RESUMO DA OBRA Asformas Elementares Da Vida Religiosa

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 6

RESUMO DA OBRA "AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA DE

DURKHEIM - 1912"

Resumo da obra As Formas elementares da Vida Religiosa de mile


Durkheim 1912, a partir da anlise de Mirela Berger.

Por Vanilce Fiel

Segundo a autora que analisa a obra, o objetivo central de Durkheim de


elaborar uma teoria geral da religio, baseado nas anlises das instituies
religiosas mais simples e mais primitivas. Para Durkheim s possvel
apreender a essncia de um fenmeno social a partir da observao de suas
formas mais elementares.

O Livro apresenta trs grandes eixos de anlise:

O primeiro consiste em descrever e analisar detalhadamente os sistemas


de cls e totemismo de certas tribos australianas;

O segundo consta de uma tentativa de compreender a natureza da


religio e sua importncia para a vida social;

E por ltimo, apresenta passos iniciais da construo de uma teoria do


conhecimento. Aqui Durkheim realiza uma interpretao sociolgica das
formas de pensamento humano.

v Descrio e anlise detalhada do sistema de cls e totemismo de certas


tribos australianas.

No primeiro capitulo do livro, Durkheim j apresenta o problema que o


inspira a escrever esta obra estudar a religio mais primitiva e mais
simples que se conhea atualmente, analis-la e tentar explic-la.

Para Durkheim, um sistema religioso o mais primitivo quando preenche


duas condies:

Em primeiro, preciso que se encontre em sociedade cuja organizao


no seja ultrapassada por nenhuma outra em simplicidade;

preciso que seja possvel explic-la sem interferir nenhum elemento


tomado de religio anterior.

O autor ressalta a importncia do estudo sociolgico no se limitar em


apenas conhecer ou reconstruir as formas antigas de civilizao, mas antes
de tudo o trabalho do socilogo consiste em explicar uma realidade atual,
prxima de ns, com objetivo de atingir nossas ideias e nossos atos. O
estudo dever voltar-se para a realidade, o interesse em estudar o passado,
pauta-se em conhecer bem o Homem de hoje.

A singularidade Durkheimiana apresenta-se por quatro pontos importantes


que conheceremos agora:
O primeiro refere-se necessidade de estudar a religio mais simples e
primitiva que se conhece atualmente, como forma de compreender a
essncia da religio, alm de ser capaz de identificar nas religies mais
avanadas, a exemplo do cristianismo, crenas e ritos muitas vezes
emprestados de diversas religies.

A importncia de se estudar as religies ditas mais simples e primitivas


para Durkheim vai alm de simples evolucionismo, trata-se simplesmente
do fato de que, partindo do estudo de religies mais simples do ponto de
vista da sua organizao possvel entender as necessidades bsicas e
gerais da humanidade que aparecem confusas nas religies mais atuais.

Em segundo lugar Durkheim apresenta a importncia em delimitar o


campo especfico da sociologia. Esta s passa a ser pensada como uma
cincia social e positiva a partir do sculo XIX, por ser considerado o
precursor da sociologia enquanto cincia, Durkheim ir empreender em
seus estudos sociolgicos, um objeto claramente definido e um mtodo
prprio para estud-lo. Pra ele os objetos so os fatos sociais, o mtodo a
experimentao e a observao indutiva, ou mtodo comparativo.

Aqui ele defende que a nfase da sociologia enquanto cincia positiva nos
leva a dois outros pontos: primeiro ele se afasta dos evolucionistas, quando
se prope a olhar para uma realidade prxima de ns (que o Homem),
mas o com o objetivo de conhecer o Homem hoje. Para Durkheim, o homem
primitivo no dever ser visto como objeto de anlise, mas como
instrumento para se conhecer uma realidade mais geral que a religio.

Durkheim parte do princpio de que o estudo do primitivo servir como um


caminho metodolgico para se chegar ao que verdadeiramente interessa
para o socilogo que conhecer o papel da religio.

Talvez o ponto central da obra de Durkheim consista na compreenso da


religio enquanto um aspecto essencial e permanente da humanidade. O
mesmo acredita ser a religio uma caracterstica geral da sociedade
humana, estando na base da constituio do homem. Para o autor o
importante no conhecer esta ou aquela religio particular, o importante
para ele pesquisar o que vem a ser a religio em geral, buscando o que h
de comum entre elas. possvel que na base de todos os sistemas de
crenas e cultos haja um certo nmero de representaes fundamentais e
de atitudes rituais que, apesar da diversidade das formas que uma e outras
puderam assumir, apresentam, por toda parte, o mesmo significado objetivo
e tambm, por toda a parte, exeram as mesmas funes. Estes so
elementos permanentes que constituem o que existe de eterno e de
humano na religio em geral.

