Seleção de Acórdãos - CRPS

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Seleção de Acórdãos

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Seleção de Acórdãos
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Copyright © 2011 - Ministerio da Previdência Social
Permitida a divulgação dos textos contidos neste livro, desde que citadas as fontes.

Disponível em: www.xxxxxxxxxxxxxxxxxx.com.br


ISBN: xxxxxxxxxx
Tiragem desta edição: 000 exemplares
impresso no Brasil

1ª edição: 2011

Coordenadores:
Revisão ortográfica:
Capa e editoração eletrônica:
Seleção de Acórdãos

Sumário

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Seleção de Acórdãos

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Lei nº 9.784
Regula o processo
administrativo na APF

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Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999.

Regula o processo administrativo no âmbito da


  Administração Pública Federal.

        O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

        Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo


administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando,
em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor
cumprimento dos fins da Administração.

        § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes
Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função
administrativa.

        § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:

        I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração


direta e da estrutura da Administração indireta;

        II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;

        III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.

        Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da


legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

        Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre


outros, os critérios de:

        I - atuação conforme a lei e o Direito;

        II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou


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parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei;

        III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção


pessoal de agentes ou autoridades;

        IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;

        V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses


de sigilo previstas na Constituição;

        VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações,


restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao
atendimento do interesse público;

        VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a


decisão;

        VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos
administrados;

        IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau


de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados;

        X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações


finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de
que possam resultar sanções e nas situações de litígio;

        XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as


previstas em lei;

        XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da


atuação dos interessados;

        XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o


atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação.

CAPÍTULO II
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS

        Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração,


sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:

        I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão

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facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;

        II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha


a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos
neles contidos e conhecer as decisões proferidas;

        III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os


quais serão objeto de consideração pelo órgão competente;

        IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando


obrigatória a representação, por força de lei.

CAPÍTULO III
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO

        Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, sem


prejuízo de outros previstos em ato normativo:

        I - expor os fatos conforme a verdade;

        II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;

        III - não agir de modo temerário;

        IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o


esclarecimento dos fatos.

CAPÍTULO IV
DO INÍCIO DO PROCESSO

        Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de


interessado.

        Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for


admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes
dados:

        I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;

        II - identificação do interessado ou de quem o represente;

        III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;

        IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus


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fundamentos;

        V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.

        Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de


recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto
ao suprimento de eventuais falhas.

        Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos


ou formulários padronizados para assuntos que importem pretensões
equivalentes.

        Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem


conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um único
requerimento, salvo preceito legal em contrário.

CAPÍTULO V
DOS INTERESSADOS

        Art. 9o São legitimados como interessados no processo administrativo:

        I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou


interesses individuais ou no exercício do direito de representação;

        II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses
que possam ser afetados pela decisão a ser     adotada;

        III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e


interesses coletivos;

        IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a


direitos ou interesses difusos.

        Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de
dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato normativo próprio.

CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA

        Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos


administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e
avocação legalmente admitidos.

        Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver
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impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou


titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,
econômica, jurídica ou territorial.

        Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação


de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes.

        Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

        I - a edição de atos de caráter normativo;

        II - a decisão de recursos administrativos;

        III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

        Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no
meio oficial.

        § 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos,


os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o
recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.

        § 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade


delegante.

        § 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente


esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado.

        Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes
devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a
órgão hierarquicamente inferior.

        Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publicamente


os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional
competente em matéria de interesse especial.

        Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo


deverá ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para
decidir.

CAPÍTULO VII
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

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        Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou


autoridade que:

        I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;

        II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou


representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro
ou parente e afins até o terceiro grau;

        III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou


respectivo cônjuge ou companheiro.

        Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve


comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar.

        Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento


constitui falta grave, para efeitos disciplinares.

        Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha
amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os
respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.

        Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de


recurso, sem efeito suspensivo.

CAPÍTULO VIII
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO

        Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma


determinada senão quando a lei expressamente a exigir.

        § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em


vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade
responsável.

        § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será


exigido quando houver dúvida de autenticidade.

        § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita


pelo órgão administrativo.

        § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e


rubricadas.

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        Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário
normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o processo.

        Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os atos já


iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou cause
dano ao interessado ou à Administração.

        Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade


responsável pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser
praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.

        Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado até o
dobro, mediante comprovada justificação.

        Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na sede


do órgão, cientificando-se o interessado se outro for o local de realização.

CAPÍTULO IX
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS

        Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo


administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão
ou a efetivação de diligências.

        § 1o A intimação deverá conter:

        I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa;

        II - finalidade da intimação;

        III - data, hora e local em que deve comparecer;

        IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se


representar;

        V - informação da continuidade do processo independentemente do seu


comparecimento;

        VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.

        § 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis


quanto à data de comparecimento.

        § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via
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postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a
certeza da ciência do interessado.

        § 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com


domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação
oficial.

        § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância das


prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou
irregularidade.

        Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da


verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.

        Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido direito


de ampla defesa ao interessado.

        Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem
para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao
exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse.

CAPÍTULO X
DA INSTRUÇÃO

        Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar


os dados necessários à tomada de decisão realizam-se de ofício ou mediante
impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos
interessados de propor atuações probatórias.

        § 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados
necessários à decisão do processo.

        § 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados devem


realizar-se do modo menos oneroso para estes.

        Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas


por meios ilícitos.

        Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse


geral, o órgão competente poderá, mediante despacho motivado, abrir período
de consulta pública para manifestação de terceiros, antes da decisão do
pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada.

        § 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação pelos meios

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oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas possam examinar os autos,


fixando-se prazo para oferecimento de alegações escritas.

        § 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a condição


de interessado do processo, mas confere o direito de obter da Administração
resposta fundamentada, que poderá ser comum a todas as alegações
substancialmente iguais.

        Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da


relevância da questão, poderá ser realizada audiência pública para debates
sobre a matéria do processo.

        Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria relevante,


poderão estabelecer outros meios de participação de administrados,
diretamente ou por meio de organizações e associações legalmente
reconhecidas.

        Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros meios


de participação de administrados deverão ser apresentados com a indicação
do procedimento adotado.

        Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiência de outros


órgãos ou entidades administrativas poderá ser realizada em reunião conjunta,
com a participação de titulares ou representantes dos órgãos competentes,
lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos.

        Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem
prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto
no art. 37 desta Lei.

        Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão
registrados em documentos existentes na própria Administração responsável
pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a
instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas
cópias.

        Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da


decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem
como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo.

        § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do


relatório e da decisão.

        § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada,

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as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes,


desnecessárias ou protelatórias.

        Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a


apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas
intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições de
atendimento.

        Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão


competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se
eximindo de proferir a decisão.

        Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao


interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o
não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respectiva
apresentação implicará arquivamento do processo.

        Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência ordenada,


com antecedência mínima de três dias úteis, mencionando-se data, hora e local
de realização.

        Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo,
o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma
especial ou comprovada necessidade de maior prazo.

        § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no


prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apresentação,
responsabilizando-se quem der causa ao atraso.

        § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no


prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua
dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.

        Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser previamente
obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e estes não cumprirem
o encargo no prazo assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá
solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação e capacidade
técnica equivalentes.

        Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-


se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado.

        Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá


motivadamente adotar providências acauteladoras sem a prévia manifestação

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do interessado.

        Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a obter certidões
ou cópias reprográficas dos dados e documentos que o integram, ressalvados
os dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à
privacidade, à honra e à imagem.

        Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão
final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do
procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente justificada,
encaminhando o processo à autoridade competente.

CAPÍTULO XI
DO DEVER DE DECIDIR

        Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos
processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de
sua competência.

        Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração


tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período
expressamente motivada.

CAPÍTULO XII
DA MOTIVAÇÃO

        Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

        I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

        II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

        III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

        IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

        V - decidam recursos administrativos;

        VI - decorram de reexame de ofício;

        VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou


discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

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Seleção de Acórdãos

        VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato


administrativo.

        § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir


em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do
ato.

        § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado


meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não
prejudique direito ou garantia dos interessados.

        § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de


decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.

CAPÍTULO XIII
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO

        Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir


total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos
disponíveis.

        § 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge


somente quem a tenha formulado.

        § 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não


prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o
interesse público assim o exige.

        Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando
exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou
prejudicado por fato superveniente.

CAPÍTULO XIV
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO

        Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados
de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

        Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de


que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

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Seleção de Acórdãos

        § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência


contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.

        § 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de


autoridade administrativa que importe impugnação à     validade do ato.

        Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao


interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos
sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

CAPÍTULO XV
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO

        Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de
legalidade e de mérito.

        § 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual,


se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade
superior.

        § 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo


independe de caução.

        § 3o  Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria


enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da decisão
impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à
autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula,
conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).

        Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias
administrativas, salvo disposição legal diversa.

        Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:

        I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;

        II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela


decisão recorrida;

        III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e


interesses coletivos;

        IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.

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Seleção de Acórdãos

        Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo
para interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou
divulgação oficial da decisão recorrida.

        § 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá
ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos
pelo órgão competente.

        § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por


igual período, ante justificativa explícita.

        Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o


recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo
juntar os documentos que julgar convenientes.

        Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito
suspensivo.

        Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta


reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente
superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.

        Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer
deverá intimar os demais interessados para que, no prazo de cinco dias úteis,
apresentem alegações.

        Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:

        I - fora do prazo;

        II - perante órgão incompetente;

        III - por quem não seja legitimado;

        IV - após exaurida a esfera administrativa.

        § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade


competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.

        § 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever


de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa.

        Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar,
modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a

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Seleção de Acórdãos

matéria for de sua competência.

        Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer


gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que
formule suas alegações antes da decisão.

        Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula


vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explicitará as razões da
aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela
Lei nº 11.417, de 2006).

        Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada
em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade
prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão
adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob
pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.
(Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).

        Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão


ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos
novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da
sanção aplicada.

        Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento


da sanção.

CAPÍTULO XVI
DOS PRAZOS

        Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação


oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do
vencimento.

        § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o


vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerrado
antes da hora normal.

        § 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.

        § 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se


no mês do vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo,
tem-se como termo o último dia do mês.

        Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos

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Seleção de Acórdãos

processuais não se suspendem.

CAPÍTULO XVII
DAS SANÇÕES

        Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade competente, terão
natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer,
assegurado sempre o direito de defesa.

CAPÍTULO XVIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

        Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se


por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta
Lei.

        Art. 69-A.  Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou


instância, os procedimentos administrativos em que figure como parte ou
interessado: (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

        I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; (Incluído


pela Lei nº 12.008, de 2009).

        II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; (Incluído pela


Lei nº 12.008, de 2009).

        III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

        IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neoplasia


maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia
grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia
grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte
deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência
adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da medicina
especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do
processo. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

        § 1o  A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de


sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administrativa competente,
que determinará as providências a serem cumpridas. (Incluído pela Lei nº
12.008, de 2009).
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Seleção de Acórdãos

Decreto nº 3.048/99
CRPS

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Seleção de Acórdãos

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Seleção de Acórdãos

Seção II -
Do Conselho de Recursos da Previdência Social

Subseção I -
Da Composição

Art. 303. O Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS, colegiado


integrante da estrutura do Ministério da Previdência Social, é órgão de controle
jurisdicional das decisões do INSS, nos processos referentes a benefícios a cargo
desta Autarquia. (Nova redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 30/12/2008)

§ 1º O Conselho de Recursos da Previdência Social compreende os seguintes


órgãos:

I - vinte e nove Juntas de Recursos, com a competência para julgar, em primeira


instância, os recursos interpostos contra as decisões prolatadas pelos órgãos
regionais do INSS, em matéria de interesse de seus beneficiários; (Alterado
pela DECRETO Nº 7.126, DE 3 DE MARÇO DE 2010 – DOU DE 4/3/2010)

II - quatro Câmaras de Julgamento, com sede em Brasília, com a competência


para julgar, em segunda instância, os recursos interpostos contra as decisões
proferidas pelas Juntas de Recursos que infringirem lei, regulamento, enunciado
ou ato normativo ministerial; (Nova redação dada pelo Decreto nº 6.722, de
30/12/2008)

III - (Revogado pelo Decreto nº 3.668, de 22/11/2000)

IV - Conselho Pleno, com a competência para uniformizar a jurisprudência


previdenciária mediante enunciados, podendo ter outras competências definidas
no Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social (Alterado
pelo Decreto nº 6.857, DE 25/05/2009)

§ 2º O CRPS é presidido por representante do Governo, com notório conhecimento


da legislação previdenciária, nomeado pelo Ministro de Estado da Previdência
Social, cabendo-lhe dirigir os serviços administrativos do órgão. (Nova redação
dada pelo Decreto nº 6.722, de 30/12/2008)

§ 3º  (Revogado pelo Decreto nº 3.668, de 22/11/2000)

§ 4º As Juntas e as Câmaras, presididas por representante do Governo, são


compostas por quatro membros, denominados conselheiros, nomeados pelo
Ministro de Estado da Previdência e Assistência Social, sendo dois representantes
do Governo, um das empresas e um dos trabalhadores.
§ 5o  O mandato dos membros do Conselho de Recursos da Previdência Social
29
Seleção de Acórdãos

é de dois anos, permitida a recondução, atendidas às seguintes condições:


.(Alterado  pelo  Decreto nº 5.699, de 13/02/2006 - DOU DE 14/2/2006)

I  -  os representantes do Governo são escolhidos entre servidores federais,


preferencialmente do Ministério da Previdência Social ou do INSS, com curso
superior em nível de graduação concluído e notório conhecimento da legislação
previdenciária, que prestarão serviços exclusivos ao Conselho de Recursos da
Previdência Social, sem prejuízo dos direitos e vantagens do respectivo cargo de
origem; .(Alterado pelo  Decreto nº 5.699, de 13/02/2006 - DOU DE 14/2/2006)

II - os representantes classistas, que deverão ter escolaridade de nível superior,


exceto representantes dos trabalhadores rurais, que deverão ter nível médio,
são escolhidos dentre os indicados, em lista tríplice, pelas entidades de classe
ou sindicais das respectivas jurisdições, e manterão a condição de segurados do
Regime Geral de Previdência Social; e (Redação dada pelo Decreto nº 4.729,
de 9/06/2003)

III - o afastamento do representante dos trabalhadores da empresa


empregadora não constitui motivo para alteração ou rescisão contratual.

§ 6º A gratificação dos membros de Câmara de Julgamento e Junta de Recursos


será definida pelo Ministro de Estado da Previdência e Assistência Social.
(Redação dada pelo Decreto nº 3.668, de 22/11/2000)

I - (Revogado pelo Decreto nº 3.668, de 22/11/2000)


II - (Revogado pelo Decreto nº 3.668, de 22/11/2000)

III - (Revogado pelo Decreto nº 3.668, de 22/11/2000)


N o t a :
O art. 2º do Decreto nº 3.668, de 22/11/2000, estabelece:

“Art. 2º Ficam mantidas as atuais gratificações devidas aos membros do Conselho de Recursos
da Previdência Social - CRPS até que o Ministro de Estado da Previdência e Assistência Social
discipline a matéria.”

§ 7º Os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social, mediante ato do


Ministro de Estado da Previdência Social, poderão ser cedidos para terem
exercício no Conselho de Recursos da Previdência Social, sem prejuízo dos
direitos e das vantagens do respectivo cargo de origem, inclusive os previstos
no art. 61 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990. (Redação dada pelo
Decreto nº 4.729, de 9/06/2003)

§ 8º (Revogado pelo Decreto nº 3.452, de 9/05/2000)

§ 9o O conselheiro afastado por qualquer das razões elencadas no Regimento


30
Seleção de Acórdãos

Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social, exceto quando


decorrente de renúncia voluntária, não poderá ser novamente designado para o
exercício desta função antes do transcurso de cinco anos, contados do efetivo
afastamento. (Alterado pelo Decreto nº 5.699, de 13/02/2006 - DOU DE
14/2/2006)

§ 10.  O limite máximo de composições por Câmara de Julgamento ou Junta de


Recursos, do Conselho de Recursos da Previdência Social, será definido em
ato do Ministro de Estado da Previdência Social, por proposta fundamentada
do presidente do referido Conselho, em função da quantidade de processos em
tramitação em cada órgão julgador. Alterado pelo Decreto nº 6.496 - de 30 de
Junho de 2008 – DOU DE 01/7/2008

§11. (Revogado pelo DECRETO Nº 6.857, DE 25 DE MAIO DE 2009 – DOU


DE 26/05/2009)

Art. 304. Compete ao Ministro de Estado da Previdência Social aprovar o


Regimento Interno do CRPS. (Nova redação dada pelo Decreto nº 6.722, de
30/12/2008)

Subseção II -
Dos Recursos

Art. 305. Das decisões do INSS nos processos de interesse dos beneficiários
caberá recurso para o CRPS, conforme o disposto neste Regulamento e no
regimento interno do CRPS (Alterado pela DECRETO Nº 7.126, DE 3 DE
MARÇO DE 2010 – DOU DE 4/3/2010)

§ 1º É de trinta dias o prazo para interposição de recursos e para o oferecimento


de contra-razões, contados da ciência da decisão e da interposição do recurso,
respectivamente. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003)

§ 2º (Revogado pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/1999)

§ 3o  O Instituto Nacional do Seguro Social e a Secretaria da Receita Previdenciária


podem reformar suas decisões, deixando, no caso de reforma favorável ao
interessado, de encaminhar o recurso à instância competente. (Alterado pelo
Decreto nº 6.032 - de 1º/2/2007 - DOU DE 2/2/2007)

§ 4º Se o reconhecimento do direito do interessado ocorrer na fase de instrução


do recurso por ele interposto contra decisão de Junta de Recursos, ainda que de
alçada, ou de Câmara de Julgamento, o processo, acompanhado das razões do
31
Seleção de Acórdãos

novo entendimento, será encaminhado:

I - à Junta de Recursos, no caso de decisão dela emanada, para fins de reexame


da questão; ou
II - à Câmara de Julgamento, se por ela proferida a decisão, para revisão do
acórdão, na forma que dispuser o seu Regimento Interno.

§ 5o   (Revogado pelo Decreto nº 6.722, de 30/12/2008)

Art. 306.   (Revogado pelo Decreto nº 6.722, de 30/12/2008)

§ 1º A interposição de recursos nos processos de interesse de beneficiários ou


que tenham por objeto a discussão de crédito previdenciário, sendo o recorrente
pessoa física, independe de garantia de instância, facultada a realização de
depósito, à disposição do Instituto Nacional do Seguro Social, do valor do crédito
corrigido monetariamente, quando for o caso, acrescido de juros e multa de mora
cabíveis, não se sujeitando a novos acréscimos a contar da data do depósito.
§ 2º O Instituto Nacional do Seguro Social deverá contabilizar o depósito de que
trata este artigo em conta própria até a decisão final do recurso administrativo,
quando o valor depositado para fins de seguimento do recurso voluntário será:

I - devolvido ao depositante, se aquela lhe for favorável; ou


II - convertido em pagamento, devidamente deduzido do valor da exigência, se a
decisão for contrária ao sujeito passivo.

Art. 307. A propositura pelo beneficiário de ação judicial que tenha por objeto
idêntico pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa renúncia ao
direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto.
(Nova redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 30/12/2008)

Art. 308.  Os recursos tempestivos contra decisões das Juntas de Recursos do


Conselho de Recursos da Previdência Social têm efeito suspensivo e devolutivo.
(Alterado pelo  Decreto nº 5.699, de 13/02/2006 - DOU DE 14/2/2006)

§ 1o  Para fins do disposto neste artigo, não se considera recurso o pedido de


revisão de acórdão endereçado às Juntas de Recursos e Câmaras de Julgamento.
(Incluído pelo  Decreto nº 5.699, de 13/02/2006 - DOU DE 14/2/2006)
§ 2º É vedado ao INSS escusar-se de cumprir as diligências solicitadas pelo
CRPS, bem como deixar de dar cumprimento às decisões definitivas daquele
colegiado, reduzir ou ampliar o seu alcance ou executá-las de modo que contrarie
ou prejudique seu evidente sentido. (Nova redação dada pelo Decreto nº 6.722,
de 30/12/2008)

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Seleção de Acórdãos

Parágrafo único. O benefício concedido mediante convênio será pago ao


beneficiário da mesma forma que os demais benefícios mantidos pela previdência
social. (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 30/12/2008)

Art.309. Havendo controvérsia na aplicação de lei ou de ato normativo, entre


órgãos do Ministério da Previdência e Assistência Social ou entidades vinculadas,
ou ocorrência de questão previdenciária ou de assistência social de relevante
interesse público ou social, poderá o órgão interessado, por intermédio de seu
dirigente, solicitar ao Ministro de Estado da Previdência e Assistência Social
solução para a controvérsia ou questão. (Redação dada pelo Decreto nº 3.452,
de 9/05/2000)

§ 1º A controvérsia na aplicação de lei ou ato normativo será relatada in abstracto


e encaminhada com manifestações fundamentadas dos órgãos interessados,
podendo ser instruída com cópias dos documentos que demonstrem sua
ocorrência. (Incluído pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003)
§ 2º A Procuradoria Geral Federal Especializada/INSS deverá pronunciar-se
em todos os casos previstos neste artigo. (Incluído pelo Decreto nº 4.729, de
9/06/2003)

Art.310. (Revogado pelo Decreto nº 6.722, de 30/12/2008)

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Seleção de Acórdãos

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Seleção de Acórdãos

Regimento Interno
CRPS

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Seleção de Acórdãos

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Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social

GABINETE DO MINISTRO

PORTARIA Nº- 548, DE 13 DE SETEMBRO DE 2011

Aprova o Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência


Social - CRPS.

O MINISTRO DE ESTADO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, no uso de suas atribuições


e considerando o disposto no art. 304 do Regulamento da Previdência Social
RPS, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, resolve:

Art. 1º Aprovar o Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência


Social - CRPS, na forma do Anexo a esta Portaria.

Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º Revoga-se a Portaria MPS/GM/ no 323, de 27 de agosto de 2007.

GARIBALDI ALVES FILHO

ANEXO

CAPÍTULO I

DA NATUREZA, SEDE E FINALIDADE

Art. 1º O Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS, colegiado


integrante da estrutura do Ministério da Previdência Social MPS, é órgão de
controle jurisdicional das decisões do Instituto Nacional do Seguro Social -
INSS, nos processos de interesse dos beneficiários e das empresas, nos casos
previstos na legislação.

Parágrafo único. O CRPS tem sede em Brasília DF e jurisdição em todo o


Território Nacional.

CAPÍTULO II

DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Art. 2º O CRPS tem a seguinte estrutura:

37
Seleção de Acórdãos

I - ÓRGÃOS COLEGIADOS:

1. Conselho Pleno;
2. Quatro Câmaras de Julgamento;
2.1. Quatro Serviços de Secretaria de Câmara de Julgamento;
3. Vinte e nove Juntas de Recursos; e
3.1. Vinte e nove Seções de Secretaria de Junta de Recursos.

II - ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS:

1. Presidência;
1.1. Serviço de Secretaria do Gabinete da Presidência;
1.1.1. Seção de Apoio Administrativo do Gabinete;
1.2. Serviço de Apoio aos Órgãos Colegiados;
1.3. Assessoria do Gabinete;
2. Coordenação de Gestão Técnica;
2.1. Seção de Apoio Administrativo;
3. Divisão de Assuntos Jurídicos;
3.1. Seção de Apoio Administrativo;
4. Divisão de Assuntos Administrativos;
4.1. Seção de Protocolo;
4.2. Seção de Informática;
4.3. Seção de Administração e Suprimento; e
4.4. Seção de Apoio ao Servidor;
4.5. Seção de Documentação.

Parágrafo único. Os Órgãos Colegiados serão assistidos por Assessoria Técnico-


Médica Especializada.

CAPÍTULO III

DA COMPOSIÇÃO, DIREÇÃO E MANDATO

Seção I

Da composição e Direção

Art. 3º O CRPS é presidido por um representante do governo com notório


conhecimento da legislação previdenciária, nomeado pelo Ministro de Estado da
Previdência Social.

Parágrafo único. O Presidente do CRPS é substituído, nas suas ausências e


impedimentos, por um dos Presidentes de Câmara de Julgamento, previamente
designado, ou pelo titular da Coordenação de Gestão Técnica.
38
Seleção de Acórdãos

Art. 4º O Conselho Pleno será composto pelo Presidente do CRPS, que o presidirá
e pelos Presidentes e Conselheiros Titulares das Câmaras de Julgamento.

Parágrafo único. Em caso de ausência ou impedimento, os Presidentes e os


Conselheiros titulares serão substituídos, respectivamente, pelos Presidentes
substitutos e pelos Conselheiros suplentes, respeitado o critério de antiguidade
por efetivo exercício das funções de Conselheiro do CRPS.

Art. 5º As Câmaras de Julgamento e as Juntas de Recursos, presididas e


administradas por representante do governo, são integradas por quatro membros,
denominados Conselheiros, nomeados pelo Ministro de Estado da Previdência
Social obedecendo-se a seguinte composição de julgamento:

I - um Conselheiro Presidente da respectiva Câmara ou Junta, que presidirá a


composição de julgamento;
II - um Conselheiro representante do governo;
III um Conselheiro representante dos trabalhadores; e
IV - um Conselheiro representante das empresas.

§ 1º Os Presidentes das Câmaras e das Juntas serão substituídos, nas suas


ausências e impedimentos, pelo outro Conselheiro titular representante do
governo em atividade na respectiva Câmara ou Junta e, caso este também esteja
ausente ou impedido, assumirá, interinamente, o Conselheiro representante do
governo mais antigo no efetivo exercício das funções de Conselheiro do CRPS.

§ 2º A instalação de composições de julgamento suplementares dependerá de


autorização do Ministro de Estado da Previdência Social, atendendo a solicitação
motivada do Presidente do CRPS.

§ 3º Por razões de eficiência e celeridade, o Presidente do CRPS poderá


determinar o funcionamento de composições de julgamento adjuntas em
localidades situadas fora do território da sede da Junta de Recursos ou Câmara
de Julgamento.

§ 4º Respeitados os Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa, por razões


de eficiência e celeridade, o Presidente do CRPS poderá alterar a competência
territorial dos órgãos julgadores do CRPS conforme a necessidade do serviço e
o volume de processos em trâmite no CRPS.

§ 5º A critério do Presidente da Câmara de Julgamento ou da Junta de Recursos,


o Conselheiro titular do Governo poderá presidir as sessões de julgamento,
considerando-se a necessidade do serviço e o volume de processos em
tramitação no órgão julgador.

39
Seleção de Acórdãos

Art. 6º A indicação e escolha dos Conselheiros das Juntas de Recursos e das


Câmaras de Julgamento deverão atender aos seguintes critérios:

I - os representantes do governo são escolhidos entre servidores públicos


federais ativos ou inativos, preferencialmente do MPS ou do INSS, com curso
superior em nível de graduação concluído e notório conhecimento da legislação
previdenciária, indicados pelo Presidente do CRPS, que prestarão serviços
exclusivos ao referido Conselho, quando ativos, sem prejuízo dos direitos e
vantagens do respectivo cargo de origem; e
II - os representantes classistas deverão ter escolaridade de nível superior,
preferencialmente na área jurídica e com conhecimentos da legislação
previdenciária, salvo os representantes de trabalhadores rurais, que deverão ter
concluído o nível médio, e serão escolhidos dentre os indicados, em lista tríplice,
pelas entidades de classe ou centrais sindicais das respectivas jurisdições.

§ 1º Os Conselheiros Presidentes das Juntas de Recursos e das Câmaras de


Julgamento serão escolhidos dentre os Conselheiros representantes do governo,
na forma do art. 303, § 5o, inciso I, do Regulamento da Previdência Social -
RPS, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, ocupando, nesta
condição, cargo em comissão, da maneira como dispuser a estrutura regimental
do MPS.

§ 2º Os servidores do INSS poderão ser cedidos para ter exercício no CRPS,


sem prejuízo dos direitos e das vantagens do respectivo cargo de origem,
mediante ato do Ministro de Estado da Previdência Social.

§ 3º É vedada a nomeação ou a recondução de Conselheiro que seja cônjuge,


companheiro ou companheira ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade,
até o terceiro grau, de outro Conselheiro em atividade na mesma Junta de
Recursos ou Câmara de Julgamento.

§ 4º As propostas de renovação de mandato dos Conselheiros por recondução


serão encaminhadas até sessenta dias antes do vencimento do prazo do mandato
em curso, sendo imprescindível a avaliação técnica quanto aos aspectos
quantitativos e qualitativos do desempenho, segundo análise do Conselheiro
Presidente do respectivo órgão julgador e da Coordenação de Gestão Técnica
do CRPS, que será submetida ao Presidente do CRPS.

§ 5º Expirado o prazo do mandato, o Conselheiro poderá continuar no exercício


da função pelo prazo máximo de noventa dias, até que seja publicado o ato
de recondução ou até a entrada em exercício do Conselheiro designado para
ocupar a mesma vaga.

§ 6º Os Conselheiros suplentes das representações de governo e classistas


serão convocados para integrar as composições de julgamento em atividade nos
40
Seleção de Acórdãos

casos de renúncia, perda de mandato, licença, vacância e impedimentos legais


dos Conselheiros titulares, ou por necessidade de serviço.

§ 7º As indicações de que trata o inciso I do caput levarão em conta as sugestões


apresentadas pelo Presidente do INSS, quando se tratar de servidores da
Autarquia, Secretário-Executivo, Secretário de Políticas de Previdência Social
e Diretor do Departamento do Regime Geral de Previdência Social, quando se
tratar de servidor do MPS ou de outro órgão.

§ 8º Para os fins do disposto no § 7o, o Presidente do CRPS poderá solicitar


às autoridades de que trata o parágrafo anterior a indicação de servidores para
exercerem a função de conselheiros representantes do governo.

Art. 7º A seleção de Conselheiros das representações classistas dos trabalhadores


e das empresas será realizada em processo formal, observados os seguintes
procedimentos:

I - o Presidente do CRPS e os Presidentes de Juntas de Recursos deverão


solicitar a, no mínimo, cinco entidades representativas de classes e às centrais
sindicais da área de abrangência do órgão julgador a indicação de representantes
interessados em integrar o quadro de Conselheiros do CRPS, dando-se ciência
acerca dos requisitos mínimos para exercício da função, sendo que as indicações
feitas por entidades que não foram convidadas serão também examinadas para
fins de escolha dos Conselheiros;
II - quando se tratar de novas nomeações o Presidente do CRPS fará publicar
aviso no sítio oficial do Ministério da Previdência Social na internet, contendo os
requisitos mínimos exigidos por este Regimento, local e prazo para entrega das
indicações do nome dos representantes interessados em integrar o quadro de
Conselheiros;
III - o Presidente do órgão julgador procederá à escolha dos Conselheiros,
dentre os candidatos indicados na forma do inciso anterior, segundo diretrizes
que prestigiem a capacidade técnica e a experiência profissional dos candidatos;
IV - a entidade de classe ou central sindical contemplada com a nomeação de
seu representante será excluída do processo de seleção de novos Conselheiros
no mesmo órgão julgador, ressalvada a hipótese em que, esgotados todos os
procedimentos de convite estabelecidos neste artigo, nenhuma outra entidade
indicar pretendente;
V - no caso de recondução ao mandato, a entidade de classe deverá ratificar a
indicação do Conselheiro, ficando dispensados os procedimentos dos incisos I
a III.

Art. 8º A posse do Presidente do CRPS dar-se-á perante o Ministro de Estado da


Previdência Social.

Parágrafo único. A posse dos Conselheiros dar-se-á:


41
Seleção de Acórdãos

I - a dos Presidentes de Câmara de Julgamento, de Junta de Recursos e a dos


representantes governamentais e classistas, efetivos e suplentes, integrantes de
Câmara de Julgamento, perante o Presidente do CRPS; e
II - a dos demais representantes governamentais e classistas, ativos e suplentes,
integrantes de Junta de Recursos, perante o Presidente da respectiva Junta.

Seção II

Do Mandato

Art. 9º O mandato dos Conselheiros das Câmaras de Julgamento e das Juntas


de Recursos é de dois anos, a contar da publicação do ato de nomeação, sendo
permitida a recondução, conforme estabelece o Regulamento da Previdência
Social, atendidas as condições impostas por este Regimento.

§ 1º O exercício da função de Conselheiro do CRPS será considerado serviço


público relevante, não gerando qualquer espécie de vínculo de natureza
empregatícia, estatutária ou contratual, sendo que o mandato não caracteriza
relação de trabalho.

§ 2º Os Conselheiros representantes do governo continuarão sendo remunerados


pelos órgãos e entidades de origem, sem prejuízo dos direitos e vantagens dos
respectivos cargos, enquanto que os representantes classistas de trabalhadores
e empresas, bem como os representantes do governo, quando inativos, farão
jus ao recebimento de gratificação por processo relatado com voto, na forma
prevista pelo Regulamento da Previdência Social.

§ 3º O Conselheiro nomeado deverá tomar posse no prazo máximo de dez dias


úteis a contar da publicação oficial da sua nomeação, sendo que a perda deste
prazo implica em renúncia tácita ao mandato.

§ 4º O Conselheiro poderá renunciar voluntariamente ao mandato em curso


por motivo de foro íntimo, hipótese em que não será aplicável a penalidade de
inabilitação para o exercício da função de Conselheiro que trata o art. 10, § 1º,
deste Regimento.

§ 5º Findo o prazo regulamentar do mandato ou em caso de renúncia ao mandato


em curso, o Conselheiro deverá restituir, ao respectivo órgão julgador, todos os
processos que estejam sob sua responsabilidade, no prazo máximo de cinco
dias úteis, contados do protocolo da renúncia ou do término do mandato, sob
pena de adoção das providências cabíveis na esfera civil, penal e administrativa.

Art. 10º. Compete ao Ministro de Estado da Previdência Social, sem prejuízo


dos demais procedimentos e cominações legais, atendendo a solicitação
42
Seleção de Acórdãos

fundamentada do Presidente do CRPS, declarar a perda do mandato do


Conselheiro, titular ou suplente, nos casos em que:

I - retiver em seu poder, injustificadamente, os autos de processos que lhe foram


distribuídos além dos prazos estabelecidos pelo Presidente do Conselho;
II - deixar de comparecer às sessões de julgamento, sem motivo justificado,
por dois meses consecutivos, ou três intercalados, no intervalo de um ano,
ressalvados os casos dos Conselheiros representantes do Governo servidores
da ativa, que somente poderão faltar às sessões justificadamente;
III - demonstrar insuficiência de desempenho, quanto aos aspectos quantitativo
ou qualitativo, apurada pelo Presidente do órgão julgador ou pela Coordenação
de Gestão Técnica;
IV - exercer as seguintes atividades incompatíveis com o exercício de suas
atribuições:

a) entrar em exercício em qualquer cargo, emprego ou função pública, inclusive


cargo eletivo;

b) patrocinar, administrativa ou judicialmente, diretamente ou por interposta


pessoa, interesse de empresas, segurados ou beneficiários perante a Seguridade
Social, ou ainda, participar de sociedade de profissionais que exerçam tais
atividades; e

c) exercer outras atividades na iniciativa privada consideradas incompatíveis


com a função de Conselheiro do CRPS, descritas em ato do Conselho Pleno ou
do Ministro de Estado da Previdência Social, a partir da publicação oficial do ato;

V - incorrer em falta disciplinar, apurada por sindicância ou processo administrativo


disciplinar, pelas seguintes condutas:

a) retardar, sem motivo justificado, o julgamento ou outros atos processuais;

b) praticar, no exercício da função, quaisquer atos de comprovado favorecimento;

c) apresentar, no exercício do mandato ou na vida privada, conduta incompatível


com o decoro da função de Conselheiro do CRPS, mediante ações ou omissões;
e

d) praticar ilícito administrativo.

§ 1º O Conselheiro do CRPS afastado por qualquer das razões previstas neste


artigo, salvo na hipótese da alínea “a” do inciso

IV do caput, ficará inabilitado para o exercício da função de Conselheiro do CRPS


pelo prazo de cinco anos, contados da publicação oficial do ato que decidir pela
43
Seleção de Acórdãos

perda do mandato.

§ 2º Ao Conselheiro que perder o mandato na forma deste artigo aplica-se o


disposto no § 5º do art. 9o, sendo o prazo para restituição dos autos de processos
contados da ciência pessoal ou postal, salvo nos casos de afastamento
preventivo, hipótese em que deverá restituir os processos a contar da ciência
deste ato.

§ 3º Na apuração de faltas disciplinares ou ilícitos administrativos aplicam-se, no


que couber, as disposições da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990.

CAPÍTULO IV

DAS ATRIBUIÇÕES DOS DIRIGENTES E CONSELHEIROS

Seção I

Das atribuições do Presidente do CRPS

Art. 11º. Incumbe ao Presidente do CRPS:

I - dirigir, supervisionar, coordenar e orientar as atividades do Conselho;


II - despachar com o Ministro de Estado da Previdência Social;
III - sanear ou determinar o saneamento dos processos que contenham falhas
de natureza processual;
IV - rever, conforme o caso, as decisões da Presidência;
V - cumprir e fazer cumprir este Regimento;
VI - convocar e presidir as sessões do Conselho Pleno, manter a ordem e a
harmonia das sessões, resolver as questões de ordem que lhe forem submetidas
pelos Conselheiros, apurar as votações e proclamar os resultados;
VII - comunicar ao Ministro de Estado da Previdência Social a ocorrência dos
casos que impliquem em perda de mandato de Conselheiro ou vacância de
cargo em comissão e encaminhar representação sobre quaisquer irregularidades
praticadas no âmbito do Conselho, propondo, quando for o caso, a efetivação
das medidas cabíveis;
VIII - convocar suplentes de qualquer Câmara ou Junta para atuar em outro
órgão colegiado do CRPS, para atender necessidade urgente dos serviços;
IX - representar o Conselho perante autoridades e entidades públicas e privadas;
44
Seleção de Acórdãos

X - propor ao Ministro de Estado da Previdência Social alteração do Regimento


Interno do CRPS;
XI - praticar atos de administração orçamentária e financeira relativos aos recursos
destinados à manutenção do CRPS, inclusive a requisição de adiantamento por
conta de créditos orçamentários consignados ao Conselho;
XII - solicitar ao MPS e ao INSS os recursos materiais e humanos necessários ao
funcionamento das Juntas de Recursos e das Câmaras de Julgamento;
XIII - comunicar ao órgão de recursos humanos de lotação do servidor em
exercício no âmbito do CRPS a conduta passível de aplicação de sanção
administrativa, após regular apuração em processo administrativo disciplinar ou
comunicar a autoridade competente nas hipóteses em que não seja atribuição
do CRPS apurar a falta funcional;
XIV - determinar a instauração de sindicância ou processo administrativo
disciplinar no âmbito do CRPS;
XV - determinar o afastamento preventivo do Conselheiro que tenha incorrido
nas hipóteses de perda do mandato, de ofício ou a requerimento do Presidente
do órgão julgador a que esteja vinculado o Conselheiro;
XVI - designar e dispensar os ocupantes de funções gratificadas cujo provimento
seja de sua alçada;
XVII - expedir resoluções, portarias, provimentos, instruções, circulares, certidões
e outros atos necessários ao regular andamento do serviço;
XVIII - decidir, mediante despacho fundamentado, sobre pedidos formulados
pelas partes, inclusive em relação à decisão que não conhece a argüição de
impedimento de Conselheiro;
XIX - decidir sobre conflito de competência estabelecido entre Câmaras de
Julgamento ou entre Câmara de Julgamento e Junta de Recursos;
XX - provocar a uniformização em tese da jurisprudência administrativa
previdenciária; XXI - fixar a competência das Câmaras de Julgamento em razão
da matéria ;
XXII - executar outras atribuições constantes deste Regimento ou determinadas
pelo Ministro de Estado da Previdência Social;
XXIII- analisar e decidir monocraticamente o Recurso previsto no § 4º do artigo
64 deste regimento;e
XXIV - fazer o juízo de admissibilidade dos embargos de declaração contra as
Resoluções editadas pelo Conselho Pleno e do requerimento previsto no artigo
65 deste regimento;

Seção II

Das atribuições dos Presidentes das Câmaras e Juntas

Art. 12º. Incumbe aos Presidentes de Câmara de Julgamento e Junta de


Recursos:

I - coordenar, dirigir, supervisionar e orientar os serviços administrativos e


45
Seleção de Acórdãos

judicantes da Câmara ou Junta;


II - presidir as sessões, com direito a voto de desempate, relatar processos,
manter a ordem e a harmonia das sessões, resolver as questões de ordem que
lhe forem submetidas pelos Conselheiros, apurar as votações e proclamar os
resultados;
III - adotar as providências necessárias ao rápido e perfeito julgamento dos
processos, inclusive solicitando ao Presidente do CRPS a requisição de
servidores para lotação na respectiva Câmara ou Junta;
IV - convocar e dispensar os Conselheiros suplentes;
V - fazer o juízo de admissibilidade dos Embargos de Declaração e do Pedido de
Uniformização de Jurisprudência previstos neste Regimento;
VI - examinar e decidir mediante despacho fundamentado sobre pedidos
incidentais formulados pelas partes;
VII - expedir certidões;
VIII - fixar os dias e horários para a realização das sessões ordinárias e convocar
as extraordinárias;
IX - emitir orientação interna de serviço cujo objetivo seja elevar o nível
de celeridade e eficiência na apreciação dos recursos, inclusive mediante
organização de pautas de julgamento temáticas, observados as normas gerais
expedidas pela Presidência do CRPS; X - considerar justificadas, ou não, as
faltas dos Conselheiros às sessões ordinárias, comunicando ao Presidente do
CRPS os casos que configurem falta injustificada;
XI - conceder licença do mandato aos Conselheiros com exercício fixado nos
respectivos órgãos julgadores, nos casos de motivo relevante ou de doença
ou lesão que acarretem incapacidade, ressalvadas as hipóteses de servidores
públicos ativos com regime jurídico próprio e as atribuições do INSS em relação
aos benefícios previdenciários devidos aos Conselheiros amparados pelo RGPS;
XII - requerer ao Presidente do CRPS o afastamento preventivo de Conselheiro
que tenha incorrido nas hipóteses de perda de mandato;
XIII - suscitar conflito de competência em relação aos processos que tramitam
perante seus respectivos órgãos julgadores;
XIV - propor ao Presidente do CRPS a instauração de procedimento para
uniformização em tese de jurisprudência administrativa previdenciária, nas
hipóteses previstas neste Regimento;
XV encaminhar à Divisão de Assuntos Administrativos, com no mínimo cinco
dias úteis de antecedência ao da sessão, as pautas de julgamento; e
XVI - executar outras atribuições fixadas neste Regimento ou determinadas pelo
Presidente do CRPS.

Parágrafo único. Além das atribuições previstas no caput, competirá:


I - aos Presidentes das Juntas de Recursos, representá-las perante as autoridades
e entidades públicas e privadas, no âmbito de sua jurisdição; e
II - aos Presidentes das Câmaras de Julgamento, decidir monocraticamente, por
despacho fundamentado irrecorrível, os conflitos de competência que lhe forem
submetidos por Juntas de Recursos.
46
Seleção de Acórdãos

Seção III

Das atribuições do Conselheiro Relator

Art. 13º. Incumbe ao Conselheiro relator das Câmaras e Juntas:

I - presidir e acompanhar a instrução do processo no âmbito do Colegiado,


inclusive requisitando diligência preliminar, até sua inclusão em pauta;
II - propor à composição julgadora relevar a intempestividade de recursos, no
corpo do próprio voto, quando fundamentadamente entender que, no mérito,
restou demonstrada de forma
inequívoca a liquidez e certeza do direito da parte;
III - verificar se as partes foram regularmente cientificadas de todos os atos
processuais praticados no curso do processo, a fim de que aos litigantes sejam
assegurados o pleno exercício do contraditório
e ampla defesa;
IV - solicitar, a qualquer tempo, o pronunciamento técnico da assessoria médica
ou jurídica, visando obter subsídios para formar o seu convencimento;
V - retirar de pauta os autos de processo para reexame da matéria controvertida,
podendo solicitar instrução complementar;
VI - devolver à Secretaria do respectivo órgão julgador os processos relatados,
com observância dos prazos fixados pelo Presidente do CRPS;
VII - apontar a ocorrência de conexão ou de continência, determinando a
reunião de processos, mediante referendo do Órgão Colegiado por ocasião da
apreciação da matéria;
VIII - declarar-se impedido de participar do julgamento, nos casos previstos
neste Regimento; e
XIV - executar outras atribuições fixadas neste Regimento ou determinadas
pelo Presidente do CRPS, ou ainda pelo Presidente da Câmara ou Junta a que
estejam vinculados.

CAPÍTULO V

DAS ATRIBUIÇÕES ADMINISTRATIVAS DOS DIRIGENTES

Art. 14º. Aos Presidentes de Câmara de Julgamento, Juntas de Recursos,


Chefes de Divisão, Serviço e Seção, incumbe planejar, dirigir, coordenar,
orientar, acompanhar e avaliar a execução das atividades afetas às respectivas
unidades e exercer outras atribuições que lhes forem cometidas, em suas áreas
de atuação, pelo Presidente do CRPS.

CAPÍTULO VI

DAS COMPETÊNCIAS
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Seleção de Acórdãos

Seção I

Dos Órgãos Julgadores

Art. 15º. Compete ao Conselho Pleno:


I - uniformizar, em tese, a jurisprudência administrativa previdenciária, mediante
emissão de enunciados;
II - uniformizar, no caso concreto, as divergências jurisprudenciais entre as Juntas
de Recursos nas matérias de sua alçada ou entre as Câmaras de julgamento em
sede de recurso especial, mediante a emissão de resolução; e
III - deliberar acerca da perda de mandato de Conselheiros, nos casos em que
o Presidente do CRPS entender necessário submeter a decisão ao colegiado.

Art. 16º. Compete às Câmaras de Julgamento julgar os Recursos Especiais


interpostos contra as decisões proferidas pelas Juntas de Recursos.

Parágrafo único. O INSS poderá recorrer das decisões das Juntas de Recursos
somente quando:

I - violarem disposição de lei, de decreto ou de portaria ministerial;


II - divergirem de súmula ou de parecer do Advogado Geral da União, editado na
forma da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993;
III - divergirem de pareceres da Consultoria Jurídica do MPS ou da Procuradoria
Federal Especializada - INSS, aprovados pelo Procurador-Chefe;
IV - divergirem de enunciados editados pelo Conselho Pleno do CRPS;
V - tiverem sido fundamentadas em laudos ou pareceres médicos divergentes
emitidos pela Assessoria Técnico-Médica da Junta de Recursos e pelos Médicos
peritos do INSS; e
VI - contiverem vício insanável, considerado como tal as ocorrências elencadas
no § 1o do art. 60.

Art. 17º Compete às Juntas de Recursos julgar os Recursos Ordinários interpostos


contra as decisões do INSS nos processos de interesse dos beneficiários do
Regime Geral de Previdência Social, nos processos referentes aos benefícios
assistenciais de prestação continuada previstos no art. 20 da Lei no 8.742, de
07 de dezembro de 1993 e, nos casos previstos na legislação, nos processos de
interesse dos contribuintes do Regime Geral de Previdência Social.

Art. 18º. Constituem alçada exclusiva das Juntas de Recursos, não comportando
recurso à instância superior, as seguintes decisões colegiadas:

I - fundamentada exclusivamente em matéria médica, quando os laudos ou


pareceres emitidos pela Assessoria Técnico-Médica da Junta de Recursos e
pelos Médicos Peritos do INSS apresentarem resultados convergentes; e
48
Seleção de Acórdãos

II - proferida sobre reajustamento de benefício em manutenção, em consonância


com os índices estabelecidos em lei, exceto quando a diferença na Renda
Mensal Atual - RMA decorrer de alteração da Renda Mensal Inicial - RMI;

Seção II

Dos Órgãos Administrativos

Art. 19º. Ao Serviço de Secretaria do Gabinete da Presidência compete:


I - prestar apoio ao Presidente do Conselho na recepção de documentos,
pessoas, telefonemas, correspondências e outros expedientes de apoio;
II organizar a agenda de despachos, audiências e entrevistas do Presidente do
Conselho;
III - prover o Gabinete do Presidente do Conselho de material permanente e de
consumo necessários;
IV - executar os serviços de datilografia, digitação, facsímile e reprodução de
atos e demais expedientes;
V - executar as atividades de secretaria do Conselho Pleno; e
VI executar outras atividades determinadas pelo Presidente do Conselho.

Art. 20º. Às Seções de Apoio Administrativo do Gabinete da Presidência do


CRPS, da Coordenação de Gestão Técnica e da Divisão de Assuntos Jurídicos
compete prestar o apoio logístico necessário ao funcionamento dos órgãos aos
quais estão subordinados.

Art. 21º. Ao Serviço de Apoio aos Órgãos Colegiados compete:

I - receber, preparar e encaminhar, mensalmente, à Coordenação Geral de


Recursos Humanos do Ministério da Previdência Social - CGRH/MPS, para fins
de pagamento, a relação dos valores devidos aos Conselheiros das Câmaras
de Julgamento e Juntas de Recursos, a partir das informações relativas ao
quantitativo de processos por eles relatados, prestadas pelos respectivos
presidentes;
II - providenciar junto à CGRH/MPS a documentação para confecção de carteiras
funcionais dos Presidentes e Conselheiros das Câmaras de Julgamento e Juntas
de Recursos;
III - fornecer ao Gabinete do Ministro minutas de portarias referentes à nomeação
e recondução de Conselheiros, cessão de servidores do INSS e nomeação de
funções do Grupo de Direção e Assessoramento Superiores - DAS; e
IV - organizar e manter atualizado cadastro de Conselheiros dos órgãos do
CRPS.

Art. 22º. À Coordenação de Gestão Técnica compete:

I - supervisionar, orientar e fiscalizar as atividades funcionais dos órgãos


49
Seleção de Acórdãos

judicantes da estrutura do Conselho;


II - realizar o monitoramento operacional e técnico dos órgãos julgadores do
CRPS, acompanhando a movimentação de processos e efetuando inspeções,
apresentando relatório circunstanciado
e conclusivo ao Presidente do CRPS;
III - proceder a correições ordinárias e extraordinárias nos órgãos julgadores do
CRPS;
IV - coordenar e supervisionar a instalação e funcionamento de comissões de
sindicância, inquéritos e processos administrativos disciplinares, prestando
suporte material e técnico;
V - efetuar a avaliação de desempenho dos Conselheiros;
VI propor ao Presidente do CRPS a instauração de procedimento para a
uniformização em tese de jurisprudência administrativa previdenciária;
VII - autuar, processar e acompanhar os incidentes de Reclamação, na forma
deste Regimento; e
VIII - propor ao Presidente do Conselho a expedição de atos e medidas
necessárias ao fiel cumprimento das normas e orientações dos órgãos do CRPS.

Art. 23º. À Divisão de Assuntos Jurídicos, ressalvadas as competências da


Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social e da Advocacia-Geral
da União, compete:

I prestar assessoria jurídica aos órgãos do CRPS, nas matérias que lhe forem
submetidas;
II - pronunciar-se a respeito do aspecto jurídico dos atos normativos ou
interpretativos, oriundos do CRPS quando da sua elaboração e edição;
III - manifestar-se a respeito de consultas sobre matéria previdenciária formuladas
pelos órgãos do CRPS;
IV - examinar expedientes e decisões judiciais com vistas a orientar os órgãos
do CRPS quanto ao seu fiel cumprimento, sem prejuízo da expedição de ofício à
Procuradoria Regional da União e à Procuradoria Federal Especializada junto ao
INSS, para ciência e adoção das providências cabíveis na esfera judicial;
V - prestar assistência jurídica aos órgãos julgadores em suas atividades,
transmitindo-lhes o sentido da jurisprudência administrativa no âmbito do CRPS;
VI - manter cadastro atualizado das decisões dos órgãos julgadores do CRPS e
da jurisprudência dominante no Poder Judiciário;
VII - auxiliar as autoridades do CRPS na prestação de informações em mandado
de segurança; e
VIII - propor ao Presidente do CRPS a instauração de procedimento para
uniformização em tese de jurisprudência administrativa previdenciária.

Art. 24º. À Divisão de Assuntos Administrativos compete:

I - executar atividades de controle de recebimento e remessa de processos, de


expedientes, de material, de informática e de patrimônio;
50
Seleção de Acórdãos

II - providenciar publicações e divulgação dos atos do CRPS, pautas de


julgamento e decisões dos órgãos colegiados, inclusive por meio eletrônico;
III - supervisionar as atividades de documentação; e
IV - executar outras atividades determinadas pelo Presidente do Conselho.
Parágrafo único. As Seções de Protocolo, de Informática, de Administração e
Suprimento, de Apoio ao Servidor e de Documentação, exercerão as atividades
decorrentes das competências da Divisão de Assuntos Administrativos.

Art. 25º. Aos Serviços e Seções de Secretaria de Câmaras de Julgamento e


Juntas de Recursos compete:

I - dirigir, coordenar e supervisionar os serviços administrativos;


II - assessorar o Presidente, preparando seus despachos e expedientes;
III - examinar, informar e encaminhar os documentos em tramitação no órgão;
IV - supervisionar os procedimentos necessários à preparação de processos
para inclusão em pauta, bem como suas devoluções aos órgãos de origem, após
o julgamento;
V - preparar a pauta de julgamento;
VI - prestar apoio administrativo às sessões de julgamento;
VII - elaborar quadro demonstrativo de movimento de processos, bem como
boletim estatístico mensal relativo ao desempenho do órgão julgador, para
remessa ao Serviço de Apoio aos Órgãos Colegiados;
VIII - elaborar o Relatório anual das atividades do órgão; e
IX - providenciar a documentação, controlar a freqüência e elaborar a escala de
férias dos servidores das respectivas Câmaras ou Juntas.

CAPÍTULO VII

DO PROCESSO

Seção I

Dos Prazos

Art. 26º . Os prazos estabelecidos neste Regimento são contínuos e começam


a correr a partir da data da ciência da parte, excluindo-se da contagem o dia do
início e incluindo-se o do vencimento.
§ 1º O prazo só se inicia ou vence em dia de expediente normal no órgão em que
tramita o recurso ou em que deva ser praticado o ato.
§ 2º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o
vencimento ocorrer em dia em que não houver expediente ou em que este for
encerrado antes do horário normal.
§ 3º Os prazos previstos neste Regimento são improrrogáveis, salvo em caso de
exceção expressa.

51
Seleção de Acórdãos

Seção II

Das Intimações

Art. 27º. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos, termos e
decisões do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.

Parágrafo único. O interessado poderá praticar os atos processuais pessoalmente


ou por intermédio de representante, devidamente constituído nos autos.
Art. 28º. A intimação será efetuada por ciência no processo, por via postal
com aviso de recebimento, por telegrama ou por outro meio que assegure a
regularidade da ciência do interessado ou do seu representante, sem sujeição a
ordem de preferência.

§ º 1o Na impossibilidade de intimação nos termos do caput, a cientificação será


efetuada por meio de edital.

§ 2º Considera-se feita a intimação:

I - se pessoal, na data da ciência do interessado ou de seu representante legal


ou, caso haja recusa ou impossibilidade de prestar a nota de ciente, a partir da
data em que for dada a ciência, declarada nos autos pelo servidor que realizar
a intimação;
II - se por via postal ou similar, na data do recebimento aposta no comprovante,
ou da nota de ciente do responsável;
III - se por edital, quinze dias após sua publicação ou afixação.

§ 3º Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço residencial


ou profissional declinado nos autos pela parte, beneficiário ou representante,
cumprindo aos interessados atualizar o respectivo endereço sempre que houver
modificação temporária ou definitiva.

§ 4º A intimação será nula quando realizada sem observância das prescrições


legais, mas o comparecimento do interessado supre sua falta ou irregularidade.

Seção III

Dos Recursos

Art. 29º. Denomina-se recurso ordinário aquele interposto pelo interessado,


segurado ou beneficiário da Previdência Social, em face de decisão proferida
pelo INSS, dirigido às Juntas de Recursos do CRPS, observada a competência
prevista no art. 17 deste Regimento.
Parágrafo único. Considera-se decisão de primeira instância recursal os acórdãos
proferidos pelas Juntas de Recursos, exceto na matéria de alçada, definida pelo
52
Seleção de Acórdãos

art. 18 deste Regimento, hipótese em que a decisão será de única instância.

Art. 30º . Das decisões proferidas no julgamento do recurso ordinário caberá


recurso especial dirigido às Câmaras de Julgamento, órgãos de última instância
recursal administrativa, ressalvada a competência exclusiva das Juntas de
Recursos definida no art. 18 deste Regimento.
Parágrafo único. A interposição tempestiva do recurso especial suspende
os efeitos da decisão de primeira instância e devolve à instância superior o
conhecimento integral da causa.

Subseção I

Das disposições comuns aos recursos

Art. 31º. É de trinta dias o prazo para a interposição de recurso e para o


oferecimento de contra-razões, contado da data da ciência da decisão e da data
da intimação da interposição do recurso, respectivamente.

§ 1º Os recursos serão interpostos pelo interessado, preferencialmente, junto


ao órgão do INSS que proferiu a decisão sobre o seu benefício, que deverá
proceder a sua regular instrução com a posterior remessa do recurso à Junta ou
Câmara, conforme o caso.
§ 2º O prazo para o INSS interpor recursos terá início a partir da data do
recebimento do processo na unidade que tiver atribuição para a prática do ato e,
para oferecer contra-razões, iniciará a contagem a partir da data da protocolização
ou da entrada do recurso pelo beneficiário ou pela empresa na unidade que
proferiu a decisão, de forma que tal ocorrência deverá ficar registrada nos autos,
prevalecendo a data que ocorrer primeiro.

§ 3º Expirado o prazo de trinta dias para contra-razões, de que trata o caput,


os autos serão imediatamente encaminhados para julgamento pelas Juntas
de Recursos ou Câmaras de Julgamento do CRPS, hipótese em que serão
considerados como contra-razões do INSS os motivos do indeferimento inicial.

§ 4º O órgão de origem prestará nos autos informação fundamentada quanto à


data da interposição do recurso, não podendo recusar o recebimento ou obstar-
lhe o seguimento do recurso ao órgão julgador com base nessa circunstância.

§ 5º Os recursos em processos que envolvam suspensão ou cancelamento de


benefícios resultantes do programa permanente de revisão da concessão e da
manutenção dos benefícios da Previdência Social, ou decorrentes de atuação
de auditoria, deverão ser julgados no prazo máximo de sessenta dias após o
recebimento pelo órgão julgador.

§ 6º Findo o prazo de que trata o parágrafo anterior, o processo será incluído


53
Seleção de Acórdãos

pelo Presidente da unidade julgadora na pauta da sessão de julgamento


imediatamente subseqüente, da qual participar o Conselheiro a quem foi
distribuído o processo.

Art. 32º . Quando solicitado pelas partes, o órgão julgador deverá informar o
local, data e horário de julgamento, para fins de sustentação oral das razões do
recurso.

§ 1º o O INSS poderá ser representado, nas sessões das Câmaras de Julgamento,


das Juntas de Recursos e do Conselho Pleno do CRPS, pela Procuradoria
Federal Especializada junto ao INSS, sendo facultada a sustentação oral de
suas razões, com auxílio de assistentes técnicos do INSS.

§ 2º Até o anúncio do início dos trabalhos de julgamento, a parte ou seu


representante poderão formular pedido para realizar sustentação oral ou para
apresentar alegações finais em forma de memoriais.

Art. 33º. Admitir ou não o recurso é prerrogativa do CRPS, sendo vedado a


qualquer órgão do INSS recusar o seu recebimento ou sustar-lhe o andamento,
exceto nas hipóteses expressamente disciplinadas neste Regimento.

§ 1º Não serão conhecidos pelas Câmaras de Julgamento os recursos de


competência exclusiva das Juntas de Recursos, observado o disposto no art. 18
deste Regimento.

§ 2º Em se tratando de recurso firmado pelo próprio segurado ou beneficiário


que não seja advogado, o Conselheiro relator do processo deverá identificar, se
não for apontada, a norma infringida ou não observada pelo INSS.

Art. 34º. O INSS pode, enquanto não tiver ocorrido a decadência, reconhecer
expressamente o direito do interessado e reformar sua decisão, observado o
seguinte procedimento:

I - quando o reconhecimento ocorrer na fase de instrução do recurso ordinário o


INSS deixará de encaminhar o recurso ao órgão julgador competente;
II - quando o reconhecimento ocorrer após a chegada do recurso no CRPS,
mas antes de qualquer decisão colegiada, o INSS deverá encaminhar os autos
ao respectivo órgão julgador, devidamente instruído com a comprovação da
reforma de sua decisão e do reconhecimento do direito do interessado, para
fins de extinção do processo com resolução do mérito por reconhecimento do
pedido.
III - quando o reconhecimento ocorrer após o julgamento da Junta de Recurso ou
da Câmara de Julgamento, o INSS deverá encaminhar os autos ao órgão julgador
que proferiu a última decisão, devidamente instruído com a comprovação da
reforma de sua decisão e do reconhecimento do direito do interessado, para que,
54
Seleção de Acórdãos

se for o caso, seja proferida nova decisão.

§ 1º Na hipótese prevista no Inciso II, se da análise dos autos o órgão julgador


constatar que não ocorreu o reconhecimento expresso do direito do interessado
pelo INSS, o processo terá seguimento normal com o julgamento do recurso de
acordo com o convencimento do colegiado.

§ 2º Na hipótese de reforma parcial de decisão do INSS, o processo terá


seguimento em relação à questão objeto da controvérsia remanescente.

Subseção II

Da desistência do recurso

Art. 35º. Em qualquer fase do processo, desde que antes do julgamento do


recurso pelo órgão competente, o recorrente poderá, voluntariamente, desistir
do recurso interposto.

§ 1º A desistência voluntária será manifestada de maneira expressa, por petição


ou termo firmado nos autos do processo.

§ 2º Uma vez interposto o recurso, o não cumprimento pelo interessado, de


exigência ou providência que a ele incumbiriam, e para a qual tenha sido
devidamente intimado, não implica em desistência tácita ou renúncia ao direito
de recorrer, devendo o processo ser julgado no estado em que se encontra,
arcando o interessado com o ônus de sua inércia.

Art. 36º. A propositura, pelo interessado, de ação judicial que tenha objeto
idêntico ao pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa em
renúncia tácita ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do
recurso interposto.

§ 1º Considera-se idêntica a ação judicial que tiver as mesmas partes, a mesma


causa de pedir e o mesmo pedido do processo administrativo.

§ 2º Certificada a ocorrência da propositura da ação judicial, os prazos


processuais em curso ficam suspensos e o INSS dará ciência ao interessado ou
a seu representante legal para que se manifeste no prazo de trinta dias.

§ 3º Vencido o prazo de que trata o § 2o, o INSS arquivará o processo, salvo se o


interessado requerer o prosseguimento alegando tratar-se de ação judicial com
objeto diverso, o que ocasionará a remessa dos autos ao CRPS para decisão.

§ 4º Caso o conhecimento da propositura da ação judicial seja posterior ao


encaminhamento do recurso ao CRPS e este ainda não tenha sido julgado
55
Seleção de Acórdãos

administrativamente, o INSS comunicará o fato à Junta ou Câmara incumbida de


proferir decisão, acompanhado dos elementos necessários para caracterização
da renúncia tácita.
§ 5º Na hipótese em que o conhecimento da propositura da ação judicial seja
posterior ao julgamento do recurso administrativo, se a decisão administrativa
definitiva for favorável ao interessado e não existir decisão judicial transitada em
julgado, o INSS comunicará o fato à Procuradoria Federal Especializada para:
I - orientar como proceder em relação ao cumprimento da decisão administrativa;
e
II - se for o caso, estabelecer entendimento com o autor da ação judicial
objetivando a extinção do litígio.

§ 6º Se o conhecimento da propositura da ação judicial for posterior ao


julgamento do recurso administrativo e houver decisão judicial transitada em
julgado com o mesmo objeto do processo administrativo, conforme orientação
da Procuradoria Federal Especializada, a coisa julgada prevalecerá sobre a
decisão administrativa.

Subseção III

Do Processamento do Recurso

Art. 37º. Os processos submetidos a julgamento pelo CRPS serão numerados


folha a folha, e as peças neles inseridas, a partir do recurso, devem ser digitadas,
datadas e assinadas, recusadas as expressões injuriosas ou desrespeitosas,
que poderão ser riscadas dos autos pelo Presidente da Câmara ou Junta.

§ 1º O interessado poderá juntar documentos, atestados, exames


complementares e pareceres médicos, requerer diligências e perícias e aduzir
alegações referentes à matéria objeto do processo até antes do início da sessão
de julgamento, hipótese em que será conferido direito de vista à parte contrária
para ciência e manifestação.

§ 2º Os requerimentos de provas serão objeto de apreciação por parte do


Conselheiro relator, mediante referendo da composição de julgamento, cabendo
sua recusa, em decisão fundamentada, quando se revelem impertinentes,
desnecessárias ou protelatórias.

§ 3º É expressamente vedada a retirada dos autos da repartição pelas partes,


sendo facultado ao recorrente ou seu representante, ou ainda ao terceiro que
comprovar legítimo interesse no processo, a vista dos autos ou o fornecimento
de cópias de peças processuais, salvo se o processo estiver com o relator,
exigindo-se, para tanto, a apresentação de pedido por escrito assinado pelo
requerente, o qual deverá ser anexado aos autos.

56
Seleção de Acórdãos

§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, caso não seja possível produzir cópias


reprográficas na própria repartição, um funcionário da Secretaria, autorizado pela
respectiva chefia, deverá acompanhar o interessado ao local onde as cópias
serão extraídas.

§ 5º Os documentos originais apresentados para instrução do processo, quando


de natureza pessoal das partes, deverão ser restituídos e substituídos por cópias
cuja autenticidade seja declarada pelo servidor processante, devendo ser retida
a documentação original quando houver indício de fraude.

§ 6º As Carteiras de Trabalho e Previdência Social - CTPS e os Carnês de


Contribuição serão extratados pelo servidor do INSS responsável pela instrução
do processo, que fará anexar aos autos simulação autenticada do tempo de
contribuição apurado, inclusive dos dados existentes no Cadastro Nacional de
Informações Sociais -CNIS e das seguintes informações:

I - na hipótese de aposentadoria por tempo de contribuição ou de aposentadoria


especial, o tempo total apurado até 15 de dezembro de 1998, até 28 de novembro
de 1999 e até a data do requerimento, assim como o tempo adicional referente ao
pedágio para aposentadoria proporcional sem direito adquirido antes da Emenda
Constitucional no 20, de 15 de dezembro de 1998 e o número de contribuições
válidas para efeito de carência; e
II - para os demais casos, conforme as hipóteses, o número de contribuições
válidas para efeito de carência, o tempo de contribuição até a data do requerimento
para fins de aposentadoria por idade urbana sem considerar a perda da qualidade
de segurado e o número de meses de atividade rural correspondente ao prazo
de carência para os benefícios de trabalhadores rurais.

§ 7º Sob nenhum pretexto poderão ser retirados do processo os originais dos


atos processuais nele exarados, podendo ser fornecida cópia autêntica ou
certidão, para uso do interessado.

Art. 38º. Os recursos, após cadastrados, serão distribuídos por ordem cronológica
de entrada nas Câmaras ou Juntas, aos conselheiros relatores.

§ 1º As Juntas de Recursos e as Câmaras de Julgamento priorizarão a análise e


solução dos seguintes recursos:

I - que tenham como parte beneficiários com idade igual ou superior a sessenta
anos; e
II - relativos às prestações de auxílio-doença, de aposentadoria por invalidez e
do benefício assistencial de que trata o art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro
de 1993.

§ 2º Os Presidentes das Câmaras de Julgamento e das Juntas de Recursos


57
Seleção de Acórdãos

devem diligenciar no sentido de que haja eqüidade e proporcionalidade na


distribuição dos processos aos Conselheiros em atividade, inclusive quanto à
espécie do benefício em discussão e à complexidade da matéria objeto dos
processos.

Art. 39º . Na distribuição deverá ser observada a ocorrência de conexão e


continência de acordo com os seguintes critérios:

I - reputam-se conexos dois ou mais processos de recurso quando lhes for


comum o objeto ou a causa de pedir; e
II - haverá continência quando existir identidade de partes e da causa de pedir,
mas o objeto de um dos processos de recurso, por ser mais amplo, abrange o
do outro.

§ 1º As partes somente poderão alegar a conexão ou a continência até a


interposição do recurso ou o oferecimento de contra- razões.

§ 2º Os órgãos julgadores deverão determinar a reunião dos processos quando


for comprovada tempestivamente a ocorrência de conexão ou continência e
poderão determinar a juntada de cópias de outros processos para instrução do
julgamento nas demais hipóteses em que houver ponto comum nas questões
fáticas.

Art. 40º. As partes poderão oferecer exceção de impedimento de qualquer


Conselheiro até o momento da apresentação de memoriais ou na sustentação
oral.

§ 1º O Conselheiro estará impedido de participar do julgamento quando:

I - participou do julgamento em 1ª instância;


II - interveio como procurador da parte, como perito ou serviu como testemunha;
III - no processo estiver postulando, como procurador ou advogado da parte,
o seu cônjuge ou companheiro ou companheira, ou qualquer parente seu,
consangüíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral, até o segundo grau;
IV - seja cônjuge, companheiro ou companheira, parente, consangüíneo ou afim
da parte interessada, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;
V - for amigo íntimo ou notório inimigo da parte interessada; VI - tiver auferido
vantagem ou proveito de qualquer natureza antes ou depois de iniciado o
processo administrativo, em razão de aconselhamento acerca do objeto da
causa; e
VII - tiver interesse, direta ou indiretamente, no julgamento do recurso em favor
de uma das partes.
VIII - houver proferido a decisão indeferitória no âmbito do INSS.

§ 2o O impedimento será declarado pelo próprio Conselheiro ou suscitado por


58
Seleção de Acórdãos

qualquer interessado, cabendo ao argüido pronunciar-se por escrito sobre a


alegação que, se não for por ele reconhecida, será submetida à deliberação do
Presidente do CRPS.

§ 3º O Conselheiro que deixar de declarar ou reconhecer seu impedimento, nas


hipóteses previstas no § 1o deste artigo, e for considerado impedido por decisão
do Presidente do CRPS, poderá ser enquadrado na prática de falta disciplinar
grave, sujeitando-se à penalidade de perda do mandato, observado o disposto
no art. 10 deste Regimento, sem prejuízo das demais cominações legais.

§ 4º Se o impedimento for do Presidente da Câmara ou da Junta, assumirá a


presidência dos trabalhos o seu substituto;

§ 5º No caso de impedimento do Conselheiro relator, o processo será redistribuído


a outro Conselheiro da mesma Câmara ou Junta.

Seção IV

Do Julgamento

Art. 41º. Cada sessão de julgamento será identificada por um número em ordem
cronológica, renovados anualmente, e observará, para fins de deliberação, o
quorum mínimo de três membros, sendo um de cada classe de representação.

Art. 42º. Para cada sessão será elaborada pauta de julgamento, sendo os
processos incluídos por solicitação do relator.

§ 1º Da pauta de julgamento constará a identificação dos processos a serem


apreciados, da seguinte forma:

I - identificação do órgão julgador;


II - dia e hora do início da sessão de julgamento;
III - nome do relator;
IV - nome das partes;
V - número de protocolo dos recursos; e
VI - número de benefício.

§ 2º O número de processos por pauta será fixado por ato do Presidente do


Conselho de Recursos da Previdência Social.
Art. 43º. As pautas de julgamento das Câmaras de Julgamento e das Juntas
de Recursos serão afixadas nas dependências do órgão julgador, em local
visível e de fácil acesso ao público, bem como divulgadas na página oficial do
Ministério da Previdência Social na rede mundial de computadores - internet,
com antecedência mínima de três dias úteis à sessão em que o processo deva
ser julgado.
59
Seleção de Acórdãos

§ 1º Os Presidentes das Juntas de Recursos e Câmaras de Julgamento deverão


encaminhar as pautas de julgamento referidas no caput à Divisão de Assuntos
Administrativos do CRPS com antecedência mínima de cinco dias úteis ao da
respectiva sessão, sob pena de incorrer em falta funcional.

§ 2º A sessão que não se realizar em razão da falta de expediente normal na


repartição poderá ser remanejada, por decisão do Presidente do órgão julgador,
para o primeiro dia útil subseqüente, no horário possível, independentemente de
nova divulgação.

§ 3º Cópia do inteiro teor das decisões proferidas pelos órgãos julgadores


serão disponibilizados na rede mundial de computadores - internet, nos prazos
estabelecidos pelo Presidente do CRPS, acessando-se a página oficial do
Ministério da Previdência Social, sem prejuízo da ciência do interessado por
meio de intimação.

Art. 44º. Os órgãos colegiados do CRPS obedecerão à seguinte ordem de


trabalho:

I - abertura da sessão;
II - verificação de quorum;
III - leitura, discussão e aprovação da ata da sessão anterior;
IV - julgamento dos recursos; e
V - comunicações diversas.

Parágrafo único. Terão prioridade de julgamento na sessão os processos em que


houver sustentação oral ou quando a parte estiver presente.

Art. 45º. Apregoado o processo, o Presidente do órgão julgador dará a palavra ao


Conselheiro relator, que apresentará o seu relatório, após o que será facultada
ao recorrente e ao recorrido, sucessivamente, a oportunidade de sustentar
suas razões, pelo tempo de até quinze minutos para cada um, nessa ordem,
prosseguindo-se o voto.

§ 1º Havendo alegação de incompetência do órgão julgador, conexão, continência


ou impedimento, as questões preliminares serão resolvidas antes do julgamento
do mérito, devendo constar do voto do Conselheiro relator.

§ 2º O Presidente da Câmara ou Junta poderá, de ofício, ou por provocação de


Conselheiro, das partes ou de seus respectivos representantes, desde que haja
motivo justificado e relevante, determinar o adiamento do julgamento ou retirada
do recurso de pauta.

§ 3º A sessão de julgamento será pública, ressalvado à Câmara ou Junta o


60
Seleção de Acórdãos

exame reservado de matéria protegida por sigilo, admitida a presença das partes
e de seus procuradores.

§ 4º O Presidente da Câmara ou da Junta poderá advertir ou determinar que


se retire do recinto quem, de qualquer modo, perturbar a ordem, bem como
poderá interpelar o orador ou interromper a sua fala, quando usada de modo
inconveniente.

Art. 46º. Após o voto do relator, os demais Conselheiros poderão usar a palavra
e debater sobre questões pertinentes ao processo, proferindo seus votos na
seguinte ordem de votação:

I - representante do governo;
II - representante dos trabalhadores;
III - representante das empresas; e
IV - presidente da composição de julgamento.

§ 1º O Conselheiro pode pedir vista dos autos antes de proferir seu voto,
observada a ordem de votação.

§ 2º Quando da retomada do julgamento após o pedido de vista, o processo


voltará a ser apreciado pelos mesmos integrantes da composição julgadora
original, salvo em caso de impossibilidade regulamentar
de algum dos Conselheiros.

§ 3º Tornar-se-á relator para o acórdão, o Conselheiro cujo voto divergente seja


vencedor.

§ 4º Em caso de empate, o Presidente proferirá voto de desempate.

Art. 47º. Os Conselheiros presentes à sessão de julgamento não poderão


abster-se de votar, exceto em caso de impedimento, nas hipóteses previstas
neste Regimento.

§ 1º Caso haja reconhecimento de impedimento de Conselheiro durante


os trabalhos da sessão, o julgamento do processo ficará sobrestado para
convocação de Conselheiro suplente para dar continuidade.

§ 2º O Conselheiro, inclusive o relator, poderá modificar seu voto antes da


proclamação do resultado final do julgamento.

Art. 48º O relatório, os votos e a decisão final serão transcritos integralmente no


processo e deles dar-se-á ciência às partes.

Parágrafo único. Deverão constar dos autos o voto divergente vencido, bem
61
Seleção de Acórdãos

como as declarações de voto.

Art. 49º Na ausência do relator, o processo a ele destinado passará à


responsabilidade do suplente convocado.

Parágrafo único. O suplente em exercício que iniciar o julgamento, mediante


análise do mérito da controvérsia, fica vinculado ao processo até a sua conclusão
final, exceto se, por qualquer motivo, for desligado da instância julgadora.

Art. 50º Realizado o julgamento pela Câmara ou Junta, o processo será devolvido
ao órgão de origem, para ciência das partes e cumprimento do julgado.

Art. 51º. Da sessão será lavrada ata sucinta contendo:

I - número e natureza da sessão;


II - data, hora e local de abertura;
III - verificação de quorum e o nome dos ausentes, se houver;
IV - resultado de matéria administrativa;
V - remissão à pauta, indicando-se quantos processos foram julgados e os
retirados de pauta, desde que haja motivo;
VI - os fatos ocorridos na sessão de julgamento, inclusive a presença das partes
ou de seus representantes para fins de sustentar suas razões; e
VII - assinatura dos Conselheiros presentes.

Seção V

Das Decisões

Art. 52º. As decisões das composições julgadoras serão lavradas pelo relator do
processo, redigidas na forma de acórdão, deverão ser expressas em linguagem
discursiva, simples, precisa e objetiva, evitando-se o uso de expressões vagas,
de códigos, de siglas e de referências a instruções internas que dificultem a
compreensão do julgamento.

§ 1o Deverão constar do acórdão:

I - dados identificadores do processo, incluindo nome do interessado ou


beneficiário, número do processo ou do recurso, número e espécie do benefício;
II - relatório, que conterá a síntese do pedido, dos principais documentos, dos
motivos do indeferimento, das razões do recurso e das principais ocorrências
havidas no curso do processo;
III - ementa, na qual se exporá de forma resumida o assunto sob exame e o
resultado do julgamento, com indicação da base legal que justifica a decisão;
IV - fundamentação, na qual serão avaliadas e resolvidas as questões de
fato e de direito pertinentes à demanda, expondo-se as razões que formaram
62
Seleção de Acórdãos

o convencimento do julgador, sendo vedada a exposição na forma de


“considerandos”;
V - conclusão, que conterá a decisão decorrente da convicção formada na
fundamentação;
VI - julgamento, no qual constará a decisão final da composição julgadora, com
o resultado da votação de seus membros; e
VII - os nomes dos Conselheiros participantes e a data de julgamento.

§ 2º As decisões deverão guardar estrita simetria com o pedido formulado e os


motivos do indeferimento, devendo se manifestar expressamente sobre cada
uma das questões argüidas pelas partes.

Art. 53º. As decisões proferidas pelas Câmaras de Julgamento e Juntas de


Recursos poderão ser de:

I - conversão em diligência;
II - não conhecimento;
III - conhecimento e não provimento;
IV - conhecimento e provimento parcial;
V - conhecimento e provimento;
VI - anulação; e
VII - extinção do processo com resolução do mérito por reconhecimento do
pedido, nos termos do artigo 34,II, deste Regimento.

§ 1º A conversão em diligência não dependerá de lavratura de acórdão e se dará


para complementação da instrução probatória, saneamento de falha processual,
cumprimento de normas administrativas ou legislação pertinente à espécie e
adotará preferencialmente a diligência prévia, sem que haja prejulgamento.

§ 2º É de trinta dias, prorrogáveis por mais trinta dias, o


prazo para que o INSS restitua os autos ao órgão julgador com a diligência
integralmente cumprida.

§ 3º O pedido de prorrogação de prazo de que trata o parágrafo anterior,


acompanhado de justificativa, será encaminhado via mensagem de correio
eletrônico da previdência social ou por fax ao Presidente, do órgão julgador
que na hipótese de deferimento estabelecerá o prazo final, sem prejuízo das
providências cabíveis se
houver descumprimento injustificado.

§ 4º A diligência prévia deverá ser requisitada em forma simples e sucinta, pelo


relator ou pelo Presidente da instância julgadora, antes da inclusão do processo
em pauta.

§ 5º A diligência a ser cumprida diretamente por entidade, órgão ou pessoa


63
Seleção de Acórdãos

estranha ao âmbito de abrangência ou da fiscalização do Ministério da


Previdência Social será solicitada pelo Presidente do CRPS ou, no âmbito de
sua jurisdição, pelos Presidentes das Juntas de Recursos.

§ 6º Em se tratando de matéria médica deverá ser ouvida a Assessoria Técnico-


Médica Especializada, prestada por servidor lotado na instância julgadora que,
na qualidade de perito do colegiado, se pronunciará, de forma fundamentada
e conclusiva, no âmbito de sua competência, hipótese em que será utilizado
encaminhamento interno por meio de despacho.

§ 7º Nos casos em que a controvérsia for sobre o enquadramento de atividades


exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, o Conselheiro Relator, mediante despacho fundamentado, poderá
submeter os autos à Assessoria Técnico-Médica, hipótese em que restringirá as
consultas às situações de dúvidas concretas.

§ 8º De acordo com os votos proferidos, as decisões serão tomadas por


unanimidade, por maioria ou por desempate.

Art. 54º Constituem razões de não conhecimento do recurso:

I - a intempestividade;
II - a ilegitimidade ativa ou passiva de parte;
III - a renúncia à utilização da via administrativa para discussão da pretensão,
decorrente da propositura de ação judicial;
IV - a desistência voluntária manifestada por escrito pelo interessado ou seu
representante;
V - qualquer outro motivo que leve à perda do objeto do recurso; e
VI - a preclusão processual.

Art. 55º As decisões serão assinadas pelo Conselheiro relator e pelo Presidente
do órgão julgador e receberão um número que lhes será atribuído, segundo a
ordem cronológica de sua expedição, em série numérica, renovados anualmente.

Seção VI

Do Cumprimento das Decisões

Art. 56º. É vedado ao INSS escusar-se de cumprir, no prazo regimental, as


diligências solicitadas pelas unidades julgadoras do CRPS, bem como deixar de
dar efetivo cumprimento às decisões do Conselho Pleno e acórdãos definitivos
dos órgãos colegiados, reduzir ou ampliar o seu alcance ou executá-lo de modo
que contrarie ou prejudique seu evidente sentido.

§ 1º É de trinta dias, contados a partir da data do recebimento do processo


64
Seleção de Acórdãos

na origem, o prazo para o cumprimento das decisões do CRPS, sob pena de


responsabilização funcional do servidor que der causa ao retardamento.

§ 2º A decisão da instância recursal excepcionalmente poderá deixar de ser


cumprida no prazo estipulado no § 1o deste artigo se após o julgamento pela
Junta ou Câmara, for demonstrado pelo INSS, por meio de comparativo de
cálculo dos benefícios, que ao beneficiário foi deferido outro benefício mais
vantajoso, desde que haja opção expressa do interessado, dando-se ciência ao
órgão julgador com o encaminhamento dos autos.

§ 3º Na hipótese mencionada no parágrafo anterior, caso o beneficiário


não compareça ou não manifeste expressamente sua opção após ter sido
devidamente cientificado, o INSS deve manter o benefício que vem sendo pago
administrativamente e se exime do cumprimento da decisão do CRPS, desde
que esta situação esteja devidamente comprovada nos autos e que seja dada
ciência ao órgão julgador por meio do encaminhamento dos autos.

Subseção I

Da Reclamação

Art. 57º. Em caso de não cumprimento de decisão definitiva dos órgãos


julgadores do CRPS, no prazo e condições estabelecidos no artigo anterior,
é facultado à parte prejudicada formular reclamação, mediante requerimento
instruído com cópia da decisão descumprida e outros elementos necessários à
compreensão do processo, dirigida ao Presidente do CRPS, a ser processada
pela Coordenação de Gestão Técnica.

§ 1º A Reclamação poderá ser protocolada junto ao INSS, aplicando-se o disposto


no art. 33 deste Regimento, ou diretamente nos órgãos que compõem a estrutura
do CRPS, que a remeterão ao órgão responsável pelo seu processamento.

§ 2º Recebida e autuada a reclamação na Coordenação de Gestão Técnica, esta


expedirá, de imediato, ofício ou mensagem por meio eficaz de telecomunicação
ou via eletrônica, com as devidas cautelas à autenticação da mensagem e do
seu recebimento, ao órgão encarregado do cumprimento da decisão, para que
informe sobre a situação processual, apresentando, se for o caso, os motivos do
não cumprimento do julgado, no prazo improrrogável de cinco dias.

§ 3º Encerrado o prazo do parágrafo anterior, não havendo resposta ou sendo


as justificativas consideradas improcedentes, será expedido ofício firmado pelo
Presidente do CRPS à Diretoria de Benefícios do INSS para adoção das medidas
cabíveis ao efetivo cumprimento da decisão e, se for o caso, instauração de
procedimento administrativo para apuração de falta funcional do servidor
responsável pelo retardamento
65
Seleção de Acórdãos

§ 4º A Coordenação de Gestão Técnica acompanhará os processos de


reclamação até a solução final, mantendo registros em meio físico ou eletrônico
de todas as ocorrências, devendo encaminhar relatório anual circunstanciado ao
órgão competente de controle interno do Ministério da Previdência Social.
CAPÍTULO VIII

DOS DEMAIS PROCEDIMENTOS APLICÁVEIS AOS

ÓRGÃOS JULGADORES DO CRPS

Seção I

Dos Embargos de Declaração

Art. 58º. Caberão embargos de declaração quando houver no acórdão dos


órgãos julgadores do CRPS, obscuridade, ambigüidade ou contradição entre
a decisão e os seus fundamentos ou quando for omitido ponto sobre o qual
deveriam pronunciar- se.

§ 1º Os embargos de declaração serão opostos pelas partes do processo,


mediante petição fundamentada, dirigida ao Presidente do órgão julgador, no
prazo de trinta dias contados da ciência do acórdão.

§ 2º A oposição dos embargos de declaração interromperá o prazo para


cumprimento do acórdão, sendo restituído todo o prazo de trinta dias após a
sua solução, salvo na hipótese de embargos manifestamente protelatórios,
ocasião em que a decisão deverá ser executada no prazo máximo de cinco dias
da ciência do setor responsável pelo cumprimento do acórdão, sob pena de
responsabilização funcional do servidor que der causa ao retardamento.

§ 3º Autuado o pedido, o processo será encaminhado ao presidente do órgão


julgador, ao qual competirá fazer o juízo de admissibilidade dos embargos de
declaração, podendo:
I- não conhecer dos embargos de declaração, por decisão monocrática
irrecorrível, quando verificar que não foram demonstrados os pressupostos
previstos no caput; ou
II - encaminhar o processo à consideração do conselheiro relator ou de
conselheiro designado, na impossibilidade de manifestação do relator, quando
verificar presentes os pressupostos previstos no caput, para fins de apreciação
dos embargos de declaração e dos respectivos fundamentos com a posterior
submissão ao colegiado.

§ 4º Nos Embargos de Declaração, via de regra, não há necessidade de se


oportunizar a manifestação da parte contrária, salvo nos casos em que a
66
Seleção de Acórdãos

pretensão do embargante, na integração do julgado, implicar na modificação da


decisão final, hipótese em que, excepcionalmente, deverá ser oportunizado o
oferecimento de contrarrazões ao embargado.

§ 5º Não será processado o pedido de embargos de declaração de acórdão


do CRPS que não se enquadre nos requisitos de admissibilidade previstos no
caput e que esteja visando mera rediscussão de matéria já apreciada pelo órgão
julgador.

§ 6º Os embargos de declaração opostos tempestivamente interrompem o prazo


para a interposição de recurso especial.

§ 7º As disposições deste artigo aplicam-se, no que couber, às decisões em


forma de resolução, editadas em casos concretos pelo Conselho Pleno.

Seção II

Do Erro Material

Art. 59º As inexatidões materiais constantes de decisões proferidas pelos órgãos


julgadores do CRPS, decorrentes de erros de grafia, numéricos, de cálculos
ou, ainda, de outros equívocos semelhantes, serão saneadas pelo respectivo
Presidente do órgão julgador ou pelo Presidente do CRPS, de ofício ou a
requerimento das partes.

§ 1º Será rejeitado, de plano, por despacho irrecorrível das autoridades


mencionadas no caput, o requerimento que não demonstrar, com precisão, o
equívoco.

§ 2º O erro material pode ser corrigido a qualquer tempo.

§ 3º Não serão considerados erros materiais para os fins deste artigo as


interpretações jurídicas dos fatos relacionados nos autos, o acolhimento de
opiniões técnicas de profissionais especializados ou o exercício de valoração
de provas.

Seção III

Da Revisão de Ofício

Art. 60º As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas


próprias decisões, de ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o
67
Seleção de Acórdãos

art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;


II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do
MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da Previdência Social, bem como
do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73, de 10 de
fevereiro de 1993;
III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e
IV - for constatado vício insanável.

§ 1º Considera-se vício insanável, entre outros:

I - o voto de Conselheiro impedido ou incompetente, bem como condenado, por


sentença judicial transitada em julgado, por crime de prevaricação, concussão
ou corrupção passiva diretamente relacionado à matéria objeto de julgamento
do colegiado;
II - a fundamentação baseada em prova obtida por meios ilícitos ou cuja falsidade
tenha sido apurada em processo judicial;
III - o julgamento de matéria diversa da contida nos autos;
IV - a fundamentação de voto decisivo ou de acórdão incompatível com sua
conclusão.

§ 2º O Conselheiro relator ou, na sua falta, o designado para substituí-lo, deverá


reduzir a termo as razões de seu convencimento e determinar a intimação
das partes do processo, com cópia do termo lavrado, para que se manifestem
no prazo sucessivo de trinta dias, antes de submeter o seu entendimento à
apreciação da unidade julgadora.

§ 3º A revisão de oficio terá andamento prioritário nos órgãos do CRPS.

Seção IV

Do Conflito de Competência

Art. 61º Ocorre conflito de competência quando dois ou mais órgãos julgadores
se declaram competentes para julgar o mesmo processo, ou quando nenhum
deles assuma a competência.

§ 1º Os conflitos de competência entre Juntas de Recursos serão dirimidos pelos


Presidentes das Câmaras de Julgamento, segundo distribuição alternada, e nos
demais casos, pelo Presidente do CRPS.
§ 2º Em qualquer hipótese o conflito será resolvido por decisão monocrática
irrecorrível.

68
Seleção de Acórdãos

CAPÍTULO IX

DOS PROCEDIMENTOS APLICÁVEIS AO CONSELHO

PLENO

Seção I

Da Uniformização em Tese da Jurisprudência

Art. 62º. A uniformização, em tese, da jurisprudência administrativa previdenciária


poderá ser suscitada para encerrar divergência jurisprudencial administrativa ou
para consolidar jurisprudência reiterada no âmbito do CRPS, mediante a edição
de enunciados.

§ 1º A uniformização em tese poderá ser provocada pelo Presidente do CRPS,


pela Coordenação de Gestão Técnica, pela Divisão de Assuntos Jurídicos, pelos
Presidentes das Câmaras de Julgamento ou, exclusivamente em matéria de
alçada, por solicitação de Presidente de Juntas de Recursos ou pela Diretoria de
Benefícios do INSS, por provocação dos Serviços ou Divisões de Benefícios das
Gerências Executivas, mediante a prévia apresentação de estudo fundamentado
sobre a matéria a ser uniformizada, no qual deverá ser demonstrada a existência
de relevante divergência jurisprudencial ou de jurisprudência convergente
reiterada.

§ 2º A divergência ou convergência de entendimentos deverá ser demonstrada


mediante a elaboração de estudo fundamentado com a indicação de decisórios
divergentes ou convergentes, conforme o caso, proferidos nos últimos cinco
anos, por outro órgão julgador, composição de julgamento, ou, ainda, por
resolução do Conselho Pleno.

§ 3º Elaborado o estudo na forma prevista no § 2º a autoridade competente


encaminhará a proposta de uniformização em tese da jurisprudência
previdenciária ao Presidente do CRPS que a distribuirá ao relator da matéria no
Conselho Pleno.

§ 4º Aplica-se à uniformização em tese da jurisprudência administrativa


previdenciária, no que couber, o procedimento previsto no artigo 64 deste
Regimento.

Art. 63º. A emissão de enunciados dependerá da aprovação da maioria absoluta


dos membros do Conselho Pleno e vincula, quanto à interpretação do direito,
todos os Conselheiros do CRPS.

§ 1º A interpretação dada pelo enunciado não se aplica aos casos definitivamente


69
Seleção de Acórdãos

julgados no âmbito administrativo, não servindo como fundamento para a revisão


destes.
§ 2º O enunciado poderá ser revogado ou ter sua redação alterada, por
maioria simples, mediante provocação das autoridades de que trata o § 1o do
art. 62, sempre precedido de estudo fundamentado, nos casos em que esteja
desatualizado em relação à legislação previdenciária ou quando sobrevier
parecer normativo ministerial, aprovado pelo Ministro de Estado, nos termos da
Lei Complementar no 73, de 1993, que lhe prejudique ou retire a validade ou
eficácia.

Seção II

Do Pedido de Uniformização de Jurisprudência

Art. 64º. O Pedido de Uniformização de Jurisprudência poderá ser requerido em


casos concretos, pelas partes do processo, dirigido ao Presidente do respectivo
órgão julgador, nas seguintes hipóteses:

I - quando houver divergência na interpretação em matéria de direito entre


acórdãos de Câmaras de Julgamento do CRPS, em sede de recurso especial,
ou entre estes e resoluções do Conselho Pleno; ou
II - quando houver divergência na interpretação em matéria de direito entre
acórdãos de Juntas de Recursos do CRPS, nas hipóteses de alçada exclusiva
previstas no artigo 18 deste Regimento, ou entre estes e Resoluções do Conselho
Pleno.

§ 1º A divergência deverá ser demonstrada mediante a indicação do acórdão


divergente, proferido nos últimos cinco anos, por outro órgão julgador, composição
de julgamento, ou, ainda, por resolução do Conselho Pleno.

§ 2º É de trinta dias o prazo para o requerimento do Pedido de Uniformização


de Jurisprudência e para o oferecimento de contrarazões, contados da data da
ciência da decisão e da data da intimação do pedido, respectivamente.

§ 3º Reconhecida em sede cognição sumária a existência da divergência pelo


Presidente do órgão julgador, o processo será encaminhado ao Presidente do
Conselho Pleno para que o pedido seja distribuído ao relator da matéria.

§ 4º Do não recebimento do pedido de uniformização pela Presidência do órgão


julgador, caberá recurso ao Presidente do CRPS, no prazo de trinta dias da
ciência da decisão comprovada nos autos.

§ 5º O pedido de uniformização poderá ser formulado pela parte uma única vez,
tratando-se do mesmo caso concreto ou da mesma matéria examinada em tese,
à luz do mesmo acórdão ou resolução indicados como paradigma.
70
Seleção de Acórdãos

§ 6º O Conselho Pleno poderá pronunciar-se pelo não conhecimento do pedido


de uniformização ou pelo seu conhecimento e seguintes conclusões:

I - edição de Enunciado, com força normativa vinculante, quando houver


aprovação da maioria absoluta de seus membros;
II - edição de Resolução para o caso concreto, quando houver aprovação da
maioria simples de seus membros;

§ 7º Proferido o julgamento, caso haja deliberação para edição de enunciado,


o Conselheiro responsável pelo voto vencedor deverá redigir o projeto de
enunciado, a ser aprovado na mesma sessão ou na sessão ordinária seguinte.
§ 8º O pronunciamento do Conselho Pleno, nos casos de uniformização de
jurisprudência, poderá ser adiado, uma única vez, para a sessão seguinte a
pedido de, no mínimo, três membros presentes.

§ 9º O pedido de adiamento na forma do parágrafo anterior não impedirá que


votem os Conselheiros que se julguem habilitados a fazê-lo.

§ 10º. Os Conselheiros que tenham participado do julgamento na Câmara do


CRPS não estão impedidos de julgar o pedido de uniformização no Conselho
Pleno.

§ 11º. Aplica-se ao pedido de uniformização de jurisprudência, no que couber, o


disposto no Capítulo VII deste Regimento.

Seção III

Da Reclamação ao Conselho Pleno

Art. 65º. A reclamação ao Conselho Pleno poderá ocorrer, no caso concreto, por
requerimento das partes do processo, dirigido ao Presidente do CRPS, somente
quando os acórdãos das Juntas de Recursos do CRPS, em matéria de alçada,
ou os acórdãos de Câmaras de Julgamento do CRPS, em sede de recurso
especial, infringirem:

I - pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado


da Previdência Social, bem como do Advogado- Geral da União, na forma da Lei
Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993;
II - enunciados editados pelo Conselho Pleno.

§ 1º O prazo para o requerimento da Reclamação ao Conselho Pleno é de trinta


dias contados da data da ciência da decisão infringente e suspende o prazo para
o seu cumprimento.

71
Seleção de Acórdãos

§ 2º Caberá ao Presidente do CRPS fazer o juízo de admissibilidade da


Reclamação ao Conselho Pleno verificando se estão presentes os pressupostos
previstos no caput, podendo:

I - indeferir por decisão monocrática irrecorrível, quando verificar que não foram
demonstrados os pressupostos de admissibilidade previstos no caput;
II - distribuir o processo ao Conselheiro relator da matéria no Conselho Pleno
quando verificar presentes os pressupostos de admissibilidade previstos no
caput.

§ 3º Os processos poderão ser preliminarmente submetidos pelo Presidente do


CRPS ao órgão julgador que prolatou o acórdão infringente, para facultar-lhe a
revisão de ofício nos termos do artigo
60 deste regimento.

§ 4º O resultado do julgamento da Reclamação pelo Conselho Pleno será objeto


de notificação ao órgão julgador que prolatou o acórdão infringente.

Seção IV

Das Disposições Gerais

Art. 66º As reuniões do Conselho Pleno serão abertas por seu Presidente, após
verificada a presença de, no mínimo, metade mais um dos seus membros.

§ 1º O Presidente do CRPS designará o relator nos procedimentos aplicáveis ao


Conselho Pleno.

§ 2º Após a leitura do relatório e do voto do Conselheiro relator, será iniciado o


processo de votação, no qual os conselheiros poderão:

I - acompanhar o relator;
II - divergir do relator; ou
III - pedir vista dos autos.

§ 3º Encerrada a votação, o Presidente do Conselho Pleno proclamará a decisão.

§ 4º O pedido de vista por um dos Conselheiros aproveita aos demais, que


deverão apresentar seus votos, caso divirjam do relator, na sessão seguinte,
sendo disponibilizadas cópias das principais peças dos autos aos Conselheiros
que solicitarem.

§ 5º O Presidente do CRPS proferirá seu voto nas reuniões do Conselho Pleno


72
Seleção de Acórdãos

quando for necessário o desempate e quando for o propositor da uniformização


em tese da jurisprudência.

§ 6º Quando a decisão do Conselho Pleno for editada em forma de Resolução


para o caso concreto será exigida a maioria simples.

CAPÍTULO X

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 67º O Presidente do CRPS poderá propor ao Ministro de Estado da


Previdência Social a ampliação do número de composições que atuarão em
cada instância julgadora, observando-se o volume de processos existentes, na
forma estabelecida pelo § 10 do art. 303 do RPS.

Art. 68º. Quando as Câmaras de Julgamento entenderem pela necessidade de


anulação do julgamento anterior, poderão devolver os autos à unidade de origem
para reexame da matéria e nova decisão sobre o mérito da causa ou, atendendo
ao princípio de economia processual, se não houver prejuízo para a instrução da
matéria ou para
a defesa das partes, poderão, elas próprias, pronunciar-se em caráter definitivo
sobre o mérito da controvérsia no âmbito administrativo

Art. 69º Os pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, quando aprovados pelo


Ministro de Estado, nos termos da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro
de 1993, vinculam os órgãos julgadores do CRPS, à tese jurídica que fixarem,
sob pena de responsabilidade administrativa quando da sua não observância.

Art. 70º. É vedado aos órgãos julgadores do CRPS afastar a aplicação, por
inconstitucionalidade ou ilegalidade, de tratado, acordo internacional, lei, decreto
ou ato normativo ministerial em vigor, ressalvados os casos em que:
I - já tenha sido declarada a inconstitucionalidade da norma pelo Supremo
Tribunal Federal, em ação direta, após a publicação da decisão, ou pela via
incidental, após a publicação da resolução do Senado Federal que suspender a
sua execução; e
II - haja decisão judicial, proferida em caso concreto, afastando a aplicação
da norma, por ilegalidade ou inconstitucionalidade, cuja extensão dos efeitos
jurídicos tenha sido autorizada pelo Presidente da República.

Art. 71º. Caberá às autoridades do CRPS prestar as informações solicitadas


em mandados de segurança impetrados contra os seus atos, com o auxílio
institucional da Advocacia Geral da União, bem como, quando necessário,
solicitar a inclusão do INSS no feito judicial como litisconsorte passivo necessário,
além de:

73
Seleção de Acórdãos

I - encaminhar à Advocacia-Geral da União as notificações, citações e decisões


proferidas pelo Poder Judiciário, dentre elas, concedendo ou negando liminar em
mandado de segurança impetrado contra os seus atos, bem assim, as decisões
de mérito nos mandados de segurança, no prazo de quarenta e oito horas; e
II - solicitar ao Presidente do CRPS, por intermédio de procedimento próprio, a
instauração de sindicância e de processo administrativo disciplinar no âmbito
dos respectivos órgãos colegiados.

Art. 72º. Nos casos de omissão deste Regimento, aplicam-se sucessivamente,


se houver compatibilidade das regras, as disposições pertinentes da Lei no
5.869, de 11 de janeiro de 1973, que institui o Código de Processo Civil e da
Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no
âmbito da Administração Pública Federal.

Art. 73º. O fornecimento de instalações físicas, sua manutenção, conservação


e adaptação, bem como os demais recursos materiais e humanos necessários
ao desenvolvimento das atividades das Câmaras de Julgamento e Juntas de
Recursos serão assegurados pelo MPS e pelo INSS, mediante solicitação dos
respectivos Presidentes.

§ 1º As Gerências Executivas responsáveis pelo apoio logístico incluirão em


suas propostas orçamentárias os recursos necessários destinados aos órgãos
julgadores do CRPS.

§ 2º Os servidores públicos cedidos na forma do § 7o do art. 303 do RPS


exercerão suas atividades no CRPS sem prejuízo dos direitos e vantagens do
respectivo cargo de origem, inclusive quanto aos que vierem a ser atribuídos.

Art. 74º. As disposições desse Regimento se aplicam também às composições


adjuntas de julgamento.

Art. 75º. As normas deste Regimento Interno aplicam-se imediatamente aos


processos em curso no Conselho de Recursos da Previdência Social e no
INSS, não atingindo os atos processuais já praticados em período anterior a sua
vigência e ficando revogadas as disposições em contrário.

74
Seleção de Acórdãos

ÁCORDÃOS 1ª JR -

75
Seleção de Acórdãos

76
Seleção de Acórdãos

01ª JR - Primeira Junta de Recursos

Documento: 0112.075.307-1
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL COARI-APSCOA
Nº de Protocolo do Recurso: 35809.000295/2010-83
Recorrente(s): IRANILDO MELO DA SILVA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 25/08/2010
Relator(a): DORACI PEREIRA DE SOUSA

Relatório

IRANILDO MELO DA SILVA recorre a esta 1ª Junta de Recursos, no Amazonas contra a decisão proferida
pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS Coari/AM, suspendeu o seu pedido de Pensão por Morte,
formulado em 09.09.1999, pelo motivo de “Divergência de Informação entre Documentos”.

Manuseando os autos, constata-se que por ocasião do requerimento do benefício em questão, o postulante
apresentou os seguintes documentos:
a) copia da carteira de trabalho nº. 03389/00007-Am do instituidor do beneficio, Certidão de óbito com
falecimento em 01.05.1999;
b) Declaração de Exercício de Atividade Rural com data de filiação em 29.12.1997;
c) Declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais em Coari/Am com admissão em 29.12.1997;
d) Certidão de nascimento de Iranildo Melo da Silva filho de Francisco Tiburcio da Costa e Silva que talvez por
desconhecimento informou da atividade informou que sua profissão “Serralheiro”;

Observamos que processamento da Dataprev o beneficio foi concedido com inicio a partir de 09.09.1999 a sua
representante lega, sua mãe Maria de Lourdes Melo da Silva, segundo fls.08/09.

A APS Cessou a pensão em 11.07.2006 por não comparecimento ao CENSO, conforme Informações do
Beneficio de fls.10.

Verificamos que consta as fls.15 o formulário Termo de Responsabilidade datado de 23.05.2007, assinado pelo
IRANILDO MELO DA SILVA, data essa que foi emancipado.

Censo Previdenciário 2005 foi realizado e entregue o comprovante ao IRANILDO MELO DA SILVA em
23.05.2007, com a devida atualização reativando a pensão por morte ao referido recorrente, fls.17/25.

A Agencia de Coari em 07.12.2007 (fls.26) realizou supervisão no período de 03 a 09 de dezembro de 2007 e


em analise no benefício da referência detectou:
a) A APS não adotou as providencias quanto à formalização do processo, tais como: numeração, conferencia
com original/autentificação das copias anexas aos austos, entre outras;
b) Na certidão de nascimento do beneficiário consta mãe Maria de Lourdes Melo da Silva, divergindo do nome
da requerente (Tutora nata) na CTPS nº. 91.168/00015-Am que consta Lourdes Pereira do Livramento, como
também a data do nascimento;
c) Na Declaração do Exercício da Atividade Rural com período de atividade 10.08.1991 a 20.04.1999,
informação baseado na certidão de nascimento do filho emitido em 17.07.1989, anterior ao período e com
atividade de Serralheiro; d)Não consta entrevista para confirmação da qualidade do segurado especial e o
termo de Responsabilidade preenchido incorretamente;
e) O nome da mãe do instituidor da pensão na certidão de óbito diverge do nome do registro geral;

77
Seleção de Acórdãos

Diante das falhas acima citadas a Gerência Executiva de Manaus não fez pronunciamento quanto à
regularidade da concessão, encaminhando a Chefia da Agencia da Previdência Social em Coari/AM para
ciência e sanar as disfunções detectadas e recomendando que caso não seja regularizado deverá adotar as
providências contidas na Seção VIII da Instrução Normativa nº. 20/2007 e da orientação Interna INSS/DIEBEM
nº. 110/2005.

Verificamos que APS juntou o cadastro eleitoral, Certidão de casamento católico, documento do Sindicato,
fls.27/21.

Observamos que a pensão em nome de IRANILDO MELO DA SILVA foi suspensa por motivo de
irregularidades, datado de 25.04.2008, conforme espelho de AE de fls.32.

Dado a suspensão o postulante recorre em 16 de junho de 2008 informando que não se conforma coma
suspensão da pensão porque é do seu filho menor, assim espera revisão no seu problema.

De acordo com os Dados Básicos da Concessão o benefício foi cessado em 01 de maio de 2008, sem o
cumprimento do que exige a norma do Instituto.

Gostaríamos de acrescentar que a APS Coari não atendeu o solicitado as 26 e procedeu a suspensão sem
oportunidade da defesa do recorrente, que inclusive não comunicou por escrito a suspensão da pensão.

Pelo exposto, decidimos pela baixa dos autos em DILIGÊNCIA PRELIMINAR à APS Coari/AM, para proceder
de acordo com o artigo 11, § 1º, § 2º e § 3º do Ministério da Previdência Social e INSS.

Com retorno verificamos que APS tomou as seguintes providências:


a) Convocou o recorrente através da carta datado de 04/01/2011(fls.49);
b) O recorrente juntou os documentos de (fls.50/51);
c) A entrevista foi realizada com vizinhos e todas foram consideradas positivas quanto à comprovação da
atividade rural da recorrente no período exigido, em regime Familiar (fls.52/55);
d) Anexou a certidão original do registro civil um pouco danificada que se consegue ver o nome do assento
lavrado (fls.56);
e) Juntou a certidão de casamento do senhor Francisco Tiburcio da Costa e Maria de Lourdes Melo da Silva
(fls.5/);
f) Entre outros documentos de (fls.58/63);
g) Em 03.03.2011 convocaram novamente o Senhor Iranildo Melo da Silva para apresentar comprovação rural
do instituidor do beneficio (fls.64);
h) Tomaram o Termo de Declarações da senhora Luciana de Souza Sahdo e Lourdes Pereira de Livramento
(fls.65/67).

A APS em seu despacho datado de 03.03.2001(fl.38) item 6 entendem que cumpriram a diligência, informando
que mantem a decisão de suspensão até a elucidação das divergências existentes e/ou orientação dos órgãos
superiores para as devidas providencias cabíveis ao caso.

É o relatório.

Peço incluir em pauta.

Manaus - AM, 08/04/2011

DORACI PEREIRA DE SOUSA


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

78
Seleção de Acórdãos

Incluido em Pauta no dia 2011-04-25 para sessão nº 22/2011 de 2011-04-29 às 1000

Voto

O recurso é tempestivo uma vez que não consta dos autos a comprovação da ciencia da decisao denegatoria,
o que permite o seu conheciemnto e julgamento de mérito.

Vale a pena frizar que segundo os termo de declaração de fls.52 e 54 o servidor do Instituto conclui como
positiva a comprovação da atividade rural do0a requerente no periodo exigido, exercido em regime Familiar,
portanto o exercido de atividade de segurado especial do instituidor da pensão até a data do obito foi
comprovado.

Ressaltamos ainda que através do depoimento da senhora Lourdes Pereira do Livramento ficou claro que
devido a falta de orinetação, conhecimento de como proceder em tal situação, e descazo dos orgaos que
procurou, entre outros nosso entendiemento é que a Maria de Lourdes Melo da Silva e Lourdes Pereira do
Livramento apesar de ter alguns documentos nos autos com divergeciais, s.m.j é a mesma pessoa.

É bom frizar que no relatorio da chefia da APS Coari item 5 vê-se que com base na certidão de casamento
religiosos(Ffls.28), emitida em 29.07.1999 é que justifica que Maria de Lourdes Melo da Silva e Lourdes Pereira
do Livramento trata-se da mesma pessoa.

Ressaltamos que com base na decalração em ficou comprovado o exercicio da atividade do instituidor da
pensão(fls.52 e 54), com outros docuemntos de fls.06,14,28,30 e 32 e ainda o depoimento da mãe do
requerente, e parecer no item 5 do relatorio de fls.68, nosso entendimento é para que seja reativado a pensão,
com os devidos acertos desde a cessação.

Art. 74 da Lei nº. 8.213/91 A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do
segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: (Redação dada pela Lei nº. 9.528, de 1997).

Assim, de acordo com a diligencia efetuada se acham atendidas as condições necessárias ao deferimento da
manutenção do benefício do senhor Iranildo Melo da Silva, VOTO pelo conhecimento do recurso, visto ser este
tempestivo, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

Manaus - AM, 08/04/2011

DORACI PEREIRA DE SOUSA


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 977/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Primeira Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua

79
Seleção de Acórdãos

fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: DORACI PEREIRA DE


SOUSA e FLAMYR REIS DE MELO.

Manaus - AM, 29/04/2011

DORACI PEREIRA DE SOUSA IARA ROSA MENDONÇA


Representante dos Trabalhadores Presidente
01ª JR - Primeira Junta de Recursos

80
Seleção de Acórdãos

ÁCORDÃOS 2ª JR - CE

81
Seleção de Acórdãos

82
Seleção de AcórdãoS

02ª JR - Segunda Junta de Recursos

Documento: 0139.413.541-3
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA FORTALEZA-JACARECANGA-APSJCC
Nº de Protocolo do Recurso: 36058.000082/2007-59
Recorrente(s): REGINA CLAUDIA ALBUQUERQUE MEDEIROS
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO DE PROFESSORES
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 05/12/2007
Relator(a): MICHELLE QUINTINO RODRIGUES

Relatório

Recurso tempestivo interposto por Regina Claudia Albuquerque Medeiros sobre


decisão do INSS - Instituto Nacional do Seguro Social, que indeferiu pedido de
concessão de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, proposto pela
Recorrente em 10.08.2006, sob o fundamento de que não foi atingido o tempo
mínimo de contribuição exigida até data de entrada do requerimento;

A recorrente, por sua vez, inconformada com a decisão do INSS, recorre a esta
Colenda Junta, apresentando suas razões de recurso às fls. 31, solicitando a
recontagem de seu tempo de contribuição;

Instruindo o feito, a recorrente acostou aos autos seus documentos pessoais em


que se registra data de nascimento em 14.02.1962; às fls. 04, declaração expedida
pelo Colégio 7 de Setembro com informação de que a recorrente exerce a função
de professora em ensino fundamental II em sala de aula, desde 01.04.1981; às fls.
05, diploma lhe conferindo título de Bacharel em Administração datado de
31.05.1999; às fls. 06, certificado lhe conferindo título de Licenciatura Plena em
disciplinas específicas do Ensino Básico datado de 19.10.2000; às fls. 07, cartão
de inscrição da recorrente no PIS; às fl.s 08 a 11, cópias da CTPS com anotações
de contrato de trabalho nos períodos de 01.04.1981 a 01.08.1985, 01.09.1985 a
28.09.1989, 01.04.1989 a 01.10.1990 e de 01.11.1990, sem baixa;

Às fls. 16 consta nova declaração fornecida pelo Colégio 7 de Setembro com


informação de que a recorrente exerceu a função de professora do ensino
fundamental em sala de aula desde 01.04.1981 e foi admitida como professora
auxiliar na mesma data tendo cumprido rigorosamente em sala de aula ligada
diretamente ao assessoramento pedagógico e passou para professora regente em
01.02.1984 e em 01.02.1988 passou a ser professora do ensino fundamental II
onde permanece até presente;

Da consulta realizada ao CNIS - Cadastro Nacional de Informações Sociais às fls.


17 a 21, verifica-se registro de vínculos em nome da recorrente nos períodos
anotados na CTPS, no entanto, o último vínculo possui encerramento registrado

83
Seleção de Acórdãos

em 01.01.2003, registrado vinculo posterior na mesma instituição de ensino com


início em 02.01.2003, sem baixa;

Resumo de tempo contributivo às fls. 24, soma 25 anos, 3 meses e 10 dias,


considerando todo o período demonstrado nos autos até data de entrada do
requerimento;

Da interposição do recurso, a recorrente nada acrescentou aos autos;

É o relatório.

Fortaleza - CE, 11/02/2008

MICHELLE QUINTINO RODRIGUES


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2008-02-11 para sessão nº 77/2008 de 2008-02-20 às 1000

Voto

EMENTA: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.


PROFESSORA. COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE DE ENSINO NO PERÍODO
CONTRIBUTIVO. REQUISITOS LEGAIS ATENDIDOS. TEMPO MÍNIMO
COMPROVADO. RECURSO PROVIDO.

Trata-se de pedido de aposentadoria por tempo de contribuição de professor,


formulado com fundamento no art. 56 da Lei 8.213/91 cumulado com art. 56 § 1º.
do Decreto 3.048/99 e art. 201 § 8º. da Constituição Federal de 1988.

Ao pleitear tal benefício deve-se comprovar o cumprimento da carência mínima


exigida para o tempo de contribuição, sendo exigido o mínimo de 30 (trinta) anos,
se homem, e 25 (vinte e cinco) anos, se mulher.

Da instrução processual, a recorrente apresentou elementos que comprovam o


exercício do magistério no ensino fundamental (básico) desde 1981, o que leva à
soma, até data de entrado do pedido, de 25 anos, 3 meses e 10 dias;

Quanto aos fundamentos do INSS para o indeferimento do pedido, é válido


ressaltar que a obrigatoriedade da habilitação para o ensino fundamental somente

84
Seleção de Acórdãos

se deu com a Lei de Diretrizes e Bases de 1996, pelo que não se pode exigir que
antes a recorrente tivesse a devida habilitação, devendo-se observar que a própria
Lei determinou prazo para que os profissionais de ensino regularizassem a
situação quanto à emissão de diplomas de habilitação, o que da recorrente se
confere dos autos desde 1999;

No que diz respeito ao período em que a recorrente exerceu a função de auxiliar


de professora, a Lei 11.306/2001 considera funções de magistério as exercidas por
professores e especialistas em educação, incluídas as de direção de unidade
pedagógica, coordenação e assessoramento pedagógico, pelo que, informado pelo
empregador que a interessada esteve diretamente ligada ao assessoramento
pedagógico e em sala de aula durante tal período, referida função está
indiscutivelmente abrangida entre aquelas enquadradas na referida Lei, uma vez
que se trata de assessoramento pedagógico;

Considerando, portanto, que a recorrente cumpriu com os requisitos legais


autorizadores da concessão do benefício de aposentadoria por tempo de
contribuição, na condição de professora, tem-se que a mesma faz jus ao seu pleito.

DIANTE DO EXPOSTO E TUDO MAIS QUE DOS AUTOS CONSTA, CONHEÇO


DO RECURSO PARA, NO MÉRITO, DAR-LHE PROVIMENTO.

Fortaleza - CE, 11/02/2008

MICHELLE QUINTINO RODRIGUES


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 1489/2008

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: Mary Maria Mota


Macedo. e Noelia Maria Vidal Nunes.

Fortaleza - CE, 20/02/2008

85
Seleção de Acórdãos

MICHELLE QUINTINO RODRIGUES LYSLANE GOMES DE MELLO CARVALHO


Representante dos Trabalhadores Presidente
02ª JR - Segunda Junta de Recursos

86
Seleção de AcórdãoS

02ª JR - Segunda Junta de Recursos

Documento: 0094.196.410-8
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA IGUATU-APSIGU
Nº de Protocolo do Recurso: 35050.000687/2007-57
Recorrente(s): JOANA CANDIDO DOS SANTOS
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR VELHICE - TRABALHADOR RURAL
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 26/06/2007
Relator(a): MARY MARIA MOTA MACEDO

Relatório

Instaurou-se tempestivamente o presente feito por força de pedido aforado


em face do INSS - autarquia federal por intermédio da qual a parte autora,
alegando a condição de trabalhadora rural, postula a REATIVAÇÃO de seu
benéfico de APOSENTADORIA POR VELHIVE-RURAL que foi CESSADA sob a
alegativa de irregularidade na concessão.

NB - 07/094.196.410-8 Joana Cândida dos Santos

A irregularidade apontada consiste em que a recorrente é aposentada por


velhice com DIB em 22.02.1989, fl.22, e seu falecido marido, também,foi
aposentado por velhice com DIB em 14.12.1989, fl.19. Alega o Instituto que na
época das concessões o beneficio era exclusivamente destinado ao cabeça do
casal.

Em 25.01.1996 seu esposo faleceu, conforme Certidão de Óbito, fl.04,desta


desta feita a suplicante requereu o beneficio pensional fazendo prova que fora
casada com o instinto e para tanto juntou Certidão de Casamento civil das partes
lavrado em 21.11.1959, fl.03.

O INSS oficiou a recorrente da acumulação indevida dos benefícios,


justificando que por ocasião da solicitação de sua aposentadoria declarou que era
“solteira”, apresentando sua Certidão de Nascimento. Assim, na época já era
casada civilmente e pelas normas então vigentes Decreto nº. 83.080/79, havia
óbice a concessão - fls.38/39.

Irresignado(a), o(a) requerente, representado por seu advogado conforme procuração à fl. 40,
apresentou recurso no qual aduz que faz jus a aposentadoria, “que com o advento da nova
Constituição Federal de 1988, o Decreto 83.080/79, foi superado, no que concerne aos direitos
previdenciários.” o(a) extinto(a) era seu/sua esposo(a) e que já estava recebendo o benéfico de
pensão que foi cessado indevidamente. Pugna pela reforma da decisão denegatória - fl.36/39 ;

Após interposição da súplica, não tendo a postulante apresentado elementos novos de

87
Seleção de Acórdãos

convencimento, ascenderam os fólios a 2ª JR/CRPS.

Nesta Junta os autos foram baixados em diligencia preliminar para que fossem atendidos os
quesitos de fl.43.

De retorno foi inserida a comunicação da irregularidade e prazo de 10 dias para defesa, em


29.08.2005, com AR, acompanhada de defesa e respectiva resposta, sendo essa pela improcedência -
fls. 45/50.

Inclusos, ainda, processo concessória de sua aposentadoria, para a qual apresentou Certidão
de Nascimento, entrevista constando estado civil de solteira - fls.51/56.

Apenso a contracapa o processo concessório da pensão requerida em 15.02.1996, na


qualidade de casada com o instituidor. Verifica-se, ainda, que seu RG expedido em 07.10.1987
consta menção a Certidão de Casamento.

É o Relatório

Fortaleza - CE, 08/04/2008

MARY MARIA MOTA MACEDO


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2008-04-08 para sessão nº 166/2008 de 2008-04-17 às 830

Voto

Ementa - Recurso. Previdenciário. Aposentadoria por


Velhice-Rural Concedida ao Casal em 1989, Benefícios
Concedidos após a Promulgação da CF/88 e em
Momento Pretérito à Edição da LEI n.º8.213/91.Princípio
LEX TEMPUS REGIT ACTUM.
I. À Aposentadoria na Qualidade de Trabalhador Rural
faz Jus Somente o Chefe da Unidade Familiar, nos
Termos do art. 297 do Dec. 83.080/79. Comprovação da
Atividade Rural do(a) Falecido(a).
II. Direito da Previdência de reaver seus atos é de 10
anos, salvo comprovada má-fé, estabelecido pelo art.
103-A da Lei 8.213/91. RECURSO NÃO PROVIDO.

Pacífica jurisprudência Superior já firmou entendimento no sentido de que a lei


que rege a concessão do benefício de aposentadoria é a norma em vigor à época da
ocorrência do fato gerador, qual seja, data da efetiva prestação do serviço, ou no caso do
trabalhador rural “do período em que exerceu as atividades no campo”, por força da
aplicação do princípio lex tempus regit actum. No caso, o pedido de aposentadoria por parte

88
Seleção de Acórdãos

da autora, circunstância fática que autoriza a concessão da aposentadoria por velhice, desde
que preenchidos os requisitos legais exigidos, ocorreu sob a égide da Consolidação das Leis
da Previdência Social, que somente assegura a condição de beneficiário ao cônjuge “cabeça
do casal” pelo Decreto 83.080/79.

Na circunstância vertente pugna a recorrente pela reativação da “aposentadoria por


velhice” por, segundo alega, desempenhava atividade rurícola. Conforme comprova o
documento de fls. 03 a recorrente era casada, civilmente, e coabitação com seu esposo, o
qual na época havia presunção legal de que o marido era o chefe da família, veja-se
que em regra apenas o cônjuge do sexo masculino era considerado como chefe da família.
É o que dispunha o art. 297, § 3º, II, “a”, do Decreto n.º 83.080/79, como segue:

Art. 297. A aposentadoria por velhice é devida, a contar da data da


entrada do requerimento, ao trabalhador rural que completa 65 (sessenta
e cinco) anos de idade e e o chefe ou arrimo de unidade familiar, em valor
igual ao da aposentadoria por invalidez (artigo 294).

§ 1º Fica ressalvado o direito de quem, mediante documentos hábeis,


originários de assentos anteriores a 31 de dezembro de 1971, comprove
ter completado 65 (sessenta e cinco) anos de idade até 31 de outubro de
1973, data da publicação da Lei Complementar nº 16, de 30 de outubro de
1973.

§ 2º (...)

§ 3º Para efeito deste artigo considera-se:

I - (...)

II - chefe da unidade familiar:

a) o cônjuge do sexo masculino, ainda que casado apenas segundo o rito


religioso, sobre o qual recai a responsabilidade econômica pela unidade
familiar;

b) o cônjuge do sexo feminino, nas mesmas condições da letra "a", quando


dirige e administra os bens do casal nos termos do artigo 251 do Código
Civil, desde que o outro cônjuge não receba aposentadoria por velhice ou
invalidez;

Ora, conjugando-se as definições postas nos respectivos dispositivos, verifica-se que, para
efeitos da legislação vigente à época do pedido da autora, a unidade familiar compunha-se de apenas
um trabalhador rural, os outros membros eram seus dependentes. Assim, apenas ao chefe ou arrimo
da unidade familiar era devida aposentadoria por velhice, pois apenas ele era considerado segurado
especial da Previdência Social, sendo reservada aos demais membros do grupo familiar a condição
de dependentes daquele e, por via de conseqüência, o direito ao pensionamento, logo, concedida ao
homem não havia direito à mulher.

Note-se ainda que o cônjuge do sexo feminino somente seria considerado chefe da unidade
familiar quando dirigia e administrava os bens do casal nos termos do artigo 251 do Código Civil,
desde que o outro cônjuge não recebesse aposentadoria por velhice ou invalidez; ou quando fosse o
cônjuge sobrevivente ou aquele que, em razão de divórcio, separação judicial, desquite ou anulação
do casamento civil, tem filhos menores sob sua guarda. Daí conclui-se em suma que a mulher
somente teria direito à aposentadoria se provasse que era arrimo de família.

89
Seleção de Acórdãos

Enfim, como era comum na época, não havia tratamento igualitário entre homens e
mulheres, ao contrário, a norma privilegiava os homens em detrimento das mulheres, na medida em
que somente assegura os benefícios aos homens, excluindo as mulheres do rol de beneficiários.

Esta diferença de igualdade perante a lei que se fazia entre homens e mulheres, no que
pertine à concessão de benefícios aos rurícolas, perdurou até a edição da Lei n. 8.213/91.

Muito embora a igualdade de direitos e obrigações trazida pela Constituição Federal de 1988
tenha desfeito a presunção legal de que o marido seja o chefe da família, conquanto, tenha estendido
o direito à pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependentes, não revogou, todavia, o princípio de que a pensão por morte dos trabalhadores rurais
seja devida apenas no caso de morte do chefe da família e mesmo sendo auto-aplicável a isonomia
de tratamento entre os cônjuges, somente com a Lei 8213/91 surge o benefício previdenciário rural
à esposa e, deste modo, não possui o segurado varão, antes da lei nova, direito à pleiteada pensão.
No regime anterior à referida lei, somente a mulher que demonstrasse inequivocamente ser chefe ou
arrimo da unidade familiar detinha a condição de segurada da Previdência Social. O princípio da
uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais é de natureza
programática, não é auto-aplicável.

A conclusão a que se chega é a de que irrefutavelmente somente há direito à


aposentadoria por idade de trabalhadora rural em relação aos pedidos a partir de 24/07/1991,
isto é, a partir da vigência da Lei n. 8.213/91 (ou de 04/05/91) independentemente de ficar
comprovada a qualidade de segurada (trabalhadora rural) da autora, não restou provado que era
chefe ou arrimo de família isto é, que ela encabeçava os negócios da família (fato incontroverso, eis
que não alegado pela autoria).

Portanto, considerando a inexistência de lei específica a amparar a concessão do pleito antes


da vigência da Lei n. 8.213/91 e que somente a partir de sua edição houve previsão legal da
concessão desta espécie de benefício e assim da respectiva fonte de custeio, concluímos que houve
violação ao art. 195, caput, e seu § 5º, e art. 201, V, da Constituição Federal se for concedido o
benefício pleiteado nestes autos.

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a


sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das
seguintes contribuições sociais:

...
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a
correspondente fonte de custeio total.

CF/88 - Art. 201. Os planos de previdência social, mediante


contribuição, atenderão, nos termos da lei, a: cobertura dos
eventos de doença, invalidez, morte, incluídos os resultantes
de acidentes do trabalho, velhice e reclusão;

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte,


incluídos os resultantes de acidentes do trabalho, velhice e
reclusão;

90
Seleção de Acórdãos

Em sede de Direito Previdenciário o patrimônio do trabalhador é resguardado com


mecanismos que alcançam os infratores, mesmo que extrapolado o prazo decadêncial do fato
gerador que deu causa a concessão irregular, desde que seja comprovada a má-fé por parte do
usuário do beneficio nestes moldes e para o qual o beneficiado tenha contribuído de alguma forma,
por ação ou omissão para a concessão. No caso em comento a recorrente incorreu em culpa nas duas
formas, por ação ao declarar sua condição civil de “SOLTEIRA” e ao comprovar pela Certidão de
Nascimento, quando já era casada, e por omissão ao deixar de juntar aos autos a Certidão de
Casamento de 1959 e seu RG expedido em 07.10.1987, onde já se fazia constar que seu Cadastro de
Identidade Civil fora embasado em dados da Certidão de Casamento. Assim, prescrição ou a
decadência de ação não poderá ser argüida a seu favor, conforme inteligência da norma que se
infere:
Art. 103-A. O direito da Previdência Social de
anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos,
contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004).

Adune-se que este entendimento não é matéria nova, o assunto já havia sido
regulamentado em legislações pretéritas, inclusive na vigente à época do evento em lide, Decreto
83.080/79, art, 382 parágrafo único e 383.

Assim, atenta-se aos princípios emanados do art. 37 da CF/88, especialmente o da


legalidade e não se pode conceder benefício à míngua de previsão legal.

Em vista de tudo quanto anteriormente mencionado, conhece-se do recurso ante a


tempestividade, mas no mérito, a teor das normas que regulam a espécie, é de se declarar a
improcedência do pedido e se lhe NEGA PROVIMENTO; mantenha-se a decisão impugnada por
seus próprios e jurídicos fundamentos.

Fortaleza - CE, 08/04/2008

MARY MARIA MOTA MACEDO


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 3257/2008

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: Maria Rosali Cruz e


Noelia Maria Vidal Nunes.

91
Seleção de Acórdãos

Fortaleza - CE, 17/04/2008

MARY MARIA MOTA MACEDO LYSLANE GOMES DE MELLO CARVALHO


Representante do Governo Presidente
02ª JR - Segunda Junta de Recursos

92
Seleção de AcórdãoS

02ª JR - Segunda Junta de Recursos

Documento: 0138.095.515-4
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA CAUCAIA-APSCAU
Nº de Protocolo do Recurso: 36042.000641/2006-19
Recorrente(s): MARCOS CAMPELO MOREIRA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO DE PROFESSORES
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 09/08/2006
Relator(a): MARY MARIA MOTA MACEDO

Relatório

Instaurou-se tempestivamente o presente feito por força de pedido


aforado em face do INSS - autarquia federal, por intermédio da qual a parte autora,
postula a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, na
qualidade de professor, contando-se o tempo de exercício de atividade que alega ter
sido desempenhada somente no magistério, tendo sido indeferido em uma primeira
análise em vista a insuficiência do tempo de contribuição insuficiente, visto que não
comprovou habilitação ao magistério desde o primeiro dia de atividade, conforme alude o
art. 61 §1º e §2º do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto nº.
3.048/99, c/c Lei nº. 8.213/91.

NB – 57/138.095.515-4 - MARCOS CAMPELO MOREIRA

Conforme se denota das documentações de identificação civil, a data de


nascimento do(a) requerente é 03.12.1946, dessa feita, na DER em 09.05.2005, o(a)
mesmo(a) contava 61 anos de idade.
No intuito de comprovar o tempo de contribuição para atender a carência
do beneficio perquirido o(a) requerente colacionou aos autos os seguintes documentos:
- CTPS DE 12.09.1972, com vários registros de contratos que se
iniciam em 09.04.1974, com períodos intermitentes no SESI, Prefeitura de Fortaleza e
colégios particulares, nas funções de „monitor de classe‟ „professor de 1º grau‟ até
01.03.1984. Em 01.03.1984 foi contratado como „técnico de esportes‟ até 19.11.1987,
entretanto paralelamente continuou a desempenhar a função de „professor III‟ no SESI
até 03.06.1998, também em concomitância com outras entidades de ensino, sendo seu
ultimo contrato de trabalho na Sociedade Editora Sete de Setembro Ltda como
„professor de educação física‟ desde 01.02.1993 sem rescisão – fls.03/15;
Comprovante de rendimentos do IR de 2003 emitido pela SEDUC –
fl. 14;
Certidão de tempo de Serviço contando vínculos de 09.04.1974 até
31.08.2004 emitida pelo INSS igual a 30 anos, 03 meses e 24 dias, indicando como
Órgão Instituidor a Prefeitura Municipal de Fortaleza – fls. 17/19;
GFIP‟s emitidas pelo CREDE – 01 de Maracanau de 01/2002 a
05/2003 – fls. 26/59;
- CNIS – cadastro nacional de inscrição social consta inicio em
01.08.1975, vínculos intermitentes e outros concomitantes sendo a ultima competência
02/2003 - fls.61/62 e 70/74;

93
Seleção de Acórdãos

As fls. 63/69 não constam dos autos;


Certificados e comprovação de graduação a nível de 3º grau pela
INIFOR em 04.08.1978, fls. 178 no Curso de Educação Física e vários Cursos de
Atualização e especialização, aprimoramento em vários modalidades esportivas, bem
como participante de torneios e olimpíadas tanto na condição de técnico como de árbitro.
Verifica-se que toda sua formação é como Educador Físico – fls. 75/126;
Oficio do INSS a Prefeitura de Fortaleza para que essa confirme ou
não a averbação dos períodos certificados às fls.17/19 – fls. 129;
O resumo de tempo de contribuição registra de 04/1974 até 05/2005 -
31 anos, 00 meses e 03 dias – fls. 130/135;

Conhecimento do indeferimento se deu em 12.07.2006 – fl.144;

Recurso - pediu em seu arrazoado revisão, e reivindica seus


direitos nos moldes da Lei nº 11.301/2006 – fls.145/146.

Após interposição da súplica, não tendo o(a) recorrente juntado


elementos novos de convencimento, ascenderam os fólios a esta 2ª JR/CRPS;
Levado a julgamento na sessão 471/2006, foi convertido em
diligencia pelo Colegiado para atender aos quesitos de fls. 164/165;
Em atendimento veio a resposta que foi solicitado á fl.129,
declarando a Prefeitura Municipal de Fortaleza que na ficha funcional do servidor
não existe nenhuma averbação de período de serviço com contribuições para o
INSS – fl. 169;
Carta de exigências da APS – fl.179;
Oficio dirigido ao SESI para que informe se esta enquadrada
como estabelecimento de educação básica, sem nenhuma resposta para o pedido
de fl.181;
Quanto ao período de atividade de 01.05.84/19.11.87 junto a
Associação dos Empregados da TELECEARÀ, o próprio segurado declara que a
entidade foi extinta não podendo atender ao “a” de fl.179;
Devolução do original da Certidão de tempo de Serviço expedida
pelo INSS – fls. 184/186;
Segurado declara que pediu aposentadoria como professor
espécie 57 – fl.187;
Despacho da APS, onde junta AR de correspondência enviada
ao SESI para atender ao quesito “d” de fl.179, o qual não houve resposta – fl.189;
Quando do retorno da diligencia os autos foram redistribuídos a
esta relatora em 11.2008;
Levado a julgamento pela segunda vez na sessão 28/2009, o
Colegiado resolveu baixá-lo em diligencia para completar a instrução do processo,
incessantemente solicitada pela Relatora, fls. 190/192, sendo desta feita atendida a
contento com Oficio de resposta pelo SESI, o qual, também, enviou o Parecer nº
07/2009 – UJ/SFIEC, em cuja peça se constata que as Escolas do SESI mantêm

94
Seleção de Acórdãos

registro ativo junto ao Conselho de Educação do Estado do Ceará fls. 196/199.


É o Relatório.

Fortaleza - CE, 13/05/2009

MARY MARIA MOTA MACEDO


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2009-05-13 para sessão nº 252/2009 de 2009-05-22 às 830

Voto

Em novo entendimento sobre a questão de aposentadoria no


magistério dos professores com atividade fora da classe de aula define a Lei Nº 11.301,
de 10 de Maio de 2006.
Altera o art. 67 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
incluindo, para os efeitos do disposto no § 5o do art. 40 e no §
8o do art. 201 da Constituição Federal, definição de funções de
magistério.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso


Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o O art. 67 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,


passa a vigorar acrescido do seguinte § 2o, renumerando-se o
atual parágrafo único para § 1o:

“Art.67.
...

§ 2o “Para os efeitos do disposto no § 5o do art. 40 e no § 8o do


art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de
magistério as exercidas por professores e especialistas em
educação no desempenho de atividades educativas, quando
exercidas em estabelecimento de educação básica em seus
diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da
docência, as de direção de unidade escolar e as de
coordenação e assessoramento pedagógico.” (NR).

Poder-se-ia afirmar, então, que todos os profissionais da


educação que exerçam as atividades previstas no §2.o em referencia tem direito
de aposentar-se com redução de tempo e idade.

95
Seleção de Acórdãos

A partir de 10 de maio de 2006, com a promulgação da Lei nº


11.301, o direito à aposentadoria com tempo de contribuição reduzido, foi
estendido aos diretores de unidade escolar, aos coordenadores e assessores
pedagógicos, no exercício de atividades educativas em estabelecimentos de
educação básica.

Em face disso, no que diz respeito aos segurados do Regime


Geral de Previdência de Social, a partir de 10 de maio de 2006, os professores e
especialistas em educação no desempenho de atividades educativas, na
educação infantil, ensino fundamental ou ensino médio, não apenas no exercício
da docência, mas, também, nas atividades de direção de unidade escolar, de
coordenação e assessoramento pedagógicos, têm a garantia da aposentadoria
integral, aos 25 anos de contribuição, se mulher e aos 30 anos de contribuição, se
homem.

Compulsando os autos somos de entendimento que a atividade de


magistério na qualidade de “Educador Físico” está em consonância com as
condições previstas pela nova norma, alias poder-se-ia até dizer que mesmo desde
a edição da Lei específica a LDB os professores desta disciplina praticam a
atividade com seus alunos em sala de aula, eis que todo estabelecimento de
ensino destinam um ambiente próprio a pratica de esportes, cujo espaço não deixa
de ser uma sala de aula de educação física.

Contudo uma exigência não pode fugir a regra, que seja a atividade
desempenhada em estabelecimento de ensino fundamental e pelos contratos
demonstrados pelo segurado, somando-se os estabelecimentos os quais
entendemos assim classificados seu tempo soma aproximadamente 25 anos e 04
meses.

O relator do feito ao qual fora inicialmente distribuído juntamente com


o Colegiado solicitaram o esclarecimento da qualificação de que categoria de
estabelecimento de ensino pertencia a Associação dos Empregados da
RETECEARÀ e SESI – Serviço Social da Industria. Quando ao primeiro o
segurado declarou que foi extinto e o segundo não respondeu ao oficio do INSS.
Portanto, não podemos incluir o período de 01.05.84/19.11.87 da TELECEARA.

Quanto aos período de 04.74/07.75, 08.75/01.78 e 07.78/06.98


laborados no SESI, após a segunda diligencia solicitada pelo Colegiado o SESI
enviou Oficio nº 35/2009 e Parecer nº 07/2009-UJ/SFIEC onde ficou comprovada
que a entidade tem registro ativo junto ao Conselho de Educação do Estado do
Ceará, portanto, enquadrado está como Instituição de Educação, conforme do
Decreto nº 57.375/65 que criou os serviços sociais autônomos (SESI, SESC,
SENAIS e outros) estabelecendo em seu art. 5º seus objetivos e entre outros está
- a) alfabetização do trabalhador e seus dependentes; b) Educação de Base; d)
Educação para a saúde física, mental e emocional; etc... Assim, acolhemos os
períodos questionados para os cálculos do tempo de magistério do suplicante.

Para não restar duvidas consideramos como exercício no magistério


na qualidade de educador físico os períodos :

96
Seleção de Acórdãos

09.04.74/31.07.75, 01.08.75/31.01.78 e 18.07.78/03.06.98 todos no


SESI,
01.03.78/30.01.79 – Colégio Santa Lucia
01.04.80/31.03.84 e 01.06.84/29.11.85 – Irmãs Missionárias
Capuchinhas
02.05.89/17.02.95 – Colégio Capistrano de Abreu
01.02.93/09.05.2005 e 01.02.93/31.07.99 – Colégio Sete de Setembro
e
01.02.2000/21.04.2001 Fundação Educacional Filgueiras Lima
Subtraindo as concomitâncias apuramos mais de 30 anos de
contribuição na condição de professor.

Quanto a seu diploma no 3º grau formado em educador físico em


03.10.1979 atende perfeitamente as exigências da Lei de Diretrizes e Base e
quanto ao período anterior está comprovada a atividade de professor em sua
CTPS, conforme faz prova os contratos de fls. 04/06 dos autos.

No caso vertente firmo o entendimento segundo o qual o benefício é devido,


tendo em vista que em estabelecimento de ensino fundamental na qualidade de “Educador
Físico” em conformidade com a Lei de Diretriz e Base nº 9394 de 20.12.96 e Lei
nº.11.301/2006, o autor comprovou um tempo de mais de 30 anos, suficientes para
atender a uma aposentadoria integral na espécie „57‟.

De resto, a teor das normas que regulam a espécie e em observância aos


princípios que norteiam a administração pública emanados do art. 37 da CF/88,
especialmente o da legalidade, conheço do recurso ante a tempestividade, e no mérito,
voto no sentido de DAR PROVIMENTO para que se reforme a decisão vergastada. Anote-
se, ainda, aqui fazemos um registro de que não concordamos com os termos da
fundamentação do indeferimento ao recurso que foi tratado pela APS como espécie 42,
quando todas as peças dos autos, recurso e declaração de fls.187 levam aos
entendimento claro que o segurado deseja uma aposentadoria por tempo de contribuição
como professor.

Fortaleza - CE, 13/05/2009

MARY MARIA MOTA MACEDO


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 5802/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE

97
Seleção de Acórdãos

PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua


fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: JARDSON SARAIVA


CRUZ e FRANCISCO EUGENIO ARAUJO MAIA.

Fortaleza - CE, 22/05/2009

MARY MARIA MOTA MACEDO LYSLANE GOMES DE MELLO CARVALHO


Representante do Governo Presidente
02ª JR - Segunda Junta de Recursos

98
Seleção de AcórdãoS

02ª JR - Segunda Junta de Recursos

Documento: 0535.181.682-9
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA CRATO-APSCTO
Nº de Protocolo do Recurso: 35048.000532/2009-21
Recorrente(s): MARIA SALETE GONCALVES LOPES DE OLIVEIRA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: AMPARO SOCIAL PESSOA PORTADORA DEFICIÊNCIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 24/06/2010
Relator(a): MICHELLE QUINTINO RODRIGUES

Relatório

Recurso ordinário interposto por Maria Salete Gonçalves Lopes de


Oliveira sobre decisão do INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, que
indeferiu seu pedido de concessão de benefício de amparo social ao portador de
deficiência proposto em 15.04.2009, sob o fundamento de que a perícia médica
não atestou incapacidade para o trabalho e para as atividades da vida
independente.

Feito instruído com cópias de documentos pessoais da recorrente,


cujo grupo familiar é composto apenas pela interessada, o esposo e dois filhos,
sem renda declarada, conforme documento de fls. 11.

Comunicada do indeferimento, a recorrente interpôs recurso às fls.


25, datado de 16.04.2009, alegando que não tem condições de trabalhar, está
doente e precisa fazer tratamento.

Após o recurso, foram realizadas novas avaliações, social e


médica, anexadas à contracapa dos autos, do que a recorrente obteve resultado
contrário à sua pretensão.

Contrarrazões de recurso às fls. 39, confirmam o ato indeferitório


pela não constatação da incapacidade.
O feito veio a esta instância e foi encaminhado à sua Assessoria
Técnica Médica que emitiu parecer às fls. 40, concluindo que a recorrente não
preenche os requisitos necessários à concessão do pleito.

Fortaleza - CE, 28/06/2011

MICHELLE QUINTINO RODRIGUES


Representante dos Trabalhadores

99
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-07-04 para sessão nº 360/2011 de 2011-07-19 às 900

Voto

Trata-se de pedido de benefício de prestação continuada, com


fundamento no art. 20 caput e § 2º. da Lei 8.742/93, devendo-se comprovar ser
pessoa incapacitada na forma da Lei vigente, bem como, possuir renda familiar per
capta inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo vigente à data do requerimento.

Preliminarmente, diga-se que o recurso é tempestivo.

No mérito, observa-se da instrução processual que a recorrente


não comprovou a incapacidade simultânea para o trabalho e para as atividades da
vida independente, do modo como dispõe a legislação supra, verificado nas
avaliações realizadas no curso da instrução processual.

Desse modo, ausentes os requisitos legais que possibilitem a


concessão do benefício, tem-se que a recorrente não faz jus ao seu pleito.

Diante do exposto e tudo mais que dos autos consta, tratando-


se de matéria de ALÇADA desta instância julgadora, conheço do recurso
para, no mérito, negar-lhe provimento.

Fortaleza - CE, 28/06/2011

MICHELLE QUINTINO RODRIGUES


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 5452/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARCOS ANTONIO

100
Seleção de Acórdãos

MATOS DA COSTA e REGINA CELIA BARRA DIÓGENES.

Fortaleza - CE, 19/07/2011

MICHELLE QUINTINO RODRIGUES MARCOS ANTONIO MATOS DA COSTA


Representante dos Trabalhadores Conselheiro
02ª JR - Segunda Junta de Recursos

101
Seleção de Acórdãos

102
Seleção de AcórdãoS

02ª JR - Segunda Junta de Recursos

Documento: 0144.051.967-3
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA IGUATU-APSIGU
Nº de Protocolo do Recurso: 35050.001356/2007-34
Recorrente(s): FRANCISCO ARLUCIO BEZERRA FEITOSA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO DE PROFESSORES
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 05/12/2007
Relator(a): MICHELLE QUINTINO RODRIGUES

Relatório

Recurso tempestivo interposto por Francisco Arlucio Bezerra Feitosa sobre decisão
do INSS - Instituto Nacional do Seguro Social, que indeferiu pedido de concessão
de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, proposto pelo
Recorrente em 16.08.2007, sob o fundamento de que não foi atingido o tempo
mínimo de contribuição exigida até data de entrada do requerimento;

O recorrente, por sua vez, inconformado com a decisão do INSS, recorre a esta
Colenda Junta, apresentando suas razões de recurso às fls. 30, esclarecendo que
onde reside, no período de 1970 a 1979 não havia professores habilitados na área
de ciências para lecionar no ensino médio, razão pela qual instituições de ensino
locais buscaram as chamadas licenças temporárias amparadas legalmente
conforme Parecer 0266/2006 do Conselho estadual de Educação e na Lei
5.692/71;

Instruindo o feito, o recorrente acostou aos autos seus documentos pessoais em


que se registra data de nascimento em 02.07.1944; às fls. 03 e 04, cópias da
CTPS do interessado com anotação de contrato de trabalho com início em
03.03.1977, sem baixa; às fls. 06, certificado de licenciatura em Ciências, conferido
ao recorrente em 16.02.1979; às fls. 07, diploma de graduação em Filosofia,
Ciências e Letras conferido pela Faculdade de Cajazeiras em 03.01.1980; às fls.
26, certificado de conclusão de Curso Científico conferido ao recorrente em
10.01.1969; às fls. 25, certidão de tempo de contribuição do período de 15.10.1970
a 15.08.1977;

Da consulta realizada ao CNIS - Cadastro Nacional de Informações Sociais às fls.


08 a 14, verifica-se o registro do vínculo em nome do recorrente no período
anotado na CTPS, na mesma instituição de ensino, registrados ainda
recolhimentos de contribuições a partir de 01.1988;

Resumo de tempo contributivo às fls. 17, soma 30 anos e 1 dia, considerando o


período demonstrado nos autos, com início em 16.08.1977, observada referida
certidão de tempo de contribuição, até data de entrada do requerimento;

103
Seleção de Acórdãos

Da interposição do recurso, o recorrente acrescentou aos autos, cópias de sua


CTPS com anotações de vínculos na mesma instituição, corroborados com os
registros do CNIS e anotações acessórias de vínculos; às fls. 44 a 47, relação dos
professores em exercício dos períodos de 1977 e 1978 com registro do nome do
recorrente; às fls. 48 e 49, Parecer exarado pelo Conselho de Educação do Ceará,
com aprovação em 03.07.2006, cujos termos explicam sobre a atuação de
professores leigos, sendo válida a transcrição da fundamentação legal do voto da
Relatora Marta Cordeiro Fernandes Vieira, subscrito:

“ ...
Pelo exposto, dá-se certeza de que a atuação do magistério no
campo da educação infantil ou ensino pré-escolar/jardim de
infância, até o ano de 2001, prazo concedido pela Lei 9.424/1996,
era exercida por professores leigos. A normatização da formação
básica para magistério naquela área de ensino só foi
concretizada em 1996, com o advento da nova LDB, no.
9394/1996.”

É o relatório.

Fortaleza - CE, 11/02/2008

MICHELLE QUINTINO RODRIGUES


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2008-02-11 para sessão nº 77/2008 de 2008-02-20 às 1000

Voto

EMENTA: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. PROFESSOR.


COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE DE ENSINO NO PERÍODO CONTRIBUTIVO.
REQUISITOS LEGAIS ATENDIDOS. TEMPO MÍNIMO COMPROVADO.
RECURSO PROVIDO.

Trata-se de pedido de aposentadoria por tempo de contribuição de professor,


formulado com fundamento no art. 56 da Lei 8.213/91 cumulado com art. 56 § 1º.
do Decreto 3.048/99 e art. 201 § 8º. da Constituição Federal de 1988.

104
Seleção de Acórdãos

Ao pleitear tal benefício deve-se comprovar o cumprimento da carência mínima


exigida para o tempo de contribuição, sendo exigido o mínimo de 30 (trinta) anos,
se homem, e 25 (vinte e cinco) anos, se mulher.

Da instrução processual, o recorrente apresentou elementos que comprovam o


exercício do magistério no ensino fundamental (básico) desde 1977, o que leva à
soma, até data de entrado do pedido, de 30 anos e 01 dia;

Quanto aos fundamentos do INSS para o indeferimento do pedido, é válido


ressaltar que a obrigatoriedade da habilitação para o ensino fundamental somente
se deu com a Lei de Diretrizes e Bases de 1996, pelo que não se pode exigir que
antes o recorrente tivesse a devida habilitação, devendo-se observar que a própria
Lei determinou prazo para que os profissionais de ensino regularizassem a
situação quanto à emissão de diplomas de habilitação, o que do recorrente se
confere dos autos desde 1979;

Considerando, portanto, que o recorrente cumpriu com os requisitos legais


autorizadores da concessão do benefício de aposentadoria por tempo de
contribuição, na condição de professor, tem-se que o mesmo faz jus ao seu pleito.

DIANTE DO EXPOSTO E TUDO MAIS QUE DOS AUTOS CONSTA, CONHEÇO


DO RECURSO PARA, NO MÉRITO, DAR-LHE PROVIMENTO.

Fortaleza - CE, 11/02/2008

MICHELLE QUINTINO RODRIGUES


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 1488/2008

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: Mary Maria Mota


Macedo. e Noelia Maria Vidal Nunes.

105
Seleção de Acórdãos

Fortaleza - CE, 20/02/2008

MICHELLE QUINTINO RODRIGUES LYSLANE GOMES DE MELLO CARVALHO


Representante dos Trabalhadores Presidente
02ª JR - Segunda Junta de Recursos

106
Seleção de Acórdãos

ÁCORDÃOS 3ª JR - PE

107
Seleção de Acórdãos

108
Seleção de Acórdãos

03ª JR - Terceira Junta de Recursos

Documento: 0147.864.448-3
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA SURUBIM-APSSUR
Nº de Protocolo do Recurso: 35804.000449/2009-43
Recorrente(s): ELZA CABRAL DE LIMA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 25/09/2009
Relator(a): JORGE LUIZ PEREIRA RAMOS

Relatório

Recurso tempestivo contra ato do INSS, que indeferiu pedido de aposentadoria por idade,
formulado em 22/04/2009, pela Sra. Elza Cabral de Lima, na condição de servidora pública
empregada, nascida no dia 07/04/1939.
A Prefeitura Municipal de Surubim – PE expediu em 29/05/2009, a Declaração de fls. 02,
atestando que a Sra. Elza Cabral de Lima iniciou suas atividades profissionais naquele Órgão a
partir de 09/12/1991, bem como, que os recolhimentos previdenciários no período de junho de 1997
a março de 1999 foram em favor do IPSEP, e nos demais períodos foram feitos em favor do INSS,
totalizando 17 anos, 05 meses e 20 dias de tempo de serviço.
Observa-se nas cópias da Carteira Profissional de nº 006004/000075, expedida em 13/03/2001,
registro de contrato de trabalho da postulante com o Instituto Materno Infantil de Pernambuco –
IMIP, no período de 01/05/2001 a 31/01/2004 (fls. 09/12).
Os elementos anexados às fls. 13/115 se fazem representar por cópias de Recibos e
Demonstrativos de Pagamentos de Salários da supracitada Prefeitura e do IMIP, referentes a
diversos períodos compreendidos entre 08/1993 e 03/2009.
O pleito foi indeferido sob a alegação de falta de período de carência - fls. 119/120.
O Instituto contou o tempo de contribuição da reclamante e contabilizou em favor da mesma 06
anos, 11 meses e 28 dias até 31/03/2009, equivalentes a 84 meses para efeito de carência,
considerando apenas os períodos de 01/05/2001 a 31/01/2004 e 03/01/2005 a 31/03/2009,
trabalhados no IMIP e na Prefeitura de Surubim, respectivamente – fls. 124.
Inconformada com a decisão do Instituto, a pleiteante recorreu ao julgamento desta Junta de
Recursos (fls. 125), fazendo junto ao Processo cópia de Assentamentos de Servidor expedido pela
já mencionada Prefeitura, no qual consta como data de admissão o dia 08/03/1992 (fls. 126).
Nas contrarrazões de fls. 135, o INSS manteve seu ato recorrido, pelo mesmo motivo que o
levou a indeferir o pleito.
Os presentes autos já foram objeto de análise por este Relator, que decidiu retorná-los ao
Órgão de origem em forma de diligência – fls. 137.
Em cumprimento, o Instituto procedeu com pesquisa na Prefeitura de Surubim, tendo-a
concluída “positiva”, pelo fato de terem sido confirmados os vínculos empregatícios da Sra. Elza
Cabral de Lima, nos períodos de 09/12/1991 a 30/04/2001 e 01/02/2004 a 30/04/2010 (data da
realização da pesquisa), bem como, que no lapso temporal entre 01/05/2001 e 31/01/2004 a

109
Seleção de Acórdãos

mesma esteve à disposição do Instituto Materno Infantil de Pernambuco – IMIP, através de


convênio firmado entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Surubim, totalizando mais de 17
(dezessete) anos de tempo de contribuição (fls. 139/140).
Em Despacho anexado às fls. 141, a Agência da Previdência Social em Surubim – PE informa
que a Prefeitura de Surubim tem as contribuições vertidas para o Regime Geral de Previdência
Social – RGPS, e por esse motivo não solicitaram Certidão de Tempo de Contribuição da mesma.
Percebe-se que a Diligência não foi totalmente cumprida pelo Instituto, que deixou de realizar
nova contagem do tempo de contribuição da requerente, contabilizando-se todos os períodos
devidamente comprovados.

Recife - PE, 21/02/2011

JORGE LUIZ PEREIRA RAMOS


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-02-21 para sessão nº 121/2011 de 2011-03-14 às 800

Voto

Compulsado os autos, verificou-se a tempestividade do recurso.


Do Relatório, constatamos que se trata de pedido de aposentadoria por idade, formulado pela
Sra. Elza Cabral de Lima, aos 70 anos de idade.
O Instituto contabilizou em favor da reclamante 06 anos, 11 meses e 28 dias até 31/03/2009,
equivalentes a 84 meses para efeito de carência, considerando apenas os períodos de 01/05/2001
a 31/01/2004 e 03/01/2005 a 31/03/2009, trabalhados no IMIP e na Prefeitura de Surubim,
respectivamente.
Ocorre que, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto na Prefeitura Municipal de Surubim
– PE, e com os demais elementos acostados ao Processo, restaram confirmados os vínculos
empregatícios da Sra. Elza Cabral de Lima, nos períodos de 09/12/1991 a 30/04/2001 e 01/02/2004
a 30/04/2010 (data da realização da pesquisa), bem como, que no lapso temporal entre 01/05/2001
e 31/01/2004 a mesma esteve à disposição do Instituto Materno Infantil de Pernambuco – IMIP,
através de convênio firmado entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Surubim, totalizando mais
de 17 (dezessete) anos de tempo de contribuição, cumprindo assim, os requisitos exigidos pelo
Artigo 48 da Lei nº 8.213/91, que estabelece:

“Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida
nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.”

A carência das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial para os


segurados inscritos na previdência social urbana até 24/07/91, bem como para os trabalhadores
rurais amparados pela previdência social rural consta da tabela do Artigo 182, do Regulamento da
Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99. Nesse caso, o início da atividade rural se

110
Seleção de Acórdãos

deu após tal data, passando a ser exigida a carência de 180 (cento e oitenta) contribuições
mensais, conforme disposto no Inciso II, do Artigo 29, do referido Decreto, que determina:

“Art. 29. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social,
ressalvando o disposto do Art. 30, depende dos seguintes períodos de carência:
(...);
II – cento e oitenta contribuições mensais, nos casos de aposentadoria por idade, tempo de
contribuição e especial;
(...).”

Diante do acima exposto, concluiu-se que a interessada contava na data da entrada do


requerimento do benefício com carência superior à exigida para a concessão da aposentadoria
pleiteada, motivo pelo qual deixamos de devolver os autos ao INSS apenas para realização de nova
contagem do tempo de contribuição.
Dessa forma, entendo que cabe à interessada a concessão do benefício requerido, devendo ser
reformada a decisão do Instituto.
Ante o exposto,
VOTO no sentido de conhecer do recurso para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

Recife - PE, 21/02/2011

JORGE LUIZ PEREIRA RAMOS


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 1952/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: FABIO DOURADO DE


AZEVEDO PAES BARRETO e IVANICE CARNEIRO PESSOA.

Recife - PE, 14/03/2011

111
Seleção de Acórdãos

JORGE LUIZ PEREIRA RAMOS MARIA JOSÉ ALVES


Representante dos Trabalhadores Conselheiro
03ª JR - Terceira Junta de Recursos

112
Seleção de Acórdãos

03ª JR - Terceira Junta de Recursos

Documento: 0143.912.902-6
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA ESCADA-APSESC
Nº de Protocolo do Recurso: 35209.000242/2009-98
Recorrente(s): DAMIÃO CALIXTO FERREIRA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 26/06/2009
Relator(a): IVANICE CARNEIRO PESSOA

Relatório

Recurso contra decisão do INSS que indeferiu pedido de Aposentadoria por Tempo de
Contribuição, formulado em 16.01.2009, por segurado empregado, nascido em 04.04.1960.
O benefício foi indeferido, sob alegação de falta de comprovação de período de carência (fl.
31).
Às fls. 05/17, constam cópias das Carteiras de Trabalho e Previdência Social (CTPS) do
postulante, emitidas em 10.03.1997 e em 01.09.1977 (número 51795, série 580), com vínculos
empregatícios, no período de 19.08.1977, sem data de saída, na função de Trabalhador Rural
(“Usina União e Indústria S/A”).
Em Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), às fls. 19 e 20, constam vínculos
empregatícios do postulante, nos períodos de 19.08.1977 a 09.2000; de 19.08.1977 a 31.10.2001;
de 19.08.1977, com última remuneração em 12.1993; de 19.08.1977, com última remuneração em
11.2008; de 19.08.1977 a 15.12.1986; de 19.08.1977 a 26.06.1994; de 19.08.1977 a 20.12.1999; de
26.05.1997, com última remuneração em 12.1997; de 01.01.2000, com última remuneração em
08.2000; de 01.01.2000 a 31.08.2000; de 01.09.2000, sem data de saída e de 01.11.2001, sem
data de saída. Consta, ainda, que o interessado recebeu dois benefícios da Previdência Social, nos
períodos de 12.02.2003 a 19.03.2003 e de 15.10.2003 a 26.02.2004.
Às fls. 23, consta Registro de Empregado, com admissão em 19.08.1977, sem data de saída.
Com a finalidade de que fosse reconhecida pelo INSS a condição de trabalho prejudicial à
saúde ou à integridade física, o recorrente apresentou PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário),
referente ao período de 19.08.1977 a 23.01.2009 (data da emissão do documento), com a função
de Trabalhador Rural (Usina União e Indústria S/A), às fls. 24 e 25.
Em suas razões de recurso, às fls. 30, o postulante alega que não foi considerado o laudo
dado pela empresa, com o período especial.
Em suas Contrarrazões de recurso, às fls. 37, o INSS ratifica a decisão recorrida.
Com o intuito de que os agentes nocivos, constantes no PPP fossem analisados pela Perícia
Médica do INSS, os autos foram baixados em diligência (fl. 40).
Às fls. 44, foi anexada Análise e Decisão Técnica de Atividade especial, concluindo pela não
comprovação de efetiva exposição a agentes nocivos contemplados na legislação.
Os autos foram baixados novamente em diligência, por duas oportunidades: uma para a
realização de pesquisa, com a verificação do vínculo do postulante, a partir de 01.09.1977, com a

113
Seleção de Acórdãos

Usina União e Indústria S/A (fl. 54) e outra para que fosse juntada nova contagem de tempo de
contribuição, inclusive até a Emenda Constitucional nº. 20/98 (fl. 66).
Em atendimento, o INSS realizou pesquisa na referida Usina, em 07.04.2010, confirmando o
vínculo empregatício do recorrente, na função de trabalhador rural, até a presente data. Consta,
ainda, que ele executa as atividades de limpar cana, plantar, cortar. A pesquisa foi concluída como
positiva (fls. 57 e 58).
Ainda em atendimento à diligência, a Autarquia juntou aos autos Resumo de Documentos
para Cálculo de Tempo de Contribuição, contabilizando, até 16.12.1998 (data da Emenda
Constitucional nº. 20/98), o tempo de 21 anos 03 meses e 28 dias; até 28.11.1999, o tempo de 22
anos 03 meses e 10 dias e até 16.01.2009 (data da entrada do requerimento), o tempo de 31 anos
04 meses e 28 dias, equivalentes a 385 (trezentos e oitenta e cinco) contribuições para verificação
de carência. O tempo mínimo para aposentadoria proporcional como o adicional previsto em lei de
33 anos 05 meses e 18 dias (fls. 68/71).

Recife - PE, 03/03/2011

IVANICE CARNEIRO PESSOA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-03-03 para sessão nº 127/2011 de 2011-03-16 às 800

Voto

O recurso do benefício nº. 42/143.912.902-6 é tempestivo.


Trata-se de benefício indeferido, sob a alegação de sob alegação de falta de comprovação de
período de carência.
Observe-se que o postulante juntou aos autos PPP, com o intuito de que a sua atividade de
trabalhador rural fosse reconhecida como especial. Ocorre que, tanto referido documento, como,
em pesquisa realizada pelo INSS, foi constatado que a atividade exercida por ele é na área
agrícola, e não, na pecuária.
Ressalte-se que nos termos do Parecer CONJUR/MPS nº. 32/2009: “Conforme precedentes
do Superior Tribunal de Justiça – STJ e do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, o Decreto nº.
53.831/64, no seu item 2.2.1, considerava como especial somente as atividades desempenhadas
na agropecuária, não se enquadrando como tal a exercida apenas na lavoura”.
Assim sendo, o INSS contabilizou como comum, até 16.12.1998 (data da Emenda
Constitucional nº. 20/98), o tempo de 21 anos 03 meses e 28 dias; até 28.11.1999, o tempo de 22
anos 03 meses e 10 dias e até 16.01.2009 (data da entrada do requerimento), o tempo de 31 anos
04 meses e 28 dias, equivalentes a 385 (trezentos e oitenta e cinco) contribuições para verificação
de carência.
O tempo mínimo para aposentadoria proporcional com o adicional previsto em lei de 33 anos
05 meses e 18 dias.
Dessa forma, constata-se que o postulante não faz jus ao benefício pleiteado, uma vez que
não completou o tempo de serviço necessário de 30 anos até 16.12.98; bem como, não atingiu o
tempo de 35 anos para aposentadoria integral, respectivamente, nos temos dos artigos 187 e 56 do
Decreto nº. 3.048/99.

114
Seleção de Acórdãos

Artigo 56. A aposentadoria por tempo de contribuição será devida ao segurado após trinta e
cinco anos de contribuição, se homem, ou trinta anos, se mulher, observado o disposto no artigo
199-A.
Artigo 187. É assegurada a concessão de aposentadoria, a qualquer tempo, nas condições
previstas na legislação anterior à Emenda Constitucional nº 20, de 1998, ao segurado do Regime
Geral de Previdência Social que, até 16 de dezembro de 1998, tenha cumprido os requisitos para
obtê-la.
Mesmo que o segurado tivesse atingido o tempo para a aposentadoria proporcional, este não
cumpre o quesito etário de 53 anos nos termos do artigo 188, incisos I e II do Regulamento
supracitado
Artigo 188. O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até 16 de dezembro
de 1998, cumprida a carência exigida, terá direito a aposentadoria, com valores proporcionais ao
tempo de contribuição, quando, cumulativamente:
I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito anos ou mais
de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
Ante o exposto, VOTO do sentido de conhecer do recurso para, no mérito, NEGAR-LHE
provimento.

Recife - PE, 03/03/2011

IVANICE CARNEIRO PESSOA


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 2024/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: FABIO DOURADO DE


AZEVEDO PAES BARRETO e JORGE LUIZ PEREIRA RAMOS.

Recife - PE, 16/03/2011

IVANICE CARNEIRO PESSOA MARIA JOSÉ ALVES


Representante do Governo Conselheiro

115
Seleção de Acórdãos

03ª JR - Terceira Junta de Recursos

116
Seleção de Acórdãos

03ª JR - Terceira Junta de Recursos

Documento: 0144.385.848-7
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA AFOGADOS DA INGAZEIRA-APSAFO
Nº de Protocolo do Recurso: 37388.000244/2008-61
Recorrente(s): CARMELITA MARIA DA CONCEIÇAO
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 05/08/2009
Relator(a): IVANICE CARNEIRO PESSOA

Relatório

Recurso tempestivo contra decisão do INSS que indeferiu pedido de Pensão por
Morte de João Batista Soares, ocorrida em 06.04.2008 e formulado em 24.04.2008 pela
interessada, Sra. Carmelita Maria da Conceição, na condição de “companheira” do falecido.
O benefício foi indeferido sob a alegação de falta de Qualidade de Dependente –
companheira, às fls.15.
De acordo com o contido nos autos, o ex-segurado era aposentado por invalidez –
Trabalhador Rural – B/04-91.363.218-0, desde 01.07.1976, às fls. 14.
Observa-se que a companheira, Sra. Carmelita Maria da Conceição, foi declarante do
óbito, fls. 06.
Para comprovação da união estável em relação ao falecido, a interessada apresentou:
− Prova de mesmo domicílio, fls. 06.
− Escritura particular de Doação de Bens e Imóveis, feita em 13.03.2008, de um lado
como outorgante doador o Sr. João Batista Soares e do outro lado como outorgada donatária a
sua companheira, Sra. Carmelita Maria da Conceição, fls. 07 a 09.
− Cadastramento único para Programas Sociais do Governo Federal, constando
desta relação a Sra. Carmelita Maria da Conceição e o Sr. João Batista Soares, relatório extraído
em 23.04.2008, fls. 10.
Inconformada com a decisão, a interessada recorre a Junta de Recursos alegando, às
fls. 17, que conviveu com o extinto, por vinte anos, caracterizando uma longa convivência
conjunta. Para que seja comprovada a dependência econômica, faz necessário a comprovação de
no mínimo três documentos. Apresentou: escritura particular de compra e venda de um imóvel
urbano, adquirido pelo falecido e a recorrente no ano de 2000. Posteriormente, o Sr. João Batista
Soares doou por meio de escritura pública o imóvel para a recorrente em 13.03.2008. Documento
de cadastro único para Programas Sociais do Governo Federal, em que consta cadastro familiar
em nome do Sr. João Batista e a recorrente. Diante o exposto, solicita que seja dado provimento
ao recurso.
Nas contrarazões de fls. 18, o INSS mantém o indeferimento, alegando que os
documentos apresentados não comprovam união estável em relação ao segurado instituidor.
Para melhor julgamento do mérito do recurso, foram os autos baixados em Diligência

117
Seleção de Acórdãos

por esta Relatora, para realização de pesquisa, junto à vizinhança da Rua 1, nº 90, Jureminha –
Tabira-PE, bem como dar ciência à recorrente do conteúdo dos 17 itens do §3º do artigo 22 do
Decreto 3.048/99, fls. 20.
Para atender a Diligência desta Junta de Recursos, o INSS realizou pesquisa no
endereço da recorrente, onde foi entrevistado o morador da mesma rua, sob nº 100, tendo o
mesmo confirmado a união estável entre o casal, até o óbito, fls. 25. Na oportunidade foi juntada a
escritura de compra e venda de um imóvel comprado em 03.03.1992 pelo Sr. João Batista e sua
companheira, Sra. Carmelita, fls. 23. Escritura de compra e venda de um imóvel tendo como
vendedores o Sr. João Batista e Sra. Carmelita Maria da Conceição, em 01.11.2001, fls. 24.

Recife - PE, 25/02/2011

IVANICE CARNEIRO PESSOA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-03-01 para sessão nº 122/2011 de 2011-03-14 às 1100

Voto

O recurso do B/21 – 144.385.848-7 é Tempestivo (Artigo 305, § 1º do Decreto


3.048/99).
Trata-se de pedido de Pensão por Morte, indeferido sob a alegação de falta de
Qualidade de Dependente – companheira.
Para comprovação do vínculo de companheira é necessário a apresentação de, no
mínimo, 03 (três) dos documentos enumerados no § 3º do Artigo 22 do Regulamento da
Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99 e, com referência ao acima citado,
consta dos autos:
− Prova de mesmo domicílio(inciso VII);
− Escritura de compra e venda de imóvel (inciso XV);
− Pesquisa realizada na vizinhança comprovou a união estável do casal – concluída
positiva (inciso XVII).
A pesquisa realizada pelo INSS por solicitação desta Junta, na vizinhança do casal,
para comprovar a união estável, foi concluída positiva. Um dos moradores afirmou que o casal
conviveu junto até o óbito do Sr. João Batista. Juntou ainda, escritura de compra e venda de
imóvel, adquirido em 03.03.1992 pelo instituidor e sua companheira, Sra. Carmelita. E outro imóvel
vendido em 01.11.2001 pelo instituidor e a recorrente.
Como se observa, consta dos autos provas do vínculo de companheirismo que
satisfazem o exigido pelo supracitado Dispositivo Legal.
Desta forma, merece reforma o ato do INSS.
Face ao exposto, VOTO no sentido de conhecer do recurso para, no mérito, DAR-LHE
PROVIMENTO.

118
Seleção de Acórdãos

Recife - PE, 25/02/2011

IVANICE CARNEIRO PESSOA


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 1968/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: FABIO DOURADO DE


AZEVEDO PAES BARRETO e JORGE LUIZ PEREIRA RAMOS.

Recife - PE, 14/03/2011

IVANICE CARNEIRO PESSOA MARIA JOSÉ ALVES


Representante do Governo Conselheiro
03ª JR - Terceira Junta de Recursos

119
Seleção de Acórdãos

120
Seleção de Acórdãos

ACÓRDÃOS 5ª JR-DF

121
Seleção de Acórdãos

122
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
05ª JR - Quinta Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 35758.003962/2006-46


Unidade de Origem: AGÊNCIA BRASÍLIA-TAGUATINGA
Documento: 0047.196.578-2
Recorrente: ISAIAS DE BRITO NETO / EX.SEG.:MERCIA ROSALIA SOUZA
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Relator(a): ZILDA PACHECO DE SOUZA

Relatório
Cuida o presente de recurso interposto em tempo hábil por ISAIAS DE BRITO
NETO contra os termos da decisão do Instituto Nacional do seguro Social - INSS que indeferiu
seu pedido de pensão por morte de sua companheira, Mercia Rosalia Souza, cujo óbito ocorreu
em 11/08/90.
Inicialmente, a pensão por morte da ex-segurada foi concedida ao filho menor,
Armand Souza Brito, na data deste julgamento com 21 anos completos. O benefício foi cessado
em 07/06/2006 (fls. 64).
No recurso de fls. 37/38, o interessado, em resumo, alega que sempre pensou que o
benefício estava em seu nome, que apenas quando da cessação do benefício é que descobriu que
estava apenas no nome do filho. Alega que os documentos apresentados comprovam que ele e a
falecida viviam em união estável. Solicita o restabelecimento do benefício em seu nome, na
condição de companheiro.
È o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 11/12/2006 para sessão nº 337/2006 de 11/12/2006 às 14:30.

Voto
EMENTA:
Previdenciário.
Pensão por morte - Dispositivo vigente: Decreto 83.080/79. Trabalhador Urbano.
Necessidade de caracterização da qualidade de segurado do (a) “de cujus” na data
do óbito, da carência, no caso, e da qualidade de dependente do (a) postulante em
relação ao (a) instituidor (a) do benefício. Habilitação de companheiro. Óbito da
Instituidora ocorrido após a CF/88 e antes da edição da Lei 8.213/91. Regência pelo
inciso I do artigo 12 e artigo 67 do Decreto 83.080/79. Impossibilidade da concessão
do benefício. Marido não inválido. Não caracterização da condição de dependente
da instituidora. Inciso I do Artigo 12 e Artigo 67, ambos do Decreto 83.080/79.
Recurso conhecido e não provido.

Preliminarmente, reconheço presentes nos autos os pressupostos para a


admissibilidade do recurso.

Processo: 0047.196.578-2 1/4

123
Seleção de Acórdãos

Para a questão em tela - direito de o marido ser incluído como dependente da mulher
e, nessa condição, ser beneficiário de pensão por morte, conquanto ser a falecida segurada
obrigatória da Previdência Social, cujo óbito ocorreu após a promulgação da CF/88, em 05/10/88
e antes da edição da Lei 8.213, de 24/07/1991, é de bom alvitre transcrever os dispositivos
relevantes para a controvérsia.
A Constituição Federal, de 05/10/1988, estabeleceu igualdade de tratamento entre
homens e mulheres dispondo da seguinte forma:
-Artigo 5º (....)
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;

-Artigo 194 - A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de


iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à
saúde, à previdência, e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao poder público, nos termos da lei, organizar a seguridade
social, com base nos seguintes objetivos:
I - (...)
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e
rurais.
-Artigo 195 - A seguridade será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados
e do Distrito federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
(...)
§ 5º Nenhum beneficio ou serviço de seguridade social poderá ser criado, majorado
ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
-Artigo 201 - A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de
caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
(...)
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependentes, observado o disposto no § 2º.
Deste modo, a CF/88 ao remeter o tratamento igualitário à disciplina da lei e, em
sendo esta determinação atendida somente com a promulgação da Lei 8.213, de 24/07/91,
permaneceram vigentes, durante o lapso temporal verificado entre 05/10/88 a 24/07/91, as
disposições regulamentadas e contidas no Regulamento dos Benefícios da Previdência Social,
aprovado pelo Decreto 83.080, de 24/01/79, no qual a questão é tratada no Artigo 12:
Art. 12 - São dependentes do segurado:
I - a esposa, o marido inválido, a companheira mantida há mais de 5(cinco) anos, os
filhos de qualquer condição, menores de 18 (dezoito) anos ou inválidos e as filhas solteiras de
qualquer condição menores de 21 (vinte e um) anos ou inválidas;”
Fica depreendido das disposições legais retro-transcritas que a extensão da pensão ao
viúvo da segurada não prescinde de lei específica, haja vista que o preceito inscrito no dispositivo
constitucional citado constitui, tipicamente, norma de integração, ou seja, para efeito de sua
integral aplicabilidade impõe-se que o legislador edite norma que regerá a matéria, uma vez que a
Constituição Federal somente preceitua o princípio basilar, deixando a regulamentação do
dispositivo a cargo de lei infraconstitucional.
Neste sentido, o plenário do Supremo Tribunal Federal, em 30/05/2001, no
julgamento do RECURSO 204193/RS, cujo relator foi o Ministro Carlos Veloso, decidiu:

EMENTA: CONSTITUCIONAL PREVIDNCIÁRIO. PENSÃO: EXTENSÃO AO VIÚVO.


PRINCÍPIO DA IGUALDADE. NECESSIDADE DE LEI ESPECÍFICA. CF., art.5º, I; art. 195 e
seu § 5º; art. 201, V.I. - A extensão automática da pensão ao viúvo, em obséquio ao princípio da
igualdade, em decorrência do falecimento da esposa-segurada, assim considerado aquele como
dependente desta, exige lei específica, tendo em vista as disposições constitucionais inscritas no
art. 195, caput, e seu § 5º, e art. 201, V, da Constituição Federal. - R.E. conhecido e provido.

Processo: 0047.196.578-2 2/4

124
Seleção de Acórdãos

No mesmo sentido, o julgamento do RECURSO 354368/RS,


relator Ministro Moreira Alves, julgado em 08/10/2002,
decidiu:
EMENTA: - Recurso extraordinário. Pensão Previdenciária. Extensão ao homem. -
O Plenário desta Corte, ao concluir, em 30/05/2001, o julgamento do RE 204.193, que versava
caso análogo ao presente decidiu: “CONSTITUCIONAL PREVIDNCIÁRIO. PENSÃO:
EXTENSÃO AO VIÚVO. PRINCÍPIO DA IGUALDADE. NECESSIDADE DE LEI
ESPECÍFICA. CF., art.5º, I; art. 195 e seu § 5º; art. 201, V.I. - A extensão automática da pensão
ao viúvo, em obséquio ao princípio da igualdade, em decorrência do falecimento da
esposa-segurada, assim considerado aquele como dependente desta, exige lei específica, tendo
em vista as disposições constitucionais inscritas no art. 195, caput, e seu § 5º, e art. 201, V, da
Constituição Federal. - R.E. conhecido e provido”. Recurso extraordinário não conhecido.

Considerando que a matéria encontra-se pacificada por meio da Nota Técnica nº 482/2002, na
qual é abordada tanto a questão de esposo-viuvo de trabalhadora rurícola quanto de esposo-viuvo
de segurada empregada, para óbitos ocorridos entre 05/10/88 a 24/07/91, cujas disposições estão
em consonância com as decisões judiciais mencionadas.
Ante os dispositivos mencionados, pode-se concluir que não é devida pensão por
morte de segurada, cujo óbito ocorreu entre a data da promulgação da Carta Magna da Republica
(05/10/88) e o advento da Lei 8.213, de 24/07/91, ao esposo-viúvo, salvo se atendida a condição
de esposo inválido.
Diante do exposto, não há amparo legal para atendimento do pleito do Sr. ISAIAS
DE BRITO NETO, não lhe sendo devida a concessão de pensão por morte de sua esposa,
falecida em 11/08/90.

CONCLUSÃO - Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

ZILDA PACHECO DE SOUZA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 3063/2006

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quinta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ANA CRISTINA


EVANGELISTA. e NOSIMERE GOMES PACHECO.

Brasília - DF, 11/12/2006

Processo: 0047.196.578-2 3/4

125
Seleção de Acórdãos

ANA CRISTINA EVANGELISTA


Presidente

Processo: 0047.196.578-2 4/4

126
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
05ª JR - Quinta Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do
35758.004841/2007-01
Recurso:
RETAGUARDA/BENEFÍCIOS - AGÊNCIA
Unidade de Origem:
BRASÍLIA-TAGUATINGA
Documento: 0047.210.490-0
Recorrente: ANTONIO LUIZ OLIVEIRA SILVA
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PREVIDENCIÁRIA
Relator(a): ZILDA PACHECO DE SOUZA

Relatório
Retornam os autos de diligência, fls. 69 a 71, cujo relatório passo a adotar.
1-ANTONIO LUIZ OLIVEIRA SILVA, já qualificado nos autos, recorre contra ato
do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS - que, após procedimento administrativo de
auditoria, suspendeu os pagamentos do benefício 32/ 047.210.490-0
2-A concessão da aposentadoria por invalidez foi precedida da concessão de auxílio
doença previdenciário – NB – 31/ 047.762.649-1, com início em 01/08/1992 (fls. 05). A
aposentadoria teve início em 01/12/1993.
3-A auditoria no presente processo decorreu de análise efetuada pela Secretaria
Federal de Controle, a qual conluiu pela ocorrência de possível irregularidade na manutenção do
beneício em apreço (fls. 15).
4-A possível irregularidade apontada consiste no fato de que o Senhor ANTONIO
LUIZ OLIVEIRA SILVA, em gozo de aposentadoria por invalidez, exerceu atividade laboral
remunerada, como fazem prova as informações constantes do Cadastro Nacional de Informações
Sociais – CNIS, fls. 16, donde se depreende a existência de vínculos empregatícios nos períodos
04/10/94 a 07/01/95, 13/09/2002 a 07/05/2003 e 21/02/2005 a 01/09/2005.
5-O recursante foi notificado, nos termos da carta de fls. 40, ocasião em que lhe foi
facultada a apresentação de defesa e/ou recurso às instâncias do Conselho de Recursos da
Previdência Social – CRPS.
6-No recurso de fls. 45/46, o interessado, em resumo, declara que vive em cadeira de
rodas, que tentou retornar ao trabalho, pelo projeto “Cidadão Capaz”, projeto que visa a inclusão
dos deficientes físicos no mercado de trabalho, todavia, não conseguiu mantér a rotina do
trabalho e, após duas tentativas, desistiu de retornar ao trabalho. Por fim, alega que não tem
condições de pagar os débitos informados pelo INSS, pois não possui nenhuma fonte de renda.
Requer o restabelecimento do benefício, pois é seu único meio de sobrevivência.
7-O julgamento foi convertido em diligência, para submeter o interessado a exame
médico-pericial, para comprovar a permanência da invalidez, que motivou a concessão da
aposentadoria por invalidez.
8-Avaliado por Junta Médica do INSS, a conclusão é pela inexistência de
incapacidade laborativa, conforme laudo médico pericial de fls. 73/74.
9-Encaminhados os autos à Assessoria Médica desta Junta, a conclusão é que o
recursante está inválido, nos termos da análise de fls. 76.
10-É o relatório.

Processo: 0047.210.490-0 1/4

127
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 14/08/2009 para sessão nº 574/2009 de 21/08/2009 às 17:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PREVIDENCIÁRIA.
BENEFÍCIO SUSPENSO. VEDADO O EXERCÍCIO DE ATIVIDADE
REMUNERADA PARA O SEGURADO (A) EM GOZO DO BENEFÍCIO.
RETORNO VOLUNTÁRIO À ATIVIDADE LABORAL CONFIRMADO.
CESSAÇÃO MOTIVADA PELA PROVAS MATERIALIZADORAS DO FATO.
PERMANÊNCIA DA INVALIDEZ RECONHECIDA EM PARECER MÉDICO
RECURSAL. CABIMENTO DO PEDIDO COM APLICAÇÃO DAS
DISPOSIÇÕES DOS ARTIGOS 48 E 50 DO DECRETO 3.08/99. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE
11-Presentes as condições para a admissibilidade do presente recurso.
12-A suspensão da presente aposentadoria por invalidez tem como fundamento o fato
de que o instituidor do benefício, Senhor Antonio Luiz Oliveira Silva, retornou, voluntariamente,
a exercer atividade remunerada.
13-A atividade remunerada, assim definida aquela que rende remuneração, traduz-se
pelo emprego, nesta condição, o artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT dispõe:
14-Art. 3º Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza
não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

15-Deste modo, nos períodos 04/10/94 a 07/01/95, 13/09/2002 a 07/05/2003 e


21/02/2005 a 01/09/2005, restou comprovado, pelas informações constantes no CNIS, que o
interessado manteve os contratos de trabalho, definidos em lei.

Submetido a exame médico-pericial, a cargo de Junta Médica do INSS, a conclusão é


de que não existe incapacidade laboral, conforme fls. 73/74.
Concernente à concessão e/ou manutenção de benefícios por incapacidade e/ou
invalidez, o parágrafo 7º do Art. 53 do Regimento Interno do Conselho de Recursos da
Previdência Social – CRPS, aprovado pela PORTARIA Nº 323, de 27 de agosto de 2007 dispõe
que:

§ 7º Em se tratando de matéria médica deverá ser ouvida a Assessoria


Técnico-Médica Especializada, prestada por servidor lotado na instância julgadora que, na
qualidade de perito do colegiado, se pronunciará, de forma fundamentada e conclusiva, no
âmbito de sua competência, hipótese em que será utilizado mero encaminhamento interno por
meio de despacho.
A Assessoria Médica desta Casa foi ouvida, em atendimento ao dispositivo acima
transcrito, cujo parecer retificou a decisão da Perícia Médica do INSS, reconhecendo a existência
de invalidez, que originou a concessão da aposentadoria.
Segundo informações do CNIS, a atividade remunerada deu-se por contrato de
trabalho, fato não contestado pelo recorrente em seu recurso, logo, aplicam-se ao caso as
disposições contidas nos artigos 48 e 50 do Decreto 3.048/99, senão vejamos:

Art. 48. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua
aposentadoria automaticamente cessada, a partir da data do retorno.

Art. 50. O segurado que retornar à atividade poderá requerer, a qualquer tempo, novo
benefício, tendo este processamento normal.

Processo: 0047.210.490-0 2/4

128
Seleção de Acórdãos

Assim, certo é que o INSS, ao cessar o benefício do interessado, agiu com acerto, vez
que comprovado está nos autos o retorno voluntário à atividade.

Todavia, deixou o Instituto de instruir devidamente o interessado, vez que, ao caso,


caberia novo requerimento de aposentadoria por invalidez, nos termos das disposições do artigo
50 retrotranscrito e não a interposição de recurso, motivo pelo qual A APOSENTADORIA
DEVERÁ SER RESTABELECIDA A PARTIR DA DATA DA INTERPOSIÇÃO DO
RECURSO, EM 03/12/2007, quando o interessado deveria ter sido devidamente instruído para
requerer nova aposentadoria por invalidez.

Resta agora avaliar a obrigação do interessado em devolver os valores percebidos do


beneficio conjuntamente com a remuneração advinda do retorno voluntário à atividade laboral,
nos períodos 04/10/94 a 07/01/95, 13/09/2002 a 07/05/2003 e 21/02/2005 a 01/09/200

Diante da vedação legal do retorno à atividade concomitante com o gozo de


aposentadoria por invalidez caracteriza-se indevido o recebimento do benefício.

O pagamento indevido é apenas uma das formas de enriquecimento ilícito


disciplinadas no artigo 964 do Código Civil Brasileiro. Decorre de prestação feita
espontaneamente por alguém, com o fito de extinguir uma obrigação erroneamente pressuposta,
gerando ao credor, por imposição legal, o dever de restituir, uma vez verificada que a relação
obrigacional não existia.
Desta forma, chega-se facilmente à conclusão de quem recebeu benefício
previdenciário, quando indevido, seja de boa ou má fé, tem a obrigação de restituir ao Erário
Público.
Assim, cabe o ressarcimento dos valores aos cofres públicos, nas formas disciplinadas
pelos parágrafos 1º, 2º, 3º e 4º do Artigo 154 do Regulamento da Previdência Social, aprovado
pelo Decreto 3.048/99.
Cabendo observar, no caso, a incidência do instituto da decadência ao direito da
Autarquia em cobrar as parcelas já atingidas pelo instituto da prescrição qüinqüenal, na forma do
parágrafo único do artigo 103 da Lei 8.213/91, senão vejamos:

Art. 103. É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do
segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia
primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia
em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo.
(Redação dada pela Lei nº 10.839, de 2004)

Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido
pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou
diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na
forma do Código Civil. .(Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997).
Assim, é forçoso concluir pela não cobrança dos valores percebidos pelo benefício no
período 04/10/94 a 07/01/95, vez que transcorridos mais de dez anos, entre a última parcela
remunerada e o início do procedimento de auditoria, no ano de 2006.

Quanto à devolução dos valores do benefício percebidos nos períodos 13/09/2002 a


07/05/2003 e 21/02/2005 a 01/09/2005, esta pode se dá de forma parcelada na renda mensal
própria do beneficiário, nos termos do disposto no art.115, inciso II da Lei 8213/91, c/c o art. 154
do Decreto 3038/99, os quais dispõem que as parcelas podem atingir o percentual máximo de
30% (trinta por cento) da RMI do beneficio ativo.

Considerando tratar-se de segurado inválido, as parcelas a serem implantadas na


renda mensal da aposentadoria do interessado deverão ser no percentual de 05% (cinco por

Processo: 0047.210.490-0 3/4

129
Seleção de Acórdãos

cento), visto tratar-se de beneficio em valor mínimo, e esta decisão visa não subtrair do
interessado as condições mínimas de sobrevivência.
O recurso do interessado é no sentido de não devolver os valores do benefício
percebidos conjuntamente com as remunerações advindas do exercício de atividade remunerada,
assim, não há amparo para acolher seu pleito na totalidade.

Deste modo, DEVERÁ O INSS APURAR O DÉBITO COBRANDO DO


INTERESSADO APENAS O RESSARCIMENTO DO BENEFÍCIO PERCEBIDO NOS
PERÍODOS 13/09/2002 a 07/05/2003 e 21/02/2005 a 01/09/2005.

CONCLUSÃO: VOTO no sentido de, preliminarmente, CONHECER DO


RECURSO para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL.

ZILDA PACHECO DE SOUZA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 5426/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quinta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto
do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: CELESTE


AUXILIADORA ALVES e VANDA MARIA LACERDA.

Brasília - DF, 21/08/2009

ZILDA PACHECO DE SOUZA ANA CRISTINA EVANGELISTA


Relator(a) Presidente

Processo: 0047.210.490-0 4/4

130
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
05ª JR - Quinta Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 36272.001804/2010-53


Unidade de Origem: AGÊNCIA SÃO PAULO-MOOCA
Documento: 0112.910.738-5
Recorrente: TOGO GUSMAO RODRIGUES
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): JEFFERSON GERALDO MORAES MORETTI

Relatório
TOGO GUSMÃO RODRIGUES – recorre contra os termos da decisão
do INSS Instituto Nacional do Seguro Social, que após identificar indício de
irregularidade na concessão da sua aposentadoria concedida em 30/07/1999
alterou o tempo de contribuição de 36 para 30 anos ocasionando a redução do
coeficiente de cálculo de 100% para 70% com conseqüente redução do valor do
benefício.
Fls. 77, Carta de Concessão / Memória de Cálculo fixando a renda
mensal do benefício requerido 30/07/1999 em R$ 587,65 com 36 anos de tempo
de contribuição.
Fls. 82, pedido de revisão apresentado pelo segurado para correção
dos salários de contribuição dos meses de 08/1996 a 10/1996, segundo o mesmo
foram utilizados os valores de R$ 383,02 quando deveriam ter sido R$ 478,78.
Fls.96, carta de exigência pede esclarecimento quanto as atividades
desenvolvidas na empresa SERVAUTO VEÍCULOS E PEÇAS como pintor.
Fls. 99, o segurado explica os serviços executados na oficina que
consistia em lixar, amaciar, dar fundo novamente, preparar a tinta com solvente e
aplicar com revólver. Informa que não tem como apresentar novos elementos uma
vez que os proprietários já faleceram.
Fls. 114, através de ofício o segurado é informado do indício de
irregularidade na documentação que embasou a concessão da sua
aposentadoria. O enquadramento dos períodos de 14/09/1976 a 15/07/1988 e de
16/07/1988 a 04/05/1989 face a não apresentação de esclarecimentos em relação
a atividade executadas nas funções de “encarregado de pintura e chefe de
pintura”. O mesmo ofício oferece prazo para defesa escrita.
Fls. 115, defesa escrita apresentada pelo seu procurador busca na
prescrição e na decadência os argumentos para descaracterizar a revisão
providenciada pelo Instituto. Quanto as atividade de encarregado de pintura e
chefe de pintura esclarece que consistia em fazer o mesmo serviço de pintor
como se depreende dos DSS 8030 apresentados.
O procurador finaliza sua exposição pedindo a aplicação do Artigo 347
do Decreto 3.048/99 que fixa em dez anos o prazo de decadência de todo e
qualquer direito ou ação do segurado ou benefício para a revisão do ato de
concessão do benefício e requer a manutenção da concessão inicial sem a
alteração do tempo de serviço que fora utilizado inicialmente procedendo-se
apenas as correções dos salários requerida na inicial.

