Metabol PlaquetasRoberta
Metabol PlaquetasRoberta
Metabol PlaquetasRoberta
2. Produção de plaquetas
São produzidas através da fragmentação de pseudópodos da membrana citoplasmática de
megacariócitos na medula óssea (HARVEY, 2012) e o processo de geração de plaquetas
circulantes pelas células hematopoiética pode ser dividido em megacariopoiese e trombopoiese.
Megacariocitopoiese é o processo pelo qual os megacariócitos sofrem proliferação e
maturação a partir da célula progenitora da medula óssea (SZALAI et al., 2006), e ocorre em
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Cocco, R. Metabolismo das plaquetas. Seminário apresentado na disciplina de Bioquímica do Tecido
Animal, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, 2016. 7 p.
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tecidos hematopotiéticos, sobretudo a medula óssea. Os processos de proliferação e maturação
que se iniciam na célula progenitora mielóide ocorrem devido à multiplicação clonal, fatores de
transcrição e por citocinas, principalmente trombopoietina, culminando na produção de
megacariócitos maduros (HARVEY, 2012).
A trombopoiese é o processo de formação de plaquetas a partir de megacariócitos maduros e
sua liberação para a circulação, sendo mediada principalmente pela trombopoietina a qual,
sozinha, é a citocina responsável pelas modificações que ocorrem no citoplasma do
megacariócito maduro permitindo a liberação de plaquetas na corrente sanguínea (SZALAI et
al., 2006). As plaquetas desprendem-se dos megacariócitos maduros diretamente no sangue por
fragmentação citoplasmática ou pela constrição periódica de pseudópodes citoplasmático
megacariocitícos. A trombopoiese ocorre na medula óssea e em outros locais de hematopoiese
(p. ex. no baço). Também pode ocorrer nos pulmões, onde alguns megacariócitos maduros
residem após deixar a medula óssea.
Estima-se que um megacariócito produza de 1.000 a 3.000 plaquetas, dependendo do
tamanho do megacariócito sendo um mecanismo altamente eficiente e dinâmico, pois os
megacariócitos são relativamente escassos na medula óssea e a quantidade de plaquetas no
sangue periférico é elevada (SZALAI et al., 2006).
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determinados fatores da coagulação (GPIb, receptor para trombina e fator de Von Willebrand; o
complexo GPIIb-IIIa e receptor para o fibrinogênio). No citosol tem o citoesqueleto que está
associado a um anel microtubular periférico e a actina e miosina abundantes, que mantém a
forma discóide da plaqueta, permitindo a alteração da forma (formação de pseudópodes com
ativação) e orientam os movimentos plaquetários para a eliminação de produtos secretados
através do sistema canicular aberto de invaginações da membrana e para a retração do coágulo.
Várias estruturas encontram-se na zona de organelas, entre elas os α-grânulos que contêm
proteínas como o fator plaquetário IV, a β-tromboglobulina, o fator de crescimento derivado de
plaquetas, os fatores de coagulação (V, VIII), albumina, fibrinogênio, FvW (fator de von
Willebrand) e PF4 (antagonistas de heparina), envolvidos na hemostasia e reparação vascular e
secretados com estímulos apropriados. Também há a presença dos grânulos densos que contêm
Ca2+ (cálcio), Mg2+ (Magnésio), serotonina, pirofosfato, antiplasmina, ADP (difosfato de
adenosina) e ATP (trifosfato de adenosina), todos os quais são secretados estímulos apropriados.
Além disso, há a presença de reservas de glicogênio e de mitocôndrias para energia.
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5. Metabolismo das plaquetas
O metabolismo plaquetário compreende uma série de reações que ocorre na plaqueta quando
ela está desempenhando sua função na hemostasia primária, através da adesão, ativação
(secreção) e agregação plaquetária (Figura 3).
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A ligação do FvW ao complexo glicoprotéico Ib também induz a secreção de ADP, que
aumenta a adesão plaquetária e contribuem para a formação posterior de um agregado
plaquetário pela ligação ao fibrinogênio. A adesão plaquetária induz uma rápida transdução de
sinal, desencadeando uma série de eventos (ativação plaquetária, mudanças no citoesqueleto
associadas à alteração na conformação, expansão de pseudópodos, contração e secreção dos
conteúdos granulares) que sustentarão a adesão e a subseqüente agregação plaquetária via
receptor GpIIb/IIIa.
O primeiro sinal de ativação plaquetária é sentido na sua membrana externa, onde os fatores
capazes de promover esta ativação (agonistas plaquetários) se ligam aos seus
receptores específicos. Os agonistas plaquetários são o ADP, a trombina, a epinefrina, o fator de
ativação plaquetária (PAF), o tromboxano e o colágeno (KICKLER, 2006).
Uma vez que um agonista se liga ao seu receptor específico (receptor de membrana
plasmática), a sua proteína G ativa uma enzima geradora de sinal, a fosfolipase C. A fosfolipase
C que já se encontra no citosol da plaqueta, hidrolisa o fosfolipídeo da membrana plaquetária, o
fosfatidilinositol 4-difosfato (PIP-2), gerando os segundos mensageiros: o diacilglicerol (DAG)
e o trifosfato de inositol (IP3).
O IP3 provoca o aumento do cálcio iônico intraplaquetário (Ca2+) e o DAG ativa a proteína
quinase C (PKC), que leva à fosforilação de diversos substratos, inclusive da p47-phox, que
contribuem para a secreção plaquetária de substâncias contidas nos grânulos densos e mudança
de forma e agregação plaquetária. O aumento de Ca2+ intraplaquetário, gera estímulo para a
síntese do tromboxano A2 (TXA2) e produz a fosforilação da cadeia leve da miosina. A síntese
do TXA2 ocorre a partir de uma série de reações: o aumento de Ca2+ intraplaquetário estimula a
fosfolipase A2 (PLA2) que hidrolisa fosfolipídeos da membrana, particularmente
fosfatidilcolina e fosfatidiletanolamina, liberando assim o ácido araquidônico. Este ácido
liberado é então substrato para as enzimas cicloxigenases (COX1, COX2 e peroxidase), que
desencadeiam a síntese das prostaglandinas. A enzima tromboxano sintetase age sobre a
prostaglandina, realizando assim a síntese do TXA2. O TXA2 age como um potente agregador
de plaquetas (maior descoberto até agora) e vasoconstritor.
A miosina, ao interagir com a actina, promove, por contração, a compressão dos
constituintes do citosol plaquetário, inclusive dos corpos densos e grânulos alfa, e com isso leva
à secreção de substâncias. A actina e a miosina também promovem a mudança de forma das
plaquetas.
Após a ativação, as plaquetas secretam o conteúdo dos grânulos densos (ADP, cálcio, ATP,
GTP, tromboxano e serotonina). O ADP irá promover maior ativação plaquetária. Os grânulos α
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fundem-se para a membrana plasmática e libertam o seu conteúdo após a ativação das plaquetas.
Estes grânulos contêm as moléculas adesivas, fator de crescimento, fibrinogênio, FvW,
fibronectina e trombospondina, que promovem a adesão e a agregação adicional. Com a
secreção do conteúdo dos grânulos, irá ocorrer a mudança de forma das plaquetas, levando a
forma de pseudópode que facilitará a agregação de outras plaquetas (KICKLER, 2006).
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