Sequência de Aulas - 9º Ano - Consílio Dos Deuses
Sequência de Aulas - 9º Ano - Consílio Dos Deuses
Sequência de Aulas - 9º Ano - Consílio Dos Deuses
OBJECTIVOS
Confrontar variações linguísticas, sociais ou regionais, com formas
padronizadas da língua
Actividades Tempo
1 Os alunos ouvem o episódio d’ Os Lusíadas - “Consílio dos Deuses”. 10 min
7 Análise oral do poema. (Tema: amor/solidão; sentimento do sujeito poético perante a 15 min
ausência do amado(a), etc.)
Carla Monteiro
DOMÍNIO INTENCIONALIDADE E ADEQUAÇÃO COMUNICATIVAS
OBJECTIVOS
Apreender criticamente o significado e a intencionalidade de
mensagens veiculadas em discursos variados;
Expressar ideias e opiniões;
Dramatizar narrativas.
Carla Monteiro
Ficha de Trabalho de Língua Portuguesa – 9º ano
1. Ouve o episódio do Consílio dos deuses com muita atenção. Se achares conveniente, podes tirar
notas ao longo da audição!
Transcrição da audição do Consílio dos Deuses – Os Lusíadas
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Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando; Em luzentes assentos, marchetados
Os ventos brandamente respiravam, De ouro e de perlas, mais abaixo estavam
Das naus as velas côncavas inchando; Os outros Deuses todos assentados,
Da branca escuma os mares se mostravam Como a razão e a ordem concertavam:
Cobertos, onde as proas vão cortando Precedem os antíguos mais honrados;
As marítimas águas consagradas, Mais abaixo os menores se assentavam;
Que do gado de Próteo são cortadas. Quando Júpiter alto, assim dizendo,
C'um tom de voz começa, grave e horrendo:
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Quando os Deuses no Olimpo luminoso,
Onde o governo está da humana gente, "Eternos moradores do luzente
Se ajuntam em concílio glorioso Estelífero pólo, e claro assento,
Sobre as cousas futuras do Oriente. Se do grande valor da forte gente
Pisando o cristalino Céu formoso, De Luso não perdeis o pensamento,
Vêm pela Via-Láctea juntamente, Deveis de ter sabido claramente,
Convocados da parte do Tonante, Como é dos fados grandes certo intento,
Pelo neto gentil do velho Atlante. Que por ela se esqueçam os humanos
De Assírios, Persas, Gregos e Romanos.
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Deixam dos sete Céus o regimento,
Que do poder mais alto lhe foi dado, "Já lhe foi (bem o vistes) concedido
Alto poder, que só co'o pensamento C'um poder tão singelo e tão pequeno,
Governa o Céu, a Terra, e o Mar irado. Tomar ao Mouro forte e guarnecido
Ali se acharam juntos num momento Toda a terra, que rega o Tejo ameno:
Os que habitam o Arcturo congelado, Pois contra o Castelhano tão temido,
E os que o Austro tem, e as partes onde Sempre alcançou favor do Céu sereno.
A Aurora nasce, e o claro Sol se esconde. Assim que sempre, enfim, com fama e glória,
Teve os troféus pendentes da vitória.
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Estava o Padre ali sublime e dino,
Que vibra os feros raios de Vulcano, "Deixo, Deuses, atrás a fama antiga,
Num assento de estrelas cristalino, Que coa gente de Rómulo alcançaram,
Com gesto alto, severo e soberano. Quando com Viriato, na inimiga
Do rosto respirava um ar divino, Guerra romana tanto se afamaram;
Que divino tornara um corpo humano; Também deixo a memória, que os obriga
Com uma coroa e ceptro rutilante, A grande nome, quando alevantaram
De outra pedra mais clara que diamante. Um por seu capitão, que peregrino
Fingiu na cerva espírito divino.
Carla Monteiro
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"Agora vedes bem que, cometendo Ouvido tinha aos Fados que viria
O duvidoso mar num lenho leve, Uma gente fortíssima de Espanha
Por vias nunca usadas, não temendo Pelo mar alto, a qual sujeitaria
De Áfrico e Noto a força, a mais se atreve: Da índia tudo quanto Dóris banha,
Que havendo tanto já que as partes vendo E com novas vitórias venceria
Onde o dia é comprido e onde breve, A fama antiga, ou sua, ou fosse estranha.
Inclinam seu propósito e porfia Altamente lhe dói perder a glória,
A ver os berços onde nasce o dia. De que Nisa celebra inda a memória.
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"E porque, como vistes, têm passados Sustentava contra ele Vénus bela,
Na viagem tão ásperos perigos, Afeiçoada à gente Lusitana,
Tantos climas e céus experimentados, Por quantas qualidades via nela
Tanto furor de ventos inimigos, Da antiga tão amada sua Romana;
Que sejam, determino, agasalhados Nos fortes corações, na grande estrela,
Nesta costa africana, como amigos. Que mostraram na terra Tingitana,
E tendo guarnecida a lassa frota, E na língua, na qual quando imagina,
Tornarão a seguir sua longa rota." Com pouca corrupção crê que é a Latina.
