Dicionário Dos Desembargadores PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 16

DICIONRIO

DOS
DESEMBARGADORES
. (1640-1834)

Jos Subtil
Ficha Tcnica:

Ttulo: Dicionrio dos Desembargadores (7640-1834)

Autor: Jos Subtil

Editora: EDIUAL - Universidade Autnoma Editora, S. A.


Rua de Sta. Marta, n.O 56
1169-023 Lisboa
Design e Composio Grfica: Samuel Asceno

Impresso: Tipografia Abreu, Sousa & Braga, Lda. - Braga

ISBN: 978-989-8191-14-4

Depsito Legal: 316063/10

Subtil, Jos

Didonrio dos desembargadores: 1640-1834/ Jos Subtil; pref. Antnio Manuel Hespanha; colab. Nuno
Camarinhas. -Lisboa: EDIUAL, 2010.604 p.

978-989-8191-14-4

94 (469)
NDICE

Nota de Apresentao e Agradecimentos 5

Prefcio de Antnio Manuel Hespanha 7

Os desembargadores no Antigo Regime (1640-1820) - Nuno Camarinhas 13

Os desembargadores na Transio para o Liberalismo (1820-1834) - Jos Subtil 39

Orientaes gerais ~ 57

I Parte do Dicionrio - Os desembargadores entre 1640 e 1819 (1763 entradas) 59

II Parte do Dicionrio - Os desembargadores entre 1820 e 1834 (149 entradas) 543

ndice onomstico de 1912 desembargadores 579

3
NOTA DE APRESENTAO E AGRADECIMENTOS

A primeira fase dos trabalhos deste dicionrio realizou-se entre 1996 e 1998
no Instituto de Cincias Sociais da Universidade de Lisboa como parte integrante do
projecto Optima Pars, Elites no Portugal Moderno (1600-1834), financiado pelo Gabinete
Praxis XXI'. Colaboraram comigo o Joo Sabino e a Sandra Boavida. Por falta de novos
financiamentos no foi possvel continuar os estudos at meados de 2007, altura em
que o IIPUAL (Instituto de Investigao Pluridisciplinar da Universidade Autnoma de
Lisboa) decidiu aprovar a incluso do dicionrio na linha de investigao sobre Actores
Sociais e Territrios de Poder. Passaram a colaborar comigo, at meados de 2009, o Nuno
Camarinhas e a Odete Pereira e o dicionrio ficou concludo no ms de Setembro.
Quero agradecer a todos os que participaram no projecto, a comear pelos res-
ponsveis na recolha da informao, o Joo Sabino, a Sandra Boavida e a Odete Pereira.
Um agradecimento especial ao Nuno Camarinhas pela sua colaborao na concluso dos
trabalhos e pelo magnfico texto que acompanha a sua edio. Ao Instituto de Cincias
Sociais que acolheu o projecto desde o incio, Fundao para a Cincia e a Tecnologia e
Universidade Autnoma de Lisboa que o patrocinaram financeiramente e EDIUAL, na
pessoa do seu Director Doutor Miguel Figueira de Faria, por se ter prontificado a edit-lo.
Uma gratido muito grande ao Antnio Manuel Hespanha por ter sido o seu
principal impulsionador e pelo estmulo permanente sua concretizao.

Jos Subtil
Oeiras, Outubro de 2009

1Sobre os resultados desta fase dos trabalho ver Jos Subtil, Os Desembargadores em Portugal
do Antigo Regime, organizao de Nuno G. Monteira, Pedra
(1640-1820>, Optima Pars, Elites/bero-Americanas
Cardim e Mafalda Soares da Cunha, Lisboa, Imprensa de Cincias Sociais - ICS,2005 pp. 253-277.

5
UMA NOTA INTRODUTRIA

Antnio Manuel Hespanha

H uns anos - na verdade, j quase vinte - iniciei com alguns colegas e, ento,
estudantes, um projecto de prosopografia de juristas portugueses'. Nessa altura, o que
nos interessava era reconstituir o grupo dos que foram autores de obras de direito, no
intuito de preparar estudos semelhantes aos que estavam a ser propostos por Filippo
Ranieri, sobre sociologia da literatura jurdica". Os dados dessa monumental recolha
permanecem inditos e sem utilizao, pela descontinuidade do projecto e a falta de
pessoas especializadas em certos aspectos mais tcnicos.
Entretanto, esta empresa despertou a ateno para a prosopografia dos juristas,
em geral; e, em especial, para a dos magistrados, cujas vidas e carreiras podiam contribuir
enormemente para a compreenso da poltica de Antigo Regime. Tal como, mais tarde,
pode ilustrar com muito proveito a histria contempornea, pelo menos at aos anos
30 do sculo xx.
Trs colegas, em especial, se comprometeram em estudos deste tipo. Uma tratou
dos fluxos e destinos dos estudantes de direito': outro desbravou uma magnfica coleco
de biografia de magistrados feita por frades alcobacenses no sculo XV1I14. Por fim, Jos
Subtil, continuando a sua contribuio para o projecto Optima pars, continuou a sua

