Mariacecilia Gama PD
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E DO MEIO AMBIENTE
Apresentao p. 4
Apresentao
MDULO I
O TEXTO SUAS QUALIDADES E DEFEITOS
Cada instituio tem suas prticas, seus valores, seus significados, proibies
e permisses que exercem influncia direta sobre os indivduos que convivem
em diferentes grupos sociais e que se articulam por meio da linguagem.
Mas para a realizao do texto preciso que esse todo significativo seja
produzido num espao e num tempo determinados.
O texto pode ser entendido, ainda, em seu sentido amplo como o resultado da
histria sociocultural do escritor e do leitor, considerando-o como um processo
que se efetiva scio-histrico e culturalmente.
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Conhecimento do mundo,
Domnio da lngua;
Aptido para inscrever-se no mundo por meio da
lngua.
Sua competncia comunicativa eficaz exige, assim, que voc seja, no mnimo,
trs vezes competente:
Normalmente, o que se tem a dizer traduz-se por meio das palavras de uma
lngua devidamente organizadas. D para entender que uma frase uma das
possibilidades de concretizao do enunciado.
Os gatos miam.
Qualquer usurio da lngua quando produz um texto faz uso de uma linguagem
social, pertencente a um grupo social particular e para isso faz uso, de
gneros textuais ou discursivos, conforme a esfera de produo da
linguagem.
Toda pessoa que escreve est inscrita numa prtica social, em que deve
escolher o que, como, onde, quando e por que vai produzir um gnero textual.
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Garcez (2008) diz ser comum os alunos confirmarem a dificuldade que sentem
para produzir um texto, que escrever tarefa complexa e que s alguns
nascem com esse dom. Afirma que esses equvocos so cristalizados em
verdadeiros mitos que cercam o ato de escrever, sendo mais devastadores os
que levam algum a acreditar que escrever : um dom; um ato espontneo que
no exige empenho; uma questo que se resolve com dicas; um ato isolado;
algo desnecessrio do mundo moderno; um ato desvinculado das prticas
sociais. No verdade!
Escrever :
uma habilidade que pode ser desenvolvida e no
um dom que poucas pessoas tm;
um ato que exige empenho e trabalho e no um
fenmeno espontneo;
exige estudo srio e no uma competncia que se
forma com algumas dicas;
uma prtica que se articula com a prtica da leitura;
necessrio no mundo moderno;
um ato vinculado a prticas sociais.
Escrever s faz sentido se houver espao para isso na vida pessoa ou social.
Trata-se, pois, de um entendimento de que a escrita tem uma funo social e
de que necessrio se reconhecer o uso significativo dessa prtica.
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Segundo Bakhtin (2010) toda palavra comporta duas faces. Ela determinada
tanto pelo fato de que procede de algum como pelo fato de que se dirige a
algum.
Geraldi (2003) argumenta que por mais ingnuo que possa parecer, para
produzir um texto (em qualquer modalidade) preciso que:
Como diz Bakhtin (2010) todo discurso orientado para a resposta. Assim o
discurso sempre um dilogo vivo que se constitui pelo que j foi dito e
pelo que ainda no foi dito e est sempre orientado para um social, para uma
resposta, para uma compreenso e uma variedade de vozes, que se encontra
em uma poca, cultura ou grupo social.
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MDULO II
COERNCIA E COESO
Exerccio recomendado:
TECENDO A MANH
Joo Cabral de Melo Neto (2008)
Questes:
a. Nesse poema, Joo Cabral de Melo Neto cria a imagem da manh que surge.
Essa imagem construda, num primeiro nvel, a partir de duas palavras: galo
e grito.
1. Explique a escolha dessas palavras.
2. Os gritos dos galos se associam a qu?
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como Tecendo a manh, por exemplo. Alguma (ou muita) coisa incorporamos
nossa prpria vivncia e, inevitavelmente transmitimos a outros.
TEXTO E DISCURSO
Para isso, ele escolhe os elementos de expresso que esto a sua disposio
[o vocabulrio da lngua, as combinaes sonoras, as figuras de linguagem, a
estrutura potica, etc.] para veicular seu discurso, que o encontro do
contedo veiculado com a forma de express-lo.
Esse fato est ligado situao em que se diz algo e a finalidade com que se
diz.
TUDO O OLHAR 1
No te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vo.
