Resistência Elétrica

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ELETROTECNICA

Resist
encia el
etrica

1 Conceitos fundamentais
Ao adquirir energia cinetica suficiente, um eletron se transforma em um eletron livre e se desloca ate
colidir com um atomo. Com a colisao, ele perde parte ou toda energia cinetica que possua, excitando
outros eletrons. A energia poder a ser absorvida na forma de energia termica pelos atomos que est ao em
movimento vibratorio. Se um potencial eletrico e aplicado em um condutor, os eletrons tem um aumento
em sua energia cinetica e colidem com mais frequencia com os atomos, o que aumenta a temperatura
do condutor. Desta forma, quando a corrente eletrica flui em um condutor, parte da energia potencial
eletrica e convertida em energia termica; assim, sua resistencia nao est a associada apenas a oposicao
ao fluxo de corrente, mas tambem ao desenvolvimento da energia termica no condutor. A resistencia e,
entao, uma propriedade indesejavel para os condutores que conduzem a energia eletrica de uma fonte
para uma carga, mas pode ser desej avel para outras situacoes (chuveiro, por exemplo).
Um componente especificamente projetado para possuir resistencia e chamado resistor. Dependendo
do material utilizado, e de suas caractersticas fsicas e construtivas, os resistores podem ser de carbono,
de fio, de filme ou de semicondutores.

2 Lei de Ohm
Em certos materiais condutores a relacao entre a tensao aplicada e a corrente que flui por ele, a uma
dada temperatura, e constante. Neste caso dizemos que o condutor obedece a lei de Ohm, que pode ser
formalizada pela equacao que se segue:
V
k= (1)
I
A constante de proporcionalidade e conhecida como resistencia e a equacao acima pode ser reescrita
como:
V
R= (2)
I
Assim, a lei de Ohm se baseia na relacao linear entre a tensao e a corrente. Entretanto, uma resistencia
cujo valor nao permanece constante e definida como uma resistencia n ao-linear (filamento da l
ampada
incandescente, por exemplo).
Resist encia: e a propriedade de um material se opor ao fluxo de corrente eletrica e dissipar potencia.
Resistor: um componente especificamente projetado para possuir resistencia.

2.1 Corrente contnua e corrente alternada


A resistencia eletrica de um condutor n
ao depende apenas do material usado, mas do comprimento,
da area da secao reta e da temperatura do condutor. Para uma determinada temperatura a resistencia,
em funcao destas grandezas, e dada pela equacao:
l
R= (3)
A
A constante de proporcionalidade da equacao acima e chamada de resistividade ou resistencia es-
pecfica e depende do tipo de material condutor e e definida como a resistencia por unidade de compri-
mento e area de secao reta do material. A unidade de resistividade e .m e e normalmente especificada
para 200 C.
A resistividade (a 200 C) de alguns materiais condutores mais comuns e dada na Tabela 1.
3
CIRCUITO ELETRICO 2

Tabela 1: Resistividade a 200 .

Material condutor Resistividade


Alumnio 2,83.108
Latao 7,00.108
Cobre recozido 1,72.108
Cobre duro 1,78.108
Ouro 2,45.108
Chumbo 22,10.108
Nquel-cromo 100,00.108
Platina 10.00.108
Prata 1,64.108
Estanho 11,50.108
Tungstenio 5,52.108
Zinco 6,23.108

3 Circuito el
etrico
Seja a Figura 1 um circuito eletrico, representando uma fonte e duas cargas (um chuveiro e uma
lampada incandescente).

I Ic Ii

Figura 1 - Circuito eltrico com duas cargas

O modelo abstrato do circuito eletrico e mostrado na Figura 2.

R f1 R f5
R f3
I

V Ic Rc Ii Ri

I
R f2 R f4 R
f6

Figura 2 - Modelo abstrato do circuito eltrico

A potencia total dissipada no circuito pode ser calculada por:

Pt = V I = I 2 (Rf 1 + Rf 2 ) + Ic2 (Rf 3 + Rf 4 ) + Ii2 (Rf 5 + Rf 6 ) + Ic2 (Rc ) + Ii2 (Ri ) (4)
Na Equacao 4 podemos distinguir potencias dissipadas desejaveis e indesejaveis. As potencias dis-
sipadas nos condutores e na l ampada (a que dissipa em forma de calor, pois a que transforma em luz
e desejavel) sao indejaveis (representam as perdas), enquanto que a potencia dissipada no resistor do
chuveiro e desejavel (aquece a agua).
4
EFEITOS DA TEMPERATURA NA RESISTENCIA 3

3.1 Tabela de condutores

Tabela 2: Tabela de condutores (cobre recozido).

