Pesquisa Quali - Manual - Ead PDF
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Pesquisa
Qualitativa
Elaine Linhares de Assis Guerra
MANUAL
PESQUISA QUALITATIVA
Belo Horizonte
2014
COPYRIGHT 2014
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste
livro, sem prvia autorizao por escrito da detentora dos direitos, poder ser
reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrnicos,
mecnicos, fotogrficos, gravaes ou quaisquer outros.
Edio
Grupo nima Educao
Diretoria
Pedro Luiz Pinto da Cunha
Equipe EaD
Una, de fevereiro a julho de 2004. Foi diretora
da Faculdade de Administrao/Una de 2000
a 2002. Foi Presidente da CPA - Comisso
Prpria de Avaliao, do Centro Universitrio
Una por dois mandatos, e coordenadora
do CEP - Comit de tica em Pesquisa do
Centro Universitrio Una, por dois mandatos,
sendo atualmente apenas membro do CEP.
Possui 11 trabalhos cientficos publicados ou
apresentados em congressos cientficos. No
campo profissional, foi consultora autnoma
para planejamento de aes sociais e
comunitrias em cinco prefeituras do estado
de Minas Gerais (Carangola, Caratinga, Faria
Lemos, Tombos e Espera Feliz), de 1992 a
1993. Foi representante da AMOC - Associao
2 - O SURGIMENTO DO MTODOCIENTFICO 05
REFERNCIAS 44
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
APRESENTAO
Neste manual, voc ter informaes sobre como fazer uma pesquisa qualitativa. Inicialmente, ser
apresentada a importncia do mtodo cientfico para a construo do conhecimento. Em seguida,
sero mostradas as caractersticas do mtodo qualitativo e do mtodo quantitativo. Tudo isso para
lhe ajudar a escolher o mtodo adequado sua proposta de pesquisa.
Aps a deciso pelo mtodo - e se esta for pela pesquisa qualitativa - esse manual lhe ajudar a
escolher quais as tcnicas de coleta de dados ideais para sua investigao, evidenciando, para
tanto, as vantagens e limitaes de cada uma. Caso voc decida pela abordagem quantitativa,
acesse o Manual de Pesquisa Quantitativa. <http://disciplinas.nucleoead.com.br/pdf/anima_tcc/
gerais/manuais/manual_quanti.pdf>
Coletados os dados, o presente manual vai contribuir para sua anlise e discusso, pois permitir
que voc conhea as tcnicas de anlise dos dados, ou seja, a anlise de contedo e a anlise de
discurso.
Assim, esperamos contribuir para uma deciso metodolgica acertada e para qualidade de seu
trabalho cientfico.
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
1 - INTRODUO:
HISTRIA DO
CONHECIMENTO
FIGURA 1 - A evoluo do conhecimento
Sabemos que os animais desenvolvem estilos prprios de vida, que lhes permitem a reproduo e
a sobrevivncia. Para isso, os animais estabelecem modelos de vida complexos, com sistemas de
acasalamento, alojamento, migrao, proteo e alimentao. Os homens tambm desenvolvem
esses processos em suas vidas.
Para sobreviver, os homens apresentam atividades instintivas (respirar, engatinhar, sentir fome, frio)
e outras aes que dependem de um aprendizado (trabalhar, estudar, etc.). Para um beb se
transformar em homem, ele precisa de um aprendizado. Esse aprendizado possvel porque o
homem capaz de criar um sistema simblico e de comunicao, e por meio desse sistema ele d
significado s suas experincias e as transmite aos seus pares.
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
O homem o nico ser capaz de imaginar aes e reaes de forma simblica, diferenciar
experincias no tempo e projetar aes racionalmente para enfrentar o porvir. Por isso, o homem
conseguiu desenvolver o CONHECIMENTO. Ao pensar, projetar, ordenar, prever e interpretar, o homem
estabeleceu com o mundo uma relao dotada de significados e, assim sendo, um conhecimento.
O conhecimento sobre o mundo que foi produzido pelos homens se transformou em CULTURA.
Assim, cada grupo, compartilhando experincias comuns, cria formas de sociabilidade. Por isso,
cada cultura tem suas particularidades, seus smbolos. Tudo isso transmitido de uma gerao a
outra. O estudo da cultura nos mostra que o homem busca formas de resolver seus problemas, que
so aceitas pelo seu grupo social e por isso se tornam perenes. Uma vez aceitas, essas formas so
transformadas em rituais, que so repetidos pelos membros do grupo. Esses rituais so transmitidos
e transformados pelos homens para atender suas necessidades.
Ficou claro ento que os homens desenvolvem conhecimentos conforme suas necessidades.
Veja exemplos:
A filosofia, por exemplo, surgiu na Grcia, no momento em que se abandonou a tradio oral
(concepes mitolgicas) e buscou-se o caminho da racionalidade. As contribuies de Scrates,
Plato e Aristteles fazem parte da histria da humanidade. Posteriormente, o racionalismo da filosofia
que libertou o homem de seu estgio teolgico no mais atendeu s necessidades humanas e sociais.
Em torno do sculo XVI nasce ento a CINCIA, a partir das contribuiwes de Descartes. Da a
importncia da filosofia: os gregos trouxeram o amor e a valorizao ao conhecimento, ou seja,
uma valorizao das atividades intelectuais. Para os gregos, a filosofia mostrou que o destino era
apenas uma construo humana, e no obra dos deuses. O racionalismo da filosofia grega abriu
precedentes para o conhecimento cientfico.
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
2 - O SURGIMENTO
DO MTODO
CIENTFICO
FIGURA 2 - O surgimento de uma ideia
Afinal, o que mtodo cientfico e por que o surgimento do mtodo permitiu a criao da cincia?