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Carla Monteiro
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Qual Austro fero, ou Bóreas na espessura "Que, se aqui a razão se não mostrasse
De silvestre arvoredo abastecida, Vencida do temor demasiado,
Rompendo os ramos vão da mata escura, Bem fora que aqui Baco os sustentasse,
Com ímpeto e braveza desmedida; Pois que de Luso vem, seu tão privado;
Brama toda a montanha, o som murmura, Mas esta tenção sua agora passe,
Rompem-se as folhas, ferve a serra erguida: Porque enfim vem de estâmago danado;
Tal andava o tumulto levantado, Que nunca tirará alheia inveja
Entre os Deuses, no Olimpo consagrado. O bem, que outrem merece, e o Céu deseja.
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Mas Marte, que da Deusa sustentava "E tu, Padre de grande fortaleza,
Entre todos as partes em porfia, Da determinação, que tens tomada,
Ou porque o amor antigo o obrigava, Não tornes por detrás, pois é fraqueza
Ou porque a gente forte o merecia, Desistir-se da cousa começada.
De entre os Deuses em pé se levantava: Mercúrio, pois excede em ligeireza
Merencório no gesto parecia; Ao vento leve, e à seta bem talhada,
O forte escudo ao colo pendurado Lhe vá mostrar a terra, onde se informe
Deitando para trás, medonho e irado, Da índia, e onde a gente se reforme."
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E disse assim: "Ó Padre, a cujo império Enquanto isto se passa na formosa
Tudo aquilo obedece, que criaste, Casa etérea do Olimpo omnipotente,
Se esta gente, que busca outro hemisfério, Cortava o mar a gente belicosa,
Cuja valia, e obras tanto amaste, Já lá da banda do Austro e do Oriente,
Não queres que padeçam vitupério, Entre a costa Etiópica e a famosa
Como há já tanto tempo que ordenaste, Ilha de São Lourenço; e o Sol ardente
Não onças mais, pois és juiz direito, Queimava então os Deuses, que Tifeu
Razões de quem parece que é suspeito. Com o temor grande em peixes converteu.
Carla Monteiro
2. Testa a tua compreensão! Resolve o exercício do HotPotatoes relativo ao episódio do Consílio
dos deuses, que acabaste de ouvir.
Proposta de correcção
1. Júpiter
2. b)
3. mensageiro
4. b)
5. b)
6. a)
7. contra
8. b)
9. a favor
10. d)
11. a favor
12. d)
13. a)
14. I
Proposta de correcção
Júpiter
Consílio
Olímpo Vénus a favor
dos
deuses
Marte contra
Decisão: ajudar os portugueses
Mercúrio
4. Recapitulação das partes que compõem a convocatória e das regras que subjazem à redacção de uma
acta, com base na leitura e discussão da ficha informativa do manual da turma (Costa & Magalhães,
2004, pp. 247-249).
Carla Monteiro
5. Formação dos grupos de trabalho (quatro grupos de cinco alunos) e distribuição dos papéis de
Mercúrio (entrega da convocatória), Júpiter, Baco, Vénus e Marte por cada elemento que integra o
grupo.
5.1. Conversão do episódio analisado em texto dramático, com as respectivas adequações
comunicativas.
Carla Monteiro
DOMÍNIO EXPRESSÃO VERBAL EM INTERACÇÃO – INTENCIONALIDADE E
ADEQUAÇÃO COMUNICATIVAS
OBJECTIVOS
Dramatizar narrativas;
Exprimir-se oralmente de forma desbloqueada e autónoma, em função
de objectivos comunicativos diversos;
Produzir textos para apropriação de diferentes técnicas e modelos.
3. Actividade atribuída:
- Imagina que foste nomeado secretário do Consílio, presidido por Júpiter. Com base no
conhecimento que adquiriste sobre as regras de elaboração de uma acta, expõe as tuas ideias à
turma e, em colaboração com a professora, redige a acta do Consílio dos deuses.
Aos cinco dias do mês de Março do ano da graça de mil quatrocentos e noventa e oito,
reuniram-se, pelas catorze horas e trinta minutos, no Monte Olimpo, todos os deuses, sob a
presidência de Júpiter, pai dos deuses e deus dos raios e dos trovões, com a seguinte ordem de
trabalhos:------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ponto único: as cousas futuras do Oriente.----------------------------------------------------------------
O Presidente do Consílio deu início aos trabalhos, lembrando aos presentes o sucesso que os
Fados determinaram para a lusitana gente no Oriente. Em seguida, traçou, de forma elogiosa, o
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percurso passado, presente e futuro dos portugueses e decidiu que a desgastada frota lusa fosse
apoiada, na costa africana, para que pudesse prosseguir a viagem sem problemas.--------------------------
Baco, temendo que o seu nome fosse esquecido no Oriente, discordou dessa posição. Por seu
turno, Vénus levantou-se em defesa dos Portugueses, salientando as suas semelhanças com os
Romanos, no valor guerreiro e na língua. Uma posição secundada por Marte, sensível ao mérito dos
portugueses, que denunciou a inveja de Baco e apelou a Júpiter para que mantivesse a decisão já por
ele tomada de apoiar os lusitanos.------------------------------------------------------------------------------------
Ouvidos todos os argumentos, Júpiter deliberou manter a decisão de apoiar a frota lusa, tendo
distribuído néctar a todos os presentes.------------------------------------------------------------------------------
E nada mais havendo a tratar, foi encerrada a reunião, da qual se lavrou a presente acta que,
depois de lida e aprovada, será assinada nos termos da lei.---------------------------------------------------
O Presidente:
O Secretário:
Referência Bibliográfica
Costa, F. & Magalhães O. (2004). Com todas as letras. Porto: Porto Editora.
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