1 Storia lurisprudentia Lusitania Antiquae, no ICS/UL (1992-1994); Optima Pars, no ICS/UL (1996-98).
2 Fillipo Ranieri, Juristische Literatur aus dem Ancien Regime und historische; Literatursoziologie,
Einige methodische Vorberlegungen, in: Aspekte; europischer Rechtsgeschichte. Festgabe fr Helmut Coing
zum; 70. Geburtstag, Frankfurt am Main 1982,293-322; Juristische Universittsdisputationen im 17. und 18.
Jahrhundert. Zur Analyse des deutschen Autoren- und Hndlerrnarktes, in: E. V.; Heyen (Ed.), Historische
Soziologie der Rechtswissenschaft, Frankfurt; am Main 1986, 157-172; The Lawyers in the Holy Roman Empire
of the 16th to the 18th Century. A Historical Data Base, Historical Social Research, Vol. 14, 1989, n.O 3, pp.
62-67; Vorn Stand zum Beruf. Die Professionalisierung des Juristenstandes; ais Forschungsaufgabe der
europaischen Rechtsgeschichte der Neuzeit, lus Commune. 13 (1985), 83-105 (trad. porto Em Penlope. Fazer
e desfazer a histria, 1(1990); Fillipo Ranieri, Eine Datenbank ber juristische Dissertationen und Juristen im;
Alten Reich. Ein Projektbericht, in: Historical Social Research, Quantum; Information, 37 (1986), 109-115; 66;
Historical Social Research, Vol. 14-1989-No. 3, 62-67; Ranieri, F. und Neugebauer, R., "GOLEM ais Werkzeug
des Rechtshistorikers, Informatik und Recht, 11/12 (1986),476-481; "Der Universittsbesuch der deutschen
Rechtsstudenten am; bergang zwischen 16. und 17. Jahrhundert. Ein rechts- und sozialhistorischer; Beitrag
zur Mobilitt der Juristen im Alten Reich, lus Commune, 15 (1987), 67.
3 Joana Estorninho de Almeida, A Forja dos Homens. Estudos Jurdicos e Lugares de Poder no Sc. XVI/,
Lisboa, Imprensa de Cincias Sociais, 2004.
4 Nuno Camarinhas, Letrados e Lugares de Letras. Anlise prosopogrfica do grupo jurdico. Portugal,
sculos XVI/-XVIII, Lisboa, ICS/UL, 2000 (policopiada); Les juges portugais d'Ancien Rgime, 1620-1800. Tese
de doutoramente na Ecole des hautes tudes en sciences sociales, Paris, Histoire et Anthropologie du Monde
Hispanique seminar, EHESS and Universit de Paris I, 2006 (a publicar brevemente por L'Harmattan); The
Crown's Judges - The judicial profession in Ancien Regime Portugal, 1700-1709 in K. S. B. Keats-Rohan (ed.),
Prosopography: Approaches and Applications. A handbook, Oxford, Prosopographica & Genealogica, 2007.

7
Dicionrio dos Desembargadores

sistemtica investigao das biografias de altos magistrados, que j tinha dado resultados
que se revelaram muito esclarecedores em dois dos seus trabalhos de histria polticas.
O presente livro insere-se nesta linha de estudos, reunindo agora uma soma
impressionante de dados, controlados directamente pelas fontes arquivsticas ou outras
de primeira mo.
No plano da histria poltica e social, isto permite compreender muito melhor a
estrutura dos grupos de poder, bem como o modo de integrao e ascenso neles e os
processos pelos quais estes exerciam o seu mando.
No caso dos magistrados, este mando podia revestir duas formas tpicas.
Uma delas, destacada por J. Subtil nos seus estudos dobre o Desembargo do Pao
e sobre o terramoto poltico, era a da ocupao de lugares de topo nos crculos da
deciso poltica. Isto acontece j no sculo XVII, com o governo de juntas, nos tempos de
Lerma e de Olivares, e com muitos dos secretrios dos reis", mas incentiva-se imenso com
o governo pombalino, como mostrou Subtil nos dois livros citados. Depois da Revoluo,
o modelo no desaparece, pois vrios foram os juristas que ascenderam, no apenas ao
Parlamento (e a tiveram uma interveno decisiva - Manuel Fernandes Toms, Manuel
Borges Carneiro, Jos Ferreira Borges, Francisco Trigoso, Correia Teles, Antnio Bernardo
da Costa Cabral e tantos outros), mas ainda ao Conselho de Estado e ao Ministrio, e no
apenas ao da Justia e Cultos. Sem esquecer que eram juristas os membros do Supremo
Tribunal de Justia que, embora no fosse um tribunal de cassao maneira francesa,
acabava porter bastante influncia em algumas decises relativas administrao.
A outra forma de exerccio do mando era mais discreta, mas no menos efectiva,
difusa e quotidiana. Tratava-se do seu espao de deciso no foro, deciso dependente de
cada juiz, mas guiada tambm pelos parmetros traados, na Universidade, por outros
juristas" A, o poder dos letrados j no dizia respeito a grandes questes. Era um poder
molecular, implicando particulares". Mas, na vida destes, tocando com a sua liberdade,

5 o Desembargo do Pao (1750-7833), Lisboa, Universidade Autnoma de Lisboa, 1996; Os Desem-