Processo: 0112.910.738-5 1/4

131
Seleção de Acórdãos

Fls. 135, contagem de tempo excluindo as conversões do período de


14/09/1976 a 04/05/1989 apura 30 anos 11 meses e 24 dias.
Fls. 145, comunicação de revisão informa os procedimentos adotados
na revisão que alterou a renda mensal inicial de R$ 587,65 para R$ 411,74.
No recurso das fls. 148 o procurador do interessado repete as
argumentações da defesa escrita.
É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 04/02/2011 para sessão nº 39/2011 de 14/02/2011 às 11:30.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. REVISÃO DE
CÁLCULOS – DESCARACTERIZAÇÃO DE ATIVIDADE CONSIDERADA
ESPECIAL. CÁLCULOS REVISTOS PELO INSS ELABORADOS DIANTE DA
REDUÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ENQUADRAMENTO POR
ATIVIDADE MANTIDO PELA DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES EXERCIDAS.
ARTIGO 70 DFO DECRETO 3.048/99 . RECURSO CONHECIDO E PROVIDO

Presentes as condições de admissibilidade. Conheço do Recurso.


Trata-se de um pedido de revisão de cálculo para correção de salários
de contribuição utilizados no período básico de cálculo.
Ao proceder a revisão solicitada pelo segurado para correção dos
salários dos meses de 08/1996 a 10/1996 o Instituto também reavaliou os DSS
8030 apresentados pelo segurado para comprovar o exercício da atividade de
pintor de automóveis com a utilização de revólver no período de 14/09/1976 a
04/05/1989 por interpretar que as funções de encarregado de pintura e chefe de
pintura não foram devidamente esclarecidas pelo segurado.
O questionamento do Instituto prende-se ao fato da denominação da
atividade do segurado ter sido informada no período de 14/09/1976 a 15/07/1988
como “Encarregado de Pintura “ e no período de 16/07/1989 como “Chefe de
Pintura” induzir a uma interpretação de falta de habitualidade e permanência.

Os formulários apresentados não foram alvo de questionamento quanto


a veracidade e idoneidade à época da concessão e neles observa-se que o único
fato que os diferencia é a nomenclatura do cargo.
A atividade profissional propriamente dita, que lhe garante o
enquadramento no código 2.5.4 do quadro anexo ao Decreto 53.831/1964, em
nenhum dos formulários apresentados foi descaracterizada pela descrição dos
serviços realizados. Nos dois formulários apresentados, fls. 08/09, o empregador
descreveu, dentro dos moldes exigidos à época o local, as tarefas executadas, os
agentes envolvidos e a habitualidade e permanência.

Jornada
2.5.4 PINTURA Pintores de Pistola. Insalubre 25 anos
normal.

Processo: 0112.910.738-5 2/4

132
Seleção de Acórdãos

No referido quadro a atividade profissional descrita, não faz qualquer


restrição de função, ela enquadra como insalubre todos aqueles que comprovem
serem pintores de pistola.
O período questionado é anterior à vigência da lei 9.032 de 29/04/1995,
que liquidou de vez com o critério de enquadramento por categoria profissional,
submetendo ao requisito da efetiva exposição do trabalhador à atividade que lhe
seja realmente prejudicial à saúde, contudo permanece para os períodos
anteriores à vigência da referida Lei o enquadramento por categoria profissional
desde que exercido de forma habitual e permanente em serviços penosos,
perigosos ou insalubres.
O § 1º do Artigo 70 do Decreto 3.48/99 é claro ao dispor que caracterização e a
comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto
na legislação em vigor na época da prestação do serviço. (Incluído pelo Decreto nº
4.827 - de 3 de setembro de 2003)

Diante do exposto e considerando a objetividade das definições contidas nos


quadro anexo do decreto 53.831/64 e do decreto 83.080 que caracteriza como especial
o pintor de pistola, entendemos não existir distinção entre pintor de autos com
utilização de revólver, encarregado de pintura com utilização de revólver o chefe de
pintura com utilização de revólver sendo portanto, devida a caracterização das
atividades descritas no DSS 8030 das fls. 08/09 como especiais e passíveis de
conversão.
O Instituto deverá incluir as conversões relativas aos períodos de 14/09/1976 a
15/07/1988 e de 16/07/1988 a 04/05/1989 e providenciar os ajustes financeiros
devidos.
Quanto à revisão dos salários de 08/1996 a 10/1996 observamos que a
correção foi efetivada.
O Instituto deverá incluir as conversões que retirou da contagem de tempo de
contribuição do segurado.

Conclusão: Voto no sentido de, preliminarmente, conhecer do recurso


para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

JEFFERSON GERALDO MORAES MORETTI


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 887/2011

Processo: 0112.910.738-5 3/4

133
Seleção de Acórdãos

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quinta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: VANDA MARIA


LACERDA e VICTOR MACHADO MARINI.

Brasília - DF, 14/02/2011

JEFFERSON GERALDO MORAES MORETTI


Relator(a)

ANA MARIA BARBOSA SANTOS


Presidente em Exercício

Processo: 0112.910.738-5 4/4

134
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
05ª JR - Quinta Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do
37284.002681/2005-34
Recurso:
Unidade de Origem: PROTOCOLO GERAL/GEX DISTRITO FEDERAL
Documento: 0120.654.407-1
JANICE AUGUSTA DA SILVA MAGALHÃES/EX.SEG.:DALVA MARIA
Recorrente:
SILVA MAGALHAES
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie
PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Benefício:
Relator(a): ZILDA PACHECO DE SOUZA

Relatório
Tempestivamente recorre JANICE AUGUSTA DA SILVA MAGALHAES contra os
termos da decisão do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS - que cessou o seu benefício de
pensão concedido por morte de sua filha DALVA MARIA SILVA MAGALHAES, cujo óbito
ocorreu em 0/1/2001.
A cessação do benefício ocorreu em face de habilitação de companheira, Senhora
SILMARA MARIA DE SANTA ISABEL LIMA, cujo direito foi reconhecido pelo INSS,
sendo-lhe concedido o benefício NB - / 10.761.141-6, com início em 29/05/2003 (fls. 243).
No recurso de fls. 46/47, em resumo, a mãe da ex-segurada e recorrente no presente
recurso, Senhora JANICE AUGUSTA DA SILVA MAGALHAES, enumera alguns fatos que,
segundo ela, demonstram seu direito e de seu filho maior inválido no restabelecimento do
benefício. Alega que tanto ela como seu filho são dependentes designados por sua filha junto à
Assistência Médica (CASSI) do Banco do Brasil, enquanto que a Senhora SILMARA MARIA
SANTA ISABEL LIMA tem como dependentes designados sua mãe e outros parentes, que
ambas possuíam imóveis distintos, cada uma com sua propriedade, provando que não adquiriram
imóveis em comum. Ressalta que a Senhora SILMARA MARIA SANTA ISABEL LIMA é
credora de processo movido contra o inventariante de DALVA MARIA SILVA MAGALHAES,
a qual é a recorrente, sendo pago à Senhora SILMARA MARIA SANTA ISABEL LIMA o
montante de R$ 44.970,09, em 15/01/2002, valores esses decorrentes de despesas com a
ex-segurada (fls. 147).
Relata, ainda, as dificuldades para estar em contado com a filha, devido residir no
interior e ela em Salvador, e ainda por ter um filho deficiente, que dela depende para tudo.
Solicita a reativação do benefício, sendo este a forma de sobrevivência dela e do filho
inválido, pois era a ex-segurada quem os sustentava.
O julgamento foi convertido em diligência para comunicar à Senhora SILMARA
MARIA DE SANTA ISABEL LIMA da existência do presente recurso, para que, se de seu
interesse for, apresentar contra-razões.
Nas contra-razões de fls. 263 a 267, a Senhora SILMARA MARIA DE SANTA
ISABEL LIMA, em resumo, alega que manteve união homoafetiva, como verdadeira entidade
familiar, com a ex-segurada DALVA MARIA SILVA MAGALHÃES, a qual perdurou por cerca
de 18 anos. Ressalta que, no ano de 2000, a ex-segurada foi acometida de câncer, vindo a falecer
em 10/10/2001. Alega que, durante o período da doença, custeou o tratamento da falecida, vindo
a ser ressarcida dos dispêndios na importância de R$ 44.970,09, pela mãe da falecida, após a
abertura do inventário. Cita os dispositivos que protegem o direito do (a) companheiro (a)

Processo: 0120.654.407-1 1/5

135
Seleção de Acórdãos

homossexual receber benefício de pensão por morte do (a) companheiro (a) falecido (a), fato que
excluí os dependentes posteriores, a exemplo de mãe e irmão inválido.
É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 09/04/2009 para sessão nº 241/2009 de 15/04/2009 às 17:30.

Voto
EMENTA: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA. BENEFÍCIO
CESSADO. HABILITAÇÃO DE MÃE E IRMÃO MAIOR INVÁLIDO.
QUALIDADE DE DEPENDENTE COMPROVADA. BENEFÍCIO CESSADO
POR HABILITAÇÃO DE COMPANHEIRA. PARA O (A) COMPANHEIRO (A)
EXIGE-SE NECESSIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DE
SEGURADO DO “DE CUJUS“, NA DATA DO ÓBITO, E DA
COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE UNIÃO HOMOAFETIVA ENTRE A
POSTULANTE E A INSTITUIDORA DO BENEFÍCIO. RELAÇÃO
HOMOAFETIVA NÃO COMPROVADA. IMPOSSIBILIDADE DE
MANUTENÇÃO DO BENEFÍCIO CONCEDIDO NA CONDIÇÃO DE
COMPANHEIRA. INEXISTÊNCIA DE DEPENDENTE PREFERENCIAL.
CABIMENTO DO PEDIDO DE RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO
CONCEDIDO À MÃE E AO IRMÃO MAIOR INVÁLIDO. ART. 16, INCISOS
II E III DA LEI N.º 8.213/91.. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO
Presentes as condições de admissibilidade do presente recurso.
A questão no presente feito cinge-se ao fato de que, após a concessão da pensão por
morte da ex-segurada DALVA MARIA SILVA MAGALHAES a sua mãe, JANICE ALGUSTA
DA SILVA MAGALHAES e a seu irmão maior inválido, GILSON JOSE SILVA
MAGALHAES, houve habilitação de companheira, SILMARA MARIA DE SANTA ISABEL
LIMA, para a qual o INSS reconheceu o direito ao benefício, acarretando a cessação da pensão,
antes concedida à mãe e ao irmão maior inválido.
A dependência da mãe e do irmão maior inválido está comprovada nos autos de
forma irrefutável, constando elementos que remontam há mais de trinta anos e comprovam que a
mantença dos dois era a cargo da ex-segurada.
Destarte, a cessação deu-se por habilitação de dependente tido como preferencial e
não por não comprovação de dependência econômica, que, para aqueles, é condição
imprescindível para a concessão do benefício em espécie.
Dentre os documentos que coroam a relação de dependência da mãe em relação à
filha falecida está a adesão da falecida, em 13/08/1997, ao Pecúlio do Banco do Brasil, onde
figura a mãe como maior beneficiária, não estando a Senhora SILMARA MARIA DE SANTA
ISABEL LIMA incluída entre os beneficiários (fls. 07).
Merece atenção, ainda, as declarações de Imposto de Renda, nas quais figuram a mãe
e o irmão como dependentes da falecida (fls. 25 a 32).
Destaca-se, ainda, a inclusão da mãe e do irmão como dependentes de assistência
médica, sendo a falecida a titular do plano de saúde, junto à Assistência Médica dos Funcionários
do banco do Brasil – CASSI, fls. 33, carteira às fls. 40.
Ainda, em relação à Assistência Médica, consta às fls. 34 carta do próprio punho da
ex-segurada, dirigida à Cassi alterando número de conta-corrente e autorizando o débito
referente aos seus dependentes Janice Augusta da Silva Magalhães e Gilson José da Silva
Magalhães, datada de 10/05/2001, cinco meses antes do falecimento (fls. 34).

Processo: 0120.654.407-1 2/5

136
Seleção de Acórdãos

Destarte, soberba, robusta e irrefutável é a prova documental da efetiva relação de


dependência da Senhora JANICE ALGUSTA DA SILVA MAGALHAES e seu filho maior
inválido, GILSON JOSE SILVA MAGALHAES, em relação à sua filha falecida Senhora
SILMARA MARIA DE SANTA ISABEL LIMA Cabe destacar que, em vida, a ex-segurada
DALVA MARIA SILVA MAGALHAES praticou todos os atos necessários à formalização da
relação de dependência de sua mãe e seu irmão, em relação a sua pessoa.
Quanto à pretensa união homoafetiva que teria existido entre a Senhora SILMARA
MARIA DE SANTA ISABEL LIMA e a ex-segurada DALVA MARIA SILVA MAGALHAES,
em nenhum momento, em vida da ex-segurada, foi cogitada ou registrada.
Além de outros elementos, fazem prova contrária à existência de união homoafetiva,
como entidade familiar, na forma alegada pela Senhora SILMARA MARIA DE SANTA
ISABEL LIMA, suas próprias palavras deitadas no documento juntado às fls. 195/196, emitido
em 24/09/2001, por meio do qual a Senhora SILMARA MARIA DE SANTA ISABEL LIMA
relata os acontecimentos que a impossibilitaram de regularizar sua situação de associada junto à
CASSI/BAHIA, no qual assim relata:

“Desde maio/2000 que estou passando por momentos muito difíceis, quando foi
diagnosticado um tumor maligno no intestino da colega aposentada Dalva, com quem tenho laços
de amizade e divido apartamento desde que cheguei a Salvador da década de 80 e a quem
considero como uma irmã”.
Ainda no documento de fls. 195/196, a Senhora SILMARA MARIA DE SANTA
ISABEL LIMA relata que a família da colega Dalva não tem condições de dar assistência, assim
descrevendo: ... “a mãe mora em Ubaitaba/Bahia, possui idade avançada e ainda dispensa
cuidados a um filho portador de deficiência neurológica e os irmãos moram em São Paulo”.
Atenção especial dediquei, também, ao documento de fls. 148 a 153, o qual refere-se
ao pedido de abertura de inventário com ressarcimento de despesas efetuadas pela Senhora
SILMARIA MARIA DE SANTA ISABEL DE LIMA com a ex-segurada, e no qual ela reafirma
a existência de uma relação de amizade, sendo que, em nenhum momento, é mencionada a
existência de relação amorosa, a qual tenha motivado o custeamento das despesas, ora cobradas
da mãe da ex-segurada.
É de grande importância sopesar que a doença da falecida teve início no ano de 2000,
vindo ela a falecer em 10/10/2001, logo, houve um lapso temporal de mais de um ano, durante o
qual não se verificou nenhum ato da Senhora DALVA MARIA SILVA MAGALHAES no
sentido de resguardar uma possível relação homoafetiva com a Senhora SILMARA MARIA DE
SANTA ISABEL LIMA, logo, não cabe a esta relatora fazê-lo agora, diante da impossibilidade
do contraditório por parte da falecida.
As provas que se têm dos autos é que a ex-segurada resguardou os direitos de sua
mãe e de seu irmão, mesmo após o início da doença, veja documento de fls. 40, escrito pela
falecida cinco meses antes de seu óbito.
As contra-razões da Senhora SILMARA MARIA DE SANTA ISABEL LIMA são
alegações de direito e não têm o condão de alterar as provas materiais que compõem os autos.
Cabe, ainda, mencionar que, embora a interessada alegue uma relação homoafetiva
que perdurou em torno de 18 anos, os vizinhos inquiridos, quando da realização da pesquisa de
fls. 254/255, declararam que a ex-segurada e a Senhora SILMARA MARIA DE SANTA
ISABEL LIMA moravam juntas no aptº 402, aparentemente como amigas, sendo difícil
confirmar se havia relação marital.
Assim, certo é que não havia entre a ex-segurada e a Senhora SILMARA MARIA
DE SANTA ISABEL LIMA união estável de conhecimento público, conforme alegado nas
contra-razões.
Ao tratar da união estável o legislador constitucional assim dispôs:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL/1988: CAPÍTULO VII


DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO IDOSO.

Processo: 0120.654.407-1 3/5

137
Seleção de Acórdãos

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração.

§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.

§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher
como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais
e seus descendentes.

§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem
e pela mulher.

§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por
mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois
anos.

§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o


planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por
parte de instituições oficiais ou privadas.

§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram,


criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.

A redação restritiva dada ao parágrafo terceiro do artigo 226 da Constituição Federal


de 1988, acima transcrito, quando define, para a existência de união estável, relação entre homem
e mulher, não tem sido óbice a que nossos tribunais reconheçam a existência de união estável
entre casais homoafetivos, reconhecendo para esses, inclusive, direito ao benefício objeto do
presente recurso.

Porém, é certo que, ao igualar a relação homoafetiva, para fins de reconhecimento de


união estável, necessário se faz que essa relação exista, no sentido material, antes do evento que
enseja o direito, no caso presente a morte da ex-segurada, sendo que, no caso em comento, nem
os vizinhos de ambas souberam informar se havia relação homoafetiva entre elas, aliás, situação
tampouco assumida pela Senhora SILMARA MARIA DE SANTA ISABEL DE LIMA, que se
referiu á ex-segurada como “irmã”, no documento de fls. 195/196 e “amiga” no documento de
fls. 148/153, quando buscou ressarcimento das despesas por ela despendidas com a ex-segurada.

Assim, compulsando os autos, verifica-se que os elementos apresentados pela


Senhora SILMARA MARIA DE SANTA ISABEL DE LIMA são insuficientes para deitar por
terra o direito da mãe e do irmão maior inválido, esses comprovadamente dependentes da
ex-segurada durante toda sua vida laboral.

Com as contra-razões da Senhora SILMARA MARIA DE SANTA ISABEL DE


LIMA tem-se a notícia de que o irmão maior inválido da ex-segurada, GILSON JOSE SILVA
MAGALHAES, faleceu em 16/10/2006, o que se comprova pela cópia da certidão de óbito
apresentada às fls. 269, fato que não enseja alteração no mérito a ser julgado.

Diante do exposto, meu voto é no sentido de não reconhecer a existência de união


estável entre a Senhora DALVA MARIA SILVA MAGALHAES, ex-segurada instituidora do

Processo: 0120.654.407-1 4/5

138
Seleção de Acórdãos

benefício, e a Senhora SILMARA MARIA DE SANTA ISABEL LIMA, e determinar o


restabelecimento do benefício de pensão por morte concedida a Senhora JANICE AUGUSTA
DA SILVA MAGALHAES, na condição de mãe.

Em ato contínuo, deverá ser cessada a pensão por morte de DALVA MARIA SILVA
MAGALHAES concedida a Senhora SILMARA MARIA DE SANTA ISABEL LIMA, na
condição de companheira, por não comprovação da existência de união estável, na forma do
Inciso I e parágrafo 3º da Lei 8.213/91.

CONCLUSÃO - Pelo exposto, VOTO no sentido de DAR PROVIMENTO AO


RECURSO DE JANICE AUGUSTA DA SILVA, para restabelecimento da pensão por
morte de sua filha DALVA MARIA SILVA MAGALHAES.

ZILDA PACHECO DE SOUZA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 1947/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quinta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ANA MARIA


BARBOSA SANTOS e NOSIMERE GOMES PACHECO.

Brasília - DF, 15/04/2009

ZILDA PACHECO DE SOUZA ANA CRISTINA EVANGELISTA


Relator(a) Presidente

Processo: 0120.654.407-1 5/5

139
Seleção de Acórdãos

140
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
05ª JR - Quinta Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 35386.000850/2010-95


Unidade de Origem: AGÊNCIA CRUZEIRO
Documento: 0131.324.671-6
Recorrente: ORLANDO AUGUSTO RIBEIRO NETO
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): JEFFERSON GERALDO MORAES MORETTI

Relatório
ORLANDO AUGUSTO RIBEIRO NETO recorre contra os termos da decisão do
Instituto Nacional do Seguro Social que indeferiu o pedido de de alteração da espécie
do benefício de 42 – aposentadoria por tempo de contribuição para 46 – aposentadoria
especial.
O segurado requereu e obteve em 09/11/2004 a concessão da aposentadoria por
tempo de contribuição com 35 anos 01 mês e 26 dias.
De acordo com a contagem de tempo de contribuição das fls. 12/13 foram
considerados como exercidos em atividade especial os seguintes períodos na empresa
Maxion Componentes Estruturais.
01/01/1978 a 31/01/1978;
01/07/1978 a 31/07/1978;
01/01/1979 a 31/01/1979;
01/07/1979 a 13/12/1998,
No pedido de revisão das fls. 27 o segurado pede a transformação da espécie
para 46 – aposentadoria especial. Afirma contar mais de 25 anos em atividade
insalubre.
Comunicação de indeferimento de revisão das fls. 30 informa que foram
computados 19 anos 08 meses e 13 dias e que o enquadramento se deu até
13/12/1998.
No recurso das fls. 33 o segurado cita o enunciado 21 JR/CRPS e a Súmula 09
da Turma de Unificação das Decisões dos Juizados Especiais.
Análise e Decisão Técnica de Atividade Especial das fls. 51 avalia o PPP das fls.
45/49 e ratifica o enquadramento dos períodos de 01/01/1978 a 31/01/1978, 01/07/1978
a 31/07/1978, 01/01/1979 a 31/01/1979 e retifica o período de 01/07/1979 a
13/12/1998 para 01/07/1979 a 03/12/1998. A mesma análise não enquadra os períodos

Processo: 0131.324.671-6 1/4

141
Seleção de Acórdãos

de 01/08/1977 a 31/12/1977, 01/02/978 a 30/06/1978, 01/08/1978 a 31/12/1978, de


01/02/1979 a 30/06/1979 e de 04/12/1998 a 05/05/2009 sendo este último justificado
pela eficácia do EPI.
É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 04/02/2011 para sessão nº 39/2011 de 14/02/2011 às 11:30.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.
TRABALHADOR URBANO – INGRESSO JUNTO AO RGPS ANTERIOR A
16/12/1998. NÃO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS DE IDADE
MÍNIMA E TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ARTIGOS 52 DA LEI Nº 8.213/91 E
188 DO DECRETO 3.048/99 . RECURSO CONHECIDO E PROVIDO
Presentes as condições de admissibilidade. Conheço do recurso.
Trata-se de pedido revisão para alteração da espécie do benefício de 42 para 46
diante do entendimento do segurado em ter comprovado mais de 25 anos de exposição
ao agente nocivo ruído.
O segurado teve a concessão da sua aposentadoria por tempo de contribuição
concedida com o tempo de 35 anos 01 mês e 26 dias sendo que nele computados as
conversões relativas aos períodos reconhecidos pela Perícia Médica do INSS como
sujeito à exposição ao agente nocivo ruído.
De acordo com a carta de indeferimento de revisão das fls. 30 o tempo de
atividade especial reconhecido pelo Instituto até 13/12/1998 foi de 19 anos 08 meses e
13 dias.
Inconformado o segurado apresenta recurso ao CRPS – Junta de Recursos
sustentando que a utilização do EPI não elimina a nocividade do agente ruído.
Nova avaliação do PPP das fls. 45/49 reitera os enquadramentos já
reconhecidos e especificamente para o período posterior a 03/12/1998 justifica o não
reconhecimento da nocividade pelo uso eficaz do EPI.
O PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário das fls. 45/49 demonstra que o
nível de exposição ao agente ruído após 03/12/1988 foi sempre igual a 94,85 dB(A).
Os níveis de tolerância utilizados na legislação para caracterizar a atividade
especial mediante a presença do agente nocivo ruído foi feita da seguinte forma: ruído
de 80 dB(A) (para trabalhos prestados até 05.03.1997, quando editado o Decreto
2.172/97); 90 dB(A) (para trabalhos prestados entre 06.03.1997 e 18.11.2003) e;
finalmente, 85 dB(A) (para trabalhos prestados a partir de 19.11.2003, quando editado o
Decreto 4.882/2003).
Todavia, deixo de encaminhar os autos a Assessoria Médica desta Junta,
visto que a conclusão apresentada não invalida o reconhecimento do período de

Processo: 0131.324.671-6 2/4

142
Seleção de Acórdãos

04/12/1998 a 09/11/2004 como exercido em condições especiais, no caso, sujeito ao


agente agressivo ruído. De acordo com o Parecer Técnico exarado pela Divisão de
Segurança e Saúde do Trabalhador da Delegacia Regional do trabalho no Estado de
São Paulo no Processo nº.46000.000090/99-71:
“o ruído penetra não só pelo ouvido, mas também por via óssea,
sendo assim, não é possível proteger completamente o
trabalhador com tampões, plugues, nem mesmo capacetes, pois
não há como isolar o trabalhador, o que não permite caracterizar
tais dispositivos como adequados, conforme exige o item 6.2 da
N.R 06.”
O Parecer informa que “os dispositivos mencionados têm vedações
imperfeitas, visto que o trabalhador anda, fala, movimenta os músculos da face e
exerce ouros movimentos, além de ocasionarem uma série de outros riscos à saúde e à
integridade física do trabalhador tais como: incidência de dermatites retro-auriculares e
infecções, sensação de isolamento, perda de equilíbrio, dificuldade de comunicação,
etc.”
O fato de constar do Laudo Técnico informações de que o uso de
equipamento de proteção individual “atenua” o nível de exposição ao agente agressivo,
não deve ser obstáculo ao enquadramento da atividade como especial, tendo em vista
todos os demais riscos provocados à saúde e a integridade física do trabalhador.
Entendimento este, externado no Enunciado 21 do CRPS e na Súmula 09 da Turma
Nacional de Uniformização que transcrevo a seguir:
JR/CRPS - ENUNCIADO Nº 21:
“O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de
trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador
aos agentes nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de
trabalho.”
SÚMULA N. 09, “in verbis”
Aposentadoria Especial – Equipamento de Proteção Individual
“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que
elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o
tempo de serviço especial prestado.”
Diante do exposto, cabe enquadramento do período 04/12/1998 a 09/11/2004
como exposto ao agente nocivo ruído o que permitirá o acréscimo de 05 anos 11
meses e 06 dias ao tempo de atividade especial já reconhecido pelo Instituto até
03/12/1998.
Assim, comprovados mais de 25 anos de atividade exclusivamente exercida
com exposição à nocividade do agente ruído o que garante ao segurado a alteração da
espécie do benefício para 46 – APOSENTADORIA ESPECIAL, devendo o Instituto
adotar os procedimentos cabíveis para a sua implementação.

VOTO no sentido de preliminarmente Conhecer do Recurso, para no


Mérito Dar-lhe Provimento.

Processo: 0131.324.671-6 3/4

143
Seleção de Acórdãos

JEFFERSON GERALDO MORAES MORETTI


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 891/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quinta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: VANDA MARIA


LACERDA e VICTOR MACHADO MARINI.

Brasília - DF, 14/02/2011

JEFFERSON GERALDO MORAES MORETTI


Relator(a)

ANA MARIA BARBOSA SANTOS


Presidente em Exercício

Processo: 0131.324.671-6 4/4

144
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
05ª JR - Quinta Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 35758.001597/2008-05


Unidade de Origem: AGÊNCIA BRASÍLIA-TAGUATINGA
Documento: 0133.933.739-5
Recorrente: JOÃO RODRIGUES DE ALMEIDA
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): VANDA MARIA LACERDA

Relatório
JOÃO RODRIGUES DE ALMEIDA, já qualificado nos autos, recorre em tempo
hábil contra os termos da decisão do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS que, ao efetuar
revisão em seu benefício – NB – 42/ 133.933.739-5, foi alterado o tempo de contribuição , bem
como a renda mensal inicial, sendo gerado um débito a ser pago pelo recorrente.
Conforme Requerimento de benefícios de fls. 01, constata-se que o benefício foi
requerido em 15/06/2004, no entanto, através do Resumo de Documentos Para Cálculo de Tempo
de Contribuição de fls. 77/78 consta outra DER 30/09/2005 e o tempo apurado totalizou 35 anos
00 meses 26 dias.
Não vislumbramos nos autos declaração do interessado concordando com a alteração
da DER.
Verifica-se que todas as atividades das empresas consideradas para compor o Período
Básico de Cálculo – PBC informado, às fls. 81 a 93 – Planalto Empresa de Segurança Ltda –
período de 27/04/86 a 31/10/2000 (fls. 85), Embaixada da Nigéria – período de 01/08/95 a
31/08/2005 e de 01/06/97 a 31/01/2004 (fls. 82/83), Ipanema Segurança Ltda – período de
01/11/2000 a 13/10/2004 e Confederal Vigilância de Valores Ltda – período de 14/10/2004 a
29/09/2005 utilizadas para o cálculo da renda mensal inicial do benefício – RMI foram
consideradas como atividades concomitantes.
A Carta de Concessão de fls. 95 informa que o benefício foi concedido com data de
início de benefício – DIB em 30/09/2005 e renda mensal inicial – RMI no valor de R$1.806,29
(Hum mil oitocentos e seis reais e vinte e nove centavos).
O interessado requer revisão em seu benefício, às fls. 99, objetivando receber os
valores atrasados, considerando que a data da entrada do benefício – DER remonta à 15/06/2004
e a DER foi alterada para 30/09/2005, sem o prévio consentimento do postulante.
Às fls. 106 requer seja acrescentado em seu tempo de contribuição os períodos de
10/07/74 a 17/09/74, de 01/04/77 a 30/04/77 e de 02/05/77 a 30/06/77 constantes na Carteira de
Trabalho e Previdência Social CTPS sob o nº 08355 série 411. Solicita ainda, a revisão da renda
mensal inicial argumentando que quase todos os períodos trabalhados foram concomitantes e
deste modo, os salário-de–contribuição são computados para cálculo da renda mensal.
Não consta dos autos o processamento da revisão efetuada, tendo em vista que foi
enviada correspondência para o interessado em 23/06/2008 informando que a mesma foi
realizada sendo facultado prazo para apresentar defesa, uma vez que o tempo de contribuição foi
alterado de 35 anos para 32 anos 09 meses 17 dias, inclusive constando que foi encaminhado
resumo do tempo para conhecimento do recorrente. No entanto, não vislumbramos nos autos a
referida contagem de tempo de contribuição.

Processo: 0133.933.739-5 1/4

145
Seleção de Acórdãos

O segurado, às fls. 121 apresentou defesa e requer seja mantida a DER em


30/09/2005 e inclusão do período de referente à empresa Confederal Vigilância de Valores Ltda
– período de 14/10/2004 a 23/10/2005.
Desta forma foi processada revisão no benefício, mantendo-se a DER em 30/09/2005
e o tempo de contribuição totalizou 33 anos 09 meses 29 dias (fls. 130/131), bem como foi
efetuado novo cálculo da renda mensal inicial considerando os períodos que compõe o Período
Básico de Cálculo – PBC como múltiplas atividades, às fls. 144 a 146. Destarte a empresa
Planalto Empresa de Segurança Ltda – período de 27/04/86 a 31/10/2000 (fls. 85) foi considerada
a primeira principal, Embaixada da Nigéria – período de 01/08/95 a 31/08/2005 e de 01/06/97 a
31/01/2004 (fls. 82/83) como a segunda principal, Ipanema Segurança Ltda – período de
01/11/2000 a 13/10/2004 como primeira secundária e Confederal Vigilância de Valores Ltda –
período de 14/10/2004 a 29/09/2005 como a segunda atividade secundária.
Constata-se que houve redução da renda mensal inicial em decorrência da aplicação
do cálculo de múltiplas atividades, bem como diminuição do tempo e contribuição, passando a
renda mensal revista para R$ 1.335,49, vide Carta de Concessão/Memória de Cálculo de fls. 153
a 158.
A revisão efetuada foi comunicada ao interessado por meio da correspondência de fls.
159, informando a alteração do tempo de contribuição de 35 anos para 33 anos 09 meses 29 dias,
a renda mensal inicial de R$1.806,29 para R$1.335,49 e a renda mensal reajustada de R$2.044,67
para R$1.511,73. Esclarece que da revisão gerou um débito de R$18.105,80 (Dezoito mil cento e
cinco mil reais e oitenta centavos), o qual será descontado do benefício.
No recurso de fls. 163/164, o recorrente manifesta sua discordância com a revisão
efetuada, invoca o artigo 32 da Lei nº 8.213/91 que trata de atividades concomitantes e solicita
seja revista a revisão.
É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 27/08/2009 para sessão nº 589/2009 de 09/09/2009 às 14:30.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – REVISÃO DE
CÁLCULOS. ALTERAÇÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. APLICAÇÃO
INDEVIDA NO PERÍODO BÁSICO DE CÁLCULO – PBC DE ATIVIDADES
CONCOMITANTES. NÃO CUMPRIMENTO DA CARÊNCIA OU TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO EXIGIDA EM TODAS AS ATIVIDADES CONSTANTES
DO PBC. CÁLCULOS EFETUADOS EM CONFORMIDADE COM O INCISO
II DO ARTIGO 32 DA LEI Nº 8.213/91. RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO
Presentes as condições de admissibilidade do recurso.
O interessado pretende a revisão em seu benefício de aposentadoria por tempo de
contribuição alegando que houve redução da renda mensal inicial em decorrência de não ter sido
caracterizada como atividade concomitante todas as atividades exercidas, quais sejam, Planalto
Empresa de Segurança Ltda – período de 27/04/86 a 31/10/2000 (fls. 85), Embaixada da Nigéria
– período de 01/08/95 a 31/08/2005 e de 01/06/97 a 31/01/2004 (fls. 82/83), Ipanema Segurança
Ltda – período de 01/11/2000 a 13/10/2004 e Confederal Vigilância de Valores Ltda – período de
14/10/2004 a 29/09/2005 além da diminuição do tempo de contribuição e consequentemente,
redução da renda mensal.

Processo: 0133.933.739-5 2/4

146
Seleção de Acórdãos

Verifica-se que inicialmente foi efetuado cálculo erroneamente considerando todas as


atividades como concomitantes e a data da entrada do requerimento alterada sem a concordância
do interessado.
Posteriormente o recorrente solicita seja mantida a DER em 30/09/2005 e deste modo
foi foi processada revisão no benefício, mantendo-se a DER em 30/09/2005 e o tempo de
contribuição totalizou 33 anos 09 meses 29 dias (fls. 130/131), bem como foi efetuado novo
cálculo da renda mensal inicial considerando os períodos que compõe o Período Básico de
Cálculo – PBC como múltiplas atividades, às fls. 144 a 146. Destarte a empresa Planalto
Empresa de Segurança Ltda – período de 27/04/86 a 31/10/2000 (fls. 85) foi considerada a
primeira principal, Embaixada da Nigéria – período de 01/08/95 a 31/08/2005 e de 01/06/97 a
31/01/2004 (fls. 82/83) como a segunda principal, Ipanema Segurança Ltda – período de
01/11/2000 a 13/10/2004 como primeira secundária e Confederal Vigilância de Valores Ltda –
período de 14/10/2004 a 29/09/2005 como a segunda atividade secundária.
Constata-se que houve redução da renda mensal inicial em decorrência da aplicação
do cálculo de múltiplas atividades, bem como diminuição do tempo e contribuição, passando a
renda mensal revista para R$ 1.335,49, vide Carta de Concessão/Memória de Cálculo de fls. 153
a 158.
Cabe salientar que, quando no PBC o segurado possuir atividades concomitantes e
em cada uma delas preencher as condições necessárias à concessão do benefício – carência ou
tempo de contribuição, o salário-de-benefício será apurado com base na soma dos
salários-de-contribuição de todos os empregos ou atividades, devendo ser observado o limite
máximo vigente e neste caso, não se trata de múltipla atividade.
Entretanto, quando o segurado dentro do Período Básico de Cálculo – PBC tiver
exercido mais de uma atividade, porém não cumpre a carência ou tempo de contribuição em
todas elas, será considerado como múltiplas atividades, sendo o cálculo efetuado conforme
disposto no inciso II do artigo 32 da Lei nº 8.213/91, que transcrevo abaixo:

Art. 32. O salário-de-benefício do segurado que contribuir em razão de atividades


concomitantes será calculado com base na soma dos salários-de-contribuição das atividades
exercidas na data do requerimento ou do óbito, ou no período básico de cálculo, observado o
disposto no art. 29 e as normas seguintes:

I - .............................
II - quando não se verificar a hipótese do inciso anterior, o salário-de-benefício
corresponde à soma das seguintes parcelas:

a) o salário-de-benefício calculado com base nos salários-de-contribuição das


atividades em relação às quais são atendidas as condições do benefício requerido;
b) um percentual da média do salário-de-contribuição de cada uma das demais
atividades, equivalente à relação entre o número de meses completo de contribuição e os
do período de carência do benefício requerido;

III - quando se tratar de benefício por tempo de serviço, o percentual da alínea


“b” do inciso II será o resultante da relação entre os anos completos de atividade e o
número de anos de serviço considerado para a concessão do benefício.

§ 1º ...............
§ 2º ...............

Insta esclarecer, ainda, que os valores do benefício após processada revisão está em
consonância com a legislação que rege a matéria.
Ante ao exposto, estão corretos os cálculos efetuados na revisão do benefício, posto
que decorreram da aplicação dos dispositivos legais que regem a matéria.

Processo: 0133.933.739-5 3/4

147
Seleção de Acórdãos

CONCLUSÃO: VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO e, no mérito,


NEGAR-LHE PROVIMENTO.

VANDA MARIA LACERDA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 6645/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quinta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: FABIANO


MANQUEVICH DE LIMA e MAISA CRISTINA CASORLA.

Brasília - DF, 09/09/2009

VANDA MARIA LACERDA ANA MARIA BARBOSA SANTOS


Relator(a) Presidente em Exercício

Processo: 0133.933.739-5 4/4

148
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
05ª JR - Quinta Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 37284.003847/2007-00


Unidade de Origem: PROTOCOLO GERAL/GEX DISTRITO FEDERAL
Documento: 0136.127.575-5
Recorrente: JACINTA KAISER RAUBER
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): NOSIMERE GOMES PACHECO

Relatório
Em 25/10/2004, aos 48 anos de idade, JACINTA KAISER RAUBER requereu
junto ao INSS - Instituto Nacional do Seguro Social benefício de “Aposentadoria por
Tempo de Contribuição”.
De acordo com o demonstrativo de fls. 02 a 04, o Instituto computou até
16/12/98, 25 anos, 07 meses e 26 dias de tempo de contribuição e até 30/09/2004, 31
anos, 05 meses e 10 dias.
Às fls. 08 consta Certidão de Tempo de Contribuição emitida pelo Ministério
da Previdência e Assistência Social – MPAS em 17/06/96 referente aos períodos de:
01/01/69 a 31/12/76, 18/02/77 a 22/04/77, 02/05/77 a 14/02/78, 01/03/78 a 08/03/78 e
16/03/78 a 07/08/88.
Às fls. 05 a 08 consta Certidão de Tempo de Serviço emitida pela Prefeitura
Municipal de Caibaté – RS para os efeitos da Lei 6.226/75 – contagem recíproca,
referente aos períodos de 05/03/92 a 23/06/97.
No recurso de fls. 116 a 121, a interessada alega, em síntese, que no
momento em que solicitou a concessão de sua aposentadoria, contava com mais de 31
anos de tempo de contribuição e 48 anos de idade, portanto, em princípio, atendia os
requisitos necessários, sem a necessidade de pedágio. Requer seja elaborado o
cálculo de sua aposentadoria nas duas modalidades possíveis, ou seja, pela regra geral
contida na 8.213/91; pela regra contida nos artigos 187 e 188 do Decreto 3.048/99,
considerando para tanto o momento em que foram atingidas as condições para a sua
aposentadoria, a fim de que sejam comparados os valores para que seja concedida a
aposentadoria mais vantajosa com data de início em 25/10/2004.
Mediante a Decisão nº 437/2009 de fls. 127/128 e despacho de fls. 137, este
Colegiado converteu o julgamento em diligência a fim de que o INSS – Instituto
Nacional do Seguro Social adotasse as seguintes providências:
a) que o Instituto juntasse aos autos a comunicação de decisão com o real
motivo do indeferimento, bem como do tempo de contribuição reconhecido e os
impugnados, com a devida fundamentação.
b) verificasse se os períodos constantes da Certidão de Tempo de
Contribuição emitida pelo Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS às
fls. 08 de, 01/01/69 a 31/12/76, 18/02/77 a 22/04/77, 02/05/77 a 14/02/78, 01/03/78 a
08/03/78 e 16/03/78 a 07/08/88, foram utilizados para fins de benefícios em outro
regime e, caso contrário, solicitasse da interessada a Certidão original.

Processo: 0136.127.575-5 1/4

149
Seleção de Acórdãos

c) se manifestasse quanto a Certidão de Tempo de Serviço emitida pela


Prefeitura Municipal de Caibaté – RS para os efeitos da Lei 6.226/75 – contagem
recíproca, referente ao período de 05/03/92 a 23/06/97, fls. 05 a 07.
Em atendimento ao solicitado a interessada apresentou a certidão de tempo
de contribuição original às fls. 134/135, sendo que o INSS – Instituto Nacional do
Seguro Social não reconheceu da referida certidão somente o período de 01/01/69 a
31/12/76 de atividade rural sob o argumento de que a atividade rural foi anterior à
competência novembro/1991 e não foi comprovado o recolhimento ou indenização.
Com referência ao período de 05/03/92 a 23/06/97 da certidão de fls. 05 o
Instituto o reconheceu.
Dessa forma, de acordo com o demonstrativo de fls. 139 a segurada soma
até 30/04/2010, 29 anos e 07 dias de contribuição.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 17/03/2011 para sessão nº 116/2011 de 22/03/2011 às 14:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.
INDEFERIMENTO – DIREITO ADQUIRIDO NÃO CONFIGURADO.
INATINGIDO O REQUISITO LEGAL DE TEMPO LABORADO. NÃO
RECONHECIMENTO DO TEMPO RURAL POR INEXISTÊNCIA DE PROVA
MATERIAL. INOBSERVÂNCIA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS. ART. 52 DA
LEI N.º 8.213/91 COMBINADO COM O ART. 62 DO DECRETO 3.048/99.
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO

Em virtude da inexistência de questão prejudicial ao exame do mérito, pode o presente


recurso ser conhecido.
A aposentadoria por tempo de contribuição está prevista no artigo 52 da Lei 8.213/91 e artigo 56
do Decreto 3.048/99, os quais passo a transcrever:

Art. 52. A aposentadoria por tempo de serviço será


devida, cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado
que completar 25 (vinte e cinco) anos de serviço, se do sexo
feminino, ou 30 (trinta) anos, se do sexo masculino.
Art. 56. A aposentadoria por tempo de contribuição
será devida ao segurado após trinta e cinco anos de
contribuição, se homem, ou trinta anos, se mulher, observado
o disposto no art. 199-A. Alterado pelo Decreto nº 6.042 - de
12/2/2007 - DOU DE 12/2/2007.

Depreende-se dos autos que o Instituto indeferiu o benefício devido a não


comprovação do tempo de contribuição necessário.
A interessada juntou aos autos às fls. 134 a Certidão de Tempo de
Contribuição original emitida pelo Ministério da Previdência e Assistência Social –
MPAS em 17/06/96 referente aos períodos de: 01/01/69 a 31/12/76, 18/02/77 a
22/04/77, 02/05/77 a 14/02/78, 01/03/78 a 08/03/78 e 16/03/78 a 07/08/88.

O Inciso II do artigo 125 do Decreto 3.048/99


determina que:

Processo: 0136.127.575-5 2/4

150
Seleção de Acórdãos

Art. 125. Para efeito de contagem recíproca,


hipótese em que os diferentes sistemas de previdência
social compensar-se-ão financeiramente, é assegurado:
II – para fins de emissão de certidão de tempo de
contribuição, pelo INSS, para utilização no serviço
público, o cômputo do tempo de contribuição na
atividade privada, rural e urbana, observado o disposto
no § 4º deste artigo e no parágrafo único do art. 123, §
13 do art. 216 e § 8º do art. 239.

Dessa forma, os períodos certificados na mencionada certidão poderão


compor o tempo de contribuição a ser apurado para a concessão do presente benefício,
a exceção do período rural.

O artigos 62 do Decreto 3.048/99 determina que:

Art. 62. A prova de tempo de serviço,


considerado tempo de contribuição na forma do art. 60,
observado o disposto no art. 19 e, no que couber, as
peculiaridades do segurado de que tratam as alíneas “j” e
“l” do inciso V do caput do art. 9º e do art. 11, é feita
mediante documentos que comprovem o exercício de
atividade nos períodos a serem contados, devendo esses
documentos ser contemporâneos dos fatos a comprovar e
mencionar as datas de início e término e, quando se tratar
de trabalhador avulso, a duração do trabalho e a condição
em que foi prestado.
§6º A prova material somente terá validade para a
pessoa referida no documento, não sendo permitida
sua utilização por outras pessoas.

Assim, a fundamentação da Autarquia de que o período rural de 01/01/69 a


31/12/76 não foi computado por tratar-se de período de atividade rural anterior à
competência novembro de 1991 e não ter sido comprovado o recolhimento ou
indenização, está equivocado, posto que a Certidão emitida seria para utilização em um
outro regime de previdência, Contagem Recíproca, não se aplicando no presente
benefício de Aposentadoria por Tempo de Contribuição pleiteado no âmbito do Regime
Geral de Previdência Social, nos termos do art. 123 do Decreto 3.048/99, In Verbis:

Art. 123. Para fins de concessão dos benefícios deste


Regulamento, o tempo de serviço prestado pelo
trabalhador rural anteriormente à competência novembro
de 1991 será reconhecido, desde que devidamente
comprovado.
Parágrafo único. Para fins de contagem recíproca,
o tempo de serviço a que se refere o caput somente será
reconhecido mediante a indenização de que trata o § 13
do art. 216, observado o disposto no § 8º do 239. (Grifo
nosso).

Quanto ao período rural pretendido, dos autos não consta nenhum


documento em nome da interessada que possa comprovar a atividade rural no período

Processo: 0136.127.575-5 3/4

151
Seleção de Acórdãos

alegado de 01/01/69 a 31/12/76, cabendo ressaltar que, caso houvesse, não haveria
necessidade de indenização, já que, conforme mencionado, não se trata de contagem
recíproca.
Ressalto que na ocasião do julgamento, por meio de sustentação oral, o
procurador da interessada, Alexandre Kaiser Rauber, declarou verbalmente a
inexistência de outros documentos para comprovação da atividade rural, destacando
somente o Bloco Modelo 15 apresentado quando do requerimento da Certidão de
Tempo de Serviço ora citada, o qual, segundo ele, está em nome da mãe da
interessada.
Dessa forma, não reconhecemos o período rural de 01/01/69 a 31/12/76,
portanto, conforme demonstrativo de fls. 148, a segurada soma até 25/10/2004, data da
entrada do requerimento, 23 anos, 06 meses e 02 dias de contribuição.
Na oportunidade, cabe também ressaltar que não houve interesse em
reafirmar a data do requerimento para a data em que atingisse tempo para a
aposentadoria proporcional.
Diante do exposto, a interessada não atingiu em 16/12/98, 25 (vinte e cinco)
anos de contribuição para auferir direito adquirido ao benefício, nem tampouco na data
entrada do requerimento, cumpriu com o tempo de contribuição de 25 (vinte e cinco)
anos mais um período adicional de 40% (quarenta por cento) que em 16/12/98 faltava
para atingir o limite, ou seja, 27 anos, 11 meses e 09 dias, na forma do artigo 52 da Lei
n.º 8.213/91 combinado com os artigos 187 e 188 do Decreto n.º 3.048/99.
Pelo exposto, VOTO, no sentido de, preliminarmente, CONHECER DO
RECURSO, para no mérito NEGAR-LHE PROVIMENTO.

NOSIMERE GOMES PACHECO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 1780/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quinta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA LÚCIA DE


ARAGÃO CANALLI e RENATA DOS SANTOS LITO.

Brasília - DF, 22/03/2011

NOSIMERE GOMES PACHECO ANA CRISTINA EVANGELISTA


Relator(a) Presidente

Processo: 0136.127.575-5 4/4

152
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
05ª JR - Quinta Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 35616.000660/2010-17


Unidade de Origem: Agência da Previdência Social Brasília - Sul
Documento: 0138.434.173-8
Recorrente: DANIEL BORDUNI
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): ZILDA PACHECO DE SOUZA

Relatório
1-DANIEL BORDUNI, já qualificado nos autos, recorre em tempo hábil contra a
decisão do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, que indeferiu a concessão do benefício de
Aposentadoria por Tempo de Contribuição requerido em 13/04/2010.
2-O interessado pretende o reconhecimento de condições especiais com posterior
conversão para tempo de serviço comum para o período 16/02/81 a 13/04/2010, durante o qual
exerceu a atividade de TECNICO OPERACIONAL, junto à ETC – Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos, lotado na Rede Postal Noturna no Aeroporto de Brasília, sendo informado
que nos ambientes de trabalho do recursante há ruídos acima de 90 decibéis, conforme DSS-8030
e Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho - LTCAT apresentados às fls. 23 a 27.
3-A documentação apresentada foi submetida à avaliação do Serviço de Saúde do
Trabalhador - SST do INSS, ocasião em que não foi reconhecido o enquadramento pretendido,
nos termos da Análise e Decisão Técnica de fls. 51.
4-Consoante se infere do demonstrativo às fls. 54, computados os vínculos até a
data do requerimento do benefício, foram apurados 29 anos, 04 meses e 27 dias, sendo informado
um pedágio de 05 anos, 04 meses e 09 dias a ser cumprido.
5-O interessado nascera em 07/05/1960, contando na data do requerimento com 49
anos de idade.
6-O indeferimento ocorreu ao fundamento de “Falta de tempo de contribuição...”,
conforme Comunicação de Decisão às fls. 59.
7-Irresignado, o interessado apresentou recurso, mediante razões às fls. 60/61,
alegando, em síntese, que atendeu aos requisitos para a concessão da aposentadoria, fazendo
prova de que laborou exposto a ruídos acima de 90 decibéis, conforme DSS-8030 e LTCAT
apresentados. Reapresenta documentos já apresentados na inicial.
8-O INSS mantém o ato recorrido, fls. 75/76.
9-Já nesta 5ª Junta de Recursos, os autos foram encaminhados à Assessoria
Técnico-Médica do Conselho de Recursos da Previdência Social – ATM/CRPS (fls. 77), para
emissão de parecer acerca da existência de condições especiais nos ambientes de trabalho do
recursante, por presença de ruídos acima de 90 decibéis.
10-Nos termos do parecer de fls. 78, não foi reconhecido o enquadramento
pretendido, ao argumento de que a exposição, devido à variedades de locais onde a atividade é
exercida, ocorreu de forma intermitente.

11-É o relatório.

Processo: 0138.434.173-8 1/4

153
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 11/03/2011 para sessão nº 94/2011 de 18/03/2011 às 10:30.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. BENEFÍCIO
INDEFERIDO. SEGURADO URBANO. EXIGE-SE IDADE E TEMPO
MÍNIMOS. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM TEMPO COMUM. A
CONVERSÃO DE TEMPO DE TRABALHO EXERCIDO SOB CONDIÇÕES
ESPECIAIS EM TEMPO COMUM OCORRE QUANDO RECONHECIDO O
PERÍODO NAQUELAS CONDIÇÕES. ATIVIDADES EXERCIDAS PELO
SEGURADO NÃO RECONHECIDAS EM CONDIÇÕES ESPECIAIS.
PARECERES TÉCNICOS CONTRÁRIOS. NÃO ALCANÇADO O TEMPO DE
35 ANOS A FAZER JUS AO BENEFÍCIO COM TEMPO INTEGRAL. NÃO
TEM IDADE MÍNIMA DE 53 ANOS. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO
DO BENEFÍCIO. ART. 56 DA LEI 8.213/91 E ARTIGO 188 DO DECRETO
3.048/99.. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO
12-Conheço do recurso, porquanto presentes as condições de admissibilidade.
13-A pretensão do segurado é obter a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de
contribuição, pleiteando para tanto reconhecimento de condições especiais e conversão para
tempo comum.
14-Até o advento da Lei n. 9.032/95, era desnecessária a comprovação do exercício
da atividade especial mediante laudo técnico pericial, exceto para o agente ruído, sendo
necessária apenas a demonstração do trabalho efetivo na categoria tida por atividade especial, por
meio dos formulários próprios do Instituto.
15-Todavia, com a promulgação da referida Lei, alterou-se a contagem de tempo como especial,
passando-se a considerar qualquer atividade profissional desde que comprovado o prejuízo à
saúde ou à integridade física do segurado, quando exposto a agentes físicos, químicos ou
biológicos.
16-Assim, nos termos do art. 57 e 58, ambos da Lei n. 8.213/91, e art. 68, do Decreto n. 3.048/99,
é imprescindível a comprovação, mediante laudo técnico ou documento equivalente, da
exposição do recorrente aos agentes perigosos ou insalubres.
17-O Serviço de Segurança do Trabalhador - SST, cuja competência está prevista no parágrafo 5º
do artigo 68 do Decreto 3.048/99, avaliou a documentação apresentada e não acatou o
enquadramento pretendido pelo recursante.
18- Encaminhados os autos à Assessoria Técnico-Médica do Conselho de Recursos
da Previdência Social – ATM/CRPS, a conclusão é no sentido de não reconhecer o
enquadramento pretendido. Assim, tal conclusão não autoriza conversão para o período 16/02/81
a 13/04/2010, por presença do agente nocivo ruído.
19-A concessão da presente aposentadoria é tratada pelo art. 52, da Lei n. 8.213/91, o
qual dispõe:

Art. 52. A aposentadoria por tempo de serviço será devida, cumprida a carência
exigida nesta Lei, ao segurado que completar 25 (vinte e cinco) anos de serviço, se do sexo
feminino, ou 30 (trinta) anos, se do sexo masculino. (Conforme o § 7º do art. 201 da CF/88,
alterado pela EC nº 20/98, esta aposentadoria passou a ser por tempo de contribuição.

20-A verificação do direito à aposentadoria requerida consta do art. 187, do Decreto


n. 3.048/99, senão vejamos:

Processo: 0138.434.173-8 2/4

154
Seleção de Acórdãos

Art. 187.É assegurada a concessão de aposentadoria, a qualquer tempo, nas condições


previstas na legislação anterior à Emenda Constitucional nº 20, de 1998, ao segurado do Regime
Geral de Previdência Social que, até 16 de dezembro de 1998, tenha cumprido os requisitos para
obtê-la.

21-Dentre as alterações da Emenda Constitucional n. 20/98, que derrogou a


legislação previdenciária vigente para introduzir alterações nas normas previdenciárias, está a de
exigir idade mínima de 53 (cinqüenta e três) anos, se homem, e 48 (quarenta e oito) anos, se
mulher, como também o pagamento de 420 (quatrocentos e vinte) contribuições mensais para o
homem, ou seja, 35 (trinta e cinco) anos, e 360 (trezentos e sessenta) para a mulher, ou seja, 30
(trinta) anos.
22-À luz da norma inserta no art. 187 do Decreto 3.048/99, tais exigências só não se
aplicam aos segurados que, até a data da publicação da aludida Emenda, ou seja, em 16/12/98,
tenham implementado as condições necessárias à concessão do benefício, ou seja, 30 (trinta) anos
de tempo de serviço, se homem, e 25 (vinte e cinco) anos de serviço, se mulher.
23-A concessão da aposentadoria por tempo de contribuição para os segurados que
não implementaram seu direito em data anterior a 16/12/98 está regulamentada pelo art. 188, do
Decreto n. 3.0.48/99, o qual prescreve:

Art. 188.O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até 16 de


dezembro de 1998, cumprida a carência exigida, terá direito a aposentadoria, com valores
proporcionais ao tempo de contribuição, quando, cumulativamente: (Redação alterada pelo
Decreto nº 4.729/03)
I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito anos ou
mais de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: a) trinta anos, se
homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e(Redação alterada pelo Decreto nº 4.729/03)b) um
período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por cento do tempo que,
em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de tempo constante da alínea ’a’.
(Redação alterada pelo Decreto nº 4.729/03).

24-Assim, permanece o tempo anteriormente apurado pelo INSS de 29 anos, 04


meses e 27 dias, insuficientes para a concessão da aposentadoria pretendida.
31-Ausentes, portanto, os requisitos do Artigo 52 da Lei 8.213/91 e do artigo 188 do
Decreto 3.048/99.

25-CONCLUSÃO: VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO


RECURSO.

ZILDA PACHECO DE SOUZA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 1287/2011

Processo: 0138.434.173-8 3/4

155
Seleção de Acórdãos

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quinta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ADRIANO JOSÉ SOUSA


CAMPOS e VANDA MARIA LACERDA.

Brasília - DF, 18/03/2011

ZILDA PACHECO DE SOUZA ANA MARIA BARBOSA SANTOS


Relator(a) Presidente em Exercício

Processo: 0138.434.173-8 4/4

156
Seleção de AcórdãoS

04ª JR - Quarta Junta de Recursos

Documento: 0155.337.917-6
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA VITÓRIA DA CONQUISTA-APSVIT
Nº de Protocolo do Recurso: 36526.002865/2011-90
Recorrente(s): LECI CORREIA DE SOUSA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 05/05/2011
Relator(a): MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO

Relatório

Trata o presente processo de recurso impetrado por LECI


CORREIA DE SOUZA, contra decisão do INSS que indeferiu seu pedido
de Aposentadoria por Tempo de Contribuição.
A recorrente solicitou aposentadoria, aos 62 anos de idade, em
01/02/2011, habilitando-se como empregada e o INSS, após regular
procedimento, proferiu despacho denegatório ao requerimento sob
alegação de que não foi atingido o tempo mínimo de contribuição,
conforme o documento Comunicação de Decisão a fls. 42. Informa a
Autarquia Previdenciária neste documento que o benefício não pode ser
concedido porque as atividades exercidas nos períodos 06/03/97 a
30/08/2004 não forma consideradas prejudiciais à saúde, de acordo com a
conclusão da Perícia Médica. Assim sendo, o tempo de serviço apurado
até a data de entrada do requerimento – DER foi de 27 anos, 01 mês e 00
dias, inferior ao tempo mínimo de contribuição de trinta anos.
Os documentos que instruem o processo qualificam legal e
regularmente a pleiteante do benefício.
Objetivando comprovar o preenchimento dos requisitos
legalmente estabelecidos para a concessão do benefício que ora pleitea
bem como a qualidade de segurada, a recorrente apresentou:
Cópia da CTPS, fls. 04 a 07, da qual constam quatro contratos
de trabalho, com as seguintes empresas, nos seguintes períodos e cargos:
EMPREGADOR CARGO
PERÍODO
Antônio José de Souza lavadeira 02/05/84 a 31/03/85
Prefeit. Vitória da Conquista Aux. Administ. 03/03/86 sem data saída
Casa de Saúde S. Geraldo Atend. Enferm. 01/12/90 a 30/08/04
___________________________________________________________

Declarações do Hospital Geral de Vitória da Conquista, fls. 08, informando


que a postulante exerceu a função de auxiliar de enfermagem em Regime
Especial de Direito Administrativo (REDA) naquela unidade no período de
11/04/06 a 10/04/2010.

157
Seleção de Acórdãos

Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP preenchido pela


Casa de Saúde São Geraldo, fls. 13 e 14.
Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP preenchido pela
Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, fls. 15 e 16.
A Perícia Médica do INSS enquadrou como trabalhado em
condições especiais apenas o período de 01/12/1990 a 05/03/1997 no qual
a postulante laborou na Casa de Saúde São Geraldo, sob alegação de que
o PPP contem elementos para comprovação da efetiva exposição aos
agentes nocivos contemplados na legislação e deixou de enquadrado o
segundo período laborada na Casa de Saúde São Geraldo (06/03/1997 a
30/08/2004) e na Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, conforme
documento juntado a fls. 32.
Dados do Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS
juntados a fls. 17 informam recolhimentos da postulante como empregada
além de Antônio José de Souza (01/05/84 a 231/03/85), Prefeitura de
Vitória da Conquista (03/03/86 a 12/2010) e Casa de Saúde São Geraldo
S/A, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia de 11/04/04 a 02/06/09.
O INSS extratou os dados da CTPS e CNIS, e apurou que até
01/02/2011 a postulante já trabalhara 27 anos, 01 mês e 00 dias, restando
cumprir 01 ano, 11 meses e 06 dias, fls. 42 a 47.
Não há nos autos informação sobre a data em que a postulante
tomou conhecimento do ato denegatório.
Em Razões de Recurso datada de 05/05/2011, fls. 43, a
postulante solicita a reforma do ato denegatório. Entretanto, a fls. 44,
declarou que deseja a alteração da espécie do benefício para
Aposentadoria por Idade. Solicita, ainda, que seja revista a decisão que
não enquadrou os períodos laborados para a Prefeitura Municipal de
Vitória da Conquista e o período de 06/03/97 a 30/08/04, laborado para a
Casa de Saúde São Geraldo.
A fls. 63 e 64 o INSS mantém o ato recorrido, sem esclarecer
qual o fundamento para este ato.
O Assessor Técnico da 4ª Junta, em despacho a fls. 65,
ratificando a decisão da Perícia Médica do INSS a fls. 40.

Salvador - BA, 24/08/2011

MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-08-25 para sessão nº 161/2011 de 2011-09-02 às 900

Voto

158
Seleção de Acórdãos

O recurso é tempestivo e instruído conforme os requisitos


previstos na legislação pertinente em vigor.
O INSS negou o pedido da recorrente sob a alegação de falta de
tempo de contribuição e, após a interposição do recurso e da declaração
da ora recorrente sobre o desejo de transformação da espécie do benefício
para Aposentadoria por Idade, não se pronunciou sobre o novo pleito,
limitando-se a manter o ato recorrido.
Em Razões de Recurso e na declaração que juntou ao processo
após a interposição do presente recurso, a recorrente requer:
a) a transformação do pedido inicial de Aposentadoria por
Tempo de Contribuição para Aposentadoria por Idade;
b) nova avaliação de dois períodos laborados para revisão da
decisão da Perícia Medica do INSS que não enquadrou dois
períodos laborados como especiais.
A postulante comprovou materialmente termo inicial de atividade
remunerada em data anterior à promulgação da Lei 8.213, ocorrida em
julho do ano de 1991. Assim, para efeito da determinação do período legal
de carência, a postulante pode e deve beneficiar-se da tabela que integra o
artigo 142 da Lei 8.213/91, segundo a qual, tendo sua filiação ao Regime
Geral da Previdência Social antecedido a promulgação da lei e cumprido o
requisito etário, em atividade, no ano de 2009, deveria comprovar cento e
sessenta e oito meses, ou quatorze anos de contribuição.
A documentação juntada aos autos, originária dos órgãos
empregadores da postulante, tais como contratos registrados na Carteira
de Trabalho e Previdência Social, devidamente registrados no CNIS,
comprova de forma satisfatória a realização de atividade remunerada por
vinte e sete anos e um mês de acordo com extratação realizada pelo INSS
e juntada aos autos, período muito maior que o exigido em lei como
carência aplicável ao caso. De modo que, inexiste óbice à concessão da
aposentadoria pleiteada, para a concessão da qual, aliás, não há qualquer
interferência se os períodos laborados e não considerados pela Perícia
Médica como tendo sido laborados em condições especiais tivessem sido
considerados. Mas, como a recorrente expressa o seu interesse em que
esta questão seja revista, há que se decidir pela manutenção da decisão
da Perícia do INSS. Primeiro porque é a autoridade legalmente competente
para a realização deste tipo de avaliação técnica. Segundo porque o não
enquadramento foi ratificado pelo Assessor Técnico desta Corte.
Por todas as razões acima, deve ser reformada a decisão
denegatória da Autarquia Previdenciária para a concessão da
aposentadoria por idade à pleiteante. E mantida a decisão de não
considerar como tempo laborado em condições especiais o período
laborado pela recorrente para a Prefeitura Municipal de Vitória da
Conquista, assim como o período de 06/03/97 a 30/08/04, laborado
para a Casa de Saúde São Geraldo.
Conclusão – Diante do acima exposto, VOTO no sentido de,
preliminarmente, CONHECER DO RECURSO, e, no mérito, DAR-LHE
PROVIMENTO PARCIAL.

159
Seleção de Acórdãos

Salvador - BA, 24/08/2011

MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 9418/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ANA MARIA SIMÕES


GONÇALVES e ÁGUIDA MARIA DE BARROS GOUVEIA.

Salvador - BA, 02/09/2011

MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO DARCI BORGES ALVES DE SOUZA


Representante do Governo Presidente
04ª JR - Quarta Junta de Recursos

160
Seleção de AcórdãoS

04ª JR - Quarta Junta de Recursos

Documento: 0153.905.076-6
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL RIBEIRA DO POMBAL-
APSRIB
Nº de Protocolo do Recurso: 37123.000578/2010-60
Recorrente(s): MIGUEL ARCANJO CONCEICAO NOBRE
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-RECLUSÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 30/11/2010
Relator(a): MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO

Relatório

Trata o presente processo de recurso impetrado por ELIZANE


CONCEIÇÃO VENTURA, inconformada com o indeferimento do INSS ao
seu pedido de Auxílio pela Reclusão de seu alegado companheiro, José
Raimundo, ocorrida em 05/11/2009. A postulante solicita o benefício para
si própria e para dois filhos menores de idade, havidos com o instituidor e
que, neste ato representa legalmente como tutora nata.
O Atestado de Reclusão, fls. 12 e 33, e documentos pessoais
que instruem o processo qualificam legal e regularmente instituidor e
pleiteante do benefício, comprovam, de forma conclusiva, a reclusão do
instituidor na data informada.
Para comprovar a qualidade de segurado do instituidor foram
juntados aos autos os seguintes documentos:
Certidão de Nascimento de filho do instituidor, nascido em
2007, documento que serve também como prova de convivência marital
entre instituidor e postulante, na qual o instituidor é qualificado
profissionalmente como lavrador, fls. 05.
Certidão de Nascimento de filho do instituidor, nascido em
2004, documento que serve também como prova de convivência marital
entre instituidor e postulante, na qual o instituidor é qualificado
profissionalmente como lavrador, fls. 06.
Declaração de Exercício de Atividade Rural emitido pelo
Sindicato de Trabalhadores Rurais de Nova Soure, fls. 32, informando que
o recluso laborou como parceiro na Fazenda Lagoa do Mato, no período de
15/12/2003 a 05/11/2009. O imóvel pertence a Gerson Purcino Ventura15 a
19.
Contrato de Comodato celebrado entre o instituidor e o
proprietário da Fazenda Lagoa do Mato, fls. 14, validado pelo
reconhecimento cartorial em vinte e oito de setembro de 2010, após a
ocorrência do fato gerador, portanto.
De acordo com dados do Cadastro Nacional de Informações
Sociais – Cadastro Nacional de Informações Sociais, juntados a fls. 20, o

161
Seleção de Acórdãos

instituidor nunca possuiu contrato de trabalho registrado naquele cadastro.


O documento do Sistema Único de Benefícios da DATAPREV
juntado a fls. 22 indica que a postulante recebeu salário maternidade no
período de 06 a 10/2007, pelo nascimento de filho havido como instituidor,
e para a concessão deste benefício foi enquadrada como segurada
especial.
m Entrevista Rural juntada a fls. 25 e 26, a postulante informa
que o companheiro sempre trabalhou como lavrador e labora na mesma
fazenda, que pertence ao seu genitor, há seis anos. Teve com ele dois
filhos e trabalhavam juntos até a reclusão, cultivando feijão, milho,
mandioca, batata, cebola e criando galinhas. A produção destina-se ao
consumo familiar e comercialização de excedentes.
O INSS indeferiu o pedido sob alegação de que não restou
comprovada a qualidade de segurado do instituidor, consoante
Comunicação de Decisão juntada a fls. 27. Neste documento informa-se
que a postulante tomou ciência do ato denegatório em 22/11/2010. Já o
documento juntado a fls. 29 indica que a postulante interpôs o recurso na
mesma data em que tomou conhecimento do indeferimento.
Em suas razões de recurso, fls. 30 e 31, a recorrente requer a
revisão do ato denegatório e afirma que o companheiro sempre tirou da
roça o sustento dos filhos e que a família está em dificuldade de sobreviver
com a ausência do instituidor. E nada mais aduz ou junta aos autos que
indique necessidade de alterar o quanto foi aqui relatado.
O INSS juntou a fls. 38 cópia da entrevista rural da postulante
no processo em que requereu salário maternidade e nesta entrevista a
postulante afirma que ela e o instituidor não moram juntos, mas têm
relacionamento e que este ajuda a sustentar os filhos.
A Autarquia Previdenciária, em despacho a fls. 40 e 41, mantém
o ato recorrido alegando que não há comprovação do exercício de atividade rural
do recluso e nem da união estável entre este e a postulante.

Salvador - BA, 19/08/2011

MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-08-25 para sessão nº 161/2011 de 2011-09-02 às 900

Voto

O recurso ora interposto é tempestivo e instruído regularmente,


de acordo com as determinações legais pertinentes em vigor.
A Lei Previdenciária, notadamente o artigo 80, assegura que aos

162
Seleção de Acórdãos

dependentes do segurado é devido o auxílio-reclusão ao assim dispor:


“Art. 80. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições
da pensão por morte, aos dependentes do segurado
recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa
nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de
abono de permanência em serviço.”
(grifamos)
Portanto, para que o benefício seja concedido, é necessário que
quem o postule comprove:
a) que o instituidor é segurado da Previdência Social;
b) que o segurado instituidor encontra-se recluso;
c) que quem requer o benefício é dependente do segurado
instituidor.
In casu, não resta comprovado de forma conclusivo a qualidade
de segurado especial do recluso, posto que esta condição lhe seria
assegurada de forma inconteste pelo instrumento regulatório do exercício
de atividade realizado em terras de terceiro, mas o contrato de comodato
apresentado é extemporâneo, posto que validado pelo reconhecimento
cartorial após a data de ocorrência do fato gerador. Entretanto, há que se
considerar que o instituidor nunca possuiu contratos de trabalho em
atividade urbana registrado no Cadastro Nacional de Informações Sociais,
que o INSS reconheceu a qualidade de segurada especial à mãe de seus
filhos e que há provas de que vive efetivamente na zona rural e,
principalmente, que foi qualificado profissionalmente como lavrador nas
certidões de nascimentos de seus dois filhos, nascidos em 2003 e 2007.
Deve-se também considerar que é possível apurar se o recluso mantinha a
qualidade de segurado em 2009, ano em que ocorreu o fato gerador.
No que diz respeito à condição de dependente da recorrente,
não resta dúvida de que manteve convivência marital com o instituidor, vez
que teve com eles dois filhos. Ocorre que o mais jovem nasceu em 2007 e
resta comprovar se em 2009, quando ocorreu a reclusão, esta convivência
ainda se mantinha. O fato de ter informado em entrevista rural de processo
diverso que não vivia com o companheiro, não exclui, por si só, a
convivência marital. A divisão de mesmo domicílio para o casal não
constitui condição indispensável para comprovação de união estável e já
há jurisprudência firmada nos tribunais pátrios sobre esta questão.
Ademais, a postulante afirmou que, mesmo sem viver sob o mesmo teto, o
casal mantinha relacionamento.
A condição de dependente é descrita no artigo 16, I da Lei
8.213/91:
“Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência
Social, na condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não


emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um)
anos ou inválido;
[...]

§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que,


sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com

163
Seleção de Acórdãos

a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição


Federal.
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso
I é presumida e a das demais deve ser comprovada.”
Observa-se que o artigo da Constituição a que remete a
legislação previdenciária apenas assinala que “Para efeito da proteção do
Estado é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar”. Mas, o Código Civil vigente, define em seu artigo 1723,
de forma clara e inequívoca, o que é união estável e assim dispõe:
“Art. 1.723 É reconhecida como entidade familiar a união estável
entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública,
contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família.”
A simples leitura da legislação que define a união estável
permite a constatação de que a postulante não trouxe aos autos
um conjunto probatório sólido que permita a convicção plena de
que entre ela e o instituidor do benefício existia à época da
reclusão uma convivência pública, contínua e duradoura,
estabelecida com o objetivo de constituição de família.
De modo que, embora não haja qualquer prova material de que
à época da reclusão, sobrevivesse a união estável o instituidor e a
postulante do benefício, ainda existem possibilidades legais deste fato ser
apurado.
Diante do exposto, esta Corte considera de todo indispensável
que os autos retornem ao órgão de origem para que este realize pesquisa
junto aos vizinhos do recluso, na fazenda Lagoa do Mato, para que sejam
apuradas, de forma conclusiva, as seguintes questões:
a) recorrente e instituidor mantinham convivência marital à
época da ocorrência do fato gerador?
b) o instituidor exercia atividade rural à época de ocorrência do
fato gerador? Em caso de respostas negativas, quando deixou de exercer
esta atividade?
Solicita-se adoção dos cuidados necessários para impedir que
as pessoas ouvidas entrem em contato umas com as outras, evitando
dessa forma, que repassem as informações que prestaram nos
depoimentos. Se porventura existir controvérsia entre os testemunhos,
deverão ser ouvidas tantas pessoas quanto necessárias, a fim de que não
persistam dúvidas.
É de todo indispensável que, após o atendimento da demanda
acima especificada, o órgão de origem promova reavaliação administrativa
do processo e, caso o direito seja reconhecido, comunique o ato a esta
Corte Administrativa, juntando-se ao expediente a sua comprovação.
Diante do exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente,
CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que se processe
o quanto acima foi solicitado.

Salvador - BA, 19/08/2011

164
Seleção de Acórdãos

MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Decisório: 1387/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, DECIDEM os


membros da Quarta Junta de Recursos do CRPS, em CONVERTER O JULGAMENTO EM
DILIGÊNCIA, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ANA MARIA SIMÕES


GONÇALVES e ÁGUIDA MARIA DE BARROS GOUVEIA.

Salvador - BA, 02/09/2011

MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO DARCI BORGES ALVES DE SOUZA


Representante do Governo Presidente
04ª JR - Quarta Junta de Recursos

165
Seleção de Acórdãos

166
Seleção de AcórdãoS

04ª JR - Quarta Junta de Recursos

Documento: 0150.353.583-2
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA BOM JESUS DA LAPA-APSBJL
Nº de Protocolo do Recurso: 35019.000213/2011-88
Recorrente(s): ONOFRE PEREIRA DE SOUZA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 11/05/2011
Relator(a): MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO

Relatório

Trata o presente processo de recurso impetrado por ONOFRE


PEREIRA DE SOUZA, na alegada condição de segurado especial, contra
decisão do INSS que indeferiu seu pedido de Aposentadoria por Idade,
formalizado sob o número 150.531.583-2.
O recorrente solicitou aposentadoria, aos 61 anos de idade, em
22/03/2011 e o INSS denegou o pedido sob alegação de “falta de período
de carência”, conforme despacho a fls. 48. Neste documento se informa
que o postulante tomou ciência do ato denegatório em 18/04/2011 e, de
acordo com o documento juntado a fls. 56, interpôs o presente recurso em
09/05/2011.
Os documentos que instruem o processo qualificam legal e
regularmente o pleiteante do benefício e comprovam que o mesmo
preenche o requisito legal da idade, conforme o disposto no parágrafo no
artigo 48 da Lei 8.213/94, se comprovar a qualidade de segurado especial,
posto que completou sessenta anos em 20/11/2009, consoante carteira de
identidade a fls. 05.
Objetivando comprovar a qualidade de segurado especial e o
preenchimento do requisito da carência legalmente estabelecida para a
concessão do benefício que ora pleitea, o recorrente apresentou, dentre
outros, os seguintes documentos:
Declaração de Exercício de Atividade Rural emitida pelo
Sindicato de Trabalhadores Rurais de Bom Jesus da Lapa informando que
o postulante e proprietário de lote no projeto Formoso A, Setor 21, desde
25/05/89.
Certidão de Cartório de Registro de Imóveis comprovando a
propriedade de lote agrícola no Perímetro Irrigado de Formoso em nome
do postulante, indicando que o lote foi adquirido da CODEFASV, através
de escritura pública datada de 27 de agosto de 1998, fl.s 08 e 09.
Declarações de ITR, fls. 10 a 18, relativas ao referido lote, em
nome do postulante, relativas aos anos de 2004 a 2010.
A fls. 21, 22, 24 e 25 foram juntados documentos do DIF –
Distrito de Irrigação de Formoso A – Contas de Água, em nome do

167
Seleção de Acórdãos

postulante, informando a data de assentamento em 25/05/1989.


De acordo com o documento emitido pelo Sistema Único de
Benefícios da DATAPREV, fls. 27 e do Cadastro Nacional de Informações
Sociais – CNIS, fls. 28, o postulante nunca requereu benefícios
previdenciários ou assistenciais e nunca possuiu vínculos empregatícios.
Ouvido em Entrevista Rural, fls. 29 e 30, o postulante informa
que desde criança trabalha como rurícola, e que trabalha nas mesmas
terras desde 1989, sem nunca ter se afastado da atividade rural desde
então. Afirma que recebeu o lote da CODEVASF em 1989 e que desde
então ali trabalha, juntamente com a esposa. Cultiva banana, mandioca,
abóbora, batata, cana de açúcar, milho e feijão. Informa que deixa uma
parte para o consumo da família e o restante vende nas cidades de Santa
Maria e Bom Jesus da Lapa. Afirma, ainda, que sobrevive da atividade
rural. O entrevistador do INSS afirma que “o requerente foi convicto em
suas respostas”, mas como a Certidão cartorial é de 1997, sugeriu que
fossem ouvidos vizinhos para comprovar se o postulante realmente
trabalha no Lote que adquiriu da CODEVASF e desde quando.
Foram ouvidos dois vizinhos do postulante, fls. 32 e 38,
devidamente qualificados e que apresentaram, ainda, certidões cartoriais
comprovando que também são proprietários de lotes adquiridos da
CODEVASF. A primeira vizinha ouvida afirmou que chegou no Projeto
desde 2000, mas afirmou que tem informações de que o postulante foi um
dos primeiros a chegar no Projeto. Informou que o postulante cuida
pessoalmente de sua roça, juntamente com a esposa e que sempre passa
em frente ao lote do postulante observando que está tudo plantado, em
pleno funcionamento. O segundo vizinho ouvido afirmou que também
chegou ao Projeto em 1989 e que conhece o postulante desde este ano
quando ambos chegaram ao Projeto. Afirmou que desde então o postulante
cuida de sua roça pessoalmente, junto com a esposa, sem a utilização de
empregados.
O INSS homologou como de efetivo labor rurícola apenas o
período de 10/10/96 até 30/12/2009, fls. 46, alegando que não foram
juntados documentos para comprovar o período anterior.
Em suas razões de recursos, fls. 49 e 50, o postulante requer a
revisão do ato denegatório. Afirma que juntou documentos aos autos que
comprova exercício de atividade rural desde 1989. Junta a fls. 51
declaração do Distrito de Irrigação Formoso – DIF, informando que foi
assentado no lote 0001, Setor 021 do Perímetro Irrigado de Formoso –
Setor A desde 25/05/1989 e ainda duas contas de água do referido lote, fls.
52 e 53, a primeira com indicação de data de assentamento em 25/05/89 e
a segunda relativa ao consumo do período 01/01/2011 a 31/01/2011.
De acordo com o despacho juntado a fls. 60, o INSS manteve o
ato recorrido, afirmando que em conformidade com a documentação
apresentada, não ficou comprovada atividade rural no período de carência
legalmente estabelecido.

Salvador - BA, 19/08/2011

168
Seleção de Acórdãos

MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-08-25 para sessão nº 161/2011 de 2011-09-02 às 900

Voto

O recurso é tempestivo e o processo foi instruído regularmente,


de acordo com a legislação pertinente em vigor.
O recorrente requereu o benefício com a idade de 61 anos, após
ter completado, portanto, a idade mínima necessária para pleitear o
benefício para quem, se comprovar ser trabalhador rural, possui a
qualidade de segurado especial da Previdência Social, conforme o disposto
no parágrafo 1º do artigo 48 da Lei 8.213/94.
A lei previdenciária, para a concessão da aposentadoria ora
pleiteada àqueles que se habilitam ao benefício como segurados especiais,
exige que a atividade rural, durante o período legal de carência e no
momento imediatamente anterior à solicitação do benefício, seja
devidamente comprovada. Assim define a questão o artigo 39, da Lei
8.213/94:
“Art. 39. Para os segurados especiais referidos no inciso VII do
art. 1 desta Lei, fica garantida a concessão:
I – de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-
doença, de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (hum)
salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade
rural, ainda que de forma descontínua, no período
imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual
ao número de meses correspondentes à carência do
benefício requerido; [...]
[...] grifamos.
No caso em espécie, o recorrente, para fazer jus ao benefício
que pleitea, precisaria preencher, ainda, dois requisitos além da
já comprovada idade mínima: provar que efetivamente é
segurado especial e que exerceu atividade rurícula no período
legal de carência e até a data do requerimento.
Para o estabelecimento do período legal de carência, a
legislação previdenciária prevê formas diversas caso o pleiteante do
benefício tenha iniciado sua atividade laboral antes ou depois da
promulgação da Lei 8213, ou seja, 24 de julho de 1991.
In casu, o recorrente afirma em suas razões de recurso que
desde a mais tenra idade labora como rurícola e desde 1989 em um lote
que adquiriu da CODEVASF em 1989, juntamente com a esposa, sem
remunerar empregados, ou seja, em regime de economia familiar.
A questão onde se instala a controvérsia entre o ora recorrente

169
Seleção de Acórdãos

e a Autarquia Previdenciária reside no termo inicial de atividade rural que


o recorrente afirma exercer desde 1989 quando se instalou no lote do
Projeto de Irrigação e o ano de 1996 quando a escritura que formaliza a
transferência da propriedade da CODEVASF para o recorrente foi
registrada em cartório.
Para esta Corte, entretanto, a questão inexiste. Primeiro porque
há documentos nos autos – contas de água e declaração do próprio
Projeto, atestando que efetivamente o postulante realiza atividade
agrícola no lote em que foi assentado desde 1989. Segundo porque
essas provas documentais foram corroboradas pela prova testemunhal,
consubstanciada em depoimento de outro assentado que chegou no
Projeto, também, no ano de 1989. De modo que não se entende a razão
pela qual a Autarquia confere apenas ao documento cartorial a
possibilidade de ser acolhido como prova e não às contas de água, a
declaração do Projeto e o depoimento do vizinho que indicam a data de
1989 como termo de início de atividade rural do recorrente no Projeto de
Irrigação da CODEVASF. Até porque não desqualifica as provas ou
sequer informa a razão de não ter aceito os documentos e o testemunho
como provas.
Como não há razão para não aceitar a documentação e a prova
testemunhal, esta Corte identifica o ano de 1989 como termo inicial do
exercício de atividade rural do recorrente. Sendo anterior à promulgação
da Lei 8.213/91, permite que, para cômputo do período legal de carência,
seja utilizada a tabela que integra o artigo 142 da referida Lei que prevê,
para o ano em que o postulante completou a idade mínima, ou seja, 2009,
a necessidade de comprovação de cento e sessenta e oito meses ou
quatorze anos. Como comprova, com provas materiais e testemunhal que
efetivamente desde 1989 até então exerce atividade rural, não há óbice
legal à pretensão do ora recorrente. Assim sendo, de 1989 quanto foi
assentado em Projeto de Irrigação a março de 2011, data em que
requereu o benefício, o postulante comprova mais de quatorze anos de
exercício de atividade rural, tempo superior ao exigido pela lei.
De modo que, comprovando o atendimento de todas as
exigências legais como de fato resta comprovado, não persiste qualquer
óbice legal ao atendimento do pleito, razão pela qual deve ser modificada
a decisão denegatória do INSS para a concessão do benefício ao
segurado.
Conclusão – Diante do acima exposto, VOTO no sentido de,
preliminarmente, CONHECER DO RECURSO, e, no mérito, DAR-LHE
PROVIMENTO.

Salvador - BA, 19/08/2011

MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO


Representante do Governo

170
Seleção de Acórdãos

Decisório

Nº do(a) Acordão: 9410/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ANA MARIA SIMÕES


GONÇALVES e ÁGUIDA MARIA DE BARROS GOUVEIA.

Salvador - BA, 02/09/2011

MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO DARCI BORGES ALVES DE SOUZA


Representante do Governo Presidente
04ª JR - Quarta Junta de Recursos

171
Seleção de Acórdãos

172
Seleção de AcórdãoS

04ª JR - Quarta Junta de Recursos

Documento: 0097.220.027-4
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL COARACI-APSCOA
Nº de Protocolo do Recurso: 36882.000227/2010-02
Recorrente(s): WALDECI GOMES DOS SANTOS
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR VELHICE - TRABALHADOR RURAL
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 05/11/2010
Relator(a): MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO

Relatório

PUREZA MARIA DE SANTANA, em 20/06/1985 requereu


aposentadoria por velhice através do NB 21/097.220.027-4 e esta lhe foi
concedida com Data de Início do Benefício – DIB em 20/06/85, fls. 13, e o
benefício foi cessado em 01/09/2009. Em 16/03/89 foi requerido em nome
de PUREZA MARIA DE JESUS pensão por morte previdenciária sob o NB
01/094.808.583-5 e o benefício foi concedido permanecendo ativo, fls. 05.

De acordo com despacho da Gerência Executiva de Itabuna, fls.


15, em setembro de 2009, a senhora Pureza Maria de Santana para
questionar a razão pela qual um dos dois benefícios dos quais é titular se
encontrava indisponível na agencia bancária. A referida senhora alegou
que efetivamente era titular dos dois benefícios, de números
07/097.220.027-4 e 01/094.808.583-5.

Em documento a fls. 16, O Setor de Monitoramento Operacional


de Benefícios de Itabuna informa que nos dois processos são diferentes,
além dos nomes das titulares, os dados relativos às datas de nascimento,
nome da genitora, NIT’s, Carteiras de identidade, Carteira de Trabalho e
Previdência Social e naturalidade.

O INSS colheu o depoimento da senhora Pureza Maria de


Jesus, fls. 18 e 19, para subsidiar o processo administrativo de apuração
de irregularidade. A depoente confirmou que recebe os dois benefícios
acima referidos e informa, ainda, que ao nascer não foi feito registro
contemporâneo de seu nascimento o que só foi ocorre quando se casou e
a Igreja exigiu a Certidão de Nascimento. Alega não saber quem
providenciou o documento e, sobre a aposentadoria por idade, afirma que
quem providenciou toda a documentação para a concessão foi um primo já
falecido, que Ra dono de terras em Tobias Barreto e a levou para lá para
dar entrada na aposentadoria e, após quinze dias, foi mandada de volta.

173
Seleção de Acórdãos

Informou que apôs a sua digital em documento no município de Tobias


Barreto. Afirma que seu nome é Pureza Maria de Santana e que tanto a
sua mãe quanto à avó também possuíam o sobrenome Santana. Nada
sabe explicar sobre o nome Pureza Maria de Jesus.

O INSS, após o depoimento, que existia irregularidade na


concessão da aposentadoria por velhice em função da não evidência de
efetivo labor na propriedade rural indicada no processo concessório e,
ainda, que entende que a questão dos sobrenomes diversos deriva do
analfabetismo e falta de discernimento, fls. 26.

O INSS, através de Ofício de Defesa cuja cópia junta a fls. 43,


comunicou à beneficiária que identificou irregularidade na concessão dos
dois benefícios que vinham sendo pagos e esclareceu que esta
irregularidade decorre das divergências de titularidade dos dois benefícios
recebidos pela mesma pessoa. Neste documento concede à beneficiária o
prazo de dez dias para apresentar defesa escrita ou provas e documentos
de que dispusesse para demonstrar a regularidade do benefício. Ressalta-
se que o ofício, de nº 035, se encontra datad0 de 27/09/2010 e a
beneficiária deu ciência de ter tomado conhecimento de seu teor em
28/09/2010.

Em Carta datada de 05/11/2010 e com ciência do procurador da


postulante em 05/11/2010, o INSS afirmou que como não houve prova
suficiente ou adição de novos elementos que pudessem caracterizar o
direito ao recebimento do benefício – estranhamente não se indica o
número do benefício a que se refere, nesta correspondência – este será
suspenso e indicando o prazo de trinta dias para recurso contra esta
decisão, de natureza suspensiva.

Em 05/11/2011, fls. 61, a beneficiária recorre a esta Corte e, em


Razões de Recurso, fls. 56 a 59. Busca provar que efetivamente Pureza
Maria de Santana e Pureza Maria de Jesus são a mesma pessoa. Para
tanto afirma que, por não ser alfabetiza, o assento de seu nascimento,
realizado tardiamente, foi promovido por terceiros. Alega que apesar de
não afabetizada, possui memória privilegiada e nunca esqueceu o nome da
mãe, a data e o local onde nasceu. Assim, tratou de promover o seu
registro de nascimento com os dados corretos. A partir dai, todos os seus
documentos foram feitos com base na certidão que continha os dados
corretos, inclusive as certidões de nascimento de seus filhos. Afirma que é
possível observar que nas duas carteiras de identidade as fotos não
deixam dúvida de Maria Pureza de Santa e Maria Pureza de Jesus são a
mesma pessoa. Junta aos autos, fls. 55, procuração pública datada de
28/09/2010, na qual a Sub-Tabeliã identifica como outorgante a senhora
Maria Pureza de Santana e informa que se trata da mesma pessoa que
Maria Pureza de Jesus.

Em despacho a fls. 63, o INSS manteve o ato recorrido,


alegando que o pagamento é indevido porque se trata de pessoas com

174
Seleção de Acórdãos

nomes diferentes.

Salvador - BA, 19/08/2011

MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-08-25 para sessão nº 161/2011 de 2011-09-02 às 900

Voto

O recurso é tempestivo e instruído conforme os requisitos


previstos na legislação pertinente em vigor.
A lei não concede ad infinitum direito à Administração Pública,
notadamente à Previdência Social para rever seus atos, dos quais
decorram benefícios para os seus segurados.
A questão que merece posicionamento deste órgão colegiado
diz respeito ao prazo decadencial para que a Previdência reveja e anule
seus atos dos quais decoram efeitos favoráveis para os seus beneficiários,
já que foi realizada a suspensão de um benefício concedido pela Autarquia
Previdenciária através de ato administrativo ocorrido em 1985. Na verdade,
embora a questão da decadência, nesta Corte, já esteja pacificada, a
discussão é atual por ter sido motivada em função do artigo 54 da Lei
9.784, de 29 de janeiro de 1999.
Ocorre que nova legislação, especificamente a Medida
Provisória nº 10.839, de 19 de novembro de 2003, convertida na Lei 10.839,
de 5 de fevereiro de 2004, ao dar nova interpretação para o termo a quo
dos atos anteriores à publicação da Lei 9.784, alterou de forma significativa
a possibilidade de retroatividade do artigo 54 da referida Lei. E esta nova
interpretação, já assente na jurisprudência pátria, não permite in casu, a
revisão do benefício concedido em 1985 pelo INSS.
O artigo 54 da Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999 estabelece
que:
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários
decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé.

175
Seleção de Acórdãos

§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo


de decadência contar-se-á da percepção do primeiro
pagamento.
§ 2º Considera-se exercício do direito de anular
qualquer medida de autoridade administrativa que importe
impugnação à validade do ato.”
O INSS deparou-se com questão análoga em um caso
concreto em que um benefício especial foi transformado em
aposentadoria excepcional de anistiado, com efeitos favoráveis
ao segurado e com base no Parecer CJ/MPS nº 2.434/2001,
rejeitando a possibilidade de revisão ex ofício do caso com base
na aplicação retroativa do artigo 54 da Lei 9.784 porque já
decorridos mais de cinco anos desde a data do ato, que naquele
caso era 20/11/91.
O entendimento da Autarquia, expresso no citado parecer, por
sua vez, foi elaborado em consonância com o entendimento adotado pelo
Superior Tribunal de Justiça em caso análogo em julgamento realizado
pela Primeira Seção em Mandado de Segurança nº 6.566-DF, cujo
acórdão, publicado no Diário da Justiça de 15 de maio de 2000, recebeu a
seguinte ementa:
“Processual Civil – Mandado de Segurança – Portuários
– Anistia – Aposentadoria Excepcional do INSS – Cancelamento do
Benefício – Decadência do Direito – Lei 9.784, de 29.01.99 e Súmula 473
do STF.
- Após decorridos 5 (cinco) anos não pode mais a
Administração Pública anular ato administrativo gerador de
efeitos no campo de interesses individuais, por isso que se
opera a decadência.
- Segurança concedida.”
Assim resta claro que, naquele momento, o STJ
decidiu-se pela aplicação retroativa do referido artigo 54 da Lei
9.784, de modo que o cômputo inicial do prazo de decadência
de cinco anos nele previsto corresponderia à data da prática do
ato administrativo, ainda que anterior ao advento daquele
diploma legal. De acordo com este raciocínio, um ato adotado,
como in casu, em 01/04/1997 (data do livramento concedido ao
instituidor), só poderia ser revisto pelo INSS até julho de 1986,
ainda que a lei que instituiu este lapso temporal tenha sido
promulgada em abril de 2002.
Ocorre que mais recentemente o STJ, por meio de sua Corte
Especial, órgão de maior relevância daquele órgão colegiado, modificou
este entendimento, firmando posição diversa, estabelecendo que o prazo
decadencial estabelecido no artigo 54 da Lei nº 9.784/99 somente começa
a correr, em relação aos atos a ela anteriores, a partir de 1º de fevereiro de
1999, data em que o referido diploma legal entrou em vigor. O novo
entendimento resta estabelecido, posto que a Corte Especial do STJ, no
julgamento do Mandado de Segurança nº 9.157-DF, ocorrido em 16 de
fevereiro de 2005, posicionou-se afirmando que “entendeu, por maioria,
afastar a prejudicial da decadência do direito de a Administração ter revisto
seu próprio ato, visto que o prazo decadencial de cinco anos previsto na

176
Seleção de Acórdãos

Lei nº 9.784/1999 tem como termo a quo, para os atos que lhe são
anteriores, a data de 1º de fevereiro de 1999, a vigência da própria lei, não
a data do ato de concessão.”
O novo entendimento revela amadurecimento daquela Corte,
posto que passa a refletir de forma mais pertinente a mudança na
sociedade brasileira pela redução do poder do Estado - o jus imperii -
frente aos governados, já que antes da Lei 9.784 o poder do Estado era
ilimitado, e assim sendo poderia a Administração rever os seus atos a
qualquer tempo. Mas reflete também a postura mais madura em relação ao
Direito, ao reconhecer que a função da lei é normatizar o presente e o
futuro e não o passado.
De forma que, não resta dúvida de que a Corte Especial
do STJ firmou novo, pertinente e consistente posicionamento
quanto à incidência do prazo previsto no artigo 54 da Lei nº
9.784/99, estabelecendo que “quanto aos atos anteriores à lei, o
prazo decadencial de cinco anos tem por termo a quo a data da
vigência da lei, e não a data do ato”, nos termos em que se
pronunciou no Mandado de Segurança nº 9.112-DF.
Em função deste novo entendimento do STJ, novo Parecer
CJ/MPS, o de número 3.509-AGU, que incorpora o entendimento da
Advocacia Geral da União, de 26 de abril de 2005, concluiu que o Parecer
CJ/MPS nº 2.434/2001 deve ser declarado nulo. E o fez corretamente, para
que prosperasse o novo entendimento adotado pelo STJ, pela AGU que
por sua vez preserva o princípio da irretroatividade das leis.
Assim, em função da alteração de entendimento ocorrida no
que diz respeito ao prazo decadencial da Administração quanto aos seus
atos até então neste processo relatada, o INSS já contaria com
fundamento para rever, com segurança, os seus atos praticados antes de
fevereiro de 1999, até 31 de janeiro de 2004, quando se encerraria o prazo
decadencial estabelecido naquele diploma legal. Ocorre que, enquanto
este prazo ainda não havia se esgotado, exatamente em 19 de novembro
de 2003, foi editada a Medida Provisória nº 138, posteriormente convertida
na Lei 10.839/2004, que alterou o prazo decadencial originalmente
estabelecido na Lei 9.784/99, ampliando-o para dez anos. De modo que, o
novo diploma legal estendeu o prazo decadencial para que a Previdência
Social anule seus próprios atos antes de transcorrido in totum o lapso
estabelecido pela legislação anterior. O que significa dizer que os atos
relativos a benefícios previdenciários anteriores ao início da vigência
da Lei 9.784/99 só seriam afetados pela decadência, a partir de 1º de
fevereiro de 2009.
Por todas as razões de direito e de fato acima, ao INSS é
permitido rever, cessar o benefício recebido de forma irregular, e poderia
fazê-lo, com amparo legal, até 31 de janeiro de 2009. Mas, no caso em
tela, o primeiro procedimento para rever o seu ato, o ofício de defesa
encaminhada à recorrente alertando-a da irregularidade constatada e
instando-a a juntar aos autos prova que possibilitaria a manutenção da
pensão concedida com irregularidade, ou seja, pelo próprio ato da
Autarquia, data de setembro de 2009, portanto, fora do prazo legal.
Por todas as razões acima acreditamos que a recorrente, em,
tem direito a continuar recebendo o benefício que foi cessado, já que

177
Seleção de Acórdãos

o INSS só iniciou o processo administrativo regular para rever seu ato


quando este direito já havia sido mortalmente ferido pelo prazo decadencial
previsto pelo artigo 103-A da Lei 8.213/91, com as ampliações que alteram
este prazo derivadas do processo jurisprudencial acima minuciosamente
descrito.
Ressalve-se ainda que o Artigo 103-A da Lei 8.213/91 estatui
que:
“Art. 103-A. O Direito da Previdência Social de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus
beneficiários decai em dez anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé”.
E que, não há comprovação nos autos de que a ora recorrente
tenha agido de má fé. Até porque o próprio INSS em despacho
no processo, entende que as irregularidades decorrem do fato
da postulante não ser alfabetizada e não possuir discernimento
para as questões indicadas como irregularidades.
Conclusão – Diante do acima exposto, VOTO no sentido de,
preliminarmente, CONHECER DO RECURSO, e, no mérito, DAR-LHE
PROVIMENTO.

Salvador - BA, 19/08/2011

MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 9403/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ANA MARIA SIMÕES


GONÇALVES e ÁGUIDA MARIA DE BARROS GOUVEIA.

Salvador - BA, 02/09/2011

MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO DARCI BORGES ALVES DE SOUZA


Representante do Governo Presidente

178
Seleção de Acórdãos

04ª JR - Quarta Junta de Recursos

179
Seleção de Acórdãos

180
Seleção de Acórdãos

06ª JR - Sexta Junta de


Recursos

181
Seleção de Acórdãos

182
Seleção de Acórdãos

06ª JR - Sexta Junta de Recursos

Documento: 0080.585.377-4
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA ANÁPOLIS-CENTRO-APSANC
Nº de Protocolo do Recurso: 36644.000976/2008-10
Recorrente(s): FRANCISCO SALES DE SOUZA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PREVIDENCIÁRIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 14/05/2008
Relator(a): ÁLVARO SÓLON DE FRANÇA

Relatório

Recurso interposto por FRANCISCO SALES DE SOUZA, contra a


decisão do INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, indeferindo o seu pedido de
restabelecimento do beneficio de Aposentadoria por Invalidez, cancelada tendo em
vista que Instituto constatou que o interessado retornou voluntariamente à
atividade ao exercer o mandato eletivo de vereador na cidade de Alexânia-Go, no
período de 01/01/1997 a 31/12/2004. Fruto do cancelamento, em comento, o INSS
insta o recorrente a devolver o valor de R$ 27.483,51, (vinte e sete mil,
quatrocentos e oitenta e três reais e cinqüenta e um centavos), correspondente ao
período que interessado retornou à atividade, conforme noticiado às fls.46.
Razões recursais, às fls.49/55, onde o interessado, tempestivamente, via
de sua advogada em síntese, alega que: “em momento algum foi servidor público
da Câmara Municipal; foi eleito democraticamente vereador, por sufrágio popular,
por dois mandatos seguidos (01/1/1997 a 31/12/2004); a sua candidatura a
vereador foi homologada pela Justiça Eleitoral, que não constatou qualquer
impedimento ou irregularidade; que o exercício do mandato de vereador consiste
na prática política com a aceitação popular, através de sufrágio nos termos da
Carta Magna, não se caracterizando vinculo empregatício; a perícia médica do
INSS, em 21/8/2007, reconheceu que o interessado continua incapaz, concluindo
pela manutenção do benefício”.
Contra razões, às fls.75/76, onde a autarquia previdenciária, mantém o
indeferimento pelos motivos já relatados, não informando que o beneficio do
interessado estava suspenso ou cessado. Somente, agora, em seu pedido de
revisão do Acórdão 8.347/2008, (fls.85/86), a autarquia pleiteia a suspensão do
beneficio, ora em discussão, no período de 01/1/1997 a 31/12/2004, em que o
segurado exerceu mandato eletivo de vereador, e o reembolso das quantias
recebidas a titulo de aposentadoria por invalidez naquele período.
A Presidência, deste Conselho, às fls.87, redistribui o processo para
análise, e saneamento, e realização de novo julgamento.
Tendo em vista que não houve a cessação do beneficio de
aposentadoria por invalidez, e somente a cobrança dos valores creditados no
período em que o interessado exerceu o cargo eletivo de vereador, o Acórdão
8.347/2008 deve ser revisto.

183
Seleção de Acórdãos

É o Relatório.

Goiânia - GO, 31/10/2008

ÁLVARO SÓLON DE FRANÇA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2008-11-04 para sessão nº 662/2008 de 2008-11-14 às 800

Voto

Processo de: FRANCISCO SALES DE SOUZA.

O art. 46 da Lei 8.213/91 dispõe que o aposentado por invalidez que


retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente
cancelada.
É fato incontroverso que o interessado é titular de aposentadoria por
invalidez, do Regime Geral de Previdência Social, desde 01/8/1997.
O cerne da controvérsia do pleito em comento, cinge-se ao fato de se
considerar ou não como atividade que resulta na devolução dos valores creditados
a título de aposentadoria por invalidez no período que o interessado exerceu o
mandato eletivo de vereador.
O vereador não é propriamente um prestador de serviços, mas sim um
agente político. E na condição de agente político, do vereador não é exigida plena
capacidade física, mas apenas capacidade mental, além das demais condições de
elegibilidade previstas no art. 14, parágrafo 3º., da Constituição Federal. Ressalte-
se que a assessoria médica, deste Órgão Colegiado, às fls.78, exarou parecer
concluindo que o interessado continua fisicamente incapaz, e mentalmente apto.
Ora, tendo o recorrente cumprido às exigências da Carta Magna e,
sobretudo, sido eleito pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, a
existência de incapacidade física permanente, não impede o exercício da
vereança.
O art. 46, da Lei retro mencionada, quando dispõe que o aposentado por
invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria
automaticamente cancelada, está referindo-se à atividade de prestação de serviços
em geral e não à dos ocupantes de cargos eletivos, que, embora remunerados,
não se incluem na categoria de prestadores de serviços. Sendo que a
Jurisprudência, neste sentido, é pacífica, senão vejamos:
“PREVIDENCIÁRIO. CANCELAMENTO DE APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ. SEGURADO ELEITO VEREADOR. INOBSERVÂNCIA DO DEVIDO
PROCESSO LEGAL. 1.O fato de o segurado titular da aposentadoria por invalidez
estar exercendo mandato eletivo não enseja o cancelamento do benefício,

184
Seleção de Acórdãos

especialmente quando não comprovada sua recuperação. 2. O ato de cancelamento


do benefício sem observar os princípios do devido processo legal e da ampla defesa
autorizam a impetração do mandato de segurança, por traduzir ato abusivo e ilegal.
3. Recurso especial a que se nega provimento.” (Superior Tribunal de Justiça. Resp.
626988. 6ª. Turma. Relator Min. Paulo Medina. 03/3/2005).
“PREVIDENCIÁREIO – MANDADO DE SEGURANÇA – APOSENTADORIA
POR INVALIDEZ – BENEFICIÁRIO ELEITO VEREADOR DE SEU MUNICIPIO –
CANCELAMENTO DO BENEFICIO – ILEGALIDADE. 1 – Se a patologia que acomete o
segurado e que motivou a concessão de sua aposentadoria por invalidez persiste, o
ato que cancela o benefício, em razão dele ter sido eleito vereador, ofende o art. 5º.,
“caput” e inciso I, da Constituição Federal, que asseguram a igualdade, sem
distinção de qualquer natureza. Claramente esse ato, sobre ser restritivo e limitador
de direitos, não se compadece com os critérios de elegibilidade relativos aos demais
cidadãos que estejam em gozo dos seus direitos políticos, aposentados ou não,
para os quais nenhuma limitação ao exercício da cidadania foi imposta pela Carta
Constitucional e pelas Leis Complementares 64/90 e 81/94. 2 – Qualquer aposentado,
seja qual for a espécie de seu benefício, estando no pleno gozo de seus direitos
políticos e desde que não seja analfabeto, poderá ser eleito para cargos juntos aos
Poderes Executivo e Legislativo. Nem mesmo aos deficientes físicos foi imposta
limitação para o exercício e permanência em tais cargos. 3 – O art.46 da Lei 8.213/91,
quando dispõe que o aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à
atividade terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, está se referindo à
atividade de prestação de serviços em geral e não à dos ocupantes de cargos
eletivos, que não se incluem na categoria de prestadores de serviços. 4 – Apelação
provida. Segurança concedida.” (TRF 4ª. Região. Apelação em mandado de segurança,
2001.70.00.92769-6. Quinta Turma. Relator Antonio Albino Ramos de Oliveira. DJ
06/8/2003).
Cumpre, ainda, ressaltar que no período que o interessado exerceu o
mandato eletivo de vereador, (01/1/1997 a 31/12/2004), aqueles que exerciam
mandato eletivo federal, estadual ou municipal, não eram sequer segurados
obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social, pois a alínea “h” do art. 13 da
Lei 8.213/91, introduzida pelo art. 13, par. 1º., da Lei 9.506, de 30/10/1997, foi
declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, no RE 351.717-1 – PR,
tendo sua execução suspensa pela Resolução 26, de 21/6/2005, do Senado
Federal.
Assim sendo, o recorrente faz jus ao pleito, pois o exercício de mandato
eletivo de vereador não configura retorno à atividade descrita pelo art. 46 da Lei,
pré-falada.

VOTO por: Conhecer do recurso e, no mérito DAR-LHE PROVIMENTO.

Goiânia - GO, 31/10/2008

ÁLVARO SÓLON DE FRANÇA


Representante do Governo

Decisório

185
Seleção de Acórdãos

Nº do(a) Acordão: 12178/2008

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sexta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ONOFRE RODRIGUES


DE SOUZA e VASCO PINHEIRO DE LEMOS NETO.

Goiânia - GO, 14/11/2008

ÁLVARO SÓLON DE FRANÇA AUGUSTO BRITO FILHO


Representante do Governo Presidente
06ª JR - Sexta Junta de Recursos

186
Seleção de Acórdãos

06ª JR - Sexta Junta de Recursos

Documento: 0125.524.022-6
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL CALDAS NOVAS-APSCAL
Nº de Protocolo do Recurso: 37055.000549/2008-34
Recorrente(s): OTAVIANO DA CRUZ VIEIRA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PREVIDENCIÁRIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 11/02/2009
Relator(a): EDVANIO SILVA DA COSTA

Relatório

Trata-se de recurso em processo administrativo interposto pelo


Sr. OTAVIANO DA CRUZ VIEIRA, via procurador legalmente constituído nos
autos, contra decisão do INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, que em
revisão de aposentadoria por invalidez detectou indício de retorno voluntário ao
trabalho, NB/32/125.524.022-6, Processo n° 37055.000549/2008-34.

À fl. 04 dos autos existe conclusão da perícia médica, com DID


= 15.09.00, DII = 28.10.00, data limite: 888888, conclusão: 4. Confirmado limite
indefinido.

Houve consulta ao CNIS – Cadastro Nacional de Informações


Sociais, fls. 11/12, 19 e 54/58.

Em ofício – resposta n° 001 a Câmara Municipal de Caldas


Novas, informa que o cargo eletivo não caracteriza trabalho laboral para garantir
sua subsistência, o vereador não e propriamente um prestador de serviços, na
condição de Agente Político, não lhe é exigida pela capacidade física, mas mental,
fl. 13.

Às fls. 14/18 na pesquisa realizada obteve a seguinte resposta:


“estive na câmara municipal e ficou confirmado o vinculo. O segurado exerce cargo
eletivo como vereador desde 01/2005 e atualmente foi diplomado vice prefeito”.

Encaminhado oficio 1921/2008 de defesa ao recorrente,


contendo o seguinte: “...após contato com a empresa, confirmou que V. Sa.
retornou voluntariamente ao trabalho após o início de sua aposentadoria por
invalidez, número 125.524.022-6 iniciada em 07/02/2003 com vínculo na empresa
Câmara Municipal de Caldas Novas no período de 01/2005 a 06/2007”, fl. 22.

Existe às fls. 24/25 existe demonstrativo de cálculo.

Por meio do oficio n° 083/2008 o INSS – Instituto Nacional de

187
Seleção de Acórdãos

Seguro Social informa que comunicou que retornara voluntariamente ao trabalho


após o início de sua aposentadoria por invalidez, n° 125.524.022-6, iniciada em
07/02/2003, nas empresas Câmara Municipal de Caldas Novas no período de
janeiro de 2005 a junho de 2007 e Caldas Novas Prefeitura, a partir de 21/02/2008
e facultou-lhe o prazo para apresentar defesa escrita e as provas ou documentos
objetivando demonstrar a regularidade do beneficio acima mencionado, onde abriu
prazo para recurso, fl. 27.

Razões recursais, fls. 31/38. Apresentou documentos, fls. 39/44.


Aditou o recurso, fl. 45.

Submetido à perícia médica, com conclusão de limite indefinido,


fls. 49/50.

Em consulta ao INFBEN – Informações do benefício, observa-se


que o requerente esteve em gozo de aposentadoria por invalidez previdenciária,
NB/32/125.524.022-6, no período de 07.02.03 a 01.01.05, fl. 53.

Contra-razões, fl. 59.

Autos encaminhados à Assessoria Médica deste Órgão


Colegiado para emissão de parecer conclusivo.

É o Relatório.

Goiânia - GO, 07/05/2009

EDVANIO SILVA DA COSTA


Representante das Empresas

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2009-05-12 para sessão nº 288/2009 de 2009-05-19 às 800

Voto

Recorrente: Otaviano da Cruz Vieira.

De inicio, registre-se, que o recurso é tempestivo;

Uma vez observado o contido nos autos e o exposto em


relatório;

A questão em debate nos autos tange, no aspecto de que se o

188
Seleção de Acórdãos

autor, aposentado por invalidez poderia permanecer recebendo tal beneficio


durante e após o término do mandato de vereador na Câmara Municipal de Caldas
Novas – GO, período de 01/01/2005 a 30/06/2007 e diplomado vice-prefeito desde
21.02.2008 na Prefeitura de Caldas Novas;

Não obstante a análise dos autos, o mesmo foi submetido a


reavaliações técnicas efetuadas pela Assessoria Médica deste Órgão Colegiado, fl.
59/verso, sendo a seguinte conclusão do parecer ofertado: “090309. LMP de
020209 apresenta incapacidade definitiva laboral. 6ª Concordamos parecer LMP.
Ao Ilustre relator. AP desde 060203”;

Prescrevem os artigos 42 a 47 da Lei n° 8.213/91, in verbis:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for
o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de
auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de
atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta
condição.
§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da
verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da
Previdência Social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de
médico de sua confiança.
§ 2º A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se
ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por
invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou
agravamento dessa doença ou lesão.

Art. 43. A aposentadoria por invalidez será devida a partir do dia


imediato ao da cessação do auxílio-doença, ressalvado o disposto nos §§ 1º, 2º e 3º deste
artigo.
§ 1º Concluindo a perícia médica inicial pela existência de
incapacidade total e definitiva para o trabalho, a aposentadoria por invalidez será devida:
(Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
a) ao segurado empregado, a contar do décimo sexto dia do
afastamento da atividade ou a partir da entrada do requerimento, se entre o afastamento e
a entrada do requerimento decorrerem mais de trinta dias; (Redação Dada pela Lei nº
9.876, de 26.11.99)
b) ao segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte
individual, especial e facultativo, a contar da data do início da incapacidade ou da data da
entrada do requerimento, se entre essas datas decorrerem mais de trinta dias.(Redação
Dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
§ 2o Durante os primeiros quinze dias de afastamento da atividade por
motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário. (Redação
Dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

Art. 44. A aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de


acidente do trabalho, consistirá numa renda mensal correspondente a 100% (cem por
cento) do salário-de-benefício, observado o disposto na Seção III, especialmente no art. 33
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
§ 2º Quando o acidentado do trabalho estiver em gozo de auxílio-
doença, o valor da aposentadoria por invalidez será igual ao do auxílio-doença se este, por
força de reajustamento, for superior ao previsto neste artigo.

Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que

189
Seleção de Acórdãos

necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e


cinco por cento).
Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo:
a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite
máximo legal;
b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for
reajustado;
c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao
valor da pensão.

Art. 46. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à


atividade terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno.

Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do


aposentado por invalidez, será observado o seguinte procedimento:
I - quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos, contados
da data do início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu
sem interrupção, o benefício cessará:
a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar
à função que desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da legislação
trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido
pela Previdência Social; ou
b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-
doença ou da aposentadoria por invalidez, para os demais segurados;
II - quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o período do
inciso I, ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho
diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da
volta à atividade:
a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data em
que for verificada a recuperação da capacidade;
b) com redução de 50% (cinqüenta por cento), no período seguinte de
6 (seis) meses;
c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual
período de 6 (seis) meses, ao término do qual cessará definitivamente.

Determinam os artigos 43 a 50 do Decreto n° 3.048/99, in verbis:

Art.43. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida a carência


exigida, quando for o caso, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de
auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para
o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto
permanecer nessa condição.
§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da
verificação da condição de incapacidade, mediante exame médico-pericial a cargo da
previdência social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de
médico de sua confiança.
§ 2º A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se
ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por
invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou
agravamento dessa doença ou lesão.

Art.44. A aposentadoria por invalidez consiste numa renda mensal


calculada na forma do inciso II do caput do art. 39 e será devida a contar do dia imediato
ao da cessação do auxílio-doença, ressalvado o disposto no § 1º.
§ 1º Concluindo a perícia médica inicial pela existência de

190
Seleção de Acórdãos

incapacidade total e definitiva para o trabalho, a aposentadoria por invalidez será devida:
I-ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do
afastamento da atividade ou a partir da data da entrada do requerimento, se entre o
afastamento e a entrada do requerimento decorrerem mais de trinta dias; e (Redação dada
pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/99)
II-ao segurado empregado doméstico, contribuinte individual,
trabalhador avulso, especial ou facultativo, a contar da data do início da incapacidade ou
da data da entrada do requerimento, se entre essas datas decorrerem mais de trinta dias.
(Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/99)
§2ºDurante os primeiros quinze dias de afastamento consecutivos da
atividade por motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o
salário. (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/99)
§ 3º A concessão de aposentadoria por invalidez, inclusive mediante
transformação de auxílio-doença concedido na forma do art. 73, está condicionada ao
afastamento de todas as atividades.

Art.45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que


necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de vinte e cinco por
cento, observada a relação constante do Anexo I, e:
I - devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo
legal; e
II - recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado.
Parágrafo único. O acréscimo de que trata o caput cessará com a
morte do aposentado, não sendo incorporado ao valor da pensão por morte.

Art.46. O segurado aposentado por invalidez está obrigado, a qualquer


tempo, sem prejuízo do disposto no parágrafo único e independentemente de sua idade e
sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da
previdência social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e
tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que
são facultativos.
Parágrafo único. Observado o disposto no caput, o aposentado por
invalidez fica obrigado, sob pena de sustação do pagamento do benefício, a submeter-se a
exames médico-periciais, a realizarem-se bienalmente.

Art.47. O aposentado por invalidez que se julgar apto a retornar à


atividade deverá solicitar a realização de nova avaliação médico-pericial.
Parágrafo único. Se a perícia médica do Instituto Nacional do Seguro
Social concluir pela recuperação da capacidade laborativa, a aposentadoria será
cancelada, observado o disposto no art. 49.

Art.48. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à


atividade terá sua aposentadoria automaticamente cessada, a partir da data do retorno.

Art.49. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do


aposentado por invalidez, excetuando-se a situação prevista no art. 48, serão observadas
as normas seguintes:
I - quando a recuperação for total e ocorrer dentro de cinco anos
contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a
antecedeu sem interrupção, o beneficio cessará:
a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar
à função que desempenhava na empresa ao se aposentar, na forma da legislação
trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido
pela previdência social; ou
b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-

191
Seleção de Acórdãos

doença e da aposentadoria por invalidez, para os demais segurados; e


II - quando a recuperação for parcial ou ocorrer após o período
previsto no inciso I, ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício de
trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem
prejuízo da volta à atividade:
a) pelo seu valor integral, durante seis meses contados da data em
que for verificada a recuperação da capacidade;
b) com redução de cinqüenta por cento, no período seguinte de seis
meses; e
c) com redução de setenta e cinco por cento, também por igual
período de seis meses, ao término do qual cessará definitivamente.

Art.50. O segurado que retornar à atividade poderá requerer, a


qualquer tempo, novo benefício, tendo este processamento normal.
Parágrafo único. Se o segurado requerer qualquer benefício durante o
período citado no artigo anterior, a aposentadoria por invalidez somente será cessada,
para a concessão do novo benefício, após o cumprimento do período de que tratam as
alíneas "b" do inciso I e "a" do inciso II do art. 49.

No caso presente, deve-se observar que o recorrente obteve o


benefício de aposentadoria por invalidez, em face de ser segurado do Regime
Geral de Previdência Social na condição de comerciário, contribuinte individual,
incapacitado para o exercício de suas atividades laborais normais, por ser portador
da doença “diabetes”, conforme perícias médicas de fls. 04 e 49/50;

O fato de ter sido eleito para o exercício do cargo de vereador e


depois vice-prefeito, não acarreta, por si só, a cessação da aposentadoria por
invalidez que percebia em virtude de doença;

Destaca-se que vereador e vice-prefeito não são propriamente


prestadores de serviços, mas sim um agente político. E nesta condição de agente
político, a plena capacidade física não é exigida, exigindo-se, portanto, apenas
capacidade mental, além das demais condições de elegibilidade previstas no art.
14, § 3° da Constituição Federal, a saber: - a nacionalidade brasileira; - o pleno
exercício dos direitos políticos; - o alistamento eleitoral; - o domicílio eleitoral na
circunscrição; - a filiação partidária; - a idade mínima de dezoito anos;

Assim, atendidas as exigências do art. 14, § 3° da CF e, tendo


sido eleito pelo sufrágio universal e pelo voto direito e secreto, a existência de
incapacidade física total e permanente, no caso “diabetes”, não impede o exercício
dos cargos de vereador e vice-prefeito. E não impedindo, não se pode
simplesmente presumir que tenha cessado a incapacidade;

Além do que, não se pode esquecer que embora o exercício do


cargo de vereador e posteriormente de vice-prefeito sejam remunerados, o
recorrente não retornou propriamente à atividade. Impende destacar o teor do art.
46 da Lei n° 8.213/91, utilizando como fundamento pela Autarquia Federal para
cessar a aposentadoria por invalidez percebida pelo mesmo:

Art. 46. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à


atividade terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno.

192
Seleção de Acórdãos

De outro turno, cabe também destacar que o recorrente poderia


cumular, se estivesse na ativa, a atividade que desenvolvia com o cargo de
vereador ou vice-prefeito, desde que houvesse compatibilidade de horários;

Em assim sendo, a leitura que se apresenta na situação em


discussão é de que o exercício de mandato eletivo é distinto da prestação de
serviço mediante contrato de trabalho. Essa, por disposição legal, exige a pela
capacidade física do empregado para o exercício da função. Já para o exercício do
cargo de vereador ou vice-prefeito, com base nos requisitos estabelecidos pela
Constituição Federal, nota-se que não se exige a plena capacidade física do eleito,
tratando-se, portanto, de situações distintas;

Ainda, cabe por oportuno lembrar que a Sexta Turma do STJ


julgado o processo Resp 626.988/PR, relatado pelo Ilustre Ministro Paulo Medina,
por unanimidade negou provimento ao recurso da Autarquia trazendo a seguinte
ementa:

PREVIDENCIÁRIO. CANCELAMENTO DE APOSENTADORIA POR


INVALIDEZ. SEGURADO ELEITO VEREADOR. INOBSERVÂNCIA DO DEVIDO
PROCESSO LEGAL. 1. O fato de o segurado titular da aposentadoria por invalidez estar
exercendo mandato eletivo não enseja o cancelamento do benefício, especialmente
quando não comprovada sua recuperação. 2. O ato de cancelamento do benefício sem
observar os princípios do devido processo legal e da ampla defesa autorizam a impetração
do mandado de segurança, por traduzir ato abusivo e ilegal. 3.Recurso especial a que se
nega provimento.

No mesmo acórdão prolatado acata ordem concedida pelo


Tribunal a quo, quando aduz:
"Por outro lado, quando o art. 46 da Lei nº 8.213/91 dispõe que o aposentado
por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente
cancelada, está referindo-se à atividade de prestação de serviços em geral, cujo desempenho
depende depende de habilitação física. Assim, se o aposentado volta a trabalhar, porque readquiriu
sua aptidão física, não mais se justificando a percepção do benefício. Ocorre que ocupantes de
cargos eletivos não se incluem na categoria de prestadores de serviços.
Eles têm outro status. São agentes políticos, que trabalham, sim, exercem
uma função, percebem uma remuneração, mas seu trabalho não se identifica com a prestação de
serviços. Eles não trabalham para o Estado: eles encarnam o Estado, personificam a sociedade civil
e seu vínculo é de natureza política. E o exercício desse munus público não pressupõe total higidez
ou plena capacidade física. Para que o cidadão se sobressaia nessa atividade, fundamentalmente,
de capacidade intelectual. Também por essa razão, o art. 46 da Lei nº 8.213/91 não tem aplicação
no caso em tela."

Ressalta também, que o cancelamento do benefício, com o


retorno do beneficiário ao trabalho, só poderia se dar depois de ter recuperado a
capacidade para o desempenho de suas funções, devendo, antes porém ser
submetido ao procedimento estabelecido pelo art. 47 da Lei 8.213/91;

Soma-se ainda, que conforme laudos médicos periciais, fls.


49/50 e 59/verso, o recorrente continua incapacitado para o exercício das
atividades laborativas;

Portanto, ainda que o recorrente tivesse se recuperado para o

193
Seleção de Acórdãos

exercício de atividade laboral, o que não ocorreu, a Autarquia Federal deveria ter
observado um procedimento especial e reduzir de forma gradativa o valor da
aposentadoria por invalidez, o que não foi efetuado pelo INSS – Instituto Nacional
do Seguro Social;

Conclui-se, portanto, que o recorrente faz jus ao


restabelecimento da aposentadoria por invalidez a contar da data em que o INSS –
Instituto Nacional do Seguro Social efetuou a cessação, friso que deverão ser
abatidos os valores já pagos pela Autarquia Previdenciária a título de
aposentadoria por invalidez após tal data, evitando-se, assim, o enriquecimento
sem causa do recorrente.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

Goiânia - GO, 07/05/2009

EDVANIO SILVA DA COSTA


Representante das Empresas

Decisório

Nº do(a) Acordão: 5261/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sexta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: PEDRO LUIZ


VICZNEVSKI, OSMAR PACINI FERNANDES VIEIRA e TEREZINHA BUENO LACERDA.

Goiânia - GO, 19/05/2009

EDVANIO SILVA DA COSTA AUGUSTO BRITO FILHO


Representante das Empresas Presidente
06ª JR - Sexta Junta de Recursos

194
Seleção de Acórdãos

06ª JR - Sexta Junta de Recursos

Documento: 0149.415.529-7
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA ANÁPOLIS-CENTRO-APSANC
Nº de Protocolo do Recurso: 36644.000681/2011-49
Recorrente(s): SONIA BARROS AGUIAR MELO
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 17/02/2011
Relator(a): ÁLVARO SÓLON DE FRANÇA

Relatório

Recurso interposto por SONIA BARROS AGUIAR MELO, contra a


decisão do INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, que indeferiu o seu
pedido de cessação do desdobramento do beneficio de Pensão por Morte,
concedido a DENISE MARA SILVA, na condição de dependente
(companheira), em 15.03.2010, em razão do óbito do aposentado por
invalidez do Regime Geral da Previdência Social JAKSON FERREIRA DE
MELO JUNIOR, ocorrido em 24.07.2009.

A denegatória do pleito pela autarquia previdenciária, conforme


noticiado às fls. 626, teve como supedâneo o seguinte motivo: “o beneficio
concedido a Sra. Denise Mara da Silva encontra-se atualmente apenas
suspenso e não cessado, os valores de sua cota não serão revertidos até
que haja decisão definitiva em fase recursal”.

Em obediência aos princípios do contraditório e da ampla defesa,


albergados pela Constituição Federal, foi oportunizado prazo para que a
possível beneficiária Denise Mara da Silva ofertasse as suas contrarrazões
ao pedido formulado pela pensionista Sonia Barros Aguiar Melo. A possível
beneficiária Denise, apesar de regularmente notificada, inclusive por meio de
edital, (fls.359 do processo em apenso), quedou inerte não ofertando as
suas contrarrazões.

Razões recursais às fls.653-671, onde a recorrente alega, em


síntese, que: não concorda com o indeferimento do beneficio, pois a Sra.
Denise Mara da Silva não comprovou que manteve união estável com o
instituidor da pensão; requer que cota concedida a Sra. Denise seja,
imediatamente, revertida a seu favor.

Contrarrazões às fls.702-703, onde a autarquia previdenciária

195
Seleção de Acórdãos

mantém o indeferimento, pelas razões anteriormente relatadas.

É o Relatório.

Goiânia - GO, 29/04/2011

ÁLVARO SÓLON DE FRANÇA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-05-12 para sessão nº 317/2011 de 2011-05-23 às 800

Voto

Processo de: SONIA BARROS AGUIAR MELO.

Conforme consta dos autos, o recurso é tempestivo.

Cumpre relembrar que, o caráter social da norma previdenciária


requer interpretação finalística, ou seja, em conformidade com os seus
objetivos. Registre-se, por oportuno, que o caráter de direito social da previdência
social, está intimamente vinculado à concretização da cidadania e ao respeito à
dignidade humana.

Por outro turno, o Regime Geral de Previdência Social está inserto,


segundo a nossa Carta Magna, no capitulo da Ordem Social que tem como
base o primado do trabalho e como objetivo o bem estar e a justiça, sociais.

A matéria, em destaque, está regulada nos artigos 16 e 74 da Lei


8.213/91, assim como os 16, 22 e 105 do Regulamento da Previdência
Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99.

A concessão do benefício de pensão por morte depende da


ocorrência do evento morte, da demonstração da qualidade de segurado do
de cujus e da condição de dependente (companheira) de quem objetiva a
pensão.

O cerne da controvérsia do pleito, em comento, restringe-se a

196
Seleção de Acórdãos

comprovação da condição de dependente (companheira – união estável) da


Senhora DENISE MARA DA SILVA em relação ao instituidor da pensão
JAKSON FERREIRA DE MELO JUNIOR.

Os dependentes de primeira categoria, ou seja, o cônjuge,


companheiro ou companheira e filho não emancipado, menor de 21 (vinte e
um) anos ou inválido, mencionados no inciso I do artigo 16, da Lei retro
mencionada, presumem-se dependentes. Basta, portanto, a prova de que se
enquadram em uma das situações referidas, através da apresentação de
certidão de casamento ou nascimento, ou comprovação da invalidez, ou, na
hipótese dos companheiros, pela demonstração da união estável.

A nossa Carta Maior em seu artigo 226, parágrafo 3o. preceitua que:
“Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o
homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua
conversão em casamento”.

O artigo 1o. da Lei 9.278/96 define o que seja entidade familiar,


assim como os requisitos para a sua formação, senão vejamos, “verbis”: “ É
reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e
contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com o objetivo de
constituição de família”, grifos nossos.

Por seu turno, a Lei 10.406 que instituiu o Código Civil, em seu
artigo 1.723, parágrafo 1º, preceitua que “A união estável não se constituirá
se ocorrerem os impedimentos do art. 521; não se aplicando a incidência do
inciso IV no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou
judicialmente”.

A mesma Lei, retro mencionada, em seu art. 1.727, ensina que: “As
relações não eventuais entre o homem e a mulher impedidos de casar,
constituem concubinato”.

Não há registros, nos autos, que, por ocasião do óbito, ocorrido em


24.07.2009, o instituidor da pensão JAKSON FERREIRA DE MELO
JUNIOR estivesse separado judicialmente ou de fato de sua esposa a
pensionista SONIA BARROS AGUIAR.

Portanto, o relacionamento mantido pelo instituidor da pensão com


a Senhora Denise Mara da Silva não foi de união estável e sim de
concubinato.
Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal, em decisão recente,
firmou o entendimento que não cabe a partilha do beneficio de pensão por
morte entre a esposa e a concubina, senão vejamos:
COMPANHEIRA E CONCUBINA – DISTINÇÃO. Sendo o Direito

197
Seleção de Acórdãos

uma verdadeira ciência, impossível é confundir institutos, expressões e


vocábulos, sob pena de prevalecer a babel.
UNIÃO ESTÁVEL - PROTEÇÃO DO ESTADO. A proteção do
Estado à união estável alcança somente as situações legitimas e nestas não
está incluído o concubinato.
PENSÃO – SERVIDOR PUBLICO – MULHER – CONCUBINA –
DIREITO. A titularidade da pensão decorrente do falecimento de servidor
publico pressupõe vínculo agasalhado pelo ordenamento jurídico,
mostrando-se impróprio o implemento de divisão a beneficiar, em detrimento
da família, a concubina.
RE 590.779-1/ES. Rel. Ministro Marco Aurélio. Publ. DJe 59 de
27.03.2009.

Assim sendo, o beneficio de pensão por morte (NB 21/151.484.135-


2), concedido indevidamente à Sra. Denise Mara da Silva deve ser cessado,
e os valores da sua cota devem ser revertidos à legítima beneficiária do
instituidor da pensão, (JAKSON FERREIRA DE MELO JUNIOR), ou seja, a
pensionista SONIA BARROS AGUIAR MELO.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de


preliminarmente, CONHECER DO RECURSO, para no mérito DAR-LHE
PROVIMENTO.

Goiânia - GO, 29/04/2011

ÁLVARO SÓLON DE FRANÇA


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 5692/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sexta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: RAQUEL DE ABREU M.


DOS SANTOS e JOSÉ ROSSINI SOARES DOS SANTOS.

Goiânia - GO, 23/05/2011

198
Seleção de Acórdãos

ÁLVARO SÓLON DE FRANÇA AUGUSTO BRITO FILHO


Representante do Governo Presidente
06ª JR - Sexta Junta de Recursos

199
Seleção de Acórdãos

200
Seleção de Acórdãos

07ª JR - Sétima Junta de


Recursos

201
Seleção de Acórdãos

202
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
07ª JR - Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 36926.001421/2010-43


Unidade de Origem: AGÊNCIA SABARÁ
Documento: 0147.850.031-7
Recorrente: VIRGINIA EXPEDITA DE CASTRO COELHO
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Relator(a): ELVIRA DAS GRAÇAS DE SOUZA

Relatório
Analisando o recurso apresentado pela interessada supra na sessão do dia 27/10/10, decidiu
o Colegiado pela conversão do julgamento em diligência para:
a) verificar se o “de cujus” possuía a condição de segurado na data do óbito, juntando ao
processo a documentação comprobatória desta condição;
b) caso positivo, convocar a recorrente a formalizar pedido de justificação administrativa,
tendente a comprovar sua dependência econômica em relação ao filho;
c) processar e homologar a Justificação Administrativa.
O INSS anexou ao processo comprovante de que o “de cujus” era segurado da
previdência social na categoria empresário, contribuinte individual, fls. 56.
Processou também a justificação administrativa e homologou quanto à forma.
O INSS deixou de homologar a J. A. quanto ao mérito, alegando não constar do processo,
início de prova material apta à comprovação do fato alegado, fls. 54.
Ao manter o indeferimento, a Seção de Reconhecimento de Direitos da GEX de Ouro
Preto alega que os documentos de fls. 27/30 não podem ser considerados sem a devida
conferência de sua contemporaneidade. Não há comprovante de mesmo endereço em nome do
segurado em data anterior à do óbito que o artigo 147 afirma não caber recurso da decisão da
autoridade competente do INSS que considerar eficaz ou ineficaz a justificação administrativa,
fls.57.
Transcrevo, abaixo, o relatório apresentado anteriormente:
“Por morte do seu filho, Daniel Túlio de Castro Coelho, ocorrida em 16/04/2010,
requereu a Sra. Virginia Expedita de Castro Coelho a pensão em referência no INSS em
03/05/10.
Seu pedido foi indeferido pelo INSS, em virtude de não ter sido comprovada a sua
dependência econômica em relação ao falecido.
Conforme documentos constantes dos autos o de-cujus era solteiro, foi empregado no
período de 02/06/97 a 17/04/06, fls. 04/05 e a partir de 23/06/04 constituiu uma firma Ltda. em
seu nome e de outros sócios, sendo ele um dos administradores da empresa.
Constam dos autos: duas notas fiscais de mercadorias adquiridas pelo falecido em
31/03/10 e 07/04/10, fls. 27/30; Extrato Anual de Benefício da previdência social em nome da
requerente referente aos anos de 2008/2009 e Nota Fiscal de Fatura de Serviços de
Telecomunicações da VIVO, mês 04/10, em nome dele, constando destes documentos o mesmo
endereço da mãe e do filho, fls. 31/34”.

Inclusão em Pauta

Processo: 0147.850.031-7 1/3

203
Seleção de Acórdãos

Incluído em Pauta no dia 22/03/2011 para sessão nº 187/2011 de 30/03/2011 às 08:00.

Voto
EMENTA: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA. – REQUERENTE –
MÃE. NECESSIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DE
SEGURADO DO INSTITUIDOR E DA EXISTÊNCIA DA DEPENDÊNCIA
ECONÔMICA ENTRE A REQUERENTE E O EX. SEGURADO.
POSSIBILIDADE EM FACE DA COMPROVAÇÃO DA DEPENDÊNCIA
ECONÔMICA. IMPROPRIEDADE DO ATO RECORRIDO. LEGISLAÇÃO
APLICÁVEL ARTIGO 16 § 7º E ARTIGO 22 DO DECRETO 3048/99..
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO

Processo de Virginia Expedita de Castro Coelho

Conheço do recurso, pois pertinente à matéria e apresentado em tempo hábil.


Discute-se nos autos o direito à pensão requerida pela mãe do ex. segurado falecido em
16/04/10.
A mãe está elencada, como dependente do ex. segurado no artigo 16 inciso II do Decreto
3048/99, portanto, para fazer jus à pensão por morte do filho deve comprovar que dele dependia
economicamente, conforme prevê o § 7º deste artigo:

“§ 7º A dependência econômica das pessoas de que trata o inciso I é presumida e a


das demais deve ser comprovada”;

A comprovação da dependência econômica deve ser feita mediante apresentação de um


conjunto mínimo de três dos documentos citados no § 3º incisos III a IV; VI a XV e XVII do art.
22 do Dec. 3048/99:

“§ 3º Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso,


devem ser apresentados no mínimo três dos seguintes documentos: (Redação dada pelo
Decreto nº 3.668, de 22/11/2000)”

III – declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como


seu dependente;
IV – disposições testamentárias;
VI – declaração especial feita perante tabelião;
VII – prova de mesmo domicílio;
VIII – prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou
comunhão nos atos da vida civil;
IX – procuração ou fiança reciprocamente outorgada;
X – conta bancária conjunta;
XI – registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como
dependente do segurado;
XII – anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados;
XIII – apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a
pessoa interessada como sua beneficiária;
XIV – ficha de tratamento em instituição da assistência médica, da qual conste o
segurado como responsável;
XV – escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de
dependente”;
XVII – quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar”.
Pela análise dos presentes autos conclui-se que a recorrente apresentou 2 das provas
enumeradas acima, a saber:

Processo: 0147.850.031-7 2/3

204
Seleção de Acórdãos

a) mesmo domicilio, representado pela conta de telefone de fls. 08 em nome do


ex.segurado, referente ao mês 04/10, postada na EBTC em 08/04/10, com data de vencimento
marcada para 16/04/10 e Extrato Anual de Benefício do INSS enviado à recorrente em 07/10/09,
fls. 31;
a) alega o INSS que não há comprovante de mesmo endereço em nome do segurado
anterior ao óbito, entretanto, com relação à conta de telefone, se sua postagem na EBTC foi feita
em 08/04/10 é sinal de que é anterior ao óbito, ocorrido em 16/04/10;
b) prova de encargos domésticos evidentes, representado pelas Notas Fiscais originais de
fls. 27/31 em nome do falecido, emitidas em 31/03/2010 e 07/04/2010 e recebidas por sua mãe
no endereço de residência de ambos;
b. b) não procede, o argumento do INSS de que os documentos de fls. 27/31 não podem
ser considerados sem a devida conferência de sua contemporaneidade, pois são eles originais.
A justificação administrativa foi, portanto, realizada com base em indícios de provas
documentais, contrariando a afirmação do INSS, fls. 54, de que não iria homologá-la quanto ao
mérito por inexistir indício de prova documental.
Não procede também, o argumento de que não cabe recurso da autoridade competente do
INSS que homologou a J. A. como ineficaz, pois a Justificação Administrativa não chegou a
ser homologada quanto ao mérito.
Em face dos indícios de prova acima citados, dos depoimentos das testemunhas
ouvidas, considero a justificação administrativa eficaz em seu mérito, para efeito de comprovar a
dependência econômica da recorrente em relação ao filho falecido.
Ademais, além de a dependência econômica não precisar ser total, podendo ser parcial, é
fato público e notório que nos lares mais humildes, como é o presente caso, todos contribuem
para a mantença da família.
Pelo exposto, e convicta quanto à minha decisão,

VOTO pelo conhecimento e PROVIMENTO AO RECURSO.

ELVIRA DAS GRAÇAS DE SOUZA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 3363/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: FERNANDO CÉSAR


MAGALHÃES e ANGELA MARIA RODRIGUES.

Belo Horizonte - MG, 30/03/2011

ELVIRA DAS GRAÇAS DE SOUZA SUELI SILVA ROCHA


Relator(a) Presidente

Processo: 0147.850.031-7 3/3

205
Seleção de Acórdãos

206
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
07ª JR - Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 36338.000115/2011-09


Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL CAMBUÍ
Documento: 0544.260.224-4
Recorrente: NATALIO PEDROSO DE OLIVEIRA
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: AMPARO SOCIAL AO IDOSO
Relator(a): ELVIRA DAS GRAÇAS DE SOUZA

Relatório

Trata de recurso apresentado por Natálio Pedroso de Oliveira, contra decisão do INSS que
deixou de reconhecer seu direito ao Amparo Social ao Idoso requerido em 05/01/2011.
Alega o INSS, que "a renda per capita do grupo familiar do requerente é igual ou superior
a ¼ do salário mínimo", fls.27.
Na declaração de fls.03/04, informou-se que o grupo familiar é composto pelo interessado
e sua esposa e que não possuem fonte de rendimento.
Na Escritura Pública de Declaração, lavrada no Cartório do 1º Ofício de Notas da
Comarca de Cambuí, em 04/01/01, declara o postulante: viver na companhia da esposa, Elena
Maria de Oliveira; que atualmente estão desempregados; não têm rendimentos; sua esposa
contribui para o INSS como facultativa, mas quem está pagando para ela são os filhos, que
sobrevivem com ajuda deles e de terceiros, fls.20.
Na pesquisa ao CNIS, o INSS localizou inscrição da esposa como facultativa e
recolhimentos no período de 10/2004 a 01/2005; 03/2009 e de 09/2009 a 11/2010, fls.21.
É o que de mais importante contém os autos.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 22/03/2011 para sessão nº 187/2011 de 30/03/2011 às 08:00.

Voto
EMENTA: AMPARO SOCIAL AO IDOSO. - NECESSIDADE DA
COMPROVAÇÃO DE IDADE MÍNIMA EXIGIDA E DA CONSTATAÇÃO DA
RENDA PER CAPITA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO-MÍNIMO.
POSSIBILIDADE EM FACE DO PREENCHIMENTO DOS PRESSUPOSTOS
LEGAIS. IMPROPRIEDADE DO ATO RECORRIDO. LEGISLAÇÃO
APLICÁVEL ART.11 DO DEC.3048/99 E ART.4º INCISO IV DO DEC.
6214/2007 . RECURSO CONHECIDO E PROVIDO

Processo de Natalio Pedrosos de Oliveira

Estando o recurso adequado à matéria, corretamente preparado e sendo oportuno, dele


conheço e o recebo.

Processo: 0544.260.224-4 1/3

207
Seleção de Acórdãos

Reporto-me ao que foi relatado.


O benefício foi requerido em 05/01/2011, tendo sido declarado que o grupo familiar
compunha-se de 2(duas) pessoas, o requerente e esposa, sem fonte de rendimento.
O fato de a esposa do interessado se encontrar inscrita na previdência social como
facultativa e ter nesta categoria contribuído de10/2004 a 01//2005; 03/2009 e de 09/2009 a
11/2010, fez com que o INSS entendesse que a renda per capita do grupo familiar era superior a
¼ do salário mínimo.
O artigo 11 do Decreto 3048/99, conceitua o segurado contribuinte facultativo da seguinte
forma:

Art.11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao


Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, desde
que não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório
da previdência social.

O dispositivo legal retrocitado deixa claro que esta categoria de segurado não pode estar
exercendo atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório.
Não restou demonstrado que a esposa do recorrente exerce atividade remunerada e nem
que aufere rendimento, como autônoma ou empresária, não se justificando, dessa forma, a razão
invocada para o indeferimento do pedido.
Como não se configurou o empecilho previsto à concessão do benefício da espécie, da
forma consubstanciada no artigo 4º inciso IV do Dec. 6214/2007, abaixo citado, entendo que a
decisão recorrida deve ser reformada:
Art. 1° - O Benefício de Prestação Continuada previsto no art. 20 da Lei 8742/93, é a
garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso, com idade de
sessenta e cinco anos ou mais, que comprovem não possuir meios para prover a própria
manutenção e nem de tê-la provida por sua família.
Art. 4° - Para os fins do reconhecimento do direito ao benefício, considera-se:
I – idoso: aquele com idade de sessenta e cinco anos ou mais;
IV –família incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou do idoso:
aquela cuja renda mensal bruta familiar dividida pelo número de seus integrantes seja
inferior a ¼ do salário mínimo;
V – família para cálculo da renda per capita, conforme disposto no § 1° do art. 20 da
Lei 8742/93: conjunto de pessoas que vivam sob o mesmo teto, assim entendido, o
requerente, o cônjuge, a companheira, o companheiro, o filho não emancipado, de qualquer
condição, menor de 21 anos ou inválido.

Isto posto,

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO pelo conhecimento e PROVIMENTO AO


RECURSO.

ELVIRA DAS GRAÇAS DE SOUZA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 3358/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E

Processo: 0544.260.224-4 2/3

208
Seleção de Acórdãos

DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)


Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ANGELA MARIA


RODRIGUES e FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES.

Belo Horizonte - MG, 30/03/2011

ELVIRA DAS GRAÇAS DE SOUZA SUELI SILVA ROCHA


Relator(a) Presidente

Processo: 0544.260.224-4 3/3

209
Seleção de Acórdãos

210
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
07ª JR - Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 36306.000733/2008-12


Unidade de Origem: AGÊNCIA JANAÚBA
Documento: 0145.599.720-7
Recorrente: ELOINA RIBEIRO LOPES
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Relator(a): FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES

Relatório

Reporto-me ao relatório de fls. 46, abaixo transcrito:


Recorre a Sra. Eloina Ribeiro Lopes Sousa, da decisão do INSS que indeferiu seu pedido
de Aposentadoria por Idade, área rural, formulado em 21/08/2008.
A postulante contava com 57 anos de idade na data da entrada do requerimento, pois
nasceu em 18/06/51, conforme consta na certidão de casamento (fls. 03).
Visando comprovar o exercício de atividade rural, na condição de segurada especial
(comodatária), no período de 10/09/77 a 2008, na propriedade de Manoel Ribeiro Sobral, a
interessada apresentou declaração emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova
Porteirinha (fls. 07/09), certidão de casamento, realizado em 07/11/72, constando a profissão de
seu marido como lavrador (fls. 03), declaração do proprietário (fls. 13) e escritura da propriedade
(fls. 16).
O INSS efetuou consultas em seus bancos de dados e constatou que o cônjuge da
requerente, o Sr. João Afonso Lopes, efetuou o recolhimento de contribuições, na condição
empregado doméstico, no período de 01/1985 a 02/1992, e manteve vínculo empregatício, na
área urbana, no período de 01/1998 a 04/1998, fls. 22/25.
Conforme cópias de sua carteira profissional, o cônjuge da interessada manteve contratos
de trabalho, na área rural, nos períodos de 01/09/92 a 03/03/93 e de 01/01/94 a 01/07/94, fls.
05/06.
Foi realizada entrevista com a requerente, onde declarou que há mais de trinta anos
trabalha em um terreno cedido por seu irmão, Manoel Ribeiro Sobral, em sistema de comodato,
que, junto com seu marido, planta feijão, milho e hortaliças, fls. 27.
Foram reduzidas a termo as declarações de uma testemunha que ratificou as declarações
da requerente, fls. 23.
Visando atender solicitação do Instituto, a postulante apresentou certidões de nascimento
de filhos, constando a profissão de seu marido como lavrador, fls. 33/35.
O INSS deixou de homologar a declaração do Sindicato, tendo em vista a não
apresentação de documentos para comprovação da atividade, fls. 36.
O benefício foi indeferido por falta de período de carência, fls. 37.
Razões de recurso, fls. 39.
Conforme despacho de fls. 45, o INSS não considerou, como início de prova material, os
documentos do cônjuge da recorrente, tendo em vista que o mesmo manteve vínculo
empregatício na área urbana e efetuou o recolhimento de contribuições no período de 01/1985 a
02/1992.
Mantido o indeferimento.

Processo: 0145.599.720-7 1/4

211
Seleção de Acórdãos

Atendendo diligência proposta por esta Junta de Recursos, o INSS reduziu a termo as
declarações do proprietário e efetuou pesquisa junto aos vizinhos da propriedade do Sr. Manoel
Ribeiro Sobral, tendo comprovado o exercício da atividade rural da recorrente no período
posterior a 1977, fls. 30/33.
O indeferimento do benefício foi mantido ao argumento de não ter sido apresentado
“nenhum elemento novo contemporâneo que comprovasse a atividade rural”, fls. 34.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 21/03/2011 para sessão nº 182/2011 de 28/03/2011 às 09:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. SEGURADO ESPECIAL –
NECESSIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO,
DA IDADE MÍNIMA EXIGIDA E DA COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE
LABORAL. INDISPENSÁVEL A PROVA MATERIAL NO CONJUNTO
PROBATÓRIO GERADOR DE CONVICÇÃO DO EXERCÍCIO DA
ATIVIDADE DE RURÍCOLA. APLICAÇÃO DA TABELA PROVISÓRIA.
DOCUMENTAÇÃO SUFICIENTE PARA EVIDENCIAR O DIREITO AO
BENEFÍCIO. IMPROPRIEDADE DO ATO RECORRIDO. LEGISLAÇÃO
APLICÁVEL: ARTIGOS 39 E 142 DA LEI Nº 8.213/91; ARTIGO 3º DA LEI Nº
10.666/2003 . RECURSO CONHECIDO E PROVIDO

Recurso tempestivo o que permite seu conhecimento e julgamento por esta Junta.
A interessada, visando comprovar o exercício de atividade rural, na condição de segurada
especial (comodatária), no período de 10/09/77 a 2008, na propriedade de seu irmão, o Sr.
Manoel Ribeiro Sobral, apresentou declaração emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais
de Nova Porteirinha, certidão de casamento, realizado em 07/11/72, constando a profissão de seu
marido como lavrador, declaração do proprietário e escritura da propriedade.
Conforme despacho de fls. 45, o INSS não considerou, como início de prova material, os
documentos do cônjuge da recorrente, tendo em vista que o mesmo manteve vínculo
empregatício na área urbana no período de 02/01/98 a 31/05/98 e efetuou os recolhimentos de
contribuições no período de 01/1985 a 02/1992.
Atendendo diligência proposta por esta Junta de Recursos, o INSS reduziu a termo as
declarações do proprietário e efetuou pesquisa junto aos vizinhos da propriedade do Sr. Manoel
Ribeiro Sobral, tendo comprovado o exercício da atividade rural da recorrente no período
posterior a 1977.
O indeferimento do benefício foi mantido ao argumento de não ter sido apresentado
“nenhum elemento novo contemporâneo que comprovasse a atividade rural”.
Analisando os documentos constantes dos autos, bem como o resultado da pesquisa,
entende este Relator que:
- O período de 10/09/77 a 12/1984 pode ser computado, uma vez que foram apresentadas,
para servir como início de prova material, certidões de casamento e nascimento de filhos
constando a profissão do marido da requerente como lavrador;
- Não cabe computar os períodos de 1985 a 08/1992 e posterior a 02/01/98, tendo em
vista as contribuições efetuadas pelo cônjuge da postulante na condição de empregado doméstico
e o vínculo empregatício, na área urbana, como caseiro.
- Cabe o cômputo do período de 01/09/92 a 12/1997, tendo em vista os contratos de
trabalho, na área rural, anotados na carteira profissional do esposo da interessada.

Processo: 0145.599.720-7 2/4

212
Seleção de Acórdãos

Conforme certidão de fls. 03, a interessada nasceu em 18/06/51 e teria direito ao


benefício a partir de 18/06/06, data em que implementou a idade mínima necessária para sua
concessão (55 anos).
Desta forma, somando os períodos acima informados, a recorrente comprova 152 meses
de atividade, atendendo a carência exigida para a concessão do benefício e discriminada na tabela
anexa ao artigo 142 da Lei nº. 8.213, a saber:
Art. 142. Para segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de
1991, bem como para os trabalhador e empregador rural cobertos pela Previdência Social
Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço e especial obedecerá à
seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que o segurado implementou todas as
condições necessárias à obtenção do benefício:

ANO DE IMPLEMENTAÇÃO MESES DE CONTRIBUIÇÃO


2006 150
Assim, foram preenchidas as exigências estabelecidas pelo artigo 39 e inciso I da referida
Lei, que abaixo transcrevo:
Art. 39. Para os segurados especiais referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, fica
garantida a concessão:

I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de


auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove o
exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente
anterior ao requerimento do beneficio, igual ao número de meses do benefício requerido.

Com relação à perda da qualidade de segurado, trata-se de matéria superada à vista do


disposto no artigo 3º da Lei nº 10.666 de 08/05/2003.

Art. 3º. A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão
das aposentadorias por tempo de contribuição e especial.

Parágrafo 1º - Na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de


segurado não será considerada para a concessão desse benefício, desde que o segurado
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de
carência na data do requerimento do benefício.
Isto posto,

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido de preliminarmente, CONHECER


DO RECURSO para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, conforme fundamentação supra.

FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 3325/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Processo: 0145.599.720-7 3/4

213
Seleção de Acórdãos

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ANGELA MARIA


RODRIGUES e ELVIRA DAS GRAÇAS DE SOUZA.

Belo Horizonte - MG, 28/03/2011

FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES SUELI SILVA ROCHA


Relator(a) Presidente

Processo: 0145.599.720-7 4/4

214
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
07ª JR - Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 36306.000733/2008-12


Unidade de Origem: AGÊNCIA JANAÚBA
Documento: 0145.599.720-7
Recorrente: ELOINA RIBEIRO LOPES
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Relator(a): FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES

Relatório

Reporto-me ao relatório de fls. 46, abaixo transcrito:


Recorre a Sra. Eloina Ribeiro Lopes Sousa, da decisão do INSS que indeferiu seu pedido
de Aposentadoria por Idade, área rural, formulado em 21/08/2008.
A postulante contava com 57 anos de idade na data da entrada do requerimento, pois
nasceu em 18/06/51, conforme consta na certidão de casamento (fls. 03).
Visando comprovar o exercício de atividade rural, na condição de segurada especial
(comodatária), no período de 10/09/77 a 2008, na propriedade de Manoel Ribeiro Sobral, a
interessada apresentou declaração emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova
Porteirinha (fls. 07/09), certidão de casamento, realizado em 07/11/72, constando a profissão de
seu marido como lavrador (fls. 03), declaração do proprietário (fls. 13) e escritura da propriedade
(fls. 16).
O INSS efetuou consultas em seus bancos de dados e constatou que o cônjuge da
requerente, o Sr. João Afonso Lopes, efetuou o recolhimento de contribuições, na condição
empregado doméstico, no período de 01/1985 a 02/1992, e manteve vínculo empregatício, na
área urbana, no período de 01/1998 a 04/1998, fls. 22/25.
Conforme cópias de sua carteira profissional, o cônjuge da interessada manteve contratos
de trabalho, na área rural, nos períodos de 01/09/92 a 03/03/93 e de 01/01/94 a 01/07/94, fls.
05/06.
Foi realizada entrevista com a requerente, onde declarou que há mais de trinta anos
trabalha em um terreno cedido por seu irmão, Manoel Ribeiro Sobral, em sistema de comodato,
que, junto com seu marido, planta feijão, milho e hortaliças, fls. 27.
Foram reduzidas a termo as declarações de uma testemunha que ratificou as declarações
da requerente, fls. 23.
Visando atender solicitação do Instituto, a postulante apresentou certidões de nascimento
de filhos, constando a profissão de seu marido como lavrador, fls. 33/35.
O INSS deixou de homologar a declaração do Sindicato, tendo em vista a não
apresentação de documentos para comprovação da atividade, fls. 36.
O benefício foi indeferido por falta de período de carência, fls. 37.
Razões de recurso, fls. 39.
Conforme despacho de fls. 45, o INSS não considerou, como início de prova material, os
documentos do cônjuge da recorrente, tendo em vista que o mesmo manteve vínculo
empregatício na área urbana e efetuou o recolhimento de contribuições no período de 01/1985 a
02/1992.
Mantido o indeferimento.

Processo: 0145.599.720-7 1/4

215
Seleção de Acórdãos

Atendendo diligência proposta por esta Junta de Recursos, o INSS reduziu a termo as
declarações do proprietário e efetuou pesquisa junto aos vizinhos da propriedade do Sr. Manoel
Ribeiro Sobral, tendo comprovado o exercício da atividade rural da recorrente no período
posterior a 1977, fls. 30/33.
O indeferimento do benefício foi mantido ao argumento de não ter sido apresentado
“nenhum elemento novo contemporâneo que comprovasse a atividade rural”, fls. 34.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 21/03/2011 para sessão nº 182/2011 de 28/03/2011 às 09:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. SEGURADO ESPECIAL –
NECESSIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO,
DA IDADE MÍNIMA EXIGIDA E DA COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE
LABORAL. INDISPENSÁVEL A PROVA MATERIAL NO CONJUNTO
PROBATÓRIO GERADOR DE CONVICÇÃO DO EXERCÍCIO DA
ATIVIDADE DE RURÍCOLA. APLICAÇÃO DA TABELA PROVISÓRIA.
DOCUMENTAÇÃO SUFICIENTE PARA EVIDENCIAR O DIREITO AO
BENEFÍCIO. IMPROPRIEDADE DO ATO RECORRIDO. LEGISLAÇÃO
APLICÁVEL: ARTIGOS 39 E 142 DA LEI Nº 8.213/91; ARTIGO 3º DA LEI Nº
10.666/2003 . RECURSO CONHECIDO E PROVIDO

Recurso tempestivo o que permite seu conhecimento e julgamento por esta Junta.
A interessada, visando comprovar o exercício de atividade rural, na condição de segurada
especial (comodatária), no período de 10/09/77 a 2008, na propriedade de seu irmão, o Sr.
Manoel Ribeiro Sobral, apresentou declaração emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais
de Nova Porteirinha, certidão de casamento, realizado em 07/11/72, constando a profissão de seu
marido como lavrador, declaração do proprietário e escritura da propriedade.
Conforme despacho de fls. 45, o INSS não considerou, como início de prova material, os
documentos do cônjuge da recorrente, tendo em vista que o mesmo manteve vínculo
empregatício na área urbana no período de 02/01/98 a 31/05/98 e efetuou os recolhimentos de
contribuições no período de 01/1985 a 02/1992.
Atendendo diligência proposta por esta Junta de Recursos, o INSS reduziu a termo as
declarações do proprietário e efetuou pesquisa junto aos vizinhos da propriedade do Sr. Manoel
Ribeiro Sobral, tendo comprovado o exercício da atividade rural da recorrente no período
posterior a 1977.
O indeferimento do benefício foi mantido ao argumento de não ter sido apresentado
“nenhum elemento novo contemporâneo que comprovasse a atividade rural”.
Analisando os documentos constantes dos autos, bem como o resultado da pesquisa,
entende este Relator que:
- O período de 10/09/77 a 12/1984 pode ser computado, uma vez que foram apresentadas,
para servir como início de prova material, certidões de casamento e nascimento de filhos
constando a profissão do marido da requerente como lavrador;
- Não cabe computar os períodos de 1985 a 08/1992 e posterior a 02/01/98, tendo em
vista as contribuições efetuadas pelo cônjuge da postulante na condição de empregado doméstico
e o vínculo empregatício, na área urbana, como caseiro.
- Cabe o cômputo do período de 01/09/92 a 12/1997, tendo em vista os contratos de
trabalho, na área rural, anotados na carteira profissional do esposo da interessada.

Processo: 0145.599.720-7 2/4

216
Seleção de Acórdãos

Conforme certidão de fls. 03, a interessada nasceu em 18/06/51 e teria direito ao


benefício a partir de 18/06/06, data em que implementou a idade mínima necessária para sua
concessão (55 anos).
Desta forma, somando os períodos acima informados, a recorrente comprova 152 meses
de atividade, atendendo a carência exigida para a concessão do benefício e discriminada na tabela
anexa ao artigo 142 da Lei nº. 8.213, a saber:
Art. 142. Para segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de
1991, bem como para os trabalhador e empregador rural cobertos pela Previdência Social
Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço e especial obedecerá à
seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que o segurado implementou todas as
condições necessárias à obtenção do benefício:

ANO DE IMPLEMENTAÇÃO MESES DE CONTRIBUIÇÃO


2006 150
Assim, foram preenchidas as exigências estabelecidas pelo artigo 39 e inciso I da referida
Lei, que abaixo transcrevo:
Art. 39. Para os segurados especiais referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, fica
garantida a concessão:

I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de


auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove o
exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente
anterior ao requerimento do beneficio, igual ao número de meses do benefício requerido.

Com relação à perda da qualidade de segurado, trata-se de matéria superada à vista do


disposto no artigo 3º da Lei nº 10.666 de 08/05/2003.

Art. 3º. A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão
das aposentadorias por tempo de contribuição e especial.

Parágrafo 1º - Na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de


segurado não será considerada para a concessão desse benefício, desde que o segurado
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de
carência na data do requerimento do benefício.
Isto posto,

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido de preliminarmente, CONHECER


DO RECURSO para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, conforme fundamentação supra.

FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 3325/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Processo: 0145.599.720-7 3/4

217
Seleção de Acórdãos

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ANGELA MARIA


RODRIGUES e ELVIRA DAS GRAÇAS DE SOUZA.

Belo Horizonte - MG, 28/03/2011

FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES SUELI SILVA ROCHA


Relator(a) Presidente

Processo: 0145.599.720-7 4/4

218
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
07ª JR - Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 37001.001159/2007-26


Unidade de Origem: AGÊNCIA POUSO ALEGRE
Documento: 0141.970.444-0
Recorrente: JOSE AFONSO PEREIRA
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): ROSALIA LIMA OLIVEIRA DA SILVA

Relatório
José Afonso Pereira recorre a esta Junta de Recursos, através de seus procuradores
devidamente constituídos, por não concordar com a decisão do INSS, que indeferiu o seu pedido
de aposentadoria por tempo de contribuição requerida em 17.04.2007, aos 51 (cinqüenta e um)
anos de idade.
O requerente apresentou formulário Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP às fls.
37 a 41 preenchido pela “Unilever Bestfoods Brasil Ltda.” com o objetivo de ser considerado o
período de 15.05.89 a 10.10.2006, na categoria especial e convertido para tempo comum.
O processo foi encaminhado ao setor de perícias médicas do INSS, para análise técnica.
De acordo com o parecer de fls. 43, o médico perito reconheceu como tempo especial os
períodos de 15.05.89 a 28.03.93 e 17.10.95 a 05.03.97 em função do agente nocivo ruído, não
enquadrando os demais pelo fato dos limites de tolerância estar abaixo do exigido pela legislação
previdenciária e pelo fato do operário fazer uso constante do protetor auricular.
O INSS promoveu o levantamento do tempo de serviço até 16.12.98, com as conversões
devidas, tendo sido apurado 25 anos, 06 meses e 14 dias de serviço (fls. 82/83) e, 33 anos, 04
meses e 08 dias de contribuição até 10.10.2006 (fls. 86/87).
O benefício foi negado por falta de tempo de contribuição tendo em vista que as
atividades descritas nos DSS 8030 e laudos técnicos não foram consideradas especiais pela
perícia médica, conforme comunicação da decisão de fls. 50.
Apresentadas razões recursais às fls. 44 a 78 onde foi juntada cópia de um parecer da
Divisão de Assuntos Jurídicos sobre a matéria, relatório do Sindicato dos Trabalhadores nas
Indústrias de Alimentação de Pouso Alegre e Região, além de votos favoráveis emitidos por esta
Sétima Junta e a Oitava Junta de Recursos da Previdência Social.
É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 13/05/2009 para sessão nº 274/2009 de 20/05/2009 às 10:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. INCIDÊNCIA
PARCIAL DE CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM.
ATINGIDO O TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO LABORADO. DECRETO Nº
3048/99 ART. 56.. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO

Processo: 0141.970.444-0 1/3

219
Seleção de Acórdãos

Recurso tempestivo o que permite seu conhecimento e julgamento quanto ao mérito.


O postulante apresentou formulário Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP relativo
ao período de 15.05.89 a 10.10.2006 com o objetivo de ser reconhecido na categoria especial e
convertido para tempo comum.
O setor de perícias médicas do INSS considerou os períodos de 15.05.89 a 28.03.93 e
17.10.95 a 05.03.97 em função do agente nocivo ruído, enquadrado no código 1.1.5 do Quadro II
Anexo ao Decreto nº 83080/79, tratando-se de matéria incontroversa.
Com relação aos demais períodos, não foram enquadrados tendo em vista que o segurado
trabalhou exposto a nível de ruído abaixo dos limites de tolerância exigidos pela legislação
previdenciária e/ou pelo uso constante do protetor auricular.
A respeito do assunto, cumpre lembrar o contido no Decreto nº 3048/99, artigo 70,
parágrafo 1º abaixo transcrito:
“Art. 70......................................................................................”
“Parágrafo 1º: A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob
condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação de
serviço”.
Há de se lembrar também do contido no enunciado nº 21 do CRPS, publicado no DOU
de 18.11.99 e a Súmula nº 09 da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, publicada
no DJU, de 05.11.2003, que assim dispõe:
“Enunciado nº 21: O simples fornecimento de equipamento de proteção individual
de trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes
nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de trabalho”.
“Súmula nº 09: O uso de equipamento de proteção individual (EPI), ainda que
elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de
serviço especial prestado”.
Resta lembrar que as informações fornecidas no formulário Perfil Profissiográfico
Previdenciário é de inteira responsabilidade da empresa, sendo de seu conhecimento que
informações falsas constituem crime de falsificação de documento público nos termos da Lei nº
9029/95.
No presente caso consta informação no PPP que o segurado trabalhou no setor Knorr,
exercendo várias atividades, estando exposto a níveis de ruído que variaram de 86,2 a 93,8
decibéis durante sua jornada de trabalho, sendo que, tanto o equipamento de proteção coletivo
(EPC) e o equipamento de proteção individual (EPI) não foram eficazes.
No citado documento consta também informação no campo “13.7 – Cód. GFIP” o
número 04, atendendo o contido no Decreto nº 3048/99, artigo 202, parágrafo 1º:
“Art.202: A contribuição da empresa, destinada ao financiamento da aposentadoria
especial, nos termos dos arts. 64 a 70, e dos benefícios concedidos em razão do grau de
incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho
corresponde à aplicação dos seguintes percentuais, incidentes sobre o total da remuneração
paga, devida ou creditada a qualquer título, no decorrer do mês, ao segurado empregado e
trabalhador avulso:”
“Parágrafo 1º: As alíquotas constantes do caput serão acrescidas de doze, nove ou
seis pontos percentuais, respectivamente, se a atividade exercida pelo segurado a serviço da
empresa ensejar a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco
anos de contribuição”.
Na Orientação Interna nº 187/2008 emitida pelo INSS, informa que o código 04 relativo
à GFIP corresponde a existência da exposição ocupacional do período de vinte e cinco anos.
Ainda, para ilustrar, cabe ressaltar aqui o contido no Parecer Técnico, datado de
17.03.99, subscrito pelos Drs. Hélio B.M. Freixo, Médico do Trabalho, e Rui de Oliveira
Magrini, engenheiro chefe da DSST-DRT/SP, no sentido de que:
“O ruído penetra não só pelo ouvido mas também por via óssea, por isso, não é
possível proteger completamente o trabalhador com tampões, plugues, nem mesmo com
capacetes, pois não há como isolar o trabalhador ( e nem seria essa a técnica adequada
para a diminuição ou eliminação da nocividade, em substituição às soluções previstas pela

Processo: 0141.970.444-0 2/3

220
Seleção de Acórdãos

engenharia). Tais dispositivos não podem portanto ser caracterizados como adequados
conforme exigem o art. 166 da Lei 96514 (cap. V, título II, da CLT) e o item 6.2 da NR
(Norma Regulamentadora) 6”.
Diante do todo o acima exposto, cabe ser enquadrado na categoria especial, em função do
agente nocivo ruído, os períodos de 29.03.93 a 16.10.95 no código 1.1.5 do Quadro II Anexo ao
Decreto nº 83080/79 e 07.12.99 a 12.03.2002 e 18.11.2003 a 10.10.2006 no código 2.0.1 do
Anexo IV do Decreto nº 2.172/97.
A respeito dos períodos de 06.03.97 a 06.12.99 e 13.03.2002 a 17.11.2003 o segurado
trabalhou exposto a nível médio de ruído de 87 e 87,5 decibéis respectivamente, abaixo do
exigido pelo Decreto 2.172/97 que necessita ser acima de 90 decibéis durante a jornada de
trabalho.
Ao convertemos os períodos aqui enquadrados e acrescentarmos na contagem feita pelo
INSS, o segurado atinge todas as condições previstas no Decreto nº 3048/99, em seu artigo 56:
“Art.56: A aposentadoria por tempo de contribuição será devida ao segurado após
trinta e cinco anos de contribuição, se homem, ou trinta anos, se mulher, observado o
disposto no art. 199-A”.

CONCLUSÃO - Pelo exposto, VOTO, no sentido de preliminarmente, CONHECER


DO RECURSO, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, em face da fundamentação
supra.

ROSALIA LIMA OLIVEIRA DA SILVA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 6189/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: LIRIA SOARES


NOGUEIRA e ANA PAULA RODRIGUES DE FARIA.

Belo Horizonte - MG, 20/05/2009

ROSALIA LIMA OLIVEIRA DA SILVA SUELI SILVA ROCHA


Relator(a) Presidente em Exercício

Processo: 0141.970.444-0 3/3

221
Seleção de Acórdãos

222
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
07ª JR - Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 36918.003156/2009-01


Unidade de Origem: AGÊNCIA BETIM
Documento: 0149.523.019-5
Recorrente: ANTONIO CARLOS DE SOUZA
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES

Relatório

Recorre, Antonio Carlos de Souza, inconformado com a decisão do INSS que indeferiu o
seu pedido de aposentadoria, formulado em 21/08/09.
Por ocasião do requerimento do benefício, o segurado apresentou cópias de suas carteiras
profissionais (fls. 09/23) e formulários PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) de fls. 06/08,
para os períodos de 17/02/84 a 31/12/86, 01/01/87 a 30/04/89, 01/05/89 a 31/12/98 e de 01/01/99
a 04/08/09, em que laborou na empresa Cerâmica Saffran S/A.
O processo foi encaminhado à perícia médica que efetuou os enquadramentos dos
períodos pretendidos pelo segurado até 02/12/98, fls. 36.
O indeferimento do benefício foi decorrente da falta de tempo de serviço/contribuição,
uma vez que foram apurados até 16/12/98, 20 anos, 09 meses e 19 dias, e até a DER (Data da
Entrada do Requerimento), 31 anos, 05 meses e 24 dias de contribuição., fls. 37/48.
Razões de recurso, fls. 50.
Atendendo solicitação desta Junta de Recursos, o INSS encaminhou o processo à perícia
médica que ratificou o parecer anterior, fls. 59-verso.
Mantido o indeferimento.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 21/03/2011 para sessão nº 182/2011 de 28/03/2011 às 09:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. – DIREITO
ADQUIRIDO NÃO CONFIGURADO. OCORRÊNCIA DE CONVERSÃO DE
TEMPO ESPECIAL EM COMUM. ATINGIDO O REQUISITO LEGAL DE
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NA DATA DE ENTRADA DO
REQUERIMENTO PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL
OU INTEGRAL.OBSERVÂNCIA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS.
IMPROPRIEDADE DO ATO RECORRIDO. POSSIBILIDADE. LEGISLAÇÃO
APLICÁVEL: ARTIGO 54 DO DECRETO Nº 2.172/97 E ARTIGOS 187, 56 E 64
DO DECRETO Nº 3.048/99. ART. 201, § 7º, I DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO
Recurso tempestivo o que permite seu conhecimento e julgamento por esta Junta.

Processo: 0149.523.019-5 1/3

223
Seleção de Acórdãos

Pretende o segurado a conversão de tempo especial em comum dos períodos de 17/02/84


a 31/12/86, 01/01/87 a 30/04/89, 01/05/89 a 31/12/98 e de 01/01/99 a 04/08/09, em que laborou
na empresa Cerâmica Saffran S/A.
O INSS, através da perícia médica, efetuou os enquadramentos dos períodos pretendidos
pelo segurado até 02/12/98, tratando-se, portanto, de matéria incontroversa.
Com relação ao período de 03/12/98 a 04/08/09, entende este Colegiado que o mesmo
deve ser enquadrado no código 2.0.1, anexo IV do Decreto nº 3.048/99, eis que o segurado, no
exercício de suas atividades, esteve exposto ao agente agressivo ruído, de modo habitual e
permanente, superior a 90 decibéis.
O enquadramento do referido período se deve ao fato do posicionamento desta Junta de
Recursos sobre a utilização do equipamento de proteção individual, embasado no Enunciado nº
21 do CRPS e Súmula nº 09 do Conselho da Justiça Federal – Turma de Uniformização das
Decisões das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais, a saber:
ENUNCIADO Nº21:
“O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de trabalho pelo
empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde,
devendo ser considerado todo o ambiente de trabalho.”
SÚMULA Nº 09:
“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a
insalubridade, no caso de exposição ao ruído, não descaracteriza o tempo de serviço
especial prestado.”

Procedendo à conversão do período ora reconhecido como insalubre e somando-os aos


demais períodos de atividade comum, o segurado não atingiu o tempo necessário para a
concessão da aposentadoria pleiteada, em 16/12/98, não se evidenciando a existência de direito
adquirido, conforme dispõem os artigos 54 e 187 dos Decretos nº 2.172/97 e 3.048/99,
respectivamente, abaixo transcritos:

Art. 54 - A aposentadoria por tempo de serviço, uma vez cumprida a carência


exigida, será devida ao segurado que completar trinta anos de serviço, se do sexo masculino,
ou 25 anos, se do sexo feminino.

Art. 187 - É assegurada a concessão de aposentadoria, a qualquer tempo, nas


condições previstas na legislação anterior à Emenda Constitucional nº 20, de 1998, ao
segurado do Regime de Previdência Social que, até 16 de dezembro de 1998, tenha
cumprido os requisitos para obtê-la.

Na data da entrada do requerimento, em que pese o postulante não possuir o requisito


etário (mínimo de 53 anos), exigido pelo artigo 9° da Emenda Constitucional n° 20/98, alcançou
o tempo de contribuição necessário para a concessão da aposentadoria integral, conforme o
previsto no artigo 56 do Decreto n° 3.048/99 e § 7º, inciso I do art. 201 da Constituição Federal, a
saber:
Art. 56. A aposentadoria por tempo de contribuição será devida ao segurado após trinta e
cinco anos de contribuição, se homem, ou trinta anos, se mulher, observado o disposto no art.
199-A. (Redação dada pelo Decreto nº 6.042, de 2007).
Art. 201...
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos
da lei, obedecidas as seguintes condições:
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se
mulher;
Por outro lado, somando-se os períodos reconhecidos como especiais pelo INSS,
com aqueles reconhecidos por este Relator, temos que o segurado conta com mais de 25 anos de
serviço de natureza especial, tendo preenchido, também, a exigência legal do artigo 64 do
Decreto supracitado:

Processo: 0149.523.019-5 2/3

224
Seleção de Acórdãos

Art. 64. A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida, será devida
ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este somente quando
cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que tenha trabalhado durante
quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física.

Em face ao exposto e considerando o disposto no Enunciado nº 05 do CRPS, abaixo


transcrito, reconheço que o segurado também tem direito à aposentadoria especial, devendo o
INSS conceder o melhor benefício a que ele fizer jus, cientificando-o de que poderá fazer opção:
ENUNCIADO Nº 5
“A Previdência Social deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus,
cabendo ao servidor orienta-lo nesse sentido”.

Finalmente de a Autarquia alertar o recorrente de que não poderá continuar a exercer


atividade nas mesmas condições que deram origem à aposentadoria especial, caso faça opção por
esta espécie de benefício.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, voto preliminarmente, em CONHECER DO RECURSO,


para no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, em face da fundamentação supra.

FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 3326/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ANGELA MARIA


RODRIGUES e ELVIRA DAS GRAÇAS DE SOUZA.

Belo Horizonte - MG, 28/03/2011

FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES SUELI SILVA ROCHA


Relator(a) Presidente

Processo: 0149.523.019-5 3/3

225
Seleção de Acórdãos

226
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
07ª JR - Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 37173.004523/2009-08


Unidade de Origem: AGÊNCIA CONTAGEM
Documento: 0115.534.223-0
Recorrente: ANELINA CASSIMIRA DA PAIXAO SENA
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO
Relator(a): FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES

Relatório

Recorre, Anelina Cassimira da Paixão Pena, inconformada com a decisão do INSS que
cessou seu benefício de auxílio doença, em cujo gozo se encontrava, desde 26/11/99.
As decisões médicas proferidas, inclusive em grau de recurso, são convergentes quanto à
inexistência da incapacidade laborativa da segurada na época que cessou o benefício (05/08/09),
fls. 08 e 18.
Razões de recurso, fls. 15.
Mantida a cessação do benefício.
Foram os autos encaminhados à Assessoria Técnica desta 7ª JR/CRPS, que, após
examinar a segurada, através de Junta Médica, emitiu parecer favorável a concessão de
aposentadoria por invalidez a partir de 06/08/09, tendo em vista “tratar-se de quadro psiquiátrico
com prognóstico reservado, agravo por vulnerabilidade social e problemas familiares graves”, fls.
25.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 22/03/2011 para sessão nº 188/2011 de 30/03/2011 às 09:00.

Voto
EMENTA: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO. TRANSFORMAÇÃO EM
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INVALIDEZ CARACTERIZADA
ATRAVÉS DE PARECER DA ASSESSORIA MÉDICA DESTA 7ª JUNTA.
IMPROPRIEDADE DO ATO RECORRIDO. POSSIBILIDADE DE
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL: ARTIGOS 43 E
§ 1º E 44 DO DECRETO Nº 3.048/99. . RECURSO CONHECIDO E PROVIDO

Recurso tempestivo o que permite seu conhecimento e julgamento por esta Junta.

Pleiteia a segurada a manutenção de seu benefício de auxílio doença, em cujo gozo se


encontrava.

Processo: 0115.534.223-0 1/3

227
Seleção de Acórdãos

Os pareceres dos peritos médicos do INSS foram contrários à persistência de sua


incapacidade laborativa na época em que cessou o benefício.
Entretanto, nas decisões que envolvem matéria médica, deve o Colegiado ouvir
preliminarmente a assessoria técnico-médica, prestada por servidor especializado, lotado na
instância julgadora nos termos do artigo 53, parágrafo 7º da Portaria MPS Nº 323/2007, a saber:

Art.53....

§ 7º - Em se tratando de matéria médica deverá ser ouvida, a Assessoria


Técnico-Médica especializada, prestada por servidor lotado na instância julgadora que, na
qualidade de perito do colegiado, se pronunciará, de forma fundamentada e conclusiva, no
âmbito de sua competência, hipótese em que será utilizado mero encaminhamento interno
por meio de despacho.

A Assessoria Médica desta Instância Julgadora, após examinar a segurada, através de


Junta Médica, emitiu parecer favorável à concessão de aposentadoria por invalidez a partir de
06/08/2009, argumentando “tratar-se de quadro psiquiátrico com prognóstico reservado, agravo
por vulnerabilidade social e problemas familiares graves”.
Assim sendo, e tendo em vista o disposto nos artigos 43, § 1º e 44 do Decreto nº
3.048/99, abaixo transcritos, conclui-se pela impropriedade do ato recorrido:

Art. 43. Aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida a carência exigida, quando
for o caso, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for
considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de
atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa
condição.

§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da


condição de incapacidade, mediante exame médico-pericial a cargo da previdência social,
podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança.

Art. 44. A aposentadoria por invalidez consiste numa renda mensal calculada na
forma do inciso II do caput do art. 39 e será devida a contar do dia imediato ao da cessação
do auxílio-doença, ressalvado o disposto no § 1º.

Isto posto, cabe a concessão da aposentadoria por invalidez a partir de 06/08/2009.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO,no sentido de preliminarmente, CONHECER


DO RECURSO para, no mérito DAR-LHE PROVIMENTO, em face da fundamentação supra.

FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 3366/2011

Processo: 0115.534.223-0 2/3

228
Seleção de Acórdãos

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ANGELA MARIA


RODRIGUES e ELVIRA DAS GRAÇAS DE SOUZA.

Belo Horizonte - MG, 30/03/2011

FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES SUELI SILVA ROCHA


Relator(a) Presidente

Processo: 0115.534.223-0 3/3

229
Seleção de Acórdãos

230
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
07ª JR - Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 36960.000843/2010-85


Unidade de Origem: AGÊNCIA ARAGUARI
Documento: 0123.832.231-7
Recorrente: ROSEMARE RODRIGUES
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Relator(a): DANIELLA VIANNA MASCARENHAS

Relatório
Trata-se os autos de solicitação de pagamento de resíduo de benefício, através de Alvará
Judicial, em decorrência do óbito da titular da pensão por morte NB 21/123832231-7, Sra.
Rosemira Resende Rodrigues, ocorrido em 20/02/2006.
O instituidor do benefício NB 21/123832231-7, que foi concedido à esposa, Rosemira
Resende Rodrigues, faleceu em 28/05/2002, fls.05,29.
À fl.14, carta emitida pela RFFSA (em liquidação) datada de 19/08/2002 encaminhada à
GEX de Uberlândia para fins de liberação dos pagamentos de benefícios.
Em 25/08/2010, Alexandre Jrege de Almeida na condição de representante de herdeiro de
Rosemira Resende Rodrigues, protocolou pedido de pagamento de resíduo do benefício deixado
pela Sra. Rosemira Resende Rodrigues, fls.16.
Alvará Judicial datado de 23/08/2010 que autoriza o advogado Alexandre Jrege de
Almeida, representante de Romilda Rodrigues e outras, proceder levantamento junto ao INSS
(resíduo deixado por beneficiário da Lei 8186/91) deixado pela Sra. Rosemira Resende
Rodrigues, fls.17.
À fl.18, ofício emitido pela Secretaria Executiva do Departamento de Administração de
Pessoal de Órgãos Extintos, datado de 31/05/2010, registrando a existência de valor bruto de
R$6.679,05 a receber referente aos atrasados dos Dissídios Coletivos de Trabalho da categoria
ferroviária do período de 05/2003 a 02/2006. Planilhas de cálculo, fls.19 a 21.
Após apreciação dos autos pela Seção de Manutenção do INSS, foi concluído que, como
o pedido de pagamento do resíduo se deu em 25/08/2010, caberia o pagamento apenas do
período de 25/08/2005 a 20/02/2006 diante da prescrição contida no artigo 446 da IN 45/10,
fls.32/33.
Planilha de cálculo, fls.34/35. Liberação de resíduo de R$2.063,46, fls.41.
Inconformado com o valor do resíduo, a parte alega que os valores referentes ao período
de 01/01/2005 a 24/08/2005 não estão prescritos, fls.42/43.
Diante da manifestação da parte, o INSS ratificou que caberia o pagamento apenas do
resíduo referente ao período de 25/08/05 a 20/02/06 e abriu prazo para recurso a Junta de
Recursos, fls.52.
A parte interessada protocolou recurso alegando que cabe o pagamento de R$6.679,05,
fls.54.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 22/03/2011 para sessão nº 174/2011 de 24/03/2011 às 12:30.

Processo: 0123.832.231-7 1/4

231
Seleção de Acórdãos

Voto
EMENTA: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA. RESÍDUO DE
COMPLEMENTAÇÃO DE BENEFÍCIO A CARGO DA UNIÃO ,NÃO PAGO
PELO INSS. INAPLICABILIDADE DA PRESCRIÇÃO. BENEFÍCIO
ALIMENTAR INCORPORADO AO PATRIMÔNIO. ATO ILÍCITO.
POSSIBILIDADE. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL: ARTS. 43, 186, 189, 398, 205,
ARTS. 2°, 5°, 6° DA LEI 8186-91, ART.112 DA LEI 8213-91.. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO

1- Diante do que foi exposto no relatório;


2- O instituidor faleceu em 28/05/2002, tendo sido concedido pensão por morte NB
21/123832231-7 a sua esposa, Sra. Rosemira Rezende Rodrigues.
3- Em 25/08/2010, houve protocolo de pedido de pagamento de resíduo do benefício
NB 21/123832231-7 deixado pela Sra. Rosemira Resende Rodrigues, falecida em 20/02/2006.
4- O deslinde da questão está em se aplicar ou não a prescrição no caso vertente.
5- A prescrição constitui instituto extintivo do direito pelo decurso de tempo, em
decorrência do seu não exercício, no lapso temporal previsto em lei, pelo titular do direito
alegado e assim dispõe o artigo 189 do Código Civil:
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue,
pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
6- No caso, a aplicação das determinações estampadas na Lei n° 8186, de 21-05-91,
de acordo com o contido em seus artigos 2° e 5° , é imperativa ao INSS, independentemente da
manifestação dos beneficiários, não havendo, portanto, que se falar em prescrição qüinqüenal “ a
contar dos últimos 05 (cinco) anos anteriores ao pedido de levantamento de resíduo de
benefício":
Art. 2º Observadas as normas de concessão de benefícios da Lei Previdenciária,
a complementação da aposentadoria devida pela União é constituída pela
diferença entre o valor da aposentadoria paga pelo Instituto Nacional do Seguro
Social - INSS e o da remuneração do cargo correspondente ao do pessoal em
atividade na RFFSA e suas subsidiárias, com a respectiva gratificação adicional
por tempo de serviço.
Parágrafo único. O reajustamento do valor da aposentadoria complementada
obedecerá aos mesmos prazos e condições em que for reajustada a remuneração
do ferroviário em atividade, de forma a assegurar a permanente igualdade entre
eles.
Art. 5º A complementação da pensão de beneficiário do ferroviário abrangido
por esta Lei é igualmente devida pela União e continuará a ser paga pelo INSS,
observadas as normas de concessão de benefícios da Lei Previdenciária e as
disposições do parágrafo único do artigo 2º desta Lei.
Parágrafo único. Em nenhuma hipótese, a pensão previdenciária
complementada poderá ser paga cumulativamente com as pensões especiais
previstas nas Leis nºs 3.738, de 3 de abril de 1960, e 6.782, de 20 de maio de 1980
ou quaisquer outros benefícios pagos pelo Tesouro Nacional.
7- Preliminarmente, importante aflorar que a complementação da aposentadoria e,
posteriormente, da pensão, no caso específico, é de responsabilidade da União e cabe
ao INSS promover os pagamentos pecuniários. “sic”
Art. 6º O Tesouro Nacional manterá a disposição do INSS, à conta de dotações
próprias consignadas no Orçamento da União , os recursos necessários ao
pagamento da complementação de que trata esta Lei.

Processo: 0123.832.231-7 2/4

232
Seleção de Acórdãos

8- Depreende-se dos autos que a titular da pensão não poderia ter sido penalizada,
quando viva estava, pela inércia do INSS, que não repassou a complementação determinada por
Lei e, agora, aos seus herdeiros, pela alegação incorreta da prescrição.
9- Como se sabe e foi dito, a Lei determinou que fosse incorporado ao patrimônio dos
beneficiários diferenças pecuniárias, majorando o benefício de natureza alimentar e, nesse
contexto, cabe ao INSS pagá-las, a qualquer tempo, vez que está caracterizada nos autos a dívida
do Órgão Público.
10 – A Constituição de 1988 faz expressa menção sobre alguns princípios a que deve
se submeter a Administração Pública, dentre eles os da legalidade e da moralidade
administrativa, bem como, o artigo 2° da Lei 9784-99, portanto, não pode a Administração
Pública se locupletar à custa alheia, descumprindo obrigação de fazer auto-executória imposta
naturalmente pela Lei.
11- Aliás, a matéria ora analisada confronta diametralmente com os artigos 43, 186 e
398 do Código Civil, depreendendo-se que a prescrição aventada e desejada decorre de ato
ilícito, praticado por omissão do agente público, o que impede a contagem do prazo prescricional.
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a
terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver,
por parte destes, culpa ou dolo.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em
mora, desde que o praticou. (grifei)

12- Além de tudo, poder-se-ia admitir, apenas por argumentar, a abertura de prazo
prescricional, caso o INSS tivesse notificado a interessada sobre a razão plausível da omissão,
oportunizado o direito de agir da beneficiária/ credora, na forma do artigo 172 do RGPS, que
assim dispõe:
Art.172. Fica o Instituto Nacional do Seguro Social obrigado a emitir e a enviar
aos beneficiários aviso de concessão de benefício, além da memória de cálculo do
valor dos benefícios concedidos.
13- Lado outro, como a complementação de responsabilidade da União não constitui,
efetivamente, uma das espécies dos benefícios das legislações previdenciárias, devendo ser
observadas apenas as normas de concessão, entende esta Relatora que o tema foge do aspecto
previdenciário e deve ser apreciado à luz do direito hereditário, vez os valores não pagos
passaram a integrar o patrimônio da pensionista , quando se interpreta o artigo 112 da Lei
8213-91 e, agora, à disposição dos seus herdeiros, sujeitos a prescrição do artigo 205 do Código
Civil:
Art. 112. O valor não recebido em vida pelo segurado só será pago aos
seus dependentes habilitados à pensão por morte ou, na falta deles, aos
seus sucessores na forma da lei civil, independentemente de inventário ou
arrolamento.
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado
prazo menor.

14- Portanto, os valores não pagos à titular do direito devem ser liberados, conforme
ofício de fls.18 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e o alvará judicial de fls.17.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido de preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO, para no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, conforme
fundamentação supra.

Processo: 0123.832.231-7 3/4

233
Seleção de Acórdãos

DANIELLA VIANNA MASCARENHAS


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 3130/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ALEXANDRE


ALBERTO GOMIDES DE MAGALHAES GOMES e ROSALIA LIMA OLIVEIRA DA
SILVA.

