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RUTE
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Dificuldades de Interpretao As
questes que tm fascinado os estudiosos surgem
diretamente de elementos enigmticos da narrativa.
Estas podem ser divididas nos seguintes grupos: (a)
questes sobre o propsito. relacionadas com as dificuldades sobre data e origem do livro; lb) questes sobre costumes legais. especialmente as obrigaes familiares de um parente prximo de
uma pessoa falecida; e (c) dificuldades internas, tais como a relao entre 4.12, 17 e a genealogia em 4.18-22. Existe uma vasta literatura abordando cada uma dessas reas, que termina. no
raramente. com pouco consenso. Este um dos fenmenos notveis da pesquisa bblica. no sentido em que tais debates no produzem qualquer efeito sobre a profunda impresso que esse relato
singelo deixa sobre cada gerao de feitores.
RUTE 1
305
Esboo de Rute
1. A morte de Elimeleque e de seus filhos (1.1-5)
li. Noemi e Rute retomam a Belm, em Jud (1.6-22)
A. Noemi e suas noras deixam Moabe (1.6-7)
B. Noemi urge Orfa a voltar para casa (1.8-14)
C. A promessa solene de Rute (1.15-18)
D. Oamargo regresso de Noemi (1.19-22)
Ili. Rute rebusca espigas nos campos de Boaz (cap. 2)
A. Rute vai ao campo rebuscar espigas (2.1-3)
B. Boaz encontra Rute (2.4-16)
C. Noemi avalia Boaz (2.17-23)
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Noemi e Rute
Nos dias em que julgavam 1 os juzes, houve bfome na
terra; e um homem de e Belm de Jud saiu a 2 habitar
na terra de dMoabe, com sua mulher e seus dois filhos.
2 Este homem se chamava Elimeleque, e sua mulher, Noemi; os filhos se chamavam Malom e Ouiliom, eefrateus, de
Belm de Jud; vieram f terra de Moabe e ficaram ali.
3 Morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com
seus dois filhos, 4 os quais casaram com mulheres moabitas;
era o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e 3 ficaram ali quase dez anos. 5 Morreram tambm ambos, Malom
e Quiliom, ficando, assim, a mulher desamparada de seus
dois filhos e de seu marido.
Ento, se disps ela com as suas noras e voltou da terra
de Moabe, porquanto, nesta, ouviu que o SENHOR gse 41embrara do seu povo, hdando-lhe po. 7 Saiu, pois, ela com
suas duas noras do lugar onde estivera; e, indo elas caminhando, de volta para a terra de Jud, 8 disse-lhes Noemi:
~j~ 1aJz21~~~1;;6~;
dG~ 1~~-;:;,navam
8iJs24.15i2Tm1.16-181Rt2.20
15 q Jz 11.24
RUTE 1, 2
306
me 8 Mara, porque grande amargura me tem dado o TodoPoderoso. 21 Ditosa eu parti, porm o SENHOR me fez voltar pobre; por que, pois, me chamareis Noemi, visto que o
SENHOR se manifestou contra mim e 9 o Todo-Poderoso me
tem afligido? 22 Assim, voltou Noemi da terra de Moat~,
com Rute, sua nora, a moabita; e chegaram a Belm bno
princpio da sega da cevada.
Rute vai rebuscar espigas
Tinha Noemi um parente de seu marido, senhor de muitos bens, da famlia de bEJimeleque, o qual se chamava
cBoaz. 2 Rute, a moabita, disse a Noemi: Deixa-me ir ao d cam-
r Js 1.15 16 5 2Rs 2 2,4,6 IRt 2 11-12 5 No ms1stas comigo 17u1Sm 3 17, 2Sm 1913, 2Rs 6 31 18 VAt 21.14 6 Lit.forta/eceu-se
para if 19 xMt 21.10 ZJs 23 7. Lm 2 15 20 7L1t Agradvel B L1t Amarga 21 a J 1.21 9 Hebr. Shaddai 22 bRt 2.23; 2Sm 21.9
CAPITULO 2 1 Rt3.2,12 bRt 1.2 cRt4.21 2 dLv 19.9-10; 23.22; Dt 24.19
1.15 seus deuses. Um elemento novo introduzido. At esse momento poderia se imaginar que as noras tivessem passado a adorar o Senhor. Agora fica claro
que a escolha da ptria uma escolha por ou contra o Deus verdadeiro. Contrastando com a escolha de Orla. a coragem e a beleza da declarao de Rute (vs.