Serie AWG Serie metrica


AWG mm2 mm2 Amperes
14 2,1 1,5 15,5
12 3,3 2,5 21
10 5,3 4 28
8 8,4 6 36
6 13,3 10 50
4 21,0 16 68
2 34,0 25 89

3.2 Exerccios ilustrativos


1. Determine o condutor (utilizando a Tabela 2) que devo usar para a instalacao de um chuveiro de:

a 4400 W / 127 V
b 4400 W / 220 V

2. No circuito da Figura 1, fazendo-se as seguintes consideracoes simplificadoras:

resistencias lineares;
resistencias dos fios que ligam o chuveiro e a lampada desprezveis.

e tendo-se:

dados dos condutores da entrada ate as cargas: A = 6 mm2 e l = 10 m


dados do chuveiro: 4400 W e 127 V.
dados da l
ampada: 100 W e 127 V.

Determine:

a as perdas nos condutores e a tens


ao na l
ampada, com chuveiro desligado;
b as perdas nos condutores e a tens
ao na l
ampada, com chuveiro ligado.

4 Efeitos da temperatura na resist


encia
O aumento da temperatura num condutor pode ser provocado tanto pela corrente que circula por
ele como pela absorcao de calor do ambiente. Na maioria dos condutores este aumento correponde ao
aumento da resistencia, conforme mostrado na Figura 3. Observamos que existe uma relacao linear entre
a temperatura e a resistencia na faixa de temperatatura na qual o material condutor e normalmente
usado. Embora a curva passe a ser n ao-linear quando a resistencia se aproxima de zero, uma linha reta
pode ser extrapolada como uma continuacao da parte reta da curva. A curva extrapolada intercepta o
eixo de temperatura no ponto Ti chamado de temperatura inferida de resistencia zero ou zero absoluto
inferido (Ti = -234,50C para cobre recozido).
Considerendo duas resistencias R1 e R2 `as temperaturas t1 e t2 , repectivamente, vemos que a
angulos relacionando R1 e R2 . Assim,
extrapolacao linear fornece uma relacao de semelhanca de tri
R1 R2
= (5)
x1 x2
Sendo que os lados x1 e x2 possuem comprimentos Ti + t1 e Ti + t2 respectivamente:
R1 R2
= (6)
T i + t1 T i + t2
4
EFEITOS DA TEMPERATURA NA RESISTENCIA 4

R( )

Extrapolao
linear
r R2
n ea
li R1
o
gi
Re

o
T( C)
Ti 0 t1 t2

x1

x2
Figura 3 - Resistencia x Temperatura para um metal condutor

4.1 Coeficiente de temperatura


Devido `a relacao linear entre a resistencia e a temperatura, a inclinacao R/T e constante e uma
variacao de 10 C resulta na mesma variacao R na resistencia, conforme mostra a Figura 4. A variacao
de resistencia por unidade por variacao em 0 C na temperatura, referida a qualquer ponto n na curva
R x T, e definida como o coeficiente de temperatura da resistencia, representada por , que e:
R 1
n = . (7)
T Rn
O ndice de define a temperatura de referencia, o que torna aparente que varia com a temperatura.
Na Figura 4, 1 = R/R1 e 3 = R/R3 ; sendo R3 > R1 , ent ao 1 > 3 .

R( )

3 R
o R3
=1 C
R2
1 R
R1

o
T( C)
0 t1 t2 t3

Figura 4 - Coeficiente de temperatura

possvel calcular o coeficiente de temperatura da resistencia atraves da temperatura inferida de


E
resistencia zero. Se referirmos a Figura 3 e substituirmos T = Ti + tn e R = 0 + Rn na Equacao 7,
iremos obter a express ao:
Rn 1 1
n = .( )= (8)
Ti + tn Rn T i + tn
5 RESISTORES 5

Tabela 3: Coeficientes de temperatura.