Sinto dentro de mim que
Voc no significa nada.
No poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
J te esqueci!
E jamais usarei a frase
eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
tarde demais...
1
O "poema" acima um apcrifo, sua verdadeira autoria desconhecida. Fonte: educao.uol
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OS IMPLCITOS
COERNCIA TEXTUAL
OS FATORES DE COERNCIA
Por exemplo, se lemos na capa de um livro que ali esto agrupados contos de
fada, no sero incoerentes uma srie de dados que so absurdos no mundo
real.
A intencionalidade e a aceitabilidade: A
intencionalidade est ligada, por parte do emissor, a todos
os meios de que ele lana mo no sentido de atingir seus
objetivos; j a aceitabilidade, no caso do receptor, est
ligada sua capacidade de atribuir coerncia ao texto.
MDULO III
DESCRIO E NARRAO
Vamos tomar o exemplo dado pelo professor Agostinho Dias Carneiro, em seu
livro, Redao em Construo, para exemplificar os trs modos de
organizao discursiva que abordaremos nessa apostila. Como exemplo,
teremos trs textos, todos construdos a partir da sugesto de um quando de
Vincent Van Gogh 2, chamado O quarto de Vincent em Arles.
TEXTO 1
O quarto estava localizado na parte velha de Paris. No era grande
nem luxuoso, mas tinha tudo aquilo de que o artista necessitava
naquele momento de sua vida: uma cama-beliche, duas cadeiras e
uma mesa, sobre a qual ficava uma bacia e uma jarra dgua. Uma
grande janela envidraada iluminava fartamente o aposento,
deixando sobre o assoalho de tbua corrida um rastro de luz. Nas
paredes ao lado da cama havia dois quadros e algumas fotografias
que lembravam ao pintor a sua origem.
TEXTO 2
Van Gogh viajou para Paris no final de dezembro e no incio de
janeiro alugou o quarto onde iria morar por longo tempo. Logo que
lhe foi permitido ocupar o aposento, para l transportou seus poucos
pertences, especialmente alguns quadros e fotografias. Em seguida
instalou o cavalete de pintura ao p da janela, por onde entrava a
luminosidade necessria e comeou imediatamente a pintar, certo
do sucesso que, no entanto, iria tardar muito.
TEXTO 3
O fato de viver longe de casa pode ter contribudo para uma maior
disposio artstica do pintor. De fato, a histria pessoal dos grandes
artistas parece relacionar certa dose de sofrimento maior
capacidade de produo: assim foi com Cames, Cervantes, Dante
e muitos outros. A alegria, ao contrrio, parece estril, no leva a
derivativos. Van Gogh certamente transportou a saudade e a solido
para as telas que pintou em seu quarto de Paris.
2
Vincent Van Gogh (1853-1890), Holands, Pintor Expressionista.
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Descritivo texto um
Narrativo texto dois
Dissertativo texto trs
Todas as vises mostradas esto dentro de uma viso interativa dos textos,
ou seja, relacionadas de forma direta com a realidade, representando uma
comunicao discursiva imediata.
MODO DESCRITIVO
Agente observador.
Contedo - seres, objetos, cenas, processos.
Tempo - momento nico.
Objetivo - identificar, localizar e qualificar.
Classe de palavras - substantivos e adjetivos.
Tempos verbais - presente ou imperfeito do
indicativo.
As descries servem para nomear ou identificar, localizar (ou situar) ou, ainda,
especificar um objeto. Podem ser tcnicas (cientficas) ou literrias; ser
genricas (gerais) ou especficas (detalhadas).
ELEMENTOS DA DESCRIO:
OBJETIVOS DA DESCRIO:
Exerccio recomendado
Texto Galochas de Fernando Sabino (1962)
E como ontem estivesse chovendo, tive a infeliz ideia, ao sair rua, de
calar um velho par de galochas. J me desacostumara delas, e me sentia a
carregar nos ps algo pesado, viscoso e desagradvel, dando patadas no cho
como um escafandrista de asfalto. Ainda assim, no deixavam de ser, em
tempos de chuva, a nica proteo efetiva para o sapato.