16-17) ainda mais bvia.
1. 19-21 Noemi... pobre. A pergunta das mulheres (v. 19) expressa a perplexidade delas com o fato de essa mulher, cuja situao anterior refletia o seu nome
(''agradvel"). estar agora em condio to adversa. Noemi no hesita em dizer
que isso venha do Senhor. Ela no oferece um motivo e o narrador no sugere
nada sobre o porqu do seu sofrimento.
1.22 Rute .. a moabita. Ela no uma Rute qualquer. Para a narrativa, crucial que ela seja lembrada como estrangeira (1.4; 2.2,6,21; 4.5, 1O; especialmente 2.10). Alm disso, o leitor pode ser levado a pensar na antepassada de
Rute, a filha de L. e no comeo incestuoso da nao moabita (Gn 19.30-38)
Em ambos os casos o problema a ausncia de filhos ou a falta de um herdeiro
masculino.
sega da cevada. Calendrios antigos, como o Calendrio de Gzer do sculo X
a.e .. associavam os meses com o ciclo agrcola. A cevada era o primeiro dos
cereais a serem colhidos, em abril; o trigo era o ltimo. Posteriormente. ascolheitas da cevada e do trigo passaram a ser identificadas com as festas da Pscoa e do Pentecostes. A poca da colheita era um tempo de celebrao. de
regozijo mtuo junto a Deus e de caridade aos pobres. O desenvolvimento da
narrativa est vinculado a esse esquema. As mulheres voltam para casa na
poca da colheita da cevada, um tempo de favor divino e o incio da restaurao
frutfera de Noemi.
2.2 Deixa-me ir ao campo. Aparentemente, a iniciativa de Rute simplesmente a de manter Noemi e a si prpria com vida, seguindo um costume codificado em Levtico (19.9-10; 23.22) e em Deuteronmio (24.19). Como pessoas
pobres. Rute e Noemi receberiam alguma ajuda. No entanto, algo muito maior
lhes acontecer. Um indcio disso dado no triste pedido de Rute para apanhar
espigas "atrs daquele que mo favorecer"
Mar
Mediterrneo
1 - - - - - - - 4 0 mi
40km
-e
""o
...,
Belm
(Efrata}
J U D
"-. ......,....-"'
Quir-Heres
307
RUTE 2, 3
disse: Vai, minha filha! 3 Ela se foi, chegou ao campo e apa come do po, e molha no vinho o teu bocado. Ela se assentou
n'nava aps os segadores; por casualidade entrou na parte que ao lado dos segadores, e ele lhe deu gros tostados de cereais;
pertencia a Boaz, o qual era da famI1ia de Elimeleque. 4 Eis ela comeu e Pse fartou, e ainda lhe sobejou. IS Levantando-se
que Boaz veio de e Belm e disse aos segadores: !O SENHOR ela para 2 rebuscar, Boaz deu ordem aos seus servos, dizendo:
seja convosco! Responderam-lhe eles: O SENHOR te abenoe! At entre as gavelas deixai-a colher e no a 3 censureis. t Tis Depois, perguntou Boaz ao servo encarregado dos segadores: rai tambm dos molhos algumas espigas, e deixai-as, para que
De quem esta moa? Respondeu-lhe o servo: Esta a moa as apanhe, e no a repreendais. 17 Esteve ela apanhando namoabita gque veio com Noemi da terra de Moabe. 7 Disse-me quele campo at tarde; debulhou o que apanhara, e foi quaela: Deixa-me rebuscar espigas e ajunt-las entre as gavelas se um efa de qcevada. 18 Tomou-o e veio cidade; e viu sua
aps os segadores. Assim, ela veio; desde pela manh at agora sogra o que havia apanhado; tambm 'o que lhe sobejara deest aqui, menos um pouco que esteve na choa.
