JURISPRUDENCIA - Principais Julgados Do STF e STJ Comentados 2015-1 PDF
JURISPRUDENCIA - Principais Julgados Do STF e STJ Comentados 2015-1 PDF
JURISPRUDENCIA - Principais Julgados Do STF e STJ Comentados 2015-1 PDF
Dizer i) Direito
Editora
Principais julgados do
STF e STJ comentados
2015
Mrcio Andr Lopes Cavalcante
Dizer@) Direito
Editora
Copyright 2016, Mrcio Andr Lopes Cavalcante
Todos os di1eitos desta edio reservados Dizer o Direito Editora.
ISBN: 0978-85-67168-07-4
CDD- 347.03581
Editora
Todos os direitos reservados. A reproduo no autorizada desta publicao,
por qualquer meio, total ou parcial, constitui violao da lei n 9.610/98.
Dedico esta obra e a minha vida:
A Deus, por tudo!
Aos meus pais Wilson e Eva.
minha linda esposa Fernanda.
minha pequena e to amada filha Ana Liz.
Sumrio
APRESENTAO ............................................................................................... 29
DIREITO CONSTITUCIONAL-............................................................................. 31
1 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ....................................................................... 31
1.1 LIBERDADE DE EXPRESSO E BIOGRAFIAS ............................................................................. 31
1.2 LIBERDADE DE EXPRESSJ;.o E DI~EITO DE RESPOSTA ........................................................ 34
1.3INVIOLABILIDADE DE DO'I.~ICLIO E FLAGRANTE DELIT0 ................................................. 47
1-4 SIGILO BANCRIO ---49
1. 5 IMPOSIO DE OBRAS EMERGENCIAIS EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL ............. 51
1.6 SALRIO MNIMO ...................................................................................................................... 53
1.7 HABEAS DATA ................................. ............................................................................................ 55
1.8 CONTRIBUIO CON FE::; ERATIVA ......................................................................................... 58
1.giNFORMAES SOBRE O USO DA VERBA INDENIZATRIA POR SENADORES ........ 6o
1.10 DIREITO ADQUIRIDO E ATO JURDICO PERFEITO ............................................................. 62
1.11 ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL ...........................................................................64
1.12 DIREITOS POLTICOS ................................................................................................................. 68
1.13 SUS E DIFERENA DE CLASSES ........................................................................................... 6g
1.14 TRANSPORTE COMO D REITO: JCIAL .... - ............................................ 71
2 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ......................................................................... 71
2.1 CUMULAO DE ADI COM ADC... ............................................................................................ 71
2.2 NOVA ADI POR INCON:TITUCIONALIDADE MATERIAL CONTRA ATO NORMA-
TIVO J RECONHECIDO FORMt>LMENTE CONSTITUCIONAL ........................................ 72
2.3 EFEITOS DA DECLARAO DE IJ-.JCONSTITUCIONALIDADE E AO RESCISRIA .... 73
2-4 TEORIA DA TRANSCENDNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES .............................. 75
2.5 ADC E CONTROVRSIA JUDICIAL RELEVANTE ..................................................................... 78
11 DEFENSORIA PBLICA...................................................................................................177
11.1 DISPENSA DE PROCURAO PARA ATUAR COMO REPRESENTANTE DO ASSIS-
TENTE DE ACUSA0 .............................................................................................................177
11.2 INTIMAO DA DEFENSORIA PBLICA ............................................................................. 178
11.3 LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA PARA PROPOR ACP EM DEFESA DE JURIDICA-
MENTE NECESSITADOS .........................................................................................................18o
11-4 NOVO CPC ..................................................................................................................................180
1 COMPETNCIA ..............................................................................................................8og
BIBLIOGRAFIA 1627
Esta obra fruto do blog "Dizer o Direito", que edito desde dezembro de 2011 na
internet.
Toda semana so publicados os informativos do STJ e do STF explicando os princi-
pais julgados, ressalvando as mudanas de entendimento e os posicionamentos
que se revelam inditos.
O presente livro a compilao e organizao dos informativos comentados.
Para cada julgado, destacada, em cinza, a concluso principal do acrdo, em pou-
cas frases, de forma que voc possa compreender, de maneira direta, o que foi efe-
tivamente decidido.
Alm da concluso do julgado, so transcritos os principais trechos da deciso e
comentados os aspectos mais relevantes da fundamentao dos votos, alm de
explicaes sobre os instiTutos jurdicos mencionados no aresto.
Vale ressaltar que os argumentos expostos na presente obra foram construdos
nos votos e debates decorrentes dos julgados. Portanto, a autoria das teses e das
razes de convencimento so dos Ministros do STJ e do STF, bem como de sua com-
petente equipe de assessores. Meu trabalho aqui foi apenas o de pesquisar, siste-
matizar e facilitar o conhecimento dos precedentes. O texto do livro representa,
portanto, citao indireta dos votos dos Ministros. Todo o mrito dos julgadores
dos nossos Tribunais.
A linguagem empregada no livro a mais clara e direta possvel, considerando que
o objetivo principal tr<:nsmitir a mensagem, seja para o doutorando, seja para o
aluno da graduao.
O propsito desta iniciativa e do blog facilitar os estudos e colaborar na difuso
dos entendimentos jurdicos, fomentando o debate e tornando mais acessvel
aos operadores do direi:o as principais decises dos Tribunais Superiores do pas.
Vivemos uma fase singular do direito brasileiro (e do prprio civi/law), onde o es-
tudo da jurisprudncia nunca foi to importante como atualmente. Em tempos de
BIOGRAFIAS
Um dos gneros literrios mais lidos em todo o mundo so as chamadas biografias,
livros nos quais o autor narra a vida e a histria de uma pessoa.
Ocorre que, ao mesmo tempo em que as biografias despertam paixo e interesse
dos leitores, podem porvezesgerartambm algumas polmicas.
Isso porque existem duas espcies de biografias:
a) AUTORIZADAS: so aquelas nas quais o indivduo que ser retratado no livro (ou
seus familiares, se este j for falecido) concordou com a sua divulgao e at for-
neceu alguns detalhes para subsidiar a obra. Geralmente so obras menos inte-
ressantes, porque representam a "verso oficial" da vida do biografado, ou seja,
apenas os fatos e circunstncias que ele quer que sejam mostrados, perdendo um
pouco da imparcialidade do relato.
b) NO AUTORIZADAS: quando o biografado (pessoa que est sendo retratada) no
concordou expressamente com a obra ou at se insurgiu formalmente contra a
sua edio. So esses os livros que geram maior interesse, porque atravs deles
so trazidos tona fatos polmicos e s vezes pouco conhecidos da vida do bio-
grafado, circunstncias que muitas vezes ele no queria ver expostas.
As biografias no autorizadas eram permitidas no Brasil?
NO. Segundo a posio tradicional, as biografias no autorizadas seriam proibidas
pelos arts. 20 e 21 do Cdigo Civil, por representarem uma forma de violao ima-
gem e privacidade do biografado. Confira:
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessrias administrao da justia ou
manuteno da ordem pblica, a divulgao de escritos, a transmisso da pala-
LIBERDADE DE EXPRESSO
A CF/88 consagra a liberdade de expresso em seu art. 5, IX, prevendo que " livre a
expresso da atividade intelectual. artstica, cientfica e de comunicao, indepen-
dentemente de censura cu licena.
No art. 220, 2, a Carta a"lrma que "vedada toda e qualquer censura de natureza
poltica, ideolgica e artstica".
Desse modo, uma regra infraconstitucional (Cdigo Civil) no pode abolir o direito
de expresso e criao de obras literrias.
Argumentos utilizados pelo STF:
a) a Constituio assegura como direitos fundamentais a liberdade de pensamento
e de sua expresso, a liberdade de atividade intelectual, artstica, literria, cient-
fica e cultural;
b) a Constituio garante o direito de acesso informao e de pesquisa acadmi-
ca, para o que a biografia seria fonte fecunda;
c) a Constituio probe a censur3 de qualquer natureza, no se podendo con-
ceb-la de forma subi minar pelo Estado ou por particular sobre o direito de
outrem;
d) a Constituio garante a inviolabilidade da intimidade, da privacidade, da honra e da
imagem da pessoa; e
e) a legislao infraconstitucional no poderia amesquinhar ou restringir direitos
fundamentais constitucionais, ainda que sob pretexto de estabelecer formas
de proteo, impondo :ondies ao exerccio de liberdades de forma diversa da
constitucionalmente fixada.
Direitos do biografado
Os Ministros fizeram, no entanto, a ressalva de que os direitos do biografado no
ficaro desprotegidos. A biografia poder ser lanada mesmo sem autorizao do
biografado, mas se ficar constatado que houve abuso da liberdade de expresso e
violao honra do indivduo retratado, este poder pedir:
a reparaodos danos morais e materiais que sofreu;
a retificao das infornaes veiculadas;
Em suma:
-~~-~~~-~-~~~~~---
Liberdade de expresso
A CF/88 prev a liberdade de expresso comCo Jma garantia fundamental, de forma
que livre a manifestao do pensamento (art. 5 IV).
Essa liberdade de expresso garantida s pessoas em geral e, com ainda mais
fora, aos veculos de comunicao.
A Constituio destinou todo um captulo ar:enas para tratar sobre comunicao
social e nele reafirma a liberdade de expressn da imprensa:
Direito de resposta
A liberdade de expresso, como vimos, uma garantia fundamental. No entanto,
ela dever respeitar outra garantia fundamental, que o direito de resposta. Pode-
mos assim conceitu-lo:
Direito de resposta ...
uma garantia fundamental,
prevista na Constituio Federal (art. 5, V) e em convenes internacionais,
por meio da qual a pessoa ofendida
em matria divulgada por veculo de comunicao social
poder, de forma gratuita, refutar ou corrigir a afirmao que foi feita
no mesmo horrio,' modo e durao do agravo (ofensa) praticado.
O direito de resposta tambm pode ser chamado de "direito de retificao".
Art. 5( ...)
V- assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da indeni-
zao por dano material, moral ou imagem;
Trata-se de instituto parecido com o direito de resposta, mas que com este no se
confunde. Repetindo: esse art. 75 da Lei de Imprensa n.3o o mesmo que direito de
resposta, que estava disciplinado nos arts. 29 a 36 do r1esmo diploma.
Vimos acima que, mesmo com a deciso do STF declarando invlida a Lei de Impren-
sa, o direito de resposta continuou existindo, porque ele tem previso na prpria
Constituio, no necessitando de lei para ser exercido (norma de eficcia plena).
A dvida que surge a seguinte: mesmo com o fim da Lei de Imprensa, possvel que
o ofendido continue a exigir do veculo de comunicao social que publique, na
imprensa, a sentena condenatria criminal ou cvel decorrente da notcia ofensi-
va? Em outras palavras, o instituto previsto no art. 75 da Lei de Imprensa continua
existindo?
NO. A jurisprudncia entende que, com o julgamento da ADPF n 130/DF, pelo STF,
no qual foi reconhecida a no recepo da Lei n 5.250/67 (Lei de Imprensa), o art.
75 daquele diploma deixou de existir. Isso porque, ao contrrio do direito de res-
posta, a sano do art. 75 era trazida apenas pela lei, no tendo previso autnoma
na Constituio. Em simples palavras, o ofendido no pode exigir que o veculo de
Gratuito
O direito de resposta gratuito, ou seja, a pessoa no precisar pagar nada ao ve-
culo de comunicao social para public-lo.
m "Assim, o direito de resposta deve ter o mesmo destaque, a mesma durao (em
se tratando de rdio e televiso), o mesmo tamanho (imprensa escrita), que a
notcia de que resultou a ofensa" (CARVALHO, Kildare Gonalves. Direito Consti-
tucional. 15. ed. Belo Horizonte: Dei Rey, p. 777).
Imagine que determinado jornal publica uma informao inverdica e ofensiva so-
bre Joo. Logo aps o jornal ir s ruas, o editor percebe que a nota publicada falsa,
razo pela qual no dia seguinte, 11ntes que o ofendido pea direito de resposta, o
jornal publica nova nota, no mesmo espao, retratando-se e retificando a notcia
divulgada no dia anterior. Mesmo assim, Joo poder pleitear direito de resposta e
ajuizar ao de indenizao por danos morais contra o jornal?
SIM. A retratao ou retifica3o espontnea, ainda que a elas sejam conferidos os
mesmos destaque, publicidace, periodicidade e dimenso do agravo, no impedem
c exerccio do direito de resp:~sta pelo ofendido nem prejudicam a ao de repara-
o por dano moral( 3 do rt. 2. 0 ).
Vale ressaltar, no entanto, que o fato de o jornal ter voluntariamente se retratado ser-
vi- como parmetro para que o juiz reduza o valor da indenizao por danos morais.
Existe um prazo para que o ofendido exera seu direito de resposta?
SIM. O direito de resposta ou retificao deve ser exercido no prazo decadencial de
6o (sessenta) dias, contado c :t data de cada divulgao, publicao ou transmisso
da matria ofensiva (art. 3).
No caso de divulgao, pub icao ou transmisso continuada e ininterrupta da
mesma matria ofensiva, o prazc ser contado da data em que se iniciou o agravo
( 3 do art. 3).
Quem dever requerer o direito de resposta?
E'1l regra, o ofendido. No ertanto, o direito de resposta ou retificao poder ser
exercido, tambm, conforme o caso:
1- pelo representante legal do cfe1dido incapaz ou da pessoa jurdica;
11- pelo cnjuge, descende1te. :tscendente ou irmo do ofendido que esteja au-
sente do Pas ou tenha fale.:::ido depois do agravo, mas antes de decorrido o prazo
de decadncia do direito de resposta ou retificao.
Existe alguma forma por meio c#Q qual o direito de resposta dever ser solicitado?
SIM. O direito de resposta dever ser requerido por meio de correspondncia com aviso
::le recebimento encaminhada diret3mente ao veculo de comunicao social (art. 3).
Citao
Recebido o pedido de resposta ou retificao, o juiz, dentro de 24 horas, mandar
citar o responsvel pelo veculo de comunicao social para que:
1- em igual prazo (ou seja, 24h), apresente as razes pelas quais no o divulgou,
publicou ou transmitiu;
11- no prazo de 3 dias, oferea contestao.
O veculo de comunicao poder alegar que no concedeu o direito de resposta
em virtude de ser verdadeiro o fato que foi divulgado a respeito do interessado.
Esse argumento, contudo, no poder ser invocado caso a matria publicada pelo
veculo de imprensa tenha sido injuriosa. Nesse sentido, veja o que diz o pargrafo
nico do art. 6:
Art. 6 (... )
Pargrafo nico. O agravo consistente em injria no admitir a prova da verdade.
Injria consiste em atribuir a algum qualidade negativa, ou seja, adjetivar uma
pessoa com uma caracterstica pejorativa. Ex.: dizer que determinado indivduo
um ladro. Assim, tendo o veculo divulgado matria que contenha palavras in-
juriosas contra determinada pessoa, esta ter direito de resposta, no podendo o
veculo se recusar a cumprir esse direito sob o argumento de que tem como provar
que aquela pessoa merece aquele adjetivo por ser verdade.
Tutela especfica
O juiz, nas 24 horas seguintes citao, tenha ou no se manifestado o responsvel
pelo veculo de comunicao, conhecer do pedido e, havendo prova capaz de fir-
mar seu convencimento sobre a verossimilhana da alegao ou justificado receio
de ineficcia do provimento final, fixar desde logo as condies e a data para a
veiculao, em prazo no superior a 10 dias, da resposta ou retificao (art. 7).
Assim, guarde isso: no se pode invadir a casa de algum durante a noite para cum-
prir ordem judicial.
O que considerado "dia"?
No h uma unanimidade.
H os que defendem o critrio fsico-astronmico, ou seja, dia o perodo de tempo
que fica entre o crepsculo e a aurora.
Outros sustentam um critrio cronolgico: dia vai das 6h s 18h.
Existem, ainda, os que sustentam aplicar o parmetro previsto no CPC,quefala que
os atos processuais sero realizados em dias teis, das 6 (seis) s 20 (vinte) horas.
O mais seguro s cumprir a determinao judicial aps as 6h e at as 18h.
O que se entender por "casa"?
O conceito amplo e abrange:
a) a casa, incluindo toda a sua estrutura, como o quintal, a garagem, o poro, a
quadra etc.;
b) os compartimentos de natureza profissional, desde que fechado o acesso ao p-
blico em geral, como escritrios, gabinetes, consultrios etc.;
Flagrante delito
Vimos acima que, havendo flagrante delito, possvel ingressar na casa mesmo sem
consentimento do morador, seja de dia ou de noite.
Um exemplo comum no cotidiano o caso do trfico de drogas. Diversos verbos do
art. 33 da Lei n 11.343/2006 classificam com este delito como de carter permanente:
A questo chegou at o STF. O que foi decidido? O Poder Judicirio pode determinar
que o Poder Executivo realize a reforma de presdio que se encontra em pssimas
condies?
SIM.
Reserva do possvel
A clusula da reserva do possvel somente seria oponvel se ficasse demonstrado
objetivamente, pelo Poder Pblico,um justo motivo para no realizar o mandamen-
to constitucional.
Ademais, no cabe falar em falta de recursos, tendo em vista que o Fundo Peniten-
cirio Nacional dispe de verbas da ordem de R$ 2,3 bilhes, e para us-las basta que
Art. 7 So direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alm de outros que visem
melhoria de sua condio sociJI:
IV- salrio mnimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a
suas necessidades vitais bsicas e s de sua famlia com moradia, alimentao,
educao, sade, lazer, vesturio, higiene, transporte e previdncia social, com
reajustes peridicos que lhe pre~ervem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vin-
culao para qualquer fim;
A Lei do Amap, ao dizer que o benefcio assistencial teria o valor de 1/2 do sa-
lrio mnimo, em tese, violaria o art. 7, IV, da CF/88. No entanto, o STF, a fim
de evitar que fosse declarada a inconstitucionalidade do dispositivo, conseguiu
"salv-lo", conferindo lei uma interpretao conforme a Constituio.
Em outras palavras, o STF afirmou que, para que a lei do AP seja compatvel com
o art. 7, IV, da CF/88 devemos interpret-la da seguinte forma: na poca em
que foi institudo o benefcio (em 2011), o valor do auxlio era igual a metade
do salrio mnimo (metade de R$ 545). No entanto, mesmo o salrio mnimo
aumentando nos anos seguintes, o valor do benefcio no pode acompanhar
automaticamente os reajustes realizados sobre o salrio mnimo, considerando
que ele no pode servir como indexador.
Em suma, o STF determinou que a referncia ao salrio mnimo contida na lei esta-
dual seja considerada como um valor certo que vigorava na data da edio da lei,
passando a ser corrigido nos anos seguintes por meio de ndice econmico diverso.
Com isso, o benefcio continua existindo e ser necessrio ao governo do Ama-
p apenas reajustar esse valor por meio de ndices econmicos.
STF. Plenrio. ADI 4726 MC/AP, Rei. Min. Marco Aurlio julgado em 111212015 {lnfo 774)
Art. 203. A assistncia social ser prestada a quem dela necessitar, independen-
temente de contribuio seguridade social, e tem por objetivos:
V- a garantia de um salrio mnimo de benefcio mensal pessoa portadora
de deficincia e ao idoso que comprovem no possuir meios de prover prpria
manuteno ou de t-la provida por sua famlia, conforme dispuser a lei.
O SINCOR registra os dados sobre os dbitos e crditos dos contribuintes e que ser-
viro de apoio para os servidores no trabalho de arrecadao dos tributos federais
federal. Com isso, ele pode ser enquadrado no conceito amplo de arquivo, banco ou
registro de dados.
Segundo a doutrina, o conceito de banco de dados para fins de habeas data deve
ser entendido em sentido amplo. Nesse sentido:
m "(. .) Registro de dados deve ser entendido em seu sentido mais amplo, abran-
gendo tudo que diga respeito ao interessado, seja de modo direto ou indireto,
causando-lhe dano ao seu direito de privacidade.( ... )" (CANOTILHO,Jose Joaquim
Gomes; MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, lngo Wolfgang; STRECK, Lenio Luiz.
Comentrios Constituio. So Paulo: Saraiva,2013, p. 487).
LXXII- Conceder-se-:
a) para assegurar o conhecimento de informaes relativas pessoa do impe-
trante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamen-
tais ou de carter pblico;
Pela leitura da Constituio, percebe-se que o habeas data garante pessoa o aces-
so s informaes presentes em:
bancos de dados das entidades governamentais; e
bancos de dados de carter pblico geridos por pessoas privadas.
O termo "entidades governamentais" uma expresso que abrange rgos da
administrao direta e indireta. Portanto, cabe habeas data para se ter acesso aos
dados do SINCOR, independentemente de este ter ou no carter pblico, uma vez
que se trata de cadastro mantido por entidade governamental (Receita Federal), e
no por pessoa privada. Logo, no se exige que tenha carter pblico condio que
necessria apenas para os bancos geridos por pessoas privadas.
Contribuio sindical
Com o objetivo de garantir o seu custeio, a CF/88 assegurou s entidades sindicais
duas contribuies diferentes. Veja:
Art. 8 (... )
IV- a assembleia geral fixar a contribuio q>Je, em se tratando de categoria
profissional, ser descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da
representao sindical respectiva, independentemente da contribuio prevista
em lei;
Desse modo, apesar de a redao do inciso ser um pouco truncada, possvel per-
ceber que ele fala em duas espcies de contribuio:
1. Contribuio fixada pela assembleia geral (destacada na primeira parte);
2. Contribuio prevista em lei {destacada na segunda parte).
Confira as diferenas entre elas:
Contribuio CONFEDERATIVA Contribuio SINDICAL
Prevista na 1 parte do art. 8, IV, da
Prevista na 2 parte do art. 8, IV, da CF/88.
CF/88 .
.............................................................................................................................
Logo que a CF/88 foi editada, os sindicatos quiseram emplacar a tese de que as
duas espcies de contribuio seriam obrigatrias, ou seja, a pessoa, mesmo sem
ser filiada ao sindicato, deveria pag-las.
O STF, contudo, rechaou essa tese e, para pacificar o assunto, editou, em 2003, um
enunciado:
!--..... Smula 666-STF: A contribuio confederativa de que trata o art. 8, IV, da Cons-
..... tituio, s exigvel dos filiados ao sindicato respectivo.
Concursos
Smula muito importante para todos os concursos pblicos.
Si9ilo
Realmente, a CF/88 afirma que ro so pblicas as informaes cujo sigilo seja
imprescindvel segurana da so::iedade e do Estado (art. 5, XXXIII, parte final) e
as que sejam protegidas pela inviolabilidade conferida intimidade, vida privada,
ho:~ra e imagem das pessoas (art. 5, X, c/c art. 37, 3, 11).
No entanto, no caso concreto, as informaes sobre o uso de tais verbas no se
enquadram nem na necessidade ::te sigilo por questes de segurana nem na pro-
teo da intimidade.
No caso do Senado Federal, as atiJidades ordinrias de seus membros esto muito
longe de exigir um carter predominantemente sigiloso. Em se tratando de rgo de
representao popular por excelncia, presume-se justamente o contrrio, ou seja,
que tais atividades so pblicas. t>.ssim, eventua I necessidade de sigilo no pode ser
invocada de forma genrica, devendo ser concretamente justificada (ex.: despesas
para contratao de seguranas para um determinado parlamentar ameaado).
Quanto segunda exceo que justificaria a restrio publicidade (informaes
relacionadas intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas), o STF en-
tendeu que no possvel que se invoque a intimidade, de forma genrica, para
restringir a transparncia acerC3 do emprego de verbas pblicas exclusivamente
relacionadas ao exerccio da fu'lo parlamentar. Em outras palavras, tais verbas
no esto relacionadas vida privada dos Senadores. So recursos, como dito, utili-
zados para o exerccio parlamertar.
Resumindo:
-~-
0 Senado, se provocado, obrigado a fornecer para jornal cpia dos documen-
tos que demonstrem como os Senadores utilizaram a verba indenizatria dos
seus gabinetes. Isso porque tais valores possuem natureza pblica e, portanto,
as informaes sobre o seu uso so pblicas e no a<:arretam qualquer risco
segurana nem violam a privacidade ou intimidade dos Parlamentares.
STF. Plenrio. MS 28178/DF, Rei. Min. Roberto Barroso, julgado em 4/3/2015 (lnfo 776).
Plano Real
No comeo da dcada de 90, o Brasil vivia um perodo de imensa inflao.
Com o objetivo de tentar resolver esse problema, o Governo lanou um novo pro-
grama econmico que foi batizado de "Plano Real". Este plano foi institudo por
meio de uma medida provisria (MP 542/1994) que, posteriormente, converteu-se
na Lei n 9.069/95.
Correo monetria dos contratos de aluguis
A Lei n 9.069/95 institua uma nova moeda (o real) em substituio que vigorava
at ento (cruzeiro real) e previa uma srie de medida; econmicas para que fosse
possvel fazer essa "converso".
Dentre as medidas fixadas, uma causou polmica: a referida Lei estabeleceu, em
seu art. 21, critrios para a converso dos valoresdos aluguis e modificou a perio-
dicidade dos reajustes nos contratos de locao comercial. Em palavras simples, a
Lei alterou os ndices de correo monetria previstos nos contratos de locao co-
mercial que j existiam antes mesmo da sua vigncia. Ex.: Joo alugava um imvel
para a empresa "ABC"; no contrato de locao comercial, assinado em 1990, havia
uma clusula determinando que a correo monetria dos aluguis seria feita com
base no ndice "XXX"; a Lei veio e estipulou que agora o ndice deveria ser o "YYY".
NO. O art. 21 da Lei n g.o6g/g5 foi um das medidas mais importantes do Plano Real, !::
li;
um dos seus pilares essenciais, j que fixava critrios para a transposio das obri- z
o
u
gaes monetrias, inclusive contratuais, do antigo para o novo sistema monetrio.
Esse dispositivo classificado como um preceito de ordem pblica e tem natureza
estatutria, ou seja, no pode ser afastado por vontade das partes. Dessa forma, ele
vincula necessariamente todos os seus destinatrios.
Considerando que a norma em questo tem natureza institucional estatutria, ele
pode ser aplicado imediatamente aos contratos que j existiam quando a Lei en-
trou em vigor. No h inconstitucionalidade nesta incidncia imediata.
Vale ressaltar que o fato de o art. 21 se aplicar aos contratos em curso no signifi-
ca que a Lei esteja sendo aplicada retroativamente. preciso diferenciar aplicao
imediata de aplicao retroativa da Lei.
Aplicao retroativa
Haveria aplicao retroativa se a Lei incidisse sobre fatos ocorridos no passado (ex.:
se ela alterasse as parcelas que j foram pagas antes de sua vigncia).
A aplicao retroativa da Lei inconstitucional, salvo se dela no resultar violao a
direito adquirido, a ato jurdico perfeito ou a coisa julgada (art. 5, XXXVI, da CF/88).
Assim, possvel a incidncia retroativa de uma lei nova que, por exemplo, melho-
rea situao do seu destinatrio.
Aplicao imediata
Por outro lado, aplicao imediata aquela que se d sobre fatos presentes, atuais,
no sobre fatos passados.
Em princpio, no h vedao alguma a essa incidncia, respeitada, evidentemente, a
clusula constitucional do ato jurdico perfeito, do direito adquirido e da coisa julgada.
O art. 21 da Lei n g.o6g/g5 determinou a aplicao imediata de suas regras de
converso aos contratos em curso. No houve aplicao retroativa, considerando
que as parcelas j pagas no foram alteradas, somente as que venceram a partir de
sua vigncia.
Resumindo:
~ (... )no que pertine aos contratos em curso, as normas de ordem pblica institui-
""" doras de novo padro monetrio so de aplicao imediata, haja vista a necessi-
dade de reequilibrar-se a relao jurdica anteriormente estabelecida.(... )
STF. 1 Turma. RE 289912 AgR, Rei. Min. Luiz Fux,julgado em 18/12/2012.
Origem
A ideia de que pode existir um Estado de Coisas Inconstitucional e que a Suprema
Corte do pas pode atuar para corrigir essa situao surgiu na Corte Constitucional
da Colmbia, em 1997, com a chamada "Sentencia de Unificacin (SU}". Foi a que
primeiro se utilizou essa expresso.
Medidas requeridas na ao
Na ao, pede-se que o STF reconhea a existncia do "Estado de Coisas Inconstitu-
cional" e que ele expea as seguintes ordens para tentar resolver a situao:
O STF deveria obrigar que os juzes e tribunais do pas:
a) quando fossem decretar ou manter prises provisrias, fundamentassem essa
deciso dizendo expressamente o motivo pelo qual esto aplicando a priso e
no uma das medidas cautelares alternativas prevista5 no art. 319 do CPP;
b) implementassem, no prazo mximo de go dias, as audincias de custdia (sobre
as audincias de custdia, leia o lnfo 795 STF);
c) quando fossem impor cautelares penais, aplicar pen3 ou decidir algo na exe-
cuo penal, levassem em considerao, de forma expressa e fundamentada, o
quadro dramtico do sistema penitencirio brasileiro;
d) estabelecessem, quando possvel, penas alternativas priso;
e) abrandassem os requisitos temporais necessrios par3 que o preso goze de be-
nefcios e direitos, como a progresso de regime, o litramento condicional e a
suspenso condicional da pena, quando ficar demonstrado que as condies de
cumprimento da pena esto, na prtica, mais severas do que as previstas na lei
em virtude do quadro do sistema carcerrio; e
f) abatessemo tempo de priso, se constatado que as condies de efetivo cumpri-
mento so, na prtica, mais severas do que as previstas na lei. Isso seria uma forma
de "compensar" o fato de o Poder Pblico estar cometendo um ilcito estatal.
O STF deveria obrigar que o CNJ:
g) coordenasse um mutiro carcerrio a fim de revisar todos os processos de execu-
o penalem curso no Pas que envolvam a aplicao de pena privativa de liberdade,
visando a adequ-los s medidas pleiteadas nas alneas "e" e "f" acima expostas.
Resumindo:
Risco de os servios prestados pelo SUS piorarem como forma de forar o pagamento
extra pelos pacientes
Se fosse permitida a diferena de classes, t-averia o risco de os hospitais piorarem
as condies das enfermarias e das estruturas hospitalares, de maneira a constran-
ger os indivduos a procurarem por condies mas dignas, ainda que pagas. Alm
disso, no se pode eliminar a possibilidade de ocorrer superdimensionamento dos
preos das acomodaes superiores, de forma a qJe os usurios do Sistema nico
de Sade arquem integralmente com os custos do tratamento. Em outras palavras,
o pagamento dessa "diferena" seria to atto que, na verdade, o paciente estaria
pagando otratamentotodo e o hospital rec-=bendo duas vezes (uma do SUS e outra
dessa "diferena").
te tese, que vale de forma ampla para todos os casos envolvendo diferena de classe: t;;
z
8
constitucional a regra que veda, no mbito do Sistema nico de Sade- SUS,
a internao em acomodaes superiores, bem como o atendimento diferen-
ciado por mdico do prprio SUS, ou por mdico conveniado, mediante o paga-
mento da diferena dos valores correspondentes.
STF. Plenrio. RE581488/RS, Rei. Min. Dias Toffoli,julgado em 3/12/2015 (repercusso geral}
{lnfo 810}.
2 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
2.1 CUMULACO DE ADI COM ADC
Imagine a seguinte situao hipottica:
Foi editada uma lei contendo diversos artigos. Um dos legitimados para a ADI {ex.:
o Conselho Federal da OAB), examinando o diploma, entendeu que o art. XX da lei
inconstitucional. Por outro lado, este mesmo legitimado considera que o art. YY
constitucional e importante para o ordenamento jurdico, mas que, apesar disso,
ele tem sido desrespeitado por juzes e Tribunais.
Exemplo concreto:
A Associao dos Magistrados Brasileiros (AMB) ajuizou a ADI 5316 contra a EC
88/2015 formulando dois pedidos principais:
A declarao de inconstitucionalidade da expresso "nas condies do art. 52 da
Constituio Federal" contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC 88/2015
(pedido tpico de ADI); e
A declarao de constitucionalidade da exigncia de lei complementar para que a
aposentadoria compulsria aos 75 anos fosse estendida para juzes e Desembar-
gadores, nos termos do inciso li do 1 do art. 40 da CF/88 e do art. 100 do ADCT,
com redao dada pela EC 88/2015 (pedido tpico de ADC).
Essa ao poderia ter sido proposta? O STF poder, nesta segunda ao, declarar a lei
materialmente inconstitucional?
SIM.
Exemplo concreto:
A Resoluo 22.610/2007 do TSE foi objeto de ADI proposta por um partido poltico.
Nesta ao, questionou-se apenas a constitucionalidade formal do ato normativo.
No se impugnou seu aspecto material. Tal ADI foi julgada improcedente, de sorte
que o STF declarou que o ato formalmente constitucional (ADI 3999,julgado em
12111/2008).
Alguns anos mais tarde, o PGR ajuizou nova ADI contra a Resoluo 22.610/2007,
mas desta vez questionando somente aspectos materiais, ou seja, afirmando que h
dispositivos na Resoluo que so materialmente inconstitucionais, tendo essa in-
constitucionalidade sido reconhecida pelo STF (ADI 5081/DF,julgado em 27/5/2015).
A deciso do STF Jaz com que a sentena que foi proferida contra Joo seja conside-
rada automaticamente rescindida?
NO.
Eficcia normativo
Quando o STF, no controle concentrado de constitucionalidade (A DI ou ADC), decide
que determinada lei constitucional ou inconstitucional, ele gera a consequncia
que se pode denominar de eficcia normativa, que significa manter ou excluir (de-
clarar nula) a referida norma do ordenamento jurdico.
Observao:
Em seu voto, o Min. Teori Zavascki afirma que a soluo jurdica para o caso concre-
to seria propor uma ao rescisria questionando a deciso anterior que transitou
em julgado. O "problema" dessa soluo que, se a deciso que transitou em jul-
gado estava de acordo com o entendimento ento vigente no STF, neste caso no
caber ao rescisria.
Se a sentena foi proferida com base na jurisprudncia do STF vigente poca e,
posteriormente, esse entendimento foi alterado (ou puder ser alterado), no se
pode dizer que essa deciso impugnada tenha violado literal disposio de lei. Des-
se modo, no cabe ao rescisria em face de acrdo que, poca de sua prolao,
estava em conformidade com a jurisprudncia predominante do STF.
STF. Plenrio. AR 2199/SC, red. p/ o acrdo Min. Gilmar Mendes, julgado em
23/4/2015 {lnfo 782).
Logo, a soluo dada pelo Min. Teori Zavascki s ir ter realmente sentido se, na
poca em que transitou em julgado, o STF ainda no houvesse se posicionado sobre
o tema. Essa mais uma das polmicas envolvendo a smula 343-STF. Para maiores
detalhes, veja a explicao do julgado AR 2199 no captulo de Direito Processual Civil.
O dispositivo do acrdo do STF que julgou as ADis 37'5 MCITO, 1779/PE e 849/MT
possui eficcia vinculante e erga omnes?
SIM. Logo, a deciso do STF de que so inconstitucionais esses artigos das Constitui-
es do TO, PE e MT deve ser respeitada por todos e, em caso de descumprimento,
pode-se ajuizar reclamao r o STF.
A fundamentao utilizada pelo STF ao julgar essas ADI's 3715 MCITO, 1779/PE e 849/
MT possui eficcia vinculante e erga omnes?
NO. Porque o STF no adota a teoria da transcendncia dos motivos determinantes.
O Supremo acolhe a teoria restritiva, de forma que somente o dispositivo da deci-
so produz efeito vinculante. Os motivos invocados na deciso (fundamentao)
no so vinculantes.
Assim, ainda que a Constituico dJ Cear tenha um artigo com redao idntica ao
da Constituio do Tocantins (que foi declarado inconstitucional), no se poder ajui-
zar reclamao diretamente 10 STF caso o Tribunal de Contas aplique normalmente
esse artigo da Carta cearense. Ter a que ser proposta uma nova ADI impugnando a
Constituio cearense ou ento valer-se o interessado dos instrumentos processuais
para a defesa do seu direito e a d~larao difusa de inconstitucionalidade.
Resumindo:
Existe uma presuno de que toda lei constitucional, at que se prove o contrrio.
Qual , ento, a finalidade de existir uma ao apenas para declarar que a lei cons-
titucional? Essa ao no seria desnecessria, intil?
NO. Realmente, toda lei ou ato normativ::> goza de presuno de constitucionali-
dade. Ocorre que, como existe no Brasil o contr::>le de constitucionalidade difuso,
pode acontecer de, logo aps a lei ser editada, inmeros juzes e Tribunais comea-
rem a julgar, em aes individuais, que ela inconstitucional.
Nesses casos, acaba surgindo uma grave insegurana jurdica porque enquanto al-
guns esto obedecendo a lei, outros conseguiram decises judiciais para descum-
pri-la sob o argumento de que ela inconstitucional.
Ex.: determinada lei federal institui o imposto 'X'; muitos contribuintes ingressam
na justia alegando que este tributo inconstit:Jcional; so concedidas inmeras
liminares declarando o imposto inexigvel; caber ADC pedindo que o STF declare
que a referida lei constitucional.
A ADC serve, portanto, para, em tais situaes, povocar o STF para que ele decida,
de uma vez por todas, se a lei constitucional ou no, sendo que o que for decidido
pela Corte valer para todos (erga omnes) com efeitos vinculantes.
A presuno de constitucionalidade da lei relativa. Se ADC for julgada procedente,
esta presuno torna-se absoluta (ningum mais poder question-la).
possvel que uma lei, dias aps ser editada, j seja objeto de ADC? possvel preen-
cher o requisito da "controvrsia judicial relevante" com poucos dias de vigncia do
ato normativo?
SIM. Mesmo a lei ou ato normativo possuindo pouco tempo de vigncia, j pos-
svel preencher o requisito da controvrsia judicial relevante se houver decises
julgando essa lei ou ato normativo inconstitucional.
Mas no necessrio que haja muitas decises judiciais contrrias lei ou ato nor-
mativo?
No necessariamente.
STF. Plenrio. ADI 5316 MC/DF, Rei. Min. Luiz Fux,julgado em 21/5/2015 (lnfo 786).
Lei g.868/gg:
Resumindo:
O STF, ao apreciar uma ADI, julgou que determinada lei inconstitucional. No
dia que ocorreu o julgamento, havia apenas 10 Ministros presentes. Na oportu-
nidade, discutiu-se se deveria haver ou no a modulao dos efeitos da deciso.
7 Ministros votaram a favor, mas como so necessrios, no mnimo, 8 votos, a
proposta de modulao foi rejeitada e o resultado final do julgamento foi pro-
clamado. No dia seguinte, o Ministro que estava ausente compareceu sesso
e afirmou que era favorvel modulao dos efeitos da deciso que declarou a
lei inconstitucional no dia anterior.
Diante disso, indaga-se: possvel que o Plenrio reabra a discusso sobre a mo-
dulao?
NO. Depois da proclamao do resultado final, o julgamento deve ser conside-
rado concludo e encerrado e, por isso, mostra-se invivel a sua reabertura para
discutir novamente a modulao dos efeitos da deciso proferida.
A anlise da ao direta de inconstitucionalidade realizada de maneira bifsica:
a) primeiro, o Plenrio decide se a lei constitucional ou no; e
b} em seguida, se a lei for declarada inconstitucional, discute-se a possibilidade
de modulao dos efeitos.
Uma vez encerrado o julgamento e proclamado o resultado, inclusive com avo-
tao sobre a modulao (que no foi alcanada), no h como reabrir o caso,
ficando preclusa a possibilidade de reabertura para deliberao sobre a modu-
lao dos efeitos.
STF. Plenrio. ADI 2949 QO/MG, rei. orig. Min.Joaquim Barbosa, red. p/ o acrdo Min. Marco
Aurlio, julgado em 8/4/2015 (lnfo 780).
A deciso proferida na ADI, ADC e ADPF vincula o prprio STF? Eo Poder Legislativo?
Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema:
EFICCIA SUBJETIVA DAS DECISES PROFERIDAS PELO STF EM ADI, ADC E ADPF
Ficam vinculados.
Particulares
Caso haja desrespeito, cabe reclamao.
Em tese, o Congresso Nacional pode editar uma lei em sentido contrrio ao que foi
decidido pelo STF no julgamento de uma ADI/ADC?
SIM. Conforme vimos acima, o Poder Legislativo, em sua funo tpica de legislar,
no fica vinculado aos efeitos da deciso do STF.
O STF possui, segundo a CF/88, a misso de dar a ltima palavra em termos de in-
terpretao da Constituio. Isso no significa, contudo, que o legislador no tenha
tambm a capacidade de interpretao do Texto Constitucional. O Poder Legislati-
vo tambm considerado um intrprete autntico da Constituio e, justamente
por isso, pode editar uma lei ou EC tentando superar o entendimento anterior ou
provocar um novo pronunciamento do STF a respeito de determinado tema, mes-
mo que a Corte j tenha decidido o assunto em sede de controle concentrado de
Mas se houver uma "reao legislativa'~ com toda a certeza o STF ir julgar nova
mente a nova lei inconstitucional, no verdade?
NO. Em tese, ou seja, na teoria, isso no verdade. possvel que o STF repense seu
entendimento anterior e evolua para uma nova interpretao, chegando a conclu-
so diferente daquilo que havia decidido e, assim, concorde com a nova lei editada
com o mesmo contedo da anterior.
Veja o que dizem Daniel Sarmento e Cludio Pereira de Souza Neto, citados pelo Min.
Luiz Fux em seu voto:
Mas sempre se disse que o STF possui a ltima palavra na interpretao da Cons-
tituio ...
verdade. Sempre se afirmou isso. O STF, de fato, detm a ltima palavra no que se
refere interpretao da Constituizo, imune a qualquer controle democrtico. Con-
tudo, essa afirmao vem senco rediscutida (remodelada) pelos constitucionalistas.
Entende-se atualmente que a deci~.o do STF em matria constitucional deve ser
compreendida como "ltima palavr3 provisria", nas palavras do Min. Luiz Fux.lsso
porque depois que o STF decidir, reiniciam-se as rodadas de debates entre as insti-
tuies e os demais atores da sociedade civil sobre o tema.
Resumindo:
2.8 ADPF
possvel que seja proposta ADPF contra deciso judicial mesmo que j tenha
havido trnsito em julgado?
NO. No cabe arguio de descumprimento de preceito fundamental (ADPF)
contra deciso judicial transitada em julgado. Este instituto de controle concen-
trado de constitucionalidade no tem como funo desconstituir a coisa julgada.
STF. Deciso monocrtica.ADPF 81 MC, Rei. Min.Celso de Mello, julgado em 27/1ol2015 (lnfo 810).
CONCEITO E FINALIDADE
Amicus curiae algum que, mesmo sem ser parte, chamado ou se oferece para
intervir em processo relevante,em razo de sua representatividade, com o objetivo
de apresentar ao Tribunal a sua opinio sobre o debate que est sendo travado nos
autos, fazendo com que a discusso seja amplificada e o rgo julgador possa ter
mais elementos para decidir de forma legtima.
NOMENCLATURA
Amicus curiae, em uma traduo literal do latim, significa "amigo da corte" ou "ami-
go do tribunal". Obs.: a miei curiae o plural de amicus curiae.
ORIGEM
Alguns autores afirmam que esta figura surgiu no direito processual penal ingls,
enquanto outros identificam uma origem mais remota, lembrando que havia figu-
ra assemelhada no direito romano (Marcelo Nove li no).
NATUREZA JURDICA
O amicus curiae uma forma de interveno anmala de terceiros.
PREVISO LEGAL
Existem algumas leis que preveem expressamente a participao do amicus curiae
nos seguintes processos:
--------
Nos processos que tenham por objeto matrias de compe-
tncia da Comisso de Valores Mobilirios (autarquia federal
LEI 6.385/76
que fiscaliza o mercado de aes), esta ser intimada para
(CVM) intervir, se assim desejar, como amicus curiae, oferecendo
parecer sobre o caso ou prestando esclarecimentos.
--------
Nos processos em que se discuta a aplicao da Lei 12.529/11
(infraes contra a ordem econmica), o CADE dever ser
LEI12.529/11 intimado para, querendo, intervir no feito na qualidade de
(CADE) assistente.
Obs.: j havia esta previso na Lei n 8.884/94 (antiga Lei
Antitruste).
--------
Novidade
O CPC 2015 passou a disciplinar expressamente a figura do amicus curiae, nos se-
guintes termos:
~, .
No cabvel a intervenco de amicus cu.'iae em mandado de seguranca.
'
Qual o recurso cabvel contra a deciso que admite ou inadmite o amicus curiae?
Nenhum. A deciso que admite ou inadmite a interveno do amicus curiae irre-
corrvel (art. 138 do CPC 2015).
3 COMPETNCIAS LEGISLATIVAS
3.1 COMPETNCIAS DA UNIO
CRIMES DE RESPONSABILIDADE
Smula vinculante 46-STF: A definio dos crimes de responsabilidade e o esta-
belecimento das respectivas normas de processo e julgamento so da compe-
tnCia legislativa privativa da Unio. .
STF. Plenrio. Aprovada em og/o4f2015 (lnfo 780).
LEI QUE FIXA SANES PARA QUEM EXIGE TESTE DE GRAVIDEZ NAS CON-
TRATACES
.............................................................................................................................
Imagine a seguinte situao:
O Estado de So Paulo aprovou a Lei n 10.849/2001, de iniciativa parlamentar, pre-
vendo punies a empresas privadas e a agentes pblicos que exigirem,de mulhe-
res candidatas a uma vaga de emprego/cargo, a realizao de teste de gravidez e a
apresentao de atestado de laqueadura.
Essa lei constitucional?
NO.
Inconstitucionalidade formal
A inconstitucionalidade, no caso, formal. Isso porque a competncia para legislar
sobre direito do trabalho da Unio, nos termos do art. 22, I, da CF/88.
Vale ressaltar que j existe a Lei federal n g.02g/g5, que probe a exigncia de ates-
tados de gravidez e esterilizao, e outras prticas discriminatrias, para efeitos
admissionais ou de permanncia da relao jurdica de trabalho.
Assim, como no existe omisso legislativa por parte da Unio, no poderia o Esta-
do-membro ter legislado sobre o tema.
Alm disso, haveria vcio de forma, uma vez que a lei estadual cuida de servidor p-
blico, mas ela foi proposta por um Deputado Estadual, violando a reserva privativa
do chefe do Poder Executivo (art. 61, 1,11, "c", da CF/88).
No confunda
proibido exigir, como condio paa contratao da mulher, a realizao de teste
de gravidez ou de qualquer procedimento de esterilizao. A lei estadual foi decla-
rada, contudo, inconstitucional porque tratar sobre esse tema competncia da
Unio e j existe lei federal dispondo sobre o assunto.
ENERGIA ELTRICA
Lei dispondo sobre energia eltrica
Foi editada lei em So Paulo determinando que os postes de sustentao rede
eltrica que estejam causando transtornos ou impedimentos aos proprietrios de
terrenos sero removidos, sem qualquer nus para os interessados.
Veja:
Art. 21. Compete Unio:
XII- explorar, diretamente ou mediante autorizao, concesso ou permisso:
b) os servios e instalaes de energia eltrica e o aproveitamento energtico
dos cursos de gua, em articulao com os Estados onde se situam os potenciais
hidroenergticos;
(... )
Art. 22. Compete privativamente Unio legislar sobre:
IV- guas, energia, informtica, telecomunicaes e radiodifuso;
(... )
Art. 175. Incumbe ao Poder Pblico, na forma da lei, diretamente ou sob regime
de concesso ou permisso, sempre atravs de licitao, a prestao de servi-
os pblicos.
A referida lei, ao criar para a empresa concessionria de energia eltrica obrigao
significativamente onerosa a ser prestada em hipteses de contedo vago ("que
estejam causando transtornos ou impedimentos"), para o proveito de interesses
individuais dos proprietrios de terrenos, teria se imiscudo nos termos da relao
contratual estabelecida entre o poder federal e as concessionrias que exploram o
servio de fornecimento de energia eltrica no Estado-membro.
!~~~-~-~~-~~-~-~-~~~-~- ........................................................................................ .
A competncia para legislar sobre telecomunicaes privativa da Unio, estando
prevista nos art. 21, XI e 22,IV, da CF/88 :
COMRCIO EXTERIOR
.
lei, por consequncia lgica, restringiria a entrada desses produtos no apenas no
Rio Grande do Sul, mas em todo o Pas.
Para o STF, no possvel compreender a matria como sendo de competncia con-
corrente, sob o argumento de tratar-se de legislao concernente proteo da
sade dos consumidores (art. 24, V e XII, 1 e 2).1sso porque, ainda que se trate
de questo, sob certo ponto de vista, relacionada com consumo e proteo sade,
a lei predominantemente sobre comrcio exterior.
ADI
A Confederao Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenem), contudo,
no concordou e props, no STF, uma ADI contra a iei.
Na ao, a Confenem argumentou que a Uni:) e os Estados so competentes para
legislar sobre educao (art. 24, IX, da CF/88), mas as regras gerais institudas pela
Unio so de observncia obrigatria e os Estados no podem tratar sobre o tema
de forma contrria.
Segundo defendeu a autora da ADI, a Lei esta::iL<al teria violado o art. 25 da Lei fede-
ral no 9.394/96 (LDB).
O STF concordou com a AO/ proposta? A Lei estadual violou a CF/88?
NO. Lei editada por Estado-membro que disponha sobre nmero mximo de
alunos em sala de aula na. educao infantil, fundamental e mdia, constitu-
cional e no usurpa a competncia da Unio para legislar sobre normas gerais
de educao (art. 24, IX, e 3, da CF/88).
STF. Plenrio. ADI4o6o/SC, Rei. Min. Luiz Fux,julga:lo em 25/2/2015 (lnfo 775).
Art. 25. Ser objetivo permanente das autoridades responsveis alcanar relao
adequada entre o nmero de alunos e o professor, a carga horria e as condies
materiais do estabelecimento.
Pargrafo nico. Cabe ao respectivo sistema de ensino, vista das condies
disponveis e das caractersticas regionais e locais, estabelecer parmetro para
atendimento do disposto neste artigo.
Desse modo, o Estado-membro poderia sim legislar sobre seu sistema de ensino e
essa regra de nmero mximo de alunos por sala de aula no violou nem a CF/88
nem o art. 25 da Lei n g.394/g6. Ao contrrio, a legislao estadual cumpriu o que
determina o pargrafo nico do referido art. 25.
Segundo entendeu o STF,Iimite mximo de alunos em sala de aula um tema que
no precisa ser tratado de forma idntica em todo o Brasil (no precisa ter uma uni-
formidade nacional). Logo, no matria de normas gerais da Unio, pois envolve
circunstncias peculiares, tais como: nmero de escolas colocadas disposio da
populao naquele Estado/Municpio, a oferta de vagas para o ensino fundamental
e mdio, quantitativo de crianas em idade escolar, o nmero de professores em
oferta, entre outros.
Assim, considerou-se que a Lei do Estado de Santa Catarina, ao prever nmero m-
ximo de alunos por sala de aula, apenas esmiuou o art. 25 da LDB, no avanando
sobre matria de competncia da Unio.
Durante os debates, os Ministros ressaltaram que o STF, em matria de competn-
cia legislativa, deve prestigiar (e aceitar) as leis de iniciativas regionais e locais, a
menos que ofendam norma expressa e inequvoca da Constituio. Essa diretriz se
ajusta noo de federalismo como sistema que visaria a promover o pluralismo
nas formas de organizao poltica.
33 COMPETNCIAS MUNICIPAIS
Cada cidade tem suas peculiaridades, tem seu modo de vida, umas so mais cos-
mopolitas, com estilo de vida agitado, muitos servios, turistas. Por outro lado,
existem aquelas menos urbanizadas, com costumes mais tradicionais etc. Assim, o
horrio de funcionamento dos estabelecimentos comerciais deve atender a essas
caractersticas prprias, anlise a ser feita pelo Poder Legislativo local.
Esse entendimento do STF foi reiterado inmeras vezes ao ponto de a Corte editar
um enunciado, em 2003, explicitando a concluso:
!'-...... Smula 419-STF (de 01/o6f1964):0s municpios tm competncia para regular o ho-
~ rrio do comrcio local, desde que no infrinjam leis estaduais ou federais vlidas.
Por iniciativa do Min. Ricardo Lewandowski, atual Presidente da Corte, o Plenrio
do STF tem convertido em smulas vinculantes algumas smulas "comuns" com o
objetivo de agilizar os processos e pacificar os temas. Essa smula 645 foi uma das
escolhidas e por isso sua redao foi transformada em smula vinculante.
Ressalva SV 38-STF:
Existe uma "exceo" Smula Vinculante 38: o h or rio de funcionamento dos bancos.
Segundo o STF e o STJ, as leis municipais no podem estipular o horrio de funcio-
namento dos bancos.
A competncia para definir o horrio de funcionamento das instituies financei-
ras da Unio. Isso porque esse assunto (horrio bancrio) traz consequncias di-
retas para transaes comerciais intermunicipais e interestaduais, transferncias
de valores entre pessoas em diferentes partes do pas, contratos etc., situaes que
transcendem(ultrapassam) o interesse local do Municpio. Enfim, o horrio de fun-
cionamento bancrio um assunto de interesse nacional (STF RE 118363/PR).
O STJ possui, inclusive, um enunciado que espelha esse entendimento:
APROVACO
............... PELA ALE DE SERVIDORES NOMEADOS PELO GOVERNADOR
............................................................................................................ .
Imagine o seguinte situao:
A Assembleia Legislativa do Estado de Roraima editou uma emenda Constituio
do Estado determinando ao Governador a obrigao de submeter anlise da ALE
os nomes que ele escolheu para serem nomeados como membros do TCE, Defensor
Pblico-Geral, Procurador-Geral do Estado, diretores de fundaes e autarquias e
Presidentes de sociedade de economia mista e empresas pblicas.
Mas o art. 61, 1,fala em "leis" e o ato impugnado era uma emenda constitucional...
O STF entende que, se houver uma emenda constitucional tratando sobre algum
dos assuntos listados no art. 61, 1, da CF/88, essa emenda deve ter sido proposta
pelo chefe do Poder Executivo. Assim, incabvel que os parlamentares proponham
uma emenda constitucional dispondo sobre o regime jurdico dos servidores p-
blicos, por exemplo (art. 61, 1, 11, "c"). Se isso fosse permitido, seria uma forma de
burlar a regra do art. 61, 1, da CF/88.
Em suma, "matria restrita iniciativa do Poder Executivo no pode ser regulada por
emenda constitucional de origem parlamentar" (STF. Plenrio. ADI 2.g66, Rei. Min.Joa-
quim Barbosa, julgado em o6/o4/2005).
Tudo bem. Entendi que a emenda proposta foi formalmente inconstitucional. Mas e
sob o ponto de vista material, seria possvel que as autoridades indicadas pelo Go-
vernador do Estado fossem obrigadas a se submeter aprovao da ALE?
Quanto aos dirigentes de autarquias e fundaes e quanto ao Defensor Pblico-
Geral:
Se no fosse pelo vcio formal, seria possvel que a Constituio do Estado exigis-
se que tais nomes fossem aprovados pela ALE. Isso porque a CF/88 permite que a
legislao condicione a nomeao de determinados titulares de cargos pblicos
prvia aprovao do Senado Federal, a teor do art. 52,111.
Logo, em homenagem ao princpio da simetria, essa mesma previso do art. 52
pode ser repetida na Constituio ou mesmo na legislao infraconstitucional
estadual. Nesse sentido: STF. Plenrio. ADI1949/RS, Rei. Min. Dias Toffoli,julgado
em 17 /g/2014 (lnfo 759).
Quanto ao Procurador-Geral do Estado: no. Mesmo que no houvesse inconsti-
tucionalidade formal, haveria material. Isso porque o STF possui entendimento
pacfico no sentido de que o Advogado-Geral cargo de confiana do Presidente
da Repblica, sendo de livre nomeao pelo Chefe do Poder Executivo, no preci-
sando passar por sabatina no Senado.
-~-~-~~!~~~-~-~-~~~!~~-~-~~-~~--~~-~~-~-~-~~
Alm da regra acima explicada, a Assembleia Legislativa de Roraima tambm acres-
centou na Constituio Estadual a cbrigao de que os Titulares da Universidade
Estadual de Roraima- UERR; da Companhia de guas e Esgotos de Roraima-
CAER; da Companhia Energtica de !::orai ma- CER e inmeras outras autoridades,
que no vem ao caso listar, deveriam comparecer anualmente ao Poder Legislativo,
emdatafixada poreste,paraa presentaoderelatrioa n ual deatividades desenvol-
vidas e plano de metas para o anoseguinte,asquaisdeveriam ser referendadas por
m:Jioria absoluta em turno nico e em votao secreta, e cuja rejeio implicaria o
afastamento imediato do titular do cargo (art. 33, XXXI, da CE/RR).
Inconstitucionalidade formal
..ssim como j explicado acirna, essa previso formalmente inconstituciona I, por-
que trata sobre regime jurdico de servidores pblicos e foi acrescentada por emen-
da constitucional de iniciativa parlamentar.
Inconstitucionalidade material
A obrigao acima tambm inconstitucional sob o ponto de vista material, por-
que institui um modelo de fiscalizao exacerbado, exagerado, extremo.Desse
modo, isso viola o princpio da sepa ao de Poderes.
Resumindo:
Resumindo:
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituies e leis que ado-
tarem, observados os princpios desta Constituio.
O art. 61, 1, 11, "a" e "e", da CF/88, afirma que a competncia para legislar sobre o
funcionamento da administrao pblica do chefe do Poder Executivo. Tais mat-
rias no podem nem mesmo ser tratadas na CE porque devem ser propostas pelo
chefe do Poder Executivo em leis de sua iniciativa.
At a, tudo, bem. O STF afirmou, no entanto, que isso no significa que as Constitui-
es estaduais esto inteiramente proibidas de tratarem sobre o funcionamento da
Administrao local. Isso tambm no significa que as Constituies estaduais te-
nham que sempre repetir as mesmas regras da CF/88, no podendo inovar em nada.
As Constituies estaduais podem tratar sobre o funcionamento da Administrao
estadual desde que cumpridos alguns requisitos:
as regras de reserva de iniciativa devem ser respeitadas (ex.: no pode haver vio-
lao ao art. 61, 1 da CF/88); e
o parlamento local no pode retirar do Governador alguma competncia legti-
ma que ele possua.
No caso concreto, o inciso XXIII do art. 77 da CE/RJ probe que servidor pblico esta-
dual seja designado para substituir trabalhadores de empresas privadas em greve.
Embora o preceito esteja relacionado ao funcionamento da Administrao local,
ele no invade o campo de discricionariedade poltica que a Constituio Federal
reserva, com exclusividade, iniciativa do Governador. Em outras palavras, ele no
trata diretamente de nenhuma das matrias do art. 61, 1 da CF/88. Alm disso,
essa regra no viola nenhum outro dispositivo da CF/88. Assim, essa previso no
apresenta nenhum vcio formal.
A regra imposta pela CE/RJ cobe o desvio de funo que poderia ser utilizado como
forma de frustrar o direito de greve dos trabalhadores da iniciativa privada. Dessa
Resumindo:
CE PODE PREVER QUE A LEI ORGNICA DA POLCIA CIVIL TENHA STATUS DE LEI
COMPLEMENTAR
ADI
O Governador do Estado do RJ, na poca, ajuizou ADI contra esse dispositivo afir-
mndo que ele seria inconstitucional por violar o princpio da simetria. A CF/88, ao
tratar sobre as polcias civis, no exige que as suas leis orgnicas sejam elaborados
com status de lei complementar. Logo, para o autor da ADI, a CE no poderia ter
feito essa imposio sem respaldo na Carta federal.
Constituio estadual poder prever que a Lei Orgnica da Polcia Civil daquele
estado tenha status de lei complementar.
No h nada na CF/88 que impea o constituinte estadual de exigir qurum
maior (lei complementar) para tratar sobre essa questo.
STF. Plenrio. ADI2314iRJ, reL orig. Min.Joaquim Barbosa, red. p/ o crdo fv\in. MarCo Aurlio,
julgado em 17/6/2015 (lnfo 790).
5 PODER LEGISLATIVO
5.1 PERDA DO MANDATO POR INFIDELIDADE PARTIDRIA NO SE APLICA
A CARGOS MAJORITRIOS
SISTEMAS ELEITORAIS
Sistema eleitoral o conjunto de regras e tcnicas previstas pela CF e pela lei para dis-
ciplinar a forma como os candidatos ao mandato eletivo sero escolhidos e eleitos.
No Brasil, atualmente, existem dois sistemas eleitorais:
MAJORITRIO PROPORCIONAL
O mandato eletivo fica com o candi- Terminada a votao, divide-se o total de
dato ou partido poltico que obteve a votos vlidos pelo nmero de cargos em
maioria dos votos. disputa, obtendo-se assim o quociente
Ganha o candidato mais votado, eleitoral. Ex.: na eleio para vereador houve
independentemente dos votos de 100 mil votos vlidos e eram 20 vagas. Logo,
seu partido. o quociente eleitoral ser 5 mil (1oo.ooo: 20
= s.ooo).
Obs.: existe ainda o sistema eleitoral misto, que mescla regras de ambos, com votos
distritais e votos gerais. o sistema adotado, por exemplo, na Alemanha.
Se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, decidir sair do partido poltico no
qual foi eleito, ele perder o cargo que ocupa?
Depende. O STF faz a seguinte diferena:
Se for um cargo eletivo Se for um cargo eletivo
MAJORITRIO: NO PROPORCIONAL: SIM
Aperda do mandato em razo de
mudana de partido no se aplica
aos candidatos eleitos pelo sistema
O mandato parlamentar conquistado no
majoritrio, sob pena de violao da
sistema eleitoral proporcional pertence ao
soberania popular e das escolhas
partido poltico.
feitas pelo eleitor.
Assim, se o parlamentar eleito decidir mudar
No sistema majoritrio, o candidato
de partido poltico, ele sofrer um processo
escolhido aquele que obteve mais
na Justia Eleitoral que poder resultar na
votos, no importando o quociente
perda do seu mandato. Neste processo, com
eleitoral nem o quociente partidrio.
contraditrio e ampla defesa, ser analisado
Nos pleitos dessa natureza, os elei- se havia justa causa para essa mudana.
tores votam no candidato e no no
O assunto est disciplinado na Resoluo n
seu partido poltico. Desse modo, no
22.610!2oo7 do TSE, que elenca, inclusive, as
sistema majoritrio, a imposio da
hipteses consideradas como "justa causa".
perda do mandato por infidelidade
partidria antagnica (contrria)
soberania popular.
~io que decidiu o STF no julgamento da ADI so81/DF, Rei. Min. Roberto Barroso,
julgado em.27/5/zo15 (lnfo 787)~
s.:ziMUNIDADE PARLAMENTAR
O que so as chamadas imunidades parlamentares?
Imunidades parlamentares so algumas prerrogativas conferidas pela CF/88 aos parla-
mentares para que eles possam exercer seu mandato com liberdade e independncia.
MATERIAL FORMAL
(inviolabilidade) (imunidade processual ou adjetiva)
Significa que os Deputados e Se- Podem ser de duas espcies:
nadores so inviolveis, civil e a) Em relao priso (art. 53, 2}: desde
penalmente, por quaisquer de suas a expedio do diploma, os membros do
opinies, palavras e votos (art. 53 da Congresso Nacional nao podero ser presos,
CF/88). salvo em flagrante de crime inafianvel.
Nesse caso, os autos sero remetidos dentro
de 24 horas Casa respectiva, para que, pelo
voto da maioria de seus membros, se resolva
sobre a priso.
b) Em relao ao processo (art. 53, 3}: se for
proposta e recebida denncia criminal contra
Senador ou Deputado Federal, por crime
ocorrido aps a diplomao, o STF dar cin-
cia Casa respectiva, que, por iniciativa de
partido poltico nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros, poder, at a
deciso final, sustar o andamento da ao.
~~~~~~~~~.~~~~~~~~.~p~~~~~~.~~.~.~.~~~~0.~~.E.~.~~0.~~.~~9~~~
Dec/ara~es de Senador nas redes sociais
O Senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) publicou, em suas contas no Twitter e Face-
book, as seguintes mensagens:
"Lula tem postura de bandido. E bandido frouxo! Igual poca que instigava meta-
lrgicos a protestar e ia dormir na sala do delegado Tu ma".
"Lula e sua turma foram pegos roubando a Petrobras e agora ameaa com a tropa
MST do Stdile e do Rainha para promover a baderna".
"Em vez de ir para reunies de incitaes ao dio, Lula deveria ir CP\ da Petrobras
explicar os assaltos cometidos por ele e seu governo".
Queixa-crime
O ex-Presidente Lula, por intermdio dos seus advogados, ingressou, ento, com quei-
xa-crime contra o Senador, pedindo a sua condenao por calnia, injria e difamao.
Defesa do Senador
A defesa argumentou que o parlamentar no cometeu qualquer crime com seu
comentrio, considerando estar acobertado pela imunidade material prevista no
art. 53 da CF/88:
Durante os debates, o Min. Celso de Mello afinmou que eventual abuso por parte
do Parlamentar deve ser coibido dentro da pr:ria Casa Legislativa, pelos seus pa-
res, que podero at mesmo cass-lo por quebra de decoro. O que no se pode
processar civil ou criminalmente o Vereador por suas opinies, palavras e votos no
exerccio do mandato e na circunscrio do .V\unicpio.
6 PROCESSO LEGISLATIVO
6.1 INICIATIVA DE LEI QUE DISPONHA SOBRE O REGIME JURDICO DOS
SERVIDORES PBLICOS
A CF/88 prev que compete ao Chefe do Poder Executivo a iniciativa de lei que trate
sobre os direitos e deveres dos servidores pblicos e tambm dos militares. Veja:
Art. 61. (... )
,a- So de iniciativa privativa do Presidente da Repblica as leis que:
11- disponham sobre:
c) servidores pblicos da Unio e Territrios, seu regime jurdico, provimento de
cargos, estabilidade e aposentadoria;
(...)
f) militares das Foras Armadas, seu regime jurdico, provimento de cargos, pro-
moes, estabilidade, remunerao, reforma e transferncia para a reserva.
Princpio da simetria
Segundo o princpio ou regra da simetria, o legislador constituinte estadual, ao ela-
borar as normas da Constituio estadual sobre os Poderes Executivo, Legislativo e
Judicirio e sobre as regras do pacto federativo, dever observar, em linhas gerais, o
mesmo modelo imposto pela Constituio Federal, a fim de manter a harmonia e
independncia entre eles.
Ex.: a CE no pode estabelecer que o projeto de lei para a criao de cargos na Ad-
ministrao Pblica estadual seja de iniciativa parlamentar. Tal previso violaria o
princpio da simetria, j que iria de encontro ao modelo federal imposto pelo art. 61,
la, 11, "a", da CF/88.
O princpio da simetria no est previsto de forma expressa na CF/88. Foi uma cria-
o preto ria na, ou seja, idealizado pela jurisprudncia do STF.
Alguns Ministros invocam como fundamento normativo para a sua existncia o
art. 25 da CF e o art. 11 do ADCT, que determinam aos Estados-membros a observn-
cia dos princpios da Constituio da Repblica.
Leis de iniciativa parlamentar que tratem sobre regime jurdico de servidores pbli-
cos e tambm de militares so inconstitucionais
O STF constantemente julga inconstitucionais leis de iniciativa parlamentar que
versem sobre direitos e deveres dos servidores pblicos e dos militares. Existe, nes-
sa situao, inconstitucionalidade formal subjetiva.
No caso julgado pelo STF e noticiado no Informativo 773. a Lei n 6.841/96, do Estado
de Mato Grosso, de iniciativa parlamentar, tratou sobre a indenizao por morte e
invalidez permanente dos servidores pblicos militares do referido Estado-membro.
O STF julgou a referida lei inconstitucional por ofender os arts. 2; 61, 1, 11, "c" e "f";
63, li; e 84, 111, todos da CF/88, a ensejar sua inconstitucionalidade formal.
Essa regra da iniciativa privativa do art. 61, 1, 11, "c" da CF/88 deve ser aplicada
tambm no mbito municipal?
SIM.
Os Deputados podero apresentar uma proposto de emendo constitucional trotan-
do sobre algum dos assuntos mencionados no art. 6r, J0 do CF/88?
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z
o
::J
1-
NO. O STF entende que, se houver uma emenda constitucional tratando sobre al- 5;
guma dos assuntos listados no art. 61, 1 da CF/88 essa emenda dever ter sido z
o
u
proposta pelo chefe do Poder Executivo. Assim, incabvel que os parlamentares
proponham uma emenda constitucional dispondo sobre o regime jurdico dos ser-
vidores pblicos, por exemplo (art. 61, 1,11, "c"). Se isso fosse permitido, seria uma
forma de burlar a regra do art. 61, 1 da CF/88.
Em suma, "matria restrita iniciativa do Poder Executivo no pode ser regulada
por emenda constitucional de origem parlamentar" (STF. Plenrio. ADI 2.966, Rei.
Min. Joaquim Barbosa, julgado em o6/o4/2oos). Obs.: isso tambm vale para as
matrias que sejam de iniciativa do Poder Judicirio.
Se o chefe do Executivo enviar uma PEC trotando sobre um dos temos do 1 do art.
6r do CF/88, os parlamentares podero propor emendas alterando essa proposio?
SIM, desde que:
haja pertinncia temtica (a emenda no trate sobre assunto diferente do proje-
to original); e
no acarrete aumento de despesas (art. 63,1, da CF/88).
Perceba, portanto, que incidiro as mesmas restries que haveria caso tivesse sido
proposto um projeto de lei.
Esse entendimento acima exposto vale tambm para os casos de emenda Cons-
tituio Federal?
NO. No existe iniciativa privativa (reservada) para a propositura de emendas
Constituio Federal.
Segundo o entendimento da doutrina e da maioria dos Ministros do STF, a posi-
o do Supremoque probe que emendas constitucionais tratem sobre as ma-
trias do art. 61, 1 da CF/88 s vale para emendas Constituio Estadual.
Nesse sentido: Daniel Sarmento (http:/ /www.anadef.org.br/images/o42015/Pa-
recer _Autonomia_DPU _ Daniei_Sarmento.pdf) e Pedro Lenza (http:/ /www.con-
j u r. com. br /2015-a b r- 22 I ped ro-le nza -subordina ca o-d efe n sori a-publica-s i g n ifica-
-afrontar-constituicao).
O STF est apreciando essa problemtica no julgamento da ADI 5296, ajuizada pela
Presidente da Repblica contra a EC 74/2013, que estendeu s Defensorias Pblicas
da Unio e do Distrito Federal autonomia funcional e administrativa conferida s
Defensorias Pblicas estaduais. A ADI sustenta que a referida EC, de origem par-
lamentar, teria vcio de iniciativa, pois apenas o chefe do Poder Executivo poderia
propor alterao no regime jurdico dos servidores pblicos. Assim, a EC 74/2013
seria uma burla ao art. 61, 1 da CF/88. Em outras palavras, a Presidente pede que
o entendimento adotado pelo STF na ADI2966 seja tambm aplicado ao caso para se
declarar inconstitucional a EC 74/2013-
A Min. Rosa Weber, relatora da ADI 5296, proferiu voto refutando a tese da Presi-
dente da Repblica. Segundo afirmou a Ministra, no possvel aplicar, para o Po-
der Constituinte federal, o entendimento do STF em relao ao Poder Constituinte
estadual, em relao a vcio de iniciativa. Para ela, o constituinte estadual desde
sempre decorrente do constituinte federal e, por esse motivo, cercado de limites
mais rgidos. Nas exatas palavras da Ministra:
7 TRIBUNAL DE CONTAS
7.1 NATUREZA DO TCU
O TCU poderia ter adotado tal providncia? O TCU pode anular acordos extrajudi-
ciais envolvendo a Administrao Pblica federal?
SIM.
o TCU tem legitimidade para anular acordo extrajudidal firmado entre particu-
lares e a Administrao Pblica, quan~o no homologado judicialmente~
Se o acordo tivesse sido homologado judicialmente,.9 TCU no poderia anul-lo
porque a questo j passaria a ser de mrito da deciso judicial, o que no pode
ser revisto pelo Tribunal de Contas.
Contudo, como o acordo foi apenas extrajudiial, a situao estava apens
no mbito administrativo, de sorte que o TCU tem legitimidade para anular o
ajuste celebrado.
STF. 1 Turma. MS 24379/DF, Rei. Min. Dias Toffoli,julgado em 7/4/2015 (lnfo 780).
..
!'-..... (. . )O Tribunal de Contas da Unio, em sede de tomada de contas especial, no se
-. vincula ao resultado de processo administrativo disciplinar. Independncia entre
~
z
o
'
as instncias e os objetos sobre os quais se debruam as respectivas acusaes ::J
....
nos mbitos disciplinar e de apurao de responsabilidade por dano ao errio. i=
V\
z
Precedente.( ... ) o
u
STF.1" Turma.MS 27867 AgR, Rei. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/og/2012.
Resumindo:
Desse modo, o STF reconheceJ que o TCU tem competncia para declarar a inido-
neidade de empresa privada para participar de lic"ltaes promovidas pela Admi-
nistrao Pblica.
No caso concreto, a empresa prejudicada alegou que esse art. 46 somente poderia
ser aplicado se a licitao fosse do prprio TCU, no podendo ser utilizado para con-
trataes feitas por outro rg6o. Essa argumentao foi aceita?
NO. Esse art. 46 da Lei no 8-443/92 um instrumento outorgado pelo legislador
para que o TCU realize sua misso constitucional de fiscalizao contbil, financei-
ra, oramentria, operacional e patrimonial mediante o controle externo da Admi-
nistrao Pblica federal (art. 70 da CF/88).
A empresa alegou, por fim, que o art. 46 da Lei n 8.443/92 teria sido derrogado pelo
art. 87 da Lei n 8.666/gJ.Isso correto?
NO. O art. 87,111, da Lei no 8.666/93 prev o seguinte:
Segundo entende o STF, o poder outorgado pelo legislador ao TCU, de declarar, ve-
rificada a ocorrncia de fraude comprovada licitao, a inidoneidade do licitante
frauda dor para participar, por at cinco anos, de licitao na Administrao Pblica
Federal (art. 46 da Lei no 8-443/92), no se confunde com o art. 87 da Lei das Licita-
es (art. 87), que dirigido a ::Jenas ao controle interno da Administrao Pblica e
Resumindo:
Art. 70 (... )Pargrafo nico. Prestar contas qualquer pessoa fsica ou jurdica, p-
blica ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros,
bens e valores pblicos ou pelos quais a Unio responda, ou que, em nome desta,
assuma obrigaes de natureza pecuniria.
O STF concordou com as razes invocadas no MS? O BNDES est desobrigado de for-
necer as informaes?
NO. O STF denegou (indeferiu) o mandado de segurana impetrado e determinou
que o BNDES enviasse as informaes sobre as operaes de crdito realizadas com
o grupo empresarial de carnes bovinas.
Para que a restrio seja v lida, devero ser observados os seguintes princpios:
Princpio da no retroatividade;
Princpio da proporcionalidade;
Princpio da generalidade e abstrao;
Princpio da proteo do ncleo essencial.
O pedido de Maria foi acolhido pelo STF? O TCU violou a coisa julgada?
NO.
o da eficcia da deciso acobertada pela cois11 julgada. E para essa cessao ::J
1-
n() necessria a() rescisria ou ao revisional. ;:::
Vl
z
Assim, se o TCU, ao analisar uma aposentadoria, percebe que determinada gra- o
u
tificao recebida por servidor pblico por fora de sentena transitada em jul-
gado j foi incorporada/extinta por leis posteriores, este Tribunal poder deter-
minar a sua supresso sem que isso viole a coisa julgada. Neste caso, a mudana
no estado das coisas faz com que esta coisa julgada no mais subsista.
STF. 2 Turma. MS 32435 AgR/DF, rei. orig. Min. Celso de Mello, red. p/ o acrdo, Min. Teori
Zavascki, 4/8/2015 (lnfo 793).
8 PODER EXECUTIVO
8.1 DECISO DO STF QUE DEFINIU O RITO DO PROCESSO DE IMPEACH-
MENT DA PRESIDENTE DILMA
O que so crimes de responsabilidade?
Crimes de responsabilidade so infraes poltico-administrativas praticadas por
pessoas que ocupam determinados cargos pblicos.
Caso o agente seja condenado por crime de responsabilidade, ele no receber san-
es penais (priso ou multa), mas sim sanes poltico-administrativas (perda do
cargo e inabilitao para o exerccio de funo pblica).
No que tange aos chefes do Poder Executivo, os crimes de responsabilidade esto
previstos:
Quanto ao Presidente da Repblica: no art. 85 da CF/88 e Lei n 1.079/50.
Quanto aos Governadores de Estado: na Lei n 1.079/50.
Quanto aos Prefeitos: no DL 201/67 e no art. 29-A, 2 da CF/88.
O que significa impeachment?
lmpeachment uma palavra de origem inglesa que significa "impedimento" ou
"impugnao".
Juridicamente falando, o vocbulo impeachment tem dois significados:
1) Consiste no nome dado ao processo instaurado para apurar se o Presidente da
Repblica, o Governador, o Prefeito e outras autoridades praticaram crime de respon-
sabilidade. Ex.: foi aberto o processo de impeachment da Presidente Dilma Roussef.
2) como se chama uma das sanes (punies) aplicadas ao governante que foi
condenado por crime de responsabilidade. O Presidente da Repblica que conde-
nado por crime de responsabilidade recebe duas sanes:
a) A perda do cargo (denominada de impeachment).Ex.: os Senadores aprovaram o
impeachment do ex-Presidente Fernando Collor.
b) A inabilitao para o exerccio de funes pblicas por 8 anos.
Previso do procedimento
O procedimento de impeachment do Presidente da Repblica previsto em alguns
artigos da CF/88 e tambm na Lei no 1.079/50.
A denncia contra a Presidente da Repblica foi recebida com base em qual funda-
mento? Qual o crime de responsabilidade que teria sido por ela praticado?
O Presidente da Cmara recebeu a denncia pelo fato de que a Presidente da Rep-
blica assinou, em 2015, seis decretos presidenc ais abrindo crditos suplementares
em desacordo com a lei oramentria, o que configura, em tese, os crimes deres-
ponsabilidade previstos nos itens 4 e 6 do art.10 da Lei n 1.079/50:
CAPTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A LEI ORAMENTRIA
Outro fato que fundamentou o recebimento da denncia foi a prtica das chamadas
"pedaladas fiscais", que teriam sido reiteradas em 2015, situao que se amolda, em
abstrato, no crime de responsabilidade contra lei oramentria (art. 85, VI, da CF/88).
Art. 19. Recebida a denncia, ser lida no expediente da sesso seguinte e despa-
chada a uma comisso especial eleita, da qual participem, observada a respecti-
va proporo, representantes de todos os partidos para opinar sobre a mesma.
Escolha da comisso
No dia o8!12/2015, os Deputados Federais, por meio de eleio, escolheram os Depu-
tados que iriam compor a comisso especial para analisar o pedido de impeachment.
Aqui houve duas grandes polmicas:
1) Em uma reunio com os lderes dos partidos polticos, ficou acertado que cada
lder iria designar os representantes da agremiao para compor a comisso. As
sim, haveria uma nica "chapa". Ocorre que depois que essa "chapa" foi formada, a
oposio entendeu que ela s estava contemplando Deputados ligados ao governo
e, por isso, lanou uma "chapa" avulsa, com outros nomes. Houve grande tumulto
quanto a isso, mas, ao final, a votao foi mantida e a chamada "chapa" avulsa
sagrou-se vencedora.
~~~~J~~
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) ingressou, no STF, com Arguio de Descum-
primento de Preceito Fundamental (ADPF) pedindo o reconhecimento da ilegitimi-
dade constitucional de dispositivos e interpretaes da Lei no 1.079/50.
Foram formulados, dentre outros, os seguintes pedidos principais:
Resumindo, com a deciso do STF, a Cmara ter de constituir uma nova comisso,
que ser escolhida pelo voto aberto dos Deputados, havendo, no entanto, uma cha-
pa nica com nomes indicados pelos lderes partidrios. A votao ser apenas se a
chapa nica aprovada ou no.
NOCES GERAIS
'
Responsabilidade do chefe do Poder Executivo
Os chefes do Poder Executivo (Presidente da Repblica, Governadores e Prefeitos)
podem praticar duas espcies de crime:
Art. 78. O Governador ser julgado nos crimes de responsabilidade, pela forma
que determinar a Constituio do Estado e no poder ser condenado seno a
perda do cargo, com inabilitao at cinco anos para o exerccio de qualquer fun-
o pblica, sem prejuzo da ao da justia comum.
(...)
3 Nos Estados, onde as Constituies r o determinarem o processo nos cri-
mes de responsabilidade dos Governadores, aplicar-se- o disposto nesta lei, de-
vendo, porm, o julgamento ser proferido por um tribunal composto de cinco
membros do Legislativo e de cinco desembargadores sob a presidncia do Presi-
dente do Tribunal de Justia local, que ter direito de voto no caso de empate. A
escolha desse Tribunal ser feita- a dos membros dos membros do legislativo,
mediante eleio pela Assembleia; a dos desembargadores, mediante sorteio.
NOCES GERAIS
...... ! . .............................................................................................................
Essa previso da CEISP vlida? Pode-se instituir uma regra na CE exigindo que o
candidato vaga do quinto constitucional seja antes aprovado pela ALE?
r-.JO. O STF entende que essa regra que foi inserida na Constituio de So Paulo
no vlida.
Como vimos acima, o procedimento para a escolha dos Desembargadores foi trata-
do de forma exaustiva pelo art. 94 da CF/88, no podendo o constituinte estadual
inovar e estabelecer novas etapas que no estejam expressamente previstas na
Carta Federal.
STF. Plenrio. ADI4150/SP, Rei. Min. Marco Aurlio, julgado em 2512/2015 (lnfo 775).
Art. 93 (... )
XI- nos tribunais com nmero superior a vinte e cinco julgadores, poder ser
constitudo rgo especial, com o mnimo de onze e o mximo de vinte e cinco
membros, para o exerccio das atribuies admini;trativas e jurisdicionais de-
legadas da competncia do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por
antiguidade e a outra metade por eleio pelo tribunal pleno; {Redao dada pela
Emenda Constitucional n 4s/2004)
Caso concreto
Em um caso concreto envolvendo o TJ/SP, o CNJ afirmou que, quando o rgo espe-
cial criado, todas as atribuies administrativas e jurisdicionais que eram do Pleno,
exceto a eletiva, passariam automaticamente para a corr petncia do rgo especial.
O STF no concordou com esse entendimento do CNJ e afirmou que:
93 PEC DA BENGALA
EXCEO 2: para os Ministros do STF, dos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE,
STM) e do TCU a idade da aposentadoria compulsria j foi elevada para 75
anos, mesmo sem a Lei Complementar. To logo foi publicada a EC 88/2015,
essa elevao j comeou a vigorar.
ADI
Diante disso, a Associao dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associao Nacional
dos Magistrados da Justia do Trabalho (Anamatra) e a Associao dos Juzes Federais
do Brasil (Ajufe) ingressaram, no dia o8/o5/2015, com ao direta de inconstitucio-
nalidade (ADI) contra esse trecho (nas condies do art. 52 da Constituio Federal)
previsto na parte final do art. 100 do ADCT da CF/88, acrescentado pela EC 88/2015.
As associaes argumentaram que, quanto a esse trecho, o constituinte derivado
acabou por mesclar critrios de 3cesso com critrios de continuidade ou perma-
nncia no cargo, "criando uma r,orma manifestamente violadora da garantia da
vitaliciedade da magistratura". De acordo com a ADI, a interpretao no sentido
de que "a submisso de magistrados, detentores da garantia da vitaliciedade pre-
vista no artigo 95 da Constituio Federal, a uma nova sabatina perante o Senado
Federal e a uma nova nomeao pelo presidente da Repblica afeta, diretamente,
no apenas o direito/garantia de parte dos associados das autoras- os membros
desse egrgio STF e dos tribunais superiores-, como igualmente o regular funcio-
namento do Poder Judicirio".
Assim, pediram que o STF declarasse inconstitucional a exigncia de uma nova sa-
batina e aprovao pelo Senado para que os Ministros permanecessem no cargo
at os 75 anos.
O STF apreciou a medida cautelar da ADI. O que foi decidido? Essa exigncia com-
patvel com a CF/88?
NO. Essa exigncia INCONSTITUCIONAL.
A liminar foi concedida nos termos do voto do relator da ADI, Ministro Luiz Fux,
que suspe!ldeu a aplicao da expresso "nas condies do artigo si da Consti-
tuio Federal", contida no final do art. 100 do ADCT.
Segundo entendeu o STF, essa exigncia de nova sabatina acaba "por vulnerar
as condies materiais necessrias ao exerccio imparcial e indep~ndent~ da
funo jurisdicional, ultrajando a separao de Poderes, clusula ptre~'inscrita
no artigo 6o, pargrafo 4, inciso 111, da Constitui~o Federat". Em ~bnples pa"
lavras, o STF entendeu qi.te h violao ao princpio da separao dos Poderes~
O STF afirmou que oart.100 do ADCT da CF/88 no pode ser estendido a outros
agentes pblicos at. que seja. editada a .Lei Complementar Nacional a que se
refe,l'~ o art. 40, 1, ln.ci_so 11, da CF/88;
AOtliglstratur~, d~ fato; uma carrelr~ que possui carter nacional, tellc:lo essa na-
tureza siq~re~flrmada pelo Sr~ em diversa~ oportunidades. Isso, contudo; no sig-
n!fica,ql.!etodas ahegras vlidas pra os:Ministros do STF e dos Tribunais Superio-
re~ devam seraplicadas para todos os demais magistrados de qualquer instncia.
DERRUBADA DO VETO
Em 01/12/2015, o Congresso Nacional decidiu rejeitar (derrubar) o veto, nos termos
do art. 66, 4 o da CF/88.
Como o veto no foi mantido, o projeto foi novamente enviado para a Presidente
da Repblica (art. 66, 5), que o promulgou, transformando-o na Lei Complemen-
tar n 152/2015,que iremos agora analisar.
65 anos 75 anos
Art. 2 (... ) Pargrafo nico. Aos servidores do Servio Exterior Brasileiro, regidos
pela Lei n 11-440, de 29 de dezembro de 2006, o disposto neste artigo ser aplica-
do progressivamente razo de 1 (um) ano adicional de limite para aposentadoria
compulsria ao fim de cada 2 (dois) anos, a partir da vigncia desta Lei Comple-
mentar, at o li 65 anos mite de 75 (setenta e cinco) anos previsto no caput.
Como vimos acima, o projeto que deu origem LC JS2120JS foi vetado pela Presiden-
te da Repblica em 2JhOI20JS, tendo o veto sido rejeitado e a LC JS2120JS publica-
da em 04h2/20J5. Diante disso, indaga-se: os servidores que foram obrigados a se
aposentar compulsoriamente aos 70 anos depois do veto (2JhOI20JS) e antes da LC
(o4h2/20J5) podero pedir para retornar ao servio pblico sob o argumento de que
o veto foi derrubado?
NO. A aposentadoria compulsria se perfaz no momento do implemento da idade
e o ato administrativo que formaliza a concesso meramente declaratrio. Em
outras palavras, a pessoa se aposenta compulsoriamente no dia em que completa
a idade-limite.
Some-se a isso o fato de que a rejeio de um veto no produz efeitos retroativos. A
rejeio de um veto obriga que o projeto aprovado seja promulgado, transforman-
do-se em lei. No entanto, essa lei somente passa a vigorar quando publicada. Assim,
a LC 152/2015 somente er.trou em vigor no dia 04112/2015, data de sua publicao.
Apenas neste dia foi instituda a aposentadoria compulsria aos 75 anos para os
servidores pblicos em geral.
Concluindo: o servidor que completou 70 anos no dia 0311212015 est aposentado
compulsoriamente, independentemente de qualquer outra providncia por parte
da Administrao Pblica. O ato administrativo de concesso da aposentadoria so-
mente ir declarar esse fato j ocorrido. Por outro lado, quem completou 70 anos
de idade no dia 04/12/2015 pode continuar no servio publico at atingir 75 anos.
Vamos agora ao tema mais polmico: a LC 152/2015 foi iniciada por um parlamentar
e, apesar disso, trata sobre a aposentadoria compulsria de servidores pblicos do
Poder Executivo e de membros do Poder Judicirio, do Ministrio Pblico e da De-
fensoria. Diante disso, pode-se dizer que ela violou a reserva de iniciativa privativa
do Presidente da Repblica, do Supremo Tribunal Federal e dos demais titulares dos
outros rgos autnomos (MP e Defensoria)?
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, dispor so-
bre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princpios:
(... )
VI- a aposentadoria dos magistrados e a penso de seus dependentes observa-
ro o disposto no art-40;
Vale ressaltar que, quando o STF apreciou o pedido de liminar na ADI5316 proposta
pela AMB contra a Emenda da Bengala (EC 88/2015), o Ministro Relator Luiz Fux fez
constar em seu voto expressamente esse entendimento:
Contudo, penso que no seja esse o entendimento que ir prevalecer no STF. Digo
isso por uma razo pragmtica:
To logo o PLS 274/2015 foi aprovado pelo Congresso Nacional e antes de ter sido
vetado, a imprensa noticiou que esse tema foi discutido pelos Ministros do STF em
uma sesso administrativa da Corte, tendo eles chegado concluso de que no
existiria iniciativa privativa para essa lei complementar.
"Falha o raciocnio [da mensagem de veto]. A lei complementar precisa reger a ma-
tria de maneira linear. Neste caso, regulamentou-se o artigo 40 da Constituio'~
Veja trecho da reportagem:
94 SMULA VINCULANTE
Proposta de cancelamento de SV
A Confederao Brasileira dos Traba hadores Policiais Civis- Cobrapolingressou
com um pedido no STF para cancelamento da Smula Vinculante 11 do STF, que tem
a seguinte redao:
-~-~Y,~~-~~-.1?.~~~~~~~-~~~-E..~.~-~~~--'?.~..I.~~!~lJ.~~~~--
Imagine a seguinte situao hipottica:
Determinado magistrado foi alvo de duas reclanaes disciplinares a respeito de
um mesmo fato: uma na corregedoria do TJ e outra no CNJ.
Tanto o TJ como o CNJ instauraram procedime1to para apurar a suposta infrao.
O CNJ foi informado de que a Corregedoria local estava investigando o caso, razo
pela qual sobrestou (suspendeu) a reclamao disciplinar que estava instaurada
no Conselho.
Em outubro de 2012, a Corregedoria do TJ absolveu o magistrado por falta de pro-
vas, comunicando essa deciso ao CNJ.
Em dezembro de 2013, o CNJ retirou do sobrestamento o processo disciplinar que
ali havia sido instaurado e decidiu rever a deciso da Corregedoria do TJ.
Primeira pergunta: em tese, o CNJ pode rever processos disciplinares de Juzes e mem-
bros de Tribunais julgados pelas corregedorias dos Tribunais?
SIM. Essa competncia est prevista expressamente no art. 103-B, 4, V, da CF/88.
Mandado de segurana
O Desembargador investigado impetrou mandado de segurana no STF contra o
ato do CNJ invocando, em sntese, duas teses:
1. A competncia disciplinar do CNJ subsidiria e, antes de o Conselho atuar, de-
veria ter sido dada oportunidade para que o caso fosse apurado pela Corregedo-
ria do TRF ao qual o Desembargador vinculado;
2. As diligncias determinadas pelo CNJ deveriam ter sido delegadas a um Juiz Fe-
deral, e no a um Juiz de Direito, considerando que o CNJ um rgo federal.
10 MINISTRIO PBLICO
10.1INTERVENCO DO MP NAS ACES CVEIS
ATUACO DO MP NO PROCESSO CIVIL
-~ o
Noes gerais
O Ministrio Pblico atuar na defesa da ordem jurdica, do regime democrtico
e dos interesses e direitos sociais e individuais indisponveis (art.176 do CPC 2015).
O Ministrio Pblico exercer o direito de ao em conformidade com suas atribui-
es constitucionais (art. 177 do CPC 2015).
No processo civil, o Ministrio Pblico poder atuar como:
parte (ex.: propondo uma ACP); ou
fiscal da ordem jurdica (custos legis).
Obs.: o CPC 1973 falava em "fiscal da lei"; j o CPC 2015 preferiu a expresso "fiscal
da ordem jurdica".
Prazo em dobro
O Ministrio Pblico gozar de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que
ter incio a partir de sua intimao pessoal, podendo esta ser feita por carga, re-
messa ou meio eletrnico.
No se aplica o benefcio da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo prprio para o Ministrio Pblico.
Responsabilidade
O membro do Ministrio Pblico ser civil e regressivamente responsvel quando
agir com dolo ou fraude no exerccio de suas funes (art. 181 do CPC 2015).
Art. 82. Compete ao Ministrio Art. 178.0 Ministrio Pblico ser intimado
Pblico intervir: para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir
Atentem para a redao do art. 178 do CPC 2015 porque ser exaustivamente exigi-
da em provas, especialmente o pargrafo nico.
Atuao
Nos casos de interveno como fiscal da ordem jurdica, o Ministrio Pblico:
I -ter vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do
processo;
11- poder produzir provas, requerer as medidas processuais pertinentes e recorrer.
Obs.: findo o prazo para manifestao do Ministrio Pblico sem o ofer~cimento de
parecer, o juiz requisitar os autos e dar andamento ao processo (art. 180, 1 do
CPC 2015).
O art. 82, 111, do CPC 1973 (art. 178, I, do CPC 2015) estabelece que o MP dever
intervir obrigatoriamente nas causas em que h interesse pblico. Segundo a
doutrina e jurisprudnCia, o inciso refere-se ao interesse pblico primrio.
Assim, o Ministrio Pblico no deve obrigatoriamente intervir em todas as
aes de ressarcimento ao errio prop.ostas por ~nts.pblicos.
STJ. 1 Seo. EREsp 1.151.639-GQ, Rei. Min. Benedito Gonalves,julgado em 10/g/2014 (lnfo 548).
miliar dos pais, ou de o infante se encontrar nas situaes de risco descritas no art.
g8 do Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), ou de quaisquer outros. ques-
tionamentos acerca da existncia ou eficincia da Defensoria Pblica na comarca.
STJ. 2 Seo. REsp 1.265.821-BA e REsp 1.327-471-MT, Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julgados
em 14/5/2014 (recurso repetitivo) (lnfo 541).
[-
Vara) se tiver certeza que no ir interpor recurso. Isso porque, caso aponha seu
ciente, saiba que seu prazo recursal iniciar nesta data.
Art. 176. O Ministrio Pblico atuar na defesa da ordem jurdica, do regime de-
mocrtico e dos interesses e direitos sociais e individuais indisponveis.
Art. 177- O Ministrio Pblico e>:ercer o direito de ao em conformidade com
suas atribuies constitucionais.
Art. 178. O Ministrio Pblico ser intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias,
intervir como fiscal da ordem jurdica nas hipteses previstas em lei ou na Cons-
tituio Federal e nos processo~. que envolvam:
1- interesse pblico ou social;
11- interesse de incapaz;
111-litgios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
Pargrafo nico. A participao da Fazenda Pblica no configura, por si s, hip-
tese de interveno do Ministrio Pblico.
Art. 179. Nos casos de interveno como fiscal da ordem jurdica, o Ministrio
Pblico:
I - ter vista dos autos depoi das partes, sendo intimado de todos os atos do
processo;
11- poder produzir provas, requerer as medidas processuais pertinentes e re-
correr.
Art. 180. O Ministrio Pblico gozar de prazo em dobro para manifestar-se nos
autos, que ter incio a partir d= sua intimao pessoal, nos termos do art. 183,
lo.
Viola o regime federativo impedir que o Ministrio Pblico Estadual tenha acesso
aos Tribunais Superiores, uma vez que haveria uma diferena de tratamento em
relao ao MPF, o que mitigaria sua autonomia funcional.
3. Autonomia do MPE
Est tambm relacionada ao princpio federativo, considerando que no permitir
que o Ministrio Pblico Estadual atue, no STF e STJ, nos processos de seu interesse,
significaria tolher a autonomia e liberdade de atuao do Parquet estadual.
4 MPU e MPE no so unos entre si
O Ministrio Pblico, de fa:o, uno (art. 127, 1, CF/88). No entanto, a unidade ins-
titucional princpio aplicvel apenas no mbito de cada Ministrio Pblico. No
possvel dizer, por exemplo, que entre o Ministrio Pblico estadual e o Ministrio
Pblico federal exista unicade. Desse modo, quando houver necessidade de atua-
o do Ministrio Pblico Estadual nos processos que tramitam no STF e STJ, esta
dever ocorrer por meio co seu Procurador-Geral de Justia, no suprindo isso o
fato de haver a interveno do Procurador-Geral da Repblica.
5. Os interesses defendidos pelo MPE podem, eventualmente, ser conflitantes com
osdoMPU
Poderia acontecer de os Ministrios Pblicos Estaduais deduzirem pretenso no
STF e STJ com a qual no concorde, eventualmente, a chefia do Ministrio Pblico
da Unio, o que obstaria o acesso do Parquet estadual aos Tribunais Superiores (STF
Rei. 7358/SP).
6. Paridade de armas
Fazer com que o Ministrio Pblico estadual ficasse na dependncia do que viesse a
entender o Ministrio P.Jt:lico Federal seria incompatvel, dentre outros princpios,
com o da paridade de armas, considerando que, em eventual conflito entre o MPE
e o MPU, o chefe do MPU (PGR) poderia atuar diretamente no STF, mas no o MPE
(STF Rei. 7358/SP).
Qual rgo do Ministrio Pblico participa no STF e STJ como custos legis?
MPF. importante ressaltar que a atuao do Ministrio Pblico como custos legis
no STF e STJ continua sendo feita sempre pelo Procurador-Geral da Republica ou
pelos Subprocuradores d Repblica (por delegao ou designao).
0 Ministrio Pblico do Trabalho tem legitimidade para atuar diretamente no STF e STJ?
NO. A jurisprudncia continua entendendo que o MPT no pode atuar diretamen-
te no STF e STJ. Nesse sentido: STF. Plenrio. RE 789874/DF, Rei. Min. Teori Zavascki,
julgado em 17/9/2014 (repercusso geral) (lnfo 759).
Se for necessrio, por exemplo, propor uma reclamao no STF e que seja do interes-
se do MPT, quem deve manejar essa reclamao o ProcL radar-Geral da Repblica.
O Procurador do Trabalho no pode atuar diretamente n:J STF (nem mesmo o Pro-
curador-Geral do Trabalho).
O exerccio das funes do Ministrio Pblico da Unio junto ao Supremo Tribunal
Federal cabe privativamente ao Procurador-Geral da Repblica (ou aos Subprocura-
dores por ele designados), nos termos do art. 46 da LC 75/93 (Estatuto do Ministrio
Pblico da Unio):
Assim, o MPT parte ilegtima para, em sede originria, atuar no STF e STJ, uma vez
que integra a estrutura orgnica do Ministrio Pblico da Unio, cuja atuao fun-
cional compete, em face da prpria unidade institucional, ao seu chefe, qual seja, o
Procurador-Geral da Repblica.
LC 75193:
10.10 CNMP
CNMP NO POSSUI COMPETNCIA PARA REALIZAR CONTROLE DE CONSTITU-
CIONALIDADE DE LEI
Atividade jurdica
A Constituio Federal exige, como requisito para ingresso na carreira da Magistra-
tura, do Ministrio Pblico e da Defensoria Pblica, alm da aprovao em concurso
pblico, que o bacharel em direito possua, no mnimo, trs anos de atividade jurdi-
ca (art. 93, I e art. 129, 3).
Essa exigncia foi inserida na CF/88 pela Emenda Constitucional n 4512004, acha-
mada Reforma do Judicirio.
Diante disso, indaga-se: o tempo que Joo trabalhou como tcnico judicirio po-
der ser computado como atividade jurdica?
SIM. A referncia a "trs anos de atividade jurdica", contida na CF/88, no se
limita atividade privativa de bacharel em Direito.
Em outras palavras, os trs anos de atividade jurdica no precisam ter sido
e)(ercido sem um cargo privativo de bacharel em Direito.
STF. 13 Turma. MS 27601/DF, Rei. Min. Marco Aurlio,julgado em 22/g/2015 (lnfo 8oo).
11 DEFENSORIA PBLICA
DISPENSA DE PROCURAO PARA ATUAR COMO REPRESENTANTE DO
11.1
ASSISTENTE DE ACUSACO
Exemplo adaptado:
Joo foi condenado pelo juiz em sentena proferida na prpria audincia, fato ocor-
rido dia 02/02/2015.
O Defensor Pblico responsvel por sua assistncia jurdica estava presente no ato.
Novo CPC
O CPC 2015 prev que a intimao pessoal do Defensor Pblico dever ser feita por
carga, remessa ou meio eletrnico (art. 186, 1 c/c art.183, 1).
12 ADVOCACIA PBLICA
CPC 2015
-
Art. 182. Incumbe Advocacia Pblica, na forma da lei, defender e promover
os interesses pblicos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
cpios, por meio da representao judicial, em todos os mbitos federativos,
das pessoas jurdicas de direito pblico que integram a administrao direta
e indireta.
Juros capitalizados
A capitalizao de juros, tambm chamada de anatocismo, ocorre quando os juros
so calculados sobre os prprios juros devidos.
Outras denominaes para "capitalizao de juros": "juros sobre juros", "juros com-
postos" ou "juros frugferos".
Normalmente, so verificados em contratos de financiamento bancrio.
Art. 4 proibido contar juros dos juros: esta proibio no compreende a acu-
mulao de juros vencidos aos saldos lquidos em conta corrente de ano a ano.
Impugnaes MP 2.170-36/2001
Existem, no Poder Judicirio, milhares de aes judiciais questionando a legalidade
e a constitucionalidade da MP 2.170-36/2001. As trs impugnaes principais con-
tra a referida MP so as seguintes:
Lei n 9.294/96
Com o objetivo de regulamentar esse dispositivo, foi editada a Lei n 9.294/96, que
traz algumas regras e proibies para as propagandas envolvendo bebidas alcoli-
cas e outros produtos.
Ocorre que a Lei no 9.294/96 afirmou expressamente que so consideradas "bebi-
das alcolicas, para efeitos desta Lei, as bebidas potveis com teor alcolico supe-
rior a treze graus Gay Lussac" (art. 1, pargrafo nico).
Desse modo, o legislador fez uma escolha: para bebidas com teor de lcool abaixo
de 13 GL, no h, por fora da Lei n 9.294/96, restries para a propaganda.
Com isso, ficou de fora das restries impostas pela Lei no 9.294/96 a publicidade
de cervejas e vinhos, que normalmente possuem teor alcolico abaixo de 13 GL.
PGR e ADI por omisso
O Procurador Geral da Repblica no concordou com a medida e ajuizou, em 2012,
uma ao direta de inconstitucionalidade por omisso afirmando que o Congresso
Nacional estaria em mora legislativa, considerando que deveria impor restries
propaganda de bebidas alcolicas independentemente do seu teor de lcool.
Em suma:
CURIOSIDADE
Foi exposto acima que a Lei n 9.294/96 no impe restries s propagandas de
cervejas e vinhos porque estas bebidas possuem teor alcolico inferior a 13 GL. No
entanto, talvez voc tenha pensando o seguinte: "mas eu j vi na propaganda de TV
que sempre aps o anncio da cerveja aparece a frase 'beba com moderao"'. Por
que isso acontece?
A obrigatoriedade dessa frase no foi imposta pela Lei no 9.294/96, mas sim pelo
CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentao Publicitria).
O CONAR uma organizao da sociedade civil constituda por representantes de
setores ligados propaganda e publicidade, tais como: agncias de publicidade,
anunciantes, jornais, revistas, emissoras de rdi::J e TV.
O CONAR possui um Cdigo Brasileiro de Autorregulamentao Publicitria, que no
lei (trata-se de um ato interno do CONAR), mas que, apesar disso, fonte do Direito
classificada como "costume" (art. 4 da LINDB).
As agncias de publicidade e os rgos de imprensa respeitam fielmente o Cdigo
de Autorregulamentao e, se determinado tipo de propaganda proibida pelo
CONAR, pode ter certeza que nem a agncia ir aceitar veicular e, muito menos, a
TV, rdio ou jornal.
Desse modo, a Lei n 9.294/96 no trata sobre a propaganda de cervejas e vinhos,
mas o Cdigo Brasileiro de Autorregulamento Publicitria do CONAR impe
uma srie de restries que voc v por a.
13.4 NDIOS
A quem pertencem as terras tradicionalmente ocupadas por ndios?
Pertencem Unio (art. 20, XI, da CF/88). No entanto, essas terras destinam-se
posse permanente dos ndios, cabendo-lhes o usufrL to exclusivo das riquezas do
solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
Em suma, so bens da Unio, mas para serem usadas pelos ndios. Por isso, alguns
autores classificam essas terras como sendo be:~s pblicos de uso especial.
Renitente esbulho
Como regra, vimos acima que, se os ndios no estavam na posse da rea em
osllo/1988, ela no ser considerada terra indgena (art. 231 da CF/88).
Existe, contudo, uma exceo a essa regra. Trata-se do chamado .renitente esbu-
lho, expresso cunhada pelo ex-Ministro Carlos Britto no Pet 3388, julgado em
19/03/2oo9 (Caso "Raposa Serra do Sol").
Explicando melhor: se, na poca da promulgao da CF/88, os ndios no ocupa-
vam a terra porque dela haviam sido expulsos em virtude de conflito possessrio,
considera-se que eles foram vtimas de esbulho e, assim, essa rea ser considerada
terra indgena para os fins do art. 231.
Nas palavras do Min. Teori Zavascki, "o renitente esbulho se caracteriza pelo efetivo
conflito possessrio, iniciado no passado e persistente at o marco demarcatrio
temporal da data da promulgao da Constituio de 1988, materializado por cir-
cunstncias de fato ou por controvrsia possessria judicializada".
Resumindo:
Resumindo:
O CN dever referendar
.. .RMoo:~s 1") Catstrofe ou epidemia (ratificar) a remoo que foi
realizada.
iNt>s.D~SAsfeliRAs
s pop~oGORREREM c;cNd~~~;~~t;;i~~;~
[):S.lUPOTESES: . ' 2al Interesse da soberania remoo antes que ela seja
do pas realizada.
Atividades que s podem ser exercidas nas terras indgenas com autorizao do CN
Existem duas atividades que somente podem ser exercidas em terras indgenas se
houver autorizao do Congresso Nacional:
o aproveitamento dos recursos hdricos (includos os potenciais energticos). Ex.:
hidreltrica;
a pesquisa e a lavra das riquezas minerais. Ex.: petrleo.
Nesses dois casos, para que tais atividades sejam desenvolvidas necessrio que,
antes, as comunidades afetadas sejam ouvidas e que haja autorizao do Congres-
so Nacional por meio de decreto legislativo (art. 49, XVI, da CF/88).
Se for autorizada a atividade, dever ser assegurada aos ndios uma participao
nos resultados da lavra, na forma da lei.
Demarcao das terras indgenas
Os ndios possuem direitos sobre as terras por eles ocupadas tradicionalmente. Tais
direitos decorrem da prpria Constituio e existem mesmo que as terras ainda
no estejam demarcadas. No entanto, o legislador determinou que a Unio fizesse
essa demarcao a fim de facilitar a defesa desses direitos.
A demarcao um processo administrativo realizado nos termos do Decreto
1.77stg6.
Vejamos o resumo das principais etapas do procedimento.
As terras tradicionalmente ocupadas por ndios devem ser administrativamente
demarcadas por iniciativa e sob a orientao da FUNAI.
A demarcao ser fundamentada em trabalhos desenvolvidos por antroplogo
de qualificao reconhecida, que elaborar estudo antropolgico de identificao.
Alm disso, a FUNAI designar grupo tcnico especializado (composto preferenciai-
mente por servidores da Fundao) com a finalidade de realizar estudos comple-
mentares de natureza etna-histrica, sociolgica, jurdica, cartogrfica, ambiental e
o levantamento fundirio necessrios delimitao.
Vale ressaltar que esse levantamento fundirio previsto no 1 do art. 2 do
Decreto n 1.775/96, sendo considerado imprescindvel pelo STJ, mesmo que j
O que acontece se j havia pessoas morando nas terras demarcadas? Ese essas pes-
soas possuam ttulos de propriedade registrados em cartrio?
Os no ndios devem ser retirados do local, salvo se integrarem as comunidades
indgenas locais e os prprios ndios permitirem a sua presena (ex.: um no ndio
que casado com um ndia e j more no local, fazendo parte da comunidade).
O que se est querendo dizer aqui que os no ndios no possuem o direito subjetivo
de permanecerem no local mesmo que provem que l moravam de boa-f ou mesmo
que apresentem documentos de propriedade dos imveis localizados na rea.
A CF/88 determinou que so nulos os atos que reconheam direitos de ocupao, do-
mnio (propriedade} ou a posse relacionados com imveis localizados dentro de terras
indgenas. Logo, se um no ndio possuir uma escritura pblica registrada no cartrio
de registro de imveis afirmando que ele proprietrio de um lote existente dentro
de uma terra indgena, esse registro nulo e extinto, no produzindo efeitos jurdicos.
Os no ndios que forem retirados das terras demarcadas devero ser indenizados?
NO. Em regra, os no ndios que forem retirados das terras demarcadas no tm
direito indenizao. Isso porque eles estavam ocupando terras que pertenciam
Unio. Logo, mesmo que tivessem supostos ttulos de propriedade, estes seriam
nulos porque foram expedidos em contrariedade com o art. 20, XI e art. 231 da CF/88.
Exceo: tais pessoas podero ser indenizadas pelas benfeitorias que realizaram no
local, desde que fique provado que a ocupao era de boa-f.
Se estiverem de m-f, no tero direito nem mesmo indenizao pelas benfeitorias.
A jurisprudncia concorda com essa prtica? Se uma terra indgena foi demarcada
antes da CF/88, possvel que agoro ela sejo "remarcada'~ ampliando-se a rea an-
teriormente j reconhecida?
N.O. Tanto o STF como o STJ :ondenam essa prtica.
ANTES ATUALMENTE
Art. 167- So vedados:
(... }
VI- a transposio, o remanejamento
ou a transferncia de recursos de uma
Art. 167- So vedados: categoria de programao para outra ou
(... ) de um rgo para outro, sem prvia auto-
rizao legislativa;
VI- a transposio, o remanejamento
ou a transferncia de recursos de uma (... )
categoria de programao para outra 5 Atransposio, o remanejamento ou
ou de um rgo para outro, sem prvia a transferncia de recursos de uma cate-
autorizao legislativa; goria de programao para outra podero
(... } ser admitidos, no mbito das atividades
de cincia, tecnologia e inovao, com
No havia 5. o objetivo de viabilizar os resultados de
projetos restritos a essas funes, me-
diante ato do Poder Executivo, sem neces-
sidade da prvia autorizao legislativa
prevista no inciso VI deste artigo.
ANTES ATUALMENTE
Art. 213. (... )
Art. 213- (... ) (... )
(... ) 2 As atividades de pesquisa, de exten-
so e de estmulo e fomento inovaco
2 - As atividades universitrias de
realizadas por universidades e/ou p~r
pesquisa e extenso podero receber
instituies de educao profissional e
apoio financeiro do Poder Pblico.
tecnolgica podero receber apoio finan-
ceiro do Poder Pblico.
14 EXERCCIOS
J1..lgue os itens a seguir:
Controle de constitucionalidade
1) (PGM-Macei 2012) Deciso que declara indevida a cobrana do imposto em determinado
exerccio faz coisa julgada em relao aos posteriores. Isto se d em razo da ampla aceita-
o da teoria da transcendncia dos motivos determinantes na jurisprudncia nacional. ( )
Processo legislativo
18) Viola a Constituio Federal dispositivo de Constituio estadual que preveja que proibido
que os servidores estaduais substituam trabalhadores de empresas privadas em greve. ( )
19) terminantemente proibida a apresentao de emendas parlamentares em projetos de lei
de iniciativa do chefe do Poder Executivo. ( )
2o)A iniciativa de competncia privativa do Poder Executivo no impede a apresentao de
emendas parlamentares, presente a identidade de matria e acompanhada da estimativa
de despesa e respectiva fonte de custeio. ( )
Tribunal de Contas
21) A sentena que reconhece ao trabalhador ou a servidor o direito a determinado percentual
de acrscimo remuneratrio deixa de ter eficcia a partir da superveniente incorporao
definitiva do referido percentual nos seus ganhos. ( )
Ministrio Pblico
22) O CNMP no possui competncia para realizar controle de constitucionalidade de lei. (
GABARITO
1) E; 2) C; 3) E; 4) C; 5) E; 6) E; 7) C; 8) C; 9) E; 10) E; 11) C; 12) E; 13) E; 14) C; 15) E; 16) E; 17) E; 18) E; 19)
E; 20) C; 21) C; 22) C.
1 PRINCPIOS ADMINISTRATIVOS
1.1 PRINCPIO DA MORALIDADE
- .
NORMA OUE IMPEDE NEPOTISMO NO SERVICO PBLICO NO ALCANCA SER-
VI DORES DE PROVIMENTO EFETIVO
.
A Constituio do Estado do Esprito Santo prev, em seu art. 32, VI, que "veda-
do ao servdor pblico servir sob a direo imediata de cnjuge ou parente at
segundo grau civil".
Foi proposta uma ADI contra esta norma.
O STF decidiu que essa regra ...
constitucional para os cargos de provimento em comisso, funo gratificada,
cargos de direo e assessoramento;
mas no pode ser aplicada para servidores de provimento efetivo que passa-
ram em concurso pblico.
STF. Plenrio. ADI 524/ES, rei. orig. Min. Seplveda Pertence, red. p/ o acrdo Min. Ricardo
Lewandowski,julgado em 20/5/2015 (hfo 786).
O que a CE quis foi proibir o nepotismo. Ocorre que o nepotismo significa "prote-
o", "apadrinhamento", que :lado pelo superior para um cnjuge, companheiro
ou parente seu, contratado para o cargo ou designado para a funo em virtude
desse vnculo. Isso ofende a moralidade.
Se a pessoa foi aprovada em concurso pblico e ir assumir um cargo efetivo, ela
poder assumi-lo mesmo que na direo imediata esteja seu cnjuge ou parente.
Isso porque, neste caso, este c1juge ou parente no teve influncia na contrata-
o, que se deu em virtude de aprovao em concurso pblico.
Se fssemos aplicar essa proibi~o inclusive para cargos efetivos, incorreramos em
violao ao art. 37, I e 11, da CF/88, que garante o livre acesso aos cargos, funes e
empregos pblicos aos aprovados em concurso pblico.
Princpio da publicidade
O princpio da publicidade exige que, em regra, haja ampla divulgao dos atos
praticados pela Administrao Pblica.
O princpio da publicidade existe porque vivemos em uma Repblica democrtica,
na qual o titular do poder o povo (art. 1, pargrafo nico, da CF/88). O admi-
nistrador apenas atua em nome do povo. LogJ, ele tem o dever de prestar contas
ao povo sobre todos os atos que pratica. O povo tem que controlar socialmente o
poder. Como o povo vai exercer tal controle se no sabe como o Poder Pblico est
agindo? Sem essas informaes, no se consegue controlar a coisa pblica de uma
forma adequada.
Esse princpio da publicidade tambm est relacionado eficincia na gesto das
contas pblicas, j que possibilita uma maior fiscalizao.
Exceo:
A prpria CF/88 afirma que o princpio da publicidade no absoluto e que dever
ser assegurado o sigilo se a informao a ser divulgada puder gerar riscos segu-
rana da sociedade e do Estado.
Para a Corte, a divulgao dos vencimentos dos servidores, a ser realizada oficial-
mente, constitui informao de interesse pblico que no viola a intimidade e a
segurana deles, uma vez que esses dados dizem respeito a agentes pblicos em
exerccio nessa qualidade.
O mbito de proteo da privacidade do cidado fica mitigado quando se trata de
agente pblico. O servidor pblico no pode pretender usufruir da mesma privaci-
dade que o cidado comum.
Ex.: disputa entre a Unio e o Esta- Ex.: ao proposta pelo Estado questionando
do por conta de um aluguel de um sua indevida incluso no CAUC,o que tem
imvel. gerado o fim de repasses federais.
j
ii~ ;~g;~: '"j~~g-~d; r~ i~ ~i~ t~d~;~~ ..... 5-iF. (;;t:
-~ "j~~g~d; r~i; d; c.Fi88i. ..... .
~-~~:~:.:r;
de 1 instncia.
No caso concreto, o STF entendeu que ele prprio era competente para julgar a
ao. Isso porque, alm da presena, em polos distintos, de Estado-membro e
Unio, estava em jogo a inscrio do ente local em cadastro federal de inadimpln-
cia, o que impedia a contratao de operaes de crdit::J, celebrao convnios e
recebimento de transferncias de recursos. Essa situao revela possvel abalo ao
pacto federativo, j que est mitigando (enfraquecendo; a autonomia do Estado-
-membro, a ensejar a incidncia do art. 102, I, "f", da CF/88.
Por que a ao foi proposta pelo Estado contra a Unio? No deveria ser ajuizada
contra o FNDE (autarquia federal)?
O STF entendeu que a ao deveria ser proposta contra a Unio mesmo. Isso por-
que, embora o FNDE possua personalidade jurdica prpria, cabe Unio, na quali-
dade de gestora, realizar a inscrio no CAUC e no SIAFI. Logo, antes do registro des-
sa inscrio, deve ser garantida a ampla defesa ao ente, sendo tambm da Unio a
competncia para a retirada do cadastro.
Eo que o STF decidiu quanto ao mrito? A Corte concordou com os argumentos do
Estado-membro?
SIM. O STF entendeu configurada ofensa ao devido processo legal. Para a Corte,
ficou demonstrada a ocorrncia de incndio que destruiu a documentao relacio-
nada execuo dos recursos advindos do convnio. A inscrio no cadastro federal
de inadimplncia foi feita sem que o Estado-membro tivesse pleno conhecimento
dos elementos necessrios apresentao de sua defesa.
Diante disso, o STF entendeu que seria imprprio considerar o Estado-membro
como inadimplente.
Para o Supremo, necessrio observar o devido processo legal, o contraditrio e a
ampla defesa antes que haja a inscrio de entes pblicos nos cadastros federais
de inadimplncia.
Em suma:
No caso concreto, houve violao ao princpio do devido processo legal? Para que o
Estado-membro seja includo no cadastro restritivo, necessrio o encerramento do
procedimento instaurado pelo TCU?
SIM. Viola o princpio do devido processo legal a inscrio de unidade federativa em
cadastros de inadimplentes antes de iniciada e julgada tomada de contas especial
pelo Tribunal de Contas da Unio (STF. ,. Turma. ACO 2.159-MC-REF, Rei. Min. Marco
Aurlio, DJe de 02/o6/2o14).
Em casos como esse, mostra-se necessria a tomada de contas especial e sua res-
pectiva concluso, a fim de reconhecer se houve realmente irregularidades. S a
2 RESPONSABILIDADE CIVIL
-Determinad pessoa foi presa e torturada por policiais. Foi instaurado inqurito
policial para apurar o ocorrido.
Qual ser o termo de incio da prescrio da ao de indeniza.o por danos
morais?
Se tiver sido ajuizada ao.penal contra os autores do crime: o termo inicial da
prescrio .ser o trnsito em julgado da sentena penal .
. Se o inqurito policial tiv~i' ~ido arquivado (no foi ajuizada a~ penal): o
... 'trmo .lriicil da prestri daab de Indenizao adt~ttctarqpivm~nto
dJP. . . ... . . . . . ... . '-
:;~tJ.~ Jrma. REsp ~.443.038 7 MS, Rei. Mini~tro Humberto Martins, julg<ldc{ern ;;w~~15
}(fnfo 556). . ' . " '
Tese da Unio
A AGU contestou o pedido afirmando que a Unio parte ilegtima para figurar
na ao indenizatria relacionada falha de atendimento mdico, pois, apesar de
ser a gestora nacional do Sistema nico de Sade, a funo de fiscalizar e contro-
lar os servios de sade delegada aos Municpios, nos termos do art. 18 da Lei
n 8.080/90.
Assim, nos termos do art. 18, X, da Lei n 8.o8o/go, compete ao Municpio celebrar
contratos e convnios com entidades prestadoras de servios privados de sade,
bem como controlar e avaliar a respectiva execuo.
No se deve confundir a obrigao solidria dos entes federativos em assegurar o
direito sade e garantir o acesso universal e igualitrio s aes e servios para
sua promoo, proteo e recuperao, com a responsabilidade civil do Estado pe-
los danos causados a terceiros. No caso desta ltima, o interessado busca uma re-
parao econmica pelos prejuzos sofridos, de modo que a obrigao de indenizar
se sujeita comprovao da conduta, do dano e do respectivo nexo de causalidade.
Dessa forma, no h qualquer elemento que autorize a responsabilizao da Unio,
seja porque a conduta no foi por ela praticada, seja em razo da impossibilidade
de aferir-se a existncia de culpa in eligendo ou culpa in vigilando.
Qual o fundamento para esse prazo de s anos? Seria o Decreto 20.91011932, que
dispe sobre a prescrio contra a Fazenda Pblica?
NO. O fundamento legal para o prazo de 5 anos o art. 1-C da Lei no 9-494/97,
que se encontra em vigor e que norma especial em relao ao art. 206, 3, V, do
Cdigo Civil. Veja o que diz o dispositivo:
Art. 27- Prescreve em 5 (cinco anos) a pretenso reparao pelos danos causa-
dos por fato do produto ou do servio prevista na Seo 11 deste Captulo, inician-
do-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
Em suma:
I ' . '
Art. 203. A assistncia social ser prestada a quem dela necessitar, independen-
temente de contribuio seguridade social, e tem por objetivos:
Art.195 (...)
5- Nenhum benefcio ou servio da seguridade social poder ser criado, ma-
jorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
3 LICITAES
3.1 PREFERNCIA POR "SOFTWARES" LIVRES
"Software" livre x "Software" proprietrio
Em linhas gerais, "software" o nome que se d aos programas que comandam o
funcionamento de um computador.
"Software" proprietrio (tambm chamado de fechado ou privativo) aquele que
licenciado com direitos exclusivos para o seu produtor. Seu uso, redistribuio ou
modificao proibido, ou requer uma autorizao do produtor. Os "softwares"
proprietrios (tambm conhecidos como fechados) somente podem ser usados
pelo seu destinatrio.
Os "softwares" livres, por sua vez, que tambm so chamados de abertos, alm
de poderem ser livremente utilizados, podem tambm ser copiados, alterados e
redistribudos para outros usurios. Ex.: o Governo compra determinado "softwa-
re" livre para ser usado na Secretaria de Sade, o que significa que tal programa
poder ser instalado em todas as mquinas deste rgo e tambm em outras S-
cretarias, por exemplo.
ADI
Determinado partido poltico ajuizou uma ADI contra essa lei, argumentando que
ela seria eivada de inconstitucionalidades materiais e formais.
Segundo o autor, a lei violaria os princpios da impessoalidade, eficincia e econo-
micidade. Alm disso, seria formalmente inconstitucional, porque a competncia
para legislar sobre licitaes e contratos seria privativa da Unio (art. 22, XXVII,
da CF/88), bem como pelo fato de o projeto que deu origem lei ter sido apre-
sentado por um parlamentar (e no pelo Governador), o que afrontaria o art. 61,
1 da CF/88.
O STF concordou com a ADI? A referida lei inconstitucional?
NO.
Prego eletrnico
Atualmente, muito comum que a Administraco Pblica realize o prego de for-
ma eletrnica, por meio da internet (art. 2, 2).
Fases
O prego composto de duas fases:
1) fase preparatria (art. 3);
2) fase externa (art. 4).
Fase preparatria
Essa fase ocorre internamente, ou seja, dentro do rgo ou entidade.
A autoridade competente (ex.: diretor administrativo do rgo) justificar a ne-
cessidade de contratao e ::lefinir o objeto co certame (o que ser adquirido),
as exigncias de habilitao, os critrios de aceitao das propostas, as sanes
por inadimplemento e as clusulas do contrato, inclusive com fixao dos prazos
para fornecimento.
A definio do objeto dever ser precisa, suficiente e clara, vedadas especifica-
es que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessrias, limitem a competio.
A autoridade competente designar, dentre os s=rvidores do rgo ou entidade,
uma pessoa que ser o "pregoeiro" e tambm uma equipe de apoio. Eles ficaro
responsveis por receber, analisar e classificar 3S propostas e os lances, entre ou-
tras atividades necessrias licitao, como a habilitao e adjudicao.
A equipe de apoio dever ser integrada em sua rraioria por servidores ocupantes
de cargo efetivo ou emprego da administrao, preferencialmente pertencentes
ao quadro permanente do rgo ou entidade prcmotora do evento.
Fase externa
Inicia-se com a convocao das pessoas inter=ssadas em participar do prego.
Essa convocao ser feita por meio de publcao de aviso em dirio oficial
ou, no existindo, em jornal de circulao local Poder ser tambm realizad3
CONDUTAS PUNIO
O licitante que for convocado dentro O licitante que cometer uma das condutas
do prazo de validade de sua proposta e: previstas no quadro anterior estar sujeito
no celebrar o contrato, s seguintes sanes administrativas:
deixar de entregar a documentao, ficar impedido de licitar e contratar
apresentar documentao falsa, com a Unio, Estados, Distrito Federal
retardar a execuo do ~ue foi con- ou Municpios;
tratado, ser descredenciado no Sicaf, ou
no mantiver a proposta, nos sistemas de cadastramento de
falhar ou fraudar na execuo do fornecedores;
contrato, pagar multa prevista no edital ou
comportar-se de modo inidneo, ou contrato.
cometer fraude fiscal. Prazo da punio: at 5 anos.
Esse prazo de s anos (ou menos) de punio comea a ser contado quando? Inicia-se
com a publicao da deciso no Dirio Oficial ou somente no dia em que feito ore-
gistro negativo sobre a empresa no SICAF? Isso importante porque a insero dessa
informao no SICAF pode demorar um tempo para acontecer. Qual , portanto, o
termo inicial da sano?
A data da publicao no Dirio Oficial.
4 CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
4.1 RESPONSABILIZAO TRABALHISTA SUBSIDIRIA PELO INADIMPLE-
MENTO DO CONTRATADO
Imagine a seguinte situao hipottica:
A Unio possui um contrato com a empresa privada "XXX Vigilncia Ltda.".
Por meio deste contrato, a empresa, com seus funcionrios, obrigou-se a fazer a
vigilncia armada do prdio onde funciona o rgo pblico federal, recebendo, em
contraprestao, R$ 200 mil .mensais.
Desse modo, a Unio terceirizou os servios de vigilncia, algo extremamente co-
mum na administrao pblica federal, sendo, inclusive, uma recomendao ex-
pressa no Decreto n 2.271/97:
5 DESAPROPRIAO
5.1 MP 700/zo15
Foi publicada no dia o8!12/2015 a Medida Provisria 700/2015, que promove impor-
tantes modificaes na legislao sobre desa:nopriao e registros pblicos.
Como ainda se trata de medida provisria que poder ser alterada ou mesmo rejei-
tada no Congresso Nacional, no farei comentrios sobre o tema aqui.
Publiquei um artigo no site tratando sobre o assunto e, to logo, a MP seja votada,
irei atualiz-lo. Fique atento.
O que a chamada "verdade sabida"? Esta ainda aceita pelo ordenamento jur-
dico brasileiro?
A verdade sabida era uma forma de punio do servidor pblico.
A punio do servidor por meio da chamada "verdade sabida" no pode mais ser
realizada, considerando que viola a garantia do devido processo legal, em especial
o contraditrio e a ampla defesa, sendo portanto incompatvel com a CF/88.
Veja como o tema j foi cobrado em prova:
(Juiz TJSP 2014 banca prpria) 'J::\ ;servidor pblico de determinada serventia judicial,
foi surpreendido pelo magistrado titular da Vara onde trabalha, cometendo falta dis-
ciplinar grave. Utilizando-se do instituto da verdade sabida, o referido magistrado
aplicou ao servidor~; de imediato, a penalidade de suspenso de suas funes. O
procedimento foi incorreto, pois o instituto da verdade sabida no foi recepcionado
pelo ordenamento jurdico vigente, impondo-se a observncia do contraditrio e da
ampla defesa. (alternativa CERTA)
possvel a instaurao de processo administrativo com base em "denncia annima"?
SIM. Segundo o STJ, no h ilegalidade na instaurao de processo administrativo
com fundamento em denncia annima, por conta do poder-dever de autotutela
imposto Administrao e, por via de consequncia, ao administrador pblico (STJ.
2" Turma. AgRg no REsp 1307503/RR, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em o6/o8/2013).
6.2 SINDICNCIA
A sindicncia instaurada, inicialmente, para servir como uma espcie de investi-
gao prvia do fato. Nesse caso, ela chamada de sindicncia investigatria ou
preparatria.
Art. 146. Sempre que o ilcito praticado pelo servidor ensejar a imposio de pe-
nalidade de suspenso por mais de 30 (trinta) dias, de demisso, cassao de
aposentadoria ou disponibilidade, ou destituio de cargo em comisso, ser
obrigatria a instaurao de processo disciplinar.
INSTAURACO
............................................................................................................................
COMISSO PROCESSANTE
O art. 149 prev o seguinte:
Art. 149. O processo disciplinar ser conduzido por comisso composta de trs
servidores estveis designados pela autoridade competente, observado o dis-
posto no 3 do art. 143, que indicar, dentre eles, o seu presidente, que dever
ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nvel, ou ter nvel de escola-
ridade igual ou superior ao do indiciado.
Finalidade da comisso
A funo precpua da comisso a apurao dos fatos, concluindo pela inocncia
ou responsabilidade do servidor (art. 165).
Demais membros
Os demais membros da Comisso no precisam ocupar cargo efetivo superior e
podem ter nvel de escolaridade mais baixo que o do indiciado.
O nico requisito para ser membro (no presidente) da Comisso ser servidor
estvel.
Essa estabilidade deve ser no cargo atual que o servidor ocupa ou pode ser a estabi-
lidade no servio pblico?
necessrio que os membros da comisso sejam estveis no servio pblico, mes-
mo que ainda no tenham adquirido a estabilidade no cargo atual que ocupam.
A estabilidade exigida no art. 149 acima mencionado deve ser aferida no servio
pblico, no no cargo. Logo, no nulo o processo administrativo disciplinar- PAD
conduzido por servidores que no possuam estabilidade no atual cargo que ocu-
pam, desde que j tenham adquirido a estabilidade no servio pblico.
Em um caso concreto julgado pelo STJ, um dos membros da comisso processante
ainda se encontrava em estgio probatrio relativo ao cargo de Auditor Fiscal, mas,
em virtude de j ter ocupado outro cargo por cerca de dez anos (Tcnico da Receita
Federal), j era estvel no servio pblico.
INQURITO ADMINISTRATIVO
'!"'! ..
Ex.: a Polcia Federal, por meio de interceptao judicial deferida pelo juzo cri-
minal, conseguiu captar conversa na qual determinado servidor pblico exige
quantia para praticar certo ato relacionado com suas atribuies. Com base nessa
prova e em outras constantes do inqurito, o MPF oferece denncia contra esse
servidor. A Administrao Pblica, por sua vez, instaura processo administrativo
disciplinar.
Defesa: o servidor processado possui ampla defesa, podendo, por exemplo, contra-
ditar as testemunhas, ter acesso e impugnar documentos, apresentar quesitos a
serem respondidos pelos peritos etc.
Ateno. O acusado pode ser acompanhado por advogado se assim desejar. No en-
tanto, no obrigatrio que o processado tenha a assistncia jurdica. Logo, caso
no tenha sido auxiliado por advogado, tal circunstncia, por si s, no gera a nuli-
dade do PAD. Nesse sentido:
3) Depois do servidor j ter sido punido, possvel que a Administrao, com base na
autotutela, anule a sano anteriormente cominada e aplique uma nova penalida-
de mais gravosa?
NO. A deciso administrativa que pe fim ao processo administrativo, semelhan-
a do que ocorre no mbito jurisdicional, possui a caracterstica de ser definitiva.
Art. 174. O processo disciplinar poder ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou
de ofcio, quando se aduzirem fatos novos ou circunstncias suscetveis de justi-
ficar a inocncia do punido ou a inadequao da penalidade aplicada.
Deve ficar claro, porm, que a reviso da reprimenda somente ser cabvel quando
favorecer o acusado:
Art. 182. Julgada procedente a reviso, ser declarada sem efeito a penalidade
aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em relao
destituio do cargo em comisso, que ser convertida em exonerao.
4) Intimao do processado
Em processo administrativo disciplinar vlida a intimao realizada mediante
remessa de telegrama para o servidor pblico sendo que o AR foi recebido por
terceiro?
SIM. STJ.1" Seo. EDcl no MS 17.873/DF, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julga-
do em 28/o8f2o13.
NO. STJ. 3" Seo. MS 14.016-DF, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
em 29/2/2012.
Sob o aspecto penal: "A" pode responder pelo crime de peculato desvio (art. 312, 2
parte, do CP).
Sob o aspecto administrativo: "A" pode ser condenado por improbidade adminis-
trativa (art. 9, da Lei n 8-429/92).
Vamos nos concentrar aqui no aspecto administrativo.
Resumindo:
Os prazos de prescrio para a ao disciplinar so os seguintes:
STJ.1 3 Turma. REsp 1.116.477-DF, ReLMin.Teori Albino Zavascki,julgado em 16/8/2012 (lnfo 502).
Art.170
A Lei n 8.112/go prev a seguinte regra:
-
cometimento dessa falta.
~ (... ) luz do disposto no art.12 da Lei 8-429/90 e nos arts. 37, 4 e 41 da CF/88,
'""' as sanes disciplinares previstas na Lei 8.112/90 so independentes em relao
s penalidades previstas na LIA, da porque no h necessidade de aguardar-se
o trnsito em julgado da ao por improbidade administrativa para que seja
editado o ato de demisso com base no art. 132, IV, do Estatuto do Servidor Pbli-
co Federal. Precedente do STF: RMS 24.194/DF, Rei. Min. Luiz Fux, Primeira Turma,
DJe 7/lo/2011. (...) (STJ. 1 Seo. MS 15.848/DF, Rei. Min. Castro Meira, julgado em
24/04/2013)
A Administrao Pblica poderia ter feito isso? possvel que a sano aplicada seja
desde logo executada mesmo que ainda esteja pendente recurso interposto no m-
bito administrativo?