Belo Horizonte - MG, 24/03/2011

DANIELLA VIANNA MASCARENHAS SUELI SILVA ROCHA


Relator(a) Presidente

Processo: 0123.832.231-7 4/4

234
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
07ª JR - Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 36366.003599/2009-88


Unidade de Origem: AGÊNCIA BELO HORIZONTE-SANTA EFIGÊNIA
Documento: 11001050.1.00276022
Recorrente: VICENTE PAULO ROCHA
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: REVISÃO
Relator(a): DANIELLA VIANNA MASCARENHAS

Relatório

Trata-se os autos de pedido de revisão de certidão de tempo de contribuição


nº11001050.1.00276/02-2 (emissão em 06/09/2002) protocolado por Vicente Paulo Rocha em
16/04/2009.O segurado alega que possui dois cargos na Prefeitura de Belo Horizonte como
professor e precisa dos tempos paralelos para averbar em diferentes locais.
O pedido de revisão foi indeferido uma vez que não poderá haver contagem em dobro
de períodos concomitantes ou em condições especiais, conforme estabelece o artigo 127, inciso I
do Decreto 3048/99.
A certidão emitida pelo INSS em 06/09/2002 contemplou os períodos de 01/07/73 a
01/03/78 como contínuo (Banco Real S/A), de 17/03/79 a 28/02/85 como professor (Sindicato
dos Empreg. Em Estab. Bancários de BH e Região, professor ), de 15/09/79 a 02/02/83 como
prof. de recreação (Pampulha Iate Clube), de 01/08/84 a 01/05/85 como coordenador de ed. física
(Colégio Anchieta Limitada), de 01/06/85 a 02/02/87 como coord. de ed. física (Colégio
Anchieta Limitada).
A carteira de trabalho do postulante registra vínculos de 01/08/84 a 01/05/85 junto
ao Colégio Anchieta Ltda como coordenador de ed. Física, de 01/07/73 a 01/03/78 como
contínuo (Banco de Minas Gerais), de 17/03/79 a 28/02/85 como professor (Colégio do
Sindicato dos Bancários ), de 26/11/86 sem data de saída como professor municipal (Prefeitura
de Belo Horizonte).
Atestado funcional emitido pela Prefeitura de Belo Horizonte registrando que foram
averbados os períodos de 01/07/73 a 01/03/78, de 17/03/79 a 28/02/85, de 01/03/85 a 01/05/85 e
de 01/06/85 a 30/11/86. Foi declarado que os períodos concomitantes de 01/08/84 a 28/02/85 e
de 15/09/79 a 02/02/83 podem ser averbados em outro BM.
Nas razões recursais, alega ser ocupante de dois cargos públicos e necessita de duas
certidões distintas sendo que uma contenha o período de 17/03/79 a 28/02/85 e a outra os
períodos de 15/09/79 a 02/02/83 e de 01/08/84 a 01/05/85.
Em 24/09/2010, o postulante declara que está retirando a certidão original do
processo administrativo para fins de requerimento de aposentadoria junto a Prefeitura de Belo
Horizonte.

Inclusão em Pauta

Processo: 11001050.1.00276022 1/4

235
Seleção de Acórdãos

Incluído em Pauta no dia 16/03/2011 para sessão nº 168/2011 de 23/03/2011 às 12:30.

Voto
EMENTA: REVISÃO. NÃO RECONHECIMENTO PERÍODO. LEGISLAÇÃO
APLICÁVEL: ARTS.125,127 E 130 DO DECRETO Nº3048/99, PARECER
CJ/CONJUR/616/2010. . RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO

1- Diante da tempestividade do recurso e o exposto no relatório;


2- O INSS emitiu em 06/09/2002 certidão de tempo de contribuição (CTC) que
contempla os períodos de 01/07/73 a 01/03/78 como contínuo (Banco Real S/A), de 17/03/79 a
28/02/85 como professor (Sindicato dos Empreg. Em Estab. Bancários de BH e Região, professor
), de 15/09/79 a 02/02/83 como prof. de recreação (Pampulha Iate Clube), de 01/08/84 a 01/05/85
como coordenador de ed. física (Colégio Anchieta Limitada), de 01/06/85 a 02/02/87 como
coord. de ed. física (Colégio Anchieta Limitada);
3- Conforme documentos que instruem os autos, os períodos de 01/07/73 a 01/03/78,
de 17/03/79 a 28/02/85, de 01/03/85 a 01/05/85 e de 01/06/85 a 30/11/86 já foram averbados pela
Prefeitura de Belo Horizonte;
4- Assim dispõem o parágrafo 3º do artigo 125, o artigo 127, os parágrafos 7,8,12 e
13 do artigo 130 do Decreto nº3048/99:

Art.125. Para efeito de contagem recíproca, hipótese em que os diferentes


sistemas de previdência social compensar-se-ão financeiramente, é assegurado:

I - o cômputo do tempo de contribuição na administração pública, para fins de


concessão de benefícios previstos no Regime Geral de Previdência Social,
inclusive de aposentadoria em decorrência de tratado, convenção ou acordo
internacional; e Alterado pelo Decreto nº 6.042 - de 12/2/2007 - DOU DE
12/2/2007
II - para fins de emissão de certidão de tempo de contribuição, pelo INSS, para
utilização no serviço público, o cômputo do tempo de contribuição na atividade
privada, rural e urbana, observado o disposto no § 4o deste artigo e no
parágrafo único do art. 123, § 13 do art. 216 e § 8o do art. 239.Alterado pelo
Decreto nº 6.042 - de 12/2/2007 - DOU DE 12/2/2007
§ 3º É permitida a emissão de certidão de tempo de contribuição para períodos
de contribuição posteriores à data da aposentadoria no Regime Geral de
Previdência Social. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003)
Art.127. O tempo de contribuição de que trata este Capítulo será contado de
acordo com a legislação pertinente, observadas as seguintes normas:

I- não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições especiais;


II- é vedada a contagem de tempo de contribuição no serviço público com o de
contribuição na atividade privada, quando concomitantes;
III- não será contado por um regime o tempo de contribuição utilizado para
concessão de aposentadoria por outro regime;
IV- o tempo de contribuição anterior ou posterior à obrigatoriedade de filiação à
previdência social somente será contado mediante observância, quanto ao
período respectivo, do disposto nos arts. 122 e 124;
V- o tempo de contribuição do segurado trabalhador rural anterior à
competência novembro de 1991 será computado, desde que observado o disposto
no parágrafo único do art. 123, no § 13 do art. 216 e no § 8º do art. 239.

Processo: 11001050.1.00276022 2/4

236
Seleção de Acórdãos

Art. 130. O tempo de contribuição para regime próprio de previdência social ou


para Regime Geral de Previdência Social deve ser provado com certidão
fornecida: (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

§ 7º Quando solicitado pelo segurado que exerce cargos constitucionalmente


acumuláveis, é permitida a emissão de certidão única com destinação do tempo
de contribuição para, no máximo, dois órgãos distintos.
§ 8º Na situação do parágrafo anterior, a certidão de tempo de contribuição
deverá ser expedida em três vias, das quais a primeira e a segunda serão
fornecidas ao interessado, mediante recibo passado na terceira via, implicando
sua concordância quanto ao tempo certificado.
§ 9º A certidão só poderá ser fornecida para os períodos de efetiva contribuição
para o Regime Geral de Previdência Social, devendo ser excluídos aqueles para
os quais não tenha havido contribuição, salvo se recolhida na forma dos §§ 7º a
14 do art. 216. (Incluído pelo Decreto nº 3.668, de 2000)
§ 12. É vedada a contagem de tempo de contribuição de atividade privada com a
do serviço público ou de mais de uma atividade no serviço público, quando
concomitantes, ressalvados os casos de acumulação de cargos ou empregos
públicos admitidos pela Constituição. (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de
2008).
§ 13. Em hipótese alguma será expedida certidão de tempo de contribuição para
período que já tiver sido utilizado para a concessão de aposentadoria, em
qualquer regime de previdência social. (Incluído pelo Decreto nº 3.668, de 2000)
§ 14. A certidão de que trata o § 3o deverá vir acompanhada de relação dos
valores das remunerações, por competência, que serão utilizados para fins de
cálculo dos proventos da aposentadoria. (Incluído elo Decreto nº 6.722, de 2008).
§ 15. O tempo de serviço considerado para efeito de aposentadoria e cumprido
até 15 de dezembro de 1998 será contado como tempo de contribuição. (Incluído
elo Decreto nº 6.722, de 2008).
§ 16. Caberá revisão da certidão de tempo de contribuição, inclusive de ofício,
quando constatado erro material, vedada à destinação da certidão a órgão
diverso daquele a que se destinava originariamente. (Incluído elo Decreto nº
6.722, de 2008).).
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (Nova redação dada pela EC nº 19, de 1998)
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando
houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no
inciso XI: (Nova redação dada pela EC nº 19, de 1998)
a) a de dois cargos de professor; (Incluída pela EC nº 19, de 1998)
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Incluída pela EC
nº 19, de 1998)
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com
profissões regulamentadas; (Nova redação dada pela EC nº 34, de 2001)

5- O postulante almeja que vínculos nos períodos de 01/08/84 a 28/02/85 como


coordenador de ed. física e de 15/09/79 a 02/02/83 como prof. de recreação (ambos celetistas)
concomitantes com o vínculo de 17/03/79 a 28/02/85 como professor (este período, já averbado
pela Prefeitura) sejam objeto de outra CTC;
6- No caso em questão seria contagem em dobro de vínculos sob o mesmo regime de
trabalho com base no inciso I do artigo 127 do Decreto nº3048/99;
7- Assim dispõe o artigo 68 da Portaria 323/2010:

Processo: 11001050.1.00276022 3/4

237
Seleção de Acórdãos

Art. 68. Os pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, quando aprovados pelo


Ministro de Estado, nos termos da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro
de 1993, vinculam os órgãos julgadores do CRPS, à tese jurídica que fixarem,
sob pena de responsabilidade administrativa quando da sua não observância.
8 – O Parecer/CONJUR/MPS/nº 616/2010, de 23/12/2010 aprovado pelo Ministro de
Estado da Previdência Social, estabelece que, no caso de atividades concomitantes no âmbito do
RGPS, o tempo de contribuição é único e indivisível, não gerando a possibilidade de dupla
aposentadoria por esse regime. A razão é que o artigo 96, inciso III da Lei nº8213/91,
expressamente veda a contagem do tempo de contribuição por um sistema previdenciário, quando
o mesmo tempo já tenha sido utilizado para concessão de aposentadoria por outro (questão 20);

9- Sendo assim, não cabe atender as pretensões do postulante.

CONCLUSÃO - Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO, para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, por falta de
amparo legal.

DANIELLA VIANNA MASCARENHAS


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 3015/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ALEXANDRE


ALBERTO GOMIDES DE MAGALHAES GOMES e ROSALIA LIMA OLIVEIRA DA
SILVA.

Belo Horizonte - MG, 23/03/2011

DANIELLA VIANNA MASCARENHAS SUELI SILVA ROCHA


Relator(a) Presidente

Processo: 11001050.1.00276022 4/4

238
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
07ª JR - Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 36996.000037/2009-66


Unidade de Origem: AGÊNCIA TRES CORACOES
Documento: 0145.469.668-8
Recorrente: EDILEUSA PESSOA FERREIRA
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: SALÁRIO MATERNIDADE
Relator(a): ELVIRA DAS GRAÇAS DE SOUZA

Relatório
Pelo nascimento da menor Evelly Kauany Pessoa Vilela, ocorrido em 09/12/2008,
requereu a Sra.Edileuza Pessoa Ferreira no INSS, em 13/01/2009, o salário-maternidade em
referência.
O INSS não reconheceu seu direito ao benefício, tendo em vista que a Constituição
Federal em seu artigo 10, inciso II, letra b, ADCT, veda a dispensa arbitrária ou sem justa causa
da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, cabendo a
responsabilidade pelo pagamento do salário-maternidade à empresa, caso ocorra este tipo de
dispensa,fls.11.
Na carta de indeferimento consta ainda, anotada à caneta a expressão: safrista com
contrato pré determinado.
Não se conformando com o indeferimento, a postulante apresentou recurso, fls.13.
Conforme se vê da Carteira de Trabalho da recorrente, anexada aos autos, seu último
vínculo empregatício foi na condição de safrista da propriedade rural denominada Fazenda
Serrado Velho, de Carlos Roberto Sarto, no período de 23/06/2008 a 01/11/2008.
Ao manter o indeferimento, o INSS alega que nos termos do art. 97 do Dec. 6122/2007 a
segurada desempregada faz jus ao salário-maternidade contando que o fato gerador esteja dentro
do período de graça na hipótese de dispensa por justa causa ou a pedido; que no presente caso,
verifica-se que o último vínculo empregatício da segurada foi contrato de trabalho por prazo
determinado, na função de safrista, sendo conhecedora dos limites do contrato.
É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 18/08/2009 para sessão nº 510/2009 de 27/08/2009 às 08:00.

Voto
EMENTA: SALÁRIO MATERNIDADE. SEGURADA DA ÁREA RURAL.
SAFRISTA. NECESSIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DE
SEGURADA, SEGURADA EMPREGADA. CARÊNCIA INEXIGÍVEL
PREENCHIMENTOS DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS. IMPROPRIEDADE DO

Processo: 0145.469.668-8 1/3

239
Seleção de Acórdãos

ATO RECORRIDO. POSSIBILIDADE. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL


PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 97.. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO
Sendo o recurso tempestivo, obedecidas as normas que regem a matéria, pode ser
conhecido e julgado em seu mérito.
Discute-se, nestes autos, sobre o direito da postulante ao salário-maternidade na condição
de safrista desempregada.
Seu último vínculo empregatício ocorreu no período de 23/06/2008 a 01/11/2008.
A criança nasceu em 09/12/2008.
Alegou o INSS que não seria cabível o pagamento do benefício por parte do mesmo,
levando em consideração o que diz a Constituição Federal em seu artigo 10, inciso II, letra b,
ADCT, que veda a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a
confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, cabendo a responsabilidade pelo
pagamento do salário-maternidade à empresa caso ocorra este tipo de dispensa.
O art. 19, parágrafo único do Dec. 73.626, de 12/02/74 define o contrato de trabalho do
safrista da seguinte forma:
Art. 19 – Considera-se safreiro ou safrista o trabalhador que se obriga à prestação
de serviços mediante contrato de safra.
Parágrafo único – Contrato de safra é aquele que tenha sua duração dependente de
variações estacionais das atividades agrárias, assim entendidas as tarefas normalmente
executadas no período compreendido entre o preparo do solo para o cultivo e a colheita.
O contrato de trabalho nesta condição tem prazo determinado.
Se o prazo é determinado, não tem o empregador obrigação de ficar com a empregada
gestante até que ela dê à luz à criança.
Assim, entende este Colegiado que cabe ao INSS pagar o salário-maternidade à recorrente
e não o seu empregador.
Dentro desta linha de raciocínio e considerando que a segurada, ainda, mantinha-se
vinculada à previdência social na data em que a criança nasceu, faz jus ao beneficio requerido à
vista do que dispõe o art. 97 parágrafo único do Dec. 3048/99:
Art.97 – O salário-maternidade da segurada empregada será devido pela
previdência social enquanto existir relação de emprego, observadas as regras quanto ao
pagamento desse benefício pela empresa.

Parágrafo Único – Durante o período de graça a que se refere o art.13, a segurada


desempregada fará jus ao recebimento do salário-maternidade nos casos de demissão antes
da gravidez ou durante a gestação, nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a pedido,
situações em que o benefício será pago diretamente pela previdência social.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO pelo conhecimento e PROVIMENTO AO


RECURSO.

ELVIRA DAS GRAÇAS DE SOUZA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 11353/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Processo: 0145.469.668-8 2/3

240
Seleção de Acórdãos

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: FRANCISCA


MARGARIDA DE ALACOQUE CORREA e FERNANDO CÉSAR MAGALHÃES.

Belo Horizonte - MG, 27/08/2009

ELVIRA DAS GRAÇAS DE SOUZA SUELI SILVA ROCHA


Relator(a) Presidente em Exercício

Processo: 0145.469.668-8 3/3

241
Seleção de Acórdãos

242
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
07ª JR - Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 36994.000183/2011-26


Unidade de Origem: AGÊNCIA ALFENAS
Documento: 0153.476.506-6
Recorrente: ANA LUCIA BARBOSA
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: SALÁRIO MATERNIDADE
Relator(a): DANIELLA VIANNA MASCARENHAS

Relatório
Recorre Ana Lucia Barbosa a esta Junta de Recursos, por não concordar com a
decisão do INSS, que indeferiu seu pedido de Salário-Maternidade, requerido em 17/11/2010, na
condição de segurada especial. O nascimento da criança ocorreu em 31/01/2007, fls.34.
O benefício foi indeferido uma vez que a requerente não se encontrava filiada no
Regime Geral de Previdência Social na data do nascimento, fls.24.
Para a instrução dos autos, foram apresentados:
- Documentos de imóvel rural denominado “Fazenda Santo Antônio”, fls.07/09,17 a
21,37 a 57;
- Declaração de Exercício de atividade Rural emitida pelo Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Alterosa informando atividade no período de 26/04/99 a 20/01/2007,
em regime de economia familiar, como proprietária (Fazenda Santo Antônio), fls.10/11/12.
O Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) registra inscrição como
segurado especial em 17/12/2010, fls.13.
Foi realizada entrevista com a postulante e a mesma declarou ter começado a
trabalhar com 12 anos de idade e que trabalhou até o sexto mês de gestação, fls.14/15.
Carta de exigências, fls.16.
De acordo com despacho de fls.28, a postulante trabalhou até 31/08/2006 e o salário
maternidade para desempregada só é permitido para parto ocorrido a partir de 14/06/2007 pelo
Decreto 6122, de 13/06/2007.
Nas razões recursais, alega ser filha de pequeno produtor rural, fls.32/33.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 16/03/2011 para sessão nº 168/2011 de 23/03/2011 às 12:30.

Voto
EMENTA: SALÁRIO MATERNIDADE. SEGURADA ESPECIAL.
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL:ART. 9º, 93 DO DECRETO Nº3.048/99. .
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO

Processo de: Ana Lucia Barbosa

Processo: 0153.476.506-6 1/3

243
Seleção de Acórdãos

1- O Recurso é tempestivo o que permite seu conhecimento e julgamento quanto ao


mérito.
2 – A postulante habilitou-se ao benefício alegando atividade no período de 26/04/99
a 20/01/2007, em regime de economia familiar, como proprietária (Fazenda Santo Antônio),
fls.10/11/12.
3- O nascimento da criança ocorreu em 31/01/2007.
4- Após entrevista com a postulante, o servidor do INSS emitiu conclusão favorável
ao enquadramento da postulante como segurada especial, em economia familiar de 26/04/99 a
31/08/2006, fls.14/15.
5- O INSS indeferiu o pedido sob o fundamento de que o salário maternidade para
desempregada só é permitido para parto ocorrido a partir de 14/06/2007 com o Decreto
6122/2007, fls.28.
6- O motivo utilizado pelo INSS para indeferir o benefício não pode prosperar uma
vez que se trata de segurada especial e não segurada empregada.
7- No caso de segurado especial, a interessada deve comprovar o exercício de
atividade rural nos últimos dez meses anteriores à data do parto, fato que restou comprovado pelo
INSS.
8 – Assim dispõe o artigo 9º , inciso VII, §§ 5º, 6º do Decreto nº 3.048/99, a saber:
"Art. 9 - São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas
físicas:
VII - como segurado especial : o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário
rurais, o garimpeiro, o pescador artesanal e seus assemelhados, que exerçam
suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, com ou
sem auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou
companheiros e filhos maiores de 14 anos de idade ou a eles equiparados, desde
que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo.
§ 5º Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o
trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao
desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de
mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes.
(Nova redação dada pelo Decreto nº 6.722,de 30/12/2008)
§ 6º Entende-se como auxílio eventual de terceiros o que é exercido
ocasionalmente, em condições de mútua colaboração, não existindo
subordinação nem remuneração.
9- Diante da conclusão da entrevista, esta Relatora entende que a requerente faz jus
ao benefício pleiteado, eis que logrou êxito em comprovar atividade rural, como segurada
especial, nos 10 (dez) meses anteriores ao início do benefício, conforme preceitua o parágrafo 2º
do artigo 93 do Decreto nº 3.048/99, com a redação vigente a época do nascimento da criança:
Art. 93. O salário-maternidade é devido à segurada da previdência social,
durante cento e vinte dias, com início vinte e oito dias antes e término noventa e
um dias depois do parto, podendo ser prorrogado na forma prevista no § 3o
.(Nova redação dada pelo Decreto nº 4.862 de 21/10/2003 - DOU DE 22/10/2003
§ 2oSerá devido o salário-maternidade à segurada especial, desde que comprove
o exercício de atividade rural nos últimos dez meses imediatamente anteriores à
data do parto ou do requerimento do benefício, quando requerido antes do
parto, mesmo que de forma descontínua, aplicando-se, quando for o caso, o
disposto no parágrafo único do art. 29. (Nova redação dada pelo Decreto nº
5.545, de 22/9/ 2005 - DOU DE 23/9/2005)

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO, para no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, conforme
fundamentação supra.

Processo: 0153.476.506-6 2/3

244
Seleção de Acórdãos

DANIELLA VIANNA MASCARENHAS


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 2906/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ALEXANDRE


ALBERTO GOMIDES DE MAGALHAES GOMES e ROSALIA LIMA OLIVEIRA DA
SILVA.

Belo Horizonte - MG, 23/03/2011

DANIELLA VIANNA MASCARENHAS SUELI SILVA ROCHA


Relator(a) Presidente

Processo: 0153.476.506-6 3/3

245
Seleção de Acórdãos

246
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
07ª JR - Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 36994.001955/2010-66


Unidade de Origem: AGÊNCIA ALFENAS
Documento: 0151.371.610-4
Recorrente: JOSE CARLOS DE MORAIS
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): FRANCISCA MARGARIDA DE ALACOQUE CORREA

Relatório
O segurado José Carlos de Morais apresentou o recurso a esta 7ª- JR/CRPS, por não
concordar com a decisão do INSS, denegatória à concessão da aposentadoria por ele requerida
em 14/04/2010, na condição de empregado rural, após completar 52 anos de idade.
Apresentou cópias de seus documentos pessoais, de CTPS’s e da Certidão de Casamento
realizado em 22/07/78, quando foi qualificado como lavrador, fls. 03/14.
Encontram-se registrados no Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS, vínculos
de natureza rural nos períodos de 02/02/81 a 06/09/96, 07/04/97 a 18/08/97, 01/10/98 a 31/08/99,
03/01/2000 a 30/10/2000, 27/06/2001 a 27/07/2001, 01/04/2002 a 17/09/2002, 15/03/2004 a
11/10/2004 e a partir de 01/11/2005, assim como contribuições previdenciárias de 09/97 a 08/98,
fls. 17/20.
Contava o segurado, em 16/12/98, com 22 anos, 04 meses e 14 dias de tempo de serviço e
29 anos, 05 meses e 13 dias de tempo de contribuição em 31/03/2010, fls. 27/32.
Às fls. 33/36 foi juntada cópia do Acórdão nº- 7ª-JR/CRPS 16625/2009, quando foi
negado provimento ao recurso do segurado, processo nº- 42/145.602.454-7, em apenso.
Foi o benefício indeferido por falta de tempo de serviço/contribuição, fls. 47/48.
Argumentou sua representante legal em razões de recurso, que a concessão da
aposentadoria por idade ao trabalhador rural independe de contribuição, não estando sujeita a
período de carência, bastando a comprovação da idade e da atividade rural em número de meses
idênticos à carência do benefício, acrescentando que no processo do benefício requerido
anteriormente foram apurados até 12/08/2008, 33 anos, 04 meses e 25 dias, sem a indenização
dos períodos de 01/01/2003 a 31/12/2003 e 01/01/2005 a 30/10/2005, fazendo, no presente caso,
jus à aposentadoria integral, fls. 51/53.
Em suas contra-razões o INSS manteve o ato recorrido, uma vez que não foram
computados 35 anos de tempo rural e para ser computado o tempo de atividade rural reconhecido
no processo anterior, o mesmo teria que ser indenizado, além do que só foi apresentada a
Certidão de Casamento para fazer prova para o ano de 1978, fls. 59/60.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 01/10/2010 para sessão nº 617/2010 de 14/10/2010 às 09:00.

Voto

Processo: 0151.371.610-4 1/4

247
Seleção de Acórdãos

EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. BENEFÍCIO


REQUERIDO COMO EMPREGADO RURAL. SEGURADO NÃO POSSUI 174
CONTRIBUIÇÕES ENTRE 11/91 E 03/2010 PARA QUE FOSSEM SOMADOS
OS PERÍODOS DE ATIVIDADE RURAL, NA CONDIÇÃO DE SEGURADO
ESPECIAL E EMPREGADO RURAL, NÃO FAZENDO JUS À CONCESSÃO
DO BENEFÍCIO, SEGUNDO ARTIGOS 26, 29, 56, 182 E 187 DO DECRETO
Nº- 3048/99 E ARTIGO 54 DO DECRETO Nº- 2172/97.. RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO
O recurso é tempestivo, está regularmente processado podendo, assim, ser conhecido e
julgado pelo Colegiado.
Ao postular o benefício contava o segurado com 52 anos de idade, tendo, portanto, que
comprovar 30 anos de tempo de serviço até 16/12/98 para a aposentadoria proporcional ou 35
anos até a data de entrada do requerimento do benefício para a concessão da aposentadoria
integral.
No processo em apenso, nº- 42/145.602.454-7, restaram reconhecidos como tempo rural,
segurado especial, os períodos de 08/01/97 a 06/04/97, 19/08/97 a 30/09/98, 01/09/99 a
02/01/2000, 01/11/2000 a 26/06/2001, 28/07/2001 a 31/03/2002, 01/01/2003 a 31/12/2003,
12/10/2004 a 31/12/2004 e 01/01/2005 a 30/10/2005, vide Acórdão nº- 16.625/2009, fls.
173/176.
Importante se faz esclarecer que, apesar do segurado contar com 29 anos, 05 meses e 13
dias de tempo de contribuição como empregado rural, até o mês 10/1991, o empregador rural não
era obrigado a recolher contribuições previdenciárias para seus empregados e/ou deles fazer tais
descontos.
Somente a partir do mês de novembro de 1991 é que esta contribuição passou a ser
obrigatória e por isso, considerado como tempo de contribuição desde então para fins de
carência.
Mas para o segurado empregado rural ou o segurado especial não ficarem prejudicados ao
perderem todo o tempo anterior a este marco inicial, a legislação previdenciária considerou que
se após 11/91 o segurado contar com a carência mínima prevista nos artigos 29 ou 182 do
Decreto nº- 3048/99, conforme abaixo transcritos, o tempo anterior a 11/91 será computado como
tempo de contribuição, ou seja, será aproveitado e somado ao período contributivo, senão
vejamos:

Art. 29 – A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência


Social, ressalvado o disposto no artigo 30, depende dos seguintes períodos de carência:
II – cento e oitenta contribuições mensais, nos casos de aposentadoria por idade, tempo
de contribuição e especial.

Art. 182. A carência das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial
para os segurados inscritos na previdência social urbana até 24 de julho de 1991, bem como
para os trabalhadores e empregadores rurais amparados pela previdência social rural,
obedecerá à seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que o segurado implementou
todas as condições necessárias à obtenção do benefício:
Em 2010: 174 contribuições.

No presente caso, será considerada a carência de 174 contribuições, uma vez que o
segurado se inscreveu no Regime Geral de Previdência Social – RGPS em 11/01/72, antes,
portanto, da edição da Lei nº- 8213, de 24/07/91, que passou a exigir a carência de 180
contribuições para o segurado inscrito após aquela data.
Computando-se então os períodos de 01/11/91 a 06/09/96, 07/04/97 a 18/08/97, 01/09/97 a
31/08/98, 01/10/98 a 31/08/99, 03/01/2000 a 30/10/2000, 27/06/2001 a 27/07/2001, 01/04/2002 a
17/09/2002, 15/03/2004 a 11/10/2004 e de 01/11/2005 a 31/03/2010, a carência apurada é de
cerca de 166 contribuições até 31/03/2010, vindo a atingir as 174 aproximadamente em
novembro/2010, se continuar empregado ou contribuindo.

Processo: 0151.371.610-4 2/4

248
Seleção de Acórdãos

Assim que completar a 174 contribuições, todos os demais períodos não contributivos
poderão ser considerados, para efeito da concessão do benefício postulado, na forma do artigo 26,
parágrafo 3º- do referido Decreto, a saber:

Art. 26 - Período de carência é o tempo correspondente ao número mínimo de


contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício,
consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências.
§ 3º - Não é computado para efeito de carência o tempo de atividade do trabalhador
rural anterior à competência novembro de 1991.

Cabe também considerar que os períodos reconhecidos como de atividades rurais, condição
de segurado especial não poderão constar do cômputo acima porque não são contributivos.
COLOCAR ART ¨26 par.3º-
Assim sendo, não se apurou tempo suficiente para a aposentadoria na forma pleiteada,
antes do início de vigência da Emenda Constitucional n°- 20/98, nos moldes dos artigos 54 do
Decreto nº- 2172/97 e 187 do Decreto n°- 3048/99, os quais abaixo transcrevo, respectivamente:

Art 54 - A aposentadoria por tempo de serviço, uma vez cumprida a carência


exigida, será devida ao segurado que completar trinta anos de serviço, se do sexo masculino,
ou 25 anos, se do sexo feminino.

“Art. 187 - É assegurada a concessão de aposentadoria, a qualquer tempo, nas


condições previstas na legislação anterior à Emenda Constitucional n°- 20, de 1998, ao
segurado do Regime Geral de Previdência Social que, até 16 de dezembro de 1998, tenha
cumprido os requisitos para obtê-la.”;

Também não é suficiente o tempo apurado para a concessão do benefício na forma


integral prevista no artigo 56 do Decreto nº- 3048/99, em sua nova redação dada pelo Decreto nº-
6042, de 12/02/2007, abaixo transcrito:

Art. 56 - A aposentadoria por tempo de contribuição será devida ao segurado após


trinta e cinco anos de contribuição, se homem, ou trinta anos, se mulher.

Na expectativa de ter prestado a devida explicação, não restou provado o direito ao


benefício requerido.

CONCLUSÃO: pelo exposto, VOTO, no sentido de preliminarmente, CONHECER


DO RECURSO, para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, por falta de amparo legal.

FRANCISCA MARGARIDA DE ALACOQUE CORREA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 12097/2010

Processo: 0151.371.610-4 3/4

249
Seleção de Acórdãos

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: LIRIA SOARES


NOGUEIRA e GERALDO DA SILVA DANTAS.

Belo Horizonte - MG, 14/10/2010

FRANCISCA MARGARIDA DE ALACOQUE CORREA


Relator(a)

SUELI SILVA ROCHA


Presidente

Processo: 0151.371.610-4 4/4

250
Seleção de Acórdãos

ÁCORDÃOS 8ª JR - MG

251
Seleção de Acórdãos

252
Seleção de Acórdãos

08ª JR - Oitava Junta de Recursos

Documento: 0052.157.150-2
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA BOM DESPACHO-APSBDP
Nº de Protocolo do Recurso: 37033.000490/2010-57
Recorrente(s): ELVIRA CELINA DE MESQUITA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 28/07/2010
Relator(a): HUXLEY FERREIRA CÓLEN

Relatório

A interessada, Sra. ELVIRA CELINA DE MESQUITA, nascida em


07/04/28, recorre a esta Junta, por intermédio de sua procuradora (fls.
58/59), inconformada com o indeferimento do pedido de revisão de seu
benefício.
O pedido foi protocolizado (solicitação de agendamento) em
19/04/10, reivindicando, a segurada, a revisão do valor do seu benefício, nos
termos do artigo 144 da Lei nº 8.213/91, a partir da DIB (Data de Início do
Benefício) em 05/02/92, excluindo-se a aplicação da prescrição prevista na
Legislação Previdenciária, uma vez que tal procedimento deveria ter
processado ex-ofício (fls. 62/65).
Após o processamento da revisão, o valor da RMI (Renda Mensal
Inicial) foi alterado de Cr$279.468,63 para Cr$644.806,55 (cruzeiros –
moeda da época) e a RM (Renda Mensal) de R$576,39 para R$1.330,04,
gerando um Complemento Positivo equivalente a R$50.084,30, referente ao
período de 27/04/05 a 30/06/10 (fls. 66/87).
Nessa apuração, o Instituto, invocando o disposto no artigo 416 c/c o
artigo 446 da IN 45/2010, aplicou a prescrição quinquenal, fixando a DIP
(Data de Início de Pagamento) em 27/04/05 em virtude da DPR (Data do
Pedido de Revisão) estabelecida em 26/04/10 (fl. 88).
As alegações recursais foram protocolizadas (solicitação de
agendamento) em 19/04/10, afirmando, a recorrente, ser indevida a
aplicação da prescrição quinquenal no presente caso, haja vista tratar-se de
revisão prevista no artigo 144 da Lei nº 8.213/91, conhecida como
“REVISÃO DO BURACO NEGRO”, requerendo, portanto, a retroação da DIP

253
Seleção de Acórdãos

(Data de Início de Pagamento) para o recebimento dos valores apurados (fls.


92/99).
O Instituto, em fase recursal, manteve o indeferimento (fl. 102).
Em síntese, é o relatório.
ÀS PARTES INTERESSADAS, CABE A OBSERVÂNCIA DOS
PRAZOS REGIMENTAIS, BEM COMO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 16,
17, 18 E 58 DA PT/MPS Nº323/07 E ALTERAÇÕES, QUE TRATAM DE
RECURSO, ALÇADA E EMBARGOS.

Belo Horizonte - MG, 26/01/2011

HUXLEY FERREIRA CÓLEN


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-01-26 para sessão nº 18/2011 de 2011-02-03 às 1300

Voto

01 – O Recurso é tempestivo, haja vista a não comprovação da


ciência da segurada a respeito da decisão do Instituto, seja pessoalmente ou
por intermédio de representante legal, para que se possa constatar o
decurso do respectivo prazo, evidenciando-se, assim, sua admissibilidade.
02 – Em face do relatório supra, cabe a este Relator adentrar nos
fundamentos e argumentos para a respectiva decisão.
03 – Inicialmente, cumpre observar que o princípio constitucional do
direito adquirido tem que ser respeitado pela Administração, quando da
aplicação da norma legal.
04 – Pela leitura dos autos, constata-se que:
a) a matéria controversa, objeto do julgamento do presente recurso,
consiste na aplicação ou não da prescrição quinquenal, por ocasião da
revisão do valor da RMI (Renda Mensal Inicial) do benefício, conforme
previsto no artigo 144 da Lei nº 8.213/91.
05 – No que tange aos benefícios concedidos pela Previdência
Social, no período de 05/10/88 a 05/04/91, imprescindível se torna ressaltar
que caberia ao INSS recalcular e reajustar os respectivos valores da RMI
(Renda Mensal Inicial), conforme previsto e disposto no artigo 144 da Lei nº
8.213/91, in verbis:

254
Seleção de Acórdãos

Art. 144. Até 1º de junho de 1992, todos os benefícios de


prestação continuada concedidos pela Previdência Social, entre 5 de
outubro de 1988 e 5 de abril de 1991, devem ter sua renda mensal
inicial recalculada e reajustada, de acordo com as regras estabelecidas
nesta Lei.
Parágrafo único. A renda mensal recalculada de acordo com o
disposto no caput deste artigo, substituirá para todos os efeitos a que
prevalecia até então, não sendo devido, entretanto, o pagamento de
quaisquer diferenças decorrentes da aplicação deste artigo referentes
às competências de outubro de 1988 a maio de 1992.
06 – Assim sendo, entende, este Relator, ser devida a aplicação da
prescrição quinquenal no presente caso, haja vista a DER (Data de
Entrada do Requerimento) e DIB (Data de Início do benefício) estabelecidas
em 05/02/92, portanto, fora daquele período previsto no dispositivo legal
retrocitado, estando, assim, correta a fixação da DIP (Data de Início de
Pagamento) pelo Instituto.
07 – Diante de tudo mais que do processo consta;
VOTO, preliminarmente, pelo conhecimento do recurso e, no mérito,
pelo seu não provimento, deixando de reconhecer à postulante, Sra.
ELVIRA CELIMA DE MESQUITA, o direito à revisão pleiteada, tendo em
vista a falta de amparo legal.

Belo Horizonte - MG, 26/01/2011

HUXLEY FERREIRA CÓLEN


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 1541/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARCO ANTÔNIO


PICORELLI LOPES CANÇADO e SILVIO JOSÉ SILVA.

255
Seleção de Acórdãos

Belo Horizonte - MG, 03/02/2011

HUXLEY FERREIRA CÓLEN SÉRGIO CAMPOS VIANNA


Representante do Governo Presidente
08ª JR - Oitava Junta de Recursos

256
Seleção de Acórdãos

08ª JR - Oitava Junta de Recursos

Documento: 0094.158.645-6
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA PARÁ DE MINAS-APSPAR
Nº de Protocolo do Recurso: 37026.000894/2010-30
Recorrente(s): DARIO DE OLIVEIRA MELGACO
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 30/11/2010
Relator(a): HUXLEY FERREIRA CÓLEN

Relatório

O interessado, Sr. DARIO DE OLIVEIRA MELGAÇO, nascido em


22/03/26, recorre a esta Junta, por intermédio de seu procurador (fl. 31),
inconformado com o indeferimento do pedido de revisão de seu benefício.
O pedido foi protocolizado (solicitação de agendamento) em 10/09/10,
reivindicando, o segurado, a revisão do valor do seu benefício, nos termos do
artigo 144 da Lei nº 8.213/91, a partir da DIB (Data de Início do Benefício) em
22/03/91, excluindo-se a aplicação da prescrição prevista na Legislação
Previdenciária, uma vez que tal procedimento deveria ter processado ex-ofício (fls.
30/44).
Após o processamento da revisão, o valor da RMI (Renda Mensal Inicial)
foi alterado de Cr$15.300,00 para Cr$108.052,64 (cruzeiros – moeda da época) e a
RM (Renda Mensal) de R$510,00 para R$1.546,88, gerando um Complemento
Positivo equivalente a R$70.656,78, referente ao período de 11/09/05 a 31/10/10
(fls. 45/83).
Nessa apuração, o Instituto, invocando o disposto nos artigos 416, 432 a
436, 438 e 441 da IN 45/2010, aplicou a prescrição quinquenal, fixando a DIP
(Data de Início de Pagamento) em 11/09/05 em virtude da DPR (Data do Pedido de
Revisão) estabelecida em 10/09/10 (fls. 81/83).
As alegações recursais foram protocolizadas (solicitação de
agendamento) em 16/11/10, afirmando, o recorrente, ser indevida a aplicação da
prescrição quinquenal no presente caso, haja vista tratar-se de revisão prevista no
artigo 144 da Lei nº 8.213/91, conhecida como “REVISÃO DO BURACO NEGRO”,
requerendo, portanto, a retroação da DIP (Data de Início de Pagamento) para o
recebimento dos valores apurados (fls. 85/88).
O Instituto, em fase recursal, manteve o indeferimento (fls. 91/92).

257
Seleção de Acórdãos

Em síntese, é o relatório.
ÀS PARTES INTERESSADAS, CABE A OBSERVÂNCIA DOS PRAZOS
REGIMENTAIS, BEM COMO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 16, 17, 18 E 58 DA
PT/MPS Nº323/07 E ALTERAÇÕES, QUE TRATAM DE RECURSO, ALÇADA E
EMBARGOS.

Belo Horizonte - MG, 26/01/2011

HUXLEY FERREIRA CÓLEN


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-01-26 para sessão nº 18/2011 de 2011-02-03 às 1300

Voto

01 – O Recurso é tempestivo, haja vista a não comprovação da ciência do


segurado a respeito da decisão do Instituto, seja pessoalmente ou por intermédio
de representante legal, para que se possa constatar o decurso do respectivo prazo,
evidenciando-se, assim, sua admissibilidade.
02 – Em face do relatório supra, cabe a este Relator adentrar nos
fundamentos e argumentos para a respectiva decisão.
03 – Inicialmente, cumpre observar que o princípio constitucional do direito
adquirido tem que ser respeitado pela Administração, quando da aplicação da
norma legal.
04 – Pela leitura dos autos, constata-se que:
a) a matéria controversa, objeto do julgamento do presente recurso,
consiste na aplicação ou não da prescrição quinquenal, por ocasião da
revisão do valor da RMI (Renda Mensal Inicial) do benefício, conforme
previsto no artigo 144 da Lei nº 8.213/91.
05 – No que tange aos benefícios concedidos pela Previdência Social, no
período de 05/10/88 a 05/04/91, imprescindível se torna ressaltar que caberia ao
INSS recalcular e reajustar os respectivos valores da RMI (Renda Mensal Inicial),
conforme previsto e disposto no artigo 144 da Lei nº 8.213/91, in verbis:
Art. 144. Até 1º de junho de 1992, todos os benefícios de prestação
continuada concedidos pela Previdência Social, entre 5 de outubro de 1988 e
5 de abril de 1991, devem ter sua renda mensal inicial recalculada e
reajustada, de acordo com as regras estabelecidas nesta Lei.
Parágrafo único. A renda mensal recalculada de acordo com o
disposto no caput deste artigo, substituirá para todos os efeitos a que
prevalecia até então, não sendo devido, entretanto, o pagamento de

258
Seleção de Acórdãos

quaisquer diferenças decorrentes da aplicação deste artigo referentes às


competências de outubro de 1988 a maio de 1992.
06 – Assim sendo, entende, este Relator, ser indevida a aplicação da
prescrição quinquenal no presente caso, haja vista a DER (Data de Entrada do
Requerimento) do benefício estabelecida em 22/03/91, tratando-se, pois, de
revisão que já deveria ter ocorrido até 01/06/92, independentemente da solicitação
ou não do segurado, devendo, portanto, para o recebimento dos valores apurados,
a DIP (Data de Início de Pagamento) ser estabelecida em consonância ao
dispositivo legal retrocitado.
07 – Diante de tudo mais que do processo consta;
VOTO, preliminarmente, pelo conhecimento do recurso e, no mérito, pelo
seu provimento, reconhecendo ao postulante, Sr. DARIO DE OLIVEIRA
MELGAÇO, o direito à revisão pleiteada, fazendo jus ao recebimento das
diferenças apuradas, a partir de 01/06/92 até a data do efetivo pagamento,
corrigidas monetariamente, como previsto no artigo 175 do Decreto nº 3.048/99.

Belo Horizonte - MG, 26/01/2011

HUXLEY FERREIRA CÓLEN


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 1538/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARCO ANTÔNIO


PICORELLI LOPES CANÇADO e SILVIO JOSÉ SILVA.

Belo Horizonte - MG, 03/02/2011

HUXLEY FERREIRA CÓLEN SÉRGIO CAMPOS VIANNA


Representante do Governo Presidente

259
Seleção de Acórdãos

08ª JR - Oitava Junta de Recursos

260
Seleção de Acórdãos

08ª JR - Oitava Junta de Recursos

Documento: 0151.974.430-4
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA PONTE NOVA-APSPON
Nº de Protocolo do Recurso: 36932.001824/2010-11
Recorrente(s): JOAO BOSCO VIEIRA LOPES
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 07/12/2010
Relator(a): MARIA LUIZA MAGALHÃES ELIAS

Relatório

JOAO BOSCO VIEIRA LOPES recorre a esta Junta, inconformado


com o indeferimento da Aposentadoria por Idade supracitada, requerida em
14/09/2010, na condição de trabalhadora rural (proprietário).
O recorrente nasceu em 05/01/47.
Para comprovação do exercício da atividade rural foram juntados aos
autos os documentos a seguir relacionados:
-fls. 07 a 43: escritura de compra do terreno e registro do imóvel em
14/12/94 (consta de tal documento profissão “comerciante”); ITR’s anos de
1994, 1997, 1999, data de emissão em 25/05/2000; 2003 a 2010; INCRA’s
anos de 1995 a 1996, emitidos em 29/08/2000; 2003 a 2010.
Conforme fls. 44 a 48, o recorrente foi empregado urbano durante
o período de 01/08/79 a 31/10/81; possui inscrição como autônomo –
representante comercial, desde 01/04/84, em aberto; contribuiu de
07/2010 a 08/2010.
Feita entrevista com o recorrente e com vizinho, às fls. 49/50 e 52/53.
O INSS, às fls. 54/55, não enquadrou o recorrente na condição de
segurado especial.
O pedido foi indeferido por falta de comprovação de atividade
rural em números de meses idênticos à carência do benefício - fl. 58.
Recurso protocolado em 26/11/2010, às fls. 67/69, por procurador (fl.
61), quando alega que a decisão de indeferimento não foi justificada; os
ITR’s de 1994 a 2010 já são suficientes para a comprovação da atividade
rural.

261
Seleção de Acórdãos

Às fls. 70/72, foi mantido o indeferimento; esclarece o INSS que não


foi comprovada a atividade alegada, considerando a falta de conjunto
harmônico, os recentes recolhimentos como representante comercial e o fato
de que não é possível admitir prova exclusivamente testemunhal.
CABE ÀS PARTES INTERESSADAS OBSERVAREM OS PRAZOS
REGIMENTAIS, BEM COMO O QUE DISPÕEM OS ARTIGOS 16, 17, 18 E
58 DA PT/MPS Nº 323/07 E ALTERAÇÕES, QUE TRATAM DE RECURSO,
ALÇADA E EMBARGOS.

Belo Horizonte - MG, 18/01/2011

MARIA LUIZA MAGALHÃES ELIAS


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-01-21 para sessão nº 24/2011 de 2011-02-10 às 830

Voto

1- Trata-se de recurso tempestivo que versa sobre a não


comprovação do exercício de atividade rural no período correspondente à
carência exigida.
2- Inicialmente, cabe a transcrição do artigo 26, parágrafo 1º do
Decreto 3.048/99, que assim define a carência para o segurado especial:
Art. 26. Período de carência é o tempo correspondente ao
número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o
beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso
do primeiro dia dos meses de suas competências.
§ 1º Para o segurado especial, considera-se período de carência
o tempo mínimo de efetivo exercício de atividade rural, ainda que de
forma descontínua, igual ao número de meses necessário à concessão
do benefício requerido.
3- O recorrente exerceu atividade urbana e rural, devendo ser
analisada cada situação em separado, bem como computando as duas
atividades, nos termos do artigo 51, §§ 1º ao 4º do decreto 3.048/99:
Art. 51. A aposentadoria por idade, uma vez cumprida a carência
exigida, será devida ao segurado que completar sessenta e cinco anos
de idade, se homem, ou sessenta, se mulher, reduzidos esses limites

262
Seleção de Acórdãos

para sessenta e cinqüenta e cinco anos de idade para os trabalhadores


rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea "a" do
inciso I, na alínea "j" do inciso V e nos incisos VI e VII do caput do art.
9º, bem como para os segurados garimpeiros que trabalhem,
comprovadamente, em regime de economia familiar, conforme definido
no §5º do art. 9º. (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/99).
§ 1º- Para os efeitos do disposto no caput, o trabalhador rural
deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de
forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento
do benefício ou, conforme o caso, ao mês em que cumpriu o requisito
etário, por tempo igual ao número de meses de contribuição
correspondente à carência do benefício pretendido, computado o
período a que se referem os incisos III a VIII do § 8º do art. 9° (Incluído
pelo Decreto nº 6.722,de 30/12/2008)
§ 2º Os trabalhadores rurais de que trata o caput que não
atendam ao disposto no § 1º, mas que satisfaçam essa condição, se
forem considerados períodos de contribuição sob outras categorias do
segurado, farão jus ao benefício ao completarem sessenta e cinco anos
de idade, se homem, e sessenta anos, se mulher (Incluído pelo Decreto
nº 6.722,de 30/12/2008)
§ 3º Para efeito do § 2º, o cálculo da renda mensal do benefício
será apurado na forma do disposto no inciso II do caput do art. 32,
considerando-se como salário-de-contribuição mensal do período
como segurado especial o limite mínimo do salário-de-contribuição da
previdência social (Incluído pelo Decreto nº 6.722,de 30/12/2008)
§ 4º Aplica-se o disposto nos §§ 2º e 3º ainda que na
oportunidade do requerimento da aposentadoria o segurado não se
enquadre como trabalhador rural. (Incluído pelo Decreto nº 6.722,de
30/12/2008)
4- Como o recorrente apresentou documento de comprovação da
atividade antes de 24/07/91 (vínculo empregatício iniciado em 01/08/79)
pode se beneficiar da tabela anexa ao artigo 182 do Regulamento da
Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99:
Art. 182. A carência das aposentadorias por idade, tempo de
contribuição e especial para os segurados inscritos na previdência
social urbana até 24 de julho de 1991, bem como para os trabalhadores
e empregadores rurais amparados pela previdência social rural,
obedecerá à seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que o
segurado implementou todas as condições necessárias à obtenção do
benefício:
4.1- acresce dizer que os pressupostos, evidentemente, não
precisam ser preenchidos simultaneamente e a carência, ou o exercício da
atividade rural, são estabelecidos quando atingida a idade exigida:

263
Seleção de Acórdãos

ANO DE IMPLEMENTAÇÃO DA IDADE (rural, com redução de


idade – 60 anos): 2007 - MESES DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE 157
ANO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS CONDIÇÕES (urbano – 65
anos): 2012 - MESES DE CONTRIBUIÇÃO EXIGIDOS: 180.
5- O benefício foi requerido na condição de trabalhador rural,
segurado especial, nos termos do artigo 9º, inciso V, alínea “j” do mesmo
decreto:
Art. 9º - São segurados obrigatórios da previdência social, as
seguintes pessoas físicas:
VII - como segurado especial: a pessoa física residente no
imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo que,
individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiros, na condição de: (Nova redação dada pelo
Decreto nº 6.722,de 30/12/2008)
a) produtor, seja ele proprietário, usufrutuário, possuidor,
assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou
arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído pelo Decreto nº
6.722,de 30/12/2008)
1. agropecuária em área contínua ou não de até quatro módulos
fiscais; ou (Incluído pelo Decreto nº 6.722,de 30/12/2008)
6- Após análise dos documentos apresentados, entende esta
Relatora que:
6.1-atividade rural: não restou comprovada a atividade durante todo
o período de carência (156 meses), uma vez que:
-não foram apresentados documentos que comprovem o exercício de
atividade rural, ainda que descontínua, durante o período anterior a 1994;
-em que pese possuir a idade de 60 anos, eis que nascido em
05/01/47, não comprovou exercício de atividade durante o período
necessário de carência;
6.2- atividade urbana: o postulante não possui a idade mínima
exigida de 65 anos, bem como não cumpriu a carência necessária, conforme
dispositivos legais acima transcritos.
7- O pedido foi feito em 14/09/2010, após o advento da Lei 11.718,
de 20/06/08, que permite que os períodos de atividade urbana sejam
computados juntamente com o período de atividade rural (§§ 2º ao 4º do
artigo 51 citado no item 4), mas não é cabível a concessão do benefício
pleiteado, na condição apontada, uma vez que não foram atendidos os
pressupostos estabelecidos (idade/carência):
Isto posto,
VOTO pelo não provimento do recurso, por falta de amparo legal.

264
Seleção de Acórdãos

Belo Horizonte - MG, 18/01/2011

MARIA LUIZA MAGALHÃES ELIAS


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 1090/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA APARECIDA


VIEIRA RIBEIRO MOTA COELHO E FÁTIMA FARIA SIMÃO PENNA.

Belo Horizonte - MG, 10/02/2011

MARIA LUIZA MAGALHÃES ELIAS SÉRGIO CAMPOS VIANNA


Representante do Governo Presidente
08ª JR - Oitava Junta de Recursos

265
Seleção de Acórdãos

266
Seleção de Acórdãos

08ª JR - Oitava Junta de Recursos

Documento: 0122.520.895-2
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA SÃO PAULO-MOOCA-APSMOO
Nº de Protocolo do Recurso: 36272.000374/2003-23
Recorrente(s): LUIZ NELSON KUPPER
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 27/03/2008
Relator(a): MARCO ANTÔNIO PICORELLI LOPES CANÇADO

Relatório

Processo oriundo de São Paulo, em face da redistribuição estabelecida pelo Provimento


CRPS/GP n° 92, de 03/10/2007.
Recorre o interessado LUIZ NELSON KUPPER a esta Junta, inconformado com o
indeferimento do benefício supra, requerido em 15/02/2002.
Deseja o postulante o reconhecimento como tempo especial, para fins de conversão em
comum, dos períodos para os quais apresentou formulários DSS-8030, a saber:
- ORGANIZAÇÃO PADRÃO DE TRANSPORTES LTDA:
de 01/11/1984 a 31/10/1986, motorista, fl. 05;
- NECH IND. E COMÉRCIO DE PRODUTOS QUIMICOS LTDA:
de 01/06/1987 a 01/06/1990, motorista, fl. 06;
- EXPRESSO MONZA LTDA:
de 01/06/1990 a 31/12/1998, motorista, fl. 07;
À fl. 45, consta informação de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, n°
133.833.956-4, em nome do interessado com DIB (Data de Início do Benefício) em 22/10/2004.
À fl. 46, consta comunicado ao interessado informando que deverá manifestar interesse
na conclusão do recurso protocolado na APS (Agencia da Previdência Social) de Mooca/SP, tendo
em vista o recebimento da aposentadoria por tempo de contribuição sob n° 133.833.956-4.
Havendo interesse, trazer todas as carteiras profissionais.
Às fls. 47/48, consta juntada aos autos do retorno da carta registrada com a exigência
formulada e a expiração do prazo de cumprimento da mesma por parte do segurado sem qualquer
manifestação até 05/07/2006.
À fl. 49, consta nova carta de exigência para apresentação de todas as carteiras
profissionais e carnês de recolhimento que possuir.
O benefício foi indeferido por falta de idade mínima, fl. 33.
O INSS apurou até 16/12/98, data de início da vigência da Ementa Constitucional nº 20,
08 anos, 06 meses e 16 dias de tempo de serviço, fl. 56, e até o último vínculo em 24/04/2001, 10
anos, 08 meses e 15 dias de tempo de contribuição, fl. 58.
Razões de recurso à fl. 36, protocoladas em 17/03/2003.
O Instituto manteve o indeferimento à fl. 59, esclarecendo que não houve cumprimento de
exigência solicitada de fls. 46 e 49, constando aviso de recebimento de fls. 47 e 54, sem
manifestação até a data de 10/10/2007. Considerando a simulação de contagem de tempo de
contribuição de fls. 56 e 58, os vínculos de acordo com art. 395 da IN 11 de 20/09/2006, não
possuindo o tempo mínimo necessário na DER (Data de Entrada do Requerimento).
Trata-se de matéria que comporta recurso à CAJ/CRPS.

267
Seleção de Acórdãos

Belo Horizonte - MG, 05/05/2008

MARCO ANTÔNIO PICORELLI LOPES CANÇADO


Representante das Empresas

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2008-05-06 para sessão nº 128/2008 de 2008-05-15 às 900

Voto

EMENTA - APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO - DIREITO


ADQUIRIDO NÃO CONFIGURADO. INCIDENCIA PARCIAL DE CONVERSÃO DE TEMPO
ESPECIAL EM COMUM. ATINGIDO O REQUISITO LEGAL DE TEMPO LABORADO E IDADE
MÍNIMA. OBSERVÂNCIA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS. ILEGALIDADE DO ATO
RECORRIDO. DIREITO DE OPÇÃO. POSSIBILIDADE. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL: DECRETO
2.172/97, ARTIGO 54 E DECRETO 3.048/99, ARTIGOS 187 E 188.
1 - Examinado e narrado o que consta dos autos, cabe a esta Relatora adentrar nos
fundamentos e argumentos, para a decisão;
2 - Evidentemente, o princípio constitucional do direito adquirido tem que ser respeitado
pela Administração, quando da aplicação da norma legal;
3 - Realmente, as atividades e condições especiais prejudiciais à saúde ou à integridade
física estão relacionadas ou disciplinadas nos anexos dos Decretos nº 53.831/64 e nº 83.080/79,
vigentes até 05/03/97, Decreto nº 2.172/97, vigente até 06/05/99, Decreto nº 3.048/99, com início de
vigência em 07/05/99;
4 - Pela leitura dos autos, constitui matéria controversa, objeto do julgamento do recurso,
o enquadramento e conversão dos períodos:
- ORGANIZAÇÃO PADRÃO DE TRANSPORTES LTDA:
de 01/11/1984 a 31/10/1986, motorista, fl. 05;
- NECH IND. E COMÉRCIO DE PRODUTOS QUIMICOS LTDA:
de 01/06/1987 a 01/06/1990, motorista, fl. 06;
- EXPRESSO MONZA LTDA:
de 01/06/1990 a 31/12/1998, motorista, fl. 07;
5 - Importante salientar, que vários pressupostos legais devem ser obedecidos por este
Colegiado, para a correta conversão de tempo especial em comum, quando for o caso, dentre eles:
a ) que o princípio constitucional do direito adquirido tem que ser respeitado pela
Administração quando da aplicação da norma legal;
b ) as atividades e condições especiais prejudiciais à saúde ou à integridade física estão
relacionadas ou disciplinadas nos anexos dos Decretos nº 53.831/64 e nº 83.080/79, vigentes até
05/03/97, Decreto 2.172/97, em vigor até 06/05/99, Decreto 3.048/99, com início a partir de
07/05/99.
c ) caracterização da atividade permanente e habitual, até 28/04/95 ou evidenciar habitual,
permanente, não ocasional e nem intermitente, a partir de 29/04/95;
d ) apresentação de DIRBEN 8030 (antigos SB 40, DISES BE 5235 ou DSS 8030)
considerado necessário até 28/04/95, sem apresentação de laudo técnico, exceto para ruído;
e ) oferecimento de formulário DIRBEN 8030 e laudo técnico expedido por especialista,

268
Seleção de Acórdãos

caracterizando todos os elementos exigíveis, a partir de 29/04/95;


f ) observância do limite permitido de 80 decibéis até 05/03/97, 90 decibéis a partir de
06/03/97 e 85 decibéis, a partir de 19/11/03;
g ) quando houver uso de tecnologia que elimina ou neutraliza a presença de agente
nocivo não caberá conversão, devendo constar do laudo os dados essenciais sobre a utilização de
equipamentos de proteção a partir de 14/12/98 (Portaria MTb nº 3.214/78 - NR 15 - 15.4);
h ) os laudos técnico-periciais devem levar em conta a média do ruído, para o correto
enquadramento, conforme o disposto na Portaria MTb nº 3.214/78 - NR 15 e seguintes, ou seja,
ocorrendo variações nos níveis de exposição ao agente ruído, a equação constante da norma
trabalhista oferecerá o resultado, que deverá atender o registrado na letra “f”;
i ) os laudos técnicos emitidos anteriormente ao exercício das atividades podem ser
aceitos, desde que confirmados através de formulário DIRBEN 8030, observado os requisitos legais
da época, inclusive a inalterabilidade das condições especiais;
j ) os laudos técnico-periciais, emitidos posteriormente ao exercício da atividade do
segurado, com base em dados ambientais, devem constar se houve alteração, ou não, de “lay out”
e/ou mudança das instalações físicas do local de trabalho, registrando a data da ocorrência e todos
os elementos que caracterizam o direito à época;
k ) os laudos técnico-periciais devem obedecer os ditames da Lei 9.732/98 e elaborados
de acordo com as normas trabalhistas, inclusive aqueles emitidos anteriormente;
l ) o trabalhador terá que provar através de documento apropriado, exigível à época, que
esteve sujeito a qualquer dos agentes biológicos, químicos, físicos ou associação de agentes, para
fazer jus a contagem de tempo especial;
m ) o laudo técnico-pericial tem que ser fundamentado e conclusivo, para gerar convicção
e ter eficácia a conversão.
n ) possibilidade de enquadramento por categoria profissional apenas até 28/04/95 e a
partir desta data deve ser apresentado o formulário DIRBEN 8030 e laudo técnico, exceto para
contribuinte individual, vez que, a partir de 29/04/95, é indevida a conversão;
6 - Aliás este Colegiado não condiciona suas decisões aos pronunciamentos técnicos da
perícia médica, analisando, também, por dever de ofício, os formulários e laudos acostados aos
Autos, à luz das normas legais aplicáveis à espécie, buscando, desta forma, proferir o decisório
com elementos geradores de convicção;
7 - Assim, observados os critérios acima mencionados entende este Relator, que cabe o
enquadramento dos períodos:
- ORGANIZAÇÃO PADRÃO DE TRANSPORTES LTDA:
de 01/11/1984 a 31/10/1986, motorista, fl. 05, tendo em vista a exposição a agentes
nocivos de modo habitual e permanente, cabe o enquadramento por categoria profissional tendo em
vista que o cargo de motorista esta contemplado pelo código 2.4.2, anexo II do decreto 83083/79;
- NECH IND. E COMÉRCIO DE PRODUTOS QUIMICOS LTDA:
de 01/06/1987 a 01/06/1990, motorista, fl. 06, tendo em vista a exposição a agentes
nocivos de modo habitual e permanente, cabe o enquadramento por categoria profissional tendo em
vista que o cargo de motorista esta contemplado pelo código 2.4.2, anexo II do decreto 83083/79;
- EXPRESSO MONZA LTDA:
de 01/06/1990 a 28/04/1995, motorista, fl. 07, tendo em vista a exposição a agentes
nocivos de modo habitual e permanente, cabe o enquadramento por categoria profissional tendo em
vista que o cargo de motorista esta contemplado pelo código 2.4.2, anexo II do decreto 83083/79,
garantido o enquadramento por categoria profissional somente até 28/04/1995;
8 - Assim, observados os critérios acima mencionados entende este Relator, que não
cabe o enquadramento do período:
- EXPRESSO MONZA LTDA:
de 29/04/1995 a 31/12/1998 , motorista, fl. 07, tendo em vista o enquadramento por
categoria profissional ser garantido somente até 28/05/1995;
9 - Nesse sentido, em 16/12/98, data de início da vigência da Emenda Constitucional nº
20, o tempo de serviço do segurado não alcança o mínimo legalmente exigível, nos termos dos
artigos 54 do Decreto 2.172/97 e 187 do Decreto 3.048/99, não se podendo falar em direito
adquirido ao benefício:
Art. 54 - A aposentadoria por tempo de serviço, uma vez cumprida a carência

269
Seleção de Acórdãos

exigida, será devida ao segurado que completar trinta anos de serviço, se do sexo
masculino, ou 25 anos, se do sexo feminino.
Art. 187 - É assegurada a concessão de aposentadoria, a qualquer tempo, nas
condições previstas na legislação anterior à Emenda Constitucional nº 20, de 1988, ao
segurado do Regime Geral de Previdência Social que, até 16 de dezembro de 1998, tenha
cumprido os requisitos para obtê-la.
10 - Por outro lado, na DER (Data de Entrada do Requerimento), o segurado
implementava a idade, eis que nascido em 12/10/1947, e possuía o tempo mínimo exigido pela
legislação previdenciária para a obtenção de aposentadoria proporcional, conforme disposto no
artigo 9º da Emenda Constitucional nº 20/98, em consonância com o 188 do Decreto 3.048/99 na
redação dada pelo Decreto 4.729, de 09/06/03:
Art. 188 - O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até 16 de
dezembro de 1998, cumprida a carência exigida, terá direito à aposentadoria, com valores
proporcionais ao tempo de contribuição, quando, cumulativamente:
I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito anos
de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e
b) um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por
cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de tempo
constante da alínea "a".
Art. 201 - ...
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos
da lei, obedecidas as seguintes condições:
1 - Trinta e cinco (35) anos de contribuição, se homem, e trinta (30) anos de
contribuição, se mulher;
Art. 56 - A aposentadoria por tempo de contribuição, uma vez cumprida a carência
exigida, será devida nos termos do § 7º do art. 201 da Constituição.
11 - Diante de tudo que dos autos consta;
VOTO pelo provimento do recurso, reconhecendo ao postulante, mediante opção, o
direito ao benefício pleiteado, na forma da fundamentação supra, cabendo ao INSS adotar as
providências acessórias que se fazem necessárias, em consonância com a legislação aplicável, tais
como:
− fixar o real tempo de serviço e estabelecer o percentual do salário de benefício;
− promover atualizações e correções cabíveis.

Belo Horizonte - MG, 05/05/2008

MARCO ANTÔNIO PICORELLI LOPES CANÇADO


Representante das Empresas

Decisório

Nº do(a) Acordão: 5849/2008

270
Seleção de Acórdãos

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Oitava Junta de Recursos do CRPS, por Unanimidade em CONHECER DO
RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARILENE


FERNANDES, Representante do Governo e SILVIO JOSÉ SILVA, Representante dos
Trabalhadores.

Belo Horizonte - MG, 15/05/2008

MARCO ANTÔNIO PICORELLI LOPES SÉRGIO CAMPOS VIANNA


CANÇADO Presidente
Representante das Empresas 08ª JR - Oitava Junta de
Recursos

271
Seleção de Acórdãos

272
Seleção de Acórdãos

08ª JR - Oitava Junta de Recursos

Documento: 0124.447.621-5
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA BELO HORIZONTE-PADRE EUSTÁQUIO-APSBPE
Nº de Protocolo do Recurso: 36518.001028/2004-13
Recorrente(s): JOSÉ ELIAS DA SILVA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 13/09/2004
Relator(a): AMARILES CORINA DE ABREU MOREIRA

Relatório

O Sr. José Elias da Silva recorre a esta Junta, inconformado com o


indeferimento do benefício supra, requerido em 13/05/02, por falta de idade
mínima, conforme comunicação de fls. 46/47.
O segurado pleiteou análise de enquadramento, como tempo
especial dos seguintes períodos: de 29/09/75 a 19/05/79 (ABB LTDA);
10/07/79 a 11/06/86 (MAGNESITA S/A); de 22/06/89 a 11/05/90
(PROMOTEC INDUSTRIAL LTDA) e de 10/10/90 a 12/11/01 (TOSHIBA DO
BRASIL S/A), apresentando Formulários DSS-8030 e Laudos Técnicos, de
fls. 3/19.
A Perícia Médica emitiu parecer técnico de fl. 36, promovendo o
enquadramento de todos os períodos citados, em função da exposição ao
agente agressivo "ruído", no Código 1.1.6, do Anexo III, do Decreto
53.831/64.
O Instituto elaborou planilhas do tempo de contribuição apurando 29
anos, 05 meses e 24 dias, até 16/12/98, data de vigência da Emenda
Constitucional nº 20/98, quando o mínimo exigido era de 30 (trinta) anos de
tempo de serviço, (fls. 37/39).
Até 13/05/02, foram apurados 32 anos, 10 meses e 21 dias de tempo
de contribuição (fls. 43/45).
Razões recursais à fl. 48, protocolizadas em 24/01/03, por procurador
constituído.
Foi mantida a decisão recorrida (fl. 51).
Conforme despacho de fl. 58, datado de 29/12/04, o presente

273
Seleção de Acórdãos

processo foi baixado em diligência para esclarecer a data limite do


enquadramento autorizado pela Perícia Médica, referente ao período
laborado para a TOSHIBA S/A, uma vez que foi citado o Decreto 53.831/64
e assim, na planilha, o enquadramento foi considerado até 05/03/97.
Em 22/03/07, foi solicitada a reapresentação das Carteiras
Profissionais e atualização de PPP da empresa mencionada, sendo
apresentado o antigo formulário DIRBEN 8030 e Laudo Técnico, datados de
31/12/03, fls. 62/89.
Face divergência na intensidade do ruído informado nos formulários
apresentados, a empresa emitiu a correspondência retificando a informação
contida no segundo documento, indicando que a intensidade correta do
"ruído" corresponde a 91,2 dB. Foi emitido novo formulário (fls. 94/99);
Nova exigência foi formulada à empresa em 27/09/07, no sentido de
apresentar cópia do PPRA que deu origem ao Laudo técnico, o que foi
atendido (fls. 103/114).
Em 21/11/07, sobre uso de EPI?s, foram apresentadas cópias das
fichas de controle de fornecimentos de tais equipamentos (fls. 106/122).
À fl. 124, a Perícia Médica emitiu o parecer técnico contrário ao
enquadramento dos períodos de 29/07/75 a 19/05/79 (ABB), ao argumento
de que houve informação/constatação de mudança de endereço/alterações
do lay out e do período de 06/03/97 a 12/11/01 face informação de
fornecimento de EPI. Com relação aos demais períodos, foram mantidos os
enquadramentos anteriores.
Foram efetuadas novas planilhas do tempo de contribuição, sendo
alterados os totais anteriormente apurados para 27 anos, 11 meses e 10
dias, até 16/12/98 e para 31 anos, 04 meses e 07 dias, até 13/05/02 (fls.
125/127 e 131/133).
Foi mantido o indeferimento.
Os autos retornaram a esta Junta, para julgamento, em 07/07/08.
Trata-se de matéria que comporta recurso à CAJ/CRPS, somente
pelo beneficiário ou interessado, não podendo o INSS recorrer, apenas
apresentar contra-razões, se for o caso.

Belo Horizonte - MG, 25/09/2008

AMARILES CORINA DE ABREU MOREIRA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

274
Seleção de Acórdãos

Incluido em Pauta no dia 2008-10-01 para sessão nº 276/2008 de 2008-10-10 às 900

Voto

EMENTA – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO –


DIREITO ADQUIRIDO CONFIGURADO. OCORRÊNCIA DE CONVERSÃO
DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM. INATINGIDO A IDADE MÍNIMA
PARA O BENEFÍCIO PLEITEADO. IMPROPRIEDADE DO ATO
RECORRIDO. POSSIBILIDADE. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL: ARTIGO 54,
DO DECRETO 2.172/97. ARTIGOS 187 E 188 DO DECRETO 3.048/99.
1 – O recurso é tempestivo, versando sobre o indeferimento do
pedido por falta de idade mínima, conforme constou da comunicação de fls.
46/47.
2 - Foram enquadrados como tempo especial, pela Perícia Médica os
seguintes períodos: de 10/07/79 a 31/07/80; 01/108/80 a 11/06/86; 27/06/89
a 11/05/90 e 10/10/90 a 05/03/97, conforme parecer técnico de fl. 124,
constituindo matéria incontroversa, não cabendo ser apreciada pelo
Colegiado.
3 – Assim, constitui matéria controversa a ser apreciada por esta
Junta, a análise dos períodos de 29/09/75 a 19/05/79 e 06/03/97 a 12/05/02
(DER) descritos nos formulários DSS”s de fls. 3/6, 17/19 e 97/99.
4 – Cabe observar que as atividades e condições especiais
prejudiciais à saúde ou à integridade física estão relacionadas ou
disciplinadas nos anexos dos Decretos nº 53.831 e nº 83.080/79, vigentes
até 05/03/97, Decreto 2.172/97 vigente até 06/05/99 e Decreto 3.048, com
início a partir de 07/05/99; constituindo normas de observância obrigatória,
de acordo com seus períodos de vigência, observando-se ainda que o
princípio constitucional do direito adquirido tem que ser respeitado pela
Administração, quando da aplicação da norma legal.
5 - Assim, vários pressupostos legais devem ser obedecidos por este
Colegiado, para a correta conversão de tempo especial em comum, quando
for o caso dentre eles:
a) caracterização da atividade permanente e habitual, até 28/04/95
ou evidenciar habitual, permanente, não ocasional e nem intermitente, a
partir de 29/04/95;
b) apresentação de DIRBEN 8030 (antigos SB’40, DISES BE 5235
ou DSS-8030), considerado necessário, até 28/04/95, sem apresentação de
laudo técnico, exceto ruído;
c) oferecimento de formulário DIRBEN 8030 e laudo técnico,
expedido por especialista, caracterizando todos os elementos exigíveis, a
partir de 29/04/95;

275
Seleção de Acórdãos

d) observância do limite legal de tolerância de 80 decibéis até


05/03/97, de 90 decibéis no período de 06/03/97 a 18/11/2003 e 85 decibéis
a partir de 19/11/2003;
e) quando houver uso de tecnologia que elimina ou neutraliza a
presença de agente nocivo não caberá conversão, devendo constar do laudo
os dados essenciais sobre a utilização de equipamentos de proteção, a partir
de 14/12/98. (Portaria MTb nº 3.214/78 - NR 15 - 15.4);
f) os laudos técnico-periciais devem levar em consideração a média
do ruído, para o correto enquadramento, conforme o disposto na Portaria
MTb nº 3.214/78 - NR 15 e seguintes, ou seja, ocorrendo variações nos
níveis de exposição ao agente ruído a equação constante da norma
trabalhista oferecerá o resultado, que deverá atender o registrado na letra
"d";
g) os laudos técnico-periciais anteriores ao exercício das atividades
podem ser aceitos, desde que confirmados através de formulário DIRBEN
8030, observado os requisitos legais da época, inclusive a inalterabilidade
das condições especiais;
h) os laudos técnico-periciais, emitidos posteriormente ao exercício
da atividade do segurado, com base em dados ambientais, devem constar
se houve alteração ou não de "lay out" e ou mudança das instalações físicas
do local de trabalho, registrando a data da ocorrência e todos os elementos
que caracterizam o direito à época;
i) os laudos técnico-periciais devem obedecer os ditames da Lei nº
9.732/98, e elaborados de acordo com as normas trabalhistas, inclusive
aqueles emitidos anteriormente;
j) o trabalhador terá que provar através de documento apropriado,
exigível à época, que esteve sujeito a qualquer dos agentes biológicos,
químicos, físicos ou associação de agentes, para fazer jus a contagem de
tempo especial;
k) o laudo técnico-pericial tem que ser fundamentado e conclusivo,
para gerar convicção e ter eficácia a conversão;
l) possibilidade de enquadramento por categoria profissional apenas
até 28/04/95 e a partir desta data deve ser apresentado o formulário
DIRBEN 8030 e laudo técnico, exceto para contribuinte individual, vez que a
partir de 29/04/95 é indevida a conversão;
6 - Observados os critérios retro mencionados, o parecer exarado
pela Perícia Médica, DSS e Laudo Técnico apresentado, entende esta
relatora que realmente não cabe o enquadramento do período de 29/09/75 a
19/05/79, laborado para a empresa ABB LTDA (Incorporou a SBE, em
10/02/98), em função do agente agressivo “RUÍDO”, uma vez que constou
do Laudo Técnico de fls. 5/6, que o Levantamento realizado pelo SENAI em
Set/92 se deu nas dependências da SBE, no Jardim Riacho das Pedras em
Contagem e pode afirmar que o nível de ruído esperado na Fábrica antiga,

276
Seleção de Acórdãos

localizada na Av. Babita Camargos, 1.645 – Cidade Industrial, sempre será


superior ao ali apurado (acima de 90 dB).
6.1 - Desta forma, não é possível o reconhecimento, como especial,
do referido tempo de serviço, conforme pretendido pelo recorrente, uma vez
que o Laudo apresentado, não possibilita a precisa identificação do nível de
ruído a que estava exposto; já que não foi realizada perícia no local
específico em que a atividade foi exercida (endereço antigo da fábrica), não
sendo portanto hábil para a comprovação das informações prestadas no
DSS, não sendo aceito laudo por similaridade.
6.2 – Por outro lado, no mesmo período (29/09/75 a 19/05/79),
consta que o segurado exercia atividade de “ajudante” auxiliando na
galvanização e fabricação e estava exposto aos agentes próprios das
indústrias metalúrgicas como névoas ácidas, fumos metálicas de Zinco e
Cromo, Radiações não Ionizantes (provenientes das soldas) e níveis de
sobrecarga térmica (fl. 3), sendo assim passível de enquadramento no
código 2.5.1, do Anexo II, do Decreto 83.080/79, em função da atividade
exercida, conforme Parecer da SSMT no Processo MTb- 303.151/81,
publicado no BS/INPS/ DG 207, de 29/10/84.
7 – Quanto ao período de 06/03/97 a 12/05/02 (DER), laborado para
a empresa TOSHIBA DO BRASIL S/A (fls. 17/19, 87/89 e 97/99), em que
pese os argumentos da Perícia Médica, a respeito de fornecimento de EPI’s,
restou demonstrado que o segurado exerceu suas atividades como
“operador de máquina” no setor de “acessórios”, com exposição a ruído na
intensidade média de 91,2 dB(A), sendo que do Laudo Técnico apresentado,
apesar de indicar o fornecimento de EPI’s, não consta qualquer conclusão
de que houve a efetiva atenuação, neutralização ou redução da nocividade
do agente agressivo ruído, além do fato de que as fichas de entrega de tais
EPI’s abrangem somente o período de 1.990 a 1.996 (fls. 118/122).
7.1 – Assim, não se pode afirmar que a simples utilização de tais
equipamentos eliminavam ou anulavam o agente agressivo situação
especialíssima e única em que afastaria o reconhecimento da insalubridade.
Acrescente-se que em que pese a Norma Regulamentadora já existir
anteriormente, desde 1.978, tal situação, como norma previdenciária
somente passou a ser observada a partir de 14/12/98, data da Lei 9.732/98,
exigindo-se a informação sobre a atenuação/neutralização da intensidade do
agente agressivo ruído, em decorrência do uso de EPI’s.
7.2 - Desta forma, entende esta relatora que o período em questão é
passível de enquadramento no Código 2.0.1, do Anexo IV, do Decreto
3.048/99.
7.3 - No caso, aplica-se também o disposto no Enunciado n.º 21, do
CRPS:
O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de
trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador

277
Seleção de Acórdãos

aos agentes nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de


trabalho.
8– Assim, em 15/12/98, com o enquadramento dos períodos
promovidos por esta relatora, conforme citado nos itens anteriores, o tempo
de serviço do segurado alcança o mínimo legalmente exigível, nos termos do
artigo 54 do Decreto 2.172/97, evidenciando a existência do direito
adquirido, conforme previsto no artigo 187, do Decreto 3.048/99,
respectivamente transcritos:
Art. 54 – A aposentadoria por tempo de serviço, uma vez
cumprida a carência exigida, será devida ao segurado que completar
trinta anos de serviço, se do sexo masculino, ou 25 anos, se do sexo
feminino.
Art. 187. É assegurada a concessão de aposentadoria, a
qualquer tempo, nas condições previstas na legislação anterior à
Emenda Constitucional nº 20, de 1998, ao segurado do Regime Geral de
Previdência Social que, até 16 de dezembro de 1998, tenha cumprido os
requisitos para obtê-la.
9 – Por outro lado, na DER (Data de Entrada do Requerimento),
apesar do segurado contar com o tempo mínimo de contribuição, o mesmo
não possui a idade de 53 anos, eis que nascido em 11/09/56, não atendendo
aos requisitos exigidos pela legislação previdenciária, conforme disposto no
artigo 188 do Decreto 3.048/99, em sua redação original:
Art. 188 – Ressalvado o direito de opção pela aposentadoria nos
moldes estabelecidos nos arts. 56 a 63, o segurado filiado ao Regime
Geral de Previdência Social até 16 de dezembro de 1998, cumprida a
carência exigida, terá direito à aposentadoria, com renda mensal
equivalente a cem por cento do salário-de-benefício, quando
cumulativamente:
I – contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e
quarenta e oito anos de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta e cinco anos, se homem, e trinta anos, se mulher; e
b) um período adicional de contribuição equivalente a, no
mínimo, vinte por cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998,
faltava para atingir o limite de tempo constante da alínea anterior.
§ 1º - O segurado de que trata este artigo terá direito a
aposentadoria com valores proporcionais ao tempo de contribuição,
quando:
I – contar cinqüenta e três anos de idade ou mais, se homem, e
quarenta e oito anos ou mais se idade, se mulher; e
II – contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) Trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher, e
b) Um período adicional de contribuição equivalente a, no

278
Seleção de Acórdãos

mínimo quarenta por cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998,


faltava para atingir o limite de tempo constante da alínea anterior.
10 – Cabe ressaltar que durante a tramitação do processo, o
segurado continuou empregado, conforme constou de fl. 97, tendo
completado o tempo para aposentadoria integral. Assim, cabe à APS
orientá-lo sobre o procedimento adotado pelo INSS, no sentido de reafirmar
o requerimento para a data em que completou todos os requisitos legais,
sendo que inclusive o mesmo já manifestou este interesse (fl. 92).
VOTO pelo provimento do recurso, reconhecendo ao postulante, o
direito ao enquadramento e conversão dos períodos contidos nos itens 6.2 e
7, supra , e o direito adquirido ao benefício pleiteado, conforme
fundamentação supra, observada ainda a ressalva contida no item 10,
cabendo ao INSS adotar as providências acessórias que se fazem
necessárias, em consonância com a legislação previdenciária aplicável, tais
como:
- fixar o real tempo de contribuição e estabelecer o percentual do
salário de benefício;
- promover atualizações e correções cabíveis.

Belo Horizonte - MG, 25/09/2008

AMARILES CORINA DE ABREU MOREIRA


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 11140/2008

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARCO ANTÔNIO


PICORELLI LOPES CANÇADO,, Representante das Empresas e SILVIO JOSÉ SILVA,
Representante dos Trabalhadores..

279
Seleção de Acórdãos

Belo Horizonte - MG, 10/10/2008

AMARILES CORINA DE ABREU MOREIRA SÉRGIO CAMPOS VIANNA


Representante do Governo Presidente
08ª JR - Oitava Junta de Recursos

280
Seleção de Acórdãos

08ª JR - Oitava Junta de Recursos

Documento: 0137.886.584-4
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA OURO PRETO-APSOUR
Nº de Protocolo do Recurso: 36934.000234/2008-29
Recorrente(s): JOÃO FERNANDES MARINS
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 31/07/2008
Relator(a): MARCO ANTÔNIO PICORELLI LOPES CANÇADO

Relatório

Recorre o interessado JOÃO FERNANDES MARINS a esta Junta, inconformado com o


indeferimento do benefício supra, requerido em 15/05/2007.
Às fls. 03/04, constam declaração e Certidão de Tempo de Serviço da Prefeitura Municipal
de Ouro Preto informando que o interessado foi servidor da Prefeitura admitido em 17/11/1983, para
exercer o cargo de pedreiro, vinculado ao Regime Próprio de Previdência FUMOP (Fundo de
Previdência dos Servidores Municipais) de 01/10/1997 a 30/11/2000 e ao Regime Geral de
Previdência Social (INSS) de 17/11/1983 a 30/09/1997 e de 01/12/2000 até 22/05/2007.
Deseja o postulante o reconhecimento como tempo especial, para fins de conversão em
comum, dos períodos para os quais apresentou PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário, a
saber:
- PREFEITURA MUNICIPAL DE OURO PRETO:
de 17/11/1983 a 31/07/1986, ajudante de pedreiro,
de 01/08/1986 a 05/03/2008, pedreiro de manutenção em redes de esgoto, fls. 21/22 e
37/38.
A Perícia Médica não reconheceu como atividade especial o período de 17/11/1983 a
15/05/2007 trabalhado na Prefeitura Municipal de Ouro Fino, esclarecendo que a exposição a nível
de ruído foi abaixo dos limites de tolerância previstos na Legislação Previdnciária, as atividades
foram realizadas em locais variados, descaracterizando a permanência de exposição ao agente
nocivo citado e os campos 17 e 18 estão em desacordo com as instruções de preenchimento.
O INSS apurou até 16/12/98, data de início da vigência da Ementa Constitucional nº 20,
23 anos, 07 meses e 20 dias de tempo de serviço, fls. 30/31, e até a DER (Data de Entrada do
Requerimento), 31 anos, 01 mês e 06 dias de tempo de contribuição, fls. 32/33.
O benefício foi indeferido por falta de tempo de contribuição até 16/12/1998 ou até a data
de entrada do requerimento, fl. 34.
Razões de recurso às fls. 35/36, protocoladas em 07/03/2008.
Após apresentação de novo PPP de fls. 37/38 e nova análise pela Perícia Médica do INSS
o parecer anterior foi mantido, fl. 43.
O Instituto manteve o indeferimento à fl. 46.
Trata-se de matéria que comporta recurso à CAJ/CRPS, somente pelo beneficiário ou
interessado, não podendo o INSS recorrer, apenas apresentar contrarrazões, se for o caso.

281
Seleção de Acórdãos

Belo Horizonte - MG, 07/05/2009

MARCO ANTÔNIO PICORELLI LOPES CANÇADO


Representante das Empresas

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2009-05-07 para sessão nº 97/2009 de 2009-05-14 às 1300

Voto

1 - Examinado e narrado o que consta dos autos, cabe a este Relator adentrar nos
fundamentos e argumentos, para a decisão.
2 - Evidentemente, o princípio constitucional do direito adquirido tem que ser respeitado
pela Administração, quando da aplicação da norma legal.
3 - Realmente, as atividades e condições especiais prejudiciais à saúde ou à integridade
física estão relacionadas ou disciplinadas nos anexos dos Decretos nº 53.831/64 e nº 83.080/79,
vigentes até 05/03/97, Decreto nº 2.172/97, vigente até 06/05/99, Decreto nº 3.048/99, com início de
vigência em 07/05/99.
4 - Pela leitura dos autos, constitui matéria controversa, objeto do julgamento do recurso,
o enquadramento e conversão dos períodos:
- PREFEITURA MUNICIPAL DE OURO PRETO:
de 17/11/1983 a 31/07/1986, ajudante de pedreiro,
de 01/08/1986 a 05/03/2008, pedreiro de manutenção em redes de esgoto, fls. 21/22 e
37/38.
5 - A Lei 8.213/91, em seu artigo 58 e parágrafos, confere prerrogativas ao INSS, no que
diz respeito a aplicabilidade de normas procedimentais sobre o PPP (Perfil Profissiográfico
Previdenciário), tendo o Instituto começado a exigir tal documento a partir de janeiro de 2004.
6 - Importante salientar, que vários pressupostos legais devem ser obedecidos por este
Colegiado, para a correta conversão de tempo especial em comum, quando for o caso, dentre eles:
a) caracterização da atividade permanente e habitual, até 28/04/95 ou evidenciar habitual,
permanente, não ocasional e nem intermitente, a partir de 29/04/95;
b) apresentação de PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário, originário de Laudo das
Condições Ambientais do Trabalho - LTCAT - , elaborado pela empresa ou preposto, sendo aceitos
formulários DIRBEN 8030 (antigos SB’40, DISES BE 5235 e DSS 8030), para períodos laborados
até 31/12/2003, quando emitidos até esta data, sem a apresentação de laudo técnico até 28/04/95,
exceto ruído, devendo este documento mencionar, além de suas peculiaridades, as informações
pertinentes ao PPP;
c) observância do limite de tolerância permitido de 80 decibéis até 05/03/97, 90 decibéis, a
partir de 06/03/97, e 85 decibéis, a partir de 19/11/03;
d) quando houver uso de tecnologia que elimina ou neutraliza a presença de agente
nocivo não caberá conversão, devendo constar do PPP ou do LTCAT, os dados essenciais sobre a
utilização de equipamentos de proteção, a partir de 14/12/98. ( Portaria MTb nº 3.214/78 - NR 15 -
15.4 );
e) os PPP’s ou LTCAT’s devem levar em consideração a média do ruído para o correto
enquadramento, conforme o disposto na Portaria MTb nº 3.214/78 - NR 15 e seguintes, ou seja,
ocorrendo variações nos níveis de exposição ao agente ruído, a equação constante da norma

282
Seleção de Acórdãos

trabalhista oferecerá o resultado que deverá atender o registrado na letra “c”;


f) os PPP’s ou LTCAT’s, anteriores ao exercício das atividades, podem ser aceitos, desde
que observados os requisitos legais da época, inclusive a inalterabilidade das condições especiais;
g) os PPP’s ou LTCAT’s, emitidos posteriormente ao exercício da atividade do segurado,
devem mencionar se houve alteração ou não de “lay out” e ou mudança das instalações físicas do
local de trabalho, registrando a data da ocorrência e todos os elementos que caracterizam o direito
à época;
h) os PPP’s ou LTCAT’s devem obedecer aos ditames da Lei nº 9.732/98 e elaborados de
acordo com as normas trabalhistas, inclusive aqueles emitidos anteriormente. Aliás, as Instruções
Normativas do INSS estabelecem parâmetros que podem ser seguidos para o perfeito
enquadramento, quando cabível;
i) o trabalhador terá que provar, através de documento apropriado, exigível à época, que
esteve sujeito a qualquer dos agentes biológicos, químicos, físicos ou associação de agentes, para
fazer jus a contagem de tempo especial;
j) possibilidade de enquadramento por categoria profissional apenas até 28/04/95 e, a
partir desta data, deve ser apresentado o PPP ( Perfil Profissiográfico Profissiográfico) ou formulário
DSS-8030, neste caso, acompanhado de LTCAT, exceto para contribuinte individual, vez que a
partir de 29/04/95 é indevida a conversão;
k) fica caracterizado o agente agressivo eletricidade quando o trabalhador tiver contato,
permanente e habitual, com equipamento eletroenergizado com tensão superior a 250 volts, até
14/10/96;
l) o frentista de posto de gasolina poderá ser considerado como atividade especial, desde
que comprovada a efetiva exposição ao agente nocivo, o que não acontece com o gerente do
posto;
7 - Aliás este Colegiado não condiciona suas decisões aos pronunciamentos técnicos da
perícia médica, analisando, também, por dever de ofício, os formulários e laudos acostados aos
Autos, à luz das normas legais aplicáveis à espécie, buscando, desta forma, proferir o decisório
com elementos geradores de convicção;
8 - Entretanto, entende este Relator, não caber o enquadramento dos períodos:
8.1 - de 01/10/1997 a 30/11/2000, tendo em vista que durante o período retro mencionado
o recorrente era regido por Regime Próprio de Previdência Social, fls. 03/04, não podendo ser
enquadrado como especial, conforme a norma contida nos artigos 125, inciso I e 127, inciso I, do
Decreto 3048/99, a saber:
Art.125. Para efeito de contagem recíproca, hipótese em que os diferentes sistemas
de previdência social compensar-se-ão financeiramente, é assegurado:
I - o cômputo do tempo de contribuição na administração pública, para fins de
concessão de benefícios previstos no Regime Geral de Previdência Social, inclusive de
aposentadoria em decorrência de tratado, convenção ou acordo internacional; e Alterado
pelo Decreto nº 6.042 - de 12/2/2007 - DOU DE 12/2/2007
Art.127. O tempo de contribuição de que trata este Capítulo será contado de acordo
com a legislação pertinente, observadas as seguintes normas:
I- não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições especiais;
8.2 - de 17/11/1983 a 31/07/1986; 01/08/1986 a 30/11/1999: haja vista que o recorrente
não trabalhou em redes de esgoto conforme exigido nos anexos dos decretos supracitados; foram
trabalhados, tal qual informado no PPP de fls. 21/22, em vias públicas, em escolas, prédios
públicos, e postos de atendimento médico.
9 - Nesse sentido, em 16/12/98, data de início da vigência da Emenda Constitucional nº
20, o tempo de serviço do segurado não alcança o mínimo legalmente exigível, nos termos dos
artigos 54 do Decreto 2.172/97 e 187 do Decreto 3.048/99, não se podendo falar em direito
adquirido ao benefício:
Art. 54 - A aposentadoria por tempo de serviço, uma vez cumprida a carência
exigida, será devida ao segurado que completar trinta anos de serviço, se do sexo
masculino, ou 25 anos, se do sexo feminino.
Art. 187 - É assegurada a concessão de aposentadoria, a qualquer tempo, nas
condições previstas na legislação anterior à Emenda Constitucional nº 20, de 1988, ao
segurado do Regime Geral de Previdência Social que, até 16 de dezembro de 1998, tenha

283
Seleção de Acórdãos

cumprido os requisitos para obtê-la.


10 - Na DER (Data de Entrada do Requerimento), embora o segurado implementasse a
idade, eis que nascido em 12/10/1946, não possuía o tempo mínimo exigido pela legislação
previdenciária, deixando de atender as disposições do artigo 9º da Emenda Constitucional nº 20/98,
em consonância com o artigo 188 do Decreto 3.048/99:
Art. 188 - O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até 16 de
dezembro de 1998, cumprida a carência exigida, terá direito à aposentadoria, com valores
proporcionais ao tempo de contribuição, quando, cumulativamente:
I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito anos
de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e
b) um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por
cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de tempo
constante da alínea "a".
§ 2º - O valor da renda mensal da aposentadoria proporcional será equivalente a
setenta por cento do valor da aposentadoria a que se referem as alíneas “a” e “b” do inciso
IV do art. 39, acrescido de cinco por cento por ano de contribuição que supere a soma a que
se refere o inciso II até o limite de cem por cento.
§ 3 º - O segurado que, até 16 de dezembro de 1998, tenha cumprido os requisitos
para obter a aposentadoria proporcional somente fará jus ao acréscimo de cinco por cento a
que se refere o § 2º se cumprir o requisito previsto no inciso I, observado o disposto no art.
187 ou a opção por aposentar-se na forma dos arts. 56 a 63.
11 - Diante de tudo que dos autos consta.
VOTO pelo não provimento do recurso, por falta de amparo legal.

Belo Horizonte - MG, 07/05/2009

MARCO ANTÔNIO PICORELLI LOPES CANÇADO


Representante das Empresas

Decisório

Nº do(a) Acordão: 6652/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: SEBASTIANA


FERREIRA BARROS e SILVIO JOSÉ SILVA

284
Seleção de Acórdãos

Belo Horizonte - MG, 14/05/2009

MARCO ANTÔNIO PICORELLI LOPES SÉRGIO CAMPOS VIANNA


CANÇADO Presidente
Representante das Empresas 08ª JR - Oitava Junta de
Recursos

285
Seleção de Acórdãos

286
Seleção de Acórdãos

08ª JR - Oitava Junta de Recursos

Documento: 0139.940.628-8
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA OURO PRETO-APSOUR
Nº de Protocolo do Recurso: 36934.000716/2008-89
Recorrente(s): SALETE APARECIDA ANTONIO
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 09/10/2008
Relator(a): PEDRO DONIZETE ASSUNÇÃO

Relatório

SALETE APARECIDA ANTÔNIO recorre a esta Junta de Recursos, por procurador,


manifestando-se contra a decisão do Instituto que indeferiu o seu pedido de
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, requerido na condição de empregada,
formulado 03.08.2008.
A segurada nasceu em 06.08.1957.
Para comprova o tempo laboral, a interessada apresentou Carteira de Trabalho n°
98608, série n° 538, emitida em 19.01.1977, fls. 06/14.
Consta, à fl. 15, demonstrativo do CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais.
Assim, o INSS apurou, até 16/12/98, data do advento da Emenda Constitucional nº
20/98, 14 anos, 11 meses e 07 dias de tempo de serviço (fl. 16); e, até a DER (data de
entrada do requerimento), 24 anos, 05 meses e 15 dias de tempo de contribuição (fl. 20).
O indeferimento, conforme Comunicação de Decisão de fl. 25, fundamentou-se na
falta de tempo de contribuição até 16/12/98 ou até a data de entrada do requerimento.
Nas razões de recurso, apresentadas à fl. 27 e protocoladas em 17.09.2008, a
recorrente alega que não foi considerado o período de 01.11.1976 a 02.01.1981, sob o
argumento de não comprovação de recolhimentos; aduz que houve registro de contrato de
trabalho na Carteira, em época própria, em ordem cronológica e sem indícios de rasuras ou
fraudes; afirma que a responsabilidade de recolhimentos previdenciários é do empregador;
invoca o Enunciado do CRPS n° 18; ao final requer a concessão do benefício. Na
oportunidade, juntou julgado da 3ª Câmara de Julgamento do CRPS.
O Instituto manteve o indeferimento, esclarecendo que o empregado doméstico não
se encontra contemplado no art. 26, § 4°, do Decreto n° 3.048/99.
CABE AS PARTES INTERESSADAS OBSERVAREM OS PRAZOS REGIMENTAIS,
BEM COMO O QUE DISPÕEM OS ARTIGOS 16, 17, 18 E 58 DA PT/MPS N° 323/07 E
ALTERAÇÕES, QUE TRATAM DE RECURSO, ALÇADA E EMBARGOS.
É o relatório.

287
Seleção de Acórdãos

Belo Horizonte - MG, 21/01/2010

PEDRO DONIZETE ASSUNÇÃO


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-01-21 para sessão nº 23/2010 de 2010-02-02 às 830

Voto

1. Examinado e narrado o que consta dos autos, cabe a este Relator adentrar nos
argumentos e fundamentos para o decisório, não tendo sido constatados elementos que
permitam contestar a tempestividade do recurso.
2. Trata-se de pedido de APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
formulado em e indeferido por falta de tempo de contribuição.
3. A matéria controversa cinge-se no não reconhecimento do período de 01.11.1976 a
02.01.1981, exercido na condição de doméstica, tendo em vista a ausência de contribuições
previdenciárias.
4. Este Colegiado analisa, por dever de ofício, toda a documentação acostada aos
autos, à luz das normas legais aplicáveis à espécie, buscando, desta forma, proferir o decisório
com elementos geradores de convicção.
5. Inicialmente, importante registrar que a Carteira de Trabalho foi emitida em
19.01.1977 e o primeiro registro, na citada Carteira, deu-se em 01.11.1976 a 02.01.1981 e, em
seguida, outros registros foram anotadas na CTPS.
6. Ainda, como se pode observar, porquanto a CTPS tenha sido emitida pouco mais
de um mês após a recorrente estar trabalhando, forçoso reconhecer que, na verdade, o que se
deu foi uma regularização da situação de fato existente à época.
7. Nessa linha de raciocínio, evidencia, com clareza solar, que os registros na CTPS
da recorrente não apresentam quaisquer rasuras, borrões, etc. que possam macular o citado
documento, demonstrando, assim, autenticiadade e veracidade dos contratos ali mencionados.
8. Nesse sentido, entende este Relator que não há qualquer dúvida do trabalho
exercido pela recorrente no período de 01.11.1976 a 02.01.1981, para a Sra. Regina Maria
Ricaldom G., cabendo, neste momento, ser enfrentada a questão sobre os recolhimentos
previdenciários.
9. No que respeita às contribuições previdenciárias da doméstica, como é o caso
presente, assim dispõem os artigos 15, iniciso II e 30, inciso V, da Lei n° 8.212/91:
Art. 15. Considera-se:
II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem
finalidade lucrativa, empregado doméstico.
Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras
importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação
dada pela Lei nº 8.620, de 5.1.93)
V - o empregador doméstico está obrigado a arrecadar a contribuição do
segurado empregado a seu serviço e a recolhê-la, assim como a parcela a seu cargo, no
prazo referido no inciso II deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 8.444, de 20.7.92)
10. No mesmo sentido, dispõe o artigo 216, inciso VIII e § 5° do Decreto 3.048/99:

288
Seleção de Acórdãos

Art. 216. A arrecadação e o recolhimento das contribuições e de outras


importâncias devidas à seguridade social, observado o que a respeito dispuserem o
Instituto Nacional do Seguro Social e a Secretaria da Receita Federal, obedecem às
seguintes normas gerais:
VIII - o empregador doméstico é obrigado a arrecadar a contribuição do
segurado empregado doméstico a seu serviço e recolhê-la, assim como a parcela a seu
cargo, no prazo referido no inciso II, cabendo-lhe durante o período da licença-
maternidade da empregada doméstica apenas o recolhimento da contribuição a seu
cargo, facultada a opção prevista no § 16;
§ 5º - O desconto da contribuição e da consignação legalmente determinado
sempre se presumirá feito, oportuna e regularmente, pela empresa, pelo empregador
doméstico, pelo adquirente, consignatário e cooperativa a isso obrigados, não lhes
sendo lícito alegarem qualquer omissão para se eximirem do recolhimento, ficando os
mesmos diretamente responsáveis pelas importâncias que deixarem de descontar ou
tiverem descontado em desacordo com este Regulamento.
11. Também, há presunção quanto ao período contributivo da empregada doméstica,
com registro em Carteira sem fraudes, como é o caso presente, nos exatos termos do artigo
32, § 22, do Decreto acima mencionado:
Art.32. O salário-de-benefício consiste: (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de
29/11/99, com inclusão de incisos)
§ 22. Considera-se período contributivo: (Incluído pelo Decreto nº 6.939, de 18 de
agosto de 2009 – DOU DE 19/8/2009)
I - para o empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso: o conjunto de
meses em que houve ou deveria ter havido contribuição em razão do exercício de
atividade remunerada sujeita a filiação obrigatória ao regime de que trata este
Regulamento; ou (Incluído pelo Decreto nº 6.939, de 18 de agosto de 2009 – DOU DE
19/8/2009)
12. Nessa linha de pensamento, também, no caso, deve ser observado o
entendimento do Egrégio CRPS - Conselho de Recursos da Previdência Social, conforme
Enunciado nº 18, a saber:
“Enunciado nº 18. Não se indefere benefício sob o fundamento de falta de
recolhimento de contribuição previdenciária quando esta obrigação for devida pelo
empregador.”
13. De relevo dizer ainda que esta instância julgadora encontra-se adstrita aos
enunciados do CRPS, na forma do art. 15, § 1°, da Portaria MPS nº 323 de 27.08.2007,
publicada no D. O. U.:
Art. 15. Compete ao Conselho Pleno:
§ 1º Os enunciados do Conselho Pleno tem efeito vinculante em relação aos
demais órgãos julgadores do CRPS, sendo vedado a estes decidir casos concretos em
sentido diverso.
14. Desta forma, por estar devidamente comprovado o trabalho para a Sra. Regina
Maria Ricaldom G., este Relator reconhece, como tempo de contribuição, o período de
01.11.1976 a 02.01.1981, devendo tal período ser computado na contagem de tempo.
15. Assim, em 16.12.1998, data do advento da Emenda Constitucional nº 20, a
recorrente não alcançou o tempo necessário para lhe assegurar o direito à aposentadoria
pleiteada, logo, não evidenciou a existência de direito adquirido ao benefício, nos termos dos
artigos 54, do Decreto 2.172/97, e 187 do Decreto 3.048/99, a saber:
Art. 54 - A aposentadoria por tempo de serviço, uma vez cumprida a carência
exigida, será devida ao segurado que completar trinta anos de serviço, se do sexo
masculino, ou 25 anos, se do sexo feminino.
Art.187 - É assegurada a concessão de aposentadoria, a qualquer tempo, nas
condições previstas na legislação anterior à Emenda Constitucional nº 20, de 1998, ao
segurado do Regime Geral de Previdência Social que, até 16 de dezembro de 1998, tenha

289
Seleção de Acórdãos

cumprido os requisitos para obtê-la.


Parágrafo único. Quando da concessão de aposentadoria nos termos do caput,
o tempo de serviço será considerado até 16 de dezembro de 1998, e a renda mensal
inicial será calculada com base nos trinta e seis últimos salários-de-contribuição
anteriores àquela data, reajustada pelos mesmos índices aplicados aos benefícios, até a
data da entrada do requerimento, não sendo devido qualquer pagamento relativamente a
período anterior a esta data, observado, quando couber, o disposto no § 9º do art. 32 e
nos §§ 3º e 4º do art. 56.
16. Lado outro, na data de entrada do requerimento, a segurada, além de possuir a
idade mínima de 48 anos, eis que nascida em 06.08.1957, completou o tempo de contribuição
exigido pela legislação previdenciária, para aposentadoria na forma proporcional, sendo
atendidas, desta forma, as disposições do artigo 9º da Emenda Constitucional nº 20/98, em
consonância com o artigo 188 do Decreto 3.048/99:
Art. 188 - O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até 16 de
dezembro de 1998, cumprida a carência exigida, terá direito à aposentadoria, com
valores proporcionais ao tempo de contribuição, quando, cumulativamente: (redação
alterada pelo Decreto 4.729, de 09.06.03)
I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito
anos de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e
b) um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por
cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de tempo
constante da alínea “a”.
Isto posto,
VOTO pelo PROVIMENTO do recurso, reconhecendo à recorrente o direito de
cômputo do período listado no item 14, aceito por este Relator e, via de conseqüência, a
concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, na forma proporcional,
mediante opção, cabendo ao INSS adotar as providências acessórias que se fazem
necessárias, em consonância com a legislação aplicável.

Belo Horizonte - MG, 21/01/2010

PEDRO DONIZETE ASSUNÇÃO


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 1436/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

290
Seleção de Acórdãos

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARCO ANTÔNIO


PICORELLI LOPES CANÇADO e THAIS REZENDE COELHO ALVES.

Belo Horizonte - MG, 02/02/2010

PEDRO DONIZETE ASSUNÇÃO SÉRGIO CAMPOS VIANNA


Representante do Governo Presidente
08ª JR - Oitava Junta de Recursos

291
Seleção de Acórdãos

292
Seleção de Acórdãos

08ª JR - Oitava Junta de Recursos

Documento: 0141.618.252-4
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA CAETÉ-TANCREDO NEVES-APSCAE
Nº de Protocolo do Recurso: 36946.000620/2009-62
Recorrente(s): JOVIANO MATEUS VALADARES
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 19/11/2009
Relator(a): PEDRO DONIZETE ASSUNÇÃO

Relatório

JOVIANO MATEUS VALADARES recorre a esta Junta de Recursos,


manifestando-se contra a decisão do Instituto que indeferiu o seu pedido de
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, requerido, na condição de
contribuinte individual, em 18.05.2009.
O segurado nasceu em 16.10.1949.
Constam, às fls. 03/05 e de 33/35, demonstrativo do CNIS – Cadastro
Nacional de Informações Sociais.
Para comprovar o tempo laboral, o interessado apresentou Carteira de
Trabalho n° 19.765, série n° 217, fls. 07/24, bem como contribuições
previdenciárias como contribuinte individual, fl. 32.
Também, trouxe aos autos, sentença proferida pela Justiça do Trabalho de
Sabará/MG - processo n° 0097/03 -, e contribuições previdenciárias, conforme às
fls. 25/31 e de 51/79.
Deseja ainda o reconhecimento como tempo especial, para fins de
conversão em comum, dos períodos para os quais apresentou formulários DSS
8030 e laudos técnicos, fls. 80/97.
Instada a se manifestar, a perícia médica, à fl. 98, reconheceu como tempo
especial os períodos solicitados, no entanto, não aceitou o período de 01.07.1976
a 31.05.1980, laborado na Prefeitura Municipal de Caeté/MG, exposto aos agentes
nocivos ruído e biológicos.
Assim, o INSS apurou, até 16/12/98, data do advento da Emenda
Constitucional nº 20/98, 25 anos, 08 meses e 11 dias de tempo de serviço (fl.
107); e, até a DER (data de entrada do requerimento), 26 anos e 29 dias de tempo
de contribuição (fl. 117).
O indeferimento, conforme Comunicação de Decisão de fls. 121,

293
Seleção de Acórdãos

fundamentou-se na falta de tempo de contribuição até 16/12/98 ou até a data de


entrada do requerimento.
Nas razões de recurso, à fl. 140, protocoladas em 21.09.2009, o recorrente
alega que exerceu atividade especial na Prefeitura Municipal de Caeté, de modo
habitual e permanente, não ocasional e nem intermitente; aduz que o INSS não
computou o período de 28.05.1998 a 02.02.2002, provado mediante reclamatória
trabalhista; ao final a concessão do benefício pleiteado.
Na fase recursal, a perícia médica, à fl. 143, ratificou o parecer anterior.
O Instituto manteve o indeferimento.
Em seguida, este Colegiado converteu o julgamento em diligência,
conforme decisório de fls. 146/148, solicitando que aprecie o tempo reconhecido
pela Justiça do Trabalho.
Atendendo o requerimento desta Junta de Recursos, o INSS providenciou
pesquisa junto à Justiça Especializada, apurando que, apesar de constar
contribuições previdenciárias, não há no processo judicial início de provas
materiais, concluindo, assim, pelo não reconhecimento como tempo de
contribuição do período de 28.05.1998 a 02.02.2002, junto à Prefeitura Municipal
de Caeté, fls. 150 e 152.
Posteriormente, o INSS encaminhou o processo a esta Junta de Recursos
para julgamento.
CABE AS PARTES INTERESSADAS OBSERVAREM OS PRAZOS
REGIMENTAIS, BEM COMO O QUE DISPÕEM OS ARTIGOS 16, 17, 18 E 58 DA
PT/MPS N° 323/07 E ALTERAÇÕES, QUE TRATAM DE RECURSO, ALÇADA E
EMBARGOS.
É o relatório.

Belo Horizonte - MG, 25/08/2010

PEDRO DONIZETE ASSUNÇÃO


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-08-25 para sessão nº 171/2010 de 2010-09-02 às 830

Voto

1. Examinado e narrado o que consta dos autos, cabe a este Relator


adentrar nos argumentos e fundamentos para o decisório, não tendo sido
constatados elementos que permitam contestar a tempestividade do recurso.
2. Trata-se de pedido de APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO formulado em 18.05.2009 e indeferido.

294
Seleção de Acórdãos

3. Constitui matéria controversa o não reconhecimento, como tempo de


contribuição, do período de 28.05.1998 a 02.02.2002, laborado na Prefeitura
Municipal de Caeté.
4. Este Colegiado analisa, por dever de ofício, toda a documentação
acostada aos autos, à luz das normas legais aplicáveis à espécie, buscando, desta
forma, proferir o decisório com elementos geradores de convicção.
5. Alega o recorrente que no período de 28.05.1998 a 02.02.2002
trabalhou na empresa PREFEITURA MUNICIPAL DE CAETÉ/MG e que tal período
foi reconhecido pela Justiça Trabalho, determinando registro na CTPS e
pagamento das contribuições previdenciárias.
6. À luz dos autos, observa este Relator que a Justiça do Trabalho, para
reconhecer o vínculo empregatício, referente ao período de 28.05.1998 a
02.02.2002, embasou em provas exclusivamente testemunhais, estando, assim,
em desacordo como o § 3º, do artigo 55, da Lei nº 8.213/91:
Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida
no regulamento, compreendendo, além do correspondente às atividades de
qualquer das categorias de segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo
que anterior à perda da qualidade de segurado;
§ 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei,
inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o
disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova
material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na
ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no
regulamento.
7. Vale ressaltar que a norma previdenciária é especial em relação ao
ordenamento jurídico pátrio, cabendo, assim, trazer o disposto no artigo 12 da CLT
"os preceitos concernentes ao regime de Seguro Social são objeto de Lei especial".
Desta forma, na hipótese dos autos, aplicam-se as Leis n°s 8.212/91 e 8.213/91.
8. Ainda, o RGPS - Regime Geral de Previdência Social é contributivo e,
por norma constitucional, está o INSS, gestor do sistema, obrigado à
contraprestação respectiva, em forma de benefícios, observando-se, neste mérito,
o disposto nos artigos 43, §1°, da Lei 8.212/91:
Art. 43 - Nas ações trabalhistas de que resultar o pagamento de
direitos sujeitos à incidência de contribuição previdenciária, o juiz, sob pena
de responsabilidade, determinará o imediato recolhimento das importâncias
devidas à Seguridade Social (redação dada pela Lei nº 8.620, de 05/01/93).
§ 1° - Nas sentenças judiciais ou nos acordos homologados em que
não figurarem, discriminadamente, as parcelas legais relativas à contribuição
previdenciária, esta incidirá sobre o valor do acordo homologado.
9. Ainda, no presente caso, aplica-se o disposto no Enunciado nº 4 do
CRPS (Conselho de Recursos da Previdência Social), convergentemente, dispõe
sobre a matéria e esta Junta de Recursos está obrigada a seguir os enunciados
daquele Órgão, a teor do Art. 15, § 1º da Portaria MPS Nº 323 DE 27.08.2007,
publicada no D.O.U em 29.08.2007:
Enunciado nº 4 - Consoante inteligência dos artigos 60/61 do Decreto
nº 611/92, não será admitida como eficaz, para comprovação de tempo de

295
Seleção de Acórdãos

serviço, a Reclamação Trabalhista ou qualquer outra ação judicial, em que a


decisão tenha sido proferida com base em confissão ficta, acordo ou prova
exclusivamente testemunhal.
Art. 15 - omissis
1º - Os enunciados do Conselho Pleno tem efeito vinculante em
relação aos demais órgãos julgadores do CRPS, sendo vedado a estes
decidir casos concretos em sentido diverso.
10. Também, não é demais asseverar que esta questão não é nova neste
Colegiado e demanda reflexão profunda, haja vista que, porquanto exista sentença
judicial reconhecendo vínculo de emprego, com pagamento alusivo às
contribuições previdenciárias, observa este Relator que o INSS, gestor do RGPS -
Regime Geral de Previdência Social, não foi parte na relação jurídica travada na
Justiça Especializada, logo, a decisão judicial, neste caso, não impõe obrigação ao
Instituto.
11. Nesse diapasão, mister se faz consignar que ao INSS assiste o
direito/dever de avaliar a documentação constante no processo judicial,
averiguando se tais documentos atendem a legislação previdenciária para efeitos
de reconhecimento de tempo de contribuição.
12. Na hipótese, apura-se que os documentos colacionados aos autos
referem-se a provas exclusivamente testemunhais, inclusive, a pesquisa realizada
pelo Instituto junto à Justiça do Trabalho foi no sentido da inexistência de prova
material, desatendendo, desta forma, o disposto no artigo 55, § 3°, da Lei n°
8.213/91, acima mencionado.
13. Ora, a prova do exercício de atividade deve ser feita de molde a
concretizar, na forma da lei, o vínculo e o trabalho na empresa Prefeitura Municipal
de Caeté/MG, pressupostos não encontrados nos autos.
14. Com estas considerações e à míngua de documentos, entende este
Relator que não cabe o reconhecimento do alegado período de 28.05.1998 a
02.02.2002, laborado na Prefeitura Municipal de Caeté.
15. Assim, em 16.12.1998, data do advento da Emenda Constitucional nº
20, o recorrente não alcançou o tempo necessário para lhe assegurar o direito à
aposentadoria pleiteada, logo, não evidenciou a existência de direito adquirido ao
benefício, nos termos dos artigos 54, do Decreto 2.172/97, e 187 do Decreto
3.048/99, a saber:
Art. 54 - A aposentadoria por tempo de serviço, uma vez cumprida a
carência exigida, será devida ao segurado que completar trinta anos de
serviço, se do sexo masculino, ou 25 anos, se do sexo feminino.
Art.187 - É assegurada a concessão de aposentadoria, a qualquer
tempo, nas condições previstas na legislação anterior à Emenda
Constitucional nº 20, de 1998, ao segurado do Regime Geral de Previdência
Social que, até 16 de dezembro de 1998, tenha cumprido os requisitos para
obtê-la.
Parágrafo único. Quando da concessão de aposentadoria nos termos
do caput, o tempo de serviço será considerado até 16 de dezembro de 1998, e
a renda mensal inicial será calculada com base nos trinta e seis últimos
salários-de-contribuição anteriores àquela data, reajustada pelos mesmos

296
Seleção de Acórdãos

índices aplicados aos benefícios, até a data da entrada do requerimento, não


sendo devido qualquer pagamento relativamente a período anterior a esta
data, observado, quando couber, o disposto no § 9º do art. 32 e nos §§ 3º e 4º
do art. 56.
16. Ainda, na data de entrada do requerimento, o segurado, muito embora
possuísse a idade mínima de 53 anos, eis que nascido em 16.10.1949, não
completou o tempo de contribuição exigido pela legislação previdenciária, não
sendo atendidas, desta forma, as disposições do artigo 9º da Emenda
Constitucional nº 20/98, em consonância com o artigo 188 do Decreto 3.048/99:
Art. 188 - O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social
até 16 de dezembro de 1998, cumprida a carência exigida, terá direito à
aposentadoria, com valores proporcionais ao tempo de contribuição, quando,
cumulativamente: (redação alterada pelo Decreto 4.729, de 09.06.03)
I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e
quarenta e oito anos de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e
b) um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo,
quarenta por cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para
atingir o limite de tempo constante da alínea “a”.
17. Por fim, importante registrar que o simples fato de o segurado ter
demonstrado que a empresa, atendendo determinação judicial, efetuou
contribuições previdenciárias não representa, em absoluto, o reconhecimento de
tempo de contribuição, há que se provar a atividade laboral com documentos e
elementos materiais, sendo certo que, no presente caso, isto não ocorreu.
Isto posto,
VOTO pelo NÃO PROVIMENTO do recurso, por falta de amparo legal, na
forma da fundamentação supra.

Belo Horizonte - MG, 25/08/2010

PEDRO DONIZETE ASSUNÇÃO


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 11532/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-

297
Seleção de Acórdãos

LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: PATRÍCIA WERNECK


COSTA BARBOSA e THAIS REZENDE COELHO ALVES.

Belo Horizonte - MG, 02/09/2010

PEDRO DONIZETE ASSUNÇÃO SÉRGIO CAMPOS VIANNA


Representante do Governo Presidente
08ª JR - Oitava Junta de Recursos

298
Seleção de Acórdãos

08ª JR - Oitava Junta de Recursos

Documento: 0144.788.477-6
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA SETE LAGOAS-APSSET
Nº de Protocolo do Recurso: 36906.000536/2008-34
Recorrente(s): DIMAS EXPEDITO DA SILVA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 22/09/2008
Relator(a): PEDRO DONIZETE ASSUNÇÃO

Relatório

DIMAS EXPEDITO DA SILVA recorre a esta Junta de Recursos, manifestando-se


contra a decisão do Instituto que indeferiu o seu pedido de APOSENTADORIA POR TEMPO
DE CONTRIBUIÇÃO, formulado 11.03.2008.
O segurado nasceu em 07.04.1953.
Consta, às fls. 04/05, demonstrativo do CNIS – Cadastro Nacional de Informações
Sociais.
Para comprova o tempo laboral, o interessado apresentou Carteira de Trabalho n°
024111, série n° 281, fls. 06/24.
Deseja o postulante o reconhecimento como tempo especial, para fins de conversão
em comum, dos períodos para os quais apresentou formulários PPP – Perfil Profissiongráfico
Previdenciário, fls. 25/33.
Instada a se manifestar, a perícia médica, às fls. 52/53, reconheceu como tempo
especial os períodos de 11.05.1972 a 15.09.1972, de 22.02.1973 a 31.05.1973, de 01.05.1976
a 10.11.1976 e de 01.07.1989 a 31.10.1990. No entanto, não aceitou como tempo especial os
seguintes períodos:
- de 01.06.1973 a 30.04.1976, de 04.01.1986 a 30.06.1989 e de 01.11.1990 a
02.02.1994, laborados na empresa CIA CEDRO CACHOEIRA;
- de 15.09.1994 a 10.06.1999, trabalhado na empresa MINERAÇÃO RETIRO;
- de 18.02.2002 a 24.08.2007, laborado na empresa FRANCO MATOS TINTEXTIL
S/A.
Assim, o INSS apurou, até 16/12/98, data do advento da Emenda Constitucional nº
20/98, 23 anos, 08 meses e 15 dias de tempo de serviço (fls. 55/59); e, até a DER (data de
entrada do requerimento), 30 anos, 09 meses e 18 dias de tempo de contribuição (fls. 65/69).
O indeferimento, conforme Comunicação de Decisão de fls. 73/74, fundamentou-se
na falta de tempo de contribuição até 16/12/98 ou até a data de entrada do requerimento.
Nas razões de recurso, apresentadas às fls. 76/78, com solicitação em 22.04.2008 e
agendamento em 02.05.2008, o recorrente alega que exerceu atividades em condições
especiais por vários períodos, apresentando demonstrativo de tempo insalubre; requer que a
contagem de tempo seja revista e, ao final, julgado procedente o pedido.

299
Seleção de Acórdãos

Na fase recursal, a perícia médica, à fl. 80-verso, ratificou o parecer de fls. 52/53.
O Instituto manteve o indeferimento.
Trata-se de matéria que comporta recurso à CAJ/CRPS, somente pelo segurado, não
podendo o INSS recorrer, apenas apresentar contrarrazões, se for o caso.
É o relatório.

Belo Horizonte - MG, 23/11/2009

PEDRO DONIZETE ASSUNÇÃO


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2009-11-23 para sessão nº 217/2009 de 2009-12-02 às 830

Voto

1. Examinado e narrado o que consta dos autos, cabe a este Relator adentrar nos
argumentos e fundamentos para o decisório, posto que as razões recursais foram interpostas
em tempo hábil, nos termos da lei.
2. Trata-se de pedido de APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
formulado em 11.03.2008 e indeferido por falta de tempo de contribuição.
3. Constitui matéria controversa o não reconhecimento, como tempo especial, dos
períodos:
- de 01.06.1973 a 30.04.1976, de 04.01.1986 a 30.06.1989 e de 01.11.1990 a
02.02.1994, laborados na empresa CIA CEDRO CACHOEIRA;
- de 15.09.1994 a 10.06.1999, trabalhado na empresa MINERAÇÃO RETIRO;
- de 18.02.2002 a 24.08.2007, laborado na empresa FRANCO MATOS TINTEXTIL
S/A.
4. Este Colegiado analisa, por dever de ofício, toda a documentação acostada aos
autos, à luz das normas legais aplicáveis à espécie, buscando, desta forma, proferir o decisório
com elementos geradores de convicção.
5. Cabe observar que as atividades e condições especiais prejudiciais à saúde ou à
integridade física estão relacionadas ou disciplinas nos anexos dos Decretos nº. 53.831/64 e
nº. 83.080/79, vigentes até 05/03/97, Decreto nº. 2.172/97, em vigor até 06/05/99, Decreto nº.
3.048/99, com início a partir de 07/05/99, Lei nº. 7.850/89.
6. Ainda, a lei n°. 8.213/91, em seu artigo 58, confere prerrogativas ao INSS, no que
diz respeito a aplicabilidade de normas procedimentais sobre o PPP (Perfil Profissiográfico
Previdenciário), tendo o Instituto começado a exigir tal documento à partir de janeiro de 2004.
7. Assim, vários pressupostos legais devem ser obedecidos por este Colegiado, para
a correta conversão de tempo especial em comum, quando for o caso dentre eles:
a) caracterização da atividade permanente e habitual, até 28/04/95 ou evidenciar
habitual, permanente, não ocasional e nem intermitente, a partir de 29/04/95;
b) apresentação de PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário, elaborado pela
empresa, sendo aceitos formulários DIRBEN 8030 (antigos SB’40, DISES BE 5235 e DSS
8030), para períodos laborados até 31/12/2003, quando emitidos até esta data, sem a

300
Seleção de Acórdãos

apresentação de laudo técnico até 28/04/95, exceto ruído, devendo este documento
mencionar, além de suas peculiaridades, as informações pertinentes ao PPP;
c) observância do limite de tolerância permitido de 80 decibéis até 05/03/97, 90
decibéis, a partir de 06/03/97, e 85 decibéis, a partir de 19/11/03;
d) quando houver uso de tecnologia que elimina ou neutraliza a presença de agente
nocivo não caberá conversão, devendo constar do PPP os dados essenciais sobre a utilização
de equipamentos de proteção, a partir de 14/12/98. (Portaria Mtb nº 3.214/78 - NR 15 - 15.4);
e) os PPP’s devem levar em consideração a média do ruído para o correto
enquadramento, conforme o disposto na Portaria Mtb nº 3.214/78 - NR 15 e seguintes, ou seja,
ocorrendo variações nos níveis de exposição ao agente ruído a equação constante da norma
trabalhista oferecerá o resultado, que deverá atender o registrado na letra "c";
f) os PPP’s, anteriores ao exercício das atividades, podem ser aceitos, desde que
observados os requisitos legais da época, inclusive a inalterabilidade das condições especiais;
g) os PPP’s, emitidos posteriormente ao exercício da atividade do segurado, devem
mencionar se houve alteração ou não de "lay out" e ou mudança das instalações físicas do
local de trabalho, registrando a data da ocorrência e todos os elementos que caracterizam o
direito à época;
h) os PPP’s devem obedecer os ditames da Lei nº 9.732/98 e elaborados de acordo
com as normas trabalhistas, inclusive aqueles emitidos anteriormente. Aliás, o INSS, por meio
de norma específica, estabelece parâmetros, que podem ser seguidos para o perfeito
enquadramento, quando cabível;
i) o trabalhador terá que provar, através de documento apropriado, exigível à época,
que esteve sujeito a qualquer dos agentes biológicos, químicos, físicos ou associação de
agentes, para fazer jus a contagem de tempo especial;
j) possibilidade de enquadramento por categoria profissional apenas até 28/04/95 e a
partir desta data deve ser apresentado o PPP (Perfil Profissiográfico Profissional), exceto para
contribuinte individual, vez que a partir de 29/04/95 é indevida a conversão;
k) fica caracterizado o agente agressivo eletricidade quando o trabalhador tiver
contato, permanente e habitual, com equipamento eletroenergizado com tensão superior a 250
volts;
l) o frentista de posto de gasolina poderá ser considerado como atividade especial,
desde que comprovada a efetiva exposição ao agente nocivo, o que não acontece com o
gerente do posto.
8. Assim, observados os pressupostos acima mencionados entende este Relator que:
8.1 - CABE o reconhecimento como tempo especial dos períodos de 01.06.1973 a
30.04.1976, de 04.01.1986 a 30.06.1989 e de 01.11.1990 a 02.02.1994, laborados na empresa
CIA CEDRO CACHOEIRA, posto que, conforme PPPs de fls. 26/27 e 26/29, o recorrente
exerceu atividade exposto ao agente nocivo ruído equivalente a 80,1 decibéis, assegurando-
lhe o enquadramento como tempo especial, já que se enquadra nos códigos 1.1.6, do Decreto
n° 53.831/64 e 1.1.5, anexo I, do Decreto n° 83.080/79 e, ainda, encontra-se em consonância
com o disposto no item 7, letra “c”, desta decisão;
8.2 - CABE o reconhecimento como tempo especial do período de 18.02.2002 a
30.09.2003, trabalhado na empresa FRANCO MATOS TINTEXTIL S/A, já que, conforme
informações contidas no PPP de fls. 32/33, o recorrente exerceu atividade exposto ao agente
nocivo ruído equivalente a 93,5 decibéis, assegurando-lhe o enquadramento como tempo
especial, eis que se enquadra no código 2.0.1, anexo IV, do Decreto n° 3.048/99, atendendo,
ainda, o disposto na letra “c”, do item 7 acima citado;
8.3 - CABE o reconhecimento como tempo especial do período de 01.10.2003 a
24.08.2007, laborado na empresa FRANCO MATOS TINTEXTIL S/A, pois, conforme consta do
PPP de fls. 32/33, o recorrente exerceu atividade exposto ao agente nocivo ruído equivalente a
88,4 decibéis, assegurando-lhe o enquadramento como tempo especial, eis que se enquadra
no código 2.0.1, anexo IV, do Decreto n° 3.048/99, atendendo, ainda, o disposto na letra “c”, do
item 7 acima citado;

301
Seleção de Acórdãos

8.4 - NÃO CABE o reconhecimento como tempo especial do período de 15.09.1994 a


10.06.1999, trabalhado na empresa MINERAÇÃO RETIRO, tendo em vista que o recorrente,
em tal período, estava exposto ao agente nocivo ruído equivalente a 72,10 decibéis, não
atendendo assim, o disposto na letra “c”, do item 7 acima citado.
9. Importante ressaltar que a utilização de EPI – Equipamento de Proteção Individual,
por si só, não afasta o reconhecimento do tempo especial, notadamente, quando, no caso
presente, não há informação de neutralização do agente nocivo;
10. Nessa linha de pensamento, também, no caso, deve ser observado o
entendimento do Egrégio CRPS - Conselho de Recursos da Previdência Social, conforme
Enunciado nº 21, a saber:
“Enunciado nº 21. O simples fornecimento de equipamento de proteção
individual de trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do
trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de
trabalho.”
11. De relevo dizer ainda que esta instância julgadora está adstrita aos enunciados do
CRPS, na forma do art. 15, § 1°, da Portaria MPS nº 323 de 27.08.2007, publicada no D. O. U.:
Art. 15. Compete ao Conselho Pleno:
§ 1º Os enunciados do Conselho Pleno tem efeito vinculante em relação aos
demais órgãos julgadores do CRPS, sendo vedado a estes decidir casos concretos em
sentido diverso.
12. Assim, em 16.12.1998, data do advento da Emenda Constitucional nº 20, o
recorrente não alcançou o tempo necessário para lhe assegurar o direito à aposentadoria
pleiteada, logo, não evidenciou a existência de direito adquirido ao benefício, nos termos dos
artigos 54, do Decreto 2.172/97, e 187 do Decreto 3.048/99, a saber:
Art. 54 - A aposentadoria por tempo de serviço, uma vez cumprida a carência
exigida, será devida ao segurado que completar trinta anos de serviço, se do sexo
masculino, ou 25 anos, se do sexo feminino.
Art.187 - É assegurada a concessão de aposentadoria, a qualquer tempo, nas
condições previstas na legislação anterior à Emenda Constitucional nº 20, de 1998, ao
segurado do Regime Geral de Previdência Social que, até 16 de dezembro de 1998, tenha
cumprido os requisitos para obtê-la.
Parágrafo único. Quando da concessão de aposentadoria nos termos do caput,
o tempo de serviço será considerado até 16 de dezembro de 1998, e a renda mensal
inicial será calculada com base nos trinta e seis últimos salários-de-contribuição
anteriores àquela data, reajustada pelos mesmos índices aplicados aos benefícios, até a
data da entrada do requerimento, não sendo devido qualquer pagamento relativamente a
período anterior a esta data, observado, quando couber, o disposto no § 9º do art. 32 e
nos §§ 3º e 4º do art. 56.
13. Ainda, na data de entrada do requerimento, o segurado possuía a idade mínima
de 53 anos, eis que nascido em 07.04.1953 e, ainda, completou o tempo de contribuição
exigido pela legislação previdenciária, não sendo atendidas, desta forma, as disposições do
artigo 9º da Emenda Constitucional nº 20/98, em consonância com o artigo 188 do Decreto
3.048/99:
Art. 188 - O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até 16 de
dezembro de 1998, cumprida a carência exigida, terá direito à aposentadoria, com
valores proporcionais ao tempo de contribuição, quando, cumulativamente: (redação
alterada pelo Decreto 4.729, de 09.06.03)
I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito
anos de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e
b) um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por
cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de tempo

302
Seleção de Acórdãos

constante da alínea “a”.


Isto posto,
VOTO pelo PROVIMENTO do recurso, reconhecendo ao recorrente o direito de
enquadramento, como tempo especial, dos períodos constantes nos subitens 8.1, 8.2 e 8.3,
reconhecidos por este Relator, e, via de conseqüência, a concessão do benefício de
aposentadoria por tempo de contribuição, mediante opção, na forma da fundamentação supra,
cabendo ao INSS adotar as providências acessórias que se fazem necessárias, em
consonância com a legislação aplicável.

Belo Horizonte - MG, 23/11/2009

PEDRO DONIZETE ASSUNÇÃO


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 15551/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARCO ANTÔNIO


PICORELLI LOPES CANÇADO e THAIS REZENDE COELHO ALVES.

Belo Horizonte - MG, 02/12/2009

PEDRO DONIZETE ASSUNÇÃO SÉRGIO CAMPOS VIANNA


Representante do Governo Presidente
08ª JR - Oitava Junta de Recursos

303
Seleção de Acórdãos

304
Seleção de Acórdãos

08ª JR - Oitava Junta de Recursos

Documento: 0145.126.825-1
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA DIVINÓPOLIS-APSDIV
Nº de Protocolo do Recurso: 37024.000936/2008-38
Recorrente(s): PEDRO NOGUEIRA VAZ
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 23/10/2008
Relator(a): HUXLEY FERREIRA CÓLEN

Relatório

O interessado, Sr. PEDRO NOGUEIRA VAZ, nascido em 08/12/51,


recorre a esta Junta, por intermédio de seu procurador (fl. 30), inconformado com o
indeferimento do benefício supra, requerido em 12/03/08.
Em 25/05/05, o segurado requereu o NB 42/134.910.143-2, que foi
indeferido por “Não concordância com a Aposentadoria Proporcional”, uma vez a
Perícia Médica ter enquadrado, como tempo especial, os períodos de 02/09/74 a
31/01/75, 24/02/82 a 30/04/86, 01/01/96 a 31/12/04 e desconsiderado os períodos
de 01/05/86 a 31/12/95 e 01/01/05 a 30/04/05, ocasião em que foram apurados,
até a DER (Data de Entrada do Requerimento), o total de 32 anos, 02 meses e 25
dias de contribuição, quando necessários 32 anos, 07 meses e 01 dia (fls. 26, 44 e
37/40 do processo apenso).
Em 16/12/05, o segurado requereu o NB 42/136.294.199-6, que foi
indeferido por “Falta de tempo de contribuição até 16/12/98 ou até a data da
entrada do requerimento”, uma vez a Perícia Médica ter enquadrado, como tempo
especial, os períodos de 02/09/74 a 31/01/75, 24/02/82 a 30/04/86, 01/01/96 a
31/12/04 e desconsiderado os períodos de 01/05/86 a 31/12/95 e 01/01/05 a
30/04/05, ocasião em que foram apurados, até a DER (Data de Entrada do
Requerimento), o total de 32 anos e 07 meses de contribuição, quando
necessários 32 anos, 08 meses e 12 dias (fls. 20, 38/39 e 31/34 do processo
apenso).
Em 22/05/07, o segurado requereu o NB 42/143.805.550-9, que foi
indeferido por “Não concordância com a Aposentadoria Proporcional”, uma vez a
Perícia Médica ter enquadrado, como tempo especial, os períodos de 02/09/74 a
31/01/75, 24/02/82 a 31/04/86, 01/01/96 a 31/12/04 e 01/10/06 a 05/05/07 e
desconsiderado os períodos de 01/05/86 a 31/12/95 e 01/01/05 a 20/07/05,
ocasião em que foram apurados, até a DER (Data de Entrada do Requerimento), o

305
Seleção de Acórdãos

total de 34 anos, 06 meses e 17 dias de contribuição, quando necessários 32 anos,


07 meses e 01 dia (fls. 36, 25 e 32/34 do processo apenso).
Em 11/12/07, o segurado requereu o NB 42/144.650.103-2, que foi
indeferido por “Falta de tempo de contribuição até 16/12/98 ou até a data da
entrada do requerimento ou – atividades descritas nos DSS-8030 e Laudos
Técnicos não foram considerados especiais pela Perícia Médica”, apesar da
Perícia Médica ter enquadrado, como tempo especial, os períodos de 02/09/74 a
31/01/75, 24/02/82 a 31/04/86, 01/01/96 a 21/10/96, 01/01/97 a 02/07/99, 21/08/99
a 02/12/02 e 01/01/04 a 31/12/04 e desconsiderado os períodos de 01/05/86 a
31/12/95 e 01/01/05 a 20/07/05, ocasião em que foram apurados, até a DER (Data
de Entrada do Requerimento), o total de 32 anos, 05 meses e 10 dias de
contribuição, quando necessários 32 anos, 07 meses e 10 dias (fls. 23, 39/40 e
32/35 do processo apenso).
O Instituto fez pesquisa no CNIS/DATAPREV, para confirmar os vínculos
empregatícios e as respectivas contribuições (fls. 08/09).
Além dos vínculos empregatícios, apurados como tempo comum, o
postulante deseja o reconhecimento como tempo especial, para fins de conversão
em comum, dos períodos de:
a) 02/09/74 a 31/01/75, 24/02/82 a 31/04/86, 01/05/86 a 31/12/95, 01/01/96
a 21/12/96, 01/01/97 a 02/07/99, 21/08/99 a 02/12/02 e 01/01/04 a 31/12/04,
01/01/05 a 20/07/05, trabalhados na empresa PREFEITURA MUNICIPAL DO
CARMO DO CAJURU/MG, nas funções de Operário e Meio Oficial de Marroeiro,
para os quais apresentou laudos técnicos e PPP – Perfil Profissiográfico
Previdenciário (fls. 11/17 do NB 42/134.910.143-2).
A Perícia Médica não se manifestou, nos presentes autos, a respeito do
reconhecimento ou não dos períodos reivindicados pelo segurado como atividade
especial.
O INSS, após a contagem de todos os períodos como tempo comum, até
16/12/98, data de início da vigência da Ementa Constitucional nº 20, o equivalente
a 19 anos, 08 meses e 17 dias de tempo de serviço (fls. 16/17) e, até a DER (Data
de Entrada do Requerimento) em 12/03/08 (ou até o último vínculo), o total de 26
anos, 10 meses e 02 dias de contribuição (fls. 20/21).
O benefício foi indeferido por “Falta de tempo de contribuição até 16/12/98
ou até a data da entrada do requerimento" (fls. 25/28).
O Instituto anexou, aos autos, equivocadamente, as razões recursais
pertencentes ao NB 42/144.650.103-2 (fls. 31/45).
As alegações recursais foram protocolizadas (solicitação de
agendamento) em 15/08/08, ocasião em que argui, o recorrente, que os pareceres
da Perícia Médica, a respeito do reconhecimento e enquadramento dos períodos
reivindicados como atividade especial, divergem em cada benefício já solicitado,
implicando, assim, na própria apuração do tempo de contribuição, solicitando,
assim, sua reanálise e, por fim, afirma já possuir o tempo necessário para a
obtenção/concessão do benefício (fls. 46/61).
O Instituto manteve o indeferimento (fl. 62).
Em 13/01/10, o processo teve o julgamento de seu recurso convertido em
diligência por esta Junta (fls. 63/65), a fim de que o INSS adotasse os

306
Seleção de Acórdãos

procedimentos cabíveis e necessários para saneamento dos vícios e/ou


esclarecimento das dúvidas, conforme disposto nos itens abaixo relacionados:
a) os pareceres da Perícia Médica, nos processos anteriores, não
convergem a respeito do reconhecimento e enquadramento dos períodos de
02/09/74 a 31/01/75, 24/02/82 a 31/04/86, 01/05/86 a 31/12/95, 01/01/96 a
21/12/96, 01/01/97 a 02/07/99, 21/08/99 a 02/12/02 e 01/01/04 a 31/12/04,
01/01/05 a 20/07/05 como tempo especial, conforme pleiteado pelo segurado; e
b) a Perícia Médica não se posicionou, nos presentes autos, a respeito dos
períodos reivindicados pelo segurado como tempo especial, sendo, diante da não
convergência de entendimento nos processos anteriores a esse respeito,
imprescindível sua manifestação.
Após a manifestação da Perícia Médica, o Instituto enquadrou e converteu
como atividade especial os períodos de 02/09/74 a 31/01/75, 24/02/82 a 30/04/86,
01/05/86 a 31/12/95 e 01/01/96 a 31/12/04 (fl. 75).
O INSS realizou, então, nova contagem, apurando até a DER (Data de
Entrada do Requerimento) em 12/03/08 (ou até o último vínculo), o total de 36
anos, 02 meses e 11 dias de contribuição, quando necessários 31 anos, 03
meses e 18 dias (fls. 77/79).
A APS DIVINÓPOLIS emitiu Carta de Exigência(s), solicitando informações
a respeito da averbação ou não do tempo de RGPS no Regime Próprio da
Prefeitura Municipal de Carmo do Cajuru/MG, não se localizando, nos autos,
qualquer emissão e/ou averbação de Certidão de Tempo, constantando-se, antes,
estar o requerente vinculado ao Regime Próprio daquela Prefeitura Muncipal por
ocasião da DER (fls. 80/85).
Após o cumprimento da diligência supra, o Instituto ratificou seu
entendimento, posicionando-se desfavorável à concessão do benefício (fls. 86/87).
Em síntese, é o relatório.
ÀS PARTES INTERESSADAS, CABE A OBSERVÂNCIA DOS PRAZOS
REGIMENTAIS, BEM COMO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 16, 17, 18 E 58 DA
PT/MPS Nº323/07 E ALTERAÇÕES, QUE TRATAM DE RECURSO, ALÇADA E
EMBARGOS.

Belo Horizonte - MG, 28/03/2011

HUXLEY FERREIRA CÓLEN


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-03-31 para sessão nº 46/2011 de 2011-04-08 às 1300

Voto

307
Seleção de Acórdãos

01 – O Recurso é tempestivo, haja vista a não comprovação da ciência


do segurado a respeito da decisão do Instituto, seja pessoalmente ou por
intermédio de representante legal, para que se possa constatar o decurso do
respectivo prazo, evidenciando-se, assim, sua admissibilidade.
02 – Em face do relatório supra, cabe a este Relator adentrar nos
fundamentos e argumentos para a respectiva decisão.
03 – Inicialmente, cumpre observar que o princípio constitucional do direito
adquirido tem que ser respeitado pela Administração, quando da aplicação da
norma legal.
04 – Imprescindível se torna ressaltar que as atividades e condições
especiais prejudiciais à saúde ou à integridade física estão relacionadas ou
disciplinadas nos anexos dos Decretos nº 53.831/64 e nº 83.080/79, vigentes até
05/03/97, Decreto nº 2.172/97, vigente até 06/05/99, e Decreto nº 3.048/99, com
início de vigência em 07/05/99.
05 – Pela leitura dos autos, constata-se que:
a) a matéria controversa, objeto do julgamento do presente recurso,
consiste no enquadramento e conversão do período de 01/01/05 a 20/07/05
como tempo especial, bem como na obtenção/concessão da Aposentadoria;
e
b) como incontroversa, o reconhecimento dos períodos de 02/09/74 a
31/01/75, 24/02/82 a 31/04/86, 01/05/86 a 31/12/95, 01/01/96 a 21/12/96, 01/01/97
a 02/07/99, 21/08/99 a 02/12/02 e 01/01/04 a 31/12/04 como tempo especial, haja
vista ter o Instituto já procedido os devidos enquadramentos e suas respectivas
conversões.
06 – Necessário esclarecer que a Lei 8.213/91, em seu artigo 58 e
parágrafos, confere prerrogativas ao INSS, no que diz respeito à aplicabilidade de
normas procedimentais sobre o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário), tendo
o Instituto começado a exigir tal documento a partir de janeiro de 2004.
07 – Importante salientar que vários pressupostos legais devem ser
obedecidos por este Colegiado, para a correta conversão de tempo especial em
comum, quando for o caso, dentre eles:
a) caracterização da atividade permanente e habitual, até 28/04/95 ou
evidenciar habitual, permanente, não ocasional e nem intermitente, a partir de
29/04/95;
b) apresentação de PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário, originário
de Laudo das Condições Ambientais do Trabalho - LTCAT, elaborado pela
empresa ou preposto, sendo aceitos formulários DIRBEN 8030 (antigos SB’40,
DISES BE 5235 e DSS 8030), para períodos laborados até 31/12/2003, quando
emitidos até esta data, sem a apresentação de laudo técnico até 28/04/95, exceto
ruído, devendo este documento mencionar, além de suas peculiaridades, as
informações pertinentes ao PPP;
c) observância do limite de tolerância permitido de 80 decibéis até
05/03/97, 90 decibéis, a partir de 06/03/97, e 85 decibéis, a partir de 19/11/03;
d) quando houver uso de tecnologia que elimina ou neutraliza a presença
de agente nocivo não caberá conversão, devendo constar do PPP ou do LTCAT,

308
Seleção de Acórdãos

os dados essenciais sobre a utilização de equipamentos de proteção, a partir de


14/12/98 (Portaria MTb nº 3.214/78 - NR 15 - 15.4 );
e) os PPP’s ou LTCAT’s devem levar em consideração a média do ruído
para o correto enquadramento, conforme o disposto na Portaria MTb nº 3.214/78 -
NR 15 e seguintes, ou seja, ocorrendo variações nos níveis de exposição ao
agente ruído, a equação constante da norma trabalhista oferecerá o resultado que
deverá atender o registrado na letra “c”;
f) os PPP’s ou LTCAT’s anteriores ao exercício das atividades podem ser
aceitos, desde que observados os requisitos legais da época, inclusive a
inalterabilidade das condições especiais;
g) os PPP’s ou LTCAT’s emitidos posteriormente ao exercício da atividade
do segurado devem mencionar se houve alteração ou não de “lay out” e ou
mudança das instalações físicas do local de trabalho, registrando a data da
ocorrência e todos os elementos que caracterizam o direito à época;
h) os PPP’s ou LTCAT’s devem obedecer aos ditames da Lei nº 9.732/98 e
elaborados de acordo com as normas trabalhistas, inclusive aqueles emitidos
anteriormente. Aliás, as normas internas do INSS estabelecem parâmetros que
podem ser seguidos para o perfeito enquadramento, quando cabível;
i) o trabalhador terá que provar, através de documento apropriado, exigível
à época, que esteve sujeito a qualquer dos agentes biológicos, químicos, físicos ou
associação de agentes, para fazer jus a contagem de tempo especial;
j) a possibilidade de enquadramento por categoria profissional apenas até
28/04/95 e, a partir desta data, deve ser apresentado o PPP (Perfil Profissiográfico
Previdenciário) ou formulário DSS-8030, neste caso, acompanhado de LTCAT,
exceto para contribuinte individual, vez que a partir de 29/04/95 é indevida a
conversão;
k) a caracterização do agente agressivo eletricidade, quando o trabalhador
tiver contato, permanente e habitual, com equipamento eletroenergizado com
tensão superior a 250 volts até 05/03/97; e
l) o frentista de posto de combustíveis poderá ser considerado como
atividade especial, desde que comprovada a efetiva exposição ao agente nocivo, o
que não acontece com o gerente de citado estabelecimento comercial.
08 – A propósito, este Colegiado não condiciona suas decisões aos
pronunciamentos técnicos da perícia médica, analisando, também, por dever de
ofício, os formulários e laudos acostados aos Autos, à luz das normas legais
aplicáveis à espécie, buscando, desta forma, proferir o decisório com elementos
geradores de convicção.
09 – Nesse sentido, com base nos critérios acima mencionados,
corroborados pelos pareceres da perícia médica, não vislumbra, este Relator, a
possibilidade de enquadramento, como tempo especial, do período:
a) 01/01/05 a 20/07/05, visto que não restou comprovado, conforme
previsto na Legislação Previdenciária, a exposição a agentes agressivos e/ou
nocivos à saúde, de modo habitual e permanente, não ocasional nem intermitente
(LTCAT e PPP não informam fatores de risco e/ou o exercício da(s) atividade(s)
compreende a execução de diversas tarefas em locais variados, evidenciando-se,
assim, a descaracterização da habitualidade e permanência, da não

309
Seleção de Acórdãos

ocasionalidade e da não intermitência - fls. 11/13 do NB 42/134.910.143-2).


10 – Conforme constatado, nos autos, o requerente, por ocasião da DER
(Data de Entrada do Requerimento) em 12/03/08, se encontrava vinculado ao
Regime Próprio da PREFEITURA MUNICIPAL DE CARMO DO CAJURU/MG, não
havendo qualquer emissão e/ou averbação de Certidão de Tempo de
Serviço/Contribuição (fls. 13 e 80/85).
11 – Assim sendo, apesar do tempo apurado pelo INSS, após o
enquadramento e conversão dos períodos reconhecidos como tempo especial,
equivalente a 36 anos, 02 meses e 11 dias de contribuição (fls. 77/79), não
vislumbra, este Relator, a possibilidade de concessão/obtenção da
Aposentadoria, uma vez encontrar-se ele excluido do Regime Geral de Previdência
Social (RGPS), como previsto no artigo 12 da Lei nº 8.213/91, abaixo transcrito:
Art. 12. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como o das
respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Regime Geral de
Previdência Social consubstanciado nesta Lei, desde que amparados por
regime próprio de previdência social. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de
26/11/99)
12– Por oportuno, ressalte-se que cabe ao INSS, se for o caso, orientar o
segurado a respeito da possibilidade de emissaõ de Certidão de Tempo de
Contribuição para aproveitamento junto à prefeitura.
13 – Diante de tudo mais que do processo consta;
VOTO, preliminarmente, pelo conhecimento do recurso e, no mérito, pelo
seu não provimento, deixando de reconhecer ao postulante, Sr. PEDRO
NOGUEIRA VAZ, o direito à concessão/obtenção do benefício pleiteado, tendo
em vista a falta de amparo legal.

Belo Horizonte - MG, 28/03/2011

HUXLEY FERREIRA CÓLEN


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 2581/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

310
Seleção de Acórdãos

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARCO ANTÔNIO


PICORELLI LOPES CANÇADO e SILVIO JOSÉ SILVA.

Belo Horizonte - MG, 08/04/2011

HUXLEY FERREIRA CÓLEN SÉRGIO CAMPOS VIANNA


Representante do Governo Presidente
08ª JR - Oitava Junta de Recursos

311
Seleção de Acórdãos

312
Seleção de Acórdãos

08ª JR - Oitava Junta de Recursos

Documento: 0148.078.317-7
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA ITAJUBÁ-APSITA
Nº de Protocolo do Recurso: 36998.001290/2009-17
Recorrente(s): SEBASTIAO ALVES FERNANDES
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 07/12/2009
Relator(a): RONAN DE CASTRO VAZ

Relatório

Recorre o interessada a esta Junta, SEBASTIÃO ALVES FERNANDES,


inconformado com o indeferimento do benefício supra, requerido em 09/07/2009, na
condição de empregado.
Consta de registro nos autos, fl. 05, que a postulante nasceu em 25/04/1954.
Pretende o suplicante o reconhecimento como tempo especial, para fins de
conversão em tempo comum, do período de 13/02/1981 a 31/03/1993 e 01/07/1999 a
16/042009, laborados na PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIA DA FÉ/MG, na função de
operário I, para o qual apresentou o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) de fl.
37/38.
À fl. 40, a Perícia Médica emitiu parecer contrário ao enquadramento do tempo
pretendido, nos seguintes termos: “de acordo com o PPP apresentado o interessado
esteve exposto aos agentes cimento e cal, postura inadequada e outra situações
causadoras de acidentes não são arroladas na legislação. Os agentes nocivos não
arrolados no anexo IV do RPS não serão considerados para fins de concessão da
aposentadoria especial (IN/INSS/DC nº 20/07, art. 156 § 1º e Dec. 3.048/99, art. 68 § 5º).”
O INSS apurou até a DER (data de entrada do requerimento), 32 anos e 26 dias
de tempo de contribuição, fl. 48.
O indeferimento teve como fundamento, de conformidade com a “comunicação de
decisão” de fls. 46/47, a “falta de tempo de contribuição até 16/12/98 ou até a data de
entrada do requerimento.”
Razões de recurso protocolizadas em 02/09/2009, fls. 51/59, por procurador
constituído à fl. 02, alegando, em síntese, que: o segurado é funcionário da Prefeitura
Municipal de Maria da Fé, desde 13/02/1981, na função de “coveiro”, sendo que hoje não
há previdência sob o regime próprio, ou seja, todas as contribuições previdenciárias são
vertidas ao INSS; no período de 01/04/1993 a 17/06/1999, o interessado esteve amparado
pelo regime próprio; a atividade de “coveiro” enquadra-se por categoria profissional, até o
advento da lei nº 9.032/95; segundo a Súmula nº 198 do extinto TFR, a classificação dos

313
Seleção de Acórdãos

agentes nocivos ou prejudiciais à saúde não é exaustiva e sim enumerativa, sendo devida
a aposentadoria especial, ainda que a atividade exercida não esteja inscrita no
Regulamento; por exposição, o enquadramento seria devido por manipulação de óxido de
cálcio (cal virgem) na colocação no fundo das sepulturas, a fim de impermebializá-las para
evitar mau cheiro; para o enquadramento, devem ser observadas as normas vigentes na
data de realização dos serviços. Cita o Enunciado nº 21 do CRPS sobre a utilização de
EPC e EPI pelo trabalhador, cujo simples fornecimento não exclui a hipótese de exposição
aos agentes nocivos à saúde. Faz referência a entendimento doutrinário acerca do direito
adquirido, aduzindo que o INSS não se manifestou sobre a possibilidade de concessão de
aposentadoria proporcional. Finaliza requerendo à concessão de aposentadoria integral,
não se opondo à concessão de aposentadoria proporcional.
Às fls. 60/68, constam cópias dos exemplares das Leis nº 839/93 e 1.108/99, que
instituíram os RJU’, (Regimes Jurídicos Únicos) dos Servidores Públicos do Município de
Maria da Fé/MG.
À fl. 72, o INSS emitiu “Carta de Exigência(S) para a apresentação, pelo
interessado, do original do PPP da P.M. de Maria da Fé/MG, retificando ou ratificando as
informações sobre as funções desempenhadas, tendo o ilustre engenheiro de segurança
de trabalho do referido órgão municipal formulado à fl. 82 orientações para o
preenchimento do documento solicitado, vindo à colação o PPP de fls. 83/84.
O Instituto manteve o indeferimento (fls. 77/78), alegando, em resumo, que: a
matéria controversa reside no enquadramento ou não dos períodos de 13/02/1981 a
31/03/1993 e de 18/06/1999 até a DER (...) na atividade de coveiro; no período de
01/04/1993 a 17/06/1999 o segurado esteve filiado ao RPPS (Regime Próprio de
Previdência Social); não houve enquadramento do tempo pretendido pelo Médico Perito,
tampouco por atividade; o segurado retornou ao RGPS (Regime Geral de Previdência
Social) após 16/12/1998, podendo obter somente aposentadoria integral (35 anos de
tempo de contribuição); o tempo atingido até a DER equivaleu a 32 anos e 26 dias.
Cabe às partes interessadas observarem os prazos regimentais, bem como o que
dispõem os artigos 16,17, 18 e 58 da PT/MPS nº 323/07 e alterações, que tratam de
recurso, alçada e embargos.

Belo Horizonte - MG, 07/05/2010

RONAN DE CASTRO VAZ


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-05-07 para sessão nº 102/2010 de 2010-05-18 às 830

Voto

1– O Recurso é tempestivo, por não restar demonstrado nos autos ter sido o
segurado, seja pessoalmente ou por intermédio de representante legal, regularmente

314
Seleção de Acórdãos

cientificado da decisão de indeferimento de seu pedido.


2 – Examinado e narrado o que consta do processo, cabe a este Relator adentrar
nos fundamentos e argumentos para a decisão.
3 – Inicialmente, cumpre observar que o princípio constitucional do direito
adquirido tem que ser respeitado pela Administração, quando da aplicação da norma legal.
4 – Necessário, também, observar, que as atividades e condições especiais
prejudiciais à saúde ou à integridade física estão relacionadas ou disciplinadas nos anexos
dos Decretos nº 53.831/64 e nº 83.080/79, vigentes até 05/03/97, Decreto nº 2.172/97,
vigente até 06/05/99, Decreto nº 3.048/99, com início de vigência em 07/05/99.
5 - Pela leitura dos autos nota-se que a matéria controversa, objeto do julgamento
do recurso, consiste no exame da possibilidade de reconhecimento como tempo especial,
para fins de conversão em tempo comum, dos períodos de 13/02/1981 a 31/03/1993 e de
18/06/1999 a 09/07/2009, laborados na função de operário I e ou coveiro na PREFEITURA
MUNICIPAL DE MARIA DA FÉ/MG, haja vista que a divergência de data dos períodos de
celetista e estatutário, questionada nas razões de recurso, foi dirimida no despacho de fl.
77/78, não havendo óbice por este Colegiado.
6 – Indispensável esclarecer, que a Lei 8.213/91, em seu artigo 58 e parágrafos,
confere prerrogativas ao INSS, no que diz respeito à aplicabilidade de normas
procedimentais sobre o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário), tendo o Instituto
começado a exigir tal documento, a partir de janeiro de 2004;
7 - Importante salientar, que vários pressupostos legais devem ser obedecidos por
este Colegiado, para a correta conversão de tempo especial em comum, quando for o
caso, dentre eles:
a) caracterização da atividade permanente e habitual, até 28/04/95 ou evidenciar
habitual, permanente, não ocasional e nem intermitente, a partir de 29/04/95;
b) apresentação de PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário, originário de
Laudo das Condições Ambientais do Trabalho - LTCAT -, elaborado pela empresa ou
preposto, sendo aceitos formulários DIRBEN 8030 (antigos SB’40, DISES BE 5235 e DSS
8030), para períodos laborados até 31/12/2003, quando emitidos até esta data, sem a
apresentação de laudo técnico até 28/04/95, exceto ruído, devendo este documento
mencionar, além de suas peculiaridades, as informações pertinentes ao PPP;
c) observância do limite de tolerância permitido de 80 decibéis até 05/03/97, 90
decibéis, a partir de 06/03/97, e 85 decibéis, a partir de 19/11/03;
d) quando houver uso de tecnologia que elimina ou neutraliza a presença de
agente nocivo não caberá conversão, devendo constar do PPP ou do LTCAT, os dados
essenciais sobre a utilização de equipamentos de proteção, a partir de 14/12/98. ( Portaria
MTb nº 3.214/78 - NR 15 - 15.4 );
e) os PPP’s ou LTCAT’s devem levar em consideração a média do ruído para o
correto enquadramento, conforme o disposto na Portaria MTb nº 3.214/78 - NR 15 e
seguintes, ou seja, ocorrendo variações nos níveis de exposição ao agente ruído, a
equação constante da norma trabalhista oferecerá o resultado que deverá atender o
registrado na letra “c”;
f) os PPP’s ou LTCAT’s, anteriores ao exercício das atividades, podem ser
aceitos, desde que observados os requisitos legais da época, inclusive a inalterabilidade
das condições especiais;
g) os PPP’s ou LTCAT’s, emitidos posteriormente ao exercício da atividade do
segurado, devem mencionar se houve alteração ou não de “lay out” e ou mudança das
instalações físicas do local de trabalho, registrando a data da ocorrência e todos os
elementos que caracterizam o direito à época;
h) os PPP’s ou LTCAT’s devem obedecer aos ditames da Lei nº 9.732/98 e
elaborados de acordo com as normas trabalhistas, inclusive aqueles emitidos

315
Seleção de Acórdãos

anteriormente. Aliás, as Nomas Interna do INSS estabelecem parâmetros que podem ser
seguidos para o perfeito enquadramento, quando cabível;
i) o trabalhador terá que provar, através de documento apropriado, exigível à
época, que esteve sujeito a qualquer dos agentes biológicos, químicos, físicos ou
associação de agentes, para fazer jus a contagem de tempo especial;
j) possibilidade de enquadramento por categoria profissional apenas até 28/04/95
e, a partir desta data, deve ser apresentado o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário)
ou formulário DSS-8030, neste caso, acompanhado de LTCAT, exceto para contribuinte
individual, vez que a partir de 29/04/95 é indevida a conversão;
k) fica caracterizado o agente agressivo eletricidade quando o trabalhador tiver
contato, permanente e habitual, com equipamento eletroenergizado com tensão superior a
250 volts, até 05/03/97;
l) o frentista de posto de combustíveis poderá ser considerado como atividade
especial, desde que comprovada a efetiva exposição ao agente nocivo, o que não
acontece com o gerente de citado estabelecimento comercial.
8 – A propósito, este Colegiado não condiciona suas decisões aos
pronunciamentos técnicos da perícia médica, analisando, também, por dever de ofício, os
formulários e laudos acostados aos autos, à luz das normas legais aplicáveis à espécie,
buscando, desta forma, proferir o decisório com elementos geradores de convicção.
9 – Zelando pelo princípio de economia e celeridade processual, entende, este
Relator, que a espécie enseja o julgamento conforme o estado do processo, sendo
desnecessário o retorno dos autos à origem para a regularização da instrução,
especialmente no que se aproveita a falta de notificação do segurado e ou seu procurador
para a apresentação de novas razões de recurso, se assim desejar(em), a despeito de
constar no Despacho de fls. 77/78 que o interessado, para se aposentar, teria que cumprir
o tempo integral para se aposentar 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, pelo fato de ter
reingressado no RGPS (...) após 16/12/1998, em virtude da existência no processo de
dados elucidativos da controversa, senão vejamos:
9.1. - por um lado, assiste razão, em parte, o postulante, notadamente no que
concerne o risco de contaminação do profissional que desempenha atividades em
cemitérios, especialmente os que têm contato diário e permanente, em suas jornadas de
trabalho, com cadáveres na limpeza de covas, gavetas, túmulos e ou sepulturas, que
acompanham exumação de corpos, etc., levando-se em conta a grande carga de germes
infecciosos e parasitas humanos presentes em ambientes dessa natureza, o que,
certamente, tem levado os Tribunais Brasileiros, em situações específicas, proferirem
decisões favoráveis ao reconhecimento da insalubridade;
9.2. – por outro lado, peço venia para discordar do interessado, ao passo que a
atividade do segurado (operário I), constante da cópia autenticada da CTPS (Carteira de
Trabalho e Previdência Social) de fls. 09/20 e do PPP (...), não se encontra relacionada
nos anexos II e III dos Decretos nº 83.080/79 e 53.831/64, que autorizam o
enquadramento por presunção da nocividade até 28/04/1995, véspera de início de
vigência a Lei nº 9.032/95, e também pelo fato de não se admitir na esfera Administrativa
Previdenciária o reconhecimento da especialidade por analogia. Neste particular, refiro-me
à função de operário I que integra os documentos comprobatórios ofertados,
diferentemente da mencionada pelo interessado nas razões de recurso (coveiro), não
obstante esta atividade não se encontrar, também, contemplada nos anexos de
supracitados Decretos;
9.3. – examinando com acurada cautela as funções desempenhadas pelo
segurado, relacionadas no PPP (...) de fls. 83/84, quais sejam, manutenção e limpeza do
Cemitério Municipal, sepultamento de pessoas e emplacamentos de terrenos perpétuos e
administração geral do Cemitério, não vislumbro assentir, permissa venia, que tais

316
Seleção de Acórdãos

atividades se enquadram nas situações exemplificadas no subitem 9.1., ficando


descaracterizada a permanência na exposição a agentes biológicos, restando, com efeito,
prejudicado o reconhecimento da especialidade dos períodos de 13/02/1981 a 31/03/1993
e de 18/06/1999 a 09/07/2009, laborados na PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIA DA
FÉ/MG;
9.4. – doutra sorte, a espécie não contempla a possibilidade de enquadramento
de referido tempo por exposição a cimento e cal, postura inadequada e outras situações
causadores de acidentes, tendo em vista a ausência de previsão nas normas
previdenciárias, como bem observado à fl. 40 pela Perícia Médica do INSS.
10 – Rogando venia à conclusão a que chegou o Instituto no Despacho de fls.
77/78, item “6”, de que o segurado somente se aposentaria aos 35 (trinta e cinco) anos de
tempo de contribuição, por aplicação do contido no § 5º do artigo 56 do Decreto nº
3.048/99, adiante reproduzido, veja-se que a filiação ao Regime Geral de Previdência
Social se deu em 15/04/1976, com a manutenção dos vínculos empregatícios até
junho//1980. Em 13/02/1981, houve o ingressou do recorrente no Serviço Público
Municipal como celetista, permanecendo até 31/03/1993, passando para o RPPS (...) a
partir de 01/04/1993 até 17/06/1999, data de extinção de citado regime. Em 18/06/1999,
reingressou no RGPS (...), permanecendo nesta situação até a DER (...).
11 - Como se vê, não se trata de ingresso na Previdência Social após
16/12/1998, e sim de reingresso, uma vez que o postulante possuía vínculo anterior a
esta data, podendo, desta forma, se beneficiar da regra de transição prevista no artigo 188
de retrocitado Decreto, alhures transcrito:
Art. 56. A aposentadoria por tempo de contribuição será devida ao
segurado após trinta e cinco anos de contribuição, se homem, ou trinta anos, se
mulher, observado o disposto no art. 199-A. Alterado pelo Decreto nº 6.042 - de
12/2/2007 - DOU DE 12/2/2007
§ 5º- O segurado oriundo de regime próprio de previdência social que se
filiar ao Regime Geral de Previdência Social a partir de 16 de dezembro de 1998 fará
jus à aposentadoria por tempo de contribuição nos termos desta Subseção, não se
lhe aplicando o disposto no art. 188. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto nº 3.265,
de 29/11/1999)
12 - Assim, em 16/12/98, data de início da vigência da Emenda Constitucional nº
20, o tempo de serviço do segurado não alcançou o legalmente exigível, nos termos dos
artigos 54 do Decreto 2.172/97 e 187 do Decreto 3.048/99, não se podendo falar em direito
adquirido ao benefício:
Art. 54 - A aposentadoria por tempo de serviço, uma vez cumprida a
carência exigida, será devida ao segurado que completar trinta anos de serviço, se
do sexo masculino, ou 25 anos, se do sexo feminino.
Art. 187 - É assegurada a concessão de aposentadoria, a qualquer tempo,
nas condições previstas na legislação anterior à Emenda Constitucional nº 20, de
1988, ao segurado do Regime Geral de Previdência Social que, até 16 de dezembro
de 1998, tenha cumprido os requisitos para obtê-la.
13 – De semelhante modo, na DER (Data de Entrada do Requerimento), o
postulante preenchia o requisito etário (idade mínima de 53 anos), eis que nascido em
25/04/1954, mas não possuía o tempo de contribuição necessário para a concessão de
aposentadoria proporcional, nos termos do artigo 9º da Emenda Constitucional nº 20/98,
em consonância com o artigo 188 do Decreto 3.048/99:
Art. 188. O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até 16 de
dezembro de 1998, cumprida a carência exigida, terá direito a aposentadoria, com
valores proporcionais ao tempo de contribuição, quando, cumulativamente:
(Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003)

317
Seleção de Acórdãos

I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e


oito anos ou mais de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e (Redação dada
pelo Decreto nº 4.729, de 2003)
b) um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta
por cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de
tempo constante da alínea "a". (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003)
14 - Diante de tudo que do processo consta.
VOTO pelo não provimento do recurso, por falta de amparo legal,

Belo Horizonte - MG, 07/05/2010

RONAN DE CASTRO VAZ


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 6832/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA APARECIDA


VIEIRA RIBEIRO MOTA COELHO E FÁTIMA FARIA SIMÃO PENNA.

Belo Horizonte - MG, 18/05/2010

RONAN DE CASTRO VAZ SÉRGIO CAMPOS VIANNA


Representante do Governo Presidente
08ª JR - Oitava Junta de Recursos

318
Seleção de Acórdãos

08ª JR - Oitava Junta de Recursos

Documento: 0149.051.234-6
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA ALFENAS-APSALF
Nº de Protocolo do Recurso: 36994.001214/2010-85
Recorrente(s): JOÃO PEDRO DE OLIVEIRA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 12/02/2010
Relator(a): RONAN DE CASTRO VAZ

Relatório

Cuida-se de recurso interposto por JOÃO PEDRO DE OLIVEIRA,


inconformado com o ato do INSS que lhe indeferiu o benefício supra, requerido em
08/09/2009.
Consta de registro nos autos, fl. 06, que o segurado nasceu em
29/06/1965.
Pretende o postulante o enquadramento, para fins de conversão em tempo
comum, dos períodos abaixo relacionados, laborados na CIA AGROPECUÁRIA
MONTE ALEGRE, para os quais apresentou formulários DSS-8030 e laudos
técnicos periciais, a saber:
- 01/05/1991 a 31/05/1999, na função de lavrador (rurícola braçal), fls.
19/22; e
- 01/06/1999 a 31/12/2003, como tratorista, fls. 23/26.
O Instituto elaborou pesquisa para apuração do vínculo constante da
declaração de fl. 18, relativo ao período de 01/07/1977 a 20/09/1981, restando
confirmado o exercício da atividade na supracitada CIA, fl. 37.
A Perícia Médica, fls. 40/41, emitiu parecer desfavorável ao
reconhecimento da especialidade do tempo alegado como de natureza especial,
sob os seguintes argumentos:
- 01/05/1991 a 31/05/1999: “exerceu a função de lavrador (rurícola braçal),
informou exposição aos agentes nocivos: físico – ruído de 97 dB(A) e químicos
(sem especificar tipo de agente nocivo, unidade de medida, intensidade e
concentração). Não enquadrado nos termos da IN 20/2007, tendo em vista que a
função (rurícola braçal) e a descrição das atividades não caracterizam exposição
habitual e permanente, não ocasional nem intermitente a agente contemplado na
legislação como nocivo para fins de aposentadoria especial, além de apresentar
LTCAT individual, extemporâneo (10/12/2003), sem informações expressas de

319
Seleção de Acórdãos

manutenção do lay-out no período laborado, o que é obrigatório.”;


- 01/06/1999 a 31/12/2003: “exerceu a função de tratorista, informou
exposição ao agente nocivo físico – ruído de 97 dB(A). Não enquadrado nos
termos da IN 20/2007, tendo em vista que a exposição ao agente ruído não
ultrapassa o limite de tolerância estabelecido pela legislação na unidade informada
dB, conforme informação do LTCAT à fl. 25, além da informação de uso e eficácia
de EPI no referido LTCAT à fl. 26.”
No Despacho de fl. 45, o INSS esclarece não ter sido possível computar na
memória de cálculo de tempo de contribuição o período de 01/07/1977 a
28/06/1979, laborado na mesma empresa, haja vista que o segurado era menor de
14 (quatorze) anos de idade, sendo que o sistema só aceita a inclusão se se tratar
de aluno aprendiz, não obstante à confirmação do vínculo através de pesquisa
realizada à fl. 37.
O Instituto apurou até 31/07/2009, 30 anos, 01mês e 03 dias de tempo de
contribuição, fls. 46/47.
O indeferimento fundamentou-se na “falta de tempo de tempo de
contribuição até 16/12/98 ou até a data de entrada do requerimento”, com a
informação de que até 16/12/98 foi comprovado apenas 19 anos, 05 meses e 18
dias, fls. 51/52, tendo sido a ciência da decisão recebida na residência do
postulante em 23/12/2009, conforme AR (Aviso de Recebimento) de fl. 53.
Razões de recurso protocolizadas em 28/10/2008, fls. 55/66, por
procurador constituído à fl. 04, sustentando, em síntese, mediante citação e
traslado de decisões colegiadas, súmula 09 da Turma de Uniformização das
Decisões Recursais dos Juizados Especiais Federais e Enunciado nº 21 do
Egrégio CRPS (Conselho de Recursos da Previdência Social), que: trabalhador
rural que presta serviço na lavoura e na pecuária enquadra-se no código 2.2.1., do
anexo do Decreto nº 53.831/64; a informação sobre a manutenção ou não do Lay-
out poderia ser sanada por declaração da empresa; o segurado laborava em
empresa agrocomercial, sendo que os trabalhadores na agricultura/pecuária da
época somente não contribuíram sobre o que auferiam de salário porque não era
obrigatório; o Parecer CONJUR/MPS nº 32/2009 limitou este enquadramento ao
período compreendido entre 24/07/1991 e 28/05/1995, tendo em vista a edição da
Lei nº 8.213/91 que tornou obrigatória a contribuição mediante desconto na
remuneração auferida pelos segurados trabalhadores rurais, igualando-os aos
trabalhadores urbanos; a contribuição estava inserida quando da venda dos
produtos pelo empregador; no período de 01/09/1991 a 31/05/1999 o recorrente,
durante a safra, de maio a outubro de cada ano, ficava exposto ao agente
agressivo ruído e na entressafra, de novembro a abril, ficava exposto a agentes
agressivos químicos, uma vez que laborava na preparação e aplicação de
defensivos agrícolas; o reconhecimento da natureza especial do trabalhador
exposto ao agente ruído tem amparo na Súmula 09 da Turma de Uniformização
dos Juizados Especiais e no Enunciado nº 21 do CRPS (...), o que assegura ao
recorrente à obtenção de aposentadoria com base no tempo de 37 anos e 03
meses de tempo de contribuição, consequentemente, o recebimento dos atrasados
desde a DER (Data de Entrada do Requerimento) e respectivos consectários
legais.

320
Seleção de Acórdãos

O julgamento foi convertido em diligência por esta Junta, através do


Decisório nº 660, de 16/06/2010 (fls. 83/86), para que o INSS:
a) emitisse correspondência a supracitada empregadora, a fim de que o
perito responsável pela elaboração dos laudos técnicos complementasse as
informações no referido documento, haja vista ter sido a perícia realizada pela
empresa em 10/02/2003, ou seja, em data posterior a do exercício de atividade do
segurado (01/05/1991 a 31/05/1999), não constando informação no laudo de fls.
20/22, se o “lay out” e o processo de trabalho são os mesmos, desde o início de
referido período até a data de realização da perícia, não obstante a juntada a
apresentação da declaração de fl. 68;
b) solicitasse ao signatário do laudo a indicação do nível de atenuação de
ruído alcançado pelo uso dos EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) no
período de 01/06/1999 a 31/12/2003, a média a que teria o recorrente continuado
exposto, se havia substituições periódicas dos equipamentos de acordo com os
prazos de validade constantes dos respectivos certificados de aprovação, se a
empresa tornava obrigatório e fiscalizava o uso de tais equipamentos por seu
trabalhadores, inclusive, se existe nos arquivos da empregadora comprovantes de
entrega desses equipamentos ao trabalhador em questão, sem prejuízo da
realização de inspeção, conforme facultado no § 5º, do artigo 68, do decreto nº
3.048/99, e providenciasse a juntada nos autos dos respectivos AR’s (Avisos de
Recebimento) da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos), em obediência ao
princípio constitucional do contraditório e ampla defesa.
c) promovesse os autos à Perícia Médica para pronunciamento, em se
verificando atendimento;
d) relacionasse ou discriminasse, através de despacho, dentre outros
dados essenciais, os tempos reconhecidos como de atividade e os havidos como
especiais, sem necessidade de justificativa. Todavia, no caso de impossibilidade,
que justificasse tal(is) fato(s), com citação das falhas detectadas nos documentos
existentes nos autos e ou levantamentos efetuados, fazendo alusão ao(s)
dispositivo(s) legal(is) não atendido(s);
e) emitisse novos resumos de cálculo de tempo de contribuição, em se
constatando a alteração do montante até então apurado;
f) reavaliasse o pedido, exarando despacho conclusivo e fundamentado
quanto à implementação ou não dos pressupostos legais indispensáveis à
concessão do benefício, ressalvadas outras peculiaridades.
Em cumprimento verificou-se a expedição de expediente de fls. 87, vindo à
colação os esclarecimentos de fl. 88 da empregadora de que, no período de
01/05/1991 a 31/05/1999, não houve alteração do lay out nas funções
desempenhadas pelo interessado e que, no período de 01/06/1999 a 31/12/2003 o
empregado utilizou EPI do tipo concha fornecido pela empresa e substituído
conforme prazo de validade do Certificado de Aprovação (fotocópia autenticada
inclusa à fl. 90), onde consta a atenuação de ruído em 18 (dezoito) decibéis,
ficando exposto a uma média de ruído de 80 (oitenta) decibéis, ocasião em que
declara que “o uso de referido EPI, além de ser obrigatório, era fiscalizado e
orientado quanto ao seu uso de maneira correta pelo técnico de segurança do
trabalho da empresa.”

321
Seleção de Acórdãos

A Perícia Médica, às fls. 92/93, por meio de profissional diverso da fase


inicial, emitiu parecer acolhendo o enquadramento dos períodos de 01/05/1991 a
31/10/1991, 01/05/1992 a 31/10/1992, 01/05/1993 a 31/10/1993, 01/05/1994 a
31/10/1994, 01/05/1995 a 31/10/1995, 01/05/1996 a 31/10/1996, 01/05/1997 a
31/10/1997 e 01/05/1998 a 31/10/1998, argumentando que “conforme IN 45/2010,
parágrafo 6º do artigo 238, que desconsidera a informação do uso de EPI até
02/12/98 (conforme lei 9.732, conversão da medida provisória 1.729 de 02/12/98) e
artigo 239 – a exposição ao agente ruído ultrapassa o limite de tolerância
estabelecido pela legislação para o período. Código 1.1.6., anexo III do decreto
53.831/64”. Para os períodos de 01/11/1991 a 30/04/1992, 01/11/1992 a
30/04/1993, 01/11/1993 a 30/04/1994, 01/11/1994 a 30/04/1995, 01/11/1995 a
30/04/1996 e 01/11/1996 a 30/04/1997 aduziu que, “conforme IN 45/2010,
parágrafo 6º do artigo 238, que desconsidera a informação do uso de EPI até
02/12/98 (conforme lei 9.732, conversão da medida provisória 1.729 de 02/12/98) e
artigo 243 inciso II – houve exposição ao agente químico organofosforado, agente
químico elencado no anexo 13 da NR 15 do MTE. Código 1.1.6., anexo III do
decreto 53.831/64.”
Quanto aos períodos de 01/11/1997 a 30/04/1998 e 01/11/1998 a
30/04/1999, referido órgão técnico médico se posicionou de modo contrário ao
enquadramento, “tendo em vista não haver informação da composição e da
intensidade de exposição aos agentes químicos. A partir de 06/03/1997 deve-se
considerar a análise quantitativa dos agentes químicos com os devidos limites de
tolerância estabelecidos pelo anexo 11 da NR 15 (Portaria 3.214 do MTE).”
O INSS efetuou novo resumo de cálculo, apurando até 16/12/98, data de
início de vigência da Emenda Constitucional nº 20/98, 24 anos, 03 meses e 04 dias
de tempo de serviço, fls. 97/99, e até DER (Data de Entrada do Requerimento) 34
anos, 11 meses e 26 dias de tempo de contribuição, fls. 94/96.
À fl. 110, o Instituto emitiu carta de comunicação da decisão ao postulante,
oportunizando-lhe manifestar-se acerca do interesse ou não na alteração da DER
(...) para 14/09/2009, data em que implementaria o tempo necessário à obtenção
de aposentadoria integral, evidenciando-se concordância à fl. 111, tendo sido
gerada planilha no montante de 35 anos e 02 dias de tempo de contribuição, fls.
106/108.
A Sra. Chefe da Seção de Benefícios exarou despacho à fl. 112, favorável
à transformação do ato denegatório em concessório, encaminhando o processo
para conhecimento da ilustrada SRD/GEX em Varginha/MG, que manifestou
entendimento no sentido de que a reafirmação da DER estaria condicionada a
apreciação deste Colegiado, em decorrência de não enquadramento pela Perícia
Médica de alguns dos períodos alegados como especiais, fl. 116, restituindo os
autos a esta Junta para julgamento em 29/10/2010, fl. 116-verso.
Cabe às partes interessadas observarem os prazos regimentais, bem como
o que dispõem os artigos 16,17, 18 e 58 da PT/MPS nº 323/07 e alterações, que
tratam de recurso, alçada e embargos.

Belo Horizonte - MG, 28/11/2010

322
Seleção de Acórdãos

RONAN DE CASTRO VAZ


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-11-29 para sessão nº 226/2010 de 2010-12-07 às 830

Voto

1- O Recurso é tempestivo, por ter sido interposto no prazo legal, fls. 53/54.
2 - Examinado e narrado o que consta do processo, cabe a este Relator
adentrar nos fundamentos e argumentos para a decisão.
3 - Inicialmente, cumpre observar que o princípio constitucional do direito
adquirido tem que ser respeitado pela Administração, quando da aplicação da
norma legal.
4 – Necessário, também, observar que as atividades e condições especiais
prejudiciais à saúde ou à integridade física estão relacionadas ou disciplinadas nos
anexos dos Decretos nº 53.831/64 e nº 83.080/79, vigentes até 05/03/97, Decreto
nº 2.172/97, vigente até 06/05/99, Decreto nº 3.048/99, com início de vigência em
07/05/99.
5 - Pela leitura dos autos nota-se que a matéria controversa, objeto de
julgamento do recurso, consiste no exame da possibilidade de inclusão, no cálculo
de tempo de serviço/contribuição, do período em que o postulante possuía idade
inferior a 14 (quatorze) anos (01/07/1977 a 28/06/1979) e enquadramento e
conversão dos períodos de 01/11/97 a 30/04/98, 01/11/98 a 30/04/99, 01/05/99 a
31/05/99, na função de lavrador (rurícola braçal), e 01/06/99 a 31/12/2003 como
tratorista, todos na CIA AGROPECUÁRIA MONTE ALEGRE, em virtude de terem
sido os demais períodos reconhecidos como de natureza especial pela Perícia
Médica e aceitos pelo Instituto, não havendo óbice por este Colegiado.
6 – Indispensável esclarecer, que a Lei 8.213/91, em seu artigo 58 e
parágrafos, confere prerrogativas ao INSS, no que diz respeito à aplicabilidade de
normas procedimentais sobre o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário), tendo
o Instituto começado a exigir tal documento, a partir de janeiro de 2004.
7 - Importante salientar, que vários pressupostos legais devem ser
obedecidos por este Colegiado, para a correta conversão de tempo especial em
comum, quando for o caso, dentre eles:
a) caracterização da atividade permanente e habitual, até 28/04/95 ou
evidenciar habitual, permanente, não ocasional e nem intermitente, a partir de
29/04/95;
b) apresentação de PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário, originário
de Laudo das Condições Ambientais do Trabalho - LTCAT -, elaborado pela
empresa ou preposto, sendo aceitos formulários DIRBEN 8030 (antigos SB’40,

323
Seleção de Acórdãos

DISES BE 5235 e DSS 8030), para períodos laborados até 31/12/2003, quando
emitidos até esta data, sem a apresentação de laudo técnico até 28/04/95, exceto
ruído, devendo este documento mencionar, além de suas peculiaridades, as
informações pertinentes ao PPP;
c) observância do limite de tolerância permitido de 80 decibéis até
05/03/97, 90 decibéis, a partir de 06/03/97, e 85 decibéis, a partir de 19/11/03;
d) quando houver uso de tecnologia que elimina ou neutraliza a presença
de agente nocivo não caberá conversão, devendo constar do PPP ou do LTCAT,
os dados essenciais sobre a utilização de equipamentos de proteção, a partir de
14/12/98. ( Portaria MTb nº 3.214/78 - NR 15 - 15.4 );
e) os PPP’s ou LTCAT’s devem levar em consideração a média do ruído
para o correto enquadramento, conforme o disposto na Portaria MTb nº 3.214/78 -
NR 15 e seguintes, ou seja, ocorrendo variações nos níveis de exposição ao
agente ruído, a equação constante da norma trabalhista oferecerá o resultado que
deverá atender o registrado na letra “c”;
f) os PPP’s ou LTCAT’s, anteriores ao exercício das atividades, podem ser
aceitos, desde que observados os requisitos legais da época, inclusive a
inalterabilidade das condições especiais;
g) os PPP’s ou LTCAT’s, emitidos posteriormente ao exercício da atividade
do segurado, devem mencionar se houve alteração ou não de “lay out” e ou
mudança das instalações físicas do local de trabalho, registrando a data da
ocorrência e todos os elementos que caracterizam o direito à época;
h) os PPP’s ou LTCAT’s devem obedecer aos ditames da Lei nº 9.732/98 e
elaborados de acordo com as normas trabalhistas, inclusive aqueles emitidos
anteriormente. Aliás, as Normas Internas do INSS estabelecem parâmetros que
podem ser seguidos para o perfeito enquadramento, quando cabível;
i) o trabalhador terá que provar, através de documento apropriado, exigível
à época, que esteve sujeito a qualquer dos agentes biológicos, químicos, físicos ou
associação de agentes, para fazer jus a contagem de tempo especial;
j) possibilidade de enquadramento por categoria profissional apenas até
28/04/95 e, a partir desta data, deve ser apresentado o PPP (Perfil Profissiográfico
Previdenciário) ou formulário DSS-8030, neste caso, acompanhado de LTCAT,
exceto para contribuinte individual, vez que a partir de 29/04/95 é indevida a
conversão;
k) fica caracterizado o agente agressivo eletricidade quando o trabalhador
tiver contato, permanente e habitual, com equipamento eletroenergizado com
tensão superior a 250 volts, até 05/03/97;
l) o frentista de posto de combustíveis poderá ser considerado como
atividade especial, desde que comprovada a efetiva exposição ao agente nocivo, o
que não acontece com o gerente de citado estabelecimento comercial.
8 - A propósito, este Colegiado não condiciona suas decisões aos
pronunciamentos técnicos da Perícia Médica, analisando, também, por dever de
ofício, os formulários e laudos acostados aos autos, à luz das normas legais
aplicáveis à espécie, buscando, desta forma, proferir o decisório com elementos
geradores de convicção.
9 - Nessa linha de raciocínio, baseando-se nos critérios acima

324
Seleção de Acórdãos

mencionados, e zelando pela observância do princípio de celeridade e economia


processual, este Relator entende ser cabível o julgamento do pedido no estado em
que se encontra o processo, devido à existência de elementos nos autos
elucidativos da controversa.
10 - Na espécie não se vislumbra a viabilidade de enquadramento dos
períodos de entressafra - 01/11/97 a 30/04/98, 01/11/98 a 30/04/99, em que se
verificou exposição a agentes químicos, pelos motivos expostos pela Perícia
Médica no parecer de fls. 92/93, sendo desnecessário reproduzi-los, já que
registrados no relatório da presente decisão, carecendo, no entanto, acrescentar, a
despeito das alegações de recurso, que o reconhecimento da natureza especial no
código 2.2.1., anexo III, do Decreto nº 53.831/64, de conformidade com Parecer
CONJUR nº 32/2009 da Advocacia Geral da União, está condicionado, dentre o
preenchimento de outros pressupostos, a comprovação de labor na agropecuária
(prática da agricultura e pecuária nas suas relações mútuas), não se
enquadrando como tal a atividade exercida somente na lavoura (hipótese do
caso), pelo o que se depreende do formulário DSS-8030 e laudo técnico
apresentado. Demais disso, as respeitáveis decisões colegiadas trasladadas às fls.
69/77 são anteriores ao advento do Parecer CONJUR, sendo oportuno asseverar
que decisões de turmas, ainda que proferidas por Juntas de Recursos do CRPS
(Conselho de Recursos da Previdência Social), não vinculam voto nem criam
obrigações entre si, por se tratarem de órgãos independentes, em que pese à
inesgotável busca de harmonia e de entendimento que deve prevalecer com vistas
ao aprimoramento de seus respectivos julgados.
11 – Quanto ao período de safra (01/05/99 a 31/05/99) não discorrido no
parecer de fls. 92/93, e também com relação à atividade de tratorista (01/06/1999 a
31/12/2003), ambos com sujeição a ruído de 97 dB(A), por um lado, não há como
obstaculizar-lhes o enquadramento no código 2.0.1., anexo IV, dos Decretos nº
2.172/97 e 3.048/99, haja vista que, quando do atendimento das solicitações de fls.
87, não cuidou o Médico do Trabalho de informar à fl. 88, se a empresa mantém
em seus arquivos os comprovantes de entrega dos EPI’s ao segurado, não
obstante a juntada no processo (fl. 90) de cópia de Certificado de Aprovação (CA),
com descrição de NRR (Nível de Redução de Ruído) de 18 dB, e esclarecimento
de que os trabalhadores são orientados no que se refere à obrigatoriedade e uso
correto de tais equipamentos e fiscalizados nesse sentido. Por outro lado, não há
registro nos autos de eventual realização de inspeção “in loco” pelo INSS, a
despeito da prerrogativa do § 5º do artigo 68 de retrocitado Decreto, não devendo
tais fatos ser interpretados em prejuízo do trabalhador. No entendimento deste
Relator, assiste razão ao recorrente ao bradar pela aplicação do contido na Súmula
nº 09 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais e no
Enunciado nº 21 do CRPS, in verbis:
Súmula 09:
"o uso do EPI, ainda que elimine a insalubridade, no caso de
exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço como especial".
Enunciado nº 21:
“O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de
trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador

325
Seleção de Acórdãos

aos agentes nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de


trabalho.”
12 – Por derradeiro, no que se refere à possibilidade de cômputo do
período de 01/07/1977 a 28/06/1979, objeto de pesquisa onde se constatou o
exercício da atividade também na CIA AGROPECUÁRIA MONTE ALEGRE, ao
tempo da menoridade, no meu modesto entendimento, em função de princípio
alicerçado em nível constitucional, regras novas não alcançam fatos já
consolidados. Tais mudanças, venia de estilo, não devem ser aplicadas a
situações pretéritas, cabendo ser observada a legislação de regência, ou seja, a
vigente à época do labor, em especial, o artigo 165, X, da Constituição Federal de
1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional n.º 01/1969, c/c os artigos
4º, “b”, da Lei nº 3.807/60, e 403, parág. único, “a” e “b”, do Decreto-Lei nº
5.452/43, que permitiam o trabalho dos maiores de 12 e menores de 14 anos de
idade (hipóteses do caso), a exceção das atividades insalubres, bem como das
exercidas em período noturno, dentre outras circunstâncias (SIC):
Constituição Federal de 1967:
Art. 165 - A Constituição assegura aos trabalhadores os seguintes
direitos, além de outros que, nos termos da lei, visem à melhoria de sua
condição social:
Inciso X - proibição de trabalho, em indústrias insalubres, a mulheres
e menores de dezoito anos, de trabalho noturno a menores de dezoito anos e
de qualquer trabalho a menores de doze anos;
LEI nº 3.807, de 26/08/1960 – Dispõe sobre a Lei Orgânica da
Previdência Social:
Art. 4º - Para os efeitos desta lei, considera-se: (Redação dada pela
Lei nº 5.890, de 1973)
b) empregado - a pessoa física como tal definida na Consolidação das
Leis do Trabalho; (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 1973)
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º/05/1943 – Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT:
Art. 403 - Ao menor de 12 (doze) anos é proibido o trabalho.
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.2.1967)
Parágrafo único - O trabalho dos menores de 12 (doze) anos a 14
(quatorze) anos fica sujeito às seguintes condições, além das estabelecidas
neste Capítulo: (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.2.1967)
a) garantia de freqüência à escola que assegure sua formação ao
menos em nível primário;(Incluído pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.2.1967)
b) serviços de natureza leve, que não sejam nocivos à sua saúde e ao
seu desenvolvimento normal. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.2.1967)
13 - A vista disso, e a despeito do despacho de fl. 45, caberá ao INSS, em
obediência à legislação supracitada, encontrar mecanismos com vistas a
adequação de seu aplicativo de cálculo na concessão de benefícios envolvendo
trabalhadores menores de idade diversos dos aprendizes, de modo a não
prejudicar os segurados que se encontrarem em tal situação.
14 - Assim, em 16/12/98, data de início da vigência da Emenda
Constitucional nº 20, o tempo de serviço do segurado não alcançou o legalmente

326
Seleção de Acórdãos

exigível, nos termos dos artigos 54 do Decreto 2.172/97 e 187 do Decreto


3.048/99, não se podendo falar em direito adquirido ao benefício:
Art. 54 - A aposentadoria por tempo de serviço, uma vez cumprida a
carência exigida, será devida ao segurado que completar trinta anos de
serviço, se do sexo masculino, ou 25 anos, se do sexo feminino.
Art. 187 - É assegurada a concessão de aposentadoria, a qualquer
tempo, nas condições previstas na legislação anterior à Emenda
Constitucional nº 20, de 1988, ao segurado do Regime Geral de Previdência
Social que, até 16 de dezembro de 1998, tenha cumprido os requisitos para
obtê-la.
15 – Na DER (data de entrada do requerimento) – 08/09/2009, o suplicante
não implementava o pressuposto idade (mínimo de 53 cinquenta e três anos), eis
que nascido em 29/06/1965, mas possuía tempo superior ao necessário à
obtenção de aposentadoria integral (35 anos de contribuição), hipótese que
dispensa o preenchimento do requisito etário, satisfazendo, desta forma, as
condições estabelecidas no artigo 9º da Emenda Constitucional nº 20/98, em
consonância com os artigos 56 Decreto 3.048/99, e 201, § 7º, I, da Constituição
Federal vigente:
Art. 56 – A aposentadoria por tempo de contribuição, uma vez
cumprida a carência exigida, será devida nos termos do § 7º do art. 201 da
Constituição.
Art. 201 - ...
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência
social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:
I – Trinta e cinco (35) anos de contribuição, se homem, e trinta (30)
anos de contribuição, se mulher;
16 - Diante de tudo que do processo consta.
VOTO pelo provimento do recurso, reconhecendo ao postulante,
independentemente da reafirmação da DER (...) sugerida pelo Instituto à fl. 110, o
direito à concessão do benefício pleiteado, na forma da fundamentação supra,
mediante conversão dos períodos descritos no item 11, considerados como
especiais por este Relator, e cômputo do período referido no item 12, cabendo ao
INSS adotar as providências acessórias que se fazem necessárias, em
consonância com a legislação aplicável, tais como:
- fixar o real tempo de serviço/contribuição e estabelecer o percentual do
salário de benefício;
- promover atualizações e correções cabíveis.