Conjunto de regras que elegemos num determinado contexto, para se obter dados que nos
auxiliem nas explicaes ou compreenses dos aspectos ou fenmenos constituintes do
mundo. (TURATO, 2003, p.153)
Caminho que devemos seguir para atingir um objetivo; a base mental para o exerccio
de uma atividade que se deseja alcanar eficcia, e por isso exige a organizao de
informaes, conhecimentos e experincias prvias ou existentes. (LEOPARDI, 1999)
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
Para CERVO, BERVIAN e DA SILVA (2007): Nas cincias, entende-se por mtodo o conjunto
de processos empregados na investigao e na demonstrao da verdade. No se inventa
um mtodo; ele depende, fundamentalmente, do objeto de estudo.
Como j apresentado, a chamada cincia moderna surgiu no sculo XVII, e as contribuies de Ren
Descartes para isso foram fundamentais. A proposta do mtodo cartesiano d inicio ao pensamento
moderno, ao unificar a fsica e a astronomia, a partir da matemtica na investigao cientifica,
conforme influncias recebidas de Galileu Galilei. Em Discurso do Mtodo, Descartes aponta os
preceitos para que se tenha uma boa conduo do entendimento:
b) analisar uma ideia, decompondo-a em seus elementos, em suas menores partes possveis;
c) ordenar os pensamentos, comeando pelos mais simples e mais fceis de conhecer, para
aos poucos, chegar ao conhecimento dos mais compostos e complexos;
d) buscar a viso sinttica da cadeia de razes a fim de se ter, na medida do possvel, uma
viso do todo, uma compreenso daquilo que se pretende estudar.
indubitabilidade visa, portanto, chegar certeza sobre o real de forma geral. Nesse sentido,
cincia), sendo universal (atingindo a tudo que no seja certo de forma absoluta), radical
(excluindo tudo aquilo que for passvel de ser duvidoso) e provisria (pois trata a todas as
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
LEMBRE
O conhecimento comum ou senso comum no se distingue do conhecimento cientfico pela verdade que
apresenta, e muito menos pela natureza do objeto do conhecimento: o que os diferencia a forma ou o
Assim, MINAYO (2008, p. 35) nos ajuda a entender que, no mundo ocidental, [...] a cincia
a forma hegemnica de construo do conhecimento. A autora chega a acrescentar que o
conhecimento cientfico acabou se tornando um novo mito na atualidade, dada sua pretenso de
alcanar a verdade. Esta hegemonia da cincia, ainda conforme a autora, ocorre em funo de
seu poder de dar respostas tcnicas e tecnolgicas aos problemas e do uso de uma linguagem
universal, fundamentada em conceitos e em mtodos e tcnicas estabelecidos para a compreenso
de fenmenos de qualquer natureza. Enfim, em se tratando de conhecimento cientfico, segundo
HABERMAS (1987), a metodologia o caminho do pensamento.
A cincia tem suas regras e so elas que conferem cientificidade e validade ao que produzido e
reproduzido no universo cientfico. Cada rea do conhecimento constituda por um conjunto de
tcnicas especializadas de pesquisa, que variam conforme a natureza e as caractersticas de seu
objeto de estudo. Mas todas as reas do conhecimento compartilham um conjunto de princpios
gerais, que denominamos como mtodo cientfico.
Para compreender melhor o que mtodo cientfico e como ele usado em diversas reas do
conhecimento, veja o vdeo Mtodos e Tcnicas de Pesquisa, produzido pelo Grupo nima. Basta
clicar no link: https://www.youtube.com/watch?v=FRRhVzYX2mU
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
3 - MTODO:
QUALITATIVO OU
QUANTITATIVO?
A investigao cientfica - conforme a metodologia adotada , com frequncia, dividida em dois tipos
distintos: a quantitativa e a qualitativa. O primeiro tipo se baseia no paradigma clssico (positivismo/
cartesiano), enquanto o segundo tipo segue um paradigma alternativo.
Os estudos orientados pela doutrina positivista foram influenciados inicialmente pela abordagem das
cincias naturais, que postulam a existncia de uma realidade externa que pode ser examinada
com objetividade, pelo estabelecimento de relaes causa-efeito, a partir da aplicao de mtodos
quantitativos de investigao, que permitem chegar a verdades universais que possam ser
generalizadas. Sob essa tica, os resultados da pesquisa seriam reprodutveis.
Segundo o positivismo, a lgica e a matemtica seriam vlidas por se constiturem como regras
da linguagem, assim garantindo que o conhecimento torne-se objetivo e claro. Os positivistas
consideram que cada conceito de uma teoria deve ter como referncia algo observvel, e defendem
a verificabilidade dos enunciados cientficos e a construo de relaes lgicas entre os mesmos,
impondo um critrio preestabelecido (mtodo cientfico) para agir e pensar, ou seja, possuem um
forte carter normativo. (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 2004)
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
Dentro do campo das cincias humanas e sociais, h um embate entre duas vises metodolgicas,
no tocante realizao de pesquisa cientfica. Aqueles que trabalham com os mtodos quantitativos
adotam uma orientao que aceita o comportamento humano como sendo resultado de foras,
fatores, estruturas internas e externas, que atuam sobre as pessoas gerando determinados resultados.
Nessa viso positivista, essas foras ou fatores podem ser estudados no somente pelo mtodo
experimental, mas tambm por levantamentos amostrais.
MOREIRA (2002) destaca que o positivismo contemporneo tem suas bases em Auguste Comte
e John Stuart Mill. Ambos os autores advogavam ser possvel que as cincias humanas e sociais
realizem suas pesquisas por meio das cincias fsicas. Os pesquisadores que aplicam esse tipo
de metodologia usam dados vindos de levantamentos amostrais ou outras prticas de contagem,
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
O outro posicionamento metodolgico para realizar pesquisas o que defende o estudo do homem,
levando em conta que o ser humano no passivo, mas sim que interpreta o mundo em que vive
continuamente. Esse ponto de vista encaminha os estudos que tm como objeto os seres humanos
aos mtodos do tipo qualitativo. Os estudiosos que se dedicam a esse tipo de pesquisa afirmam que
o homem diferente dos objetos, por isso seu estudo necessita de uma metodologia que considere
essas diferenas.