Material conditor Zero absoluto inferido Coef. de temperatura


Alumnio -236 0,00424
Latao -489 0,00208
Cobre recozido -234,5 0,00427
Cobre duro -242 0,00413
Ouro -274 0,00365
Chumbo -224 0,00466
Nquel-cromo -2270 0,00044
Platina -310 0,00323
Prata -243 0,00412
Estanho -218 0,00458
Tungstenio -202 0,00495
Zinco -250 0,00400

A partir desta u ao, vemos que se tn = 00 C, ent


ltima express ao 0 , o coeficiente de temperatura a
0
0 C, e o inverso de Ti .
1
0 = (9)
Ti
A Tabela 3 fornece o coeficiente de temperatura e zero absoluto inferido de alguns materiais.
O valor da resistencia R2 da Figura 4 pode ser expresso em termos de R1 como:

R2 = R1 + R (10)
Assim, se a variacao R obtida a partir da Equacao 7 como R = 1 R1 T e substituida na Equacao
10, resulta:

R2 = R1 [1 + 1 (t2 t1 )] (11)

5 Resistores
A maioria dos materiais apresenta um aumento da resistencia com o aumento da temperatura e s ao
ditos que possuem um coeficiente positivo de temperatura. Entretanto, alguns materiais como semicondu-
tores, apresentam uma reducao da resistencia com o aumento da temperatura e s
ao ditos que possuem um
coeficiente negativo de temperatura. Os fabricantes de resistores normalmente especificam o coeficiente
de temperatura com variacao da resistencia em partes por milh
ao por graus Celcius.

R( )

negativo positivo
o
T( C)
0 tamb

Figura 5 - Caracteristica R x T para um resistor de carbono


5 RESISTORES 6

O resistor de carbono possui a caracterstica R x T mostrada na Figura 5. E interessante observar


que acima da temperatura ambiente tem-se um coeficiente positivo de temperatura, mas abaixo da
temperatura ambiente tem-se coeficiente negativo de temperatura.
Um resistor de valor fixo pode ser feito simplesmente enrolando-se um fio condutor de comprimento
e area de secao reta desejados em um n ucleo. Tais resistores de fio sao disponveis comercialmente e sao
feitos normalmente de nquel-cromo ou nquel-cobre enrolados em tubo de cer amica e protegidos contra
problemas mec anicos com uma capa de silicone ou esmalte. Os resistores de fio sao usados geralmente
quando se precisa dissipar grandes quantidades de potencia.
Um segundo tipo de resistor comercialmente disponvel e o de carbono, que tem sido largamente
utilizado na eletr onica. Uma mistura de carbono e ligas e aplicada como uma capa em um tubo de vidro
ou moldada em uma estrutura densa.
Os resistores de carbono s ao relativamente baratos e disponveis numa faixa de potencia de 0,1 W a
5 W. O valor de resistencia dos resistores de carbono e especificado por um conjunto de c odigo de cores
que aparecem no corpo do resistor. Cada cor representa um dgito de acordo com a Tabela 4.

Tabela 4: Codigo de cores de resistores de carbono.

Cor Dgito ou n
umero de zeros
Preto 0
Marron 1
Vermelho 2
Laranja 3
Amarelo 4
Verde 5
Azul 6
Violeta 7
Cinza 8
Branco 9
Ouro 0,1 multiplicador ou 5% de toler
ancia
Prata 0,01 multiplicador ou 10% de toler
ancia

Como pode ser observado na Figura 6, as faixas de cores sao lidas a partir da faixa mais pr
oxima da
extremidade do resistor. A primeira e a segunda faixa indicam o primeiro e o segundo dgito, respecti-
vamente. A terceira faixa indica o n umero de zeros que segue os dois primeiros dgitos, exceto quando
as faixas ouro e prata sao usadas, que representam os fatores multiplicativos. A quarta faixa indica a
tolerancia. A ausencia desta faixa significa que a tolerancia e de 20%. A quinta faixa indica que o
resistor possui um dgito a mais na representacao de seu valor ohmico. Por exemplo, se um resistor
possui as faixas nas cores azul, cinza, prata e ouro, o valor de resistencia e 0,68 5% .