Por ltimo ele ressalta que esta noo de que existe um certo nmero de
representaes fundamentais prprias do pensamento e do comportamento
humano vo orientar as crticas que ele dirige aos outros tericos que se
debruaram sobre a religio.
Apesar dele no apresentar uma fundamentao slida com relao s
criticas aos pensadores que os antecederam, o prprio apresenta uma
inovao ao pretender explicar de fato as religies, e principalmente por
faz-lo calcado na eficcia simblica e social destas crenas. Defende a
ideia de que uma instituio humana no poderia repousar sobre o erro ou
mentira. Para Durkheim ao realizar os estudos das religies primitivas
imprescindvel saber atingir a realidade que representa e que lhes d a sua
significao verdadeira. Mesmo os ritos ou mitos mais extravagantes ou at
brbaros, tm por objetivo traduzir alguma necessidade humana, algum
aspecto da vida, quer individual ou social. Cabe aos cientistas a tarefa de
descobrir as verdadeiras razes que justifiquem tais acontecimentos.

Durkheim afirma no haver religies falsas. Todas so verdadeiras sua


maneira: todas respondem, ainda que de maneiras diferentes, a
determinadas condies da vida humana. O fato de ter que se reportar s
religies primitivas no com o intuito de depreci-las, pelo contrrio, a
necessidade de reportar-se a elas como forma de resolver problemas atuais,
reafirma sua importncia.

Alm da religio no ser um delrio, ela tem a funo de nos ajudar a viver
melhor. Para ele as religies so obras da sociedade que a expressam,
estando assim na base de qualquer pensamento, inclusive o cientfico,
servindo como categorias fundamentais do pensamento e por conseguinte
da cincia, bem como as regras da moral e do direito, nasceram das
prescries rituais. Neste sentido podemos afirmar segundo Durkheim, que
a ideia da sociedade a alma da religio.

Ao retomar o problema da origem das religies, Durkheim ressalta que se


por origem entendermos um primeiro comeo absoluto, claro que a
questo nada tem de cientfico. Para ele no existe um momento radical em
que a religio tenha comeado a existir, e no h como nos transportarmos
at l pelo pensamento. Como toda instituio humana, a religio no
comea em lugar algum. Portanto, o que interessa para o campo do
conhecimento encontrar um meio de discernir as causas, sempre presente
de que dependem as formas mais essenciais do pensamento e da prtica
religiosa.

Durkheim ao contrrio dos evolucionistas, que acreditam ser possvel


encontra entre os primitivos, que estariam num estgio inferior ao da
civilizao, a origem do fenmeno religioso, ele busca o que fundamental,
bsico e permanente no conjunto das religies, ele persegue a natureza do
fenmeno religioso, natureza esta que possui razo, causa e funes
especficas.

A autora da anlise destaca de forma esquemtica alguns pontos


importantes que Durkheim enfatiza na primeira parte do texto dedicado ao
objeto da pesquisa:

1) Necessidade de descobrir a essncia da religio;


2) Delimitao do campo da sociologia em oposio etnografia e a
histria;

3) Crtica ao evolucionismo;

4) Certeza de que se pode construir uma teoria geral da religio;

5) Ideia incipiente de estrutura;

6) Base para as discusses entre ao e representao;

v Tentativa de compreenso da natureza da religio e de sua importncia


para a vida social.

Aqui Durkheim ir enfatizar trs pontos considerados cruciais:

A religio como aspecto constitutivo do esprito humano e existncia de


categorias bsicas do entendimento que nasceram da religio;

Religio como coisa eminentemente social;

Polmica entre o apriorismo e o empirismo e, principalmente, como teoria


do conhecimento que Durkheim se prope desenvolver pode unificar de
forma satisfatria as duas correntes.

No pensamento Durkhemiano o fenmeno ultrapassa o circulo das ideias


propriamente religiosas, ampliando o debate para um campo mais geral.
Sabemos que os primeiros sistemas de representao empreendidos pela
humanidade, sejam para explicar a si mesmo ou o mundo, so de origem
religiosa. Portanto a religio ao mesmo tempo uma cosmologia e uma
especulao sobre o divino. Uma vez que a filosofia e as cincias nasceram
da religio, em um dado momento a prpria religio fazia s vezes das
mesmas. Neste sentido Durkheim afirma que devemos a religio no s
parte da matria que formou o conhecimento, como tambm a forma pela
qual esses conhecimentos foram elaborados.

