Cultive o Bom Humor (Luiz Miguel Duarte)
Cultive o Bom Humor (Luiz Miguel Duarte)
Cultive o Bom Humor (Luiz Miguel Duarte)
O bom humor é uma forma de olhar a realidade. A outra é o mau humor. Embora o
mau humor sempre se imponha, por força e amedrontamento, o bom humor na verdade é
muito mais poderoso e superior. Até Deus é bem-humorado, e ri dos impérios, estes sim é que
são mal-humorados, que se arvoram contra ele e contra o seu povo (Sl 2,4). Os poderosos
deste mundo temem o bom humor, porque este relativiza as pretensões absolutistas e,
portanto, ameaça tudo o que se pretenda como cabal, definitivo e inquestionável. Mas o bom
humor questiona tudo, libertando as pessoas de tudo o que se arrogue como prisão definitiva.
A vida, é certo, é um Grande Problema, que se divide em pequenos e pequeninos
problemas, e viver é, afinal de contas, enfrentar e resolver problemas. Se os problemas são
encarados com mau humor, eles aumentam em muito o seu tamanho e se tornam difíceis de
resolver. Ao contrário, se forem enfrentados com bom humor, eles já se encontram cinqüenta
por cento resolvidos. Quem é sensato, portanto, trata logo de aprender e de cultivar o bom
humor como a grande ferramenta que ajuda a viver.
Saber rir das situações liberta-nos de ficar presos sempre nas mesmas e chatas situações.
Saber rir de si mesmo é o primeiro passo para libertar-se de formas de viver inadequadas e
encontrar formas melhores, mais espaçosas e mais gratificantes. Dizem que a pessoa que não
sabe sorrir jamais deve entrar para o mundo do comércio. Os vendedores que, de braços
cruzados, esperam seriamente os fregueses, já fecharam a loja.
O bom humor é, de fato, a grande conquista da humanidade. Na natureza, somente os
humanos aprenderam a sorrir, libertando-se de tudo o que cerceia a vida, a fim de construir
uma história. Mas é conquista, e conquista que exige dedicação. Aquele misterioso sorriso dos
chineses, por exemplo, vem sendo elaborado pelo menos há cinco mil anos de história.
Todavia, nunca é tarde para começar, e o presente livro apresenta alguns passos do caminho.
Ivo Storniolo
UM MARMANJO
NA
RODA-GIGANTE
Um riso satisfeito
vale mais que cem gemidos.
Adágio popular
Você já viu aqueles cachorrinhos zangados que ficam rodopiando ao redor
de si mesmos, na tentativa de morder o próprio rabo? Fazem dele um inimigo a
combater. Parecem não suportar o que acham estranho. Ai de quem relar neles!
Em nossa sociedade encontram-se pessoas de difícil convivência. São
normalmente uma pilha de nervos e pouca coisa basta para ficarem irritadas. Se
os outros lhes desejam bom-dia, não respondem. Se lhes pedem que horas são,
limitam-se a indicar os ponteiros do relógio. Se lhes falam do clima quente,
mal-dizem-no; se estiver frio, resmungam...
Não resolve a justificativa de que são pessoas de índole difícil, ou idosas, ou
doentes. Para o bem das relações humanas, convém que elas busquem a cura para
seus achaques e orientações de como viver em sociedade.
Felizmente, há exemplos, e não poucos, de pessoas reconciliadas com a vida.
Na congregação dos paulinos, há um confrade que aprendi a respeitar e admirar
pela sua discrição e grande capacidade de rir dos próprios limites. Seu nome é frei
Acácio, e desde jovem convive com acentuada deficiência visual. Enxerga bem
pouco. Sempre pelejou com tratamento médico, na esperança de melhorar o al-
cance da visão. Enquanto a recuperação total não vem, frei Acácio tem passado
por situações desconfortáveis e às vezes engraçadas.
Não é raro ele bater em alguma coluna do prédio ou topar com as portas de
vidro. Houve ocasiões em que, por falta de maior clarida de no ambiente, ele até
andou se machucando.
É bom dizer logo que nesses casos frei Acácio jamais se enerva; em geral ri de si
mesmo e, tateando, prossegue seu caminho.