Belo Horizonte - MG, 28/11/2010

RONAN DE CASTRO VAZ


Representante do Governo

327
Seleção de Acórdãos

Decisório

Nº do(a) Acordão: 14362/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA APARECIDA


VIEIRA RIBEIRO MOTA COELHO E FÁTIMA FARIA SIMÃO PENNA.

Belo Horizonte - MG, 07/12/2010

RONAN DE CASTRO VAZ SÉRGIO CAMPOS VIANNA


Representante do Governo Presidente
08ª JR - Oitava Junta de Recursos

328
Seleção de Acórdãos

9ª JR - NONA JUNTA DE RECURSOS

329
Seleção de Acórdãos

330
Seleção de Acórdãos

09ª JR - Nona Junta de Recursos

Documento: 0146.065.301-4
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA ITATIBA-APSITA
Nº de Protocolo do Recurso: 35399.000682/2009-55
Recorrente(s): JOEL DA SILVA DIAS
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-RECLUSÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 02/03/2010
Relator(a): MARIA MÁRCIA SILVA LARA

Relatório

Os presentes autos foram redistribuídos a esta 9ª Junta de Recursos, em


Juiz de Fora – MG, através do Provimento CRPS nº 113, de 04 de abril de 2009,
do Sr. Presidente do Colendo Conselho de Recursos da Previdência Social.

Inconformado com a decisão do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS,


que indeferiu o pedido de auxílio reclusão acima, recorre o interessado, por
intermédio do procurador de sua representante legal, devidamente constituído nos
autos, assim o fazendo em tempo hábil.

Na instrução do pedido, agendado em 22/09/2009 e com atendimento


realizado em 29/09/2009, o interessado apresentou os documentos de fls. 005/10
dos autos.

O interessado habilitou-se ao beneficio na condição de filho menor do


segurado instituidor - JOEL DA SILVA DIAS, conforme certidão de nascimento
apresentada (fls. 08).

Consta do Atestado de permanência e conduta carcerária emitido pelo


Centro de Detenção Provisória de Hortolândia - SP, em 25/09/2009, que o detento
se encontra recolhido naquela casa prisional, em regime fechado, desde
26/03/2007 (fls. 05).

331
Seleção de Acórdãos

O indeferimento pelo instituto fundamentou-se na Falta de qualidade de


dependente – nascimento 300 dias após a reclusão – art. 293 da IN/INSS nº
20/2007, conforme comunicação de decisão às fls. 28.

Razões recursais do interessado às fls. 29, citando o § 4º do artigo 16 da Lei


nº 8.213/91 e artigo 226 da CF/88.

A decisão inicial foi mantida pelo instituto recorrido (fls. 30/31).

É o relatório.

Peço inclusão em pauta.

Juiz de Fora - MG, 02/05/2010

MARIA MÁRCIA SILVA LARA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-05-04 para sessão nº 329/2010 de 2010-05-


12 às 900

Voto

O recurso é tempestivo, o que permite o seu conhecimento e julgamento do


mérito.

Reporto-me ao relatório.

O instituto indeferiu o benefício ao argumento de falta de qualidade de


dependente, tendo em vista o disposto no artigo 293 da Instrução Normativa nº
INSS/PRES nº 20/2007, que restringe a concessão do auxílio-reclusão ao filho
nascido após 300 dias do recolhimento do segurado à prisão.

O § 7º e o artigo 16 (caput) da Lei nº 8.213/91, elenca o rol dos


dependentes do segurado da Previdência Social e dispõe sobre a comprovação da
dependência econômica:
“Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na
condição de dependentes do segurado:

332
Seleção de Acórdãos

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de


qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;
(...)
§ 7º A dependência econômica das pessoas de que trata o inciso I é
presumida e a das demais deve ser comprovada.

Dispõe o artigo 80 da Lei nº 8.213/91 sobre o benefício de auxílio reclusão,


in verbis:
“Art. 80. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão
por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber
remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de
aposentadoria ou de abono de permanência em serviço.
Parágrafo único. O requerimento do auxílio-reclusão deverá ser instruído
com certidão do efetivo recolhimento à prisão, sendo obrigatória, para a
manutenção do benefício, a apresentação de declaração de permanência na
condição de presidiário.”

A respeito das condições para o reconhecimento do direito ao referido


beneficio, assim estabelece o Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo
Decreto nº 3.048/99:
“Art.116. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão
por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão que não receber
remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria
ou abono de permanência em serviço, desde que o seu último salário-de-
contribuição seja inferior ou igual a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais).”
(...)
§ 3º Aplicam-se ao auxílio-reclusão as normas referentes à pensão por
morte, sendo necessária, no caso de qualificação de dependentes após a reclusão
ou detenção do segurado, a preexistência da dependência econômica.”

Dos dispositivos acima citados, tanto a Lei 8.213/91 quanto o Regulamento


da Previdência Social - RPS não restringem, expressamente, a concessão do
benefício de auxílio-reclusão ao filho nascido após 300 dias do recolhimento do
segurado instituidor à prisão.

Relativamente ao disposto no § 3º do artigo 116 do RPS acima citado,


aplicar-se-á a norma restritiva, quanto à necessidade da preexistência da
dependência econômica, aos demais dependentes: esposa, companheira, etc.

Não deve prevalecer a restrição quanto ao filho menor, nascido após 300
dias da reclusão, haja vista que à época do recolhimento do segurado à prisão ele
sequer havia nascido e, a partir de seu nascimento, como dependente legal do
segurado, passa a ser detentor dos direitos que a lei lhe atribui.

Relativamente à qualidade de segurado, verifica-se que o instituidor esteve


vinculado ao RGPS, como empregado, no período compreendido entre 25/08/2003
a 12/11/2005, de forma intercalada.

Consta ainda dos autos, às fls. 13, que houve recebimento de seguro
desemprego pelo segurado, sendo a última parcela paga em 27/03/2006.

333
Seleção de Acórdãos

Portanto, à época do recolhimento à prisão, o instituidor mantinha a


qualidade de segurado do RGPS, de acordo com o disposto no inciso II e §§ 2º e
3º do artigo 15 da Lei Nº 8.213/91, “in verbis”:
“Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de
contribuições:
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que
deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou
estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;
(...)
§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses
para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo
registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus
direitos perante a Previdência Social.

É de se ressaltar ainda, que no presente caso está satisfeita a exigência


relativa ao não recebimento de salário de valor superior ao previsto em Portaria
Ministerial, à época do fato gerado – recolhimento à prisão.

Constata-se, portanto, que foram atendidas todas as condições previstas


para o deferimento do benefício da espécie, razão pela qual, VOTO pelo
conhecimento do recurso, por ser o mesmo tempestivo, para no mérito, DAR-LHE
PROVIMENTO.

Juiz de Fora - MG, 02/05/2010

MARIA MÁRCIA SILVA LARA


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 7403/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje,


ACORDAM os membros da Nona Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER
DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com
o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: CAIO


PORTELLA, MARIA DE FATIMA BARRETO MACIEL e NELSINEI BATISTA
PEDROSO.

334
Seleção de Acórdãos

Juiz de Fora - MG, 12/05/2010

MARIA MÁRCIA SILVA LARA ILZA VALENTIM SABINO DA SILVA


Representante do Governo Presidente
09ª JR - Nona Junta de Recursos

335
Seleção de Acórdãos

336
Seleção de Acórdãos

09ª JR - Nona Junta de Recursos


Documento: 0145.953.033-8
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: RETAGUARDA/BENEFÍCIOS - AGÊNCIA CATAGUASES-
RETBEN/APSCAT
Nº de Protocolo do Recurso: 37014.001279/2009-46
Recorrente(s): SEBASTIAO DO CARMO FERREIRA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 26/11/2009
Relator(a): DILERMANDO BARBOSA

Relatório

Reporto-me a diligência preliminar de fls. 45 e o relatório de fls. 54 dos


autos, que transcrevo abaixo:

“Inconformado com a decisão do Instituto Nacional do Seguro Social


(INSS), que indeferiu seu pedido da aposentadoria acima qualificada, recorre o
interessado a esta Junta de Recursos, assim o fazendo em tempo hábil.

Na instrução do seu pedido, formulado em data de 03/08/09,


apresentou os documentos de fls. 03 a 29, dentre os quais, um período em que
alega ter exercido atividades rurais, no período de 01/01/70 a 31/03/97 em
regime de COMODATO, tendo apresentado o que se segue:

- Declaração de Exercício Atividade Rural para o período de 01/01/70 a


31/03/97 – fls. 03/05;
- Contrato de Comodato de fls. 13 visando a regularização de contrato
verbal para o período de 01/01/70 a 31/03/97;
- Certificado de Reservista de fls. 09 dos autos, datado de 16/01/70
constando a profissão do recorrente como lavrador, sendo o mesmo
dispensado do serviço militar em 1967 por residir em município não tributário
– GUIRICEMA, no mesmo endereço da propriedade onde alega ter exercido as
atividades rurais;
- Certidão de fls. 20 da 23ª DELEGACIA DE SERVIÇO MILITAR,
informando sobre a profissão declarada quando do alistamento militar;
- Título Eleitoral de fls. 21 dos autos, datado de 20/08/66 constando a
profissão declarada à época, como sendo a de lavrador;
- Carteirinha de Sindicato Rural de Guiricema, com característica de
época com validade em 1980 a 1982;
- Carteirinha do INAMPS de fls. 22 constando a profissão do recorrente
como sendo a de Trabalhador Rural, com validade em 1988 e 1990;

O indeferimento do referido Instituto fundou-se, basicamente, na falta


de tempo de contribuição, conforme decisão de fls.38 dos autos, tendo sido
mantido, na fase recursal, o ato denegatório, às fls. 44 destes mesmos autos,
pelas razões lá expostas, tendo sido apurado no resumo de fls. 34 um total de
11 anos, 03 meses e 01 dia, até a data de entrada do requerimento”.

Em atendimento a diligência de fls. 54 dos autos, foi processada

337
Seleção de Acórdãos

Justificação Administrativa – J.A., sendo a mesma homologada pelo processante


quanto a forma, visando a comprovação da atividade rural do recorrente no período
de 10/01/1970 a 31/12/1990, considerando o período declarado pelo referido
recorrente e as provas materiais apresentadas.

Com o atendimento da diligência, peço inclusão pauta.

Juiz de Fora - MG, 21/01/2011

DILERMANDO BARBOSA
Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-01-28 para sessão nº 39/2011 de 2011-02-10 às 1030

Voto

Reporto-me ao relatório.

Trata-se de recurso tempestivo (art. 305, § 1º do Decreto nº 3.048, de


06.05.99).

Com o atendimento da diligência de fls. 54 dos autos, foi processada a


competente Justificação Administrativa – J.A. na forma prevista no art. 143 do Dec.
3.048/99, sendo a mesma homologada, pelo processante, quanto a forma conforme
consta de fls. 63 e por esta Junta quanto ao mérito, comprovando a atividade rural
do recorrente no período de 10/01/1970 a 31/12/1990, considerando o período
declarado pelo referido recorrente e as provas materiais apresentadas.

Há de se considerar também o período de 01/01/1966 a 31/12/1966 em face


da prova material contemporânea, isto é, o TITULO ELEITORAL de fls. 21, na forma
prevista no a Artigo 62 do Dec. 3.048/99.

Com a inclusão dos períodos de 01/01/1966 a 31/12/1966, verificamos que


o recorrente possui o número de meses suficientes para o deferimento do benefício
da espécie, tendo sido atendimento ao disposto nos Artigos 142 e 143 da Lei.
8.213/91.

O artigo 143 da Lei nº 8.213/91, com a nova redação que lhe foi dada pela
Lei nº 9.063, de 14/06/95, estabelece, que:

338
Seleção de Acórdãos

"Art. 143. O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no


Regime Geral de Previdência Social, na forma da alínea "a" dos incisos I e IV e
nos incisos VI e VII do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade,
no valor de 1(hum) salário mínimo, durante 15 (quinze) anos, contados a partir da
data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural,
ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido
benefício."grifamos;

Dispõe o Art. 48 da Lei 8.213/91:

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que,


cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos
de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher. (Redação dada pela Lei nº
9.032, de 1995)
.
§ 1o Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e
cinqüenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente
homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do inciso V e
nos incisos VI e VII do art. 11. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999)
§ 2o Para os efeitos do disposto no § 1o deste artigo, o trabalhador rural deve
comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no
período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao
número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício
pretendido, computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9o do
art. 11 desta Lei. Alterado pela LEI Nº 11.718 - DE 20 JUNHO DE 2008 – DOU DE
23/6/2008.

No presente caso, tendo o recorrente atingido a idade prevista para a


concessão da aposentadoria e a carência necessária, e comprovado o exercício da
atividade rural alegada, conforme documentos apresentados nos autos e a
Justificação Administrativa – J.A. devidamente processada, assim,

Voto pelo conhecimento do recurso, por ser o mesmo tempestivo


para, no mérito, DAR-LHE provimento.

Juiz de Fora - MG, 21/01/2011

DILERMANDO BARBOSA
Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 623/2011

339
Seleção de Acórdãos

340
Seleção de Acórdãos

10ª JR - DÉCIMA JUNTA DE RECURSOS

341
Seleção de Acórdãos

342
Seleção de Acórdãos

10ª JR - Décima Junta de Recursos

Documento: 0541.070.545-5
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA RIO DE JANEIRO-SÃO CRISTOVÃO-APSRSC
Nº de Protocolo do Recurso: 37214.001444/2010-47
Recorrente(s): JOAO DE OLIVEIRA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: AMPARO SOCIAL AO IDOSO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 09/08/2010
Relator(a): MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS

Relatório

JOÃO DE OLIVEIRA recorre contra o indeferimento de seu pedido de Amparo


Social a Pessoa Idosa, requerida em 25/05/2010, e indeferido, sob o fundamento
de que a renda do grupo familiar é igual ou superior a ¼ do salário mínimo vigente
não sendo possível o enquadramento no art. 20 § 3 da Lei nº 8.742/93, conforme
“Comunicação de Decisão” (fls.11).

O requerente, nascido em 28/11/1943, informou no Requerimento de Amparo


Assistencial a Pessoa Idosa e na Declaração sobre Composição e Renda Familiar
que vive sozinho e declarou que é morador da Praça Condessa Paulo de Frontin,
42 s/103 – Rio Comprido/RJ e se encontrava separado de sua esposa por mias de
20 anos, sendo dada como falecida aproximadamente em 05/01/1995 (05/07).

Também foi apresentada declaração de terceiros informando que o requerente se


encontrava desempregado residindo de favores no endereço informado, Certidão
de óbito de sua esposa, a saber, Sra. Shirley de Almeida Oliveira, ocorrido em
01/1994 e Certidão de Casamento ocorrido em 29/12/66 (fls.17 e 24).

Após consulta efetuada ao Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS


(fls.19/20) verificou-se que o requerente possuía uma inscrição como segurado
especial, cadastrado em 26/03/2009, e último vínculo empregatício com a empresa
CHOZIL Empreendimento, período de 23/04/86 a 25/07/86.

Inconformado, o requerente, através de seu procurador já devidamente qualificado


nos autos, recorreu a esta Junta de Recursos (fls.33/34), informando que o mesmo
vivia embaixo do viaduto da Mangueira e todos os seus documentos pessoais
foram tirados pelo seu procurador e que para sobreviver recolhia papelão e

343
Seleção de Acórdãos

garrafas plásticas para vender.

O INSS em suas contrarrazões (fls.48/49) pede pela manutenção do indeferimento.

Rio de Janeiro - RJ, 07/10/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-10-07 para sessão nº 149/2010 de 2010-10-18 às 1000

Voto

O recurso é tempestivo;

O Amparo Social ao Portador de Deficiência e ao Idoso constitui benefício de


caráter eminentemente social, conforme art. 203, inciso V, Constituição Federal de
1988.

A concessão do benefício em pauta implica na aferição das condições do


interessado, quer quanto ao implemento do requisito etário, na forma do artigo 34
da Lei n.º 10.741/03, quer quanto à incapacidade de prover a própria subsistência
ou de ser mantido pela família, nos termos do § 3º do artigo 20 da Lei n.º 8.742/93,
tanto no momento de sua concessão como na revisão periódica para fins de
reavaliação de tais condições.

Presentes os pressupostos legais para a concessão do benefício de prestação


continuada denominado amparo social ao idoso, art. 203 da Constituição Federal
de 1988 e art. 2º, V, Lei n° 8.742/93, pois ficou comprovado que o requerente tem
mais de 70 anos e que não possui meios de prover a própria manutenção ou de tê-
la provida por sua família;

O critério objetivo de aferição de miserabilidade contido no art. 20, §3º, da LOAS,


restou modificado com a edição das Leis nº 9.533/97 e nº 10.689/2003, que, ao
instituírem programas assistenciais, consideram pessoas carentes aquelas cuja
renda mensal per capita é de até ½ salário mínimo.

344
Seleção de Acórdãos

O entendimento da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência sobre o


tema, conforme exposto em sua súmula de número 11, neste termos: "A renda
mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um quarto) do salário mínimo não
impede a concessão do benefício assistencial previsto no art. 20, §3º da Lei nº.
8.742 de 1993, desde que comprovada, por outros meios, a miserabilidade do
postulante." Portanto, verifica-se que a renda per capita familiar, superior a 1/4 (um
quarto) do salário mínimo, não constitui obstáculo, por si só, à concessão do
benefício pleiteado, desde que esteja demonstrada, por outros meios, a
miserabilidade do postulante.

Sendo este o presente caso, onde a hipossuficiência econômica do requerente, e


do núcleo familiar no qual ele está inserido, restou demonstrada nos autos, na
medida em que se constatou que ele vive de favores, o qual está desempregado,
vivendo de recolhimento de objetos na rua para vender, não possuindo qualquer
rendimento fixo que o permita arcar com despesas de casa ou de manutenção
pessoal, portanto, devendo deferir o benefício de amparo social pleiteado, vez que
satisfeitos os requisitos legais previstos no art. 20 da Lei 8.742/93, quais sejam:
idade e condição de miserabilidade.

Portanto, são procedentes as alegações do requerente, que nascido em


28/11/1943, possui idade e renda familiar, per capita, inferior a ¼ do salário
mínimo, devendo o INSS conceder-lhe o Beneficio Assistencial de Amparo Social
ao Idoso, não possuindo qualquer justificação plausível para a não concessão do
benefício pleiteado.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido de CONHECER DO RECURSO


do requerente para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

Rio de Janeiro - RJ, 07/10/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS

345
Seleção de Acórdãos

Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 12060/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ANTÔNIO PÁDUA DE


ASSIS e MARCELO AUGUSTO CARNEIRO PIRES.

Rio de Janeiro - RJ, 18/10/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS ANTÔNIO PÁDUA DE ASSIS


Representante dos Trabalhadores Conselheiro
10ª JR - Décima Junta de Recursos

346
Seleção de Acórdãos

10ª JR - Décima Junta de Recursos

Documento: 0138.276.928-5
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDENCIA SOCIAL BARRA DA TIJUCA-
APSRBTJ
Nº de Protocolo do Recurso: 37219.003801/2010-61
Recorrente(s): MARIA REGINA SOARES LOBARINHAS
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 13/10/2010
Relator(a): MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS

Relatório

Trata-se de recurso interposto pela segurada MARIA REGINA SOARES


LOBARINHAS contra a decisão do INSS que indeferiu o seu pedido de Revisão
dos Cálculos de sua Aposentadoria por Idade de n° 41/138.276.928-5.

O benefício de aposentadoria por idade havia sido requerido e concedido em


29/06/2006, através do acórdão de nº 2.117/2010, exarado pela 11ª Junta de
Recursos/CRPS, onde foi computado o tempo de 16 anos 11 meses e 02 dias de
tempo de contribuição, onde a Renda Mensal Inicial – RMI foi fixada no valor de R$
1.664,55, gerando um PAB – Pagamento Atrasado Benefício no valor de R$
97.315,76, correspondente ao período de 29/06/2006 a 31/05/2010, onde os
salários de contribuição utilizados no PBC – Período Básico de Cálculo havia sido
migrado corretamente do Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS,
limitados ao teto, com exceção das competências de junho a julho de 1996.

Em 01/08/2010 a segurada solicitou revisão dos cálculos de sua aposentadoria,


por não concordar com os valores recebidos, informando que sempre havia
contribuído pelo teto máximo para receber 10 salários mínimos, sendo indeferido
em virtude de o benefício ter sido concedido corretamente, conforme “Carta de
Indeferimento de Revisão” às fls.169.

Inconformada, a segurada recorreu à Junta de Recursos (fls.177) informando que a


quantia mensal de R$ 2.000,00 recebida atualmente não estaria correta, pois a sua
contribuição foi durante 30 anos que correspondeu a 60 anos de idade, sempre
contribuindo pelo teto máximo com a promessa de que iria receber 10 salários
mínimos, atualmente o valor de R$ 5.100,00.

347
Seleção de Acórdãos

Após pesquisa efetuada ao HISCRE – Histórico de Créditos (fls.178) verificou-se


que a renda mensal do benefício de aposentadoria em questão, referente à
competência de 09/2010, correspondia ao valor de R$ 2.014,00.

O INSS em suas contrarrazões (fls.182) pede pela manutenção do indeferimento


informando que de acordo com a revisão efetuada o benefício havia sido
concedido corretamente, pois conforme o § 3º do art. 32 do Decreto nº 3.048/99, o
valor do benefício não será superior ao limite máximo do salário de contribuição na
data do início do mesmo, não estando vinculado ao salário mínimo como alega à
recorrente.

Rio de Janeiro - RJ, 08/02/2011

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-02-08 para sessão nº 25/2011 de 2011-02-17 às 1000

Voto

O recurso é tempestivo;

Conforme historiado no Relatório, trata-se de pedido de revisão dos valores da


renda mensal de Aposentadoria por Idade, requerida e concedida em 06/2006.

Relevante transcrever o histórico das alterações legislativas acerca do Período


Básico de Cálculo de Benefício, para melhor compreender a questão discutida
nesses autos.

A partir da promulgação da Carta Constitucional de 1988, o período de apuração


dos benefícios de prestação continuada, como a aposentadoria, correspondia à
média dos 36 últimos salários de contribuição, art. 202, caput.

No entanto, esse procedimento, pelo curto período de cálculo envolvido, não


refletia com fidelidade o histórico contributivo do segurado, razão disso, algumas
mudanças foram implementadas;

Primeiro com a Emenda Constitucional n° 20, de 1998, o número de contribuições


integrantes do Período Básico de Cálculo deixou de constar do texto constitucional,

348
Seleção de Acórdãos

que atribuiu essa responsabilidade ao legislador ordinário, como se vê do § 3º do


artigo 201:
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo
de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei.

Em seguida, veio a lume a Lei n° 9.876, cuja entrada em vigor se deu em


29.11.1999, com ela, instituiu-se o fator previdenciário no cálculo das
aposentadorias e ampliou-se o período de apuração dos salários de contribuição.

Conforme essa nova Lei, para aqueles que se filiassem à Previdência a partir de
sua vigência, ou seja, 29.11.1999, o período de apuração envolveria os salários de
contribuição desde a data da filiação até a Data de Entrada do Requerimento -
DER, isto é, todo o período contributivo do segurado;

Por outro lado, para os segurados filiados antes da edição desta Lei, o período de
apuração passou a ser entre julho de 1994 e a DER.

Desse modo, o período básico de cálculo dos segurados foi ampliado pelo disposto
no artigo 3º, caput, da Lei n. 9.876/1999, essa alteração legislativa veio em
benefício dos segurados, porém, só lhes beneficiaria se houvesse contribuições.
Art. 3º. Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia
anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as
condições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime
Geral de Previdência Social, no cálculo do salário de benefício
será considerada a média aritmética simples dos maiores
salários de contribuição, correspondentes a, no mínimo,
oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido
desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos
incisos I e II do caput do art. 29 da Lei no 8.213, de 1991, com a
redação dada por esta Lei (grifou-se).

Ou seja, os inscritos até 28/11/1999, o PBC compreenderia todo o período


contributivo a partir da competência 07/1994 até a data da DER, já para os
inscritos a partir de 29/11/1999, o PBC compreenderia, simplesmente, todo o
período contributivo do segurado.

Portanto, para o segurado filiado à Previdência Social até 29/11/1999, ou seja, o


dia anterior à data de publicação da Lei n° 9.876/99, que viesse a cumprir as
condições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, no cálculo do salário de benefício seria considerado a média
aritmética simples dos maiores salários de contribuição, correspondentes a, no
mínimo, 80 % de todo o período contributivo decorrido desde a competência
07/1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n° 8.213
de 1991, porém só sendo beneficiados os segurados que efetuassem as
contribuições.

349
Seleção de Acórdãos

Sendo este exatamente a situação do processo em questão, em que a segurada


estava submetida às novas regras para cálculo de RMI, razão pela qual esta não
faz jus à revisão da Renda Mensal Inicial de sua Aposentadoria por Idade por ela
pretendida.

CONCLUSÃO – VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO da segurada


para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

Rio de Janeiro - RJ, 08/02/2011

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 1198/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: CLAUDIO DE


CARVALHO LIMA MOREIRA e MARINATA MOUTINHO SANTANA.

Rio de Janeiro - RJ, 17/02/2011

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS FABIO ZAMBITTE IBRAHIM


Representante dos Trabalhadores Presidente
10ª JR - Décima Junta de Recursos

350
Seleção de Acórdãos

10ª JR - Décima Junta de Recursos

Documento: 0152.352.089-0
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDENCIA SOCIAL RJ COSME VELHO-
APSRLJR
Nº de Protocolo do Recurso: 35584.004773/2010-14
Recorrente(s): ROSEMERI JUCK SCHREIBER
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 28/09/2010
Relator(a): MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS

Relatório

Trata-se de recurso impetrado pela segurada ROSEMERI JUCK SCHREIBER,


nascida em 16/03/1950, contra decisão do INSS que indeferiu o seu pedido de
Aposentadoria por Idade de NB nº 41/152.352.089-0, formulado em 20/05/2010,
por falta de período de carência, em virtude de ter sido computado até a Data de
Entrada do Requerimento - DER 153 contribuições mensais, conforme
“Comunicação de Decisão” (fls.51).

A segurada para comprovar o seu tempo de carência havia apresentado Certidão


de Tempo de Serviço – CTS fornecida pelo INSS, referente aos períodos de
01/09/69 a 31/12/69, 01/10/69 a 20/12/71, 08/03/71 a 01/01/72, 01/03/72 a
28/02/74, 27/03/73 a 21/02/74, 01/04/74 a 28/02/75, 02/06/74 a 04/10/74, 16/08/74
a 25/03/75, 01/03/75 a 01/08/86, 11/08/75 a 15/12/75 e 18/06/85 a 21/02/86 e suas
CTPS de nº 24066 s/231 e nº 59539 s/006, onde constam registrados vínculos
empregatícios, entre outras, com a empresa Sociedade Brasileira de Cultura
Inglesa, período de 28/03/79 a 30/08/95 e 03/03/97 a 07/01/03 (fls.06/08 e 15/38).

O INSS solicitou através de “Carta de Exigência” (fls.39) que a segurada


apresentasse Declarações do Colégio Pedro II e do Ministério do Exército,
informando se havia alguma averbação para a Instituição, em caso de positivo,
quais seriam os períodos.

Em resposta a exigência, o Colégio Pedro II informou às fls.41, que haviam sido


utilizados para fins de aposentadoria os períodos de 10/09/71 a 20/12/71, 21/12/71
a 01/01/72, 01/03/72 a 28/02/74, 01/04/74 a 28/02/75, 01/03/75 a 25/03/75 e

351
Seleção de Acórdãos

26/03/75 a 10/03/85; e o Ministério da Defesa do Exército Brasileiro declarou às


fls.42, que não havia sido averbado nenhum período de tempo de serviço nem
emitida certidão pelo Instituto.

Foi informado por parte da Autarquia (fls.52) que o Colégio Pedro II havia
declarado a não averbação de diversos períodos, porém a maioria deles
concomitantes com os períodos averbados, com exceção do período laborado no
Colégio Americano, de 01/09/69 a 31/12/69, Fisk Schools, de 01/10/69 a 09/09/71
e Sociedade Bras. Cultura Inglesa, de 12/12/90 a 30/08/95 e esclareceu que o
vínculo empregatício com a Sociedade Bras. Cultura Inglesa iniciou-se em
28/03/79, porém da data de admissão até 12/12/1990 todo o período havia sido
averbado em outros vínculos, portanto havendo a necessidade de alteração da
admissão para 12/12/90, data da mudança do regime, computando-se assim até a
DER, 12 anos 06 meses e 28 dias de tempo de contribuição, insuficientes para a
carência do benefício pleiteado.

Inconformada, a segurada recorreu à Junta de Recursos (fls.53), informando que


não havia sido utilizado o tempo de serviço da Cultura Inglesa de 03/1985 a
12/1990 para averbação no Colégio Pedro II, portanto esse tempo deveria ser
computado para a aposentadoria por idade, já que se trata de regimes diferentes.

O INSS em suas contrarrazões (fls.68) pede pela manutenção do indeferimento.

Rio de Janeiro - RJ, 08/12/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-12-08 para sessão nº 192/2010 de 2010-12-16 às 1100

Voto

O recurso é tempestivo;

Discute-se nos presentes autos a partir de que data deveria iniciar-se o cômputo
do tempo de serviço laborado na empresa Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa,
cuja data de admissão consta registrado em CTPS a partir de 28/03/79, porém
constando averbação de outros vínculos empregatícios para o Regime Próprio até
10/03/85.

352
Seleção de Acórdãos

É permitido ao segurado da Previdência Social levar para o regime de previdência


próprio dos servidores públicos apenas o montante de tempo de serviço que lhe
seja necessário para obtenção do benefício almejado naquele regime, tal período,
uma vez considerado no outro regime, não será mais contado para qualquer efeito
no RGPS, porém, o tempo não utilizado, entretanto, valerá para efeitos
previdenciários junto à Previdência Social.

O texto do art. 96, III, da Lei 8.213/91 deve ser interpretado de forma a
compatibilizar-se com os princípios e garantias constitucionais, como aquele que
veda o enriquecimento sem causa, e o que permite a acumulação de cargos e
aposentadoria àqueles expressamente autorizados.

O entendimento do INSS de que a utilização de um período de contrato de trabalho


em contagem recíproca inviabiliza a possibilidade de aproveitamento dos demais
vínculos empregatícios celetistas, para fins de concessão de beneficio
previdenciário, apenas por fazerem parte do mesmo lapso temporal, embora não
utilizados para outro regime previdenciário, seria proporcionar o enriquecimento
sem causa da autarquia e, portanto, ilícito, uma vez que estaria negando a
possibilidade de o segurado, embora tendo vertido contribuições durante longos
anos, utilizá-los para fins de percepção de beneficio previdenciário, bem como tal
interpretação do disposto no art. 96, III, da Lei 8.213/91, inviabilizaria, na prática, a
garantia constitucional de percepção acumulada de aposentadoria celetista e
estatutária, àqueles que exerceram atividade de cumulação permitida.

Não se tratando, no caso dos autos, de utilização do mesmo contrato de


trabalho/vínculo empregatício para cômputo em dois institutos de previdência
distintos, hipótese vedada pelo art. 96, III, da Lei 8.213/91, não há óbice a
concessão do beneficio de aposentadoria por idade ao segurado, se este tiver
implementado todos os requisitos para a concessão.

A Lei n.º 8.213/91 disciplinou a contagem recíproca nos seus artigos 94 a 98 e em


face desses dispositivos os tribunais superiores têm entendido:
“ Não proíbe a lei que o tempo de serviço concomitante, em
atividade pública e privada, seja considerado para cada sistema,
mas sim que sejam eles somados para fins de contagem recíproca
(transferência para um sistema do tempo de outro sistema). Claro,
pois se assim não fosse, com 15 anos de serviço (em atividades
concomitantes), o segurado teria direito a aposentadoria proporcional se
homem. A dupla jornada, contudo, pode ser contada para cada
sistema, em relação à atividade que lhe compete. Pois cada uma
delas poderia, sozinha, ensejar direito a aposentadoria.
Como se vê, o acórdão alvejado está assentado em que, diante da
dupla jornada de trabalho, o autor preencheu autônoma, suficiente,
distinta e individualmente, todos os requisitos de ambos os
sistemas previdenciários - Estatutário e Regime Geral - garantindo-
lhe o direito à aposentadoria pleiteada, com observância do
princípio da positividade das normas constitucionais, que impede

353
Seleção de Acórdãos

que lei infraconstitucional suprima direitos garantidos pela


Constituição Federal.(STJ, Resp n º 293.661, HAMILTON
CARVALHIDO, DJU 16.02.2007)

“A exegese do disposto no art. 96, III, da Lei 8.213/91 deve ser


realizada de forma a compatibilizar-se com os princípios e garantias
constitucionais, como aquele que veda o enriquecimento sem
causa, e o que permite a acumulação de cargos e aposentadoria
àqueles expressamente autorizados. A prevalecer o entendimento
do INSS de que a utilização de um período de contrato de trabalho
em contagem recíproca, inviabiliza a possibilidade de
aproveitamento dos demais vínculos empregatícios celetistas e,
inclusive, das contribuições vertidas na condição de autônomo,
para fins de concessão de beneficio previdenciário, apenas por
fazerem parte do mesmo lapso temporal, embora não utilizados para
outro regime previdenciário, seria proporcionar o enriquecimento
sem causa da autarquia e, portanto, ilícito, como bem apontou o
douto Procurador da República, vez que estaria alijando a
possibilidade de o impetrante, embora tendo vertido contribuições
durante longos anos utilizá-los para fins de percepção de beneficio
previdenciário, bem como tal leitura do disposto no art. 96, III, da Lei
8.213/91, inviabilizaria, na prática, a garantia constitucional de
percepção acumulada de aposentadoria celestista e estatutária
àqueles que exerceram atividade de cumulação permitida, caso dos
autos. Não se tratando, no caso dos autos, de utilização do mesmo
contrato de trabalho/vínculo empregatício para cômputo em dois
institutos de previdência distintos, hipótese vedada pelo art. 96, III, da Lei
8.213/91, não há óbice ao restabelecimento do beneficio de
aposentadoria por tempo de serviço ao impetrante, nos termos em que
fora concedida em 21.06.2002. (TRF 3ª REGIÃO - APELAÇÃO EM
MANDADO DE SEGURANÇA – 280216 DJU:19/09/2007 Relator(a)
JUIZ SERGIO NASCIMENTO

Assim, para a jurisprudência não há como desconsiderar contribuições vertidas em


razão do exercício de atividades para um regime de previdência social, sob pena
de enriquecimento sem causa; o que a lei proíbe é o cômputo em duplicidade dos
períodos para ambos os sistemas, ou a soma de ambos os períodos exercidos em
diferentes regimes de previdência a fim de alcançar a carência para o benefício.

À Aposentadoria por Idade, ao atingir o limite etário, o segurado deverá comprovar,


ainda, a integralização o período mínimo de carência, conforme dispõe o art. 48 da
Lei n° 8.213/91.

Assim sendo, diante de tudo o que foi exposto, foi efetuada uma nova contagem de
tempo de carência incluindo o vínculo empregatício com a Sociedade Brasileira de
Cultura Inglesa, a partir da data de admissão em 28/03/79, somados aos períodos
já devidamente apurados pela Autarquia, e esta que nasceu em 16/03/1950,
comprovou o período de carência necessário para a concessão da Aposentadoria
por Idade conforme art. 142 da Lei n° 8.213/91 e art. 182 do Decreto n° 3.048/99

354
Seleção de Acórdãos

referente ao ano de 2010, ano em que completou 60 anos de idade, que é de 174
contribuições mensais e conceder-lhe a Aposentadoria por Idade.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido de CONHECER DO RECURSO


da segurada, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

Rio de Janeiro - RJ, 08/12/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 14748/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: CLEIDE CORDEIRO


FERREIRA e LUCAS PORTELLA.

Rio de Janeiro - RJ, 16/12/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS FABIO ZAMBITTE IBRAHIM


Representante dos Trabalhadores Presidente
10ª JR - Décima Junta de Recursos

355
Seleção de Acórdãos

356
Seleção de Acórdãos

10ª JR - Décima Junta de Recursos

Documento: 0150.187.648-9
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL RJ - JACAREPAGUÁ-
APSRJP
Nº de Protocolo do Recurso: 36406.006104/2009-59
Recorrente(s): JESUS PAREDES SOTO (REP/ JOÃO LEANDRO DO
NASCIMENTO)
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 26/04/2010
Relator(a): MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS

Relatório

Trata-se de recurso interposto pelo segurado JESUS PAREDES SOTO, contra


decisão do INSS que indeferiu o seu pedido de Aposentadoria por Tempo de
Contribuição, formulado em 12/08/2009, por falta de tempo de contribuição, em
virtude de ter sido computado até a Data de Entrada do Requerimento - DER 27
anos 09 meses e 09 dias de tempo de contribuição, conforme “Comunicação de
Decisão” (fls.52).

O segurado, nascido em 06/06/1948, pretendendo comprovar o Tempo de


Contribuição, apresentou cópias de seus documentos particulares, de suas CTPS
de n° 34931 s/029 e da Divisão de Higiene e Segurança do Trabalho/SP e
Alteração Contratual da empresa Globulus Inertis Homeopáticos Ltda., onde consta
o segurado como um dos sócios (fls.23/37).

Após consulta efetuada ao Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS


(fls.14/21) verificou-se que o segurado havia efetuado recolhimentos
previdenciários para as competências de 05/1987, com períodos intercalados até
08/2009.

Em seu recurso à Junta de Recursos (fls. 58), o segurado, através de seu


procurador já devidamente qualificado nos autos, informou que de acordo com a
Portaria nº 2.082 de 2009 do Ministério da Justiça e da Lei nº 10.559 de 2002,
comprovaria o seu tempo de contribuição através da Declaração emitida pelo
Ministério da Justiça às fls.65, onde consta a ratificação da condição de anistiado
político, com concessão de reparação econômica de caráter indenizatório, do
período compreendido entre 01/01/69 a 19/07/82.

357
Seleção de Acórdãos

O INSS em suas contra-razões (fls.82) pede pela manutenção do indeferimento.

É o Relatório.

Rio de Janeiro - RJ, 07/07/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-07-07 para sessão nº 104/2010 de 2010-07-15 às 1400

Voto

O recurso é tempestivo;

Trata-se de pedido de Aposentadoria por Tempo de Contribuição onde o segurado


requer no seu cômputo de tempo de contribuição o tempo de anistiado político.

A Emenda Constitucional nº 26 de 1985, previu a anistia com regras favoráveis aos


autores de crimes políticos ou conexos, e aos dirigentes e representantes de
organizações sindicais e estudantis, bem como aos servidores civis ou
empregados que haviam sido demitidos ou dispensados por motivação
exclusivamente política.

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, ampliou-se ainda mais o


período de abrangência da anistia política, inclusive aos trabalhadores do setor
privado, conforme dispõe o § 2º do art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias – ADCT:

Art. 8º - É concedida anistia aos que, no período de 18 de setembro


de 1946 até a data da promulgação da Constituição, foram
atingidos, em decorrência de motivação exclusivamente política (...)
§ 2º - Ficam assegurados os benefícios estabelecidos neste artigo
aos trabalhadores do setor privado, dirigentes e representantes
sindicais que, por motivos exclusivamente políticos, tenham sido
punidos, demitidos ou compelidos ao afastamento das atividades

358
Seleção de Acórdãos

remuneradas que exerciam, bem como aos que foram impedidos


de exercer atividades profissionais em virtude de pressões
ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos.

Já, o art. 1º, inciso I e III da Lei nº 10.559 de 2002, traz que o Regime do Anistiado
Político compreende ao anistiado o direito a declaração na condição de anistiado
político e o tempo em que esteve compelido ao afastamento de suas atividades
profissionais, em virtude de punição ou de fundada ameaça de punição, por motivo
exclusivamente político, conta para todos os efeitos, sendo vedada a exigência de
recolhimento de quaisquer contribuições previdenciárias.

Dessa forma são procedentes as alegações do segurado, no sentido de ver


computado o período de 01/01/69 a 19/07/82 como anistiado político, pois o
período ficou comprovado através de Declaração emitida pelo Ministério da
Justiça.

Portanto, deve o INSS fazer uma nova planilha de contagem de tempo de


contribuição, incluindo o tempo de anistiado político somados aos períodos já
devidamente apurados pela Autarquia e conceder-lhe a Aposentadoria Integral, em
virtude de ter sido computado até a DER 41 anos e 03 meses de tempo de
contribuição aproximadamente.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO do segurado, para, no mérito, DAR-LHE
PROVIMENTO.

Rio de Janeiro - RJ, 07/07/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 8718/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

359
Seleção de Acórdãos

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: CLEIDE CORDEIRO


FERREIRA e LUCAS PORTELLA.

Rio de Janeiro - RJ, 15/07/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS FABIO ZAMBITTE IBRAHIM


Representante dos Trabalhadores Presidente
10ª JR - Décima Junta de Recursos

360
Seleção de Acórdãos

10ª JR - Décima Junta de Recursos

Documento: 0150.653.247-8
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA BARRA MANSA-APSBMS
Nº de Protocolo do Recurso: 35304.000893/2010-33
Recorrente(s): SEBASTIAO DE OLIVEIRA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 28/07/2010
Relator(a): MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS

Relatório

Trata-se de recurso interposto pelo segurado SEBASTIÃO DE OLIVEIRA, contra


decisão do INSS que indeferiu o seu pedido de Aposentadoria por Tempo de
Contribuição de NB nº 42/150.653.247-8, formulado em 10/05/2010, por falta de
tempo de contribuição, em virtude de ter sido computado até a Data de Entrada do
Requerimento – DER 30 anos, 11 meses e 04 dias de tempo de contribuição,
conforme “Comunicação de Decisão” (fls.72).

O segurado, nascido em 11/07/1955, pretendendo comprovar o Tempo de


Contribuição, apresentou cópias de seus documentos particulares e de suas CTPS
de nº 92485 s/004 onde constam registrados vínculos empregatícios, entre outras,
com as seguintes empresas (fls.08/14):
. Polimetal Ind. Comércio - de 01/04/81 a 29/09/81 – na função de operador de
empilhadeira;
. Expresso Sul Fluminense - de 14/05/85 a 09/04/86 – na função de operador de
empilhadeira;
. Montreal Engenharia - de 09/10/87 a 12/01/88 – na função de operador de
empilhadeira;
. Mecânica Veiga - de 11/02/88 a 11/08/88 – na função de operador de
empilhadeira;
. Litografia Volta Redonda - de 12/08/88 a 17/05/97 – na função de operador de
empilhadeira;
. ISS Servisystem do Brasil - de 16/09/02 a 30/09/03.

Também foi apresentado por parte do segurado (fls.20) Declarações de Empresas,


Registro de Empregados, Laudos Técnicos, DSS-8030 e Perfil Profissiográfico
Previdenciário – PPP de empresas para que fossem enquadrados como sendo de

361
Seleção de Acórdãos

atividades especiais os seguintes períodos (fls.18/54):


. Saint-Gobain Canalização
de 29/01/74 a 30/11/78 – função servente – exposto a ruído de 94 dB(A);
de 24/04/86 a 03/06/87 – função servente – exposto a ruído de 95 dB(A);
. Cia Embalagens Metálicas – Metalúrgica Matarazzo - Litográfica Volta Redonda
de 01/11/79 a 25/07/80 – função operador de empilhadeira;
de 12/08/88 a 17/05/97 – função operador de empilhadeira;
de 01/10/03 a 06/10/05 (data da emissão do PPP) – função operador de
empilhadeira;
. Nestlé Brasil
de 04/08/80 a 31/11/80 – função auxiliar geral – exposto a ruído de 92 dB(A);
de 01/12/80 a 01/03/81 – função auxiliar geral – exposto a ruído de 92 dB(A);
. Fábrica Nac. Estruturas Metálicas Edimetal
de 21/11/83 a 19/11/84 – função servente – exposto a ruído de 91 dB(A);
. P. H. Transportes Ltda
de 12/06/98 a 28/02/02 – função operador de empilhadeira – exposto a ruído de 92
dB(A);
. Litografia Valença
de 10/11/06 a 13/04/09 (data da emissão do PPP) – função operador de
empilhadeira – exposto a ruído de 102,9 dB(A).

Os documentos foram analisados pelo Serviço de Gerenciamento de Benefício por


Incapacidade – GBENIN (fls.62/64) que concluiu por enquadrar somente os
períodos de 29/01/74 a 30/11/78 e 24/04/86 a 03/06/87 laborados para a empresa
Saint-Gobain, por considerar que alguns não havia a informação da intensidade do
nível de ruído, outros por não caracterizar a insalubridade de forma adequada pelo
uso de Equipamento de Proteção Individual - EPI e por não haver a exposição de
forma habitual e permanente e outros por preenchimentos inadequados dos
formulários.

Contra essa decisão o segurado, através de sua procuradora já devidamente


qualificada nos autos, interpôs recurso à Junta de Recursos (fls.75) solicitando
uma nova análise dos documentos, pois o mesmo já havia implementado o tempo
de contribuição necessário para a concessão da aposentadoria pleiteada e anexou
aos autos cópia de decisão de processo anterior, desta Junta de Recursos de
acórdão nº 3204/2010, onde foram considerados como sendo de atividade especial
os períodos laborados nas empresas Nestlé Brasil, de 04/08/80 a 05/03/81, Cia
Embalagens Metálicas, de 02/10/04 a 02/05/06, e Litografia Valença, de 10/11/06 a
26/08/09 (fls.78/81).

O INSS em suas contrarrazões (fls.88) pede pela manutenção do indeferimento.

Rio de Janeiro - RJ, 09/11/2010

362
Seleção de Acórdãos

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-11-09 para sessão nº 168/2010 de 2010-11-18 às 1100

Voto

O recurso é tempestivo;
Conforme relatado, o segurado nascido em 11/07/1955 requereu pedido de
Aposentadoria por Tempo de Contribuição sendo indeferido por falta de tempo de
contribuição.
Cabe aqui esclarecer que o INSS equivocou-se quando computou a data de saída
do segurado da empresa ISS Servisystem do Brasil, como sendo 31/05/2003,
enquanto a data correta seria 30/09/2003 conforme consta devidamente registrado
em CTPS, sem rasuras.
Conforme se verifica nos autos o GBENIN já havia convertido como sendo de
atividade especial os períodos laborados na empresa Saint-Gobain Canalização,
de 29/01/74 a 30/11/78 e 24/04/86 a 03/06/87.
Já com relação à pretensão do segurado de obter o enquadramento de suas
atividades exercidas nos períodos de 01/11/79 a 25/07/80, 01/04/81 a 29/09/81,
14/05/85 a 09/04/86, 09/10/87 a 12/01/88, 11/02/88 a 11/08/88, 12/08/88 até
28/04/95, na função de operador de empilhadeira, encontra amparo legal na regra
trazida pelo artigo 70 do Decreto nº 3.048, de 1999, na redação dada pelo Decreto
n.º 4.827, de 2003, segundo a qual a caracterização e a comprovação das
atividades exercidas em condições especiais devem ser efetuadas observando-se
a legislação vigente na data da prestação de serviço;
A jurisprudência firmou-se no sentido de que a legislação aplicável para a
caracterização do denominado serviço especial é a vigente no período em que a
atividade a ser avaliada foi efetivamente exercida, devendo, assim, no caso em
tela, ser levado em consideração o critério estabelecido pelos Decretos nº
53.831/64, nº 83.080/79.
Inexigível a comprovação da efetiva exposição a agentes nocivos para o período
em que a atividade especial foi desenvolvida antes da edição da Lei nº 9.032/95,
pois até o seu advento, era possível o reconhecimento do tempo de serviço
especial apenas em face do enquadramento na categoria profissional do
trabalhador.
Todavia, a ausência de enquadramento da profissão nos anexos dos Decretos não
impede que ela seja considerada como insalubre, perigosa ou penosa, pois o rol de
atividades arroladas nos Decretos n° 53.831/64 e 83.080/79 é exemplificativo, não
existindo impedimento em considerar que outras atividades sejam tidas como
insalubres, perigosas ou penosas, desde que estejam devidamente comprovadas,
no qual mostrou-se suficiente a comprovação da atividade com as CTPS e

363
Seleção de Acórdãos

formulário de PPP, apresentados pelo segurado.


O enquadramento dos períodos acima mencionados por categoria profissional
encontra amparo na jurisprudência dos tribunais superiores, abaixo transcritos:

TRF – 3 Região
PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. AGRAVO DO §1º DO ART. 557 DO
C.P.C. ATIVIDADE ESPECIAL. DECRETOS 53.53.831/64 E 83.080/79 ROL
MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO. I - A
jurisprudência pacificou-se no sentido de que pode ser considerada especial a
atividade desenvolvida até 10.12.1997, advento do Lei 9.528/97,
independentemente da apresentação de laudo técnico, com base nas atividades
previstas nos Decretos 53.831/64 e 83.080/79, cujo rol é meramente
exemplificativo. II - Mantida a conversão de atividade especial em comum de
01.02.1983 a 01.03.1996, em razão da função de operador de empilhadeira a gás,
máquina pesada, situação análoga àquela prevista no código 2.4.5 do Decreto
83.080/79. III - Mantidos os termos da decisão agravada que fixou o termo inicial
do beneficio em 18.11.2003, momento em que o autor apresentou em sede
recursal administrativa os documentos de atividade rural e especial que deram
suporte ao reconhecimento do tempo de serviço suficiente à aposentação, não
devendo o réu arcar com ônus da mora a que não deu causa. IV - Recurso do réu
e da parte autora desprovidos.
Processo: APELREE 200703990425865 - APELREE - APELAÇÃO/REEXAME
NECESSÁRIO – 1240431 - Relator(a): JUIZ SERGIO NASCIMENTO - Órgão
julgador: DÉCIMA TURMA - Fonte DJF3 CJ1 DATA:13/05/2009 - Data da Decisão
28/04/2009

Bem como os períodos de 04/08/80 a 31/11/80, 01/12/80 a 01/03/81, 21/11/83 a


19/11/84 e 10/11/06 a 13/04/09 (data da emissão do PPP) laborados nas
empresas, Nestlé Brasil, Estruturas Metálicas Edimetal e Litografia Valença em que
o segurado apresentou DSS-8030 e PPP, com exposição ao agente nocivo “ruído”
de 92 a 91 e 102,9 dB(A) respectivamente, ao nosso ver mostram-se suficientes
para comprovar a efetiva exposição, do segurado ao agente agressivo ruído de
forma habitual e permanente, mesmo com uso de EPI de forma eficaz.
Este entendimento é acolhido pela jurisprudência predominante nos tribunais
superiores, em conformidade com a Súmula n° 32 e Enunciado n° 21 do CRPS,
conforme transcrevemos, a seguir:

SÚMULA Nº 32
O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para
fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na
vigência do Decreto n. 53.831/64 (1.1.6); superior a 90 decibéis, a partir de 5 de
março de 1997, na vigência do Decreto n. 2.172/97; superior a 85 decibéis, a partir
da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003.
DJU de 04.08.2006

Enunciado n° 21

364
Seleção de Acórdãos

O simples fornecimento de Equipamento de Proteção Individual - EPI de trabalho


pelo empregador não excluiu hipótese de exposição do trabalhador aos agentes
nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de trabalho

TRF 1ª Região
Ementa PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - RECONHECIMENTO DE
TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL - EXPOSIÇÃO A RUÍDO - APOSENTADORIA
ESPECIAL - LEIS 3087/60 E 8213/91 - DECRETOS 53.831/64, 83.080/79 E
2.172/97 - POSSIBILIDADE.
. Apresentando o impetrante documentos hábeis à comprovação do exercício de
atividade insalubre, têm-se como própria a via processual por ele eleita.
. O tempo de serviço especial é aquele decorrente de serviços prestados sob
condições prejudiciais à saúde ou em atividades com riscos superiores aos
normais para o segurado e, cumprido os requisitos legais, dá direito à
aposentadoria especial. As atividades consideradas prejudiciais à saúde foram
definidas pela legislação previdenciária, especificamente, pelos Decretos
53.831/64, 83.080/79 e 2172/97.
. Para a comprovação da exposição ao agente insalubre, tratando-se de período
anterior à vigência da Lei n. 9.032/95, de 28.04.95, que deu nova redação ao art.
57 da Lei 8213/91, basta que a atividade seja enquadrada nas relações dos
Decretos 53.831/64 ou 83.080/79, não sendo necessário laudo pericial. Tratando-
se de tempo de serviço posterior à data acima citada, 28.04.95, dependerá de
prova da exposição permanente, não ocasional e nem intermitente - não se
exigindo integralidade da jornada de trabalho -, aos agentes nocivos, visto tratar-se
de lei nova que estabeleceu restrições ao cômputo do tempo de serviço, devendo
ser aplicada tão-somente ao tempo de serviço prestado durante sua vigência, não
sendo possível sua aplicação retroativa.
(...) No que diz respeito à utilização de equipamento de proteção individual (EPI),
ele tem a finalidade de resguardar a saúde do trabalhador, para que não sofra
lesões, não podendo descaracterizar a situação de insalubridade.
(...) Apelação provida.
TRF – 1ª REGIÃO - Processo: 200638140038676 - Data da decisão: 28/01/2009 -
Documento: TRF10290959 - Relator(a) JUIZ FEDERAL EVALDO DE OLIVEIRA
FERNANDES FILHO (CONV.)

No caso da empresa Estruturas Metálicas Edimetal, período de 21/11/83 a


19/11/84, em que os peritos não enquadraram por considerar que não houve
habitualidade e permanência, foi apresentado formulário de DSS-8030 constando
que o segurado laborou exposto ao agente nocivo ruído de modo habitual e
permanente, sendo que a exigência de exposição a agentes nocivos de forma
habitual e permanente sob condições especiais somente foi exigida a partir da Lei
9.032/95, ou seja, 28/04/95.
Com a promulgação da Lei nº 9.032/95 passou-se a exigir a efetiva exposição aos
agentes nocivos, para fins de reconhecimento da agressividade da função, através
de formulário específico, nos termos da lei que a regulamentasse;
E somente após a edição da MP 1.523, de 11.10.1996, tornou-se legitimamente

365
Seleção de Acórdãos

exigível a apresentação de laudo técnico a corroborar as informações constantes


nos formulários SB-40 ou DSS-8030, com exceção do ruído.
O Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP só foi criado em 1997, pela Lei
9528/97, e é um documento que deve retratar as características de cada emprego
do segurado, de forma a facilitar a futura concessão de aposentadoria especial;
desde que identificado, no documento, o engenheiro ou perito responsável pela
avaliação das condições de trabalho, é possível a sua utilização para comprovação
da atividade especial, fazendo às vezes do laudo pericial.
Sendo assim, o período a partir de 29/04/95 até 17/05/97 e de 01/10/03 a 06/10/05
(data da emissão do PPP), laborados na empresa Cia Embalagens Metálicas não
poderiam ser enquadrados como sendo de atividade especial, mesmo tendo
exercido a função de operador de empilhadeira, em virtude de não ter sido
informado o nível de ruído que o segurado ficava exposto quando da realização de
suas atividades laborativas.
Bem como o período de 12/06/98 a 28/02/02 laborado na empresa P. H.
Transportes Ltda, também não poderia ser enquadrado como sendo de atividade
especial mesmo estando exposto a ruído de 92 dB(A), em virtude dos peritos
médicos considerarem que o formulário de exposição a agentes nocivos estava
preenchido de maneira inadequada, conforme exigência em lei previdenciária.
Face ao exposto tendo logrado êxito em comprovar o seu direito á conversão das
atividades tidas como especiais, por meio de documentos, segundo exigências da
legislação em vigor na data da prestação de serviço, deve o INSS elaborar nova
planilha com o tempo de contribuição do segurado, efetivando os enquadramentos
dos períodos, conforme jurisprudência acima referida que somados com os
períodos já devidamente enquadrados e apurados por esta Autarquia, e os
períodos enquadrados no acórdão de nº 3204/10, este implementou o tempo de
contribuição necessário para a concessão de aposentadoria integral.
Assim sendo, assiste razão o segurado devendo o INSS conceder-lhe a
Aposentadoria Integral em virtude de ter sido computado até a DER 39 anos de
tempo de contribuição aproximadamente.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido de CONHECER DO RECURSO


do segurado, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

Rio de Janeiro - RJ, 09/11/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS


Representante dos Trabalhadores

Decisório

366
Seleção de Acórdãos

Nº do(a) Acordão: 13270/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: CLEIDE CORDEIRO


FERREIRA e LUCAS PORTELLA.

Rio de Janeiro - RJ, 18/11/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS FABIO ZAMBITTE IBRAHIM


Representante dos Trabalhadores Presidente
10ª JR - Décima Junta de Recursos

367
Seleção de Acórdãos

368
Seleção de Acórdãos

10ª JR - Décima Junta de Recursos

Documento: 0150.281.569-6
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA NITERÓI-CENTRO-APSNCT
Nº de Protocolo do Recurso: 36430.001682/2009-00
Recorrente(s): MARIA ROSA GUIMARÃES ALARCÃO
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: SALÁRIO MATERNIDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 26/01/2010
Relator(a): MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS

Relatório

Trata-se de recurso da segurada MARIA ROSA GUIMARÃES ALARCÃO contra a


decisão do INSS que indeferiu o seu pedido de salário maternidade, requerido em
17/09/2009, sob o fundamento de que não foi reconhecido o direito ao benefício
tendo em vista não ter havido o afastamento das atividades que a vinculavam a
Previdência Social.

A requerente havia apresentado para ter direito ao benefício de auxílio-


maternidade (fls.03/07 e 15/21), Certidão de Nascimento da criança, ocorrida em
23/06/2005, Certidão de Casamento e cópia de CTPS n° 98697 s/070, onde
constam registrados vínculos empregatícios, entre outros, com as empresas Tira
Linhas Studio S/C Ltda, período de 01/02/95 a 22/07/96 e Editora Abril S/A, de
17/03/97 a 22/06/98.

Após consulta efetuada ao Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS


(fls.12/14) verificou-se que a requerente havia efetuado recolhimentos
previdenciários para as competências de 12/2004 a 08/2009.

O INSS informou através de despacho (fls.30) que após consulta efetuada ao


SISCON, foi observado resposta em questionamento, quanto à permanência em
atividade no período que era devido o recebimento do benefício, de que “não seria
devido o benefício tendo em vista que a segurada não se afastou da atividade”.

A segurada recorreu a esta Junta de Recursos (fls.32) informando que não há


impedimento para o recebimento de salários maternidades, de seus dois filhos,
uma vez que sempre recolheu corretamente o INSS, como empresária, e
apresentou cópia da Certidão de Nascimento de seu outro filho, ocorrido em

369
Seleção de Acórdãos

26/03/2009 (fls.34).

O INSS em suas contra-razões (fls.35/36) pede pela manutenção do indeferimento


informando que ficou comprovado através de pesquisa no CNIS, que a requerente
efetuou recolhimentos previdenciários no período em que deveria ficar afastada
para está em gozo de salário maternidade quando do parto, e quanto ao
nascimento do outro filho ocorrido em 26/03/2009, este não fez parte do pedido
inicial, não podendo ser analisado em grau de recurso, devendo a mesma
protocolar outro processo de benefício.

É o Relatório.

Rio de Janeiro - RJ, 12/05/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-05-12 para sessão nº 76/2010 de 2010-05-20 às 1400

Voto

O recurso é tempestivo

Conforme historiado no Relatório, trata-se de salário maternidade, requerido em


17/09/2009, indeferido em virtude da requerente não ter se afastado das atividades
que a vinculavam a Previdência Social no prazo regulamentar previsto.

O salário-maternidade é benefício previdenciário devido à segurada empregada,


doméstica, avulsa, contribuinte individual, segurada especial e facultativa por
ocasião de gestação durante 120 dias, com início no período entre 28 dias antes
do parto e a data de sua ocorrência.

Conforme jurisprudência do Tribunal Regional Federal o salário-maternidade é um

370
Seleção de Acórdãos

dos benefícios da previdência social, com previsão constitucional no art. 201, inciso
II, que visa conservar a qualidade de vida das seguradas pela manutenção da
remuneração quando do afastamento da atividade laborativa por ocorrência do
parto ou de aborto não criminoso, e a partir da lei nº 10.421/2002, por ocasião da
adoção de criança.

Os requisitos que devem ser verificados pelo Instituto para a concessão do


benefício são a qualidade de segurada, a carência e a maternidade, portanto, não
havendo previsão legal de que a requerente não possa está contribuindo para a
Previdência Social, quando em gozo de salário maternidade.

Não há porque não reconhecer o direito da requerente ao salário maternidade com


relação ao outro filho nascido em 26/03/2009, sob o argumento de que este não
fez parte do pedido inicial, já que a mesma preenche todos os requisitos
necessários para concessão, devendo mesmo ser concedido, em nome do
princípio da economia processual, do aproveitamento dos atos processuais e da
celeridade do processo.

Portanto, em virtude do fato gerador, ou seja, nascimento das crianças terem


ocorridos em 11/2005 e 03/2009, e a Data de Entrada do Requerimento - DER do
Salário-Maternidade, em 17/09/2009, ou seja, menos de 05 anos de uma data a
outra, a requerente faz jus ao benefício de salário maternidade.

Pelo exposto, assiste razão à requerente, devendo o INSS, conceder-lhe o


benefício de salário maternidade com relação aos seus dois filhos menores.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO da requerente, para, no mérito, DAR-LHE
PROVIMENTO.

Rio de Janeiro - RJ, 12/05/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 6614/2010

371
Seleção de Acórdãos

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ALEXANDRA DE


OLIVEIRA COSTA MULLER e CLEIDE CORDEIRO FERREIRA.

Rio de Janeiro - RJ, 20/05/2010

MARGARIDA MARIA TOMÁS DOS SANTOS FABIO ZAMBITTE IBRAHIM


Representante dos Trabalhadores Presidente
10ª JR - Décima Junta de Recursos

372
Seleção de Acórdãos

ÁCORDÃOS 11ª JR -

373
Seleção de Acórdãos

374
Seleção de AcórdãoS

11ª JR - Décima Primeira Junta de Recursos

Documento: 0115.962.698-4
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA CASIMIRO DE ABREU-APSCAAB
Nº de Protocolo do Recurso: 37206.000191/2006-15
Recorrente(s): ANA LUCIA SOARES RIBEIRO
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 22/08/2008
Relator(a): QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA

Relatório

Ana Lúcia Soares Ribeiro recorre tempestivamente contra decisão


denegatória do INSS em benefício de Pensão por Morte formulado em 20/06/06,
decisão que se deu sob a fundamentação de perda da qualidade de segurado,
conforme comunicado de fl. 43.
A recorrente habilitou-se ao benefício na condição de esposa (fl. 04) do ex-
segurado Simião Damasceno Crespaumer, falecido em 04/03/06, segundo
certidão de óbito de fl. 09, que aponta sua profissão de motorista, e vitimado por
acidente.
Consultas CNIS em fls. 10/19, mostrando inscrição do ex-segurado como
empresário em 08/1995, e como autônomo em 07/1989, com baixa em 09/1989,
constando recolhimentos entre 07/1989 e 03/1997, retornando em 05/2003 e
contribuindo até 05/2004, sendo que as contribuições a partir daí, ou seja, de
06/2004 a 02/2006, foram todas efetuadas em 09/06/06, pós-óbito.
De fl. 20 consta declaração de firma individual em nome do ex-segurado,
mostrando início em 01/08/95 e baixa em 30/03/97. A empresa destinava-se a
transporte e comércio de leite e derivados.
Cópias de CTPS do ex-segurado em fls. 21/24, mostrando vínculos de 1976
a 1988, todos como motorista de ônibus ou de caminhão.
Em suas razões recursais (fl. 44) a postulante alega que o ex-segurado
trabalhou no período que foi recolhido em atraso.
Em fls. 49/53 consta contrato de prestação de serviços em nome do ex-
segurado e da empresa Unilider Distribuidora Ltda, datado de 04/11/03 e referente
a transporte de mercadorias em veículo próprio, por pagamento de frete.
Em fl. 54 consta CRLV em nome do falecido, ano 2006, referente a
caminhão de carga.
De fls. 56/158 constam diversos contratos de transporte firmados entre o ex-
segurado e a empresa MMA Cargas Expressas, com saída de matriz e de filiais,
cobrindo o período de 05/2004 a 02/2006.
Emitidas pesquisas para comprovação da prestação de serviço do
recorrente para as empresas Unilider e MMA, constando respostas em fls.
163/166, ambas negativas, a primeira informando não constar documentação a

375
Seleção de Acórdãos

respeito de fretes feitos pelo falecido, e a segunda informando que a pesquisa


deve ser feita na matriz, localizada na Rodovia Presidente Dutra nº 2.550 – Pavuna
– RJ, providência não efetivada pela Autarquia.
É o relatório.

Rio de Janeiro - RJ, 04/02/2009

QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2009-02-04 para sessão nº 21/2009 de 2009-02-12 às 1000

Voto

Recurso tempestivo.
Observe-se que a esposa figura entre os dependentes elencados no artigo
16, inciso I do Decreto nº 3.048/99, regulamento este em vigor quando da
ocorrência do evento morte.
Vide que a concessão de pensão por morte, conquanto não exija carência,
exige que o instituidor tenha qualidade de segurado na data do óbito, conforme
dispõe o artigo 105 do Decreto precitado, como segue:
Art.105 A pensão por morte será devida [...] ao conjunto dos dependentes
do segurado que falecer, aposentado ou não [...] (grifo nosso).
Considerando o disposto nos artigos 13 e 14 do mesmo Decreto, que
apontam regras para se verificar a manutenção e a perda da qualidade de
segurado, e que o último vínculo empregatício do instituidor – em CTPS e no CNIS
- data de 1988, portanto bem antes de seu falecimento.
A autarquia indeferiu o pedido de pensão sob alegação de que as
contribuições que dão qualidade de segurado ao falecido, mormente as alocadas
de 06/2004 a 02/2006, foram todas recolhidas após o óbito. Ocorre que constam
do processo provas de exercício de atividade remunerada pelo ex-segurado no
período questionado, em especial nos anos de 2004 a 2006, na ocupação de
motorista de carga, conforme documentos de fls. 56/158.
Observe-se ainda que a recorrente trouxe aos autos cópia de
documentos que embasam a atividade de motorista do falecido por toda a vida,
com a qual certamente garantia sua sobrevivência e a de sua família, quais sejam,
os vínculos em CTPS, a propriedade de veículo de carga pesada, a existência de
período como empresário no ramo de transporte, recibos de frete e contratos de
transporte, contratos esses referentes ao caminhão de propriedade do ex-
segurado, dirigido pelo próprio.
Ora, os documentos citados acima demonstram o exercício de atividade
remunerada pelo ex-segurado no período a que se referem, na categoria

376
Seleção de Acórdãos

previdenciária de autônomo prestador de serviço, conforme artigo 9º, inciso V,


alínea “j” do Decreto nº 3.048/99, em vigor quando do falecimento.
Em razão disso, cabível o recolhimento de contribuições
previdenciárias via GPS, como efetivado pela viúva interessada e como devido
pelo falecido em vida, eis que na condição de segurado obrigatório do RGPS, não
restando maiores prejuízos aos cofres públicos, portanto, pelo cômputo de tal
período, restando observado o caráter contributivo dos benefícios previdenciários,
conforme § 5º do artigo 195 da CRFB/88 e § 1º do artigo 45 da Lei nº 8.212/91.
Diante do exposto, restou mantida a qualidade de segurado do falecido na
ocasião do óbito, fazendo jus a recorrente à concessão do benefício, por atendido
requisito legal previsto no artigo 105 do Decreto nº 3.048/99, presentes ainda os
demais elementos da pensão por morte.
CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente,
CONHECER DO RECURSO para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

Rio de Janeiro - RJ, 04/02/2009

QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 1611/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Primeira Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ROGÉRIO AMARAL


PEREIRA e JEANNE MARIA FREIRE SILVA.

Rio de Janeiro - RJ, 12/02/2009

QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA MOEMA DE PASSOS LÔBO E CAMPOS


Representante do Governo Presidente
11ª JR - Décima Primeira Junta de Recursos

377
Seleção de Acórdãos

378
Seleção de AcórdãoS

11ª JR - Décima Primeira Junta de Recursos

Documento: 0150.248.892-0
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA RIO DE JANEIRO-PRAÇA DA BANDEIRA-APSRPB
Nº de Protocolo do Recurso: 35884.000275/2010-18
Recorrente(s): CLAUDINO SILVA DE OLIVEIRA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 06/08/2010
Relator(a): LUIZ CARLOS MARINHO MUNIZ

Relatório

Trata-se de recurso contra o indeferimento do pedido de Aposentadoria por


Tempo de Contribuição, formulado por Claudino Silva de Oliveira aos 53 anos,
nascido que é em 08/05/1956, e apresentado em 05/10/2009.

O segurado para habilitar-se, constitui procurador, fls. 06 e 32, e apresenta:


CTPS nº. 80.824 S 020RJ, emitida em 18/09/1981, fls. 09/22; CTPS
80.824 S 020RJ, emitida em 21/10/1997, fls. 23/30;
Recibo de Recebimento de Salário referente à empresa Real
Grancar Silenciosos e Radiadores S/A, fl. 31;
Rescisão de Contrato de Trabalho, referente à empresa Café e Bar
Vinte e Um para o período de 01/04/1975 a 11/07/1975,
acompanhado do Termo de Abertura da empresa e FRE – Ficha de
Registro de Empregado, fls. 35/38;
Rescisão de Contrato de Trabalho, referente à empresa Fury Auto
Peças para o período de 01/10/1985 a 21/06/1986, fl. 39 e 42;
Rescisão de Contrato de Trabalho, referente à empresa Tro Kar
Canos e Silenciosos para o período de 01/03/1984 a 20/01/1985, fl.
40;
Rescisão de Contrato de Trabalho, referente à empresa Radiadores
Apolo LTDA para o período de 01/12/1982 a 31/01/1984, fl. 41;
Rescisão de Contrato de Trabalho, referente à empresa Transpavi
Codrasa para o período de 08/10/1981a 24/12/81, fl. 43.

Para comprovar os tempos exercidos em condições especiais apresenta

379
Seleção de Acórdãos

PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário, emitido pela empresa Real Grancar


Silenciosos e Radiadores LTDA, referente ao período de 02/02/2000 a xxx, no
setor de produção com cargo de Chefe de Soldador exercendo a atividade de
instalação de peças utilizando soldagem com maçaricos, fls. 47/48.

O Instituto solicita ao segurado que sejam apresentados documentos no


sentido de comprovar o vínculo com a empresa Real Grancar para o período de
01/07/1986 a 17/08/1999, fl.44. Sendo atendido em fls. 45/46.

Assim como se pronuncia pelo não enquadramento dos tempos requeridos


como exercidos em condições especiais, tanto administrativamente, por categoria
profissional, quanto à exposição aos agentes nocivos à saúde, fls. 51/52

Com a documentação apresentada e o parecer relativo ao tempo requerido


como trabalhado em condições especiais, o Instituto realiza simulação para
averiguar o tempo de contribuição, conforme Resumo de Documentos para Cálculo
de Tempo de Contribuição, e o interessado apresenta 30 anos, 02 meses e 29 dias
até a DER – Data de Entrada do Requerimento, sendo o tempo mínimo para
aposentadoria com adicional 34 anos e 14 dias, fls. 49/50.

De forma que o segurado é comunicado que não foi reconhecido seu


direito ao benefício, comunicando os tempos apurados na simulação supracitada,
assim como comunica o tempo apurado até 16/12/1998, 19 anos, 10 meses e 24
dias, fls. 56/57.

Em seu recurso, o segurado solicita o reexame do benefício, como também


apresenta PPP para o período de 01/07/1986 a 17/08/1999, trabalhado na empresa
Real Grancar Silenciosos e Radiadores LTDA no cargo de soldador exercendo a
função de soldador no setor de produção, tendo como atividade a instalação de
peças com soldagem, fls. 59/60.

Recebidos nesta Junta de Recursos, fl. 62, os autos foram encaminhados a


Assessoria Técnica Médica – ATM, que ratifica o parecer exarado pela Perícia
Médica do Instituto, fl. 66.
É o relatório.

Rio de Janeiro - RJ, 06/01/2011

LUIZ CARLOS MARINHO MUNIZ


Representante das Empresas

380
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-01-10 para sessão nº 15/2011 de 2011-01-18 às 1300

Voto

Recurso tempestivo.

Como visto o Instituto apurou para o segurado, 19 anos, 10 meses e 24


dias até 16/12/1998, fl. 54, insuficiente para a concessão do benefício nos termos
do artigo 187 do RGPS - Regime Geral da Previdência Social, sem exigência de
idade mínima.

Após aquela data, o segurado está submetido às novas regras


estabelecidas pela Emenda Constitucional nº 20, entre elas, o limite mínimo de 53
anos, condição atendida pelo segurado, por ocasião da DER, nascido que é em
08/05/1956, sendo que a entrada do requerimento deu-se em 05/10/2009.

Assim como deverá contar com adicional de contribuição equivalente a no


mínimo 40% do tempo que em 16/12/1998, faltava para atingir o limite de
contribuição, 30 anos.

Condição não cumprida, uma vez que seriam necessários 34 anos e 14


dias, pedágio exigido no artigo 188 do RGPS, sendo o apurado até a DER 30 anos,
02 meses e 29 dias, fl. 54.

O Instituto, também, não enquadrou como exercido em condições especiais


o período compreendido entre 02/02/2000 a 05/10/2009, visto que o PPP
apresentado não contém os elementos necessários para comprovação da efetiva
exposição aos agentes nocivos contemplados na legislação, fls. 51/52. Parecer
ratificado pela ATM – Assessoria Técnica Médica, desta Junta de Recursos, fl. 66.

Contudo na fase recursal o segurado apresenta PPP para o período de


01/07/1986 a 17/08/1999, trabalhado na empresa Real Grancar Silenciosos e
Radiadores LTDA no cargo de soldador, exercendo a atividade de instalação de

381
Seleção de Acórdãos

peças com soldagem, utilizando maçarico.

Esse período está registrado na CTPS nº. 80.254 S 020-RJ emitida em


18/09/1981, fls. 09/22 e CTPS nº. 80.254 S 020-RJ emitida em 21/10/1997,
continuação, constando o cargo de soldador, fls. 24/30.

Cabe ressaltar que o Instituto não se pronunciou quanto a este período.

Verifica-se que constam dois vínculos com a empresa responsável pela


emissão do PPP, na CTPS nº. 80.254 S 020-RJ emitida em 18/09/1981, fora da
ordem cronológica com o vínculo anterior, referente ao período de 01/01/1979 a
31/07/1981 e 01/02/1982 a 31/07/1982, fls. 11/12, contudo, no campo das
anotações gerais, relata que os períodos são referentes CTPS extraviadas, fl. 22.

O período apresentado, na fase recursal, como exercido em condições


especiais, encontra amparo no Decreto 83.080/79, em seu anexo II no código
2.5.3, podendo ser enquadrado de 07/07/1986 a 28/04/1995, adicionando 03 anos,
06 meses e 11 dias, ao apurado pelo Instituto, 30 anos 02 meses e 29 dias,
totalizando, assim, 33 anos, 09 meses e 10 dias, suficiente para o benefício, uma
vez que o necessário para a aposentadoria com adicional são 32 anos, 07 meses e
15 dias.

Ressalta-se que o tempo contribuição necessário para o benefício


informado na Comunicação de Decisão, fl. 56, é diferente do tempo supracitado,
uma vez que o reconhecimento do período exercido em condições especiais é
anterior a 16/12/1998, refletindo-se no pedágio exigido.

Logo, uma vez que o tempo requerido como exercido em condições


especiais na fase recursal, é reconhecido administrativamente, por esta Junta de
Recursos, o segurado faz jus ao benefício.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO de Claudino Silva de Oliveira para, no mérito,
DAR - LHE PROVIMENTO.

Rio de Janeiro - RJ, 06/01/2011

LUIZ CARLOS MARINHO MUNIZ


Representante das Empresas

382
Seleção de Acórdãos

Decisório

Nº do(a) Acordão: 654/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Primeira Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ANA PAULA


RODRIGUES PAROLI e MARIA APARECIDA DE OLIVEIRA SILVA.

Rio de Janeiro - RJ, 18/01/2011

LUIZ CARLOS MARINHO MUNIZ MOEMA DE PASSOS LÔBO E CAMPOS


Representante das Empresas Presidente
11ª JR - Décima Primeira Junta de Recursos

383
Seleção de Acórdãos

384
Seleção de AcórdãoS

11ª JR - Décima Primeira Junta de Recursos

Documento: 0149.695.483-9
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA BARRA DO PIRAÍ-APSBPI
Nº de Protocolo do Recurso: 35305.000526/2011-19
Recorrente(s): JENI VIEIRA PASCHOAL
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 14/03/2011
Relator(a): QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA

Relatório

Jeni Vieira Paschoal recorre contra decisão denegatória do INSS em


requerimento de aposentadoria por idade protocolado em 16/02/11.
A autarquia indeferiu sob a fundamentação de falta de período de carência
(fl. 15).
Recorrente com 63 anos na data de entrada do requerimento, nascida que é
em 21/09/47.
Consultas ao sistema CNIS em fls. 03, 07/09, 26/36, mostrando
contribuições de 11/1980 a 01/2011, com lapsos. Constam inscrições como
doméstica, contribuinte em dobro, facultativa e autônoma.
Contagem em fls. 10/11, apurando-se 84 contribuições em 31/01/11, com
desconto de períodos em auxílio-doença.
Em fl. 17 a Autarquia despacha informando que a postulante possui carnês
com numerações incorretas, mas que mesmo com o cômputo desses
recolhimentos não alcançaria o montante exigido para a carência.
Razões recursais em fl. 19, alegando que possui 19 anos de contribuição, e
que só em auxílio-doença possui 12 anos.
Contrarrazões do INSS em fls. 24/25, reiterando a falta de carência, e
alegando que os períodos em auxílio-doença não podem ser computados para
esse efeito, face não haver contribuição durante sua percepção.
Houve baixa em diligência para juntada de CTPS e carnês da recorrente,
que constam de envelope em fl. 40.

Rio de Janeiro - RJ, 04/08/2011

QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA


Representante do Governo

385
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-08-09 para sessão nº 101/2011 de 2011-08-18 às 1100

Voto

Recurso tempestivo, vez que a ciência deu-se em 09/03/11 e a interposição


do recurso ocorreu em 14/03/11 (fls. 18/19).
Recorrente nascida em 21/09/47, tendo completado a idade exigida
de 60 (sessenta) anos em 21/09/07.
Observe-se que a carência a ser exigida é a da data de implementação das
condições, qual seja, o do ano de aniversário, e não a da data de requerimento do
benefício. Da mesma forma não se exige a simultaneidade entre as condições –
idade e carência. Tal entendimento resta pacificado no STJ, e consta das Notas
CONJUR/MPS nº 937/07 e 251/08.
Vide que em fase recursal foram anexadas as CTPS e os carnês da
postulante, sendo que as CTPS mostram vínculos como doméstica intervalados,
mas de curta duração, e os carnês foram conferidos com a contagem efetuada,
não se observando divergência.
Ocorre que a postulante gozou períodos de auxílio-doença que juntos
somam 09 anos, 02 meses e 28 dias, durante os quais não há efetiva contribuição,
pelo que no âmbito administrativo tais períodos não podem ser computados para
efeito de carência, isso com base no conceito transcrito no caput do artigo 24 da
Lei nº 8.213/91.
Ressalve-se que tal entendimento diverge do entendimento que vem sendo
adotado em via judicial, que acolhe os períodos de percepção de auxílio-doença
para cômputo de carência (vide teses nesse sentido), procedimento ainda de difícil
adoção nessa via administrativa, sujeita que está à observância de Pareceres da
Consultoria Jurídica aprovados pelo Sr. Ministro de Estado, conforme artigo 42 da
Lei Complementar nº 73/1993, pareceres esses em sentido contrário.
Portanto, tem-se que a recorrente não implementa número de contribuição
suficiente para a carência exigida em 2007 (contagem em fl. 42), e que é de 156
meses, não possuindo todos os requisitos exigidos para aposentar-se por idade,
conforme artigos 48 e 142 da Lei nº 8.213/91.

CONCLUSÃO: Pelo exposto VOTO no sentido de, preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO de Jeni Vieira Paschoal para, no mérito, NEGAR-
LHE PROVIMENTO.

Rio de Janeiro - RJ, 04/08/2011

QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA


Representante do Governo

386
Seleção de Acórdãos

Decisório

Nº do(a) Acordão: 5719/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Primeira Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: JEANNE MARIA FREIRE


SILVA e ROGÉRIO AMARAL PEREIRA.

Rio de Janeiro - RJ, 18/08/2011

QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA MOEMA DE PASSOS LÔBO E CAMPOS


Representante do Governo Presidente
11ª JR - Décima Primeira Junta de Recursos

387
Seleção de Acórdãos

388
Seleção de AcórdãoS

11ª JR - Décima Primeira Junta de Recursos

Documento: 0128.833.491-2
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA BELFORD ROXO-APSBRX
Nº de Protocolo do Recurso: 36436.000155/2003-24
Recorrente(s): JOSE RONALDO ARAUJO
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PREVIDENCIÁRIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 29/04/2011
Relator(a): QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA

Relatório

Recurso interposto por José Ronaldo Araújo contra ato indeferitório do


INSS em requerimento de aposentadoria por invalidez protocolado em 01/02/03.
O Instituto alega falta de comprovação como segurado, segundo
comunicação de fl. 17. Em fl. 11 consta que há vínculo ativo após início de auxílio-
doença.
Parecer pericial em fl. 02, apontando direito à aposentadoria por invalidez
em 31/01/03.
Em fl. 05 consta termo aditivo de contrato de trabalho por tempo
determinado, datado de 31/03/99, e para vigorar até 30/06/99, firmado entre a
Fundação Nacional de Saúde e o recorrente.
Consulta PLENUS em fl. 09 mostrando percepção de auxílio-doença pelo
postulante de 09/11/99 a 31/01/03, depois modificado para permanecer ativo (fl.
43).
Consultas ao sistema CNIS em fls. 10/11, 19, 38/41, 49/52 mostrando
vínculos de 03/1990 a 02/1991, de 10/1990 a 03/1991, outro a partir de 28/09/94 e
sem saída (Fundação Nacional de Saúde) e o último de 03/05/00 em diante, com a
Prefeitura de Belford Roxo, com remunerações por todo o tempo, até 2008.
Em fl. 30, na data de 29/07/04, a Prefeitura de Belford Roxo responde a
ofício do INSS, informando que o recorrente é servidor estatutário daquele ente
federativo desde 03/05/00, e encontra-se em exercício regular de suas funções.
Razões recursais em fl. 35, alegando que permanece desempregado e está
sem condições de trabalhar, precisando de recursos para sobreviver.
Contrarrazões do INSS em fl. 45, reiterando a tese de falta de qualidade de
segurado.
Parecer da Assessoria Médica – ATM em fl. 48, requerendo baixa em
diligência para juntada de AMPs e novo parecer técnico.

Rio de Janeiro - RJ, 28/07/2011

QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA

389
Seleção de Acórdãos

Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-08-09 para sessão nº 102/2011 de 2011-08-18 às 1200

Voto

Recurso considerado tempestivo, vez que não consta dos autos a prova da
data de ciência do ato indeferitório.
Cuida-se de pedido de aposentadoria por invalidez após percepção de
auxílio-doença desde 1999, tendo havido parecer pericial que deferiu ao postulante
limite indefinido (fl. 02), porém sem maiores detalhamentos na conclusão.
Em fase de análise inicial a Autarquia percebeu vínculo ativo estatutário junto
à Prefeitura de Belford Roxo desde 2000, portanto enquanto em gozo de auxílio-
doença, sendo que há resposta do ente federativo atestando que o recorrente
permaneceu exercendo sua atividade normalmente, o que resta corroborado pela
consulta CNIS que aponta remunerações regulares entre 2000 e 2008 naquele
RPPS – regime próprio de previdência social.
Por certo, se deferida a aposentadoria por invalidez desde 31/03/03, teríamos
uma situação ilegal de concomitância com o exercício de atividade pelo segurado,
fato que, uma vez constatado, importaria em cessação do benefício a partir da data
do retorno ao trabalho, conforme artigos 48 e 179 do Decreto nº 3.048/99.
Ora, a lei exige o afastamento de toda e qualquer atividade para o
deferimento do benefício pleiteado, conforme § 3º do artigo 44 do Decreto
precitado, sendo que, ao contribuir na condição de segurado obrigatório por tanto
tempo, ininterruptamente, ainda que vinculado a outro regime de previdência, o
interessado declara que exercia atividade remunerada e contradiz suas alegações
de incapacidade para o trabalho.
Portanto, não há como atender ao solicitado, concluindo-se que o recorrente
não faz jus à concessão da aposentadoria por invalidez, conforme disposição do
artigo 46 da Lei nº 8.213/91.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO de José Ronaldo Araújo para, no mérito, NEGAR-
LHE PROVIMENTO.

Rio de Janeiro - RJ, 28/07/2011

QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA


Representante do Governo

390
Seleção de Acórdãos

Decisório

Nº do(a) Acordão: 5778/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Primeira Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: JEANNE MARIA FREIRE


SILVA e ROGÉRIO AMARAL PEREIRA.

Rio de Janeiro - RJ, 18/08/2011

QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA MOEMA DE PASSOS LÔBO E CAMPOS


Representante do Governo Presidente
11ª JR - Décima Primeira Junta de Recursos

391
Seleção de Acórdãos

392
Seleção de Acórdãos

ÁCORDÃOS 13ª JR -

393
Seleção de Acórdãos

394
Seleção de AcórdãoS

11ª JR - Décima Primeira Junta de Recursos

Documento: 0128.833.491-2
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA BELFORD ROXO-APSBRX
Nº de Protocolo do Recurso: 36436.000155/2003-24
Recorrente(s): JOSE RONALDO ARAUJO
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PREVIDENCIÁRIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 29/04/2011
Relator(a): QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA

Relatório

Recurso interposto por José Ronaldo Araújo contra ato indeferitório do


INSS em requerimento de aposentadoria por invalidez protocolado em 01/02/03.
O Instituto alega falta de comprovação como segurado, segundo
comunicação de fl. 17. Em fl. 11 consta que há vínculo ativo após início de auxílio-
doença.
Parecer pericial em fl. 02, apontando direito à aposentadoria por invalidez
em 31/01/03.
Em fl. 05 consta termo aditivo de contrato de trabalho por tempo
determinado, datado de 31/03/99, e para vigorar até 30/06/99, firmado entre a
Fundação Nacional de Saúde e o recorrente.
Consulta PLENUS em fl. 09 mostrando percepção de auxílio-doença pelo
postulante de 09/11/99 a 31/01/03, depois modificado para permanecer ativo (fl.
43).
Consultas ao sistema CNIS em fls. 10/11, 19, 38/41, 49/52 mostrando
vínculos de 03/1990 a 02/1991, de 10/1990 a 03/1991, outro a partir de 28/09/94 e
sem saída (Fundação Nacional de Saúde) e o último de 03/05/00 em diante, com a
Prefeitura de Belford Roxo, com remunerações por todo o tempo, até 2008.
Em fl. 30, na data de 29/07/04, a Prefeitura de Belford Roxo responde a
ofício do INSS, informando que o recorrente é servidor estatutário daquele ente
federativo desde 03/05/00, e encontra-se em exercício regular de suas funções.
Razões recursais em fl. 35, alegando que permanece desempregado e está
sem condições de trabalhar, precisando de recursos para sobreviver.
Contrarrazões do INSS em fl. 45, reiterando a tese de falta de qualidade de
segurado.
Parecer da Assessoria Médica – ATM em fl. 48, requerendo baixa em
diligência para juntada de AMPs e novo parecer técnico.

Rio de Janeiro - RJ, 28/07/2011

QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA

395
Seleção de Acórdãos

Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-08-09 para sessão nº 102/2011 de 2011-08-18 às 1200

Voto

Recurso considerado tempestivo, vez que não consta dos autos a prova da
data de ciência do ato indeferitório.
Cuida-se de pedido de aposentadoria por invalidez após percepção de
auxílio-doença desde 1999, tendo havido parecer pericial que deferiu ao postulante
limite indefinido (fl. 02), porém sem maiores detalhamentos na conclusão.
Em fase de análise inicial a Autarquia percebeu vínculo ativo estatutário junto
à Prefeitura de Belford Roxo desde 2000, portanto enquanto em gozo de auxílio-
doença, sendo que há resposta do ente federativo atestando que o recorrente
permaneceu exercendo sua atividade normalmente, o que resta corroborado pela
consulta CNIS que aponta remunerações regulares entre 2000 e 2008 naquele
RPPS – regime próprio de previdência social.
Por certo, se deferida a aposentadoria por invalidez desde 31/03/03, teríamos
uma situação ilegal de concomitância com o exercício de atividade pelo segurado,
fato que, uma vez constatado, importaria em cessação do benefício a partir da data
do retorno ao trabalho, conforme artigos 48 e 179 do Decreto nº 3.048/99.
Ora, a lei exige o afastamento de toda e qualquer atividade para o
deferimento do benefício pleiteado, conforme § 3º do artigo 44 do Decreto
precitado, sendo que, ao contribuir na condição de segurado obrigatório por tanto
tempo, ininterruptamente, ainda que vinculado a outro regime de previdência, o
interessado declara que exercia atividade remunerada e contradiz suas alegações
de incapacidade para o trabalho.
Portanto, não há como atender ao solicitado, concluindo-se que o recorrente
não faz jus à concessão da aposentadoria por invalidez, conforme disposição do
artigo 46 da Lei nº 8.213/91.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO de José Ronaldo Araújo para, no mérito, NEGAR-
LHE PROVIMENTO.

Rio de Janeiro - RJ, 28/07/2011

QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA


Representante do Governo

396
Seleção de Acórdãos

Decisório

Nº do(a) Acordão: 5778/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Primeira Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: JEANNE MARIA FREIRE


SILVA e ROGÉRIO AMARAL PEREIRA.

Rio de Janeiro - RJ, 18/08/2011

QUÉZIA CONTAGE TEIXEIRA MOEMA DE PASSOS LÔBO E CAMPOS


Representante do Governo Presidente
11ª JR - Décima Primeira Junta de Recursos

397
Seleção de Acórdãos

398
Seleção de AcórdãoS

13ª JR - Décima Terceira Junta de Recursos

Documento: 0151.623.257-4
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA LEME-APSLEM
Nº de Protocolo do Recurso: 35407.001303/2010-31
Recorrente(s): CARLOS ROBERTO TEIXEIRA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 23/09/2010
Relator(a): FLÁVIA BROWN DE MORAES

Relatório

Trata-se de pedido de aposentadoria por tempo de contribuição, formulado em 12.07.2010,


e indeferido pelo Instituto por falta de tempo regulamentar.

O Instituto, mediante documentos apresentados, apurou o tempo de serviço no total de 34


anos, 06 meses e 14 dias, até a data de entrada do requerimento, conforme demonstrativo
de fls. 53.

Verificamos que o Instituto reconheceu como atividade exercida em condições especiais


os períodos de 17.10.84 a 05.03.97 e 06.03.97 a 01.12.98, laborado na empresa FREIOS
VARGA S/A. Deixou de reconhecer como especial, o período de 13.06.2001 a 22.06.2010,
laborado na empresa METALCON METAIS CONFORMADOS INDUSTRIA E COMÉRCIO.

Inconformado, o requerente interpôs recurso a esta Junta, solicitando a conversão dos


períodos trabalhados em condições especiais, fls.64/67.

Na forma regulamentar, vieram os autos para analise, quando transformamos nosso


julgamento em diligencia, solicitando que:

1- O INSS encaminhasse correspondência ao interessado, para apresentar PPP da


empresa METALCON METAIS CONFORMADOS IND. E COM. LTDA, com preenchimento
dos campos 13.7 e 15.9.

2. A empresa deveria esclarecer se no período de 13.06.2001 a 31.05.2004, o segurado


esteve exposto a agentes agressivos e se havia responsável pelos registros ambientais
durante este período.

3. Solicitar ao recorrente, Certificado de Reservista e

4. Averiguar existência de processo judicial, versando sobre o mesmo assunto, juntando


pesquisa aos autos.

Em atendimento, foi formulado o despacho de fls. 97.

Retornam os autos para julgamento.

399
Seleção de Acórdãos

São Paulo - SP, 23/05/2011

FLÁVIA BROWN DE MORAES


Representante das Empresas

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-05-23 para sessão nº 119/2011 de 2011-06-21 às 800

Voto

FUNDAMENTAÇÃO: Em face do relatório apresentado e, por se tratar de recurso


tempestivo, passamos a avaliar o presente beneficio, o qual é regido pelos artigos 56, 187
e 188 do Decreto nº 3.048/99, que determinam:

Art. 56. A aposentadoria por tempo de contribuição, uma vez cumprida a carência exigida,
será devida nos termos do § 7º do art. 201 da Constituição. (Ver art. 181-B deste
Regulamento e art. 3º da MP nº 83/02, convertida na Lei nº 10.666/03 e nota no final do
art.).

Art.187. É assegurada a concessão de aposentadoria, a qualquer tempo, nas condições


previstas na legislação anterior à Emenda Constitucional nº 20, de 1998, ao segurado do
Regime Geral de Previdência Social que, até 16 de dezembro de 1998, tenha cumprido os
requisitos para obtê-la.

Art. 188. O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até 16 de dezembro de
1998, cumprida a carência exigida, terá direito a aposentadoria, com valores proporcionais
ao tempo de contribuição, quando, cumulativamente: (Redação alterada pelo Decreto nº
4.729, de 09/06/03)

I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito anos ou
mais de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e (Redação alterada pelo
Decreto nº 4.729, de 09/06/03)
b) um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por cento do
tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de tempo constante
da alínea “a”. (Redação alterada pelo Decreto nº 4.729, de 09/06/03)

§ 1º REVOGADO pelo Decreto nº 4.729, de 09/06/03.


§ 2º O valor da renda mensal da aposentadoria proporcional será equivalente a setenta
por cento do valor da aposentadoria a que se referem as alíneas “a” e “b” do inciso IV do
art. 39, acrescido de cinco por cento por ano de contribuição que supere a soma a que se
refere o inciso II até o limite de cem por cento. (Redação alterada pelo Decreto nº 4.729,
de 09/06/03)
§ 3º O segurado que, até 16 de dezembro de 1998, tenha cumprido os requisitos para

400
Seleção de Acórdãos

obter a aposentadoria proporcional somente fará jus ao acréscimo de cinco por cento a
que se refere o § 2º se cumprir o requisito previsto no inciso I, observado o disposto no art.
187 ou a opção por aposentar-se na forma dos arts. 56 a 63. (Redação alterada pelo
Decreto nº 4.729, de 09/06/03).

Passamos ao mérito do pedido:

A Portaria nº 323/2007, regulamenta, em seu artigo 53:

As decisões proferidas pelas Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos poderão ser


de:

I - conversão em diligência;
II - não conhecimento;
III - conhecimento e não provimento;
IV - conhecimento e provimento parcial;
V - conhecimento e provimento; e
VI - anulação.

§ 8º Nos casos em que a controvérsia girar em torno do enquadramento de atividades


exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, o
Conselheiro Relator, mediante despacho fundamentado, submeterá os autos ao
Presidente da Instância Julgadora, cabendo a este decidir sobre a necessidade de oitiva
da Assessoria Técnico-Médica, hipótese em que restringirá as consultas às situações de
dúvidas concretas.

Portanto, o Colegiado tem competência para realizar enquadramentos, devendo apenas


nos casos de dúvidas concretas, submeter os autos à apreciação da Assessoria Técnica
Médica.

Nos termos da legislação previdenciária, o tempo de serviço exercido alternadamente em


atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou
venham a ser considerados prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após
a respectiva conversão, para complementação do benefício;

O artigo 64, § 1º do Decreto n° 3.048/99, define:

§ 1º "A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado,


perante o Instituto Nacional do Seguro Social, do tempo de trabalho permanente, não
ocasional nem intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde ou
a integridade física, durante o período mínimo fixado no caput."

O artigo 65 do Decreto n° 3.048/99 disciplina que:

Artigo 65 "Considera-se trabalho permanente, para efeito desta Subseção, aquele que é
exercido de forma não ocasional nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do
trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do
bem ou da prestação do serviço. (alterado pelo decreto n.º 4.882, de 18 de novembro de
2003 - dou de 19/11/2003)

Nos termos do artigo 68 §2º do Decreto n° 3.048/99:

§ 2º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita


mediante formulário denominado perfil profissiográfico previdenciário, na forma
estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social, emitido pela empresa ou seu

401
Seleção de Acórdãos

preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por
médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. (Redação dada pelo Decreto
n.º 4.032, de 26/11/2001)

O § 2º do artigo 58 da Lei n° 8.213/91, acrescentado pela Medida Provisória n.º 1.523 de


13.10.96, em sua redação original, estabeleceu a exigência de constar do laudo técnico
informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva, não mencionando a
proteção individual - Artigo 58 § 2º: “Do laudo técnico referido no parágrafo anterior
deverão constar informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva que
diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a
sua adoção pelo estabelecimento respectivo. (Acrescentado pela Medida Provisória n.º
1.523/96, reeditada até a conversão na Lei n.º 9.528/97)".

Em relação à utilização de equipamentos de proteção individual, ressalvamos que


somente com o advento da Lei n.º 9.732, de 11.12.98, a qual alterou a redação do § 2º da
Lei n° 8.213/91 que anteriormente fora acrescentado pela Medida Provisória n.º 1.523/96,
é que passou a constar a exigência de informação sobre o uso de tecnologia de proteção
individual - Artigo 58 § 2º: "Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar
informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual que diminua
a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a sua
adoção pelo estabelecimento respectivo. (Redação alterada pela Lei n.º 9.732, de
11.12.98)".

Considerando que se a exigência em constar a informação no Laudo Técnico sobre a


existência de tecnologia de proteção individual e sua respectiva eficácia na redução dos
níveis do agente agressivo somente surgiu com a Lei n.º 9.732, de 11.12.98, entendemos
que tanto a observância da existência destes equipamentos, bem como o grau de
eliminação/atenuação do agente agressivo que eventualmente esses equipamentos
propiciem ao empregado, somente devem ser observados para fins de enquadramento
das atividades sujeitas às condições especiais, a partir dessa data, qual seja, 11.12.98.

É de ser observado ainda as disposições do artigo 70, parágrafos 1º e 2º, acrescentados


pelo Decreto n.º 4.287, de 03.09.03.

§ 1º: "A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais


obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço.
(Parágrafo incluído pelo Decreto n.º 4.827, de 03.09.2003)".

§ 2º do Decreto n° 3.048/99: "As regras de conversão de tempo de atividade sob


condições especiais em tempo de atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao
trabalho prestado em qualquer período". (Parágrafo incluído pelo Decreto n.º 4.827, de
3.9.2003).

Após a edição da Lei 9.032, de 28 de abril de 1995, os enquadramentos por categoria


profissional foram extintos, passando a ser observado a presença de agentes agressivos
no ambiente de trabalho dos segurados, para reconhecimento do direito ao
enquadramento nos quadros que regem a aposentadoria especial, portanto, a partir de
29/04/95 é necessário a comprovação de forma habitual e permanente, não ocasional nem
intermitente aos agentes nocivos.

Nos processos de benefícios de aposentadoria, não são exigidos nem anexados aos autos
comprovantes de recebimento dos equipamentos nos prazos previstos na legislação. A
recomendação dos fabricantes é de que esses protetores têm que ser trocados a cada
seis meses.

402
Seleção de Acórdãos

Temos ainda, o fato de as empresas não seguirem as recomendações dos fabricantes de


EPI nos termos dos itens III, IV e V do artigo 179, da Instrução Normativa nº 27, de 2008,
sobre higienização, limpeza, treinamento do uso correto e especialmente garantia de vida
útil, além do fato de existirem constantes defeitos de fabricação.

Sobre a questão ora em julgamento, as Súmulas 09 e 32, das Turmas Recursais dos
Juizados Especiais Federais, e o Enunciado nº 21 do CRPS, disciplinam:

“Súmula nº 09 – O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a


insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço
especial prestado”.

“Súmula nº 32 – O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado


especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis,
na vigência do Decreto n. 53.831/64 (1.1.6); superior a 90 decibéis, a partir de 5 de março
de 1997, na vigência do Decreto n. 2.172/97; superior a 85 decibéis, a partir da edição do
Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003”.

“Enunciado nº 21 – O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de


trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes
nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de trabalho”.

Some-se ainda o entendimento de que o EPI não é totalmente eficaz na proteção do


trabalhador. Nesse sentido, há o parecer técnico exarada pela Divisão de Segurança e
Saúde do Trabalhador da Delegacia Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, no
processo nº 46000.000090/99-71, manifestando-se no sentido de que o agente nocivo
ruído não penetra só no ouvido, mas também por via óssea. Portanto, não é possível
proteger completamente o trabalhador com tampões, plugues e nem mesmo capacetes,
conforme exige o item da NR 06.

A matéria objeto deste recurso diz respeito a enquadramento por exposição a ruídos, em
períodos posteriores a edição da Lei 9732/98, com utilização de EPI. O INSS entende que
a partir desta data a utilização de EPI não permite o reconhecimento do exercício de
atividades em condições especiais e, as Câmaras de Julgamento, assim como as Juntas
de Recursos, apresentam entendimentos divergentes sobre a questão.
Em razão da divergência de entendimentos, houve manifestação para que o Conselho
Pleno uniformizasse o entendimento, tendo sido apreciados os processos dos segurados:

VICTO ÂNGELO BRAGATTO - nº 111.079.940-0; JOSÉ RUBENS DO NASCIMENTO


SAMPAIO - nº 134.190.113-8; AGUINALDO BELTRÃO LOPES - nº 134.824.013-7;
RAMIRO FRUTUOSO DOS SANTOS NETO - nº.0133.971.511-0;

Da apreciação dos acórdãos exarados nos processos de benefícios supracitados, concluiu


o Conselho Pleno do CRPS que, o tempo de serviço do segurado para fins de
enquadramento em condições especiais, a partir de 14/12/98, data em que foi editada a
Lei nº 9.732/98 deverá ser avaliado independentemente do fornecimento do EPI -
equipamento de proteção individual, sendo possível o reconhecimento do tempo de
serviço prestado em ambiente que possua agentes nocivos, em nível superior ao limite
legal de tolerância, haja vista que a simples menção ao fornecimento, não implica o
afastamento da natureza especial da atividade, devendo ser efetivamente verificado se
resta caracterizado ou não o tempo de serviço especial.

Isso posto, entendo que deva ser reconhecido como especial o período de trabalho do
interessado, na empresa METALCON METAIS CONFORMADOS IND. E COM. LTDA,
entre 01.06.07 a 22.06.10, pois trata-se de período de trabalho, em que o segurado esteve

403
Seleção de Acórdãos

exposto a pressão sonora de 85,7, 86,8 e 94,3 dB(A), superior ao limite legal de tolerância,
conforme disciplinado pelo Decreto nº 4.882, de 18/11/03, e que a que a mera indicação
de fornecimento de EPI não tem alcance jurídico para afastar a natureza especial de sua
atividade, como demonstrado nas razões acima expendidas.

Analisando, todavia, os períodos de 13.06.01 a 31.05.04, laborado na mesma empresa,


não cabe enquadramento, tendo em vista não constar informação de intensidade do
agente agressivo.

Com relação ao período de 01.06.04 a 31.05.07, em que o requerente esteve exposto à


pressão sonora de 85,0, 83,2 e 84,1 dB (A), não há qualquer dispositivo legal que permite
o enquadramento desse período como especial, pois a partir de 19 de novembro de 2003,
data da publicação do Decreto nº 4.882, de 18 de novembro de 2003, será efetuado o
enquadramento quando o Nível de Exposição Normalizado - NEN se situar acima de
oitenta e cinco dB(A), lembrando, ainda que, o mero fornecimento de equipamento de
proteção individual pelo empregador não descaracteriza a insalubridade, de acordo com
orientação contida no Enunciado nº 21 do CRPS e invocando-se ainda a Súmula 9ª, dos
Tribunais Especiais Federais.

Assim, computando-se todos os períodos especiais, e realizando-se as conversões


devidas, o recorrente conta com 35 anos, 08 meses e 26 dias, até a data da entrada do
requerimento deste benefício, portanto, fazendo jus à concessão de aposentadoria por
tempo de contribuição de forma integral, nos termos do Decreto nº. 3048/99, artigos 187 e
188, conforme demonstrativo juntado às fls. 112.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no seguinte sentido: CONHECER do recurso, para,


no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, em face do preenchimento dos requisitos
necessários para a aposentadoria integral.

À GEX 21.535.12 / SÃO JOÃO DA BOA VISTA.

FBM/mg

São Paulo - SP, 23/05/2011

FLÁVIA BROWN DE MORAES


Representante das Empresas

Decisório

Nº do(a) Acordão: 8891/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Terceira Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

404
Seleção de Acórdãos

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: LÚCIA HELENA A. I. DE


ALMEIDA.

São Paulo - SP, 21/06/2011

FLÁVIA BROWN DE MORAES DORIENE AZEVEDO DE GÓES


Representante das Empresas Presidente
13ª JR - Décima Terceira Junta de Recursos

405
Seleção de Acórdãos

406
Seleção de AcórdãoS

13ª JR - Décima Terceira Junta de Recursos

Documento: 0152.623.019-1
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA BRAGANÇA PAULISTA-APSBGP
Nº de Protocolo do Recurso: 35381.001525/2010-90
Recorrente(s): DARLA GONCALVES CHANDERE DE OLIVEIRA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: SALÁRIO MATERNIDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 25/08/2010
Relator(a): IRENE DOS SANTOS

Relatório

Trata-se de pedido de salário maternidade requerido em 16/08/2010, por Darla Gonçalves de


Oliveira.

Pelos elementos constantes nos autos o beneficio foi indeferido sob argumento de que a
responsabilidade pelo pagamento do salário maternidade cabe ao empregador caso haja dispensa
arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, em período compreendido entre a
confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

Inconformada a interessada recorre contra decisão proferida, fls. 22, alegando em síntese que o
empregador alega que seu contrato de trabalho era por tempo determinado, portanto, sem direito ao
beneficio por parte da empresa.

Em reanalise do pedido o INSS mantém o ato recorrido com base no art. 97, do Decreto 3.048/99, o
qual dispõe que o salário maternidade da segurada será devido pela previdência social enquanto
existir relação de emprego, observadas as regras quanto ao pagamento desse beneficio pela
empresa.

São Paulo - SP, 22/11/2010

IRENE DOS SANTOS


Representante das Empresas

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-11-22 para sessão nº 227/2010 de 2010-12-06 às 1400

Voto

FUNDAMENTAÇÃO: face o relatório apresentado e considerando a tempestividade do recurso


passamos ao mérito da questão.

407
Seleção de Acórdãos

De acordo com os elementos constantes nos autos a recorrente requereu a concessão de salário-
maternidade que foi negado pelo Instituto que entendeu ser da responsabilidade do último
empregador o pagamento do referido beneficio.

Pelos elementos constantes nos autos o último vínculo de trabalho da segurada foi com contrato de
experiência com término previsto para no máximo 90 dias, sob pena deste ser transformado em
prazo indeterminado. Nestas condições a demissão por prazo certo é considerada como justa
causa, ou seja, dispensa em decorrência de término do contrato de experiência.

A questão ora em julgamento encontra-se amparada legalmente pelo disposto no artigo 71, da Lei
nº. 8.213/91, regulamento pelo art. 93, do Decreto 3048/99, o qual define:
“O salário-maternidade é devido à segurada da previdência social, durante cento e vinte dias, com
início vinte e oito dias antes e término noventa e um dias depois do parto, podendo ser prorrogado
na forma prevista no § 3o” .

A nova redação dada ao artigo 97 parágrafo único do Decreto n.º 3.048/99, pelo Decreto n.º 6.122,
de 13/06/07, dispõe:

Art.97 - O salário-maternidade da segurada empregada será devido pela previdência social


enquanto existir relação de emprego, observadas as regras quanto ao pagamento desse benefício
pela empresa.
Parágrafo único. Durante o período de graça a que se refere o art. 13, a segurada desempregada
fará jus ao recebimento do salário-maternidade nos casos de demissão antes da gravidez, ou,
durante a gestação, nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a pedido, situações em que o
benefício será pago diretamente pela previdência social.”.

O argumento do INSS, de que a responsabilidade pelo pagamento recai contra o ex-empregador


não pode subsistir considerando que consta na CTPS da segurada, fls. 43, contrato temporário de
trabalho, por prazo máximo de 90dias, com base na Lei 6019/74.

Nestas condições, sendo contrato de trabalho por tempo determinado, o empregador fica isento da
responsabilidade do pagamento do salário maternidade, uma vez que se considera a dispensa do
trabalho nestas condições por justa causa.

Dispõe o § 1º, art. 443 da CLT:

Art. 443 - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente,
verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado.
§ 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de
termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo
acontecimento suscetível de previsão aproximada.

§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando:


a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo;
b) de atividades empresariais de caráter transitório;
c) de contrato de experiência.

Art. 445 - O contrato de trabalho por prazo determinado não poderá ser estipulado por mais de 2
(dois) anos, observada a regra do art. 451.
Parágrafo único. O contrato de experiência não poderá exceder de 90 (noventa) dias.

Art. 451 - O contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou expressamente, for
prorrogado mais de uma vez passará a vigorar sem determinação de prazo.

Art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita pelas anotações constantes da
carteira profissional ou por instrumento escrito e suprida por todos os meios permitidos em direito.
Parágrafo único. A falta de prova ou inexistindo cláusula expressa e tal respeito, entender-se-á que
o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal.

408
Seleção de Acórdãos

Diante das normas acima citadas, considerando que na CTPS do segurado consta registro de
trabalho temporário pelo prazo Maximo de 03 meses e dentro deste prazo houve a rescisão de
contrato entende este órgão julgador que nestas condições cabe ao INSS o pagamento do salário
maternidade considerando que o fato gerador ocorreu quando a interessada ainda detinha
qualidade de segurada da previdência social com base no art. 13, do Decreto 3048/99.

Art. 13. Mantém qualidade de segurado, independentemente de contribuições:


(...)
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer
atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração;
(...)
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver
pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da
qualidade de segurado.
§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado
desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério
do Trabalho e da Previdência Social.

Nestas condições se a última contribuição à Previdência Social data de 26/11/2009, nos termos da
legislação acima citada, é seguro afirmar que a recorrente manteve sua qualidade de segurada até
15/01/2010.

Desta forma, considerando que o fato gerador (nascimento da criança) ocorreu em 09/08/2010,
dentro do prazo em que esta mantinha a qualidade de segurada, entendo que pelas normas
vigentes cabe ao Instituto o pagamento do salário maternidade devido, com base no art.97, do
Decreto 3048/99, supracitado.

Considerando-se ainda, a Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e Tribunal Regional


Federal da 3ª Região, que são pacíficas quanto ao direito das beneficiárias ao salário-maternidade,
enquanto mantiverem a qualidade de seguradas, independente do fato de se submeterem a
qualquer vínculo empregatício:

Ementa
PREVIDENCIÁRIO. ARTIGO 535 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. OMISSÃO. NÃO
OCORRÊNCIA. SALÁRIO-MATERNIDADE. ART. 15 DA LEI Nº. 8.213/91. QUALIDADE DE
SEGURADA MANTIDA. BENEFÍCIO DEVIDO.
1. Não ocorre omissão quando o Tribunal de origem decide fundamentadamente todas as questões
postas ao seu crivo.
2. A legislação previdenciária garante a manutenção da qualidade de segurado, independentemente
de contribuições, àquele que deixar de exercer atividade remunerada pelo período mínimo de doze
meses.
3. Durante esse período, chamado de graça, o segurado desempregado conserva todos os seus
direitos perante a Previdência Social, a teor do art. 15, II, e § 3º, Lei nº. 8.213/91.
4. Comprovado nos autos que a segurada, ao requerer o benefício perante a autarquia, mantinha a
qualidade de segurada, faz jus ao referido benefício.
5. Recurso especial improvido.
Processo - REsp 549562 / RS ; RECURSO ESPECIAL - 2003/0107853-5 - Relator(a): MIN. PAULO
GALLOTTI (1115) - Órgão Julgador - T6 - SEXTA TURMA - Data do Julgamento: 25/06/2004 - Data
da Publicação/Fonte DJ 24.10.2005 p. 393

Ementa
PREVIDENCIÁRIO. REEXAME NECESSÁRIO. EXAURIMENTO DA VIA ADMINISTRATIVA.
DOCUMENTOS NÃO JUNTADOS À CONTRAFÉ. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. SALÁRIO-
MATERNIDADE. PERÍODO DE 120 (CENTO E VINTE) MESES. TRABALHADORA URBANA.
DESEMPREGADA. QUALIDADE DE SEGURADA.
(...)
4. Para fazer jus ao SALáRIO-MATERNIDADE, a empregada urbana deve comprovar o nascimento
de seu filho, bem como a qualidade de segurada do R.G.P.S.
5. A teor do art. 15, II, da Lei nº 8.213/91, enquanto mantiver a condição de segurada, a

409
Seleção de Acórdãos

desempregada faz jus ao SALÁRIO-MATERNIDADE, durante o lapso de 12 meses após a


cessação das contribuições.
6. Nos termos do art. 10, II, "b", do ADCT, a proteção à maternidade foi erigida à hierarquia
constitucional, uma vez que retirou do âmbito do direito potestativo do empregador a possibilidade
de despedir arbitrariamente a empregada em estado gravídico. No caso de rescisão contratual, por
iniciativa do empregador, em relação às empregadas que estejam protegidas pelo dispositivo
acima, os períodos de garantia deverão ser indenizados e pagos juntamente com as demais
parcelas rescisórias. Não há falar em bis in idem, no que tange ao pagamento do SALÁRIO-
MATERNIDADE, pois não existe nos autos a prova de que tenha a empresa indenizado a apelada
do pagamento das parcelas relativas ao benefício pleiteado.
7. Preenchidos os requisitos previstos na Lei nº. 8.213/91, é devido o SALÁRIO-MATERNIDADE.
8. Reexame necessário não conhecido. Preliminares rejeitadas. Apelação do INSS parcialmente
conhecida e improvida. Recurso adesivo provido.
Acórdão - 26 de 187 Origem: TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO - Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL –
920204 - Processo: 2004.03.99.007689-4 UF: SP Orgão Julgador: DÉCIMA TURMA - Data da
Decisão: 29/11/2005 Documento: TRF300099826 - Fonte DJU DATA:21/12/2005 PÁGINA: 240 -
Relator JUIZ GALVÃO MIRANDA

Dispõe ainda o Enunciado n. 31, do CRPS – Resolução n. 02 de 07/05/2007 – “Nos períodos de


que trata o art. 15, da Lei 8213/91, é devido o salário maternidade à segurada desempregada que
não tenha recebido indenização por demissão sem justa causa durante a estabilidade gestacional,
vedando-se, em qualquer caso, o pagamento em duplicidade.

Face o exposto, uma vez que a recorrente cumpre todos os demais requisitos exigidos para a
concessão do benefício pleiteado, não há como negar o beneficio pleiteado.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO para que se conheça do recurso, para, no mérito, DAR-LHE
PROVIMENTO, reconhecendo o direito da recorrente ao benefício pleiteado pago pelo INSS.

Ao INSS - GEX JUNDIAÍ - 21-526.12

IS/as

São Paulo - SP, 22/11/2010

IRENE DOS SANTOS


Representante das Empresas

Decisório

Nº do(a) Acordão: 19177/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Terceira Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: SIMONE MARIA


MARETO KASPRZAK e YONE CRISTINA DE A. GABARRÃO.

410
Seleção de Acórdãos

São Paulo - SP, 06/12/2010

IRENE DOS SANTOS DORIENE AZEVEDO DE GÓES


Representante das Empresas Presidente
13ª JR - Décima Terceira Junta de Recursos

411
Seleção de Acórdãos

412
Seleção de Acórdãos

ÁCORDÃOS 14ª JR -

413
Seleção de Acórdãos

414
Seleção de AcórdãoS

14ª JR - Décima Quarta Junta de Recursos

Documento: 0514.584.823-0
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA SÃO BERNARDO DO CAMPO-APSSBCP
Nº de Protocolo do Recurso: 36216.002758/2006-06
Recorrente(s): RAFAEL REIS DA SILVA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-DOENÇA POR ACIDENTE DE TRABALHO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 20/04/2010
Relator(a): ROSELY FUENTES

Relatório

Trata-se de requerimento de Auxílio-Doença Por Acidente do


Trabalho, formulado em 19/08/2005 (fls. 01).

Apresentou o requerente os seguintes documentos para identificação


e comprovação de endereço: a) fl. 04 - carteira de identidade, e CPF; b) fl. 05
cartão do PIS; c) fl. 07 - certificado de reservista, e título de eleitor; d) fl. 08 -
certidão de nascimento; e) – fl. 03- correspondência bancária.

Para comprovação de tempo de contribuição o segurado apresentou


cópia da carteira profissional de fls. 06,

Às fls. 13, foi juntado o CNIS – Cadastro Nacional de Informações


Sociais.

A concessão foi deferida (fls. 11).

Houve cessação em 20/03/2006, por decisão médica (fls. 21).

Não se conformando, o requerente ofertou o recurso (fls. 09), e


alegou em síntese, que sofreu acidente na empresa e ficou com seqüelas no
polegar direito, ele não dobra. Solicita prorrogação do benefício.

O segurado foi convocado para exame médico pericial (fl. 16/17), e


não compareceu, sendo novamente convocado por edital (fl. 18/20), também não
compareceu.

O INSS ofereceu contra-razões, manifestando-se, com base nos


pareceres que negam a presença de incapacidade, pela manutenção de sua
decisão, e não apresentação de novos elementos para modificar a decisão (fls.
22).

Os autos foram baixados em diligência para esclarecer qual a espécie

415
Seleção de Acórdãos

correta.

Esclareceu a Agencia, que a espécie correta é auxílio doença por


acidente do trabalho, espécie 91.

Os autos foram baixados em diligência (fl. 26/27) para a oitiva da


Assessoria Técnico Médica deste colegiado, manifestando-se às fls. 29.

São Paulo - SP, 05/04/2011

ROSELY FUENTES
Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-04-05 para sessão nº 86/2011 de 2011-04-14 às 900

Voto

O recurso interposto é tempestivo e há legitimidade ativa.

O preceito disposto no artigo 337 combinado com artigo 78, ambos


do Decreto 3048/99, condicionam a concessão do auxílio doença por acidente do
trabalho, como é objeto deste recurso, a relação de acidente de trabalho, e
enquanto perdurar a incapacidade.

Registra-se que na fase recursal, através de parecer fundamentado


contido nos autos, o médico perito confirmou a ausência de incapacidade que
justifique a manutenção do benefício, objeto deste recurso.

Tal conclusão, observe-se, foi ratificada pela assessoria técnico-


médica deste Colegiado (fls. 29).

Dessa forma, não cabe a prorrogação do benefício ante a


determinação dos artigos 78 e 337 do Decreto nº 3048/99.

Finalmente, não caberá recurso à instância superior nos termos do


artigo 18, inciso I, da Portaria MPS nº 323, de 27/08/2007.

Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente, CONHECER


DO RECURSO, e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

São Paulo - SP, 05/04/2011

416
Seleção de Acórdãos

ROSELY FUENTES
Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 3747/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Quarta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: APARECIDA BUENO


REIS e JOYCE ANGELI DE OLIVEIRA MATOZO.

São Paulo - SP, 14/04/2011

ROSELY FUENTES SIRIA CHAKIB NAHAS


Representante dos Trabalhadores Conselheiro
14ª JR - Décima Quarta Junta de Recursos

417
Seleção de Acórdãos

418
Seleção de AcórdãoS

14ª JR - Décima Quarta Junta de Recursos

Documento: 0151.077.753-6
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA DIADEMA-APSDID
Nº de Protocolo do Recurso: 35530.005164/2009-66
Recorrente(s): DJANIRA RODRIGUES DE SOUZA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 19/11/2009
Relator(a): ROSELY FUENTES

Relatório

Trata-se de pedido de Aposentadoria por Idade, formulado em


21/09/2009, (fls. 01).

O requerente nasceu em 01/12/1947 (fls. 05) e contava 61 anos de


idade na data de entrada de seu pedido.

Indeferida a concessão por falta de período de carência (fls. 25).

Insurge-se a requerente contra a decisão, às fls. 27.

O INSS apresentou contra-razões, (fls. 31/32).

É o relatório.

São Paulo - SP, 20/01/2010

ROSELY FUENTES
Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-01-20 para sessão nº 27/2010 de 2010-02-02 às 900

Voto

419
Seleção de Acórdãos

O recurso interposto é tempestivo e há legitimidade ativa.

Que ante os novos recolhimentos de 10/2009 a 11/2009, (fls. 33) os


elementos constantes dos autos são insuficientes para uma análise conclusiva.

Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente, CONHECER


DO RECURSO e CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a
segurada seja convocado para se verificar tem interesse em reafirmar a DER, para
quando implementou as condições para obter o benefício.

São Paulo - SP, 20/01/2010

ROSELY FUENTES
Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Decisório: 171/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, DECIDEM os


membros da Décima Quarta Junta de Recursos do CRPS, em CONVERTER O JULGAMENTO
EM DILIGÊNCIA, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ELZA MARIA COUTO


DURANTE e HENDERSON RAMOS.

São Paulo - SP, 02/02/2010

ROSELY FUENTES OLISON DOS REIS SILVA JUNIOR


Representante dos Trabalhadores Presidente
14ª JR - Décima Quarta Junta de Recursos

420
Seleção de AcórdãoS

14ª JR - Décima Quarta Junta de Recursos

Documento: 0147.238.685-7
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SÃO PAULO -
ANHANGABAÚ-APSSPCV
Nº de Protocolo do Recurso: 37292.000370/2009-65
Recorrente(s): EDSON ALQUEJA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 29/04/2010
Relator(a): ROSELY FUENTES

Relatório

Trata-se de pedido de Aposentadoria por Tempo Especial formulado


em 07/07/2009 (fl. 01).

Apresentou o requerente os seguintes documentos para identificação


e comprovação de endereço: a) fl. 03 - carteira de identidade, e certificado de
reservista; b) fl. 07 - certidão de casamento; d) fl. 05 - conta de água.

O requerente nasceu em 24/01/1966 (fl. 03) e contava com 43 anos


de idade na DER (data de entrada do requerimento).

Às fls. 24/25, foi juntado o CNIS – Cadastro Nacional de Informações


Sociais.

Para comprovação do seu tempo de contribuição apresentou cópia da


“Carteira de Trabalho” original (fl. 52, envelope), ficha de filiação do sindicato (fl.
06), declaração da empresa Alumínio Irajá Ltda. (fl. 09), declaração da empresa
Thermex Ind. e Com. De Vidros (fl. 14), ficha de registro de empregado (fls. 10/11)
e da atividade especial, os seguintes formulários:

01) - fl. 08, período de período de 01/02/82 a 28/12/1985, função marcheteiro,


empresa ALUMINIO IRAJÁ LTDA., DSS 8030 emitido em 18/10/2003;

02) - fls. 12/13, períodos de 20/02/80 a 09/05/81, função ajudante geral; 21/07/86
a 30/08/91, função ajudante geral; 01/09/91 a 31/07/95, função vidreiro C;
01/08/95 a 31/08/2006, função vidreiro B; empresa THERMEX INDÚSTRIA E
COMÉRCIO DE VIDROS, (perfil profissiográfico previdenciário).

O SST – Serviço de Saúde do Trabalhador do INSS, manifestou-se


quanto ao enquadramento das atividades, (fls. 27, e 39).

A empresa ALUMINIO IRAJÁ LTDA., em resposta a exigência

421
Seleção de Acórdãos

pericial, informa que a fonte de calor radiante na seção de baquelite, (fl. 32); bem
como, a empresa THERMEX INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE VIDROS, declara que
a responsável pela emissão do perfil profissiográfico previdenciário, é a empresa
FENIX, (fl. 33); por sua vez, a empresa FENIX, informa que não houve mudança
de”lay out”, e não é possível apresentar cópias dos levantamentos ambientais, por
terem sido extraviados na mudança de local da empresa.

Sendo apurado até a DER – Data de Entrada do Requerimento um


tempo especial de 11 anos, 05 meses, e 13 dias (fl. 40/41), o benefício foi
indeferido por falta de tempo de contribuição, (fl. 46).

Inconformado, o requerente ofertou o recurso (fls. 48), e alegou em


síntese, que sempre trabalhou em local insalubre, fabricação de vidros, como
consta do ppp - perfil profissiográfico previdenciário, exposto a ruído e calor acima
do limite, e entende ter direito a aposentadoria especial. Juntou fl. 49 (contagem),
fl. 50 (cópia da notificação de indeferimento), 51 (credencial de representante do
sindicato), fl. 52 (envelope com uma carteira profissional).

A perícia do INSS, (fl. 54) ratificou a análise anterior .

Em suas contrarazões, (fl. 57) o INSS manteve o indeferimento,


apresentando a seguinte argumentação que de acordo com a análise pericial de fl.
54, não ficou comprovada a exposição efetiva ao agente nocivo.

São Paulo - SP, 03/12/2010

ROSELY FUENTES
Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-12-03 para sessão nº 279/2010 de 2010-12-14 às 900

Voto

Preliminarmente, conheço do recurso, visto que presentes os


pressupostos de legitimidade e tempestividade (não consta dos autos a ciência da
decisão indeferitória).

Acerca da matéria ora debatida estabelece o artigo 3º, da Emenda


Constitucional 20/98, o direito adquirido ao benefício para aqueles segurados que,
até a data da publicação da emenda (16/12/1998), tiverem preenchido todos os
requisitos exigidos à concessão, isto é, o mínimo de 25 anos de tempo de serviço,
se do sexo feminino e 30 anos, se do masculino, conforme, ainda, o artigo 52, da
Lei n.º 8.213/91, na redação dada pela Lei n.º 9.032/95.

422
Seleção de Acórdãos

No caso em tela, o benefício foi requerido após a referida Emenda e


na vigência do Decreto 3048/99, que, em seu artigo 56, estabelece ser a
concessão devida mediante 35 ou 30 anos de contribuição, para o homem ou a
mulher, respectivamente.

Nos termos do parágrafo 7º, do artigo 201, da Constituição Federal -


que modificou o sistema de Previdência Social, estabelecendo normas de
transição, inclusive quanto ao requisito idade – a concessão também será devida,
de forma proporcional, àquele que, além da carência, contar com 30 anos de
contribuição e mínimo de 53 anos de idade, se homem, e 25 anos de contribuição
e 48 anos de idade, se mulher, desde que cumprido o período adicional de 40% do
tempo que, em 16/12/1998, faltava para atingir os 30 ou 25 anos de contribuição
(conforme exige, também, o artigo 188, daquele Decreto).

Com relação ao reconhecimento dos períodos especiais aplica-se o


disposto nos parágrafos 1° e 2°artigo 64, do Decreto 3048/99, que exigem a
comprovação de trabalho habitual, permanente, não ocasional e não intermitente,
exercido em condições especiais, com exposição a agentes nocivos químicos,
físicos, biológicos ou associação de agentes, que prejudiquem a saúde ou a
integridade física.

O parágrafo 2° do artigo 68, do mesmo diploma legal, determina para


comprovação do trabalho em condições especiais, a apresentação de formulário
de informações, denominado DSS 8030 ou Perfil Profissiográfico Previdenciário,
conforme o caso, emitido pela empresa ou preposto, acompanhado do respectivo
Laudo Técnico de condições ambientais do trabalho, emitido por médico do
trabalho ou por engenheiro de segurança do trabalho.

No que se refere a caracterização da atividade pela categoria


profissional, o entendimento é que se deve observar o direito adquirido em
28/04/1995, bem como a legislação vigente à época em que o trabalho foi
exercido, levando-se em conta que quando do exercício da atividade, esta era
considerada prejudicial à saúde ou a integridade física.

Portanto, os períodos de trabalho anteriores a Lei nº 9.032/95,


podem ser enquadrados nos Anexos dos Decretos 83.080/79 e 53.831/64,
independentemente de haver o direito adquirido em 28/04/95.

Após 28/04/1995, não cabe o enquadramento das categorias


profissionais, de acordo com os Decretos nº 53.831/64 e 83.080/79, para efeito de
conversão do tempo de serviço especial em comum, pois se faz necessária à
comprovação de efetiva exposição aos agentes nocivos constantes do Anexo IV do
Regulamento de Benefícios da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº
2.172/97.

Importante salientar, também, que, em se tratando do agente físico


ruído, nos termos do Enunciado nº 29, da súmula da Advocacia Geral da União, os
níveis de poluição sonora a serem considerados para o enquadramento da
atividade terão que ser superiores aos seguintes limites:

423
Seleção de Acórdãos

Até 05/03/97 - 80 dB (Anexo III, Decreto nº 53.831/64)

De 06/03/97 a 18/11/2003 - 90 dB (Anexo IV Decretos nº 2.172/97 e


3.049/99)

De 19/11/2003 em diante - 85 dB (Anexo IV, Decreto nº 3.048/99,


redação Dec. 4882/03)

Partindo dessas premissas, passa-se à análise do mérito do recurso,


observando-se que o recorrente pretende a conversão dos seguintes períodos:

Ref. Empresa Início Fim Fls.


01 ALUMINIO IRAJÁ LTDA. 01/02/82 28/12/1985 08
02 THERMEX INDÚSTRIA E 20/02/80 09/05/81 12/13
COMÉRCIO DE VIDROS 21/07/86 30/08/91
01/09/91 31/07/95
01/08/95 31/08/2006

A perícia médica da autarquia enquadrou partes do período 02 -


20/02/80 a 09/05/81, 21/07/86 a 31/08/91, 29/04/95 a 31/07/95, 01/08/95 a
13/10/96, (fls. 39, 54).

Quanto ao período número 01 não houve enquadramento, sob


argumentação não se caracteriza a permanência de exposição ao agente calor,
junto a fonte informada (máquinas injetoras); e a parte remanescente do período
02 (14/10/96 a 31/08/2006) por não ter sido apresentado o levantamento ambiental
que serviu de base para o preenchimento do perfil profissiográfico previdenciário.

Tal entendimento é compartilhado por esta Relatora e, considerando


que quanto ao período 01, a ausência de laudo; e a parte remanescente do
período 02 não restou comprovada a exposição ao agente agressivo, tendo em
vista a declaração da empresa que não possui os levantamentos ambientais por
terem sidos extraviados.

Assim sendo o recorrente, comprova, até a data de entrada do


requerimento (DER), 11 anos, 05 meses, e 13 dias, de acordo com a contagem de
tempo de contribuição efetuada pela Agencia e ratificada por esta relatora
(fls.40/41) insuficiente para a concessão pretendida.

Desta decisão, caberá recurso, na forma do artigo 16, da Portaria


MPS nº 323 de 27/08/2007.

Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente, CONHECER


DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

424
Seleção de Acórdãos

São Paulo - SP, 03/12/2010

ROSELY FUENTES
Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 17430/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Quarta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: APARECIDA BUENO


REIS e JOYCE ANGELI DE OLIVEIRA MATOZO.

São Paulo - SP, 14/12/2010

ROSELY FUENTES SIRIA CHAKIB NAHAS


Representante dos Trabalhadores Conselheiro
14ª JR - Décima Quarta Junta de Recursos

425
Seleção de Acórdãos

426
Seleção de Acórdãos

ÁCORDÃOS 15ª JR -

427
Seleção de Acórdãos

428
Seleção de AcórdãoS

15ª JR - Décima Quinta Junta de Recursos

Documento: 0152.244.178-3
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA JAÚ-APSJAU
Nº de Protocolo do Recurso: 35405.002707/2010-62
Recorrente(s): ALICE DE JESUS RIBEIRO MANSAO
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 26/05/2010
Relator(a): ARMANDO LUIZ DA SILVA

Relatório

A segurada Alice de Jesus Ribeiro Mansão interpôs recurso administrativo perante a


15ª Junta de Recursos da Previdência Social, contra o indeferimento do seu pedido de
aposentadoria por idade.
O benefício foi indeferido pelo INSS sob o fundamento de que a segurada não cumpriu
o período de carência exigido para a concessão do benefício pleiteado.
Ao proceder ao levantamento do período de carência implementado pela segurada (fls.
09), o INSS apurou o recolhimento de 152 (cento e cinquenta e duas) contribuições mensais,
indeferindo, assim, o benefício pleiteado, o qual exigia, para o ano de 2010 (ano da DER), a
carência de 174 (cento e setenta e quatro) contribuições mensais.
Inconformada com o indeferimento do benefício, a segurada interpôs o presente
recurso, alegando que tem direito à concessão do benefício pleiteado.
Regularmente processado, o recurso veio a essa junta de recursos para análise e
julgamento.

Este é o relatório.
Peço inclusão em pauta.

Bauru - SP, 14/10/2010

ARMANDO LUIZ DA SILVA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-10-14 para sessão nº 497/2010 de 2010-10-26 às 830

Voto

Trata-se de recurso tempestivo contra o indeferimento de aposentadoria por idade, em

429
Seleção de Acórdãos

razão do INSS entender que a recorrente não cumpriu a carência exigida para a concessão do
benefício pleiteado.
Ao proceder ao levantamento do período de carência implementado pela segurada (fls.
09), o INSS apurou o recolhimento de 152 (cento e cinquenta e duas) contribuições mensais,
indeferindo, assim, o benefício pleiteado, o qual exigia, para o ano de 2010 (ano da DER), a
carência de 174 (cento e setenta e quatro) contribuições mensais.
O entendimento esposado pelo INSS, em relação à carência exigida para a concessão
da aposentadoria por idade, está equivocado.
Com efeito, após o advento da Lei nº 10.666/2003, o posicionamento da jurisprudência
dos tribunais superiores se firmou no sentido de que os requisitos de idade mínima e carência,
exigidos para a concessão de aposentadoria por idade, não precisam ser cumpridos
simultaneamente.
Sobre o tema em discussão, transcreve-se abaixo trecho da NOTA/CONJUR/MPS Nº
937/2007, onde tal posicionamento é esclarecido com muita propriedade:
... “Prevaleceu o entendimento dominante na Corte Superior de que se considera
dispensável a verificação simultânea dos requisitos idade e contribuições devidas, sendo
aplicável a inteligência ampliativa da ressalva ao direito adquirido contida nos termos do
parágrafo 1º do art. 102 da Lei nº 8.213/91. Senão vejamos a Ementa do EREsp nº 551.997/RS:
EREsp nº 551.997/RS
PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.
APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR URBANO. ARTIGOS 25, 48 E 142 DA LEI
8.213/91. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. IMPLEMENTAÇÃO SIMULTÂNEA.
PRESCINDIBILIDADE. VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS. IDADE MÍNIMA E
RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS. ARTIGO 102, § 1º DA LEI 8.213/91.
PRECEDENTES. EMBARGOS ACOLHIDOS.
I – A aposentadoria por idade, consoante os termos do artigo 48 da Lei 8.213/91,
é devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta lei, completar 65 anos de idade,
se homem, e 60, se mulher.
II – O art. 25 da Lei 8.213/91 estipula a carência de 180 (cento e oitenta) meses de
contribuição para obtenção da aposentadoria por idade para o trabalhador urbano.
III – O art. 142 da Lei 8.213/91, por sua vez, estabelece regra transitória de
cumprimento do período de carência, restrito aos segurados urbanos inscritos na
Previdência Social até 24 de julho de 1991, data da vigência da Lei, conforme tabela inserta
ao referido dispositivo.
IV – A perda da qualidade de segurado, após o atendimento aos requisitos da
idade mínima e do recolhimento das contribuições previdenciárias devidas, não impede a
concessão da aposentadoria por idade. Precedentes.
V – Ademais, os requisitos exigidos pela legislação previdenciária, não precisam
ser preenchidos, simultaneamente, no caso de aposentadoria por idade. Precedentes.
Interpretação do artigo 102, § 1º da Lei 8.213/91.
VI – Sobre o tema, cumpre relembrar que o caráter social da norma
previdenciária requer interpretação finalística, ou seja, conformidade com os seus objetivos;
VII – Embargos acolhidos, para prevalecer o entendimento desta Eg. 3ª Seção no
sentido de não se exigir a implementação simultânea dos requisitos para a aposentadoria
por idade, sendo irrelevante o fato de o trabalhador ter perdido a qualidade de segurado.
- Eminente Relator: Ministro Gilson Dipp
- Órgão: 3ª Seção
- Data do julgamento: 27.04.2005
- Publicação: DJ de 11.05.2005 p. 162.”
Em razão do posicionamento explicitado acima, o período de carência a ser exigido
para a concessão da aposentadoria por idade é aquele estabelecido para o ano em que o (a)
segurado (a) implementar a idade mínima exigida.
Assim sendo, em se tratando de segurado (a) filiado (a) ao RGPS até 24/07/1991, a
carência a ser cumprida é aquela prevista na tabela progressiva do art. 142 da Lei nº 8.213/91 para
o ano em que o (a) segurado (a) atingir a idade mínima de 65 (sessenta e cinco) anos, se homem,
ou 60 (sessenta) anos, se mulher.
Não sendo exigível, portanto, que o (a) segurado (a) preencha os requisitos exigidos
para a concessão da aposentadoria por idade de forma simultânea, ou seja, atinja a idade mínima e
implemente o período de carência no mesmo ano.
Isso significa que a idade mínima é o requisito invariável para a concessão do

430
Seleção de Acórdãos

benefício aposentadoria por idade, sendo variável a carência exigida, em se tratando de segurado
(a) abrangido (a) pela regra de transição estabelecido no art. 142 da Lei nº 8.213/91.
Com maestria, a NOTA/CONJUR/MPS Nº 937/2007 assim conclui tal entendimento:
...“Quanto ao prazo de carência exigível para aposentadoria por idade, se for
aplicável a regra de transição do art. 142 da Lei nº 8.213/91, deverá ser observada a tabela
segundo o ano do preenchimento da idade mínima, justamente porque esse é o único
pressuposto para a concessão desta modalidade de benefício, ao lado da carência, que
estará sendo objeto de cumprimento não necessariamente ininterrupto na forma da
legislação vigente.
Entendimento diverso geraria o contra-senso de interpretarmos o elemento
variável do benefício – na hipótese, o prazo de carência, variando em torno de si mesmo, ao
mesmo tempo em que fosse sendo cumprido, o que não é razoável. Em última análise, a
idéia da regra de transição do período de carência, conforme art. 142 da Lei nº 8.213/91, é
permitir que os segurados da Previdência Social absorvam gradativamente os efeitos do
novo período de carência 180 (cento e oitenta) meses, acompanhando-se a evolução etária
correspondente, para que não se submetam a oscilações que não tenham condições de
individualmente suportar, prestigiando o critério maior de segurança jurídica.”
Como a recorrente se filiou ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS em data
anterior a 24 de julho de 1991, a ela se aplica a tabela progressiva prevista no art. 142 da Lei nº
8.213/91.
Tendo a recorrente implementado a idade mínima para a concessão de aposentadoria
por idade no ano de 2003, a mesma deve cumprir a carência prevista para este ano na tabela do
art. 142 da Lei nº 8.213/91, a qual corresponde a 132 (cento e trinta e duas) contribuições mensais.
Como o levantamento de fls. 09 apurou o total de 152 (cento e cinquenta e duas)
contribuições recolhidas, e a carência mínima exigida para a concessão do benefício, conforme a
tabela progressiva do art. 142 da Lei nº 8.213/91, é de 132 (cento e trinta e dois) meses de
contribuição, a recorrente cumpriu a carência mínima exigida para a concessão do benefício
pleiteado.
Ante o exposto, dou provimento ao presente recurso.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO PELO CONHECIMENTO DO RECURSO para,


em seu mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

À 21.523.12 – À Seção de Reconhecimento de Direitos da GEX/INSS em Bauru.

Bauru - SP, 14/10/2010

ARMANDO LUIZ DA SILVA


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 10496/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Quinta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

431
Seleção de Acórdãos

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MEIRE APARECIDA


CORRÊA GOMES e DALGO FERRARI.

Bauru - SP, 26/10/2010

ARMANDO LUIZ DA SILVA SUELY APARECIDA ELOY


Representante do Governo Presidente
15ª JR - Décima Quinta Junta de Recursos

432
Seleção de AcórdãoS

15ª JR - Décima Quinta Junta de Recursos

Documento: 0084.470.806-2
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA ASSIS-APSASI
Nº de Protocolo do Recurso: 35375.001415/2010-15
Recorrente(s): FRANCISCA CORDOVA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 01/06/2010
Relator(a): ARMANDO LUIZ DA SILVA

Relatório

A beneficiária Francisca Cordova interpôs recurso administrativo perante a 15ª Junta


de Recursos da Previdência Social, contra o indeferimento de seu pedido de retroação da data de
início do benefício, fixada na data de entrada do requerimento, para a data do óbito do segurado
instituidor da pensão.
O requerimento foi indeferido pelo INSS com fundamento no art. 76, caput da Lei nº
8.213/91, em razão da existência de dependente habilitada anteriormente.
Inconformada com o indeferimento, a beneficiária interpôs o presente recurso,
alegando ter direito à retroação pleiteada.
Mantido o ato indeferitório, o recurso foi regularmente processado e remetido a esta
junta para análise e julgamento.

É o relatório.
Peço inclusão em pauta.

Bauru - SP, 09/09/2010

ARMANDO LUIZ DA SILVA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-09-09 para sessão nº 423/2010 de 2010-09-21 às 830

Voto

Trata-se de recurso tempestivo contra o indeferimento de pedido de retroação da data


de início do benefício, fixada na data de entrada do requerimento, para a data do óbito do segurado
.
O pedido foi indeferido pelo INSS com fundamento no art. 76, caput da Lei nº 8.213/91.

433
Seleção de Acórdãos

O dispositivo em comento possui a seguinte redação:


“Art. 76. A concessão de pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação
de outro possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em
exclusão ou inclusão de dependente só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou
habilitação.”
Em razão do óbito do segurado Nereu Branco de Cordova, ocorrido em 11/07/1989 (fls.
03), duas dependentes se habilitaram à percepção da pensão por morte previdenciária.
A primeira dependente foi Ana Maria de Oliveira, companheira do segurado falecido,
que requereu o benefício em data anterior à recorrente.
A segunda dependente foi a recorrente, que requereu o benefício em 15/08/1991,
sendo fixada a data de início do benefício em 15/08/1991, ou seja, na data de entrada do
requerimento, estando em manutenção até a presente data.
Como a recorrente se habilitou à percepção da pensão por morte após a habilitação da
outra dependente, sua habilitação somente produz efeitos a partir da data em que foi formalizada,
conforme o disposto no art. 76, caput da Lei nº 8.213/91, razão pela qual o pedido formulado foi
corretamente indeferido pelo INSS.
Com efeito, em se tratando de habilitação tardia de dependente retardatário, não há
direito desse dependente à percepção das prestações anteriores à sua habilitação, mas apenas ao
rateio mensal da pensão a partir do momento de sua inclusão.
“A razão encontra-se no fato de que a Previdência paga, na integralidade, o valor
devido a título de pensão ao(s) herdeiro(s) habilitado(s) à pensão. O beneficiário que se habilita
supervenientemente somente faz jus às prestações posteriores à sua habilitação, porque as
anteriores foram satisfeitas em prol dos que antes se habilitaram. Não existe por parte da
Previdência nenhum ganho ou enriquecimento sem causa” (ALENCAR, Hermes Arrais. Benefícios
previdenciários. 3ª ed. São Paulo: LEUD, 2007, p. 491).
Ante o exposto, nego provimento ao recurso.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO PELO CONHECIMENTO DO RECURSO para,


em seu mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

À 21.027.10 – APS em Assis.

Bauru - SP, 09/09/2010

ARMANDO LUIZ DA SILVA


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 9006/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Quinta Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MEIRE APARECIDA


CORRÊA GOMES e DALGO FERRARI.

434
Seleção de Acórdãos

Bauru - SP, 21/09/2010

ARMANDO LUIZ DA SILVA SUELY APARECIDA ELOY


Representante do Governo Presidente
15ª JR - Décima Quinta Junta de Recursos

435
Seleção de Acórdãos

436
Seleção de Acórdãos

ÁCORDÃOS 17ª JR -

437
Seleção de Acórdãos

438
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
17ª JR - Décima Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 36830.002081/2011-18


Unidade de Origem: AGÊNCIA JOINVILLE
Documento: 0129.203.990-3
Recorrente: JOSE VICENTE DOS SANTOS FILHO
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA ESPECIAL
Relator(a): MARIA IZABEL ANDRADE SIEGEL

Relatório
Trata o presente de processo de aposentadoria por tempo de contribuição, requerida em 27.03.03,
por José Vicente dos Santos Filho e deferida pelo INSS com início de vigência a partir da data do
requerimento, conforme carta de concessão de folhas 128 do presente.
A concessão da aposentadoria por tempo de contribuição foi concedida por decisão desta 17ª
Junta de Recursos e da 1ª Câmara de Julgamento do CRPS, onde através do acórdão nº 2.908/09, foram
reconhecidos como atividade especial os períodos de: 13.01.78 a 08.05.90 e de 01.04.93 a 16.09.99.
Administrativamente o INSS reconheceu como atividade especial o periodo de: 10.01.72 a 22.04.72;
02.10.72 a 10.01.73; 15.02.73 a 30.05.73; 12.06.73 a 29.12.73; 18.01.74 a 14.06.74; 02.07.74 a 23.12.74;
01.01.75 a 01.07.75; 05.12.75 a 19.01.76; 05.07.76 a 28.07.76, 06.07.92 a 30.11.92, 01.12.92 a 28.02.93;
17.09.99 a 26.03.03 e de 06.07.92 a 30.11.92.
Em 01.07.10, o segurado, através de sua procuradora, requereu a revisão da aposentadoria,
solicitando que fosse alterada a espécie de 42 (aposentadoria por tempo de contribuição) em espécie 46
(aposentadoria especial) alegando que na data do requerimento já contava com mais de 25 anos de
atividade sujeito a condições especiais, fls.171.
O INSS atendeu a pretensão do segurado efetuando a revisão, alterou a espécie da aposentadoria
para 46 (aposentadoria especial), porém fixou a data de início do pagamento da revisão em 05.07.10, com
alteração da renda mensal inicial de R$ 1.243,39 (hum mil duzentos e quarenta e três reais e trinta e nove
centavos), para R$ 1.853,11 (hum mil oitocentos e cinqüenta e três reais e onze centavos), fls.213.
Não concordando com a decisão do INSS, em relação a data do início do pagamento dos valores
referente a alteração da espécie da aposentadoria, o segurado interpôs recurso a esta 17ª Junta de
Recursos, solicitando que sejam pagos os valores devidos a título de aposentadoria especial, corrigidos
monetariamente desde a DER.
O INSS apresentou contra razões alegando que a opção tardia manifestada pelo segurado para que
lhe seja concedida a aposentadoria mais vantajosa, para a qual preenchera os requisitos na DER, é mero
exercício de um direito adquirido, que não reveste a figura jurídica administrativa da renúncia a
aposentadoria nem da reversão à atividade, de que trata ao artigo 181-B, do Decreto nº 3.048/99, fls.221.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 09/08/2011 para sessão nº 231/2011 de 24/08/2011 às 08:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. DIREITO
ADQUIRIDO AO MELHOR BENEFÍCIO. CÁLCULO DA RENDA MENSAL
INICIAL. SEGURADO EM GOZO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO. NA DATA DA CONCESSÃO DA APOSENTADORIA ELE
JÁ CONTAVA COM MAIS DE 25 ANOS DE ATIVIDADE EXERCIDA SOB

Processo: 0129.203.990-3 1/2

439
Seleção de Acórdãos

CONDIÇÕES ESPECIAIS. A PREVIDÊNCIA SOCIAL DEVE CONCEDER O


MELHOR BENEFÍCIO A QUE O SEGURADO FIZER JUS, CABENDO AO
SERVIDOR ORIENTÁ-LO NESSE SENTIDO. ENUNCIADO Nº 05 DO CRPS.
DEVIDO O PAGAMENTO DA DIFERENÇA A PARTIR DA DATA DO
REQUERIMENTO DA APOSENTADORIA. REFORMADA A DECISÃO DO
INSS.. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO
Recurso tempestivo de acordo com o artigo 305 do Regulamento da Previdência Social, aprovado
pelo Decreto 3.048/99.
O segurado em seu recurso de folhas 217/218 pretende o pagamento dos valores da revisão a partir da
data do requerimento da aposentadoria, isto é, a partir 27.03.03.
O art. 5º, XXXVI, da CF/88, dispõe, in verbis: "A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada". Com base nesse preceito constitucional, havendo satisfeito todos os
requisitos para a concessão de uma aposentadoria especial, o direito do segurado de ter sua aposentadoria
calculada nos moldes previstos para a aposentadoria especial é liquido e certo.
Embora o segurado tenha requerido uma aposentadoria por tempo de contribuição e não especial, o
servidor do INSS ao conceder a aposentadoria requerida deveria ter observado que ele contava com mais
de 25 anos de atividade sujeita a condições especiais e o orientado a requerer a conversão da espécie para
46 (aposentadoria especial) que é a garantia do benefício mais vantajoso, como, aliás, preceitua o
Enunciado nº 5 do Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS:
"A Previdência Social deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao
servidor orientá-lo nesse sentido."
Aliás, o INSS incluiu esta mesma orientação em sua instrução normativa nº 45/2010 em seu artigo
621.
Assim sendo, em conformidade com o dispositivo legal citado, o segurado faz jus a retroação da data
de início do pagamento dos valores da revisão desde a data do requerimento da aposentadoria por tempo
de contribuição, pois o servidor do INSS deveria ter orientado o segurado a substituir a espécie da
aposentadoria requerida.
VOTO por: Conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento.

MARIA IZABEL ANDRADE SIEGEL


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 8147/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO
E DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: OSVALDO DE MELO


FILHO, ALCINO CALDEIRA NETO e FERNANDO COSTA LEITE.

Florianópolis - SC, 24/08/2011

MARIA IZABEL ANDRADE SIEGEL ROSANIA COSTA


Relator(a) Presidente

Processo: 0129.203.990-3 2/2

440
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
17ª JR - Décima Sétima Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 37089.001141/2008-92


Unidade de Origem: AGÊNCIA SANTA MARIA
Documento: 0143.324.507-5
Recorrente: IRINEU DALLA CORTE
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): MARIA IZABEL ANDRADE SIEGEL

Relatório
Trata o presente de processo de aposentadoria por tempo de contribuição, requerida pelo segurado
Irineu Dalla Corte, em 18.04.07, na condição de contribuinte individual e indeferida pelo INSS em
22.05.07 por falta de contribuição até 16-12-98 ou até a data de entrada do requerimento, fl.26.
Não concordando com o indeferimento de sua aposentadoria o segurado interpôs recurso à 18ª Junta
de Recursos, alegando que possui 07 anos, 04 meses e 07 dias de tempo rural, 07 meses e 09 dias de
tempo serviço militar, 15 anos, 01 mês e 15 dias em que trabalhou na Secretaria de Estado de
Administração do Paraná e 12 anos, 06 meses e 21 dias de tempo de contribuição como empresário nas
empresas Concretina Pré Moldados Ltda que somado totaliza 35 anos, 06 meses e 10 dias, tempo
suficiente para a concessão da aposentadoria e como contribuinte possui 55 anos.
De acordo com o provimento nº. 112, de 26 de fevereiro de 2009 vieram os autos a esta 17ª Junta de
Recursos para análise e julgamento.
Com a finalidade de comprovar que exerceu a atividade rural o segurado juntou aos autos os seguintes
documentos:
- Registro do Imóvel adquirido por seu pai em 07.02.62, porém, consta a profissão deste como sendo do
Comércio, fl.85;
- Certidão INCRA em nome do pai do segurado referente ao período de 1966 a 1992 (2,8 hectares), fl.86;
- Cópia dos Talões do INCRA referentes aos anos de 1966; 1967; 1969; 1970; 1971; 1973; 19751976;
1977 e 1978, fls.87/94;
- Certificado de Alistamento e Certidão de Casamento do pai do segurado constando a qualificação
profissional desse, como sendo agricultor, fls.95/96 (fora do período a ser comprovado).
Não foi apresentado nenhum documento pessoal do segurado constando a sua qualificação
profissional como agricultor.
O INSS apresentou contra razões alegando que foi solicitado documentos complementares que não
foram apresentados, como a certidão do Ministério do Exército, requerimento de Justificação
Administrativa e original da CTC emitida em 16.12.96 e manteve a decisão recorrida, fls.102.
Da análise dos autos foi verificado que o processo não estava devidamente instruído para julgamento,
razão pela qual o mesmo foi encaminhado em diligência a Agência da Previdência Social em Santa Maria
/RS, retornando nesta data.
Em atendimento a diligência solicitada por esta 17ª Junta de Recursos, o INSS juntou aos autos o
processo de Certidão de Tempo de Serviço, requerida em 29.01.96 (fls.01 a 38), onde o interessado havia
solicitado que fosse reconhecido como tempo de contribuição o período de 20.01.64 a 20.02.78.
No processo nº 19724001.1.000452/96-0 foram reconhecidos como tempo de contribuição os períodos
de 01.01.66 a 23.02.73 e de 17.12.73 a 28.02.74, totalizando, 07 anos, 04 meses e 07 dias de atividade
rural (fls.34 do processo de CTC).
Foi juntada a Certidão de Tempo de Contribuição emitida pelo ParanáPrevidência na qual consta que
o interessado foi filiado a Regime Próprio de Previdência no período de 21.12.92 a 22.07.98, fls.118. Na

Processo: 0143.324.507-5 1/3

441
Seleção de Acórdãos

declaração de folhas 117, foi informado que o interessado foi admitido como servidor do Instituto
Ambiental do Paraná – IAP em 20.02.78 e era vinculado ao Regime Geral de Previdência Social até
20.12.92. Esteve em licença sem vencimentos no período de 06.12.95 a 05.12.97 e para o período de
06.12.97 a 31.01.98 não houve pagamento.
O segurado possuía um processo referente ao parcelamento de débito referente aos períodos de 12/94
a 03/95 e de 04/95 a 01/03, fls.108/114, que já se encontra liquidado.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 09/08/2011 para sessão nº 231/2011 de 24/08/2011 às 08:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.
INDEFERIMENTO. ATIVIDADE RURAL. RECONHECIDO COMO TEMPO
DE CONTRIBUIÇÃO PELO INSS E JÁ FORNECIDA UMA CERTIDÃO DE
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NÃO UTILIZADA PELO SEGURADO.
RATIFICADO OS PERÍODOS JÁ CERTIFICADOS. SERVIÇO MILITAR
OBRIGATÓRIO É COMPUTADO PARA EFEITO DE TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO JUNTO AO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL.
CERTIDÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ASSEGURADO O COMPUTO
DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA
FINS DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL.
EMPRESÁRIO. PARCELAMENTO DE DÉBITO LIQUIDADO. REFORMADA
A DECISÃO DO INSS. ARTIGO 52 DA LEI 8.213/91.. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO
Nos termos do artigo 305 do Decreto 3.048/99, o recurso é tempestivo. Não consta dos autos a data
em que o interessado teve ciência do indeferimento de sua aposentadoria.
O segurado alega em seu recurso que já conta com tempo de contribuição suficiente para justificar a
concessão da aposentadoria requerida, pois possui 07 anos, 04 meses e 07 dias de tempo rural, 07 meses e
09 dias de tempo serviço militar, 15 anos, 01 mês e 15 dias em que trabalhou na Secretaria de Estado de
Administração do Paraná e 12 anos, 06 meses e 21 dias de tempo de contribuição como empresário que
somado totaliza 35 anos, 06 meses e 10 dias.
De acordo com a simulação do cálculo do tempo de contribuição de folhas 23, o INSS computou
como tempo de contribuição os períodos de: 20.02.78 a 31.12.91 (13 anos, 10 meses e 12 dias), 01.02.03 a
31.08.03 (07 meses) e de 01.10.03 a 31.03.07 (03 anos e 06 meses), totalizando assim, 17 anos, 11 meses
e 12 dias.
Com a finalidade de comprovar que exerceu atividade rural o interessado juntou aos autos vários
documentos em nome de seu pai (relacionados no relatório) e o INSS em cumprimento a diligência
solicitada por esta 17ª Junta de Recursos juntou o processo nº 19724001.1.00852/96-0, sendo que neste,
foram reconhecidos como tempo de contribuição 07 anos, 04 meses e 07 dias, que devem ser incluídos no
cálculo do tempo de contribuição do segurado.
Observe-se que no pedido de diligência de folhas 106/107, item “d”, foi dispensada a Justificação
Administrativa, caso o período de atividade rural estivesse devidamente comprovado. Como o INSS não
processou a J.A entende-se que não há dúvidas acerca do reconhecimento da atividade rural com relação
aos períodos de 01.01.66 a 23.02.73 e de 17.12.73 a 28.02.74.
O interessado juntou aos autos a Certidão de Tempo de Contribuição emitida pelo
ParanáPrevidência, na qual consta que o interessado esteve vinculado a Regime Próprio de Previdência
Social no período de 21.12.92 a 22.07.98, porém a partir de 06.12.95 entrou em licença sem vencimentos
e não retornou mais ao trabalho, razão pela qual deverá ser computado como tempo de contribuição
somente o período de 21.12.92 a 05.12.95 (02 anos, 09 meses e 15 dias).

Processo: 0143.324.507-5 2/3

442
Seleção de Acórdãos

De acordo com a simulação do cálculo do tempo de contribuição de folhas 23, não foi incluído o
período de 01.01.92 a 20.12.92 em que o segurado trabalhou para o IAP, neste período ele era ainda
celetista, portanto, deverá ser computado como tempo de contribuição.
No período de 24.02.73 a 16.12.73 o segurado prestou serviço militar obrigatório, razão pela qual
este período deverá ser incluído no cálculo de seu tempo de contribuição. A certidão emitida pelo 7º BIB,
fls.32, está autenticada pelo INSS.
O segurado juntou aos autos cópia do contrato social da empresa Concretina Transportes Ltda,
fls.10/12, com início de vigência a partir de 20.04.06 e da empresa Concretina Artefatos de Cimento Ltda,
com início de vigência a partir de 01.11.94. O segurado era sócio administrador de ambas as empresas.
Em atendimento a diligência desta 17ª Junta de Recursos foi juntado aos autos a comprovação
referente ao Parcelamento do Débito do segurado para com a Previdência Social, referente aos períodos de
12/94 a 03/95 e de 04/95 a 01/03, devidamente quitado, fls.108/114, portanto o período de 01.12.94 a
31.01.03 deverá ser incluído no cálculo do tempo de contribuição do segurado (08 anos e 02 meses).
Computando-se como tempo de contribuição os períodos de: 01.01.66 a 23.02.73 e de 17.12.73 a
28.02.74 (atividade rural); 01.01.92 a 20.12.92 (IAP – CLT); 21.12.92 a 05.12.95 ( IAP – CTC –
Estatutário); 24.02.73 a 16.12.73 (serviço militar obrigatório) e de 01.12.94 a 31.01.03 (empresário –
parcelamento), que somado ao tempo de contribuição já reconhecido pelo INSS as folhas 23 (17 anos, 11
meses e 12 dias), o segurado implementa as condições necessárias para concessão da aposentadoria
requerida na forma estabelecida pelo artigo 52 da Lei 8.213/91.
Assim sendo;
Voto por: conhecer do recurso e no mérito dar-lhe provimento.

MARIA IZABEL ANDRADE SIEGEL


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 8148/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Sétima Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO
E DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: OSVALDO DE MELO


FILHO, ALCINO CALDEIRA NETO e FERNANDO COSTA LEITE.

Florianópolis - SC, 24/08/2011

MARIA IZABEL ANDRADE SIEGEL ROSANIA COSTA


Relator(a) Presidente

Processo: 0143.324.507-5 3/3

443
Seleção de Acórdãos

444
Seleção de Acórdãos

ÁCORDÃOS 18ª JR -

445
Seleção de Acórdãos

446
Seleção de AcórdãoS

18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

Documento: 0514.049.416-3
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA PASSO FUNDO-APSPAS
Nº de Protocolo do Recurso: 37098.002879/2006-04
Recorrente(s): ANTONIO CARLOS MACHADO
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 25/09/2007
Relator(a): JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER

Relatório

ANTONIO CARLOS MACHADO, inconformado com o indeferimento de seu


pedido de revisão de benefício de auxílio-doença, NB 514.049.416-3, requerido em
18/04/2005, interpôs recurso tempestivo às fls. à 18ª JRPS/RS.

O recorrente solicitou revisão alegando que o cálculo efetuado nos termos


da Medida Provisória 242/2005 estava equivocado, porque esta MP não foi
convertida em lei.

O pedido foi indeferido porque o Memorando-Circular nº 55 INSS/DIRBEN


é no sentido de que deve ser mantido o benefício concedido na vigência da MPV
242/2005, nos termos nela dispostos.

Porto Alegre - RS, 26/03/2008

JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2008-03-26 para sessão nº 29/2008 de 2008-04-09 às 900

Voto

Ementa: Auxílio Doença. Calculo do Benefício nos termos da MP


242/05. Ilegalidade. Suspensão da MP por liminar em Ação Direta de
Inconstitucionalidade. MP não convertida em lei. Recurso provido.

447
Seleção de Acórdãos

São requisitos para o Auxílio Doença a incapacidade para o trabalho,


a qualidade de segurado, e a carência de 12 meses, exceto para doenças isentas
de carência.

O Supremo Tribunal Federal, em medida liminar, suspendeu a eficácia da


Medida Provisória 242, de 31 de março de 2005, que alterava a Lei 8.213/91, no
que se refere à sistemática de cálculo do benefício previdencário, conforme voto do
Ministro Relator:

Tendo em vista as duas primeiras causas de pedir acima examinadas,


defiro a medida liminar e suspendo, até a decisão final das Ações Diretas de
Inconstitucionalidade nºs 3.467-7/DF, 3.473-1/DF e 3.505- 3/DF, a eficácia da Medida
Provisória nº 242, de 24 de março de 2005. Consigno que, suplantada essa óptica,
cabível seria, mesmo assim, a concessão da liminar para suspender a eficácia da nova
redação dada ao § 10 do artigo 29 da Lei nº 8.213/91, decorrente da Medida Provisória
nº 242/2005. O registro é feito considerada a submissão do tema ao Plenário. (ADIN nº
3.467-7).

Mais tarde, após rejeição da MP pelo Congresso Nacional, o STF


assim decidiu:
EM 15/08/05 "1- À FOLHA 65. PROLATEI A SEGUINTE DECISÃO
(...) EM 20 DE JULHO DE 2005, O PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL
EDITOU O ATO DECLARATÓRIO Nº 1, COM ESTE TEOR: (...) 2- ANTE O
ARQUIVAMENTO DA MEDIDA PROVISÓRIA OBJETO DESTA ADI, TEM-SE O
PREJUÍZO DO PEDIDO FORMULADO. EM FACE DA IDENTIDADE DE ATO
NORMATIVO ATACADO, ESTA DECISÃO ALCANÇA AS ADI'S EM APENSO, DE
Nº'S 3473/DF E 3505/DF, CUJOS REQUERENTES SÃO, RESPECTIVAMENTE, O
PARTIDO DA FRENTE LIBERAL - PFL E O PARTIDO POPULAR SOCIALISTA -
PPS. 3- ARQUIVE-SE, COMUNICANDO-SE ESTA DECISÃO AO SECRETÁRIO
DO PLENO, TENDO EM CONTA A EXPEDIÇÃO DE PAPELETA PARA O
REFERENDO DA LIMINAR DEFERIDA, ESTANDO O PROCESSO INCLUÍDO NA
PAUTA DIRIGIDA PARA A SESSÃO DE 23 DE NOVEMBRO PRÓXIMO."
Com essa decisão o STF deu fim à ADIn, tendo em vista rejeição da
MP no Congresso Nacional.

Portanto, que a alteração legislativa que determinava que o valor do


benefício seria limitado ao valor do último salário de contribuição não poderia ter
sido aplicado, porque a MP foi julgada inconstitucional, em sede de liminar e
depois arquivada pelo Senado Federal;

Voto no sentido de conhecer do recurso e, no mérito DAR-LHE


PROVIMENTO.

spr

Porto Alegre - RS, 26/03/2008

448
Seleção de Acórdãos

JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 4004/2008

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Oitava Junta de Recursos do CRPS, por Unanimidade em CONHECER DO
RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ADEMIR RENATO


NUNES DE SOUZA. e JULIANA PALUDO MOLINARI.

Porto Alegre - RS, 09/04/2008

JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER PAULO HENRIQUE FLORES RIEFFEL


Representante dos Trabalhadores Presidente
18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

449
Seleção de Acórdãos

450
Seleção de AcórdãoS

18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

Documento: 0150.330.418-0
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA SANTA CRUZ DO SUL-APSSCS
Nº de Protocolo do Recurso: 35279.001446/2010-56
Recorrente(s): LORIS LECI WARTCHOW
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 28/06/2010
Relator(a): JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER

Relatório

Loris Leci Wartchow, inconformada com o indeferimento de seu pedido de Aposentadoria


por Tempo de Contribuição, NB 42/150.330.418-0 requerido em 17/11/2009 interpôs
recurso tempestivo protocolo nº. 35279.001446/2010-56 às fls.83 e 86 à 18ª JRPS/RS.
O benefício foi concedido parcialmente e o indeferimento trata do pedido de Revisão da
decisão (fls. 85) interposto pela segurada.
A recorrente alega ter direito a revisão do período de atividade rural reconhecido e a
conversão especial de 1998 a 2008 para receber 100% e não 75%, como vêm recebendo.
Fundamenta seu pedido com base em seu trabalho em atividades rurais na infância e
juventude, antes de ingressar na empresa que trabalhava até o ingresso de pedido do
benefício de Aposentadoria por Tempo de Contribuição. Informa, no entanto, não ter mais
as notas da venda de fumo para a empresa Boetcher Wartchow- Rio Pequeno, cuja
existência comprovaria sua atividade laboral desenvolvida junto com sua família no regime
de economia familiar rural.
Informa, ainda, que as notas da venda do fumo foram queimadas por ocasião do
falecimento de seu pai e, ao solicitar as mesmas junto a referida Empresa, foi informada
que esta havia encerrado a compra de fumo.
As razões de seu Pedido de Revisão de Aposentadoria deve-se ao seu quadro de saúde
agravado por problemas ortopédicos crônicos acarretando despesas para seu tratamento.
Ante o exposto, requer a reconsideração da decisão denegatória ao seu pedido de
Revisão de Aposentadoria por Tempo de Contribuição.
A Procuradoria do INSS manifesta que quanto à atividade rural já houve apreciação
judicial, razão pela qual teria perdido o objeto, mas que o mesmo não ocorreu com relação
à atividade especial.

Porto Alegre - RS, 22/11/2010

JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER


Representante dos Trabalhadores

451
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-11-22 para sessão nº 115/2010 de 2010-12-09 às 900

Voto

O Decreto 3048/99 assim dispõe sobre o benefício:

Art. 56. A aposentadoria por tempo de contribuição será devida ao segurado após trinta e
cinco anos de contribuição, se homem, ou trinta anos, se mulher, observado o disposto no
art. 199-A.

Sobre a atividade rural dispõe a Lei de Benefícios:


Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento,
compreendendo, além do correspondente às atividades de qualquer das categorias de
segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da qualidade de
segurado:
§ 2º O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de início de
vigência desta Lei, será computado independentemente do recolhimento das contribuições
a ele correspondentes, exceto para efeito de carência, conforme dispuser o Regulamento.

Foi informado nos autos que houve um requerimento administrativo e um processo judicial
em que fora analisada a atividade rural. A sentença de fl. 98-100, bem como o acórdão de
fl. 101 de que o período de atividade rural não foi integralmente computado por falta de
início de prova material.

Assim, mesmo tendo sido objeto de decisão judicial, deve ser reanalisada a atividade rural,
pois há novas provas nos autos. Nesse sentido, importante reproduzir entendimento de
José Antonio Savaris (Curso de Direito Processual. Curitiba: Juruá, 2010. p. 87-95):
Não é adequado que se sepulte, de uma vez por todas, o direito de receber proteção
social em função da certeza assegurada pela coisa julgada, quando a pessoa, na
realidade, faz jus à prestação previdenciária que lhe foi negada judicialmente.
[...]
Enquanto o processo civil clássico aponta para o fechamento preponderantemente
indiscutível da coisa julgada, o processo previdenciário busca apoiar-se no princípio
constitucional do devido processo legal com as cores específicas da não-preclusão do
direito previdenciário.
Estamos em condições de justificar a passagem do tema da coisa julgada previdenciária
(segundo a prova estabelecida nos autos) ao da verdade real, para desde logo afirmar, no
processo previdenciário, a primazia da busca pela verdade real sobre a coisa julgada
previdenciária.
Assim, tendo o autor juntado novos documentos, não apreciados no processo judicial (pois
conforme a sentença no processo somente foi juntada certidão do INCRA), bem como
tendo sido reconhecida a atividade rural para o período de 27/03/72 a 01/03/81, conforme
fl. 56 dos autos, não há óbice para o reconhecimento e cômputo deste período.
Os períodos de atividade especial não foram convertidos, pois conforme parecer de fl. 69-
70 não são nocivos, por terem sido compensados pelo uso de equipamentos de proteção
individual. Assim, não há períodos de atividade especial a serem acrescidos.
Ainda que computado período de atividade rural, conforme extrato de fl. 71-73, não conta
com tempo suficiente para o benefício.
Voto por conhecer do recurso e, no mérito, em NEGAR-LHE PROVIMENTO.

452
Seleção de Acórdãos

ccm

Porto Alegre - RS, 22/11/2010

JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 15467/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ADEMIR RENATO


NUNES DE SOUZA e JULIANA PALUDO MOLINARI.

Porto Alegre - RS, 09/12/2010

JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER PAULO HENRIQUE FLORES RIEFFEL


Representante dos Trabalhadores Presidente
18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

453
Seleção de Acórdãos

454
Seleção de AcórdãoS

18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

Documento: 0155.194.144-6
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA PELOTAS-APSPEL
Nº de Protocolo do Recurso: 37085.001057/2011-12
Recorrente(s): CARLA BEATRIZ GAYER MOREIRA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: SALÁRIO MATERNIDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 17/03/2011
Relator(a): TÂNIA MARIA NAZAROF PONCIANO

Relatório

CARLA BEATRIZ GAYER MOREIRA recorre tempestivamente da decisão


administrativa que indeferiu seu pedido de salário maternidade NB 80/155.194.144-6
requerido em 040111.

Foram juntados os seguintes documentos: cópia da certidão de nascimento da filha


ocorrida em 120610, cópia da CTPS 1491667 – série 001-0 RS, comprovante de situação
cadastral no CPF, declaração da recorrente que a demissão foi a pedido.

O benefício foi indeferido pelo INSS porquanto a recorrente estava desempregada no


fato gerador.

No recurso 37085.001057/2011-12 a requerente requer o benefício de salário


maternidade alegando que a demissão foi a pedido.

Com o recurso foi juntado cópia do requerimento de seguro desemprego, cópia do


termo de rescisão do contrato de trabalho, cópia da comunicação de dispensa ao
Ministério do Trabalho e Emprego e pesquisa realizada para verificar se a requerente
trabalhou no período de 0.06.09 a 30.04.10, pois a demissão ocorreu durante a gravidez e
que restou comprovado.

Nas contrarrazões o INSS entre outras informações alega que em 12.04.11 foi
realizada pesquisa in loco no estabelecimento onde a recorrente desempenhou sua
atividade laboral resultando desta, a juntada dos documentos constantes em fls. 24/30
onde consta novamente que a recorrente foi dispensada sem justa causa, fl.25.

Porto Alegre - RS, 12/07/2011

TÂNIA MARIA NAZAROF PONCIANO


Representante do Governo

455
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-07-12 para sessão nº 201/2011 de 2011-08-02 às 1000

Voto

ISSO POSTO,
Fundamentos legais, técnicos e administrativos que sustentam o julgado:
Art. 97. O salário-maternidade da segurada empregada será devido pela previdência
social enquanto existir relação de emprego, observadas as regras quanto ao pagamento
desse benefício pela empresa.(Nova Redação dada pelo Decreto nº 6.122 - de 13/06/2007
– DOU DE 14/06/2007)
Parágrafo único. Durante o período de graça a que se refere o art. 13, a segurada
desempregada fará jus ao recebimento do salário-maternidade nos casos de demissão
antes da gravidez, ou, durante a gestação, nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a
pedido, situações em que o benefício será pago diretamente pela previdência social.
.(Nova Redação dada pelo Decreto nº 6.122 - de 13/06/2007 – DOU DE 14/06/2007)

Face o dispositivo legal mencionado a recorrente faz jus ao benefício de salário


maternidade requerido porquanto consta em fl. 08 declaração da própria recorrente que a
demissão foi a pedido.

Ao exposto,

VOTO: no sentido de conhecer do Recurso e DAR-LHE PROVIMENTO, reformando


a decisão recorrida.
jtmb

Porto Alegre - RS, 12/07/2011

TÂNIA MARIA NAZAROF PONCIANO


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 9204/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: JOÃO PAULO

456
Seleção de Acórdãos

CAMPAGNER e SALETH GROSS DESSIMON.

Porto Alegre - RS, 02/08/2011

TÂNIA MARIA NAZAROF PONCIANO PAULO HENRIQUE FLORES RIEFFEL


Representante do Governo Presidente
18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

457
Seleção de Acórdãos

458
Seleção de AcórdãoS

18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

Documento: 0142.731.833-3
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA TRÊS PASSOS-APSTPS
Nº de Protocolo do Recurso: 35296.000099/2011-17
Recorrente(s): MARIO WINK
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 25/01/2011
Relator(a): OLGA AMARAL DA SILVA

Relatório

MARIO WINK, tempestivamente, recorre a esta Junta de Recursos, inconformado


com o indeferimento a seu pedido da aposentadoria por tempo de contribuição n°
42/142.731.833.3 requerida em 31/05/2007, data em que tinha 48 anos de idade.
O direito ao benefício não foi reconhecido, porquanto, em 16/12/98, comprovou
apenas 11 anos, 04 meses e 25 dias, não atingindo o tempo de contribuição exigido, e até
a data do requerimento – DER apenas 19 anos, 06 meses e 26 dias.
Processo reconstituído composto por cópias das fls.01 a 87 devido a roubo de
malotes conforme despacho de fls. 97/98 da APS de Três Passos.
Ao requerer a aposentadoria apresentou Carteira do trabalho e Previdência Social
para comprovar os vínculos urbanos e Requerimento de Justificação Administrativa – J.A.
para comprovar a atividade rural em regime de economia familiar para o período de
03/08/72 a 30/04/87.
Para comprovar a atividade rural apresentou os seguintes documentos em nome de
seu pai Alberto Winck:
Ficha de Associado do Sindicato dos trabalhadores Rurais de Três Passos de
20/05/69 com registro de nove filhos entre eles o recorrente.
Certidão do INCRA dos anos 1968 – 1971, 1972 – 1977 e 1978 – 1981;
Certidões do registro de Imóveis da comarca de Três Passos referente à aquisição
de lote rural com escritura pública de compra lavrada em 21/05/58 e 23/01/68 com
averbações de venda em 24/11/66 e 11/06/80 respectivamente.
Registro de Imóveis da comarca de Três Passos referente a compra de fração de
terras de lote rural com escritura pública de 02/06/1980 e venda em 28/01/88.
E em nome próprio apresentou:
Certidão de Casamento de 12/09/81, onde sua profissão é de agricultor.
Certidão de Nascimento de sua filha em 02/04/1982 constando sua profissão de
agricultor.
Notas Fiscais de Produtor Rural com contra notas, datadas de 20/04/81 e 25/05/82.
Ficha de Inscrição do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Três Passos de
24/09/1980 com registro de pagamento das anuidades de 1980 a 1986.
No recurso apresentado em 22/02/2008 o procurador legalmente constituído alegou
que o INSS indeferiu a aposentadoria sem nenhuma explicação e fundamentação legal,
que foi apresentada toda a documentação necessária para comprovar a atividade rural e
urbana descreve a documentação apresentada parta comprovar a atividade rural com
novo requerimento de Justificação Administrativa – J.A para o período 03/08/1970 a
30/04/1987.

459
Seleção de Acórdãos

Às fls. 87 consta cópia despacho de encaminhamento a esta 18º Junta de


Recursos, datado de 12/03/2008, onde é mantida a decisão de indeferimento por não ter
sido autorizada a realização de J.A. por julgar não existir início de prova material para o
início e fim do período requerido.
Não consta nº de protocolo do recurso apresentado em 2008.
Em 24/01/2011 a procuradora legalmente constituída apresenta um requerimento
solicitando informações sobre o andamento do recurso interposto em 25/02/2008.
Em despacho de encaminhamento datado de 25/01/2011 o INSS registra como
protocolo do recurso o nº 35296/000099/2011-17 e mantém o indeferimento informando
que a J.A. não foi autorizada porque não foram apresentados documentos para
comprovação da atividade rural como marco inicial e final.
Por todos os elementos já discriminados que comprovam a atividade rural, mas não
a condição de segurado especial do recorrente o que pode ser comprovado através de
J.A. entendemos cabível a realização dessa para o período 03/08/70 a 31/12/1986 razão
que levou a baixa do processo em diligência par o processamento da J.A.
Retorna com diligência atendida.

Porto Alegre - RS, 13/07/2011

OLGA AMARAL DA SILVA


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-07-25 para sessão nº 207/2011 de 2011-08-08 às 900

Voto

ISTO POSTO:

Trata o presente de recurso contra o indeferimento da aposentadoria por tempo de


contribuição em que está em discussão período de atividade rural.
De acordo com o Resumo de Documentos para Cálculo de Tempo de Contribuição
foi comprovado até a DER somente 19 anos, 06 meses e 26 dias se fosse considerado o
período de atividade rural de 03/08/70 a 30/04/87 o tempo de contribuição total não
bastaria para a concessão, pois em vista da idade do segurado, 48 anos, só caberia
aposentadoria integral.
Uma vez que foi realizada Justificação Administrativa, mas não foi homologada
quanto ao mérito.
Como o artigo 147 do Decreto 3.048 /99 diz:
“Art.147. Não caberá recurso da decisão da autoridade competente do Instituto
Nacional do Seguro Social que considerar eficaz ou ineficaz a justificação administrativa”.
Como não ficou comprovado tempo de contribuição suficiente que demonstre o
direito a aposentadoria pleiteada, uma vez que os períodos de atividade rural discutidos e
analisados na Justificação Administrativa não foram homologados.
Portanto, não ficando comprovado tempo de contribuição suficiente para a
concessão da aposentadoria, não atendendo as disposições do Artigo 56, Decreto
3048/99, que preceitua; a aposentadoria por tempo de contribuição, uma vez cumprida à

460
Seleção de Acórdãos

carência exigida, será devida nos termos do parágrafo 7°, do artigo 201, da Constituição
Federal.
E do Artigo 188, do decreto acima, que determina:
Art. 188. “O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até 16 de
dezembro de 1998, cumprida a carência exigida, terá o direito a aposentadoria, com
valores proporcionais ao tempo de contribuição, quando, cumulativamente:
I – contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito
anos ou mais de idade, se mulher; e
II – contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) Trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e
b) um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por
cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o limite
de tempo constante da alínea “a” “a”.

VOTO no sentido conhecer o recurso interposto para negar-lhe provimento,


mantendo a decisão recorrida.
lma

Porto Alegre - RS, 13/07/2011

OLGA AMARAL DA SILVA


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 9522/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ADEMIR RENATO


NUNES DE SOUZA e JULIANA PALUDO MOLINARI.

Porto Alegre - RS, 08/08/2011

OLGA AMARAL DA SILVA PAULO HENRIQUE FLORES RIEFFEL


Representante dos Trabalhadores Presidente
18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

461
Seleção de Acórdãos

462
Seleção de AcórdãoS

18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

Documento: 0151.457.504-0
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA PORTO ALEGRE-NORTE-APSPAN
Nº de Protocolo do Recurso: 36138.001863/2010-76
Recorrente(s): MERÂNIA ISABEL TAVARES FERREIRA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 27/05/2010
Relator(a): JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER

Relatório

Merânia Isabel Tavares Ferreira, inconformada com o indeferimento de seu


pedido de Aposentadoria por Tempo de Contribuição, NB nº. 42/151.457.504-0 requerido
em 14/01010 interpôs recurso tempestivo às fls. 34 à 18ª JRPS/RS.

O benefício foi indeferido porque a recorrente não conta com tempo de


contribuição suficiente, porque não foi computada atividade rural. A recorrente solicita seja
visto o tempo de contribuições conforme carteiras de trabalho anexadas ao processo.

Após o recurso, a APS constatou que havia requerimento de cômputo de período


de atividade rural, em que a recorrente solicitava aproveitamento de sentença judicial em
que houve reconhecimento de período de agricultura para o irmão. Contudo, a APS
manifesta que a recorrente deve cumprir as formalidades e apresentar documentação.

A recorrente responde que tal comprovação foi realizada nos autos do processo
42/124.845.634-0 e que caso haja necessidade, juntará novamente a documentação.

A APS, ao analisar o processo referido constatou que o período havia sido


indeferido porque o pai da recorrente é empregado e que faleceu em virtude de acidente
de trabalho em atividade urbana, em 1974. Que, até 1982, quando a recorrente completou
21 anos de idade, era amparada por benefício urbano, o que a desqualifica da condição de
segurada especial, que o período de 31.03.73 a 02.03.74 não pode ser reconhecido pois o
arrimo de família (no caso o pai) era empregado e em o período subseqüente, até 1977,
não poderia ser reconhecido por disposição da IN 20/07, art. 7º §4º inc. I.

Porto Alegre - RS, 28/07/2010

JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER


Representante dos Trabalhadores

463
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-07-28 para sessão nº 75/2010 de 2010-08-09 às 900

Voto

O Decreto 3048/99 assim dispõe sobre o benefício:

Art. 56. A aposentadoria por tempo de contribuição será devida ao


segurado após trinta e cinco anos de contribuição, se homem, ou trinta anos, se mulher,
observado o disposto no art. 199-A.

Quanto à possibilidade de utilizar período de atividade rural, a Lei 8.213/91


assim dispõe:
Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no
Regulamento, compreendendo, além do correspondente às atividades de qualquer das
categorias de segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da
qualidade de segurado:
§ 2º O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de
início de vigência desta Lei, será computado independentemente do recolhimento das
contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência, conforme dispuser o
Regulamento.

A APS analisou o direito de computar atividade rural ora com base na


legislação atual, ora com base na lei da época.

Se utilizarmos a legislação da época, nota-se que o pai da recorrente não


fazia parte do grupo familiar, pois toda documentação era em nome da mãe. Assim, não se
pode excluir os demais membros da família.

Com relação à lei atual, reproduzimos a norma invocada pela APS (IN
20/07):

Art. 7º§ 4º Não é segurado especial o membro de grupo familiar


(somente ele) que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:
(Alterado pela Instrução Normativa INSS/PRES nº 40, de 17 de julho de 2009 – DOU DE
21/7/2009)

I - benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão,


cujo valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência
Social;

Observe-se que exclui quem tem renda superior ao salário mínimo, não
importando se de natureza urbana ou rural. Se a pensão do pai da recorrente era dividida
(pelo menos em parte do período) por 9 dependentes, ninguém recebia salário mínimo.
Assim, esse argumento não se sustenta.

Por fim, retomando-se o disposto no §2º do art. 55 da Lei 8.213/91,


observa-se que deve ser computado o período de atividade do trabalhador rural. Trata-se,
notoriamente, de retroação da lei, pois a lei da época (Lei Complementar 11/71) não
incluía filhos como segurados. Não há dúvida de que a recorrente trabalhou. Os
documentos – para constituir início de prova material – estão em nome da mãe, que não
tinha outra atividade, ou seja, que era agricultora. Assim, não resta dúvida que a

464
Seleção de Acórdãos

recorrente exerceu atividade rural, devendo todo período ser computado.

Verifica-se, porém, que ainda que computado o período de atividade rural, a


recorrente não conta com tempo suficiente para o benefício. Conforme fl. 36-37, conta com
anos, 8 meses e 10 dias. Se somado o tempo rural de 4 anos e 5 meses, nem mesmo
completa 25 anos de contribuição.

Voto por conhecer do recurso e, no mérito, em NEGAR-LHE


PROVIMENTO.
wp

Porto Alegre - RS, 28/07/2010

JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 9839/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: JULIANA PALUDO


MOLINARI.

Porto Alegre - RS, 09/08/2010

JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER PAULO HENRIQUE FLORES RIEFFEL


Representante dos Trabalhadores Presidente
18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

465
Seleção de Acórdãos

466
Seleção de AcórdãoS

18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

Documento: 0542.614.528-4
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA CARAZINHO-APSCAR
Nº de Protocolo do Recurso: 35248.000967/2011-34
Recorrente(s): RASIP AGRO PASTORIL SA
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-DOENÇA POR ACIDENTE DE TRABALHO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 22/03/2011
Relator(a): ELIANA RITA MARIOTTO COLPO

Relatório

RASIP AGRO PASTORIL S.A contestando a caracterização do Nexo


Técnico Profissional do benefício de Auxílio-Doença Acidentário, sob nº:
91542614528-4 de seu empregado, o segurado OTÁVIO CORREIA, interpõe
recurso em 24.02.2011.
Às fls. iniciais dos autos constam requerimento de benefício por
incapacidade e marcação da perícia médica e comprovante de requerimento e
seguem cópias dos documentos do segurado acima qualificado, bem como CNIS-
Cadastro Nacional de Informações Sociais do mesmo seguido de requerimento de
atualização e solicitação de inscrição como contribuinte individual, sem data
legível.
Das fls. 15 a 18 encontram-se notas de compra e notas de produtor rural,
em nome do segurado, e a seguir entrevista rural, na qual ficou descaracterizada
sua condição de segurado especial, tendo em vista exercício de mais de 120 dias
por ano a atividade de diarista. Às fls. 22 consta Carta de Concessão de Auxílio-
doença por Acidente do Trabalho em 13/09/2010. Em comunicação de decisão às
fls. 24 encontra-se comunicação de decisão mantendo o benefício até 09/02/2011
e seguem informações do benefício com data de cessação em 21/02/2011.
Às fls. 26 a empresa RASIP AGRO PASTORIL S.A declara que através do
setor de Segurança e Medicinado do Trabalho requer a alteração do do benefício
de auxílio-doença de Otávio Correia, sendo que no período trabalhado de
05/045/2010 a 29/04/2010 onde atribuía a função de trabalhador rural desta
empresa não tem registro de doença e ou acidente relacionado ao trabalho e
anexa consulta de benefícios por incapacidade por empresa, constando o auxílio-
doença acidentário de Otávio Correia e ata do Conselho de Administração da
empresa e procuração outorgada pela mesma para procurador constituído nos
autos.
Às fls. 35 consta despacho sobre a contestação do Nexo Profissional da
empresa RASIP AGRO PASTORIL S.A., no qual a médica perita deferiu o pedido
da mesma, em função de que o início do agravo deu-se no início da incapacidade
em 09/08/2010 e o segurado laborou com vínculo com a mesma Empresa entre
05/04/2010 a 29/04/2010, portanto antes do referido agravo.
Enviada comunicação ao segurado para que apresentasse contrarrazões a

467
Seleção de Acórdãos

mesma foi devolvida por não localização e foi considerado entregue o comunicado.
A conversão não foi realizada em razão da intempestividade do pedido,
sendo esta competência exclusiva do órgão julgador. Pelo exposto foi mantido o
ato recorrido e enviados os autos em prosseguimento.

Porto Alegre - RS, 25/07/2011

ELIANA RITA MARIOTTO COLPO


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-07-25 para sessão nº 206/2011 de 2011-08-04 às 1000

Voto

Tendo em vista o parecer da Assessoria Médica da 18ª junta o qual após a


análise de todos os documentos e laudos médicos periciais anexados aos autos concluiu
que o segurado requereu o benefício em razão de fratura do tornozelo ocorrida em
09/08/2010 e benefício requerido em 13/00/2010, em decorrência desta. A empresa
contestante alega que o segurado exerceu atividade no período de 05/04/2010 a
29/04/2010, e não havendo registro de acidente do trabalho. Portanto na análise da
Assessoria Técnica Médica não existem elementos para aplicação do nexo individual e o
benefício do segurado pode ser concedido na espécie previdenciária (31), por doença
isenta de carência.
Diante do exposto a recorrente (a empresa) faz jus ao que requer, nos termos do
artigo 21 da Lei 8.213/99, o qual dispõe, entre outras disposições, que:
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja
contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua
capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a
sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
conseqüência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada
ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de
companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de
força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício

468
Seleção de Acórdãos

de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da
empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo
ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por
esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra,
independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,
qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação
de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o
empregado é considerado no exercício do trabalho.
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão
que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às
conseqüências do anterior.
Quanto a intempestividade não foram encontrados elementos capazes de
caracterizá-la e se o fossem ou ainda forem, diante do reconhecimento do direito da
recorrente cabe a relevação da mesma diante das atribuições deste colegiado, conforme a
Portaria 323/2007 do Ministério da Previdência Social.
Isto posto:

VOTO pelo conhecimento do recurso e, ao DAR-LHE PROVIMENTO EM


GRAU DE ALÇADA, REFORME-se a decisão recorrida.
glsa

Porto Alegre - RS, 25/07/2011

ELIANA RITA MARIOTTO COLPO


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 9446/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

469
Seleção de Acórdãos

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ACELINO ANTONIO


GUEDES e LEILA LECY DE FREITAS.

