Caderno 5 - Geometria PDF
Caderno 5 - Geometria PDF
Caderno 5 - Geometria PDF
Pacto Nacional
pela Alfabetização
na Idade Certa
GEOMETRIA
Caderno 05
Brasília 2014
ISBN 978-85-7783-150-0
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Sala 500
CEP: 70.047-900
Tel: (61) 2022-8318 / 2022-8320
05 Iniciando a Conversa
07 Aprofundando o Tema
07. Dimensão, Semelhança e Forma
09. A Geometria e o Ciclo de Alfabetização
17. Primeiros elementos de Geometria
29. Conexões da geometria com a arte
42. Materiais virtuais para o ensino da geometria
45. Localização e Movimentação no Espaço
47. Cartografias
59. A lateralidade e os modos de ver e representar
72 Compartilhando
89 Para Saber Mais
89. Sugestões de Leituras
90. Sugestões de Vídeos
91. Sugestões de Sites
Organizadores:
Carlos Roberto Vianna, Emerson Rolkouski
Autores:
Andréia Aparecida da Silva Brito Nascimento, Antonio Vicente Marafioti Garnica,
Carlos Roberto Vianna, Emerson Rolkouski, Evandro Tortora, Gilmara Aparecida
da Silva, Giovana Pereira Sander, Iole de Freitas Druck, Juliana Aparecida
Rodrigues dos Santos Morais, Maria Ednéia Martins-Salandim, Nelson Antonio
Pirola, Thais Regina Ueno Yamada
Comitê Gestor:
Adilson Oliveira do Espírito Santo, Liane Teresinha Wendling Roos, Mara Sueli
Simão Moraes
Consultores:
Alexandrina Monteiro, Alina Galvão Spinillo, Antonio José Lopes, Celi Espasandin
Lopes, Cristiano Alberto Muniz, Gilda Lisbôa Guimarães, Maria da Conceição
Ferreira Reis Fonseca, Maria Tereza Carneiro Soares, Rosinalda Aurora de Melo
Teles
Pareceristas ad hoc:
Adail Silva Pereira dos Santos, Adriana Eufrasio Braga Sobral, Ana Marcia Luna
Monteiro, Carlos Eduardo Monteiro, Cecilia Fukiko Kamei Kimura, Clarissa
Araújo, Gladys Denise Wielewski, Iole de Freitas Druck, Lilian Nasser, Maria José
Costa dos Santos, Paula Moreira Baltar Bellemain, Paulo Meireles Barguil, Rute
Elizabete de Souza Rosa Borba
Leitores Críticos:
Camille Bordin Botke, Enderson Lopes Guimarães, Flavia Dias Ribeiro, Helena
Noronha Cury, Laíza Erler Janegitz, Larissa Kovalski, Leonora Pilon Quintas,
Luciane Ferreira Mocrosky, Luciane Mulazani dos Santos, Marcos Aurelio
Zanlorenzi, Maria do Carmo Santos Domite, Michelle Taís Faria Feliciano, Nelem
Orlovski
Apoio Pedagógico:
Laíza Erler Janegitz, Nelem Orlovski
Revisão:
Célia Maria Zen Franco Gonçalves
Os retângulos azul e amarelo são semelhantes entre si, Todos os quadrados são semelhantes entre si,
têm a mesma forma. O retângulo vermelho não é se- têm a mesma forma.
melhante aos outros dois, não tem a mesma forma.