O grande número de anos vividos, a dificuldade de enxergar, os incômodos
que daí provêm, nada disso faz frei Acácio perder o bom humor e a alegria de viver.
Pelo contrário, como se fosse dono de perfeita saúde, ele se desloca, viaja, revê
os parentes e vibra na companhia dos amigos.
Onde frei Acácio busca essa paz perene? Como se explica sua inabalável
harmonia com o mundo, consigo mesmo e com os outros? Talvez por ser homem de muita
oração e profunda intimidade com Deus. Ou simplesmente por ter aprendido
desde criança os elementos básicos da boa convivência. O certo é que frei Acácio
transita pela vida, satisfeito, sem ser pesado a ninguém.
Contam que o grande cientista Einstein era muito distraído. Esquecia nomes,
números, compromissos. Certa ocasião, perdeu-se nas planícies ao redor de
Princeton (Estados Unidos), onde costumava caminhar.
Entrou numa casa à beira do caminho e pediu para telefonar. Ligou para sua
família porque não se lembrava do número da residência e talvez nem mesmo da
rua.
Outra vez, por volta do meio-dia, uma pessoa encontrou Einstein no caminho
que do câmpus universitário de Princeton conduz para o alto da colina em que se
achava o Centro de Pesquisas Atômicas. Einstein parou e disse ao outro: “O
senhor pode me dizer se eu vim pela calçada da direita ou da esquerda?” O outro
respondeu: “Pela calçada da direita. Por quê?” Einstein concluiu: “Então já
almocei.” É que antes do almoço ele costumava subir pela calçada da esquerda…
Creio que o cientista tinha bons motivos para rir das próprias trapalhadas.
Ao longo da vida é bem fácil que você dê um fora ou faça algum fiasco.
Passará mesmo por situações ridículas. Os outros acharão graça e rirão às suas
custas. Pois bem, parece que a atitude mais sensata é rir junto, rir de si mesmo. E
sairá dessa sabendo que outras situações cômicas, e até constrangedoras, vão
acontecer-lhe. Não se apoquente; mantenha o espírito desarmado. Reconhecer os
próprios limites e admitir publicamente que cometemos erros é bom começo para
vivermos com simplicidade. Desse modo, mais facilmente, os outros se
aproximarão de nós. Sem medo de serem rechaçados.
O SORRISO
DO
CACHORRO
PESSOAS
ALEGRES,
OTIMISTAS
E
DILIGENTES
ENERGIZAM,
COM
BONS
FLUIDOS,
ONDE
QUER
QUE
ESTEJAM
Somos desafiados diariamente a ultrapassar o aspecto visível, corriqueiro e,
por vezes, enfadonho das pessoas com quem convivemos. Porque a convivência
do dia-a-dia nos desperta dos sonhos românticos, das fantasias mirabolantes e
nos arremessa para a crua realidade. E é no interior desta realidade que vamos
notar e acolher o novo, o diferente, os dons de cada pessoa.
Quero que a minha geração me ajude a viver e conviver de modo saudável,
em ambiente onde cada qual se interessa pelo bem do outro. Onde as pessoas se
compreendem, se reconciliam, se abraçam, e de novo se dispõem a caminhar, sem
peso na consciência, nem amarras no coração.
Quero poder saborear a companhia de pessoas otimistas, que têm nos lábios
palavras de benquerença, e nos olhos, o sincero desejo de bem conviver.
Não exijo de mim nem dos outros a perfeição, mas me sentirei feliz ao ver
que no relacionamento entre as pessoas predominam o respeito e a harmonia.
Pessoas alegres, otimistas e diligentes transformam o lugar em que trabalham.
Energizam, com bons fluidos, onde quer que estejam. Para elas não há tempo
ruim, não recusam os compromissos imprevistos, nem se espantam diante dos
novos projetos.
Você é assim?
Se é, dou-lhe as boas-vindas. O mundo pre-cisa de você. Vamos encher o
universo de gente que busca soluções aos intermináveis proble mas sociais.
Vamos povoar a terra de pessoas solidárias, fraternas, animadas, bem
relacionadas.