pois de fartar-se tirou e deu a sua sogra. 19 Ento, lhe disse a
sogra: Onde colheste hoje? Onde trabalhaste? Bendito seja
Boaz fala a Rute benignamente
aquele que 5 te acolheu favoravelmente! E Rute contou a sua
8 Ento, disse Boaz a Rute: Ouve, filha minha, no vs cosogra onde havia trabalhado e disse: O nome do senhor, em
lher em outro campo, nem tampouco passes daqui; porm cujo campo trabalhei, Boaz. 20 Ento, Noemi disse a sua
aqui ficars com as minhas servas. 9 Estars atenta ao campo nora: 1 Bendito seja ele do SENHOR, que ainda "no tem deixaque segarem e irs aps elas. No dei ordem aos servos, que do a sua benevolncia nem para com os vivos nem para com
te no toquem? Quando tiveres sede, vai s vasilhas e bebe os mortos. Disse-lhe mais Noemi: Esse homem nosso parendo que os servos tiraram. to Ento, ela, hinclinando-se, rosto te chegado e vum dentre os 4 nossos resgatadores. 21 Contiem terra, lhe disse: Como que me ifavoreces e fazes caso de nuou Rute, a moabita: Tambm ainda me disse: Com os
mim, sendo eu estrangeira? 11 Respondeu Boaz e lhe disse: meus servos ficars, at que acabem toda a sega que tenho.
Bem me contaram itudo quanto fizeste a tua sogra, depois da 22 Disse Noemi a sua nora, Rute: Bom ser, filha minha, que
morte de teu marido, e como deixaste a teu pai, e a tua me, e saias com as servas dele, para que, noutro campo, no te
a terra onde nasceste e vieste para um povo que dantes no 5 molestem. 23 Assim, passou ela companhia das servas de
conhecias. 12 10 SENHOR retribua o teu feito, e seja cumprida Boaz, para colher, at que a sega da cevada e do trigo se acaa tua recompensa do SENHOR, Deus de Israel, msob cujas asas bou; e ficou com a sua sogra.
vieste buscar refgio. 13 Disse ela: nTu me favoreces muito,
senhor meu, pois me consolaste e falaste 1 ao corao de tua Rute e Boaz na eira
serva, no sendo eu nem ainda como uma das tuas servas.
Disse-lhe Noemi, sua sogra: Minha filha, no hei de eu
14 hora de comer, Boaz lhe disse: Achega-te para aqui, e
buscar-te bum 1 lar, para que sejas feliz? 2 Ora, pois, no
eR~1-fs~297-~; 12a2Ts31~
~18
mRt~-16; ~
Lc
6gRt 12;- IO-;;Sm25;3 ilSm
lliRt; 14-1-; 1;7,Sm241;Sl5811
SI 17.8; 36. 7; 57.1, 61.4; 63. 7; 91.4 13 n Gn 33.15; 1Sm 1.18 o 1Sm 25.41 1 Lit. gentilmente 14 P Rt 2.18 1S 2 Recolher as sobras
aps os ceifeiros 3repreendeis 17qRt1.22 18 'RI 214 19 SRt 210; [SI 41.1] 20 1Rt3.10; 2Sm 2.5upy17.17 VRt3.9; 4.4,6 4nossos redentores, Hebr. goafenu 22 5 encontrem
CAPTULO 3 1 a 1Co 7.36; 1Tm 5.8 b Rt 1.9 1 Lit. descanso
2.3 por casualidade entrou. Parece que ela chega por coincidncia ao campo
do seu parente, porm Deus est dirigindo os eventos.
2.4 Eis que. A chegada de Boaz satisfaz as expectativas levantadas nos vs. 1-3.
2.6-7 A resposta do servo caracteriza o carter de Rute. Ela fiel, tendo vindo
ainda jovem para um pas estrangeiro por amor sua parenta. modesta, pois
pediu permisso por algo que podia ser considerado seu direito. trabalhadeira,
tendo ficado ocupada desde a manh
2.7 entre as gavelas. O pedido de Rute parece no ir alm daquilo que era o
seu direito como viva IDt 24.19-21 ). Mas a resposta de Boaz acabar indo muito
alm da exigncia legal lv 15).
desde pela manh at agora est aqui. A interpretao comum a de que
ela tenha trabalhado a manh inteira, mas possvel que estivesse esperando
uma resposta do dono do campo ao seu pedido. mais provvel que o servo se
refira ao trabalho, visto ter ela interrompido a manh com uma pausa na choa.
2.8-12 Os eventos se desdobram rapidamente quando Boaz atende ao pedido e
oferece a Rute proteo e sustento lvs. 8-9). Ela reconhece a bondade de Boaz
em seu favor, ela que era uma "estrangeira" sem merecimentos lv. 10). Somente
ento lvs. 11-12), a narrativa oferece algum indcio da ao providencial de Deus.