Já a Simetria não costuma causar erros pelo seu uso cotidiano. Ocorre que a
Simetria é uma palavra utilizada em muitos campos do conhecimento, quase
sempre com significados diferentes daquele da matemática e da geometria. Do
ponto de vista matemático o conceito de simetria envolve a noção básica de uma
transformação que não “deforma” as figuras. Por exemplo: se desenharmos um
quadrado no papel e de alguma maneira deslizarmos este quadrado para outro lugar
do papel ele permanecerá sendo um quadrado, com as mesmas medidas tanto dos
lados quanto dos ângulos. Mas se desenhássemos o mesmo quadrado em uma tira
elástica e esticássemos a tira, a figura desenhada sofreria uma deformação, deixaria
de ser um quadrado. Assim, existem várias maneiras de “deslocar” as figuras sobre
o plano sem que elas sofram deformações. A rotação e a translação sintetizam estas
maneiras, mas não vamos ensinar “rotação e translação” para crianças, falaremos
de algo mais simples, num contexto lúdico e infantil. As simetrias axiais é que serão
objeto de estudo neste caderno, elas são obtidas quando a figura “gira” em torno a
um eixo, uma reta. Mas a pergunta é pertinente: e se a figura girasse em torno a um
ponto? É possível fazer operações com as translações, rotações e simetrias?
Neste caderno, sempre que possível, usamos as palavras figura e formato em
lugar de “forma”. Então, falar em figuras retangulares ou formatos retangulares é
mais aceitável e comunica a mesma ideia que “forma retangular”, mas sem incorrer
no erro matemático. Ninguém deverá ser punido se disser “forma triangular” para
se referir a diversas figuras triangulares, mas aos poucos devemos tomar mais
cuidado com a linguagem e diminuir o número de vezes que cometemos este tipo
de erro matemático. Apesar de estarmos alertando para estas questões, fazemos
questão de destacar que este aspecto não deve ser levado em conta em avaliações.
Se muitas outras razões não existissem, bastaria pensar em uma: as pessoas não
devem ser punidas pelo uso comum da linguagem de todos os dias, de modo que
é perfeitamente aceitável que uma criança fale em “forma retangular” e o professor
tem condições de saber que ela está se referindo a um retângulo e não confunde
retângulos com triângulos ou com prismas.
1
Neste caderno nos referiremos sempre à Geometria.
Planta Visualização
2
LOGO é uma linguagem de programação elaborada no MIT por S. Papert Seymour Papert. Por meio de comandos
simples o aluno pode fazer uma tartaruga desenhar figuras na tela do computador.
3
Nos Cadernos de Formação do Pacto, ao invés do termo Tratamento da Informação, utilizaremos Educação Estatística.
20
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Brazil.Brasilia.01.jpg>. Acesso em
dezembro de 2013.
32
Escher, Waterfall.
Escher, Peixes.
Na primeira figura, observa-se que a água está descendo, mas ao mesmo tempo
subindo. Este efeito é obtido por uma maneira propositadamente equivocada de
registrar uma figura espacial no plano do papel. A segunda obra é um mosaico
em que se entrelaçam peixes, tartarugas e aves. A professora poderá unir a ponta
do rabo dos peixes para que os alunos percebam, que, na verdade trata-se de um
mosaico de triângulos.
<http://alunos1anomanha.blogspot.com.br/2010/06/mondrian-os-
consagrados-e-nos.html>. Acesso em dezembro de 2013.
A partir dessa construção pode-se pedir às crianças que cortem todos os polígonos
e os separarem em grupos justificando sua separação. As crianças podem separar em
cores, por número de lados ou outro critério, desde que justifiquem suas escolhas. A
partir daí, a professora pode introduzir as nomenclaturas dos polígonos de acordo com
o número de lados, além de realizar a contagem de quantos polígonos aparecem.
Trabalhando com EVA, os alunos poderão recortar várias figuras geométricas,
fazer uma composição com elas e depois classificá-las em triângulos, quadrados,
círculos etc.
Arquivo dos autores
37
Escher.
Casco de tartaruga.
38
Utilizando o Origami
O trabalho com o Origami pode servir como disparador de atividades que envolvem
a classificação de figuras planas, noções sobre simetria e ainda a lateralidade.
Abaixo indicamos a dobradura de um avião de papel e as possibilidades de trabalho
com a geometria em cada dobra:
Esquema da Possibilidades de
Instruções
dobradura Encaminhamentos
Ricardo Luiz Enz
Constrói-se as asas de
acordo com a figura.
