabalho e da Segurana Social - Turquia

Para mais informaes contacte:


Programa Internacional para a Segurana e
Sade no Trabalho e Ambiente (SafeWork)
Tel.: + 4122.799.67.15
Fax: + 4122.799.68.78
Email: [email protected]
www.ilo.org/safeday

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