bargadores em Portugal (1640-1820)>>, em Optima Pars, Eliteslbero-Americanas do Antigo Regime, organizao
De Nuno G. Monteiro, Pedro Cardim e Mafalda Soares da Cunha, Lisboa, Imprensa de Cincias Sociais -ICS,
2005 pp. 253-277; Lisboa, Imprensa de Cincias, 2002. Os Ministros do Rei no Poder Local, Ilhas e Ultramar
(1772-1826)>>, Penlope, n.O 27, 2002, pp. 37-58; O Terramoto Poltico (7755-7759), Lisboa, UAL,2007.
6 Dos quais destaco Antnio Leito, estudado por Jean-Frdric Schaub, Le Portugal au temps du
comte-duc d'Oiivares (1627 -7640): Le conttit de juridictions comme exercice de la politique, Madrid: Casa de
Velazquez, 2001 (rec. The English Historical Review, June 01) ou Tom Pinheiro da Veiga.
7 Cf. Um poder um pouco mais que simblico. Juristas e legisladores em luta pelo poder de dizer o
direito, em Ricardo Marcelo Fonseca e Airton C. Leite Seelaender (coords.), Histria do direito em perspectiva,
Do Antigo Regime modernidade, Curitiba, Juru, 2008, 143-202.
8 Sobre a organizao da justia em Portugal no sculo XIX, Antnio Manuel Hespanha, Guiando a mo
invisvel Direitos, Estado e Lei no liberalismo monrquico portugus, Lisboa, Almedina, 2004; e, mais especfico,
Lus Eloy de Azevedo, Direito Penal, Magistratura e Inqurito Judicial no Sculo XIX Portugus, comunicao
apresentada no colquio internacional Les enqutes judiciaires en Europe au XIXe sicle Acteurs-Imaginaires-
-.::>ratiques realizado na Sorbonne em Paris, entre 19 e 21 de Maio de 2005, em Revista do Ministrio Pblico,
- 02 (Abril-Junho 2005); Paulo Pinto de Albuquerque, A Reforma da Justia Criminal em Portugal e na Europa,
~ "na, 2003 (com extensa parte histrica).
Prefciode Antnio Manuel r.espc~~-

os seus bens, a sua famlia, o seu prestgio social", Teoricamente, o liberalismo manteve,
nesta matria, algumas continuidades, ao permitir a manuteno em funes de juzes
no letrados, mesmo depois da Reforma Judiciria de 1832 (at lei de 21.7.1885); e
introduziu, mesmo alguma inovao, ao criar o tribunal de jri, uma das reclamaes que
os liberais pensavam estar no cerne das liberdades cvicas". Como quase tudo quanto se
refere prtica judicial, ainda cedo para se proferirem juzos definitivos sobre o impacto,
quer das continuidades de Antigo Regime, quer das inovaes liberais. Pois tudo isso
est dependente de um tratamento sistemtico dos fundos arquivsticos judiciais, que
permita estudos pouco enviesados.
Ou seja, no sabemos ainda com certeza qual era a margem de discricionariedade
dos juzes na aplicao do direito, embora tudo indique que - apesar da fama de legalis-
mo que envolve este perodo - a liberdade deixada aos juzes para construir uma soluo
era muito grande", pois, por um lado, o quadro das fontes de direito, estabelecido pela Lei
da Boa Razo (18.8.1769) era muito vasto; e, por outro, a doutrina to pouco estabelecia
critrios unvocos de orientao", Por outras palavras, temos quase como certo que os
juzes, nos tribunais de primeira instncia e nos tribunais superiores, dispunham de uma
discretion que se traduzia em poder. Mas, porque no houve ainda estudos, sequer secto-
riais, sobre o sentido da jurisprudncia, no sabemos de que forma jogava, do ponto de
vista social, esse poder, embora a doutrina, uma vez por outra, nos d conta de algumas
correntes jurisprudenciais dominantes.
Outra questo a de saber quais eram as reas de conflito em que este poder
dos magistrados tinha mais impacto. As dificuldades so quase as mesmas. Porm, para
os tribunais em ltima instncia, h repertrios ou mesmo coleces sistemticas de
acrdos que nos podem possibilitar saber que temas litigiosos eram a decididos. H
pois um trabalho a fazer, e ele factveI. Uma anlise cursria dos repertrios sugere uma
preponderncia acentuada de questes de natureza processual. Se assim fosse, resultaria
que os juzes preferiam resolver os litgios no plano do processo do que no plano do
direito substantivo. As explicaes poderiam ser de dois tipos. Ou havia mais certeza - e,
logo, menos risco de contestao - nas questes processuais (o que se poderia relacionar,
ou com o peso de praxes de julgar estabeleci das; ou o facto de a legislao processual ter
surgido mais cedo (com as reformas judiciais, que abrangia temas, no apenas de organi-

9 Cf. Lus Eloy Azevedo, Jornalismo judicirio no sculo XIX: o neutro e o palpitante, in Sub Judice
n.O 25 (2003), pp. 45-53.
10 Cf. Lucien Jaume, Sieyes et le sens du jury constitutionnaire : une rinterprtation, Histria
constitucional, j uni o 2002 (http://www.seminariomartinezmarina.com/o j s/i ndex. ph p/h istoriaconstitu ciona I);
Daniela Novarese, FraCommon Law e Civil Law. 11Jury nell'esperienza costituzionale siciliana (1810-1815>,
j un io 2002 (http://www.seminariomartinezmarina.com/o js/i nd ex.ph p/h isto riaconstitu ciona I); Antn io
Manuel Hespanha, Guiando a mo invisvel Direitos, Estado e Lei no liberalismo monrquico portugus, Lisboa,
Almedina, 2004.
11 Cf. A. M. Hespanha, Um poder um pouco mais que simblico. Juristas e legisladores em luta pelo

poder de dizer o direito, cito


12 Cf. A. M. Hespanha, Razes de decidir na doutrina portuguesa e brasileira do sculo XIX. Um
ensaio de anlise de contedo, comunicao ao IV Congresso do Instituto Brasileiro de Histria do Direito,
Setembro de 2009 (a publicar nas actas).

