Alienacao Parental Na Guarda PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 54

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARAN

DINIA MARIA DA SILVA GUAITA

ALIENAO PARENTAL NA GUARDA

CURITIBA
2014
ALIENAO PARENTAL NA GUARDA

CURITIBA
2014
DINIA MARIA DA SILVA GUAITA

ALIENAO PARENTAL N A GUARDA

T raba l h o de Co nc l us o de C urs o
apr es e nt ad o a o c ur s o de D ir e it o d a
Fac ul d a de de C i n c i as J ur d ic as e
S oc i a is da Un i v er s i da d e T ui ut i do
P ara n , c om o req u is it o p arc i a l p ara a
ob t en o do t tu l o de B ac ha re l em
Dir e it o .

O ri en t ad or a: Prof . Es p. G e r g ia Sa b ba g
Ma l uc e ll i N i ed er h ei tm an n .

CURITIBA
2014
TERMO DE APROVAO
DINIA MARIA DA SILVA GUAITA

ALIENAO PARENTAL N A GUARDA

Es t a m on o gr af ia f oi j u lg a da e apr o v ad a p a ra a o bt e n o de gr a u d e B ac h ar e l em
Dir e it o n o C ur s o de D i r e it o d a Un i v ers id a d e T uiu t i d o P ar an .

Cur i ti b a, __ _ _ d e _ __ _ __ _ __ _ __ _ _ __ d e 2 0 1 4.

__ _ __ _ __ _ _ __ _ __ _ __ __ _ __ _ __ _ _ __ _ __ _ __ __

Curs o d e D ire i to
Un i v ers id a de T u iu t i d o P ar a n

O ri en t ad or a:
__ _ __ _ __ _ _ __ _ __ _ __ __ _ __ _ __ _ _ _ _ _ __ _ __ __ _ __ _ __
Pr of . Es p. G e r g i a S ab b ag Ma l u c el l i N i ed e rhe i tm an n
Un i v ers id a de T u iu t i d o P ar a n .
H muito a agradecer pela caminhada at aqui
percorrida.

Aos meus pais, pelo exemplo de dedicao e


honestidade.

Ao meu esposo e companheiro, pela compreenso,


solidariedade, carinho e amor dispensados a mim.

Aos meus filhos: Joo Henrique e Carolina da Silva


Guaita que alegram e estimulam nossas vidas.

A todos os meus amigos que participam dessa


conquista.

E a Deus, por me proporcionar a alegria da


convivncia com toda s essas pessoas!
N o h n ad a m a is r e l ev a n te p ar a a v i d a s oc i al
qu e a f or ma o d o s e nt i me n to d a jus t i a

Ru y B ar b os a
RESUMO

O presente trabalho monogrfico se desenvolveu numa proposta de


buscar em um tema-problema atual, mas antigo e histrico para o
Direito de Famlia: A alienao parental, prtica agora reconhecida
pelo ordenamento brasileiro e tem sido alvo de um nmero c rescente
de demandas judiciais e obtido enorme repercusso social. O estudo
foi articulado tomando por incio uma abordagem do instituto social da
famlia, desenvolvido pela viso da famlia do passado e da atualidade.
Oportunizando uma sntese histrica do poder familiar, a extino,
suspenso e destituio deste e a dissoluo das entidades familiares .
Abordando os estgios e as consequncias, bem como o diagnstico e
a caracterizao, onde crianas e adolescentes so vtimas da
Alienao Parental, bem como , diferenciar a Sndrome da Alienao
Parental da Alienao P arental em si. Apresentando uma breve anlise
da legislao ptria a respeito do tema e abordando a guarda
compartilhada como instrumento de preveno da SAP Sndrome da
Alienao Parental .

Palavras-chave: Direito de Famlia - guarda compartilhada - Sndrome


da Alienao Parental.
SUMRIO

1 INTRODUO .............................................................................. 9
2 AS FAMLI AS. .............................................................................11
2.1 O PASSADO E A A TUALIDADE ..................................................11
2.2 O PODER FAMILIAR E SUA EVOLUO ....................................13
2.3 PODER FAMILIAR: EXTINO, DESTITUIO E SUSPENSO ....16
2.4 A DISSOLUO DAS ENTIDADES FAMILIARES .........................18
3 DA FILI AO. .............................................................................22
3.1 CONCEITO ...............................................................................22
3.2 PRINCPIO DA IGUALDADE ENTRE OS FILHOS .........................23
3.3 PRINCPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANA E DO
ADOLESCENTE ..............................................................................24
3.4 CRITRIOS DE ESTABELECIMENTO DA FILIAO: VNCULO
JURDICO, BIOLGICO E SOCIOAFETIVO ......................................26
4 ALIENAO P ARENTAL. ............................................................29
4.1 CONCEITO ...............................................................................29
4.2 A ORIGEM DA SAP ...................................................................30
4.3 DA CARACTERIZAO DA ALIENAO PARENTAL ...................32
4.3 DO DIAGNSTICO ....................................................................35
4.4 AS HIPTESES DE ALIENAO PARENTAL, SANES E
PROCEDIMENTOS ......................................................................... 36
4.4 CONSEQUNCIAS ....................................................................40
4.5 DA GUARDA .............................................................................42
4.6 DA GUARDA COMPARTILHADA .................................................44
CONSIDERAES FINAIS ..............................................................47
REFERNCI AS ..............................................................................50
9

1 INTRODUO

A famlia, conforme disposto na Carta Magna , a base da


sociedade, tendo uma ateno especial quanto a sua proteo pelo
Estado, reconhecendo que por intermdio deste instituto social que
os indivduos recebero o afeto e a educao necessrios para se
desenvolverem no s como seres humanos, mas para se prepara rem
para uma vida em sociedade. Por tal relevncia, h um conjunto de
temas que se arrogam como centrais no Direito de Famlia, pois, desde
o nascimento, somos treinados para con stituir e zelar pela famlia.
Uma famlia estvel e estruturada divide parte dos encargos do
Estado na responsabilidade de manuteno de seus indivduos,
vislumbrando sempre o amparo aos idosos e s crianas. Temos no
casamento o instituto que instaura deveres como de sustento e
educao dos filhos e de respeito e considerao mtua s.
O presente trabalho m onogrfico desenvolve -se numa proposta
de perquirir um tema atual de um antigo e histrico pro blema: a
alienao parental, prtica agora reconhecida pelo ordenamento
jurdico brasileiro e tem sido alvo de um nmero c rescente de
demandas judiciais que tm o btido enorme repercusso social.
O estudo ser desenvolvido tomando por incio uma abordagem
do instituto social da famlia, desenvolvido pela viso da famlia do
passado e da atualidade , oportunizando uma sntese histrica d o pode r
familiar, a extino, suspenso e destituio deste e a dissoluo das
entidades familiares.
No terceiro momento foram consideradas as questes sobre o
instituto jurdico da filiao, repercutida n o contexto social para extrair
uma concepo adequada. Tambm , buscou-se uma correta e
delimitada contextualizao dos institutos envolvidos favorece ndo os
significados enredados no conhecimento. Perseguiu -se ainda o
tratamento das espcies de filiao: a igualdade dos filhos, melhor
interesse da criana e critrios de estabelecimento da filiao.
10

A derradeira etapa considerou as repercusses da alienao


parental, como pr tica do guardio acostando alm da apropriao
conceitual, a origem da sndrome, caracterizao ou di agnstico, bem
como do instituto jurdico da guarda. Oportunizou -se ainda recolher
diversos conceitos de alienao parental nos tomos jurdicos e de como
ela se configura ou se manifesta no mundo real. Houve ram ainda
cuidados no tratamento das consequncias e repercusses da
sndrome de alienao.
Encerrou-se o trabalho com as consideraes finais onde se
resumiu o momento social e jurdico e as circunstncias da atualidade,
por meio de destaque na sua importncia, das suas caractersticas e
tipificaes. Oportunizou -se ainda o conhecimento por meio da
literatura das consequncias previstas registradas.
Apesar de extenso , no se pretendeu oferecer um trabalho
exaustivo e totalmente exauriente, mas um trabalho dotado de
informaes acadmicas eficazes para o entendimento e compreenso
do tema da alienao parental e sua patologia, como prtica ofensiva
ao Poder Familiar.
11

2 AS FAMLI AS

As fotografias antigas sempre nos mostra m um casal sentado ao


centro e rodeado de filhos, todos muito srios. Hoje, no s as fotos
adquiriram colorido, como a famlia tambm, eis que as imagens
contemporneas estampam manifestaes de afeto e sorrisos de
felicidade. 1 Cumpria ao Direito reconhecer isto.

2.1 O PASSADO E A ATUALIDADE

A famlia vem se desenvolvendo e evoluindo desde os primrdios


at os dias atuais e certamente continuar sua evoluo mesmo depois
deste tempo, apresentando sempre novos paradigmas de acordo com
os fenmenos sociais que surgiro no decorrer evolutivo da civilizao.
Na antiguidade ocidental os laos familiares estabeleciam -se em
razo da adora o de um deus comum e exclusivo, pois seus
fundamentos no se estruturavam num afeto natural, diferentemente d o
que acontece na atualidade, vez que o direito grego e o direito romano
no consideravam esse sentimento de afeto.
J na Babilnia, sob a influncia semtica, tinha sua base no
casamento monogmico, porm, autorizava a poligamia. O marido,
segundo Silvio de Salvo Venosa podia, por exemplo, procurar uma
segunda esposa, se a primeira no pudesse conceber um filho ou em
caso de doena grave 2.
Na idade Mdia onde a economia se concentrava no meio rural,
a famlia ampliou -se, abrangendo um nmero maior de parentes em
linha reta e colateral, todavia, segundo R olf Madaleno foi sendo
reduzida:

[.. .] r es um in d o - s e n um er ic am en t e aos p a is e f il h os , c om a s ua
m igr a o par a os c e n tros u rb a nos , n a bus c a d e em pre go n a

1
DI A S. M ar i a B er e n i c e. F am l ia o u f a m li as ? Ar ti g o. Dis po n ve l em :
http://www.mariaberenice.com.br/uploads/fam%EDlia_ou_familias.pdf. Ac es s o 03 / 04 /2 0 14 .
2
V EN O S A , S i l v io d e S a l vo . Di r eito C iv il : d i re it o d e f am l i a. S o P au l o: At l as ,
20 1 0, p . 0 4
12

i nd s tr i a em f ranc a ex p a ns o , a o m es mo t em po em qu e
es t a be l ec ia a oc u pa o d a f am li a r es tr it a d e pe q ue n os
es p a os p ar a a m orad i a ex c lus i v a d os p ar e nt es em li n ha r et a
3
e em bas t an te prox im i da d e d e gr a us .

Tendo a famlia sofrido profundas mudanas, de funo,


natureza, composio e, consequentemente , de concepo, sobretudo
aps o advento do Estado social , ao longo do Sculo XX. 4 Antes a
famlia resumia -se a pai, me e filho, e a pai ou me e filho (famlia
monoparental) em estrita observnci a aos laos consanguneos 5.
Emergindo ento a famlia nuclear.
Com efeito, esse conceito transformou -se significativamente ao
longo dos anos. No passado, os laos familiares eram valorizados por
interesses financeiros ou convivncias familiares 6.
Luiz Edson Fachin ensina que a famlia, ao lado do contrato e
dos modos de apropriao, tais como posse e propriedade, constitui um
dos trs pilares fundamentais do direito civil, da porque o Estado tem
por obrigao prover a segurana das pessoas que dele se cercam . 7
Tendo em vista o mundo globalizado, e consequentemente as
mudanas comportamentais da sociedade brasileir a, a mesma vem
ganhando proteo jurdica consubstanciada nos princpios da
igualdade, da solidarie dade fundamentado pelo afeto, tendo como foco
uma nova viso de ordenamento jurdico e tico.
Moacir Csar Pena Junior afirma que nesse novo milnio surge a
necessidade de aprender a conviver com as diferenas, sendo
Cidadania a palavra que deve ser resp eitada na atualidade, buscando
a incluso de amor e afeto nas relaes familiares, valorizando as

3
M AD A L ENO , R o lf . Cu rs o de Di re ito d e F am l ia . R i o d e J a ne ir o: F or ens e,
20 1 1, p . 2 7.
4
L BO , P a u lo . D ir e it o: f am li as . 4 e d . S o P a ul o : Sar a i v a, 20 11 . (D ir e it o
Ci v i l) . p. 1 7 .
5
V EI R A, Pa tr c i o J or g e Lo bo . O Da no M oral na Al ie na o P a r en tal . R e vis t a
Br as il e ir a d e D ir e i to das F am l ias e S uc e s s es . v . 0 (o u t/ no v . 20 07) - . - Por t o
A le gr e: Ma g is t er ; B e lo H or i zo nt e : I BDF A M, 2 00 7 . v. 3 1 ( d e z/j a n. 20 1 3).
6
BU O SI. Car o l in e d e C s s ia Fr anc is c o. Al i en a o Pa r ent al: u ma i nte rf ac e do
dir e ito e d a p si co log i a . C ur it i b a: J ur u , 2 0 1 2. p . 24 .
7
FA CH IN , L ui z E d s o n. T eori a c r ti ca do d ir e ito c iv il: l uz d o n ov o c di go
civ i l br a si le i ro . 2 ed . Ri o d e J a ne ir o /S o P a u lo : Re n o va r, 2 0 03 . p. 0 7.
13

mais variadas representaes de entidade familiar na sociedade e


inibindo qualquer tipo de excluso daqueles que so diferentes 8.
Ainda sobre a famlia necessrio trazer o conceito dado pelo
Estatuto da Criana e do Adolescente que mostra em seu artigo 25:

Ar t i g o. 25 . En te n d e - s e p or f am l i a n at ur a l a c om uni d a de
f or m ada p e los pa is o u q u al q ue r de l es e s e us d es c en d en tes .
P ar gr af o n ic o. E nt en d e - s e p or f am l i a e x te ns a o u am pl i ad a
aq u e la qu e s e es te n d e p ar a a l m da u n id a de p ais e f i lh os ou
da un i d ad e d o c as a l, f orm ada p or p ar en t es prx im os c om os
qu a is a c r ia n a o u ad o les c e nt e c o n v i v e e m an t m v nc u l os d e
af i n id a de e af et i v i da d e.

Diante do progresso da legi slao ptria, bem com o as


transformaes dos par adigmas da famlia na sociedade e, com o
advento da Carta Magna de 1988, foram reconhecidas as novas
configuraes de famlias , onde o poder familiar exercido em
igualdade de condies por ambos os pais.