Nesse posicionamento terico, a vida humana vista como uma atividade interativa e interpretativa,
realizada pelo contato das pessoas. Os procedimentos metodolgicos, ento, so do tipo etnogrfico,
como por exemplo: observao participante, entrevista, histria de vida, dentre outros.
De acordo com MINAYO (2008), os mtodos quantitativos tm o objetivo de mostrar dados, indicadores
e tendncias observveis, ou produzir modelos tericos abstratos com elevada aplicabilidade prtica.
Suas investigaes evidenciam a regularidade dos fenmenos.
De uma forma ou de outra, pode-se observar que a pesquisa quantitativa sacrifica significados e
simplifica a vida social. Da a necessidade de novos paradigmas metodolgicos que permitissem a
valorizao destes aspectos.
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
PARA SABER
MAIS
As crticas iniciadas na Escola de Frankfurt (grupo de intelectuais de inspirao marxista) viso da cincia
tradicional e quantitativa, e tambm o debate iniciado pelo filsofo Thomas Kuhn (1922-1996) ao publicar a
Estrutura das revolues cientficas1 , no incio da dcada de 60, modificaram a compreenso sobre investigao
cientfica e sobre os mtodos para tal. Vale lembrar tambm o papel da conhecida Escola de Chicago, nas dcadas
de 1920 e 1930, com sua defesa da pesquisa qualitativa na pesquisa com grupos humanos e da antropologia,
com estudos de Boas, Mead, Radcliffe-Brown e Malinowski. Diante dessas vrias contribuies, estabeleceu-se
ento uma nova possibilidade de pesquisa, diferente da positivista. Para alguns estudiosos, principalmente do
campo das cincias sociais e humanas, as abordagens quantitativas no seriam satisfatrias, e por isso novas
1 - Nota: aos interessados nas ideias de Thomas Khun, sugiro ler um resumo do livro Estruturas das revolues cientficas, redigido por
Silvio Seno Chibeni, do Departamento de Filosofia da UNICAMP, disponvel no link: <http://www.unicamp.br/~chibeni/textosdidaticos/
structure-sintese.htm>
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
Segundo MOREIRA (2002), necessrio destacar que ainda h e por certo haver um conflito entre
os positivistas que defendem a pesquisa quantitativa, e os interpretacionistas ou interacionistas, e
outros que defendem a pesquisa qualitativa, no que tange cientificidade ou no dos mtodos de
pesquisa que cada uma das correntes epistemolgicas defende.
Para os positivistas, a pesquisa qualitativa considerada subjetiva e no cientfica, uma vez que no
opera com dados matemticos que permitem descobrir relaes de causa e efeito no tratamento
estatstico. MINAYO (2008) destaca que na pesquisa qualitativa, o importante a objetivao, pois
durante a investigao cientfica preciso reconhecer a complexidade do objeto de estudo, rever
criticamente as teorias sobre o tema, estabelecer conceitos e teorias relevantes, usar tcnicas de
coleta de dados adequadas e, por fim, analisar todo o material de forma especfica e contextualizada.
Para a referida autora, a objetivao contribui para afastar a incurso excessiva de juzos de valor
na pesquisa: so os mtodos e tcnicas adequados que permitem a produo de conhecimento
aceitvel e reconhecido.
J para os adeptos da pesquisa qualitativa, o estudo da experincia humana deve ser feito
entendendo que as pessoas interagem, interpretam e constroem sentidos. Os que defendem essa
postura criticam o posicionamento positivista, j que para eles fica a dvida sobre at que ponto uma
abordagem que no se preocupa com a essncia do seu objeto pode ser considerada cientfica.
Muito provavelmente, o embate entre essas duas posies epistemolgicas se estender por
anos. A tradio quantitativa ainda permeia os estudos nas cincias humanas e sociais, e seus
adeptos consideram a pesquisa qualitativa impressionista, no objetiva (possui envolvimento do
pesquisador com o objeto de estudo) e, portanto, sem carter cientfico. Atualmente j existem
defensores de investigaes cientficas que apostam nas abordagens quanti-qualitativas, com
frequncia denominada como triangulao, defendendo que o melhor de cada uma das abordagens
pode ser utilizado em um mesmo estudo. Vale lembrar que realmente h possibilidade de anlise
das regularidades e de outras quantificaes nos estudos que evidenciam os fenmenos de
natureza social e humana, em conjunto com a busca da histria, das representaes e das vises
dos sujeitos de pesquisa. Para melhor estabelecer as diferenas entre essas duas abordagens,
veja o QUADRO 1.
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Objeto de estudo Fatos naturais descritos Significado humano dados aos fenmenos.
Papel do Distancia-se do fato pesquisado, ou Olha seu objeto de estudo luz da sua
pesquisador seja, mantm neutralidade. subjetividade. Envolve-se no fenmeno
estudado, ou seja, no se preocupa com
a neutralidade e sim com a objetividade.
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
Primeiro preciso definir os objetivos de sua pesquisa, para saber qual mtodo responder aos
objetivos da investigao cientfica que voc que empreender. (TURATO, 2003, p. 143)
A opo pelo mtodo e tambm pela tcnica de pesquisa depende da natureza do problema que
preocupa o investigador, ou do objeto que se deseja conhecer ou estudar. (SANTOS; CLOS, 1998, p. 1)
O
melhor mtodo aquele que mais ajuda na compreenso do fenmeno a ser estudado.
(HAGUETTE, 1992)
O
mtodo escolhido fica evidente a partir da proposio do problema de pesquisa, das hipteses
aos objetivos, aos recursos financeiros e aos humanos disponveis. (LAKATOS, MARCONI, 2010)
PARA
REFLEXO
Analisando seu objeto de estudo, seus objetivos e as aplicaes do mtodo qualitativo:
seja, dos produtos das interpretaes que os humanos fazem durante suas
A autora ressalta que as abordagens qualitativas so mais adequadas a investigaes cientficas de grupos,
segmentos delimitados e focalizados, de histrias sociais sob o ponto de vista dos atores sociais, de relaes
e para anlises de discursos e documentos. O mtodo qualitativo envolve a empiria e uma sistematizao
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
4 - TCNICAS DE
COLETA DE
DADOS
QUALITATIVOS
Se voc fez a opo pela pesquisa qualitativa, depois de levantar o conhecimento acumulado (pesquisa
bibliogrfica) sobre o tema a ser estudado e se apropriar deste conhecimento, principalmente dos
conceitos fundamentais para sua compreenso (sugere-se o fichamento analtico dos textos lidos),
ser preciso investir na coleta dos dados a serem examinados em sua pesquisa.