Um provérbio oriental diz: “Quem não sabe sorrir não abra uma loja!”.
O EXERCÍCIO
DA
PACIÊNCIA
Não acha que o marcante exemplo de Isabel haverá de lançar luz sobre nossos atos,
predispondo-nos a corrigir nossas atitudes de impaciência?
A FESTA
DOS
INOCENTES
SE
NÃO
SATISFIZER
A
DIMENSÃO ESPIRITUAL, O
SER
HUMANO CORRE
O
RISCO
DE EMBRUTECER
PERDOAR
É
LIBERTAR-SE
“Apesar de adultos,
necessitamos de carícias, toques, carinhos.
Tudo isso é o alimento ideal
para o desenvolvimento do ser humano.”
Roberto Shinyashiki
Era sexta-feira santa. A procissão do Senhor morto já estava terminando. Foi-
me confiado o ofício de fazer, na igreja, a pregação conclusiva. Proferi a
mensagem, enfocando o sentido da vida e morte de Jesus. Em seguida, dei a
bênção a todo o povo e me retirei para a sacristia. Despojei-me das vestes
litúrgicas e voltei à igreja. Uma multidão de pessoas se movimentava lentamente
rumo à imagem do Senhor morto. Cada um queria tocá-lo, como se estivesse
prestando a derradeira homenagem a um ente querido.
Após observar o panorama, sentei-me próximo ao altar. Logo apareceram
algumas crianças e perguntaram se eu era o mesmo que antes estivera fazendo a
pregação. Em seguida, uma senhora apresentou-me seus três filhos e me pediu
para abençoá-los. Toquei na fronte de cada um e fiz breve oração recomendando-
os à proteção de Deus. Outras crianças, outras mães, vários adultos foram
despon-tando. Todos queriam ser tocados e receber a bênção.
Olhei para o centro da igreja e vi duas filas: uma dirigia-se para o Senhor
morto, a outra encaminhava-se em minha direção. Pessoas de todas as idades e
condições. Assustei-me um pouco, mas já não tinha como escapar... Adaptei-me
à realidade imprevista e, em nome do Senhor, continuei impondo as mãos e
abençoando os filhos e filhas de Deus.
Essa cena mostra uma das maneiras que as pessoas encontram para receber
um toque benfazejo. Desde o nascimento, o ser humano tem necessidade de tocar
e ser tocado. A própria medicina tem recomendado que, após o parto, o recém-
nascido permaneça algum tempo estendido sobre o ventre materno. Esta troca de
energias parece ser fundamental para que a criança se desenvolva de modo
harmonioso.
Pela vida afora, crianças, adolescentes e adultos vão experimentando quanto
é importante o toque carinhoso, o abraço sincero, o beijo cordial. Li uma
reportagem informando que grande número de pessoas, nos Estados Unidos,
marcam consulta e vão ao médico, não porque estejam enfermas, mas para
receber um toque humano.
Sabemos, pelas páginas do evangelho, que Jesus não economizava toques e
carícias. Por isso também curava tanta gente. E se deixava tocar pela multidão.
Muitas pessoas queriam, pelo toque, demonstrar amor e gratidão por ter sido
libertadas por ele.
Hoje, mais que em outros tempos, empresários, médicos, pedagogos e outros
profissionais estão prestando atenção ao valor do toque e utilizando-o no intuito
de melhorar as relações interpessoais.
A literatura universal ultimamente tem dado expressivo destaque a temas
como: o toque terapêutico, a cura pelas mãos, a energia sutil, a arte da cura
energética, terapias bioenergéticas e outros.
Os líderes religiosos têm, nas celebrações litúrgicas, amplas possibilidades de
valorizar o toque, já que não existe celebração sem expressão corporal
“A perfeição da pedra
não vem com os golpes do martelo,
mas com a dança e a canção da água.”
Tagore
Quase toda vez que saíam de casa era um deus-nos-acuda. Altair, o marido,
arrumava-se depressa e se dirigia até a garagem para aquecer o motor do carro.
Enquanto isso, Fabiana, a esposa, às pressas dava os últimos retoques na higiene
pessoal. Lá fora, Altair, inquieto, começava a buzinar. Aflita, Fabiana agitava-se.