2.2 O PODER FAMILIAR E SUA EVOLUO

No Direito Romano o ptrio poder representado por um


conjunto de prerrogativas conferidas ao pater , na qualidade de chefe
da organizao da familial, e sobre a pessoa de seus filhos. 9
Em Roma, a famlia estava subordinada ao princpio da
autoridade do paterfamilias. De fato, sua autoridade no tinha limites e,
com frequncia, os textos referem -se ao direito de vida e morte com
relao aos membros de seu cl, a includos seus filhos. 10 Naquela
poca, famlia considerava-se uma unidade econmica, religiosa,
poltica e jurisdicional. Carlos Alberto Gonalves , em seu
entendimento, esclarece que:

8
P EN A J U NIO R, Mo ac ir C s ar . Di r eit o d a s p es so a s e da f am li a: dout rin a e
jur i sp rud n ci a . S o P au l o: R oc a, 2 0 08 . p . 7 .
9
RO D RIG U E S, Si l v i o. D ir ei t o c i v i l: d ir e it o d e f am l ia : v o l um e 6 . 28 e d. re v . e
at u al . p or Fr a nc is c o J os C h a li ; d e ac ord o c om o no v o C di g o C i vi l ( L e i 10 . 40 6 , de
10- 1- 2 00 2) . S o Pa u l o : S ar a i v a, 20 0 4. p . 3 5 3.
10
V EN O S A , S i l v io de Sa l v o. D ir e it o c i v i l: d ir e it o d e f am l i a. 8 ed . S o P au l o:
At l as , 20 0 8. p . 2 95 .
14

O as c en d e nt e c om um m ais ve l ho er a , ao m es m o t em po c hef e
po l t ic o , s ac er do te e j u i z. C om and a v a, of ic ia v a o c u lt o d os
de us es d om s tic os e dis tri b u a j us ti a . H a v ia , i n ic i a lm en te ,
um pa tr im n io f am il i ar, a dm in is tra d o pe l o pa t er. S om en te
num a f as e m ais e v o lu d a do d ir e it o rom an o s ur g ir am
pa tr im n ios i n di v i d ua i s , c om o os p ec l i os , adm i n is tr ad os po r
11
pes s o as q ue es t a vam s ob a au t or id a de d o p at er.

Na Idade Mdia, confrontada a noo romana do ptrio poder


com a compreenso mais branda da autoridade pate rna trazida pelos
estrangeiros sob a influncia do Direito Cannico. poca em que houve
um grande crescimento de algumas regras de orig em germnica, como
observa Arnaldo Rizzardo:

S r ec e nt em en te , e m f un o d as gr a nd es tr a ns f orm a es
h is t r ic as , c u l tur a is e s oc i a is , o d ir e it o d e f am li a p as s o u a
s eg u ir r um os pr pr i os , c om as ad a pt a es n os s a re a l i da d e,
per d e nd o aq u e le c ar t er c a no n is t a e do g m tic o in toc v e l e
pr e d om in an d o a n at ur e za c on tr at u al is t a, num a c er ta
eq u i v al nc ia q u an t o a l i b erd a de d e s er m ant i do o u
12
des c o ns t i tu d o o c as a m ento . "

As famlias, no cdex de 1916, s poderiam ser constitudas por


meio do casamento, sendo a famlia hierarquizada e patriarcal.
Contudo, a civilizao ocidental , como se observa, foi evoluindo e
substituindo o instituto do ptrio poder, admitindo preceito mais justo
e equilibrado de poder familiar, afastando -se daquele exclusivo
domnio patriarcal, em que se fundamentou na figura paterna.
O novo instituto jurdico foi especialmente elaborado pelo
legislador (CC art. 1.630), que rebatizou o que j havia sido tratado na
antiga codificao de 1916, no seu artigo 380, que tinha ntidas origens
da expresso paterfamilias .
A evoluo gradativa, ao longo dos sculos, deu -se no sentido
da transformao de um poder sobre os outros em autoridade natural

11
G O N A L V E S, C ar los Ro b ert o. D ir e ito civ il br as il e ir o : D ir ei t o de f am li a, vo l .
VI , S o P au l o: S ar a i v a , 20 0 6, p . 1 5.

12
RIZZ A RD O , Ar n a ld o . Di re ito d e f am l i a. R i o d e J an e ir o: F ore ns e, 2 0 06 , p. 07 .
15

com relao aos filhos, como pessoas dotadas de dignidade, no melhor


interesse deles e da convivncia fam iliar. 13
A convivncia da prole junto aos pais regra comum nas
sociedades e um impositivo de ordem natural. Sua importncia para o
desenvolvimento da clula familiar se justifica em razo do vnculo do
indivduo com sua ascendncia , de forma que venha a ser fundamental
para seu desenvolvimento humano.
Informa Cenise Monte Vicente: particularmente essencial ao
desenvolvimento, que os direitos da criana o levam em considerao
na categoria convivncia, estar junto. O que est em jogo, no uma
questo moral, religiosa ou cultural, mas sim, vital. 14
Como bem define Silvio Rodrigues o poder familiar o conjunto
de direitos e deveres atribudos aos pais, em relao pessoa e aos
bens dos filhos no emancipados, tendo em vista a proteo destes. 15
Carlos Roberto Gonalves entende que a famlia uma
realidade sociolgica e constitui a base do Estado, o ncleo
fundamental em que repousa toda organizao social . 16 A famlia vem
se transformando na medida em que a sociedade evolui, seguindo com
as novas idias que modificam a forma de agir e de pensar das
pessoas, fundamentadas no afeto.
Na atualidade, as famlias socioafetivas esto sendo totalmente
priorizadas na doutrina e jurisprudncia. Informam Rodrigo da Cunha
Pereira e Maria Berenice Dias que a Const ituio da Repblica
absorveu essa transformao e adotou uma nova ordem de valores:

[.. .] p r i v i l eg i a nd o a d i gn i d ad e d a pes s o a h um ana , r e a li za n d o


v er d a d eir a re v o l u o no D ir e it o d e F am li a , a p art ir d e tr s
e ix os bs ic os . As s im o art i g o 2 26 af irm a qu e " a en t id a de
f am ili ar p lu ra l e n o m ais s i ng u l ar, t e nd o v r i as f orm as d e
c ons t it u i o . " O s e gu nd o eix o t ra ns f orm ad o r enc o ntr a - s e n o
6 do ar t ig o 22 7 . a a lt er a o d o s is t em a d e f i l i a o, d e s ort e

13
L BO , P au l o. O p. C it . p . 2 97 .
14
VI C ENT E, Ce n is e M o nt e. O di r eit o co n v iv nc i a fa mi li a r e c omun it r ia:
Um a p ol t i ca d e ma n ut en o de v n cul o . I n: KA LO U ST IA N, S il v i o M an o ug (O RG )
Fam l i a Br a si le i ra : A bas e d e T u d o. S o P a u lo : Cor t e z, 1 9 98 , p . 5 1.
15
RO D RIG U E S, Si l v i o . O p.c i t p. 35 6.
16
G O N A L V E S, C ar l os Ro b ert o. O p. C it . p . 0 1.
16

a pr o i b ir des i g na es d is c r im in at r ias d ec o rre nt es do f at o d e


ter a c o nc e p o oc or ri do d en tr o ou f o ra do c as am ent o . " A
ter c e ir a gr an d e re v o l u o s it ua - s e n os a rt i gos 5, i nc is o I e
ar t i go 2 26 5. (. .. ) A o c ons a gr ar o pr inc p i o da i gu a l da d e e ntr e
hom ens e m ul h eres , d err og o u m ais d e um a c en t en a d e ar t i g os
17
do C d ig o C i v i l de 19 1 6.

E, ainda, Luiz Edson Fachin demonstra que as entidades


familiares contemporneas se afastam dos critrios biolgicos e
patrimoniais que as vinculavam ao passado e edificam -se em critrios
de amor e afeto que solidificam os principais eleme ntos da unio
familiar. 18

2.3 PODER FAMILIAR: EXTINO, DESTITUIO E SUSPENSO

A extino a interrupo definitiva do poder familiar 19.


O artigo 1.635 do Cdigo Civil relaciona as causas de extino
do poder familiar cuja hipteses so exclusivas: a) morte dos pais ou
do filho; b) emancipao do filho; c) maioridade do filho; d) adoo do
filho, por terceiros; e) perda em virtude de deciso judicial.
Com a morte dos pais, desaparecem os titulares do direito. A
morte de um deles faz concentrar no sobr evivente o aludido poder. A
morte do filho, a emancipao e a maioridade fazem desaparecer a
razo de ser do instituto, que a proteo da criana e do
adolescente. Presume a lei que os maiores de dezoito anos e os
emancipados no mais precisam da prote o conferida aos incapazes.
A adoo extingue o poder familiar na pessoa do pai natural,
transferindo -o ao adotante.
Vicente de Paula Atade Junior destaca que:

[.. .] a a do o c om o c aus a de ex t in o do p o der f am i l iar


r es tr i n ge - s e s h i p t es es de a d o o c o ns e ns ua l (c om
c ons e nt im en to dos pa is ) , em proc e d im ent o d e j ur is d i o
v o lu nt r i a, n o q u al o J u i z n o pr ec is a d e c ret ar a p er da d a

17
P ER E IR A , Ro dr i go d a C un h a. D IA S , M ar ia B ere n ic e. Di r ei to d e Fam l i a e o
Nov o cd igo c iv i l. I n: Pr ef c i o, 3. e d. Be l o Hor i zo n t e: D e l Re y, 2 0 03 , p . 04 .
18
FA CH IN , L ui z E d s o n. Q ue st es do d ir e ito civ i l br a si le i ro co nte mpo r ne o .
Ri o d e J a ne ir o : Re n o v ar , 2 0 01 . p . 12 1 .
19
L BO . P au l o. O p. C it . p . 3 05 .
17

au t or i d a de par e nt a l p ara d ef er ir a ad o o . O po de r f am il ia r
dos pa is n a tur a is , nes te c as o , s im pl es m en te s e ex t i ng u e p el a
ad o o d ef er i da , qu e c ons t it u i um no v o es t ad o j ur d ic o, c om a
c r i a o d o p o der f a m ili ar p ar a os p a is ad o ti v os . O s f atos
ex t i nt i v os i nd e pe n dem , em re gr a, d o pr o nu n c i am ent o d o Po d er
20
J ud ic i r io .

Diante da impossibilidade da convivncia da criana com seus


genitores, e na dificuldade de composio entre os pais na disposio
da guarda dos filhos, tambm so hipteses em que haver a
interferncia e o controle judicial. Conforme estabelecido na Lei,
somente quando se trata r de menores em situao de risco (ECA 98),
isto , no esto na guarda do pai, nem da me, ou de qualquer
pessoa ligada ao ncleo familiar, que a competncia se desloca para
as varas da infncia e juventude. 21
Ocorrer a perda do poder familiar , por deciso judicial, se no
nterim do processo se configurar as seguintes hipteses: a) castigo
imoderado do filho; b) abandono do filho; c) prtica de atos contrrios
moral e aos bons costumes; d) reiterao de faltas aos deveres
inerentes ao poder familiar.
Essa ltima hiptese inexistia no Cdigo anterior (Artigo 1.638
do CC). Assim a destituio ou perda do poder familiar, por sua vez,
espcie de sano pela violao de deveres jurdicos preestabelecidos
aos pais e somente se verifica por ato judicial, em procedimento
contencioso, garantidos o c ontraditrio e a ampla defesa, nas hipteses
previstas no art. 1.638 do novo Cdigo Ci vil, aliado ao art. 24 do
ECA. 22
Quanto suspeno do poder familiar, entende Pa ulo Lbo que
a suspenso pode ser total ou parcial, quando identificada
23
determinadas prticas e atos , sendo um remdio aplicvel ao genitor

20
AT A D E J U NIO R, Vi c e nt e d e P a ul a . De st itui o do Po de r Fa mi li a r . C ur it i b a:
J uru , 20 0 9, p. 4 4.
21
DI A S, Mar i a B er en ic e . M anual d e di re ito da s fam l ia s . 7. ed . re v. a t ua l . e
am pl. S o P au l o: Ed it or a Re v is t a dos T ri b un a is , 20 1 0. p . 4 01 .
22
AT A D E J U NIO R, Vic e nt e d e P au l a . O p. C i t. p . 4 4
23
L BO . P au l o. O p. C it . p . 3 07 .
18

infrator, estabelecendo condies no objetivo de proteger a prole,


assim entendendo Carlos Roberto Gonalves:

[.. .] c o ns t it u i s a n o ap l ic ad a aos pa is pe l o j u i z, n o t a nt o
c om int u it o pu n it i v o, m as p ara pr ot e ger o m enor. im pos t a
nas inf r a es m en os gra v es , m enc io n a da s no ar t. 1. 63 7 d o
C d ig o C i v i l, e q u e r epr es e nt am , n o ge ra l , i nf ra o ge n r ic a
aos d e ver es p a ter n os . t em por r ia , p er dur an d o s om en t e at
qu a nd o s e m os tre n ec es s r i a. D es ap ar ec en do a c a us a, p o de o
pa i , o u a m e , r ec u p e rar o p od er f am i li ar . f ac u lt at i v a e po d e
24
r ef er ir - s e u nic am en te a d et erm in ad o f i lh o .

Neste diapaso de entendimento nos explica Maria Berenice


Dias informando que:

O in tu i to n o pu n it i v o v is a m uit o m ais pres er v ar o


i nt er es s e d os f i l h os , af as t a nd o - s e de i nf lu enc i as noc i v as . Em
f ac e d as s e qu e l as q u e a p er da do p o d er f am il i ar g era , d e v e
s om ent e s er d ec re t a da q u an d o s ua m an te n a c o l oc a em
per i g o a s e g ur an a o u a d i g ni d a de do f i l h o. As s im , ha v en d o
pos s i b i li d a de de r ec om p os i o dos l a o s de af et i v i d ad e,
25
pr ef er v e l s om en te a s ua s us p e ns o .

A suspenso pode ser sempre revista, quando superados os


fatores que a provocaram 26, prevalecendo o interesse dos filhos e da
convivncia familiar, deve ndo ser adotada pelo magistrado somente
quando outra medida no produzir o efeito desejado, visando a
segurana do infante e de seus haveres.

2.4 A DISSOLUO DAS ENTIDADES FAMILIARES

No decorrer evolutivo do Direito de Famlia desde o Brasil


colonial at atualidade , percebe -se claramente as modificaes das
entidades familiares, sendo estas sempre protegidas e reconhecidas
pelo nosso sistema jurdico. Como bem observa Caroline de Cssia
Francisco Buosi:

24
G O N A L V E S, C ar l os Ro b ert o . Sin op se s Ju rd i ca s - Di re i to d e F a m li a. 8 . e d.
S o Pa u l o: S ar a i va , 2 00 2 , v . 2, p . 1 12 .
25
DI A S, Mar i a B er en ic e. M anua l d e Di r ei to d a s F a m li as . 8 .e d. r e v. e at u a l.
S o Pa u l o: E d i tor a R e v is t a d os T r ib u na is , 2 01 1 . p. 4 3 4.
26
L BO . P au l o. O p. C it . p . 3 07 .
19

A d vi n d as i n ic ia lm en t e d e f am l i as d a q ua l f a zi am p ar te
m em br os , a l m dos d es c e n de n tes , c om o p a dr in h os , e nt e ad os ,
am ig os , en tr e o utr os na f as e d o Br as il Co l n i a, p as s a n do
de p o is pe l a f am li a i ns t i tuc i o na l i za d a e ex c lus i v a p el o
m atr im on i o e o p atr i arc a , c om o C d i g o C i v i l de 1 9 1 6, e
m edi an t e a pr e vis o d o pr i nc p io d a d i g n id a de d a p es s oa
hum an a e a g ar an t ia d e i gu a ld a d e de ra as , c or , s ex o o u
op o s ex ua l , pr e v is tos na C o ns t i tu i o Fe der a l d e 1 9 88 ,
abr ir am - s e n o vas pos s i bi l i da d es d e e nt i d ad e s f am ili ar es s er em
r ec o n h ec i d as p e lo or de n am ent o j ur dic o , a l m das pr e v is t as
no p as s ad o e ex pr e s s am ent e n o art . 22 6 da CF (f am l i a
27
m atr im on i al i za d a , u ni o es t v e l e m on o par e n ta l .