LEMBRE
A pesquisa qualitativa pressupe que o pesquisador far uma abordagem emprica de seu objeto. Para tal, ele
coleta de dados, que se bem elaborados e bem aplicados fornecero uma riqueza mpar ao pesquisador. De
posse desses dados, resta analis-los a partir de suas categorias analticas, e assim proceder a uma discusso
vida dos indivduos. Portanto, os pesquisadores dessa rea utilizam uma ampla variedade
melhor o assunto que est ao seu alcance. (DENZIN; LINCOLN. et al. 2006, p. 17)
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
Com frequncia observam-se pesquisadores confundindo uma reviso de literatura com uma pesquisa
qualitativa. A reviso de literatura no pressupe uma pesquisa emprica2 , enquanto que na pesquisa qualitativa,
Segundo MINAYO (2008), os instrumentos de trabalho de campo na pesquisa qualitativa permitem uma
mediao entre o marco terico-metodolgico e a realidade emprica. Esse manual ir oferecer algumas
consideraes sobre os mais comumente usados, ou seja: entrevista, observao e grupos focais.
ATENO!
Antes de entrarmos nas tcnicas de coleta de dados, alguns aspectos gerais da pesquisa qualitativa devem
ser lembrados:
Primeiro, com muita frequncia, a coleta de dados em pesquisas qualitativas envolve, direta ou
indiretamente, seres humanos (entrevistas, grupos focais, histrias de vida, pronturios, resultados
de exames laboratoriais, etc.). Neste caso, so muitas as reas do conhecimento que exigem
que o seu projeto de pesquisa seja submetido ao Comit de tica em Pesquisa CEP. A Una
professor-orientador, responsvel tecnicamente por seu trabalho de pesquisa, poder lhe informar
sobre a necessidade de se abrir um protocolo de submisso de seu projeto ao CEP, via site
Plataforma Brasil. As reunies do CEP so mensais e voc ter que observar os prazos para
submisso dos trabalhos. Aps anlise da documentao, seu projeto poder ser aprovado/
reprovado ou receber um parecer com pendncias, e assim voc ter 30 dias para atender s
2 - Nota: a pesquisa emprica envolve a coleta de dados a partir de fontes diretas (sujeitos) que vivenciaram ou tm conhecimento sobre um
assunto, fato ou situao, e que podem causar diferenas na abordagem e entendimento dos mesmos, conduzindo a uma mudana,
acrscimo ou alterao do conhecimento, enriquecendo-o ou modificando-o.
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solicitaes do CEP. Ento, voc precisa se planejar para submeter seu projeto no mnimo 90
dias antes da data prevista para incio de sua coleta de dados. Maiores informaes sobre como
fazer, lista de documentao necessria, modelos e tutorial sobre a submisso do projeto no site
una.br/institucional/comite-de-etica-em-pesquisa-37
Vale registrar que no se est aqui defendendo a neutralidade do pesquisador, como desejam
os adeptos da abordagem positivista, mas sim o zelo de partir para a coleta de dados com
A pesquisa qualitativa trabalha geralmente com pessoas e com suas criaes e estes sujeitos de
pesquisa devem ser compreendidos como atores sociais, respeitados em suas opinies, crenas
e valores. Todo trabalho de coleta de informao, deve observar que [...] a fala dos sujeitos de
(MINAYO, 2008, p. 204, grifo nosso) e por isso mesmo to rica e reveladora.
A referida autora lembra ainda que esta fala muitas vezes tambm porta-voz das representaes
grupais em suas condies histricas, socioeconmicas e culturais especficas. Assim, caso voc
opte por usar recursos que permitem gravar as falas ou imagens obtidas em sua coleta de dados,
lembre-se que voc deve obter autorizao formal prvia3 do seu sujeito de pesquisa para isto.
3 - No site do Comit de tica, j citado, voc dispe de um modelo de autorizao, que voc pode adaptar ao seu interesse e utilizar
em sua pesquisa.
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
4.1 - ENTREVISTAS4
A entrevista, tomada no sentido amplo de comunicao verbal, e no sentido restrito de coleta de
informaes sobre determinado tema cientfico, a estratgia mais usada no processo de trabalho
de campo. (MINAYO, 2008) .
A entrevista uma oportunidade de conversa face a face, utilizada para mapear e compreender
o mundo da vida dos respondentes, ou seja, ela fornece dados bsicos para uma compreenso
detalhada das crenas, atitudes, valores e motivaes em relao aos atores sociais e contextos
sociais especficos. (MINAYO, 2008 ; CERVO; BERVIAN, 2007 )
descobrir quais foram, so ou seriam as condutas das pessoas, sejam elas passadas,
presentes ou planejadas (futuras);
4 - Nota: as consideraes aqui elencadas sobre a entrevistas foram previamente feitas e cedidas a esta autora pela Dra. Lecy Moreira,
a quem esta autora agradece. A presente autora fez ento nesta subseo, um trabalho de compilao de dados a partir da obra:
MOREIRA, L. R. Entrevistas. 2009. 21 f. Trabalho acadmico apresentado como requisito parcial obteno de crditos na
disciplina Metodologias Qualitativas ao Programa de Ps-graduao em Psicologia, da Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas da
UFMG, Belo Horizonte, 2009.
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P
ode ser usada com sujeitos alfabetizados ou Dificuldades de comunicao tanto do
analfabetos (principalmente se comparada ao entrevistador quando do entrevistado podem
questionrio). tornar a entrevista um instrumento nulo.