SIM.
Argumentos:
:
0
) Os atos administrativos gozam de autoexecutoriedade, possibilitando que a
Administrao Pblica realize, atravs de meios prprios, a execuo dos seus
efeitos materiais, independentemente de autorizao judicial ou do trnsito
em julgado da deciso administrativa.
2) A execuo dos efeitos materiais de penalidade imposta ao servidor pblico
(ex.: corte da remunerao) no depende do julgamento de recurso interposto
na esfera administrativa, j que este, em regra, no possui efeito suspensivo,
conforme previsto no art. 109 da Lei n 8.112/go:
Art. 109. O recurso poder ser recebido com efeito suspensivo, a juzo da autori-
dade competente.
7CONCURSOSPBLICOS
7.1 EXAME PSICOTCNICO
Princpio da legalidade
O fundamento principal da smula o princpio da legalidade, aplicvel aos con-
cursos pblicos, nos termos do art. 37.1 da CF/88. Confira:
Art. 37- A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da
Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia e, tambm,
ao seguinte:
I -os cargos, empregos e funes pblicas so acessveis aos brasileiros que
preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
forma da lei;
O mencionado art. 37,1 afirma claramente que os requisitos de acesso a cargos. em-
pregos e funes sejam previstos em lei. Assim, as exigncias contidas no edit31 do
concurso pblico devem ter previso na lei. Em outras palavras, o edital no pode
fixar exigncias que no tenham amparo legal.
Nesse sentido: STF. Plenrio. AI 758.533-QO-RG, Rei. Min. Gilmar Mendes, DJe de
13/8/2010; STJ. 2" Turma. AgRg no REsp 1404261/DF, Rei. Min. Mauro Campbell Mar-
ques, julgado em 11/02/2014.
Resumindo:
A pessoa que possui audio em apenas um dos ouvidos (surdez unilateral} pode ser
considerado deficiente poro fins de reservo de vogo em concurso pblico?
NO. Segundo a jurisprudncia do STJ,candidato em concurso pblico com surdez uni-
I.:Jteral NO tem direito a participar do certame na qualidade de deficiente auditivo.
Porqu?
o Decreto no pg8/gg regulamentou a Lei n 7.853/Sg, que dispe sobre a Poltica
Nacional para a Integrao da Pe:;soa Portadora de Deficincia. Em seu art. 4, o
Decreto assim define a deficincia auditiva:
A pessoa que possui viso em apenas um dos olhos (viso monoculor) pode ser con-
siderada deficiente para fins de reserva de vaga em concurso pblico?
SIM. Existe um enunciado do STJ espelhando essa concluso:
!---... Smula 377-STJ: O portador de viso monocular tem direito de concorrer, em con-
~ curso pblico, s vagas reservadas aos deficientes.
Esse tambm o entendimento co STF: RMS 26071, Rei. Min. Carlos Britto, julgado
em 1311112007.
Em suma:
________ ..........................................................................................
SURDEZ
NO considerada deficincia para fins de concurso pblico.
UNILATERAL
--------
CEGUEIRA
considerada deficincia para fins de concurso pblico.
________
UNILATERAL
......................................................................................... .
Obs.: alguns Ministros, como Luiz Fux, fizeram algumas observaes quanto pos-
sibilidade, em tese, de o Poder Judicir'1o examin 3r o mrito das questes em caso
de situaes teratolgicas ou de flagrante ilegalidade ou inconstitucionalidade.
Contudo, essa ressalva no constou da emen:a rem da tese apresentada. Por isso,
para fins de concurso ou mesmo de prtica fo~ense, a resposta mais segura e corre-
ta a que foi exposta acima.
Situao concreta:
Determinada candidata impetrou mandado de segurana questionando trs ques-
tes da prova objetiva do 26 Concurso para Procurador da Repblica.
As questes impugnadas foram formuladas da seguinte forma: eram apresentadas
quatro afirmaes; aps essas assertivas, existiam quatro alternativas; a letra "A"
dizia: "apenas uma est correta"; letra "B": "duas esto corretas"; letra "C'': "trs
esto corretas"; letra "D": "todas esto corretas".
Veja a ntegra de uma das questes atacadas apenas para entender melhor:
88. QUANTO S AES COLETIVAS:
I. No mandado de segurana coletivo, haver interesse dos membros ou associados
sempre que houver correspondncia entre os interesses que se pretende tutelar e os
.fins institucionais da associao, sindicato ou entidade de classe;
11. Em ao civil pblica, proposta pelo Ministrio Pblico, possvel que a inconstitu-
cionalidade de determinada norma seja declarada incidentalmente, tendo em vista
o caso concreto;
111. Os direitos individuais homogneos diferem dos direitos difusos e coletivos porque
estes ltimos no tm titular individualizado, mas um grupo identificado. e sua na-
tureza indivisvel;
IV. Segundo o STF, o Ministrio Pblico tem legitimidade para propor ao civil pblica
em defesa dos direitos individuais homogneos sempre que estes, tomados em seu
conjunto, ostentem grande relevo social.
Quanto s proposies acima:
a) Apenas uma est correta;
b) Duas esto corretas:
Argumento da impetrante
Segundo a autora, essa forma de questo objetiva estaria em desacordo com
o art. 17 da Resoluo 14/2006 do CNMP, que disciplina os aspectos formais da
redao a ser conferida s questes de mltipla escolha. De acordo com a impe-
trante, no seria permitido esse tipo de pergunta na qual as assertivas devem
ser julgadas verdadeiras e falsas pelos candidatos. Veja o que dispe a Resoluo
do CNMP:
Art.n As provas escritas sero desdobradas em duas etapas, a saber:
1- prova preambular, de mltipla escolha, constando de questes objetivas, de
pronta resposta e apurao padronizada, em nmero estabelecido pelo edital,
com a finalidade de selecionar os candidatos a serem admitidos s provas pre-
vistas no inciso 11 deste artigo.
Para a candidata, essa forma de questo afrontou ainda o pargrafo nico do art.
36 da Resoluo 75 do CNJ, que, apesar de se referir a concursos da magistratura,
poderia tambm ser aplicada, por analogia, para os certames do Ministrio Pbli-
co. Confira o que estabelece a Resoluo do CNJ:
Art. 36. As questes objetivas sero agrupadas por disciplina e nos respectivos
blocos, devidamente explicitados.
Pargrafo nico. Se a questo for elaborada sob a forma de exame prvio de pro-
posies corretas ou incorretas, constar de cada uma das alternativas de res-
posta expressa referncia, em algarismos romanos, assertiva ou s assertivas
corretas, vedada qualquer resposta que no indique com preciso a resposta
considerada exata.
O STF concordou com a tese da impetrante? Essa forma de questo objetiva violou
a resoluo do CNMP?
NO. Apesar de as referidas questes apresentarem realmente uma estrutura ob-
jetiva diversa das demais perguntas normalmente cobradas em prova objetiva, isso
no significa qualquer nulidade, sendo apenas uma forma de dificultar o nvel da
prova igualmente a todos os candidatos e condizente com o objetivo de um con-
curso destinado a medir conhecimentos de vrios tipos, ou seja, no s jurdicos,
mas tambm lgicos e gramaticais.
Ademais, entendeu-se que no se poderia invocar a Resoluo 75/2009 do CNJ por-
que, embora o CNJ e o CNMP possuam estruturas semelhantes e mesma origem
constitucional, so rgos autnomos, de forma que o CNMP disciplinou o tema na
forma que entendeu melhor e no vedou esse tipo de questo.
STF. 1 Turma. MS 31323 AgR/DF, Rei. Min. Rosa Weber,julgado em 17/3/2015 (lnfo 778).
Momento da nomeao
o candidato aprovado dentro do nmero de vagas tem direito subjetivo nomea-
o, mas quem escolhe o momento de nomear a Administrao Pblica. Assim, o
candidato no pode exigir que seja imediatamente nomeado. O direito de o candi-
dato exigir a nomeao s surge quando o prazo do concurso est expirando ou j
expirou sem que ele tenl- a sido nomeado.
Se o candidato foi aprovado fora do nmero de vagas, mas durante o prazo de vali-
dade do concurso foram criados novos cargos, ele ter direito subjetivo nomeao?
Em regra, no.
O STF listou as trs hipteses nas quais existe direito subjetivo nomeao do can-
didato aprovado em concurso pblico:
1) Quando a aprovao do candidato ocorrer dentro do nmero de vagas dentro
do edital;
2) Quando houver preterio na nomeao por no observncia da ordem de clas-
sificao;
3) Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade
do certame anterior, e ocorrer a preterio de candidatos de forma arbitrria e
imotivada por parte da administrao.
Diante desse cenrio, indaga-se: Joo passa a ter direito subjetivo de ser nomeado?
SIM.
~ (...) O Plenrio desta Corte, no julgamento do RE 598.ogg/MS, Rei. Min. Gil mar
- Mendes, firmou jurisprudncia no sentido do direito subjetivo nomeao de
candidato aprovado dentro do nmero de vagas previstas no edital de concurso
pblico. Tal direito tambm se estende ao candidato aprovado fora do nmero
de vagas previstas no edital, mas que passe a figurar entre as vagas em decorrn-
cia da desistncia de candidatos classificados em colocao superior.(... ) {STE 2
Turma. ARE 675202 AgR, Rei. Min. Ricardo Lewandowski,julgado em o6/o8/2013).
Diante desse cenrio, indaga-se: Joo passa a ter direito subjetivo de ser nomeado?
SIM.
Obs.: essas duas ltimas decises explicadas do STJ (AgRg no ROMS 48.266-TO e
AgRg no RMS 41.031-PR) foram proferidas antes da deciso do STF em repercusso
geral (RE 837311/PI). Apesar de o STF no ter tratado sobre essas duas situaes jul-
gadas pelo STJ, penso que elas podem ser enquadradas na hiptese mencionada
pelo Supremo na letra c ("quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo con-
curso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterio de candidatos
de forma arbitrria e imotivada por parte da administrao nos termos acima.").
Assim, penso que o entendimento do STJ continua vlido mesmo aps a definio
das normas gerais sobre o tema pelo STF.
Estatuto do idoso
Carlos, contudo, no concordou e impetrou manda::fo de segurana alegando
que o art. 11 da Lei estadual contraria o art. 27, pargrafo nico da Lei Federal n
10.741/2003 {Estatuto do Idoso). Veja o que diz 3 Lei:
Assim, como Carlos (55 anos) mais velho que J:Jo (40 anos), pelo critrio de idade,
ele deveria ser considerado o 1 colocado.
A tese de Carlos foi aceita pelo STF? Em caso de concursos pblicos envolvendo "car-
trios" (serventias notariais e registrais), o primeiro critrio de desempate deve ser
obrigatoriamente a idade, por fora do Estatuto do Idoso?
NO.
o O Estatuto do Idoso, por ser lei geral, no se aplica como critrio de desempate,
rJ~<~qncurs() pblico d.e remo~o par~ ()Utorga de delega~o,nq~ari~l ederegis-
o
OPGR ajuizou ADI contra essa lei. Oque o STF decidiu? A Lei do SIMVE constitucional?
NO. O STF decidiu que a Lei que instituiu o SIMVE formal e materialmente in-
constitucional.
Inconstitucionalidade material
A Lei estadual n 17.882/2012, a pretexto de ter fundamento de validade na Lei n
4-735/64 (Lei do Servio Militar), instituiu uma classe de policiais temporrios, cujos
Inconstitucionalidade formal
O STF afirmou ainda que a Lei possui um vcio formal, j que viola o art. 24 da CF/88,
ao usurpar a competncia da Unio para legislar sobre o tema. Isso porque a Unio
j editou Lei prevendo a prestao voluntria de servios administrativos e de ser-
vios auxiliares de sade e de defesa civil nas Polcias Militares e nos Corpos de
Bombeiros Militares. Trata-se da Lei federal n 10.o2gl2ooo.
A Lei estadual goiana, ao tratar sobre o mesmo tema (prestao de servios vo-
luntrios) na PM e Corpo de Bombeiros, violou o que diz a Lei n 10.02g/2ooo, ao
estabelecer que os servios voluntrios poderiam ser prestados no apenas para
Resumindo:
O Estado de Gois editou uma lei criando algo que chamou de Servio de In-
teresse Militar Voluntrio Estadual (SIMVE). Esse SIMVE funcionaria, em linhas
gerais, da seguinte forma: as pessoas poderiam se alistar para trabalha.r "volun-
tariamente" como soldado na Polcia Militar ou no Corpo de Bombeiros Militar.
Haveria uma espcie de seleo (menos rigorosa que um concurso pblico) e, se
a pessoa fosse escolhida, receberia, como contraprestao pelo trabalho desem-
penhado, um subsdio, e atuaria como se fosse um soldado. Esse contrato seria
por um prazo determinado.
O STF entendeu que esse SIMVE formal e materialmente inconstitucional.
O SIMVE viola a regra do concurso pblico (art. 37, 11, da CF/88).
Alm disso, o STF afirmou ainda que a Lei estadual possui um vcio formal, j
que trata sobre prestao voluntria de servios na PM e Corpo de Bombeiros
de forma diametralmente oposta ao que estabelece a Lei federal1o.o2g/2ooo.
STF. Plenrio. ADI 5163/GO, rei. Min. Luiz Fux,julgado em 26/3/2015 (lnfos 88o e 881).
Caso uma pessoa assuma cargo ou emprego pblico sem concurso pblico (fora das
hipteses permitidas pela Constituio), qual ser a consequncia?
O 2 do art. 37 determina que:
Joo ter direito a receber todas as verbas trabalhistas que ele est pleiteando?
NO. Ele ter direito apenas a duas verbas:
VERBA FUNDAMENTO
Princpio que veda o enriquecimento sem
1) O saldo de salrio pelo nmero de
causa do Poder Pblico. Como ele trabalhou,
horas trabalhadas.
tem direito de ser ressarcido por isso.
2) Os valores referentes aos depsi-
Art. 19-A da Lei no 8.036/go.
tos do FGTS.
Em suma:
Provimento
Provimento o ato pelo qual o cargo pblico preenchido, com a designao de
seu titular (Hely Lopes Meirelles). Existem duas formas de provimento: originrio
e derivado.
Ascenso funcional
O que a SV 43 do STF probe a chamada ascenso funcional (tambm conhecida
corr.o acesso ou transposio).
A ascenso funcional a progres~o funcional do servidor pblico entre cargos de
carreiras distintas.
Ocorre quando o servidor promovido para um cargo melhor, sendo este, no entan-
to, integrante de uma carreira diferente.
A ascenso funcional era extremamente comum antes da CF/88. Quando o servi-
dor chegava ao ltimo nvel de uma carreira, ele ascendia para o primeiro nvel de
carreira diversa (e superior) sem necessidade de concurso pblico.
Ex.1: o indivduo servidor pblico e ocupa o cargo de tcnico judicirio; a lei previa
que, se ele chegasse lti'Tla classe de tcnico judicirio, poderia ser promovido
analista judicirio.
Ex.2: o agente de polcia de ltimo nvel tornava-se delegado de polcia de nvel
inicial.
Antes da CF/88, somente se exigia o concurso pblico para o ato da primeira inves-
tidura.
O STF concordou com a tese expostp na ADI? A Lei que transformou o cargo de
Comissrio de Polcia em Delegado inconstitucfoncd?
SIM. Segundo decidiu o STF, as duas leis acima explh:adas so inconstitucionais,
porque representaram burla exigncia do concurso pblico.
Para o STF, essas leis estaduais promoveram uma espcie de ascenso funcio-
nal dos Comissrios de Polcia, porque transformaram os ocupantes desses car-
gos em Delegados de Polcia sem que eles tivessem feito concurso pblico para
Delegado.
STF. Plenrio. ADI 3415/AM, Rei. Min. Teori Zavascki,julgado em 24/9/2015 (lnfo 8oo).
Resumindo:
Em regra, no possvel que a lei extinga determinado cargo e que os seus ocu-
pantes sejam aproveitados em outro cargo. Isso viola o princpio do concurso p-
blico (art. 37, 11, da CF/88);
Excepcionalmente, o STF admite essa mudana, como forma de racionalizao
administrativa, desde que fique nitidamente provado que existe uma substan-
cial correspondncia entre as caractersticas dos dois cargos, sobretudo no que
diz respeito s competncias e responsabilidades. Em outras palavras, os cargos
devem ser equivalentes.
O candidato quetoma posse em concurso p~ico por fora de deciso judicial pre-
cria assume o risco de posterior reforma desse julgado que, em razo do efeito
"ex tunc", inviabiliza a aplicao da teoria do fato consumado em tais hipteses.
STF.1" Turma. RMS 31538/DF, rei. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acrdo Min. Marco Aurlio,
julgado em 17/11/2015 (lnfo 8o8).
Epor que o STF no aplica o princpio da proteo da confiana legtima para os casos
de posse em cargo pblico por fora de medida judicial provisria posteriormente
revogada?
Porque nesses casos a nomeao e a posse no cargo ocorrem por iniciativa, provo-
cao, requerimento do prprio particular interessado e contra a vontade da Admi-
nistrao Pblica que, inclusive, contesta o pedido feito na Justia.
O servidor que teve a sua posse tornada sem efeito em virtude da revogao da de-
ciso anterior ter que devolver as verbas recebidas? Em nosso exemplo, Maria ter
que restituir a remunerao que percebeu ao longo desses anos?
NO. Isso porque a remunerao possui carter alimentar que, como regra, irre-
petvel. Alm disso, se fosse exigida a devoluo, haveria enriquecimento ilcito por
parte do Estado, considerando que o servidor trabalhou durante esse perodo.
8 SERVIDORES PBLICOS
8.1INCONSTITUCIONAL1DADE DESUBSDIOVITALCIO A EX-GOVERNADOR
Subsdio vitalcio a ex-Governador do Estado
A Constituio do Estado do Par previu, em seu art. 305, que a pessoa que tiver
exercido o cargo de Governador do Estado, em carter permanente, far jus, aps
deixar o mandato, a um subsdio mensal e vitalcio igual remunerao do cargo
de Desembargador do Tribunal de Justia.
Enfim, os ex-Governadores teriam direito de permanecer recebendo, at morrerem,
um valor mensal igual ao subsdio dos Desembargadores.
Outros precedentes
o STF j havia se manifestado sobre o tema: STF. Plenrio. ADI 3853, Rei. Min. Cr-
men Lcia, julgado em 12.'09/2007.
RECONDUCO
..........................................................................................................
O que reconduo?
A Lei n 8.112/90 prev, em seu art. 29, duas hipteses de reconduo. Confira:
PRINCPIO DA INTEGRALIDADE
J que no existe mais o integro/idade, como colculodo o valor do penso por mor-
te que ser paga?
O clculo feito com base no art. 40, 7,1, da CF/88:
Desse modo, veja que o inciso I comea falando que a penso por morte ser o valor
da totalidade dos proventos do servidor falecido, mas logo em seguida j impe
uma srie de restries. Logo, no mais existe o direito integralidade.
8) O menor sob guarda no est mais previsto como beneficirio da penso por
morte.
g) O enteado e o menor tutelado podem receber penso por morte como se fos-
sem filhos do servidor, desde que comprovem dependncia econmica.
1o) Acabou a possibilidade de ser concedida pe;,so para "pessoa designada que
viva na dependncia econmica do servidor".
11) Haver a perda da penso por morte se comprovado que o casamento ou a
unio estvel foi simulado:
Art. 229 (... ) 3 Ressalvado o disposto neste artigo, o auxlio-recluso ser ::levi-
do, nas mesmas condies da penso por morte, aos dependentes do segurado
recolhido priso.
TETO REMUNERATRIO
A CF/88 prev, em seu art. 37, XI, o chamado "teto remuneratrio", ou seja, o valor
mximo que os agentes pblicos podem receber no pas. O objetivo do constituinte
foi o de evitar que alguns agentes pblicos recebessem os chamados "supersal-
rios", que so incompatveis com o servio pblico.
Alm de um teto geral (nacional), o dispositivo constitucional prev limites espec-
ficos para o mbito dos Estados e Municpios (chamados de subtetos).
o tetogeral do servio pblico no Brasil o subsdio dos Ministros do STF que,
atualmente, est em cerca de R$ 37-476,93 mil (bruto).
Obs.: o Min. Teor i Zavascki denomina o teto remuneratrio de "teto de retribuio",
expresso que pode ser cobrada em sua prova.
Como o teto remuneratrio?
Quando o teto foi finalmente implementado na prtica (EC 4112003), o que aconte-
ceu com a remunerao das pessoas que recebiam acima do teto que foi institudo?
Essas pessoas tiveram direito adquirido de continuar recebendo acima do teto?
NO. O art. 9 da EC n 41/2003 determinou que quaisquer remuneraes ou pro-
ventos que estivessem sendo recebidos acima do teto deveriam ser imediatamen-
te reduzidos ao limite fixado, no podendo a pessoa invocar direito adquirido.
Assim, em 01/01/2004, se o servidor pblico tinha uma remunerao de R$
25.ooo,oo, por exemplo, passou a receber apenas R$ 19.115,19.
Obviamente, tal situao gerou reao das pessoas prejudicadas, que recorreram
, a_o Poder Judicirio questionando a constitucionalidade dessa previso. O que de-
. 'i:idiu o STF? Era possvel aplicar imediatamente o teto previsto na EC n 4112003,
!: ~~duzindo a remunerao de quem ganhava acima desse valor?
Eos servidores que receberam vantagens pessoais acima do teto antes dessa deciso
do STF devero devolver os valores? A Administrao Pblica poder ingressar com
aes cobrando o ressarcimento dessas quantias recebidas acima do teto a ttulo de
vantagens pessoais?
NO. O STF afirmou que os servidores no esto obrigados a restituir os valores
eventualmente recebidos em excesso e de boa-f at o dia 18/11/2015 {data da de-
ciso do STF).
ABATE-TETO
Existem determinados servidores, especialmente aposentados, que, por terem van-
tagens pessoais incorporadas em seus vencimentos (ex.: quintos), "no papel", deve-
riam receber mais do que o teto.
Ex.: Joo, Desembargador aposentado, incorporou diversas gratificaes pessoais
ao longo de sua carreira. Assim, a remunerao bruta de Joo de R$ so mil, mas
ele s receber, de fato, at o valor do teto, devendo ser ressaltado que a quantia
que superar o limite constitucional no lhe ser paga. O valor que, no momento do
pagamento, descontado da remunerao total do servidor por estar superando o
teto constitucional chamado de "abate-teto".
Diante disso, surge a seguinte dvida: se o servidor tem uma remunerao nominal
("no papel'? superior ao teto, o imposto de renda e a contribuio previdenciria inci-
diro sobre essa remunerao total ou sobre a remunerao total menos o abate-teto?
Veja com um exemplo que fica mais claro (obs.: para facilitar as contas, vou arredon-
dar os percentuais de descontos e considerar que o teto constitucional R$ 35 mil):
Vale ressaltar que, na poca, em 2010, o subsdio dos Ministros do STF era de quase
R$ 27 mil.
o teto para o funcionalismo estadual somente pode ser fixado por meio de
emenda Constituio estadual, no sendo permitido mediante lei estadual.
Alm disso, a Constituio do Estado da Bahia adotou subteto nico ( 12 do
art. 37 da CF/88) e a lei viola a sistemtica escolhida porque fixou um teto ape-
nas para os servidores do Poder Judicirio, excluindo-o para os demais Poderes.
STF. Plenrio. ADI4goo/DF, rei. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acrdo Min. Roberto Bar-
roso, julgado em 11/2/2015 (lnfo 774).
Vale ressaltar que o ndice "oficial" de inflao o IPCA (ndice Nacional de Preos
ao Consumidor Amplo), que produzido pelo IBGE (fundao federal). Desse modo,
o IPCA, por ser calculado pelo IBGE, considerado um ndice federal de correo
monetria.
Art. 37 (...)
XIII- vedada a vinculao ou equiparao de quaisquer espcies remunerat-
rias para o efeito de remunerao de pessoal do servio pblico;
Concursos
Smula menos importante para concursos pblicos.
Art. 37 (... )
(... )
X- a reviso geral da remunerao dos servidores pblicos, sem distino de n-
dices entre servidores pblicos civis e militares, far-se- sempre na mesma data;
Crtica
A smula 672-STF foi editada para resolver uma questo especfica que ocorreu h
muitos anos. A esmagadora maioria dos processos judiciais envolvendo o tema j
foram julgados. Os poucos que ainda restam poderiam ser facilmente resolvidos
mediante a aplicao da smula "comum" 672-STF. Desse modo, no havia necessi-
dade na transformao da smula 672 em vinculante. A SV 51 no serve para quase
nada porque o tema est ultrapassado e, o pior, sua edio contraria o 1 do 103-A
da CF/88 que exige "controvrsia atual":
Deve ser suspensa a execuo da deciso liminar (art. 25, 3, da Lei 8.038/1990)
proibitiva de desconto salarial dos dias de paralisao decorrentes de greve
dos professores do Estado de So Paulo, movimento pare dista que durava mais
de 6o dias, at a anlise do pedido de suspenso de segurana, sem xito nas
tentativas de acordo e sem notcia de deciso judicial sobre as relaes obri-
gacionais entre grevistas e o Estado, e que, alm disso, j havia levado ao dis-
pndio de vultosos recursos na contratao de professores substitutos, como
forma de impedir a iminente intrrupoda prestao do servio pblico edu-
cacional do Estado.
STJ. Corte Especial. AgRg na SS 2.784-SP, Rei. Min. Francisco Falco, julgado em 3/6/2015
(lnfos63).
O STJ considerou que estava provada a ocorrncia de danos aos cofres pblicos
decorrentes da possibilidade de dispndio de vultosos valores com o pagamen-
to dos dias parados, somados ao considervel montante gasto com a contratao
de professores temporrios em substituio aos servidores grevistas, de modo a
evitar a iminente interrupo do j notoriamente precrio ensino pblico, que
servio essencial.
Para a Corte, possvel autorizar o desconto dos dias parados sem que isso configu-
re violao ao direito constitucional de greve. A presidncia do STF j decidiu nesse
sentido:
de se ver, portanto, que o caso dos autos amolda-se ao precedente acima trans-
crito, pois no h notcia de existncia de acordo ou deciso judicial que verse
sobre as relaes obrigacionais entre grevistas e o Estado durante o movimento
paredista.
No caso, a manifestao grevista j durava mais de 6o dias sem xito algum nas
tentativas de conciliao realizadas entre governantes e membros do movimento
paredista.
Tema polmico
Ressalto que o tema acima polmico, mas existem decises recentes do STJ no
mesmo sentido, ou seja, afirmando que possvel o desconto da remunerao dos
grevistas. Vale lembrar, no entanto, que em vez dos descontos, permitido que seja
feita uma negociao para que haja compensao dos dias paralisados. Parece-me
ser a posio majoritria no STJ. Confira:
~ (... ) Esta Corte assentou a compreenso de que, embora o direito de greve seja
- constitucionalmente assegurado, legtimo o desconto relativo aos dias no tra-
balhados.(... )
STJ. 6" Turma. AgRg no REsp 1145471/SC, Min. Haroldo Rodrigues (Des. Conv. TJ/
CE),julgado em og/o8l2o11)
O tema em questo est afetado para ser decidido pelo STF em sede de recurso
extraordinrio sob a sistemtica da repercusso geral (RE 693456). Assim, em breve
o Supremo dever definir uma tese sobre o cabimento ou no dos descontos.
Esse princpio, que na verdade uma regra, possui excees que so estabelecidas
no prprio texto constitucional.
Assim, a CF/88 prev situaes em que o indivduo poder ser admitido no servio
pblico mesmo sem concurso. Podemos citar como exemplos:
a) cargos em comisso (art. 37, li);
Servidores temporrios
Os servidores que so contratados com base nesse fundamento so chamados de
servidores temporrios.
Caractersticas
Para ser vlida, a contratao com fundamento no inciso IX deve ser...
feita por tempo determinado (a lei prev prazos mximos);
com o objetivo de atender a uma necessidade temporria; e
que se caracterize como sendo de excepcional interesse pblico.
possvel que, com fundamento no inciso IX, a Administrao Pblica contrate ser-
vidores temporrios para o exerccio de atividades de carter regular e permanente
ou isso somente permitido para atividades de natureza temporria (eventual}?
'q:~rt. 37, IX; da C:Fl88 aut_riza que Administro Pblica contrate pessoas,
:~~in _concurs .P~Illl~,:~~nf(i:pa~a9 desemp~nh~_deativ'~-~d~s ~e carte~ even,.
~~I!P~if~~~=lii~:
~M Se~o,MS2,P;335~1;) ji n:i;~en'e!'!Jto:Gonalv
! ~
\ ' , .., . - - . 'i -.. . .. .' .. : ' .. . ' .....
1., . ,. . ;' ' ~ . ,' . ' ' . ~ ,; . ' :
Ao ler o 3 do art. 118, percebe-se que ele probe apenas a acumulao de proven-
tos de aposentadoria com remunerao de cargo ou emprego pblico efetivo.
Os servidores temporrios contratados sob o regime do art. 37, IX no esto vincu-
lados a um cargo ou emprego pblico, exercendo apenas uma funo administra-
tiva temporria (funo autnoma, justamente por no estar vinculada a cargo ou
emprego).
Alm disso, ainda que se considere que esse seja um "cargo" pblico, no se trata de
cargo pblico efetivo, j que as pessoas so selecionas mediante processo seletivo
simplificado e iro exercer essa funo por um prazo determinado, no possuindo
direito estabilidade.
Resumindo:
Se a pessoa, contratada nas hipteses do art. 3., IX, da CF/88, quer pedir judicial-
mente valores decorrentes deste vnculo, de quem ser a competncia para julgar
este pleito?
Ajustia comum competente para processar e julgar causas em que se discuta.
a validade de vncul() jurdico-administrativo entre o poder pblico e servidores
temporrios.
Dito de outra forma: a Justia competente para julgar litgios envolvendo ser-
vidores temporrios (art. 37, IX, da CF/88) e a Administrao Pblica a JUSTIA
COMUM (estadual ou feder I).
A competncia NO da Justia do Trabalho, ainda que o autor da ao alegue
que houve desvirtuamento do vnculo e mesmo que ele formule os seus pedi-
dos baseados na CLT ou na lei do FGTS.
STF. Plenrio. Rei 4351 MC-AgR/PE, rei. orig. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Dias
Toffoli, julgado em 11/11/2015 (lnfo 807).
Excepcionalmente, ela ser :levida com proventos integrais se essa invalidez for
decorrente de:
acidente em servio;
molstia profissional; ou
doena grave, contagiosa ou incurvel (assim definida em lei).
Lei n 8. nz/go
Cada ente dever editar a sLa prpria lei definindo as regras da aposentadoria por
invalidez.
No mbito federal, por exemplo, a Lei n 8.112/go prev essa forma de aposentado-
ria no inciso I do art. 186:
LEI DO ESTADO DO RN
.. _:-.;- CF/,88 (ART. 40, 21)
(ART. 3, PARGRAFO NICO}
Previu que os servidores pblicos apo- Previu que os servidores pblicos aposenta-
sentados e pensionistas que fossem dos e pensionistas que fossem portadores
portadores de doenas incapacitantes de doenas incapacitantes no iriam pagar
s iriam pagar contribuio previden- contribuio previdenciria (seriam isentos).
ciria se o valor dos proventos por eles
recebidos superar o dobro do teto do
RGPS (dobro do maior valor de apo-
sentadoria do INSS}.
Resumindo:
Alm disso, a lei goiana possua outros vcios, porque criou um sistema previden-
cirio indito para esses titulares de serventia, com condies de contribuio, ele-
gibilidade e cobertura diferentes. Em outras palavras, o legislador previu condies
diferenciadas que no existim nem no RGPS nem no RPPS. Era assim um "modelo
alternativo".
Desse modo, o STF entendeu que as leis estaduais acima desviaram-se do modelo
previsto na CF/88 e usurpara 11 a competncia da Unio para legislar sobre o tema,
j que tratavam sobre integrantes do RGPS.
Art. 40 (... )
1 Os servidores abrangidos pelo regime de previdncia de que trata este artigo
sero aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na
forma dos 3 e 17:
(...)
111- voluntariamente, desde que cumprido tempo mnimo de dez nos de efe-
tivo exerccio no servio r;blico e cinco anos no cargo efetivo em que se dar a
aposentadoria, observadas as seguintes condies:
o 4 do art. 40, por sua vez, estabelece que possvel a previso de requisitos de
aposentadoria mais facilitados para pessoas que exeram atividades de risco (ex.:
policiais}, desde que assim seja definido em lei complementar. Veja:
Logo, a tese do autor da ADI por omisso a de que o Governador do Estado poderia
propor e a ALE aprovar um projeto de lei complementar prevendo menores requisi-
tos para as policiais do sexo feminino se aposentarem, nos termos do art. 40, 4,
11, da CF/88.
Sobre o tema, vejamos algumas consideraes interessantes:
No Estado de So Paulo existe alguma lei tratando sobre a aposentadoria dos poli-
ciais civis paulistas?
SIM. Existe a Lei complementar estadual1.o62!2oo8, que dispe sobre requisitos e
critrios diferenciados para a concesso de aposentadoria voluntria aos policiais
civis locais.
Vale ressaltar que essa lei paulista e a lei de todos os demais Estados e Municpios,
quando regularem a aposentadoria dos policiais civis, nos termos do art. 40, 4, 11,
da CF/88, devero seguir as regras previstas na Lei Complementar federal que trata
sobre o tema.
Assim, se a lei federal sobre a matria regulamenta o tempo de contribuio para
efeito de aposentadoria dos policiais de forma exaustiva, no pode a lei estadual
dispor de modo diverso, sob pena de afrontar as regras de repartio de competn-
cia firmadas pela Constituio.
Dessa feita, a Lei complementar 1.062/2008 do Estado de SP, por exemplo, no pode
trazer regras diferentes da LC federal 51/85.
Como a Lei complementar estadual1.062/2oo8 no previa critrios mais favorveis
para as mulheres, o STF entendeu que, nesta parte, ela est suspensa e devero ser
aplicados os requisitos diferenciados da LC 144/2014.
Art.142 (... )
3 Os membros das Foras Armadas so denominados militares, aplicando-se-
-lhes, alm das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposies:
(... )
X - a lei dispor sobre o ingresso nas Foras Armadas, os limites de idade, a
estabilidade e outras condies de transferncia do militar para a inatividade, os
Art. 42 (... )
1 Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territrios,
alm do que vier a seriixado em lei, as disposies do art.14, 8; do art. 40, 9;
e do art. 142, 2 e 3,cabendo a lei estadual especfica dispor sobre as matrias
do art. 142, 3, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respec-
tivos governadores.
Assim, no se aplica a regra de aposentadoria especial prevista no art. 40, 4, da
CF/88 em favor de policial militar estadual.
Desse modo, existem duas espcies de regimes previdencirios prprios: um para
servidores civis e outro para militares.
Resumindo:
Logo, a CF/88 exige a edio de uma LEI COMPLEMENTAR definindo os critrios para
a concesso da aposentadoria especial aos servidores pblicos. A Lei devera, inclu-
sive, elencar as carreiras que se encontram em situao de risco ou cujas atividades
prejudiquem a sade ou integridade fsica.
Explicando melhor:
Se uma atividade eventualmente perigosa, o legislador pode prever que os ser-
vidores que a desempenham tenham direito aposentadoria especial com base
no art. 40, 4, 11, da CF/88. Se o legislador no o fizer, no haver omisso de
sua parte, porque o texto constitucional assim no exige. Ex.: Oficiais de Justia.
Reconhecer ou no o direito aposentadoria especial uma escolha da discricio-
nariedade legislativa.
Se uma atividade perigosa por sua prpria natureza, o legislador tem o dever
de prever que os servidores que a desempenham tero direito aposentadoria
especial com base no art. 40, 4, 11, da CF/88. Se o legislador no o fizer, haver
omisso inconstitucional de sua parte, porque o texto da CF/88 assim o exige.
Aqui no existe discricionariedade, mas sim um dever do legislador. Ex.: carreira
policial.
AGENTES DE SEGURANCA
o -~--. o
O mesmo pedido formulado acima pelos Oficiais de Justia foi feito tambm pe-
los servidores do Ministrio Pblico da Unio que exercem atribuies de segu-
rana.
O pedido foi apreciado em conju~lto e o STF deu a mesma soluo j explicada, ou
seja, entendeu que tais servidores exercem funes que podem ser eventualmente
perigosas, mas que o perigo no inerente funo, isto , no so atividades pe-
rigosas por sua prpria natureza.
Assim, o STF tambm negou o mandado de injuno impetrado por tais servidores.
STF. Plenrio. MI844/DF, rei. Min. Crmn Lcia, red. p/ o acrdo Min. Roberto Barroso,julgado
em 11/6/2015 (lnfo 789).
O pedido de Maria poder ser aceito? Pelo fato de Maria estar gozando licenfa-ma-
ternidade, as frias que estavam marcadas para o perodo foram interrompidas? O
Estatuto dos Servidores Pblicos Federais (Lei n 8. 112/go) prev essa possibilidade?
NO.
Art. 8o. As frias somente podero ser interrompidas por motivo de calamidade
pblica, comoo interna, convocao para jri, ;ervio militar ou eleitoral, ou por
necessidade do servio declarada pela autoridade mxima do rgo ou entidade.
Pargrafo nico. O restante do perodo interrompido ser gozado de uma s vez,
observado o disposto no art. n
Art. 201. A previdncia social ser organir;;,da sob a forma de regime geral, de
carter contributivo e de filiao obrigatria, observados critrios que preservem
o equilbrio financeiro e atuarial, e atender, nos termos da lei, a:
IV- salrio-famlia e auxlio-recluso para os dependentes dos segurados de
baixa renda; (Redao dada pela Emenda Constitucional no 2o/g8)
Veja que em nenhum momento o art. 229 falou em "baixa renda'~ Diante disso,
indaga-se: para a concesso do auxlio-recluso de que trata a Lei n 8.112190 ne-
cessrio que o servidor pblico federal seja de baixa renda? Aplica-se a mesma regra
prevista no art. 13 da EC 2oigB e que vlida para o auxlio-recluso do RGPS?
NO.
Ajuda de custo
A Lei n 8.112/go prev que a Administrao Pblica dever pagar uma verba inde-
nizatria chamada "ajuda de custo" para o servidor pblico que, no interesse do
servio, passar a ter exerccio em nova sede, com mudana de domiclio.
As regras sobre o pagamento da ajuda de custo esto previstas nos arts. 51 a 57 da
Lei.
Ajuda de custo no mbito da Justia Federal
O Conselho da Justia Federal possui um ato normativo (Resoluo CJF 4/2008)
no qual trata sobre a concesso de ajuda de custo para os servidores pblicos no
mbito da Justia Federal. Essa Resoluo prev que o magistrado ou servidor no
pode receber, em um perodo de 12 meses, mais de uma vez o valor da ajuda de
custo. Veja:
Licena-gestante
Ser concedida licena gestante, no rrbito das Foras Armadas, para as milita-
res, inclusive as temporrias, que ficarem grvidas durante a prestao do Servio
Militar.
A licena ser de 120 dias e ter incio ex officio na data do parto ou durante o 9
(nono) ms de gestao, mediante requerimento da interessada, salvo em casos
de antecipao por prescrio mdica.
No caso de nascimento prematuro, a licena ter incio a partir do parto.
A licena gestante poder ser prorrogada por 66 dias, nos termos de programa
institudo pelo Poder Executivo federal.
No caso de natimorto, a militar ficar de licena por 30 dias e, aps esse perodo,
ser submetida a inspeo de sade e, se julgada apta, reassumir o exerccio de
suas funes. Se no, continuar de licera por mais determinado perodo pres-
crito pelo mdico.
No caso de aborto, atestado pela Junta de Inspeo de Sade das Foras Armadas,
a militar ter direito a 30 dias de licena para tratamento de sade prpria.
A militar gestante poder, durante a gravidez, ter direito de mudar de funo quan-
do as suas condies de sade assim exigirem. Quem ir atestar essa necessidade
ser a Junta de Inspeo de Sade das Foras Armadas. Logo aps terminar o pe-
rodo da licena, a militar tem direito de retornar funo anteriormente exercida.
Licena-adotante
A militar que adotar ou obtiver a guarda judicial de criana ter direito licena
remunerada cujo prazo ser o seguinte:
go dias: se a criana tiver at 1 ano de idade;
30 dias: se a criana tiver mais que 1 ano de idade.
Obs.: o Poder Executivo federal poder instituir um programa para prorrogar essa
licena em mais 45 dias (no caso de criana de at 1 ano) ou mais 15 dias (na hipte-
se de criana menor que 1 ano).
9 IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
9.1 NOCES GERAIS
CONCEITO
Posio de Wallace Defendida por Emerson Gar- sustentada por Jos dos
Paiva Martins Jnior. cia e Rogrio Pacheco Alves. Santos Carvalho Filho.
~~~ .~~~~?.!.~.~....................................................................................................... .
No plano legislativo, o Congresso Nacional editou a Lei no 8.429/92, regulamentan-
do os casos de improbidade administrativa.
Na poca em que a Lei foi aprovada, surgiu a seguinte discusso:
Estrutura da Lei
A Lei n 8-429/92 dividida em seis eixos principais:
sujeito passivo do ato de improbidade (art. 1);
possvel imaginar que exista ato de improbidade com a atuao apenas do 14ter-
ceiro" (sem a participao de um agente pblico)? possvel que, em uma ao de
improbidade administrativa, o terceiro figure sozinho como ru?
NO.
Para que o terceiro seja responsabilizado pelas sanes da Lei n 8.429/92 in-
dispensvel que seja identificado algum agente pblico como autor da prtica
do ato de improbidade.
O fato de a probidade ser atributo de toda atuao do agente pblico pode suscitar
o equvoco interpretativo de que qualquer falta por ele praticada, por si s, repre-
sentaria quebra desse atributo e, com isso, faria com que o agente ficasse sujeito
s sanes da Lei n 8-429192. Contudo, o conceito jurdico de ato de improbidade
administrativa, por ter como ccns=quncia uma sano, no pode ser um conceito
elstico, isto , no pode ser ampliado para abranger situaes que no tenham
sido contempladas expressamente pelo legislador.
Dessa forma, considerando o conceito restrito de improbidade, v-se que o refe-
rencial da Lei n 8-429192 o a~o do agente pblico frente coisa pblica a que foi
chamado a administrar.
Nas palavras do Min. Relator, "somente se classificam como atos de improbidade
administrativa as condutas de Servidores Pblicos que causam vilipndio aos co-
fres pblicos ou promovem o e1riquecimento ilcito do prprio agente ou de tercei-
ros, efeitos inocorrentes neste caso".
Abuso de autoridade
Vale ressaltar, por fim, que, em tese, a conduta dos policiais poderia ser enqua-
drada, criminalmente, como abuso de autoridade previsto no art. 4, "h", da Lei n
4.8g816s:
Art. 4 Constitui tambm abuso de autoridade:
(... )
h) o ato lesivo da honra ou do patrimnio de pessoa natural ou jurdica, quando
praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competncia legal;
93 ELEMENTO SUBJETIVO
Qual o elemento subjetivo exigido para os atos de improbidade administrativa?
Em outras palavras, para que seja considerado ato de improbidade administrativa,
necessrio que o agente tenha praticado as condutas dos arts. 9, ro e n com dolo,
ou basta que tenha agido com culpa?
Houve durante algum tempo uma polmica na doutrir a, mas, atualmente, a ques-
to est pacificada no STJ:
Desse modo, segundo iterativa {reiterada) jurisprudncia do STJ, para que seja re-
conhecida a tipificao da conduta do agente como inc:.Jrso nas previses da Lei de
Improbidade Administrativa, necessria a demonstrao do elemento subjetivo,
consubstanciado pelo dolo para os tipos previstos nos arts. 9 (enriquecimento il-
cito) e 11 {violao dos princpios da Administrao Pblica) e, ao menos pela culpa,
nas hipteses do art.10 {prejuzo ao errio).
Smula 209-STJ: Compete Justia Estadual processar e julgar prefeito por des-
vio de verba transferida e incorporada ao patrimnio municipal.
Esses enunciados foram editados pela 3" Seo do STJ, que julga processos e recur-
sos criminais. Desse modo, tais smulas foram aprovadas, originalmente, para re-
solver questes relacionadas :om a competncia em matria penal. Nos processos
criminais, para que a competncia seja da Justia Federal, basta que exista interes-
se da Unio, de suas autarquias ou empresas pblicas. Veja:
Art. 109. Aos juzes federais compete processar e julgar:
IV- os crimes polticos e as infraes penais praticadas em detrimento de bens,
servios ou interesse da Unio ou de suas entidades autrquicas ou empresas
pblicas, excludas as contravenes e ressalvada a competncia da Justia Mili-
tar e da Justia Eleitoral;
Vamos comparar:
Resumindo:
95 PROCEDIMENTO
Regramento legal
A improbidade administrativa regida pela Lei no 8-429/92 (Lei de Improbidade
Administrativa- LIA).
Propositura da ao
A ao de improbidade deve ser proposta pelo Ministrio Pblico ou pela pessoa
jurdica interessada (art. 17).
Petio inicial
A petio inicial na ao por ato de improbidade administrativa, alm dos requisi-
tos do art. 282 do CPC, deve ser instruda com documentos ou justificao que con-
tenham indcios suficientes da existncia do ato de improbidade. Assim, diz-se que
a ao de improbidade administrativa, alm das condies genricas da ao, exige
ainda a presena da justa causa (STJ. 1 Turma. REsp 952.351-RJ, Rei. Min. Napoleo
Nunes Maia Filho, julgado em 4/10/2012).
Juzo de delibao
Recebida a manifestao por escrito ("defesa prvia" ou "defesa preliminar"), o juiz,
no prazo de 30 dias, em deciso fundamentada, far um juzo preliminar Uuzo de
delibao) sobre o que foi alegado na petio inicial e na defesa e poder adotar
uma das seguintes providncias:
rejeitar a ao, se convencido da inexistncia do ato de improbidade, da improce-
dncia da ao ou da inadequao da via eleita;
receber a petio inicial, determinando a citao do ru para apresentar contes-
tao.
s} Essa indisponibilidade dos bens pode ser decretada sem ouvir o ru?
SIM. admissvel a concesso de liminar inaudita altera parte para a decretao de
indisponibilidade e sequestro de bens, visando assegurar o resultado til da tutela
jurisdicional, qual seja, o ressarcimento ao Errio.
Desse modo, o STJ entende que, ante sua natureza acautelatria, a medida de in-
disponibilidade de bens em ao de improbidade administrativa pode ser deferida
nos autos da ao principal sem audincia da parte adversa e, portanto, antes da
notificao para defesa prvia (art. 17, 7 da LIA).
6} Para que seja decretada a indisponibilidade dos bens da pessoa suspeita de ter
praticado ato de improbidade exige-se a demonstrao de fumus boni iuris e peri-
culum in mora?
NO. Basta que se prove o jumus bani iuris, sendo o periculum in mora presumido
(implcito). Assim, desnecessria a prova do periculum in mora concreto, ou seja,
de que os rus estejam dilapidando seu patrimnio, ou na iminncia de faz-lo,
exigindo-se apenas a demonstrao de fumus bani iuris, consistente em fundados
indcios da prtica de atos de improbidade.
A medida cautelar de indisponibilidade de bens, prevista na LIA, consiste em uma
tutela de evidncia, de forma que basta a comprovao da verossimilhana das
alegaes, pois pela prpria natureza do bem protegido, o legislador dispensou o
requisito do perigo da demora.
7} Ento, pode ser decretada a indisponibilidade dos bens ainda que o acusado no
esteja se desfazendo de seus bens?
SIM. desnecessria a prova de que os rus estejam di lapidando efetivamente seus
patrimnios ou de que estejam na iminncia de faz-lo (prova de periculum in mora
concreto}.
O requisito do periculum in mora est implcito no referido art. 7, pargrafo nico, da
Lei n 8-429/1992, que visa assegurar "o integral ressarcimento" de eventual prejuzo
ao errio, o que, inclusive, atende determinao contida no art. 37, 4, da CF/88.
Como a indisponibilidade dos bens visa a evitar que ocorra a dilapidao patrimo-
nial, o STJ entende que no razovel aguardar atos concretos direcionados sua
diminuio ou dissipao, na medida em que exigir a comprovao de que esse
fato estaria ocorrendo ou prestes a ocorrer tornaria difcil a efetivao da medida
cautelar em anlise.
Alm do mais, o disposto no referido art. 7 em nenhum momento exige o requisito
da urgncia, reclamando apenas a demonstrao, numa cognio sumria, de que
8) Pode ser decretada a indisponibilidade sobre bens que o acusado possua antes da
suposta prtica do ato de improbidade?
SIM. A indisponibilidade pode recair sobre bens adquiridos tanto antes quanto de-
pois da prtica do ato de improbidade.
Veja essa questo de prova:
(Promotor SC 2014) A indisponibilidade de bens prevista no art. 7 da Lei 8-429/92,
medida de natureza cautelar que visa a garantir o ressarcimento do errio, poder
recair to somente sobre os bens adquiridos com o fruto do ato praticado. (ERRADO)
12) A indisponibilidade pode ser determinada sobre bens com valor superior ao men-
cionado na petio inicial da ao de improbidade (ex.: a petio inicial narra um
prejuzo ao errio de R$ 100 mil, mas o MP pede a indisponibilidade de R$ soo mil
do requerido}?
SIM. possvel que se determine a indisponibilidade de bens em valor superior ao
indicado na inicial da ao, visando a garantir o integral ressarcimento de even-
tual prejuzo ao errio, levando-se em considerao, at mesmo, o valor de possvel
multa civil como sano autnoma. Isso porque a indisponibilidade acautelatria
prevista na Lei de Improbidade Administrativa tem como finalidade a reparao
integral dos danos que porventura tenham sido causados ao errio {REsp 1.176-440-
RO, Rei. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 17/9/2013).
Art. 23. As aes destinadas a levar a efeitos as sanes previstas nesta lei podem
ser propostas:
1- at cinco anos aps o trmino do exerccio de mandato, de cargo em comis-
so ou de funo de confiana;
l i - dentro do prazo prescricional previsto em lei especfica para faltas discipli-
nares punveis com demisso a bem do servio pblico, nos casos de exerccio de
cargo efetivo ou emprego.
Qual o prazo prescricional das aes com relao aos particulares (chamados pela
lei de "terceiros'??
A Lei no 8.429/92 no tratou sobre o tema. A doutrina majoritria defende que o
prazo dever ser o mesmo previsto para o agente pblico que praticou, em conjun-
Eno caso de reeleio, como fica? Se o agente pblico detentor de mandato eletivo
praticou o ato de improbidade no primeiro mandato e depois se reelegeu, o prazo
prescricional contado a partir do fim do primeiro ou do segundo mandato?
S a partir do trmino do segunco. Segundo entendimento consagrado pelo STJ,
nos casos de reeleio, o prazo prescricional somente contado a partir do encer-
ramento do segundo mandato. Isso porque, apesar de serem mandatos diferen-
tes, existe uma continuidade no exerccio da funo pblica pelo agente pblico
{STJ. 2a Turma. REsp 1107833/SP, R.el. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
o8/og/2oog).
Esse tema j foi exaustivamente cobrado em provas:
{PGE/MS 2014 banca prpria) O prazo prescriciona I para propor a ao de improbi-
dade administrativa contra ato mprobo praticado por Prefeito Municipal durante
o primeiro mandato comea a flLir a partir do trmino deste, ainda que o agente
poltico seja reeleito para o segundo mandato. {ERRADO)
Imagine agora a seguinte situao, que possui uma peculiaridade que poderia gerar
dvidas:
Joo foi Prefeito no perodo jan/2001 a dez/2004 {primeiro mandato).
Em 2002 ele praticou um ato de improbidade administrativa.
Em out/2004 concorreu e consegJiu ser reeleito para um novo mandato (que seria
de jan./2005 a dez/2oo8).
Ocorre que no chegou a tomar posse em 1 de janeiro de 2005, pois teve seu regis-
tro de candidatura cassado em virtude de condenao na Justia Eleitoral.
Tomou posse o Presidente da Cmc:ra Municipal.
O TRE marcou nova eleio para o Municpio e Joo foi novamente eleito, tendo
tomado posse em fevereiro de 2co6.
Neste caso concreto, aplica-se o entendimento acima exposto do STJ? Mesmo tendo
havido essa interrupo, o prazo prescricional dever ser contado somente a partir
do trmino do segundo mandato?
SIM.
g.S SANCES
O membro do Ministrio Pblico pode ser processado e condenado por ato de impro-
bidade administrativa?
SIM. pacfico o entendimento de que o Promotor de Justia (ou Procurador da Re-
pblica) pode ser processado e condenado por ato de improbidade administrativa,
com fundamento na Lei n 8-429/92.
uma ltima pergunta para ver se voc entendeu bem: se o membro do MP praticou
um ato de improbidade administrativa, ele poder ser ru em uma ao civil e per-
der o cargo? Essa ao dever ser proposta segundo o rito da lei da carreira (LC 75193
f Lei 8.625!93) ou poder ser proposta nos termos da Lei n 8.429192?
SIM. O membro do MP que praticou ato de improbidade administrativa, poder ser
ru em uma ao civil e perder o cargo. Existem duas hipteses possveis:
Instaurar o processo administrativo de que trata a lei da carreira {LC 75/93: MPU
I Lei 8.625/93: MPE) e, ao final, o PGR ou o PGJ ajuizar ao civil de perda do cargo
contra o membro do MP.
Resumindo:
10 TEMAS DIVERSOS
10.1 ORGANIZACES SOCIAIS
SETORES DA ECONOMIA
No sei se voc j ouviu falar em primeiro, segundo ou terceiro setores da economia.
O assunto que irei explicar agora est relacionado ao chamado "terceiro setor" da
economia.
TERCEIRO SETOR
No terceiro setor esto as entidades privadas que, mesmo sem integrarem a Ad-
ministrao Pblica, executam atividades de interesse pblico (social) e sem fins
lucrativos.
So tambm chamadas de:
"entes de colaborao" {porque esto ajudando/colaborando com a Administra-
o Pblica); ou
"entidades paraestatais" ("para" um radical de origem grega que significa "ao
lado"; assim, diz-se que tais entidades so paraestatais porque atuam "ao lado"
dos rgos e entidades estatais).
Existem, atualmente, quatro espcies de entidades que atuam no terceiro setor:
os Servios Sociais Autnomos (exs.: SESI, SENAI, SESC);
" as Organizaes Sociais {OS);
as Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico {OSCIP);
as Entidades de Apoio.
Quando falamos em crescimento e incentivo do terceiro setor devemos destacar
~~a expresso que pode ser cobrada na sua prova: publicizao dos servios no
~ffi.siyosdo Estado. Vejamos com calma o que isso.
Na dcada de go, ganhou fora no Brasil a ide ia de que seria necessrio fazer uma
Reforma do Aparelho do Estado, reduzindo seu tamanho e as atividades por ele
desenvolvidas. Foi ento aprovado um Plano Diretor com diversas medidas para
quais so os requisitos necessrios poro o pessoa jurdico ser qualificado como OS?
Tais requisitos esto elencados ro 3rt. 2 da Lei n g.637/g8. Veja um resumo dos
principais requisitos necessrios Ja ra que as entidades possam pleitear a qualifica-
o de organizao social:
finalidade no-lucrativa, com a cbrigatoriedade de investimento de seus exce-
dentes financeiros no desenvolvimento das prprias atividades;
ter, como rgos de deliberao superior e de direo, um conselho de adminis-
trao e uma diretoria;
participao, no seu rgo colegiado de deliberao superior, de representantes
do Poder Pblico e de membros da comunidade, de notria capacidade profissio-
nal e idoneidade moral;
obrigatoriedade de publica~o ;:;nual, no Dirio Oficial da Unio, dos relatrios
financeiros e do relatrio de execuo do contrato de gesto;
proibio de distribuio de bens ou de parcela do patrimnio lquido em qual-
quer hiptese, inclusive em razo de desligamento, retirada ou falecimento de
associado ou membro da entidade;
previso de incorporao ntegra do patrimnio, dos legados ou das doaes que
lhe foram destinados, bem come dos excedentes financeiros decorrentes de suas
atividades, em caso de extin;o ou desqualificao, ao patrimnio de outra or-
ganizao social qualificada no ~mbito da Unio, da mesma rea de atuao, ou
ao patrimnio da Unio, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municpios, na
proporo dos recursos e bers por estes alocados.
Se o pessoa jurdico preencher todos os requisitos ali listados, o Poder Pblico obri-
gado o conceder a quolificafo?
N..O. Mesmo preenchendo todos os requisitos, os Ministros podem decidir no
conceder o titulo, porque esta uma deciso discricionria, na qual se avalia a con-
venincia e oportunidade c e se co1ceder a qualificao.
As organizaes sociais que celebrarem contrato de gesto com o Poder Pblico pos-
sam a ser considerados entidades do Administrao Pblico?
NO. Mesmo tendo celebrado contrato de gesto, continuam sendo entidades pa-
raestatais (no estatais).
As organizaes sociais que celebrarem contrato de gesto com o Poder Pblico po-
dem ser considerados delegotrios de servios pblicos?
NO. As organizaes sociais exercem em nome prprio servios pblicos, mas no
so consideradas delegatrias, tendo em vista que no recebem uma concesso ou
permisso de servio do Poder Pblico.
Os setores de sade, educao, cultura, desporto e lazer, cincia e tecnologia e meio
ambiente so classificados como servios pbl cos sociais. Segundo a CF/88, tais
servios devem ser desempenhados no apenas pelo Estado, como tambm pela
sociedade (so "deveres do Estado e da Socieda:Je"). Assim, permitida a atuao,
por direito prprio, dos particulares, sem que para tanto seja necessria a delega-
o pelo Poder Pblico. No se aplica, portanto, o art. 175, "caput", da CF/88 s ativi-
dades desenvolvidas pelas organizaes sociais.
A regra segundo a qual as organizaes sociais podem usar bens pblicos mesmo
sem licitao (art. 12, 3 da Lei n 9.637198) inconstitucional?
A dispensa de licitao para que o Poder Pblico contrate organizaes sociais (art.
24, XXIV, da Lei n 8.666193) inconstitucional?
NO. As dispensas de licitao institudas no art. 12, 3, da Lei no g.637/g8 e no
art. 24, XXIV, da Lei no 8.666!1993 tem a finalidade de induzir (fomentar) prticas
sociais benficas, ou seja, incentivar a atuao de organizaes sociais que tenham
firmado contrato de gesto e que sejam, assim, reconhecidas como colaboradoras
do Poder Pblico no desempenho dos deveres constitucionais no campo dos servi-
os sociais. A isso chamamos de "funo regulatria da licitao".
m Funo regulatria da licitao: segundo essa teoria, a licitao pode ser utiliza-
da como instrumento de regulao de mercado, de modo a torn-lo mais livre
e competitivo, alm de ser possvel conceb-la como mecanismo de induo de
determinadas prticas (de mercado) que produzam resultados sociais benfi-
cos, imediatos ou futuros, sociedade. A possibilidade de contratao direta,
sem licitao, de organizaes sociais ou OSCIPs (Organizaes da Sociedade
Civil de Interesse Pblico) um exemplo dessa funo regulatria da licitao j
que, como essa prtica, o Estado induz que essas entidades sejam criadas pelos
particulares. Para maiores informaes, veja: FERRAZ, Luciano. Funo regula-
tria da licitao. Disponvel em: http:llrevista.tce.mg.gov.br/Content!Uploadl
Material490.pdj
O afastamento do certame licitatrio no exime, porm, o administrador pblico
da observncia dos princpios constitucionais, de modo que a contratao direta
deve observar critrios objetivos e impessoais, com publicidade, de forma a permi-
tir o acesso a todos os interessados.
Vimos acima que a organizao social que celebrar contrato de gesto pode rece-
ber recursos oramentrios. Recebendo esse dinheiro pblico, a organizao social,
quando contratar terceiros (ex.: comprar produtos, servios), obrigada a fazer li-
citao? Dito de forma direta, a organizao social submete-se ao dever de licitar?
Resumo:
Organizaes sociais so pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrati-
vos, prestadoras de atividades de interesse pblico e que, por terem preenchido
determinados requisitos previstos na Lei g.637/g8, recebem a qualificao de
"organizao social".
A pessoa jurdica, depois de obter esse ttulo de "organizao social", poder ce-
lebrar com o Poder Pblico um instrumento chamado de "contrato de gesto",
por meio do qual receber incentivos pblicos para continuar realizando suas
atividades.
o Poder Judicirio no tem competncia para autorizar, ainda que a ttuio pre-
crio, a prestao de servio de radiodifuso com finalidade exclusivamente
, 'educativa.
'srJ. 2Turma. REsp 1.353341-PE, Rei. Min. Humberto Martins,julgado em 12/5/2015 (I rifo 562).
A competncia para outorgar e renovar concesso, permisso e autorizao de r-
dios e TVs do Poder Executivo, nos termos do art. 223 da CF/88:
A lei municipal constitucional? A lei municipal pode atribuir competncia para que
as guardas municipais realizem a fiscalizao de trnsito?
SIM. A lei municipal pode conferir s guardas municipais competncia para fiscali-
zar o trnsito, lavrar auto de infrao de trnsito e impor multas.
O STF entendeu que a tese do MP no est correta porque a questo em tela no
envolve segurana pblica, mas sim poder de polcia de trnsito.
Para o Min. Roberto Barroso, poder de polcia no se confunde com segurana p-
blica. O exerccio do poder de polcia no prerrogativa exclusiva das entidades
policiais, a quem a CF outorgou com exclusividade apenas as funes de promoo
da segurana pblica (art. 144}.
A fiscalizao do trnsito, com aplicao das sanes administrativas (multas},
embora possa se dar ostensivamente, constitui mero exerccio de poder de polcia,
no havendo, portanto, proibio de que seja exercida por entidades no-policiais
(como o caso das guardas municipais}.
O Cdigo de Trnsito Brasileiro estabeleceu que a competncia para o exerccio da
fiscalizao de trnsito comum, cabendo tanto a Unio, como aos Estados/DF e
Municpios.
A receber essa competncia do CTB, o Municpio pode determinar, por meio de
lei, que esse poder de polcia {fiscalizao do trnsito) seja exercido pela guarda
municipal.
Resumindo:
Diante disso, indaga-se: qual o prazo prescricional que o Conselho profissional pos-
sui para punir o profissional liberal a ele vinculado?
5 anos, com base no art. 1 da Lei n 6.838/80.
STJ. ,. Turma. REsp 1.263.157-PE, Rei. Min. Benedito Gonalves, julgado em5f3/2015 (lnfo 557).
Advogados
No caso de infraes disciplinares cometidas por advogados, no se aplica a Lei n
6.838/80, mas sim a Lei n 8.go6/94 (Estatuto da OAB):
Art.43. A pretenso punibilidade das infraes disciplinares prescreve em cinco
anos, contados da data da constatao oficial do fato.
Contudo, o pedido foi indeferido sob o argumento de que a situao do menor sob
guarda no est prevista no rol do art. 5 da Lei n 8.osg/go.
O argumento de Pedrinho est correto? O menor sob guarda tem direito penso
especial como dependente de ex-combatente?
SIM.
Na hiptese de morte do titular de penso especial de ex-combatente, o menor
de 18 anos que estava sob sua guarda deve ser enquadrado como dependente
(art. 5 da Lei n 8.059l99) para efeito de recebimento, r:ta proporo que lhe
couber, da penso especial (art. 53, 11, do ADCT) que recebia o seu guardio.
Realmente, o art. 5 da Lei n 8.059l9o no incluiu o menor de 18 anos sob guar-
da no rol dos beneficirios da penso especial. Ele; contudo, tem direito pen-
so com base no art. 33, 3, da Lei n 8.o6glgo (ECA).
O art. 227 da CF/88 exige da famlia, da sociedade e do Estado a conjugao de
esforos no sentido de prestar atendimento prioritrio a todos os interesses de
crianas e adolescentes. Assim, o ECA se encontra em absoluta sintonia com a
diretriz hermenutic~ demarcada no plano constitucional, no sendo admiss-
vel a exegese de que:a penso especjal de l;lx-o~batente 1 por no possuir natu-
reza previdenciria, afastaria a aplicao da regra prevista no ECA.
No entanto, como o julgado divulgado neste informativo foi o mais recente, se for
cobrado na prova, marque a resposta que afirma que possvel a incluso do me-
nor sob guarda no rol de dependentes.
Artigo 5
Os estados contratantes se comprometem a adotar as medidas necessrias para
tornar eletivo, o quanto antes possvel, para efeitos de exerccio de profisso, o
reconhecimento dos diplomas, ttulos ou graus de educao superior emitidos
pelas autoridades competentes de outro dos estados contratantes.
Contestao
~Procuradoria Federal, que fazia a assistncia jurdica da UFPE, contestou o pedido
Invocando duas teses:
Concluses
O STJ, apreciando o caso acima em regime de recurso especial repetitivo, chegou s
seguintes concluses:
Quem responder pela multa e perder os pontos na carteira: Lucas (que conduzia o
veculo) ou Joo (proprietrio do carro)?
Os dois.
10.11 MP 703/2015
No final de 2015, a Presidente da Repblica edito..t a medida provisria n 703 que
trata sobre acordos de lenincia.
Um dos dispositivos mais polmicos da MP que ela revoga o 1 do art. 17 da Lei
n 8.429/92 (Lei da Ao de Improbidade Administrativa), que previa o seguinte:
Assim, o referido 1 proibia que fossem feitos transao, acordo ou conciliao nas
aes envolvendo improbidade administrativa. A MP 703/2015, ao revog-lo, tem
por objetivo permitir essa negociao.
Como ainda se trata de medida provisria que pode ser alterada ou mesmo rejei-
tada no Congresso Nacional, no farei comentrios sobre o tema aqui.
Acompanhe no site, porque to logo a MP seja votada, eu tratarei a respeito do
assunto.
11 EXERCCIOS DE FIXAO
1) (Juiz TJAM 2013 FGV) Todo aquele que possui personalid3de jurdica tem capacidade de ser
parte, mas nem toda capacidade de ser parte decorre da personalidade jurdica. ( )
3) (DPE/RR 2013 CESPE) A assembleia legislativa estadual, por se caracterizar como rgo pbli-
co desprovido de personalidade jurdica, no pode ingressar em juzo em defesa de prerro-
gativas institucionais concernentes sua organizao e ao seu funcionamento. ( )
4) (DPE/PR 2014) O prego a modalidade licitatria a ser adotada em casos de objetos estri-
tamente tcnicos, no importando o preo. ( )
s) (Promotor MP/MG 2013) O prego modalidade licitatria de aquisio de bens e servios
comuns da administrao pblica, independente do valor. ( )
6) (Promotor MP/SC 2014) O prego a modalidade de licitao adotada para aquisio de bens
e servios comuns. Entendem-se como tais aqueles que podem ser fornecidos por interes-
sados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condies exigidas para ca-
dastramento at o terceiro dia anterior data do recebimento das propostas, observada a
necessria qualificao. ( )
7) (PGM/SP 2014) Caracteriza o prego:
a) objeto comum, disponvel no mercado a qualquer tempo, cuja configurao e caracters-
ticas so padronizadas pela prpria atividade empresarial.
b} podem participar somente os sujeitos previamente inscritos em cadastro pblico, o que
torna a licitao sumria e mais rpida.
c) os proponentes ficam vinculados por sua proposta at que outra, mais elevada, seja for-
mulada.
d) modalidade de licitao mais simplificada para aquisio de bens e servios cujo valor
limitado, nos termos da lei.
e) utilizao de recursos eletrnicos de informao para aceitao de propostas e lances em
sesso presencial apenas para candidatos previamente cadastrados.
8) (PGE/MS 2014) O prego a modalidade de licitao que pode ser adotada para a aquisio
de bens e servios comuns, desde que o valor estimado para a contratao no ultrapasse R$
1.soo.ooo,oo (um milho e quinhentos mil reais). ( )
9) (Juiz TJ/PR 2013) Acerca do Prego, correto afirmar:
a) necessria a exigncia de garantia da proposta.
b) O prazo de validade das propostas ser de 30 (trinta) dias, se outro no estiver fixado no
edital.
c) A definio do objeto dever ser precisa, suficiente e clara, vedadas especificaes que,
por excessivas, irrelevantes ou desnecessrias, limitem a competio.
d) obrigatria a aquisio do edital pelos licitantes, como condio para participao no
certame.
1o) (DPE/MG 2014) O prego modalidade de licitao em que h inverso das fases de classi-
ficao das propostas e habilitao dos licitantes; uma vez conhecidos os valores ofertados,
so admitidos lances verbais e sucessivos a serem apresentados por todos os licitantes ha-
bilitados at a proclamao do vencedor. ( )
11) (Promotor MP/RR 2012 CESPE) No prego, a fase da habilitao deve preceder a de classifi-
cao. ( )
2 4) (Juiz Federal TRF1 2013 CESPE) Para ser qualificada como organizao social, a entidade deve
firmar termo de parceria com o ministrio da rea em que atua. ( )
25) (Promotor MP/GO 2014) dispensvel o certame licitatrio, para o escopo de celebrao de
contratos de prestao de servios com as organizaes sociais, para atividades contempla-
das no contrato de gesto firmado entre o Poder Pblico e as entidades assim qualificadas
no mbito das respectivas esferas de governo. ( )
26) (Juiz Federal TR4 2014) O Poder Executivo poder qualificar como Organizaes Sociais, por
meio de contratos de gesto, pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas
atividades sejam dirigidas ao ensino, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento tecnolgico,
proteo e preservao do meio ambiente, cultura e sade, desde que satisfeitos os
requisitos exigidos na Lei n g.637/g8. ( )
27) (Juiz Federal TRF3 2011 CESPE) O contrato de gesto representa verdadeira cooperao entre
as partes no tocante ao interesse pblico a ser perseguido, sendo vedada, porm, a contra-
tao direta que, feita com entidade colaboradora, implique, de algum modo, dispensa de
licitao. ( )
28) (DPE/AM 2013 FCC) As Organizaes Sociais so pessoas jurdicas de direito privado, quali-
ficadas pelo Poder Executivo, nos termos da Lei Federal g.637/g8, com vistas formao de
parceria para execuo de atividades de interesse pblico. NO est entre as caractersticas
das Organizaes Sociais, nos termos da referida lei,
a) o desempenho de atividades relacionadas a pelo menos um dos seguintes campos: en-
sino, pesquisa cientfica, desenvolvimento tecnolgico, proteo e preservao do meio
ambiente, cultura e sade.
b) a atuao com finalidade no-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus
excedentes financeiros no desenvolvimento das prprias atividades.
c) a necessidade de aprovao de sua qualificao, por meio de ato vinculado do Ministro
ou titular de rgo supervisor ou regulador da rea de atividade correspondente ao seu
objeto social e do Ministro do Planejamento, Oramento e Gesto.
d) a previso de participao, no rgo colegiado de deliberao superior, de representantes
do Poder Pblico e de membros da comunidade, de notria capacidade profissional e
idoneidade moral.
e) a proibio de distribuio de bens ou de parcela do patrimnio lquido em qualquer
hiptese, inclusive em razo de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou
membro da entidade.
29) (Juiz Federal TRF2) s organizaes sociais podero ser destinados bens pblicos, sendo dis-
pensada licitao, mediante permisso de uso, consoante clusula expressa de contrato de
gesto celebrado com o poder pblico. ( )
30) Os salrios pagos aos empregados das organizaes sociais precisam ser fixados em lei,
conforme exige o art. 37, X, da CF/88. ( )
31) A OS no obrigada a fazer concurso pblico para a contratao de seus empregados. ( )
32) A organizao social, quando tiver recebido recursos pblicos, obrigada a fazer licitao,
submete-se ao dever de licitar. ( )
GABARITO
1) C; 2) C; 3) E; 4) E; 5) C; 6) E; 7) A; 8} E; 9) C; 10) E; 11) E; 12) E; 13) C; 14) C; 15) E; 16) E; 17) A; 18) E; 19)
C; 20) E; 21) E; 22) E; 23) E; 24) E; 25) C; 26} C; 27) E; 28) C; 29) C; 30) E; 31) C; 32) E; 33) E; 34) C; 35) C;
36} E; 37) C.
1 AS
HIPTESES DE INELEGIBILIDADE SO APLICVEIS S ELEIES
SUPLEMENTARES
Imagine a seguinte situao hipottica:
Joo foi eleito, em 2012, prefeito de uma cidade do interior.
Ocorre que, em 2013, ele e o vice foram cassados.
Diante disso, a Justia Eleitoral determinou a realizao de nova eleio para Prefei-
to (chamada de "eleio suplementar").
Maria, mulher de Joo, inscreveu-se para concorrer na eleio suplementar. No en-
tanto, os partidos oposicionistas impugnaram a candidatura, afirmando que ela
seria inelegvel, com base no art. 14, 7 da CF/88:
Art. 1 So inelegveis:
1- para qualquer cargo:
(... )
c) o Governador e o Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal e o Prefeito e
o Vice-Prefeito que perderem seus cargos eletivos por infringncia a dispositivo
da Constituio Estadual, da Lei Orgnica do Distrito Federal ou da Lei Orgnica
do Municpio, para as eleies que se realizarem durante o perodo remanescen-
te e nos 8 (oito) anos subsequentes ao trmino do mandato para o qual tenham
sido eleitos; (Redao dada pela Lei Complementar n 135/2010)
Assim, sendo Joo inelegvel, Maria tambm tornou-se inelegvel, no podendo ser
aplicada a exceo feita pela jurisprudncia ao art. 14, 7, da CF/88. Em outras
palavras, no se pode aplicar aqui a mesma soluo dada ao caso da Rosinha por-
que l o ex-prefeito Garotinho no estava inelegvel {ele ainda poderia concorrer
reeleio, se quisesse). O presente caso diferente, porque Joo estava inelegvel,
fazendo com que essa inelegibilidade se transmitisse sua mulher.
O que mais importante, no entanto, que voc aprenda a tese fixada pelo STF no
mbito da repercusso geral:
As hipteses de inelegibilidade previstas no art. 14, 7, da CF, inclusive quanto ao
prazo de seis meses, so aplicveis s eleies suplementares.
2 PARTIDOS POLTICOS
2.1 CONSTITUCIONALIDADE DA LEI13.10J/2015
Lei1J.1071201S
Em 2015 foi publicada a Lei no 13.107/2015, que alterou a Lei n g.og6/95 {Lei dos
Partidos Polticos) com o objetivo de desestimular a fuso de partidos polticos.
Veja duas das mudanas promovidas pela Lei no 13.107/2015 na Lei n g.og6/g5:
1) Apoiamento de eleitores
O art. 7 da Lei n g.og6/95 prev as regras para que um partido poltico possa ser
criado.
AO/ 5311
O Partido Republicano da Ordem Social (Pros) ajuizou ao direta de inconstitucio-
nalidade no STF contra essas duas alteraes promovidas pela Lei n 13.107/2015.
Segundo alegou o partido r a Inicial, as modificaes violam o pluralismo poltico, a
liberdade de criao, fuso, incorporao e extino dos partidos polticos e a parti-
cipao do cidado no processo poltico-partidrio do pas.
Resumindo:
A Lei 13.107/2015 alterou a Lei g.og6/95 com o objetivo de desestimular a fuso
de partidos polticos. Veja duas das mudanas promovidas:
1) A Lei n 13.107/2015 alterou o 1 do art. 7 da Lei g.og6/95 ao exigir que as
pessoas que assinarem o apoiamento para a criao de novos partidos no
podero fazer parte de outros partidos polticos.
2) A Lei n 13.107/2015 determinou que somente ser admitida a fuso ou in-
corporao de partidos polticos que hajam obtido o registro definitivo do
Tribunal Superior Eleitoral h, pelo menos, 5 anos. Antes no havia essa
exigncia.
Essas duas mudanas foram impugnadas por meio de ADI, mas o STF negou a
medida cautelar, afirmando que as alteraes so compatveis com a CF/88, no
tendo havido violao autonomia constitucional dos partidos polticos.
STF. Plenrio. ADI 5311-MC/DF, Rei. Min. Crmen Lcia,julgado em 30/gl2o15 (lnfo 801).
2.21NCONSTITUCIONALIDADE DA LEI12.875/2013
Sobre o que tratou a Lei 12.87SI2013:
A Lei n 12.87512013 promoveu alteraes na:
Lei dos Partidos Polticos (Lei no 9.096/g5); e na
Lei das Eleies (Lei n 9504/97).
Fundo partidrio
Trata-se de um Fundo Especial de Assistncia Financeira aos Partidos Polticos que
tenham seu estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral e prestao de con-
tas regular perante a Justia Eleitoral.
O "Fundo Partidrio" constitudo por dotaes oramentrias da Unio, multas,
penalidades, doaes e outros recursos financeiros previstos no art. 38 da Lei no
g.og6tgs.
Os valores contidos no Fundo Partidrio so repassados aos partidos polticos por
meio de um clculo previsto no art. 41-A, da Lei n g.og6/g5.
Consiste na principal fonte de verbas dos partidos.
Propaganda eleitoral
A propaganda eleitoral aquela que se realiza antes do certame eleitoral e objetiva,
basicamente, a obteno de votos, tornando-se instrumento de convencimento do
eleitor, que pode, por seu intermdio, ampliar seu conhecimento sobre as convic-
es de cada candidato ou partido, fazendo a escolha que mais lhe convier.
A legislao que rege a propaganda eleitoral a Lei n g.504f97-
ADistos
O Partido Solidariedade (SDD) ajuizou no STF ao direta de inconstitucionalidade
contra a Lei n 12.87512013.
Vejamos as alteraes realizadas pela Lei n 12.875/2013 e se elas foram declaradas
inconstitucionais pelo STF.
Obs.1: a Lei no 12.875/2013 afirmou que, para os fins dessa distribuio acima, se-
ro desconsideradas as mudanas de filiao partidria. Assim, o Deputado Fede-
ral que mudar de partido (ainda que para um partido novo) durante o mandato
no poder "levar" para o outro os votos que obteve na ltima eleio, de modo
que essa mudana no far com que o partido de destino receba mais tempo de
rdio e TV.
Obs.2: de acordo com as regras da Lei no 12.875/2013, os partidos novos ficariam
com pouqussimo tempo de rdio e TV. Eles s entrariam na diviso da letra "a" da
segunda coluna acima explicada.
Lei n 1J.16SI201S
Ateno. A Lei n 13.165/2015 alterou o 2 do art. 41 da Lei n 9.504/97 modificando
os percentuais de tempo de rdio e TV destinados a cada partido. A redao atual
do dispositivo a seguinte:
Resumindo:
Mudana na lei dos Partidos Polticos: a Lei 12..875/2013 determinou que, para
os fins de distribuio dos recursos do Fundo Partidrio, deveriam ser descon-
sideradas as mudanas de filiao partidria. Dessa feita, a Lei 12.875/2013 de-
terminou que o Deputado Federal que mudasse de partido (ainda que para um
partido novo} durante o mandato no poderia "levar" para o outro os votos que
obteve na ltima eleio. Oobjetivo foi evitar que, com a mudana, o partido de
destino recebesse mais verbas do fundo partidrio.
Mudana na lei das Eleies: a Le! n 1~.87.5,!:~q13 determinou que, pcua os fins
de distribuio do tempo de rdio e TV, seriam desconsideradas as mudanas de
filiao partidria. Assim, o Deputado Federal que mudass~ de partido (ainda que
para um partido novo} durante o man~ato f!o poderia "l~var" para o outro os vo-
tos que obteve n ltima eleio. Mais uma vz;o obj~tivp aqui da. Lei 12~875/2013
foi o de evitar que o partido d dstino recebess itis tem p de rdio e TV.
lf,qi,t)~J1;
Se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, decidir sair do partido poltico
pelo qual foi eleito, ele perder o cargo que ocupa?
a) Se for um cargo eletivo MAJORITRIO: NO
A perda do mandato em razo de mudana de partido no se aplica aos candi-
datos eleitos pelo sistema majoritrio, sob pena de violao da soberania popu-
lar e das escolhas feitas p'elo eleitor.
No sistema majoritrio, o candidato escolhido aquele que obteve mais votos,
no importando o quociente eleitoral nem o quociente partidrio.
Nos pleitos dessa natureza, os eleitores votam no candidato e no no seu parti-
.do poltico. Desse modo, no sistema majoritrio, a imposio da perda do man-
dato por infidelidade partidria antagnica (contrria) soberania popular.
b) Se for um cargo eletivo PROPORCIONAL: SIM
O mandato parlamentar conquistado no sistema eleitoral proporcional perten-
ce ao partido poltico. Assim, se o parlamentar eleito decidir mudar de parti-
do poltico, ele sofrer um processo na Justia Eleitoral que poder resultar na
perda do seu mandato. Neste processo, com contraditrio e ampla defesa, ser
analisado se havia justa causa para essa mudana .
. O assunto est disciplinado na Resoluo 22.610/2007 do TSE, que elenca, indu-
,: slve, as hipteses consideradas como "justa causa".
STF. Plenrio. ADI 5081/DF, Rei. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/5/2015 (lnfo 787).
ADI46so
O Conselho Federal da OAB ajuizou Ao Direta de Inconstitucionalidade (ADI
4650) no STF pedindo que fossem declarados inconstitucionais os dispositivos da
legislao eleitoral (Leis n g.og6/95 e no 9504/97) que autorizam doaes de em-
presas a candidatos e a partidos polticos.
Na ao, a entidade tambm pediu que fosse fixado um limite mximo para as
doaes feitas por pessoas fsicas.
Para a OAB, existe uma infiltrao do poder econmico nas eleies, o que gera graves
distores, como a desigualdade poltica, na medida em que aumenta a influncia
dos mais ricos sobre o resultado dos pleitos eleitorais, e, consequentemente, sobre
a atuao do prprio Estado. Alm disso, essa forte influncia do poder econmico
inviabiliza a possibilidade de sucesso eleitoral dos candidatos que no tm acesso
aos financiadores privados nem patrimnio para suportar os gastos de campanha.
Violao isonomia
O STF invocou ainda um ltimo argumento para declarar inconstitucionais as doa-
es por pessoas jurdicas. Trata-se do fato de que o art. 24 da Lei das Eleies pro-
be que determinadas pessoas jurdicas faam doaes. o caso, por exemplo, das
associaes de classe, entidades sindicais e entidades do terceiro setor. Como resul-
tado dessa proibio, o que se observava, na prtica, que apenas as empresas pri-
vadas (que se destinam ao lucro) faziam doaes. Isso representava um tratamento
desigual entre as prprias pessoas jurdicas,j que as empresas privadas poderiam
doar e as entidades sem fins lucrativos e os sindicatos no.
Votos vencidos
Ficaram vencidos os Ministros Teori Zavascki, Gil mar Mendes e Celso de Mello.
:ein outras palavras, nas prximas eleies (em _2o16 e na~ seguinte:s)ij no
:mais sero permitidas doaes de P~SSOAS JURiDICAS para as campaohas elei-
,to(aJs e para os partidos polticos."As leis que permitiam isso foram declaradas
'.t!lconstitudorlls (invlidas). . , . . .. ..
>As doaes feitas por PESSOAS FlStCAS conti~uam sendo pQ:ssvels~~Qa,forma
. como prevista na legislao eleitoral. ' . ' / .
STF. Plenrio. AD146so/DF, Rei. Min. Luiz Fux,julgado em 16 e 17/g/'2015 (lhfo 799}.
ADI
O Conselho Federal da OAB ajuizou ADI contra esse dispositivo, que foi includo
pela Lei no 13.165/2015.
A entidade argumentou que o dispositivo inconstitucional, pois permite que doa-
es feitas a partidos possam ser repassadas a candidatos sem a demonstrao
da origem dos recursos, o que violaria o princpio da transparncia e o princpio da
moralidade, alm de favorecer a corrupo, dificultando o rastreamento das doa-
es eleitorais.
Segundo a petio inicial, doaes ocultas so aquelas em que no possvel identi-
ficar o vnculo entre doadores e candidatos. Nesse modelo, a pessoa fsica doa dinhei-
ro para o partido, que repassa ao candidato, sem que o processo seja transparente.
A possibilidade de 'doaes ocultas' de pessoas fsicas a candidatos pode sustentar
relaes pouco republicanas entre os polticos e seus financiadores. A ausncia de
transparncia impede a identificao dos interesses por trs da atuao do can-
didato, dificultando eventuais investigaes e impedindo que o eleitor decida de
modo informado.
preciso que o eleitor saiba quem financia seus candidatos, compreendendo todo
0 caminho do dinheiro nas campanhas eleitorais.
Fundamentao
O STF afirmou que necessrio que haja um efetivo sistema de controle dos re-
cursos arrecadados por partidos e candidatos. Para isso, indispensvel que haja
transparncia nas contas eleitorais.
Sem as informaes necessrias, entre elas a identificao dos particulares que
contriburam originariamente para os partidos e candidatos, o processo de presta-
o de contas perde a sua capacidade de documentar a real movimentao finan-
ceira, os dispndios e os recursos aplicados nas campanhas eleitorais, impedindo a
fiscalizao por parte da Justia Eleitoral e o controle pelos eleitores. As informa-
es sobre as doaes de particulares a candidatos e a partidos no interessam
apenas Justia Eleitoral, mas sociedade como um todo.
A identificao dos particulares que fizeram doaes eleitorais informao essen-
cial para que se possa constatar se as doaes provm de fontes lcitas e se respei-
tam os limites mximos de valor previstos no art. 23 da Lei n 9-504/97
Por fim, o acesso a esses dados ainda propicia o aperfeioamento da prpria polti-
ca legislativa de combate corrupo eleitoral, ajudando a denunciar as fragilida-
des do modelo e a inspirar propostas de correo futuras.
Obs.: apesar de ainda s ter sido apreciada a medida cautelar, a deciso sobre a
inconstitucionalidade da norma foi por unanimidade, sendo extremamente impro-
vvel que seja revertida no julgamento final.
Considerando o que foi narrado, o STF considerou que houve a prtica de crime?
NO.
5 NOVIDADES LEGISLATIVAS
No ano de 2015, foram publicadas duas importantes leis relacionadas ao Direito
Eleitoral:
Lei 13.r6s/2ors
Esta Lei importantssima e alterou:
a Lei n 9.504/97 (Lei das Eleies);
a Lei n 9.096/95 (Lei dos Partidos Polticos): e
a Lei n 4.737/65 (Cdigo Eleitoral).
O objetivo declarado foi o de reduzir os custos das campanhas eleitorais, simplifi-
car a administrao dos Partidos Polticos e incentivar a participao feminina nas
eleies.
Trata-se de uma verdadeira reforma eleitoral, com vrios dispositivos alterados.
No site esto disponveis os comentrios sobre essas novidades legislativas. No
deixe de ler caso esteja estudando para concursos que exijam Direito Eleitoral.
1 DIREITOS DA PERSONALIDADE
-
1.1 BIOGRAFIAS: AUTORIZACO PRVIA E LIBERDADE DE EXPRESSO
~~~CEITO DE NOME
O nome da pessoa fsica um sinal (elemento de identificao) que individualiza
a pessoa, fazendo com que ela seja diferenciada dos demais membros da famlia e
da sociedade.
PROTECO DO NOME
.............................................................................................................................
O direito ao nome protegido, dentre outros, pelos seguintes diplomas:
Conveno Americana de Direitos Humanos (art. 18).
Conveno dos Direitos da Criana (art. 7).
Cdigo Civil (art. 16).
Art. 56. O interessado, no primeiro ano aps ter atingido a maioridade civil, po-
der, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que no
prejudique os apelidos de famlia, averbando-se a alterao que ser publicada
pela imprensa.
Observaes:
Essa alterao feita mediante processo administrativo.
Dever haver um requerimento, de forma pessoal ou por procurao, por parte
do interessado.
No necessrio que tal formulao seja feita por meio de advogado.
No precisa ser declarado nenhum motivo (trata-se de possibilidade de troca
imotivada).
No pode prejudicar os apelidos de famlia (patronmicos). isso que est previs-
to na lei, mas veja adiante interessante precedente do STJ.
Ser averbada a alterao no registro de nascimento e publicada pela imprensa.
Art. 110. Os erros que no exijam qualquer indagao para a constatao ime-
diata de necessidade de sua correo podero ser corrigidos de ofcio pelo ofi-
cial de registro no prprio cartrio onde se encontrar o assentamento, mediante
petio assinada pelo interessado, representante legal ou procurador, indepen-
dentemente de pagamento de selos e taxas, aps manifestao conclusiva do
Ministrio Pblico.
1 Recebido o requerimento instrudo com os documentos que comprovem o
erro, o oficial submet-lo- ao rgo do Ministrio Pblico que o despachar em
5 (cinco) dias.
2 Quando a prova depender de dados existentes no prprio cartrio, poder o
oficial certific-lo nos autos.
3 Entendendo o rgo do Ministrio Pblico que o pedido exige maior inda-
gao, requerer ao juiz a distribuio dos autos a um dos cartrios da circuns-
crio, caso em que se processar a retificao, com assistncia de advogado,
observado o rito sumarssimo.
4 Deferido o pedido, o oficial averbar a retificao margem do registro,
mencionando o nmero do protocolo e a data da sentena e seu trnsito em
julgado, quando for o caso.
7) Por via judicial, com motivo declarado, por sentena, aps oitiva do MP
Previsto no caput do art. 57 da LRP:
Art. 57. A alterao posterior de nome, somente por exceo e motivadamente,
aps audincia do Ministrio Pblico, ser permitida por sentena do juiz a que
estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alterao
pela imprensa, ressalvada a hiptese do art. 110 desta Lei.
Observaes:
hiptese de processo judicial de jurisdio voluntria.
obrigatria a oitiva do MP.
O pedido decidido pelo juiz por sentena.
Ser competente o juiz a que estiver sujeito o registro.
Arquiva-se o mandado no Registro Civil de Pessoas Naturais.
Publica-se a alterao pela imprensa.
Exemplos de alterao do nome com base nesse art. 57:
Alterar o prenome caso exponha seu portador ao ridculo.
Retificar o patronmico constante do registro para obter a nacionalidade de outro
p<!s (o STJ j reconheceu o direito de suprimir incorrees na grafia do patronmi-
co para que a pessoa pudesse obter a cidadania italiana [REsp 1138103/PR]).
Alterar o nome em virtude de cirurgia de retificao de sexo.
Imagine agora a seguinte situao:
Fernando Pinheiro Costa filho de Miguel Costa e Soraia Rodrigues Pinheiro.
Miguel abandonou a famlia quando Fernando ainda era beb, de forma que o filho
no teve qualquer relacionamento com o pai.
Pode ser deferido pedido formulado por filho que, no primeiro ano aps atingir
a maioridade, pretende excluir completamente de seu nome civil os sobreno-
mes de seu pai, que o abandonou em tenra idade. A mudana foi autorizada
com base na interpretao conjugada dos arts. 56 e 57 da LRP.
O STJ tem adotado posicionamento mais flexvel acerca da imutabilidade ou
definitividade do nome civil.
O princpio da imutabilidade do nome no absoluto no sistema jurdico brasi-
leiro. Alm disso, a referida flexibilizao se justifica '.'pelo prprio papel que o
nome desempenha na formao e consolidao da personalidade de uma pes-
soa" {REsp 1.41z.z6o-SP, Terceira Turma, DJe zz/5/Z014).
Desse modo, o direito da pessoa de portar um nome que no lhe remeta s an-
gstias decorrentes do abandono paterno e, especialmente, corresponda sua
realidade familiar, sobrepe-se ao interesse pblico de imutabilidade do nome,
j excepcionado pela prpria Lei de Registros P~blicos.
Sendo assim, nos moldes preconizados pelo STJ, considerando que o nome
elemento da personalidade, identificador e individualizador da pessoa na socie-
dade e no mbito familiar, conclui-se que o abandono pelo genitor caracteriza
o justo motivo de o interessado requerer a alterao de se1,1 nome civil, com a
respectiva excluso completa dos sobrenomes paternos.
STJ. 3" Turma. REsp 1.304.718-SP, Rei. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,julgado em 18/12/2014
(lnfo sss).
8) Casamento
Segundo o CC-2002, o cnjuge pode acrescentar sobrenome do outro. Tanto a mu-
lher pode acrescentar o do marido, quanto o marido o da mulher.
Art. 1.565 (...) 1 Qualquer dos nubentes, querendo, poder acrescer ao seu o
sobrenome do outro.
Em regra, o sobrenome do marido/esposa acrescido no momento do matrimnio,
sendo essa providncia requerida j no processo de habilitao para o casamento.
vale ressaltar, no entanto, que esse acrscimo ter que ser feito por intermdio
da ao de retificao de registros pblicos, nos termos dos arts. 57 e 109 da Lei
de Registros Pblicos (Lei n. 6.01511973). Assim, no ser possvel a alterao
pela via administrativa, mas somente em juzo.
STJ. 4" Turma. REsp 910.094-SC, Rei. Raul Arajo, julgado em 4/9/2012.
9) Unio estvel
Se duas pessoas vivem em unio estvel, possvel incluir o patronmico de um deles
no nome do outro? Ex.: Carlos Andrade vive em unio estvel com Juliana Barbosa.
permitido que Juliana acrescente o patronmico de seu companheiro e passe a se
chamar "Juliana Barbosa Andrade"?
SIM, tambm possvel, conforme entendeu o STJ. Foi aplicado, por analogia, o art.
1.565, 1 do CC, visto acima, que trata sobre o casamento.
permitido que o registro de nascimento do filho seja alterado nesse caso? Se a me,
aps o divrcio, voltou a usar o nome de solteira, o registrode nascimento do filho
pode ser modificado para adequar o nome l constante ao atual nome da genitora?
SIM.
Existe algum fundamento legal? Algum dispositivo de lei que poderio ser invocado?
SIM. Se a me se casar e alterar seu nome acrescentando o sobrenome do marido,
permitido que essa alterao do patronmico materno seja averbada no registro
de nascimento de seus filhos. Isso est previsto no art. 3, pargrafo nico da Lei
n 8.560/92:
Ese a fundao abranger mais de um Estado/DF? Se ela funcionar em dois, trs, qua-
tro Estados/DF, quem fiscaliza?
Se as atividades da fundao se estenderem por mais de um Estado, caber o en-
cargo, em cada um deles, ao respectivo Ministrio Pblico( 2 do art. 66}. Ex.: fun-
dao "Leia Livros" atua em SP, RJ e DF. O MPSP ir fiscalizar as atividades dessa
fundao em SP, o MPRJ no RJ e o MPDFT no DF.
Veja como o tema j foi cobrado em prova:
(Procurador Federal AGU 2007 CESPE} Se uma fundao estender suas atividades
por mais de um estado, independentemente de serfederal ou estadual, sua veladu-
ra caber ao Ministrio Pblico Federal. (ERRADO}
Existe algum prazo mximo para que o MP analise a proposta de mudana do es-
tatuto?
45 dias. Esse prazo foi acrescentado pela Lei n 13.151/2015. Antes, no havia prazo.
Legislao
As cooperativas so regidas pela Lei n 5.764/71 e pelo Cdigo Civil.
Veja o que diz o art. 1 da Lei:
Natureza
As cooperativas possuem natureza jurdica de "sociedades simples", conforme de-
termina o CC:
Finalidade
O objetivo principal da cooperativa desenvolver atividade de interesse dos pr-
prios scios. A Lei afirma que a cooperativa no possui objetivo de lucro. Todavia,
permitido que ela distribua as sobras lquidas (resultado positivo) entre os coopera-
dos. Este rateio (chamado de retorno ou bonificao) feito de forma proporcional
ao trabalho exercido por cada um (e no com base em quotas de capital, como em
uma sociedade empresria).
~.
TEORIA MAIOR TEORIA MENOR
A tese do exequente aceita pelo STJ? Nas relaes jurdicas regidas pelo Cdigo
Civil, o encerramento irregular das atividades da empresa autoriza, por si s, a des-
considerao da pessoa jurdica e o consequente direcionamento da execuo para
a pessoa do scio?
NO.
~ 282- Art. 50: O encerramento irregular das atividades da pessoa jurdica, por si
- s, no basta para caracterizar abuso da personalidade jurdica.
Obs.: no se quer dizer com isso que o encerramento da sociedade jamais ser cau-
sa de desconsiderao de sua personalidade, mas que somente o ser quando sua
dissoluo ou inatividade irregulares tenham o fim de fraudar a lei, com o desvir-
tu3mento da finalidade institucional ou confuso patrimonial (Min. Maria Isabel
Gallotti). Em outras palavras, o encerramento irregular pode ser um indcio de que
houve abuso da personalidade (desvio de finalidade ou confuso patrimonial), mas
sero necessrias outras provas para que se cumpra o que exige o art. 50 do CC.
Quadro-resumo:
O encerramento irregular das atividades da empresa devedora autoriza, por si s,
flUe se busque os bens dos scios para pagar a dvida?
Cdigo Civil: NO
CDC:SIM
Lei Ambiental: SIM
CTN: SIM
Joo, scio que estava saindo, alegou que, no total a ser pago a ele, deveriam ser in-
cludos no apenas os bens corpreos, como imveis, carros, computadores etc., mas
tambm os bens incorpreos que ele teria ajudado a conquistar, como a clientela does-
critrio, a sua reputao, nome no mercado etc. Essa tese de Joo foi acolhida pelo STJ?
NO.
~
:sTJ:4 Turma. REsp 1.227.240-SP, Rei.Min. Luis Felipe Salomo,julgado em 26/sl2ms {lnfo 564).
3 PRESCRIO
3.1 TERMO INICIAL DA PRESCRIO DA COBRANA DE HONORRIOS AD
EXITUM
Imagine a seguinte situao hipottica:
Dr. Rui (advogado) celebrou contrato de prestao de servios advocatcios com
Joo (seu cliente). No ajuste, ficou previsto que os honorrios contratuais seriam
pagos por Joo somente ao final da causa, se esta fosse exitosa.
Assim, se a ao de indenizao a ser proposta por Joo fosse julgada procedente,
este deveria pagar ao advogado R$ 5 mil. Se no obtivesse xito, Joo no pagaria
nada.
qual o prazo prescricional para que Dr. Rui cobre os honorrios advocatcios?
Esse prazo de 5 anos, nos termos do art. 25 da Lei no 8.go6/94 (Estatuto da OAB) e
do art. 206, 5,11, do CC:
Porqu?
,Jll'o caso de contrato advocatcio com clusula de remunerao quota litis, a obri-
g~o de resultado (e no de meio), ou seja, o direito remunerao do profis-
. ~ional depender de um julgamento favorvel ao seu clintena demanda judicial.
~~No caso em anlis~, no momento da revogao do mandato, o dvogado des-
~;tttuid ainda no tinha o direito de exigir o pagamento d verba htl~rrla;
::q.rma vez que, naquela altura, o processo no havia sido julgado Joo r:~o era
~i~ince'dor da demanda.
~
dores e professores pelos seus honorrios, contado o prazo da concluso dos ser-
vios, da cessao dos respectivos contratos ou mandato;
>
A tese de Pedro est correta? Aplica-se o art. zs do Estatuto da OAB (ou o art. zo6, 5,
11, do CC) para a relao jurdica acima descrita?
NO. O STJ entendeu que tais dispositivos (art. 25 do Estatuto da OAB e art. 206, 5, li,
do CC) somente se aplicam para as relaes jurdicas envolvendo advogado-cliente, ou
seja, um prazo para que o advogado cobre de seu cliente os honorrios advocatcios.
Tais dispositivos no regem a ao proposta por um advogado contra outro em uma
disputa sobre a diviso dos honorrios em processos nos quais trabalharam juntos.
Equal o prazo que se aplica para a ao proposta por Joo contra Pedro?
Tal prazo de 10 anos. No existe um dispositivo de lei que trate especificamente
da situao envolvendo Joo e Pedro. Diante disso, deve ser aplicado o art. 205 do
Cdigo Civil:
Art. 205. A prescrio ocorre em dez anos, quando a lei no lhe haja fixado prazo
menor.
Como no havia recursos pblicos para a ampliao da malha, a nica forma que os
proprietrios de imveis rurais tinham de conseguir energia eltrica no local onde
moravam era pagar pela construo da rede. Isso mesmo que voc leu. As pessoas,
para terem acesso ao servio pblico de fornecimento de energia em suas proprie-
Art. 2.028. Sero os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Cdigo,
e se, na data de sua entrada em vigor, j houver transcorrido mais da metade do
tempo estabelecido na lei revogada.
Assim, continua valendo o prazo do CC-1916 (20 anos) se, na data da entrada em
vigor do CC-2002,j tinha transcorrido mais da metade do tempo. Em outras pala-
vras, se, quando o CC 2002 entrou em vigor (n/01f2oo3),j havia se passado mais
de 10 anos da data em que o consumidor deveria ter sido restitudo.
Ex.1: consumidor deveria ter sido restitudo em 01/01/1990.1sso significa que, quan-
do o CC 2002 entrou em vigor (em 2003), j havia se passado 13 anos do prazo
prescricional. Logo, continua sendo aplicado o prazo do CC 1916 e essa pretenso
prescreveu em 2010.
Ex.2: consumidor deveria ter sido restitudo em m/01/1995. Isso significa que,
quando o CC 2002 entrou em vigor (em 2003), havia se passado 8 anos do prazo.
Logo, deve ser aplicado o prazo do CC 2002 (5 anos, se havia clusula de ressarci-
mento; 3 anos, se no havia clusula de ressarcimento). Esses prazos do CC 2002
(5 ou 3 anos) sero contados a partir de 11 de janeiro de 2003 (data em que o CC
entrou em vigor).
Ex.3: consumidor deveria ter sido restitudo em o1/01l2o04.1sso significa que deve
ser aplicado o prazo do CC 2002 (5 anos, se havia clusula de ressarcimento; 3 anos,
se no havia clusula de ressarcimento).
Relendo a smula
Depois de tudo que foi explicado, vamos agora reler a smula 547 do STJ dividindo-a
em partes:
Nas aes em que se pleiteia o ressarcimento dos valores pagos a ttulo de parti-
cipao financeira do consumidor no custeio de construo de rede eltrica,
o prazo prescricional de vinte anos na vigncia do Cdigo Civil de 1916.
Na vigncia do Cdigo Civil de 2002, o prazo de:
cinco anos se houver previso contratual de ressarcimento e
de trs anos na ausncia de clusula nesse sentido,
observada a regra de transio disciplinada em seu art. 2.028.
4 OBRIGAES
4.1 TERMO INICIAL DE JUROS DE MORA EM COBRANA DE MENSALIDADE
POR SERVICO EDUCACIONAL
Imagine a seguinte situao hipottica:
Joo matriculou-se em um curso de ps-graduao de uma instituio privada.
Segundo o contrato, Joo deveria pagar R$ 500 de mensalidade durante 12 meses,
com vencimento todo dia 28 de cada ms.
O aluno tornou-se inadimplente, razo pela qual a faculdade ajuizou ao de co-
brana pleiteando o pagamento das parcelas que no foram pagas, acrescidos de
juros e multa.
Os juros de mora sero contados do dia em que Joo foi citado para a ao ou da
data prevista para o vencimento de cada parcela?
Os juros de mora fluem a partir do vencimento das prestaes, nos termos do caput
do art. 397 do CC:
Art. 397 O inadimplemento da obrigao, positiva e lquida, no seu termo, cons-
titui de pleno direito em mora o devedor.
O art. 397, caput, do CC traz o que seja obrigao ex re e, o seu pargrafo nico, a
obrigao ex persona:
JUROS CAPITALIZADOS
A capitalizao de juros, tambm chamada de anatocismo, ocorre quando os jurcs
so calculados sobre os prprios juros devidos.
Outras denominaes para "capitalizao de juros": "juros sobre juros", "juros com-
postos" ou "juros frugferos".
Normalmente, os juros capitalizados esto presentes nos contratos de financia-
mento bancrio.
Carlos Roberto Gonalves explica melhor:
m "O anatocismo consiste na prtica de somar os juros ao capital para contagem
de novos juros. H, no caso, capitalizao composta, que aquela em que a taxa
de juros incide sobre o capital inicial, acrescido dos juros acumulados at o pero-
do anterior. Em resumo, pois, o chamado 'anatocismo' a incorporao dos jures
ao valor principal da dvida, sobre a qual incidem novos encargos." (Direito Civil
Brasileiro. 8. ed. So Paulo: Saraiva, 2011, p. 409).
como vimos, a capitalizao de juros por ano permitida, seja para contratos ban-
crios ou no bancrios. O que proibida, como regra, a capitalizao de juros
com periodicidade inferior a um ano. Ex.: capitalizao mensal de juros (ou seja, a
cada ms incidem juros sobre os juros).
A capitalizao de juros com periodicidade inferior a um ano (ex.: capitalizao
mensal de juros) proibida tambm para os bancos?
NO. A MP n 1.963-17, editada em 31 de maro de 2000, permitiu s instituies
financeiras a capitalizao de juros com periodicidade inferior a um ano.
Em suma, permitida a capitalizao de juros com periodicidade inferior a um
ano em contratos BANCRIOS celebrados aps 31 de maro de 2000, data da pu-
blicao da MP 1.g63-17l2ooo (atual MP 2.170-36/2001), desde que expressamen-
te pactuada.
Veja a redao da MP 2.170-36/2001:
Art. 5 Nas operaes realizadas pelas instituies integrantes do Sistema Finan-
ceiro Nacional, admissvel a capitalizao de juros com periodicidade inferior
a um ano.
O STJ confirma essa possibilidade:
Nos contratos celebrados por instituies integrantes do Sistema Financeiro Nacio-
nal, posteriormente edio da MP n 1.963-17/oo (reeditada sob o n 2.170-36/01),
admite-se a capitalizao mensal de juros, desde que expressamente pactuada.
(STJ. 3Turma, REsp 894385/RS, Rei.Min. Nancy Andrighi,j. 2].03.2007, DJ 16.04.2007)
Desse modo, os bancos podem aplicar a capitalizao de juros com periodicidade
inferior a um ano, desde que e~pressamente pactuada .
. .............
DESDE OUE ~
EXPRESSAMENTE PACTUADA
............................................................................................................. .
O que significa essa terminologia "desde que expressamente pactuada"? De que
modo o contrato bancrio dever informar ao contratante que est adotando juros
capitalizados com periodicidade inferior a um ano?
23 CORRENTE
Acapitalizao de juros deve estar Acapitalizao dos juros em periodicidade
prevista no contrato de forma clara, inferior anual deve vir pactuada de forma
precisa e ostensiva. expressa e clara.
Acapitalizao de juros no pode ser A previso no contrato bancrio de taxa
deduzida da mera divergncia entre de juros anual superior ao duodcuplo da
a taxa de juros anual e o duodcuplo mensal suficiente para que a capitalizao
da taxa de juros mensal (Obs.: duo- esteja expressamente pactuada .
.. ~~~uplo significa 12 vezes maior).
.................................................. .
3) Inconstitucionalidade material do MP
Existe uma ADI no STF que, alm dos requisitos da MP, alega tambm a inconstitu-
cionalidade material da capitalizao de juros em periodicidade inferior a um ano.
Trata-se da ADI 2316, cujo julgamento ainda no foi concludo. Dificilmente, contu-
do, esta MP ser declarada inconstitucional.
~
banco.
O banco enviou uma notificao extrajudicial apresentando o valor total da dvida,
prxima de R$ 100 mil reais.
>
A empresa considerou os juros cobrados pelo banco muito altos e, por essa razo,
Segunda pergunta: como a clusula nula, o banco ficar proibido de cobrar a dvi-
da com juros?
NO. Mesmo a clusula sendo nula, o banco poder cobrar a dvida com juros. Isso
porque, mesmo quando no prevista no contrato, a incidncia dos juros presumi-
da no caso de emprstimos destinados a fins econmicos. Veja o que estabelece a
primeira parte do art. 591 do CC/2002:
Terceira pergunta: qual ser a taxa de juros que o banco dever cobrar?
O STJ possui o entendimento de que os juros remuneratrios cobrados pelos ban-
cos no esto sujeitos aos limites impostos pela Lei de Usura (Decreto n 22.626/33},
PERMITIDOS
TOLERADOS ..
{AUTORIZADOS)
O resultado depende exclu- O resultado no decorre O resultado no decorre
sivamente da sorte. exclusivamente da sorte, exclusivamente da sorte,
So, por isso, chamados de sendo influenciado pela sendo influenciado pela
"jogos de azar". habilidade, fora ou inteli- habilidade, fora ou
gncia dos participantes. inteligncia dos partici-
pantes.
A pessoa que vence no A pessoa que vence no A pessoa que vence pode
pode ingressar com uma pode ingressar com uma ingressar com uma ao
ao judicial compelindo ao judicial compelindo judicial compelindo a
a outra a pagar a quantia a outra a pagar a quantia outra a pagar a quantia
?.~?~~~~?.~: ............................~~~~~~~?.~: ......................... ?. ~~~ ~~~ ?~: ....................... .
Sua prtica, com intuito Sua prtica no regula- Sua prtica regulamen-
econmico, punida como mentada, mas apenas to- tada e incentivada pelo
contraveno penal (art. 50 lerada pelo Poder Pblico. Poder Pblico.
~~ .~~.~~~~~~~.:~ .?:~~~.~~~~~~..................................................................................... .
Exs.: jogo do bicho, roleta Exs.: disputas informais Exs.: campeonatos esporti-
do cassino, jogo de dados, de esportes, isto , sem vos autorizados pelo Poder
vspora, bacar etc. um campeonato regu- Pblico (futebol, vlei, boxe,
lamentado, "boles de sinuca, xadrez, domin),
apostas entre amigos". Mega-Sena, Lotomania.
5 RESPONSABILIDADE CIVIL
5.1 POSSIBILIDADE DE ABSOLUTAMENTE INCAPAZ SOFRER DANO MORAL
Imagine a seguinte situao adaptada:
Joo portador de doena mental (demncia total e irreversvel) e j foi, inclusive, de-
clarado judicialmente interditado, tendo-lhe sido nomeada a sua filha como curadora.
Joo mantm uma conta bancria atravs da qual recebe um benefcio assistencial.
Determinado dia, a sua filha notou que houve saques indevidos (fraudulentos) que
foram efetuados em sua conta bancria por um terceiro.
Mesmo aps ser alertado acerca do saque indevido, o banco nada fez, no restituin-
do a quantia sacada.
Diante disso, Joo, representado por sua filha e curadora, ajuizou ao de ressarci-
mento por danos materiais e morais contra o banco.
O banco contestou o pedido afirmando que o autor no sofreu qualquer dano mo-
ral porque, sendo ele portador de demncia total, nem mesmo teve conscincia de
que foram feitos saques de sua conta. Logo, no se pode dizer que tenha sofrido
uma dor, um abalo em seu ntimo.
Observao importante: vale ressaltar que, com o Estatuto da Pessoa com Defi-
cincia (Lei n 13-146/2015), que entrou em vigor aps esse julgado, a pessoa com
deficincia mental no mais considerada absolutamente incapaz. Isso somente
refora que a pessoa com deficincia pode sofrer dano moral.
DANO MORAL EXIGE DOR DA VTIMA DANO MORAL NO EXIGE DOR DA VTIMA
H aqueles que dizem que o dano moral Por outro lado, h aqueles que reconhe-
a alterao negativa do nimo do cem que existe dano moral pelo simples
indivduo. fato de ter havido uma violao de um
Assim, para que haja dano moral, ne- bem ou interesse jurdico, sem exigir que
cessrio que o titular tenha sido vtima a vtima tenha sofrido dor ou qualquer
de sofrimento, tristeza, vergonha etc., ou outra modificao no seu estado da alma.
seja, alteraes negativas no seu estado O dano moral existe pelo simples ataque
anmico, psicolgico ou espiritual. em si a determinado direito, e no com
De acordo com os que pensam o dano sua consequncia, ou seja, com o resulta-
moral dessa forma, no h dano moral do por ele provocado.
sem dor, padecimento ou sofrimento, a posio de Sergio Cavalieri, para
fsico ou moral. quem: "o dano moral no est neces-
o caso, p. ex., de Carlos Alberto Bittar, sariamente vinculado a alguma reao
para quem os danos morais "se tra- psquica da vtima. Pode haver ofensa
duzem em turbaes de nimo, em dignidade da pessoa humana sem
O STJ aderiu segunda corrente e concluiu que possvel concluir que o dano moral
se caracterize pela simples ofensa a determinados direitos ou interesses. O evento
danoso no se revela na dor, no padecimento, que so, na verdade, consequncias
do dano, seu resultado.
"As mudanas no estado de alma do lesado, decorrentes do dano moral, no cons-
tituem, pois, o prprio dano, mas efeitos ou resultados do dano" (ANDRADE, Andr
Gustavo C. de. A evolUo do conceito de dano moral. Revista da Escola da Magistra-
tura do Rio de Janeiro, 2008).
~ (...) 5 Caracterizao de dano extra patrimonial para criana que tem frustrada
""' a chance de ter suas clulas embrionrias colhidas e armazenadas para, se for
preciso, no futuro, fazer uso em tratamento de sade.
6. Arbitramento de indenizao pelo dano extrapatrimonial sofrido pela criana
prejudicada.(...)
STJ. 3"Turma. REsp 1291247/RJ, Rei.Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 01/10/2014.
(...)As crianas, mesmo da mais tenra idade, fazem jus proteo irrestrita dos
direitos da personalidade, entre os quais se inclui o direito integridade mental,
assegurada a indenizao pelo dano moral decorrente de sua violao, nos ter-
mos dos arts. 5, X, in fine, da CF e 12, caput, do CC/o2.
- Mesmo quando o prejuzo impingido ao menor decorre de uma relao de
consumo, o CDC, em seu art. 6, VI, assegura a efetiva reparao do dano, sem
fazer qualquer distino quanto condio do consumidor, notadamente sua
idade. Ao contrrio, o art. 7 da Lei no 8.078/90 fixa o chamado dilogo de fontes,
segundo o qual. sempre que uma lei garantir algum direito para o consumidor,
ela poder se somar ao microssistema do CDC, incorporando-se na tutela espe-
cial e tendo a mesma preferncia no trato da relao de consumo.( ... )
STJ. 3" Turma. REsp 1037759/RJ, Rei. Min. Nancy Andrighi, DJe 05/03/2010.
ii~
YmrB~II
Os pais de portador de esquizofrenia paranoide que seja solteiro, maior de ida-
de e more sozinho tm responsabilidade civil pelos danos causados durante
os recorrentes surtos agressivos de seu filho, no caso em que eles, plenamente
cientes dessa situao, tenham sido omissos na adoo de quaisquer medidas
com o propsito de evitar a repetio desses fatos, deixando de tomar qualquer
atitude para interdit-lo ou mant-lo sob sua guarda e companhia.
STJ. 4" Turma. REsp 1.101.324-RJ,Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 13/10/2015
(lnfo 573).
O STJ entendeu que, no caso analisado, caberia genitora toma r cuidados para, ao
menos, tentar evitar que seu filho, portador de esquizofrenia paranoide, cometesse
agresses contra terceiros. Como no houve essa diligncia por parte da me, o Tri-
bunal entendeu que ficou caracterizada a sua flagrante omisso no cumprimento
das suas obrigaes como genitora, o que a obriga a indenizar os danos causados
pelo seu filho.
Veja alguns trechos da ementa do julgado:
Esse fato pode ser analisado sob dois aspedos: o penal e o cvel.
Sob o aspecto penal: Joo :ode responder pelo crime de homicdio culposo na dire-
o de veculo auto moto' (art. 302 do Cdigo de Trnsito Brasileiro- CTB).
S:::>b o aspecto cvel: Joo :ode ser condenado a pagar indenizao aos familiares
de Pedro.
Mas o fato de o juzo cvel entender que houve concorrncia de culpas tem alguma
importncia?
SIM. Como houve condenao no juzo criminal, o juzo cvel no poder afastar
a obrigao de reparar, ou seja, ter que condenar o ru. No entanto, o fato de ter
havido concorrncia de culpas ter sim importncia, porque o juzo cvel poder
reduzir o valor da indenizao com base nisso. Confira:
~ (... )A culpa concorrente fator determinante para a reduo do valor da inde-
- nizao, mediante a anlise do grau de culpa de cada um dos litigantes, e, so-
bretudo, das colaboraes individuais para confirmao do resultado danoso,
considerando a relevncia da conduta de cada qual. O evento danoso resulta
da conduta culposa das partes nele envolvidas, devendo a indenizao medir-se
conforme a extenso do dano e o grau de cooperao de cada uma das partes
sua ecloso.(... ) (STJ. 4" Turma. REsp 1307032/PR, Rei. Min. Raul Arajo, julgado
em 18/o6/2013)
Existem dois enunciados das Jornadas de Direito Civil que transmitem ide ia seme-
lhante:
Enunciado 381- O lesado pode exigir que a indenizao, sob a forma de pensiona-
menta, seja arbitrada e paga de uma s vez, salvo impossibilidade econmica do de-
vedor, caso em que o juiz poder fixar outra forma de pagamento, atendendo con- ...J
Art. 475-Q. Quando a indenizao por ato ilcito incluir prestao de alimentos, o
juiz, quanto a esta parte, poder ordenar ao devedor constituio de capital, cuja
renda assegure o pagamento do valor mensal da penso.
Art. 533 Quando a indenizao por ato ilcito incluir prestao de alimentos, ca-
ber ao executado, a requerimento do exequente, constituir capital cuja renda
assegure o pagamento do valor mensal da penso.
Existe um enunciado do STJ que espelha esse entendimento.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido no possa exercer o
seu ofcio ou profisso, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indeniza-
o, alm das despesas do tratamento e lucros cessantes at ao fim da conva-
lescena, incluir penso correspondente importncia do trabalho para que se
inabilitou, ou da depreciao que ele sofreu.
Pargrafo nico. O prejudicado, se preferir, poder exigir que a indenizao seja
arbitrada e paga de uma s vez.
Outro argumento da empresa foi o de que seria exorbitante fixar a penso em roo%
do ltimo soldo recebido pelo autor. Essa alegao foi aceita?
NO.
~
mantido com amparo no princpio-da reparao integral do dano.
STJ. 3" Turma. REsp 1.344-962-DF, Rei. Min. Ricardo Vi lias Bas Cueva,julgado em 25/8/2015
(lnfo 568). >
u
Mas neste caso, o portal de notcia no era mero provedor de contedo quanto aos
comentrios dos leitores?
SIM. Ele era provedor de contedo. No entanto, ainda assim o STJ afirmou que de-
veria haver a indenizao porque o caso em anlise trazia uma particularidade: o
provedor de contedo era tambm um portal de notcias, ou seja, uma sociedade
cuja atividade precisamente o fornecimento de informaes a um vasto pblico
consumidor.
Essa particularidade diferencia o presente caso daqueles outros julgados pelo STJ,
em que o provedor de contedo era empresa da rea da informtica, como a Goo-
gle, o Facebook, a Microsoft etc.
No razovel exigir que empresas de informtica controlem o contedo das pos-
tagens efetuadas pelos usurios de seus servios ou aplicativos. Todavia, tratando-
Eo pedido de indenizao por danos materiais, dever ser acolhido? No caso relata-
do, a Google dever ser condenada a indenizar o autor?
NO. A Google no responsvel pelos prejuzos decorrentes de violaes de di-
reito autoral levadas a efeito por usurios que utilizavam a rede social Orkut para
comercializar obras sem autorizao dos respectivos titulares, desde que constata-
do que:
a) o provedor de internet (Google) no obteve lucro ou contribuiu decisivamente
com a prtica ilcita, e
b) os danos sofridos ocorreram antes da notificao do provedor acerca da existn-
cia do contedo infringente (ou seja, as vendas ocorreram antes de o provedor
ser notificado sobre as pginas ilcitas).
~
Responsabilidade vicria: a responsabilidade vicria est configurada quan-
do fica provado que o provedor de internet aufere lucros, ainda que indiretos,
com os ilcitos praticados, razo pela qual se nega a exercer o poder de con-
trole ou de limitao dos danos, quando poderia faz-lo. O exemplo novamen- >
te o Napster. A Justia norte-americana entendeu que os responsveis pela
rede poderiam controlar os compartilhamentos que eram feitos entre os usu-
rios cancelando as contas dos usurios infratores e filtrando os arquivos em seu
prprio sistema. Alm disso, ficou demonstrado que o Napster obtinha retorno
financeiro com a ilegalidade cometida pelos usurios, uma vez que estes eram
atrados exatamente pela facilidade na obteno gratuita de obras protegidas
por copyright, ao passo que, para o Napster, havia a possibilidade de anncios e
propagandas patrocinadas dirigidas aos integrantes da rede.
"*
cabe ao interessado informar o respectivo URL ("Universal Resource Locator", isto ,
0 localizador universal de recursos) em que se encontram os artigos/posts cujo con-
tedo considerou lesivo. Sem essa individualizao, a providncia do provedor se as-
semelharia a um rastreamento, ficando ao seu arbtrio o apontamento de interesses
e:><clusivos do ofendido, podendo, inclusive, envolver terceiras pessoas com quem no
tem relao alguma ou que no sejam responsveis pelo que pretende o ofendido.
Deve o ofendido, portanto, realizar a indicao especfica dos URLs das pginas
onde se encontra a mensagem considerada ofensiva, sem os quais no possvel
ao provedor de hospedagem de blogs localizar, com segurana, determinada men-
sagem considerada ofensiva.
Obrigao de meio
A obrigao da empresa de vigilncia de meio (e no de resultado), sendo impos-
svel garantir que no haver assaltos.
A empresa de vigilncia tem apenas o dever de envidar todos os esforos razoveis
para evitar danos ao patrimnio da contratante e de agir com diligncia na mini-
mizao dos riscos. Todavia, no se pode exigir dos seguranas atitudes heroicas
perante grupo criminoso fortemente armado.
Se fosse admitida a tese do banco, o contrato de vigilncia iria se transformar em
um verdadeiro contrato de seguro.
5.7DPVAT
NOCES GERAIS
!' ......................
O que o DPVAT?
O DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veculos Automotores de Via Terrestres)
um seguro obrigatrio contra danos pessoais causados por veculos automotores
de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas, transportadas ou no.
Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um
veculo automotor, ou por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a in-
denizao do DPVAT. Isso abrange os motoristas, os passageiros, os pedestres ou,
em caso de morte, os seus respectivos herdeiros.
Ex.: dois carros colidem e, em decorrncia da batida, acertam tambm um pedestre
que passava pelo local. No carro 1, havia apenas o motorista. No carro 2, havia o mo-
torista e mais um passageiro. Os dois motoristas morreram. O passageiro do carro 2
e o pedestre ficaram invlidos. Os herdeiros dos motoristas recebero indenizao
de DPVAT no valor correspondente morte. O passageiro do carro 2 e o pedestre
recebero indenizao de DPVAT por invalidez.
YALOR DA INDENIZACO
................................. DO DPVAT
........................................................................................ .
l
no caso de despesas de assistncia mdica e suplementares: at R$ 2.7oo,oo
como reembolso cada vtima.
A Lei no 6.194/74, em seu art. 3, 11, prev que a indenizao no caso de invalidez
permanente ser de at R$ 13.500,00, mas no estabeleceu critrios para se gra-
duar essa quantia. Em outras palavras, nem toda invalidez ir gerar o pagamento
do valor mximo, mas, por outro lado, a legislao no forneceu parmetros para
se escalonar essa indenizao.
O STJ afirmou que o valor da indenizao dever ser proporcional ao grau da inva-
lidez permanente apurada. H, inclusive, um enunciado espelhando esse entendi-
mento:
Tabelas do CNSP
Pois bem. Vimos acima que a Lei no 6.194/74 foi lacunosa e no previu os critrios
para se graduar a indenizao a ser paga em caso de invalidez permanente.
Diante dessa omisso da lei, o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) ela-
borou uma tabela prevendo limites indenizatrios de acordo com as diferentes es-
pcies de sinistros.
Assim, essa tabela previa, por exemplo:
perda total da viso de um olho: a vtima receber X% do valor da indenizao;
fratura no consolidada do maxilar inferior: a vtima receber Y% do valor da
indenizao.
Como essa tabela no estava prevista em lei, ela era muito questionada. As vtimas
que sofriam invalidez permanente, mas no recebiam o valor mximo, ingressa-
vam com aes afirmando que tal escalonamento feito pelo CNSP violava o princ-
pio da legalidade.
Qual foi o fundamento utilizado pelo STJ para validar a tabela do CNSP mesmo an-
tes da MP 4SJI2oo8?
Segundo afirmou o Min. Paulo de Tarso Sanseverino, a declarao de invalidade da
tabela no seria a melhor soluo, pois a ausncia de percentuais previamente esta-
belecidos para o clculo da indenizao causaria grande insegurana jurdica, uma
vez que o valor da indenizao passaria a depender exclusivamente de um juzo sub-
jetivo do magistrado. Alm disso, os valores estabelecidos pela tabela para a indeni-
zao proporcional pautavam-se por um critrio de razoabilidade em conformidade
com a gravidade das leses corporais sofridas pela vtima do acidente de trnsito.
Mas a Lei do DPVAT (Lei n 6.194/74) no prev nenhum tipo de correo monetria?
Ela no aborda o assunto em nenhum dispositivo?
Prev sim. O 7 do art. 5 da Lei no 6.194/74 (Includo pela Lei no 11-482/2007) esta-
belece o seguinte:
Art. 5( ...)
7 Os valores correspondentes s indenizaes, na hiptese de no cumprimen-
to do prazo para o pagamento da respectiva obrigao pecuniria, sujeitam-se
correo monetria segundo ndice oficial regularmente estabelecido e juros
moratrios com base em critrios fixados na regulamentao especfica de se-
guro privado.
Desse modo, a nica correo monetria que a Lei do DPVAT previu foi para o caso
de a indenizao no ser paga no prazo de 30 dias, que o tempo previsto na Lei
para que a seguradora pague o beneficirio (art. 5, 1). Assim, demorando mais
de 30 dias para ser paga a indenizao, dever incidir correo monetria, que ser
contada desde a data do evento danoso.
Resumindo:
Existe correo monetria dos valores do DPVAT desde 2006? NO. Tais valores
foram previstos em quantias fixas e a MP e a Lei no previram formas de corrigir
tais quantias (infeliz opo do legislador, que no pode ser consertada pelo Poder
Judicirio);
Existe alguma forma de correo monetria dos valores do DPVAT? SIM. A Lei pre-
v que, se a seguradora demorar mais que 30 dias para pagar a indenizao aps
o recebimento dos documentos, o beneficirio dever receber os valores com cor-
reo monetria, mas o termo inicial desta correo no 2006 e sim a data do
evento danoso.
Art. 286. O credor pode ceder o seu crdito, se a isso no se opuser a natureza da
obrigao, a lei, ou a conveno com o devedor; a clusula proibitiva da cesso
no poder ser oposta ao cessionrio de boa-f, se no constar do instrumento
da obrigao.
Cuidado:
A Lei do DPVAT (Lei n 6.194/74) proibiu expressamente a cesso de crdito decor-
rente do seguro DPVAT no caso de reembolso de despesas mdico-hospitalares (art.
3, 2). Explicando melhor, a vtima de acidentes causados por veculos automoto-
res tem direito ao reembolso, no valor de at R$ 2.700,00, de despesas mdico-hos-
pitalares que comprove ter gasto em hospitais privados. Esse direito de reembolso
(crdito) no pode ser cedido porque a Lei vedou. Confira:
Art. 3o (... )
2 Assegura-se vtima o reembolso, no valor de at R$ 2.70o,oo (dois mil e
setecentos reais), previsto no inciso 111 do caput deste artigo, de despesas mdico-
-hospitalares, desde que devidamente comprovadas, efetuadas pela rede cre-
denciada junto ao Sistema nico de Sade, quando em carter privado, vedada
a cesso de direitos.
ACES DE COBRANCA
................................. ENVOLVENDO O SEGURO DPVAT
-: ....................................................... ..... ... .
~
da indenizao no um crdito da vtima falecida. No integra o patrimnio dei-
xado pelo morto.
O valor da indenizao do DPVAT, em caso de morte, passa diretamente para os
beneficirios (cnjuge suprstite e demais herdeiros).
A indenizao do seguro obrigatrio (DPVAT) em caso de morte da vtima surge
somente em razo da morte e aps a sua configurao, ou seja, esse direito patri-
monial no preexistente ao bito da pessoa acidentada, sendo, portanto, direito
prprio dos beneficirios, a afastar a incluso no esplio.
Deve ser aplicado, por analogia, nesta situao especfica, o art. 794 do CC-2002, se-
gundo o qual o capital estipulado, no seguro de vida ou de acidentes pessoais para
o caso de morte, no est sujeito s dvidas do segurado, nem se considera herana
para todos os efeitos de direito.
logo, quem tinha que ingressar com a ao cobrando o seguro DPVAT eram a espo-
sa de Joo e seus filhos (e no o esplio).
Essa ao, que de competncia da Justia Estadual, dever ser proposta em qual
comarca?
O autor poder escolher, dentre trs opes, o local onde ir ajuizar a ao:
a) no foro do local do acidente (art. 100, pargrafo nico do CPC 1973 I art. 53, V, do
CPC 2015);
O STJ entende que essas duas previses acima listadas no se excluem, mas ao con-
trrio, se completam. Em outras palavras, so todas opes colocadas disposio
do autor.
A demanda objetivando o recebimento do seguro obrigatrio DPVAT de natureza
pessoal, fazendo com que a competncia para a ao seja, em princpio, do foro do
domiclio do ru (art. 94, caput do CPC 1973 I art. 53, V, do CPC 2015).
Ocorre que o art. 100, pargrafo nico, do CPC 1973 estabelece que "nas aes de
reparao do dano sofrido em razo de delito ou acidente de veculos ser compe-
tente o foro do domiclio do autor ou do local do fato" (art. 53, V, do CPC 2015). Essa
regra foi prevista pelo legislador como uma forma de facilitar o acesso justia ao
jurisdicionado, vtima do acidente. Trata-se, contudo, de uma faculdade, ou seja,
uma comodidade oferecida ao lesado. Se uma faculdade (algo fixado em seu fa-
vor), nada impede que o beneficirio da norma especial "abra mo" desta prerroga-
tiva, ajuizando a ao no foro domiclio do ru, que a regra geral (art. 94 do CPC
1973 I art. 46 do CPC 2015). Para o ru, no haver prejuzo. Ao contrrio, se ele for
demandado em seu domiclio, ser at melhor para a sua defesa. Assim, estamos
diante de um tpico caso de competncia concorrente (STJ. 2" Seo. REsp 1357813IRJ,
Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 1110912013).
Veja o que diz a doutrina sobre essa hiptese de competncia concorrente:
m "A competncia do foro do lugar do acidente, ou delito, para a ao de reparao
do dano por ele causado, no exclusiva. O pargrafo em exame a considera
concorrente com a do foro do domiclio do autor, cabendo a este optar por um
desses dois foros.
Tratando-se de regra criada em favor da vtima do delito ou acidente, pode ela
abrir mo dessa prerrogativa e, se lhe convier, ajuizar a ao no foro do domiclio
INVALIDEZ
6CONTRATOS
6.1 NOCES GERAIS
Com isso, Joo, que pagava cerca de 10 mil reais de prestao, de uma hora para
outra passou a ter que pagar o dobro (por volta de 20 mil reais).
Diante disso,Joo ajuizou ao revisional de contrato pedindo a diminuio do valor
das prestaes. Como fundamento para esse pedido apresentou trs argumentos:
1) alegou que era consumidor e, portanto, hipossuficiente na relao jurdica;
2) afirmou que o contrato poderia ser revisto com fundamento na teoria do rom-
pimento da base objetiva;
3) por fim, argumentou que, se no fosse acolhida a teoria da base objetiva, po-
deria ser aplicada no caso a teoria da impreviso ou a teoria da onerosidade
excessiva, permitindo assim a reviso do contrato;
~
tatar e o mdico que firmam contrato de compra e venda de equipamento de
ultrassom com clusula de reserva de domnio e de indexao ao dlar ameri-
cano na hiptese em que o profissional de sade tenha adquirido o objeto do >
contrato para o desempenho de sua atividade econmica . .
STJ. 3" Turma. REsp 1.321.614-SP, Rei. originrio Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rei. para
acrdo Min. Ricardo Villas Bas Cueva,julgado em 16/12/2014 (lnfo 556).
Com efeito, consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza, como
destinatrio final, produto ou servio oriundo de um fornecedor. Assim, segundo a
teoria subjetiva ou finalista, adotada pelo STJ, destinatrio final aquele que ulti-
ma a atividade econmica, ou seja, que retira de circulao do mercado o bem ou o
servio para consumi-lo, suprindo uma necessidade ou satisfao prpria. Por isso,
fala-se em destinatrio final econmico {e no apenas ftico) do bem ou servio,
haja vista que no basta ao consumidor ser adquirente ou usurio, mas deve haver
o rompimento da cadeia econmica com o uso pessoal a impedir, portanto, a sua
reutilizao no processo produtivo, seja na revenda, no uso profissional, na trans-
formao por meio de beneficiamento ou montagem ou em outra forma indireta.
Desse modo, a relao de consumo {consumidor final) no pode ser confundida
com relao de insumo {consumidor intermedirio).
Na hiptese em foco, no se pode entender que a aquisio do equipamento de
ultrassom, utilizado na atividade profissional do mdico tenha ocorrido sob o am-
paro do CDC.
Obs.: imagino que muitos de vocs devem estar pensando: no seria o caso de apli-
car a teoria finalista mitigada? Penso que sim; contudo, nenhum dos votos sequer
aventou essa possibilidade. Assim, nas provas de concurso, caso seja cobrada uma
situao semelhante narrada acima, responda exatamente o que foi decidido,
ou seja, que no h relao de consumo porque o equipamento foi adquirido pelo
mdico para o desempenho de sua atividade econmica.
Ateoria da base objetiva ou da base do negcio jurdico tem sua aplicao res-
trita s relaes jurdicas de consumo, no sendo aplicvel s contratuais pura-
mente civis.
STJ. 3 Turma: REsp 1.321.614-SP, Rei. originrio Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rei. para
acrdo Min. Ricardo Villas Bas Cueva;julgado em 16/12/2014 (lnfo 556).