Hoje as relaes afetivas desenvolvidas na intimidade do lar se


desvinculam dos aspectos da consanguinidade, bem como dos
interesses patrimoniais advindos do passado, pois , na atualidade
vinculam-se essas relaes pelo afeto e o amor.
Frente aos avanos do Direito de Famlia como instrumento e
tentativa de solucionar os dilemas 28 deste sculo, restaram embasados
os princpios da dignidade da pessoa humana, igualdade,
solidariedade, melhor interesse da criana, da afetividade,
proporcionando ao judicirio, orientado nas clusulas abertas, decidir
de forma mais justa e equnime em cada caso concreto.
Segundo Patrcio Jorge Lobo Vieira ,

[.. .] d ia nt e d o c res c e nt e n m ero d e d i v rc i os o u d is s o l u es


de un i es es t v e is o q ue n o ex c lu i s it u a es d e pa is qu e
nu nc a c on v i v er am , i nm eras c o ns eq u nc i as n o be n f ic as
c om e ar am a s er apr e c i ad as pe l os es t ud i os os , s o brem od o em
r e la o a pro b l em as p s ic ol g ic os n os f i lh os de p a is s e par a do s
e d i vor c i a dos , o q ue f e z c om qu e, em m ea d os de 19 8 5, o
ps iq u ia tr a am eric a no Ric h ar d G ar dn er des c re ves s e o qu e s e
29
de n om in a d e s n dr om e d a a l ie n a o p ar en t al .

27
BU O SI, Car o l in e d e C s s ia Fr anc is c o. O p. Ci t. p. 4 4.
28
S o n o v as r el a es s ur g i n do , no v os i ns t i tu t os , n o vos d i l em as , di s c us s es n o
toc a nt e a pa t er n i da d e b i ol g ic a e s oc i oaf et i v a, b arr ig a d e a lu g u e l e ins em in a o
art if ic i a l, a lim e nt os gr a v d ic os , a b an d on o af et i v o e r es p o ns a b i l id a de c i v i l (t eor i a d o
des am or h d a no m or al ?! ) , i nf i de l i da d e pe l a i nt er ne t, p l ur a li d ad e d e f orm as d e
f am li a, i nc l us o d e a p e li d o f am il i ar d e p a dra s to e m adras ta , p e ns o d e a l im ent os e
par t i lh a em un i es h om oaf et i v as , d is c us s o q ua n to a o p e ns io n am ent o a l im en tar
dec orr e nt e d e pa t er n i da d e s oc io af e t i va , d ir e it os d a am ant e , etc . V I EI R A, Pa trc i o
J org e Lo b o. O Da n o Mo r a l na A l ie n a o P are n ta l . R e v is t a B ras i l e ira de D ire i to d as
Fam l i as e S uc es s es . P or to A le gr e: M a g is t e r; B e lo H or i zo n te : I BD FA M, 20 0 7. p. 9 3.
29
VI E IR A , P atr c io J or g e L o bo . O p . Ci t. p. 9 3.
20

Bem esclarece Caroline de Cassia Francisco Buosi o quanto


importante entender essas consequ ncias da separao, desvinculao
ou rompimento conjugal, compreendendo o sentimento dos ex -
companheiros diante dessas situaes . 30 Questo emocional que
repercutir em muitas vezes na adoo de pr ticas de alienao
parental as quais se distinguem da sndr ome da alienao parental.
Cumpre esclarece r que alguns doutrinadores diferenciam a
alienao parental da sndrome da alienao parental, contudo esto
interligadas na medida em que a primeira decorre da segunda.
Diferenciando a alienao parental no senti do de que ocorre o
afastamento do filho de um genitor provocado pelo outro. J a
Sndrome da Alienao Parental, se trata dos efeitos que o
afastamento acarretar ao infante, o qual, passa a rejeitar o genitor
alienado.
Como ensina e explica Priscilla M.P. Correia da Fonseca:

A s n dr om e d e a l i en a o pa re nt a l n o s e c onf un d e, por ta n to ,
c om a m era a l ie n a o par e nt a l. A q u e la g era lm en te
dec or r e nt e des ta , o u s ej a , a a l i en a o par e nt a l o
af as t am en to d o f i lh o d e um dos g e n it ore s , pro v oc ad o p e lo
ou tr o, v ia de r egr a , o ti t ul ar d a c us t d i a, A s n dr om e, p or s e u
tur n o, d i z r es p e it o s eq u e las em oc i on a is e c om por tam en t a is
de q ue v em a pa dec er a c r i an a v t im a da q ue l e a l i en a nt e .
As s im , en qu a nt o a s ndr om e ref er e - s e c o nd u ta do f i l ho qu e
s e r ec us a t erm in a nt e e o bs t i na d am ent e a t er c o nt at o c om um
dos pr o ge n it or es e q u e j s of re as m a ze l as or iu n das d a qu e l e
r om pim en to , a a l ie n a o p are nt a l r el ac i on a - s e c om o pr oc es s o
des e nc a d ea d o p e lo p rog e n it or q u e i nt e nt a arre d ar o o ut ro
31
ge n it or d a vi d a d o f i l h o.

Denota-se que a Sndrome da Alienao Parental uma forma


de abuso psicolgico normalmente, cometida por um dos genitores, o
alienador, contra o menor, no intuito de que este rejeite o outro genitor
sem nenhum motivo justificvel . A psicloga e psicanalista Maria
Antonieta Pisano Motta define Sndrome da Alienao Parental como

30
BU O SI, Car o l in e d e C s s ia Fr anc is c o. O p. Ci t. p. 4 6.
31
FO N S EC A , Pr is c i l l a M .P . C rr e a d a , S ndr o m e da A l ie n a o P are nt a l. Re v is ta
Br as il e ir a d e Dir e i to d e F am l i a. Por t o A l egr e, v. 8 , n. 40 , p. 7, f e v ./m ar. 2 0 07 .
21

uma desordem psquica , onde o intudo do genitor alienador arredar o


filho do genitor alienado:

O ge n it or a l ie n ad or , qu e em ger a l o q u e d et m a g ua rd a,
ter i a c om o m et a pr oc ed er a um a l a va g em c ere br a l na m en te
de s eus f i l h os i nc u lc an d o - lh es p e ns am e nt o e s e nt im en t o em
r e la o a o o utr o ge n it or v is a n d o af as t - los e des tru ir m es m o,
o v nc u l o ex is t e nt e e n tre el es . O ge n it or a l i en a dor pr om ov e
um a v er d a de ir a c am pa n ha d en e gr it r ia e m rela o ao ex -
c nj u ge p er an te o j u d ic i r i o, ut i l i za n d o s eu /s f i l h o/s c om o
32
m eio d e em pres tar c r e d ib i l id a de s s u as ac u s a es .

A Alienao Parental se traduz na ao de um genitor contra o


outro, ao essa que no pode ser conceituada como Sndrome da
Alienao Parental, pois, est s se configura quando a averso do
filho em face do genitor alienado ocorre sem nenhuma justificativa
plausvel.

32
MO T T A, M ar i a A n to n i et a P is a n o. A S n dr om e d a A l ie n a o P are n ta l . I n :
S n dr om e da a l i en a o p ar e nt a l e a ti ra n i a d o g uar d i o : as p ec tos ps ic o l g ic os ,
s oc ia is e j ur d ic os . O r ga n i za d o p e la As s oc i a o d e P a is e M es S ep ar ad os . P ort o
A le gr e: Eq u i l br i o, 2 0 0 8. p . 3 6.
22

3 DA FILI AO.

Os filhos so, antes de tudo, herdeiros dos sonhos de seus pais.


Quando os sonhos dos filhos se realiza m, os pais celebram a
esperana 33.

3.1 CONCEITO

Paulo Lbo leciona que no Brasil a filiao conceito nico, no


se admitindo adjetivaes ou discriminaes. Desde a Constituio de
1988 no h mais filiao legtima, filiao ilegtima, filiao natural,
filiao adotiva ou filiao adulterina. 34 Neste curso dispe a
Constituio (artigo 227, 6) , no sentido de que inexiste distino
entre os filhos , independente de origem da filiao , sendo vedada a
discriminao destes.
Nelson Nery Junior explica que a Carta Magna preserva a
igualdade jurdica de tratamento a todos os filhos, quaisquer que sejam
as causas determinantes da filiao. 35
A nova ordem jurdica, segundo Maria Berenice Dias, consagrou
como fundamental o direito convivncia familiar , adotando a doutrina
da proteo integral. 36 A concepo de Rolf Madaleno, orienta-se que o
texto constitucional em vigor, consagra o princpio da isonomia entre os
filhos, estabelecendo um novo perfil na filiao, de completa igualdade
entre todas as antigas class es sociais de perfilhao, trazendo a prole
para um nico e idntico degrau de tratamento, ao derrogar quaisquer
disposies legais que ainda ousassem ordenar sentido contrrio para
diferenciar a descendncia dos pais. 37 Qualquer movimento de
distino dos filhos representaria para Luiz Edson Fachin, um passo
na contramo ao Estatuto, cuja gnese impe um tratamento unitrio

33
NE R Y J UN IO R , N e ls o n. C d i go C i v i l c om ent a do . 10 e d. S o P a u lo : Ed i t ora
Re v is ta d os T r ib u na is , 2 0 13 . p. 13 9 4.
34
L BO . P au l o. O p. C it . p . 2 16 .
35
NE R Y J UN IO R, N e ls o n. O p. C it . p. 13 9 4.
36
DI A S, Mar i a B er en ic e. O p . C it . p. 3 5 7.
37
M AD A L ENO , R olf . O p. C it . p. 46 9 .
23

aos filhos credores de proteo integral contra quaisquer designaes


discriminatrias. 38
O status de filho, segundo Thais Silveira S tein pode ser
conquistado com o nascimento em uma famlia matrimonialmente
constituda, com a adoo, com o reconhecimento da paternidade,
voluntrio ou forado, sem que a causa que deu ensejo ao vnculo que
se estabelece entre pai, me e filho seja a con sanguinidade. 39 Cabe
salientar ainda a extenso da presuno de paternidade, insculpida no
artigo 1.597 do CC, aos filhos havidos fora do casamento.

3.2 PRINCPIO DA IGUALDADE ENTRE OS FILHOS

Constante no pre mbulo da Carta da Rep blica, o princpio da


igualdade est disposto tambm em seu artigo 5 e presente no mbito
do Direito de Famlia, principalmente no que se refere ao instituto da
filiao, sendo inserido pelo constituinte no 6 do artigo 227 da Carta
Magna.
Kelsen apud Jos Afonso da Silva exp lica que a igualdade
constitucional mais que uma expresso de direito, um modo justo
de se viver em sociedade. Nessa linha, o Texto Maior, no caput do Art.
5, veda distines de qualquer natureza. Portanto, o Art. 226, 6,
nada mais do que um corol rio deste. Ademais, como adu z o art. 3,
IIII, so vedadas discriminaes por origem. 40
O princpio da igualdade da filiao foi recepcionado pelo
Cdigo Civil, conforme artigo 1.596 , dispondo que todos os filhos,
havidos ou no da relao de casamento, ou por adoo, tem os
mesmos direitos e qualificaes, proibidas quaisquer designaes

38
FA CH IN , L u i z E ds on . Da p ate rn id ad e, re la o bi olg i ca e af etiv a. Be l o
Hor i zo n t e: D e l Re y, 1 9 96 , p .8 8.
39
ST E IN , T ha is S i l v e ir a . O est ab el ec im ent o da p ate rn id ad e e d a dign id ad e a
pe ss oa na s r el a es f am il ia r es . In : P E RE I RA , T a n ia d a S i l v a; P ER E IR A , Ro dr i go
da C un h a ( c oo r ds ) . A t ic a da c o n v i v nc i a f am il i ar e a s u a ef e ti v i da d e no c o t id i an o
dos T ri bu n a is . R i o d e J an e ir o: F ore ns e, 2 0 0 6, p . 5 65 .
40
SI L V A, J os Af o ns o. Cu rso d e d ir e ito con stit uc ion al po sit iv o. 18 e d . S o
P au l o: Ma l he ir os , 20 0 0, p . 21 7.
24

discriminatrias. Cabe salientar que tal princpio abarca os filhos


gerados pelo mtodo de inseminao artificial.
O Direito de filiao, segundo Luiz Guilherme Loureiro e st
fundamentado em quatro grandes pilares assim estabelecidos: a
perfeita igualdade dos vnculos de filiao seja qual for o estado dos
pais, a facilidade do estabelecimento da filiao, a responsabilizao
dos pais e a possibilidade de cada criana ter u m vnculo de filiao
que a ligue a cada um dos pais e, por fim, a seguridade e estabilidade
do vnculo da filiao. 41
Desta forma, o filho no poder ser discriminado em virtude de
sua origem, uma vez que o princpio da igualdade de filiao trata -se
de direito fundamental atrelado ao princpio da dignidade da pessoa
humana, que entre outros regem o direito de famlia os quais no
admitem qualquer desigualdade entre filhos biolgicos, adotivos ou
socioafetivos.

3.3 PRINCPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIAN A E DO


ADOLESCENTE

Na Carta Magna 42, o princpio do melhor interesse da criana


encontra-se estampado no artigo 227 do citado diploma . Esse princpio
tambm tratado no Cdigo Civil, em seu Captulo XI, do Ttulo Do
Direito Pessoal, onde a proteo da pessoa dos filhos, conforme
dispe os artigos 1.583 a 1.590 , estabelecendo regras para a guarda
dos filhos menores. Salienta Guilherme Calmon Nogueira da Gama ,
que:

41
LO U R EI RO , L u i z G ui l h er m e. C urs o c om p le t o de d ir e it o c i vi l . 2 e d . S o P a ul o :
M t od o, 20 0 9, p . 1 .1 2 6.
42
CRF B - Ar t . 22 7 . d e ver d a f am l ia , da s o c i ed a de e d o Es ta d o as s e g ur ar
c ri an a, a o a do l es c en te e a o j o v em , c om abs o l ut a pri or i da d e, o d ire i to v i d a,
s a d e, al im en t a o , e duc a o , a o l a z er, prof is s io n al i za o , c u l tur a ,
d ig n id a de , ao r es pe i to , l ib er d ad e e c o n v i v nc i a f am il i ar e c om un i tr i a, a l m de
c o loc - l os a s a l v o d e t od a f orm a de ne g li g nc i a, d is c r im in a o , ex p lor a o,
v i ol nc ia , c r ue l d ad e e op r es s o. ( Re d a o d ad a P e la Em en d a C o n s ti t uc i o na l n 65 ,
de 20 1 0) .
25

O pr inc p i o d o m el ho r in te res s e d a c r ia n a e d o a do l es c en te
r ep r es e nt a im por ta nt e m uda n a d e e ix o nas re l a es p at er no -
m ater n o - f i l i a is , em q u e o f i l h o de ix a d e s er c ons i d era d o obj et o
par a s er a l ad o a s uj e it o d e d ire i to , o u s ej a , a p es s o a h um an a
m er ec e dor a d e t u te l a do or d en am en to j ur d ic o , m as c om
abs o l ut a pr i or id a de c o m parat i v am en te aos d em ai s i n te gr an t es
da f am li a de q ue e l e par t ic ip a. C ui d a - s e, as s im , de r e par ar
um gr a v e e q u v oc o n a his t r ia d a c i v i l i za o hum an a em que o
m enor er a re l e ga d o a p l an o i nf er i or, ao n o t i tu l ar i zar ou
ex er c er q ua l q uer f un o n a f am l i a e n a s o c i ed a de , a o m en os
43
par a o d ir e it o .