Ainda lhe faltava desligar o fogão, fechar janelas e portas. Finalmente
apresentava-se para a viagem de sete quilômetros. Deparava-se com o marido,
cheio de azedume, despejando sobre ela palavras ofensivas. Você imaginou o
clima pesado que se criou por causa de ninharias?
Nesse episódio fica fácil detectar as falhas na relação interpessoal. Por parte
do marido faltaram principalmente sensibilidade e RESPEITO.
Respeito é o que se espera no relacionamento marido-mulher. Também no
tocante às relações sexuais, que devem ocorrer em clima de diálogo e comunhão.
Não pode haver autêntica relação sexual se não for acompanhada de perdão,
compreensão e solidariedade.
É como se houvesse uma aliança recíproca, mais ou menos nestes termos:
“Confie em mim, estou com você em qualquer situação, seja ela favorável, perigosa ou adversa.
Você não é para mim objeto de uso e consumo. Não preciso do seu corpo, como instrumento de
prazer ou redutor de tensões. Preciso de você, da sua experiência, do seu apoio. Não exijo de
você perfeição nem dependência. Ao mesmo tempo, peço que não me critique ou ofenda pelos
erros que cometo sem querer. Diga-me as coisas sem ironizar. Detesto ironia. As palavras e
atitudes irônicas não me ajudam a superar dificuldades. Ao contrário, me intimidam,
entristecem e geram insegurança...”
E, como se fossem declaração de amor, as palavras poderiam continuar
fluindo sinceras, isentas de mágoa ou rancor.
O respeito, naturalmente, não se restringe ao âmbito conjugal ou familiar. É
indispensável em qualquer estado de vida. Vale para todas as raças, idades e
condições sociais.
Respeitar é, antes de tudo, aceitar que a outra pessoa seja física e psicologicamente
diferente de mim. Aceitá-la como é. Sem exigir dela o que vai além de suas
condições. Sem julgá-la. “Fica sabendo que, quando vais ao templo, Deus, em vez de te
julgar, te recebe”, escrevia Saint-Exupéry. É isso que desejo: acolher. É isso que
peço: alguém que me acolha como sou, e me ensine a ser melhor. Alguém que
respeite o meu ritmo e minhas limitações e se disponha a caminhar comigo, que
eu ainda preciso crescer!
Respeitar é não invadir a privacidade da outra pessoa . Não me é permitido mexer
em seus pertences: armários, roupas, estojos, diários, cartas, fotos, CDs...
Tampouco me cabe forçá-la a revelar-me seus sentimentos ou escancarar o
cantinho secreto do coração. Posso até me dispor a ouvir o que ela tem a dizer,
mas ela é que decide se quer manifestar-se ou não.
Só estarei em condição de respeitar meus semelhantes, se eu for capaz de
respeitar a mim mesmo. E isso faço ao tomar consciência de que sou dotado de
razão e liberdade. Além disso, existe em cada pessoa uma dimensão de mistério,
cujo alcance nos escapa. É a grande dimensão do desconhecido que nos põe em
relação com a imagem do próprio Deus, que é o supremo desconhecido.
Por que muitas pessoas não respeitam a si mesmas? Porque ignoram essa
dimensão do sagrado que está no mais fundo delas mesmas. A consciência que
tenho do mistério e do sagrado que existem em mim faz com que eu me ame e
não permita que os outros me diminuam.
Quando virá o tempo em que as relações humanas terão como fundamento o respeito recíproco?
PAIXÃO
POR
LIVROS
A
BÍBLIA
É
COMPANHEIRA
INDISPENSÁVEL
NA
CAMINHADA
DO
DIA-A-DIA
Muitas pessoas, ao longo da história do cristianismo, foram tocadas por essa
Palavra, que mudou radicalmente o rumo de suas vidas. Por exemplo, Francisco
de Assis (“Vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres”), Agostinho de Hipona
(“Vivamos honestamente”), Teresa de Lisieux (“Vou indicar-vos um caminho
que ultrapassa a todos: o amor”)…
Em nossos dias é raro encontrar alguma família que não conheça a Bíblia. Em
geral a possui, não como enfeite de biblioteca, mas como companheira
indispensável na caminhada do dia-a-dia.