9
Dicionrio dos Desembargadores

zao judicial, mas tambm de direito processual) facilitava uma deciso mais segura se a
questo fosse decidida nesse plano. Mas tambm verdade que uma sentena baseada
em questes neutras e tcnicas de processo contribui mais para a solidificao de
uma imagem do juiz como o cultor de um saber difcil, reservado a tcnicos, e neutro. E,
com isso, um factor importante de construo de capital social.
Que, na sociedade e entre os polticos, havia a ideia de que os juzes dispunham
de poder, de muito poder, e de que no o usavam bem, isso algo que muitas fontes
nos transmitem.
Citei, a este propsito, estes e outros textos num artigo anterior", Mas vale a pena
reiterar a transcrio destes trechos das actas das Cortes Constituintes, que tm paralelo
nas dos anos 30.
O Senhor Borges Carneiro. - A razo porque continuam as vexaes dos Ministros,
porque todo o Negocio est dependente do Desembargo do Pao. Todo o Requeri-
mento contra Ministro, ha de ir ao Desembargo do Pao, e ele pe-lhe uma pedra em
cima, e tudo fica no mesmo estado. Eu sei de hum Requerimento em que uma parte
se queixava de hum Ministro, em razo de injustias cometida em uns Autos em que
requeria que eles subissem Mesa; passaram-se 20 Ordens, e tudo estava no mesmo.
Requeria a Parte ao Desembargo do Pao para virem os Autos, dizia o Desembargo do
Pao 'Passe Ordem 2:000 ris. Diz outra vez a Parte: 'No cumpriu a Proviso, est tudo
no mesmo estado'. 'Passe Ordem - dizia o Desembargo do Pao - 2000 ris' Vinha a Parte
outra vez. O Ministro no cumpre. Dizia o Desembargo do Pao'Passe Ordem. 2:000 ris'.
Quarenta mil ris lhe levou de Ordens, e no fim de uns poucos de anos de luta, mandou
o Corregedor os Autos. Chegaro Mesa. Diz a Mesa 'Remetidos ao mesmo Corregedor
para tornar a informar' Ento os Ministros que fazem isto podem por ventura ter amor da
justia? Podem obrar como devem? Certamente no. No tenho dio nenhum pessoal
queles Ministros; Deus lhes d as fortunas que desejo para mim, mas considerados como
Desembargadores do Pao so indignos da confiana Publica. Tudo ali fica emperrado,
e a Regncia est amarrada sem poder fazer nada; por isso apoio com urgncia a moo
do senhor Alves do Rio.
O senhor Castelo Branco". - O mal da maior evidncia. Se ns vssemos que os
Ministros em geral cumpriam as Leis, e a Administrao Publica no ia bem; ento era
uma consequncia que o defeito vinha das Leis, e no dos que a executavam. Porem ns
todos os dias coramos ouvindo factos praticados pelos Ministros contra as Leis que eles
no cumprem. Logo no vem o mal s de que as Leis so defeituosas, mas sim da m
vontade dos Executores. Jamais poderemos conseguir o fim que desejamos, uma vez que
no tenhamos homens aferrados ao sistema. A males extraordinrios, eu no conheo
seno remdios extraordinrios. Conheo quanto arriscado o deixar ao Poder Executivo

13 Antnio Manuel Hespanha, Nas origens do STJem Portugal. Governo da lei ou governo dos
juzes? (a publicar); mais testemunhos, em Antnio Pedro Barbas Homem, Judex perfectus [. .. l, cit., 573 ss.;
ee Lus Eloy de Azevedo, Direito Penal, Magistratura e Inqurito Judicial no Sculo XIX Portugus, cito
Padre Joo Maria Soares de Castelo Branco (1767-1831). Cf. Isabel Nobre Vargues, Vintismo e
- -" ~5mo liberal - Joo Maria Soares de Castelo Branco, Revista de Histria das Ideias, 3 (1981), pp. 177-216.
Prefciode Antnio Manuel Hespanha

todo o arbtrio, entretanto as circunstncias nos obrigam a autorizar a Regncia a tomar


uma medida Provisria. [... ] O que eu digo , que uma vez que ns desgostemos os Povos,
no poderemos marcar at onde podero chegar os resultados; por isso me parece bem
ordenar que a Regncia seja interinamente autorizada para dar nisto providencias as mais
prontas, sem se ligar, nem mesmo s formalidades determinadas pelas Leis.1s
16
Mas esta animosidade est para durar, Em 1826 , foi lido o Relatrio e Parecer
da Comisso encarregada de indicar os artigos da Carta Constitucional, cuja execuo
estava dependente de Leis regulamentares, e de indicar a urgncia relativa destas. Entre
estas, algumas eram relativas ao poder judicial", e justamente no sentido de cercear
a sua discricionariedade, prevenindo uma excessiva autonomia, que lhe permitisse
usurpar funes de dizer o direito, contrariando a separao de poderes. O juzo sobre
a magistratura, como instituio, no podia ser mais negro: O Corpo da Magistratura
aquele, que mais mal tem feito ao Reino; mas tambm o que mais cruelmente tem sido
caluniado. Os Portugueses tem grande sede de Justia; mas devemos confessar que a
m administrao desta nem procede da corrupo da Classe em massa, nem mesmo da
prevaricao dos indivduos exclusivamente. H Magistrados mui respeitveis pelas suas
luzes, pelo seu desinteresse, e pela sua imparcialidade; se h muitos maus, para admirar
que seu nmero no seja ainda maior pelos poderosos estmulos, que as Instituies lhes
ofereciam para prevaricarem. Comecemos pela impunidade, assegurada de facto pela
viciosa organizao dos Tribunais [. .. l (ibid.) No centro de tudo estava a arbitrariedade
no decidir, que o antigo direito lhes conferia", e que os juzes aparentemente utilizavam,
o que aproximava o juiz portugus do khadi maqrebino:",
Nem de tudo isto se trata neste magnfico dicionrio. Nele se indicam apenas os
detentores do poder judicial e se fornecem muitos elementos para o seu estudo como
grupo e, portanto, para a sondagem das origens desse poder. Da intensidade, constncia,
generalidade e sentido dos usos dele se tm que ocupar outros estudos, tambm com