Princpio esse tambm presente n o Estatuto da Criana e do


Adolescente 44 (Lei 8.069, de 13 de julho de 1990) reiterando a norma
constitucional, estabelecendo ainda como dever da famlia, da
sociedade e do poder pblico:

[.. .] as s e g ur ar , c om abs o l ut a pr i or id a de , a ef e ti v a o d os
d ir e i tos r ef er en tes v i da , s a de , a l im ent a o ,
ed uc a o , a o es p or t e, a o la ze r, pr of is s io n a li za o,
c u lt ur a , d i gn i d ad e, ao r es pe i to , l i be rd a de e c o n v i v nc i a
f am ili ar e c om un it r ia . ( A rt i go 4 d o E C A) .

O princpio do melhor interesse do menor reconhecido por toda


a comunidade internacional por meio da Conveno das Naes Unida s
no que trata o Direito das Crianas, e esta regulamentado pelo decreto
99.770 de 1990. 45
Nesse sentido, Heloisa Helena Ba rboza, explica que:

[.. .] f or am rec on h ec i dos no m b it o i nt er nac i o na l d ir e it os


pr pr i os da c r ia n a, q ue d e ix ou d e oc u p ar o pa p el d e a pe n as
par t e i nt e gr an te d o c om pl ex o f am i l iar p a ra s er m ais um
m em br o i n di v i d ua l i za d o d a f am l ia hum an a em vir tu d e d e s u a
f al ta de m at ur i da d e f s ic a e m en ta l , n ec es s it a de pr ot e o e
c u id a dos es p ec i ais , i nc lus i v e a d e v i da pro te o l eg a l, ta nt o
an t es q u an t o a p s o s eu n as c im ent o, [ .. . ] c er ta h oj e a
ex is t nc i a do q u e s e po d em de nom i nar d ir e it os f u nd am en ta is

43
G A M A, G u i l her m e C a lm on N o gu e ir a da . P ri nc p ios C ons tit uci on ai s d e
Di re ito d e F am l i a : G u ar d a c om part i l ha d a a l u z da L e i n . 1 1 .6 9 8/ 08 : f am l i a,
c ri an a, ad o l es c e nt e e i d os o . S o P au l o: At l as , 2 0 08 , p . 80 .
44
EC A Ar t . 3 . A c r i an a e o a d o les c e nt e g o zam d e to d os os d ir e it os
f un dam en t ais i n er e n te s p es s oa h um an a, s em prej u zo d a pro t e o i nt eg ra l de
qu e tr at a es t a L e i, a s s eg ur a nd o - s e l hes , por le i o u p or ou tr os m eios , to d as as
op or tu n i da d es e f ac i l i da d es , a f im de lh es f ac u lt ar o d es en v o l vim e nt o f s ic o,
m enta l , m or a l , es pir i tu a l e s oc ia l , em c o nd i es de li b er da d e e d e d ig n id a de .
45
Disponvel em: http://www.mprs.mp.br/infancia/documentos_internacionais/id109.htm, ac es s o
em 29 /0 3 /2 0 14 .
26

da c r ia n a, n o m en os c ert o q ue a af et i v i da d e de t a is
46
d ir e i tos es t ej a inc l u d a n a pre oc u pa o at u a l dos es t ud i os os .

Denota-se que o princpio do melhor interesse do menor foi


elevado ao status de direito fundamental, o qual assegura aos infantes
o pleno desenvolvimento e s ua formao cidad, vedando os abusos de
poder exercidos na relao jurdica que envolve a criana, vez que o
menor adquire a condio de hipossuficiente, cujo motivo h de ter
plena proteo.

3.4 CRITRIOS DE ESTABELECIMENTO DA FILIAO: VNCULO


JURDICO, BIOLGICO E SOCIOAFETIVO

A famlia do incio do sculo XX era essencialmente patriarcal,


hierarquizada e exclusivamente fundada no matrim nio, refletindo a
moral imposta pela sociedade daquela poca. 47 Na regncia do Cdigo
Civil anterior, se reconhecia somente os filhos advindos do casamento,
ou seja, estabelecia-se o vnculo jurdico filiao entre pai e filho
pela lei, pois o vnculo qu e unia um filho ao seu pai era jurdico, ou
seja, aquele estabelecido pela lei 48, sendo a paternidade presumida,
pois o pai era marido da me.
A necessidade de preservao do ncleo familiar, leia -se a
preservao do patrimnio da famlia autorizava que os filhos fossem
catalogados de forma absolutamente cruel 49, pois eram classificados
como filhos legtimos, legiti mados e ilegt imos. Surgindo assim filiao
extramatrimonial, ou seja, aquela advinda de fora do enlace
matrimonial, todavia , o instituto desta filiao teve que ser

46
B AR BO Z A, H el o s a H e le n a. O p ri nc pi o d o m elh or int e r es s e da c ri an a e
do ado l es c ent e . I n: P ER E IR A , R odr i g o d a Cu n ha ( Co or d.) I I C on gres s o de D ir e it o
de Fam li a . A F a l i a n a T r a v es s i a d o M i l ni o . An a is . B e l o H or i zo n t e: D el R e y, 2 00 0 ,
pp . 2 02 .
47
VI L E L A, R e na t a D an t as . C ol e o T pico s de D ir ei to. Di re i to C i v i l. (C o or d.
M il t on D e l ga d o) . vo l . 2 . E di t or a : L um e n J ur is . R i o d e J a ne ir o , 20 0 9 , p. 5 7 0.
48
C d ig o C i v i l de 1 . 9 16 : Ar t. 3 3 7. S o l e g t im os os f i lh os c o nc e b i dos n a
c ons t nc i a d o c as am en t o, a i nd a q u e an u l ad o (ar t. 21 7), ou m es m o n u l lo , s e s e
c on tr ai u de b oa - f ( ar t. 22 1) . ( Re d a o da d a p e lo D ec re t o d o Po der L eg is l at i v o n
3. 7 25 , d e 1 91 9) . ( R e vo g ad o p el a L ei n 8 .5 6 0, d e 1 9 92 ). Disponvel em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm. A c es s o em 29 /0 3 /2 0 14 .
49
DI A S, Mar i a B er en ic e. O p . C it . p. 3 5 7
27

gradativamente aperfeioado, como forma de superar a dispo sio do


Cdigo Civil de 1916.
Em 1977, com o advento da Lei n. 6.515 (Lei do Divrcio) , o
artigo 2 disps que : qualquer que seja a natureza da filiao, o direito
herana ser reconhecido em igualdade de condies." Assim, alm
de permitir o reconhecimento do filho extramatrimonial ainda na
constncia da sociedade conjugal (desde que fosse por meio de
testamento cerrado) tambm reconheceu o direito sucesso .
Permitiu-se, com a Lei n 7250, a possibilidade do pai adulterino
- separado de fato h mais de cinco anos - reconhecer seu filho havido
fora da relao matrimonial. Contudo, por mais que o ordenamento
jurdico tentasse erradicar essa discriminao, a desigualdade entre
filhos se manteve insistentemente, cujo fantasma da discriminao do
filho havido pela unio ilegtima dos p ais perpetuou -se no seio da
sociedade brasileira at o advento da Carta da Rep blica de 1988.
Quanto ao vnculo biolgico, o instituto da filiao possibilitou a
concretizao do direito paternidade responsvel, revelando maior
efetividade desse prece ito constitucional. Notadamente, o regime do
estabelecimento da materni dade e da paternidade assenta no respeito
da 'verdade' biolgica da filiao . 50
Tal como aconteceu com a entidade f amiliar, a f iliao com eou a ser
identif icada pela pr esena do vncul o af etivo pat erno -f ilial. 51 Nesse sentido o
Super ior Tribunal de Justia edit ou em 18/10/2004 a Smula n 301 do
18/10/2004. 52
Com a supervalorizao do critrio biolgico, assumiu a doutrina
e a jurisprudncia um papel determinante para a reconstruo do
instituto da filiao, assinalando a importncia do reconhecimento de
uma realidade que estava margem do direito brasileiro: a paternidade

50
CA M PO S , D i og o L e i te . Li es d e d ir e ito d a fa m li a e da s s uc e ss e s. B e lo
Hor i zo n t e: D e l Re y, 1 9 97 , p . 32 1 .
51
DI A S, Mar i a B er en ic e. O p . C it . p. 3 5 7.
52
ST J - Sm ul a 3 0 1 - a o i n ves t ig at r i a - rec us a d o s u p os t o p a i - ex am e de
DN A - pr es un o j ur is ta n tu m d e pa t ern i d ad e. Em a o in v es t i g at r ia , a r ec us a d o
s up os to pa i a s u bm e ter - s e ao ex am e de DN A in d u z pr es un o ju ris ta n tu m de
pa t ern i d ad e.
28

socioafetiva fundada na posse de estado de filho. 53 Entende Edmilson


Villaron Franceschinelli que a declara o da filiao:

[.. .] im por t an te p ar a qu e s e pos s a pr o va r a f i l i a o a f im de


qu e o f i lh o p os s a us uf ru ir, c o erc it i v am en te s e nec es s r io , d os
d ir e i tos d ec orre n tes des t e es t ad o. A d ec l ara o da f i l ia o
po d e oc or r er p e lo r e g is tr o d e n as c im ent o ou p or qu a lq u er
ou tr o a t o j u ri d ic am en t e v l i do p ar a o r ec o n hec im en t o d e um
54
f il h o.

Como bem observa Luiz Edson Fachin, a verdade sociolgica da


filiao construda, no dependendo da descendncia gentica, e, a
partir do momento em que essa concepo de parentalidade ganhou
contornos jurdicos claros e se afirmou a viabi lidade de sua aplicao
no mbito da dogmtica civilista, nasceu um novo paradigma da
filiao. 55 A disciplina da nova filiao h que se edificar sobre trs
pilares constitucionalmente fixados: plena igualdade entre os filhos,
desvinculao do estado de filho do estado civil dos pais, e a doutrina
da proteo integral. 56 A doutrina entende que os filhos podem provir
de origem gentica conhecida ou no, de escolha efetiva do
casamento, da unio estvel, de entidade monoparental ou de outra
entidade famlia constitucionalizada 57.
A Carta Magna abarcou o entendimento do afeto, na esfera
jurdica, consubstanciando os interesses individuais e igualitrios dos
membros da famlia sobre os aspectos formais e patrimoniais, tendo a
realidade social um papel significante na evoluo jurdica da
sociedade.

53
VI L E L A, R en a ta D a nt a s . O p. C i t. p . 5 71 .
54
FR AN C E SC HI N EL LI , E dm ils on V i l l aro n . D i r eit o d e p ate rn id ad e . S o P a u lo :
LT r, 19 9 7, p . 1 4.
55
FA CH IN , E ds on L ui z . Com ent r io s a o no v o cdi go c iv il . R i o de J an e ir o:
For ens e , v . X VI II , 2 00 3, p . 3 7.
56
B AR BO Z A, He l e na He l ois a . Nov as r el a e s d e fi li a o e pat e r nid ad e. In :
P ER E IR A , R o dr i g o d a Cu nh a ( Co or d.) A n ais do I C o ngr es s o d e D i re it o d e F am l i a.
Re pr es e n ta d o o d ir ei t o d e f am l i a. Be l o H or i zo n t e: D e l Re y, 1 99 9.
57
L BO , P a ul o . E nt i d ad es f am i li ar es c o n s ti t uc i o na l i za d as : p ar a a l m do
nu m er us c l aus u lus . I n: PE R EI R A, R o dr ig o da C u n ha (C o ord . ) . A na is d o I V
Co n gres s o B r as i l ei r o d e D ir e i to de F am l i a. Fam li a e d i g ni d a de hum an a. B el o
Hor i zo n t e: I B DF A M, 2 00 6 , p. 9 0 .
29

4 ALIENAO P ARENTAL.

Uma formao psicossocial adequada a uma criana


influenciada sem sobra de dvidas pelo bom relacionamento e exerccio
58
das funes parenta is a ela direcionadas.
Contudo, a Sndrome da Alienao Parental, foi identificada na
dcada de 1980, como um distrbio infantil, presente, especialmente,
em crianas cujos genitores se encontravam em f ase dum litgio
conjugal, assim explica Richard Alan Gardner:

A S ndr om e d e A l i en a o Par e nt a l (S A P) um dis t r b io da


i nf nc i a q u e a pa rec e qu as e ex c lus i v am en t e n o c o nt ex to de
d is p ut as d e c us t d i a d e c ri a n as . S u a m anif es t a o pre l im in ar
a c am pa nh a de n e gr it r ia c o ntr a um dos g e n it ores , um a
c am pan h a f e it a pe l a p rp ri a c r i an a e q u e n o te n h a n en h um a
j us t if ic a o . Res u lt a da c om b in a o das i ns tr u es d e um
ge n it or ( o q u e f a z a l a v ag em c ere b ra l, pr o gram a o ,
do u tr i n a o) e c o n tr i bu i es da pr pr ia c r i an a p ar a c al u n iar
o ge n it or - a l vo . Q u an d o o a b us o e / ou a n eg l ig nc ia p ar en ta is
v er d a d eir os es t o pre s en t es , a an im os i d ad e d a c r i a n a p od e
s er j us t if ic a d a, e a s s im a ex pl ic a o de S n drom e d e
A l ie n a o P are n ta l par a a hos t i li d ad e da c ri a n a n o
59
ap l ic ve l .

A designada sndrome da alienao parental SAP 60


frequentemente est associada a situaes de ruptura dos laos
matrimonia is, onde um dos genitores do infante usa o filho com o
objetivo de desestruturar os laos de afeto com o outro genitor,
provocando desta forma fortes abalos emocionais , causando grande
temor na relao.

4.1 CONCEITO

Para Alexandra Ullmann a Sndrome da Alienao Parental


pode ser definida como atitudes do guardio da criana que visam
58
BU O SI, Car o l in e d a C s s ia Fr anc is c o. O p. Ci t. p. 5 7.
59
G A RD N ER , R ic h ar d A . O DSM - I V tem equ iv al ent e p ar a o di ag nst ic o de
S nd rom e de Al i e na o P ar ent a l (S AP ) ? . 2 0 0 2. P . 2 . Disponvel em:
http://www.alienacaoparental.com.br/textos-sobre-sap-1/o-dsm-iv-tem-equivalente. Ac es s o em :
31 / 03 /2 0 14 .
60
Dor a v an t e S A P S nd r om e d a A l i e na o P ar en t al .
30

influenci -la para que odeie o outro genitor, mesmo sem fundamento
real. 61 O dicionrio W ikipdia apud Cybele Nirlem Barros Fortes Odoni ,
refere-se a alienao parental como o fenmeno desencadeador de um
processo de destruio, desmoralizao e descrdito de um dos
cnjuges, onde os filhos desenvolvem sentimentos patolgicos de dio
injustificado contra o pai ou a me alienado. 62
Como bem informa Maria Berenice Dias que a este processo o
psiquiatra americano Richard Gardner nominou de "Sndrome da
Alienao Parental: Programar uma criana para que odeie o genitor
sem qualquer justificativa. 63
A Lei 12.318/2010 definiu alienao parental como: a
interferncia na formao psicolgica da criana ou adolescente,
promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avs ou pelos que
tenham a criana ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou
vigilncia, pa ra que repudie genitor ou que cause prejuzos ao
estabelecimento ou manuteno de vnculos com este. 64

4.2 A ORIGEM DA SAP

Dcadas atrs o fenmeno da Sndrome da Alienao Parental


era quase no concebido, porm existente posterior a separao
conjugal. Denote -se que a sociedade estava fundada em conceitos
conservadores sobre o casamento , devendo a mulher cuidar da casa e
dos filhos, e o homem patriarca antes de tudo provedor, exercendo
o completo poder familiar.