Porto Alegre - RS, 04/08/2011

ELIANA RITA MARIOTTO COLPO PAULO HENRIQUE FLORES RIEFFEL


Representante dos Trabalhadores Presidente
18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

470
Seleção de AcórdãoS

18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

Documento: 0150.993.207-8
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA TRÊS PASSOS-APSTPS
Nº de Protocolo do Recurso: 35296.000575/2010-19
Recorrente(s): RENAN ARTHUR BUENO VALAU
Recorrido(s): INSS
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-RECLUSÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 02/08/2010
Relator(a): JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER

Relatório

Renan Arthur Bueno Valau, representada pela sua mãe Claudete de Souza Bueno,
inconformado com o indeferimento de seu pedido de Auxílio Reclusão, NB nº. 25/150.656.
154-0993.207-8 pela reclusão de Daniel Kuhn Valau, seu pai, requerido em 15/06/2010,
interpôs recurso tempestivo n°35296.000575/2010-19 às fls. 28-30 à 18ª JRPS/RS.
O benefício indeferido tendo em vista que não houve a comprovação do efetivo
recolhimento à prisão, devido a prisão civil, do instituidor Daniel Kuhn Valau.
Razões da alegação:
O genitor do Recorrente está preso por decretação de prisão civil, fato que não é negado
pelo INSS e, portanto, o argumento utilizado pela Agência para indeferir seu pedido de
benefício não deve prosperar uma vez que a norma legal prevê a prisão, sem benefício do
serviço externo, caso de seu progenitor;
Alega que todos os requisitos exigidos pela Lei para concessão do benefício estão
preenchidos, tendo em vista ser o Progenitor recluso possuidor da qualidade de segurado
e possuir a certidão do efetivo recolhimento à prisão sem benefício externo; ser o
recorrente, como filho de segurado recluso, dependente preferencial e ainda a renda se
enquadra no limite previsto na lei.
Ante o exposto, requer a reforma da decisão que indeferiu pedido de Auxílio Reclusão a
fim de conceder o benefício solicitado, tendo em vista estar documentalmente comprovado
a necessidade e o cumprimento das condições para o deferimento do benefício.

Porto Alegre - RS, 22/11/2010

JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER


Representante dos Trabalhadores

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-11-22 para sessão nº 115/2010 de 2010-12-09 às 900

471
Seleção de Acórdãos

Voto

Sobre o benefício em análise, a Lei 8.213/91 dispõe que:


Art. 80. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos
dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa
nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência
em serviço.
O Decreto 3.048/99 assim dispõe:
Art.116. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos
dependentes do segurado recolhido à prisão que não receber remuneração da empresa
nem estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em
serviço, desde que o seu último salário-de-contribuição seja inferior ou igual a R$ 360,00
(trezentos e sessenta reais).
Nota: Valor atualizado, a partir de 26 de junho de 2010, pela Portaria MPS nº 333, de
29/6/2010, para R$ 810,18 (oitocentos e dez reais e dezoito centavos).
§ 5º O auxílio-reclusão é devido, apenas, durante o período em que o segurado estiver
recolhido à prisão sob regime fechado ou semi-aberto.
Art. 117. O auxílio-reclusão será mantido enquanto o segurado permanecer detento ou
recluso.
§ 1º O beneficiário deverá apresentar trimestralmente atestado de que o segurado
continua detido ou recluso, firmado pela autoridade competente.
§ 2º No caso de fuga, o benefício será suspenso e, se houver recaptura do segurado, será
restabelecido a contar da data em que esta ocorrer, desde que esteja ainda mantida a
qualidade de segurado.
§ 3º Se houver exercício de atividade dentro do período de fuga, o mesmo será
considerado para a verificação da perda ou não da qualidade de segurado.
Optou o legislador por não levar em consideração nem a motivação da prisão (se
temporária, se preventiva, se decorrente de sentença penal condenatória ou ainda se
prisão civil). O fato gerador do auxílio-reclusão é o efetivo recolhimento à prisão em regime
fechado ou semiaberto. Em fl. 37 consta que o segurado esteve preso desde 18 de maio
de 2010. Portanto, está presente o fato gerador do benefício, até a soltura, em 16 de julho
de 2010. O caráter de permanência citado pela APS (conforme parágrafo único do art. 80)
está comprovado pela certidão. A permanência não significa que a prisão seja decorrente
de condenação. Repita-se: o fato gerador é a prisão.
Voto por conhecer do recurso e, no mérito, em DAR-LHE PROVIMENTO.
ccm

Porto Alegre - RS, 22/11/2010

JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 15459/2010

472
Seleção de Acórdãos

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ADEMIR RENATO


NUNES DE SOUZA e JULIANA PALUDO MOLINARI.

Porto Alegre - RS, 09/12/2010

JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER PAULO HENRIQUE FLORES RIEFFEL


Representante dos Trabalhadores Presidente
18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

473
Seleção de Acórdãos

474
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 37098.002879/2006-04


Unidade de Origem: AGÊNCIA PASSO FUNDO
Documento: 0514.049.416-3
Recorrente: ANTONIO CARLOS MACHADO
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO
Relator(a): JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER

Relatório
ANTONIO CARLOS MACHADO, inconformado com o indeferimento de seu pedido de revisão
de benefício de auxílio-doença, NB 514.049.416-3, requerido em 18/04/2005, interpôs recurso
tempestivo às fls. à 18ª JRPS/RS.

O recorrente solicitou revisão alegando que o cálculo efetuado nos termos da Medida Provisória
242/2005 estava equivocado, porque esta MP não foi convertida em lei.

O pedido foi indeferido porque o Memorando-Circular nº 55 INSS/DIRBEN é no sentido de que


deve ser mantido o benefício concedido na vigência da MPV 242/2005, nos termos nela
dispostos.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 26/03/2008 para sessão nº 29/2008 de 09/04/2008 às 09:00.

Voto
Ementa: Auxílio Doença. Calculo do Benefício nos termos da MP 242/05.
Ilegalidade. Suspensão da MP por liminar em Ação Direta de Inconstitucionalidade. MP não
convertida em lei. Recurso provido.

São requisitos para o Auxílio Doença a incapacidade para o trabalho, a qualidade


de segurado, e a carência de 12 meses, exceto para doenças isentas de carência.

O Supremo Tribunal Federal, em medida liminar, suspendeu a eficácia da Medida Provisória


242, de 31 de março de 2005, que alterava a Lei 8.213/91, no que se refere à sistemática de
cálculo do benefício previdencário, conforme voto do Ministro Relator:

Tendo em vista as duas primeiras causas de pedir acima examinadas, defiro a


medida liminar e suspendo, até a decisão final das Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº s
3.467-7/DF, 3.473-1/DF e 3.505- 3/DF, a eficácia da Medida Provisória nº 242, de 24 de março de
2005. Consigno que, suplantada essa óptica, cabível seria, mesmo assim, a concessão da liminar

Processo: 0514.049.416-3 1/2

475
Seleção de Acórdãos

para suspender a eficácia da nova redação dada ao § 10 do artigo 29 da Lei nº 8.213/91, decorrente
da Medida Provisória nº 242/2005. O registro é feito considerada a submissão do tema ao Plenário.
(ADIN nº 3.467-7).

Mais tarde, após rejeição da MP pelo Congresso Nacional, o STF assim decidiu:
EM 15/08/05 "1- À FOLHA 65. PROLATEI A SEGUINTE DECISÃO (...) EM 20
DE JULHO DE 2005, O PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL EDITOU O ATO
DECLARATÓRIO Nº 1, COM ESTE TEOR: (...) 2- ANTE O ARQUIVAMENTO DA MEDIDA
PROVISÓRIA OBJETO DESTA ADI, TEM-SE O PREJUÍZO DO PEDIDO FORMULADO. EM
FACE DA IDENTIDADE DE ATO NORMATIVO ATACADO, ESTA DECISÃO ALCANÇA AS
ADI'S EM APENSO, DE Nº'S 3473/DF E 3505/DF, CUJOS REQUERENTES SÃO,
RESPECTIVAMENTE, O PARTIDO DA FRENTE LIBERAL - PFL E O PARTIDO POPULAR
SOCIALISTA - PPS. 3- ARQUIVE-SE, COMUNICANDO-SE ESTA DECISÃO AO SECRETÁRIO
DO PLENO, TENDO EM CONTA A EXPEDIÇÃO DE PAPELETA PARA O REFERENDO DA
LIMINAR DEFERIDA, ESTANDO O PROCESSO INCLUÍDO NA PAUTA DIRIGIDA PARA A
SESSÃO DE 23 DE NOVEMBRO PRÓXIMO."
Com essa decisão o STF deu fim à ADIn, tendo em vista rejeição da MP no
Congresso Nacional.

Portanto, que a alteração legislativa que determinava que o valor do benefício


seria limitado ao valor do último salário de contribuição não poderia ter sido aplicado, porque a
MP foi julgada inconstitucional, em sede de liminar e depois arquivada pelo Senado Federal;

Voto no sentido de conhecer do recurso e, no mérito DAR-LHE PROVIMENTO.

spr

JANE LÚCIA WILHELM BERWANGER


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 4004/2008

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Oitava Junta de Recursos do CRPS, por Unanimidade em
CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de
acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ADEMIR RENATO


NUNES DE SOUZA. e JULIANA PALUDO MOLINARI.

Porto Alegre - RS, 09/04/2008

PAULO HENRIQUE FLORES RIEFFEL


Presidente

Processo: 0514.049.416-3 2/2

476
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 35242.001095/2009-67


Unidade de Origem: AGÊNCIA BENTO GONÇALVES
Documento: 0518.575.231-5
Recorrente: ADILES DIAS KULINSKI
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO
Relator(a): ADEMIR RENATO NUNES DE SOUZA

Relatório
Adiles Dias Kulinski recorre a esta Junta de Recursos inconformada com a cessação em 25.09.2009,
do auxílio-doença nº 31/518.575.231-5, iniciado em 17.10.2006.
Recurso protocolado sob o nº 35242.001095/2009-67, alegando que não tem condições de exercer
suas atividades. Anexos laudos e atestados médicos para comprovar a incapacidade. Solicita revisão do
resultado.
Processo instruído sem a juntada carta de comunicação de cessação do benefício, tampouco,
assinada pela segurada tomando ciência da decisão. Agendou data para impetrar recurso em 09.11.2009. A
ausência de documento registrando a data da ciência da decisão, outorga ao recurso situação de
tempestivo.
Em 09.11.2009, na Agência da Previdência Social de origem é assentada a seguinte síntese;
segurada alega que não possui condições de exercer atividades laborais. Inconformada com a decisão
médico-pericial solicitou revisão daquele ato.
Em 26.04.2010, desta Junta de Recursos derivou diligência prévia para análise médica do processo,
visto os efeitos da Portaria MPS/SE nº 2.055/2009, e do memorando-circular conjunto
1/DIRSAT/DIRBEN/2010, de disciplinamento sobre análise dos processos que versam sobre matéria
médica.
Em 01.02.2011, folha 30, assentado que a recorrente foi convocada para junta Médica, tomou
ciência, porém não compareceu na data agendada. Verificado que a segurada encontra-se com benefício
em manutenção, por determinação judicial. Dados do benefício; DER (data da entrada do requerimento),
em 19.04.2010, DIB (data do início do benefício) em 22.06.2010.
Em 04.02.2011, folha 32, nova análise do processo, informando que em 17.01.2011, recorrente
tomou ciência da data agendada para perícia do recurso, no entanto não compareceu. Ademais restou
constatado que a interessada obteve reativação do benefício nº 31/540.522.402-9, por determinação
judicial.
Desta Junta de Recursos derivou diligência para atendimento de solicitação médica, ou seja,
convocar segurada a apresentar, ASO (atestado de Saúde do Trabalhador) de retorno ao trabalho e cópia
do prontuário médico completo posterior a setembro/2009. Retornou sem o adequado atendimento.
Reanalisada na Assessoria Técnica Médica desta Junta de Recursos restou concluído que não houve
atendimento da diligência, pois, não foi juntado prontuário médico nem houve a comprovação da
incapacidade. Assim concluiu que a segurada estava apta na data da cessação do benefício.

Inclusão em Pauta

Processo: 0518.575.231-5 1/3

477
Seleção de Acórdãos

Incluído em Pauta no dia 08/07/2011 para sessão nº 207/2011 de 08/08/2011 às 09:00.

Voto
EMENTA: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO. CESSADO NA
AGÊNCIA DO INSS DE ORIGEM, CONCLUSÃO MÉDICO-PERICIAL.
LEGISLAÇÃO BASE, LEI 8.213/91, ARTIGO 59, DECRETO 3.048/99,
ARTIGOS 71 E 78. NÃO COMPROVADO O DIREITO REQUERIDO.
MANTIDA DECISÃO RECORRIDA. RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO
ISTO POSTO:

Fundamentos legais, técnicos ou administrativos que sustentam razões ao julgado.

- artigo 59, da Lei 8.213/91, (ou seu correspondente no artigo 71, do Decreto 3.048/99), que assim
dispõe; o auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de
carência, exigido nesta lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou atividade habitual por mais de 15 dias
consecutivos.
- artigo 78, do Decreto 3048/99, que assim preceitua, o auxílio-doença cessa, com a recuperação da
capacidade do segurado para o trabalho.
- conclusão médico-pericial proferida na instância administrativa do recorrido cessando o benefício,
na data acima referida, corroborada pelo parecer da Assessoria Técnica Médica desta Junta de Recursos,
após análise dos autos.
- trata-se de recurso tempestivo, cujos elementos apresentados não atendem condições para
prorrogação do benefício, conforme parecer técnico médico.
- artigo 18, da Portaria nº MPS 323/2007, alterada pela Portaria nº MPS 311/2009, que assim
dispõe; constitui alçada das Juntas de Recursos, não comportando recurso à instância superior, a decisão
colegiada, fundamentada exclusivamente em matéria médica, quando os laudos ou pareceres emitidos pela
Assessoria Técnica Médica da Junta de Recursos e dos Médicos Peritos do INSS apresentam resultados
convergentes.

VOTO no sentido de conhecer do recurso para no mérito e em grau de alçada negar-lhe


provimento, mantendo a decisão recorrida.
lma

ADEMIR RENATO NUNES DE SOUZA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 9461/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO
E NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Processo: 0518.575.231-5 2/3

478
Seleção de Acórdãos

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: JULIANA PALUDO


MOLINARI e OLGA AMARAL DA SILVA.

Porto Alegre - RS, 08/08/2011

ADEMIR RENATO NUNES DE SOUZA PAULO HENRIQUE FLORES RIEFFEL


Relator(a) Presidente

Processo: 0518.575.231-5 3/3

479
Seleção de Acórdãos

480
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 37085.001057/2011-12


Unidade de Origem: AGÊNCIA PELOTAS
Documento: 0155.194.144-6
Recorrente: CARLA BEATRIZ GAYER MOREIRA
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: SALÁRIO MATERNIDADE
Relator(a): TÂNIA MARIA NAZAROF PONCIANO

Relatório
CARLA BEATRIZ GAYER MOREIRA recorre tempestivamente da decisão administrativa que
indeferiu seu pedido de salário maternidade NB 80/155.194.144-6 requerido em 040111.

Foram juntados os seguintes documentos: cópia da certidão de nascimento da filha ocorrida em


120610, cópia da CTPS 1491667 – série 001-0 RS, comprovante de situação cadastral no CPF, declaração
da recorrente que a demissão foi a pedido.

O benefício foi indeferido pelo INSS porquanto a recorrente estava desempregada no fato gerador.

No recurso 37085.001057/2011-12 a requerente requer o benefício de salário maternidade alegando


que a demissão foi a pedido.

Com o recurso foi juntado cópia do requerimento de seguro desemprego, cópia do termo de rescisão
do contrato de trabalho, cópia da comunicação de dispensa ao Ministério do Trabalho e Emprego e
pesquisa realizada para verificar se a requerente trabalhou no período de 0.06.09 a 30.04.10, pois a
demissão ocorreu durante a gravidez e que restou comprovado.

Nas contrarrazões o INSS entre outras informações alega que em 12.04.11 foi realizada pesquisa in
loco no estabelecimento onde a recorrente desempenhou sua atividade laboral resultando desta, a juntada
dos documentos constantes em fls. 24/30 onde consta novamente que a recorrente foi dispensada sem justa
causa, fl.25.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 12/07/2011 para sessão nº 201/2011 de 02/08/2011 às 10:00.

Voto

Processo: 0155.194.144-6 1/2

481
Seleção de Acórdãos

EMENTA: SALÁRIO MATERNIDADE. CABE O RECORRIDO, POIS HÁ


NOS AUTOS DOCUMENTO QUE NOS INFORMA QUE A DEMISSÃO FOI A
PEDIDO. PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 97 DO DECRETO Nº 3048/99.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO
ISSO POSTO,
Fundamentos legais, técnicos e administrativos que sustentam o julgado:
Art. 97. O salário-maternidade da segurada empregada será devido pela previdência social
enquanto existir relação de emprego, observadas as regras quanto ao pagamento desse benefício pela
empresa.(Nova Redação dada pelo Decreto nº 6.122 - de 13/06/2007 – DOU DE 14/06/2007)
Parágrafo único. Durante o período de graça a que se refere o art. 13, a segurada desempregada fará
jus ao recebimento do salário-maternidade nos casos de demissão antes da gravidez, ou, durante a
gestação, nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a pedido, situações em que o benefício será pago
diretamente pela previdência social. .(Nova Redação dada pelo Decreto nº 6.122 - de 13/06/2007 – DOU
DE 14/06/2007)

Face o dispositivo legal mencionado a recorrente faz jus ao benefício de salário maternidade
requerido porquanto consta em fl. 08 declaração da própria recorrente que a demissão foi a pedido.

Ao exposto,

VOTO: no sentido de conhecer do Recurso e DAR-LHE PROVIMENTO, reformando a decisão


recorrida.

jtmb

TÂNIA MARIA NAZAROF PONCIANO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 9204/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO
E DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: JOÃO PAULO


CAMPAGNER e SALETH GROSS DESSIMON.

Porto Alegre - RS, 02/08/2011

TÂNIA MARIA NAZAROF PONCIANO PAULO HENRIQUE FLORES RIEFFEL


Relator(a) Presidente

Processo: 0155.194.144-6 2/2

482
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
18ª JR - Décima Oitava Junta de Recursos

Nº. de Protocolo do Recurso: 35248.000967/2011-34


Unidade de Origem: AGÊNCIA CARAZINHO
Documento: 0542.614.528-4
Recorrente: RASIP AGRO PASTORIL SA
Recorrido: INSS
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-DOENÇA POR ACIDENTE DE TRABALHO
Relator(a): ELIANA RITA MARIOTTO COLPO

Relatório
RASIP AGRO PASTORIL S.A contestando a caracterização do Nexo Técnico Profissional do
benefício de Auxílio-Doença Acidentário, sob nº: 91542614528-4 de seu empregado, o
segurado OTÁVIO CORREIA, interpõe recurso em 24.02.2011.
Às fls. iniciais dos autos constam requerimento de benefício por incapacidade e marcação
da perícia médica e comprovante de requerimento e seguem cópias dos documentos do segurado
acima qualificado, bem como CNIS-Cadastro Nacional de Informações Sociais do mesmo
seguido de requerimento de atualização e solicitação de inscrição como contribuinte individual,
sem data legível.
Das fls. 15 a 18 encontram-se notas de compra e notas de produtor rural, em nome do
segurado, e a seguir entrevista rural, na qual ficou descaracterizada sua condição de segurado
especial, tendo em vista exercício de mais de 120 dias por ano a atividade de diarista. Às fls. 22
consta Carta de Concessão de Auxílio-doença por Acidente do Trabalho em 13/09/2010. Em
comunicação de decisão às fls. 24 encontra-se comunicação de decisão mantendo o benefício até
09/02/2011 e seguem informações do benefício com data de cessação em 21/02/2011.
Às fls. 26 a empresa RASIP AGRO PASTORIL S.A declara que através do setor de
Segurança e Medicinado do Trabalho requer a alteração do do benefício de auxílio-doença de
Otávio Correia, sendo que no período trabalhado de 05/045/2010 a 29/04/2010 onde atribuía a
função de trabalhador rural desta empresa não tem registro de doença e ou acidente relacionado
ao trabalho e anexa consulta de benefícios por incapacidade por empresa, constando o
auxílio-doença acidentário de Otávio Correia e ata do Conselho de Administração da empresa e
procuração outorgada pela mesma para procurador constituído nos autos.
Às fls. 35 consta despacho sobre a contestação do Nexo Profissional da empresa RASIP
AGRO PASTORIL S.A., no qual a médica perita deferiu o pedido da mesma, em função de que
o início do agravo deu-se no início da incapacidade em 09/08/2010 e o segurado laborou com
vínculo com a mesma Empresa entre 05/04/2010 a 29/04/2010, portanto antes do referido agravo.
Enviada comunicação ao segurado para que apresentasse contrarrazões a mesma foi
devolvida por não localização e foi considerado entregue o comunicado.
A conversão não foi realizada em razão da intempestividade do pedido, sendo esta
competência exclusiva do órgão julgador. Pelo exposto foi mantido o ato recorrido e enviados os
autos em prosseguimento.

Inclusão em Pauta

Processo: 0542.614.528-4 1/3

483
Seleção de Acórdãos

Incluído em Pauta no dia 25/07/2011 para sessão nº 206/2011 de 04/08/2011 às 10:00.

Voto
EMENTA: AUXÍLIO-DOENÇA POR ACIDENTE DE TRABALHO. RECURSO
PROVIDO POR NÃO COMPROVAÇÃO DO NTEP-NEXO TÉCNICO
INDIVIDUAL ENTRE O PERÍODO DE LABOR NA EMPRESA E O
ACIDENTE MOTIVADOR DO BENEFÍCIO, COM BASE NO ARTIGO 21 DA
LEI 8.213/91. . RECURSO CONHECIDO E PROVIDO
Tendo em vista o parecer da Assessoria Médica da 18ª junta o qual após a análise de todos os documentos
e laudos médicos periciais anexados aos autos concluiu que o segurado requereu o benefício em razão de
fratura do tornozelo ocorrida em 09/08/2010 e benefício requerido em 13/00/2010, em decorrência desta.
A empresa contestante alega que o segurado exerceu atividade no período de 05/04/2010 a 29/04/2010, e
não havendo registro de acidente do trabalho. Portanto na análise da Assessoria Técnica Médica não
existem elementos para aplicação do nexo individual e o benefício do segurado pode ser concedido na
espécie previdenciária (31), por doença isenta de carência.
Diante do exposto a recorrente (a empresa)faz jus ao que requer, nos termos do artigo 21 da Lei
8.213/99, o qual dispõe, entre outras disposições, que:
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído
diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho,
ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua
atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou
proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de
seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção
utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o
meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras
necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no
exercício do trabalho.
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante
de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às conseqüências do anterior.
Quanto a intempestividade não foram encontrados elementos capazes de caracterizá-la e se o
fossem ou ainda forem, diante do reconhecimento do direito da recorrente cabe a relevação da mesma
diante das atribuições deste colegiado, conforme a Portaria 323/2007 do Ministério da Previdência Social.
Isto posto:

VOTO pelo conhecimento do recurso e, ao DAR-LHE PROVIMENTO EM GRAU DE


ALÇADA, REFORME-se a decisão recorrida.

Processo: 0542.614.528-4 2/3

484
Seleção de Acórdãos

glsa

ELIANA RITA MARIOTTO COLPO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 9446/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Décima Oitava Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO
E DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ACELINO ANTONIO


GUEDES e LEILA LECY DE FREITAS.

Porto Alegre - RS, 04/08/2011

ELIANA RITA MARIOTTO COLPO PAULO HENRIQUE FLORES RIEFFEL


Relator(a) Presidente

Processo: 0542.614.528-4 3/3

485
Seleção de Acórdãos

486
Seleção de Acórdãos

cÂMARAS DE JULGAMENTO

487
Seleção de Acórdãos

488
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
01ª CaJ - Primeira Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do
37333.001652/2009-56
Recurso:
Unidade de Origem: AGÊNCIA ARARIPINA
Documento: 0149.108.571-9
Recorrente: INSS
JOSEFA AVILINA DE OLIVEIRA/Vigésima Primeira Junta de
Recorrido:
Recursos
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Relator(a): CARMEM BATISTA ROCHA RIBEIRO

Relatório
Recurso impetrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS contra decisão
proferida no acórdão de nº. 3408 de 08/04/10, pela 21ª Junta de Recursos que deu provimento
ao recurso da requerente.

Trata se de benefício de pensão por morte previdenciária de nº.21/149.108.571-9


requerida em 20/03/09, pela Sra. Josefa Avilina de Oliveira na condição de cônjuge do Sr.
Francisco Raimundo Oliveira, falecido em 17/01/09.

Para fazer prova de seu direito apresentou cópia de certidão de óbito do “de cujus”
e Cópia da certidão de casamento constando data de nascimento do segurado em 26/06/26
(fl.0/05).

Informação de beneficio de aposentadoria por idade em nome do segurado, concedida em


09/10/90 (fl.18).

O benefício foi indeferido em razão da data de nascimento do segurado e a data de


concessão do seu benefício (fls. 30/31).

Recorreu a Junta de Recursos (fl.28) solicitando a concessão do beneficio.

A 21ª JR deu provimento ao recurso da requerente considerando que o beneficio do


segurado estava em manutenção na data do óbito acórdão nº. 3408 de 08/04/10 (fls.42/44).

Em seu recurso a uma das Câmaras de Julgamento do CRPS o INSS alega o beneficio de
aposentadoria por idade concedida ao segurado foi indevido, pois que na data do requerimento o
segurado não contava com 65 anos de idade, idade esta exigida pelo art.46 do Dec. 83.080/79 em
vigor na data da concessão. (fls.46/47).

A requerente por sua vez alega que não pode ser prejudicada , pois que é legítima
beneficiaria do “de cujus” e que na data do requerimento seu esposo comprovou a idade exigida ,
tanto que foi-lhe concedido o beneficio. (fls. 52/54).

Inclusão em Pauta

Processo: 0149.108.571-9 1/3

489
Seleção de Acórdãos

Incluído em Pauta no dia 07/01/2011 para sessão nº 36/2011 de 18/01/2011 às 09:00.

Voto
EMENTA: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DA QUALIDADE DE DEPENDENTE. EXIGÊNCIA
ATENDIDA. ART. 16 E 103-A DO REGULAMENTO DA PREVIDENCIA
SOCIAL – RPS APROVADO PELO DEC. 3.048/99. RECURSO CONHECIDO E
NÃO PROVIDO
Recurso tempestivo.

Ressalta – se que, para o benefício de pensão por morte não é exigido carência, e sim a
qualidade de segurado, na data do fato gerador do benefício (óbito) conforme disciplinado pelo
Art. 105 do RPS aprovado pelo Dec. 3048/99, a saber “ a pensão por morte será devida ao
conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não”, (grifo nosso)

Busca a requerente o reconhecimento da qualidade de dependente do segurado do


instituidor, na condição de cônjuge , nos termos do art. 16 do Regulamento da Previdência Social
- RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048 de 06/05/99.

No presente caso, alem da comprovação da qualidade de segurado deve ser comprovada a


qualidade de dependente.

Observa-se dos autos que o segurado era beneficiário da previdência Social na condição
de aposentado comprovando assim sua condição de segurado, na data Fo fato gerador do
beneficio.

Em que pese às alegações do INSS de que o beneficio do segurado foi concedido


irregularmente, vez que o mesmo não possuía a idade de 65 anos na data do requerimento, a de se
observar o disposto no art. Art. 103-A da Lei 8.213 de 24/07/91, a saber: “O direito da
Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé”.

Tendo em vista que o beneficio foi concedido em 1990 e mantido regularmente até a data
do óbito do segurado, não sendo comprovado que a concessão indevida segundo o INSS resultou
de atos fraudulentos do ex-segurado.

Não pode o INSS negar o benefício de pensão a legitima beneficiaria por constatar
irregularidade na concessão “post mortem”, pois que, no caso, torna-se impossível a obediência
ao principio do contraditório.

Face ao exposto, voto no sentido de conhecermos do recurso da INSS para no mérito


NEGAR-LHE PROVIMENTO.

CARMEM BATISTA ROCHA RIBEIRO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 576/2011

Processo: 0149.108.571-9 2/3

490
Seleção de Acórdãos

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Primeira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: BRUNA CABRAL DA


SILVA e VERA LÚCIA SILVEIRA ELOI.

Brasília - DF, 18/01/2011

CARMEM BATISTA ROCHA RIBEIRO ISAURA MOREIRA PIRES


Relator(a) Presidente

Processo: 0149.108.571-9 3/3

491
Seleção de Acórdãos

492
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
01ª CaJ - Primeira Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 37307.025009/2009-35


Unidade de Origem: RETAGUARDA/BENEFÍCIOS - AGÊNCIA SANTO ANDRÉ
Documento: 0150.037.291-6
Recorrente: INSS
Recorrido: MANOEL HORTENCIO LIMA/Décima Terceira Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA ESPECIAL
Relator(a): MARIA DE FÁTIMA COSTA DA SILVA

Relatório
Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a decisão da 13ª Junta de Recursos/SP
que deu provimento ao recurso do Senhor Manoel Hortencio Lima, em 16.12.2009.

Em 22.05.2009 O interessado, com 48 anos de idade, requereu ao INSS – Instituto


Nacional do Seguro Social o benefício Aposentadoria Especial, quando apresentou entre outros
documentos:

1) PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário da empresas:

1.1) Suzano Bahia Sul Papel e Celulose, período de 23.05.79 a 18.04.80, no cargo de
ajudante geral, alegando exposição a ruído de 84 dB(A) (fls.03/04).

1.2) Frigobrás Cia Brasileira de Frigoríficos, período de 09.02.83 a 06.11.85, no cargo


de ajudante de produção, alegando exposição a ruído de 96 d(A) (fls.05/06).
Enquadrado pelo INSS, fls.13/14.

1.3) TUPY S/A, períodos de 10.12.85 a 31.01.03, no cargo de rebarbador de blocos e


cabeçotes, e de 01.03.07 a 16.02.09, como operador qualificado, alegando
exposição a ruído de 91 dB(A) nos períodos de 10.12.85 a 23.08.00 e de 24.08.00
a 17.06.02; ruído 93 dB(A) no período de 18.06.02 a 31.08.04; ruído 93,6 dB(A)
no período de 01.09.04 a 16.02.09 e a poeiras respiráveis, ferro, zinco e manganês
no período de 01.09.04 a 16.02.09 (fls.07/09). De 10.12.85 a 03.12.98,
enquadrado pelo INSS, fls.13/14.

Os autos foram encaminhados a Perícia Médica, que enquadrou os períodos de 09.02.83


a 06.11.85, ruído, código 1.1.5, anexo I; e de 10.12.85 a 03.12.98, ruído, código 2.0.5; deixando
de enquadrar os períodos de 23.05.79 a 18.04.80 e de 04.12.98 a 16.02.09, com justificativas para
o período de 04.12.98 a 06.02.09, uso do EPI (fls.13/14).

O INSS realizou resumo de documentos para cálculo de tempo de contribuição,


apurando até 16.02.09 – 15 anos, 08 meses e 22 dias e indeferiu o pedido por falta de tempo de
contribuição – atividades descritas nos DSS 8030 e Laudos Técnicos não foram consideradas
especiais pela Perícia Médica (fls.15/17).

O interessado recorreu a 13ª Junta de Recursos (fls.18).

Processo: 0150.037.291-6 1/3

493
Seleção de Acórdãos

A Egrégia 13ª Junta de Recursos, após parecer de sua ATM, enquadrou o período de
04.12.98 até a DER - Data de Entrada do Requerimento, e pelo Acórdão 25145/2009, deu
provimento ao seu recurso, em 16.12.2009 (fls.20/26).

A Seção de Reconhecimento de Direitos solicitou a emissão de Parecer Técnico


Fundamentado à SST – Seção de Saúde do Trabalhador, que retificou o entendimento da JRPS,
para o período de 04.12.98 a 16.02.09, com justificativa de EPI eficaz (fls.27/28).

Inconformado, recorre o INSS as Câmaras de Julgamento, solicitando a reforma da


decisão (fls.23/32).

O interessado não apresentou contrarrazões.

Consulta ao CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais (fls.36).

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 03/01/2011 para sessão nº 29/2011 de 12/01/2011 às 10:30.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA ESPECIAL. NÃO PREENCHIMENTO DO
TEMPO MÍNIMO DE TRABALHO, NOS TERMOS DO ART. 64 DO
REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - RPS, APROVADO PELO
DECRETO Nº 3.048 DE 1999. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO

Recurso tempestivo.

Conforme disposto no art. 64, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado


pelo Decreto n.º 3.048 de 06 de maio de 1999, a aposentadoria especial, uma vez cumprida a
carência exigida, será devida ao segurado empregado, que tenha trabalhado durante quinze, vinte
ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou
a integridade física.

A controvérsia gira em torno do período de 04.12.98 a 16.02.2009, que foi


desconsiderado pela Seção de Saúde do Trabalhador, pelo uso do EPI, porém, de acordo como
Enunciado nº 21 deste Conselho, o simples fornecimento de equipamento de proteção
individual de trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos
agentes nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de trabalho , entendimento
esse corroborado pela Súmula nº 09 da Turma de Uniformização das Decisões das Turmas
Recursais dos Juizados Especiais Federais, que assim dispõe:

“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a


insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial
prestado.”
Assim, entende esta Relatora devido o enquadramento também do período de 04.12.98
a 16.02.2009.
Dessa forma, com a inclusão do acréscimo da conversão dos períodos como especiais, o
segurado implementou o tempo de contribuição necessário à obtenção do benefício na forma do
disposto no artigo 64 do RPS.

Processo: 0150.037.291-6 2/3

494
Seleção de Acórdãos

Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO DO INSS, para no


mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

MARIA DE FÁTIMA COSTA DA SILVA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 295/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Primeira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: NÁDIA CRISTINA


PAULO DOS SANTOS PAIVA e NÁDIA DE CASTRO AMARAL FRANCO WALLER.

Brasília - DF, 12/01/2011

MARIA DE FÁTIMA COSTA DA SILVA ISAURA MOREIRA PIRES


Relator(a) Presidente

Processo: 0150.037.291-6 3/3

495
Seleção de Acórdãos

496
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
01ª CaJ - Primeira Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 36418.006421/2007-74


Unidade de Origem: AGÊNCIA PADRE MIGUEL
Documento: 0118.249.142-9
Recorrente: INSS
Recorrido: JOSÉ FARIA DA SILVA MACHADO/Décima Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Relator(a): NEURACY CUNHA CÂMARA

Relatório

O Instituto Nacional do Seguro Social – INSS recorre contra decisão, unânime,


proferida em 23/08/2010 pela E. 10ª Junta de Recursos da Previdência Social do estado do Rio
de Janeiro - JRPS/RJ que deu provimento ao pedido de Aposentadoria por Idade ( Urbana),
formulado pelo Sr. José Faria da Silva Machado.

Benefício requerido em 06/10/2000 contando, o segurado, com 65 anos de idade (fls.


01).

Após análise da documentação apresentada, a Autarquia Previdenciária apurou,


inicialmente, 21 anos, 01 mês e 17 dias de contribuição até 15/06/96 ( data da última
contribuição) , ocasionando o indeferimento do pedido em virtude de perda da qualidade de
segurado ( fls. 22/26).

Refeito cálculo de tempo de contribuição do interessado, pelo INSS, finalizando em


153 contribuições, fls. 45/46.

Apresentado recurso à Junta de Recursos da Previdência Social – JRPS (fls. 30), o qual
foi provido pela E. 10ª JRPS, fls.84/85.

O INSS interpôs recurso ao Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS


alegando que entre a data da saída do último vínculo empregatício e e a data em que o segurado
completou 65 anos de idade, houve perda da qualidade de segurado, conforme o contido no
Decreto nº 3.048/99, artigo 13, inciso II.Assim, requer a reforma da decisão recorrida (fls.87/88).

Processo: 0118.249.142-9 1/3

497
Seleção de Acórdãos

Contrarrazões do interessado, às fls.90, pugnando pela manutenção da decisão


recorrida.

Processo recebido no CRPS em 16/09/2010, fls. 92v.

INFBEN informa que o interessado encontra-se aposentado desde 09/10/2007, fls. 37.

È o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 15/12/2010 para sessão nº 15/2011 de 10/01/2011 às 09:30.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. RESTOU COMPROVADA A
CARÊNCIA NECESSÁRIA À OBTENÇÃO DA ESPECIE NA FORMA
DISPOSTA NO ARTIGO 182 DO REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA
SOCIAL, APROVADO PELO DECRETO Nº 3.048/99. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE

Recurso apresentado tempestivamente na forma prevista no parágrafo 1º do artigo 305


do Regulamento da Previdência Social-RPS, aprovado pelo Decreto nº 3048, de 06 de maio de
1999, com alterações.

O presente beneficio de Aposentadoria por Idade (URBANA) foi requerido em


06/10/2000 contando, o postulante, com 65 anos de idade (fls. 01).

Conforme se verifica nos autos o INSS reconheceu que o interessado comprovou 153
contribuições.

Levando-se em consideração que o interessado implementou o requisito idade em


15/11/99, a carência necessária à obtenção da espécie, na forma prevista no artigo 182 do RPS, é
de 108 meses de contribuição, portanto, faz jus ao postulado de acordo com a orientação fixada
na NOTA/CONJUR/MPS/Nº 937/2007, a partir da vigência da Lei n° 10.666/2003.

Processo: 0118.249.142-9 2/3

498
Seleção de Acórdãos

Pelo exposto, preliminarmente, VOTO, no sentido de, conhecer do recurso do INSS,


para, no mérito, DAR-LHE provimento PARCIAL.

NEURACY CUNHA CÂMARA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 432/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Primeira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto
do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: ADRIENE CÂNDIDA


BORGES e MARIA MADALENA SILVA LIMA.

Brasília - DF, 10/01/2011

NEURACY CUNHA CÂMARA ISAURA MOREIRA PIRES


Relator(a) Presidente

Processo: 0118.249.142-9 3/3

499
Seleção de Acórdãos

500
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
01ª CaJ - Primeira Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 36324.000027/2010-77


Unidade de Origem: AGÊNCIA TRÊS PONTAS
Documento: 0143.298.332-3
Recorrente: INSS
Recorrido: AMADO BENTO DE SOUZA/Sétima Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): RODOLFO ESPINEL DONADON

Relatório
Trata-se de recurso interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
contra decisão unânime da 07ª JR que deu provimento ao recurso do Sr.Amado Bento
de Souza.

Em 11/11/2009 o segurado requereu aposentadoria por tempo de contribuição,


quando apresentou entre outros documentos:

1) Cópia da CTPS (fls.02/10).

2) Contrato de Parceria Agrícola emitido em 01/01/05 (fls.11/12).

3) Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP, para Paulo Nogueira Resende,


períodos de 03/12/75 a 03/02/77, 01/11/78 a 08/03/77 e 01/11/77 a 03/03/99
trabalhador braçal (fls.17/19). Novo PPP, como retireiro de 01/11/78 a 03/03/99
(fls.32/33).

Cadastro Nacional de informações sociais – CNIS (fls.13).

O INSS indeferiu o benefício por falta de tempo de contribuição (fls.24).

O requerente recorreu à Junta de Recursos (fls.27). Apresentou declaração de


exercício de atividade rural, período de 10/11/71 a 02/12/75 trabalhador rural
assalariado (fls.34/35), cópia da certidão de casamento constando como lavrador em
1974 (fls.44).

O INSS apurou na DER um tempo de contribuição de 28 anos, 04 meses e 05


dias. Computou o ano de 1974 como rural (fls.48/49).

A 07ª JR deu provimento ao seu recurso (fls.52/56).

Inconformado, o INSS recorre as Câmaras de Julgamento pedindo a reforma da


referida decisão, alegando que não se pode computar os períodos de 03/12/75 a
03/02/77 e 10/09/78 a 25/10/78 por falta de documentação. O período de 01/01/05 a

Processo: 0143.298.332-3 1/4

501
Seleção de Acórdãos

07/06/05 e 17/08/05 a 30/10/05 não pode ser computado uma vez que o contrato de
parceria não foi registrado em época própria e o período de 01/05/79 a 28/04/95 não
pode ser enquadrado por atividade (fls.59/62).

Apesar de comunicado, o requerente não apresentou contrarrazões (fls.64 e


verso).

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 21/02/2011 para sessão nº 105/2011 de 15/03/2011 às 11:30.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. NÃO
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS PREVISTOS NOS ARTS. 56, 187 E
188, DO REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - RPS, APROVADO
PELO DECRETO 3.048 DE 1999. RECONHECIMENTO DE VINCULOS
EMPREGATÍCIOS REGISTRADOS EM CTPS. . RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO EM PARTE

Recurso tempestivo.

O requerente, à época da DER (data de entrada do requerimento), contava com


55 anos de idade.

Quanto aos documentos apresentados para comprovação do exercício de


atividade rural, tem-se o disposto no art. 62 caput e §§ 5º e 6º do Regulamento da
Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 06/05/99, a saber:

“Art.62. A prova de tempo de serviço, considerado tempo de contribuição na forma


do art. 60, observado o disposto no art. 19e, no que couber, as peculiaridades do
segurado de que tratam as alíneas "j" e "l" do inciso V do caput do art. 9ºe do art. 11,
é feita mediante documentos que comprovem o exercício de atividade nos
períodos a serem contados, devendo esses documentos ser contemporâneos dos
fatos a comprovar e mencionar as datas de início e término (...)
(.....)

§ 5º A comprovação realizada mediante justificação administrativa ou judicial só


produz efeito perante a previdência social quando baseada em início de prova
material.
§ 6º A prova material somente terá validade para a pessoa referida no
documento, não sendo permitida sua utilização por outras pessoas.”(grifo nosso).

Esse também é entendimento contido no art. 20, § 1º da Portaria Ministerial –


MPS n.º 170 de 25/04/07, publicada no D.O.U de 27/04/07, a saber:

Processo: 0143.298.332-3 2/4

502
Seleção de Acórdãos

"Art. 20. A comprovação do tempo de serviço em atividade rural, para fins de


concessão de benefício a segurado em exercício de atividade urbana, será feita
mediante a apresentação de início de prova material contemporânea do fato
alegado, conforme o § 6º do art. 62 do Regulamento da Previdência Social.

§ 1º O início de prova material de que trata o caput terá validade somente para
comprovação do tempo de serviço da pessoa referida no documento, não sendo
permitida sua utilização por outras pessoas."

Ademais, o art. 143 do RPS não admite prova exclusivamente testemunhal.


Dito isso, analisando os documentos juntados aos autos, restou comprovado o
exercício de atividade rural do requerente apenas no ano de 1974, o que já foi
reconhecido pelo INSS.
Com relação ao reconhecimento dos períodos de 01/01/05 a 07/06/05 e 17/08/05
a 30/10/05, com base em contrato de parceria, temos que não há contribuição no CNIS
e para o período posterior a 11/1991 só poderia ser computado mediante o
recolhimento das contribuições previdenciárias na forma do art.60 inc.X do RPS, a
saber:

“Art.60. Até que lei específica discipline a matéria, são contados como tempo
de contribuição, entre outros:
(...)
X – o tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior à
competência novembro de 1991” (grifo nosso).

Quanto ao enquadramento do período de 01/05/79 a 28/04/95, esta CAJ não


utilizara o Parecer CONJUR/MPS n.º 32/2009 em virtude do mesmo não ter sido
assinado pelo Ministro da Previdência Social, não sendo, portanto, vinculativo aos
julgamentos do CRPS.
Todavia, o código 2.2.1, do Anexo do Decreto n.º 53.831, de 25/03/64, somente
pode ser aplicado ao trabalhador rural em agropecuária que contribuía para o RGPS,
ou seja, ramo da atividade urbano. O trabalho em Fazenda, vínculo rural mesmo com
contribuição para o antigo PRORURAL não tem o condão de permitir o enquadramento
por atividade no citado código, aplicável somente ao segurado urbano.
O requerente exercia a função de trabalhador rural em Fazenda. Portanto, não
pode ser enquadrado o período de 01/05/79 a 28/04/95.

A CTPS apresentada foi emitida em 04/08/76 e consta o primeiro vinculo de


03/12/75 a 03/02/77. Portanto, é possível o reconhecimento do vínculo de 04/08/76 a
03/02/77 e 10/09/78 a 25/10/78, posto que a CTPS é prova contemporânea de registro
empregatício e a obrigação pelo recolhimento previdenciário pertence ao empregador.
No que se refere ao tempo de contribuição, nos termos do art. 56 do
Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de
06/05/99, a aposentadoria por tempo de contribuição, uma vez cumprida a carência
exigida, será devida ao segurado que cumprir 35 anos de contribuição e a segurada
que cumprir 30 anos de tempo de contribuição.

Menciona o art. 187 do RPS, que fica garantido a concessão de aposentadoria, a


qualquer tempo, ao segurado do Regime Geral de Previdência Social que, até 16 de
dezembro de 1998, tenha cumprido os requisitos para obtê-la, nas condições previstas
na legislação anterior à Emenda Constitucional n.º 20, de 16/12/1998, ou seja, 30 anos
de serviço para o segurado e 25 anos de tempo de serviço para a segurada (art. 54 do
RBPS aprovado pelo Decreto n.º 2.172 de 05 de março de 1997).

Processo: 0143.298.332-3 3/4

503
Seleção de Acórdãos

Nos termos do art.188 do atual RPS, tem-se que o(a) segurado(a) filiado(a) ao
Regime Geral de Previdência Social até 16 de dezembro de 1998, cumprida a carência
exigida, terá direito a aposentadoria, com valores proporcionais ao tempo de
contribuição, quando, cumulativamente:
I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito
anos ou mais de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher;
b) um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por cento do
tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de tempo constante
da alínea "a".

No presente caso, o tempo de contribuição do requerente é insuficiente para se


aposentar nas regras dos arts. 56 e 187 do RPS, e não implementa o tempo mínimo de
contribuição, mais o cômputo do período adicional previsto no art. 188 do RPS.
Desta forma, o requerente não faz jus ao benefício pleiteado, por estar em
desacordo com as regras estabelecidas nos arts. 56, 187 e 188 do RPS.
Dou parcial provimento ao recurso do INSS para que o período de 01/05/79 a
28/04/95 seja considerado comum e os períodos de 01/01/05 a 07/06/05 e 17/08/05 a
30/10/05 não sejam computados por ausência de recolhimento de contribuições, mas
reconheço o computo dos períodos de 04/08/76 a 03/02/77 e 10/09/78 a 25/10/78
registrados em CTPS.

Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO DO INSS para,


no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO.

RODOLFO ESPINEL DONADON


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 1531/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Primeira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto
do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: LUIZ GONZAGA DE


ARAÚJO e MARIA DE FÁTIMA COSTA DA SILVA.

Brasília - DF, 15/03/2011

RODOLFO ESPINEL DONADON ISAURA MOREIRA PIRES


Relator(a) Presidente

Processo: 0143.298.332-3 4/4

504
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
01ª CaJ - Primeira Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do
36256.000253/2010-17
Recurso:
Unidade de
RETAGUARDA/BENEFÍCIOS - AGÊNCIA CARAGUATATUBA
Origem:
Documento: 0144.984.751-7
Recorrente: INSS
FERNANDA DE OLIVEIRA SANTANA/IVANILSON DOS SANTOS
Recorrido:
SANTANA-INSTITUIDOR/Quinta Junta de Recursos
Assunto/Espécie
AUXÍLIO-RECLUSÃO
Benefício:
Relator(a): ADRIENE CÂNDIDA BORGES

Relatório
O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS recorre contra a decisão
proferida pela 5ª Junta de Recursos da Previdência Social do Distrito Federal – 5ªJRPS/DF.

O pedido de Auxílio-Reclusão em questão foi requerido por FERNANDA DE


OLIVEIRA SANTANA e seus filhos, em 13/01/2010, em razão da reclusão de seu esposo,
Senhor IVANILSON DOS SANTOS SANTANA, ocorrida em 12/11/2009

Na oportunidade, foi apresentado o Atestado de Permanência Carcerária de fls. 10


constando a informação de que o segurado foi recolhido à prisão em 12/11/2009.

Foi efetuada uma consulta no Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS e foi
constatado o registro de último vínculo empregatício no período de 01/10/07 a 12/12/08, com
última remuneração integral no valor de R$ 824,24 (competência 11/2008). Fls. 13/14.

O pedido foi indeferido sob a alegação de último salário-de-contribuição recebido pelo


segurado em valor superior ao previsto na legislação (fls. 24).

Contra a decisão, a interessada interpôs recurso à 5ªJRPS/DF que, pelo Acórdão de fls.
29/31, deu provimento ao recurso interposto. Fundamentação na decisão proferida pela Sexta
Turma da Quarta Região do Tribunal Federal.

No recurso apresentado a uma das Câmaras de Julgamento deste Conselho, o INSS


afirma que embora tenha sido comprovada a qualidade de dependente dos requerentes e de
segurado do recluso, o último salário-de-contribuição do recluso foi superior ao limite de R$
752,12 fixado pela Portaria Interministerial de nº 48 MPS/MF, de 12/02/09, além de ficar
demonstrado pelo histórico de contribuições, que não se trata de pessoa de baixa renda para fins
de obtenção do benefício pleiteado.

Nas contrarrazões, a interessada afirma que seu direito está amparado pela
Jurisprudência, conforme considerado no Acórdão proferido pela JRPS.

É o relatório.

Processo: 0144.984.751-7 1/3

505
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 16/12/2010 para sessão nº 16/2011 de 10/01/2011 às 10:00.

Voto
EMENTA: AUXÍLIO-RECLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO. NÃO IMPLEMENTAÇÃO DAS CONDIÇÕES EXIGIDAS PELA
LEGISLAÇÃO NA DATA DO FATO GERADOR. ÚLTIMO
SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO EM VALOR SUPERIOR AO LIMITE
FIXADO PELA LEGISLAÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO NO CONTIDO NO
ARTIGO 116 DO REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL – RPS,
APROVADO PELO DECRETO Nº 3.048/99. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO

O recurso é tempestivo.

O benefício Auxílio-Reclusão está previsto no artigo 116 do RPS, que assim dispõe:

O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos
dependentes do segurado recolhido à prisão que não receber remuneração da empresa nem
estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço, desde
que o seu último salário-de-contribuição seja inferior ou igual a R$ 360,00 (trezentos e sessenta
reais).

Ainda de acordo com o § 5 º do citado Artigo, o auxílio-reclusão é devido, apenas,


durante o período em que o segurado estiver recolhido à prisão sob regime fechado ou
semi-aberto. (Incluído pelo Decreto nº 4.729, de 2003)

O cônjuge e os filhos estão elencados no inciso I do artigo 16 da Lei 8.213/91 como


dependentes do segurado.

No caso em questão, verifica-se que o recluso estava desempregado na data do fato


gerador, sendo o último salário-de-contribuição integral recebido no valor de R$ 824,24
(competência 11/2008), portanto, superior ao limite de R$ 710,08 fixado pela legislação Portaria
nº 77, de 11/03/2008.

Em que pese a alegação da requerente, restou comprovado o recebimento de última


remuneração pelo segurado em valor superior ao limite fixado pela legislação, não fazendo jus os
dependentes à concessão do benefício pleiteado.

Isto Posto e,

CONSIDERANDO tudo mais que dos autos consta,

Processo: 0144.984.751-7 2/3

506
Seleção de Acórdãos

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO do


INSS, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, ficando, em consequência, reformada a
decisão proferida pela 5ªJRPS/DF.

ADRIENE CÂNDIDA BORGES


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 228/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Primeira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: MARIA MADALENA


SILVA LIMA e NEURACY CUNHA CÂMARA.

Brasília - DF, 10/01/2011

ADRIENE CÂNDIDA BORGES ISAURA MOREIRA PIRES


Relator(a) Presidente

Processo: 0144.984.751-7 3/3

507
Seleção de Acórdãos

508
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
01ª CaJ - Primeira Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35894.000297/2010-51


Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL GUAÇUÍ
Documento: 0139.843.612-4
Recorrente: ALEXANDRA APARECIDA GOMES
Recorrido: INSS/Vigésima Quarta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: SALÁRIO MATERNIDADE
Relator(a): MARIA MAXIMIANA PEREIRA

Relatório

Trata-se de recurso interposto pela interessada contra decisão do Acórdão 8.506, de


16/08/10, proferida pela 24ª. Junta de Recursos/ES.

Em 03/05/2010 a Srª. ALEXANDRA APARECIDA GOMES requereu o benefício de


salário maternidade nº. 80/0139.843. 612-4 na condição de segurada especial, apresentando os
seguintes documentos:

- cópia da certidão de nascimento do filho da interessada com Adilson Ferreira, ocorrido


em 07/03/10 (fls. 03);

- cópia de contrato de parceria agrícola da interessada e do companheiro do período de


26/04/10 a 25/09/13, emitido e reconhecida firma em 26/04/2010 (fls. 06);

- cópia de documento em nome de terceiro (fls. 08).

O benefício foi indeferido por "falta de período de carência” (fls. 32) e a interessada
recorreu à 24ª. Junta de Recursos alegando que comprovou a condição de rurícola na condição de
segurada especial (fls. 33/34).

A 24ª. Junta de Recursos negou provimento ao recurso em 16/08/10 (fls. 45/47) e a


interessada recorreu às Câmaras de Julgamento alegando que não existe carência mínima para
esse benefício (fls. 50/52).

O INSS apresentou suas contrarrazões alegando que a interessada não comprovou o


exercício de atividade rural nos últimos dez meses anteriores ao nascimento (fls. 67).

Consta CNIS – cadastro nacional de informações sociais da interessada com vínculos


urbanos alternados de 1999 a 2004 (fls. 68).

É o relatório.

Processo: 0139.843.612-4 1/3

509
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 06/01/2011 para sessão nº 35/2011 de 17/01/2011 às 14:00.

Voto
EMENTA: SALÁRIO MATERNIDADE. – NÃO COMPROVAÇÃO DA
ATIVIDADE RURAL NOS DEZ MESES ANTERIORES AO NASCIMENTO –
ITEM 1 DA ALÍNEA “A” DO INCISO VII DO ARTIGO 9º., § 1º. DO ARTIGO
26, INCISO II DO ART. 29 DO RPS – REGULAMENTO DA PREVIDENCIA
SOCIAL, APROVADO PELO DECRETO 3.048, DE 06/05/99 § 3º. DO ART. 3º.
DA PORTARIA MPS Nº. 170, DE 25/04/07 -. RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO

Recurso tempestivo de acordo com o art. 305 do Regulamento da Previdência Social -


RPS, aprovado pelo Decreto nº. 3.048, de 06 de maio de 1999.

De acordo com o item 1 da alínea “a” do inciso VII do artigo 9º. do Regulamento da
Previdência Social - RPS, aprovado pelo Decreto nº. 3.048, de 06 de maio de 1999, é segurado
obrigatório da previdência social, como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel
rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo que, individualmente ou em regime de
economia familiar, na condição de produtor, seja ele proprietário, usufrutuário, possuidor,
assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore
atividade agropecuária em área contínua ou não de até quatro módulos fiscais.

De acordo com o parágrafo 1º do artigo 26 e o inciso II do artigo 29 do RPS -


Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto 3.048, de 06/05/99, para a segurada
especial, considera-se período de carência o tempo mínimo de efetivo exercício de atividade rural
igual ao número de meses necessários à concessão do benefício requerido e que a concessão do
salário-maternidade depende do período de carência de dez contribuições mensais.

O parágrafo 3º. do artigo 3º da Portaria MPS nº. 170 dispõe que para fins de
requerimento de benefício com período de carência de até um ano, o documento a ser
apresentado deverá comprovar que a atividade rural vem sendo exercida nos doze últimos meses
e, para os que não exigem carência, que o exercício da atividade rural anteceda a ocorrência do
evento que a ele dá direito.

Tendo em vista que a interessada não apresentou documentos que comprovassem o


exercício da atividade rural nos 10 meses anteriores ao nascimento da criança.

Diante do exposto, a interessada não faz jus à concessão do benefício.

CONCLUSÃO: VOTO no sentido de, preliminarmente, CONHECER DO


RECURSO DA INTERESSADA para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

MARIA MAXIMIANA PEREIRA


Relator(a)

Processo: 0139.843.612-4 2/3

510
Seleção de Acórdãos

Decisório
Nº. do Acórdão: 509/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Primeira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: BRUNA CABRAL DA


SILVA e CARMEM BATISTA ROCHA RIBEIRO.

Brasília - DF, 17/01/2011

MARIA MAXIMIANA PEREIRA ISAURA MOREIRA PIRES


Relator(a) Presidente

Processo: 0139.843.612-4 3/3

511
Seleção de Acórdãos

512
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35060.000735/2010-93


Unidade de Origem: RETAGUARDA/BENEFÍCIOS - AGÊNCIA ALEGRE
Documento: 0540.129.003-5
Recorrente: ALDIR FERNANDES SANTESSO
Recorrido: INSS/Vigésima Quarta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: AMPARO SOCIAL AO IDOSO
Relator(a): ALEXANDRA ÁLVARES DE ALCÂNTARA

Relatório
Trata-se de RECURSO ESPECIAL interposto por ALDIR FERNANDES
SANTESSO, nascida em 23.05.1938, contra a E. 24ª. JRPS que negou provimento ao pedido de
AMPARO SOCIAL AO IDOSO, formulado em 24.03.2010, nos termos do Acórdão nº
6.415/10 (fls. 25/27).

Entendeu a i. JRPS que está caracterizada a renda per capita familiar superior a ¼ do
salário mínimo, considerando a renda per capita da filha.

O grupo familiar é composto:


a) Interessada;
b) Osvaldo Santesso – esposo – aposentado com um salário-mínimo desde
29.08.1995;
c) Iago V. Santesso – neto – estudante;
d) Sidilene Maria Santesso – nascida em 06.05.1973, com renda de R$. 1.227,74 –
fls. 02.

Os autos foram instruídos com documentos médicos (fls. 18).

Nas razões de recurso a esta Câmara, a interessada afirma que cabe a exclusão da filha
e do neto do grupo familiar, devendo ser reparada a decisão da JRPS e, salientou que a concessão
de Aposentadoria por Tempo de Contribuição não é considerado para fins de análise do LOAS
diante do parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso – fls. 32/36.

À guisa de contrarrazões, o INSS pugna pela manutenção do ato denegatório, fls. 61.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 26/11/2010 para sessão nº 915/2010 de 07/12/2010 às 10:00.

Voto

Processo: 0540.129.003-5 1/3

513
Seleção de Acórdãos

EMENTA: AMPARO SOCIAL AO IDOSO. CÔNJUGE DETENTOR DE


APOSENTADORIA PREVIDENCIÁRIA. RENDA PER CAPITA FAMILIAR
SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO-MÍNIMO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 20,
§3º DA LEI Nº 8.742/93. . RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO

Recurso tempestivo inexistindo óbice para a sua admissibilidade.

Em linhas gerais, a recorrente postula a concessão do Benefício de Prestação


Continuada ao Idoso, nos moldes do artigo 20 da Lei nº 8.742/93:

O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (hum) salário-mínimo


mensal à pessoa portadora de deficiência de ao idoso com 70 (setenta) anos ou
mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e
nem tê-la provida por sua família.

E ainda prever o §3º do citado artigo 20, que:

Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de


deficiência ou idosa a família cuja renda mensal seja inferior a ¼ (um quarto)
do salário-mínimo.

A discussão gira em torno da comprovação de renda mensal per capita inferior a ¼


(um quarto) do salário-mínimo vigente à época do requerimento do benefício, levando-se em
conta o rol de dependentes indicados no artigo 16 da Lei 8.213/91, “in verbis”:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição


de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de


qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;
II - os pais;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um)
anos ou inválido;
...
§ 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do
segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma
estabelecida no Regulamento.

Nesta seara, o grupo familiar da recorrente é composto por ela e o esposo, sendo o
último detentor de APOSENTADORIA PREVIDENCIÁRIA, valor este incluso no cálculo para
a apuração da renda per capita, o que permite concluir que o rendimento mensal é superior a ¼
do salário-mínimo, conforme critério objetivo previsto na legislação que regula a matéria.

Exclui-se desse cálculo o rendimento percebido pela filha por ser maior de 21 anos e o
neto, por não fazer parte do rol do artigo 16.

Insta ressaltar que, o benefício previdenciário é considerado para o cálculo do


benefício, pois a exceção abrange tão-somente o Benefício de cunho assistencial – LOAS,
conforme prever o Parágrafo único do artigo 34 da Lei 10.741/03:

Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam
meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é
assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei
Orgânica da Assistência Social - Loas.

Processo: 0540.129.003-5 2/3

514
Seleção de Acórdãos

Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos


termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar
per capita a que se refere a Loas

Portanto, configurado a renda per capita familiar superior a ¼ do salário-mínimo.

Conclusão: Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente, CONHECER DO


RECURSO e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO.

ALEXANDRA ÁLVARES DE ALCÂNTARA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 6425/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: FILIPE SILVA MOSSRI


e MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA.

Brasília - DF, 07/12/2010

ALEXANDRA ÁLVARES DE ALCÂNTARA LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES


Relator(a) Presidente

Processo: 0540.129.003-5 3/3

515
Seleção de Acórdãos

516
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 36910.000916/2006-48


Unidade de Origem: AGÊNCIA PEDRO LEOPOLDO
Documento: 0137.260.572-7
Recorrente: ELIZABETE APARECIDA DA SILVA
Recorrido: INSS/Oitava Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): ALEXANDRA ÁLVARES DE ALCÂNTARA

Relatório
Trata-se de RECURSO ESPECIAL interposto por ELIZABETE APARECIDA DA
SILVA, nascida em 17/10/1954, contra os termos do acórdão nº 12.933/09 (fls.83/86), proferido
pela e. 08a JRPS que negou provimento ao pedido de APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO, formulado em 09/11/2005.

Entendeu a i. JR que a interessada não preenche os requisitos necessários para a


concessão do benefício, uma vez não comprovado direito à conversão de tempo especial para
comum para o período de 15/05/1997 a 06/08/2004, por não provar exposição habitual e
permanente ao agente nocivo biológico.

A interessada afirma que laborou sob condições especiais nos períodos, a saber:

- 23/12/1986 a 01/01/1992 – municiador – fls. 09/17 e 43/55;


- 15/05/1997 até o presente – copeira em serviço de nutrição e dietética – fls. 21/22 e
57/61.

Foi acostada Certidão de Tempo de Contribuição para o período de 17/05/1983 a


24/10/1986, emitida pela Prefeitura Municipal de Pedro Leopoldo.

O GBENIN emitiu parecer parcialmente favorável ao período de 23/12/1986 a


01/01/1992 no código 1.1.6. E contrário ao período de 15/05/1997 a 06/08/2004, pois a atividade
descrita de copeira do hospital não se enquadra em nenhum dos decretos previdenciários nem
encontra-se exposta ao agente biológico vírus e bactérias, não se enquadra nos processos
produtivos do código 3.0.1 (cujo enquadramento é devido à exposição aos agentes citados
unicamente relacionadas), tendo em vista que o Decreto 3.048/99 contempla apenas unidades
hospitalares de isolamento para doenças infecto-contagiosas – fls. 72.

De acordo com os cálculos de fls. 72/77, o INSS apurou o total de 25 anos 07 meses e
08 dias de contribuição até 09/11/2005, restando cumprir mais 01 ano 10 meses e 28 dias.

No CNIS de fls. 82 aponta que a requerente após 09/11/2005 continuou a laborar na


MATERNIDADE PUERICULTURA DR EUGÊNIO GOMES DE CARVALHO, com
recolhimento até 07/2009.

Nas razões de recurso especial, a interessada postula a reconsideração da decisão


anterior, aduzindo, preliminarmente que o recuso é tempestivo e, no mérito, requer que seja

Processo: 0137.260.572-7 1/3

517
Seleção de Acórdãos

enquadrado o período de 15/05/1997 até a presente data por exposição a agente biológico,
cabendo, para tanto, realizar processamento de Justificação Administrativa. E ainda, que faz jus
ao Benefício proporcional, aceitando a reafirmação da DER, conforme fls. 90/95.

Contrarrazões, fls. 98/99.

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 29/03/2010 para sessão nº 257/2010 de 08/04/2010 às 11:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. DIREITO
PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUICAO. NÃO COMPROVADO ATIVIDADE SOB CONDIÇÕES
ESPECIAL PARA O PERÍODO CONTROVERTIDO. INTELIGÊNCIA DO
ARTIGO 188 DO DECRETO 3.048/99, ENUNCIADO 05 DO CRPS.
COMPROVADO DIREITO A REAFIRMAÇÃO DA DER PARA O MELHOR
BENEFÍCIO . RECURSO CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE

Recurso tempestivo inexistindo óbice para a sua admissibilidade.

Pela situação previdenciária apresentada, a recorrente postula a concessão de


APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUICAO, nos moldes do artigo 188 do Decreto
3048/99, contando na DER com a idade de 51 anos de idade.

O deslinde da questão gira em torno da comprovação de atividades sob condições


especiais para os períodos de 23/12/1986 a 01/01/1992 (municiador) e de 15/05/1997 até o
presente (copeira em serviço de nutrição e dietética), aceitando, outrossim, a reafirmação da
DER.

Não é demais lembrar que o cômputo de tempo de serviço especial, tradicionalmente,


levava em consideração ora a atividade profissional exercida - presumindo-se, nos casos legais, a
exposição a condições agressivas -, ora a exposição a agentes nocivos arrolados em lei,
independentemente da atividade, comprovada por qualquer meio, com exceção ao ruído.

Após a edição da Lei n.º 9.032/95, o legislador passou a exigir, para o cômputo do
tempo de serviço como especial, a comprovação da efetiva exposição a agentes nocivos à saúde
nas atividades desempenhadas, com caráter de habitualidade e permanência. Posteriormente, a
Lei n° 9.732, de 11/12/98, alterou parágrafos do art. 57 (acrescendo os §§ 7º e 8º e dando nova
redação ao § 6º) e também alterou a redação dos §§ 1º e 2º do artigo 58 da Lei nº 8.213/91,
estabelecendo requisitos mais rigorosos para a comprovação da atividade especial.

É certo que os proventos de aposentadoria se regulam pela lei vigente ao tempo em


que se implementaram conjuntamente os requisitos necessário para gozo do benefício, para fins
de enquadramento da atividade como especial, inclusive quanto à forma de comprovação, deve
ser observada a legislação vigente à época do efetivo exercício da atividade laboral ('tempus regit
actum'), resguardando-se o direito já incorporado ao patrimônio jurídico do trabalhador.

Nesta esteira, verifica-se que:

Processo: 0137.260.572-7 2/3

518
Seleção de Acórdãos

a) o período de 23/12/1986 a 01/01/1992 já foi enquadrado no código 1.1.6, pela


Perícia Médica do INSS, restando incontroverso;

b) o período de 15/05/1997 a 06/08/2004 não é passível de ser enquadrado como


especial, pois na atividade de copeira, a interessada “auxilia na preparação de alimentos, serve
refeição para pacientes e funcionários, executa a limpeza do local do trabalho”, enseja exposição
não habitual a agente biológico. Ademias, o enquadramento com vistas ao código 3.0.1
contempla apenas unidades hospitalares de isolamento para doenças infecto-contagiosas. Vale
asseverar que não se vislumbra a necessidade de baixar os autos em diligência, pois as
informações trazidas ao presente são suficientes para manter o computo do intervalo como
comum.

Melhor sorte segue para a recorrente no tocante ao pedido de reafirmação da DER,


pois como houve a comprovação da continuidade do trabalho na MATERNIDADE
PUERICULTURA DR EUGÊNIO GOMES DE CARVALHO após 09/11/2005 até a data do
presente julgamento, esta já possui os requisitos para o Benefício na forma proporcional e
integral, cabendo-lhe, no entanto, optar pelo mais vantajoso na forma do Enunciado nº 05 do
CRPS.

Conclusão: Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente, CONHECER DO


RECURSO e, no mérito DAR PROVIMENTO PARCIAL gerando a concessão da
Aposentadoria com a DER reafirmada para a data do melhor Benefício.

ALEXANDRA ÁLVARES DE ALCÂNTARA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 1855/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto
do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: FILIPE SILVA MOSSRI


e WALTER VIEIRA DE MELLO.

Brasília - DF, 08/04/2010

ALEXANDRA ÁLVARES DE ALCÂNTARA LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES


Relator(a) Presidente

Processo: 0137.260.572-7 3/3

519
Seleção de Acórdãos

520
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35547.000885/2008-10


Unidade de Origem: AGÊNCIA CONCEIÇÃO DO COITÉ
Documento: 0147.147.234-2
Recorrente: AURINO RAMOS PEREIRA
Recorrido: INSS/Vigésima Primeira Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Relator(a): MICHELE PEREIRA FARIA

Relatório
Trata-se de retorno de diligência na qual se requereu que fossem juntados aos autos: (i)
outros documentos que comprovassem o exercício de atividade rural nos períodos de 02/01/1987
a 12/03/1997 e 13/03/1997 a 13/10/2008, em regime de economia familiar, como certidão de
inscrição do postulante junto ao TRE, nota fiscal de aquisição de produtos agrícolas, nota fiscal
de comercialização de produtos agrícolas, se for o caso, comprovante de cadastro no INCRA,
bloco de notas do produtor rural, e outros que possam servir como meio de prova; (ii) cópia dos
autos referentes a NB 144.685.984-0, que acusou o indeferimento de anterior pedido de
concessão de aposentadoria por idade pelo recorrente, requerido em 12/09/2007, na APS
Euclides da Cunha (fls. 40); e que (iii) fosse efetuada uma Justificação Administrativa ou
pesquisa NO LOCAL com o intuito de se confirmar o exercício de atividade rural no período
carencial exigido, esclarecendo-se em qual data o interessado iniciou o exercício de atividade
rural e até quando a exerceu (fls. 67/70).

O Sr. Aurino Ramos Pereira interpôs recurso especial contra os termos do Acórdão n.º
5619/2009, proferido pela 21ª Junta de Recursos/PB, que negou provimento ao pedido de
aposentadoria por idade, por ele requerido (fls. 56/58).

Na ocasião do requerimento, datado de 13/10/2008, o interessado contava com 61 anos de


idade (fl. 01).

A fim de comprovar sua qualidade de segurado especial, bem como o tempo de atividade
rural, o postulante acostou os seguintes documentos aos autos:

(i) cópia de sua certidão de casamento civil, realizado em 23/08/1983, constando para o
postulante a ocupação de comerciante e para sua esposa ocupação de doméstica; bem
como correspondente averbação de separação judicial consensual entre os mesmos,
devidamente homologado pelo juiz em 12/05/1987 (fls. 02 e 02v.);

(ii) cópia de seus documentos de identificação pessoal e de sua CTPS (fls. 03/08);

(iii) declaração emitida em 17/10/2008 pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais e


Agricultores de Cansanção/BA, informando exercício de atividade rural para os períodos
de 02/01/1987 a 12/03/1997 e 13/03/1997 a 13/10/2008, ambos em regime de economia
familiar, o primeiro período na condição de comodatário, na propriedade do Sr. Gino
Roberto da Silva, e o segundo período como produtor nas próprias terras. (fls. 09);

Processo: 0147.147.234-2 1/4

521
Seleção de Acórdãos

(iv) cópia de ficha de filiação do postulante pelo STR de Cansanção/BA, ocorrida em


09/02/1999 (fls. 10);

(v) cópia de Contrato de Comodato firmado em 02/01/1987, entre o postulante e o Sr.


Gino Roberto da Silva. O contrato apresentou previsão de duração de 02/01/1987 a
31/12/1996. Reconhecimento de firma em cartório no dia 12/09/2008 (fls. 11/14); cópia
de documentos da terra em seu nome (fls. 15);

(vi) cópia dos documentos da aquisição da propriedade rural do postulante (fls. 16/18);

(vii) ITR para o exercício de 1997 a 2008, constando o Sr. Aurino Ramos Pereria como
contribuinte do Imposto (fls. 21/32);

O CNIS do postulante acusou contribuição à Previdência Social como contribuinte


autônomo nos períodos de 01/11/1980 a 31/12/1984 (fls. 33/39).

O CONIND do postulante acusou o indeferimento de anterior pedido de concessão de


aposentadoria por idade, requerido em 12/09/2007, sob argumento de falta de período de carência
(fls. 40).

A entrevista rural foi desfavorável ao postulante, uma vez que não apresentou
documentos que comprovassem a atividade rural (fls. 43/44).

Posteriormente, o INSS deixou de homologar todo o período indicado pelo interessado


como de atividade rural (02/01/1987 a 12/03/1997 e 13/03/1997 a 13/10/2008), considerando
falta de prova material que comprovassem a atividade rural (fls. 45).

Inicialmente, o benefício não foi reconhecido, sob argumento de não comprovação do


efetivo exercício da atividade rural, na condição de segurado especial, no período carencial
mínimo exigido pela legislação (comunicação da decisão às fls. 51).

Recurso de fls. 47. Juntou, para tanto: cópia de notas fiscais emitidas em 1998/1999, bem
como cópia de ficha de filiação à Associação dos Pequenos Produtores da Fazenda Nova
Esperança de Cansanção/BA, ocorrida em 1998 (fls. 49);

Em sua manifestação, a 21ª JR/PB negou provimento ao recurso, considerando a não


comprovação do efetivo exercício da atividade rural, na condição de segurado especial, no
período carencial mínimo exigido pela legislação nos termos dos arts. 48, § 2º e 143 da Lei n.º
8.213/91 (fls. 56/58).

A postulante recorreu a uma das Câmaras de Julgamento deste Conselho, solicitando pelo
provimento do recurso especial interposto às fls. 60, pois afirma que trabalhou nas terras do Sr.
Gino Roberto da Silva até 1997 e após em suas próprias terras, conforme documentação em
anexo.

O INSS, em suas contra-razões solicita que seja mantida a decisão prolatada pela Junta de
Recurso (fls. 66).

Remetidos os autos para análise dessa CaJ, foram baixados em diligência (fls. 67/70),
oportunidade na qual foram juntados aos autos:

(i) cópia dos documentos que o interessado juntou para comprovar o exercício da
atividade rural (fls. 72/101);
(ii) cópia do processo NB 41/144.685.984-0 (fls. 111/143);

Processo: 0147.147.234-2 2/4

522
Seleção de Acórdãos

(iii) pesquisa in loco substituída por oitiva de confrontantes, em atenção ao disposto no §


5º, do art. 137 da IN 20/2007 (fls. 102/109);
(iv) relatório conclusivo da autarquia, esclarecendo que restou comprovado o exercício da
atividade rural, na condição de segurado especial, apenas no período de 13/03/1997 a
13/10/2008, insuficiente para a concessão do benefício (fls. 148/149).

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 22/12/2010 para sessão nº 6/2011 de 03/01/2011 às 14:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. SEGURADO ESPECIAL -
NECESSIDADE COMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE RURAL ESPECIAL NO
PERÍODO DE CARÊNCIA EXIGIDO - INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS
LEGAIS. ARTS. 11, VII E § 1º, 48, 55, § 3º E 142 DA LEI N.º 8.213/91. ARTS. 9º,
VII E 51, § 1º DO DECRETO N.º 3.048/99. NOTA CONJUR/MPS N.º 937/2007.
VOTO . RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO

Recurso interposto tempestivamente.

De acordo com o art. 9º do Decreto n.º 3.048/99, considera-se segurado especial o


produtor, parceiro, meeiro, arrendatário rurais, que exerçam suas atividades, individualmente ou
em regime de economia familiar. Regime de economia familiar é aquele em que o trabalho dos
membros da família é indispensável à própria subsistência e é exercido com mútua dependência e
colaboração, sem a utilização de empregados. Nesse mesmo sentido, é a redação do art. 11, § 1º
da Lei n.º 8.213/91.

Na ocasião do requerimento, datado de 13/10/2008, o interessado contava com 61 anos de


idade (fl. 01).

Levando-se em conta que o requerente completou a idade exigida para a concessão do


benefício no ano de 2007, deveria comprovar o exercício de atividade equivalente a 156 (cento e
cinqüenta e seis) meses de período de carência, o equivalente a 13 anos, consoante inteligência
do art. 142 da Lei de Benefícios.

Com efeito, a Declaração Sindical e a cópia de Carteira Sindical, não se prestam ao fim
pretendido porque são documentos extemporâneos e/ou meramente declaratórios. É ver que a
Declaração Sindical não foi homologada pela Autarquia.

No tocante ao período de 02/01/1987 a 12/03/1997, verifica-se que a cópia de sua


certidão de casamento civil, realizado em 23/08/1983, consta para o postulante a ocupação de
comerciante (fls. 02); enquanto a cópia do contrato de comodato não é contemporânea (fls.
11/14).

Já os demais documentos, devido a data de emissão, corroboram apenas o segundo


período, declarado pelo STR de Cansanção/BA. Dessa forma, consideramos que o período de
02/01/1987 a 12/03/1997 não deve ser computado como de exercício de atividade rural, na
condição de segurado especial, uma vez que não foram apresentados documentos comprobatórios
do labor na área rural, ou seja, documentos que constituem provas materiais contemporâneas do
início, meio e fim da lide rural do período vindicado.

Processo: 0147.147.234-2 3/4

523
Seleção de Acórdãos

Todavia, concordamos com relatório conclusivo da autarquia previdenciária e


consideramos que apenas o período de 13/03/1997 a 13/10/2008 restou comprovado como
exercício de atividade rural, na condição de segurado especial, uma vez que foram apresentados
documentos comprobatórios do labor na área rural (fls. 148/149).

Contudo, não existem provas materiais contemporâneas que indiquem o início, o meio e o
fim da atividade rural pelo período de CARÊNCIA necessário, como exige o art. 55, § 3º da Lei
8.213/91 c/c Parecer CJ/MPS n.º 3.136/2003 e art. 142 da Lei de Benefícios.

Portanto, não preenchidos os requisitos dos arts. 48, 55 § 3°, 142 da Lei n.º 8.213/91, o
benefício não deve ser concedido.

Conclusão: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO, para no


mérito NEGAR-LHE PROVIMENTO.

MICHELE PEREIRA FARIA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 44/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: LISIANE DO


NASCIMENTO PETIZ e Mara Lúcia Malta.

Brasília - DF, 03/01/2011

MICHELE PEREIRA FARIA MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA


Relator(a) Presidente em Exercício

Processo: 0147.147.234-2 4/4

524
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35027.002211/1995-43


Unidade de Origem: SEÇÃO DE REVISÃO DE DIREITOS
Documento: 0048.931.478-3
Recorrente: CARMELITA FRANCISCA DE JESUS RAMOS
Recorrido: INSS/Quarta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Relator(a): AVANI VILAZANTE CASTRO

Relatório
Trata os autos de Volta de Diligência do Recurso Especial, tempestivo, da Sra.
Carmelita Francisca de Jesus Ramos, nascida em 14/6/1930, contra a decisão da 4ª JR/PA, que,
pelo Acórdão nº 4.056/1995, negou provimento ao seu recurso mantendo a suspensão do INSS da
Aposentadoria por Velhice, por ter detectado irregularidade na concessão.

Como se observa, às fls. 2, a recorrente solicitou e teve concedida a então


Aposentadoria por Velhice, como trabalhadora rural.

E para comprovar a sua condição de segurada especial apresentou as cópias: da CTPS


nº 75.843 Série 00037-BA, com os registros em estabelecimento agrícola e nas Fazendas São
João e Sobradinho nos períodos de 10/5/1984 a 30/12/1987, 30/1/1988 a 25/10/1991 e 2/1/1992 a
30/12/1992, do ITR de 1992 da Fazenda Sobradinho, com área de 154 há, com registro de 7
(sete) assalariados, Certidão de Casamento com Raimundo Simões de Ramos, e Atestado de
Residência com a qualificação de trabalhadora rural emitido em 30/3/1993.

Conforme se vê do Comando de Concessão Eletrônica, de fls. 10, o benefício teve a


data de entrada de requerimento DER em 6/4/1992, sendo concedido nessa data.

Pela comunicação da Auditoria do Estado da Bahia datada de 28/11/1994, de fls. 12,


a requerente foi informada da suspensão do seu benefício, por constatação de irregularidade da
documentação que o embasou. Sendo descrita como irregularidade de FRAUDE a apresentação
de documentos (CTPS) com anotações falsas, contrariando o disposto na alínea “h” do art. 95 da
Lei nº 8.212/1991. O processo foi colocado a disposição da Sra. Carmelita para vistas e aberto
prazo para recurso a E. JR.

Foram anexados às fls. 14/23, as apurações, relatório e conclusões promovidas pela


Missão Extraordinária em Ibicaraí/BA.

A Sra. Carmelita apelou a E. JR, com as razões de fls. 27, nas quais invocou sua
idade avançada, e origem rurícola. Solicitando a concessão do benefício por idade. Anexando as
declarações dos proprietários das fazendas: Sobradinho, São João ratificando os vínculos
registrados na CTPS.

O INSS manteve o ato recorrido.

Processo: 0048.931.478-3 1/3

525
Seleção de Acórdãos

A 4ª JR/BA, no julgamento de 19/10/1995, com fulcro no art. 295 do Decreto nº


611/1992, e art. 382 e 399 do Decreto nº 83.080/1979, e como a irregularidade restou constatada,
Negou Provimento ao Recurso.

A Sra. Carmelita recorreu a este CRPS, com as razões de fls. 37, reiterou que sempre
trabalhou na zona rural, e que o INSS relutava em pagar o benefício ao qual fazia jus. Invocou a
impossibilidade do INSS rejeitar as provas por ela apresentadas em face da ausência de uma
pesquisa “in loco”. Reapresentou as declarações dos proprietários das fazendas São João com
ITR de 1983 e da Sobradinho com o ITR de 1993 e Certificado de Matrícula.

O INSS, em contrarrazão, manteve o indeferimento.

A 5ª CAJ transformou o julgamento de 29/4/1997 em Diligência para a realização de


uma pesquisa “in loco”, para verificar se a requerente era trabalhadora rural, e se o seu marido,
também, era rurícola.

A pesquisa foi solicitada em 9/1/1998, conforme se verifica da “Solicitação de


Pesquisa”, de fls. 54/57.

Foi anexado às fls. 59/60, os Relatórios INFBEN, de 9/2/2007, informando da


concessão do Amparo Social ao Idoso com DER=DIB em 19/9/2006, e suspensão em
14/10/2006, por concessão de outro benefício. E da concessão de pensão por morte de servidor
público com DIB em 15/10/2006.

A Pesquisa solicitada em 29/4/1997 foi realizada em 13/5/2009. E informa que, em


decorrência da dificuldade de achar o endereço da Fazenda Sobradinho dirigiu-se à residência da
Sra. Carmelita, onde foram informados pela própria requerente que: “nunca trabalhou em
nenhuma fazenda chamada Sobradinho, que sempre trabalhou com seu esposo em uma
propriedade rural que pertencia a ele”

O processo foi encaminhado a esta 2ª CAJ (ex-5ª CAJ) pela Seção de Revisão de
Direito. Foram apensados os processos NB-88/517.975.679-7 e NB-21/138.225.508-7.

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 01/06/2010 para sessão nº 432/2010 de 09/06/2010 às 15:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. PREVIDENCIÁRIA –
BENEFÍCIO – APOSENTADORIA POR VELHICE DE TRABALHADORA
RURAL – BENEFÍCIO CONCEDIDO INDEVIDAMENTE, UMA VEZ QUE
PARA FUNDAMENTÁ-LO FORAM APRESENTADOS REGISTROS
FRAUDULENTOS NA CTPS. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO

Considerando a inexistência de preliminar prejudicial ao conhecimento do recurso.

Como se vê dos autos, assiste razão ao INSS, na suspensão deste benefício, posto que
efetivamente a Aposentadoria por Velhice, atual Aposentadoria por Idade foi conseguida a partir
de documentos fraudulentos, ou seja, registros fictícios na CTPS.

Processo: 0048.931.478-3 2/3

526
Seleção de Acórdãos

Conforme se verifica dos fatos relatados a Sra. Carmelita Francisca de Jesus Ramos
nunca foi trabalhadora rural. Ratificando essa conclusão, e contrariando as alegações da
recorrente, verificamos que seu marido, o Sr. Raimundo Simões Ramos se aposentou em
26/3/1996 como SERVIDOR PÚBLICO.

Posto isso concluímos que a suspensão da Aposentadoria por Velhice como


Trabalhadora Rural da Sra. Carmelita Francisca de Jesus Ramos foi correta e deve ser mantida
por este CRPS, pois o benefício foi concedido a partir de documentação fraudulenta.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO, no sentido de CONHECER DO


RECURSO, para no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

AVANI VILAZANTE CASTRO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 3147/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ENEIDA DA COSTA


ALVIM e MARIA SÔNIA DA SILVA FONSECA.

Brasília - DF, 09/06/2010

AVANI VILAZANTE CASTRO LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES


Relator(a) Presidente

Processo: 0048.931.478-3 3/3

527
Seleção de Acórdãos

528
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 36736.002089/2009-38


Unidade de Origem: AGÊNCIA DOURADOS
Documento: 0148.173.704-7
Recorrente: DANIEL MARCELINO DA SILVA
Recorrido: INSS/Vigésima Segunda Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Relator(a): ALEXANDRA ÁLVARES DE ALCÂNTARA

Relatório

Trata-se de Recurso Especial interposto por DANIEL MARCELINO DA SILVA


contra os termos do acórdão nº 6.557/09 (fls. 92/95), da e. 22a. JRPS que negou provimento ao
pedido de APOSENTADORIA POR IDADE, formulado em 22/05/2009.

Entendeu a i. JRPS que o interessado comprovou a condição de Trabalhador Rural


(empregado e segurado especial) nos períodos de 01/08/1996 a 06/12/1996, de 06/01/1997 a
17/11/1998 e de 31/08/2005 a 22/05/2009, perfazendo apenas 16 meses de carências,
insuficientes para o deferimento do benefício.

O requerente nasceu em 29/06/1940 e sustenta que exerceu atividade rurícola nos


períodos de 26/06/1964 a 21/05/1985 (Lote 09 quadra 04 - Dourados), de 01/08/1996 a
06/12/1996, de 06/01/1997 a 17/11/1998 (Sítio José Gregório – Dourados).

Constam no presente:
· Declaração do STR – fls. 03/05;
· Certidão de casamento celebrado em 28/05/1962, constando a profissão de lavrador
– fls. 06;
· Cédula de identidade emitida em 07/02/1975, indicando a profissão de lavrador – fls.
07;
· Certificado de reservista indicando a prestação de serviço de 20/06/1960 a
15/07/1961 – fls. 08;
· Cópia de CTPS com vínculos de 01/08/1996 a 06/12/1996, de 06/01/1997 a
17/11/1998 – fls. 09/11;
· Escritura de venda e compra de imóvel rural constando como comprador
MARCELINO DANIEL DA SILVA, em 26/06/1964 – fls. 12/14;
· Contrato particular de arrendamento agrícola datado de 31/08/2005 – fls. 14/16;
· Notas fiscais agrícolas datadas entre os anos de 2004 a2009 – fls. 17/21;
· Declaração Anual de Produtor Rural para os anos de 2006 a2009 – fls. 22/28;
· Procuração constando o interessado como procurador de Marcelino Daniel da Silva
em 11/06/1984, tendo na ocasião indicado a profissão de lavrador – fls. 29;
· Certidão de óbito da filha do interessado em 21/04/1994 indicando a profissão de
lavrador – fls. 30;
· Certidão de casamento da filha do interessado em 03/02/2001 indicando a profissão
de lavrador – fls. 31;

Processo: 0148.173.704-7 1/4

529
Seleção de Acórdãos

· INFBEN constando que é detentor de auxílio-acidente desde 24/09/1998, na


condição de rural – fls. 38/39;
· Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho constando admissão em 01/08/1996 e
demissão em 06/12/1996 – fls. 43;
· Recibos de pagamento de salários de 08/96, 11/1996 a 03/1997, 12/1997 - fls. 44/48;
· Guias de Recolhimento do FGTS – fls. 49/75;
· Aviso Prévio do empregador em 06/11/1996 – fls.76.
· Entrevista Rural onde o interessado reafirma a condição de trabalhador rural entre
1964 a1985 e de 01/08/2005 a 30/06/2009, em regime de economia familiar – fls. 79/80.

Nas razões de recurso de fls. 98/101, o interessado postula a reconsideração da


decisão proferida pela instância anterior e reafirma a condição de trabalhador rural, provando-se
a alegação com os documentos juntados aos autos, sendo certo que a análise do INSS foi muito
rígida, podendo corroborar a alegação com o processamento de Justificação Administrativa.

De acordo com a contagem de fls. 111, o interessado possui 83 meses de atividade


especial com o cômputo dos intervalos de 01/08/1996 a 06/12/1996, de 06/01/1997 a 17/11/1998,
de 20/06/1960 a 15/07/1961 (período da prestação de serviço militar que não permite a utilização
da tabela progressiva) e de 01/08/2005 a 21/05/2009.

Nas contrarrazões de fls. 112/114, o INSS afirma que se aplica no caso em tela a
carência prevista no artigo 25, II da Lei nº 8.213/91 (180 meses), destacando-se que o serviço
militar pertence a outro regime de previdência, bem como houve recebimento de auxílio-doença
para 02/10/1997 a 17/09/1998 não considerado para fins de carência, conforme artigo 26 do
Decreto nº 3.048/99. Salientou que o período de 1964 a1985 não pode ser considerado para o fim
pretendido, pois foi prestado nas terras do pai e o mesmo já era casado, possuindo outro grupo
familiar.

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 29/03/2010 para sessão nº 251/2010 de 07/04/2010 às 11:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. PREVIDENCIÁRIO.
COMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE CAMPESINA EM PERÍODOS
INTERCALADOS E ANTERIORES A 24/07/1991. APLICABILIDADE DA
TABELA PROGRESSIVA DO ARTIGO 142 DA LEI 8.213/91 . RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO

Recurso tempestivo inexistindo óbice para a sua admissibilidade.

Pela situação previdenciária relatada, o recorrente pleiteia a concessão de


Aposentadoria por Idade Rural, nos moldes do artigo 143 da Lei nº 8.213/91:

“O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no Regime


Geral de Previdência Social, na forma da alínea “a” do inciso I, ou do inciso
IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no
valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contados a partir da data de
vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda

Processo: 0148.173.704-7 2/4

530
Seleção de Acórdãos

que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do


benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício”.

Neste contexto, o recorrente com 69 (sessenta e nove) anos de idade na DER, sustenta
que laborou no meio campesino de 26/06/1964 a 21/05/1985 (Lote 09 quadra 04 - Dourados), de
01/08/1996 a 06/12/1996, de 06/01/1997 a 17/11/1998 (Sítio José Gregório – Dourados) e de
01/08/2005 a 21/05/2009 (arrendatário rural).

Frisa-se que a prova de tempo de serviço, considerado tempo de contribuição, é feita


mediante documentos que comprovem o exercício de atividade nos períodos a serem contados,
devendo esses documentos serem contemporâneos dos fatos a comprovar e mencionar as datas de
início e término, conforme dispõe o caput do artigo 62 do Decreto n.º 3.048/99.

O Decreto n º 3.048/99 indica os documentos que podem ser considerados como


prova material, desde que contemporâneos aos fatos que se pretende comprovar. No caso de não
existirem documentos suficientes para todos os períodos de trabalho, ou se os documentos, por si
sós, forem insuficientes para comprovarem os fatos alegados, então, admitir-se-á a
complementação da prova através de outros documentos ou de prova testemunhal, que levem à
convicção do fato a comprovar. Em qualquer hipótese não será admitida prova de natureza
exclusivamente testemunhal.

Disso se infere que a própria legislação previdenciária estabelece os parâmetros em


que a prova deve ser analisada para efeito de se considerar aclarada a prestação do serviço, quais
sejam, desde que existente um início razoável de prova material, outros meios de prova serão
admitidos para integrar a convicção acerca dos fatos.

No caso em comento, observo que é pacífico o entendimento de que houve trabalho


rural nos períodos de 01/08/1996 a 06/12/1996, de 06/01/1997 a 17/11/1998 e de 01/01/2004 a
21/05/2009, destacando a existência de controvérsia para comprovar o período de 1964 a 1985 e
se é possível computar período de recebimento de auxílio doença para fins de carência.

Em relação ao primeiro item, assevera-se que o recorrente afirma que prestou serviço
nas terras do genitor, tendo a Autarquia invocado o teor do artigo 19 da Portaria Ministerial nº
170/2007:

“Art. 19. A comprovação do exercício de atividade rural, para os filhos casados


que permanecerem no exercício desta atividade juntamente com seus pais,
deverá ser feita por contrato de parceria, meação, comodato ou assemelhado,
para regularização da situação daqueles e dos demais membros do novo grupo
familiar, assegurando-se a condição de segurados especiais deste novo grupo.”

Entende essa Conselheira, que a exigência em comento é aplicada nas hipóteses de


prestação de serviço rural constituída a partir da Portaria Ministerial nº 170/2007, não se
aplicando as situações pretéritas.

No presente, observo que o recorrente trouxe ao presente elemento que comprova o


exercício da atividade campesina nos anos de 1962 (Certidão de Casamento), 1975 (Cédula de
Identidade), 1984 (Procuração), 1994 (Certidão de óbito de filha) e 2001 (Certidão de casamento
de filha), onde foi identificado como lavrador.

Assevera-se que, não é possível reconhecer o período seguido de 1962 a2001 com
base apenas em prova testemunhal, levando-se em consideração o interregno de tempo entre as
provas, sem outros elementos materiais da condição de segurado especial.

Processo: 0148.173.704-7 3/4

531
Seleção de Acórdãos

Cabe desconsiderar para este fim a escritura de compra de imóvel rural por se tratar de
documento em nome do genitor no ano de 1964, quando o recorrente já se encontra sob novo rol
de grupo familiar, fora das responsabilidades dos pais.

No que tange a possibilidade de se computar o intervalo de 02/10/1997 a 17/09/1998


em que foi detentor de auxílio-doença para fins de carência, verifica-se que a restrição contida no
RPS – Decreto 3048/99 refere-se exclusivamente ao cômputo de período de recebimento de
auxílio-doença para fins de tempo de contribuição, o qual somente é aceito entre atividades.
Assevera-se inexistir esta restrição para fins de carência, sem tratar de tal tema o “caput” do
artigo 26 como mencionou a Autarquia.

Nesse contexto, considerando-se os anos acolhidos por este Colegiado (1962, 1975,
1984, 1994 e 2001) e somando-se os períodos de 20/06/1960 a 15/07/1961, de 01/08/1996 a
06/12/1996, de 06/01/1997 a 17/11/1998 e de 01/01/2004 a 21/05/2009, o recorrente perfaz
aproximadamente 167 meses de carência, sendo suficiente para garantir a percepção do
benefício, valendo salientar que se aplica no presente a Tabela Progressiva do artigo 142 da Lei
nº 8.213/91, por comprovar inscrição anterior a 24/07/1991, com o exercício da atividade
campesina em 1962.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente, CONHECER


DO RECURSO e, no mérito, DAR PROVIMENTO.

ALEXANDRA ÁLVARES DE ALCÂNTARA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 1800/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: FILIPE SILVA MOSSRI


e WALTER VIEIRA DE MELLO.

Brasília - DF, 07/04/2010

ALEXANDRA ÁLVARES DE ALCÂNTARA LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES


Relator(a) Presidente

Processo: 0148.173.704-7 4/4

532
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 36998.001990/2004-71


Unidade de Origem: AGÊNCIA ITAJUBÁ
Documento: 0132.867.613-4
Recorrente: PAULO JOSE REZENDE MONTI
Recorrido: INSS/Oitava Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA

Relatório

Paulo José Rezende Monti requereu ao INSS o benefício de aposentadoria por tempo de
contribuição em 14/07/2004 (Data de Entrada do Requerimento – DER), aos 57 anos de idade
(fls.01/02).

O INSS indeferiu o pedido por falta de tempo de contribuição, conforme a comunicação


da decisão às fl.356/357. Na última contagem, a Autarquia apurou 20 anos, 11 meses e 16 dias
até 16/12/1998, e 26 anos e 4 meses até a 30/04/2004 (fls.643/648).

O requerente juntou novas provas e interpôs recurso contra essa decisão do INSS
(fls.362/404). A egrégia 8ª Junta de Recursos do CRPS (JR/CRPS) converteu o julgamento em
diligência, mediante a decisão nº126/2005, com vistas ao saneamento do procedimento e
instrução probatória complementar (fls.412/414).

O INSS emitiu solicitação de pesquisa com a finalidade de verificação do vínculo de


trabalho com estas empresas: Açucareira Antônio Monti S/A, de 01/1967 a 12/1971 (SP
nº21/2006 – fl.532), e IRAM - Ind. Reunidas Antônio Monti Ltda., de 01/07/1992 em diante (SP
nº22/2006 – fl.533). Juntou-se o extrato de recolhimentos de contribuintes individuais, à fl.534,
com a indicação de 19 contribuições e as seguintes competências pagas para a inscrição do
requerente (NIT 1.094.277.278-1): 10/1975 a 03/1976 e 06/1976 a 02/1977. Em seguida, consta o
resultado da pesquisa referente à empresa Açucareira Antônio Monti S/A, com a informação do
pesquisador de fechamento dessa empresa e de que toda a documentação estaria na posse do
requerente (fl.638).

Posteriormente, realizou-se Justificação Administrativa – JA para o período de


01/01/1967 a 29/12/1971 na empresa Açucareira Antônio Monti S/A. O servidor processante
da Justificação homologou-a quanto à forma, concluindo que o justificante teria sido funcionário
da empresa Açucareira Antônio Monti S/A no período de 01/12/1967 a 31/12/1969 (fls.579/595).
Todavia, com relação ao mérito da JA, houve homologação somente para o período de
01/01/1970 a 30/04/1970, para a função de auxiliar de escritório (fls.641/642). Assim, os
seguintes períodos não foram homologados quanto ao mérito: 01/01/1967 a 31/12/1969, porque
não haveria designação da atividade nos documentos dos autos e; 01/05/1970 a 29/12/1971, pois,
a partir dos depoimentos tomados na JA, não se formou convicção quanto à natureza da atividade
exercida pelo requerente na empresa.

Processo: 0132.867.613-4 1/12

533
Seleção de Acórdãos

A egrégia 8ª Junta de Recursos deste CRPS, mediante o Acórdão nº 9538, de 22/08/2007,


negou provimento ao recurso do segurado com base nestes principais fundamentos (fls.654/658):

(a) que não podem ser reconhecidos os registros na CTPS em razão das rasuras
verificadas;
(b) que a justificação administrativa foi homologada (no mérito) somente para o
período de 01/01/1970 a 30/04/1970, sendo essa matéria incontroversa a teor
dos artigos 147 e 148 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado
pelo Decreto nº 3.048/99;
(c) que não cabe o reconhecimento dos períodos de 1967 a 1969, maio a
dezembro de 1971, e de 1962 a maio de 2004 por insuficiência de documentos;
(d) que grande parte dos documentos apresentados só contêm a grafia do
segurado e a comprovação de que essa escrita é do interessado somente seria
possível mediante perícia grafotécnica, cujo ônus é do recorrente;
(e) que a pesquisa realizada pelo INSS, para o vínculo na empresa Açucareira
Antônio Monti S/A, foi infrutífera em razão de estar inativa e pela informação
de que o requerente estava na posse de seus documentos;
(f) que falta tempo de contribuição ao recorrente para fazer jus ao benefício.

A Seção de Revisão de Direitos do INSS emitiu carta para fins de comunicação do


Acórdão nº 9538 da 8ªJR/CRPS (fl.784). De acordo com o aviso de recebimento postal, a entrega
da carta ocorreu em 24/12/2007 (fl.785).

No recurso especial, o segurado alega, em síntese (fls.788/790): que o seu tempo de


serviço total é de 34 anos e 7 meses; que trabalhou para o seu pai, José Monti Sobrinho, na
extinta Açucareira Antônio Monti S/A, sem registro em carteira, de janeiro de 1967 a dezembro
de 1969; que, por sua solicitação, o seu pai registrou-o como auxiliar de escritório em 01/01/1970
e, após, passou a diretor financeiro em 30/04/1970; que voltou a auxiliar na administração,
realizando serviços de emissão de notas fiscais, duplicatas bancárias, registro de empregados,
cuidava do serviço geral do escritório, relacionamento da empresa com bancos, órgãos públicos,
INPS, Fórum, delegacia e vários outros; que foi inscrito no PIS pela empresa Açucareira Antônio
Monti S/A; que deu-se a baixa em sua CTPS, em 29/12/1971, em função da extinção da referida
empresa

O recorrente também alegou: que, a partir de 01/06/1972, passou a trabalhar na IRAM -


Ind. Reunidas Antônio Monti Ltda., como diretor financeiro, até 2004; que possui cartão de
segurado como empregador, datado de 02/08/1972; que a Agência da Previdência informou não
ter arquivos desse período em razão de enchentes ocorridas em Itajubá; que apresentou
Certificado de Regularidade de Situação – CRS, emitido em 1981 pelo INSS; que apresentou
declaração de 26/02/1976 da empresa IRAM, com discriminação mensal dos recolhimentos
efetuados ao INPS, recebido por servidor da Autarquia; que alguns documentos colacionados
foram extraviados; que recebeu auxílio-natalidade para os filhos nascidos em 1975, 1977 e 1981,
conforme anotação na CTPS, o que já provaria recolhimentos anteriores a tais benefícios; que há
recolhimentos comprovados a partir de 10/1975 a 06/2004.

Em contra-razões, o INSS vindicou a mantença do Acórdão recorrido (fl.792).

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 25/11/2008 para sessão nº 1085/2008 de 03/12/2008 às 15:00.

Processo: 0132.867.613-4 2/12

534
Seleção de Acórdãos

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. BENEFÍCIO.
CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. EMPRESÁRIO. APOSENTADORIA TEMPO
DE CONTRIBUIÇÃO. PROVA DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE.
CONTRIBUIÇÕES EM ATRASO. AO TEMPO DA LEI ORGÂNICA DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL – LOPS (LEI Nº 3.807, DE 26 DE AGOSTO DE 1960),
E DE SEUS REGULAMENTOS, VIGIA A PRESUNÇÃO DE
RECOLHIMENTO REGULAR DAS CONTRIBUIÇÕES DO SEGURADO
EMPRESÁRIO, EIS QUE A RESPONSABILIDADE ERA ATRIBUÍDA À
EMPRESA, RAZÃO POR QUE A CONCESSÃO DE BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO NÃO DEVE ESTAR CONDICIONADA AO
RECOLHIMENTO PRÉVIO DAS CONTRIBUIÇÕES EM ATRASO PARA AS
COMPETÊNCIAS POR ESTA LEI ALCANÇADAS. INTELIGÊNCIA DO
ENUNCIADO Nº 27 DO CRPS, EM FACE DA LOPS, DA LEI DE CUSTEIO E
DA LEI Nº 10.666/2003. . RECURSO CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE

Admissibilidade

O INSS intimou o interessado do Acórdão nº 9538 da 8ªJR/CRPS em 24/12/2007,


conforme Aviso de Recebimento à fl.785. E o recurso especial foi interposto em 15/02/2008, que
é a data de recepção pelo serviço postal (fl.786), por conseguinte, foi ultrapassado o prazo
regulamentar de 30 dias para interpor este recurso, contados da ciência da decisão (§1º do art.305
do Regulamento da Previdência Social - RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99).

Contudo, o recorrente faz jus à relevação da intempestividade, nos termos do inciso II


do art.13 do Regimento Interno do CRPS, aprovado pela Portaria MPS/GM nº323/2007, em
razão de o recurso ser procedente no mérito, como passo a expor.

Do Mérito

(I) Anotações da CTPS

A meu ver, as anotações realizadas na CTPS do recorrente não podem ser rejeitadas in
totum, como entendeu a egrégia 8ªJR/CRPS.

Com base no axioma jurídico do utile per inutile non vitiatur, é de se considerar que a
anotação inválida não vicia a válida. Mesmo porque os fatos jurídicos registrados: contratação,
opção pelo FGTS, contribuição sindical, registro de inscrições, alteração de função e extinção
contratual são distintos e, em geral, ocorrem em épocas diferentes.

Assim, em face da existência de rasura, seriam inservíveis somente estes registros da


CTPS, relativos ao vínculo com a empresa Açucareira Antônio Monti S/A: (a) data da saída da
empresa à fl.10; (b) data de anotação da contribuição sindical à fl.20 e; (c) data de saída que
consta das anotações gerais à fl.24.

Dessa forma, é válida a anotação na CTPS de admissão na Açucareira Antônio Monti S/A
em 01/01/1970 (fl.04 dos autos). Ademais, essa data é corroborada pelo Livro Registro de
Empregados (fl.94 dos autos). O mesmo seja dito em relação à alteração do cargo para diretor
financeiro, em 30/04/1970, e o registro como auxiliar da administração em 16/04/1971, porque
há evidências do exercício dessas atividades.

Processo: 0132.867.613-4 3/12

535
Seleção de Acórdãos

A anotação do contrato de trabalho, a partir de 01/07/1972, como diretor financeiro da


IRAM - Ind. Reunidas Antônio Monti Ltda. (fl.04), é igualmente válida. E será demonstrado
neste voto que existem provas suficientes deste vínculo laboral.

(II) Exercício de atividade na Açucareira Antônio Monti S/A

A empresa para a qual o segurado sustenta ter prestado serviços de 01/01/1967 a


29/12/1971, tinha por objeto a industrialização de produtos derivados de cana, nas espécies de
fabricação de açúcar e aguardente. O recorrente não integrava o quadro de sócios
(posteriormente, acionistas), nem a primeira diretoria eleita com a transformação em sociedade
anônima em 1968; embora o seu pai, José Monti Sobrinho, fosse o sócio com maior participação
societária (na data-base de 04/10/1968, detinha 34,31% das quotas, que foram transformadas em
ações), além do que exercia a administração como gerente industrial e, posteriormente, foi o
acionista eleito para Diretor-Presidente.

Os fatos mencionados supra constam da escritura pública de alteração contratual e


transformação de sociedade por quotas de responsabilidade limitada em sociedade anônima da
empresa Açucareira Antônio Monti Ltda., lavrada em 04/10/1968, que pode ser consultada,
nestes autos, às fls.556/568, cujo arquivamento (do original) e autenticidade foram certificados
pela Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (fl.568v).

Assim, seria possível cogitar do vínculo pessoal entre os participantes dessa sociedade,
pois todos os sócios, e, posteriormente, acionistas desta (dez pessoas), possuem o mesmo nome
de família: “Monti”. Mas, o caráter personalista dessa sociedade não significa que o recorrente
tenha auferido vantagem de sua condição de filho do principal proprietário, ou que não tenha
colaborado com o seu trabalho para o escopo da empresa. Ao revés, é crível que essa condição
tenha vindo em seu desfavor, pelo registro tardio de uma relação de trabalho começada anos
antes, em 1967. Não fosse isso verdade, não haveria como justificar a ascensão tão rápida de
auxiliar de escritório (em 01/01/1970, conforme CTPS) a diretor financeiro (em 30/04/1970). Ou
mesmo, a sua eleição como membro do Conselho Fiscal - o que não exigia a condição de
acionista -, em 04/10/1968, já em data anterior ao referido registro na CTPS, frise-se.

Nesse contexto, parece-me que foram reunidos elementos suficientes nestes autos para
comprovar o trabalho e o vínculo de emprego no período de 01/12/1967 a 29/12/1971 (dezembro
de 1967 é o marco inicial das provas materiais), para a empresa em apreço, a saber:

1. Cadastro de Pessoa Física no CNIS em 01/01/1971, tendo como fonte a inscrição


sob o código 1.039.269.901-7 no PIS (fl.07 e fl.42);
2. Guias de Recolhimento do FGTS (GR) das competências de novembro e
dezembro de 1971, com a assinatura do recorrente no campo do responsável
(fl.59);
3. Relatórios semanais de produção, saídas e estoques entregues à Cooperativa de
Produtores de Açúcar de Minas Gerais - Copaminas, todos com a sua assinatura,
emitidos nas seguintes competências: agosto/1970, maio/1971 e junho/1971
(fls.115/123);
4. Guias de remessas de cheques e duplicatas entregues à Copaminas, todos com a
sua assinatura, emitidos nas seguintes competências: agosto/1970, dezembro/1970,
maio/1971 e junho/1971, (fls.124/131);
5. Guias de remessas de notas fiscais e relatórios entregues à Copaminas, todos com
a sua assinatura, emitidos nas seguintes competências: agosto/1970,
setembro/1970, outubro/1970, novembro/1970, dezembro/1970, janeiro/1971
(fls.132/133 e fls.135/164);
6. Relação mensal de empregados e guia de recolhimento do FGTS para as
competências de janeiro a dezembro de 1967, todas emitidas em dezembro de
1967, com a assinatura do recorrente (fls.179/219);

Processo: 0132.867.613-4 4/12

536
Seleção de Acórdãos

7. Relação mensal de empregados e guia de recolhimento do FGTS para as


competências de janeiro e fevereiro de 1968, emitidas em fevereiro de 1968, com
a assinatura do recorrente (fls.220/225);
8. Relação mensal de empregados e guia de recolhimento do FGTS para a
competência de março 1968, emitida em abril de 1968, com a assinatura do
recorrente (fls.226/228);
9. Relação mensal de empregados e guia de recolhimento do FGTS para as
competências de abril/1968 a 01/1970, emitidas, respectivamente, de 05/1968 a
02/1970, todas com a assinatura do recorrente (fls.233/299);
10. Relação de empregados existentes em 25/04/1970; idem, em 24/04/1971 e
Relação de empregados para cadastramento, todos os documentos com a inclusão
do nome do recorrente (fls.300/301 e fl.303);
11. Diversas Notas Fiscais da Açucareira Antônio Monti Ltda. emitidas em outubro
de 1969, agosto de 1970, janeiro de 1971, abril de 1971, outubro de 1971 e
novembro de 1971 (fls.309/352), com a assinatura do requerente pela Usina;
12. Consta a assinatura de contrato de trabalho pelo recorrente, em 01/03/1970, para a
admissão na empresa em tela, de José Geraldo Carneiro, posteriormente
convocado para testemunhar na Justificação Administrativa, conforme documento
à fl.590.
13. O requerente assinou a autorização para movimentação de conta vinculada
(FGTS) em 09/06/1969, do empregado da Açucareira Antônio Monti Ltda.
(fl.279).

Os depoimentos de quatro testemunhas, cujos termos constam da Justificação


Administrativa processada às fls.579/595, convergem no sentido de o recorrente ter
efetivamente trabalhado na Açucareira Antônio Monti Ltda., e harmonizam-se com as provas
materiais relacionadas acima, para compor um conjunto probatório convincente.

Pela força do conjunto probatório antes exposto, não é possível acolher a


homologação da JA, no mérito, tão restritivamente como o fez a Autarquia - somente para
quatro meses do ano de 1970 -, e, ao revés do entendimento contido no Acórdão da
8ªJR/CRPS, não há preclusão nessa matéria, pois ela não está imune ao contraditório e à
ampla defesa.

A interpretação dada aos artigos 147 e 148 do RPS, quando o texto normativo veda o
recurso da decisão do INSS que considerou eficaz ou ineficaz a JA, não pode significar que
essa matéria seja irrecorrível, porém, somente que não cabe, nesse momento do
procedimento, agravo dessa decisão interlocutória, devendo ser remetida a matéria para o
recurso ordinário que venha a ser interposto contra a decisão final do requerimento de
benefício. Eis que a função institucional do CRPS é a de controle das decisões do INSS,
conforme o art.1º de seu Regimento Interno, e não há previsão expressa que excepcione a
questão aqui analisada.

(III) Exercício de atividade na IRAM - Ind. Reunidas Antônio Monti Ltda.

De acordo com o contrato social da IRAM - Ind. Reunidas Antônio Monti Ltda., no
capital desta sociedade participavam sete sócios, e a sua constituição ocorreu em 30/12/1971, e
verifica-se, em relação à empresa anterior (item II acima), objetos sociais afins quanto à
fabricação e comercialização de aguardente de cana. Dentre os referidos sócios, o recorrente e o
seu pai, juntos, reuniam 95% das quotas sociais. O pai do requerente continuava sendo o
principal quotista com 86% de participação.

O recorrente fora eleito, desde a constituição dessa sociedade, para a sua administração,
como diretor financeiro. As seis alterações contratuais posteriores, datadas de: 17/02/1977,

Processo: 0132.867.613-4 5/12

537
Seleção de Acórdãos

19/04/1977, 20/09/1978, 20/07/1982, 01/10/1986 e 20/11/1992 evidenciam que o requerente


ainda continuava na administração da sociedade, como diretor geral.

Os fatos aqui descritos constam do contrato social e das alterações contratuais que se
seguiram para a sociedade IRAM - Ind. Reunidas Antônio Monti Ltda., que podem ser
consultados, nestes autos, às fls.12/39.

Portanto, os documentos referidos acima já constituem prova material de que o recorrente


exerceu atividade, como empresário (sócio quotista e diretor), na empresa IRAM - Ind. Reunidas
Antônio Monti Ltda., com início nos idos de 1972. A sua designação para a administração da
sociedade, como diretor, já presume o labor para a empresa. Por conseguinte, a sua filiação como
segurado empresário era obrigatória desde a Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS (Lei nº
3.807, de 26 de agosto de 1960), a teor do seguinte dispositivo:

Art.5º São obrigatoriamente segurados, ressalvado o disposto no art.3º:


...
III- os titulares de firma individual e diretores, sócios gerentes, sócios solidários, sócios
quotistas, sócios de indústria de qualquer empresa, cuja idade máxima seja no ato da
inscrição de cinqüenta anos;
...

Ou seja, figuravam como segurados obrigatórios porque eram ou representavam o


empregador. Essa norma, a partir da edição da Lei nº 5.890/73, ficou redigida nestes termos:

III- os titulares de firma individual e os diretores, sócios gerentes, sócios solidários,


sócios quotistas, sócios de indústria, de qualquer empresa;

Por sua vez, o salário de contribuição dos referidos segurados era fixado pela LOPS, em
sua redação original, como salário de inscrição:

Art.76 Entende-se por salário-de-contribuição:


...
II – o salário de inscrição, para os segurados referidos no art.5º inciso III;

E consoante a lição de Wladimir Novaes Martinez (Salário-base dos contribuintes


individuais. São Paulo: Ltr,1999. p.220-221): “Salário de inscrição era o título atribuído ao
salário-de-contribuição do empresário até 31.8.73. Representava também o regime contributivo
desse segurado”, e “Vigendo o salário-base da Lei n.5.890/73, a contar de 1.9.73, o
salário-de-inscrição deixou de existir”.

Inclusive, há evidência nos autos da filiação do recorrente como segurado empresário e


fixação do respectivo salário de inscrição, consoante o cartão de segurado do INPS, como
empregador, para a empresa IRAM - Ind. Reunidas Antônio Monti Ltda., juntado à fl.452, com
data de emissão em 02/08/1972. Na folha 35 da CTPS do recorrente, também consta o registro
como segurado empregador, em 24/07/1972, e o salário de inscrição, conforme fl.453 dos autos.

Outra prova contundente do exercício de atividade e da condição de segurado obrigatório


é o registro, nas folhas 47 e 48 da CTPS do recorrente (fls.450/451 dos autos) do
auxílio-natalidade, prestação de espécie 61, cujo pagamento ficava sob a responsabilidade da
Previdência Social. Existem três registros nas seguintes datas: 01/09/1975, 16/08/1977 e
09/06/1981. E a concessão exigia o cumprimento de uma carência de 12 (doze) contribuições
mensais, conforme o art.33 da Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS (na redação dada pela
Lei nº 5.890/73), em vigor à época dos fatos, como segue:

Processo: 0132.867.613-4 6/12

538
Seleção de Acórdãos

Art.33 O auxílio-natalidade garantirá, após a realização de 12 (doze) contribuições


mensais, à segurada gestante, ou ao segurado, pelo parto de sua esposa ou companheira
não segurada, ou de pessoa designada na forma do item II do artigo 11, desde que
inscrita pelo menos 300 (trezentos) dias antes do parto, uma quantia, paga de uma só vez,
igual ao salário mínimo vigente na localidade de trabalho do segurado.
...

Ao revés do entendimento esposado no douto Acórdão da 8ªJR/CRPS, a meu ver, as


provas acostadas formam um conjunto probatório suficiente. Vejamos outras evidências do labor
do segurado para a IRAM - Ind. Reunidas Antônio Monti Ltda.:

1. A consulta ao sistema de arrecadação da DATAPREV indica o início de atividade


da empresa em 24/02/1972 e o requerente como sócio gerente responsável desde
01/04/1990, conforme a última atualização de dados datada de 16/07/1999
(fl.433);
2. O livro caixa da empresa registra, nominalmente, de 07/1972 a 11/1975, retiradas
mensais do recorrente a título de pró-labore, inclusive, os pagamentos de 07/1972
a 04/1973 foram efetuados no valor de seu salário de inscrição (fls.454/504);
3. Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, com a assinatura do recorrente, e
datada de 29/03/1973 (fls.506/507);
4. Documento de Solicitação e Resumo Cadastramento – DRC para o PIS, com a
assinatura do recorrente, e datado de 20/11/1972 (fls.510);
5. Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, com a assinatura do recorrente, e
datada de 29/03/1974 (fl.512v e fl.513);
6. Documento de Solicitação e Resumo Cadastramento – DRC para o PIS, com a
assinatura do recorrente, e datado de 06/06/1975 (fls.520);
7. Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, com a assinatura do recorrente, e
datada de 16/04/1975 (fls.521/522);
8. Relação anual de salários e Documento de Solicitação e Resumo Cadastramento –
DRC para o PIS, com a assinatura do recorrente, e datados de 27/02/1976 e
22/03/1976 (fls.524/527);
9. Pedido de matrícula da empresa no INPS, em 06/07/1972, no qual o recorrente
consta como diretor (fl.697);
10. Declaração de registros contábeis de lançamentos relativos à Previdência Social
entregue ao INPS – Setor de Fiscalização em 27/02/1976, com a assinatura do
recorrente (fl.696).

Não se pode olvidar que a própria Autarquia, com auxílio do controle que possui por
número de inscrição, desde 1975, já registra contribuições para o NIT do recorrente desse ano até
05/2004, conforme a análise contributiva à fl.49, o CNIS à fl.50 e o extrato de recolhimentos de
contribuintes individuais (INPS) à fl.534. Como resultado, e após o acréscimo do período de
01/01/1970 a 30/04/1970, em face da JA, a Autarquia apurou 26 anos e 4 meses em 30/04/2004
(fls.643/648), e uma carência cumprida de 316 contribuições mensais.

Ocorre que, nos termos da fundamentação exposta no item II anterior, é possível incluir
nessa contagem todo o período de 01/12/1967 a 29/12/1971 para a Açucareira Antônio Monti
S/A.

Quanto ao período de 07/1972 a 05/2004, verifico que a Autarquia não incluiu as


seguintes competências: 07/1972 a 09/1975; 08/1990; 10/1990 a 06/1992; 10/1993 a 12/1993;
04/1994 a 08/1994 e 12/1994. Ocorre que, nos termos da legislação vigente antes da publicação
da Lei nº 8.213/91, devem ser incluídos na contagem, como tempo de contribuição, os meses
de 07/1972 a 09/1975 e 10/1990, ainda que não tenha havido desconto e recolhimento para a

Processo: 0132.867.613-4 7/12

539
Seleção de Acórdãos

previdência social por parte da empresa a isso obrigada, por força de presunção legal da
regularidade dessas contribuições em favor do segurado empresário. Passo a apresentar a
fundamentação legal e jurídica desse ponto.

O Regulamento Geral da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 60.501/67, e


destinado à fiel execução da LOPS (Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960), já previa que os
sócios gerentes e diretores eram segurados obrigatórios e que as empresas deviam descontar e
recolher ao INPS as contribuições desses segurados, juntamente com a contribuição por elas
devidas; esse Regulamento estabelecia presunção legal referente à arrecadação dessas
contribuições pelas empresas, que favorecia tais segurados, pois era tida como regular e
oportuna, consoante o art.6, III, art.176, incisos I e III e §1º.

Vejamos o que dispunha o Regulamento do Regime de Previdência Social, aprovado pelo


Decreto nº 72.771, de 06 de setembro de 1973:

SEÇÃO III- ARRECADAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES E OUTRAS IMPORTÂNCIAS


DEVIDAS AO INPS

Art. 235. A arrecadação das contribuições e de quaisquer importâncias devidas ao INPS,


compreendendo seu desconto ou cobrança e recolhimento, será realizada com
observância das seguintes normas básicas:
I - As empresas deverão:
a) descontar, no ato do pagamento da remuneração dos empregados,
trabalhadores autônomos de categoria compreendida no art. 5º, item III, alínea “b”,
titulares de firma individual, diretores e sócios, as contribuições e quaisquer outras
importâncias por eles devidas;
b) recolher ao INPS, obedecidas as normas por este expedidas, até o último dia do mês
seguinte àquele a que se referirem, as importâncias arrecadadas nos termos da alínea
anterior, juntamente com as por elas devidas, inclusive as de que trata o art. 220, item II
alínea “b”.
...
Parágrafo único. O desconto das contribuições e o das consignações legalmente
autorizadas sempre se presumirão feitos, oportuna e regularmente, pelas empresas e
empregadores domésticos a isso obrigados, não lhes sendo lícito alegar nenhuma
omissão que hajam praticado, a fim de se eximirem do devido recolhimento, ficando
diretamente responsáveis pelas importâncias que deixarem de receber ou que tiverem
arrecadado em desacordo com as disposições deste Regulamento.

Segundo Wladimir Novaes Martinez (Salário-base dos contribuintes individuais. São


Paulo: Ltr, 1999. p.454): “O dever fiscal da empresa em relação ao empresário, pessoalmente
considerado, era muito semelhante ao relativo ao empregado. Isto é, descontar-lhe a contribuição
mensal, cuja taxa variava, conforme a classe de seu salário-base, de 8,5% a 10%, acrescer os
10%, da parte patronal e recolhê-la através do carnê de pagamento do titular”. Muito antes, na
edição de 1968 dos Comentários à lei orgânica da previdência social (2.ed. Rio de Janeiro: José
Konfino,1968. v. 2. p.384), Mozart Victor Russomano já dizia: “Quanto, porém, às contribuições
devidas por aqueles que, participando da estrutura diretiva da empresa, são segurados
obrigatórios da Previdência Social, na forma do art.5º, desta lei, o processo de arrecadação e
recolhimento, em tudo e por tudo, coincide com o adotado relativamente às contribuições dos
trabalhadores, acima estudado [dos empregados]”

Vejamos o que dispunha o Regulamento do Custeio da Previdência Social, aprovado pelo


Decreto nº 83.081, de 24 de janeiro de 1979:

Processo: 0132.867.613-4 8/12

540
Seleção de Acórdãos

Art. 54. A arrecadação das contribuições e outras importâncias devidas à previdência


social, compreendendo o seu desconto ou cobrança e o seu recolhimento, obedecerá às
normas básicas seguintes:
I - a empresa deve:
a) descontar, no ato do pagamento da remuneração do empregado, trabalhador
avulso, trabalhador temporário, titular de firma individual, diretor, membro de conselho
de administração de sociedade anônima e sócia, as contribuições e outras importâncias
por eles devidas às previdência social;
b) recolher as importância descontadas nos termos da letra "a", juntamente com as
devidas pela própria empresa, até o último dia do mês seguinte àquele a que elas se
referirem;
...
Art. 55. O desconto das contribuições e o das consignações legalmente autorizadas
sempre se presumirão feitos, oportuna e regulamente, pela empresa ou o empregador
doméstico a isso obrigados, não lhes sendo lícito alegar qualquer omissão para se
eximirem do recolhimento e ficando eles diretamente responsáveis pelas importâncias
que deixarem de descontar ou tiverem descontado em desacordo com este Regulamento.

Tanto era assim que a Ordem de Serviço IAPAS/SAF nº 86, de 02 de junho de 1982,
previa o lançamento fiscal do débito de segurado empresário em nome da empresa, nestes termos
(conforme: Martinez, Wladimir Novaes. Salário-base dos contribuintes individuais. São Paulo:
Ltr, 1999. p.628-630):

“Assunto: Estabelece normas para levantamento e recolhimento de débito de


Segurado-Empresário.
...
Considerando que os Segurados-Empresários foram conceituados como ´Contribuintes
Individuais´
Considerando que, não obstante, é de responsabilidade da empresa o recolhimento das
contribuições descontadas dos segurados em questão, juntamente com as por elas
devidas (...);
...
6- O Fiscal de Contribuições Previdenciárias emitirá Notificação Fiscal de Lançamento
de Débito – NFLD quando da ocorrência de atraso no recolhimento das contribuições
previdenciárias relativas a Segurados-Empresários.
6.1- A NFLD será emitida em nome da empresa à qual se acham vinculados os
Segurados-Empregados (...)”

Somente com a edição da Lei nº 8.212/91 (Lei de Custeio) é que houve alteração para
excluir a obrigação da empresa como responsável e atribuí-la ao próprio segurado empresário,
que passou a ter o dever de recolher “por iniciativa própria” a sua contribuição, conforme o
inciso II do art.30 dessa Lei, com esta redação original: “II- Os segurados trabalhador autônomo
e equiparados, empresário e facultativo estão obrigados a recolher sua contribuição por
iniciativa própria, no prazo da alínea ´b´ do inciso I deste artigo”.

Assim, ante o exposto, está devidamente fundamentado por que entendo devida a inclusão
dos meses de 07/1972 a 09/1975 e 10/1990 na contagem de tempo de contribuição. Em suma,
estava vigente presunção legal de desconto e recolhimento regular e oportuno por parte da
empresa (pessoa jurídica), e as disposições legais citadas aplicam-se ao caso concreto em favor
do empresário (pessoa física), haja vista que por essas contribuições responde a empresa, e não o
segurado empresário.

Se fosse oposto o argumento de que o recorrente era o próprio sócio gerente e diretor da
empresa IRAM - Ind. Reunidas Antônio Monti Ltda., e que estaria se beneficiando de sua
omissão com relação às obrigações previdenciárias, este Conselheiro manteria o seu

Processo: 0132.867.613-4 9/12

541
Seleção de Acórdãos

entendimento porque seria necessário provar o dolo, a fraude ou a simulação, que não podem ser
presumidas.

Outra objeção possível seria afirmar que este col. CRPS, na hipótese em que haja débito
decorrente do exercício de atividade do segurado contribuinte individual, condiciona a concessão
de benefícios previdenciários ao recolhimento prévio das contribuições em atraso. A assertiva,
todavia, estaria incompleta. Vejamos por que razão. Primeiro, transcrevo os termos do Enunciado
nº27, publicado no DOU de 25/10/2006, para a sua correta interpretação:

Cabe ao contribuinte individual comprovar a interrupção ou o encerramento da


atividade pela qual vinha contribuindo, sob pena de ser considerado em débito no
período sem contribuição. A concessão de benefícios previdenciários, requeridos pelo
contribuinte individual em débito, é condicionada ao recolhimento prévio das
contribuições em atraso, ressalvada a alteração introduzida pelo Decreto nº 4.729/2003,
no artigo 26, § 4º e no artigo 216, I, a, do Decreto 3.048/99, que, a partir da competência
Abril/2003, torna presumido o recolhimento das contribuições descontadas dos
contribuintes individuais pela empresa contratante de seus serviços.
A regra que estava vigente, desde a edição da Lei nº 8.212/91 (Lei de Custeio), sobre
arrecadação e recolhimento das contribuições, estabelecia que o segurado contribuinte individual
(o segurado empresário, no presente caso) estava obrigado a recolher sua contribuição por
iniciativa própria, a teor do inciso II do art.30 da Lei nº 8.212/91 e do inciso II do art.216 do RPS
(aprovado pelo Decreto nº 3.048/99). Ocorre que, a partir de 1º de abril de 2003, esta
sistemática de arrecadação sofreu modificação com a norma do art.4º da Lei nº
10.666/2003, para obrigar a empresa a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte
individual a seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração – inclusive, havendo a
presunção de desconto oportuno e regular feito pela empresa, conforme o §5º do art.33 da Lei nº
8.212/91. Ou seja, a norma atualmente em vigor retornou à forma de arrecadação
presumida em favor do segurado, já descrita neste voto, que vigia ao tempo da LOPS (Lei
nº 3.807/1960), em que a responsabilidade pelo desconto e recolhimento da contribuição era
diretamente imposta à empresa.

Destarte, entendo que o Enunciado nº 27 deste CRPS reconheceu, portanto, a modificação


operada na legislação acerca da arrecadação previdenciária do contribuinte individual que presta
serviço à empresa, de acordo com o art.216, I, a do RPS, na redação dada Decreto nº 4.729, de
09/06/2003. Em síntese: a ressalva que se fez neste Enunciado permite concluir que somente
será exigido o recolhimento prévio das contribuições em atraso, para fins de concessão de
benefício, quando esta obrigação depender de iniciativa própria do contribuinte individual
(que é a situação relacionada às prescrições específicas do inciso II do art.216 do RPS, na
redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 09/06/2003).

Assim, onde há a mesma razão deve imperar a mesma regra jurídica. Se ao tempo da
LOPS vigia idêntica regra de arrecadação para o segurado empresário (atualmente denominado
contribuinte individual), que responsabilizava diretamente a empresa pelo desconto e
recolhimento da contribuição do recorrente, concluo, com apoio, inclusive, no Enunciado nº 27
deste colendo CRPS, que as competências de 07/1972 a 09/1975 e 10/1990 devem integrar o
cálculo do tempo de contribuição, pois, por estas responde a empresa, e não o recorrente, ante a
presunção legal que vigia à época dos fatos geradores em prol do segurado empresário.

Dessa forma, refaço a contagem de tempo de contribuição, tendo por base o extrato que
foi emitido pela própria Autarquia (fls.647/648). Então, o cálculo do tempo de contribuição deste
Conselheiro é diferente dessa base levantada pela Administração previdenciária, nos seguintes
pontos: (a) na fixação correta do período de 01/12/1967 a 29/12/1971, para a empresa Açucareira
Antônio Monti Ltda. e; (b) no acréscimo dos meses de 07/1972 a 09/1975 e 10/1990, para a
empresa IRAM - Ind. Reunidas Antônio Monti Ltda.; tudo conforme a fundamentação supra e a

Processo: 0132.867.613-4 10/12

542
Seleção de Acórdãos

memória do cálculo efetuado a partir do sistema disponibilizado pelo Ministério da Previdência


Social em seu endereço eletrônico na internet (fl.799).

Assim, concluo que o recorrente cumpriu o requisito legal da carência, o requisito


etário e que possui tempo de contribuição igual a 33 anos, 4 meses e 29 dias em 30/04/2004,
quando lhe seria necessário apenas 30 anos, 9 meses e 12 dias para a aposentadoria
proporcional com pedágio (fl.799). Por conseguinte, a teor da Emenda Constitucional nº
20/98, art.9º, §1º, o segurado faz jus à aposentadoria com valores proporcionais ao tempo
de contribuição.

CONCLUSÃO - Ante o exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO


ESPECIAL DO SEGURADO para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL,
reformando o Acórdão nº 9.538/2007 da 8ª Junta de Recursos, pois, a teor da Emenda
Constitucional nº 20/98, art.9º, §1º, o segurado faz jus à aposentadoria com valores proporcionais
ao tempo de contribuição.

MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA


Relator(a)
Voto Divergente
(VENCIDO)

Em que pese a bem fundamentada exposição do I. Relator, discordo parcialmente da


conclusão de seu voto.

Tão somente acerca do período de 01/12/67 a 31/03/70 entendo não restar comprovado,
de forma robusta, ter ocorrido vínculo empregatício entre o interessado e a empresa açucareira
Antonio Monti S/A.

Destaco que a prestação laboral está demonstrada nos autos, pelas provas apresentadas
(e citadas no item II do voto do I. Relator), parcialmente ratificadas em J.A. Digo parcialmente
pois uma das testemunhas não conhecia o interessado antes de 1970.

Se mostra cabível, assim, a prestação do exercício da atividade, através dos documentos


assinados pelo interessado – mas, não a vinculação como empregado.

Não há, para tal período, anotação em CTPS, comprovantes de remuneração, controle
de freqüência ou sequer especificação do cargo e função do interessado na empresa.

Recorda-se ainda que no período o interessado cursava faculdade à noite, em cidade


distinta daquela onde se sediava a empresa.

Assim, vejo como temerário concluir pela existência de relação de emprego, até por se
tratar de empresa familiar, havendo no meu ver, indicações de que o vínculo tinha natureza de
estágio ou prestação de serviços como autônomo.

Destarte, excluo da contagem de fls. 799 o intervalo 01/12/67 a 31/03/70, concordando


com os demais termos do voto do I. Relator.

Processo: 0132.867.613-4 11/12

543
Seleção de Acórdãos

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO e,


no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL.

FILIPE SILVA MOSSRI


Conselheiro(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 7313/2008

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto
do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ALEXANDRA


ÁLVARES DE ALCÂNTARA e FILIPE SILVA MOSSRI.

Brasília - DF, 03/12/2008

MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES


Relator(a) Presidente

Processo: 0132.867.613-4 12/12

544
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 36230.000721/1998-02


Unidade de Origem: AGÊNCIA SÃO PAULO-TATUAPÉ
Documento: 0108.190.534-1
Recorrente: LUIZ JOSE HONORIO
Recorrido: INSS/Décima Terceira Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA

Relatório
O interessado requereu aposentadoria por tempo de contribuição em 17/10/1997 (Data
de Entrada do Requerimento – DER: fl.26). Juntou formulários de informações sobre atividades
exercidas em condições especiais na indústria gráfica, para a empresa Antônio Figueiredo e Cia.
Ltda. (fl.10).

O INSS emitiu extrato de tempo de contribuição com a seguinte contagem na DER:


28 anos, 1 mês e 10 dias, com a indicação de 28 grupos anuais de contribuições válidas para
efeito de carência, convertendo o período de tempo especial por categoria profissional de
01/04/1984 a 01/02/1997, como operador offset, no código 2.5.8 do Anexo II do Decreto n o
83.080/79 (fls.27/28). O pedido foi indeferido por falta de tempo de contribuição (fl.38).

O período de trabalho na empresa Pastifício Vera S.A., de 01/01/1974 a 31/12/1975,


foi acolhido pelo INSS (fl.136) e pela Junta de Recursos (fl.169), após a decisão de conversão do
julgamento em diligência (conforme Decisório no 158/2000 da 13a JR/CRPS às fls.43/44),
realização de pesquisa (SP 475/2000 à fl.46) e juntada de outros documentos (fls.91/93).

A decisão administrativa que indeferiu o pedido de aposentadoria foi mantida pela 13 a


JR/CRPS, mediante o Acórdão no 7.509 (fls.169/172). De acordo com a planilha à fl. 168, a
Junta de Recursos acolheu o enquadramento por categoria profissional na empresa Antônio
Figueiredo e Cia. Ltda. para o seguinte período: de 01/06/1977 a 31/03/1984 e 01/04/1984 a
31/12/1995.

O segurado interpôs recurso especial (fls.174/176) e juntou documentos (fls.177/186).


O INSS não ofertou contrarrazões.

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 27/10/2010 para sessão nº 821/2010 de 08/11/2010 às 15:00.

Voto

Processo: 0108.190.534-1 1/4

545
Seleção de Acórdãos

EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. BENEFÍCIO.


RECURSO ESPECIAL. TEMPO ESPECIAL RECONHECIDO POR
CATEGORIA PROFISSIONAL ATÉ A EDIÇÃO DA LEI NO 9.032/95.
ANOTAÇÕES NA CTPS E INFORMAÇÕES AO FTGS DECORRENTES DO
ACORDO HOMOLOGADO PELA JUSTIÇA DO TRABALHO.
REGULARIZAÇÃO DE DATA DE RESCISÃO CONTRATUAL. VALIDADE.
VÍNCULO DE EMPREGO COM O MESMO RECLAMADO COMPROVADO
NO CNIS PARA O TEMPO DE QUASE DUAS DÉCADAS. . RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE

Admissibilidade

O recurso foi interposto no prazo regimental (Portaria MPS nº 323/2007. RICRPS,


art.31). O Acórdão no 7.509 da 13a JR/CRPS foi prolatado em 11/05/2010 (fls.169/172). Após,
em 26/05/2010, o INSS expediu carta para dar ciência dessa decisão ao segurado (fl.173). Consta
que a carta da Autarquia teria sido recebida em 04/06/2010, conforme anotação aposta no
documento à fl.178. E o protocolo do recurso está datado de 02/07/2010 (fl.174).

Do Mérito

O segurado apresenta somente dois vínculos de emprego em sua vida laboral até a
entrada do requerimento de aposentadoria em 17/10/1997 (fl.26): na Pastifício Vera S.A. e na
Antônio Figueiredo e Cia. Ltda.

O primeiro vínculo, de menor duração, vai de 01/01/1974 a 31/12/1975, na Pastifício


Vera S.A., consoante extrato do INSS à fl.27 e documentos colacionados às fls.6/9. Após a
decisão de conversão do julgamento em diligência (conforme Decisório n o 158/2000 da 13a
JR/CRPS às fls.43/44), realização de pesquisa (SP 475/2000 à fl.46) e juntada de outros
documentos (fls.91/93), a prestação do serviço e o período correspondente foram acolhidos pelo
INSS (fl.136) e pela Junta de Recursos (fl.169).

Quanto ao segundo período, a controvérsia reside na comprovação do labor de


01/01/1996 até 01/02/1997. Não houve dúvida quanto à regularidade do segundo vínculo e o
exercício de atividade remunerada desde a admissão na empresa Antônio Figueiredo e Cia. Ltda.,
em 10/02/1976, até a data de 31/12/1995.

A 13a JR/CRPS não reconheceu o período de 01/01/1996 a 01/02/1997 com


fundamento na inexistência de dados de remuneração no Cadastro Nacional de Informações
Sociais - CNIS, referentes ao vínculo com a empresa Antônio Figueiredo e Cia. Ltda., posteriores
a 31/12/1995 (conforme fl.84 e fls.102/103), nos termos do art.19 do Regulamento da
Previdência Social – RPS (aprovado pelo Decreto no 3.048/99).

Além disso, essa egrégia Junta de Recursos argumentou que houve acordo na Justiça
do Trabalho, conforme Certidão de Objeto e Pé expedida pela Secretaria da 23 a Vara do
Trabalho da Justiça do Trabalho da 2 a Região (fl.146), para a ação trabalhista ajuizada em
16/04/1997, tendo havido conciliação nesse processo, sob o no 1002, em 29/07/1997. Contudo,
ante a ausência de cópia desse acordo judicial e de sua homologação (não obstante tenha sido
solicitada a sua juntada conforme diligência preliminar à fls.137), e a teor do Enunciado no 04
deste CRPS, seria inviável o reconhecimento do vínculo de trabalho no período de 01/01/1996 a
01/02/1997.

Não perfilho esse entendimento. A uma, porque o vínculo de emprego do segurado


com a empresa Antônio Figueiredo e Cia. Ltda. já alcançava, em 31/12/1995, quase 20 anos. Por

Processo: 0108.190.534-1 2/4

546
Seleção de Acórdãos

conseguinte, é evidente que a ação trabalhista ajuizada em 16/04/1997 não tinha por finalidade a
declaração de vínculo, mas tão somente diferenças salariais e de verbas rescisórias.

Ou seja, já havia prova material suficiente da relação de emprego. Nesse contexto,


não cabe recorrer ao Enunciado no 04 deste CRPS, porque a sua inteligência é vedar a utilização
do acordo trabalhista meramente declaratório de vínculo, sem início de prova material, como
prova válida para fins de comprovação de tempo de contribuição. Não é o caso sob análise, já
que seria até permitido ao segurado valer-se de Justificação Administrativa, a teor do §3o do
art.55 da Lei no 8.213/91, para a comprovação do período de 01/01/1996 a 01/02/1997, ante a
certeza das provas materiais e cadastrais (inclusive o CNIS) existentes desde a admissão na
empresa Antônio Figueiredo e Cia. Ltda., em 10/02/1976, até a data de 31/12/1995.

A duas, porque não consigo conceber que o referido acordo trabalhista tenha sido
homologado pelo Juiz do Trabalho contra a lei, isto é, com a determinação de regularização da
data de rescisão do contrato de trabalho em 01/02/1997, e pagamento de verbas correspondentes
até uma data futura fictícia.

E para mim está claro que houve regularização válida da rescisão contratual por
ocasião da homologação do acordo trabalhista, cuja ação foi ajuizada, frise-se, dentro do prazo de
prescrição. Basta verificar que o extrato inicialmente colacionado à fl.03, datado de 13/03/1997,
ainda estava com o campo da data de afastamento em branco, no entanto já indicava depósitos,
para o ano de 1996, compatíveis com a última remuneração apresentada pelo CNIS (em 1995) e
com os demonstrativos de pagamento de salário juntados pelos segurado para todas as
competências do período questionado (fls.148/162). Após a conciliação trabalhista ocorrida em
29/07/1997, o extrato do FGTS juntado à fl.163, datado de 28/10/1997, já consignava, no mesmo
campo antes referido, o afastamento da empresa como tendo ocorrido em 01/02/1997.

Ora, além de regularizar a situação do empregado perante o FTGS, permitindo-lhe o


saque em 15/08/1997 (código 01 – fl.163), logo após o acordo trabalhista, o empregador
forneceu-lhe a relação de salários de contribuição até janeiro de 1997 (fl.25), e efetuou anotações
em sua CTPS, cujos dados são convergentes para o final do vínculo nessa mesma data
(fls.181/186).

Não há vedação legal ou qualquer indício de fraude nessa regularização. Ademais, a


13a JR/CRPS invoca a norma do art.19 do RPS na redação que lhe conferiu o Decreto no
4.079/2002, que cominou a desconsideração do vínculo não confirmado por informações de
contribuições ou remunerações do CNIS. Todavia, à época de entrada do requerimento
(17/10/1997), o dispositivo regulamentar em vigor era o previsto no art.16 do Decreto no
2.172/97, cuja redação admitia a anotação na CTPS como bastante para a prova do tempo de
serviço (atualmente, contribuição), nestes termos:
Decreto nº 2.172, de 5.03.1997 - DOU 06.03.1997, ret. DOU 09.04.1997
(Aprova o Regulamento dos Benefícios da Previdência Social.)
Art. 16. A anotação na Carteira Profissional - CP e/ou na Carteira de Trabalho e
Previdência Social - CTPS vale para todos os efeitos como prova de filiação à previdência
social, relação de emprego, tempo de serviço e salário-de-contribuição, podendo, em caso de
dúvida, ser exigida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS a apresentação dos
documentos que serviram de base à anotação.

Assim, considero devida a inclusão do período de 01/01/1996 a 01/02/1997 na


contagem do tempo de contribuição.

Por sua vez, constato que a 13a JR/CRPS realizou enquadramento de tempo especial
por categoria profissional, auxiliar de impressão e impressor off-sett dessa indústria gráfica
(fl.10), de 01/06/1977 a 31/03/1984 e 01/04/1984 a 31/12/1995, respectivamente, sob o código

Processo: 0108.190.534-1 3/4

547
Seleção de Acórdãos

2.5.8 do Anexo II do Decreto no 83.080/79, conforme planilha à fl.168. Todavia, o


enquadramento por categoria profissional somente é admitido até 28/04/1995, data de edição
da Lei no 9.032. Assim, esse período deve ser retificado nos termos da referida Lei.

Assim, a partir do cálculo de tempo de contribuição da 13 a JR/CRPS (fl.168), cabe


retificar o período de enquadramento por categoria profissional, na forma acima, e acrescer o
período de 01/01/1996 a 01/02/1997, apurando-se o tempo total de 30 anos, 1 mês e 21 dias
até 16/12/1998, de acordo com a planilha de cálculo anexa a este julgado. Assim, é certo que na
DER o segurado cumpria os requisitos para fazer jus à aposentadoria por tempo de serviço,
proporcional, a teor da Emenda Constitucional no 20/1998, art.3o, e do art.53 da Lei no
8.213/91.

Isso posto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO ESPECIAL DO


SEGURADO para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, reformando o Acórdão
no 7.509, da 13a JR/CRPS, porque o segurado faz jus à aposentadoria proporcional nos termos
deste voto.

MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 5830/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto
do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ALEXANDRA


ÁLVARES DE ALCÂNTARA e FILIPE SILVA MOSSRI.

Brasília - DF, 08/11/2010

MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES


Relator(a) Presidente

Processo: 0108.190.534-1 4/4

548
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 36984.000463/2006-96


Unidade de Origem: AGÊNCIA JANUÁRIA
Documento: 0140.125.786-8
Recorrente: OSVALDO LOFEGO NETTO
Recorrido: INSS/Sétima Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA

Relatório
Osvaldo Lofego Netto requereu ao INSS o benefício de aposentadoria por tempo de
contribuição em 19/04/2006 (Data de Entrada do Requerimento – DER), aos 61 anos de idade
(fls.01/02).

O INSS indeferiu o pedido por falta de tempo de contribuição, conforme a


comunicação da decisão à fl.158. Na última contagem, a Autarquia apurou 27 anos e 14 dias até
16/12/1998, e 28 anos, 7 meses e 11 dias até a 31/12/2003 (fls.201/204).

A decisão administrativa foi reformada mediante o Acórdão nº 5.367/2007, que deu


provimento ao recurso ordinário, com vistas à concessão de aposentadoria com valores
proporcionais, nos termos do art.188 do RPS, considerando que o recorrente atinge o tempo
mínimo necessário, com base no extrato emitido pelo INSS às fls.201/204, acrescido dos
seguintes períodos não considerados pela Autarquia: (a) de 28/08/1995 a 31/12/1997, como juiz
classista da 3ª Junta de Conciliação e Julgamento em Vitória-ES e; (b) de 01/12/2005 a
31/12/2005 e 03/2006, quitadas conforme GPS às fls. 133/137.

Em adição, o mencionado Acórdão ressalvou o entendimento de que “cabe ao INSS


verificar se o débito junto à Previdência Social, objeto de processo de parcelamento, já foi
quitado, devendo, no caso, proceder nova contagem de tempo de serviço/contribuição, com
inclusão deste período, bem como daqueles os quais entende esta Relatora devam, também, ser
computados, e acima citados.” E, adiante, a ilustre Relatora afirma: “que, assim, o segurado deve
ser ciente da necessidade da quitação total do débito para fazer jus ao benefício, se de fato isto
ainda não ocorreu”.

A Seção de Revisão de Direitos interpôs recurso especial e alegou, em síntese: (a) que
não se aplica o art.188 do RPS, pois o segurado era oriundo de regime próprio e teria se filiado
ao RGPS a partir de 16/12/1998, a teor do disposto no art.56, §5º, do RPS; (b) que o tempo como
juiz classista somente deve ser computado nas competências em que o segurado atuou; (c) que
mesmo incluindo as competências quitadas por GPS o tempo seria insuficiente para a
aposentadoria proporcional; (d) que seria necessário apresentar as Certidões de Tempo de
Serviço para os vínculos com a Secretaria de Estado de Administração e para o Tribunal
Regional do Trabalho, na sua forma original e nos moldes do art.13º do RPS.

Processo: 0140.125.786-8 1/9

549
Seleção de Acórdãos

No envelope em apenso, constam as contra-razões do recorrido (encadernadas). São


rebatidas as alegações recursais do INSS e alegado haver tempo especial como engenheiro civil,
que poderia ser objeto de justificação administrativa, a teor da Instrução Normativa nº 95/2003, o
que resultaria em tempo de contribuição de mais de 35 anos.

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 27/11/2008 para sessão nº 1085/2008 de 03/12/2008 às 15:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. BENEFÍCIO.
CONTAGEM RECÍPROCA. LOPS. FILIAÇÃO DE ESTAGIÁRIO. JUIZ
TEMPORÁRIO DA UNIÃO. PARCELAMENTO. CONTRIBUIÇÕES EM
ATRASO. É ASSEGURADA A CONTAGEM RECÍPROCA DO TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO, PORÉM É VEDADA A CONTAGEM DE TEMPO DE
SERVIÇO PÚBLICO COM O DE ATIVIDADE PRIVADA, QUANDO
CONCOMITANTES. NOS TERMOS DA LOPS, É POSSÍVEL A FILIAÇÃO
DO ESTAGIÁRIO QUE EXERCE ATIVIDADE REMUNERADA. É DEVIDA A
CONTAGEM, COMO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO PARA O RGPS,
SOMENTE DAS COMPETÊNCIAS PARA AS QUAIS HOUVE EFETIVO
EXERCÍCIO DA MAGISTRATURA COMO JUIZ TEMPORÁRIO DA UNIÃO.
O PARCELAMENTO SUSPENDE A EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO, CONSOANTE O INCISO VI DO ART.151 DO CÓDIGO
TRIBUTÁRIO NACIONAL – CTN. POR CONSEGUINTE, SOMENTE É
POSSÍVEL CONSIDERAR EM ATRASO (EM DÉBITO) AS PARCELAS
VENCIDAS E NÃO PAGAS. AS COMPETÊNCIAS QUITADAS INTEGRAM O
CÁLCULO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. FUNDAMENTOS: LEI Nº
8.213/91, ART.94 E ART.96. LEI Nº 3.807/60 (LOPS). LEI Nº 6.903/81. LEI Nº
9.528/97. ADI 1878. CRPS, ENUNCIADO Nº 27. ANULAÇÃO DO ACÓRDÃO. .
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE
Admissibilidade

A Seção de Revisão de Direitos do INSS foi intimada do Acórdão nº 5.367 da


7ªJR/CRPS em 08/06/2007 (sexta-feira), de acordo com o Sistema Informatizado de Protocolo da
Previdência Social - SIPPS (fl.236). Assim, nos termos do art.26 do Regimento Interno do CRPS,
aprovado pela Portaria MPS/GM nº 323/2007, o prazo começou a correr a partir de 11/06/2007
(segunda-feira). E o recurso especial foi interposto em 10/07/2007, que é a data de recepção e
protocolo pela Seção de Logística do INSS (fl.244 e fl.247), portanto, observou-se o prazo
regulamentar de 30 dias (§1º do art.305 do Regulamento da Previdência Social - RPS, aprovado
pelo Decreto nº 3.048/99). Conheço do Recurso.

Do Mérito

A princípio, deve ser afastada a alegação recursal do INSS de que o segurado teria se
filiado ao RGPS a partir de 16/12/1998. Em verdade, após a emissão da CTC pela Secretaria de
Estado da Administração do Governo do Estado do Espírito Santo, englobando competências dos
anos de 1964 a 1969, somente houve vínculos no sistema do RGPS, como se verificará nos itens
abaixo.

Processo: 0140.125.786-8 2/9

550
Seleção de Acórdãos

Deve-se rejeitar, ainda, o argumento do recorrido referente ao tempo sob condições


especiais como engenheiro civil. É que o requerente não juntou aos autos formulário de
informação sobre atividades exercidas em condições especiais, não fez prova de que a empresa
ou estabelecimento estivesse legalmente extinto, nem mesmo solicitou a realização de
justificação administrativa antes de oferecer contra-razões ao presente recurso especial.

Isso posto, passo a analisar o tempo de contribuição, objeto da presente lide


previdenciária, conforme os itens I a X que se seguem.

(I) Certidão de Tempo de Contribuição - CTC

Consta, à fl. 04, CTC expedida pela Secretaria de Estado da Administração dos
Recursos Humanos e de Previdência – SEARP do Governo do Estado do Espírito Santo, para 4
anos, 11 meses e 3 dias de tempo de contribuição como professor na Secretaria de Estado da
Educação (de 01/03/1964 a 28/02/1966 e de 02/06/1966 a 09/05/1969). E uma via original dessa
CTC (nº 356/2000) foi juntada à fl.213.

É certo que o art.94 da Lei nº 8.213/91 assegura a contagem recíproca do tempo de


contribuição ou de serviço na administração pública e na atividade privada, o que possibilita o
cômputo do tempo apurado nessa CTC no Regime Geral de Previdência Social – RGPS; exceto o
período a seguir discriminado, em que há vedação de contagem de tempo de serviço público,
consoante o inciso II do art.96 da Lei nº 8.213/91, haja vista o exercício concomitante de
atividade privada.

(II) Companhia Vale do Rio Doce

Existem recibos de caixa da tesouraria da Companhia Vale do Rio Doce nestes autos
que evidenciam o exercício de atividade remunerada como estagiário, e a retenção de numerário
para fins de pagamento de contribuição para o INPS. As competências em questão são:
04/1967, 07/1967, 09/1967 a 03/1968, 05/1968, 07/1968 a 11/1968, 01/1969 e 02/1969
(fls.05/13).

Não se pode olvidar que a Companhia Vale do Rio Doce foi constituída como
sociedade anônima mediante o Decreto-Lei nº 4.352/42, e que somente foi privatizada em 1997.
Assim, os atos supracitados haviam sido praticados na condição de empresa estatal da União
Federal.

A Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS (Lei nº 3.807/60) não relacionava o


estagiário como segurado obrigatório em seu art.5º. Contudo, segundo a redação original do
art.3º dessa Lei, não somente os que exerciam emprego, mas, também os que exerciam “atividade
remunerada” eram beneficiários da previdência social na qualidade de segurados. A nova redação
dada a esse art.3º, pela Lei nº 5.890/73, veio deixar clara essa possibilidade de filiação do
estagiário com este texto: “segurados: todos os que exercem emprego ou qualquer atividade
remunerada, efetiva ou eventualmente, com ou sem vínculo empregatício (...)”. Assim, por essa
razão e, inclusive, pela evidência de a retenção da contribuição para o INPS ter sido realizada, e
por uma empresa estatal, parece-me correto considerar as competências mencionadas na
contagem de tempo de contribuição do requerente.

Ocorre que o referido período de atividade privada é concomitante com o tempo de


serviço público objeto de emissão de CTC (conforme item I anterior). Assim, nos termos do
inciso II do art.96 da Lei nº 8.213/91, é vedada a contagem do tempo de serviço público para o
Governo do Estado do Espírito Santo nos períodos de atividade privada analisados no atual item,
já que o RGPS, como regime instituidor, não pode considerar o tempo concomitante com o
regime de origem na compensação financeira entre os sistemas previdenciários, a teor do art.5º
do Decreto nº 3.112/99. O Acórdão recorrido, contudo, não atentou para a presente ressalva legal.

Processo: 0140.125.786-8 3/9

551
Seleção de Acórdãos

(III) Consórcio Cotep de Planejamento

No meu sentir, o requerente provou a contratação a prazo determinado pelo Consórcio


em epígrafe, de 22/01/1970 a 28/07/1970, expressamente e por escrito (a teor dos artigos 443 e
445 da CLT), para exercer a função de engenheiro, consoante o contrato à fl.14; o recibo de
quitação à fl.15 e; a autorização para movimentação de conta vinculada no FGTS à fl.16. É,
portanto, contrato de emprego por tempo determinado, com fixação de horário e salário (fl.14).
Destarte, o requerente era segurado obrigatório da previdência social, como empregado, e o
Consórcio Cotep de Planejamento era responsável pelo desconto e recolhimento de sua
contribuição, que se presumia feita pela empresa de forma oportuna e regular ao INPS, consoante
o Regulamento Geral da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 60.501/67, art.6º, inciso I,
e art.176, incisos I e III, e §1º. Então, o requerente faz jus à inclusão desse período na
contagem de tempo de contribuição.

A Autarquia fixou a data final desse vínculo em 15/06/1970 (extrato à fl.202, como
previsto no contrato), o que deve ser rejeitado, porque esse emprego por prazo determinado pode
ser prorrogado de forma tácita ou expressa, conforme o art.451 da CLT. Aliás, é o que se
verificou no caso em concreto, consoante os documentos relacionados à rescisão contratual
(fls.15/16).

(IV) Guias de Recolhimento – Segurado Autônomo

Há guias de recolhimento na matrícula do segurado nº 21-903-14074-52 (fl.03), na


categoria de trabalhador autônomo, para as seguintes competências: 05/1971 a 08/1971, 11/1971
a 12/1973 (fls.17/39). Sendo que a alíquota de contribuição foi de 8% até 06/1973. E, a partir da
competência 07/1973, passou a ser de 16%, conforme o inciso V do art.69 da LOPS, na redação
dada pela Lei nº 5.890/73.

O INSS já incluiu esse tempo de contribuição na sua contagem, de acordo com o


extrato à fl.202.

Releva registrar o exercício intercalado de atividade concomitante para a empresa


Brasvias S/A Consultoria e Projetos, como segurado empresário (inciso III do art.5º da LOPS),
haja vista a nomeação para Diretor Técnico em 04/10/1972 e demissão em 13/12/1973, consoante
Certidão da Junta Comercial de São Paulo (fl.40/41). Não é, contudo, admitida contagem em
dobro (art.96, I, da Lei nº 8.213/91).

(V) Planave – Escritório Técnico de Planejamento S.A. / Engevix S.A – Estudos e


Projetos de Engenharia

De acordo com o extrato de tempo de contribuição emitido pela Autarquia, integra a


contagem o período de 14/09/1976 a 30/11/1979 para a empresa Planave – Escritório Técnico de
Planejamento S.A. (fl.201). Esse período está registrado no CNIS (fl.149 e fl.215), além de o
requerente ter juntado os seguintes elementos comprobatórios: recibo de 04/12/1979, com a
informação de que houve o exercício da função de gerente de projeto no referido período (fl.53);
comprovante de rendimento pago para o ano de 1979 (fl.61); declaração emitida em 1979, acerca
de extravio de CTPS e ficha de registro (fl.62) e; rescisão de contrato de trabalho (fl.58).

Para a empresa Engevix S.A., existe uma solicitação de saque no FTGS e


comprovante de pagamento deste, com indicação da data de admissão em 01/07/1975 e da data
de afastamento em 05/1979, em ambos os documentos (fls.54/55). Ademais, dos quatro
comprovantes de pagamento de salário, juntados às fls.56/57, a competência mais antiga

Processo: 0140.125.786-8 4/9

552
Seleção de Acórdãos

refere-se a 07/1975. Destarte, não é possível iniciar a contagem do tempo de contribuição em 01/
01/1975, como fez a Autarquia (fl.202), sendo necessária a sua retificação para que a data inicial
seja 01/07/1975.

Embora tenham sido colacionados comprovantes de retenção na fonte de imposto de


renda, por serviços prestados a Engevix S.A., de 11/1974 a 07/1975 (fl.43/52), parece-me que a
filiação, em face desses comprovantes, deu-se na categoria de autônomo (art.5º, IV, da LOPS, na
redação dada pela Lei nº 5.890/73), previamente à admissão como empregado. Contudo, e
conforme o descrito no item II deste voto, não há prova de recolhimento da contribuição de
autônomo para os meses em tela: 11/1974 a 07/1975, o que seria necessário com vistas à inclusão
na contagem de tempo de contribuição (inciso IV do art.79 da LOPS, na redação dada pela Lei nº
5.890/73), sem embargo de ainda ser possível o aproveitamento desse tempo, desde que pagas as
correspondentes contribuições, nos termos do §1º do art.45 da Lei nº 8.212/91.

Releva registrar que o exercício de atividade concomitante para ambas as empresas


não admite contagem em dobro (art.96, I, da Lei nº 8.213/91).

(VI) Carnê / GPS

Em face dos carnês juntados, às fls. 63/118, e da consulta aos recolhimentos no CNIS
para a inscrição sob o nº 1.100.844.068-4 (fls.140/142), as seguintes competências devem
integrar o tempo de contribuição:
· 12/1979 a 10/1994;
· 12/1994 a 01/1995.

As informações do CNIS permitem incluir, também, os seguintes períodos de


contribuição, como contribuinte individual, para a inscrição do requerente sob o nº
1.100.844.068-4 (fl.139):
· 01/2000;
· 03/2000;
· 04/2003 a 10/2003 e;
· 12/2003.

Todos os períodos aqui destacados já foram incluídos no extrato de tempo de


contribuição emitido pelo INSS às fls.201/202.

(VII) TST

O requerente foi designado para Suplente de Juiz Classista, como representante dos
empregadores na 3ª Junta de Conciliação e Julgamento em Vitória-ES. Tomou posse em
28/08/1995 e permaneceu no cargo até 28/08/1998. Atuou em sessões nos meses de 10/96,
08/97, 09/97, 01/98, 04/98, 05/98, 06/98 e 07/98, conforme Certidão expedida pela Diretoria do
Serviço de Recursos Humanos do TRT da 17ª Região (fl.119); sendo que essa declaração é
congruente com os avisos de crédito que constam dos autos, às fls.120/124, para as seguintes
competências: 11/96, 09/97, 10/97, 01/98, 02/98, 05/98, 06/98, 07/98, os quais apresentam a
rubrica referente à retenção de contribuição previdenciária para o INSS incidente sobre a
“gratificação de audiência”.

O CNIS registra a data da posse, 28/08/1995, como competência inicial e a


competência da última remuneração como 12/1997 (fl.149).

Contudo, a Autarquia não considerou qualquer competência desse vínculo em sua


contagem, de acordo com o extrato emitido às fls.202/203.

Processo: 0140.125.786-8 5/9

553
Seleção de Acórdãos

É certo que a Lei nº 6.903/81 dispunha sobre o direito à aposentadoria do juiz


temporário do Poder Judiciário da União (o que inclui o juiz classista temporário da Justiça do
Trabalho), que estivesse no exercício da magistratura, desde que cumprisse a condição do tempo
de serviço necessário, e contasse com cinco anos de exercício da magistratura, ao menos, nestes
termos:

Art . 2º - O juiz temporário será aposentado:


I - por invalidez;
II - compulsoriamente, aos 70 anos de idade;
III - voluntariamente, após 30 anos de serviço, computado o tempo de atividade
remunerada abrangida pela Previdência Social Urbana (Lei nº 3.807, de 26 de
agosto de 1960, e legislação subseqüente), observado o disposto no artigo 4º
desta Lei.

Art . 4º - Nas hipóteses previstas no artigo 2º itens II e III, a aposentadoria


somente será concedida se o juiz temporário , ao implementar a condição,
estiver no exercício da magistratura e contar, pelo menos 5 (cinco) anos
contínuos ou não, de efetivo exercício no cargo, ou, não estando, o houver
exercido por mais de 10 (dez) anos contínuos.

Ocorre que o juiz classista somente faria jus à aposentadoria nos termos da Lei nº
6.903/81, se cumpridos os requisitos dessa Lei antes da edição da MP nº 1.523, de 11/10/1996
(convertida na Lei nº 9.528/97), consoante o entendimento do Supremo Tribunal Federal, que
trago à colação, in verbis:

“ADI 1878 / DF - DISTRITO FEDERAL


AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO
Julgamento: 23/10/2002 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Ementa AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 5º,
CAPUT E § 1º DA LEI Nº 9.528, DE 10.12.97. APOSENTADORIA DE
MAGISTRADOS CLASSISTAS TEMPORÁRIOS DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. INAPLICABILIDADE DO REGIME PREVISTO NO ART. 93
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
1. (...). 2.Embora a CF/88 tenha conferido, até o advento da EC nº 24/99,
tratamento de magistrado aos representantes classistas da Justiça do
Trabalho, a estes não se aplica o regime jurídico constitucional próprio dos
magistrados togados, disposto no art. 93 da Carta Magna. 3. A aposentadoria
dos juízes temporários, assim como os demais benefícios e vantagens que a
estes tenham sido outorgados, devem estar expressamente previstos em
legislação específica. Precedentes: MS nº 21.466, Rel. Min. Celso de Mello,
DJ 06.05.94 e MS nº 22.498, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 03.04.98. 4. Por
este motivo é que a aposentadoria dos magistrados classistas já se encontrava
disciplinada por Diploma legal especial, a saber, a Lei nº 6.903, de 30.04.81,
recebida pela ordem constitucional vigente e revogada pelos dispositivos ora
impugnados.5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente por
decisão majoritária.”

“AI-AgR 405435 / MG - MINAS GERAIS


AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Relator(a): Min. ELLEN GRACIE
Julgamento: 08/04/2005 Órgão Julgador: Segunda Turma
E m e n t a
1. Entendimento pacífico desta Corte no julgamento da ADI 1.878/DF quanto
à constitucionalidade da Lei nº 9.528/97, que versa sobre a aposentadoria de

Processo: 0140.125.786-8 6/9

554
Seleção de Acórdãos

magistrados classistas da Justiça do Trabalho.(...) 3. Inexistência de direito


adquirido à aquisição de aposentadoria sem o preenchimento dos requisitos
necessários previstos na Lei nº 6.903/81, antes de sua revogação pela Medida
Provisória nº 1.523/96.(...)”

Não é essa, todavia, a situação do caso em concreto, porque a primeira atuação do


requerente, como magistrado classista, ocorreu somente nas sessões da 3ª JCJ realizadas em
outubro de 1996, ou seja, no mesmo mês em que ocorreria a revogação da Lei nº 6.903/81.
Assim, é certo que o interessado não cumpria, na qualidade de juiz temporário, as condições
necessárias para fazer jus ao benefício pela legislação especial antes de sua revogação. E, sendo a
aposentadoria direito social do trabalhador (artigos 6º e 7º, XXIV, da CF/88), a ausência de
proteção social pela legislação especial em matéria previdenciária remete, necessariamente, o juiz
temporário da União ao sistema do Regime Geral. Aliás, como visto, assim entendeu o TRT da
17ª Região, pois já havia retido contribuição previdenciária para o INSS sobre a
“gratificação de audiência” do requerente.

Além disso, a manutenção da vinculação previdenciária a que estava submetido o


segurado, antes de sua investidura no cargo de magistrado classista temporário, foi imposta
pela Lei nº 9.528/97, a teor de seu art.5º, com esta redação (grifei):

Art. 5° Os magistrados classistas temporários da Justiça do Trabalho e os


magistrados da Justiça Eleitoral nomeados na forma dos incisos II do art. 119 e
III do § 1º do art. 120 da Constituição Federal serão aposentados de acordo
com as normas estabelecidas pela legislação previdenciária a que estavam
submetidos antes da investidura na magistratura , mantida a referida
vinculação previdenciária durante o exercício do mandato.
§ 1º O aposentado de qualquer regime previdenciário que exercer a
magistratura nos termos deste artigo vincula-se, obrigatoriamente, ao Regime
Geral de Previdência Social - RGPS.

Ora, até mesmo por força da Lei previdenciária especial em comento, Lei nº 6.903/81,
o tempo de serviço prestado pelo segurado da previdência social urbana, como juiz temporário do
Poder Judiciário da União, já podia ser computado para os fins da previdência social no Regime
Geral; inclusive, estava a cargo da União a contribuição do empregador, a teor do art.6º, que
dispunha:

Art . 6º - O segurado da Previdência Social Urbana que houver servido como


juiz temporário terá computado o respectivo tempo de serviço para os fins da
Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960, e legislação subseqüente.
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo e conforme se dispuser em
regulamento, serão devidas contribuições previdenciárias referentes ao tempo
de exercício da magistratura pelo segurado, cabendo à União o pagamento da
contribuição do empregador.

Por todo o exposto, entendo que é devida a contagem, como tempo de contribuição
para o RGPS, somente das competências para as quais houve efetivo exercício da
magistratura como juiz temporário da União, conforme a Certidão do TRT da 17ª Região
(fl.119), a saber: 10/96, 08/97, 09/97, 01/98, 04/98, 05/98, 06/98 e 07/98. Além do mais, é
inexigível a emissão de CTC, porque a situação concreta não diz respeito a contagem recíproca.

(VIII) Secretaria de Estado da Agricultura do Espírito Santo

Processo: 0140.125.786-8 7/9

555
Seleção de Acórdãos

Nos termos da Portaria nº 003, de 25/02/2000, do Secretário de Estado da Agricultura


do Espírito Santo, o recorrido foi designado para Coordenador Estadual de Programa Agrícola,
com atuação em estradas rurais e informática (fl.125).

Já o Decreto nº 1.070-S, de 21/12/2000 (fl.126), dispôs sobre a sua exoneração do


cargo em comissão de Gerente de Informação e Análise dessa Secretaria de Estado da
Agricultura. O exercício desse cargo em comissão restou confirmado pelos avisos de crédito de
03/2000 a 12/2000 (fls.128/132). Inclusive, existe desconto para o INSS nas três últimas
competências. Por sua vez, o CNIS registra esse vínculo para as competências de fevereiro a
dezembro de 2000 (fl.151).

Por conseguinte, e em face da alínea “i” do inciso I do art.9º do RPS, no período de


25/02/2000 a 21/12/2000, o cargo em comissão exercido pelo requerente, na referida Secretaria
de Estado, impõe o enquadramento na categoria de segurado empregado do RGPS. A propósito,
o período em apreço integra a contagem de tempo de contribuição da Autarquia, conforme
extrato à fl.202.

(IX) GPS / Parcelamentos

A partir do extrato do sistema de cobrança da DATAPREV às fls.223/226, constato


que foi requerido em 08/2003, e deferido em 07/2004 (mediante LDC – Lançamento de Débito
Confessado), um parcelamento administrativo em 180 prestações, nos moldes da Lei nº
10.684/2003 para o contribuinte individual, abrangendo 65 competências, a saber: 02/1995 a
07/1997; 12/1999 a 09/2000 e; 01/2001 a 01/2003.

Em março de 2007, as seguintes competências podiam ser consideradas quitadas, pois


o seu saldo era zero, haja vista as apropriações dos pagamentos no referido parcelamento:
02/1995 a 04/1996 (fl.224). E de acordo com o extrato emitido em julho de 2007, também foram
apropriados os pagamentos e quitadas as competências de 05/1996 e 06/1996 (fl.254).

A contagem de tempo de contribuição do INSS não incluiu as competências pagas


desse parcelamento (fls.201/202), o que não está correto, pois há evidência, oriunda do sistema
de arrecadação da Previdência Social, de que já foram apropriados os pagamentos e quitadas as
competências de 02/1995 a 06/1996, pelo menos até o último extrato que consta dos autos,
emitido em julho de 2007.

É importante frisar que o parcelamento suspende a exigibilidade do crédito


tributário, consoante o inciso VI do art.151 do Código Tributário Nacional – CTN. Por
conseguinte, somente é possível considerar em atraso (em débito) as parcelas vencidas e não
pagas. Portanto, não há óbice legal, nem mesmo em face do Enunciado nº 27 deste colendo
CRPS, para a concessão do benefício previdenciário, se as prestações do parcelamento
estiverem em dia, inclusive quanto à integração das parcelas já pagas no cálculo do tempo
de contribuição.

(X) Cálculo do tempo de contribuição

Em face das questões enfrentadas neste voto, e conforme a fundamentação supra,


refaço a contagem de tempo de contribuição, a partir do sistema disponibilizado pelo Ministério
da Previdência Social em seu endereço eletrônico na internet, conforme a memória de cálculo às
fl.293/294.

Vejo que o recorrido cumpriu o requisito legal da carência, o requisito etário e que
possui tempo de contribuição igual a 31 anos e 8 dias até 31/12/2003 (final do último período
contributivo), quando lhe seria necessário apenas 30 anos, 2 meses e 19 dias para a aposentadoria
proporcional com pedágio (fl.294). Por conseguinte, a teor da Emenda Constitucional nº 20/98,

Processo: 0140.125.786-8 8/9

556
Seleção de Acórdãos

art.9º, §1º, o segurado faz jus à aposentadoria com valores proporcionais ao tempo de
contribuição.

Não obstante este Relator tenha proferido a mesma conclusão do Acórdão nº


5.367/2007, este julgado, a meu ver, deve ser reformado em razão das divergências na
fundamentação jurídica e na contagem do tempo de contribuição, como expostos acima. Além
disso, o cálculo do tempo de contribuição da Autarquia, no qual se baseou o Acórdão recorrido,
mereceu reparos, tudo de acordo com a respectiva fundamentação de cada item deste voto.

Nesse ponto, devo frisar que o recurso especial interposto devolve à instância
superior o conhecimento integral da causa, a teor do parágrafo único do art.30 do
Regimento Interno do CRPS - RICRPS (aprovado pela Portaria MPS/GM nº323/2007). E,
como exposto neste voto, em razão de ser necessária a reforma da fundamentação jurídica e
da contagem do tempo de contribuição contidas no Acórdão nº 5.367 da 7ªJR/CRPS,
entendo que este deve ser anulado, como preceitua o art.67 do RICRPS, prosseguindo-se,
desde logo, no julgamento da lide previdenciária, por economia processual, o que já foi
realizado neste voto.

Ante todo o exposto, VOTO pela anulação do Acórdão nº 5.367/2007 e, em


substituição a este, CONHEÇO DO RECURSO DO SEGURADO para, no mérito, DAR-LHE
PROVIMENTO PARCIAL, eis que faz jus à aposentadoria com valores proporcionais ao
tempo de contribuição, nos moldes preconizados pela Emenda Constitucional nº 20/98, art.9º,
§1º, e consoante a contagem definida neste voto.

MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 7314/2008

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto
do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ALEXANDRA


ÁLVARES DE ALCÂNTARA e FILIPE SILVA MOSSRI.

Brasília - DF, 03/12/2008

MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES


Relator(a) Presidente

Processo: 0140.125.786-8 9/9

557
Seleção de Acórdãos

558
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 37294.001598/2007-91


Unidade de Origem: AGÊNCIA MACAPÁ
Documento: 0117.665.594-6
Recorrente: ANISIO VICENTE MARCONDE
Recorrido: INSS/Primeira Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): AVANI VILAZANTE CASTRO

Relatório

Trata os autos do Recurso Especial, tempestivo, do Sr. Anízio Vicente Marcondes,


nascido em 16/8/1945, contra a decisão da 1ª JR/MA que, pelo Acórdão nº 4.121/2009, negou
provimento ao seu recurso, mantendo a suspensão da Aposentadoria por Tempo de Contribuição,
com data de entrada do requerimento/data de início do benefício- DER/DIB em 5/9/2000.

Verificamos que o segurado, além da sua documentação pessoal, instruiu o processo


concessório com:

- Cópia autenticada por funcionário do INSS da folha do LRE com o contrato de


trabalho com admissão em 23/10/1993, e demissão em 28/10/1999, às fls. 4;
- a Relação dos Salários de Contribuição da empresa Sidenei Vieira Carneiro Ltda.
Emitida em 12/5/2000, referente ao período de 6/1994 a 12/1999, e Discriminação das Parcelas
do Salário-contribuição, do mesmo período, às fls. 11/12 e 13/17;
- cópias do CTPS nº 70.917 Série 165, emitida em 13/4/1996, às fls. 18/18v;
- cópias de CTPS com registros e anotações complementares de vínculos a partir de
1/3/1971, às fls. 19/23;
- cópia da CTPS nº 70.918 Série 165ª, emitida em 9/5/1983, com os registros: na
COFAP – Cia Fab. de Peças, com admissão em 17/12/1976, e demissão em 1/10/1986;
empregador ilegível, com admissão em 1/1/1986, e demissão em 30/?/1993, e Sidenei Vieira
Carneiro Ltda., com admissão em 23/10/1993, e demissão em 28/12/1999, e Anotações
Complementares, às fls. 24/28.

O INSS anexou os Relatórios do CNIS: TRAGER - Consulta aos Dados Gerais do


Trabalhador, EMPVIN – Vínculos Empregatícios do Trabalhador, às fls. 29/30. O Resumo de
Benefício em Concessão referente à Aposentadoria por Tempo de Contribuição com 32 anos 2
meses e 7 dias em 16/12/1998, e 33 anos 2 meses e 19 dias de tempo de contribuição na DER. E
os levantamentos, às fls. 33 e 34/39.

E a Carta Concessória/Memória de Cálculo, datada de 16/9/2000, e com a DIB na


DER, enviada pela APS Macapá, às fls. 42/44.

Em 27/5/2005, pelo Ofício nº 831/2005, da Corregedoria Regional da Polícia Federal


do Amapá foi solicitado à Auditoria do INSS/AP, que enviasse o original do processo
concessório do Sr. Aluízio Vicente e de outro segurado.

Processo: 0117.665.594-6 1/5

559
Seleção de Acórdãos

Em 10/6/2005, pelo Ofício nº 29/2005, foram encaminhados à Polícia Federal os


processos solicitados, dentre os quais este processo estava incluído, às fls. 47.

Em 12/6/2007, pelo despacho de fls. 48, o processo NB/42-117.662.594 foi


encaminhado ao Grupo de Trabalho/Brasília para as providências necessárias. E anexados os
Relatórios CNIS: PESNOM, COIND, CONBAS, INFBEN, TITULAR, CONHAB, HISCRE,
PERSCRE, CONREV, CIDADÃO. PERÍODO DE CONTRIBUIÇÃO, CONSULTA
DETALHADA DO VÍNCULO, CONEMP, CONEST. E o Cadastros Nacional da Pessoa
Jurídica/CNPJ, Inscrição de Firma Individual, comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral
no CPF da empresa Cidenei Vieira Careiro - ME, às fls. 49/75.

Pelo Ofício nº 02709, de 24/8/2007, o Pólo de Ação Revisional de Brasília solicitou à


CEF- Setor de FGTS as informações sobre a existência ou não de depósitos, se positivo com a
discriminação das competências, data da opção/retratação, os extratos em nome do Sr. Anísio
Vicente Marcondes, pelas empresas: TECNOMOMT - Projetos e Montagens Industriais S/A;
Cidenei Vieira Carneiro – ME, às fls. 76/77.

Foi anexado o Termo de Deliberação na 9ª Vara Criminal Federal do Processo nº


2007.61.81.006765-8, às fls. 94.

O requerente, representado pelo procurador nomeando às fls. 83, apresentou sua


defesa, nas quais alegou, em resumo, que: foi envolvido em atos ilícitos, mas não os praticou,
pois ao solicitar a Aposentadoria já contava com o tempo exigido para o benefício com direito a
insalubridade; nunca trabalhou nas empresas Tecnomont, Cidenei, cujos vínculos foram inseridos
na CTPS, por meio de uma falsificação grosseira. Citou seus efetivos empregadores e o período
de prestação de serviços insalubres; e que jamais residiu em Macapá/AP, etc. Reportou-se ao seu
Depoimento na Polícia Federal e na 9ª Vara Criminal Federal, anexados, às fls. 98/104, 105/109 e
110/113.

Foram apresentadas, ainda, as cópias dos SB-40 das empresas:

- COFAP Cia Fabricadora de Peças como inspetor de qualidade nos setores de


inspeção de anéis e componentes de motores de 17/12/1976 a 30/6/1983, exposto a ruído de 83
d(B)A, desenvolvendo suas atividades de modo habitual e permanente, com informação de
existência de laudo, datado de 2/2/1998, às fls. 116/117;
- Ford Brasil Ltda. com várias funções no restaurante de 11/12/1964 a 30/11/1973,
como: descarregando de veículos, auxiliando na preparação e distribuição de alimentos,
recebimento e conferência alimentícios recebidos, exposto a ruído de 81 d(B)A, exercendo suas
funções de modo habitual e permanente, com informação de existência de laudo, datado de
12/3/1998, às fls. 116/117;
- e na mesma Empresa como inspetor de qualidade no setor de contr.
qualidade/sub-mont., de 1/12/1973 a 11/3/1976, exposto a ruído de 91 d(B)A, exercendo a função
e a exposição de modo habitual e permanente, com informação de existência de laudo, datado de
12/3/1998, às fls. 120;

E cópias de CTPSs, com os registros dos vínculos e das anotações complementares,


FRE/LRE da COFAP e Perfil Profissiográfico Previdenciário/PPP, Declarações da COFAP e
FORD confirmando as prestações de serviços, e FRE da FORD, às fls. 121/150, 151, 152/153,
153/155, 156/157.

Pela Análise de Defesa de fls. 161/163, o Pólo de Ação de Revisão de Benefício/BSB,


concluiu que os elementos e alegações apresentada eram insuficientes para a comprovação das
condições mínimas exigidas à concessão da Aposentadoria por Tempo de Contribuição. Devendo

Processo: 0117.665.594-6 2/5

560
Seleção de Acórdãos

o ser determinada a suspensão do benefício, conforme estabelecido no § 3º do art. 179 do RPS,


na redação do Decreto nº 3.048/1999, com as alterações do Decreto nº 4.729/2003. Que o
interessado fosse cientificado dessa decisão e do prazo para recurso.

Foram anexados: o Relatório Geral Estado do Amapá/Pará, o Demonstrativo de


Cálculo em nome do Sr. Anísio das contribuições recebidas de 9/2000 até 10/2007, totalizando
R$ 119.320, 16 (cento e dezenove mil trezentos e vinte reais e dezesseis centavos), a Nota de
Auditoria nº 0238/2007, e o Relatório CNIS – INFBEN com deste benefício com BCB em
1/11/2007, às fls. 165/187, 189/191, 192/193 e 196.

O Sr. Anísio foi notificado da constatação de irregularidade na concessão da sua


Aposentadoria, da suspensão do benefício, e do prazo para recorrer à JR.

Apresentando o seu apelo a E. JR, com as razões de fls. 250/258, nas quais reitera as
alegações da sua defesa, apontando supostos equívocos na apreciação da mesma, que os
documentos fraudados foram fabricados nas dependências da APS em Macapá, e inseridos pelos
fraudadores no seu processo de aposentadoria. Esses documentos não foram apresentados por ele
quando solicitou o benefício. Que o recorrente não estava trabalhando no período de 1992/1999,
pois era pastor de evangélico desde 1992.

Que o recorrente foi prejudicado pelas “manobras” da servidora do INSS e outros


“espertalhões”, e não pode ter o sei Benefício suspenso, pois não deu causa para tal. A suspensão
era uma atitude arbitrária. Que possuía os requisitos necessários à concessão do benefício. Os
laudos de insalubridade foram ignorados. Que não causou prejuízo à Previdência Social. Não
entregou, não participou, não rasurou e nem inseriu nenhum dado falso em documento ou
sistema, que o tornasse estelionatário ou fraudador da previdência.

E solicitou, a partir dos documentos anexados, nova contagem do seu tempo de


serviço; e a manutenção da Aposentadoria até o final da decisão. Anexando os PPP e
Declarações de fls. 259/265.

O INSS, às fls. 272, manteve o ato recorrido.

A 1ª JR/AM, no julgamento de 8/6/2009, considerou que não houve a comprovação


do tempo de contribuição, na forma exigida pelos art. 56 e 188 do Decreto nº 3.048/1999. E
Negou Provimento ao Recurso.

O Sr. Anísio recorre a este CRPS, com as razões de fls. 285/286, nas quais alega que
apresentou todos os documentos que comprovavam o tempo de contribuição, quando do pedido
da Aposentadoria. E contesta as conclusões do acórdão da E. JR, ou seja, que não estava
demonstrado qual o período que ele cumpriu à época do seu pedido de benefício; que atendeu ao
disposto no art. 62 do Decreto nº 3.048/1999, apresentado a documentação necessária para
comprovar as atividades nos períodos a serem contados, ou seja, documentos mais PPP,
CONTEMPORÂNEOS dos fatos, e que não foram localizados na APS de Macapá/AP.

Que o acórdão não apreciou as irregularidades cometidas pelos funcionários do INSS,


objeto de ação penal, e que vieram a prejudicá-lo. Invoca tudo mais que consta nas suas defesas
já apresentadas nos autos. E requer: o acolhimento do seu recurso; e nos termos do inciso I do art.
535 do Código de Processo Civil, a demonstração aritmética do item 9 do acórdão; e caso não
tenha implementado o tempo necessário para esta aposentadoria, que lhe seja fornecida as
informações de como poderá completar o período restante, de forma clara e objetiva. E fosse
determinado à devolução de todos os documentos apreendidos pelo INSS.

O INSS, representado pela SRD, em contrarrazão defende a manutenção da decisão


recorrida.

Processo: 0117.665.594-6 3/5

561
Seleção de Acórdãos

É o Relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 29/07/2010 para sessão nº 586/2010 de 09/08/2010 às 08:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.
LEGITIMIDADE DA SUSPENSÃO DA APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO, PROMOVIDA PELO INSS, POR IRREGULARIDADE NA
CONCESSÃO, POIS NÃO FORAM ATENDIDAS AS EXIGÊNCIAS DOS ART.
3º DA EC Nº 20/1998 E 52 DA LEI Nº 8.213/1991 E ALTERAÇÕES.
MANUTENÇÃO DO INDEFERIMENTO.. RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO

Considerando a inexistência de preliminar prejudicial ao conhecimento do recurso.

Como se observa dos autos o benefício do Sr. Anísio foi suspenso, pois ele foi
incapaz de comprovar o exercício de atividade laboral nos períodos de 1/1/1986 a 20/8/1992 e de
23/10/1993 a 28/12/1999. Vez que conforme reiteradamente admitido e alegado pelo requerente,
os vínculos com as empresas Tecnomont e Cidenei Vieira Carneiro, que lastrou a concessão do
benefício, eram fraudulentos, pois inexistiram.

A alegada implementação do tempo exigido à concessão da Aposentadoria por


Tempo de Contribuição, não espelha a verdade, ou seja, sem os períodos de vínculo
“fraudulentos”, mesmo com o enquadramento de todos os outros vínculos, que admitimos em
tese, o Sr. Anísio não implementaria o tempo legalmente exigido à concessão da Aposentadoria
por Tempo de Contribuição, mesmo Proporcional.

Quanto aos demais questionamentos, como: a informação sobre o tempo de


contribuição efetivamente implementado pelo Sr. Anísio, a apreciação das irregularidades
praticadas por funcionários da Autarquia, e demais esclarecimentos. Observamos que estão em
desacordo com escopo deste Conselho, estabelecidos no art. 305 do Decreto nº 3.048/1999, e
alterações posteriores.

Entretanto, a título de esclarecimento, observamos que: como foi pelo INSS e se


verifica nos autos, as irregularidades praticadas pelos funcionários do INSS, neste e em outros
processos, estão sendo apuradas em ações judiciais e na Polícia Federal. Cabendo a este CRPS,
apenas, a análise administrativa das decisões do INSS, o que foi promovido pela 1ª JR/AM, e ora
está sendo realizado nesta 2ª CAJ.

E verificamos que o Sr. Anísio alegou que, desde 1992 exercia a atividade de pastor
evangélico. Assim nos termos da alínea “c” inciso V do art. 11º do Plano de Benefício da
Previdência Social, aprovado pela Lei nº 8.213/1999, e alterações, é segurado obrigatório da
Previdência Social, como Contribuinte Individual. E para incorporar esse tempo e fazer jus ao
benefício, basta comprovar o exercício da atividade de pastor, promover os recolhimentos, até
implementar a carência e tempo de contribuição, legalmente exigidos.

Processo: 0117.665.594-6 4/5

562
Seleção de Acórdãos

E a documentação retida pelo INSS, será restituída ao Sr. Anísio no final da ação
judicial e do inquérito instaurado na Polícia Federal, que nos termos alegados pelo requerente,
comprovará a sua inocência.

Assim concluímos que sem o computo dos vínculos, comprovada e admitidamente


fraudulentos, dos períodos de 1/1/1986 a 20/8/1992 e de 23/10/1993 a 28/12/1999, o requerente
não implementou/implementa o tempo e pedágio exigidos pelos art. 52, 53 da Lei nº 8.213/1992
e alterações, e art. 3º da EC nº 20/1998.

Posto isso na DER e DIB deste benefício, em 5/9/2000 o Sr. Anísio Vicente
Marcondes não atendia as condições para a concessão. E a Aposentadoria por Tempo de
Contribuição, que foi correta e legalmente cessada, pois atendeu a legislação previdenciária e aos
tramites do processo administrativo, constitucionalmente, admitidos.

E os valores recebidos indevidamente, têm que ser restituídos aos cofres


previdenciários, para que não se caracterize o enriquecimento indevido, conforme definido no
Código Civil.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO, no sentido de CONHECER DO


RECURSO, para no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

AVANI VILAZANTE CASTRO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 4205/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ENEIDA DA COSTA


ALVIM e JULIANA OLIVEIRA REZIO.

Brasília - DF, 09/08/2010

AVANI VILAZANTE CASTRO LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES


Relator(a) Presidente

Processo: 0117.665.594-6 5/5

563
Seleção de Acórdãos

564
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 36202.005078/2004-23


Unidade de Origem: AGÊNCIA VITÓRIA
Documento: 0100.320.671-6
Recorrente: ANTONIO CARLOS OLIVEIRA SANTANA
Recorrido: INSS/Vigésima Quarta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES

Relatório
Retorno de diligência requerida às fls.234/237.

Revisão de Ofício do Acórdão nº 1.498/2007.

Trata-se de Aposentadoria por Tempo de Contribuição, formulado por Antônio Carlos


Oliveira Santana, em 17.09.2004, aos 47 anos de idade.

Antonio Carlos Oliveira Santana juntou aos autos:

- cópias da Cédula de Identidade e CIC (fls. 02):


-Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP – emitido em 09.06.2004 (fls.05),
referente aos períodos de 03.05.79 a 04.05.87 como Téc. Mecânico, de 05.05.87 a 30.11.89 como
Sup. G. Mecânica, de 01.12.89 a 13.04.03 como Téc. Mecânico, de 14.04.03 a 09.06.04 como
supervisor.Informação de exposição a ruído de 92,4 dB (A) de 03.05.79 a 31.12.01, ruído de
90.06 dB (A) de 01.01.02 a 13.04.03 e ruído de 88.73 dB (A) de 14.03.03 a 09.06.04.

O INSS apurou em favor do interessado 27 anos 1 mês e 1 dias, às fls. 30/31.

A perícia médica entendeu pelo não enquadramento do período de 03.05.79 a


17.09.04 ante a não apresentação dos níveis variáveis de ruído e uso de EPI eficaz, bem como,
falta de comprovação de habitualidade e permanência, com níveis de pressão sonora superiores
ao exigido pela legislação previdenciária (fls. 25).

O pedido inicial foi indeferido, às fls. 34, por falta de tempo de contribuição,
atividades descritas nos DSS 8030 e laudos técnicos não foram consideradas especiais pela
perícia medica.

Inconformado com a decisão do INSS o segurado interpôs recurso ordinário.(fls.


37/40).

Contrarrazões do INSS mantendo o ato indeferitório às fls. 43, por entender que o
segurado não possui tempo mínimo de contribuição bem como não tem a idade mínima de 53
anos de idade.

Processo: 0100.320.671-6 1/6

565
Seleção de Acórdãos

A 24ª Junta de Recursos, por meio do Acórdão nº 846/2005 (fls. 44/45) negou
provimento ao recurso do interessado por não perfazer o tempo necessário, exigido no art. 52 da
Lei 8.213/91.