Mas quem disse que chovia? No centro da cidade um sol radioso varava
as nuvens e caa sobre a rua, enchendo tudo de luz, fazendo evaporar as
ltimas poas de gua que ainda pudessem justificar minhas galochas. E elas
de sbito se tornaram para mim to anacrnicas, como se eu estivesse de
fraque, cartola e gravata plastron.
que no se usa galocha h mais de vinte anos, advertia-me uma
irnica voz interior. Desconsolado, parei e olhei em volta. Naquela festa de sol,
em plena Esplanada do Castelo, quem que iria estar de galochas, alm de
mim? Vi passar a meu lado os sapatos brancos de um homem pernosticamente
vestido de branco. Nem tanto ao mar nem tanto terra, pensei. Sara depois da
chuva, certamente. Veio-me a desagradvel impresso de que todo mundo
reparava nas minhas galochas.
Galochas mas que coisa mais antiga, meu Deus do cu! descobri de
sbito; como no pensar nisso ao cal-las? Artefatos de borracha e conclu
idiotamente: hoje em dia tudo de matria plstica, ningum fala mais em capa
de borracha existiro galochas de plstico? Como fazem os pelintras de hoje
para no molhar os ps nos dias de chuva?
No restaurante, onde entrei arrastando os cascos como um dromedrio,
resolvi-me ver livre das galochas. Depois de acomodar-me, descalcei-as,
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GLOSSRIO
Escafandrista: mergulhador que usa escafandro;
Anacrnicas: confuso de data, fora do tempo;
Plastron: gravata larga;
Pernstico: presunoso;
Pelintras: pessoa mal trajada que tem pretenses a sobressair.
TEXTO NARRATIVO
Agente narrador.
Contedo aes ou acontecimentos.
Tempo- sucesso.
Objetivo relatar.
Classe de palavras verbos, advrbios e
conjunes temporais.
Tempos verbais presente ou perfeito do
indicativo.
Mas o que faz com que esse texto seja considerado um exemplo de um modo
de organizao discursiva denominado narrativo?
CARACTERSTICAS DA NARRATIVA:
A classificao de um texto como narrativo est ligada a uma srie de
caractersticas:
Sucesso cronolgica de aes;
Diferena de estados;
Causalidade
3
Esopo (620 a.C. - 564 a.C.) foi um escritor da Grcia Antiga a quem so atribudas vrias
fbulas populares.
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Personagens
Integrao de aes
Portanto, cada ao, deve participar de uma unidade maior, de tal modo, como
diz Aristteles (384-322 a.C.- filsofo grego), que se uma deslocada ou
suprimida, o todo torna-se confuso. Uma ao cuja juno s demais ou
supresso no apresenta consequncias certamente no faz parte de um todo.
4
Jacob (1785-1863) e Wilhem (1786-1859), dois irmos alemes, poetas e escritores, que se
dedicaram s fbulas infantis.
5
Ana Maria Machado. (1941-) carioca e uma das mais versteis e completas das escritoras
brasileiras contemporneas.
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Um pastor que conduzia seu rebanho pela beira do mar notou a calmaria das
guas e resolveu navegar para fazer comrcio. Aps vender parte de seus
cordeiros, comprou tmaras e partiu de volta para casa. Uma forte tempestade
o apanhou no caminho de volta e, temeroso de que o barco afundasse, jogou
toda a carga no mar e conseguiu salvar-se. Esopo.
MDULO IV
DISSERTAO E PARGRAFO
TEXTO DISSERTATIVO
Agente: argumentado.
Contedo: opinies, argumento.
Tempo: ausncia.
Objetivo: discutir, informar, expor.
Classe de palavras: conectores.
Tempo verbal: presente do indicativo.
Tese: do grego thesis ato de por, proposio. Proposio que se expe para
ser defendida; ponto de vista a ser defendido.
Vamos recordar:
analogia: baseia-se na semelhana entre ideias ou
coisas, procurando explicar o desconhecido pelo
conhecido, o estranho pelo familiar.
certo que a palavra causa se emprega tambm para explicar outros fatos
que no apenas os da rea das cincias exatas, naturais ou fsico-qumicas.
Diz-se:
quais as consequncias ou resultados de algum ato
praticado (e no quais os efeitos);
O TEXTO ARGUMENTATIVO
COMO ARGUMENTAR?
Recebido o tema, bombardeie-o com perguntas Por qu? (qual
a causa) Para qu? (com que finalidade) - Como? (de que
modo);
Organize as informaes que tem sobre o assunto;
Exponha seu ponto de vista de forma simples e clara,
concordando ou no com o tema proposto;
Procure obter duas ou trs respostas para cada questo
formulada;
Esclarea o porqu de tal ou qual resposta (argumento principal);
Indique outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de
vista (argumento auxiliar).