Utilizando o kirigami
Para que as crianças tenham um primeiro contato com a tesoura e assim possam
desenvolver sua coordenação motora para a utilização deste instrumento a
professora primeiramente poderá pedir a elas que recortem letras e figuras em
revistas velhas.
Na sequência, poderá distribuir folhas com polígonos pontilhados a fim de trabalhar
com a nomenclatura das figuras. Observe que, neste caso, há uma grande vantagem
em relação ao trabalho com os livros, já que as crianças poderão rotacionar as
figuras e se concentrar nas características que as definem.
Poderão então construir desenhos com as formas recortadas com o objetivo de
observarem a composição e decomposição de figuras.
Finalmente podemos passar para a atividade com o kirigami.
1) Atividade com kirigami – Cortar uma folha A4 pela metade para obter
uma tira de papel longa. Dobrá-la como uma sanfona. Desenhar um coração
42
como no exemplo. Cortar o desenho, tomando o cuidado para não cortar nas
dobras.
Com essa atividade o aluno pode explorar noção de simetria (cortar o retângulo
pela metade, eixo de simetria, o aluno percebe que uma parte se sobrepõe à outra).
A professora pode ainda fazer outras explorações, perguntando:
1. O desenho do coração é aproximadamente simétrico?
2. Se desenhar uma bonequinha no papel, o que acontecerá?
QUADRADO RETÂNGULO
44 PF 150 PF 100
PD 90 PD 90
PF 150 PF 160
PD 90 PD 90
PF 150 PF 100
PD 90 PD 90
PF 150 PF 160
Cartografias
Antonio Vicente Marafioti Garnica
48 Maria Ednéia Martins-Salandim
Reprodução
sobre os elementos desta carta, mas, apenas que ela aos poucos possa perceber que
precisamos, constantemente, fazer e ler representações da realidade que nos cerca.
50
Decodificar significa interpretar, ler o que determinada mensagem (no caso, uma
mensagem visual, o mapa) pretende significar. Todo mapa deve ser decodificado,
54 isto é, para poder fazer sentido para quem o usa. Para nos auxiliar na decodificação,
é importante que o mapa tenha um título, ou seja, que indique o que o mapa está
representando (a bacia hidrográfica do Tietê; as rodovias da região nordeste do
Brasil; o relevo do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro; as atrações
turísticas de Veneza; a constelação de Órion; os países da África ou da Europa, etc.),
todo mapa deve ter uma legenda (que identifica os símbolos usados no mapa). Nos
mapas profissionais estão ainda indicadas a escala (que indica a proporção entre a
região mapeada e a representação dessa região no mapa) e a fonte (explicitando o
nome do cartógrafo ou da instituição responsável pela elaboração do mapa). Veja,
por exemplo, o mapa abaixo. Nele estão claramente identificados o título (Metrô-
SP, indicando que se trata do mapa da rede metroviária da cidade de São Paulo), a
legenda (indicando as linhas e as características de algumas estações e serviços), e a
fonte (a própria Companhia do Metropolitano paulista).
PISTAS DO GRUPO 1
Depois das crianças encontrarem o tesouro (que pode ser um baú confeccionado
pela professora ou pelos próprios alunos), elas deverão elaborar um mapa. Concluída
MAPA 2
A lateralidade e os modos
de ver e representar
60
Antonio Vicente Marafioti Garnica
Maria Ednéia Martins-Salandim
Ainda segundo Clareto (2003, p. 153) a percepção do lugar em que nos situamos
e o modo de elaborarmos (para nós próprios e para os outros) essa percepção
podem ocorrer ao mesmo tempo, em movimento. Percebemos o caminho em que
transitamos ao passar por ele e nos apropriamos dele do caminho e do modo como
nele caminhamos. O “aprendizado da locomoção-localização se desenvolve segundo
as próprias práticas cotidianas de espaço”.