primeiro dgito

segundo dgito

multiplicador ou nmero de zeros

tolerncia

designao de confiana

Figura 6 - Resistor de carbono com cdigo de cores

O terceiro tipo de resistor e o de filme (espesso e fino). A ind


ustria eletronica define o de filme espesso
com um resistor cujo elemento de resistencia e na forma de um filme com espessura superior a 0,000001
pol. Por outro lado, um resistor de filme fino possui como elemento de resistencia um filme de espessura
inferior a 0,000001 pol. O filme e geralmente aplicado em um n ucleo de ceramica ou na superfcie de
uma placa fina de cer amica, chamada de substrato, por vaporizacao a vacuo, decomposicao eletroltica
6 MEDIC DA RESISTENCIA
AO 7

ou pulverizacao com tinta resistiva. Dependendo do material usado, os resistores s ao classificados em


filme de carbono, filme met alico ou filme de oxido met
alico.
Outro tipo de resistor utilizado em grande escala em circuitos eletr onicos s
ao os resistores de semi-
condutores. Os semicondutores possuem caractersticas eletricas que os classificam entre condutores e
isolantes. Se certos materiais, chamados impurezas, sao adicionados ao material semicondutor (neste caso
dizemos que o semicondutor foi dopado), a resistencia eletrica se altera e se torna possvel obter o valor de
resistencia desejado. Este tipo de resistor pode ser fabricado simultaneamente com outros componentes
eletr
onicos (tais como diodos e transistores, por exemplo) e integrados em um pequeno circuito eletrico
sem terminais de conexao entre eles (da a denominacao circuitos integrados. Por outro lado, resistores
ou quaisquer outros elementos individuais de circuito sao ditos componentes discretos.

6 Medic
ao da resist
encia
Existem varias maneiras de medir a resistencia eletrica. Neste texto vamos discutir apenas um dos
metodos: o metodo da ponte de Wheatstone.
O princpio b
asico e mostrado na Figura 7.

Rs

S
I3
I1

R1 R3

E G

R2 Rx
I2 Ix

Figura 7 - Ponte de Wheatstone

Os resistores R1 , R2 e R3 possuem os valores conhecidos e Rx e o resistor cujo valor da resistencia


se quer determinar. Um dos resistores conhecidos e variavel (potenciometro). Com a chave S fechada, o
resistor variavel e ajustado ate que o galvan
ometro G deixe de indicar a passagem da corrente. Quando
isso ocorrer dizemos que o circuito esta balanceado.
Para a ponte estar balanceada, os pontos c e d devem estar no mesmo potencial. Para que isso seja
verdadeiro, as quedas de tensao nos resistores R1 e R3 devem ser iguais. Isto leva a:

I1 R1 = I3 R3 (12)
e, analogamente:

I2 R2 = Ix Rx (13)
Dividindo uma equacao pela outra, obtemos:
I1 R1 I3 R3
= (14)
I2 R2 Ix Rx
Entretanto, como n ometro I1 = I2 e I3 = Ix , de forma que a Equacao 14
ao existe corrente no galvan
se reduz a:
R1 R3
= (15)
R2 Rx
ou
R2
Rx = R3 ( ) (16)
R1
6 MEDIC DA RESISTENCIA
AO 8

A Equacao 16 sugere que apenas a relacao entre R2 e R1 e necessaria e n ao os valores individuais.


Por conveniencia, a relacao e feita igual a uma potencia de 10, e as pontes comercialmente disponveis
usam uma combinacao de chaves para a selecao conveniente dos multiplicadores. Observe tambem que o
balanceamento da ponte e a determinacao de Rx sao independentes da valor da tens ao da fonte.

6.1 Medic
ao de temperatura dos enrolamentos das m
aquinas el
etricas de
grande porte
Uma das maneiras utiliza-se a ponte de Wheatstone e um dispositivo chamado detetor de tempera-
tura. Este dispositivo, feito de cobre recozido, fica alojado no local onde se deseja medir a temperatura
(entre as bobinas, por exemplo). Ele possui tres terminais e sao ligados convenientemente, tal que fica
sendo um dos ramos da ponte. Conforme varia a temperatura no local a resistencia eletrica do detetor
tambem varia, alterando a corrente que flui pelo galvan ometro cuja escala e graduada para a indicacao
da temperatura.
O esquema de medicao de temperatura e mostrado na Figura 8.

R3
R1
Detetor de
temperatura

Rd
R2

Painel de controle Cabo de controle Equipamento

Figura 8 - Medio de temperatura

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