TEXTO ARGUMENTATIVO
Enunciador - argumentador;
Enunciatrio;
Tese;
Argumentos.
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ENUNCIADOR - ARGUMENTADOR
a pessoa responsvel pelos argumentos apresentados no texto e s tem
direito fala em quatro situaes:
Quando possui credibilidade;
Quando tem autoridade;
Quando est no exerccio de um direito;
Ou de um dever.
O ENUNCIATRIO
O enunciatrio o destinatrio a ser convencido > auditrio particular ou
universal. O destino da mensagem argumentativa fruto de uma suposio
do argumentador, que estrutura sua mensagem e seus argumentos em funo
dessa suposio a de que h uma possibilidade de algum ser convencido
de algo.
TESE
Assero (afirmao) questionvel, de cuja validade o argumentador pretende
persuadir seu auditrio. Pode ser formulada no incio, no meio, no final; estar
diluda, implcita ou, at mesmo no ttulo:
Meu time o melhor;
ARGUMENTOS
Os argumentos em que se apoia a tese podem ser fruto da experincia
pessoal do argumentador, testemunhos de autoridade, evidncias ou
julgamentos (inferncias deduzidas dos fatos). Em outras palavras, nossos
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TESE E ARGUMENTOS
Sem tese no h argumentao.
A tese sempre uma assero questionvel.
Encerram as teses.
42
Expressam argumentos.
PARTES DA DISSERTAO
INTRODUO:
DESENVOLVIMENTO:
CONCLUSO:
Remete a tudo o que foi dito; reafirma o tema; expressa uma observao
pessoal. Deve estar em consonncia com a tese proposta na introduo.
TEXTO DISSERTATIVO
PRODUO DE TEXTO
Exemplos:
A arte (...) tudo o que pode causar uma emoo
esttica (tpico frasal), tudo que capaz de emocionar
suavemente a nossa sensibilidade; ....
A arte (...) tudo o que pode causar uma emoo esttica, tudo que capaz
de emocionar suavemente a nossa sensibilidade, dando a volpia do sonho e
da harmonia, fazendo pensar em coisas vagas e transparentes, mas
iluminadas e amplas como o firmamento, dando-nos a viso de uma realidade
mais alta e mais perfeita, transportando-nos a um mundo novo, onde se aclara
todo o mistrio e se desfaz toda a sombra, e onde a prpria dor se justifica
como revelao ou pressentimento de uma volpia sagrada. , em concluso,
a energia criadora do ideal.
Faria Brito, em Nova antologia brasileira.
QUALIDADES DO PARGRAFO
ALGUMAS OBSERVAES
O PARGRAFO DISSERTATIVO
Exerccio recomendado:
Questes:
Qual a ideia central desse pargrafo?
Quais ideias formam o desenvolvimento?
Com que ideia o pargrafo concludo?
CONCLUSO
Muitos dos textos que produzimos, sejam eles escritos ou falados, so
motivados pela nossa necessidade de expor um ponto de vista, defender uma
ideia ou questionar algum fato: so os chamados textos dissertativos.
51
MDULO I
Mito de Penlope
Questo: qual a importncia do desfazer para a tessitura?
O fiar assim como o escrever encobrem o mistrio da significao. Tecer
colocado aqui como metfora de escrever, (re) escrever, para alcanar a
excelncia do texto coeso.
MDULO II
Tecendo a manh de Joo Cabral de Melo Neto
1. a) O galo canta, aos primeiros raios solares, anunciando o amanhecer.
b) Associam-se a fios de sol (que tecem a manh).
2. luz balo
3. a) O sentido 2 e o 5
b) O sentido 2, pela meno aos fios de sol de seus gritosque, urdidos,
constituem o tecido da manh, no sentido metafrico, claro. Alm disso,
existe uma forte ideia de ao praticada pelos galos expressa pelos verbos
apanhar e lanar e pela forma verbal tecendo, no ttulo: o gerndio expressa
ao em processo (Como se trata de um texto potico e, principalmente,
metafrico, a ambiguidade sempre ser um componente importante. Por isso,
as duas leituras se entrecruzam e se completam).