A partir daí, podemos e devemos nos perguntar, problematizando: a criança, ao
desenhar os mapas sobre suas cercanias, seu espaço, seus caminhos, constrói esses
mapas como se estivesse realizando o percurso mapeado e reconstruindo o espaço
em que vive? Os desenhos que representam objetos mais distantes são apresentados
em tamanhos menores? Os marcadores dos mapas (os pontos de referência que a
criança destaca ao representar seu espaço) são reais ou imaginários? De onde vêm
suas informações? O que ela escolhe privilegiar em suas representações? O que
podemos problematizar com elas a partir desse modo de representarem os mundos
em que habitam?
Clareto (2003) diferencia os modos como as pessoas percebem o espaço.
Segundo ela, há, por exemplo, aqueles que ao observarem, e representarem aquilo
que veem verticalizam (observam e representam como se estivessem flutuando
sobre a cidade) ou horizontalizam (representam como se estivessem “de frente”ao
observado, caminhando pelas ruas e passarelas de Laranjal do Jari). Mas, ao analisar
alguns mapas feitos pelas crianças daquela cidade, a autora percebe que alguns dos
cartógrafos, ao mesmo tempo, para representar um mesmo espaço, lançam mão
dos dois modos de ver, uma vez que alguns prédios são desenhados “de frente” e as
ruas, passarelas e o campo de futebol são representados como se estivessem sendo
observados “de cima”.
64
Além disso, em alguns dos mapas, são utilizadas escalas que não são matemáticas,
mas “escalas afetivas” (esse é o caso, por exemplo, da igreja ou do campo de
futebol que são representados em tamanho bem maior que os outros elementos na
mesma paisagem) dado o valor sentimental de alguns lugares para os observadores.
Observar isso nas representações dos seus alunos é fundamental. Ao solicitar que
falem sobre a representação que fizeram, você, professor, privilegia a expressão do
aluno, movimenta-se no sentido de aproximar-se um pouco mais do modo como
cada um percebe o mundo, quais coisas valoriza em detrimento de outras. Você cria
uma atmosfera de aprendizagem, pois permite o compartilhamento das experiências
dos alunos com você e com os colegas, realçando – e problematizando – os vários
pontos de vista dos diversos personagens que constituem sua sala de aula.
Se Clareto (2003) realça a possibilidade das crianças usarem, em suas
representações, “escalas afetivas”, Pissinati e Archela (2007), por sua vez, sugerem
abordagens para tratar a noção de escala. Os alunos podem fazer medições de
algo (por exemplo, uma das paredes da sala, a lousa, a porta, etc.) que, para ser
representado em um suporte qualquer (uma folha de papel, digamos), precisa ser
reduzido. Um pedaço de barbante pode auxiliar nessa experiência, pois ele pode ser
usado para medir o objeto e, então, ser dobrado ao meio tantas vezes quantas forem
necessárias para que a medida “original” caiba no espaço em que o objeto será
representado. Desse modo, qualquer outro elemento do mesmo espaço (no caso, a
Você deve ter observado que para o desenvolvimento de todos os aspectos que
envolvem a atividade de cartografar são necessárias diferentes noções relativas a
localização e movimentação no espaço físico para a orientação espacial, tal qual
aparecem nos Direitos de Aprendizagem. Algumas são explicitadas e exemplificadas
a seguir:
• Reconhecer seu próprio corpo como referencial de localização no
espaço (em cima e embaixo, acima e abaixo, frente e atrás, direita e
esquerda);
No Caderno Jogos
na Alfabetização Para o trabalho com essas noções, dentre as várias atividades que podem ser
Matemática, os jogos
Na Direção Certa e realizadas a simples incorporação de vocabulário apropriado na rotina escolar
Trilha dos Sabores
trabalham com esses auxilia os alunos, como: quem está a sua esquerda? quem está a sua frente?