Boaz j sabia que Rute no era uma estrangeira comum. Ela buscara "refgio" sob
as "asas" do Senhor, dele receber a sua "recompensa" lv. 12). A lealdade de
Rute a Deus, embora ela fosse estrangeira, vir a ser um elemento essencial no
grande plano divino da redeno. Oplano ser levado a cabo atravs de Davi, o rei
da aliana, e de Cristo, o maior filho de Davi. O benefcio da f que tinha Rute
transcende, em muito, a ocasio e circunstncias locais.
2.14-16 A permisso de Boaz claramente fora do comum.
2.14 vinho. Um tipo de vinagre, azedo, porm refrescante, para beber ou molhar o po lcf. Nm 6.3)
2.17 debulhou ... quase um efa. Oato de debulhar os gros separa as sementes da casca e da palha. Um ela cerca de 17,6 kg, uma quantidade grande para
algum apanhar.
2.18 o que lhe sobejara depois de fartar-se. O que ela tinha reservado do
seu almoo lv. 14).
2.20 que ainda no tem deixado a sua benevolncia. O amor de Deus
fiel, e Deus no esquece aqueles que ama. Suas promessas de bnos passaro
de Boaz a Rute e Noemi e, finalmente, a todos os eleitos.
nosso parente chegado. Ver nota textual e a Introduo Dificuldades de Interpretao. A lei do resgate aparece agora. Segundo essa lei, o parente masculino
consangneo mais prximo tem o dever de preservar o nome e os bens da famlia.
Esse dever poderia envolver: la) vingar a morte de um membro da famlia \Nm
35.19-21 ); lbl comprar de volta bens da famlia que tinham sido vendidos para pagar dividas (Lv 25.25); lei comprar de volta um parente vendido escravido com o
fim de pagar dvidas \Lv 2547-49); \d) casar-se com a viva de um parente falecido
(Dt 25.5-10). Aparentemente. esses deveres podiam ser renunciados ou recusados
sob determinadas condies lcf. Rt 3.12; 4 1-8). Boaz era um destes "parentes
chegados" (ou "resgatadores") de Rute, e esse fato passa a determinar o curso dos
eventos (ver 1.11; 2.1 e notas). Ocaso de Rute ocorrer conforme a lei, diferentemente de sua ancestral, a filha de L, que cometeu incesto \Gn 19.30-38).
2.23 at que a sega ... se acabou. Essa demora de dois meses prepara a situao da eira \cap. 3).
3.1-18 Agora a narrativa avana em direo resoluo. Numa visita meia-
308
virtuosa. 12 Ora, muito verdade que eu sou 'resgatador;
mas ainda moutro resgatador h mais chegado do que eu.
13 Fica-te aqui esta noite, e ser que, pela manh, se ele nte
quiser resgatar, bem est, que te resgate; porm, se no lhe
apraz resgatar-te, eu o farei, to certo como vive o SENHOR;
deita-te aqui at manh.
14 Ficou-se, pois, deitada a seus ps at pela manh e levantou-se antes que pudessem conhecer um ao outro; porque
ele disse: PNo se saiba que veio mulher eira. IS Disse mais:
D-me o 4 manto que tens sobre ti e segura-o. Ela o segurou,
Boaz promete a Rute casar com ela
ele o encheu com seis medidas de cevada e lho ps s costas;
6 Ento, foi para a eira e fez conforme tudo quanto sua
sogra lhe havia ordenado. 7 Havendo, pois, Boaz comido e ento, entrou 5 ela na cidade. 16 Em chegando casa de sua
bebido e estando j de ecorao um tanto alegre, veio dei- sogra, esta lhe disse: 6 Como se te passaram as coisas, filha mitar-se ao p de um monte de cereais; ento, chegou ela de nha? Ela lhe contou tudo quanto aquele homem lhe fizera.
mansinho, e lhe descobriu os ps, e se deitou. 8 Sucedeu 17 E disse ainda: Estas seis medidas de cevada, ele mas deu e
que, pela meia-noite, assustando-se o homem, sentou-se; e me disse: No voltes para a tua sogra sem nada. 18 Ento, lhe
eis que uma mulher estava deitada a seus ps. 9 Disse ele: disse Noemi: qEspera, minha filha, at que saibas em que daQuem s tu? Ela respondeu: Sou Rute, tua serva; festende 2 ro as coisas, porque aquele homem no descansar, enquana tua capa sobre a tua serva, porque tu s gresgatador 3 to no se resolver este caso ainda hoje.
