Negros No Sertão Do Acarau - Raimundo Nonato Rodrigues de Souza
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Doutorando em Histria Social pela Universidade Federal do Cear e Professor Assistente da
Universidade Estadual Vale do Acara UVA. Orientado pelo professor Adjunto da Universidade
Federal do Cear Dr. Eurpedes Antonio Funes. A pesquisa apoiada pela FUNCAP-CE.
1 Livro de Casamento, no. 01, 1741-1769, fl. 42. Arquivo da Cria Diocesana de Sobral,
2 Livro de Batismo e Casamento, no. 01, 1725-1950, fl. 5v. Arquivo da Cria Diocesana de Sobral.
3 Idem, fl. 67.
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profisses exercidas por eles, como Pedro Quaresma, preto forro, (...) vive de seo
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ofcio de Carapina (...) Outros eram proprietrios, como os pretos forros Antonio
Gonalves da Silva, proprietrio do stio Uba; e Francisco da Cunha, proprietrio do
stio Recife, na Serra da Meruoca 5.
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Revista do Arquivo Pblico Estadual, n. 01. 1987, fl. 14.
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anos e com uma perna mais fina que a outra, avaliado por 40$000;
Jos, do reino de Angola, com 32 anos, avaliado por 60$000, Antonio,
criolo, com 03 anos, avaliado por 25$000; Josepha, Mina, com 25
anos, parideira e com cravos nas solas dos ps procedidos de molstia
bobahia, avaliada em 75$000; Fernanda, criola, com 04 anos, avaliada
em 30$000 e Anna, criola, com 03 meses avaliada por 10$0007.
O maior Plantel era pertencente ao capito Mor Luis Francisco Braga. Em seu
inventrio, constava ter 29 escravos. Sendo 14 homens e 15 mulheres. Estes foram
classificados como sendo 04 africanos e 25 nascidos na colnia.
7
Inventrio post mortem de Ana Maria, 1763, caixa 09. Arquivo do NEDHIS/UVA
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Inventrio post mortem de Antonio Rodrigues Magalhes, 1757, caixa 05. Arquivo do NEDHIS/UVA
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Em relao aos africanos, o maior grupo era de angolas, como os cativos de
Ana Maria, falecida em 1762, que tinha 08 escravos sendo 03 angolas o escravo Paulo,
com idade 40 anos mais ou menos e avaliado por 60$000; Jos, com 32 anos mais ou
menos e avaliado por 60$000 e Joam, com 22 anos mais ou menos e avaliado por
70$0009. Seus outros escravos eram 02 Minas, um cabra e um crioulo.
Essa relao teve como finalidade taxar impostos para o patrimnio da Cmara
da Vila, sobre as fazendas de criar e stios de lavouras. Foram levantadas 826
propriedades, pertencentes a 565 proprietrios. Nestas propriedades, em 491 delas
existiam 1.432 escravos e 335 delas no declararam ter cativos, sendo assim a mdia de 5
2,9 escravos por propriedade.
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Inventrio post mortem de Ana Maria, 1763, caixa 9. Arquivo do NEDHIS/UVA
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trabalho, mas como atores sociais que, mesmo escravizados, gestaram diversas
estratgias que possibilitaram a sobrevivncia na ordem escravista e constituram a sua
histria (SILVA e REIS, 1989, pp. 13-21).
O escravo Gonalo conseguiu sua liberdade sendo trocado por outro escravo, 6
como consta dos autos de conta dos bens do rfo Joo filho, do inventariado Joo de
Sousa da Conceio:
Dentre eles, podemos citar Manuel de Souza Leal, preto, do gentio da Guin,
que segundo os Livros de Registros de Licenas da Cmara, Inventrios e Testamentos
foi, durante muito tempo, encarregado do contrato das carnes verdes da Villa de Sobral,
10
Publicao do Arquivo Pblico Estadual, no. 01. Fortaleza Cear, 1987, p. 19;, 25 e 26
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(Inventrio post mortem de Joo de Sousa da Conceio (1803), caixa 37. Arquivo do
NEDHIR/UVA)
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porteiro do Juzo dos rfos, proprietrio de terras, alm de possuir um comrcio de
venda de todos os gneros e de ser membro e benfeitor da Irmandade do Rosrio.
Manoel de Sousa Leal declara que as suas propriedades, em 1788, eram uma
terra de criar gados de um quarto de terras de cumprido com meya lgoa de largo
(FROTA, 1974, p.195), um stio de plantar lavoura com meya legoa de terra de
cumprido e meya de largo... (Idem, p.195). Em sua fazenda de criar, tinha 20 gados
caprinos, 19 gados cavalar, 251 gados vacum, 03 escravos e em seu stio de plantar
lavoura, denominado So Pedro, produzia mandioca, milho, feijo e algodo. O algodo
plantado, em duzentas braas de terra, produziu cinqenta arrobas e meia (Ibidem, p.
195). A produo de algodo foi vendida para Pernambuco. Dentre seus bens, podemos
citar instrumentos agrcolas, bens mveis, trastes velhos, moradas de casas aforadas a
Nossa Senhora do Rosrio, stio de plantar, dvidas a receber e a pagar.
12
Livro de Casamento no. 01, 1741-1769, fl. 221. Arquivo da Cria Diocesana da Sobral..
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Idem, fl. 121.
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Id. Ibidem, fl. 221.
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construram suas riquezas o que a todos proporcionou prestgio e honra na sociedade
colonial. Lembramos que nem todos os negros conseguiram sai da condio de escravos
e de trabalhadores livres pobres.
Em seu inventrio foi declarado por sua esposa e inventariante que o mesmo
era possuidor de 21 escravos, avaliados em 1.635$000 rs. Seus bens de razes: moradas
de casas, a fazenda Cruz do padre, os stios de plantar lavoura na serra da Meruoca
denominados Boa Vista de Todos os Santos, So Domingos, Almas, Palmeiras e Oiteiro
foram avaliados a 640$000 rs15.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
FUNES, Eurpedes A. Negros no Cear. In: SOUZA, Simone de (Org.). Uma Nova
histria do Cear. Fortaleza: Edies Demcrito Rocha, 2000.
SILVA, Eduardo e REIS, J. J. Negociao e conflito. So Paulo: Cia. das Letras, 1989,