Direitos.
A confecção de um mapa da sala de aula localizando cada uma das
crianças, também pode ser útil. Outra atividade, ainda, é a brincadeira do
robozinho em que se pede para uma das crianças “mandar” a outra virar à
esquerda, à direita e andar uma quantidade de passos com a finalidade de se
atingir algum objetivo.
• Identificar diferentes pontos de referência para a localização de
pessoas e objetos no espaço, estabelecendo relações entre eles e
expressando-as através de diferentes linguagens: oralidade, gestos,
desenho, maquete, mapa, croqui, escrita;
Uma atividade importante nesse sentido é descrever o trajeto de casa
para a escola. Solicitada diversas vezes, durante o ano, a intenção é observar
71
Arrastando o
boneco, poderá
visualizar fotos do
local.
Atividade 2
Quando trabalhamos geometria com as crianças um dos materiais clássicos é o
tangram. A figura abaixo permite, a construção de um tangram.
74
Quando é possível visualizar as peças de tangram em uma figura fica fácil, não é
mesmo? Mas, quando a figura não nos permite visualizar as linhas correspondentes
às peças sua construção se torna um desafio:
Uma atividade simples com o tangram consiste em separar peças similares. Além
disso, o manuseio e a correta nomenclatura auxiliam a criança a iniciar a construção
de seu vocabulário matemático. Discuta com seu grupo que outras possibilidades
didáticas o uso do Tangram pode oferecer.
Atividade 3
Nossa experiência com a geometria escolar, de modo geral, é limitada porque durante
muito tempo a geometria foi deixada para o fim do ano letivo. Isso significa que
precisamos, de fato, relembrar alguns conceitos. Esta atividade, tem dois objetivos:
o primeiro é relembrar conceitos relativos às características de algumas figuras
geométricas, já o segundo, não menos importante, é o de sugerir uma sequência
de atividades que podem ser realizadas com as crianças. Para a realização dessa
atividade precisamos de uma caixa de fósforos, com palitos já usados, e papel para
registro.
a) Forme todas as figuras possíveis com 3, 4, 5, 6, 7, e 8 palitos de fósforo. Registre
os desenhos que obteve e os respectivos nomes.
Atividade 4
Leia o relato da professora Maria José e discuta com seus colegas sobre as
possibilidades que este trabalho oferece relacionando-o com os Direitos de
Aprendizagem. A seguir, leia a atividade com as maquetes e discuta com o seu
grupo quais conceitos geométricos podem ser explorados com alunos de diferentes
anos do ciclo de alfabetização.
As relações entre geografia e geometria são muito antigas, até porque durante
muito tempo acreditou-se que a Terra era plana e que, portanto, podia ser medida.
Na escola a relação entre essas áreas nem sempre é explorada de forma adequada
ou, muitas vezes, não há clareza da mesma durante o trabalho com conceitos
importantes para a leitura do espaço geográfico.
É necessário lembrar que uma das mais importantes tarefas a serem realizadas
nos anos iniciais é a alfabetização geográfica que, de acordo com Kaercher (1999,
p. 12) é necessária para que o aluno não só se “aproprie do vocabulário específico
desta área de conhecimento, mas, sobretudo, se capacite para a leitura-entendimento
do espaço geográfico”. Neste sentido, ao ser alfabetizado geograficamente, o aluno
deve trabalhar com as representações simbólicas dos espaços, com os mapas e seus
elementos, o que envolve os sistemas de projeções, escalas e legendas. Os mapas
também são representações bidimensionais do espaço, envolvendo a projeção num
plano. Ao abordar esses elementos nas aulas de geografia, os professores podem
recorrer a conceitos e procedimentos didáticos da geometria, auxiliando os alunos na
apreensão dos elementos necessários para a leitura do espaço.