10 Disse ele: hBendita sejas tu do SENHOR, minha filha; melhor fizeste a tua ltima benevolncia que ia primeira, pois Boaz casa com Rute
no foste aps jovens, quer pobres, quer ricos. 11 Agora,
Boaz subiu porta da cidade e assentou-se ali. Eis que o
pois, minha filha, no tenhas receio; tudo quanto disseste eu
resgatador de que Boaz havia falado ia passando; ento,
te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que s !mulher lhe disse: 1 fulano, chega-te para aqui e assenta-te; ele se
RUTE 3, 4
canto
roupa;obrea
J21Rt3.9mRt4.1 1JnDt25.5-10Jr4.2;12.16
16 6 Ou Como vais 18 q [SI 37.3,5]
noite, Rute implementa e expande o plano de Noemi. pondo em risco a sua prpria reputao e todas as suas expectativas. Reivindica a proteo de Boaz como
"resgatador" (v. 9, nota textual). A sua confiana no car;lter de Boaz confirmada, e ela no molestada. A atividade de Deus por detrs do cenrio continua
sem interrupo. Mas mesmo nesse momento, o noivado precisa ser adiado; h
um parente ainda mais prximo (3.12), e Boaz. homem de notvel honradez. no
descansar antes de remover esse obstculo.
3.1 Assim como as duas filhas de L (Gn 1931-32). Noemi e Rute tinham perdi
do os respectivos maridos e filhos. Novamente, h uma ao para preservar a linhagem de uma famlia, mas desta vez por meio bem diferente.
buscar-te um lar. Lit. "repouso". Isso indica o casamento de Rute. que era a preocupao que Noemi tinha no corao (1.9).
3.3-4 As instrues. dadas a Rute to precisamente, parecem sugerir uma armadilha.
eira. Uma rea limpa onde os gros so esmagados ou partidos para separar as
sementes e a palha. A colheita passa, ento, a ser joeirada - lanada ao ar. para
que o vento leve a palha para longe, e os gros. por sua vez. caiam diretamente no
cho. Tudo isso acontecia na primavera. no tempo das festas da colheita. Oprofeta
Osias se refere eira como um lugar de habitual imoralidade sexual (Os 9.1 ).
3.4 e lhe descobrirs os ps. Uma comparao entre esta cena e a da histria das filhas de L (Gn 19.30-38) instrutiva. Conforme a sugesto de Noemi.
Rute deveria se aproximar de Boaz com certa ousadia. Mas o seu objetivo era ficar ~oiva. Sua resposta (v. 9) demonstra que ela no pensava em engravidar fora
do casamento.
e te deitars. Rute espera com pacincia aos ps de Boaz at ele acordar (vs.
8-9); nada de imprprio acontece entre eles durante a noite (v. 11).
3.7 alegre. Boaz tinha bebido, mas dificilmente ficara bbado. Depois de todo o
trabalho e festividades do dia, Boaz deitou-se "ao p de um monte de cereais". lugar onde Rute poderia encontr-lo em particular. A providncia de Deus lhe iluminava um caminho.
3.9 estende a tua capa sobre a tua serva. Ver nota textual. Ez 16.8 explica
esta expresso idiomtica. Rute pede diretamente pela graa do casamento. embora as instrues de Noemi no fossem to explcitas assim (v. 4).
tua~~rva ~redentor,
14P[1Co10.32]
resgatador. Ver nota textual. A lei no especifica o casamento como uma das
responsabilidades do resgatador. embora ela possa ser considerada extenso de
Lv 25. Onome e a propriedade de Malom sero preservados (4.1 O), o que sugere
um casamento de levirato. mas difcil ver como Dt 25.5-6 seria aplicvel a rigor.
Ver Introduo: Dificuldades de Interpretao e 2.20, nota. Novamente, Rute vai
muito alm do plano especificado por Noemi.