Da decisão que negou provimento ao seu recurso, o segurado apresentou Recurso


Especial, às fls. 49/58, requerendo:

- a contagem de tempo do período em que exerceu a atividade de aluno aprendiz


como “Mecânica de Manutenção” no período de 01/02/1973 a 05/02/1974, como tempo de
serviço para aposentadoria, alem do período da CTPS, qual seja até 01/03/1974;
- no período de 03/05/1979 a 30/06/1999, quando o segurado esteve exposto ao agente
agressivo ruído acima de 90 decibéis, no código 1.1.6 do Decreto nº 53.831/64, código 1.1.5 do
Decreto nº 83.080/79, código 2.0.1 do Decreto 2.172/97 e Decreto 3.048/99.

As contrarrazões do INSS às fls. 62/63 pugna pelo não provimento do apelo, por
entender que as atividades exercidas pelo interessado junto à Empresa Cia Vale do Rio Doce, não
merecer enquadramento como prejudicial à saúde.

Consta nos autos (fls. 64-/67) cópias da CTPS nº 04006 para os seguintes períodos de
trabalho:
- de 01/01/1973 a 01/03/1974 como aluno da escola de aprendizagem na empresa Cia
Vale do Rio Doce;
- de 01/01/1977 a 17/01/1977 como Supervisor da Produção na empresa Cimetal
Siderurgia S/A;
- de 23/03/1977 a 09/01/1978 como Auxiliar Técnico na empresa Construtora Alcindo
Vieira – CONVAP S/A;
- de 09/10/1978 a 18/04/1979 como Trainee de Mecânica na empresa Aracruz
Celulose S/A;
- após 03/05/1979 como Técnico Esp. Mecânico na empresa Cia Vale do Rio Doce.

A 05ª CaJ por intermédio do Acórdão nº 5717/2005 (fls. 69-72), conheceu do recurso
e deu provimento por unanimidade, reconheceu como especial e enquadrou no código 1.1.6 do
anexo do Decreto nº 53.831/64 o período de 03/05/1979 a 31/03/1997.

No entendimento do Colegiado da ex-05ª CaJ, ainda no referido Acórdão, a partir de


01/04/1997 não há possibilidade de conversão pelo uso de EPI eficaz.

No que tange ao tempo de serviço como aluno aprendiz, o Colegiado da ex- 5ª


Câmara incluiu na contagem o período de 01/02/1973 a 01/03/1974, com fulcro no parecer n°
2893/2002 da CJ/MPAS, concedendo o benefício nos termos do art. 201, parágrafo 7º da
Constituição Federal e artigo 56 do Regulamento da Previdência Social.

Por não constar nos autos o parecer da ATM o INSS requereu pedido de revisão às
fls. 90/91, alegando ainda que mesmo após a nova contagem do tempo de contribuição, o
segurando não possui tempo suficiente à concessão do benefício.

O Segurado apresentou suas contrarrazões, às fls. 94/97, protestando pela manutenção


do direito a aposentadoria.

No Acórdão nº 1498/2007 (fls. 100-103), decorrente do pedido de revisão do INSS, a


05ª CaJ enquadrou no código 1.1.6 do anexo do Decreto 53.831/64 o período de 01/04/1997 a
15/12/1998, por entender que o uso do EPI não constitui óbice ao enquadramento.

No entanto não procedeu ao enquadramento do período de 16/12/1998 a 17/09/2004


com fundamento no advento da Emenda Constitucional nº 20/98. Manteve ainda na contagem

Processo: 0100.320.671-6 2/6

566
Seleção de Acórdãos

como tempo de serviço do período de 01/01/1973 a 01/03/1974 laborado como aluno aprendiz.
Concluiu que somando os enquadramentos já realizados ao ora procedido que o interessado fazia
jus a Aposentadoria por Tempo de Contribuição nos termos do art.201,§ 7º da CF/88 c/c art. 56
do RPS.

Após o recebimento regular do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição


(fls. 129), o segurado apresentou pedido de revisão às fls. 132 a 141, solicitando a conversão em
especial do período de 06/03/1997 a 17/09/2004 com a concessão da aposentadoria especial.

O INSS manifestou-se às fls.144 e 145 e afirma que não se trata apenas do


fornecimento de EPI e sim o uso efetivo, afirma ainda, que a contagem como aluno aprendiz
deve ser desconsiderado, pois, não tem amparo na legislação previdenciária e deixou de ser
considerado como tempo de contribuição com o Decreto 3.048/99.

O recorrente juntou aos autos novo PPP, emitido em 08.08.07, às fls. 146 a 150.

O Colegiado da 2ª CaJ por intermédio do Acórdão nº 4764/2008 (fls. 153 a 158) não
conheceu o pedido de revisão do segurado.

Diante do não conhecimento de seu pedido de revisão de acórdão o interessado


protocolizou Pedido de Uniformização de Jurisprudência, às fls. 160 a 212.

A DAJ – Divisão de Assuntos Jurídicos manifestou-se, às fls. 216 a 219, e conclui que
o pedido do interessado não tem objeto, pois, o uso do EPI já se encontra disciplinado no
Enunciado nº 21.

Os autos foram enviados à Presidência da 2ª CaJ/CRPS que não reconheceu


divergência em cognição sumária, entendendo não haver necessidade de encaminhamento do
caso concreto ao conselho pleno, determinando o processamento da Revisão de Ofício do
Acórdão nº 1.498/2007, nos termos do art. 60 do RICRPS e da Lei nº 9.784/99.

Submetidos a nova apreciação do Colegiado o i. Relator do Voto Condutor


manifestou-se no sentido de que mantinha a concessão nos moldes do Acórdão nº 1.498/07,
porém computando como especiais os períodos de 03.05.79 a 13.04.03 e de 18.11.03 a 08.06.04.

Com a devida vênia pedi vistas para discordar do posicionamento do i. Relator no


tocante ao não enquadramento do intervalo de 14.03.03 a 17.11.03.

O referido período não fora enquadrado em função de divergências entre as


informações constantes dos dois PPP’s carreados aos autos. No primeiro PPP, às fls. 05/06,
consta para o período ruído de 88,73 decibéis, no segundo PPP às fls. 146/150 o nível de ruído
informando para o período é de 90,06 decibéis.

Por intermédio de Voto Divergente Vencedor o Colegiado entendeu por converter o


julgamento em diligência para que a empresa Cia Vale do Rio Doce esclarecesse o motivo da
divergência dos PPP’s juntado aos autos, bem como apresentar o laudos técnico com a
informação correta nos níveis de intimidade/concentração do agente ruído nos setores onde o
interessado desenvolvia suas atividades.

Regularmente intimada a empresa Cia Vale do rio Doce esclareceu que houve
inconsistência nas informações prestadas no primeiro PPP, que o segurado exerceu no período a
atividade de Técnico Mecânico exposto a ruído de 90,06 dB (A), às fls. 242 a 282.

Cumprida a diligência os autos foram devolvidos a esta 2ª CaJ para conclusão do


julgamento..

Processo: 0100.320.671-6 3/6

567
Seleção de Acórdãos

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 22/02/2011 para sessão nº 180/2011 de 03/03/2011 às 10:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. USO DE EPI
EFICAZ. ENUNCIADO 21 DO CRPS. . RECURSO CONHECIDO E PROVIDO

Trata-se de Revisão de Ofício, conforme o art. 60 da Portaria nº 323, de 27 de agosto


de 2007, transcrito abaixo:

Art. 60. As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos poderão


rever suas próprias decisões, de ofício, enquanto não ocorrer à decadência de
que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;


II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS,
aprovados pelo
Ministro de Estado da Previdência Social, bem como do
Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73, de 10 de
fevereiro de 1993; e
III - for constatado vício insanável.

A Revisão de Ofício foi processada nos termos do Despacho 2280/2009 às fls. 232,
para que não haja ofensas às normas que regem a matéria.

A Aposentadoria Especial está disposta no art. 57, da Lei nº 8.213, de 14 de agosto de


1991, que diz:

Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida
nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a
saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme
dispuser a lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

A controvérsia existente nos autos refere-se à possibilidade do enquadramento como


especial do período de 03.05.79 a DER.

O intervalo de 03.05.79 a 13.04.03 e de 18.11.03 a 09.06.04 foi reconhecido pelo


Relator do Voto condutor, como laborado sob condições especiais, por exposição ao agente
nocivo ruído, cabendo o enquadramento nos códigos 1.1.6 do anexo ao Dec. nº 53.831/64, 1.1.5
do anexo ao Dec. nº 83.080/79 e 2.0.1 do anexo ao Dec. nº 3.048/99. Entendimento este
ratificado por esta relatora.

Neste sentido resta ainda controverso o intervalo de 14.04.03 a 17.11.03 e de 09.06.04


a DER em função da divergência nos níveis de ruídos informados.

Processo: 0100.320.671-6 4/6

568
Seleção de Acórdãos

Considerando a informação prestada pela empresa, às fls. 242, de que a exposição no


período de 14.04.03 a 30.11.06 ao agente nocivo ruído se deu de forma habitual e permanente no
nível de 90,06 dB(A) entendo que o período é passível de enquadramento no código 2.0.1 do
anexo ao Dec. nº 3.048/99.

Neste sentido, temos a Súmula/AGU nº 29, de 09 de junho de 2008 que diz:

“Atendidas as demais condições legais, considera-se especial, no âmbito do RGPS, a


atividade exercida com exposição a ruído superior a 80 decibéis até 05/03/97, superior a 90
decibéis desta data até 18/11/2003, e superior a 85 decibéis a partir de então.”

Temos a inteligência do Enunciado nº 21 deste CRPS, que possui efeito vinculante


para os órgãos julgadores deste CRPS, in verbis:

ENUNCIADO Nº 21/CRPS

“O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de trabalho pelo


empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde,
devendo ser considerado todo o ambiente de trabalho. (Editado pela RESOLUÇÃO CRPS Nº 1,
DE 11 DE NOVEMBRO DE 1999)”

Assim, a informação do uso de EPI não tem o condão de elidir a nocividade da função
desempenhada, sendo considerada como atividade em condição especial que prejudica a saúde ou
integridade física.

Insta ressaltar que enquadramento de atividades como especiais é matéria


eminentemente jurídica cuja competência para apreciação, no âmbito deste Conselho, é do
Colegiado.

Verifica-se assim que somando os períodos ora enquadrados como especiais o


interessado perfaz na DER mais de 25 anos de tempo de contribuição laborados sob condições
especiais, conforme contagem.

Isto posto, o interessado cumpriu a exigência do § 3º, do Art. 57, da Lei nº 8.213/91,
fazendo jus a transformação de espécie, cabendo a Autarquia proceder a revisão para a alteração
de espécie de Aposentadoria por Tempo de Contribuição para Aposentadoria Especial.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO


para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 1168/2011

Processo: 0100.320.671-6 5/6

569
Seleção de Acórdãos

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: LISIANE DO


NASCIMENTO PETIZ, FILIPE SILVA MOSSRI e MARIO HUMBERTO CABUS
MOREIRA.

Brasília - DF, 03/03/2011

LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES


Presidente e Relator(a)

Processo: 0100.320.671-6 6/6

570
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do
35950.003729/2008-49
Recurso:
RETAGUARDA/BENEFÍCIOS - AGÊNCIA CURITIBA-CÂNDIDO
Unidade de Origem:
LOPES
Documento: 0531.323.184-3
Recorrente: HELENA CHIMENTAO RAMALHO
Recorrido: INSS/Décima Sexta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO
Relator(a): MICHELE PEREIRA FARIA

Relatório
Trata-se de recurso tempestivamente interposto por Helena Chimentão Ramalho, a este
Conselho, contra os termos do Acórdão n.º 814/2010, proferido pela 16ª Junta de Recursos/PR,
que negou provimento ao pedido de auxílio-doença por ela formulado (fls. 47/48).

A interessada requereu o benefício em 22/07/2008 (fl. 01).

Inicialmente, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS indeferiu o benefício sob a


alegação de falta de período de carência (fls. 03).

Dados do Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS da postulante acusou


recolhimento, na condição de contribuinte individual, nos seguintes períodos: 07/2007 a 09/2007
e 11/2007 a 07/2008 (fls. 07 e 58).

Recurso ordinário às fls. 03 reiterando pela concessão do benefício, alegando que a


mesma foi submetida à cirurgia (revascularização do miocárdio) em 16/07/2008.

Em análise técnica o assistente Médico Perito da 16ª JR/PR ratificou as DID/DII/DCB


fixadas pela Perícia Médica do INSS (fls. 46), informando tratar-se de doença não isenta do
período de carência, juntando aos autos extrato onde a Perícia Médica fixou Data do Início da
Doença - DID em 01/01/1992 e Data do Início da Incapacidade - DII em 16/06/2008 (fls. 31 e
34).

Em sua manifestação a 16ª Junta de Recursos/PR ratificou as razões da autarquia enegou


provimento ao apelo, nos termos dos arts. 26, 28, 29, I e 71 do Decreto n.º 3.048/99 (fls. 47/48).

A interessada interpôs recurso especial às fls. 52/53 requerendo o deferimento de seu


pedido, alegando para tanto, que foi diagnosticada como cardiopatia grave (doença isquêmica
aguda do coração), doença esta relacionada na Portaria Interministerial MPAS/MS n.º 2.998/91.
Segundo referida Portaria, tal doença é isenta de carência. Logo, a interessada faz jus ao
benefício pleiteado. Juntou laudos médicos às fls. 54/56

O INSS, em suas contra-razões solicita que seja mantida a decisão prolatada pela Junta de
Recurso (fls. 70).

Processo: 0531.323.184-3 1/3

571
Seleção de Acórdãos

Encaminhados os autos à ATM - Assessoria Técnico-Médica deste Conselho às fls.


72/73, esta fixou DID em 01/01/1992, DII em 16/06/2008, destacando tratar-se de patologia
isenta de carência, salientado que “em perícia realizada dia 09/11/2009 a DCB foi prorrogada
até 09/03/2010. Trata-se de patologia Cardíaca Classe III e, portanto, isenta de carência” (fls.
74 – destacou-se).

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 22/12/2010 para sessão nº 9/2011 de 03/01/2011 às 17:00.

Voto
EMENTA: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO. ALEGAÇÃO DE FALTA
DE PERÍODO DE CARÊNCIA - PREENCHIMENTO DOS PRESSUPOSTOS
LEGAIS – INTERESSADA PORTADORIA DE CARDIOPATIA GRAVE
(PATOLOGIA CARDÍACA CLASSE III) – DOENÇA ISENTA DE CARÊNCIA.
ARTS. 26, 28, 29, I E 71 DO DECRETO N.º 3.048/99. PORTARIA
INTERMINISTERIAL MPAS/MS N.º 2.998/91.. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO

Recurso interposto tempestivamente.

Trata-se de pedido de Auxílio-doença, benefício previsto no art. 59 da Lei n.º


8.213/91, in verbis:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido,


quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado
para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze)
dias consecutivos.

A 16ª Junta de Recursos/PR ratificou as razões da autarquia enegou provimento ao


apelo sob a alegação de falta de período de carência.

A Assessoria Técnico Médica deste CRPS fixou a fixou DID em 01/01/1992, DII em
16/06/2008.

E ainda de acordo com análise da ATM deste Conselho, verifica-se que a interessada
é portadora de patologia Cardíaca Classe III, portanto, doença isenta de carência, imperando,
desse modo, a Portaria Interministerial MPAS/MS n.º 2.998/91 (fls. 74).

Ante o exposto, em atenção a Portaria Interministerial MPAS/MS n.º 2.998/91 e aos


arts. 26, 28, 29, I e 71 do Decreto n.º 3.048/99, reconheço o direito da post arts. 26, 28, 29, I e 71
do Decreto n.º 3.048/99ulante e dou provimento ao seu recurso.

Conclusão: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO, para


no mérito DAR-LHE PROVIMENTO.

Processo: 0531.323.184-3 2/3

572
Seleção de Acórdãos

MICHELE PEREIRA FARIA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 63/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: LISIANE DO


NASCIMENTO PETIZ e Mara Lúcia Malta.

Brasília - DF, 03/01/2011

MICHELE PEREIRA FARIA MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA


Relator(a) Presidente em Exercício

Processo: 0531.323.184-3 3/3

573
Seleção de Acórdãos

574
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35381.000602/2000-14


Unidade de Origem: AGÊNCIA BRAGANÇA PAULISTA
Documento: 0068.367.454-4
Recorrente: DÉCIO DE CARVALHO
Recorrido: INSS/Décima Quarta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-DOENÇA POR ACIDENTE DE TRABALHO
Relator(a): JULIANA OLIVEIRA REZIO

Relatório
Trata-se de retorno da ATM cuja manifestação foi solicitada a fim de se manifestar
sobre a incapacidade alegada, com a conseguinte fixação das DII, DID e DCB e informar sobre a
progressão da doença alegada em sede recursal.

Em 19/10/1994, o Sr. Décio de Carvalho requereu o benefício de auxílio-doença


acidentário (fl. 05).

Consta nos autos Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), emitida pelo


empregador em 19/10/1994, informando de acidente ocorrido em 15/11/1993 e data de
afastamento do trabalho em 19/10/1994 (fl. 01).

Relação dos salários de contribuição às fls. 05 a 11.

Carta de Concessão de benefício às fls. 18, com DIB em 19/10/1994.

Posteriormente, o INSS informa não ser possível a concessão do benefício,


considerando que o postulante já é beneficiário de um auxílio-acidente de trabalho (fl. 22).

Recurso de fls. 25 e 26.

Em sua manifestação, a 14ª JR/SP negou provimento ao recurso, considerando a


impossibilidade de acumulação de benefícios, nos termos dos arts. 241, § 2º do Decreto n.º
83.080/79 e 295 do Decreto n.º 611/92 e a prescrição dos arts. 70, § 2º da Lei de Benefícios; 142
do Decreto n.º 611/92 e 139 do Decreto n.º 2173/97 (fls. 30 e 31).

Recurso de fls. 37 a 40.

Em sede recursal o procurador do interessado alega que o postulante sofreu um único


acidente, ocorrido em 15/11/1993, tendo ocorrido o agravamento das lesões sofridas, fato
confirmado pela perícia médica de fls. 19. Vindica, ainda, a inclusão de percentual de 60% na
concessão do benefício, e não de 30%, conforme entendimento da perícia médica do INSS.

Declaração da empresa SANTHER – Fábrica de Papel Santa Therezinha S/A, de


27/03/2001, informando que o postulante é funcionário da empresa desde 21/02/1985; que na
data da expedição do documento exercia a função de Auxiliar Administrativo, por motivos de
adaptação às suas possibilidades de trabalho; que sofreu um acidente de trânsito em 15/11/1993,

Processo: 0068.367.454-4 1/3

575
Seleção de Acórdãos

ficando afastado do trabalho até 24/02/1994, vindo a se afastar, novamente, em 21/03/1994 e


retornado em 09/09/1994. E, o último período de afastamento ocorreu em 19/10/1994, retornando
em 01/06/2000 (fl. 42).

INFBEN do postulante informou do recebimento de Auxílio-Doença por Acidente de


Trabalho de 21/03/1994 a 08/09/1994 e de um novo Auxílio-Acidente, desde 09/09/1994 (fls. 47
e 48).

Antecedentes médicos juntados no envelope de fls. 50.

Remetidos os autos para análise dessa CaJ, foram enviados para a ATM do CRPS (fls.
51), para parecer conclusivo sobre a fixação das DID e DII.

Em retorno da ATM do CRPS, consta informação de recebimento de NB 91


/637.52401-2 com DID e DII em 15/11/1993 e DCB em 08/09/1994, acrescido de auxílio
acidente de 30% a partir de 09/09/1994 de NB 94/251.566.632-3. Em decorrência das seqüelas,
houve agravamento das lesões e obteve o benefício NB 91/068367454-4, com DID em
15/11/1993 e DII em 09/10/1994, com DCB em 05/06/2000, após reabilitação com Auxílio
Acidente, o que era ratificado pela perícia médica (fl. 52).

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 07/07/2010 para sessão nº 541/2010 de 14/07/2010 às 10:00.

Voto
EMENTA: AUXÍLIO-DOENÇA POR ACIDENTE DE TRABALHO.
COMPROVAÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO, INCAPACIDADE
LABORATIVA. RETORNO DA ATM DO CRPS. REABILITAÇÃO
VERIFICADA PELA PERÍCIA MÉDICA. RATIFICADO PERCENTUAL DE
30% INCORPORADO. ARTS. 26 E 29, I DO DECRETO N.º 3048/99. ART. 59
DA LEI N.º 8213/91 . RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO

Recurso interposto tempestivamente.

Nos termos do art. 59 da Lei de Benefícios, o auxílio-doença é devido ao segurado


que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar
incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias
consecutivos.

Já o art. 86, do mesmo instrumento normativo, preceitua que o auxílio-acidente será


concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de
acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o
trabalho que habitualmente exercia

Em 19/10/1994, o Sr. Décio de Carvalho requereu o benefício de auxílio-doença


acidentário (fl. 05).

Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), emitida pelo empregador em


19/10/1994, informando de acidente ocorrido em 15/11/1993 e data de afastamento do trabalho
em 19/10/1994 (fl. 01).

Processo: 0068.367.454-4 2/3

576
Seleção de Acórdãos

O benefício foi concedido em 19/10/1994.

A Autarquia Previdenciária alegou não ser possível a concessão do benefício,


considerando que o postulante já é beneficiário de um auxílio-acidente de trabalho.

Ocorre, que em sede recursal o procurador do interessado alega que o postulante


sofreu um único acidente, ocorrido em 15/11/1993, tendo ocorrido o agravamento das lesões
sofridas, fato confirmado pela perícia médica de fls. 19. Vindica, ainda, a inclusão de percentual
de 60% na concessão do benefício, e não de 30%, conforme entendimento da perícia médica do
INSS.

Em retorno da ATM do CRPS, consta informação de recebimento de NB 91


/637.52401-2 com DID e DII em 15/11/1993 e DCB em 08/09/1994, acrescido de auxílio
acidente de 30% a partir de 09/09/1994 de NB 94/251.566.632-3. Em decorrência das seqüelas,
houve agravamento das lesões e obteve o benefício NB 91/068367454-4, com DID em
15/11/1993 e DII em 09/10/1994, com DCB em 05/06/2000, após reabilitação com Auxílio
Acidente, o que era ratificado pela perícia médica (fl. 52).

Ante o exposto, não reconheço o direito do postulante e nego provimento ao seu


recurso.

Conclusão: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO, para


no mérito NEGAR-LHE PROVIMENTO.

JULIANA OLIVEIRA REZIO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 3886/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: LUCIANA DE FREITAS


ARAÚJO FAGGIANI e LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES.

Brasília - DF, 14/07/2010

JULIANA OLIVEIRA REZIO LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES


Relator(a) Presidente

Processo: 0068.367.454-4 3/3

577
Seleção de Acórdãos

578
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35328.005331/2007-11


Unidade de Origem: AGÊNCIA SÃO GONÇALO
Documento: 0140.475.053-0
Recorrente: INSS
Recorrido: EUDIR DE OLIVEIRA/Décima Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-RECLUSÃO
Relator(a): MARIEDNA MOURA DE ARRUDA

Relatório

Tratam os presentes autos de pedido de auxílio-reclusão postulado em 15/05/2006 por


EUDIR DE OLIVEIRA, tendo em vista o recolhimento à prisão de seu suposto companheiro
FRANCISCO VICENTE DOS SANTOS.

O pedido foi incluído com cópia dos documentos pessoais do instituidor do benefício
(fls. 03) e de suas CTPS (fls. 04/17). Ademais, foram também anexados os documentos pessoais
da interessada (fls. 18) e seu comprovante de endereço (fls. 19).

A nota de culpa de fls. 18 comprova recolhimento à prisão em 12/05/2006 em virtude


de prisão em flagrante por ter supostamente praticado o crime previsto no Art. 12, caput, da Lei
n. º 6.368/76.

Através da carta de exigências de fls. 19 o INSS solicitou da interessada a


apresentação de documento do auxílio-reclusão anterior, certidão de nascimento da interessada,
carnê de compras em lojas e certidão de nascimento do instituidor do benefício.

Em atendimento à solicitação a interessada apresentou sua certidão de nascimento


(fls. 20/21), certidão de nascimento do Sr. Francisco Vicente dos Santos (fls. 22) e cartas de
concessão do NB 25/046.289.374-0 (fls. 23/24), declaração da Polinter (fls. 25) e novas cópias da
CTPS (fls. 26/28).

O INSS solicitou ainda a apresentação de declaração de saída da prisão sendo a


entrada em 19/02/86 e saída em 01/03/2001 (fls. 31).

A interessada apresentou a certidão de fls. 32/33.

No entanto, o pedido foi indeferido por perda da qualidade de segurado (fls. 44).

A pesquisa de fls. 48/49 para comprovar vínculo empregatício no período de


01/07/2002 a 05/2006 teve resultado negativo considerando a não localização da empresa pelo
pesquisador.

A pesquisa ao INFBEN de fls. 52 comprova que o instituidor do beneficio recebeu


auxílio-doença por acidente de trabalho no período de 28/10/2002 a 30/11/2005.

Processo: 0140.475.053-0 1/5

579
Seleção de Acórdãos

Inconformada a interessada apresentou recurso ordinário (fls. 54) alegando que o


segurado gozou do benefício 5130633896 no período de 10/2002 a 11/2005, portanto, com
qualidade de segurado até 11/2006 e sua prisão ocorreu em 05/2006, dentro do período de graça.

Junto com as razões recursais trouxe atestado de permanência carcerária (fls. 56) e
certidão de nascimento de filho em comum (fls. 57).

O INSS manteve o ato recorrido por falta da qualidade de dependente (fls. 66).

A 10. ª Junta de Recursos, através do Acórdão n. º 7.980/07 (fls. 67/68) deu


provimento ao recurso considerando que conforme se verifica às fls. 29 dos autos o segurado
esteve em benefício de auxílio-doença por acidente de trabalho no período de 28/10/2002 a
30/11/2005, desta forma, manteve a qualidade de segurado até dezembro de 2006, tendo sido
recolhido à prisão em maio de 2006, dentro do período de graça, fazendo jus a recorrente ao
beneficio pleiteado.

O INSS impetrou recurso especial (fls. 70/71), através do Serviço da Orientação da


Revisão de Direitos, alegando que o indeferimento se deu pela falta da comprovação da
dependência econômica e não pela perda da qualidade de segurado, pois a requerente não
apresentou documentação que comprovasse a dependência e a união estável com o segurado
anterior a reclusão na forma do § 3. º do art. 22 do decreto n. º 3.048/99.

Apesar de regularmente intimada (fls. 74 e 79/80) a interessada deixou de apresentar


contrarrazões.

De uma análise preliminar dos autos podemos concluir que não se estavam em
condições de serem julgados quanto ao mérito.

Com efeito, a comprovação da união estável não necessita da apresentação de três


provas materiais conforme entendimento do INSS.

Nesse sentido é o disposto no § 6. º do art. 16 do decreto n. º 3.048/99, abaixo


transcrito:

Art. 16. (...).

§ 6. º Considera-se união estável aquela configurada na convivência publica,


continua e duradoura entre o homem e a mulher, estabelecida com o objetivo de
constituição de família, observado o § 1. º do art. 1.723 do Código Civil,
instituído pela Lei n. º 10.406 de 10 de janeiro de 2002.

Consta dos autos às fls. 57 certidão de nascimento de filho em comum bem como
carta de concessão de benefício da mesma espécie em virtude do encarceramento do Sr.
Francisco (fls. 23/24).

Tais documentos se configuram em início de prova material da suposta união estável


entre a interessada e o recluso segurado.

Diante do acima exposto, os autos foram baixados em diligência para realização de


uma pesquisa “in loco” junto aos vizinhos da interessada e esclarecimento se na época da
reclusão do segurado Francisco Vicente dos Santos, em 12/05/2006, o mesmo vivia em regime de
união estável com a senhora EUDIR DE OLIVEIRA.

Processo: 0140.475.053-0 2/5

580
Seleção de Acórdãos

A autarquia intimasse também a interessada a apresentar novos documentos com


comprovassem sua união estável com o instituidor, tais como, conta de luz, água,
correspondência ou qualquer outro elemento de prova.

A diligência foi cumprida às fls.87/95, retornando os autos para julgamento do mérito.

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 08/07/2010 para sessão nº 558/2010 de 20/07/2010 às 11:00.

Voto
EMENTA: AUXÍLIO-RECLUSÃO. FICOU COMPROVADA A EXISTÊNCIA
DA UNIÃO ESTÁVEL DA INTERESSADA COM O INSTITUIDOR DO
BENEFÍCIO NA DATA DO ENCARCERAMENTO, NA FORMA
PRECONIZADA PELO § 6. º DO ART. 16 DO DECRETO N. º 3.048/99.
REQUISITOS DO ART. 80 DA LEI N. º 8.213/91 PREENCHIDOS.. RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO

Trata-se de recurso especial interposto tempestivamente pelo Instituto Nacional do


Seguro Social – INSS, em face da decisão favorável à requerente EUDIR DE OLIVEIRA

Não foram suscitadas questões preliminares prejudiciais ao julgamento do mérito.

O disposto no artigo 80, da lei 8.213/91 “In verbis” :

“ ART.80 - O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão


por morte aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber
remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de
aposentadoria ou de abono de permanência em serviço.

Parágrafo único – O requerimento do auxílio-reclusão deverá ser instituído


com certidão do efetivo recolhimento à prisão, sendo obrigatória, para a
manutenção do benefício, a apresentação de declaração de permanência na
condição de presidiário”.

Já o art. 116 do RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99, regulamentando o Art. 80,
da Lei 8.213/91, acima transcrito, dispõe que:

“ ART. 116 – O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão


por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão que não receber
remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria
ou abono de permanência em serviço, desde que o seu último
salário-de-contribuição seja inferior ou igual à R$360,00 (trezentos e sessenta
reais)”.

O art. 13 da Emenda Constitucional n.º 20/98 dispõe:

“ART. 13 – Até que a Lei discipline o acesso ao salário-família e


auxílio-reclusão para os servidores, segurados e seus dependentes, esses
benefícios serão concedidos apenas àqueles que tenham renda bruta mensal

Processo: 0140.475.053-0 3/5

581
Seleção de Acórdãos

igual ou inferior a R$360,00 (trezentos e sessenta reais), que, até a publicação


da Lei, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do
regime geral de Previdência Social”.

Assim, são requisitos para a concessão do benefício a qualidade de segurado do


instituidor e a qualidade de dependente de quem o está pleiteando.

De acordo com o que se verifica às fls. 29 dos autos o segurado esteve em benefício
de auxílio-doença por acidente de trabalho no período de 28/10/2002 a 30/11/2005, desta forma,
manteve a qualidade de segurado até dezembro de 2006, tendo sido recolhido à prisão em maio
de 2006, quando ainda estava dentro do período de graça.

Passo à análise da qualidade de dependente da interessada EUDIR DE OLIVEIRA.

A mesma requereu o beneficio na qualidade de companheira do segurado senhor


Francisco Vicente dos Santos.

O inciso I do art. 16 da lei n. º 8.213/91 elenca a companheira com dependente do


segurado da Previdência Social sendo referida dependência, inclusive, presumida, nos termo do §
4. º do mesmo dispositivo legal.

Entretanto, para fazer jus à presunção legal de dependência é necessário que fique
comprovada a existência da união estável na data do óbito.

Essa comprovação deve ser feita na forma estabelecida pelo § 6. º do art. 16 do


Decreto n. º 3.048/99, abaixo transcrito:

§6. º Considera-se união estável aquela configurada na convivência pública,


contínua e duradoura entre o homem e a mulher, estabelecida com intenção de
constituição de família, observado o § 1. º do art. 1.723 do Código Civil,
instituído pela lei n. º 10.406, de 10 de janeiro de 2002.

O § 1. º do art. 1.723 do Código Civil, por seu turno, determina que:

Art. 1723. É reconhecimento como entidade familiar a união estável entre o


homem e a mulher, configuradas na convivência pública, contínua e duradoura
e estabelecida com o objetivo de constituição de família.

§ 1. º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art.


1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se
achar separada de fato ou judicialmente.

No presente caso a postulante apresentou às fls. 57 certidão de nascimento de filho em


comum, bem como, carta de concessão de benefício da mesma espécie em virtude do
encarceramento do Sr. Francisco (fls. 23/24).

Alem desses, foi apresentado comprovante de mesmo domicílio de setembro de 2006,


de 2009, de 2002, em nome do instituidor, (fls.89/91), fatura de energia elétrica mês 05/2010 em
nome da interessada (fls.92).

Ora, tais documentos corroborados pela pesquisa positiva de fls.94/95 confirmam a


existência da união estável.

Destarte, foi comprovada a existência da união estável na forma do § 6. º do art. 16 do


Decreto n. º 3.048/99.

Processo: 0140.475.053-0 4/5

582
Seleção de Acórdãos

Consequentemente foram atendidos os requisitos do Art. 80 da Lei n. º 8.213/91.

Diante do exposto, deve ser mantida a decisão proferida pela Junta de Recursos, na
íntegra, pelos fundamentos jurídicos acima expostos.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER do recurso


especial interposto pela autarquia para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

MARIEDNA MOURA DE ARRUDA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 3989/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: FILIPE SILVA MOSSRI


e PAULA CRISTINA RODRIGUES E SILVA.

Brasília - DF, 20/07/2010

MARIEDNA MOURA DE ARRUDA LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES


Relator(a) Presidente

Processo: 0140.475.053-0 5/5

583
Seleção de Acórdãos

584
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35524.000224/2010-77


Unidade de Origem: AGÊNCIA LINHARES
Documento:
Recorrente: INSS
Recorrido: ZILMA ROSA GOMES/Vigésima Quarta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO
Relator(a): MARIA SÔNIA DA SILVA FONSECA

Relatório
Zilma Rosa Gomes requereu em 01/08/2005 Certidão de tempo de Contribuição.

O Instituto Nacional do Segurpo Social – INSS apurou 10 01 mês e 14 dias de tempo


de contribuição (fls. 03).

A segurada acostou aos autos os seguintes documentos:

Cópia da CTPS nº 21596 série 400ª constandos vínculos empregatícios referente aos
seguintes vinculos empregatícios:

De 08/06/77 a 01/11/80 junto a empresa Florestas Rio Doce S/A;


De 01/03/84 a 22/03/90 junto a empresa Rio Bananal;
De 08/04/74 a 05/12/74 junto a empresa MOBRASA – Madeiras e Móveis
Brasileiros S/A (fls. 05/06).

A Certidão foi emitida em 10/10/2005, não constando do período de 08/06/77 a


01/11/80 junto a empregadora Floresta Rio Doce S/A, por se tratar de atividade rural.

Em 14/10/2009 a segurada ingressou com pedido de revisão em sua Certidão de


Tempo de Contribuição para inclusão do período de 08/06/77 a 01/11/80 junto a empregadora
Floresta Rio Doce S/A, acostando os seguintes documentos:

Cópia de registro de empregado (fls.26);

Declarações da empresa declarando o vínculo com a empresa, a função execrida de


trabalhador de campo, e que os recolhimentos à Previdência Social eram feitos ao FUNRURAL
(fls. 27/28);

O Instituto Nacional de Seguro Social – INSS indeferiu o pedido de revisão, sob


fundamento de que o período de 08/06/77 a 01/11/80 trabalhado na empresa Florestas Rio Doce
S/A atividade relacionada a rural não havendo contribuição na epoca (fls. 34).

Inconformada com a decisão recorreu a douta 24ª JR/ES que através do Acórdão nº
8012/2010 reformou a decisão do INSS reconhecendo o direito da segurada a inclusão do período
de 08/06/77 a 01/11/80 (fls. 42/44).

Processo: 35524.000224/2010-77 1/5

585
Seleção de Acórdãos

Dessa decisão a Autarquia interpôs recurso especial requerendo a reforma do julgado,


alegando que a própria empresa reconhece que não houve recolhimentos (fls. 46/47).

Não constam contrarrazões, embora a segurada tenha sido comunicada (fls. 49).

È o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 02/02/2011 para sessão nº 114/2011 de 09/02/2011 às 10:00.

Voto

Vencido

Objetiva a Autarquia reformar o Acórdão nº. 8012/2010 da E. 24ª JR/ES (fls. 42/44),
que deu provimento ao recurso da segurada Zilma Rosa Gomes empresa Florestas Rio Doce S/A.

A controvérsia dos autos gira em torno do cômputo do período de 08/06/77 a


01/11/80, na função de empregada rural.

Vale esclarecer que o reconhecimento do tempo de serviço do trabalhador rural antes


da vigência da Lei 8.213/91, para fins de contagem recíproca, depende do recolhimento das
contribuições previdenciárias correspondentes.

Como vimos dos autos trata-se de empregada rural, conforme cópia da CTPS de fls.
05/06 com as devidas alterações salariais, presumindo-se os recolhimentos efetuados.

Portanto a segurada faz jus ao pleito.

O Acórdão deve ser mantido.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO no sentido de prelinarmente,


CONHECER DO RECURSO, para no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO

MARIA SÔNIA DA SILVA FONSECA


Relator(a)
Voto Divergente
EMENTA: AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO. PERÍODO ANTERIOR
A NOVEMBRO DE 1991. TRABALHADOR RURAL VINCULADO À ANTIGA
PREVIDÊNCIA SOCIAL RURAL. EXIGÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PARA
EMISSÃO DE CTC. O ACÓRDÃO NO 8.012 DA 24AJR/CRPS DEVE SER
REFORMADO. É QUE CONTRARIA DISPOSIÇÃO EXPRESSA DO
PARÁGRAFO 3O DO ART.128 DO REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA
SOCIAL ATUAL (APROVADO PELO DECRETO NO 3.048/99), O QUAL
REFLETE O PLANO LEGISLATIVO DIFERENCIADO DA ANTIGA
PREVIDÊNCIA SOCIAL RURAL COM UMA DISPOSIÇÃO NORMATIVA
QUE EXIGE DO TRABALHADOR RURAL, A ELA VINCULADO, A
COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES OU A

Processo: 35524.000224/2010-77 2/5

586
Seleção de Acórdãos

INDENIZAÇÃO CORRESPONDENTE PARA FINS DE INCLUSÃO DO


PERÍODO ANTERIOR A NOVEMBRO DE 1991 EM CERTIDÃO DE TEMPO
DE CONTRIBUIÇÃO.. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO

Vencedor

Com a vênia da ilustre Relatora, passo a expor as razões para divergir de seu douto
voto.

O INSS impugna a decisão colegiada da egrégia 24aJR/CRPS que deu provimento à


inclusão, na Certidão de Tempo de Contribuição, do período em que a requerente trabalhou para
a Florestas Rio Doce S.A., de 08/06/1977 a 01/11/1980, porque não teria havido contribuição,
nem indenização, porque a segurada estava vinculada ao FUNRURAL.

Assiste razão ao INSS. No período impugnado, vigia a Consolidação das Leis da


Previdência Social - CLPS, expedida pelo Decreto n o 77.077, de 24/01/1976, o qual excluía
expressamente da Previdência Social Urbana os trabalhadores rurais, consoante o art.3 o, assim
redigido:

Art. 3º São excluídos do regime desta Consolidação:


I - os servidores civis e militares da União, Estados, Territórios, Distrito
Federal e Municípios, bem como os das respectivas Autarquias, sujeitos a
regimes próprios de Previdência Social;
II - os trabalhadores rurais, assim definidos na forma da legislação própria.
Parágrafo único. É garantida a condição de segurado do Instituto Nacional de
Previdência Social, ao empregado que presta exclusivamente serviços de
natureza rural a empresa agroindustrial ou agrocomercial e vem contribuindo
para esse Instituto pelo menos desde a data da Lei Complementar nº 11, de 25
de maio de 1971.

Ressalve-se que seria possível à requerente, naquela época, ter garantida a condição
de segurada do INPS, mesmo tendo sido contratada como trabalhadora rural (conforme a sua
CTPS – no cargo de “trabalhador de campo”, fl.05 -, a ficha do Livro Registro de Empregados,
fl.26, e a Consulta de sua ocupação no CNIS, fl.18), porque o parágrafo único do artigo citado
acima da CLPS permitia essa vinculação aos que, empregados exclusivamente em serviços de
natureza rural de empresas agroindustriais e agrocomerciais, vinham contribuindo para a
Previdência Urbana desde a data da Lei Complementar no 11, de 25 de maio de 1971. Todavia,
essa ressalva não se aplica à interessada porque, como se verá adiante, não há prova dessa
contribuição ao INPS.

A exclusão dos trabalhadores rurais da Previdência Urbana ocorria porque estes eram
beneficiários, naquela época, do Programa de Assistência do Trabalhador Rural (PRORURAL),
instituído pela Lei Complementar no 11, de 25/05/1971, cuja gestão cabia ao Fundo de
Assistência ao Trabalhador Rural – FUNRURAL (conforme art.1 o do Decreto no 69.919, de
11/01/1972 – Regulamento do PRORURAL).

Inclusive, a requerente não poderia estar no Plano Básico, criado pelo Decreto-Lei n o
564, de 01/05/1969 (como extensão da previdência social a empregados não abrangidos pelo
sistema geral da Lei 3.807/60 – LOPS, cujo plano era custeado também pelo empregado rural),
porque era direcionado ao setor agrário da empresa agroindustrial, que ficava dispensada de
contribuição ao FUNRURAL para esse setor rural, o que não é o caso concreto, que diz respeito
a uma empresa simplesmente florestal. As empresas de outras atividades, como as produtoras e
fornecedoras de produtos agrários in natura, dependiam do seu nível de organização, das

Processo: 35524.000224/2010-77 3/5

587
Seleção de Acórdãos

condições econômicas da região, e de ato do Ministro do Trabalho e da Previdência Social, para


ingressarem no sistema geral da previdência urbana, consoante o art.1o do Decreto-Lei no 704, de
24/07/1969, mas a inclusão referida não ficou provada nestes autos.

Assim, como trabalhadora rural, a requerente era beneficiária do Programa de


Assistência do Trabalhador Rural (PRORURAL), instituído pela Lei Complementar n o 11, de
25/05/1971, cuja execução competia ao FUNRURAL, cujos recursos para o custeio não
provinham de contribuição a seu cargo, mas de contribuição devida pelo produtor, sobre o valor
comercial dos produtos rurais (art.15 da LC 11/1971). Além disso, vale mencionar que o Plano
Básico, antes comentado, foi extinto pelo art.27 desta Lei Complementar, e as empresas que
estavam por ele abrangidas passaram à condição de contribuintes do PRORURAL após
30/06/1971.

O Regulamento dos Benefícios da Previdência Social - RBPS, aprovado pelo Decreto


no 83.080, de 24/01/1979, da mesma forma, exclui a vinculação da interessada à Previdência
Urbana, porque as pessoas por esta abrangidas, ainda que prestassem serviço rural, deveriam
atender a um dos seguintes requisitos: (a) ou prestavam serviço no setor agrário e no setor
comercial/industrial, indistintamente, de empresas agroindustriais ou agrocomerciais; ou (b)
como empregados dessas empresas, embora exclusivamente no setor rural, já vinham
contribuindo para a Previdência Urbana, desde a data da Lei Complementar n o 11, de 25/05/71.
Mas, nenhuma dessas duas hipóteses foi confirmada nos autos. Assim, em regra, o trabalhador
rural estava excluído da Previdência Social Urbana, de acordo com o inciso IV do art.5 o do
RBPS, haja vista que eram beneficiários da Previdência Social Rural, prevista na Parte II do
referido Regulamento (arts. 274 a 348), nos termos do art.275, inciso I, assim redigido:

Art. 275. São beneficiários da previdência social rural:


I - na qualidade de trabalhador rural:
a) quem presta serviços de natureza rural diretamente a empregador, em
estabelecimento rural ou prédio rústico, mediante salário pago em dinheiro ou
parte in natura e parte em dinheiro, ou por intermédio de empreiteiro ou
organização que, embora não constituídos em empresa, utilizam mãode-obra
para produção e fornecimento de produto agrário in natura;
(...).

E como segurado filiado à Previdência Rural, a interessada não poderia se valer da


presunção de recolhimento das contribuições por parte da empresa, porque essa regra é exclusiva
para os segurados da Previdência Social Urbana, conforme a norma específica do art.55 do
Regulamento do Custeio da Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 83.081, de 24/01/1979,
que se insere no Título II (Custeio da Previdência Social Urbana), e não no Título III - Custeio da
Previdência Social Rural. Confira-se a redação da norma de arrecadação que estabelece
presunção de recolhimento somente para os segurados da Previdência Urbana:

Art. 55. O desconto das contribuições e o das consignações legalmente


autorizadas sempre se presumirão feitos, oportuna e regulamente, pela empresa
ou o empregador doméstico a isso obrigados, não lhes sendo lícito alegar
qualquer omissão para se eximirem do recolhimento e ficando eles diretamente
responsáveis pelas importâncias que deixarem de descontar ou tiverem
descontado em desacordo com este Regulamento.

A presunção que havia na Previdência Rural era tão somente relacionada à


sub-rogação nas obrigações do produtor rural, pelo adquirente, consignatário ou cooperativa,
quanto ao desconto das contribuições sobre o valor comercial dos produtos rurais, porquanto
inexistia contribuição do segurado trabalhador rural, a teor dos arts. 76 e 77 do Regulamento do
Custeio da Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 83.081, de 24/01/1979.

Processo: 35524.000224/2010-77 4/5

588
Seleção de Acórdãos

Além do mais, o próprio empregador, Florestas Rio Doce S.A., declarou que no
período do aludido vínculo de emprego rural, de 08/06/1977 a 01/11/1980, a interessada era
trabalhadora de campo e que os recolhimentos eram efetuados ao FUNRURAL (fl.28). E em
resposta ao Ofício do INSS no 321/2009, emitido após essa declaração, com a solicitação de
juntada dos documentos hábeis a comprovar recolhimentos para a interessada, somente vieram
aos autos cópias da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS dos anos de 1978 a 1980, o
que ratifica a ausência de contribuições para a segurada.

Por essas razões que o Acórdão no 8.012 da 24aJR/CRPS deve ser reformado. É que
contraria disposição expressa do parágrafo 3o do art.128 do Regulamento da Previdência Social
atual (aprovado pelo Decreto no 3.048/99), o qual reflete o plano legislativo diferenciado da
antiga Previdência Rural com uma disposição normativa que exige, pelas razões já expostas neste
voto, que o trabalhador rural comprove o recolhimento de contribuições ou a indenização
correspondente para fins de inclusão desse período anterior a novembro de 1991 em Certidão de
Tempo de Contribuição.

Isso posto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO ESPECIAL DO


INSS para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, reformando o Acórdão no 8.012/2010 da
24a JR/CRPS.

MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA


Conselheiro(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 701/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR MAIORIA, vencido o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: AVANI VILAZANTE


CASTRO e ENEIDA DA COSTA ALVIM .

Brasília - DF, 09/02/2011

MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA


Presidente em Exercício e Relator(a) Designado(a)

Processo: 35524.000224/2010-77 5/5

589
Seleção de Acórdãos

590
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35602.000585/2009-18


Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL IBAITI
Documento: 0145.409.133-6
Recorrente: INSS
Recorrido: DORVALINA URIAS/Décima Sexta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Relator(a): MICHELE PEREIRA FARIA

Relatório
Trata-se de retorno de diligência na qual se requereu a realização de uma pesquisa
no local ou processamento de uma Justificação Administrativa, tudo com intuito de se comprovar
a união estável entre a postulante e o segurado, devendo-se, ainda, juntar aos autos outros
documentos que comprovassem o vínculo e a correspondente dependência econômica com
documentos contemporâneos à data do óbito, como prova de encargos domésticos e outros, a teor
da exigência trazida pelo § 3º do art. 22 do Decreto n.º 3.048/99 (fls. 39/41).

Em 31/07/2009, a Sra. Dorvalina Urias requereu o benefício de pensão por morte


de Benigno Ferreira, cujo óbito ocorreu em 22/07/2009.

Ao habilitar-se em fez na qualidade de companheira (fls. 01). A postulante, para


demonstrar a qualidade de segurado do instituidor do benefício e a união estável exigida,
colacionou aos autos:

- cópia da certidão de óbito do ex-segurado, constando o estado civil solteiro, com


endereço residencial à Rua São Cristóvão 40, Bairro Velata Vista, Ibaiti/PR,
constando que vivia maritalmente com a interessada e desta união deixou sete filhos
(fls. 02);
- cópia dos documentos de identificação pessoal do ex-segurado, bem como CTPS
(fls. 03/04);
- cópia de seus documentos de identificação pessoal (fls. 05);
- cópia de certidão de nascimento e documentos de identificação pessoal dos filhos
do falecido com a interessada, nascidos em 1977, 1980, 1988 e 1992 (fls. 08/09 e
25/28);
- cópia de carteira funcional do segurado, datada de 1989, constando a interessada
como esposa e dependente (fls. 10);
- atualização de cadastro de consumidores da COPEL – energia elétrica em nome do
segurado, preenchido a mão e sem data (fls. 11);
- declaração de terceiros, datada de 06/08/2009, asseverando que a interessada era
cliente do mercado e quem efetuava o pagamento das despesas de alimentos para a
residência de alimentos para residência era o falecido, com quem mantinha união
estável (fls. 19);

Dados do INFBEN do instituidor acusaram recebimento de aposentadoria por


invalidez (trabalhador rural) desde 02/1991 (fls. 13).

Processo: 0145.409.133-6 1/5

591
Seleção de Acórdãos

Inicialmente, o benefício não foi reconhecido, tendo em vista a falta da qualidade de


dependente – companheira (fls. 23).

Recurso de fls. 24. Alegou, para tanto, que conviveu com o segurado durante muitos
anos que do relacionamento tiveram 07 filhos, dos quais anexou cópia de 04 cédulas de
identidade. Solicita revisão da decisão, levando em consideração as provas acostada aos autos,
pois sempre dependeu economicamente do falecido.

Em sua manifestação a 16ª Junta de Recursos/PR, em sua manifestação deu


provimento ao pleito, considerando a comprovação da união estável e a dependência econômica
em relação ao instituidor exigida para a concessão do benefício, nos termos dos arts. 16, I, §§ 5º e
6º, 22, § 3º do Decreto n.º 3.048/99 (fls. 30/32).

O INSS juntou recurso especial às fls. 33/34. Requer o provimento do recurso e a


reforma do acórdão proferido pela Junta Recursal. Afirma que “com base na documentação
arrolada no processo, sendo o último documento apresentado do ano de 1992 (nascimento da
última filha havida em comum – Camila Urias Ferreira) e a data do óbito em 22/07/2009,
aproximadamente 17 anos após, não há no processo elementos que comprovem a permanência
da união estável até a data do óbito do segurado” (destacou-se).

A postulante apresentou contra-razões às fls. 37, protestando pela manutenção da


decisão proferida.

Remetidos os autos para análise dessa CaJ, foram baixados em diligência (fls. 39/41),
oportunidade na qual foram juntados aos autos:

(i) pesquisa in loco com resultado positivo, realizada junto a vizinhos, na qual se
constatou a unanimidade de declarações no sentido de confirmar a união estável da
requerente com o segurado falecido até a data do óbito (fls. 43/47);
(ii) cópia de certidão de batismo de um dos filhos do falecido com a interessada (fls.
52);
(iii) cópia de caderneta de vacinações de dos filhos do falecido com a interessada
(fls. 54/55);
(iv) cópia de carteira funcional do segurado, datada de 1989, constando a
interessada como esposa e dependente (fls. 56);
(v) cópia da carteira da Prefeitura Municipal de Ibati do segurado, constando a
requerente como cônjuge, datada de 2004 (fls. 57);

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 22/12/2010 para sessão nº 13/2011 de 04/01/2011 às 13:00.

Voto
EMENTA: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA. NECESSIDADE DE
COMPROVAR A UNIÃO ESTÁVEL EM RELAÇÃO AO FALECIDO –
OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS - ARTS. 74 E 16, I, § 4º DA LEI 8.213/91.
ART. 22, § 3º DO DECRETO 3.048/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO

Processo: 0145.409.133-6 2/5

592
Seleção de Acórdãos

Primeiramente merece ressaltar que não há data da ciência do Acórdão n.º


2981/2010, proferido pela 16ª JR/PR , nem mesmo Aviso de Recebimento. Todavia,
considerando que não há parâmetros para considerar o recurso tempestivo ou intempestivo, este
deve ser tido como interposto dentro do prazo legal de 30 (trinta) dias.

Trata-se de pedido de pensão por morte, benefício previsto no art. 74 da Lei n.º
8.213/91 e devido aos dependentes listados no art. 16 do mesmo diploma legal, o qual dispõe
que:

“Art. 16: São beneficiários do Regime da Previdência Social, na condição de


dependentes do segurado:
I- O cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de
qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido.
(...)
§ 4º- A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é
presumida e a das demais deve ser comprovada” (destacou-se).

Para comprovação da união estável e/ou da dependência econômica deverão ser


apresentados pelo menos 3 (três) meios de prova, dentre aqueles previstos, no art. 22, § 3º do
Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99:

“Art. 22 (...)
§ 3º: Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o
caso, devem ser apresentados no mínimo três dos seguintes documentos:
I - certidão de nascimento de filho havido em comum;
II - certidão de casamento religioso;
III - declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o
interessado como seu dependente;
IV - disposições testamentárias;
VI - declaração especial feita perante tabelião;
VII - prova de mesmo domicílio;
VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou
comunhão nos atos da vida civil;
IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada;
X - conta bancária conjunta;
XI- registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado
como dependente do segurado;
XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados;
XIII - apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro
e a pessoa interessada como sua beneficiária;
XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste
o segurado como responsável;
XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de
dependente;
XVI - declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um
anos; ou
XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar.”

Nesse sentido, o § 5º do art. 16 do Decreto n.º 3.048/99 conceitua como companheiro


: “Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que mantenha união estável com o
segurado ou segurada”. Já o § 6º do mesmo dispositivo conceitua união estável como “(...)
aquela configurada na convivência pública, contínua e duradoura entre o homem e a mulher,
estabelecida com intenção de constituição de família, observado o § 1 º do art. 1.723 do Código
Civil, instituído pela Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002”.

Processo: 0145.409.133-6 3/5

593
Seleção de Acórdãos

Para a fruição do benefício pensão por morte, a interessada deve preencher os


seguintes requisitos: (i) provar a deflagração do evento morte do instituidor do benefício; (ii)
demonstrar a qualidade de segurado do de cujus; (iii) comprovar a qualidade de dependente em
relação ao falecido.

O primeiro requisito restou comprovado pela juntada aos autos da certidão de óbito do
instituidor do benefício (fls. 02). Verificamos, ademais, dados do INFBEN do instituidor
acusaram recebimento de aposentadoria por invalidez (trabalhador rural) desde 02/1991 (fls. 13).

Dessa forma, a questão controversa cinge-se em comprovar a união estável exigida


para a concessão do benefício.

Nesse sentido, foram juntados aos autos, entre outros documentos, e considerados por
essa relatora:

- cópia da certidão de óbito do ex-segurado, constando o estado civil solteiro, com


endereço residencial à Rua São Cristóvão 40, Bairro Velata Vista, Ibaiti/PR,
constando que vivia maritalmente com a interessada e desta união deixou sete filhos
(fls. 02);

- cópia de certidão de nascimento e documentos de identificação pessoal dos filhos


do falecido com a interessada, nascidos em 1977, 1980, 1988 e 1992 (fls. 08/09 e
25/28);

- cópia de carteira funcional do segurado, datada de 1989, constando a interessada


como esposa e dependente (fls. 10);

- pesquisa in loco com resultado positivo, realizada junto a vizinhos, na qual se


constatou a unanimidade de declarações no sentido de confirmar a união estável da
requerente com o segurado falecido até a data do óbito (fls. 43/47);

Assim, preenchidos os requisitos previstos no art. 74 e nos termos do art. 16, I, § 4º da


Lei n.º 8.213/91, bem como no art. 22, § 3º do Regulamento da Previdência Social, aprovado
pelo Decreto 3.048/99, o benefício deve ser concedido.

Ante o exposto, reconheço o direito do postulante e nego provimento ao recurso do


INSS.

Conclusão: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO, para


no mérito NEGAR-LHE PROVIMENTO.

MICHELE PEREIRA FARIA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 91/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Processo: 0145.409.133-6 4/5

594
Seleção de Acórdãos

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: LISIANE DO


NASCIMENTO PETIZ e Mara Lúcia Malta.

Brasília - DF, 04/01/2011

MICHELE PEREIRA FARIA MARIO HUMBERTO CABUS MOREIRA


Relator(a) Presidente em Exercício

Processo: 0145.409.133-6 5/5

595
Seleção de Acórdãos

596
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
02ª CaJ - Segunda Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 37118.001069/2008-17


Unidade de Origem: AGÊNCIA BRUMADO
Documento: 0143.734.334-9
Recorrente: PATRICIA SANTANA SOUZA
Recorrido: INSS/Terceira Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: SALÁRIO MATERNIDADE
Relator(a): GILBERTO DA SILVA FERREIRA

Relatório
Trata-se de recurso interposto pela Sra. PATRICIA SANTANA SOUZA, em face do
acórdão n.º 5.808/2009 da 03a JRPS/PE que manteve ato denegatório de concessão de Salário
Maternidade formulado em 27/06/2008, cujo motivo do indeferimento foi a falta de período de
carência nos dez meses anteriores ao nascimento, fl. 21.

O recurso da interessada foi indeferido pelo motivo de necessidade de comprovação


do exercício da atividade rural nos dez meses imediatamente anteriores à data do parto ou do
requerimento do benefício, tendo como fundamentação legal, o art. 93, § 2º, do Decreto nº.
3.048/99, fls. 30/31.

A recorrente em suas razões de recurso, fl. 35, alega que não concorda com o
indeferimento vez que é trabalhadora rural, nascida e criada na roça plantando e colhendo para o
sustento de sua família. Que os documentos apresentados são anteriores ao nascimento da criança.

O INSS apresentou contrarrazões, fls. 38/39, alegando que após análise do presente
processo não foram encontrados elementos que possam caracterizar o direito pretendido. Que não
consta prova documental suficiente, de que a recorrente tenha exercido no mínimo 10 (dez) meses
de exercício da atividade rural anterior a data de nascimento da criança. Requer a manutenção da
decisão de primeira instancia.

É o relatório.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 12/02/2010 para sessão nº 142/2010 de 22/02/2010 às 10:00.

Voto
EMENTA: SALÁRIO MATERNIDADE. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO:
SALÁRIO MATERNIDADE. NÃO COMPROVADA A CARÊNCIA EXIGIDA
ANTERIORES AO NASCIMENTO DA CRIANÇA. RECURSO CONHECIDO E

Processo: 0143.734.334-9 1/3

597
Seleção de Acórdãos

NÃO PROVIDO. ART. 25, INCISO III DA LEI Nº. 8.213/91 E ART. 93,
PARÁGRAFO SEGUNDO, DO DECRETO Nº. 3.048/99. . RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO

O recurso é tempestivo.

A Lei dispõe que o benefício previdenciário salário maternidade tem o objetivo de


proteger a maternidade e é devido à segurada da Previdência Social.

A concessão de salário-maternidade para as seguradas especiais dependerá de dez


contribuições mensais, o que equivale ao período de carência, segundo o disposto no inciso III, do
artigo 25 da lei nº. 8.213/91.

O salário-maternidade será devido à segurada especial, desde que comprove o


exercício de atividade rural nos últimos dez meses imediatamente anteriores à data do parto ou do
requerimento do benefício, quando requerido antes do parto, mesmo que de forma descontínua,
segundo o disposto no parágrafo segundo, do artigo 93, do Decreto nº. 3.048/99.

A interessada, Sra. PATRICIA SANTANA SOUZA, instruiu o requerimento do


salário maternidade com a Certidão de Nascimento, fl. 03, na qual consta a data de nascimento de
sua filha, JUCIMARA ANDRADE SOUZA, em 10/05/2007.

A data da entrada do requerimento – DER é de 27/06/2008, portanto, posterior à data


do parto.

Compulsando os autos constata-se que a interessada, exibiu os seguintes documentos


logrando fazer provar do exercício de atividade rural no período de 01/06/2005 a 27/06/2008:
Declaração de exercício de atividade rural, fl. 02, datada de 27/06/2008, na qual consta que a
interessada exerceu atividade rural, no período acima referenciado; Ficha de associada do
Sindicato de trabalhadores Rurais de Aracatu – BA, fl. 11, com data de admissão em 21/12/2007;
Contrato de Parceria Rural, fl. 12. datado de 02/07/2006, com firma reconhecida em 21/12/2007.

Da análise de tais documentos em consonância com o disposto nos artigos 25, III, 106
da Lei 8.213/91; 93, § 2º do Decreto nº. 3.048/99 e Portaria MPS nº. 170 de 25 de abril de 2007, e
em cotejo com entrevista rural, às fls. 17 e 18, realizada por agente capaz, infere-se que não houve
prova material de exercício de atividade rural por parte da interessada, para o período de 10 meses
anteriores ao nascimento da criança.

Portanto, vez que não se configurou a carência necessária para a obtenção do


benefício, infere-se que a interessada, não faz jus ao mesmo.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO,


para no mérito NEGAR-LHE PROVIMENTO.

GILBERTO DA SILVA FERREIRA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 994/2010

Processo: 0143.734.334-9 2/3

598
Seleção de Acórdãos

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Segunda Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARIANA FLOR DE


MAIO DE CASTRO BARBOSA e MARIEDNA MOURA DE ARRUDA.

Brasília - DF, 22/02/2010

GILBERTO DA SILVA FERREIRA LÍVIA VALÉRIA LINO GOMES


Relator(a) Presidente

Processo: 0143.734.334-9 3/3

599
Seleção de Acórdãos

600
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0140.786.297-6
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: UNIDADE DE ATENDIMENTO PREVCIDADE OURO FINO-
PREVOURO
Nº de Protocolo do Recurso: 35644.000426/2006-76
Recorrente(s): INSS
Recorrido(s): ALCINA PUCCI MOREIRA GLÓRIA/ALCINA PUCCI MOREIRA
GLÓRIA
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 11/01/2007
Relator(a): GERALDO ALMIR ARRUDA

Relatório

Trata-se de pensão por morte requerida por Alcina Pucci Moreira Gloria
em 18/07/2006 (fl. 02), em face do óbito de seu cônjuge, Sebastião Gloria, ocorrido
15/06/2001 (certidão de óbito à fl. 04), indeferida pelo Instituto Nacional do Seguro
Social – INSS sob a alegação da perda da qualidade de segurado do instituidor (fl.
65). Segundo o INSS, a última contribuição do instituidor, então contribuinte
individual (titular de firma individual), deu-se em 07/1993, tendo este mantido a
qualidade de segurado até 31/07/1996.

Irresignada, a interessada interpôs recurso ordinário às Juntas de


Recursos deste Conselho (fl. 67), tendo a 8ª Junta de Recursos lhe dado
provimento (fls. 251/253), por entender que, comprovado o funcionamento da
empresa de que era titular o instituidor, no período de 1993 a 2001, mantinha este
a qualidade de segurado quando do óbito, razão porque assistiria à interessado
direito à prestação requerida, desde que recolhidos os valores das contribuições
em atraso.

Inconformado, o INSS interpôs recurso especial às Câmaras de


Julgamento deste Conselho (fls. 254/256, alegando, em síntese, que o instituidor,
quando de seu óbito, já perdera a qualidade de segurado, tendo em vista o lapso
temporal sem contribuições no período entre a competência 07/1993 e a data do
óbito.

Contrarrazões da interessada às fls. 259/260.

601
Seleção de Acórdãos

É o Relatório.

Brasília - DF, 02/05/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-05-02 para sessão nº 264/2011 de 2011-05-16 às 930

Voto

O recurso é tempestivo. Contudo, para que o recurso do INSS seja


conhecido, deve atender, ademais, aos pressupostos específicos de
admissibilidade a que se refere parágrafo único do art. 16 do Regimento Interno
deste Conselho, aprovado pela Portaria MPS Nº 323, de 2007, verbis:

“Art. 16. Compete às Câmaras de Julgamento julgar os


Recursos Especiais interpostos contra as decisões proferidas pelas
Juntas de Recursos.
Parágrafo único. O INSS poderá recorrer das decisões
das Juntas de Recursos somente quando:
I - violarem disposição de lei, de decreto ou de portaria
ministerial;
II - divergirem de súmula ou de parecer do Advogado
Geral da União, editado na forma da Lei Complementar nº 73, de
10 de fevereiro de 1993.
III - divergirem de pareceres da Consultoria Jurídica do
MPS ou da Procuradoria Federal Especializada - INSS, aprovados
pelo Procurador-Chefe;
IV - divergirem de enunciados editados pelo Conselho
Pleno do CRPS
V - tiverem sido fundamentadas em laudos ou
pareceres médicos divergentes emitidos pela Assessoria Técnico-
Médica da Junta de Recursos e pelos Médicos peritos do INSS; e
VI - contiverem vício insanável, considerado como tal
as ocorrências elencadas no § 1º do art. 60.”

Tendo em vista o Parecer CONJUR/MPS/Nº 616, de 2010, da

602
Seleção de Acórdãos

Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social, com entendimento diverso


do esposado pela 8ª Junta de Recursos, conheço do recuso do INSS, em
conformidade com o inciso III acima.

O mérito da controvérsia cinge-se em saber se o período de


manutenção de qualidade de segurado do contribuinte individual inicia-se com a
interrupção das contribuições deste, como quer o INSS, ou com a cessação de sua
atividade remunerada, conforme entendeu a 8ª Junta de Recuros.

A respeito, cumpre, inicialmente, assinalar que a previdência social é


um sistema por natureza contributivo, que se assenta em critérios que preservem
seu equilíbrio atuarial e financeiro, conforme preconizado pelo art. 201, caput, da
Constituição, verbis:

“Art. 201. A previdência social será organizada sob a


forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
(...)”

De outra feita, importa assinalar que a obrigação de arrecadação e


recolhimento da contribuição decorrente do exercício da atividade remunerada do
contribuinte individual, em regra, compete ao próprio contribuinte individual, em
conformidade com o art. 30, II, da Lei nº 8.212, de 1991, verbis:

“Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das


contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade
Social obedecem às seguintes normas:
(...)
II - os segurados contribuinte individual e facultativo
estão obrigados a recolher sua contribuição por iniciativa própria,
até o dia quinze do mês seguinte ao da competência;
(...)”

A exceção que se faz é em relação à contribuição do contribuinte


individual que presta serviço a empresa, a partir da competência abril de 2003, cuja
obrigação de recolhimento compete à própria empresa.

Desta feita, tendo em vista a natureza eminentemente contributiva da


previdência social e a exigência constitucional do equilíbrio financeiro e atuarial do
sistema previdenciário, ademais de competir ao contribuinte individual, com regra
geral, a iniciativa de recolhimento de sua contribuição, é forçoso concluir que,
inobstante o fato de o exercício de atividade remunerada determinar a automática
filiação ao RGPS, o contribuinte individual que deixar de efetuar o recolhimento de
suas contribuições em período superior ao período de graça, ainda que continue a
exercer sua atividade remunerada, perderá a qualidade de segurado.

603
Seleção de Acórdãos

Na hipótese dos autos, o segurado verteu contribuições para o RGPS


até a competência 07/1993, deixando, a partir de então, de verter contribuições até
o seu óbito, em 15/06/2001. Dessa forma, a ausência de contribuições em tal
período deve ser levada em consideração para a verificação da manutenção e da
perda da qualidade de segurado, inobstante ter o interessado exercido atividade
remunerada nesse interregno, em conformidade com o que dispõe o art. 15 da Lei
nº 8.213, de 1991, verbis:

“Art. 15. Mantém a qualidade de segurado,


independentemente de contribuições:
(...)
II - até 12 (doze) meses após a cessação das
contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade
remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso
ou licenciado sem remuneração;
(...)
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24
(vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120
(cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete
a perda da qualidade de segurado.
(...)”

Destarte, quer se considere o prazo de 12 (doze) ou 24 (vinte e quatro)


meses para a manutenção da qualidade de segurado, quando do óbito do
instituidor, este já perdera a qualidade de segurado. Não ostentando o instituidor a
qualidade de segurado quando do óbito, não faz jus a interessada à pensão por
morte requerida.

Por fim, cumpre destacar que a matéria ora em debate encontra-se


pacificada no âmbito do Ministério da Previdência Social, cuja Consultoria Jurídica
editou o Parecer CONJUR/MPS/Nº 616, de 2010, com aprovação ministerial,
encampando a tese esposada no presente voto, o que, à luz do art. 68 do
Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MPS nº 323, de 2007,
vincula os órgãos julgadores deste Conselho, conforme a seguir se observa:

“Art. 68. Os pareceres da Consultoria Jurídica do MPS,


quando aprovados pelo Ministro de Estado, nos termos da Lei
Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993, vinculam os
órgãos julgadores do CRPS, à tese jurídica que fixarem, sob pena
de responsabilidade administrativa quando da sua não
observância.”

Diante do exposto, impõe-se a reforma da decisão a quo e o


provimento do recurso especial do INSS.

604
Seleção de Acórdãos

CONCLUSÃO: Pelo exposto voto no sentido de, preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

Brasília - DF, 02/05/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 2959/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: MARIA LÍGIA SORIA e


MARIA CECÍLIA MARTINS LAFETÁ.

Brasília - DF, 16/05/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA ROSILENE ROSSATTO FACCO BISPO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

605
Seleção de Acórdãos

606
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0142.377.959-0
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA APARECIDA DE GOIÂNIA-APSAPG
Nº de Protocolo do Recurso: 37056.001959/2007-12
Recorrente(s): INSS
Recorrido(s): ANNIELI DE ALENCAR ALVES/ANNIELI DE ALENCAR ALVES
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 16/01/2008
Relator(a): PEDRO WANDERLEI VIZÚ

Relatório

ANNIELE DE ALENCAR ALVES requereu ao Instituto Nacional do Seguro


Social, em 25/06/07, pensão por morte, na condição de companhaiera do ex-segurado
especial ANTÔNIO EVANDRO BRILHANTE RODRIGUES, falecido em 14/12/03
(certidão de óbito, fl. 2).

Para comprovar a condição de segurado especial rurícola de seu marido, a


requerente juntou aos autos, dentre outros documentos:

a) a referida certidão de óbito, constando na qualificação do falecido a profissão


de lavrador;
b) certidão de registro de imóvel em nome do pai do instituidor; e
c) Certificado de Cadastro de Imóvel Rural, relativo ao ano de 2002, onde o
instituidor consta como proprietário ou posseiro individual de uma pequena propriedade
(185 ha, correspondente a três módulos fiscais, aproximadamente).

O extrato do CADASTRO NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS – CNIS


(fl. 18/9) não registra vínculos previdenciários urbanos em nome do instituidor ou da
interessada.

O benefício foi indeferido por não haver sido considerada demonstrada a


condição de segurado especial rurícola nos doze meses anteriores ao óbito (fl. 25 e 30).
A seguir, vieram aos autos declarações de conhecidos da interessada, indicando
que o instituidor veio morar com a família em Goiânia por volta do ano 2000, mas a seguir
retornou ao trabalho na propriedade de seu genitor, onde faleceu (fl. 27/8).
Foi apresentado recurso (fl. 31) ao qual a 6ª Junta de Recursos da Previdência
Social deu provimento, nos termos do acórdão de fl. 33 e seguintes.
Dessa decisão recorreu o Instituto Nacional do Seguro Social (fl. 36) alegando,

607
Seleção de Acórdãos

em síntese, que não restara comprovado que o instituidor tivesse exercido atividade rural
no período imediatamente anterior ao óbito ou em período de graça.

Contrarrazões à fl. 41.

Subindo à Câmara, os autos foram a mim distribuídos, e opinei pela realização


de pesquisa de campo (fl. 43) que, efetuada, logrou constatar o exercício de atividade rural
do interessado no período anterior ao óbito. Todavia, o servidor autárquico considerou
descaracterizada a condição de segurado especial rurícola, eis que o interessado utilizaria
mão-de-obra eventual de modo mais intenso e habitual do que o admitido pela legislação
(fl. 47).
Foram juntadas aos autos, ainda, cópias de três depoimentos colhidos pelo
servidor autárquico durante a pesquisa (fl. 48 e seguintes).

É o relatório.

Brasília - DF, 12/02/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-02-12 para sessão nº 62/2010 de 2010-02-22 às 1000

Voto

O recurso é tido por tempestivo, conheço-o.

Nego provimento.

Há nos autos suficiente início de prova material, tal como o entende o


egrégio Superior Tribunal de Justiça, da condição de segurado especial rurícola
do marido da requerente (alíneas “a” a “c” do Relatório), e prova oral (fl. 13)
harmônica e coerente, a secundá-lo.
Por sua vez, consta do Parecer nº 3.136/CJ/MPS (que embora se refira
a aposentadoria por idade de trabalhadores rurais, contém parâmetros que
podem e devem ser utilizados para a avaliação de toda comprovação de atividade
rural em caso de benefício que a lei autorize a segurados especiais):

608
Seleção de Acórdãos

“EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE.


TRABALHADORES RURAIS. COMPROVAÇÃO DE
EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL PELO NÚMERO DE
MESES EQUIVALENTE AO DA CARÊNCIA DO
BENEFÍCIO. ARTIGOS 39, I E 143 DA LEI DE
BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. EFICÁCIA
DAS DECLARAÇÕES FORNECIDAS POR SINDICATOS
DE TRABALHADORES RURAIS. INÍCIO DE PROVA
MATERIAL. CONTEMPORANEIDADE.
1. Imprescindibilidade de início de prova
material. Impossibilidade de se considerar a declaração
dos sindicatos de trabalhadores rurais, em si mesma,
início de prova material para fins de homologação pelo
INSS.
2. Desnecessidade de que o início de prova
material seja contemporâneo ao período de atividade
rural equivalente ao número de meses idêntico à
carência do benefício, podendo servir de começo de
prova documento anterior a este período.
(...)
27. Em suma, não poderiam ser aceitas como início de prova
material as simples declarações (i. é, as produzidas sem base em outros
dados concretamente aferíveis), mesmo que emanadas de autoridades
(sindicais ou mesmo estatais), pois, em essência, elas equivalem à
transcrição de testemunhos (e, pior, testemunhos tomados por pessoas
não compromissadas nem advertidas sobre deveres de não faltar com a
verdade, longe da presença de qualquer agente de Administração ou da
Justiça, em prejuízo do contraditório, da imediação e dos demais
princípios que cercam de garantias as audiências de inquirição de
testemunhas).
28. Há, no entanto, que se ter presente um parâmetro de
interpretação - igualmente incontornável - que não podemos deixar de
analisar na busca de uma solução para as questões agitadas nesta
consulta.
29. É que a regra legal de proibição de aceitação de prova
exclusivamente testemunhal para contagem de tempo de serviço ou
contribuição não significa que só se admite a eficácia da prova
embasada, plenamente, em elementos materiais. Não. A lei é bastante
clara em dispor que há de haver um "início de prova material" - a ser
corroborado com outros meios de instrução -, não uma prova
exaustivamente material. “
30. Torna-se, portanto, fundamental - quer para esta primeira
questão, quer para a segunda, de que se cuidará a breve trecho - saber
o que se deve ter, nos casos envolvidos nas questões objeto desta
consulta, como um início aceitável de prova material.
31. Pois bem, limitando-nos àquilo que já se debateu neste
processo e sem pretender, por ora, esgotar a discussão do assunto,
quando a lei fala num início de prova material, num começo, num ponto

609
Seleção de Acórdãos

de partida, cremos - seguindo a orientação para a qual evoluiu o tema


nos dias presentes, após larga discussão judicial - que ela está a
autorizar que se aproveite aquilo que esteja assentado em registros
eleitorais, militares ou civis (p. ex., certidões de casamento, de
nascimento, escritura de propriedade rural), dando conta da efetiva
qualificação de trabalhador rural das pessoas neles referidas, para que,
partindo desta base, outros elementos de prova (testemunhos,
depoimentos, declarações, atestados etc.) possam ser colhidos e, na
medida em que se mostrem, ambos, harmônicos, conformes entre si e
firmes, aceite-se, então, como comprovado o tempo de atividade.
32. Tais assentamentos, aliás, já podem ser, hoje, aceitos
como início de prova material pela Previdência Social, tanto que a
Portaria MPAS nº 6.097, de 18.5.2000 autorizou, com base em
jurisprudência consolidada do STJ e nos termos do art. 131 da Lei nº
8.213/91, a não interposição e a desistência de recursos, pela
Procuradoria, quando este fosse o objeto da discussão judicial.
(...)
37. Em suma, se podem ser aceitos, como início de prova
material, os elementos constantes de certidões civis, militares, eleitorais
etc., das quais conste a qualificação de trabalhador rural, e se hoje em
dia a matéria está suficientemente disciplinada internamente pelo INSS
para orientação da conduta de seus agentes - excetuada a observação
que acabamos de fazer, quanto ao art. 129, § 3º da IN/INSS/DC nº
84/02 que deve ser objeto de revisão -, não vemos razão para que se
edite novo normativo ministerial para tratar especificamente desta
questão.
(...)
52. Com efeito, se o que exige a lei é apenas um início de
prova material, que servirá de base para outros elementos - já não mais
necessariamente materiais - de prova, parece-nos não ser próprio
enxergar na lei a obrigatoriedade de estreita vinculação entre esse início
de prova material e o período de atividade anterior ao requerimento no
mesmo número de meses que seria exigido a título de carência para a
aposentadoria por idade. Afinal, se o que se busca é um início,
apenas, de prova material, tal início de prova - a ser sempre
corroborado por robustos elementos extraídos de outra natureza -
bem poderia dizer respeito a qualquer momento anterior (não
posterior) ao dos períodos de atividade rural a serem
comprovados.” (Parecer nº 3.136/CJ/MPS, aprovado pelo Senhor
Ministro da Previdência em 23/09/03. Destaquei).
Como se vê, o Parecer não exige uma quantidade mínima de
documentos para configurar o início de prova material. Também não exige que
esses documentos estejam linear e cronologicamente espalhados pelo período de
trabalho equivalente à carência do benefício do art. 143. Também sequer exige
que esse documento seja contemporâneo a essa atividade rurícola, podendo ser
anterior a ela, como é o caso dos autos (e não posterior).
O que o Parecer exige, efetivamente, é que a documentação

610
Seleção de Acórdãos

apresentada pelo segurado seja corroborada pela prova oral colhida, e que desse
conjunto - coerente e harmônico – se extraia convicção acerca da qualidade de
segurado especial e efetivo exercício dessa atividade no período equivalente à
carência do benefício.
A circunstância de o instituidor haver contado com mão-de-obra eventual
durante os períodos de pico de trabalho na lavoura não descaracteriza sua condição de
segurado especial, eis que a Lei nº 8.213/91 sempre admitiu, a esse segurado, tal
possibilidade.
Acresça-se que as alterações legais promovidas no regime jurídico do segurado
especial rurícola pela Lei nº 11.718/08, lembradas na pesquisa de campo, não se aplicam
ao caso dos autos, eis que o óbito do instituidor ocorreu antes da entrada em vigor dessa
Lei, à qual não se pode atribuir efeito retroativo.
Além do mais, o Instituto Nacional do Seguro Social, apesar de ser dotado de um
poderoso sistema de informações, não logrou demonstrar que o falecido, durante sua vida
profissional, tenha sido qualquer outra coisa que não pequeno produtor rurícola.

Em razão do exposto, nego provimento ao recurso, é o voto.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO, para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

Brasília - DF, 12/02/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 791/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA CECÍLIA


MARTINS LAFETÁ e MARIA LÍGIA SORIA.

611
Seleção de Acórdãos

Brasília - DF, 22/02/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

612
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0139.608.105-1
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA SÃO PAULO-TATUAPÉ-APSTTP
Nº de Protocolo do Recurso: 36230.000693/2007-59
Recorrente(s): ANTONIO CARLOS MECCIA
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 05/12/2008
Relator(a): PEDRO WANDERLEI VIZÚ

Relatório

ANTONIO CARLOS MECCIA, nascido aos 05/01/43, requereu ao


Instituto Nacional do Seguro Social, em 15/02/06, aposentadoria por tempo de
contribuição, que lhe foi indeferida porque a autarquia previdenciária considerou
não preenchido o requisito tempo de contribuição (fl. 116 e seguintes – contagem e
124, carta de indeferimento).

O interessado apresentou, em 22/03/07, o recurso de fl. 126 e seguintes


que, todavia, não foi conhecido pela 5ª Junta de Recursos da Previdência Social, a
qual, nos termos do acórdão de fl. 149 e seguintes, considerou haver ocorrido
renúncia tácita à instância administrativa, nos termos do art. 126, §3º da Lei nº
8.213/91, eis que houve ingresso em juízo, em 30/11/06 (fl. 140) com causa
idêntica à discutida nos autos (fl. 135 e 140 e seguintes – sentença judicial
favorável, determinando o pagamento do benefício desde 23/12/03).

Veio então aos autos o recurso especial de fl. 155 e seguintes, em que o
interessado alega, em síntese, que o art. 126, § 3º da Lei nº 8.213/91 nega
vigência e contraria a Constituição Federal de 1988, os princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade e eficiência, e não se reveste da legalidade necessária
em face do disposto no inciso II, § 4º do art. 36 da Portaria MPS 323/07.

Alega que deve ser aplicado ao caso dos autos pelo inciso II, § 4º do art.
36 da Portaria MPS 323/07, que considera não revogado ou, ainda que o fosse,
estaria em vigor à época da interposição do recurso. Aduz que o art. 126, § 3º da
Lei nº 8.213/91 estaria revogado tacitamente, em razão da repetição de seus
termos no Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social.

Argumenta também que é obrigação do Instituto Nacional do Seguro


Social processar e conceder o benefício em 45 dias após a apresentação pelo

613
Seleção de Acórdãos

segurado da documentação necessária à sua concessão. Cita precedentes e pede


o pagamento do benefício desde abril de 2003.

É o relatório.

Brasília - DF, 10/03/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-03-10 para sessão nº 113/2010 de 2010-03-18 às 900

Voto

O recurso é tido por tempestivo.

A eventual existência de preclusão processual, a impedir o


conhecimento do recurso, se confunde com o mérito do recurso, que se limita a
questionar o reconhecimento da renúncia tácita em virtude do ingresso em juízo.
Por esse motivo conheço do recurso.

No mérito, observo que o interessado se encontra em gozo de


aposentadoria por tempo de contribuição desde 23/12/03 (fl. 136 e 147, extrato do
benefício nº 146.619.239-6), e a data de entrada do requerimento deste processo
remonta a 21/02/06 (fls. 2 e 124). Ou seja, embora tenha havido ingresso em juízo
durante a tramitação deste processo, ele se deu em razão de requerimento de
benefício anterior.

Tanto é assim que a sentença estabeleceu o início do benefício em


2003, e não em 2006. Conceder o benefício desde 2003, quando a data de entrada
do requerimento da aposentadoria por tempo de contribuição remonta a 2006,
seria vedado em face da Lei nº 8.213/91, nos dispositivos seguintes:

Art. 54. A data do início da aposentadoria por tempo de


serviço será fixada da mesma forma que a da aposentadoria por idade,
conforme o disposto no art. 49.

Art. 49. A aposentadoria por idade será devida:


I - ao segurado empregado, inclusive o doméstico, a partir:

614
Seleção de Acórdãos

a) da data do desligamento do emprego, quando requerida


até essa data ou até 90 (noventa) dias depois dela; ou
b) da data do requerimento, quando não houver desligamento
do emprego ou quando for requerida após o prazo previsto na alínea
"a";
II - para os demais segurados, da data da entrada do
requerimento.

Assim sendo, não tem ele interesse de agir, seja por já ser beneficiário
de aposentadoria por tempo de contribuição, seja porque tal benefício tem sua data
de início fixada nos mesmos moldes da aposentadoria por idade, ao teor dos arts.
54 e 49 da Lei nº 8.213/91, acima citados.

Verifica-se, pois, que mesmo que fosse verdade, como alega o


interessado, que o art. 126, § 3º da Lei nº 8.213/91 estivesse revogado
tacitamente, essa circunstância não lhe favoreceria, porque, caso se pudesse
ultrapassar, também, o fato de já estar recebendo o benefício, seu eventual
sucesso nesta lide administrativa somente permitiria a concessão de aposentadoria
por tempo de contribuição desde 21/02/06 – nada mais.

Por esse motivo, errou a 5ª Junta de Recursos da Previdência Social


quando não conheceu do recurso em razão do ingresso em juízo. Esse ingresso
em juízo ocorrera antes da tramitação do presente processo, e a Lei nº 8.213/91
não proíbe que o segurado, após ingressar em juízo e ver transitada em julgado,
requeira novamente o benefício, e sim, que procure o Poder Judiciário durante o
transcurso do contencioso administrativo:

Art. 126. Das decisões do Instituto Nacional do Seguro


Social-INSS nos processos de interesse dos beneficiários e dos
contribuintes da Seguridade Social caberá recurso para o Conselho de
Recursos da Previdência Social, conforme dispuser o Regulamento.
(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)
(...)
§ 3º A propositura, pelo beneficiário ou contribuinte, de ação
que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o processo
administrativo importa renúncia ao direito de recorrer na esfera
administrativa e desistência do recurso interposto. (Incluído pela Lei nº
9.711, de 20/11/98)

Deveria a 5ª Junta de Recursos da Previdência Social não ter conhecido


o recurso em razão da perda do objeto, nos termos do art. 54, V, do Regimento
Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social:

Art. 54. Constituem razões de não conhecimento do recurso:


I - a intempestividade;
II - a ilegitimidade ativa ou passiva de parte;

615
Seleção de Acórdãos

III - a renúncia à utilização da via administrativa para


discussão da pretensão, decorrente da propositura de ação judicial;
IV - a desistência voluntária manifestada por escrito pelo
interessado ou seu representante;
V - qualquer outro motivo que leve à perda do objeto do
recurso; e
VI - a preclusão processual.

Ainda que assim não fosse, caso se pudesse argumentar que o anterior
ingresso em juízo o recurso do interessado não mereceria, de qualquer modo,
conhecimento pela Junta de Recursos da Previdência Social.

É que na data do ingresso em juízo, assim como na data de interposição


do recurso dirigido à 5ª Junta de Recursos da Previdência Social, estava em vigor
o Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social formalizado
pela PORTARIA Nº 88, DE 22 DE JANEIRO DE 2004, e que estabelecia:

Art. 31. A propositura, pelo beneficiário ou contribuinte, de


ação judicial que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o
processo administrativo, importa em renúncia ao direito de recorrer na
esfera administrativa e desistência do recurso interposto.
Parágrafo único. Se no recurso houver matéria distinta da
constante do processo judicial, o julgamento limitar-se-á à matéria
diferenciada.

Por esse motivo, não poderia o interessado se valer da faculdade de


renunciar à instância judicial, que vigorou, apenas, entre 27/08/07, data de entrada
em vigor do Regimento atual (PORTARIA Nº 323, DE 27 DE AGOSTO DE 2007 –
DOU DE 29/08/2007), e 30/04/08, quando modificação no texto do art. 36 a
eliminou. O dispositivo em questão agora estabelece:

Art.36. A propositura, pelo interessado,de ação judicial que


tenha objeto idêntico ao pedido sobre o qual versa o processo
administrativo importa em renúncia tácita ao direito de recorrer na esfera
administrativa e desistência do recurso interposto. Alterada pela
PORTARIA MPS Nº 139, DE 29 DE ABRIL DE 2008 – DOU DE
30/04/2008
§ 1º Considera-se idêntica a ação judicial que tiver as
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido do
processo administrativo. Alterada pela PORTARIA MPS Nº 139, DE 29
DE ABRIL DE 2008 – DOU DE 30/04/2008
§ 2º Certificada a ocorrência da propositura da ação judicial,
o INSS dará ciência ao interessado ou seu representante legal para que
se manifeste no prazo de trinta dias. Alterada pela PORTARIA MPS Nº
139, DE 29 DE ABRIL DE 2008 – DOU DE 30/04/2008
§ 3º Vencido o prazo de que trata o § 2º, o INSS arquivará o

616
Seleção de Acórdãos

processo, salvo se o interessado requerer o prosseguimento alegando


tratar-se de ação judicial com objeto diverso, o que ocasionará a
remessa dos autos ao CRPS para decisão. Alterada pela PORTARIA
MPS Nº 139, DE 29 DE ABRIL DE 2008 – DOU DE 30/04/2008
§ 4º Caso o conhecimento da propositura da ação judicial
seja posterior ao encaminhamento do recurso ao CRPS, o INSS deverá
comunicar a ocorrência à Junta ou Câmara incumbida do julgamento,
acompanhado dos elementos necessários para caracterização da
renúncia tácita.

Quanto às demais considerações processuais e constitucionais do


interessado, deixo registrado ser cediço que os princípios constitucionais do
contraditório e da ampla defesa, assim como os referentes à administração pública,
concretizam-se na forma da legislação infraconstitucional posta.

Em nada ofende à Constituição a norma estampada no art. 126, § 3º da


Lei nº 8.213/91, eis que aquela assegura o contencioso administrativo regido pelos
princípios já referidos, e não a utilização concomitante das vias administrativa e
judicial. Muito ao contrário, a utilização simultânea de ambas é que poderia,
eventualmente, gerar questionamentos acerca da harmonia e independência dos
Poderes Executivo e Judiciário.

O prazo de 45 dias para implantação do benefício, estabelecido na Lei


nº 8.213/91, supõe, necessariamente, que o interessado tenha entregue, na data
de entrada do requerimento, toda a documentação necessária à sua concessão, e
que o direito do segurado não se tenha tornado controverso, ao ponto dele buscar
o contencioso jurisdicional administrativo – o que não é o caso dos autos.

Finalmente, o argumento de que o art. 126, § 3º da Lei nº 8.213/91


possa ter sido revogado tacitamente por Portaria Ministerial, que lhe seria
supostamente contrária, é, com a devida vênia, risível, eis que o teor do ato infra-
legal não pode ser oposto à Lei a que visa agregar concretude.

Face ao exposto, não conheço do recurso extingo o processo sem


julgamento do mérito, é o voto.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


NÃO CONHECER DO RECURSO, para, no mérito, EXTINGUIR O PROCESSO
SEM JULGAMENTO DO MÉRITO.

Brasília - DF, 10/03/2010

617
Seleção de Acórdãos

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 1398/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em NÃO CONHECER DO RECURSO,
POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA CECÍLIA


MARTINS LAFETÁ e MARIA LÍGIA SORIA.

Brasília - DF, 18/03/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

618
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0124.408.797-9
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA TATUÍ-APSTAT
Nº de Protocolo do Recurso: 35445.000312/2004-19
Recorrente(s): ANTONINO FRALETTI
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 01/06/2004
Relator(a): PEDRO WANDERLEI VIZÚ

Relatório

Em mesa proposta de revisão de ofício do acórdão de fl. 95 e seguintes


que não conheceu do pedido de revisão apresentado pelo Instituto Nacional do
Seguro Social contra o acórdão de fl. 68 que, por sua vez, acolheu o pleito de
ANTÔNIO FRALETTI, no sentido de ver acrescido à sua contagem de tempo de
contribuição o período de trabalho entre 15/12/99 e 22/01/02, prestado à
Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, com contribuições vertidas ao
regime próprio administrado pelo Instituto de Previdência do Estado de São Paulo
(fl. 09, certidão).

Esclareço que a aposentadoria de que goza o autor foi concedida pelo


Instituto Nacional do Seguro Social em atenção ao direito adquirido, eis que ele
completara, em 31/10/98, quando ainda estava vinculado ao Regime Geral da
Previdência Social, 31 anos, 08 meses e 06 dias de tempo de contribuição (fl. 13,
contagem), fazendo, então, jus a aposentadoria proporcional. Assim, a autarquia
previdenciária desconsiderou o período contributivo posterior, no qual ele esteve
filiado a regime próprio de previdência, sem retornar ao Regime Geral da
Previdência Social (fl. 37, carta de indeferimento de revisão).

No despacho de fl. 90, que inaugurou o procedimento de revisão de


ofício, observei:

“Tenho por merecedora da apreciação do Colegiado a tese


autárquica no sentido de que a concessão de aposentadoria ao
interessado, com o aproveitamento das contribuições vertidas após
16/12/98, seria vedada porque na data de entrada do requerimento ele
não estava filiado ao Regime Geral da Previdência Social.

619
Seleção de Acórdãos

O direito ao benefício previsto na legislação previdenciária


deve, em princípio e como regra geral, ser auferido no momento em que
o segurado completou todos os requisitos necessários à obtenção da
específica prestação previdenciária requerida.

Reza o art. 99 da Lei nº 8.213/91, inserido no capítulo que


trata da contagem recíproca do tempo de contribuição:

Art. 99. O benefício resultante de contagem de tempo de


serviço na forma desta Seção será concedido e pago pelo sistema a
que o interessado estiver vinculado ao requerê-lo, e calculado na
forma da respectiva legislação.

Assim, para que o interessado pudesse utilizar o período de


trabalho junto ao Governo do Estado de São Paulo no cômputo do seu
tempo de contribuição, deveria ter se filiado novamente ao Regime
Geral da Previdência Social, ou requerido sua aposentadoria ao Instituto
de Previdência do Estado de São Paulo. Por esse motivo, em exame
prévio e ressalvada a apreciação mais profunda pelo colegiado da
Câmara, tenho que o acórdão de fl. 68 e seguintes violou o art. 99 da Lei
nº 8.213/91.”
Atento ao fato de que a Presidência desta Câmara já cuidara de notificar
o interessado a apresentar contra-razões ao pleito revisional da autarquia
previdenciária, e não havia inovação nos fundamentos jurídicos e fáticos que
suportavam a proposta de revisão de ofício, em homenagem ao princípio da
celeridade processual, entendi desnecessária nova intimação para contra-razões.

É o Relatório.

Brasília - DF, 29/06/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2009-08-12 para sessão nº 387/2009 de 2009-08-17 às 1000

Voto

620
Seleção de Acórdãos

Senhora Presidenta, a aplicabilidade aos autos da norma inscrita no art.


134 do Decreto nº 3.048/99, já citado no Relatório, não passou desapercebida no
voto do acórdão revisando, nem do acórdão de fl. 68, por ele mantido, pois esse
dispositivo foi citado expressamente. Ele reproduz, a bem dizer, a regra legal
constante do art. 99 da Lei nº 8.213/91, já citado no Relatório.

Entretanto, ambos os acórdãos deixaram de extrair, desse dispositivo,


seu exato alcance, que é o remeter, ao regime previdenciário a que o segurado
estiver vinculado no momento do pedido de benefício, a obrigação de o conceder.

Na verdade, a despeito da clareza do dispositivo, agiu corretamente a


autarquia previdenciária, pois, muito embora o segurado já não estivesse a ela
vinculado quando, em 10/05/02, requereu seu benefício, ele já implementara os
requisitos para sua concessão quando ainda inserido no Regime Geral da
Previdência Social - RGPS. Assim, a concessão se justificava em razão do
instituto do direito adquirido.

Como se verifica nos autos, o Instituto Nacional do Seguro Social


concedeu o benefício com base na legislação vigente em 31/10/98; essa data
serviu para a definição do regime jurídico do benefício em debate.

Acolher a pretensão de ver incluído na contagem de tempo de


contribuição o período de trabalho posterior à perda da qualidade de segurado do
RGPS implicaria conceder uma aposentadoria cujo marco temporal utilizado para
a verificação do regime jurídico aplicável ao benefício seria postergado para, pelo
menos, 22/01/02, eis que não se admite a concessão de benefício previdenciário
com regime híbrido, aproveitando o que de melhor em cada momento legislativo.

Analisando, pois, o pedido do interessado com base em sua situação


jurídica perante o RGPS em 2002, verifica-se que ele, simplesmente, não teria
direito a requerer o benefício ao Instituto Nacional do Seguro Social, em face da
clara dicção do art. 99 da Lei nº 8.213/91, que repristino:

Art. 99. O benefício resultante de contagem de tempo de


serviço na forma desta Seção será concedido e pago pelo sistema a que
o interessado estiver vinculado ao requerê-lo, e calculado na forma da
respectiva legislação.

Por essas razões, agiu corretamente a autarquia previdenciária quando


lhe negou a pretendida revisão, eis que, após desfiliar-se do RGPS e filiar ao
regime próprio estadual, o interessado não voltou ao primeiro regime. Para fazê-
lo, deveria, pelo menos, efetuar uma contribuição ao RGPS. Não o fazendo, e
pretendendo o aproveitamento do período laborado junto à Assembléia
Legislativa estadual, deveria requerer sua aposentadoria junto ao órgão

621
Seleção de Acórdãos

previdenciário administrador desse regime próprio.

A jurisprudência de nossos Tribunais Federais têm reafirmado a validez


da norma acima referida, como se constata nos precedentes seguintes:

“PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO RETIDO. RECOLHIMENTO


DO PORTE DE REMESSA E RETORNO. LAVRADOR.
RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ARTIGO
55, § 2º DA LEI Nº 8.213/91. APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO. FUNCIONÁRIO PÚBLICO ESTADUAL. REGIME
ESTATUTÁRIO.

1. A verba de porte de remessa e retorno está inclusa no


conceito de preparo, concluindo-se que sendo o artigo 511 do Código de
Processo Civil norma isentiva da responsabilidade do INSS ao
recolhimento de preparo, o mesmo está dispensado do recolhimento do
porte de remessa e retorno.

2. Pretende a parte Autora o reconhecimento do período


laborado em atividade rural, em regime de economia familiar.

3. Nos termos do artigo 55, § 3º da Lei nº 8.213/91 e da


Súmula 149 do Superior Tribunal de Justiça, o Autor comprovou que
trabalhou como lavrador, apresentando início de prova material,
corroborada por prova testemunhal, no período de 29/09/1962 a
30/09/1986.

4. De acordo com o § 2º do artigo 55, o tempo de serviço


anterior à data de vigência da Lei nº 8.213/91 pode ser computado
independentemente do recolhimento das contribuições a ele
correspondentes, exceto para efeito de carência.

5. O Autor é funcionário público estadual, vínculo regido pelo


sistema estatutário próprio, cumprindo verificar se à luz de tal
ordenamento, preenche os requisitos necessários para se aposentar. Na
forma do artigo 99 da Lei nº 8.213/91, "o benefício resultante de
contagem de tempo de serviço na forma desta Seção será concedido e
pago pelo sistema a que o interessado estiver vinculado ao requerê-lo, e
calculado na forma da respectiva legislação".

6. Nos termos do artigo 40, § 1º, inciso III, alíneas 'a' e 'b' da
Constituição Federal e do artigo 126 da Constituição do Estado de São
Paulo, são requisitos para a aposentação a idade mínima de 60 anos e
tempo de contribuição de 35 anos (aposentadoria integral) ou a idade
mínima de 65 anos (aposentadoria proporcional), para o segurado do
sexo masculino.

622
Seleção de Acórdãos

7. Tais condições não foram cumpridas pelo Autor, não


fazendo jus ao benefício.

8. Agravo retido provido. Apelações das partes


desprovidas.”(TRF da 3ª Região,
Processo: 200803990138911 UF: SP Órgão Julgador: DÉCIMA TURMA
Data da decisão: 27/05/2008 Relatora JUIZA GISELLE FRANÇA.
Destaquei)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE


SERVIÇO. APOSENTADORIA POR IDADE. TEMPO DE SERVIÇO
URBANO. CONTADOR, PREFEITO E SUBPREFEITO MUNICIPAL.
VEREADOR. EMPREGADO. SÓCIO-GERENTE. SERVIDOR PÚBLICO
ESTADUAL. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS.

1. Evidenciada a efetiva prestação de serviços, no exercício


das funções de contador, secretário e subprefeito, não se pode
responsabilizar o funcionário pela falta de recolhimento de contribuições
previdenciárias pelo ente favorecido por seu trabalho, ainda que este
emita certidão referindo a inexistência de vínculo previdenciário em
determinado período de labor urbano.

2. O titular de mandato eletivo só passou a ser considerado


segurado obrigatório a partir da Lei n. 9.506/97 (da qual alguns
dispositivos foram julgados inconstitucionais pelo STF) e, mais
recentemente, em consonância com a EC n. 20/98, pela Lei n.
10.887/04. Na vigência da legislação anterior (LOPS/60, RBPS/79,
CLPS/84 e LBPS/91 na redação original), os vereadores não eram
obrigatoriamente filiados ao Regime Geral de Previdência, sendo que o
art. 55, III, da Lei n. 8.213/91 limitava-se a autorizar o cômputo
do tempo de serviço exercido em dita qualidade para fins de
obtenção de benefício, mediante o pagamento das contribuições
respectivas ao período a ser somado (§ 1º do mesmo dispositivo).

3. A ficha de registro de empregados, confirmada por


declaração do ex-empregador, permite o reconhecimento de período de
labor urbano.

4. Até 25-08-1960, o sócio-gerente era segurado facultativo


do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (art. 3º, inc.
I, do Dec. n. 32.667/53), não fazendo jus ao cômputo do tempo de
serviço sem o recolhimento das contribuições respectivas. Após tal
data, o sócio-gerente passou a ser segurado obrigatório da Previdência
(art. 5º, inc. III, da

623
Seleção de Acórdãos

LOPS), cabendo a responsabilidade pelo aporte contributivo


decorrente de seu trabalho à pessoa jurídica, e não ao próprio sócio
(arts. 79, caput e inc. V, da LOPS; arts. 6º, inc. III, e 176, inc. I, do Dec.
n. 60.501/67; art. 235, inc. I, a, do Dec. n. 72.771/73).

5. É possível a contagem recíproca de tempo de serviço


exercido com vínculo a regime próprio, mediante a indenização dos
sistemas de previdência. Não obstante, o seu aproveitamento não pode
ser efetivado para a obtenção de benefício no Regime Geral se não
houver retorno a este após o exercício de labor junto ao outro sistema,
consoante art. 99 da LBPS.

6. Implementados, pelo autor, 24 anos, 04 meses e 10 dias


de tempo de serviço (em função do reconhecimento do labor nos
interregnos de 01-10-1949 a 31-12-1951, 26-08-1960 a 30-04-1964, 01-
06-1964 a 31-10-1966, 01-12-1966 a 31-01-1974, 01-03-1974 a 30-09-
1975, 10-02-1954 a 12-03-1955, 24-07-1992 a 02-01-1995 e 28-03-
1995 a 03-07-1995, não computados estes dois últimos para fim de
obtenção de benefício no Regime Geral), bem assim a idade mínima de
65 anos, e sendo impossível o deferimento da aposentadoria por tempo
de serviço postulada, deve-se conceder ao demandante aposentadoria
por idade urbana, independentemente da perda da qualidade de
segurado do Regime Geral após a versão de contribuições em número
superior à carência exigida, seja pelo art. 32 da CPLS (em cuja vigência
as condições foram preenchidas), seja pelo art. 142 da Lei n. 8.213/91.
7. Inexiste prescrição de qualquer parcela do benefício, uma
vez que não ultrapassados cinco anos entre a data do requerimento
administrativo e a do aforamento da ação.
8. Os honorários advocatícios devem ser fixados em 10%
sobre o valor das parcelas vencidas até a data da sentença, a teor das
Súmulas 111 do STJ e 76 desta Corte. (TRF da 4ª Região,
Processo: 200171000309196 UF: RS Órgão Julgador: QUINTA TURMA
Data da decisão: 13/03/2007, Relator Juiz RÔMULO PIZZOLATTI.
Destaquei)

Consta do art. 60 do Regimento Interno do Conselho de Recursos da


Previdência Social:

Art. 60. As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos


poderão rever suas próprias decisões, de ofício, enquanto não ocorrer a
decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho de
1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;


II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS,
aprovados pelo Ministro de Estado da Previdência Social, bem como do
Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73, de 10

624
Seleção de Acórdãos

de fevereiro de 1993; e
III - for constatado vício insanável.

Tenho que a situação dos autos se insere na hipótese prevista no inciso


I do art. 60, acima citado, e, lastreado nos argumentos acima expendidos, voto no
sentido de se anular os acórdãos de fls. 68 e seguintes e 95 e seguintes e,
proferindo novo julgamento, negar provimento ao recurso do interessado,
mantendo o acórdão de fl. 40 e seguintes, da 14ª Junta de Recursos da
Previdência Social, que ratificou a decisão administrativa de indeferir o pedido de
revisão do interessado.

É o voto.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido REVISAR O OFÍCIO


DO ACÓRDÃO DE FL 95 E SEGUINTES.

Brasília - DF, 29/06/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 5796/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: NILMA LUZIA


CARDOSO e MARIA CECÍLIA MARTINS LAFETÁ.

Brasília - DF, 17/08/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente

625
Seleção de Acórdãos

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

626
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0115.102.692-9
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA SANTO ANDRÉ-APSSAN
Nº de Protocolo do Recurso: 37307.000562/2004-51
Recorrente(s): INSS
Recorrido(s): ANTONIO MENDES DE LIMA/ANTONIO MENDES DE LIMA
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 17/05/2004
Relator(a): PEDRO WANDERLEI VIZÚ

Relatório

Em mesa pedido de revisão (fl. 206 e seguintes) apresentado pelo


Instituto Nacional do Seguro Social, contra o acórdão de fl. 202 e seguintes, que
negou conhecimento ao seu recurso de fl. 187 por considerá-lo intempestivo,
mantendo a decisão da 14ª Junta de Recursos da Previdência Social que
reconheceu a ANTÔNIO MENDES DE LIMA o direito a aposentadoria, mediante
reconhecimento de natureza especial aos períodos de trabalho documentados
pelos formulários comprobatórios oficiais. O despacho que opinou pela tramitação
da revisão de ofício assim retratou a controvérsia:

“A 14ª Junta de Recursos da Previdência Social atestou a


tempestividade do recurso da autarquia previdenciária, tornando
plausível, em tese, a revisão, de ofício, do acórdão revisando.
Opino, assim, preliminarmente, pela concessão de efeito
suspensivo parcial ao pedido de revisão para, mantendo o pagamento
das parcelas mensais do benefício, sustar o pagamento dos valores
eventualmente em atraso, ainda pendentes de pagamento. Como verba
alimentar deferida em razão de decisão legítima e de última instância
deste Conselho, os pagamentos mensais devem ser mantidos até a
prolação do acórdão que apreciará, em sede definitiva, o pedido de
revisão, quando serão definidos os parâmetros para eventual
recomposição do erário, acréscimo no valor da renda mensal inicial do
benefício ou sua manutenção no estado em que se encontra.
Em análise prévia, observei que o processo apresenta
incorreções procedimentais que devem ser sanadas antes da
apreciação do mérito da controvérsia.
Em primeiro lugar, equivoca-se a autarquia previdenciária em
supor que a manifestação do interessado no sentido de que,

627
Seleção de Acórdãos

independentemente do tempo de contribuição como empresário, ele já


possuía tempo suficiente para aposentar, como uma renúncia ao direito
à contagem do referido tempo. Isso porque renúncia a direito se
interpreta restritivamente, e só pode ser reconhecida quando feita de
modo expresso, o que não foi o caso.
Além disso, ainda que o tempo de contribuição, como direito
subjetivo, possa ser renunciado, não pode o interessado eximir-se de
recolher as contribuições respectivas, eis que o empresário é
contribuinte obrigatório (individual), sendo de sua responsabilidade o
recolhimento das respectivas contribuições (art. 12, V, “f” c/c 30, II, da
Lei 8.212/91).
No âmbito deste Conselho, a matéria foi objeto do Enunciado
número vinte e sete de sua súmula de jurisprudência:
“Cabe ao contribuinte individual comprovar a
interrupção ou o encerramento da atividade pela qual vinha
contribuindo, sob pena de ser considerado em débito no
período sem contribuição. A concessão de benefícios
previdenciários, requeridos pelo contribuinte individual
em débito, é condicionada ao recolhimento prévio das
contribuições em atraso, ressalvada a alteração introduzida
pelo Decreto nº 4729/2003, no artigo 26, § 4º e no artigo 216,
I, a do Decreto 3048/99, que, a partir da competência
Abril/2003, torna presumido o recolhimento das contribuições
descontadas dos contribuintes individuais pela empresa
contratante de seus serviços.” (destaquei)

Assim deve o débito relativo ao período entre 01/04/95 e


25/09/95 ser calculado, e o interessado notificado a pagá-lo. Se, após o
pagamento, quiser, expressamente, renunciar ao respectivo tempo de
contribuição, deverá afirmá-lo expressamente.
Em segundo lugar, verifico que o segurado deduziu, em
suas contra-razões, os pedidos de fl. 197, a respeito dos quais o
acórdão da Junta de Recursos da Previdência Social não se
pronunciou, a despeito do documento de fl. 20/2. Como não há
indicação nos autos de que o interessado tenha sido notificado do
teor da decisão de fl. 180/183, que lhe foi, na verdade, parcialmente
desfavorável ao não reconhecer como especial o período de
16/05/77 a 30/03/79, houve ofensa ao princípio do contraditório e da
ampla defesa.
Reza o art. 13 do Regimento Interno do Conselho de
Recursos da Previdência Social:
Art. 13. Incumbe ao Conselheiro relator das
Câmaras e Juntas:
I - presidir e acompanhar a instrução do
processo no âmbito do Colegiado, inclusive requisitando
diligência preliminar, até sua inclusão em pauta;

628
Seleção de Acórdãos

(...);
III - verificar se as partes foram regularmente
cientificadas de todos os atos processuais praticados no
curso do processo, a fim de que aos litigantes sejam
assegurados o pleno exercício do contraditório e ampla
defesa;
Assim sendo, e em atenção ao princípio da celeridade
processual, adoto as contra-razões do interessado como recurso e
faculto ao Instituto Nacional do Seguro Social apresentar, por sua vez,
contra-razões aos pleitos deduzidos nas alíneas “a” e “b” do pedido (fl.
197).
Em razão do exposto, opino pelo retorno dos autos à origem,
para que o Instituto Nacional do Seguro Social adote as providências
assinaladas acima, e intime o interessado do teor deste despacho.
Defiro, a cada uma das partes, o prazo de trinta dias para a execução
dos atos necessários à defesa dos respectivos direitos.” (destaquei)

Esclareço, em acréscimo, que o recurso apresentado pelo Instituto


Nacional do Seguro Social contra a decisão da 14ª Junta de Recursos da
Previdência Social verberou, em síntese:

a) contra o enquadramento como especial do período de trabalho entre


16/05/79 e 01/04/88, sob o argumento de que foi fornecido equipamento de
proteção individual – EPI eficaz o que, segundo a Perícia Médica autárquica e a
legislação em vigor, afastaria a natureza especial da atividade; e

b) contra a ausência de recolhimentos ao Regime Geral da Previdência


Social entre 04/01/94 e 25/09/95, o que implicaria a perda de qualidade de
segurado e a ausência de direito ao benefício, nos moldes deferidos pela 14ª Junta
de Recursos da Previdência Social.

Com o retorno dos autos à origem, o interessado apresentou


contrarrazões à fl. 277, onde manifesta seu interesse por recolher os valores em
atraso (fl. 285, guia) e pede a manutenção dos enquadramentos de atividade
especial efetuados pela Junta de Recursos da Previdência Social.

Já o Instituto Nacional do Seguro Social efetuou, à fl. 290, contagem de


tempo de contribuição que reconhece ao interessado 30 anos e 17 dias de tempo
de contribuição. Entende que, na data de entrada do requerimento, o interessado
não possuía a carência necessária, de modo que o benefício somente poderia ser
concedido se computados os períodos de contribuição até 1992, quando ele
detinha a qualidade de segurado. Reclama, ainda, que inexistem documentos
comprobatórios do vínculo empregatício entre 04/03/68 e 02/03/72.

É o Relatório.

629
Seleção de Acórdãos

Brasília - DF, 10/03/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-03-10 para sessão nº 113/2010 de 2010-03-18 às 900

Voto

Preliminarmente, observo que o pedido de revisão encontrava respaldo


regimental à época de sua interposição e a decisão revisanda foi cumprida.
Conheço.

A ilustre Senhora Presidenta da 14ª Junta de Recursos da Previdência


Social reconheceu a correção das informações autárquicas acerca das datas de
envio, pela Junta de Recursos, e percepção dos autos, pelo Serviço de Revisão de
Direitos, de modo que o acórdão de fl. 202 e seguintes deve ser revisado, para
afastar o decreto de intempestividade e se conhecer do mérito do recurso
apresentado pela autarquia previdenciária.

Fazendo-o, observo que a tese por ele sustentada já foi rechaçada pela
jurisprudência dominante em nossos Tribunais Federais, que de há muito firmou
entendimento no sentido de que o uso de equipamento de proteção individual –
EPI não afasta a natureza especial do tempo de serviço. No âmbito deste
Conselho, o Enunciado nº 21/CRPS, de observância obrigatória em todas as
decisões, estabelece:

“O simples fornecimento de equipamento de proteção


individual de trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de
exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser
considerado todo o ambiente de trabalho.”

A validez e o alcance desse Enunciado foi reafirmado nas recentes


decisões do Pleno deste Conselho, de modo que, sob esse aspecto, o recurso
autárquico não merece provimento.

Acresço que durante o período de trabalho entre 16/05/77 e 31/03/79,


como torneiro mecânico junto à empresa MANNESMANN REXROTH
AUTOMAÇÃO LTDA., e que não foi objeto de apreciação por parte nem da Perícia

630
Seleção de Acórdãos

Médica autárquica (fl. 123) nem do acórdão da Junta de Recursos da Previdência


Social, o interessado esteve sujeito, igualmente, a pressão sonora superior ao
limite legal de tolerância (fl. 20 e seguintes), e a omissão deve ser corrigida com o
cômputo desse período também como especial (código 1.1.6 do quadro anexo ao
Decreto nº 53.831/64).

Afigura-se extremamente reprovável o expediente autárquico de decotar


o tempo de contribuição do interessado que transcorreu entre 04/04/88 e 30/04/93,
assim computado inclusive após a apresentação do pedido de revisão, limitando-o
a 30/09/92 (fl. 290), sem apresentar qualquer justificativa para tanto (como tal não
se aceita a mera anotação do termo CNIS ao lado do período). Aliás, sequer
localizei nos autos o suposto extrato do CADASTRO NACIONAL DE
INFORMAÇÕES SOCIAIS – CNIS que indicaria o contrato de menor duração.

Quanto ao argumento de que não seria possível a concessão da


aposentadoria, deve-se observar que a jurisprudência do egrégio Superior Tribunal
de Justiça de há muito pacificou, com base no art. 102, § 1º da Lei nº 8.213/91, o
entendimento de que a perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à
aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos,
assim como que o preenchimento desses requisitos não precisa ser simultâneo.

Trata-se de entendimento jurisprudencial fixado muito antes da edição


da Lei nº 10.666/03, que veio ao mundo jurídico apenas para, imperfeitamente,
chancelá-lo. O interessado já completara a carência do benefício em 1992. Nada
obsta, portanto, que ele, tendo requerido somente em 1999 o benefício, aproveite
as contribuições vertidas posteriormente no cálculo de seu tempo de contribuição e
do salário-de-benefício.

Ainda que assim não fosse, com o aproveitamento das contribuições


vertidas após 1992 (na verdade, 1993), observo que, entre abril de 1993, término
do contrato de trabalho, e janeiro de 1994, início do período como contribuinte
individual, sequer houve perda da qualidade de segurado.

Como, nesse período, o interessado detinha a qualidade de segurado


em período de graça, as contribuições recolhidas em atraso lhe aproveitam e,
ainda que não sejam consideradas válidas para efeito de carência, elas lhe
asseguram a manutenção da qualidade de segurado até o reinício das
contribuições como empregado, em 1996.

Tendo sido comprovada a condição de segurado obrigatório do Regime


Geral da Previdência Social, na modalidade contribuinte individual, a única
penalidade estabelecida na lei pelo atraso nos pagamentos é desconsiderar as
respectivas competências contributivas para efeito de carência. Não houve, no
caso dos autos, pois, perda da qualidade de segurado, e não se pode, portanto,
impor ao interessado o reinício da contagem da carência.

631
Seleção de Acórdãos

Revi a contagem oficial, com base nos parâmetros estabelecidos neste


voto, e apurei em favor do interessado 36 anos, 03 meses e 26 dias de tempo de
contribuição, suficientes para a obtenção de aposentadoria por tempo de
contribuição integral, na data de entrada do requerimento.

Em razão do exposto, voto no sentido de se dar provimento ao pedido


de revisão do Instituto Nacional do Seguro Social, e, efetuando novo julgamento
acerca do mérito da controvérsia, negar provimento ao recurso de fl. 187 e
seguintes e revisar de ofício o acórdão de fl. 180 e seguintes, de modo a, suprindo
sua omissão, reconhecer a natureza especial do período de trabalho entre
16/05/77 e 31/03/79, e o direito do interessado à aposentadoria integral na data de
entrada do requerimento.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de REVISAR O


ACÓRDÃO DE FL. 202 E SEGUINTES e, proferindo novo julgamento, NEGAR
PROVIMENTO ao recurso do Instituto Nacional do Seguro Social.

Brasília - DF, 10/03/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 1368/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA CECÍLIA


MARTINS LAFETÁ e MARIA LÍGIA SORIA.

Brasília - DF, 18/03/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ MARIA ALVES FIGUEIREDO

632
Seleção de Acórdãos

Representante do Governo Presidente


03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

633
Seleção de Acórdãos

634
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0108.315.645-1
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: POSTO DO SEGURO SOCIAL EM SANTOS DUMONT-DESATIVADO
Nº de Protocolo do Recurso: 37023.000584/1999-32
Recorrente(s): ARY CEZAR APOLINARIO
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 30/12/2004
Relator(a): GERALDO ALMIR ARRUDA

Relatório

Trata-se de aposentadoria por tempo de contribuição concedida a Ary


César Apolinário, com Data da Entrada do Requerimento – DER e Data do Início
do Benefício – DIB em 25/06/1998, cessada pelo INSS em face da detecção de
irregularidade no processo concessório.

A irregularidade foi detectada em face de procedimento revisional levado


a efeito em diversos benefícios concedidos no Posto do INSS em Santos Dumont –
MG, tendo em vista relatório da Auditoria do INSS que detectara contratos de
trabalhos levados em consideração na concessão do benefício, não passíveis de
comprovação pelo Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS.

Diante dos indícios da irregularidade acima apontados no benefício em


comento, o INSS, à fl. 24, enviou carta ao interessado comunicando-lhe a
necessidade de reavaliação da documentação que embasou a concessão do
beneficio, no tocante aos vínculos com as empresas Cerealista Santo Antônio Ltda,
nos períodos de 19/12/1966 a 23/08/1968, de 01/08/1972 a 30/04/1973 e de
02/04/1976 a 27/03/1981, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, de
24/08/68 a 18/07/1972, e Fundação Educacional de Assistência psiquiátrica, de
01/05/1973 a 17/09/1973.

Às fls. 35/37, o interessado apresentou defesa, alegando, em síntese,


que o INSS recebera, quando do requerimento da prestação, todos os documentos
e informações para a correspondente concessão, não havendo, pois, que se falar
em sua revisão, em face do direito adquirido.

635
Seleção de Acórdãos

Considerando insubsistentes as alegações apresentadas, o INSS, à fl.


73, enviou carta ao segurado informando-lhe que o benefício seria suspenso, tendo
em vista não ter comprovado tempo suficiente à concessão da prestação, em face
da exclusão dos vínculos acima mencionados.

Às fls. 88/94, encontra-se sentença judicial determinando a suspensão


do ato que cessou o pagamento do benefício do interessado, até o exaurimento
dos meios e recursos administrativos, incluindo a realização de justificação
administrativa.

À fl. 105, o INSS facultou ao interessado a indicação de testemunhas


para o processamento de justificação administrativa relativamente aos vínculos
com as empresas antes referidas.

Às fls. 107/108, o interessado assim se manifestou:

“Com efeito, a prova testemunhal é de todo impossível,


considerando que o direito adquirido ora contestado data de quase trinta
anos ou mais. Ora, a empresa já não existe, as pessoas que poderiam
atestar em prol do Impetrante ou já morreram ou já se mudaram, de
maneiras que o Beneficiário não tem a menor condição de apresentá-
las, conforme solicitado.
(...) não dispõe de provas ou documentos DE FORMA IDÔNEA,
relativos ao período declinado para apresentação de justificação
administrativa, ressalvadas as provas materiais constantes dos autos do
P.A.”

Tendo em vista a não indicação de testemunhas para o processamento


da justificação administrativa e a não apresentação de documentos para
comprovar o serviço prestado às empresas antes citadas, o INSS cancelou o
benefício, comunicando tal decisão ao interessado à fl. 115.

Irresignado, o segurado interpôs recurso ordinário às Juntas de


Recursos da Previdência Social – JRPS (fls. 119/126), alegando, em síntese, que:

I – o contrato de trabalho está anotado em Carteira de Trabalho e


Previdência Social – CTPS, tendo sido ratificado pelo INSS no momento da
concessão do benefício; e

II - quando do requerimento do benefício, apresentara todos os


documentos julgados idôneos.

A 9ª Junta de Recursos da Previdência Social (fls. 161/164 e 173), em


decisão preliminar, baixou o processo em diligência para que o INSS fizesse
pesquisa nas empresas mencionadas e confirmação dos respectivos vínculos.

636
Seleção de Acórdãos

Às fls. 313/314, encontra-se o resultado das diligências realizadas pelo


INSS, em que este ressalta a confirmação dos vínculos com os Correios e a
Fundação Educacional e de Assistência Psiquiátrica, conforme documentos de fls.
298, 306 e 311, e a não confirmação do vínculo com a Cerealista Santo Antônio.

A 9ª JRPS (fls. 318/320), considerando que não ficou efetivamente


comprovado o vínculo com a Cerealista Santo Antônio, negou provimento ao
recurso.

Inconformado, o segurado interpôs recurso especial às Câmaras de


Julgamento deste Conselho (fls. 328/349), argumentando, em suma, que:

I – o vínculo em comento foi comprovado por CTPS (de nº 56664, série


0085-MG, emitida em 13/04/1994, então requerida como 2ª via, uma vez que a
original – a 1ª Carteira de Trabalho do Menor –, emitida no ano de 1967,
extraviara-se nos anos oitenta, dentro da empresa) quando do requerimento do
benefício;

II – em contato com sucessores da Cerealista Santo Antônio,


informaram-lhe o extravio do Livro de Registro de Empregados – LRE, que seria a
base das anotações na CTPS referida no item I acima;

IV – o contador da Cerealista Santo Antônio, à época, informou que


muitos documentos da empresa, entre os quais o LRE, foram levados por
inundação no início de 1983;

V – localizou cópia do LRE nº 001, na sucessora da Cerealista Santo


Antônio, RCA Supermercados LTDA, com todos os vínculos do interessado com a
empresa;

VI – em visita ao Jornal “Mensagem”, de Santos Dumont – MG, verificou


que ocorreu, nessa cidade, em 14/02/1983, uma enchente, noticiada por Edital,
registrando o fato em 24/07/1983 (fl. 361);

VII – obteve nova declaração do Sr. Walter Borges Medeiros (fl. 369),
confirmando o vinculo do interessado com a Cerealista Santo Antônio, afirmando
ter havido equívoco na negativa de 15/03/2000 à fl. 78;

VIII – o INSS recebeu todos os documentos quando do requerimento do


benefício;

IX – é humanamente impossível localizar pessoas para depor como


testemunhas de fatos ocorridos há tanto tempo (1966 a 1968);

X – a concessão de sua aposentadoria é ato jurídico perfeito e direito


adquirido.

637
Seleção de Acórdãos

Às fls. 374/376, o INSS apresentou suas contrarrazões, assim


resumidas:

I – é estranho que a CTPS de fls. 352/353 não tenha sido apresentada


anteriormente e que somente nesta, emitida em 13/04/94, há registro dos períodos
trabalhados com a Cerealista Santo Antônio, sendo que os períodos são anteriores
à emissão desta, e nas demais, com datas de emissão à época, não constam tal
registro;

II – a cópia do LRE não pode ser considerada, porque não foi


apresentado o original nem qualquer documento que lhe servisse de suporte fático;

III – na nota de extravio dos documentos de fl. 361, emitida pela


empresa, não há referência ao LRE, mas somente a documentos fiscais;

IV – não tendo sido comprovado esse vínculo, o segurado conta com


apenas 23 anos, 08 meses e 27 dias, insuficientes para a aposentadoria por tempo
de contribuição.

Em manifestação preliminar, esta Câmara, às fls. 381/383, baixou o


processo em diligência, para que o INSS juntasse informações acerca da RAIS,
FGTS e GFIP sobre o vínculo controverso e fosse realizada justificação
administrativa.

À fl. 398, encontra-se carta do Supermercado Kampalla, razão social


atual da empresa RCA Supermercados, sucessor da Cerealista Santo Antônio, em
que este informa não haver registro de guias relativas à RAIS, FGTS ou GFIP.
Informou, contudo, haver alguns livros referentes à Cerealista Santo Antônio, entre
eles uma pasta com a cópia do 1º LRE, contendo o nome do interessado como
empregado, nos períodos controversos.

Retornando os autos a esta Câmara, esta determinou nova diligência,


para: exame da documentação anexada às fls. 392 e seguintes; convocação do Sr.
Walter Borges de Medeiros para tomada de declarações e convocação de outros
empregados da empresa, para declarações a termo.

Os depoimentos estão anexados às fls. 341/345, todos confirmando ter


conhecimento de que o interessado trabalhara na Cerealista Santo Antônio nos
períodos antes indicados.

Às fls. 465/478, o interessado apresentou alegações finais,


argumentando, sucintamente, que:

I – o LRE, em que consta o interessado como empregado da Cerealista


Santo Antônio Ltda, cuja cópia apresentou, perdeu-se na inundação da filial de

638
Seleção de Acórdãos

Santos Dumont em 1983;

II – a CTPS de nº 56664/0085-MG, emitida em 1994, somente foi


apresentada quando do recurso a esta Câmara, em face de que estava em poder
de seus advogados para a elaboração de sua defesa inicial, somente sendo
devolvida no final de 2007. Contudo, ela houvera sido apresentada quando do
requerimento do benefício, em 1998, sendo a base para o cômputo inicial dos
períodos trabalhados na Cerealista Santo Antônio;

III – a CTPS de nº 026392/0280, emitida em 07/02/1966, referida na fl.


07, nunca foi apresentada, sendo equívoco do INSS tal assentamento;

IV – a inexistência das informações no CNIS não deve ser levada em


consideração, dada a inconfiabilidade dos registros da época;

V – sua afirmação anterior de que não tinha como apresentar


testemunhas deveu-se à orientação de seu advogado, entendendo que se tratava
de ato jurídico perfeito;

VI – apresentou 42 recibos originais de pagamentos avulsos realizados


pela Cerealista Santo Antônio, quando do requerimento, não tendo eles sido
devolvidos pelo INSS;

VII – já se operou a decadência para o ato de revisão em debate, tendo


transcorridos mais de 10 anos desde a concessão da prestação;

VIII- o ato de concessão de sua aposentadoria é ato jurídico perfeito,


não podendo mais ser atacado.

É o relatório.

Brasília - DF, 03/09/2010

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-09-03 para sessão nº 461/2010 de 2010-09-14 às 1000

Voto

639
Seleção de Acórdãos

O recurso é tempestivo.

DAS PRELIMINARES

O recorrente argumenta, em sede de preliminares, que o ato


concessório de sua aposentadoria por tempo de contribuição, cujo requerimento
ocorreu em 25/06/1998, não pode ser objeto de revisão, por constituir-se em ato
jurídico perfeito e direito adquirido, bem como por ter-se operado a decadência.

O direito de a Administração Pública anular seus, quando eivados de


vícios que os tornam nulos, ou revogá-los, por motivo de oportunidade e
conveniência, salvo na hipótese de direito adquirido, é matéria há muito pacificada
na doutrina e na jurisprudência, estando, inclusive, sumulada no âmbito do
Supremo Tribunal Federal, cuja Súmula 473 dispõe:

“A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de


vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.”

Na hipótese dos autos, entendeu o INSS haver irregularidade na


comprovação do vínculo empregatício do interessado com a empresa Cerealista
Santo Antônio Ltda. Mais que um poder, era dever da Autarquia previdenciária
rever o ato concessório do benefício, não havendo que se falar ato jurídico perfeito.

Tampouco, na hipótese, configura-se direito adquirido, uma vez não se


configurar este diante, supostamente, de um ato viciado. Mesmo porque, em
matéria de prestações previdenciárias, o direito somente se considera adquirido
quando o segurado implementa todos os requisitos para a obtenção da prestação
pleiteada. E no caso concreto, excluindo-se o referido vínculo, o interessado não
perfaz os requisitos para o benefício.

A ressalva que se faz a esse poder-dever de rever seus próprios atos


somente pode ser levado a efeito enquanto não operada a decadência, em
conformidade com o que dispõe o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 1991, verbis:

“Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos


administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus
beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé.
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo
decadencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida

640
Seleção de Acórdãos

de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.”

No presente caso, a aposentadoria por tempo de contribuição foi


concedida ao segurado em 25/06/1998. A primeira medida levada a efeito para a
impugnação do ato concessório deu-se, já, no ano de 1999, conforme se percebe
pela carta encaminhada ao interessado à fl. 24, em que o INSS comunica a este a
necessidade de reavaliação da documentação.

Assim, entre o ato concessório e a primeira medida de revisão do ato


concessório transcorreu-se pouco mais de uma ano, não havendo que se cogitar
da decadência.

Dessa forma, o ato concessório em comento poderia ser revisto pelo


INSS, por não se tratar de ato jurídico perfeito, não configurar-se direito adquirido e
não se ter operado a decadência.

DO MÉRITO

O mérito do recurso prende-se à comprovação do vínculo empregatício


do recorrente com a empresa Cerealista Santo Antônio Ltda, no período de
19/12/1966 a 23/08/1968, de 01/08/1972 a 30/04/1973 e de 02/04/1976 a
27/03/1981.

O interessado pretende ver reconhecido esse vínculo mediante a CTPS


de nº 56664/0085-MG, emitida em 1994, cópia do LRE, sem a apresentação do
original, e depoimentos do empregador e de ex-funcionários da empresa.

A questão que se coloca, pois, é saber-se se tais meios são hábeis a


comprovar o período trabalhado, em conformidade com a legislação que rege a
matéria.

A respeito, o art. 55 da Lei nº 8.213, de 1991, em seu art. 55 dispõe,


verbis:

“Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no


Regulamento, compreendendo, além do correspondente às atividades
de qualquer das categorias de segurados de que trata o art. 11 desta
Lei, mesmo que anterior à perda da qualidade de segurado:
(...)
“§ 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta
Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o
disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início
de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente
testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso
fortuito, conforme disposto no Regulamento.” (destaquei)

641
Seleção de Acórdãos

O Regulamento a que se refere o art. 55 acima é o Regulamento da


Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, cujo caput do
art. 62 dispõe:

“Art. 62. A prova de tempo de serviço, considerado tempo de


contribuição na forma do art. 60, observado o disposto no art. 19 e, no
que couber, as peculiaridades do segurado de que tratam as alíneas "j"
e "l" do inciso V do caput do art. 9º e do art. 11, é feita mediante
documentos que comprovem o exercício de atividade nos períodos a
serem contados, devendo esses documentos ser contemporâneos
dos fatos a comprovar e mencionar as datas de início e término e,
quando se tratar de trabalhador avulso, a duração do trabalho e a
condição em que foi prestado.” (destaquei)

No caso concreto, a CTPS de nº 56664/0085-MG, que contém as


anotações acerca do vínculo controverso, somente foi emitida em 1994, data essa
bastante posterior ao período que se deseja comprovar, não sendo, pois,
contemporânea as fatos.

Não sendo contemporânea, surge a indagação: baseada em que


elementos foram efetuadas as anotações? A resposta é dada pelo interessado às
fls. 328/349, onde afirma que a base das anotações nessa CTPS, referida no
parágrafo anterior, foi o LRE.

Ora, conforme noticiado nos autos, tal livro extraviou-se em 1983, na


inundação que atingiu a filial da empresa em Santos Dumont – MG. Logo, não
poderia ser ele a base para as referidas anotações.

É possível, por mera suposição, que a base tenha sido a cópia do LRE,
anexada aos autos. Contudo, nessa hipótese, não existindo o livro original, tal
cópia não ser tida como documento hábil a servir para tal efeito.

A toda evidência, pois, a CTPS de nº 56664/0085-MG, emitida em 1994,


não pode ser considerada documento hábil a produzir prova do tempo de serviço
do interessado, haja vista não ser contemporânea ao fato que se deseja provar e
por não ter tido suporte fático válido.

Pelas mesmas razões, tal CPPS não pode, sequer, servir como início de
prova material, não se prestando, assim, a permitir o processamento de justificação
administrativa, uma vez que o início de prova material também deve ser
contemporâneo aos fatos que se deseja provar.

A cópia do LRE, que contém o registro dos vínculos controversos,


também não se presta a comprovar a efetiva prestação do serviço no período
questionado ou a servir como início de prova material, uma vez que não há como
aferir sua veracidade e sua contemporaneidade, dado tratar-se de mera cópia.

642
Seleção de Acórdãos

Não havendo início de prova material, não se pode, a princípio, levar a


efeito a justificação administrativa e a reconhecer-se eventual tempo de serviço
confirmado por provas testemunhais, consoante o § 3º do art. 55 da Lei nº 8.213,
de 1991, antes referido.

No entanto, o citado § 3º abre uma exceção, permitindo, na hipótese de


caso fortuito e força maior, a comprovação do tempo de serviço mediante provas
exclusivamente testemunhais.

A respeito, o Regulamento dos Benéficos da Previdência Social – RPS,


aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, no § 2º do art. 143, dispõe:

“§ 2º Caracteriza motivo de força maior ou caso fortuito a verificação de


ocorrência notória, tais como incêndio, inundação ou desmoronamento,
que tenha atingido a empresa na qual o segurado alegue ter trabalhado,
devendo ser comprovada mediante registro da ocorrência policial feito
em época própria ou apresentação de documentos contemporâneos dos
fatos, e verificada a correlação entre a atividade da empresa e a
profissão do segurado.”

Conforme nota de extravio à fl. 361, publicado no Jornal “Mensagem”,


na edição de 24/07/1983, a empresa em comento comunica o desaparecimento de
diversos documentos, em face de enchente que atingiu seu estabelecimento em
Santos Dumont – MG, no dia 13/02/1983. Destaca-se, na nota de extravio, o
detalhamento dos documentos extraviados, com referência ao número, à série e
aos anos das notas fiscais e aos diversos livros contábeis da empresa, entre
outros, os de Registro de Entrada, Registro de Saída, Registro de Inventário,
Diário, Registro de Apuração do ICM e Registro de Inspeção do Trabalho, com
referência ao respectivo número e número de folhas. Há, inclusive, referência a
pasta com documentos do PIS, Imposto de Renda e gás. Contudo, não há
referência alguma ao LRE.

Difícil imaginar, diante de uma relação tão minuciosa, que se


esquecesse da menção a um livro tão importante quanto o LRE.

Desta feita, não se pode considerar que tal livro – o LRE – tenha sido
extraviado na referida inundação, não possuindo embasamento jurídico a
justificação administrativa procedida nos presentes autos, sendo desprovida de
validade perante a Previdência Social a prova do tempo de serviço em apreço,
visto que desprovida de qualquer embasamento material.

Entretanto, mesmo que se entenda ter havido a omissão de alguns


documentos da empresa na nota de extravio mencionada e se admita estarem
presentes os requisitos para se processar a justificação administrativa, sem o início
de prova material, as provas testemunhais, quando cotejadas com os demais

643
Seleção de Acórdãos

elementos dos autos, não impingem a este órgão jurisdicional o convencimento da


efetiva prestação de serviço do recorrente à empresa Cerealista Santo Antônio, em
face de diversas contradições e inconsistências a seguir apontadas.

A primeira delas, já apontada na presente análise, refere-se ao suporte


fático para as anotações realizadas na CTPS de nº 56664/0085-MG, emitida em
1994, que contém o vínculo controverso. O interessado afirmou, às fls. 328/349
que a base para essas anotações foi o LRE. Contudo, conforme noticiado nos
autos, tal livro extraviou-se em 1983, na inundação que atingiu a filial da empresa
em Santos Dumont – MG. Logo, não poderia ser ele a base para as referidas
anotações.

A segunda é referente ao CGC da Cerealista Santo Antônio. Às fls.


28/29, na comunicação do resultado de diligência efetuada no endereço original
dessa empresa, onde atualmente funciona a empresa Borges e Medeiros Ltda, o
servidor autárquico informou que o CGC da Cerealista Santo Antônio era
17.079.468/0001-16. No entanto, na CTPS de nº 56665/0085-MG, em que estão
registrados os contratos controversos, no campo destinado ao CGC da empresa,
consta o número 11.056.001.4524, que corresponde a uma sequência numérica de
matrícula CEI, inexistente á época. Trata-se, na verdade, de um número aleatório,
não se o identificando a nenhuma obra ou atividade, conforme informação do INSS
à fl. 462.

A terceira diz respeito às informações de fl. 07, quando cotejadas com a


declaração do recorrente e com os demais elementos dos autos. Na fl. 07, entre os
documentos relacionados pelo INSS que serviram de base para o cômputo do
tempo de contribuição do interessado, no qual se incluíram os vínculos com a
Cerealista Santo Antônio, quando do requerimento do benefício, está a CTPS de nº
026392, série 280, emitida em 07/02/1966. No entanto, em alegações finais, fls.
465/478, o segurado declarou que tal CTPS nunca foi apresentada, mas sim a
CTPS de nº 56664/0085-MG, emitida em 1994.

Ora, se a CTPS de nº 026392, série 280, nunca foi apresentada, de


onde vieram tais assentamentos, em especial o da data de sua emissão –
07/02/1966 ?

A quarta contradição decorre do cotejamento das informações de fls.


107/108 com as de fl. 435. Às fls. 107/108, quando lhe foi solicitada a
apresentação de testemunhas, para o processamento da justificação
administrativa, o interessado assim se manifestou:

“Com efeito, a prova testemunhal é de todo impossível (...), a


empresa já não existe, as pessoas que poderiam atestar em prol do
Impetrante ou já morreram ou já se mudaram, de maneiras que o
Beneficiário não tem a menor condição de apresentá-las, conforme
solicitado (...)”.

644
Seleção de Acórdãos

Contudo, em depoimento como testemunha no procedimento de


justificação administrativa, o Senhor Antônio Carlos da Silva, assim se manifestou:

“(...) o depoente conhece Ary César Apolinário desde a década de 60,


porque sempre foram vizinhos, desde criança, e são vizinhos até
hoje. O depoente também trabalhou na Cerealista Santo Antônio (...)”

Ora, se o depoente e o recorrente trabalharam juntos na Cerealista


Santo Antônio e são vizinhos até hoje, qual a razão da afirmação de fls. 107/108,
em que o interessado afirma não haver quem possa atestar a seu favor?

A quinta contradição resulta dos depoimentos e declarações do Senhor


Walter Borges de Medeiros, Diretor Sócio da empresa Cerealista Santo Antônio
Ltda. À fl. 02, em 10 de dezembro de 1997, declarou que o recorrente trabalhou em
sua empresa, nos períodos de 1966, 1972 e 1976. À fl. 78, consta nova declaração
do Senhor Walter Borges de Medeiros, exarada em 15 de março de 2000, em que
este, quando confrontado com a declaração de fl. 02, declara que não prestou tal
declaração e que não reconhece a assinatura feita naquele documento. Já em seu
depoimento, prestado quando do processamento da justificação administrativa, o
Senhor Walter reafirma a declaração de fl. 02 e desmente a de fl. 78. Fica a
pergunta? Qual a informação verdadeira?

A sexta contradição decorre da afirmação do recorrente em suas


alegações finais, às fls. 465/478, quando afirmou que apresentou 42 recibos
originais de pagamentos avulsos realizados pela Cerealista Santo Antônio, quando
do requerimento, os quais não teriam sido devolvidos pelo INSS. No entanto, não
há, nos autos, qualquer informação de que tais recibos foram apresentados.

A sétima inconsistência emerge da diligência realizada pelo INSS no


endereço original da Cerealista Santo Antônio, onde atualmente funciona empresa
Borges e Medeiros Ltda. Nessa diligência, conforme relato às fls. 28/29, foram
localizados as folhas de pagamento da Cerealista Santo Antônio, tendo sido
relatado pelo servidor do INSS:

“(...) verificando as folhas de pagamento constatamos que no período de


agosto de 1972 a março de 1981 não havia nenhum empregado com o
nome de Ay César Apolinário. (...) Esclarecemos que todas as folhas
estavam em perfeito estado de conservação e mantinham os nomes de
todos os empregados preenchidos à máquina, e que todas as folhas
estavam devidamente assinadas pelos empregados.”

Se, de fato, o recorrente foi empregado da referida empresa, nos


períodos antes mencionados, era de se esperar que o seu nome estivesse contido
em algumas dessas folhas de pagamento, o que não se verificou.

645
Seleção de Acórdãos

Todas essas contradições e inconsistências, aliadas aos fatos relatados


no Relatório do Grupo de Auditoria de fls. 83/87, em que são relatadas condutas
comuns a diversos processos administrativos que lograram a concessão de
benefício sem o respaldo documental, condutas essas às quais se amolda a
hipótese dos autos, levam este órgão jurisdicional administrativo, se não a duvidar
da real prestação dos serviços nos períodos controversos, a não ter a convicção
que, de fato, tenham sido prestados.

Ressalte-se que não se está a afirmar que houve irregularidades ou


fraude no ato concessório da prestação em comento. O que se está a concluir é
que os fatos documentados nos autos e as provas testemunhais colhidas
apresentam uma série de incongruências que não permitem aferir se houve a real
prestação de serviço sobre a qual ora se debruça.

O fato é que inexistem documentos que se prestem a servir como prova


ou início de prova material, e as provas testemunhais não guardam harmonia entre
si e com os demais elementos dos autos, o que não impinge a este julgador
convicção acerca da existência do suposto vínculo empregatício.

Isso posto, os períodos de 19/12/1966 a 23/08/1968, de 01/08/1972 a


30/04/1973 e de 02/04/1976 a 27/03/1981, em que, supostamente, o recorrente
laborou na Cerealista Santo Antônio Ltda, devem ser excluídos do tempo de
contribuição do interessado.

Com a exclusão a que se refere o parágrafo anterior, o segurado não


implementa, na DER, os requisitos para a prestação pleiteada, devendo ser
mantida a cessação do benefício efetivada pelo INSS.

CONCLUSÃO: Pelo exposto voto no sentido de, preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO, para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

Brasília - DF, 03/09/2010

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 5628/2010

646
Seleção de Acórdãos

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: MARIA CECÍLIA


MARTINS LAFETÁ e TERESA HELENA BATELLI DE OLIVEIRA.

Brasília - DF, 14/09/2010

GERALDO ALMIR ARRUDA MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

647
Seleção de Acórdãos

648
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0135.358.345-4
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA LORENA-APSLOR
Nº de Protocolo do Recurso: 35410.001167/2007-25
Recorrente(s): BENEDITA DE FATIMA CONTI SILVA
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO DE PROFESSORES
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 14/11/2007
Relator(a): ALINE CRISTINA BRAGA AIRES

Relatório

BENEDITA DE FÁTIMA CONTI SILVA requereu, em 21/11/06, ao


Instituto Nacional do Seguro Social, aposentadoria como professora, que lhe foi
indeferida porque o Instituto Nacional do Seguro Social não reconheceu como
passível de cômputo o período de contribuição da interessada, na condição de
segurada contribuinte individual empresária, sócia-gerente da escola ATIVIDADES
EDUCACIONAIS SANTA RITA S/C LTDA, entre 01/01/01 e a data de entrada do
requerimento.

O extrato do CADASTRO NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS –


CNIS se encontra à fl. 07, indicando recolhimentos na condição de empregada e
contribuinte individual, desde 01/06/81.

A interessada requereu justificação administrativa com vistas a


comprovar o exercício de atividade vinculada à docência entre 06/02/81 e 31/05/81
e entre 01/03/01 e 21/11/06, tendo juntado os contratos sociais de fls. 51 e 56, e à
fl. 63 declarou que exerce atividade de professora, embora tenha sido cadastrada
como contribuinte individual empresária, em razão de ser sócia da escola.

A justificação administrativa foi julgada favoravelmente à interessada em


relação ao período entre 06/02/81 e 31/05/81, e desfavoravelmente em relação ao
outro período, e a contagem oficial (fl. 93) registrou 17 anos, 05 meses e 05 dias
de tempo de contribuição até a Emenda Constitucional nº 20/98, e 19 anos, 04
meses e 06 dias até 21/11/06.

O indeferimento do benefício (fl. 105) desafiou o recurso de fl. 106 e

649
Seleção de Acórdãos

seguintes, no qual alegou (fl. 108):

“2.2 Ademais, ainda na qualidade de administradora, a recorrente


sempre exerceu atividades ligadas diretamente às funções de magistério, tanto na
coordenação, como no assessoramento pedagógico.
(...)
Ressalte-se que nas escolas de pequeno porte com a sua, os
administradores exercem as atividades inerentes à educação, para suprir a
deficiência d mercado e reduzir os altos custos operacionais”

Em seu despacho de remessa dos autos à Junta de Recursos da


Previdência Social, o Instituto Nacional do Seguro Social observou que “O § 1º, art.
61 do Decreto nº 3.048/99 exige a CP/CTPS para comprovação de atividade de
professor. Porém, é omissa qto. ao contribuinte individual” (fl. 114).

O acórdão de fl. 116 negou provimento ao recurso da interessada, com


fundamento em falta de tempo de contribuição, e desafiou o recurso de f. 122, que
veio acompanhado de vários documentos, tais como atas de reuniões
pedagógicas, boletins, conselhos de classe e históricos escolares.

Contra-razões à fl. 162, alegando que a interessada “não apresentou


provas de que exerceu atividades de professora no período pleiteado”.

Em diligência preliminar solicitada por esta 03ª CaJ, os autos retornaram


à origem, para que se fosse facultada à interessada a apresentação do Estatuto
Interno da escola e os documentos que tivesse acerca de sua atuação na área
docente ou equiparada, mês a mês.

Atendendo ao solicitado, foram apresentados os documentos de fls.


171/218 que retratam a interessada como vice-diretora pedagógica entre janeiro de
2001 e dezembro de 2007, e como diretora pedagógica desde então (fl. 180-
verso).
O Instituto Nacional do Seguro Social, ciente da documentação
apresentada pela interessada, preferiu não se manifestar a respeito (fl. 219).

É o relatório.

Brasília - DF, 05/08/2010

ALINE CRISTINA BRAGA AIRES


Representante dos Trabalhadores

650
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-08-05 para sessão nº 419/2010 de 2010-08-19 às 1500

Voto

Possível é o reconhecimento de aposentadoria especial ao contribuinte


individual proprietário de estabelecimento de ensino que comprovou o exercício do
magistério, em face da ausência de dispositivo legal que vede tal procedimento.

Conforme se depreende, a postulante pleiteia concessão de


aposentadoria especial de professora prevista no § 8º do artigo 201 da
Constituição Federal:

“(...)
§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão
reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo
de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).

Por sua vez, o Regulamento da Previdência Social – RPS, Decreto n.º


3.048/99, reza:

“Art. 56. A aposentadoria por tempo de contribuição será devida ao


segurado após trinta e cinco anos de contribuição, se homem, ou trinta anos, se
mulher, observado o disposto no art. 199-A. (Redação dada pelo Decreto nº 6.042,
de 2007).

§ 1o A aposentadoria por tempo de contribuição do professor que


comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercício em função de magistério na
educação infantil, no ensino fundamental ou no ensino médio, será devida ao
professor aos trinta anos de contribuição e à professora aos vinte e cinco anos de
contribuição. (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

§ 2o Para os fins do disposto no § 1o, considera-se função de magistério


a exercida por professor, quando exercida em estabelecimento de educação
básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da
docência, as funções de direção de unidade escolar e as de coordenação e
assessoramento pedagógico. (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

651
Seleção de Acórdãos

Compulsando o processo, verifica-se que duas são as questões trazidas


para debate, a (i) primeira referente à comprovação do exercício da atividade
docente e a outra (ii) a possibilidade de enquadramento do proprietário de
estabelecimento de ensino para fins de aposentadoria especial de professor.

(i) Conforme visto na legislação supracitada, o legislador beneficia os


professores com aposentaria especial, reduzida em cinco anos, desde que
comprovado o exercício da função de magistério, exercida em estabelecimento de
educação básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do
exercício da docência, as funções de direção de unidade escolar e as de
coordenação e assessoramento pedagógico.

Aqui, importante se faz tecer as novas considerações trazidas pela Lei


n.º 11.301/2006 que definiu como funções de magistério as atividades não-
docentes, antes assim não consideradas. Anteriormente, apenas os professores
regentes eram classificados como profissionais docentes, as demais atividades
exercidas eram consideradas atividades não-docentes, ou seja, não eram
estendidos aos segundos alguns direitos inerentes aos primeiros, tal como o
benefício da contagem de tempo de serviço para aposentadoria especial.

A modificação da referida lei veio beneficiar não somente os professores


que atuam diretamente em sala de aula, mas também os auxiliares de ensinos e
demais especialistas da educação que atuam no ensino básica em seus diversos
níveis e modalidades, tais como gestão escolar e o acompanhamento de projetos
pedagógicos.

No entanto, a súmula 726 do Supremo Tribunal Federal reza que para


efeito de aposentadoria especial de professores não se computa o tempo de
serviço prestado fora da sala de aula.

Ocorre que, com base no entendimento esposado pelo Pleno do STF,


(Adin 3772), uma nova roupagem foi dada à esta súmula, a partir do momento em
que os Ministros do Superior Tribunal Federal entendem ser perfeitamente possível
a aplicação do regime de aposentadoria especial aos executores das atividades
antes caracterizadas não-docentes, desde que, necessariamente, estes executores
sejam professores e não outros profissionais, conhecidos como especialistas em
educação.

Portanto, em face juntada da comprovação da habilitação profissional, fl.


80, bem como dos documentos de fls. 129/159 e 171/218, e das datas neles
inseridas, não restam dúvidas de que a interessada exerceu no período de 2001
até a DER as funções de direção de unidade escolar e as de coordenação e
assessoramento pedagógico, atividades incluídas no § 2º do artigo 67 da Lei n.º
9.394/96, Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sendo perfeitamente
possível, com base no acima exposto, o beneficiamento da aposentadoria especial
constitucionalmente prevista.

652
Seleção de Acórdãos

(ii) No tocante ao exercício da atividade de empresária, inicialmente


importante se faz destacar o texto contido na norma regente, in verbis:

“Art. 61. Observado o disposto no art. 19, são contados como tempo
de contribuição, para efeito do disposto nos §§ 1º e 2º do art. 56: (Redação dada
pelo Decreto nº 4.079, de 2002)
(...)
§ 1º A comprovação da condição de professor far-se-á mediante a
apresentação:

I - do respectivo diploma registrado nos órgãos competentes federais e


estaduais, ou de qualquer outro documento que comprove a habilitação para o
exercício do magistério, na forma de lei específica; e

II - dos registros em Carteira Profissional e/ou Carteira de Trabalho e


Previdência Social complementados, quando for o caso, por declaração do
estabelecimento de ensino onde foi exercida a atividade, sempre que necessária
essa informação, para efeito e caracterização do efetivo exercício da função de
magistério, nos termos do § 2º do art. 56.”

Conforme visto, a legislação é omissa no tocante ao professor que


exerce a profissão na qualidade de contribuinte individual. Desta forma, não há no
qualquer óbice infralegal ao cômputo do período de trabalho de professor como
contribuinte individual para efeito de aposentadoria especial de professor. Há, isso
sim, omissão em disciplinar a hipótese.

Utilizando-se deste raciocínio o legislador não restringiu o contribuinte


individual das benéficies do professor segurado empregado, não havendo
justificativa de, agora, assim ser feito.

Desta forma, por mais que a segurada atue no corpo societário do


estabelecimento de ensino, as atividades por ela desenvolvidas estão
absolutamente ligadas ao exercício da atividade educacional, seja fazendo parte
do corpo docente, seja fazendo parte da gestão escolar e acompanhamento de
projetos pedagógicos. Por mais que estas atividades estejam ligadas à sua figura
na empresa, não se pode negar e nem afastar a profissão da segurada, tampouco
o desenvolvimento das atividades por ela desempenhadas, que estão
intrinsecamente ligadas à sua formação acadêmica, requisitos estes exigidos para
a concessão da aposentadoria especial.

Ora, conforme visto, por mais que a vinculação da postulante ao


estabelecimento de ensino seja na forma de sócia-quotista e a sua vinculação ao
RGPS seja na forma de contribuinte individual empresária, conseqüente da

653
Seleção de Acórdãos

composição do corpo societário, recaímos na mesma falta de amparo legal para a


sua não consideração, uma vez que os requisitos exigidos para a aposentadoria
pleiteada foram devidamente comprovados.

Razão teria o voto condutor se a interessada somente exercesse


atividade de proprietária, de empresária da educação, desempenhando atividades
distantes e completamente alheias ao magistério, atividades que visassem,
apenas, investimentos e lucro. Porém, não foi isto que restou comprovado nos
autos, pelo contrário, a requerente é professora habilitada desde 1979 e desde
então desenvolveu atividades diretamente relacionadas à educação, nunca tendo,
mesmo na qualidade de sócia/proprietária, se afastado da atividade fim de sua
profissão, qual seja lecionar, ensinar, educar, coordenar, assessorar.

Tal posicionamento seria absolutamente injusto, pois, mesmo que talvez


não fosse este o intuito pessoal da postulante, imaginemos um professor que, pelo
amor à profissão e pela esperança de poder cada vez mais ultrapassar as barreiras
do conhecimento, acreditando na semeação do saber, constituísse uma empresa
para concretizar/realizar os seus ideais mais íntimos de profissional da educação,
que, ressalte-se, estão todos em conformidade com os dispositivos legais citados,
não pudesse usufruir dos benefícios a ele disponibilizados, simplesmente pelo fato
de participar, na qualidade de proprietário, da unidade escolar aonde
desempenhou as funções primordiais de educador.

Necessário fixarmos alguns conceitos que serão indispensáveis para a


exata compreensão do tema aqui abordado, quais sejam, hermenêutica jurídica,
interpretação e aplicação do direito.

A hermenêutica jurídica é um domínio teórico, especulativo, cujo objeto


é a formulação, o estudo e a sistematização dos princípios e regras de
interpretação do direito. Hermenêutica é a teoria da interpretação das leis. A
interpretação, por sua vez, é a atividade prática de revelar o conteúdo, o
significado e o alcance de uma norma, tendo por finalidade fazê-la incidir em um
caso concreto. A aplicação de uma norma jurídica, por sua vez, é o momento final
do processo interpretativo, sua concretização, pela efetiva incidência do preceito
sobre a realidade de fato. Esses três conceitos são marcos do itinerário intelectivo
que leva à realização do direito.

Nas palavras de Carlos Maximiliano, em sua obra Hermenêutica e


Aplicação do Direito, "interpretar é explicar, esclarecer; dar o significado de
vocábulo, atitude ou gesto; reproduzir por outras palavras um pensamento
exteriorizado; mostrar o sentido verdadeiro de uma expressão; extrair, de frase,
sentença ou norma, tudo o que na mesma se contém".

Tendo em mente os conceitos abordados e aplicando-os ao caso


concreto, significa que admitir posicionamento contrário do aqui exposto, seria o
mesmo que confrontar o ideal do legislador, que priorizou, acima de tudo, a

654
Seleção de Acórdãos

proteção ao profissional da educação.

Neste sentido, pelas considerações aqui traçadas, em face da ausência


de dispositivo legal que vede o reconhecimento da função de magistério ao
contribuinte individual, em que pese proprietário de estabelecimento de ensino, é
que entendo pela possibilidade de reconhecimento do período de 01/01/2001 a
21/11/2006 (DER) para efeito de contagem de aposentadoria especial de
professor.

Por todo o exposto e por tudo o que dos autos consta, VOTO no sentido de,
preliminarmente, CONHECER DO RECURSO, para no mérito, DAR-LHE
PROVIMENTO, reconhecendo o direito da postulante à concessão de aposentadoria
especial de professor previsto § 8º do artigo 201 da Constituição Federal, em face do
cumprimento dos requisitos autorizadores.

Brasília - DF, 05/08/2010

ALINE CRISTINA BRAGA AIRES


Representante dos Trabalhadores

Decisório

Nº do(a) Acordão: 5100/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: DEILSA CARLA


SANTOS DE SOUZA e PRISCILA MARIA HIPÓLITO MIGLIARD.

Brasília - DF, 19/08/2010

ALINE CRISTINA BRAGA AIRES MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante dos Trabalhadores Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

655
Seleção de Acórdãos

656
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0132.776.223-1
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: RETAGUARDA/BENEFÍCIOS - AGÊNCIA BARBACENA-
RETBEN/APSBBC
Nº de Protocolo do Recurso: 37018.001855/2004-19
Recorrente(s): ELIZABETH MARIA MOREIRA COUTINHO
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: SALÁRIO MATERNIDADE
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 15/12/2006
Relator(a): PEDRO WANDERLEI VIZÚ

Relatório

Em mesa embargos de declaração apresentados tempestivamente pelo


Instituto Nacional do Seguro Social em face do acórdão de fl. 78 e seguintes que,
conhecendo do recurso de ELIZABETH MARIA MOREIRA COUTINHO contra a
decisão da 9ª Junta de Recursos da Previdência Social, que mantivera a decisão
autárquica de lhe indeferir o salário-maternidade requerido em 21/06/04, a ele deu
provimento.
Argumenta o Instituto Nacional do Seguro Social que existe contradição
entre os fundamentos do acórdão e sua conclusão, pois, enquanto alega que a
interessada comprovou a condição de segurada especial rurícola nos últimos dez
meses anteriores ao requerimento do benefício, dele também consta que a
interessada deixou de trabalhar no sexto mês de gravidez. Pede efeitos
infringentes para tornar insubsistente o acórdão.
Opinei, preliminarmente, pelo conhecimento dos embargos e seu
processamento, vendo plausibilidade na tese autárquica acerca da contradição.

É o Relatório.

Brasília - DF, 21/07/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

657
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2009-08-12 para sessão nº 387/2009 de 2009-08-17 às 1000

Voto

Senhora Presidenta, observo, em primeiro lugar, que o acórdão embargado supôs que
bastaria à interessada comprovar a condição de trabalhadora rural no período equivalente
aos últimos dez meses anteriores ao benefício, provavelmente crendo ter suporte no art. 25
da Lei nº 8.213/91:
Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência
Social depende dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26:
I - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições mensais;
II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria
especial: 180 contribuições mensais. (Redação dada pela Lei nº 8.870, de 1994)
III - salário-maternidade para as seguradas de que tratam os incisos V e VII do art. 11
e o art. 13: dez contribuições mensais, respeitado o disposto no parágrafo único do art. 39
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26/11/99)
Parágrafo único. Em caso de parto antecipado, o período de carência a que se refere o
inciso III será reduzido em número de contribuições equivalente ao número de meses em que
o parto foi antecipado. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26/11/99)

Todavia, para o segurados especiais rurícolas sem contribuição ao Regime Geral da


Previdência Social (logo, sem carência), como é o caso dos autos, há norma de exceção a
essa regra, estabelecida no parágrafo único do art 39:

Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, fica
garantida a concessão:
I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão
ou de pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove o exercício de
atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período, imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do
benefício requerido; ou
II - dos benefícios especificados nesta Lei, observados os critérios e a forma de cálculo
estabelecidos, desde que contribuam facultativamente para a Previdência Social, na forma
estipulada no Plano de Custeio da Seguridade Social.
Parágrafo único. Para a segurada especial fica garantida a concessão do salário-
maternidade no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade
rural, ainda que de forma descontínua, nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do
início do benefício. (Incluído pela Lei nº 8.861, de 1994)

Assim, é pertinente o grifo aposto nos embargos declaratórios (fl. 82), porque ressalta,
desde logo, a imprecisão jurídica presente no acórdão.

Também tem razão o Instituto Nacional do Seguro Social quando argumenta que os
autos comprovam que a interessada deixou de trabalhar no sexto mês, e o acórdão
embargado não poderia sustentar a concessão do benefício na suposta comprovação da
atividade rurícola nos últimos dez meses antes do parto.

Por esses motivos, merecem conhecimento e provimento os embargos, para que


sejam revistos os fundamentos da decisão guerreada.

658
Seleção de Acórdãos

Revendo-a, mantenho, todavia, a concessão do benefício, negando aos embargos


autárquicos efeitos infringentes, pelos fundamentos seguintes.

Em primeiro lugar, restou assentada, inequivocamente, a condição de segurada


especial rurícola da interessada que, todavia, deixou de trabalhar no sexto mês de gravidez,
por recomendação médica, fato também incontroverso.

Vem à mente, então, desde logo, a jurisprudência notória do egrégio Superior Tribunal
de Justiça, que há duas décadas vem julgando que não perde a qualidade de segurado quem
deixa de trabalhar em razão de males incapacitantes – ao que se pode equiparar uma
gravidez com qualquer nível de risco.

Ainda que assim não fosse, quanto ao argumento de que o benefício não seria devido
por haver a interessada parado de trabalhar no sexto mês de gravidez, pondere-se que a lei
deve ser interpretada de modo coerente com a realidade biológica. Querer que uma mulher
grávida trabalhe até o último dia de gestação na roça para fazer jus ao benefício é,
simplesmente, uma exigência absurda que nenhuma interpretação literal justifica.

A combinação do art. 39, I, com o art. 25, III, ambos da Lei 8.213/91 só pode ser
entendida como necessidade de comprovação de que a segurada especial manteve as
condições sócio-econômicas que a levariam, ordinariamente, a ser reconhecida como tal.

Ou será que a lei exige que a segurada especial rurícola, presumivelmente longe da
assistência médica e em atividade laborativa pesada, se sujeite ao risco de um aborto? Ou
vamos interpretar a Lei nº 8.213/91 fingindo desconhecer a realidade da saúde pública
brasileira e o nível de informação da segurada especial, e exigindo da campesina brasileira
que haja com o esclarecimento de fazendeira inglesa? Antes de cobrar isso da segurada
especial rurícola brasileira, parece mais sensato esperar que a saúde pública brasileira se
equipare à da Inglaterra.

A lei não pode ser interpretada de modo que o resultado advindo do seu cumprimento
coloque em risco concreto o seu próprio objetivo, que é a proteção da maternidade. No caso
dos autos, estando provado que a interessada manteve sua inserção no grupo sócio-
econômico que a qualifica como segurada especial, mantendo sua atividade até o sexto mês
de gravidez, não há porque negar, a ela, o benefício de salário-maternidade.

Em razão do exposto, conheço e dou provimento aos embargos de declaração do


Instituto Nacional do Seguro Social para revisar o acórdão embargado e manter, por outros
fundamentos, a decisão que concedeu, à interessada, o benefício de salário-maternidade.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente, CONHECER


DO RECURSO, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

Brasília - DF, 21/07/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

659
Seleção de Acórdãos

Decisório

Nº do(a) Acordão: 5789/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA CECÍLIA


MARTINS LAFETÁ e MARIA LÍGIA SORIA.

Brasília - DF, 17/08/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

660
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0107.551.007-1
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: POSTO DO SEGURO SOCIAL EM PATO BRANCO-DESATIVADO
Nº de Protocolo do Recurso: 35199.000097/2007-40
Recorrente(s): FLAVIO BOCCHESE DE LIMA
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PREVIDENCIÁRIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 09/11/2007
Relator(a): PEDRO WANDERLEI VIZÚ

Relatório

FLÁVIO BOCHESE DE LIMA requereu ao Instituto Nacional do Seguro


Social, em 05/07/95, o benefício de auxílio-doença que foi transformado em
aposentadoria por invalidez a partir de 02/10/97, concedido nos termos do extrato
constante de fl. 16 dos autos (que vieram em fotocópia até a fl. 60, eis que o
original teria sido encaminhado ao Ministério Público Federal).

Porém, em procedimento de auditoria, a autarquia previdenciária


descobriu que, apesar de aposentado por invalidez, o interessado contraiu vínculo
empregatício junto aos empregadores Celito A. Ponzoni, entre 02/12/02 e 08/04/05
e Cybertech Informática Ltda., a desde 01/03/06 e ainda em aberto quando da
apuração (fl. 28).

Submetido a perícia médica, ele foi considerado capaz para o trabalho,


nos termos do laudo de fl. 33.

Notificado da irregularidade (fl. 36), o interessado apresentou defesa (fl.


40), quando juntou atestado médico (fl. 49) e alegou que voltara a trabalhar porque
o benefício que recebia era insuficiente para sua manutenção.

A defesa foi considerada insuficiente (fl. 61), apurando-se contra ele um


débito de R$ 12.306,44, e foi solicitado parecer acerca da responsabilidade civil e
penal do interessado.

A Assessoria Técnico-Médica ratificou as conclusões da Perícia Médica


autárquica (fl. 64/5), e a Junta de Recursos da Previdência Social negou
provimento ao recurso do interessado, com base no art. 48 do Decreto nº 3.048/99

661
Seleção de Acórdãos

(fl. 66 e seguintes).

Inconformado, o interessado apresentou, à fl. 70 e seguintes, novo


recurso, onde informou que perdera cerca de setenta por cento de sua visão,
assim como a coordenação motora para subir escadas e conduzir veículos.

Contra-razões à fl. 77.

Os autos foram distribuídos a mim, e eu, atento à circunstância de


exercício de atividade laborativa anterior e à alegação, presente à fl. 41, de perda
auditiva neurossensorial bilateral, solicitei (fl. 78) análise à Assessoria Técnico-
Médica desta Câmara acerca da eventual existência dos pressupostos fáticos que
autorizariam a concessão de auxílio-acidente.

A Assessoria Técnico-Médica solicitou baixa dos autos em diligência (fl.


78-verso) e veio então aos autos a informação de que o interessado falecera em
decorrência dos males que a Perícia Médica autárquica e a Assessoria Técnico-
Médica da 16ª Junta de Recursos da Previdência Social consideraram não
incapacitantes (fl. 81).

A Assessoria Técnico-Médica desta Câmara opinou, então, no sentido


de que, embora os males apresentados pelo interessado não o credenciassem à
concessão do auxílio-acidente, a incapacidade remanescera durante o período em
que exercera atividade laborativa, em razão de “doença maligna de prognóstico
sombrio” (fl. 92).

É o Relatório.

Brasília - DF, 22/05/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2009-05-29 para sessão nº 300/2009 de 2009-06-15 às 930

Voto

O recurso é tido por tempestivo e vai conhecido.

662
Seleção de Acórdãos

Adoto, na íntegra, a manifestação da Assessoria Técnico-Médica desta


Câmara. Por conseqüência, considero que o ex-segurado voltou a exercer
atividade laborativa mesmo estando incapaz.

Reza a Lei nº 8.213/91:

“Art. 46. O aposentado por invalidez que retornar


voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente
cancelada, a partir da data do retorno.
Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho
do aposentado por invalidez, será observado o seguinte procedimento:
I - quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos,
contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-
doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício cessará:
a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito
a retornar à função que desempenhava na empresa quando se
aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo como
documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela
Previdência Social; ou
b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do
auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, para os demais
segurados;
II - quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o
período do inciso I, ou ainda quando o segurado for declarado apto para
o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a
aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade:
a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da
data em que for verificada a recuperação da capacidade;
b) com redução de 50% (cinqüenta por cento), no período
seguinte de 6 (seis) meses;
c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também
por igual período de 6 (seis) meses, ao término do qual cessará
definitivamente.”

A jurisprudência de nossos Tribunais Federais tem aplicado a


literalidade do art. 46, acima citado, nos casos em que o aposentado por invalidez
recupera a capacidade laborativa e retorna ao trabalho. Todavia, como já
assinalado, não é esse o caso dos autos.

Quando o interessado retorna ao trabalho sem haver recuperado a


capacidade laborativa, a jurisprudência tem tendido a recusar o cancelamento da
aposentadoria. Dentre as justificativas elencadas para a manutenção do benefício
de quem retorna ao trabalho ainda incapaz, ganha relevo, embora não se possa
dizer que se trata de jurisprudência cristalizada, aquela que considera que quem
volta ao trabalho ainda incapaz o faz em estado de necessidade, e não deve ter

663
Seleção de Acórdãos

seu benefício cancelado. Confiram-se alguns dos vários precedentes nesse


sentido:

“PREVIDENCIÁRIO. CANCELAMENTO DE
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SEGURADO ELEITO
VEREADOR. INOBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.
1. O fato de o segurado titular da aposentadoria por invalidez
estar exercendo mandato eletivo não enseja o cancelamento do
benefício, especialmente quando não comprovada sua recuperação.
2. O ato de cancelamento do benefício sem observar os
princípios do devido processo legal e da ampla defesa autorizam a
impetração do mandado de segurança, por traduzir ato abusivo e ilegal.
3.Recurso especial a que se nega provimento.” (STJ -
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, RESP - RECURSO ESPECIAL –
626988, SEXTA TURMA, Data da decisão: 03/03/2005)

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL.


APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CANCELAMENTO. RETORNO
DO SEGURADO AO TRABALHO. EXERCÍCIO DE MANDATO
ELETIVO (PREFEITO).
1. De acordo com o art. 46 da Lei 8.213/91, o retorno do
segurado ao trabalho é causa de cessação da aposentadoria por
invalidez, devendo ser respeitado, entretanto, o devido processo legal,
com a garantia da ampla defesa e do contraditório.
2. Na hipótese de o segurado voltar ao trabalho para
desempenhar atividade diversa da que exercia, a aposentadoria será
gradualmente mantida, até o cancelamento definitivo, nos termos
descritos no inciso II do art. 47 da Lei 8.213/91 .
3. A aposentadoria por invalidez é uma garantia de amparo
ao Trabalhador Segurado da Previdência Social que, em virtude de
incapacidade laborativa total e definitiva, não possa prover suas
necessidades vitais básicas. No caso, não mais subsistem as causas
que ampararam a concessão do benefício, já que o recorrente possui
condições de manter sua subsistência por meio de atividade
remunerada, exercendo, inclusive, o cargo de Prefeito Municipal.
4. Recurso Especial do particular improvido. (STJ, Resp
966.736/RS, Quinta Turma/STJ, Relator Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, DJ 10/09/07)

“PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO - AGRAVO DE


INSTRUMENTO - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. RETORNO AO
LABOR POR ESTADO DE NECESSIDADE.
I - Consoante dispõe o artigo 46 da Lei nº 8.213/91, o
aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá
sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir do retorno.
Todavia, como bem observou o MM. Juiz a quo o autor

664
Seleção de Acórdãos

aguarda há oito anos a implantação de sua aposentadoria por invalidez,


justificando-se, portanto, sua alegação de que somente retornou ao
trabalho por estado de necessidade, mesmo sem ter sua saúde
restabelecida.
II - Agravo de Instrumento improvido.” (TRF da 3ª Região, AG
200503000804996/SP, Décima Turma, Relator Juiz Sérgio Nascimento,
DJ de 30/06/06)

“PREVIDENCIÁRIO - CONCESSÃO - APOSENTADORIA


POR INVALIDEZ - CANCELAMENTO POR RETORNO DO OBREIRO
AO TRABALHO - IMPOSSIBILIDADE.
1 - A PROVA COLHIDA LEVA À CONCLUSÃO DE QUE
O AUTOR VOLTOU AO EXERCÍCIO LABORATIVO POR MERA
NECESSIDADE FINANCEIRA, MESMO SEM ESTAR CAPACITADO
PARA TAL.
2 - A FRUIÇÃO DO BENEFÍCIO DA APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ POR CINCO ANOS ININTERRUPTOS, ANTES DO
ADVENTO DA LOPS, TORNA ESTE DEFINITIVO, A TEOR DO
DISPOSTO NA SÚMULA 217 DO STF.
3 - REMESSA OFICIAL IMPROVIDA. SENTENÇA
MANTIDA.” (TRF da 3ª Região, REO 96030044024/SP, 2ª Turma,
Relatora Juíza Sylvia Steiner, DJ de 11/02/98).

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO.


RESTABELECIMENTO. AUXÍLIO-DOENÇA. ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA. ALTA PROGRAMADA. COPES. AUSÊNCIA DE PERÍCIA
MÉDICA. INCAPACIDADE LABORAL DEMONSTRADA.
1. Para a concessão do benefício de auxílio-doença ou de
aposentadoria por invalidez, devem estar caracterizadas a qualidade de
segurado, a carência (quando for o caso) e a incapacidade para o
trabalho (arts. 42 e 59 da Lei nº 8.213/91).
2. O Programa de Cobertura Previdenciária Estimada
(COPES), instituído pelas Ordens de Serviço nºs 125e 130/2005, prevê
que o médico perito, observando as características de cada caso,
deverá prever a data de cessação do benefício, mediante prognóstico.
3. Entretanto, o benefício por incapacidade somente pode ser
cessado quando verificado o retorno da capacidade do segurado para o
exercício de suas atividades habituais, o que só é possível por meio de
perícia médica, que possa avaliar a evolução da doença.
4. Na hipótese dos autos, os atestados médicos e resultados
de exames demonstram a permanência da moléstia incapacitante
quando do cancelamento do benefício.
5. Presentes, portanto, a verossimilhança da alegação e o
risco de dano irreparável ou de difícil reparação, este consubstanciado
na grande possibilidade de ser causado prejuízo à própria sobrevivência

665
Seleção de Acórdãos

do autor, caso deva aguardar o desfecho da lide para o recebimento dos


recursos pleiteados, sabendo-se das limitações que possui para prover
a sua manutenção, por motivo de moléstia incapacitante.
6. Agravo de instrumento improvido.” (TRF da 4ª Região, AG
200704000309054, Quinta Turma, Juiz Rômulo Pizzolatti, DE de
26/05/08)

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.


REVISÃO DE ATO ADMINISTARTIVO. CANCELAMENTO DO
BENEFÍCIO. RETORNO AO TRABALHO CONSTATADO. EXTINÇÃO
DA CAUSA QUE DEU ENSEJO À CESSAÇÃO. INCAPACIDADE
TOTAL E DEFINITIVA INCONTROVERSA. RESTABELECIMENTO.
1. O benefício de aposentadoria por invalidez é devido ao
segurado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de
atividade que lhe garanta a subsistência, enquanto permanecer nesta
condição.
2. A Administração Pública tem o poder-dever de revisar
seus atos administrativos, principalmente frente à possibilidade de
ocorrência de fraude na concessão do benefício previdenciário.
3. O cancelamento, na espécie, deu-se após a constatação
de que o beneficiário teria retornado ao trabalho, mesmo após ter-lhe
sido concedida a benesse.
4. Cessada a causa que ensejou o cancelamento, faz jus o
autor ao restabelecimento do benefício de aposentadoria por invalidez,
desde o fim de seu vínculo empregatício, mormente se considerada a
ausência de controvérsia acerca da incapacidade total e definitiva
decorrente dos problemas mentais que afetam o segurado-interditado.”
(TRF da 4ª Região, AC 200671990043624/RS, Sexta Turma, Juiz Victor
Luiz dos Santos Laus, DE 25/05/07).

De minha parte, considero que quem trabalha estando absolutamente


incapaz, sublimando suas limitações físicas e o sofrimento, não o faz
voluntariamente e sim em estado de necessidade - salvo se comprovado, por
meio de exame psicológico, que é masoquista. E a lei é clara no sentido de que o
benefício deve ser cancelado no caso de retorno voluntário ao trabalho.

A finalidade dos arts. 46 e 47 da Lei nº 8.213/91 é óbvia: suprimir o


benefício a quem, após aposentado por invalidez, recuperar a capacidade
laborativa – ainda que em outra função. É interessante frisar que o art. 46, acima
citado, supõe que o retorno ao trabalho foi precedido de recuperação da
capacidade laborativa.

Caso contrário, a Lei estaria, no art. 46, punindo quem retorna ao


trabalho ainda capaz com o imediato cancelamento de sua aposentadoria, e
premiando, no art. 47, quem retorna ao trabalho já capaz com uma regra de

666
Seleção de Acórdãos

transição, em face da qual sua aposentadoria é progressivamente suprimida.

Repito: é imprescindível ter como pressuposto à aplicação da


literalidade do dispositivo legal a circunstância de que o aposentado por invalidez
que retornou ao trabalho recuperou a capacidade laborativa. Isso porque inexiste
previsão legal para a capacidade laborativa decorrente de presunção legal
absoluta, aplicável mesmo diante das evidências técnicas de incapacidade,
em face de mero retorno ao trabalho.

Observe que, ao teor dessa norma, quando o aposentado recupera a


capacidade laborativa e retorna ao trabalho, ele não deixa, imediatamente, de
receber o benefício. Esse lhe é suprimido paulatinamente. Entretanto, a Lei não
disciplinou os efeitos do retorno ao trabalho por parte de quem continuou incapaz,
simplesmente porque, desatenta à realidade das contingências existenciais e da
capacidade de superação do ser humano, não considerou que uma pessoa
efetivamente incapaz para qualquer atividade laborativa pudesse voltar a
trabalhar.

Não fosse assim, estaríamos supondo que, quando o aposentado


retorna ao trabalho tendo recuperado a capacidade laborativa, continua a receber,
transitoriamente, o benefício, e quando ele retorna sem haver recuperado a
capacidade laborativa, ele perderia tudo. A lei estaria sendo mais rigorosa
justamente com o aposentado mais necessitado, que procurou uma
complementação de renda mesmo sem ter as condições físicas necessárias ao
exercício da atividade remunerada. Isso é ilógico e anti-isonômico, e a
hermenêutica condena interpretações da lei que a reduzam à ilogicidade e ao
absurdo.

Além disso, quando o aposentado que permanece incapaz volta ao


trabalho e, depois de um certo tempo, deixa de exercer a atividade laborativa, ele
tem direito, de qualquer forma, à reimplantação do seu benefício. Isso porque
enquanto ele recebia o benefício regularmente, manteve a qualidade de segurado
(art. 15, I, da Lei nº 8.213/91). Enquanto ele está exercendo a atividade
laborativa, mesmo que não tenha direito ao benefício, ele mantém a qualidade de
segurado em razão de ser segurado obrigatório da Previdência Social (art. 11, em
suas várias hipóteses, da Lei nº 8.213/91). Depois que cessa a atividade
laborativa, portando ele a qualidade de segurado por estar em período de graça,
e contando, inclusive, para efeito de carência, todo o período contributivo anterior
ao retorno ao trabalho, pode pleitear novo benefício. Se tiver ultrapassado o
período de graça, não perde a qualidade de segurado pois, nos termos da
jurisprudência do egrégio Superior Tribunal de Justiça, não a perde quem deixa
de trabalhar em razão dos males incapacitantes. Essa é a lógica do micro-sistema
jurídico previdenciário, e a suposta interpretação literal (que oblitera o alcance da
expressão “voluntariamente”) não nos autoriza afrontá-la.

Conclui-se, portanto, que o dispositivo acima se dirige, unicamente, à

667
Seleção de Acórdãos

hipótese de que o aposentado retorna ao trabalho por haver recuperado a


capacidade laborativa. E quando ele retorna ao trabalho sem ela?

Não há previsão legal a respeito na Lei nº 8.213/91 e sua


regulamentação. Entretanto, nem sempre o legislador foi assim desavisado. Veja-
se o que dispunha o Decreto nº 83.080/79:

“Art. 118 – A aposentadoria por invalidez é mantida enquanto


o segurado permanece nas condições do artigo 42, ficando ele obrigado,
sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se aos exames
médico-periciais a cargo da previdência social, bem como aos
tratamentos por ela proporcionados, exceto o cirúrgico, que é facultativo.
Parágrafo único – A partir dos 55 (cinqüenta e cinco) anos de
idade o aposentado fica dispensado dos exames médico-periciais para
verificação de incapacidade e dos tratamentos e processos de
reabilitação profissional proporcionados pela previdência social.”

“Art. 119 - Verificada a recuperação da capacidade de


trabalho do segurado aposentado por invalidez, devem ser observadas
as normas seguintes:
(...)
II – se o segurado é declarado apto para o trabalho após o
prazo do item I, se, a qualquer tempo, a recuperação não é total ou se o
segurado é declarado pela previdência social apto para trabalho diverso
do que anteriormente exercia, a aposentadoria é mantida, sem prejuízo
da volta ao trabalho:
(...)”

“Art. 120 – O segurado aposentado por invalidez que retorna


por iniciativa própria à atividade tem a sua aposentadoria cassada.
§ 1º - No caso de aposentadoria por invalidez declarada
definitiva, o retorno do segurado à atividade acarreta a suspensão
dos pagamentos enquanto ele permanece em atividade, sendo-lhe
assegurado o restabelecimento do mesmo benefício a partir da data
do novo afastado, com seu valor reajustado, se for o caso.
(...)” (destaquei)

Essa era uma solução muito mais adequada para a questão. Com efeito,
apesar de seu deveras discutível vínculo administrativo temporário, o interessado,
em nenhum momento, deixou ser vinculado ao Regime Geral da Previdência
Social e incapaz. Com a cessação do vínculo e a continuidade da incapacidade, a
solução natural seria a retomada dos efeitos da concessão, com a continuidade
das prestações mensais do benefício outrora vigente e que fora suspenso durante
o período do contrato de trabalho.

Faz sentido relegar à indigência econômica um segurado que se

668
Seleção de Acórdãos

aposentou regularmente e que é absolutamente incapaz, que inclusive recebe o


adicional assegurado, pela Lei, aos que não são capazes de se cuidarem
sozinhos, porque ele ousou retornar ao mercado de trabalho? Essa punição seria
o equivalente a condenar à prisão perpétua quem furtou um pedaço de pão.

Entendo, por esses motivos que, na ausência de dispositivo legal


claramente direcionado à hipótese dos autos, aplicar a ele a literalidade do art. 46
da Lei nº 8.213/91 representaria infração a esse mesmo dispositivo, consistente
em atribuir-lhe um alcance jurídico que transpassa os limites que lhe foram
traçados pela sua inserção no micro-sistema jurídico previdenciário.

À míngua de previsão legal, não cabe ao juiz, ainda que na seara do


contencioso administrativo, deixar de apresentar uma solução para o caso, ou
autorizar a percepção do benefício durante o período em que há evidência de
recuperação, se não da capacidade laborativa, mas pelo menos da capacidade
econômica, em razão de vínculo jurídico passível de gerar efeitos na esfera
previdenciária.

Partindo da constatação de que não há previsão legal para disciplinar a


hipótese do aposentado que retorna ao trabalho mesmo estando incapaz,
considero que permanece em vigor o disposto no art. 120, § 1º do Decreto nº
83.080/79, acima citado.

Observo que consta do arts. 155 e 156 da Lei nº 8.213/91 que ela entrou
em vigor na data de sua publicação, tendo revogado, apenas, as disposições a
ela contrárias. Não revogou o art. 120, § 1º do Decreto nº 83.080/79 porque esse
continha disciplinava hipótese nela não prevista. Por sua vez, o Decreto nº 611,
de 21 de julho de 1992, assegurou, em seu art. 295, a aplicação subsidiária do
Decreto nº 83.080/79 até que fosse publicada nova Consolidação dos
Regulamentos dos Benefícios da Previdência Social.

Ou seja, houve preocupação do legislador em manter a normação


anterior ao novo Regime Geral da Previdência Social, no que fosse a ele
complementar e não contrário, como é o caso dos autos. Não há novidade nesse
entendimento, eis que, por exemplo, os quadros de agentes nocivos constantes
do Decreto nº 53.831/64 e do Decreto nº 83.080/79, mantiveram-se em vigor até o
05/03/97.

Em razão do exposto, dou parcial provimento ao recurso do interessado.


Mantenho a decisão administrativa que suspendeu sua aposentadoria por
invalidez durante a existência do vínculo empregatício. Caso ele tenha parado de
trabalhar antes de falecer, sua aposentadoria por invalidez deve ser considerada
reimplantada a partir da cessação do contrato de trabalho.

Os valores em atraso, decorrentes da eventual reimplantação do


benefício serão compensados com o valor recebido pelo interessado

669
Seleção de Acórdãos

indevidamente. Caso subsista crédito em favor do interessado, ele será pago em


uma única parcela, devidamente corrigida, na forma do art. 110 da Lei nº
8.213/91. Caso subsista crédito em favor do Instituto Nacional do Seguro Social,
ele não poderá ser oposto a eventual beneficiário de pensão, pois se trata de
dívida pessoal.

É o voto.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO para, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO.

Brasília - DF, 22/05/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 4419/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-
LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e
sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA CECÍLIA


MARTINS LAFETÁ e MARIA LÍGIA SORIA.

Brasília - DF, 15/06/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

670
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0115.358.944-0
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA CAMPINAS-APSCAM
Nº de Protocolo do Recurso: 37324.011170/2007-51
Recorrente(s): INSS
Recorrido(s): JOAO CARLOS GONÇALVES/JOAO CARLOS GONÇALVES
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 25/06/2009
Relator(a): GERALDO ALMIR ARRUDA

Relatório

João Carlos Gonçalves, beneficiário de aposentadoria por tempo de


contribuição proporcional, requereu, às fls. 117/118, revisão no cálculo de sua renda
mensal inicial, por entender que teria 31 anos, 01 mês e 18 dias de contribuição, sendo
que o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS teria computado apenas 30 anos, 02
meses e 90 dias.

À fl. 120, o INSS comunicou ao interessado o indeferimento de seu


pedido de revisão, uma vez que ele somente faria jus à aposentadoria segundo as
regras vigentes até 15/12/1998, antes da publicação da Emenda Constitucional nº
20, de 1998. Não teria direito ao cálculo segundos os parâmetros da citada
Emenda, tendo em vista não possuir, na data da entrada do requerimento, os 53
anos de idade exigidos por tal norma.

Irresignado, o segurado interpôs recurso especial às Juntas de


Recursos deste Conselho (fl. 127), tendo a 9ª Junta de Recursos lhe dado
provimento (fls. 134/136), por entender que o segurado faria jus ao acréscimo de
5% a que se refere o inciso II do art. 9º da referida Emenda. Segundo a decisão de
primeira instância, o acréscimo desse percentual não poderia ser condicionado ao
limite de idade de 53 anos, tendo em vista que tal exigência se dera em face da
edição do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº
3.048, de 1999, o qual, ademais de ter sido editado após o requerimento da
prestação em comento, contrariaria a norma constitucional.

Inconformado, o INSS interpôs recurso especial às Câmaras de


Julgamento deste Conselho (fls. 138/140), argumentando, em síntese, que a

671
Seleção de Acórdãos

decisão a quo contrariaria as disposições do art. 9º da Emenda Constitucional nº


20, de 1998.

Contrarrazões do segurado às fls. 147/149, em que destaca já possuir


direito adquirido à aposentadoria segundo as regras anteriormente vigentes à
Emenda Constitucional nº 20, de 1998, ademais de fazer jus ao acréscimo de 5%
trazido por essa Emenda na Aposentadoria proporcional.
É o Relatório.

Brasília - DF, 06/05/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-05-06 para sessão nº 268/2011 de 2011-05-17 às 900

Voto

O Recurso é tempestivo. Contudo, embora tempestivo, o recurso do INSS, para


ser conhecido, precisa atender aos pressupostos de admissibilidade a que se refere o
parágrafo único do art. 16 do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria
MPS/Nº 323, de 2007, verbis;

“Art. 16. (...)


(...)
Parágrafo único. O INSS poderá recorrer das decisões
das Juntas de Recursos somente quando:
I - violarem disposição de lei, de decreto ou de portaria
ministerial;
II - divergirem de súmula ou de parecer do Advogado
Geral da União, editado na forma da Lei Complementar nº 73, de
10 de fevereiro de 1993;
III - divergirem de pareceres da Consultoria Jurídica do
MPS ou da Procuradoria Federal Especializada - INSS, aprovados
pelo Procurador-Chefe;
IV - divergirem de enunciados editados pelo Conselho
Pleno do CRPS;
V - tiverem sido fundamentadas em laudos ou
pareceres médicos divergentes emitidos pela Assessoria Técnico-
Médica da Junta de Recursos e pelos Médicos peritos do INSS; e

672
Seleção de Acórdãos

VI - contiverem vício insanável, considerado como tal


as ocorrências elencadas no § 1º do art. 60.”

Na hipótese dos autos, discute-se se o segurado, já tendo direito


adquirido à aposentadoria por tempo de contribuição proporcional segundo as
regras vigentes anteriormente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de
1998, poderia ter o cálculo de sua renda mensal inicial segundo aquelas regras,
conjugadas com as regras trazidas pela citada Emenda.

Segundo as regras anteriormente vigentes, o segurado precisaria ter,


para a aposentadoria proporcional, somente 30 anos de contribuição, os quais
seriam acrescidos de um percentual de 6% a cada ano de contribuição (art. 53, II,
da Lei nº 8.213, de 1991, em sua redação original.

Com a edição da Emenda Constitucional nº 20, de 1998, a


aposentadoria por tempo de contribuição proporcional foi extinta, sendo mantida,
entretanto, para aqueles trabalhadores que, à data da publicação da referida
Emenda (16/12/1998), já estivessem filiados ao Regime Geral de Previdência
Social – RGPS e atendessem aos requisitos do § 1º do art. 9º da Emenda em
comento, verbis:
“Art. 9º - Observado o disposto no art. 4º desta Emenda
e ressalvado o direito de opção a aposentadoria pelas normas por
ela estabelecidas para o regime geral de previdência social, é
assegurado o direito à aposentadoria ao segurado que se tenha
filiado ao regime geral de previdência social, até a data de
publicação desta Emenda, quando, cumulativamente, atender aos
seguintes requisitos:
I - contar com cinqüenta e três anos de idade, se
homem, e quarenta e oito anos de idade, se mulher; e
(...)
§ 1º - O segurado de que trata este artigo, desde que
atendido o disposto no inciso I do "caput", e observado o disposto
no art. 4º desta Emenda, pode aposentar-se com valores
proporcionais ao tempo de contribuição, quando atendidas as
seguintes condições:
I - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à
soma de:
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se
mulher; e
b) um período adicional de contribuição equivalente a
quarenta por cento do tempo que, na data da publicação desta
Emenda, faltaria para atingir o limite de tempo constante da alínea
anterior;
II - o valor da aposentadoria proporcional será
equivalente a setenta por cento do valor da aposentadoria a que se
refere o "caput", acrescido de cinco por cento por ano de

673
Seleção de Acórdãos

contribuição que supere a soma a que se refere o inciso anterior,


até o limite de cem por cento.”