Como visto no quadro acima, a teoria da base objetiva difere da teoria da imprevi-
so por prescindir (dispensar) da imprevisibilidade de fato que determine onerao
excessiva de um dos contratantes.
Conforme est expresso no art. 6, V, do CDC, para que seja possvel a postulao
da reviso ou resoluo do contrato basta a supervenincia de fato que determine
desequilbrio na relao contratual diferida ou continuada.
Em palavras simples, no se exige que o fato seja imprevisvel ou extraordinrio
para se aplicar a teoria da base objetiva, sendo necessria apenas a modificao
nas circunstncias indispensveis que existiam no momento da celebrao do ne-
gcio, ensejando onerosidade ou desproporo para uma das partes.
Com efeito, a teoria da base objetiva tem por pressuposto a premissa de que a cele-
brao de um contrato ocorre mediante considerao de determinadas circunstn-
cias, as quais, se modificadas no curso da relao contratual, determinam, por sua
vez, consequncias diversas daquelas inicialmente estabelecidas, com repercusso
direta no equilbrio das obrigaes pactuadas.
por ltimo: possvel acolher o pedido do mdico para a reviso do contrato com
base na teoria da impreviso e da onerosidade excessiva?
NO.
O fato de ter sido celebrado o contrato de compro e venda j suficiente para trans-
ferir a propriedade do bem imvel?
NO. No Brasil, adota-se o sistema romano, segundo o qual o contrato de compra e
venda, por si s, no transfere a propriedade da cois3. O contrato de compra e venda
apenas gera para o vendedor a obrigao de transf~rir a propriedade.
Forma do contrato de compra e venda. A compra e venda de bens IMVEIS pode ser
feita por meio de contrato particular ou necessria escritura pblica?
Em regra: necessria escritura pblica (art.lo3 co CC).
Exceo: a compra e venda pode ser feita por contrato particular (ou seja, sem
escritura pblica) se o valor do bem imvel alienado for inferior a 30 salrios-
-mnimos.
Para fins do art. 108 do CC, deve-se adotar o prefo dado pelas partes ou o valor
calculado pelo Fisco?
Ovalor calculado pelo Fisco.
O art. 108 do CC fala em valor do imvel (e no em preo do negcio). Assim, ha-
vendo disparidade entre ambos, o valor do imvel calculado pelo Fisco que deve
ser levado em conta para verificar se ser necessria ou no a elaborao da escri-
tura pblica.
A avaliao feita pela Fazenda Pblica para fins de apurao do valor venal do im-
vel baseada em critrios objetivos, previstos em lei, os quais admitem aos interes-
sados o conhecimento das circunstncias consideradas na formao do quantum
atribudo ao bem. Logo, trata-se de um critrio objetivo e pblico.
J'.ara fins do art. 108 do Cdigo Civil, deve-se adotar o preo dado pelas partes ou
<o_ valor calculado pelo Fisco?
;~(;)valor calculado pelo Fisco. O art. 108 do CC fala em valor do imvel (e no
~te,m preo do negcio). Assim, havendo disparidade entre ambos, o valor do
Si_tftvE!1 calculado pelo Fisco que deve ser levado em conta para verificar se ser
:i~~ecessria ou no a elaborao da esc.ritura pblica .
.'il!aVlllia4~o feita pela Fazenda Pblica para fins de apurao do valor venal do
baseei da em critrios objetivos, p.revlstos e111lei, os quais admitem aos
eret~s<ldC:Is o con~ecimento das circunstn.i:ias considerada.s na fprmao do
. atribudo ao bem~ . . . . . . . . .' ..
~:t:r:<~Ta-c:~~>de um critrio objetivo e pblico que evita a ocorrn'cla de fr~~des
. REsp 1.099480-MG, Rei. Min. Marco Buzzi,julgado. em /22014 {lnf s62}.
~ Enunciado 289: O valor de 30 salrios mnimos a que se refere o art. 108 do Cdi-
..... go Civil brasileiro, ao dispor este sobre a forma pblica ou particular dos negcios
jurdicos que envolvam bens imveis, o atribudo pelas partes contratantes, e
no qualquer outro valor arbitrado pela Administrao Pblica com finalidade
exclusivamente tributria.
O presente enunciado foi proposto pelo grande doutrinado r Slvio de Salvo Venosa,
mas encontra-se superado pelo entendimento do STJ. Assim, em provas de con-
curso ou mesmo na prtica forense, no se deve adotar o enunciado, mas sim a
deciso do STJ.
Caso concreto
No caso concreto, o Oficial de Registro de Imveis estava com a razo ao fazer a
exigncia da escritura pblica. Logo, Joo e Pedro, antes de efetuar o registro, tero
que procurar um Tabelionato de Notas e lavrar uma escritura pblica de compra e
venda da casa. De posse dessa escritura, a sim eles podem procurar o Registro de
Imveis para efetuar a transferncia.
Art. 521. Na venda de coisa mvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade,
at que o preo esteja integralmente pago.
Art. 523- No pode ser objeto de venda com reserva de domnio a coisa insuscet-
vel de caracterizao perfeita, para estrem-la de outras congneres. Na dvida,
decide-se a favor do terceiro adquirente de boa-f.
Caractersticas
A clusula de reserva de domnio deve ser estipulada por escrito.
Para valer contra terceiros, o contrato precisa ser registrado no domiclio do com-
prador (art. 522). A serventia competente para esse registro o RTD (Registro de
Ttulos e Documentos).
Se o bem vendido foi um automvel, caber a anotao do gravame no Certificado
de Registro do Veculo (CRV), nos termos da Lei n 11.882/2008:
Qual das duas interpretaes est correta? Qual o prazo, afinal: 30 ou 180 dias?
O prazo de 30 dias (art. 445 do CC).
Ell outras palavras, no contrato de seguro, uma pessoa fsica ou jurdica (chamada
de "segurada") paga uma quanta denominada de "prmio" para que uma pessoa
jurdica ("seguradora") assuma determinado risco. Caso o risco se concretize (o que
chamamos de "sinistro"i, a seguradora dever fornecer segurada uma quantia
previamente estipulada (indenizao).
Ex.: Joo celebra um contrato de seguro do seu veculo com a seguradora X e todos
os meses paga R$ 100,00 como prmio; se, por exemplo, o carro for roubado (sinis-
tro), a seguradora dever pagar R$ 30 mil a ttulo de indenizao para o segurado.
SEGURO E SUICDIO
Imagine a seguinte situao:
Joo fez um seguro de vida por meio do qual paga R$ 50 por ms (prmio) e, se vier
a falecer na vigncia do contrato, a seguradora ter que pagar R$ soo mil reais (in-
denizao) ao seu filho (beneficirio).
O prazo de vigncia do contrato de 5 anos.
Se Joo se matar, mesmo assim a seguradora ter que pagar a indenizao ao bene-
ficirio? No seguro de vida, se o segurado cometer suicdio, a seguradora continua
tendo obrigao de pagar a indenizao?
Depende:
NO SIM
O beneficirio no ter direito ao Se o suicdio ocorrer depois dos dois
capital estipulado quando o segurado primeiros anos do contrato ser devid2
se suicida nos primeiros dois anos de a indenizao, ainda que exista clusula
vigncia inicial do contrato ou nos dois expressa em contrrio.
primeiros anos depois de o contrato ter
sido reiniciado (reconduo) depois de
um tempo suspenso (art. 798 do CC}.
Enunciado 187
Cuidado com o enunciado 187 da Jornada de Direito Civil, que dispe o seguinte:
~ 187- Art. 798: No contrato de seguro de vida, presume-se, de forma relativa, ser
-= '- premeditado o suicdio cometido nos dois primeiros anos de vigncia da cober-
tura, ressalvado ao beneficirio o nus de demonstrar a ocorrncia do chamado
"suicdio involuntrio".
Reserva tcnica
Vimos acima que, se o suicdio ocorrer nos dois primeiros anos, o beneficirio no
ter direito indenizao, mas receber o valor da reserva tcnica jformada, ou
seja, ele ter direito de receber a quantia que o segurado pagou a ttulo de prmio
para a seguradora. Isso est previsto na parte final do art. 798 c/c art. 797, pargrafo
nico do CC.
Importante ressaltar que a seguradora ser obrigada a devolver ao beneficirio o
montante da reserva tcnica j formada mesmo que fique provado que o segurado
premeditou o suicdio.
Resumindo:
~j~~-~
No contrato de seguro de vida, se o segurado se suicidar, a seguradora continua
tendo obrigao de pagar a indenizao?
Se o suicdio ocorreu ANTES de decorridos os dois primeiros anos do contrato:
NO.
O beneficirio no ter direito ao capital estipulado quando o segurado se suici-
da nos prii'T!eiros dois anos de vigncia inicial do contrato ou nos dois primeiros
anos depois de o contrato ter sido reiniciado (reconduo) depois de um tempo
suspenso (art. 798 do CC).
Obs.: o beneficirio no ter direito indenizao, mas receber o valor da re-
serva tcnica j formada, ou seja, ter direito quantia que o segurado pagou
a ttulo de prmio para a seguradora. A seguradora ser obrigada a devolver ao
beneficirio o montante da reserva tcnica j formada mesmo que fique prova-
do que o segurado premeditou o suicdio.
Se o suicdio ocorreu DEPOIS de transcorridos os dois primeiros anos do con-
trato: SIM.
Se o suicdio ocorrer depois dos dois primeiros anos do contrato, ser devida a
indenizao ainda que exista clusula expressa em contrrio.
Obs.: nula a clusula contratual que exclua a indenizao da seguradora em
caso de suicdio ocorrido depois dos dois primeiros anos do contrato (art. 798,
pargrafo nico). Assim, se o suicdio ocorre depois dos dois primeiros anos,
devida a indenizao ainda que exista clusula expressa dizendo que a segura-
dora no deve indenizar.
Ateno: esto SUPERADAS a Smula 105 do STF, a Smula 61 do STJ e o Enuncia-
do 187 da Jornada de Direito Civil.
STJ. 2 Seo. REsp 1.334.oos-GO, Rei. originrio Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rei. para
acrdo Min. Maria Isabel Gallotti,julgado em 8/4/2015 {lnfo 564).
Diante desse quadro, a seguradora ficou com uma dvida: a quem deve ser paga a
indenizao securitria?
Em nosso exemplo:
os 3 filhos (herdeiros): receberiam conjuntamente R$100 mil;
Maria (cnjuge no separada judicialmente): receberia R$ 50 mil;
Antnia (companheira que vivia em unio estvel): receberia R$ 50 mil.
~
juzos pessoais ou materiais a outras pessoas externamente ao veculo (terceiros).
O que seria necessrio para que o contrato abrangesse tambm a indenizao pelos
danos causados ao condutor e aos passageiros do veculo?
Para que o contrato de seguro abrangesse tais sinistros, seria necessrio que hou-
vesse uma clusula prevendo a cobertura de "Acidentes Pessoais de Passageiros",
conhecida na prtica pela sigla "APP".
Se no contrato estiver presente a clusula "APP", a seguradora obrigada a pagar a
indenizao ao segurado ou aos seus beneficirios na ocorrncia de acidentes pes-
soais que causem a morte ou a invalidez permanente total ou parcial dos passagei-
ros do veculo segurado, respeitados os critrios quanto lotao oficial do veculo
e o limite mximo de indenizao por passageiro, estipulado na aplice.
Resumindo:
Joo no poderia alegar que houve falha do seguro em seu dever de informao no
momento da celebrao do contrato?
El: alegou isso. No entanto, o Tribunal de Justia e depois o STJ entenderam que
nao houve deficincia de informao ao consumidor ou tentativa de ludibri-lo,
visto que a cobertura de Responsabilidade Civil Facultativa de Veculos (RCF-V) de
Em sntese:
No momento em que a pessoa celebra um contrato de seguro de veculos,
importante verificar o tipo de cobertura contratada:
Se houver apenas a clusula RCF-V ("Responsabilidade Civil Facultativa de
Veculos"): isso significa que o seguro est se obrigando a cobrir apenas as
despesas que o segurado tiver com danos corporais que forem causados a
terceiros, no tendo cobertura para danos corporais sofridos pelo prprio con-
dutor do veculo ou seus passageiros. Em outras palavras, a clusula "RCF-V"
determina que a seguradora reembolse, at o limite previsto na aplice, as
indenizaes que o segurado seja obrigado a pagar, judicial ou extrajudicial-
mente, por ter provocado prejuzos pessoais ou materiais a outras pessoas
que estejam do lado de fora do carro (terceiros).
Para que o contrato abranja tambm danos ca,usados ao motorista e demais
passageiros do veculo, necessrio que preveja a clusula APP ("Acidentes
Pessoais de Passageiros"). Por fora da clusula APP, a seguradora obrigada
a pagar a indenizao ao segurado ou aos seus beneficirios na ocorrncia de
acidentes pessoais que causem a morte ou a invalidez permanente total ou
parcial dos passageiros do veculo segurado, respeitados os critrios quanto
lotao oficial do veculo e o limite mximo de indenizao por passageiro
estipulado na aplice.
STJ. 3 Turma. REsp 1.311-407-SP, Rei. Min. Ricardo Vil las Bas Cueva, julgado em 51312015
(lnfo s6o).
m"(. . ) de se verificar, assim, que o contrato de seguro tem eficcia executiva to-
-somente quando o objeto segurado a pessoa humana. Nas hipteses em que
o objeto segurado seja uma coisa, caber ao beneficirio do contrato de seguro
Veja o quadro-comparativo:
SEGURO DE VEfCULOS SEGURO DE VIDA
Deve ser cobrado por meio de ao de Pode ser cobrado por meio de ao exe-
conhecimento de rito sumrio. cutiva.
Resumindo:
~
anos e que no seria justo esse aumento to grande, mas mesmo assim no conse-
guiu nenhum desconto.
Pode-se dizer que a clusula de contrato de seguro de vida que estabelece o aumento >
do prmio do seguro de acordo com a faixa etria sempre abusiva?
NO. Segundo a jurisprudncia do STJ, admitem-se aumentos suaves e graduais
necessrios para o reequilbrio da carteira, mediante um cronograma extenso, do
qual o segurado tem de ser cientificado previamente (STJ. 2 Seo. REsp 1.073-595/
MG, Rei. Min. Nancy Andrighi, DJe 29/4/2011).
De onde o STJ retirou esses dois requisitos (maior de 6o anos e mais de 10 anos de
vnculo)?
Esses requisitos foram construdos pelo STJ a partir da aplicao analgica das re-
gras previstas para os contratos de plano de sade no art. 15, pargrafo nico, da
Lei no 9.656/98:
AindCI que o sinistro tenha ocasionado a perda total do bem, a indenizao se-
curitria deve ser calculada com base no prejuzo real suportado pelo segurado,
sendo o valor previsto ria aplice, salvo expressa disposio em contrrio, mero
teto indenizatrio. ' ..
STJ. 4"Turma. REsp 1.473-828-RJ, Rei. Min. Moura Ribeiro, julgado em 27/10/2015 {lnfo 573).
Princpio indenitrio
O CC/2002 prev, em seu art. 781, o chamado princpio indenitrio, nos seguintes
termos:
6.4FIANCA
NOCES GERAIS
...... ! ..................................................................................................................
O que fianfa?
Fiana um tipo de contrato por meio do qual uma pessoa (chamada de "fiadora")
assume o compromisso junto ao credor de que ir satisfazer a obrigao assumida
pelo devedor, caso este no a cumpra (art. 818 do Cdigo Civil).
Logo, Joo, ao assinar o contrato na condio de fiador, forneceu ao banco uma
garantia pessoal (uma cauo fidejussria): "se a empresa JJ no pagar o que deve,
pode cobrar a dvida de mim".
o banco poder cobrar a dvida do fiador? O contrato de fiana ainda est em vigor?
Essa clusula de prorrogao automtica da fiana vlida?
SIM.
licita (e, portanto, vlida) clusula em contrato de mtuo bancrio que preve-
J expressamente que a fiana prestada prorroga-se automaticamente com a
prorrogao do contrato principal.
,.S!J. :4 3 Seo. REsp 1.253-411-CE, Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 24/6/2015 (lnfo 565).
STJ. 3"Turma. AgRg no AREsp 731.315/RS, Rei. Min. Moura Ribeiro, julgado em 03/og/2015.
Essa clusula no viola o art. 8Jg do CC, que afirma que afiana no pode ser inter-
pretada extensivamente?
NO. Realmente, na fiana no se admite a interpretao extensiva de suas clusu-
las. No entanto, no caso acima explicado no houve interpretao extensiva.
"No admitir interpretao extensiva" significa que o fiador deve responder, exata-
mente, por aquilo que declarou no instrumento da fiana. Ele no pode responder
por nada a mais do que aquilo que ele aceitou no contrato de fiana.
Na situao concreta, o fiador concordou com todos os termos do contrato, inclu-
sive com a clusula que previa a prorrogao automtica da fiana em caso de
prorrogao do contrato principal.
Logo, a clusula era muito clara e o fiador a aceitou. Ao aplicar essa clusula de
prorrogao automtica no se est fazendo interpretao extensiva. Ao contrrio,
est sendo interpretada a clusula literalmente.
Observao final:
Ressalte-se que, no caso concreto acima explicado, a avena principal no envol-
via relao contratual de consumo, pois cuidava-se de mtuo mediante o qual se
obteve capital de giro para o exerccio de atividade empresarial. Existe, contudo,
um precedente da 4" Turma aplicando o mesmo entendimento para os casos de
contrato de consumo sob o argumento de que no se trata de clusula abusiva (art.
51 do CDC) {STJ. 4" Turma. REsp 1.374.836-MG, Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julgado
em 3110/2013-lnfo 534).
Mas neste caso, o fiador no teria interesse de agir j que, se a dvida no for paga,
ele quem ir responder?
SIM. O fiador tem interesse de agir. O que lhe falta, no entanto, legitimidade para agir.
t~o se pode confundir legitimidade para agir com interesse de agir.
Quem possui interesse de agir: a pessoa que necessita da tutela requerida em
juzo.
Quem possui legitimidade para agir: a pessoa que seja titular do direito material
discutido em juzo.
A legitimidade est prevista no art. 18 do CPC 2015 (art. 6 do CPC 1973):
Art. 18. Ningum poder pleitear direito alheio em nome prprio, salvo quando
autorizado pelo ordenamento jurdico.
Para postular em juzo, necessrio ter interesse E legitimidade (art. 17 do CPC 2015)
(art. 3 do CPC 1973). No basta um ou outro. indispensvel que estejam presentes
os dois elementos.
Desse modo, apesar de o fiador possuir interesse na diminuio da dvida que se
comprometeu a garantir perante o credor, ele no tem legitimidade para demandar
a reviso das clusulas apostas no contrato principal,j que no foi ele quem assinou
o contrato de mtuo (ele s assinou o contrato de fiana- o instrumento, ou seja, o
"papel" que o fiador assinou pode ser at o mesmo onde est previsto o contrato de
mtuo, mas o fiador, ao assin-lo, est firmando apenas o contrato de fiana).
O legitimado para pedir a reviso do contrato o titular do direito material discuti-
do em juzo, isto , o devedor principal (em nosso exemplo, Pedro).
llesumindo:
NOCES GERAIS
...... ! ..............................................................................................................
Em que consiste
Arbitragem representa uma tcnica de soluo de conflitos por meio da qual os
conflitantes aceitam que a soluo de seu litgio seja decidida por uma terceira
pessoa, de sua confiana.
Vale ressaltar que a arbitragem uma forma de heterocomposio, isto , instru-
mento por meio do qual o conflito resolvido por um terceiro.
Arbitragem jurisdio?
H intensa discusso na doutrina se a arbitragem pode ser considerada como ju-
risdio ou se seria apenas um equivalente jurisdicional. Podemos identificar duas
correntes:
1) SIM. a posio de Fredie Didier.
2) NO. defendida por Luiz Guilherme Marinoni.
Regulamentao
A arbitragem, no Brasil, regulada pela Lei no 9307/96, havendo tambm alguns
dispositivos no CPC versando sobre o tema.
CONVENCO DE ARBITRAGEM
o ~ o
CLUSULA COMPROMISSRIA
Em que consiste
A clusula compromissria, tambm chamada de clusula arbitral, ...
uma clusula prevista no contrato,
de forma prvia e abstrata,
por meio da qual as partes estipulam que
qualquer conflito futuro relacionado quele contrato
ser resolvido por arbitragem (e no pela via jurisdicional estatal).
A clusula compromissria est prevista no art. 4 da Lei n g.307/96:
co~~~-~~-~~~-~~~-!~~- ................................................................................ .
Em que consiste:
o compromisso arbitral ...
um acordo (conveno) feito entre as partes
aps o conflito j ter surgido,
por meio do qual se combina que a soluo desta lide
no ser resolvida pelo Poder Judicirio,
mas sim por intermdio da arbitragem.
No compromisso arbitral, as partes renunciam ao seu direito de buscar a atividade
jurisdicional estatal e decidem se valer da arbitrage11.
Art. 1 (... )
1 A administrao pblica direta e indireta poder utilizar-se da arbitragem
para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponveis.
2 Aautoridade ou o rgo competente da administrao pblica direta para a
celebrao de conveno de arbitragem a mesma para a realizao de acordos
ou transaes.
Desse modo, atualmente, existe uma autorizao genrica para a utilizao da ar-
bitragem pela Administrao Pblica frente a todo e qualquer conflito que envolva
direitos patrimoniais disponveis. Isso vale para os trs entes federativos: Unio,
Estados/DF e Municpios.
A autoridade que ir celebrar a conveno de arbitragem a mesma que teria compe-
tncia para assinar acordos ou transaes, segundo previsto na legislao do respec-
tivo ente. Ex.: se o Secretrio de Estado quem tem competncia para assinar acordos
no mbito daquele rgo, ele quem poder firmar a conveno de arbitragem.
Como a Administrao Pblica deve obedincia ao princpio da legalidade (art. 37,
da CF/88) e, a fim de evitar questionamentos quanto sua constitucionalidade, a
Lei n 13-129/2015 determinou que a arbitragem, nestes casos, no poder se dar por
equidade, devendo sempre ser feita com base nas regras de direito. Confira:
Art. 2 {... )
3 A arbitragem que ~nvolva a administrao pblica ser sempre de direito e
respeitar o princpio da publicidade.
Escolha de rbitros caso as partes optem por um rgo arbitral institucional ou en-
tidade especializada
Se as partes escolherem um rgo arbitral institucional ou entidade especializada
para solucionar a causa, a seleo dos rbitros ser feita, em princpio, pelas regras
previstas no estatuto da entidade.
Normalmente, tais entidades possuem uma lista de rbitros previamente cadas-
trados e a escolha recai sobre um desses nomes.
A Lei n 13.129/2015, com o objetivo de conferir maior liberdade aos envolvidos, in-
cluiu um pargrafo ao art. 13 da Lei n 9.307/96 prevendo que as partes podem,
de comum acordo, afastar algumas regras do regulamento do rgo arbitral ou
entidade especializada a fim de terem maior autonomia na escolha dos rbitros:
O que a Lei n 13.12912015 alterou sobre a prescrio? Foram inseridos prazos prescri-
cionais na Lei de Arbitragem?
NO. A Lei n 9.307/96 continua sem prever prazos de prescrio, at porque, como
visto acima, isso matria atinente s leis de direito material. No entanto, a Lei no
13.129/2015 acrescentou um pargrafo ao art. 19 fixando um marco interruptivo da
prescrio. Veja:
Art. 18. O rbitro juiz de fato e de direito, e a sentena que proferir no fica su-
jeita a recurso ou a homobgao pelo Poder Judicirio.
Art. 31. A sentena arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos
efeitos da sentena proferida pelos rgos do Poder Judicirio e, sendo condena-
tria, constitui ttulo executivo.
possvel que o(s) rbitro(s) proftra(m) sentena arbitral PARCIAL, ou seja, decidindo
apenas parte do litgio que foi submetido sua apreciao?
Redao original da Lei g.307/96:
Havia polmica:
13corrente: NO. Segundo entendiam alguns doutrinadores, a Lei n g.307/g6, em
sua redao original, vedava a prolao de sentena parcial (art. 29). Caso o rbitro
proferisse sentena parcial, est;:; seria nula, nos termos do art. 32, V:
Art. 29. Proferida a sentena arbitral, d-se por finda a c;,rbitragem (...).
(... )
Art. 32. nula a sentena arbitral se:
V- no decidir todo o litgio submetido arbitragem;
3
2 corrente: SIM. Mesmo antes da alterao promovida pela Lei n 13.129/2015, era
possvel a prolao de sentena arbitral parcial.
Resumindo:
O art. 32 da Lei n 9.307/96 elenca hipteses nas quais:a sentena arbitral nula~
Essa nulidade declarada pelo Poder Judicirio; Verificandoalguma.das situa"
es do art. 32, a parte interessada poder pr6por-ao d ddarao de nulF
da de da sentena arbitraL A ao de decli:ao de ru.ilidac.le-deve ser proposta
em, no mXimo, 9'0 di s aps orecebimenti:rda 'notificao d sentena arbitral.
Imagine agora a seguinte situao: em fevereiro de 2014 foi proferida sentena
arbitral pai'Cil; ,em ,abril de 2014, f()i prolatada sentena arbitral final. Suponha~
mos que a parte interessada deseja. anular a sen~ena arbitral parcial. O prazo
a
para ao anulatc).ria come0u a correr em fever~frc: ou erri abril?
o
Em fevereiro. prazo decadencial d 90 dias:P;rra o ajuizamento de ao anula-
tria (art. 33, 1, da Lei n" 9.307/9~) em face d sentil~aarbitral pal'lalconta"se
a. partir .do tr~nsi~Q ,rp j~!g~qc;le~ta,.(s~ptena 'paxc.i<ll),. e. no do trnsito ern
julgado da sentena arbitre~ I final.
Art. 33
(... )
4 A parte interessada poder ingressar em juzo para requerer a prolao de
sentena arbitral complementar, se o rbitro no decidir todos os pedidos sub-
metidos arbitragem.
Repare que a parte interessada no ir requerer que Poder Judicirio complete a
sentena arbitral. A ao proposta com o objetivo de que Poder Judicirio deter-
mine aos rbitros que decidam todos os pedidos submetidos arbitragem.
O 4 foi omisso quanto ao prazo desta ao, raz3o pela qual deve-se aplicar o
mesmo prazo de 90 dias previsto no 1 deste art. 33- Ora, se a ao objetivando a
declarao de nulidade segue o prazo de 90 dias, com me:; ma razo deve ser este o
prazo para a ao visando apenas a complementao da sentena arbitral parcial.
Prazo
90 dias, aps o recebimento da notificao da respectiv3 sentena, parcial ou final,
ou da deciso do pedido de esclarecimentos.
A pergunta que surge diante deste impasse a seguinte: quando o CPC 2015 entrar
em vigor em maro de 2016, qual ser o procedimento a ser aplicado para a ao
declaratria de nulidade da sentena arbitral? Aplica-se o CPC 1973 ou o CPC 2015?
O CPC 2015.
O CPC 2015, quando entrar em vigor, em maro de 2016, acarretar a revogao do
CPC 1973, conforme previsto em seu art. 1.046:
Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Cdigo, suas disposies se aplicaro desde
logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei no 5.869, de 11 de janeiro
de1973-
0 fato de a Lei no 13-129/2015 ter mencionado o procedimento do CPC 1973 no
deu uma sobrevi da nem evitar a revogao deste, considerando que no foi esta
a inteno do legislador e o CPC 2015 somente revogar o Cdigo atual em maro
de 2016.
Para que a Lei no 13.129/2015 tivesse evitado a revogao de parte do CPC 1973, ela te-
ria que ter se referido expressamente ao art. 1.046 do CPC 2015, o que no foi o caso.
O projeto que deu origem Lei n 13.129/2015 tramita h anos no Congresso Nacio-
nal e a sua inteno era simplesmente manter a regra de que a ao de declarao
de nulidade da sentena arbitral deve ser regida pelo procedimento ordinrio do
CPC vigente, seja ele o de 1973, seja o de 2015.
Alm disso, como um ltimo argumento, veja o que dispe o 4 do art. 1.046 do
CPC 2015:
4 As remisses a disposies do Cdigo de Processo Civil revogado, existen-
tes em outras leis, passam a referir-se s que lhes so correspondentes neste
Cdigo.
ALTERAO PROMOVIDA
REDAO ORIGINAL DA LEI 9.307/96
PELA LEI13.129/2015
Art. 33 (... ) Art. 33 (...)
3 A decretao da nulidade da senten- 3 A declarao de nulidade da senten-
a arbitral tambm poder ser arguida a arbitral tambm poder ser arguida
mediante ao de embargos do devedor, mediante impugnao, conforme o art.
conforme o art. 741 e seguintes do Cdigo 475-L e seguintes da Lei no 5.869, de 11 de
de Processo Civil, se houver execuo janeiro de 1973 (Cdigo de Processo Civil),
judicial. se houver execuo judicial.
Como j explicado nos comenta rios ao 1, quando o CPC 2015 entrar em vigor, em
maro de 2016, a redao dada pela Lei n 13.129/2015 ser revogada pelo novo CPC.
E agora?
A Lei n 13-129/2015 acrescentou um importante captulo na Lei no 9.307/96 pre-
vendo a possibilidade de serem concedidas tutelas cautelares e de urgncia antes
e durante o procedimento arbitral.
Assim, em nosso exemplo, a empresa prejudicada poder pedir ao juiz que conceda
uma medida de urgncia no sentido de que a outra empresa continue fornecendo
a matria-prima ajustada no contrato at que a disputa contratual seja resolvida
pelos rbitros, sob pena de multa diria.
Depois de conseguir a medida pleiteada junto ao Poder Judicirio, a parte ter quere-
querer a instituio da arbitragem em at 30 dias, sob pena de a medida ser cessada:
Antes da Lei no 13-129/2015, a Lei no 9703/96 determinav3 que tais medidas deveriam
ser requeridas pelo rbitro ao Poder Judicirio, conforme previsto no art. 22, 4 :
Esse 4 foi, contudo, revogado pela Lei n 13.129/2015, deixando claro que o pr-
prio rbitro quem determina a medida deferida.
Espdes de carta
Tradicionalmente, nosso Direito Processual conhecia trs tipos de carta:
Art. 22-C. O rbitro ou o tribunal arbitral poder expedir carta arbitral para que o
rgo jurisdicional naciona I pratique ou determine o cumprimento, na rea de
sua competncia territorial, de ato solicitado pelo ~rbitro.
Pargrafo nico. No cumprimento da carta arbitral ser observado o segredo de
justia, desde que comprovada a confidencialidade estipulada na arbitragem.
Joo atrasou o pagamento. Surgiu, ento, uma dvida: o valor de 10% da multa de-
ver incidir sobre o valor cheio (R$ 1.2oo) ou sobre o valor com desconto (R$ t.ooo)?
Sobre o valor com desconto.
A incidncia da multa sobre o valor cheio somente seria permitida se o valor do des-
conto fosse para pagamentos em data anterior do vencimento. Ex.: o vencimento
dia 05; para quem paga at o dia 05, o valor R$ 2.ooo; no entanto, para quem
A tese do executado est correto? Quem tem direito aos aluguis referentes a esses
trs meses?
NO, a tese no est correta.
A relao entre a "MED" e a companhia area regida pelo CDC? Essa ao de inde-
nizao pode ser julgada tendo como base o CDC?
NO. Na hiptese em foco, a mercadoria transportada destinava-se a ampliar e a
melhorar a prestao do servio da empresa "MED" e, por conseguinte, aumentar
os lucros. Logo, ela no pode ser considerada consumidora, j que no era a desti-
natria final do produto.
No possvel nem mesmo aplicar a teoria finalista mitigada para alargar o con-
ceito de consumidor, uma vez que a empresa importadora ("MED") no apresenta
vulnerabilidade ou hipossuficincia, o que afasta a incidncia das normas do CDC.
Dessa forma, inexiste relao de consumo, circunstncia que impede a aplicao
das regras especficas do coe.
~
vras, se o destinatrio da mercadoria extraviada fosse consumidor?
Neste caso, no h dvidas no STJ de que deve ser aplicado o CDC {e no a Conven-
o de Varsvia). Veja precedentes de ambas as turmas: >
!:-...._ (...) iterativa a jurisprudncia deste Superior Tribunal de Justia no sentido de
- prevalncia das normas do Cdigo de Defesa do Consumidor, em detrimento
das disposies insertas em Convenes Internacionais, como as Convenes de
Montreal e de Varsvia, aos casos de falha na prestao de servios de transporte
areo internacional, por verificar a existncia da relao de consumo entre a em-
presa area e o passageiro, haja vista que a prpria Constituio Federal de 1988
elevou a defesa do consumidor esfera constitucional de nosso ordenamento.(... )
{STJ. 4" Turma. AgRg no AREsp 145-329/RJ, Rei. Min. Marco Buzzi, julgado em
20/10/2015)
Resumindo:
Em caso de extravio de mercadoria no transporte internacional envolvendo con-
sumidor, aplica-se a indenizao tarifada previstas na Convenqo de Varsvia?
NO. Caracterizando-se como consumidor a parte lesada no contrato de trans-
porte de mercadoria, no se aplica a indenizao ta rifada prevista na legislao
do transporte areo nacional ou internacional. O que vale o princpio da repa-
rao integral, com base no coe.
STJ.4" Turma.AgRg no Ag 1409204/PR, Rei. Min. Luis Felipe Salomo,julgado em 25fog/2012.
Obs.2: o tema acima no deveria ser perguntado em uma prova objetiva; no en-
tanto, caso o seja, penso que o candidato dever responder que no se aplica a
Conveno de Varsvia (adotando-se o entendimento da 3 Turma). Isso porque se
trata de julgado posterior e que enfrentou de forma mais aprofundada o assunto.
Opes do arrendatrio:
Ao final do /easing, o arrendatrio ter trs opes:
renovar a locao, prorrogando o contrato;
no renovar a locao, encerrando o contrato;
pagar o valor residual e, com isso, comprar o bem alugado.
Exemplo:
"A" celebra um contrato de leasing com a empresa "B" para arrendamento de um
veculo okm pelo prazo de 5 anos. Logo, "A" pagar todos os meses um valor a ttulo
de aluguel e poder utilizar o carro. A principal diferena em relao a uma locao
comum que "A", ao final do prazo do contrato, poder pagar o valor residual e ficar
definitivamente com o automvel.
Obs.: muito comum, na prtica, que o contrato j estabelea que o valor residual
ser diludo nas prestaes do aluguel. Assim, o contrato prev que o arrendatrio
j declara que deseja comprar o bem e, todos os meses, junto com o valor do alu-
guel, este ltimo paga tambm o valor residual de forma parcelada. Como dito, isso
extremamente frequente, especialmente no caso de leasing financeiro.
Modalidades de leasing:
Existem trs espcies de /easing:
Leasing Leasing Leasing
FINANCEIRO OPERACIONAL DE RETORNO (Lease back)
Previsto no art. 5 da Reso- Previsto no art. 6 da Re- Sem previso na Resoluo
luo 2.309/96-BACEN soluo 2.309/96-BACEN 2-309-BACEN
a forma tpica e clssica Ocorre quando a arren- Ocorre quando determinada
do /easing. dadora j proprietria pessoa, precisando se capitali-
Ocorre quando uma pessoa do bem e o aluga ao zar, aliena seu bem empresa
jurdica (arrendadora) arrendatrio, compro- de leasing, que arrenda de
compra o bem solicitado metendo-se tambm volta o bem ao antigo pro-
por uma pessoa fsica ou a prestar assistncia prietrio a fim de que ele
jurdica (arrendatria) para, tcnica em relao ao continue utilizando a coisa.
ento, alug-lo a maquinrio. Em outras palavras, a pessoa
esta ltima. vende seu bem e celebra um
contrato de arrendamento
com o comprador, continuan-
.................................................................................~?.~~. P.?~~~. ~~~~~~.................. .
Ex.: determinada empresa E>:.: a Boeing Capital Ex.: em 2001,a Varig,a fim
(arrendatria) quer utilizar Corporation (arrenda- de se recapitalizar, vendeu
uma nova mquina em dora) celebra contrato algumas aeronaves Boeing
sua linha de produo, de arrendamento para e os alugou de volta por meio
mas no tem recursos aiJgar cinco aeronaves de um contrato de lease back.
suficientes para realizar a 3 GOL (arrendatria) a O nome completo desse
aquisio. Por esse motivo, fim de que esta utilize negcio jurdico, em ingls,
celebra contrato de /easing os avies em seus voas. safe and lease back (venda e
financeiro com um Banco .4. arrendadora tambm arrendamento de volta).
(arrendador), que compra ficar responsvel pela
o bem e o arrenda para manuteno dos avies.
que a empresa utilize o
maquinrio.
Resumindo:
.Ei11 contrato de arrendamento mercantil de veculo automotor- com ou sem
clusula resolutiva expressa - , a purgao da mora realizada nos termos do
,.;,:ar,:; 401; I, do CC deixou de ser possvel somente a partir de 14/11/2014, data
. ~e vigncia da Lei 13.043/2014, que incluiu o 15 do art. 3 do Decreto-Lei
':9~'l1g6g.
\~J:.~"Turma. REsp 1.381.832-PR; Rei. Min. Maria Isabel Gallotti,julgado em 5/11/2015 (lnfo 573).
....
Joo conseguiu identificar que a empresa "V" tinha um imvel com as caractersti-
cas que a empresa "X" necessitava.
Assim, a empresa "Y" vendeu o terreno para a empresa "X", negcio facilitado pelo
corretor que localizou o imvel objeto da transao.
At a, estava tudo bem. O problema aconteceu no momento em que o corretor
foi receber sua comisso pela venda do imvel. Joo foi descuidado e no formali-
zou um contrato escrito com nenhuma das partes, o que gerou um impasse sobre
quem seria o responsvel pelo pagamento e o valor da comisso.
Joo procurou inicialmente a empresa "X" (compradora) e esta disse que a comis-
so deve ser paga pela empresa vendedora. Ao se dirigir a empresa "Y", esta res-
pondeu a Joo que a responsabilidade pelo pagamento de quem contratou os
servios do corretor, ou seja, da empresa "X".
No sabendo mais o que fazer, o corretor ajuizou ao de cobrana de comisso de
corretagem contra ambas as empresas.
Sobre a situao acima, vejamos as seguintes perguntas e respostas:
Mesmo no tendo havido contrato escrito, pode-se dizer que foi celebrado contrato
de corretagem entre o corretor e a empresa "X"?
SIM. O contrato de corretagem classificado como informa I, no precisando seres-
crito. Logo, a jurisprudncia admite que o contrato de corretagem seja verbal, desde
que haja prova inequvoca da existncia do pacto.
Equal valor ser pago a Joo? Nos casos em que no houve contrato prevendo o
percentual da comisso de corretagem, como ser calculado esse valor?
A soluo para esses casos dada pelo art. 724 do Cdigo Civil:
CONSRCIO
Legislao
O sistema de consrcios atualmente regido pela Lei n 11.J9Sf2oo8, sendo essa
atividade regulao a pelo Banco Central, que edita circulares para disciplinar o tema.
A atual a Crcular 3-432/2oog.
A legislao limita o percentual que pode ser cobrado pelas administradoras de con-
srcio a ttulo de "taxa de administrao"?
NO. Atualmente no existe nenhuma lei ou outro ato normativo que limite, ex-
pressamente, o valor que pode ser cobrado pela administradora de consrcio como
taxa de administrao. Esse o entendimento do STJ.
Ocorre que, para o STJ, este art. 42 encontra-se revogado. Acompanhe o motivo:
CONTRATOS AGRRIOS
............................................................................................................................
Imagine a seguinte situao adaptada:
Joo celebrou contrato de parceria agrcola com Pedro.
Joo (parceiro outorgante) proprietrio de um imvel rural e o cedeu para que
Pedro {parceiro outorgado) nele plantasse lavouras de arroz e outras culturas tem-
porrias.
Ao final de cada colheita, deveria haver uma prestao de contas, sendo que 50%
da produo ficaria com o parceiro outorgante e 50% com o parceiro outorgado.
Ao de resciso contratual cumulada com despejo e cobrana de valores
A parceria estava funcionando bem, at que Joo descobriu que Pedro estava decla-
rando uma produo de arroz menor do que a realmente obtida.
Ao saber disso, ajuizou contra Pedro ao de resciso contratual cumulada com
despejo e cobrana de valores.
O demandado apresentou pedido contraposto requerendo que, antes de ser obri-
gado a sair do imvel, fosse indenizado pelas benfeitorias que realizou no local.
Joo refutou esse argumento afirmando que a clusula 12-4 do contrato de parceria
agrcola firmado entre os dois prev que o promitente outorgado (no caso, Pedro)
"renuncia ao seu direito de requerer indenizao por benfeitorias, em qualquer
tempo ou sob qualquer hiptese".
Essa clusula de renncia vlida?
NO.
Decreto n 59.566!66:
Art. 13. Nos contratos agrrios, qualquer que seja a sua forma, contaro obrigato-
riamente, clusulas que assegurem a conservao dos recursos naturais e a pro-
teo social e econmica dos arrendatrios e dos parceiros-outorgados a saber
(Art. 13, incisos 111 e V da Lei no 4.947-66);
I - Proibio de renncia dos direitos ou van-::agens estabelecidas em Leis ou
Regulamentos, por parte dos arredentrios e parceios-outorgados (art.13, inciso
IV da Lei nmero 494766);
Art. 13- Nos contratos agrrios, qualquer que seja a sua forma, contaro obrigato-
riamente, clusulas que assegurem a conservao dos recursos naturais e a pro-
teo social e econmica dos arrendatrios e dos parceiros-outorgados a saber
(Art. 13, incisos 111 e V da Lei no 4.947-66);
(...)
VI- Direito e formas de indenizao quanto s benfeitorias realizadas, ajusta-
das no contrato de arrendamento; e, direitos e obrigaes quanto s benfeito-
rias realizadas, com consentimento do parceiro-outorgante, e quanto aos danos
substanciais causados pelo parceiro-outorgado por prticas predatrias na rea
de explorao ou nas benfeitorias, instalaes e equipamentos especiais, vecu-
los, mquinas, implementas ou ferramentas a ele cedidos (art. 95, inciso XI, letra
"c" e art.96, inciso V, letra" e" do Estatuto da Terra);
CAPITALIZACO
.................... DE JUROS
........................................................................................................
Juros capitalizados
A capitalizao de juros, tambm chamada de anatocismo, ocorre quando os juros
so calculados sobre os prprios juros devidos.
Outras denominaes para "capitalizao de juros": "juros sobre juros", "juros com-
postos" ou "juros frugferos".
CAPITALIZACO
.................... DE JUROS NOS CONTRATOS DO SFH
........................................................................................................
possvel a capitalizao de juros nos contratos celebrados no SFH?
Em um primeiro momento, entendeu-se que no. Assim, o STJ decidia que era ve-
dada a capitalizao de juros nos contratos celebrados no Sistema Financeiro de
Habitao (SFH) em qualquer periodicidade.
O legislador, com o intuito de driblar essa proibio, editou a Lei n 11.977/2009,
acrescentando o art. 15-A na Lei no 4380/64 (Lei do SFH}, com a seguinte redao:
~
contratos do SFH?
SIM. -' '
>
,:-f+pliam-se aos contratos de financiamento imobilirio do Sistema de Financia-
. mento de Habitao (SFH) as disposies da lei n 10.931!2oo4, especialmente
. . as referentes aos requisitos da petio inicial de ao de reviso de clusulas
contratuais (art. so) .
. .A lei n 10.931/20Q4, especialmente seu art. so, inspirou-se na efetividade, ce-
),e.rfc:adee boa-f p_erseguiclos pelo processo civil moderno, cujo entt!ndimento
de que todo litgio a ser composto, dentre eles os de cunho econmico, deve
apresentar pedido objetivo e apontar precisa e claramente a espcie e o alcance
~:do bus contratua Ique fundamenta a ao de reviso do contrato.
A!i regrs expressas no art. soe seus pargrafos tm a clara inteno de garantir
, o cumprimento dos contratos de financiamento de imveis tal como pactuados,
gerando seguran,a para os contratantes.
i'9:9bjetivo maior da norma garantir que, quando a execuo do contrato se
e
t.~'ii~t:ri~r :cntrovertida necessri~ for a interveno judicil, a. discusso seja
~'~~-~~ierit~ porque somente o ponto conflitante ser discutido e a discusso da
\g~n~r()vrsia no impedir a execuo_ de tudo aquilo com o qual concordam
:;:~\partes. . .
:~~:~14Turma. REsp 1.163-283-RS.'Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 7/4/2015 (lnfo 561).
Art. 285-B. Nos litgios que tenham por objeto obrigaes decorrentes de em-
prstimo, financiamento ou arrendamento mercantil, o autor dever discriminar
na petio inicial, dentre as obrigaes contratuais, aquelas que pretende con-
troverter, quantificando o valor incontroverso.
2 Nas aes que tenham por objeto a reviso de obrigao decorrente de em-
prstimo, de financiamento ou de alienao de bens, o autor ter de, sob pena de
inpcia, discriminar na petio inicial, dentre as obrigaes contratuais, aquelas
que pretende controverter, alm de quantificar o valor incontroverso do dbito.
7 PROPRIEDADE INTELECTUAL
7.1 DIREITOS AUTORAIS EMSICAS PRESENTES EM TRILHAS SONORAS DE
FILMES
Imagine a seguinte situao hipottica:
A produtora de cinema "Stima Arte" gravou um filme. Na trilha sonora deste filme
existem trs msicas. Os autores dessas msicas autorizaram que elas fizessem
parte da trilha sonora do filme.
Mesmo tendo havido autorizao dos autores das canes, para que o filme seja exi-
bido nos cinemas, necessrio que a produtora pague ao ECAD os direitos autorais
das msicas que compem a trilha sonora da pelcula?
SIM.
ARr;vi~ .lUtprizao concedida pelos autores das msicas para que elas sejam
utilizadas na trilha sonora no abrange autorizao para a execuo pblica
das. tnsi.cas nos cinemas.
STJ. 3" Turma;~gRg no AgRg no REsp 1.484.566-SP, Rei. Min. Joo Otvio de Noronha,jul-
ga(lo ~m 6/8/2o1s (lnfo s66).
A Lei n g.61o/g8, que versa sobre os direitos autorais, prev expressamente a pos-
sibilidade de concesso dessa tutela inibitria:
:o art.11 da Lei n g.61o/g8 (Lei dos Direitos Autorais) prescreve que autor a
.',pSsoa fsiCa que cria obra literria; artiStica ou cientfica.
~D~sse modo, eni se tratando de fotogr~:fia, pa~a ~feltos'.de prote~9 d_ direito
.. autoral, o autor- e, portanto, o titular do direito autoral- o fotgrafo (e no.
o fotografado).
STJ.4 Turma. REsp 1.322.704"SP, Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 23110/2014
<(Jn~o 554). . ..
Isso significa que a modelo no tem direito nem proteo jurdica sobre as fotos dela
tiradas?
NO, no isso. A pessoa fotografada ter proteo jurdica, mas com base no direi-
to de imagem (e no no direito autoral).
Desse modo, a proteo do fotografado feita com fundamento no art. 20 do Cdi-
go Civil (e no com base na Lei n g.610/g8).
Contestao
A rdio contestou o pedido argumentando que o autor deveria ter comprovado a
suposta violao dos direitos autorais por meio de um documento chamado "Ter-
mo de Comprovao de Utilizao Musical", que no foi juntado aos autos.
Esse documento previsto no Regulamento de Arrecadao do prprio ECAD.
Segundo afirmou a r, esse documento serve como comprovao do fato constitu-
tivo do autor, sendo, portanto, um nus dele apresentar, nos termos do art. 373 do
CPC 2015 (art. 333 do CPC 1973):
Art. 373. O nus da prova incumbe:
1- ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
~
Para o STJ, o Termo de Comprovao de Utilizao Musical no goza de qualquer
presuno, tais como gozam os autos de infrao emitidos por entidades fiscaliza-
doras (e, portanto, prestadoras de servio pblico), devendo, portanto, ser analisado >
iJ
no contexto das demais provas produzidas.
Alm disso, esse termo lavrado sem a participao do infrator, o que faz com que
seja possvel questionar-se a sua fora probatria.
A verdade que a legislao no prev que esse documento seja fato constitutivo
do direito.
O fato constitutivo do direito a divulgao e transmisso de msicas e fonogra-
mas, e no a lavratura de um termo, que tem por finalidade apenas facilitar a com-
provao da inadimplncia.
Desse modo, o fato constitutivo do direito do ECAD pode ser demonstrado por
qualquer meio de prova.
Assim, no razovel nem legal a exigncia de que seja produzido um documento
especfico (Termo de Comprovao de Utilizao Musical) como requisito essen-
cial para a ao de cobrana, quando a prpria lei no o exige. Ressalte-se que o
referido documento- como qualquer outro documento- nada mais do que
mera fonte de prova, a qual pode, em regra, ser substituda por qualquer outro
meio de prova.
8 DIREITOS REAIS
8.1 PROPRIEDADE
Art.109 (...)
3 Estendem-se os efeitos da sentena proferida entre as partes originrias ao
adquirente ou cessionrio.
~~~~~~~~~~~~~~M~~
Mmio deveria t-la oferecido para Joo?
SIM. O STJ acolheu a tese de Joo.
O condmino que desejar alienar a frao ideal de bem imvel divisvel em es-
tado de Indiviso dever dar preferncia na aquisio ao comunheiro.
STJ. 4" Turma. REsp 1.207.129-MG, Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 16/6/2015
(lnfo 564).
Art. 504. No pode um condmino em coisa indivisvel vender a sua parte a es-
tranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto.(... )
No entanto, quando o dispositivo menciona coisa indivisvel, o que ele quer dizer
que o bem deve estar em "estado de indiviso". Assim, pouco importa se o bem
naturalmente divisvel (ex.: L ma fazenda) ou indivisvel (ex.: um boi vivo). O que
interessa se esse bem encontra-se em "estado de indiviso".
Desse modo, no se deve interpretar o art. 504 do CC de forma literal (gramatical).
necessria uma interpretao teleolgica. Ao conceder o direito de preferncia
aos demais condminos, o legislador pretendeu conciliar os objetivos particulares
do vendedor com os interesses dos demais coproprietrios,j que sempre um in-
conveniente fazer com que urr estranho passe a ser tambm proprietrio do bem.
O melhor caminho que a propriedade se consolide nas mos de uma s ou de
poucas pessoas.
Portanto, se o imvel encontra-se em "estado de indiviso" (o que acontece nos
casos de condomnio), apesar de ser ele divisvel, deve-se reconhecer o direito de
preferncia do condmino que pretenda adquirir o quinho do comunheiro, desde
que preenchidos os demais requisitos legais.
CONCEITO
Ocorre o condomnio edilcio quando se tem a propriedade exclusiva de uma uni-
dade autnoma combinada com a copropriedade de outras reas de um imvel.
Ex.: prdio residencial com seis andares de apartamentos e dois apartamentos por
andar. Tem-se um condomnio edilcio,considerando que cada dono do apartamen-
~
sala (unidade autnoma) e a copropriedade sobre as partes comuns (corredores,
recepo etc.).
>
NOMENCLATURA
.'?.~~-~-~-~~~-~~~.'?.~~~~-~~~~-(~~-~~~~.!~.~!?~~~~--~~~9. ........................... .
Um dos deveres dos condminos o de pagar as despesas condominiais, que, na
linguagem cotidiana, so chamadas de cotas ou taxas condominiais. Esse dever
est previsto no art. 1.336 do CC:
Promitente-COMPRADOR Promitente-VENDEDOR
1) A responsabilidade ser do PROMITEN- 1) A responsabilidade ser do PROMITEN-
TE COMPRADOR se ficar comprovado que: TE VENDEDOR se:
a) o promissrio comprador se imitiu a) o promissrio comprador ainda no
na posse (ele j est na posse direta do est na posse do imvel (no houve imis-
bem); e so de posse); ou
b) o condomnio teve cincia inequvoca b) se o condomnio no teve cincia de
da transao (o condomnio sabe que que ocorreu esse contrato de compromis-
houve a "venda"). so de compra e venda.
Obs.1: os dois requisitos devem estar preenchidos.
Obs.2: neste caso, o condomnio no poder ajuizar ao contra o promitente vende-
dor pelas cotas condominiais relativas ao perodo em que a posse foi exercida pelo
promissrio comprador.
Conforme afirmou o Min. Paulo de Tarso, pela leitura isolada da tese "c", do REsp
1.345.331-RS, o proprietrio estaria isento de arcar com as despesas de condom-
nio a partir da imisso do promitente comprador na posse do imvel. Porm, a
tese firmada no repetitivo deve ser interpretada de acordo com a soluo dada ao
caso que deu origem afetao. H de se observar, portanto, que, no caso do REsp
1.345.331-RS, a ao de cobrana havia sido ajuizada contra o proprietrio (promi-
tente vendedor), tendo havido embargos de terceiro pelos promitentes comprado-
res na fase de execuo.
Naquele julgado, entendeu-se que a responsabilidade pelo pagamento das despe-
sas condominiais seria dos pr:>mitentes compradores, porque relativas a dbitos
surgidos aps a imisso destes na posse do imvel. Porm, no se desconstituiu a
penhora do imvel. H, portanto, uma aparente contradio entre a tese e a soluo
dada ao caso concreto, pois a tese "c", em sua literalidade, conduziria desconsti-
tuio da penhora sobre o imvel do promitente vendedor. A contradio, contudo,
apenas aparente, podendo ser resolvida luz da teoria da dualidade da obrigao.
Observe-se, inicialmente, que o promitente comprador no titular do direito real
de propriedade, tendo apenas direito real de aquisio caso registrado o contrato
de promessa de compra e ve1da. Desse modo, o condomnio ficaria impossibilitado
de penhorar o imvel. Restaria, ento, penhorar bens do patrimnio pessoal do pro-
mitente comprador. Porm, r o rara a hiptese em que o comprador esteja adqui-
rindo seu primeiro imvel e no possua outros bens penhorveis, o que conduziria
a uma execuo frustrada. Esse resultado no se coaduna com a natureza, tam-
pouco com finalidade da obrigao propter rem. Quanto natureza, da essncia
dessa obrigao que ela nasa automaticamente com a titularidade do direito real
e somente se extinga com a extino do direito ou a transferncia da titularidade,
ressalvadas as prestaes vencidas.
Como se verifica, no h possibilidade de a obrigao se extinguir por ato de von-
tade do titular do direito real, pois a fonte da obrigao propter rem a situao ju-
rdica de direito real, no a manifestao de vontade. Logo, a simples pactuao de
uma promessa de compra e venda no suficiente para extinguir a responsabili-
dade do proprietrio pelo pagamento das despesas de condomnio. De outra parte,
L
Admitir entendimento contrrio significaria aceitar que bem de terceiro (proprie-
trio) responda por dvida em processo no qual ele no figurou como parte, o que
no permitido pela legislao.
Em suma:
O legislador, tanto no Cdigo Civil como na Lei n 4.591/64 (Lei dos Condomnios}
proibiu expressamente alteraes da cor da fachada. Confira:
Art. 1-336. So deveres do condmino:
111- no alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas;
Para que o condomnio aplique essa multa, necessrio que garanta ao condmino
direito ao contraditrio e ampla defesa?
SIM.
~ Enunciado 92~CJF: Art. 1.337: As sanes d.o ~rt. 1.337 do novo C~ig~ Civil no
- podem ser apl1cadas sem que se garanta d1re1to de defesa ao condommo nocivo.
Sobre o tema, o STF j enfrentou questo parecida ao decidir que devem ser
garantidos o contraditrio e a ampla defesa no caso em que uma associao
desejava expulsar de seus quadros um associado pela prtica de infraes. Na
oportunidade, o STF afirmou que "o espao de autonomia privada garantido pela
Constituio s associaes no est imune incidncia dos princpios consti-
tucionais que asseguram o respeito aos direitos fundamentais de seus associa-
dos. A autonomia privada, que encontra claras limitaes de ordem jurdica, no
pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias de
terceiros, especialmente aqueles positivados em sede constitucional, pois a au-
tonomia da vontade no confere aos particulares, no domnio de sua incidncia
e atuao, o poder de transgredir ou de ignorar as restries postas e definidas
pela prpria Constituio, cuja eficcia e fora normativa tambm se impem,
aos particulares, no mbito de suas relaes privadas, em tema de liberdades
fundamentais." (STF. 2 Turma. RE 201819, Relator p/ Acrdo Min. Gil mar Men-
des, julgado em 11/1o/2oos).
~
com os seus deveres perante o condomnio", sem fazer qualquer restrio ou bice
legal que impea a sua aplicao ao devedor contumaz de dbitos condominiais.
Direito de defesa
Vale ressaltar que, para que o condomnio aplique essa multa, necessrio que seja
garantido ao condmino direito ao contraditrio e ampla defesa. Assim, a sano
prevista para o comportamento antissocial reiterado de condmino no pode ser
aplicada sem que antes lhe seja conferido o direito de defesa.
STJ. 4" Turma. REsp 1.365.279-SP, Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 25/8/2015 (lnfo 570).
~~~.DOMNIO DE FATO
.............................................................................................................
Em que consiste um condomnio de fato?
O custo e a lista de exigncias necessrias para se constituir um condomnio edil-
cio muito grande, especialmente em se tratando de condomnio de casas, deven-
do ser observados os ditames da Lei no 4591/64.
O fato de o morador se beneficiar dos servios no suficiente para que ele seja obri-
gado a pagar? No haveria um enriquecimento sem causa do morador?
NO. No se pode entender que o morador, ao gozar dos servios organizados em
condomnio de fato por associao de moradores, aceitou tacitamente participar
de sua estrutura orgnica.
Na ausncia de uma legislao que regule especificamente a matria em anlise,
deve preponderar o exerccio da autonomia da vontade e ningum pode ser com-
pelido a fazer algo seno em virtude de lei.
Para o STJ, no se pode falar em enriquecimento ~.em causa do morador. isso por-
que ele livre para se associar ou no e, no sendo associado, no pode ser obri-
gado a pagar. A liberdade de associao um direito constitucional e no pode
ser mitigado ou contrariado sob o fundamento do princpio do enriquecimento
sem causa.
Concluindo:
A aquisio de imvel situado em loteamento fechado em data anterior cons-
tituio da associao no pode, nos termos da jurisprudncia sufragada pelo
Superior Tribunal de Justia, impor ao adquirente que no se associou, nem a ela
aderiu, a cobrana de encargos.
Se a compra se opera em data posterior constituio da associao, na ausn-
cia de fonte criadora da obrigao (lei ou contrato), proibido que, apenas com
base no princpio do enriquecimento sem causa, seja institudo um dever tcito
a terceiros. Isso violaria os princpios constitucionais da legalidade e da liberda-
de associativa.
8.4 USUCAPIO
-~~-~~-~~-~-~~~~ .................................................................................................
Usucapio
Usucapio ...
um instituto jurdico por meio do qual a pessoa que fica na posse de um bem
(mvel ou imvel)
por determinados anos
agindo como se fosse dono
adquire a propriedade deste bem ou outros direitos reais a ele relacionados (exs.:
usufruto, servido)
desde que cumpridos os requisitos legais.
~
Para se ter direito usucapio especial urbana, necessrio preencher os seguintes
requisitos:
a) 25om: a pessoa deve estar na posse de uma rea urbana de, no mximo, 250m 2 ; >
b) 5 anos: a pessoa deve ter a posse mansa e pacfica dessa rea por, no mnimo, 5
anos ininterruptos, sem oposio de ningum;
c) moradia: o imvel deve estar sendo utilizado para a moradia da pessoa ou de
sua famlia;
d) no ter outro imvel: a pessoa no pode ser proprietria de outro bem imvel
(urbano ou rural).
Algumas observaes:
no se exige que a pessoa prove que tinha um justo ttulo ou que estava de boa-f;
esse direito no ser reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez;
possvel usucapio especial urbana de apartamentos (nesse caso, quando se for
apurar se o tamanho do imvel menor que 250m2 no se incluir no clculo a
rea comum, como salo de festas etc., mas to somente a parte privativa);
o ttulo de domnio e a concesso de uso sero conferidos ao homem ou mulher,
ou a ambos, independentemente do estado civil.
Dito de outro modo, o juiz argumentou que apesar de o autor preencher os requisi-
tos constitucionais, a legislao no permite que uma rea to pequena (1oha) seja
desmembrada e se torne um imvel com matrcula prpria.
Presentes os requisitos exigidos no art. 191 da CF/88, o imvel rural cuja rea
seja inferior ao "mdulo rural" estabelecido para a regio (art. 4, 111, da Lei
4.50411964) poder ser adquirido por meio de usucapio especial rural.
STJ. 4" Turma. REsp 1.040.296-ES, Rei. originrio Min. Marco Buzzi, Rei. para acrdo Min. Luis
Felipe Salomo, julgado em 2/6/2015 (lnfo 566).
A CF/88, em seu art. 191, cujo texto se faz idntico no art. 1.239 do CC, disciplinou a
usucapio especial rural, nos seguintes termos:
Art. 191. Aquele que, no sendo proprietrio de imvel rural ou urbano, possu.a
como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposio, rea de terra, em zona
rural, no superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalh-o
ou de sua famlia, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe- a propriedade.
Desse modo, mesmo sern requerimento das partes, o juiz poder reconhecer que
houve prescrio.
Obs.: o CPC 2015 continua permitindo que o juiz decida, de ofcio, sobre a ocorrncia
da prescrio (art. 487,11).
A regra do art. 219, 5 do CPC 1973 aplica-se apenas para a prescrio extintiva ou
tambm para a prescrio aquisitiva (usucapio)? O juiz pode reconhecer, de oficio,
Porqu?
o 5 do art. 219 do CPC 1973 no estabeleceu qualquer distino em relao
espcie de prescrio. Sendo assim, num primeiro momento, at se poderia cogitar
ser possvel ao juiz declarar de ofcio a aquisio mediante usucapio de proprie-
dade. Entretanto, em uma anlise mais calma, percebe-se que no se pode chegar
a essa concluso.
Primeiro, porque o disposto no 5 do art. 219 est intimamente ligado s causas
extintivas, conforme expressamente dispe o art. 220.
Segundo, porque a prescrio extintiva e a usucapio so institutos diferentes, sen-
do inadequada a aplicao da disciplina de um deles frente ao outro, uma vez que
a expresso "prescrio aquisitiva", como sinnima de usucapio, tem razes mais
ligadas a motivos fticos/histricos do que a contornos meramente temporais.
Essa diferenciao imprescindvel, sob pena de ocasionar uma situao de inse-
gurana jurdica, alm de violao aos princpios do contraditrio e ampla defesa,
pois, no processo de usucapio, o direito de defesa assegurado ao confinante im-
postergvel, eis que lhe propicia oportunidade de questionar os limites oferecidos
ao imvel usucapiendo.
Como simples exemplo, se assim fosse, nas aes possessrias o demandante po-
deria obter um julgamento de mrito, pela procedncia, antes mesmo da citao
da outra parte, afinal, o magistrado haveria de reconhecer a prescrio (na hipte-
se, a aquisitiva-usucapio) j com a petio inicial, no primeiro momento.
Consequentemente, a outra parte teria eliminada qualquer possibilidade de defesa
do seu direito de propriedade constitucionalmente assegurado, sequer para alegar
uma eventual suspenso ou interrupo daquele lapso prescricional.
Ademais, conforme a doutrina, o juiz, ao sentenciar, no pode fundamentar o de-
cidido em causa no articulada pelo demandante, ainda que por ela seja possvel
acolher o pedido do autor. Trata-se de decorrncia do dever de o juiz decidir a lide
"nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questes, no sus-
Forma
A promessa de compra e venda pode ser celebrada por instrumento pblico ou par-
ticular (art. 1.417 do CC).
O contrato principal (compra e venda) que ser assinado aps o pagamento in-
tegral do preo, se envolver bem imvel de valor superior a 30 salrios mnimos,
dever ser feito por escritura pblica (art. 108 do CC).
A promessa de compra e venda precisa ser registrada em cartrio para ser vlida?
NO. A promessa de compra e venda vlida mesmo sem registro no cartrio.
~ (... )A promessa de compra e venda identificada como direito real ocorre quando
- o instrumento pblico ou particular registrado no cartrio de registro de im-
veis, o que no significa que a ausncia do registro retire a validade do contrato.
(... ) (STJ. 4 Turma. REsp 1185383/MG, Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em
o8/o4f2014)
Art. 1-418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promi-
tente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outor-
ga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumen-
to preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicao do imvel.
Irretratvel ou retratvel
A promessa de compra e venda, em regra, irretratvel.
As partes, contudo, com base na autonomia privada, podem inserir uma clusula
de arrependimento, prevendo a possibilidade de desistirem de continuar o negcio
jurdico. Se no previrem clusula nesse sentido, a promessa ser irretratvel.
Vantagem para fins de adjudicao compulsria no caso de a promessa ter sido re-
gistrada
Se a promessa estiver registrada no RI, o promissrio comprador tem uma vantagem:
poder ajuizar a ao de adjudicao compulsria com base em um rito sumrio
(mais rpido e simples) previsto no art. 25 da Lei n 6-766/79 e art. 15 do DL no 58/37.J
se o contrato no estiver registrado, a ao de adjudicao compulsria ser propos-
ta como uma ao de conhecimento, de rito ordinrio. (FARIAS, Cristiano Chaves de;
ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. vol. 5 Salvador: Juspodivm, 2014, p. 840).
Alm disso, conforme j explicado acima, se a promessa estiver registrada, a adju-
dicao compulsria poder ser proposta inclusive contra terceiros.
Natureza da ao de adjudicao
Por meio da propositura de ao de adjudicao, o juiz profere uma sentena que
substitui a vontade do promitente vendedor e tal deciso j valer como ttulo para
o registro da compra no cartrio de imveis.
Assim, verifica-se que a ao de adjudicao compulsria no condena o ru (pro-
mitente vendedor) a entregar a escritura. A sentena na adjudicao compulsria
no tem natureza condenatria.
O pedido na adjudicao compulsria para que seja constituda determinada si-
tuao jurdica. Logo, a sentena possui natureza constitutiva.
No que tange aos prazos, as aes so divididas da seguinte forma:
aes condenatrias: sujeitam-se a prazos prescricionais;
Lei no 11-795f2oo8:
Art. 14 (...) 7 A anotao da alienao fiduciria de veculo automotor ofertado
em garantia ao grupo de consrcio no certificado de registro a que se refere o
Cdigo de Trnsito Bra5.ileiro, Lei n 9.503, de 23 de setembro de 1997, produz
efeitos probatrios contr3 terceiros, dispensado qualquer outro registro pblico.
Esso tese foi aceito? Houve inconstitucionalidade das referidos leis oo dispensarem o
registro do o/ieno~o fiduciria no RTD?
NO. No havia nada que imp::disse o legislador de extinguir, como o fez, essa obri-
gatoriedade. No h nenhum dispositivo na CF/88 que obrigue o registro do con-
trato de alienao fiduciria no cartrio.
Na verdade, os requisitos relac onados com a formao, validade e eficcia de con-
tratos privados so assuntos a serem tratados pela legislao federal e no pelo
texto constitucional.
O legislador entendeu, de forma correta, que a exigncia do registro da alienao
fiduciria na serventia ex-:raju::icial {RTD) acarretaria nus e custos desnecessrios
ao consumidor, alm de no conferir ao ato a publicidade adequada. Para o leigo
que ir comprar um carro, muito mais provvel procurar junto ao DETRAN e no
CRV se h restries ao ve cu lo >endo improvvel que v atrs dessa informao no
RTD ou em qualquer outro car:rio.
Art. 7 (... )
1 Consideram-se nulos quaisquer convnios celebrados entre entidades de
ttulos e registros pblicos e as reparties de trnsito competentes para o li-
cenciamento de veculos, bem como portarias e outros atos normativos por elas
editados, que disponham de modo contrrio ao disposto no caput deste artigo.
2" O descumprimento do disposto neste artigo sujeita as entidades e as pes-
soas de que tratam, respectivamente, as Leis nos 6.015, de 31 de dezembro de
1973, e 8.935, de 18 de novembro de 1994, ao disposto no art. 56 e seguintes da Lei
n 8.078, de 11 de setembro de 1990, e s penalidades previstas no art. 32 da Lei
n 8.935, de 18 de novembro de 1994.
Essa proibio tambm foi questionada por meio das ADis, mas o STF entendeu
que no havia nenhuma inconstitucionalidade na proibio.
O STF, no entanto, a fim de respeitar o ato jurdico perfeito e a segurana jurdica,
afirmou que a vedao imposta pela Lei n 11.882/2008 no poderia ser aplicada
aos convnios celebrados antes da publicao dessa norma.
Assim, os convnios j pactuados por ocasio da edio da lei foram preservados
at o fim do prazo da sua vigncia, sendo vedada qualquer prorrogao.
Resumindo:
Prescrio da dvida
O prazo para pagamento da dvida venceu, mas, a pesar disso, a empresa "Y" (credo-
ra) no ajuizou ao cobrando o crdito nem executou a hipoteca.
Passaram-se 5 anos, tendo havido a prescrio da pretenso de cobrana da dvida
(art. 206, 5, I, do CC).
Ainda que a Unio seja a proprietria exclusiva das reservas minerais existente5 no
solo e subsolo, ao concessionrio particular (mineradora) garantida a propriedade
do produto de sua explorao, fazendo emergir da nossa ordem constitucional o
princpio do livre acesso aos recursos minerais.
Nesse cenrio, o Cdigo de Minerao trouxe o importante instituto da prior' da-
de, ou seja: cumpridas as determinaes legais, o minerador faz jus obteno de
um ttulo minerrio, obedecida a prioridade prevista no art. 11, "a", do Decreto-Lei
227/67. Desse modo, para fins de fixao do direito de prioridade, o referido disposi-
tivo estabelece que se tomar em considerao a data do requerimento relativo
pesquisa ou explorao de rea considerada livre. Concedido o alvar de pesquisa
e verificada a viabilidade da explorao em concluso dos trabalhos de pesquisa, o
autorizatrio ter o prazo decadencial nuo para requerer a concesso da lavra ou
negociar seu direito com terceiros (arts. 31 e 32 do Decreto-Lei 227/67, ambos com
redao dada pela Lei n 6-403/76). Da se extrai que, uma vez autorizada a pesqui-
sa para fins de minerao, nasce para o autorizatrio o direito subjetivo e exclusivo
futura explorao da mina, como decorrncia do direito de prioridade, durante o
prazo decadencial de um ano, contado da aprovao do relatrio final da pesquisa.
Portanto, fixado legalmente o direito subjetivo futura concesso da lavra como
decorrncia da autorizao de pesquisa, a explorao indevida, exercida cland~sti
na e ilicitamente por terceiro, que no detinha nenhum ttulo minerrio, resulta em
prejuzo injusto ao legtimo autorizatrio. Esse dano deve ser ressarcido.
No caso em que o subsolo de imvel tenha sido invadido por tirantes (pinos
de concreto) provenientes de obra de sustentao do imvel vizinho, o pro-
prietrio do imvel invadido no ter legtimo interesse para requerer, com
base no art. 1.229 do CC, a remoo dos tirantes nem indenizao por perdas
e danos, desde que fique constatado que a invaso no acarretou prejuzos
comprovados a ele, tampouco impossibilitou o perfeito uso, gozo e fruio do
seu imvel.
ST13 Turma. REsp 1.256.825-SP. Rei. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 513/2015
(lnfo 557).
PRIVILGIO ESPECIAL
Em 2015, foi editada a Lei n 13.176/2015 que acrescenta inciso IX ao art. 964 do CC,
com a seguinte redao:
9 CASAMENTO EDIVRCIO
9.1 DESNECESSIDADE DE AUDINCIA DE CONCILIACO/RATIFICACO NA
ACO DE DIVRCIO .
Art. 1.122. Apresentada a petio ao juiz, este verificar se ela preenche os re-
quisitos exigidos nos dois artigos antecedentes; em seguida, ouvir os cnjuges
sobre os motivos da separao consensual, esclarecendo-lhes as consequncias
da manifestao de vontade.
Assim, a juza da Vara de Violn:ia Domstica ficou responsvel por julgar tanto o
crime de ameaa como tambm o pedido de divrcio, nos termos do art. 14 da Lei
n 11.340/2006.
10 UNIO ESTVEL
10.1 NOCES GERAIS
Conceito
A unio estvel uma entidade familiar, caracterizada pela unio entre duas pes-
soas, do mesmo sexo ou de sexos diferentes, que possuem convivncia pblica,
contnua e duradoura, com o objetivo de constituio de famlia.
Previso constitucional
Art. 226 {... ) 3- Para efeito da proteo do Estado, reconhecida a unio est-
vel entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua
converso em casamento.
Previso no CC-2002
Art. 1.723. reconhecida como entidade familiar a unio estvel entre o homem
e a mulher, configurada na convivncia pblica, contnua e duradoura e estabe-
lecida com o objetivo de constituio de famlia.
Polmica
Durante o divrcio surgiu a seguinte polmica: o apartamento comprado em 2005
deveria ser dividido entre os dois ou ficaria s com o marido? Joo alegava que o
imvel pertenceria apenas a ele, j que, quando comprou, eles no eram casados.
Maria, por sua vez, argumentou que naquela poca eles no eram casados, mas
viviam em unio estvel, de forma que o bem deveria ser dividido.
~
do contrato, quando passa a vigorar o regime da separao total. O contrato de unio
estvel vlido, mas somente gera efeitos para o futuro, ou seja, o STJ no admitiu a
atribuio de efeitos pretritos. Em suma, s a clusula da retroao que era ilcita.
>
Cuidado:
Muitos livros defendem posio contrria ao que foi decidido pelo STJ. o caso, por
exemplo, de Maria Berenice Dias e Francisco Jos Cahali. Assim, muita ateno para
o tipo de pergunta que ser feita na hora da prova para no se lembrar do que leu
no livro e errar a questo, especialmente em concursos CESPE.
Art. 1.647- Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cnjuges pode, sem
autorizao do outro, exceto no regime da separao absoluta:
1- alienar ou gravar de nus real os bens imveis;
Resumindo:
O art. 1.647, I, do CC prev que, nenhum dos cnjuges pode, sem autorizao do
outro, exceto no regime da separao absoluta, alienar ou gravar de nus real
os bens imveis.
Se duas pessoas vivem em unio estvel, como se elas fossem casadas sob o
regime da comunho parcial de bens (art.1.725 do CC).
Para a 33 Turma do STJ, a regra do art. 1.647, I, do CC pode ser aplicada unio
estvel, desde que tenha sido dada publicidade aos eventuais adquirentes a res-
peito da existncia dessa unio estvel.
Se um imvel foi alienado pelo companheiro sem a anuncia de sua compa-
nheira, a anulao dessa alienao somente ser possvel se no registro de
imveis onde est inscrito o bem, houvesse a averbao (uma espcie de ano
tao/observao feita no registro) de que o proprietrio daquele imvel vive
em unio estvel.
Se no houver essa averbao no registro imobilirio e se no existir nenhu-
ma outra prova de que o adquirente do apartamento estava de m-f, deve-se
presumir que o comprador estava de boa-f, preservando, assim, a alienao
realizada, em nome da segurana jurdica da proteo ao terceiro de boa-f~
Em suma: a invalfdao da alienao de imvel comum, fundada na falta de
consentimento do companheiro, depender da publicidade conferida unio
1) SIM, mas desde que seja conferi- 2) NO. justificvel que haja uma dife-
da publicidade a essa unio estvel rena de tratamento entre o casamento e a
a fim de que no prejudique tercei- unio estvel quando se fala sobre a exign-
ros de boa-f. cia ou no de outorga uxria (art. 1.647 do
Vale ressaltar que, no caso .::onere- CC). Isso porque o casamento ato jurdico
to, o STJ manteve vlido o regcio cartorrio e solene que gera publicidade
jurdico mesmo sem a concordncia erga omnes. J a unio estvel no goza
da companheira, considerando que dessa presuno de publicidade, de modo
no havia prova da publicidade da que fica difcil ao credor se proteger de even-
unio estvel. tuais prejuzos porque ele nunca ter plena
certeza se a pessoa com quem contrata vive
STJ. 3 Turma. REsp 1424275/MT, Rei.
ou no em unio estvel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 04/12/2014. STJ. 4 Turma. REsp 1299866/DF, Rei. Min.
Luis Felipe Salomo, julgado em 25/02/2014 .
.............................................................................................................................
578
J
< Mrcio Andr Lopes Cavalcante
10.5 AO DE DISSOLUO DE UNIO ESTVEL CUMULADA COM ALIMEN-
TOS ECOMPETNCIA
Regra de competncia no caso de ao de dissoluo de unio estvel. Se os ex-con-
viventes moram em comarcas diferentes, onde dever ser proposta a ao de disso-
luo de unio estvel?
No foro do domiclio do ru. A ao de dissoluo de unio estvel uma ao
pessoal e, portanto, deve ser proposta na comarca de domiclio do ru, conforme
previsto no art. 94 do CPC 1973 (art. 46 do CPC 2015).
Ex.: Joo e Maria viveram durante 10 anos em unio estvel. Ocorre que o relacio-
namento chegou ao fim e Joo foi morar em Belo Horizonte (MG), enquanto Maria
permaneceu residindo em So Paulo (SP). Maria deseja propor ao de dissoluo
de unio estvel. Tal demanda dever ser ajuizada em Belo Horizonte (MG), consi-
derando que este o domiclio do ru.
Ex.: Lucas mora em Recife (PE), enquanto que seu pai (Pedro) reside em Fortaleza
(CE). Lucas poder propor ao de alimentos contra Pedro em Recife (PE), no sendo
necessrio que ajuze a ao no foro do domiclio do ru.
Essa r.egra especial do art. 100, 11, do CPC 1973 (art. 53, 11, do CPC 2015) s vale para as
aes de alimentos envolvendo menores de idade?
NO. Essa regra especial vale no apenas para aes de alimentos envolvendo po-
derfamiliar, como tambm no caso de alimentos decorrentes de casamento, paren-
tesco e unio estvel.
Resumindo:
11 PARENTESCO
11.1 DESCONSTITUICO DA PATERNIDADE REGISTRAL
Imagine a seguinte situao hipottica:
Joo e Maria viviam em unio estvel, quando ela engravidou.
O casal vivia uma relao aparentemente monogmica e, quando a criana nasceu,
Joo registrou o menino (chamado de Eduardo) como seu filho e de Maria.
Durante os primeiros cinco anos de vida de Eduardo, Joo e Maria ainda estavam
juntos e educavam a criana normalmente como pais.
Ocorre que, determinado dia, mexendo no Whatsapp de Maria, Joo viu uma con-
versa dela com a amiga na qual revelava que Eduardo no era filho biolgico de
Joo, mas sim de Ricardo, um antigo namorado.
Arrasado por ter descoberto a traio, Joo exigiu de Maria um teste de DNA e o
resultado foi. .. que ele no era pai de Eduardo.
A partir da,Joo saiu de casa e no quis mais ter nenhum tipo de contato nem com
Maria nem com Eduardo.
Oito anos depois disso, Joo comeou a estudar Direito e decidiu resolver formal-
mente a situao, razo pela qual ajuizou ao negatria de paternidade contra
Eduardo, pedindo que fosse reconhecido que ele no era seu filho biolgico e, como
Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nasci-
dos de sua mulher, sendo tal ao imprescritvel.
Art. 1.604. Ningum pode vindicar estado contrrio ao que resulta do registro de
nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro.
No caso concreto, houve vnculo de afeto entre o pai registra# (Joo) e Eduardo. No
seria possvel manter o registro com base na paternidade socioafetiva?
A 33 Turma do STJ, neste julgado, entendeu que no. Segundo defendeu o Min. Re-
lator, "o estabelecimento da filiao socioafetiva perpassa, necessariamente, pela
vontade e, mesmo, pela voluntariedade do apontado pai, ao despender afeto, de
ser reconhecido como tal. dizer: as manifestaes de afeto e carinho por parte de
pessoa prxima criana somente tero o condo de convolarem-se numa relao
de filiao, se, alm da caracterizao do estado de posse de filho, houver, por parte
daquele que despende o afeto, a clara e inequvoca inteno de ser concebido juri-
dicamente como pai ou me daquela criana."
No caso concreto, a relao afetiva que havia entre pai registra! e filho foi rompida
quando este tinha cinco anos, deforma que h oito anos eles no mais teriam qual-
quer contato. Segundo foi apurado, atualmente impossvel o restabelecimento
desse vnculo que um dia existiu.
Para o Min. Marco Aurlio Bellizze, "no se pode obrigar o pai registra!, induzido a
erro substancial, a manter uma relao de afeto, igualmente calcada no vcio de
consentimento originrio, impondo-lhe os deveres da advindos, sem que, volunt-
ria e conscientemente, o queira. Como assinalado, a filiao sociafetiva pressupe
a vontade e a voluntariedade do apontado pai de ser assim reconhecido juridica-
mente, circunstncia, inequivocamente, ausente na hiptese dos autos."
SITUACO
........... 1: PAI REGISTRAL OUER ANULAR O REGISTRO
................................... ........................................................................... .
~
Voltando ao exemplo dado acima, imagine que, depois de alguns anos, Andr
(o pai registra I) termina seu relacionamento com Carla. Com raiva, ele procura
um advogado pretendendo o reconhecimento judicial de que ele no o pai de
Vitor.
Participao do Ministrio Pblico: atuar como fiscal da lei (custos legis}, conside-
rando que se trata de ao concernente ao estado da pessoa (art. 82 do CPC 1973).
Provas produzidas: atualmente, a principal prova produzida nestas aes o exa-
me pericial de DNA.
Se o exame de DNA provar que Vitor no filho biolgico de Andr, o juiz ter que,
obrigatoriamente,julgar procedente o pedido, declararldesconstituir a paternidade
e anular o registro?
NO. O pai que questiona a paternidade de seu filho registra! (no biolgico), que
ele prprio registrou conscientemente, est violando a boa-f objetiva, mais espe-
cificamente a regra da venire contrafactum proprium (proibio de comportamen-
to contraditrio).
Para que seja possvel a anulao do registro indispensvel que fique provado que
o pai registrou o filho enganado (induzido em erro), ou seja, imprescindvel que
tenha havido vcio de consentimento:
SITUACO
........... 2: FILHO DESEJA OU ESEJA RECONHECIDO SEU PAI BIOLGICO
.................................. :":" ............................................................................ .
Imagine agora que Vitor, j maior, descubra que Andr no seu pai biolgico, mas
sim Bruno. Vitor ajuza ao de reconhecimento de paternidade cumulada com nu-
lidade do registro contra Bruno e Andr.
A ao ser julgada procedente e o registro ser anulado mesmo que tenha se esta-
belecido uma relao socioafetiva entre Vitor e Andr?
SIM. O STJ entende que, mesmo que o filho tenha sido acolhido e tenha usufrudo
de uma relao socioafetiva, nada lhe retira o direito, em havendo sua insurgncia
ao tomar conhecimento de sua real histria, de ter acesso sua verdade biolgica
que lhe foi usurpada, desde o nascimento at a idade madura. Presente o dissen-
so, portanto, prevalecer o direito ao reconhecimento do vnculo biolgico (REso
833-712/RS). .
Dessa forma, a filiao socioafetiva desenvolvida com o pai registra! no afasta o
direito do filho de ver reconhecida a sua filiao biolgica.
Concluso
Art. 1.614. O filho maior no pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e
o menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem
maioridade, ou emancipao.
Resumindo:
.,. ~T1 4" Turma. AgRg no REsp 1.259.703-MS, Rei. Min. Maria Isabel Gallotti, julgadq em
1
('2412/2015 (lnfo 556).
No CPC zors ainda existe essa exigncia de, em regra, o edital ser publicado na sede
do juzo, no rgo oficial e em jornal/oca/?
NO De maneira salutar, o novo CPC desburocratizou o tema e exigiu que o edital
seja :Jublicado, em regra, apenas na internet. Confira:
~
bm no jornal. Ocorre que, como a publicao do edital no jornal tem um custo (o
jornal cobra por isso), o juiz exigiu que o MP depositasse em juzo o valor cobrado
pelo peridico. >
o MP, por sua vez, refutou essa exigncia, afirmando que no seria necessrio pu-
biicar o edital em jornal porque incidiria, no caso concreto, a regra de exceo pre-
vista no art. 232, 2 do CPC 1973:
2 A publicao do edital ser feita apenas no rgo oficial quando a parte for
beneficiria da Assistncia Judiciria.
Tudo bem, .ficou claro que o MP no ter que adiantar tais valores. Mas, ento, quem
o far?
A Fazenda Pblica estadual ("Governo do Estado", ou seja, o oramento do Poder
Executivo).
Segundo decidiu o STJ, o custo econmico da citao editalcia na imprensa local
deve ser suportado pela Fazenda Pblica Estadual, por aplicao analgica da S-
mula 232/STJ: "A Fazenda Pblica, quando parte no processo, fica sujeita exigncia
do depsito prvio dos honorrios do perito".
Resumindo: o Ministrio Pblico Estadual, ao propor ao de investigao de pater-
nidade como substituto processual de criana, no obrigado a adiantar as despe-
sas decorrentes da citao editalcia do ru em jornal local, devendo o adiantamen-
to dos gastos da referida diligncia ser realizado pela Fazenda Pblica Estadual.
Resumindo:
Se o Ministrio Pblico Estadual propuser ao de investigao de paternidade
como substituto processual de criana, a citao editalcia do ru no poder ser
realizada apenas em rgo oficial. Isso porque a parte desta ao no a crian-
a, mas sim o Ministrio Pblico (ele est litigando em nome prprio, defenden-
do o direito do menor). Perceba, portanto, essa sutileza que muda tudo: a parte
no a pobre criana,,mas sim o MP. Logo, no se aplica o art. 232, 2, do CPC.
Obs.: o novo CPC desburocratizou o tema e exigiu que o edital seja publicado,
em regra, apenas na internet (art. 257, 11, do CPC 2015). Assim, se j se estivesse
sob a gide do novo CPC no seria necessria, em regra, a publicao pelo
jornal local.
O Ministrio Pblico ter que adiantar o custo da publicao do edital no jornal?
NO. O Ministrio Pblico Estadual, ao propor ao de investigao de pater-
nidade como substituto processual de criana, no obrigado a adiantar as
despesas decorrentes da citao editalcia do ru em jornal local, devendo o
adial')tamento dos gastos da referida diligncia ser realizado pela Fazenda P-
blica Estadual.
STJ. 3." Turma. REsp 1.37?.675-SC, R~l. Min. Ricardo Villas Ba~ Cueva, julgado em 10/3/2015
(lnfo 557).
Finalizando
Dessa forma, como o direito em discusso est relacionado a um interesse indivi-
dual e disponvel de pessoa plenamente capaz e que o exerccio da autonomia da
vontade do maior de 18 anos no depende mais do consentimento de seus pais ou
de seu representante legal, no se aplica o art.45 do ECA adoo de maior de idade.
~ncide, no caso, a regra prevista no art. 48 do ECA:
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biolgica, bem como de
obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus even-
tuais incidentes, aps completar 18 (dezoito) anos.
Assim, sendo possvel ao filho maior buscar suas origens biolgicas, partindo-se
de uma interpretao teleolgica desse dispositivo, possvel reconhecer tam-
bm o direito de afast-las por definitivo, por meio de adoo, quando ele atingir
a maioridade.
12 ALIMENTOS
Art. 1.694. Podem os parentes, os cnjuges ou companheiros pedir uns aos ou-
~
tros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatvel com a sua
condio social, inclusive para atender s necessidades de sua educao.
>
o pedido de Pedro encontra amparo no ordenamento jurdico? possvel a presta-
o de alimentos em caso de rompimento de unio estvel homoafetiva?
SIM.
Segue abaixo o resumo dos principais argumentos do Min. Luis Felipe Salomo:
Para o STF e o STJ, as unies estveis formadas por companheiros do mesmo sexo
so juridicamente viveis e protegidas pela CF/88, com base nos princpios da dig-
nidade da pessoa humana, da igualdade e do repdio discriminao de qualquer
natureza.
O STF, ao interpretar o art. 1.723 do CC luz da CF/88, afirmou que no se pode im-
pedir o reconhecimento da unio contnua, pblica e duradoura entre pessoas do
mesmo sexo como entidade familiar, entendida esta como sinnimo perfeito de fa-
mlia. Logo. o reconhecimento da unio estvel homoafetiva deve ser feito segundo
as mesmas regras e com as mesmas consequncias da unio estvel heteroafetiva
(ADPF 132/RJ e ADI4.277/DF).
A legislao que regula a unio estvel deve ser interpretada de forma expansi-
va e igualitria, permitindo que as unies homoafetivas tenham o mesmo regime
jurdico protetivo conferido aos casais heterossexuais, trazendo efetividade e con-
creo aos princpios da dignidade da pessoa humana, da no discriminao, igual-
dade, liberdade, solidariedade, autodeterminao, proteo das minorias, busca da
felicidade e ao direito fundamental e personalssimo orientao sexual.
A igualdade e o tratamento isonmico supem o direito a ser diferente, o direito
autoafirmao e a um projeto de vida independente de tradies e ortodoxias,
sendo o alicerce jurdico para a estruturao do direito orientao sexual como
direito personalssimo, atributo inseparvel e incontestvel da pessoa humana. Em
suma: o direito igualdade somente se realiza com plenitude se for garantido o
direito diferena.
Dito de outro modo: no pelo simples fato de o devedor ter se casado de novo ou
ter tido outros filhos que tais circunstncias serviro de argumento para reduzir o
valor da penso alimentcia que j paga aos outros filhos ou ex-esposa. Para que
o devedor consiga reduzir a prestao paga, alm de alegar que suas despesas au-
mentaram por conta da nova famlia, ele dever provar tambm que o valor fixado
anteriormente est acima das suas possibilidades, ou seja, que ele no tem mais
condies de pagar aquela quantia.
Em suma, se o devedor alegar apenas que agora tem uma nova famlia, isso no
ser motivo suficiente para reduzir o valor da penso paga.
m "O exemplo mais caracterstico o de uma me-a que se casasse com 18 anos e
se separasse com 19 anos. Ningum cogitaria que ela devesse ter direito a ali-
mentos, porque ela viveria dos 18 aos go anos. sendo sustentada pelo marido!
Claro que ela tem de ir trabalhar para se sustentar. S que ela no vai conseguir
emprego em uma semana, nem em um ms. Haveria de se conceder um prazo,
por ex em pio, de seis meses, dentro do qual o emprego pudesse ser conseguido, e
os alimentos seriam pagos s durante esse perodo( ... )
Por que fazer essa construo, o binmio nece5sidade-recursos no resolveria?
Haveria necessidade de fixar um prazo? Por que no simplesmente, em face de
estar desempregada, conceder alimentos e deixar que depois o alimentante rea-
ja? Acontece que a pode haver- pelo menos em termos de lgica formal- um
impasse, porque a mulher pode no arrumar o emprego- e exemplo fornecido
-ficar quieta. A, vem o homem com uma ao de exonerao, e ela alega: 'no
houve mudana de estado algum. No se alteraram as minhas necessidades,
porque no estou empregada'. Assim, os alimentos comeam a se prolongar. Se
tomarmos em termos estritamente lgico-formais o binmio necessidade-re-
cursos, a necessidade prosseguiria, e ela nunca iria trabalhar, sempre alegando
que precisa." (Famlias. Salvador: Juspodivm, 2014, p. 769).
Fausto no concordou com a deciso. Qual o recurso que ele pode interpor neste
caso?
Agravo de instrumento (art. 522 do CPC).
O que o STJ entende sobre o tema? As verbas de carter eventual (ex.: horas extras)
influenciam no valor da obrigao, aumentando o quantum da penso alimentcia
nos meses em que o devedor receber parcelas extras? Em suma, toda vez que o de
vedor receber mais (por qualquer motivo), o valor da penso dever ser, automati-
camente, pago a mais?
Ressalvas:
No comum acontecer, mas o juiz, na deciso que fixou os alimentos, pode ter
feito uma ressalva, incluindo o 13 salrio e outras verbas eventuais. Ex.: o pai ir
pagar 2 salrios mnimos todos os meses, mais 20% do 13 salrio e outras verbas
extras. Nesse caso, bvio, o devedor ter que pagar tais valores, mas porque isso
ficou expressamente previsto.
O alimentante, mesmo sendo condenado a pagar um valor fixo, poder combinar
com o credor, de pagar uma parte das verbas eventuais que receber. Se houve
essa oisposio transacional, a quantia tambm ser devida.
l ..
Principais julgados STF e STJ comentados 2015 > 603
Em suma, como no houve comprovao da modificao da possibilidade do autor
ou da necessidade da r, o juiz entendeu que no cabia ao revisional de alimentos.
Para o STJ, apesar de no estar expresso no art. 1.6gg do CC, possvel concluir que
esse dispositivo tambm permite que se ajuze ao revisional nos casos em que
se busca a alterao da prpria forma do pagamento sem modificao de valor.
Isso porque a legislao permite o adimplemento da penso alimentcia mediante
prestao em dinheiro ou o atendimento direto das necessidades do alimentado
(in natura), conforme dispe o art.qo1 do CC:
Alm disso, se no fosse permitido que o autor utilizasse a ao revisional para esse
fim, ele ficaria sem nenhuma alternativa, uma vez que no poderia descumprir o
acordo nem alter-lo unilateralmente.
Dessa forma, a ao de reviso de alimentos, que tem rito ordinrio e se baseia jus-
tamente na caracterstica de variabilidade da obrigao alimentar, tambm pode
contemplar a pretenso de modificao da forma da prestao alimentar, devendo
ser demonstrada a razo pela qual a modalidade anterior no mais atende finali-
dade da obrigao, ainda que no haja alterao na condio financeira das partes
nem pretenso de modificao do valor da penso, cabendo ao juiz fixar ou autori-
zar, se for o caso, um novo modo de prestao.
oque o esplio?
o esplio o ente despersonalizado que representa herana em juzo ou fora dele.
Mesmo sem possuir persona Iidade jurdica, o esplic tem capacidade para praticar
atos jurdicos (ex.: celebrar contratos no interesse da herana) e tem legitimidade
processual (pode estar no polo ativo ou passivo da relao processual) (FARIAS, Cris-
tiano Chaves. et. ai. Cdigo Civil para concursos. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 1396).
Aps a morte de Joo, essa obrigao persiste? O esplio dever continuar pagando
a penso fixada?
SIM. O esplio ter obrigao de pagar os alimento5 desde que preenchidas as se-
guintes condies:
a obrigao alimentar j deve estar fixada antes da morte (por acordo ou deciso
judicial);
o credor deve ser herdeiro do falecido (deve figurar r.o rol dos herdeiros necessrios);
o valor dos alimentos ser pago at os limites das foras da herana (se os re-
cursos deixados pelo falecido como herana acabarem, extingue-se a obrigao);
a penso somente ser paga enquanto perdurar c inventrio (depois do invent-
rio, fica extinto o direito de perceber alimentos).
Aps a morte de Joo, essa obrigao persiste? O esplio dever continuar pagando
a penso fixada?
NO.
O art. l.JOO do CC prev que "A obrigao de prestar alimentos transmite-se aos
herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694".
Ocorre que, segundo o STJ, esse artigo no pode ser interpretado literalmente. As-
sim, para a Corte, a obrigao alimentar fruto da solidariedade familiar e, por isso,
no pode ser transmitida aos herdeiros, salvo se o credor tambm for herdeiro do
falecido.
A morte do alimentante traz consigo a extino da personalssima obrigao ali-
mentar, pois no se pode conceber que um vnculo alimentar decorrente de uma j
desfeita solidariedade entre o falecido-alimentante e a alimentada, alm de perdu-
rar aps o trmino do relacionamento, ainda lance seus efeitos para alm da vida
do alimentante, deitando garras no patrimnio dos herdeiros, filhos do de cujus.
Entender que a obrigao alimentar persiste aps a morte implicaria agredir opa-
trimnio dos herdeiros que se tornaram proprietrios dos bens e recursos deixados
pelo morto desde o instante do bito {princpio da saisine).
Ese a penso alimentcia estivesse atrasada, a credora poderia exigir esse passivo?
Ex.: h 6 meses Joo no estava pagando o valor combinado, de forma que j havia
um dbito de R$ r2 mil. Maria poderia pedir esse valor do esplio?
SIM. A dvida existente antes do bito {valores no pagos) transmite-se aos herdei-
ros e pode ser cobrada do esplio.
Resumindo: observado que os alimentos pagos pelo de cujus sua ex-companheira
decorrem de acordo celebrado no momento do encerramento da unio estvel, a
referida obrigao, de natureza personalssima, extingue-se com o bito do ali-
mentante, cabendo ao esplio pagar to somente eventuais dbitos no quitados
pelo devedor quando em vida.
Em execuo de alimentos pelo rito do art. 733 do CPC 1973 (art. 528 do CPC 2015),
o acolhimento da justificativa da impossibilidade de efetuar o pagamento das
prestaes alimentcias executadas desautoriza a decretao da priso do de-
vedor, mas no acarreta a extino da execuo.
S14" Turma. REsp 1.185.040-SP, Rei. Min. Luis Felipe Salomo,julgado em 13/10/2015 (lnfo 573).
Mas os argumentos do executado eram to fortes ... o que ele podeJazer para extin-
guir a obrigao?
O devedor ter que ajuizar ao de exonerao ou de reviso de alimentos. Assim,
esse tema ter que ser discutido em ao prpria.
l
Principais julgados STF e STJ comentados 2015 > 607
Na doutrina, existe divergncia sobre o tema, mas o entendimento do STJ acima
exposto defendido por Luiz Rodrigues Wambier:
13 BEM DE FAMLIA
13.1 NOCES GERAIS
PROTECO
............ CONFERIDA AO BEM DE FAMLIA LEGAL
................................................................................................................
o bem de famlia legal impenhorvel e no responder por qualquertipo de dvi-
da civil, comercial, fiscal, previdenciria ou de outra natureza, contrada pelos cn-
juges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietrios e nele residam, salvo nas
hipteses previstas na Lei n 8.oog/go.
Se algum est sendo executado e penhorado seu bem de famlia, qual o mo-
mento processual para que alegue a impenhorabilidade?
o devedor dever arguir a impenhorabilidade do bem de famlia no primeiro:- ins-
tante em que falar nos autos aps a penhora.
Art. 22. O ru que, por no arguir na sua resposta fato impeditivo, modi-fic;tivo
ou extintivo do direito do autor, dilatar o julgamento da lide, ser.: conde1ado
nas custas a partir do saneamento do processo e perder, ainda que venced-:or na
causa, o direito a haver do vencido honorrios advocatcios.
A renncia ao bem de famlia vlida? O devedor pode oferecer penhora seu bem
de famlia?
Regra: NO.
O STJ possui diversos julgados afirmando que a proteo conferida ao instituto de
bem de famlia pela Lei n 8.oog/go uma norma cogente, uma questo de ordem
pblica. Logo, no se admite que o titular desse benefcio renuncie sua proteo.
Ne5se sentido: STJ.4 Turma. AgRg no AREsp 537.034/MS, Rei. Min. Raul Arajo, julga-
do em 26/o8/2014. Assim, em regra, a jurisprudncia do STJ entende que o bem de
fami ia impenhorvel, mesmo quando indicado constrio pelo prprio devedor.
Exceo:
Na hiptese acima narrada, o STJ entendeu que a situao em exame apresenta
certas peculiaridades que tornam vlida a renncia.
Com efeito, no caso em anlise, o executado agiu em descompasso com o princ-
pio r.emo venire contrafactum proprium, adotando comportamento contraditrio,
num momento ofertando o bem penhora e, no instante seguinte, arguindo a im-
penhorabilidade do mesmo bem, o que evidencia a ausncia de boa-f. Essa condu-
ta antitica deve ser coibida, sob pena de desprestgio do prprio Poder Judicirio,
que validou o acordo celebrado.
Se, por um lado, verdade que a Lei no 8.oog/go veio para proteger o ncleo fami-
liar. resguardando-lhe a moradia, no menos correto afirmar que aquele diploma
legal no pretendeu estimular o comportamento dissimulado.
Como se trata de acordo judicial celebrado nos prprios autos da execuo, a ga-
rantia somente podia ser constituda mediante formalizao de penhora incidente
sobre o bem. Nada impedia, no entanto, que houvesse a celebrao do pacto por
escritura pblica, com a constituio de hipoteca sobre o imvel e posterior junta-
da aos autos com vistas homologao judicial.
Se tivesse ocorrido dessa forma, seria plenamente vlida a penhora sobre o bem
em razo da exceo impenhorabilidade prevista no inciso V do art. 3 da Lei
8.oogl1ggo, no existindo, portanto, nenhuma diferena substancial entre um ato
e outro no que interessa s partes.
Acrescente-se, finalmente, que a deciso homologatria do acordo tornou preclusa
a discusso da matria, de forma que o mero inconformismo do devedor contra
urra das clusulas pactuadas, manifestado tempos depois, quando j novamente
inadimplentes, no tem fora suficiente para tornar ineficaz a avena.
Resumindo:
A renncia ao bem de famlia vlido? O devedor pode oferecer seu bem de fo-
.itrllo poro ser penhorado?
Em regra, NO. o STJ possui diversos julgados afirmando que a proteo con
: ,ferida ao instituto de bem de famlia pela Lei S.oog/go uma norma cogente,
uma questo de ordem pblica. Logo, no se admite que o titular desse benefi-
;:dcnenu~cie sua proteo.
Exceo: no se deve desconstituir i penllor de imvel sob~ o argumento de
se tra~ar de bem de famlia na hiptese ern q~e. mediante ac!lrdp hc)moiQgado
jud!c;lalmente, o executado tent-~-pa~cl4o.:~om o~xeq~ent.a proi'tf)go do
,prai para pagamento' e a reduo do valor de dvid qi:le torit:tata erj benefi~
Cio da famlia, oferecendo o imvel em garantia e renunciando expressmente
~jJ.c;:oferecimento de qualquer defesa, de modo: q!-1~:-descurnprlr;lo:~o acorrJOt a
i'xeGuo prsseguiria com a avaliao ejpraa:dnmvel.: >
.'~~~~-~
: ' - : ':' ,o .<
: . - : . ', ' '. _;, '::, ::. < ,,.:'i, _. ," .": I
.~~TJ. 3a Trma. REsp 1.461.3cn~MT, Rei, Min. Joo OtVIO de Noronha, jUlgado em 5/3l2015
:_.;{rnf ss8). .. . . '
Pedro prope uma execuo contra Rui e Joo cobrando o valor devido. O juiz deter-
mina a penhora da casa em que mora Joo e que est em seu nome.
Esse inciso VIl do art. 3 constitucional? Ele aplicado pelo STF e STJ?
SIM. O STF decidiu que o art. 3, VIl, da Lei n 8.oog/go constitucional, no vio-
lando o direito moradia (art. 6 da CF/88) nem qualquer outro dispositivo da
CF/88.
~ O Tribunal, no julgamento do Recurso Extraordinrio n 407.688-8/SP, declarou
.... a constitucionalidade do inciso VIl do artigo 3 da Lei n 8.oog/go, que excepcio-
nou da regra de impenhorabilidade do bem de famlia o imvel de propriedade
de fiador em contrato de locao.
STF. 1" Turma. RE 495105 AgR, Rei. Min. Marco Aurlio, julgado em 05/11/2013-
Resumindo:
legtima a penhora de bem de famlia pertencente a fiador de contrato de locao.
Isso porque o art. 3, VIl, da Lei 8.oog/go afima que a impenhorabilidade do bem
de famlia no se aplica no caso de dvidas do fiador decorrentes do contrato de
locao.
O STF decidiu que esse dispositivo constitucional e no viola o direito moradia.
Principal precedente que deu origem smula: STJ. 2" Seo. REsp 1.363-368-MS, Rei.
Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 12111/2014 (recurso repetitivo) (lnfo 552).
O STJ tambm refutou esse argumento. De acordo com Ministro Marco Buzzi, a Lei
n 8.oog/go permite a penhora do bem de famlia adquirido com produto de crime
sem que para isso precise existir condenao na esfera criminal. Segundo ele, entre
manter a moradia de uma pessoa processada por desviar dinheiro de uma empresa
e o dever de reparar os danos oriundos deste crime, a opo mais acertada a de
ressarcir a empresa.
Em 2015, foi editada a Lei n 13-144/2015, que alterou a redao do inciso 111 do art. 3,
prevendo uma ressalva. A redao passou a ser a seguinte:
Ex.: Joo e Maria so casados em regime de comunho universal de bens; Joo deve
penso alimentcia para seu filho, fruto de outro relacionamento anterior; se ele
no pagar, a casa em que mora com Maria poderia, em tese, ser penhorada; no
entanto, Maria meeira desse imvel, ou seja, tem direto metade do bem; logo,
o novo inciso 111 diz que devero ser "resguardados os direitos, sobre o bem, do seu
coproprietrio"; devero ser resguardados os direitos de Maria sobre o bem.
Mas ento ser permitido penhorar a outra parte? O juiz poder determinar a pe-
nhora da metade da casa que pertence a Joo? possvellevtir o imvel alienafo
judicial e depois entregar metade do dinheiro para o(a) meeiro(a}, com base no art.
6ss-B do CPC?
Tambm no. Na prtica, o im.,..el ficar inteiramente impenhorvel e no poder
ser alienado judicialmente para pagar a dvida. Isso porque o STJ entende que, se
houver meao do bem de f;;mlia e se o(a) meeiro(a) no tiver responsabilidade
pela dvida, no se poder alienar a casa porque seno atingiria, indiretamente, o
cnjuge/companheiro que n:J tem nada a ver com o dbito. Veja alguns preceden-
tes nesse sentido:
~ (...)A proteo instituda pela Lei n. 8.oogl1ggo, quando reconhecida sobre me-
- tade de imvel relativa meao, deve ser estendida totalidade do bem, por-
quanto o escopo precpJo da lei a tutela no apenas da pessoa do devedor, mas
da entidade familiar como um todo, de modo a impedir o seu desabrigo, ressai-
vada a possibilidade de diviso do bem sem prejuzo do direito moradia.(... )
STJ.4Turma. REsp 1227366/~S, Rei.Min. Luis Felipe Salomo,julgado em 21/1o/2014.
Assim, no se aplica a regra do art. 6ss-B do CPC 1973 para o caso de o imvel penho-
rado ser um bem de famlia (Art. 655-8. Tratando-se de penhora em bem indivisvel, a
meao do cnjuge alheio execuo recair sobre o produto da alienao do bem.)
Desse modo, conforme j explicado, na prtica, o imvel ficar inteiramente impe-
nhorvel.
Observao:
Em regra, os cnjuges/companheiros so coproprietrios do bem de famlia por
causa da meao (lembrando que meao no se confunde com herana; meao
existe mesmo com os dois cnjuges ainda vivos).
A definio se haver meao ou no depende do regime de bens adotado pelo
casal (ex.: no regime da separao legal o cnjuge no meeiro). No entanto,
possvel que haja a copropriedade porque o casal decidiu comprar o bem juntos e
registr-lo como copropriedade no registro de imveis.
SITUACO
........... OUAL
...........
~
NO SE APLICA A RESSALVA
................................................................................................... .
No se aplica a ressalva acima explicada se o casal (ambos os cnjuges ou compa-
nheiros) for devedor da penso alimentcia. Neste caso, o imvel ser penhorado e
poder ser inteiramente utilizado para pagar o dbito.
Ex.: Joo e Maria so casados; Lucas (neto do casal) ajuizou ao de alimentos con-
tra eles, sendo a sentena procedente; assim, ambos so devedores de penso ali-
mentcia em favor do neto; caso no paguem a dvida, a casa em que moram po-
der ser penhorada e o dinheiro obtido com a alienao poder ser inteiramente
utilizado para pagamento do dbito.
Compare a alterao feita pela Lei n 13.144/2015:
Exemplo que comprova que a lei no inova: irmos que possuem o mesmo bem de
famlia
Imagine que Cludio e Teresa so irmos e, com a morte de seu pai, herdaram a
casa onde vivem. Assim, os dois irmos moram na mesma casa e esta pertence a
ambos.
Cludio teve um filho com uma ex-namorada e paga penso alimentcia ao menor.
Ocorre que ele se torna inadimplente e executado.
Ser possvel penhorar a casa onde ele mora, mesmo sendo bem de famlia? Em
tese sim. No entanto, Teresa dona de metade desse imvel.
A situao de Teresa no protegida pelo novo inciso 111 do art. 3 da Lei n 8.oog/go
porque este fala em "unio estvel ou conjugal". Teresa e Cludio so irmos e no
companheiros ou cnjuges.
Apesar disso, mesmo sem respaldo no inciso 111, Teresa poder opor embargos de
terceiro pedindo que no incida a penhora sobre a casa. E qual ser o fundamento
invocado por Teresa? O direito de propriedade, garantido, inclusive, constitucional-
mente (art. 5, XXII).
Desse modo, com esse exemplo, percebe-se que a nova redao dada ao inciso 111
era desnecessria.
Uma grande polmica que surgir sobre o tema diz respeito aplicabilidade da al-
terao promovida. A pergunta que surge a seguinte: a revogao do inciso I do
art. 3 aplica-se s aes em curso mesmo que as dvidas tenham surgido antes do
LC tsolzors?
SIM. firme o entendimento consagrado no STJ no sentido de que a Lei no 8.oog/go
ao entrar em vigor e considerar impenhorveis os bens de famlia, teve eficcia
imediata, atingindo os processos judiciais em andamento, motivo pelo qual o STJ
entendeu, na poca, que deveriam ser canceladas as penhoras efetuadas ante~. de
sua vigncia (REsp 63-866/SP, Rei. Min. Vicente Leal, julgado em 17/05/2001). Tantc
isso verdade que foi editada a Smula 205:
~ Smula 205-STJ: A Lei 8.oog/go aplica-se penhora realizada antes de sua vi-
... gncia. .
Alguns de vocs podem estar se perguntando: mas uma lei complementar(LC tsolzors)
revogou uma lei ordinria (Lei B.oog/go)? Isso possvel?
Na verdade, algumas vezes a lei complementar possui alguns dispositivos (deter-
minados artigos, pargrafos etc.) que possuem apenas a forma, a "roupagem'' de
lei complementar, mas que na verdade, so, em sua essncia, em sua matria, leis
ordinrias.
O art. 46 da LC 150/2015, que revogou o inciso I do art. 3 da Lei n 8.oog/go, possui
a forma de lei complementar, mas na verdade tem natureza (matria) de lei ordi-
nria, porque no trata de nenhum dos assuntos que a CF/88 reservou para leis
complementares.
Tanto isso verdade que o legislador incluiu o seguinte artigo explicativo na LC
15012015:
Curatela
Em regra, se a pessoa for maior de 18 anos, ela plenamente capaz e est habilitada
p~tica de todos os atos da vida civil (art. 5 do CC).
Nc entanto, existem determinadas pessoas que, mesmo sendo maiores, no po-
de-n exercer alguns atos patrimoniais da vida civil sozinhos, necessitando da assis-
tn:ia de terceiros.
Para resguardar os direitos de tais pessoas, o Direito Civil previu uma proteo jur-
dica chamada de "curatela".
Tutela x Curatela
TUTELA CURATELA
Jns:rumento jurdico para proteger a crian- Instrumento jurdico voltado para a pro-
a O!.J adolescente que no goza da prote- teo de uma pessoa que, a pesar de ser
~o do poder familiar em virtude da morte, maior de 18 anos, necessita da assistncia
ausncia ou destituio de seus pais. de outra para a prtica de determinados
A tutela uma espcie de colocao atos de cunho patrimonial como uma
da criana ou adolescente em famlia forma de lhe proteger.
substituta.
V- os prdigos. V- os prdigos.
Repare que a Lei n 13.146/2015 retirou do art. 1.767 do CC as menes que eram feitas
deficincia mental e outras expresses congneres. Diante disso, indaga-se: pode-se
dizer que acabou a possibilidade de a pessoa com deficincia ser submetida cura-
telallsso deixou de existir?
NO. Mesmo depois da Lei n 13-146/2015, ainda existe a possibilidade de a pessoa
com deficincia ser submetida curatela quando essa medida protetiva extraordi-
nria se mostrar necessria.
O Estatuto da Pessoa com Deficincia expressamente prev isso. Confira:
Legitimados
O rol dos legitimados para propor ao de interdio est descrito no CPC. Confira:
Art. 1.177- A interdio pode ser promovida: Art. 747. A interdio pode ser promovida:
Essa ordem de legitimados do art. 1.177 do CPC 1973 (art. 747 do CPC 2015) preferen-
cial? Em outras palavras, para que algum do inciso 11 ajuze a ao, necessrio que
no haja ningum do inciso I e assim por diante?
NO.
quando o inciso 11 do art. r. 117 do CPC 1973 (art. 747 do CPC 2015) fala em "parente'~
abrange tambm os parentes por afinidade?
SIM.
Art. 1.178. O rgo do Ministrio Pblico s Art. 748. O Ministrio Pblico s pro-
requerer a interdio: mover i1terd o em caso de doena
i - no caso de anomalia psquica; mental grave:
111- se, existindo, forem menores ou 11- se, existindo, forem incapazes as
incapazes. pessoas mencionadas nos incisos I e li do
art. 747
Curador provisrio
Justificada a urgncia, o juiz pode nomear curador provisrio ao interditando para
a prtica de determinados atos.
Citao
O interditando ser citado para, em dia designado, comparecer perante o juiz, que
o entrevistar minuciosamente acerca de sua vida, negcios, bens, vontades, prefe-
rncias e laos familiares e afetivos e sobre o que mais lhe parecer necessrio para
convencimento quanto sua capacidade para praticar atos da vida civil, devendo
ser reduzidas a termo as perguntas e respostas.
No podendo o interditando deslocar-se, o juiz o ouvir no local onde estiver.
A entrevista poder ser acompanhada por especialista.
Durante a entrevista, assegurado o emprego de recursos tecnolgicos capazes de
permitir ou de auxiliar o interditando a expressar suas vontades e preferncias e a
responder s perguntas formuladas.
A critrio do juiz, poder ser requisitada a oitiva de parentes e de pessoas prximas.
15 SUCESSES
15.1RESPONSABILIDADE DOS HERDEIROS PELO PAGAMENTO DE DVIDA
DIVISVEL DO AUTOR DA HERANCA
Imagine a seguinte situao hipottica:
Joo faleceu e deixou como nicos herdeiros seus cinco filhos.
O patrimnio deixado por Joo foi equivalente a R$ 1 milho, tendo cada filho her-
dado a quota parte de 20% desse valor, ou seja, R$ 200 mil.
Depois de terem sido feitos o inventrio e a partilha dos bens, apareceu Mrio com
uma nota promissria assinada por Joo na qual este se comprometia a pagar R$
soo mil ao primeiro. Em outras palavras, Mrio possui um titulo executivo assinado
por Joo.
Art. 1.997. A herana responde pelo pagamento das dvidas do falecido; mas, ~~ita
a partilha, s respondem os herdeiros, cada qual em proporo da parte que n~
herana lhe coube.
Essa mesma regra trazida pelo CPC:
Art. 597- O esplio responde pelas Art. 796. O esplio responde pelas
dvidas do falecido; mas, feita a parti- dvidas do falecido, mas, feita a partilha,
lha, cada herdeiro responde por elas na cada herdeiro responde por elas dentro
proporo da parte que na herana lhe das foras da herana e na proporo da
coube . parte que lhe coube.
..............................................................................................................................
Mas os herdeiros iro responder por uma dvida que no em deles (e sim do morto}?
SIM. Os herdeiros iro responder pela dvida, mas esta responsabilidade intra vires
hereditatis, ou seja, proporcional parte que lhe coube. H, portanto, uma res-
ponsabilidade patrimonial limitada. Alm dos dispositivos acima citados, isso fica
tambm claro pela leitura da 1 parte do art.qg2 do CC:
~~-~~~-~~~~~~--- ..
Se a pessoa morrer e for casada, seu cnjuge ter direito herana? O cnjuge
herdeiro?
SIM. O cnjuge herdeiro necessrio (art. 1.845 do CC).
~~~':-~~~. ~~ .~~!~ .~~~~~. ~..'?.~~~~.~.~~~. ~.~. ~.~~.~~ .~~ .'?.~~~~!~. ~!-!.~~.~.~~~~~ ...... .
Entendendo o art. 1.830 do CC:
Regra 1: o cnjuge sobrevivente (vivo/viva} tem direito sucessrio.
Regra 2: o cnjuge sobrevivente (vivo/viva} no ter direito sucessrio se,
quando seu(sua) esposo(a} morreu, eles estavam separados judicialmente ou di-
vorciados.
Regra 3: o cnjuge sobrevivente no ter direito sucessrio se, quando seu(sua}
esposo(a) morreu, eles estavam separados de fato h mais de dois anos.
Exceo regra 3: o cnjuge sobrevivente, mesmo estando separado de fato h
mais de dois anos no momento da morte, continuar tendo direito sucessrio se
ele (cnjuge sobrevivente} no teve culpa pela separao de fato.
O art. 1.830 do CC fala em "culpa" e a doutrina brasileira possui ojeriza (averso)
culpa na relaes familiares. Diante disso, indaga-se: esse dispositivo continua vli-
do e sendo aplicvel pela jurisprudncia?
SIM. Ocorrendo a morte de um dos cnjuges aps dois anos da separao de fato
do casal, legalmente relevante, para fins sucessrios, a discusso da culpa do cn-
juge sobrevivente pela ruptura da vida em comum.
Assim, o STJ continua aplicando o art. 1.830 do CC, que permanece vlido.
Crticas da doutrina
Como j dito, esse dispositivo amplamente criticado pela doutrina brasileira, prin-
cipalmente, no que diz respeito possibilidade de discusso de culpa como requi-
sito para se determinar a excluso ou no do cnjuge sobrevivente da ordem de
voca;o hereditria.
Rolf Madalena, por exemplo, em texto carregado de ironia, fala que o art. 1.830 ins-
titui a "culpa morturia" ou "culpa funerria", ressaltando a dificuldade de produ-
o da prova aps o falecimento de um dos cnjuges, que poder gerar longas e
desgastantes discusses processuais (MADALENO, Rolf. A concorrncia sucessria e
Resumindo:
Esse inciso muito confuso e mal redigido, o que gera bastante polmica na dou-
trina e jurisprudncia. O que se pode extrair dele o seguinte: o cnjuge herdei-
ro necessrio, mas h situaes em que a lei deu primazia (preferncia) para os
descendentes do morto. Assim, foram previstos alguns casos em que o herdeiro, a
depender do regime de bens, no ir ter direito herana, ficando esta toda com os
descendentes. Vejamos:
COMUNHO UNIVERSAL
Se o casal casado no regime da comunho universal, isso significa que, quando
a pessoa morre, seucnjuge tem direito meao, ou seja, metade dos bens do
falecido j pertencem obrigatoriamente ao cnjuge suprstite. A outra metade
que ser a herana.
Ora, o legislador pensou o seguinte: "se o cnjuge j vai ter direito metade dos
bens pelo fato de ser meeiro, no justo que ele tambm tenha parte da outra me-
COMUNHO PARCIAL
Se a pessoa era casada no regime da comunho parcial de bens, em regra, o cnju-
ge no ter direito herana porque j ter direito meao (metade dos bens). O
cnjuge s ter direito herana quanto aos bens que o falecido deixar e que eram
suas coisas particulares. Isso porque os bens particulares do falecido no integram
o conceito de "meao". Logo. tais bens particulares sero herdados tanto pelo cn-
juge como pelos descendentes (eles dividiro/concorrero).
O cnjuge sobrevivente, casado no regime de comunho parcial de bens, concor-
rer com os descendentes do cnjuge falecido somente quando este tiver deixado
bens particulares. Se o falecido no deixou bens particulares, no h razo para o
cn_iuge sobrevivente ser herdeiro, pois j tem a meao sobre o total dos bens em
comum do casal deixados pelo inventariado, cabendo a outra metade somente aos
descendentes deste.
~~~~~~~~~-~~~-~~{~~~--~~~~~~~).o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o
o regime da separao legal (obrigatria) aquele cuja adoo imposta pela lei
pelo fato de as pessoas estarem se casando em determinadas situaes que o le-
gislador considerou "arriscadas" ao patrimnio de um dos nubentes. Tais hipteses
esto previstas no art.1.641 do CC. Por isso, a lei impe que os patrimnios fiquem
separados.
Pensando nisso, o legislador entendeu que, se tais patrimnios devero ficar se-
parados quando em vida, natural que eles tambm fiquem separados quando
houver a morte do(a) marido/mulher e existirem descendentes.
15.3 COLACO
Quando uma pessoa morre, o Cdigo Civil prev diversas regras para que o patri-
mnio do falecido seja partilhado entre os seus herdeiros.
Ex.: se o falecido tiver deixado filhos: o cnjuge suprstite poder ou no concorrer
com eles na diviso da herana (teremos que analisar o regime de bens). Entre os
filhos, por sua vez, no existe distino, devendo cada um deles receber o mesmo
quinho.
Ocorre que pode acontecer de o falecido, quando ainda era vivo, ter "doado" alguns
de seus bens para os descentes ou para seu cnjuge/companheiro. Ex.: Joo possua
dois apartamentos e trs filhos; quando ainda estava vivo, Joo doou um aparta-
mento para o filho 1 e outro para o filho 2, no doando nada para o filho 3
Na situao narrada no exemplo, repare que houve uma distribuio desigual do
patrimnio. Assim, quando Joo morresse, sua esposa e o filho 3 ficariam, em tese,
sem herana, porque Joo, ainda em vida, doou os bens para os outros filhos.
O legislador entendeu que esse cenrio no seria "justo" e, por isso, criou uma regra
para proteger os herdeiros necessrios contra doaes que forem feitas durante a
vida do falecido e que no invadirem a legtima sem respeitar a igualdade que deve
existir entre os herdeiros necessrios que concorrem entre si.
Assim, em nosso exemplo, depois que Joo falecer, o CC impe que os filhos 1 e 2
devero "devolver" os apartamentos doados e estes imveis, juntamente com o
restante da herana deixada pelo morto, sero divididos entre os herdeiros na for-
ma prevista pela lei.
Conceito de colao
Colao ...
o dever imposto pelo Cdigo Civil
aos herdeiros necessrios do falecido
no sentido de que, se eles receberam alguma doao do falecido quando este
ainda era vivo,
sero obrigados a trazer de volta para o monte esses bens
a fim de que, reunido todo o patrimnio que pertencia ao morto,
ele seja partilhado entre os herdeiros na forma prevista na lei.
A dvida jurdica a seguinte: Joo Jr. tem direito de exigir que seus irmos fafam
a colao dos bens que receberam por meio de doao mesmo tendo esta ocorrido
antes de ele ser concebido?
SIM.
O filho do morto tem o direito de exigir de seus irmos a colao dos bens que
estes receberam via doao a ttulo de adiantamento da legtima, ainda que
sequer tenha sido concebido ao tempo da liberalidade.
Para efeito de cumprimento do dever de colao, irrelevante se o herdeiro
nasceu antes ou aps a doao, no havendo tambm diferena entre os des-
cendentes, se so eles irmos germanos ou unilaterais ou se supervenientes
eventual separao ou divrcio do doador.
O que deve prevalecer a ideia de que a doao feita de ascendente para des-
cendente impe ao(s) donatrio(s) a obrigao, de quando o doador morrer, o(s)
descendendente(s) beneficiado(s) trazer(em) o patrimnio recebido colao,
a fim de igualar as legtimas, caso existem outros herdeiros necessrios (arts.
2.002, pargrafo nico, e 2.003 do CC).
STJ. 3" Turma. REsp 1.298.864-SP, Rei. Min. Marco Aurlio Bellizze,julgado em 19/5/2015
(lnfo 563).
Inventrio
Inventrio o processo judicial instaurado com o objetivo de se apurar quais foram
os bens deixados pelo falecido e, aps isso, realizar a partilha entre os herdeiros.
Consiste, portanto, na descrio pormenorizada dos bens da herana, tendente a
possibilitar o recolhimento de tributos, o pagamento de credores e, por fim, a par-
tilha.
Doao-partilha
No caso concreto, houve o que vulgarmente se denomina "doao-partilha", ou
seja, a doao, para os herdeiros dos bens ainda em vida.
Nesta situao, entende-se que no h doao propriamente dita, mas sim um in-
ventrio antecipado, em vida. Logo, no cabvel a colao. Se houve alguma ilega-
lidade ou se a partilha foi errada, ela dever ser rescindida ou corrigida.
GABARITO
1) E; 2) C; 3) C; 4) E; 5) C; 6) C; 7) E; 8) D; g) C; 10) E; 11) E; 12) C; 13) C; 14) E; 15) C; 16) E; 17) C; 18) C; 19)
C; 20) C.
O prazo para reclamar sobre os vcios O prazo para aes de reparao por
decadencial e de: danos causados por fato do produto ou
30 dias para servios e produtos no do servio prescreve em 5 anos.
durveis;
go dias para servios e produtos
durveis.
~
Temos, ento, que o vcio pertence ao prprio produto ou servio, jamais atin-
gindo o prprio consumidor ou outros bens seus. O defeito vai alm do produto
ou servio para atingir o consumidor em seu patrimnio jurdico material e/ou o
moral. Por isso somente se fala propriamente em acidente de consumo em caso ~
::l
de defeito. no defeito que o consumidor atingido." VI
z
o
(NUNES, Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. s. ed. So Paulo: Saraiva, 2009, u
p. 344-345).
Resumindo:
'-
Oaparecimento de grave vcio em revestimento (pisos e azulejos), quando j
::~e.encontrava devidamente _instalado na residncia do consumidor, configura
::.fATO DO PRODUTO, sendo, portanto, de 5 anos o prazo prescricional da preten-
. s"o reparatria (art. 27 do coe).
~rt. 12, 1 do coe afirma que defeito diz respeito a circunstncias que ge-
rre"' a insegurana do prod~to ou servio. Est relacionado, portanto, com o
cidente de consumo.
No entanto, a doutrina e o STJ entendem que o conceito de "fato do produto"
deve ser lido de forma mais ampla, abrangendo todo e qualquer vcio que seja
;.~.gr~ve a ponto de ocasionar dano indenizvel ao patrimnio material ou moral
do consumidor.
:De~se modo, mesmo o produto/servio no sendo "inseguro", poder se confi-
~gurar "fato do produto/servio" se o vcio for muito grave a ponto de ocasionar
(dano material ou moral ao consumidor. Foi nesse sentido que o STJ enquadrou
oJfcso acima (do piso de cermica).
:.'ASsim, vcio do produto aquele que afeta apenas a sua funcionalidade ou a do
:;'~~!Vio, sujeitando-se ao prazo decadencial do art. 26 do coe. Quando esse vcio
;'i!~tgra'le a ponto de repercutir sobre o patrimnio material ou moral do consu-
W": or, a hiptese ser de responsabilidade pelo fato do produto, observando-
, _''~ssim, o prazo. prescricional quinquenal do art. 27 do referido diploma legal.
~~i/3-rurma. REsp 1.176.3i3-SP, Rei. Min. Vi lias BasCueva,julgado em 3/3/2015 (lnfo 557).
.. ._.:;
~:..;>'' .
necessrio que o consumidor prove o dano moral, ou seja, necessrio que ele
prove que a carta era importante para ele?
NO. O STJ entende que esse dano moral in re ipsa (sem necessidade de compro-
vao do prejuzo).
O que os Correios podem fazer para se livrar da indenizao?
Os Correios somente deixaro de pagar a indenizao se provarem que:
no houve o fato delituoso (no houve extravio);
ocorreu alguma causa excludente de responsabilidade.
Os Correios podero se isentar da responsabilidade alegando que no agiram com
culpa?
NO. Isso porque os Correios possuem responsabilidade civil objetiva tanto porfor-
a do art. 37, 6 da CF/88 como por conta dos arts. 14 e 22 do CDC.
Resumindo:
BANCO POSTAL
o Banco Postal a marca dos Correios que designa sua atuao como correspon-
dente na prestao de servios bancrios bsicos em todo o territrio nacional.
Tem como objetivo levar servios de correspondente populao desprovida de
atendimento bancrio e proJ:orcionar acesso ao Sistema Financeiro. (Conceito dis-
ponvel no site dos Correios: <http:/ /www.correios.com.br I>).
Em outras palavras, o banco postal uma agncia dos Correios que, alm dos servi-
os postais tradicionais (en'Jio de cartas, encomendas etc.), tambm oferece alguns
servios bancrios, como pagamentos de contas at determinado valor.
Os bancos postais existem normalmente em municpios do interior onde no h
bancos ou os h em muito r=duzido nmero, em razo dos altos custos para se
manter agncias nessas localidades.
Vale ressaltar que os servios bancrios desempenhados dentro dos Correios sero de-
senvolvidos por uma instituio financeira que ir celebrar um contrato com a ECT. Ex.:
o Banco do Brasil celebra urr contrato com os Correios para que, dentro das agncias
desta empresa pblica, sejam realizadas algumas operaes bancrias. Quem ir reali-
zar tais operaes, na real dade, o Banco do Brasil, mas utilizando-se da estrutura dos
Correios. Veja o que dispe a Portaria n s88/2ooo do Ministrio das Comunicaes:
~
ao de criminosos, cabina blindada, dentre outros. At mesmo porque se tudo isso
fosse obrigatrio, acabaria sendo invivel a instalao e o funcionamento dos ban-
cos postais em diversas localidades do pas.
o
c
No entanto, mesmo sem ter que cumprir todas as exigncias da Lei no 7.102/83, ain- ~
:::l
da assim a ECT possui responsabilidade civil no caso concreto, com base no Cdigo Vl
z
de Defesa do Consumidor. o
u
As pessoas que vo at a agncia dos Correios, seja para utilizar os servios postais
propriamente ditos, seja para os servios do banco postal, so consideradas consu-
midoras, desde que sejam "destinatrias finais" do produto ou servio. Foi o caso do
cliente do exemplo.
Os Correios, enquanto empresa pblica prestadora de servios pblicos, subme-
tem-se responsabilidade civil objetiva, seja por fora do art. 37, 6 da CF/88, seja
em razo do art. 14 do CDC, devendo indenizar o consumidor.
O fato de ter havido um roubo armado no pode ser enquadrado como fortuito
externo, que uma causa excludente de responsabilidade?
NO. O banco postal presta um servio cuja natureza traz, em sua essncia, risco
segurana, justamente por tratar de atividade financeira com guarda de valores e
movimentao de numerrio, alm de diversas outras atividades tipicamente ban-
crias. Assim, apesar de no ser juridicamente uma instituio financeira para fins
de incidncia do art.1, 1, da Lei n 7.102/83, aos olhos do consumidor nada mais
do que um banco, como o prprio nome revela: "banco postal".
Dessa forma, no caso de assaltos ocorridos dentro de bancos postais, sendo o risco
inerente atividade, a instituio (ECT) quem deve assumir o nus por esses
infortnios.
Os roubos em agncias bancrias (e tambm em agncias de banco postal) no
podem ser enquadrados como fortuito externo porque so eventos previsveis.
Ademais, como dito, aos olhos do usurio, inclusive em razo do nome e da prtica
comercial, no se pode concluir de outro modo. Com efeito, o consumidor efetiva-
mente cr que o banco postal (correspondente bancrio) nada mais do que um
banco com funcionamento dentro de agncia dos Correios. De fato, dentro do seu
poder de livremente contratar e oferecer diversos tipos de servios, essa empresa
pblica, ao agregar a atividade de correspondente bancrio ao seu empreendimen-
to, acaba por criar risco inerente prpria atividade das instituies financeiras,
devendo, por isso, responder pelos danos que essa nova atribuio tenha gerado
aos seus consumidores, uma vez que atraiu para si o nus de fornecer a segurana
legitimamente esperada para esse tipo de negcio.
Ateno, no confundir:
No lnfo 536 do STJ foi divulgado um julgado do STJ que era um pouco diferente
deste acima, mas que pode gerar confuso. Vejamos o que foi decidido no lnfo 536:
Situao concreta:
Cristiano estava pagando contas em uma casa lotrica, quando foi vtima de um
roubo armado, tendo, inclusive, levado um tiro.
Em razo do ocorrido, ele ajuza na Justia Federal uma ao de indenizao contra
a Caixa Econmica Federal (empresa pblica federal), alegando que a casa lotrica
A fabricante tem legitimidade para figurar como r na lide? Ela dever responder
pelo vcio no carro?
SIM.
~
teriam morado de "graa" durante esse tempo nos imveis.
...
2.3 RESPONSABILIDADE DE EMPRESA DE NIBUS E CULPA EXCLUSIVA DO
CONSUMIDOR
Imagine a seguinte situao hipottica:
Joo embarcou em um nibus no Rio de Janeiro (RJ) com destino a So Paulo (SP).
Antes de chegar na capital paulista, o coletivo fez uma parada em So Jos dos
Campos (SP) para que os passageiros pudessem ir ao banheiro e fazer um lanche.
Joo foi at uma loja na rodoviria fazer algumas compras. Quando retornou ao local
onde estava o nibus, percebeu que este j havia sado. Joo foi deixado para trs.
Diante disso, Joo ajuizou ao de indenizao por danos morais e materiais contra a
concessionria de nibus.
Durante a instruo, ficou provado que o motorista avisou pelo alto-falante que
o nibus j estava partindo, de forma que Joo no ouviu ou demorou para se
dirigir ao local.
Com exceo dele, nenhum outro passageiro deixou de embarcar.
Qual o tipo de responsabilidade das empresas que prestam servio de transporte
coletivo?
Responsabilidade objetiva, nos termos do art. 37, 6, da CF/88 e dos arts. 14 e 22
do CDC.
No caso concreto, a concessionria foi condenada a indenizar o passageiro?
NO.
VCIO DEFEITO
Defeito diz respeito insegurana do
Vicio a inadequao do produto ou produto ou servio.
~
servio aos fins a que se destina. Ex.: Paulo compra um Playstation, liga
Ex.: Paulo compra um Playstation e ele o aparelho, comea a jogar e, de repente,
no liga. o videogame esquenta muito e explode, o
causando-lhe ferimentos. :E::l
V'\
z
o
O vcio pode ser de duas subespcies: vcio de qualidade ou de quantidade. u
Qual o prazo de que o consumidor dispe para reclamar sobre a existncia de vcios
do produto ou servio?