3.1 Obenevolncia. Lit. "amor pactuai". Em todo o livro. oamor de Deus conforme a aliana (1.8; 2.20) refletido pelo de Rute (1.8.16-17). A sua fidelidade provada (a) ao invocar a responsabilidade de um parente chegado e (b) em no querer
ir atrs de algum jovem A "benevolncia" que Boaz menciona , evidentemente, a
proposta de Rute de seguir o costume que proveria um herdeiro para Noemi.
a primeira. Isto , quando optou por acompanhar Noemi.
3.11 mulher virtuosa. Esta a expresso feminina equivalente frase hebraica traduzida por "senhor de muitos bens" em 2.1. Rute passa de moabita e serva
condio de atraente para Boaz como possvel esposa.
3.12 resgatador... mais chegado do que eu. Boaz menciona. repentinamente, um fator complicador. Se Noemi pensava num parente, por que esse parente
mais chegado no foi mencionado antes? Ocostume do resgate parecia ser a soluo, mas agora faz surgir um problema ao longo do caminho. Onoivado precisa
ser adiado.
3.15 seis medidas de cevada. Esse presente demonstra a magnanimidade
de Boaz para com Rute (v. 17) e simboliza a mudana na situao de Noemi
(1.21 ). Rute recebe os gros da parte de Boaz como smbolo da sua fecundidade
futura.
3.16 Como se te passaram as coisas. A mesma expresso hebraica traduzida por "Quem s tu?" no v. 9.
3.18 Espera. Expresso sutilmente irnica, pois o tempo de espera ser muito
curto. Noemi acha que no haver delonga na resoluo do assunto.
4.1-17 O cap. 4 destaca o propsito divino por detrs da deciso original de
Rute de seguir Noemi e o Deus de Noemi. Os arranjos parecem ser uma combinao entre o casamento por levirato (Dt 25.5-1 O) e as leis do resgate por parentesco (Lv 25). Rute foi tomada como esposa, e as bnos antigas em favor da
fecundidade foram invocadas. A amargura de Noemi transformada em alegria.
RUTE4
309
virou e se assentou. 2 Ento, Boaz tomou dez homens dos pra-a tu. E tirou o calado. 9 Ento, Boaz disse aos ancios e
bancios da cidade e disse: Assentai-vos aqui. E assenta- a todo o povo: Sois, hoje, testemunhas de que comprei da
ram-se. 3 Disse ao resgatador: Aquela parte da terra e que foi mo de Noemi tudo o que pertencia a Elimeleque, a Ouiliom
de Elimeleque, nosso irmo, Noemi, que tomou da terra dos e a Malom; 10 e tambm tomo por mulher Rute, a moabita,
moabitas, a tem para venda. 4 Resolvi, pois, 2 informar-te dis- que foi esposa de Malom, para suscitar o nome deste sobre a
so e dizer-te: d compra-a ena presena destes que esto senta- sua herana, ipara que este nome no seja exterminado dendos aqui e na de meu povo; se queres resgat-la, resgata-a; se tre seus irmos e da porta da 5 sua cidade; disto sois, hoje,
3 no, declara-mo para que eu o saiba, /pois outro no h setestemunhas. 11 Todo o povo que estava na porta e os anno tu que a resgate, e eu, depois de ti. Respondeu ele: Eu a cios disseram: Somos testemunhas; 1o SENHOR faa a esta
resgatarei. s Disse, porm, Boaz: No dia em que tomares a mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a
terra da mo de Noemi, tambm a tomars da mo de Rute, a Lia, que ambas medificaram a casa de Israel; e tu, Boaz,
moabita, j viva, para gsuscitar 4 o nome do esposo falecido, h-te valorosamente em nEfrata e faze-te nome afamado
sobre a herana dele. 6 hEnto, disse o resgatador: Para mim em Belm. 12 Seja a tua casa como a casa de PPerez, qque
no a poderei resgatar, para que no prejudique a minha; re- Tamar teve de Jud, pela 'prole que o SENHOR te der desta
dime tu o que me cumpria resgatar, porque eu no poderei jovem.
faz-lo.
7 iEste era, outrora, o costume em Israel, quanto a resgaRute d luz Obede
tes e permutas: o que queria confirmar qualquer negcio ti13 Assim, 5 tomou Boaz a Rute, e ela passou a ser sua murava o calado e o dava ao seu parceiro; assim se confirmava lher; coabitou com ela, e 10 SENHOR lhe concedeu que connegcio em Israel. a Disse, pois, o resgatador a Boaz: Com- cebesse, e teve um filho. 14 Ento, "as mulheres disseram a
...