Conforme resumo do tempo de contribuição do segurado às fls. 25/31,


este possuía, em 16/12/1998, 30 anos, 2 meses e 9 dias de contribuição e, na
DER, 31 anos, 1 mês e 23 dias de contribuição. Vê-se, pois, que o interessado, em
16/12/1998, já possuía direito adquirido à aposentadoria proporcional que, se
calculada segunda as regras então vigentes, teria um percentual a ser aplicado ao
salário-de-benefício equivalente a 70%.

De outra feita, na DER, embora o segurado tenha implementado o


tempo de contribuição exigido para a aposentadoria proporcional pelas regras da
citada Emenda, não possuía a idade de 53 anos, requerida pelas novas regras.

Desta feita, deseja o segurado ter sua renda mensal inicial calculada
em parte segundo as regras vigentes antes da mencionada Emenda (exigência
apenas do tempo de contribuição) e, em parte, em conformidade as regras do
citado art. 9º, com o acréscimo de 5% no percentual a incidir sobre o seu salário-
de-benefício.

O pleito do segurado é por inteiro desprovido de base legal. Não há


qualquer fundamento jurídico que ampare a regra de cálculo de seu benefício,
conjugando-se as regras dos referidos diplomas legais. O direito adquirido do
segurado é em relação ao benefício vigente até 16/12/1998, segundo as regras
então vigentes. Qualquer tempo de contribuição que o segurado queira acrescer ao
tempo computado até 16/12/1998 implicará o cálculo do benefício segundo,
inteiramente, as novas regras da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. E
segundo as novas regras, o segurado não terá direito à prestação requerida, vez
que não possuía a idade de 53 anos. De se ver que esse entendimento está
expresso no art. 3º da Emenda Constitucional nº 20, de 1998, de forma cristalina,
não se permitindo qualquer outra interpretação:

“Art. 3º - É assegurada a concessão de aposentadoria


e pensão, a qualquer tempo, aos servidores públicos e aos
segurados do regime geral de previdência social, bem como aos
seus dependentes, que, até a data da publicação desta Emenda,
tenham cumprido os requisitos para a obtenção destes benefícios,
com base nos critérios da legislação então vigente.” (destaque
acrescido)

Dessa forma, a disposição do § 3º do ar. 188 do RPS nada tem de


inconstitucional ou ilegal, vez que tão somente aplicou ao caso concreto a melhor
exegese das referidas normas. Nesse sentido, o RPS nada inovou, mas tão-
somente explicitou, de maneira mais cristalina, o mandamento já insculpido nas
disposições do arts. 3º e 9º da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.

674
Seleção de Acórdãos

E mesmo que as disposições do RPS acima referidas fossem


inconstitucionais ou ilegais, não poderia a Instância a quo afastá-las por tais
razões, em face do que dispõe o art. 69 do Regimento Interno deste Conselho,
aprovado pela Portaria MPS nº 323, de 2007, verbis:

“Art. 69. É vedado às unidades julgadoras do CRPS


afastar a aplicação, por inconstitucionalidade ou ilegalidade, de
tratado, acordo internacional, lei, decreto ou ato normativo
ministerial em vigor, ressalvados os casos em que:
I - já tenha sido declarada a inconstitucionalidade da
norma pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta, após a
publicação da decisão, ou pela via incidental, após a publicação da
resolução do Senado Federal que suspender a sua execução; e
II - haja decisão judicial, proferida em caso concreto,
afastando a aplicação da norma, por ilegalidade ou
inconstitucionalidade, cuja extensão dos efeitos jurídicos tenha sido
autorizada pelo Presidente da República.”

Diante do exposto, resta claro que a decisão da 9ª Junta de Recursos


contrariou as disposições de lei (Emenda Constitucional nº 20, de 1998) e de
decreto, impondo-se, por conseguinte, o conhecimento do presente recurso e,
pelos mesmos fundamentos, o seu provimento.
CONCLUSÃO: Pelo exposto voto no sentido de CONHECER DO
RECURSO, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

Brasília - DF, 06/05/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 2987/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

675
Seleção de Acórdãos

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: MARIA CECÍLIA


MARTINS LAFETÁ e MARIA LÍGIA SORIA.

Brasília - DF, 17/05/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA ROSILENE ROSSATTO FACCO BISPO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

676
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0138.672.773-0
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: RETAGUARDA/ARRECADAÇÃO - AGÊNCIA VILA VELHA-
RETARR/APSVIL
Nº de Protocolo do Recurso: 35067.003169/2006-25
Recorrente(s): JOSÉ CARLOS BEZERRA
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA ESPECIAL
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 17/08/2006
Relator(a): PEDRO WANDERLEI VIZÚ

Relatório

Reporto-me ao teor do despacho de fl. 111 e seguintes que, apreciando


o embargos de declaração JOSÉ CARLOS BEZERRA, houve por bem propor a
revisão de ofício do acórdão de fl. 68 e seguintes, nos termos seguintes:

“O interessado apresenta, em 19/08/08, embargos de


declaração (fl. 95 e seguintes) ao acórdão de fl. 68 e seguintes, lavrado
em 13/12/07, que conheceu e deu provimento ao seu recurso,
determinando ao Instituto Nacional do Seguro Social que lhe
concedesse a aposentadoria especial que requereu em 19/01/06.
Sucede que o Instituto Nacional do Seguro Social, ao tentar
cumprir o acórdão embargado, reconheceu ao interessado apenas o
direito à aposentadoria por tempo de contribuição, e não à
aposentadoria especial requerida. O interessado solicitou a revisão do
benefício (fl. 87), e essa foi indeferida consoante comunicação de fl. 93,
em que a autarquia previdenciária informa que não poderia considerar o
período de trabalho posterior a 11/12/98 como especial.
Peço vênia para ponderar que o acórdão embargado incorreu
em manifesta contradição, eis que, apesar de haver reconhecido ao
interessado o direito à aposentadoria especial, reconheceu como
períodos de trabalho especiais apenas os ocorridos até 11/12/98, e,
estranhamente, determinou a “conversão desses períodos para comum,
como se verifica no último parágrafo da fl. 69. Além disso, tenho-o por
omisso, eis que deixou de se manifestar sobre a possibilidade de
enquadramento como especial do período de trabalho posterior a
essa data.
O resultado é que, a despeito da conclusão do acórdão

677
Seleção de Acórdãos

induzir à crença de que concedera a aposentadoria especial, seus


fundamentos somente autorizariam a concessão de aposentadoria
integral por tempo de contribuição, tal como deferido pela autarquia
previdenciária. Efetuei a contagem em anexo, tendo verificado que a
soma dos períodos de trabalho considerados especiais neste processo
alcança apenas 19 anos, 01 mês e 21 dias de tempo de contribuição,
quando seriam necessários 25.
Os embargos de declaração do interessado devem ser
considerados tempestivos, eis que não há nos autos cópia da
notificação de seu resultado ao interessado, devidamente recibada.
Inobstante o art. 58, § 5º do Regimento Interno do Conselho
de Recursos da Previdência Social autorizar, em casos excepcionais, a
concessão de efeitos infringentes aos embargos de declaração, observo
que, havendo possibilidade de alteração do resultado do julgamento,
deve-se assegurar a observância dos princípios do contraditório e da
ampla defesa em toda sua amplitude, e o Instituto Nacional do Seguro
Social não teve oportunidade processual de apresentar contra-razões à
pretensão do interessado.
Assim, opino pelo não processamento dos embargos de
declaração e pela instauração do procedimento de revisão de ofício, a
que se refere o art. 60 do Regimento Interno do Conselho de Recursos
da Previdência Social:
“Art. 60. As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos
poderão rever suas próprias decisões, de ofício, enquanto não ocorrer a
decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho de
1991, quando:
I - violarem literal disposição de lei ou decreto;
II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS,
aprovados pelo Ministro de Estado da Previdência Social, bem como do
Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73, de 10
de fevereiro de 1993; e
III - for constatado vício insanável.
§ 1º Considera-se vício insanável, entre outros:
I - o voto de Conselheiro impedido ou incompetente, bem
como condenado, por sentença judicial transitada em julgado, por crime
de prevaricação, concussão ou corrupção passiva diretamente
relacionado à matéria objeto de julgamento do colegiado;
II - a fundamentação baseada em prova obtida por meios
ilícitos ou cuja falsidade tenha sido apurada em processo judicial;
III - o julgamento de matéria diversa da contida nos autos;
IV - a fundamentação de voto decisivo ou de acórdão
incompatível com sua conclusão.
§ 2º O Conselheiro relator ou, na sua falta, o designado para
substituí-lo, deverá reduzir a termo as razões de seu convencimento e
determinar a notificação das partes do processo, com cópia do termo
lavrado, para que se manifestem no prazo.

678
Seleção de Acórdãos

§ 3º A revisão de oficio terá andamento prioritário nos órgãos


do CRPS.”
Em atenção ao Regimento Interno do Conselho de Recursos
da Previdência Social, mais especificamente ao § 2º do art. 60 acima
transcrito, reduzi a termos as razões de meu convencimento acerca da
necessidade de revisão do acórdão de fl. 68 e seguintes, e, sub
censura, determino a notificação das partes do processo, para que no
prazo de trinta dias (contados, para o Instituto Nacional do Seguro
Social, do recebimento do processo no Serviço de Revisão de Direitos, e
para o interessado, do recibo aposto no aviso de recebimento dos
Correios) deduzam o que entenderem adequado à defesa dos
respectivos direitos.”

Acresço que, com o retorno dos autos à origem, as partes apresentaram


suas razões, às fls. 120 (interessado) e 131 (autarquia previdenciária). Verbera a
última, em síntese, que a Perícia Médica autárquica se manifestou contrariamente
ao enquadramento como especial do período controverso, que com a edição da
Lei nº 9.732/98 a utilização de equipamento de proteção individual – EPI eficaz
elide a natureza especial da atividade laborativa, e que já concedeu
aposentadoria por tempo de contribuição ao interessado, sendo o benefício
previdenciário irrenunciável.

É o relatório.

Brasília - DF, 18/01/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-02-11 para sessão nº 62/2010 de 2010-02-22 às 1000

Voto

Senhora Presidenta e Senhoras Conselheiras, preliminarmente,


conheço da alegação de erro material formulada pelo interessado em suas
contrarrazões (fl. 122/3) e na sustentação oral formulada nesta Sessão de
Julgamento.

679
Seleção de Acórdãos

Alega o interessado que o vínculo empregatício iniciado em 01/01/73,


tido, pelo acórdão revisando, como encerrado em 15/05/73 (fl. 69, último
parágrafo), na verdade se encerrou em 15/05/79, e que esse período é justamente
o faltante para que ele completasse 25 anos de tempo de serviço especial.

O erro material realmente ocorreu, pois a documentação apresentada,


inclusive o DSS-8030 de fl. 5, é inequívoca no sentido de que o vínculo
empregatício se encerrou somente em 15/05/79. Esse período, considerado de
natureza especial pelo acórdão revisando, foi computado na contagem de tempo
de contribuição de fl. 114, de minha lavra, a menor, pois eu segui, nesse ponto, a
data estampada no acórdão revisando.

Não custa lembrar que o erro de contagem, tal qual o apontado, é erro
material típico, que pode e deve ser corrigido de ofício, a qualquer tempo, nos
termos do art. 59 do Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência
Social:

Art. 59. As inexatidões materiais constantes de decisões


proferidas pelos órgãos jurisdicionais do CRPS, decorrentes de erros de
grafia, numéricos, de cálculos ou, ainda, de outros equívocos
semelhantes, serão saneadas pelo respectivo Presidente da unidade
julgadora ou pelo Presidente do CRPS, de ofício ou a requerimento das
partes.
§ 1º Será rejeitado, de plano, por despacho irrecorrível das
autoridades mencionadas no caput, o requerimento que não
demonstrar, com precisão, o equívoco.
§ 2º O erro material pode ser corrigido a qualquer tempo.
§ 3º Não serão considerados erros materiais para os fins
deste artigo as interpretações jurídicas dos fatos relacionados nos
autos, o acolhimento de opiniões técnicas de profissionais
especializados ou o exercício de valoração de provas.

A contagem que ora junto ao voto computa o período como especial, tal
qual definido no acórdão revisando, mas em sua real extensão, e permite
vislumbrar que o interessado, corrigido o erro material, já faria jus a aposentadoria
especial desde a data de entrada do requerimento.

Adicionalmente, supro a omissão constante do acórdão revisando, no


que diz respeito à apreciação da natureza comum ou especial do período de
trabalho do interessado posterior a 12/12/98, e que foi retratado nos autos pelos
formulários constantes de fls. 3/4 e 20/2.

Faço-o para reconhecer a natureza especial dos períodos de trabalho


do interessado entre 12/12/98 e a data de entrada do requerimento, por exposição
a pressão sonora superior a 90 dB(A).

680
Seleção de Acórdãos

A circunstância de que a Perícia Médica autárquica foi contrária a esse


enquadramento não elide a revisão desse entendimento por este Conselho, cuja
missão precípua é exatamente revisar as decisões administrativas da linha de
benefícios autárquica.

O fato de já haver sido implantado um benefício de aposentadoria por


tempo de contribuição em favor do interessado não elide a possibilidade de revisão
do acórdão questionado, eis que a implantação do benefício, na forma de
aposentadoria por tempo de contribuição, resultou justamente da imperfeição do
decisório.

Quanto ao argumento de que com a edição da Lei nº 9.732/98 a


utilização de equipamento de proteção individual – EPI eficaz elide a natureza
especial da atividade laborativa, observo que a redação original da Lei nº
8.213/91 estabelecia:
Art. 58. A relação de atividades profissionais prejudiciais à saúde ou
à integridade física será objeto de lei específica.

Esse dispositivo foi alterado pelo art. 2º da Medida Provisória nº 1.523,


de 11/10/96, que foi reeditada até ser convertida na Lei nº 9.528, de 10/12/97,
vigorando da forma seguinte:
Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos
ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física
considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o
artigo anterior será definida pelo Poder Executivo.
§ 1° A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes
nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto
Nacional do Seguro Social — INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com
base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico
do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.
§ 2° Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar
informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva que diminua a
intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a
sua adoção pelo estabelecimento respectivo.
§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com
referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus
trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em
desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133
desta Lei.
§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil
profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e
fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse
documento.

681
Seleção de Acórdãos

Porém, em 11/12/98, a Lei nº 9.732 promoveu nova alteração em seu


parágrafo primeiro (há indicação de alteração, também, no parágrafo segundo,
mas a redação aparentemente é idêntica) de modo que a norma, em vigor até o
presente momento, assim dispõe:
Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos
ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física
considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o
artigo anterior será definida pelo Poder Executivo.
§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes
nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com
base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico
do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação
trabalhista.
§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar
informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual
que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e
recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento respectivo.
§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com
referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus
trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em
desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133
desta Lei.
§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil
profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e
fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse
documento. (destaquei com negrito a alteração)

A repetição da literalidade do art. 58 visa demonstrar, em primeiro lugar,


o fato de que inexiste alteração substancial promovida pela Lei nº 9.732/98,
pois como tal não se pode considerar o adendo “nos termos da legislação
trabalhista”, que obviamente visou apenas orientar a elaboração do laudo, que
ficara em aberto na redação anterior, para pautá-la na legislação trabalhista – o
que, por sinal, tradicionalmente, sempre aconteceu.

A alteração substancial na redação do dispositivo foi promovida, pois,


pela Medida Provisória nº 1.523/96, em 11/10/96. Parece-me, pois, que se fosse o
caso de ser adotada uma data de corte, seria essa, e não a da edição da Lei nº
9.732/98, de modo que, com a devida vênia às respeitáveis opiniões em contrário,
estabelecer que, somente após 11/12/98 é que se justifica o não enquadramento
como especial do período de trabalho prestado com utilização de equipamento de
proteção individual – EPI eficaz carece de respaldo cronológico no âmbito
normativo.

682
Seleção de Acórdãos

Por outro lado, consta do Enunciado nº 21/CRPS:


“O simples fornecimento de equipamento de proteção
individual de trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de
exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser
considerado todo o ambiente de trabalho.”

Como se vê, nada há no Enunciado que remeta a uma específica data a


partir da qual a utilização de equipamento de proteção individual – EPI eficaz
defina o direito ou não ao benefício. Ao contrário, o Enunciado, ao fazer referência
a “todo ambiente de trabalho” remete – com maior propriedade – à verificação da
efetiva presença dos agentes nocivos no local de trabalho.

Vale dizer, ao adotar-se a data de edição da Lei nº 9.732/98 como


marco temporal e legal para se definir o direito do segurado ao enquadramento do
período de trabalho como especial, vira-se as costas ao Enunciado nº 21, cuja
observância é obrigação de todo Conselheiro. Vira-se as costas, bem entendido,
não quer dizer descumpri-lo ou cumpri-lo, pois que, de qualquer forma, pode ou
não coincidir o resultado do julgamento utilizando um parâmetro (a Lei nº 9.732/98)
ou outro (o Enunciado nº 21); significa, simplesmente desconsiderá-lo como
elemento de alcance jurídico nas decisões deste Conselho.

É certo que a singela aplicação do Enunciado, entretanto, não resolve o


problema dos autos, porque ainda resta o trabalho de verificar se, constando,
efetivamente, desse formulário, a indicação do fornecimento de EPI eficaz, resta
caracterizado ou não o tempo de serviço especial. Entretanto, parece-me que o
Enunciado nº 21 é um norte muito mais seguro para a definição do direito ou não
ao enquadramento como especial do que o advento da Lei nº 9.732/98, e a correta
solução da controvérsia passa não por desconsiderá-lo, e sim por aprofundar seu
estudo e estabelecer seu real alcance.

Isso porque, em nenhum momento, a Lei nº 8.213/91, em sua redação


original ou em suas sucessivas alterações, disse que a utilização de equipamento
de proteção individual – EPI capaz de atenuar os efeitos dos agentes nocivos
afasta a natureza especial do tempo de serviço. Caso fosse intenção do legislador
estabelecer que a correta utilização de equipamento de proteção individual
afastaria a natureza especial do tempo de serviço, ele poderia tê-lo dito, de uma
forma direta e simples – mas ele não o fez.

Não o fez porque isso implicaria estabelecer que o instituto do tempo de


serviço especial e seu corolário, a aposentadoria especial, tenham sido criados
exclusivamente para os segurados que trabalhem sob condições que lhes causem
dano irremediável à saúde, ou para segurados que trabalhem para empregadores
que descumpram, assumidamente, as obrigações trabalhistas de proteção ao
operário.

683
Seleção de Acórdãos

Não há, pois, qualquer dispositivo em nível legal que nos permita
assumir essa interpretação restritiva do instituto do tempo de serviço especial. A
contrário, a legislação de custeio prevê tributação específica para o financiamento
da aposentadoria especial, aplicável à generalidade dos empregadores em cujas
instalações haja exposição, protegida ou não, a agentes nocivos, e que não se
eximem do pagamento do tributo alegando, simplesmente, que fornecem
equipamentos que reduzem ou neutralizam os agentes nocivos.

Acresça-se que, em sentido material, a legislação trabalhista de há


muito obriga os empregadores a adotar as medidas de proteção individual e
coletiva adequadas à proteção da saúde do trabalhador, e essa circunstância
nunca teve alcance jurídico para qualificar ou desqualificar o tempo de serviço
como especial. Ofende à lógica que a criação da obrigação legal à menção dessas
medidas em formulário oficial tenha mais relevância jurídica do que a
obrigatoriedade de adotá-las, para definição do direito ou não ao enquadramento.

Assim, o fato de a legislação, a partir de 1996 (e não de 1998) passar a


exigir que conste do laudo pericial a eventual existência de equipamento de
proteção individual deve ser considerada como uma exigência formal, e que pode
ser útil, por exemplo, para a caracterização do nexo técnico epidemiológico, mas
não como um marco legal para a definição do direito ou não ao enquadramento do
período de trabalho como especial.

Da pesquisa efetuada para este acórdão, somente localizei um número


significativo de decisões discrepantes dessa tendência no âmbito da 4ª Região.
Registro, porém, que não prosperou a tentativa da Procuradoria Federal
Especializada do INSS de fazer prevalecer o entendimento, capitaneado na 4ª
Região, de que a indicação de existência de EPI afastaria a insalubridade.

Basta dizer que o recurso cujo julgamento resultou na Súmula nº 9 da


Turma Nacional de Uniformização tinha como paradigma – rejeitado – da Turma
Regional de Uniformização da 4ª Região. Recursos interpostos pelo Instituto
Nacional do Seguro Social contra as decisões dos tribunais regionais na matéria
têm sido, via de regra, julgados desfavoravelmente à autarquia previdenciária, por
despacho, o que explica a pequena quantidade de acórdãos do egrégio Superior
Tribunal de Justiça na matéria.

A jurisprudência de nossos Tribunais Federais é francamente majoritária


no sentido de que a utilização de equipamento de proteção individual não
desconfigura a natureza especial da atividade laborativa. Cito alguns precedentes,
a começar pelo egrégio Superior Tribunal de Justiça:
“PREVIDENCIÁRIO. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO.
EXERCÍCIO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS. COMPROVAÇÃO POR
MEIO DE FORMULÁRIO PRÓPRIO. POSSIBILIDADE ATÉ O
DECRETO 2.172/97 – RUÍDOS ACIMA DE 80 DECIBÉIS
CONSIDERADOS ATÉ A VIGÊNCIA DO REFERIDO DECRETO.

684
Seleção de Acórdãos

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. SIMPLES


FORNECIMENTO. MANUTENÇÃO DA INSALUBRIDADE.
APLICAÇÃO DO VERBETE SUMULAR Nº 7/STJ.
RECURSO IMPROVIDO.
1. A Terceira Seção desta Corte entende que não só o
período de exposição permanente a ruído acima de 90 dB deve ser
considerado como insalubre, mas também o acima de 80 dB, conforme
previsto no Anexo do Decreto 53.831/64, que, juntamente com o
Decreto 83.080/79, foram validados pelos arts. 295 do Decreto 357/91 e
292 do Decreto 611/92.
2. Dentro desse raciocínio, o ruído abaixo de 90 dB deve ser
considerado como agente agressivo até a data de entrada em vigor do
Decreto 2.172, de 5/3/97, que revogou expressamente o Decreto 611/92
e passou a exigir limite acima de 90 dB para configurar o agente
agressivo.
3. O fato de a empresa fornecer ao empregado o
Equipamento de Proteção Individual – EPI, ainda que tal
equipamento seja devidamente utilizado, não afasta, de per se, o
direito ao benefício da aposentadoria com a contagem de tempo
especial, devendo cada caso ser apreciado em suas
particularidades.
4. Incabível, pela via do recurso especial, o exame acerca da
eficácia do EPI para fins de eliminação ou neutralização da
insalubridade, ante o óbice do enunciado sumular nº 7/STJ.
5. Recurso especial a que se nega provimento.”
(REsp 720.082/MG, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES
LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 15.12.2005, DJ 10.04.2006 p. 279)
(destaquei. Nesse sentido, também o Esp 584.859/ES, Rel. Ministro
ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2005,
DJ 05/09/2005 p. 458).

Trata-se da tese adotada na vasta maioria dos acórdãos de nossos


Tribunais Federais. Erigida em súmula pela Turma Nacional de Uniformização dos
Juizados Especiais Federais, teve, todavia, limitada sua abrangência ao agente
nocivo ruído. Confiram-se os precedentes (um por tribunal, para não alongar
demasiadamente o voto):

“AMS 2002.38.00.032571-8/MG; APELAÇÃO EM MANDADO


DE SEGURANÇA Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL NEUZA
MARIA ALVES DA SILVA Convocado: JUIZ FEDERAL POMPEU DE
SOUSA BRASIL (CONV.) Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA
Publicação: 28/07/2008 e-DJF1 p.102 Data da Decisão: 09/06/2008
Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento à apelação e
deu parcial provimento à remessa. Ementa: PREVIDENCIÁRIO.
PROCESSUAL CIVIL. RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO
PRESTADO EM CONDIÇÕES AGRESSIVAS. SERVIÇO DE

685
Seleção de Acórdãos

NATUREZA ESPECIAL. EXPOSIÇÃO A RUÍDOS. NORMA REGENTE


DO TEMPO DE SERVIÇO. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL - EPI.
1. Consoante entendimento sedimentado no Superior Tribunal de
Justiça, o segurado que presta serviços sob condições especiais faz jus
ao cômputo do tempo nos moldes da legislação previdenciária vigente à
época em que realizada a atividade e efetivamente prestado o serviço
(AGRESP 600.096/RS, DJ de 22/11/2004), não podendo ser levadas em
conta eventuais alterações posteriores, que não têm o condão de retirar
do trabalhador o direito à conversão de tempo de serviço prestado sob
condições especiais em comum para fins de concessão de
aposentadoria. 2. A comprovação da exposição a agentes prejudiciais à
saúde, tratando-se de período anterior à vigência da Lei nº 9.032/95,
que deu nova redação ao art. 57 da Lei nº 8.213/91, é efetivada desde
que esteja a atividade laboral enquadrada nas relações dos Decretos
53.831/64 ou 83.080/79, sendo dispensável a elaboração de laudo
pericial, exceto para a atividade em que havia a exposição a ruído.
3. No que se refere ao nível de ruído, deve prevalecer o comando do
Decreto nº 53.831/64 que fixou em 80 dB o limite de exposição a ruídos,
até a edição do Decreto nº 2.172, de 05/03/1997, que modificou esse
limite para 90 dB.
4. O uso do equipamento de proteção individual não descaracteriza
a condição especial do trabalho exercido pelo empregado, pois
destinado à proteção da vida e da saúde do trabalhador. Além
disso, inexistente qualquer prova nos autos de que o equipamento
de proteção individual eliminou completamente o agente agressivo.
5. Apelação desprovida. 6. Remessa parcialmente provida. “

“PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO. APOSENTADORIA


ESPECIAL. PERÍODO INSALUBRE. USO EPI. MANUTENÇÃO
CONDIÇÃO ESPECIAL TRABALHO.
I – A utilização de equipamento de proteção individual
obrigatório (EPI) não conduz à descaracterização da situação especial
de trabalho.
II – Agravo interno improvido.”
(TRF da 2ª Região, AC nº 200150010060315/ES, Primeira
Turma Esp., Rel. Juíza Márcia Helena Nunes, DJ de 26/01/2007)

“PREVIDENCIÁRIO. REEXAME NECESSÁRIO. RURÍCOLA.


APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. INSUFICIÊNCIA DE
PROVA. 1.-A mitigação do rigor da legislação previdenciária quanto aos
documentos exigíveis para a comprovação do tempo de serviço rural,
não isenta o segurado de fornecer elementos de convicção idôneos para
a comprovação do tempo de serviço. 2.-A jurisprudência mitiga o rigor
da legislação previdenciária quanto aos documentos necessários para a
comprovação de tempo de serviço, admitindo elementos de prova ainda

686
Seleção de Acórdãos

que diversos daqueles indicados em lei ou regulamento. Mas esse


temperamento não obvia a incidência da súmula n. 149 do Egrégio
Superior Tribunal de Justiça, que censura o reconhecimento de tempo
de serviço com base em prova única e exclusivamente testemunhal. 3.-
É necessário laudo técnico para que o tempo de serviço sujeito à
exposição de ruído em níveis superiores aos indicados pela legislação
previdenciária (80 dB até 13.12.96, 90 dB a partir de então) seja
considerado especial. 4.-A utilização de equipamento de proteção
individual (EPI) não elide a insalubridade da atividade laborativa,
assim considerada pela legislação previdenciária, a qual não exige
que o segurado venha a sofrer danos à sua saúde, como efeito dos
agentes nocivos nela indicados. A atividade especial não é aquela
que provoca determinado resultado, mas sim, aquela que sujeita o
segurado a trabalho assim estabelecido normativamente. 5.-
Reexame necessário e apelação do INSS providos em parte.
(2001.03.99.001019-5, PRIMEIRA TURMA DJU DATA:06/12/2002
PÁGINA: 421, Relator JUIZ ANDRE NEKATSCHALOW, TRF da 3ª
Região).

“EMENTA: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE


INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
JULGAMENTO SEM PRÉVIA INTIMAÇÃO. NULIDADE. EFEITOS
INFRINGENTES. Comprovada a falta de intimação regular do acórdão,
impõe-se o conhecimento dos embargos. Emprestam-se efeitos
modificativos aos embargos que acolhem a argüição de contradição do
acórdão embargado. Uniformizar a jurisprudência regional no mesmo
sentido daquela já assentada na Súmula nº 9 da Turma de
Uniformização Nacional: O uso de Equipamento de Proteção Individual,
ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não
descaracteriza o tempo de serviço especial prestado. Conhecimento e
provimento.” (EDIUJEF 2002.70.03.000634-9, Turma Regional de
Uniformização da 4ª Região, Relatora Leda de Oliveira Pinho, DJ
20/07/2006)

“EMENTA. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO


EXERCIDO EM CONDIÇÕES INSALUBRES. AGENTE AGRESSIVO.
RUÍDO. COMPROVAÇÃO. LAUDO TÉCNICO. APOSENTADORIA
ESPECIAL. CONCESSÃO.
1. COMPROVADO ATRAVÉS DE LAUDO TÉCNICO QUE O AUTOR
EXERCEU ATIVIDADE JUNTO À EMPRESA AEROVIÁRIA, POR MAIS
DE 25 (VINTE E CINCO) ANOS, ESTANDO EXPOSTO DE FORMA
HABITUAL E PERMANENTE A CONDIÇÕES INSALUBRES (RUÍDO), É
DE SE LHE RECONHECER O DIREITO À APOSENTADORIA ESPECIAL;
2. O USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI),
NÃO DESCARACTERIZA A SITUAÇÃO DE INSALUBRIDADE;
3. OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DEVEM SER MANTIDOS EM 10%

687
Seleção de Acórdãos

(DEZ POR CENTO) SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO, MAS


OBSERVADOS OS LIMITES PREVISTOS NA SÚMULA 111 DO STJ;
4. APELAÇÃO DO INSS E REMESSA OFICIAL PARCIALMENTE
PROVIDAS. APELAÇÃO DO AUTOR PREJUDICADA. (TRF da 5ª Região,
AC 2006.81.00.000651-6 ,Terceira Turma, Relator Desembargador Federal
PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA: DIÁRIO DA JUSTIÇA - DATA:
04/10/2007 - PÁGINA: 887 - Nº: 192 - ANO: 2007).

“Aposentadoria Especial – Equipamento de Proteção


Individual. O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda
que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não
descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.” (- Recurso nº.
2003.38.00.703890-0, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Federais de Minas Gerais, PU nº 2002.50.50.001890/3 -Turma de
Uniformização (julgamento 30/09/2003)

A contagem de tempo de contribuição constante de fl. 114 apurou 19


anos, 01 mês e 21 dias de tempo de serviço especial em favor do interessado.
Com os acréscimos decorrentes da correção do erro material e do período
reconhecido como especial neste voto, ele alcança mais de bem mais de 25 anos
de atividade especial, de modo que faz jus à aposentadoria a que se refere o art.
57 da Lei nº 8.213/91.

Em razão do exposto, voto no sentido de se revisar de ofício o acórdão


de fl. 68 e seguintes para, corrigindo-se o erro material e suprindo-lhe a omissão
constatada, reconhecer ao interessado o direito à aposentadoria especial. Deverá
o Instituto Nacional do Seguro Social implantar o benefício na forma determinada
neste voto, e deduzir do montante de valores em atraso o correspondente às
parcelas já pagas em razão do benefício em manutenção, que será cancelado.

É o voto.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


anular o acórdão de fl. 68 e seguintes, e proferir novo julgamento nos termos deste
voto.

Brasília - DF, 18/01/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

688
Seleção de Acórdãos

Decisório

Nº do(a) Acordão: 904/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA LÍGIA SORIA e


MARIA CECÍLIA MARTINS LAFETÁ.

Brasília - DF, 22/02/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

689
Seleção de Acórdãos

690
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0151.436.803-7
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA UBERABA-APSUBE
Nº de Protocolo do Recurso: 37016.001465/2010-07
Recorrente(s): INSS
Recorrido(s): JOSE GENTIL DA COSTA/JOSE GENTIL DA COSTA
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 12/05/2010
Relator(a): GERALDO ALMIR ARRUDA

Relatório

Trata-se de aposentadoria especial requerida por José Gentil da costa


em 30/11/2009 (fl. 02), indeferida pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS
(fls. 39/40), por considerar que o segurado não teria completado o tempo de
contribuição necessário para a prestação requerida.

De se destacar que o interessado pleiteara o enquadramento, como


especial, de diversos períodos trabalhados no interregno entre 06/02/1980 e
30/11/2009, todos eles não enquadrados pelo INSS.

Irresignado, o segurado interpôs recurso ordinário às Juntas de


Recursos da Previdência Social – JRPS (fl. 42), tendo a 7ª JRPS lhe dado
provimento parcial, reconhecendo a natureza especial da atividade exercida pelo
segurado no período de 19/11/2003 a 30/11/2009, em face da exposição ao agente
físico ruído (Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP e laudo técnico às fls.
43/50.

Inconformado, o INSS interpôs recurso especial às Câmaras de


Julgamento deste Conselho (fls. 83/85), alegando, em síntese, que existe
informação acerca do uso de equipamento de proteção individual – EPI eficaz, com
atendimento aos requisitos das NR 06 e 09 do Ministério do Trabalho e Emprego, o
que implicaria que o segurado não estaria efetivamente exposto ao agente nocivo
acima dos limites de tolerância exigidos pela legislação previdenciária.

Contrarrazões do segurado à fl. 93.

É o relatório.

691
Seleção de Acórdãos

Brasília - DF, 10/03/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-03-10 para sessão nº 146/2011 de 2011-03-18 às 930

Voto

O Recurso é tempestivo.

Contudo, embora tempestivo, o recurso do INSS, para ser conhecido,


deve atender aos pressupostos de admissibilidade referidos no parágrafo único do
art. 16 da Portaria MPS Nº 323, de 27, .verbis:

“Parágrafo único. O INSS poderá recorrer das decisões


das Juntas de Recursos somente quando:
I - violarem disposição de lei, de decreto ou de portaria
ministerial;
II - divergirem de súmula ou de parecer do Advogado
Geral da União, editado na forma da Lei Complementar nº 73, de
10 de fevereiro de 1993;
III - divergirem de pareceres da Consultoria Jurídica do
MPS ou da Procuradoria Federal Especializada - INSS, aprovados
pelo Procurador-Chefe;
IV - divergirem de enunciados editados pelo Conselho
Pleno do CRPS;
V - tiverem sido fundamentadas em laudos ou
pareceres médicos divergentes emitidos pela Assessoria Técnico-
Médica da Junta de Recursos e pelos Médicos peritos do INSS; e
VI - contiverem vício insanável, considerado como tal
as ocorrências elencadas no § 1º do art. 60.”

No caso concreto, o recurso especial do INSS não atende a nenhum


dos pressupostos a que se refere o parágrafo único acima. O enquadramento
realizado pela 11ª JRPS obedeceu às prescrições legais que regiam ou regem a
matéria, não se vislumbrando vícios que maculem a correspondente decisão.

692
Seleção de Acórdãos

De se ver que a causa para o questionamento da natureza especial do


período enquadrado pela 7ª JRPS é o efeito do EPI no tocante à descaracterização
de tal natureza.

A respeito, é pacífico o entendimento jurisprudencial judicial e


administrativo, no sentido de que não basta o simples fornecimento do EPI para
que seja elidida a natureza especial da atividade. Nesse sentido, destacam-se os
seguintes acórdãos do Superior Tribunal de Justiça – STJ:

“RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA


ESPECIAL. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL.
SIMPLES FORNECIMENTO. MANUTENÇÃO DA
INSALUBRIDADE. SÚMULA 7/STJ.
1. O fato de a empresa fornecer ao empregado o EPI -
Equipamento de Proteção Individual - e, ainda que tal equipamento
seja devidamente utilizado, não afasta, de per se, o direito ao
benefício da aposentadoria com a contagem de tempo especial,
devendo cada caso ser apreciado em suas particularidades. (...)”
(REsp 584859)

“PREVIDENCIÁRIO. CONTAGEM DE TEMPO DE


SERVIÇO. EXERCÍCIO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS.
COMPROVAÇÃO POR MEIO DE FORMULÁRIO PRÓPRIO.
POSSIBILIDADE ATÉ O DECRETO 2.172/97 – RUÍDOS ACIMA
DE 80 DECIBÉIS CONSIDERADOS ATÉ A VIGÊNCIA DO
REFERIDO DECRETO. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL. SIMPLES FORNECIMENTO. MANUTENÇÃO DA
INSALUBRIDADE. APLICAÇÃO DO VERBETE SUMULAR Nº
7/STJ. RECURSO IMPROVIDO.
1. A Terceira Seção desta Corte entende que não só o
período de exposição permanente a ruído acima de 90 dB deve ser
considerado como insalubre, mas também o acima de 80 dB,
conforme previsto no Anexo do Decreto 53.831/64, que,
juntamente com o Decreto 83.080/79, foram validados pelos arts.
295 do Decreto 357/91 e 292 do Decreto 611/92.
2. Dentro desse raciocínio, o ruído abaixo de 90 dB
deve ser considerado como agente agressivo até a data de entrada
em vigor do Decreto 2.172, de 5/3/97, que revogou expressamente
o Decreto 611/92 e passou a exigir limite acima de 90 dB para
configurar o agente agressivo.
3. O fato de a empresa fornecer ao empregado o
Equipamento de Proteção Individual – EPI, ainda que tal
equipamento seja devidamente utilizado, não afasta, de per se, o
direito ao benefício da aposentadoria com a contagem de tempo
especial, devendo cada caso ser apreciado em suas
particularidades (...)” (REsp 720082)

693
Seleção de Acórdãos

“PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE
ATIVIDADE ESPECIAL. TERMO FINAL. INAPLICABILIDADE DO
ARTIGO 28 DA LEI N. 9.711/1998. DIREITO ADQUIRIDO.
COMPROVAÇÃO DE SALUBRIDADE DA ATIVIDADE
DESENVOLVIDA. LAUDO PERICIAL E USO EQUIPAMENTO DE
PROTEÇÃO INDIVIDUAL. DESCONSTITUIÇÃO. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA 7/STJ.
1. A partir do julgamento do REsp n. 956.110/SP, a
Quinta Turma, em alteração de posicionamento, assentou a
compreensão de que, exercida a atividade em condições especiais,
ainda que posteriores a maio de 1998, ao segurado assiste o
direito à conversão do tempo de serviço especial em comum, para
fins de aposentadoria.
2. Impossibilidade de descaraterizar a salubridade da
atividade reconhecida pelo Tribunal de origem por meio da análise
da prova pericial.
3. No que tange ao uso do EPI - Equipamento de
Proteção Individual, esta Corte já decidiu que não há condições de
chegar-se à conclusão de que o aludido equipamento afasta, ou
não, a situação de insalubridade sem revolver o conjunto fático-
probatório amealhado ao feito. (Súmula n. 7)” (REsp 1108945)

Na mesma trilha é o entendimento deste Conselho, o qual editou o


Enunciado nº .21, nos seguintes termos:

“O simples fornecimento de equipamento de proteção


individual de trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de
exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo
ser considerado todo o ambiente de trabalho.”

O próprio INSS perfila esse entendimento, assentado no § 6º do art.


238 da Instrução Normativa INSS/PRES Nº 45, de 2010, verbis:

“§ 6º Somente será considerada a adoção de


Equipamento de Proteção Individual - EPI em demonstrações
ambientais emitidas a partir de 3 de dezembro de 1998, data da
publicação da MP nº 1.729, de 2 de dezembro de 1998, convertida
na Lei nº 9.732, de 11 de dezembro de 1998, e desde que
comprovadamente elimine ou neutralize a nocividade e seja
respeitado o disposto na NR-06 do MTE, havendo ainda
necessidade de que seja assegurada e devidamente registrada
pela empresa, no PPP, a observância:

I - da hierarquia estabelecida no item 9.3.5.4 da NR-09


do MTE, ou seja, medidas de proteção coletiva, medidas de caráter

694
Seleção de Acórdãos

administrativo ou de organização do trabalho e utilização de EPI,


nesta ordem, admitindo-se a utilização de EPI somente em
situações de inviabilidade técnica, insuficiência ou interinidade à
implementação do EPC ou, ainda, em caráter complementar ou
emergencial;
II - das condições de funcionamento e do uso
ininterrupto do EPI ao longo do tempo, conforme especificação
técnica do fabricante, ajustada às condições de campo;
III - do prazo de validade, conforme Certificado de
Aprovação do MTE;
IV - da periodicidade de troca definida pelos programas
ambientais, comprovada mediante recibo assinado pelo usuário em
época própria; e
V - da higienização.” (destaque acrescido)

Nada do que está nos autos comprova a eliminação, neutralização ou


redução da nocividade do agente nocivo ruído. O que está nos autos (PPP de fls.
43/44) é a mera afirmação de que o EPI é eficaz e de que a empresa atendeu aos
requisitos da NR 06 e 09, atenuando o nível de exposição. Contudo, não se pode
entender tais afirmativas como demonstração da eficácia. A eficácia não se afirma,
ela deve ser provada, mediante não só a demonstração das providências a que se
referem os incisos do § 6º acima referido, como também pela apresentação de
elementos que mostrem os resultados dos exames médicos realizados na
empresa, de forma coletiva, em consonância com os programa de gestão
ambiental desta.

Isso posto, não merece acolhida o recurso do INSS, uma vez não
preencher os pressupostos específicos de admissibilidade a que se refere o
parágrafo único do art. 16 do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela
Portaria MPS/Nº 323, de 2007.

CONCLUSÃO: pelo exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER DO


RECURSO interposto pelo INSS.

Brasília - DF, 10/03/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

Decisório

695
Seleção de Acórdãos

Nº do(a) Acordão: 1469/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em NÃO CONHECER DO RECURSO,
POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: MARIA LÍGIA SORIA e


MARIA CECÍLIA MARTINS LAFETÁ.

Brasília - DF, 18/03/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

696
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0136.962.077-0
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: RETAGUARDA/BENEFÍCIOS - AGÊNCIA RECIFE-PINA-
RETBEN/APSPIN
Nº de Protocolo do Recurso: 37177.003536/2005-98
Recorrente(s): MARCELO JOSE PIMENTEL TEIXEIRA
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 14/08/2008
Relator(a): PEDRO WANDERLEI VIZÚ

Relatório

Em mesa recurso de MARCELO JOSÉ PIMENTEL TEIXEIRA, nascido


aos 05/03/50, contra decisão da 3ª Junta de Recursos da Previdência Social (fl.
179 e seguintes) que manteve a decisão autárquica que lhe negou a aposentadoria
por tempo de contribuição requerida em 06/10/05, sob o argumento de falta de
tempo de contribuição até a data de entrada do requerimento.

Esclareço que, com exceção do período de trabalho supostamente


trabalhado entre 29/04/68 e 14/05/70, como gerente administrativo da empresa
GRAFENE INDÚSTRIA GRÁFICA DO NORDESTE LTDA. (fl. 228), o interessado
foi contribuinte individual empresário e sócio gerente.

Ele apresentou certidões da Junta Comercial do Estado de Pernambuco


indicando essa condição desde 30/04/70 (fl. 21 e seguintes). Todavia, nos arquivos
digitalizados do Instituto Nacional do Seguro Social somente constam contribuições
relativas a parte desse período.

Em seu recurso a esta Câmara, ele alega que realizou recolhimentos


em três inscrições distintas que, somadas, alcançariam, na data de entrada do
requerimento, 28 anos de tempo de contribuição incontroverso. Além disso, teria
comprovado a condição de sócio-gerente da empresa CARUARU
DISTRIBUIDORA DE GÁS LTDA. DESDE 30/04/70, não sendo de sua
responsabilidade que o Instituto Nacional do Seguro Social não tenha guardado o
registro das contribuições que teriam sido efetuadas. Alega que a empresa não era
obrigada a guardar a documentação após 20 anos, e que há registro de
fiscalização referente ao recolhimento de contribuições previdenciárias no período

697
Seleção de Acórdãos

controverso. Pede seja contabilizado, em seu favor, o tempo de serviço junto à


empresa GRAFENE, que teria sido reconhecido pela decisão da Junta de
Recursos da Previdência Social.

Contra-razões à fl. 235, pedindo a manutenção da decisão recorrida.

É o relatório.

Brasília - DF, 24/04/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2009-05-07 para sessão nº 247/2009 de 2009-05-14 às 900

Voto

Recurso tempestivo, vai conhecido.

Apesar do período supostamente trabalhado entre 29/04/68 e 14/05/70,


como gerente administrativo da empresa GRAFENE INDÚSTRIA GRÁFICA DO
NORDESTE LTDA. (fl. 228) já constar da contagem de tempo de contribuição, não
consegui localizar nos autos qualquer elemento probatório a secundá-lo. Não foi
apresentado o registro do contrato de trabalho em Carteira de Trabalho e
Previdência Social – CTPS, nem as fichas de registro de empregado em ordem
cronológica e contemporâneas à prestação de serviço, nem qualquer outro
elemento probatório contemporâneo a demonstrar a realidade do vínculo
empregatício.

A declaração de fl. 228, isoladamente, não se presta à comprovação


desse período de trabalho, pois deve vir respaldada por elementos probatórios
mais consistentes. Observe-se que ela pretende comprovar o exercício de
atividade de gerência administrativa de uma empresa gráfica por parte de uma
pessoa que, até prova em contrário, era relativamente incapaz para os atos da vida
civil.

Muito embora no contrato social da empresa CARUARU


DISTRIBUIDORA DE GÁS LTDA. exista a informação de que o interessado estaria

698
Seleção de Acórdãos

emancipado, é de se observar que este contrato é datado de 15/04/70, posterior,


portanto, à maior parte do período supostamente trabalhado pelo interessado e, de
qualquer forma não prova, de per si, a emancipação, que não restou demonstrada
nos autos.

Além disso, a lista de sócios da empresa GRAFENE (fl. 229) incluí


JOSÉ TEIXEIRA DE VASCONCELOS, pai do interessado, o que só diminui a
confiabilidade da declaração de fl. 228 como documento comprobatório da relação
empregatícia.

Por esses motivos, tenho por não provado o período de trabalho de


29/04/68 e 14/05/70 e reviso, de ofício, a contagem de tempo de contribuição
autárquica, para decotar esse período.

Tampouco tem razão o interessado quando pretende atribuir ao Instituto


Nacional do Seguro Social a totalidade da responsabilidade pela prova de seu
tempo de contribuição. Essa responsabilidade deve ser atribuída à autarquia
previdenciária nos exatos limites dos elementos constantes em seus arquivos de
dados, informatizados ou não. Caso contrário, bastaria a qualquer segurado, para
computar tempo de contribuição, alegar que, no passado, efetuou contribuições e
que, se o Instituto Nacional do Seguro Social delas não tem registro, não pode ser
responsabilizado.

Cabe ao segurado a prova dos fatos constitutivos de seu direito, nos


termos da regra de distribuição de encargos probatórios estabelecida no art. 333, I,
do Código de Processo Civil. Apesar de reclamar a condição de filiado ao Regime
Geral da Previdência Social desde 1970, os primeiros elementos probatórios que
lhe asseguram essa condição vieram das fichas microfilmadas do Instituto Nacional
do Seguro Social, e remontam a julho de 1977.

O fato é que o tempo de contribuição é um instituto que se aperfeiçoa


mediante a implementação de duas condições, em princípio simultâneas, o
exercício de atividade que determina vinculação ao Regime Geral da Previdência
Social e o recolhimento da exação tributária relativa à competência em que se deu
esse exercício. Provar ambos é essencial ao reconhecimento do tempo de
contribuição, no caso do contribuinte individual.

Também não colhe a eventual alegação de decadência do direito da


administração previdenciária em cobrar os valores em atraso, eis que, no caso,
embora possa, eventualmente, ter o fisco decaído do direito, isso não implica que o
órgão administrador de benefícios seja obrigado a reconhecer exercício de
atividade remunerada como tempo de contribuição, sem que o tempo de trabalho
seja qualificado com a contribuição correspondente.

Ou seja: em se tratando de contribuinte individual sócio-gerente, o


eximir-se a empresa do dever de pagar o tributo não implica o dever da

699
Seleção de Acórdãos

administração previdenciária de reconhecer tempo de contribuição sem o


pagamento. Isso porque é inaceitável a alegação de não ser responsável pelos
recolhimentos a cargo da empresa, eis que, na condição de sócio-gerente, cabia-
lhe justamente cuidar do cumprimento das obrigações previdenciárias da empresa,
e ele não pode vir, neste Conselho, alegar sua negligência ou a sua torpeza em
proveito próprio. Nenhuma interpretação do acervo legal vigente à época do fato
gerador, que redunde em ofensa aos princípios da moralidade e da equidade, deve
ser acolhida neste Conselho.

Revisei a contagem oficial autárquica, incorporando as contribuições


anotadas nas cópias de microfichas apresentadas pelo interessado em seu
recurso, e computei em seu favor 26 anos, 03 meses e 10 dias de tempo de
contribuição até a data de entrada do requerimento, motivo pelo que o
indeferimento do benefício deve ser mantido.

Como lhe assiste o direito de apresentar elementos probatórios mais


consistentes acerca do seu suposto vínculo empregatício para com a empresa
GRAFENE, e como o exercício da atividade de sócio-gerente, ao longo de seu
histórico profissional, restou incontroverso, de modo que lhe assiste o direito de os
recolhimentos em atraso, poderá, em novo requerimento de benefício, tentar
demonstrar haver completado o tempo de contribuição suficiente para a
consecução da pretendida aposentadoria.

Em razão do exposto, dou parcial provimento ao recurso, para


reconhecer ao interessado o direito ao cômputo dos períodos de trabalho nos
termos da contagem anexa, e mantenho a decisão que indeferiu o benefício.
Reviso, de ofício, a contagem oficial autárquica, para decotar o período de trabalho
junto à empresa GRAFENE.

É o voto.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO para, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO.

Brasília - DF, 24/04/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

700
Seleção de Acórdãos

Decisório

Nº do(a) Acordão: 3679/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-
LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e
sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: MARIA CECÍLIA


MARTINS LAFETÁ e MARIA LÍGIA SORIA.

Brasília - DF, 14/05/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

701
Seleção de Acórdãos

702
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0137.657.615-2
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA RANCHARIA-APSRAN
Nº de Protocolo do Recurso: 35424.000227/2008-14
Recorrente(s): MARIA APARECIDA ALVES
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 15/10/2008
Relator(a): GERALDO ALMIR ARRUDA

Relatório

O Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, por intermetido da


petição de fls. 58/59, solicitou a esta Câmara verificar a possibilidade de rever, de
ofício, o Acórdão de fls. 51 e 52, sob o argumento de que o referido Acórdão
reconheceu o enquadramento de período especial ao arrepio das normas que
regem a matéria. Segundo o INSS, as atividades da segurada teriam sido
exercidas em um hospital geral, cuja exposição aos agentes biológicos exigidos
pela legislação previdenciária seria eventual, não se caracterizando o requisito da
permanência.

No despacho preliminar de admissibilidade da revisão (fls. 70/72),


pelas razões ali expostas, convenci-me da necessidade da revisão suscitada,
determinando que as partes fossem intimadas das correspondentes razões, para
que pudessem deduzir o que entendiam adequado à defesa dos respectivos
direitos.

Intimada, a interessada apresentou contrarrazões às fls. 76/80,


argumentando, em síntese que:

I – a exigência de a aposentadoria especial, em estabelecimentos de


saúde, ficar condicionada aos segurados que trabalhem de modo permanente com
pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas, segregados em áreas ou
ambulatórios específicos, contrariaria as disposições do Regulamento da
Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999 e as normas
trabalhistas vigentes;

703
Seleção de Acórdãos

II – os estabelecimentos de saúde a que se refere o código 3.0.1 do


Anexo IV do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº
3.048, de 1999, podem ser qualquer hospital geral, santa casa etc; e

III – comprovou a efetiva exposição aos agentes nocivos biológicos


prejudiciais a sua saúde ou integridade física.

É o relatório.

Brasília - DF, 04/04/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-04-04 para sessão nº 186/2011 de 2011-04-11 às 930

Voto

Tomo, como fundamento do meu voto, a fundamentação presente no


juízo de admissibilidade da revisão em comento, exarado à fl. 70 e seguintes, a
seguir transcrita:

“(...)A partir de 6 de março de 1997, data de vigência


do Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, aprovado
pelo Decreto nº 2.172, de 5 de março de 1997, a aposentadoria
especial, em face da exposição a agentes biológicos, somente é
concedida, para quem trabalha em estabelecimentos de saúde,
quando há contato com pacientes portadores de doenças infecto-
contagiosas ou com manuseio de materiais contaminados (Anexo
IV, código 3.0.1). Esse mesmo entendimento foi mantido pelo
Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto
nº 3.048, de 1999.

Na hipótese dos autos, o Perfil Profissiográfico


Previdenciário de fls. 10/11, em momento algum, faz qualquer
referência ao contato da interessada com tais pacientes ou ao
manuseio dos citados materiais.

Pela descrição das atividades no referido formulário, a

704
Seleção de Acórdãos

toda evidência, trata-se de trabalho exercido em um hospital geral,


em que há atendimento dos mais variados tipos de doenças e
pacientes. Eventualmente pode haver o atendimento de pacientes
portadores de doenças infecto-contagiosas, mas essa não é a
regra.

E mesmo que haja eventual contato com tais pacientes


ou materiais, para o reconhecimento do período especial, não
basta essa exposição. Exige-se, ainda, a observância do requisito
permanência, assim definido pelo art. 65 do Regulamento dos
Benefícios da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº
3.048, de 1999:

“Art. 65. Considera-se trabalho permanente, para


efeito desta Subseção, aquele que é exercido de forma não
ocasional nem intermitente, no qual a exposição do
empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao
agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da
prestação do serviço.”

A indissociável vinculação entre o ambiente de trabalho


e o agente, em ambientes hospitalares, identifica-se com a
existência de áreas específicas, isoladas, onde são tratados
pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas, ou haja
manuseio de materiais contaminados provenientes dessas áreas.

De se destacar que não se exige o contato exclusivo


com tais pacientes durante toda a jornada para se caracterizar a
permanência. Contudo, há que haver uma exposição necessária,
em face de o segurado, obrigatoriamente, ter acesso a tais áreas
ou contato com os materiais delas provenientes.

Se não houver essa exposição necessária, a exposição


não será permanente, mas apenas eventual, como no caso dos
autos.

Tratando-se de um hospital geral, em que a segurada


não exercia suas atividades, especificamente ou obrigatoriamente,
em áreas isoladas, sendo, pois, sua exposição aos agentes
nocivos biológicos relacionados na legislação apenas eventual, não
faz jus ao reconhecimento do período especial no interregno entre
06/03/1997 e a data da entrada do requerimento.

Por esses motivos, e pela manifesta violação aos


dispositivos legais acima indicados, penso que se deve instaurar o

705
Seleção de Acórdãos

procedimento de revisão, de ofício, nos moldes do art. 60 do


Regimento Interno deste Conselho:

“Art. 60. As Câmaras de Julgamento e Juntas de


Recursos poderão rever suas próprias decisões, de ofício,
enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A
da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, quando:
I - violarem literal disposição de lei ou decreto;
II - divergirem dos pareceres da Consultoria
Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União,
na forma da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de
1993; e
III - for constatado vício insanável.
§ 1° Considera-se vício insanável, entre outros:
I - o voto de Conselheiro impedido ou
incompetente, bem como condenado, por sentença judicial
transitada em julgado, por crime de prevaricação, concussão
ou corrupção passiva diretamente relacionado à matéria
objeto de julgamento do colegiado;
II - a fundamentação baseada em prova obtida
por meios ilícitos ou cuja falsidade tenha sido apurada em
processo judicial;
III - o julgamento de matéria diversa da contida
nos autos;
IV - a fundamentação de voto decisivo ou de
acórdão incompatível com sua conclusão.
§ 2º O Conselheiro relator ou, na sua falta, o
designado para substituí-lo, deverá reduzir a termo as razões
de seu convencimento e determinar a notificação das partes
do processo, com cópia do termo lavrado, para que se
manifestem no prazo.
§ 3º A revisão de oficio terá andamento prioritário
nos órgãos do CRPS.”

Cumpre acrescer que a exigência, na hipótese de estabelecimentos de


saúde, de áreas isoladas ou específicas onde são tratados pacientes portadores de
doenças infecto-contagiosas, ou haja manuseio de materiais contaminados
provenientes dessas áreas, não contraria as disposições do código 3.0.1 do Anexo
IV do RPS. Tal exigência é decorrência de uma interpretação sistemática da
matéria, conjugando as disposições do citado código 3.0.1 com as do art. 65 do
mesmo Regulamento. Somente com a existência de tais áreas é possível falar-se
em exposição do segurado ao agentes nocivos, de forma indissociável da
produção do bem ou da prestação do serviço. Sem áreas específicas ou
isoladas, em um estabelecimento de saúde, a exposição aos agentes biológicos
será sempre eventual.

706
Seleção de Acórdãos

Importa destacar, e nesse aspecto assiste razão à segurada, que o


código 3.0.1 do RPS não exclui os hospitais gerais, as santas casas e outros
estabelecimentos congêneres. Nenhum impedimento há que, em tais
estabelecimentos, haja o reconhecimento de aposentadoria especial. O que se
exige, para tanto, é a existência de áreas específicas ou isoladas, onde são
tratados pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas, hipótese não
configurada nos autos. Em nenhum momento o Perfil Profissiográfico
Previdencária de fl. 10 faz referência a tais áreas ou à exposição necessária da
interessada a tais pacientes.

Desta feita, é imperioso concluir que a segurada não comprovou a


efetiva exposição aos agentes nocivos biológicos prejudiciais a sua saúde ou
integridade física.

Sem tal comprovação, não pode o período laborado de 06/03/1997 até


26/08/2008 ser reconhecido como especial, não perfazendo a segurada, em
consequência, o tempo de contribuição necessário para a prestação requerida, que
lhe deve ser denegada.

Inobstante a segurada, na data da entrada do requerimento – DER não


atingir o tempo de contribuição necessário para o benefício requerido, verifico que
ela continuou a verter contribuições para o Regime Geral de Previdência Social –
RGPS. Dessa forma, reconheço, de ofício, o direito de a interessada reafirmação a
DER para quando implementar o tempo de contribuição necessário, hipótese em
que a prestação deverá ser-lhe outorgada.

Em razão do exposto, impõe-se a revisão, de ofício, do Acórdão de fl.


51/52 e a emissão de novo julgamento, com o desprovimento do recurso da
interessada, nos termos das razões expendidas neste voto, de modo a sanar-se a
ilegalidade presente naquele Acórdão.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, voto no sentido de, preliminarmente,


ANULAR o Acórdão de fl. 51 e seguintes e, proferindo novo julgamento, NEGAR
PROVIMENTO ao recurso da interessada.

Brasília - DF, 04/04/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

707
Seleção de Acórdãos

Decisório

Nº do(a) Acordão: 2038/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, a Conselheiras: MARIA LÍGIA SORIA e


TERESA HELENA BATELLI DE OLIVEIRA.

Brasília - DF, 11/04/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

708
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0508.246.620-4
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA PORTO ALEGRE-NORTE-APSPAN
Nº de Protocolo do Recurso: 36138.002832/2004-94
Recorrente(s): INSS
Recorrido(s): MARIA CLAUNICE VENCATO/MARIA CLAUNICE VENCATO
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 15/12/2006
Relator(a): PEDRO WANDERLEI VIZÚ

Relatório

MARIA CLAUNICE VENCATO requereu, em 29/07/04, ao Instituto


Nacional do Seguro Social, auxílio-doença, que lhe foi indeferido sob o argumento
de falta de período de carência (fl. 11).

A interessada, a quem foi atribuída a profissão de “auxiliar de serviços


gerais em casa de família”, e a ocupação de “trabalhadores das profissões
científicas, técnicas e (...)” (fl. 6), recolheu contribuições ao Regime Geral da
Previdência Social referentes às competências transcorridas entre 07/2001 e
12/2001, 02/2002 e 06/2004 e em 09/2004 (fl. 12), porém somente o fez em
26/07/04, e a única competência cuja contribuição veio recolhida sem atraso foi a
última (fl. 17).

A Perícia Médica autárquica estabeleceu o início da doença e da


incapacidade em 26/06/04 (fl. 3), e considerou essa cessada em 03/09/04 (fl. 6/7).

Seu recurso (fl. 5) foi provido pela 24ª Junta de Recursos da Previdência
Social, a qual considerou válidos os recolhimentos relativos às competências
02/2002 a 06/2004, como se verifica no acórdão de fl. 13 e seguintes.

Dessa decisão recorre o Instituto Nacional do Seguro Social alegando,


em síntese, violação ao art. 27, II, da Lei nº 8.213/91.

Sem contra-razões, apesar da notificação por Edital (fl. 39).

Os autos foram a mim distribuídos e solicitei que fosse juntada aos


autos a Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS da interessada (fl. 40), o

709
Seleção de Acórdãos

que não foi possível, porque a interessada não pode ser localizada (fl. 42).
Todavia, o despacho de fl. 52 informa que a interessada se encontra cadastrada
nos sistemas de informação autárquicos como “doméstica”, desde 26/07/04, com
recolhimentos no código 1600, e que não consta qualquer registro de Carteira de
Trabalho e Previdência Social – CTPS nos autos.

É o relatório.

Brasília - DF, 29/06/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2009-07-01 para sessão nº 344/2009 de 2009-07-13 às 900

Voto

Recurso tido por tempestivo, segue conhecido.

A natureza da atividade laborativa da interessada, essencial para o


deslinde da controvérsia, restou esclarecida; equivocada, portanto, a referência
constante do laudo pericial, no sentido de ser a interessada trabalhadora de
profissão técnica ou científica.

Posto isso, observo que a atribuição do ônus da comprovação de


recolhimentos à empregada doméstica é, sem dúvida, um expediente anômalo na
sistemática da Lei de Benefícios porque, seja na legislação anterior à edição da Lei
8.212/91, seja nessa, a empregada doméstica era segurada obrigatória, e ônus do
recolhimento das respectivas contribuições sempre esteve a cargo do empregador.
Veja-se o teor do DECRETO Nº 83.081 - DE 24 DE JANEIRO DE 1979 - DOU DE
29/1/79:

“Art. 5º É segurado obrigatório da previdência social urbana,


filiado ao regime da CLPS e legislação posterior pertinente, ressalvadas
as exceções expressas:
I - quem trabalha como empregado, inclusive doméstico, no
território nacional;

710
Seleção de Acórdãos

(...)

Art. 33. O custeio da previdência social urbana, objetivo das


leis reunidas da CLPS e legislação posterior pertinentes, é atendido
pelas contribuições seguintes:
I - do segurado:
a) empregado, inclusive doméstico, titular de firma individual,
diretor, membro de conselho de administração de sociedade anônima,
sócio-gerente, sócio solidário, sócio cotista que recebe "pro labore",
sócio-de-indústria, trabalhador avulso e trabalhador temporário - de 8%
(oito por cento) do seu salário-de-contribuição, por mês;
(...)

Art. 54. A arrecadação das contribuições e outras importâncias


devidas à previdência social, compreendendo o seu desconto ou
cobrança e o seu recolhimento, obedecerá às normas básicas
seguintes;
(...)
II - o empregador doméstico deve:
a) descontar, no ato do pagamento da remuneração do
empregado doméstico, a contribuição devida por este;
b) recolher a contribuição descontada na forma da letra "a",
juntamente com a devida pelo próprio empregador, até o último dia do
mês seguinte àquele a que elas se referirem;

Art. 55. O desconto das contribuições e o das


consignações legalmente autorizadas sempre se presumirão feitos,
oportuna e regulamente, pela empresa ou o empregador doméstico
a isso obrigados, não lhes sendo lícito alegar qualquer omissão para
se eximirem do recolhimento e ficando eles diretamente responsáveis
pelas importâncias que deixarem de descontar ou tiverem descontado
em desacordo com este Regulamento.” (grifo meu)

Verifique-se que o Decreto 83.081/79 expressamente se manifestou


acerca da presunção do recolhimento, obviamente com vistas a proteger o
empregado. Atribuiu ao empregador a responsabilidade pelas importâncias
eventualmente não recolhidas.

Essa situação não se alterou com a entrada em vigor da Lei 8.212/91,


que no inciso V do art. 30 também atribuiu a responsabilidade pelo recolhimento ao
empregador.

Nesse contexto, qualquer norma infralegal que exija da empregada


doméstica uma comprovação que não o mero registro na CTPS, por mais que
pretenda moralizar a comprovação do tempo de serviço, representa uma
discriminação indevida e ofensa ao seu direito subjetivo, pois não pode ser

711
Seleção de Acórdãos

penalizada por omissão de ato cuja execução a lei expressamente atribuiu a


outrem.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça vem manifestando o


mesmo entendimento, como se verifica no seguinte precedente:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO.
APOSENTADORIA
POR INVALIDEZ. EMPREGADA DOMÉSTICA. CARÊNCIA.
COMPROVAÇÃO.
I - A legislação atribuiu exclusivamente ao empregador doméstico, e não
ao empregado, a responsabilidade quanto ao recolhimento das contribuições
previdenciárias (ex vi do art. 30, inciso V, da Lei nº 8.212/91).
II - A alegada falta de comprovação do efetivo recolhimento não permite,
como conseqüência lógica, a inferência de não cumprimento da carência exigida.
Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 331748/SP, Relator
Ministro FELIX FISCHER, DJ 09.12.2003 p. 310)

Consta do voto desse acórdão:

“Pela simples análise do acima exposto, constata-se que a legislação


atribuiu exclusivamente ao empregador doméstico, e não ao empregado, a
responsabilidade quanto ao recolhimento das contribuições previdenciárias (ex vi
do art. 30, inciso V, da Lei nº 8.212/91). Sendo assim, a alegada falta de
comprovação do efetivo recolhimento não permite como conseqüência
lógica a inferência de não cumprimento da carência exigida, não merecendo
reforma, nesta parte, o v. acórdão vergastado.”

Nesse sentido, também:

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. EMPREGADA


DOMÉSTICA. CARÊNCIA. COMPROVAÇÃO. RECURSO ESPECIAL.
1. O recolhimento da contribuição devida pela empregado doméstica
é responsabilidade do empregador, cabendo ao INSS fiscalizar e exigir o
cumprimento de tal obrigação.
2. Preenchidos os seus demais requisitos, não se indefere pedido de
aposentadoria por idade quando, exclusivamente, não comprovado o efetivo
recolhimento das contribuições previdenciárias devidas (Lei 8213/91, art. 36).
3. Recurso Especial conhecido mas não provido.” (REsp 272648/SP, Relator
Ministro EDSON VIDIGAL, DJ 04.12.2000 p. 98)

Do exposto se infere que a interpretação que melhor situa a questão


dentro do contexto normativo em que se insere é a que desobriga a empregada
doméstica da comprovação das contribuições.

Entretanto, consta da Lei 8.213/91:

712
Seleção de Acórdãos

Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consideradas as


contribuições:
I - referentes ao período a partir da data da filiação ao Regime Geral
de Previdência Social, no caso dos segurados empregados e trabalhadores
avulsos referidos nos incisos I e VI do art. 11;
II - realizadas a contar da data do efetivo pagamento da primeira
contribuição sem atraso, não sendo consideradas para este fim as contribuições
recolhidas com atraso referentes a competências anteriores, no caso dos
segurados empregado doméstico, contribuinte individual, especial e facultativo,
referidos, respectivamente, nos incisos II, V e VII do art. 11 e no art. 13.
(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

A intenção do legislador foi, evidentemente, dificultar a simulação do


vínculo empregatício, posteriormente à suposta prestação do serviço. Entretanto,
a pergunta remanesce: se não cabe ao empregado doméstico o ônus do
recolhimento da contribuição, como penalizá-lo no caso de mora? É justo cercear
o direito de todos para evitar a fraude de alguns?

Além disso, consta do art. 36 da Lei 8.213/91:

“Art. 36. Para o segurado empregado doméstico que, tendo satisfeito


as condições exigidas para a concessão do benefício requerido, não comprovar o
efetivo recolhimento das contribuições devidas, será concedido o benefício de
valor mínimo, devendo sua renda ser recalculada quando da apresentação da
prova do recolhimento das contribuições.”

Estamos, portanto, diante de uma aparente contradição entre normas


– arts. 27, II, e 36, ambos da Lei de Benefícios – do mesmo status. A
hermenêutica jurídica recomenda, em casos como esse, compor a inteligência de
ambos os dispositivos, de modo que a aplicação de um dispositivo não implique
suprimir a totalidade da eficácia normativa do outro. Isso foi feito pelo Parecer
CJ/MPAS nº 2585/2001, que estabeleceu:

“1. O segurado empregado doméstico, desde que atenda aos demais requisitos
previstos em lei, não é obrigado a comprovar o recolhimento das contribuições
para obtenção de benefício no valor mínimo, nos termos do art. 36, da Lei nº
8.213 de 1991.
2. Para que seja concedido benefício em valor superior ao mínimo, em
conformidade com as regras gerais, o segurado empregado doméstico deverá
comprovar o efetivo recolhimento das contribuições relativas ao período de
carência, além do atendimento aos demais requisitos exigidos pela lei de
regência, nos moldes do art. 27, inciso II, da Lei nº 8.213, de 1991.”

Como se vê, o Parecer harmonizou a interpretação dos dispositivos de


modo a atribuir ao art. 27, II, o status de norma de caráter geral, e relegou o art.
36 da Lei 8.213/91 à condição de exceção a essa regra geral. Assim, para a

713
Seleção de Acórdãos

obtenção do benefício em valor mínimo, afasta-se a exigência da comprovação


de qualquer contribuição; caso a empregada doméstica pretenda benefício de
maior valor, aplica-se a regra geral do art. 27, II.

Confira-se, ainda, o seguinte trecho, extraído do referido Parecer, na


forma em que está publicado no sítio do MPS:

“O supracitado dispositivo legal cria para os empregados domésticos uma


vantagem diferenciada, a qual minora, senão exclui, a preocupação atinente à presente
discussão, consubstanciada na possibilidade de serem cometidas grandes injustiças com
aqueles domésticos que não conseguem comprovar o recolhimento de suas contribuições.
De fato, o art. 36 da Lei nº 8.213, de 1991, garante aos domésticos um benefício de valor
mínimo, ainda que não seja comprovado o efetivo recolhimento das contribuições
devidas, garantia esta negada, via de regra, aos demais segurados do Regime Geral de
Previdência.
Percebe-se que o supracitado dispositivo de lei, a contrario senso, reforça,
como regra, a necessidade de comprovação dos recolhimentos relativos ao período de
carência na medida que dispensa esta obrigação, expressamente, para os casos em que o
benefício seja no valor mínimo.
Ordinariamente, o tempo de serviço do empregado doméstico será
computado, mesmo que não sejam comprovados os recolhimentos relativos ao período.
Contudo, para efeito de carência a lei exige a efetiva contribuição, sendo, portanto,
essencial a comprovação do recolhimento pertinente a esta obrigação, nos termos do art.
27, inciso II, da Lei nº 8.213, de 1991.
Não pode o intérprete simplesmente afastar a norma que impõe o requisito da
carência para a obtenção dos benefícios previdenciários, mormente quando a própria lei
estabelece regra de exceção para o caso dos domésticos. Não comprovando o
recolhimento das contribuições relativas ao período de carência, ao doméstico é garantido,
desde que cumpra com os demais requisitos legais, o recebimento de benefício no valor
mínimo. Desta forma, preserva-se estes trabalhadores, cujo recente histórico de
desamparo social inspira os cuidados que a regra de exceção veio disciplinar.
Por outro lado, ao doméstico, que pretender a obtenção de benefício em valor
superior ao mínimo, deverá ser exigida a comprovação do recolhimento das contribuições
exigidas para a satisfação da carência, sob pena de se criar uma vantagem não prevista em
lei em detrimento de norma legal perfeitamente válida e exigível. A concessão de
benefício ao segurado empregado doméstico em valor fixado conforme as regras gerais,
acima do mínimo legal, depende do cumprimento dos requisitos legais previstos para
aquele tipo de benefício pretendido, inclusive com a comprovação das contribuições
relativas ao período de carência, ou seja, o doméstico que pretender a obtenção de
benefício previdenciário com valor acima do mínimo legal sairá da regra do art. 36, e
deverá comprovar o atendimento de todos os requisitos exigidos para os segurados em
geral, inclusive a carência.”

Assim, interpretar a expressão “tendo satisfeito as condições exigidas


para a concessão do benefício requerido”, presente no art. 36 da Lei 8.213/91,
como referência à comprovação da carência, na forma do art. 27, II, significa

714
Seleção de Acórdãos

interpretar o dispositivo de modo a retirar-lhe a própria razão de ser enquanto


norma excepcional.

Com essas considerações, justifico meu entendimento de que,


rigorosamente falando, a norma do art. 27, II, no quanto se refere ao empregado
doméstico, representa manifesto equívoco, e é incompatível com o sistema de
arrecadação estabelecido na Lei 8.212/91. Não surpreende que sua aplicação
esteja sendo afastada pelo Superior Tribunal de Justiça, como já demonstrado.

Face, entretanto, ao Parecer CJ/MPAS nº 2585/2001, a


desnecessidade da comprovação do recolhimento das contribuições deve ser
proclamada, por este Conselho, somente para a concessão de benefícios
superiores ao valor mínimo. Claro que, não sendo exigida, nesse caso, da
segurada empregada doméstica a comprovação do recolhimento das
contribuições, tampouco se poderá exigir que as contribuições eventualmente
recolhidas sejam tempestivas.

No caso dos autos, a interessada comprovou atividade laborativa


como empregada doméstica entre 01/02/02 e 30/06/04, período mais que
suficiente para atender à carência do benefício, e gozava da qualidade de
segurada quando do início da doença e da incapacidade. Faz jus, portanto, ao
benefício de auxílio-doença, porém em seu valor mínimo.

Em razão do exposto, voto pelo provimento parcial do recurso, com


base na fundamentação acima expendida, para, mantendo-se a decisão da Junta
de Recursos da Previdência Social que concedeu à interessada o benefício de
auxílio-doença, limitar o seu valor ao mínimo legal, nos termos do art. 36 da Lei
8.213/91.

É voto.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO, para, no mérito, DAR-LHE PARCIAL
PROVIMENTO.

Brasília - DF, 29/06/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

715
Seleção de Acórdãos

Decisório

Nº do(a) Acordão: 5196/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-
LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e
sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA CECÍLIA


MARTINS LAFETÁ e MARIA LÍGIA SORIA.

Brasília - DF, 13/07/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

716
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0532.981.797-4
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA MOJI-MIRIM-APSMJM
Nº de Protocolo do Recurso: 35482.001157/2008-27
Recorrente(s): MARIA FERNANDA MONIZ
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: AMPARO SOCIAL AO IDOSO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 18/02/2009
Relator(a): CELEIDA MÁRCIA DOS SANTOS

Relatório

O INSS às fls. 46 discorda do Acórdão 1390/2010, proferido às fls. 45


por esta Câmara de Julgamento, que deu provimento parcial ao pedido de
AMPARO SOCIAL AO IDOSO, requerido por MARIA FERNANDA MONIZ, em
2008, sob o fundamento de que o benefício mencionado ‘É DEVIDO AOS
PORTUGUESES E PORTUGUESAS RESIDENTES NO PAÍS, POR FORÇA
DO DISPOSTO NO ART. 2° PARÁGRAFO 4° DA CONTITUIÇÃO FEDERAL
DE 1998”, com o que o INSS não concorda, citando legislações infra-
constitucionais como Portarias, Decretos etc., sugerindo a Revisão de Ofício
do referido Acórdão.
Nenhuma das legislações acima mencionadas pelo INSS têm o
condão de se sobrepor à legislação maior, que é a nossa carta magna.
Existe tratado de reciprocidade entre os dois países e a requerente
declarou às fls. 24 que não tem naturalização brasileira e que não recebe
nenhum outro benefício pelo sistema previdenciário do seu país de origem.

É o Relatório.

Brasília - DF, 28/05/2010

CELEIDA MÁRCIA DOS SANTOS


Representante do Governo

717
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-05-28 para sessão nº 270/2010 de 2010-06-14 às 1130

Voto

A segurada, conforme documento de fls. 9 encontra-se no Brasil


desde o ano de 1982 e desde então foi tratada em igualdade de condições
com os brasileiros natos. Tanto isso é verdade que o próprio INSS a habilitou
como contribuinte individual desde 1985 (fls. 19).
Portanto, não vale alegar agora, que o benefício não lhe é devido.
Esta Relatora não vê motivo razoável ou mesmo legal no sentido de
não lhe ser concedido o Amparo Social ao Idoso, considerando o bem
fundamentado voto proferido pelo Relator da matéria.

Só há um reparo a fazer no último parágrafo da decisão de fls. 44,


proferido no Acórdão 1390/2001, que deu parcial provimento ao recurso da
segurada, visto que o Relator se equivocou ao dar ‘provimento parcial’ ao
pleito da segurada e que o mesmo só poderia ser concedido na data em que
a mesma completar 65 anos de idade¸ isto é , 15-02-06, com reafirmação da
data da entrada do requerimento. Quer nos parecer que houve erro material.
Ocorre que a requerente protocolou o pedido de benefício amparo ao
idoso em 2008, portanto, quando já tinha a idade de 67 anos.
Não há mais reparos a fazer na decisão proferida por esta Câmara
de Julgamento, pelos seus próprios fundamentos.
Vale observar que todo e qualquer benefício do INSS, com raras
exceções, como ‘pensão por morte’, tem a sua data de início a PARTIR DA
DATA DA ENTRADA DO REQUERIMENTO e, no caso da segurada, foi em
2008.

Portanto, o que deve ser modificado no referido acórdão é somente


sua conclusão que passará a ser:

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO no sentido de conhecer do


recurso da segurada, para no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, devendo o
INSS adotar as providências a seu cargo, implantando o benefício desde a
data da entrada do requerimento, ocasião em que a requerente já tinha a
idade necessária para a concessão desse benefício.

Brasília - DF, 28/05/2010

718
Seleção de Acórdãos

CELEIDA MÁRCIA DOS SANTOS


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 3315/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, a Conselheira: CRISTINALICE


MENDONÇA SOUZA DE OLIVEIRA.

Brasília - DF, 14/06/2010

CELEIDA MÁRCIA DOS SANTOS MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

719
Seleção de Acórdãos

720
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0136.203.996-6
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA BELO HORIZONTE-PADRE EUSTÁQUIO-APSBPE
Nº de Protocolo do Recurso: 36518.001369/2005-70
Recorrente(s): MODESTO DOS SANTOS FILHO
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 08/05/2008
Relator(a): PEDRO WANDERLEI VIZÚ

Relatório

Reporto-me ao Relatório do acórdão de fl. 68 e seguintes que, por


maioria, apreciando o recurso especial de MODESTO DOS SANTOS FILHO,
contra o acórdão da 7ª Junta de Recursos da Previdência Social que manteve a
decisão do Instituto Nacional do Seguro Social de indeferir seu pedido de
aposentadoria por tempo de contribuição, em razão do não enquadramento como
especial de parte de seu período de trabalho, houve por bem converter o
julgamento em diligência, para que fosse efetuada inspeção no local de trabalho do
interessado.

Acresço que a diligência foi cumprida nos termos do Relatório de fl. 73 e


seguintes, e que foi também apresentado novo Perfil Profissiográfico
Previdenciário – PPP, que fornece histórico das diversas perícias promovidas no
local de trabalho do interessado ao longo do tempo.

Registro, por relevante, que o Relatório e o Perfil Profissiográfico


Previdenciário – PPP indicam que o interessado, apesar de ascender
profissionalmente na empresa, não deixou de freqüentar a área de produção da
empresa, expondo-se, intermitentemente, ao agente nocivo ruído em nível superior
ao limite legal de tolerância, e a diversos outros agentes químicos, em nível inferior
a esse limite.

Registro, também, que foi solicitado à empresa que apresentasse


“dosimetria que retratasse uma situação que mais se aproximasse da real
exposição ao agente nocivo Ruído em seu ambiente de trabalho, o que não foi
cumprido.” (fl. 74)

Registro, finalmente, que o Relatório conclui que o segurado não ficava

721
Seleção de Acórdãos

exposto durante toda a sua jornada de trabalho ao agente nocivo ruído e a


exposição, por intermitente, não permitiria o enquadramento dos períodos de
trabalho controversos como especial.

É o Relatório.

Brasília - DF, 11/02/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2010-02-11 para sessão nº 62/2010 de 2010-02-22 às 1000

Voto

Em sede de retorno de diligência, descabem, via de regra,


considerações sobre admissibilidade recursal.

No mérito, mesmo antes do acolhimento, na legislação previdenciária,


dos parâmetros técnicos estabelecidos pela Norma de Higiene Ocupacional nº 01 –
NHO-01 da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho - FUNDACENTRO, a definição do nível de exposição a pressão sonora
não se contentava com a mera verificação da exposição permanente a pressão
sonora superior ao limite legal de tolerância, para efeito de se auferir o direito ou
não ao enquadramento do tempo de serviço como especial.

O conceito legal de permanência da exposição, presente na legislação


previdenciária, sofre, necessariamente, o influxo da especificidade técnica do
conceito de Dose, no caso de ruído. Isso porque há um razoável consenso, na
comunidade científica que se dedica à questão dos efeitos da pressão sonora
sobre o organismo humano, no sentido de que o princípio da igual energia é o que
melhor retrata os efeitos desse agente nocivo no aparelho auditivo.

O princípio da igual energia estabelece que o nível de energia não se


altera quando se dobra a energia sonora e se diminui a duração da exposição pela

722
Seleção de Acórdãos

metade. Assim, uma exposição de uma hora a 85 dB corresponde a uma


exposição de meia hora a 88 dB – a pressão sonora dobra ou diminui pela metade
a cada acréscimo ou decréscimo de 3 decibéis – e ambas têm o mesmo potencial
lesivo.

O conceito de Dose, estabelecido na Norma Regulamentadora nº 15, do


Ministério do Trabalho, não elimina a possibilidade de o segurado, mesmo exposto
intermitentemente a pressão sonora superior ao limite legal de tolerância, fazer jus
ao enquadramento do seu tempo de serviço como especial. Basta que, aplicada a
fórmula constante do parágrafo sexto do Anexo I dessa Norma às médias
apuradas de pressão sonora apuradas durante sua jornada típica, seja encontrado
índice superior ao numeral um:

6. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos


de exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus
efeitos combinados, de forma que, se a forma das seguintes frações:

C1 + C2 + C3 ___________________ +Cn
T1 T2 T3 Tn

Exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância.

Na equação acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica


exposto a um nível de ruído específico, e Tn indica a máxima exposição diária
permissível a este nível.

O que importa, pois, para efeito da verificação da habitualidade da


exposição, é a Dose apurada durante a jornada normal de trabalho, ou, a partir
da adoção da NHO-01, o Nível de Exposição Normalizado – NEN e não se,
eventualmente, o segurado deixou de estar exposto por algum tempo a pressão
sonora, durante essa jornada. Com a adoção dos critérios estabelecidos pela
NHO-01, embora se substitua o critério de Dose pelo de NEN, continua-se a ter
como referência para o ciclo de exposição a jornada de oito horas de trabalho.

Acreditar no contrário é supor que o trabalhador jamais pudesse deixar


seu ambiente de trabalho (para, por exemplo ir ao toalete), pois esse provável
afastamento do local onde existiria pressão sonora tornaria a exposição
intermitente e descaracterizaria seu tempo de serviço como especial. Isso é uma
bobagem – mas uma bobagem freqüentemente adotada como razão para o não
enquadramento do tempo de serviço como especial, seja nos laudos técnicos
ofertados pelas empresas, seja pela Perícia Médica do Instituto Nacional do
Seguro Social, seja como fundamento de votos deste Conselho -.

No caso dos autos, o interessado apresenta situação profissional


singular, porque as medições efetuadas nos diversos ambientes de trabalho,

723
Seleção de Acórdãos

embora pudessem ser representativas e orientar a avaliação da exposição aos


agentes nocivos dos trabalhadores que desenvolvem sua atividade laborativa de
modo mais fixo, a ele não se aplicam.

Seria o caso, portanto, da realização de uma dosimetria que


efetivamente fosse capaz de retratar sua peculiar situação profissional. Como ele
trabalha em diversos ambientes e em intervalos irregulares, a única forma confiável
de obter essa medição seria mediante a utilização de medidor integrador de uso
pessoal, durante uma jornada de trabalho inteira.

Ocorre que o relatório de fl. 73 indica que o segurado somente estaria


exposto a ruído somente três dias por semana. Como acima observado, a
dosimetria tem como referência a jornada de trabalho, ou seja, o período de oito
horas. Embora seja natural e aceitável a exposição intermitente durante a jornada
de trabalho, não se presta a caracterizar como especial o tempo de serviço a
exposição eventual a pressão sonora, como é o caso dos autos.

Assim, considerando que em pelo menos dois dias da semana o


interessado não está exposto a agente nocivo superior ao limite legal de tolerância
algum, somente teria valia a realização de dosimetria neste caso se a legislação
tivesse como parâmetro a exposição semanal do trabalhador ao agente nocivo, e
não diária. Como isso não ocorre, resulta desconfigurada a exposição habitual e
permanente do interessado a pressão sonora superior ao limite legal de tolerância,
e seu tempo de serviço deve ser considerado comum.

Em razão do exposto, nego provimento ao recurso, é o voto.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO, para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

Brasília - DF, 11/02/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 785/2010

724
Seleção de Acórdãos

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: MARIA CECÍLIA


MARTINS LAFETÁ e MARIA LÍGIA SORIA.

Brasília - DF, 22/02/2010

PEDRO WANDERLEI VIZÚ MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

725
Seleção de Acórdãos

726
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0137.681.246-8
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA CONSELHEIRO LAFAIETE-APSCLF
Nº de Protocolo do Recurso: 37020.000070/2007-14
Recorrente(s): PAULO DA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 02/02/2007
Relator(a): PEDRO WANDERLEI VIZÚ

Relatório

PAULO DA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA, nascido aos 09/12/52, requereu ao


Instituto Nacional do Seguro Social, em 02/03/06, aposentadoria por tempo de
contribuição, que lhe foi indeferida (fl. 28) porque a autarquia previdenciária somente lhe
reconheceu, até a data de entrada do requerimento, 27 anos, 06 meses e 27 dias de
tempo de contribuição (fl. 23).

Deixou de ser enquadrado como especial todo o período de trabalho do


interessado entre 07/08/78 e 02/03/06, em razão da divergência entre o Perfil
Profissiográfico Previdenciário – PPP apresentado pelo interessado, emitido por seu
empregador, a Prefeitura Municipal de Conselheiro Lafaiete, que o apresenta no cargo
de auxiliar de obras e na função de “coletor de lixo e limpeza pública” (fl. 16), e o Laudo
Técnico Pericial (fl. 19), que estabelece para o cargo de auxiliar de obras a limpeza de
“rios, córregos, esgotos e galerias, recuperando canalização pública de esgotos a céu
aberto (...)”

A Perícia Médica autárquica observou, à fl. 20, que não existe “exposição
habitual e permanente a microorganismos e parasitas infecto-contagiantes” para a
função de auxiliar de obras, mas que “A legislação permite enquadramento do trabalho
permanente na coleta e industrialização do lixo urbano”.

O recurso (fl. 29) do interessado à 9ª Junta de Recursos da Previdência


Social motivou diligência solicitada pela Assessoria Técnico-Médica (fl. 31-verso). Em
resposta, veio o ofício de fl. 33, em que a Prefeitura Municipal esclarece que as
informações constantes do laudo pericial se referem ao cargo de “Auxiliar de Obras
(servente)” no geral, e que as informações válidas para o interessado são as que
constam do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP.

727
Seleção de Acórdãos

Essas informações foram consideradas insuficientes pela Assessoria Técnico-


Médica (fl. 34-verso), que não enquadrou como especial o período de trabalho
controverso, pavimentando o desprovimento do recurso pelo acórdão de fl. 35 e
seguintes.

Dessa decisão recorre o interessado (fl. 40 e seguintes), defendendo a


natureza especial de sua atividade laborativa.

Sem contra-razões, por decurso de prazo regimental.

É o relatório.

Brasília - DF, 06/04/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2009-04-06 para sessão nº 188/2009 de 2009-04-15 às 900

Voto

Recurso tido por tempestivo. Conheço-o.

Senhora Presidenta, é certo que a declaração de servidor público no exercício


de seu cargo goza de presunção de veracidade e legitimidade. Igualmente certo, ainda,
é que o Instituto Nacional do Seguro Social está autorizado, pela Lei a, em caso de
dúvida, efetuar tantas e quantas pesquisas e averiguações considerar necessárias para
conferir a exatidão da informação prestada pelo servidor público e até mesmo a solicitar,
se for o caso, que seja apurada a responsabilidade do servidor público que faltar com a
verdade.

Continuamos pelo que é certo dizendo que, no âmbito do serviço público, em


geral, não se confundem o cargo e a função do servidor - motivo pelo que se tem que
por provado o exercício da função de coletor de lixo pelo segurado, durante todo o

728
Seleção de Acórdãos

período assinalado na contagem de tempo de contribuição, como consta do ofício de fl.


33 e do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP de fl. 16.

Resta, contudo, considerar a existência ou não de exposição, habitual e


permanente, do interessado, a agentes nocivos que caracterizem a natureza especial de
sua atividade de coletor de lixo.

Observo que a atividade de coleta de lixo não recebeu, na legislação anterior


à Constituição Federal de 1988, a devida atenção. No âmbito da exposição a agentes
biológicos, e no que diz respeito à controvérsia dos autos, constava apenas do Quadro
Anexo ao Decreto nº 53.831/64:

1 BIOLÓGICOS
.3.0
1 CARBÚNCULO, Trabalhos Insalubre 25 J
.3.1 BRUCELA MORNO E permanentes expostos ao contato anos ornada
TÉTANO direto com germes infecciosos - normal.
Operações Assistência Veterinária, serviços Art. 187
industriais com animais ou em matadouros, cavalariças e CLT.
produtos oriundos de outros. Portaria
animais infectados. Ministerial
262, de
6-8-62.
1 GERMES Trabalhos Insalubre 25 J
.3.2 INFECCIOSOS OU permanentes expostos ao contato anos ornada
PARASITÁRIOS HUMANOS - com doentes ou materiais infecto- normal
ANIMAIS contagiantes - assistência médico, ou
Serviços de odontológica, hospitalar e outras especial
Assistência Médica, atividades afins. fixada em
Odontológica e Hospitalar Lei. Lei
em que haja contato nº 3.999,
obrigatório com organismos de 15-12-
doentes ou com materiais 61. Art.
infecto-contagiantes. 187 CLT.
Portaria
Ministerial
262, de
6-8-62.
2 ESCAVAÇÕES Trabalhadores em Insalubre 20 J
.3.1 DE SUPERFÍCIE - POÇOS túneis e galerias. Perigoso anos ornada
normal
ou
especial,
fixada em
Lei.
Artigo
295. CLT

A situação não mudou muito no Anexo I ao Decreto nº 83.080/79:

1.3.5 GERMES Trabalhos nos gabinetes de autópsia, de anatomia e 25 anos


anátomo-histopatologia (atividades discriminadas entre
as do código 2.1.3 do Anexo II: médicos-toxicologistas,
técnicos de laboratório de anatomopatologia ou

729
Seleção de Acórdãos

histopatologia, técnicos de laboratório de gabinetes de


necropsia, técnicos de anatomia).

A omissão gritante só veio a ser corrigida no Anexo IV ao Decreto nº 2.172,


de 05/03/97:

3.0.1 MICROORGANISMOS E PARASITAS INFECCIOSOS VIVOS


E SUAS TOXINAS 25
ANOS

a) trabalhos em estabelecimentos de saúde em contato com


pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas ou com
manuseio de materiais contaminados;
b) trabalhos com animais infectados para tratamento ou para o
preparo de soro, vacinas e outros produtos;
c) trabalhos em laboratórios de autópsia, de anatomia e anátomo-
histologia;
d) trabalho de exumação de corpos e manipulação de resíduos
de animais deteriorados;
e) trabalhos em galerias, fossas e tanques de esgoto;
f) esvaziamento de biodigestores;
g) coleta e industrialização do lixo.

Mais recentemente, a matéria foi disciplinada dessa forma no Anexo II ao


Decreto nº 3.048/99, itens XXV e XXVII:

730
Seleção de Acórdãos

XXV - MICROORGANISMOS E PARASITAS INFECCIOSOS VIVOS E


SEUS PRODUTOS TÓXICOS
Agricultura; pecuária;
silvicultura; caça (inclusive a caça com
1. Mycobacterium; vírus hospedados por artrópodes; cocciclióides; fungos; armadilhas); veterinária; curtume.
histoplasma; leptospira; ricketsia; bacilo (carbúnculo, tétano);ancilóstomo; Construção; escavação de
tripanossoma; pasteurella. terra; esgoto; canal de irrigação;
mineração.
2. Ancilóstomo; histoplasma; cocciclióides; leptospira; bacilo; sepse. Manipulação e embalagem de
3. Mycobacterium; brucellas; estreptococo (erisipela); fungo; ricketsia; carne e pescado.
pasteurella. Manipulação de aves
4. Fungos; bactérias; mixovírus (doença de Newcastle). confinadas e pássaros.
5. Bacilo (carbúnculo) e pasteurella. Trabalho com pêlo, pele ou lã.
Veterinária.
6. Bactérias; mycobacteria; brucella; fungos; leptospira; vírus; mixovírus; Hospital; laboratórios e outros
ricketsia; pasteurella. ambientes envolvidos no tratamento de
7. Mycobacteria, vírus; outros organismos responsáveis por doenças doenças transmissíveis.
transmissíveis. Trabalhos em condições de
8. Fungos (micose cutânea). temperatura elevada e umidade (cozinhas;
ginásios; piscinas; etc.).

XXVII - AGENTES FÍSICOS, QUÍMICOS OU Trabalhadores mais expostos: agrícolas; da construção


BIOLÓGICOS, QUE AFETAM A PELE, NÃO civil em geral; da indústria química; de eletrogalvanoplastia; de
CONSIDERADOS EM OUTRAS RUBRICAS. tinturaria; da indústria de plásticos reforçados com fibra de vidro; da
pintura; dos serviços de engenharia (óleo de corte ou lubrificante);
dos serviços de saúde (medicamentos, anestésicos locais,
desinfetantes); do tratamento de gado; dos açougues.

É de se lembrar, contudo, que a descrição de atividades constantes desses


quadros é meramente exemplificativa. A despeito da injustificada omissão (com a
honrosa exceção do Decreto 2.172) acerca da exposição do coletor de lixo a agentes
biológicos, nada obsta ao julgador que, comprovada a exposição ao agente nocivo,
realize o enquadramento da atividade como especial, o que faço agora com base nos
elementos normativos acima destacados e na prova apresentada pelo interessado. Mais
que isso, ainda, faço-o com olhos que vêem a vida do coletor de lixo como ela, de fato,
é.

Lembro, também, que o Conselheiro, no exercício da atividade jurisdicional


administrativa, não está sujeito à manifestação dos senhores Peritos, sejam eles do
Instituto Nacional do Seguro Social ou deste Conselho. Está sujeito aos princípios do
livre convencimento motivado e da persuasão racional do juiz. Convencido, pelos
motivos acima expostos, da natureza especial do período controverso, afasto as
conclusões dos senhores Peritos que oficiaram nos autos e enquadro como especial
todo o período de trabalho do interessado.

Atento ao fato de que o interessado comprovou mais de vinte e cinco anos de


atividade especial, determino ao Instituto Nacional do Seguro Social que lhe conceda

731
Seleção de Acórdãos

aposentadoria especial, nos termos do Enunciado nº 05 do Conselho de Recursos da


Previdência Social:

"A Previdência Social deve conceder o melhor benefício a que o


segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientá-lo nesse sentido.”

Em razão do exposto, dou provimento ao recurso, é o voto.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

Brasília - DF, 06/04/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 2834/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da


Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE
PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: MARIA CECÍLIA MARTINS


LAFETÁ e MARIA LÍGIA SORIA.

Brasília - DF, 15/04/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

732
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0105.144.187-8
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA BELEM-COSTA E SILVA-APSBCS
Nº de Protocolo do Recurso: 36162.000018/2006-83
Recorrente(s): INSS
Recorrido(s): PAULO SERGIO DE MONTEIRO REIS/PAULO SERGIO DE
MONTEIRO REIS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 10/02/2006
Relator(a): PEDRO WANDERLEI VIZÚ

Relatório

Trata-se de pedido de revisão aviado pelo Instituto Nacional do Seguro


Social contra o acórdão de fl. 227 e seguintes que, em sede recursal, manteve a
decisão da 28ª Junta de Recursos da Previdência Social, a qual determinou a
contagem do tempo de contribuição relativo aos serviços prestados
concomitantemente por PAULO SÉRGIO DE MONTEIRO REIS à Universidade
Federal do Pará e ao Banco da Amazônia.

A decisão revisanda foi cumprida (fl. 305/7) em razão do despacho de fl.


279, de minha lavra.

Em seu pedido de revisão, a autarquia previdenciária alega, em síntese,


que houve violação ao art. 127, incisos I e II do Decreto nº 3.048/99, bem como ao
Parecer nº 224/07-CJ/MPS, que juntou na íntegra e cita.

Contra-razões à fl. 244.

É o Relatório.

Brasília - DF, 09/01/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

733
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2009-01-09 para sessão nº 33/2009 de 2009-01-21 às 900

Voto

Trata-se de pedido de revisão aviado pelo Instituto Nacional do


Seguro Social contra o acórdão de fl. 227 e seguintes que, em sede recursal,
manteve a decisão da 28ª Junta de Recursos da Previdência Social, a qual
determinou a contagem do tempo de contribuição relativo aos serviços
prestados concomitantemente por PAULO SÉRGIO DE MONTEIRO REIS à
Universidade Federal do Pará e ao Banco da Amazônia.

A decisão revisanda foi cumprida (fl. 305/7) em razão do despacho de


fl. 279, de minha lavra.

Em seu pedido de revisão, a autarquia previdenciária alega, em


síntese, que houve violação ao art. 127, incisos I e II do Decreto nº 3.048/99,
bem como ao Parecer nº 224/07-CJ/MPS, que juntou na íntegra e cita.

Contra-razões à fl. 244.

É o Relatório.

Processo de: PAULO SÉRGIO DE MONTEIRO REIS

Concomitância de atividades remuneradas públicas e privadas. Art.


60 do Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social.
Ausência de violação a literal dispositivo legal.

Senhora Presidenta, conheço do pedido de revisão, haja vista o


preenchimento dos requisitos processuais de admissibilidade, e a plausibilidade
teórica da tese de violação a literal disposição de lei. A verificação em concreto
dessa violação se confunde com o mérito da controvérsia, e como tal será
apreciada.

O Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social


anterior, que previa a instância revisional a requerimento da parte, e sob a égide
do qual o presente pedido de revisão foi proposto, não estabeleceu qualquer
prazo para a sua interposição, fiado no poder/dever de revisão dos atos
administrativos. Assim, não tendo ocorrido a decadência, ainda que a
formalização do processo apresente irregularidades, elas não afetam, no caso, o
direito da autarquia previdenciária a pedir a revisão do acórdão combatido, uma
vez cumprido seu comando.

734
Seleção de Acórdãos

Como se verifica nos autos, a autarquia previdenciária sustenta sua


irresignação no teor do Parecer cuja cópia se encontra à fl. 230 e seguintes.

Com a devida vênia, esse Parecer é equivocado.

O Decreto nº 83.080/79, por exemplo, sob a égide do qual transcorreu


boa parte dos períodos em que se deu a concomitância, reconheceu o direito à
aposentadoria em ambos os regimes, nos casos em que o servidor da
administração direta foi transferido à administração indireta, e exercia,
cumulativamente, atividade já abrangida pela previdência social urbana.

Trata-se do caminho inverso ao determinado pela Lei nº 8.112/91 e


demonstra, desde logo, que o regime jurídico estabelecido pelo Regulamento
que pautou a prestação de serviço era compatível com o cômputo e fruição de
atividades concomitantes, com geração de efeitos paralelos nas esferas pública
e privada, ainda que o regime previdenciário tenha se unificado, à revelia da
vontade do segurado. Confira-se:

“Art. 218 – É garantido o direito de recebimento cumulativo de


aposentadoria do Tesouro Nacional e do INPS, nos termos da Lei nº 2.752, de
10 de abril de 1956, ao funcionário público da administração direta que não
tenha perdido essa qualidade ao ser instalado o regime autárquico da entidade a
que prestava serviço e seja simultaneamente segurado da previdência social
urbana, desde que preenchidos os requisitos para a aposentadoria em cada um
dos regimes.”

Essa possibilidade foi reconhecida administrativamente, também, sob


a égide da Constituição Federal de 1988, por várias das instruções normativas
internas à autarquia previdenciária. Eis como a matéria era disciplinada, por
exemplo, pela INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/DC Nº 20, DE 18 DE MAIO DE
2000 - DOU DE 28/07/2000, anterior, portanto, à edição da Lei 8.112/90 :

“Art. l01. O segurado filiado ao RGPS em razão de atividades


concomitantes, sendo uma dessas abrangida pelo RJU, ou seja, teve
transformado automaticamente o contrato de trabalho celetista em RJU,
adquirindo a condição de servidor público, manterá, na atividade remanescente,
direito aos benefícios do RGPS, desde que cumpridos os requisitos exigidos
para a concessão e que não tenha sido fornecido CTC dos respectivos
períodos.”

Essa disciplina sobreviveu a sucessivas reedições das instruções


normativas internas da autarquia previdenciária, e mesmo à edição da Lei nº
8.112, em 11/12/90, o que demonstra que era esse o posicionamento oficial da
autarquia previdenciária a respeito do assunto. Logo após o interessado haver
ingressado com o requerimento desse benefício (01/09/03), passou a viger a

735
Seleção de Acórdãos

INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/DC Nº 95 - DE 7 DE OUTUBRO DE 2003 –


DOU DE 14/10/2003, que estabelecia:

“Art. 327. O tempo de contribuição ao RGPS que constar da CTC,


mas que não tenha sido indicado para ser aproveitado em RPPS, poderá ser
utilizado para fins de benefício junto ao INSS, mesmo que de forma
concomitante com o de contribuição para regime próprio, independentemente de
existir ou não aposentadoria.
Parágrafo único. Entende-se por tempo a ser aproveitado o período
de contribuição indicado pelo interessado para utilização junto ao órgão ao qual
estiver vinculado, se possuir RPPS.”

Como se vê, a tese sustentada no pedido de revisão contraria a


literalidade das instruções normativas vigentes na época do requerimento de
benefício. Observe-se, por exemplo, o despacho de fl. 70 destes autos, que é
representativo da prática administrativa autárquica no período.

A alteração desse entendimento é recente, e somente veio expressa


no art. 327 da IN 118/05 e repetida na IN 11/06-INSS, que estabeleceu:

“Art. 327. Será permitida a emissão de CTC, pelo INSS, para os


períodos em que os servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos municípios estiveram vinculados ao RGPS, somente se, por
ocasião de transformação para RPPS, esse tempo não tiver sido averbado
automaticamente pelo respectivo órgão.
§ 1º O ente federativo deverá certificar todos os períodos vinculados
ao RGPS, prestados pelo servidor ao próprio ente e que tenham sido averbados
automaticamente, observado o disposto no § 2º, art. 10 do Decreto nº 3.112/99,
mesmo que a emissão seja posterior ao início do benefício naquele órgão.
§ 2º O tempo de atividade de vinculação ao RGPS, exercida em
período concomitante com o tempo que tenha sido objeto de CTC ou averbação
automática pelo ente em razão de mudança de regime de previdência, não
poderá ser objeto de CTC nem ser utilizado para obtenção de benefícios no
RGPS.”

Observe-se, também, o disposto no art. 293 do Decreto 611/92:

“Art. 293. O servidor público federal abrangido pelo Regime Jurídico


Único, instituído pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que exercia
concomitantemente atividade profissional como autônomo ou empregador e que,
em função de sua remuneração, contribuiu sobre o limite máximo do salário-de-
contribuição, na forma da legislação anterior, terá asseguradas:
I – a contagem do tempo de atividade como autônomo ou
empregador;
(...)”

736
Seleção de Acórdãos

Embora essa norma faça referência aos contribuintes autônomos ou


empregadores, ela guarda consonância com a hipótese dos autos. O aspecto
essencial da norma é ressalvar o direito à contagem do tempo de contribuição a
quem contribuiu pelo teto do salário-de-contribuição. Além disso, o decreto tem
caráter regulamentar, e não é a fonte do direito à contagem concomitante,
motivo pelo que a omissão na referência não implica, necessariamente,
ausência de direito.

A fonte do direito é, obviamente, a lei e, ao contrário do que sustenta


a autarquia previdenciária, a contagem de tempo de serviço concomitante é
compatível com o disposto no art. 96 da Lei 8.213/91, que disciplina o tempo de
contribuição para efeito de contagem recíproca. Os incisos II e III desse
dispositivo estabelecem:

“II – é vedada a contagem de tempo de serviço público com o de


atividade privada, quando concomitantes;
III – não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado
para a concessão de aposentadoria pelo outro;”

Deve se ter em mente que o disposto no inciso II, acima citado, não
significa, a impossibilidade absoluta de cômputo de períodos concomitantes e
sim que esses períodos concomitantes não poderão ser considerados para
efeito de benefício em um mesmo e único regime. A respeito, preleciona Marina
Vasquez Duarte, em “Direito Previdenciário”, Ed. Verbo Jurídico, 3ª edição, pg.
151:

“Essas duas hipóteses têm de ser analisadas com cuidado, pois se,
por exemplo, o segurado foi professor do ensino público e privado ao mesmo
tempo durante anos, por óbvio, fará jus a duas aposentadorias: uma no regime
de previdência do funcionário público e outra no RGPS.”

Também no mesmo sentido vem a lição de Wladimir Novaes Martinez


(“Comentários à Lei Básica da Previdência Social, 6ª Edição, Tomo II, Ed. LTr,
São Paulo, 2003, pg. 539):

“d) Atividades concomitantes


Já o inciso II é de mediana clareza. O tempo prestado aos entes
públicos da mesma forma como o exercício em atividade privada, enquanto
concomitantes, não poderão ser estimados para os fins dessa contagem. Quer
dizer considerar o período apenas uma vez.
O dispositivo deve ser entendido, obviamente, como norma
submetida ao tema contagem recíproca de tempo da atividade obreira e não
como obstáculo à fruição dessas épocas, na hipótese de o laborista preencher
todos os requisitos em ambos os regimes previdenciários. Quem trabalhou para
a iniciativa privada e para o órgão público, simultaneamente, durante trinta e
cinco anos, tem direito a duas aposentadorias por tempo de serviço.”

737
Seleção de Acórdãos

A seu turno, a jurisprudência de nossos Tribunais tem endossado a


tese da possibilidade da contagem do período concomitante, como se verifica
nos seguintes precedentes:

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO.


AUTÔNOMO. MÉDICO APOSENTADO ESTATUTARIAMENTE. INEXISTÊNCIA
DE APROVEITAMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO POR UM
REGIME PARA OUTRO. INAPLICABILIDADE DO ART. 96 E INCISOS DA LEI
Nº 8.213/91.
1. Tendo o autor, médico, aposentado estatutariamente, contribuído,
na condição de autônomo, para os cofres da Previdência Social pelo tempo
mínimo exigido pela legislação de regência, faz este jus à obtenção de
aposentadoria por tempo de serviço, na conformidade do disposto no art. 52, da
Lei nº 8.213/91.
2. Na hipótese, não se está a aproveitar tempo de serviço de um
regime para outro, com vistas à obtenção de nova aposentadoria, situação esta
que encontra vedação prevista no art. 96 e incisos, da Lei nº 8.213/91, visto que
se efetivou contribuição para os dois regimes.
3. Por outro lado, não faz sentido o INSS aceitar, por mais de 30
anos as contribuições vertidas pelo segurado, na condição de autônomo, pelo
exercício de atividade de natureza privada para, depois de tanto tempo, negar o
direito ao respectivo benefício, incorrendo, assim, em locupletamento indevido
daquelas verbas.
4. Mantido o percentual de 10%, a titulo de honorários advocatícios,
sobre o valor da condenação, com fundamento no parágrafo 3º, do art. 20, do
CPC e precedentes desta Turma, excluídas as parcelas vencidas, assim
entendidas as posteriores à prolação da sentença, nos termos insertos na
Súmula nº 111-STJ.
5. Apelação e remessa oficial improvidas.
TRIBUNAL - QUINTA REGIAO
Classe: AC - Apelação Civel - 336273
Processo: 200405000060510 UF: PB Órgão Julgador: Quarta Turma
Data da decisão: 25/04/2006 Documento: TRF500117238

“EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO NO


RGPS. SEGURADO APOSENTADO NO REGIME ESTATUTÁRIO.
APROVEITAMENTO DE PERÍODOS CELETISTAS REMANESCENTES DE
CONTAGEM RECÍPROCA. FRACIONAMENTO. CONCOMITÂNCIA.
CONTRIBUIÇÃO PARA AMBOS OS REGIMES. INSTRUÇÃO NORMATIVA DO
INSS Nº 118/2005. POSSIBILIDADE. PROIBIÇÃO DE REUTILIZAÇÃO DE
TEMPO DE SERVIÇO CONSIDERADO PARA FINS DE BENEFÍCIO EM
OUTRO SISTEMA. REQUISITOS LEGAIS. SIMULAÇÕES. APOSENTADORIA
POR TEMPO DE SERVIÇO. PROPORCIONALIDADE. REGRAS ANTIGAS E
DE TRANSIÇÃO. HIPÓTESE MAIS FAVORÁVEL. CORREÇÃO MONETÁRIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

738
Seleção de Acórdãos

1 - Para a obtenção de aposentoria por tempo de serviço no regime


geral, é possível o aproveitamento de períodos remanescentes de contagem
recíproca, fracionados ou não, caso não-utilizados para a concessão de
benefício no regime próprio, e também daqueles concomitantes ao intervalo
estatutário, desde que tenha havido a respectiva contribuição para cada um dos
sistemas de previdência, público e privado. Inteligência dos arts. 96, inciso II, e
98, da Lei nº 8.213/91, e 130, § 10, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo
Decreto nº 3.668/2000. Precedentes do STJ e do TRF4ªR.
2 - A proibição legal é quanto à reutilização de tempo de serviço no
RGPS que já foi aproveitado para fins de aposentadoria em outro regime de
previdência (RPPS). Art. 96, inciso III, da Lei nº 8.213/91.
3 - A Instrução Normativa INSS/DC nº 118/2005, em seu art. 332,
possibilita a utilização, junto ao regime geral, de tempo de serviço celetista que
foi objeto de CTC/CTS para contagem recíproca, mas que não chegou a ser
aproveitado no regime próprio, mesmo que concomitante, independentemente
de existir ou não aposentadoria.
4 - Presentes os requisitos legais, é devido o benefício à parte autora,
a contar da data do requerimento administrativo, cabendo ao INSS proceder ao
cálculo pela hipótese mais favorável a ela: aposentadoria por tempo de serviço
proporcional pelas regras antigas (Lei nº 8.213/91), com RMI de 88% do salário-
de-benefício, calculado este com base na média aritmética simples dos 36
últimos salários-decontribuição, imediatamente anteriores a dezembro/98,
devidamente atualizados; e aposentadoria por tempo de serviço proporcional
pelas regras de transição da Emenda Constitucional nº 20/98, com RMI de 85%
do salário-de-benefício, calculado este com base na média aritmética simples
dos 36 últimos salários-de-contribuição, imediatamente anteriores à DER, sem a
incidência do fator previdenciário.
5 - A correção monetária deve ser calculada pelo IGP-DI, incidindo a
partir da data do vencimento de cada parcela, nos termos dos Enunciados das
Súmulas nºs 43 e 148 do STJ.
6 - Os honorários advocatícios, a cargo do INSS, são devidos no
patamar de 10% sobre o valor das parcelas vencidas até a data da prolação da
sentença, excluídas as parcelas vincendas, a teor das Súmulas nºs 111 do STJ
e 76 deste TRF.
7 - Remessa oficial provida em parte.” (TRF4, REO
2001.04.01.062711-3, Sexta Turma, Relator do Acórdão Otávio Roberto
Pamplona, DJ 02/08/2006)

“EMENTA: PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR TEMPO DE


SERVIÇO - SERVIDORA PÚBLICA APOSENTADA. - A regra do art. 98 da Lei
nº 8.213/91 não se aplica ao tempo de serviço privado concomitante ao de
serviço público, pois esse tempo não é computável para a contagem recíproca.
Incide, então, o parágrafo único do art. 12 da Lei 8.213/91, segundo o qual o
servidor, sujeito a regime próprio de previdência social, que venha a exercer,
concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral,
tonar-se-á segurado obrigatório em relação a essas atividades. Em

739
Seleção de Acórdãos

consequência, gozará dos direitos e benefícios que dessa condição decorrem.”


(TRF4, REO 2000.04.01.142802-8, Quinta Turma, Relator do Acórdão Antonio
Albino Ramos de Oliveira, DJ 06/11/2002)

“PREVIDENCIÁRIO E ADMINISTRATIVO. DUPLA


APOSENTADORIA. AUMENTO DA PROPORCIONALIDADE DA
APOSENTADORIA ESTATUTÁRIA EM VIRTUDE DE ATIVIDADE DE
PROFESSOR EXERCIDA JUNTO À RÉ EM CONCOMITÂNCIA COM
ATIVIDADE PRIVADA. ATIVIDADE NO SERVIÇO PÚBLICO NÃO
COMPUTADA NA APOSENTADORIA PREVIDENCIÁRIA. ATIVIDADES
PROFISSIONAIS DISTINTAS E COMPATÍVEIS. CONTAGEM RECÍPROCA DO
TEMPO DE SERVIÇO - LEIS NºS 3.841/60 E 6.864/80. INAPLICABILIDADE.
JUROS DE MORA. CONTAGEM. TERMO INICIAL. CORREÇÃO MONETÁRIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REMESSA OFICIAL.
I - Com base na prova dos autos, a atividade de professor exercida
junto à ré em concomitância com a atividade privada exercida perante a
Companhia Siderúrgica Nacional não foi computada quando da concessão da
aposentadoria pelo RGPS.
II - Tratando-se de duas atividades profissionais distintas,
compatíveis, exercidas paralelamente, cada uma com dedicação e contribuição
exclusivas, devem ser computadas separadamente, cada uma no regime de
aposentação respectivo.
III - Não se utilizou o autor do benefício da contagem recíproca do
tempo de serviço (Leis nºs 3.841/60 e 6.864/80), pois implementou o tempo para
a aposentadoria em cada regime sem precisar da contagem do tempo de
serviço prestado em concomitância.
IV - Os juros moratórios devem ser contados a partir da citação os
relativos às parcelas vencidas antes dela e a partir de cada mês de referência os
incidentes sobre as parcelas vencidas após a data da citação.
V - Correção monetária pelos índices oficiais, de acordo com a Lei nº
6.899/81 e legislação posterior pertinente, de conformidade com o Manual de
Cálculos do colendo Conselho da Justiça Federal, incidindo a partir de cada mês
de referência.
VI - Honorários advocatícios cuja base de cálculo se reduz à soma
das parcelas vencidas até a data da sentença (Súmula nº 111/STJ).
VII - Apelação da ré improvida. Remessa Oficial parcialmente
provida.”
(TRF da 1ª Região, AC 2001.38.00.022255-6/MG, Rel. Juiz Federal
Lincoln Rodrigues De Faria (conv), Segunda Turma, DJ de 09/12/2005, p.25)

“PROCESSUAL CIVIL. CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO .


MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. ATIVIDADE
ESPECIAL. MÉDICO AUTÔNOMO. ATIVIDADE CONCOMITANTE . ART.96,
III, DA LEI 8.213/91. CUMULAÇÃO DE APOSENTADORIA. ART.37, XVI, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. RESTABELECIMENTO DO BENEFICIO.

740
Seleção de Acórdãos

I - O direito líquido e certo é aquele que decorre de fato certo,


provado de plano por documento inequívoco, apoiando-se em fatos
incontroversos e não complexos, ou seja, que não demandam dilação
probatória.
II - Os Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79 vigeram de forma
simultânea, não havendo revogação daquela legislação por esta, de forma que,
verificando-se divergência entre as duas normas, deverá prevalecer aquela
mais favorável ao segurado.
III - Deve ser mantida a conversão de atividade especial em comum
efetuada no processo administrativo quando da concessão da aposentadoria,
relativa aos períodos de 01.01.1974 a 31.12.1987 e de 01.10.1989 a
28.04.1995, períodos em que o impetrante laborou como médico autônomo, vez
que a exposição a agentes biológicos é inerente a tal atividade, conforme
previsto no código 2.1.3 do quadro anexo do Decreto 83.080/79.
IV - O impetrante, médico, possuía diversos vínculos empregatícios
concomitantes, anotados em carteira profissional, sendo que em determinados
períodos manteve vínculos empregatícios em três hospitais/clínicas, e ainda
verteu, por mais de vinte anos, contribuições na condição médico autônomo.
V - O INSS ao conceder ao impetrante o beneficio de aposentadoria
por tempo de serviço em 21.06.2002, já havia excluído da referida contagem
os vínculos empregatícios averbados em contagem recíproca para fins de
aposentação em regime próprio.
VI - A exegese do disposto no art. 96, III, da Lei 8.213/91 deve ser
realizada de forma a compatibilizar-se com os princípios e garantias
constitucionais, como aquele que veda o enriquecimento sem causa, e o que
permite a acumulação de cargos e aposentadoria àqueles expressamente
autorizados.
VII - A prevalecer o entendimento do INSS de que a utilização de um
período de contrato de trabalho em contagem recíproca, inviabiliza a
possibilidade de aproveitamento dos demais vínculos empregatícios celetistas
e, inclusive, das contribuições vertidas na condição de autônomo, para fins de
concessão de beneficio previdenciário, apenas por fazerem parte do mesmo
lapso temporal, embora não utilizados para outro regime previdenciário , seria
proporcionar o enriquecimento sem causa da autarquia e, portanto, ilícito, como
bem apontou o douto Procurador da República, vez que estaria alijando a
possibilidade de o impetrante, embora tendo vertido contribuições durante
longos anos utilizá-los para fins de percepção de beneficio previdenciário , bem
como tal leitura do disposto no art. 96, III, da Lei 8.213/91, inviabilizaria, na
prática, a garantia constitucional de percepção acumulada de aposentadoria
celestista e estatutária àqueles que exerceram atividade de cumulação
permitida, caso dos autos.
VIII - Não se tratando, no caso dos autos, de utilização do mesmo
contrato de trabalho/vínculo empregatício para cômputo em dois institutos de
previdência distintos, hipótese vedada pelo art. 96, III, da Lei 8.213/91, não há
óbice ao restabelecimento do beneficio de aposentadoria por tempo de serviço
ao impetrante, nos termos em que fora concedida em 21.06.2002.

741
Seleção de Acórdãos

IX - Apelação do impetrante provida.” (AMS - APELAÇÃO EM


MANDADO DE SEGURANÇA – 280216, Processo nº 2005.61.04.001803-8,
Relator JUIZ SERGIO NASCIMENTO, DÉCIMA TURMA do TRF da 3ª Região,
DJ de 19/09/07, página 843. Destaquei)

“ADMINISTRATIVO. PREVIDENCIÁRIO. VIGILANTE. TEMPO


PRESTADO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS, SOB REGIME "CELETISTA".
FATOR DE CONVERSÃO PARA SOMA A TEMPO COMUM. PERÍODO
CONCOMITANTE. PROCEDÊNCIA EM PARTE.
- O cálculo do tempo de serviço prestado em condições especiais é
regido pela norma vigente à época da prestação do serviço, salvo se a fórmula
de cálculo de norma superveniente for mais benéfica ao titular do direito,
hipótese em que se origina, com a incidência desta, a aquisição retroativa do
direito à aplicação do preceito mais favorável ao tempo de serviço ainda não
utilizado pelo respectivo titular para aposentadoria.
- Ao tempo de serviço público ou privado em condições especiais
prestado sob a égide da CLT com vinculação ao Regime Geral de Previdência
Social (RGPS) aplicam-se as normas da legislação previdenciária atinentes a
este.
- É proibida a contagem de tempo de serviço em duplicidade,
prestado simultaneamente, para efeito de uma única aposentadoria.” (Origem:
TRIBUNAL - QUINTA REGIAO
Classe: AMS - Apelação em Mandado de Segurança - 86428
Processo: 200382000041414 UF: PB Órgão Julgador: Terceira Turma
Data da decisão: 14/10/2004 Documento: TRF500088566, Desembargador
Federal Ridalvo Costa, Data::13/12/2004 - Nº::238. Destaquei)

“PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE CONCOMITANTE. PERÍODO NÃO


COMPUTADO NA OBTENÇÃO DE APOSENTADORIA PREVIDENCIÁRIA.
POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO NA OBTENÇÃO DE APOSENTADORIA NO
REGIME ESTATURÁRIO. CERTIDÃO DE TEMPO DE SERVIÇO CELETISTA.
PERÍODO FRACIONADO NÃO COMPUTADO NA OBTENÇÃO DO BENEFÍCIO
DE APOSENTADORIA.
1. O tempo de serviço concomitante não utilizado para a concessão
de aposentadoria no Regime Geral da Previdência Social deve ser informado
em certidão por tempo de serviço, que produzirá, a tempo e modo próprios, seus
jurídicos efeitos. A vedação do art. 98 da Lei n.? 8.213/91 deve ser interpretada
de forma restritiva, já que surgiu para reafirmar a revogação da norma inserida
na Lei n.º 5.890/73, que permitia o acréscimo de percentual a quem
ultrapassasse o tempo de serviço máximo, bem como para impedir a utilização
do tempo excedente para qualquer efeito no âmbito da aposentadoria
concedida. (STJ, REsp 687479/RS, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma,
julgado em 26.04.2005, DJ 30.05.2005 p. 410; TRF 4ª Região, Processo:
2002.04.01.022711-5, Sexta Turma, Relator: Luís Alberto D'Azevedo Aurvalle,
DJU data:17/08/2005, página: 772)
2. O tempo exercido em atividade concomitante à considerada na

742
Seleção de Acórdãos

concessão de aposentadoria no regime geral, que não foi utilizado para a


obtenção de aposentadoria nesse regime, pode ser utilizado na obtenção de
aposentadoria no regime estatutário, desde que não concomitante com este
último.
3. Pode o INSS emitir certidão de períodos fracionados, que não
foram utilizados na obtenção de aposentadoria junto ao Regime Geral da
Previdência Social, possibilitando que o segurado aposentado na condição de
servidor público, possa utilizá-los para obtenção de nova aposentadoria no
regime estatutário (TRF 1ª Região, AMS 2000.01.00.054730-8/MG, Rel. Juiz
Federal Miguel Ângelo Alvarenga Lopes (conv), Primeira Turma, DJ de
24/04/2006, p.70; STJ, REsp 687479/RS, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta
Turma, DJ 30.05.2005 p. 410).
4. Apelação a que se dá provimento.
(AMS 96.01.05085-0/MG, Rel. Juíza Federal Simone Dos Santos
Lemos Fernandes (conv), Primeira Turma, DJ de 11/06/2007, p.09)

“PREVIDENCIÁRIO. CONTAGEM RECÍPROCA.


APROVEITAMENTO DO EXCESSO DE TEMPO JUNTO AO RGPS, DO
TEMPO NÃO UTILIZADO NO REGIME PRÓPRIO.
1. Consiste a divergência no pedido de concessão de aposentadoria
por idade urbana junto ao RGPS, utilizando-se para tanto de tempo de serviço,
não utilizado para a aposentadoria em regime próprio.
2. Para o efeito de obtenção de aposentadoria junto ao RGPS,
estando o segurado já aposentado no serviço público, é possível o
aproveitamento do tempo de serviço que não foi utilizado na contagem
recíproca, posterior ou concomitante ao vínculo estatutário, desde que tenha
havido a respectiva contribuição para cada um dos sistemas de previdência,
público e privado.
3. A vedação contida no art. 98 da Lei nº 8.213/91 tem por escopo
evitar, além de outros benefícios pelo mesmo regime, a soma de qualquer
tempo de serviço para obtenção de adicionais superiores ao estabelecido pelo
referido artigo.
4. Deve ser interpretado como não sendo possível contar tempo
excedente aos 30 anos, se mulher, e 35 anos de contribuição, se homem, para
aumentar o percentual, quando, nos termos do art. 53, I/II, da LB, o obreiro,
mulher ou homem, já tem 100% do salário-de-benefício.
5. Para a concessão de benefícios previdenciários deve se levar em
conta que o sistema previdenciário brasileiro encontra-se calcado no princípio
contributivo (art. 201, caput, da CF e art. 1º da Lei nº 8.213/91).
6. Embargos Infringentes providos. (Origem: TRIBUNAL - QUARTA
REGIÃO
Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL
Processo: 200571040012015 UF: RS Órgão Julgador: SEXTA TURMA
Data da decisão: 14/03/2007 Documento: TRF400144032, D.E.

743
Seleção de Acórdãos

DATA:20/04/2007, RICARDO TEIXEIRA DO VALLE PEREIRA)

“PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. SEGURADO JÁ


APOSENTADO PELO REGIME ESTATUTÁRIO. CONTAGEM RECÍPROCA.
APROVEITAMENTO DO EXCESSO DE TEMPO JUNTO AO RGPS,
CONCOMITANTE E POSTERIOR AO VÍNCULO ESTATUTÁRIO.
CONTRIBUIÇÕES PARA AMBOS OS REGIMES. VIABILIDADE DE
OBTENÇÃO DE APOSENTADORIA NO RGPS.
1. Consiste a divergência no pedido de concessão de aposentadoria
por idade urbana junto ao RGPS, utilizando-se para tanto de tempo de serviço,
concomitante e posterior à atividade pública, na qual se aposentou o segurado
(embargante), e que não foi utilizado na contagem recíproca.
2. Para o efeito de obtenção de aposentadoria junto ao RGPS,
estando o segurado já aposentado no serviço público, é possível o
aproveitamento do tempo de serviço que não foi utilizado na contagem
recíproca, posterior ou concomitante ao vínculo estatutário, desde que tenha
havido a respectiva contribuição para cada um dos sistemas de previdência,
público e privado.
3. A vedação contida no art. 98 da Lei nº 8.213/91 tem por escopo
evitar, além de outros benefícios pelo mesmo regime, a soma de qualquer
tempo de serviço para obtenção de adicionais superiores ao estabelecido pelo
referido artigo.
4. Deve ser interpretado como não sendo possível contar tempo
excedente aos 30 anos, se mulher, e 35 anos de contribuição, se homem, para
aumentar o percentual, quando, nos termos do art. 53, I/II, da LB, o obreiro,
mulher ou homem, já tem 100% do salário-de-benefício.
5. Para a concessão de benefícios previdenciários deve se levar em
conta que o sistema previdenciário brasileiro encontra-se calcado no princípio
contributivo (art. 201, caput, da CF e art. 1º da Lei nº 8.213/91).
6. Embargos Infringentes providos. (Origem: TRIBUNAL - QUARTA
REGIÃO
Classe: EIAC - EMBARGOS INFRINGENTES NA APELAÇÃO CIVEL
Processo: 200171000198349 UF: RS Órgão Julgador: TERCEIRA SEÇÃO
Data da decisão: 09/10/2006 Documento: TRF400134175, DJU
DATA:18/10/2006 PÁGINA: 341, OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA, A SEÇÃO,
POR UNANIMIDADE, DEU PROVIMENTO AOS EMBARGOS INFRINGENTES,
NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR.)

Como se vê, embora existam, também, algumas decisões em sentido


contrário, não estamos diante de um precedente jurisprudencial isolado, ou de
uma posição doutrinária extravagante, mas de um sólido arcabouço doutrinário e
jurisprudencial que reconhece o direito ao cômputo do tempo de serviço
concomitante, como feito pela decisão revisanda.

Essa orientação faz justiça, inclusive, ao estabelecido nas

744
Seleção de Acórdãos

constituições federais, que sempre reconheceram ao servidor público o direito à


acumulação lícita de alguns cargos e remunerações técnicas com a atividade
docente. O direito a duas aposentadorias, assim, constitui apenas o corolário
dessa acumulação constitucionalmente permitida, pois não faz sentido que
quem trabalhou e contou com rendimentos de duas atividades por toda uma vida
profissional, sendo uma delas de caráter público e outra privado, seja obrigado a
abrir mão de uma delas na velhice.

Pois bem. Se o aparato normativo infralegal, à época da data de


entrada do requerimento, admitia a contagem do período concomitante, como
ocorrido nestes autos, e não houve na legislação ordinária alteração de relevo
nessa questão específica, o que mudou para que essa contagem do período
concomitante, antes admitida, passasse a ser rejeitada?

Mudou o entendimento da administração previdenciária a respeito, o


que se refletiu no ordenamento infralegal, como também no posicionamento
oficial do Ministério da Previdência Social acerca do assunto.

Consolida esse novo entendimento o Parecer CONJUR/MPS nº


224/07, que foi aprovado pelo Senhor Ministro da Previdência em 27/08/07, e
que concluiu pela impossibilidade da contagem do período concomitante.

Esse parecer teve origem, como se depreende de sua leitura, na


divergência de entendimentos entre a Procuradoria Federal Especializada do
Instituto Nacional do Seguro Social – PFE-INSS e Secretaria de Políticas de
Previdência Social do MPS, com a qual se alinha a Área de Benefícios da
autarquia. A primeira, sustentando tese no sentido da possibilidade da contagem
do tempo concomitante. A segunda, rejeitando-a. Confiram-se os parágrafos 12
a 14 do Parecer:

“12. A propósito da matéria, uma corrente de interpretação,


capitaneada pela direção central da Procuradoria Federal Especializada junto ao
INSS, Divisão de Consultoria de Benefícios, defende a tese de que as diversas
atividades simultâneas do interessado devem ser apreciadas sob a ótica
previdenciária de forma autônoma, porquanto tais atividades encontram-se
atualmente ligadas a regimes previdenciários distintos.
13. Nessa linha de raciocínio, entende tal corrente ser irrelevante o
fato de o período de emprego público celetista ter sido objeto de averbação no
RJU por força do art. 247 da Lei nº 8.212/1990, já que a averbação decorrente
desse tempo não abrangeria ou absorveria as demais atividades paralelas,
exercidas na condição de empregado de empresas privadas ou de contribuinte
autônomo, cuja filiação corresponde ao atual RGPS.
14. A segunda corrente encontra respaldo no pronunciamento da
Secretaria de Políticas de Previdência Social deste Ministério, no sentido de que
os períodos de contribuição para o RGPS objeto de averbação decorrente da Lei
nº 8.112/90 não poderão ser aproveitados paralelamente no âmbito do RGPS,

745
Seleção de Acórdãos

uma vez que o vínculo de natureza previdenciária não pode ser dividido em
várias partes para efeito de contagem recíproca, tendo em vista o que foi
disciplinado pelo art. 96 da Lei 8.213/1991.”

Como se vê, a possibilidade de contagem de tempo de serviço


concomitante, como acabou ocorrendo nestes autos, sustenta-se não só na
jurisprudência e na doutrina especializadas, como também foi reconhecida,
ainda que internamente, pelo insuspeito órgão encarregado de prestar
assessoria administrativa e judicial ao Instituto Nacional do Seguro Social. É
contra tudo isso, e não só contra o acórdão de fls. 227 e seguintes, que investe
o pedido de revisão.

O que se verifica é que, rigorosamente falando, entre a edição da


legislação anterior à Constituição Federal de 1988, passando pela edição da Lei
8.213/91 e até a edição da Lei nº 9.876, de 26/11/99, houve um esforço
legislativo e administrativo federal no sentido de se pautar, cada vez mais, o
direito ao benefício previdenciário no instituto do tempo de contribuição, ao invés
de pautá-lo no de tempo de serviço, que inclusive fora adotado pela redação
original da Lei 8.213/91. Trata-se, dentro de um conceito mais amplo que o
estritamente legal, de conduzir o sistema previdenciário de um paradigma em
maior grau participativo para um paradigma estritamente contributivo, o que
ainda não foi alcançado.

Ocorre que a jurisprudência de nossos Tribunais já assentou


entendimento, acolhido, tempos atrás, também pela administração pública
federal, que os efeitos jurídicos do tempo de serviço (ou de contribuição) devem
ser aqueles a ele atribuídos pela legislação vigente à época em que foram
prestados. As alterações posteriores não têm o condão de disciplinar a
avaliação do tempo de serviço que lhe é cronologicamente anterior.

Não se pode avaliar o tempo de serviço, prestado na forma da


legislação anterior, para apurá-lo, estritamente, na forma de tempo de
contribuição, na forma da legislação atual ou, mais precisamente, na forma da
tendência interpretativa que informa os pareceres do governo atual, por mais
bem fundamentada que possa parecer.

Além disso, a dicotomia tempo de serviço/tempo contribuição não tem


qualquer sustentação ontológica ou legal, seja no regime previdenciário anterior,
seja no atual. A mera modificação terminológica, promovida recentemente na
legislação, não alterou a circunstância de que o que, efetivamente, autoriza a
filiação e a expectativa de direitos no âmbito previdenciário é o exercício, no
tempo, da atividade remunerada, em face da qual a contribuição é um
consectário.

Quer no regime anterior, quer no atual, o tempo de serviço, ainda que


sem contribuição, pode gerar direito ao segurado que, por exemplo, não pode

746
Seleção de Acórdãos

ser penalizado pela omissão de seu empregador. Já a contribuição,


desacompanhada da comprovação da atividade remunerada, somente por
exceção gera direito, e ainda assim desde que essa contribuição se dê ao longo
do tempo, à feitura da prestação de serviço (segurados facultativos).

Nem mesmo a circunstância do recolhimento ser limitado ao teto do


salário-de-contribuição tolda esse fato. Diante de duas atividades
desempenhadas, simultaneamente, em órgão público e iniciativa privada, um
sistema efetivamente contributivo, sendo necessário desdobrar as contribuições
de um caixa único para dois (anteriormente só RGPS, depois RGPS e União),
simplesmente poderia dividi-las proporcionalmente na razão do salário-de-
contribuição de cada uma delas, e assim cada período de tempo de serviço
seguiria seu destino qualificado pelo perfume da contribuição.

Obviamente, neste caso, a renda mensal inicial de cada benefício


decresceria na proporção da diminuição dos salários-de-contribuição,
preservando o instituto da contributividade. Se a administração previdenciária
não atentou para a importância disso, é porque, na época, essa era uma
questão que sequer se colocava, e o desprezo do legislador de então pelo atual
paradigma contributivo não pode vir em prejuízo do segurado que migrou,
parcialmente, para o sistema estatutário, por força de lei.

Em síntese, a admissibilidade do cômputo do tempo de serviço afeto


ao Regime Geral da Previdência Social na área privada, concomitante à
prestação do serviço como servidor público, nos casos de acumulação lícita, é
uma tese compatível com a legislação em vigor, referenda pelo aparato
normativo infralegal vigente na data de entrada do requerimento e acolhida por
consistente corrente doutrinária e jurisprudencial, o que descaracterizaria, de
toda forma, a violação aberrante do texto legal, necessária à instância revisional,
que não é o local adequado para dirimir controvérsias jurídicas e sim, corrigir
violação direta à lei ou decreto.

Atento à disposição regimental que determina obediência aos


pareceres ministeriais, eu tenho ressalvado meu entendimento pessoal, acima
explicitado, e, nos julgamentos dos recursos posteriores à edição do Parecer nº
224/07, tenho indeferido o pleito de contagem de tempo de contribuição
concomitante, em hipóteses semelhantes à presente.

Aqui, todavia, não se trata de recurso especial, de cognição ampla, e


sim de hipótese revisional, de conhecimento estrito e pautado a nas disposições
do art. 60 do Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social
anterior. Seu acolhimento dependeria de existência, no acórdão revisando, de
violação a literal disposição de lei que, como demonstrado, não se verifica.

Além do mais, o Parecer nº 224/07 da Conjur/MPS é posterior à data


da prolação da decisão revisanda, e é princípio administrativo erigido em lei que

747
Seleção de Acórdãos

a administração não pode fazer retroagir uma interpretação de dado dispositivo


legal, com vistas a prejudicar direito subjetivo do administrado. Está no art. 2º,
parágrafo único, inciso III da Lei nº 9.784/99, vamos lê-lo:

“Art. 2º (...)
Parágrafo único.Nos processos administrativos serão observados,
dentre outros, os critérios de:
(...)
XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor
garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação
retroativa de nova interpretação.” (destaquei).

No mais, decisões passíveis de controvérsia sempre existirão em


qualquer tribunal, administrativo ou judicial. Porém, somente a decisão que, por
sua manifesta contrariedade à lei, na forma como era interpretada quando foi
proferida, resulta indefensável, pode ser revista na forma do art. 60 do
Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social anterior.
Sustentar o contrário seria transformar o pedido de revisão em um terceiro
recurso, que devolveria à Câmara toda a discussão soterrada no iter processual,
o que não é admissível, porque atentaria contra a credibilidade institucional
deste Conselho e eternizaria o processo administrativo.

Em razão do exposto, voto no sentido de se conhecer do pedido de


revisão do Instituto Nacional do Seguro Social para, no mérito, negar-lhe
provimento.

É o voto.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


CONHECER DO PEDIDO DE REVISÃO e, no mérito, NEGAR-LHE
PROVIMENTO.

Brasília - DF, 09/01/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Decisório

748
Seleção de Acórdãos

Nº do(a) Acordão: 479/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: MARIA APARECIDA


FONTES e MARIA LÍGIA SORIA.

Brasília - DF, 21/01/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

749
Seleção de Acórdãos

750
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0129.828.366-0
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA NOVA FRIBURGO-APSNOV
Nº de Protocolo do Recurso: 35319.002719/2007-61
Recorrente(s): SEBASTIÃO FIEL
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 15/02/2008
Relator(a): GERALDO ALMIR ARRUDA

Relatório

Sebastião Fiel, por intermédio da petição de fls. 142/144, opôs


embargos de declaração ao Acórdão de fl. 136 e seguintes, que não conhecera de
seu recurso especial de fl. 129/133 por considerar que se tratava de matéria de
alçada das Juntas de Recursos da Previdência Social – JRPS.

No despacho de fls. 148/151, entendi assistir razão ao segurado, uma


vez que a fundamentação do voto condutor do Acórdão questionado era totalmente
incompatível com o objeto do recurso. Destaquei, contudo, tratar-se, não de
hipótese de embargos de declaração, mas de vício insanável, o que impunha a
instauração do procedimento de revisão, de ofício, nos moldes do art. 60 do
Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MPS/Nº 323, de 2007,
razão pela qual determinei a notificação das partes do processo, para que
deduzissem o que entendiam adequado à defesa dos respectivos direitos

Intimado, o interessado apresentou contrarrazões às fls. 156/157,


assentindo quanto aos argumentos lançados no despacho de fl. 148/151.

É o relatório.

Brasília - DF, 06/05/2011

751
Seleção de Acórdãos

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-05-06 para sessão nº 268/2011 de 2011-05-17 às 900

Voto

O recurso especial do segurado de fls. 129/133 é tempestivo, devendo,


por conseguinte, ser conhecido. Diferentemente do que foi assentado no Acórdão
de fl. 136 e seguintes, não se trata de matéria de alçada das Juntas de Recursos
deste Conselho, conforme fundamentação exposta no juízo de admissibilidade da
revisão em comento, exarado às fls. 148/151, a seguir transcrita:

“(...) No caso concreto, a fundamentação do voto


condutor do Acórdão prolatado por esta Câmara é totalmente
incompatível com o objeto do recurso. O objeto do recurso, em
última análise, é a revisão da renda inicial da prestação outorgada
ao segurado.

No entanto, a fundamentação do voto teve por base o


art. 18 da Portaria MPS Nº 323, de 2007, que estabelece, como
alçada das Juntas de Recursos, apenas duas hipóteses:

I – decisão fundamentada exclusivamente em matéria


médica, quando os laudos ou pareceres emitidos pela Assessoria
Técnico-Médica da Junta de Recursos e pelos Médicos Peritos do
INSS apresentarem resultados convergentes; e

II – decisão sobre reajustamento de benefício em


manutenção, em consonância com os índices estabelecidos em lei,
exceto quando a diferença na Renda Mensal Atual - RMA decorrer
de alteração da Renda Mensal Inicial - RMI.

A matéria dos autos não se amolda a nenhuma das


hipóteses. Não se trata de matéria médica e tampouco diz respeito
a reajustamento de benefício em manutenção.

O que o segurado pleiteia é, tão-somente, revisão do


cálculo de sua renda mensal inicial, uma vez que está contestando
a tábua de mortalidade e o número de anos de contribuição

752
Seleção de Acórdãos

utilizandos no cálculo do fator previdenciário. E, nessa hipótese, a


matéria não é de alçada das Juntas de Recursos, cabendo o seu
conhecimento por parte das Câmaras de Julgamento.

Dessa forma, o Acórdão prolatado por esta Câmara, ao


negar conhecimento ao recurso do segurado, baseando-se no art.
18 da Portaria MPS/Nº 323, de 1007, utilizou fundamentação
incompatível com o objeto do recurso.

Embora essa hipótese não esteja expressamente


consignada como vício insanável no § 1º do art. 60 da Portaria
MPS/Nº 323, de 2007, constitui ela um vício que macula todo o
processo, vez que se configura uma clara denegação do direito do
segurado em ver seu recurso apreciado pelas Câmaras de
Julgamento deste Conselho, sem o devido embasamento legal.

Nesse particular, cumpre destacar que as hipóteses


previstas no § 1º do art. 60 antes mencionado, não são exaustivas,
mas apenas exemplificativas, o que permite incluir a hipótese em
comento.”

O mérito do recurso especial do segurado prende-se à possibilidade de


se rever a aposentadoria por tempo de contribuição que lhe foi deferida a partir de
11/12/2003 (data da entrada do requerimento – DER e data do início do benefício –
DIB), mediante as seguintes opções:

I – utilização da tábua de mortalidade publicada no exercício de 2002,


adicionada, apenas, das variações percentuais médias que se vinham verificando
nos últimos exercícios, para o cálculo do fator previdenciário;

II - utilização da tábua de mortalidade publicada no exercício de 2003


(relativa ao exercício de 2002), desde que ajustada para contemplar, apenas, as
alterações de expectativa de vida ocorridas entre os exercícios de 2001 e 2002,
para o cálculo do fator previdenciário; ou

III – utilização da tábua de mortalidade publicada no exercício de 2002


(relativa ao exercício de 2001) para o cálculo do fator previdenciário.

Nenhuma das opções requeridas pelo recorrente merece prosperar.


Primeiro porque, conforme resumo do tempo de contribuição de fls. 94/102, foi
incluído, o tempo de contribuição do interessado, o período trabalhado até
11/12/2003, importando, nessa hipótese, na aplicação das regras vigentes nessa
data. E, nessa data, já estava vigente a nova tábua de mortalidade (de 2/12/2003 a
30/11/2004).

753
Seleção de Acórdãos

Segundo porque o pleito do segurado esbarra nas disposições do § 13


do art. 32 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº
3.048, de 1999, verbis:

“Art. 32. (...)


(...)
§ 13. Publicada a tábua de mortalidade, os benefícios
previdenciários requeridos a partir dessa data considerarão a nova
expectativa de sobrevida.
(...)”

Terceiro porque o recorrente pretende a utilização de regras não


prescritas na legislação vigente, qual seja, Lei nº 8.213, de 1991, e RPS.

Quarto porque a redução no valor da média aritmética de seus salários-


de-contribuição, decorrente da maior expectativa de vida, visa exatamente
estabelecer um equilíbrio entre as contribuições vertidas para o Regime Geral de
Previdência Social – RGPS e os valores recebidos a título da prestação
previdenciária. Se o segurado passa a ter uma expectativa maior de sobrevida,
equivalendo a um tempo maior de fruição do benefício, sem que tenha havido um
acréscimo no montante de contribuições, o equilíbrio atuarial impõe uma redução
na renda mensal da prestação. É essa exatamente a lógica do fator previdenciário.

Em razão do exposto, impõe-se a anulação do Acórdão de fl. 136 e


seguintes e a emissão de novo julgamento, com o desprovimento do recurso do
interessado, nos termos das razões expendidas neste voto, de modo a sanar-se o
vício presente naquele Acórdão.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, voto no sentido de, preliminarmente,


ANULAR o Acórdão de fl. 136 e seguintes e, proferindo novo julgamento,
CONHECER DO RECURSO, para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

Brasília - DF, 06/05/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 2990/2011

754
Seleção de Acórdãos

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: MARIA CECÍLIA


MARTINS LAFETÁ e MARIA LÍGIA SORIA.

Brasília - DF, 17/05/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA ROSILENE ROSSATTO FACCO BISPO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

755
Seleção de Acórdãos

756
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0109.371.315-9
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA MANAUS-CENTRO-APSMAC
Nº de Protocolo do Recurso: 35011.003594/2004-06
Recorrente(s): SIDNEY PAES MONTEIRO
Recorrido(s): INSS / INSS
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 23/05/2005
Relator(a): PEDRO WANDERLEI VIZÚ

Relatório

SIDNEY PAES MONTEIRO requereu ao Instituto Nacional do Seguro


Social, em 17/07/98, o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição que
lhe foi deferido nos termos do extrato de fls. 23 desta cópia de processo
concessório.

Entretanto, conforme notificação em procedimento de auditoria datada


de 30/07/02 (fl. 37), o Instituto Nacional do Seguro Social concluiu que ocorrera
irregularidade na concessão, consistente em lançamento a maior de valores
relativos a várias competências, e notificou o interessado a apresentar a defesa
que tivesse, o que foi feito à fl. 39, com juntada de documentos que comprovariam
a regularidade do exercício da atividade de estivador e os recolhimentos
previdenciários respectivos entre 1973 e 1998.

A Informação Fiscal de fl. 45, todavia, aduziu que os documentos


apresentados pelo interessado apresentavam valores adulterados de forma
grosseira em diversas competências. Como se tratava de um problema semelhante
ao já constatado em outros benefícios vinculados ao Sindicato dos Estivadores de
Manaus, foi sugerida uma ampla auditoria.

Foi juntada aos autos a 2ª via da Relação Anual de Informações Sociais


– RAIS relativa ao ano base de 1995, na qual ficou registrada a data de 26/07/77
como de início da atividade do interessado (fl. 51/3), assim como os valores
relativos a algumas competências recolhidas. Pesquisa junto ao Sindicato apurou o
mês de agosto de 1977 como sendo o de início das atividades do interessado (fl.
54).

757
Seleção de Acórdãos

A apreciação da defesa concluiu por sua parcial procedência, tendo sido


decotado o período de trabalho entre fevereiro de 1973 e julho de 1977 (fl. 55/6).
Porém, tendo sido solicitado o aprofundamento das investigações (fl. 75), vieram
aos autos os documentos de fls. 91 a 96, neles incluída uma declaração do
Sindicato dos Estivadores de Manaus no sentido de reafirmar a atividade laborativa
do interessado entre 1973 e 1998, assim como uma relação de contribuições ou
salários, e uma ficha sindical indicando início da atividade em 1977.

À fl. 100, o Sindicato retificou a informação, alegando, dessa feita, que o


interessado fora estivador “bagrinho” entre 08/02/73 e junho de 1998.

A defesa foi parcialmente acatada, e o benefício revisto nos termos da


comunicação de fl. 123, definindo-se uma renda mensal inicial menor, em razão da
não comprovação de algumas das competências (fl. 133).

O interessado apresentou recurso contra a redução da renda mensal do


benefício, alegando que nunca deixara de trabalhar, salvo quando em gozo de
auxílio-doença (fl. 140 e seguintes).

A 1ª Junta de Recursos da Previdência Social houve por bem converter


o julgamento em diligência, para verificar a existência de registros de acidente de
trabalho e realização de nova pesquisa para apuração dos vínculos empregatícios
do segurado (fl. 147 e seguintes).

A pesquisa apurou o efetivo início da atividade portuária do interessado


no mês de dezembro de 1976, e diversas irregularidades na documentação
comprobatória dessa atividade, inclusive rasuras e diversidade de grafias (fl. 160 e
seguintes). Por esse motivo, a 1ª Junta de Recursos da Previdência Social negou
provimento ao recurso do interessado.

Dessa decisão recorre o interessado com o especial de fl. 182, em que


argumenta que a aposentadoria foi concedida há mais de dez anos, estando a
situação econômico-profissional do segurado estabilizada, e a Conselheira
Relatora do acórdão recorrido deveria ter pedido novos documentos para uma
análise mais minuciosa, já que os que se encontram nos autos tem sinais de
rasura.

Em contrarrazões, o Instituto Nacional do Seguro Social observa que,


com o decote do período de trabalho entre 1973 e 1977, o benefício não pode ser
mantido, eis que o interessado completaria, apenas, 26 anos, 09 meses e 24 dias,
insuficientes para a obtenção de qualquer aposentadoria.

É o relatório.

Brasília - DF, 09/09/2009

758
Seleção de Acórdãos

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2009-09-15 para sessão nº 430/2009 de 2009-09-17 às 900

Voto

O recurso é tido por tempestivo e vai conhecido.

Senhora Presidenta, em primeiro lugar, tendo o benefício sido concedido


em 1998, a Lei nº 9.784 estabelecido o prazo decadencial qüinqüenal a partir de
janeiro de 1999 e a ação de auditoria se iniciado em 2002, não há falar em
decadência do direito da autarquia previdenciária à revisão do ato administrativo de
concessão de aposentadoria. Ao executá-la, o Instituto Nacional do Seguro Social
nada mais fez que cumprir o art. 179 do Decreto nº 3.048/99:

“Art. 179. O Ministério da Previdência e Assistência Social e o


Instituto Nacional do Seguro Social manterão programa permanente de
revisão da concessão e da manutenção dos benefícios da previdência
social, a fim de apurar irregularidades e falhas existentes.”

Quanto à alegação de que a Junta de Recursos da Previdência Social


recorrida deveria ter solicitado novos documentos para uma análise mais
minuciosa, como bem sabe a procuradora, cabe ao interessado apresentar a
prova consistente do exercício da atividade remunerada, e oportunidades para
isso não faltaram.

Como conheço, minimamente, a realidade portuária brasileira, admito


ser possível, até, que o interessado tenha efetivamente começado a exercer a
atividade portuária em 1972, na condição de “bagrinho”, ou seja, estivador
informal que atua em substituição ao sindicalizado, geralmente pagando-lhe parte
da diária recebida, tal qual declarado pelo Sindicato dos Estivadores de Manaus à
fl. 100. Entretanto, não apresentou qualquer documento contemporâneo crível
para comprová-lo, sequer um início de prova material, e comprovar o fato
constitutivo de seu direito é encargo probatório a ele atribuído pelo art. 333, I, do
Código de Processo Civil.

Se o que consta da declaração de fl. 100 é verdade – o que se adota

759
Seleção de Acórdãos

apenas para efeito de argumentação - caberia ao Sindicato coibir a exploração da


mão-de-obra informal por parte de seus próprios associados, formalizando
adequadamente os contratos de trabalho de quem efetivamente presta serviço no
Porto, e não blindá-los com o privilégio corporativo assegurado às castas.

A Declaração de fl. 100 não tem qualquer alcance previdenciário, pois


equivale a declaração não contemporânea de ex-empregador, à qual a
jurisprudência pacífica do egrégio Superior Tribunal de Justiça não reconhece
eficácia como início de prova material.

Poderia o Sindicato, como ele bem sabe, apresentar formulários de


comprovação de atividade especial do interessado relativos aos períodos de
trabalho posteriores a 28/04/95, eis que os anteriores já foram enquadrados como
especiais por categoria profissional, formulários que, se adequadamente
preenchidos, subsidiariam a análise de eventual direito ao enquadramento como
especial dos períodos de trabalho posteriores a essa data e até a data de entrada
do requerimento, o que poderia resultar em acréscimo ao patrimônio jurídico
previdenciário do interessado. Mas, ao invés disso, só forneceu rasuras.

Elaborei, com base no demonstrativo de fls. 105/106, já decotado do


período de trabalho entre 08/02/73 e 30/06/77, manifestamente irregular, a
contagem em anexo, que reconhece ao interessado 27 anos e 27 dias de tempo
de contribuição até a data de entrada do requerimento, insuficientes para a
obtenção do benefício.

Em razão do exposto, voto pelo desprovimento do recurso do


interessado, e pela revisão de ofício da decisão que diminuíra a renda mensal
inicial do benefício, para revisar o próprio ato administrativo que concedeu, ao
interessado, a aposentadoria por tempo de contribuição, e cancelá-la.

Como o interessado, ao apresentar recurso contra a decisão da Junta


de Recursos da Previdência Social, já tivera ciência da totalidade dos
documentos constantes do processo, e sua procuradora, inclusive, reconheceu
expressamente as irregularidades presentes nos documentos que deveriam
comprovar a atividade laborativa do interessado, não houve prejuízo aos
princípios do contraditório e da ampla defesa, em razão de o presente voto alterar
a decisão administrativa de revisão da renda mensal inicial do benefício para o
cancelamento do mesmo.

É o voto.

CONCLUSÃO – Pelo exposto, VOTO, no sentido, de preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

760
Seleção de Acórdãos

Brasília - DF, 09/09/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 6354/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA CECÍLIA


MARTINS LAFETÁ e NILMA LUZIA CARDOSO.

Brasília - DF, 17/09/2009

PEDRO WANDERLEI VIZÚ MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

761
Seleção de Acórdãos

762
Seleção de AcórdãoS

03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

Documento: 0000.000.000-0
Tipo do Processo: BENEFíCIO
Unidade de Origem: AGÊNCIA UBERLÂNDIA-APSUBE
Nº de Protocolo do Recurso: 36958.004847/2007-86
Recorrente(s): INSS
Recorrido(s): VALDIRENE FERREIRA DA COSTA SILVA/VALDIRENE
FERREIRA DA COSTA SILVA
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Data de Entrada no(a) JR/CRPS: 19/03/2010
Relator(a): GERALDO ALMIR ARRUDA

Relatório

Valdirene Ferreira da Costa Silva, na condição de pensionista, teve o


seu benefício de pensão por morte revisado em duas oportunidades: em setembro
de 1993, conforme documentos às fls. 17, 20 e 25, e em 03/08/2006, conforme
expediente à fl. 27.

No curso do processamento da segunda revisão, a interessada


apresentou novos pedidos de revisão (fls. 33 e 59/67), ressaltando a mora do
Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em concluir a revisão de seu benefício,
bem como o entendimento de que faria jus às parcelas retroativas desde a
competência junho de 1992. Segundo a beneficiária, tendo havido descumprimento
de preceito legal por parte da Autarquia previdenciária, que não revisou sua renda
mensal conforme determinado pelo art.144 da Lei nº 8.213, de 1991, os
pagamentos deveriam retroagir a junho de 1992, sem que se aplicasse a
prescrição quinquenal.

À fl.77, o INSS comunicou à interessada que concluiu a revisão da


renda mensal de sua pensão por morte, apontando, contudo, a incidência da
prescrição quinquenal nos valores a serem pagos retroativamente, nos termos do
parágrafo único do art. 103 da Lei nº 8.213, de 1991.

Irresignada, a interessada interpôs recurso ordinário às Juntas de


Recursos da Previdência Social – JRPS (fls. 80/87), questionando a aplicação da
prescrição no caso concreto, tendo a 7ª JRPS lhe dado provimento (fls. 94/96), por
entender que caberia ao INSS rever, de ofício, todos os benefícios de prestação
continuada concedidos no período de 05/08/1988 a 05/04/1991, razão pela qual

763
Seleção de Acórdãos

não poderia incidir a prescrição.

Inconformado, o INSS interpôs recurso especial às Câmaras de


Julgamento deste Conselho (fls. 103/109), pugnando pela reforma da decisão a
quo, por entender que a prescrição deveria incidir no caso concreto.

Sem contrarrazões da interessada.

É o relatório.

Brasília - DF, 10/03/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

Inclusão em Pauta

Incluido em Pauta no dia 2011-03-10 para sessão nº 141/2011 de 2011-03-17 às 1000

Voto

O recurso é tempestivo. Contudo, para que o recurso do INSS seja


conhecido, deve atender aos pressupostos específicos de admissibilidade a que se
refere parágrafo único do art. 16 da Portaria MPS Nº 323, de 2007, verbis:

“Art. 16. Compete às Câmaras de Julgamento julgar os


Recursos Especiais interpostos contra as decisões proferidas pelas
Juntas de Recursos.
Parágrafo único. O INSS poderá recorrer das decisões
das Juntas de Recursos somente quando:
I - violarem disposição de lei, de decreto ou de portaria
ministerial;
II - divergirem de súmula ou de parecer do Advogado
Geral da União, editado na forma da Lei Complementar nº 73, de
10 de fevereiro de 1993.
III - divergirem de pareceres da Consultoria Jurídica do
MPS ou da Procuradoria Federal Especializada - INSS, aprovados
pelo Procurador-Chefe;

764
Seleção de Acórdãos

IV - divergirem de enunciados editados pelo Conselho


Pleno do CRPS
V - tiverem sido fundamentadas em laudos ou
pareceres médicos divergentes emitidos pela Assessoria Técnico-
Médica da Junta de Recursos e pelos Médicos peritos do INSS; e
VI - contiverem vício insanável, considerado como tal
as ocorrências elencadas no § 1º do art. 60.”

A tese que ampara o recurso do INSS é de contrariedade entre a


decisão 7ª JRPS e as normas legais que regem a prescrição. Importa, pois, na
hipótese dos autos, saber se a prescrição incide sobre os valores a serem pagos à
interessada em decorrência da revisão efetivada em seu benefício.

A revisão de que se cuida é a referente aos benefícios de prestação


continuada concedidos no interregno entre 5/10/1988 e 5/4/1991, o chamado
buraco negro, prevista na redação original do art. 144 da Lei nº 8.213, de 1991,
verbis:

“Art. 144. Até 1º de junho de 1992, todos os benefícios


de prestação continuada concedidos pela Previdência Social, entre
5 de outubro de 1988 e 5 de abril de 1991, devem ter sua renda
mensal inicial recalculada e reajustada, de acordo com as regras
estabelecidas nesta Lei.
Parágrafo único. A renda mensal recalculada de acordo
com o disposto no caput deste artigo, substituirá para todos os
efeitos a que prevalecia até então, não sendo devido, entretanto, o
pagamento de quaisquer diferenças decorrentes da aplicação
deste artigo referentes às competências de outubro de 1988 a maio
de 1992.”

É certo que a revisão em comento deveria ter sido realizada, de ofício,


pelo INSS, independentemente de manifestação da parte interessada. A questão
que se coloca é saber se, não procedida tal revisão, haveria, por consequência, a
exclusão da incidência da prescrição estabelecida no parágrafo único do art. 103
da Lei nº 8.213, de 1991, verbis:

“Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da


data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para
haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças
devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores,
incapazes e ausentes, na forma do Código Civil.”

765
Seleção de Acórdãos

Entender que, na hipótese de revisão legal, a cargo do INSS, que é a


situação dos autos, não incide a prescrição, é ver aí uma causa de impedimento de
tal instituto. A respeito, cumpre assinalar que as causas de impedimento,
suspensão ou interrupção da prescrição não se presumem, devendo sempre ser
expressas, como é o caso da parte final do parágrafo único do art. 103 acima
referido, quando estabelece: “salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes,
na forma do Código Civil”. Tem-se, aí, um verdadeiro caso de impedimento, em
que a prescrição não corre contra tais pessoas.

Outras causas de impedimento (que também podem ser de suspensão)


da prescrição estão arroladas nos arts. 197, 198 e 199 do Código Civil, verbis:

“Art. 197. Não corre a prescrição:


I - entre os cônjuges, na constância da sociedade
conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder
familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou
curadores, durante a tutela ou curatela.
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;
II - contra os ausentes do País em serviço público da
União, dos Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças
Armadas, em tempo de guerra.
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:
I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.”

De se ver que o caso dos autos não se amolda a nenhuma das


hipóteses acima enunciadas. E nem poderia, vez que o fato de haver imposição
legal para a Autarquia previdenciária praticar determinado ato não pode ser fator
que impeça ou suspenda a prescrição. Não se pode perder de vista que os atos
praticados pelo INSS, via de regra, são vinculados, praticados por imposição e em
obediência a normas legais. Houvesse de se impedir o curso da prescrição em
face de um ato, por ser este de cunho obrigatório por lei, como é o caso da revisão
de que cuida o art. 144 acima transcrito, ter-se-ia de se excluir a incidência da
prescrição em praticamente todos os atos praticados pela Autarquia previdenciária,
vez que, como já dito, via de regra, são todos eles de cunho obrigatório e
vinculado.

É cediço que, na hipótese dos autos, o INSS deveria, até 1º de junho


de 1992, rever todos os benefícios de prestação continuada concedidos pela
Previdência Social entre 5 de outubro de 1988 e 5 de abril de 1991. Enquanto

766
Seleção de Acórdãos

vigente este prazo, não correu e nem poderia correr a prescrição em face do
disposto no inciso II do art. 199 do Código Civil, segundo o qual não corre a
prescrição enquanto não vencido o prazo.

Contudo, vencido o prazo e não revisto o benefício, foi violado o direito


do beneficiário, nascendo, para este, uma pretensão, a qual deveria ter sido
exercida, sob pena de ser extinta pela prescrição, consoante a regra geral fixada
no art. 189 do Código Civil, verbis:

“Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a


pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que
aludem os arts. 205 e 206.”

Diante de tal contexto, caberia à interessada, quando vencido o prazo a


que se referia o art. 144 da Lei nº 8.213, de 1991 (atualmente derrogado), postular
administrativamente ou judicialmente a revisão a que fazia jus. Não o fazendo, há
que incidir a prescrição de que trata o parágrafo único do art. 103 da mesma Lei,
como forma de se privilegiar a segurança jurídica e punir-se a inércia do titular do
direito, sendo irrelevante se o ato era decorrente de obrigação legal da parte
violadora do Direito. Mesmo porque, conforme antes já afirmado, no caso do INSS,
praticamente todos os seus atos são decorrentes de imposições legais.

A única hipótese possível para não se aplicar a prescrição no caso


concreto seria se o ordenamento jurídico vigente estipulasse, de maneira expressa,
a revisão legal ou outra norma mandamental como causa de impedimento ou
suspensão da prescrição. Não existindo tal exceção, há que se aplicar a regra
geral, qual seja, a incidência da prescrição em todos aos atos praticados pelo INSS
dos quais decorram prestações vencidas ou diferenças de valores devidas pela
Previdência Social.

Diante do exposto, a decisão da 7ª JRPS, ao afastar a incidência da


prescrição na hipótese dos autos, violou as disposições legais acima transcritas,
impondo-se o conhecimento do recurso do INSS e, pelos mesmos fundamentos, o
seu provimento.

CONCLUSÃO: Pelo exposto voto no sentido de, preliminarmente,


CONHECER DO RECURSO, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

Brasília - DF, 10/03/2011

767
Seleção de Acórdãos

GERALDO ALMIR ARRUDA


Representante do Governo

Decisório

Nº do(a) Acordão: 1441/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Terceira Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-
LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: MARIA CECÍLIA


MARTINS LAFETÁ e MARIA LÍGIA SORIA.

Brasília - DF, 17/03/2011

GERALDO ALMIR ARRUDA MARIA ALVES FIGUEIREDO


Representante do Governo Presidente
03ª CaJ - Terceira Câmara de Julgamento

768
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 37324.005931/2009-06


Unidade de Origem: AGÊNCIA CAMPINAS
Documento: 0074.369.598-4
Recorrente: OVIDIO DE CAMARGO
Recorrido: INSS/Nona Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: AUXÍLIO-ACIDENTE - ACIDENTE DO TRABALHO
Relator(a): CLEUSA VIEIRA DE SOUZA

Relatório

Trata-se de recurso interposto pelo interessado acima identificado, contra a decisão


da Nona Junta de Recursos no Estado de Minas Gerais, que negou provimento ao recurso
interposto contra a suspensão do benefício.

O Sr. OVÍDIO DE CAMARGO, requereu e lhe foi concedido em 11/12/1981, o benefício Auxílio
Acidente, conforme Documento de fls. 11.

Efetuada revisão no benefício, nos termos do artigo 11 da Lei nº 10666/2003, identificou-se


irregularidade na manutenção do benefício de auxílio acidente, espécie 94/074.369.598-4, quando da compensação
Previdenciária, pois foi verificado constar aposentadoria concedida pela Prefeitura de Campinas, em 07/01/1995,
sendo que houve averbação automática do período de 07/01/1965 a 29/02/1992 do Regime Geral de Previdência
Social – RGPS para o Regime Próprio de Previdência Social –RPPS, concluindo, portanto, ser indevido o benefício, a
partir de 01/03/1992.

Conforme correspondência de fls. 17, o interessado foi intimado do procedimento e


instado a apresentar defesa escrita bem como novos elementos objetivando demonstrar a
regularidade do benefício mencionado.

O interessado apresentou sua defesa, fls. 19, a qual foi considerada insuficiente,
conforme Relatório Conclusivo de fls. 25, sendo o benefício suspenso. Intimado o interessado,
por meio do Ofício nº 1953/2009.

Contra a decisão, o interessado interpôs recurso ordinário, o qual em face das


determinações contidas no Provimento nº 115/2009 deste Conselho foi encaminhado à Nona Junta
de Recursos no Estado de Minas Gerais – 9ªJR/MG que, por meio do Acórdão nº 4607/2010,
negou-lhe provimento.

Irresignado, o interessado interpôs recurso a uma das Câmaras de Julgamento deste Conselho,
requerendo a reforma da decisão, conforme razões aduzidas às fls. 46.

O INSS ofereceu contrarrazões.

É o relatório.

Processo: 0074.369.598-4 1/3

769
Seleção de Acórdãos

Peço inclusão em Pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 14/03/2011 para sessão nº 83/2011 de 23/03/2011 às 14:00.

Voto
EMENTA: AUXÍLIO-ACIDENTE - ACIDENTE DO TRABALHO.
POSSIBILIDADE DE ACUMULAÇÃO DO BENEFICIO
AUXÍLIO-ACIDENTE COM APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO.
APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DA SUA CONCESSÃO.
DIREITO ADQUIRIDO. APLICAÇÃO DAS DISPOSIÇÕES CONTIDAS NA
SÚMULA 44 DA ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO, APLICÁVEL AO CASO.
2- POSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DO BENEFÍCIO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO
FUNDAMENTAÇÃO:

O recurso é tempestivo, nos termos do § 1º do art. 305 do RPS, aprovado pelo Dec. nº 3048/99.

Conforme relatado, tratam os autos de benefício Auxílio Acidente, suspenso por acumulação indevida
com aposentadoria no Regime Próprio de Previdência Social, em razão da averbação automática do tempo de RGPS
para o RPPS.

O Auxílio – Acidente ora questionado, foi concedido na vigência do Regulamento de Benefícios da


Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 83080/79, artigos 238 e 239, que assim disponham:

Art. 238 – O auxílio-acidente é devido ao acidentado que, após a consolidação


das lesões resultantes do acidente, permanece incapacitado para a tividade que exercia na
época do acidente, mas não para outra.

Art. 239 – O auxílio-acidente, mensal e vitalício, corresponde a 40% do


salário-de- contribuição do segurado vigente no dia do acidente, observado o disposto nos
artigos 256 e 257, não podendo ser inferior a esse percentual do seu salário-de-benefício.
(grifei)

O citado benefício foi mantido no artigo 86 da Lei nº 8213/91, que em sua redação original, também, em
seu § 1º mantinha que o auxílio-acidente era mensal e vitalício.

Corroborando as disposições contidas na Lei n º 8213/91, o Regulamento dos Benefícios da Previdência


Social –RBPS, aprovado pelo Decreto nº 611/92, em seu artigo 166 e § 1º mantiveram o benefício em questão como
vitalício, reforçando no § 3º que dizia: o recebimento de salário ou a concessão de outro benefício não prejudicará
a continuidade do recebimento do auxílio-acidente

Somente com a alteração introduzida no citado artigo (§ 2º) pela MP nº 1596-14, de 10/11/1997, é que é
vedada a acumulação do referido benefício com qualquer aposentadoria.

Como se confirma na legislação que validou a concessão do auxílio-acidente em questão, o benefício foi
concedido como vitalício, não podendo ser cessado em face de legislação posterior, sob pena de ofensa ao princípio

Processo: 0074.369.598-4 2/3

770
Seleção de Acórdãos

do direito adquirido, consubstanciado no inciso XXXVI do artigo 5º da Constituição Federal em vigor, segundo o
qual a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

Além disso, no presente caso, é aplicável o entendimento contido na Súmula nº 44 da AGU, segundo o
qual é permitida a acumulação do benefício auxílio-acidente com benefício de aposentadoria, quando a consolidação
das lesões, que resulte em seqüelas definitivas tiver ocorrido até 10/11/1997, inclusive, dia imediatamente anterior a
entrada em vigor da MP nº 1596-14, convertida na Lei nº 9528/97 que passou a vedar tal acumulação.

Pelo exposto;

VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO do interessado para, no mérito DAR – LHE


PROVIMENTO, reformando, em conseqüência, o Acórdão nº 4607/2010, da lavra da 9ªJR/MG. .

CLEUSA VIEIRA DE SOUZA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 1008/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: SONIA MARIA DE


AGUIAR CAYRES e VALTER SERGIO PINHEIRO COELHO.

Brasília - DF, 23/03/2011

CLEUSA VIEIRA DE SOUZA


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0074.369.598-4 3/3

771
Seleção de Acórdãos

772
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do
37367.001254/2008-61
Recurso:
Unidade de Origem: PROTOCOLO GERAL/GEX IRAJÁ
Documento: 0082.808.119-0
Recorrente: INSS
Recorrido: OSMAR FERNANDES NEVES/Décima Junta de Recursos
ABONO DE PERMANÊNCIA EM SERVIÇO - 20% (30 ANOS DE
Assunto/Espécie Benefício:
SERVIÇO)
Relator(a): LENI CÂNDIDA ROSA

Relatório
O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL recorre da decisão da 10ª Junta de Recursos da
Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro - 10ªJRPS/RJ proferida no processo de interesse do segurado
OSMAR FERNANDES NEVES.

O benefício ABONO DE PERMANÊNCIA EM SERVIÇO foi concedido ao segurado a partir de


19/01/89, conforme consta do extrato de fls.24.

Posteriormente, o segurado solicitou a emissão de CTC – Certidão de Tempo de Contribuição para


aproveitamento na aposentadoria no serviço público federal. Foi emitida a CTC com o tempo de contribuição
aproveitado para o abono e não foi cessado o pagamento do benefício, conforme determinava a legislação em vigor
no ato da emissão.

Verificado o pagamento indevido do abono, o segurado foi notificado para a devolução dos valores
recebidos indevidamente, descontado o período atingido pela prescrição qüinqüenal.

Contra a decisão da Autarquia, o interessado recorreu à 10ªJRPS/RJ que, depois de converter o


julgamento em diligência para a complementação de informações, decidiu pela reforma da decisão da Autarquia. O
recurso do segurado foi provido por unanimidade pelo Acórdão N. º 160/163, com fundamentação do voto nos
artigos 149 e 211 do Regulamento dos Benefícios da Previdência Social aprovado pelo Decreto 83.080/79.

Em sua decisão o Colegiado entendeu que, sendo a aposentadoria por tempo de serviço paga por
Regime Próprio de Previdência e não pelo RGPS, a sua acumulação com o abono de permanência era compatível,
devendo o benefício ser restabelecido.

No recurso a uma das Câmaras de Julgamento deste Conselho, a Autarquia contesta a decisão,
alegando que de acordo com a legislação que permite a contagem recíproca do tempo de
contribuição, a manutenção do abono de permanência com a aposentadoria não poderá ser
admitida no caso de aproveitamento do tempo de serviço / contribuição de um regime para outro;
que no presente caso, ao emitir a CTC para o segurado com a finalidade de aproveitamento do
tempo de contribuição do RGPS para o RPPS, o abono deveria ter sido cessado.

Observa a Autarquia que, conforme consta da CANSB – Consolidação dos Atos Normativos
Sobre Benefício (Capítulo VI, subitem 2.4.2) se o segurado estiver em gozo de abono de
permanência em serviço e requerer Certidão de Tempo de Serviço / Contribuição referente ao

Processo: 0082.808.119-0 1/4

773
Seleção de Acórdãos

tempo de atividade privada para efeito de aposentadoria como funcionário público (federal,
estadual ou municipal) poderá ser atendido na sua pretensão desde que renuncie expressamente
ao abono, requerendo o seu cancelamento.

O segurado, por procurador, apresentou contra-razões discorrendo sobre a legislação que entende
pertinente à matéria tratada para, em síntese, solicitar a manutenção da decisão recorrida.

É o Relatório.
Peço inclusão em Pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 16/06/2010 para sessão nº 269/2010 de 21/06/2010 às 16:00.

Voto
EMENTA: ABONO DE PERMANÊNCIA EM SERVIÇO - 20% (30 ANOS DE
SERVIÇO). ABONO DE PERMANÊNCIA EM SERVIÇO. ACUNULAÇÃO
COM APOSENTADORIA ESTATUTÁRIA ONDE FOI APROVEITADO
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO PARA O RGPS CERTIFICADO PELA
AUTARQUIA. IMPOSSIBILIDADE DE ATENDIMENTO DA PRETENSÃO
DO SEGURADO. BENEFÍCIO MANTIDO DEPOIS DA EMISSÃO DA CTC.
FUNDAMENTAÇÃO NO ARTIGO 96, INCISO III DA LEI 8.213/91 E NO
ARTIGO 4º DO DECRETO 3.112 DE 06 DE JULHO DE 1999, ALTERADO
PELO DECRETO 3.217/99. . RECURSO CONHECIDO E PROVIDO
FUNDAMENTAÇÃO:

O recurso é tempestivo (art. 305, parágrafo 1º do Decreto 3048/99).

Como consta do relatório, trata-se de acumulação de Abono de Permanência em Serviço com


Aposentadoria estatutária, para a qual o segurado solicitou contagem recíproca de contribuição para
aproveitamento no regime estatutário.

O entendimento expresso pelo Colegiado na primeira instância deste Conselho não tem respaldo da
legislação. Realmente seria possível acumular os dois benefícios (abono e aposentadoria) se não tivesse havido
aproveitamento do mesmo tempo de contribuição vertido para o RGPS na aposentadoria no RPPS.

No caso em exame, cabe observar o contido na Lei 8.3213/91, no capítulo que trata da contagem
recíproca de tempo de contribuição:

Art. 94. Para efeito dos benefícios previstos no Regime Geral de


Previdência Social ou no serviço público é assegurada a
contagem recíproca do tempo de contribuição na atividade
privada, rural e urbana, e do tempo de contribuição ou de serviço
na administração pública, hipótese em que os diferentes sistemas
de previdência social se compensarão financeiramente. (Redação
da Lei 9.711/98).

§ 1o A compensação financeira será feita ao sistema a que o


interessado estiver vinculado ao requerer o benefício pelos

Processo: 0082.808.119-0 2/4

774
Seleção de Acórdãos

demais sistemas, em relação aos respectivos tempos de


contribuição ou de serviço, conforme dispuser o Regulamento.

Art. 96. O tempo de contribuição ou de serviço de que trata esta Seção


será contado de acordo com a legislação pertinente, observadas
as normas seguintes:

I - não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições


especiais;
II - é vedada a contagem de tempo de serviço público com o de
atividade privada, quando concomitantes;
III - não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado
para concessão de aposentadoria pelo outro;
IV - o tempo de serviço anterior ou posterior à obrigatoriedade de
filiação à Previdência Social só será contado mediante
indenização da contribuição correspondente ao período
respectivo, com acréscimo de juros moratórios de um por cento ao
mês e multa de dez por cento. (Redação da Lei 9.528/97).

Como o segurado ao requerer a CTC estava recebendo abono de permanência em serviço, embora
a aposentadoria fosse pleiteada junto ao RPPS, estava utilizando o mesmo tempo de contribuição nos dois
regimes, o que é vedado pela legislação como se vê no dispositivo transcrito.

O Decreto 3.112, de 06 de julho de 199, que regulamentou a Lei 9.796 de 05 de maio de 199, que
trata da compensação financeira, com as alterações do Decreto 3.217/99, determina:

Art. 1º A compensação financeira entre o Regime Geral de Previdência


Social e os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na hipótese de
contagem recíproca de tempo de contribuição, respeitará as disposições da
Lei n. º 9.796, de 05 de maio de 1999 e deste Decreto.

Art. 2º A compensação financeira prevista neste Decreto não se aplica aos


regimes próprios de previdência social da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios que não atendam aos critérios e limites previstos
na Lei n. º 9.717, de 27 de novembro de 1998, e legislação complementar
pertinente, exceto quanto aos benefícios concedidos por esses regimes no
período de 5 de outubro de 1988 a 7 de fevereiro de 1999.

Art. 4º Aplica-se o disposto neste Decreto somente para os benefícios de


aposentadoria e de pensão dela decorrente concedidos a partir de 5 de
outubro de 1988, excluída a aposentadoria por invalidez decorrente de
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou
incurável, especificada em lei e a pensão dela decorrente.

Assim, estabelecida a pretensão do segurado de utilizar o tempo de contribuição certificado pelo INSS
no RPPS, deixou de haver aqui, um tempo de contribuição disponível para a manutenção do abono, o que só teria
ocorrido se o tempo certificado fosse posterior à concessão do abono.

A CANSB já admitia a emissão da CTC nos casos em que o segurado estivesse recebendo abono de
permanência em serviço, visto que, desde que ele solicitasse o cancelamento do abono para passar a receber a
aposentadoria utilizando o mesmo tempo de contribuição.

Processo: 0082.808.119-0 3/4

775
Seleção de Acórdãos

Assim, a decisão da Autarquia é respaldada na legislação que rege a matéria, devendo ser verificado o
meio para a devolução dos valores recebidos indevidamente, na forma prevista no Regulamento da Previdência
Social, respeitando-se a prescrição qüinqüenal, devendo ser autorizado o parcelamento do débito na forma do artigo
154, § 2º, do RPS, se assim requerer o segurado, já que não há nos autos comprovação de existência de fraude ou má
fé.

Posto Isto e,

CONSIDERANDO tudo mais que dos autos consta,

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO do INSS para,


no mérito DAR-LHE PROVIMENTO ficando, em consequência, reformado o Acórdão 1166/2010 da 10ªJRS/RJ.

LENI CÂNDIDA ROSA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 2697/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: IONÁRIA DA SILVA


FERNANDES e HERILENE MOREIRA LIMA.

Brasília - DF, 21/06/2010

LENI CÂNDIDA ROSA


Presidente em Exercício e Relator(a)

Processo: 0082.808.119-0 4/4

776
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35097.001105/2009-85


Unidade de Origem: PROTOCOLO GERAL/GEX BELO HORIZONTE
Documento: 0109.072.708-6
Recorrente: MARIO FERNANDES DA CUNHA
Recorrido: INSS/Sétima Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): SONIA MARIA DE AGUIAR CAYRES

Relatório
Retornam os autos, em razão de propositura de ação judicial com o mesmo objeto
do recurso administrativo, conforme se pode verificar, às fls. 153 a 159.
Tratam os autos de pedido de cancelamento da Aposentadoria por Tempo de
Serviço concedida, em 28/04/98, ao segurado Mário Fernandes da Cunha, conforme Carta de
Concessão às fls. 116.
Em 15/04/2009, o segurado protocolizou um pedido de cancelamento da
aposentadoria, pelos motivos expostos às fls. 40 a 50, para imediata implantação da
Aposentadoria Especial, por ser mais vantajosa.
O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS indeferiu o pedido de desistência em
questão, com base no artigo 181-B do Decreto nº 3.048/99. (fls. 126)
Ciente da decisão, o interessado recorreu à 7ª Junta de Recursos da Previdência
Social do Estado de Minas Gerais – 7ª JRPS/MG, que negou provimento ao recurso a ela
interposto. (fls. 137/138)
Em recurso a uma das Câmaras de Julgamento deste Conselho, o interessado alegou
que, em 15/04/2009, protocolou seu pedido de renúncia do benefício Aposentadoria por Tempo
de Serviço, para a concessão da Aposentadoria Especial, uma vez que exerceu atividade especial
por mais de 30 anos, até 15/04/2008. Requereu a reforma da decisão.
Esta Câmara de Julgamento, pelo acórdão 4366/2010, deu provimento ao recurso do
interessado, reconhecendo o direito ao cancelamento do benefício que vinha recebendo e a
transformação da espécie 42 para 46.
O INSS recorreu da decisão, alegando que o acórdão infringiu a legislação
previdenciária que rege a matéria e informou que o segurado propôs ação judicial com o mesmo
objeto do processo administrativo.
O segurado não foi notificado do recurso da Autarquia.
É o relatório.

Peço inclusão em pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 08/02/2011 para sessão nº 45/2011 de 15/02/2011 às 16:00.

Voto

Processo: 0109.072.708-6 1/3

777
Seleção de Acórdãos

EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. PEDIDO DE


CANCELAMENTO DA APOSENTADORIA PARA TRANSFORMAÇÃO DA
ESPÉCIE 42 PARA 46. PROPOSITURA DE AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA
TÁCITA, CONFORME PREVÊ O ARTIGO 307 DO RPS, APROVADO PELO
DECRETO Nº 3.048/99. PERDA DO OBJETO. NÃO CONHECIMENTO DO
RECURSO. FUNDAMENTAÇÃO: ARTIGOS 53 E 54 DA PORTARIA
MINISTERIAL Nº 323, DE 27/08/07. RECURSO NÃO CONHECIDO
FUNDAMENTAÇÃO

Conforme consta dos autos, o segurado propôs ação judicial com o mesmo objeto do
recurso administrativo.

De acordo com o contido no artigo 307 do Regulamento da Previdência Social-RPS,


aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, “ a propositura, pelo beneficiário ou contribuinte, de ação
que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa
renúncia tácita ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto.”

Pelo dispositivo citado, deve haver a renúncia tácita ao direito de recorrer na esfera
administrativa, aplicando-se ao caso, o disposto no artigo 53 da Portaria Ministerial nº 323, de
27/08/2007:

Art.53. As decisões proferidas pelas Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos


poderão ser de:

I- conversão em diligência;
II- não conhecimento;
III- conhecimento e não provimento;
IV- conhecimento e provimento parcial;
V- conhecimento e provimento; e
VI- anulação.

De acordo com o artigo 54 da mesma Portaria constituem razões de não


conhecimento do recurso:
I- a intempestividade;
II- a ilegitimidade ativa ou passiva de parte;
III- a renúncia à utilização da via administrativa para discussão da pretensão,
decorrente da propositura de ação judicial;
IV- a desistência voluntária manifestada por escrito pelo interessado ou seu
representante;
V- qualquer outro motivo que leve à perda do objeto do recurso; e
VI- a preclusão processual.

Dessa forma, o recurso do interessado não deve ser conhecido, nos termos dos
dispositivos citados.

Ante o exposto e,

CONSIDERANDO tudo o mais que dos Autos consta,

CONCLUSÃO: VOTO no sentido de anular o acórdão 4366/2010, de fls.149 a 151, NÃO CONHECER DO
RECURSO DO INTERESSADO, por perda do objeto.

Processo: 0109.072.708-6 2/3

778
Seleção de Acórdãos

SONIA MARIA DE AGUIAR CAYRES


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 555/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em NÃO CONHECER DO
RECURSO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: CLEUSA VIEIRA DE


SOUZA e VALTER SERGIO PINHEIRO COELHO.

Brasília - DF, 15/02/2011

SONIA MARIA DE AGUIAR CAYRES


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0109.072.708-6 3/3

779
Seleção de Acórdãos

780
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35758.005425/2008-01


Unidade de Origem: POSTO DO SEGURO SOCIAL EM BRASILIA - TAGUATINGA
Documento: 0111.033.058-5
Recorrente: IEDA GOMES FERREIRA
Recorrido: INSS/Quinta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: AMPARO SOCIAL PESSOA PORTADORA DEFICIÊNCIA
Relator(a): AVANI NUNES DA SILVA

Relatório
Trata-se de revisão periódica de benefício Amparo Social ao Deficiente previsto no artigo 21 da Lei nº
8.742/93, cujo benefício concedido a IEDA GOMES FERREIRA foi mantido desde 25/09/1998.

O Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em fase de reavaliação bianual constatou que as
condições de origem não foram mantidas, motivo de cessação do benefício (fls.35/36).

O Instituto (fls.36) informou a requerente que o amparo social não seria mantido, haja vista, renda per
capita familiar superior a um quarto de salário mínimo.

No Relatório sobre a Composição do Grupo e Renda Familiar (fls.18/19) consta que a Interessada vive
com sua mãe que possui renda mensal de um salário mínimo proveniente de amparo previdenciário rural por idade
desde 1986 (fls.24).

A requerente, notificada, apelou à 5ª Junta de Recursos da Previdência Social no Distrito Federal que
negou provimento ao recurso, conforme Acórdão de fls.39/41.

No recurso a uma das Câmaras de Julgamento deste Conselho, a mãe da interessada alegou idade
avançada (93 anos de idade), com renda familiar proveniente de amparo ao idoso, insuficiente para seu sustento e de
sua filha.

O INSS manteve o indeferimento inicial, em prosseguimento encaminhou os autos a este Conselho


para julgamento do recurso.

È o Relatório.

Peço inclusão em pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 17/01/2011 para sessão nº 29/2011 de 25/01/2011 às 16:01.

Processo: 0111.033.058-5 1/3

781
Seleção de Acórdãos

Voto
EMENTA: AMPARO SOCIAL PESSOA PORTADORA DEFICIÊNCIA.
ATENDIDOS OS REQUISITOS ESTABELECIDOS NO ARTIGO 20 DA LEI Nº
8.742/93 E LEI Nº 10.741/2003. O BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVE SER
RESTABELECIDO.. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO

FUNDAMENTAÇÃO
Recurso tempestivo. Interposto no prazo de trinta dias previsto no § 1º do artigo 305 do Regulamento
da Previdência Social - RPS, aprovado pelo Decreto nº.3.048/99.

Trata-se de revisão periódica de benefício Amparo Social ao Deficiente nos termos previstos no Inciso
V do artigo 203 da Constituição Federal e artigos 20 e 21 da Lei nº 8.742/93.

O artigo 21 da Lei nº 8.742/93 estabelece o prazo de dois anos para revisão e avaliação da continuidade
das condições que deram origem ao benefício.

O Amparo Social é considerado Benefício de Prestação Continuada – BPC com valor fixado em um
salário mínimo, garantido à pessoa deficiente ou idosa com idade mínima de 65 anos, que comprovem não possuir
meio de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, ou seja, renda mensal per capita inferior a
¼ do salário mínimo, nos termos da Lei nº 8.742/93, com as alterações posteriores (Lei nº 9.720/98, Decreto nº
1.744/95 revogado pelo Decreto nº 6.214 de 26/09/2007).

Verifica-se que o INSS suspendeu o benefício em razão de considerar para fins de cálculo da renda per
capita familiar, o valor do amparo social ao idoso recebido pela genitora da requerente.

Conforme consta dos autos, o grupo familiar da requerente é composto por duas pessoas que
sobrevivem com a renda recebida pela genitora.

Convém salientar que o § único do artigo 34 da Lei nº 10.741/2003 estabelece que o valor do Amparo
Social concedido ao idoso do grupo familiar não deve ser considerado para fins de apuração da renda per capita a
que se refere à Lei nº 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93 e artigo 16 da Lei nº 8.213/91, o grupo familiar é o
conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo teto, assim entendido, o requerente; o cônjuge; a companheira; o
companheiro; o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido; os pais e o irmão não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido.

Dessa forma, o valor recebido a título de amparo social ao idoso deve ser excluído da composição de
renda do grupo familiar da requerente para fins deste benefício, o que nos leva a considerar nos termos da Lei de
regência que a requerente necessita da proteção do Estado para sobrevivência. Assim, deve-se restabelecer o
benefício previsto no artigo 20 da Lei nº 8.742/93.

CONCLUSÃO

Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO DA INTERESSADA, para no


mérito, DAR PROVIMENTO, reformando-se em conseqüência a decisão da Junta de Recursos.

AVANI NUNES DA SILVA


Relator(a)

Processo: 0111.033.058-5 2/3

782
Seleção de Acórdãos

Decisório
Nº. do Acórdão: 464/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, a Conselheira: HERILENE MOREIRA LIMA

Brasília - DF, 25/01/2011

AVANI NUNES DA SILVA


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0111.033.058-5 3/3

783
Seleção de Acórdãos

784
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do
37216.004639/2002-57
Recurso:
Unidade de Origem: SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO DA REVISÃO DE DIREITOS
Documento: 0111.079.584-7
Recorrente: INSS
CARLOS CARVALHO MENDONÇA/Décima Segunda Junta de
Recorrido:
Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA ESPECIAL
Relator(a): PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO

Relatório
CARLOS CARVALHO MENDONÇA teve deferida, em abril de 2000,
solicitação de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição.

Posteriormente, já inativado, o segurado solicitou a transformação do benefício


APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO para APOSENTADORIA
ESPECIAL, mediante o enquadramento das atividades desenvolvidas durante o interregno
1980/1995, na condição de engenheiro civil, e a conversão de tempo comum para especial
correspondente ao período de 1964 a 1980, esclarecendo que a alteração pretendida lhe permitiria
a majoração do valor da suplementação salarial que recebe do fundo de pensão do antigo
empregador - a VALIA.

Para fundamentar o pedido e comprovar o exercício de atividades consideradas


especiais na condição de engenheiro civil, o segurado acostou DSS’s 8030 expedidos pela
Companhia Vale do Rio Doce para os períodos 08.08.1980 a 04.01.1982, 01.05.1982 a 30.06.
1985, 01.07.1985 a 07.04.1987, 08.04.1987 a 31.05.1990, 01.07.1990 a 31.01.1996.

Os informes trazidos pelos DSS’s foram contraditados por diligência fiscal


realizada junto à Cia. Vale do Rio Doce pelo Serviço de Fiscalização da Gerência Executiva do
INSS em Vitória (ES), tendo a APS de origem indeferido a pretensão, lastreando-se precisamente
naquela diligência.