Nos anos iniciais, uma atividade normalmente proposta pelos professores e que
76 compõe a alfabetização geográfica é a representação do espaço vivido pelos alunos,
seja o espaço da sala de aula, da escola, da casa ou do bairro. O espaço concreto ao
ser transposto para o papel passa por um processo de redução e de projeção. Esse é o
trabalho que os cartógrafos realizam. Os alunos, no entanto, antes de realizarem a leitura
dos mapas, o que significa compreender a linguagem presente nas representações,
precisa ser inserido em atividades de mapeamento do espaço, começando do próximo
para o distante. Neste processo, recursos como as mãos, o barbante, a régua, o metro
são importantes para que o aluno compreenda a relação entre espaço real e o espaço
representado, entre a medida utilizada no plano (papel) e medida real.
Outra atividade importante envolvendo a relação geografia e geometria é a
construção de maquetes, quando os alunos constroem os espaços vividos em tamanho
reduzido. Neste caso, são trabalhados elementos cartográficos fundamentais para
a alfabetização dos alunos, tais como proporção, projeção, sistema de redução,
representação e localização. Além disso, parte-se de materiais concretos visando a
apropriação de conceitos bastante abstratos aos alunos.
Estes recursos e o mapeamento do espaço cotidiano permitem que os alunos
estabeleçam relações mais complexas de forma a compreender a linguagem simbólica
presente nos mapas com escalas pequenas. Destas atividades, parte-se depois para a
leitura e interpretação das representações cartográficas.
Solicite aos alunos que indiquem qual prédio representa o banco, a farmácia, o
açougue, a padaria, praça, entre outros.
78 Uma vez construída a cidade, podem ser desenvolvidas atividades de localização
e de movimentação. Por exemplo, questionamentos podem ser feitos, como:
Localize a padaria. Descreva o trajeto que uma pessoa poderia fazer para se deslocar
da padaria até o açougue. Esse trajeto é único? Existem outros trajetos possíveis?
Quais? Qual o trajeto mais curto?
É interessante desenhar as ruas e as quadras da cidade. Nesse sentido, quando
o aluno for identificar um trajeto, poderá se utilizar de referências, como virar à
direita, virar à esquerda, andar tantas quadras.
Atividade 5
O texto “A lateralidade e os modos de ver e representar” aborda algumas maneiras
equivocadas de se trabalhar com a questão da lateralidade. Discuta com seus colegas
as questões abaixo:
• Quais problemas acarretam no uso frequente da afirmação a mão direita é
aquela com a qual se escreve, ou, ainda, é aquela que é o lado da porta em
que está um determinado objeto!
• Como discernir entre o que está atrás e o que está no fundo da sala se muitas
vezes o que está atrás é o que está ao fundo da sala?
• Que sugestões vocês podem apresentar para desenvolver este trabalho?
Onde Estamos?
• no mundo;
• no Planeta Terra;
• no Continente Americano;
• na América do Sul;
• no País Brasil;
• no Estado do Paraná;
• na Cidade de Curitiba;
• no Bairro do Pinheirinho;
• na Rua Mário Gomes César,
• no número 1181.
Foi discutido então o que significava a palavra VIZINHO citada na música. Salientou-
80 se que vizinho não se refere apenas aquela pessoa que mora ao lado da nossa casa,
mas que vizinho pode ser também o amigo que se senta ao redor de cada um.
Questionou-se então qual era o vizinho da frente e o de trás. Para definir quais
eram os vizinhos da esquerda e da direita os alunos tiveram uma certa dificuldade,
por isso fez-se um treino à parte.
Executou-se um exercício onde o aluno apontava nas direções direita e esquerda,
salientando que a posição direita e esquerda sofre alterações quando se muda o
referencial.
Fez-se então a seguinte brincadeira: Chefinho Mandou. Na cancha os alunos se
posicionaram em cima da linha. Ao sinal da professora todos começaram a andar
em frente. A professora dava então as seguintes orientações: Chefinho mandou virar
à esquerda, chefinho mandou virar à direita, a fim de chegar a um determinado
ponto.