61
UL L M AN N, A lex a ndr a . S n dr om e da a li e na o pa re nt a l. A j us t i a d e ve ter
c ora g em de pu n ir a m e ou o pa i qu e m ent e p ara af as t ar o ou tro ge ni t or d o f il h o
m enor. Vi s o ju r di ca , n. 3 0, p. 6 2 - 50 , 2 00 8 , p. 6 3.
62
O DO N I, C yb e l e N ir lem Bar ros F or tes . S nd r ome d a Al i en a o P a re nta l: U ma
v iol n ci a S il en c ios a . 20 0 9. p. 1 4. T ra ba l h o de Co nc l us o de Curs o (C urs o d e Ps -
G ra du a o no Enf r en t am ent o d a V i o l nc i a c on tr a Cr ia n a e A d o l es c e n tes . Ce n tro
de C i nc i as J ur dic as e S oc ia is , P on t if c ia U n i vers i d ad e C at lic a d o P ar an . 20 0 9.
63
DI A S, M ar ia B er en ic e . S n dr o m e d a A l i e na o P ar en t al . O q u e is t o? In :
T iran i a do G u a rd i o : As pec tos Ps ic o l g ic os , S oc ia is e J u r d ic os . P ort o A le gr e:
E qu i l br i o, 2 0 08 , p . 12 .
64
Re d a o d o ar ti g o 2 da Le i 1 2. 3 18 / 20 1 0.
31

Ainda se ocorresse a separao de fato, cabia mulher a


guarda dos filhos e ao pai, o pagamento dos alimentos e visitas
esparsas, que se tornavam obrigatoriedade para o pai e um supl cio
para o filho. 65 No entanto, com o decorrer dos tempos, surgiram outras
estruturas familiares , devendo o vnculo afetivo com a prole ser
preservado em qualquer ambiente familiar. Como nas pa lavras de Maria
Berenice Dias:

A gor a , p or m , s e e s t v i v en d o um a o u tra er a. Mu d ou o
c onc e it o de f am li a . O pr im ado d a af e t i v id a d e n a id e nt if ic a o
das es tr ut uras f a m il i a res l e vo u v al or a o d o q u e s e c ham a
f il i a o af et i v a. G r a a s ao tra t am ent o in te rd is c ip l i na r q ue v em
r ec e b e nd o o D ir e it o d e Fam l i a, pas s o u - s e a em pres tar m ai or
at e n o s q u es t e s d e or dem ps qu i c a, p erm it i nd o o
r ec o n h ec im en t o da pr es e n a de d a no af e t i v o pe l a aus nc ia d e
66
c on v v io pa te rn o - f i l i a l.

Contudo, com essas novas estruturas familiares e a facilitao


da dissoluo das mesmas , houve redefinio dos pap is parenteais
vigentes na histria, quando a guarda dos filhos passou a ser alvo da
disputa pelos seus pais, sendo isso uma pr tica relativamente nova no
Brasil. Ana Maria Frota Velly apud Caroline de Cassia Francisco Buosi
explica que em consequncia desse fato, brigas entre ex -companheiros
pelo convvio da prole passaram a ocorrer de forma mai s frequente. 67
Diante desses fatos , rompe-se o vnculo conjugal e a disputa
pela guarda dos filhos torna -se uma guerra, devido a nova formao
dos laos afetivos, pois os genitores esto mais prximos no convvio
de sua prole. A separao a origem da SAP, como explica Ana Maria
Frota Velly:

A S ndr om e de A l ie na o P ar en t al s urg i r d a d is p u ta de
gu ar d a d os f i l hos p e lo s s eus p a is . Mas a nt e s qu e oc or ra tu d o
is s o, n ec es s r i o en te n der a or i g em de t ud o , a s e p ar a o

65
P AU LO . B e atr ic e M a r i nh o. A l ie n a o p ar en t al : i d en t if ic a o , t rat am en to e
pre v e n o . R ev i st a Br a si le i ra d e D i re it o da s Fa m li a s e Su c es s e s. Be l o
Hor i zo n t e, v. 1 9, p. 8 , de z. /j a n. 2 0 11 .
66
DI A S. M ar i a Ber e n ic e . S n dr om e d a A li e na o P ar e nt a l. ( Ar t ig o) . Disponvel em
<http://www.mariaberenice.com.br/uploads/1s%EDndrome_da_aliena%E7%E3o__parental%2C_o_qu
e_%E9_isso.pdf. Ac es s o em 01 /0 4 /2 0 14 .
67
BU O SI, Car o l in e d a C s s ia Fr anc is c o. O p. Ci t. p. 5 3.
32

j ud ic i al . Es s a a pr e c i ad a c o nj u nt am en te c om o di vrc i o n a
nos s a l e g is l a o:
As s e par a es j u d ic i a is pos s u em al g uns ti p os qu e p o dem
af et ar d e f orm a d is t i nt a os f i l hos , q u e s er o o c en tr o d a
d is c us s o a qu i . A s e par a o p or m tu o c ons e nt im en to , c om
am bas as p art es e ntr an d o em um ac or do , po uc o p rej ud ic a a
c r i an a, m as a s e p ara o c h am ada li t i g ios a, o n de um a
pes s o a, q u e s er a a ut or a, im pu t a e m os tra qu e h o u ve
c on d ut a d es onr os a o u al g um ato q u e im p or te gra v e v io l a o
de d e v er es d o c as a m ento . P os t er iorm e nt e, es s e t i p o de
s ep ar a o d e ix ar c o ns e q u nc i as t a nt o p a ra o c as a l q ua n to
par a s eus f il h os . E nt o, t e n do em vis ta es s es pr o bl em as , e a
par t ir d o no v o c d i g o c i v i l , s ur g iu um dir ei t o d e f am l i a
d if er e nc i ad o par a tr a tar es s as q ues t es c om prot e o a o
68
m enor .

Inicia-se a sndrome, a partir da ruptura dos la os conjugais,


num processo de manipulao da criana , delineando sentimentos
doentios contra seus genitores.

4.3 DA CARACTERIZAO DA ALIENAO PARENTAL

A priori se faz relevante denotar que a alienao se distingue da


sndrome, cujas diferenas s o apresentadas pela doutrina e merecem
observao.
Inicialmente destacamos que a palavra alienao proveniente
do latim alienatione, que no sentido psicolgico consiste em qualquer
forma de perturbao mental que incapacita o indivduo para agir
segundo as normas legais e convencionais do meio social 69, de modo
que alienar consiste em perturbar, alucinar, alhear.
A alienao parental caracteriza -se quando o detentor da guarda
do filho, intencionalmente , comea a afastar o filho do convvio com o
outro genitor. A partir dessa situao, d-se incio sndrome, que
surge quando o infante comea a demonstrar uma forte ligao e,
tambm, de forma exclusiva, a um nico genitor e o afastamento total

68
V E LL Y. A n a M ar i a Fr o ta . Al i en a o P a re nta l: U ma V is o Ju rd i ca e
P si co lgi c a . Disponvel em< http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/aliena%C3%A7%C3%A3o-
parental-uma-vis%C3%A3o-jur%C3%ADdica-e-psicol%C3%B3gica. P os t ad o em 13/ 0 3/ 20 1 2.
Ac es s o em : 0 1/ 04 / 20 1 4.
69
FE RR E IR A , A ur l io B uar q u e d e H o la n da ( 1 91 0 - 1 98 9). Nov o Au r l io S cu lo
X XI: o d ic ion rio da l ngu a po rt ugu es a . 3 . ed . to ta lm e n t e re v is ta e am pl ia d a. R io
de J an e ir o: N o va Fr o n te ir a, 1 9 9 9. p . 2 78 .
33

do outro genitor. 70 Nesse processo de manipulao das crian as, a


imagem do ex-parceiro passa a ser destruda e desmoralizada perante
o filho, que utilizado como instrumento da raiva e agressividade para
com o pai 71, de modo a afastar a criana do genitor, pois passa a
acreditar que no o ama mais, surgindo um sentimento de dio.
Essas prticas tendem a iniciar quando da ruptura conjugal ,
onde h o rompimento do convvio dos pais, deixando os mesmos de
exercer em conjunto o poder familiar, criando na genitora um
sentimento de vingana devido ao luto da separao. Como orienta
Maria Berenice Dias, que muitas vezes a ruptura da vida conjugal gera
na me:

[.. .] um s ent im en t o de a ba n do n o, de r ej e i o, d e tr a i o,
s ur g i n do um a te n d nc i a v in g at i v a m ui to gr a nd e . Q ua n do n o
c ons e gu e e l a bor ar a de q ua d am ent e o l ut o d a s e pa r a o,
des e nc a d e ia um pr oc es s o d e d es tr u i o , d e des m ora l i za o ,
de d es c r d i to d o ex - c nj u ge . Ao v er o i nt eres s e d o p a i em
pr es er v ar a c o n v i v nc i a c om o f i l ho , qu er v i n gar - s e , af as t an d o
72
es t e d o g en i tor .

Por vezes, o afastamento da criana vem ditado pelo


inconformismo do cnjuge ou companheiro com a separao, como
informa Priscila Fonseca que :

[.. .] em outr as s it ua es , f u nd a - s e n a ins at i s f a o d o g en i to r


a li e na n te , or a c om as c on d i es ec o nm ic a s ad v i nd as d o f im
do v nc u lo c o nj u ga l , ora c om as ra z es q ue c on d u zi ram ao
des f a zim e nt o do m atr im n i o, pr i nc ip a lm ent e qu a n do es te s e
d em d ec orr nc i a de a d u lt rio e , m a i s f req u en t em ent e,
qu a nd o o ex - c nj ug e pros s e g ue a r e la o c om o p arc e ir o da
r e la o ex tr am atr im on i al . Em ou tras h i p tes es n o d e r ar a
oc or r n c ia , a al i e n a o pr om ov i d a a pres en t a - s e c om o m ero
r es u l ta d o d a p os s e e x c l us i v a qu e o ex - c nj u g e pr et e nd e t er
73
s obr e os f i l hos .

70
ZA NO T T O , Fa bi a na ; CA RO S SI , E l ia n e G o ul ar t M ar t ins . S n dr om e da
A l ie n a o P ar e n ta l . R ev i st a F a cu lda de de Di re ito d e Ca xi a s do Su l . n. 2 0. C ax i as
do Su l : E d uc s , 2 0 10 , p . 29 .
71
B uos i , Car o l in e d e C s s i a Fr a nc is c o . O p. C it . p. 59 .
72
DI A S, Mar i a B er en ic e. O p . C it . p. 1 1 .
73
FO N S EC A , Pr is c i l a M ar ia P er e ira C orr a da . S ndr om e d a A li e n a o P ar en t al .
In : Rev ist a B r as il ei r a do Dir ei to de F am l i a. Por t o A l egr e: S n te s e, I B DF A M, v. 8,
n. 4 0, p . 5- 1 6, f e v- m ar , 20 0 7, p . 08 .
34

Cumpre registrar que quando a sndrome est num estgio mais


grave, onde ocorre o fenmeno da implantao de falsas mem rias.
Monica Guazzelli considera que as falsas memrias so decorrentes da
conduta doentia do genitor alienador, o qual, aproveitando -se do fato
de que crianas so sugestionveis, narra para estas atitudes sobre o
outro genitor que no ocorreram, ou distorce aquelas que de fato
aconteceram. 74 Esta implantao de falsas memrias tem sido
equiparada SAP, como prope o trecho: Quem lida com conflitos
familiares certamente j se deparou com um fen meno que no novo,
mas que vem sendo identificado por mais de um nome: "sndrome da
alienao parental" ou "implantao de falsas mem rias". 75
Neste jogo de manipulaes, Maria Berenice Dias, enfatiza que:

[.. .] t o das as arm as s o ut i l i za d as , i nc l us i v e a as s er t i va d e t er


ha v i d o a bus o s ex u al . O f il ho c on v e nc id o d a ex is t nc i a d e um
f ato e le v a do a r ep e tir o qu e l he af ir m ado c om o t e nd o
r ea lm en t e ac o nt ec id o . N em s em pre c o ns e gu e d is c er n ir qu e
es t s e n do m an i p u la d o e ac a b a ac r e d it a nd o n a qu i l o q u e l h e
f oi d it o d e f orm a i ns i s te nt e e r e pe t id a . C o m o tem po , n em o
ge n it or d is t i n gu e m a is a d if er en a e ntr e v er da d e e m en ti ra . A
s ua ve r d a de p as s a a s er v er da d e par a o f i l ho , q ue vi v e c om
f als as p er s o na g ens d e um a f a ls a ex is t nc i a, im pl a nt a nd o - s e,
76
as s im , f als as m em ri a s .

Segundo Caroline de Cssia Francisco Buosi, importante


esclarecer que:

[.. .] as f a ls as m em ri as d if er e nc i am - s e d a m enti ra , t en d o em
v is t a q ue q u an d o u m ind i v d u o m ent e t em a c o ns c i nc i a
r ef l ex i va d e q u e es t a a le g an d o a lg o q ue n o s e t ra ta d a
v er d a d e e t em um a i nt enc i o na l i da d e c om aq u el e
c om por t am en to , e n qu a n t o n as f a ls as m em ori a o in d i v d u o n o
tem c on d i es d e p erc eb er q ue n o v i v e nc i o u a q ue l a s it u a o ,
77
r e la ta n d o - a c om o s e a t i v es s e v i vi d o.

74
G U AZZ E LL I, M n ic a. A f a ls a d en nc ia d e a b us o s ex ua l . I n: DI A S, M ar ia
B ere n ic e. In c est o e a li en a o pa r ent al : r e a li d ad es q ue a j us t i a i ns is t e em n o
v er. S o P a u lo : R e vis t a d os T r i b un a is , 2 0 0 7, p . 1 22 .
75
DI A S, M ar i a Ber e n ic e . Fa ls as m em rias . I n : Bol et im IB DF AM , j u l - ag o , 2 0 0 6,
p. 0 7 .
76
DI A S. Ma r i a Be r e n ic e . F a l s as M em ori as . Disponvel em:
http://www.mariaberenice.com.br/uploads/2_-_falsas_mem%F3rias.pdf. Ac es s o em : 31 /0 3 /2 0 14 .
77
B uos i , Car o l in e d e C s s i a Fr a nc is c o . O p. C it . p. 67 .
35

uma verdadeira conspirao, feita pelo alienador (Pai, Me ou


Guardio) com o objetivo de desmoralizar o alienado (Pai ou Me) ,
onde o genitor passa a ser considerado como um intruso a ser afastado
a qualquer preo da relao afetiva com a prole.