Na viso do autor a religio no apenas o reflexo de uma viso de mundo,


e sim o elemento essencial desta apreenso, recorte e classificao do real.
Ele nos chama ateno para fato de que o nosso pensamento tem como
base certas categorias de entendimento sendo elas, as noes de espao,
tempo e de gnero que Aristteles chamou de categorias do intelecto. So
elas s propriedades mais essenciais das coisas, servindo como molduras
slidas que engastam o pensamento parecendo no poder desvencilhar-se
delas sem se destruir; parece ser impossvel pensar objetos que no
estejam no espao ou no tempo.

Podemos ento concluir luz de Durkheim que a Religio e eminentemente


social, suas representaes so coletivas e os ritos so maneiras de agir e
que surgem unicamente no seio dos grupos reunidos e que se destinam a
suscitar, a manter, ou at a refazer certos estados mentais destes grupos.
O que Durkheim quer nos mostrar, que as categorias bsicas de
apreenso do real tm por base pontos de referncias que no so
produzidos individualmente, pelo contrrio, so sociais e coletivos. A
organizao de espao e tempo so reflexos e produtos da organizao da
sociedade, visto que, s possvel pensar as categorias de espao e tempo
porque as sociedades existem, do mais nada mais do que classificaes
sociais.

A divergncia entre o evolucionismo e o pensamento Durkhiemiano funda-


se na seguinte questo: os evolucionistas focam mais na magia,
considerada individual, enquanto que para Durkheim a religio est
associada ideia de igreja, mais coletiva. Para ele a religio coletiva
porque a crena coletiva, e assim ele chama a ateno para as dimenses
scias do fenmeno religioso.

Um dado importante no pensamento de Durkheim fato deste perceber a


religio como um sistema, um todo formado por partes. Ao partir desta ideia
ele ir estabelecer a relao entre a crena e o rito.

Ele compreende que o fenmeno religioso ordena-se naturalmente entre


duas categorias fundamentais: as crenas e os ritos. As primeiras so
estados da opinio e consistem em representaes; e os segundo, so
modos de ao determinados.

Segundo Mirela Berger, neste ponto h um problema que o autor no


resolveu. Num certo momento ele afirma que s se pode definir o rito pela
crena. No entanto nesta obra ele explica a crena pelo rito, e afirma que a
experincia religiosa s pode nascer pelo rito.

Quando o autor trata a religio enquanto sistema, este prende a religio


outra ideia fundamental, a ideia de que as crenas religiosas requerem um
sistema classificatrio que levar distino do sagrado e do profano
estabelecendo dois mundos que no podem se encontrar.

Tendo, pois definido o que religio de modo geral, o autor ir analisar a


religio mais elementar, que para ele ototemismo.

Ao tentar definir o que o totemismo, ele tentar confirmar as hipteses


por dados e teorias. Na tentativa de confirmar as hipteses, ele ir procurar
no totemismo os elementos que considera bsico na religio concentrado-se
nas crenas e na distino entre sagrado e profano.

Em seus estudos ele ir chegar confirmao de que a religio totmica


est presa a organizao social. Por isso a importncia do nome cl. E
descobre que no totemismo o importante no o homem, o animal ou a
planta, mas a representao deles num objeto diferente deles. O que o leva
a entender que se o australiano to fortemente inclinado a figurar e seu
totem, no para ter sobre os seus olhos um retrato que se renove
perpetuamente a sua sensao; mas simplesmente porque sente a
necessidade de representar tal ideia por meio de um sistema material,
exterior, seja qual for o sinal. Neste sentido possvel afirmar ser o totem
uma representao, ou seja, a manifestao material de uma imagem
mental.

No entanto no que tange a explicao do porque estas plantas e/ou estes


animais, s Lvi-Strauss capaz de explicar isto, atravs das estruturas
mentias inconscientes. Ele comea a explicao retomando a ideia de mana,
enquanto fora sagrada que se deposita em homens, palavras e plantas.

Portanto um totem nada mais do que a fora material sobre a qual se


representam para a imaginao. O universo totmico animado por um
certo nmero de foras que a imaginao representa sob a forma de
princpios tomada de emprstimo, do reino animal e vegetal. Eles
encontram-se em nmero de acordo com o nmero de cls das tribos e cada
uma circula atravs de determinadas categorias de coisas das quais
consistem a essncia e o princpio vital.

Você também pode gostar