15 DCGENP,de 10-04-1821, pp. 527 ss.


16 DCG-CD, n.O13, de 17-11-1826, pp. 85 ss.
17 Alm da sempre esperada e nunca efectivada lei da responsabilidade dos funcionrios, indicavam-

-se: Diviso do Territrio, que lhe respeita: Instituio, e Regimento dos Juzes de Paz,e dos Juzos concilia-
trios; Organizao, e Regimento dos Juzes,e Juzos de Primeira Instncia (compreendendo os Jurados para
as CausasCrimes); a Distribuio, Organizao, e Regimento dos Tribunais de Segunda Instncia, do Supremo
Tribunal de Justia, e da Cmara dos Pares do Reino, como Tribunal Criminal (ibid.).
18 H uma Lei de 1769, que d a boa razo de cada um, i. e., o arbtrio do Juiz, como regra de julgar;

h outra, que concede aos Desembargadores Poder discricionrio para imposio das penas: acrescente-se
o Poder colossal concedido aos Juzes de Fora, a mobilidade de todos os Lugares trienais, as dificuldades, e
eternas delongas para novo despacho, a certeza de que o meio mais seguro para ser de novo empregado
era o dinheiro, e as proteces; e a isto ajunte-se a servil dependncia, em que o Magistrado estava, de
todas os grandes Autoridades; e diga-se como seria possvel que a Justia fosse geralmente administrada
com imparcialidade (ibid.).
19 A inviolabilidade de facto, de que se tem revestido a Magistratura Portuguesa, faz com que a
justia em Portugal se administre mais arbitrariamente do que em Marrocos (Deputado Alvares Pereira,
em OCG-CO,n.O44, de 5-3-1828, p. 689).

11
Dicionrio dos Desembargadores

uma base emprica alargada. Tambm para isso, serve o estudo que com muito gosto
introduzo, de exemplar modelo.
OS DESEMBARGADORES NO ANTIGO REGIME
(1640-1820)

Nuno Camarinhas

Introduo

A estrutura da administrao da justia no Portugal de Antigo Regime foi lanada


ainda durante o perodo de unio das coroas ibricas. Do ponto de vista da sua organiza-
o, do seu funcionamento, dos seus membros e das lgicas de movimentao no interior
do aparelho, no se verificam grandes alteraes entre o perodo anterior e o perodo
posterior a 1640. No entanto, para podermos aumentar a qualidade dos dados a analisar,
usaremos, neste estudo e para o dicionrio, o ano da restaurao da monarquia como
baliza cronolgica devido exaustividade da documentao disponvel, sobretudo, a
partir da dcada de 60, quando dispomos de sries extremamente ricas.
Do ponto de vista institucional, os traos gerais da administrao da justia do
Antigo Regime portugus so reconhecveis a partir das reformas implementadas nos
reinados filipinos. Com D. Filipe I, outorgado o primeiro regimento ao Desembargo do
Pao (1582)1, ordenada uma nova compilao da legislao portuguesa que resultar
nas Ordenaes Filipinas2, institudo o Conselho da Fazenda', criada a Relao do Porto
a partir da extino da Casa do Cvel e da reforma da Casa da Suplicao", dado novo
regimento Relao de Goa". D. Filipe 11 cria o primeiro tribunal de Relao no Brasil, na
Baa, em 1609, depois de uma tentativa falhada em 15886 No incio do sculo XVII estavam

1 Regimento do Desembargo do Pao de 27 de Julho de 1582. Este regimento ser anexado s


Ordenaes Filipinas.
2 A Lei de 5 de Junho de 1595 ordenava a reforma das Ordenaes que, no entanto, s estariam
concludas e impressas no reinado de D. Filipe 11, em 1603, entrando em vigor na sequncia da publicao
da Lei de 11 de Janeiro de 1603. Para ambas, veja-se Legislao brazileira e portugueza ordenando a exe-
cuo das ordenaes philippinas in Ordenaes Filipinas, Livro I, Rio de Janeiro, Typographia do Instituto
Philomathico, 1870, pp. LXXV-LXXVIII.
3 Regimento de 20 de Novembro de 1591. Regimento da Fazenda,in Jos R.M. C.C. Sousa, Systema,
ou Colleco dos Regimentos Reaes, vol. I, Lisboa, Oficina de Francisco Borges de Sousa, 1783, pp. 161-165.
4 Regimento da Relao da Casa do Porto de 27 de Julho de 1582, J. A. De Figueiredo, Synopsis
Chronologica de Subsidios ainda os mais Raros para a Historia e Estudo Critico da Legislao Portugueza, Tomo
11. Lisboa, Academia Real das Sciencias de Lisboa, 1790, pp. 198 e seguintes; a Casa da Suplicao tem o seu
primeiro regimento nas Ordenaes Filipinas (1603) e uma primeira reviso dois anos depois, na Lei de 7 de
Junho de 1605 (J.J. A. Silva, Colleco Chronologica da Legislao Portugueza, vol. I, p. 142).
5 Regimento da Relao, e Ministros da Justia da India in Archivo Portuguez-Oriental. (ed. por
Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara), Fase.V, Parte 111. Nova Goa, Imprensa Nacional, 1866, pp. 1124-1151.
6 Regimento da Relao do Estado do Brasil de 7 de Maro de 1609 in J. J. A. Silva, op. cit., vol. I
(1603-1612), Lisboa, Imprensa de J. J. A. Silva, 1854, pp. 258-265.