P
ermite maior flexibilidade ao entrevistador, Exige melhor capacitao ou treinamento do
podendo o mesmo repetir ou modificar seu entrevistador.
questionamento at ser compreendido pelo
entrevistado.
Possibilidade de o entrevistado ser influenciado
pelo entrevistador.
O
ferece maior riqueza de respostas, permitindo
ao pesquisador registrar no s as falas, mas as
Medo do entrevistado de ter sua identidade
reaes, gestos dos entrevistados, etc.
revelada ou da falta de sigilo sobre seu
depoimento.
P
ermite alcanar mais preciso e profundidade
quando se busca significados e representaes.
Constrangimentos por parte do entrevistado
em funo dos temas ou de exposio de sua
M
elhor oportunidade para o entrevistador subjetividade.
garantir um clima de cordialidade e de
disponibilidade em cooperar com a pesquisa
Ocupa muito tempo do entrevistador, e por isso
(principalmente se comparado com o
pode ser mais onerosa.
questionrio).
D
ificuldades para ser realizada em funo de
restries por parte do entrevistado (agenda,
disponibilidade, confiana, vontade de cooperar,
etc.).
19
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
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e) Criar condies, isto , uma situao apropriada para a entrevista, pois ser
mais fcil obter informaes espontneas e confidenciais de uma pessoa isolada do que de
uma pessoa acompanhada ou em grupo. Apresentao pessoal, clima de cordialidade e
conforto so fundamentais. Sugere-se que o entrevistador tenha em mos suas credenciais
institucionais, que podem ser da instituio responsvel pela pesquisa ou at a aprovao
do Comit de tica. Certifique-se que o entrevistado esteja seguro quanto confiabilidade
e o uso das informaes prestadas por ele, e se h por parte do mesmo concordncia
expressa sobre a forma de registro do contedo da entrevista (escrever, gravar, filmar, etc.).
ATENO!
Apesar de todos os esforos e cuidados, sempre haver dificuldades tpicas das interaes pessoais durante
uma pesquisa. Os procedimentos enumerados no so nem normas rgidas nem um preceiturio a ser
cumprido de forma seriada pelo pesquisador. So sugestes, a partir da experincia, de posturas que podem
A composio dos grupos focais e o nmero dos mesmos devem ser vistas como intencionais. O
pesquisador deve escolher sujeitos que possuam pelo menos um aspecto comum ou uma
caracterstica homognea relevante para os objetivos da pesquisa. Se o pesquisador quer se
apropriar das discusses sobre opinies ou vises de mundo, pode escolher compor grupos maiores,
mas se quer aprofundar-se nas percepes dos sujeitos da pesquisa, os grupos menores so mais
indicados. (BACKES et al, 2011).
Existem autores que defendem que os grupos focais podem tambm ser constitudos por pessoas com
caractersticas heterogneas, diversidade esta que pode interessar aos objetivos da pesquisa, embora os
grupos homogneos sejam mais defendidos.
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EXEMPLO
SILVA (1998), em sua pesquisa de opinio com usurios de biblioteca, optou pela realizao de grupos focais
distintos, separando os participantes em trs grupos com caractersticas homogneas: usurios frequentes,
O grupo focal, desde sua concepo, h mais de 40 anos, tem apresentado ciclos de popularidade.
Atualmente, parece ter conquistado nveis de alta popularidade, despertando o interesse no s dos
profissionais de marketing, rea que primeiro explorou essa tcnica, como tambm de socilogos,
psiclogos e outros pesquisadores acadmicos. (DIAS, 2000)
A dinmica com os grupos focais deve ser planejada. Nessa etapa do planejamento, preciso se
ater aos objetivos da pesquisa, isto , o que se pretende e quais as metas especficas a serem
alcanadas. Assim, elabora-se uma lista de questes para discusso, compondo um guia de
entrevista. Convm ressaltar que essa lista no ser utilizada como se fosse uma lista de perguntas,
tpica de entrevistas individuais. Ela realmente deve servir apenas como guia para o moderador.
(DIAS, 2000)
A coleta de dados ocorre a partir das interaes com os participantes destes grupos. Cada grupo
focal realizado com a presena de um mediador, papel este que pode ser desempenhado pelo
prprio pesquisador. Esse mediador utilizar o roteiro previamente definido e buscar com ele criar
um ambiente no diretivo, alm de garantir a participao de cada membro do grupo. Sugere-se
que exista tambm um relator ou um observador. O tempo de durao de um grupo focal no deve
ultrapassar uma hora e meia.
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
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Segundo Minayo (2008), o papel do animador ou mediador nos grupos focais deve ser:
estabelecer relaes com participantes para garantir, individualmente, respostas e
comentrios relevantes;
A grande vantagem do grupo focal est fundamentada na capacidade das pessoas formarem
opinies e atitudes quando em interao com outras pessoas (MINAYO, 2008). Em uma pesquisa,
o investigador pode escolher utilizar os grupos focais exclusivamente ou em conjunto com outras
tcnicas de coleta de dados. A compreenso sobre as vantagens e limitaes dos grupos focais fica
mais clara no QUADRO 4.
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
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O objetivo central do grupo focal identificar sentimentos, atitudes e ideias dos membros a respeito
de um determinado assunto ou tema. Em pesquisas exploratrias, o grupo focal pode ser usado
para gerar novas ideias ou hipteses e estimular o pensamento do pesquisador. Para aqueles que
optarem pelo uso do grupo focal, vale lembrar ainda outras limitaes desta tcnica. H de se
considerar o risco de alguns participantes sentirem-se reprimidos diante da postura grupal, e assim
desencorajados de manifestarem opinies dissidentes. (BACKES. et al, 2011).