4.3 DO DIAGNSTICO

Para se obter o diagnstico da Sndrome da Alienao Parental, o


mesmo deve ser realizado por meio de estudos detalhados por equipe
multiprofissional com profissionais capacitados (psiclogos, assistentes
sociais, mdicos, etc.) que detenham conhecimento aprofundado e
especfico tanto sobre o tema quanto sobre as dinmicas que ocorrem
no contexto familiar.
Segundo Moura & Siqueira cabe denotar que um diagnstico
fidedigno da Sndrome corresponde a um estudo detalhado, mantendo a
neutralidade dos fatos, por meio de uma escuta apurada e de mtodos
e recursos disponveis aos profissionais, o que permite a co mpreenso
da dinmica existente. 78
Denota-se ainda que para o diagnstico da sndrome de
alienao parental, Richard Alan Gardner apud Vivian de Medeiros
Lago e Denise Ruschel Bandeira ressalta a importncia de realizar
entrevistas conjuntas, com todas as partes envolvidas e em todas as
combinaes possveis. durante as entrevistas conjuntas que o
examinador tem a possibilidade de confrontar as informaes e
investigar a verdade. 79 Reitera Jorge Trindade que: De fato, a
Sndrome de Alienao Parental exi ge uma abordagem teraputica
especfica para cada uma das pessoas envolvidas, havendo a
80
necessidade de atendimento da criana, do alienador e do alienado.

78
MO U R A e M E IR E L LE S . S nd rom e de Al i en a o P ar ent a l, p . 0 7
79
V i v ia n d e M ed e ir os L ag o & D e n is e R us c h e l B an d ei ra . A P s i co logi a e a s
De ma nda s At u ai s d o Di r eit o d e F am l ia . p . 2 97 ( ar t ig o) Dis p on ve l em :
http://www.scielo.br/pdf/pcp/v29n2/v29n2a07. Ac es s o em 0 1/ 0 4/ 20 1 4.
80
T RIND A D E, J or ge . M anu al d e P si co log ia Ju rd i ca p a ra op er ado r es d o
Di re ito , p. 26 .
36

Portando, somente por uma avaliao adequada ser possvel


ctedra forense conter e emular para o melhor interesse da criana ,
bem como, para a preservao d e um desenvolvimento mais sadio da
prole.

4.4 AS HIPTESES DE ALIENAO PARENTAL, SANES E


PROCEDIMENTOS

O rol das hipteses que caracterizam a alienao parental est


previsto no pargrafo nico do artigo 2 da Lei 12.318 de 2010 (Lei da
alienao parental). E como no poderia deixar de ser diferente, esse
rol meramente exemplificativo, devendo ocorrer a anlise do caso
concreto o qual revelar a situao passvel de alienao parental ou
no, in verbis:

o
Ar t . 2 [. .. ]
P ar gr af o nic o . S o f orm as ex em pl if ic a t i v as d e a l ie n a o
par e nt a l, a lm dos at os as s im dec l ara d os p e lo j u i z o u
c ons t at ad os p or per c i a , pr a tic a d os d ir e tam en te o u c om
aux l io d e t erc e iros : I - re al i za r c am pa nh a de d es q u a l if i c a o
da c o nd u ta d o g e ni tor n o ex erc c i o da pa te rn i da d e o u
m ater n i d ad e; II - d if ic ul t ar o ex erc c i o d a a u tor i d ad e
par e nt a l; I II - d if ic ul t a r c on ta t o d e c r ia n a o u a d ol es c en t e c om
ge n it or ; I V - d if ic u lt ar o ex erc c io d o d ir e it o reg u l am ent a do d e
c on v i v nc i a f am il i ar ; V - om it ir d e l ib er a d am ent e a ge n it or
i nf or m a es p es s oa i s re le v a nt es s ob re a c r ia n a ou
ad o l es c e nt e , inc l us i v e es c o l ar es , m dic as e a lt er a es d e
en d er e o ; V I - apr e s en t ar f als a d e n nc i a c o ntr a g e ni t or,
c on tr a f am il iar es d e s te o u c o n tra a vs , par a o bs t ar o u
d if ic ul t ar a c o n v i v nc i a de l es c om a c r ia n a ou
ad o l es c e nt e ; V II - m u dar o d om ic l io p ar a l oc a l d is t a nt e, s em
j us t if ic at i v a, v is an d o a d if ic u lt ar a c o n vi v nc ia da c r i an a o u
ad o l es c e nt e c om o ou tro ge n it or , c om f am il i ares des t e o u c om
a vs .

Alm dessas hipteses, que so meramente exemplificativas,


poder o Juiz declarar outro s atos que constatem a alienao parental,
seja por percia ou na sua prestao jurisdicional incidente no
processo.
No processo de desqualificao do genitor alienado, o genitor
alienador se utiliza de condutas para fomentar a alienao, tentando
dificultar o exerccio da autoridade parental, prejudicando a
37

convivncia familiar (visitao), dificultando o contato da criana ou do


adolescente com o seu genitor, com omiss es propositais de
informaes escolares, mdicas e alteraes de endereo, campanha
de implantao de falsas denncias contra o genitor e ou familiares
daquele.
Desta forma, a lei da alienao parental veio no intuito de
garantir o direito fundamental da c riana ou do adolescente de uma
convivncia saudvel. A prtica dos atos de alienao parental fere
diretamente os direitos fundamentais enseja do pelo Estado Juiz, o qual
tem o dever de garantir o mnimo de dignidade, integridade e
segurana ao infante.
Quando identificada a Sndrome d a Alienao Parental, de
suma importncia que o Judicirio adote medidas capazes de frear
esse processo e restabelecer o convvio da criana ou adolescente com
o pai alienado. 81 Constatada a Alienao Parental, o Poder Judic irio
dever, dependendo do caso concreto, bem como, o est gio em qual se
encontra a sndrome, tomar as medidas necessrias com maior
brevidade possvel.
Para garantir o melhor interesse da criana , vtima da Sndrome
da Alienao Parental, em sua condi o peculiar de pessoa em
desenvolvimento, essencial a responsabilizao do genitor alienador.
Nesse diapaso, Maria Berenice Dias explica:

Fl ag r a d a a pr es e n a da S n dr om e d a Al i e na o Par e nt a l,
i nd is pe ns ve l a res p o ns a b i l i za o d o g en i t or q u e a ge de s ta
f or m a por s er s a b ed o r da d if ic u ld a de d e a f erir a ver ac i da d e
dos f at os e us a o f i l ho c om f in a li d ad e v i n ga t i va . M is t er qu e
s i nt a q u e h r is c o, p or ex em pl o , d e pe rd a da g ua rd a, c as o
r es t e e v id e nc ia d a a f a ls i d ad e d a de n nc i a l e va d a a ef e it o.
S em ha v er p u n i o a pos tur as q ue c om prom et em o s a d i o
des e n vo l v im en to do f il h o e c o l oc am em ris c o seu
des e n vo l v im en to e m oc io na l , c ert am ent e c o nt i nu ar

81
T O RRE S , M r i a n P er e ir a . S N DRO M E D A A LI E NA O P A R ENT A L : s a n es
ap l ic ve is ao g e ni t or a l i en a dor . D is po n v e l em :
ht tp :/ /r ep os it or i o. un ic e ub . br / b its tre am /1 23 4 5 67 8 9/ 5 8/ 3/ 2 04 5 63 1 0. p df . Ac es s a d o em
11 . 05 .2 0 14 .
38

aum en t an d o es ta o nd a de d en nc i as l e va d as a ef e i to d e f orm a
82
ir r es p o ns v e l.

Desta forma o artigo 6 da lei 12.318 de 2 010, prev as sanes


cabveis, quando caracterizados os indcios ou atos tpicos da
alienao parental. Podendo o Magistrado aplicar as sanes de forma
cumulativa ou no, no intuito de responsabilizar civil e criminalmente -
dependendo da gravidade do caso - o genitor alienador.
Caracterizada e declarada a ocorrncia da Alienao Parental, o
Juiz aplicar as sanes previstas nos incisos do artigo 6 da le i
12.318 de 2010, in verbis:

o
Ar t . 6 [. .. ]
I - d ec lar ar a oc orr nc ia d e a l i en a o p a ren t al e ad v er t ir o
a li e na d or ;
II - am pl ia r o r eg im e de c on v i v nc i a f a m ili ar em f a vor d o
ge n it or a l i en a do ;
III - es t ip u la r m ul ta ao a l i en a dor ;
IV - d e term i nar ac om pa n ham en to ps ic o l g ic o e/ o u
b io ps ic os s oc i a l;
V - de t erm in ar a al ter a o da g u a rda par a g u ard a
c om par t i l ha d a o u s u a i n vers o;
VI - de t er m in ar a f ix a o c a ut e l ar do d om ic l i o da c r ia n a ou
ad o l es c e nt e ;
VI I - dec l ar ar a s us pe ns o d a a ut or i da d e pa ren t al .
P ar gr af o n ic o . [. .. ]

Denota-se que por meio das sanes estabelecidas no artigo 6


busca-se no s abordar a problemtica, como tambm a eficincia na
aplicao dos meios punitivos em combate a alienao parental.
Existindo indcios que caracterizem a Alienao Parental, est a
poder ser declarada em procedimento autnomo mediante Ao de
Alienao Parenta l, ou incidentalmente, seja, numa Ao de Guarda e
Responsabilidade de Menores, ou numa Ao de Divrcio podendo
ainda, ser declarada de ofcio pelo Magistrado. As medidas devero ser
tomadas pelo Juiz ou a requerimento das partes, ouvindo o Ministrio

82
DI A S, M ar i a Ber e n ic e . S nd rom e da A l i en a o P ar e nt a l. O q u e is s ? I n:
S n dr om e da a l i en a o p ar e nt a l e a ti ra n i a d o g uar d i o : as p ec tos ps ic o l g ic os ,
s oc ia is e j ur d ic os . O r ga n i za d o p e la As s oc i a o d e P a is e M es S ep ar ad os . P ort o
A le gr e: Eq u i l br i o , 2 0 0 8, p . 1 3.
39

Pblico, em carter de estrema urgncia devido ser um procedimento


muito doloroso, para a preveno da integridade do infante. 83
Nesse sentido, embora a previso da Alienao Parental seja
novidade em nosso ordenamento jurdico, a Justia j vem expressando
bons resultados frente a matria em seus julgados, vejamos:

A O D EC L AR AT R I A. A LI E N A O P AR E NT AL . EX T I N O
DO P RO C E S SO . O pe did o d e de c la r a o d e ato d e
al ie na o p ar ent a l p ode se r fo rm ul ado in cid ent a lm ent e na
a o d e se pa r a o do c as a l ou d e r egu la me nta o de
v isit a s, n o hav end o motiv o pa r a o ped ido e m a o
aut n om a. Ap e l a o d es pr o v i da . (A p e la o C v e l N
70 0 41 2 27 7 6 0, S t im a Cm ar a C ve l , T ri bu na l d e J us t i a d o
RS , R e la to r: J or g e L us D a l l' A gn o l, J ul g ad o em 14/ 0 9/ 20 1 1).
( T J - RS - A C: 7 0 04 1 22 77 6 0 R S , R e l at or: J or ge Lu s D al l 'A g no l ,
Da ta d e J u l gam en t o: 14 / 09 /2 0 11 , S t im a C m ara C v e l, D at a
84
de Pu b l ic a o: D i r i o da J us t i a do di a 1 6/ 0 9/ 2 01 1) . G r if e i .

No mesmo sentido, decidiu o Superior Tribunal de Justia,


vejamos:

PR O C E S SO CI V IL . A O DE RE C O NH E CIM ENT O E
DI S SO L U O D E U NI O E ST V E L . I N ST AU R A O D E
IN CI DE NT E D E AL I EN A O P AR E NT AL . R EC UR S O C A B V E L
P AR A IM P UG NA R A DE CI S O P RO F E RI D A. EX I ST N CI A DE
ER RO G R O S S E IR O . FUNG I BI L ID AD E I N A P LI C V E L . A RT S.
AN A L IS A DO S: 1 6 2, 1 E 2 , 5 2 2, C PC . 1 . I nc id ent e d e
al ie na o pa r ent al , inst au r ado no b ojo d e a o d e
re co nh ec im ento e di ss olu o d e u ni o e stv el di st rib ud a
em 2 0 10 , da qu al fo i ext ra do o p re s ent e re cu r so e sp e ci al ,
con cl us o ao G a bin ete em 0 2 /0 5/ 2 0 12 . 2. D is c u t e - s e o
r ec u r s o c a b v e l p ar a i m pugn ar d ec is o qu e , no c urs o de a o
de r ec on h ec im ent o e dis s o l u o de un i o es t ve l , d ec la ra ,

83 o
Le i 1 2 .3 1 8/ 2 01 0 Ar t . 4 Dec l ar ad o i n dc i o d e at o d e a l ie n a o par en t al , a
req u er im ent o o u de of c i o, em qu a l qu er m om en t o pr oc es s u a l, em a o au t n om a o u
i nc i d en t alm e nt e, o pr oc es s o te r tr am ita o pr ior i tr i a, e o j u i z de t erm in ar , c om
urg nc ia , o u v id o o M i nis t r i o P b l ic o , as m edi das pro v is r ias nec es s r ias par a
pres er v a o d a i n te g r i da d e ps ic o l gi c a d a c ri a n a ou d o a do l e s c en t e, i nc l us i v e
par a as s e g ur ar s u a c on v i v nc i a c om gen it o r ou v ia b i l i zar a ef e t i v a re a pro x im a o
en tr e am b os , se f or o c as o . D is p o n v e l em :
ht tp :/ / www. p l a na l to . go v. br /c c i vi l _ 03 / _A t o2 0 0 7 - 2 0 1 0/ 20 1 0/ L ei / L1 2 3 18 . htm .
Ac es s a d o em : 1 1. 0 5. 2 01 4 .
84
T J - RS - AC : 7 00 4 12 27 7 60 R S , Re l a tor : J org e L us D a l l' A gn o l, D at a d e
J u lg am en to : 1 4/ 0 9/ 2 0 11 , S t im a Cm ara C v e l, D a ta de P ub l i c a o : D ir i o d a
J us t i a do d ia 1 6/ 0 9/ 20 1 1). D is p o n v e l em : ht tp :/ /tj -
rs .j us br as i l .c om .br /j u r i s pr u d e nc i a /2 0 53 3 51 2/ ap e l ac a o - c i v el - ac - 7 00 41 2 27 7 60 - r s .
Ac es s a d o em 11 . 05 .2 0 14 .
40

i nc i d en t alm e nt e, a pr t ic a d e a l ie n a o p are n ta l . 3 . A Le i
12 . 31 8/ 2 01 0 pr e v qu e o r ec o nh ec im ent o d a al i e na o
par e nt a l p od e s e dar em a o a u t n om a ou i nc id e nt a lm ent e ,
s em es pec if ic a r , n o e n ta nt o , o rec urs o c a b v e l, im pon d o, nes t e
as p ec to , a a p l ic a o das re gr as do C P C. 4. O a to j u d ic ia l q ue
r es o l v e, inc i de n ta lm en te , a q u es t o da a l i en a o p are n ta l t em
na t ur e za d e d ec is o i nt er loc u tr i a ( 2 do art . 1 62 do C P C);
em c ons eq u nc i a , o re c urs o c a b ve l p ar a im pu gn - l o o
agr a v o ( ar t . 5 2 2 d o C PC ). S e a qu es t o, t o da v i a, f o r res o l v id a
na pr pr ia s e nt e n a , ou s e f o r o bj e t o d e a o a ut n om a, o
m eio d e im pu g na o i d n eo s er a ap e l a o, p or q ue , n es s es
c as os , a dec is o e nc err ar a e ta p a c o g n it i v a do pr oc es s o n a
pr im eir a i ns t nc ia . 5 . No t oc an t e f un g i bi l i da d e rec urs al , n o
s e a dm it e a in t erp os i o d e um rec urs o p or ou tr o s e a d v id a
dec or r er n ic a e ex c l us i vam en t e d a i n ter pr et a o f e i ta pe l o
pr pr i o r ec orr e nt e do tex to l e ga l , o u s ej a , s e s e tr at ar d e um a
d v i d a d e c a r te r s u b j et i v o. 6. No p art ic u la r, a des p e it o d e a
Le i 1 2 .3 1 8/ 2 01 0 n o i nd ic ar, ex p res s am en te , o rec urs o c a b v e l
c on tr a a d ec is o pr of e ri da em i nc i de n te d e a l ie n a o p ar en t al ,
o C P C o f a z, r e v el a nd o - s e s ubj et i v a - e n o o bj e ti v a - a
d v i d a s us c it a da pe l a rec orr e nt e, ta nt o qu e n o d em ons tr o u
ha v er q u a lq u er d i ver g nc i a j ur is pr u de nc i a l e/ o u d ou tr in r i a
s obr e o t em a. 7 . R e c urs o es p ec i al c on h e c i do e des pr o v id o .
( ST J - R Es p : 13 3 01 7 2 M S 20 1 2/ 0 06 1 58 0 - 6 , R e l at or: M i n is tr a
NA NC Y A N DR IG H I, Da ta d e J u lg am en to : 1 1/ 03 / 20 1 4, T 3 -
85
T ERC E IR A T UR MA , D at a d e P ub l ic a o : DJ e 1 7/ 03 / 20 1 4 ) .