Voltando para a sala ficou mais fácil definir o vizinho da esquerda e da direita. Após
as definições cada aluno desenhou o seguinte esquema:
VIZINHO
DA FRENTE
VIZINHO VIZINHO
CRIANÇA
DA ESQUERDA DA DIREITA
VIZINHO
DE TRÁS
Atividade 7
Conforme comentamos, a transição para o trabalho com representações no papel
não é simples, e precisa de cuidados metodológicos. A seguir, uma sugestão de
trabalho para ser realizado em sala de aula com os alunos.
A pessoa que tem o cartão com os nomes deve comunicar a outra pessoa como
devem ser dispostas as crianças usando vocabulário adequado: está à direita de, está
à esquerda de, está à frente de, está atrás de.
Atividade 8
Quando propomos trabalhos às crianças, é importante analisarmos as produções
realizadas por elas. Leia o relato abaixo, ao final você encontrará a produções de
alguns alunos:
A B
C D
Antes de continuar a leitura, discuta com seus colegas sobre a produção dos
alunos. Depois da discussão leia a análise a seguir para compartilhar as impressões.
Atividade 10
Dentre os Direitos a serem trabalhados na escola no âmbito da Geometria destaca-
se a localização. O jogo Batalha Naval, se adaptado para as crianças do ciclo de
alfabetização, pode ser de grande utilidade. Vamos ler um pouco mais sobre este
jogo e suas possibilidades no texto abaixo:
movimentação (as bombas acertadas e as que cairam na água) pode ser registrada
86 tanto pelo atacado quanto por seu oponente. Há vários tipos de embarcações
possíveis: os porta-aviões (representados por cinco quadrados adjacentes em forma
de T), os submarinos (representados por um quadrado apenas), barcos de vários tipos
(representados, respectivamente, por diferentes quantidades de quadrados adjacentes
– Veja, na Figura abaixo, os tipos possiveis de embarcações). Antes do início do jogo
os jogadores negociam quantas e quais os tipos de embarcação serão posicionadas
nas cartelas. Uma embarcação será atingida apenas quando todos os quadrados que
a compõem tiverem sido alvejados.
O jogo Batalha Naval admite várias adaptações, seja em relação à forma das
cartelas, ao número de jogadores, ao formato dos barcos, ao modo de identificação
de cada quadrado nas cartelas (linhas poderiam ser identificadas com números e
colunas identificadas com letras, por exemplo, caso os alunos já dominem a contagem
e o alfabeto; ou linhas e colunas poderiam ser indentificadas – se em quantidade
reduzidas – com símbolos próprios, escolhidos e desenhados pelos próprios alunos).
Essas adaptações dependem, certamente, do momento da escolarização em que o
jogo for usado.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
1 1 1
2 2 2
3 3 3
4 4 4
5 5 5
6 6 6
7 7 7
8 8 8
9 9 9
10 10 10
11 11 11
12 12 12
13 13 13
14 14 14
15 15 15
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
HIDROAVIÕES
DESTROYERS
CRUZADORES SUBMARINOS
COURAÇADO
Deve-se notar, entretanto, que o jogo é uma atividade que ao mesmo tempo 87
ajuda a desenvolver várias habilidades, dentre as quais estão a criação de estratégias
de ação e – tão importante quanto – a criação de estratégias de registro, posto que
cada jogador, ao mesmo tempo, deve operar com várias informações (as bombas
lançadas por ele, as bombas lançadas pelo oponente, os navios alvejados, os pontos
de “água”, etc.), todas elas intimamente vinculadas à localização.
Uma adaptação possível – e talvez mais exequível para crianças em início da
escolarização – é a que indica reproduzir, em tamanho grande, no chão do pátio da
escola, um tabuleiro similar ao utilizado no jogo Batalha Naval. A mesma cartela, em
tamanho reduzido, serviria para os estudantes – divididos em dois ou mais grupos
– indicarem o quadrado que deve ser atingido para que a equipe seja vencedora.