13
OS DESEMBARGADORES NA TRANSiO PARA
1
O LIBERALlSM0
(1820-1834)

Jos SubtiJZ

Introduo

As modificaes substanciais que subverteram o sistema poltico corporativo e


fundaram as bases estruturais do regime liberal comearam a desenhar-se s depois
das tropas miguelistas entregarem a cidade de Lisboa ao Duque da Terceira (24 de Julho
de 1833).
Mas o processo poltico da afirmao do liberalismo que comeou com o levan-
tamento militar no Campo de Santo Ovdio e terminou na Conveno de vora-Monte
- a que se seguiu a deportao de D. Miguel para a Itlia - foi marcado por perodos
de intermitente perturbao. Durante a primeira fase, conhecida por trinio vintista
(1820-1823), seria aprovada a Constituio (23 de Setembro de 1822) mas o golpe da
Vila-Francada (27 de Maio de 1823) levaria dissoluo das Cortes Ordinrias, seguindo-se
vrias iniciativas rgias para conciliar os interesses dos partidrios do absolutismo com o
dos implicados na revoluo liberal. O segundo trinio (1823-1826) foi caracterizado por
uma grande indefinio poltica e instabilidade social na sequncia da revolta liderada por
D. Miguel (golpe da Abrilada, 30 de Abril de 1824) para restaurar o absolutismo. O fracasso
deste movimento teve como consequncia o seu exlio e at morte de D. Joo VI (10
e Maro de 1826) o ambiente poltico degradou-se com o acentuar das hostilidades.
Os acordos que D. Pedro, herdeiro do trono mas tambm imperador do Brasil e por isso
. possibilitado de reinar, procurou alcanar no tiveram sucesso e conduziriam o pas
~ erra civil. Embora, depois de abdicar na sua filha - D. Maria da Glria - e outorgar ao
.;eino uma Carta Constitucional (29 de Abril de 1826), tenha conseguido a restaurao do
cgime liberal por um curto perodo de tempo (Julho de 1826 a Maio de 1828)t o regresso
ce J. Miguel (Fevereiro de 1828), previsto nos acordos estabelecidos, viria a constituir
- '0 desaire para os liberais uma vez que foram dissolvidas as cmaras e convocadas
es tradicionais que o proclamariam como rei absoluto (23 de Junho de 1828). Durante
-::=T de seis anos o governo do prncipe usurpador da Coroa confrontar-se-a com a
~ o dos adeptos a favor do Trono Legitimo e da Carta Constitucional (1828-1834).

. gradeo ao Antnio Manuel Hespanha as sugestes e correces que fez ao texto bem como as
-_~aes sobre Manuel Borges Carneiro (ver nota n.O10). '
: gregado em Histria Institucional e Poltica Moderna pela FCSH da Universidade Nova de Lisboa.

39
ORIENTAES GERAIS

1 - Os ncleos documentais usados para a elaborao do dicionrio foram os


ndices das chancelarias rgias (desde D. Joo IV a D. Maria 11), o Registo Geral de Mercs,
a Leitura de Bacharis e as Habilitaes da Ordem de Cristo, pertencentes ao Arquivo
Nacional Torre do Tombo, e o Memorial de Ministros" guarda da Biblioteca Nacional
de Portugal.

2 - Optou-se por dividir o dicionrio em duas partes: uma referente aos desem-
bargadores nomeados entre 1640 e 1819 e outra para os nomeados entre 1820 e 1834.

3 - Os desembargadores que estiveram em funes desde a Restaurao mas que


foram nomeados antes de 1640 esto assinalados com um * asterisco .

.4- As entradas esto ordenadas alfabeticamente pelo nome prprio;

5 - A informao de cada verbete inclui o nome ou outros nomes utilizados pelo


desembargador, grau acadmico, data de nascimento, naturalidade, nome do pai,
naturalidade do pai, nome da me, naturalidade da me, nome do av paterno, natu-
ralidade do av paterno, nome da av paterna, naturalidade da av paterna, nome do
av materno, naturalidade do av materno, nome da av materna, naturalidade da av
materna, ofcios desempenhados ordenados cronologicamente, atribuio de mercs e
observaes complementares.

6 - Foi actualizada a grafia para uniformizar os termos utilizados, incluindo topo-


nmicos e patronmicos. Excepo feita s citaes no campo das observaes onde se
optou por manter a ortografia e gramtica originais.

7 - Abreviaturas: LB (Leitura de Bacharis); MM (Memorial de Ministros)

8 - O ndice onomstico permite a consulta de cada verbete.

Odete Pereira

1 Memorial de Ministros. Cathalogo Alfabtico dos Ministros de Letras que serviro nestes Reynos de
Portugal e Algarve, seus Domnios, e Conquistas Ultramarinas, Relaes e Tribunais, como nelle se adverte. Dos
mais antigos ath o prezente de que se descobrio a noticia mais exacta (1723-1763), Frei Lus de So Bento,
(cdice n.O 1077); Memorial de menistros: mapa genrico em que se expem os nomes dos que tem havido neste
Reyno e suas conquistas, (1756-1760), Frei Lus de So Bento, (cdices n=s 1078 e 1079); Ministros, antes de
802, Frei Lus de So Bento, (cdices n.vs 1073 a 1076).