4.4 CONSEQUNCIAS

A doutrina tem registrado que a sndrome da alienao


parental se manifesta em trs estgios: o leve, o mdio e o grave. Tais
estgios foram descritos no estudo de Francois Podevyn 86.
No estgio leve, apesar de haver, s vezes, alguma dificuldade
no momento da visita, a entrega do filho ao outro genitor acontece com
tranquilidade, de forma que longe do alienador, a criana interrompe ou
torna bem raras e discretas as manifest aes de desmoralizao do
seu genitor:

[.. .] m ant e nd o s ua a m biv a l nc i a e s e n tim en t o d e c u lp a o u


r em or s o norm a is , e n o g e ner a l i za n d o s u a a n im os i da d e p ar a a

85
ST J - R Es p : 1 3 3 0 17 2 M S 2 0 12 / 00 6 15 80 - 6 , R e la to r: M in is tra N AN C Y
AN DR IG HI , D at a d e J u lg am en to : 11 /0 3 /2 0 14 , T 3 - T ER CE IR A T URM A, D at a d e
P ub l ic a o : DJ e 1 7/ 03 / 2 01 4 . D is po n v e l em :
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24988802/recurso-especial-resp-1330172-ms-2012-0061580-
6-stj. Ac es s o em : 1 1. 0 5 .2 0 14 .
86
PO D EV YN , Fr an o i s . S nd rom e de A l i en a o P ar e nt a l . 2 00 1 ,
ww w. ap as e. or g/ 9 40 0 1 - s i ndr om e. htm Ac es s o em : 22 .0 4 .1 4.
41

f am li a e am ig os d e g en i tor a l ie n ad o, n em f ing i n do s it u a es e
87
s en t im ent os i n ex is t en t es .

Os laos do menor com os genitores ainda so fortes e seu


comportamento durante a visita bom.
Na descrio do estgio mdio temos o alienador aplicando
variadas tticas e estratgias para excluir o o utro genitor da vida da
criana: que logo percebe o que agrada o alienador e passa a
colaborar na campanha de desmoralizao do outro, intensificando as
manifestaes de animosidade contra ele, principalmente, no momento
da visita, quando feita a entrega 88. O infante, sem nenhuma culpa - e
negando qualquer influncia externa - rejeita ir com o genitor alienado,
usando argumentos variados e absurdos:

E le v os d o is g e n it or es de f orm a m ani q ue s ta ; ge n era l i za s ua


an im os id a de p ara t od os os m em bros da f a m li a d o ou tr o, bem
c om o par a s e us a m i gos ; f i n g e s i tu a es e s e n tim e nt os
i nex is te nt es ; e m an t m um c om portam en t o hos t i l e pr o voc a do r
dur a nt e as v is it as , e m bora, d e po is d e a lg um tem po af as ta d o
do a l i en a dor , p os s a ir s e tor n an d o m ais c o o per a ti v o . O s l a os
89
de am bos .

Neste momento, os cnjuges ainda permanecem fortes, embora


j se identifiquem processos patolgicos.
No terceiro estgio o mais dramtico verifica-se uma
potencializao dos diversos sintomas com o surgimento de uma
espcie de pnico, geralmente acompanhado de gritos e exploses
violentas, diante da simples meno da iminncia da visita d o outro
genitor, com o qual o filho, j perturbado por fantasmas paranicos,
tenta evitar contato. Esse estgio de fanatismo impede a visitao
normal ao alienado, tornando -as praticamente inexequveis: Quando
obrigado a ir, o filho pode fugir, manter -se paralisado por um terror
mrbido ou comportar-se de maneira to provocativa e destruidora que

87
Ib i dem
88
Ib i de m
89
Ib i de m
42

obriga o genitor alienado a lev -lo de volta para casa. 90 O lao com o
alienador permanece forte, embora patolgico, mas aquele lao que
havia com o alienado, parece desfeito, em meio patologia e
parania.

4.5 DA GUARDA

Anteriormente, o poder da guarda permanecia preferencialmente


com a genitora, pois tratava -se de uma questo cultural a qual hoje j
no mais se justifica. Tendo como origem o cdigo anterior, pois
dedicava -se a acomodar as necessidades de uma sociedade , cuja
profisso da mulher se estampava simplesmente como do lar.
Contudo, essa prevalncia da guarda me, atualmente, criticada,
visto que contrria igualdade e a isonomia constitucional entre os
cnjuges.
Na vigncia da sociedade conjugal, o ptrio poder compete ao s
pais, como orienta J. M. Leoni Lopes de Oliveira, ressaltando que:
Atualmente, em decorrncia do princpio da isonomia entre os
cnjuges, ambos genitores detm igualmente o ptrio poder, no
havendo mais a prevalncia do varo sobre a mulher. 91 Assim tambm
dispe a Carta da Repblica no inciso I do art igo 5 92 e o 5 do artigo
226 93.

A guarda familiar, hoje, se trata de um desdobramento do poder


de famlia, entre os genitores, sendo designada por previso do

90
Ib i de m .
91
O LI V E IR A , J . M . L e o n i L o pes d e. G u ar da , T utel a e Ad o o . E d it ora L um en
J ur is , R i o d e J an e ir o: 20 0 0, p . 2 9.
92
CRF B Ar t . 5 T o do s s o i g ua is per a nt e a l e i , s em dis t in o de q ua l q uer
na t ure za , gar a nt i nd o - s e aos bras i l e iros e aos es tr an g e iros r es i de n tes n o P as a
i n vi o l ab i l i da d e do d ir e it o v i da , l i b erd ad e , i gu a l da d e, s e gu ra n a e
pro pr i ed a de , n os t er m os s e gu i nt es :
I - h om ens e m ul her es s o i g ua is em d ir e it os e o br i ga es , n os t er m os des ta
Co ns t i tu i o;
93
CRF B Ar t . 22 6 . A f am li a, b as e d a s oc i ed a de , t em es p ec ia l pro t e o d o
Es t a do .
5 - O s d ir e i tos e d e v er es r ef er e nt es s oc i ed a d e c o nj u g a l s o ex erc i dos
i gu a lm ent e p e lo hom e m e p e la m ul he r.
43

estatuto civil, reiterada pela Constituio e pelo Estatuto da Criana e


do Adolescente, em que aos pais se estabelece o dever de criar,
sustentar e educar sua prole. Emerge ainda da lei a necessidade d e
que os pais so responsveis nos cuidados de seus filhos. A
Conveno Internacional dos Di reitos da Criana estabelece u como
direitos da criana o de conhecer seus pais e de ser cuidada por estes.
Os filhos devem ser preparados para o ingresso nas relaes e
interagir socialmente, de forma a descobrir o mundo segundo sua
prpria ndole e natureza . Assim orienta Maria do Rosrio Leite Cintra :
no basta pr um ser biolgico no mundo, fundamental completar a
sua criao com a ambincia, o aconchego, o carinho e o afeto,
indispensveis ao ser humano, sem o que qualquer alimentao,
medicamento ou cuidado se torna ineficaz 94.
Observa ainda Raquel Pacheco Ribeiro de Souza que
infelizmente o que se v na prti ca que o cnjuge guardio:

[...] sempre quem, de fato, exerce sozinho o poder familiar, quando essa
situao s deveria se verificar em casos patolgicos de suspenso ou
destituio da autoridade parental. Tal costume vicioso afronta a lei e
prejudica os filhos, que so aviltados em seu direito, constitucionalmente
assegurado, de ampla convivncia familiar (art. 227 da Constituio da
95
Repblica)

Diante das alteraes sociais, o direito ptrio vem se adaptando


aos novos paradigmas sociais estabelecidos. Onde e quando a norma
constitucional veio prestigiar essas alteraes, entre as quais a
isonomia entre o homem e a mulher na sociedade conjugal .
Homenageando o instituto igualitrio para a proteo dos filhos ,
norteando-se pelo princpio do melhor int eresse da criana e do

94
CI NT RA , M ar ia do Ro s r io Le i te i n: C UR Y, Mu n ir ; S IL V A , A nt n io F. do A. e
M EN D EZ, Em i li o G a r c i a ( c o or ds .) . E st at uto da Cr i an a e do Ado le s c ent e
Com ent ado : C om ent r i os J ur d ic os e S oc ia i s . S o Pa u l o: M a l he ir o s , 20 0 2, p . 8 5.
95
SO UZ A, Ra q u el P ac h ec o R ib e ir o d e . A t ir an i a do g uar d i o . I n : P AU L INO
NET O , A na l d in o R o d r i gu es . S nd ro me d a Al i en a o P a re nta l e a T ir an ia do
G ua rd i o : As pec t os Ps ic o l g ic os , Soc i a is e J ur d ic os . Po rt o A le gr e: E q u il br io ,
20 0 8, p . 0 9.
44

adolescente, devendo sempre ser observado que o poder familiar ser


exercido em p de igualdade e condies pelo s pais, mesmo em
circunstncias que no se alteram num eventual rompimento da
sociedade conjugal .

4.6 DA GUARDA COMPARTI LHADA

At ento, pelas prxis em nosso ordenamento jurdico, o


instituto da guarda se dava unilateralmente, ou seja, concebia -se a
guarda genitora como consequncia dos casos de separao judici al,
dissoluo da unio estvel e do divrcio, reservando o direito de
visitao ao cnjuge varo, e permanecendo o poder familiar com a
guarda da prole genitora. Mesmo porque, o rompimento conjugal, no
irradia a suspenso ou mesmo a perda do poder familiar do varo,
conforme disposio do estatuto civil. 96
A ndole conservadora da legislao civil ptria foi obrigada a
ceder s presses da sociedade moderna, permitindo, assim, que os
operadores do di reito buscassem solues inditas e nunca planejadas
pelo legislador. Como bem observa Maria Berenice Dias , a famlia
sofreu alteraes estruturais e tornou -se nuclear: Os tempos registram
uma mudana saudvel nos hbitos e costumes sociais, saluta r
processo de aproximao dos papis feminino e masculino, buscando
alterar aos poucos, a histria das desigualdades do s gneros. 97
No sistema comum de atribuio da guarda a um dos pais, o Juiz
deveria buscar entre os genitores um acordo, at que se esgotassem
as possibilidades, onde os ofcios da mediao familiar poderia ser um
instrumento apto a alcanar este acordo. Embora o poder da guarda
para a me no mais prevalea , pois no se trata de uma questo
cultural e sim do melhor interesse da prole.
96
CC - Ar t. 16 3 2. A s ep ar a o j ud ic i al , o di v rc i o e a d is s ol u o es t v e l n o
a lt eram as r e l a es e ntr e pa is e f i lh os , s e n o q u an to a o d ir ei t o, qu e as pr im eir os
c ab e , de t er em em s u a c om pa nh i a os s e g un do .
97
DI A S , M ar ia Ber e n ic e . Ma n ua l d e d ir e it o d e Fam l i as . e d. V er . P ort o A l e gre :
L i vrar i a d o A d v og a do , 20 0 5, p . 4 00 .
45

Devido a evoluo das famlias, vige atualmente que o poder


familiar dos genitores ser exercido con juntamente, ficando sujeitos a
esse poder toda a prole , independendo da natureza da filiao,
incluindo tambm os adotivos, conforme artigo 227, 6, CRFB e art.
1630, Cdigo Civil.
Como resultado prtico que ao inser -la no ordenamento, o
legislador civil criou um novo mod elo de exerccio de guarda que
enseja alteraes nas relaes paterno -filial e materno -filial,
propiciando melhor desenvolvimento psicolgico e maior esta bilidade
emocional para o menor, que no sentir da mesma forma a perda de
referncia de seu pai ou d e sua me. Cuidou nossa legislao que esse
poder fosse conferido de forma simultnea e sendo deferido ig ualmente
a ambos os genitores, ou, excepcionalmente, a um deles , na falta do
outro (CC art. 1.690, 1 parte).
Tal curso de pensamento tambm foi adotado no Estatuto da
Criana e do Adolescente (Lei 8069/90) , que abrigou no artigo 21, de
forma evidente, que o ptrio poder ser exercido pelos pais em
igualdade. No estatuto Civil encontramos a reproduo da doutrina nos
artigos 1.630 a 1.638, que regulam a competncia dos pais em
conjunto, as regras p ara o exerccio do mesmo, como tambm os
motivos para a sua perda ou extino.
Com o advento da Lei n. 12.318/2010 , a Lei da Alienao
Parental, somada aos esforos doutrinrios, jurdicos, psicolgicos e
jurisprudenciais relevantes ao instituto da guarda compartilha, a prole
pode ser retirada do grande sofrimento humano a que vm sendo
submetida por intermdio do processo de alienao parental.
Para a preveno da Alienao Parental e preservao das
relaes f amiliares, Ana Carla Pinho, leciona que:

Ins t it u in d o - s e a g ua rda c om pa rt i lh a da , pres er v am - s e as


r e la es par e nt a is e af as t a - s e a pro b ab i l i d ad e d e a l i en a o
par e nt a l, haj a v is ta q u e s e g ara n te c r i an a e a o a d ol es c en t e
a pr es e n a a ti v a e at ua n te de am bos os g en i tor es em s uas
v i das , ou s ej a , perm i te q u e es t es ex er am c o nj u nt am en te a
46

pa t er n i d ad e res p o ns v e l, di a l og a nd o de m ane ira c o nt n u a


98
s obr e o in t eres s e d os f il h os .

No entanto, para que se possa instituir a guarda compartilhada ,


com a mxima efetividad e, como preveno da SAP, se faz necessrio
que a convivncia entre os genitores divorciados seja pacfica, onde os
mesmos se proponham a distinguir as questes da separao conjugal
da parentalidade, atentando de fato ao melhor interesse de sua prole.