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MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
DICAS
Para aqueles que optarem pela utilizao dos grupos focais, fica a sugesto de conheceram mais profundamente
a tcnica. A leitura do artigo Grupos focais como tcnica de investigao qualitativa: desafios metodolgicos,
http://www.revistas.usp.br/paideia/article/viewFile/46653
http://www.revistas.usp.br/paideia/article/viewFile/46653/50409/
Os alunos da rea de sade podem tambm consultar o artigo de Leny B. Trad, publicado em 2009: Grupos
focais: conceitos, procedimentos e reflexes baseadas em experincias com o uso da tcnica em pesquisas
de sade, no link:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312009000300013
A opo por essa estratgia de coleta de dados no precisa ser nica. Pode-se utilizar mais de uma
tcnica de coleta de dados em uma mesma pesquisa e, depois, no momento da anlise, retirar de
cada uma sua contribuio. A maior parte dos cuidados e zelos recomendados ao uso da entrevista de
forma geral, se aplicam aqui. Porm, existem algumas especificidades que devem ser consideradas.
5 - NOTA: agradecimentos especiais Prof. Dra. Lecy Moreira, que muito gentilmente permitiu o uso de muitas informaes aqui
consideradas nesta seo. Tais consideraes encontram-se registradas no trabalho da autora: MOREIRA, L.R. Fundamentos e
pressupostos terico-metodolgicos da histria de vida. Trabalho apresentado ao Programa de Ps-graduao em Psicologia
Social da UFMG. 2009.
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MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
Essa estratgia envolve um sujeito, sua histria e sua memria. Assim, nesta tcnica, fundamental
lembrar que a memria parte do presente. Dessa forma, a dimenso da temporalidade deve ser
considerada por aqueles que pretendem usar a histria de vida. Isso significa que uma mesma
histria contada e relatada por quem viveu essa histria pode apresentar diversas verses, e se
ocorrer um espao de tempo entre a primeira e as verses seguintes, por exemplo, pode at parecer
que so histrias diferentes, com sentidos diversos. Isso porque os enredos que compem essas
histrias so traados por tramas subjetivas/intersubjetivas que, em momentos diferentes, podem
ser estruturadas e configuradas de uma maneira e em outros momentos estruturados e configurados
de outras maneiras. Assim, h de se considerar que o sujeito no est mentindo em nenhuma
delas, mas resignificando o que foi vivido em conformidade com seus valores e expectativas de
papel vividas no presente (ARFUCH, 2002).
Segundo JOVCHELOVITCH e BAUER (2002), a entrevista de histria de vida deve ser preparada
considerando-se as fases e especificidades a seguir:
b)
Iniciao: apresentao, esclarecimentos, formulao do tpico inicial da narrativa e
definio sobre meios auxiliares (gravador, cmara, registro escrito, etc.).
e) Concluso: parar de gravar ou anotar. Agradecer e/ou agendar nova oportunidade para
continuar. Se necessrio, fazer anotaes complementares gravao logo depois da
entrevista.
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4.2 - OBSERVAO
Assim como a tcnica de entrevista, a observao exige um contato face a face do pesquisador com
o seu objeto de estudo. Da mesma forma que ocorre com as entrevistas, no caso da observao, no
ser o nmero de observaes realizadas que define a credibilidade dos dados de uma pesquisa,
mas sim a profundidade e a amplitude alcanadas ao longo do processo de coleta de dados.
Segundo LIMA (2008), a observao exige que o pesquisador utilize todos os seus cinco sentidos
para examinar uma realidade a ser investigada, seja ela uma comunidade, uma vila, uma empresa, um
grupo, um fato ou fenmeno, etc. Antes de iniciar uma observao, preciso definir os objetivos da
pesquisa, definir um roteiro de observao, deixando claramente estabelecido o que ser observado.
Tambm necessrio definir a regularidade das observaes e a extenso do tempo previsto para
o processo de coleta de dados.
dos diferentes ngulos que o observador foi capaz de identificar e resgatar para
compreender a realidade;
De forma geral, no Quadro 5 reunimos as vantagens e limitaes desta tcnica de coleta de dados:
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Vantagens Limitaes
C
ria oportunidades para coletar uma variedade O observado tende a criar impresses favorveis
de dados e observar uma variedade de ou desfavorveis no observador.
fenmenos.
Existem fatos que ocorrero de maneira
N
o exige do pesquisador um controle sobre o espontnea ou no prevista, o que pode impedir
grupo a ser observado. o observador de perceber sua relevncia, de
registr-lo ou de presenci-lo.
E
xige menor capacidade de introspeco ou de
reflexo imediata do pesquisador. A durao dos acontecimentos ou eventos pode
ser varivel: muito rpida ou muito demorada.
Isso exige maior ateno ou disponibilidade do
P
ermite evidenciar dados da vida cotidiana do
pesquisador. Podem ocorrer fatos simultneos
fenmeno ou fato pesquisado, que no so
tambm.
obtidos por outras tcnicas, como a entrevista,
por exemplo.
Aspectos da vida particular dos sujeitos
observados podem no ser acessveis ao
observador. Neste caso, costuma-se ter que
associar outra tcnica de coleta, como por
exemplo, a entrevista.
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QUANTO
AOS MEIOS:
- SISTEMTICA
- ASSISTEMTICA
QUANTO AO QUANTO AO
NMERO DE OBSERVADOR:
TIPOS DE
OBSERVADORES: -PARTICIPANTE
OBSERVAO
- INDIVIDUAL - NO
- EM EQUIPE PARTICIPANTE
QUANTO AO
LUGAR:
- NA VIDA REAL
- NO
LABORATRIO
6 - Idem.
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A observao individual refere-se ao uso da tcnica por um nico pesquisador. Embora muito comum,
o pesquisador pode sofrer com as limitaes de controle sobre todas as variveis, com dificuldades para
registro de informaes e at com interferncia de sua personalidade. J a observao em equipe,
permite que o fenmeno observado possa ser registrado a partir de vrios ngulos. H vantagens, dada
a possibilidade de confrontar dados posteriormente. (LAKATOS; MARCONI, 2010)
Vale lembrar que existem dois tipos de observao: a participante e a no participante. Segundo LIMA
(2008), a observao no participante indicada quando pesquisador considera que o
xito na coleta de dados depende de sua capacidade de resguardar sua identidade.
Nesse caso, o pesquisador assume uma postura de simples espectador dos eventos observados
ou do cotidiano de um grupo.