Evidentemente a palavra que a Bíblia contém somente surtirá efeito em quem
a lê com fé. Se não for assim, perderá sua eficácia e tornar-se-á leitura enfadonha
e inútil.
ESTÁ
EM
NOSSO
PODER
TRANSFORMAR
AS
RELAÇÕES
HUMANAS
Encerrada s no mundo das desilusões e amarguras, essas pessoas deixam de
dar passos significativos na direção da vida, da partilha, dos grandessonhos... Sem
perspectivas, vivem a repetir: “Não tenho sorte!”, “Tudo dá errado comigo!”... E
por não se disporem a viver, definham.
Quero a companhia de pessoas que, apesar dos embates do dia-a-dia, confiam
no seu potencial, dão a volta por cima e se lançam para novos projetos.
Que tal começar agora uma reviravolta em seus relacionamentos?
Diga hoje alguma palavra capaz de animar um amigo aborrecido.
Está freqüentemente pensando naquele parente que há 13 anos não dá
notícias? Não sabe onde está? Procure-o. Mova-se. Busque-o com todos os
meios. Escreva para ele. Use o telefone. Ligue para as emissoras de rádio. Vá à
televisão. E prepare-se para o prazer do reencontro!
Mande breve mensagem para aquela velha amiga com quem você brigou no
fim de semana e diga-lhe: “Você me perdoa?” Ela está ansiosa para reatar a
amizade com você. Tome a iniciativa. Não é humilhação, trata-se de gesto nobre,
próprio de pessoas maduras.
Quando, ao telefone, responderem “alô”, diga: “A paz do Senhor esteja com
você!”. Está com medo da reação? Experimente.
Está em nosso poder transformar as relações humanas. Acredite na força de
sua palavra e utilize-a.
A VIDA
NÃO ACABA
AQUI
Vamos começar?
Você acha que, depois disso, o mundo ainda será o mesmo?
CONCLUSÃO
Longe de ser uma coletânea de anedotas, os fatos e testemunhos aqui
narrados são suporte para realçar a importância de cultivar boas relações
interpessoais. Sonhei com este livro sendo utilizado nas salas de aula, nos
encontros de jovens e adultos, embora seja útil também para reflexão pessoal.
Não é ousadia pensar assim; é sincera esperança, uma vez que tentei resgatar,
nestas páginas, alguns valores humanos e cristãos, com o intuito de aplicá-los às
relações interpessoais e sociais. Valores perenes que, por diversos motivos, a
sociedade vem abafando e até descartando.
Evitei desenhar, com tintas escuras, o atual panorama dessa mesma
sociedade. Já estamos saturados com as imagens agressivas que vemos
diariamente na imprensa e na tevê. Em geral nos deixam assustados e
apreensivos.
Claro que não podemos ficar inertes, com cara de derrotados, à mercê dos
fatos brutais que ocorrem à nossa volta. Urge buscar, no mais fundo de nós
mesmos, as razões e os meios capazes de neutralizar a força do mal. Nossas
convicções e atitudes mostrarão que é possível arejar o lugar em que vivemos,
torná-lo mais atraente e seguro. Ainda que tenhamos de remar na contracorrente.
Por causa dos limites que nos paralisam, foge do nosso alcance obter grandes
transformações em nós e na sociedade. Mas podemos dar um passo por vez. Sem
dobrar-nos à tentação de desanimar. Quem não gostaria, por exemplo, de superar
um passado de tristeza e dar nova orientação à sua vida?
Voltemos, pois, a rir de corpo inteiro, feito crianças; a liberar o bom humor
que está preso dentro de nós. Sejamos sensíveis aos menores gestos de partilha e
solidariedade, que nos fazem mais humanos e menos máquinas, mais coração e
menos cérebro.
No final da caminhada, colheremos frutos de alegria por termos semeado o
bem, e aos que virão depois de nós entregaremos a herança de um mundo justo,
povoado de irmãos, com os quais Deus terá o prazer de conviver.