Diferentemente do jogo anterior, entretanto, cada equipe indicaria em sua cartela
o quadrado a ser atingido por um membro da própria equipe (este posicionado no
quadro inicial do jogo, o quadro da coluna 1-linha 1, ou qualquer outro quadro que
se decida convencionar como ponto de partida). Nada impede, porém, que esse objeto
a ser atingido seja posicionado pela equipe oponente. As regras de um jogo, é claro,
podem ser alteradas dependendo do que se espera delas, da sua utilidade para a sala
de aula.
Cada equipe joga um dado, cujo número da face indicaria a quantidade de
quadrados a serem vencidas. O sentido do movimento, entretanto, deve ser
decidido pela equipe (que deve optar entre os comandos “para frente”, “para trás”,
“para a direita”, “para a esquerda”). As indicações da equipe e o resultado do dado
devem conduzir ao aluno, que está posicionado na grande cartela do patio, cada
vez mais perto do quadrado previamente escolhido. O jogo funciona como uma
busca ao tesouro (o quadrado previamente escolhido pela equipe), partindo de
um determinado ponto (o início da busca), e desenvolve, dentre outras noções,
o sentido de direção, a lateralidade, a criação de estratégias e noções relativas à
localização no plano.
Além do que é sugerido no texto, observe que podemos trabalhar estas mesmas
noções mesmo com crianças ainda não alfabetizadas. Para isso podemos nos valer
de tabuleiros como a seguir:
A partir de uma tabela como esta diversas perguntas podem ser feitas. Por exemplo,
que figura está na coluna vermelha e linha verde? Ou ao contrário, o posto de
gasolina está na linha e coluna de que cores?
A sala de aula também pode ser utilizada, basta dispor as carteiras em forma matricial
(em fileiras com a mesma quantidade de carteiras). Agora podemos localizar as
crianças dizendo a fileira e carteira em que elas estão sentadas.
Com o seu grupo crie adaptações do jogo Batalha Naval que tenha como objetivo
localizar objetos ou pessoas em um plano.
Atividade 11
A noção de escala é uma das mais importantes da Cartografia e da Matemática. Em
sala de aula, pensar a noção de escala indica propor atividades que enfatizem, por
exemplo, a habilidade de comparar, desenvolvendo os conceitos de “menor que”
e “maior que”, de redução e ampliação. Dessas atividades, a mais simples é a que
propõe a redução de um desenho (que o professor disponibiliza a toda a classe, já
enquadrado num plano quadriculado, na frente da sala). Atividades como essas são
facilmente encontradas na Internet e em livros didáticos. Observe:
89
Atividade 12
Selecione jogos no Caderno Jogos na Alfabetização Matemática que tratam do tema
desse caderno e experiencie com seu grupo. Selecione e/ou adapte aqueles que
podem ser utilizados na sua sala de aula.
Reprodução
Sugestões de Leituras
Sugestões de Vídeos
Sugestões de Sites
<https://maps.google.com.br/> e <http://www.correios.com.br/servi-
cos/cep/cep_estrutura.cfm> são, respectivamente, sites relativos ao aplicativo
(gratuito) de localização por mapas e satélite do Google, e ao Código de Ende-
reçamento postal, ambos já usados como referências nas atividades propostas
neste caderno.
Reprodução
cabe num livro?, de Ilan Brenman.
• Fazer as atividades 3, 4, 5 e 6 da
seção “Compartilhando”.
Reprodução
e Nem Tanto, de Marina Colasanti.
2. Procurar nos livros didáticos a que tem acesso atividades que desenvolvam cada
um dos Direitos de Aprendizagem destacados ao longo dos textos.
3. Aplicar e registrar uma das atividades que foram escolhidas e adaptadas pelo
grupo.
Referências
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