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Tanto LIMA (2008) quanto MINAYO (2008), apontam que a observao participante a tcnica mais
utilizada nas pesquisas de natureza qualitativa. Nesta tcnica, o observador faz parte da vida dos
observados e assim parte do contexto sob observao. Ao mesmo tempo em que investiga,
capaz de modificar o objeto pesquisado e tambm de ser modificado pelo mesmo.
EXEMPLO
MINAYO (2008) lembra que um dos trabalhos de campo clssicos nesta rea foi feito pelo antroplogo
Malinowski, em 1992, com os nativos da Ilha de Trobiand. Sua pesquisa foi descrita no livro Os Argonautas
do Pacfico. Nesse texto, conforme destaca a referida autora, Malinowski ensina o que deve ser observado em
as ideias, motivos e sentimentos do grupo na compreenso sobre a totalidade de suas vidas, sejam
expressos ou no.
Ainda lembrando as contribuies clssicas da antropologia, MINAYO (2008) faz referncias necessidade
do pesquisador dominar os referenciais tericos necessrios sua investigao, e desta forma ser capaz
de estabelecer o que vai observar com clareza e quais so as variveis relevantes que iro ocupar seu
dirio de campo. Enfim, fundamental que o pesquisador que optar pela observao seja capaz de
confrontar as teorias aos fatos empricos. Para isso, o pesquisador deve ser capaz de se abrir realidade,
dispor-se a viver no contexto observado, observando-o luz dos paradigmas que o guiam.
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
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Ao realizar uma observao participante, segundo QUEIROZ et al (2007), o pesquisador deve se preparar,
cuidando para que as fases desta abordagem sejam devidamente planejadas.
b) Conhecer o grupo a ser observado: o pesquisador deve procurar adquirir uma viso
de conjunto do grupo. importante reconstruir a histria de vida do grupo, levantar dados
em documentos, conhecer pessoas e/ou instituies relevantes, anotar em seu dirio de
campo as observaes relevantes da vida cotidiana do grupo em estudo.
ATENO!
Vale relembrar que o observador, na pesquisa cientfica, no figura neutra ou imparcial. O que observar
pesquisador.
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Segundo FALKEMBACH (1987), os dirios de campo devem possibilitar registros minuciosos, como
por exemplo:
descries dos sujeitos (aparncia, maneira de vestir, modo de falar e agir, particularidades
dos indivduos);
vises de mundo dos sujeitos (grau de religiosidade, valores, elementos culturais ligados
ao processo de trabalho, de sade, etc.);
descrio do espao fsico (organizao, desenho espao, moblia e outros entes
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concretos);
Enfim, deve-se atentar para o fato de a riqueza dessa tcnica de observao estar geralmente na
qualidade do dirio de campo: detalhes, impresses e registros faro a diferena na fase de anlise
dos dados coletados.
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
5 - TCNICAS
PARA ANLISE
DE DADOS
QUALITATIVOS
Em primeiro lugar, preciso ressaltar que todo material coletado nas pesquisas qualitativas deve ser
primeiro preparado para que possa ser analisado. Veja as etapas que essa preparao inclui.
b) Na organizao do material, registrar sempre a pergunta feita, tpico ou varivel observada,
e a resposta dada ou informao coletada. Sugere-se pergunta/tpico em negrito e
resposta/informao sem destaque grfico.
c) Registrar o comentrio anotado pelo pesquisador durante a coleta de dados seja ela,
entrevista, observao, etc. Usar algum recurso grfico para que estes comentrios,
anotados no calor da interao social, no sejam confundidos com perguntas, respostas
ou registros. Eles podero ajudar na correo de distores, na validao ou no de uma
anotao, ou seja, na anlise dos dados.
d) Aps organizao preliminar do material, separar o que ser relevante para a anlise. Essa
separao exige que o pesquisador, de posse de sua escolha metodolgica e terica,
utilize as recomendaes especficas para cada anlise pretendida. De maneira geral,
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ele deve organizar o material por palavras, temas, tpicos ou at categorias analticas,
caso estas j estejam definidas. Maiores informaes sobre esta fase sero repassadas
a seguir.
e) No caso de material j registrado de forma escrita no momento da coleta, seja em dirios
de campo ou outros meios, necessrio organizar todo o material. Se a observao
foi sistemtica, reunir todos os contedos que j foram registrados em categorias ou
tpicos em um relatrio final, ainda mantendo a separao por categorias analticas ou
tpicos estabelecidos nos registros de campo. Normalmente, antes da atividade de
observao, o pesquisador, a partir do paradigma terico escolhido, j definiu as suas
categorias de anlise em funo de sua pergunta de pesquisa e de seus objetivos. No
caso de observaes no sistemticas, embora inicialmente o material geralmente no
esteja organizado por categorias ou tpicos, necessrio organizar o material, separando
as informaes que sero consideradas relevantes a partir de tpicos ou as categorias
analticas definidas para a anlise do mesmo.
f)
Caso deseje, conforme natureza do material e demanda do paradigma terico-
metodolgico escolhido, o pesquisador pode usar um registro quantitativo para organizar as
respostas qualitativas. Trata-se de levantar a distribuio de presena e no propriamente
de frequncia, o que pode facilitar a anlise. No se trata aqui de fazer um tratamento
estatstico das respostas.
Em segundo lugar, considerando que o material coletado j est organizado, vale lembrar que a
anlise de dados qualitativos a etapa que exige muita ateno, muito tempo e muita perspiccia do
pesquisador. MINAYO (2008), inspirando-se em Lawrence Bardin, destaca que existem trs grandes
obstculos que devem ser rompidos.
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MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
b) M
agia dos mtodos e tcnicas: a anlise exige uma fidedignidade para compreenso
do material que reflete as relaes sociais dinmicas e vivas. O pesquisador no pode
se render s tcnicas. Estas devem representar o papel de mediadoras, ou seja, apenas
podem contribuir com o desvelar do real.
c)
Juno e sntese das teorias: essa a maior dificuldade para a maioria dos
pesquisadores. A construo do conhecimento exige que os dados coletados no
sejam apenas descritos. Essa descrio revela sua natureza bruta. Mas estes devem ser
analisados luz dos paradigmas tericos adotados pelo pesquisador.