Tais prazos esto previstos no art. 26 do CDC:
Se o servio ou produto for considerado "NO DURVEL": 30 dias;
Se o servio ou produto for considerado "DURVEL": go dias.
Resumindo:
PRAZOS DECADENCIAIS PARA RECLAMAR VCIOS DO PRODUTO OU SERVIO
Produto ou
Prazo Incio da contagem
servio
Desse modo, o consumidor deveria ter reclamado com o fornecedor no prazo de-
cadencial, logo aps o surgimento do vcio. Como no o fez neste prazo, houve a
decadncia, prejudicando o direito reparao pelos prejuzos sofridos.
3 PROTEO CONTRATUAL
3.1 DEVER DE UTILIZAO DO SISTEMA BRAILLE POR INSTITUIES FINAN-
CEIRAS
Imagine a seguinte situao adaptada:
A associao de amparo aos deficientes visuais ajuizou ao civil pblica contra o
Banco do Brasil pedindo que a instituio financeira fosse condenada a:
confeccionar em Braille os contratos de adeso que so assinados para contrata-
o de seus servios, a fim de que os clientes com deficincia vi sua I pudessem ter
conhecimento, por meio prprio, das clusulas;
enviar os extratos mensais impressos em linguagem Braille para os clientes com
deficincia visual;
desenvolver cartilha para seus empregados com normas de conduta para atendi-
mentos ao deficiente visual;
pagar indenizao pelos danos morais coletivos causados aos deficientes visuais,
valor a ser recolhido em favor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos.
O Banco contestou a ao sustentando, dentre outros argumentos, que o pedido
no tem amparo legal e que o BACEN disciplina os requisitos e trmites exigveis
durante a contratao bancria e no impe que os contratos sejam fornecidos em
Fundamentos legais:
Apesar de no haver uma lei que diga deforma expressa que as instituies financeiras
devem oferecer seus documentos em Braille para os clientes cegos, possvel extrair
esse dever de trs diplomas normativos presentes em nosso ordenamento jurdico:
1) Lei 4.169/62
O art. 1 da Lei no 4.169!1962 oficializa as convenes Braille para uso na escrita e
leitura dos cegos.
2) Lei 10.048/2ooo
A Lei n 10.048/2000 determina que as pessoas portadoras de deficincia devem
ter prioridade de atendimento, inclusive em instituies financeiras. A referida Lei,
ao estabelecer normas gerais e critrios bsicos para a promoo da acessibilidade
das pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida, explicitou a
necessidade de que sejam suprimidas todas as barreirs e obstculos existentes
para pessoas com deficincia, em especial, nos meios de comunicao.
3) Decreto 6.949/2009
O Decreto 6.949/2009 promulgou a Conveno Internacional sobre os Direitos das
Pessoas com Deficincia e seu Protocolo Facultativo, cujo texto possui valor equiva-
lente ao de uma emenda constitucional, e, por veicular direitos e garantias funda-
mentais do indivduo, tem aplicao concreta e imediata ~art. 5, 1 e 3, da CF/88).
A conveno imps aos Estados signatrios a obrigaJ de assegurar s pessoas
portadoras de deficincia o exerccio pleno e equitativo de todos os direitos huma-
nos e liberdades fundamentais, conferindo-lhes tratamento materialmente igua-
litrio {diferenciado na proporo de sua desigualdade), acessibilidade fsica, de
comunicao e informao, alm de incluso social, autonomia e independncia.
4)CDC
A utilizao do mtodo Braille nos contratos bancrios celebrados com pessoas
portadoras de deficincia visual encontra fundamento, ainda, na legislao consu-
merista, que preconiza ser direito bsico do consumidor o fornecimento de infor-
mao suficientemente adequada e clara do produto ou servio oferecido, encargo
a ser observado no apenas por ocasio da celebrao do contrato, mas tambm
durante todas as fases, inclusive pr-contratual. No caso do consumidor deficien-
te visual, a consecuo deste direito somente alcanada por meio da utilizao
do mtodo Braille, que viabiliza a integral compreenso das clusulas contratuais
submetidas sua apreciao, especialmente aquelas que impliquem limitaes de
direito, assim como dos extratos mensais, dando conta dos servios prestados, ta-
xas cobradas etc.
~ (...}O dano moral coletivo, assim entendido o que transindividual e atinge uma
""" classe especfica ou no de pessoas, passvel de comprovao pela presena
de prejuzo imagem e moral coletiva dos indivduos enquanto sntese das
individualidades percebidas como segmento, derivado de uma mesma relao
jurdica-base.
2. O dano extrapatrimonial coletivo prescinde da comprovao de dor, de sofri-
mento e de abalo psicolgico, suscetveis de apreciao na esfera do indivduo,
mas inaplicvel aos interesses difusos e coletivos.( ...)
STJ. 2 Turma. REsp 1057274/RS, Rei. Min. Eliana Calmon, julgado em 01/12/2oog.
{...} 8. O dano moral coletivo a leso na esfera moral de uma comunidade, isto ,
a violao de direito transindividual de ordem coletiva, valores de uma sociedade
atingidos do ponto de vista jurdico, de forma a envolver no apenas a dor psqui-
ca, mas qualquer abalo negativo moral da coletividade, pois o dano , na ver-
dade, apenas a consequncia da leso esfera extrapatrimonial de uma pessoa.
9. H vrios julgados desta Corte Superior de Justia no sentido do cabimento da
condenao por danos morais coletivos em sede de ao civil pblica.( ... }
10. Esta Corte j se manifestou no sentido de que "no qualquer atentado aos
interesses dos consumidores que pode acarretar dano moral difuso, que d en-
sanchas responsabilidade civil. Ou seja, nem todo ato ilcito se revela como
afronta aos valores de uma comunidade. Nessa medida, preciso que o fato
transgressor seja de razovel significncia e desborde os limites da tolerabili-
dade. Ele deve ser grave o suficiente para produzir verdadeiros sofrimentos, in-
tranquilidade social e alteraes relevantes na ordem extrapatrimonial coletiva.
(REsp 1.221.756/RJ, Rei. Min. MASSAMI UYEDA, DJe 10.02.2012).
12. Afastar, da espcie, o dano moral difuso, fazer tabula rasa da proibio elen-
cada no art. 39, I, do CDC e, por via reflexa, legitimar prticas comerciais que
afrontem os mais basilares direitos do consumidor.( ...}
STJ. 2 Turma. REsp 1397870/MG, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
02/12/2014
No caso concreto, o STJ entendeu que:
;:
Principais julgados STF e STJ comentados 2015 > 655
l
3.2 RESCISO DE COMPRA DE VECULO E RESPONSABILIDADE DO BANCO
FINANCIADOR
Imagine a seguinte situao adaptada:
Joo adquiriu, na concessionria "VVV", um veculo okm fabricado pela Volskwa-
gen do Brasil S/A.
Como no tinha condies de pagar o carro vista, o consumidor, no ato da com-
pra, dentro da prpria concessionria, contratou um financiamento (arrenda-
mento mercantil, tambm chamado de leasing) com o Banco Volskwagen S/A,
instituio financeira pertencente ao mesmo grupo econmico da montadora do
veculo.
Ocorre que, desde que o automvel foi adquirido, ele apresentou inmeros proble-
mas relacionados com freio e suspenso, tendo que retornar dezenas de vezes para
a assistncia tcnica.
Insatisfeito, Joo props ao pedindo a resciso do contrato de compra e venda e a
resciso do contrato de arrendamento mercantil, alegando que o veculo adquirido
possua vcio redibitrio. Requereu, ainda, a devoluo da quantia paga e indeniza-
o por danos materiais e morais.
Ressalte-se que a ao foi proposta contra trs rus: a concessionria, a fabricante
e o banco.
O banco suscitou sua ilegitimidade passiva para a causa afirmando que no poderia
responder por defeito de produto que no forneceu e que o fato de ter concedido
financiamento bancrio no o tornaria responsvel pelo carro adquirido. Argumen-
tou, ainda, que o seu contrato com o consumidor seria independente do contrato de
compra e venda e, por isso, o arrendamento mercantil deveria ser mantido vlido. A
tese da instituio financeira foi aceita pelo STJ?
NO.
Boa-f objetiva
Alm dos argumentos acima expostos, o STJ considerou que viola a boa-f objetiva
impor ao consumidor que continue quitando as parcelas de um contrato de ar-
rendamento mercantil firmado com um "banco de montadora", se o automvel
imprestvel para uso, ou que arque com os juros dessa operao quando o contrato
de compra e venda j foi rescindido, em virtude de vcio redibitrio.
~
Art. 39. vedado ao fornecedor de produtos ou servios, dentre outras prticas
abusivas:
o
1 -condicionar o fornecimento de produto ou de servio ao fornecimento de o
outro produto ou servio, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; :E::l
V\
z
Qual a natureza do direito discutido na referida ACP? o
u
Toda vez que so violados direitos dos consumidores haver dano moral coletivo?
NO. O STJ entende que no qualquer atentado aos interesses dos consumido-
res que pode acarretar dano moral difuso (dano moral coletivo). necessrio que
esse ato ilcito seja de razovel significncia e desborde os limites da tolerabilidade.
Deve ser grave o suficiente para produzir verdadeiros sofrimentos, intranquilidade
social e alteraes relevantes na ordem extra patrimonial coletiva (STJ. 3 Turma.
REsp 1.221.756/RJ, Rei. Min. Massami Uyeda,julgado em 02/02/2012).
;;-:.: .
r, .
'?;.--.. .
f.~:9f}(igura dano moral coletivo in re ipsa a realizao de venda casada por ope-
. ~! de teiefonia.
~. T~rma. REs p 1.397.87o-MG, Rei. Min. Mauro Ca mpbell Marques, julgado ein 2/1 >~
~~~t?5s3).
O STJ entendeu que no abusiva a cobrana feita pela empresa pelo custo
do boleto bancrio emitido se, no caso concreto: 1) o consumidor tinha outras
opes de pagamento; 2) a quantia exigida pela utilizao dessa forma de pa-
gamento no foi excessivamente onerosa; 3) houve informao prvia de sua
cobrana; e 4) o valor pleiteado cor respondeu exatamente ao que o fornecedor
recolheu Instituio financeira responsvel pela emisso do boleto bancrio.
STJ. 3" Turma. REsp 1.339.097-SP, Rei. Min. Ricardo Vil! as Bas Cueva,julgado em 3/2/2015
(lnfo 555).
Mas a construtora poder reter, em caso de distrato, uma parte do valor que j foi
pago pelo adquirente, caso este desista do negcio?
SIM. A resoluo do contrato de promessa de compra e venda de imvel por culpa
(ou por pedido imotivado) do consumidor gera o direito de reteno, pelo fornece-
dor, de parte do valor pago.
Assim, o STJ entende que justo e razovel que o vendedor retenha parte das pres-
taes pagas pelo consumidor como forma de indeniz-lo pelos prejuzos supor-
~
res que esses 25% (STJ. 3 Turma. REsp 1258gg8/MG, Rei. Min. Paulo de Tarso Sanse-
verino,julgado em 18/02/2014).
Ese a resoluo do contrato ocorreu por culpa exclusiva do promitente vendedor? o
Cl
~
Se o construtor/vendedor foi quem deu causa resoluo do contrato, neste caso a :J
restituio das parcelas pagas deve ocorrer em sua integralidade, ou seja, o promi- z"'
8
tente vendedor no poder reter nenhuma parte.
Resumindo:
RESOLUO DO CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA EVENDA
ENVOLVENDO CONSUMIDOR
O desfazimento do contrato ocorreu por O desfazimento do contrato ocorreu
culpa exclusiva do promitente vendedor por culpa exclusiva do consumidor
As parcelas pagas devero ser As parcelas pagas devero ser
INTEGRALMENTE devolvidas. PARCIALMENTE devolvidas.
37 PLANO DE SADE
Ainda que, em contrato de plano de sade, exista clusula que vede de forma
absoluta o custeio do servio de home core (tratamento domiciliar), a operadora
do plano ser obrigada a custe-lo em substituio internao hospitalar con-
tratualmente prevista, desde cumpridos os seguintes requisitos:
1. tenha havido indicao desse tratamento pelo mdico assistente;
2. exista real necessidade do atendimento domiciliar, com verificao do qua-
dro clnico do paciente;
3 a residncia possua condies estruturais para fazer o tratamento domiciliar;
4 haja solicitao da famlia do paciente;
5 o paciente concorde com o tratamento domiciliar;
6. no ocorra uma afetao do equilbrio contratual em prejuzo do plano de
sade (exemplo em que haveria um desequilbrio: nos casos em que o custo
do atendimento domiciliar por dia supera a despesa diria em hospital).
STJ. 3 Turma. REsp 1.378.707-RJ, Rei. Min. Paulo de T3rso Sanseverino, julgado em 26/5/2015
(lnfo 564).
STJ. 3 Turma. REsp 1.537.301-RJ, Rei. Min. Ricardo Vil as Bas Cueva,julgado em 18/8/2015
(lnfo 571).
~
Relao jurdica de direito material
A legitimidade exigida para o exerccio do direito de ao depende, em regra, da
o
relao jurdica de direito material havida entre as partes. Em outras palavras, em o
regra, tem legitimidade aquele que titular de um direito ou interesse juridica- :i
:::>
V'\
mente protegido. z
8
Vamos tentar identificar a relao de direito material que existe no caso concreto:
No plano de sade coletivo, o vnculo jurdico formado entre a operadora (no caso,
a Unimed) e o grupo de usurios (advogados) caracteriza-se como uma estipulao
em favor de terceiro. A Caixa de Assistncia (estipulante) fez, com o plano de sade,
uma estipulao em favor de terceiros (advogados).
A relao havida entre a operadora (Unimed) e a estipulante (Caixa de Assistncia)
similar de um contrato por conta de terceiro.
Por fim, para os usurios (advogados), a estipulante (Caixa de Assistncia) ape-
nas uma intermediria, uma mandatria, no representando a operadora de pla-
no de sade.
Na estipulao em favor de terceiro, tanto a estipulante/promissria (Caixa de Assis-
tncia) quanto o beneficirio (advogado) podem exigir do promitente/prestador de
servio (Unimed) o cumprimentada obrigao (art-436, pargrafo nico, do CC). Veja:
Contrato
No contrato de compra e venda assinado entre vendedor e comprador devem cons-
tar clusulas contendo informaes sobre a natureza e o valor dos tributos inciden-
4 PRTICAS ABUSIVAS
4.1 ENVIO DE CARTO DE CRDITO SEM PRVIA E EXPRESSA SOLICITAO
DO CONSUMIDOR
Voc j deve ter passado por esta situao ou conhece algum que j a vivencioJ:
determinado dia, chega em sua casa uma correspondncia do banco; ao abri-1a
voc verifica que l existe um carto de crdito com seu nome e uma carta da ins-
tituio financeira dizendo que, para usufruir dos servios, voc deve ligar gratLi-
tamente para a central de atendimento e desbloquear o carto. Voc, ento, pe1sa:
mas eu no solicitei este carto ... Por que me mandaram?
Algumas pessoas acabam ligando e desbloqueando o carto, outras simplesmente
o quebram e descartam. Diversos consumidores, no entanto, sentiram-se realmen-
te incomodados com tal prtica e passaram a ingressar na Justia questionandc a
legalidade dessa conduta das administradoras de cartes de crdito, pedindo inde-
nizao pelos danos morais causados.
As instituies financeiras defenderam-se alegando que o envio dos cartes de
crdito consiste em mera oferta de um servio, ou seja, uma comodidade propor-
cionada aos clientes, e que os cartes so enviados bloqueados, de forma que no
haveria nenhum prejuzo aos consumidores. Argumentaram, ainda, que esta pr-
tica no acarreta dano moral indenizvel, gerando, no mximo, um mero aborreci-
mento corriqueiro aos clientes.
..
43 ABUSIVIDADE NA DIST~O DE_ PREO PARA PAGAMENTO EM DI-
NHEIRO, CHEOUE OU CARTAO DE CREDITO
NO.
Segundo decidiu o STJ, o preo vista deve ser estendido tambm aos consumi-
dores que pagam com carto de crdito, os quais faro jus, ainda, a eventuais des-
contos e promoes porventura destinados queles que pagam em dinheiro ou
cheque.
Mas o estabelecimento pode alegar que o desconto no dinheiro porque a compra
vista ...
O pagamento por carto de crdito modalidade de pagamento vista (proso-
luto). Isso porque no momento em que autorizado o pagamento, extingue-se a
obrigao do consumidor perante o fornecedor.
Fundamento legal
O fundamento legal para essa concluso do STJ pode ser encontrado no CDC e na
Lei n 12.529/2011:
CDC
Art. 39 vedado ao fornecedor de produtos ou servios, dentre outras prticas
abusivas:
V- exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
X- elevar sem justa causa o preo de produtos ou servios;
Lei no 12.529/2011:
Art. 36 (...)
3 As seguintes condutas, alm de outras, na medida em que configurem hi-
ptese prevista no caput deste artigo e seus incisos, caracterizam infrao da
ordem econmica:
(... )
X- discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou servios por meio da
fixao diferenciada de preos, ou de condies operacionais de venda ou pres-
tao de servios;
Para que haja a condenao em dano moral, necessrio que seja provado o preju-
zo sofrido pelo consumidor?
~JiiO. A indenizao por danos morais decorre da simples ausncia de prvia notifi-
caco, circunstncia que se mestra suficiente caracterizao do dano moral. No
h necessidade da prova do prejuzo sofrido. Trata-se de dano moral in re ipsa, no
qual o prejuzo presumido.
Se o consumidor possui uma negativao anterior legtima e sofre uma nova ano
tao, porm desta vez sem prvia notifica~o, este consumidor ter direito a ser
indenizado por este segundo registro?
\J.i'\0, ele ter direito apenas ce pedir o cancelamento da segunda anotao feita
sem a devida notificao.
~ Smula 385-STJ: Da anotao irregular em cadastro de proteo ao crdito, no
..... cabe indenizao por dar o moral quando preexistente legtima inscrio, ressal-
vado o direito ao cancela-nento.
Desse modo, conclui-se que a ausncia de prvia comunicao ao consumidor da
inscrio do seu nome em cadastros de proteo ao crdito, prevista no art. 43, 2
do CDC, ensejao direito compensao por danos morais, salvo quando preexista
inscrio desabonadora regularmente realizada. Veja outra exceo mais abaixo.
Existe um prazo mximo dentro do qual o nome do devedor pode ficar negativado?
SIM. Os cadastros e bancos de dados no podero conter informaes negativas do
consumidor referentes a perodo superior a 5 anos.
Passado esse prazo, o prprio rgo de cadastro deve retirar a anotao negativa,
independentemente de como esteja a situao da dvida (no importa se ainda
est sendo cobrada em juzo ou se ainda no foi prescrita).
~ Smula 323-STJ: A inscrio do nome do devedor pode ser mantida nos servios
- de proteo ao crdito at o prazo mximo de cinco anos, independentemente
da prescrio da execuo.
Imagine que Joo possua 3 anota~es na SERASA por fora de 3 cheques sem fundos
que ele emitiu em favor da empresa "XX" e que nunca foram pagos. Ocorre que 2
dessas anotaes j possuem mais de s anos e, apesar disso, ainda no foram retira-
das do cadastro negativo. Diante disso, Joo prope ao contra a SERASA pedindo
que essas 2 anotaes sejam excludas do banco de dados. O juiz, contudo, extinguiu
o processo sem resoluo do mrito alegando que falta interesse de agir, pois seria
incuo o cancelamento apenas dos dois registros j prescritos enquanto permanece-
ria ainda um outro. Agiu corretamente o juiz?
NO.
Qual o prazo que tem o credor para retirar (dar baixa) do nome do devedor no
cadastro negativo?
5 (cinco) dias teis. Assim, mesmo havendo r~gular inscrio do nome do deve-
dor em cadastro de rgo de proteo ao crdito, aps o integral pagamento
da dvida, incumbe ao CREDOR requerer a exclu~o do registro desabonador,
no prazo de 5 dias teis, a contar do primeiro dia til subsequente completa
disponibilizao do numerrio necessrio quitao do dbito vencido.
STJ. 2 Se<;>. REsp 1-424.792-BA, Re.l. Min. Luis Felipe Salomo,julgado em 10/9/2014 (recurso
repetitivo) (lnfo 548).
.'?.~~~.~~.E.~!<?.~.~.~~~.~~~.~~~~~~~~!~~ ............................................................ .
Existe uma exceo na qual no necessria a notificao prvia do devedor pora
que seja feita uma anotao negativa em seu nome nos cadastros de proteo ao
crdito. Qual ?
dispensada a prvia comunicao do devedor se o rgo de restrio ao crd to
(exs.: SPC, SERASA) estiver apenas reproduzindo inforMao negativa que conste
de registro pblico (exs.: anotaes de protestos que constem do Tabelionato de
Protesto, anotaes de execuo fiscal que sejam divulgadas no Dirio Oficial):
O simples erro no valor inscrito da dvida gera dano moral (ex.: a dvida era de R$ 10
mil e foi inscrita como sendo de R$ 15 mil)?
NO. O STJ entende que o simples erro no valor inscrito da dvida em rgo de pro-
teo de crdito no tem o condo de causar dano moral ao devedor, haja vista
que no o valor do dbito q Je promove o dano moral ou o abalo de crdito, mas
o registro indevido, que, nJ caso, no ocorreu, uma vez que a dvida existe, foi reco-
nhecida pelo autor e comprovada, expressamente (REsp 831162/ES).
~
incluso no prazo de 15 dias, contados da data de devoluo do cheque.
o emitente do cheque precisa ser avisado antes de sua incluso no CCF? o
o
SIM. A abertura de qualquer cadastro, ficha, registro e dados pessoais ou de consu- ~
:::l
mo referentes ao consumidor dever ser comunicada por escrito a ele( 2 do art. Vl
z
43 do CDC). 8
o CCF, por ser de consulta restrita, no pode ser considerado como banco de dados
pblicos para o fim de afastar o dever de proceder prvia notificao prevista no
art.43, 2, do CDC. Assim, indispensvel que o emitente do cheque seja notifica-
do antes de ser includo no CCF.
Tm natureza privada.
Tem natureza pblica.
So institudos e mantidos no in-
teresse de particulares (sociedades Sua finalidade a proteo do crdito em
empresrias). geral e a preservao da higidez do sistema
financeiro nacional, havendo submisso a
Esto regrados por normas de ndole normas fixadas pelo Banco Central.
meramente contratual.
No h intuito de lucro.
H intuito de lucro.
Origem
Segundo o Min. Sanseverino (REsp 1-419.697-RS), o escore de crdito originou-se
no EUA (por isso, conhecemos pelo nome "credit scoring"), a partir de um trabalho
elaborado por David Durand, em 1941, denominado "Risk Elements in Consumer
lnstallment Financing", em que foi desenvolvida a tcnica estatstica para se distin-
guir os bons e os maus emprstimos, atribuindo-se pesos diferentes para cada uma
das variveis presentes.
O "credit scoring" pode ser utilizado no Brasil como sistema de avaliao do risco de
concesso de crdito?
SIM. O STJ entende que essa prtica comercial LCITA, estando autorizada pelo art.
5, IV e pelo art. 7, I, da Lei no 12-414/2011 (Lei do Cadastro Positivo), que, ao tratar
sobre os direitos do cadastrado no~ bancos de dados, menciona indiretamente a
possibilidade de existir a anlise de risco de crdito. Confira:
Nesse sentido: STJ. 23 Seo. REsp 1-419.697-RS, Rei. Min. Paulo de Tarso Sanseverinc,
julgado em 12/11/2014 (recurso repetitivo) {lnfo 551).
Limitaes temporais
Alm disso, o "credit scoring" deve respeitar as limitaes temporais para as in-
formaes a serem consideradas, estabelecidas pelo CDC e pela Lei n 12-414/2011,
que so de 5 anos para os registros negativos {CDC) e de 15 anos para o histrico de
crdito (Lei n. 12-414/2011, art. 14).
~
Violao de limites
o desrespeito aos limites legais na utilizao do sistema "credit scoring" configura o
abuso de direito (art. 187 do CC}, podendo ensejar: o
~
a responsabilizao objetiva e solidria ::l
"'zo
do fornecedor do servio, do responsvel pelo banco de dados, da fonte e do con- u
sulente
pela ocorrncia de danos morais
nas hipteses de utilizao de informaes excessivas ou sensveis
e tambm nos casos de recusa indevida de crdito pelo uso de dados incorretos
ou desatualizados.
Nesse sentido, confira os dispositivos da Lei n 12-414/2011 que, inclusive, conceitua
o que sejam informaes excessivas e sensveis:
Art. 3 (... )
3 Ficam proibidas as anotaes de:
1- informaes excessivas, assim consideradas aquelas que no estiverem vin-
culadas anlise de risco de crdito ao consumidor; e
11- informaes sensveis, assim consideradas aquelas pertinentes origem so-
cial e tnica, sade, informao gentica, orientao sexual e s convices
polticas, religiosas e filosficas.
6 OUTROS TEMAS
6.1 PARTICIPANTES DE PLANO DE BENEFCIO E ENTIDADE DE PREVIDNCIA
COMPLEMENTAR
SITUACO 1: ENTIDADE DE PREVIDNCIA COMPLEMENTAR ABERTA
"
Imagine a seguinte situao hipottica:
Joo dentista autnomo e decidiu que no queria ficar dependendo apenas da
aposentadoria do INSS.
Diante disso, ele procurou a empresa "Porto Seguro Vida e Previdncia S/A." (en-
tidade aberta de previdncia complementar) e com ela celebrou contrato de pre-
vidncia privada.
Anos mais tarde, no momento de obter o benefcio da aposentadoria, Joo discor-
dou da interpretao dada pela entidade a determinada clusula contratual. No
entendimento de Joo, a redao do contrato no estava muito clara e, por isso, a
clusula deveria ser interpretada de forma mais favorvel a ele (consumidor), nos
termos do art. 47 do CDC.
A relao jurdica entre Joo (participante do plano de benefcio) e a entidade de
previdncia complementar uma relao de consumo?
SIM.
Smula 321-STJ: O Cdigo de Defesa do Consumidor aplicvel relao jurdica
entre a entidade de previdncia privada e seus participantes.
Dever de informar
Ao tratar sobre a oferta nas prticas comerciais, o CDC, em seu art. 31, determina
que os fornecedores tm o dever de informar, nos seguintes termos:
Art. 31. A oferta e apresentao de produtos ou servios devem assegurar infor-
maes corretas, claras, precisas, ostensivas e em lngua portuguesa sobre suas
caractersticas, qualidades, quantidade, composio, preo, garantia, prazos de
validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresen-
tam sade e segurana dos consumidores.
Pargrafo nico. As informaes de que trata este artigo, nos produtos refrigera-
dos oferecidos ao consumidor, sero gravadas de forma indelvel.
O dever de informar deve ocorrer em todas as fases da relao consumidor/forne-
cedor, mas especialmente em dois momentos:
pr-contratual: trata-se da informao que antecede ou acompanha o produto
ou servio. Ex.: publicidade na TV, rdio etc.; informaes que constam no rtulo
ou na embalagem etc.; e
contratual: consiste na informaco oferecida no instante da formalizaco do ato
de consumo, ou seja, no mome~to da contratao. '
Publicidade enganosa por omisso
proibida toda publicidade enganosa ou abusiva (art. 37, caput, do CDC).
A publicidade enganosa pode ser de duas espcies:
comissiva; ou
omissiva.
Publicidade enganosa por COMISSO: ocorre quando o fornecedor faz uma afirma-
o no verdadeira, parcial ou total, sobre o produto ou servio, capaz de induzir o
consumidor em erro (art. 37, 1, do CDC}.
'
I Principais julgados STF e STJ comentados 2015 > 687
Publicidade enganosa por OMISSO: ocorre quando a publicidade deixa de infor-
mar dado essencial do produto ou servio, tambm induzindo o consumidor em
erro por deixar de esclarecer elementos fundamentais (art. 37. 3, do CDC}.
O caso concreto exemplo de publicidade enganosa por omisso, pois suprime
informao essencial sobre o produto, a saber: o preo e a forma de pagamento, os
quais somente sero conhecidos pelo consumidor mediante o nus de uma liga-
o interestadual e tarifada, mesmo que a compra no venha a ser concretizada.
Obviamente, pela via telefnica (interestadual e ta rifada) e diante de um operador
de telemarketing, o consumidor, que s ento conheceu o preo e a forma de paga-
mento, sente-se mais pressionado a optar pela compra.
O art. 4,1!, "c" do CDC legitima (autoriza) a presena plural do Estado {Poder Pbli-
co) atuando no mercado de consumo, tanto por meio de rgos da administrao
Art. 22. Ser aplicada multa ao fornecedor de prodLtos ou servios que, direta ou
indiretamente, inserir, fizer circular ou utilizar-se de clusula abusiva, qualquer
que seja a modalidade do contrato de consumo, inclusive nas operaes securi-
trias, bancrias, de crdito direto ao consumidor, depsito, poupana, mtuo ou
financiamento, e especialmente quando:(... )
7 EXERCCIOS DE REVISO
1) (DPE/PE 2015 CESPE) Considere que determinada empresa concessionria de servio pblico
de telefonia tenha sido multada pelo PROCON em razo de descumprimento de determina-
o deste rgo a respeito do prazo para instalao de linha telefnica. Nessa situao, de
acordo com o STJ, a multa ilegal porque a atividade da concessionria est sujeita exclu-
sivamente fiscalizao setorial realizada por agncia reguladora de atuao nacional. ( )
2) O PROCON, embora no detenha jurisdio, pode interpretar clusulas contratuais, porquan-
to a Administrao Pblica, por meio de rgos de julgamento administrativo, pratica con-
trole de legalidade, o que no se confunde com a funo jurisdicional propriamente dita. ( )
GABARITO
............................................................................................................................
1) E; 2) C.
691
l
Principais julgados STF e STJ comentados 2015 >
Direito
Notarial e Registra!
A dvida que surgiu foi a seguinte: o TJ dever incluir no edital do certame como
vagas as serventias extrajudiciais que esto "sub judice"?
Advertncia pblica
indispensvel que haja uma advertncia pblica acerca da condio "sub judice"
das delegaes ofertadas no concurso, de modo que o candidato,se quiser escolh-
Resoluo r87120f4-CNJ
A Resoluo 187/2014 do CNJ alterou diversos dispositivos da Resoluo 81!2oog.
A Resoluo 81/2009 do CNJ trata sobre as regras dos concursos pblicos de cart-
rio (outorga de delegaes de serventias notariais e registrais).
A lei estadual do Estado "X" prev que, em caso de empate entre os candidatos
em concurso de remoo para serventias notariais e registrais, o primeiro crit-
rio de desempate o maior tempo de servio pblico.
Ocorre que a Lei Federal10.741/2oo3 {Estatuto do Idoso) determina que o pri-
meiro critrio de desempate em concurso pblico ser a idade, dando-se prefe-
rncia candidato ao de idade mais elevada {art. 27, pargrafo nico).
Qual das duas legislaes dever prevalecer no caso?
A legislao estadual. O Estatuto do Idoso, por ser lei geral, no se aplica como
critrio de desempate ao concurso pblico de remoo para outorga de delegao .
~'"""IJ.!!ll' E..
i!iig'w(
Imagine que determinado indivduo foi abandonado pelo pai quando era ainda
criana, tendo sido criado apenas pela me. Quando completou 18 anos, esse
rapaz decidiu que desejava que fosse excludo o nome de seu pai de seu assen-
to de nascimento e que o patronmico de seu pai fosse retirado de seu nome,
incluindo-se o outro sobrenome da me.
O STJ decidiu que esse pedido pode ser deferido e que- podem ser excludos com-
pletamente do nome civil do interessado os sobrenomes de seu pai, que o aban-
donou em tenra idade .
. A jurisprudncia tem adotado posicionamento mais flexvel acerca da imutabi-
lidade ou definitividade do nome civil.
2.3 LEI13.112/2015
A Lei n 13.112/2015 alterou os itens 1 e 2 do art. 52 da Lei de Registros Pblicos (Lei
no 6.015/73), para permitir mulher, em igualdade de condies, proceder ao regis-
tro de nascimento do 1i ho.
Antes Atualmente
A alterao promovida pela Lei n 13.112/2015j era defendida pela doutrina diante
do princpio da igualdade existente entre homens e mulheres (art. 5, I, da CF/88).
A mudana, no entanto, foi extremamente salutar,porque o texto da Lei estava em
descompasso com a ordem constitucional vigente.
Muita ateno para esse tema porque ir ser bastante cobrado em provas ob-
jetivas nos concursos. Alis, j comeou a ser exigida, conforme se observa pela
seguinte afirmao:
(Promotor MPDFT 2015 banca prpria) A obrigao de a me fazer a declarao de
nascimento do filho decorre da falta ou impedimento do pai. (ERRADA)
2.4 LEI13.114f2015
A Lei no 13-114/2015 alterou a Lei de Registros Pblicos {Lei n 6.015/73) para acres-
centar a obrigatoriedade de os servios de registros civis de pessoas naturais comu-
nicarem Receita Federal e Secretaria de Segurana Pblica os bitos registrados.
Art. 8o (... )
Pargrafo nico. O oficial de registro civil comunicar o bito Receita Federal e
Secretaria de Segurana Pblica da unidade da Federao que tenha emitido a
a) Ausncia de prazo
O pargrafo nico do art. 8o da LRP, acrescentado pela Lei n 13.114/2015, no prev
prazo para que o Registrador Civil comunique o bito Receita Federal e Secreta-
ria de Segurana Pblica.
O legislador no estabeleceu, portanto, um marco a partir do qual o Oficial do Re-
gistro estaria em atraso.
Diante dessa lacuna, restam ao intrprete trs opes possveis:
1. entender que no existe, por enquanto, prazo, e aguardar para que os Tribunais
de Justia editem provimentos fixando esse prazo enquanto rgos reguladores
dos servios registrais;
2. aplicar o prazo de 5 dias do art. 106 da LRP, por analogia;
3 aplicar o prazo do art. 68 da Lei n 8.212/91, por analogia (at o 10 dia do ms
seguinte).
b) Ausncia de sano para seu descumprimento
A segunda falha do pargrafo nico do art. 8o da LRP, acrescentado pela Lei n
13.114/2015, foi a de no prever qualquer sano para o Registrador Civil que deixar
de comunicar o bito Receita Federal e Secretaria de Segurana Pblica.
Art. 8o (... )Pargrafo nico. O oficial de registro civil comunicar o bito Receita
Federal e Secretaria de Segurana Pblica da unidade da Federao que tenha
emitido a cdula :le identidade, exceto se. em razo da idade do falecido, essa
informao for manifestamente desnecess3ria.
Previses semelhantes
Apesar de a Lei n 13-11412015 ter a sua importncia, vale ressaltar que j existiam
outros dispositivos legais prevendo o dever de os registradores civis comunicarem
os bitos a outros rgos pblicos. Confira:
Cdigo Eleitoral
Determina que os Oficiais de Registro Civildevem enviar, at o dia 15 de cada ms,
ao juiz eleitoral da zona em que oficiarem, comunicao dos bitos de cidados
alistveis, ocorridos no -ns anterior, para cancelamento das inscries (art. 71, 3).
Desse modo, essa comunicao tem por objetivo fazer com que o ttulo de eleitor
do cidado morto seja cancelado.
Em caso de descumprimento, o Oficial de Reg ist-o poder responder pelas penas do
art. 293 do Cdigo Eleit:Jral.
Lei n 8.212/91
Determina que o Titular do Cartrio de Registrc- Civil de Pessoas Naturais fica obri-
gado a comunicar ao INSS, at o dia 10 de cada 11s, o registro dos bitos ocorridos
no ms imediatamente anterior, devendo da relao constar a filiao, a data e o
local de nascimento da pessoa falecida (art. 68).
3 REGISTRO DE IMVEIS
PREVALNCIA DO VALOR ATRIBUDO PELO FISCO PARA APLICAO DO ART.
108DOCC
A compra e venda de bens IMVEIS pode ser feita por meio de contrato particular
ou necessria escritura pblica?
Em regra: necessria escritura pblica (art. 108 do CC).
Exceo: a compra e venda pode ser feita por contrato particular (ou seja, sem escri-
tura pblica) se o valor do bem imvel alienado for inferior a 30 salrios-mnimos.
Art. 108. No dispondo a lei em contrrio, a escritura pblica essencial valida-
de dos negcios jurdicos que visem constituio, transferncia, modificao
ou renncia de direitos reais sobre imveis de valor superior a trinta vezes o
maior salrio mnimo vigente no Pas.
Para fins do art. 108, deve-se adotar o preo estabelecido pelas partes ou o valor
calculado pelo Fisco?
O valor calculado pelo Fisco. O art. 108 do CC fala em valor do imvel (e no em
preo do negcio). Assim, havendo disparidade entre ambos, o valor do imvel
calculado pelo Fisco que deve ser levado em conta para verificar se ser necess-
ria ou no a elaborao da escritura pblica. A avaliao feita pela Fazenda P-
blica para fins de apurao do valor venal do imvel baseada em critrios ob-
jetivos, previstos em lei, os quais admitem aos interessados o conhecimento das
circunstncias consideradas na formao do quantum atribudo ao bem. Logo,
trata-se de um critrio objetivo e pblico que evita a ocorrncia de fraudes.
Obs.: est superado o Enunciado 289 das Jornadas de Direito Civil do CJF.
STJ.4 Turma. REsp 1.099-480-MG. Rei. Min. Marco Buzzi,julgado em 2/12/2014 (lnfo 562).
Lei n 6.766/79
A Lei n 6.766179 dispe sobre o parcelamento do solo urbano e prev os requisitos
necessrios para que seja estabelecido um loteamento.
loteamento a subdiviso da gleba em lotes destinados. a edificao, com abertura
de novas vias de circulao, logradouro pblico ou prolongamento, modificao ou
ampliao das vias existentes (art. 2, 1 da Lei}.
Projeto de loteamento
A pessoa interessada em fazer um loteamento (loteador) dever primeiramente
aprovar o projeto junto Prefeitura.
Impugnao
No prazo de 15 dias, contados da data da ltima publicao, o pedido de registro
feito pelo loteador poder ser impugnado por qualquer interessado (art. 19, 1).
Se houver impugnao de terceiros, o Oficial do Registro de Imveis intimar o re-
querente e o Municpio (ou o Distrito Federal, conforme o caso)para que sobre ela
se manifeste no prazo de 5 dias, sob pena de arquivamento do processo.
Com tais manifestaes, o processo ser enviado ao juiz competente para deciso.
Quem define qual o juiz competente a Lei de Organizao Judiciria de cada
Estado. Normalmente a competncia do juiz da Vara de Registros Pblicos.
Deciso do juiz
Ouvido o Ministrio Pblico no prazo de 5 dias, o juiz decidir de plano ou aps ins-
truo sumria, devendo remeter ao interessado as vias ordinrias caso a matria
exija maior indagao (art. 19, 2).
4 TABELIONATO DE PROTESTO
.~.~~!~~!~ .~~ .~~~~~.~.~.~~~ .~. ~~~~~. ~.~. ~~.~~.s.~.~!~~~'? ............................. .
'~ O protesto do cheque efetuado contra os coobrigados para o exerccio do di-
: reito de regresso deve ocorrer antes de expirado o prazo de apresentao (art.
48 da Lei 7-357/85). Trata-se do chamado protesto necessrio.
O protesto de cheque efetuado contra o emitente pode ocorrer mesmo depois
do prazo de apresentao, desde que no escoado o prazo prescricional. Esse
o protesto facultativo.
STJ.3Turma. REsp 1.297.797-MG, Rei.Joo otvio de Noronha, julgado em 24/2/2015 (lnfo 556).
~:Para que o rgo de proteo de crdito (exs.: SPC e SERASA} inclua no cadastro de ina-
'' dimplentes o nome de um consumidor, necessrio que este, antes, seja notificado?
Joo no pagou uma nota promissria que emitiu em favor da empresa "XX'~
Diante disso, a empresa levou a nota promissria a protesto no Tabelionato de
Protesto. Quatro anos depois, a empresa ajuizou execuo de ttulo extrajudicial
contra Joo, cobrando o valor estampado na nota promissria. A execuo, con-
tudo, foi extinta, porque o juiz constatou que houve prescrio da ao executi-
va. Joo ajuizou ao de cancelamento do protesto, alegando que; como houve
a prescrio da execuo, deveria automaticamente ocorrer o cancelamento do
protesto realizado. A tese de Joo est correta?
NO. A prescrio da pretenso executria de ttulo cambial no enseja o can-
celamento automtico de anterior protesto regularmente lavrado e registrado.
A validade do protesto no est diretamente relacionada com a exequibilidade
do ttulo ou de outro documento de dvida, mas sim com a inadimplncia e o
descumprimento da obrigao representada nestes papis.
A inadimplncia e o descumprimento no desaparecem com a mera prescrio
do ttulo executivo no quitado. Em outras palavras, o devedor continua sendo
inadimplente, apesar de o ttulo no mais poder ser cobrado mediante execu-
o. Ento, no pode o protesto ser cancelado simplesmente pelo fato de ele
no mais poder ser executado.
Vale lembrar que, mesmo havendo a prescrio da ao executiva, o credor ain-
da poder cobrar o valor da nota promissria por meio da ao monitria.
STJ, 4" Turma. REsp 813-381-SP, Rei. Min. Raul Arajo, julgado em 20/11/2014 (lnfo 562).
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lescente aguardar a apresentao em dependncia separada da destinada a
maiores, no podendo, em qualquer hiptese, exceder-se o prazo de 24 horas.
5 Peas de informao: u
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Na apurao de ato infracional, o procedimento de investigao realizado pela
policia com a colheita dos depoimentos e juntada de outras provas no recebe a
denominao de "inqurito policial", sendo chamado de "peas de informao",
que devero ser encaminhadas pelo Delegado ao MP.
6. Oitiva informal do menor pelo MP:
Como visto acima, o adolescente apontado como autor de ato infracional dever
ser ouvido pelo MP.
Assim, apresentado o adolescente, o representante do Ministrio Pblico proce-
der imediata e informalmente sua oitiva e, em sendo possvel, de seus pais ou
responsvel, vtima e testemunhas.
Pode parecer estranho, inclusiv~ gerando dvidas nos candidatos quando apare-
ce nas provas de concurso, mas o art. 179 do ECA afirma que essa oitiva doado-
lescente, feita pelo MP, informal. Por isso, alguns autores defendem que no
necessrio que esse ato seja reduzido a escrito, podendo o Promotor de Justia
ouvir o menor sem registro formal.
]. Providncias adotadas pelo Promotor de Justia (art. 180):
Aps ouvir o menor, o representante do Ministrio Pblico poder:
promover o arquivamento dos autos;
conceder a remisso;
representar autoridade judiciria para aplicao de medida socioeducativa.
Obs.: alm dessas trs situaes previstas no ECA, a doutrina afirma tambm que o
MP poder determinar a realizao de novas diligncias investigatrias.
8. Remisso ministerial:
Remisso, no ECA, o ato de perdoar o ato praticado pelo adolescente e que ir gerar
a excluso, a extino ou a suspenso do processo, a depender da fase em que esteja.
z MEDIDAS SOC.IOEDUCATIVAS
2.1 NOCES GERAIS
Quais so as medidas socioeducativas que implicam privao de liberdade?
semiliberdade; e
'
714 < Mrcio Andr Lopes Cavalcante
J
.
2.2 IMPOSSIBILIDADE DE PRIVACO DA LIBERDADE PELA PRTICA DO
ART. 28 DA LEI DE DROGAS
Imagine a seguinte situao:
lgor, 17 anos de idade, foi apreendido pela polcia com pequena quantidade de ma-
conha, que seria utilizada para o prprio consumo.
o Ministrio Pblico ofereceu representao imputando ao adolescente a prtica
do ato infracional equiparado ao art. 28 da Lei n 11.343/2006 e propondo a aplica-
o da medida socioeducativa (art. 182 do ECA).
A"representao" de que trata o ECA semelhante "denncia" no processo penal.
A representao ser oferecida por petio, que conter o breve resumo dos fatos
e a classificao do ato infracional e, quando necessrio, o rol de testemunhas, po-
dendo ser deduzida oralmente, em sesso diria instalada pela autoridade judici-
ria( 1 do art. 182).
Sentena
Aps toda a instruo, o juiz proferiu sentena aplicando ao adolescente medida
socioeducativa de semiliberdade.
Ao fundamentar a deciso, o magistrado afirmou que a medida era necessria por-
que lgor j havia cometido outras infraes graves antes daquela, alm de j ter
em seu histrico o relato de descumprimento de outras medidas socioeducativas
anteriormente impostas.
A deciso do magistrado foi acertada? possvel aplicar ao adolescente uma medi-
da socioeducativa que o priva da sua liberdade nesse caso?
NO.
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depsito, transportar ou trouxer consi-
go, para consumo pessoal, drogas sem autorizao ou em desacordo com deter-
minao legal ou regulamentar ser submetido s seguintes penas:
1- advertncia sobre os efeitos das drogas;
Deciso eHC
O juiz, contudo, discordou do parecer e determinou que o adolescente continuasse
cumprindo a internao. Em sua deciso o magistrado utilizou como argumentos o
fato de que, no histrico do adolescente, existe registro de fuga, alm de ele j ter
reiteradamente praticado atos infracionais graves e com violncia pessoa.
A defesa impetrou habeas corpus contra a deciso do magistrado alegando que o
juiz no poderia ter decidido de forma contrria ao parecer psicossocial da equipe
multidisciplinar, que foi favorvel progresso para liberdade assistida.
A deciso do magistrado foi correta? O juiz poderia ter decidido de forma contrria
ao parecer?
SIM .
Assim est previsto na Lei n 12.594/2012, que regulamenta a execuo das medi-
das socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional:
4 OUTROS TEMAS
4.1 ADOCO DE CRIANCA POR PESSOA HOMOAFETIVA
Cadastro de adoo (art. so)
O juizado da infncia e adolescncia de cada comarca dever manter um banco de da-
dos contendo as crianas e adolescentes que esto em condies de serem adotadas e
as pessoas que esto interessadas em adotar. Isso est previsto no art. so
do ECA:
O juiz pode negar o pedido sob a alegao genrica de que adoo por casais ho-
moafetivos pode gerar problemas psicolgicos na criana?
NO. Este argumento genrico no acolhido pelos Tribunais Superiores porque "os
diversos e respeitados estudos esp,ecializados sobre o tema, fundados em fortes ba-
ses cientficas (realizados na Universidade de Virgnia, na Universidade de Valncia,
na Academia Americana de Pediatria), no indicam qualquer inconveniente em que
crianas sejam adotadas por casais homossexuais, mais importando a qualidade do
vnculo e do afeto que permeia o meio familiar em que sero inseridas e que as liga
a seus cuidadores".
STJ.4 Turma. REsp 88g.852/RS, Rei. Min. Luis Felipe Salomo. julgado em 27/04f201o.
O que bullying.?
Bullying uma palavra de origem inglesa que serve para designar atos de violncia
fsica ou psicolgica que so praticados por uma pessoa ou grupo de pessoas con-
tra algum que est em posio de inferioridade.
Em ingls, a palavra "bully"tanto um verbo, como um adjetivo.
Como verbo, "to bully" significa ameaar, intimidar.
Como adjetivo, "bully" representa algum cruel, intimidador, valento, tirnico etc.
A vtima do bullying chamada de bul/ied.
Escolas
A palavra bullying surgiu, inicialmente, no contexto escolar, sendo utilizada para
denominar o comportamento de alguns alunos que intimidavam, humilhavam,
apelidavam, caoavam outros estudantes mais fracos, mais tmidos, menos popu-
lares, com alguma deficincia ou estrangeiros. o que os estadunidenses chamam
de schoo/ bu/lying.
Apesar disso, a palavra bullying no se restringe ao ambiente escolar e pode ser em-
pregada para outras formas de assdio, como no local de trabalho, na vizinhana,
em igrejas etc.
O bullying causa tantos sofrimentos e traumas na vtima, que so frequentes os
registros de suicdio (bullycide) decorrentes dessa prtica, especialmente em jovens
e crianas.
Lei n 13.185/2015
A Lei n 13-185/2015 surgiu com o objetivo de criar um Programa de Combate ao Bullying.
O legislador traduziu a palavra Bullying para o portugus como sendo "intimida
o sistemtica".
Assim, quando voc ouvir falar em "intimidao sistemtica", saiba que a expres-
so sinnima de bullying.
Art. 243- Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de
qualquer forma, a criana ou a adolescente, bebida alcolica ou, sem justa causa,
outros produtos cujos wmponentes possam causar dependncia fsica ou psquica:
Pena- deteno, de:;: (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato no constitui
crime mais grave.
Compare a redao anterior com a atual:
Anterior Atual
Art. 243. Vender, fornecer ainda que Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou
gratuitamente, ministrar ou entre- entregar, ainda que gratuitamente, de qual-
gc;r, de qualquer forma, a cri3na ou quer forma, a criana ou a adolescente, bebida
Consumao:
O delito formal (no depende, para a sua consumao, da ocorrncia de um resultado
naturalstico). Assim, tendo havioo a venda, fornecimento, entrega etc. o crime j se
consumou, mesmo que a criana ou adolescente no ingira a bebida ou use o produto.
Repetindo: no se exige o efetivo consumo para que o delito se consuma. Tambm no
necessrio que a vtima tenha algum problema de sade por conta da substncia. O
delito formal, basta a conduta, no se exigindo resultado. Trata-se de crime de perigo.
Tentativa: possvel.
Infrao administrativa
O ECA, em sua redao original, j previa como proibida a comercializao de bebi-
das alcolicas para menores de 18 anos. Veja:
1 PROPRIEDADE INDUSTRIAL
1.1 CADUCIDADE DA MARCA (ART.143 DA LPI)
A situao concreta, com adaptaes, foi a seguinte:
A fabricante de cigarros Souza Cruz S/A registrou no INPI (Instituto Nacional de Pro-
priedade Industrial) a marca "Colorado" destinada utilizao em cigarros.
Em 2002, a empresa produziu alguns cigarros com a marca "Colorado", mas todos
eles eram destinados exportao, ou seja, nenhum foi vendido no Brasil. "
Aps alguns meses, a empresa suspendeu a sua fabricao e, desde ento, produziu
apenas cerca de 70 caixas desse cigarro.
Pedido de caducidade
Uma empresa concorrente do mesmo ramo de atividade, de olho na marca, pediu
c
ao INPI que fosse declarada a caducidade do registro a marca "Colorado", nos tec-
mos do art. 143 da Lei no 9.279/96:
Art. 143. Caducar o registro, a requerimento de qualquer pessoa com legtimo in-
teresse se, decorridos 5 (cinco) anos da sua concesso, na data do requerimento:
Na situao em anlise, a empresa que era detentora da marca, uma das maiores
do mundo, vendeu apenas 70 pacotes de cigarros da marca "Colorado", o que ge-
rou receita de R$ 614,75. Esses nmeros so inexpressivos se forem comparadoss
outras operaes bilionrias realizadas pela empresa no mesmo perodo, conside-
rando que, nesse tempo, ela produziu mais de 400 bilhes de cigarros de outras
mc;rcas. Logo, essa pequena produo dos cigarros "Colorado" insuficiente para
configurar e comprovar o uso efetivo da marca.
sive do scio que est saindo) com o resultado alcanado. Em outras palavras, se 0
scio retirante no concordar com o resultado obtido pela aplicao do critrio de
apurao de haveres previsto no contrato social, ser permitido que ele proponha
ao judicial a fim de que seja determinada a melhor metodologia de liquidao.
Essa ao denominada de "ao de dissoluo parcial de sociedade" e, apesar de
sempre ter sido utilizada na pr::tica, somente agora passou a ser disciplinada pela
lei, estando prevista nos arts. 599 a 609 do CPC 2015. Pode-se dizer, portanto, que
esse tema uma das novidades do novo CPC.
Obs.: quando o CPC 2015 estiver em vigor, no deixe de ler os arts. 599 a 609 do
novo Cdigo porque eles sero obrigatoriamente cobrados nas provas de Direito
Empresarial. Por enquanto, no necessrio.
Apurao de haveres
O scio que deixa uma sociedade tem direito de receber a sua parte no patrimnio
da sociedade.
J
<
o clculo do valor devido ao scio que deixa a sociedade feito
por meio de um
procedimento denominado de apurao de haveres, que est previsto no art. 1.031
do CC e no art. 599do CPC 2015.
Da mesma forma, se um dos scios morre, haver, como vimos, a dissoluo parcial
da sociedade, e os herdeiros do scio falecido tero direito de receber a parte que
ele tinha na sociedade. Isso feito por meio da a pu rao de haveres.
Art.1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relao a um scio, o valor
da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-,
salvo disposio contratual em contrrio, com base na situao patrimonial da
sociedade, data da resoluo, verificada em balano especialmente levantado.
1 O capital social sofrer a correspondente reduo, salvo se os demais scios
suprirem o valor da quota.
2 A quota liquidada ser paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir
da liquidao, salvo acordo, ou estipulao contratual em contrrio.
Resumindo:
Quando a companhia soube que os acionistas iriam ajuizar a ao, decidiu se apressar
e pediu para propor a demanda em litisconsrcio ativo com eles. Isso permitido?
SIM.
Ao individual
Estudamos acima a legitimidade para a ao social, ou seja, aquela proposta pela
sociedade ou pelos acionistas contra o administrador para que ele indenize a socie-
dade (companhia) pelos prejuzos causados.
Existe, contudo, a chamada ao individual, que aquela proposta por qualquer acionis-
ta ou terceiro com o objetivo de reparar o prejuzo causado a si prprio, ou seja, ao pr-
prio acionista (e no o prejuzo da sociedade annima). Est prevista no 7 do art. 159:
Art.159 (... )
7 A ao prevista neste rtigo no exclui a que couber ao acionista ou terceiro
diretamente prejudicado por ato de administrador.
Scios
Na sociedade em conta de participao existem duas espcies de scios:
Scio PARTICIPANTE
Scio OSTENSIVO
(scio oculto)
;.-....
Exemplo
A sociedade em conta de participao no to simples de entender, mas com um
exemplo ficar mais fcil.
Imagine que uma construtora (XXX Sociedade LTDA.) deseja construir um peque-
no edifcio.
A construtora procura Joo (que muito rico) e prope que eles construam juntos.
Joo fala: "nem pensar, no quero ter que lidar com clientes, com fornecedores, com
operrios; estou fora."
A construtora, ento, faz a seguinte proposta: vamos estabelecer uma sociedade
em conta de participao; eu (construtora) serei o scio ostensivo e voc (Joo) ser
o scio participante; celebramos um contrato entre ns mesmos, no qual voc se
obriga a fornecer R$ 2 milhes para o projeto e eu me comprometo a construir e
vender os apartamentos; o lucro ser dividido.
Haver, neste caso, uma sociedade em conta de participao. Quem assinar os
contratos com os clientes, fornecedores e funcionrios ser a construtora (XXX So-
Se os scios resolverem registrar esse contrato no cartrio, significa que ele valer
perante terceiros?
NO. O contrato social, na sociedade em conta' de participao, produz efeito so-
mente entre os scios, e a eventual inscrio de seu instrumento em qualquer re-
gistro no confere personalidade jurdica sociedade (art. 993).
O scio participante (oculto) pode tratar (negociar) com os terceiros? Ex.: Joo poder
tratar com os clientes, fornecedores etc. sobre o prdio?
NO. O scio participante no pode tomar parte nas relaes do scio ostensivo
com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigaes
em que intervier (art. 993, pargrafo nico).
Obviamente, o scio participante poder fiscalizar a gesto dos negcios sociais, ou
seja, ele poder verificar se o scio ostensivo est desenvolvendo regularmente o proje-
to. Ex.: Joo poder ir at o local da obra, conferir medies do que j foi construdo etc.
A sociedade em conta de participao possui nome empresarial?
NO. A sociedade em conta de participao no possui firma ou denominao, isto
, no tem nome empresarial nem personalidade jurdica.
Qual o fundamento legal paro esse pedido? Existe previso especfica no CC para a
dissoluo da sociedade em conta de participao?
NO.
Sistema TELEBRS
Antes da privatizao,quem explorava os servios de telefonia no Brasil era a Unio,
por meio de empresas estatais integrantes do chamado sistema TELE BRS.
A TELEBRS (Telecomunicaes Brasileiras S.A.) era uma empresa estatal perten-
cente Unio, sendo responsvel por coordenar e controlar outras empresas esta-
tais que atuavam nos Estados prestando os servios telefnicos.
Assim, a TELE BRS era uma espcie de ho/ding que abrangia inmeras outras em-
presas estatais, como a TELEBRASLIA (que prestav;; os servios de telecomunica-
es no Distrito Federal), a TELECEAR (Cear), a TE~EMIG (Minas Gerais), a TELERJ
(Rio de Janeiro), a TELESP (So Paulo), a TELAMAZON (Amazonas) etc.
j
Dessa forma, quando voc ouvir falar em "demanda por complementao de aes
da empresa de telefonia", nada mais do que a demanda judicial proposta pela
pessoa que pagou para ter direito a um determinado nmero de aes da compa-
nhia telefnica, mas, apesar disso, recebeu menos do que seria devido. Por isso, a
pessoa ingressa com o processo judicial pedindo a complementao das aes ou,
subsidiariamente, o recebimento de indenizao por perdas e danos.
Dividendos
Dividendo o valor recebido pelo acionista como participao pelos lucros que a
companhia obteve.
Quanto maior o nmero de aes que o acionista possui, maior ser o valor dos divi-
dendos que ir receber.
A dvida que surgiu foi a seguinte: mesmo sem pedido expresso, o juiz pode conde-
nar a companhia a pagar a diferena de dividendos e de juros sobre capital {JCP}?
Si':" Nas demandas por complementao de aes de empresas de telefonia, ad-
mite-se a condenao ao pagamento de dividendos e juros sobre capital prprio
3 CONTRATOS EMPRESARIAIS
3.1 CLUSULA DE NO CONCORRNCIA
CLUSULA DE NO CONCORRNCIA EM CONTRATO DE TRESPASSE
Como o nome dessa clusula que proibia a empresa "Y" de concorrer com a em-
presa "X"?
a chamada "clusula de no restabelecimento" ou "clusula de no concorrncia".
Trata-se de uma obrigao de no fazer, comumerte encontrada em contratos de
alienao de estabelecimento empresarial.
A "clusula de no restabelecimento'~ em regra, vlida?
SIM. Na verdade, o Cdigo Civil de 2002 prev que, nos contratos de trespasse, mes-
mo que as partes no prevejam expressamente, j existe, de forma implcita, uma
clusula de no concorrncia. Veja:
Resumindo:
3.2 FRANOUIA
Ao de indenizao
Quando soube da venda, a franqueadora ajuizou contra a ex-franqueada ao de
indenizao sob o argumento de que houve violao do direito de preferncia. Se-
gundo argumentou a autora, a notificao de que trata a clusula 12.1 no poderia
ter sido feita por e-ma i/, sendo, portanto, invlida.
A tese da franqueadora foi aceita pelo STJ? No caso concreto, a notificao realizada
por e-mail foi invlida?
NO.
:: ~l'J. ~Turma. REsp 1.545.965-RJ, Rei. Min. Ricardo Vi lias Bas Cueva, julgado ern 22/g/2015
';(lnfo 570).
Essa previso no traz qualquer benefcio ao contratante. Ao contrrio, faz com que
ele fique em uma situao de extrema vulnerabilidade, j que autoriza que seja
constitudo unilateralmente contra si um ttulo executivo, o que reduz, inegavel-
mente, a sua capacidade de defesa.
A operadora de carto de crdito, em vez de ingressar com uma ao de cobrana
(ao de conhecimento) contra o contratante, j pooer ajuizar, desde logo, uma
execuo, facilitando a sua posio, mas dificultando bastante a do consumidor.
No mandato, o representante deve atuar em no11e do representado, respeitando
e agindo dentro dos interesses do mandante. Neste caso, isso no ocorre, havendo
ntido conflito de interesses.
Desse modo, a clusula-mandato que possibilita ao mandatrio a emisso de ttulo
cambial contra o mandante, mesmo quando inserida nos contratos de carto de
crdito, inegavelmente abusiva, pois, alm de contrariar a prpria natureza do
mandato ao posicionar de forma antagnica os interesses do mandante e do man-
datrio, insere o consumidor/mandante em notria e exagerada desvantagem, o
que atenta contra a boa-f e a equidade, razo pela qual incide, neste caso, a smula
6o do STJ e o art. 51, VIII, do CDC.
4 TTULOS DE CRDITO
4.1 OPOSICO DE EXCECES PESSOAIS EMPRESA DE FACTORING
Vamos agora estudar uma segunda situao muito parecida, mas agora envolven-
do uma empresa de factoring. Para tanto, antes de verificar o que foi decidido, va-
mos relembrar em que consiste umafa::toring.
Personagens
Faturizador: empresa de factoring.
Faturizado: cliente.
Terminologias
o contrato de factoring tambm chamado defaturizao ou fomento mercantil.
Atividades desempenhadas pela factoring
Existem duas modalidades principais de factoring, que se diferenciam entre si pe-
las atividades desempenhadas pela instituio faturizadora.
Factoring tradicional (conventional factoring):
O empresrio cede factoring os ttulos de crdito que recebeu em sua ativi-
dade empresria e que somente iro vencer em uma data futura, e a empresa
de factoring antecipa esses pagamentos, recebendo, como contraprestao, um
percentual desses crditos. Trata-se de uma forma de o empresrio obter ca-
pital de giro nas vendas a prazo. Ex.: uma loja recebe um cheque "pr-datado"
(ps-datado) para go dias no valor de R$ 10 mil. Ocorre que a loja precisa de
dinheiro logo. Ento, ela cede o cheque para a empresa defactoring, que ir
pagar vista para a loja R$ g.7oo,oo e, daqui a go dias, ir descontar o cheque,
ficando com os R$ 10 mil. A loja recebeu o crdito vista e teve que pagar um
percentual factoring.
como se o cliente tivesse "vendido" o ttulo para a factoring, que ir cobrar do
devedor no momento do vencimento da dvida.
O contrato de conventiona/factoring um contrato de mtuo? NO. Em verdade,
consiste em uma compra e venda de crditos (direitos), por um preo ajustado
entre as partes.
Factoring de vencimento (maturity factoring):
Aqui, a faturizadora no antecipa qualquer pagamento ao empresrio. O faturi-
zado somente ir receber realmente na data do vencimento. Nesta modalidade
de factoring, a faturizadora apenas fica responsvel pela prestao de servios de
administrao do crdito. Ex.: a faturizada recebe inmeros cheques ps-datados
e duplicatas que somente vencero daqui a alguns dias, cada um em uma data
diferente. Para evitar preocupaes com esse controle das datas e das cobranas
o empresrio manda esses ttulos para a factoring, que ficar responsvel por
gerenciar esses crditos e fazer a cobrana nas datas de vencimento. Na data do
vencimento de cada ttulo, a factoring paga o crdito ao empresrio e vai cobrar
dos devedores originrios, dispensando a faturizada desse trabalho.
Mesmo a factoring tendo comprado o ttulo, ou seja, mesmo ele tendo circulado, a
factoring no poder ser considerado como terceiro de boa-f.
A factoring, que compra um ttulo. estar sujeita aos risco de no poder cobr-lo
caso haja algum problena com o 1egcio subjacente que lhe deu origem.
Por qu? Qual a diferena? Por que na situao r, no se pode alegar as excees
pessoais e aqui, na situao envolvendo a factoring, isso ser possvel?
O STJ entendeu que na operao de factoring h envolvimento mais profundo en-
tre faturizada(empresa que cede L. o ttulo) e faturizadora (empresa de factoring).
Assim, quando a faturizadora cede o ttulo no se opera um simples endosso, mas
~ im uma negociao de um crdito -:uja origem - ou pelo menos deveria ser-
objeto de anlise pela faturizadora.
Em outras palavras, na operao de factoring, h verdadeira cesso de crdito, e
no mero endosso, razo pela qual fica autorizada a discusso da causa debendi,
conforme prev o art. 294 do CC:
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionrio as excees que lhe competirem,
bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cesso, tinha
contra o cedente.
Desse modo, a faturizadora ifactori,g) no pode ser equiparada a um terceiro de
boa-f a quem o ttulo pudesse ser transferido por endosso.
L::>go, provada a ausncia de causa para a emisso das duplicatas U que as merca-
dorias no foram entregues), no h como a faturizadora exigir do sacado o paga-
mento respectivo.
Cabe ressaltar, por oportuno, que a presuno favorvel existncia de causa que
resulta do aceite lanado nas duplicatas no se mostra absoluta e deve ceder qu<Jn-
d::> apresentada exceo pessoal perante o credor originrio ou seu faturizador.
Dito de outro modo, mesmo j tendo sido emitida a duplicata e mesmo tendo sido
aposto o aceite, ainda assim poss;vel que se prove que aquele negcio jurdico ali
materializado (venda ou prestao de servios) no ocorreu.
Resumindo:
.;:!;,ii
A pess~o que est obrigado o po~~ ~ tt~l~ de crdito. poder .invocar exce~~
pessoats que tenho contra o bene.fie~ono ongmal poro evttor o pagamento mesmq'ij
l
NO.
Clusula ordem
Clusula ordem: neste caso, para que haja transferncia da titularidade do ti-
tulo, alm da entrega do documento, necessrio que haja o endosso. O ttulo
com clusula ordem se transfere mediante endosso. Ex.: cheque ao portador. A
doutrina afirma que existe uma presuno de que todos os ttulos de crdito so
ordem. Em regra, para ser "no ordem", tal caracterstica deve vir expressa-
mente escrita na crtula.
Clusula no ordem: o ttulo transferido mediante cesso civil. Como j dito,
para ser "no ordem", a ressalva deve constar expressamente.
Personagens
emitente (sacador): aquele que d a ordem de pagamento;
sacado: aquele que recebe a ordem de pagamento (o banco);
beneficirio (tomador, portador): o favorecido da ordem de pagamento, ou seja,
aquele que tem o direito de receber o valor escrito no cheque.
Natureza jurdica
Para a doutrina majoritria, trata-se de um ttulo de crdito.
Legislao aplicvel
O cheque regido atualmente pela Lei no 7-357/85.
30DIAS 6oDIAS
Se o cheque da mesma praa do pa- Se o cheque for de praa diferente
gamento {municpio onde foi assinado (municpio onde foi assinado diferente
o municpio da agncia pagadora) do municpio da agncia pagadora)
Se o beneficirio apresenta o cheque ao banco mesmo aps esse prazo, haver pa-
gamento?
SIM, mesmo aps o fim do prazo de apresentao, o cheque pode ser apresentado
para pagamento ao sacado, desde que no esteja prescrito.
Ento para que serve esse prazo de apresentao?
A doutrina aponta trs finalidades:
1. O fim do prazo de apresentao o termo inicial do prazo prescricional da exe-
cuo do cheque.
2. S possvel executar o endossante do cheque se ele foi apres=ntado para paga-
mento dentro do prazo legal. Se ele foi apresentado aps o prazo, o beneficirio
perde o direito de executar os codevedores. Poder continuar executando o emi-
tente do cheque e seus avalistas.
3. Smula 6oo-STF: Cabe ao executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda
que no apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que no prescrita
a ao cambi ria.
4 O portador que no apresentar o cheque em tempo hbil ou n~o comprovar are-
cusa de pagamento perde o direito de execuo contra o emitente, se este tinha
fundos disponveis durante o prazo de apresentao e os deixou de ter, em razo
de fato que no lhe seja imputvel (art. 47, 3, da Lei n T357/85).
possvel o protesto do cheque contra o emitente mesmo aps ter se passado o pra-
zo de apresentao?
SIM. legtimo o protesto de cheque efetuado contra o emitente depois do prazo
de apresentao, desde que no escoado o prazo prescricional relativo ao cam-
bial de execuo.
Mas o art. 48 da Lei n 13S718s afirma que o protesto do cheque deve ocorrer du-
rante o prazo de apresentao. Veja: ~rt. 48 O protesto ou as declaraes do artigo
anterior devem fazer-se no lugar de pagamento ou do domiclio do emitente, antes
da expirao do prazo de apresentao." No estou entendendo...
Calma. A exigncia de realizao do protesto antes de expirado o prazo de apresen-
~
tao prevista no art.48 da Lein 7-357/85 dirigida apenas ao protesto necessrio,
isto , contra os coobrigados, para o exerccio do direito de regresso, e no em rela-
o ao emitente do ttulo. 2
<(
VI
w
Portanto, nada impede o protesto facultativo do cheque, mesmo que apresentado de-
pois do prazo mencionado no art-48, c/c o art. 33, ambos da Lei n 7357/8s.lsso porque
"'::E
0..
w
o protesto do ttulo pode ser utilizado pelo credor com outras finalidades que no o
ajuizamento da ao de execuo do ttulo executivo.
Findo o prazo de apresentao previsto no caput do art. 48 da Lei no 7-357/1g8s, o
credor tem a faculdade de cobrar seu crdito por outros meios, sendo legtima a
realizao do protesto.
Resumindo:
Art. 6 O cheque poder ser devolvido por um dos motivos a seguir classificados:
(... )
IMPEDIMENTO AO PAGAMENTO
(... )
25- Cancelamento de Talonrio Pelo Banco Sacado;
O supermercado prejudicado ajuizou ao de indenizao contra o banco alegando
que o cancelamento do talonrio ocorreu por negligncia da instituio financeira,
que no tomou as cautelas necessrias na guarda do cheque, de forma que deve-
r responder pelo prejuzo sofrido. O supermercado afirmou ainda que deveria ser
considerado consumidor por equiparao (art. 17 do CDC) e que, por se tratar de
relao de consumo, o banco deveria responder de forma objetiva.
A tese do supermercado foi aceita pelo STJ? O banco dever responder pelo prejuzo
do supermercado?
NO.
j
visto que recai sobre ele o nus probatrio. Cabe ao ru o nus de provar, se quiser,
a inexistncia do dbito.
TTULOS RURAIS
Existem alguns ttulos de crdito que so gerais e mais conhecidos, como o caso
da letra de cmbio, duplicata, cheque etc. No entanto, a experincia mostrou que
~
seria interessante que fossem criados ttulos de crdito com caractersticas espec-
ficas, para facilitar as negociaes envolvendo determinados setores da economia.
<(
Em suma, verificou-se a necessidade de se criarem ttulos de crdito especficos 1
<(
para algumas transaes empresariais. Vl
w
No caso da atividade rural, por exemplo, foram idealizados quatro ttulos de crdito "":E
0..
w
especficos, chamados de "ttulos rurais". So eles:
cdula de crdito rural;
cdulas de produto rural;
nota promissria rural;
duplicata rural.
Regulamentao
O protesto regulado pela Lei n 9-492197-
Art.1 Protesto o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplncia e odes-
cumprimento de obrigao originada em ttulos e outros documentos de dvida.
Assim, conclui-se que podem ser levados a protesto:
ttulos de crdito e
outros documentos de dvida.
SUSTACO DO PROTESTO
o ~-
775
l
Principais julgados STF e STJ comentados 2015 >
Tese firmada pelo STJ:
Como o tema acima foi apreciado pelo STJ em sede de recurso especial repetitivo, a
Corte firmou a seguinte tese a ser aplicada em casos semelhantes:
6 FALNCIA
6.1 NOCES GERAIS
Conceito
Falncia o processo coletivo de execuo forada de um empresrio ou sociedade
empresria cuja recuperao mostra-se invivel.
Finalidade
A falncia tem como objetivo reunir os credores e arrecadar os bens, ativos e recursos
do falido a fim de que, com os recursos obtidos pela alienao de tais bens, possam
os credores ser pagos, obedecendo a uma ordem de pioridade estabelecida na lei.
Art. 144. Havendo motivos justificados, o juiz poder autorizar, mediante reque-
rimento fundamentado do administrador judicial ou do Comit, modalidades de
alienao judicial diversas das previstas no art.142 desta Lei.
Art. 145. O juiz homologar qualquer outra modalidade de realizao do ativo,
desde que aprovada pela assembleia-geral de credores, inclusive com a consti-
tuio de sociedade de credores ou dos empregados do prprio devedor, com a
participao, se necessria, dos atuais scios ou de terceiros.
A recuperao judicial surgiu para substituir a antiga "concordata" e tem por obje-
tivo viabilizar a superao da situao de crise do devedor, a fim de permitir que a
FASES DA RECUPERACO
................................. ! .......................................................................................
Art. 84. Sero considerados crditos extraconcursais e sero pagos com precedn-
cia sobre os mencionados no art. 83 desta lei, na ordem a seguir, os relativos a:
1- remuneraes devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e crditos
derivados da legislao do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho re-
lativos a servios prestados aps a decretao da falncia;
11- quantias fornecidas massa pelos credores;
111 -despesas com arrecadao, administrao, realizao do ativo e distribui-
o do seu produto, bem como custas do processo de falncia;
IV - custas judiciais relativas s aes e execues em que a massa falida
tenha sido vencida;
l
~
Principais julgados STF e STJ comentados 2015 > 783
V- obrigaes resultantes de atos jurdicos v lidos praticados durante a recu-
perao judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou aps a decretao da falncia,
e tributos relativos a fatos geradores ocorridos aps a decretao da falncia,
respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.
Diante disso, indaga-se: o valor que a empresa falida. deve para o fornecedor "Y"
ser considerado crdito concursal ou extraconcursal? As despesas feitas pela em-
presa aps o despacho determinando o processamento da recuperafo judicial, mas
antes de seu deferimento, devero ser considerados concursais ou extraconcursais
em caso de falncia?
Esses dbitos so extraconcursais. Os crditos originrios de negcios jurdicos rea-
lizados aps a data em que foi deferido o pedido de processamento de recuperao
judicial so considerados extraconcursais.lsso est previsto na prpria Lei de Faln-
cia (Lei n 11.101/2005):
Art. 84. Sero considerados crditos extraconcursais e sero pagos com precedn-
cia sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a:
(...)
V -obrigaes resultantes de atos jurdicos vlidos praticados durante a recu~
perao judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou aps a decretao da falncia,
Mais uma vez, insisco: se essa regra no existisse, ningum iria querer celebrar ne-
gcios jurdicos com a sociedade empresria que est em processo de recuperao
judicial, uma vez que seria extremamente arriscado, pois se ela no pagasse e fosse
falncia, o fornecedor teria que entrar na "fila" dos crditos concursais, sendo ex-
tremamente provvel que nunca recebesse a quantia.
Segundo observou a Min. Nancy Andrighi, prever que tais crditos so extraconcur-
sais foi a forma encontrada pelo legislador para compensar aqueles que participem
ativamente do processo de soerguimento da empresa. A empresa deve ser conside-
rada "em recuperao judicial" a partir do momento em que obtm o deferimento
do pedido de seu processamento (REsp 1.398.092-SC).
Esse entendimento tem sido reiterado pelo STJ:
(... ) A expresso "durante a recuperao judicial", gravada nos arts. 67, caput, e
84, V, da Lei de Falncias e de Recuperao de Empresas, abrange o perodo com-
preendido entre a data em que se defere o processamento da recuperao ju-
dicial e a decretao da falncia, interpretao que melhor harmoniza a norma
legal com as demais disposies da lei de regncia e, em especial, o princpio da
preservao da empresa (LF, art. 47). (... )
STJ. 4 Turma. REsp 1399853/SC, Rei. p/ Acrdo Min. Antonio Carlos Ferreira, jul-
gado em 10/02/2015.
JUZO FALIMENTAR
A Lei no 11.101/2oos. em seu art. 3, prev que competente para deferir a recupera-
o judicial o juzo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de
empresa que tenha sede fora do Brasil.
Afalncia e a recuperao judicial so sempre processadas e julgadas na Justia
estadual.
PLANO DE RECUPERACO
.............................................................................................................................
Em at 6o dias aps o despacho de processamento da recuperao judicial, o deve-
dor dever apresentar em juzo um plano de recuperao da em,::>resa, sob pena de
convolao (converso) do processo de recuperao em falncia.
Este plano dever conter:
discriminao pormenorizada dos meios de recuperao a serem empregados
(art. so);
demonstrao de sua viabilidade econmica; e
laudo econmico-financeiro e de avaliao dos bens e ativos do devedor, subscri-
to por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada.
Os credores analisam o plano apresentado, que pode ser aprovado ou no pela as-
sembleia geral de credores.
Caso concreto
Em determinado caso concreto julgado pelo STJ, houve a publicao da relao
dos credores.
Segundo o edital publicado, a empresa XX seria credora de R$ 2 milhes, mas ela im-
pugnou essa informao, afirmando que, na verdade, seria credora de R$ 5 milhes.
Antes que essa impugnao fosse julgada, houve a aprovao do plano de recupe-
rao judicial pela assembleia de credores.
Aps a aprovao do plano, a impugnao foi julgada procedente, considerando
que restou provado que a empresa XX era realmente credora de R$ 5 milhes.
Mesmo j tendo sido aprovado o plano de recuperao judicial, ainda ser pos-
svel a retificao do quadro geral de credores?
SIM. Ainda que o plano de recuperao judicial j tenha sido homologado,
possvel a retificao do quadro geral de credores fundada em julgamento
de impugnao.
STJ. 3 Turma. REsp 1.371.427-RJ, Rei. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 6/8/2015
(lnfo 567).
No mbito da recuperao judicial, existem duas fases distintas e paralelas, quais sejam:
a verificao e a habilitao de crditos, previstas na Seo li da Lei 11.101/2005,
arts. 7 ao 20; e
a fase de apresentao e deliberao do plano de recuperao judicial, com as-
sento nas Sees 111 e IV, arts. 53 ao 6g.
Assim, uma vez deferido o processamento da recuperao judicial (art. 52), o juiz
determina a expedio de edital com a relao nominal de credores e respectivos
crditos e, a partir de ento, a um s tempo, iniciam-se a fase de verificao e habi-
litao de crditos (art. 52, 1) e o prazo improrrogvel de 6o dias para a apresenta-
o do plano de recuperao judicial, sob pena de convolao em falncia (art. 53).
Por serem fases que ocorrem de maneira paralela, possvel que a aprovao do
plano de recuperao judicial ocorra antes da pacificao dos crditos, ou seja,
possvel que o plano de recuperao judicial seja aprovado antes do julgamento
de impugnao de crdito e, consequentemente, antes da consolidao do quadro
geral de credores.
Dessa maneira, a existncia do plano de recuperao judicial j homologado no
pode ser um entrave consolidao do quadro geral de credores.
Art. 52. Estando em termos a documentao exigida no art. 51 desta Lei, o juiz
deferir o processamento da recuperao judicial e, no mesmo ato:
(... )
I li-ordenar a suspenso de todas as aes ou execues contra o devedor, na
forma do art. 6 desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juzo onde se
processam, ressalvadas as aes previstas nos 1, 2 e 7 do art. 6 desta Lei e
as relativas a crditos excetuados na form dos 3 e 4 do art. 49 desta Lei;
Segundo explica o Min. Luis Felipe Salomo, a razo dessa norma que determina
a pausa momentnea das aes e execues (stay period) na recuperao judicial
permitir que o devedor em crise consiga negociar, de forma conjunta com todos
os credores (plano de recuperao) e, ao mesmo tempc, preservar o patrimnio do
empreendimento, que ficar livre, por um deterrr.inado perodo de respiro, de even-
tuais constries (ex.: penhora) de bens necessrios continuidade da atividade
empresarial. Com isso, minimiza-se o risco de h3ver uma falncia.
Nesse momento, justifica-se apenas a suspenso das ex:ecues individuais (e no
a extino) por conta de duas razes:
trata-se de um prazo de respiro para que o devedor melhor reorganize suas con-
tas e estabelea estratgias, em conjunto com a cole:ividade de credores, acerca
de como pagar as dvidas, sem a necessidade de se defender em inmeros pro-
cessos individuais que podem tramitar em foros distintos;
esgotado o prazo de 180 dias, previsto no L 0 do art. 6, restauram-se o direito
dos credores de iniciar ou continuar suas aes e execues, independentemente
de pronunciamento judicial.
A dvida que surge a seguinte: alm da suspenso das aes e execues, o deferi-
mento da recuperao judicial acarreta tambm a retimda do nome da empresa do
SPC, SERASA e demais cadastros negativos? A empresa em recuperao judici9f tem
.direito tirar seu nome dos servios de restrio de crdito e tabelionatos de protesto?
Enunciado 54 do CJF
Alm da posio do STJ, esse tambm o entendimento da doutrina majoritria es-
pelhada no Enunciado 54 da I Jornada de Direito Comercial do CJF: "O deferimento do
prccessamento da recuperao judicial no ensejao cancelamento da negativao do
nome do devedor nos rgos de proteo ao crdito e nos tabelionatos de protestos".
E haver algum momento a partir do qual ser possvel retirar o nome da empresa
dos cadastros restritivos?
SIM. Quando o plano de recuperao judicial for aprovado, ser possvel providen-
ciar a baixa dos protestos e a retirada do nome da empresa dos cadastros de ina-
dimplentes em relao s dvidas que estiverem sujeitas ao referido plano. Isso por-
que, havendo a aprovao do plano, ocorre a novao dos dbitos, ou seja, as dvidas
anteriores sero substitudas pelas novas condies firmadas no plano. Ressalte-se,
no entanto, que essa baixa dos protestos e retirada do nome dos cadastros ficar
sob condio resolutiva, devendo a empresa cumprir todas as obrigaes previstas
no acordo de recuperao judicial uma vez que, se desatend-las, ser possvel vol-
tara inclu-la nos referidos cadastrJS.
(STJ. 3 Turma. REsp 1.260.301/DF, Rei. Mi1. Nancy Andrighi,julgado em 14/o8/2012.lnfo 502).
;:sit4Turma. REsp 1.272.697-DF, Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 2/6f2o15 (lnfo 564).
Exemplo:
A sociedade GW Ltda. emitiu uma nota promissria em favor da empresa X. Gabriel
(scio da GW) figurou como avalista na nota promissria, ou seja, ofereceu uma ga-
rantia pessoal de pagamento da dvida. Ocorre que a sociedade GW Ltda. requereu
recuperao judicial e ::J plano foi apro1Jado. A empresa X ajuizou, ento, execuo
de ttulo extrajudicial cobrando de Gabriel o valor da nota promissria vencida. Ga-
briel defendeu-se alegando que, como foi aprovado o plano de recuperao judicial,
houve novao e a exe:uo deveria ser extinta.
O STJ no concordou com a tese. Para a Corte, a homologao do plano de recupe-
rao judicial da devedora principal no implica a extino de execuo de ttulo
extrajudicial ajuizada em face de scio coobrigado.
Conforme j explicado, muito embora o plano de recuperao judicial opere novao
das dvidas anteriores, as garantias (reais ou fidejussrias),comoregra, so preservadas.
Logo, o aval (garantia) prestado por Gabriel no foi extinto com a aprovao do plano.
Diante disso, o credor poder exercer seus direitos contra Gabriel (terceiro garanti-
dor), devendo, portanto, ser mantida a execuo proposta contra ele.
Sintetizando:
.... . . . re:,::.:4!~1;~~\i~~~~f~4;~;~;~~:r~~1;~~~
. . ~P~~pd~o!)1averi~:,prejt.Jii~~:~~,~r~yi\inG,Id~s~de
1~:4!rrtpres;ti que esta em r~cupei~O' ~x.:,njuzo comum; 9 rC!c:lotp.ec:li.ll
Recuperao judicial
A recuperao judicial surgiu para ~ubstituir a antiga "concordata" e tem por obje-
tivo viabilizar a superao da situao de crise do devedor, a fim de permitir que a
atividade empresria se mantenha e, com isso, sejam preservados os empregos dos
trabalhadores e os interesses dos credores.
A recuperao judicial consiste, por:anto, em um processo judicial, no qual ser ela-
borado e executado um plano com o objetivo de recuperar a empresa que est em
vias de efetivamente ir falncia.
~ (...)No se aplica o prazo em dobro para recorrer previsto no art.191 do CPC quan-
- do inexiste litisconsrcio formado nos autos e a parte interpe o recurso na con-
dio de terceira interessada.( ... )
STJ. 3" Turma. AgRg no AREsp 193-740/MS, Rei. Min. Joo Otvio de Noronha, jul-
gado em 25/11/2014.
~
6.024/74. o que determina o art. 24-D da Lei dos Planos de Sade (Lei no g.656/g8).
7 EXERCCIOS DE REVISO
1) (PGM Macei- FUNDEPES) nula a aposio de clusula mandato nos contratos celebrados
entre consumidores e administradoras de carto de crdito. ( )
2) (Juiz TRF1 2013 CESPE) lcita a incluso, no contrato de carto de crdito, de clusula manda-
to que tenha como efeito autorizar a administradora do contratante a represent-lo perante
instituies financeiras, visando obter financiamento do crdito por ele utilizado. ( )
3) Nos contratos de carto de crdito, abusiva a previso de clusula-mandato que permita
operadora emitir ttulo cambial contra o usurio do carto. ( )
4) Compete ao juzo cvel- e no ao juzo de sucesses no qual tramita o inventrio- julgar,
com consequente apurao de haveres do de cujus, dissoluo parcial de sociedade limitada
que demande extensa dilao probatria. ( )
GABARITO
............................................................................................................................
1) E; 2) C; 3) C; 4) C.
Art. 24. Compete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrente-
mente sobre:
(... )
VI- florestas, caa, pesca, fauna, conservao da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteo do meio ambiente e controle da poluio;
Resumindo:
Natureza
A rea de Reserva Legal consiste em uma limitao ao direito de propriedade (limi-
tao administrativa existente em funo do princpio da funo socioambiental
da propriedade).
Trata-se de obrigao "propter rem", ou seja, uma obrigao que acompanha a
coisa e vincula todo e qualquer proprietrio ou possuidor de imvel rural, j que
adere ao ttulo de propriedade ou posse.
Art. 12. Todo imvel rural deve manter rea com cobertura de vegetao na-
tiva, a ttulo de Reserva Legal, sem prejuzo da aplicao das normas sobre as
reas de Preservao Permanente, observados os seguintes percentuais m-
nimos em relao rea do imvel, excetuados os casos previstos no art. 68
desta Lei:
l-localizado na Amaznia Legal:
a) 8o% (oitenta por cento), no imvel situado em rea de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imvelsituado em rea de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imvel situado em rea de campos gerais;
li-localizado nas demais regies do Pas: 20% (vinte por cento).
Nos pargrafos do art. 12 esto previstas situaes em que possvel alterar o per-
centual mnimo da rea de reserva legal. A depender do grau de complexidade do
concurso pblico que voc est prestando, vale a pena fazer uma leitura desses
dispositivos.
Onde fico a rea de reserva legal dentro do imvel rural? Em outras palavras, em
um stio, por exemplo, como a pessoa sabe onde est a rea de reserva legal? o
proprietrio/possuidor que define isso?
NO. A localizao da rea de Reserva Legal dentro da propriedade ou posse rural
dever ser aprovada pelo rgo estadual integrante do SISNAMA ou instituio por
ele habilitada, conforme os critrios previstos no art. 14 do Cdigo Florestal.
Art. 18. A rea de Reserva Legal dever ser registrada no rgo ambiental com-
petente por meio de inscrio no CAR de que trata o art. 29, sendo vedada a
alterao de sua destinao, nos casos de transmisso, a qualquer ttulo, ou de
desmembramento, com as excees previstas nesta Lei.
1 A inscrio da Reserva Legal no CAR ser feita mediante a apresentao
de planta e memorial descritivo, contendo a indicao das coordenadas geo-
grficas com pelo menos um ponto de amarrao, conforme ato do Chefe do
Poder Executivo.
Antes de existir o CAR, onde era inscrita a Reserva Legal? Como as pessoas sabiam
que um determinado imvel possua parte de sua extenso como rea de Reserva
Legal?
Antes da Lei n 12.651/2012 (novo Cdigo Florestal), a rea de Reserva Legal era ins-
crita na matrcula do imvel, ou seja, essa informao ficava no cartrio de Registro
de Imveis (art. 167,11, 22, da Lei n 6.015/73).
1 COMPETNCIA
SIM.
O STF tem competncia para processar e julgar causas em que se discute prerro-
gativa dos juzes de portar arma de defesa pessoal, por se tratar de ao em que
todos os membros da magistratura so direta ou indiretamente interessados
(art. 102, I, "n", da CF/88).
STF. Plenrio. Rcl11323 AgR/SP, rei. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavasc-
ki,julgado em 22/4/2015 (lnfo 782).
~
nada determina, nada aplica, nada ordena, nada invalida.
Resumindo:
Nos casos em que a parte questiona a prpria validade do contrato, ela no pre-
cisar respeitar o foro de eleio referente a esse ajuste.
STJ. 3" Turma. REsp 1.491.040-RJ, Rei. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 3!3/2015
(lnfo 557).
~
o de obrigaes dele decorrentes, mas a prpria invalidade do contrato, a ao
de natureza pessoal e, portanto, deve ser proposta no domiclio do ru, como
manda o art. 94 do CPC. (... }{STJ. 3" Turma. REsp 773-753/PR, Rei. Min: Nancy Andri-
ghi,julgado em 0411o/2005). >
Outro argumento que poderia ser invocado o fato de que a clusula do foro de oVI
VI
w
eleio precisa ser, obrigatoriamente, escrita (e assinada), o que no era o caso. u
lac..
1.4 AO EM FACE DE ENTIDADE FECHADA DE PREVIDNCIA COMPLE-
MENTAR
Imagine a situao hipottica:
A Fundao Vale do Rio Doce de Seguridade Social (Valia) uma entidade fechada
de previdncia complementar privada (EFPC) criada com o objetivo de administrar
o plano de previdncia complementar dos empregados da mineradora Vale.
Pedro, funcionrio aposentado da Vale, deseja ajuizar ao contra a Valia em razo
de a entidade no ter cumprido determinada clusula do regulamento do plano de
previdncia.
Vale ressaltar que Pedro trabalhou para a Vale na cidade de Governador Valadares
(MG), a sede da Valia no Rio de Janeiro (RJ) e o regulamento do plano de benefcios
previa, como foro de eleio, a cidade de Belo Horizonte (MG).
Em qual desses lugares dever ser proposta a ao?
Em qualquer um dos trs.
Cumprimento de sentena
A empresa "AA" no concordou com essa clusula de iseno da responsabilidade
da empresa "CC' e ingressou com pedido de cumprimento de sentena ("execu-
o") contra as duas empresas: "BB" e "CC'.
Conexo
A empresa "CC' alega, por fim, que existe conexo entre a execuo em andamento e
a ao declaratria que foi proposta. Logo, pede que a ao declaratria seja distribuda
por conexo para o mesmo juzo ("vara") onde tramita o cumprimento de sentena.
O juiz do processo de cumprimento de sentena deferiu a distribuio por depen-
dncia e a tramitao conjunta.
Ocorre que a empresa "AA" no concordou e suscitou "exceo de incompetncia".
O que decidiu o STJ: possvel que seja reconhecida a conexo no presente caso?
SIM. Pode ser reconhecida a -conexo e determinada a reunio para julgamento
conjunto de um processo executivo com um processo de conhecimento no qual se
Conexo
Aconexo entre duas causas ocorre quando elas, apesar de no serem idnticas, pos-
suem um vnculo de identidade entre si quanto a algum dos seus elementos caracte-
rizadores. So duas (ou mais) aes diferentes, mas que mantm um vnculo entre si.
Aconexo est prevista no art. 103 do CPC 1973 (art. 55 do CPC 2015):
Art. 55 Reputam-se conexa> 2 (duas) ou mais aes quando lhes for comum o
pedido ou a causa de pedir.
Assim, esse vnculo entre as aes, por fora da identidade de um de seus elemen-
tos, denomina-se de conexo.
Efeito da conexo
Quando o juiz verificar que h conexo entre duas causas, ele poder ordenar, de
ofcio ou a requerimento, a reunio delas para julgamento em conjunto. Assim est
previsto no art. 105 do CPC 1973 (3rt. 55, 1 do CPC 2015):
Art. 55(... )
1 Os processos de aes conexas sero reunidos para deciso conjunta, salvo
se um deles j houver sido sentenciado.
possvel que haja conexo, mas sem que haja a reunio de processos
Apesar de a redao do 1 do art. 55 do novo CPC ter sido muito enftica (" 1 Os
processos de aes conexas sero reunidos para deciso conjunta"), importante
esclarecer que possvel que ocorra conexo entre duas aes, mas, mesmo assim,
elas no sejam reunidas para julgamento em conjunto.
Uma coisa a conexo {fato); outra o efeito (reunio de processos). Em alguns
casos, o juiz pode reconhecer que h a conexo ("realmente as duas aes possuem
uma semelhana entre si"), mas, mesmo assim, no ser possvel/recomendvel a
reunio ("mesmo sendo conexas, sero julgadas em separado").
Exemplo de situao em que reconhecida a conexo, mas no se deve reunir os
processos: quando a reunio implicar em modificao da competncia absoluta.
Ex.: duas causas so conexas, mas uma delas tramita na vara cvel e outra na vara
criminal. No poder haver reunio.
Suspenso de um dos processos
Nesses casos, em vez de reunir, um dos processos ficar suspenso aguardando o julga-
mento do outro, nos termos do art. 265, IV, "a", do CPC 1973 (art. 313, V, "a,", do CPC 2015):
Art. 313. Suspende-se o processo:
(... )
V- quando a sentena de mrito:
~
No exemplo que dei logo no incio desta explicao, a ao declaratria tem por
objeto a declarao de inexistncia de relao jurdica que fundamenta a execuo.
Neste caso, recomenda-se a reunio das aes para julgamento em conjunto por
identificar-se uma conexo por prejudicialidade. >
u
A ao declaratria negativa serve ao executado como defesa heterotpica e o
VI
VI
w
muito se assemelha aos embargos do devedor, que tambm possuem a mesma u
o
natureza declaratria.
""
0..
Resumindo:
~~.~conexo entre d~as casas ocorre quando elas, apesar de no serem idnticas,
:?possuem um vnculo de identidade entre si quanto a algum dos seus elemen-
;:Jos caracterizadores. So duas (ou mais) aes diferentes, mas que mantm um
:L~f~i::ulo entre si.
'.."'"'"'""" o texto do CPC, existe conexo quando duas ou mais aes tiverem o
!00l1esmto pedido (objeto) ou causa de pedir.
o juiz verificar que h conexo entre duas causas, ele poder ordenar,
ou a requerimento, a reunio delas para julgamento erri conjunto. Essa
geral, no sern:lo aplicVel; contudo, q~ando .a re~~l() implicar em
OtniCa(;O da competncia absoluta~ .
de cone)Co previsto na .lei COJ1heC:do como co~cpo tr~di:ini'
tradicional) da conexo. Existem autores, contudo, qu defendem qu
que exista conexo entre duas ou mais aes mesmo que o pedido e
Intimao o ato pelo qual se d cincia a algum dos atos e termos do processo( art.
26g do CPC 2015). Sobre o tema, o novo CPC trouxe duas importantes novidades
nos 1 e 2 do art. 269:
DIFERENCAS
.............. ENTRE CITACO E INTIMACO
-~ ........................ ~ ..................... -~ ........................................................... .
CITAO INTIMAO
dirigida a qualquer das partes,
seus advogados, auxiliares da justia
dirigida ao ru ou ao interessado. (peritos, depositrios, testemunhas)
ou a terceiros, a quem cumpre realizar
determinado ato no processo.
Tem por finalidade dar cincia ao ru da Tem por finalidade dar cincia a algum
existncia do processo, permitindo que apre- dos atos e termos do processo, para que
sente sua resposta demanda proposta. faa ou deixe de fazer alguma coisa.
Em regra, a citao deve ser feita pes- Em regra, a intimao feita para
soalmente ao ru (ou ao seu represen- o advogado das partes, mediante
tante, em caso de incapacidade ou ao seu publicao na imprensa oficial, salvo
procurador). quando a lei exigir que seja pessoal.
J
822 < Mrcio Andr Lopes Cavalcante
3 A grafia dos nomes das partes no deve conter abreviaturas.
4 A grafia dos nomes dos advogados deve corresponder ao nome completo e
ser a mesma que constar da procurao ou que estiver registrada na Ordem dos
Advogados do Brasil.
5 Constando dos autos pedido expresso para que as comunicaes dos atos
processuais sejam feitas em nome dos advogados indicados, o seu desatendi-
mento implicar nulidade.
6 A retirada dos autos do cartrio ou da secretaria em carga pelo advogado,
por pessoa credenciada a pedido do advogado ou da sociedade de advogados,
pela Advocacia Pblica, pela Defensoria Pblica ou pelo Ministrio Pblico im-
plicar intimao de qualquer deciso contida no processo retirado, ainda que
pendente de publicao.
7 O advogado e a sociedade de advogados devero requerer o respectivo cre-
denciamento para a retirada de autos por preposto.
8 A parte arguir a nulidade da intimao em captulo preliminar do prprio ato
que lhe caiba praticar, o qual ser tido por tempestivo se o vcio for reconhecido.
9 No sendo possvel a prtica imediata do ato diante da necessidade de aces-
so prvio aos autos, a parte limitar-se- a arguir a nulidade da intimao, caso
em que o prazo ser contado da intimao da deciso que a reconhea.
~
PUBLICAO DE INTIMAO COM ERRO NA GRAFIA DO SOBRENOME DO
ADVOGADO
O que acontece, no entanto, se a publicao for feita com erro no nome do advoga- 5
do e este perder o prazo para a prtica do ato? iJ
o
V\
V\
O STJ entende que, nesses casos, deve ser analisado se o mencionado erro era grave w
u
a ponto de impedir que o advogado identificasse que se tratava do processo que o
patrocina. ""<>.
Assim, no se deve declarar a nulidade da publicao de acrdo do qual conste,
com grafia incorreta, o nome do advogado se o erro insignificante (troca de ape-
nas uma letra) e possvel identificar o feito pelo exato nome das partes e nmero
do processo (STJ. Corte Especial. AgRg nos EDcl nos EAREsp 140.8g8/SP, Rei. Min.
Eliana Calmon, julgado em o2l1o/2013).
Imagine o seguinte caso concreto:
A sentena foi publicada com o patronmico do advogado errado.
O erro ocorreu pelo acrscimo de apenas uma letra, "n", no sobrenome do causdi-
co: constou na publicao "Monreau" e o correto seria "Moreau".
Vale ressaltar que o prenome do advogado estava correto, assim como tambm
estavam certos o nmero do processo e os nomes das partes. O nico erro era essa
letra "n" a mais.
Importante tambm destacar que nas outras publicaes anteriores, o sobrenome
do advogado havia sido escrito da mesma forma (errada), ou seja, com um "n" a
IMPORTAN'fE
NO h nulidade na publicao de ato processual em razo do acrscimo de
uma letra ao sobrenome do advogado no caso em que o seu prenome, o nome
das partes e o nmero do processo foram cadastrados corretamente, sobretudo
se, mesmo com a existncia de erro idntico nas intimaes anteriores, houve
observncia aos prazos processuais passados, de modo a demonstrar que o erro
grfico no impediu a exata identificao do processo.
O entendimento do STJ no sentido de que o erro insignificante na grafia do
nome do advogado, aliado possibilidade de se identificar o processo por ou-
tros elementos, como o seu nmero e o nome da parte, no enseja a nulidade
da publicao do ato processual.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.356.168-RS, Rei. originrio Min. Sidnei Beneti, Rei. para acrdo
Min.Jorge Mussi,julgado em 13/3/2.014 (lnfo 553).
Obs.: penso que esse entendimento deva permanecer o mesmo com o novo CPC.
Compensao
A compensao ocorre quando o credor tambm possui uma dvida a ser paga para
o devedor, razo pela qual dever haver um encontro de contas entre os dois e as
duas obrigaes iro ser extintas at onde se compensarem.
A compensao est prevista no 368 do CC:
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da ou-
tra, as duas obrigaes extinguem-se, at onde se compensarem.
O pedido de Joo poderia ter sido feito por meio de contestao? A compensao
pode ser alegada em contestao?
SIM.
Resumindo:
O processo cvel est suspenso h mais de s anos e at agora no houve nem mesmo
sentena de pronncia no processo criminal. possvel que seja retomado o curso do
processo cvel?
SIM.
IMPQitTA(iiT~
O art. 110 do CPC 1973 prev que, se o resultado do processo (conhecimento da.
lide) depender necessariamente da verificao da existncia de fato delituoso, 0
juiz do processo cvel pode mandar sobrestar o andamento do processo at que
o juzo criminal decida se houve ou no o crime.
O STJ decidiu que a suspenso do processo deten:ninada com base no art.110 do
CPC 1973 no pode superar 1ano, de modo que, ultrapassado esse prazo, pode o
magistrado apreciar a questo prejudicial (pode o juzo cvel decidir se houve o
no crime), que, no entanto, no far coisa julgada material.
STJ. 4 Turma. REsp 1.1g8.o68-MS, Rei. Min. Marco Buzzi,julgado em 2/12/2014 (lnfo 555).
-~~ff~t
O entendimento acima exposto continua vlido com o novo CPC?
SIM. Na verdade, o novo CPC deixa expresso esse prazo de 1 ano. Confira:
Dispensa parcial
A gratuidade da justia poder ser concedida em relao a algum ou a todos os
atos processuais, ou pode consistir apenas na reduo percentual das despesas
processuais que o beneficirio tiver de adiantar no curso do procedimento( 5 do
art. g8 do CPC-2015).
Parcelamento
A depender do caso concreto, o juiz poder conceder ao requerente o direito de
parcelar as despesas processuais que tiver de adiantar no curso do procedimento
( 6 do art. g8 do CPC-2015).
Multas processuais
Mesmo sendo beneficiria da justia gratuita, a pessoa ter o dever de pagar, ao
final, as multas processuais que lhe foram impostas ( 4 do art. g8 do CPC-2015).
Ex.: multa por litigncia de m-f.
l
.
'
.
.
. Principais julgados STF e STJ comentados 2015 > 831
Qual o momento em que dever ser formulado o pedido de justia gratuita? 1
Normalmente o pedido de justia gratuita feito na prpria petio inicial (no caso
do autor) ou na contestao (no caso do ru). No entanto, a orientao pacfica da
jurisprudncia de que a assistncia judiciria gratuita pode ser pleiteada a qual-
quer tempo (STJ. REsp 1261220/SP, DJe 04/12/2012).
O CPC 2015, no 1 do art. gg, deixa mais clara a possibilidade de o pedido ser feito
a qualquer tempo:
Imagine que o juiz conceda o benefcio da justia gratuita logo no incio do proces-
so de conhecimento (ex.: na petio inicial ou na contestao). necessrio que a
parte refaa esse pedido quando se iniciarem as outras fases do processo (ex.: na
fase de recurso, na fase de execuo etc.) ou caso o.corram incidentes processuais?
NO. Quando a assistncia judiciria gratuita for deferida, a eficcia da con-
cesso do benefcio prevalecer, independentemente de renovao de seu pe-
dido, em todas as instncias e para todos os atos do processo- alcanando,'
inclusive, as aes incidentais ao processo de conhecimento, os recursos, as
rescisrias, assim como o subsequente processo de execuo e eventuais em-
bargos execuo.
Assim, depois de a justia gratuita ter sido concedida, ela ir perdurar automati-
camente at o final do processo, e s perder sua eficcia se ojuiz ou o Tribunal .
expressamente revogarem caso tenha comprovadamente mudado a condio
econmico-financeira do beneficirio ("era pobre, ficou rico").
STJ. Corte Especial. AgRg nos EAREsp 86.915-SP, Rei. Min. Raul Arajo, julgado em 26!2/2015
(lnfo 557).
Exemplo
Joo ajuizou ao de indenizao contra Pedro e pediu o benefcio da justia gratui-
ta, o que foi deferido pelo magistrado logo na deciso inicial. O juiz julgou o pedi-
do improcedente. Joo interps apelao. O autor no precisar recolher as custas,
porque j lhe foi deferida justia gratuita (e esse benefcio ainda est valendo). No
recurso proposto, Joo no necessita pedir novamente o benefcio. Imaginemos
que o Tribunal condene Pedro a pagar a indenizao. No momento do cumprimen-
to de sentena (fase de execuo), Joo continuar tendo direito justia gratuita,
mesmo que no faa novo pedido nesse sentido.
Fundamento
O fundamento legal est no art. 9 da Lei n 1.060/50 (que no foi revogado pelo
CPC-2015):
Uma ltima pergunta: depois de o benefcio da justia gratuita ter sido concedido
pelo juiz, possvel que seja revogado caso a condio econmica do beneficirio
tenha melhorado?
SIM. Conforme vimos acima, o benefcio concedido poder ser expressamente revo-
gado se ficar comprovado que houve mudana da condio econmico-financeira
do beneficirio. Isso porque a deciso que concede a gratuidade est condicionada
Art. 101. Contra a deciso que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de
sua revogao caber agravo de instrumento, exceto quando a questo for resol-
vida na sentena, contra a qual caber apelao.
Eantes do novo CPC, como o jurisprudncia do STJ encorovo o temo? A pessoa que
pedia justia gratuito e esta era negado, no momento em que ia recorrer contra a
deciso estava dispensado de pogor os custas do recurso?
~
gratuita para o Tribunal. Neste caso,
consider-lo deserto por falta de prepa- tal pedido precisar ser feito em peti-
ro, uma vez que ainda est sob anlise o o avulsa, que dever ser processada
pedido de assistncia judiciria e, caso em apenso aos autos principais, e no >
seja deferido, neste momento, o efei-
no prprio corpo do recurso, consti- o
V\
to da deciso retroagir at o perodo tuindo erro grosseiro essa prtica (STJ. V\
w
u
da interposio do recurso e suprir a REsp1229778/MA, DJe 13112/2012). ~
ausncia do recolhimento e, caso seja 0..
indeferido, deve ser dada oportunidade Caso assim no proceda, seu recurso
ser considerado deserto.
de regularizao do preparo.
Quem decide assim:
um contrassenso exigir o prvio
pagamento das custas recursais nestes STJ. 2 Turma. AgRg no AREsp 604.866/
casos em que a parte se insurge contra SC, Min. Mauro Campbell Marques,
a deciso judicial que indeferiu o julgado em OJ/os/2015.
pedido de justia gratuita, sob pena de STJ. 3 Turma. AgRg no AREsp 6oo.854/
incorrer em cerceamento de defesa e SP, Min. Ricardo Villas BasCueva,julga-
inviabilizar o direito de recorrer da par- do em 18/o6/2015.
te, motivo pelo qual o recurso deve ser STJ. 4 Turma. AgRg no AREsp 613-443/
conhecido a fim de que seja examinada MS, Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julga-
essa preliminar recursal. do em og/o6/2015.
Quem decidiu assim: STJ. 1 Turma. AgRg Quando o novo CPC entrar em vigor esta
no AREsp 6oo.215-RS, Rei. Min. Napoleo 2 corrente estar superada.
Nunes Maia Filho, julgado em 2/6/zo15
(lnfo 564) .
.............................................................................................................................
Art. 12. A parte beneficiada pela iseno do pagamento das custas ficar obriga-
da a pag-las, desde que possa faz-lo, sem prejuzo do sustento prprio ou da
famlia, se dentro de cinco anos, a contar da sentena final, o assistido no puder
satisfazer tal pagamento, a obrigao ficar prescrita.
3 LITISCONSRCIO
3.1 PRAZO EM DOBRO DOS LITISCONSORTES COM PROCURADORES
DIFERENTES
Persiste o prazo em dobro mesmo na hiptese dos litisconsortes serem marido e mulher?
SIM, considerando que a Lei no faz qualquer ressalva quanto a tanto, exigindo
apenas que tenham diferentes procuradores (STJ REsp 973-465-SP).
Esse prazo em dobro vale apenas na 1 instncia?
NO. O benefcio abrange tambm as instncis recursais.
Imagine que so dois rus em litisconsrcio (Joo e Pedro}, representados por advo-
gados diferentes, de escritrios distintos. Ocorre que apenas um deles (Joo) apre-
sentou defesa, sendo Pedro revel. Joo continuar tendo prazo em dobro para as
demais manifestaes nos autos?
NO. Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 rus, oferecida
defesa por apenas um deles (art. 229, 1 do CPC 2015).
O benefcio do prazo em dobro para os litisconsortes vale para processos eletrnicos?
Resumindo:
Obenefcio
' do prazo em dobro para os litisconsortes
. vale para processo~ eletrnico$~~ '~
;, No CPC 1973: SIM. ;~
j
3.2 TERCEIRO NO PODE AJUIZAR A AO APENAS CONTRA A SEGURA-
DORA DO CAUSADOR DO DANO
j
~;smula 529-STJ: No seguro de responsabilidade civil facultativo, no cabe o ajui-
~i~mento de ao pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da j
(;.~~guradora do apontado causador do dano.
!"::"\....'
1 PONTO IMPORTANTE: j
~I
Pedro (terceiro prejudicado}, sabendo que Jos tem contrato de seguro, pode deixar
de lado o causador do dano e ajuizar ao de indenizao apenas contra a "Segura-
dora X" cobrando seu prejuzo?
>
NO. Segundo entendimento pacfico do STJ, o terceiro prejudicado no pode ajuizar,
direta e exclusivamente, ao judicial em face da seguradora do causador do dano.
j
STJ. 2 Seo. REsp 962.230-RS, Rei. Min, Luis Felipe Salomo, julgado em 8/2/2012 (recurso re-
petitivo) (lnfo 490),
j
Esse entendimento j era pacfico no STJ h alguns anos e agora foi materializado
em uma smula:
j
~ Smula 529-STJ: No seguro de responsabilidade civil facultativo, no cabe o ajui-
- zamento de ao pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da
seguradora do apontado causador do dano, j
Obs,: a smula fala em "seguro de responsabilidade civil facultativo" para deixar
claro que est tratando daquele seguro que os proprietrios de carro fazem espon- j
taneamente com a seguradora, O objetivo foi deixar claro que a s-mula no est
tratando sobre o seguro DPVAT, que um seguro obrigatrio de danos pessoais j
causados por veculos automotores de via terrestre,
Vejamos os principais argumentos utilizados pelo STJ para chegar concluso ex- j
Posta na smula:
A obrigao da seguradora de ressarcir os danos sofridos por terceiros pressupe a
responsabilidade civil do segurado, Em outras palavras, a seguradora s paga o ter- j
j
ceiro prejudicado se o segurado teve "culpa" pelo acidente. Como regra, no se pode
reconhecer a responsabilidade civil do segurado em um processo judicial sem que
ele tenha participado, sob pena de ofensa ao devido processo legal e ampla defesa.
A obrigao da seguradora est sujeita a condio suspensiva, que no se imple-
menta pelo simples fato da ocorrncia do sinistro, mas somente pela verificaco
da eventual obrigao civil do segurado. '
O seguro de responsabilidade civil facultativo no espcie de estipulao a fa-
vor de terceiro alheio ao negcio. O indivduo que faz o segum de veculos no
contrata a seguradora para pagar uma indenizao em favor de terceiros. O segu-
rado contrata a seguradora para que esta cubra os prejuzos que ele, segurado, for
obrigado a pagar. Assim, diz-se que quem sofre o prejuzo o causador do dano e
este prejuzo "garantido" (pago) pela seguradora.
O ajuizamento direto e exclusivamente contra a seguradora ofende os princpios
do contraditrio e da ampla defesa, pois a r (seguradora) no teria como defen-
der-se dos fatos expostos na inicial, especialmente no que tange descrio e aos
detalhes do sinistro (acidente).
O ajuizamento direto e exclusivamente contra a seguradora inviabiliza, tambm,
que a seguradora possa discutir no processo eventuais fatos extintivos da cobertu-
ra securitria, pois, a depender das circunstncias em que o segurado se envolveu
no sinistro, poderia a seguradora eximir-se da obrigao contratualmente assumi-
da. o caso, por exemplo, do contrato de seguro que estipula que se o segurado
estava embriagado a seguradora se isenta da obrigao contratual. Se o segurado
no est na lide, tais discusses no podero ser suscitadas pela seguradora.
Essa a explicao da smula. Se voc queria entend-la, at aqui est bom. No en-
tanto, a seguir vou aprofundar um pouco mais o tema com dois tpicos importantes.
zo PONTO IMPORTANTE:
Vamos supor outra hiptese. Pedro ajuizou a ao de indenizao apenas contra
Jos cobrando as despesas do conserto. Jos poder fazer a denunciao da lide
seguradora?
SIM, nos termos do art. 70,111 do CPC 1973 (art.125, 11, do CPC 2015):
Art. 125. admissvel a denunciao da lide, promovida por qualquer das partes:
(...)
l i - quele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ao
regressiva, o prejuzo de quem for vencido no processo.
Nesta situao acima relatada,o juiz ir condenar Jos e a "Seguradora X", de modo que
Pedro poder executar tanto o denunciante (Jos) como a denunciada {Seguradora).
Isso bom porque a vtima no ser obrigada a perseguir seu direito somente contra
o autor do dano (Jos), o qual poderia no ter condies de arcar com a condenao.
Pri1cipais fundamentos do entendimento do STJ:
pacificao social;
tfetividade da tutela judicial prestada;
garantia da durao razovel do processo;
indenizabilidade plena do dano sofrido.
Ressalte-se que a seguradora denunciada ter direito ao contraditrio e ampla
defesa, com todos os meios e recursos disponveis.
Vamos agora imaginar uma ltima hiptese. Pedro poder ajuizar a ao de indeni-
ZtJfo contra Jos e a "Seguradora X'~ em litisconsrcio passivo?
SIM. possvel o ajuizamento de ao de indenizao por acidente de trnsito contra
o segurado apontado como causador do dano e contra a seguradora obrigada por
ccntrato de seguro, desde que os rus no tragam aos autos fatos que demonstrem
a inexistncia ou invalidade do contrato de seguro (nem o causador do dano nem a
seguradora neguem a existncia do seguro ou questionem as clusulas do contrato).
O STJ afirmou que esse ajuizamento contra ambos possvel porque no haver
nenhum prejuzo para a seguradora, considerando que ela certamente seria convo-
cada pelo segurado para compor a lide, por meio de denunciao da lide.
STJ.4 Turma. REsp 710.463-RJ, Rei. Min. Raul Arajo, julgado em 9/4/2013 (lnfo 518).
HONORRIOS ADVOCATCIOS
Honorrios advocatcios so verba de natureza alimentar
Os honorrios advocatcios so a remunerao do advcgado e, portanto, possuem
carter alimentar. Esse o entendimento pacfico tanto do STJ como do STF.
como se fosse o "salrio" de um empregado. O CPC 2015 prev isso expressamente:
Art. ss (... )
14.0s honorrios constituem direito do advogado e tm natureza alimentar;
com os mesmos privilgios dos crditos oriundos da legislao do trabalho, sen-
do vedada a compensao em caso de sucumbncia parciaL
Espcies de honorrios advocatcios
Os honorrios advocatcios dividem-se em:
Contratuais (convencionados}: ajustados entre a parte e o advogado por meio
de um contrato. Ex.: a Unio ajuizou ao de desapropriao contra Joo. Este
procura, ento, um advogado e firma com ele um contrato para que o causdico
prepare sua defesa e acompanhe a demanda. Joo combina o pagamento de R$
20 mil reais para Dr. Rui (seu advogado).
~
transitada em julgado.
Unio
Para as condenaes envolvendo a Unio, pequeno valor equivale a 6o salrios m-
nimos (art. 17, 1, da Lei n 10.259/2001).
Em 2o16, levando-se em considerao o salrio-mnimo de R$ 88o,oo, isso significa
que, nas dvidas em que a Unio for condenada at R$ 52. 8oo,oo (6o x 88o), a parte
beneficiria no precisar entrar na fila dos precatrios, recebendo a quantia por meio
de requisio de pequeno valor (RPV), um procedimento muito mais simples e clere.
RPV
Nas hipteses de "pequeno valor", o pagamento feito por meio de requisio de
pequeno valor (RPV), que se trata de uma ordem expedida pela autoridade judicial
autoridade da Fazenda Pblica responsvel para pagamento da quantia devida.
CPC 1973:
Os honorrios eram fixados segundo apreciao equitativa do juiz:
Art. 20 (... ) 4 Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimvel, naquelas
em que no houver condenao ou for vencida a Fazenda Pblica, e nas exe-
cues, embargadas ou no, os honorrios sero fixados consoante apreciao
equitativa do juiz, atendidas as normas das alneas a, b e c do pargrafo anterior.
CPCzors:
O novo CPC prev uma infinidade de regras no art. 85 para tratar dos honorrios
advocatcios pagos pela Fazenda Pblica.
Segundo o 3, nas causas em que a Fazenda Pblica for parte, a fixao dos hono-
rrios observar os seguintes percentuais:
Observaes:
os percentuais acima previstos devem ser aplicados desde logo, quando for lqui-
da a sentena;
no sendo lquida a sentena, a definio do percentual somente ocorrer quan-
do liquidado o julgado;
no havendo condenao principal ou no sendo possvel mensurar o proveito
econmico obtido, a condenao em honorrios ser feita com base no valor
atualizado da causa;
Imagine que a Unio foi condenada a pagar R$ 40 mil reais a Joo. O magistrado
condenou a Unio a pagar 10% de honorrios advocatcios, ou seja, Dr. Rui, advoga-
do de Joo, ter direito a R$ 400 de honorrios advocatcios sucumbenciais.
Neste caso, aps transitar em julgado, o juiz determina a expedio de uma RPV
para pagar o crdito principal de Joo e outra para pagar os honorrios sucumben-
ciais do Dr. Rui.
Se voc ler novamente a SV 47, ver que ela fala em "honorrios advocatcios in-
cludos na condenao ou destacados do montante principal'~ O que significa isso?
Qual a diferena?
Honorrios includos na condenao: so os honorrios sucumbenciais, ou seja, a
quantia que o juiz condenou a Fazenda Pblica a pagar em favor da outra parte,
que foi a vencedora. Como vimos acima, esses honorrios sucumbenciais sero
includos na condenao, ou seja, iro figurar na sentena (ttulo executivo) e, a
depender do valor, sero pagos por RPV ou precatrio. Mesmo que sejam pagos
por precatrio, esse crdito ir entrar na fila preferencial de verbas alimentcias.
Honorrios advocatcios destacados do montante principal: so os honorrios contra-
~
tuais que o advogado da parte vencedora pode pedir ao juiz para que sejam "destaca-
dos" (reservados, separados) do valor que o seu cliente ir receber da Fazenda Pblica.
Ex.: Joo e Dr. Rui celebraram contrato de prestao de honorrios advocatcios por
meio do qual ficou combinado que o advogado, como remunerao pelo seu traba- o
lho, teria direito a 20% do valor que a parte fosse receber da Unio caso se sagrasse "'"'uw
vencedora na lide. Essa verba constitui-se em honorrios advocatcios contratuais. ~
o.
O que nem todos sabem que o advogado pode pedir que essa quantia seja des-
tacada do montante principal que a parte ir receber. Assim, imagine que a sen-
tena determina que a Unio pague R$ 1 milho a Joo; por fora de contrato, Dr.
Rui ter direito a 20% disso (R$ 200 mil); a fim de se precaver e evitar um ina-
dimplemento por parte de seu cliente, Dr. Rui poder pedir que seus honorrios
sejam destacados do montante principal. Dessa forma, no momento de "sacar" o
valor do precatrio, Joo ir receber apenas R$ 8oo mil e Dr. Rui poder, ele pr-
prio, sacar R$ 200 mil. O que vou falar agora no tecnicamente correto e serve
apenas para voc entender melhor: esse destaque como se fosse uma penhora;
o cliente do advogado tem um crdito para receber, mas ele tambm tem uma
dvida com seu advogado; logo, o Poder Judicirio autoriza que, antes de a parte
receber o valor total da condenao, a quantia que pertence ao advogado j seja
separada para ser entregue ao causdico.
Vale ressaltar, mais uma vez, que esses R$ 200 mil so apenas os honorrios con-
tratuais. Alm deles, o advogado ir receber os honorrios sucumbenciais que
esto includos na condenao.
Art. 22. A prestao de servio profissional assegura aos inscritos na OAB o direito
aos honorrios convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de
sucumbncia.
,
I\ ... \
Voltando ao exemplo:
Dr. Rui pediu que fossem destacados seus honorrios contratuais do valor que Joo
tem para receber da Unio. O juiz autorizou e foi destacada a quantia de R$ 200 mil.
Joo, para receber seu valor restante (R$ 8oo mil), entrar na fila geral de precat-
rios, enquanto Dr. Rui poder aguardar seu crdito na "fila preferencial".
O STJ decidiu, sob a gide do CPC 1973, que no cabiaa execuo de honorrios ad-
vocatcios com base na expresso "invertidos os nus da sucumbncia" empregada
por acrdo que, anulando sentena de mrito que fixara a verba honorria emper-
entual sobre o valor da condenao, extinguiu o processo sem resoluo de mrito.
, STJ; 3" Turma. REsp 1.285.074-SP, Rei. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 23{6/2015
{lnfo 565).
18. Caso a deciso transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos ho-
norrios ou ao seu valor, cabvel ao autnoma para sua definio e cobrana.
Diante disso, com a entrada do CPC 2015, a smula 453 do STJ fica SUPERADA.
~
extrajudicial, nos termos do art. 568, I, do CPC 1973 (art. 779, I, do CPC 2015):
Art. 779 A execuo pode ser promovida contra:
5
I - o devedor, reconhecido como tal no ttulo executivo;
o
Desse modo, no se justifica; na espcie, a aplicao da teoria da aparncia- ao V>
V>
w
menos para o fim de constituir automaticamente ttulo executivo extrajudicial. u
o
Com efeito, no se est a tratar de ,relao de consumo ou hiptese outra que au- ""a.
torize presumir a hipossuficincia do advogado contratado. Este, na verdade, est
apenas a cobrar honorrios advocatcios decorrentes de contrato de prestao de
servios firmado com sociedade empresria especfica, no havendo indcios obje-
tivos que permitam, no processo de execuo, reconhecer-se a existncia de con-
fuso ou dvida quanto ao real devedor, de modo a estender a responsabilidade
para alm da contratante. No pode o credor, no intuito de agilizar o resgate de seu
crdito perante sociedade empresria em aparente dificuldade financeira, direcio-
nar a execuo para outras sociedades- ainda que integrantes do mesmo grupo
econmico- contra as quais no possui ttulo executivo, atropelando as normas
legais. A teoria da aparncia, definitivamente, no admite esse vis.
5 OUTROS TEMAS
~ MEDIAO (LEI13.140/2015)
Em 2015, foi aprovada a Lei n 13.140/2015, que dispe sobre a MEDIAO.
A razo de ser da smula 372 do STJ est no fato de que no cabvel a multa por-
que existem outros instrumentos e sanes processuais que podem ser utilizados
para suprir o descumprimento da ordem judicial. O juiz pode, por exemplo, pre-
sumir que as informaes que esto supostamente presentes no documento so
verdadeiras (art. 359 do CPC 1973 I art. 400 do CPC 2015). Outra alternativa que o
magistrado possui a determinao de busca e apreenso.
Art-400 (...)Pargrafo nico. Sendo necessrio, o juiz pode adotar medidas indutivas,
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatrias para que o documento seja exibido.
Art. 403 (... ) Pargrafo nico. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedir
mandado de apreenso, requisitando, se necessrio, fora policial, sem prejuzo
da responsabilidace por crime de desobedincia, pagamento de multa e outras
53 ASTREINTES
~
devedora alegou que o valor da multa deveria ser reduzido porque estava superior
obrigao principal.
Em tese, ou seja, na teoria, possvel que o juiz, aps o devedor j ter descumprido a >
multa fixada, reduza o seu valor?
oVI
VI
SIM. possvel que o juiz, adotando os critrios da razoabilidade e da proporcionali- w
u
dade, possa limitar o valor da astreinte,a fim de evitar o enriquecimento sem causa o
do exequente. Essa possibilidade est prevista no CPC:
""
c..
Resumindo:
Obs.1: vrios doutrinadores de peso defendem que, mesmo sob a gide do CPC 1973,
a deciso parcial de mrito j seria admitida com base no art. 273, 6. Eles susten-
tem que o 6 do art. 273 do CPC no trata, propriamente, de tutela antecipada,
mas sim de uma hiptese de julgamento antecipado parcial da lide. Nesse sentido:
Fredie Didier Jnior, Cssio Scarpinella Bueno, Daniel Mitidiero, Leonardo Jos Car-
neiro da Cunha e Joel Dias Figueira Jnior. Essa corrente, contudo, no foi adotada
pelo STJ. Para a Corte, a deciso a que se refere o 6 do art. 273 do CPC, apesar de
ser concedida mediante tcnica de cognio exauriente, continua sendo, por op-
o legislativa, uma hiptese de tutela antecipada. Sobre o tema, confira o REsp
1.234.887-RJ, Rei. Min. Ricardo Vil las BasCueva,julgado em 19/9/2013, explicado no
lnfo 532. Desse modo, a mudana do CPC possui sim importantes reflexos prticos.
Obs.2: se o juiz proferiu julgamento parcial de mrito na vigncia do CPC 1973, tal
deciso equivocada e dever ser anulada, ainda que analisada aps a entrada em
vigor do CPC 2015. A entrada em vigor do novo CPC no convalida a deciso parcial
de mrito eventualmente prolatada no sistema anterior. Isso porque incide o prin-
cpio do tempus regitactum.
No novo CPC, a deciso que julga parcialmente o mrito, nos termos do art. 356,
classificada como deciso interlocutria ou sentena?
Deciso interlocutria. Trata-se de uma deciso interlocutria de mrito.
Qual o recurso cabvel contra a deciso que julga antecipado parte do mrito?
A deciso proferida com base no art. 356 impugnvel por agravo de instrumento( 5).
Art. 83 (... )
1 No se exigir a cauo de que trata
Art. 836.No se exigir, porm, a cau- o caput:
o, de que trata o artigo antecedente: 1- quando houver dispensa prevista em
I - na execuo fundada em ttulo acordo ou tratado internacional de que o
extrajudicial; Brasil faz parte;
11- na reconveno. 11- na execuo fundada em ttulo extra-
judicial e no cumprimento de sentena;
111- na reconveno.
-~-~-~-~~~-~-~~-~-~~~~-~~~!..!~-~~-~~~-~-~~~t.,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
CPC 1973 CPC 2015
Art. 16.Responde por perdas e danos Art. 79.Responde por perdas e danos aquele
aquele que pleitear de m-f como que litigar de m-f como autor, ru ou
autor, ru ou interveniente. interveniente.
Observaes:
No houve nenhuma mudana substancial entre os dispositivos, tendo sido ape-
nas substituda a palavra pleitear por litigar.
Art. 143. O juiz responder, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
1- no exerccio de suas funes, proceder com dolo ou fraude;
11- recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providncia que deva ordenar
de ofcio ou a requerimento da parte.
Pargrafo nico. As hipteses previstas no inciso li somente sero verificadas de-
pois que a parte requerer ao juiz que determine a providncia e o requerimento
no for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.
m-f a pagar multa no excedente a um multa, que dever ser superior a um por
por cento sobre o valor da causa e a inde- cento e inferior a dez por cento do valor
nizar a parte contrria dos prejuzos que corrigido da causa, a indenizar a parte
esta sofreu, mais os honorrios advocat- contrria pelos prejuzos que esta sofreu
cios e todas as despesas que efetuou. e a arcar com os honorrios advocatcios
1 Quando forem dois ou mais os e com todas as despesas que efetuou.
litigantes de m-f, o juiz condenar 1 Quando forem 2 (dois) ou mais os
cada um na proporo do seu respectivo litigantes de m-f, o juiz condenar
interesse na causa, ou solidariamente cada um na proporo de seu respecti-
aqueles que se coligaram para lesar a vo interesse na causa ou solidariamen-
parte contrria. te aqueles que se coligaram para lesar
2 O valor da indenizao ser desde a parte contrria.
logo fixado pelo juiz, em quantia no su- 2 Quando o valor da causa for irris-
perior a 20% (vinte por cento) sobre o valor rio ou inestimvel, a multa poder ser
da causa, ou liquidado por arbitramento. fixada em at 10 (dez) vezes o valor do
salrio-mnimo.
3 O valor da indenizao ser fixado
pelo juiz ou, caso no seja possvel
mensur-lo, liquidado por arbitramen-
to ou pelo procedimento comum, nos
prprios autos.
Observaes:
A multa por litigncia de m-f aumentou. Agora ela dever ser fixada entre 1% a
~
>
10% sobre o valor da causa corrigido (caput). o
"'
"'w
Agora existe uma regra expressa prevendo que, se o valor da causa for irrisrio ou u
inestimvel, a multa ser fixada em at 10 salrios-mnimos. ~
c..
Sanes aplicveis
Repare no caput do art. 18 do CPC 1973 (art. 81 do CPC 2015) que so previstas trs
sanes aplicveis ao litigante de m-f:
multa;
indenizao pelos prejuzos causados parte contrria;
condenao nos honorrios advocatcios e despesas.
Desnecessidade de comprovao de prejuzo para que sejam aplicadas as sanes
Ateno para uma peculiaridade: o CPC estabelece que o litigante de m-f dever
"indenizar a parte contrria pelos prejuzos que esta sofreu".
Apesar dessa redao indicar aparentemente o contrrio, o STJ entende que NO
necessrio comprovar prejuzo para a fixao dessa indenizao.
Assim, para o STJ, uma vez reconhecida a litigncia de m-f, devem ser impostas a
multa e a indenizao (perdas e danos), sendo, no entanto, DESNECESSRIA a prova
do prejuzo sofrido pela parte adversa.
O pedido das partes deveria ter sido acolhido? Mesmo aps a publicao do acrdo
possvel que as partes cheguem a um acordo e requeiram a sua homologao em juzo?
SIM.
6 AO RESCISRIA
6.1 NOCES GERAIS
CONCEITO
Ao rescisria uma ao que tem por objetivo desconstituir uma deciso judicial
transitada em julgado.
COMPETNCIA
Aao rescisria sempre julgada por um tribunal (nunca por um juiz singular).
Quem julga a rescisria sempre o prprio tribunal que proferiu a deciso rescin-
denda.
~
Art. 975 O direito resciso se extingue
Art. 495 O direito de propor ao resci-
. t (d . ) em 2 (dois) anos contados do trnsito
sana se ex mgue em 2 o1s anos, con- . d d 'lt d - f d
tad d t - t 1 d d d . - em JU 1ga o a u 1m a eCJsao pro en a
....... ~~ ...~...~~.~~~.. ~ .~~ J~ .~.~ .. ~ ...~ ...~.~~.~~~..... ~~ .P.~~s~~?.~: .......................................... .
>
u
o
V>
Repare que o CPC 2015 acrescenta importante parte final no seu texto, explicitando V>
w
u
que o prazo para a rescisria contado da ltima deciso proferida no processo. o
"'o.
Muita ATENO aos 2 e 3 do art. 975 do novo CPC, que trazem duas importan-
tssimas excees regra do caput. Memorizem essas situaes porque elas sero
constantemente cobradas nas provas:
VALOR DA CAUSA
o autor da ao deve indicar, na petio inicial, o valor da causa (art. 319, V do CPC 2015).
A toda causa ser atribudo valor certo, ainda que no tenha contedo econmico
imediatamente afervel (art. 291 do CPC 2015). O valor da causa deve ser estipulado
em reais.
Em regra,o valor da causa na ao rescisria dever ser o mesmo que foi atribu-
do para a ao principal (originria), devidamente atualizado monetariamente
(valor da causa da ao originria+ correo monetria).
6.4 ANLISE DO ART. 485, V DO CPC 1973 (ART. g66, V, DO CPC 2015)
HIPTESES
O CPC prev as hipteses em que a ao rescisria cabvel.
Vamos comparar como o tema tratado no novo CPC:
Art. 485.A sentena de mrito, transitada Art. 966. A deciso de mrito, transitada
em julgado, pode ser rescindida quando: em julgado, pode ser rescindida quando:
1- se verificar que foi dada por prevarica- 1- se verificar que foi proferida por
o, concusso ou corrupo do juiz; fora de prevaricao, concusso ou
corrupo do juiz;
11- proferida por juiz impedido ou absolu-
tamente incompetente; 11- for proferida por juiz impedido ou
por juzo absolutamente incompetente;
~
(invalidar confisso, desistncia ou
um fato inexistente, ou quando considerar
transao) no mais previsto como
inexistente um fato efetivamente ocorrido.
hiptese de cabimento de rescisria,
2 indispensvel, num como noutro sendo caso de ao anulatria( 4 do >
caso, que no tenha havido controvrsia,
art. 966 do CPC 2015). o
nem pronunciamento judicial sobre o fato. VI
VIII- for fundada em erro de fato VI
w
u
verificvel do exame dos autos. o
1 H erro de fato quando a deciso
"'
0..
ANLISE DO INCISO V
4
O ~n~iso V do art. 485 prev que cabvel a ao rescisria quando a sentena de
rnento transitada em julgado "violar literal disposio de lei".
O CPC de 2015 melhorou a redao da hiptese, incorporando em seu texto os en-
tendimentos da jurisprudncia sobre o tema. Agora, diz-se que cabvel a ao
rescisria quando a deciso "violar manifestamente norma jurdica".
~
Em uma sentena, o juiz condenou a parte vencida a pagar honorrios advocatcios
e os calculou na forma do 3 do art. 20 do CPC 1973.
Aps ter ocorrido o trnsito em julgado da deciso, percebeu-se o equvoco, consi-
derando que deveria ter sido utilizado o 4 do art. 20 do CPC 1973 para calcular a o
V\
V\
verba honorria. w
u
o
Vale ressaltar que j havia transcorrido o prazo para a ao rescisria. "'
0..
DEVER PREVALECER A
DEVER PREVALECER A 2 3 COISA JULGADA
t COISA JULGADA
Pontes de Miranda, Vicente Greco Filho, Bar-
bosa Moreira, Cndido Rangei Dinamarco,
Arruda Alvim, Nelson Nery Jr. e Rosa Humberto Theodoro Jr.
Nery, Araken de Assis, Teresa Wam-
bier, Srgio Gabriel Porto, Slvio de Os que sustentam essa posio defendem
que a segunda sentena dever prevalecer
Figueiredo Teixeira.
at que seja desconstituda por meio de ao
rescisria. Passado o prazo, no h mais jeito.
Qual das duas posies foi acolhida pelo STJ? Qual coisa julgada dever prevalecer?