57
I Parte do Dicionrio - Os desembargadores entre 1640 e 18' 9

'Tcio Jos de Magalhes (Doutor), natural Foi Juiz de Fora de Santarm (posse a 1 de Julho
::1: Coimbra, filho de Domingos de Magalhes de 1624); Desembargador da Relao do Porto
== ce Micaela de Sousa. (16 de Fevereiro de 1641); Juiz dos Despachos da
- ~ Desembargador da Relao da Baa (2S de Mesa do Negcio das Contas do Reino (alvar de 4
- _ ereiro de 1745), proviso para poder tomar pos- de Agosto de 1641); Desembargador Extravagante
'" por procurador do lugar (28 de Julho de 1745). da Casa da Suplicao (carta de 9 de Setembro de
~ecebeu carta de doao da tera em fazendas no 1642); Provedor de Torres Vedras (alvar); Prove-
- or de 6000 cruzados que lhe fez sua me D. Maria dor de Viana (alvar). Recebeu carta de padro de
. ela de Sousa (20 de Novembro de 1733). 10$000 ris de tena cada ano (30 de Agosto de
Observaes: No refere a idade. Morreu no mar, voltando 1649), carta de cavaleiro do hbito da Ordem de Cris-
ca Baa para Desembargador do Porto (MM). to (29 de Setembro de 1657), carta de propriedade
do ofcio de Meirinho guardador e mediador do Pal
drio da Costa e Sousa (Licenciado). de Asseca, e alvar para Juiz de uma causa.
- i Ouvidor de Castelo Rodrigo (1638); Juiz de Observaes: O seu pai foi moo da Cmara da Rainha
- ra de Moura (1640), alvar de Juiz de Fora de D. Catarina e do Rei D. Sebastio, e ainda capito-de-rnar-
oura por trs anos (14 de Abril de 1642); Provedor -e-querra de uma nau da ndia (LB).
das obras, rfos, capelas, hospitais, confrarias e
a!bergarias e Contador das tenas e resduos da Afonso Botelho Soutomaior (Doutor), natural
Esgueira (alvar de 13 de Janeiro de 1648); Juiz de de Torre de Moncorvo, filho de Manuel Botelho
Fora de Coimbra (1649); Conservador da Univer- Peres e de Leonor de Soutomaior (natural de
sidade de Coimbra por trs anos (carta de 19 de
Faro), neto materno de Pedro Camacho de
- eternbro de 1653); Desembargador da Relao
Cordovil (natural de Loul) e Guiomar Vieira
do Porto (carta de merc de 4 de Outubro de 1669).
':1ecebeualvar de promessa de 16$000 ris de pen- Soutomaior (natural de Faro).
so em comenda da Ordem de Cristo com hbito Foi Juiz de Fora de Vouzela (de 1662 a 1665);
respectivo (10 de Julho de 1653). Provedor de Viana; Desembargador da Relao
do Porto (carta com posse a 17 de Maio de 1683);
Adrio Pereira Forjaz Sampaio (Bacharel em Desembargador Agravista da Relao do Porto
(carta de 29 de Novembro de 1685); Juiz da Chan-
eis), natural de Coimbra, nascido em 1776, filho
celaria (carta de 8 de Janeiro de 1690); Juiz do cvel
e Diogo Pereira Forjaz de Sampaio (natural de
de Lisboa (carta de 23 de Agosto de 1700), alvar
Coimbra) e de Joaquina Mxima Pereira Frazo,
de ordenado como Juiz do cvel (18 de Setembro de
e o paterno de Adrio Pereira de Sampaio 1700); Corregedor do cvel de Lisboa; Conselheiro
e ariana de Amorim Pessoa (naturais de da Fazenda (carta de 4 de Junho de 1705); Desem-
Coimbra), e neto materno de Baltazar Jacinto bargador do Desembargo do Pao (carta de 21
ires Frazo e Ceclia Micaela Pereira da Costa de Dezembro de 1705); Chanceler das trs Ordens
aturais de Coimbra). Militares; Desembargador da Casa da Suplicao.
=OiJuiz de Fora do Fundo (carta de 16 de Maio de Recebeu alvar de cavaleiro fidalgo (29 de Agosto de
); Juiz do cvel (carta de 4 de Outubro de 1804); 1705), e alvar de 4$000 ris para escrivaninha (23
Corregedor do cvel de Lisboa (carta de hbito de de Fevereiro de 1706).
isto de 18 de Junho de 1805); Desembargador Observaes: O seu pai foi capito de Infantaria e gover
da Relao do Porto (carta de 14 de Abril de 1807). nador do Castelo de Freixo de Espada Cinta. Leonor de
ecebeu carta de hbito de Cristo de 12$000 ris de Soutomaior era segunda mulher de seu pai. O habilitante
zena (16 de Julho de 1805). casou-se com Francisca Teresa de Almeida, filha do Doutor
Observaes: Fez a Leitura de Bacharel em 1799. O seu Manuel Correia Freire e de sua segunda mulher Margarida
oa foi capito-rnor e morador em Tentgal na quinta do de Abrada (LB).
edro. O habilitante era irmo do Desembargador Jos
ria Pereira Forjs de Sampaio, que tinha um filho com o Afonso de Faro (O.) (Bacharel), nascido em
+esmo nome do habilitante. Os seus avs paternos foram
oradores na quinta da Peiria, no termo da cidade de
1604, natural de Lisboa, filho de Francisco de
Coimbra (LB). Faro (primeiro conde do Vimeiro) e de Maria
Ana da Guerra e Sousa (condessa), neto pa-
Afonso Botelho (bacharel em leis), natural de terno de D. Francisco Lus de Faro e Guiomar
orre de Moncorvo, filho de Loureno Botelho de Castro, e neto materno de Pedro Lopes de
e de Brbara Peres da Silva (natural de Lisboa). Sousa e Antnia da Guerra.