4. De um que apanhe esse grito que ele/ e o lance a outro; de um outro
galo/ que apanhe o grito que um galo antes/ e o lance a outro- em dois
momentos o poeta trunca a ideia (De um que apanhe esse grito que ele; que
apanhe o grito que um galo antes) e essa incompletude sugere que um galo
deixa para o outro completar o que ele iniciou. Alm disso, h uma estrutura
que imita uma trama, pela repetio de palavras e segmentos (que sugere
repetio de aes, como no trabalho de tecer).
5. a) Teia, tela, tenda, toldo: o tecido torna-se mais espesso e toma forma.
b) Tela: tecido ou pano feito em tear; tela de fios finssimos que formam uma
espcie de rede elstica e que produzida pelas aranhas; tela: aquilo que foi
tecido; o conjunto formado pelo entrelaamento de fios, tecido, tela, trama;
tenda: barraca de campanha; barraca de feira; pequena mercearia, quitanda;
pequena oficina de ferreiro, marceneiro, sapateiro, etc.; tipo de habitao
desmontvel prpria dos povos nmades; toldo: cobertura ou pea de lona,
de metal, etc., destinada principalmente a abrigar, do sol e da chuva, porta,
eirado, coberta de embarcao , etc.; aquilo que encobre, protege ou
resguarda.
O tecido torna-se espesso, sugerindo fora e unio; todas as palavras esto
ligadas de alguma forma ao trabalho resultado de ao humana ou o que
serve ao trabalho e, quando se tornam tenda e toldo, passam a significar
abrigo. H conotaes, portanto, de unio e proteo, reforadas pelo jogo com
as palavras toldose todos, entre todose entrem todose, finalmente, se
entretendendo para todos.
6. Resposta pessoal. Cruzam-se ao final as duas leituras. A manh plena
tem em luz balo a melhor traduo, pois eleva-se por si, pronta, com vida
prpria, depois de tecida por muitos galos. Da mesma forma, o fruto do
trabalho acabado tambm tem vida prpria e passa a existir
independentemente das mos que i produziram.
7. Duas: a prpria ave que canta anunciando o nascer do dia; o homem no
seu processo de produo.
8. a) Resposta pessoal. Foi preciso recorrer a conhecimentos prvios,
como o significado das palavras utilizadas, das construes, e a certo
conhecimento de mundo, como o fato de que os galos cantam o amanhecer.
Alm disso, h as questes propostas, que procuram levar o aluno a investigar
um ou outro aspecto e a estabelecer relaes entre os fatos; que indicam a
pesquisa mais aprofundada do significado de certas palavras-chave como mais
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O pssaro de ouro
Adaptao dos irmos Grimm por Ana Maria Machado
H muitos anos havia um rei que tinha um jardim lindo nos fundos
do castelo. Nesse jardim havia uma rvore que dava mas de ouro. Quando
as mas amadureciam, eram contadas. Uma vez, de um dia para o outro,
estava faltando uma. Foram contar ao rei e ele deu ordens para que algum
ficasse a noite embaixo da rvore, vigiando.
O rei tinha trs filhos. Quando caiu a noite, ele mandou o mais velho
para o jardim. Mas, meia noite, o rapaz no aguentou de sono e dormiu. No
dia seguinte estava faltando outra ma. Na outra noite, o segundo filho foi
quem ficou de guarda. Mas no vigiou melhor que o irmo. Quando o relgio
deu as doze badaladas, ele adormeceu. No dia seguinte, mais uma ma
faltava.
Ento chegou a vez do terceiro filho montar guarda. E ele bem que
queria cumprir sua misso. S que o rei no fazia muita f nele, e tinha certeza
de que ia ele se dar mal, que ele ia ser muito pior que os irmos. Mas acabou
dando permisso. O rapaz deitou debaixo da rvore, ficou tomando conta e
espantou o sono. Quando o relgio bateu doze vezes, alguma coisa veio
farfalhando pelo ar. luz da lua ele viu que era um pssaro com penas de puro
ouro. O pssaro pousou de leve na rvore e j tinha tirado a ma, quando o
rapaz disparou uma flecha em direo a ele. O pssaro fugiu, mas a flecha o
atingiu de raspo e uma das penas de ouro caiu no cho. O rapaz a apanhou
e, no dia seguinte, levando-a ao rei, contou tudo o que tinha acontecido durante
a noite.
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