Existem duas correntes tambm no STJ:
PREVALECE A t COISA JULGADA PREVALECE A z COISA JULGADA
(POSIO DA 3" TURMA DO STJ) (POSIO DA z TURMA DO STJ)
A segunda sentena inexistente, Havendo conflito entre duas coisas julga-
porque foi proferida numa demanda das, prevalecer a que se formou por lti-
em que o autor era carente de ao mo, enquanto no desconstituda median-
(por falta de interesse jurdico). te ao rescisria.
A coisa julgada tambm um Assim, em regra, prevalece a segunda senten-
pressuposto processual negativo (ou a transitada em julgado, a no ser que ela
extrnseco), de forma que a segunda seja desconstituda por meio de ao rescis-
ao foi proposta em afronta a esse ria. Enquanto no for, ela que vale. Se trans-
pressuposto, o que tambm conduz correr o prazo de 2 anos para ajuizamento da
inexistncia da segunda sentena. rescisria, a segunda valer para sempre.
STJ. 3" Turma. REsp 1.354.225-RS, Rei. STJ. 2" Turma. REsp 1.524.123-SC, Rei. Min.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Herman Benjamin, julgado em 26/5/2015
julgado em 24/2/2015 (lnfo 557). (lnfo 565).
878
j
< Mrcio Andr Lopes Cavalcante
.
.
PREVALECE A 1 3 COISA JULGADA PREVALECE A za COISA JULGADA
(POSIO DA33 TURMA DO STJ) (POSIO DA za TURMA DO STJ)
h necessidade de ao rescisria, Aexceo de pr-executividade NO serve
podendo-se obter a declarao de no caso para substituir a ao rescisria.
inexistncia perante o prprio juzo
de origem, por meio de ao ou
objeo, esteja ou no transcorrido o
prazo decadencial da rescisria.
Vale ressaltar, no entanto, que o
lesado poder perfeitamente alegar
o vcio por meio de rescisria.
Resumindo:
Caso haja duas sentenas transitadas em julgado envolvendo as mesmas partes,
mesma causa de pedir e mesmo pedido, qual delas dever prevalecer?
Existem duas correntes na doutrina e no STJ:
1. Prevalece a 13 coisa julgada.
Posio da 33 Turma do STJ.
Na doutrina: Arruda Alvim, Nelson Nery Jr. e Rosa Nery, Araken de Assis, Teresa
Wambier, Srgio Gabriel Porto,'Slvio de Figueiredo Teixeira.
~
A segunda sentena seria inexistente.
STJ. 3 Turma. REsp 1.354.225-RS, Rei. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/2/2015
(lnfo 557). . ;::: '
U I
2. Prevalece a 2 coisa julgada, a no ser que ela seja desconstituda por ao
3
o
rescisria. "'
"'
w
u
Posio da 2 3 Turma do STJ. ~
0..
Na doutrina: Pontes de Miranda, Vicente Greco Filho, Barbosa Moreira, Cndi-
do Rangel Dinamarco, Humberto Theodoro Jr.
Havendo conflito entre duas coisas julgadas, prevalecer a que se formou por
ltimo, enquanto no desconstituida mediante ao rescisria.
STJ. 2Turma. REsp 1.524.123-SC, Rei. Min. Herman Benjamin,julgado em 26/5/2015 (lnfo 565).
7RECURSOS
7.1 TEMPESTIVIDADE
Situao 1:
Joo foi intimado da sentena no dia 01/02. Ele quer interpor apelao (cujo prazo
de 15 dias).
Pelas regras do CPC-1973, pode-se dizer que o prazo de incio da contagem foi adiado para
o dia 03/02, em virtude de no dia 02102 o expediente ter encerrado mais cedo? Em outras
palavras, a contagem, que deveria comear no dia 02/o2,joi postergada para o dia 03/oz?
NO. O disposto no art. 184, 1, 11, do CPC-1973 somente se aplica quando a data
final do prazo (dia de vencimento do prazo -dies ad quem) cair em um dia no qual
o expediente forense terminar mais cedo.
O art. 184, 1,11, do CPC-1973 no se aplica para os casos em que a data inicial do
prazo (dies a quo) cair em um dia no qual o expediente forense terminar mais cedo.
Em outras palavras, para o CPC-1973, mesmo que o prazo tenha comeado a correr
em um dia no qual o expediente forense terminou mais cedo, ainda assim esse dia
entrar na contagem do prazo normalmente.
Desse modo, a prorrogao em razo do encerramento prematuro do expediente
forense aplica-se to somente em relao ao dies ad quem (dia do vencimento) do
prazo recursal, no se aplicando para o dies a quo (dia de incio).
....
de incio.
Resumindo:
.\
Se o dia do vencimento do prazo do recurso cair em uma data na qual o expe-
diente forense foi encermdo mais cedo que o normal, haver prorrogao para
odia subsequente?
CPC-1973: SIM
CPC-2.015: SIM
Se o dia do incio do prazo do recurso cair em uma data na qual o expediente
forense foi encerrado mais cedo que o normal, haver prorrogao do incio para
o dia subsequente?
CPC-1973: NO
CPC"2.015: SIM
Para o CPC-1973, a prorrogao em razo do encerramento prematuro do expe-
diente forense aplica-se to somente em relao ao dies ad quem {dia do venci-
mento} do prazo recursal, no se aplicando para o dies a quo {dia de incio).
STJ. Corte Especial. EAREsp 185.695-PB, Rei. Min. Felix Fischer, julgado em 4/2/2015 (lnfo 557).
Tempestividade
Para que um recurso seja conhecido, indispensvel que ele preencha requisitos
intrnsecos e extrnsecos. Um dos requisitos extrnsecos de todo e qualquer recurso
a tempestividade.
Tempestividade significa que o recurso deve ser interposto dentro do prazo fixa-
do em lei.
Todo recurso tem um prazo e, se a parte o interpe aps este prazo, o recurso no
ser conhecido por intempestividade.
Tal entendimento era extremamente criticado pela doutrina e, por isso, a mudana
de posio do STF foi muito salutar.
O novo entendimento do STF acima exposto continua vlido com o novo CPC?
SIM. Na verdade, o novo CPC refora a nova concluso do STF ao trazer a seguinte regra:
Quem julgar estes recursos e qual deles dever ser apreciado por primeiro?
O REsp julgado pelo STJ e os embargos de declarao, pelo prprio TJ. Justamente
por isso, os embargos devem ser julgados em primeiro lugar e s depois os autos
sero remetidos ao STJ para apreciao do REsp.
~
Os embargos de declarao foram julgados conhecidos e improvidos (rejeitados)
em 20/05/2015 e o acrdo publicado no dia 23/05/2015.
Diante disso, indaga-se: o recurso que havia sido interposto antes do deciso dos >
embargos de declarao continuo vlido e poder ser conhecido pelo Tribunal od
o
V\
quem ou o porte que o ajuizou dever ratific-lo (confirm-lo) aps os embargos V\
w
u
serem julgados? ~
0..
'
No necessria a ratificao do recurso interposto na pendncia de julgamen-
. to de embargos de declarao quando, pelo julgamento dos aclaratrios, no
houver modificao do julgado embargado.
STJ. Corte Especial. REsp 1.129.215-DF, Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 16/g/2015
. (lnfo 572) .
NOVO CPC
7.2PREPARO
PREPARO
Preparo consiste no pagamento das despesas relacionadas ao processa menta do
recurso.
No preparo incluem-se:
taxa judiciria (custas);
despesas postais com o envio dos autos (chamado de "porte de remessa e de
retorno" dos autos).
Desse modo, "preparar" o recurso nada mais que pagar as despesas necessrias
para que a mquina judiciria d andamento sua apreciao. O pagamento do
preparo feito, comumente, na rede bancria conveniada com o Tribunal.
MOMENTO DO PREPARO
O CPC afirma que a parte que est recorrendo da deciso precisa comprovar o pre-
paro no momento da interposio do recurso. Logo, o preparo (recolhimento do
valor) deve ser feito antes da interposio do recurso e, junto com o recurso inter-
posto, o recorrente deve juntar o comprovante do pagamento.
DESERCO
'
Desero a inadmissibilidade do recurso pela falta ou insuficincia de preparo,
observados os 2 e 4 do art. 1.007 do CPC 2015. Se o recurso foi deserto, significa
que ele no foi conhecido (no foi sequer apreciado}. Gramaticalmente, desertar
mesrno que abandonar.
.J
COMPROVACO DE PAGAMENTO DE PREPARO RECURSAL VIA RECIBO EX-
TRADO DA NTERNET
A parte pode pagar o preparo recursal por meio da internet, imprimir essa transao
bancria e juntar no recurso? vlida a prova da realizao do preparo recursal me-
diante a juntada de comprovante de pagamento emitido via internet?
SIM.
~
porte de remessa e de retorno).
Joo pagou o porte de remessa e retorno e, no momento da interposio do REsp, com-
provou este pagamento juntando a respectiva GRU {Guia de Recolhimento da Unio).
u
O recorrente no pagou, contudo, as custas judiciais. o
Diante disso, o recurso interposto dever ser, desde logo, considerado deserto? "'
"'w
u
o
NO. Segundo o STJ, na presente, situao, o preparo foi feito, mas em valor insu- ""
0..
ficiente. Logo, antes de ser decretada a desero, o recorrente dever ser intimado
para suprir o preparo no prazo de 5 dias. Essa a soluo dada pelo CPC:
Como vimos acima, o preparo composto de duas partes: custas judiciais+ porte de
remessa e retorno. Se o INSS interpuser um recurso, ele precisar pagar as CUSTAS
JUDICIAIS (espcie de taxa) ou isento?
A situao do INSS peculiar porque este, mesmo sendo uma autarquia federal,
pode ser demandado na Justia Estadual, no foro do domiclio dos segurados ou
beneficirios, quando a comarca no for sede de vara federal (art. 109, 3).
Em suma, o INSS pode ser parte tanto em processos na Justia Estadual como na
Justia Federal.
Vale ressaltar que, quando o INSS estiver litigando na Justia Estadual, ele ter que
pagar as custas processuais, mas somente ao final da demanda, se for vencido. Apli-
ca-se ao INSS o art. 27 do CPC 1973 (art. 91 do CPC 2015) e o art.1A da Lei no 9-494/97:
CPC 1973 CPC 2015
Art. 27. As despesas dos atos proces- Art. 91. As despesas dos atos processuais
suais, efetuados a requerimento do praticados a requerimento da Fazenda P-
Ministrio Pblico ou da Fazenda P- blica, do Ministrio Pblico ou da Defensoria
blica, sero pagas a final pelo vencido. Pblica sero pagas ao final pelo vencido.
Obs.: a lei federal no oode conceder iseno das custas na Justia Estadual, mas
pode afirmar que o INSS s ir pagar ao final, porque isso no iseno.
Eo porte de remessa e retorno? Se o INSS interpuser um recurso, ele precisar pagar
o porte de remessa e retorno {despesas postais para o transporte do recurso)?
NO.
Assim, eventual lei estadual que determine que o INSS tenha que pagar porte de
remessa e retorno inconstitucional. Isso porque o porte de remessa e retorno
uma despesa de servio postal prestado pelos Correios (empresa pblica federal)
e que remunerada por tarifa (preo pblico). Desse modo, o porte de remessa e
retorno no tem natureza jurdica de taxa, no sendo uma taxa estadual.
Aplica-se o pargrafo 1 do artigo 511 do CPC (atual 1 do art. 1.007 do CPC 2015),
para dispensa de porte de remessa e retorno, ao exonerar o seu respectivo reco-
lhimento por parte do INSS.
STF. Plenrio. RE 594116/SP, Rei. Min. Edson Fachin,julgado em 3/12/2015 (repercusso geral)
(lnfo 810).
73 RECURSO ADESIVO
tdeia geral sobre o recurso adesivo
Imagine que em um processo, tanto o autor (Joo) quanto o ru {Pedro) foram su-
cumbentes, ou seja, as duas partes no conseguiram exatamente o que queriam.
Nesse caso, como houve sucumbncia recproca, ambas as partes p.:::>deriam recorrer con-
tra a deciso. Tanto Joo quanto Pedro poderiam interpor apelao contra a sentena.
O ideal, para fins de pacificao social, seria que as duas partes se conformassem
com a deciso e que o processo se encerrasse desde logo, ou seja, sem a interposi-
o de recurso.
Na vigncia do CPC 1939, no entanto, muitas vezes acontecia de uma das partes j
estar conformada, mas, com receio de que a outra recorresse {e ela perdesse o que
ganhou), interpor o recurso.
Voltando ao nosso exemplo, Joo j estava satisfeito com o resultado. Por ele, o pro-
cesso poderia se encerrar logo. Entretanto, ele poderia ficar pensando: "E se Pedro
recorrer? O processo no vai se encerrar, eu vou ter que continuar acompanhando
isso e, no final, minha situao nem poder melhorar porque eu no recorri. Ento,
vou recorrer tambm, s como garantia."
Com o objetivo de evitar isso, o CPC de 1973 previu a interposio do recurso de forma
adesiva, ou, como mais conhecido, o "recurso adesivo". O CPC 2015 manteve o instituto.
Veja como funciona o recurso adesivo com base no exemplo:
Houve sucumbncia recproca, ou seja, Joo e Pedro no conseguiram exatamente
o que queriam. Joo j havia decidido que no iria recorrer. Ocorre que Pedro, no
ltimo dia do prazo de 15 dias, interps apelao.
Joo foi, ento, intimado para apresentar as contrarrazes apelao. J quePe-
dro interps recurso, Joo decide recorrer tambm. Logo, ir apresentar as con-
trarrazes ao recurso de Pedro e tambm uma apelao adesiva.
Qual o prazo que a parte tem para interpor o recurso de formo adesivo?
A parte dever interpor o recurso adesivo no mesmo prazo de que dispe para apre-
sentar as contrarrazes.
Previso
O recurso adesivo est previsto no art. soo do CPC 1973 e no art. 997 do CPC 2015:
Resumindo:
mento de R$ 30 mil. o
O juiz julga o pedido procedente, condenando o ru a pagar a indenizao por da-
"'
0..
Indaga-se: alm do ru, pode-se dizer que o autor tambm foi sucumbente porque o
valor que ele pediu no foi Qcolhido? Pode-se afirmar que houve sucumbncia (der-
rota) recproca (de ambas as partes}?
Segundo o CPC, o litigante que ficou venci- Segundo o CPC, o litigante s pode
do na demanda ter que pagar sozinho as recorrer se houver ficado vencido na
despesas processuais. demanda, ou seja, se ele perdeu.
Se houve sucumbncia rec:Jroca, ou seja, Se houve sucumbncia recproca, ou
se cada litigante for, em parte, vencedor e seja, se cada litigante for, em parte,
vencido, as despesas sero proporcional- vencedor e vencido, as duas partes
mente distribudas entre el=s. podero recorrer.
O STJ entende que, se o autor pediu um O STJ entende que, se o autor pediu
determinado valor a ttulo de danos morais um determinado valor a ttulo de
e recebeu menos do que desejava, para fins danos morais e recebeu menos do
de pagamento das despesas processuais que desejava, para fins de recurso,
ele no considerado como vencido (no ele sim considerado como vencido
perdeu a causa). Em outras palavras, se o (perdeu a causa). Em outras pala-
autor pediu um valor como danos morais vras, se o autor pediu um valor como
e recebeu menos, no houve sucumbncia danos morais e recebeu menos, sob a
recproca (s o ru perdeu e apenas ele ter tica dos recursos, houve sucumbn-
que pagar as despesas processuais). cia recproca. Neste caso, tanto o ru
Smula 326-STJ: Na ao de indenizao (que foi condenado), como o autor
por dano moral, a condenao em mon- (que no recebeu tudo que queria)
tante inferior ao postulado na inicial no podero recorrer.
implica sucumbncia recproca. A Smula 326-STJ trata apenas de
despesas processuais e honorrios
advocatcios. Tal enunciado no se
aplica para fins de interesse ou legiti-
midade recursal.
Sucumbncia recproca
Realmente, s cabe recurso adesivo se houve sucumbncia recproca, ou seja, se
tanto o autor como o ru perderam na sentena.
Sucumbncia formal e material
A doutrina faz uma distino entre sucumbncia formal e material (NEVES, Daniel
Amorim Assumpo. Manual de Direito Processual Civil. vol. nico, 2. ed. So Paulo:
Mtodo, 2011, p. 620-622):
Sucumbncia FORMAL: ocorre quando a parte no consegue aquilo que poderia ter
processualmente obtido em virtude do pedido formulado ao rgo jurisdicional.
Sucumbncia MATERIAL: diz respeito aos aspectos materiais do processo. A anli-
se aqui no processual, mas sim sobre o bem ou os bens da vida que a parte po-
deria obter em virtude do processo judicial e que no obteve em razo da deciso
~
judicial. Essa discrepncia entre o desejado no mundo prtico e o praticamente
obtido no processo gera a sucumbncia material da parte.
Todas as vezes que houver sucumbncia formal, haver tambm a material. Se a par-
iJ .
te no conseguiu a providncia processual requerida, isso significa que, no mundo oVl
real, tambm no obteve o bem da vida pretendido. Por outro lado, pode haver a Vl
w
u
sucumbncia material sem que exista a sucumbncia formal, ou seja, a parte obteve o
a providncia processual, mas n~ conseguiu exatamente o bem da vida desejado. ""
0..
li[.
Logo, se o autor pediu uma quantia a ttulo de danos morais e obteve valor inferior
ao desejado, podemos concluir que:
sob o ponto de vista formal, ele foi o vencedor da demanda e no ter que pagar
as despesas processuais e os honorrios advocatcios do ru {Smula 326-STJ);
sob o ponto de vista mate ria I, ele foi sucumbente e ter direito de interpor recur-
,
~
so {principal ou adesivo), j que no obteve o exato bem da vida pretendido.
74 EMBARGOS DE DECLARACO
Embargos de declarao
Os embargos de declarao so uma espcie de recurso, sendo julgados pelo pr-
prio rgo que prolatou a deciso. Ex.: os embargos de declarao opostos em face
de uma sentena so julgados pelo prprio juiz que proferiu a deciso.
O prazo dos embargos de declarao de 5 dias.
Hipteses de cabimento
Veja as hipteses de cabimento dos embargos de declarao conforme o novo CPC:
Art. 1.022. Cabem embargos de declarao contra qualquer deciso judicial para:
1- esclarecer obscuridade ou eliminar contradio;
11- suprir omisso de ponto ou questo sobre o qual devia se pronunciar o juiz
de ofcio ou a requerimento;
111 -corrigi r erro materia I.
Pargrafo nico. Considera-se omissa a deciso que:
l-deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos
ou em incidente de assuno de competncia aplicvel ao caso sob julgamento;
11- incorra em qualquer das condutas descritas no art.489, 1
Trs observaes importantes sobre o art. 1.022 do CPC 2015:
ficou expressamente previsto que cabem embargos de declarao contra qual-
quer deciso judicial. Antes, diante da literalidade do art. 535 do CPC 1973, havia
entendimentos de que no caberia embargos de declarao contra decises in-
terlocutrias. Com o novo CPC, no h dvidas de que isso possvel;
o conceito do que seja "omisso" par a fins de embargos de declarao foi ampliado;
foi acrescentada uma nova hiptese de embargos de declarao, que j era admi-
tida pela jurisprudncia: situao em que se verifica um "erro material" na deciso.
75 AGRAVO DE INSTRUMENTO
DOCUMENTOS OBRIGATRIOS E FACULTATIVOS QUE DEVEM INSTRUIR A PE-
TICODOAI
.... ................................................................................................................... .. .
~ '
j
8g8 < Mrcio Andr Lopes Cavalcante
CPC197:J CPC 2015
~
~ Smula 223-STJ: A certido de intimao do acrdo recorrido constitui pea
... obrigatria do instrumento de agravo.
Em regra, se o agravante no juntar a certido de intimao do acrdo recorrido, >
seu recurso (agravo de instrumento) no ser conhecido. oVl
Vl
LU
u
Exceo: possvel dispensar a certido de intimao se existirem outros meios para o
se aferir a tempestividade do rec,urso. "'
0..
O CPC 2015 considerou e positivou, pelo menos em parte, esse correto entendimen-
to jurisprudencial. Com efeito, o inciso I do art. 1.017 prev que o agravante dever
juntar cpia da certido da respectiva intimao ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade. A interpretao do STJ vai alm do texto do novo CPC
e permite que se constate a tempestividade (dispensando-se a certido de intima-
o) por outros meios em gera I (no exigindo, necessariamente, doeu mento oficial).
A deciso acima est em sintonia com o novo CPC que, como vimos, no inciso I do
art. 1.017, prev que o agravante dever juntar cpia da certido da respectiva inti-
mao ou outro documento oficial que comprove a tempestividade.
Diante disso, indaga-se: o agravo de instrumento ainda ter que ser julgado pelo TJ?
NO.
1 O agravante, no prazo de 3 dias, teve que juntar aos autos do processo em 1 ins-
tncia cpia da petio do agravo de instrumento interposto e do comprovante
de sua interposio, assim como a relao dos documentos que instruram ore-
curso. Como h algumas inovaes no CPC 2015 sobre o tema, importante voc
conhecer a nova redao:
~
inadmissvel. Veja:
CPC 1973 CPC 2015
Art. 527- Recebido o agravo de instru- Art. 932.lncumbe ao relator:
u
mento no tribunal, e distribudo incon- 111- no conhecer de recurso inadmiss- o
tinenti, o relator: vel, prejudicado ou que no tenha impug- ~
w
u
1- negar-lhe- seguimento, liminar- nado especificamente os fundamentos lil
mente, nos casos do art. 557; da deciso recorrida; o.
18. A legislao prev uma segunda punio, qual seja, exige o depsito do valor da
multa em juzo para que futuros recursos sejam recebidos. Essa sano explica no
item "12.b" acima aplica-se tambm para a parte beneficiria da justia gratuita?
NO. O CPC 2015 trata sobre o tema de forma expressa:
Art. 1.021 (... )
5 Ainterposio de qualquer outro recurso est condicionada ao depsito pr-
vio do valor da multa prevista no 4, exceo da Fazenda Pblica e do benefi-
cirio de gratuidade da justia, que faro o pagamento ao final.
Resumindo:
.O 2 do art. 557 do CPC 1973 ( 4 do art. 1.021 do CPC 2015) prev que, quando
.manifestamente inadmissvel ou improcedente o agravo, . o tribunal condenar
' o agravante a pagar ao agravado multa de
!.: 1% a 10% do valor corrigido da causa (CPC 1973).
). ~_.1% a 5% do valor atualizado da causa (CPC 2015).
77 RECURSO EXTRAORDINRIO
Resumindo:
o recurso extraordinrio inadmissvel quando interposto aps deciso mono-
crtica proferida pelo relator, haja vista no esgotada a prestao jurisdicional
pelo tribunal de origem. Aplica-se, no caso, o enunciado 281 do STF:
.Smula 281-STF: inadmissvel o recurso extraordinrio, quando couber, na jus-
tia de origem, recurso ordinrio da deciso impugnada.
STF.2Turma. ARE 868g22/SP, Rei. Min. Dias Toffoli,julgado em 2/6/2015 (lnfo 788).
~
Desse modo, para que oRE seja conhecido, necessrio que o recorrente demons-
tre a repercusso geral das questes constitucionais discutidas no caso.
O STF no conhecer do recurso extraordinrio quando a questo constitucional
nele versada no oferecer repercusso geral. u
oVl
O objetivo da exigncia da "repercusso geral" foi o de evitar que o STF julgasse Vl
w
u
recursos extraordinrios de menor relevncia, contribuindo, assim, para a reduo ~
0..
do volume de processos na Corte:
Diz-se que h repercusso geral no recurso extraordinrio quando existem ques-
tes relevantes do ponto de vista econmico, politico, social ou jurdico que ultra-
passam os interesses subjetivos da causa.
Quando houver uma grande quantidade de recursos extraordinrios que versem
sobre o mesmo tema, o STF poder fazer a anlise da repercusso geral por amos-
tragem. Dito de forma mais simples, o STF seleciona um ou alguns poucos recursos
extraordinrios, debate a tese ali apresentada, chega a uma concluso e aplica a
mesma soluo a todos os demais recursos semelhantes.
CPC2015
O novo CPC permite que a parte desista, mas afirma que a questo cuja repercus-
so geral foi reconhecida continuar sendo analisada. Em outras palavras, a parte
pode at desistir do processo, mas mesmo assim a tese jurdica que era discutida
na lide ser definida pelo STF. Veja:
"(...)o art. gg8, pargrafo nico, CPC, permite que o Supremo Tribunal Federal e o Su-
perior Tribunal de Justia se pronunciem sobre questes recursais ainda que a parte
Recurso especial
Recurso especial (REsp) um recurso previsto no art. 105,111, da CF/88,julgado pelo
STJ, interposto contra decises proferidas em causas decididas em nica ou ltima
instncia pelos Tribunais Regionais Federais (TRF's) ou pelos Tribunais dos Estados/
DF (TJ's) quando a deciso proferida:
contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigncia;
julgar vlido ato de governo local contestado em face de lei federal; ou
der lei federal interpretao divergente da que lhe haja atribudo outro tribunal.
Art. 6 A Lei em vigor ter efeito imediato e geral, respeitados o ato jurdico per-
feito, o direito adquirido e a coisa julgada.
1 Reputa-se ato jurdico perfeito o j consumado segundo a lei vigente ao tem-
po em que se efetuou.
2 Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou algum por
ele, possa exercer, como aqueles cujo comeo do exerccio tenha termo pr-fixo,
ou condio pr-estabelecida inaltervel, a arbtrio de outrem.
Smula 518-STJ: Para fins do art. 105, 111, a, da Constituio Federal, no cabvel
recurso especial fundado em alegada violao de enunciado de smula.
STJ. Corte Especial. Aprovada em 26/o2f2015 (lnfo 556).
Recurso especial
Recurso especial (REsp) um recurso previsto no art. 105,111, da CF/88,julgado pelo
STJ, interposto contra decises proferidas em causas decididas em nica ou ltima
instncia pelos Tribunais Regionais Federais (TRF's) ou pelos Tribunais dos Estados/
DF (TJ's) quando a deciso proferida:
contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigncia;
julgar vlido ato de governo local contestado em face de lei federal; ou
der lei federal interpretao divergente da que lhe haja atribudo outro tribunal.
Para os fins do art. tos, 111, "a'~ o que se entende por "lei federal"?
A. expresso "lei federal" interpretada em sentido amplo e abrange:
Lei complementar federal/nacional;
Lei ordinria federal/nacional;
Lei delegada federal/nacional;
Decreto-lei federal/nacional;
Medida provisria federal/nacional;
Decreto autnomo federal/nacional.
~
Quando a pessoa interpe recurso especial e fundamenta no art. 105, 111, "a", da
CF/88, ela dever indicar, de forma individualizada, o dispositivo da "lei federal" que
foi violado. Se no o fizer, o REsp no ser conhecido. "A ausncia de indicao de
dispositivo de lei federal que teria sido violado pelo acrdo recorrido ou interpre- u
tado de forma divergente pelos tribunais, torna o recurso especial interposto com o
V>
V>
w
base nas alneas 'a' e 'c' do permissivo constitucional deficiente em sua fundamen- u
tao. Incidncia, por analogia, da Smula 284/STF." (STJ. 2" Turma. AgRg no AREsp 2
Cl.
Cabe recurso especial, com base no art. tos, 111, "a'~ por violao a smula? A pessoa
pode interpor recurso especial, com fundamento no art. tos, 111, "a'~ alegando que 0
acrdo do TJITRF violou uma smula?
NO. Para fins do art.105, 111, "a", da Constituio Federal, no cabvel recurso es-
pecial fundado em alegada violao de enunciado de smula.
Porqu?
O motivo muito singelo: smula no lei. Smula enunciado que expressa o
entendimento consolidado do Tribunal sobre determinado tema. No pode ser
considerada como um "ato normativo". Em resumo, o conceito de smula no se
enquadra na definio de lei federal, no podendo a ela ser equiparada.
At aqui, tudo bem, voc j entendeu a smula stB. Vamos agora avanar e apro-
fundar em um aspedo de ordem prtica. O que a parte prejudicada dever fazer se
o acrdo do TJ ou TRF contrariar o entendimento exposto em uma smula do STJ?
Uma smula do STJ nada mais do que a interpretao que este Tribunal deu a
determinada lei federal. Logo, se o acrdo do TJ ou TRF afronta entendimento ex-
posto em smula do STJ, isso significa que, em ltima anlise, essa deciso viola a
interpretao que o STJ deu para aquele tema.
Assim, neste caso, a parte prejudicada dever interpor recurso especial alegando
que o acrdo do TJ ou TRF, ao decidir daquele modo, contrariou no a smula (por-
que ai no caber REsp), mas sim que a deciso violou o art. XX da Lei Federal XX
(cuja interpretao deu origem quela smula).
Exemplo: no acrdo, o TJ afirmou que as regras do CDC no se aplicam aos contra-
tos de plano de sade. O STJ possui um enunciado que diz o contrrio (Smula 469:
Aplica-se o Cdigo de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de sade). Se
a parte prejudicada interpuser recurso especial alegando que o acrdo violou a
smula 469, ele nem ser conhecido. Dessa forma, a parte dever interpor o REsp
aduzindo que o TJ contrariou o art. 3 da Lei federal n 8.078/90. Isso porque o STJ
editou a Smula 469 com base na interpretao dada a esse dispositivo legal.
Fredie Didier e Leonardo da Cunha explicam o tema com mais tcnica e elegncia:
fi "No cabe, entretanto, recurso especial, com base na letra "a", por ter havido su-
posto desrespeito a entendimento jurisprudencial ou sumular do prprio STJ. Na
verdade, a jurisprudncia firma orientao a respeito da interpretao a ser confe-
~
do do Superior Tribunal de Justia, Art. 1.040. Publicado o acrdo paradigma:
A pergunt que surge a seguinte: ser possvel que esta parte interponha algum
recurso contra a deciso do Presidente do tribunal de origem que negou seguimento
. Sob a gide do CPC 1973, a parte pode interpor o agravo do art. 544 (agravo nos
prprios autos) contra a deciso do Presidente do tribunal de origem que nega se-
guimento ao recurso especial com base no inciso I do ] 0 do art. 543-C do CPC 1973?
NO. No cabe agravo em recurso especial (art. 544 do CPC 1973) contra deciso
. que nega seguimento a recurso especial com base no art. 543-C, 7, I, do CPC
1973, podendo a parte interessada interpor agravo interno ou regimental no tri-
bunal de origem, demonstrando a especificidade do caso concreto.
Mesmo assim, caso a parte, de forma equivocada, interponha o agravo em re-
curso especial (art. 544 do CPC 1973), nesta hiptese o STJ no ir conhecer do
recurso e remeter esse agravo ao Tribunal de origem para que ele aprecie o
recurso como se agravo internofosse.
STJ. Corte Especial. AgRg no AREsp 260.033-PR, Rei. Min. Raul Arajo, julgado em 5/8/2015
(lnfo 569).
O STJ, ao julgar um recurso especial repetitivo, ir fixar uma tese jurdica, que
ser aplicada para todos os casos semelhantes.
Em julgamentos submetidos ao rito do art. 543-C do CPC 1973 (art. 1.036 do CPC
2015), cabe ao STJ traar as linhas gerais acerca da tese aprovada, descabendo a
. insero de solues episdicas ou excees que porventura possam surgir em
outros indeterminveis casos, sob pena de se ter de redigir verdadeiros tratados
sobre todos os temas conexos ao objeto do recurso.
Em outras palavras, o STJ ir fixar uma tese geral em poucas linhas (como se fos-
se uma smula), no sendo necessrio que a Corte trate sobre todas as excees
possveis na definio dessa tese.
STJ. Corte Especial. EDcl no REsp 1.124.552-RS, Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em
6/5/2015 (lnfo 562).
8 CUMPRIMENTO DE SENTENA
8.1 NOCES GERAIS
O procedimento para execuo de quantia pode ser realizado de duas formas:
execuo de quantia fundada em ttulo executivo extrajudicial;
execuo de quantia fundada em ttulo executivo judicial (cumprimento de sentena).
O incio da fase de cumprimento da sentena pode ser feito de ofcio pelo juiz?
NO. O cumprimento da sentena que reconhece o dever de pagar quantia, provisrio
ou definitivo, s pode ser feito a requerimento do exequente (art. 513, 1 do CPC 2015).
Cabe ao credor o exerccio de atos para o regular cumprimento da deciso condenatria,
especialmente requerer ao juzo que d cincia ao devedor sobre o montante apurado,
consoante demonstrativo discriminado e atualizado do crdito (art. 524 do CPC 2015).
Em outras palavras, o incio da fase de cumprimento da sentena exige um reque-
rimento do credor:
Art. 523. No caso de condenao em quantia certa, ou j fixada em liquidao,
e no caso de deciso sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da
sentena far-se- a requerimento do exequente, sendo o executado intimado
para pagar o dbito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
Esse prazo de 15 dias, previsto no art. 523 do CPC 2015 (art. 475-J do CP 1973), contado
o partir de quando?
Da intimao do devedor para pagar. No basta que o devedor j tenha sido intima-
do anteriormente da sentena que o condenou. Para comear a correr o prazo de 15
dias para pagamento, necessria nova intimao.
Assim, a multa de 10% depende de nova intimao prvia do devedor.
A forma dessa intimao est prevista no art. 513 do CPC 2015:
:ssa multa de 10% pode ser aplicada em caso de execuo provisria ou somente se
1ouver trnsito em julgado?
Este tema muito importante porque houve alterao com o CPC 2015. Veja:
CPC 1973: SOMENTE NA CPC 2015: EXECUO DEFINITIVA
EXECUO DEFINITIVA OU PROVISRIA
O pedido de Joo tem fundamento jurdico? Pode-se aplicar o art. 475-J do CPC 1973
(art. 523, 1 do CPC 2015) mesmo antes da liquidao da sentena?
NO. No caso de sentena I LQUIDA, para a imposio da multa de 10%, necess-
rio que, antes, tenham sido adotadas as seguintes providncias:
1. deve ser feita a liquidao da sentena; e
2. aps o acertamento {liquidao), o devedor dever ser intimado, na figura do seu
advogado, para pagar o quantum ao final definido no prazo de 15 dias.
Assim, somente aps ter certeza do valor devido (liquidao) que se poder inti-
mar o devedor a pagar. Se ele, mesmo depois de intimado, no quitar a dvida no
prazo de 15 dias, a sim haver a imposio da multa de 10% do art-475-J do CPC 1973
(art. 523, 1 do CPC 2015).
Resumindo:
No caso de sentena ilquida, para a imposio 'da multa prevista no art. 475-J do
CPC 1973 (art. 523, 1, do CPC 2015), revela-se indispensvel (i) a prvia liquida- 1
o da obrigao; e, aps, o acertamento, (ii) a intimao do devedor, na figura
do seu Advogado, para a o quantum ao final definido no prazo de 15 dias.
Em outras palavras, somente aps ter certeza do valor devido (liquidao) que :
se poder intimar o devedor a pagar. Se ele, mesmo depois de intimado, nti .
quitar a dvida no prazo de 15 dias, a sim haver a imposio da multa de 16%.
STJ. 23 Seo. REsp 1.147.191-RS, Rei. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 4/3hoi~
(recurso repetitivo) (lnfo s6o).
Art. 18. O rbitro juiz de fato e de direito, e a sentena que proferir no fica su-
jeita a recurso OI-! a homologao pelo Poder Judicirio.
Art. 31. A sentena arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos
efeitos da sentena proferida pelos rgos do Poder Judicirio e, sendo condena-
tria, constitui ttulo executivo.
-'
Qual a forma de execuo da sentena arbitral? >
o
Depende. Algumas vezes a sentena arbitral i lquida. Neste caso, antes de execu- o
tar, a parte precisar propor uma ao autnoma de liquidao. Em outras hipte- "'u"'
UJ
o
ses, a sentena arbitral j lquida e poder ser desde logo executada.
""
0..
O STJ decidiu o tema acima em sede de recurso especial repetitivo e fixou a seguinte tese:
Para que haja condenao em honorrios, necessrio que o devedor tenha apre-
sentado impugnao?
NO. So devidos honorrios advocatcios no cumprimento de sentena, haja ou
~
>
o
no impugnao. Passou o prazo de 15 dias e o devedor no pagou, j incidiro os
"'"'
w
u
honorrios e mais a multa de 10%. o
Os honorrios so devidos depois de escoado o prazo para pagamento voluntrio,
""
D..
Resumindo:
' Se o credor inicia o cumprimento de sentena, o devedor intimado e paga den-
tro do prazo de 15 dias, isso considerado pelo STJ como sendo pagamento espon-
tneo do devedor.
' Em outras palavras, h pagamento espontneo do devedor que, intimado a faz-lo,
cumpre a determinao dentro do prazo de 15 dias previsto no art. 523 do CPC 2015.
' No h que se falar em cobrana de honorrios advocatcios quando h cumpri-
mento espontneo da obrigao. Assim, havendo o adimplemento espontneo do
devedor no prazo de 15 dias, no so devidos honorrios advocatcios, uma vez que
foi desnecessria a prtica de quaisquer atos para obrigar o devedor a pagar (STJ.
4" Turma. REsp 1.264.272/RJ, Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 15/5/2012).
' Por outro lado, se o devedor foi intimado e passou o prazo de 15 dias sem que pa-
gasse, a partir da j so cabveis honorrios advocatcios, haja ou no impugnao.
A fim de que o entendimento fosse conhecido e ganhasse fora, o STJ editou o se.
guinte enunciado:
O fundamento para o pedido est no art. 475-N, I, do CPC 1973 (art. 515, I, do CPC 2015):
Art. 515.So ttulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se- de acordo
com os artigos previstos neste Ttulo:
Com o CPC 2015, essa deciso perde relevncia, j que, como vimos acima, no
mais necessria garantia do juzo para que o executado apresente impugnao.
A tese do credor aceita pelo STJ? Se a impugnao oferecida pelo devedor julgada
improcedente, o devedor ter que pagar, por causa disso, novos honorrios advocatcios
(alm dos que j dever pagar por fora do cumprimento de sentena ter se iniciado}?
NO.
~ Smula 519-STJ: Na hiptese de rejeio da impugnao ao cumprimento de sen-
""' tena, no so cabveis honorrios advocatcios.
Assim, o devedor no ter que pagar novos honorrios advocatcios pelo fato de ter
perdido a impugnao. Obs.: esse devedor continuar tendo que pagar honorrios
advocatcios por no ter pago voluntariamente a obrigao, ou seja, ter que pagar
honorrios advocatcios por causa do cumprimento de sentena.
SIM. Se a impugnao for julgada procedente o credor ser condenado a pagar ho-
norrios advocatcios em favor do devedor.
Em suma:
se a impugnao rejeitada: NO cabem novos honorrios advocatcios;
se a impugnao acolhida (ainda que parcialmente}: sero arbitrados honor-
rios em benefcio do executado, com base no art. 20, 4, do CPC 1973-
A SITUACO GERA
SITUAO FUNDAMENTO
HONORRIOS?
No cumprimento de senten-
a, devedor intimado e no
Smula 517-STJ
faz o pagamento voluntrio
SIM O devedor deu causa ao in-
no prazo de 15 dias. No
interessa se houve ou no cio da execuo forada.
incidente no processo,
sendo isso insuficiente para
gerar novos honorrios. Ele
continua tendo que pagar
os honorrios por causa do
cumprimento de sentena.
Este o principal precedente que originou a smula: STJ. Corte Especial. REsp
1134186/RS, Rei. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em o1/o8/2011.
~
rado documento pblico para fins de execuo?
SIM.
u
o
O Termo de Acordo de Par~elamento que tenha sido subscrito pelo devedor e V\
V\
w
u
pela Fazenda Pblica deve ser considerado documento pblico para fins de ca- o
racterizao de ttulo executiv~ extrajudicial, apto promoo de ao executi- "'<>.
va, na forma do art. 585, 11, do CPC 1973 (art. 784, 11, do CPC 2015).
STJ. 2 Turma. REsp 1.521.531-SE, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/8/2015
(lnfo 568).
m Segundo Humberto Theodoro Jr., documento pblico " todo aquele cuja ela-
borao se deu perante qualquer rgo pblico, como, por exemplo um termo
de confisso de dvida em repartio administrativa ou o compromisso deres-
ponsabilidade pela indenizao dos danos em acidente automobilstico firmado
perante a repartio de trnsito" (THEODORO JNIOR, Humberto. Curso de Pro-
cesso Civil- Processo de Execuo e Cumprimento de Sentena, Processo Cautelar
e Tutela de Urgncia. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 21).
~o mesmo sentido, o STJ j decidiu que documento pblico, para fins de execuo,
e aquele produzido por autoridade, ou em sua presena, com a respectiva chancela,
desde que tenha competncia para tanto (STJ. la Turma. REsp 487.913/MG, Rei. Min.
Jos Delgado, DJ og/o6/2003).
Regulamentao
A arbitragem, no Brasil, regulada pela Lei n g.307/96, havendo tambm alguns
dispositivos no CPC versando sobre o tema.
Conveno de arbitragem
As partes interessadas podem submeter a soluo de seus litgios ao juzo arbitral
mediante conveno de arbitragem (art. 3).
Conveno de arbitragem o gnero, que engloba duas espcies:
a clusula compromissria e
o compromisso arbitral.
Em que consiste a clusula compromissria:
A clusula compromissria, tambm chamada de clusula arbitral, ...
Ao de execuo
Passado o prazo estipulado no contrato, a empresa "BB" no pagou a dvida.
Diante disso, a empresa "A.A" ajuizou ao de execuo de ttulo extrajudicial co-
brando os R$ 500 mil, na forma do art. 585,11, do CPC 1973 (art. 784,111, do CPC 2015):
(... )
111-o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
A empresa executada alegou que, havendo clusula compromissria (espcie de
conveno de arbitragem), no seria possvel executar o contrato, devendo as par-
tes se valer da arbitragem.
O juiz concordou com o argumento e extinguiu a execuo sem resoluo de mri-
to, nos termos do art. 267, VIl, do CPC 1973 (art. 485, VIl, do CPC 2015):
(... )
VIl-acolher a alegao de existncia de conveno de arbitragem ou quando o
juzo arbitral reconhecer sua competncia;
O documento particular assinado pelo devedor e por dua; testemunhas tem fora
executiva, de modo que, havendo uma clusula reconhecendo dvida (obrigao)
lquida, certa e exigvel, possvel a propositura de execuo na via judicial (art. 585,
!!, CPC 1973; art. 784, !!I, do CPC 2015).
~ (... ) no razovel exigir que o credor seja obrigado a iniciar uma arbitragem
- para obter juzo de certeza sobre uma confisso de dvida que, no seu entender,
j consta do ttulo executivo. Alm disso, certo que o rbitro no tem poder
coercitivo direto, no podendo impor, contra a vontade do devedor, restries a
seu patrimnio, como a penhora, e nem excusso forada de seus bens. (... )(STJ. 3"
Turma. REsp 944.917/SP, Rei. Min. Nancy Andrighi,julgaco em 18/g/zoo8).
~
Se a pessoa recebe seu salrio na conta bancria, mas no o utiliza no ms,deixando-o
depositado, tal quantia continuar sendo impenhorvel?
NO.
Os valores somente podem ser considerados como verbas alimentares, e protegi- o
"'"'w
dos pelo art. 649, IV do CPC 1973 (art. 833, IV, do CPC 2015), enquanto estiverem u
o
destinados ao sustento do devedor e sua famlia, ou seja, enquanto se prestarem "'
0..
INCISO X DO ART. 649 DO CPC 1973 {INCISO X DO ART. 833 DO CPC 2015)
Joo poder, ento, invocar que es.sa quantia aplicada no fundo de investimento impe-
nhorvel com base no inciso X do art. 649 do CPC 1973 (inciso X do art. 833 do CPC 2015)?
SIM. Como visto, o STJ confere interpretao extensiva ao inciso X, permitindo que
essa impenhorabilidade abranja outras aplicaes financeiras, alm da poupana,
como o caso do fundo de investimento.
Outro ponto a ser destacado que neste julgado (EREsp 1.330.567-RS}, o Ministro Luis
Felipe Salomodefendeu que a remunerao do executado s ser considerada im-
penhorvel se ela no superar o valor do teto constitucional referente remunerao
de Ministro do STF. Em outras palavras, o "salrio" da pessoa s ser impenhorvel se
ela receber at o valor que o Ministro do STF ganha. O que ultrapassar essa quantia,
mesmo estando no ms do recebimento, poder ser penhorado.
Por que se falou "em regra"? Existe possibilidade de se penhorar a verba dos honorrios?
SIM. O STJ entende que o art. 64g,IV, do CPC 1973 (atual art. 833,IV, do CPC 2015) no
pode ser interpretado de forma literal ou absoluta. Em determinadas circunstn-
cias possvel a sua relativizao.
'imiia
Se os honorrios advocatcios recebidos so exorbitantes e ultrapassam valores
que seriam razoveis para sustento prprio e de sua famlia, a verba perde a sua
natureza alimentar (finalidade de sustento) e passa a ser possvel a sua penho-
ra, liberando-se apenas uma parte desse valor para o advogado.
STJ. 2 3 Turma. REsp 1.264.358-SC, Rei. Mn. Humberto Martins. julgado em 25/11/2014 (lnfo 553).
Outro precedente nesse mesmo sentido:STJ. 4a Turma. REsp 1356404/DF, Rei. Min.
~
Raul Arajo, julgado em 04/o6/2013.
A ttulo de curiosidade, no caso concreto, o advogado iria receber parcela de hono-
rrios no valor aproximado de R$ 400 mil. Foi determinado que o advogado pudes-
u
se ficar com R$ 15 mil dessa quantia, sendo autorizada a penhora do restante. o
V>
V>
w
PENHORA DE OUOTAS
........................
~
SOCIAIS NA PARTE RELATIVA MEACO
.................................................................................................. .
u
o
Imagine a seguinte situao hipottica: ""o.
Joo foi casado com Cristina, com quem teve um filho (Arthur).
O pai paga penso alimentcia em favor do filho.
Atualmente, Joo vive em unio estvel com Beatriz.
Beatriz scia, juntamente com uma amiga, de uma sociedade empresria limita-
da (empresa XXX).
Vale ressaltar que ela se tornou scia desta sociedade depois que j vivia em unio
estvel com Joo.
Execuo de alimentos
Joo deixou de pagar a penso alimentcia, razo pela qual Arthur ingressou com
execuo de alimentos.
Ocorre que no foram localizados bens penhorveis em nome de Joo.
Diante disso, o exequente pediu que fossem penhoradas so% das cotas sociais de
Beatriz (companheira do executado) na sociedade empresria "XXX".
Entendida a situao jurdica em tese, vem uma nova pergunta: no caso concreto,
era possvel que o juiz j determinasse, como primeira providncia, a penhora da
metade das quotas de Beatriz (companheira do devedor)?
NO.
A penhora sobre as quotas sociais no deve ser a primeira opo porque esta
medida poder acarretar o fim da pessoa jurdica e nosso Direito consagra os
princpios da conservao da empresa e da menor onerosidade da execuo.
Assim, no se pode autorizar desde logo a penhora sobre as quotas sociais. Ca-
bia ao exequente requerer, antes disso, a penhora dos lucros relativos s quo-
tas sociais correspondentes meao do devedor, no podendo ser deferida, de
imediato, a penhora das cotas sociais de sociedade empresria que se encontra
em plena atividade, o que poderia causar prejuzo a terceiros, como funcion-
rios, fornecedores etc. Somente se no houvesse lucros que poderia ser feita a
penhora das quotas com a liquidao da sociedade (art. 1.026 do CC).
STJ.4 Turma. REsp 1.284.988-RS, Rei Min. Luis Felipe S~lomo,julgado em 19/3/2015 (lnfo 559).
m "Note que o credor do scio somente pode pedir a liquidao da quota do deve-
~ dor se no houver lucros a distribuir. Se houver lucros, eles devem ser penhora-
dos, no sendo licito o pedido de liquidao da quota social. No se trata de uma
opo do exequente. uma situao em que a aplicao do principio da menor
onerosidade da exewo fundamental.
A liquidao par:ia da sociedade, para a satisfao do crdito de um credor do
scio, medida drastica, pois implica diminuio forada do capital social de
uma sociedade. \Jo se pode descartar a possibilidadede o juiz, diante das par-
ticularidades do caso concreto, e em homenagem funo social da empresa,
rejeitar o pedido de liquidao parcial da sociedade.
O dispositivo torna as quotas sociais eventualmente penhorveis: ou seja, s po-
dem ser penhoradas na ausncia de outros bens do devedor, adotando-se siste-
ma semelhante ao do CPC/3g."(DIDIER JUNIOR, Fredie; CUNHA, Leonardo Jos
Carneiro da; BRAGA. Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Execuo. Salvador: Juspodivm,
2009, vol. 5, p. 570-572)
Assim, no cabe ao credor particular do scio escolher se vai receber os lucros ou se
vai liquidar parte da sociedade como forma de pagamento do que lhe devido. O art.
1.026 do CC estabelece uma ordem de prioridade, devendo, sempre que possvel, ser
feita a opo pela reteno dos lucros correspondentes quota social do devedor.
Essa tese da empresa de publicidade foi aceita pelo STJ? possvel a penhora dos
recursos do Fundo Partidrio se a execuo estiver cobrando alguma das despesas
do art. 44 da Lei n g.og6/gs?
NO. A tese no foi aceita.
RENAJUD
RENAJUD a sigla de "Restries Judiciais Sobre Veculos Automotores". Consiste
em um sistema de comunicao entre o Poder Judicirio e o Departamento Na-
cional de Trnsito (DENATRAN) para cumprimento de ordens judiciais envolvendo
veculos automotores.
O juiz, em um computador, acessa a pgina do RENAJUD na internet, insere o seu
token (certificado digital) e digita a sua senha.
Depois de Ioga do, o magistrado pode consultar se h veculos registrados no nome do
ru ou do executado e, caso haja, poder impor, em tempo real, restries a esse bem.
O juiz pode impor restries transferncia do veculo (o que impedir o registro
da mudana da propriedade e novos licenciamentos do veculo), restries cir-
~
culao (autorizando, inclusive, o seu recolhimento a depsito) e poder tambm
fazer o registro da penhora.
O RENAJUD , portanto, um sistema parecido com o BACENJUD (utilizado para blo- u
queio de valores em contas bancrias). o
"'w"'u
Feitos os devidos esclarecimentos, imagine a seguinte situafiiO hipottica: o
Pedro foi condenado a pagar R$ 100 mil a Joo.
""
0..
O argumento utilizado pelo magistrado est correto? Para que a parte requeiro do
Poder Judicirio a consulta ao RENAJUD sobre o existncia de veiculas em nome do
l'
'
. Principais julgados STF e STJ comentados 2015 > 943
requerido, necessrio que comprove que tentou previamente obter essa informa.
o do DETRAN, mas no conseguiu?
NO.
NOCES GERAIS
...... ! ...... o '
quando acontece uma dessas trs situaes acima, dizemos que houve a "expro-
priao'~ conforme previsto
no art. 647 do CPC 1973 (art. 825 do CPC 2015):
Art. 825. A expropriao consiste em:
1- adjudicao;
11- alienao;
111- apropriao de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos
e de outros bens.
Adjudicao (inciso I do art. 825 do CPC 2015)
A adjudicao ocorre quando a propriedade do bem penhorado adquirida pelo
exequente ou por terceiros legitimados previstos na lei.
CPC/2015
Art. 876. lcito ao exequente, oferecendo preo no inferior ao da avaliao,
requerer que lhe sejam adjudicados os bens penhorados.
CASO CONCRETO:
Feitos estes esclarecimentos, imagine a seguinte situao adaptada:
Joo contratou um financiamento com o banco "XX" para conseguir adquirir um
apartamento.
Ficou ajustado que Joo (muturio) pagaria as prestaes mensais do financia-
mento por 10 anos, tendo sido o apartamento cado em garantia real da dvida. Em
outras palavras, o bem ficou hipotecado em favor do banco.
Joo passou morar no apartamento enquanto pagava normalmente as parcelas. Ocor-
re que ele perdeu seu emprego, o que fez com que no apenas atrasasse as prestaes
do financiamento, tendoficadotambm em dbito com as cotas do condomnio.
O banco ajuizou execuo hipotecria contra o muturio, pedindo a alienao judi-
cial do bem para o pagamento da dvida.
~
IV -o stio, na rede mundial de computadores, e o perodo em que se realizar o
leilo, salvo se este se der de modo presencial, hiptese em que sero indicados
o local, o dia e a hora de sua realizao; >
u
V- a indicao de local, dia e hora de segundo leilo presencial, para a hiptese o
de no haver interessado no primeiro; "'
"'wu
VI- meno da existncia de nus, recurso ou processo pendente sobre os bens ~
0..
a serem leiloados.
Repare que o inciso VI exige que no edital os interessados sejam avisados sobre a
existncia de nus que recaiam sobre o bem, inclusive eventuais dvidas.
Suponha que o edital no mencione que existem 10 meses de taxa de condomnio atra-
sados. Se Pedro (um terceiro) resolver adquirir esse apartamento, ele ficar responsvel
pelo pagamento dessas cotas condominiais que venceram antes da arrematao?
NO. As dvidas condominiais anteriores alienao judicial e que no estavam
previstas no edital no sero de responsabilidade do arrematante, devendo ser
quitadas com o valor obtido com a alienao judicial do imvel, podendo o arrema-
tante pedir a reserva de parte desse valor para o pagamento das referidas dvidas
(STJ. 3 Turma. REsp 1092605/SP, Rei. Min.I\Jancy Andrighi,julgado em 28/o6/2o11).
O STJ assim entende porque os requisitos do edital constituem-se na lei bsica da
arrematao, e o descumprimento desses requisitos ensejao desfazimento da has-
ta pblica (ASSIS, Araken. Manual da execuo. So Paulo: RT, 2010, p. 853). Nesse
sentido, veja o que diz o CPC:
(...)
5 O arrematante poder desistir da arrematao, sendo-lhe imediatamente
devolvido o depsito que tiver feito:
I - se provar, nos
10 (dez) dias seguintes, a existncia de nus real ou gravame
no mencionado no edital;
' Situao 1. O edital de hasta pblica no menciona que o imvel que est sendo
jpferecido possui vrios meses de taxa de condomnio atrasados. Se uma pessoa
resolver arrematar (adquirir) esse apartamento, ficar responsvel pelo paga-
... mento dessas cotas condominiais que venceram antes da arrematao?
NO. As dvidas condominiais anteriores alienao judicial e que no estavam
previstas no edital no sero de responsabilidade do arrematante, devendo ser qui-
tadas com o valor obtido com a alienao judicial do imvel, podendo o arrematan-
. te pedir a reserva de parte desse valor para o pagamento das referidas dvidas (STJ.
i Turma. REsp 10926o5fSP, Rei. Min. Nancy Andrighi,julgado em 28/o6/2011).
.Situao 2. Houve uma tentativa de alienao judicial do bem, mas no apare-
ceram interessados. Diante disso, o exequente decidiu adjudicar o apartamento.
O exequente ficar responsvel pelo pagamento dessas cotas condominiais que
venceram antes da adjudicao?
SIM. O exequente que adjudicou o imvel deve arcar com as despesas condo-
miniais anteriores aquisio, ainda que tais dvidas tenham sido omitidas no
edital da hasta pblica.
A adjudicao e a arrematao possuem caractersticas diversas e, portanto,
merecem tratamento distinto no que diz respeito vinculao ao edital.
' adjudicao consiste na aquisio espontnea pelo exequente do bem pe-
nhorado por preo no inferior ao da avaliao, no havendo sua subordinao
ao edital de praa, haja vista que essa forma de aquisio da propriedade no se ....
. insere no conceito de hasta pblica. Logo, no podem ser aplicados adjudica- u>
oVl
. o os mesmos dispositivos que tratam da arrematao. Vl
w
.em outras palavras, os dispositivos do CPC que permitem ao arrematante recu- u
o
sar~se a cumprir a arrematao caso o edital no esteja completo quanto aos "'o.
. nus existentes, no pode ser aplicado ao exequente que faz a adjudicao.
Assim, nada impede que o adjudicante responda pelo pagamento das contribui-
: ;es condominiais no pagas no perodo anterior adjudicao, aplicando-se o
i'Jrt. 1.345 do CC em sua ntegra.
. STJ-4"Turma. REsp 1.186.373-.\1\S, Rei.Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 24/3/2015 (lnfo 559).
ARREMATACO
!' ............
m "Arrematar pr fim hasta pblica, 'pr o remate, o termo, o ponto final'. Havia
o costume de o pregoeiro/leiloeiro dizer: 'H quem mais d? Se no, arremato'.
'Quer dizer, considerava findo, entregava o ramo, que em alguns pases o porteiro
tinha mo': nesse momento, o Estado aceita a oferta do licitante e consuma o
negcio jurdico de transferncia do domnio sobre a coisa.
(... )
A arrematao , portanto, o negcio jurdico de direito pblico, pelo qual o Es-
tado, no exerccio de sua soberania, transfere, ao licitante vencedor, o domnio
da coisa penhorada, mediante o pagamento do preo."(DIDIER JUNIOR, Fredie;
CUNHA, Leonardo Jos Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Execu-
o. Salvador:Juspodivm, 2013, vol. 5, p. 665)
Edital
Para que haja a praa (CPC 1973) ou o leilo (CPC 2015), necessrio que, antes, seja
publicado um edital convocando todos os interessados e estabelecendo as regras
que sero aplicadas. como se fosse um anncio de venda.
Esse edital, alm de servir como uma forma de divulgar a venda para o maior n-
mero de pessoas, tambm importante para que os eventuais interessados em
arrematar o bem possam saber se vale mesmo a pena ou no adquiri-lo.
O edital dever conter algumas informaes obrigatrias, que esto previstas no
art. 886 do CPC 2015 (art. 686 do CPC 1973):
O edital deveria prever apenas o valor do O edital dever prever dois valores:
bem (valor pelo qual ele foi avaliado). valor do bem (valor pelo qual ele foi
avaliado);
Um dos grandes problemas que ocorria na gide do CPC 1973 era que o Estado-juiz
organizava a hasta pblica, mos no apareciam interessados. Se no houver interes-
sados no dia designado poro o hasta pblico {CPC 1973) ou leilo {CPC 2015), dever
ser marcado um segundo?
Na segunda praa (CPC 1973) ou no segundo leilo (CPC 2015), o bem poder ser
alienado por valor inferior ao da avaliao?
1. CPC 1973:
REGRA: SIM. Nesta segunda praa, o bem poder ser arrematado por preo infe-
rior ao da avaliao, desde que no seja vil {art. 692 do CPC).
EXCEO: no CPC 1973, havia uma exceo a essa regra. Se o licitante propusesse
arrematar o bem, pagando em prestaes (parceladamente), ento, neste caso,
o valor pago no poderia ser inferior avaliao mesmo que fosse a segunda
praa (art. 690, 1).
2. CPC 2015: SIM.
No CPC 2015, mesmo que o alienante proponha pagar em prestaes, ainda assim o
valor do bem poder ser inferior ao da avaliao, desde que no seja vil (art. 895, 11).
. STJ.4 Turma. REsp 1.340.965-MG, Rei. Min. Raul Arajo, julgado em 3/9/2015 (lnfo 569).
Essa regra foi prevista para impedir influncias desses servidores no processo de
expropriao do bem. O que a lei visou foi impedir a ocorrncia de situaes nas
~
111- excesso de execuo ou cumulao indevida de execues;
IV- reteno por benfeitorias necessrias ou teis, nos casos de execuo para
entrega de coisa certa; >
V- incompetncia absoluta ou relativa do juzo da execuo; o
VI- qualquer matria que lhe seria lcito deduzir como defesa em processo de "'"'
w
u
o
conhecimento. ""a.
6. O juiz rejeitar liminarmente os embargos:
1- quando intempestivos;
11- nos casos de indeferimento da petio inicial e de improcedncia liminar
do pedido;
111- manifestamente protelatrios.
Obs.: considera-se conduta atentatria dignidade da justia o oferecimento de
embargos manifestamente protelatrios.
7. Em regra, os embargos execuo no possuem efeito suspensivo.
O juiz poder, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos
embargos quando verificados os requisitos para a concesso da tutela provisria
e desde que a execuo j esteja garantida por penhora, depsito ou cauo su-
ficientes. Assim, para que haja efeito suspensivo, necessria garantia do juzo.
Cessando as circunstncias que a motivaram, a deciso relativa aos efeitos
dos embargos poder, a requerimento da parte, ser modificada ou revogada a
qualquer tempo, em deciso fundamentada.
Pergunta 1: por que no caso de precatrio, aplica-se o art. 1-D da Lei n 9.494/97?
No caso de condenao da Fazenda Pblica que ser paga por precatrio, o Poder
Pblico no pode cumprir espontaneamente a obrigao. Em outras palavras, a Ad-
ministrao Pblica obrigada a esperar que o credor proponha a execuo para s
ento incluir o crdito na ordem cronolgica de pagamentos ("fila de precatrios").
Ora, se a Fazenda Pblica no pode se adiantar e cumprir a obrigao, isso significa
que ela no pode ser "punida" com o pagamento de honorrios advocatcios pelo
simples fato de o credor ter iniciado a execuo. O incio da execuo contra a Fa-
zenda Pblica uma exigncia constitucional para que o credor possa receber seu
crdito por precatrio. Logo, no foi a Fazenda Pblica quem "deu causa" ao incio
da execuo. No foi a Fazenda Pblica que, por "birra" ou vontade de descumprir
o julgado, deixou de pagar a obrigao. Ela simplesmente no podia pagar antes.
Dessa forma, em caso de execuo contra a Fazenda Pblica cobrando dvida que
tenha que ser quitada por precatrio, o Poder Pblico no ter que pagar honor-
rios advocatcios se for citado para a execuo e concordar com a incluso do cr-
dito na lista de precatrios sem questionamentos. Por outro lado, o Poder Pblico
ter que pagar honorrios se, citado para a execuo, apresentar embargos e estes
forem julgados improcedentes. Isso porque neste caso sim, ficar demonstrado
que a Fazenda Pblica resistiu, de forma injustificada, ao pedido do credor. Aplica-se
aqui o princpio da causalidade.
Pergunta 3: no quadro acima elaborado foi dito que a Fazenda Pblica no ter que
pagar honorrios advocatcios, mesmo sendo RPV, na chamada "execuo inverti-
da'~ Em que consiste isso?
,~i
958 < Mrcio Andr Lopes Cavalcante
Aexecuo invertida, em palavras simples, consiste no seguinte: havendo uma de-
ciso transitada em julgado condenando a Fazenda Pblica ao pagamento de uma
quantia considerada de "pequeno valor", o prprio Poder Pblico (devedor) prepara
e apresenta ao redor uma planilha de clculos com o valor que devido. Caso este
concorde, haver o pagamento voluntrio da obrigao.
Desse modo, a Fazenda Pblica, em vez de aguardar que o credor proponha a execu-
o,j se antecipa e apresenta os clculos da quantia devida. O Poder Pblico, sem ne-
cessidade de processo de execuo, cumpre voluntariamente a condenao imposta.
Pergunta 4: no caso de "execuo invertida'~ a Fazenda Pblica ter que pagar ho-
norrios advocatcios ao credor?
NO. No cabe a condenao da Fazenda Pblica em honorrios advocatcios no
caso em que o credor simplesmente anui com os clculos apresentados em "execu-
o invertida", ainda que se trate de hiptese de pagamento mediante Requisio
de Pequeno Valor (RPV).
Em regra, cabvel a fixao de verba honorria nas execues contra a Fazenda
Pblica, ainda que no embargadas, quando o pagamento da obrigao for feito
mediante RPV. Entretanto, nos casos de "execuo invertida", a apresentao es-
pontnea dos clculos aps o trnsito em julgado do processo de conhecimento,
na fase de liquidao, com o reconhecimento da dvida, afasta a condenao em
honorrios advocatcios. Isso porque o Poder Pblico cumpriu voluntariamente a
~
execuo, no dando causa instaurao de processo de execuo.
Obs.: para maiores informaes sobre o art. 1-D da Lei 9-494/97, confira o livro
"Principais Julgados do STF e STJ comentados 2014".
o
Resumindo: "'
"'
u
w
ADI
Foram propostas quatro aes diretas de inconstitucionalidade contra estas previ-
ses, tendo elas sido julgadas parcialmente procedentes.
Confira abaixo os dispositivos que foram julgados inconstitucionais:
Confira agora os motivos peles quais cada dispositivo foi julgado inconstitucional:
Recapitulando:
Os dbitos da Fazenda Pblica devem ser pagos por meio do sistema de precatrios.
Quem pago em 1 lugar: crditos alimentares de idosos e portadores de doen-
as graves.
Quem pago em 2 lugar: crditos alimentares de pessoas que no sejam idosas
ou portadoras de doenas graves.
Quem pago em 3 lugar: crditos no alimentares.
Obs.1: a superprioridade para crditos alimentares de idosos e portadores de doen- ~
as graves possui um limite de valor previsto no 2 do art. 100. Assim, se o valor
a receber pelo idoso ou doente grave for muito alto, parte dele ser paga com su-
perpreferncia e o restante ser quitado na ordem cronolgica de apresentao do
precatrio. Esta limitao de valor foi considerada constitucional pelo STF.
Obs.2: dentro de cada uma dessas "filas", os dbitos devem ser pagos conforme a
ordem cronolgica em que os precatrios forem sendo apresentados.
Obs.3: os dbitos de natureza alimentcia so aqueles decorrentes de salrios, ven-
cimentos, proventos, penses e suas complementaes, benefcios previdencirios
e indenizaes por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil.
Obs-4: em que momento analisada esta idade de 6o anos para que a pessoa passe
a ter a superpreferncia?
Segundo a redao litera do 2 do art. 100, para que o indivduo tivesse direito
superpreferncia, ele deveria ser idoso (6o anos ou mais) no dia da expedio do
precatrio pelo juzo. Veja a redao do 2:
~
da mora (obsz: juros de mora), incidiro juros simples no mesmo percentual de
juros incidentes sobre a caderneta de poupana, ficando excluda a incidncia de
juros compensatrios. {Includo pela Emenda Constitucional n 62/og) >
iJ
Desse modo, o 12 determina que a correo monetria e os juros de mora, no caso o
de precatrios pagos com atraso, devem adotar os ndices e percentuais aplicveis "'u"'w
s cadernetas de poupana. ~
ll.
O 12 do art. too, inserido pela EC 62/og, tambm foi questionado. O que decidiu a Corte?
Para os Ministros, o ndice oficial da poupana (que chamado de TR- Taxa Refe-
rencial) no consegue evitar a perda de poder aquisitivo da moeda.
E:_te ndice (TR) fixado ex ante, ou seja, previamente, a partir de critrios tcnicos
~~o relacionados com a inflao considerada no perodo. Todo ndice definido ex ante
e mcapaz de refletir a real flutuao de preos apurada no perodo em referncia.
Assim, para o STF, aos precatrios de natureza tributria devem ser aplicados os
mesmos juros de mora que incidem sobre todo e qualquer crdito tributrio. Atual-
mente, este ndice a SE LI C.
15 do art. 100 da CF/88
O grande problema e a vergonha deste pas no que tange aos precatrios diz res-
peito aos Estados e Municpios. Existem Estados e Municpios que no pagam pre-
catrios vencidos h mais de 20 anos. Tais dvidas se acumulam a cada dia e, se
alguns Estados fossem obrigados a pagar tudo o que devem de precatrios, isso
seria muito superior ao oramento anual.
Na Unio e suas entidades a situao no to deficitria e os precatrios no
apresentam este quadro absurdo de atraso.
Pensando nisso, a EC n 62/og acrescentou o 15 ao art. 100, afirmando que o le-
gislador infraconstitucional poderia criar um regime especial para pagamento de
precatrios de Estados/DF e dos Municpios, estabelecendo uma vinculao entre
a forma e prazo de pagamentos com a receita corrente lquida desses entes. Veja a
redao do dispositivo:
15. Sem prejuzo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituio
Federal poder estabelecer regime especial para pagamento de crdito de pre-
o objetivo era que este regime especial previsse uma forma dos Estados/ DF e Mu-
nicpios irem reduzindo es:a dvida de precatrios sem que o oramento dos entes
ficasse inviabilizado.
A EC no 62/09 incluiu aind3 o art. 97 ao ADCT prevendo um regime especial de pa-
gamento dos precatrios enquanto no fosse editada a lei complementar. Confira:
Art. 97. At que seja editada a lei complementar de que trata o 15 do art. 100 da
Constituio Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios que, na data
de publicao desta Emenda Constitucional, estejam em mora na quitao de
precatrios vencidos, relativos s suas administraes direta e indireta, inclusive
os emitidos durante o perodo de vigncia do regime especial institudo por este
artigo, faro esses pagamentos de acordo com as normas a seguir estabelecidas,
sendo inaplicvel o disposto no art. 100 desta Constituio Federal, exceto em
seus 2, 3, 9, 10, 11, 12, 13 e 14, e sem prejuzo dos acordos de juzos concilia-
trios j formalizados na data de promulgao desta Emenda Constitucional.
(Includo pela Emenda Constitucional n 62!2009)
O regime especial institudo pelo art. 97 do ADCT prev uma srie de vantagens
aos Estados e Municpios, sendo permitido que tais entes realizem uma espcie
de "leilo de precatrios" 10 qual os credores de precatrios competiriam entre si
oferecendo desgios ("descontos") em relao aos valores que teriam para receber.
Aqueles que oferecessem maiores descontos iriam receber antes do que os demais.
Assim, o regime especial e.xcepcionou a regra do art. 100 da CF/88 de que os preca-
trios deveriam ser pagos na ordem cronolgica de apresentao. Logo, se algum
estivesse esperando h 20 anos, por exemplo, para receber seu precatrio, j seria
afetado por este novo regime e, para aumentar suas chances de conseguir "logo"
seu crdito, deveria conceder um bom "desconto" ao ente pblico.
Leonardo da Cunha afirm:>u, com razo, que a EC n 62/09 previu uma espcie de
"moratria" ou "concordata" para os Estados/ DF e Municpios (DI DI ER JR., Fredie; et.
a/. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 764). Da a alcunha
dada, de forma justa, por sinal, de ''emenda do calote".
~.~~.~~.~~!~.~~~.~~.~~~~~.~.~~!~.~?.~~.~~~! .................................................. .
O 15 do art. 100 da CF/88 e o art. 97 do ADCT (tratam sobre o regime especial de
pagamento de precatrios) ainda iro valer (podero ser aplicados) por mais cinco
anos (cinco exerccios financeiros) a contar de 01/01/2016. Em outras palavras, tais
regras sero vlidas at 2020.
~~.~~.~.~.~p~~~!:~.~~.~~.~.~~~~
Tais dispositivos previam a possibilidade de compensao obrigatria das dvidas
que a pessoa tinha com a Fazenda Pblica com os crditos que tinha para receber
atravs de precatrio.
O STF afirmou que so vlidas as compensaes obrigatrias que foram feitas at
25/03/2o15 (dia em que ocorreu a modulao).
A partir desta data, no ser possvel mais a realizao de compensaes obrigat-
rias, mas possvel que sejam feitos acordos entre a Fazenda e o credor do precatrio
e que tambm possua dvidas com o Poder Pblico para compensaes voluntrias.
~
essas regras do 2 do art. 97, iriam receber sanes que foram previstas no 10 do
art. 97, o que inclua, inclusive, sequestro de verbas pblicas.
Esse sistema de depsito mensal e tais sanes, assim como todo o art. 97 do ADCT, >
foram declarados inconstitucionais pelo STF. No entanto, a Corte decidiu modular o
V\
V\
os efeitos dessa deciso e afirmou que durante mais cinco anos, contados de 2016, w
u
tais regras sero consideradas vlidas. o
"'c..
Em outras palavras, at 2020 o '2 e 10 do art. 97 do ADCT da CF/88 continuam
vlidos e podero ser utilizados pelos Estados e Municpios.
O 12 prev que o valor dos precatrios ser corrigido pelo ndice bsico da cader-
neta de poupana (TR).
O STF julgou esse ndice inconstitucional. No entanto, a Corte conferiu eficcia prospec-
tiva declarao de inconstitucionalidade dessa expresso, ou seja, o Supremo afirmou
que essa inconstitucionalidade no teria efeitos retroativos (extunc). Essa declarao
de inconstitucionalidade somente iria valer a partir de certa data. E qual data esta?
~ft :Para precatrios da administrao Para os precatrios da administrao
@Jtl.f. " ESTADUAL e MUNICIPAL . FEDERAL
O STF estabeleceu que a TR (ndice da pou- O STF afirmou que se poderia aplicar
pana) poderia ser aplicada at 25/03/2015. a TR at 31/12/2013.
Quando for ser calculada a correo mone- Ou ando for ser calculada a correco
tria do precatrio, possvel utilizar a TR ~onetria do precatrio federai,'
at essa data. possvel utilizar a TR at essa data.
Aps essas datas, qual ndice ser utilizado para substituir a TR (julgada inconstitucional)?
Precatrios em geral: ndice de Preos ao Consumidor Amplo Especial. O IPCA-E
passa a ser o ndice utilizado para a correo monetria dos precatrios.
Precatrios tributrios: os precatrios tributrios devero observar os mesmos
critrios pelos quais a Fazenda Pblica corrige seus crditos tributrios. Assim,
para a sua correo aplica-se a SELIC.
PRECATRIOS
QUESTO DE ORDEM NAS ADIS 4357 E 4.425
1. Modulao de efeitos que d sobrevida ao regime especial de pagamento de
precatrios, institudo pela Emenda Constitucional n 62/2009, por 5 (cinco)
exerccios financeiros a contar de primeiro de janeiro de 2016.
2. Conferir eficcia prospectiva declarao de inconstitucionalidade dos se-
guintes aspectos da ADI, fixando como marco inicial a data de concluso do
julgamento da presente questo de ordem (25.03.2015) e mantendo-se vli-
dos os precatrios expedidos ou pagos at esta data, a saber:
2.1. Fica l)'lantida a aplicao do ndice oficial de remunerao bsica da cader-
neta de poupana (TR}, nos termos da Emenda Constitucional n 62/2009,
at 25.03.2015, data aps a qual (i) os crditos em precatrios devero ser
corrigidos pelo ndice de Preos ao Consumidor Amplo Especi)l (IPCA-E) e
(ii) os precatrios tributrios devero observar os mesmos critrios pelos
quais a Fazenda Pblica corrige seus crditos tributrios; e
2.2. Ficam resguardados os precatrios expedidos, no mbito da administra-
o pblica federal, com base nos arts. 27 das Leis n 12.919/13 e n 13.080/15,
que fixam o IPCA-E como ndice de correo monetria.
3 Quanto s formas alternativas de pagamento previstas no regime especial:
3.1. Consideram-se vlidas as compensaes, os leiles e os pagamentos vis-
ta por ordem crescente de crdito previstos na Emenda Constitucional n
62/2009, desde que realizados at 25.03.2015, data a partir da qual no
ser possvel a quitao de precatrios por tais modalidades;
3.2. Fica mantida a possibilidade de realizao de acordos diretos, observada
a ordem de preferncia dos credores e de acordo com lei prpria da entida-
de devedora, com reduo mxima de 40% do valor do crdito atualizado.
4 Durante o perodo fixado no item 1 acima, ficam mantidas (i) a vinculao
de percentuais mnimos da receita corrente lquida ao pagamento dos pre-
catrios (art. 97, 10, do ADCT) e (li) as sanes para o caso de no liberao
tempestiva dos recursos destinados ao pagamento de precatrios (art. 97,
10, do ADCT). .
~
para essa finalidade, sendo que o restante ser pago na ordem cronolgica de
apresentao do precatrio. (Redao dada pela EC 62/og).
O 3 do art. 100 trata sobre o "pequeno valor" (valor da RPV: requisio de peque- oVl
no valor}. Assim, s pode receber na fila de superprioridade do 2 o precatrio que lfl
u
no seja superior a 3 vezes o valor da RPV. o
"'a..
Quanto "pequeno valor" poro os fins do 3 do art. too? Qual o valor da RPV?
Este quantum poder ser estabelecido por cada ente federado (Unio, Estado, DF,
Municpio) por meio de leis especficas, conforme prev o 4 do art. 100.
Unio
Para as condenaes envolvendo a Unio, pequeno valor equivale a 6o salrios m-
nimos (art. 17. 1, da Lei no 10.25912001}. Esse o teto da RPV no mbito federal.
Ese o ente federado no editor o lei prevendo o quontum do "pequeno valor"?
Nesse caso, segundo o art. 87 do ADCT da CF/88, para os entes que no editarem
suas leis, sero adotados, como "pequeno valor" os seguintes montantes:
l-40 salrios mnimos para Estados e para o Distrito Federal;
11-30 salrios mnimos para Municpios.
Assim, se o valor a ser recebido pelo idoso ou doente grave for superior a 3 vezes
0 que considerado "pequeno valor" para fins de precatrio( 4), parte dele ser
Imagine que um idoso possua mais de um precatrio para receber. Esse valor mxi-
mo para receber na fila superpreferencial do 2 um valor para cada precatrio ou
para a totalidade deles? Ex.: Pedro tem dois precatrios para receber da Unio: um
no valor de 120 salrios-mnimos e outro no valor de 100 salrios-mnimos. Em se
tratando da Unio, o limite de que trata o 2 1Bo salrios-mnimos (3x6o}. Pedro
poder receber os dois precatrios na fila especial do 2?
SIM.
Em que momento analisada esta idade de 6o anos para que a pessoa passe a ter a
superpreferncia?
Segundo a redao literal do 2 do art. 100, para que o indivduo tenha direito
superpreferncia, ele deve ser idoso (6o anos ou mais) no dia da expedio do pre-
catrio pelo juzo. Veja a redao do 2:
ocorre que, entre o dia em que o precatrio expedido e a data em que ele efetiva-
mente pago, podem se passar alguns anos. Desse modo, comum que a pessoa no seja
idosa no instante em que o precatrio expedido, mas como o processo de pagamento
to demorado, ela acabe completando mais de 6o anos de idade durante a espera.
Diante disso, esta expresso "na data de expedio do precatrio" constante no 2
do art. 100 da CF/88 foi declarada INCONSTITUCIONAL pelo STF.
o STF entendeu que esta limitao at a data da expedio do precatrio viola o
princpio da igualdade e que esta superpreferncia deveria ser estendida a todos os
credores que completassem 6o anos de idade enquanto estivessem aguardando o
pagamento do precatrio de natureza alimentcia.
STF. Plenrio. ADI 4357/DF, ADI 4425/DF, ADI 4372/DF, ADI 4400/DF, ADI 4357/DF, rei. orig. Min.
Ayres Britto, red. p/ o acrdo Min. Luiz Fux, 13 e 14/3/2013 (lnfo 6g8).
10 EXECUO FISCAL
10.1 PROCEDIMENTO DA EXECUCO FISCAL
CONCEITO
Execuo fiscal ...
a ao judicial proposta pela Fazenda Pblica (Unio, Estados, DF, Municpios e
suas respectivas autarquias e fundaes)
para cobrar do devedor
crditos (tributrios ou no tributrios)
que esto inscritos em dvida ativa.
A execuo fiscal regida pela Lei n 6.83o/8o (LEF) e, subsidiariamente, pelo CPC.
O procedimento da execuo fiscal especial e bem mais clere que o da execuo
"comum".
PETICO...INICIAL
........ .... . . . . . . . . . . ... ... .. . . .. . . .. ..... .. .. . ... .... .. . ......................................................... .
~...
A execuo fiscal comea com a petio inicial proposta pela Fazenda Pblica, que
urna pea processual muito simples, normalmente de uma ou duas pginas, in-
dicando apenas:
1- o Juiz a quem dirigida;
11- o pedido; e
111-o requerimento para a citao.
A petio inicial dever ser instruda com a Certido da Dvida Ativa (CDA),que dela
far parte integrante, como se estivesse transcrita.
Smula 558-STJ: Em aes de execuo fiscal, a petio inicial no pode ser inde-
ferida sob o argumento da falta de indicao do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte
executada.
STJ.1" Seo. Aprovada em og/12/2015.
O art. 6 da Lei no 6.83o/8o {LEF), que trata sobre os rec ui sitos da petio inicial na
execuo fiscal, no exige que o exequente faa a indicao de RG, CPF ou CNPJ do
executado. Confira:
Art. 6- A petio inicial indicar apenas:
1- o Juiz a quem dirigida;
11- o pedido; e
111- o requerimento para a citao.
Princpio da especialidade
Diante da diferena entre a lei no 6.83o/8o e a Lei no 11-419/2006, o STJ entendeu
que deveria prevalecer a LEF, j que se trata de norma especial, que prevalece sobre
a norma geral.
Orientao procedimental
O art. 15 da Lei n 11-419/06 no criou um requisito processual para a formulao
da petio inicial, mas apenas estabeleceu uma orienta;o procedimental voltada
para facilitar a identificao das partes. Somente a Lei 6.83o/8o pode trazer os re-
quisitos formais para a composio da petio do proce.>so fiscal.
Opo 1: pagamento
Se o executado decidir pagar o valor cobrado, a execuo extinta.
O pagamento deve ser feito por meio de depsito em conta bancria vinculada ao juzo.
Opo 2: se o executado decidir garantir a execuo, o que significa isso? Como ele faz?
O executado deve escolher essa opo quando no concordar com a dvida que est sen-
do cobrada e desejar se defender no processo, demonstrando que no deve aquele valor.
Para isso, o devedor no precisa pagar a dvida imediatamente, mas dever oferecer
uma garantia de que, se perder a demanda, ter como quitar o dbito.
Oferecendo a garantia, o executado tem duas vantagens:
evita que a Fazenda Pblica indique os bens do devedor que sero penhorados;
ganha o direito de poder oferecer uma defesa no processo chamada de "embar-
gos execuo"( 1 do art. 16), que um instrumento de defesa mais amplo que
a exceo de pr-executividade (que dispensa a garantia do juzo).
indispensvel que o executado oferea garantia para que possa apresentar embar-
gos execuo fiscal?
SIM. A Lei n 6.830/80 prev, expressamente, que na execuo fiscal, para que 0
devedor possa se defender por meio de embargos, indispensvel a garantia da
execuo( 1 do art. 16):
Quais as formas por meio das quais o devedor poder oferecer a garantia do juzo?
DEPSITO EM DINHEIRO: o executado faz o depsito em dinheiro do valor cobra-
do em uma instituio bancria oficial de crdito (ex.: Caixa Econmica Federal);
FIANA BANCRIA: o executado apresenta uma fianc: bancria, documento no
qual o banco assume o compromisso de ser o fiador do devedor em relao ao
valor cobrado;
o seguro garantia s foi inserido na LEF com a Lei n 7J.04JIZ074, que entrou em
vigor em 7417112074; possvel aceitar seguro garantia para uma execuo fiscal
que tenha se iniciado antes desta data e que ainda esteja tramitando? Em outras
palavras, a alterao promovida pela Lei n 7J.04312074 no que tange ao seguro
garantia aplica-se s execues fiscais que foram instauradas antes de sua vigncia
e que ainda estejam em curso?
SIM.
O inciso 11 do art. 9 da Lei 6.830/So {LEF}, alterado pela Lei n 13.043/2014, que
faculta expressamente ao executado a possibilidade de oferecer fiana banc-
ria ou seguro garantia nas execues fiscais, possui aplicabilidade imediata aos
processos em curso.
~
A norma que permite a garantia do juzo por meio de seguro garantia de cunho
processual, de modo que possui aplicabilidade imediata aos processo~ em curso.
STJ. 2 Turma. REsp 1.508.171-SP, Rei. Min. Herman Benjamin, julgado em 171312015 (lnfo 559). >
iJ
o
V\
V\
w
Obs.: o juiz poder deferir ao executado, em qualquer fase do processo, a substitui- u
o
o da penhora por seguro garantia. ""
0..
PENHORA
.
Se o executado no pagar nem garantir a execuo, o juiz determinar a penhora
de bens.
Penhora o ato pelo qual so apreendidos bens do devedor, que sero utilizados
para satisfazer o crdito executado.
(... )
11- Fazenda Pblica, a substituio dos bens penhorados por outros, indepen-
dentemente da ordem enumerada no artigo 11, bem como o reforo da penhora
insuficiente.
NO.
,
O STJ decidiu que, em sede de execuo fiscal, a Fazenda Pblica no tem direito
de substituir a fiana bancria prestada pela socie.~ade empresriaexecutad~
e anteriormente aceita pelo ente pblico por penhora de depsito de quantia .
destinada distribuio de dividendos aos acionistas da devedora, a no ser
que a fiana bancria se mostre inidnea.
STJ. 11 Seo. EREsp 1.163.553-RJ, Rei. originrio e voto vencedor Min. Arnaldo Esteves Lima,:
Rei. para o acrdo Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22/4/2015 (lnfo 569).
A questo chegou at o STJ. O que decidiu a Corle? A penhora dever ser realizada?
SIM.
10.2 COMPETNCIA
A competncia para julgar a execuo fiscal ir depender da Fazenda Pblica que
for a autora da ao:
1. Se for proposta pela Fazenda Pblica ESTADUAL OU MUNICIPAL:
Art.1og (... )
3- Sero processadas e julgadas na justia estadual, no foro do domiclio dos
segurados ou beneficirios, as causas em que forem parte instituio de previ-
~
>
dncia social e segurado, sempre que a comarca no seja sede de vara do juzo o
Vl
federal, e, se verificada essa condio, a lei poder permitir que outras causas Vl
w
u
sejam tambm processadas e julgadas pela justia estadual. ~
0..
Art. 15. Nas Comarcas do interior onde no funcionar Vara da Justia Federal (ar-
tigo 12), os Juzes Estaduais so competentes para processar e julgar:
1- os executivos fiscais da Unio e de suas autarquias, ajuizados contra devedo-
res domiciliados nas respectivas Comarcas;
Equem julgar agora a execuo fiscal proposta pela Fazenda Pblica federal contra
um devedor que more em cidade onde no haja vara federal?
Essa execuo fiscal ser julgada pela vara da Justia Federal que, mesmo no es-
tando fisicamente localizada nesta cidade, tiver competncia sobre ela.
Nos ltimos anos, a Justica Federal passou por um movimento de interiorizaco
tendo sido criadas diversa~ varas federais em cidades do interior dos Estados. E;sa~
varas federais interiorizadas, que chamamos de subsees judicirias, so instala-
das nos municpios de grande e mdio porte do interior dos Estados.
Assim, por exemplo, recentemente foi instalada uma vara federal em Tef (muni-
cpio de mdio porte do interior do Amazonas). A subseo judiciria que fica loca-
lizada fisicamente em Tef tem competncia para atuar no apenas nesta cidade,
mas tambm nos processos judiciais federais relacionados com nove Municpios
menores e que ficam prximos a Tef (Aivares, Carauari, Coa ri, Fonte Boa, Japur,
Juru, Mara, Tapau, Uarini).
Logo, se a Unio ajuizar uma execuo fiscal contra um devedor de Alvares (AM),
onde no existe vara federal, essa ao, antes da Lei n 13.043/2013, era processada
pelo juzo de direito de Alvares. Atualmente, ser julgada pelo juzo federal de Tef.
O que acontece com as execues fiscais de crditos federais que j tinham sido pro-
postas antes da Lei n 13.043/2014 e esto tramitando na Justia Estadual por for-
a da competncia delegada? O juzo estadual dever declinar da competncia e
remet-las para a Justia Federal?
NO. A Lei n 13.043/2014 determinou que a revogao da competncia delegada
NO deve alcanar as execues fiscais da Unio e de suas autarquias e fundaes
pblicas ajuizadas na Justia Estadual antes da vigncia desta Lei (art. 75).
Em outras palavras, o fim da competncia delegada s vale para execues fiscais
propostas a partir de 14/11/2014. As execues fiscais propostas perante o juzo de
direito antes dessa data devero ser por ele sentenciadas e o eventual recurso
dirigido ao Tribunal Regional Federal.
10.~ REUNIO DE EXECUES FISCAIS PROPOSTAS CONTRA O MESMO
DEVEDOR
10.4 REDIRECIONAMENTO
NOCES GERAIS
...... ! . ................................................................................................................... .
Redirecionamento
Quando a Fazenda Pblica ajuza uma execuo fiscal contra uma empresa e no
consegue localizar bens penhorveis, o CTN prev a possibilidade de o Fisco REDI-
RECIONAR a execuo incluindo no polo passivo, ou seja, como executadas, algu-
mas pessoas fsicas que tenham relao com a empresa, desde que fique demons-
trado que elas agiram com excesso de poderes ou praticando atos que violaram a
iei, o contrato social ou os estatutos, nos termos do art. 135 do CTN:
Art. 135. So pessoalmente responsveis pelos crditos correspondentes a obri-
gaes tributrias re;ultantes de atos praticados com excesso de poderes ou in-
frao de lei, contrato social ou estatutos:
1- as pessoas referidas no artigo anterior;
11- os mandatrios, prepostos e empregados;
111- os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurdicas de direito privado.
Os scios, como regra geral, no respondem pessoalmente (com seu patrimnio
pessoal) pelas dvidas da sociedade empresria. Isso porque vigora o princpio da
autonomia jurdica da pessoa jurdica em relao aos seus scios. A pessoa jur-
dica possui personalidade e patrimnio autnomos, que no se confundem com
a personalidade e patrimnio de seus scios. No entanto, se o scio praticou atos
com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos (art. 135, 111),
ele utilizou o instituto da personalidade jurdica de forma fraudulenta ou abusiva,
podendo, portanto, ser res::>onsabilizado pessoalmente pelos dbitos.
Vale ressaltar, no entanto, que o simples fato de a pessoa jurdica estar em dbito
com o Fisco no autoriza que o scio pague pela dvida com seu patrimnio pes-
soal. necessrio que ele tenha praticado atos com excesso de poderes ou infrao
de lei, contrato social ou estatutos (art. 135, 111). Nesse sentido:
(... )embora seja necessrio de- referido fato. Por essas razes, irrelevante
monstrar quem ocupava o posto de para a definio da responsabilidade por
gerente no momento da dissolu- dissoluo irregular (ou sua presuno)
o, necessrio, antes, que aquele a data da ocorrncia do fato gerador da
~
responsvel pela dissoluo tenha obrigao tributria, bem como o momen-
sido tambm, simultaneamente, o to em que vencido o prazo para pagamento
detentor da gerncia na oportunida- do respectivo dbito.
de do vencimento do tributo. que >
a posio da 2 Turma do STJ.
s se dir responsvel o scio que,
REsp 1.520.257-SP, Rei. Min. Og Fernandes, oVl
tendo poderes para tanto, no pagou Vl
w
o tributo (da exigir-se seja demons- julgado em 16/6/2015 (info 564). u
o
trada a deteno de gerncia no ""
0..
REDIRECIONAMENTO E EXECUCO
.................................................. DE DVIDAS NO-TRIBUTRIAS
......................................................................... .
Quando a sociedade empresria for dissolvida irregularmente, possvel o redire-
cionamento da execuo fiscal para o scio-gerente da pessoa jurdica executada
mesmo que se trate de dvida ativa NO-TRIBUTRIA. Vale ressaltar que, para que
seja autorizado esse redirecionamento, no preciso provar a existncia de dolo
por parte do scio.
Assim, por exemplo, a Smula 435 do STJ pode ser aplicada tanto para execuo fiscal
de dvida ativa tributria como tambm na cobrana de dvida ativa NO-TRIBUTRIA.
No caso concreto, a ANATE L estava executando crditos no-tributrios que eram de-
vidos por uma rdio comunitria. Quando o Oficial de Justia chegou at o endereo
da empresa, constatou que ela no estava mais funcionando ali, estando presumida-
mente extinta. Logo, caber o redirecionamento da execuo para o scio-gerente.
STJ.1 3 Seo. REsp 1.371.128-RS, Rei. Min. Mauro Campbell Marques,julgado em 10/g/2o14 (recur-
so repetitivo) (lnfo 547).
O art. 185-A do CTN mais amplo e mais invasivo ao patrimnio do devedor do que
a mera penhora "online" disciplinada pelo CPC Isso porque o art. 185-A do CTN prev
a indisponibilidade universal dos bens e direitos do executado. Como pontua o STJ:
Requisitos
por ser uma medida muito grave, a indisponibilidade de que trata o art. 185-A do
CTN s pode ser decretada se forem preenchidos trs requisitos que podem ser
extrados da prpria redao do dispositivo. So eles:
1. Citao do devedor
-
Resumindo:
~
particular), a contar da data do vencimento: consoante o disposto no art. 206,
, .: 5, I, do CC/2002, para que dentro dele (observado o disposto no art. 2, 3
;, da LEF) sejam feitos a inscrio em dvida ativa e o ajuizamento da respectiva >
'C- execuo fiscal. iJ
o
)5-rJ.,~ Seo. REsp 1.373-292-PE, Rei. Mn. Mauro tampbell Marques, julgado em 22/10/2014
V\
V\
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'(lnfo s6s). o
"'
0..
11 JUIZADOS ESPECIAIS
11.1 COMPETNCIA DA UNIO PARA LEGISLAR
Recurso inominado
A Lei n g.ogg/gs, que disciplina o processo nos Juizados Especiais Cveis e Crimi-
nais, prev que, contra a sentena proferida pelo juiz no rito dos juizados, caber re-
curso inominado para o prprio Juizado (recurso a ser julgado pela Turma Recursal).
Obs.: contra sentena meramente homologatria de conciliao ou laudo arbitral
no cabe recurso inominado.
Lei estadual exigindo depsito da condenao para recurso no Juizado
?Estado de Pernambuco aprovou uma lei exigindo, como condio para que a parte
Interponha recurso inominado, o depsito em juzo do valor integral da condenao.
Essa lei do Estado de Pernambuco constitucional?
No.
A referida lei tratou sobre admissibilidade recursal, que um assunto inserido den-
tro do "direito processual". A competncia para legislar sobre direito processual
privativa da Unio, nos termos do art. 22,1, da CF/88.
Alm disso, o STF afirmou que a mencionada lei dificultava ou mesmo inviabilizava
a interposio de recurso para a Turma Recursal, j que fazia exigncia muito gra-
vosa. Desse modo, vulnerava os princpios constitucionais do acesso jurisdio, do
contraditrio e da ampla defesa (art. 5, XXXV e LV, da CF/88).
11.2 RECLAMACO
Vale ressaltar que somente caber RE contra acrdo d:l Turma Recursal se a causa
envolver questo constitucional.
O que acontece, ento, se a deciso da Turma Recursal disser respeito interpreta-
o de lei federal e contrariar entendimento consolidado ou mesmo sumulado do
STJ? J que no cabe recurso especial, como a parte poder questionar essa deciso?
A resposta aqui ir variar conforme o microssistema do Juizado. Veja:
1. Juizados Especiais Cveis e Criminais estaduais
A Lei n g.ogg/95 no previu soluo para esse impasse.
Diante disso, o STJ idealizou a tese de que, enquanto a Lei no for alterada para criar
um incidente de uniformizao, ser possvel que a parte ingresse com reclamao
no STJ contra o acrdo da Turma Recursal do Juizado Especial Estadual que contra-
riar entendimento da Corte.
Existe at uma Resoluo no 12/2009 do STJ tratando sobre "o processamento, no
Superior Tribunal de Justia, das reclamaes destinads a dirimir divergncia en-
tre acrdo prolatado por turma recursal estadual e a jL risprudncia desta Corte".
O STJ entende que a parte pode ajuizar reclamao cont:a deciso de Turma Recur-
sal estadual quando a deciso proferida:
afronta r jurisprudncia do STJ pacificada em recurso re::>etitivo (art. 543-C do CPC);
violar smula do STJ;
for teratolgica.
2. Juizados Especiais Cveis e Criminais no mbito da Justia Federal
E se uma deciso da Turma Recursal do Juizado Especial Federal (JEF) contrariar
entendimento do STJ, tambm caber reclamao?
NO. No ser necessria reclamao porque a Lei do JEF, como posterior Lei n
g.ogg/gs,j corrigiu essa falha e previu mecanismos para fazer com que o enten-
dimento do STJ prevalea.
A Lei do JEF (Lei n 10.259/2001) trouxe, em seu art. 14, previso de que a parte
pode formular pedido de uniformizao de jurisprudncia para a Turma Regional
de Uniformizao (TRU) ou para a Turma Nacional de Uniformizao (TNU), a de-
pender do caso. Se a orientao acolhida pela Turma de Uniformizao contrariar
smula ou jurisprudncia dominante no STJ, a parte inter=ssada poder provocar a
manifestao deste, que dirimir a divergncia( 4).
~
Art. 18. Caber pedido de uniformizao de interpretao de lei quando houver
divergncia entre decises proferidas por Turmas Recursais sobre questes de
direito material.
>
(... ) o
Vl
3 Quando as Turmas de diferentes Estados derem a lei federal interpretaes Vl
w
u
divergentes, ou quando a deciso proferida estiver em contrariedade com smu- ~
la do Superior Tribunal de Ju,stia, o pedido ser por este julgado. Cl..
Ento, neste caso, seria cabvel reclamao? Cabe reclamao contra acrdo da
Turma Recursal do Juizado da Fazenda Pblica que contrariar jurisprudncia do-
minante do STJ?
NO. No cabvel nem pedido de uniformizao nem reclamao ao STJ contra
acrdo de Turma Recursal do Juizado da Fazenda Pblica que contrarie orien-
tao fixada em precedentes do STJ.
O STJ entendeu que no cabia reclamao neste caso em razo no se verifica-
rem as hipteses nas quais ela permitida:
usurpao de competncia do STJ ou;
necessidade de garantir a autoridade das decises do STJ.
STJ. ,. Seo. Rcl22.b33"SC, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 8/4/2015 (lnfo 559)
possvel que o impetrante desista do MS aps j ter sido prolatada sentena de mrito?
No havia esse dispositivo no CPC 1973. Por essa razo alguns autores, como Fredie
Didier, defendem que o novo CPC influencia tambm no mandado de segurana e
que no seria permitida a desistncia do writ aps a sentena de mrito.
CONCEITO
O pedido de suspenso
urn instrumento processual (incidente processual)
por meio do qual as pessoas jurdicas de direito pblico ou o Ministrio Pblico
requerem ao Presidente do Tribunal que for competente para o julgamento do recurso
que suspenda a execuo de uma deciso, sentena ou acrdo proferidos,
sob o argumento de que esse provimento jurisdicional prolatado causa grave le-
so ordem, sade, segurana e economia pblicas.
NOMENCLATURA
Comumente, esse instituto chamado de pedido de "suspenso de segurana".
Isso porque ele foi previsto originalmente na lei apenas para suspender as decises
liminares ou sentenas proferidas em mandados de segurana.
Ocorre que, com o tempo, foram editadas novas leis trazendo a possibilidade de
suspenso para praticamente toda e qualquer deciso judicial prolatada contra a
Fazenda Pblica.
Por essa razo, atualmente, alm de "suspenso de segurana", pode-se falar ern
"suspenso de liminar", "suspenso de sentena", "suspenso de acrdo" etc.
PREVISO LEGAL
NATUREZA JURDICA
Prevalece o entendimento de que se trata de um "incidente processual" (Leonardo
Jos Carneiro da Cunha).
A deciso de suspenso de segurana possui carter poltico ou jurisdicional?
~
a posio pacfica do STJ. possuindo contedo jurisdicional.
com base nesse entendimento que o Com base nessa compreenso, a,.
STJ no admite recurso especial contra Turma do STF chegou concluso que
decises proferidas no mbito do pedido cabvel, em tese, recurso especial
de suspenso de segurana. contra decises proferidas no mbito
o
"'w"'
Segundo o STJ, o recurso especial sedes- do pedido de suspenso de segurana u
o
tina a combater argumentos que digam {STF. 1" Turma. RE 798740 AgR/DF, rei. ""a.
respeito a exame de legalidade, a passo orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acr-
que o pedido de suspenso ostentaria do Min. Marco Aurlio, julgado em
0
juzo poltico. l /9/201.lnfo 797).
LEGITIMIDADE
Quem pode formular pedido de suspenso?
Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios;
autarquias e fundaes;
Ministrio Pblico;
concessionrias de servio pblico (desde que para tutelar o interesse pblico
primrio).
COMPETNCIA
A competncia para apreciar o pedido de suspenso do
Presidente do Tribunal que teria competncia para julgar o
DECISO PROLATA- recurso contra a deciso.
DA POR JUIZ DE 1a Ex.: concedida liminar por juiz federal doAM, o pedido de
INSTNCIA suspenso ser julgado pelo Presidente do TRF1.
Ex.z: concedida liminar por juiz de direito doAM, o pedido
de suspenso ser julgado pelo Presidente do TJAM.
--------
O pedido de suspenso ser decidido pelo:
Presidente do STF: se a matria for constitucional.
DECISO PROLATADA
POR MEMBRO DE TJ Presidente do STJ: se a matria for infraconstitucional.
OUTRF Ex.: concedida liminar pelo Desembargador do TJ/AM, o pedi-
do de suspenso ser dirigido ao Presidente do STF ou do STJ,
e no ao Presidente do TJ/AM (art. 25 da Lei n 8.038/go).
--------
Se a causa tiver fundamento constitucional, possvel o ajuiza-
DECISO PROLATADA mento de pedido de suspenso dirigido ao Presidente do STF.
PO~ MEMBRO DE
TRIBUNAL SUPERIOR Se a causa no tiver fundamento constitucional, no h
possibilidade de pedido de suspenso.
--------
NO SE EXAMINA O MRITO NO PEDIDO DE SUSPENSO:
Na anlise do pedido de suspenso, vedado o exame do mrito da demanda
principal. O que ser examinado pelo Tribunal se a deciso prolatada acarreta
risco de grave leso :
ordem;
sade;
segurana; ou
economia pblicas.
Aplica-se o art. 188 do CPC 1973 (art. 183 do CPC 2015) aos recursos interpostos em
processos de suspenso de segurana?
Prevalece o entendinerto de que NO. "No se aplica o disposto no art. 188 do
CPC, que determina o prazo em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda
Pblica ou o Ministrio Pblico, aos pedidos de suspenso de segurana" (SL n. 296
ED/GO, Rei. Min. Cezar P~luso, DJe de 25/10/11).
No mesmo sentido: STJ. 1 Turma. REsp 1317163/SC, Rei. Min. OI indo Menezes (Des.
Conv. TRF 1 Regio), julgado em o61lo/2015).
Registre-se, no entanto, precedente do STJ concedendo o prazo em dobro: STJ. Corte Es-
pecial. AgRg no AgRg na SLS 1.955/DF, Rei. Min. Francisco Falco, julgado em 18/03/2015.
Cabe recurso especial da dedso do Plenrio ou da Corte Especial que julga esse agravo?
Segundo o STJ: NO. No cabe Recurso Especial de decises proferidas no mbito
do pedido de suspo=nso. O recurso especial se destina a combater argumentos
13 PROCESSO COLETIVO
LEGITIMIDADE DO MINISTRIO PBLICO PARA DEFESA DOS BENEFI
13.1
CIRIOS DO DPVAT
O que o DPVAT?
O DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veculos Automotores de Via Terrestres)
um seguro obrigatrio contra danos pessoais causados por veculos automotores
de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas, transportadas ou no.
Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um
veculo automotor, ou por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a in-
denizao do DPVAT. Isso abrange motoristas, passageiros, pedestres ou, em caso
de morte, seus respectivos herdeiros.
~
A pessoa dever procurar uma das empresas seguradoras que seja consorciada ao
DPVAT e apresentar a documentao necessria.
Para requerer o seguro DPVAT, no necessrio advogado, despachante ou qual- >
quer outra ajuda de terceiros. u
o
V1
V1
W
Caso a pessoa beneficiria do DPVAT no receba a indenizao ou no concorde com u
o valor pago pela seguradora, ela poder buscar auxlio do Poder Judicirio? 1il
c..
Se uma grande quantidade de pessoas est tendo problemas com determinada se-
guradora consorciada ao DPVAT (que tem deixado de pagar os beneficirios ou o faz
em valores inferiores ao devido), o Ministrio Pblico poder ajuizar uma ao civil
pblica em favor dessas pessoas?
Aqui est o cerne da questo. O STJ entendia que no, ou seja, o MP no teria legiti-
midade para pleitear a indenizao decorrente do DPVAT em benefcio do segura-
do. Por isso, a Corte editou a Smula 470, que tinha o seguinte texto: "O Ministrio
Pblico no tem legitimidade para pleitear, em ao civil pblica, a indenizao
decorrente do DPVAT em benefcio do segurado."
Ocorre que o tema chegou ao STF. Eo que decidiu o Supremo?
O Ministrio Pblico possui legitimidade para ajuizar ao civil pblica em defesa
~os direitos individuais homogneos dos beneficirios do seguro DPVAT, dado o
Interesse social qualificado presente na tutela dos referidos direitos subjetivos.
Agora, tanto o STF como o STJ entendem que o Ministrio Pblico detm legi-
timidade para ajuizar ao coletiva em defesa dos direitos individuais homo-
gneos dos beneficirios do seguro DPVAT, dado o interesse social qualificado
presente na tutela dos referidos direitos subjetivos.
Est cancelada a smula 470 do STJ, que tinha a seguinte redao: "O Ministrio
Pblico no tem legitimidade para pleitear, em ao civil pblica, a indenizao
decorrente do DPVAT em benefcio do segurado."
STJ. 2 Seo. REsp 858.o56/GO, Rei. M,in. Marco Buizi,julgado em 27/05/2015 (lnfo 563).
STF.Pienrio. RE 631.11/GO, Rei. Min. Teori Zavascki,julgado em o6 e 07/08/2014 (repercus-
so geral) (lnfo 753).
O que aconteceu com os valores de PIS/PASEP que estavam depositados nas contas
dos trabalhadores?
Eles continuaram a per::encer aos trabalhadores, que continuam podendo levantar
(sacar) a quantia nas hipteses previstas em lei. Veja o que diz o 2 do art. 239:
A Unio afirmou que o Ministrio Pblico no teria legitimidade para ajuizar ACP
formulando esses pedidos, considerando que no se enquadraria em suas atribui-
es constitucionais. A tese est correta?
NO.
~
. visto que se subsume aos seus fins institucionais.
STJ. 2 Turma. REsp 1.480.250-RS, Rei. Min. Herman Benjamin,julgado em 18/8/2015 {lnfo 568).
5
13.3 ACP PROPOSTA CONTRA PREFEITO E PREVISO NA LEI DE OUE TAL oVI
VI
ATRIBUICO DO PGJ - w
u
~
Lei Orgnica do MP/MS o.
A Lei Complementar estadual n 72/94 (Lei Orgnica do MP/MS) prev que somente o
Procurador-Geral de Justia poder ajuizar ao civil pblica contra Secretrios de Es-
tado, Deputados Estaduais, Prefeitos, membros do MP ou membros da Magistratura.
Essa previso constitucional?
SIM. O STF decidiu que essa previso compatvel com a CF/88, no havendo ne-
nhuma inconstitucionalidade. Confira a ementa:
~ {...) 1. Competncia exclusiva do Procurador-Geral de Justia do Estado de Mato Gros-
- so do Sul para propor a ao civil pblica contra autoridades estaduais especficas.
2. A legitimao para propositura da ao civil pblica- nos termos do artigo
129, inciso 111, da Constituio do Brasil- do Ministrio Pblico, instituio una
e indivisvel.
3- O disposto no artigo 30, inciso X, da LC 72/94, estabelece quem, entre os in-
tegrantes daquela instituio, conduzir o inqurito civil e a ao civil pblica
quando a responsabilidade for decorrente de ato praticado, em razo de suas
funes, por determinadas autoridades estaduais.
Resumindo:
A Turma, por maioria, entendeu que a defensoria pblica tem legitimidade para
propor ao civil ptlica na defesa do interesse de consumidores. Na espcie, o
Nudecon, rgo vhculado cefensoria pblica do Estado do Rio de Janeiro, por
ser rgo especializado que compe a administrao pblica direta do Estado,
perfaz a condio expressa no art. 82,111, do coe.( ... )
STJ. 3 Turma. REs:J 5')5.111-RJ, Rei. Min. Castro Filho, julgado em 5/9120o6.
Desse modo, seja antes da EC 80/2014 e com maior razo depois, a Defensoria P-
blica possui sim legitimidade para propor ao civil pblica na defesa de interesses
difusos, coletivos ou individuais homogneos.
Segundo pontuou a Ministra Crmen Lcia, em um pas come o nosso, marcado por
graves desigualdades sociais e pela elevada concentrao de renda, uma das gran-
des barreiras para a implementao da democracia e da cidadania ainda o efetivo
acesso Justia. Somente se conseguir promover polticas pblicas para reduzir
ou suprimir essas enormes diferenas se forem oferecidos im.trumentos que aten-
dam com eficincia s necessidades dos cidados na defe5a de seus direitos. Nesse
sentido, destaca-se a ao civil pblica. Dessa feita, no interessa sociedade res-
tringir o acesso justia dos hipossuficientes.
Em suma:
~
;J constitucional a Lei n 11;448/2oo7, q!Je alterou a Lei n 7347/Ss, prevendo a
, "Defensoria Pblica como um dos legitimados para propor ao civil pblica.
~Vale ressaltar que, segundo o STF, a Defensoria Pblica pode propor ao civil o
o
;,publica na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogneos. "'
"'w
u
. STF. Plenrio. ADI3943/DF, Rei. Min. Crmen Lcia, julgado em 6 e7/5/2015 (lnfo 784). o
"'
0..
APROFUNDANDO
............................................................................................................................
Vou agora aprofundar um pouco mais o tema, tratando de alguns tpicos mais
polmicos e que ainda podem suscitar divergncias.
(... )
VIl- promover ao civil pblica e todas as espcies de aes capazes de propi-
ciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogneos
quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas hipossufi~
cientes; (Redao dada pela LC 132/2009)
VIII- exercer a defesa dos direitos e interesses individuais, difusos, coletivos e
individuais homogneos e dos direitos do consumidor, na forma do inciso LXXIV
do art. 5 da Constituio Federal; (Redao dada pela LC 132/2009)
X- promover a mais ampla defesa dos direitos fundamentais dos necessitados,
abrangendo seus direitos individuais, coletivos, sociais, econmicos, culturais e
ambientais, sendo admissveis todas as espcies de aes capazes de propiciar
sua adequada e efetiva tutela; (Redao dada pela LC 13212oo9)
XI- exercer a defesa dos interesses individuais e coletivos da criana e doado-
lescente, do idoso, da pessoa portadora de necessidades especiais, da mulher v-
tima de violncia domstica e familiar e de outros grupos sociais vulnerveis que
meream proteo especial do Estado; (Redao dada pela LC 13212009)
No julgamento da ADI 3943, ora explicada, diversos Ministros manifestaram esse
mesmo entendimento.
A Min. Crmen Lcia, em determinado trecho de seu voto, afirmou:"No se est a
afirmar a desnecessidade de a Defensoria Pblica observar o preceito do art. 5, LXXIV,
da CF, reiterado no art. 134- antes e depois da EC Bo/2014. No exerccio de sua atri-
buio constitucional, necessrio averiguar a compatibilidade dos interesses e di-
reitos que a instituio protege com os possveis beneficirios de quaisquer das aes
ajuizadas, mesmo em ao civil pblica."
Ao julgar o recurso extraordinrio sob a repercusso geral, o STF firmou o seguinte tese:
A Defensoria Pblica tem legitimidade para, neste caso concreto, propor a ACP?
SIM.
Necessitados jurdicos
A atuao primordial da Defensoria Pblica, sem dvida, a assistncia jurdica e
a defesa dos necessitados econmicos. Entretanto, ela tambm exerce atividades
de auxlio aos necessitados jurdicos, os quais no so, necessariamente, carentes
de recursos econmicos. Isso ocorre, por exemplo, quando a Defensoria exerce as
funes de curador especial (art. 9, 11, do CPC 1973 I art. 72, pargrafo nico, do CPC
2015) e de defensor dativo (art. 265 do CPP).
No caso, alm do direito tutelado ser fundamental (direito sade), o grupo de
consumidores potencialmente lesado formado por idosos, cuja condio de vul-
nerabilidade j reconhecida na prpria CF/88 (art. 230).
Hipervulnerveis
Hipervulnerveis uma expressoque abrange determinadas classes de pessoas
que, por conta de sua real debilidade perante abusos ou arbtrio dos detentores de
poder econmico ou poltico, 'necessitem' da mo benevolente e solidarista do Esta-
do para sua proteo, mesmo que contra o prprio Estado. Dentre eles se incluem:
indivduos socialmente estigmatizados ou excludos;
crianas;
idosos;
pessoas com deficincia;
geraes futuras.
Essa a opinio tambm de Ada Pellegrini Grinover:
W "(. .)Quando se pensa em assistncia judiciria, logo se pensa na assistncia aos ne-
cessitados, aos economicamente fracos, aos "minushabentes". E este, sem dvida, o
primeiro aspecto da assistncia judiciria: o mais premente, talvez, mas no o nico.
Isso porque existem os que so necessitados no plano econmico, mas tambm
existem os necessitados do ponto de vista organizacional. Ou seja, todos aqueles
que so socialmente vulnerveis: os consumidores, os usurios de servios pbli-
cos, os usurios de planos de sade, os que queiram implementar ou contestar
polticas pblicas, como as atinentes sade, moradia, ao saneamento bsico,
ao meio ambiente etc.( ...)" (Parecer sobre a legitimidade da Defensoria Pblica
para o ajuizamento de ao civil Pblica. In: Revista da Defensoria Pblica. Ano IV.
So Paulo: N li. 2011. Disponvel na internet em: <http://www.defensoria.sp.gov.
br/dpesp/repositorio/2o/RevistaDefensoria.pdf> fls. 154-156).
l
Principais julgados STF e STJ comentados 2015 > 1015
Essas aes foram denominadas de "pseudo aes coletivas", considerando que
tais entidades possuem pouqussimos associados e essas associaes so chama-
das de "associaes de gaveta".
Alm disso, outro argumento invocado para negar legitimidade autora foi o fato
de que o estatuto da associao, ao tratar sobre suas finalidades, excessivamente
genrico. Com efeito, essa associao afirma que possui por finalidade defender 0
patrimnio pblico e social, o meio ambiente, o consumidor, a honra e a dignidade
de grupos raciais, tnicos ou religiosos, a ordem urbanstica, os bens e direitos de
valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico.
Recurso da associao
A autora recorreu da deciso alegando que a Lei n 7-347/85 prev, em seu art. 5o,
V, apenas dois requisitos para que uma associao possa ajuizar ao civil pblica:
que ela esteja constituda h pelo menos 1 ano;
que ela inclua, entre as suas finalidades institucionais, a proteo ao meio ambiente, ao
consumidor, ordem econmica, livre concorrncia, aos direitos de grupos raciais, t-
nicos ou religiosos ou ao patrimnio artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico.
Logo, como a autora preenchia esses requisitos, no poderia o juiz ter negado a sua
legitimidade.
Agiu corretamente o juiz? possvel ao juzo, de ofcio, reconhecer a inidoneidade de
associao regularmente constituda para propositura de ao coletiva?
-
SIM.
~I
VIDA POR SINDICATO
Se o Ministrio Pblico, a Defensoria Pblica, uma associao ou qualquer outro le-
gitimado for ajuizar uma ao civil pblica, antes de prop-la, esse autor precisar
recolher custas processuais?
u
NO. Com o objetivo de facilitar a propositura de aes coletivas, o legislador isen- o
"'
Q.
tou o autor da ACP de adiantar as' custas processuais, afirmando ainda que no ha-
ver condenao em honorrios advocatcios, custas e despesas processuais. Isso
est previsto tanto no art. 18 da Lei n 7-347/85 como no art. 87 do CDC. Veja:
Art. 18. Nas aes de que trata esta lei, no haver adiantamento de custas, emo-
lumentos, honorrios periciais e quaisquer outras despesas, nem condenao da
associao autora, salvo comprovada m-f, em honorrios de advogado, custas
e despesas processuais.
Art. 87- Nas aes coletivas de que trata este Cdigo no haver adiantamento
de custas, emolumentos, honorrios periciais e quaisquer outras despesas, nem
condenao da associao autora, salvo comprovada m-f, em honorrio de ad-
vogados, custas e despesas processuais.
Ese o autor for um sindicato? Se um sindicato ajuizar ACP na defesa de direitos in-
dividuais homogneos da categoria que representa, ele poder tambm se valer do
art. 18 da Lei no 7347/Bs?
SIM.
O art. 18 da LACP e o art. 87 do .coe preveem que, nas aes de que tratam estas
leis, no haver adiantamento de custas, emolumentos, honorrios periciais e ,
quaisquer outras despesas, nem c~ndenao da associao autora, salvo com- '
provada m-f, em honorrios de advogado, custas e despesas processuais.
O STJ decidiu que essas regras de iseno s se aplicam para as custasjudiciais em:
aes civis pblicas (qualquer que seja a matria);
aes coletivas que tenlham por objeto relao de consumo; e
na ao cautelar. prevista no art. 4 da LACP (qualquer que seja a matria).
No possvel estender, por analogia ou interpretao extensiva, essa iseno.
para outros tipos de ao (como a rescisria) ou para incidentes processuais
(como a impugnao ao valor da causa), mesmo que tratem sobre direito do
consumidor.
STJ.2" Seo.PET g.8g2-SP, Ret Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 11/2/2015 (lnfo 556}.
Art. 87- Nas aes coletivas de que trata este Cdigo no haver adiantamento
de custas, emolumentos, honorrios periciais e quaisquer outras despesas, nem
condenao da associao autora, salvo comprovada m-f, em honorrio de ad-
vogados, custas e despesas processuais.
Imagine agora que essa ACP tenha sido julgada improcedente e tenha transitado
em julgado. A associao no desiste e resolve propor uma ao rescisria. Antes de
ajuizar a rescisria, a associao precisar recolher as custas processuais?
SIM. O STJ decidiu que no possvel estender a regra de iseno prevista no art.18
da Lei no 7-347/85 (LACP) e no art. 87 da Lei 8.o78i1ggo (CDC) para outras aes ou
incidentes processuais que no estejam previstos nos referidos artigos. Isso porque
a regra contida nos referidos dispositivos legais- que isenta o autor de aes civis
pblicas e de aes coletivas do adiantamento de custas, emolumentos, honorrios
periciais e quaisquer outras despesas-, por ser regra de iseno tributria, deve
ser interpretada restritivamente (art. 111 do CTN).
As custas judiciais tm natureza tributria (so classificadas como taxas de servi-
o). Logo, aplica-se a elas a regra do art. 111, li do CTN:
Art. 111.lnterpreta-se literalmente a legislao tributria que disponha sobre:
li- outorga de iseno;
Assim, o STJ entendeu que as regras de iseno dos arts. 18 da LACP e 87 do CDC s
se aplicam para as custas judiciais em:
aes civis pblicas (qualquer que seja a matria);
aes coletivas que tenham por objeto relao de consumo; e
na ao cautelar prevista no art. 4 da LACP {qualquer que seja a matria).
No possvel aplicar, por analogia ou interpretao extensiva, essa iseno para
outros tipos de ao, como a rescisria, ou para incidentes processuais (como a im-
pugnao ao valor da causa). mesmo que tratem sobre direito do consumidor.
O STJ, a partir do que decidiu o STF no RE 573232/SC {lnfo 746), vem entendendo
que as associaes, quando propem aes coletivas, agem como REPRESEN-
TANTES de seus associados (e no como substitutas processuais). Diante dessa
mudana de perspectiva, tem-se o seguinte cenrio:
Regra: a pessoa no filiada no detm legitimidade para executar individual-
mente a sentena de procedncia oriunda de ao coletiva proposta pela as-
sociao.
Exceo: ser possvel executar individualmente, mesmo se no for associa-
do, se a sentena coletiva que estiver sendo executada for mandado de se-
gurana coletivo.
STJ. 4 Turma. REsp 1.374.678-RJ, Rei. Min. Luis Felipe Salomo,julgado em 23/6/2015 (lnfo 565).
~
cada um dos filiados, ou, ainda, a autorizao destes para que haja a reteno. Isso
porque o contrato pactuado exclusivamente entre o sindicato e o advogado no
vincula os filiados substitudos, em face da ausncia de relao jurdica contratual
>
entre estes e o advogado.
o
V\
Novo CPC: V\
w
u
o
O entendimento acima exposto continua vlido com o novo CPC? g:
SIM, porque a deciso foi proferida com base na interpretao do Estatuto da OAB,
no tendo o novo CPC alterado a regra do 4 do art. 22 vista acima.
14 PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
14.1 CONSIGNACO EM PAGAMENTO
Imagine a seguinte situofo hipottico:
A Unio cobra da empresa "XX" o pagamento, todos os meses, do tributo "YY", cujo
vencimento todo dia 1 de cada ms.
Aempresa entende que o tributo inconstitucional e, enquanto discute esse tema,
decide ajuizar ao de consignao em pagamento, a fim de depositar, em juzo, o
valor cobrado pela Unio.
O objetivo de proceder consignao em pagamento o de evitar o pagamento
de multa, juros e correo monetria caso no se consiga demonstrar, ao final do
processo, que o tributo realmente inconstitucional.
Art. 541. Tratando-se de prestaes sucessivas, consignada uma delas, pode o de-
vedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as
que se forem vencendo, desde que o faa em at 5 (cinco) dias contados da dat
do respectivo vencimento.
Desse modo, a empresa argumentou que, em se tratando de uma ao de consig-
nao em pagamento, ela pode pagar as prestaes que forem vencendo em at
5 dias depois da data do vencimento. Logo, se o tributo vence no dia 01, ela poder
pagar at 5 dias depois disso.
A tese da empresa foi aceita pelo STJ?
NO.
O prazo de cinco dias previsto no a.rt. 892 do CPC 1973 {art. 541 do .CP(:2015)N40.
se aplica para depsitos judiciais relacionados.com crditos tributrios.
O crdito tributrio exigwel a partir do.'t!i!i de ,seu vencfmento. Se ~le n~ci;;,~J
pago nesta data, dever ser cobrado acrescido de juros, muita .e correo mon.~;:
tria.Jsso ocorre por.for;,~ d~.ei. }"<~;
Para que o depsito judicial possa. acarretar a suspe,soda.exiglbiUdade do;.!~&~
dito tributrio, ele deve ser
' .
feito dentro do prazo de vencimento da obriga~~;;
' ..
:;
:. _ '
_. ~
Se a tese acima exposta fosse aceita, o contribuinte que ingressasse com a'~<:
de consignao em pagamento passaria a ser agraciado com cinco dias .extr~f;
para pagar o tributo pelo simples fato de ter proposto essa ao. Por outro la~~;;:
o'contribuinte que no tivesse proposto a ao continuaria.tendo que p~ga,r~~:,;
data do vencimento. Perceba, portanto, que haveria uma violao ao princpio,/:
da isonomia tributria (art.150, I, da CF/88), almde estar-se criando uma :sp:~:i
:ie d rriort'ri tributria, aecarter getal, sem previso legal. . . .....; ~";i~fj
' >. , ':.~
Arresto executivo
Em uma execuo de ttulo extrajudicial para pagar quantia certa, pode acontecer
de o oficial de justia no localizar o executado para citao. Nesse caso, se forem
localizados bens do patrimnio do devedor, poder ser realizado o ARRESTO EXE-
CUTIVO dos mesmos, a fim de que sejam utilizados para a satisfao da dvida. o
que determina o CPC:
Art. 653. O oficial de justia, no encon- Art. 830. Se o oficial de justia no en-
trando o devedor, arrestar-lhe- tantos contrar o executado, arrestar-lhe- tan-
bens quantos bastem para garantir a tos bens quantos bastem para garantir
execuo. a execuo.
Pargrafo nico. Nos 10 (dez) dias se- 1 Nos 10 (dez) dias seguintes efetiva-
guintes efetivao do arresto, o oficial o do arresto, o oficial de justia procu-
~
contra Pedro e Antnio alegando que nenhum dos dois tinha direito sobre o im-
vel, considerando que ele seria o real proprietrio do bem, conforme registrado no
cartrio de registro de imveis. 2:
u
oVI
Opedido de Joo tem fundamento jurdico? Ele tem legitimidade para ajuizar essa VI
w
ao? u
~
0-
NO.
Mas e, ento, o que deveria Joo fazer para defender o seu direito?
Ele deveria ajuizar ao petitria (ex.: ao reinvidicatria) contra o vencedor da
ao de reintegrao de posse (no caso, Pedro). Nesta demanda, a sim, poderia ser
discutido o seu direito de propriedade.
NOCES GERAIS
...... ! . .............................................................................................................
1) PETIO INICIAL
Nesta exordial, o autor pede que o ru pague a quantia, entregue a coisa ou cumpra
o comportamento exigido (fazer ou deixar de fazer algo combinado).
A petio deve ser instruda com prova escrita sem eficcia de ttulo executivo.
o CPC 1973 no trazia os requisitos da petio inicial da ao monitria.
o CPC 2015, por outro lado, afirma que, na petio inicial, o autor dever explicitar,
conforme o caso:
1- a importncia devida, instruindo-a com memria de clculo;
11- o valor atual da coisa reclamada;
111- o contedo patrimonial em discusso ou o proveito econmico perseguido.
O valor da causa dever corresponder importncia prevista nesses incisos I a 111
anteriormente listados.
Caso a petio inicial no preencha esses requisitos, ela dever ser indeferida.
A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida antecipadamente.
.....
A smula 339-STJ dispe o seguinte: " cabvel ao monitria contra a Fazenda >
Pblica". O teor da smula passou a constar expressamente no 6 do art. 700 do oVI
VI
CPC 2015:" 6 admissvel ao monitria em face da Fazenda Pblica." u..o
u
o
Demonstrativo de dbito atualizado ""
0..
4 Alm das hipteses do art. 330, a petio inicial ser indeferida quando no
atendido o disposto no 2 deste artigo.
Algum poderia estar pensando: ento, agora, o novo CPC no mais exige que o juiz,
antes de indeferir a petio inicial da ao monitria, intime o autor para corrigir o
vcio. Isso verdade?
No. No CPC 2015, o juiz, antes de indeferir a inicial da monitria, continua tendo o
dever de intimar previamente o autor com base no art. 321, que regra geral e se
aplica tambm ao procedimento monitrio. Veja o que diz esse importante artigo:
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petio inicial no preenche os requisitos dos arts.
319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julga-
mento de mrito, determinar que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende
ou a complete, indicando com preciso o que deve ser corrigido ou completado.
Pargrafo nico.Se o autor no cumprir a diligncia, o juiz indeferir a petio inicia!.
Repare que o prazo que o autor dispe para emendar a petio inicial mudou com o
novo CPC. No CPC 1973 era de 10 dias; no CPC 2015 passou a ser de 15 dias.
Outra novidade que o juiz, ao determinar que o autor emende ou complete a pe-
tio inicial, dever indicar, com preciso, o que deve ser corrigido ou completado.
3) CITAO DO RU
............................................................................................................................
Admite-se citao por qualquer dos meios permitidos para o procedimento comum
( 7 do art. 700 do CPC 2015).
c) Defender-se.
A defesa na ao monitria denominada de "embargos ao monitria".
CPC 2015. Art. 702.lndependentemente de prvia segurana do juzo, o ru poder
opor, nos prprios autos, no prazo previsto no art. 701, embargos ao monitria.
Para que o ru apresente embargos monitrios, ele precisa pagar previamente as custas?
No.
Se os embargos forem parciais, isto , no versarem sobre parte do que o autor pede
Neste caso, os embargos podero ser autuados em apartado e, quanto parte que
no foi atacada nos embargos, o juiz poder constituir, desde logo, ttulo executivo
judicial. Confira:
7 A critrio do juiz, os embargos sero autuados em apartado, se parciais,
constituindo-se de pleno direito o ttulo executivo judicial em relao parcela
incontroversa.
Se o ru alega que o autor est pedindo um valor superior ao que devido
Quando o ru alegar que o autor pleiteia quantia superior devida, ele j tem que
declarar de imediato na petio dos embargos o valor que entende correto, apre-
sentando demonstrativo discriminado e atualizado da dvida ( 2 do art. 702}.
Se ele no apontar o valor correto ou no apresentar o demonstrativo, os embargos
sero liminarmente rejeitados, se esse for o seu nico fundamento.
Se houver outro fundamento (alm do argumento de que o valor est acima do devido),
os embargos sero processados, mas o juiz deixar de examinar a alegao de excesso.
J).~~~~-~~~
O recurso cabvel contra a sentena que acolhe ou rejeita os embargos a APELAO.
Aao de prestao de contas pode ser Aao somente pode ser proposta
proposta por dois legitimados: na situao "a", ou seja, pela pessoa
pela pessoa que tenha o direito de exigir a que tem o direito de exigir a presta-
prestao de contas (ex.: os scios que no o de contas.
participam da administrao de uma socie- No h mais duplicidade na legitima-
dade podem exigir a prestao de contas o, sendo legitimado ativo apenas o
do scio gerente}; sujeito que tem o direito de receber
pela pessoa que tenha a obrigao de as contas e legitimado passivo o
prestar as contas (ex.: o scio gerente pode sujeito que tem o dever de prest-las
ajuizar ao de prestao de contas em face (NEVES, Daniel Amorim Assumpo.
dos demais scios para, em juzo, demons- Manual de Direito Processual Civil.
trar como foram utilizados os recursos). So Paulo: Mtodo, 2014).
Recurso repetitivo:
A questo foi julgada segundo a sistemtica do recurso repetitivo, tendo sido fir-
mada a seguinte tese:
"Nos contratos de mtuo e financiamento, o devedor no possui interesse de agir
para a ao de prestao de contas."
Novo CPC
O entendimento acima exposto continua vlido com o CPC 2015, mas devem ser
feitas duas observaes:
1. o nome da ao passou a ser "ao de exigir contas";
2. o CPC 2015 no mais fala em "condio da ao". Alguns autores, como Fredie Didier,di-
zem que essa categoria foi abolida. O interesse de agir, que era uma condio da ao,
continua sendo examinado, mas agora tem natureza jurdica de requisito de admis-
sibilidade do processo. Trata-se de um pressuposto de validade objetivo extrnseco.
15 EXERCCIOS DE REVISO
1) Segundo o CPC 2015, se a clusula de eleio de foro for abusiva, o juiz poder, de oficio,
declar-la nula. ( )
2) Segundo o CPC 2015, o juiz pode, de oficio, declarar a ineficcia da clusula abusiva. No entan-
to, antes de tomar essa deciso, ele dever obrigatoriamente ouvir o autor sobre a suposta
abusividade para que ele participe do contraditrio. ( )
3) O juiz no pode decidir, em grau algum de jurisdio, com base em fundamento a respeito
do qual no se tenha dado s partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de
matria sobre a qual deva decidir de ofcio. ( )
4) Segundo o CPC 2015, a clusula de foro de eleio pode ser declarada ineficaz, de ofcio, pelo
magistrado desde que seja abusiva e se refira a contrato de adeso. ( )
5) No h nulidade na publicao de ato processual em razo do acrscimo de uma letra ao
sobrenome do advogado no caso em que o seu prenome, o nome das partes e o nmero do
processo foram cadastrados corretamente, sobretudo se, mesmo com a existncia de erro
idntico nas intimaes anteriores, houve observncia aos prazos processuais passados, de
modo a demonstrar que o erro grfico no impediu a exata identificao do processo. ( )
6) O trnsito em julgado ocorre no dia imediatamente subsequente ao ltimo dia do prazo
para o recurso em tese cabvel. ( )
CiABARITO
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E;20) E.
1 PRINCPIO DA INSIGNIFICNCIA
ORIGEM
Quem primeiro tratou sobre o princpio da insignificncia no direito penal foi Claus
Roxin, em 1964.
Esse princpio busca razes no brocardo civil minimis non curat praetor (algo como
"o pretor"- magistrado poca- no cuida de coisas sem importncia).
TERMINOLOGIA
Tambm chamado de "princpio da bagatela" ou "infrao bagatela r prpria".
PREVISO LEGAL
O princpio da insignificncia no tem previso legal no direito brasileiro.
Trata-se de uma criao da doutrina e da jurisprudncia.
NATUREZA JURDICA
Para a posio majoritria, o princpio da insignificncia uma causa supra legal de
excluso da tipicidade material.
TIPICIDADE MATERIAL
A tipicidade penal divide-se em:
Tipicidadeformal (ou legal): a adequao (conformidade) entre a conduta prati-
cada pelo agente e a conduta descrita abstratamente na lei penal incriminadora.
Tipicidade material (ou substancial): a leso ou perigo de leso ao bem jurdico
protegido pelo tipo penal.
Verificar se h tipicidade formal significa examinar se a conduta praticada pelo
agente amolda-se ao que est previsto como crime na lei penal.
~
REQUISITOS OBJETIVOS {VETORES} PARA A APLICAO DO PRINCPIO
O Min. Celso de Mello (HC 84-412-o/SP) idealizou quatro requisitos objetivos para
a aplicao do princpio da insignificncia, sendo eles adotados pela jurisprudn- <
z
w
cia do STF e do STJ. "-
Resumindo:
possvel aplicar o princpio da insignificncia em favor de um ru reincidente ou
que j responda a outros inquritos ou aes penais? possvel aplicar o princpio
da insignificncia em caso de furto qualificado?
O Plenrio do STF, ;~o analisar o tema, afirmou que no possvel fixar uma
regra geral (uma tese) sobre o assunto. A deciso sobre a incidncia ou no do
princpio da insignificncia deve ser feita caso a caso.
Apesar disso, na prtica, observa-se que, na maioria dos casos, o STF e o STJ ne-
gam a aplicao do princpio da insignificncia caso o ru seja reincidente ou j
~).F.~~!~..............................................................................................................
Algumas observaes importantes sobre a insignificncia no crime de furto:
No caso do furto, o princpio da insignificncia no pode ter como parmetro ape-
nas o valor dares furtiva (coisa subtrada), devendo ser analisadas as circunstn-
cias do fato e o reflexo da conduta do agente no mbito da sociedade, para ento
se decidir sobre seu efetivo enquadramento na hiptese de crime de bagatela.
Se o valor do bem acima de 10% do salrio mnimo vigente na poca, o STJ tem
negado a aplicao do princpio da insignificncia (STJ. 6 Turma. AgRg no REsp
1558547/MG, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19i11/2015).Abai-
xo desse valor, devero ser analisados os aspectos do caso concreto.