61
11PARTE DO DICIONRIO

OS DESEMBARGADORES ENTRE 1820 E 1834


11Parte do Dicionrio - Os desembargadores entre 1820 e 1834

Alberto Carlos Meneses (Bacharel), nascido em Observaes: Leitura de Bacharel em 1820. Pretende
encartar-se porque o pai faleceu e ocupava o ofcio de
1761, natural de Leiria, filho de Carlos Alberto
Escrivo da Cmara e Almotaaria de Cascais (LB).
de Meneses e de Maria Teodora Ferreira de Sou-
sa, neto paterno de Alberto Caetano da Costa
Amaro Jos de Arajo Velasco Camiso (Ba-
e Maria Oriana de Andrade, e neto materno de
charel), natural do Sabar.
Manuel Ferreira de Sousa e Anastcia Maria de Foi Juiz de Fora de Monchique (depois de 1810);
Seixas (todos naturais de Leiria). Juiz de Fora de Elvas (depois de 1815); Corregedor
Foi Inquisidor e Contador do Geral de leiria (pro- do Ribatejo (1823), graduado em primeiro banco,
viso de merc dos ofcios de 11 de Janeiro de 1790), reconduzido no mesmo lugar (carta de 17 de Fe-
carta de Inquisidor Distribuidor e Contador do Juzo vereiro de 1826); Desembargador da Relao do
Geral de Leiria (13 de Janeiro de 1800), proviso para Porto (carta de 13 de Outubro de 1829).
nomear serventurio do ofcio de Inquisidor do Juzo
Geral de Leiria (3 de Setembro de 1823); Juiz de Fora
Andr Manuel Pinto Veloso Coelho e MeIo
de loul (carta de 4 de Junho de 1800); Juiz de Fora
(Bacha rei).
de Soure (carta de 16 de Junho de 1800), carta de
Foi Superintendente do tabaco de Trs--os-Mon-
Juiz de Fora de Soure com predicamento de primeiro
tes (carta de 24 de Julho de 1811); Corregedor da
banco (2 de Dezembro de 1805); Superintendente
Comarca de Barcelos (proviso para estar ausente
da Agricultura nas Comarcas de Santarm, Se-
dois meses do seu lugar de 23 de Julho de 1823);
tbal e vora com o lugar de Desembargador da
Desembargador da Relao do Porto (alvar de
Relao do Porto (carta de 24 de Maio de 1814),
9 de Julho de 1824). Recebeu carta de padroado
carta para ser aliviado do lugar de Superintendente (20 de Setembro de 1804), e alvar de confirmao
da Agricultura do Sul e ficar com o lugar de Desem-
de cesso e reivindicao do padroado da igreja de
bargador da Relao do Porto (8 de Abril de 1823); S. Nicolau de Carrazedo de Montenegro no Arcebis-
Desembargador da Casa da Suplicao (carta de pado de Braga (1 de Julho de 1822).
16 de Novembro de 1829).
Observaes: Leitura de Bacharel em 1785. O av paterno
era Meirinho da correio da Comarca de Leiria (LB). Antero Jos de Maia e Silva (Bacharel), nascido
em 1770, natural de Tomar, filho de Antnio Pe-
Alexandre Gamboa Loureiro (Doutor), natural dro da Maia e de Simpliciana Joaquina Constan-
da freguesia de S. Paulo em Lisboa, filho de a da Silva, neto paterno de Joo Eusbio Maia
Agostinho Jos Loureiro (natural de Tondela) e Maria Madalena dos Anjos, e neto materno de
e de Maria Lusa Coutinho de Gamboa (natu- Manuel Mendes Godinho e Helena Maria Teresa
ral de Cascais), neto paterno de Manuel Dias da Silva (todos naturais de Tomar).
Foi Juiz de Fora da vila da Sert (proviso de
e Antnia Dias Alves (naturais de Tondela), e
26$000 ris mais de aposentadoria 1 de Julho de
neto materno de Domingos Alexandre Alves
1803); Juiz de Fora de Ponte de Lima (carta de 10
de Coutinho (natural de Almada) e Maria Lusa de Dezembro de 1804); Juiz de Fora de Setbal
de Gamboa (natural de Cascais). (carta de 28 de Julho de 1809); Corregedor da Co-
Foi Juiz de Fora da Ilha de Santa Maria (carta de 21 marca de Setbal (carta de 28 de Agosto de 1809),
de Junho de 1794); Juiz de Fora de Vila do Campo carta de reconduo de Corregedor da Comarca de
(carta de 16 de Agosto de 1803); Escrivo da Cma- Setbal (22 de Setembro de 1812); Desembarga-
ra e Almotaaria de Cascais (proviso de merc do dor da Relao do Porto (carta de 18 de Agosto
ofcio por morte de seu pai de 26 de Junho de 1813), de 1823); Desembargador da Casa da Suplicao
carta de ofcio de Escrivo da Cmara e Almotaaria (carta de 22 de Novembro de 1823).
de Cascais (8 de Agosto de 1821), proviso para no- Observaes: Leitura de Bacharel em 1793. O bacharel
mear serventurio do ofcio de escrivo da Cmara Antero Joze da Maya e Silva advogado nos Auditores desta
e almotaaria de Cascais (14 de Junho de 1825); vil/a, tem praticado per espao de hum anno, no exercissio
de Advogado, tanto nas Audiencias deste Juizo, como no
Desembargador da Relao do Porto (carta de 27
escritrio do dito seu pai (LB).
de Maio de 1825); Juiz da Relao de Lisboa (carta
de 20 de Maro de 1834); Presidente da Relao de
Lisboa (carta de 20 de Julho de 1838); Conselheiro Antnio Barreto Ferraz Vasconcelos (Bacharel
(carta de ttulo de Conselho de 8 de Agosto de 1838). em leis), natural de Aveiro, filho de Casemiro
Recebeu alvar de fidalgo da CasaReal (17 de Janeiro Barreto Ferraz de Vasconcelos e de Angelina
de 1839). Margarida Pereira Medeia, neto paterno de Jos

545

Você também pode gostar