~~~~~~
2 b 1Rs 21.8 3 e Lv 25.25 4 d Jr 32.7-8 e Gn 23.18 /Lv 25.25 2 Lit. descobrir teu ouvido 3 Conforme muitos mss. Hebr., L.XX, S. Te V; no
TM o sujeito oculto no portugus ele S gMt 22.24 4/evantar 6 hRt 3.12-13 7 iDt 25.7-10 lOiDt 25.6 5Provavelmente seu ofcio
cvico 11 IS/ 127.3; 128.3 m Gn 29.25-30 n Gn 35.16-18 o Mq 5 2
14Ulc1.58
e o seu neto ser av do rei Davi. Nesses eventos revela-se a providncia oculta
do Senhor.
4.1 porta. A entrada de uma cidade era o local habitual para as transaes jurdicas e comerciais.
fulano. Boaz devia saber o nome do homem. O narrador cita Boaz usando uma
palavra indefinida, talvez para no imortalizar uma pessoa egosta na sua narrativa.
4.2 tomou dez homens. No h registro de uma exigncia jurdica por um
nmero especifico de homens. A tradio judaica posterior. segundo a qual dez
homens formam o quorum para o culto, talvez derive desse episdio. Na cultura
rural. em que o uso da escrita era limitado. era importante que um contrato fosse
lavrado na presena de vrias testemunhas oficiais.
4.3 a tem para venda. Essa venda um novo elemento surpresa, do qual nenhum indcio tinha sido dado at agora. Os detalhes da venda no so necessrios para a narrativa, sendo. portanto. omitidos.
4.5 tambm a tomars da mo de Rute. Essa associao entre Rute e Noemi acerca das leis sobre os bens e a famlia de um parente falecido uma aplicao incomum das leis. Mas a compreenso desses detalhes no essencial para
o propsito da narrativa.
4. 7 tirava o calado. Pouca coisa se sabe a respeito do simbolismo desse
costume. Fica claro, porm. que a sua finalidade era a confirmao legal da transao. Ver Dt 25.9-1 O(num contexto diferente) e Am 8.6.
4.1 Opara suscitar o nome deste. Odesaparecimento do nome de uma pessoa era considerado um infortnio extremo (1Sm 24.21; 2Sm 14.7).
4.11 como a Raquel e como a Lia. Essas so as duas esposas de Jac (Israel), mes. naturais ou atravs das servas Zilpa e Bila, de todos os filhos de Israel,
os cabeas das doze tribos.
Efrata ... Belm. Assim como em 1.1-2, os nomes de lugares associados com
Davi recebem destaque especial.
4.12 Seja ... como ... Perez. Em tempos muito mais antigos, Jud se tornara
pai de Perez por ter On se recusado a cumprir a obrigao de parente chegado
(Gn 38.29). Perez se tornou smbolo de descendncia frutfera. Agora, da mesma
maneira, Boaz se torna pai de Obede (v. 21) porque outra pessoa se recusou a
cumprir a obrigao do /evirato. Apesar das falhas humanas, a linhagem messinica foi preservada (Mt 1.3,5, 16).
4.14-17 Olouvor das mulheres celebra o cumprimento do amor fiel de Deus
para com Noemi. Sua nora, Rute, lhe vale mais do que sete filhos \v. 15). Alm
disso, Noemi tem. efetivamente, um filho na pessoa do seu neto Obede (v. 17).
Ele ser av de Davi.
Boaz e Rute
--------
Obede
--------Jesse-------,
Davi - - - - - - - Cristo
RUTE
310
redentor,
H~br.goel
.. 15v1-Sm1.8 7sustentador
17Xlc1.58
22 dMt 1.6
A genealogia comea com Perez. aquele que conseguiu "romper sada" (Gn
38.29. nota textual) e de quem as mulheres. ao abenoar Rute, se lembravam
como o filho vigoroso de Tamar (v. 12). Como Rute, Tamar tambm se tornou antepassada de Davi de modo inesperado. Para os leitores do Novo Testamento,
Davi no o fim das provises de Deus para o seu povo escolhido, a noiva da aliana. Para aquele momento especfico, a jornada de Rute tinha alcanado a meta
divinamente estabelecida.