Furto qualificado:
Em regra, NO se aplica o princpio da insignificncia para o furto qualificado.
Confira:
Art. 155, 4, I do CP (furto com rompimento de obstculo}: o rompimento de
obstculo para a prtica do crime de furto denota a maior reprovabilidade da
conduta do agente e afasta, por conseguinte, a incidncia do princpio da insigni- <i
2
u.
ficncia (STJ. 6 Turma. AgRg no AREsp 746.011/MT, Rei. Min. Rogerio Schietti Cruz, c.
julgado em 05/11/2015).
Art. 155, 4, 11 do CP (furto com abuso de confiana}: em determinado caso con-
creto, foi negada a aplicao do princpio para o ru que tentou furtar 5 rolos de
fio de cobre da empresa na qual era funcionrio, avaliados em R$ 36,00, uma vez
que a reprovabilidade se mostrou acentuada, j que ele era funcionrio da loja,
de forma que agiu traindo a confiana de seus empregadores (STJ. 6 Turma. HC
216.826/RS,julgado em 26/11/2013).
Art.155, 4, li do CP (furto mediante escalada): o STJ entende que h uma ma1or
reprovabilidade do comportamento do ru (STJ. s Turma. AgRg no REsp 1438176/
MG,julgado em 18/o6/2014).
" firme nesta Corte o entendimento segundo o qual a prtica do delito de fur-
to qualificado por escalada, destreza, rompimento de obstculo ou concurso de
agentes indica a reprovabilidade do comportamento do ru, sendo inaplicvel o
princpio da insignificncia." (STJ. 6 Turma. AgRg no REsp 1432283/MG, Rei. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 10/o6/2014).
Existe algum limite mximo de valor para que possa ser aplicado o princpio da in-
significncia nos crimes tributrios?
SIM. A jurisprudncia criou a tese de que nos crimes tributrios, para decidir se inci-
de ou no o princpio da insignificncia, ser necessrio analisar, no caso concreto,
o valor dos tributos que deixaram de ser pagos.
~
Segundo a jurisprudncia, no h sentido lgico em permitir que algum seja pro-
cessado criminalmente pela falta de recolhimento de um tributo que nem sequer
ser cobrado no mbito administrativo-tributrio.
z
w
Nesse caso, o direito penal deixaria de ser a ultima ratio. a.
Para o STF possvel aplicar o novo limite (de R$ 20 mil) mesmo que o fato tenha
ocorrido antes da Portaria 75/2012?
SIM. Para o STF, o limite imposto por essa portaria (R$ 20 mil) pode ser aplicado de
forma retroativa para fatos anteriores sua edio considerando que se trata de
norma mais benfica (STF. 2 Turma. HC 122213, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, Se-
gunda Turma, julgado em 27/05/2014).
Diante disso, caso a pessoa exera a profisso de "flanelinha" sem estar registrada
na Superintendncia Regional do Trabalho, poder ser denunciada pela prtica da
contraveno prevista no art. 47 da Lei de Contravenes Penais?
NO. O STF entende que se aplica, hiptese, o princpio da insignificncia, devendo
ser reconhecida a atipicidade material do comportamento do agente. H mnima
ofensividade e reduzida reprovabilidade da conduta e a falta de registro no rgo
competente no atinge, de forma significativa, o bem jurdico penalmente prote-
gido. Se h algum ilcito, este no penal, mas apenas de carter administrativo.
STF. 2 Turma. HC 115046/MG, Rei. Min. Ricardo Lewandowski,julgado em 19/3/2013 (lnfo 6gg).
O STJ afirma que o exerccio, sem o preenchimento dos rec Jisitos previstos em
lei, da profisso de guardador e lavador autnomo de vec!Jios automotores (fla-
nelinha), no configura a contraveno penal prevista no art. 47 do Decreto-Lei
3.688/1941 (exerccio ilegal de profisso ou atividade).
STJ. 5 Turma. RHC 36.280-MG, Rei. Min. Laurita Vaz,julgado em 18/2/2014 (lnfo 536).
1) LESO CORPORAL
............................................................................................................................
Em um julgado recente, o STJ negou aplicao ao princpio da insignificncia em
um caso envolvendo leses corporais em ambiente familiar. Afirmou-se que avio-
lncia fsica incompatvel com os vetores da insignificncia (STJ. 5 Turma. AgRg
no AREsp 19.042/DF, Rei. Min. Marco Aurlio Bellizze,julgado em 14/02/2012).
~).~OUBO
.......................................................................................................................
No se aplica o princpio em comento ao crime de roubo porque se trata de delito
complexo que envolve patrimnio, grave ameaa e a integridade fsica e psicolgi-
ca da vtima, havendo, portanto, interesse estatal na sua represso (STF RHC 111433)
(STJ AgRg no AREsp 348330/SP,jL.Oigado em 19/11/2013).
3) TRFICO DE DROGAS
Ni~ ~~-~pli~~-~ pri ~~ipi~ d~ i~~ig~ ifi~~~~i~ -~~ t~fi~~ d~ d~~g~~: ~i-~t~ -~~ t;~t~; d~ -~~i~~
de perigo abstrato ou presumido, sendo, portanto, irrelevante a quantidade de droga
apreendida (STJ. 5 Turma. HC 240.258/SP, Rei. Min. Laurita Vaz,julgado em o6/o8/2013).
6) CONTRABANDO
........................................................................................................................
inaplicvel o princpio da insignificncia ao crime de contrabando, uma vez que 0
bem juridicamente tutelado vai alm do mero valor pecunirio do imposto elidido,
alcanando tambm o interesse estatal de impedir a entrada e a comercializao de
produtos proibidos em territrio nacional. Trata-se, assim, de um delito pluriofensivo.
Nesse sentido: STJ. 6 Turma. AgRg no REsp 1472745/PR, Rei. Min. Sebastio Reis J-
nior, julgado em 01/og/2015.
O caso mais comum e que pode cair na sua prova o de contrabando de cigarros.
~.C?.l.Y~~~.~~~~P~.~.~.~~.~.~~.~~.~~~~~
Segundo o STJ, no se aplica o princpio da insignificncia ao crime de violao de
direito autoral ( 2 do art. 184 do CP). Em que pese a aceitao popular pirata-
ria de CDs e DVDs, com certa tolerncia das autoridades pblicas em relao a tal
prtica, a conduta, que causa srios prejuzos indstria fonogrfica brasileira, aos
comerciantes legalmente institudos e ao Fisco, no escapa sano penal, mos-
trando-se formal e materialmente tpica (AgRg no REsp 1380149/RS, Rei. Min. Og
Fernandes, Sexta Turma, julgado em 27/o8/2013).
~.~l.~~.~.~~.~.~.~~.~~.~.~~.~~~~.~~.~~~~~~~
No possvel a aplicao do princpio da insignificncia posse ilegal de 48 {quarenta
e oito) munies de revlver calibre 38 e um recipiente contendo plvora, por se tratar
~.~)..~.~~~~~ .~~~.~~~~.~.........................................................................................
Trata-se de tema extremamente polmico, mas a posio rr ajoritria no sentido
de que no se aplica o princpio da insignificrcia aos crimes militares, sob pena
de afronta autoridade, hierarquia e disciplina, bens jurdicos cuja preservao
importante para o regular funcionamento das irstituies militares. Nesse sentido:
STF. 2 Turma. HC 118255, Rei. Min. Ricardo Lewandowski,julgado em 19/11/2013.
O caso mais comum e que provvel que seja cobrado em sua prova o crime de
posse de substncia entorpecente em lugar sujeito administrao militar (art.
290 do CPM). O Plenrio do STF j assentou a inaplicabilidade do princpio da in-
significncia posse de quantidade reduzida de substncia entorpecente em lugar
sujeito administrao militar (art. 290 do CPM) (STF. 2 Turma. ARE 856183 AgR,
Rei. Min. Dias Toffoli,julgado em 30/o6/2015).
~
Mendes, julgado em 26/04/2011 e do HC 112388, Rei. p/ Acrdo Min. Cezar Peluso,
julgado em 21/o8/2012.
zw
4)..~~~~~-~ -~~-~-~~-~~-~~!~~--~ -~~~-!?.~~~--~~- ............................................ . 0..
Lei n 9-472197
Art.183- Desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicao:
Pena- deteno de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano
a terceiro, e multa de R$ 1o.ooo,oo {dez mil reais).
Lei no 4.117162
Art. 70. Constitui crime punvel com a pena de deteno de 1 (um) a 2 {dois) anos,
aumentada c! a f!'eo>t:=uiP ~P houver dano a terceiro, a instalao ou utilizao de
telecomunicaes, sem observncia do disposto nesta Lei e nos regulamentos.
2 DOSIMETRIA DA PENA
Critrio trifsico
A dosimetria da pena na sentena obedece a um critrio trifsico:
1 passo: o juiz calcula a pena-base de acordo com as circunstncias judiciais do art. 59, CP;
Conduta social:
Obs.: o fato de o ru ser usurio de drogas no pode ser considerado, por si s, como
m-conduta social para o aumento da pena-base. A dependncia toxicolgica , na
verdade, um infortnio (STJ. 6" Turma. HC 201-453-DF,julgado em 2/2/2012).
Para que haja o aumento acima do mnimo legal, basta uma circunstncia negativa
Se uma das circunstncias judiciais for desfavorvel ao ru, a pena bsica j poder
ser fixada acima da pena mnima prevista em lei (STF RHC 103-170/RJ).
O juiz, na anlise dos motivos do crime (art. 59 do CP}, pode fixar a pena-base
acima do mnmo legal em razo de o autor ter praticado delito de homicdio
e de leses corporais culposos na direo de veculo automotor, conduzindo-o
com imprudncia a fim de levar droga a uma festa. Isso porque o fim de levar
droga a uma festa representa finalidade que desborda das razoavelmente utili-
zadas para esses crimes, configurando justificativa vlida para o desvaler.
STJ. 6 Turma.AgRg no HC 153.549-DF, Rei. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/6/2015 (lnfo 563).
Caso o Tribunal, na anlise de apelao exclusiva da defesa, afaste uma das cir-
cunstncias judiciais (art. 59 do CP) valoradas de maneira negativa na sentena,
a pena base imposta ao ru dever, como consectrio lgico, ser reduzida, e no
mantida inalterada.
STJ. 6" Turma. HC 251-417-MG, Rei. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 3!11/2015 (lnfo 573).
ATENUANTES
O art. 65 traz uma lista de circunstncias atenuantes. Este rol exemplificativo. Isso
porque o art. 66 pre\' uma clusula aberta permitindo que sejam consideradas
outras atenuantes no expressamente listadas no art. 65. Veja:
Art. 66. A pena poder ser ainda atenuada em razo de circunstncia relevante,
anterior ou posterior ao crime, embora no prevista expressamente em lei.
Ojato de o ru ter bons antecedentes pode ser considerado como uma atenuante
inominada?
NO. No caracteriza circunstncia relevante anterior ao crime (art. 66 do CP) o
fato de o condenado possuir bons antecedentes criminais. Isso porque os antece-
dentes criminais so analisados na 13 fase da dosimetria da pena, na fixao da pe-
na-base, considerando que se trata de uma circunstncia judicial do art. 59 do CP.
STJ. 6 Turma. REsp 1405g8g/SP, Rei. Min. Sebastio Reis Jnior, Rei. p/ Acrdo Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 8/o8l2015 (lnfo 569).
Oque reincidncia?
A definio de reincidncia, para o Direito Penal brasileiro, encontrada a partir da
conjugao do art. E3 dJ CP com o art. 7 da Lei de Contravenes Penais.
Com base nesses d;:,is dispositivos, podemos encontrar as hipteses em que al-
gum considerado reincidente para o Direito Penal (inspirado no quadro contido
no livro de CUNHA, ~ogrio Sanches. Manual de Direito Penal. Salvador:JusPodivm,
2013, p. 401):
CRIME CONTRAVENO
REINCIDNCIA
(no Brasil ou exterior) (no Brasil)
CONTRAVENO CONTRAVENO
REINCIDNCIA
(no Brasil) (no Brasil)
NO H reincidncia.
CONTRAVENO
CRIME Foi uma falha da lei.
(no Brasil)
Mas gera maus antecedentes.
NO H reincidncia.
CONTRAVENO
CRIME ou CONTRAVENO Contraveno no estrangei-
(no estrangeiro)
ro no influi aqui.
-
A reincidncia uma agravante do peno
Se o ru for reincidente, sofrer diversos efeitos negativos no processo penal.
O principal deles que, no momento da dosimetria da pena em relao ao segundo de-
lito, a reincidncia ser considerada como uma agravante genrica (art. 61, I do CP), fa-
zendo com que a pena imposta seja maior do que seria devida caso ele fosse primrio.
Exemplo:
Douglas praticou um furto, foi condenado e terminou de cumprir sua pena em
o2/o2/2010. Em o3fo3/2015, ele comete um outro crime. No julgamento desse segun-
do delito, Douglas no poder ser considerado reincidente, porque j se passaram mais
de cinco anos desde o dia em que terminou de cumprir a pena pelo primeiro crime.
Assim, aps o prazo de cinco anos, Douglas no poder mais ser considerado rein-
cidente. Contudo, essa condenao anterior poder ser valorada como maus ante-
cedentes? Aps o perodo depurador, ainda ser possvel considerar a condenao
como maus antecedentes?
~
condutas pretritas praticadas pelo agente.
estado de virgem, que, violado, no se
refaz. A reincidncia como o pecado Ora, se essas condenaes no mais
original: desaparece, mas deixa sua servem para o efeito da reincidncia, com <(
zw
mancha, servindo, por exemplo, como muito maior razo no devem valer para 0..
Obs.: cuidado porque alguns livros de Direito Penal fornecem uma explicao em
sentido contrrio ao que vem sendo decidido pelo STF.
Confisso parcial
Ocorre quando o ru confessa apenas parcialmente os fatos narrados na denncia.
Ex.: o ru foi denunciado por furto qualificado pelo rompimento de obstculo (art. 155,
4, I, do CP). Ele confessa a subtrao do bem, mas nega que tenha arrombado a casa.
Se a confisso foi parcial e o juiz a considerou no momento da condenao, este ma-
gistrado dever fazer incidir a atenuante na fase da dosimetria da pena?
SIM. Se a confisso, ainda que parcial, serviu de suporte para a condenao, ela dever
ser utilizada como atenuante (art. 65,111, "d",do CP) no momento de dosimetria da pena.
STJ. 6" Turma. HC 217-683/SP, Rei. Min. Og Fernandes, julgado em 25/06/2013-
STJ. 5" Turma. HC 328.021-SC, Rei. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador
convocado do TJ-PE), julgado em 3/g/2015 (lnfo 569).
Sobre o tema, vale a pena lembrar o seguinte entendimento sumulado do STJ:
Niio confunda:
RU CONFESSA A PRTICA DE OUTRO TIPO PENAL
CONFISSO PARCIAL
DIVERSO DAQUELE NARRADO NA DENNCIA
Ru confessa apenas parcialmen- Ex.: ru acusado de roubo; ele confessa a
te os fatos narrados na denncia. subtrao do bem, negando, porm, o emprego
Ex.: ru foi acusado de furto de violncia ou grave ameaa contra a vtima.
qualificado; confessa a prtica do Isso significa que ele confessou a prtica de um
furto, mas nega a qualificadora outro crime, qual seja, furto.
do rompimento de obstculo. No dever incidir a atenuante da confisso
Dever incidir a atenuante da espontnea, considerando que o ru no reco-
nheceu a autoria do fato tpico imputado.
co.~~S.S.~? ~~P?~~~~~ 00000
Resumindo:
Situao 1:
o O fato de o denunciado por furto qualificado pelo rompimento de obstculo ter
confessado a subtrao do bem, apesar de ter negado o arrombamento, cir-
cunstncia suficiente para a incidncia da atenuante da confisso espontnea
(art. 65, 111, "d", do CP). Isso porque mesmo que o agente tenha confessado par-
cialmente os fatos narrados na denncia, deve ser beneficiado com a atenuante
genrica da confisso espontnea.
STJ. s Turma. HC 328.021-SC, Rei. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador convo-
cado do TJ-PE),julgado em 3/912015 (lnfo 569)0
Situaiioz:
O fato de o denunciado por roubo ter confessado a subtrao do bem, negando,
o porm, o emprego de violncia ou grave ameaa, circunstncia que no enseja a
O STJ tem firme entendimento de que a atenuante da confisso espontnea, por en-
volver a personalidade do agente, deve ser utilizada como circunstncia preponde-
rante quando do concurso entre agravantes e atenuantes, nos termos consignados
pelo art. 67 do CP. Nessa linha intelectiva, o STJ, por ocasio do julgamento do REsp
1.341.370-MT,Terceira Seo, DJe 17/4/2013, submetido ao rito do recurso especial repe-
titivo, pacificou a compreenso de que a agravante da reincidncia e a atenuante da
confisso espontnea, por serem igualmente preponderantes, devem ser compensa-
das entre si. Nessa senda, o referido entendimento deve ser estendido, por interpre-
tao analgica, hiptese em anlise, dada sua similitude, por tambm versar sobre
a possibilidade de compensao entre circunstncias preponderantes.
Exemplo:
Carlos era caixa de uma lanchonete e estava devendo R$ soo,oo a um agiota. Ele
decide, ento, tirar o dinheiro do caixa para pagar sua dvida. Ocorre que, se ele reti-
rasse toda a quantia de uma s vez, o seu chefe iria perceber. Carlos resolve, portan-
to, subtrair R$ so,oo por dia. Assim, aps dez dias ele consegue retirar os R$ soo,oo.
Desse modo, Carlos, por meio de dez condutas, praticou dez furtos. Analisando as
condies de tempo, local, modo de execuo, pode-se constatar que os outros
nove furtos devem ser entendidos como mera continuao do primeiro, conside-
rando que sua inteno era furtar o valor total de R$ soo,oo.
Em vez de Carlos ser condenado por dez furtos, receber somente a pena de um
furto, com a incidncia de um aumento de 1/6 a 2/3.
Previso legal
Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois
ou mais crimes da mesma espcie e, pelas condies de tempo, lugar, maneira de
execuo e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como con-
tinuao do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um s dos crimes, se idnticas, ou a
mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois teros.
Pena
O art. 7' caput, do CP prev que o aumento na continuidade delitiva varia de r/6 a
2/3. Qual o critrio que o juiz deve adotar no momento da dosimetria da pena?
O critrio para o aumento no crime continuado o nmero de crimes praticados:
2 crimes- aumenta 1/6
3 crimes- aumenta 1/5
Crimes sexuais
Nem sempre ser fcil trazer para os autos o nmero exato de crimes que foram
praticados, especialmente quando se trata de delitos sexuais. o caso, por exemplo,
de um padrasto que mora h meses com a sua enteada e contra ela pratica cons-
tantemente estupro de vulnervel.
Nessas hipteses, mesmo no havendo a informao do nmero exato de crimes que
foram cometidos, o juiz poder aumerrtar a pena acima de 1/6 e, dependendo do perodo
de tempo, at chegar ao pata ma- m>:imo. Veja algumas ementas do STJ neste sentido:
(...) Estando demonstrado. pelos elementos dos autos, que o Acusado praticou o
crime diversas vezes ao longo de, pelo menos, trs anos, impositiva a elevao ;a
2
da pena pela continuidade delitiva no patamar de 2/3 {dois teros). {STJ. 5Turma. u.
o.
AgRg no REsp 1.325.423/MG, Min. Laurita Vaz,julgado em 20/o8/2013).
REQUISITOS
..... DO CRIME CONTINUADO
....................................................................................................................
~ .
Para o reconhecimento do crime continuado, so necessrios quatro requisitos:
1. pluralidade de condutas {prtica :le duas ou mais condutas subsequentes e au-
tnomas);
2. pluralidade de crimes da mesma espcie (prtica de dois ou mais crimes iguais);
O agente deve praticar duas ou mais condutas, ou seja, mais de uma ao ou omisso.
2. Pluralidade de crimes do mesmo espcie
O agente deve praticar dois ou mais crimes da mesma espcie.
Segundo o STJ e o STF, quando o CP fala em crimes da mesma espcie, ele exige que
sejam crimes previstos no mesmo tipo penal, protegendo igual bem jurdico.
Desse modo, para que seja reconhecida a continuidade delitiva, necessrio que o
agente pratique dois ou mais crimes idnticos (ex.: quatro furtos simples consuma-
dos e um tentado).
Se a pessoa comete um furto e depois um roubo, no h continuidade delitiva.
Se a pessoa pratica um roubo simples e, em seguida, um latrocnio, igualmente no
haver crime continuado.
Para que haja continuidade, repita-se, indispensvel que os crimes sejam previs-
tos no mesmo dispositivo legal, refletindo proteo ao mesmo bem jurdico.
Nesse sentido, o STJ decidiu:
~ (.:.)~e acordo com _a Te_?ria Mista, adota_da pelo ~~digo Penal, mostra-se impres-
cmdivel, para a aphcaao da regra do cnme contmuado, o preenchimento de re-
Crime contra "8": pena do art. 217-A (8 anos ou mais, dependente das circunstn-
cias judiciais, agravantes etc.) aumentada de 1/4 (por causa do art. 71, caput) = 10
anos (8 anos+ 1/4). .
Depois disso, o magistrado deveria pegar a pena de um dos crimes acima (porque
idnticos) e sobre ela aplicar a regra do pargrafo nico do art. 71. Ex.: 10 anos
aumentada at o triplo.
Imaginemos que o juiz entenda que deve aumentar em 1/5 a pena, com base no
pargrafo nico do art. T. Logo, a reprimenda final ficaria em 12 anos (10 + 1/5).
Em suma, para essa tese, primeiro deve-se aplicar a continuidade delitiva simples
e depois a continuidade delitiva especfica.
.
3 FIXACO DO REGIME PRISIONAL
Regimes prisionais
Existem trs regimes penitencirios:
FECHADO SEMIABERTO ABERTO
Pena cumprida em esta- Pena cumprida em :ol- Pena cumprida em casa
belecimento de seguran- nia agrcola, industrial ou de albergado ou estabele-
.. 7.~. ~~~i~~.~.~. ~~?.i.~: .......... ::~~.~.~::'.~.ci.~.~.~~.~. ~.i.~i!~.r....... :i.~.~~~~.~.?.~~~.~.?~: ........... .
Fixao do regime inicial
O juiz, ao prolatar a sentena condenatria, dever fixar o regime no qual o conde-
nado iniciar o cumprimento da pena privativa de liberdade.
A isso se d o nome de fixao do regime iniciaL
Os critrios para essa fixao esto previstos nc art. 33 do Cdigo Penal.
O que o juiz deve observar na fixao do regime inicial?
O juiz, quando vai fixar o regime inicial do cumprimento da pena privativa de liber-
dade, deve observar quatro fatores:
DETENO
FECHADO: nunca
O regime inicial
pode ser: ABERTO: se a pena foi de at 4 anos.
Se o condenado for reincidente, o regime inicial o semiaberto.
Vimos acima que o regime inicial da deteno nunca ser o fechado. No entanto, o con-
denado que est cumprindo pena por conta de um crime punido com deteno poder
ir para o regime fechado caso cometa falta grave e seja sancionado com a regresso?
SIM, possvel. Nesse caso, no entanto, no estaremos mais falando em regime inicial.
Ateno: o que vimos nesses dois quadros so as regras gerais.
Vamos agora fazer uma pergunta que reflete uma exceo a esse quadro:
possvel que seja imposto ao condenado primrio um regime inicial mais rigoroso
do que o previsto para a quantidade de pena aplicada? Ex.: se uma pessoa for con-
denada a seis anos de recluso, pode o juiz fixar o regime inicial fechado?
SIM, possvel, desde que o juiz apresente motivao idnea na sentena.
O juiz pode fundamentar a imposio do regime mais severo devido ao fato do crime
praticado ser, abstratamente, um delito grave? Ex.: o juiz afirma que, em sua opinio, no
caso de trfico de drogas o regime deve ser o fechado em razo da gravidade desse delito.
NO. A opinio do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime NO constitui
motivao idnea para a imposio de regime mais severo do que o permitido se-
gundo a pena aplicada (Smula 718-STF).
O que considerado, ento, motivao idnea para impor ao condenado regime
mais gravoso?
Exige-se que o juiz aponte circunstncias que demonstrem que o fato criminoso
concretamente, foi grave. '
Se as circunstncias judiciais do art. 59 forem desfavorveis, possvel que o juiz se
fundamente nesses dados para impor ao condenado regime inicial mais gravoso
que o previsto para a quantidade de pena aplicada. Nesse sentido:
(... )
3 A Corte tem entendido que a fixao de regime mais severo do que aquele
abstratamente imposto pelo art. 33, 2, do CP no se admite seno em virtude
de razes concretamente demonstradas nos autos.
4 Ausncia, no caso concreto, de fundamentao vlida, nas razes de convenci-
mento,para a fixao do cumprimento da pena em regime inicialmente fechado.
(STF. 1" Turma. HC 118.230, Rei. Min. Dias Toffoli,julgado em o81lo/2013)
4 PENA DE MULTA
EXECUCO DA PENA DE MULTA NO PAGA
~ o o o o o o o o
....0
<(
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Q.
Smula 521-STJ: A legitimidade para a execuo fiscal de multa pendente de
pagamento imposta em sentena condenatria exclusiva da Procuradoria da
Fazenda Pblica.
STJ. 3" Seo. Aprovada em 25/03/2015, DJe 6/4/2015.
SANCO
....... -~
PENAL
................................ ................................................................................ .
"
Sano penal a resposta dada pelo Estado pessoa que praticou uma infrao penal.
Existem duas espcies de sano penal:
1. pena;
2. medida de segurana.
1.3 multa.
2.2 restritivas.
MULTA
Conceito
Multa uma espcie de pena, por meio da qual o condenado fica obrigado a pagar
uma quantia em dinheiro que ser revertida em favor do Fundo Penitencirio.
Pagamento da multa
A pena de multa fixada na prpria sentena condenatria.
Depois que a sentena transitar em julgado, o condenado ter um prazo mximo
de 10 dias para pagar a multa imposta (art. 50 do CP).
O Cdigo prev a possibilidade de o condenado requerer o parcelamento da multa
em prestaes mensais, iguais e sucessivas, podendo o juiz autorizar, desde que as
circunstncias justifiquem (ex.: ru muito pobre, multa elevadssima etc.).
O parcelamento dever ser feito antes de esgotado o prazo de 10 dias.
O Juiz, antes de decidir, poder determinar diligncias para verificar a real situao
econmica do condenado e, ouvido o Ministrio Pblico, fixar o nmero de pres-
taes (art. 169, 1 da LEP).
Se o condenado for impontual ou se melhorar de situao econmica, o Juiz, de ofcio ou
a requerimento do Ministrio Pblico, poder revogar o benefcio (art. 169, 2 da LEP}.
Oque acontece caso o condenado no pague nem parcele o multo no prazo de 10 dias?
Antes da Lei n g.268/g6: se o condenado, deliberadamente, deixasse de pagar a
pena de multa, ela deveria ser convertida em pena de deteno. Em outras paia-
vras, a multa era transformada em pena privativa de liberdade.
Atualmente: a Lei n g.268/g6 alterou o art. 51 do CP e previu que, se a multa no
for paga, ela ser considerada dvida de valor e dever ser cobrada do condenado
pela Fazenda Pblica por meio de execuo fiscal.
Importante, no entanto, esciC:~recer que, mesmo com essa mudana trazida pela Lei
n g.268/g6, a multa continua tendo carter de sano criminal, ou seja, permane-
ce sendo uma pena. O que essa Lei fez foi mudar a consequncia do no pagamen-
to da multa e a sua forma de cobrana: antes, a multa no paga se convertia em
pena de deteno; agora, ela deve ser cobrada por meio de execuo fiscal.
certo que, com a edio da Lei ~p68/1gg6, que deu nova redao ao art. 51 do
CP, a legitimidade para a cobrana da pena de multa passou a ser da Fazenda
Pblica. No entanto, a pena de multa continua tendo natureza jurdica de san-
o penal e, no caso em tela, no se est discutindo a legitimidade do MP para
cobrana de pena de multa, mas sim para promover medida assecuratria, pro-
vidncia que est assegurada pelo art. 142 do CPP e pela prpria CF/88, quando
esta prev que o MP titular da ao penal.
Enquanto no h trnsito em julgado da condenao, a Fazenda Pblica no
pode tomar qualquer providncia relacionada com a cobrana da pena de mul-
ta. Assim, se no fosse permitido que o MP atuasse nesse caso, ningum mais
teria legitimidade para propor essas medidas acautelatrias, j que a atuao
da Fazenda Pblica na execuo da multa penal s ocorre muito mais tarde,
aps o trnsito em julgado da sentena.
STJ. 6 Turma. REsp 1.275.834-PR, Rei. Min. Ericson Ma ranho (Desembargador convocado do
TJ-SP),julgado em 17/3/2015 (lnfo 558)
Exemplo concreto:
O ru foi condenado por crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e recorreu
contra a sentena.
O Ministrio Pblico, por seu turno, apresentou incidente de "Arresto Prvio de Bens M-
veis e Indisponibilidade de Ativos Financeiros" contra o ru pedindo, em suma, que os
bens a ele pertencentes fossem retidos para, no futuro, caso a condenao fosse man-
tida, servissem para pagamento da multa penal e das custas. O juiz deferiu o pedido.
O ru recorreu alegando que, como o MP no tem legitimidade para executar a
pena de multa, consequentemente ele tambm no teria legitimidade para propor
o arresto cautelar de bens que sero destinados ao pagamento da multa.
Nos casos em que haja condenao a pena privativa de liberdade e multa, cum-
prida a primeira (ou a restritiva de direitos que eventualmente a tenha substi-
tudo), o inadimplemento da sano pecuniria no obsta o reconhecimento da
extino da punibilidade.
Em outras palavras, o que importa para a extino da punibilidade o cumpri-
mento da pena privativa de liberdade ou da restritiva de direitos. Cumpridas
tais sanes, o fato de o apenado ainda no ter pago a multa no interfere na
extino da punibilidade. Isso porque a pena de multa considerada dvida de
valor e, portanto, possui carter extrapenal, de modo que sua execuo de
competncia exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pblica.
Assim, cumprida a pena privativa de liberdade (ou restritiva de direitos), extin-
gue-se a e)(ecuo penal e se restar ainda pendente o pagamento da multa,
esta dever ser cobrada pela Fazenda Pblica, no juzo competente, tendo se
esgotado, no entanto, a jurisdio criminal.
STJ. 3 Seo. REsp 1.519.m-SP, Rei. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/8/2015 (recurso
repetitivo) (lnfo s68). <i.
zw
c..
5 PRESCRIO
5.1 NOCES GERAIS SOBRE PRESCRICO
O que prescrio no direito penal?
Prescrio pode ser con:eituada como sendo:
a perda do direito do Estado de
punir {pretenso punitiva) ou
executar uma punio j imposta {pretenso executria),
em razo de no ter agido (inrcia) nos prazos previstos em lei.
Natureza jurdica
A prescrio causa de extino da punibilidade (art. 107, IV do CP).
Prazos
Os prazos de prescrio esto previstos no art. 109 do CP:
Como ele foi condenado a uma pena no superior a 2 anos, qual o prazo prescricio-
nal aplicvel a este fato?
O delito praticado por Joo prescrever em 4 anos, nos termos do art. 109, V do CP:
Aps a publicao da sentena condenatria, o que acontece com o prazo que j passou?
Ele ser interrompido, ou seja, reiniciado. Despreza-se o perodo anterior (esse 1 ano
e 4 meses) e inicia-se uma nova contagem a partir desta data (28l1o/2oog).
Quando o juiz sentenciou, Paulo condenando-o apenas pelo art. 299 do CP, houve
interrupfo da prescrifo'!
SIM, com base no art. 117, IV, do CP.
1- (... )Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se
aos demais a interrupo relativa a qualquer deles.
Repare que, quando a sentena foi publicada, o "normal" seria ocorrer a interrup-
o apenas para o delito do art. 299 do CP, j que s houve condenao quanto a
este crime. No entanto, por fora da regra do 1 do art. 117, a interrupo estendi-
da para atingir tambm o delito conexo (art. 7 da Lei n 7-492/86).
No caso do acrdo, por sua vez, como ele apenas confirmou a condenao do art. 299
do CP, o "normal" seria ele no interromper novamente a prescrio para este crime, j
que, como vimos, para o STJ e o STF, se o acrdo apenas confirma a condenao ou en-
to reduz a pena do condenado, ele no ter o condo de interromper a prescrio. As-
sim, repetindo, em nosso exemplo, o "normal" seria o acrdo no ter interrompido
novamente o prazo prescricional do crime do art. 299 (considerando que a sentena
j havia condenado o ru quanto a este delito, no se enquadrando a situao, por-
tanto, no inciso IV do art. 117 do CP). No entanto, como o acrdo condenou o ru pelo
art. 7 da Lei n 7-492/86, ele interrompeu o prazo prescricional para este delito (art.
7) e, por extenso, acabou interrompendo tambm para o delito do art. 299 do CP.
Em suma:
No caso de crimes conexos que sejam objeto do mesmo processo, havendo sen
tena condenatria para um dos crimes e acrdo condenatrio para o outro
delito, tem-se que a prescrio da pretenso punitiva de ambos interrompida
a cada provimento jurisdicional (art.117, 1, do CP).
STJ. s Turma. RHC 40.177-PR, Rei. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/8/2015
(lnfo s68).
Tema difcil, mas muito interessante e que ser cobrado, com certeza, nas provas.
Exemplo:
Joo foi denunciado por furto simples, tendo a denncia sido recebida em 2010
(marco interruptivo da prescrio). A pena para o furto simples vai de 1 a 4 anos
(art. 155 do CP).
O juiz novo chega na vara em 2015 e verifica que at agora o processo de Joo prati-
camente no evoluiu. Nem se marcou ainda a audincia de instruo.
Diante disso, ele pensa:
Se Joo for condenado a 1 ano, a prescrio pela pena em concreto ser em 3 anos
(art. 109, VI do CP). J se passaram mais de 3 anos desde o ltimo dia da interrup-
o da prescrio. Isso significa que a instruo e a sentena condenatria "no
serviro para nada" j que, mesmo condenado, o crime estar prescrito.
Se Joo for condenado a 2 anos, se repetir a mesma situao acima, porque a
prescrio pela pena em concreto ser em 4 anos (art.1og, V do CP) e j se passa-
ram mais de 5 anos desde o recebimento da denncia.
Logo, para que o crime no esteja prescrito, necessrio que a pena imposta a Joo
~
<l:
zw
0..
seja superior a 2 anos, porque a a prescrio subiria para 8 anos (art.10g, IV, do CP).
Ocorre que, na viso do juiz, no existem circunstncias judiciais nem agravantes
nem causas de aumento. Logo, no h motivos para que a pena de Joo (se ele
for condenado) ultrapasse o mnimo legal (1 ano). Mesmo que seja maior que o
mnimo, no existem razes para que ela supere 2 anos.
Depois de fazer todo esse prognstico, o juiz conclui que intil marcar instruo,
expedir mandados de intimao, gastar recursos com oficial de justia, ouvir teste-
munhas e o ru, sabendo (ou tendo praticamente certeza) que, mesmo se condena-
do, o ru no ir cumprir pena.
Diante disso, ele profere uma sentena julgando extinta a punibilidade com base
na "prescrio virtual", afirmando que no existe interesse de agir do Estado, j que
o processo penal no ter utilidade.
Sinnimos
A prescrio virtual tambm chamada de prescrio "em perspectiva", "por prog-
nose", "projetada" ou "antecipada".
Qual o prazo prescricional caso a pena fixada tenha sido de 2 anos e 3 meses?
8 anos, conforme previsto no art.10g, IV c/c art. 110 do CP.
Resumindo:
~
Critrio para escolha da internao ou tratamento ambulatorial
O caput do art. 97 do CP determinou os seguintes critrios para guiar o juiz no mo-
mento de fixar a medida de segurana cabvel:
zw
se o agente praticou fato punido com RECLUSO, ele receber, obrigatoriamente, a 0..
medida de internao;
por outro lado, se o agente praticou fato punido com DETENO, o juiz, com base
na periculosidade do agente, poder submet-lo medida de internao outra-
tamento ambulatorial.
Obs.: esse critrio alvo de crticas da doutrina e da jurisprudncia e voc encontra-
r julgados abrandando o rigor e concedendo tratamento ambulatorial para pes-
soas que praticaram fatos punidos com recluso. No entanto, em provas, o mais
comum ser cobrada a redao do art. 97 do CP.
Prazo de durao da medida de segurana
O Cdigo Penal afirma que a medida de segurana ser aplicada por tempo indeter-
minado e que dever ser mantida enquanto o indivduo for considerado perigoso:
Art.gy (... )
1 A internao, ou tratamento ambulatorial, ser por tempo indeterminado,
perdurando enquanto no for averiguada, mediante percia mdica, a cessao
de periculosidade. O prazo mnimo dever ser de 1 (um) a 3 (trs) anos.
POSIO DO STJ:
POSIO DO STF:
MXIMO DA PENA ABSTRATAMENTE
30ANOS
COMINADA AO DELITO PRATICADO
O STF possui julgados afirmando que Smula 527-STJ: O tempo de durao da
a medida de segurana dever obe- medida de segurana no deve ultrapassar
decer a um prazo mximo de 30 anos, o limite mximo da pena abstratamente
estabelecendo uma analogia ao art. cominada ao delito praticado.
75 do CP, e considerando que a CF/88 Ex.: Joo, inimputvel, pratica fato previsto
veda as penas de carter perptuo. como furto simples (art. 155, caput, do CP);
Art. 75. O tempo de cumprimento das o juiz aplica a ele medida de segurana de
penas privativas de liberdade no internao; aps 4 anos cumprindo medida
pode ser superior a 30 (trinta} anos. de segurana, o magistrado dever deter-
(...) Esta Corte j firmou entendimen- minar a desinternao de Joo, conside-
to no sentido de que o prazo mximo rando que foi atingido o mximo da pena
de durao da medida de segurana abstratamente cominada para o furto
o previsto no art. 75 do CP, ou seja, ("recluso, de um a quatro anos, e multa").
trinta anos.(... ) (STF. 1" Turma. HC A concluso do STJ baseada nos prin-
107432, Rei. Min. Ricardo Lewandows- cipias da isonomia e proporcionalidade
ki,julgado em 24/05/2011) (proibio de excesso). No se pode tratar
de forma mais gravosa o infrator inimpu-
tvel quando comparado ao imputvel.
Ora, se o imputvel somente poderia ficar
cumprindo a pena at o mximo previsto
na lei para aquele tipo penal, justo que
essa mesma regra seja aplicada quele que
........................................................... _r_:~:.~~~.~.:~~?.~.~~ -~~-~-~-r-~~7.~: .................... .
1096 < Mrcio Andr Lopes Cavalcante
Veja como esse assunto j foi cobrado em prova:
(Juiz TJSP 2014) A medida de segurana deve perdurar enquanto no cessada a peri-
culosidade do agente, no sendo cabvel, na espcie, a limitao do perodo mximo
de trinta anos, prevista no art. 75 do Cdigo Penal. (ERRADO}
{Promotor MPDFT 2015) O tempo de durao da medida de segurana, por no se
tratar de pena criminal, pode ultrapassar o limite mximo da pena abstratamente
cominada ao delito praticado, de acordo com o entendimento do Superior Tribunal
de Justia. (ERRADO}
APROFUNDANDO O TEMA
{Para fins de concurso, o que foi explicado acima suficiente. O que ser explicado a
seguir uma discusso no consolidada ainda.)
Imagine que determinado agente est cumprindo medida de segurana e foi atingido
o mximo do tempo permitido para cumprimento (30 anos, para o STF; mximo da
pena, para o STJ}. A percia mdica, contudo, indica que o agente continua em situao
que potencializa alto grau de periculosidade. O juiz, mesmo assim, ter que desinter-
n-lo. Existe alguma medida que poder ser proposta pelo Ministrio Pblico no caso?
SIM. Neste caso, o Ministrio Pblico ou os prprios familiares do agente podero
propor ao civil de interdio em face desse agente, cumulada com pedido de in-
ternao psiquitrica compulsria.
Em outras palavras, o MP pedir ao Poder Judicirio que decrete a interdio ci-
vil do agente em virtude de ele sofrer de doena mental grave (art.1.767 c/c art.
1.769, I, do CC). Nesta ao, o Parquet, alm de pedir a interdio, postular tam-
bm que o doente fique internado compulsoriamente, com base no art. 6 da Lei
no 10.216/2001, que dispe sobre a proteo e os direitos das pessoas portadoras de
transtornos mentais. Veja o que diz o dispositivo:
Art. 6 A internao psiquitrica somente ser realizada mediante laudo mdico
circunstanciado que caracterize os seus motivos.
Pargrafo nico. So considerados os seguintes tipos de internao psiquitrica:
1- internao voluntria: aquela que se d com o consentimento do usurio;
11- internao involuntria: aquela que se d sem o consentimento do usurio
e a pedido de terceiro; e
111- internao compulsria: aquela determinada pela Justia.
Tambm poder ser mencionado o art. 1.777 do CC-2002:
Art.1-777- Os interditos referidos nos incisos I, 111 e IV do art.1.767 sero recolhidos em
estabelecimentos adequados, quando no se adaptarem ao convvio d?tTJstico.
~
4 No homicdio culposo, a pena aumentada de 1/3 (um tero), se o crime re-
sulta de inobservncia de regra tcnica de profisso, arte ou ofcio, ou se o agente
deixa de prestar imediato socorro vtima, no procura diminuir as consequn-
cias do seu ato, ou foge para evitar priso em flagrante. Sendo doloso o homic- 2
w
0..
dio, a pena aumentada de 1/3 (um tero) se o crime praticado contra pessoa
menor de 14 (quatorze) ou maior de 6o (sessenta) anos.
Tese da defesa
A defesa de Joo argumentou que ele no poderia responder pela causa de aumen-
to do 4, considerando que, em caso de morte instantnea da vtima, no se aplica
a majorante da omisso de socorro.
A tese da defesa foi aceita pelo STJ? Todas as vezes em que houver morte instantnea
da vtima ficar afastada a causa de aumento de pena prevista no 4 do art. 121?
NO.
ililrlt~ "'i~t-E
~~)~,}.~!)!!;!.,~.
No homicdio culposo, a morte instantnea da vtima no afasta a causa de au-
mento de pena prevista no art.121, 4, do CP, a no ser que o bito seja eviden-
te, isto , perceptvel por qualquer pessoa.
STJ. s Turma. HC 269.038-RS, Rei. Min. Felix Fischer,julgado em 2/12/2014 (lnfo 554).
O que feminicdio?
Feminicdio o homicdio doloso praticado contra a mulher por "razes da condi-
o de sexo feminino", ou seja, desprezando, menosprezando, desconsiderando a
Homicdio qualificado
2 Se o homicdio cometido:
(... )
Feminicdio
VI- contra a mulher por razes da condio de sexo feminino:
Pena- recluso, de doze a trinta anos.
Comentrios aprofundados
As informaes acima so as mais importantes para fins de concurso. No entanto,
se voc quiser aprofundar mais o assunto, verifique o artigo que publiquei no site
sobre o tema.
Homicdio
Quanto ao crime de homicdio, a Lei n 13.142/2015 acrescentou o inciso VIl ao 2
do art. 121 do CP fixando nova qualificadora:
Art. 121. Matar algum:
Pena- recluso, de seis a vinte anos.
(... )
Homicdio qualificado
2 Se o homicdio cometido:
(... )
VIl- contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituio
Federal, integrantes do sistema prisional e da Fora Nacional de Segurana P-
blica, no exerccio da funo ou em decorrncia dela, ou contra seu cnjuge, com-
panheiro ou parente consanguneo at terceiro grau, em razo dessa condio:
Pena- recluso, de doze a trinta anos.
Leses corporais
No que tange ao delito de leses corporais, veja a nova Lei acrescentou o 12 ao art.
129 do CP, prevendo o seguinte:
Art.129. Ofender a integridade corporal ou a sade de outrem:
Pena- deteno, de trs meses a um ano.
{... )
Aumento de pena
{...) 12. Se a leso for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituio Federal, integrantes do sistema prisional e da Fora
Nacional de Segurana Pblica, no exerccio da funo ou em decorrncia dela,
j
1102 < Mrcio Andr Lopes Cavalcante
J
ou contra seu cnjuge, companheiro ou parente consanguneo at terceiro grau,
em razo dessa condio, a pena aumentada de um a dois teros.
Crimes hediondos
A Lei n 13-142/2015, por fim, alterou a Lei de Crimes Hediondos (Lei no 8.072/go),
que passa a ter a seguinte redao:
Art. 1 (... }
1- homicdio (art. 121), quando praticado em atividade tpica de grupo de exter-
mnio, ainda que cometido por um s agente, e homicdio qualificado (art. 121,
2, incisos I, li, li I, IV, V, VI e VIl);
1-A -leso corporal dolosa de natureza gravssima (art.12g, 2) e leso corporal
seguida de morte (art.12g, 3), quando praticadas contra autoridade ou agente
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituio Federal, integrantes do sistema pri-
sional e da Fora Nacional de Segurana Pblica, no exerccio da funo ou em
decorrncia dela, ou contra seu cnjuge, companheiro ou parente consanguneo
at terceiro grau, em razo dessa condio;
Comentrios aprofundados
As informaes acima so as mais importantes para fins de concurso. No entanto,
se voc quiser aprofundar mais o assunto, verifique o artigo que publiquei no site
sobre o tema.
Art.12g {... )
2 Se resulta:
IV- deformidade permanente;
(... )Pena- recluso, de dois a oito anos.
-
NO.
Cuidado:
A grande maioria dos livros defende posio contrria ao que foi decidido pelo STJ.
Assim, muita ateno para o tipo de pergunta que ser feita na hora da prova para
no se lembrar do que leu no livro e errar a questo, especialmente em concursos
da banca CESPE.
-
seguinte tese:
Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por
breve espao de tempo e seguida de perseguio do agente, sendo prescindvel
a posse mansa e pacfica ou desvigiada.
STJ. 3 Seo. REsp 1.524-450-RJ, Rei. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 1411012015 (recurso repetiti-
vo) (lnfo 572).
Crime impossvel
Se o agente praticou uma conduta que descrita na lei como crime, mas o meio que
ele escolheu para praticor o delito ineficaz, ele dever responder pelo delito?
t) TEORIA SUBJETIVA
Os que defendem a teoria subjetiva afirmam que no importa se o meio ou o ob-
jeto so absoluta ou relativamente ineficazes ou imprprios. Para que haja crime,
basta que a pessoa tenha agido com vontade de praticar a infrao penal. Tendo o
agente agido com vontade, coniigura-se a tentativa de crime mesmo que o meio
seja ineficaz ou o objeto seja imprprio.
chamada de subjetiva porque, para essa teoria,o que importa o elemento subjetivo.
Assim, o agente punido pela sua inteno delituosa, mesmo que, no caso concre-
to, no tenha colocado nenhum bem em situao de perigo.
2) TEORIAS OBJETIVAS
Os que defendem essa teoria afirmam que no se pode analisar apenas o elemento
subjetivo para saber se houve crime. indispensvel examinar se est presente o
elemento objetivo.
Diz-se que h elemento objetivo quando a tentativa tinha possibilidade de gerar
perigo de leso para o bem jurdico.
Se a tentativa no gera perigo de leso, ela inidnea.
A inidoneidade pode ser:
absoluta (aquela conduta jamais conseguiria fazer com que o crime se consu-
masse); ou
relativa (a conduta poderia ter consumado o delito, o que somente no ocorreu
em razo de circunstncias estranhas vontade do agente).
A teoria objetiva se subdivide em:
2.1) OBJETIVA PURA: no haver crime havendo inidoneidade, no importa se ab-
soluta ou se relativa. Enfim, em caso de inidoneidade, no interessa saber se ela
absoluta ou relativa. No haver crime.
~
mas sim morto, vtima de um ataque cardaco. Dessa forma, Joo atirou em um mor-
to. Logo, trata-se de crime impossvel, porque o objeto era absolutamente inidneo.
Ex.2: a mulher, acreditando equivocadamente que est grvida, toma medicamento
abortivo. z
w
Q.
iM~lifPJt:
O 1 do art. 155 do CP prev que a pena do crime de furto ser aumentada de um
tero, se o crime praticado durante o repouso noturno.
A causa de aumento de pena prevista no 1 pode ser aplicada tanto para os
casos de furto simples (caput) como para as hipteses de furto qualificado( 4).
No existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no 1. 0 e as
qualificadoras do 4. So circunstncias diversas, que incidem em momentos
diferentes da aplicao da pena.
Assim, possvel que o agente seja condenado por furto qualificado( 4) e, na
terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se a subtrao ocorreu
durante o repouso noturno. -'
<t
zw
STJ. 5" Turma. AgRg no AREsp 741.482/MG, Rei. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em a.
o8/og/2015.
STJ. 6"Turma. HC 306.450-SP, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014
(lnfo 554).
Alm disso, recentemente o STJ considerou que o 2 do art. 155 poderia ser apli-
cado no apenas para o caput, mas tambm s hipteses do 4 do art. 155 (EREsp
842-425-RS).Isso significa que a posio topogrfica do 1 (vem antes do 4 ) no
fator que impede a sua aplicao para as situaes de furto qualificado( 4).
Exemplo: se Joo e Pedro,durante a madrugada, invadem a residncia da vtima enquan-
to esta dormia, e de l subtraem a televiso, eles iro ter praticado furto qualificado:
4- A pena de recluso de dois a oito anos, e multa, se o crime cometido:
IV- mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Alm disso, na 3" fase da dosimetria da pena, ao analisar as causas de aumento, o
juiz ir aumentar a pena em 1/3 pelo fato de o crime ter sido cometido durante o
repouso noturno, conforme prev o 1.
Furto qualificado
O crime de furto encontra-se tipificado no art.155 do Cdigo Penal.
No 4 so elencadas quatro hipteses de furto qualificado:
4- A pena de recluso de dois a oito anos, e multa, se o crime cometido:
1- com destruio ou rompimento de obstculo subtrao da coisa;
11- com abuso de confiana, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
111- com emprego de chave falsa;
IV- mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Segundo o inciso 11, haver furto qualificado se o agente subtrai a coisa com destreza.
Em que consiste a destreza para fins de furto qualificado?
"Destreza a especial habilidade fsica ou manual que permite ao agente retirar
bens em poder direto da vtima sem que ela perceba a subtrao." Esse tipo de
criminoso ficou conhecido como "punguista" ("punga"). (MASSON, Cleber. Direito
Penal esquematizado. vai. 2, p. 999).
fi Na lio de Guilherme de Souza Nucci, destreza " a agilidade mpar dos movi-
mentos de algum, configurando uma especial habilidade. O batedor de carteira
(figura praticamente extinta diante da ousadia dos criminosos atuais) era o me
lhor exemplo. Por conta da agilidade de suas mos, conseguia retirar a carteira
de algum, sem que a vtima percebesse. No se trata do 'trombadinha', que in-
veste contra a vtima, arrancando-lhe, com violncia, os pertences" (Cdigo Penal
Comentado. g. ed. So Paulo: RT, 2008).
~l'!~~l
No crime de furto, no deve ser reconhecida a qualificadora da "destreza" (art.
155, 4,11,do CP) caso inexista comprovao dequeo agente tenha se valido de
MOMENTO CONSUMATIVO
Em que momento se consuma o crime de roubo?
As mesmas quatro teorias explicadas para o caso de furto (contrectacio, apprehen-
sio!amotio, ab/atio e i/atio) tambm se aplicam ao roubo.
~
Para o STF e o STJ, o Brasil adota a teoria da apprehensio (amotio), segundo a qual o
crime de roubo se consuma no momento em que o agente obtm a posse do bem,
mediante violncia ou grave ameaa, ainda que no seja mansa e pacfica e/ou
zw
haja perseguio policial, sendo prescindvel que o objeto subtrado saia da esfera 0-
de vigilncia da vtima.
tiP~
Consuma-se o crime de roubo com a inverso da posse do bem, mediante em-
prego de violncia ou grave ameaa, ainda que por breve tempo e em seguida a
perseguio imediata ao agente e recuperao da coisa roubada, sendo prescin-
dvel a posse mansa e pacfica ou desvigiada.
STJ. 3 Seo. REsp 1.499.050-RJ, Rei. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/10/2015 (re-
curso repetitivo) (lnfo 572).
\lJj "Se o agente utiliza grave ameaa ou violncia (prpria ou imprpria) simulta-
neamente contra duas ou mais pessoas, mas subtrai bens pertencentes a apenas
uma delas, responde por um s crime de roubo". (MASSON, Cleber. Cdigo Penal
Comentado. 2. ed. So Paulo: Mtodo, 2014).
Porqu?
O roubo um crime contra o patrimnio. Logo, para o STJ, se a inteno do agente
foi direcionada subtrao de um nico patrimnio, estar configurado apenas
um crime, ainda que, para a sua execuo, seja utilizada violncia ou grave ameaa
contra mais de uma pessoa.
Pedro praticou dano simples (art. 163, caput, do CP) e este crime ser julgado pela
Justia FEDERAL, considerando que os delitos praticados contra as empresas pbli-
cas federais so julgados pela Justia Federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88.
Resumindo:
~
bita e restituio da coisa. Apesar disso, importante voc ficar atento(a) na hora
da prova porque pode ser cobrado este julgado de forma especfica.
Resumindo: LU
a.
~~~~t~~t~
A prescrio da pretenso punitiva do crime de apropriao indbita previden-
ciria (art. 168-A do CP) permanece suspensa enquanto a exigibilidade do cr-
dito tributrio estiver suspensa em razo de deciso de antecipao dos efeitos
da tutela no juzo cvel. Isso porque a deciso cvel acerca da exigibilidade do
crdito tributrio repercute diretamente no reconhecimento da prpria exis-
tncia do tipo penal, visto ser o crime de apropriao indbita previdenciria
um delito de natureza material, que pressupe, para sua consumao, a realiza-
o do lanamento tributrio definitivo.
STJ. s Turma. RHC 51.596-SP, Rei. Min. Felix Fischer,julgado em 3/2/2015 (lnfo 556).
J que no poderia ser condenado por estelionato, Ruy poderia responder por outro
delito?
SIM. O agente utilizou procurao e comprovante de residncia falsos para ingres-
sar com a ao, tendo praticado, em tese, o delito previsto no art. 304 do CP (uso de
documento falso).
Resumindo:
O estelionato judicirio crime?
1. Posio tradicional do STJ: NO (nunca). No se admite a prtica do delito de
estelionato por meio do ajuizamento de aes judiciais.
2. ltimos julgados do STJ: DEPENDE.
~
Quando possvel ao magistrado, durante o curso do processo, constatar a
fraude (ex.: por meio de percia, por prova testemunhal, documental etc.):
NO haver crime.
Quando no possvel ao magistrado, durante o curso do processo, ter w
0..
Ojato de ela ter sacado durante 10 meses possui alguma relevncia penal?
SIM. H, neste caso, crime continuado (art. 71 do CP). Nesse sentido: STJ. 6" Turma. REsp
1.282.118-RS, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 26/2/2013 (lnfo 516).
Suponha que, antes do recebimento da denncia, Carla devolva ao INSS todo o valor
que sacou indevidamente. Isso poder extinguir sua punibilidade, com base no art.
9 da Lei n 10.684/2003?
NO. No extingue a punibilidade do crime de estelionato previdencirio (art. 171,
3, do CP) a devoluo Previdncia Social, antes do recebimento da denncia, da
vantagem percebida ilicitamente.
Art. 83-A representao fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem
tributria previstos nos arts. 1 e 2 da Lei n 8.137, de 27 de dezembro de 1ggo, e
aos crimes contra a Previdncic:; Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decre-
to-Lei n 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Cdigo Penal), ser encaminhada ao
Ministrio Pblico de:::>ois de poferida a deciso final, na esfera administrativa,
sobre a exigncia fiscal do crdito tributrio correspondente. {Redao dada pela
Lei n 12.JSOI2070)
(... )
2 suspensa a pretenso punitiva do Estado referente aos crimes previstos no
caput, durante o perodo em que a pessoa fsica ou a pessoa jurdica relacionada
com o agente dos aludidos crimes estiver includa no parcelamento, desde que
o pedido de parcelamento tenha sido formalizado antes do recebimento da de-
nncia criminal. (Includo pela Lei 12.382/2077)
3 A prescrio criminal no corre durante o perodo de suspenso da preten-
so punitiva. (Includo pela Lei 12.38212011)
4 Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no caput quando a pessoa
fsica ou a pessoa jurdica rela.:ionada com o agente efetuar o pagamento in-
tegral dos dbitos oriundos de tribu~os, inclusive acessrios, que tiverem sido
objeto de concesso de parcelamento. (Includo pela Lei 12.38212011)
Quem idoso
Idoso a pessoa com idade igual ou superior a 6o anos (art. 1 da Lei n 10.741/2003).
Natureza do 4
Consiste em causa de aumento de pena ( aplicada na 3" fase da dosimetria da pena). ...J
<
z
Com esse novo 4 fica vedado o sursis processual no caso de estelionato contra idoso w
"-
A suspenso condicional do processo um benefcio previsto para a pessoa acusada
por crime cuja pena mnima seja igual ou inferior a 1 ano (art. 8g da Lei n g.ogg/95).
Em virtude disso, cabvel suspenso condicional do processo para o acusado por
estelionato simples (art. 171, caput do CP), j que a pena mnima de 1 ano.
Agora, depois da Lei n 13.228/2015, quem comete estelionato contra idoso no ter
direito suspenso condicional do processo. Isso porque a pena mnima para o
caso de estelionato contra idoso passa a ser de 2 anos em razo do 4 do art. 171.
~
prio (calnia);
no dia da assembleia ocorrida em 22/10/2014, estava to bbado que no conse-
guia parar em p (difamao}; e
z
w
que ele era um gordo, feioso e burro (injria). o.
Outra tese alegada pela defesa a de que deveria ser aplicado o princpio da insig-
nificncia. Tal argumentao oceita pelos Tribunais?
NO. No se aplica o princpio da insignificncia ao crime de violao de direito auto-
ral. Em que pese a ;:;ceitao popular pirataria de CDs e OVOs, com certa tolerncia
das autoridades pblicas em relao a tal prtica, a conduta, que causa srios preju-
zos indstria fonogrfica brasileira, aos comerciantes legalmente institudos e ao
Fisco, no escapa sano penal, mostrando-se formal e materialmente tpica {STJ.
6"Turma. AgRg no REsp 138ow:tRS, Rei. Min. Og Fernandes, julgado em 27/08/2013).
A pena prevista para esse crime de 2 a 4 anos. Trata-se de reprimenda despropor-
cional para esse tipo de conduta?
NO. De acordo com o STJ, no h desproporcionalidade da pena prevista, pois o
prprio legislador, atento aos reclamos da sociedade que representa, entendeu me-
Regras de procedimento
O processo e julgamento dos crimes contra a propriedade imaterial so disciplinado pe-
los arts. 524 a 530-l do CPP. Estes artigos preveem dois tipos de procedimento: um para o
delito do art. 184, caput, do CP e outro para as infraes dos 1,2 e 3 do art. 184 do CP.
Delito do art.184, caput, do CP: aplicam-se as regras dos arts. 524 a 530 do CPP.
Delitos dos 1,2 e 3 do art. 184 do CP:
a autoridade policial far a apreenso dos bens ilicitamente produzidos ou repro-
duzidos (ex.: CDs e DVDs piratas), em sua totalidade, juntamente com os equi-
pamentos, suportes e materiais que possibilitaram a sua existncia (ex.: com-
putador onde eram feitas as cpias das mdias), desde que estes se destinem
precipuamente prtica do ilcito;
na ocasio da apreenso ser lavrado termo, assinado por 2 (duas) ou mais teste-
munhas, com a descrio de todos os bens apreendidos e informaes sobre suas
origens, o qual dever integrar o inqurito policial ou o processo;
depois da apreenso, ser realizada, por perito oficial ou, na falta deste, por pes-
soa tecnicamente habilitada, percia sobre todos os bens apreendidos, e elabo-
rado o laudo que dever integrar o inqurito policial ou o processo (este exame
tcnico tem o objetivo de atestar a ocorrncia ou no de reproduo (cpia) feita I
com violao de direitos autorais. Segundo o STJ, no caso do 2 do art. 184 do
CP, comprovada a materialidade delitiva por meio da percia, totalmente des-
necessria a identificao e inquirio das supostas vtimas, at mesmo porque
este ilcito apurado mediante ao penal pblica incondicionada, dispensando
I
qualquer provocao por parte da vtima);
caso sejam identificadas as vtimas do delito, os titulares de direito de autor e
os que lhe so conexos sero os fiis depositrios de todos os bens apreendidos,
devendo coloc-los disposio do juiz quando do ajuizamento da ao;
o juiz poder determinar, a requerimento da vtima, a destruio da produo ou
reproduo apreendida, salvo se estiver sendo discutido se o material encontrado
ou no ilcito;
o juiz, ao prolatar a sentena condenatria, poder determinar a destruio dos bens
ilicitamente produzidos ou reproduzidos e o perdimento dos equipamentos apreen-
didos, desde que precipuamente destinados produo e reproduo dos bens, em
~
1. vlida a percia por amostragem
Realmente, a redao literal do art. 530-D do CPP afirma que a percia deve ser reali-
zada "sobre todos os bens apreendidos". Apesar disso, o STJ relativiza essa exigncia zw
c..
e admite que a percia seja feita por amostragem. Assim, basta que haja a apreenso
de um nico objeto e se a percia realizada sobre ele constatar a falsidade, estar
configurado o delito do art. 184, 2 do CP.
Entender de forma diversa apenas dificultaria a apurao do delito e retardaria o tr-
mino do processo judicial, em inobservncia ao princpio constitucional da razovel
durao do processo. Assim, a exigncia do legislador de que a percia seja realizada
sobre todos os bens apreendidos se presta, na verdade, no para fins de comprovao
da materialidade delitiva, mas para fins de dosimetria da pena, mais especificamen-
te para a exasperao da reprimenda-base, uma vez que se mostra mais acentuada
a reprovabilidade do agente que reproduz, por exemplo, com intuito de lucro, soa
obras intelectuais, do que a daquele que, nas mesmas condies reproduz apenas 20.
2. suficiente a anlise das caractersticas externas do material apreendido
dispensvel excesso de formalismo para a constatao da materialidade do crime
de violao de direito autoral. Desse modo, a simples anlise de caractersticas ex-
ternas dos objetos apreendidos suficiente para a aferio da falsidade necessria
configurao do delito descrito no art. 184, 2, do CP.
Uma ltima pergunta sobre um tema correlato e que poder ser usado para tentar
confundi-lo na prova: se Joo estivesse vendendo programas de computador <~pira
teados'~ o crime tambm seria o do art. 184 do CP?
NO. Neste caso, Joo teria praticado o delito do art. 12 da Lei no g.6og/g8:
Lei n 12.015/2009
A Lei n 12.015/09 alterou o panorama acima explicado e reuniu, em um s tipo pe-
nal, as condutas de conjuno carnal e de outras espcies de ato libidinoso.
Agora tanto faz: se o agente constrange a vtima (homem ou mulher) a praticar conjun-
o carnal ou a realizar qualquer outro ato libidinoso, ter cometido o crime de estupro.
O crime de atentado violento ao pudor foi transportado para dentro do delito de
estupro. Compare:
~
A Lei n 12.01512oog acrescentou o art. 217-A ao Cdigo Penal, criando um novo de-
lito, chamado de "estupro de vulnervel":
Estupro de vulnervel z
Art. 217-A. Ter conjuno carnl ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
w
0..
(catorze) anos:
Pena- recluso, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
Antes do art. 217-A, as condutas de praticar conjuno carnal ou ato libidinoso com
menor de 14 anos poderiam ser considerado crime?
SIM. Tais condutas poderiam se enquadrar nos crimes previstos no art. 213 c/c art.
224, "a" (estupro com violncia presumida por ser menor de 14 anos) ou art. 214 c/c
art. 224, "a" (atentado violento ao pudor com violncia presumida por ser menor de
14 anos), todos do Cdigo Penal, com redao anterior Lei n 12.015/2oog.
Desse modo, apesar dos arts. 214 e 224 do CP terem sido revogados pela Lei n
12.015/2oog, no houve abolitio criminis dessas condutas, ou seja, continua sendo
crime praticar ato libidinoso com menor de 14 anos. No entanto, essas condutas,
agora, so punidas pelo art. 217-A do CP. O que houve, portanto, foi a continuidade
normativa tpica, que ocorre quando uma norma penal revogada, mas a mesma
conduta continua sendo crime no tipo penal revogador, ou seja, a infrao penal
Se o agente praticasse atentado violento ao pudor (ex.: coito anal) com um adoles-
cente de 13 anos, haveria crime mesmo que a vtima consentisse (concordasse) com 0
ato sexual? Haveria crime mesmo que a vtima j tivesse tido outras relaes sexuais
com outros parceiros anteriormente? Essa presuno de violncia era absoluta?
SIM. A presuno de violncia nos crimes contra os costumes cometidos contra me-
nores de 14 anos, prevista na antiga redao do art. 224, alnea "a", do CP (antes da
Lei n 12.015/2oog), possua carter absoluto, pois constitua critrio objetivo para
se verificar a ausncia de condies de anuir com o ato sexual.
Assim, essa presuno absoluta no podia ser afastada (relativizada) mesmo que a
vtima tivesse dado seu "consentimento" porque nesta idade este consentimento
seria viciado (invlido). Logo, mesmo que a vtima tivesse experincia sexual an-
terior, mesmo que fosse namorado do autor do fato, ainda assim haveria o crime.
A presuno de violncia era absoluta nos casos de estupro/atentado violento ao
pudor contra menor de 14 a nos.
STJ. 3 Seo. EREsp 1152864/SC, Rei. Min. Laurita Vaz,julgado em 26/02/2014.
Estupro de vulnervel
Art. 217-A. Ter conjuno carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos:
Pena- recluso, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
A fim de que no houvesse mais dvidas sobre o tema, o STJ pacificou a questo,
.fixando a seguinte tese em recurso especial repetitivo:
Para a caracterizao do crime de estupro de vulnervel previsto no art. 217-A,
coput, do CP, basta que o agente tenha conjuno carnal ou pratique qualquer
ato libidinoso com pessoa menor de 14 anos.
O consentimento da vtima, sua eventual experincia sexual anterior ou a exis~
o
tncia de relacionamento amoroso entre agente e a vtima no afastam a
ocorrncia do crime.
STJ. 3 Seo. REsp 1-48.881-PI, Rei. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/8/2015 (lnfo 568).
Art. 155. O juiz formar sua convico pela livre apreciao da prova produzida
em contraditrio judicial, no podendo fundamentar sua deciso exclusivamen-
te nos elementos informativos colhidos na investigao, ressalvadas as provas
cautelares, no repetveis e antecipadas.
Pargrafo nico. Somente quanto ao estado das pessoas sero observadas as
restries estabelecidas na lei civil.
O STJ interpreta esse pargrafo nico da seguinte forma:
Em regra, o estado civil das pessoas no processo penal dever ser provado por
meio das certides de nascimento/identidade.
Na falta desses documentos, so admitidos outros meios de prova.
~
O STJ concordou com a tese do MP ou da defesa?
Da defesa.
A ao penal nos crimes sexuais regida pelo art. 225 do CP:
zw
Art. 225. Nos crimes definidos nos Captulos I e 11 deste Ttulo, procede-se median-
te ao penal pblica condiciohada representao.
0..
O estupro de vulnervel (art. 217-A) sempre crime de a~o penal pblica incondi-
cionada por causa do pargrafo nico do art. 225 do CP? A expresso "pessoa vul-
nervel" empregada pelo pargrafo nico o mesmo conceito de "vulnervel" do
art. 217-A do CP?
NO. Para a 6 Turma do STJ, a "pessoa vulnervel" de que trata o pargrafo nico
somente aquela que possui uma incapacidade permanente de oferecer resistncia
prtica dos atos libidinosos.
O art. 225 do CP prev que, nos crimes sexuais, em regra, a ao penal condi-
cionada representao.
Existem duas excees previstas no pargrafo nico:
3 Se a vtima menor de 18 anos: INCONDICIONADA.
4 Se a vtima pessoa vulnervel: INCONDICIONADA.
A interpretao que deve ser dada a esse pargrafo nico a de que, em relao
vtima possuidora,de incapacidade permanente de oferecer resistncia prtica
dos atos libidinosos, a ao penal seria sempre incondicionada. Mas, em se tra-
~
VI- adquiridos de estabelecimento sem licena da autoridade sanitria com-
petente.
<{
Lei 9677198 z
w
a.
O 1-B foi inserido no art. 273 do CP por fora da Lei n g.677 /g8.
O objetivo do legislador foi o de punir pessoas que vendem determinados "produ-
tos destinados a fins teraputicos ou medicinais" e que, embora no se possa dizer
que sejam falsificados, esto em determinadas condies que fazem com que seu
uso seja potencialmente perigoso para a populao.
Em simples palavras, o legislador disse o seguinte: se o produto for vendido nas
condies listadas nos incisos do 1-B, a pessoa que vendeu ser punida como
se tal produto fosse falsificado. Foi feita uma presuno de que comercializar pro-
dutos teraputicos ou medicinais nas condies do 1-B to perigoso quanto
vender produtos falsificados.
Inciso IV: produto com reduo de seu valor teraputico ou de sua atividade
Em palavras simples, valor teraputico de um medicamento o seu grau de eficcia
para aliviar ou curar a doena apresentada pelo paciente.
Aqui tambm tero que ser considerados aspectos tcnicos disciplinados pela ANVISA.
(lnfo 559).
Inicialmente, o STJ relembrou que possvel que o Poder Judicirio realize o contro-
le de constitucionalidade de leis penais, inclusive daquelas que estabeleam penas.
Nesse sentido j decidiu o STF:
~ "( ... )mandatos constitucionais de criminalizao [ ... ] impem ao legislador[ ... ] o
... dever de observncia do princpio da proporcionalidade como proibio de ex-
cesso e como proibio de proteo insuficiente. A ideia a de que a interveno
estatal por meio do Direito Penal, como ultima ratio, deve ser sempre guiada
pelo principio da proporcionalidade[ ...] Abre-se, com isso, a possibilidade do con-
trole da constitucionalidade da atividade legislativa em matria penal". (STF. 2
Turma. HC 104410, Rei. Min. Gil mar Mendes, julgado em o6/o3/2012)
Resumo dos principais argumentos pelos quais a pena do art. 273, 1, B, inciso V,
viola os princpios constitucionais da proporcionalidade e razoabilidade:
Se for comparado com o crime de trfico de drogas (notoriamente mais grave e
cujo bem jurdico tambm a sade pblica), percebe-se a total falta de razoa-
bilidade do preceito secundrio do art. 273, 1-B, do CP. O delito de trfico de
Ok, tudo bem. A pena prevista pelo legislador para o art. 2731 1-8 foi declarada
inconstitucional. Ento, neste caso, qual pena dever ser aplicada em substituio?
O STJ entendeu que dever ser aplicada a pena abstratamente prevista para o trfico
de drogas (art. 33, caput, da Lei n 11-343/2oo6), qual seja, "recluso de 5 (cinco) a 15
(quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa".
Alm disso, o STJ entendeu que ser possvel aplicar para o ru que praticou o art. 273,
1-S do CP a causa de diminuio prevista no 4 do art. 33 da Lei no 11-343/2006.
Trata-se de analogia in banam partem (em benefcio do ru).
Em suma:
O STJ decidiu que inconstitucional a pena (preceito secundrio) do art. 273, 1-S, V, do
CP ("recluso, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa"). Em substituio a ela, deve-se apli-
car ao condenado a pena prevista no caput do art. 33 da Lei n 11.343/2006 (Lei de Dro-
gas), com possibilidade de incidncia da causa de diminuio de pena do respectivo 4.
Essa deciso vale apenas para o inciso V do 1-8 do art. 273 ou tambm para os
demais incisos?
O caso concreto apreciado pelo STJ envolvia um habeas corpus impetrado em fa-
vor de ru condenado pelo inciso V. Assim, no dispositivo do acrdo, menciona-se
Resumindo:
O STJ decidiu que o preceito secundrio do art. 273, 1-B, inciso V, do CP incons-
titucional por ofensa aos princpios da proporcionalidade e da razo::.bllidade.
Neste caso, em substituio, dever ser aplicada a pena abstratamente prevista
para o trfico de drogas {art. 33, caput, da Lei 11.343/2006), qual seja, "recluso de 5
Elemento subjetivo:
No caput e no 1 o agente deve agir com dolo (no se exige finalidade especfica).
No 2 existe uma modalidade culposa com pena menor. Veja:
Consumao:
O crime formal, ou seja, ccnsuma-se com a prtica de qualquer dos verbos des-
critos no tipo penal. No depende, para a sua consumao, da ocorrncia de um
resultado naturalstico.
Tendo havido a venda, fornecimento, entrega etc., o crime j se consumou, mesmo
que a pessoa que comproLJ ou recebeu o produto nem o utilize. Repetindo: no se
exige o efetivo consumo para que o delito se consuma. Tambm no necessrio
que a vtima tenha algum problema de sade por conta da substncia. O delito
~
formal, basta a conduta, no se exigindo resultado. Trata-se de crime de perigo co-
mum ou abstrato, de modo que a lei presume, de forma absoluta, que foi produzido
um risco para outras pessoa~ e, s por esse fato, a conduta j punida.
zw
~ (... )desnecessria a real zao de exame pericial para comprovar a prtica do cri- 0..
- me previsto no art. 273, 1-B, do CP, uma vez que se trata de delito formal, que se
satisfaz com a vende:, exposio~ venda, depsito, distribuio ou entrega a con-
sumo de produto se-n registro, q LJando exigvel, no rgo de vigilncia sanitria
competente, sendo exatamente esse o caso dos autos.(... ) (STJ. s Turma. AgRg no
AREsp 198.307/PR,ju;gado em 21/02/2013, DJe 27/02/2o13)
Tese da OPU
A OPU, que prestava assistncia jurdica a Joo, afirmou que ele teria direito de re-
ceber o benefcio do arrependimento posterior, insculpido no art. 16 do CP:
Art. 16. Nos crimes cometidos sem violncia ou grave ameaa pessoa, reparado
o dano ou restituda a coisa, at o recebimento da denncia ou da queixa, por ato
voluntrio do agente, a pena ser reduzida de um a dois teros.
A tese da OPU foi aceita pelo STJ? possvel aplicar o benefcio do arrependimento
posterior ao ru acusado do crime de moeda falsa?
NO.
Por que o STJ entende que a competncia da Justia Federal? Qual o interesse
federal na causa? O lesado no foi apenas o empregado?
NO. No delito tipificado no art. 297, 4, do CP, o sujeito passivo o Estado (Pre-
vidncia Social), uma vez que a ausncia de anotao de informaes relativas ao
vnculo empregatcio na CTPS afeta diretamente a arrecadao das contribuies
previdencirias (espcie de tributo), j que estas so calculadas com base no valor
do salrio pago ao empregado.
Assim, quando o patro omite os dados de que trata o 4, ele est lesando, em
primeiro lugar, a arrecadao da Previdncia Social, administrada pelo INSS, que
uma autarquia federal.
O empregado prejudicado de forma apenas indireta, reflexa.
Para o STJ, o objetivo do legislador, ao acrescentar o aludido tipo penal, foi o de prote-
ger a Previdncia Social e, deforma reflexa e secundria, os interesses do trabalhador.
possvel a condenao pelo crime de uso de documento falso (art. 304 do CP)
com fundamento em documentos e testemunhos constantes do processo,
acompanhados da confisso do acusado, sendo desnecessria a prova pericial
para a comprovao da materialidade do crime, especialmente se a defesa no
requereu, no momento oportuno, a realizao do referido exame.
O crime de uso de documento falso se consuma com a simples utilizao de do-
cumento comprovadamente falso, dada a sua natureza de delito formal.
STJ. 5 Turma. HC 307.586-SE, Rei. Min. Walter de Almeida Guilherme (Desembargador con-
vocado do TJ/SP),julgado em 25/11/2014 (lnfo 553).
COMPETNCIA
Smula 546-STJ: A competncia para processar e julgar o crime de uso de docu-
mento falso firmada em razo da entidade ou rgo ao qual foi apresentado o
documento pblico, no importando a qualificao do rgo expedidor.
STJ. 3 Seo. Aprovada em 1411012015, DJe 19/10/2015.
AMPLA DEFESA
A CF/88 estabelece, em seu art. 5. incisos LV e LXIII:
Art. 5( ... )
~
LU
c..
LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes;
LXIII- o preso ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer
calado, sendo-lhe assegurada a assistncia da famlia e de advogado;
No processo penal a ampla defesa abrange:
defesa tcnica: exercida por advogado ou defensor pblico;
autodefesa: exercida pelo prprio ru. Por conta da autodefesa, o ru no obrigado
a se autoinuirninar.
O Pacto de San Jos da Costa Rica, que vige em nosso ordenamento jurdico com
carter supralegal, estabelece em seu art. 8, inciso 11, alnea "g", que "toda pessoa
tem direito de no ser obrigada a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada".
Por fim, o Cdigo de Processo Penal tambm preconiza:
LIMITES DA AUTODEFESA
A autodefesa um direito ilimitado?
No. A autodefesa no um direito absoluto. Exemplo disso, j consagrado h mui-
to tempo, o fato de que se o ru, em seu interrogatrio, imputar falsamente o
crime a pessoa inocente, responder por denunciao caluniosa (art. 399, CP).
Em suma, tanto o STF como o STJ entendem que a alegao de autodefesa no ser-
ve para descaracterizar a prtica dos delitos do art. 304 ou do art. 307 do CP.
Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida:
Pena- recluso, de dois a oito anos, e multa.
Pode-se dizer que houve flagrante preparado (Smula 145 do STF} e que, por isso, deve-se
reconhecer a ocorrncia de crime impossvel, o que levaria absolvio do agente?
NO. No houve flagrante preparado nem crime impossvel. Isso porque no mo-
mento em que os policiais agiram, o crime j havia se consumado. Assim, apesar de
~
PAGAMENTO INTEGRAL DA DVIDA TRIBUTRIA
Imagine a seguinte situao adaptada:
zw
Joo foi denunciado pela prtica d~ descaminho (art. 334 do CP). 0..
IMPOittAN'{E
Se o denunciado pelo crime de descaminho fizer o pagamento integral da dvida
tributria, haver extino da punibilidade?
NO. Segundo a posio atual do STJ, o pagamento do tributo devido NO ex-
tingue a punibilidade do crime de descaminho.
STJ. 5" Turma. RHC 43.558-SP, Rei. Min. Jorge Mussi,julgado em 5/2/2015 (lnfo 555).
Porqu?
Antes, o STJ entendia que o crime de descaminho era material. Ocorre que, em 2013,
a Corte decidiu rever sua posio e passou a decidir que o descaminho delito FOR-
MAL. Essa a posio que vigora atualmente tanto no STJ como no STF. Repetindo:
o descaminho CRIME FORMAL.
Na ocasio, afirmou-se que o bem jurdico tutelado pelo art. 334 do CP no ape-
nas o valor do imposto sonegado, pois, alm de lesar o Fisco, o crime atinge a es-
tabilidade das atividades comerciais dentro do pas, d ensejo ao comrcio ilegal
e concorrncia desleal, gerando uma srie de prejuzos para a atividade empre-
sarial brasileira.
Desse modo, o STJ passou a entender que o descaminho no pode ser equiparado
aos crimes materiais contra a ordem tributria, o que revela a impossibilidade de
que o agente acusado da prtica do crime de descaminho tenha a sua punibilidade
extinta pelo pagamento do tributo.
Como vimos acima, o art. 9 da Lei n 10.684/2003 e o art. 83 da Lei n 10.684/2003
preveem a extino da punibilidade pelo pagamento dos dbitos fiscais apenas no
que se refere aos crimes contra a ordem tributria e de apropriao ou sonegao
de contribuio previdenciria- arts.1 e 2 da Lei 8.137f1ggo, 168-A e 337-A do CP.
Se o crime de descaminho no se assemelha aos crimes acima mencionados, em
razo de defenderem bens jurdicos diferentes, mostra-se invivel a aplicao, por
analogia, dessas leis ao descaminho.
14.3 CONTRABANDO
Imagine a seguinte situao hipottica:
Joo voltava do Paraguai de carro quando foi parado pela Polcia Rodoviria Federal,
que localizou, em seu poder, uma arma de ar comprimido (C31ibre inferior a 6mm) e
uma caixa com 250 chumbinhos, ambas adquiridas no exterior.
Vale ressaltar que ele no tinha a documentao hbil a comprovar a sua regular
importao.
Esse o atual entendimento de ambas as Turmas do STJ que julgam Direito Penal.
Nesse sentido, confira recente precedente da s
turma no mesmo sentido:
~ (...) 1. As armas de presso, mesmo que por ao de mola e com calibre inferior
- a 6mm (uso permitido), no mais podem ser livremente comercializadas, pois a
sua aquisio passou a ser regulada de maneira similar de armas de fogo, ou
seja, depende de autorizao do Comando do Exrcito Brasileiro para o ingres-
so no territrio nacional, a teor do Decreto n. 3-665/2ooo e da Portaria oo2-Co-
log/2010, do Ministrio da Defesa.
2. A importao de arma de presso ou pistola de ar comprimido de origem es-
trangeira sem a regular documentao caracteriza o delito de contrabando, pois
no se pode sopesar, aqui, apenas o carter pecunirio do imposto sonegado,
mas outros bens jurdicos relevantes administrao pblica (segurana, tran-
quilidade etc.).
3. No vedado, por certo, o uso de armas de ar comprimido de calibre inferior a
6mm, mas sim o seu ingresso em solo brasileiro sem a autorizao prvia.
(...) (STJ. sTurma. REsp1428628/RS, Rei. Min.Gurgel de Faria,julgado em 28/04/2015).
Resumindo:
A importao de arma de ar comprimido configura qual crime? possvel aplicar
o princpio da insignificncia?
CONTRABANDO. Logo, no possvel aplicar o princpio da insignificncia, j
que este postulado incabvel para contrabando.
STJ. 5" Turma. REsp 1428628/RS, Rei. Min. Gurgel de Faria,julgado em 28/04/2015.
STJ.6"Turma. REsp 1-427.796-RS, Rei. Min. Maria Thereza De Assis Moura,julgado em 14/10/2014
(lnfo 551).
O crime de coao no curso do processo (art. 344 do CP) pode ser praticado no
decorrer de Procedimento Investigatrio Criminal instaurado no mbito do Mi-
nistrio Pblico. Isso porque o PIC serve para os mesmos fins e efeitos do inqu-
rito policial.
STJ. 6" Turma. HC 315.743-ES, Rei. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 6/8/2015 (lnfo 568).
~ (... )Se, aps efetuad a priso em flagrante pelo crime de furto, o Paciente desfere
- ameaas direcionadas s vtimas e s testemunhas com o objetivo de influenciar
o resultado de eventual investigao criminal, resta caracterizado o tipo previsto
no art. 344 do Cdigo Penal.( ...) (STJ. 5" Turma. HC 152-526/MG, Rei. Min. Laurita
Vaz,julgado em o6/12/2011).
Se um investigado ameaa uma testemunha que seria ouvida na CPI, ele pratica o
delito do art. 344 do CP? ....1
<(
zw
NO. Neste caso, existe um tipo especfico previsto no art. 4 , I, da Lei n 1.579/52: 0..
Consumao
Trata-se de crime formal O delito consuma-se no momento em que o agente usa
de violncia ou no instante em que a grave ameaa chega ao destinatrio. O crime
se consuma mesmo que a vtima da violncia ou da ameaa no faa aquilo que o
agente desejava. Em outras palavras, o delito se consuma mesmo que a coao no
surta efeito favorvel ao agente ou a terceiro que ele queria ajudar.
Tentativa
possvel em alguns casos. Ex.: o agente envia um e-mail para a testemunha,
ameaando-lhe, mas este acaba indo para o lixo eletrnico e ela no o l.
Lei n 1492/86
Diante da relevncia j exposta, o legislador entendeu ser necessria a edio de
uma lei especfica para punir condutas que atentem contra o bom funcionamento
do Sistema Financeiro Nacional.
Art. 1 Considera-se instituio financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurdica
de direito pblico ou privado, que tenha como atividade principal ou acess-
ria, cumulativamente ou no, a captao, intermediao ou aplicao de recur-
sos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custdia,
emisso, distribuio, negociao, intermediao ou administrao de valores
mobilirios.
Pargrafo nico. Equipara-se instituio financeira:
1- a pessoa jurdica que capte ou administre seguros, cmbio, consrcio, capi-
talizao ou qualquer tipo de poupana, ou recursos de terceiros;
11- a pessoa natural que exera quaisquer das atividades referidas neste arti-
go, ainda que de forma eventual.
~ Comentrios:
Comentrios: Valores mobilirios so ttulos emitidos
Essa a atividade tpica dos bancos por sociedades empresariais e negociadas
comerciais. no mercado de capitais (bolsa de valores
Ateno: os recursos financeiros de- . ou mercado de balco). Para a sociedade
vem ser de terceiros. Para fins penais, ~ que emite (vende), uma forma de obter
se uma determinada pessoa jurdica novos recursos. Para a pessoa que adquire,
realiza aplicao de recursos finan- trata-se de um investimento. O exemplo
ceiros prprios, ela no realiza ato mais conhecido de valor mobilirio so as
tpico de instituio financeira. aes. Podemos citar tambm as debntu-
res e os bnus de subscrio.
Exemplos: Exemplos:
bancos, cooperativas de crdito, bolsas de valores, sociedades corretoras de
sociedades de crdito. ttulos e valores mobilirios.
Comentrios: Comentrios:
Importante gravar as atividades equi- Repare que, para fins de crimes contra o
paradas, quais sejam, seguro, cmbio, SFN, a pessoa natural pode ser equiparada
consrcio e capitalizao. a uma instituio financeira.
Exemplos:
Exemplo:
agncia de turismo que faz opera-
pessoa fsica que exercia atividade de con-
es de cmbio, fundos de penso,
srcio sem autorizao do BACEN.
empresas de consrcio.
Resumo:
Sujeito ativo
Existem duas correntes sobre o tema:
,a corrente: trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
Defendida por Cezar Roberto Bitencourt e Juliano Breda. ....
<(
zw
23 corrente: consiste em crime prprio, devendo o sujeito ativo ser uma das pessoas Q.
Podem ser sujeitos ativos do crime previsto no art. 6 da Lei n 7492/86 pessoas
naturais que se fizeram passar por membro ou representante de pessoa jurdica
que no tinha autorizao do BACEN para funcionar como instituio financeira.
STJ. 6 Turma. REsp 1.405.g8g-SP, Rei. originrio Min. Sebastio Reis Jnior, Rei. para o acr-
do Min. Nefi Cordeiro,julgadoJ em 18/8/2015 (lnfo s6g).
Elemento subjetivo
O crime punido a ttulo de dolo. No se exige elemento subjetivo especial ("dolo
especfico").
No h forma culposa.
Consumao
Consuma-se no momento em que ocorre a prestao da informao falsa (induo
em erro) ou a manuteno da vtima em erro.
Trata-se de crime formal. Isso porque no necessria a ocorrncia de resultado
naturalstico. Se houver eventual prejuzo econmico para o scio ou investidor,
isso caracteriza mero exaurimento.
Exemplo:
De quando a SV 24-STF?
A smula foi publicada no DJe de 11/12/2009.
Como exemplo disso, o M:n. Dias Toffoli citou o HC 85.051/MG, julgado em 2005
(bem antes da SV 24), no qual o STF j afirmava que a prescrio dos crimes tribut-
rios materiais somente se inicia com o lanamento definitivo:
~ (... )a consumao do crime tipificado no art. 1 da Lei 8.137/90 somente se verifi-
-. ca com a constituio do crdito fiscal, comeando a correr, a partir da, a prescri-
o.(... ) (STF. 2 Turma. HC 85051, Rei. Min. Carlos Velloso,julgado em 07/o6/2oo5)
Lei n fZ.J8z/zon
Em 2011, foi editada a Lei no 12.382, que alterou o art. 83 da Lei n 9-430/96 e passou
a dispor sobre os efeitos do parcelamento e do pagamento dos crditos tributrios
no processo penal. Veja o que diz a Lei:
~
extingue-se a punibilidade quando ocor-
re o pagamento integral dos dbitos que
tenham sido objeto de parcelamento.
zw
Tudo bem! Vale lembrar, no entanto, que o a.
2 afirma que o processo criminal s fica
suspenso se o parcelamento ocorre antes
do recebimento da denncia.
Em outras palavras, se o parcelamento
ocorre depois do recebimento da denncia,
o processo criminal prossegue normalmen-
te e pode ser que o ru seja condenado
mesmo com o dbito parcelado.
Obs.: a Lei n 12.382/2011, ao tratar sobre
extino da punibilidade, caracteriza-se como
lei penal e, sendo desfavorvel ao ru, no se
aplica a fatos ocorridos antes de sua vigncia.
Resumindo:
O art. g 0 da Lei n 10.684/2003 continua em vigor?
SIM. O pagamento do tributo, a qualquer tempo, extingue a punibilidade do crime
tributrio. O art. go da Lei no 10.684/2003 no foi revogado e continua em vigor. Ao
Ese o pagamento integral tivesse ocorrido aps o trnsito em julgado, mesmo assim
haveria a extino da punibilidade?
O STJ entendeu que NO. Nos crimes tributrios materiais, o pagamento do dbito
previdencirio aps o trnsito em julgado da sentena condenatria NO acarreta
a extino da punibilidade.
Segundo decidiu o STJ, o art. 9 da Lei n 10.684/2003 trata da extino da punibili-
dade pelo pagamento da dvida antes do trnsito em julgado da condenao, uma
vez que faz meno expressa pretenso punitiva do Estado.
Aps o trnsito em julgado da condenao, o Estado j exerceu o seu direito de
punir (fixar sano). Comea, a partir da, o seu poder de executar a punio, o que
um instituto diferente.
Repito: o art. 9 da Lei n 10.684/2003 fala em extino da PUNIBILIDADE. Esse
artigo somente poderia ser aplicado aps o trnsito em julgado se ele falasse em
extino da punibilidade e da EXECUTORIEDADE.
Resumindo:
Pagamento integral antes da condenao: extingue a punibilidade do crime.
Pagamento integral depois da condenao, mas antes do trnsito em julgado:
extingue a punibilidade do crime.
Pagamento integral depois do trnsito em julgado: NO ir interferir no crime. A
condenao persiste. Isso porque a punio j foi imposta e o art. 9 no fala em
extino da pretenso executria.
U\t\P;<;)~1;(~f:E
Nos crimes tributrios materiais (ex.: apropriao indbita previdenciria), opa-
gamento integral do dbito tributrio feito aps a condenao, mas antes do
trnsito em julgado, interfere na condenao?
SIM. O pagamento integral do dbito tributrio feito aps a condenao, mas
antes do trnsito em julgado, acarreta a extino da punibilidade com base no
art. g0 , 2 da lei 10.684/2003.
E se o pagamento integral ocorrer aps o trnsito em julgado, mesmo assim ha-
veria a extino da punibilidade?
NO. Nos crimes tributrios materiais, o pagamento do dbito previdencirio
aps o trnsito em julgado da sentena condenatria NO acarreta a extino
da punibilidade.
O art. 9 da Lei 10.684/2003 trata da extino da punibilidade pelo pagamento
da dvida antes do trnsito em julgado da condenao, uma vez que faz meno
O STF afirmou que o ardil utilizado pelo ru (omisso do seu nome do quadro
societrio da empresa) teve como objetivo acobertar sua real condio de ad-
ministrador da empresa investigada e, com isso, furtar-se de possvel aplicao
da lei penal. Essa omisso do nome do ru no quadro societrio no a mesma
omisso de que trata o inciso I do art.1.
A omisso que elementar do tipo a omisso para suprimir ou reduzir tributo.
A omisso do nome do ru foi para evitar que ele fosse descoberto.
1
16.4 TERMO INICIAL DO PRAZO PRESCRICIONAL DO CRIME DO ART. 2, I,
DA LEI8.137/90
1
Lei n 8.137/90
A Lei no 8.137/90, em seus arts. 1 a 3, prev crimes contra a ;)rdem tributria, assim 1
divididos:
sonegao fiscal (art. 1);
1
crimes da mesma natureza de sonegao fiscal (art. 2);
crimes funcionais tributrios (art. 3).
1
Osarts. 1 e 2 da Lei trazem os crimes praticados por particulares contra a or-
dem tributria.
O art. 3, por sua vez, prev crimes funcionais contra a ordem tributria, exigindo 1
que sejam praticados por funcionrios pblicos e em razo :la funo.
Art. 2, I 1
O art. 2, I, da Lei n 8.137/90 prev o seguinte delito:
1
Art. 2 Constitui crime da mesma natureza:
I - fazer declarao falsa ou omitir declarao sobre rend3S, bens ou fatos, ou em-
pregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; 1
Qual o termo inicial da prescrio nas hipteses dos arts. 1 e 2? Existe diferena
entre os delitos?
ART.1, I
Exemplo:
Porqu?
Porque o CTB estabelece que, se a leso corporal culposa for praticada por um mo-
torista que no tenha habilitao para dirigir, haver uma causa de aumento de
pena prevista no pargrafo nico do art. 303 c/c o art. 302, 1, I. Veja:
O delito do art. 309 foi absorvido pela conduta de praticar leso corporal culpo-
sa na direo de veculo automotor, tipificada no art. 303 do CTB, crime de ao
pblica condicionada representao. Como a representao no foi formali-
zada pela vtima, houve extino da punibilidade, que abrange tanto a leso
corporal como a conduta de dirigir sem habilitao.
STF. 2 Turma. HC 128921/RJ, Rei. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/8/2015 (lnfo 796).
Observao importante
O Min. Rogerio Schietti Cruz, ao final de seu voto, faz uma importante ressalva di-
zendo que, apesar do entendimento acima adotado, no se exclui a possibilidade de,
no caso concreto, ocorrerem situaes nas quais se verifique que, mesmo a pessoa
conduzindo o veculo sem habilitao, consta-se a total ausncia de risco potencial
Joo praticou crime de posse ilegal de arma de fogo (art. 12 da Lei n 10.826/2003)?
Ofato de o agente possuir arma de fogo com registro vencido configura crime?
NO.
~
No configura o crime de posse ilegal de arma de fogo (art.12 da Lei n 10.826/2003)
a conduta do agente que mantm sob guarda, no interior de sua residncia,
arma de fogo de uso permitido com registro vencido.
w
Se o agente j procedeu ao registro da arma, a expirao do prazo mera irregula- Q.
Argumentos:
No h dolo do agente que procede ao registro e, depois de expirado o prazo,
apanhado com a arma nessa circunstncia.
Trata-se de uma irregularidade administrativa. Isso porque se a pessoa possui
o registro da arma de fogo de uso permitido, significa que o Poder Pblico tem
completo conhecimento de que ele possui o artefato em questo, podendo ras-
tre-lo, se necessrio. Logo, inexiste ofensividade na conduta.
A mera inobservncia da exigncia de recadastramento peridico no pode condu-
zir incriminao penal. Cabe ao Estado apreender a arma e aplicar a punio ad-
Para que haja condenao pelo crime de posse ou porte, necessrio que a arma de
fogo tenha sido apreendida e periciada?
NO. irrelevante (desnecessria) a realizao de exame pericial para a compro-
vao da potencialidade lesiva do artefato, pois basta o simples porte de arma de
fogo, ainda que desmuniciada, em desacordo com determinao legal ou regula-
Vale ressaltar, no entanto, =lUe, se a arma quebrada estiver com munio eficaz, o
agente poder ser condenado, porque o simples porte de munio (eficaz} j con-
figura o delito.
Assim, para que no se_:a crime, o agente tem que ter sido apreendido com arma
quebrada e desmuniciada ou, ento, com arma quebrada e com munies inefica-
zes (deflagradas e percutid3s).
....
A defesa recorreu requerenco a absolvio do ru tambm com relao ao crime do
art.16, sob o argumento de que deveria incidir na hiptese o princpio da consuno.
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depsito, transpor-
tar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua
guarda ou ocultar arma de fogo, acessrio ou munio de uso proibido ou restritd.
sem autorizao e em desacordo com determinao legal ou regulamentar:
Pena- recluso, de 3 (trs) a 6 (seis) anos, e multa.
Denncia
O Ministrio Pblico no concordou com o argumento e denunciou Pedro pela pr-
tica do art. 16 do Estatuto do Desarmamento.
Segundo a denncia, Pedro, mesmo sendo equiparado a magistrado, no poderia pos-
suir uma pistola calibre 9mm.lsso porque, de acordo com a Portaria Com Ex n. 209 de
14.3.2014 (do Comando do Exrcito), os magistrados somente podero adquirir, para
uso particular, armas de uso restrito limitadas aos calibres ponto 357 Magnum e pon-
to 40. Logo, a pistola calibre 9mm est fora da autorizao concedida pela Portaria.
O Conselheiro do Tribunal de Contas Estadual que mantm sob sua guarda arma
ou munio de uso restrito no comete o crime do art. 16 da Lei n 10.826/2oo3
(Estatuto do Desarmamento).
~
STJ. Corte Especial. APn 657-PB, Rei. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 211lol2015
(lnfo 572).
<t
Sendo Conselheiro do Tribunal de Contas Estadual, o agente est equiparado, por
z
w
0..
Segundo entendeu o STJ, esse dispositivo no faz distino entre armas de uso per-
mitido e as de uso restrito. Logo, atpica a conduta de um magistrado que mante-
nha sob sua guarda arma ou munio de uso restrito.
Deciso do STJ
O STJ, ao apreciar um caso concreto, envolvendo comissrio de polcia civil aposenta-
do, interpretando o art. 6, 11, da Lei no 10.826/2003 e o art. 33 do Decreto, decidiu que:
Com base na deciso acima podemos dizer que os policiais aposentados no podem
~
nunca ter direito a porte de arma de fogo?
No isso. No se pode fazer tal afirmao.
<(
O julgado do STJ acima mencionado no analisou um dispositivo legal: o art. 37 do zw
1>.
Decreto s.123/2oo4, que permite que policiais aposentados tenham direito a porte
de arma de fogo. Para isso, no entanto, devero cumprir outros requisitos adicionais
em relao aos policiais da ativa. Confira:
Art. 37 Os integrantes das Foras Armadas e os servidores dos rgos, institui-
es e corporaes mencionados nos incisos li, V, VI e Vil do caput do art. 6 da Lei
n 10.826, de 2003, transferidos para a reserva remunerada ou aposentados, para
conservarem a autorizao de porte de arma de fogo de sua propriedade deve-
ro submeter-se, a cada trs anos, aos testes de avaliao da aptido psicolgica
a que faz meno o inciso 111 do caput art. 4 da Lei n 10.826, de 2003.
1 O cumprimento destes requisitos ser atestado pelas instituies, rgos e
corporaes de vinculao.
2 No se aplicam aos integrantes da reserva no remunerada das Foras Ar-
madas e Auxiliares, as prerrogativas mencionadas no caput.
O STJ no mencionou esse art. 37 porque ele no estava em discusso no caso con-
creto, no se aplicando situao.
Desse modo, o precedente do STJ acima explicado deve ser lido com cautelas.
Previso legal
A suspenso condicional do processo est prevista no art. 89 da Lei n g.ogg/gs.
TRANSACO PENAL
............ !' ..........................................................................................................
O ru que praticou violncia domstica ou familiar contra mulher pode ser bene-
ficiado com TRANSAO PENAL ou com SUSPENSO CONDICIONAL DO PROCESSO?
NO. A suspenso condicional do processo e a transao penal no se aplicam na
hiptese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
Porqu?
A suspenso condicional do processo e a transao penal esto previstas na Lei no
g.ogg/gs. Ocorre que a Lei Maria da Penha expressamente probe que se aplique a
Lei n g.ogg/95 para os crimes praticados com violncia domstica e familiar con-
tra a mulher. Veja:
Art.41. Aos crimes praticados com violncia domstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, no se aplica a Lei 9.099, de 26 de setem-
bro de 1995.
Vale ressaltar .que a Lei no g.ogg/95 no se aplica NUNCA E PARA NADA que se refira
Lei Maria da Penha.
Esse art. 41 da Lei Maria da Penha compatvel com a CF/88? O legislador poderia
ter proibido isso?
SIM. O STF decidiu que este art. 41 constitucional e que, para a efetiva proteo
das mulheres vtimas de violncia domstica, foi legtima a opo do legislador de
excluir tais crimes do mbito de incidncia da Lei n g.ogg/95 (STF. Plenrio. ADI
4424/DF, rei. Min. Marco Aurlio, g/2/2012).
O art. 41 fala apenas em CRIMES. Se o agente praticar uma contraveno penal com
violncia domstica, ser possvel aplicar a Lei n g.oggtgs? cabvel a transao
penal (art. 76 da Lei n g.oggtgs) para contravenes cometidas com violncia do-
mstica contra a mulher?
NO. A transao penal NO aplicvel na hiptese de contraveno penal pratica-
da com violncia domstica e familiar contra a mulher.
De fato, a interpretao literal do art. 41 da Lei Maria da Penha poderia indicar, em
uma anlise rpida, a concluso de que os institutos despenalizadores da Lei n
g.ogg/1995. entre eles a transao penal, seriam aplicveis s contravenes pe-
nais praticadas com violncia domstica e familiar contra a mulher.
Entretanto, em uma interpretao que atenda os fins sociais a que a lei se destina,
deve-se concluir que o art. 41 da Lei no 11.340f2oo6 afasta a Lei n g.ogg/1995 tanto
em relao aos crimes quanto s contravenes penais praticados contra mulheres
no mbito domstico e familiar.
Nesse sentido: STJ. 6Turma. HC 280.788-RS, Rei. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
3/4/2014 (lnfo 539).
Leses corporais
O crime de leses corporais est previsto no art. 129 do Cdigo Penal. Dentro desse
artigo existem vrias espcies de leso corporal. Veja:
Caput: leso corporal leve;
1: leso corporal grave;
2: leso corporal gravssima;
3: leso corporal seguida de morte;
6: leso corporal culposa;
9: leso corporal decorrente de violncia domstica. -'
<(
zw
c..
O CP prev, em algum dispositivo, que o crime de leses corporais de ao pblica
condicionada?
NO. O CP no prev, em nenhum lugar, que o crime de leses corporais seja de ao
pblica condicionada. Quando a lei no afirma que determinado crime de ao p-
blica condicionada, a regra que este delito seja de ao pblica incondicionada.
Assim, em regra, todos os crimes so de ao pblica incondicionada, salvo se a lei
prev expressamente que ele seja de ao pblica condicionada ou de ao priva-
da. Esse comando est no art. 100, 1 do CP:
Art. 100. A ao pena pblica, salvo quando a lei expressamente a declara pri-
vativa do ofendido.
1 A ao pblica promovida pelo Ministrio Pblico, dependendo, quando a
lei o exige, de representao do ofendido ou de requisio do Ministro da Justia.
Logo, se formos analisar unicamente o texto do CP, deveramos entender que o cri-
me de leses corporais sempre de ao pblica incondicionada. Isso porque no
existe nenhum dispositivo do CP que afirme o contrrio. Por essa razo, at 1995,
Art. 88. Alm das hipteses do Cdigo Penal e da legislao especial, depender
de representao a ao penai relativa aos crimes de leses corporais leves e
leses culposas.
Assim, por exemplo, quando, em uma briga de bar, Joo desfere um soco em Ricar-
do, causando-lhe leses corporais leves, este crime de ao penal pblica condi-
cionada, ou seja, qualquer providncia para apurar este delito e para dar incio ao
procedimento criminal s se inicia se o ofendido (no caso, Ricardo) tiver interesse e
provocar os rgos pblicos (procurar a polcia ou o Ministrio Pblico).
Repita-se que, se no houvesse este art. 88 da Lei no 9.ogg/gs. a ao penal nos cri-
mes de leses corporais leves e culposas seria pblica incondicionada, considerando
que o CP no exige representao para este crime (c;rt. 129 c/c art. 100, 1 do CP).
Porqu?
Porque a Lei n g.ogg/95 NO se aplica aos crimes d~ violncia domstica e familiar
contra a mulher.
Veja o que diz o art. 41 da Lei Maria da Penha (Lei nc 11.340/2oo6):
Art. 41. Aos crimes praticados com violncia domstica e familiar contra a mu-
lher, independentemente da pena prevista, no se aplica a Lei g.ogg, de 26 de
setembro de 1995.
Desse modo, a Lei no 11.340/06 exclui de forma absoluta a aplicao da Lei n
g.ogg/95 aos delitos praticados contra a mulher no mbito das relaes domsti-
cas e familiares.
~
praticada pelo marido contra a mulher continua sendo de ao pblica condicio-
nada porque tal exigncia consta do pargrafo nico do art. 147 do CP. O que a S-
mula n 542-STJ afirma que o delito de LESO CORPORAL praticado com violn-
z
cia domstica contra a mulher, sempre de ao penal incondicionada, porque o LU
0..
art. 88 da Lei n g.ogg/95 no pode ser aplicado aos casos da Lei Maria da Penha.
Entendimento do STF
Vale ressaltar que a Smula no 542-STJ reflete o entendimento do STF construdo
no julgamento da ADI 4424/DF, Rei. Min. Marco Aurlio, Tribunal Pleno, julgado em
og/o2/2012).
Agora que voc relembrou os requisitos para a aplicao das penas restritivas de
direito, imagine que Joo foi condenado por leso corporal no mbito da violncia
domstica, delito previsto no art. 129, 9 do CP:
Violncia Domstica
g 0 Se a leso for praticada contra ascendente, descendente, irmo, cnjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecen-
do-se o agente das relaes domsticas, de coabitao ou de hospitalidade:
Pena - deteno, de 3 {trs) meses a 3 (trs) anos. (Redao dada pela Lei n
11.340, de 2oo6)
possvel que o juiz, na sentena, substitua a pena privativa de liberdade por restri-
tiva de direitos?
NO.
Denncia
O Ministrio Pblico denunciou Z Pequeno e Ben pela prtica de trfico de dro-
gas (art. 33 da Lei n 11.343/2006):
Art. 33-lmportar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor venda, oferecer, ter em depsito, transportar. trazer consigo, guardar,
prescrever, ministrar, entregar a consume ou fornecer drogas, ainda que gra-
tuitamente, sem autorizao ou em desacordo com determinao legal ou re-
gulamentar:
Pena- recluso de 5 (cinco) a 15 (quinze) 3nos e pagamento de 500 (quinhen-
tos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
Quanto a Z Pequeno, o Promotor imputou a el~ na denncia as condutas de "ven-
der", "oferecer" e "ter em depsito".
No que tange a Ben, o MP afirmou que ele pra:icou o verbo "adquirir".
O advogado de Ben, contudo, apresentou defesa alegando que ele no chegou a
adquirir a droga. Logo, no praticou o crime ou, no mximo, deveria ser considera-
do mera tentativa.
A tese do advogado de Ben foi acolhida? Para que configtHe a conduta de "adqui-
rir'~ prevista no art. 33 da Lei n "34312oo6, necessria a tradio e o pagamento?
indispensvel que a droga tenha sido entregue e o dinheiro pago?
NO.
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei so aumentadas de um sex-
to a dois teros, se:
(... )
111- a infrao tiver sido cometida nas dependncias ou imediaes de estabe-
lecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudan-
tis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de traba-
lho coletivo, de recintos onde se realizem espetculos ou diverses de qualquer
natureza, de servios de tratamento de dependentes de drogas ou de reinsero
social, de unidades militares ou policiais ou em transportes pblicos;
(...)
V- caracterizado o trfico entre Estados da Federao ou entre estes e o Distri-
to Federal;
~
Como primeira tese, a defesa alegou que o agente levou a droga no transporte p-
blico, mas no a ofereceu nem comercializou para as pessoas que estavam dentro
desse meio de transporte. Logo, no deveria incidir a causa de aumento do inciso
111. Essa tese aceita pela jurisprudncia? Para que incida essa causa de aumento,
necessrio que o agente comercialize a droga no interior do transporte pblico?
~~ I
SIM.
A majorante do art. 40, 111, da Lei 11.343/2006 somente deve ser aplicada nos casos
em que ficar demonstrada a comercializao efetiva da droga em seu interior.
A mera utilizao de transporte pblico para o carregamento da droga no leva
aplicao da causa de aumento do inciso 111 do art. 40 da Lei n 11.343/2006.
Com base em uma interpretao teleolgica, o disposto no art. 40, 111, somente
pode ser aplicado se houver a comercializao da droga em transporte pblico,
no alcanando a situao de o agente ter sido surpreendido quando trazia con-
sigo droga em nibus intermunicipal, sem que nele a tivesse vendido.
STF.2"Turma. HC 120624/MS, Red. p/ o acrdo,Min. Ricardo Lewandowski,julgadoem 3/6/2014
(lnfo749).
STJ. 5" Turma.AgRg no REsp 1.295786-MS, Rei. Min. Regina Helena Costa, julgado em 18/6/2014
(lnfo 543).
Para que incida a causa de aumento de pena prevista no inciso V do art. 40, no
se exige a efetiva transposio da fronteira interestadual pelo agente, sendo
suficiente a comprovao de que a substncia tinha como destino localidade
em outro Estado da Federao.
STF. 1 Turma. HC 122791/MS, Rei. Min. Dias Toffoli,julgado em 17/11/2015 (lnfo 8o8).
STJ. 6 Turma. REsp 1370391/MS, Rei. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 03l11/2o15.
Duas ou mais pessoas que se unem para financiar/custear o trfico (crime do art. 36)
Podem responder pelo art. 35 se essa reunio for para a prtica reiterada do art. 36.
Crime autnomo
O art. 35 um crime autnomo. Isso significa que ele pode se consumar mesmo que
os delitos nele mencionados acabem no ocorrendo e fiquem apenas na cogitao
ou preparao.
Assim, se Joo e Antnio se juntam, de forma estvel e permanente, para praticar
trfico de drogas, eles tero cometido o crime do art. 35, ainda que no consigam
perpetrar nenhuma vez o trfico de drogas.
Concurso necessrio
Pelo fato de exigir, no mnimo, duas pessoas, esse delito classificado como um
crime de concurso necessrio (plurissubjetivo).
Crime plurissubjetivo (ou de concurso necessrio) aquele que, para se consumar,
exige a participao de duas ou mais pessoas. Ex.: rixa (art. 137 do CP).
Elemento subjetivo
o dolo+ especial fim de agir ("dolo especfico").
Dolo= conscincia e vontade de se associar.
Especial fim de agir= vontade de se reunir para praticar qualquer dos crimes pre-
vistos nos arts. 33, caput e 1, e 34 da Lei de Drogas.
Consumao
O delito se consuma a partir do momento em que ocorre a associao, estvel e
permanente, de duas ou mais pessoas com o objetivo de praticarem os delitos
Requisitos
Para que o condenado tenha direito ao livramento condicional, dever atender aos
seguintes requisitos:
----- ................................................................................................
O condenado deve ter:
sido sentenciado a uma pena privativa de liberdade igual ou supe-
rior a 2 anos;
reparado o dano causado com o crime, salvo se for impossvel faz-lo;
Requisitos
OBJETIVOS cumprido parte da pena, quantidade que ir variar conforme ele
seja reincidente ou no:
condenado no reincidente em crime doloso e com bons anteceden-
tes: basta cumprir mais de 1/3 (um tero) da pena. chamado de
livramento condicional SIMPLES;
- - - - - ..................................................................................................... .
condenado reincidente em crime doloso: deve cumprir mais de 1/2
(metade) da pena para ter direito ao benefcio. o livramento con-
dicional QUALIFICADO;
Desse modo, se a pessoa tiver sido condenada por crime hediondo ou equipara-
do, ela somente poder obter livramento condicional aps cumprir mais de 2/3 da
pena e desde que no seja reincidente especfico em crimes dessa natureza (inciso
V do art. 83 do CP).
Mas o art. 83, V, do CP s exige 2/3 para crimes hediondos ou equiparados e a asso-
ciao para o trfico (art. 35 da LD) no hediondo nem equiparado...
Isso verdade, mas temos aqui uma armadilha da legislao. Acompanhe.
No h dvidas de que o delito do art. 35 da LD no hediondo nem equiparado.
No entanto, mesmo assim, o prazo para se obter o livramento condicional de 2/3
porque este requisito exigido pelo pargrafo nico do art.44 da Lei de Drogas (Lei
n 11.34312006):
(... ) Para o crime de associao para o trfico, h expressa previso legal da aplica-
o da frao para o livramento condicional em 2/3. No se trata de atribuir ou no
carter hediondo ao celito previsto no art. 35 da Lei n. 11.343f2oo6, mas sim de se
aplicar o pargrafo nico do art. 44 do citado dispositivo legal.(...) (STJ. 6" Turma.
AgRg no REsp 1484138/MS, Rei. Min. Sebastio Reis Jnior, julgado em o2/o6/2015).
condenado pelos crimes dos arts. 33, caput e 7, art. 34, art. 35, art.
36 e art. 37 da Lei de Drogas: deve cumprir 213 (dois teros) da pena,
sendo vedada a concesso o benefcio ao reincidente especfico.
Requisitos Este requisito encontra-se previsto no no CP, mas sim no art. 44,
OBJETIVOS pargrafo nico, da LD;
condenado por crime hedior.do ou equiparado, se for reincidente
especfico em crimes dessa natureza: no ter direito a livramento
condicional.
- - - - - ......................................................................................................
20.4 ACO CONTROLADA
Atuao retardada da autoridade responsvel
Se a autoridade (seja ela policial ou administrativa) constatar que existe uma in-
frao penal em curso, ela dever tomar as pr:widncias necessrias para que esta
prtica cesse imediatamente, devendo at mesmo realizar a priso da pessoa que
se encontre em flagrante delito.
A experincia demonstrou, contudo, que, em algumas oportunidades, mais inte-
ressante, sob o ponto de vista da investigao, que a autoridade aguarde um pouco
antes de intervir imediatamente e prender o agente que est praticando o ilcito.
Isso ocorre porque em determinados casos, se a autoridade esperar um pouco mais,
retardando o flagrante, poder descobrir outras pessoas envolvidas na prtica da
infrao penal, reunir provas mais robustas, ccnseguir recuperar o produto ou pro-
veito do crime, enfim, obter maiores vantagens para a persecuo penal.
Exemplo
O exemplo tpico desta tcnica de investigaJ o caso do trfico de drogas. Ima-
gine que a polcia descubra que determinado passageiro ir embarcar uma grande
quantidade de droga em uma barco que seguir de um Estado para outro. A polcia
poderia prender o traficante no instante em que este estivesse embarcando o en-
torpecente, ou ainda, no momento do transpeorte. Entretanto, revela-se mais con-
veniente investigao que a autoridade policial aguarde at que o agente chegue
ao seu destino, onde poder descobrir e prend-=r tambm o destinatrio da droga.
Este modo de proceder chamado de "ao co.1trolada".
Conceito
Ao controlada ...
uma tcnica especial de investigao
por meio da qual a autoridade policial ou adrr inistrativa (ex.: Receita Federal, cor-
regedorias),
mesmo percebendo que existem indcios da prtica de um ato ilcito em curso,
retarda (atrasa, adia, posterga) a interveno neste crime para um momento posterior,
com o objetivo de conseguir coletar mais provas,
Nomenclatura
A ao controlada tambm denominada de "flagrante prorrogado, retardado
ou diferido".
Previso legislativa
A ao controlada prevista nos seguintes dispositivos legais:
Conveno de Palerma (Decreto s.o15f2004}:
Artig020
Tcnicas especiais de investigao
1.Se os princpios fundamentais do seu ordenamento jurdico nacional o per-
mitirem, cada Estado Parte, tendo em conta as suas possibilidades e em confor-
midade com as condies prescritas no seu direito interno, adotar as medidas
necessrias para permitir o recurso apropriado a entregas vigiadas e, quando o
considere adequado, o recurso a outras tcnicas especiais de investigao, como
a vigilncia eletrnica ou outras formas de vigilncia e as operaes de infiltra-
o, por parte das autoridades competentes no seu territrio, a fim de combater
eficazmente a criminalidade organizada.
(...)
4 As entregas vigiadas a que se tenha decidido recorrer a nivel internacional
podero incluir, com o consentimento dos Estados Partes envolvidos, mtodos
como a intercepo de mercadorias e a autorizao de prosseguir o seu encami-
nhamento, sem alterao ou aps subtrao ou substituio da totalidade ou de
parte dessas mercadorias.
Lei no 11343/2006 (Lei de Drogas):
Art. 53. Em qualquer fase da persecuo criminal relativa aos crimes previstos
nesta Lei, so permitidos, alm dos previstos em lei, mediante autorizao judi-
f. cial e ouvido o Ministrio Pblico, os seguintes procedimentos investigatrios:
(... )
Limites ao controlada
O 1 do art. ao da Lei no 12.a5o/2013 afirma que, depois de o juiz ser comunicado
sobre a realizao da ao controlada, ele poder estabelecer limites a essa prtica.
Ex.1: o juiz poder estabelecer limite de tempo para a ao controlada, de forma
que depois do transcurso desse tempo, a autoridade dever obrigatoriamente in-
tervir (24h, 2 dias, uma semana etc.).
Ex.2: o magistrado poder determinar a autoridade policial que no permita determi-
<
;;
nadas condutas que violem deforma muito intensa ou irreversvel o bem jurdico. Seria u
c
o caso de o juiz alertar o Delegado: em caso de ofensa integridade fsica de vtimas, a
fora policial dever intervir imediatamente, evitando leses corporais ou morte.
Apesar de o 1 falar apenas em limites, penso que o juiz poder tambm simples-
mente indeferir a ao controlada, determinando a imediata interveno policial
sempre que no estiverem previstos os requisitos legais ou quando a postergao
no for recomendada. Ex.1: se no envolver organizao criminosa, considerando que
no estaria previsto o requisito legal. Ex.2: se a polcia descobriu o cativeiro de uma v-
tima e h interceptao telefnica afirmando que iro mat-la a qualquer momento.
A tese da defesa foi aceita pelo STJ? Houve ao controlada no presente caso?
NO.
A investigao policial que tem como nica finalidade obter informaes mais
concretas acerca de conduta e de paradeiro de determinado traficante, sem
pretenso de identificar outros suspeitos, no configura a ao controlada do
art. 53, 11, da lei n 11.343/2oo6, sendo dispensvel a autorizao judicial para a
sua realizao.
STJ. 6" Turma. RHC 60.251-SC, Rei. Min. Sebastio ReisJnior,julgadc em 17/g/2015 (lnfo 570).
DECRETO-LEI 201/67
o Decreto-Lei 201/67 um ato normativo com status de lei ordinria e que prev,
em seu art. 1, uma lista de crimes cometidos por Prefeitos no exerccio de suas
funes.
O DL 201/67 traz tambm regras de processo penal que devero ser aplicadas quan-
do ocorrerem os crimes ali previstos.
Vale ressaltar que o DL 201/67 foi recepcionado pela CF/88 como lei ordinria (S-
mula 496 do STF).
ART.1
~
Art. 1 So crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipais, sujeitos ao jul-
gamento do Poder Judicirio, independentemente do pronunciamento da C-
mara dos Vereadores:
<(
zUJ
O que so crimes de responsabilidade? <l.
CRIME DO INCISO I
Exemplo:
Deputado Federal apresentou emenda parlamentar ao oramento da Unio auto-
rizando o repasse de recursos para o Municpio "X", verbas destinadas aquisio
de uma ambulncia.
O recurso foi transferido, foi realizada a licitao, mas o certame foi direcionado em
favor de determinada empresa que superfaturou o preo.
Ficou demonstrado qJe o Prefeito, o Deputado e os donos da empresa vencedora
estavam em conluio para a prtica dessa conduta.
Elemento subjetivo
O crime punido a ttulo de dolo. No se exige elemento subjetivo especial ("dolo
especfico"}. Assim, para o crime se consumar, no necessrio que o Prefeito tenha
descumprido a lei ou a ordem judicial por causa de um motivo especfico, para aju-
Consumao
Trata-se de crime formal (mera conduta): consuma-se no momento em que o Pre-
feito nega execuo lei ou descumpre a ordem judicial sem apresentar motivos,
por escrito, das razes da recusa ou da impossibilidade de cumprimento.
Princpio da especialidade:
Em provas, cuidado para que o examinador no confunda voc com tipos penais
semelhantes.
O ru foi denunciado pela suposta prtica do crime previsto no art. 10, da Lei n.
7347/Ss, por no ter cumprido requisio ministerial de fornecer cpias dos do-
cumentos alusivos s aquisies de medicamentos e materiais mdicos ao longo
do ano de 2009, bem como da movimentao de estoque destes, na condio de
titular da Secretaria de Sade do Municpio de Campos dos Goytacazes/RJ.
No obstante tenha ocorrido o retardamento na remessa dos dados requeridos,
observa-se que, aps envio, o parquet concluiu pela licitude das aquisies fei-
tas pela Secretaria Municipal de Sade e arquivou o inqurito civil, caracterizan-
do, assim, a prescindibilidade das informaes.
Nesse sentido, foroso reconhecer a ausncia da elementar dados tcnicos in-
dispensveis propositura da ao civil, face verificao da legalidade dos
atos praticados pelo ru.
STJ. 5 Turma. HC 303.856/RJ, Rei. Min. Felix Fischer,julgado em 07/04/2015 (lnfo 560).
Art.15. Aquele que produzir, comercializar, transportar, aplicar, prestar servio, der
destinao a resduos e embalagens vazias de agrotxicos, seus componentes e
afins, em descumprimento s exigncias estabelecidas na legislao pertinente
estar sujeito pena de recluso, de dois a quatro anos, alm de multa.
~
Imagine agora a seguinte situao hipottica:
Joo dono de um pequeno aougue. Determinado dia, houve uma fiscalizao do
Servio de Inspeo Estadual (SI E) e l foram encontradas diversas peas de carne <1:
zw
que eram vendidas sem registro nem procedncia. 0..
Diante disso, os fiscais entenderam que tais produtos estavam em condies im-
prprias para o consumo e lavraram auto de infrao, multando o estabelecimento
e recolhendo as carnes.
O procedimento administrativo foi encaminhado ao Ministrio Pblico, que de-
nunciou Joo pelo crime do art. 7, IX, da Lei n 8.137/go.
O advogado de Joo alegou ausncia de justa causa, considerando que as carnes
apreendidas foram destrudas antes que se realizasse percia, no ficando compro-
vado que elas estavam em condies imprprias ao consumo.
A tese da defesa ser aceita? Para que este crime se configure necessria a realiza-
o de percia?
SIM.
Para caracterizar o delito previsto no art. 7, IX, da Lei n 8.137/1990 (crime contra
relao de consumo), imprescindvel a realizao de percia a fim de atestar se
O art. 7, IX, da Lei n 8.137/90 delito que deixa vestgios materiais, sendo indis-
pensvel, portanto, a realizao de percia para a sua comprovao, nos termos do
art. 158 do CPP:
. .
PRESTACO DE SERVICO DE INTERNET POR MEIO DE RADIOFREOUNCIA SEM
AUTORIZACO DA ANATEL
-
.!!
Alm da infrao administrativa, Joo cometeu algum delito? crime prestar servi-
o de provedor de acesso internet via rdio sem autorizao da ANATEL?
SIM. A conduta de prestar, sem autorizao da ANATE L, servio de provedor de aces-
so internet a terceiros por meio de instalao e funcionamento de equipamentos
de radiofrequncia configura o crime previsto no art. 183 da Lei no 9-472/97:
Art. 183- Desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicao:
Pena- deteno de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano
a terceiro, e multa de R$ 1o.ooo,oo (dez mil reais).
Pargrafo nico. Incorre na mesma pena quem, direta ou indiretamente, concor-
rer para o crime.
Resumindo:
Mesmo com essa previso expressa na CF/88 e na Lei n g.6os/g8, surgiram qua-
tro correntes para explicar a possibilidade (ou no) de responsabilizao penal da
pessoa jurdica:
,a corrente:
NO. A CF/88 no previu a responsabilidade penal da pessoa jurdica, mas apenas
sua responsabilidade administrativa.
Os defensores desta primeira corrente fazem a seguinte interpretao do 3 do
art. 225 da CF/88: os infratores pessoas fsicas esto sujeitos a sanes penais e os
infratores pessoas jurdicas a sanes administrativas.
Assim, quando o dispositivo constitucional fala em sanes penais, ele est ape-
nas se referindo s pessoas fsicas.
Adotam essa corrente: Miguel Reale Jr., Czar Roberto Bitencourt, Jos Cretela Jr.
a corrente minoritria.
za corrente:
NO. A ide ia de responsabilidade da pessoa jurdica incompatvel com a teoria do
crime adotada no Brasil. a posio majoritria na doutrina.
Conforme explica Silvio Maciel, esta segunda corrente baseia-se na Teoria da fic-
o jurdica, de Savigny, segundo a qual as pessoas jurdicas so puras abstraes,
desprovidas de conscincia e vontade (societas delinquere non potest). Logo, "so
desprovidas de conscincia, vontade e finalidade e, portanto, no podem praticar
condutas tipicamente humanas, como as condutas criminosas." (Meio Ambiente. Lei
g.6os. 12.02.1gg8.ln: GOMES, Luiz Flvio; CUNHA, Rogrio Sanches (Coord.). Legisla-
o Criminal Especial. So Paulo: RT, 2009, p. 691).
As pessoas jurdicas no podem ser responsabilizadas criminalmente porque no
tm capacidade de conduta (no tm dolo ou culpa) nem agem com culpabilida-
de (no tm imputabilidade nem potencial conscincia da ilicitude).
Alm disso, " intil a aplicao de pena s pessoas jurdicas. As penas tm por finali-
dades prevenir crimes e reeducar o infrator (preveno geral e especial, positiva e ne-
Caso concreto:
O MPF formulou denncia por crime ambiental :ontra a oessoa jurdica Petrobrs
e tambm contra "L" (superintendente de uma refinaria).
A denncia foi recebida. No entanto, o acusado pessoa fsica foi absolvido sumaria-
mente, prosseguindo a ao penal apenas contr;:; a pessoa jurdica.
~~~-~-~-~~-~~~-~-~-~~~~-~-~-~-~-~~~-~~-~~-~~~.?.:~~~(?.~ ................................. .
A Lei de Crimes Ambientais (Lei n g.6oslg8} prev o seguinte delito:
Art. 48. Impedir ou dificultar a regenerao natural de florestas e demais formas
de vegetao:
Pena- deteno, de seis meses a um ano, e multa.
Para que se configure esse delito, necessrio que a conduta do agente tenha se
dado em rea de preservao permanente?
~
NO. A tipificao da conduta descrita no art. 48 da Lei g.6os/g8 prescinde de a
rea ser de preservao permanente. Isso porque o referido tipo penal descreve
como conduta criminosa o sirnples fato de "impedir ou dificultar a regenerao zw
natural de florestas e demais formas de vegetao". 0..
STJ. 5" Turma. AgRg no REsp 1.498.osg-RS, Rei. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembar-
gador Convocado do TJ/PE},julgado em 1719/2015 (lnfo 570).
Art. 54. Causar poluio de qualquer natureza em nveis tais que resultem ou
possam resultar em danos sade humana, ou que provoquem a mortandade
de animais ou a destruio significativa da flora:
Pena- recluso, de um a quatro anos, e multa.
Exige-se a percia mesmo no caso em que o Ministrio Pblico impute apenas a pos-
sibilidade de resultar danos sade humana (crime de perigo}?
SIM. Mesmo na parte em que se tutela o crime de perigo, faz-se imprescindvel a
prova do risco de dano sade. Isso porque, para a caracterizao do delito, no
basta a ao de poluir; necessrio que a poluio seja capaz de causar danos
sade humana e no h como verificar se tal condio se encontra presente sem
prova tcnica.
21.8 TORTURA
REGIME INICIAL DA PENA NO CASO DE CRIMES HEDIONDOS E EOUIPARADOS
...................................................................................................... :"':' ................... .
O novo 1 do art. 2 da Lei n 8.072/go, com a redao dada pela Lei n 11.464/zOo7,
continua sendo inconstitucional? Os vcios de inconstitucionalidade que existiam na
redao original permanecem? Esse dispositivo, em sua nova redao, continua vio-
lando o princpio constitucional da individualizao da pena?
SIM. O STF decidiu que o 1 do art. 2 da Lei n 8.072/90, com a redao dada pela
Lei n 11.464/2007, ao impor o regime inicial fechado, INCONSTITUCIONAL.
STF. Plenrio. HC 111.840/ES, Rei. Min. Dias Toffoli, 27/6/2012 (lnfo 672).
Art. 41-F. Vender ingressos de evento esportivo, por preo superior ao estampado
no bilhete:
Pena- recluso de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa.
Tese da DPEIRJ
A Defensoria Pblica, que fez a defesa do assistido, sustentou a seguinte tese: s
se configura o crime de cambismo quando esto esgotados os ingressos nos meios
oficiais. Se ainda houver ingressos disponveis na bilheteria, no haver o delito.
Isso porque o cambista seria apenas uma opo mais conveniente para bs torce-
dores que no quisessem enfrentar as filas. Em suma, somente haveria o crime de
cambismo se o MP provasse que, no momento em que o cambista estava oferecen-
do as entradas, no havia mais ingressos disponveis na bilheteria.
Art. go. Abandonar pessoa com deficincia em hospitais, casas de sade, entida-
des de abrigamento ou congneres:
Pena- recluso, de 6 (seis) meses a 3 (trs) anos, e multa.
Pargrafo nico. Na mesma pena incorre quem no prover as necessidades bsi-
cas de pessoa com deficincia quando obrigado por lei ou mandado.
Art. g1. Reter ou utilizar carto magntico, qualquer meio eletrnico ou docu-
mento de pessoa com deficincia destinados ao recebimento de benefcios, pro-
ventos, penses ou remunerao ou realizao de operaes financeiras, com o
fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem:
Pena- deteno, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Pargrafo nico. Aumenta-se a pena em 1/3 (um tero) se o crime cometido por
tutor ou curador.
22 EXERCCIOS DE FIXAO
1) (Juiz Federal TRF1 2014) Aes penais em curso e decises recorrveis caracterizam maus an-
tecedentes?
2) (Juiz TJDFT 2014 CESPE) legal o aumento da pena-base, a ttulo de maus antecedentes, com
fundamento em registro decorrente da aceitao de transao penal proposta pelo MP. ( )
3) (Juiz TJPR 2013) vedada a utilizao de inquritos policiais para agravar a pena-base, sendo
permitida, entretanto, a utilizao das aes penais em curso. ( )
4) (Juiz TJ/PR 2014) Em que pese as discusses doutrinrias, pode-se dizer em relao ao crime
impossvel, artigo 17 do Cdigo Penal, que o legislador brasileiro adotou a teoria objetiva
temperada, na qual somente so punveis os atos praticados pelo agente, quando os meios e
~
13) (Juiz TJRN 2013 CESPE) Conforme o entendimento jurisprudencial que considera o porte ile-
gal de arma de fogo crime de perigo abstrato, para a consumao do delito, necessria a
demonstrao do efetivo carter ofensivo da arma transportada pelo indivduo. ( ) <(
zw
14) (Juiz TJDFT 2015 CESPE) No crime de roubo, para que seja aplicado o aumento de pena por "-
GABARITO
............................................................................................................................
1)- 2) E; 3) E; 4 )C; s) E; 6) E; 7) E; 8) E; 9) C; 10) E; 11) E; 12) C; 13) E; 14) E; 15) E; 16) C; 17) E; 18) E; 19) E;
20) C; 21) E; 22) E; 23) C; 24) E; 25) E; 26) E.
1INVESTIGAO CRIMINAL
1.1INVESTIGACO CRIMINAL PELO MINISTRIO PBLICO
O Ministrio Pblico pode realizar diretamente a investigao de crimes?
SIM. O MP pode promover, por autoridade prpria, investigaes de natureza
penal.
Mas a CF/88 expressamente menciona que o MP tem poder para investigar crimes?
NO. A CF/88 no estabelece isso de forma expressa. Adota-se aqui a teoria dos
. poderes implcitos.
Segundo essa doutrina, nascida nos EUA (Me CulloCh vs. Maryland- 1819), se a
Constituio outorga determinada atividade-fim a um rgo, significa dizer que
tambm concede todos os meios necessrios para a realizao dessa atribuio.
A CF/88 confere ao MP as funes de promover a ao penal pblica (art. 129, 1).
Logo, ela atribui ao Parquet tambm todos os meios necessrios para o exerccio
da denncia, dentre eles a possibilidade de reunir provas para que fundamentem
a acusao.
Ademais, a CF/88 no conferiu Polcia o monoplio da atribuio de investigar
crimes. Em outras palavras, a colheita de provas no atividade exclusiva da
Polcia.
Desse modo, no inconstitucional a investigao realizada diretamente pelo MP.
Esse o entendimento do STF e do STJ.
Parmetros que devem ser respeitados para que a investigao conduzida direta-
mente pelo MP seja legtima
1. Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados;
2. os atos investigatrios devem ser necessariamente documentados e praticados
por membros do MP;
"O Ministrio Pblico dispe de competncia para promover, por autoridade pr-
pria, e por prazo razovel, investigaes de natureza penal, desde que respeitados
~
os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa
sob investigao do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipteses
de reserva constitucional de jurisdio e, tambm, as prerrogativas profissionais <(
zw
de que se acham investidos, em nosso Pas, os advogados (Lei 8.go6/1994, art. c..
7, notadamente os incisos I, 11, 111, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuzo da possibili- o
VI
VI
w
dade - sempre presente no Estado democrtico de Direito - do permanente u
o
controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Enunciado 14 ""c..
da Smula Vinculante), praticados pelos membros dessa Instituio."
STF. Plenrio. RE 593727/MG, rei. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acrdo Min. Gil mar Men-
des,julgado em 14/5/2015 (repercusso geral) (lnfo 785).
STF. 1Turma. HC 85011/RS, red. p/ o acrdo Min.Teori Zavascki,julgado em 26/5/2015 {lnfo 787).