98
PI NH O , A na C ar la . A A l ie n a o P ar en ta l e a g u ar da c om par t i lh a da c om o
f orm a de pr e ve n o . Rev i st a U S C S - Di re ito . Ano X n 2 1 , dis po n ve l em :
ht tp :/ /s e er .us c s . ed u. br /i n dex . ph p/ re v is ta _ di r e it o/ art ic l e/ v i e w/ 16 3 9/ 11 5 0 . Ac es s ad o
em 24 /0 4 /2 0 14 .
47

CONSIDERAES FINAIS

Seja qual for o arranjo familiar, a famlia ser o instituto


apropriado e indispensvel para assegurar a proteo e o
desenvolvimento da prole. Tanto quanto se possa afirmar, a Famlia
ser sempre uma constante em evoluo, sendo fenmeno social em
constante mutao, apresentando desafios ao direito que a evoluo da
sociedade adote a cada distinta poca.
Da tradicional famlia patriarcal, hierarquizada, heteroparental,
com base no matrimnio cedeu lugar para uma famli a pluralizada,
democrtica, igualitria, htera ou homoparental, sedimentada na
afetividade e no amor. Tanto a sociedade e o Direito atribuem como um
dos encargos da famlia, o crescimento saudvel e a proteo dos
infantes, para o sucesso d o desenvolvimento saudvel o fsi co e o
psicolgico dos tutelados.
Em virtude disso, no se pode mais aceitar a instigao de um
processo que leve a uma sndrome, com reflexo nas situaes de litgio
conjugal, afetando os menores. A conscincia impe exame sobre o
contexto da separao do casal, levando -se em conta diferentes
fatores que podem estar envolvidos e que acabam por fomentar o
conflito. A sndrome significa um distrbio, causando sintomas que se
instalam em consequncia da prtica, que os filhos foram vtima s, de
extrema reao emocional ao genitor alienado.
Sempre em tais circunstncias devida a cautela e foco na
intolerncia nas prticas alienistas, pois o contexto da separao
jamais poder justificar o processo de alienao parental em prejuzo
emocional da prole.
A questo tem sido levada s varas de famlia e sua prtica
constantemente identificada, implicando ao Magistrado a melhor
maneira de se desincumbir desse delicado mister , pela aplicao de
sano. No entanto, sempre necessitando de profissionais de outras
reas com a determinao da realizao de estudo social psicolgico
para sua segurana e convencimento. Desta feita, ser muito
48

importante que o judicirio e os profissionais como psiclogos e os


assistentes sociais estejam atentos na deteco da sndrome, bem
como aos estgios da sndrome, para que verifiquem com preciso o
diagnstico e tratamento adequado para a criana, o alienado e o
alienador.
Nosso ordenamento a Alienao Parental se configura por
exemplo nas seguintes condutas: processo de desqualificao do outro
genitor, dificultar o exerccio da autoridade parental, prejudicar o
exerccio da convivncia familiar (visitao), dificultar contato de
criana ou adolescente com genitor, omisses propositais de
informaes escolares, mdi cas e alteraes de endereo, campanha
de implantao de falsas denncia s contra genitor e ou familiares
daquele. Requerido pela orientao legislativa e deve-se sobremaneira,
preservar os infantes por meio da concretizao dos princpios
constitucionais de respeito ao ser humano, por intermdio da
valorizao de seus direitos de personalidade, notadamente,
parentalidade digna e busca do melhor interesse dos menores.
A famlia contempornea deixou de ser uma mera unidade de
produo e procriao para ser pa lco da realizao humana de seus
integrantes, por meio da exteriorizao de seus sentimentos de afeto,
amor e solidariedade mtua. A nova famlia se rege soberana orientada
pelo Princpio da dignidade da pessoa humana, considerado como uma
clusula geral de tutela dos direitos da personalidade.
Neste curso, o evento da alienao parental e toda sua patologia
Sndrome da Alienao Parental, tm arrogado estudo da doutrina ,
posto que fenmeno psicolgico apto a influir e mascarar a percepo
dos menores da realidade, promovendo um sentimento em se afastarem
e rejeitarem um dos genitores.
Assim, com o instituto da guarda compartilhada, consagrada
pela legislao civil em vigor no Pas, bem como, a aplicao das
medidas instrumentalizadas pela Lei n. 12.318/20 10, devero sempre
que possvel, e no melhor interesse do infante, serem aplicadas para a
preveno da Alienao Parental .
49

O legislador ordinrio , atendendo ao princpio constitucional de


dignidade da pessoa humana, vem a rechaar essa s mazelas da
estrutura familiar da nossa sociedade , cujo aspecto indispensvel
para a formao da identidade do infante, alm de humanizar as
relaes jurdicas para a proteo do menor, do adolescente, bem
como zelar pela sade das entidades familiares.
50

REFERNCI AS

ATADE JUNIOR, Vicente de Paula. Destituio do Poder Familiar.


Curitiba: Juru, 2009.

BARBOZA, Helosa Helena. O princpio do melhor interesse da


criana e do adolescente. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Coord.) II
Congresso de Direito de Famlia. A Falia na Travessia do Milnio.
Anais. Belo Horizonte: Del Rey, 2000.

_____. Novas relaes de filiao e paternidade. In: PEREIRA,


Rodrigo da Cunha (Coord.) Anais do I Congresso de Direito de Famlia.
Representado o direito de famlia. Belo Horizonte: Del Rey, 19 99.
BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil, de 05 de
outubro de 1988. DOU, Braslia, DF, 05 out. 1988. Disponvel em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_0 3/constituicao/constitui%C3%A7ao.ht
m. Acessado em 11.05.2014 .

BRASIL Lei 8.069/90 - Dispe sobre o Estatuto da Criana e do


Adolescente e d outras providncias. Disponvel em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm. Acesso em 29 maro 2009.

BRASIL Cdigo Civil de 1.916 - Art. 337. Art. 337. So legtimos os


filhos concebidos na constncia do casamento, ainda que anulado (art.
217), ou mesmo nullo, se se contraiu de boa -f (art. 221). (Redao
dada pelo Decreto do Poder Legislativo n 3.725, de 1919). (Revogado
pela Lei n 8.560, de 1992). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm.
Acesso em 29/03/2014.

BRASIL. Lei 12.318 , de 26 de agosto de 2010. Dispe sobre a


alienao parental e altera o art. 236 da Lei 8.069, de 13 de julho de
1990. DOU, Braslia, DF, 27 ago.2010 retificado no DOU de
31.08.2010. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccvil_03/_Ato2007-
2010/2010/Lei/L12318.htm. Acesso em: 11.05.2014.

BR ASIL. STJ - REsp: 1330172 MS 2012/ 0061580 -6, Relator: Ministra NANCY
ANDRIGHI, Data de Julgamento: 11/03/ 2014, T3 - TERCEI RA TURMA, Data
de Publicao: DJe 17/03/2014. Disponvel em:
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24988802/recurso-especial-resp-1330172-ms-2012-
0061580-6-stj. Acesso em: 11.05.2014.

BR ASIL. TJ-RS - AC: 70041227760 RS, Relator: Jorge Lus Dall' Agnol, Data
de J ulgamento: 14/ 09/2011, Stima Cmara Cvel, Data de Publicao:
Dirio da Just ia do dia 16/09/ 2011). Disponvel em: http://tj-
rs.jusbrasil.com.br/j urispr udencia/20533512/apelacao -civel- ac-70041227760 -
rs. Acessado em 11. 05.2014.
51

BUOSI. Caroline de Cssia Francisco. Alienao Parental: uma


interface do direito e da psicologia. Curitiba: Juru, 2012.

CINTRA, Maria do Rosrio Leite in: CURY, Munir; SILVA, A ntonio F. do


A. e MENDEZ, Emilio Garcia (coords.). Estatuto da Criana e do
Adolescente Comentado : Comentrios Jurdicos e Soci ais. So Paulo:
Malheiros, 2002.

DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famlias. 7. ed. rev.


atual. e ampl. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.

_____. Manual de Direito das Famlias. 8.ed. rev. e atual. So Paulo:


Editora Revista dos Tribunais, 2011.

_____. Falsas memrias. In: Boletim IBDFAM, jul -ago, 2006.

_____. Falsas Mem rias. Disponvel em:


http://www.mariaberenice.com.br/uploads/2-falsas_mem%F3rias.pdf. Acesso em:
31/03/2014.

_____. Sndrome da Alienao Parental. O que isto? In: PAULINO


NETO, Arnaldino Rodrigues. Sndrome da Alienao Parental e a
Tirania do Guardio: Aspectos Psicolgicos, Sociais e Jurdicos. Porto
Alegre: Equilbrio, 2008.

_____. Sndrome da Alienao Parental. O que isso? Disponvel em:


http://www.mariaberenice.com.br/uploads/1s%EDndrome_da_aliena%E7%E3o__par
ental%2C_o_que_%E9_isso.pdf. Acesso em 01/04/2014.

FACHIN, Luiz Edson. Teoria crtica do direito civil: luz do novo


cdigo civil brasileiro. 2 ed. Rio de Janeiro/So Paulo: Renovar,
2003.

_____. Questes do direito civil brasileiro contemporneo. Rio de


Janeiro: Renovar, 2001.

_____. Da paternidade, relao biolgica e afetiva. Belo Horizonte:


Del Rey, 1996.

_____. Comentrios ao novo cdigo civil. Rio de Janeiro: Forense, v.


XVIII, 2003.

FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda (1910 -1989). Novo Aurlio


Sculo XXI: o dicionrio da lngua portuguesa. 3. ed. totalmente
revista e ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
52

FONSECA, Priscila Maria Pereira Corra da. Sndrome da Alienao


Parental. In: Revista Brasileira do Direito de Famlia. Porto Alegre:
Sntese, IBDFAM, v.8, n.40, fev -mar, 2007

FRANCESCHINELLI, Edmilson Villaron. Direito de paternidade. So


Paulo: LTr, 1997.

GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Princpios Constitucionais de


Direito de Famlia: Guarda compartilhada a luz da Lei n. 11.698/08:
famlia, criana, adolescente e idoso. So Paulo: Atlas, 2008.

GARDNER, Richard A. O DSM-IV tem equivalente para o diag nstico


de Sndrome de Alienao Parental (S AP)? . 2002. P. 2 Disponvel
em: http://www.alienacaoparental.com.br/textos -sobre-sap-1/o-dsm-iv-
tem-equivalente. Acesso em: 31/03/2014.

GONALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro. Volume IV:


direito de Famlia. 2 ed. Ver. Atual. So Paulo: Saraiva, 2006.

_____. Sinopses Jurdicas - Direito de Famlia. 8. ed. So Paulo:


Saraiva, 2002, v. 2.

GUAZZELLI, Mnica. A falsa denncia de abuso sexual. In: DIAS,


Maria Berenice. Incesto e alienao parental : realidades que a justia
insiste em no ver. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

LBO, Paulo. Direito Civil: Famlias. 4 ed. So Paulo: Saraiva,


2011. (Direito Civil).

_____. Entidades familiares constitucionalizadas: para alm do


numerus clausulus. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Coord.). Anais
do IV Congresso Brasileiro de Direito de Famlia. Famlia e dignidade
humana. Belo Horizonte: IBDFAM, 2006.

LOUREIRO, Luiz Guilherme. Curso completo de direito civil. 2 ed.


So Paulo: Mtodo, 2009.

MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Famlia. Rio de Janeiro:


Forense, 2011.

MOTTA, Maria Antonieta Pisano. A Sndrome da Alienao Parental.


In: Sndrome da alienao parental e a tirania do guardio:
aspectos psicolgicos, sociais e jurdicos . Organizado pela
Associao de Pais e Mes Separados. Porto Alegre: Equilbrio, 2008.

NERY JUNIOR, Nelson. Cdigo Civil comentado. 10 ed. So Paulo:


Editora Revista dos Tribunais, 2013.
53

ODONI, Cybele Nirlem Barros Fortes. Sndrome da Alienao


Parental: Uma violncia Silenci osa. 2009. p. 14. Trabalho de
Concluso de Curso (Curso de Ps -Graduao no Enfrentamento da
Violncia contra Criana e Adolescentes. Centro de Cincias Jurdicas
e Sociais, Pontifcia Universidade Catlica do Paran. 2009.

OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Guarda, Tutela e Adoo. Editora


Lumen Juris, Rio de Janeiro: 2000.

PAULO. Beatrice Marinho. Alienao parental: identificao,


tratamento e preveno. Revista Brasileira de Direito das Famlias e
Sucesses. Belo Horizonte, v. 19, dez./jan. 2011.

PENA JUNIOR, Moacir Csar. Direito das pessoas e da famlia:


doutrina e jurisprudncia. So Paulo: Roca, 2008.

PEREIRA, Rodrigo da Cunha. DIAS, Maria Berenice. Direito de Famlia


e o Novo cdigo civil. In: Prefcio, 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey,
2003.

PINHO, Ana Carla. A Alienao Parental e a guarda compartilhada


como forma de preveno. Revista USCS - Direito. Ano X n 21,
disponvel em:
http://seer.uscs.edu.br/index.php /revista_direito/article/view/1639/1150 .
Acessado em 24/04/2014.

PODEVYN, Franois. Sndrome de Alienao Parental . Espanha.


Disponvel em: http://www.apase.org/94001 -sindrome.htm. 2001.
Acesso em 22.04.2014.

RIZZARDO, Arnaldo. Direito de famlia. Rio de Janeiro: Forense, 2006.

RODRIGUES, Silvio. Direito civil: Direito de Famlia: volume 6. 28 ed.


rev. e atual. por Francisco Jos Chali; de acordo com o novo Cdigo
Civil (Lei 10.406, de 10 -1-2002). So Paulo: Saraiva, 2004.

SILVA, Jos Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 18 ed.


So Paulo: Malheiros, 2000.

SOUZA, Raquel Pacheco Ribeiro de. A tirania do guardio. In:


PAULINO NETO, Analdino Rodrigues. Sndrome da Alienao
Parental e a Tirania do Guardio : Aspectos Psicolgicos, Sociais e
Jurdicos. Porto Alegre: Equilbrio, 2008.

STEIN, Thais Silveira. O estabelecimento da paternidade e da


dignidade a pessoa nas relaes familiares. In: PEREIRA, Tania da
Silva; PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coords). A tica da convivncia
familiar e a sua efet ividade no cotidiano dos Tribunais. Rio de Janeiro:
54

Forense, 2006.

ULLMANN, Alexandra. Sndrome da alienao parental. A justia


deve ter coragem de punir a me ou o pai que mente para afastar o
outro genitor do filho menor. Viso jurdica, n. 30, p. 62 -50, 2008.

VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de famlia. So Paulo:


Atlas, 2010.

_____. Direito civil: Direito de Famlia . 8 ed. So Paulo: Atlas, 2008.

VICENTE, Cenise Monte. O direito convivncia familiar e


comunitria: Uma poltica de m anuteno de vnculo. In:
KALOUSTIAN, Silvio Manoug (ORG) . Famlia Brasileira: A base de
Tudo. So Paulo: Cortez, 1998.

VIEIRA, Patrcio Jorge Lobo. O Dano Moral na Alienao Parental.


Revista Brasileira de Direito das Famlias e Sucesses. Porto Alegre:
Magister; Belo Horizonte: IBDFAM, 2007.

VILELA, Renata Dantas. Coleo Tpicos de Direito . Direito Civil.


(Coord. Milton Delgado). vol. 2. Editora: Lumen Juris. Rio de Janeiro,
2009.

Vivian de Medeiros Lago & Denise Ruschel Bandeira. A Psicologia e


as Demandas Atuais do Direito de Famlia. p. 297 (artigo) Disponvel
em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v29n2/v29n2a07 . Acesso em
01/04/2014

ZANOTTO, Fabiana; CAROSSI, Eliane Goulart Martins. Sndrome da


Alienao Parental. Revista Faculdade de Direito de Caxias do Sul. n.
20. Caxias do Sul: Educs, 2010.

Você também pode gostar