Inconformado, o segurado interpôs Recurso Ordinário, provido pela 12ª Junta de


Recursos do Rio de Janeiro, nesses termos (cf. fls. 126/127):

"Considerando que o requerente trouxe aos autos os formulários DSS de fls. 74


a 95, relativos aos períodos trabalhados na Companhia Vale do Rio Doce, na
atividade de Engenheiro Civil, de 08/08/80 a 04/01/82, de 01/05/82 a 07/04/87,
de 01/07/90 a 31/01/96, sendo que de 08/04/87 a 31/05/90 esteve cedido à
VALEC, desenvolvendo também a atividade de engenheiro civil, na construção
das obras de implantação da ferrovia Norte Sul, no trecho de Açailândia à

Processo: 0111.079.584-7 1/12

785
Seleção de Acórdãos

Imperatriz - MA, conforme informado no DSS 8030 de fls. 91 e corroborado


pela declaração da VALEC (empresa subsidiária da Cia. Vale do Rio Doce) de
fls. 122, enquanto que os demais períodos foram exercidos nas obras do Projeto
Carajás. Dessa forma, os referidos períodos são passiveis de enquadramento
como especiais pela categoria profissional de "Engenheiro Civil" no cód. 2.1.1
do Anexo ao Dec. 53.831/64, até 28/04/95, os quais totalizam nessa data 14
anos de atividade especial.

Considerando que até 28/04/95, véspera da publicação da Lei nº. 9.032/95 é


permitido o enquadramento de tempo comum para tempo especial, assim, os
períodos exercidos em atividades comuns de 12/05/64 a 30/08/65 (Novo
Mundo Cia. Nac. Seguros); de 01/09/65 a 17/12/68 (Laboratório Maurício
Vilella); de 26/03/69 a 23/04/69 (Heliogás S/A); de 14/07/69 a 17/03/77
(Construtora Rabello S/A) e de 21/03/77 a 07/08/80 (Pensa Planej. e
Engenharia S/A) que somam 15 anos, 08 meses e 01 dia e no cômputo geral,
que convertendo para tempo especial totalizam 11 anos, 8 meses e 1 dia e no
computo geral, implementa o segurado mais de 25 anos de tempo de serviço
especial, em 28/04/95, dessa forma, fazendo jus à transformação das espécies
(42 em 46) por tratar-se de direito adquirido".

Contra essa decisão do órgão plural de origem, o INSS, por meio do Serviço de
Orientação da Revisão de Direitos da Gerência Executiva (Centro) do Rio de Janeiro, interpôs
Recurso Especial postulando a reforma do julgado, argumentando que a conclusão da diligência
fiscal realizada pela entidade previdenciária foi taxativa no sentido de que o segurado "não
exerceu atividades diretamente nas obras" (cf. fls. 136).

A antiga 6ª CAJ, em sessão realizada em 10.04.2003, embora confirmando o


enquadramento no código 2.1.1 do Anexo ao Decreto nº. 53. 831/64 para o período 1980/1995,
afastou qualquer possibilidade de conversão quanto ao período de 12.05.1964 a 07.08.1980, uma
vez que o interessado exercia atividades de natureza comum, finalizando por conceder
provimento ao recurso do INSS e reformar a decisão da 12ª JR/RJ, que era favorável ao
segurado (acórdão nº. 1.317/2003 - cf. fls. 143/145).

Inconformado, o segurado apresentou pedido de revisão da decisão da extinta 6ª


CAJ, insistindo na tese do direito adquirido à conversão (cf. fls. 150/151).

Os argumentos expendidos pelo segurado foram rechaçados pela Gerência


Executiva do INSS no Rio de Janeiro (cf. fls. 157/158), evoluindo o processado à Divisão de
Assuntos Jurídicos do CRPS, onde foi emitido o Despacho de nº. 62/2006 (cf. fls. 159/160), de
cujo texto colhe-se o seguinte trecho:

"Pareceu-me legal a decisão da Junta, mas a adoção do seu entendimento


pela Câmara pode importar em um ajuste de contas, porque por direito
adquirido o salário de contribuição e as regras aplicáveis são as da data da
implementação do direito, em 28.04.95".

A mesma 6ª CAJ, em 07.06.2006, após assinalar a existência de um procedimento


judicial com objeto idêntico ao do pedido administrativo, entendeu por não conhecer do recurso
do INSS e determinar a anulação dos acórdãos prolatados pela 12ª JR/RJ e 6ª CAJ. (acórdão nº.
2.876 - cf. fls. 162/163).

Processo: 0111.079.584-7 2/12

786
Seleção de Acórdãos

Devolvido o processado à origem, o SRD da Gerência Executiva do Rio de


Janeiro (APS/Centro) suscitou inexatidão no corpo do acórdão, já que o recurso não conhecido
pelo órgão julgador fora interposto não pelo INSS, mas pelo segurado, e solicitou à 6ª CAJ que
retificasse a inexatidão material (cf. fls. 164), tendo a Relatora, Conselheira Ionária Fernandes
prolatado o seguinte despacho (cf. fls. 166), verbis:

"Considerando tratar-se de matéria técnica referente ao período de 12/05/64 a


07/08/80, em que laborou em várias empresas em atividades comuns, tendo em
vista que até 28/04/95 era permitido o enquadramento de tempo comum para
especial, conforme exposto pela 12ª JR/RJ às fls. 127, encaminhe-se os autos à
Assessoria Técnico-Médica do CRPS, para se manifestar sobre o assunto,
apresentando aos autos parecer conclusivo quanto aos enquadramentos dos
períodos citados".

A manifestação da ATM atuante junto às Câmaras de Julgamento do CRPS foi


desfavorável ao segurado no tocante ao período entre 1980 a 1996, tendo o expert opinado pela
impossibilidade de enquadramento técnico face à inexistência de elementos para a comprovação
da efetiva exposição aos agentes nocivos contemplados pela legislação, mas deixado de se
pronunciar acerca do interregno 1964-1980 (cf. fls. 167).

Colocado em mesa para julgamento na data de 28.06.2007, a Relatora, após


acentuar a impossibilidade de conversão do período compreendido entre 1964 a 1980, "posto que
sequer foram apresentados os DSS 8030" (cf. fls. 168/169), votou pelo indeferimento do pedido
de revisão ao argumento da existência de procedimento judicial intentado pelo segurado com
objeto idêntico ao que versa o processo administrativo (cf. fls. 168/169).

Inconformado, o segurado apresenta razões de apelação (?) ao pedido de revisão,


sustentando que:
a) a ação judicial por ele intentada no Juizado Especial Federal de Teresópolis (RJ) não tinha
pertinência com o requerimento administrativo de conversão de aposentadoria, mas versava sobre
restituição de contribuição social incidente sobre o 13º salário;
b) a legislação previdenciária permitiria a aplicação da tese adotada pelo acórdão da 12ª JR/RJ.

Em sessão realizada em 16.06.2008, a Relatora submete à apreciação da 4ª CAJ


voto contendo os seguintes pontos:
a) para o período de 08.08.80 a 28.04.95 deveria ser mantido o enquadramento no código 2.1.1
do Anexo ao Decreto nº. 53.831/64, tendo em vista que os DSS’s 8030 e Laudos Técnicos
apresentados atestariam o exercício da função de Engenheiro pelo segurado;
b) impossibilidade de enquadramento para especial do período entre 29.04.95 a 31.01.96, tendo
em vista que após a edição da Lei nº. 9.032/95, o reconhecimento de atividade especial por
categoria funcional deixou de existir;
c) impossibilidade de conversão para especial do período de 12.05.1964 a 07.08.1980, pois as
atividades desenvolvidas pelo segurado durante o interregno foram de natureza comum, além do
que os formulários para análise das atribuições exercidas não foram juntados.

Os componentes da 4ª CAJ endossaram, à unanimidade, o voto da Relatora, cuja


conclusão final foi pelo conhecimento do recurso do INSS, anulação do acórdão nº.
2.876/2006, da 6ª CAJ e reforma parcial do acórdão prolatado pela 12ª JR/RJ.

Processo: 0111.079.584-7 3/12

787
Seleção de Acórdãos

Após o julgamento, permitiu-se ao segurado, por solicitação deste , a


oportunidade de apresentar DSS 8030 e/ou PPP’s para o período 1964 - 1980 (cf. fls. 178).

Muito embora tenha partido do próprio segurado que lhe fosse deferida
oportunidade de apresentar os citados documentos, isso não foi concretizado, sendo que em
petição dirigida ao Presidente do CRPS - e não à 4ª CAJ - , o segurado altera sua
argumentação e sustenta jamais ter afirmado ter laborado em condições especiais no período
compreendido entre 12.05.1964 a 07.08.1980.

Ao final, o segurado pinça trechos que lhe foram favoráveis de uma e outra
decisão e, com fundamento no Despacho de nº. 62/2006, da DAJ/CRPS, requer o reconhecimento
do direito adquirido à conversão pretendida com a conseqüente transformação de sua
aposentadoria para a espécie especial.

Com a nova remessa dos autos à DAJ/CRPS, este órgão, adotando como correta a
decisão da 12ª JR/RJ, efetua contagem de tempo de contribuição do segurado e conclui estar
configurado o direito adquirido à conversão (Informação JMC nº. 12/2009).

Era o que tinha, de substancial, a relatar, sendo que para uma melhor compreensão
da matéria, apresenta-se a seguinte planilha retratando a situação atual do feito:

ÓRGÃO JULGADOR DATA RESULTADO


APS 15.07.2000 INDEFERIU A
TRANSFORMAÇÃO DA
APOSENTADORIA POR TEMPO
DE CONTRIBUIÇÃO PARA
ESPECIAL
12ª JR/RJ – ACÓRDÃO 18.11.2002 REFORMOU A DECISÃO DA APS
Nº. 3.710/2002 E DEFERIU A
TRANSFORMAÇÃO
6ª CAJ - ACÓRDÃO Nº. 10.04.2003 CONCEDEU PROVIMENTO AO
1.317/2003 RECURSO DO INSS PARA
(POSTERIORMENTE REFORMAR A DECISÃO DA 12ª
REFORMADO JR E MANTER A DECISÃO
PARCIALMENTE PELO INDEFERITÓRIA DA APS
ACÓRDÃO Nº. 3.867/2008)
6ª CAJ - ACÓRDÃO Nº. 13.06.2006 NÃO CONHECEU DO
2.876/2006 (ANULADO RECURSO DO INSS FACE À
POSTERIORMENTE PELO EXISTÊNCIA DE DEMANDA
ACÓRDÃO Nº. 3.867/2008) JUDICIAL
6ª CAJ 28.06.2007 INDEFERIU PEDIDO DE
REVISÃO FORMULADO PELO
SEGURADO/RECORRENTE
4ª CAJ - ACÓRDÃO Nº. 24.06.2008 CONHECEU DO RECURSO DO
3.867/2008 INSS, ANULOU O ACÓRDÃO Nº.
2.876/08, DA 6ª CAJ E

Processo: 0111.079.584-7 4/12

788
Seleção de Acórdãos

REFORMOU EM PARTE O
ACÓRDÃO Nº. 3.710/2002, DA 12ª
JR/RJ.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 23/06/2009 para sessão nº 267/2009 de 24/06/2009 às 14:01.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA ESPECIAL. SUA TRANSFORMAÇÃO EM
ESPECIAL MEDIANTE A CONVERSÃO DE TEMPO COMUM EM
ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE.. RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO
PRELIMINAR

DOS PARECERES EMTIDOS PELA DIVISÃO DE ASSUNTOS JURÍDICOS: SUA


INAPLICABILIDADE AO CASO

Rejeito, desde logo, para o julgamento da matéria, as manifestações de fls.


159/160 (Despacho JMC nº. 62/2006) e 187/191 (Informação JMC nº. 12/2009), ambas emitidas
pela Divisão de Assuntos Jurídicos (DAJ) deste Conselho, pois muito embora caiba à DAJ
prestar assessoria jurídica aos órgãos do CRPS (art. 23, inc. I, do Regimento), essa competência
não se estende ao ponto de interferir nas atribuições judicantes da 4ª CAJ e/ou desprezar suas
respectivas decisões.

De fato, na Informação JMC nº. 12/2009, constou que:

"O despacho DAJ/JMC 62/2006, concordando com a 12ª Junta, entendeu


legal a conversão de serviços comuns em especiais...".

Ora, como poderia a DAJ emitir, em 08.06. 2006, pronunciamento concordando


com o posicionamento adotado pela 12ª JR/RJ ao apreciar recurso do segurado, se havia nos
autos acórdão da 6ª CAJ, lavrado em 10.04.2003, reformando exatamente aquela decisão da 12ª
JR?

Por outro lado, o mesmo responsável pela Informação JMC nº. 12/2009 afirmou,
na parte final, que:

"Nestes termos, na data antecedente à edição da Lei 9.032/95, o interessado


implementava cerca de 14 anos de tempo de serviço especial, mais
aproximadamente, 15 anos, 8 meses e 25 dias de tempo comum, ou,
convertidos de comum para especial, 11 anos, 8 meses e 01 dias, somando
tempo superior a 25 anos de serviços especiais, configurando o direito
adquirido na data antecedente à Lei 9.032/95".

Processo: 0111.079.584-7 5/12

789
Seleção de Acórdãos

Da leitura do texto infere-se que a DAJ, sem qualquer respaldo legal,


açambarcou competência da 4ª CAJ e julgou antecipadamente o assunto , em lamentável
equívoco, induzindo no segurado a certeza da existência de um suposto direito adquirido à
conversão.

Todavia, não detendo a DAJ/CRPS competência para rescindir acórdãos e


descabendo-lhe julgar matéria recursal ainda pendente de apreciação perante a 4ª CAJ, entendo
inaplicáveis as manifestações oriundas daquele órgão, até porque as referidas Notas não
receberam do Ministério da Previdência Social e/ou da Advocacia-Geral da União a força
normativa que as impusesse como lei para os órgãos da Administração Pública Federal.

MÉRITO
O CASO CONCRETO
A IMPOSSIBILIDADE DE CONVERTER-SE O PERÍODO ENTRE 1964 A 1980

A controvérsia que gerou a solicitação de revisão do acórdão nº. 1.317/2003, da


extinta 6ª CAJ, prende-se a possibilidade ou não de conversão de serviços comuns em especiais,
prestados pelo segurado no período entre 12.05.1964 a 07.08.1980.

A aposentadoria especial, benefício decorrente do trabalho realizado em condições


prejudiciais à saúde ou à integridade física do segurado, foi criada pelo art. 31 da Lei nº. 3.
807/60 após estudos realizados pela Comissão Nacional do Bem-estar Social, instituída pelo
Ministério do Trabalho em 1951, destinando-se ao trabalhador que tenha laborado durante 15, 20
ou 25 anos, pelo menos, conforme a atividade profissional, em serviços que, para tal efeito,
fossem considerados penosos, insalubres ou perigosos, por decreto do Poder Executivo.

Tratava-se de benefício que se distinguia dos demais por trazer um novo conceito
ao referir-se a atividades perigosas, penosas ou insalubres, bem como exigia, no momento de sua
criação, uma carência maior e a idade mínima de 50 anos, o que se modificou com o decorrer
do tempo.

Diversos foram os Decretos baixados pelo Poder Executivo regulamentando a


concessão da aposentadoria especial, valendo citar os de nºs 48.959-A, de 19.09.60, que aprovou
o Regulamento Geral da Previdência Social, 53.831, de 25.03.1964, e 60.501, de 14.03.1967, que
concedeu nova redação ao Regulamento aprovado pelo anterior Decreto 48.959-A/60.

Posteriormente foi editado o Decreto nº. 63.230, de 10.09.1968, que assim dispôs
acerca da aposentadoria especial:

"Art. 1º A aposentadoria especial de que trata o artigo 31 da Lei número 3.807,


de 26 de agosto de 1960, com a alteração introduzida pelo artigo 1º da Lei nº.
5.440-A, de 23 de maio de 1968, será devida ao segurado que haja prestado no
mínimo cento e oitenta contribuições mensais e tenha, conforme a atividade,
pelo menos, quinze, vinte ou vinte e cinco anos de trabalho em serviços
considerados penosos, insalubres ou perigosos nos termos deste decreto.

Processo: 0111.079.584-7 6/12

790
Seleção de Acórdãos

Art. 2º Serão consideradas penosas, insalubres ou perigosas as atividades


arroladas nos Quadros anexos, ns. I e II, nos quais se fixa, igualmente, o tempo
de trabalho mínimo necessário, com relação a cada uma delas, para aquisição
do direito ao benefício.

Art. 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá da comprovação pelo


segurado, perante o Instituto Nacional de Previdência Social, na forma do
artigo 53 do Regulamento Geral da Previdência Social (Decreto nº. 60.501, de
14 de março de 1967), do tempo de trabalho permanente e habitualmente
prestado em atividade ou atividades a que se refere o artigo anterior, durante o
período mínimo fixado, computados, também, os períodos em que o segurado
tenha estado em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez
decorrentes do exercício daquelas atividades.
§ 1º Quando o segurado houver trabalhado sucessivamente em duas ou
mais atividades penosas, insalubres ou perigosas sem ter completado em
qualquer delas o prazo mínimo que lhe corresponda, os respectivos tempos
de trabalho serão somados, após quando for o caso, à respectiva conversão,
segundo critério de equivalência a ser estabelecido pelos órgãos técnicos
competentes do Ministério do Trabalho e Previdência Social".

Foi precisamente com a edição do Decreto nº. 63.230/68 que surgiu, pela
primeira vez na legislação brasileira, o instituto da conversão, sendo que a teor da norma
transcrita, somente era possível a conversão de tempo especial para especial.

Novas alterações na legislação da previdência social foram provocadas pela Lei


nº. 5.890, de 08.06.1973, sendo que dentre as mudanças trazidas constava a redução do período
de carência para a concessão de aposentadoria especial, verbis:

"Art. 9º A aposentadoria especial será concedida ao segurado que, contando no


mínimo 5 (cinco) anos de contribuição, tenha trabalhado durante 15 (quinze),
20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos pelo menos, conforme a atividade
profissional, em serviços que, para esse efeito, forem considerados penosos,
insalubres ou perigosos, por decreto do Poder Executivo".

Com o Decreto nº. 83.080, de 24.01.79, que aprovou o novo Regulamento dos
Benefícios da Previdência Social, o instituto da conversão foi mantido nos mesmos termos em
que criado, permanecendo assim apenas a possibilidade de conversão de tempo especial para
especial.

Em 10.12.1980, foi promulgada a Lei nº. 6.887, cujo art. 2º fez incluir o § 4º no
art. 9º da Lei nº. 5.890, de 08.06.1973, sendo o seguinte o teor da norma inserida:

"Art. 9º- .............................................................................................

§ 4º - O tempo de serviço exercido alternadamente em atividades comuns e


atividades que, na vigência desta Lei, sejam ou venham a ser consideradas
penosas, insalubres ou perigosas, será somado, após a respectiva conversão,
segundo critérios de equivalência a serem fixados, pelo Ministério da
Previdência Social, para efeito de aposentadoria de qualquer espécie".

Processo: 0111.079.584-7 7/12

791
Seleção de Acórdãos

A Lei nº. 6.887/80 é considerada um marco, pois pela primeira vez na história do
ordenamento jurídico previdenciário o tempo de serviço realizado alternadamente em atividades
comuns e atividades especiais poderia ser convertido. Ou seja, foi por meio desta norma que
surgiu a conversão de serviço comum para especial, bem como a conversão de serviço especial
para comum, podendo ser efetuada, após a respectiva conversão, a soma dos diversos tempos
para a obtenção de aposentadoria de qualquer espécie.

Em decorrência da nova situação trazida pela Lei nº. 6.887/80, foi baixado o
Decreto nº. 87.374/82, regulamentando o assunto, sendo que com o Decreto nº. 89.312, de
13.01.1984, foi expedida uma nova edição da Consolidação das Leis da Previdência Social, cujo
art. 35, § 2º continuou a autorizar a conversão de tempo de serviço comum para especial, bem
como especial para comum para a obtenção de qualquer tipo de aposentadoria:

"Art. 35 - ...........................................................................................
...........................................................................................................
§ 2º - Quando o segurado tiver trabalhado em duas ou mais atividades penosas,
insalubres ou perigosas, sem completar em qualquer delas o prazo mínimo que
lhe corresponda para fazer jus à aposentadoria especial, ou quando tiver
exercido alternadamente essas atividades e atividades comuns, os respectivos
períodos serão somados, aplicada a Tabela de Conversão seguinte:
condicionado ao afastamento de todas as atividades".

Com a Constituição Federal de 1988, as aposentadorias integral e proporcional


passaram a ser regidas pelo art. 202, sendo que pelo art. 59 do Ato das Disposições Transitórias,
o Poder Executivo deveria apresentar, no prazo máximo de 6 meses da promulgação da Carta
Política, os projetos de lei referentes à organização da seguridade social e aos planos de custeio e
benefício.

Daí as Leis nºs 8.212/91 e 8.213/91, que instituíram, respectivamente, o Plano de


Custeio e o Plano de Benefícios da Previdência Social, sendo que este, ao tratar da aposentadoria
especial, assim o fez:

"Art. 57 - A Aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência


exigida em lei, ao segurado que tiver trabalhado durante 15 (quinze), 20 (vinte)
ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme a atividade profissional, sujeito a
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
...........................................................................................................
§ 3º - O tempo de serviço exercido alternadamente em atividade comum e
em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a
ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado,
após a respectiva conversão, segundo critérios de equivalência
estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para
efeito de qualquer benefício".

Da leitura das normas transcritas dessume-se que a conversão de tempo de


serviço - tanto de comum para especial como de especial para comum - continuou a ser
permitida, com o somatório dos respectivos períodos para a obtenção de qualquer benefício.

A regulamentação do Plano de Benefícios da Previdência veio ocorrer pelo


Decreto nº. 357, de 07.12.91, que tratou da aposentadoria especial nos arts. 62 a 68, e pelo

Processo: 0111.079.584-7 8/12

792
Seleção de Acórdãos

Decreto nº. 611, de 21.07.92, sendo que em ambos o instituto da conversão esteve previsto, com
expressa menção à possibilidade de converter-se tempo comum para especial.

Todavia, a Lei nº. 9.032, de 28.04.95, trouxe modificações ao texto da Lei nº.
8.213/91, dando nova redação ao § 3° e incluindo o § 5° no art. 57. Confira-se:

"Art.57 - A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência


exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze),
20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei (redação dada
pela Lei nº. 9.032/95).
.............................................................................................
§ 3 - A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo
segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de
trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo
fixado (redação dada pela Lei nº. 9.032/95).
.............................................................................................
§5º - O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou
venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será
somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em
atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da
Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer
benefício" (redação dada pela Lei nº. 9.032/95).

Infere-se, sem muita dificuldade, que pela nova redação do art. 57 da Lei nº.
8.213/91, já não seria possível a conversão de tempo comum em especial , o que era
plenamente possível nos termos da redação original da mencionada norma. Ou seja, a
possibilidade de conversão de atividades consideradas especiais para tempo de serviço comum e
também de atividades comuns para tempo de serviço especial, para efeito da concessão da
aposentadoria especial vigeu até a promulgação da Lei nº. 9.032, o que ocorreu em abril de 1995.

A impossibilidade de se converter tempo comum para especial após 28.04.95 não


é conclusão isolada deste Relator, pois ao tecer comentários acerca das mudanças operadas no
Plano de Benefícios pela Lei nº. 9.032/95, Wladimir Martinez, assim se manifestou:

"A principal alteração, porem, afetou a alternatividade da conversão.


Desapareceu, também, a expressão 'alternadamente'. Enquanto vigente a
versão revogada era possível converter tempo comum (diminuindo dias)
para somá-lo ao com o especial ou converter o tempo especial (aumentando os
dias) para somá-lo com o comum. E, à vista do in fine ('para efeito de qualquer
benefício') era possível solicitar ou a aposentadoria especial ou aposentadoria
por tempo de serviço comum.

A partir de 29.04.95, entretanto, isso não é mais possível, o comando legal


autoriza tão-somente a conversão de tempo especial para comum e, a rigor,
quem trabalhou algum tempo em atividade perigosa, penosa ou insalubre e
também na comum, necessariamente terá de requerer a aposentadoria por
tempo de serviço" (cf. Comentários à lei básica da previdência social. 3ª
edição. São Paulo: Editora LTr, Tomo II, 1995, p. 312).

Processo: 0111.079.584-7 9/12

793
Seleção de Acórdãos

Ora, tendo postulado e obtido a inativação em 2000, quando já alterada a redação


original do art. 57 da Lei nº. 8.213/91, ao segurado somente poderia ser concedido o benefício de
aposentadoria por tempo de contribuição, pois diante das alterações introduzidas na Lei nº.
9.032/95, deixou de ser possível a concessão de aposentadoria especial com conversão de tempo
de serviço comum (mesmo prestado anteriormente àquela data), pois passou a ser requisito para
a fruição do benefício a presença de 25, 20 ou 15 anos de tempo de serviço especial
(exclusivamente).

Não se está, com tal entendimento, desrespeitando-se qualquer e suposto direito


adquirido à contagem privilegiada do tempo de serviço, mas sim dando estrito cumprimento às
regras relativas à própria concessão da aposentadoria especial.

DO PERÍODO RECONHECIDO COMO ESPECIAL ENTRE 1980 E 1995

Ultrapassada a tormentosa questão da conversão de tempo comum para especial,


cabe analisar o tema do enquadramento, por categoria profissional, referente ao interregno
1980/1995, reconhecido pela 12ª JR e mantido por esta 4ª CAJ.

No entender da 12ª JR/RJ, o enquadramento seria possível no código 2.1.1 do


Anexo ao Decreto nº. 53.831/64, pela condição de engenheiro civil ostentada pelo segurado.

Entretanto, divirjo de tal entendimento e o faço confortado pela documentação


acostada aos autos, pois dos formulários DSS’s apresentados visando comprovar o suposto
exercício de atividade insalubre ou nociva à saúde, emerge uma situação fática adversa ao
segurado.

Com efeito, no DSS de fls. 74, concernente ao período 08/80 a 01/82, consta a
informação de que o segurado laborava na Superintendência de Implantação do Projeto Carajás,
cuja sede localizava-se na cidade do Rio de Janeiro.

Ora, a condição para o enquadramento do profissional de engenharia civil é a


efetiva prestação de serviço na obra, situação que não se amolda ao caso do segurado, que
exercia suas atribuições em local distante das obras desenvolvidas pelo Projeto Carajás.

Do mesmo modo, o DSS de fls. 75, referente ao período entre 01.05.82 a 30.06.85
, assinala que a atividade profissional do segurado estava vinculada não às obras do Projeto,
cabendo-lhe, isto sim, a assistência de estudos e projetos, situação que, ao meu sentir, não
permite o enquadramento por categoria profissional, que exige o desempenho dos encargos de
engenheiro civil junto ao canteiro de obras.

Cabe também assinalar que o segurado esteve igualmente afastado das obras de
engenharia no período entre 01.07.85 a 07.04.87, ocasião em que laborava na cidade do Rio
de Janeiro, ocupando a função de Gerente de Divisão de Avaliação e Medições, cuja jornada
passava ao largo das obras.

Processo: 0111.079.584-7 10/12

794
Seleção de Acórdãos

Restariam para análise os interregnos de 04/87 a 05/90 e 07/90 a 28.04.95,


períodos em que o segurado esteve cedido à Ferrovia Norte-Sul (Valec) e à Celulose
Nipo-Brasileira, respectivamente.

Tais períodos de tempo, entretanto, também não poderiam ser objeto de


enquadramento, pois diligência efetuada pela Fiscalização do INSS não obteve êxito em localizar
acervo comprobatório de que o segurado tenha exercido a atividade de engenheiro civil
diretamente em obras (cf. fls. 97).

Nessa linha de pensamento, constata-se que o segurado, durante toda a sua vida
funcional, embora portador de diploma de engenheiro civil, não desempenhou suas atividades
diretamente nos canteiros das obras, mas esteve em funções burocráticas, que embora nobres, não
permitem o enquadramento na forma prevista em lei.

CONCLUSÃO

Diante do todo o exposto e considerando a necessidade sanear-se a caótica


situação processual deste feito administrativo, voto no sentido de:
a) anular todas as decisões proferidas após o acórdão nº. 3.710/2002, da 12ª JR/RJ;
b) dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo INSS para reformar parcialmente o
acórdão nº. 3.710/2002, da 12ª JR/RJ, na parte em que reconheceu o enquadramento do segurado
no código 2.1.1 do Anexo ao Decreto nº. 53.831/64;
c) negar provimento a todos os pedidos de revisão de acórdãos formulados pelo segurado,
declarando encerrada a instância administrativa.

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 2920/2009

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: IONÁRIA DA SILVA


FERNANDES e SONIA MARIA DE AGUIAR CAYRES.

Brasília - DF, 24/06/2009

Processo: 0111.079.584-7 11/12

795
Seleção de Acórdãos

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Relator(a)

GISELE GOMES DA SILVA


Presidente em Exercício

Processo: 0111.079.584-7 12/12

796
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 37158.001062/2008-11


Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SÃO PAULO - PAISSANDU
Documento: 0111.639.454-2
Recorrente: MOISES LAURINDO
Recorrido: INSS/Décima Terceira Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): AVANI NUNES DA SILVA

Relatório
Tratam os autos de Revisão da Renda Mensal Inicial – RMI de Aposentadoria por Tempo de
Contribuição concedida ao Senhor MOISES LAURINDO, em 16/11/98.

O INSS na concessão do benefício considerou em favor do requerente o total de 30 anos 08 meses e 06


dias de tempo de contribuição (fls.147), sendo o benefício revisto na fase de liberação do Pagamento Atrasado de
Benefício – PAB, em face de questionamento do INSS em relação à atividade especial no período de 16/09/75 a
06/12/78. O Interessado recorreu contra a revisão e suspensão do benefício (fls.130), sendo o recurso provido pela
13ª JRPS/SP (fls.129/131), decisão mantida por esta 4ª Câmara de Julgamento conforme Acórdão proferido em
18/01/2006 (fls.144/146).

O INSS cumpriu o Acórdão, todavia, na fase de liberação do PAB constatou divergência no salário de
contribuição do requerente em relação às competências 09/96, 09/97, 04/98 e 07/98 registradas no Cadastro
Nacional de Informações Sociais - CNIS, bem como, não constaram os salários de contribuição do período 01/96 a
12/96 e de 05/96 a 08/96, sendo considerado o valor do salário mínimo.

O benefício foi revisto para alteração do salário de contribuição do Período Básico de Cálculo – PBC,
tendo em vista as divergências salariais em relação ao CNIS e cujo resultado de pesquisa externa fora infrutífera –
empresas não localizadas (fls.191/195.

O requerente notificado pelo INSS tomou ciência da revisão e do complemento negativo em razão de
redução no valor da RMI de R$ 314,56 para R $ 276,43 cujo débito a ser descontado do benefício na proporção de
30 % até a quitação do montante apurado.

O Interessado recorreu à 13ª Junta de Recursos da Previdência Social no Estado de São Paulo que
negou provimento ao recurso, conforme Acórdão de fls.216/218.

Em manifestação contrária, recorreu o Interessado a este Conselho invocando aplicação de prescrição


por considerar que está aposentado há mais de dez anos.

O INSS deixou de apresentar contra-razões. Alegou decurso de prazo regimental.

É o Relatório.

Peço inclusão em pauta.

Processo: 0111.639.454-2 1/4

797
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 15/02/2011 para sessão nº 57/2011 de 22/02/2011 às 17:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO/REVISÃO DA RMI
COM BASE NAS INFORMAÇÕES DO CNIS. OS PROCEDIMENTOS DE
REVISÃO ENCONTRAM-SE DE ACORDO COM O PREVISTO NOS
ARTIGOS 29 E 135 DA LEI Nº 8.213/91 E ARTIGO 214 DO RPS/DECRETO Nº
3.048/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO

FUNDAMENTAÇÃO
Recurso tempestivo conforme § 1º do artigo 305 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo
Decreto nº.3.048/99.

Trata-se de Revisão de RMI de Aposentadoria por Tempo de Contribuição, em face de divergência no


Salário de Contribuição do Período Básico de Cálculo – PBC em relação às informações do CNIS (fls.153/157),
sendo o benefício revisto (fls. 198/201) apurando-se complemento negativo em desfavor do requerente.

As condições para cálculo do salário de benefício e revisão daqueles benefícios em manutenção estão
previstas nos artigos 28, 29 e 41 da Lei nº 8.213/91.

Conforme consta do Relatório, o INSS realizou pesquisa externa (fls.191/195) a fim de esclarecimento
em relação ao salário informado pelas empresas acerca das competências 09/96, 09/97, 04/98 e 07/98, bem como,
ausência de informação do período 01/96 a 12/96 e de 05/96 a 08/96, no entanto, as empresas não foram localizadas
e o requerente alegou impossibilidade de localizar tais empregadores, razão que levou o INSS a considerar as
informações do CNIS para as competências 09/96, 09/97, 04/98 e 07/98 e considerou o valor do salário mínimo para
o período sem registro de salário de contribuição, fato que gerou apuração de RMI inferior àquela fixada na
concessão do benefício.

De acordo com a legislação previdenciária as informações do CNIS servem como prova de vínculo e
remuneração para fins de cálculo do salário de contribuição, comprovação de filiação ao RGPS, tempo de
contribuição e relação de emprego.

Assim, verifica-se que as divergências encontradas no salário-de-contribuição do requerente não foram


sanadas razão de se considerar como válidas as informações do CNIS, portanto, infere-se que os elementos e
procedimentos utilizados pelo INSS na revisão do benefício encontram-se de acordo com a legislação que rege a
matéria, Lei nº 8.213/91, artigos 29 e 135 e artigo 214 do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto
nº 3.048/9.

Para melhor entendimento transcrevemos a norma prevista no artigo 29 e 135 da Lei nº 8.213/91:

Art. 29-A.- O INSS utilizará as informações constantes no Cadastro Nacional de Informações Sociais –
CNIS sobre os vínculos e as remunerações dos segurados, para fins de cálculo do salário-de-benefício,
comprovação de filiação ao Regime Geral de Previdência Social, tempo de contribuição e relação de emprego
Alterado pela Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006

Processo: 0111.639.454-2 2/4

798
Seleção de Acórdãos

Lei nº 8.213/91- Artigo 135 - Os salários-de-contribuição utilizados no cálculo do valor de benefício


serão considerados respeitando-se os limites mínimo e máximo vigentes nos meses a que se referirem.

Quanto à prescrição argüida no recurso do Interessado não se aplica ao caso em análise, pois, na
liberação do PAB – Pagamento Alternativo de Benefício iniciou a lide da revisão do benefício, primeiro em relação
à atividade especial no período de 16/09/75 a 06/12/78, encerrado com o Acórdão desta CAJ em 18/01/2006
(fls.144/146) e, depois, em relação ao Salário de Contribuição, ora em debate.

Portanto, não ocorreu decurso de prazo decadencial e /ou prescricional previsto no artigo 103 da Lei nº
8.213/91.

Sendo assim, a revisão processada pelo INSS, ocorreu em consonância com os artigos 29 e 135 da Lei
nº 8.213/91, bem como artigo 214 do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto nº 3.048/9.

Em relação ao débito apurado pelo INSS deve ser descontado ate a liquidação total na proporção de
dez por cento do benefício ativo, na forma prevista no artigo 115 da Lei nº 8.213/91.

Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO DO INTERESSADO, para no


mérito, NEGAR PROVIMENTO.

AVANI NUNES DA SILVA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 839/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: ONESIMO ABREU


PESSOA e HERILENE MOREIRA LIMA.

Brasília - DF, 22/02/2011

AVANI NUNES DA SILVA


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0111.639.454-2 3/4

799
Seleção de Acórdãos

Processo: 0111.639.454-2 4/4

800
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35069.000595/2009-96


Unidade de Origem: PROTOCOLO GERAL/GEX GOIÂNIA
Documento: 0136.023.577-6
Recorrente: TEREZINHA TEODORA DE JESUS
Recorrido: INSS/Sexta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Relator(a): AVANI NUNES DA SILVA

Relatório
Trata-se de suspensão de benefício Aposentadoria por Idade em razão de falhas no processo
concessório, conforme Despacho do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (fls.4391/93).

A Interessada Senhora TEREZINHA THEODORA DE JESUS, 75 anos de idade, requereu o benefício,


em 30/03/2005, na condição de Trabalhadora Rural pleiteando a comprovação da qualidade de Segurada Especial,
sendo o benefício concedido pelo INSS (fls.48).

No Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS (fls.44/57) consta que a requerente é


beneficiaria de Pensão por Morte do cônjuge que era aposentado por invalidez desde 1983, como empregador rural.

A requerente na instrução dos autos apresentou:


-Certidão de Casamento em 1948, profissão do cônjuge como Lavrador;
-Certidão de óbito do cônjuge, em 1998;
-Certidão e Auto de Arrolamento de bens deixados pelo cônjuge da requerente, com Sentença
transitada em julgado, em 03/11/98;
-Documento da propriedade rural Fazenda Santa Bárbara em nome do cônjuge, imóvel classificado
como média propriedade com 13,59 módulos fiscais, com 01 assalariado permanente e 02 trabalhadores eventuais,
em 1992 e 1993. A partir de 1994 consta 01 trabalhador eventual, sendo a área do imóvel, com 2,72 módulos fiscais.
Na Declaração de ITR e Notificação de Lançamento consta existência de 02 imóveis em nome do cônjuge da
requerente (fls.31);
-INCRAS 1993/1996;
-Contribuição Sindical Rural em 1997.

O INSS notificou a requerente para defesa (fls.74) com o fim de comprovar a regularidade na
documentação que embasou a concessão do benefício, sendo apresentados pela requerente os documentos
(fls.75/110) em que alegou a condição de trabalhadora rural em regime de economia familiar como pequena
proprietária de terra. Salientou que o finado esposo até o ano de 1994 era caracterizado como Empregador Rural e a
partir de 1995 passou à condição de Lavrador.

O INSS após análise dos fatos (fls.113/115) considerou as provas insuficientes para manutenção do
benefício, sendo levantado o montante do débito a ser ressarcido pela requerente à Previdência Social (fls.120/121),
ofertando-lhe o direito de recurso contra a decisão.

Inconformada, a Interessada recorreu à 6ª Junta de Recursos da Previdência Social no Estado de Goiás


que lhe negou provimento (fls.05/06 do processo apenso).

Processo: 0136.023.577-6 1/4

801
Seleção de Acórdãos

A Interessada apelou a uma das Câmaras de Julgamento deste Conselho alegando que demonstrou com
clareza que sempre laborou na roça de onde retirou o sustento familiar. Salientou que o benefício foi concedido com
base nos documentos da atividade rural, sem que tivesse a intenção de infringir a legislação previdenciária. Solicitou
que fosse reformada a decisão da 6ª JRPS/GO, reiterando convicção de ter comprovado os requisitos à manutenção
do benefício.

O INSS em contra-razões alegou que a requerente não comprovou que o trabalho foi exercido como
Segurada Especial.

É o Relatório.

Peço inclusão em pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 16/02/2011 para sessão nº 63/2011 de 23/02/2011 às 14:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. REVISÃO ADMINISTRATIVA.
NÃO COMPROVADOS OS REQUISITOS ESTABELECIDOS NOS ARTIGOS
142 E 48 DA LEI Nº 8.213/91, O BENEFÍCIO NÃO DEVE SER MANTIDO..
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO

FUNDAMENTAÇÃO:

Recurso tempestivo conforme § 1º do artigo 305 do Regulamento da Previdência Social - RPS,


aprovado pelo Decreto nº.3.048/99.

Trata-se Aposentadoria por Idade, em procedimento de revisão administrativa pelo INSS, com base no
que determina o artigo 179 do RPS/Decreto nº 3.048/99

Art.179.O Ministério da Previdência e Assistência Social e o Instituto Nacional do Seguro Social


manterão programa permanente de revisão da concessão e da manutenção dos benefícios da previdência social, a
fim de apurar irregularidades e falhas existentes.

O questionamento levantado pelo INSS trata de caracterização da atividade rural na categoria de


segurado especial no período necessário à manutenção do benefício.

A legislação que rege a matéria está prevista nos artigos 11, 55 e 106 da Lei nº 8.213/91 e artigos 9º e
62 do RPS/Decreto nº 3.048/99.

O VII do artigo 11 da Lei nº 8.213/91 estabelece como segurado especial: “a pessoa física residente
no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia
familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de “ (...);

No caso de Aposentadoria por Idade, o Parecer MPS/CJ nº 3.136/2003 reconhece que as informações
sobre a profissão rurícola citadas em registros públicos e outros servem como início de prova material do trabalho

Processo: 0136.023.577-6 2/4

802
Seleção de Acórdãos

agrícola, desde que os elementos probatórios formem um conjunto harmônico da prestação dos serviços como
Segurado Especial, na forma estabelecida no artigo 11, Inciso VII, artigos 55 e 106 da Lei nº 8.213/91 e artigo 62 do
RPS/Decreto nº 3.048/99.

Ao analisar os documentos conclui-se que a requerente não obteve êxito na comprovação do trabalho
rural no período de exigência a concessão pleiteada, nos termos da Lei de regência.

Apesar de comprovar a condição de proprietária rural e apresentar Certidão de Casamento em 1948


constando a profissão do cônjuge como Lavrador, a atividade não se caracteriza na qualificação de Segurado
Especial, na forma prevista no Inciso VII do artigo 11 da Lei nº 8.213/91.

O cônjuge da requerente era aposentado por invalidez desde 1983, como empregador rural, com
filiação na categoria de Empresário, fato que o qualifica como Contribuinte Individual em face da descaracterização
da atividade como Segurado Especial.

De acordo com informações nos documentos (ITR, Certificados do INCRA, Notificação de


Lançamento do ITR) o imóvel rural foi classificado como média propriedade com 13,59 módulos fiscais e ainda
existência de 01 assalariado permanente e 02 trabalhadores eventuais/temporários, em 1992 e 1993 e de 1994 a 1996
há registro de 01 trabalhador na propriedade da requerente. Além disso, na Notificação de Lançamento do ITR/ 1994
a 1996 constam existência de 02 imóveis rurais em nome do cônjuge da requerente (fls.31/35) e no Arrolamento de
bens (fls.12/13) há registro de ter sido o mesmo proprietário, também, de 02 imóveis urbanos. Fatos que em seu
conjunto não condizem e/ou são incompatíveis com a atividade do Segurado Especial prevista no Inciso VII do
artigo 11 da Lei nº 8.213/91.

Vale ressaltar que a atividade rural exercida como Segurado Especial individual e/ou em regime de
economia familiar é aquela que visa especificamente subsistência do grupo familiar, sem utilização de empregados
permanentes, norma estabelecida no Inciso VII do artigo 11 da Lei nº 8.213/91:

VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou
rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de
terceiros, na condição de (...);

Salienta-se que a existência de propriedade rural e/ou da produção rural não caracteriza o titular e/ou o
cônjuge proprietário como Segurado Especial, sendo exigido, nos termos da lei, que os documentos formem um
conjunto probatório harmônico do labor rural como Segurado Especial no período imprescindível à concessão do
benefício e/ou manutenção do benefício, fatos não confirmados nos autos.

Dessa forma, considerando o exposto e tudo o mais que dos autos consta, considero que a requerente
não comprovou o exercício de atividade rural como Segurada Especial correspondente á carência exigida para o
benefício do artigo 48 e/ou artigo 39 da Lei nº 8.213/91. O benefício não deve ser mantido.

CONCLUSÃO
Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO DA INTERESSADA, para no
mérito, NEGAR PROVIMENTO.

AVANI NUNES DA SILVA


Relator(a)
Decisório

Processo: 0136.023.577-6 3/4

803
Seleção de Acórdãos

Nº. do Acórdão: 865/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: ONESIMO ABREU


PESSOA e HERILENE MOREIRA LIMA.

Brasília - DF, 23/02/2011

AVANI NUNES DA SILVA


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0136.023.577-6 4/4

804
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do
35408.000600/2008-35
Recurso:
Unidade de Origem: AGÊNCIA LIMEIRA
Documento: 0144.693.458-3
Recorrente: MERCEDES PELLEGRINI BOLDRIN
Recorrido: INSS/Décima Quarta Junta de Recursos
Assunto/Espécie PECÚLIO ESPECIAL DE APOSENTADOS E FILIADOS A PS COM
Benefício: MAIS DE 60 ANOS
Relator(a): VALTER SERGIO PINHEIRO COELHO

Relatório
Trata-se de recurso especial interposto por MERCEDES PELLEGRINI
BOLDRIN contra o Acórdão prolatado pela E. 14ª Junta de Recursos da Previdência Social no
estado de São Paulo (JR/SP) que manteve a decisão do Instituto Nacional do Seguro Social -
INSS referente ao seu pedido do benefício PECÚLIO ESPECIAL DE APOSENTADOS E
FILIADOS A PREVIDÊNCIA SOCIAL COM MAIS DE 60 ANOS DE IDADE.

A Segurada em epígrafe requereu em 20/12/2007 o benefício PECÚLIO


ESPECIAL DOS APOSENTADOS, mas teve seu pedido indeferido pelo INSS, sob o
fundamento de prescrição, conforme Comunicação de Decisão de fls. 40.

Inconformada com a decisão do INSS, a segurada recorreu à E. 14ª JR/SP que,


pelo Acórdão nº 9.147/2010 (fls. 44/46), negou-lhe provimento, mantendo o ato recorrido.

Em suas razões de recurso a esta Câmara, a segurada entende que se enquadra


dentro das disposições contidas nos artigos 466 / 468 da Lei nº 8.870/94, portanto discorda da
prescrição do seu direito.

Relata sobre seus períodos laborados e que o desligamento definitivo de suas


atividades ocorreu em 10/12/2007, portanto considera que não decorreram os 05 anos após o
afastamento de suas atividades.

O INSS apresentou CONTRARRAZÕES.

É o relatório.

Peço inclusão em pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 08/02/2011 para sessão nº 47/2011 de 16/02/2011 às 14:00.

Processo: 0144.693.458-3 1/3

805
Seleção de Acórdãos

Voto
EMENTA: PECÚLIO ESPECIAL DE APOSENTADOS E FILIADOS A PS
COM MAIS DE 60 ANOS. PECÚLIO ESPECIAL DO APOSENTADO.
CABERÁ A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PREVISTO NO ART. 184 DO
DECRETO Nº 3.048/99, AO SEGURADO QUE RETORNOU À ATIVIDADE
DENTRO DO PRAZO NÃO ALCANÇADO PELA PRESCRIÇÃO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO

FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de recurso contra o Acórdão proferido pela E. 14ª JR/SP que manteve a
decisão do INSS que indeferiu o pedido do benefício pecúlio especial do aposentado formulado
pela Segurada.

O art. 184 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº


3.048, de 06 de maio de 1999 disciplina:

Art.184. O segurado que recebe aposentadoria por idade, tempo de contribuição ou especial do
Regime Geral de Previdência Social que permaneceu ou retornou à atividade e que vinha
contribuindo até 14 de abril de 1994, véspera da vigência da Lei nº 8.870, de 15 de abril de 1994
, receberá o pecúlio, em pagamento único, quando do desligamento da atividade que vinha
exercendo.
§1º O pecúlio de que trata este artigo consistirá em pagamento único de valor correspondente à
soma das importâncias relativas às contribuições do segurado, remuneradas de acordo com o
índice de remuneração básica dos depósitos de poupança com data de aniversário no dia
p r i m e i r o .
§ 2º O disposto no parágrafo anterior aplica-se a contar de 25 de julho de 1991, data da
vigência da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, observada, com relação às contribuições
anteriores, a legislação vigente à época do seu recolhimento.
A controvérsia dos autos passa pelo entendimento do dispositivo transcrito
anteriormente referente à citação permaneceu ou retornou à atividade, posto que entendeu a
autarquia previdenciária que caberá a utilização do instituto da prescrição, quando decorrido
mais de 5 (cinco) anos do afastamento definitivo da atividade em que o segurado exercia em
15/04/1994. A segurada concluiu que no período considerado pelo INSS manteve vários vínculos
empregatícios e somente se afastando definitivamente da atividade em 10/12/2007.

Observa-se que o marco inicial considerado pela autarquia previdenciária para a


contagem da prescrição deu-se com o fim do vínculo empregatício em 14/05/1999,
desconsiderando o contrato de trabalho do período de 24/02/1997 a 10/12/2007, sob o
entendimento que foi iniciado após a edição da Lei nº 8.870/94.

Não merece prosperar o entendimento do INSS, posto que o dispositivo anterior


transcrito considerou não só aqueles segurado que permaneceram em atividade, como também os
que retornaram ao mercardo de trabalho.

Como o dispositivo legal não fez qualquer restrição à concessão do benefício para
aqueles segurados que retornassem à atividade, não cabe a autarquia previdenciária fazê-la.

Com efeito, somente caberia a utilização do instituto da prescrição, para o caso em


tela, se o retorno à atividade ocorressem em período posterior aos cinco anos previsto no art. 103
da Lei nº 8.213/91.

Processo: 0144.693.458-3 2/3

806
Seleção de Acórdãos

Dessa forma, merece amparo à pretensão da segurada, uma vez que seu retorno à
atividade não foi alcançada pela prescrição.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO


RECURSO da SEGURADA, para no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, reformando por
consequência o Acórdão da E. 14ª JR/SP.

VALTER SERGIO PINHEIRO COELHO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 711/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: CLEUSA VIEIRA DE


SOUZA e SONIA MARIA DE AGUIAR CAYRES.

Brasília - DF, 16/02/2011

VALTER SERGIO PINHEIRO COELHO


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0144.693.458-3 3/3

807
Seleção de Acórdãos

808
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 36830.008159/2005-60


Unidade de Origem: AGÊNCIA JOINVILLE
Documento: 0138.069.379-6
Recorrente: ADEMAR LUCIANO DOS SANTOS
Recorrido: INSS/Décima Sétima Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO

Relatório

ADEMAR LUCIANO DOS SANTOS (10.10.1957) formulou perante o INSS


pedido de aposentadoria por tempo de contribuição, solicitando o aproveitamento, para tanto, dos
documentos anexados a anterior requerimento (NB 117.342.961-9) e que diziam respeito a tempo
campesino e atividades especiais.

Em primeira simulação, o INSS processou para o interessado um tempo de 20


anos e 9 meses de contribuição até 16.12.1998 (cf. fls. 13) e 27 anos e 1 mês até 31.03.2005 (cf.
fls. 15), com o indeferimento da pretensão (cf. fls. 21/22).

O ato indeferitório foi questionado com a interposição de recurso ordinário, com o


interessado alegando que, por decisão judicial, o período rural já restara reconhecido, e
requerendo a apreciação do DSS de fls. 26 para efeito de enquadramento dos períodos de
15.05.1975 a 10.10.1975, 11.10.1975 a 13.04.1988 e 11.04.1991 e 23.12.1999 (cf. fls. 25/30).

Após a juntada de cópia da petição inicial, sentença e acórdão pertinentes ao


procedimento judicial intentado pelo interessado (cf. fls. 37/53), foi procedida à averbação do
tempo de labor na agricultura determinado pela decisão judicial (cf. fls. 55), num total de 3 anos
e 2 meses, permitindo que o tempo de contribuição do interessado alcançasse 30 anos e 4 meses
na DER, quantitativo insuficiente para a concessão do benefício na modalidade proporcional, daí
o improvimento do apelo pela 17ª JR/SC (cf. fls. 61/63), valendo mencionar, ainda, o
inadimplemento do requisito etário (47 anos à época).

Inconformado, o interessado, por advogado constituído, manejou Recurso


Especial insistindo na necessidade do reconhecimento dos períodos especiais entre 15.05.1975 a
13.04.1988 e 11.04.1991 a 23.12.1999, porque laborados de forma habitual e permanente a
agente agressivo, de acordo com laudo pericial (cf. fls. 71/77).

Após a juntada das contra-razões ofertadas pelo INSS, o processado foi


encaminhado à 4ª CAJ para julgamento.

Processo: 0138.069.379-6 1/5

809
Seleção de Acórdãos

É o relatório.

Inclua-se em pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 15/03/2010 para sessão nº 113/2010 de 18/03/2010 às 10:01.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. TEMPO
RURAL RECONHECIDO POR DECRETO JUDICIAL, QUE TAMBÉM
AFASTOU A EXISTÊNCIA DE INSALUBRIDADE NOS PERÍODOS
ALEGADAMENTE CONSIDERADOS ESPECIAIS. NECESSIDADE DE
CUMPRIR-SE A DECISÃO JUDICIAL NA INTEGRALIDADE, E NÃO
APENAS NA PARTE EM QUE FAVORÁVEL AO SEGURADO.
POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO NA MODALIDADE
INTEGRAL (ART. 201, § 7º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL), DESDE QUE
HAJA REAFIRMAÇÃO DA DER.. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO

TEMPESTIVIDADE

O Recurso Especial é tempestivo, uma vez que o AR contendo cópia do acórdão


recorrido foi recebido em 17.08.2009 (cf. fls. 66), enquanto que o agendamento de estilo foi
realizado na data de 25.08.2009, antes do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 305, § 1º, do
Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99.

MÉRITO

Trata-se, conforme visto, de pedido de aposentadoria por tempo de contribuição,


benefício previsto no art. 201, § 7º, da Constituição Federal, e devido ao segurado que comprovar
35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos, se do sexo feminino, independentemente do
requisito etário.

O benefício também pode ser deferido na modalidade proporcional (art. 9º, §1º, da
Emenda Constitucional nº 20, de 16.12.1998), desde que comprovada a idade mínima (53 e 48
anos, se do sexo masculino ou feminino, respectivamente) acrescido de um adicional
(denominado pedágio) no valor de 40% do tempo que faltava para a obtenção do amparo em
16.12.1998.

Da leitura dos autos recolhe-se o entendimento de que o intento do Recorrente é


obter o reconhecimento de períodos alegadamente laborados em condições prejudiciais à sua

Processo: 0138.069.379-6 2/5

810
Seleção de Acórdãos

saúde ou à sua integridade física (15.05.1975 a 10.10.1975, 11.10.1975 a 13.04.1988 e


11.04.1991 a 23.12.1999), pois o pedido de reconhecimento de atividade rural foi atendido por
força de decisão judicial.

Ocorre, todavia, e isso é extremante importante para o desenlace da questão, que o


mesmo decreto judicial que determinou ao INSS que procedesse à averbação do tempo rural do
ora Recorrente, também emitiu pronunciamento no tocante aqueles períodos alegadamente
especiais, rejeitando-os. Confira-se, no ponto, a sentença prolatada pelo MM. Juiz da 3ª Vara
Federal de Joinville (SC):

"24. No caso presente, o Autor reclama a contagem a maior dos seguintes períodos:

a) 15/05/75 a 28/02/77, para o qual apresentou o formulário de fls. 144/145 que revela
exposição a ruído de 80 a 96 dB;

b) 01/03/77 a 31/12/87, para o qual apresentou o formulário de fls. 144/145 que revela
exposição a ruído de 80 a 96 dB;

c) 01/01/88 a 13/04/88, para o qual apresentou o formulário de fls. 144/145 que revela
exposição a ruído de 80 a 96 dB;

d) 11/04/91 a 01/07/97, para o qual apresentou o formulário de fls. 144/145 que revela
exposição a ruído de 72 dB;

e) 02/07/97 a 31/12/98, para o qual apresentou o formulário de fls. 144/145 que revela
exposição a ruído de 70 a 80 dB;

f) 01/01/99 a 23/12/99, para o qual apresentou o formulário de fls. 144/145 que revela
exposição a ruído de 86,7 dB.

25. Os períodos mencionados em "d" e "e" não podem ser considerados especiais, pois o
Autor neles esteve exposto a ruído inferior ao limite então vigente.

26. Para os períodos mencionados em "a", "b" e "c", faltou o cálculo da média do ruído, o
que prejudica de certa forma o enquadramento. Deve, nesse caso, o Juízo fiar-se nas
informações constantes na fl. 145, segundo as quais a atividade no terceiro período não
era insalubre e que, no que se refere aos dois primeiros, algumas eram e outras não, o
que afasta a exposição permanente a condições especiais. Afinal, se o trabalho não era
insalubre, não há como reconhecer a presença de condições especiais para fins de contagem
a maior de tempo de serviço.

27. Quanto ao período "f", o nível de ruído ao qual se encontrava o autor exposto era
inferior ao nível então considerado pela legislação previdenciária de 90 db.

28. Assim, nenhum dos períodos reclamados se caracteriza como especial".

Ora, de acordo com normatização contida no art. 472 do Código de Processo


Civil, a sentença faz coisa julgada entre as partes litigantes, verbis:

Processo: 0138.069.379-6 3/5

811
Seleção de Acórdãos

"Art. 472 - A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é


dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas
relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo,
em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz
coisa julgada em relação a terceiros".

Nessa senda, se por força da coisa julgada o INSS procedeu ao reconhecimento do


período rural postulado na via judicial, não pode a entidade previdenciária deixar de acatar o
mesmo decreto judicial na parte desfavorável ao segurado, quando deixou de reconhecer
insalubridade nas atividades desenvolvidas nos períodos anteriormente indicados.

Não se pode, sob pena de desmerecer as decisões emanadas do Poder Judiciário,


pinçar ou escolher a parte da sentença judicial que se dará cumprimento, pois se assim for
estar-se-á aberto perigoso caminho para a balbúrdia e insurreição civil aos poderes da República,
o que não pode ser tolerado e/ou estimulado.

Sabia o Recorrente que a decisão judicial, no tocante ao período alegadamente


especial, foi-lhe desfavorável, mas insistiu em recorrer a esta instância do CRPS, em desleal
medida processual, o que é lamentável.

Ora, diante da impossibilidade de se promover, em sede administrativa, a análise


dos períodos considerados insalubres - porque já analisados e rejeitados pelo Poder Judiciário -,
o Recorrente não alcança, na DER, os 35 anos de contribuição necessários à aposentadoria
integral, ficando inalterada a contagem que indicou 30 anos e 4 meses de vinculação ao RPSS.

Todavia, consulta ao CNIS revela que o Recorrente permaneceu - e permanece -


laborando, com última contribuição vertida na competência 02/2010 (cf. fls. 86), o que lhe
permitiu adimplir o requisito de 35 anos de contribuição no mês de janeiro de 2010, daí porque
poderá ser-lhe concedido aposentadoria na modalidade integral (art. 201, § 7º, da Constituição
Federal), desde que reafirmada a DER, motivo pelo qual voto por conhecer do recurso, face à
sua tempestividade, para conceder-lhe provimento no tocante ao mérito, nos termos da
fundamentação supra, ficando reconhecido o direito do segurado ao benefício requerido,
reformado o acórdão nº 3.547/2009, da 17ª JR/SC.

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 1217/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Processo: 0138.069.379-6 4/5

812
Seleção de Acórdãos

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: IONÁRIA DA SILVA


FERNANDES e FERNANDA NOGUEIRA PEREIRA.

Brasília - DF, 18/03/2010

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente e Relator(a)

Processo: 0138.069.379-6 5/5

813
Seleção de Acórdãos

814
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 36330.000502/2009-92


Unidade de Origem: AGÊNCIA OURO BRANCO
Documento: 0140.783.159-0
Recorrente: ADEMIR ZONZIN
Recorrido: INSS/Nona Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): LENI CÂNDIDA ROSA

Relatório
Vieram os autos a esta instância do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS para exame
do recurso do INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, contra a decisão da 9ª JRPS/MG – Junta
de Recursos da Previdência Social no Estado de Minas Gerais, proferida no processo de Aposentadoria por Tempo
de Contribuição de interesse do segurado ADEMIR ZONZIN.

A Autarquia contesta o direito ao benefício protocolado pelo segurado, entendendo que os períodos
descritos como de atividades exercidas em condições especiais não poderiam ser convertidos em face de parecer da
perícia médica, emitido no sentido de que não há elementos para o enquadramento solicitado.

O pedido de aposentadoria foi protocolado em 22/06/2009, quando o segurado contava com 54 anos
de idade.

Consta em apenso processo de número 118.769.593-6, com a seguinte documentação:

- DSS-8030 e Laudo Técnico, emitido pela empresa AÇO MINAS GERAIS S/A – AÇOMINAS, para
o período de 13/02/86 a 08/02/2001, trabalhado com ALTO FORNO, como operador de canal de gusa, forneiro e
auxiliar de operação, com exposição a ruído acima de 90 decibéis. A perícia médica examinou a documentação
apresentada no referido processo e considerou devido o enquadramento para todo o período solicitado.
No processo em exame, a perícia médica emitiu dois pareceres, concluindo pelo não enquadramento
do período como especial, por não haver laudo com avaliação anterior a 1987, por ter havido informação de EPI
eficaz e, no parecer de fls. 34, há uma alegação de que não consta a intensidade exata do nível de pressão sonora.

O tempo de contribuição foi processado pela Autarquia, às fls. 07/15, totalizando 19 anos, 05 meses e
21 dias até 16/12/98 e 25 anos, 05 meses e 10 dias até o requerimento sem nenhuma conversão.

O pedido de benefício foi indeferido por falta de tempo de contribuição.

Na decisão da 9ªJRPS/MG, contida no Acórdão de fls. 30/32, o Colegiado considerou devida a


conversão dos períodos de trabalho na AÇOMINAS acatando o parecer da perícia médica constante do processo
apenso. O recurso foi provido por unanimidade, com fundamentação no artigo 188 do Regulamento da Previdência
Social – RPS aprovado pelo Decreto nº. 3.048/99.

No recurso a uma das Câmaras de Julgamento deste Conselho, a Autarquia alega que a decisão do
colegiado não pode prosperar, em face dos novos pareceres constantes dos autos.

O interessado não apresentou contrarrazões.

Processo: 0140.783.159-0 1/4

815
Seleção de Acórdãos

Embora cadastrado como recurso do segurado, o recurso é do INSS.

É o Relatório.

Peço inclusão em Pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 15/02/2011 para sessão nº 68/2011 de 23/02/2011 às 16:30.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. É DEVIDA A
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO NA FORMA AUTORIZADA PELO § 1º DO
ART. 9º DA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL N. º 20/98. APLICAÇÃO DO
CONTIDO NO ART. 70 DO REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
APROVADO PELO DECRETO 3048/99, NO ENUNCIADO N. º 21 DO
CONSELHO PLENO DO CRPS E DO CONTIDO NA SÚMULA N. º 09 DA
TURMA DE UNIFORMIZAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS.
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO
FUNDAMENTAÇÃO:

O recurso é considerado tempestivo (art. 305, parágrafo 1º do Decreto 3048/99).

Como consta do relatório, trata-se de pedido de Aposentadoria por Tempo de contribuição, benefício
previsto no § 7º do art. 201 da Constituição Federal em vigor, na redação dada pela Emenda Constitucional N. º 20
de 16/12/98. O benefício é devido ao segurado que comprovar 35 anos de contribuição, se homem, 30 anos, se
mulher, independente de idade mínima.

Para o segurado que se encontrava filiado ao RGPS em 16/12/98 é devida a concessão da


aposentadoria proporcional prevista no parágrafo 1º do artigo 9º da Emenda Constitucional N. º 20 / 98,
regulamentada pelo artigo 188 do RPS que, na redação do Decreto 4.729/2003 nos traz:

Art.188. O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência


Social até 16 de dezembro de 1998, cumprida a carência
exigida, terá direito a aposentadoria, com valores
proporcionais ao tempo de contribuição, quando,
cumulativamente:

I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e


quarenta e oito anos ou mais de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:

a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e


b) um período adicional de contribuição equivalente a, no
mínimo, quarenta por cento do tempo que, em 16 de
dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de tempo
constante da alínea "a".

Quanto à conversão pretendida pela segurada, o art. 70 do Regulamento da Previdência Social,


aprovado pelo Decreto 3048/99 na redação alterada pelo Decreto n. º 4827/03 passou a determinar:

Processo: 0140.783.159-0 2/4

816
Seleção de Acórdãos

Art. 70 – A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum
dar-se-á de acordo com a seguinte tabela:

MUTIPLICADORES
Tempo a converter Mulher (para 30) Homem (para 35)
De 15 anos 2,00 2,33
De 20 anos 1,50 1,75
De 25 anos 1,20 1,40

Parágrafo 1º - A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais


obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço.

Parágrafo 2º - As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo


comum constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período .

Analisando a documentação constante do processo apenso, concluímos que deve ser acatado o parecer
médico de fls. 22 do referido processo e levada a conversão até 08/02/2001. O DSS-8030 e o Laudo apresentado
confirmam a atividade do segurado sempre em ambiente com o ruído acima de 90 decibéis. O laudo traz a
informação de que a avaliação atinge o período a partir de 1980, portanto, deve ser acolhido para todo o período em
discussão.

Observa-se, ainda, que desde 13/02/86 o segurado trabalhava em alto forno, portanto, o ambiente
antes e depois de 1987 era o mesmo e que, além do ruído o segurado deveria ficar exposto também a altas
temperaturas, principalmente, no período de atividade de forneiro. Se a documentação não atendeu ao que pretendia
a perícia médica na segunda avaliação poderia ter sido periciado o local de trabalho do segurado ou solicitado da
empresa as informações necessárias, pois, cabe ao empregador o atendimento desse tipo de exigência e não ao
trabalhador.

Quanto ao uso de EPI a matéria já foi exaustivamente debatida e está pacificada nos tribunais do País
no sentido de que a utilização do EPI não interfere no enquadramento da atividade como especial. É notório o
parecer dos técnicos nesta matéria de que o uso de EPI não substitui o uso de EPC; que por economia as empresam
não utiliza o único meio de eliminar a nocividade do ruído do ambiente que é o enclausuramento das máquinas; que
o uso de plugs, ao invés de beneficiar o trabalhador pode lhe trazer outros danos à saúde.

Nessa esteira de entendimento, a Turma de Uniformização dos Juizados Especiais Federais emitiu a
Súmula N. º 09, firmando o entendimento dos Tribunais de que o uso de EPI, ainda que elimine a nocividade do
ruído, não elide o enquadramento da atividade como especial.

O mesmo entendimento está expresso no Enunciado N. º 21 deste Conselho, editado pela Resolução
do Conselho Pleno N. º 01 / 99, de 11/11/99, publicado no DOU de 18/11/1999, com o seguinte teor: “O simples
fornecimento de equipamento de proteção individual de trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de
exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de trabalho ”.

Com essas considerações, este Colegiado, aplicando – se as disposições contidas no Regimento


Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria GM / MPS N. º 323/2007, com as alterações dadas pelas Portarias
GM / MPS N. º 112 e 139 de 2008, conclui que é devido o enquadramento do período de 13/02/86 a 08/02/2001, no
código 1.1.6 do anexo do Decreto 53831/64 e 2.0.1 do anexo dos Decretos 2.172/97 e 3.048/99, pela exposição ao
agente nocivo ruído.

Tomando por base o tempo de contribuição processado nos autos, concluímos que é devida a
concessão do benefício requerido, na forma proporcional, desde que o segurado concorde com essa modalidade, e
que admita a reafirmação da DER, se necessária, para complementar o pedágio. De acordo com o cálculo efetuado, o
segurado tem aproximadamente cinco anos e meio de acréscimo com a conversão do período acatado para
conversão.

Processo: 0140.783.159-0 3/4

817
Seleção de Acórdãos

Posto Isto e,

CONSIDERANDO tudo mais que dos autos consta,

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO do INSS para no mérito
NEGAR – LHE PROVIMENTO.

LENI CÂNDIDA ROSA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 690/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: ANDRÉA MATOS NERI


MACHADO e IONÁRIA DA SILVA FERNANDES.

Brasília - DF, 23/02/2011

LENI CÂNDIDA ROSA


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0140.783.159-0 4/4

818
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 36392.002659/2007-66


Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDENCIA SOCIAL RJ COPACABANAA
Documento: 0141.107.998-9
Recorrente: MARCILIO DE SOUZA
Recorrido: INSS/Décima Segunda Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Relator(a): PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO

Relatório

MARCÍLIO DE SOUZA (18.06.41) solicitou ao INSS, em 28.07.2006, a


concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por idade.

Após quase quatro meses de tramitação do requerimento, na data de 14.11.2006


foi encaminhada ao interessado uma denominada "Carta de Exigência", solicitando seu
comparecimento à APS munido de vários documentos, dentre eles a CTPS (cf. fls. 12).

Após atendida a exigência, a pretensão do interessado restou indeferida por


ausência de idade mínima (cf. fls. 17 e 25), daí advindo o recurso de fls. 15/16, onde se apontou
o equívoco na motivação do ato indeferitório, pois já contava o segurado 65 (sessenta e cinco)
anos de idade na data do requerimento administrativo.

Esse recurso ensejou a confecção de um "Termo ou Protocolo de Reabertura de


Benefício", pois se o interessado possuía 65 anos, 1 mês e 10 dias de vida na DER, impossível
negar-lhe o benefício ao incrível argumento da falta de idade.

Após o saneamento do processo, uma nova comunicação foi remetida ao


interessado solicitando a apresentação da seguinte documentação:

a) carteiras profissionais originais;


b) original do certificado de reservista;
c) certidão de tempo de contribuição dos períodos laborados na Universidade Federal
de Itajubá - 01.03.1965 a 31.07.1965 e 01.02.1967 a 01.02.1991;
d) comprovantes do vínculo laboral com o Ministério da Educação e com a Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, respectivamente para os períodos de 01.02.1968
a 12/1988 e 10.08.1970 a 31.07.1977 (cf. fls. 20 e 21).

Em resposta, o interessado afirmou que o período de 1º.03.1965 a 10.04.1987


refere-se à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Itajubá, incorporada em 1º.08.1975 à sua
mantenedora - Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá - , concluindo que sua atividade de

Processo: 0141.107.998-9 1/6

819
Seleção de Acórdãos

professor no período 1º.03.1965 a 10.04.1987 ocorreu em uma única instituição, sem relação
com a Universidade Federal de Itajubá, nesta ocorrendo inativação no regime estatutário (cf. fls.
23/24).

De posse de todos esses informes, o dossiê administrativo foi reanalisando, tendo


a APS indeferido o pedido ante a falta de carência mínima exigida para a fruição do benefício,
valendo a transcrição do pronunciamento do Grupo de Trabalho que deu suporte ao ato de
indeferimento (cf. fls. 34):

"7 - Benefício indeferido nesta data em conformidade com o art. 182, do


Decreto 3.048/99, por não perfazer o mesmo, a carência exigida para a
obtenção do benefício;
8 - Cabe esclarecer que não houve cômputo do período de 01.03.1965 a
10.04.1987, na Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá (CLT), por ser
concomitante com o período em que exerceu atividade como estatutário na
Universidade Federal de Itajubá, 01.02.1967 a 01.02.1991, em conformidade
com o art. 96 da Lei 8.213/91, inciso II".

Inconformado, o interessado interpôs recurso à 12ª JR/RJ (cf. fls. 35) que, à
unanimidade, confirmou o ato da APS, placitando o argumento de ausência de carência para a
obtenção do beneficio requerido (cf. fls. 38/40).

A decisão daquela JR foi impugnada mediante Recurso Especial, no qual o


interessado insistiu com o argumento do direito à aposentadoria por idade.

Por decisão desta 4ª CAJ, o julgamento foi convertido em diligência, para que o
interessado providenciasse a juntada dos documentos abaixo elencados:

a) a certidão de tempo de contribuição dos períodos laborados na Universidade Federal de


Itajubá (01.03.1965 a 31.07.1965 e 01.02.1967 a 01.02.1991);
b) a comprovação de vínculo laboral com o Ministério da Educação e com a Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (respectivamente para os períodos de 01.02.1968
a 12/1988 e 10.08.1970 a 31.07.1977);
c) cópia da CTPS;
d) cópia do ato pelo qual Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá teria incorporado a
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Itajubá.

Notificado, o interessado não apresentou, uma vez mais, a certidão de tempo de


contribuição relativa ao período laborado na Universidade Federal da Itajubá, juntando apenas
cópia da CTPS contendo anotação referente ao vínculo funcional com aquela entidade
educacional, e esclarecendo que antiga Faculdade de Ciências e Letras da Fundação
Universidade de Itajubá teve sua denominação alterada para Fundação de Ensino e Pesquisa de
Itajubá.

Estes, os fatos a relatar.

Inclua-se em pauta.

Processo: 0141.107.998-9 2/6

820
Seleção de Acórdãos

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 24/03/2010 para sessão nº 134/2010 de 24/03/2010 às 15:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. SE PARA O DEFERIMENTO DA
APOSENTADORIA PELO REGIME PRÓPRIO (ESTATUTÁRIO) HOUVE
APROVEITAMENTO DE PERÍODO EM QUE O SERVIDOR ESTEVE
SUBMETIDO À CLT, INVIÁVEL COMPUTAR-SE PARA APOSENTAÇÃO
NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS) PERÍODO
CONCOMITANTE E JÁ UTILIZADO PARA AQUELA PRIMEIRA
INATIVIÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 96, INC. II, DA LEI Nº 8.213/91 C/C O
PARECER CONJUR/MPS Nº 224/2007. RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO
TEMPESTIVIDADE

Conforme já anteriormente explicitado (cf. fls. 47), o presente Recurso Especial é


tempestivo, pois na sua interposição foi observado o prazo de 30 (trinta) dias, previsto no art.
305, § 1º, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99.

MÉRITO

A aposentadoria por idade, no âmbito do RGPS, tem sua fonte no art. 48 da Lei nº.
8.213/91, nesses termos:

"Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a
carência exigida nesta lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
homem, e 60 (sessenta), se mulher".

Não resta dúvida que o requisito etário foi atendido, pois na data do requerimento
administrativo o Recorrente contava 65 (sessenta e cinco) anos de idade, devendo-se passar à
análise do pressuposto de carência, sendo que para os segurados inscritos no Regime Geral de
Previdência Social (RGPS) até 24.07.1991 - precisamente o caso do Recorrente cujo vínculo
trabalhista anotado na CTPS com a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Itajubá teve
início no ano de 1965 - a carência para a obtenção de aposentadoria por idade é aquela
disciplinada pela tabela progressiva do art. 182 do RPS, que assim dispõe:

"Art. 182 - A carência das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial
para os segurados inscritos na previdência social urbana até 24 de julho de 1991, bem como
para os trabalhadores e empregadores rurais amparados pela previdência social rural,
obedecerá à seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que o segurado implementou
todas as condições necessárias à obtenção do benefício:
ANO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS MESES DE CONTRIBUIÇÃO EXIGIDOS
CONDIÇÕES
1998 102 meses

Processo: 0141.107.998-9 3/6

821
Seleção de Acórdãos

1999 108 meses


2000 114 meses
2001 120 meses
2002 126 meses
2003 132 meses
2004 138 meses
2005 144 meses
2006 150 meses
2007 156 meses
2008 162 meses
2009 168 meses
2010 174 meses
2011 180 meses"

Portanto, o deferimento do amparo aqui postulado está adstrito à comprovação,


pelo Recorrente, de uma carência de 150 meses de contribuição ao RGPS.

Visto isso, tem-se que a controvérsia dos autos gira em torno precisamente do
aludido vínculo com a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Itajubá (hoje fundação de
Ensino e Pesquisa de Itajubá), que vai de 01.03.1965 a 10.04.1987, cujo aproveitamento para o
presente pedido de aposentadoria não pode ser feito pela impossibilidade, segundo o INSS, de se
computar tal jornada de trabalho, em face do que dispõe o art. 96, inc. II, da Lei nº. 8.213/91, por
ser concomitante com o período em que o Recorrente exerceu atividade como estatutário na
Universidade Federal de Itajubá - 01.02.1967 a 01.02.1991.

Se para rejeitar o pedido do Recorrente o INSS lastreou-se no art. 96, inc. II, da
Lei nº. 8.213/91, impõe-se transcrever o mencionado dispositivo legal, de modo a aclarar o
debate travado. Eis a redação da norma em comento:

"Art. 96. O tempo de contribuição ou de serviço de que trata esta Seção será
contado de acordo com a legislação pertinente, observadas as normas seguintes:

II - é vedada a contagem de tempo de serviço público com o de atividade


privada, quando concomitantes".

O objetivo da norma em foco, de acordo com a doutrina, foi impedir "que o


mesmo lapso temporal, durante o qual o segurado exerceu simultaneamente uma atividade
privada e outra sujeita a um regime próprio, fosse contada duas vezes" (cf. ROCHA, Daniel
Machado e BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Comentários à Lei de Benefícios da Previdência
Social. 9ª edição: Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009, p. 346).

Todavia, conforme bem assinalado por Marina Vasques Duarte, tal hipótese há de
ser analisada com extrema cautela, "pois se o segurado foi professor do ensino público e privado
ao mesmo tempo, durante anos, por óbvio, fará jus a duas aposentadorias: uma no regime de
previdência do funcionário e outra no RGPS" (cf. Direito Previdenciário. 5ª edição. Porto Alegre:
Editora Verbo Jurídico, 2007, p. 200).

Processo: 0141.107.998-9 4/6

822
Seleção de Acórdãos

É induvidoso que o ora Recorrente exerceu suas atribuições de professor


universitário em estabelecimento público (Universidade Federal de Itajubá - 01.02.1967 a
30.05.1992) e também em entidade educacional particular (Fundação de Ensino e Pesquisa de
Itajubá - 01.03.1965 a 10.04.1987), o que, em tese, permitiria a acumulação de aposentadorias,
na esteira da lúcida manifestação de Marina Vasques.

Ocorre, todavia, que embora aposentado em 30.05.1992 pelo regime próprio dos
servidores públicos federais, isto é, pelas regras da Lei nº 8.112, de 11.12.1990, grande parte do
vínculo funcional do Recorrente com a Universidade Federal de Itajubá foi prestado sob o
regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com recolhimentos para o Regime Geral da
Previdência Social (RGPS).

Essa situação somente restou suficientemente aclarada com a juntada das carteiras
de trabalho do Recorrente (cf. fls. 77/89), onde se lê à fls. 88 o seguinte:

" - A partir de 12.12.90, considerado extinto o presente contrato, ficando o


docente submetido ao regime jurídico instituído pela Lei nº 8.112, de 12.12.90
".

Ora, se anteriormente à edição da Lei nº 8.112/90 esteve o Recorrente


funcionalmente vinculado à Administração Pública Federal sob o regime da CLT, isso significa
que, embora aposentado na condição de estatutário em 30.05.1992, o período de 01.02.1967 a
12.12.1990, com recolhimentos para o RGPS, foi aproveitado para a inativação e não pode ser
novamente utilizado para outra aposentadoria, pois as atividades foram desenvolvidas para o
mesmo regime geral. Confira-se, a propósito, a lição de Daniel Rocha e Paulo Baltazar, ao
término dos comentários sobre o art. 96, II, da Lei nº 8.213/91:

"Se o exercício de mais de uma atividade for desempenhada no próprio regime


geral, também não poderá haver contagem em dobro do tempo de
contribuição..." (cf. Obra citada, p. 346).

Assim, precisamente porque as atividades de docente junto à Fundação de Ensino


e Pesquisa de Itajubá (março de 1965 a 10.04.1987) e na Universidade Federal de Itajubá
(01.02.1967 a 11.12.990) deram-se ambas sob o regime celetista e com recolhimentos ao RGPS,
impossível o aproveitamento do período de 01.02.1967 a 12.12.1990 para obter-se o benefício
previdenciário aqui postulado, porque tal lapso de tempo já foi utilizado para aposentação no
regime de pessoal civil da Administração Federal.

Se o liame funcional do Recorrente com a Universidade Federal de Itajubá tivesse


ocorrido, na sua integralidade, sob o regime de previdência próprio do funcionalismo civil
(estatutário), não hesitaria em reconhecer a procedência do pedido. Mas, considerando que
somente com a edição da Lei nº 8.112/90 o Recorrente passou ao Regime Jurídico Único (RJU),
tem plena incidência ao caso o Parecer CONJUR nº 224/2007.

Por tais considerações, voto por conhecer do recurso, porque tempestivamente


interposto, mas nego-lhe provimento no tocante ao mérito, restando mantida a decisão da 12ª
JR/RJ, consubstanciada no acórdão nº 1.079/2008.

Processo: 0141.107.998-9 5/6

823
Seleção de Acórdãos

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 1230/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: ANDRÉA MATOS NERI


MACHADO e AVANI NUNES DA SILVA.

Brasília - DF, 24/03/2010

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Relator(a)

LENI CÂNDIDA ROSA


Presidente em Exercício

Processo: 0141.107.998-9 6/6

824
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35533.000078/2009-37


Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL RUY BARBOSA
Documento: 0141.412.389-0
Recorrente: MARILDA LIMA ALMEIDA
Recorrido: INSS/Vigésima Sétima Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Relator(a): DANIEL FLÁVIO SOUZA FONSECA

Relatório
Cuida-se de recurso interposto por Marilda Lima Almeida em face do acórdão proferido pela
27ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS, que negou provimento ao
recurso interposto contra a decisão do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, que indeferiu a
concessão do benefício de Aposentadoria por Idade requerido em 12/03/2009, na condição de segurada
especial, então com 60 anos de idade.

Por ocasião do requerimento administrativo, objetivando comprovar o exercício de atividade


rural, como segurada especial, a recorrente apresentou:

a) Certidão de casamento, realizado em 08/02/75, na qual consta a profissão


como lavradora (fl. 03);
b) Certidão de inteiro teor, ref. a retificação de registro de casamento, por
ordem do Juízo de Direito da Vara Cível da Comarca de Ruy Barbosa-BA
(fl. 04);
c) Declaração de Exercício de Atividade Rural, expedida pelo STR de Ruy
Barbosa-BA, para o período de 15/01/90 a 17/02/09, como comodatária, em
terras de Antônio Rufino Silva (fl. 05/06);
d) Certidão de inteiro teor, ref. ao nascimento do filho Fábio Lima Almeida,
sem registro de profissão (fl. 07);
e) Carteira de identidade de beneficiária junto ao então INAMPS, como
beneficiária do esposo, Raimundo Santos Almeida (fl. 08);
f) Nota fiscal de aquisição de produtos, em seu nome, expedida em 23/12/95
(fl. 09);
g) Requerimento de matrícula, datado de 26/09/07, no qual consta a profissão
como lavradora (fl. 10);
h) Ficha de filiação ao STR de Rui Barbosa-BA, em seu nome, com inscrição
desde 06/02/09 (fl. 11);
i) Recibo de pagamento de mensalidade, expedido pelo STR de Rui
Barbosa-BA, em seu nome, ref. a Janeiro/2009 (fl. 12);
j) Contrato de comodato, celebrado em 01/12/2008 entre a segurada e Antônio
Rufino Silva, com reconhecimento das assinaturas das partes na mesma data
(fl. 13);
k) Aviso de cobrança relativo ao imóvel rural, em nome de Antônio Rufino
Silva (fl. 14);
l) ITR, em nome de Antônio Rufino Silva, ref. a 2007 (fl. 15).

Processo: 0141.412.389-0 1/5

825
Seleção de Acórdãos

Entrevista Rural às fl. 19/20.

Termos de declarações de testemunhas às fl. 22/27.

O benefício foi indeferido ao fundamento de “Falta de período de carência - não comprovou


efetivo exercício de atividade rural (Tabela Progressiva)” (cf. Comunicação de Decisão às fl. 31/32).

Inconformada, a segurada interpôs recurso, o qual foi remetido à douta 27ª JR/RN que,
mantendo a decisão do Instituto, lhe negou provimento, conforme acórdão às fl. 39/41.

Ainda inconformada, apresentou recurso, mediante razões à fl. 43, pugnando pela realização
de pesquisa no local, inclusive com oitiva de testemunhas, se necessário, visando dirimir quaisquer
dúvidas acerca de sua condição de trabalhadora rural.

Contrarrazões do Instituto às fl. 45/46.

É o relatório.

Peço inclusão em pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 31/08/2010 para sessão nº 371/2010 de 09/09/2010 às 14:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. NÃO ATENDIDAS AS
DISPOSIÇÕES DO ART. 39, INCISO I, DA LEI N. 8.213/91, O BENEFÍCIO
NÃO DEVE SER CONCEDIDO. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO
Conheço do recurso, porquanto presentes as condições para sua admissibilidade.

O benefício em questão encontra-se previsto no art. 39, inciso I, da Lei n. 8.213/91,


que dispõe que os segurados especiais referidos no inciso VII do seu art. 11 poderão requerer a
concessão do benefício da aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, desde que
comprovem o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período anterior
ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do referido
benefício.

O art. 48, § 1º, da Lei n. 8.213/91, ao tratar da idade dos trabalhadores rurais, dispõe:

“Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que,


cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco)
anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.
§1º Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinqüenta e
cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e
mulheres, referidos na alínea a do inciso I, alínea g do inciso V e nos
incisos VI e VII do art. 11.

No tocante à carência, o art. 26, inciso III, da Lei 8.213/91, estabelece que independe
de carência, ou seja, não se exige o recolhimento do número mínimo de contribuições mensais

Processo: 0141.412.389-0 2/5

826
Seleção de Acórdãos

para a concessão dos benefícios definidos no art. 39, inciso I, da Lei 8.213/91, mas exige o
efetivo exercício da atividade rural durante o período correspondente à carência exigida para a
concessão do benefício.

Quanto à comprovação do tempo de serviço, estabelece o § 3º do artigo 55, da


indicada Lei:

“A comprovação de tempo de serviço para efeitos desta lei, inclusive


mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no
art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova
material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo
na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme
disposto no Regulamento”.

O efetivo exercício da atividade rural deve ser demonstrado por meio de razoável início de
prova material e se perfaz com documentos, ainda que não necessariamente contemporâneos aos fatos,
mas aptos à demonstração do efetivo exercício da atividade rural no período de carência, ainda que
prestado de forma descontínua.

O art. 11, inciso VII, § 1º, da Lei n. 8.213/91, ao conceituar o regime de economia familiar
estabelece que a atividade rural deve ser exercida pelos membros da família, sem a utilização de
empregados, este entendido como aquele que presta serviço, em caráter não eventual, sob subordinação e
mediante remuneração (art. 11, inciso I, “a” da Lei n. 8.213/91), e o trabalho é indispensável à própria
subsistência e em condições de mútua dependência e colaboração, mas admite o auxílio eventual de
terceiros.

O benefício de aposentadoria rural por idade em regime de economia familiar é devido às


pessoas que trabalham conjuntamente com esposo e filhos, com eventual ajuda de terceiros, e pressupõe a
indispensabilidade do labor rural à subsistência dos membros da família.

Assim, imprescindível para a concessão do benefício postulado pela recorrente, fundado no


art. 39, I da Lei n. 8.213/91, é restar caracterizada a condição de segurada especial, com o efetivo
exercício de atividade rural durante o período mínimo de carência.

A recorrente completou 55 anos de idade em 04/02/2004, preenchido, portanto, o requisito


etário.

No caso em questão, considerando o período em que o trabalho no campo teria sido exercido
pela interessada, que foi parcialmente antes do advento da Lei n. 8.213/91, de 24/07/1991, aplica-se a
norma inserta no art. 142 desta Lei, que dispõe: “Art. 142. Para o segurado inscrito na Previdência Social
Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e o empregador rural cobertos pela
Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço e especial
obedecerá à seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que o segurado implementou todas as
condições necessárias à obtenção do benefício:(Artigo e tabela com redação alterada pela Lei nº
9.032/95).”.

Nos termos da Nota Técnica CONJUR/MPS n. 937/2007, que preceitua, entre outras
disposições, que a carência a ser considerada é aquela referente ao ano em que a segurada completou a
idade prevista no art. 48, § 1º, da Lei n. 8.213/91, aplicando-se ao caso em questão, exige-se para fazer jus
ao benefício 138 meses de trabalho rural.

O art. 106 e seu parágrafo único, da Lei n. 8.213/91, com redação dada pela Lei n. 9.063/95,
estabelece taxativa e alternativamente o rol de documentos admitidos e válidos, no âmbito administrativo,
para comprovação do exercício de atividade rural para fins previdenciários.

Processo: 0141.412.389-0 3/5

827
Seleção de Acórdãos

Neste sentido, observa-se que a segurada apresentou a certidão de casamento à fl. 03, cuja
sentença que determinou a retificação do registro para constar a profissão como “lavradora” é datada de
18/09/08; o requerimento de matrícula à fl. 10, datado de 26/09/07, no qual consta a profissão como
lavradora; a ficha de filiação ao STR de Rui Barbosa-BA à fl. 11, em seu nome, com inscrição desde
06/02/09; o recibo de pagamento à fl. 12; e o contrato de comodato à fl. 13, celebrado em 01/12/2008
entre a segurada e Antônio Rufino Silva, com reconhecimento das assinaturas das partes na mesma data.

Considerando a prova material, tenho que os documentos apresentados, ainda que se


afigurem início de prova material, referem-se a datas muito próximas do requerimento administrativo, não
se prestando para comprovar o período de carência exigido para a concessão do benefício, o que ainda
pode indicar que tenham sido confeccionados com o fim específico de servir como meio de prova em
processo administrativo.

Por todo o exposto, não demonstrou a segurada, mediante início razoável de prova
documental, o exercício de atividades rurais durante o período exigido pela legislação previdenciária, não
fazendo jus, pois, à aposentadoria por idade.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO DA SEGURADA


para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

DANIEL FLÁVIO SOUZA FONSECA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 4248/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, a Conselheira: LOUISE BRUNO VIANA.

Brasília - DF, 09/09/2010

DANIEL FLÁVIO SOUZA FONSECA


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0141.412.389-0 4/5

828
Seleção de Acórdãos

Processo: 0141.412.389-0 5/5

829
Seleção de Acórdãos

830
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35248.002518/2008-25


Unidade de Origem: AGÊNCIA CARAZINHO
Documento: 0143.925.427-0
Recorrente: INSS
Recorrido: PAULO ROBERTO SCHNEIDER/Décima Sétima Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): CLEUSA VIEIRA DE SOUZA

Relatório

Trata-se de recurso interposto pelo interessado acima identificado, contra a decisão


da Décima Sétima Junta de Recursos no Estado de Santa Catarina, que negou provimento ao
recurso interposto contra a decisão que indeferiu o pedido de revisão do benefício.

O senhor PAULO ROBERTO SCHNEIDER requereu e lhe foi concedido, em 10/09/2007, o


benefício Aposentadoria por Tempo de Contribuição, com um tempo de contribuição de 36 anos, 1 mês e 25 dias,
conforme documentos de fls. 127/136.

Posteriormente, em 06/11/2007, o interessado ingressa com pedido de revisão do


benefício, pretendendo a inclusão dos valores da atividade secundária do período de 12/1994 a
06/1999.

Após análise da documentação apresentada, o INSS indeferiu o pedido, por falta de


cumprimento da exigência (fls. 140), conforme Carta de Indeferimento da Revisão, fls. 141.

Contra a decisão, o interessado interpôs recurso ordinário a este Conselho, juntando


aos autos os documentos de fls, 143/197. O INSS emite nova Carta de Exigência, fls. 198, em que
solicita seja enviada preenchida a Relação de Remunerações de Contribuições, que segue anexa.
A exigência não foi cumprida, resultando na manutenção do indeferimento.

Em face das disposições contida no Provimento nº 112/2009, o recurso foi


redistribuído à Décima Sétima Junta de Recursos no Estado de Santa Catarina – 17ªJR/SC que,
inicialmente baixou os autos em diligência, para que o INSS reabrisse o prazo para o interessado
cumprir a exigência formulada às fls. 147 dos autos; apresentasse demonstrativo de cálculo de
concessão, especificando os períodos de atividade primária e secundária, já que o período de
12/1994 a 06/1999 não aparece nos cálculos existentes nos autos como atividade secundária;
solicitasse do segurado a apresentação dos valores de salário de contribuição através de planilha
de remunerações no período em que trabalhou para o Estado do Rio Grande do Sul atestado pelo
órgão emissor e; de posse dessa planilha que fizesse a conferência com os valores utilizados no
cálculo do benefício, a fim de evitar divergências.

Em cumprimento o INSS enviou carta de exigência ao interessado , fls, 205, a qual


também não foi cumprida. Foram juntados aos autos os documentos de fls. 209/213.

Processo: 0143.925.427-0 1/4

831
Seleção de Acórdãos

A 17ªJR/SC, entendendo que ainda que tenha sido apresentada a relação de


remunerações pelo interessado, o INSS não demonstrou estar correto o cálculo do valor do
benefício, face à alegação de que os salários de contribuição aplicados no cômputo do valor do
benefício não conferiam no período de 01/1995 a 08/1998; tampouco, apresentou demonstrativo
do cálculo de concessão, especificando os períodos de atividade principal e secundária, já que o
período de 12/1994 a 06/1999, em que teria exercido a atividade secundária, não aprecem nos
cálculos, novamente baixa os autos em diligência, face o não cumprimento da diligência anterior.

A 17ªJR/SC, por meio do Acórdão nº 7635/2010, deu provimento ao recurso do


interessado.

Não concordando, o INSS interpôs recurso especial a uma das Câmaras de


Julgamento deste Conselho, requerendo a reforma da decisão, conforme razões aduzidas às fls.
247/250, em que alega que não é possível cumprir a determinação da Junta em se proceder a
soma das contribuições oriundas dos dois vínculos em regime próprio da previdência no
período de 12/1994 a 06/1999, uma vez que o sistema não aceita a inclusão destes valores no
cálculo do salário-de-benefício por não ser o caso de múltipla atividade , de acordo com o
disposto no inciso IV do artigo 179 da IN/INSS/PRES/ Nº 46/2010 (os grifos são do original).

O interessado ofereceu contrarrazões.

É o Relatório.

Peço inclusão em Pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 14/03/2011 para sessão nº 83/2011 de 23/03/2011 às 14:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. SERÃO
CONSIDERADOS PARA O CÁLCULO DO SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO OS
GANHOS HABITUAIS DO SEGURADO EMPREGADO, A QUALQUER
TÍTULO, SOBRE OS QUAIS TENHA INCIDIDO CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS. À LUZ DAS DISPOSIÇÃO CONTIDAS NO § 3º DO
ARTIGO 29 DA LEI Nº 8213/91. POSSIBILIDADE DE ATENDIMENTO DA
PRETENSÃO DO SEGURADO. . RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO
FUNDAMENTAÇÃO:

Presentes os pressupostos de admissibilidade o recurso merece ser conhecido.

Tratam os autos de benefício previsto no § 7º do artigo 201 da Constituição Federal em vigor, que
assegura a aposentadoria no Regime Geral de Previdência Social, aos trinta e cinco anos de contribuição, se homem e
trinta anos de contribuição, se mulher. Como o benefício foi requerido após advento da EC Nº 20/98, fica sujeito,
portanto, aos preceitos por ela estabelecidos.

O artigo 3º da referida emenda possibilita a concessão do benefício ao segurado, na forma da legislação


que antecede esta norma, caso tenha atingido o tempo de serviço necessário até 16/12/98.

Processo: 0143.925.427-0 2/4

832
Seleção de Acórdãos

O artigo 9º da Emenda Constitucional 20/98 garante o direito à aposentadoria na forma proporcional ao


segurado que tenha se filiado ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS, até a data de publicação desta Emenda,
quando, cumulativamente, atender aos seguintes requisitos:

I – contar com cinqüenta e três anos de idade, se homem, e quarenta e oito anos
de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e
b) um período adicional de contribuição equivalente a quarenta por cento do
tempo que, na data da publicação desta Emenda, faltaria para atingir o limite de
tempo constante da alínea anterior.

Conforme relatado, após ter obtido o benefício, o segurado apresentou pedido de


revisão, para inclusão dos valores da atividade secundária do período de 12/1994 a 06/1999, o que
foi indeferido pelo INSS, e o recurso do interessado provido pela 17ªJR/SC

Em suas razões de recurso a este Conselho, o INSS requer a reformada decisão,


alegando não é possível cumprir a determinação da Junta em se proceder a soma das
contribuições oriundas dos dois vínculos em regime próprio da previdência no período de 12/1994
a 06/1999, uma vez que o sistema não aceita a inclusão destes valores no cálculo do
salário-de-benefício por não ser o caso de múltipla atividade , de acordo com o disposto no inciso
IV do artigo 179 da IN/INSS/PRES/ Nº 46/2010.

Nesse sentido, não lhe confiro razão, porquanto, a alegação de que “sistema não
aceita a inclusão destes valores no cálculo do salário-de-benefício por não ser o caso de múltipla
atividade”, não pode constituir motivos de descumprimento de disposições legais acerca do
cálculo do salário-de-benefício.

Com efeito, o artigo 29 da Lei nº 8213/91 assim determina:


Art. 29 – O salário-de-benefício consiste:

I - para os benefícios de que tratam as alíneas “b” e “c” do


inciso I do artigo 18, na média aritmética simples dos maiores
salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de
todo o período contributivo, multiplicada pelo fator
previdenciário.
(...)
§ 3º Serão considerados para o cálculo do salário-de-benefício
os ganhos habituais do segurado empregado, a qualquer título,
sob forma de moeda corrente ou de utilidades, sobre os quais
tenha incidido contribuições previdenciárias, exceto o décimo
terceiro salário.

Por sua vez o artigo 28, inciso I da Lei nº 8212/91, define o salário de contribuição,
como sendo a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos
rendimentos pagos, a qualquer título, destinado a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua
forma, os ganhos habituais sob a forma de utilidades.

Além disso, com relação à contagem recíproca do tempo de serviço, o artigo 133 do
Regulamento da Previdência Social –RPS, aprovado pelo Decreto nº 3048/99, determina que o

Processo: 0143.925.427-0 3/4

833
Seleção de Acórdãos

tempo de contribuição produz, no INSS e nos órgãos ou autarquias federais, estaduais, do


Distrito Federal ou municipais, todos os efeitos previstos na respectiva legislação. Vale dizer, os
valores auferidos, devem ser considerados salários-de-contribuição.

A corroborar tal assertiva, o § 15 do artigo 32 do mesmo regulamento, estabelece


que, no cálculo do salário-de-benfíco serão considerados os salários-de-contribuição vertidos
para o regime próprio de previdência social de segurado oriundo desse regime, após sua filiação
ao Regime Geral de Previdência Social, de acordo com o disposto no artigo 214.

Portanto, não merece reparos a decisão da 17ªJR/SC, porquanto a pretensão do segurado mercê ser
satisfeita.

Pelo exposto;

VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO do INSS, para no mérito, NEGAR – LHE


PROVIMENTO.

CLEUSA VIEIRA DE SOUZA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 1005/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: VALTER SERGIO


PINHEIRO COELHO e SONIA MARIA DE AGUIAR CAYRES.

Brasília - DF, 23/03/2011

CLEUSA VIEIRA DE SOUZA


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0143.925.427-0 4/4

834
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35430.000231/2009-84


Unidade de Origem: AGÊNCIA SANTA CRUZ DO RIO PARDO
Documento: 0144.189.989-5
Recorrente: INSS
Recorrido: JURACI DA SILVA GUIDIO/Décima Quinta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Relator(a): LENI CÂNDIDA ROSA

Relatório
O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS recorre da decisão da 15ª JRPS/SP –
Junta de Recursos da Previdência Social no Estado de São Paulo, proferida no processo de benefício em referência,
protocolado por JURACI DA SILVA GUIDO em 18/02/2009, na condição de trabalhador rural empregado.

Consta da CTPS do requerente e de informações do CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais


vínculos do segurado com o RGPS como empregado rural nos períodos de 10/01/76 a 16/11/2001, com a empresa
MARIA APARECIDA MANSUR E OUTROS e de 02/01/2009, em aberto com AMAURI CÉSAR BIANCON.

A Autarquia não considerou o último período e o pedido foi indeferido por não comprovação de
atividade rural em número de meses correspondentes à carência do benefício, conforme notificação de fls.21.
Contra a decisão da Autarquia, o interessado recorreu à primeira instância deste Conselho, tendo seu
recurso apreciado pela 15ªJRPS/SP.

Em 17/12/2009, o recurso foi provido por unanimidade, pelo Acórdão de fls. 38/40, por entender o
Colegiado que o recorrente cumpriu a carência devida, mesmo se não for considerado o último emprego. O voto foi
fundamentado nos artigos 24 e 48 da Lei 8213/91, no artigo 3º da Lei 10.666/2003 e na Portaria GM / MPS 170 /
2007.

O INSS contesta a decisão, alegando que ao trabalhador rural não se aplicam as disposições da
Lei 10.666/2003; que é necessário que o segurado esteja na atividade rural no período
imediatamente anterior ao requerimento; que o interessado não tem direito ao benefício por ter
deixado a sua atividade em 2001 e ter completado 60 anos em 2008; que o artigo 143 da Lei
8.213/91 exige que o segurado comprove o exercício de atividade rural no período imediatamente
anterior ao requerimento.

O interessado apresentou contrarrazões afirmando que sempre trabalhou para manter a família e
que apenas em 07/2009, quando teve um derrame é que deixou de trabalhar.

É o Relatório.
Peço inclusão em Pauta.

Inclusão em Pauta

Processo: 0144.189.989-5 1/3

835
Seleção de Acórdãos

Incluído em Pauta no dia 16/06/2010 para sessão nº 271/2010 de 22/06/2010 às 08:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. POSSIBILIDADE DE
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. COMPROVAÇÃO DA IDADE MÍNIMA E DA
CARÊNCIA DEVIDA. DESNECESSIDADE DE CUMPRIMENTO
SIMULTÂNEO DOS REQUISITOS IDADE E TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
CONFORME ENTENDIMENTO ESPOSADO PELA NOTA / CONJUR / MPS
937/2007. FUNDAMENTAÇÃO NOS ARTIGOS 48, INCISO I E 25, INCISO II,
DA LEI 8213/91 E DO ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI 10.666/2003. RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO

FUNDAMENTAÇÃO:

O recurso é tempestivo (art. 305, parágrafo 1º do Decreto 3048/99).

Como consta do relatório, trata-se de pedido de Aposentadoria por idade.

O benefício está assim previsto no art. 48 da Lei 8213/91:

Art. 48 – A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta
Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60(sessenta), se mulher. (Redação da Lei 9063/95,
mantida pela Lei 9528/97).

Parágrafo 1º - Os limites do caput são reduzidos para sessenta e cinquenta e cinco anos no caso de
trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea “a” do inciso I, na alínea “g” do
inciso V, e nos incisos VI e VII do artigo 11.

Tratando da carência do benefício, temos o contido no art. 25, II da Lei 8213/91 (180 contribuições),
para os segurados que ingressaram na Previdência Social depois da edição da referida lei. Para os que já
estavam no sistema antes da publicação da Lei 8213, de 24/07/91, a carência é a da tabela progressiva definida no
art. 142 desta.

No caso em exame, o segurado completou 60 anos de idade em 2008, pois, nasceu em 1948 e a sua
vinculação ao RGPS é muito anterior à edição da Lei 8.21 de 24 de julho de 1991, portanto, cabe a aplicação da
carência da tabela progressiva do artigo 142 da referida Lei e o cumprimento da carência de 162 contribuições. Os
dados do CNIS informam um número bem superior a esse total, mesmo considerando apenas o vínculo de 1976 a
2001.

O último vínculo não está registrado na CTPS do recorrido, embora conste do CNIS, porém, é
irrelevante a sua confirmação, motivo pelo qual não solicitamos complementação da documentação dos autos.
Entendemos correta a interpretação dada à legislação que rege a matéria, pelo Colegiado na primeira
instância deste Conselho.

O texto da Lei 10.666/2003, no seu artigo 3º não excluiu o trabalhador rural de qualquer categoria do
benefício por ela introduzido na legislação, como se vê a seguir:

Art.3º. A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão das aposentadorias
por tempo de contribuição e especial.

Parágrafo único: Na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado não será
considerada para a concessão desse benefício, dede que o segurado conte com, no mínimo, o tempo de contribuição
correspondente ao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício.

Processo: 0144.189.989-5 2/3

836
Seleção de Acórdãos

Lembramos que a referida Lei é bem posterior à Lei 8.213/91, motivo pelo qual restou um conflito de
disposições quando o legislador inovou ao dispensar a qualidade de segurado para as aposentadorias. No entanto, se
o legislador não excluiu o trabalhador rural da alteração introduzida em 2003, a ele se aplicam as disposições da
nova Lei.

Além disso, cabe lembrar que, de acordo com o entendimento esposado pela Consultoria Jurídica do
Ministério da Previdência Social na NOTA / CONJUR / MPS 937 de 2007 é desnecessário, para o benefício em tela,
que sejam cumpridos simultaneamente os requisitos básicos (idade e tempo de contribuição).

Assim, em face da legislação citada e do entendimento firmado pela CONJUR, a carência a ser
exigida neste caso é de 162 meses, independente da data em que complementou esse número de contribuições e
independente da manutenção da qualidade de segurado.

Posto Isto e,

CONSIDERANDO tudo mais que dos autos consta,

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO do INSS para,


no mérito, NEGAR – LHE PROVIMENTO.

LENI CÂNDIDA ROSA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 2700/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: HERILENE MOREIRA


LIMA e AVANI NUNES DA SILVA.

Brasília - DF, 22/06/2010

LENI CÂNDIDA ROSA


Presidente em Exercício e Relator(a)

Processo: 0144.189.989-5 3/3

837
Seleção de Acórdãos

838
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do
35408.000600/2008-35
Recurso:
Unidade de Origem: AGÊNCIA LIMEIRA
Documento: 0144.693.458-3
Recorrente: MERCEDES PELLEGRINI BOLDRIN
Recorrido: INSS/Décima Quarta Junta de Recursos
Assunto/Espécie PECÚLIO ESPECIAL DE APOSENTADOS E FILIADOS A PS COM
Benefício: MAIS DE 60 ANOS
Relator(a): VALTER SERGIO PINHEIRO COELHO

Relatório
Trata-se de recurso especial interposto por MERCEDES PELLEGRINI
BOLDRIN contra o Acórdão prolatado pela E. 14ª Junta de Recursos da Previdência Social no
estado de São Paulo (JR/SP) que manteve a decisão do Instituto Nacional do Seguro Social -
INSS referente ao seu pedido do benefício PECÚLIO ESPECIAL DE APOSENTADOS E
FILIADOS A PREVIDÊNCIA SOCIAL COM MAIS DE 60 ANOS DE IDADE.

A Segurada em epígrafe requereu em 20/12/2007 o benefício PECÚLIO


ESPECIAL DOS APOSENTADOS, mas teve seu pedido indeferido pelo INSS, sob o
fundamento de prescrição, conforme Comunicação de Decisão de fls. 40.

Inconformada com a decisão do INSS, a segurada recorreu à E. 14ª JR/SP que,


pelo Acórdão nº 9.147/2010 (fls. 44/46), negou-lhe provimento, mantendo o ato recorrido.

Em suas razões de recurso a esta Câmara, a segurada entende que se enquadra


dentro das disposições contidas nos artigos 466 / 468 da Lei nº 8.870/94, portanto discorda da
prescrição do seu direito.

Relata sobre seus períodos laborados e que o desligamento definitivo de suas


atividades ocorreu em 10/12/2007, portanto considera que não decorreram os 05 anos após o
afastamento de suas atividades.

O INSS apresentou CONTRARRAZÕES.

É o relatório.

Peço inclusão em pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 08/02/2011 para sessão nº 47/2011 de 16/02/2011 às 14:00.

Processo: 0144.693.458-3 1/3

839
Seleção de Acórdãos

Voto
EMENTA: PECÚLIO ESPECIAL DE APOSENTADOS E FILIADOS A PS
COM MAIS DE 60 ANOS. PECÚLIO ESPECIAL DO APOSENTADO.
CABERÁ A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PREVISTO NO ART. 184 DO
DECRETO Nº 3.048/99, AO SEGURADO QUE RETORNOU À ATIVIDADE
DENTRO DO PRAZO NÃO ALCANÇADO PELA PRESCRIÇÃO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO

FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de recurso contra o Acórdão proferido pela E. 14ª JR/SP que manteve a
decisão do INSS que indeferiu o pedido do benefício pecúlio especial do aposentado formulado
pela Segurada.

O art. 184 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº


3.048, de 06 de maio de 1999 disciplina:

Art.184. O segurado que recebe aposentadoria por idade, tempo de contribuição ou especial do
Regime Geral de Previdência Social que permaneceu ou retornou à atividade e que vinha
contribuindo até 14 de abril de 1994, véspera da vigência da Lei nº 8.870, de 15 de abril de 1994
, receberá o pecúlio, em pagamento único, quando do desligamento da atividade que vinha
exercendo.
§1º O pecúlio de que trata este artigo consistirá em pagamento único de valor correspondente à
soma das importâncias relativas às contribuições do segurado, remuneradas de acordo com o
índice de remuneração básica dos depósitos de poupança com data de aniversário no dia
p r i m e i r o .
§ 2º O disposto no parágrafo anterior aplica-se a contar de 25 de julho de 1991, data da
vigência da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, observada, com relação às contribuições
anteriores, a legislação vigente à época do seu recolhimento.
A controvérsia dos autos passa pelo entendimento do dispositivo transcrito
anteriormente referente à citação permaneceu ou retornou à atividade, posto que entendeu a
autarquia previdenciária que caberá a utilização do instituto da prescrição, quando decorrido
mais de 5 (cinco) anos do afastamento definitivo da atividade em que o segurado exercia em
15/04/1994. A segurada concluiu que no período considerado pelo INSS manteve vários vínculos
empregatícios e somente se afastando definitivamente da atividade em 10/12/2007.

Observa-se que o marco inicial considerado pela autarquia previdenciária para a


contagem da prescrição deu-se com o fim do vínculo empregatício em 14/05/1999,
desconsiderando o contrato de trabalho do período de 24/02/1997 a 10/12/2007, sob o
entendimento que foi iniciado após a edição da Lei nº 8.870/94.

Não merece prosperar o entendimento do INSS, posto que o dispositivo anterior


transcrito considerou não só aqueles segurado que permaneceram em atividade, como também os
que retornaram ao mercardo de trabalho.

Como o dispositivo legal não fez qualquer restrição à concessão do benefício para
aqueles segurados que retornassem à atividade, não cabe a autarquia previdenciária fazê-la.

Com efeito, somente caberia a utilização do instituto da prescrição, para o caso em


tela, se o retorno à atividade ocorressem em período posterior aos cinco anos previsto no art. 103
da Lei nº 8.213/91.

Processo: 0144.693.458-3 2/3

840
Seleção de Acórdãos

Dessa forma, merece amparo à pretensão da segurada, uma vez que seu retorno à
atividade não foi alcançada pela prescrição.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO


RECURSO da SEGURADA, para no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, reformando por
consequência o Acórdão da E. 14ª JR/SP.

VALTER SERGIO PINHEIRO COELHO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 711/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: CLEUSA VIEIRA DE


SOUZA e SONIA MARIA DE AGUIAR CAYRES.

Brasília - DF, 16/02/2011

VALTER SERGIO PINHEIRO COELHO


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0144.693.458-3 3/3

841
Seleção de Acórdãos

842
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 36498.002323/2008-04


Unidade de Origem: AGÊNCIA ITABUNA
Documento: 0144.936.859-7
Recorrente: FRANCISCO OLIVEIRA DOS SANTOS
Recorrido: INSS/Vigésima Sexta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Relator(a): ANDRÉA MATOS NERI MACHADO

Relatório
Trata-se de aposentadoria por idade requerida por FRANCISCO OLIVEIRA DOS SANTOS em
20/08/2008, com 65 anos de idade, sendo indeferida pelo INSS por falta de período de carência (fls.34).

O interessado apresentou os seguintes documentos:

- Documentos pessoais (fls. 2);

- CTPS com registro de vínculos constando anotações (fls. 05/08);

- Comprovante de inscrição PIS (fls. 9); CNIS constando admissão em 1989 como trabalhador rural
(fls. 14);

- Ficha de registro de empregado constando data de admissão em 02/01/1970 (fls. 18);

- Declaração de herdeira da propriedade rural informando que o requerente trabalhou na fazenda desde
1970 até 2008 (fls. 37);

- Folhas de freqüência de 1999 a 2008 constando assinatura do requerente como administrador da


Fazenda (fls. 19/21 e 26/29);

- Recibo de pagamento constando o requerente como empregado em 2001 e 2002 (fls. 22/23);

Em consulta ao CNIS conta data de cadastramento do requerente em 05/01/1995 e data de admissão


em 11/08/1989 sem data de rescisão e contribuições entre o período de 09/1995 a 12/1998 (fls.11/13).

O requerente inconformado com o indeferimento da Autarquia recorreu a 26ªJRPS/AL alegando que


trabalhou na fazenda bom jardim de 1970 até a presente data e que o empregador deixou de contribuir para
previdência social requerendo concessão do benefício. (fls. 36).

A 26ª JRPS/AL negou provimento ao recurso por falta da comprovação da atividade rural no período
de carência (fls. 42).

O interessado recorreu a esta Câmara alegando que só no último emprego trabalhou mais de 38 anos
requerendo concessão do benefício (fls.49).

O INSS apresentou não contra-razões.

A 4ª CaJ converteu o julgamento em diligência para retorno dos autos à origem para que fosse realizada pesquisa in
loco objetivando constatar na propriedade do empregador a existência da relação de emprego no período alegado,

Processo: 0144.936.859-7 1/4

843
Seleção de Acórdãos

levantando possíveis provas documentais e se o requerente permaneceu trabalhando como empregado até a DER,
tomando depoimento de confrontantes e vizinhos para corroboração dos fatos.

Em pesquisa se obteve conclusão positiva com a confirmação do vínculo do requerente com a Fazenda no período
alegado de 02/01/1970 até a DER, corroborada por depoimento de vizinhos e confrontantes constatando-se que o
requerente trabalha no local até os dias atuais. Foram juntados aos autos: título de eleitor de 09/1982 constando a
profissão de lavrador; cartão do INAMPS valido até 1987 constando a profissão de trabalhador rural; cartão de
vacinação; certidão de nascimento da filha nascida na Fazenda Bom Jardim em 1979 (fls. 59/63);

Peço inclusão em pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 22/03/2011 para sessão nº 104/2011 de 29/03/2011 às 14:30.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. VÍNCULO EMPREGATÍCIO
CONFIRMADO EM PESQUISA. CARÊNCIA EXIGIDA PARA A
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR IDADE
ATINGIDA COMO EXIGE A LEGISLAÇÃO NOS ARTS. 48 E 142 DA LEI Nº
8213/91. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO
FUNDAMENTAÇÃO

O presente recurso é considerado tempestivo (art. 305 parágrafo 1º do Dec. 3048/99).

Trata-se de aposentadoria por idade instituída no arts. 48 e 142 da Lei nº 8213/91.

No art. 48 estabelece que a aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência
exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.

Nos §§ do mesmo artigo prevalece:


§1º Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinqüenta e cinco anos no caso de
trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do inciso V e
nos incisos VI e VII do art. 11.
§2º Para os efeitos do disposto no § 1o deste artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo
exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do
benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido,
computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9o do art. 11 desta Lei.
§ 3º Os trabalhadores rurais de que trata o § 1o deste artigo que não atendam ao disposto no § 2º deste
artigo, mas que satisfaçam essa condição, se forem considerados períodos de contribuição sob outras categorias do
segurado, farão jus ao benefício ao completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta)
anos, se mulher.

Para ser considerado trabalhador rural devem ser apresentadas provas suficientes para satisfazer as
exigências legais de que trata o art. 62 do Dec. 3.048/99no que se refere à apresentação de início de prova material,
de natureza valorativa.

A carência necessária para concessão do beneficio é de 162 meses considerando o ano em que o
segurado completou idade exigida em 2008, art. 142 da Lei 8213/91 (Nota/ CONJUR nº937/2007).

Processo: 0144.936.859-7 2/4

844
Seleção de Acórdãos

O requerente busca ver reconhecido seu direito à aposentadoria por idade na condição de
empregado rural, tendo em vista a alegação de que foi trabalhador rural no período de 1970 a 2008.

Diante da análise dos autos percebe-se que o requerente demonstrou que é empregado na Fazenda
de Manoel Leal de Oliveira, como administrador tendo como base anotação na CTPS e o CNIS, sendo confirmado e
comprovado por pesquisa e documentos o vínculo a partir 02/01/1970 até a DER.

Logo, constatou-se que o requerente realmente trabalha na Fazenda Bom Jardim fato confirmado
por pesquisa, cabendo ao requerente o direito ao benefício pleiteado.

Todavia, se empregador deixou de recolher as devidas contribuições o INSS deve tomar as


providências cabíveis não podendo prejudicar o empregado pela inércia do empregador conforme determina o
Enunciado nº18 do JR/CRPS.

Assim, o interessado dispõe de tempo suficiente para cumprir a carência exigida.

Diante da homologação e comprovação do vínculo empregatício possuindo o tempo de carência


exigido e do cumprimento das exigências legais, fica caracterizado o cumprimento dos requisitos legais para a
concessão do benefício de aposentadoria por idade.

CONCLUSÃO

Pelo exposto, VOTOno sentido de CONHECER DO RECURSO para no méritoDAR PROVIMENTO.

ANDRÉA MATOS NERI MACHADO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão:

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: IONÁRIA DA SILVA


FERNANDES e LENI CÂNDIDA ROSA.

Brasília - DF, 29/03/2011

ANDRÉA MATOS NERI MACHADO

Processo: 0144.936.859-7 3/4

845
Seleção de Acórdãos

Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0144.936.859-7 4/4

846
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35066.002605/2009-00


Unidade de Origem: SERVIÇO DE RECONHECIMENTO INICIAL DE DIREITOS
Documento: 0146.087.719-2
Recorrente: INSS
Recorrido: AILTON DOS SANTOS/Vigésima Quarta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): CLEUSA VIEIRA DE SOUZA

Relatório

Trata-se de recurso interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,


contra a decisão da Vigésima Quarta Junta de Recursos no Estado do Espírito Santo, que deu
provimento ao recurso interposto, pelo interessado contra o indeferimento do benefício pleiteado.

O senhor AILTON DOS SANTOS, contando, então, com 56 anos de idade requereu em
05/08/2009, o benefício Aposentadoria por Tempo de Contribuição.

Para instrução dos autos e pretendendo o reconhecimento o reconhecimento da


atividade exercida sob condições especiais e a conversão do tempo a ela relativo, apresentou
DSS8030 emitido pela empresa Floresta Rio Doce, para o período de 22/07/1973 a 02/12/1975,
em que trabalhou como trabalhador braçal, fls. 2.

Em cumprimento da exigência constante às fls. 13, o segurado apresentou cópias das


CTPS nº76531 s/331ª; 76.538 s/331ª (2ª via) e 76538 s/ 331ª, com registros de vínculos
empregatícios para os períodos de 22/06/1973 a 03/12/1975; 04/05/1995 a 05/09/2002 e a partir
de 06/09/2002 – em aberto (fls. 15/28); 19/01/1976 14/02/1979, 09/07/1979 03/09/1979,
04/09/1979 a 12/10/1979, 12/10/1979 a 26/11/1984, 01/05/1985 a 21/05/1985, 27/05/1985 a
01/03/1993 (fls 29/48); 27/05/1985 a 01/03/1993 e 01/04/1993 a 29/05/1996 (fls. 49/59).

Consta dos autos Ata de Audiência e sentença, proc. 821/95, em que o interessado e
outros ajuizaram Ação Reclamatória Trabalhista, contra a empresa SOGE Ind. e Comércio Ltda,
objetivando o recebimento das verbas rescisórias, 13º salário, bem como efetuar o registro na
CTPS da data da saída, tendo sido juntado extrato do FGTS com data de admissão em 01/04/1993
e depósito até agosto de 1994 (fls. 61/65).

Após análise da documentação apresentada, o INSS efetuou apuração de tempo de contribuição


(fls.70/71), em que processou para o interessado, um tempo comum de 33 anos e 26 dias, sem incluir nessa apuração
o tempo relativo ao período de 01/04/1993 a 03/05/1995, que, embora não conste dos autos explicitação do motivo
que levaram a exclusão do referido período, infere-se que tenha sido em razão de seu registro extemporâneo no CNIS.

O pedido foi indeferido por falta de tempo de contribuição e falta de concordância para a concessão
da aposentadoria proporcional, conforme documento de fls. 75.

Processo: 0146.087.719-2 1/4

847
Seleção de Acórdãos

Contra a decisão, o interessado interpôs recurso ordinário à Vigésima Quarta Junta de Recurso no
Estado do Espírito Santo – 24ªJR/ES que, por meio do Acórdão nº 5522/2010, deu-lhe provimento.

Não concordando, o INSS interpôs recurso especial a uma das Câmaras de Julgamento deste
Conselho, conforme razões aduzidas ás fls. 97/98, em que alega que a 24ª JR/ES determinou a inclusão do tempo
relativo ao período de 01/04/1993 a 04/04/1995, e o fez desconsiderando o disposto no artigo 19 do Regulamento da
Previdência Social –RPS, aprovado pelo Decreto nº 3048/99, que assim não vê como acatar o referido acórdão.
Requereu a reforma da decisão.

O interessado ofereceu contrarrazões.

É o Relatório.

Peço inclusão em Pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 17/01/2011 para sessão nº 19/2011 de 20/01/2011 às 18:01.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. À LUZ DAS
DISPOSIÇÕES CONTIDAS NO ARTIGO 19, OS DADOS CONSTANTES DO
CADASTRO NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS – CNIS RELATIVOS
A VÍNCULOS, VALEM COMO PROVA DE FILIAÇÃO À PREVIDÊNCIA
SOCIAL, TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO E SALÁRIOS-DE-CONTRIBUIÇÃO.
AS INFORMAÇÕES INSERIDAS EXTEMPORANEAMENTE SERÃO
ACEITAS SE CORROBORADAS POR DOCUMENTOS QUE COMPROVEM
SUA REGULARIDADE. SEGURADO IMPLEMENTOU AS CONDIÇÕES
EXIGIDAS NO § 7º DO ARTIGO 201 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, PARA
A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PLEITEADO . RECURSO CONHECIDO E
NÃO PROVIDO

FUNDAMENTAÇÃO
O presentes os pressupostos de admissibilidade o presente recurso merece ser conhecido.

Conforme relatado, tratam os autos de benefício previsto no § 7º do artigo 201 da Constituição Federal
em vigor, que assegura a aposentadoria no Regime Geral de Previdência Social, aos trinta e cinco anos de
contribuição, se homem e trinta anos de contribuição, se mulher. Como o benefício foi requerido após advento da EC
Nº 20/98, fica sujeito, portanto, aos preceitos por ela estabelecidos.

O artigo 3º da referida emenda possibilita a concessão do benefício ao segurado, na forma da legislação


que antecede esta norma, caso tenha atingido o tempo de serviço necessário até 16/12/98.

O artigo 9º da Emenda Constitucional 20/98 garante o direito à aposentadoria na forma proporcional ao


segurado que tenha se filiado ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS, até a data de publicação desta Emenda,
quando, cumulativamente, atender aos seguintes requisitos:

Processo: 0146.087.719-2 2/4

848
Seleção de Acórdãos

I – contar com cinqüenta e três anos de idade, se homem, e quarenta e oito anos
de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e
b) um período adicional de contribuição equivalente a quarenta por cento do
tempo que, na data da publicação desta Emenda, faltaria para atingir o limite de
tempo constante da alínea anterior.

Em suas razões de recurso a este Conselho, o INSS requer a reforma da decisão, alegando que a 24ª
JR/ES determinou a inclusão do tempo relativo ao período de 01/04/1993 a 04/04/1995, e o fez desconsiderando o
disposto no artigo 19 do Regulamento da Previdência Social –RPS, aprovado pelo Decreto nº 3048/99, que assim não
vê como acatar o referido acórdão.

Nesse sentido importa esclarecer que o referido artigo 19 estabelece que “os dados constantes do
cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS relativos a vínculos, remunerações e contribuições valem como
prova de filiação à previdência social, tempo de contribuição, e salários-de-contribuição; e que as informações
inseridas extemporaneamente somente serão aceitas se corroboradas por documentos que comprovem a sua
regularidade.

No presente caso, o período questionado, 01/04/1993 a 04/05/1995, foi inserido extemporaneamente no


CNIS, entretanto, encontra-se devidamente anotado na CTPS do segurado, em ordem cronológica, com as anotações
internas referentes a alterações salariais, opção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço –FGTS e extrato do
FGTS com depósitos até 08/1994.
Nesse sentido impõe considerar que nos termos do artigo 62 do Regulamento da Previdência Social
–RPS, aprovado pelo Decreto nº 3048/99, as anotações em Carteira de Trabalho e Previdência Social, servem para
suprir possível falha de registro de admissão ou de dispensa, o que não é o caso pois nela encontra-se consignado o
registro de admissão, bem como outras anotações.

Além disso, cabe recordar o que estabelece o art. 456 da Consolidação das Leis do Trabalho- CLT, que
diz: “A prova do contrato individual de trabalho será feita pelas anotações constantes na CTPS ou por outro
instrumento escrito e suprida por todos os meios de prova admitidos no direito”. Não obstante o fato de essas
anotações possuírem veracidade “júris tantum”, podendo até mesmo ser elidida, é bom que se esclareça, que até
prova cabal em contrário, são título hábil para a aferição do liame de emprego, sendo eivada de ilegalidade sua
rejeição pelo Órgão Previdenciário, ainda que sob conjectura de fraude, que, em direito não se presume,
demonstra-se.

No presente caso, nenhuma irregularidade foi argüida ou devidamente demonstrada, quanto aos
referidos contratos, razão pela qual o tempo relativo ao período de 01/04/1993 a 04/05/1995 deverá ser aceito e
computado na apuração do tempo de contribuição, porquanto não pode o trabalhador ser penalizado pelo fato de a
empresa não ter cumprido com as suas obrigações perante à Previdência Social.

Dessa maneira, com o acréscimo decorrente do tempo ora reconhecido


(aproximadamente 2 anos e 1 mês), adicionado àquele já apurado pelo INSS de 33 anos e 26 dias,
fls. 70/71, o segurado totaliza tempo suficiente para a concessão do benefício pleiteado, nos
termos do § 7º do artigo 201 da Constituição Federal de 1988, acima citado.

Por todo exposto;

VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO do INSS, para no mérito, NEGAR – LHE PROVIMENTO.

Processo: 0146.087.719-2 3/4

849
Seleção de Acórdãos

CLEUSA VIEIRA DE SOUZA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 194/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: SONIA MARIA DE


AGUIAR CAYRES e VALTER SERGIO PINHEIRO COELHO.

Brasília - DF, 20/01/2011

CLEUSA VIEIRA DE SOUZA


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0146.087.719-2 4/4

850
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 36952.000696/2009-17


Unidade de Origem: AGÊNCIA CORONEL FABRICIANO
Documento: 0146.392.067-6
Recorrente: INSS
Recorrido: AIRTON RODRIGUES CARDOSO/Nona Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): DANIEL FLÁVIO SOUZA FONSECA

Relatório
Cuida-se de recurso interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face do
acórdão proferido pela 9ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS, que
deu parcial provimento ao recurso interposto pelo segurado Airton Rodrigues Cardoso contra a decisão da
Autarquia, que indeferiu a concessão do benefício de Aposentadoria por Tempo de Contribuição requerido
em 26/05/2009, então com 51 anos de idade.

Por ocasião do requerimento administrativo, objetivando comprovar o tempo de trabalho sob


condições especiais, o segurado apresentou:

a) Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP à fl. 32/32-verso, expedido pelo


Banco Bradesco S/A, período de 18/02/87 a 31/07/89, laborado no cargo de
Escriturário I, com exposição a fator de risco “postura”;
b) Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP às fl. 34/35, expedido pela
Associação dos Empregados no Com. de Minas Gerais, períodos de 01/08/89
a 01/05/93 e 01/05/93 a 29/12/93, laborados nos cargos de Professor e
Coordenador Pedagógico, respectivamente, com exposição a pó de giz;
c) Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP à fl. 36/36-verso, expedido pelo
Banco Bradesco S/A, período de 11/05/76 a 11/09/79, laborado nos cargos
de Escriturário/Chefe Seção-Cx Exec. 1/ Chefe Seção-Cx Exec. 2, com
exposição a fator de risco “postura”.

O Instituto extratou o tempo de contribuição do recorrente, sem a conversão de atividade


especial em comum dos períodos acima, computando-se até 30/04/09 o total de 26 anos, 5 meses e 20 dias
(fl. 41/44).

O indeferimento ocorreu ao fundamento de “Falta de tempo de contribuição até 16/12/98 ou


até a data de entrada do requerimento” (fl. 46/47).

A Perícia Médica do Instituto, instada a se manifestar, não reconheceu como de natureza


especial a atividade exercida nos períodos de 11/05/76 a 11/09/79 e 18/02/87 a 31/07/89, à míngua de
exposição a agentes nocivos, e 01/08/89 a 29/12/93, por falta de denominação técnica dos agentes
químicos, porquanto “pó de giz” não contempla a composição básica do agente (fl. 48).

Processo: 0146.392.067-6 1/5

851
Seleção de Acórdãos

Inconformado, o segurado interpôs recurso, o qual foi remetido à douta 9ª JR/MG, que
reconhecendo como de natureza especial a atividade exercida no período de 01/08/89 a 29/12/93,
enquadrando-se no código 2.1.4 do Anexo ao Decreto n. 53.831/64, lhe deu parcial provimento, mas
manteve o indeferimento da aposentação por falta de tempo de contribuição, cf. acórdão às fl. 58/60.

Inconformado, o Instituto apresentou recurso, mediante razões à fl. 65, alegando, em síntese,
que o professor tem direito à aposentadoria especial quando cumpre o tempo exigido em lei,
exclusivamente na atividade de magistério, conforme art. 56 da Lei n. 8.213/91.

Sem contrarrazões do segurado.

Peço inclusão em pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 09/03/2011 para sessão nº 76/2011 de 15/03/2011 às 17:01.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE
ESPECIAL. CATEGORIA PROFISSIONAL. PROFESSOR.
ENQUADRAMENTO NO CÓDIGO 2.1.4 DO ANEXO AO DECRETO
53.831/64. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM.
RECONHECIMENTO ATÉ 09/07/1981. DATA DA PUBLICAÇÃO DA
EMENDA CONSTITUCIONAL N. 18/81.. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO
Conheço do recurso, pois presentes as condições para o conhecimento.

A aposentadoria por tempo de contribuição encontra-se prevista no art. 201, § 7º, inciso I, da
Constituição Federal, alterado pela Emenda Constitucional n. 20/98, e estabelece que seja concedida ao
segurado que implementar 35 anos de contribuição, com proventos integrais, independente de idade
mínima.

E de acordo com o art. 9º, § 1º, da Emenda Constitucional n. 20/98, será devida a
aposentadoria proporcional, desde que comprovada a idade mínima de 53 anos, se homem, e um período
adicional de contribuição equivalente a 40% (quarenta por cento) do tempo que na data da publicação da
Emenda em questão faltaria para atingir o limite mínimo para a aposentadoria.

Para a obtenção do benefício, sem a comprovação da idade mínima, na forma prevista no art.
52 da Lei n. 8.213/91, previu o legislador, ainda, a sua concessão desde que comprovado o tempo mínimo
de 30 anos de serviço até 16/12/98, se homem, conforme disposto no art. 3º da Emenda Constitucional n.
20/98.

A legislação em vigor assegura a conversão de atividade especial em comum, mas desde que
presentes os requisitos na forma do disposto no art. 64, § 1º, do Decreto n. 3.048/99: ”§ 1º A concessão da
aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do
Seguro Social, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, exercido em condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado no caput.”.

Processo: 0146.392.067-6 2/5

852
Seleção de Acórdãos

No que tange à conversão de tempo especial em comum, a caracterização e a forma de


comprovação rege-se pela legislação vigente à época da prestação do serviço, nos termos do art. 70, § § 1º
e 2º, do Decreto n. 3.048/99: “§ 1o A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob
condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. § 2o
As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum
constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período.”.

De acordo com o disposto no art. § 5º do art. 57 da Lei n. 8.213/91, o tempo de trabalho


exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser considerados prejudiciais à saúde ou à
integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade
comum.

Instada a se manifestar, a Perícia Médica do Instituto não reconheceu como de natureza


especial a atividade exercida nos períodos de 11/05/76 a 11/09/79 e 18/02/87 a 31/07/89, à míngua de
exposição a agentes nocivos, e 01/08/89 a 29/12/93, por falta de denominação técnica dos agentes
químicos, porquanto “pó de giz” não contempla a composição básica do agente (fl. 48).

Considerando que o recurso interposto a este Colegiado devolve a apreciação de toda a


matéria, passo, a seguir, a analisar os pontos controvertidos.

Relativamente à atividade exercida na empresa Banco Bradesco S/A, período de 11/05/76 a


11/09/79, nos cargos de Escriturário/Chefe Seção-Cx Exec. 1/ Chefe Seção-Cx Exec. 2, e 18/02/87 a
31/07/89, no cargo de Escriturário I, com exposição a fator de risco “postura”, cf. Perfil Profissiográfico
Previdenciário - PPP à fl. 36/36-verso e à fl. 32/32-verso, não há como reconhecê-la como de natureza
especial, à míngua de exposição à nocividade.

Com efeito, o fator de risco informado pela empresa, qual seja, postura, não é considerado
agente nocivo para fins previdenciários, conseqüentemente não havendo que se falar em atividade especial
e direito à conversão para tempo comum, podendo sê-lo, se o caso, para fins trabalhistas, com o escopo de
se obter adicional de insalubridade.

Relativamente à atividade exercida na Associação dos Empregados no Com. de Minas


Gerais, períodos de 01/08/89 a 01/05/93 e 01/05/93 a 29/12/93, nos cargos de Professor e Coordenador
Pedagógico, respectivamente, com exposição a pó de giz, cf. Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP
às fl. 34/35, não há como reconhecê-la como de natureza especial pela exposição à nocividade, à míngua
de denominação do agente químico encontrado no trabalho, sendo certo que apenas a indicação de
exposição a “pó de giz” não supre a exigência legal de comprovação da exposição à nocividade.

Por outro lado, não há como reconhecer como especial a atividade pela categoria profissional
de Professor, tal como concluiu a douta 9ª JR/MG.

A Aposentadoria Especial - assim denominada desde o seu surgimento, na Lei Orgânica da


Previdência Social, n. 3.807, de 26 de agosto de 1960 - é modalidade de aposentadoria por tempo de
serviço, diminuído para 15, 20 ou 25 anos em razão das condições de trabalho insalubres, periculosas ou
penosas a que estiver submetido o trabalhador.

Com o advento da nova legislação, a especialidade da função do professor estava prevista no


código 2.1.4 do Anexo ao Decreto 53.831/64. Referentemente à atividade do professor, anteriormente à
Emenda Constitucional 18/81, ela era tratada como especial, nos termos do Decreto 53.831/64. A partir
daquele dispositivo legal, os critérios para a aposentadoria especial passaram a ser fixados pela
Constituição Federal, revogando-se as disposições do Decreto 53.831/64.

Desta forma, o enquadramento da atividade de professor como especial só é possível até


09/07/1981, data da publicação da Emenda Constitucional n. 18/81, com enquadramento no Anexo ao
Decreto 53.831/64, tendo em vista que a partir de então, passou a ser tratada como uma regra excepcional.

Processo: 0146.392.067-6 3/5

853
Seleção de Acórdãos

Portanto, apenas o trabalho realizado no período pretérito à Emenda Constitucional n. 18/81


aplica-se o Decreto 53.831/64, que previa a atividade profissional de magistério (professores) como
penosa (item 2.1.4 do Anexo), com a conversão de tempo especial em comum.

Após a Emenda Constitucional em questão e alterações constitucionais posteriores, a


atividade de magistério deixou de ser considerada especial, com regras próprias, em que se exige um
tempo de serviço menor em relação a outras atividades, desde que se comprove o exclusivo trabalho nessa
condição.

Logo, no caso concreto, considerando que os períodos que o segurado pretende ver
reconhecidos como especiais, quais sejam, 01/08/89 a 01/05/93 e 01/05/93 a 29/12/93, são posteriores à
Emenda Constitucional n. 18/81, não há como reconhecê-los como de natureza especial, com
enquadramento no código 2.1.4 do Anexo ao Decreto n. 53.831/64.

Isto posto, o segurado, que por ora somente pode pleitear a aposentação integral, eis que não
completou 53 (cinqüenta e três) anos de idade, requisito etário para a aposentação proporcional, não
preenche os requisitos do art. 201, § 7º, inciso I, da Constituição Federal, não fazendo jus, pois, à
aposentação, com proventos integrais.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO DO INSS para, no


mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, reformando-se, em conseqüência, o acórdão às fl. 58/60, n.
9374/2010, proferido pela douta 9ª JR/MG.

DANIEL FLÁVIO SOUZA FONSECA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 921/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, a Conselheira: LOUISE BRUNO VIANA.

Brasília - DF, 15/03/2011

DANIEL FLÁVIO SOUZA FONSECA


Relator(a)

Processo: 0146.392.067-6 4/5

854
Seleção de Acórdãos

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0146.392.067-6 5/5

855
Seleção de Acórdãos

856
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35410.000396/2010-28


Unidade de Origem: AGÊNCIA LORENA
Documento: 0146.872.647-9
Recorrente: INSS
Recorrido: JOAO BOSCO DE LIMA/Décima Quarta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA ESPECIAL
Relator(a): IONÁRIA DA SILVA FERNANDES

Relatório
Trata o processo de pedido de APOSENTADORIA ESPECIAL, formulado ao Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), pelo Senhor JOÃO BOSCO DE LIMA, em 17/11/09, contando com 46 anos de
idade.

Para instrução dos autos juntou os Perfis Profissiográficos Previdenciários das empresas:
· NEXANS BRASIL S/A no período de 09/07/84 a 31/05/85, 01/06/85 a 31/12/85 e de
01/01/86 a 03/09/86, laborado nas funções de Trabalhador A, Servente e Ajudante exposto aos
níveis de ruído de 92 decibéis (fls. 20);
· NOVELIS DO BRASIL LTDA no período de 15/09/86 a 31/10/87, laborado nas funções de
Operador de Refusão II, Forneiro, exposto aos níveis de ruído superiores a 83,9 decibéis, calor
de 34,8 graus centígrados e risco de acidente (fls. 21/23);
· ALERIS LATAS S/A RECICLAGEM LTDA no período de 08/01/96 a 01/03/06, na função
de Operador de Produção II e níveis de ruído de 93,5 decibéis, calor de 26,2 graus centígrados
e poeira (fls. 24/26); 01/03/06 a 01/12/09, laborado na função de Operador de Produção II,
exposto aos níveis de ruído de 89,3 decibéis e calor de 23 graus centígrados (fls. 27/29).

A Perícia Médica do Instituto, por meio de Análise e Decisão Técnica de Atividade Especial
enquadrou os períodos de 09/07/84 a 03/09/86, 15/09/86 a 04/09/95 e de 08/01/96 a 11/12/98, deixando de
enquadrar o período de 12/12/98 a 01/12/09 (fls. 30), apurando 14 anos, 00 meses e 21 dias de tempo de
contribuição.

O pedido foi indeferido, por motivo de falta de tempo de contribuição – atividade descrita no
formulário de informações para atividades especiais não foram enquadradas pela perícia medica (fls. 50), uma vez
que houve uso do Equipamento de Proteção Individual eficaz (fls. 20).

Inconformado com o indeferimento do pedido, o interessado recorreu à Décima Quarta Junta de


Recursos da Previdência Social no Estado de São Paulo – 14ª JRPS/SP, que deu provimento ao pedido, conforme
fundamentado no Acórdão nº. 13903/2010, fls. 60/64.

Desta feita, o INSS apresentou recurso a uma das Câmaras de Julgamento deste conselho,
fazendo um breve histórico dos fatos para em seguida alegar que houve não apresentação de documentos suficientes
que confirmam o trabalho sob condições insalubres, uma vez que houve utilização de Equipamento de Proteção
Individual eficaz.

O interessado apresentou contrarrazões (fls. 77/78).

Processo: 0146.872.647-9 1/4

857
Seleção de Acórdãos

É o Relatório.

Peço inclusão em pauta

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 23/03/2011 para sessão nº 94/2011 de 28/03/2011 às 15:30.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA ESPECIAL. CUMPRIDOS OS REQUISITOS
CONTIDOS NO ARTIGO 57 DA LEI Nº 8.213/91, O BENEFÍCIO DEVE SER
CONCEDIDO, POR TER O SEGURADO IMPLEMENTADO MAIS DE 25
ANOS DE TRABALHO SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS. RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO
FUNDAMENTAÇÃO

O recurso é tempestivo.

No que concerne à conversão do tempo especial, registra-se, primeiramente que a caracterização e


forma de comprovação são disciplinadas pela legislação vigente ao tempo de sua prestação, conforme previsto no
artigo 70 do Decreto nº 3.048/1999, com a redação dada pelo Decreto nº 4.827/2003:

Art.70. (...)
§ 1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao
disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço.
§ 2º As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade
comumconstantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período.

Assim, para os períodos de exercício de atividades especiais anteriores à vigência da nova


regulamentação da aposentadoria especial, devem ser observadas as exigências de comprovação em vigor nas
respectivas épocas.

A fim de obter-se a avaliação do ponto de vista técnico, a documentação referente ao trabalho


prestado para as empresas foi previamente submetida à apreciação da Perícia Médica do INSS que não enquadrou o
período de 12/12/98 a 01/12/09.

No caso em tela, registra-se que o formulário PPP para o período de 12/12/98 a 01/12/09 confirma o
trabalho habitual e permanente ao agente nocivo, conforme impõe o art. 65 do Decreto nº 3.048/1999, abaixo
transcrito:

“Art. 65. Considera-se trabalho permanente, para efeito desta


Subseção, aquele que é exercido de forma não ocasional nem intermitente, no
qual a exposição do empregado (...) ao agente nocivo seja indissociável da
produção do bem ou da prestação do serviço. (...)”.

À luz da legislação previdenciária em vigor à época da prestação dos serviços e em análise do caso
concreto houve atendimento acerca das disposições referentes ao trabalho exercido sob condições especiais,
devendo ser efetivado o enquadramento dos períodos de nos códigos 1.1.6, 1.1.5 e 2.0.1 do anexo aos Decretos nº
2.172/91 e 3.048/99.

Processo: 0146.872.647-9 2/4

858
Seleção de Acórdãos

À luz da legislação previdenciária em vigor à época da prestação dos serviços e em análise do caso
concreto houve atendimento acerca das disposições referentes ao trabalho exercido sob condições especiais, pois
deve ser analisado o ambiente laboral como um todo.

Por fim, no tocante aos Equipamentos de Proteção Individual – EPI é cabível a aplicação do
Enunciado nº 21 do Conselho Pleno do CRPS, segundo o qual deve ser analisado todo o ambiente de trabalho, de
maneira que o simples fornecimento de EPI, por si só, não exclui a hipótese de exposição a agentes nocivos:
ENUNCIADO Nº 21:O simples fornecimento de equipamento de
proteção individual de trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de
exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser considerado
todo o ambiente de trabalho.

Têm-se ainda a Súmula 09 do Conselho da Justiça Federal, abaixo transcrito:

SÚMULAS DO CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL – TURMA


UNIFORMIZADA DAS DECISÕES DAS TURMAS RECURSAIS DOS
JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS - SUMULA Nº 09: “O uso de
Equipamento de Proteção Individual(EPI), ainda que elimine a insalubridade, no
caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial
prestado”.

Assim é cabível o deferimento do benefício na forma prevista no artigo 57 da Lei nº 8.213/91, uma vez
que houve implementação de 25 anos de trabalho sob condições especiais.

Isto posto e,

CONSIDERANDO tudo o mais que dos autos consta,

CONCLUSÃO: Diante do exposto, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO do INSS, para no mérito,
NEGAR PROVIMENTO AO PEDIDO

IONÁRIA DA SILVA FERNANDES


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão:

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: ANDRÉA MATOS NERI


MACHADO e LENI CÂNDIDA ROSA.

Brasília - DF, 28/03/2011

Processo: 0146.872.647-9 3/4

859
Seleção de Acórdãos

IONÁRIA DA SILVA FERNANDES


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0146.872.647-9 4/4

860
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35950.003510/2008-40


Unidade de Origem: AGÊNCIA CURITIBA-CÂNDIDO LOPES
Documento: 0147.406.257-9
Recorrente: INSS
Recorrido: EDSON PETLA MENDES/Vigésima Quarta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): CLEUSA VIEIRA DE SOUZA

Relatório

Trata-se de recurso interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social –INSS,


contra a decisão da Vigésima Quarta Junta de Recursos no Estado do Espírito Santo, que deu
provimento ao recurso interposto pelo interessado contra o indeferimento do benefício pleiteado.

O senhor EDSON PETLA MENDAS contando, então, com 58 anos de idade, requereu em
20/05/2008, o benefício Aposentadoria por Tempo de Contribuição, na condição de contribuinte individual
(empresário).

Para instrução dos autos, o interessado apresentou cópias do Contrato Social da empresa Petam Gold
Corretora de Seguros Ltda, fls. 12 e alterações, Certidão Simplificada da Petla Administração e Corretagem e
Certidão de Cancelamento de Inscrição, fls. 12/35.

Após análise da documentação apresentada, o INSS efetuou uma simulação para apuração de tempo
de contribuição (fls. 37/48), em que processou para o interessado um tempo de contribuição de 23 anos, 3 meses e 26
dias, até 16/12/1998 e 32 anos e 7 meses, até a data da entrada do requerimento e indeferiu o pedido por falta de
tempo de contribuição, conforme documento de fls. 49 e Comunicação de Decisão de fls. 52

Contra a decisão, o interessado interpôs recurso ordinário a este Conselho, solicitando a alteração da
Data da Entrada do Requerimento para 12/08/2008.

Consta dos autos, nova simulação do tempo de contribuição em que se processou para o interessado
um tempo de contribuição de 28 anos, 10 meses e 6 dias e outra, fls. 70/78, em que se processou para o interessado
um tempo de 23 anos, 4 meses e 21 dias, até 16/12/1998 e 30 anos, 3 meses e 6 dias, até 31/01/2009, sem a inclusão
do tempo relativo ao período de 01/03/2000 a 31/03/2003.

Em face das disposições contidas no Provimento nº 120/2009, o recurso foi redistribuído para a
Vigésima Quarta Junta de Recursos – 24ªJR/ES que, por meio do Acórdão nº1272/2010, deu provimento ao recurso
do interessado. Considerou para efeito do cômputo do tempo de contribuição a apuração de fls. 46.
Consta dos autos, cópias de Guias Recolhimento da Previdência Social –GPS, relativas ao período de
01/2000 a 12/2002, em nome da empresa, tendo como código de pagamento 2100 (empresa) e identificador o CNPJ
da empresa. Às fls. 152, consta documento firmado pelo interessado, solicitando a convalidação dos recolhimentos
relativos às competências de 03/2000 a 03/2003 para o NIT 1.143.213.129-4, o que foi indeferido, conforme
despacho de fls. 154.

Processo: 0147.406.257-9 1/4

861
Seleção de Acórdãos

O INSS interpôs Recurso especial a uma das Câmaras de Julgamento deste Conselho, requerendo a
reforma da decisão, conforme razões aduzidas às fls 157, em que alega em síntese que não constam dos autos
comprovantes de recolhimento das contribuições relativas ao período em questão, bem assim não há informações no
CNIS de que tenha havido o recolhimento das referidas contribuições.

O interessado ofereceu contrarrazões, em que alega que as GFIP foram transmitidas nas datas previstas.
Requer o reconhecimento da quitação do período de 03/2000 a 03/2003, para que seja incluído no cômputo do tempo
de contribuição do segurado e assim seja acatada a decisão da 24ªJR/ES.

É o Relatório.

Peço inclusão em Pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 14/01/2011 para sessão nº 15/2011 de 20/01/2011 às 14:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE DE INCLUSÃO, NO CÔMPUTO DO TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO, DO TEMPO RELATIVO AO PERÍODO DE 03/2000 A
03/2003, POR SE TRATAR DE CONTRIBUIÇÃO A CARGO DA EMPRESA,
INCIDENTE SOBRE A REMUNERAÇÃO PAGA AO SEGURADO
CONTRIBUINTE INDIVIDUAL (PRO-LABORE), NOS TERMOS DO
ARTIGO 22, INCISO III DA LEI Nº 8212/91. O SEGURADO NÃO
IMPLEMENTA AS CONDIÇÕES ESTABELECIDAS NO § 7º DO ARTIGO 201
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NEM IMPLEMENTOU OS REQUISITOS
NECESSÁRIOS, DE ACORDO COM O ARTIGO 9º DA EMENDA
CONSTITUCIONAL Nº 20/98, PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO
PLEITEADO . RECURSO CONHECIDO E PROVIDO
FUNDAMENTAÇÃO:

Inicialmente, cabe analisar a preliminar de intempestividade argüida pelo próprio INSS, bem assim o
pedido de sua relevação.

Com efeito, muito embora não conste dos autos a data em que os autos deram entrada no Serviço de
Reconhecimento de Direitos da Gerência Executiva do INSS em Curitiba, porém considerando a data da prolação do
Acórdão ( 04/02/2010) e data da elaboração do recurso (pois também não consta a data de sua protocolização) em
05/08/2010, tenho por mim que, de fato, o presente recurso foi apresentado fora do prazo regulamentar previsto no
artigo 305, § 1º do Regulamento da Previdência Social –RPS, aprovado pelo Decreto nº 3048/99.

Todavia, nos termos do artigo 13 , inciso II do Regimento Interno do CRPS, aprovado pela Portaria nº
323/2007, pode o conselheiro relator, propor à composição julgadora relevar a intempestividade de recursos, no
corpo do próprio voto, quando fundamentadamente entender que, no mérito, restou demonstrada de forma
inequívoca a liquidez e certeza do direito da parte;

Assim é que, com base nos documentos juntados aos autos em sede de recurso, fls. 100/119, que se
tratam de Guias de Recolhimento da Previdência Social –GPS, em nome da empresa, em que figuram nos campos
código de pagamento, o código que se refere a recolhimento de contribuições a cargo da empresa e no campo
identificador o CNPJ da empresa, não resta nenhuma dúvida, de que tal recolhimento, refere-se à contribuição a

Processo: 0147.406.257-9 2/4

862
Seleção de Acórdãos

cargo da empresa, incidente sobre a remuneração paga ao segurado contribuinte individual (pro-labore), nos termos
do inciso III do artigo 22 da Lei nº 8212/91, restando assim demonstrada a insuficiência do tempo de contribuição
para a concessão do benefício, e, via de conseqüência, o direito líquido e certo da parte recorrente (INSS).

Pelas razões expostas, proponho a esta composição julgadora, a relevação da intempestividade do


recurso.

Relevada a intempestividade do recurso e ultrapassada a preliminar suscitada, passo à análise das


questões de mérito.

Conforme relatado, tratam os autos de benefício previsto no § 7º do artigo 201 da Constituição Federal
em vigor, que assegura a aposentadoria no Regime Geral de Previdência Social, aos trinta e cinco anos de
contribuição, se homem e trinta anos de contribuição, se mulher. Como o benefício foi requerido após advento da EC
Nº 20/98, fica sujeito, portanto, aos preceitos por ela estabelecidos.

O artigo 3º da referida emenda possibilita a concessão do benefício ao segurado, na forma da legislação


que antecede esta norma, caso tenha atingido o tempo de serviço necessário até 16/12/98.

O artigo 9º da Emenda Constitucional 20/98 garante o direito à aposentadoria na forma proporcional ao


segurado que tenha se filiado ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS, até a data de publicação desta Emenda,
quando, cumulativamente, atender aos seguintes requisitos:

I – contar com cinqüenta e três anos de idade, se homem, e quarenta e oito anos
de idade, se mulher; e
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e
b) um período adicional de contribuição equivalente a quarenta por cento do
tempo que, na data da publicação desta Emenda, faltaria para atingir o limite de
tempo constante da alínea anterior.

Em suas razões de recurso, o INSS alega que a decisão da 24ºJR/ES contraria os preceitos legais
norteadores da matéria, por isso a SRD retifica o acatamento inicial do acórdão, levando em consideração o fato de
que não consta do CNIS nem dos autos, elementos comprobatórios de recolhimento das contribuições em nome do
segurado, para o período de 03/2000 a 03/2003.

Nesse sentido, razão lhe confiro porquanto, com relação às contribuições dos
segurados contribuintes individuais (empresário) no período em questão (03/2000 a 03/2003),
nos termos do artigo 30 inciso II da Lei nº 8212/91, era do próprio contribuinte individual a
obrigação de recolher as suas contribuições, até o dia 15 do mês seguinte àqueles a que se
referiam, sendo que somente com o advento da Lei nº 10666/2003, que a obrigação do
recolhimento das contribuições devidas pelo segurado contribuinte individual passou a ser
obrigação da empresa tomadora dos serviços.

Esclareça-se, outrossim, que a obrigação de informar na GFIP, o pagamento do


pro-labore ( artigo 32 da Lei nº 8212/91) e do recolhimento da contribuição a cargo da empresa
incidente sobre a remuneração paga aos segurados contribuintes individuais (artigo 22 inciso
III), não exclui do segurado a obrigação de efetuar o recolhimento de suas próprias contribuições
para os efeitos da obtenção dos benefícios a que fazem jus os segurados. Até porque, as
contribuições a cargo da empresa não se confundem com as dos segurados, assim como a pessoa
jurídica (empresa) não se confunde com a pessoa física do sócio.

Processo: 0147.406.257-9 3/4

863
Seleção de Acórdãos

Assim, para efeito de cômputo do tempo de contribuição,de acordo com o período que se queira
computar, além da apresentação das GFIP que prestam à comprovação da efetiva prestação dos serviços, o segurado
contribuinte individual deve apresentar os comprovantes dos recolhimentos de suas contribuições, por meio de
Carnês, GRPS, ou GPS, na qual conste como identificador o NIT e o código de pagamento correspondente ao
contribuinte individual.

Com isso, o interessado somente logrou comprovar um tempo de contribuição, até a data da entrada do
requerimento, DER de 28 anos , 10 meses e 6 dias, conforme simulação de fls. 62, insuficiente para a concessão do
benefício nos termos do § 7º do artigo 201 da Constituição Federal de 1988.

Tampouco implementa as condições estabelecidas no artigo 9º da Emenda Constitucional nº 20/98, nem


mesmo com reafirmação da DER, pois embora possua a idade mínima, somente viria a completar o tempo adicional
após o primeiro semestre de 2011.

Por todo o exposto;

VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO do INSS, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,


reformando, em conseqüência, o Acórdão nº 1272/2010, da lavra da 24ªJR/ES.

CLEUSA VIEIRA DE SOUZA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 146/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: SONIA MARIA DE


AGUIAR CAYRES e VALTER SERGIO PINHEIRO COELHO.

Brasília - DF, 20/01/2011

CLEUSA VIEIRA DE SOUZA


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0147.406.257-9 4/4

864
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35062.002765/2009-81


Unidade de Origem: AGÊNCIA CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
Documento: 0149.148.489-3
Recorrente: INSS
Recorrido: MAURO PEREIRA GASPAR/Vigésima Quarta Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): IONÁRIA DA SILVA FERNANDES

Relatório
Trata-se de pedido de APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUÇÃO, formulado ao
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pelo Senhor MAURO PEREIRA GASPAR, em 05/06/09, contando
com 48 anos de idade.

Para instrução dos autos, o requerente juntou a seguinte documentação:


· Perfil Profissiográfico Previdenciário da empresa
MINERAÇÃO ESPÍRITO SANTO LTDA no período de 01/01/77 a 09/09/83,
laborado na função de Servente, exposto aos níveis de ruído de 90 decibéis, calor e
poeira (fls. 20/21);
· Perfil Profissiográfico Previdenciário da empresa
MINERAÇÃO ROMANA no período de 02/05/84 a 10/09/85, laborado na função
de Ajudante, exposto aos níveis de ruído de 110 (fls. 22/23);
· Perfil Profissiográfico Previdenciário da empresa
MINERAÇÃO SANTA MARTA MARMORARIA E GRANITO LTDA no
período de 01/05/86 a 24/07/87, laborado na função de Servente, exposto aos níveis
de ruído de 95,80 decibéis (fls. 24/25);
· Perfil Profissiográfico Previdenciário da empresa
MINERAÇÃO MIMOSO LTDA – ME para o período de 01/11/88 a 13/09/08,
laborado na função de Encarregado, exposto aos níveis de ruído de 102,2 decibéis e
poeira mineral (fls. 26/27).
· Declaração do segurado informando não concordar com o
deferimento da Aposentadoria Proporcional (fls. 31).

Em Resumo de Documentos para Cálculo de Tempo de Contribuição de fls. 44/45, a Autarquia


computou em favor do segurado até a Data de Entrada do Requerimento (DER) – 34 anos, 04 meses e 26 dias de
atividade, efetivando o enquadramento dos períodos de 01/01/77 a 09/09/83, 02/05/84 a 10/09/85 e de 01/11/88 a
28/04/95, por categoria profissional (fls. 33/34).

O pedido foi indeferido por falta de tempo de contribuição, conforme Comunicação de Decisão,
fls. 41.

Inconformado com o indeferimento de seu pedido, o requerente apresentou recurso à 24ª Junta de
Recursos da Previdência Social no Estado do Espírito Santo – 24ª JRPS/ES, que DEU provimento ao pedido,
entendendo que também deve ser efetivado os enquadramentos dos períodos de 01/05/86 a 24/07/87 e de 29/04/95 a
13/09/08, conforme fundamentado no Acórdão nº. 4496/2010, fls. 58/61.

Processo: 0149.148.489-3 1/4

865
Seleção de Acórdãos

Discordando do ato prolatado pela 24ª JRPS/ES, o INSS ingressou com recurso a uma das
Câmaras de Julgamento deste Conselho, fazendo um breve histórico dos fatos para em seguida solicitar que não há
possibilidade de computar os períodos de 01/05/86 a 31/12/86, em que laborou junto à empresa MINERAÇÃO
SANTA MARTA MÁRMORES E GRANITOS/ 01/11/88 a 30/04/04 – MINERAÇÃO MIMOSO LTDA – ME,
haja vista a inexistência de documentação contemporânea para confirmar a prestação de serviço (fls. 72/75).

O INTERESSADO apresentou contrarrazões (fls.77).

Estes autos foram objeto de apreciação por esta Câmara que converteu o julgamento em diligência,
a fim de que o INSS solicitasse das empresas MINERAÇÃO SANTA MARTA MARMORARIA E GRANITO
LTDA no período de 01/05/86 a 24/07/87, laborado na função de Servente, exposto aos níveis de ruído de 95,80
decibéis (fls. 24/25); Perfil Profissiográfico Previdenciário da empresa MINERAÇÃO MIMOSO LTDA – ME para
o período de 01/11/88 a 13/09/08, laborado na função de Encarregado, exposto aos níveis de ruído de 102,2 decibéis
e poeira mineral (fls. 26/27), a Declaração de Extemporaneidade, conforme alegação de sua Perícia Médica de fls.
43, objetivando verificar se houve mudanças no lay-out ou ambiente de trabalho à época em que o segurado laborou.

Por oportuno, o INSS deveria realizar pesquisa junto às empresas citadas com o intuito de
confirmar a existência do vínculo empregatício para os períodos em questão, conforme questionado pelo INSS (fls.
109/111).

Em cumprimento ao solicitado, o INSS realizou pesquisa para confirmação do vínculo trabalhista,


entretanto a MINERAÇÃO SANTA MARTHA MARMORARIA E GRANITO LTDA (01/05/86 a 24/07/87)
encerrou suas atividades há mais de vinte anos (fls. 117/118). O vínculo do período de 01/11/88 a 13/09/08 foi
confirmado (fls. 119/125).

Foi anexado o Perfil Profissiográfico Previdenciário da empresa 01/11/88 a 13/09/08 na função de


encarregado exposto aos níveis de ruído de 102,2 decibéis e poeira mineral (fls. 129).

É o Relatório.

Peço inclusão em pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 22/03/2011 para sessão nº 94/2011 de 28/03/2011 às 15:30.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.
COMPROVADAS AS CONDIÇÕES ESTABELECIDAS NO ARTIGO 57 DA
LEI Nº 8.213/91, O BENEFÍCIO DEVE SER TRANSFORMADO EM
APOSENTADORIA ESPECIAL, POSTO QUE ATINGIDOS MAIS DE 25
ANOS SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS. RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO

FUNDAMENTAÇÃO
Recurso tempestivo conforme § 1º do artigo 305 do Regulamento da Previdência Social - RPS,
aprovado pelo Decreto nº 3.048/99.

Para os períodos de exercício de atividades especiais anteriores à vigência da nova regulamentação da


aposentadoria especial, devem ser observadas as exigências de comprovação em vigor nas respectivas épocas.

Processo: 0149.148.489-3 2/4

866
Seleção de Acórdãos

Em Resumo de Documentos para Cálculo de Tempo de Contribuição de fls. 44/45, a Autarquia


computou em favor do segurado até a Data de Entrada do Requerimento (DER) – 34 anos, 04 meses e 26 dias de
atividade, efetivando o enquadramento dos períodos de 01/01/77 a 09/09/83, 02/05/84 a 10/09/85 e de 01/11/88 a
28/04/95, por categoria profissional (fls. 33/34).

Entretanto, registra-se que o formulário PPP para o período de 29/04/95 a 13/09/08 confirmam o
trabalho habitual e permanente ao agente nocivo, conforme impõe o art. 65 do Decreto nº 3.048/1999, abaixo
transcrito:
“Art. 65. Considera-se trabalho permanente, para efeito desta
Subseção, aquele que é exercido de forma não ocasional nem intermitente, no
qual a exposição do empregado (...) ao agente nocivo seja indissociável da
produção do bem ou da prestação do serviço. (...)”.

À luz da legislação previdenciária em vigor à época da prestação dos serviços e em análise do caso
concreto houve atendimento acerca das disposições referentes ao trabalho exercido sob condições especiais,
devendo ser efetivado o enquadramento dos períodos de nos códigos 1.1.6, 1.1.5 e 2.0.1 do anexo aos Decretos nº
2.172/91 e 3.048/99.

Com relação ao uso do Equipamento de Proteção Individual (E.P.I.), tal recurso não deve ser
considerado, conforme dispositivos citados abaixo:
ENUNCIADO Nº 21: O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de
trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo
ser considerado todo o ambiente de trabalho.

Têm-se ainda que a Súmula 09 do Conselho da Justiça Federal, in verbis:


SÚMULAS DO CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL – TURMA UNIFORMIZADA DAS
DECISÕES DAS TURMAS RECURSAIS DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS - SUMULA Nº 09: “O uso
de Equipamento de Proteção Individual(EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não
descaracteriza o tempo de serviço especial prestado”.

O período de 01/05/86 a 31/12/86, em que laborou junto à empresa MINERAÇÃO SANTA


MARTA MÁRMORES E GRANITOS não cabe enquadramento, bem como não deve integrar o tempo de
contribuição, em face de pesquisa negativa que não confirmou a prestação de serviço no período pretendido.

Diante disso, registre-se que computando e enquadrando os períodos da tabela abaixo, o segurado
conta com mais de 25 anos de trabalho sob condições especiais na forma prevista no artigo 57 da Lei nº 8.213/91,
cabendo a transformação da espécie para aposentadoria especial.

1/9/1977 9/9/1983 6 0 9 0 0 0
2/5/1984 10/9/1985 1 4 9 0 0 0
1/11/1988 13/9/2008 19 10 13 0 0 0
Total Parcial 27 3 1
TOTAL FINAL 27 3 1

O benefício Aposentadoria Especial está prevista no artigo 57 da Lei nº 8.213/91, transcrito abaixo:
Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta
Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a
saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos,
conforme dispuser a lei. (...).

Isto posto e,

Processo: 0149.148.489-3 3/4

867
Seleção de Acórdãos

CONSIDERANDO tudo o mais que dos autos consta,

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER do recurso do INSS, para, NO MÉRITO,
NEGAR PROVIMENTO ao seu apelo

IONÁRIA DA SILVA FERNANDES


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão:

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: ANDRÉA MATOS NERI


MACHADO e LENI CÂNDIDA ROSA.

Brasília - DF, 28/03/2011

IONÁRIA DA SILVA FERNANDES


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0149.148.489-3 4/4

868
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do
37153.002089/2009-51
Recurso:
RETAGUARDA/BENEFÍCIO - AGÊNCIA SÃO PAULO
Unidade de Origem:
ARICANDUVA
Documento: 0149.780.339-7
Recorrente: JOSE ALFREDO STREILI
Recorrido: INSS/Décima Terceira Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Relator(a): DANIEL FLÁVIO SOUZA FONSECA

Relatório
Cuida-se de recurso interposto por José Alfredo Streili em face do acórdão proferido pela 13ª
Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS, que negou provimento ao
recurso interposto contra a decisão do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, que indeferiu a
concessão do benefício de Aposentadoria por Tempo de Contribuição requerido em 22/08/2009, então
com 54 anos de idade.

Por ocasião do requerimento administrativo, objetivando comprovar o tempo de trabalho sob


condições especiais, o segurado apresentou:

a) Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP às fl. 26/27, expedido pela


empresa Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda., períodos de 11/05/78 a
30/09/82 e 01/10/82 a 08/12/95, laborado nos cargos de Inspetor de
Qualidade e Analista Químico, respectivamente, com exposição a produtos
químicos em geral;
b) Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP às fl. 28/29, expedido pela
empresa Igefarma Laboratórios S/A, período de 06/11/96 a 23/12/98,
laborado no cargo de Analista Pleno, com exposição a ruído de 62 decibéis e
produtos químicos.

Instada a se manifestar, a Perícia Médica do Instituto não reconheceu como especial a


atividade exercida no período de 11/05/78 a 08/12/95, por falta de especificação dos agentes químicos, e
06/11/96 a 23/12/98, por falta de informação sobre exposição aos agentes nocivos (fl. 54/55).

O Instituto extratou o tempo de contribuição do recorrente, sem a conversão de atividade


especial em comum dos períodos acima, computando-se até 31/07/09 o total de 32 anos, 5 meses e 2 dias
(fl. 56/57).

O indeferimento ocorreu ao fundamento de “Falta de tempo de contribuição até 16/12/98 ou


até a data de entrada do requerimento” (fl. 61/62).

Inconformado, o segurado interpôs recurso, o qual foi remetido à douta 13ª JR/SP, que
inicialmente converteu o julgamento em diligência preliminar, a fim de que a Perícia Médica do Instituto
novamente se manifestasse (fl. 70).

Processo: 0149.780.339-7 1/5

869
Seleção de Acórdãos

Instada a se manifestar, a Perícia Médica do Instituto novamente se manifestou, ratificando o


Parecer às fl. 54/55 (fl. 77/78).

Os autos retornaram à douta 13ª JR/SP que, mantendo a decisão do Instituto, negou
provimento ao recurso, cf. acórdão às fl. 81/85.

Ainda inconformado, o segurado apresentou recurso, mediante razões às fl. 89/92, alegando,
em síntese, ter demonstrado a exposição a agentes químicos, fazendo jus ao reconhecimento da atividade
como de natureza especial.

Contrarrazões do Instituto às fl. 97/98.

Peço inclusão em pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 15/03/2011 para sessão nº 76/2011 de 15/03/2011 às 17:01.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ANALISTA
QUÍMICO. ENQUADRAMENTO NO CÓDIGO 2.1.2 DO ANEXO AO
DECRETO N. 53.831/64. EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS.
IRRELEVÂNCIA. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM ATÉ
28/04/95, DATA DO ADVENTO DA LEI N. 9.032/95. RECURSO CONHECIDO
E PROVIDO

Conheço do recurso, pois presentes as condições para o conhecimento.

A aposentadoria por tempo de contribuição encontra-se prevista no art. 201, § 7º, inciso I, da
Constituição Federal, alterado pela Emenda Constitucional n. 20/98, e estabelece que seja concedida ao
segurado que implementar 35 anos de contribuição, com proventos integrais, independente de idade
mínima.

E de acordo com o art. 9º, § 1º, da Emenda Constitucional n. 20/98, será devida a
aposentadoria proporcional, desde que comprovada a idade mínima de 53 anos, se homem, e um período
adicional de contribuição equivalente a 40% (quarenta por cento) do tempo que na data da publicação da
Emenda em questão faltaria para atingir o limite mínimo para a aposentadoria.

Para a obtenção do benefício, sem a comprovação da idade mínima, na forma prevista no art.
52 da Lei n. 8.213/91, previu o legislador, ainda, a sua concessão desde que comprovado o tempo mínimo
de 30 anos de serviço até 16/12/98, se homem, conforme disposto no art. 3º da Emenda Constitucional n.
20/98.

De acordo com o disposto no art. § 5º do art. 57 da Lei n. 8.213/91, o tempo de trabalho


exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser considerados prejudiciais à saúde ou à
integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade
comum.

No que tange à conversão de tempo especial em comum, a caracterização e a forma de


comprovação rege-se pela legislação vigente à época da prestação do serviço, nos termos do art. 70, § § 1º
e 2º, do Decreto n. 3.048/99: “§ 1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob
condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. § 2º

Processo: 0149.780.339-7 2/5

870
Seleção de Acórdãos

As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum
constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período.”

Instada a se manifestar, a Perícia Médica do Instituto não reconheceu como especial a


atividade exercida no período de 11/05/78 a 08/12/95, por falta de especificação dos agentes químicos, e
06/11/96 a 23/12/98, por falta de informação sobre exposição aos agentes nocivos (fl. 54/55).

Considerando que o recurso interposto a este Colegiado devolve a apreciação de toda a


matéria, e observando-se os limites do pedido, passo, a seguir, a analisar os pontos controvertidos.

No tocante à comprovação de exposição a agentes insalubres de período anterior à vigência


da Lei n. 9.032, de 28/04/95, a qual deu nova redação ao § 3º do art. 57 da Lei n. 8.213/91, basta que a
atividade seja enquadrada nas redações dos Decretos n. 53.831/64 e/ou n. 83.080/79, sendo desnecessário
laudo pericial.

Isso porque determinadas categorias profissionais foram elencadas como especiais mediante
presunção legal de exercício profissional sob condições agressivas, não dependendo o reconhecimento do
tempo de serviço especial da efetiva exposição aos agentes nocivos se prestado o labor durante a vigência
da norma, bastando que o trabalhador exerça efetivamente a atividade fim, a qual enquadrada nas relações
dos citados Decretos.

Na realidade, essas categorias profissionais foram elencadas como especiais pois havia
presunção legal de exercício em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física do trabalhador.

Não se exigia do trabalhador a prova da efetiva exposição aos agentes nocivos, mas apenas
que estivesse enquadrado nas categorias profissionais que a lei considerou especiais, sendo desnecessária
a comprovação do exercício da atividade especial mediante laudo técnico pericial, o que vigorou até o
advento da Lei n. 9.032, de 28/04/95, que revogou a conversão de atividade especial em comum por
categoria profissional.

A presunção legal vigeu até o advento da Lei n. 9.032/95, sendo que a partir desta lei a
comprovação da atividade especial passou a ser feita por intermédio dos formulários SB40 e DSS8030, até
a edição do Decreto n. 2.172/97, o qual regulamentou a Medida Provisória n. 1.523/96, posteriormente
convertida na Lei n. 9.528, de 10/12/97, momento a partir do qual se passou a exigir laudo técnico.

Com a promulgação da referida Lei, alterou-se a contagem de tempo como especial,


passando-se a considerar qualquer atividade profissional desde que comprovado o prejuízo à saúde ou à
integridade física do segurado, quando exposto a agentes físicos, químicos ou biológicos.

Desta forma, relativamente à atividade exercida na empresa Sanofi-Aventis Farmacêutica


Ltda., período de 11/05/78 a 30/09/82, no cargo de Inspetor de Qualidade, com exposição a produtos
químicos em geral, não há como reconhecê-la como de natureza especial com base no enquadramento da
atividade, eis que não rotulada como especial, assim como com base nos agentes químicos, à míngua de
comprovação da exposição habitual e permanente, não ocasional nem intermitente à nocividade.

Com efeito, no exercício de seu labor o segurado executava atividades em que não havia
contato com produtos químicos, a exemplo de “Fazia também a conferência analítica de documentação”,
o que descaracteriza a habitualidade e permanência de exposição à nocividade.

Relativamente à atividade exercida também na empresa Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda.,


período de 01/10/82 a 08/12/95, no cargo de Analista Químico, com exposição a produtos químicos em
geral, deve ser reconhecida como de natureza especial com base no enquadramento da atividade até
28/04/95, enquadrando-se no código 2.1.2 do Anexo ao Decreto n. 53.831/64.

Processo: 0149.780.339-7 3/5

871
Seleção de Acórdãos

No que tange à atividade exercida durante o remanescente do período, qual seja, 29/04/95 a
08/12/95, não há como reconhecê-la como de natureza especial com base nos agentes químicos, à míngua
de comprovação da exposição habitual e permanente, não ocasional nem intermitente à nocividade.

Com efeito, no exercício de seu labor o segurado executava atividades em que não havia
contato com produtos químicos, a exemplo de “Fazia também a conferência analítica de documentação”,
o que descaracteriza a habitualidade e permanência de exposição à nocividade.

Relativamente à atividade exercida na empresa Igefarma Laboratórios S/A, período de


06/11/96 a 23/12/98, no cargo de Analista Pleno, com exposição a ruído de 62 decibéis e produtos
químicos, cf. Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP às fl. 28/29, não há como reconhecê-la como de
natureza especial pela exposição a ruído, em razão da exposição em nível de concentração inferior ao
limite de tolerância de 80 decibéis, para a atividade exercida até 05/03/97 (Código 1.1.6 do Anexo ao
Decreto n. 53.831/64), e inferior a 90 decibéis (Código 2.0.1 do Anexo IV do Decreto n. 2.172/97), a
partir de então.

Por outro lado, não há como reconhecer como de natureza especial a atividade com base nos
agentes nocivos, à míngua de comprovação da exposição habitual e permanente, não ocasional nem
intermitente à nocividade.

Com efeito, no exercício de seu labor o segurado executava atividades em que não havia
contato com produtos químicos, a exemplo de “Análise de produtos acabados, (...) calibração de
equipamentos e leitura diária de temperaturas”, o que descaracteriza a habitualidade e permanência de
exposição à nocividade.

Contudo, com a conversão de atividade especial em comum do período ora reconhecido


como de natureza especial, o segurado preenche os requisitos do art. 201, § 7º, inciso I, da Constituição
Federal, fazendo jus, pois, à aposentação, com proventos integrais.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO DO SEGURADO


para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, reformando-se, em conseqüência, o acórdão às fl. 81/85, n.
7301/2010, proferido pela douta 13ª JR/SP.

DANIEL FLÁVIO SOUZA FONSECA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 969/2011

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, a Conselheira: LOUISE BRUNO VIANA.

Brasília - DF, 15/03/2011

Processo: 0149.780.339-7 4/5

872
Seleção de Acórdãos

DANIEL FLÁVIO SOUZA FONSECA


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0149.780.339-7 5/5

873
Seleção de Acórdãos

874
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 35299.000916/2010-26


Unidade de Origem: AGÊNCIA VACARIA
Documento: 0149.892.839-8
Recorrente: AQUILINA STEIGER
Recorrido: INSS/Décima Oitava Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA
Relator(a): ANDRÉA MATOS NERI MACHADO

Relatório
AQUILINA STEIGER requereu em 09/07/2010, benefício de pensão por morte de Ovidio Steiger,
com quem supostamente mantinha União Estável após separação judicial, tendo sido indeferido pelo INSS por não
comprovar a qualidade de dependente - companheira.

Foram apresentados os seguintes documentos:

- Certidão de Óbito de falecido, com data de falecimento em 09/07/2010, constando domicílio na Rua
Andrigheti nº 2155, Bairro Ipê Caxias do Sul/RS constando como separado sendo declarante a requerente (fls. 05).

- Cópias de documentos pessoais do ex-segurado e da requerente (fl. 3);

- Declaração de estabelecimento comercial informando que o instituidor comprava em nome da


requerente (fls. 6).

- Conta de energia em nome da requerente para 04/2010 constando endereço na Rua dos Bem ti vis nº
2155, Vila Ipê/RS (fls. 08);

- Correspondência em nome do instituidor de 2009 e 2010 anteriores ao óbito contando o mesmo


domicílio na Rua Antonio Andrigueti (fls. 10/11);

- Boleto de ITBI de 2003 e FUNCAP de 2004 em nome do instituidor e da requerente anteriores a


separação judicial (fls. 13);

O INSS indeferiu o pedido, alegando não ter sido comprovada a qualidade de dependente –
companheira.

Consta nos autos informação de que o instituidor era aposentado desde 29/09/2006 (fls. 08);

A interessada recorreu a 18ª JRPS/RS, alegando que se separou do instituidor judicialmente em


26/10/2006, mas voltou a viver em união estável (fls. 20), juntando na ocasião:

- Certidão de casamento religioso de 10/07/66 e certidão de casamento civil realizado em 14/03/75


com averbação de separação consensual em 07/12/2006 (fls. 24/25);

- Certidão de casamento de filha nascida em 26/11/1976 (fls. 26);

- Declaração de testemunhas (fls. 27/29);

Processo: 0149.892.839-8 1/4

875
Seleção de Acórdãos

A 18ª JRPS/RS negou provimento ao recurso por não restar comprovada a qualidade de segurada,
apesar de se referir fatos distintos do processo.

A interessada recorreu a esta Câmara alegando que convivia com o instituidor antes do óbito.

O INSS apresentou contra-razões alegando que a requerente não apresentou provas do mesmo
domicílio.

Peço inclusão em pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 22/03/2011 para sessão nº 99/2011 de 29/03/2011 às 09:00.

Voto
EMENTA: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA. NÃO COMPROVA
DA UNIÃO ESTÁVEL APÓS A SEPARAÇÃO JUDICIAL ATÉ A DATA DO
ÓBITO. NÃO ATENDIDAS AS CONDIÇÕES EXIGIDAS PELO ART. 74 DA
LEI 8213/91.. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO
FUNDAMENTAÇÃO

O recurso é tempestivo (art. 305 § 1º do RPS).

O art. 74 da Lei 8213/91 estabelece a concessão do benefício de pensão por morte aos dependentes do
segurado falecido.

O art. 22 do Dec. 3.048/99 estabelece no § 3º que para comprovação do vínculo e da dependência


econômica, conforme o caso, devem ser apresentados no mínimo três documentos.

I - certidão de nascimento de filho havido em comum;

II - certidão de casamento religioso;

III- declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu
dependente;

IV - disposições testamentárias;

V- (Revogado pelo Decreto nº 5.699, de 13/02/2006 - DOU DE 14/2/2006)

VI - declaração especial feita perante tabelião;

VII - prova de mesmo domicílio;

VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos
da vida civil;

IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada;

X - conta bancária conjunta;

Processo: 0149.892.839-8 2/4

876
Seleção de Acórdãos

XI - registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do


segurado;

XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados;

XIII- apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa
interessada como sua beneficiária;

XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado como
responsável;

XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente;

XVI - declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um anos; ou

XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar.

Art.17. A perda da qualidade de dependente ocorre:

I - para o cônjuge, pela separação judicial ou divórcio, enquanto não lhe for assegurada a prestação de alimentos,
pela anulação do casamento, pelo óbito ou por sentença judicial transitada em julgado;

II - para a companheira ou companheiro, pela cessação da união estável com o segurado ou segurada, enquanto não
lhe for garantida a prestação de alimentos;

A requerente busca ser reconhecida como dependentes do ex-segurado, para ser beneficiária de pensão
por morte.

A recorrente apresentou certidão de óbito constando a requerente como declarante, certidão de


casamento com averbação de divórcio em 2006, contas e correspondência em nome do instituidor e da requerente,
sendo que os documentos apresentados não demonstram que a requerente e o instituidor possuíam o mesmo
domicílio na data do óbito, já que a requerente residia em 04/2010 na Rua dos Bem ti vis nº 2155, Vila Ipê/RS e o
instituidor em 05/2010 residia na Avenida Andrigheti nº 2155, Bairro Santa Fé, Caxias do Sul/RS. No mais, os
documentos apresentados no nome da requerente e do instituidor (ITBI e FUNCAP) são de período anterior a
separação judicial.

Restou demonstrado que a requerente foi casada com o requerente e em 2006 houve separação
judicial, no entanto, não apresentou documentos para comprovar que após a separação mantiveram união estável e
esta perdurou até a data do óbito, ou seja, antes de 25/06/2010, também não comprovou que lhe era assegurada
prestação de alimentos após a separação judicial.

Tendo em vista, que não ficou demonstrada a união estável até a data do óbito e a dependência
econômica entre a recorrente e o ex-segurado não ficou presumida, não cumprindo os requisitos estabelecidos pelo
art. 74 da Lei 8.213/9, a recorrente não faz jus à concessão de Pensão por Morte.

CONCLUSÃO

Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO da interessada, para, no mérito, NEGAR
PROVIMENTO

Processo: 0149.892.839-8 3/4

877
Seleção de Acórdãos

ANDRÉA MATOS NERI MACHADO


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão:

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, as Conselheiras: IONÁRIA DA SILVA


FERNANDES e LENI CÂNDIDA ROSA.

Brasília - DF, 29/03/2011

ANDRÉA MATOS NERI MACHADO


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0149.892.839-8 4/4

878
Seleção de Acórdãos

Ministério da Previdência Social


Conselho de Recursos da Previdência Social
04ª CaJ - Quarta Câmara de Julgamento

Nº. de Protocolo do Recurso: 37137.000107/2007-05


Unidade de Origem: AGÊNCIA MOMBAÇA
Documento: 0114.618.237-3
Recorrente: JOSE GENTIL NOBRE DE FREITAS
Recorrido: INSS/Vigésima Sétima Junta de Recursos
Assunto/Espécie Benefício: APOSENTADORIA POR IDADE
Relator(a): AVANI NUNES DA SILVA

Relatório
Trata-se de suspensão de benefício Aposentadoria por Idade em razão de falhas no processo
concessório, conforme Relatório de Auditoria do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (fls.91/93).

O processo foi reconstituído com cópia conferida com o original pelo INSS que na auditoria constatou
indício de irregularidade na concessão do benefício.

O Interessado JOSE GENTIL NOBRE DE FREITAS, 60 anos de idade, requereu o benefício em


04/04/2000, na condição de Trabalhador Rural pleiteando a comprovação da qualidade de Segurado Especial, sendo
o benefício concedido pelo INSS (fls.39/40).

No Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS (fls.42/49) constam registros de atividade


urbana do requerente no período de 01/01/77 a 31/07/86, inscrição como Autônomo (Agente) em 01/10/75 e
contribuição individual de 10/89 a 02/91, recadastramento como Segurado Especial em 07/04/2000.

Nos autos constam documentos de atividade do requerente, como:


-CTPS com anotação de contrato de trabalho urbano em de 1981 a 1983 e de 1985 a 1986 (fls.05/06);
-Certidão de Casamento em 1992, profissão do requerente na qualificação de Garçom e a esposa como
Professora;
-Declaração de ITR do Sitio Bom Retiro, exercício 1997, 1999 e Notificação de Lançamento do
ITR/1996 e 1998, em nome da esposa;
-Folha de Pagamento referente ao Programa Combate à Seca na qual consta o nome do requerente
como beneficiário em 08/1993;
-Declaração do STR de Mombaça/CE em que confirma o trabalho rural do requerente no período de
18/01/87 a 24/03/2000;
-Ficha Cadastro de Sócio e Carteira de Associação Comunitária de Santo Antônio em 1996;
-Carteira do STR de Mombaça, com filiação em 1999;
-Escritura Particular de Doação de imóvel rural à esposa do requerente, em 15/12/95 (fls.58);
-Relatório do Programa Hora de Plantar safra 95/96, sendo o requerente um dos beneficiários.

Verifica-se que o requerente foi notificado para defesa com o fim de comprovar a regularidade na
documentação que embasou a concessão do benefício (fls.50/52).

O requerente em prol de sua defesa apresentou documentos (fls.55/63) em que alegou a condição de
trabalhador rural como Diarista desde 1987 quando retornou de São Paulo para o Ceará.

Processo: 0114.618.237-3 1/4

879
Seleção de Acórdãos

O INSS após análise dos fatos (fls.67) considerou as provas insuficientes para manutenção do
benefício, sendo levantado o montante do débito a ser ressarcido pelo requerente à Previdência Social (fls.82/85),
ofertou-lhe o direito de recurso contra a decisão.

Inconformado, o interessado recorreu à 27ª Junta de Recursos da Previdência Social no Estado do Rio
Grande do Norte que negou provimento.

O Interessado apelou a uma das Câmaras de Julgamento deste Conselho alegando que na instrução dos
autos apresentou os documentos que julgou necessários ao deferimento de seu pedido, sem que tivesse a intenção de
infringir a legislação previdenciária. Salientou que o benefício foi concedido com base nos documentos da atividade
rural, sem contestação naquela época. Solicitou que fosse afastada a cobrança do valor levantado pelo INSS,
reiterando convicção que a suspensão do benefício foi irregular, razão de pleitear o imediato restabelecimento,
assegurando-lhe o direito de defesa com apresentação de outros documentos.

O INSS em contra-razões manteve a cessação do benefício pela descaracterização da atividade rural de


subsistência em períodos concomitantes com vínculos e atividade urbana anterior a 1999, não atingindo a carência
exigida, pois, considerou início de prova a partir de 1999.

É o Relatório.

Peço inclusão em pauta.

Inclusão em Pauta
Incluído em Pauta no dia 01/12/2010 para sessão nº 520/2010 de 06/12/2010 às 17:00.

Voto
EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. NÃO COMPROVADOS OS
REQUISITOS ESTABELECIDOS NOS ARTIGOS 142 E 48 DA LEI Nº 8.213/91,
O BENEFÍCIO NÃO DEVE SER RESTABELECIDO. RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO

FUNDAMENTAÇÃO:

Recurso tempestivo conforme § 1º do artigo 305 do Regulamento da Previdência Social - RPS,


aprovado pelo Decreto nº.3.048/99.

Trata-se Aposentadoria por Tempo de Contribuição, em procedimento de revisão administrativa pelo


INSS, com base no que determina o artigo 179 do RPS/Decreto nº 3.048/99

Art.179.O Ministério da Previdência e Assistência Social e o Instituto Nacional do Seguro Social


manterão programa permanente de revisão da concessão e da manutenção dos benefícios da previdência social, a
fim de apurar irregularidades e falhas existentes.

O questionamento levantado pela Auditoria do INSS trata de caracterização da atividade rural na


categoria de segurado especial no período de 18/01/87 a 15/04/93 (fls.66).

Processo: 0114.618.237-3 2/4

880
Seleção de Acórdãos

A legislação que rege a matéria está prevista nos artigos 11, 55 e 106 da Lei nº 8.213/91 e artigos 09,
62 e 63 do RPS/Decreto nº 3.048/99.

Vale salientar que a atividade rural exercida como Segurado Especial individual e/ou em regime de
economia familiar é aquela que visa especificamente subsistência do grupo familiar, sem utilização de empregados.

Nesse sentido, assim estabelece o Inciso VII do artigo 11 da Lei nº 8.213/91:

VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou
rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de
terceiros, na condição de (...);

Considerando os documentos apresentados nos autos, nota-se início de prova material do exercício de
atividade rural pelo requerente, como Segurado Especial, em 08/1993 por meio de Folha de Pagamento do
Trabalhador pelo Programa Combate à Seca na qual consta como beneficiário, bem como, aquisição da terra em
1995, participação no Programa Hora de Plantar safra 95/96 e filiação ao STR de Mombaça/CE na qualificação de
Trabalhador Rural em 1999.

Salienta-se que na CTPS (fls.05/06) consta anotação de contrato de trabalho urbano de 1981 a 1983 e
de 1985 a 1986 e na Certidão de Casamento em 1992 consta a profissão do requerente na qualificação de Garçom.
Além disso, no Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS (fls.42/49) estão registros de atividade urbana do
requerente no período de 01/01/77 a 31/07/86, inscrição como Agente Autônomo em 01/10/75 e contribuição
individual de 10/89 a 02/91, fatos que descaracterizam o trabalho rural como meio de subsistência.

Nesse sentido, aplica-se o disposto no § 9ª e § 10 do artigo 11 da Lei nº 8.213/91, que, assim,


estabelecem, respectivamente:

“Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto
se decorrente de: Incluídopels LEI Nº 11.718 - DE 20 JUNHO DE 2008 – DOU DE 23/6/2008”

Cabe observar que o requerente não se enquadra em nenhuma das hipóteses de exceção
estabelecidas nessa norma.

“§ 10. O segurado especial fica excluído dessa categoria: Incluídopels LEI Nº 11.718 - DE 20 JUNHO DE
2008 – DOU DE 23/6/2008

I – a contar do primeiro dia do mês em que: Incluídopels LEI Nº 11.718 - DE 20 JUNHO DE 2008 – DOU DE
23/6/2008

a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas no inciso VII do caput deste artigo, sem prejuízo do
disposto no art. 15 desta Lei, ou exceder qualquer dos limites estabelecidos no inciso I do § 8 o deste artigo; Incluído
pels LEI Nº 11.718 - DE 20 JUNHO DE 2008 – DOU DE 23/6/2008 ;

b) se enquadrar em qualquer outra categoria de segurado obrigatório do Regime Geral de


Previdência Social, ressalvado o disposto nos incisos III, V, VII e VIII do § 9 o deste artigo, sem prejuízo do disposto
no art. 15 desta Lei; e Incluídopels LEI Nº 11.718 - DE 20 JUNHO DE 2008 – DOU DE 23/6/2008”.

No caso, a atividade do requerente no período de 01/01/77 a 07/93 se caracteriza como Contribuinte


Individual prevista no Inciso V do artigo 11 da Lei nº 8.213/91, sendo exigida a comprovação dos recolhimentos
previdenciários no período de carência do benefício.

Sendo assim, considerando atividade rural como Segurado Especial no período de 08/1993 a
04/04/2000 (data do requerimento), observa-se que o interessado não atinge 114 meses de tempo de serviço rural
imprescindível à manutenção e/ou restabelecimento do benefício previsto no artigo 48 da Lei nº 8.213/91.

Processo: 0114.618.237-3 3/4

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CONCLUSÃO

Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO DO INTERESSADO, para no mérito, NEGAR
PROVIMENTO.

AVANI NUNES DA SILVA


Relator(a)
Decisório
Nº. do Acórdão: 6106/2010

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os


membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E
NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: FERNANDA


NOGUEIRA PEREIRA e ONESIMO ABREU PESSOA.

Brasília - DF, 06/12/2010

AVANI NUNES DA SILVA


Relator(a)

PAULO SÉRGIO DE CARVALHO COSTA RIBEIRO


Presidente

Processo: 0114.618.237-3 4/4

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DECISÓRIO RESOLUÇÃO

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