Assim, MINAYO (2008) sugere que dados qualitativos devem ser trabalhados a partir de uma das
trs abordagens mais conhecidas: anlise de contedo, anlise do discurso e anlise dialtica/
hermenutica. A escolha da abordagem depende da corrente de pensamento ou paradigma qual
o pesquisador se filia.
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
Para BARDIN (2009), a anlise de contedo temtica deve ter como ponto de partida uma organizao.
As diferentes fases da anlise de contedo organizam-se em torno de trs polos:
1. a pr-anlise;
Para a referida autora, na fase da pr-anlise estabelece-se uma organizao do material, a partir da
escolha de documentos/informaes relevantes, permitindo-se uma leitura flutuante do material at
que a deciso sobre quais informaes devem ser consideradas na anlise fique mais clara.
Embora algumas consideraes j tenham sido feitas na parte inicial desta seo, vale destacar a
viso de BARDIN, que observa que nesta fase no se pode abrir mo de algumas regras especficas.
A regra da pertinncia (o material a ser analisado deve ser pertinente aos objetivos do
trabalho).
Na fase da explorao do material, BARDIN (2009) ressalta que a anlise do material exige sua
codificao, ou seja, sua transformao de dados brutos dos textos por recortes, agregao ou
enumerao, at que sua codificao atinja a representao do contedo ou sua expresso. Para
codificao, pode-se usar palavras, temas, contextos, relaes, personagens, etc., at se chegar
categorizao dos mesmos. Sugere-se aqui utilizar a modalidade temtica, que enfatiza o tema,
como j foi exposto anteriormente.
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contedo) sob um ttulo genrico, agrupamento este efetuado em razo dos caracteres
comuns destes elementos. O critrio de categorizao pode ser semntico (por exemplo,
todos os temas que significam ansiedade ficam agrupados na categoria ansiedade [...]),
sinttico (os verbos e os adjetivos), lxico (classificao de palavras segundo seu sentido
Para se chegar na fase trs, do tratamento dos resultados, o pesquisador deve realizar as interpretaes
dos dados a partir da teoria escolhida. Como j foi abordado, essa interpretao pode fazer uso de
quantificaes e/ou se restringir as anlises qualitativas.
DICAS
queles que optarem pela anlise de contedo para tratamento dos dados, sugere-se uma leitura mais
detalhada do livro Anlise de contedo, de Lawrence Bardin. Trata-se de uma obra de referncia na rea, cuja
riqueza imprescindvel.
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a) o sentido de uma palavra no existe em si mesmo, pois expressa ideologias existentes no contexto
scio-histrico em que a palavra ou expresso foi produzida;
b) todo discurso dissimula sua relao com as ideologias, medida em que se prope transparente.
Os defensores desta tcnica afirmam que um texto deve ser considerado como uma unidade
significativa, revelador de contedos situacionais de seus falantes e de seus discursos. Toma-se
como princpio que no existe discurso sem sujeito, no existe tambm sujeito descontextualizado,
portanto, no existe discurso sem ideologias. A produo de discursos faz parte de um sistema
social dado, e esse sistema social possui uma lgica.
LEMBRE
Vale ressaltar que a anlise de discurso tem como objeto de estudo a anlise de uma unidade denominada
como texto. A palavra texto um conceito. Um texto pode ser uma simples palavra, pode ser conjunto de
frases ou at um documento completo. Porm, texto distingue-se de discurso. O discurso uma linguagem
Para realizao da anlise do discurso, PECHOUX (1988) afirma que preciso que o pesquisador
realize algumas aes.
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
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b Em seguida, cada frase deve ser dividida em proposies. Isso exige operaes lingusticas
para restabelecimento de ordem, reagrupamento de termos e explicitao de proposies
latentes. O pesquisador deve, em termos prticos, refazer o discurso, para que as proposies
possam ir sendo reduzidas a unidades mnimas.
c) As unidades mnimas so possveis em funo dos mecanismos de produo dos discursos,
pois estes envolvem a repetio do idntico, de formas diferenciadas. Ou seja, busca-se,
por trs de variaes, a unidade que d sentido ao conjunto.
d) Por fim, elabora-se a anlise, considerando a produo social do texto como geradora de
seu sentido.
DICAS
Para aqueles interessados em usar a anlise do discurso, vale a pena recorrer aos ensinamentos de Eni
Orlandi, no livro A linguagem e seu funcionamento: as formas de discurso. A autora uma brasileira, discpula
de Pechoux, mas consegue trazer para o leitor uma lgica operacional menos rida e mais adequada ao campo
das cincias sociais. Pechoux pressupe que a tcnica de estabelecer uma unidade de anlise possua uma
estrutura mnima, a ponto de ser passvel fazer anlises em grficos e classificaes na forma binria.
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Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
MANUAL DE PESQUISA QUALITATIVA
do que est escrito). Aplicando a esta afirmativa uma proposio dialtica, a autora esclarece que
existem mltiplas possibilidades de interpretao e compreenso. Assim, embora a compreenso
exija um movimento do todo s partes e vice-versa, preciso esclarecer que nessa abordagem, o
pesquisador nunca conseguir abranger o sentido total e definitivo das coisas: sua leitura ou sua
compreenso ser sempre a possvel, se dar sobre o olhar do presente e de seus interesses.
Assim, na anlise hermenutica dialtica, a referida autora destaca os pressupostos a seguir, que
aqui assumem um carter orientador em sua proposta operativa de pesquisa.
b) No h observador imparcial e nem h ponto de vista fora da realidade humana e de seu
contexto histrico.
43
Suporte ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC)
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"Transformar o pas pela Educao, sendo
referncia em prticas inovadoras de
aprendizagem e gesto, respeito pluralidade,
valorizao das pessoas e compromisso com o
desenvolvimento sustentvel."