STJ:NO STF:SIM
Para o STJ, o arquivamento do inqurito po- Para o STF, o arquivamento de inqurito
policial em razo do reconhecimento de
licial com base na existncia de causa exclu-
dente da ilicitude faz coisa julgada material
excludente de ilicitude no faz coisa julgada
e impede a rediscusso do caso penal. material. Logo, surgindo novas provas seria
O mencionado art. 18 do CPP e a Smula possvel reabrir o inqurito policial, com base
524 do STF realmente permitem o desarqui- no art.18 do CPP e na Smula 524do STF.
vamento do inqurito caso surjam provas STF. 1 Turma. HC 95211, Rei. Min. Crmen
novas. No entanto, essa possibilidade s Lcia, julgado em 10/03/2009.
existe na hiptese em que o arquivamento STF. 2" Turma. HC 125101/SP, rei. orig. Min.
ocorreu por falta de provas, ou seja, por Teori Zavascki, red. p/ o acrdo Min. Dias
falta de suporte probatrio mnimo (inexis- Toffoli,julgado em 25/8f2o15 (lnfo 796).
tncia de indcios de autoria e certeza de
mate ria lida de).
STJ. 6" Turma. REsp 791.471/RJ, Rei. Min. Nefi
. ~?~~~.i~.~: J~ ~~.~??. ~~. ??.~~~~~?.~~. ~!~!?..~?~+. ................................................................. .
1240 < Mrcio Andr Lopes Cavalcante
Veja as hipteses em que possvel o DESARQUIVAMENTO do IP:
POSSVEL
MOTIVO DO ARQUIVAMENTO
DESARQUIVAR?
1. Ausncia de pressuposto processual ou de condi-
SIM
o da ao penal
Se o juiz no concordar com o pedido do MP, ele poder adotar alguma medida para -'
<(
zw
tentar evitar o arquivamento?
"'o
VI
SIM. Caso o juiz considere improcedentes as razes invocadas pelo Promotor de VI
w
u
Justia (ou Procurador da Repblica), ele dever negar o arquivamento e remeter o o
inqurito ou as peas de irformao para anlise do Procurador Geral de Justia (se "'""
for MPE) ou pela Cmara de Coorden95c:>_e_~evis,.~(~~-f<:>r/V\~FL
Funciona assim:
Pedido feito por Promotor de Justia: se o Ju_k9e Direito no concorda, remete o
procedimento para o PGJ (art. 28 do CPP). __
Pedido feito por Procurador da Repblica: se o J~~~l no co,~~r:_~a, remete
o procedimento para a CCR (art. 62, IV, da LC 75193).
ARQUIVAMENTO
~
DE IP E DE PROCEDIMENTOS OUE
...... .....................................................................
~
TRAMITAM NO STJ
.............................................. .
Como funciona a sistemtica do pedido de arquivamento se o investigado tiver
foro privativo no STJ?Imagine, por exemplo, que um Subprocurador-Geral da Re-
pblica, atuando por delegao do Procurador-Geral da Repblica, instaurou pro-
cedimento de investigao contra um Governador do Estado (art. ros, I, "a'~ da
CF/88). Ao final, o membro do MPF concluiu que no havia elementos para oferecer
a denncia e requereu ao STJ o arquivamento do procedimento. O STJ poder dis-
cordar do pedido?
NO. Se o membro do MPF que atua no STJ requerer o arquivamento do inqurito
policial ou de quaisquer peas de informao que tramitem originariamente pe
rante o STJ, este, mesmo que no concorde com as razes invocadas pelo MP. dever
determinar o arquivamento solicitado.
Existe alguma providncia processual que a vtima possa adotar para evitar o arqui-
vamento do IP? Ela pode, por exemplo, impetrar um mandado de segurana com o
objetivo de impedir que isso ocorra?
NO.
~
a propositura da ao penal, ele dever requerer o arquivamento. Esse pedido
de arquivamento passar pelo controle do Poder Judicirio que, como vimos
acima, poder discordar, remete'ndo o caso para o PGJ ou para a CCR. <{
zw
Existe, desse modo, um sistema de controle de legalidade muito tcnico e ri- 0..
PREVISO NORMATIVA
Podemos encontrar algumas previses embrionrias de colaborao premiada em
diversos dispositivos legais esparsos. Confira a relao:
Cdigo Penal (arts.15, 16, 65,111,159, 4);
Crimes contra o Sistema Financeiro- Lei 7-492/86 (art. 25, 2);
Crimes contra a Ordem Tributria- Lei 8.137/90 (art. 16, pargrafo nico);
Lei dos Crimes Hediondos- Lei 8.072/90 (art. 8, pargrafo nico);
Conveno de Palerma- Decreto 5-015/2004 (art. 26);
Lei de Lavagem de Dinheiro- Lei 9.613/98 (art. 1, 5);
Lei de Proteo s Testemunhas- Lei 9.807/99 (arts. 13 a 15);
NOMENCLATURA
Normalmente, encontramos na doutrina e jurisprudncia, a terminologia "delao
premiada".
A Lei 12.850/2013, no entanto, utilizou a expresso "colaborao premiada'~ Existe
alguma diferena?
SIM. Para parcela da doutrina, a nomenclatura "colaborao premiada" mais am-
pla, devendo ser considerada como um gnero, do qual uma das suas espcies a
delao premiada.
A delao premiada occrre quando o investigado ou acusado colabora com as au-
toridades delatando os comparsas, ou seja, apontando as outras pessoas que tam-
bm praticaram as infraes penais.
Desse modo, como j dito, a delao uma forma de exercer a colaborao premiada.
Existem, contudo, outras espcies, conforme ser visto mais frente.
W "(. . )parece-nos que a delao premiada um mal necessrio, pois o bem maior
a ser tutelado o Estado Democrtico de Direito. No preciso ressaltar que o
crime organizado tem ampla penetrao ns entrarhas estatais e possui condi-
es de desestabilizar qualquer democracia, sem que se possa combat-lo, com
eficincia, desprezando-se a colaborao daqueles que conhecem o esquema e
dispem-se a denunciar coautores e partcipes. No universo de seres humanos
de bem, sem dvida, a traio desventurada, mas no cremos que se possa
dizer o mesmo ao transferirmos nossa anlise para o mbito do crime, por si
s, desregrado, avesso legalidade, contrrio ao monoplio estatal de resolu-
o de conflitos, regido por leis esdrxulas e extrema11ente severas, totalmen-
te distante dos valores regentes dos direitos humanos fundamentais." (NUCCI,
Guilherme de Souza. Manual de Processo Fenal e execuo penal. So Paulo: RT,
2008, p.418).
Ademais, se o Estado no pudesse contar com (e incentivar) a delao por parte dos
comparsas, dificilmente seria possvel desmantelar organizaes criminosas pode-
rosas, com estrutura hierarquizada de poder, r1as quais c chefe da ORCRJM rara-
mente pratica os atos criminosos pessoalmente, valendo-se sempre de interpostas
pessoas e ordens reservadas. Se um integrante da organiza3o for preso e o Poder
Pblico no tiver autorizao para incentivar a delao dos demais membros, o gru-
po criminoso estar sempre se renovando, alm do que somente sero punidos os
componentes de baixo escalo do crime organizado.
A histria revela que o instituto da delao premiada foi imprescindvel para que a
Itlia conseguisse punir alguns integrantes do grupo rrafioso siciliano conhecido
como "Cosa Nostra" na chamada "Operao Mos Limpas". Um dos mafiosos, Tom-
maso Buscetta, aps ser preso, celebrou acordo com o Procuratore del/a Repubblica
Giovanni Falcone, aceitando delatar seus comparsas e revelar toda a estrutura e os
planos da organizao criminosa.
~
as informaes fornecidas pelo colaborador, for obtido um dos resultados previstos
nos incisos do art.4 da Lei.
No se exige que o colaborador demonstre arrependimento. Sendo uma colabora- z
w
o voluntria e efetiva, a concesso do benefcio devida ainda que o investigado/ 0..
o
acusado no tenha sentimentos altrustas. V\
V\
w
u
o
MOMENTO ""
0..
BENEFCIOS
Podero ser concedidos ao colaborador os seguintes benefcios (prmios):
z) Perdo judicial
Se a colaborao prestada for muito relevante, o Ministrio Pblico ou o Delegado
de Polcia podero se manifestar pedindo que o juiz conceda perdo judicial ao
colaborador, o que acarreta a extino da punibilidade (art. 107, IX, do CP). Veja a
redao do art. 4 , 2 da Lei no 12.850/2013:
3) Reduo da pena
Outro benefcio previsto ao colaborador a reduo da pena que lhe for imposta.
Se a colaborao ocorrer antes da sentena, ou seja, se a pessoa decidir colaborar
antes de ser julgada: sua pena poder ser reduzida em at 2/3-
Se a colaborao ocorrer aps a sentena, ou seja, se a pessoa decidir colaborar ape-
nas depois de ser condenada: sua pena poder ser reduzida em at metade (1/2).
s) Progresso de regime
Para que ocorra a progresso de regime, o ru dever ter cumprido determinado
tempo de pena. A isso chamamos de requisito objetivo da progresso.
Para crimes comuns: o requisito objetivo consiste no cumprimento de 1/6 da pena
aplicada.
Para crimes hediondos ou equiparados, o requisito objetivo representa o cumpri-
mento de:
DIREITOS DO COLABORADOR
O art. 5 da Lei 12.850/2013 prev os seguintes direitos ao colaborador:
I - usufruir das medidas de proteo previstas na legislao especfica (Lei n
g.807/gg);
11- ter nome, qualificao, imagem e demais informaes pessoais preservados;
111- ser conduzido, em juzo, separadamente dos demais coautores e partcipes;
IV- participar das audincias sem contato visual com os outros acusados;
V- no ter sua identidade revelada pelos meios de comunicao, nem ser fotogra-
.....
fado ou filmado, sem sua prvia autorizao por escrito; <t
zUJ
a.
VI- cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corrus ou con- oV1
denados. V1
UJ
u
a
PROCEDIMENTO AT A ASSINATURA DO ACORDO DE COLABORACO "'a.
.!!
1) Negociao do acordo
O investigado (ou acusado), assistido por advogado, negocia o acordo de colabora-
o premiada com o Delegado de Polcia ou com o Ministrio Pblico.
O juiz no participar, em hiptese alguma, das negociaes realizadas entre as
partes para a formalizao do acordo de colaborao( 6 do art. 4).
Caso o magistrado interagisse nas negociaes, haveria uma grave violao do
sistema acusatrio e um serssimo risco de contaminao da sua imparcialidade,
considerando que as informaes enunciadas pelo eventual colaborador iriam in-
cutir no julgador preconcepes sobre o prprio delator e seus comparsas. Se as
cer, contudo, que o magistrado no est vinculado aos termos da proposta, poden-
do adequ-la ao caso concreto( 8 do art. 4).
7) Recusa homologao
O juiz poder recusar homologao proposta que no atender aos requisitos le-
gais, ou adequ-la ao caso concreto.
Na anlise da homologao, o juiz dever se ater ao exame da regularidade, lega-
lidade e voluntariedade do acordo. Assim, no pode o magistrado imiscuir-se em
questes de discricionariedade investigatria ou fazer incurses sobre a conve-
nincia e oportunidade da colaborao premiada. Esta no sua competncia.
Art.4( ... )
3 O prazo para oferecimento de denncia ou o processo, relativos ao colabo-
rador, poder ser suspenso por at 6 (seis) meses, prorrogveis por igual perodo,
at que sejam cumpridas as medidas de colaborao, suspendendo-se o respec-
tivo prazo prescricional.
O acordo de colaborao premiada um "negcio jurdico processual personalssi-
mo, que no pode ser impugnado por terceiros, ainda que venham a ser menciona-
dos." O que poder atingir eventual corru delatado so as imputaes posteriores,
constantes do depoimento do colaborador. (Min. Dias Toffoli, no HC 127483/PR).
9) Oitiva do colaborador
Depois de homologado o acordo, o colaborador poder, sempre acompanhado pelo
seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministrio Pblico ou pelo Delegado de
Polcia responsvel pelas investigaes.
Ainda que beneficiado por perdo judicial ou no denunciado, o colaborador pode-
r ser ouvido em juzo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade
judicial.
Sempre que possvel, o registro dos atos de colaborao ser feito pelos meios ou
recursos de gravao magntica, estenotipia, digital ou tcnica similar, inclusive
audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informaes.
~
O acordo de colaborao no se confunde com os depoimentos prestados pelo co-
laborador com o objetivo de fundamentar as imputaes a terceiros. Uma coisa o
acordo, outra o depoimento prestado pelo colaborador e que ser ainda valorado
z
w
a partir da anlise das provas produzidas no processo. 0..
o
O acordo no meio de prova. O depoimento do colaborador meio de prova que, "'w
"'
u
no entanto, somente se mostra hbil formao do convencimento judicial se vier oc<
0..
a ser corroborado por outros meios idneos de prova. Por essa razo, o art. 4, 16
da Lei no 12.850/2013 dispe que nenhuma sentena condenatria ser proferida
com fundamento exclusivo nas declaraes do agente colaborador.
zAOPENAL
2.1 PRINCPIO DA INDIVISIBILIDADE DA ACO PENAL PRIVADA
Conceito
Quando estudamos o assunto "ao penal", um tema muito importante o princ-
pio da indivisibilidade.
O princpio da indivisibilidade significa que a ao penal deve ser proposta contra
todos os autores e partcipes do delito.
Ex.: se o crime foi cometido por "A" e por "B", a ao penal dever ser ajuizada con-
tra os dois, no podendo, em regra, ser proposta apenas contra um deles, salvo se
houver algum motivo jurdico que autorize (um deles j morreu, doente mental,
menor de 18 anos, no h provas contra ele etc.).
Previso
O princpio da indivisibilidade est previsto no art.48 do CPP:
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigar ao processo de
todos, e o Ministrio Pblico velar pela sua indivisibilidade. ~
<1:
zw
0..
Repare que o art. 48 acima fala em "queixa" (nome da pea da ao penal priva- o
V\
V\
w
da). Diante disso, indaga-se: o princpio da indivisibilidade aplica-se tambm para a u
ao penal pblica ("denncia'')? lf
0..
SIM NO
O princpio da indivisibilidade aplica- O princpio da indivisibilidade aplicado
do tanto para as aes penais privadas apenas para as aes penais privadas,
-~-~~~~~F~~~-~-~-a~~-~-~p~~~-i-~F~.~-~!:.~~.........~~~-~?.~~.:.P.~.~~~-~-~~--~~-~~-~~-~................ .
Havendo indcios de autoria contra os Ao penal privada: princpio da INdivisi-
coautores e partcipes, o Ministrio Pbli- bilidade.
co dever denunciar todos eles. Ao penal pblica: princpio da Dlvisibi-
lidade .
.............................................................................................................................
O que acontece se a ao penal privada no for proposta contra todos? O que ocorre
se um dos autores ou partcipes, podendo ser processado pelo querelante, ficar de
fora? Qual a consequncia do desrespeito ao princpio da indivisibilidade?
Depende:
A explicao acima foi baseada na obra de LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de
Processo Penal. 3- ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 233-234.
Veja um precedente do STJ que corrobora essa ideia:
3 COMPETNCIA
3.1 JUSTICA FEDERAL
~
b) em lugar sujeito administrao militar contra militar em situao de ativi-
dade ou assemelhado, ou contra funcionrio de Ministrio militar ou da Justia
Militar, no exerccio de funo inerente ao seu cargo; z
w
a..
Prdio da Justia Militar no patrimnio sob a administrao militar (alnea 14a") o
V\
V\
w
A CF/88 estabelece que a Justia Militar da Unio rgo do Poder Judicirio da u
~
Unio. Desse modo, o edifcio-sede da Justia Militar da Unio no integra patrim- a..
nio militar nem est subordinado administrao militar, circunstncia que afasta
a incidncia da alnea "a" do inciso 111 do art. g 0 do CPM.
Trata-se, portanto, de crime praticado contra bem pertencente e administrado por
rgo da Administrao Pblica Federal, de competncia da Justia Federal, nos ter-
mos do art.10g, IV, da CF/88.
O crime no foi praticado contra servidor do MPM nem da Justia Militar (alnea "a")
O ilcito a ser apurado no foi cometido contra servidor do Ministrio Pblico Mili-
tar ou da Justia Militar. Em verdade, o evento delituoso em anlise atingiu apenas
a edificao em si, sem dano contra pessoa, razo pela qual a hiptese em foco no
se subsume alnea "b" do inciso 111 do art. go do CPM.
O art.10g, IV, da CF/88 prev que compete Justia Federal processar e julgar "as in-
fraes penais praticadas em detrimento de bens, servios ou interesse da Unio".
Assim, se um servidor pblico federal vtima de um delito em razo do exerccio de
suas funes, tem-se que o prprio servio pblico afetado, o que atrai a competncia
da Justia Federal para processar e julgar o feito, nos termos do enunciado 147 do STJ:
Falsificao cometida por PEDRO. Alguns meses depois, Pedro, que continuava fal-
sificando carteiras para vender, foi preso em flagrante, tendo sido denunciado por
falsificao de documento pblico (art. 297 do CP}. De quem ser a competncia para
julgar Pedro?
A competncia ser da Justia Estadual. Isso porque a Carteira de Habilitao,
quando verdadeira, um documento expedido pelo DETRAN, conforme previsto no
art. 22, 11, da Lei no 9.503/97 (CTB).
O DETRAN possui natureza jurdica de rgo ou de autarquia estadual (a depender
da legislao de cada Estado). Logo, quando o agente falsifica uma Carteira de Ha-
bilitao, ele est lesando um servio de interesse estadual.
Uso de documento falso por JOO. Determinado dia, Joo, em uma blitz do rgo
municipal de trnsito, apresentou sua Carteira de Habilitao falsificada. O agente
de trnsito, percebendo a falsificao, pediu apoio a um PM e Joo foi preso em
flagrante por uso de documento falso (art. 304 do CP}. De quem ser a competncia
para julgar Joo?
Tambm ser competente a Justia Estadual. Isso porque o uso do documento falso
teve o intuito de iludir o servio de segurana viria realizado pelo Municpio. Logo,
no h nenhum interesse federal no crime praticado, no sendo competncia da Jus-
tia Federal por no se enquadrar em nenhuma das hipteses do art.109 da CF/88.
Uso de documento falso por RICARDO. Mais alguns meses depois, Ricardo foi viajar -'
<!
de carro para outro Estado e, na fiscalizao montada pela Polcia Rodoviria Fede- zw
0..
ral, foi solicitado a ele que apresentasse a habilitao, o que foi feito. Ao consultar o
V)
no sistema informatizado, o Policial Rodovirio Federal constatou que se tratava V)
w
u
de documento falsificado, uma vez que o nmero no constava nos registros do o
DENATRAN. Ricardo foi preso em flagrante por uso de documento falso (art. 304 ""
0..
Todo crime praticado pela internet de competncia da Justia Federal com base
neste inciso V?
Obviamente que no. Segundo entendimento pacfico da jurisprudncia, o fato de
o delito ter sido cometido pela rede mundial de computadores no atrai, por si s,
a competncia da Justia Federal. Para que o delito cometido por meio da internet
seja julgado pela Justia Federal, necessrio que se amolde em umas das hipte-
ses elencadas no art. 109, IV e V, da CF/88.
Art. 241. Vender ou expor venda fotografia, vdeo ou outro registro que conte-
nha cena de sexo explcito ou pornogrfica envolvendo criana ou adolescente:
Pena- recluso, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vdeo
ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explcito ou pornogrfica
envolvendo criana ou adolescente:
~
<!
z
w
a..
Pena- recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. o
V>
V>
w
u
De quem ser a competncia para julgar esses delitos caso tenham sido praticados ~
a..
por meio da internet?
Ser competncia da Justia Federal, com base no art. 109, V, da CF/88.
Os delitos acima listados so crimes que o Brasil, por meio de tratado internacional,
comprometeu-se a reprimir. Trata-se da Conveno sobre Direitos da Criana, ado-
tada pela Assembleia Geral das Naes Unidas, aprovada pelo Decreto legislativo
28/90 e pelo Decreto 99.710/90.
Se o crime praticado por meio da internet, o vdeo ou a fotografia envolvendo a
criana ou o adolescente em cenas de sexo ou de pornografia podero ser visuali-
zados em qualquer computador do mundo. Ocorre, portanto, a transnacionalidade
do delito.
Artigo 37
Inviolabilidade dos locais consulcres
1. Os locais consulares sero inviolveis na medida do previsto pelo presente ar-
tigo.
2.As autoridades dJ Estado receptor no podero penetrar na parte dos locais con-
sulares que a repartio consular utilizar exclusivamente para as necessidades de
seu trabalho, a no ser com o co1sentimento do chefe da repartio consular, da
pessoa por ele desi-gnada ou do chefe da misso diplomtica do Estado que envia.
Todavia, o consentimento do chefe da repartio consular poder ser presumido
em caso de incnd o ou outro sinistro que exija medidas de proteo imediata.
3- Sem prejuzo das disposies do pargrafo 2 do presente artigo, o Estado recep-
tor ter a obrigao especial de tomar as medidas apropriadas para proteger os
locais consulares co1tra qualquer invaso ou dano, bem como para impedir que se
perturbe a tranquilidade da repartio consular ou se atente contra sua dignidade.
Artigo40
Proteo aos funciorJrios consulares
O Estado receptor tratar os funcionrios consulares com o devido respeito e
adotar todas as medidas adequadas para evitar qualquer atentado a sua pes-
soa, liberdade ou cignidade.
Artigo 59
Proteo dos locais consulares
::;:
O Estado receptor adotar todas as medidas apropriadas para proteger os locais zw
a.
consulares de uma repartio ccnsular dirigida por um funcionrio consular ho- o
V\
V\
norrio contra qual1uer intruso ou dano e para evitar perturbaes tranquili- w
u
dade da repartio :.:onsular ou ofensas sua dignidade. o
"'a.
Existem dispositivos semelhantes na Conveno de Viena sobre Relaes. Diplom-
ticas assinada em 1961 (Decreto s6-43sf6s), garantindo a inviolabilidade das sedes
de embaixadas e dos ag~ntes diplomticos e afirmando que o Estado acreditado
(no caso, o Brasil) tem a :>brigao especial de adotar todas as medidas apropriadas
para proteger tais locais contra qualquer intruso ou dano e evitar perturbaes
tranquilidade da Misso ou ofensas sua dignidade.
A tese do MPF foi aceita pelo STJ? A competncia para julgar os delitos em tela da
Justia Federal?
NO. Compete Justie: ESTADUAL (e no Justia Federal) processar e julgar su-
postos crimes de violao de domiclio, de dano e de crcere privado- este, em
Ocorre que o MPF no se conformou com o deciso do STJ e, contra elo, interps re-
curso extraordinrio. O que decidiu o STF? A competncia poro julgar os delitos em
tela do Justia Federal?
SIM.
Resumindo:
A competncia para julgar invaso de consulado ou embaixada da Justia Federal?
STJ: NO STF:SIM
A competncia da Justia ESTADUAL A competncia da Justia FEDERAL
STJ. 3 Seo. AgRg no CC 133-092-RS, Rei. STF. Deciso Monocrtica. RE 831996, Rei.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julga- Min. Crmen Lcia, julgado em 12/11/2015.
do em 23/4/2014 (lnfo 541).
~
Segundo o art. 109, VI, da CF/88, compete aos juzes federais processar e julgar:
VI- os crimes contra a orgnizao do trabalho e, nos casos determinados por
lei, contra o sistema financeiro e a ordem econmico-financeira;
<(
z
w
0..
o
V\
O Ttulo IV do Cdigo Penal, que engloba os arts. 197 a 207, possui a seguinte rubrica: V\
w
u
"Dos crimes contra a organizao do trabalho'~ Diante disso, indaga-se: os crimes o
contra a organizao do trabalho previstos neste Ttulo IV do CP sero sempre julga- "'
0..
!--.... (. .)A Terceira Seo desta Corte j pacificou o entendimento de que compete
- Justia Federal processar e julgar os autores do delito previsto no art. 149 do
Cdigo Penal, haja vista a violao aos direitos humanos e organizao do tra-
balho.(...)
STJ. 6 Turma. RHC 25.583/MT, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
em 09/o8/2o12.
<i
2
LL
CRIMES COMETIDOS A BORDO DE NAVIOS EAERONAVES Cl.
c
v
v
O art. 109, IX, da CF/88 estabelece que competncia da Justia Federal julgar os LL
L.
Conceito de aeronave
A definio do que seja aeronave est no art. 106 da Lei n 7.565/86 (Cdigo Brasi-
leiro de Aeronutica):
Art. 106. Considera-se aeronave todo aparelho manobrvel em voo, que possa
sustentar-se e circular no espao areo, mediante reaes aerodinmicas, apto a
transportar pessoas ou coisas.
~ (... )A expresso "a bordo de navio", constante do art.109, inciso IX, da CF/88, sig-
.... nifica interior de embarcao de grande porte.
2. Realizando-se uma interpretao teleolgica da locuo, tem-se que a norma
visa abranger as hipteses em que tripulantes e passageiros, pelo potencial
martimo do navio, possam ser deslocados para guas territoriais internacio-
nais.( ... )
STJ.3" Seo. CC 43-404/SP, Rei. Min.Arnaldo Esteves Lima,julgado em 14/02/2oos.
~ (... )Competem aos juzes federais processar e julgar os delitos cometidos a bordo
- de aeronaves, independente delas se encontrarem em solo.( ...)
STJ. 5" Turma. HC 108.478/SP, Rei. Min.Adilson Vieira Macabu (Des. Conv. do TJ/RJ),
julgado em 22/02/2011.
~
AVIO pousado: competncia da Justia FEDERAL.
Por que esta diferena de tratamento entre avio pousado e navio atracado?
<{
No h muita razo lgica. Foi uma distino feita pela jurisprudncia e que aca- zw
0..
bou se consolidando. o
"'
"'
w
Resumindo: u
o
""
0..
O art. 109, IX, da CF/88 afirma que compete Justia Federal julgar os crimes
praticados a bordo de navios ou aeronaves, com exceo daqueles que forem
da Justia Militar.
Navio = embarcao de grande porte. Para que o crime seja de competncia
da Justia Federal, necessrio que o navio seja uma "embarcao de grande
porte". Assim, se o delito for cometido a bordo de um pequeno barco, lancha,
veleiro etc., a competncia ser da Justia Estadual.
Aeronave voando ou parada: a competncia ser da Justia Federal mesmo que
o crime seja cometido a bordo de uma aeronave pousada. No necessrio que
a aeronave esteja em movimento para a competncia ser da Justia Federal.
Qual foi o delito em tese praticado pela pessoa que seria destinatria da droga (que
encomendou o entorpecente)?
Trfico transnacional de drogas (art. 33 c/c art. 40, I, da Lei n 11.343f2oo6). Essa
pessoa, em tese, importou a droga.
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta
Lei, se caracterizado ilcito transnacional, so da competncia da Justia Federal.
Porqu?
O CPP prev que a competncia definida pelo local em que o crime se consumar:
Art. 70. A competncia ser, de regra, determinada pelo lugar em que se consu-
mar a infrao, ou, r o caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o ltimo
ato de execuo.
A conduta prevista no art. 33, caput, da Lei n 11-343/2006 constitui delito formal,
multinuclear, sendo que. para sua consumao, basta a execuo de qualquer das
condutas previstas no dispositivo legal.
No caso em tela, a pessoa que encomendou a droga, praticou o verbo "importar",
que significa "fazer vir de outro pa s, estado ou municpio; trazer para dentro."
Logo, pode-se afirmar que o delito se consumou no instante em que o produto impor-
tado tocou o territrio nacional, entrada essa consubstanciada na apreenso da droga.
Vale ressaltar que, para que ocorra a consumao do delito de trfico transnacional
de drogas, desnecessrio que a orrespondncia chegue ao destinatrio final. Se
chegar, haver mero exaurimento da conduta. Tambm no importa, para fins de
consumao e competncia, se a pessoa que encomendou a droga j foi identifica-
da ou no pela polcia. A consumao (importao) ocorreu quando a encomenda
entrou no territrio nacicnal.
Dessa forma, o delito se consumou em So Paulo, local de entrada da mercadoria,
sendo esse o juzo competente, nos termos do art. 70 do CPP.
Banco postal
O Banco Postal a marca dos Correios que designa sua atuao como correspon-
dente na prestao de servios bancrios bsicos em todo o territrio nacional.
Tem como objetivo levar servios de correspondente populao desprovida de
atendimento bancrio e proporcionar acesso ao Sistema Financeiro (conceito dis-
ponvel no site dos Correios: http://www.correios.com.br/).
Em outras palavras, o Banco Postal uma agncia dos Correios que, alm dos servi-
os postais tradicionais (envio de cartas, encomendas etc.), tambm oferece alguns
servios bancrios, como pagamentos de contas at determinado valor.
Surgiu, no entanto, uma dvida: de quem ser a competncia para julgar este de-
lito? De quem a competncia para julgar crimes praticados em detrimento de
Banco Postal?
competncia da Justia Estadual.
Apesar de a ECT ser empresa pblica federal, ela presta servios relativos ao Banco
Postal como correspondente bancrio de instituies financeiras contratantes, s
quais cabe a inteira responsabilidade pelos servios prestados pela empresa con-
tratada, em consonncia com o disposto na Portaria s88/2ooo do Ministrio das
Comunicaes e, em especial, na forma da Resoluo 3954/2011 do BACEN, segun-
do a qual o "correspondente [a ECT] atua por conta e sob a5 diretrizes da instituio
Cuidado
Importante que voc no confunda o julgado acima com um precedente de Direito
do Consumidor no qual o STJ reconheceu a responsabilidade civil dos Correios por
danos sofridos por consumidor dentro do Banco Postal. Veja:
A ECT responsvel pelos danos sofridos por consumidor que foi assaltado no
interior de agncia dos Correios na qual fornecido o servio de banco postal.
STJ.4 Turma. REsp 1.183.121-SC, Rei. Min. Luis Felipe Salomo,julgado em 241212015 (lnfo 559).
E agora mais esse. Crime ocorrido em casa lotrico (permissionria da CEF): Justia
ESTADUAL
De quem ser a competnda para julgar a conduta criminosa de Pedro: Justia Esta-
dual ou Federal?
Da Justia ESTADUAL
Diante disso, indaga-se: de quem ser a competncia para julgar esses delitos? O fato
de o BNDES ter emprestado o dinheiro atrai a competncia para a Justia Federal?
NO.
i~P~.~:i:~l.i.t:ftti'
O fato de licitao estadual envolver recursos repassados ao Estado-Membro
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES) por meio
de emprstimo bancrio (mtuo feneratcio) no atrai a competncia da Justia
Federal para processar e julgar crimes relacionados a suposto superfaturamen-
to na licitao.
STJ. s Turma. RHC 42.595-MT, Rei. Min. Felix Fischer,julgado em 16/12/2014 (lnfo 555).
~
qualquer ratificao desses atos, que, caso ocorra, no precisar seguir as regras
que deveriam ser observadas para a prtica, em ao originria, de atos equiva-
lentes aos atos ratificados.
<(
STJ. 6" Turma. HC 238.ug-TO, Rei. originria Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rei. para zw
0..
acrdo Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 16/g/2014 (lnfo 556). o
V\
V\
STJ. 5 Turma. HC 202.701-AM, Rei. Ministro Jorge Mussi,julgado em 14/5!2013 (lnfo 522). w
u
~
0..
Reconhecida a incompetncia, a posteriori, de determinado juzo, deve o processo
ser encaminhado ao juzo competente, que pode aproveitar os atos j praticados.
A ratificao de atos processuais uma providncia necessria quando o ato foi
praticado por autoridade incompetente. No se trata, contudo, do caso aqui anali-
sado, em que, aps iniciada a ao penal, ocorre modificao da competncia em
razo da investidura, pelo ru, no curso do processo. em cargo que atraia foro por
prerrogativa de funo.
Nesse caso, devem ser mantidos ntegros todos os atos processuais at ento pra-
ticados em ateno ao princpio do tempus regit actum, uma vez que, no momento
em que os atos foram praticados, o juiz era competente para tanto. Desnecessria,
portanto, qualquer ratificao, visto que os atos at ento praticados so vlidos.
..
Veja esta situao um pouco diferente envolvendo um caso no qual a denncia ain-
da no havia sido recebida pelo juzo de 1 instncia:
O Procurador Geral de Justia (Ministrio Pblico estadual) ofereceu denncia, no
Tribunal de Justia, contra "X" (Prefeito).
Deve-se lembrar que os Prefeitos possuem foro por prerrogativa de funo no Tri-
bunal de Justia (art. 29, X, da CF/88).
Antes que a denncia fosse recebida, "X" foi eleito e diplomado Governador do Estado.
A competncia para processar e julgar os Governadores pela prtica de infraes
penais comuns do STJ (art. 105, I, a, da CF/88). Logo, o TJ perdeu a competncia para
analisar se deveria ou no receber a denncia, devendo remeter o processo ao STJ.
Chegando o processo ao STJ, a denncia oferecida pelo Ministrio Pblico Estadual
somente poder ser examinada por aquela Corte se for ratificada pelo Procurador-
-Geral da Repblica (ou por um dos Subprocuradores-Gerais que atue por delega-
o), em homenagem ao princpio do promotor natural. Isso porque o rgo minis-
terial que tem legitimidade para atuar no STJ o Procurador-Geral da Repblica (ou
um Subprocurador-Geral, mediante delegao do Procurador-Geral). Nesse sentido,
confira o art. 48, 11, da LC no 75/93:
No confundir:
membros do TCE: so julgados pelo STJ;
membros do TCU: so julgados pelo STF.
Resumindo:
A criafO de novas varas jaz com que o juzo criminal onde se iniciou a afo penal
perca a competncia para continuar julgando o processo?
Regra: NO.
Em regra, a criao de novas varas, por intermdio de modificaes na lei de orga-
nizao judiciria, no altera a competncia territorial do juzo criminal no qual j
foi instaurado o processo.
Vigora o princpio da "perpetuatio jurisdictionis" (perpetuao da jurisdio), pre-
visto no art. 87 do CPC 1973 (art. 43 do CPC 2015) e que pode ser aplicado ao processo
penal por fora do art. 3 do CPP.
~
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zw
0..
Segundo esse princpio, uma vez iniciado o processo penal perante determinado o
juzo, nele deve prosseguir at seu julgamento. Assim, depois que o processo se "'uw
"'
iniciou perante um juzo, as modificaes que ocorrerem sero consideradas, em oa<
0..
regra, irrelevantes para fins de competncia.
Excees:
Existem duas mudanas que iro influenciar na competncia, ou seja, duas situa-
es em que o juzo que comeou a ao penal deixar de ser competente para
continuar o processo por fora de fatos supervenientes. Veja:
a) Supresso do rgo judicirio: a lei (ou a CF) extingue o rgo judicirio Quzo)
que era competente para aquele processo.
Ex.1: imaginemos que viesse uma lei federal extinguindo a 9 vara federal de BH.
Ex.2: a EC 45/2004 extinguiu os Tribunais de Alada e todos os recursos ali existen-
tes foram redistribudos.
~ (... ) 1- A criao c e nova vara federal com jurisdio sobre o municpio onde se
""" deu a infrao no implica em incompetncia superveniente do juzo em que se
iniciou a ao penal.
Resumindo:
Desse modo, como "NLN" deixou de ser Deputado Federal, a soluo tecnica-
mente "mais correta" a ser tomada pelo STF seria reconhecer que no mais
competente para a ao penal e declinar o processo para ser julgado por um juiz
,a
de direito de instncia.
A Corte adotou, no entanto, uma postura mais "moderna" ou de "vanguarda"
para o caso: o STF reconheceu que no era mais competente para julgar a ao
,a
penal, mas, em vez de remeter o processo para a instncia, declarou que a
situao era de flagrante atipicidade (tanto que o PGR pediu a absolvio) e, por
isso, entendeu que deveria ser concedido habeas corpus, de oficio, em favor do
ru, extinguindo o processo penal.
Entendeu-se que deveria ser aplicado o princpio da durao razovel do processo.
STF. ,a Turma. AP 568/SP, rei. Min. Roberto Barroso, julgado em 14/4/2015 (lnfo 781).
~
ter competncia para julgar os "crimes dolosos contra a vida".
Desse modo, em regra, ocorrendo a prtica de um desses crimes, o autor ser julga-
do pelo Tribunal do Jri (e no por um juzo singular).
Surge, por fim, uma dvida: a Constituio Estadual pode estabelecer que determi-
nadas autoridades devero ser julgadas pelo Tribunal de Justica mesmo isso no
estando previsto na CF/88? possvel foro por prerrogativa de juno estabelecido
exclusivamente pela Constituio Estadual?
SIM. ACF/88 autoriza que a competncia dos Tribunais de Justia seja definida na
Constituio do Estado (art. 125, 1). No entanto, essa liberdade de definio no
absoluta. Quando a Constituio Estadual for definir quais so as autoridades que
sero julgadas pelo TJ, dever respeitar o princpio da simetria ou paralelismo com
a CF/88. Explicando melhor: as autoridades estaduais que podem ter foro privativo
so aquelas que, se comparadas com as mesmas autoridades em nvel federal, te-
riam direito de foro por prerrogativa de funo na CF/88.
Ex.1: a CE pode prever que o Vice-Governador ter foro por prerrogativa de funo
no TJ. Isso porque a autoridade correspondente em nvel federal (Vice-Presidente)
tambm possui foro privativo no STF.
Ex.2: a CE pode prever que os Secretrios de Estado tero foro por prerrogativa de
funo no TJ.Isso porque as autoridades correspondentes em nvel federal (Minis-
tros de Estado) tambm possuem foro privativo no STF.
Obs.: existem ainda algumas polmicas envolvendo o tema, mas, para fins de con-
curso, a resposta mais adequada o que foi explicado acima.
Desse modo, podemos concluir que existem hipteses em que o foro por prerro-
gativa de funo estabelecido exclusivamente pela Constituio Estadual. Exs.:
Vice-Governador, Secretrios de Estado.
Quem julgar esse Secretrio Estadual pelo homicdio por ele praticado?
Temos aqui um impasse: a CF/88 determina que esse ru seja julgado pelo Tribunal do
Jri e a Constituio Estadual preconiza que o foro competente o Tribunal de Justia.
Porqu?
Porque o foro por prerrogativa de funo dos prefeitos previsto na prpria Cons-
tituio Federal (art. 29, X).
Logo, temos a previso da CF/88 dizendo que as pessoas que cometem crimes do-
losos contra a vida sero julgadas pelo Tribunal do Jri (art. 5, XXXVIII, d). E temos a
previso, tambm da CF/88, dizendo que os Prefeitos sero julgados pelo Tribunal de
Justia (art. 29, X). As duas normas so de mesma hierarquia (as duas so da CF/88).
~
processado perante a Corte prpria, privilgio este garantido ao Reclamante no pre-
sente caso, j que o Deputado Federal 'EC' est sendo investigado pelos supostos cri-
mes cometidos perante o Supremo Tribunal Federal no aludido Inqurito 3.983. <!
z
w
a..
Oforo por prerrogativa de funo no outorga ao titular o direito de no ter sequer o o
Vl
seu nome pronunciado por quem quer que seja, mxime por testemunhas ou acusa- Vl
w
u
dos colaboradores em investigaes ou processos previamente desmembrados pelo o
Supremo Tribunal Federal. "'
a..
(..)
Saliente-se que a mera referncia ao nome do titular do foro em depoimento em
Juzo no o torna acusado do processo, nem significa ato investigatrio contra ele."
Resumindo:
4 PRISO E LIBERDADE
4.1 AUDINCIA DE CUSTDIA
NOCES
.oGERAIS
...... ! .. ........................................................................................................... .
Conceito
Audincia de custdia consiste ...
no direito que a pessoa presa possui
de ser conduzida (levada),
sem demora (CNJ adotou o mximo de 24h),
presena de uma autoridade judicial (magistrado)
que ir analisar se os direitos fundamentais dessa pessoa foram respeitados (ex.:
se no houve tortura)
se a priso em flagrante foi legal ou se deve ser relaxada (art. 310, I, do CPP)
e se a priso cautelar (antes do trnsito em julgado) deve ser decretada (art. 310,
li) ou se o preso poder receber a liberdade provisria (art. 310, 111) ou medida cau-
telar diversa da priso (art. 319).
Previso
A audincia de custdia prevista na Conveno Americana de Direitos Humanos
(CADH), que ficou conhecida como "Pacto de San Jose da Costa Rica", promulgada
no Brasil pelo Decreto 678/g2.
Veja o que diz o artigo 7, item s. da Conveno:
Nomenclatura
O termo "audincia de custdia", apesar de ter sido consagrado no Brasil, no
utilizado expressamente pela CADH, sendo essa nomenclatura uma criao dou-
trinria.
Durante os debates no STF a respeito da ADI5240/SP, o Min. Luiz Fux defendeu que
essa audincia passe a se chamar "audincia de apresentao". Desse modo, deve-se
tomar cuidado com essa expresso caso seja cobrada em uma prova.
.~~.~'?~~~~.~ .~.~~.~~~~.~.-.~.~~.................................................................................. .
No final de 2015, o Conselho Nacional de Justia aprovou a Resoluo 213/2015, que
dispe sobre a apresentao de toda pessoa presa autoridade judicial no prazo
de 24 horas.
Vamos conhecer abaixo o que diz a Resoluo.
Apresentao em at 24 horas
Toda pessoa presa em flagrante delito, independentemente da motivao ou natu-
reza do ato, ser obrigatoriamente apresentada, em at 24 horas da comunicao
do flagrante, autoridade judicial competente, e ouvida sobre as circunstncias em
que se realizou sua priso ou apreenso.
~
A audincia de custdia ser realizada na presena do Ministrio Pblico e da De-
fensoria Pblica, caso a pessoa detida no possua defensor constitudo.
<l:
vedada a presena dos agentes policiais responsveis pela priso ou pela investi- zw
"-
gao durante a audincia de custdia. 0
Registro em mdia
A oitiva da pessoa presa ser registrada, preferencialmente, em mdia, dispensan-
do-se a formalizao de termo de manifestao da pessoa presa ou do contedo
das postulaes das partes, e ficar arquivada na unidade responsvel pela audin-
cia de custdia.
A ata da audincia conter, apenas e resumidamente, a deliberao fundamentada
do magistrado quanto legalidade e manuteno da priso, cabimento de liberda-
de provisria sem ou com a imposio de medidas cautelares diversas da priso,
considerando-se o pedido de cada parte, como tambm as providncias tomadas,
em caso da constatao de in::lcios de tortura e maus tratos.
Concluda a audincia de custdia, cpi da sua ata ser entregue pessoa presa
em flagrante delito, ao Defensor e ao Ministrio Pblico, tomando-se a cincia de
todos, e apenas o auto de priso em flagrante, com antecedentes e cpia da ata,
seguir para livre distribuio.
~
nal no podero ser presos, salvo em flagrante de crime inafianvel. Nesse caso,
os autos sero remetidos dentro de vinte e quatro horas Casa respectiva, para
que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a priso.
zw
Pela redao literal do art. 53, 2 da CF/88, o Deputado Estadual, o Deputado Fe- 0..
O art. 5, incisos XLII, XLIII e XLIV e o art. 323 do CPP preveem a lista de crimes ina-
fianveis:
a) racismo;
b} tortura;
c) trfico de drogas;
d} terrorismo;
e) crimes hediondos;
f) crimes cometidos por ao de grupos armados, civis ou militares, contra a or-
dem constitucional e o Estado Democrtico.
~
lidade de flagrante a qualquer tempo como at mesmo a chamada "ao controla-
da", nos termos da Lei 12.850/2013 (''Art. 8. Consiste a ao controlada em retardar a
interveno policial ou administrativa relativa ao praticada por organizao cri-
<(
minosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observao e acompanhamento z
w
para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz formao de pro- 0..
o
vas e obteno de informaes"). A hiptese presente de inafianabilidade, nos V\
V\
w
termos do CPP [''Art. 324. No ser, igualmente, concedida fiana: ... IV- quando u
o
presentes os motivos que autorizam a decretao da priso preventiva (art. 312)"]." ""
0..
g) Sendo priso em flagrante, o STF precisaria ter expedido mandados de priso con-
tra o Senador?
Tecnicamente, no. Como j dito, a priso em flagrante no precisa de ordem judi-
cial para ser cumprida. Entretanto, no caso concreto, o STF foi provocado e precisa-
va decidir se seria hiptese mesmo de priso preventiva ou no. Alm disso, havia
a priso preventiva de Edson Ribeiro e as prises temporrias de Andr Esteves
e Diogo Ferreira que precisavam ser cumpridas simultaneamente a fim de que
no houvesse risco de fuga ou de destruio de provas por parte de qualquer dos
investigados.
Por essas razes, o Ministro houve por bem expedir um mandado de priso cautelar
{gnero do qual a priso em flagrante uma espcie). No h qualquer irregulari-
dade nisso, j que se trata de uma formalidade adicional em prol do investigado. A
outra opo seria o Ministro, na deciso, afirmar: qualquer do povo est autorizado
a prender o Senador.
Vale destacar que no porque foi expedido um mandado de priso que a custdia,
no caso concreto, deixou de ser priso em flagrante e passou a ser preventiva. A
diferena entre essas duas espcies de custdia :-~o est no instrumento por meio
do qual ela formalizada.
Alm disso, na poca, a deciso da 1" Turma do STF foi por apertada maioria (3x2),
sendo que, dos Ministros que votaram a favor da manuteno da priso e desne-
cessidade de deliberao pela ALE, somente a Ministra Crmen Lcia ainda perma-
nece na Corte.
n) A gravao da conversa feita por Bernardo Cerver pode ser considerada como
prova lcita?
SIM. Trata-se de entendimento pacfico do STF:
~ (... ) lcita a prova consistente em gravao ambiental realizada por um dos in-
- terlocutores sem conhecimento do outro." (STF. Plenrio. RE 583937 QO-RG, Min.
Rei. Cezar Peluso,julgado em 19/11/2009- repercusso geral)
Assim, se "A" e "B" esto conversando, "A" pode gravar essa conversa mesmo que "B"
no saiba. Para o STF, a gravao de conversa feita por um dos interlocutores sem
o conhecimento dos demais considerada lcita, quando ausente causa legal de
sigilo ou de reserva da conversao.
rz) Seria possvel falar que houve flagrante preparado por parte de Bernardo Cerver,
o que traria hiptese de crime impossvel, nos termos da Smula 145 do STF?
NO. Ocorre o flagrante preparado (provocado) quando algum instiga o indivduo a
praticar o crime com o objetivo de prend-lo em flagrante no momento em que ele o
43 FIANCA
~
preso.
Diante disso, a Defensoria Pblica impetrou habeas corpus alegando que o juiz re-
conheceu que no estavam prese'ntes os pressupostos da priso preventiva (art.
312 do CPP) e que o ru s ainda estava preso por ser pobre, no tendo condies de z
.,_
w
arcar com o pagamento da fiana estipulada. o
V\
V\
w
u
O STF concordou com o pedido da Defensoria? A ordem de HC foi concedida? 2
.,_
SIM. A 13 Turma do STF concedeu a ordem de "habeas corpus" e deferiu a liber-
dade provisria em favor do paciente com dispensa do pagamento de fiana.
Os Ministros afirmaram que era injusto e desproporcional condicionar a expedi-
o do alvar de soltura ao recolhimento da fiana.
Segundo entendeu o STF, o ru no tinha condies financeiras de arcar com o
valor da fiana, o que se poderia presumir pelo fato de ser assistido pela Defen-
soria Pblica, o que pressuporia sua hipossuficincia.
Assim, no estando previstos os pressupostos do art. 312 do CPP e no tendo o
preso condies de pagar a fiana, conclui-se que nada justifica a manuteno
da priso cautelar.
Joo, 19 anos, est respondendo a processo criminal por roubo. Quando era adoles-
cente, cumpriu medida socioeducativa por homicdio. O juiz, ao decretar a priso
preventiva do ru, poder mencionar a prtica desse ato infracional como um dos
fundamentos para a custdia cautelar? '
SIM.
~
_M_e_m_b_r_os_d_o_M_P_ _ _ _ _ _ _ _ _ .. ~~-i-~:??~(~.~---
_M_e_m_b_r_o_s_d_a_D_e_fe_n_s_o_ri_a_ _ _'-----~~--~?!~~---
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z
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a.
Em que consiste sala de Estado-Maior? oVl
Vl
w
Segundo j explicou o ex-Ministro Nelson Jobim, a palavra "Estado-Maior" repre- u
o0::
senta o grupo de Oficiais que assessora o Comandante das Foras Armadas, do Cor- 0..
sPROVAS
5.1 DEPOIMENTO SEM DANO
VALIDADE DO DEPOIMENTO SEM DANO NOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL DE CRIANCAS
.............................
-~
E ADOLESCENTES
............................................................................................ -
para crianas e adolescentes, em sala separada, com a presena do tcnico, sendo "'u
LW
o
registrada por meio audiovisual. "'c.
A realizao do "Depoimento sem Dano" configura nulidade por cerceamento de
defesa?
NO.
O STJ entende que vlida nos crimes sexuais contra criana e adolescente, a
inquirio da vtima na modalidade do "depoimento sem dano, em respeito
sua condio especial de pessoa em desenvolvimento, inclusive antes da de-
flagrao da persecuo penal, mediante prova antecipada.
Obs.: Vale ressaltar, ainda, que, no caso concreto acima, a defesa do ru, no momento
da oitiva da vtima, no se ops utilizao do "depoimento sem dano", tendo sus-
citado o argumento da nulidade somente aps a condenao. Desse modo, alm de
no encontrar vcio no "depoimento sem dano", o STJ afirmou ainda que, diante da
inrcia da defesa, que no alegou a nulidade no momento oportuno, houve precluso.
~~tl~'$lt~fl;~p~l$
No h ilegalidade na utilizao, em processo penal em curso no Brasil, de in-
formaes compartilhadas por fora de acordo internacional de cooperao em
matria penal e oriundas de quebra de sigilo bancrio determinada por auto-
ridade estrangeira, com respaldo no ordenamento jurdico de seu pas, para a
apurao de outros fatos criminosos l ocorridos, ainda que no haja prvia de-
ciso da justia brasileira autorizando a quebra do sigilo.
Em outras palavras, o STJ julgou vlida a utilizao, em processo penal no Brasil, de
informaes bancrias sigilosas obtidas pela Justia dos EUA e trazidas para o pro-
cesso aqui por fora do Acordo de Assistncia Judiciria em Matria Penal (MLAT).
STJ. 5" Turma. HC 231.633-PR, Rei. Min.Jorge Mussi,julgado em 25/11/2014 (lnfo 553).
MLAT
Na prtica diria da Justia Federal, muito comum a utilizao de provas empres-
tadas da Justia norte-americana, por fora de um acordo celebrado entre o Brasil e
os EUA e que ficou conhecido pela sua sigla (MLAT).
Em ingls, MLAT significa "Mutual Legal Assistance Treaty" e consiste em um acordo
bilateral por meio do qual os EUA e o Brasil se comprometem a prestar auxlio jur-
dico direto em matria processual. O MLATfoi a forma encontrada para desburocra-
tizar e tornar mais clere e fcil a cooperao jurdica internacional, que antes era
feita apenas por meio de cartas rogatrias que, no entanto, so caras e demoradas.
As cartas rogatrias demoram mais para serem cumpridas porque exigem maio-
res formalidades e, para serem enviadas e recebidas, precisam passar pelos canais
~
diplomticos de cada pas. No Brasil, para serem cumpridas, precisam ainda da au-
torizao do STJ.
O MLAT, por sua vez, um instrumento de Auxlio Direto, permitindo que o pedido <{
zw
de auxlio seja formulado diretamente pelo juiz de la instncia, sendo desnecess- 0..
o
rio o juzo prvio de delibao do STJ. A tramitao desses pedidos coordenada V\
V\
w
pela Autoridade Central brasileira designada em cada tratado firmado, conforme u
~
explica o Manual de Cooperao Jurdica Internacional do Ministrio da Justia edi- 0..
53 INTERCEPTACO TELEFNICA
Autos apartados
Segundo a Lei no g.2g6/g6, o procedimento de interceptao telefnica (requeri-
mento, deciso, transcrio dos dilogos etc.} dever ser instrumentalizado em au-
tos apartados:
6 PROCEDIMENTO
6.1 NOCES GERAIS
Conceito de procedimento: procedimento a sucesso coordenada de atos proces-
suais.
Conceito de procedimento penal: a sucesso coordenada de atos que ocorrem no
processo destinado apurao de crimes.
Espcies de procedimentos penais:
Existem vrias espcies de procedimentos penais, que variam de acordo com o cri-
me que est sendo apurado.
~
eximindo tambm da incumbncia de enfrentar questes processuais relevan-
tes e urgentes.
STJ. 6Turma. RHC 46.127-MG, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 12/2/2015 zw
0..
(Info ss6). o
"'u
:il
Caso concreto fi1
0..
Na situao julgada pelo STJ, o juiz, aps receber a resposta acusao oferecida
pela defesa, negou a absolvio sumria com uma deciso de apenas duas linhas,
que dizia apenas o seguinte:
"As matrias alegadas se tratam de defesa de mrito e nele sero analisadas.
Diante do exposto, designo audincia de instruo e julgamento para o dia
XX/XX/XX, s XX horas."
O STJ entendeu que a deciso acima foi deficiente e anulou o processo a partir dela,
determinando que seja proferida outra deciso, apreciando-se, desta vez, os termos
da resposta preliminar (STJ. 6a Turma. RHC 46.127-MG, Rei. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 12i2/2015.lnfo 556).
Art. 209. O juiz, quando julgar necessrio, poder ouvir outras testemunhas,
alm das indicadas pelas partes.
A jurisprudncia admite perfeitamente essa prtica:
temunhas a posteriori? o
V\
V\
w
u
NO. Ficar ao prudente arbtrio do magistrado deferir ou no o pedido formulado, 2
0..
devendo a sua deciso ser motivada.
lm portante destacar, no entanto, que, se o juiz decidir, em nome da busca da verda-
de real, deferir o pedido da defesa, tal deciso no viola os princpios da paridade
de armas e do contraditrio.
Segundo argumentou o Deputado, ele est sendo acusado juntamente com outra
pessoa (litisconsrcio passivo no processo penal) e os dois rus esto sendo assisti-
dos por escritrios de advocacia diferentes. Logo, aplica-se perfeitamente o art. 191
do CPC 1973 (art. 229 do CPC 2015).
Essa tese foi acatada pelo STF? possvel aplicar o art. 191 do CPC 1973 (art. 229 do
CPC 2015) por analogia ao processo penal?
SIM.
cabvel a aplicao analgica do art. 191 do CPC 1973 (art. 229 do CPC 2015) ao pra-
zo previsto no art. 4 da Lei n 8.038!1990 ("Apresentada a denncia ou a queixa
ao Tribunal, far-se- a notificao do acusado para oferecer resposta no prazo de
quinze dias").
O Min. Luiz Fux argumentou que, se no processo civil, em que se discutem direi-
tos disponveis, concede-se prazo em dobro, com mais razo no processo penal,
em que est em jogo a liberdade do cidado.
STF. Plenrio.lnq 4112/DF, rei. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acrdo Min. Gil mar Mendes,
julgado em 1/9/2015 (lnfo 797).
Obs.1: para alguns, pode parecer estranho, mas se em um processo criminal existem
dois ou mais rus, tem-se, no caso, um litisconsrcio passivo, considerando que o
MP (ou o querelante) o autor da ao penal e os rus esto no polo passivo.
~
<1:
zw
o.
Obs.2: o precedente acima envolveu a Lei n 8.038/go, mas penso que nada impede oV\
V\
que esse mesmo entendimento seja aplicado aos procedimentos regidos pelo CPP. w
u
o
possvel aplicar regras do CPC, por analogia, ao processo penal? ""o.
SIM. A analogia vedada no Direito Penal, salvo se beneficiar o ru (analogia in ba-
nam partem). No processo penal, no existe esta mesma vedao, tendo em vista
que as normas processuais no so incriminadoras. Veja a autorizao expressa
prevista no CPP para a aplicao analgica:
A oitiva de testemunhas pode ser considerada prova urgente para os fins do art. 366
do CPP?
Sim, desde que as circunstncias do caso concreto revelem a possibilidade concreta
de perecimento.
7 TRIBUNAL DO JRI
7.1 ANULACO DA PRONNCIA POR EXCESSO DE LINGUAGEM
Procedimento do Tribunal do Jri
Quando a pessoa pratica um crime doloso contra a vida, ela responde a um proces-
so penal que regido por um procedimento especial, prprio do Tribunal do Jri
(arts. 406 a 497 do CPP).
ABSOLVIO
PRONNCIA IMPRONNCIA DESCLASSIFICAO
SUMRIA
O ru ser pronun- O ru ser impro- O ru ser absolvido, Ocorre quando o
ciado quando o juiz nunciado quando desde logo, quando juiz se convencer de
se convencer de que o juiz no se con- estiver provado (a): que o fato narrado
existem prova da vencer: a inexistncia do no um crime
materialidade do da materialidade fato; doloso contra a
fato e indcios sufi- do fato; vida, mas sim um
que o ru no
cientes de autoria outro delito, deven-
da existncia de autor ou partcipe
ou de participao. do, ento, remeter
indcios suficien- do fato;
tes de autoria ou o processo para o
que o fato no juzo competente.
de participao. constitui crime;
Ex.: juiz entende
Ex.: a nica teste- que existe uma que no houve ho-
munha que havia causa de iseno micdio doloso, mas
reconhecido o ru de pena ou de ex- sim latrocnio.
no IP no foi ouvida cluso do crime.
em juzo.
Ex.: todas as teste-
munhas ouvidas
afirmaram que o ru
no foi o autor dos
disparos.
Recurso cabvel: Recurso cabvel: Recurso cabvel: Recurso cabvel:
RESE. APELAO. APELAO. RESE.
~
Fundamentao da sentena de pronncia e excesso de linguagem
A sentena de pronncia deve ser fundamentada. No entanto, necessrio que
o juiz utilize as palavras com moderao, ou seja, valendo-se de termos sbrios e zw
comedidos, a fim de se evitar que fique demonstrado na deciso que ele a-credita 0..
o
firmemente que o ru culpado pelo crime. Vl
Vl
w
u
Se o magistrado exagera nas palavras utilizadas na sentena de pronncia, dizemos o
que houve um "excesso de linguagem", tambm chamado de "eloquncia acusatria". ""
0..
Ex.: na sentena de pronncia, o juiz afirma: "no tenho nenhuma dvida de que o
ru foi o autor do homicdio da vtima Fulano. Na verdade, em todos os meus anos
de magistratura, nunca vi um homicida to frio, cruel e desprezvel, sendo esse um
crime brutal que merece ser gravemente reprimido". Ora, no caso houve claramente
excesso de linguagem por parte do juiz.
Por que no pode haver o excesso de linguagem?
Porque o CPP afirma que os jurados iro receber uma cpia da sentena de pronn-
cia e das decises posteriores que julgaram admissvel a acusao e do relatrio do
processo (art. 472, pargrafo nico). Assim, se o juiz se excede nos argumentos em-
Em vez de anular, o Tribunal pode apenas determinar que a sentena seja desentra-
nhada (retirada do processo) ou seja envelopada (isolada}? Isso j no seria suficien-
te, com base no princpio da economia processual?
NO. No basta o desentranhamento e envelopamento. necessrio anular a senten-
a e determinar que outra seja prolatada. Isso porque, como j dito acima, a lei deter-
mina que a sentena de pronncia seja distribuda aos jurados. Logo, no h como de-
sentranhar a deciso, j que uma cpia dela dever ser entregue aos jurados. Se essa
cpia no for entregue, estar sendo descumprido o art. 472, pargrafo nico, do CPP.
Assim, no h outro jeito. A providncia adequada a anulao da sentena e dos
consecutivos atos processuais que ocorreram no processo principal para que outra
deciso seja proferida.
Resumindo:
~
do3 e intimados para comparecerem no dia do julgamento.
Recapitulando: antes da sesso so sorteados 25 nomes. Desses 25, no dia do julga-
mento sero sorteados 7, que iro compor o conselho de sentena (corpo de jurados zw
que ir julgar a causa). 0..
o
Recusa imotivada (ou peremptria) "'
"'w
u
o
medida que os jurados forem sendo sorteados, o juiz ir ler o nome de cada um. ""
0..
Art. 468. medida que as cdulas forem sendo retiradas da urna, o juiz presi-
dente as ler, e a defes e, depois dela, o Ministrio Pblico podero recusar os
jurados sorteados, at 3 (trs) cada parte, sem motivar a recusa.
Ex : retirado da urna o nonre de Joo da Silva para ser jurado; o juiz dever ler o
nome e perguntar primeiro ao advogado/Defensor Pblico: "como se manifesta a
defesa do ru Fulano de Tal?" A defesa, ento, ir responder algo como: "sem obje-
o" (caso concorde com o nc.me sorteado) ou, ento, "agradeo, mas rejeito" (caso
de5eje recusar o nome).
Art. 478. Durante os debates as partes no podero, sob pena de nulidade, fazer
referncias:
I - deciso de pronncia, s decises posteriores que julgaram admissvel a
acusao ou determinao do uso de algemas como argumento de autoridade
que beneficiem ou prejudiquem o acusado;
Exemplos:
Durante os debates em plenrio, o Promotor de Justia fala o seguinte para os ju-
rados:
~
z
w
0..
o
VI
VI
w
u
SITUA01 SITUA02
~
0..
"Prezados jurados, hoje os senhores iro "Prezados jurados, na sentena de pro-
julgar Fulano de Tal, que foi pronunciado nncio, o Or. Sicrano, juiz de direito, que
pelo crime de homicdio qualificado por estudou muito e passou em concurso ex-
motivo ftil, conforme podem ver na tremamente difcil, reconheceu que havia
sentena de pronncia que foi entregue indcios de que o ru aqui presente prati-
a cada um de vocs e cujo trecho eu vou cou um homicdio qualificado. Ento, o juiz
ler agora." j concordou com o Ministrio Pblico."
A alegao feita pela defesa foi" aceita pelo STF? Houve nulidade em virtude de o
membro do MP ter lido a sentenfa condenatria do corru?
NO.
Concludos os debates
Concludos os debates entre acusao e defesa, o juiz-presidente do Jri (Juiz de
Direito ou Juiz Federal) perguntar aos sete jurados se eles se sentem prontos para
julgar ou se ainda precisam de mais algum esclarecimento sobre alguma questo
de fato( 1 do art. 480 do CPP).
Na prtica, em go% dos casos, os jurados respondem que esto habilitados para
julgar, at porque no veem a hora de ir para casa.
De qualquer forma, se houver dvida sobre questo de fato, o juiz-presidente pres-
tar esclarecimentos vista dos autos, ou seja, com base no que consta no processo
( 2 do art. 480). Os jurados, nesta fase do procedimento, podem ter acesso aos
autos e aos instrumentos do crime se solicitarem ao magistrado( 3).
importante o juiz ter especial cuidado com as perguntas que sero feitas pelos ju-
rados, explicando previamente a eles que, ao expressarem sua dvida, no podero
"adiantar" ou "sinalizar" como iro votar, sob pena de o Conselho de Sentena ter
que ser dissolvido, prejudicando todo o dia de trabalho.
Sala secreta
No havendo dvida a ser esclarecida, o juiz, o membro do MP, o advogado, os sete
jurados (Conselho de Sentena), o escrivo (diretor de secretaria) e o oficial de justi-
a iro se dirigir a uma "sala especial" para a votao dos quesitos (art. 485 do CPP).
Essa sala especial chamada, na prtica forense, de "sala secreta", porque onde
ocorrer a votao.
o jri normalmente acontece em um auditrio e essa sala especial um gabinete ...J
<(
menor, que fica ao lado do auditrio. zw
0..
Se na estrutura do frum no houver uma sala que possa servir para esse fim, o juiz o
V\
V\
dever pedir que todas as pessoas que esto no auditrio se retirem e a votao w
u
o
feita no prprio Plenrio.
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0..
Quesitos
A votao no Jri ocorre por meio de perguntas escritas que so feitas aos jurados.
Essas perguntas so chamadas de "quesitos". Os jurados respondem depositando
em uma urna o papel escrito SIM ou NO para cada uma das indagaes que so
formuladas.
Quesito sobre desclassificao pode ser formulado antes ou depois do quesito gen-
rico de absolvio
Pela leitura do 4 do art. 483 do CPP pode-se concluir que o quesito sobre a des-
classificao pode ser formulado antes ou depois do quesito genrico da absolvi-
o. Veja:
Art. 29 {... ) 2 Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave,
ser-lhe- aplicada a pena deste; essa pena ser aumentada at metade, na hip-
tese de ter sido previsvel o resultado mais grave.
Votao
Concludos os debates, o juiz, o membro do MP, os advogados e os sete jurados fo-
ram at a sala especial para a votao dos quesitos.
Inicialmente, foram feitos os quesitos quanto ao ru Joo, tendo ele sido condena-
do pelos jurados.
Depois, foram formulados os seguintes quesitos quanto r Maria:
1) Quesito sobre a materialidade do fato:
"Em XX, por volta de XX horas, na Rua XX, bairro XX, nesta Comarca, a vtima Pedro
foi atingida por disparos de arma de fogo, sofrendo as leses descritas no laudo de
fls. XX?"
Por meio das cdulas, os jurados responderam SIM.
2) Quesito ainda sobre a materialidade do fato:
"Essas leses foram a causa da morte da vtima?"
Os jurados tambm responderam SIM.
3) Quesito sobre a autoria:
':4 r MARIA concorreu para a prtica do crime indicando ao executor o local onde se
encontrava a vtima?"
Os jurados igualmente responderam SIM a esse quesito.
4) Quesito sobre a absolvio do ru: ~
<t
zw
0..
"O jurado absolve a acusada MARIA?" o
Vl
Vl
Quanto a esse quesito, os jurados responderam NO. w
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o
5) Quesito sobre a desclassificao: "'
0..
Indagar sobre qual crime teria sido praticado no um quesito obrigatrio que pre-
cise ser formulado. Logo, no h nulidade caso isso no seja perguntado aos jurados.
Se os jurados respondem que o ru no tinha a inteno de participar do delito
doloso contra a vida, ocorre a desclassificao do crime em plenrio e o juiz natural
da causa deixa de ser o Tribunal do Jri. Logo, no mais competir ao Conselho de
Sentena o julgamento do delito, e sim ao juiz presidente, nos termos do que pre-
ceitua o art. 492, 1, primeira parte, do CPP:
~
autos, dar-lhe- provimento para sujeitar o ru a novo julgamento; no se admi-
te, porm, pelo mesmo moti~o. segunda apelao.
o
Contra esse acrdo do TJ, a defesa apresentou recurso especial ao STJ alegando
que a deciso dos Desembargadores ofendeu a soberania dos veredictos, consi-
"'w"'u
~
derando que no se pode falar em deciso manifestamente contrria prova dos Q.
O STJ manteve, ento, a deciso do TJ? O TJ poderia ter decidido anular o jri sob o
argumento de que a deciso foi manifestamente contrria prova dos autos mes-
mo a nica tese defensiva tendo sido a clemncia?
SIM.
Ainda que a defesa alegue que a absolvio se deu por clemncia do Jri, admi-
te-se o provimento de apelao fundamentada na alegao de que a deciso
dos jurados contrariou manifestamente a prova dos autos (alnea "d" do inciso
111 do art. 593 do CPP}.
O CPP permite, em seu art. 593, 3, que o Tribunal de Justia (ou TRF, em caso
de jris federais}, ao julgar a apelao, entenda que a deciso absolutria dos
jurados deve ser anulada porque foi proferida de forma contrria prova dos
autos. Trata-se de expressa previso legal que no configura desrespeito ou
afronta soberania dos veredictos.
STJ. 6" Turma. REsp 1-451.720-SP, Rei. originrio Min. Sebastio Reis Jnior, Rei. para acrdo
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 28/4/2015 (lnfo 564).
Essa fundamentao feita pelo Tribunal vlida (atende ao art. 93, IX, da CF/88}?
SIM. Inexiste bice a que o julgador, ao proferir sua deciso, acolha os argumentos
de uma das partes ou de outros julgados, adotando fundamentao que lhe pareceu
adequada. O que importa em nulidade a absoluta ausncia de fundamentao.
A adoo dos fundamentos da sentena de 1" instncia ou das alegaes de uma
das partes como razes de decidir, embora no seja uma prtica recomendvel, no
traduz, por si s, afronta ao art. 93,IX, da CF/88.
Para o STJ, a reproduo dos fundamentos declinados pelas partes ou pelo rgo do <i.
zw
Ministrio Pblico ou mesmo de outras decises proferidas nos autos da demanda Cl.
(ex.: sentena de 1" instncia) atende ao art. 93,IX, da CF/88. A encampao literal oVl
Vl
w
de razes emprestadas no a melhor forma de decidir uma controvrsia, mas que u
o
tal prtica, entretanto, no chega a macular a validade da deciso. O que no se "'
Cl.
Em suma:
nulo o acrdo que se limita a ratificar a sentena e a adotar o parecer ministerial,
sem sequer transcrev-los, deixando de afastar as teses defensivas ou de apresen-
tar fundamento prprio. Isso porque, nessa hiptese, est caracterizada a nulidade
absoluta do acrdo por falta de fundamentao.
Em que consiste?
O titular e, portanto, autor da ao penal pblica, o Ministrio Pblico (art. 129, I,
CF/88).
Contudo, o ofendido (vtima) do crime poder pedir para intervir no processo penal
a fim de auxiliar o Ministrio Pblico. A essa figura, d-se o nome de "assistente da
acusao".
O assistente tambm chamado de "parte contingente", "adesiva", ou "adjunta".
O assistente considerado a nica parte desnecessria e eventual do processo.
Obs.: somente existe assistente da acusao no caso de ao penal pblica.
13 CORRENTE 2 3 CORRENTE
A nica justificativa que autoriza o ofendido O ofendido (ou seus sucessores) podem
~
(ou seus sucessores) a atuarem como assis- intervir como assistente da acusao no
tente da acusao a de que assim podem apenas para obter um ttulo executivo (sen-
ajudar o MP a obter a condenao, o que tena condenatria).
ir gerar um ttulo executivo, que poder z
O assistente da acusao tem interesse em w
c..
ser executado no juzo cvel como forma de que a justia seja feita. o
VI
indenizao pelos danos sofridos. VI
w
Desse modo, o interesse no meramente u
O interesse seria meramente econmico. econmico. o
""c..
Segundo essa posio, o assistente somente Segundo essa posio, o assistente da acu-
pode recorrer caso o ru tenha sido absolvi- sao poder recorrer tanto nos casos em
do (no haver ttulo executivo). O assisten- que o ru for absolvido, como na hiptese
te da acusao no poderia recorrer para em que desejar apenas o aumento da pena
aumentar a pena do condenado. imposta (o interesse no apenas no ttulo,
mas sim na justia).
Posio clssica (atualmente minoritria). Posio majoritria, inclusive no STJ e STF.
Corru
O corru no mesmo processo no poder intervir como assistente do Ministrio
Pblico (art. 270 do CPP). Ex.: Pedro e Paulo foram denunciados por leses corporais
recprocas. Pedro no pode ser aceito como assistente de acusao do MP porque
corru no processo.
Imagine que Maria contratou um seguro de vida no qual foi previsto o pagamento
de indenizao de R$ soo mil a seu marido (Joo) caso ela morresse. Alguns meses
depois, Maria apareceu morta, envenenada. O inqurito policial concluiu que havia
suspeitas de que Joo foi o autor do crime, razo pela qual ele foi denunciado por
homicdio doloso. Uma das clusulas do contrato prev que, se o beneficirio foi
quem causou a morte da segurada, ele no ter direito indenizao. A seguradora
poder intervir no processo criminal como assistente da acusao para provar que
Joo foi o autor do crime?
NO.
Poderes do assistente
Ao assistente ser permitido:
a) propor meios de prova;
Recurso pode ser interposto pelo ofendido (ou sucessores) mesmo no tendo sido
habilitado nos autos como assistente
O recurso pode ser interposto tanto pelo ofendido (ou su:essores) que j est habi-
litado nos autos na qualidade de assistente da acusao. como tambm nos casos
~
STJ. 6 Turma. REsp 1-451.720-SP, Rei. originrio Min. Sebastio Reis Jnior, Rei. para acrdo
Min. Ne1i Cordeiro, julgado em 28/4~2015 (lnfo 564).
.....
<{
zw
DEFENSOR PBLICO NO PRECISA DE PROCURAO PARA ATUAR COMO RE- a.
PRESENTANTE DO ASSISTENTE DE ACUSACO o
VI
................................. !'.............. VI
w
u
Para que um advogado represente seu cliente, necessrio que este outorgue uma o
procurao?
"'
a.
SIM. O advogado postula, em juzo ou fora dele, fazendo prova do mandato (art. 5
da Lei n 8.go6/g4).
"Mandato" o ato por meio do qual uma pessoa recebe de outra poderes para, em
seu nome, praticar atos ou administrar interesses.
A procurao o instrumento do mandato, ou seja, o documento ("papel") que
prova que o mandante outorgou um mandato para o mandatrio.
Vale ressaltar uma exceo: em caso de urgncia, o advogado pode atuar em nome
de seu cliente mesmo sem procurao, obrigando-se, contudo, a apresent-la no
prazo de 15 dias, prorrogvel por igual perodo (art. 5, 1).
Art. 1 Ficam sujeitos a sequestro os bens de pessoa indiciada por crime de que
resulta prejuzo para a fazenda pblica, ou por crime definido no Livro 11, Ttulos
V, VI e VIl da Consolidao das Leis Penais desde que dele resulte locupletamento
ilcito para o indiciado.
Joo, inconformado pelo fato de que apenas os seus bens foram atingidos pela de-
ciso, impetrou mandado de segurana pedindo que os bens dos outros rus (Pedro
e Tiago) tambm fossem sequestrados. Alegou que a medida constritiva deveria ter
recado sobre os bens de todos os acusados, sob pena de ofensa aos princpios da
isonomia e da proporcionalidade.
~
O mandado de segurana de Joo ter xito?
NO.
zw
O corru (partcipe ou coautor) que teve seus bens sequestrados no mbito de c..
o
denncia por crime de que resulta prejuzo para a Fazenda Pblica (Decreto-Lei "'
"'w
u
3.240/1941) no tem legitimidade para postular a extenso da constrio aos o
demais corrus, mesmo que o Ministrio Pblico tenha manejado medida cau- "'c..
telar de sequestro de bens somente em relao quele.
STJ. 6 Turma. RMS 48.61g-RS, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 15/9/2015
(lnfo 570).
Aplicao analgica dos arts. 61 e 62 da Lei de Drogas para crimes regidos pelo CPP
Os arts. 61 e 62 da Lei 11.343/2006 permitem que, aps autorizao judicial, ve-
culos, embarcaes, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte sejam
utilizados pela autoridade de polcia judiciria, comprovado o interesse pblico.
O juiz poder autorizar que a aeronave seja utilizada pelo rgo mesmo o ru
no respondendo por trfico de drogas?
SIM. possvel a aplicao analgica dos arts. 61 e 62 da Lei 11.343/2006 para
admitir a utilizao pelos rgos pblicos de aeronave apreendida no curso da
persecuo penal de crime no previsto na Lei de Drogas, sobretudo se presente
o interesse pblico de evitar a deteriorao do bem. O art. 3 do CPP afirma que a
lei processual penal admitir interpretao extensiva e aplicao analgica, bem
como o suplemento dos princpios gerais de direito. Assim, possvel a aplicao
da Lei de Drogas para crimes regidos pelo CPP com base no uso da analogia.
STJ. 6 Turma. REsp 1-42o.g6o-MG, Rei. Min. Sebastio Reis Jnior, julgado em 24/2/2015
(lnfo 556}.
~
SIM. O advogado postula, em juzo ou fora dele, fazendo prova do mandato (art. 5
da Lei no 8.go6/94).
"Mandato" o ato por meio do qual uma pessoa recebe de outra poderes para, em zw
o.
seu nome, praticar atos ou administrar interesses. o
A procurao o instrumento do mandato, ou seja, o documento ("papel") que
"'"'uw
o
prova que o mandante outorgou um mandato para o mandatrio. "'o.
Vale ressaltar uma exceo: em caso de urgncia, o advogado pode atuar em nome
de seu cliente mesmo sem procurao, obrigando-se, contudo, a apresent-la no
prazo de 15 dias, prorrogvel por igual perodo (art. 5, 1).
Para que o Defensor Pblico represente o assistido, necessrio que este outorgue
uma procurao?
NO. Defensor Pblico no advogado. Logo, a ele se aplica regramento prprio,
materializado na LC n 8o/g4. Este diploma prev que uma das prerrogativas dos
membros da Defensoria Pblica a de representar a parte, em feito administrativo
ou judicial, independentemente de mandato, ressalvados os casos para os quais a
lei exija poderes especiais (arts. 44, XI, 8g, XI, e 128, XI).
Exceo de suspeio
As hipteses de suspeio do juiz no processo penal esto elencadas no art. 254 do CPP.
O art. g8 do CPP prev a forma como essa exceo dever ser proposta:
Art. g8. Quando qualquer das partes pretender recusar o juiz, dever faz-lo
em petio assinada por ela prpria ou por procurador com poderes especiais,
aduzindo as suas razes acompanhadas de prova documental ou do rol de tes-
temunhas.
Perceba, portanto, que, para ser arguida a exceo de suspeio do juiz, o CPP exige
procurao com poderes especiais. Outra opo o ru assinar a pea juntamente
com o defensor.
A razo para essa exigncia simples: na exceo de suspeio, o excipiente argu-
mentar que aquele magistrado possui algum fato que o impede de julgar a causa
com iseno. Tais alegaes, dependendo de como forem escritas, podem extrapo-
lar o exerccio regular de um direito e acabar ofendendo a honra do magistrado, o
que ensejaria uma ao penal proposta pelo juiz contra o defensor do ru. A fim de
evitar isso, o defensor dever explicar todas as consequncias ao seu cliente/assis-
tido e decidir, em conjunto, a melhor forma de propor essa exceo a fim de evitar
os excessos ou imputaes temerrias. O cliente/assistido, concordando, dever
outorgar ao defensor procurao com poderes especiais, na qual autoriza expres-
samente a propositura da exceo, evitando, assim, a responsabilizao criminal do
defensor em caso de crimes contra a honra do magistrado.
~
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo do bicho, ou praticar qual-
quer ato relativo sua realizao ou explorao:
Pena- priso simples, de quatro meses a um ano, e multa, de dois a vinte contos <(
zw
de ris. Q.
oVl
Determinado dia, Joo estava em sua moto coletando apostas do jogo do bicho Vl
w
u
quando foi abordado por policiais militares e levado at a Delegacia de Polcia. L 2
Q.
chegando, o Delegado instaurou um :ermo circunstanciado e liberou Joo com o
compromisso de que ele deveria comparecer no Juizado Especial Criminal no dia
marcado. Ocorre que a autoridade policial no liberou a motocicleta, que ficou reti-
da porque poderia constituir-se em instrumento da infrao penal.
Transao penal
No dia da audincia no Juizado, o Promotor ofereceu proposta de transao penal
consistente na obrigao de prestar servios comunidade por 6o horas.
Joo aceitou a transao e cumpriu a obrigao imposta.
O juiz prolatou, ento, sentena declarando extinta a punibilidade do agente, mas,
como pena acessria, o magistrado decretou a perda do bem apreendido (motoci-
gNULIDADE
g.1 CUMPRIMENTO DE BUSCA EAPREENSO
~
Resumindo:
chegaram para cumprir a diligncia, perceberam que a sede do banco ficava no oVl
Vl
w
3 andar. Diante disso, entraram em contato com o juiz substituto que autorizou, u
o
por meio de oficio sem maiores detalhes, a apreenso do HD na sede do banco. ""
<l.
do judicial especfico.
STF. 2 Turma. HC 1o6s66/SP, Rei. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/12/2014 (lnfo 772).
Habeas corpus
Dr. Pedro impetrou, ento, um habeas corpus contra sua priso alegando, em snte-
se, o seguinte:
a) o mandado de busca e apreenso, alm de ser genrico, no era dirigido a ele,
mas sim a um estagirio do escritrio de advocacia. Logo, os policiais envolvidos na
diligncia extrapolaram os limites do mandado de busca e apreenso;
b} a diligncia no foi acompanhada por representante da OAB, mas sim, casual-
mente, por um advogado que passava por l, tendo sido descumprida a regra do
6, do art. 7, da Lei n 8.go6/94 (Estatuto da OAB):
Art. 7 So direitos do advogado:
(... )
11- a inviolabilidade de seu escritrio ou local de trabalho, bem como de seus
instrumentos de trabalho, de sua correspondncia escrita, eletrnica, telefnica
e telemtica, desde que relativas ao exerccio da advocacia;
(... )
6 Presentes indcios de autoria e materialidade da prtica de crime por parte
de advogado, a autoridade judiciria competente poder decretar a quebra da
inviolabilidade de que trata o inciso li do caput deste artigo, em deciso motiva-
da, expedindo mandado de busca e apreenso, especfico e pormenorizado, a ser
cumprido na presena de representante da OAB, sendo, em qualquer hiptese,
vedada a utilizao dos documentos, das mdias e dos objetos pertencentes a
clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de traba-
lho que contenham informaes sobre clientes.
A tese defendida no habeas corpus foi acolhida pelo STJ? A apreenso da arma e da
droga foi ilegal?
NO. O STJ entendeu que a apreenso foi lcita.
Art. 565. Nenhuma das partes poder arguir nulidade a que haja dado causa,
ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observncia s
parte contrria interesse.
Resumindo:
A LC So/94 (Lei Orgnica da Defensoria Pblica) prev, como uma das prerroga-
tivas dos Defensores Pblicos, que eles devem receber intimao pessoal (arts.
44, I, 89, I e 128, 1).
Se uma deciso ou sentena proferida pelo juiz na prpria audincia, estan-
do o Defensor Pblico presente, pode-se dizer que ele foi intimado pessoalmente
naquele ato ou ser necessrio ainda o envio dos autos Defensoria para que a
intimao se torne perfeita?
Para que a intimao pessoal do Defensor Pblico se concretize, ser necessria
ainda a remessa dos autos Defensoria Pblica.
Segundo decidiu o STF, a intimao da Defensoria Pblica, a despeito da presen-
a do defensor na audincia de leitura da sentena condenatria, se aperfeioa
com sua intimao pessoal, mediante a remessa dos autos.
STF. 2 Turma. HC 125270/DF, Rei. Min. Teori Zavascki,julgado em 23/6/2015 (Jnfo 791).
Para maiores informaes, veja tpico sobre Defensoria Pblica no captulo de Direito
Constitucional.
~
STF. 1 Turma. HC u6o81/RS, Rei. Min. Rosa Weber,julgado em 25/8/2015 (lnfo 796).
<t
95 DESCONSTITUIO DE ACRDO DE REVISO CRIMINAL QUE FOI PU- zw
0..
BLICADO COM FRAUDE oVI
VI
w
u
Imagine a seguinte situao adaptada: oQ!
0..
Joo foi condenado por sentena que transitou em julgado.
Depois de um ano, Joo ajuizou reviso criminal pedindo a desconstituio da con-
denao.
O Tribunal de Justia votou no sentido de negar o pedido do ru.
Apesar disso, por uma fraude, o resultado do julgamento foi alterado e a proclama-
o saiu como se o pedido do ru houvesse sido aceito e ele tivesse sido absolvido
na reviso criminal.
O acrdo "fraudulento" foi publicado, tendo o Ministrio Pblico sido intimado e
no apresentado recurso, razo pela qual houve o trnsito em julgado da reviso
criminal.
O STJ concordou com a providncia adotada pelo TJ? O TJ poderia ter tomado essa
providncia de ofcio?
SIM.
~
argumento de defesa, suposta inobservncia segurana jurdica quando a estabi-
lidade da deciso que se pretende seja obedecida assentada justamente em situa-
o de fato e em comportamento processual que o ordenamento jurdico visa coibir. zw
0..
.
g.6 CONSTITUICO DE NOVO MANDATRIO E REVOGACO TCITA DA . oVl
Vl
w
u
PROCURACO ANTERIOR o
"'
0..
~
AGNCIA PRPRIA AGNCIA AGNCIA DE CORREIOS
DOS CORREIOS FRANQUEADA COMUNITRIA
IMPORTANTE!!!
Constatado o trnsito em julgado de duas decises condenando o agente pela
prtica de um nico crime- a primeira proferida por juzo estadual absoluta-
mente incompetente e a segunda proferida pelo juzo federal constitucional-
mente competente-, a primeira condenao deve ser anulada caso se verifi-
que que nela fora imposta pena maior do que a fixada posteriormente.
Ex.: Joo praticou um roubo, com arma de fogo, contra uma agncia prpria dos
Correios. Logo, a competncia seria da Justia Federal (art. 109, IV, da CF/88). Ocorre
que, por equvoco, foram iniciados dois processos sobre este mesmo crime: um na
Justia Estadual e outra na Justia Federal. Assim, Joo foi condenado a 8 anos pelo
crime na Justia Estadual. Esta sentena transitou em julgado. Dois meses depois,
Joo foi novamente condenado, pelo mesmo delito, na Justia Federal, recebendo
uma pena de 6 anos de recluso. Essa deciso tambm transitou em julgado.
STJ. 53 Turma. HC 297-482-CE, Rei. Min. Felix Fischer,julgado em 12/5/2015 (lnfo 562).
~
endereo);
expor o fato criminoso, com todas as suas circunstncias (ex.: no dia 10/10!2o10,
s wh, na rua 10, do Bairro Parque 10, na cidade de !VIanaus!AM, o acusado subtraiu
para si um relgio, marca X..., de propriedade da vtima X. .., agindo com destreza, w
C-
Cdigo Penal);
arrolar testemunhas (se necessrio).
~ O juiz pode, mesmo antes da sentena, proceder correta adequao tpica dos
' fatos narrados na denncia para viabilizar, desde logo, o reconhecimento de di-
reitos do ru caracterizados como temas de ordem pblica decorrentes da re-
classificao do crime. (STJ. 6 Turma. HC 241.206/SP, Rei. Min. Nefi Cordeiro, jul-
gado em 11/11/2014. lnfo 553)
processual oportuno para a emendatio libelli, a teor do art. 383 do CPP. oV1
V1
w
Vale destacar, contudo, que existe importante corrente doutrinria e jurispru- L
c
dencial que afirma ser possvel, excepci<malmente, a correo do enquadra- "'o.
mento tpico logo no ato de recebimento da denncia ou queixa em dois casos:
para beneficiar o ru; ou
para permitir a correta fixao da competncia ou do procedimento a ser
adotado.
Em um caso concreto divulgado no Informativo 553, o STJ decidiu que o juiz
pode, mesmo antes da sentena, proceder correta adequao tpica dos fatos
narrados na denncia para viabilizar, desde logo, o reconhecimento de direitos
do ru caracterizados como temas de ordem pblica decorrentes da reclassifi-
cao do crime.
STJ. 6" Turma. HC 241.206-SP, Rei. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 11/11/2014 (lnfo 553).
SITUAC01
............................................................................................................................
SITUAC02
............................................................................................................................
O ru foi denunciado pelo crime "X'~ na forma dolosa, tendo o MP reafirmado essa
tipificao nos memoriais ("alegaes finais"). Vale ressaltar que nem na denncia
nem em qualquer outra pea processual, o MP falou em negligncia, imprudncia
ou impercia. O juiz poder condenar o acusado pelo crime "X'~ na forma culposa,
mesmo que no haja aditamento da denncia na forma do art. 384 do CPP?
NO.
~
probatria, o juzo criminal poder deixar de fixar o valor mnimo, que dever ser
apurado em ao civil;
<t
c) quando a vtima j tiver sido indenizada no juzo cvel. zw
o.
O exemplo citado nesta letra "b"foi justamente o que ocorreu no julgamento do oVl
Vl
w
"Mensalo". O STF rejeitou o pedido formulado pelo MPF, em sede de alegaes u
o
finais, no sentido de que fosse fixado valor mnimo para reparao dos danos "'
o.
causados pelas infraes penais, sob o argumento de que a complexidade dos
fatos e a imbricao de condutas tornaria invivel assentar o montante mni-
mo. Assim, no haveria como identificar com preciso qual a quantia devida por
cada ru, o que s seria possvel por meio de ao civil, com dilao probatria
para esclarecimento desse ponto {Plenrio. AP 470/MG, rei. Min. Joaquim Barbo-
sa, 17/12/2012).
g) O condenado poder impugnar o valor fixado na forma do art. 387, IV do CPP por
meio de um habeas corpus?
NO. A via processual do habeas corpus no adequada para impugnar a reparao
civil fixada na sentena penal condenatria, com base no art. 387, IV do CPP, tendo
em vista que a sua imposio no acarreta ameaa, sequer indireta ou reflexa,
liberdade de locomoo (STJ. 6a Turma. AgRg no AgRg no REsp 1519523/PR, Rei. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 0111o/2o1s).
Denncia f
O Ministrio Pblico denunciou Joo pela prtica do crime de roubo, narrando ape-
nas a subtrao dos R$ 100 mil pertencentes ao banco.
"No dia 12/12/2012, por volta das 12h, na agncia do Banco XXX, localizada na rua
XXX, Centro, em Belo Horizonte, o denunciado, em unidade de desgnios com tercei-
ro no identificado, mediante grave ameaa aos presentes, consistente no empre-
go de armas de fogo, anunciou o assalto e subtraiu para si cerca de R$1oo mil (cem
mil reais) do referido estabelecimento".
O ru foi condenado a 7 anos de recluso, tendo a sentena transitada em julgado
em setembro/2013.
Dennciaz
Em 2014, o Ministrio Pblico ofereceu nova denncia contra Joo, desta vez pela
prtica do crime de roubo, narrando a subtrao do relgio de ouro e do celular
pertencentes ao gerente.
"No dia 12/12/2012, por volta das 12h, na agncia do Banco XXX, localizada na rua
XXX, Centro, em Belo Horizonte, o denunciado, em unidade de desgnios com ter-
ceiro no identificado, mediante grave ameaa aos presentes, consistente no em-
prego de armas de fogo, subtraiu 01 relgio da marca Rol ex e 01 celular lphone, de
~
propriedade de Fulano de Tal."
11 RECURSOS
11.1 MANUTENO DO REGIME INICIAL FIXADO, MAS COM FUNDAMEN-
TACO DIVERSA
SITUAC01
.....................................................................................................
SITUAC02
............................................................................................................................
~
no tinha como fornecer as informaes no prazo exigido.
O Tribunal negou provimento ao agravo de instrumento.
Agora o Facebook deseja opor embargos de declarao contra a deciso no agravo zw
o.
de instrumento. o
V>
V>
w
u
Diante disso, surgiu a seguinte dvida: qual o prazo para os embargos de decla- o
rao neste caso? Aplica-se o prazo de 2 dias previsto no art. 619 do CPP ou incide ""o.
o prazo de 5 dias trazido pelo art. 536 do CPC 1973?
5 dias. de 5 dias {art. 536 do CPC/1973)- e no dez dias {art. 619 do CPP)- o
prazo para a oposio, por quem no seja parte na relao processual penal, de
embargos de declarao contra acrdo que julgou agravo de instrumento ma-
nejado em face de deciso, proferida por juzo criminal, que determinara, com
base no art. 3 do CPP, o pagamento de multa diria prevista no CPC/1973 em
razo de atraso no cumprimento de ordem judicial de fornedmento de infor-
maes decorrentes de quebra de sigilo no mbito de inqurito policial.
STJ. 6" Turma. REsp 1.455ooo-PR, Rei. originria Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rei. para
acrdo Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/3/2015 (lnfo 559).
e que no esteja sendo processado ou no tenha sido condenado por outro crime,
desde que presentes os demais requisitos que autorizariam a suspenso condi-
cional da pena (art. 77 do Cdigo Penal).
Perodo de prova
Caso o acusado aceite a proposta, o processo ficar suspenso, pelo prazo de 2 a 4
anos (perodo de prova), desde que ele aceite cumprir determinadas condies im-
postas pela lei e a outras que podem ser fixadas pelo juzo.
Perodo de prova , portanto, o prazo no qual o processo ficar suspenso, devendo o
acusado cumprir as condies impostas neste lapso temporal. O perodo de prova
estabelecido na proposta de suspenso e varia de 2 at 4 anos.
12.2 CABIMENTO
~
Joo visit-lo na unidade prisional. Diante disso, o condenado impetrou habeas cor-
pus afirmando que essa deciso foi ilegal. O STF no conheceu do HC por entender
que este no o meio processual adequado, j que o presente caso no envolve
liberdade de locomoo do apenado. zw
c..
oVI
VI
12.4 DESNECESSIDADE DE PREOUESTIONAMENTO EM HC w
u
~
c..
Imagine a seguinte situao adaptada:
O Ministrio Pblico Federal ofereceu denncia contra determinado Juiz Federal.
O Tribunal Regional Federal, rgo competente para julgar magistrados federais de
1instncia, recebeu a denncia.
Contra essa deciso de recebimento, o magistrado impetrou habeas corpus no STJ ale-
gando que as interceptaes telefnicas que embasaram a acusao foram ilegais.
O STJ no conheceu da impetrao afirmando que o habeas corpus impetrado foi
substitutivo de recurso especial, e que a tese alegada no writ no foi previamente
enfrentada pelo TRF. Assim, para o STJ, somente aps o Tribunal enfrentar e recha-
ar essa tese (ilegalidade da prova) que a defesa poderia impetrar HC questionan-
do a deciso.
Reviso criminal ..
uma ao autnoma de impugnao
de competncia originria dos Tribunais (ou da Tuma Recursal no caso dos Jui-
zados)
por meio da qual a pessoa condenada requer ao Tribunal
que reveja a deciso que a condenou (e que j transitou em julgado)
sob o argumento de que ocorreu erro judicirio.
CPP/Art. 623- f... reviso poder ser pedida pelo prprio ru ou por procurador le-
galmente hab:litado ou, no caso de morte do ru, pelo cnjuge, ascendente, des-
cendente ou irmo.
UTILIZACO DA JUSTJFICACO
............................................ CRIMINAL PARA NOVA OITIVA DA VTIMA
-: ............................................................................... .
Diante do exposto, indaga-se: mesmo tendo havido o trnsito em julgado, ser pos-
svel tomar alguma providncia em favor do condenado?
SIM. Ser possvel, em tese, propor uma reviso criminal em favor de Joo.
~
l i - quando a sentena condenatria se fundar em depoimentos, exames ou
documentos comprovadamente falsos;
111- quando, aps a sentena, se descobrirem novas provas de inocncia do conde-
zw
nado ou de circunstncia que determine ou autorize diminuio especial da pena. 0..
o
No exemplo dado acima, a situao se enquadra na hiptese descrita no inciso "'w
"'
u
111. Isso porque a retratao da vtima considerada uma prova substancialmente o
nova da inocncia do condenado. "'
0..
Joo, por intermdio de seu advogado, poder ajuizar a reviso criminal com base
na declarao da vtima lavrada por meio de escritura pblica? Essa reviso criminal
teria xito?
NO.
A via adequada para nova tomada de deClaraes da vtima com vistas possi-
bilidade de sua retratao o pedido de justificao (art. 861 do CPC 1973 I art.
381, 5 do CPC 2015}, ainda que ela j tenha se retratado por escritura pblica.
STJ. 6 Turma. RHC 58.442-SP, Rei. Min. Sebastio Reis Jnior,julgado em 25/8/2015 (lnfo 569).
Art. 5(... )
1) A reviso criminal pode ser aplicada no caso de condenaes proferidas pelo jri ou
haveria uma violao soberania dos veredidos? Em outras palavras, a reviso crimi-
nal de uma deciso conde1tatria do jri ofende o princpio da soberania dos veredictos?
NO. Cabe reviso criminal mesmo no caso de condenaes proferidas pelo Jri.
Assim, a condenao penal definitiva imposta pelo Jri tambm pode ser descons-
tituda mediante reviso criminal, no lhe sendo oponvel a clusula constitucional
da soberania do veredicto do Conselho de Sentena (STJ. s Turma. HC 137.504-BA,
Rei. Min. Laurita Vaz,julgado em 28/8/2012).
Argumentos:
A soberania dos veredicto5 do Jri, apesar de ser prevista constitucionalmente,
no absoluta, podendo a deciso ser impugnada, seja por meio de recurso, seja
por reviso criminal. A :::F no previu os veredictos como um poder incontrastvel
e ilimitado.
Segundo a doutrina, a soberania dos veredictos uma garantia constitucional
prevista em favor do ru (e no da sociedade).
Desse modo, se a deciso CiO jri apresenta um erro que prejudica o ru, ele pode-
r se valer da reviso criminal. No se pode permitir que uma garantia instituda
em favor do ru (soberani;; dos veredictos) acabe por prejudic-lo, impedindo que
ele faa uso da reviso crimina I.
Agora vem a pergunta mais polmica:
2) O Tribunal que ir julgar a reviso criminal, alm de fazer o juzo rescindente, po- .....
<(
der tambm efetuar o juzo rescisrio? Ex.: se o Tribunal de Justia entender que a zu.J
0...
deciso condenatria do jri foi contrria evidncia dos autos (ait. 621, I, do CPP), oVI
ele ter que apenas anular a deciso e determinar que outra seja proferida (juzo VI
u.J
u
rescindente) ou poder, alm de desconstituir a deciso condenatria, julgar o caso o
e absolver desde logo o ru Quzo rescisrio}? ""
0...
!--..... (...)1. possvel, em sede de reviso criminal, a absolvio, por parte do Tribunal
..... de Justia, de ru condenado pelo Tribunal do Jri.
(... )
5 Em uma anlise sistemtica do instituto da reviso crirr,inal, observa-se que
entre as prerrogativas oferecidas ao Juzo de Reviso est expressamente co-
locada a possibilidade de absolvio do ru, enquanto a determinao de novo
julgamento seria consectrio lgico da anulao do proce~so. (... )
(REsp 964.978/SP, Rei. Min. Laurita Vaz, Rei. p/ Acrdo Min_ l.l.dilson Vieira Maca-
bu (Desembargador Convocado do TJ/RJ), Quinta Turma, julgado em 14/o8/2012,
DJe 30/o8/2o12)
13 EXECUO PENAL
13.1 TRABALHO INTERNO DO PRESO
Obrigatoriedade de trabalho dos presos
A Lei de Execues Penais (Lei n ].210/84) prev que o condenado pena privativa
de liberdade obrigado a trabalhar. Veja:
A CF/88, por sua vez, estabelece que proibida, no Brasil, a pena de trabalhos for-
ados:
Art. 5( ... )
XLVII- no haver penas:
c) de trabalhos forados;
Artigo 6
(... )
3. No constituem trabalhos forados ou obrigatrios para os efeitos deste
artigo:
a) os trabalhos ou servios normalmente exigidos de pessoa reclusa em cum-
primento de sentena ou resoluo formal expedida pela autoridade judiciria
competente. Tais trabalhos ou servios devem ser executados sob a vigilncia e
controle das autoridades pblicas, e os indivduos que os executarem no devem
ser postos disposio de particulares, companhias ou pessoas jurdicas de ca-
rter privado;
~
Assim, constitui falta grave na execuo penal a recusa injustificada do conde-
nado ao exerccio de trabalho interno.
STJ. 6 Turma. HC 264.989-SP. Rei. Min. Ericson Maranho,julgado em 4/8/2015 (lnfo 567). zw
a.
o
Vl
Situaes em que o trabalho no obrigatrio: Vl
w
u
o
O trabalho no obrigatrio ao: "'a.
preso provisrio (art. 31, pargrafo nico); e
ao preso poltico (art. 200 da LEP).
Requisito
Bom comportamento carcerrio durante a execuo (mrito).
SUBJETIVO
Requisito
Oitiva prvia do MP e do defensor do apenado( 1A do art. 112 da LEP}.
FORMAL
Requisito
Bom comportamento carcerrio durante a execuo (mrito).
SUBJETIVO
Requisito
Oitiva prvia do MP e do defensor do apenado( 1A do art. 112 da LEP}.
FORMAL
O 4 do art. 33 do CP CONSTITUCIONAL.
Vale ressaltar, no entanto, que, mesmo sem previso expressa, deve ser permi-
tido que o condenado faa o parcelamento do valor da dvida.
STF. Plenrio. EP 22 ProgReg-AgR/DF, Rei. Min. Roberto Barroso,julgado em 17/12/2014 {lnfo 772).
Fundamentos da concluso
Segundo o STF, em matria de crimes contra a Administrao Pblica- como tam-
bm nos crimes de colarinho branco em geral-, a parte verdadeiramente severa
da pena, a ser executada com rigor, h de ser a de natureza pecuniria. Esta, sim, <i
2
teria o poder de funcionar como real fator de preveno, capaz de inibir a prtica de u.
c.
crimes que envolvessem apropriao de recursos pblicos. cv
v
u.
A imposio da devoluo do produto do crime no constitui sano adicional, mas, 1...
c
apenas a restituio daquilo que foi indevidamente apropriado ou desviado. "'c.
Ademais, no o direito fundamental liberdade do condenado que est em dis-
cusso, mas, to somente, se a pena privativa de liberdade a ser cumprida deve se
dar em regime mais favorvel ou no, o que afasta a alegao quanto suposta
ocorrncia, no caso, de priso por dvida. Outrossim, a norma em comento no
a nica, prevista na legislao penal, a ter na reparao do dano uma importante
medida de poltica criminal. Ao contrrio, basta uma rpida leitura dos principais
diplomas penais brasileiros para constatar que a falta de reparao do dano: a)
pode ser causa de revogao obrigatria do "sursis"; b) impede a extino da puni-
bilidade ou mesmo a reduo da pena, em determinadas hipteses; c) pode acarre-
tar o indeferimento do livramento condicional e do indulto; d) afasta a atenuante
genrica do art. 65, 111, "b", do CP, entre outros.
~
Pblica por meio de execuo 'fiscal.
Importante, no entanto, esclarecer que, mesmo com essa mudana feita pela Lei n
g.268/g6,a multa continua tendo carter de sano criminal, ou seja, permanece z
w
0..
sendo uma pena. o
V\
V\
w
Esse entendimento no viola a regra constitucional segundo a qual no existe pri- u
o
so civil por dvida? ""
0..
NO. No se est prendendo algum por causa da dvida, mas apenas impedindo
que se tenha direito progresso de regime em virtude do descumprimento de
um dever imposto ao condenado. O benefcio da progresso exige do sentenciado
"autodisciplina e senso de responsabilidade" (art. 114, li da LEP), o que pressupe o
cumprimento das decises judiciais que a ele so aplicadas.
Mais um novo requisito objetivo:
Desse modo, o STF "cria" um novo requisito objetivo para a progresso de regime: o
apenado dever pagar integralmente o valor da multa que foi imposta na condena-
o ou, ento, provar a absoluta impossibilidade econmica do apenado em quitar
a multa, ainda que parceladamente.
SIM. Segundo afirmou o Min. Relator Gil mar Mendes a priso para extradio no
impede o juzo da execuo oenal de deferir progresso de regime; "no entanto,
essa providncia ser ineficaz at que o STF delibere acerca das condies da priso
para extradio".
Em outras palavras, possvel que seja deferida a progresso de regime ao apenado
que aguarda o cumprimento da ordem de extradio, mas isso s poder ser con-
cretizado pelo juzo das execLes Uuiz de la instncia) depois que o STF concordar.
Para o Ministro, cabe ao STF deliberar acerca de eventual adaptao das condies
da priso para extradio ao regime prisional da execuo penal. Assim, depois que
o juzo da execuo afirmar ::jUe os requisitos para a progresso esto preenchi-
Resumindo:
O reeducando que esteja no regime aberto dever cumprir pena em casa de al-
bergado ou estabelecimento adequado.
Caso no exista casa de albergado na cidade ou se existir, mas no houver vagas,
este condenado dever cumprir a pena em priso domiciliar at que surja vaga.
{STJ. 6 Turma. HC 216.828-RS, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
em 2/2/2012).
3) Imagine agora que no existe Casa do Albergado na localidade. Por conta disso,
os presos que esto no regime aberto cumprem pena no presdio, mas em um local
destinado apenas para eles, separado dos presos do regime fechado. Essa situafO
ilegal? O preso dever receber priso domiciliar?
A situao no ilegal, NO sendo necessria a concesso do regime prisional do-
miciliar.
~
gera o reconhecimento de !iireito ao benefcio da priso domiciliar quando o
paciente estiver cumprindo a reprimenda em locai compatvel com as regras do
regime aberto.
<(
Quando no h Casa do Albergado na localidade, o STJ tem admitido, excep- zw
0..
cionalmente, a concesso da priso domiciliar. Todavia, na hiptese em que o o
Vl
ru, em face da inexistncia de casa de albergado, esteja cumprindo pena em Vl
w
u
local compatvel com as regras do regime aberto- tendo o juzo da execuo o
providenciado a infraestrutura necessria, atento ao princpio da razoabilidade "'
0..
Previso
A sada temporria encon:ra-;e disciplinada nos arts. 122 a 125 da Lei n p1o/84 (LEP).
Requisitos
A concesso da sada temporria depender da satisfao dos seguintes requisitos
(art. 123 da LEP):
I - comportamento adequado do reeducando;
chamado de requisito 5ubjetivo. Normalmente, comprovado por meio da certi-
do carcerria fornecida ::>ela administrao penitenciria.
11- cumprimento mnimo de 1/6 da pena (se for primrio) e 1/4 (se reincidente).
Trata-se do requisito objetivD.
Deve-se lembrar que o ar:;enado s ter direito sada temporria se estiver no regi-
me semiaberto. No entanto, a jurisprudncia permite que, se ele comeou a cumprir
a pena no regime fechado e depois progrediu para o semiaberto, aproveite o tempo
que esteve no regime fechado para preencher esse requisito de 1/6 ou 1/4. Em ou-
tras palavras, ele no precisa ter 1/6 ou 1/4 da pena no regime semiaberto. Poder se
valer do tempo que cumpriu no regime fechado para preencher o requisito objetivo.
Com outras palavras, foi iss::> o que o STJ quis dizer ao editar a Smula 40: "Para
obteno dos benefcios de sada temporria e trabalho externo, considera-se o ....
<(
zw
tempo de cumprimento :Ja pena no regime fechado." . 0..
o
V>
111- compatibilidade do beneficio com os objetivos da pena. V>
w
u
Ressalte-se que o simple; fa:o de o condenado que cumpria pena no regime fecha- o
do ter progredido para c regime semiaberto no significa que, automaticamente, "'
0..
ele ter direito ao benefcio ::la sada temporria. isso porque o juiz dever analisar
se ele preenche os demais requisitos do art. 123 da LEP (STJ. 6a Turma. RHC 49.812/
BA, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em o6/11/2014).
Art. 124. A autorizao ser concedida por prazo no superior a 7 (sete) dias, po-
dendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
(... )
2 Quando se tratar de frequncia a curso profissionalizante, de instruo de
ensino mdio ou superior, o tempo de sada ser o necessrio para o cumprimen-
to das atividades discentes.
3 Nos demais casos, as autorizaes de sada somente podero ser concedi-
das com prazo mnimo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e
outra.
Prazo mximo de 35 dias divididos em menos tempo, com mais sadas por ano:
Vimos acima que, como regra, por ano, o apenado tem direito a 5 sadas tempo-
rrias, cada uma de, no mximo, 7 dias. Isso significa que, somando todas as 5, a
pessoa tem direito a, no mximo, 35 dias de sada temporria por ano.
Diante disso, surgiu a seguinte dvida: seria possvel que o condenado tivesse mais
que 5 sadas por ano, se fosse respeitado o prazo mximo de 35 dias por ano? A ju-
risprudncia entendeu que sim.
Para o STJ, podem ser concedidas mais que 5 sadas temporrias ao longo do ano,
desde que seja respeitado o prazo mximo de 35 dias por ano (AgRg no REsp 1406883/
RJ,julgado em 18/12/2014).
Ex.: o juiz pode autorizar que o condenado saia 7 vezes por ano, desde que em cada
uma dessas sadas ele s fique at 5 dias fora, com o objetivo de no extrapolar o
limite anual de 35 dias por ano.
Condies
Ao conceder a sada temporria, o juiz impor ao beneficirio as seguintes condi-
es legais (obrigatrias):
1- o condenado dever fornecer o endereo onde reside a famlia a ser visitada ou
onde poder ser encontrado durante o gozo do benefcio;
l i - o condenado dever se comprometer a ficar recolhido na residncia visitada,
no perodo noturno;
111- o condenado no poder frequentar bares, casas noturnas e estabelecimen-
tos congneres.
Alm dessas, o juiz pode fixar outras condies que entender compatveis com as
circunstncias do caso e a situao pessoal do condenado. Nesse caso, chamamos
de condies judiciais (ou facultativas).
STJ:NO STF:SIM
Aautorizao das sadas temporrias ato legtima a deciso judicial que estabelece
jurisdicional da competncia do Juzo das calendrio anual de sadas temporrias
Execues Penais, que deve ser motivada para visita famlia do preso.
com a demonstrao da convenincia de Para 0 STF, um nico ato judicial que ana li-
cada medida. sa o histrico do sentenciado e estabelece
Desse modo, no possvel delegar ao um calendrio de sadas temporrias, com
administrador do presdio a fiscalizao a expressa ressalva de que as autorizaes
sobre diversas sadas temporrias, auto- podero ser revistas em caso de cometi-
rizadas em nica deciso, por se tratar de mento de infrao disciplinar, mostra-se
atribuio exclusiva do magistrado das suficiente para fundamentar a autorizao
execues penais, sujeita ao fiscaliza- de sada temporria.
dora do Parquet. o Min. Gil mar Mendes apontou que, em
Assim, no legtima a prtica de se per- regra, os requisitos das sadas temporrias
mitir sadas temporrias automatizadas. so os mesmos, independentemente
A Smula 520 foi editada h pouco tempo (25/03/2015}, mas possvel que seja
cancelada pelo STJ diante do entendimento acima manifestado pelo STF.
Previso legal
As regras sobre o livramento condicional esto elencadas nos arts. 83 a go do CP e
arts. 131 a 146 da LEP.
Requisitos
Para que o condenado tenha direito ao livramento condicional, dever atender aos
seguintes requisitos:
----- ....................................................................................... .
O condenado deve ter:
1. sido sentenciado a uma pena privativa de liberdade igual ou
superior a 2 anos;
2. reparado o dano causado com o crime, salvo se for impossvel
faz-lo;
3. cumprido parte da pena, quantidade que ir variar conforme ele
seja reincidente ou no:
condenado no reincidente em crime doloso e com bons antece-
dentes: basta cumprir mais de 1/3 (um tero) da pena. chamado
Requisitos
OBJETIVOS de livramento condicional SIMPLES;
condenado reincidente em crime doloso: deve cumprir mais de
1/2 (metade) da pena para ter direito ao benefcio. o livramento
condicional QUALIFICADO;
condenado por crime hediondo ou equiparado, se no for reinci-
dente especfico em crimes dessa natureza: deve cumprir mais de
2/3 (dois teros) da pena. o livramento condicional ESPECFICO;
condenado por crime hediondo ou equiparado, se for reincidente
especfico em crimes dessa natureza: no ter direito a livramen-
to condicional.
------
O condenado deve ter:
1. bom comportamento carcerrio, a ser comprovado pelo diretor
da unidade prisional;
2. bom desempenho no trabalho que lhe foi atribudo;
Requisitos 3. aptido para prover a prpria subsistncia mediante trabalho
SUBJETIVOS honesto;
4 para o condenado por crime doloso, cometido com violncia
ou grave ameaa pessoa, a concesso do livramento ficar
tambm subordinada constatao de condies pessoais que
faam presumir que o liberado no voltar a delinquir.
------ .................................................................................................
Recapitulando:
quando o ru praticou o delito 1, ele era primrio;
quando cometeu o delito 2, a condenao pelo primeiro no havia transitado em
julgado, de forma que podemos dizer que ele ainda era primrio;
quando perpetrou o delito 3, a sim, ele j era reincidente.
O juiz das execues penais unificou as trs condenaes impostas contra Joo e
ele iniciou o cumprimento da pena.
O juiz das execues penais dever somar todas as penas e exigir o cumprimento o
de 1/2 do somatrio (livramento condicional qualificado) por ser o ru reincidente.
"'
"'
u.J
u
oc.:
Segundo decidiu o STJ, na definio do requisito objetivo para a concesso de <l.
O art. 126 da LEP estabelece que o "condenado que cumpre a pena em regime fecha-
do ou semiaberto poder remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de exe-
cuo da pena". Desse modo, o dispositivo em tela no prev expressamente a leitu-
ra como forma de remio. No entanto, o estudo est estreitamente ligado leitura
e produo de textos, atividades que exigem dos indivduos a participao efetiva
enquanto sujeitos ativos desse processo, levando-os construo do conhecimento.
A leitura em si tem funo de propiciar a cultura e possui carter ressocializador,
at mesmo por contribuir na restaurao da autoestima. Alm disso, a leitura di-
minui consideravelmente a ociosidade dos presos e reduz a reincidncia criminal.
Sendo um dos objetivos da LEP, ao instituir a remio, incentivar o bom comporta-
mento do sentenciado e sua readaptao ao convvio social, impe-se a interpreta-
o extensiva do mencionado dispositivo.
possvel computar a remio pelo estudo ainda que as aulas ocorram durante fi-
nais de semana e dias no-teis?
SIM.
~
A pergunta que surge a seguinte: a remio pelo trabalho abrange apenas o tra-
balho interno ou tambm o externo? Se o preso que est no regime fechado ou se-
miaberto autorizado para realizar_trabalho externo, ele ter direito remio? <(
zw
0..
SIM. o
"'"'uw
'MPftJ'Al!f~lfl o
""
0..
DISCIPLINA
O condenado que est cumprindo pena, bem como o preso provisrio, possuem o
dever de cumprir determinadas normas disciplinares.
A LEP trata sobre o tema nos arts. 44 a 6o.
FALTAS DISCIPLINARES
Caso o indivduo descumpra alguma das normas de disciplina impostas, dizemos
que ele praticou uma fa ta disciplinar. ...J
<{
z
....
As faltas disciplinares ci:Jssificam-se em: leves, mdias e graves. c..
o
Faltas leves e mdias: so definidas pela legislao local (estadual), que dever "'
"'....u
prever ainda as punies aplicveis. o
Faltas graves: esto previstas nos arts. 50 a 52 da LEP. ""c..
Vale lembrar que a competncia para legislar sobre direito penitencirio concor-
rente, conforme determina o art. 24, I, da CF/88.
SANCES DISCIPLINARES
"!
Se ficar realmente comprovado que o reeducando praticou uma falta, ele receber
uma sano disciplinar.
Como vimos, no caso de faltas leves e mdias, as sanes disciplinares devem ser
definidas pela lei estadual.
Na hiptese de faltas graves, a prpria LEP quem as prev.
Quais sanes so essas que somente podem ser aplicadas pelo juiz da execuo?
Elas esto previstas no pargrafo nico do art.48:
Pargrafo nico. Nas faltas graves, a autoridade representar ao Juiz da execu-
o para os fins dos artigos 118, inciso I, 125,127,181, 1, letra d, e 2 desta Lei.
regresso de regime (art. 118, I);
perda (revogao) do direito sada temporria (art. 125);
perda de dias remidos pelo trabalho (art. 127);
converso da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade (art. 181, 1,
"d" e 2).
Antes de representar ao juiz, o diretor do presdio deve apurar a conduta do deten-
to, identific-la como falta leve, mdia ou grave, aplicar as medidas sancionat-
rias que lhe competem, no exerccio de seu poder disciplinar, e, somente aps esse
procedimento, quando ficar constatada a prtica de falta disciplinar de natureza
grave, comunicar ao juiz da Vara de Execues Penais para que decida a respeito
das referidas sanes de sua competncia, sem prejuzo daquelas j aplicadas pela
autoridade administrativa (Min. Marco Aurlio Bellizze).
NOCES GERAIS
... . ! ............... ... ....... o o o
Como vimos acima, caso o indivduo descumpra alguma das normas de disciplina
impostas, dizemos que ele praticou uma falta disciplinar.
As faltas disciplinares classificam-se em: leves, mdias e graves.
Para que seja aplicada a sano disciplinar por falta grave, exige-se a realizao de
processo administrativo disciplinar?
SIM. Conforme vimos acima, a aplicao das sanes disciplinares somente poder
ocorrer aps ter sido instaurado procedimento administrativo disciplinar. Isso est
previsto expressamente na LEP e na Smula 533 do STJ.
Se o Estado demorar muito tempo para punir o condenado que praticou uma falta
disciplinar, poder haver a prescrio? Existe prescrio de infraes disciplinares?
SIM. Existe prescrio de infraes disciplinares.
Equal o prazo?
No existe lei federal prevendo prazo prescricional. Por essa razo, a jurisprudncia
aplica, por analogia, o menor prazo prescricional existente no Cdigo Penal, qual
seja, o de 3 anos, previsto no art. 109, VI, do CP.
Obs.1: a prtica de crime culposo no configura falta grave (ok, eu sei que bvio,
mas eu precisava dizer).
Obs.2: a prtica de delito preterdoloso considerada crime doloso para fins de falta
grave.
Obs.3: a doutrina afirma que a tentativa da prtica de crime doloso tambm confi-
gura falta grave em virtude do que dispe o art. 49, pargrafo nico, da LEP ("Pune-se
a tentativa com a sano correspondente falta consumada"). Assim, o apenado
que tenta praticar crime dcloso incorre em falta grave.
Reeducando pode perder o direito de abater os dias trabalhados caso pratique falta
grave
A jurisprudncia afirma que a remio um benefcio submetido clusula rebus
sic stantibus, ou seja, um benefcio que s vale se as coisas permanecerem do jeito
que esto. Isso porque o condenado poder perder o direito de remir parte dos dias
trabalhados caso pratique falta grave, conforme previsto no art. 127 da LEP:
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poder revogar at 1/3 (um tero) do tempo
remido, observado o disposto no art. 57, recomeando a contagem a partir da
data da infrao disciplinar.
Quando o art. 127 fala que o juiz PODER revogar at 1/3 do tempo remido, isso sig-
nifica que o magistrado tem a possibilidade de, mesmo tendo sido praticada uma
~
falta grave, deixar de revogar o tempo remido? A revogao do tempo remido
uma faculdade do juiz? Ele pod deixar de faz-lo?
NO.
w
A prtica de falta grave impe a decretao da perda de at 1/3 dos dias remi- u
o
dos, devendo a expresso "poder", contida no art. 127 da Lei n 7.210/84, ser "'
0..
A perda dos dias remidos no pode alcanar os dias trabalhados (ou de estudo}
aps o cometimento da falta grave. Caso contrrio, isso iria desestimular o tra-
balho/estudo do preso que praticou falta grave. Como ele j foi condenado pela
falta grave, o novo trabalho/estudo seria para ele intil j que seria utilizado
apenas para "pagar" a pena da falta grave cometida no passado.
Desse modo, a falta grave s acarreta a perda dos dias trabalhados/estudados
antes da infrao disciplinar.
STJ. 6"Turma. REsp 1.517.936-RS, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 1/10/2015
(lnfo 571).
Smula 535-STJ: A prtica de falta grave no interrompe o prazo para fim de co-
mutao de pena ou indulto.
STJ. 3 Seo. Aprovada em 1o/o6/2015, Dje 15/o6/2015.
Exemplo:
O Presidente da Repblica editou um Decreto Presidencial concedendo o "indulto
natalino" para aqueles que tivessem cumprido 1/3 da pena.
Joo j cumpriu 1/3 da pena (requisito objetivo). Ocorre que ele praticou, h um
ms, falta grave.
O juiz negou a concesso do indulto, afirmando que, como o condenado praticou
falta grave, a contagem do prazo dever ser interrompida (reiniciar-se do zero).
Ocorre que o Decreto no previu isso.
Desse modo, essa exign:ia imposta pelo juiz ilegal e no pode ser feita.
No cabe ao magistrado criar pressupostos no previstos no Decreto Presidencial,
para que no ocorra violao do princpio da legalidade.
Assim, preenchidos os r~quisitos estabelecidos no mencionado Decreto, no h
como condicionar ou impedir a concesso da comutao da pena ao reeducando
sob nenhum outro fundamento, sendo a sentena meramente declaratria.
EXECUO PENAL
Consequncias decorrentes da prtica de FALTA GRAVE
ATRAPALHA NO INTERFERE
PROGRESSO: interrompe o prazo para a pro- LIVRAMENTO CONDICIONAL: no
gresso de regime. interrompe o prazo para obteno
REGRESSO: acarreta a regresso de regime. de livramento condicional (Smula
SADAS: acarreta a revogao das sadas tem- 441-STJ).
porrias. INDULTO E COMUTAO DE PENA:
REMIO: revoga at 1/3 do tempo remido. no interfere no tempo necessrio
concesso de indulto e comuta-
RDD: pode sujeitar o condenado ao RDD.
o da pena, salvo se o requisito for
DIREITOS: implica suspenso ou restrio de expressamente previsto no decreto
direitos. presidencial.
ISOLAMENTO: na prpria cela ou em local ade-
quado.
CONVERSO: se o ru est cumprindo pena
restritiva de direitos, esta poder ser convertida
em privativa de liberdade.
13.12INDULTO NATALINO
Anistia, graa e indulto:
so formas de renncia do Estado ao seu direito de punir;
classificam-se como causas de extino da punibilidade (art. 107,11, CP);
a anistia, a graa e o indulto so concedidas pelo Poder Legislativo (no primeiro
caso) ou pelo Poder Executivo (nos dois ltimos). mas somente geram a extino
da punibilidade com a deciso judicial;
podem atingir crimes de ao penal pblica ou privada.
GRAA INDULTO
ANISTIA
(ou indulto individual) (ou indulto coletivo)
um benefcio concedido pelo Con- Concedidos por Decreto do Presidente da Repblica.
gresso Nacional, com a sano do Apagam o efeito executrio da condenao.
Presidente da Repblica (art. 48, VIII,
A atribuio para conceder pode ser delegada ao(s):
CF/88), por meio do qual se "per-
doa" a prtica de um fato criminoso. Procurador Geral da Repblica;
O ru condenado que foi anistiado, O ru condenado que foi beneficiado por graa ou
se cometer novo crime, no ser indulto, se cometer novo crime, ser reincidente.
reincidente.
um benefcio coletivo que, por um benefcio individual (com destinatrio certo).
referir-se somente a fatos, atinge Depende de pedido do sentenciado.
apenas os que o cometeram .
.............................................................................................................................
Decreto 8.172/2013
Em 2013, a Presidente da Repblica editou o Decreto n 8.172/2013 concedendo o in-
dulto natalino para os condenados que cumprissem os requisitos ali estabelecidos.
No art. 1, XIII e XIV, o Decreto concedeu indulto para os rus condenados a pena
privativa de liberdade, desde que tivessem cumprido, at 25/12/2013,1/4 (um quar-
to) da pena.
m "Incabvel dizer que o sursis seja pena, pois estas esto claramente enumeradas
no art. 32 do Cdigo Penal e a suspenso medida destinada justamente a evitar
a aplicao de uma delas, a privativa de liberdade.(... ) Da por que mais indica-
do tratar o sursis como medida alternativa de cumprimento da pena privativa de
liberdade, no deixando de ser um benefcio. (.. .)" (NUCCI, Guilherme de Souza.
Cdigo Penal Comentado. 10 ed. So Paulo: RT, p. 492).
~....... (... ) O sursis no ostenta a categorizao jurdica de pena, mas, antes, medida
""" ' alternativa a ela; por isso que no cabe confundir o tempo alusivo ao perodo de
prova exigido para a obteno desse benefcio com o requisito temporal relativo
ao cumprimento de 1/4 da pena privativa de liberdade para alcanar-se o indulto
natalino e, consectariamente, a extino da punibilidade.
(... )
3. In casu, o paciente foi condenado a 2 {dois) anos de recluso, pela prtica do
crime de estelionato tipificado no art. 251 do Cdigo Penal Militar e, beneficiado
com o sursis, teve, a posteriori, negado o indulto natalino sob o fundamento de
que no satisfizera o requisito temporal alusivo ao cumprimento de 1/4 da pena
privativa de liberdade, advindo irresignao no sentido de que tal requisito fora
satisfeito em razo do cumprimento do perodo de provas da suspenso condi-
cional da pena.
4 Destarte, tratando-se de institutos penais diversos, no cabe ter como tempo
de cumprimento da pena o perodo de prova exigido para a suspenso condicio-
nal da pena.( ... )
STF. 1 Turma. HC 117855, Rei. Min. Luiz Fux, julgado em 24/09/2013-
Resumindo:
~
privativa de liberdade, desde que tivessem cumprido, at 25/12/2013, 1/4 (um
quarto) da pena.
<{
Se o condenado foi beneficiado com sursis e j cumpriu mais de 1/4 do perodo de zw
a.
prova ele poder ser beneficiado com o indulto? possvel afirmar que cumpri- o
Vl
mento do perodo de prova no sursis a mesma coisa que cumprimento de pena? Vl
w
u
NO. O sursis no tem natureza de pena. Ao contrrio, trata-se de uma alter- o
"'a.
nativa pena, ou seja, um beneficio que o condenado recebe para no ter que
cumprir pena. Por essa razo, no se pode dizer que a pessoa beneficiada com
sursis e que esteja cumprindo perodo de prova se encontre cumprindo pena.
Cumprimento de perodo de prova no cumprimento de pena.
STF. 1 Turma. RHC 128515/BA, Rei. Min.luiz Fux,julgado em 30/6/2015 (lnfo 792).
STF. 2 Turma. HC 123698/PE, Rei. Min. Crmen Lcia, julgado em 17/11/2015 (lnfo 8o8).
A tese do MP foi acolhida pelo STF? vedada a concesso de indulto para pessoas
submetidas a medida de segurana?
NO. A tese do MP no foi acolhida. possvel sim a concesso de indulto para pes-
soas submetidas a medida de segurana.
A competncia do Presidente da Repblica para a concesso de indulto (art. 84,
XII, da CF/88) abrange no apenas pessoas que receberam "pena", como tambm
O STF aprovou a seguinte tese para efeitos de aplicao da repercusso geral {para
servir de paradigma}:
Reveste-se de legitimidade jurdica a concesso, pelo Presidente da Repblica,
do benefcio constitucional do indulto (CF, art. 84, XII), que traduz expresso do
poder de graa do Estado, mesmo se se tratar de indulgncia destinada a favo-
recer pessoa que, em razo de sua inimputabilidade ou semi-imputabilidade,
sofre medida de segurana, ainda que de carter pessoal e detentivo.
STF. Plenrio. RE 628658/RS, Rei. Min. Marco Aurlio, julgado em 4 e 5/11/2015 (lnfo 8o6).
I
IV- demais condenados pela prtica de outros crimes ou contravenes em
14 EXERCCIOS DE FIXAO
1) A criao superveniente de vara federal na localidade de ocorrncia de crime doloso contra a
vida no enseja a incompetncia do juzo em que j se tenha iniciado a ao penal. ( )
GABARITO
1) C); 2) E; 3) E; 4) C; 5) C; 6) E; 7) C; 8} C; g) E; 10) E; 11) E; 12) E; 13) D; 14) C: 15) E; 16} E; 17) E; 18) C; 1g)
C;2o) E.
1 COMPETNCIA
FURTO PRATICADO POR MILITAR CONTRA OUTRO MILITAR DENTRO DAS INS-
!~.~..c?.~~ .~~~~.~~~~~......................................................................................... .
Militar do Exrcito subtraiu de seu colega de farda, em quartel militar, carto
magntico, juntamente com a respectiva senha. Logo aps, efetuou emprstimo
em nome da vtima, bem como saques de valores. A competncia para julgar esse
crime da Justia Militar?
SIM. Compete Justia castrense processar e julgar militar pela prtica de crime
de furto {art. 240 do CPM) perpetrado contra outro militar em ambiente sujeito
administrao militar {art. g 0 , 11, "a" do CPM).
STF. 1 Turma. HC 125326/RS, Rei. Min. Rosa Weber,julgado em 17/3/2015 (lnfo 778).
O perodo de graa terminar, por sua vez, zero hora do dia 30/06. Nesta data
(3o/o6), haver a consumao do crime.
Em nosso exemplo, to logo completou o dia 30/o6, o oficial lavrou um termo de-
clarando que Joo havia desertado (termo de desero), conforme previsto no art.
451 do CPPM:
Art. 451. Consumado o crime de desero, nos casos previstos na lei penal militar,
o comandante da unidade, ou autoridade correspondente, ou ainda autoridade
superior, far lavrar o respectivo termo, imediatamente, que poder ser impresso
ou datilografado, sendo por ele assinado e por duas testemunhas idneas, alm
do militar incumbido da lavratura.
~ (... ) O crime de desero prprio e, por isso, somente pode ser praticado por
- ........._ militar. A sua consumao opera com a ausncia injustificada por mais de oito
dias (art. 187 do CPM).
2. A lavratura antecipada e equivocada do termo de desero acarreta a perda da
condio de milita r, antes de findar o oitavo dia de ausncia, passando a ostentar
o Paciente a condio de civil, situao impeditiva da consumao da figura de-
litiva, ressaltando-se que a retificao do termo de desero no pode produzir
efeitos pretritos prejudiciais ao administrado.
3. Ordem concedida para determinar o trancamento da ao penal, restabelecida
a deciso do Juzo da Auditoria da 6a Circunscrio Judiciria Militar. (STF. 2a Tur-
ma. HC 121190, Rei. Min. Crmen Lcia, julgado em 01/04/2014).
Outra alegao da defesa foi a de que o termo de desero tinha vcios formais
e que, assim, restaria inviabilizada a condenao do ru. Esse argumento foi
aceito?
NO. Eventual irregularidade do termo de desero apenas tem o condo de afas-
tar a tipicidade da conduta quando, a partir dele, as Foras Armadas exclurem o
militar durante o perodo de graa. Em outras palavras, o vcio que poderia levar
atipicidade da conduta seria a lavratura antecipada do termo, o que, no caso con-
creto, no aconteceu. Logo, no h que se falar em atipicidade.
Alm disso, o termo de desero no prova nica e definitiva. O art. 452 do CPPM
deixa claro que o termo de desero "tem o carter de instruo provisria e des-
tina-se a fornecer os elementos necessrios propositura da ao penal", no sig-
nificando "prova definitiva, que ser formada durante a instruo, sob o crivo do
contraditrio e da ampla defesa" {NUCCI, Guilherme de Souza. Cdigo de Processo
Penal Militar Comentado. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 484).
Assim, cabia ao juzo natural da causa penal, com observncia ao princpio do con-
traditrio, colher as provas e examinar se existiam elementos suficientes para con-
denar o ru alm do termo de desero. No caso concreto, o juiz militar entendeu
que havia provas suficientes de que o acusado praticou a desero.
Desero
O Cdigo Penal militar prev o delito de desero nos seguintes termos:
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licena, da unidade em que serve, ou do lugar
em que deve permanecer, por mais de oito dias:
Pena- deteno, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena agravada.
3 ABANDONO DE POSTO
Imagine a seguinte situao adaptada:
Joo (militar) ausentou-se do servio no dia 26/12/2013, somente retornando ao
quartel um ms depois. Por esse fato, Joo foi denunciado pelo crime de desero
(art.187) e de abandono de posto (art. 195).
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licena, da unidade em que serve, ou do lugar
em que deve permanecer, por mais de oito dias:
Pena- deteno, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena agravada.
Art. 195. Abandona-, sem ordem superior, o posto ou lugar de servio que lhe te-
nha sido designado, ou o servio que lhe cumpria, antes de termin-lo:
Pena- deteno, de trs meses a um ano.
ATENQ; DPU
O fato de abandonar o servio e praticar a desero, dentro de um mesmo con-
texto ftico, no implica duas aes autnomas, incidindo, na hiptese, o fen-
meno da absoro de um crime por outro, uma vez que o abandono afigurou-se
meio necessrio consecuo do delito de desero.
STF. 2 Turma. RHC 125112/RJ, Rei. Min. Gil mar Mendes, julgado em 1ol2f2o14 (lnfo 774).
4 PEDERASTIA
O Cdigo Penal militar prev o seguinte delito:
Pederastia ou outro ato de libidinagem
Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso,
homossexual ou no. em lugar sujeito a administrao militar:
Pena- deteno, de seis meses a um ano.
ADPF291
O Procurador-Geral da Repblica ajuizou uma arguio de descumprimento de pre-
ceito fundamental (ADPF) contra esse dispositivo, alegando que ele violaria os prin-
cpios da isonomia, da liberdade, da dignidade da pessoa humana, da pluralidade e
do direito privacidade. e pedia que fosse declarada a no recepo do dispositivo
pela CF/88. Subsidiariamente, pedia a declarao de inconstitucionalidade do ter-
mo "pederastia" e da expresso "homossexual ou no" na tipificao penal.
Em suma:
O tipo penal do art. 235 do CPM continua sendo crime mesmo com a CF/88.No
entanto, devem ser consideradas incompatveis com a CF/88 as expresses em-
pregadas que falem em homossexualismo. Isso porque o crime em tela se confi-
gura tanto quando o militar pratica relao sexual com algum do mesmo sexo,
como tambm de sexo diferente, no devendo haver distino de tratamento.
STF. Plenrio.ADPF 291/DF, Rei. Min. Roberto Barroso, julgado em :<.81lo/2015 (lnfo 8os).
Assim, o tipo penal do art. 235 do CPM deve ser agora lido {interpretado) da seguin-
te forma:
Ato de libidinagem
Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso em
lugar sujeito a administrao militar:
Pena- deteno, de seis meses a um ano.
Art. 102. A condenao da praa a pena privativa de libedade, por tempo supe-
rior a dois anos, importa sua excluso das foras armadas.
Diante dessa previso, surgiu a tese de que o art. 102 do CPM no teria sido recep-
cionado pela CF/88 e que a perda da graduao das praas somente seria possvel
se fosse aberto um processo especfico para essa finalidade e a perda fosse decla-
rada por um Tribunal. Em outras palavras, a praa condenada por crime militar no
poderia receber, como pena acessria, a perda do cargo.
Desse modo, para que haja a perda do posto e da patente do Oficial condenado a
pena superior a 2 anos, necessrio que, alm do processo criminal, ele seja sub-
metido a novo julgamento perante Tribunal Militar, de carter permanente, para
decidir apenas essa perda.
Se uma praa (exs.: soldados, cabos) for condenada por crime militar com pena
superior a 2 anos, receber, como pena acessria, a sua excluso das Foras Ar-
madas, mesmo sem que tenha sido instaurado processo especfico para decidir
essa perda?
SIM. A pena acessria de perda do cargo pode ser aplicada a PRAAS mesmo
sem processo especfico para que seja imposta. Trata-se de uma pena acessria
da condenao criminal.
Ese um OFICIAL for condenado?
Neste caso, ser necessrio um processo especfico para que lhe seja imposta
a perda do posto e da patente (art. 142, 3, VI e VIl, da CF/88). Para que haja
a perda do posto e da patente do Oficial condenado a pena superior a 2 anos,
necessrio que, alm do processo criminal, ele seja submetido a novo julga-
mento perante Tribunal Militar, de carter permanente, para decidir apenas
essa perda.
STF. Plenrio. RE 44785g/MS, Rei. Min. Marco Aurlio, julgado em 21/s/2015 (lnfo 786).
Resumindo:
ilegal Portaria expedida por Juiz-Auditor Militar na qual afirma que os pedi-
dos de arquivamento de procedimento investigatrio criminal instaurados pela
Procuradoria de Justia Militar no devem ser recebidos ou distribudos pela
Justia Militar.
A referida Portaria ilegal porque existe um procedimento previsto expressa-
mente no art. 397 do CPPM para os casos de pedido de arquivamento do inqu-
rito policial ou procedimento investigatrio criminal.
Diante de um pedido de arquivamento, compete ao Juiz-Auditor a adoo de
duas possveis condutas: a) anuir (concordar) com o arquivamento proposto; ou
b} discordando da fundamentao apresentada, remeter o processo ao Procu-
rador-Geral.
A recusa em dar andamento ao pleito de trancamento configura inaceitvel
abandono do controle jurisdicional a ser exercido no tocante ao princpio da
obrigatoriedade da ao penal.
STF. ,. Turma. RMS 28428/SP, Rei. Min. Marco Aurlio,julgado em 8/g/2015 (lnfo 798).
7 PROCEDIMENTO
MOMENTO DO INTERROGATRIO NO RITO DO CPPM
O Cdigo de Pmcesso Penal Militar prev o procedimento (rito) que dever ser ob-
servado no caso de crimes militares.
O procedimento previsto no CPPM possui algumas diferenas em relao ao proce-
dimento trazido pelo CPP. Uma das distines reside no momento em que reali-
zado o interrogatrio do ru. Vejamos:
O que mais favorvel ao ru: ser interrogado antes ou depois da oitiva das teste-
munhas?
Depois. Isso porque, aps o acusado ouvir o relato trazido pelas testemunhas, po-
der decidir a verso dos fatos que ir apresentar. Se, por exemplo, avaliar que ne-
nhuma testemunha o apontou como o autor do crime, poder sustentar a negativa
de autoria ou optar pelo direito ao silncio. Ao contrrio, se entender que as teste-
munhas foram slidas em incrimin-lo, ter como opo vivel confessar e obter a
atenuao da pena.
Dessa feita, a regra do art. 400 do CPP mais favorvel ao ru do que a previso de
art. 302 do CPPM.
Diante dessa constatao, e pelo fato de a Lei n 11.]1912008 ser posterior ao CPPM,
surgiu uma corrente na doutrina defendendo que o art. 302 teria sido derrogado e
que, tambm no procedimento do CPPM, o interrogatrio deveria ser o ltimo ato
da instruo. Essa tese foi acolhida pela jurisprudncia?
Resumindo:
incabvel o manejo de correio parcial para rever deciso que declarou extin-
ta a punibilidade do ru pelo reconhecimento da prescrio, deciso esta que j
havia transitado em julgado.
A correio de processos findos somente possvel para verificar eventuais irre-
gularidades ou falhas administrativas a serem corrigidas no mbito da Justia
Militar. No cabe seu uso, porm, como substituto de ao rescisria.
STF. 2 Turma. HC 112530/RS. Rei. Min. Teori Zavascki,julgado em 30/6/2015 (lnfo 792).
Com base nesse entendimento, o STF concedeu a ordem em "habeas corpus" para
determinar o arquivamento de correio parcial em trmite no STM, mantendo-se
a deciso de extino da punibilidade do ru pela ocorrncia de prescrio da pre-
tenso executria.
1 TEMAS DIVERSOS
PRINCPIO DA ANTERIORIDADE E NORMA LEGAL QUE ALTERA PRAZO
1.1
DE RECOLHIMENTO (SV 50)
Se o partido, entidade ou instituio possui um imvel onde ali realiza suas ativida-
des, esse bem imune (estar livre do pagamento de /PTU)?
SIM.
Repare que a SV 52 tem uma redao mais "flexvel", mais elstica que a antiga
Smula 724 porque agora no se exige mais que o valor dos alugueis seja aplicado
nas atividades ESSENCIAIS da entidade, tendo sido suprimido esse adjetivo. Atual-
mente, basta que o valor dos alugueis seja investido nas atividades da entidade.
O que so as taxas?
A taxa uma espcie de tributo paga pelo contribuinte:
em virtude de um servio prestado pelo Poder Pblico; ou
em razo do exerccio da atividade estatal de poder de polcia.
Caractersticas
Diz-se que a taxa um tributo bilateral, contraprestacional, sinalagmtico ou vin-
culado. Isso porque a taxa um tributo vinculado a uma atividade estatal especfi-
ca, ou seja, a Administrao Pblica s pode cobrar se, em troca, estiver prestando
um servio pblico ou exercendo poder de polcia.
H, portanto, obrigaes de ambas as partes. O poder pblico tem a obrigao de
prestar o servio ou exercer poder de polcia e o contribuinte a de pagar a taxa
correspondente.
Previso
A disciplina legal das taxas est prevista no art. 145, li da CF/88 e no art. 77 do CTN.
Espcies de taxas
As taxas podem ter dois fatos geradores:
o exerccio regular do poder de polcia; ou
a utilizao, efetiva ou potencial, de servio pblico especfico e divisvel, prestado
ao contribuinte ou posto sua disposio (art. 77 do CTN).
Para que seja cobrada a taxa, necessrio que o contribuinte use, de forma efetiva,
o servio pblico?
NO necessariamente. O Estado poder cobrar a taxa no apenas quando prestar o
servio ao contribuinte, mas tambm pelo simples fato de colocar o servio dispo-
sio das pessoas. Em outras palavras, estando o servio disposio da populao,
possvel a instituio da taxa, ainda que no haja sua efetiva utilizao. o caso,
por exemplo, de uma pessoa que tenha um apartamento fechado. Mesmo no pro-
duzindo lixo, ir pagar a taxa pelo servio de coleta domiciliar de lixo.
A questo chegou at o STF. possvel instituir taxa para custear os servios presta-
dos pelo Municpio com a iluminao pblica? Em outras palavras, a iluminao dos
postes nas vias pblicas possui um custo, que suportado pelos Municpios. per-
mitido que tais entes cobrem uma taxa dos usurios para remunerar esse servio?
NO. O servio de iluminao pblica no pode ser remunerado mediante taxa.
Conforme vimos acima, o poder pblico somente poder cobrar taxa para custear
servios pblicos especficos e divisveis.
O servio pblico de iluminao pblica no especfico e divisvel. Isso porque
no possvel mensurar (medir, quantificar) o quanto cada pessoa se beneficiou
pelo fato de haver aquela iluminao no poste. Uma pessoa que anda muito p,
noite, se beneficia, em tese, muito mais do que o indivduo que quase no sai de
casa, salvo durante o dia. Apesar de ser possvel presumir que tais pessoas se bene-
ficiam de forma diferente, no h como se ter certeza e no existe um meio de se
controlar isso. Todo mundo (ou quase todo mundo) acaba pagando o mesmo valor,
independentemente do quanto cada um usufruiu.
Perceba, assim, que o servio de iluminao pblica, em vez de ser especfico e di-
visvel, , na verdade, geral (beneficia todos) e indivisvel (no possvel mensurar
cada um dos seus usurios).
Como observa Ricardo Alexandre;
"Nos servios pblicos gerais, tambm chamados universais {prestados uti univer-
si), o benefcio abrange indistintamente toda a populao, sem destinatrios iden-
tificveis. Tome-se, a ttulo de exemplo, o servio de iluminao pblica. No h
COSIP
Diante das reiteradas decises judiciais declarando as "taxas de iluminao pbli-
ca" inconstitucionais, os Municpios que perderam essa fonte de receita comea-
ram a pressionar o Congresso Nacional para que dessem uma soluo ao caso. Foi
ento que, nos ltimos dias de 2002, foi aprovada a EC 39!2002 que engendrou
uma forma de os Municpios continuarem a receber essa quantia.
A "soluo" escolhida foi criar uma contribuio tributria destinada ao custeio do
servio de iluminao pblica. Sendo uma contribuio, no havia mais a exigncia
de que o servio pblico a ser remunerado fosse especfico e divisvel. Logo, o pro-
blema anterior foi contornado.
Essa contribuio, chamada pela doutrina de COSIP, foi introduzida no art. 149-A
da CF/88:
Repetio de indbito
Ao de repetio de indbito (ou ao de restituio de indbito) a ao na qual o
requerente pleiteia a devoluu de detcrrni:iJd:: CJL!?.nti?. que pagniJ indPvidamente.
A ao de repetio de indbito, ao contrrio do que muitos pensam, no restrita
ao direito tributrio. Assim, por exemplo, se um consumidor cobrado pelo forne-
cedor e paga um valor que no era devido, poder ingressar com ao de repetio
de indbito para pleitear valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido
de correo monetria e juros legats, salvo hiptese de engano justificvel (art. 42,
pargrafo nico do CDC).
No mbito tributrio, o contribuinte que pagar tributo indevido (exs.: pagou duas
vezes, pagou imposto que era inconstitucional, houve erro na alquota etc.) ter
direito repetio de indbito, ou seja, poder ajuizar ao cobrando a devoluo
daquilo que foi pago.
As hipteses em que o contribuinte ter direito repetio de indbito, no mbito
tributrio, esto previstas no art. 165 do CTN:
Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prvio protesto,
restituio total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu paga-
mento, ressalvado o disposto no 4 do artigo 162, nos seguintes casos:
1- cobrana ou pagamento espontneo de tributo indevido ou maior que o de-
vido em face da legislao tributria aplicvel, ou da natureza ou circunstncias
materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;
11- erro na edificao do sujeito passivo, na determinao da alquota aplicvel,
no clculo do montante do dbito ou na elaborao ou conferncia de qualquer
documento relativo ao pagamento;
111- reforma, anulao, revogao ou resciso de deciso condenatria.
O mencionado art. 165 afirma que o sujeito passivo tem direito restituio, inde-
pendentemente de prvio protesto (isto , mesmo que na hora de pagar no tenha
"reclamado" do tributo indevido ou tenha feito qualquer ressalva; no interessa o
estado de esprito do sujeito passivo no momento do pagamento, ou seja, se sabia
ou no que o pagamento era indevido). Pagou indevidamente, tem direito de receber
de volta a fim de evitar o enriquecimento sem causa da outra parte (no caso, o Fisco).
O valor que ser devolvido ao sujeito passivo dever ser acrescido de juros morat-
rios e correo monetria?
SIM. Na repetio de indbito, o contribuinte dever receber de volta o valor prin-
cipal que foi pago, acrescido de juros moratrios e correo monetria pelo tempo
que ficou sem o dinheiro.
No so devidos juros remuneratrios.
Os juros moratrios seguem o mesmo raciocnio? Eles tambm sero contados desde
a data em que o contribuinte pagou o tributo indevido?
NO. Aqui a regra diferent~. De forma prejudicial ao contribuinte, o CTN previu que
os juros sero devidos no do dia em que houve o pagamento, mas sim a partir da data
em que houve o trnsito em julgado da deciso que determinou a devoluo. Veja:
Art. 167. (... ) Pargnfo jnico. A restituio vence juros no capit1liz3veis, a partir
do trnsito em julgado da deciso definitiva que a determinar.
Desse modo, imagine que o contribuinte pagou, em 02/02/2012, R$100 mil de ICMS
indevidamente. Posteriorm~nte, ele ajuizou ao de repetio de indbito e foi pro-
latada sentena determin<ndo a devoluo da quantia. Essa sentena transitou
em julgado em 04/04/2014. A Fazenda Pblica s pagou o valor em o6/o6/2016.
O contribuinte ter direito de receber os R$ 100 mil mais os juros moratrios, que
contudo s sero contados a partir de 04/04/2014 (data do trnsito em julgado).
Apesar de esse dispositivo ser classificado como injusto pela doutrina, existe at
mesmo um enunciado do STJ que refora sua concluso:
Vou abrir um parntese para fazer uma observao aprofundada (se achar que ir
se confundir, no leia):
Entendo que as informaes acima so suficientes para fins de concurso e penso
que basta que voc as guarde para as principais provas. No entanto, por desen-
cargo de conscincia, ~recso fazer um esclarecimento sobre determinado ponto
mais profundo da matria.
Vimos acima que, depois do trnsito em julgado da sentena que determinou ares-
tituio, comeam a ccrrer os juros moratrios (em nosso exemplo: 04/04/2014).
Isso o que est na smula 188 do STJ. No entanto, o 5 do art. 100 da CF/88
afirma que, se a dvida deve ser paga pelo Poder Pblico por meio de precatrio, e
se este precatrio for apresentado at o dia 01/07, ele dever ser quitado at o dia
31!12 do ano seguinte. Ex.: se o precatrio foi apresentado e entrou na fila no dia
20/04/2014, ele dever ser pago pelo Poder Pblico at o dia 31!12/2015 (ltimo dia
do ano seguinte). Veja o 5 do art. 100 da CF/88:
Surge agora outra pergunta: qual a taxa de juros de mora que dever ser aplicada
na repetio de indbito?
Nas repeties de indbito, a taxa de juros a ser aplicada em favor do sujeito pas-
sivo a mesma que a lei prev que o Fisco poder cobrar do contribuinte em caso
de tributo atrasado.
Ex.: no mbito federal, se o contribuinte deixar de recolher o tributo no dia do ven-
cimento, ter que pag-lo com juros de mora. A lei determina que a taxa de juros
Por que a smula diz que a SELIC no pode ser cumulada com quaisquer outros ndices?
Porque a SELIC um tipo de ndice de juros moratrios que j abrange juros e cor-
reo monetria. Como assim? f\!o clculo da SELIC (em sua "frmula matemti-
ca"), alm de um percentual a ttulo de juros moratrios, j embutida a taxa de
inflao estimada para o perodo (correo monetria). Em outras palavras, a SELIC
uma espcie de ndice que engloba juros e correo monetria. Logo, se o credor
exigir a SELIC e mais a correo monetria, ele estar cobrando duas vezes a corre-
o monetria, o que configura bis in idem.
Leia agora novamente o enunciado do STJ para ver se ficou mais claro:
Smula 523-STJ:
A taxa de juros de mora incidente na repetio de indbito de tributos estaduais
deve corresponder utilizada para cobrana do tributo pago em atraso (princpio
da isonomia),
sendo legtima a incidncia da taxa Selic (a SELIC pode ser utilizada tambm em
tributos estaduais),
em ambas as hipteses (tanto para cobrana de tributos em atraso como para
repetio de indbito),
quando prevista na legislao local (a SELIC para ser aplicada no mbito estadual
precisa estar prevista na lei estadual),
vedada sua cumulao com quaisquer outros ndices (a SELIC no pode ser exigi-
da junto com outro ndice de correo).
Depois de o crdito tributrio ser constitudo, ainda assim poder haver algum "pro-
blema" com ele?
SIM. Existem trs opes para o crdito tributrio constitudo. Assim, ele poder ser:
Qual o prazo para que a Fazenda Pblica ajuze execuo fiscal contra o devedor?
Esse prazo de cinco anos, conforme o art. 174 do CTN:
Art. 174. A ao para a cobrana do crdito tributrio prescreve em cinco anos,
contados da data da sua constituio definitiva.
Em nosso exemplo, esses 5 anos de prescrio devem ser contados a partir de quando?
Segundo o STJ, o termo inicial do prazo prescricional quinquenal para cobrana dos
tributos sujeitos a lanamento por homologao a data do vencimento da obri-
gao tributria, e, quando no houver pagamento, a data da entrega da declara-
o, sendo esta posterior (STJ. ,Turma. AgRg no AREsp 349.146/SP, Rei. Min. Srgio
Kukina,julgado em 07111/2013).
Assim, em nosso exemplo, o termo inicial do prazo de 5 anos comeou a correr em
abril de 2010 {data da entrega da GFIP, que foi posterior data do vencimento).
DCGBatch
Em maio de 2015, o Fisco constatou que a empresa "XXX", em maro de 2010, re-
colheu R$ 6o mil de contribuies previdencirias e, em abril de 2010, declarou, na
GIFP, fatos geradores que totalizam R$1oo mil de contribuies previdencirias. Em
outras palavras, ela pagou menos do que era o devido.
Diante disso, o Fisco emitiu um documento chamJdo de "Dbito Confessado em
GFIP- DCG", que um instrumento por meio do qual a Receita Federal registra
o dbito decorrente de divergncia entre os valores recolhidos em documento de
arrecadao previdenciria e os declarados em "Guia de Recolhimento do Fundo de
Garantia do Tempo de Servio e Informaes Previdncia Social- GFIP" (art. 460,
V, da Instruo Normativa 971/2009 da Secretaria da Receita Federal).
!'rescric
Tese do contribuinte: no mais possvel haver a cobrana porque os crditos
tributrios foram constitudos em abril de 2010 (data da entrega da GlFP).
Tese do Fisco: possvel ainda haver a cobrana porque os crditos tributrios
foram constitudos em maio de 2015, com a emisso da DCG.
Qual das duas teses adotada pelo STJ? A emisso da DCG infuencia no prazo pres-
cricional?
NO. O STJ adota a tese do contribuinte.
.~rt.
688. Aplica-se a pe!l. de perdimento de veculo nas seguintes hipteses, por
configurarem dano ao Errio:
V- quando o veculo conduzir mercadoria sujeita a perdimento, se pertencente
ao responsvel por infrao punvel com essa penalidade;
1.10 REFIS
Durante o perodo em que a empresa est no REFIS, a Unio poder ingressar com
uma execuo fiscal cobrando a dvida?
NO. Se o dbito est parcelado e o devedor est pagando regularmente as presta-
es, a Fazenda Pblica no pode executar o devedor cobrando a dvida toda. Isso
porque o parcelamento causa de suspenso da exig bilidade do crdito tributrio
{art. 151, VI, do CTN).
Durante o perodo em que a empresa est no REFIS, o prazo prescricional de 5 anos que
a Unio possui para ingressar com execuo fiscal cobrando o dbito est correndo?
NO. Como vimos na resposta acima, durante o parcelarrento, a exigibilidade est
suspensa. Logo, a Fazenda Pblica no pode cobrar a dvida. Se ela no pode cobrar
a dvida, no se pode dizer que o prazo prescricional esteja correndo.
Quando o devedor adere ao parcelamento, ele assina u'Yla confisso de dvida, de for-
ma que reconhece o dbito. Isso faz com que o prazo prescricional se interrompa (art.
174, pargrafo nico, IV, do CTN) e fique suspenso enquantc perdurar o parcelamento.
Quando a empresa foi excluda do REFIS, o crdito tributrio voltou a ser exigvel? A
Unio poder ajuizar execuo fiscal cobrando a dvida?
SIM. Veja o que diz o art. 5, 1 da Lei no g.g64/2ooo:
1 A excluso da pessoa jurdica do Refis implicar exigibilidade imediata da
totalidade do crdito confessado e ainda no pago( ...)
Com a excluso da empresa do REFIS, o prazo prescricional de 5 anos que a Unio
possui para ingressar com execuo fiscal cobrando o dbito comea a correr?
SIM. Com a excluso da empresa do REFIS, a exigibilidade do crdito recomeou.
Logo, o prazo prescricional tambm se reiniciou. lssc significa que a Unio ter 5
anos para ajuizar execuo fiscal cobrando a dvida da empresa. Se no fizer essa
cobrana no prazo, haver prescrio.
A multa do inciso 11 do referido artigo somente poder ser aplicada quando no for
o caso da multa do inciso I.
Destaca-se que o inadimplemento das antecipaes mensais do imposto de renda,
por exemplo, no implica, por si s, a ilao de que haver tributo devido. Os reco-
lhimentos mensais, ainda que configurem obrigaes de pagar, no representam,
no sentido tcnico, o tributo em si. Este apenas ser apurado ao final do ano-calen-
drio, quando ocorrer o fato gerador.
Assim, as hipteses do inciso 11, "a" e "b", em regra, no trazem novas hipteses de
cabimento de multa.
A melhor exegese revela que no se trata de multas distintas, mas apenas de for-
mas distintas de aplicao da multa do art. 44, em consequncia de, nos casos ali
descritos, no haver nada a ser cobrado a ttulo de obrigao tributria principal.
As chamadas "multas isoladas", portanto, apenas servem aos casos em que no
possam ser as multas exigidas juntamente com o tributo devido (inciso 1), na me-
dida em que so elas apenas formas de exigncia das multas descritas no caput.
Esse entendimento corolrio da lgica do sistema normativo-tributrio que pre-
tende prevenir e sancionar o descumprimento de obrigaes tributrias.
De fato, a infrao que se pretende repreender com a exigncia isolada da multa
completamente abrangida por eventual infrao que acarrete, ao final do ano-
-calendrio, o recolhimento a menor dos tributos e que d azo, assim, cobrana
da multa de forma conjunta.
Ademais, em se tratando as multas tributrias de medidas sancionatrias, aplica-
-se a lgica do princpio penal da consuno, em que a infrao mais grave abrange
aquela menor que lhe preparatria ou subjacente. O princpio da consuno (ou
da absoro) aplicvel nos casos em que h uma sucesso de condutas tpicas
com existncia de um nexo de dependncia entre elas. Segundo esse preceito, a
infrao mais grave absorve aquelas de menor gravidade. Sob esse enfoque, no
pode ser exigida concomitantemente a multa isolada e a multa de ofcio por falta
de recolhimento de tributo apurado ao final do exerccio e tambm por falta de
antecipao sob a forma estimada. Cobra-se apenas a multa de ofcio pela falta de
recolhimento de tributo.
Esse 1/3 sobre as frias gozadas uma verba que tem natureza salarial ou indeni-
zatria?
Salarial (h polmica, ma~ o que prevalece atualmente).
Esse benefcio tem por finalidade conferir ao trabalhador um aumento da sua re-
munerao durante o perodo das frias, a fim de que ele possa desenvolver ativi-
dades diferentes das que exerce em seu cotidiano (exs.: viajar, ir a um restaurante,
praia, ao shopping etc.), no intuito de lhe garantir a oportunidade de ter momentos
de lazer e prazer, necessrios ao restabelecimento do seu equilbrio fsico e mental.
Vale ressaltar, no entanto, que o recebimento das frias e do 1/3 a mais so verbas
que decorrem normalmente da relao jurdica existente entre o trabalhador e o
empregador. So verbas normais, ordinrias, previsveis e que, portanto, tm ames-
ma natureza do salrio. Nesse sentido, inclusive, o art. 148 da CLT afirma: "A remu-
nerao das frias, ainda quando devida aps a cessao do contrato de trabalho,
ter natureza salarial, para os efeitos do art. 449".
O fato de a verba no constituir ganho habitual (ser paga uma vez s por ano) e
de ser destinada, em tese, ao desenvolvimento de atividades que minimizem os
efeitos "do desgaste natural sofrido pelo trabalhador" no a transforma em indeni-
zao. Ao contrrio, essa terba tem natureza salarial por ser um reforo, um acrs-
cimo na remunerao err um perodo especfico e fundamental para o trabalhador,
que so as frias.
Verbas indenizatrias, por outro lado, so aquelas que tm por objetivo recompor o
patrimnio (material ou imaterial) daquele que sofreu uma leso a algum direito.
O 1/3 de frias no se enquadra neste conceito.
~~~~~!~..1?.~--~~-~~~-~-~-~~-~~-~-~-~-~-~~ ................................................................. .
Incide imposto de renda sobre o adicional do tero de frias gozadas? O trabalhador
ter que pagar imposto de renda sobre essa quantia?
SIM.
O art. 16 da Lei n 4.5o6/64 dispe que, para fins de imposto de renda, sero clas-
sificados como rendimentos do trabalho assalariado todas as espcies de remu-
nerao por trabalho ou servios prestados no exerccio dos empregos, cargos ou
funes, tais como: "1- Salrios, ordenados, vencimentos, soldos, soldadas, vanta-
gens [ ... ]; 11- Adicionais, extraordinrios, suplementaes, abonos, bonificaes,
gorjetas; 111- Gratificaes[ ... ]", entre outros.
Se a pessoa for mandada embora sem ter gozado as frias a que teria direito, o
empregador dever pagar uma indenizao ao trabalhador. A isso chamamos de
"frias indenizadas'~ Incide imposto de renda sobre as frias indenizadas (vencidas
ou proporcionais) e sobre o respectivo adicional de r/3?
NO.
Previso legal da iseno do imposto de renda neste caso: art. 39, XX do Regula-
mento do IR (aprovado pelo Decreto 3.ooo/gg) e art. 6, V, da Lei n 7.713/88.
Segundo j decidiu o STJ, "no incide imposto de renda sobre os valores percebidos
pelo empregado a ttulo de frias indenizadas, em vista do seu carter indenizat-
rio." (STJ. 2" Turma. AgRg no REsp 1145562/RS, Rei. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 22/06/2010).
Quadro comparativo
IMPOSTO DE RENDA CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA
____
----F~-R-IA_S_G_O_Z_A-DA_S
incide Incide
------:-------- ............................................................................... .
1/3 DE FRIAS GOZADAS incide no incide
FRIAS INDENIZADAS E1/3 no incide no incide
Por que incide imposto de renda sobre o 113 de frias gozadas, mas no incide con-
tribuio previdenciria?
O adicional de 1/3 de frias gozadas possui natureza remuneratria (salarial). Logo,
acrscimo patrimonial, devendo incidir imposto de renda.
Contudo, no incidir contribuio previdenciria porque essa verba adicional (1/3)
no incorporada para fins de aposentadoria. Em outras palavras, esse valor que o
trabalhador recebe a mais uma vez por ano (adicional de 1/3) no ser computado
na sua aposentadoria. Logo, no h lgica em que ele pague contribuio previden-
ciria sobre uma verba que no ser contabilizada para seus proventos no futuro. O
fundamento adotado diz respeito, portanto, ao carter retributivo da contribuio
previdenciria no clculo do benefcio. Esse argumento no interessa para fins de
imposto de renda. Da a distino.
~ "( ... }pensemos na hiptese de um veculo colidir, culposamente, com um txi, da-
..... nificando-o. O ta>:ista pede a reparao do dano referente ao conserto do auto-
mvel (R$1o.ooo,oo) e mais R$ s.ooo,oo a ttulo de lucros cessantes, pelo tempo
que ficou sem po;sibilidade de trabalhar. Sobre o valor referente ao conserto do
automvel no ircidir o Imposto de Renda, por se tratar de mera recomposio
do patrimnio. Contudo, o tributo incidir sobre os valores recebidos em razo
dos lucros cessantes, l que constituem verdadeiro acrscimo patrimonial.
Note-se que, se o dano no tivesse ocorrido, o Imposto de Renda no incidiria so-
bre o valor do automvel de que o taxista j era proprietrio (se o bem j existia,
no h que se falar em acrscimo patrimonial); mas seria devido o tributo sobre
a renda obtida pelo taxista em razo de seu trabalho dirio (o que foi indenizado
a ttulo de lucros cessantes).
(...)
Concluo, assim, que para verificar-se a incidncia de Imposto de Renda sobre de-
terminada verba indenizatria fundamental perquirir a existncia, ou no, de
acrscimo patrimonial. O simples fato de a verba poder ser classificada como "in-
denizatria" no 3 retira do mbito de incidncia do Imposto." (EREsp 695.499/RJ).
Cuidado
comum ouvirmos que sobre verbas indenizatrias no incide Imposto de Ren-
da. Essa afirmao n~o inteiramente verdadeira. Os lucros cessantes possuem
natureza de indenizao. Apesar disso, sobre eles incide Imposto de Renda. O que
interessa para saber se incide ou no o IR a obteno de riqueza nova, ou seja, a
ocorrncia de acrscimo patrimonial. Nesse sentido:
Resumindo:
Segundo o art. 950 do CC, se uma pessoa for vtima de dano fsico que cause a
diminuio de sua capacidade de trabalho, ela dever receber do causador do
dano penso correspondente importncia do trabalho para que se inabilitou,
ou da depreciao que ela sofreu.
Tais valores esto sujeitos ao pagamento de Imposto de Renda (IR}.
Assim, decidiu o STJ que os valores percebidos a ttulo de pensionamento por
reduo da capacidade laborativa decorrente de dano fsico causado por tercei-
ro, em cumprimento de deciso judicial, so tributveis pelo imposto de renda
e sujeitam a fonte pagadora reteno do imposto por ocasio do pagamento.
Danos morais e danos emergentes: NO incide IR.
Lucros cessantes: INCIDE IR.
STJ. 2 Turma. REsp 1.464.786-RS, Rei. Min. Og Fernandes, julgado em 25/8/2015 (lnfo 568).
Se pessoa jurdica adquire, por meio de cesso de direito, precatrio cujo benefi-
cirio seja pessoa fsica, o clculo do imposto de renda {IR) retido na fonte (art. 46
da Lei 8.541/92) na ocasio do pagamento da carta precatria dever ser realiza-
do com base na alquota que seria aplicvel pessoa fsica cedente, ainda que a
alquota aplicvel a pessoa fsica seja maior do que a imposta a pessoa jurdica.
STJ. 2 Turma. RMS 42.409-RJ, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 6/10/2015
(lnfo 571).
Precatrio
O precatrio uma carta {precatria) expedida pelo juiz da execuo ao Presiden-
te do Tribunal respectivo a fim de que, por seu intermdio, seja enviado pessoa
jurdica de direito pblico obrigada o ofcio de requisio de pagamento. Trata-se
de um documento que materializa um direito de crdito lquido, certo e exigvel
proveniente de uma deciso judicial transitada em julgado.
Sendo assim, o precatrio veicula um direito cuja aquisio da disponibilidade eco-
nmica e jurdica j se operou com o trnsito em julgado da sentena a favor de
um determinado beneficirio, motivo pelo qual esse credor original do precatrio
pode realizar a cesso total ou parcial do crdito, conforme o disposto no 13 do
art. 100 da CF/88.
Em outras palavras, com o trnsito em julgado da sentena, o beneficirio do pre-
catrio j passou a ter disponibilidade econmica, ainda que no tenha disponibili-
dade financeira porque no recebeu o dinheiro.
Essa iseno abrange tambm os valores que a pessoa receber a ttulo de aposenta-.
doria de previdncia privada? Se o doente grave estiver recebendo aposentadoria
complementar, ele tambm ter direito iseno do imposto de renda? Ele ficar
desobrigado de pagar o IR sobre os ~a/ores que receber da previdncia privada?
SIM.
Smula 584-STF
Um dos argumentos da Unio para defender a constitucionalidade da Lei foi o de
que esse aumento da alquota permitido pela jurisprudncia do STF cristalizada
na Smula 584, que tem a seguinte redao:
~ Smula 584-STF: Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-
.... -base, aplica-se a lei vigente no exerccio financeiro em que deve ser apresentada
a declarao.
A smula 584 do STF est superada? Ela pode ser aplicada no caso do art. ,o, I, da Lei
n 7.g88/8g para reconhecer esse aumento constitucional?
O tema polmico, mas prevalece no STF que a Smula 584 continua vlida.
Segundo afirmado na fundamentao do voto (RE 183130), o fato gerador do impos-
to de renda, na viso do STF, somente ocorre em 31 de dezembro do ano. Por isso, o
Ministro Relator defendeu a tese de que, em regra, no viola o princpio da irretroati-
vidade a edio de lei nos ltimos dias mesmo que se aplique ao seu ano de edio.
Vale ressaltar, no entanto, esse entendimento do STF, cristalizado na Smula 584,
foi construdo e vale para as hipteses em que o imposto de renda tenha funo
meramente fiscal (arrecadatria), o que a regra geral.
Esse enunciado, contudo, no se aplica ao caso do art. 1,1, da Lei no 7.g88/8g por-
que, nesta hiptese, o imposto de renda incidia sobre importaes incentivadas
pelo Governo, ou seja, o tributo a tinha funo extra fiscal.
No julgamento deste RE 592396/SP, o STF reiterou o que foi decidido acima e, pelo
fato de o recurso ter sido julgado sob a sistemtica da repercusso geral, a Corte
fixou a seguinte tese:
3.2 ISENO DE IPI E PESSOA COM DEFICINCIA QUE TEVE O SEU VECULO
ROUBADO
Iseno de IPI para pessoas com deficincia
IPI a sigla para Imposto sobre Produtos Industrializados. Trata-se de um tributo
federal que incide sobre a produo e a circulao de produtos industrializados.
Se uma pessoa com deficincia for adquirir um automvel, ela no precisar pagar
o IPI sobre o valor do veculo comprado. Isso far com que o preo por ela pago seja
menor. Essa iseno est prevista no art. 1 da Lei n 8.g8g/gs:
Situao concreta:
Joo {pessoa com deficincia) adquiriu um veculo para uso prprio utilizando a
iseno de I Pl de que trata o art. 1 da Lei n 8.g8g/gs.
Ocorre que, seis meses depois, seu carro foi roubado e nunca mais recuperado.
Diante disso, ele tentou comprar outro veculo utilizando novamente a iseno de
IPI, mas a Receita Federal no permitiu alegando que ainda no havia se passado o
prazo de 2 anos de que trata o art. 2.
A iseno de IPI para aquisio de automvel por pessoa com necessidades es-
peciais (art.1, IV, da Lei 8.98911995) poder ser novamente concedida antes do
trmino do prazo de 2 anos contado da aquisio (art. 2) se o veculo vier a ser
roubado durante esse perodo.
O art. 2 da Lei n 8.989/95 deve ser interpretado de maneira a satisfazer o ca-
rter humanitrio da poltica fiscal, primando pela incluso das pessoas com
necessidades especiais e no restringindo seu acesso.
A orientao do STJ que a Lei n 8.g8g/95 no pode ser interpretada em bice
implementao de ao afirmativa para incluso de pessoas com necessida-
des especiais (REsp 567.873-MG, DJ 25l2/2oo4).
Assim, cabe, na situao em anlise, afastar a limitao temporal do art. 2 da
Lei n 8.g8g/gs, com base no princpio da dignidade da pessoa humana e em
razo de motivo de fora maior.
STJ.1Turma. REsp 1.390.345-RS, Rei. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 24/3/2015
(lnfo 559).
PREVISO
O ICMS um imposto estac.'ual previsto no art. 155,11, da CF e na LC 87/96:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
11- operaes relativas circul.ao de mercadorias e sobre prestaes de servi-
os de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao, ainda que as
operaes e as prestaces se iniciem no exterior;
CARACTERSTICAS
Principais caractersticas do imposto:
plurifsico: incide sobre ::> valor agregado, obedecendo-se ao princpio da no-
-cumulatividade;
real: as condies da pes~.oa so irrelevantes;
proporcional: no pwgressivo;
fiscal: tem como funo principal a arrecadao.
FATOS GERADORES
Eduardo Sabbag afirma que, resumidamente, o ICMS pode ter os seguintes fatos
geradores (Manual de Direito Tributrio. 4 ed. So Paulo: Saraiva, 2012, p. 1061):
circulao de mercadorias;
prestao de servios de :ransporte intermunicipal;
prestao de servios de :ransporte interestadual;
prestao de servios de comunicao.
Garantia legal
O consumidor, ao adquirir um produto, possui prazos de garantia previstos no prprio
COC. Trata-se da chamada "garantia legal", que decorre de lei, independentemente
de termo expresso e obrigatria (art. 24). Assim, se o servio ou produto der algum
problema ("no for adequado aos fins a que se destina"}, o con~umidor poder recla-
mar sobre a existncia desses vcios nos prazos fixados no art. 26 do coe.
Garantia contratual
Em determinadas situaes, o fornecedor do bem ou servio, para agradar o clien-
te e demonstrar que comercializa um produto ou servio de qualidade, oferece a
todos os consumidores uma garantia contratual por meio de contrato escrito. Essa
garantia contratual complementar garantia legal. Ex.: determinada fabricante
de TV vendeu seus televisores durante a Copa do Mundo de 2014 e afirmou que eles
tinham garantia at a Copa de 2018.lsso consiste na chamada garantia contratual.
Garantia estendida
uma terceira espcie. A garantia estendida, na verdade, um seguro oferecido
normalmente pela loja ao consumidor e, se este aceitar, ir pagar um valor extra
{alm do preo normal do produto/servio) com o objetivo de ter um tempo de
garantia superior garantia legal e contratual.
Assim, se o adquirente pagar pela garantia estendida, ele continuar tendo direito
de consertar ou trocar, gratuitamente, o produto/servio que apresentar algum v-
cio mesmo que isso ocorra aps o fim do prazo de garantia contratual (estipulado
pelo fabricante) e do trmino do prazo de garantia legal (fixado pelo COC).
A garantia estendida tem natureza jurdica de seguro, sendo regulamentada pela
SUSEP, e contratada no com a loja, mas sim com uma companhia seguradora
{Curiosidade: a maioria das grandes redes de varejo possui tambm uma compa-
nhia de seguros que faz parte do mesmo grupo econmico. Assim, quando a pessoa
compra o produto na loja, o vendedor j oferece a garantia estendida. Ocorre que,
se o consumidor aceitar, ele no estar contratando essa garantia estendida da
loja, mas sim da empresa de seguros que integra o conglomerado econmico. Ex.:
a rede de lojas "Magazine Luiza" possui uma companhia de seguros chamada de
"Luizaseg" que oferece servios de garantia estendida aos consumidores).
Tese:
Como o tema foi julgado em sede de recurso extraordinrio sob repercusso geral,
o STF firmou a seguinte tese que valer para outros casos semelhantes:
A dvida que surge a seguinte: o ICMS deve ser pago para o Estado onde est
localizada a empresa prestadora do servio (em nosso exemplo, SP} ou para o Es-
tado onde mora o cliente tomador do servio (GO}?
O ICMS deve ser recolhido em parcelas iguais para os dois Estados.
Segundo decidiu o STJ, caso o prestador de servios de televiso por assinatura via
satlite fornea pacote de canais porvalorfixo mensal para assinantes localizados
Regra:
Em regra, a competncia para cobrana de ICMS do local da prestao do servio.
Em regra, para os servios de comunicao via satlite ser considerado, como local
da prestao do servio, o domiclio do tomador, nos termos da alnea "c-1" do inciso
111 do art. 11 da Lei Complementar n 87/96:
Exceo:
O 6 do referido artigo traz uma exceo para os casos de servios no medidos e
cujo preo seja cobrado por perodos definidos. Veja:
Art.11 (... )
6 Na hiptese do inciso 111 do caput deste artigo, tratando-se de servios no
medidos, que envolvam localidades situadas em diferentes unidades da Fede-
rao e cujo preo seja cobrado por perodos definidos, o imposto devido ser
recolhido em partes iguais para as unidades da Federao onde estiverem locali-
zados o prestador e o tomador.
ICMS IMPORTACO
......................... r ................................................................................................. .
A CF/88 prev que haver cobrana de ICMS nos casos de mercadoria importada
do exterior ou nas hipteses de servio prestado no exterior. Ex.: uma empresa que
fabrica roupas dever pagar ICMS se importou da China uma mquina txtil para
utilizar em sua linha de produo.
Se a pessoa que importou a mercadoria era uma pessoa fsica no contribuinte ha-
bitual do imposto, haver incidncia de ICMS?
SIM.
Se a mercadoria foi importada pela empresa sem finalidade comercial (no seria
utilizada em sua cadeia produtiva), mesmo assim haver incidncia de ICMS?
SIM.
Desde a edio da EC 33/2001, o ICMS incide sobre toda e qualquer importao.
Independentemente de a pessoa ser contribuinte ou no do ICMS, dever pagar o
ICMS importao.
Veja a redao do art. 155, 2,1X, "a", da CF/88:
Incide tambm o ICMS:
..=-~~~-~~-~~~.Y.~~~~~-~~-~-~~~~~~-~-~~~~-~~-~--~P~.~-~!.~~--
A resposta para as perguntas acima ir depender da situao concreta.
Situao3:
Situao: quando o adquirente no for o consumidor final do produto adquirido.
Exemplo: supermercado de PE compra computadores de empresa de SP para re-
vender em suas lojas no Recife.
Soluo dada pela CF/88: aplica-se a alquota INTERESTADUAL, mas o valor ficar
todo com o Estado de origem (Estado onde se localiza o vendedor; no caso, SP).
Voltando ao nosso exemplo: quando esses computadores sarem de SP, dever ser
aplicada a alquota interestadual (7%) e todo esse valo.- fica com o Estado de origem.
Obs.: esta a situao mais corriqueira na prtica.
EC 87/2015
Diante dessa derrota no STF, os chamados Estados consumidores no desistiram
da luta e conseguiram aprovar a EC 87/2015, que altera as regras acima explicadas.
Agora sim vamos tratar especificamente sobre a nova emenda constitucional.
Quadro-comparativo:
CF/88
Art. 155 (... ) 2 (... )
XII- cabe lei complementar:
(...)
g) regular a forma como, mediante deliberao dos Estados e do Distrito Federal,
isenes, incentivos e benefcios fiscais sero concedidos e revogados.
LC 24/75
Art. 1 As isenes do imposto sobre operaes relativas circulao de mercado-
rias sero concedidas ou revogadas nos termos de convnios celebrados e ratifi-
cados pelos Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta Lei.
Resumindo:
5 IMPOSTOS MUNICIPAIS
5.1IPTU
NOCES GERAIS
...... ! ....................................................................................................
IPTU significa imposto sobre propriedade territorial urbana de bens imveis, sendo
tributo de competncia dos Municpios.
O IPTU est previsto no art. 156,1, da CF/88:
Caractersticas
Trata-se de um imposto:
real: incide sobre uma coisa (propriedade imobiliria urbana);
direto: o prprio contribuinte quem suporta o encargo financeiro da tributao
(no h repercusso econmica);
fiscal: a funo precpua deste imposto a arrecadao (imposto fiscal). Valeres-
saltar, no entanto, que, em alguns casos, ele poder assumir tambm um carter
extrafiscal (forma de estimular o cumprimento da funo social da propriedade);
progressivo: pode ser progressivo no tempo caso a propriedade no esteja cum-
prindo sua funo social (art. 182, 4), alm de poder ser progressivo em razo
do valor do imvel (art. 156, 1, I);
complexivo: significa que seu fato gerador um s ao longo de todo o ano.
Fato gerador
: de bem imvel
propriedade
O FATO GERADOR \ por natureza ou
domnio til
DOIPTU A... \ por acesso fsica
posse
: localizado na zona urbana.
Alquota
As alquotas podero ser livremente estipuladas pelos Municpios, desde que, ob-
viamente, no sejam to elevadas a ponto de caracterizar um confisco, o que ve-
dado constitucionalmente (art. 150, IV, da CF/88).
Existem trs critrios de diferenciao de alquota no IPTU:
progressividade em razo do valor do imvel (art. 156, 1, I);
progressividade em razo da funo social da propriedade (art. 182, 4, 11): au-
mento de alquotas para desestimular que o imvel fique no edificado, inutili-
zado ou subutilizado.
extrafiscalidade pela localizao e uso (art. 156, 1, 11).
Obs.: alguns autores chamam a extrafiscalidade pela localizao e uso de "seletivi-
dade do IPTU". o caso de Hugo de Brito Machado e Ricardo Lobo Torres.
Progressividade
Progressividade uma tcnica de tributao que tem como objetivo fazer com que
os tributos atendam capacidade contributiva.
Na prtica, a. progressividade funciona da seguinte forma: a lei prev alquotas va-
riadas para o imposto e o aumento dessas alquotas ocorre na medida em que se
aumenta a base de clculo.
O IPTU progressivo?
SIM. Existem duas espcies de progressividade no IPTU:
Progressividade em razo do valor do imvel (art.156, 1, 1}: quanto maior o va-
lor do imvel, maior a alquota. Trata-se de progressividade fiscal (com o objetivo
de arrecadar mais).
Progressividade em razo da funo social da propriedade (art.182, 4, 11}: aumen-
to de alquotas para desestimular que o imvel fique no edificado, inutilizado ou
subutilizado. Consiste em uma progressividade extrafiscal (tem por finalidade fazer
cumprir um mandamento constitucional, qual seja, a funo social da propriedade).
para terrenos com valor venal acima de R$ R$ 1 milho, alquota de 12% (doze
por cento).
Para o STF, as leis municipais que, antes da EC 29!2ooo, previam alquotas progressi-
vas em razo do valor do imvel eram vlidas? Essa Lei do Municpio XXX era vlida?
NO. Como vimos acima, antes da EC 29/2000, a CF/88 no previa, em seu texto, a pro-
gressividade em razo do valor do imvel. Para o STF, essa lacuna era proposital e, no
havendo previso expressa, os Municpios estavam proibidos de instituir a progressi-
vidade em razo do valor. Antes da EC 29/2000 s era vlida uma forma de progressi-
vidade no IPTU: a progressividade para cumprir a funo social da propriedade. Logo,
essas leis municipais que trouxeram rogressividade fiscal antes da EC 29/2ooo eram
inconstitucionais. Foi editada at uma smula para expor esse entendimento:
Imagine que esse art. 33 da Lei do Municpio XXX foi declarado inconstitucional com
base no entendimento exposto na Smula 668-STF. A dvida que surge agora a
seguinte: com a declara~o de inconstitucionalidade, os contribuintes estaro dis-
pensados de pagar o IPTU?
NO. O fato de ter sido declarada inconstitucional a progressividade das alquotas
no inviabiliza a cobrana do IPTU. De acordo com a teoria da divisibilidade da lei,
somente se deve proferir a inconstitucionalidade das normas viciadas, no se de-
vendo estender o juzo de censura s outras partes da lei. Nesse sentido, a lei muni-
cipal s seria inconstitucional no tocante progressividade das alquotas, de modo
que a soluo mais adequada manter a exigibilidade do tributo.
Qual ser, no entanto, a alquota que dever ser paga? Suponha que Joo possui
um imvel avaliado em R$ 2 milhes; ele pagar o IPTU com base em qual alquota?
Declarada inconstituciona I a progressividade de alquota tributria, devido o tri-
buto calculado pela alquota MNIMA correspondente, de acordo com a destina-
o do imvel.
Segundo decidiu o STF, o reconhecimento da inconstitucionalidade da progressi-
vidade do IPTU no afasta a cobrana total do tributo. Esta, no entanto, deve ser
realizada pela forma menos gravosa prevista em lei.
Resumindo:
Antes da EC 2g/2ooo, a CF/88 permitia para o JP,TU apenas a progressividade
em razo da funo s~cial da .propdedade (art. 182, 4, U). A Constituio
no previa, eXpJessamente, a. progressivida,de ~m Jl:to do. valor do imvel
(art. 1s6, 1,1). ; . ' ... . . ' . . .
O fato de o imvel sofrer restries quanto sua utilizao pelo fato de ser uma
rea de preservao permanente no afasta a incidncia do IPTU, uma vez que o
fato gerador do imposto permanece ntegro, qual seja, a propriedade localizada na
zona urbana do municpio.
Alm disso, a circun5tncia de parte do imvel ser considerada como rea "non
aedificandi" (rea com restries legais ou contratuais onde no permitido cons-
truir) tambm no afasta a cobrana do IPTU, pois no h perda da propriedade,
s.ziSS
Incide ISS (e no ICMS) sobre o servio de montagem de pneus, ainda que a so-
ciedade empresria tambm fornea os pneus utilizados na montagem.
STJ. 2" Turma. REsp 1.307.824-SP, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 27110/2015
(lnfo 573).
Art.1 (... }
2 Ressalvadas as excees expressas na lista anexa, os servios nela mencio-
nados no ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operaes Relativas Circulao de
Mercadorias e Prestaes de Servios de Transporte Interestadual e Intermuni-
cipal e de Comunicao -ICMS, ainda que sua prestao envolva fornecimen-
to de mercadorias.
Se uma pessoa procura essa unidade do interior e l entrega o seu material para
exame, pagando o preo do servio, o ISS dever ser pago para o Municpio do inte-
rior ou para o Municpio da capital? Em outras palavras, o ISS pertence ao Municpio
onde coletado o material ou ao Municpio no qual ser realizado o exame?
O ISS incidente sobre a prestao de servios de anlises clnicas deve ser cobrado
no Municpio onde coletado o material biolgico para os exames laboratoriais.
A municipalidade competente para realizar a cobrana do ISS a do local do
estabelecimento prestador dos servios.
O estabelecimento prestador do servio a localidade em que h uma unidade
econmica ou profissional, isto , onde a atividade desenvolvida, independen-
temente de ser formalmente considerada como sede ou filial da pessoa jurdica.
STJ.1 Turma. REsp 1-439-753-PE, Rei. Min. Arnaldo Esteves Lima, Rei. para acrdo Min. Bene-
dito Gonalves, julgado em 6/11/2014 (lnfo 555). .
ISSQN
O ISSQN (ou simplesmente ISS) significa imposto sobre servios.
Trata-se de um tributo de competncia dos Municpios.
As normas gerais sobre esse imposto esto previstas na Lei Complementar nacio-
nal116/2003.
Fato gerador
O ISS incide sobre todo e qualquer servio, desde que cumpridas duas condies:
a relao dos servios sobre os quais incide o imposto deve estar prevista em lei
complementar nacional (atualmente a Lei Complementar 116/03);
no incide sobre servios de transporte interestadual, intermunicipal e de comu-
nicao (que so objeto de ICMS).
Veja o que dispe o art. 1 da LC 116/2003:
Art. 1 O Imposto Sobre Servios de Qualquer Natureza, de competncia dos
Municpios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestao de servios
constantes da lista anexa, ainda que esses no se constituam como atividade
preponderante do prestador.
Alquota
A alquota mxima do ISS de 5% (art. go da LC n6/2003).
Base de clculo
A base de clculo do ISS o PREO DO SERVIO, ou seja, o valor pago pelo tomador
do servio ao prestador como contraprestao pela utilidade oferecida.
Assim, o valor que o contribuinte ir pagar de 5% sobre o preo do servio presta-
do (no caso de AL mxima).
Smula 524-STJ
O enunciado 524 do STJ espelha a distino acima exposta, podendo ser dividido
em duas partes. Veja:
No tocante base de clculo, o ISSQN incide:
apenas sobre a taxa de agenciamento quando o servio prestado por sociedade
empresria de trabalho temporrio for de intermediao (mera agenciadora},
devendo, entretanto, englobar tambm os valores dos salrios e encargos sociais
dos trabalhadores por ela contratados nas hipteses de fornecimento de mo de
obra (fornecedora de mo de obra).
6 CONTRIBUIES
6.1 COFINS
Fato gerador
O fato gerador da COFINS 'O faturamento mensal, assim entendido o total das
receitas auferidas pela pessoa jurdica, independentemente de sua denominao
ou classificao contbil (art. 1 da Lei n 10.833/2oo3). Isso com base no art. 195, I,
"b", da CF/88:
Art. 195. A seguridade social ser financiada por toda a sociedade, de forma dire-
ta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos oramentos
da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e das seguintes con-
tribuies sociais:
1- do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
incidentes sobre:
{... )
b) a receita ou o faturamento;
Base de clculo
A base de clculo da COFINS o valor do faturamento (art. 1, 2 da Lei n
10.83312003).
Lei n 10.684/2003
A Lei n 10.684/2003 aumentou a alquota da COFINS nos seguintes termos:
Art. 18. Fica elevada para quatro por cento a alquota da Contribuio para o Fi-
nanciamento da Seguridade Social- COFINS devida pelas pessoas jurdicas re-
feridas nos 6 e 8 do art. 3 da Lei n g.718, de 27 de novembro de 1gg8.
{Obs.: este julgado somente interessa aos candidatos a concursos federais que exijam
Direito Tributrio de forma mais intensa.)
H incidncia de contribuio para o PIS/PASEP-Importao e de COFINS-Impor-
tao sobre a importao de animal silvestre, ainda que sua internalizao no
territrio nacional tenha ocorrido via contrato de permuta de animais.
O art.1, caput, da lei n 10.865/2004 instituiu a Contribuio para os Programas
de Integrao Social e de Formao do Patrimnio do Ser;idor Pblico incidente
na Importao de Produtos Estrangeiros ou Servios (PIS/PASEP-Importao) e
a Contribuio Social para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo
INCRA
c
O Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA) uma autarquia ii
<
federal, criada pelo Decreto-Lei n 1.110/70 e que tem como finalidades: t
executar a reforma agrria; e ii
~
Concursos
Essa smula pode ser ccbrada em alguns concursos federais, como de Procurador
Federal, Servidor do INSS, Juiz Federal. Mesmo assim, se for cobrada, penso que ser
exigida apenas a redao literal do enunciado.
A CONTRIBUICO
...................... SOCIAL DO ART. 1 DA LC no/2001 CONTINUA EM VIGOR
.'..................................... ' ............................................................. .
(Obs.: Este julgado somente interessa para os concursos que exigem direito tributrio
de forma mais aprofundada}.
A contribuio social prevista no art. 1 da LC no/2001- baseada no percentual
sobre o saldo de FGTS em decorrncia da despedida sem justa causa -, a ser
suportada pelo empregador, no se encontra revogada, mesmo diante do cum-
primento da finalidade para a qual a contribuio foi instituda.
STJ. 2 Turma. REsp 1-487.505-RS, Rei. Min. Humberto Martins,julgado em 17/3/2015 {lnfo 558).
LCno/2001
A Lei Complementar 110/2001 criou a seguinte contribuio social em seu art. 1:
Art. 1 Fica instituda contribuio social devida pelos empregadores em caso de
despedida de emr:r~gado sem justa causa, alquota de dez por cento sobre o
montante de todos os depsitos devidos, referentes ao Fundo de Garantia do
Tempo de Servio- FGTS, durante a vigncia do contrato de trabalho, acrescido
das remuneraes aplicveis s contas vinculadas.
Determinada empresa props ao judicial pedindo que ficasse dispensada de
pagar esse tributo. AlegJu a autora que a contribuio prevista no art. 1 da LC
110/2oo1 foi criada com finalidade temporria de fazer caixa para o pagamento das
diferenas da correo monetria das contas do FGTS dos trabalhadores brasileiros,
que foram prejudicados por uma sistemtica incoerente com a inflao verificada
entre dezembro de 1988 e fevereiro de 1989, e tambm no ms de abril de 1990.
Assim, tendo sido cu mp-ida a finalidade para a qual foi criada, essa contribuio
teria perdido eficcia e no poderia mais ser cobrada.
7 DIREITO FINANCEIRO
7.1 EC 89/2015
A EC 89/2015 deu nova redao ao art-42 do Ato das Disposies Constitucionais Tran-
sitrias, ampliando o prazo em que a Unio dever destinar s Regies Centro-Oeste
e Nordeste percentuais mnimos dos recursos destinados irrigao. Compare:
Art. 42. Durante 25 (vinte e cinco) anos, a Art. 42. Durante 40 (quarenta) anos, a
Unio aplicar, dos recursos destinados Unio aplicar dos recursos destinados
irrigao: irrigao:
1- vinte por cento na Regio Centro- 1-20% (vinte por cento) na Regio
-Oeste; Centro-Oeste;
l i - cinqenta por cento na Regio Nor- l i - 50% (cinquenta por cento) na
deste, preferencialmente no semi-rido. Regio Nordeste, preferencialmente no
Semirido.
Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferncia volun-
tria a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federaco, a
ttulo de cooperao, axlio ou assistncia financeira, que no decorra de deter-
minao constitucional, legal ou os destinados ao Sistema nico de Sade.
1 So exigncias para a realizao de transferncia voluntria, alm das esta-
belecidas na lei de diretrizes oramentrias:
(... )
IV- comprovao, por parte do beneficirio, de:
a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, emprstimos e finan-
ciamentos devidos ao ente transferidor, bem como quanto prestao de contas
de recursos anteriormente dele recebidos;
Existe alguma exceo a essa regra, ou seja, uma hiptese em que seja possvel a
transferncia dos recursos mesmo estando o ente figurando no CAUC?
SIM.
Tais situaes excepcionais so previstas tanto na LC n 101/2000 como na lei que
regulamenta o CADIN (Lei n 10.522/2002)
Lei no 10.522!2oo2:
Art. 26. Fica suspensa a restrio para transferncia de recursos federais a Es-
tados, Distrito Federal e Municpios destinados execuo de aes sociais ou
aes em faixa de fronteira, em decorrncia de inadimplementos objetos de re-
gistro no Cadin e no Sistema Integrado de Administrao Financeira do Governo
Federal- SIAFI. (Redao dada pela Lei n 12.8101201]}
Em que pese a infraestrutura urbana estar inclusa no rol dos direitos a cidades sus-
tentveis, a reforma de prdio pblico no pode ser enquadrada no conceito de
ao social previsto no art. 26 da Lei no 10.522/2002. A interpretao da expresso
"aes sociais" no pode ser ampla a ponto de incluir hipteses no apontadas pelo
legislador, haja vista que, se assim se procedesse, qualquer atuao governamental
em favor da coletividade seria passvel de enquadramento nesse conceito. Assim,
interpretando o art. 26 da Lei 10.522/2002, verifica-se que a ao social referente
s aes que objetivam atender a direitos sociais assegurados aos cidados, cuja
realizao obrigatria por parte do Poder Pblico.
A suspenso da restrio para a transferncia de recursos federais aos Estados, Dis-
trito Federal e Municpios inscreve-se em norma de direito financeiro e exceo
regra, estando limitada s situaes de execuo de aes sociais ou aes em fai-
xa de fronteira, no podendo sua interpretao ser abrangente a ponto de abarcar
situaes que o legislador no previu.
73 DEPSITOS JUDICIAIS
INCONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS ESTADUAIS QUE PERMITEM QUE O ESTADO
UTILIZE TAIS VERBAS
Depsitos judiciais
Todos os valores em dinheiro que ficam disposio da Justia enquanto o pro-
cesso no se encerra so depositados em uma conta bancria em nome do Poder
Judicirio. A isso chama-se depsito judicial. Exs.: Joo ingressa com ao de con-
signao em pagamento em face de Pedro, depositando em juzo R$ 100 mil reais.
Maria ajuza execuo contra Antnio e consegue a penhora on fine de R$ 200 mil.
Tais valores ficaro em depsito judicial e, quando o juiz autorizar, eles podero ser
levantados pela parte vencedora, devidamente atualizados.
FILIACO DO SEGURADO
-~ o
Para que o indivduo possa ser considerado segurado, necessrio que ele seja fi-
liado Previdncia Social.
Filiao a relao jurdica que se estabelece entre o indivduo e o INSS, fazendo
com que o primeiro se torne segurado da Previdncia Social e passe a ter direitos
(ex.: auxlio-doena, aposentadoria) e obrigaes (ex.: pagamento das contribui-
es previdencirias).
PERDA DA DUALIDADE
.................. DE SEGURADO E PERODO DE GRACA
~ ......................................................................... ~ ............................. .
Vimos acima que, em regra, o segurado obrigatrio fi lia-se ao RGPS com o incio de
uma atividade laborativa remunerada. Ao comear a ter uma atividade remune-
rada, antes que ele receba o salrio, a fonte pagadora j ir descontar um valor a
ttulo de contribuio previdenciria e repass-la ao INSS.
No caso do contribuinte individual que trabalhe por conta prpria, ele quem de-
ver fazer o pagamento das contribuies previdencirias.
Se o segurado deixa de realizar atividade laborativa remJnerada (ex.: demitido)
ou deixa de pagar a contribuio previdenciria (no caso do contribuinte indivi-
dual), ele ir perder a qualidade de segurado, ou seja, deixar de ser segurado da
Previdncia Social e no mais ter direito aos benefcios r:revidencirios.
Vale ressaltar que essa perda no imediata, ou seja, no mesmo dia em que for
demitido ou deixar de pagar a contribuio previdenciria.
O art. 15 da Lei no 8.213/91 prev que a pessoa, mesmo sem estar pagando as contri-
buies previdencirias, continuar sendo segurada do INSS por um tempo, que
chamado de "perodo de graa".
A palavra "graa" significa favor dispensado a algum, pre;ente, ddiva, algo grtis.
Perodo de graa , portanto, um tempo previsto na lei em que o indivduo continua
sendo segurado do INSS mesmo sem estar pagando contribuio previdenciria.
uma forma de ajudar a pessoa que pode estar momentaneamente desempregada ou,
por razes de adversidade, impossibilitada de recolher a contribuio previdenciria.
A hiptese mais comum a do indivduo que estava trabalhando e ficou desempre-
gado. Ao sair do emprego, ele parou de pagar contribui~o previdenciria. Se no
houvesse o perodo de graa, ele perderia imediatamente a qualidade de segurado.
No entanto, o inciso li do art. 15 prev um perodo de preser1te, de graa, no qual ele
continuar sendo segurado mesmo sem pagar. Confira:
~
munhal ouvida em juzo na ao que pede o benefcio previdencirio.
O precedente mais importante no STJ sobre o tema o Pet 7.115/PR, 3 Seo. Rei.
Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 1D/o3f2010.
o<{
Se quiser demonstrar que sabe mesmo tudo sobre o tema em sua prova, voc pode u
zw
citar ainda a posio sumulada da TNU: o
>
w
Smula 27-TNU: A ausncia de registro em rgo do Ministrio do Trabalho no ""
impede a comprovao do desemprego por outros meios admitidos em Direito.
a.
A defesa dos segurados, no entanto, quis avanar um pouco mais e sustentou o se-
guinte raciocnio: todas as vezes que a pessoa trabalha, esse vnculo fica registrado
O STJ aceitou essa segunda tese? O simples fato de no haver anotao na CTPS do se-
gurado prova suficiente de que ele estava desempregado para fins do 2 do art. rs?
NO. A ausncia de anotao laboral na CTPS do indivduo no suficiente para
comprovar a sua situao de desemprego. Isso porque pode ser que ele tenha tra-
balhado em alguma atividade remunerada na informalidade, no tendo assinado
carteira. Ex.: camel, vendedor de frutas, diarista etc.
Resumindo:
I:MJ(jtiT'NtE
O 2 do art. 15 da Lei 8.213/91 prev que o perodo de graa do segurado ser
acrescido de 12 meses se ele estiver desempregado e comprovar essa situao
"pelo registro no rgo prprio do Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social".
A situao de desemprego do segurado pode ser provada por outros meios?
SIM. O registro no rgo prprio do MTE no o nico meio de prova admissvel para
que o segurado desempregado comprove a stuao de desemprego para a prorroga-
o do perodo de graa, sendo admtidas outras provas, como a testemunhal.
O simples jato de no haver anotao na CTPS do segurado prova suficiente de
que ele estava desempregado para fins do 2 do art. rs?
NO. A ausncia d~ anotao laboral na CTPS do indivduo no suficiente para
comprovar a sua situao de desemprego. Isso porque pode ser que ele tenha
trabalhado em alguma atividade remunerada na informalidade, no tendo as-
sinado carteira.
STJ. 13 Turma. REsp 1.338.295-RS, Rei. Min. Srgio Kukina,julgado em 25/11/2014 (lnfo 553).
Repare que o art. 45 da Lei n 8.213!91 fala que esse adicional ser devido no caso de
aposentadoria por invalidez. No entanto, indaga-se: se a pessoa foi aposentada por
tempo de servio ou tempo de contribuio e algum tempo depois torna-se invlida,
precisando do auxlio permanente de terceiros, ela poder requerer esse adicional do
art. 45, por analogia? Ex.: Pedro aposentou-se por tempo de contribuio em 2012. Em
2015, sofre um AVC e fica em estado vegetativo; ele poder requerer o aumento de
25% do valor recebido a ttulo de aposentadoria, aplicando-se o art. 45 por analogia?
NO.
O segurado j aposentado por tempo de servio e/ou por contribuio que foi
posteriormente acometido de invalidez que exija assistncia permanente de
outra pessoa no tem direito ao acrscimo de 25% sobre o valor do benefcio
a que o aposentado por invalidez faz jus em razo de necessitar dessa assis-
tncia (art. 45, caput, da Lei n 8.213/91). Isso porque o mencionado dispositivo
legal restringiu sua incidncia ao benefcio de aposentadoria por invalidez, no
podendo, assim, ser estendido a outras espcies de benefcios previdencirios.
Esse foi o entendimento firmado pelo STJ a respeito do tema.
STJ.1 Turma. REsp 1.533-402-SC, Rei. Min. Srgio Kukina,julgado em 1/g/2015 (lnfo 569).
Obs.: a TNU possui julgados em sentido contrrio ao do STJ, ou seja, entendendo ser
possvel aplicar o art. 45 da Lei n 8.213/91 aos aposentados por tempo de servio
e/ou tempo de contribu-o. Contudo, em provas, deve-se adotar a posio do STJ.
3 APOSENTADORIA ESPECIAL
3.1 NOCES GERAIS
Aposentadoria especial aquela cujos requisitos e critrios exigidos do beneficirio
so mais favorveis que os estabelecidos normalmente para as demais pessoas.
O art. 57 da Lei n 8.213/91 trata da aposentadoria especial no Regime Geral da Pre-
vidncia Social (RGPS) e prev que esta ser concedida s pessoas que trabalhem
em condies que prejudiquem a sua sade ou integridade fsica:
Art. 57 A aposentadoria especial ser devida, uma vez cumprida a carncia exigi-
da nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condies especiais que
prejudiquem a sade ou a integridade fsica, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25
(vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.
Desse modo, se a pessoa fica exposta a agentes nocivos que tornem suas condies
de trabalho insalubres, perigosas ou penosas, ela poder ter direito aposentado-
ria especial. Esses agentes nocivos esto previstos em Decretos do Presidente da
Repblica, conforme autoriza a Lei n 8.213/91:
Art. 64. A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carncia exigida, ser de-
vida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este
somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produo, que
tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso,
sujeito a condies especiais que prejudiquem a sade ou a integridade fsica.
A tese do INSS aceita pela jurisprudncia? Essa restrio imposta pelo art. 64 do
Decreto n 3048/gg vlida? O contribuinte individual, para ter direito aposenta-
doria especial, precisa ser obrigatoriamente filiado alguma cooperativa?
NO.
Em suma:
STJ. 2 Turma. REsp 1-436.794-SC, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 17/9/2015
(lnfo 570).
~
de que ele l trabalhou durante esses quatro anos.
O juzo acatou o requerimento e requisitou da empresa os documentos, que foram
juntados aos autos.
"'u
<t
Ao final do processo, o magistrado julgou procedente o pedido e condenou o INSS zw
Cl
a conceder a aposentadoria especial ao autor. 5w
Vale ressaltar que, quando o autor formulou o requerimento administrativo, j ha- "'c..
via preenchido todos os requisitos para a obteno da aposentadoria (idade, tempo
de servio, carncia). Ele s no recebeu o benefcio porque faltaram alguns docu-
mentos que comprovavam o tempo de servio especial.
4 APOSENTADORIA HBRIDA
Aposentadoria por idade
A aposentadoria por idade do RGPS encontra-se prevista no inciso li do 7 do art.
201 da CF/88:
URBANA RURAL
Homem: 65 anos de idade Homem: 6o anos de idade
Mulher: 6o anos de idade Mulher: 55 anos de idade
Pode acontecer de, quando o trabalhador rural atingir a idade mnima necessria
(ex.: 65 anos, homem), ele ainda no ter alcanado o tempo mnimo de atividade
rural exigida. Ex.: Joo trabalhou dez anos com atividades urbanas. De repente, de-
cidiu se mudar para o campo e, desde ento, s trabalha com agricultura. Ao atingir
6o anos de idade, Joo no pode ter direito aposentadoria por idade rural, j que
s acumulou oito anos trabalhando na roa (e a carncia seria de quinze anos).
~
tadoria por idade rural (6o anos, se homem, e 55 anos, se mulher), ainda no tenha
alcanado o tempo mnimo de atividade rural exigido na tabela de transio pre-
vista no art. 142 da Lei 8.213!1991, poder, quando completar 65 anos, se homem, e 2
<t
6o anos, se mulher, somar, para efeito de carncia, o tempo de atividade rural aos
z
perodos de contribuio sob outras categorias de segurado, para fins de concesso w
Cl
de aposentadoria por idade "hbrida". ainda que inexistam contribuies previden- >
w
cirias no perodo em que exerceu suas atividades como trabalhador rural. "'
Q.
A modalidade "hbrida" foi introduzida pela Lei n 11-718/2oo8 para permitir uma
adequao da norma para as categorias de trabalhadores urbanos e rurais, possibi-
litando ao segurado especial a soma do tempo de atividade rural sem contribuies
Aposentadoria hbrida
A aposentadoria hbrida tem por objetivo alcanar os trabalhadores que, ao longo de
sua vida, mesclaram perodos de labor urbano e rural, sem, contudo, perfazer tempo
suficiente para se aposentar em nenhuma dessas atividades, quando isoladamente
consideradas, permitindo-se, por conseguinte, a soma de ambos os tempos.
Previso legal
Veja cada uma das modalidades de aposentadoria por idade no art-48 da Lei n 8.213/91:
Direito aposentadoria hbrida mesmo que o ltimo vnculo tenha sido urbano
Para ter direito aposentadoria hbrida, a ltima atividade exercida pela pessoa
deve ser a agrcola? Exige-se que a pessoa tenha sado da atividade urbana para
a agrcola?
NO. O reconhecimento do direito aposentadoria hbrida por idade no est
condicionado ao exerccio de atividade rurcola no perodo imediatamente an-
terior ao requerimento administrativo.
Em outras palavras, a aposentadoria hbrida pode ser concedida ainda que a ltima
atividade do segurado tenha sido a urbana, ou seja, ainda que ele tenha comeado
na atividade rural e depois migrado para a urbana.
No faz diferena se ele est exercendo atividade urbana ou rural no momento
em que completa a idade bu apresenta o requerimento administrativo.
Quem sai do campo para cidade tem direito aposentadoria hbrida, assim
como quem sai da cidade e vai para o campo.
STJ. 13 Turma. REsp 1.476.383-PR, Rei. Min. Srgio Kukina,julgado em 1/10/2015 (lnfo 570).
Direito aposentadoria hbrida mesmo que o trabalho preponderante tenha sido urbano
Para ter direito aposentadoria hbrida, a pessoa tem que ter trabalhado mais
tempo na agricultora do que em atividades urbanas? A agricultura tem que ser a
atividade preponderante? Existe essa exigncia?
NO. Seja qual for a predominncia do labor misto no perodo de carncia ou
o tipo de trabalho exercido no momento do implemento do requisito etrio ou
do requerimento administrativo, o trabalhador tem direito aposentadoria h-
brida, desde que cumprida a carncia com a utilizao de labor urbano ou rural.
STJ. 2 3 Turma. AgRg no REsp 1-497-086/PR, Rei. Min. Herman Benjamin, DJe de o6/o4/2015.
Para ter direito aposentadoria hbrida, a pessoa pode aproveitar o tempo tra-
balhado em atividades rurcolas mesmo que isso tenha ocorrido antes da Lei n
8.213!91? Pode aproveitar o tempo trabalhado em atividades rurais mesmo que no
tenha recolhido contribuies para a Previdncia Social sobre esse labor rural?
SIM. possvel considerar o tempo de servio rural anterior ao advento da Lei n
8.213/91 para fins de carncia de aposentadoria hbrida por idade, sem que seja
necessrio o recolhimento de contribuies previdencirias para esse fim.
A Lei n 11.718/2008, ao alterar o art. 48 da Lei n 8.213/91 e prever a aposenta-
doria hbrida, no proibiu que se computasse o tempo de servio rural anterior
vigncia da Lei n 8.213/91 para fins de carncia nem exigiu qualquer recolhi-
mento de contribuies previdencirias.
STJ. 1 Turma. REsp 1-476.383-PR, Rei. Min. Srgio Kukina,julgado em 1/10/2o15 (lnfo 570).
lndepende de carncia
Uma das principais caractersticas da penso por morte que se trata de um bene-
fcio que no depende de carncia para ser concedido (art. 26, I, da Lei n 8.213/91).
Outros benefcios previdencirios que tambm prescindem de carncia: auxlio-
-recluso, auxlio-acidente e salrio-famlia.
Diante disso, indaga-se: a penso por morte ser paga a Maria desde a data do bito
(1olfol2oyo), do requerimento administrativo (2SifOI201o) ou do deferimento ad-
ministrativo (3olnl201o)?
Como aps a morte do segurado, a dependente demorou menos que 30 dias para
~
requerer o benefcio, a penso por morte ser paga a contar da data do bito (no
caso, 10/10/2010). Assim, o INSS dever pagar Maria as parcelas atrasadas retroa-
gndo ao dia em que o segurado morreu.
""
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u
Voltando ao nosso caso: zw
Cl
Maria ficou recebendo, mensalmente, a penso por morte. Estava tudo bem, sem pro- 5w
blema algum. Ocorre que em 10/10/2014, Lucas, depois de ter sido orientado por um ""
D..
advogado, descobriu que tambm tinha direito parte da penso por morte. Diante
disso, no mesmo dia, ele ingressou com pedido administrativo no INSS requerendo a
sua incluso como dependente e tambm sua parte no pagamento da penso.
No h dvida de que Lucas tem direito penso por morte. A pergunta que surge,
no entanto, a seguinte: o seu pedido para receber as parcelas atrasadas dever ser
aceito? A penso por morte ser paga a Lucas desde a data do bito (1olro/zo1o) ou
desde a data do requerimento administrativo (1olrolzo14)?
Desde a data do requerimento administrativo (10110/2014).
No que tange ao termo inicial da penso por morte, vimos acima que existe uma
regra e uma exceo:
Regra:
Dependente levou menos de 30 dias para requerer: o termo inicial ser a data do
BITO.
Dependente levou mais de 30 dias para requerer: o termo inicial ser a data do
REQUERIMENTO.
Exceo:
Se o dependente for MENOR, INCAPAZ ou AUSENTE, a penso por morte ser devida
desde a data do bito, ainda que ela tenha sido requerida aps 30 dias da data do bito.
Como Lucas menor, ele se enquadraria na exceo. Ocorre que o STJ construiu
uma nova peculiaridade no prevista na lei. A Corte afirmou o seguinte: ainda que
o beneficirio seja "pensionista menor" (como era o caso de Lucas), a penso por
morte ter como termo inicial a data do requerimento administrativo-e no a do
bito- na hiptese em que, postulado aps mais que 30 dias do bito do segura-
do, o benefcio j vinha sendo pago integralmente a outro dependente previamen-
te habilitado (em nosso exemplo, Maria).
Salrio de benefcio
Salrio de benefcio {SB) um valor utilizado como base para se calcular a renda
mensal dos benefcios.
Em outras palavras, o SB a base de clculo utilizada para se estimar o valor do
benefcio que ser pago.
Sobre o valor do SB incidir uma alquota prevista em lei e, assim, calcula-se o valor
da renda mensal do benefcio (RMB).
Ex.: o RMB da penso por morte igual a 100% do valor da aposentadoria que o se-
gurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez
na data de seu falecimento.
~
Em frmula matemtica: RMB da aposentadoria por invalidez= salrio-de-benefcio.
Depois, sobre esse valor aplicamos uma alquota prevista em lei. O resultado dessa
operao equivale renda mensal do benefcio.
Ilustrando com uma frmula matemtica:RMB/RMI =salrio-de-benefcio x alquota.
Contestao do INSS
O INSS contestou o pedido alegando a decadncia. Segundo argumentou a autar-
quia, o clculo feito para se chegar ao valor da penso por morte foi correto (100%
da aposentadoria). Logo, o que a autora est buscando questionar o clculo da apo-
sentadoria que era recebida pelo segurado (Joo) e que deu origem penso. Ocorre
que essa aposentadoria foi concedida em 2004 e j se passaram mais de 10 anos, de
forma que no mais possvel o ajuizamento da reviso (art. 103 da Lei n 8.213191).
A tese do INSS est correta? Em caso de reviso de penso por morte, o termo inicial
do prazo decadencial para a ao a data do benefcio originrio {aposentadoria)?
NO.
Segundo entende o STJ, a pessoa que recebe a penso por morte (ex.: Maria) s
passa a gozar de legitimidade para propor a ao de reviso no momento em que o
beneficirio da aposentadoria (ex.: Joo) morre e a penso concedida. Antes disso,
ela no poderia ajuizar ao questionando o valor da aposentadoria, considerando
que esta no era um direito seu. Logo, se ela s pode questionar o valor da penso
quando esta concedida, a partir desta data ela poder pedir a reviso, mesmo
que isso implique em reexaminar o clculo da aposentadoria realizado anos atrs.
Aplica-se aqui o princpio da actio nata, segundo o qual o prazo para ajuizar a ao
somente se inicia quando o direito for violado. O direito de Maria s comeou a ser
1iolado em 2010, quando a penso por morte foi concedida com valor inferior ao
que seria realmente devido.
;essalte-se que a reviso da aposentadoria ir gerar efeitos financeiros apenas
Jara fins de repercusso da alterao do valor da penso por morte.
54 ALTERACES DA LEI13.135/2015
Em 2015, foi editada a Lei n 13-135/2015 que promoveu importantes alteraes nos
benefcios do Regime Geral da Previdncia Social (Lei n 8.213/91).
No site h um artigo com comentrios sobre as mudanas. Irei aqui apenas apont-las
deforma resumida:
1. Alterao ao rol de dependentes
O rol de dependentes do segurado est previsto no art. 16 da Lei n 8.213/91.
A Lei n 13.135/2015 alterou o inciso 111 do art. 16. Compare o que mudou:
~
de dependentes do segurado:
(...)
(... )
111- o irmo no emancipado, de qual-
quer condio, menor de 21 (vinte e um) 111- o irmo de qualquer condio me- 2
nor de 21 (vinte e um) anos ou invlido <C
oz
anos ou invlido ou que tenha deficin-
cia intelectual ou mental que 0 torne ou que tenha deficincia intelectual ou w
Cl
absoluta ou relativamente incapaz, mental ou deficincia grave, nos termos >
w
A penso por morte recebida pelo cnjuge ou companheiro(a) ERA para sempre, ou
seja, at que ele( a) tambm morresse. Assim, o(a) vivo( a) recebia a penso duran-
te toda a sua vida.
Segundo o governo, isso estava gerando um grave desequilbrio atuarial porque
tem se tornado mais comum que idosos casem-se com pessoas jovens e, quando
o( a) segurado( a) morre, o( a) vivo(a) ainda receber a penso por dcadas.
Pensando nisso, a Lei no 13.13512015 acrescentou o inciso V ao 2 do art. 77 da Lei
n 8.213/91 prevendo uma tabela com o tempo mximo de durao da penso por
morte devida ao cnjuge ou com panheiro(a) do segurado falecido.
O que o salrio-maternidade?
m Trata-se de benefcio previdencirio "devido a todas as seguradas do RGPS, sem
exceo, que visa substituir a sua remunerao em razo do nascimento do seu
filho ou da adoo de uma criana, pois nesse perodo preciso que a mulher
volte toda a sua ateno ao infante, sendo presumida legalmente a sua incapa-
cidade temporria de trabalhar." (AMADO, Frederico. Direito Previdencirio siste-
matizado. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 687).
(...)
VIl -como segurado especial: a pessoa fsica residente no imvel rural ou em
aglomerado urbano ou rural prximo a ele que, individualmente ou em regime de
economia familiar, ainda que com o auxlio eventual de terceiros, na condio de:
a) produtor, seja proprietrio, usufruturio, possuidor, assentado, parceiro ou
meeiro outorgados, comodatrio ou arrendatrio rurais, que explore atividade:
1. agropecuria em rea de at 4 (quatro) mdulos fiscais;
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exera suas atividades nos termos
do inciso XII do caput do art. 2 da Lei n g.g85, de 18 de julho de 2000, e faa
dessas atividades o principal meio de vida;
b} pescador artesanal ou a este assemelhado que faa da pesca profisso habi-
tual ou principal meio de vida; e
c) cnjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 {dezesseis} anos de ida-
de ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alneas a e b deste inciso,
que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo.
(... )
6 Para serem considerados segurados especiais, o cnjuge ou companheiro e
os filhos maiores de 16 {dezesseis) anos ou os a estes equiparados devero ter
participao ativa nas atividades rurais do grupo familiar.
Essa exigncia de idade mnima de 16 anos para ser considerado segurado espe-
cial tem uma explicao constitucional. A CF/88 probe o trabalho de menores de
O STJ disse: real mente, a Le'1 n 8.213/91 fixou a idade mnima de 16 anos para que se
ostente a condio de segurado especial (art.11, VIl, "c" e 6). -ambm verdade que
a idade mnima de 16 anos constitui o limite constitucional para o trabalho (art. 7,
XXXIII, da CF) e o marco etio para filiao ao RGPS. No entanto, apesar disso, no se
pode admitir, na hiptese, que o no preenchimento do requisito etrio para filiao
ao RGPS prejudique o acess:::> ao benefcio previdencirio do salrio-maternidade.
O sistema da Seguridade Socialtem por objetivo constitucional proteger o indivduo,
assegurando direitos sace, assistncia social e previdncia social, revelando-se,
dessa forma, elemento indispensvel para a garantia da dignidade humana. Nesse
contexto, prejudicar o aces5o ao benefcio previdencirio em razo do no preenchi-
mento do requis'1to etrio implicaria desamparar no s a jovem trabalhadora, mas
tambm o nascituro, que seria privado no apenas da proteo social, como tambm
do convvio familiar,j que sua me teria de voltar s lavouras aps o nascimento.
Alm do mais, a inteno do legislador infraconstitucional ao impor o limite m-
~
nimo de 16 anos de idade para a inscrio no RGPS era a de evitar a explorao do
trabalho da criana e do adolescente, ancorado no art. 7, XXXIII, da CF/88. Negar 0
salrio-maternidade jovem grvida contraria essa proteo, na medida em que Q1
<t
coloca a adolescente em si-:uao ainda mais vulnervel, afastando a proteo so- oz
w
cial de quem mais necessita. o
~
A legislao, ao vedar o trabalho infantil, teve por escopo a ~roteo da criana ou ""
0..
Art. 203. A assistncia social ser prestada a quem dela necessitar, independen-
temente de contribuio seguridade social, e tem por objetivos:
(... )
V -a garantia de um salrio mnimo de benefcio mensal pessoa portadora de
deficincia e ao idosos que comprovem no possuir meios de prover prpria
manuteno ou de t-la provida por sua famlia, conforme dispuser a lei.
A fim de dar cumprimento a esse comando constitucional, foi editada a Lei n
8.742193 que, em seus arts. 20 a 21-A, disciplinoL como seria pago esse benefcio.
Nomenclatura
O art. 20 da Lei n 8.742193 denomina esse direito de "Benefcio de Prestao Conti-
nuada". Ele tambm pode ser chamado pelos seguintes sinnimos: "Amparo Assis-
tencial", "Benefcio Assistencial" ou"LOAS".
Para receber esse benefcio, necessrio que a pessoa contribua ou tenha contribu-
do para a seguridade social?
NO. Trata-se de um benefcio de assistncia social, que ser prestado a quem dele
necessitar, independentemente de contribuio seguridade social. A assistncia
social caracterizada por ser um sistema no-contributivo, ou seja, prestada in-
dependentemente de contribuio.
Inacumulvel
A pessoa que recebe o amparo assistencial no pode receber ao mesmo tempo
outro benefcio no mbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da
assistncia mdica e da penso especial de natureza indenizatria (art. 20, 4).
Vale ressaltar, no entanto, que esse critrio no absoluto. O Plenrio do STF de-
clarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade do 3 do art. 20 da Lei 8.742/93
(sem pronncia de nulidade) por considerar que o referido critrio est defasado
para caracterizar a situao de miserabilidade. O STF afirmou que, para aferir que
o idoso ou deficiente no tem meios de se manter, o juiz est livre para se valer de
outros parmetros, no estando vinculado ao critrio da renda per capita inferior a
1/4 do salrio-mnimo previsto no 3 do art. 20.
STF. Plenrio. RE 567985/MT e RE s8og63/PR, red. p/ o acrdo Min. Gilmar Mendes, julgados
em 17 e 18/4/2013 (lnfo 702).
~ (... ) O limite legal estabelecido no art. 20, 3, da Lei 8.742/93 no critrio ab-
.... soluto, de modo que a necessidade/miserabilidade do postulante pode ser com-
provada de outras maneiras. (... )(STJ. 2 Turma. AgRg no REsp 1341655/SP, Rei. Min.
Castro Meira, julgado em o6/o8/2013)
~
monstrada a renda per capita inferior a 1/4 do salrio-mnimo. Orientao rea-
firmada no julgamento do REsp 1.112.557/MG, sob o rito dos recursos repetitivos
(art. 543-C do CPC).(STJ. 23 Turma. AgRg no AgRg no AREsp 617.901/SP, Rei. Min.
Herman Benjamin, julgado em 05/05/2015) -<(
zw
Desse modo, o que eu queria que voc entendesse que, mesmo aps a deciso do o
STF nos RE 567985fMT e RE 580963/PR, o art. 20, 3, da Lei n 8.742/93 continua >
w
sendo um dos critrios para se aferir a miserabilidade, sem prejuzo de outros. "'
D..
Assim, na prtica, se a renda familiar mensal per capita for superior a 1/4 do sal-
rio mnimo e no houver outras provas que atestem a miserabilidade, o benefcio
assistencia I ser negado.
11. Para concesso do benefcio de que trata o caput deste artigo, podero ser
utilizados outros elementos probatrios da condio de miserabilidade do grupo
familiar P da situao de vulnerabilidade. conforme regulamento.
O que se entende por renda familiar mensal per capita? Como isso calculado?
Normalmente, um assistente social vai at a residncia da pessoa que est reque-
rendo o benefcio e faz entrevistas com ela e os demais moradores da casa, inda-
gando sobre as fontes de renda de cada, verificando as condies estruturais do lar,
os mveis e eletrodomsticos existentes no local etc.
Aps isso, elaborado um laudo social.
A renda familiar mensal per capita calculada da seguinte forma: soma-se todos os
rendimentos dos membros da famlia que moram na mesma casa que o requeren-
te do benefcio e depois divide-se esse valor pelo nmero de familiares (incluindo o
requerente). Ex.: Carla (pessoa com deficincia) mora com seus pais (Joo e Maria)
e mais um irmo (Lucas). Joo e Maria trabalham e ganham um salrio mnimo,
cada. Clculo da renda mensal per capita: 2 salrios mnimos divididos por 4 pes-
soas= 2:4). Logo, a renda mensal per capita ser igual a 1/2 do salrio mnimo. Neste
exemplo, a renda familiar mensal per capita ser maior do que o teto imposto pelo
art. 20, 3, da Lei n 8-742/93. Mesmo assim, o juiz poder conceder o benefcio,
desde que existam outras provas que atestem a miserabilidade da requerente. No
havendo, contudo, tal comprovao, o benefcio ser negado.
Art. 34 Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que no possuam meios
para prover sua subsistncia, nem de t-la provida por sua famlia, assegurado
o benefcio mensal de 1 (um) salrio-mnimo, nos termos da Lei Orgnica da As-
sistncia Social- LOAS.
O que disse, portanto, o pargrafo nico: se o idoso pedir o amparo assistencial e for
constatado que algum de sua famlia j recebe esse benefcio, essa quantia dever
ser excluda da renda famiHar per capita. Ex.: Maria (65 anos) requereu o amparo as-
sistencial; a assistente social foi at a sua casa e percebeu que l vivem, alm da re-
querente, Joo (cnjuge), Pedro, Ricardo e Vitor (filhos). Joo possui 70 anos e j rece-
be o LOAS. Pedro ganha 1 salrio mnimo enquanto que Ricardo e Vitor no possuem
renda. Logo, a renda familiar per capita de 1 salrio mnimo dividido por 5 pessoas,
ou seja, a renda familiar per capita de 1/5 do salrio mnimo (inferior, portanto, ao
parmetro do art. 20, 3, da Lei n 8.742/93). O valor recebido por Joo no entra no
clculo por fora do pargrafo nico do art. 34 do Estatuto do Idoso. Repare que, se
entrasse, a renda per capita familiar seria superior a 1/4 do salrio mnimo.
Veja que a regra acima ajuda bastante o idoso que pede o benefcio.
O pargrafo nico do art. 34 do Estatuto do Idoso pode ser aplicado, por analogia,
pessoa com deficincia que pede o amparo assistencial? Se uma pessoa com defi-
cincia possui em sua famlia algum que j recebe o LOAS, possvel excluir esse
valor do clculo da renda mensal per capita, assim como feito com o idoso?
SIM.
Como vimos, esse benefcio possui fundamento constitucional (art. 203, V, da CF/88}
e a CF/88 no fez distino de tratamento entre o idoso e o deficiente, tratando-os
igualmente. Assim, conclui-se que h uma inaceitvel lacuna normativa a despro-
teger os deficientes vulnerveis, lacuna essa que deve ser suprida com fundamento c
<>
<I
nos arts. 4 e 5 da LINDB e no pargrafo nico do art. 34 do Estatuto do Idoso. c
:2
u
Desse modo, luz dos princpios da isonomia e da dignidade humana, faz-se ne- c:
cessrio aplicar a analogia a fim de que o pargrafo nico do art. 34 do Estatuto do u
Idoso integre tambm o sistema de proteo pessoa com deficincia, para asse- "'a
gurar que o benefcio previdencirio, no valor de um salrio mnimo, recebido por
idoso que faa parte do ncleo familiar no componha a renda per capita prevista
no 3 do art. 20 da Lei no 8.742/93-
8 CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA
8.1 NOCES GERAIS
A CF/88 prev, em seu art. 195, as chamadas "contribuies para a seguridade social".
Consistem em uma espcie de tributo cuja arrecadao utilizada para custear a
seguridade social (sade, assistncia e previdncia social).
Art. 195. A seguridade social ser financiada por toda a sociedade, de forma dire-
ta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos oramentos
da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e das seguintes con-
tribuies sociais:
1- do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
incidentes sobre:
a) a folha de salrios e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qual-
quer ttulo, pessoa fsica que lhe preste servio, mesmo sem vnculo empregatcio;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
11- do trabalhador e dos demais segurados da previdncia social, no incidindo
contribuio sobre aposentadoria e penso concedidas pelo regime geral de pre-
vidncia social de que trata o art. 201;
111- sobre a receita de concursos de prognsticos;
IV -do importador de bens ou servios do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
A CF/88 determina que os recursos arrecadados com as contribuies previstas no art.
195, I, "a" e 11 sero destinados exclusivamente ao pagamento de benefcios previden-
cirios do RGPS (administrado pelo INSS).
Em razo disso, a maioria dos autores de Direito Previdencirio denomina as contri-
buies do art. 195, I, "a" e li de "contribuies previdencirias", como se fossem uma
subespcie das contribuies para a seguridade social. Nesse sentido: Frederico Amado.
Art. 28 (... )
~
lados do salrio;
Resumindo:
STJ. 2 Turma. REsp 1.275.69s-ES, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2o/8f2015
(lnfo s68).
Incide contribuio previdenciria sobre o auxlio quebra de caixa pago pelo empre-
gador ao empregado?
SIM. O STJ entende que o auxlio quebra de caixa tem ntida natureza salarial e in-
tegra a remunerao. Logo, possuindo natureza salarial, conclui-se que esta verba
integra a remunerao, razo pela qual incide contribuio previdenciria.
Deve-se relembrar a seguinte regra:
Tem natureza salarial: INCIDE contribuio previdenciria.
Possui natureza indenizatria: NO incide contribuio previdenciria.
Por que o STJ entende que o auxlio quebra de caixa tem natureza salarial? Ele no
uma forma de compensar os riscos do empregado? No seria mais correto consider-la
como natureza indenizatria?
O STJ adota o seguinte critrio: se a 'Jerba paga por liberalidade do empregador,
ela no pode ser considerada como sendo de natureza indenizatria. Para o STJ, as
verbas de natureza indenizatria so obrigatrias. Como o auxlio quebra de caixa
no obrigatrio (a empresa poderia ter se recusado a celebrar o acordo/conven-
o coletiva), no se pode dizer que ela seja indenizatria.
OUADRO-RESUMO
.........................................................................................................................
.:"':"
Com base em outros julgados do STJ relacionados com informativos de outros anos
anteriores, podemos construir a seguinte tabela:
CONTRIBUIES PREVIDENCIRIAS
INCIDEM sobre NO INCIDEM sobre
1. Horas extras e seu respectivo adicional 1. Tero de frias gozadas
2. Adicional noturno 2. Frias indenizadas
3 Adicional de periculosidade 3 Tero de frias indenizadas
4 Salrio maternidade 4 Aviso prvio indenizado
5 Salrio paternidade 5 Valor pago pela empresa ao emprega-
6. Participao nos lucros ANTES da do nos qu'nze dias que antecedem o
MP794/94 auxlio-doena
7 Licena para casamento ("gala") 6. Participao nos lucros DEPOIS da MP o
;;;:
8. Licena para prestao de serJio 794194 <(
u
eleitoral zw
7 Auxlio-transporte (mesmo que pago a
g. Frias gozadas em pecnia) >
w
1o.Prmios e gratificaes pagos corn ha- 8. Prmios e gratificaes eventuais "'
ll.
bitualidade
g. Salrio-famlia
11. Auxlio quebra de caixa
12. Dcimo terceiro salrio
Art. 6o (...)
Ex.: o segurado era motorista de txi, mas teve uma hrnia de disco; se ele, para
melhorar a renda da famlia, volta a trabalhar temporariamente como vendedor
de loja, dever ser analisada a sua incapacidade segundo cada uma das atividades
por ele exercidas. Em outras palavras, no porque ele voltou a trabalhar em outra
atividade que significa que esteja apto a desempenhar sua funo de taxista.
LEI 8.213/91
REDAO ORIGINAL REDAO DADA PELA LEI N 13.135/2015
Art. 151. At que seja elaborada a lista de Art. 151. At que seja elaborada a lista de
doenas mencionadas no inciso li do art. doenas mencionada no inciso li do art.
26, independe de carncia a concesso 26, independe de carncia a concesso
de auxlio-doena e aposentadoria por de auxlio-doena e de aposentadoria
invalidez ao segurado que, aps filiar-se
ao Regime Geral de Previdncia Social,
for acometido das seguintes doenas:
tuberculose ativa; hansenase; alienao
mental; neoplasia maligna; cegueira;
por invalidez ao segurado que, aps
filiar-se ao RGPS, for acometido das
seguintes doenas: tuberculose ativa,
hansenase, alienao mental, esclerose
mltipla, hepatopatia grave, neoplasia
1t
<!
u
z
w
o
paralisia irreversvel e incapacitante; maligna, cegueira, paralisia irreversvel e ~
cardiopatia grave; doena de Parkinson; incapacitante, cardiopatia grave, doena ""
0..
93 SALRIO DE BENEFCIO
CLCULO DO SALRIO DE BENEFCIO DECORRENTE DE ATIVIDADES CONCOMI-
TANTES PRESTADAS EM REGIMES DIVERSOS
Salrio de benefcio
Salrio de benefcio (SB) um valor utilizado como base para se calcular a renda
mensal dos benefcios.
Em outras palavras, o SB a base de clculo utilizada para se estimar o valor do
benefcio que ser pago.
Sobre o valor do SB incidir uma alquota prevista em lei e, assim, calcula-se o valor
da renda mensal do benefcio (RMB).
Aps 35 anos como empregado celetista, ele pediu sua aposentadoria junto ao INSS.
Mas o RGPS ficar no prejuzo por ter que calcular o valor da aposentadoria mais
alto sendo que, no perodo em que o segurado trabalhou como estatutrio, ele con-
tribuiu para o RPPS. isso mesmo?
NO. O RGPS no ter prejuzo porque o art. 94da Lei na 8.213/91 prev que, nestes casos,
haja uma compensao financeira, ou seja, o RPPS para o qual o segurado contribua
ir repassar ao RGPS os valores por pagos pelo segurado. Veja o qJe diz o dispositivo:
Art. 94 Para efeito dos benefcios previstos no Regime Ge31 de Previdncia So-
cial ou no servio pblico assegurada a contagem recproca do tempo de con-
94 DESAPOSENTACO
Conceito
A desaposentao consiste no ato do segurado de renunciar aposentadoria que
recebe a fim de que possa requerer uma nova aposentadoria (reaposentao), des-
ta vez mais vantajosa, no mesmo regime previdencirio ou em outro.
Mas a pessoa aposentada que estiver trabalhando deve pagar contribuio pre-
videnciria?
SIM. O aposentado pelo Regime Geral de Previdncia Social (RGPS) que estiver exer-
cendo ou que voltar a exercer atividade remunerada segurado obrigatrio em
relao a essa atividade, ficando sujeito ao pagamento de contribuio previden-
ciria, para fins de custeio da Seguridade Social( 3 do art. 11 da Lei n 8.213/91).
'~o de desaposentao"
Como o INSS no admite administrativamente, os segurados passaram a aJuizar
uma ao judicial postulando a desaposentao.
POSICO
......... DO STF
...................................................................................................................
A situao aqui diferente dos casos anteriores. Isso porque o autor recebe o be-
nefcio por fora de deciso proferida, em cognio exauriente, pelo Juiz de 1 grau
(sentena), a qual foi confirmada em 2" instncia. Existe, portanto, um duplo con-
forme (ou dupla conformidade) entre a sentena e o acrdo. Isso gera a estabiliza-
o da deciso de primeira instncia.
Nessa hiptese, o INSS, que sucumbiu. s tem a possibilidade de interpor RE ou
REsp, que so recursos de natureza extraordinria, de fundamentao vinculada, e
nos quais vedado o reexame de fatos e provas, alm de,, em regra, no possurem
efeito suspensivo.
Logo, a dupla conformidade limita a possibilidade de recurso do vencido, tornando
estvel a relao jurdica submetida a julgamento, sendo, por isso, passvel de exe-
cuo provisria. Alm disso, cria no vencedor a legtima expectativa de que titular
do direito reconhecido na sentena e confirmado pelo tribunal de 2" instncia. Essa
expectativa legtima de titularidade do direito, advinda de ordem judicial com fora
definitiva, suficiente para caracterizar a boa-f exigida de quem recebe a verba de
natureza alimentar posteriormente cassada, porque, no mnimo, confia- e, de fato,
deve confiar- no acerto do duplo julgamento.
Assim, na presente situao, se fosse determinada a restituio de tudo o que foi re-
cebido pelo autor, haveria uma violao ao princpio da dignidade da pessoa humana,
alm de se abalar a confiana que os jurisdicionados possuem nas decises judiciais.
{STJ. Corte Especial. EREsp 1.o86.154-R5, Rei. Min. Nancy Andrighi,julgado em 20/11/2013.)
'IR9,~f!ti
Na hiptese de paralisao de edificao de condomnio residencial, em raz~o
da falncia da incorporadora imobiliria, e tendo a obra sido retomada poste-
riormente pelos adquirentes das unidades imobilirias (Omercializadas (cond-
minos), estes NO podem ser responsabilizados pelo pagamento de contribui-
es previdencirias referentes etapa da edificao que se encontrava sob a
responsabilidade exclusiva da incorporadora falida.
Assim, se um grupo de condminos se rene e, com recursos prprios, termina
o prdio que foi abandonado pela Encol, estes no podero ser responsabiliza-
dos pelos dbitos previdencirios que a antiga construtora contraiu durante a
primeira etapa da obra.
STJ. 2 Turma. REsp 1-485.379-SC, Rei. Min. Og Fernandes,julgadc em 16/12/2014 (lnfo 554).
O STJ aplicou, ao caso, o inciso VIl do art. 30 da Lei n 8.212/g1,que determina o seguinte:
Caso seja ajuizada a ao sem que tenha havido prvio requerimento administrati-
vo e sem que este pedido tenha sido indeferido, dever o juiz extinguir o processo
sem resoluo do mrito por ausncia de interesse de agir, considerando que havia
a possibilidade de o pedido ter sido atendido pelo INSS na via administrativa.
Para o STF, a exigncia de que seja feito prvio requerimento administrativo NO
viola o princpio da inafastabilidade da jurisdio. O art. 5, XXXV, da CF/88 estabe-
lece que "a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a
direito". Ora, se no houve pedido administrativo anterior e negativa por parte do
INSS no prazo legal, no est caracterizada nenhuma leso ou ameaa de direito.
Em seu voto, o Min. Relator Lus Roberto Barroso afirmou:
"No h como caracterizar leso ou ameaa de direito sem que tenha havido um
prvio requerimento do segurado. O INSS no tem o dever de conceder o benefcio de
ofcio. Para que a parte possa alegar que seu direito foi desrespeitado preciso que o
segurado v ao INSS e apresente seu pedido'~
Para a propositura de ao pleiteando a concesso do benefcio previdencirio,
preciso que, antes, tenha ocorrido uma das trs situaes abaixo:
1. o interessado requereu administrativamente o benefcio, mas este foi negado
pelo INSS (total ou parcialmente);
2. o interessado requereu administrativamente o benefcio, mas o INSS no profe-
riu uma deciso em um prazo mximo de 45 dias;
do segurado, podendo es:e ajuizar a 3o, sem prvio pedido de reviso administrativa.
"c
u:
Exceo: ""
Antes de ajuizar a ao pedindo a reviso do benefcio previdencirio, o segurado
precisar formular requerimento administrativo se essa reviso baseada em no-
vos fatos que no haviam sido exa 11inados pelo INSS.
- .
OUADRO RESUMO: ACES PREVIDENCIRIAS EPRVIO REQUERIMENTO ADMI-
NISTRATIVO
-
CONCESSO de benefcio previdencirio
Para que a ao judicial proposta seja conhecida, necessrio que fique comprovado que:
o autor requereu administrativamente o benefcio, mas este foi negado pelo INSS
(total ou parcialmente);
o autor requereu administrativamente o benefcio, mas o INSS no proferiu uma
deciso em um prazo mximo de 45 dias;
o benefcio pleiteado trata de matria sobre a qual o INSS tem posio manifesta-
mente contrria ao pedido feito pelo segurado.
Vale ressaltar que o STJ, em julgamento ocorrido aps a deciso do STF acima expli-
cada, reconheceu a existncia de uma quarta exceo regra geral:
pode ser proposta a ao judicial pedindo o benefcio quando o autor comprova
que o INSS se recusou a receber o requerimento administrativo apresentado, ou
seja, a autarquia nem examinou o pedido administrativo porque o servidor no
aceitou sequer dar regular processamento ao pedido de benefcio (STJ. 2" Turma.
REsp 1.488.940-GO, Rei. Min. Herman Benjamin,julgado em 18/11/2014.lnfo 552).
Logo, EM REGRA, indispensvel o prvio requerimento administrativo do benef-
cio no INSS.
Obs.: no necessrio o esgotamento da via administrativa (o segurado no precisa
interpor recurso administrativo contra a negativa do pedido).
~~~~.~.~~.~~~.~~.~.~~~~
Antes do julgamento do STF, inmeras aes foram propostas sem prvio requeri-
mento administrativo. Tais processos estavam sobrestados aguardando a deciso
do Supremo em sede de repercusso geral. Isso porque o STF poderia decidir que
o prvio requerimento no era necessrio, situao em que essas aes poderiam
continuar tramitando normalmente. De outro modo, o Supremo poderia decidir,
como efetivamente o fez, que o prvio requerimento , em regra, indispensvel.
Agora que o STF finalmente decidiu o tema, indaga-se: o que fazer com os inmeros
processos sobrestados nos quais o autor props a ao sem ter requerido previamen-
te o benefcio junto ao INSS? Eles devero ser extintos por falta de interesse de agir
ou podero voltar a tramitar normalmente?
O STF modulou os efeitos de sua deciso e definiu trs regras de transio a serem
aplicadas aos processos judiciais sobrestados que envolvem pedidos de concesso
de benefcio ao INSS nos quais no houve requerimento administrativo prvio.
--------
Se a ao foi proposta em um juizado itinerante, mesmo no
1aregra: tendo havido prvio requerimento administrativo, o curso do
processo deve ser retomado e prosseguir normalmente (no
propositura por
ser extinto sem resoluo do mrito).lsso porque os juiza-
intermdio de
dos itinerantes ocorrem, basicamente, em lugares onde no
Juizado itinerante
h agncia do INSS, de forma que no seria razovel exigir do
autor prvio requerimento administrativo.
-------
Se a ao foi proposta sem prvio requerimento administrati-
vo, mas o INSS j apresentou contestao de mrito, o proces-
so tambm dever prosseguir normalmente (no ser extinto).
2aregra:
Isso porque o fato de o INSS ter contestado e de ter refutado o
INSS apresentou mrito da pretenso demonstra que h resistncia ao pedido
contestao de (a autarquia no concorda com o pleito), de forma que existe
mrito interesse de agir por parte do autor.
o
<
<{
Contestao
O INSS apresentou contestao na qual suscitou a sua ilegitimidade para figurar
no polo passivo da ao sob o argumento de que, se a pessoa est aposentada por
invalidez ou incapaz de se reabilitar para o mercado de trabalho, a autarquia no
teria qualquer responsabilidade com relao a esse segurado, j que seu objetivo
O INSS parte legtima para figurar no polo passivo de demanda cujo escopo seja
o fornecimento de rteses e prteses a segurado incapacitado parcial ou total-
mente para o trabalho, no apenas quando esses aparelhos mdicos sejam ne-
cessrios sua habilitao ou reabilitao profissional, mas, tambm, quando
sejam essenciais habilitao social.
STJ. 23 Turma. REsp 1.528-410-PR, Rei. Min. Herman Benjamin,julgado em 2/6/2015 (lnfo 566).
11 PREVIDNCIA PRIVADA
(Obs.: tema cobrado muito pouco em provas; antes de estuda.~ verifique o edital do
seu concurso.)
O ndice de correo total periodicamente aplicado pela Previdncia Social aos seus
benefcios nem sempre corresponde apenas inflao apurada no perodo, podendo
haver outros componentes, como o ganho real.
A previso estatutria da entidade de previdncia privada de reajustamento do bene-
fcio de prestao continuada justamente para a manuteno do poder aquisitivo ante-
rior ao desgaste causado pela inflao, e no para conceder ganhos reais aos assistidos.
A elevao do aporte financeiro demanda uma elevao proporcional na onerao
de seus contribuintes, tendo em vista a dinmica do regime de capitalizao, nsito
previdncia privada. Assim, eventual determinao de pagamento de valores sem
respaldo em plano de custeio implica desequilbrio econmico atuarial da entidade
de previdncia privada, a prejudicar a universalidade dos participantes e assistidos,
o que fere o princpio da primazia do interesse coletivo do plano. Vale assinalar, por
pertinente, que se deve garantir a irredutibilidade do benefcio suplementar con-
tratado, e no a concesso de ganhos reais ao participante, sobretudo se isso com-
prometer o equilbrio atuarial do fundo de previdncia privada. Logo, no se revela
possvel a extenso dos aumentos reais concedidos pela previdncia oficial ao bene-
fcio suplementar quando no houver fonte de custeio correspondente. Ademais, o
objetivo do fundo de previdncia complementar no propiciar ganho real ao tra-
balhador aposentado, mas manter o padro de vida para o assistido semelhante ao
que desfrutava em atividade, devendo, para tanto, gerir os numerrios e as reservas
consoante o plano de benefcios e os clculos atuariais.
~
planos de benefcios pelas entidades de previdncia privada, com a superviso de
rgos governamentais, e a adoo de sistema de reviso dos valores das contribui-
es e dos benefcios j encontravam previso legal desde a Lei 6-43511977 (arts. 3, o
o;
<(
21 e 42), tendo sido mantidas na LC 109/2001 (arts. 18 e 21).
zw
De fato, da prpria lgica do regime de capitalizao do plano de previdncia com- o
plementar o carter estatutrio, at porque, periodicamente, em cada balano, todos >
w
os planos de benefcios devem ser reavaliados atuarialmente, a fim de manter o equi- "'
0..
lbrio do sistema, haja vista as flutuaes do mercado e da economia, razo pela qual
adaptaes e ajustes ao longo do tempo revelam-se necessrios, sendo inapropriado
o engessamento normativo e regulamentar. Cumpre assinalar que as modificaes
lcita a clusula que prev a resciso do vnculo laboral com o patrocinador como
condio para o resgate da totalidade das contribuies vertidas ao plano pri-
vado de previdncia complementar de entidade fechada.
STJ-4 Turma. REsp 1.189.456-RS, Rei. Min. Luis Felipe Salomo,julgado em 12/5/2015 (lnfo 563).
Resumindo:
12 EXERCCIOS DE FIXAO
1) A ausncia de registros na CTPS, s por si, no suficiente para comprovar a situao de
desemprego da parte autora, admitindo-se, no entanto, que tal demonstrao possa ser efe-
tivada por outros meios de prova que no o registro perante o Ministrio do Trabalho e da
Previdncia Social, como 3 testemunhal. ( )
z) A concesso de benefcios previdencirios depende de requerimento do interessado, no se
caracterizando ameaa ou leso a direito antes de sua apreciao e indeferimento pelo INSS,
ou se excedido o prazo legal :>ara sua anlise. Dessa forma, exige-se do segurado o exauri-
mento das vias administrativas. ( )
3) Segundo decidiu recentemente o STF, exige-se prvio requerimento administrativo para que
o segurado proponha ao judicial pleiteando a reviso, restabelecimento ou manuteno
de benefcio previdencirio anteriormente concedido. ( )
4) O INSS parte legtima para "igurar no polo passivo de demanda cujo escopo seja o forneci-
mento de rteses e prteses a segurado incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho,
no apenas quando esses aparelhos mdicos sejam necessrios sua habilitao ou reabili-
tao profissional, mas, tamcm, quando sejam essenciais habilitao social. ( )
GABARITO
1) C; 2) E; 3) E; 4) C.
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1 EXTRADIO
1.1 PEDIDO DE EXTRADICO FORMULADO COM BASE EM TERRORISMO
Imagine a seguinte situao adaptada:
Juan, cidado peruano, est sendo processado em seu pas pela prtica do crime
de terrorismo.
Vale ressaltar que Juan mora atualmente no Brasil, razo pela qual a Repblica do
Peru requereu a sua extradio.
Tendo como base unicamente esses elementos, ser possvel que o Brasil conceda a
extradio?
NO. Um dos requisitos para que o Brasil conceda a extradio a chamada "dupla ti-
picidade", ou seja, que o fato seja considerado crime no Estado estrangeiro de origem e
tambm aqui no Brasil. Esse requisito est previsto no art. 77 do Estatuto do Estrangeiro:
O que terrorismo?
O Min. Celso de Mello, de forma precisa, constata que at hoje, "a comunidade in-
ternacional foi incapaz de chegar a uma concluso acerca da definio jurdica do
crime de terrorismo, sendo relevante observar que, at o presente momento, j fo-
ram elaborados, no mbito da Organizao das Naes Unidas, pelo menos, 13 (treze)
instrumentos internacionais sobre a matria, sem que se chegasse, contudo, a um
consenso universal sobre quais elementos essenciais deveriam compor a definio
tpica do crime de terrorismo ou, ento, sobre quais requisitos deveriam considerar-
-se necessrios configurao dogmtica da prtica delituosa de atos terroristas".
SIM NO
A CF/88 afirma que "no serei concedida extradio de estrangeiro por crime poltico
ou de opinio" (art. 5, UI}. O terrorismo pode ser considerado um "crime poltico"
e enquadrado nessa proibio do art. 5, UI? Em outras palavras, mesmo aps o ter-
Duas observaes:
No caso concreto, o motivo principal pelo qual o STF negou a extradio do estran-
geiro foi o fato de o Estado requerente no ter apresentado alguns documentos
obrigatrios e que foram exigidos pela Corte. Assim, o pedido feito foi instrudo
de forma insuficiente. Apesar disso, o Ministro Relator avanou na apreciao do
tema e fez as consideraes acima expostas sobre o terrorismo.
~
Mesmo o Brasil no prevendo o crime de terrorismo, seria possvel, em tese, que a
extradio fosse concedida se o Peru tivesse demonstrado que os atos terroristas
praticados pelo ru amoldavam-se em outros tipos penais em nosso pas. Ex.: o <(
Resumindo:
Mas existe alguma providncia que pode ser tomada pelas autoridades brasileiras
para corrigir essa falha e permitir o julgamento pelo crime 2?
SIM. O governo brasileiro dever formular ao Estado uruguaio um pedido de ex-
tenso da autorizao da extradio para que o ru seja julgado pelo crime 2.lsso
chamado de "extradio supletiva".
Segundo entende o STF, o pedido de extradio supletiva ou suplementar no viola
o princpio da especialidade, sendo juridicamente possvel (STF. Ext 1.052 extenso
-Reino dos Pases Baixos, DJe 5/12f2oo8}.
O ru j est no Brasil. Por que mesmo assim ser necessrio esse pedido de extenso?
Para que sejam cumpridas as regras de direito internacional sobre extradio.
Quando o Estado autoriza a extradio, ele precisa saber exatamente por quais
crimes a pessoa responder no Estado de destino. Isso porque o Estado poder re-
cusar a extradio se o delito pelo qual o acusado ir responder no for tambm
previsto como crime no Estado de origem (requisito da dupla tipicidade).
Dessa forma, no se pode omitir no pedido de extradio a existncia de crimes
~
que sero apurados no Estado requerente a respeito do mesmo ru, porque isso
seria uma forma de burlar a inteira anlise do pedido pelo Estado requerido.
A pessoa que foi extraditada somente pode ser julgada ou cumprir pena no Bra-
sil pelo(s) crime(s) contido(s) no pedido de extradio. Se o extraditando havia
cometido outros crimes antes do pedido de extradio, no poder, em regra,
2 REFGIO
Significado
O estrangeiro que se encontrar fora do seu pas por conta de perseguies decor-
rentes de raa, religio, nacionalidade, opinio poltica etc. e que no possa (ou no
queira) voltar para casa, poder obter proteo no Brasil por meio de um instituto
jurdico chamado de "refgio".
Previso normativa
O documento internacional que rege o tema a Conveno das Naes Unidas
sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, ratificada pelo Brasil.
No entanto, essa Conveno somente foi implementada de fato em nosso pas
muitos anos depois, com a edio da Lei no 9-474/97.
Composio do CONARE:
O CONARE constitudo por:
1- um representante do Ministrio da Justia, que o presidir;
11- um representante do Ministrio das Relaes Exteriores;
111- um representante do Ministrio do Trabalho;
IV- um representante do Ministrio da Sade;
V- um representante do Ministrio da Educao;
VI- um representante da Polcia Federal;
VIl- um representante de ONG, que se dedique a atividades de assistncia e pro-
teo de refugiados.
O Alto Comissariado das Naes Unidas para Refugiados - ACNUR ser sempre
membro convidado para as reunies do CONARE, com direito a voz, sem voto.
O fato de o indivduo ter ingressado irregularmente no Brasil impede que ele consiga
o refgio?
NO. O ingresso irregular no territrio nacional no constitui impedimento para o
estrangeiro solicitar refgio s autoridades competentes.
Processo gratuito
Os processos de reconhecimento da condio de refugiado sero gratuitos e tero
carter urgente.
A deciso que concede ou nega refgio pode ser objeto de controle judicial?
SIM. Veja este interessante caso decidido pelo STJ:
~ (... )cidado israelense ingressa no Brasil com visto para turismo, mas solicita per-
-. manncia como refugiado, ao argumento de sofrer perseguio religiosa. Aps
se esgotarem as instncias administrativas no Conare, entra com ao ordinria
sob o fundamento de que o conflito armado naquele pas, por ser notria, enseja
automtica concesso de status de refugiado.
2.O refgio reconhecido nas hipteses em que a pessoa obrigada a abando-
nar seu pas por algum dos motivos elencados na Conveno Relativa ao Estatu-
to dos Refugiados de 1957 e cessa no momento em que aquelas circunstncias
deixam de existir. Exegese dos arts. 1,111, e 38, V, da Lei 9-474/97.
3 A concesso de refgio, independentemente de ser considerado ato poltico ou
ato administrativo, no infenso a controle jurisdicional, sob o prisma da legalidade.
4. Em regra, o Poder Judicirio deve limitar-se a analisar os vcios de legalidade do
procedimento da concesso do refgio, sem rea preciar os critrios de convenin-
cia e oportunidade. Precedentes do STJ.
REFGIO ASILO
Proteo conferida por um Estado ao es- Proteo conferida por um Estado
trangeiro que se encontra fora do seu pas ao indivduo cuja vida, liberdade ou
por conta de perseguies decorrentes de dignidade estejam ameaadas pelas
raa, religio, nacionalidade, opinio pol- autoridades de outro Estado, normal-
tica etc. e que no possa (ou no queira) mente por conta de perseguies de
voltar para casa. ordem poltica .
............................................................................................................................
~
convenincia e aos interesses nacionais.
Pargrafo nico. passvel, tambm, de expulso o estrangeiro que:
<t
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanncia no Brasil; z
o
b) havendo entrado no territrio nacional com infrao lei, dele no se retirar no ~
z
prazo que lhe for determinado para faz-lo, no sendo aconselhvel a deportao;
"'w
f-
c) entregar-se vadiagem ou mendicncia; ou z
d) desrespeitar proibio especialmente prevista em lei para estrangeiro.
3 CONVENO DE HAIA
.~!?.~~-~~-~-~~~~ .................................
Conveno de Haia
O Brasil signatrio da "Conveno Sobre os Aspectos Civis do Sequestro Interna-
cional de Crianas" (Conveno de Haia), que vige em nosso pas desde o dia 1 de
janeiro de 2000 por fora do Decreto 3-413/2000.
Segundo o artigo 1, esta Conveno tem por objetivo:
assegurar o retorno imediato de crianas ilicitamente transferidas para qualquer
Estado Contratante ou nele retidas indevidamente; -'
<(
fazer respeitar de maneira efetiva nos outros Estados Contratantes os direitos de z
o
guarda e de visita existentes num Estado Contratante. ~
z
Em simples palavras, esta Conveno foi assinada para facilitar a devoluo de "'w
1-
crianas que tenham sido levadas ilicitamente de um pas para o outro ou que te- z
nham sido levadas licitamente, mas que no tenham retornado no perodo certo.
Procedimento da Conveno
Vamos resumir o procedimento previsto na Conveno de Haia com um exemplo.
Vale ressaltar que no sero abordadas peculiaridades e que, se voc quiser apro-
fundar o assunto, dever ler o Decreto 3-413f2oco.
A criana "A" levada ilicitamente dos EUA para o Brasil.
O pai de "A", que detinha o direito de guarda segundo as leis estadunidenses, comu-
nica o fato Autoridade Central dos EUA. Esta entra em contato com a Autoridade
Central do Brasil.
A chamada "Autoridade Central" o rgo designado pela lei do pas para dar apli-
cabilidade Conveno de Haia. No Brasil, a Secretria Especial dos Direitos Hu-
manos- SEDH.
A Autoridade Central do Brasil (SEDH), comunicada pela Autoridade Central dos EUA,
tenta localizar a criana e promover o seu retorno de forma voluntria (amigvel).
No sendo possvel, a SEDH encaminha o caso Advocacia-Geral da Unio (AGU)
para que esta promova, representando a Unio, ao judicial de busca, apreenso e
restituio da criana ao pas de onde veio.
Esta ao de competncia da Justia Federal de ,a instncia (art.10g, I e 111, da CF/88).
O Artigo 13 da Conveno estabelece que o Poder Judicirio no obrigado a ordenar
o retorno da criana se a pessoa, instituio ou organismo que se oponha provar:
que a pessoa, instituio ou organismo que tinha a seu cuidado a criana nos EUA
(em nosso exemplo) no exercia efetivamente o direito de guarda na poca da
transferncia ou da reteno, ou que havia consentido ou concordado posterior-
mente com esta transferncia ou reteno; ou
que existe um risco grave de a criana, no seu retorno, tcarsujeita a perigos de ordem
fsica ou psquica, ou, de qualquer outro modo, ficar numa situao intolervel.
A autoridade judicial pode tambm recusar-se a ordenar o retorno se verificar que a
criana no quer mais retornar e que j atingiu idade e grau de maturidade tais que
seja apropriado levar em considerao as suas opinies sobre o assunto.
Ao apreciar estas circunstncias referidas neste Artigo 13, o Poder Judicirio dever
levar em considerao as informaes relativas situao social da criana, forne-
cidas pelas autoridades competentes brasileiras.
De acordo com o Artigo 17, o simples fato de ter sido obtida uma deciso de guar-
da no Brasil no poder servir de base para justificar a recusa em fazer retornar a
criana aos EUA, mas o Poder Judicirio brasileir::> poder levar em considerao os
motivos dessa deciso na aplicao da Conveno.
~
a recomendar a suspenso deste processo at a soluo final da demanda ajui-
zada na Justia Federal.
<t
STJ. 2 Seo.CC 132.100-BA, Rei. Min.Joo Otvio de Noronha, julgado em 25/2/2015 (lnfo 559). z
o
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Objetivo da ao baseada na Conveno de Haia
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O objetivo da Conveno de Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacio- ~
nal de Crianas repor criana seu status quo, preservando o foro do pas de sua
Tema polmico
Vale ressaltar que o pprio Ministro Relator reconheceu que existem trs prece-
dentes recentes do STJ que decidiram pela competncia da Justia Federal para o
julgamento das causas que tramitavam na Justia Estadual (CC 100.345-RJ, Segun-
da Seo, DJe 18/3/2oo9; CC 118.351-PR, Segunda Seo, DJe 5/10/2011; e CC 123.094-
MG, Segunda Seo, DJe 14/2/2014). Desse modo, o tema ainda de certa forma
polmico. Entretanto, em provas, fique com este ltimo entendimento.
Artigo 12
Quando uma criana tiver sido ilicitamente transferida ou retida nos termos
do Artigo 3 e tenha decorrido um perodo de menos de 1 ano entre a data da
transferncia ou da reteno indevidas e a data do incio do processo perante a
autoridade judicial OJ administrativa do Estado Contratante onde a criana se
encontrar, a autoridade respectiva dever ordenar o retomo imediato da criana.
A autoridade judicial ou administrativa respectiva, mesmo aps expirado o pero-
do de uma ano referido no pargrafo anterior, dever ordenar o retorno da criana,
salvo quando for prov3do que a criana j se encontra integrada no seu novo meio.
Quando a autoridade judicial ou administrativa do Estado requerido tiver razes
para crer que a criana tenha sido levada para outro Estado, poder suspender o
processo ou rejeitar o Jedido para o retomo da criana.
A tese invocado pelo pai foi aceita pelo STJ? Se o processo foi iniciado com menos de
r ano da reteno indevida, ser sempre obrigatrio o retorno da criana?
NO.
"1. Os Estados-parte asseguraro criana, que for capaz de formar seus prprios
pontos de vista, o direito de exprimir suas opinies livremente sobre todas as
matrias atinentes criana, levando-se devidamente em conta essas opinies
em funo da idade e maturidade da criana. 2. Para esse fim, criana ser dada
a oportunidade de ser ouvida em qualquer procedimento judicial ou administra-
tivo que lhe diga respeito, diretamente ou atravs de um representante ou rgo
apropriado, em conformidade com as regras processuais do direito nacional".
NOCES PRELIMINARES
...... ! ... o o o
~
Caso o CSNU tenha editado uma deciso obrigatria, ela ser vinculante para todos
os Estados-membros da ONU. Vale ressaltar que possvel at mesmo que o CSNU
determine interveno militar em um Estado com o objetivo de garantir a execu- <(
z
o de suas resolues. o
~
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O Conselho de Segurana composto por 15 membros, sendo 5 membros perma-
nentes e 10 membros eleitos para mandato de 2 anos.
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1-
~
Os membros permanentes so os seguintes: EUA, China, Rssia, Reino Unido e Frana.
Comunicao AGU
Depois de a resoluo do CSNU ser incorporada ao ordenamento jurdico, o Minis-
trio da Justia comunicar essa situao Advocacia-Geral da Unio, que propor,
no prazo de 24 horas, a ao de indisponibilidade de bens, valores e direitos (art-4).
A ao tramitar sob segredo de justia.
Intimao do interessado
Depois de conceder a tutela provisria e executar a medida de indisponibilidade, o
juiz determinar a intimao do interessado para, em 10 dias, apresentar razes de
fato e de direito que possam levar ao convencimento de que o bloqueio foi efetiva-
do irregularmente (art. 5).
Efetivado o bloqueio, as instituies e pessoas fsicas responsveis devero comu-
nicar o fato, de imediato:
ao rgo ou entidade fiscalizador ou regulador da sua atividade (ex.: a instituio
financeira comunica ao BACEN);
ao juiz que determinou a medida;
Advocacia-Geral da Unio; e
ao Ministrio da Justia.
Se a pessoa punida havia praticado atos de disposio de seu patrimnio, tais atos
podem ser anulados
A declarao de indisponibilidade de bens, valores e direitos implicar a nulidade
de quaisquer atos de disposio, ressalvados os direitos de terceiro de boa-f( 2
do art. 1).
Assim, se a pessoa que foi punida pelo CSNU houver praticado atos de disposio
de seu patrimnio, tais negcios jurdicos sero anulados por deciso judicial, salvo
se ficar demonstrado que os adquirentes so terceiros de boa-f.
Alienao antecipada
Dever ser realizada a alienao antecipada dos bens que estiverem sujeitos a
qualquer grau de deteriorao ou depreciao ou quando houver dificuldade para
sua manuteno (art. 6), com o objetivo de preservar o seu valor.
Antes da alienao, ser feita uma avaliao dos bens e o interessado ser intima-
do da avaliao para, querendo, manifestar-se no prazo de 10 dias.
Ser determinada a alienao dos bens em leilo ou prego, preferencialmente ele-
trnico, por valor no inferior a 75% do valor atribudo pela avaliao.
O que terrorismo?
O Min. Celso de Mello, de forma precisa, constata que at hoje, "a comunidade
internacional foi incapaz de chegar 2 um2 concluso acerc2 d2 definio jurdic?
do crime de terrorismo, sendo relevante observar que, at o presente momento, j
foram elaborados, no mbito da Organizao das Naes Unidas, pelo menos, 13
(treze) instrumentos internacionais sobre a matria, sem que se chegasse, contu-
do, a um consenso universal sobre quais elementos essenciais deveriam compor a
definio tpica do crime de terrorismo ou, ento, sobre quais requisitos deveriam
considerar-se necessrios configurao dogmtica da prtica delituosa de atos
terroristas" (STFPPE 730/DF,julgado em 16/12/2014).
Em outras palavras, trata-se ainda de um tema polmico.
Apesar disso, podemos citar uma definio feita por Ren Ariel Dotti e que bas-
tante difundida no mbito doutrinrio:
m "o terrorismo pode ser definido como a prtica do terror como ao poltica, pro-
curando alcanar, pelo uso da violncia, objetivos que poderiam ou no ser esta-
belecidos em funo do exerccio legal da vontade poltica. Suas caractersticas
mais destacadas so: a indeterminao do nmero de vtimas; a generalizao
da violncia contra pessoas e coisas; a liquidao, desativao ou retrao da
vontade de combater o inimigo predeterminado; a paralisao contra a vontade
de reao da populao; e o sentimento de insegurana transmitido principal-
mente pelos meios de comunicao" (Terrorismo e devido processo legal. RCEJ,
ano VI, Braslia, set. 2002, p. 27-30 apud LIMA, Renato Brasileiro de. Legislao Cri-
minal Especial Comentada. Niteri: lmpetus, 2013, p. 58).
a corrente sustentada por Alberto Silva Franco, Jos Cretella Neto, Damsio de
Jesus, Gilberto Pereira de Oliveira.
Desse modo, para a maioria da doutrina, o terrorismo no tipificado pela legislao
brasileira, no sendo vlido o art. 20 da Lei no 7-170/83 para criminalizar essa conduta.
Como Walter (o falecido) tinha domiclio no Brasil, a sucesso por morte deveria, na
leitura do advogado, observar a lei brasileira, nos termos do art. 10 acima.
O juiz, contudo, no concordou com a argumentao. Para o magistrado, a Justia
brasileira no competente para procederao inventrio e partilha do imvel situa-
do na Alemanha, sendo essa atribuio da Justia daquele pas.
A questo chegou at o STJ. A tese do advogado est correta? Aplica-se a lei brasileira
para reger a sucesso de bem imvel situado no exterior? A Justia brasileira compe-
tente para julgar inventrio e partilha de bem imvel localizado em outro pas?
NO.
Ainda que o domiclio do autor da herana seja o Brasil, aplica-se a lei estran-
geira da situao da coisa (e no a lei brasileira) na sucesso de bem imvel
situado no exterior.
STJ.3Turma. REsp1.362-400-SP, Rei.Min.Marco Aurlio Bellizze,julgado em 28/4/2015 (lnfo 563).
Art. 8g. Compete autorid3de ju- Art. 23- Compete 2 autoridade judiciria
diciria brasileira, com excluso de brasileira, com excluso de qualquer outra:
qualquer outra: 1- conhecer de aes relativas a imveis
1- conhecer de aes relativas a situados no Brasil;
imveis situados no Brasil; 11- em matria de sucesso hereditria,
11- proceder a inventrio~ partilha proceder confirmao de testamento par-
de bens, situados no Brasil, ainda que ticular e ao invent3rio e partilha de bens
o autor da herana seja estrangeiro situados no Brasil, ainda que o autor da he-
e tenha residido fora do territrio rana seja de nacionalidade estrangeira ou
nacional. tenha domiclio fora do territrio nacional;
111- em divrcio, separao judicial ou
dissoluo de unio estvel, proceder par-
tilha de bens situados no Brasil, ainda que o
titular seja de nacionalidade estrangeira ou
tenha domiclio fora do territrio nacional.
Desse modo, esses dispositivos revelam que a lei brasileira s se aplica aos bens
situados no Brasil e autoridade judiciria brasileira somente poder fazer o inven-
trio dos bens imveis aqui localizados.
Mas e neste caso em que h um bem imvel no Brasil e outro no exterior, como fazer?
Devero ser abertos dois inventrios: um aqui no Brasil para reger o bem situado
em nosso territrio e outro no exterior para partilhar o imvel l localizado.
6 EXERCCIOS
1) (DPE-MA 2015 FCC) Um defensor pblico, no cumprimento de ~.uas atribuies, procurado
por um estrangeiro solicitante de refgio com autorizao de residncia provisria. O estran-
geiro solicitou orientaes jurdicas sobre a legislao nacional pertinente aos refugiados. O
GABARITO
1) E; 2) E; 3) E; 4) C; 5) C; 6) C; 7) E; 8) C.
<(
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~
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1--
~
Art.195. A seguridade social ser financiada por toda a sociedade, de forma dire-
ta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos oramentos
Art. 876 (... )Pargrafo nico. Sero executadas ex-officio as contribuies sociais de-
vi,~as em decorrncia de deciso proferida pelos Juzes e Tribunais do Trabalho, resul-
tantes de condenao ou homologao de acordo, inclusive sobre os salrios pagos
durante o perodo contratual reconhecido. (Redao dada pela Lei n 11.45712007)
2FGTS
FGTS a sigla para Fundo de Garantia por Tempo de Servio.
O FGTS foi criado pela Lei n 5.107/66 com o objetivo de proteger o trabalhador
demitido sem justa causa.
Atualmente, o FGTS regido pela Lei n 8.036/go.
Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a
depositar, at o dia 7 (sete) de cada ms, em conta bancria vinculada, a importn-
cia correspondente a 8 (oito) por cento da remunerao paga ou devida, no ms
anterior, a cada trabalhador, includas na remunerao as parcelas de que tratam
os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificao de Natal a que se refere a Lei n 4.090, de
13 de julho de 1962. com as modificaes da Lei n 4.749, de 12 de agosto de 1965.
Como, alm do salrio, muitas vezes o empregador paga outras verbas trabalhistas, sur-
gem algumas dvidas se esse percentual de 8% dever incidir ou no sobre tais quantias.
2. Frias indenizadas: NO
O art. 15, 6 da Lei n 8.036/go c/c o art. 28, 9, "d", da Lei no 8.212/91 determinam
que no incide FGTS no caso de frias indenizadas.
3.15 primeiros dias que antecedem o afastamento por motivo de doena: SIM
A importncia paga pelo empregador durante os primeiros quinze dias que antece-
dem o afastamento por motivo de doena integra a base de clculo do FGTS.
STJ. 2 Turma. REsp 1-448.294-RS, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
9!12/2014 (info 554).
Obs.: a MP 664/2014, ainda em tramitao, amplia esse prazo para 30 dias.
4 Auxlio-creche: NO
A importncia paga pelo empregador referente ao auxlio-creche no integra a
base de clculo do FGTS.
A CF/88 previu, no seu art. ] 0 , XXV, entre os direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais, a assistncia gratuita aos filhos e dependentes em creches e pr-escolas. O
objetivo do instituto ressarcir despesas efetuadas com o pagamento da creche
de livre escolha da empregada-me, ou outra modalidade de prestao de servio
desta natureza.
O art. 15, 6 da Lei no 8.036/90 c/c art. 28, 9, "s", da Lei n 8.212/90 expressamen-
te excluem o reembolso creche da base de incidncia do FGTS.
STJ. 23 Turma. REsp 1-448.294-RS, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
g/12/2014 (lnfo 554).
A importncia paga pelo empregador sobre as seguintes verbas integra a base de cl-
culo do FGTS? O empregador ter que pagar 8% tambm sobre as seguintes verbas?
Frias gozadas: SIM.
Frias indenizadas: NO.
15 primeiros dias que antecedem o afastamento por motivo de doena: SIM.
Auxlio-creche: NO.
irrelevante discutir se a natureza da verba trabalhista remuneratria ou inde-
nizatria/compensatria para fins de incidncia da contribuio ao FGTS. O crit-
rio no esse. O parmetro o da lei. Os 8% incidem sobre tudo o que pago ao
trabalhador, salvo aquilo que a lei expressamente excluir. Somente em relao s
verbas expressamente excludas pela lei que no haver a incidncia do FGTS.
STJ. 2 Turma. REsp 1.436.897-ES, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 4/12/2014
(lnfo 554).
STJ.2" Turma.REsp 1.448.294-RS, REsp 1.448.294-RS, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, jul-
gados em 911212014 (lnfo 554).
Resumindo: