Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações (1. Edição, 2009)
Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações (1. Edição, 2009)
Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações (1. Edição, 2009)
Anne Louette
Gestão do Conhecimento idealizadora e organizadora
Anne Louette
patrocínio
IDEALIZADORA e ORGANIZADORA
Indicadores de Nações
Formada pela Faculdade de Administração de
Empresas da Fundação Getúlio Vargas SP.
Indicadores de Nações
É diretora estatutária e voluntária do Reciclar
desde 1998 (www.reciclar.org.br). Uma contribuição ao diálogo da Sustentabilidade
Trabalhou no Instituto Ethos de Empresa e
Responsabilidade Social como coordenadora de um
novo projeto, tratando-se do Instituto Akatu pelo
Consumo Consciente.
Compêndio de Indicadores
de Sustentabilidade de Nações
ESPANHA república tcheca
REALIZAÇÃO Revisão AENOR MEDIO AMBIENTE (1993) EKOLOGICKY SETRANY VYROBEK (1993)
Anne Louette Assertiva Produções Editoriais Site: www.aenor.es/desarrollo/certificacion/ Site: www.ekoznacka.cz/ENG/
[email protected] productos/tipo.asp?tipop=2#1
Projeto Editorial e Diagramação
EQUIPE:
Report Design SINGAPURA
Pesquisa GREEN LABEL SINGAPORE (1992)
FILIPINAS
Anne Louette Inscrição na Lei Rouanet GREEN CHOICE PHILIPPINES (2001) Site: www.sec.org.sg/greenlabel_htm/greenlable_
frameset.htm
Silvia Laudisio Agência de Cultura Site: www.epic.org.ph/product.htm
Edição e Textos
Editora
Fernando Felício Pachi Filho FRANÇA ESCANDINAVIA
Antakarana Cultura Arte Ciência MILJÖMÄRKT
Prix Consultoria em Comunicação e Ltda. / Willis Harman House NF ENVIRONNEMENT (1992)
Gestão de Prêmios
1.ª edição THE WHITE SWAN”
Site: www.afnor.fr/portail.asp?Lang=English (NORDIC SWAN LABEL) (1989)
Tradução (inglês) Tiragem São Paulo, SP Site: www.svanen.nu/Eng/
André Alonso Marinho Machado 8 mil exemplares 2009 HOLANDA
MILIEUKEUR (1992) SUÉCIA
Site: www.milieukeur.nl BRA MILJÖVAL (1992)
AVISO AOS LEITORES Site: www.snf.se/bmv/english-more.cfm
http://www.milieukeur.nl/nl-NL/default.aspx
Este guia, Gestão do Conhecimento Volume II – Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações, traz informações
de uma variedade de fontes públicas. Foram citadas todas as referências apropriadas à(s) fonte(s) de informação e procuradas
as aprovações para sua divulgação, quando ainda em fase de elaboração. Este levantamento procurou manter a integridade HUNGRIA
TCO (SWEDISH CONFEDERATION OF
das informações e respeitar a forma pela qual o seu conteúdo é apresentado por seus mentores, de modo a trazer ao leitor um KÖRNYEZETBARÁT TERMÉK (1994)
PROFESSIONAL EMPLOYEES)
retrato fiel de como esses indicadores foram concebidos e para que são utilizados. A atualidade e exatidão das informações Site: www.okocimke.kvvm.hu/ Site: www.tcodevelopment.com
devem ser creditadas a essas mesmas fontes, de onde foram extraídas. Caso alguma informação tenha sido atribuída de forma public_eng/?ppid=2200000 ou www.
incorreta, ou possa ser enriquecida com dados e comentários úteis, agradeceremos o contato. É permitida a reprodução do kornyezetbarat-termek.hu/angism.htm
conteúdo desta publicação, desde que citada a fonte correspondente ao texto reproduzido. Agradecemos.
TAILÂNDIA
ÍNDIA GREEN LABEL: THAILAND (1994)
COMPÊNDIO ON–LINE www.compendiosustentabilidade.com.br ECOMARK (1991)
Site: www.tei.or.th/bep/GL_home.htm
Gestão do Conhecimento Volume II – Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações On-line disponibiliza Site: envfor.nic.in/cpcb/ecomark/ecomark.html
o conteúdo desta publicação na Internet, de forma organizada e constantemente revisada, permitindo manter os
indicadores sempre atualizados com as questões mais relevantes da sustentabilidade no País e no mundo. O Compêndio de
Indicadores de Sustentabilidade de Nações On-line é, consequentemente, parte de um esforço coletivo para ampliar o uso TAIWAN
INDONÉSIA GREEN MARK (1992)
dos Indicadores de Sustentabilidade de Nações para sustentabilidade desenvolvidas, no Brasil e no exterior, por articular
EKOLABEL INDONESIA Site: www.greenmark.epa.gov.tw/english/index.asp
tecnologias sociais entre gestores e mentores. O fins são o desenvolvimento sustentável e que sua constante prática faça
parte da cultura, em todos os níveis da sociedade. Informações: [email protected] Site: www.menlh.go.id ou www.greenmark.org.tw/
ISRAEL UCRÂNIA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) GREEN LABEL – THE STANDARDS THE PROGRAM FOR DEVELOPMENT OF
INSTITUTION OF ISRAEL ECOLOGICAL MARKING IN UKRAINE
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Site: www.sii.org.il/siisite.nsf/Pages/GreenMark Site: www.ecolabel.org.ua/
Indicadores de Nações: uma Contribuição ao Diálogo da Sustentabilidade:
Gestão do Conhecimento / organização, pesquisa, textos e captação de recursos Anne Louette. - 1.ed.
São Paulo: WHH – Willis Harman House, 2007. Vários Colaboradores
JAPÃO UNIÃO EUROPEIA
ECO MARK (1989) European Commission – DG
Bibliografia ENVIRONMENT
ISBN 978-85-88262-16-4
Site: www.ecomark.jp/english/
Site: http://europa.eu.int/comm/environment/
ecolabel/index.htm
1. Desenvolvimento sustentável 2. Indicadores políticos 3. Indicadores sociais NOVA ZELÂNDIA Department for Environment, Food and Rural
4. Responsabilidade ambiental 5. Responsabilidade social I. Louette, Anne ENVIRONMENTAL CHOICE Affairs (Defra)
NEW ZEALAND (1990) Site : www.defra.gov.uk/environment/
07 - 8003 CDD - 300.216 consumerprod/ecolabel/index
Site: www.enviro-choice.org.nz
Índices para catágolo sistemático:
A presente publicação, Gestão do Conhecimento – Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações, é a segunda da trilogia e traz
como conteúdo mais de 25 Indicadores de Sustentabilidade de Nações em processo de aplicação no exterior e no Brasil para “tentar derrubar a velha
e insustentável economia, amparada pela trágica ilusão das métricas do PIB”.
A proposta é definir padrões sustentáveis de desenvolvimento que considerem aspectos ambientais, econômicos, sociais, éticos e culturais. Para isso,
tornou-se necessário definir indicadores que mensurem, monitorem e avaliem esses padrões sustentáveis, para nortear nossos rumos.
Enquanto o volume I é dirigido mais especificamente para gestores, a presente publicação, Gestão do Conhecimento – Compêndio de Indicadores
de Sustentabilidade de Nações, é dirigida para auxiliar nossos governantes. O desafio é de todos, ou seja, a interdependência planetária não exime
ninguém do diálogo, das tarefas e do sucesso de seus resultados.
Da mesma forma que o volume I levanta a necessidade de utilizarmos ferramentas de gestão que auxiliem na construção dos resultados de nossas
atividades gerenciais rumo à sustentabilidade do planeta, a presente publicação levanta a necessidade de desenvolver e cobrar de nossos governantes
indicadores capazes de avaliar a sustentabilidade para que ‘‘sirvam de base sólida para adotar decisões em todos os níveis e que contribuam para uma
sustentabilidade autorregulada dos sistemas integrados do meio ambiente e o desenvolvimento” (ONU 1992).
Afinal de contas, se quisermos ser sustentáveis e cobrar esses resultados de nossos governantes, precisamos saber medir essa sustentabilidade. Se
quisermos orientar a economia para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar comum (diminuir a miséria, promover a justiça e a dignidade para
todos), canalizando racionalmente os nossos esforços produtivos para resultados sustentáveis, devemos construir os instrumentos de avaliação desses
resultados. Só assim se pode construir uma base para decisões políticas e criação de estratégias condizentes com o estado atual do mundo, de escassez
e insustentabilidade.
Um exercício do diálogo com alicerce na ética, capaz de conciliar três forças distintas – o chamado primeiro setor, ou poder público; o segundo setor,
constituído pelo poder privado; e o terceiro setor, representado pelas organizações não governamentais – será imprescindível para chegar a um con-
senso sobre as possíveis soluções: o reconhecimento de políticas públicas e seus respectivos indicadores como fator de universalização de interesses
coletivos e a coerência dos agentes econômicos e dos nossos governantes na relação entre esse consenso e suas práticas cotidianas.
Sem pretensões de apresentar fórmulas mágicas, únicas e uniformes, o conteúdo propõe aos leitores o empoderamento de conhecimentos que resultarão
na geração de novas ideias, promovendo constantes benefícios a todos os envolvidos. Ao mesmo tempo, não temos a pretensão de apresentar um detalha-
mento dos procedimentos metodológicos dos Indicadores de Sustentabilidade de Nações, até porque, infelizmente, os métodos de pesquisa nem sempre
são suficientemente definidos, com suas variáveis e principais fatores a serem utilizados, bem como técnicas ou procedimentos a serem empregados.
Esta publicação cumpre as funções de informar e de promover o diálogo. Trata-se de uma transformação dinâmica da própria consciência da socie-
dade. Ao disseminar esses conceitos, procuramos oferecer o instrumental para reflexão.
Por fim, o volume III, a ser lançado em 2010, trará o protagonismo como instrumento para o avanço de “uma sociedade civil forte, que permite que
as pessoas, inclusive as mais vulneráveis, influenciem e monitorem políticas públicas de todos os níveis e exijam que os governos prestem contas,
moral e financeiramente, das suas promessas de reduzir pobreza e exclusão social”.
A sociedade civil pode e deve doar seu tempo, talento, experiência e entusiasmo. A sociedade civil pode se organizar em cooperativas, organi-
zações não governamentais, instituições acadêmicas e associações de mulheres, jovens ou populações tradicionais. O engajamento, porém, não
se limita às organizações formais. Inúmeras pessoas estão envolvidas em ações voluntárias que fazem grande diferença, formando amplas redes
sociais. Muitas organizações da sociedade civil têm provado ampla capacidade de mobilização e têm criado demandas que mantêm líderes com-
prometidos em prol de um mundo melhor.
2
INTRO
3
INTRO
Syngenta
A Syngenta, aplicando as diretrizes de sua política de res- ções que otimizem cada vez mais o uso dos recursos naturais,
ponsabilidade corporativa, sente-se honrada em participar e como água e solo.
contribuir para a produção do livro Gestão do Conhecimento
A Syngenta promove a agricultura sustentável como elemen-
– Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações.
to essencial para o seu negócio e de seus clientes e para a
Como empresa comprometida com a sustentabilidade garantia do futuro da sociedade. E espera, com os exemplos
por meio da agricultura, a Syngenta contribui para o for- dessas práticas, inspirar outras empresas a atuar nesse setor
necimento de alimentos em maior quantidade e com mais para colher bons resultados.
qualidade para as próximas gerações. Um exemplo disso é Boa leitura.
a constante busca de novas tecnologias para prover solu- Syngenta
Itaipu
A alteração de qualquer situação passa, necessariamente, pela A Itaipu Binacional acredita nisso. E desde sua criação adota a
assunção da responsabilidade de cada um em sua criação. Ao atitude de ter cuidado com o ser humano e o ambiente natural
identificar que, independentemente do papel que cada um de na administração da maior geradora de energia hidrelétrica do
nós exerceu, todos contribuímos para o quadro do planeta nos mundo. Atitude que se expressa dentro e fora de seus muros,
dias atuais, temos a chance de nos tornamos mais humildes e no respeito aos parceiros, no trabalho cooperativo com gover-
conscientes de que é preciso estabelecer um novo propósito nos e sociedade, no permanente sentir-se responsável pelas
diante da vida. É quando sentimos, dentro de cada um de nós, suas iniciativas ou ausência delas. Pois sempre alteramos nos-
a urgência da ação impostergável. A mudança começa em um so entorno, para melhor ou para pior, por ação ou por omissão.
e propaga-se numericamente pelo exemplo. Esta publicação traz o que de melhor vem sendo elaborado
Todos os instrumentos disponíveis a cada segmento – sejam para direcionar a vida humana rumo ao bem-estar e à harmo-
os governos, o universo corporativo, a academia ou a socie- nia com a natureza. Nós nos sentimos honrados em colaborar
dade civil – serão úteis desde que seu uso seja baseado nas para que este Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade
melhores escolhas. Atitudes como respeito, cooperação, cui- de Nações seja inspirador para o maior número de pessoas e
dado e responsabilidade do ser humano para com o outro e adotado como instrumento para a promoção das mudanças de
destes para com a natureza parecem ser a base das decisões que necessitamos para ser felizes.
acertadas.
Jorge Miguel Samek
Diretor-Geral Brasileiro da Itaipu Binacional
apoio institucional
4
INTRO
SESI
Formulada no “Mapa Estratégico da Indústria 2007-2015”, do- equilíbrio necessário entre os seus aspectos econômico, social
cumento de iniciativa da CNI construído com a participação e ambiental, sem esquecer da importância de que se atente para
de todas as Federações Estaduais de Indústrias a ela afiliadas e a necessidade de redução das desigualdades regionais e sociais.
de dezenas de associações de âmbito nacional representativas
Não por acaso o SESI, hoje, é considerado um eficiente for-
dos diversos setores industriais, além de expressivas lideranças
mulador e gestor de políticas sociais para o setor produtivo,
empresariais, a visão da indústria sobre a sua perenidade, seu
merecendo reconhecimento da sociedade como uma das mais
papel na sociedade e o desenvolvimento sustentável estimula
conceituadas organizações da área social do País. Presente nos
a cultura da responsabilidade social corporativa e a utilização
26 Estados e no Distrito Federal, somando 2.055 municípios
crescente de ferramentas de gestão socioambiental.
atendidos, o SESI não é apenas pioneiro nessa área, mas um
Nesse contexto, os indicadores de sustentabilidade apresenta- agente de transformação.
dos nesta publicação ampliam e incentivam a compreensão e a
implantação de um modelo econômico que viabilize a sua ma- Antonio Carlos Brito Maciel
nutenção ao longo do tempo, avançando na conscientização do Diretor-Superintendente do SESI
Shell
O desafio com que o mundo se defronta é monumental: pre- construção de um futuro sólido e inclusivo. Ao apresentar de
cisamos alimentar o desenvolvimento e reduzir a pobreza, forma estruturada as diversas ferramentas e instrumentos de
de forma social e ambientalmente responsável. Ajudar a en- sustentabilidade disponíveis no mundo, o livro Gestão do Co-
frentar esse desafio e, ao mesmo tempo, continuar a ser uma nhecimento - Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade
companhia competitiva constitui o cerne da contribuição da de Nações muito contribuirá para o fortalecimento desse di-
Shell para o desenvolvimento sustentável. Procuramos fazer álogo e a consequente troca de experiências. Os desafios são
isso de forma criativa, inovadora e, sobretudo, com respeito grandes e só serão vencidos com a participação de todos, so-
às pessoas. ciedade civil, governos e empresas.
Nesse sentido, consideramos o diálogo fundamental para a
apoio institucional
5
INTRO
Celebro este Compêndio de Sustentabilidade como um guia indispensável para as novas e importantes ferramentas de ges-
tão do século XXI. Anne Louette demonstra conhecimento e visão aprofundados na avaliação de todas essas ferramentas de
avaliação de desempenho socioambiental, de empresas, governos e organizações da sociedade civil em todo o mundo.
Essa pesquisa cobre um amplo espectro, identificando os novos modelos, métricas, indicadores e metodologias em-
pregados nessa mudança de paradigma visando à gestão das sociedades humanas para uma sustentabilidade de longo
prazo. Para os campos da contabilidade e estatística, os relatórios de sustentabilidade representam a maior revolução
desde a invenção da escrituração contábil em partida dobrada.
A resposta inicial de estatísticos, contadores, escolas de administração e gestão corporativa havia sido desconsiderar
todos os novos dados e eventos resultantes de mudanças nos ecossistemas da Terra, desde poluição, perda de biodi-
versidade e desertificação até inundações, incêndios e variações climáticas extremas, que foram os primeiros sinais
da mudança climática. Hoje, entendemos que o planeta é o nosso ambiente de aprendizado programado, ensinando
diretamente os homens, apresentando um espelho para nosso comportamento, sistemas de crenças e valores. A Terra
está nos mostrando quais de nossos modos de ser e fazer são agora insustentáveis, desde os resíduos e o consumismo
trivial até os contínuos aumentos trimestrais nos lucros das empresas e as fantasias de crescimento ilimitado do PIB.
Um dos mais graves erros que os relatórios de sustentabilidade corrigem é a confusão disseminada em todo o mundo
pela economia convencional, que equipara dinheiro com riqueza. Como podemos ver pelo aumento nos preços das
commodities, a verdadeira riqueza reside nos recursos naturais e nos serviços que os ecossistemas saudáveis fornecem
aos homens. Estamos aprendendo essas lições de múltiplas formas, a partir dos preços do petróleo e da compreensível
nacionalização dos recursos, pois, agora, mais de 77% das reservas mundiais privadas de petróleo estão sob o controle
de governos, em vez de empresas privadas e dos mercados. A geopolítica da nova escassez de recursos invalidou as
suposições da economia acadêmica de que ar, água e biodiversidade eram “bens gratuitos”.
As guerras e as abordagens militaristas para a resolução de conflitos estão claramente obsoletas. Hoje, vemos espe-
cialistas militares e generais na TV nos alertando de que não há solução militar possível no Iraque, na Geórgia ou
na atual ordem mundial, em que os EUA não são mais a superpotência mundial. Negociações multilaterais e formas
sustentáveis de desenvolvimento continuarão a ser a principal geopolítica do século XXI. Hoje em dia, as armas de
escolha são as moedas, os recursos naturais e a corrida rumo à educação universal, inovações científicas e tecnológicas
para além da industrialização movida a combustíveis fósseis dos últimos 300 anos – rumo à Era Solar, de economias
mais limpas, mais verdes, que trabalham em conjunto com a natureza, e não contra ela.
As sociedades humanas estão gradualmente se adaptando a todas essas mudanças na Terra, cada uma com a forma
determinada por sua cultura. Esses processos de adaptação no seio de governos e empresas têm sido incentivados
pela ascensão da sociedade civil: “globalistas de base” se reuniram, em 1999, em Porto Alegre, no primeiro encontro
do agora global Fórum Social Mundial. A ascensão da sociedade da informação global, graças à Internet, está agora se
transformando em uma nova Era da Verdade, em que os cidadãos podem expor os delitos das empresas e dos governos
e prejudicar a marca, a reputação e a cotação das ações de uma empresa em tempo real.
Daí a crucial importância de todos os novos modelos, métricas, indicadores e outras ferramentas de gestão socio-
ambiental compilados neste volume, que permitem comparabilidade, comunicação entre os usuários e rapidez nos
avanços metodológicos.
Este livro também satisfaz as necessidades dos gestores do dia a dia, assim como dos acadêmicos, que precisam rapida-
mente atualizar as grades curriculares nas faculdades de administração em todo o mundo. Nesse ponto, o Brasil tem
sido pioneiro, por meio do trabalho inovador do Instituto Ethos, do UniEthos e das instituições voltadas à gestão, como a
Fundação Dom Cabral, a Fundação Getúlio Vargas e a Amana-Key Desenvolvimento e Educação, a Willis Harman House
e a World Business Academy. Novos meios de comunicação podem acelerar o aprendizado social, tais como minha insti-
tuição Ethical Markets Media, LLC, nos EUA e na Europa, e nosso parceiro, Mercado Ético, no Brasil.
Se, por um lado, as empresas têm avançado bastante nos relatórios de sustentabilidade, a parte financeira ainda está
correndo atrás: os Princípios para o Investimento Responsável da ONU (hoje representando US$ 15 trilhões em
ativos geridos) e o Carbon Disclosure Project (US$ 54 trilhões) estão liderando a tendência, junto dos Princípios do
Equador e do ISE da Bovespa. Os modelos de precificação de ativos ainda precisam incorporar melhor os critérios
socioambientais e de governança, e o triple bottom line da Global Reporting Initiative precisa ser expandido para todas
as corporações globais e todos os mercados de títulos.
6
INTRO
A implosão dos modelos de análise de risco de Wall Street e o uso negligente de alavancagem, derivativos, especulação
e venda a descoberto nos ensinam uma dura lição sobre o papel vital da ética e da confiança em todos os mercados. Os
limites de ganância, egoísmo, inveja, avareza, acumulação, entesouramento e excessiva concorrência, todos considera-
dos pecados mortais na maioria das religiões, estão claros agora. E finalmente, após décadas de esforços, as fantasias
infantis de um PIB eternamente em crescimento estão caindo na realidade.
Estive presente na assinatura da Agenda 21, no Rio de Janeiro, em 1992, quando mais de 170 países concordaram em
aprimorar sua contabilidade do PIB. Apresentei, no Parlamento Europeu, a conferência Taking Nature into Account
(“Levando a Natureza em Consideração“) em 1995. Criei os Indicadores de Qualidade de Vida Calvert-Henderson,
com o Grupo Calvert, em 2000 (atualizado regularmente em www.calvert-henderson.com). Tive a honra de apresen-
tar esses indicadores no Parlamento Latino-Americano, no Eurostat e em muitos outros locais: na China, no Japão,
na Austrália e, em 2003, em Curitiba, na conferência Icons, em que 700 líderes empresariais e estatísticos endossaram
as muitas novas métricas de “qualidade de vida” necessárias nas contas nacionais [Statisticians of the World Unite!
(Estatísticos do Mundo, Uni-vos!) em www.hazelhenderson.com].
Em 2007, organizei o debate Beyond GDP (Além do PIB), no Parlamento Europeu, em que outros 700 membros
do parlamento e estatísticos endossaram todas essas mesmas correções ao PIB. A Globescan de Londres e a Ethical
Markets Media, LLC realizaram uma pesquisa em 10 países, para a Comissão Europeia, sobre o tema Além do PIB.
A grande maioria em todos os 10 países, inclusive no Brasil (69%), apoiou a correção do PIB para ajudar a conduzir
os países no rumo da sustentabilidade (www.beyond-gdp.eu). Até mesmo os EUA estão despertando, e o Senado teve
sessões, em março de 2008, com o tema Repensando o PIB.
Com este importante Compêndio de Sustentabilidade, todas essas questões, sejam elas locais, corporativas ou globais,
são abordadas conjuntamente, em um guia que nos conduz a um futuro melhor.
Hazel Henderson
St. Augustine, Flórida, setembro de 2008
7
INTRO
8
INTRO
Enquanto o tangível/material é finito e limitado, o intangível é elástico, ilimitado, e pode ser o caminho para novos modelos inclusivos,
baseados em cooperação. Quando somado às tecnologias digitais (e bits também são infinitos), temos uma pluralidade de opções colabo-
rativas e surge um novo termo: “economia da abundância”, que pode originar modelos mais solidários de viver.
E mais: atividades baseadas em recursos intangíveis são multidimensionais, podendo atuar nas quatro dimensões da sustentabilidade:
econômica, social, ambiental e simbólica/cultural. Têm um forte impacto econômico, é certo, mas podem ir além, atuando como fator de
interação social, ambientalmente correto e que fortalece os valores, os diferenciais e a credibilidade de comunidades e empresas.
Tudo isso, em teoria, é maravilhoso, representa um potencial que mais parece uma galinha de ovos de ouro. O problema é que, permane-
cendo presas a modelos do passado, nossas políticas e estruturas resultam em canja de galinha de ovos de ouro.
Ao adotar como parâmetro exclusivamente o econômico, mantemo-nos presos a modelos do passado, e o desafio, agora, é fazer com
que as lideranças dos setores público, privado, terceiro setor e empreendedores criativos tenham consciência da mudança de época em
que estamos, dos enormes potenciais que ela oferece e da mudança de mentalidade e políticas para aproveitá-los. Um tema central é a
necessidade de mudar os indicadores de riqueza e as formas de mensuração e avaliação. Tentar avaliar quantitativamente os recursos
intangíveis ou as quatro dimensões que são os pilares da sustentabilidade é como tentar medir litros com régua. Impossível. Não se pode
medir de forma linear o que é multidimensional.
A própria economia terá de ser revista, já que uma de suas definições era “gestão dos recursos escassos”. Criatividade e cultura são recursos
abundantes, especialmente nos países do hemisfério sul, e representam um enorme patrimônio, que pode provocar uma revisão no conceito
de riqueza e pobreza. Recurso é muito mais do que dinheiro e deve, além do econômico, incluir as dimensões cultural, social e ambiental.
A prática mostra que a equação do desenvolvimento sustentável não é apenas econômica. Cada dimensão tem seus próprios capitais:
capital humano, capital cultural, capital social, capital ambiental. Isso leva a um intercâmbio de moedas ainda pouco reconhecido e estu-
dado: o investimento feito em moeda-dinheiro, por exemplo, pode ter um retorno em moeda-social; o investimento realizado em moeda-
-ambiente pode gerar um retorno em moeda-simbólica; e assim por diante. Exemplos como o da música no Pará ou o do audiovisual na
Nigéria mostram essa conversão de “moedas”: a chave do sucesso desses modelos está na distribuição, pois quem vende os produtos são
os camelôs. Nesse processo, deixa-se de receber a moeda-dinheiro dos direitos autorais, mas se recebe em moeda-visibilidade, que torna
os autores conhecidos e desejados, ampliando o mercado, que, por sua vez, gera moeda-inovação constante, e tudo isso cria um processo
amplo e dinâmico que, ao final, gera moeda-dinheiro.
Mensurar o intangível é também passar de uma visão exclusivamente quantitativa para uma visão que inclui o qualitativo. O foco em
resultados deve ser ampliado para incluir avaliação de impactos: verificar o que mudou, que benefícios foram gerados nas outras dimen-
sões, além da econômica. Avaliar resultados de programas de música na favela, como os do Afroreggea, pelo número de músicos que se
profissionalizou é como medir litros com régua. Quanto vale a autoestima de uma comunidade? Quanto valem vidas poupadas? Quanto
vale acreditar que há futuro?
Avaliar e medir atividades criativas e culturais requer parâmetros que ainda não foram desenvolvidos. Por exemplo: a economia da dança
é pequena, talvez a parca soma de bailarinos, coreógrafos e espetáculos. Mas a economia do “dançar” é grande, pois inclui as festas popu-
lares (como o carnaval); a vida noturna; todo o “fitness” com seus respectivos equipamentos, espaços, conteúdos, adereços etc.
Da mesma forma que no âmbito micro, do desenvolvimento local, os projetos e suas formas de avaliação e mensuração deveriam ser mul-
tidimesionais e ter “capitais” e “moedas” que correspondessem a essas dimensões, o mesmo acontece no âmbito macro, dos indicadores
de riqueza e desenvolvimento que avaliam estados e nações.
Indicadores que de fato mereçam esse nome devem incluir as riquezas e a diversidade natural e cultural; os pilares das relações profissio-
nais e pessoais: ética, autoestima, solidariedade e confiança; e fatores que garantam qualidade de vida num sentido mais amplo, como o
proposto pela Felicidade Interna Bruta do Butão.
Estamos saindo de um momento que trouxe muita inovação, em que os vários setores e linguagens tiveram de “economicizar”, para um mo-
mento em que a economia necessitará se ampliar e fazer jus ao Eco que carrega no nome, que vem de Oikos (casa, lar), como na Ecologia. Uma
nova Economia para a gestão dos recursos abundantes que os recursos intangíveis e a tecnologia oferecem, em um mundo baseado na per-
cepção de nossa interdependência e ,portanto, ciente de que a chave está na cooperação. Uma nova economia Inclusiva, cuja dinâmica venha
da relação harmônica entre macroeconomia de escala e a microeconomia de nicho. Uma nova economia que necessitará de novas medidas,
moedas e indicadores.
Lala Deheinzelin
9
INTRO
Ladislau Dowbor
Se quisermos orientar a economia, canalizando racionalmente os nossos esforços produtivos para resultados que
nos interessem, devemos construir os instrumentos de avaliação desses resultados. Celso Furtado utiliza o conceito
de “rentabilidade social”, conceito que diz o essencial, mas que pode nos levar a confundir a visão da produtividade
macroeconômica com a produtividade dos setores que normalmente identificamos com o “social”, como educação,
saúde etc. Talvez seja mais explícito o conceito de produtividade sistêmica2.
A lógica básica é simples: quando um grande produtor de soja expulsa agricultores para as periferias urbanas da região,
podemos, eventualmente, dizer que aumentou a produção de grãos por hectare, a produtividade da empresa rural. O
empresário dirá que enriqueceu o município. No entanto, se calcularmos os custos gerados para a sociedade com as
favelas criadas e com a poluição das águas, por exemplo, ou o próprio desconforto de famílias expulsas das suas ter-
ras, além do desemprego, a conta é diferente. Ao calcular o aumento de produção de soja, mas descontando os custos
indiretos gerados para a sociedade, o balanço sistêmico será mais completo, e tecnicamente correto. Ou seja, temos
de evoluir para uma contabilidade que explicite o resultado em termos de qualidade de vida, de progresso social real.
De forma semelhante, quando um país vende os seus recursos naturais, isso aparece nas nossas contas como aumento
do PIB, quando, na realidade, o país está vendendo recursos naturais herdados, que não teve de produzir e que não vai
poder repor, e, portanto, está se descapitalizando, aumentando a riqueza imediata às custas das dificuldades futuras.
O que herdamos, em termos de metodologia, é o sistema de contas nacionais elaborado ainda nos anos 1950, no quadro
das Nações Unidas, com ajustes em 1993, e que nos fornece o famoso PIB, soma dos valores e custos de produção de
bens e serviços, restrita, portanto, à área de atividades mercantis. Não vamos aqui fazer mais uma descrição dos limites
dessa metodologia, hoje bastante óbvios3. O essencial é que, a partir de 1990, com as visões de Amartya Sen4 e a meto-
dologia dos Indicadores de Desenvolvimento Humano (IDH), houve uma inversão radical: o ser humano deixa de ser
visto como um instrumento para servir às empresas – na época, o Banco Mundial dizia que a educação era boa porque
aumentaria a produtividade empresarial – e passa a ser visto como o objetivo maior. Em outros termos, o social deixa
de ser um meio para assegurar objetivos econômicos; pelo contrário, o econômico passa a ser visto como um meio para
melhorar a qualidade de vida das pessoas. Uma vida com saúde, educação, cultura, lazer, segurança é o que queremos
da vida. E a economia tem de se colocar a serviço desses objetivos sociais, da prosaica qualidade de vida.
A qualidade de vida é evidentemente mais dif ícil de medir do que o valor das vendas de uma empresa ou o custo de
funcionamento de uma escola pública, sem falar da economia do voluntariado e do trabalho feminino domiciliar. Mas
a realidade é que, enquanto não adotarmos formas aceitas e generalizadas de medir o valor final, os resultados das
nossas atividades, não teremos como avaliar nem políticas públicas nem privadas. Hoje, aproveitando e indo além das
metodologias do IDH, já se avançou muito. O livro de Jean Gadrey e de Florence Jany-Catrice Les Nouveaux Indica-
teurs de Richesse (Os Novos Indicadores de Riqueza) apresenta uma sistematização extremamente bem organizada do
novo quadro conceitual das contas nacionais que está se desenhando5. Assim, passa-se a diferenciar a contabilização
da produção (outputs), dos resultados efetivos em termos de valores sociais (outcomes); os indicadores econômicos,
sociais e ambientais; os indicadores objetivos (taxa de mortalidade infantil, por exemplo) e os subjetivos (satisfação
obtida); os resultados monetários e não monetários. Com isso foram sendo construídas várias metodologias, hoje bas-
tante bem embasadas, como o Índice de Bem-Estar Econômico de Osberg e Sharpe, o Índice de Bem-Estar Econômico
Sustentável (IBED), o Indicador de Progresso Real (IPV), o Indicador de Poupança Real (genuine savings) do Banco
Mundial e outros.
10
INTRO
Particularmente interessante é a metodologia adotada pelo Calvert-Henderson Quality of Life Indicators: A New Tool for As-
sessing National Trends6, um autêntico balanço das contas nacionais aplicado aos Estados Unidos. Em vez de ficar na soma
do produto monetário, distribui as contas em 12 áreas, incluindo renda, mas também direitos humanos, segurança pública,
qualidade do meio ambiente e assim por diante. O resultado é que, pela primeira vez, os americanos têm um instrumento de
avaliação de como e em que áreas o país está melhorando (ou piorando). O interessante é que não foi preciso construir novos
indicadores ou realizar novas pesquisas: partiram dos dados existentes, selecionaram os mais confiáveis e simplesmente os
cruzaram de maneira inteligente, segundo os grandes eixos de resultados práticos esperados pela população.
O próprio Banco Mundial está finalmente repensando as suas metodologias. No World Development Indicators 20037, no qua-
dro 3.15, que avalia as poupanças, o Banco passou a contabilizar a extração de madeira, por exemplo, não como cifra positiva
(aumento do PIB), mas como descapitalização do país. Na mesma lógica, países que exportam o petróleo passam a ser vistos
como gastadores do seu capital natural, apresentando taxas de poupança negativas. Na própria produção de automóveis, pas-
sou-se a deduzir, no cálculo, os gastos adicionais com saúde causados pela poluição. Como as metodologias do Banco Mundial
têm um poder forte de indução, essa abertura é bem-vinda e influenciará contas nacionais em numerosos países.
Vale a pena mencionar, ainda, o trabalho Survey of Existing Approaches to Measuring Socio-Economic Progress, elaborado por
uma comissão que envolve o Insee de Paris, a OCDE e outras instituições. O documento constitui uma revisão do progresso na
elaboração de metodologias que se constata em 20088. A participação tanto do Banco Mundial como da OCDE, além dos re-
centes aportes de personalidades como Stiglitz e outros economistas, mostra a que ponto o debate está maduro para mudanças.
Mas há, igualmente, soluções criativas bastante práticas. Na região de Cascavel (Paraná), por exemplo, 22 municípios pas-
saram a elaborar indicadores municipais de qualidade de vida9. São 26 indicadores, relativamente simples, que, conjugados,
permitem avaliar se a situação da população está ou não melhorando, ano por ano. Assim, as pessoas podem orientar o
seu voto segundo resultados reais para as suas vidas, e não segundo quem distribuiu mais camisetas. A inovação não exigiu
grandes cálculos econométricos, pois os dados existem, mas significou uma mudança política extremamente importante:
a informação é organizada para a população, e os dados levantados são os que mais interessam à qualidade de vida da po-
pulação. Ou seja, a contabilidade econômica passa a ser um instrumento de cidadania, e as iniciativas dos diversos atores
públicos e privados serão avaliadas em termos de resultados finais para a sociedade, pelo menos no território mais próximo,
onde as pessoas podem mais facilmente participar dos processos de decisão.
De toda forma, o que estamos apontando é que a mudança do enfoque das contas econômicas é essencial. Um banco que
desvia as nossas poupanças para aplicações financeiras especulativas, e apresenta lucros elevados, aumenta o PIB, mas re-
duz a nossa produtividade sistêmica ao descapitalizar as comunidades, ao reduzir o uso produtivo das nossas poupanças. O
sistema alemão de intermediação financeira, baseado em pequenas caixas econômicas municipais, não apresenta grandes
lucros, mas canaliza as poupanças para investimentos socialmente úteis, gerando melhores condições de vida para todos10.
O “lucro”, nessa visão, tem de ser social, e a produtividade tem de ser sistêmica. O fato de a ciência econômica evoluir para
essa contabilidade integral, e não apenas microeconômica, constitui um progresso importante.
De forma geral, um avanço importante para as ciências econômicas é a mudança radical de como organizamos a informa-
ção sobre os resultados obtidos. Enquanto a medida se resumia à soma do valor de produção das empresas e dos custos dos
serviços públicos, naturalmente passávamos a achar que o progresso só se dá através do lucro empresarial e que inclusive
os serviços públicos representam um ônus. Quando passamos a avaliar de maneira sistêmica os resultados para a sociedade
no seu conjunto, podemos ter uma visão inteligente do progresso real obtido. A construção de sistemas mais realistas de
avaliação do nosso progresso econômico e social vem corrigir uma deficiência estrutural da ciência econômica.
Grande parte do nosso sentimento de impotência diante das dinâmicas econômicas vem do fato de que simplesmente não temos
instrumentos para saber qual a contribuição das diversas atividades para o nosso bem-estar. O clamor quase histérico da mídia
por alguns pontos percentuais suplementares de crescimento do PIB age sobre a angústia generalizada do desemprego e tira o
nosso foco do objetivo principal, que é a qualidade de vida da sociedade, deixando as pessoas confusas e mal informadas. Pessoas
desinformadas, naturalmente, não participam. Não há democracia econômica sem informação adequada sobre as dinâmicas e
os resultados que realmente importam. A construção de novos indicadores de riqueza é um eixo particularmente importante
nesse sentido.
Referência
http://dowbor.org
(6) Ver Hazel Henderson, Jon Lickerman e Patrice Flynn (Editors) – Calvert Henderson Quality of Life Indicators: A New Tool for Assessing National Trends (Indicadores
Calvert-Henderson de qualidade de vida: uma nova ferramenta para avaliar terndências nacionais). www.calvertgroup.com
(7) Ver World Bank – World Development Indicators 2003, Washington, 2003, páginas 174 e ss.
(8) Ver http://www.stiglitz-sen-fitoussi.fr/documents/Survey_of_Existing_Approaches_to_Measuring_Socio-Economic_Progress.pdf
(9) Ver Conceito e Metodologia de Aplicação – Versão 1, outubro de 2001 (documento avulso).
(10) Ver The Economist, June 26th 2004, p. 77. (The Economist naturalmente lamenta que os legisladores regionais da Alemanha “se recusem a autorizar a venda dos
bancos de poupança, que são de propriedade das comunidades locais, para compradores do setor privado”).
11
INTRO
“O indicador social apenas indica; não substitui o Em seguida, com o Relatório Brundtland (1983), tam-
conceito que o originou.” bém conhecido como Nosso Futuro Comum, da Comis-
(Januzzi, 2002) são Mundial da Organização das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento (United Nations
“É preciso refletir para medir, e não medir para refletir.” World Commission on Environment and Develop-
(Bachelard) ment), a dimensão humana no conceito de desenvolvi-
mento sustentável foi amplamente reforçada. Além dos
problemas ambientais, o Relatório Brundtland fez pro-
va da consciência internacional de uma “deterioração da
condição humana”, especialmente em termos da extrema
pobreza e desigualdade.
O tripé “ambiental, social e econômico” foi aceito e for-
malizado pela Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992,
no Rio de Janeiro. Nessa Conferência, 1.600 cientistas,
entre os quais havia 102 ganhadores do Prêmio Nobel de
70 países, lançaram o documento Apelo dos Cientistas
do Mundo à Humanidade, que dava um alerta: ‘‘Os se-
res humanos e o mundo natural seguem uma trajetória
de colisão. As atividades humanas desprezam violenta-
O Relatório Meadows et al. (1972), sob o título Limi- mente e, às vezes, de forma irreversível o meio ambiente
tes ao Crescimento (The Limits to Growth), contestou a e os recursos vitais. Urgem mudanças fundamentais se
ideia de que a abundância econômica e o crescimento quisermos evitar a colisão a que o atual rumo nos con-
industrial não tinham fronteiras: “Se as tendências atu- duz”. Levantou-se, na ocasião, a necessidade de desen-
ais de crescimento da população mundial, industria- volver indicadores capazes de avaliar a sustentabilidade,
lização, poluição, produção de alimentos e o esgota- já que os instrumentos disponíveis, entre eles o PIB, não
mento de recursos não forem alterados, os limites para forneciam dados suficientes para análise.
o crescimento no planeta serão atingidos em algum
O documento final da Conferência, a Agenda 21, em
momento nos próximos cem anos. O resultado mais
seu capítulo 40, destacava: “Os indicadores comumente
provável será um repentino e incontrolável declínio na
utilizados, como o Produto Nacional Bruto (PNB) ou as
população e na capacidade industrial”. No entanto, ao
medições das correntes individuais de contaminação ou
lado desse cenário desolador, o Relatório Meadows já
de recursos, não dão indicações precisas de sustentabili-
continha a fórmula-chave do desenvolvimento susten-
dade. Os métodos de avaliação da interação entre diver-
tável: “É possível alterar essas tendências de crescimen-
sos parâmetros setoriais do meio ambiente e o desenvol-
to e estabelecer uma condição de estabilidade econô-
vimento são imperfeitos ou se aplicam deficientemente.
mica que é sustentável a longo prazo”.
É preciso elaborar indicadores do desenvolvimento sus-
Pouco tempo depois, uma publicação da União Interna- tentável que sirvam de base sólida para adotar decisões
cional para a Conservação da Natureza e dos Recursos em todos os níveis e que contribuam para uma sustenta-
Naturais (International Union for Conservation of Na- bilidade autorregulada dos sistemas integrados do meio
ture and Natural Resources – IUCN) também utilizava ambiente e do desenvolvimento” (United Nations, 1992).
o termo “desenvolvimento sustentável1” para descrever Desde a assinatura da Agenda 21, 178 países concorda-
o modo de desenvolvimento necessário para preservar ram em corrigir distorções geradas por uma avaliação
a riqueza do planeta. exclusivamente econômica do PIB.
(1) Desenvolvimento sustentável: a ideia deriva, inicialmente, do Relatório elaborado pelo MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts) para o chamado Clube de Roma,
fundado por Aurelio Peccei, intitulado Os Limites do Crescimento, e, posteriormente, do conceito de ecodesenvolvimento, proposto em 1970, por Maurice Strong e Ignacy
Sachs, durante a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Estocolmo, 1972), a qual deu origem ao Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente - Pnuma.
Em 1987, a CMMAD, presidida pela primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, adotou o conceito de desenvolvimento sustentável em seu relatório Our
Common Future (Nosso Futuro Comum), também conhecido como Relatório Brundtland.
O conceito foi definitivamente incorporado como um princípio durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Cúpula da Terra de
1992 – Eco-92, no Rio de Janeiro. (www.wikipedia.org.br)
12
INTRO
O PIB (Produto Interno Bruto) é o indicador mais uti- As conferências sempre reuniram especialistas de alto
lizado da atividade econômica. Ele está no cerne de nível e políticos influentes para resolver essas questões
todo o Sistema de Contas Nacionais, e sua metodologia críticas. Mais de 500 pessoas, das esferas econômica,
é rigorosamente definida e normatizada, permitindo a social e ambiental, compareceram. Numerosas propos-
comparação internacional e a agregação.. O PIB com- tas foram desenvolvidas.
bina num único indicador o valor total de mercado de
Mas, apesar de todas essas iniciativas, nenhuma me-
todos os bens e serviços finais produzidos dentro de
dida pessoal e nenhum conjunto de indicadores goza
um território econômico do país durante determinado
de amplo reconhecimento dentro do contexto do de-
período. Na maioria dos casos, é calculado numa base
bate político e para o público em geral. Talvez devido
trimestral e anual. A mudança no PIB ao longo do tem-
à existência de divergências no que diz respeito aos
po é o principal indicador de crescimento da atividade
fundamentos conceituais, ou pela falta da simplicidade
macroeconômica (www.beyond-gdp.eu).
analítica que havia assegurado o sucesso do PIB.
Desde então, já houve, neste início de século, inúmeros Todavia, os resultados desses eventos sinalizam o ama-
acontecimentos globais em que expressivos contingentes durecimento de um processo de alerta sobre os perigos
de nações assumiram sérios compromissos nessa direção. do PIB, feito, inclusive, por um dos seus principais cria-
Sem deixar de mencionar o pioneirismo de contribui- dores: Simon Kuznets (1901-1981), ganhador do Prê-
ções como a Measure of Economics Welfare (MEW), de mio Nobel de Economia em 1971. “O bem-estar de um
William Nordhaus e James Tobin (1972), as falhas no PIB país dificilmente pode ser inferido de uma medição da
começaram a surgir, ficando cada vez mais evidentes: renda nacional”, afirmou Kuznets, no Congresso dos
Estados Unidos, em 1932.
• na Cúpula da Terra da Organização das Nações Unidas
(ONU), no Rio de Janeiro, em 1992;
Referências
• na conferência do Parlamento Europeu sobre o tema
Considerando a Natureza, em 1995; Informações levantadas no site da France Libertes
Fondation Danielle Mitterrand (www.france-libertes.fr e
• no Beyond Growth: Policies and Institutions for
www.stiglitz-sen-fitoussi.fr), além do site Beyond GPD www.
Sustainability, em Santiago, no Chile, em 1998;
beyond-gdp.eu
• no World Summit on Sustainable Development, em
Joanesburgo, em 2002, na chamada Rio+10;
• no encontro das Nações Unidas sobre a Convenção da
Biodiversidade, no qual foram assumidos os Millennium
Development Goals (Objetivos do Milênio), em Kuala
Lumpur.
13
INTRO
Críticas ao PIB
Como medir a riqueza, e qual riqueza?
O Produto Interno Bruto (PIB) está no primeiro plano da cursos naturais. As estatísticas mostram, também, que
mídia e, hoje, serve de referência quase universal para a o PIB não é significativamente correlacionado com
maioria das análises. Milhares de líderes de opinião e pes- vários dados, como o desemprego e as desigualdades
soas que ocupam a função de tomar decisões, no campo econômicas, variáveis que são, no entanto, frequen-
econômico, político ou científico, são, permanentemente, temente citadas como importantes para a sociedade
guiadas em suas decisões pelo PIB, que serve de bússola “que vai bem”.
para seus atos. Consequentemente, continuamos tendo
um interesse excessivo pelo crescimento do PIB – ainda Ou seja, as críticas ao PIB, como padrão aceito inter-
popular entre alguns economistas e políticos. nacionalmente, derivam do fato de ser uma medição
bruta de qualquer atividade econômica, independente-
O PIB representa a soma de todas as riquezas finais pro- mente de sua natureza, desde que gere fluxos monetá-
duzidas em determinada região ou parcela da sociedade rios e desconsidere a depreciação do “capital natural”
(qual seja, países, estados, cidades), durante um período necessário para mantê-lo.
determinado (mês, trimestre, ano etc.). Ele avalia a con-
tribuição produtiva das atividades econômicas. Assim, podemos concluir que o crescimento do PIB
não é necessariamente um dado positivo e que o im-
A fórmula clássica para expressar o PIB de uma região portante é levar em conta a forma pela qual ele é obtido.
é a seguinte:
O PIB tem recebido muitas críticas, que já vêm de al-
Y=C+I+G+X-M guns dos mais conhecidos economistas, incluindo os
laureados com Nobel de Economia (por exemplo, Si-
Onde
mon Smith Kuznets, Daniel Kahneman, Robert Solow,
• Y é o PIB Joseph Stiglitz, Amartya Sen e Muhammad Yunus),
• C é o consumo mas é “claro, em sua defesa sempre poderá ser dito que
• I é o total de investimentos realizados não foi inventado para medir o progresso, o bem-estar
• G representa gastos governamentais ou a qualidade de vida, mas tão somente para medir
o crescimento econômico, que é meio sem o qual não
• X é o volume de exportações
se atingem tais fins. Mas a armadilha não é desfeita,
• M é o volume de importações
pois a ideia de riqueza que deu origem ao PIB foi ex-
Afinal de contas, quanto mais cresce o PIB, maior a ri- cessivamente influenciada pela atmosfera da Segunda
queza gerada pelo país em questão? Guerra Mundial. Concepção que logo ficou anacrônica,
por só dar importância à produção de mercadorias e
Não é bem assim. O PIB é uma adição de bens e serviços ao capital f ísico. Daí que a única utilidade que talvez
vendidos e comprados, sem nenhuma distinção entre os ainda lhe reste seja a de permitir comparação entre as
que são ou não benéficos para a sociedade. Despesas com produtividades nacionais do trabalho, desde que bem
acidentes, poluição, contaminações tóxicas, criminali- contadas as horas trabalhadas.” (Zeeli).
dade ou guerras são consideradas tão relevantes quanto
investimentos em habitação, educação, saúde ou trans- A economista Hazel Henderson entende, por exemplo,
porte público. Exemplos disso são economias oriundas que o padrão de riqueza das nações deve incluir, além
da destruição, das guerras e acidentes ambientais, que de recursos financeiros, ativos da Natureza e os capitais
movimentam bilhões de dólares e euros em custos dire- social e intelectual dos povos. Sob esse aspecto, falha o
tos e indiretos e são contabilizadas erroneamente no ver- PIB, porque não monitora a dilapidação do planeta, tam-
de, e não no vermelho, tais como o furação Katrina e a pouco as condições de vida de sua população. Seria im-
Guerra do Iraque, para citar exemplos mais recentes que portante desenvolver, nessa perspectiva, indicadores que
serviram para girar a fortuna do PIB americano. considerem o bem-estar dos povos. Só assim poderemos
ter a verdadeira dimensão do progresso e introduzir no-
Enfim, o cálculo do PIB, apesar de ser um “indicador vos critérios de decisão para a sociedade sustentável.
de progresso”, não faz distinções entre o que é pro-
dutivo ou destrutivo, ou entre despesas que elevem Assim, definir em que consiste a riqueza de um país se
ou rebaixem a condição humana. Nem sequer são tornou uma tarefa que exige o exame de vários aspectos
computados o trabalho doméstico e voluntariado, que econômicos, sociais e ambientais. Sob essa perspectiva,
não são remunerados, por não envolverem transações índices elevados de PIB não são mais garantia de desen-
monetárias. Muito menos inclui depreciações de re- volvimento sustentável.
14
INTRO
Vejamos algumas das principais críticas atribuídas ao PIB. O trabalho voluntário e o trabalho doméstico (aquele exe-
(Fonte: Jean Gadrey. Os Novos Indicadores de Riqueza). cutado na esfera privada, majoritariamente por mulheres)
são exemplos de contribuições esquecidas, que, por serem
1.Tudo o que se pode vender e que tem um valor gratuitas e não remuneradas, não fazem parte das ativida-
monetário agregado aumentará o PIB e o cresci- des que contribuem para a riqueza nacional no âmbito do
mento, o que não significa necessariamente desen- PIB. Mas será que esses trabalhos não produzem riqueza
volvimento sustentável e aumento do bem-estar in- e bem-estar do mesmo modo que o trabalho assalariado?
dividual e coletivo. São trabalhos invisíveis por excelência. Todavia, represen-
O PIB contabiliza de maneira positiva todas as formas tam volumes enormes e contribuem para o bem-estar do
de males e destruição (que, para ser compensadas, re- mesmo modo que o trabalho assalariado. Estima-se que o
querem a produção de bens e serviços reparadores ou tempo gasto para trabalho doméstico é da mesma grande-
defensivos: aumento de número de acidentes, progres- za, nos países desenvolvidos, que o tempo total do trabalho
são de doenças nascidas da insegurança alimentar, po- remunerado. Se decidíssemos, por exemplo, atribuir-lhe o
luição...) da mesma maneira que computa os recursos mesmo valor monetário por hora de trabalho, isso poderia
em bem-estar comum (educação e participação em ati- duplicar o PIB, representando montantes consideráveis de
vidades culturais e de lazer de uma sociedade em que as riquezas ignoradas.
pessoas são sadias, por exemplo). 4. O PIB mede apenas as quantidades produzidas
Ou seja, essas duas sociedades teriam o mesmo aumen- (outputs) e é indiferente aos resultados em termos de
to no PIB, uma vez que o PIB computa todos os recur- satisfação e de bem-estar pelo consumo desses bens
sos em aumento do PIB, independentemente de sua (outcomes), que são mais importantes para avaliar o
finalidade. Seria preciso suprimir o aumento do PIB da progresso. Essa medida não reflete o bem-estar de
primeira sociedade para melhor apreender a real cria- uma sociedade.
ção de riqueza (aquela que contribui para o bem-estar). Se, para obter taxas de crescimento elevadas, coagimos
Pode-se aplicar a mesma ideia às despesas com a repa- ou estimulamos as pessoas a trabalhar sempre mais e a
ração dos danos ambientais ligados à atividade humana: ter menos lazer e tempo livre, esse fenômeno não será
poluição, esgotamento dos recursos naturais, que con- visto senão pelo ângulo do progresso do PIB, pois o PIB
duzam a uma diminuição do bem-estar. não leva em conta que o aumento do tempo livre é uma
2. Em parte alguma se contabilizam as perdas de riqueza digna de ser contabilizada. Esse exemplo não foi
bem-estar provocadas pelo crescimento econômi- tomado por acaso: nos Estados Unidos, a partir de 1980, o
co, o que, embora não tenha valor comercial, pode tempo de trabalho anual médio por habitante aumentou o
ter um valor enorme para o nosso bem-estar e o das equivalente a cinco horas por ano (240 horas), ao contrá-
futuras gerações. rio do que aconteceu em quase todos os países europeus.
Temos aí um bom exemplo de uma contribuição essencial
A destruição, por exemplo, da Floresta Amazônica é ao bem-estar, o tempo livre, a qual não aparece nas contas
uma atividade que faz avançar o PIB mundial (valor da da riqueza.
madeira e do trator para derrubá-la etc.). Em parte al-
guma se contabilizam a perda do patrimônio natural 5. A mensuração do PIB é também indiferente à par-
que resulta disso, nem suas diversas consequências so- tilha das riquezas contabilizadas, às desigualdades,
bre o clima, a biodiversidade, o longo prazo e as neces- à pobreza, à segurança econômica etc., que são, to-
sidades das gerações futuras. Ou seja, o PIB não conta- davia, quase unicamente consideradas dimensões do
biliza as perdas do patrimônio natural, mas contabiliza bem-estar de uma sociedade.
positivamente sua destruição organizada. Não sabemos, simplesmente olhando a média do PIB,
Além desses exemplos, nos quais não se contabilizam como essa renda é repartida entre as pessoas do lugar. O
perdas de bem-estar, há outros em que não se contabili- desenvolvimento econômico de um país é condição ne-
zam ganhos, isto é, contribuições essenciais ao bem-es- cessária, mas não é suficiente para que ocorra o desenvol-
tar, dentre os quais destacamos alguns exemplos a seguir. vimento social e a melhoria nas condições de vida de sua
população. Um mesmo crescimento de 2% a 3%, durante
3. Numerosas atividades e recursos que contribuem alguns anos, pode, conforme o caso, vir acompanhado de
para o bem-estar não são contabilizados simples- um aumento ou de uma redução das desigualdades so-
mente porque não são comerciais ou porque não ciais. É indiferente vivermos numa sociedade em que co-
têm custo monetário direto de produção. existem uma multidão de pobres e um punhado de gente
15
INTRO
rica? Será que um euro ou um dólar de crescimento a mais consiste em valorizar e preservar os valores humanos
no bolso de um pobre não gera mais bem-estar que a mes- e ecológicos. Para tanto, é imperativo desenvolver e
ma soma na carteira de um rico? implementar novos indicadores de riqueza, que levem
em conta não somente todos os bens e os produtos de
Por exemplo, o crescimento do PIB do Japão foi cerca de
uma nação, mas também todas as riquezas naturais e
2,1%, durante os últimos cinco anos, enquanto o PIB dos
humanas de cada país.
Estados Unidos aumentou 2,9%. Entretanto, comparando
o crescimento médio per capita entre os dois países, surge É preciso olhar o que (crítica 1), para quem (crítica
uma história diferente: os Estados Unidos mostram apenas 5), como estamos produzindo (críticas 2, 3 e 4) e qual
1,9% de crescimento, contra 2,1% dos cidadãos japoneses. seu saldo. É preciso rever como estamos computan-
A renda média per capita do Japão também é maior por- do essa riqueza. Uma riqueza que nos leve ao desen-
que a população japonesa está diminuindo, enquanto a volvimento sustentável. Um desenvolvimento para o
dos Estados Unidos está aumentando. Por sua vez, a Índia bem-estar comum, como meio, e não como fim.
desfruta de um rápido crescimento de seu PIB, mas sua
população também aumentou rapidamente, o que faz com Temos a obrigação de redefinir os próprios termos
que mais pessoas devam compartilhar essa renda. Mas- da riqueza. Só há possibilidade de desenvolvimento
também se deve assinalar que o uso da média per capita da sustentável se uma profunda reinterrogação do pi-
renda mascara o modo de distribuição da renda. A média lar econômico vier a transformar a visão e a própria
de renda de toda a população pode ocultar, por exemplo, prática da economia. Não basta acrescentar a um
que um país poderia ter uns poucos multimilionários com pilar econômico, que permaneceria inalterado, um
a maioria de seus cidadãos vivendo na pobreza. pilar ambiental e, para concluir, um pilar social.
O Mito do Crescimento
“Em primeiro lugar, devemos lembrar que os economistas clássicos eram todos filósofos morais. Para eles, a economia
era orientada para o bem comum, para a felicidade humana. Essa visão mudou quando surgiu o pensamento
neoclássico, no fim do século 19. Nesse momento, aconteceu uma coisa curiosa: a economia deixa de ser filosófica e se
torna extremamente matemática, movida por números. Quanto mais matemático, mais científico era considerado o
pensamento na época. Do resultado do, então, novo olhar é que se construiu uma economia que pauta a realidade, e
não o contrário. Produziu-se uma economia em que só existe o que pode ser transformado em números. Com isso, os
economistas neoclássicos ficam sem saber o que fazer com as necessidades humanas, então as descartam. Passam a
ignorá-las e a orientar-se pelas preferências, por medir a sociedade pelo que se compra no supermercado. Esse modelo
permite muitos cálculos e números, só que está totalmente fora da realidade. E o neoliberalismo, tão enaltecido no fim do
século 20, nada mais é do que filho dessa economia neoclássica, totalmente descolada da realidade.”
PERFORMANCE ECONÔMICA OU PROGRESSO vida. Imaginem que catástrofe seria uma taxa de cres-
SOCIAL? cimento negativo! Da mesma forma que não há nada
pior do que uma sociedade trabalhista sem trabalho,
Sabe-se que a simples desaceleração do crescimento mer- não há nada pior do que uma sociedade de crescimen-
gulha nossas sociedades no desespero devido ao desem- to sem crescimento. O crescimento pelo crescimento
prego e ao abandono dos programas sociais, culturais torna-se, assim, o objetivo primordial, senão o único
e ambientais que garantem um mínimo de qualidade de da vida.
16
INTRO
17
INTRO
ocidentais, apoiados na teoria econômica ortodoxa – produção de recursos renováveis (por conta das altas
tem , muitas vezes, negligenciado o impacto do cres- concentrações de substâncias extraídas da crosta da terra
cimento econômico sobre outras formas de riqueza pela sociedade).
e bem-estar. Hoje, essa negligência está implícita na • Não há limite para o uso dos recursos não renováveis.
maior parte dos debates econômicos. Analistas têm, na • Não há respeito pela capacidade de autodepuração
realidade, há muito tempo, reconhecido a necessidade dos ecossistemas naturais (por conta da produção e da
de levar em conta os efeitos da atividade econômica concentração de substâncias nocivas produzidas pela
sociedade).
humana sobre os recursos naturais não renováveis.
Para conciliar os dois imperativos contraditórios do cres- Não é aqui o lugar de elencar os dramas que se avolu-
cimento e do respeito pelo meio ambiente, os especialis- mam, mas não é à toa que tivemos, pela primeira vez na
tas pensam ter encontrado a poção mágica na ecoefici- história da humanidade, e concentrados numa década,
ência, peça central e, a bem dizer, a única base séria do gigantescos foros mundiais para avaliar:
“desenvolvimento sustentável”. Trata-se de reduzir, pro- • o esgotamento ambiental do planeta (Rio-92);
gressivamente, o impacto ecológico e a intensidade da re- • o escândalo dos direitos humanos (Viena-93);
tirada dos recursos naturais até atingir um nível compa- • a explosão demográfica (Cairo-94);
tível com a capacidade reconhecida de carga do planeta. • os dramas sociais hoje insustentáveis (Copenhague-95);
É incontestável que a eficiência ecológica tem aumen- • a tragédia da mulher presa na engrenagem das
tado de maneira notável, mas, ao mesmo tempo, a per- transformações econômicas e da desestruturação familiar
(Pequim-95);
petuação do crescimento desenfreado acarreta uma
degradação global. • o êxodo rural planetário que está gerando cidades
explosivas no planeta (Istambul-96).
NADA SE CRIA...
O Relatório sobre o Desenvolvimento Humano, das Na-
• As baixas de impactos e de poluição por unidade de
mercadoria produzida são sistematicamente invalidadas ções Unidas, qualifica de obscenas as fortunas de pouco
pela multiplicação do número de unidades vendidas mais de quatrocentas pessoas no mundo, que dispõem
(fenômeno ao qual se deu o nome de “efeito retorno”). de mais riqueza pessoal do que a metade mais pobre
da humanidade. Só 2% concentram metade da riqueza
NADA SE PERDE...
mundial; os 50% mais pobres da população respondem
• O sistema econômico não é um moto-perpétuo, que por apenas 1% da riqueza do planeta. Essa concentra-
alimenta a si mesmo de forma circular, sem perdas. Ao
contrário, é um sistema que transforma recursos naturais
ção de renda é considerada tão vergonhosa como a es-
em rejeitos que não podem mais ser utilizados, como cravidão e o colonialismo, sem lugar numa sociedade
demonstrou Georgescu-Roegen, em seu livro A Lei da civilizada (DOWBOR, Ladislau. Gestão social e trans-
Entropia e o Processo Econômico. formação da sociedade. In: DOWBOR, Ladislau e KIL-
No final das contas, todos os indicadores demonstram SZTAJN, Samuel. Economia Social no Brasil. 1ª ed. São
que as retiradas continuam a crescer (BONAIUTI, Mauro. Paulo: Senac, 2011, v.1, p. 17-42).
Nicholas Georgescu-Roegen: Bioeconomia Verso Un’altra
Economia Ecologicamente e Socialmente Sostenible. Depois de algumas décadas de desperdício frenético,
Torino: Bollati Boringhieri, 2003). parece que entramos na zona das tempestades – no
TUDO SE TRANSFORMA...
sentido próprio e no figurado... As perturbações climá-
ticas são acompanhadas pelas guerras do petróleo, que
• A "desmaterialização da economia" – pelo deslocamento
do eixo da atividade econômica para o setor terciário,
serão seguidas pela guerra da água (SHIVA, Vandana.
menos demandante de recursos naturais e, particularmente, La guerre de l’eau. Parangon, 2003), mas também por
de energia – acabou por se revelar uma ilusão. Segundo possíveis pandemias, desaparecimento de espécies ve-
Serge Latouche, essa “nova economia” é, na verdade, getais e animais essenciais, como consequência de ca-
relativamente imaterial ou menos material, porém, mais do tástrofes biogenéticas previsíveis.
que substituição da antiga economia pela nova, o que existe
são relações de complementaridade entre ambas. A não ser que tenhamos, então, como alternativa, a fé ina-
Ou seja, rompemos o ciclo natural de vida do plane- balável dos economistas ortodoxos que pensam que a ci-
ta, ele já não é mais respeitado (ver quatro condições ência do futuro resolverá todos os problemas, e que é con-
sistêmicas do The Natural Step – ferramenta 6.13 da cebível a substituição ilimitada da natureza pelo artifício.
publicação Gestão do Conhecimento – Ferramentas de
Gestão de Responsabilidade Socioambiental). Referência
• Não há preservação do potencial da natureza para a Informações levantadas nos textos de Serge Latouche e
Manfred Max-Neef.
18
INTRO
(1) Oximoro é uma figura de linguagem que harmoniza dois conceitos opostos numa só expressão, formando , assim, um terceiro conceito que dependerá da interpretação do leitor.
19
INTRO
20
INTRO
OCDE E ONU
Na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambien- volvimento sustentável que sirvam de base sólida para
te e o Desenvolvimento – Rio-92, levantou-se a necessi- adotar decisões em todos os níveis e que contribuam
dade de desenvolver indicadores capazes de avaliar a sus- para uma sustentabilidade autorregulada dos siste-
tentabilidade, já que os instrumentos disponíveis, entre mas integrados do meio ambiente e o desenvolvimento”
eles o PIB, não forneciam dados suficientes para análise. (United Nations, 1992).
O documento final da Conferência, a Agenda 21, em Desde a assinatura da Agenda 21, 178 países concorda-
seu capítulo 40, destaca: “Os indicadores comumente ram em corrigir distorções geradas por uma avaliação
utilizados, como o Produto Nacional Bruto (PNB) ou exclusivamente econômica do PIB. Para tanto, deve-se
as medições das correntes individuais de contamina- somar a esse cálculo dados sobre recursos socioam-
ção ou de recursos, não dão indicações precisas de sus- bientais e subtrair os dados de atividades predatórias e
tentabilidade. Os métodos de avaliação da interação desperdício de recursos, entre outras distorções. Só as-
entre diversos parâmetros setoriais do meio ambiente e sim seria possível definir padrões de sustentabilidade e
o desenvolvimento são imperfeitos ou se aplicam defi- desenvolvimento que incluíssem aspectos econômicos,
cientemente. É preciso elaborar indicadores do desen- sociais, éticos e culturais.
21
INTRO
Os bons resultados no Butão chamaram a atenção da a democracia parlamentar, com uma gradual criação
ONU, que passou a estudar a implementação do exem- de instituições e práticas democráticas. Ele enfatizou
plo butanês em outros países. Uma versão internacional a necessidade de “aprofundar e reforçar a democracia
está sendo elaborada no Canadá, com aplicação prática para capacitar as pessoas”, o que ajudará não só a al-
prevista para este ano. Segundo Michael Pennock (Dire- cançar os ODM, mas também a fortalecer o processo
tor do Observatório para Saúde Pública em Vancouver, democrático. O Sr. Chhibber destacou a necessidade
Canadá; consultor sobre o Índice de Genuíno Progresso de programas orientados ao desenvolvimento que tra-
de Canadá e consultor para as Nações Unidas quanto gam benef ícios diretamente aos pobres, melhorem o
ao desenvolvimento dos indicadores do FIB no Butão), seu desenvolvimento humano e abordem as causas
a métrica do PIB é muito estreita enquanto medida de profundas do seu empobrecimento. Essa intervenção,
bem-estar. “Precisamos repensar a maneira como esta- disse ele, ajudará a resolver os contrastes entre uma
mos medindo o progresso. O FIB é mais abrangente que série de áreas-alvo dos ODM, tais como incidência da
o PIB e, diferentemente do que muita gente imagina, é pobreza, desnutrição infantil, segurança alimentar, es-
sim baseado em métodos científicos, e não em questões colarização primária e acesso à água potável.
filosóficas e religiosas.” Na ocasião, o coordenador residente das Nações Uni-
O Butão é um dos poucos países que têm registrado bons das, o Sr. Nicholas Rosellini, disse que a história de
progressos na consecução dos Objetivos de Desenvolvi- sucesso do Butão em relação aos ODM é atribuída à
mento do Milênio. Segundo o último relatório Bhutan’s forte vontade política e ao compromisso do governo
Progress: Midway to the Millennium Development em relação à integração dos ODM no âmbito do pla-
Goals (http://www.undp.org.bt/mdg/MDG_Midway.pdf nejamento nacional. Ele destacou a sinergia entre o
), que foi lançado em Thimphu, em novembro de 2008, desenvolvimento na abordagem da Felicidade Nacio-
o Butão já atingiu três indicadores dos ODM e está no nal Bruta do Butão e a Declaração do Milênio e disse
bom caminho para satisfazer a maioria das outras metas que “a Declaração do Milênio é guiada pelos valores
até 2015. universais de liberdade, igualdade, tolerância, respei-
to pela natureza e responsabilidades compartilhadas
Por ocasião do lançamento, o secretário-geral adjunto – ideais que fazem parte integrante do desenvolvi-
da ONU e diretor regional do Pnud no Butão, o Sr. Ajay mento da abordagem da Felicidade Nacional Bruta
Chhibber, afirmou que o Butão é um caso exemplar da do Butão”, que tem ajudado a preparar o caminho
transição política pacífica da monarquia absoluta para para o progresso do Butão nos ODM.
22
INTRO
Desde 1990, no âmbito do Programa para o Desenvolvi- dida é sujeita a distorções, muitas de caráter psicológico.
mento (Pnud), a ONU calcula e publica anualmente um Talvez a distorção mais conhecida, caracterizada por
Índice de Desenvolvimento Humano. Além do PIB, esse Isaia Berlin, em 1956, seja a das ‘preferências adapta-
indicador agrega, entre outros, a esperança de vida e o nível tivas’. Em linhas gerais, pessoas que passam por longos
educacional. Segundo o último ranking, a Noruega apresen- processos de privação desenvolvem mecanismos de de-
ta o melhor indicador, enquanto os EUA são classificados fesa contra dificuldades. Aprendem a ficar contentes
em 10º lugar, ou seja, perdendo seis lugares no ranking que com pouco. Não ligam que a vida seja dif ícil. Quando
leva em conta o PIB per capita. A França é o 16 º. perguntadas sobre a vida, minimizam os problemas, e,
via de regra, demonstram um alto nível de felicidade.
“A ONU analisa o indicador com bons olhos”, afirma
o economista Flavio Comim, do Programa das Na- “O problema disso é que o FIB não é proposto apenas
ções Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). “Exis- como uma medida de bem-estar, mas, assim como o
tem muitas similaridades entre o FIB e a família de PIB, é posto como um guia para a política pública. O
indicadores da ONU sobre desenvolvimento humano que devemos fazer com aquelas pessoas muito pobres
(tal como o IDH). Ambos procuram ir além da renda que dizem que são as mais felizes do mundo? Descon-
(e do PIB) como indicador de bem-estar. Ambos estão siderá-las? Sabemos que não podemos e que apenas
preocupados com o indivíduo e a multidimensionali- uma medida que mostre objetivamente as privações
dade de seu bem-estar. Ambos respeitam o papel da vividas pelas pessoas pode resgatar um discurso que
autonomia das pessoas como expressão máxima do priorize direitos humanos a preferências frívolas.
desenvolvimento.
“O FIB é um bom ponto de partida, mas não necessaria-
“No entanto, o FIB sofre de um conjunto de limitações ine- mente de chegada. Ele possui vários méritos, que devem
rentes ao uso das métricas subjetivas. A felicidade é um ser usados para que tenhamos uma medida de bem-es-
conceito intuitivo a todos os seres humanos, mas a sua me- tar mais justa e equitativa’’, finaliza Flavio Comim.
FIB E O OCIDENTE
Estrutura conceitual do FIB E o que precisamos fazer?
O FIB foi articulado por meio de três conferências (Bu- É o início de um período muito estimulante. Precisa-
tão, Canadá e Tailândia)1, que reuniram economistas e mos desenvolver:
cientistas empíricos para identificar os principais de- • ferramentas que meçam o bem-estar ou a felicidade
terminantes da felicidade, imprimindo uma abordagem nos âmbitos nacional, regional e local, bem como seus
totalmente científica na identificação desses fatores pri- respectivos fatores contribuintes;
mordiais, além de desenvolver uma estrutura baseada • ferramentas de política pública, tais como “lentes de
em evidências. Ou seja, a estrutura conceitual do FIB política”, que possam ser usadas para fazer avaliações de
não é um construto religioso. Trata-se, sim, de uma es- impacto na felicidade, de modo que possamos ser mais
competentes ao assegurar que tais políticas irão de fato
trutura baseada na ciência e no empirismo.
promover a felicidade;
Na medida em que nós, ocidentais, estamos buscando me- • colaboradores internacionais, para que todos possamos
lhores estruturas conceituais para o progresso, agora pode- aprender uns com os outros e promover o FIB dentro das
mos nos apoiar no trabalho que já foi feito peles butaneses. nossas jurisdições. Existem alguns bem interessantes
“começos” que estão sendo deflagrados ao redor do mundo,
Versão internacional do FIB mas são apenas “começos”. Precisamos trabalhar em
conjunto, para gerar suficiente impulso e, com isso, manter
Uma versão internacional do levantamento está sendo de- esse movimento avançando.
senvolvida. Ela baseia-se na estrutura conceitual do FIB,
Trecho da palestra de Michael Pennock. Diretor do Ob-
usa muitos dos principais itens do levantamento butanês
servatório para Saúde Pública em Vancouver, Canadá,
e também incorpora algumas lições aprendidas a partir
e consultor sobre o Índice de Genuíno Progresso no Ca-
do uso de um levantamento semelhante, que foi desen-
nadá. Consultor para as nações Unidas no desenvolvi-
volvido pelo IGP Atlantic (Índice de Genuíno Progresso
mento dos indicadores do FIB no Butão e coordenador
do Atlântico) e aplicado em duas comunidades na Nova
da colaboração internacional na implementação do FIB.
Escócia. Essa versão pode ser autogerida, é transcultural e
leva apenas de 20 a 30 minutos para ser preenchida. (1) A quarta conferência deve ser realizada no Brasil, em novembro de 2009.
23
INTRO
Em todo o mundo, os indicadores enfocam prioritaria- único número para a Felicidade Nacional Bruta, que
mente as operações de mercado, abrangendo o comér- pode ser dividido em indicadores individuais, que, por
cio, taxas de câmbio, bolsas de valores, crescimento etc. sua vez, poderão ser usados para diferentes setores, em
Esses indicadores dominantes e convencionais, geral- planejamento e para fins técnicos, por parte de minis-
mente relacionados ao Produto Nacional Bruto (PNB) térios e secretarias.
ou Produto Interno Bruto (PIB), refletem a quantidade
Por ser um conceito e um ideal complexo, a filosofia da
de produção f ísica de uma sociedade. O PIB, junto de
FNB precisou ser traduzida para um sistema métrico
uma série de indicadores auxiliares, é o indicador mais
para que pudesse ter uma aplicação prática. O governo
utilizado. Entretanto, o PIB privilegia enormemente o
expressou a necessidade de indicadores de FNB porque,
aumento de produção e consumo, independentemen-
sem algum sistema de medida, a FNB não pode orientar
te da necessidade ou utilidade de tais resultados, em
políticas e programas práticos. Se ficarmos somente no
detrimento de outros critérios mais holísticos. O PIB
discurso inspirador, a imprecisão dará espaço para que
desfavorece a conservação, uma vez que não registra
muitos indicadores convencionais desempenhem pa-
iniciativas de conservação ou os recursos naturais.
péis indevidos em uma sociedade orientada pela FNB.
Os indicadores determinam as políticas. O uso quase
Os indicadores de FNB são também necessários para
universal de indicadores com base no PIB para medir o
que se promovam a visão e o senso de um propósito
progresso tem justificado políticas em todo o mundo que
comum. Se ficar somente no plano da visão, a FNB não
visam progresso material rápido, às custas da preservação
poderá especificar os programas e recursos práticos
ambiental, das culturas e da coesão das comunidades.
necessários para atingir essas visões em termos quanti-
Os indicadores exprimem valores. Em geral, os respon- tativos. Nesse sentido, ferramentas de triagem de pro-
sáveis pela elaboração de políticas tendem a implemen- jetos e políticas desenvolvidas pelo Centro de Estudos
tar políticas ou programas baseados em tendências de do Butão (CBS) deverão ser utilizadas para a seleção de
desenvolvimento internacional do momento, sem levar projetos e políticas alinhados com a FNB. As pessoas
em consideração os valores que embasam tais tendên- esclarecem sua visão ao especificarem metas e indi-
cias. Uma forma de superar essa tendência é reconhe- cadores que servem para indicar pontos fracos e for-
cer o fato de que, entre os valores e a implementação tes. Os indicadores servem como instrumentos úteis e
de políticas, encontram se os indicadores. Valores, po- comparativos para avaliação ao longo do tempo.
líticas e programas são intermediados por indicadores.
Os indicadores de FNB podem se tornar ferramentas
Os indicadores chamam a atenção e ajudam a conven- de prestação de contas. O sentido de propósito único
cer os leigos acerca da direção das metas de um país e presente em um conjunto coerente de indicadores per-
de seus objetivos de desenvolvimento, mas não é sem- mite a homens e mulheres comuns mais prontamente
pre fácil para as pessoas entender que os indicadores avaliar e responsabilizar seus líderes ao conferirem se
não são desprovidos de valores e que valores e princí- as metas estão sendo atingidas. Sem uma visão comum
pios embasam e determinam programas e políticas. concretizada pelos indicadores, cada indivíduo mera-
mente considera seus próprios fins, embora o bem-
Os indicadores efetivamente conduzem a sociedade
-estar seja uma conquista comum. Os indicadores de
para determinadas direções e até mesmo determinam
FNB não somente ajudam a desenvolver visão. Eles são
as agendas políticas de governos. Não somente os res-
fundamentais para que a visão seja compartilhada por
ponsáveis pela elaboração de políticas, mas cidadãos
todos os cidadãos, criando a noção de maior interde-
comuns tendem a considerar programas socioeconô-
pendência ao longo do tempo e do espaço.
micos e aceitar a implementação de políticas propostas
sem examinar os valores subjacentes a esses programas. Uma vez que as pessoas estejam familiarizadas com os
Entretanto, os indicadores podem ajudar a preencher indicadores de FNB, estes poderão ter um efeito prático
essa lacuna. no comportamento dos consumidores e dos cidadãos.
A importância da mudança no comportamento pode
Uma vez que muitos dos atuais indicadores de progres-
emergir de formas significativas, quando há indicado-
so e desenvolvimento não refletem o índice FNB ade-
res apropriados que direcionam a atenção tanto para
quadamente, o Governo Real do Butão determinou ao
as causas dos problemas como para a maneira como
o Centro de Estudos do Butão (CBS) que desenvolvesse
o comportamento e as decisões podem evitar e solu-
o índice FNB, visando oferecer indicadores apropriados
cionar esses problemas. Essa potencial função de mu-
para o desenvolvimento butanês.
dança no comportamento contida nos indicadores de
O Centro de Estudos do Butão criou um índice de um FNB pode ser valiosa. Por exemplo, certos indicadores
24
INTRO
de FNB medem as taxas de prevalência de emoções ne- e orgânica entre os valores preconizados, por um lado,
gativas e positivas, da compaixão à raiva. Os níveis de e os reais programas, políticas e projetos, por outro. As
confiança, voluntariado e segurança também podem implicações da busca dessa relação orgânica devem ser
ser medidos. Informações sobre suas taxas de preva- reconhecidas pela forma de governo do Butão como um
lência irão influenciar o comportamento das pessoas todo: se for realizada e bem-sucedida, significa que os
à medida que elas comecem a comparar suas próprias ambientes econômico, político, social, ambiental, cultural
características com as tendências nacionais. e tecnológico do país serão permeados pelos valores da
FNB e que haverá uma coerência natural entre as políti-
Para se qualificar como um indicador válido de FNB, um cas do país que refletem os valores por ele nutridos.
indicador de qualquer variável deve ter uma influência po-
sitiva ou negativa no bem-estar e na felicidade. A direção Ao mesmo tempo, do ponto de vista da cultura butanesa,
da causalidade em relação à felicidade e ao bem-estar deve deve-se entender que a distinção entre o subjetivo e o ob-
ser clara. Por exemplo, menos crimes, doenças e poluição jetivo é meramente um dispositivo heurístico, que não re-
atmosférica têm uma influência positiva maior na felicida- presenta de nenhuma forma essencial o que é básico para
de do que mais crimes, doenças e poluição atmosférica. a natureza da realidade. A interdependência entre todas as
coisas e a transitoriedade de todas as coisas são conceitos
Os indicadores de FNB incluem tanto as dimensões fundamentais. A divisão convencional entre o subjetivo e
objetivas da vida, como as subjetivas. A construção de o objetivo é uma abstração a partir do que é, de fato, inter-
um índice deve atribuir peso igual aos aspectos fun- -relacionado. Para os indicadores de FNB, esse conceito
cionais da sociedade humana e ao lado emocional da cultural significa que considerar tudo como inter-relacio-
experiência humana. Para dar apenas um exemplo, as nado é mais útil do que enxergar categorias separadas. Na
percepções das pessoas sobre sua segurança e seguran- verdade, a felicidade em si reside na experiência da quali-
ça patrimonial são tão importantes na determinação da dade de relacionamento. Dessa forma, os vários domínios
felicidade quanto as estatísticas objetivas sobre crimes. não são simplesmente condições separadas de felicidade
Esse equilíbrio permite uma boa descrição das infor- em si mesmas. Em vez disso, é a íntima inter-relação entre
mações objetivas e subjetivas. esses domínios que é significativa.
Ao medir condições objetivas, como instalações esco- A construção do índice FNB visou uma representação
lares e médicas ou números de salas etc., é importante mais profunda do bem-estar do que os indicadores
avaliar a experiência psicológica ou subjetiva que acom- convencionais. A distinção entre o subjetivo e o ob-
panha a condição. Por exemplo, um estudante frequen- jetivo não é mais do que uma abstração da realidade,
ta uma escola que tem ótima pontuação nas estatísticas uma vez que, do ponto de vista budista, ela não existe.
escolares convencionais, mas esse estudante subjetiva- O que existe fundamentalmente é a inter-relação (em
mente vê a experiência educativa como inteiramente contraste a sujeito e objeto) em todos os níveis, que
deficiente – os professores podem ser opressores ou a pode somente ser avaliada por uma série de indicadores
sala de aula, um ambiente tenso. Em outras palavras, sociais, econômicos, culturais e ambientais. Isso posto,
o processo de obtenção da educação, que inclui a ex- felicidade e bem-estar são, em última análise, uma for-
periência em sala de aula, não promove uma sensação ma de ser que é afetada pela qualidade da inter-relação
de bem-estar no estudante, apesar do aparente alto de- e também a afeta, que muda de significado ao longo do
sempenho objetivo da escola. Portanto, um autorrelato tempo conforme aumenta nossa sensibilidade para o
de experiências, junto de estatísticas objetivas, fornece mundo ao nosso redor e na medida de nossa compre-
um quadro mais preciso do bem-estar do que somente ensão do que é importante ou valioso para nós e para
as estatísticas objetivas. todos os seres sencientes.
Uma vez que os indicadores refletem valores e dão forma Dasho Karma Ura
a programas, eles se tornam um elo vital na geração de Mestre em Política, Filosofia e Economia pela
feedback sobre a eficácia de políticas e programas exis- Universidade de Oxford, Inglaterra, e vice-presidente do
tentes e informações a serem usadas na implementação Conselho Nacional do Butão. Presidente do Centro para
de programas futuros, fazendo com que os valores que os Estudos do Butão, um centro multidisciplinar de pes-
eles incorporam sejam transmitidos às políticas e progra- quisas fundado pelo Programa de Desenvolvimento das
mas de uma forma ampla. Sendo assim, ao se utilizar os Nações Unidas (Pnud) para formular as análises estatísti-
indicadores de FNB como ferramentas de avaliação, eles cas do FIB, e membro da Comissão do FIB do Ministério
podem ser usados não somente para verificar se os pro- do Planejamento daquele país.
gramas são coerentes com os indicadores de FNB, mas
também para criar condições para uma relação coerente
25
2
Índice dos indicadores
Indicadores e Índices de Sustentabilidade de Nações
1. Os Princípios de Bellagio 28
2. IDH + IPH + IDG + MPG 30
3. GNH – Gross National Happiness 37
4. BIP 40 - Baromêtre des Inegalités et de la Pauvreté 40
5. BCN – Balanço Contábil das Nações 42
6. BS - Barometer of Sustainability 44
7. Calvert-Henderson Quality of Life Indicators 47
8. DNA Brasil 48
9. DS – Dashboard of Sustainability 51
10. EF – Ecological Footprint 54
11. EPI – Environmental Performance Index 57
12. ESI – Environmental Sustainability Index 60
13. EVI – Environmental Vulnerability Index 62
14. GPI – Genuine Progress Indicator (IPR) 64
15. GSI – World Bank’s Genuine Saving Indicator 66
16. HPI – Happy Planet Index 68
17. IDS – Indicadores de Desenvolvimento Sustentável IBGE 70
18. IEWB – Index of Economic Well-being 72
19. IPRS – Índice Paulista de RS 74
20. Isew – Index of Sustainable Economic Welfare 76
21. ISH – Index Social Health 78
22. LPI – Living Planet Index 79
23. RCI – Responsible Competitiveness Index 80
24. SF – Social Footprint 83
25. WN – The Well-being of Nations 85
26
INTRO
Nossos termômetros (econômicos) não nos dão mais a lei- O objetivo é fornecer dados econômicos mais amplos,
tura correta. Estão literalmente nos deixando mais doentes. mais inteligíveis para o público e mais relevantes para
Estão nos levando para o “norte” errado. Precisamos entre os formuladores de políticas, ao levar em conta fatores
linhas corrigir o rumo em prol de nossa sobrevivência. como degradação ambiental e qualidade de vida, mu-
dando, assim, nossas prioridades políticas para cons-
Essa distorção vem do fato de que as gerações e as so- truir sociedades mais justas e felizes.
ciedades que nos antecederam não tinham as mesmas
problemáticas. Produção era o eixo da questão. Isso ex- O grande desafio é chegar a um consenso sobre os
plica a métrica do PIB, que era única e exclusivamente meios de avaliar, medir as percepções objetivas – e não
centrado na quantidade monetarizada produzida no subjetivas – do bem-estar, atribuindo valores a elas,
pós-guerra. Ou seja, o PIB nasceu para ser uma ferra- como foi feito no caso das medidas de educação, saúde
menta de medição diretamente determinada pelo custo e padrões de vida do IDH. Precisamos promover esses
da indústria e da guerra. indicadores ao status que o PIB goza hoje.
Hoje em dia, face aos grandes desafios ambientais e hu- São dificuldades já encontradas ao tentar monetarizar os
manos que estão na nossa frente, precisamos de novos bens públicos, tais como a água e o ar: o esgotamento de
termômetros, que nos ajudem a transformar nossos recursos naturais pela exploração predatória, a degrada-
modos de produção e de consumo, equiparando-os aos ção do meio ambiente por meio de processos produtivos
recursos naturais disponíveis. Trata-se de uma mudan- poluidores (externalidades negativas que atinjam meios
ça substancial de modo de vida, de mudança de postu- como solo, ar e água) etc. Tal tarefa é fundamental para
ras quanto à estrutura e às dimensões de um modelo de que seja possível planejar um desenvolvimento que não
desenvolvimento, assim como instrumentos normati- vise restritamente a dimensão econômica. Portanto, trata-
vos mais apropriados. Já não é mais uma atividade al- -se da tentativa de evidenciar a interdependência de vari-
ternativa, trata-se de uma necessidade vital. áveis econômicas e socioambientais no modelo produtivo
e de desenvolvimento econômico adotado.
A atual crise financeira, abalando a economia mundial,
também deixa claro que nossas métricas econômicas são O modelo mercantil/financeiro que se espalha ao re-
falhas. Temos agora, então, uma oportunidade única de dor do mundo agrava as desigualdades, ameaça a nossa
mudar esse cenário. Se quisermos ser sustentáveis e ter sobrevivência e a coesão de nossas sociedades. Refor-
qualidade de vida, precisamos de indicadores confiáveis, mular um pacto social, ambiental e político em escala
que nos levam nessa direção. Afinal de contas, o que é im- mundial significaria mudar nosso olhar e nossos modos
portante deve ser medido, e o que é medido é gerenciável. de pensar, reavaliando as riquezas que darão um ver-
dadeiro preço à vida. Enfim, uma nova contabilidade e
Está mais do que na hora de fazer uma revisão das novas estatísticas darão outra leitura aos nossos rumos,
teorias de desenvolvimento baseadas unicamente na condizente com os nossos desafios socioambientais e
economia e restritas ao conceito de PIB. Precisamos riscos de autodestruição.
repensar uma fita métrica de nossas riquezas incluindo
sustentabilidade econômica, social, ambiental e até a Hoje em dia, uma das mais claras evidencias, concluí-
felicidade (qualidade de vida/bem-estar). da nos estudos internacionais sobre os riscos do futuro
(aquecimento global, miséria, escassez de água...), é que
A maioria dos especialistas concorda que precisamos não se trata de problemas técnicos, monetários ou f ísi-
atualizar nossas métricas econômicas e está trabalhan- cos. O problema é de escolha política.
do nessa direção. Esses estudos estão se intensificando
cada vez mais, inclusive tendo a ONU como grande in- E somos nós que iremos eleger os governantes que fa-
centivadora deste processo, na tentativa de incremen- rão essas escolhas.
DICA
Diretório Global de Indicadores. Compendium of Sustainable Development Indicator Initiatives é um diretório mundial de indicadores
de sustentabilidade. Iniciativa desenvolvida por vários parceiros e doadores: International Institute for Sustainable Development (IISD),
Environment Canada, Redefining Progress, the World Bank e the United Nations Division for Sustainable Development.
27
1 IISD
de Bellagio
prevê o estabelecimento de uma visão do desenvolvi-
mento sustentável e metas claras que a tornem factível
e significativa aos tomadores de decisão. O processo in-
clui, ainda, definição do conteúdo da avaliação (princí-
International Institute pios 2 a 5) e do processo de avaliação (princípios 6 a 8),
além da necessidade de melhoria contínua do sistema
for Sustainable (princípios 9 e 10).
2. PERSPECTIVA HOLÍSTICA
O que é
A avaliação em direção ao desenvolvimento susten-
Princípios que orientam a avaliação do progresso rumo ao tável deve:
desenvolvimento sustentável. Os Princípios de Bellagio são
orientações para a avaliação de todo o processo, desde a • Incluir visão do sistema todo e de suas partes;
escolha e o projeto dos indicadores e sua interpretação até • Considerar o bem-estar social, bem-estar ecológico e
a comunicação dos resultados, sendo princípios inter-rela- bem-estar econômico dos subsistemas; seu estado atu-
cionados, que devem ser aplicados de forma conjunta. al, tendência e taxa de mudança tanto dos componen-
tes das partes como da interação entre as partes;
Origem
• Considerar as consequências positivas e negativas da
Esses princípios são fruto do trabalho de especialistas, atividade humana de forma a refletir os custos e bene-
pesquisadores e praticantes de mensuração do mundo f ícios para os sistemas humano e ecológico, em termos
todo, que o Instituto Internacional para o Desenvolvi- monetários e não monetários.
mento Sustentável (International Institute for Sustaina-
ble Development – IISD) reuniu, na Fundação Educa- 3. ELEMENTOS ESSENCIAIS
cional e Centro de Conferências Rockfeller, em 1996, A avaliação em direção ao desenvolvimento susten-
em Bellagio (Itália), com o objetivo de sintetizar a per- tável deve:
cepção geral sobre os principais aspectos relacionados
com a avaliação da sustentabilidade. • Considerar a equidade e a disparidade dentro da po-
pulação atual e entre esta e as futuras gerações, lidando
com a utilização de recursos, com o superconsumo e
Objetivo
pobreza, direitos humanos e acesso a serviços;
Os Princípios foram criados tanto para iniciar pro- • Considerar as condições ecológicas das quais a vida
cessos de avaliação do desenvolvimento sustentável depende;
quanto para avaliar processos já existentes de qualquer
instituição, desde comunidades locais e empresas até • Considerar o desenvolvimento econômico e outros
organismos internacionais. aspectos que não são oferecidos pelo mercado e que
contribuem para o bem-estar humano e social.
Conteúdo 4. ESCOPO ADEQUADO
Os Princípios de Bellagio são em número de dez e A avaliação em direção ao desenvolvimento susten-
abrangem todas as etapas do processo de desenvolvi- tável deve:
28
IISD 1
• Adotar um horizonte de tempo suficientemente longo • Garantir a participação dos tomadores de decisão para
para capturar as escalas de tempo humano e dos ecos- assegurar uma forte ligação com a adoção de políticas e
sistemas, atendendo às necessidades das futuras gera- os resultados da ação.
ções, bem como da geração atual em termos de proces-
9. AVALIAÇÃO CONSTANTE
so de tomada de decisão no curto prazo;
• Definir o espaço de estudo para abranger não apenas A avaliação em direção ao desenvolvimento sustentá-
impactos locais, mas também o impacto de longa dis- vel deve:
tância sobre pessoas e ecossistemas; • Desenvolver a capacidade de repetidas medidas para
• Construir um histórico das condições presentes e determinar tendências;
passadas para antecipar futuras condições. • Ser interativa, adaptativa e responsiva às mudanças e
incertezas, porque os sistemas são complexos e estão
5. FOCO PRÁTICO em frequente mudança;
A avaliação em direção ao desenvolvimento sustentável • Ajustar as metas, sistemas e indicadores com as novas
deve ser baseada em: descobertas decorrentes do processo;
• Um sistema de categorias explícitas ou um sistema • Promover o desenvolvimento do aprendizado coletivo
organizado que conecte a visão e as metas com os indi- e o feedback necessário para a tomada de decisão.
cadores e os critérios de avaliação;
10. CAPACIDADE INSTITUCIONAL
• Um número limitado de questões-chave para análise;
A avaliação em direção ao desenvolvimento sustentá-
• Um número de indicadores ou combinações de indi- vel deve:
cadores que sinalizem claramente o progresso;
• Definir clara responsabilidade e apoiar constantemen-
• Um padrão de medidas para permitir a comparação, te o processo de tomada de decisão;
quando possível;
• Assegurar capacidade institucional para a coleta de
• Comparação de valores dos indicadores com suas metas, dados, sua manutenção e documentação;
valores de referência, limites ou direção da mudança.
• Apoiar o desenvolvimento da capacitação local de
6. ABERTURA E TRANSPARÊNCIA
avaliação.
A avaliação em direção ao desenvolvimento susten- Fonte: Adaptado de Brunvoll et al. (2002).
tável deve:
Resultado
• Tornar os métodos e dados usados acessíveis a todos;
• Deixar explícitos todos os julgamentos, suposições e Apesar de ser unânime o reconhecimento do papel crucial
incertezas de dados. que desempenham os indicadores para mensurar o desen-
volvimento sustentável, é difícil vislumbrar alguma forma
7. COMUNICAÇÃO EFETIVA de medir o desenvolvimento sustentável que tenha ampla
A avaliação em direção ao desenvolvimento susten- aceitação, além de respeitar os dez critérios de Bellagio.
tável deve: Como afirma o professor José Eli Veiga, da Universidade
• Ser projetada para atender às necessidades do público de São Paulo: “É possível que se tenha pecado por excesso
e do grupo de usuários; de pretensão ao se estabelecer esses dez princípios. Toda-
• Ser feita de forma que os indicadores e as ferramentas via, mesmo que a referência seja apenas o quinto critério –
estimulem e engajem os tomadores de decisão; foco prático: as avaliações devem se basear num conjunto
explícito de categorias que liguem perspectivas e metas a
• Procurar a simplicidade na estrutura do sistema e uti-
indicadores –, é forçoso constatar que continuam a existir
lizar linguagem clara e simples.
sérias clivagens e bloqueios, tanto conceituais quanto ope-
8. AMPLA PARTICIPAÇÃO racionais, para que ele seja cumprido’’.
A avaliação em direção ao desenvolvimento susten- José Eli Veiga
tável deve:
• Obter ampla representação do público profissional, Referências
técnico e comunitário, incluindo participação de jo- www.ead.fea.usp.br/Semead/9semead/resultado_semead/
vens, mulheres e indígenas para garantir o reconheci- trabalhosPDF/331.pdf
mento dos valores, que são diversos e dinâmicos. www.iisd.org/mesure/compendium
29
2 IDH + IPH + IDG + MPG
IDH – Índice de
muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per
capita, que considera apenas a dimensão econômica
do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq, com
Desenvolvimento a colaboração do economista indiano Amartya Sen,
ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o
Conteúdo
O IDH é um índice composto, baseado no enfoque das
capacidades: todas as pessoas devem poder desfrutar
uma vida longa e saudável, adquirir conhecimento e
ter acesso aos recursos necessários a um padrão de
vida decente.
30
IDH + IPH + IDG + MPG 2
Todas as três dimensões/aspectos do IDH são igual- Os indicadores utilizados no IDH-M não são os mes-
mente valiosas e desejáveis. Por isso, todos os índices mos do IDH:
que as representam têm o mesmo peso (1/3) na com- • Índice de Longevidade – indicador Esperança de vida
posição do IDH. ao nascer no município;
Método de Agregação: Somam-se os três índices, com • Índice de Educação – indicadores Taxa de alfabetiza-
igual peso, e se divide por 3. ção de adultos, com peso de 2/3, e Taxa de freqüência
O valor dos três índices varia de 0 a 1. Portanto, o valor bruta à escola dos habitantes do Município, com peso
do IDH também varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1/3.
de 1 for o valor do IDH, maior será o nível de desenvol- • Índice de Renda – indicador Renda per capita fami-
vimento humano de uma cidade, região ou país. liar média do município.
(*) PIB per capita – produção total de bens e serviços para consumo final de uma economia, dividida pelo número de habitantes da cidade, região ou país.
31
2 IDH + IPH + IDG + MPG
Os indicadores e a metodologia usados no ano de 2008 foram revisados e aperfeiçoados em relação aos
de 2007. A maior alteração se deu por conta de uma grande atualização do Banco Mundial e da OCDE
(Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) nos dados que compõem o Produto
Interno Bruto per capita: o novo cálculo fez com que o PIB de 70 países fosse revisado para baixo e o de
60 outras nações, para cima. Por conta dessas diferenças metodológicas, o IDH não pode ser comparado
ao divulgado em anos anteriores. Entretanto, para permitir a identificação de tendências, o Pnud usou os
novos métodos para recalcular o IDH de 2005 e de outros sete anos de referência: 1980, 1985, 1990, 1995,
2000, 2003 e 2004.
O índice varia de 0 a 1. A Islândia continua no topo da lista do IDH, com 0,968, seguida de perto por No-
ruega (com 0,968, mas com número inferior no cálculo de cinco casas decimais) e por Canadá (0,967). Na
ponta de baixo, o pior IDH permanece sendo o de Serra Leoa (0,329); a penúltima colocação fica com a
República Centro-Africana (0,352) e a antepenúltima, com a República Democrática do Congo (0,361).
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil aumentou entre 2005 (0,802) e 2006 (0,807), e o
País ficou na 70ª posição, em um ranking de 179 nações e territórios – maior número já considerado, dois
a mais que no ano passado. O fator mais relevante para a melhoria do País foi o avanço no índice relativo
à taxa de alfabetização; PIB per capita e longevidade, outros dois indicadores que compõem o índice,
também cresceram.
O resultado mantém o País entre as nações de alto desenvolvimento humano (IDH maior ou igual a 0,800),
grupo em que havia entrado já no Relatório de Desenvolvimento Humano do ano passado. No ranking
atual, o Brasil aparece abaixo da Albânia (69º) e acima de Cazaquistão (ambos com 0,807, com pequena
desvantagem ou vantagem no cálculo com cinco casas decimais). O País também supera Equador (72º),
Rússia (73º), Ilhas Maurício (74º) e Bósnia-Herzegóniva (75º).
O Brasil demonstrou expansão desde o início da década de 1980, mas foi a partir de 1995 que começou
a se aproximar mais dos outros países. Isso ocorreu até 2000, quando o crescimento perdeu força, mas, a
partir de 2003, voltou a acelerar. .
http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=2388&lay=pde
32
IDH + IPH + IDG + MPG 1.3
2
quebrada por nenhum conjunto de tabelas. As pessoas Human development report 2005
olhariam para elas com respeito, disse ele, mas quando hdr.undp.org/reports/global/2005/pdf/presskit/HDR05_PKE_
HDI.pdf
chegasse a hora de utilizar uma medida sucinta de de-
senvolvimento, recorreriam ao pouco atraente PIB, pois,
apesar de bruto, era conveniente. (...) Devo admitir que O IDH Ambiental
Mahbub entendeu isso muito bem. E estou muito conten- Se a ONU passasse a incorporar a variável ambiental
te por não termos conseguido desviá-lo de sua busca por na avaliação feita, anualmente, pelo Pnud, uma espécie
uma medida crua. Mediante a utilização habilidosa do de dança das cadeiras seria promovida entre as nações.
poder de atração do IDH, Mahbub conseguiu que os leito- Os Estados Unidos despencariam no ranking, enquan-
res se interessassem pela grande categoria de tabelas sis- to o Brasil subiria alguns degraus. O IDH Ambiental,
temáticas e pelas análises críticas detalhadas que fazem um índice híbrido calculado pelos técnicos do BNDES,
parte do Relatório de Desenvolvimento Humano.’’ é uma combinação dos indicadores que compõem o
Amartya Sen, Prêmio Nobel da Economia IDH e das variáveis do Índice de Sustentabilidade Am-
em 1998, no prefácio do RDH de 1999. biental (ISA). No ranking do IDH Ambiental, o Brasil
sobe do 54º para o 39º lugar. Maiores poluidores do
Referências mundo, os Estados Unidos, por sua vez, despencam do
Ranking de municípios no Brasil
oitavo lugar no IDH tradicional para a 15ª posição no
www.pnud.org.br IDH Ambiental. Potência emergente, a China está no
www.pnud.org.br/idh/ 129º lugar no indicador ambiental.
www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH-M%2091%2000%20
Ranking%20decrescente%20(pelos%20dados%20de%20 Fonte: O Globo, 25/3/2007, Economia, p. 33 e 34.
2000).htm
IDH ao redor do mundo: verde-escuro indica os índices mais altos (> 0,9); marrom, os mais baixos (< 0,3).
33
2 IDH + IPH + IDG + MPG
O Índice de
O IPH-1 mede a privação nas mesmas dimensões bási-
cas que o desenvolvimento humano, como o IDH.
34
IDH + IPH + IDG + MPG 2
35
2 IDH + IPH + IDG + MPG
NOTA TÉCNICA 1
CÁLCULO DOS ÍNDICES DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
Os diagramas seguintes oferecem uma visão clara do modo como são construídos os cinco índices
de desenvolvimento humano utilizados no relatório do desenvolvimento humano, realçando tanto as
semelhanças, como as diferenças.
Privação
de um nível de vida digno
36
GNH 3
37
3 GNH
5 Cercas vivas (árvores) ao redor de sua fazenda ou casa 8. INDICADORES DE VITALIDADE COMUNITÁRIA
5 Conhecimento sobre as formas de transmissão do vírus 6 Seu desejo era não fazer parte desta família
HIV/Aids 7 Os membros de sua família discordam muito entre si
6 Tempo de amamentação exclusiva para as crianças 8 Existe muita compreensão em sua família
7 A distância percorrida a pé até o centro de saúde mais 9 Sua família tem recursos reais para lhe proporcionar conforto
próximo
10 Quantidade de parentes que vivem na mesma comunidade
4. INDICADORES DE EDUCAÇÃO 11 Vítima de crime
1 Nível de educação 12 Sentimentos de segurança com relação a danos humanos
2 Taxa de alfabetização 13 Sentimento de inimizade na comunidade
3 Capacidade de compreensão 14 Quantidade de dias dedicados ao voluntariado
4 Histórico da alfabetização (conhecimento sobre lendas 15 Quantidade de doações financeiras
locais e histórias folclóricas)
16 Disponibilidade para apoio social
5 Ensinar as crianças a importância da imparcialidade para 4 Não discriminação baseada em raça, sexo, religião,
com ricos, pobres, diferente estatuto etc. língua, política ou outras formas
38
GNH 3
39
4 BIP 40
BIP 40 – Baromêtre
3. Saúde (5 indicadores)
4. Educação (5 indicadores)
ÍNDICE RENDA
• índice de salários;
• índice de consumo;
• índice de desigualdades de rendimentos e de tributação;
• índice de pobreza.
ÍNDICE SAÚDE
• expectativa de vida ao nascer;
• diferença de expectativa de vida entre executivos e
trabalhadores;
• proporção das despesas de saúde no PIB;
PaÍs • proporção das despesas de saúde a cargo das famílias;
ÍNDICE EDUCAÇÃO
O que é
• acesso à conclusão de curso;
Indicador sintético das desigualdades e da pobreza. • evasão escolar;
• desigualdades de nível em francês;
Origem
• desigualdades de nível em matemática;
Divulgado, em 2002, pela Rede de Alerta sobre Desi- • proporção de crianças de executivos em relação às
gualdade e Pobreza (Réseau d’Alerte sur les Inegalités crianças de empregados nos vestibulares.
et de la Pauvreté).
ÍNDICE MORADIA
Objetivo • peso das despesas de moradia no consumo das famílias,;
Abranger várias dimensões das desigualdades e da • índice do preço dos aluguéis em relação ao índice dos
preços ao consumo;
pobreza, construir, para cada dimensão, um indicador
(ele próprio produto de diversos indicadores) que per- • proporção do financiamento à habitação;
mita acompanhar a evolução no tempo das desigual- • proporção de ajuda à moradia nas despesas de moradia;
dades correspondentes e, por fim, somar (ou agregar) • número de queixas judiciais dos locadores por não
esses indicadores por dimensões, visando obter um receber os aluguéis.
índice global.
ÍNDICE JUSTIÇA
Conteúdo • taxa de aprisionamento;
• taxa de detenção provisória;
São seis dimensões (58 indicadores):
• proporção de condenados a penalidades superiores a
1. Emprego e trabalho (indicadores em quatro rubricas) cinco anos;
2. Renda (15 indicadores em quatro rubricas) • taxa das concessões da condição de refugiados.
40
BIP 40 4 1.6
BIP 40
Evolução do Barômetro das desigualdades e da pobreza desde 1983
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003
41
5 BCN
Balanço Contábil
Os ativos são avaliados monetariamente (US$), ado-
tando-se como custo de oportunidade o Produto Inter-
no Bruto, modalidade paridade do poder de compra,
das Nações
ou gross domestic product – purchasing power parity
(GDP-ppp), ajustado pelo consumo médio de ener-
gia em tonelada equivalente de petróleo, ou tons of oil
equivalent (TOE). O patrimônio líquido é quantificado
em função do saldo residual entre as emissões e captu-
ras de carbono (CO2) para cada país ou região, calcula-
do com base no custo previsto de captura de carbono e
nos cenários previstos nos Special Report on Emission
Scenarios (SRES) do IPCC. O Passivo é apurado por
equivalência contábil. Como justificativas aos critérios
O QUE É adotados:
O Balanço Contábil das Nações é uma metodologia O GDP-ppp: representa a soma em valores monetários
para a elaboração de relatórios financeiros de países ou de todos os bens e serviços finais produzidos em um
regiões, por meio do método inquired balance sheet e determinado país e, por esse motivo, foi definido como
da equação básica da contabilidade: ativo menos passi- parâmetro de avaliação dos ativos. O método paridade
vo é igual ao patrimônio líquido, composto por dados do poder de compra (ppp) é adotado pela ONU e pelo
f ísicos (recursos florestais) e financeiros. Banco Mundial e permite uma melhor comparabilidade
entre os países. Devido às limitações dessa medida de
crescimento econômico, propôs-se o ajuste pelo con-
ORIGEM sumo de energia.
O modelo originou-se num grupo formado por pesqui- Consumo médio de energia (em TOE): está relaciona-
sadores do Departamento de Contabilidade e Atuária do diretamente com as emissões dos GHG, em especial
da Faculdade de Economia, Administração e Conta- o CO2, e com o nível de desenvolvimento econômico e
bilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), do social dos países. Apresenta-se desigualmente distribu-
Instituto de Pesquisas da Civilização Yoko (IPCY), do ído, como se observa: média mundial (1,69 TOE), EUA
Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental (8,45), Alemanha (4,2), Japão (4,05), Rússia (3,5), Brasil
(PROCAM/USP) e do Instituto de Pesquisas em Ener- (1,09), China (0,66), Índia (0,32), Bangladesch (0,15).
gia Nuclear (IPEN/USP). Isso implica que, para gerar uma mesma quantidade
de US$ num determinado país, as emissões de CO2 e
a degradação ambiental são desiguais. Nos países em
OBJETIVO
que esse consumo é inferior a 1 TEP, as taxas de anal-
O Balanço Contábil das Nações tem por objetivo evi- fabetismo, mortalidade infantil e fertilidade são altas,
denciar a conta que cada cidadão terá que arcar diante enquanto a expectativa de vida e o Índice de Desen-
dos fenômenos de mudanças climáticas globais e do volvimento Humano (IDH) são baixos. Assim, apesar
aquecimento global, diante do aumento da concen- da necessidade de redução emergente do consumo de
tração dos gases de efeito estufa, ou greenhouse gas energia, é vital aumentar a barreira de 1 TEP nos países
(GHG). Mostra situações de superávit ou deficit e per- pobres (GOLDEMBERG, 2007).
mite reflexões individuais e coletivas sobre ações glo-
bais, regionais e locais em relação a políticas e meca- Saldo residual de CO2: os estoques de carbono flores-
nismos de preservação ambiental. tal contidos na biomassa e nos compostos orgânicos do
solo representam depositários de carbono evitado na at-
mosfera e foram convertidos em MegaTonelada de Car-
CONTEÚDO
bono (MTonC), de acordo com as áreas dos biomas de
O Balanço Ambiental de cada país tem os ativos repre- cada país e respectivas taxas de estocagem sugeridas pelo
sentados pelos seus recursos florestais, os passivos cor- IPCC (2000). O saldo residual é apurado diminuindo-se o
respondem às obrigações em relação à preservação do montante das emissões acumuladas de carbono de acor-
meio ambiente e o patrimônio líquido significa a par- do com as várias combinações de cenários SRES A1B1 e
cela residual destinada a recompor as reservas naturais A2B2 do IPCC, 2050, abrangendo desmatamento, uso de
para as gerações atual e futuras. tecnologias e cumprimento do protocolo de Kyoto.
42
BCN 5
Passo a passo
Os procedimentos básicos para a elaboração do Balan-
ço das Nações de determinado país ou região são os
seguintes:
1. Obtenção dos dados: Produto Interno Bruto (GDP-
ppp), consumo médio de energia anual (TOE), número
de habitantes, área florestal das biomassas e compostos
orgânicos, taxa de estocagem de carbono e custo sugerido
pela ONU do carbono evitado.
2. Mensuração do Ativo Ambiental: apuração do GDP-
ppp per capita pelo número de habitantes e divisão pelo
consumo médio de energia em TOE.
3. Mensuração do Patrimônio Líquido Ambiental: apuração
do saldo residual de carbono obtido pela diferença entre o
saldo em estoque (área florestal vezes taxa de captura de
carbono) e as emissões estimadas de carbono nos cenários
estabelecidos pelo IPCC. Por último, efetua-se a conversão
do saldo em MTonC para US$ pelo custo sugerido nos
relatórios da ONU.
4. Mensuração do Passivo Ambiental: obtido por
equivalência contábil.
RESULTADOS
Os resultados desse modelo mostram a situação am-
biental per capita para cada país ou região estudada, na
forma de um Balanço Patrimonial Ambiental.
O estudo pioneiro da USP foi apresentado durante o
evento do Prêmio Eco 2008, da Amcham do Brasil, em
conjunto com palestra do ministro Roberto Mangabei-
ra Unger sobre Mitos e realidades da Amazônia. Abran-
geu uma amostra de sete países do BRIC (Brasil, Rússia,
Índia e China) e de países desenvolvidos da América,
Europa e Ásia (EUA, Alemanha e Japão), que represen-
tam 68% do PIB, 50% da população e 48% do consumo
de energia e os principais blocos econômicos.
O balanço consolidado para o planeta, resultante do
estudo, mostrou-se deficitário, com um patrimônio lí-
quido negativo, ou seja, um passivo ambiental a desco-
berto equivalente a US$ 2,3 mil anuais para cada um
dos 6,6 bilhões de habitantes. Nesse cenário falimentar,
Brasil e Rússia terão papel fundamental, na medida em
que devem apresentar “superávit ambiental”, vantagem
sumariamente condicionada a ações urgentes contra os
desmatamentos hoje observados.
EQUIPE DA USP
José Roberto Kassai (FEA/USP e IPCY) – [email protected]
Rafael Feltran-Barbieri (Procam/USP) – [email protected]
Francisco Carlos B. Santos (Ipen/USP) – [email protected]
L. Nelson Carvalho (FEA/USP) – [email protected]
Yara Cintra (FEA/USP) – [email protected]
Alexandre Foschine (IPCY) – [email protected]
43
6 BS
Barometer
questões relativas ao desenvolvimento sustentável, em
qualquer âmbito do sistema, do local ao global.
of Sustainability Conteúdo
É a única escala de desempenho destinada a medir o
bem-estar humano e do ecossistema conjuntamen-
The World Conservation te, sem sobrepor um ao outro. Seus dois eixos – um
para o bem-estar humano, outro para o do ecossis-
Union (IUCN) e tema – permitem que indicadores socioeconômicos
The International e ambientais sejam combinados independentemente,
mantendo-os separados, possibilitando análises de in-
Development Research terações pessoas-ecossistemas.
44
BS 6
Trata-se de um gráfico bidimensional, em que os estados diferente. Também abordará a otimização da entrada de
do bem-estar humano e do ecossistema são colocados dados, o equilíbrio entre dados quantitativos e qualitativos
em escalas relativas, que vão de 0 a 100, indicando uma e o equilíbrio entre saúde humana e condição do ecossiste-
situação de ruim até boa em relação à sustentabilidade. ma. Até onde puder ser ligada à governança, a avaliação da
A localização do ponto definido por esses dois eixos, capacidade do Barômetro em se tornar uma importante
dentro do gráfico bidimensional, fornece uma medida ferramenta na mobilização da comunidade, baseada em
de sustentabilidade ou insustentabilidade do sistema. A evidências adequadas, será determinada.
representação gráfica dos resultados obtidos com a uti-
lização dessa ferramenta pode ser visualizada na figura
O Barômetro da Sustentabilidade
ao lado.
100
Os índices calculados para cada uma das dimensões do
sistema são plotados no gráfico a partir de seus respec- B Bom
tivos eixos. O ponto de intersecção entre esses índices, E
M 80
representados dentro do gráfico, fornece um retrato -
acerca da sustentabilidade do sistema. As tendências E Razoável
podem representar o progresso ou não de uma deter- S 60
minada cidade, estado ou nação. T 30 40 Argentina
Chile
A Médio
55 55
36
A escala utilizada no Barometer of Sustainability, para R Brasil 45
42 56
Ecuador
43 43
cada um dos eixos, varia de 0 a 100, consistindo em 100 40
H Colômbia
pontos e uma base 0. Ela está dividida em cinco setores de U Insatisfatório
20 pontos cada um, mais sua base, equivalente a 0. Cada M
setor corresponde a uma cor, que varia do vermelho até o A 20
verde, como pode ser observado na figura ao lado. N
Ruim
O
Resultados 0
Ruim Insatisfatório Médio Razoável Bom
Ainda é necessário testar o Barômetro como protótipo 20 40 60 80 100
de instrumento de medição de saúde de ecossistemas em Bem-estar do Ecossistema
condições culturais e ecológicas bastante diferentes. O Fonte: Prescott-Allen, 2001
campo de testes envolve um processo conhecido como
“comunidade sentinela” (Sentinel Community Surveillan-
ce – SCS), que representa uma combinação de técnicas Referências
de medição quantitativas e qualitativas. O sistema pro- www.idrc.ca
porciona um diálogo entre as comunidades e os serviços http://www.iucn.org/
públicos e, com apoio do IDRC, já está em operação em
Prescott-Allen, R. The Wellbeing of Nations: a country-
37 países em todo o mundo. Essa proposta testará o Ba- by-country index of quality of life and the environment.
rômetro em pelo menos uma região de quatro países sele- Washington: Island Press, 2001.
cionados: Costa Rica, Uganda, Nepal e México. Tratará de
An Approach to Assessing Progress toward Sustainability:
questões-chave sobre como o Barômetro conduz a dife- Tools and Training Series. IUCN – Publication Services
rentes medidas práticas; o que há por trás de suas leituras; Unit, 219, C Huntington Road, Cambridge CB 3 ODL, UK.
e como uma nova situação se reflete em um instrumento
Categoria
Biodiversidade Terra Água Ar Uso de Necessidades Social Patrimonial
Recursos
Fornecimento Qualidade Quantidade Critério
Indicador
Coliforme Fecal
45
6 BS
ECOSSISTEMA
Biodiversidade Água
• Diversidade da vida selvagem • Acesso à água
• Espécies raras ou ameaçadas • Fornecimento de água
• Abundância das espécies • Quantidade de água
• Diversidade de plantas selvagens • Qualidade da água
• Diversidade de cultivos • Padrão de drenagem
• Introduz espécies exóticas?
Em caso afirmativo, isso poderia ser
Ar
um impacto negativo (-).
• Qualidade do ar
Terra
• Habitat de vida selvagem
• Cobertura do solo
• Textura do solo Uso de Recursos
• Reciclagem de nutrientes • Uso da terra
• Fertilidade do solo • Preservação de recursos naturais
• Estrutura do solo • Uso de recursos
• Estabilidade do solo ou do talude
(como erosão)
Autodeterminação social
PESSOAS • Estrutura familiar
Necessidades humanas • Papéis dos gêneros
• Produções diversas (produtividade) • Crescimento populacional
• Segurança alimentar • Educação
• Rendimento (eficiência) • Cultura local
• Risco • Direitos de comunidades locais
• Renda ou distribuição de renda • Saúde da comunidade
• Necessidade de capital • Economia local/fluxo de capital
• Retorno econômico, margem de lucro • (Re)investimento local
• Necessidade de mão de obra • Infraestrutura da comunidade (como estradas)
• Necessidade de manutenção/aprendizagem • Safra da comunidade
• Autossuficiência (usa materiais locais?) • Acesso aos recursos da comunidade (como água, áreas de
• Controle sobre produção e processo pastagem)
• Condições de vida (como moradia) • Marcos culturais da comunidade
• Saúde humana (como saneamento, toxicidade) • Atividades recreativas da comunidade
• Fornecimento de energia (como madeira, • Posse da terra
combustível)
Perguntas (Sim = impacto positivo)
Equidade • O sistema ou a tecnologia atende aos problemas e às
Quem se beneficia? dificuldades identificados pelos habitantes da comunidade?
• Mulheres • As pessoas da comunidade foram envolvidas em todos os
• Meninas estágios do planejamento/desenvolvimento do projeto?
• Idosos • O sistema ou a tecnologia recebe apoio da estrutura pública
• Pobres local?
• Analfabetos • O sistema ou a tecnologia é compatível com as práticas,
• Homens sabedoria e preferências existentes na comunidade?
• Meninos • O sistema ou a tecnologia faz uso das práticas locais e das
• Jovens capacidades existentes?
• Ricos • O sistema ou a tecnologia tem o suporte de outros fatores
• Alfabetizados (como posse da terra, macropolíticas)?
46
CALVERT 7
Calvert-Henderson
de dados estatísticos. Esperamos que seja uma ferramenta
valiosa para pessoas, empresas e funcionários empenha-
dos em debates sobre qualidade de vida.”
Quality of Life Conteúdo
É um índice de mensuração da qualidade de vida dos Cada uma dessas áreas específicas é desdobrada em
Estados Unidos, que considera tendências e resulta- indicadores mais pontuais, que, como um todo, con-
dos econômicos, ambientais e sociais por meio de uma seguem cobrir o universo de informações necessárias
abordagem sistêmica. para desenvolver uma nova forma de concepção sobre
qualidade de vida, com uma profundidade que, por
Origem meio dos indicadores clássicos, seria inviável.
Os Indicadores de Qualidade de Vida Calvert-Henderson Escolheu-se não agregar os dados de forma a transfor-
surgiram da relação entre uma futuróloga internacional, má-los num coeficiente monetário que medisse o valor
Hazel Henderson, uma empresa de gerenciamento de dos ativos ecológicos. Escolheu-se uma metodologia
ativos financeiros, o Calvert Group, e 12 estudiosos com não amarrada e multidisciplinar para trazer os dados
conhecimento nas dimensões de qualidade de vida. num formato comum, mas não concentrados em um
único número. Dessa forma, as pessoas podem focar os
Publicados, pela primeira vez, em 2000, em forma de detalhes em cada campo.
livro, os Indicadores são resultado de um abrangen-
te estudo de seis anos, realizado por um grupo mul- Resultados
tidisciplinar de profissionais e estudiosos integrantes
de agências governamentais, empresas e organizações Pela primeira vez, os norte-americanos têm um instru-
sem fins lucrativos, que percebiam a necessidade de mento de avaliação de como e em que áreas o país está
métricas mais práticas e sofisticadas para avaliação de melhorando (ou piorando). Para tanto, não foi preciso
condições sociais. construir novos indicadores ou realizar novas pesqui-
sas: o estudo partiu dos dados existentes, e foi realizada
Objetivo uma seleção dos mais confiáveis. Em seguida, esses dados
foram cruzados segundo os grandes eixos de resultados
Contribuir para os esforços mundiais no sentido de de- práticos esperados pela população.
senvolver estatísticas abrangentes de bem-estar nacional
que possam ir além dos indicadores macroeconômicos
tradicionais. “Nosso objetivo foi medir e esclarecer siste- Referências
maticamente os principais aspectos da qualidade de vida”, www.calvert-henderson.com
explica Hazel Henderson. “Este estudo delineia tendências www.calvertgroup.com
47
8 DNA
Passo a passo
Foi definida uma forma geométrica para sintetizar a com-
paração das dimensões incluídas no estudo, baseada nas
projeções feitas pelos participantes da reunião organizada
O que é pelo Instituto DNA Brasil em outubro de 2004, às quais
foi atribuído o valor 1.
O índice tem como objetivo medir o progresso real e
a qualidade de vida do País, em relação a uma situação Situações piores para um mesmo indicador brasileiro
ideal, projetada para ocorrer em 2029. definem valores inferiores a 1. Situações melhores, se
houver, definem valores maiores que 1. O conjunto de
Origem pontos definidos pelos indicadores brasileiros apresenta-
dos em 2004 e referentes ao ano de 2002 conformou um
O índice DNA Brasil é produto de uma reflexão conjunta
polígono que pôde ser comparado às projeções realiza-
sobre o desenvolvimento brasileiro, realizada pelo Institu-
das pelos participantes do referido encontro.
to DNA Brasil e pelo Núcleo de Estudos de Políticas Pú-
blicas (NEPP – Unicamp). O NEPP conta com o apoio de Em face da quantidade de indicadores, a área do polígo-
pesquisadores do Instituto de Economia (IE) e do Núcleo no projetado (externa) se aproxima de um círculo, que foi
de Estudos de População (Nepo), da mesma universidade. adotado para facilitar a visualização gráfica. Em 2005, as
Foi estabelecido com a ajuda dos participantes do primei- informações foram atualizadas e, em sua maioria, referem-
ro evento anual do Instituto DNA Brasil, em 2004. -se a dados do ano de 2003. A comparação com as proje-
ções para 2029 foi realizada possibilitando a verificação da
Objetivo nova situação relativa do Brasil, diante das projeções.
Ele tem como objetivos: Foi solicitado aos participantes daquele primeiro encon-
tro que projetassem, para cada indicador, uma situação
• Visualizar a realidade por meio de indicadores, integrando
diversas dimensões. desejável e realista a ser alcançada no ano de 2029, a
partir da situação real brasileira retratada com base em
• Comparar a realidade brasileira com expectativas de
futuro e a situação de outros países.
informações de 2002.
• Balizar a mobilização de atores, públicos e privados, Resultados
envolvidos em projetos de desenvolvimento.
Em sua primeira medição, o índice apontou que o Bra-
O objetivo último do Índice DNA Brasil é criar uma sil estava na faixa de 46,8% dos 100% projetados. Em
mobilização nacional em torno de um projeto para o virtude de correções nos indicadores, esse índice aca-
desenvolvimento social e econômico do País, ressaltan- bou sendo corrigido para 47,6%, ou seja, 52,4 pontos
do as dimensões problemáticas e estabelecendo, com percentuais separavam o Brasil de 2004 do Brasil que
o máximo rigor e cientificidade possíveis, parâmetros os conselheiros do Instituto projetaram como factível e
que orientem a formulação de políticas e a ação de ato- racionalmente desejável.
res individuais e institucionais.
Em 2005, o índice teve uma pequena melhora: foi para
Conteúdo 49,3%. Na sua terceira atualização, em 2006, manteve
sua tendência de melhora, ainda que mínima, e subiu
O Índice DNA Brasil vai além das dimensões usadas para 51,4%.
pelo IDH (renda, longevidade e educação) e apura seu
resultado tendo por base sete dimensões sociais e eco- Referências
nômicas (sem deixar de considerar as dimensões de-
www.dnabrasil.org.br
mográficas da realidade brasileira):
Síntese do índice de 2004 = 46,8% (em PDF)
1. Bem-estar econômico www.nepp.unicamp.br/dnabrasil/sintese.pdf
2. Competição econômica Documento completo do índice de 2004 (em PDF)
3. Condições socioambientais www.nepp.unicamp.br/dnabrasil/referencia.pdf
48
DNA 8
COESÃO SOCIAL
CONDIÇÕES SOCIOAMBIENTAIS Distribuição de Renda Interpessoal
Instalações Adequadas de Esgotamento Sanitário Morte por Homicídio em Homens, na Faixa de 15 a 24 anos
Destino Adequado do Lixo Urbano Percentual de Adolescentes que são Mães
Tratamento do Esgoto Sanitário Justiça Tributária
49
8 DNA
G A
D F
B
E C
50
DS 9
Dashboard
board of Sustainability. O painel chamou a atenção in-
ternacional e faz parte dos dispositivos de sustentabili-
dade das Nações Unidas. Em 2003, como contribuição
of Sustainability à Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável, do
Canadá, expandiu o Dashboard para permitir a com-
paração de dados sociais, econômicos e ambientais dos
Instituto Internacional para o últimos dez anos. A última contribuição do grupo foi o
painel Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDGs).
Desenvolvimento Sustentável
– IISD Objetivo
(1) Uma função adicional calcula a média dos mostradores (performances econômica, social e ambiental) para que se possa chegar a um índice de sustentabilidade global ou
Sustainable Development Index (SDI).
(2) Caso o objetivo seja avaliar o processo decisório, um índice de performance política, Policy Performance Index (PPI), é calculado.
51
9 DS
presentação visual do sistema correspondente. Já o de- dio) até o verde-escuro (positivo). Um gráfico pro-
sempenho do indicador é mensurado por meio de uma cura refletir as mudanças de desempenho do sistema
escala de cores que varia do verde até o vermelho. avaliado, e existe um medidor que mostra a quanti-
dade remanescente de alguns recursos críticos. Nesse
Uma representação gráfica recente do sistema do sentido, os indicadores devem facilitar o processo de
Dashboard of Sustainability é construída por meio de comunicação acerca do desenvolvimento sustentável,
um painel visual de três displays, que correspondem transformando esse conceito em dados numéricos,
a três grupos ou blocos: as performances econômica, medidas descritivas e sinais orientativos.
social e ambiental. A performance do sistema é apre-
sentada por meio de uma escala de cores que varia do Atualmente, segundo os autores, todos os indicadores,
vermelho-escuro (crítico), passando pelo amarelo (mé- dentro de cada um dos escopos, possuem pesos iguais.
! ! !
Alertas Ambientais Alertas Sociais Alertas Econômicos
Água Pobreza Inflação
52
DS 9
67 .. 62
..
Mulheres Mulheres Suazilândia
África do Sul Madagascar
empregadas alfabetizadas 52 .. 44
92% idade 15 - 24,
Sem informações Lesoto 640 pontos
Figura de um Dashboard da África, que apresenta, em vermelho, situações críticas, e, em verde, as consideradas excelentes.
Resultados
A ferramenta deve ser usada para a comparação entre na-
ções, mas também pode ser aplicada para índices urba-
53
10 EF
Ecological Footprint
foi lançada em junho de 2006, concentrando-se em es-
tudos sobre populações.
O desenvolvimento da próxima edição do Ecologi-
Mathis Wackernagel e cal Footprint Standards já começou. Nessa edição, os
Comitês da Pegada Ecológica expandirão as padroni-
William Rees, da University zações para tratar mais especificamente de Pegadas or-
ganizacionais, bem como de Pegadas sobre produtos,
of British Columbia processos e serviços.
Os Comitês estão nos estágios finais do esboço de um
Processo de Certificação para avaliação.
Objetivo
A Pegada Ecológica mede o grau em que as deman-
das ecológicas das economias humanas respeitam ou
ultrapassam a capacidade da biosfera de fornecer bens
e serviços. Essa conta ajuda indivíduos, organizações e
governos a estruturar políticas, definir metas e acom-
País panhar o progresso em direção à sustentabilidade.
EUA Do ponto de vista da sustentabilidade, quando a Pegada
da Humanidade ultrapassa a quantidade de biocapaci-
O que é dade renovável, uma diminuição do capital natural tem
de ser feita, e isso é considerado insustentável. Contas
É uma ferramenta de gerenciamento do uso de recursos da Global Footprint relativas aos últimos 40 anos in-
naturais por indivíduos, cidades, nações e pela humani- dicam uma tendência de crescimento ao longo de 25
dade em geral. Mede em que grau a humanidade está anos, além da quantidade de biocapacidade renovável.
usando os recursos da natureza com mais rapidez do Em suma, a Pegada Ecológica da humanidade parece
que eles podem se regenerar. ter rompido os limites ecológicos e é, portanto, insus-
tentável.
Origem
Acompanhar o efeito acumulado do consumo humano
Desenvolvida pela equipe de Mathis Wackernagel e de recursos naturais e da geração de resíduos é uma
William Rees, da University of British Columbia, em das chaves para alcançar a sustentabilidade.
1993, a metodologia da Pegada Ecológica amadure-
ceu consideravelmente, nos últimos anos. O desen- Conteúdo
volvimento e a padronização desse método contábil
estão sendo coordenados, atualmente, pela Global Essa ferramenta de contabilidade de recursos mede em
Footprint Network, fundada em 2003, e suas 50 or- que grau a humanidade está usando os recursos da na-
ganizações parceiras. A Global Footprint Network tureza mais rapidamente do que eles podem se regene-
dedica-se a estimular o surgimento de um mundo no rar. A ferramenta ilustra quem está consumindo tanto
qual todas as pessoas tenham oportunidade de viver e que tipos de recursos naturais, com populações defi-
satisfeitas, dentro das possibilidades da capacidade nidas, seja geograficamente, seja socialmente. Também
ecológica da Terra. mostra em que medida os seres humanos dominam a
biosfera em detrimento de espécies selvagens.
As Pegadas variam bastante, de acordo com a região. A
Global Footprint Network, com sua parceira, a WWF A Pegada de uma população é a quantidade total de
International, tem publicado relatórios sobre a Europa áreas de terra e água biologicamente produtivas que
e a Ásia e, recentemente, apresentou um relatório so- ela exige para produzir os recursos que consome e para
bre a África, em parceria com a Agência Suíça para o absorver os resíduos que elimina, usando a tecnologia
atual. Como as pessoas consomem recursos e serviços
Desenvolvimento e a Cooperação.
ecológicos de todas as partes do mundo, sua Pegada é a
A primeira edição de normas e padrões relativos à Pe- soma de todas essas áreas, independentemente de onde
gada Ecológica, o Ecological Footprint Standards 2006, estejam localizadas no planeta.
54
EF 10
55
10 EF
A pegada é um retângulo. A base é proporcional ao nú- PARA CALCULAR A SUA PEGADA ECOLÓGICA
mero de habitantes, e a altura é o consumo de recursos Pegada Individual (Individual Footprint) – um questio-
per capita. Multiplicando a base pela altura, temos o nário (Ecological Footprint Quiz) sobre hábitos e atitu-
consumo de recursos dessa população. Em 1999, a área des, disponível no site www.myfootprint.org.
produtiva disponível per capita era 1,9 hectare, e a área
per capita capaz de dar os recursos consumidos nesse RESULTADO
ano eram 2,3 hectares. Isso corresponde a um super-
dimensionamento: precisaríamos de 120% de área ter- Hoje em dia, a maioria dos países e o mundo como um
restre para suportar o nosso estilo de vida, ou seja, a todo estão lidando com deficits ecológicos. O deficit
humanidade está usando 120% da capacidade da Terra. ecológico do mundo é igual ao seu descompasso ecoló-
gico (ecological overshoot)1.
Os cálculos de Pegada e Biocapacidade Nacional são a
base de todas as análises da Pegada Ecológica. A infor- Atualmente, a Pegada Ecológica é 23% maior do que a
mação é apresentada em folhas de balanço consistente- capacidade de regeneração do planeta. Ou seja, é ne-
mente formatas, que usam grandes conjuntos de dados, cessário mais do que um ano e três meses para a Ter-
tirados, principalmente, de órgãos e agências das Na- ra regenerar o que é utilizado em um único ano. A
ções Unidas. Com mais de 4 mil tópicos e 10 mil cálcu- manutenção ou aumento dessa diferença resultará no
los por país, por ano, a Pegada Nacional documenta os esgotamento dos recursos naturais do planeta. Essa é
recursos naturais (por exemplo, terra cultivável, pastos, uma grande ameaça subestimada e que não é trabalha-
florestas e áreas pesqueiras) disponíveis no país, assim da adequadamente.
como a demanda do país por esses recursos. Fonte: www.panda.org/livingplanet/lpr00/ecofoot.cfm
12 –
Unidades de área por pessoa
10 – América do Norte
Europa Ocidental
8– Europa Central e Oriental
Oriente e Ásia Central
6–
América Latina
4–
Ásia / Pacífico
África
2–
0–
299 384 343 307 484 3.222 710
OCDE
Não-OCDE
População (milhões)
Referências 1
Quando a demanda da humanidade por recursos
www.footprintnetwork.org ecológicos ultrapassa o que a natureza pode fornecer
www.rprogress.org/newprojects/ecolFoot.shtml continuamente, entramos no que foi chamado de
www.eea.europa.eu/highlights/Ann1132753060 “descompasso ecológico” (ecological overshoot).
56
EPI 11
Environmental Observação
O EPI não é uma atualização do Índice de Desenvolvi-
Objetivo
Conteúdo
O EPI identifica metas de desempenho ambiental e
mede em que grau cada país está se aproximando des-
sas metas utilizando os melhores dados disponíveis, o
que fornece padrões de avaliação para os atuais resul-
tados nacionais em controle de poluição e gerencia-
mento de recursos naturais. Os rankings agregados e
divididos por itens facilitam comparações entre países,
tanto globalmente quanto dentro de grupos relevantes
País com características semelhantes.
EUA O EPI 2006 avalia 133 países, com 16 indicadores
analisados em seis categorias políticas bem definidas:
O que é Saúde Ambiental, Qualidade do Ar, Recursos Hídri-
É um método para quantificar e classificar numerica- cos, Biodiversidade e Habitat, Recursos Naturais Pro-
mente o desempenho ambiental de um conjunto de dutivos e Energia Sustentável. Dados incompletos ex-
companhias e países. cluíram 60 países do EPI 2006.
57
11 EPI
Resultados
Referências
www.yale.edu/epi/
beta.sedac.ciesin.columbia.edu/es/epi
58
EPI 11
Mortalidade Infantil
Poluição de Ar Interna
Saneamento Adequado
Saúde Ambiental
Material Particulado Urbano
Produção de Madeira
Eficiência Energética
78,8 - 88,1 69,6 - 78,7 60,3 - 69,5 51,7 - 60,2 25,6 - 51,6 Sem dados
59
12 ESI
Environmental Objetivo
O ESI estabelece meios de comparação entre diferentes
Sustainability países:
• Condições ambientais: qualidade do ar, da água, quantidade
Index – ESI
de água etc.
• Redução do estresse ambiental: redução da poluição,
menor estresse no ecossistema etc.
• Redução da vulnerabilidade humana: saneamento básico.
Ycelp • Capacitação social e institucional: governança corporativa,
ciência e tecnologia.
Yale Center for Environmental • Condições econômicas globais: acordos internacionais,
cooperação em acordos ambientais etc.
Law and Policy
A cada dimensão corresponde uma premissa:
• Em primeiro lugar, é necessário que os sistemas
Ciesin of ambientais vitais sejam saudáveis e não entrem em
deterioração.
Columbia University • Também é essencial que os estresses antrópicos sejam
baixos e não causem danos aos sistemas ambientais.
Center for International Earth • Em terceiro, a alimentação e a saúde não devem ser
comprometidas por distúrbios ambientais.
Science Information Network • Em quarto, é preciso que existam instituições, padrões
sociais, habilidades, atitudes e redes que fomentem efetivas
respostas aos desafios ambientais.
• E, em quinto, há que se cooperar para o manejo dos
problemas ambientais comuns a dois ou mais países, além
de reduzir os “transbordamentos” de problemas ambientais
de um país para outro.
60
ESI 12
59,7 - 75,1
52,5 - 59,8
46,6 - 52,4
40,5 - 48,2
29,2 - 40,0
61
13 EVI
Environmental
insights sobre processos que possam influenciar negati-
vamente o desenvolvimento sustentado dos países.
62
EVI 13
63
14 GPI
Genuine Progress
I. Crime e Colapso Familiar (Family Breakdown) – fatores
que geram custos adicionais aos indivíduos e à socie-
dade sob a forma de multas, despesas médicas, danos
Indicator – GPI à propriedade etc. O PIB trata tais despesas como adi-
ções ao bem-estar, já o GPI subtrai esses custos.
II. Trabalho Doméstico e Voluntário – contribuições alta-
Redefining Progress mente relevantes à sociedade que são ignoradas no cál-
culo do PIB por não gerar troca de moeda. O GPI corrige
tal omissão e inclui, entre outras coisas, o valor do traba-
lho doméstico por meio de um calículo aproximado do
custo de se contratar uma pessoa para tal função.
III. Distribuição de Renda – o aumento de receita não
significa melhoria para todos, porque pode aumentar
também a diferença entre os muito ricos e os demais.
O GPI cresce à medida que os pobres recebem um per-
País centual maior da receita nacional; e decresce quando
EUA esse percentual diminui.
IV. Exaustão de Recursos – uma vez que a atividade eco-
O que é nômica atual exaure a base de recursos f ísicos necessá-
Índice de mensuração do progresso de nações que con- ria para a atividade futura, ela não está verdadeiramen-
sidera os parâmetros bem-estar e meio ambiente, criado te contribuindo para o bem-estar; pelo contrário, está
como proposta de substituição do Produto Interno Bruto. apenas tomando de empréstimo das gerações futuras.
O PIB contempla tais empréstimos como parte da re-
Origem ceita atual. Por outro lado, o GPI contabiliza a exaustão
ou degradação de terras produtivas e minerais não re-
O GPI foi criado em 1995, pela Redefining Progress, or- nováveis (incluindo o petróleo) como custo atual.
ganização de políticas públicas sem fins lucrativos, criada
em 1994, que apresenta soluções que visam auxiliar pesso- V. Poluição – o PIB frequentemente considera a poluição
as, proteger o meio ambiente e desenvolver a economia. duplamente em seu cálculo (e como ganho): quando é
gerada e depois, novamente, quando passa por proces-
Objetivo sos de limpeza. O GPI, por sua vez, subtrai os custos de
poluição do ar e da água, medidos conforme os danos
O GPI é uma forma de medir o crescimento econômico atuais sobre a saúde humana e o meio ambiente.
de um país atrelado ao aumento do bem-estar de seus
VI. Danos Ambientais de Longo Prazo – as mudanças cli-
habitantes. O índice propõe uma comparação com o
PIB, buscando mostrar em que medida o crescimento máticas e a gestão de resíduos nucleares são dois custos
econômico tradicional está comprometendo o futuro de longo prazo gerados a partir do uso de combustível
da vida no planeta. fóssil e energia atômica. Esses custos não aparecem nos
cálculos econômicos tradicionais. Isso também vale
Conteúdo para a destruição do ozônio da atmosfera, causada pelo
uso de clorofluorcarbonos (CFCs). Por isso, o GPI trata
O indicador utiliza a mesma metodologia de cálculo o consumo de certas formas de energia e os produtos
do PIB, mas, diferentemente deste, subtrai custos de- químicos nocivos à camada de ozônio como custos.
correntes de fatores como criminalidade, poluição, de-
VII. Mudanças no Tempo de Lazer – à medida que a rique-
gradação ambiental e comprometimento dos recursos
za da nação aumenta, as pessoas deveriam poder esco-
e sistemas naturais, como fornecimento de água, por
lher entre dedicar mais tempo ao trabalho ou ter mais
exemplo. Por outro lado, acresce ao cálculo itens como
tempo livre para a família e outras atividades. No en-
trabalho doméstico e voluntário.
tanto, o oposto tem ocorrido, nos últimos anos. O PIB
Ambos, PIB e GPI, são mensurados em termos mone- ignora essa perda de tempo livre, mas o GPI considera
tários, podendo, assim, ser comparados na mesma es- o lazer algo de muito valor. Quando o tempo de lazer
cala. O índice é atualizado anualmente, a fim de retratar aumenta, o GPI cresce; do contrário, decresce.
o progresso econômico de modo mais real e acurado.
VIII. Despesas Preventivas – o PIB considera o dinheiro
Fatores considerados pelo GPI, em contraste com o cál- gasto pelas pessoas na prevenção da queda da qualida-
culo do PIB: de de vida ou na compensação de infortúnios de vários
64
GPI 14
65
15 GSI
(*) Capital Theory and the Measurement of Sustainable Development: an Indicator of Weak Sustainability, in Ecological Economics, 8(2), 1993.
(**) Green Adjustments to GDP in Resources Policy 20(3), 1994.
66
GSI 15
GS/Water
Referências
www.worldbank.org/
www.brettonwoodsproject.org/topic/environment/gensavings.
pdf (pág. 3)
67
16 HPI
Observação
País O HPI difere marcadamente do principal indicador de
Reino Unido renda geralmente usado para medir o sucesso de uma
nação – o Produto Interno Bruto (PIB) – e também tem
O que é uma fundamentação diferente para os vários indicado-
res alternativos, que partem do valor do PIB e depois
É um índice que mostra a eficiência ecológica com a subtraem custos sociais e ambientais para criar uma
qual o bem-estar humano é obtido em todo o mundo, medida mais precisa do sucesso econômico.
por nação ou grupo de nações.
Conteúdo
Origem
O Índice não revela qual é o país “mais feliz” do mundo.
A New Economics Foundation (NEF) foi criada em Ele mostra a eficiência relativa com a qual as nações
1986 pelos líderes do The Other Economic Summit convertem os recursos naturais do planeta em vida lon-
(Toes), um organismo que forçava a inclusão de ques- ga e feliz para seus cidadãos. As nações que lideram o
tões como o endividamento internacional nas agendas Índice não são os lugares mais felizes do mundo, mas
de discussão do G-7 e do G-8, grupo de países mais sim nações que pontuam bem, mostrando que obter
ricos do mundo. vida longa e feliz sem forçar os recursos do planeta é
possível. O HPI mostra que, em todo o mundo, altos
Como centro de estudos e ações independentes, com o ob-
níveis de consumo de recursos naturais não necessaria-
jetivo de inspirar e demonstrar o real bem-estar econômi-
mente produzem altos níveis de bem-estar (satisfação
co, a organização tem como objetivo melhorar a qualidade
com a vida) e que é possível produzir altos níveis de
de vida promovendo soluções inovadoras que desafiam o
bem-estar sem um consumo excessivo dos recursos da
pensamento tradicional sobre questões econômicas, am-
Terra. Ele também revela que há diferentes caminhos
bientais e sociais. Trabalha por meio de parcerias e situa as
para alcançar níveis comparáveis de bem-estar. O mo-
pessoas e o planeta em primeiro lugar.
delo seguido pelo Ocidente pode trazer longevidade
A NEF trabalha com todos os segmentos da sociedade, generalizada e variáveis graus de satisfação com a vida,
no Reino Unido e internacionalmente – com a socieda- mas só o faz a um preço alto e, no fim das contas, con-
de civil, governo, indivíduos, empresários e universida- traproducente em termos de consumo dos recursos.
des – a fim de criar mais entendimento e novas estra-
O Happy Planet Index (HPI) retorna a uma visão da eco-
tégias de mudança. A fundação desenvolve projetos em
nomia reduzida a seus elementos básicos: o que investi-
áreas específicas por meio de planos-piloto e ferramen-
tas de mudança, pesquisa aprofundada, campanhas e mos no processo (recursos) e o que tiramos dele (vidas
discussões sobre políticas. humanas de diferentes durações e graus de felicidade). O
Índice resultante, com 178 nações para as quais há dados
O Happy Planet Index (HPI) foi lançado em julho de disponíveis, revela que o mundo como um todo ainda tem
2006, e o relatório da NEF, Happy Planet Index: Um um longo caminho pela frente. Em termos de obtenção de
68
HPI 16
vidas longas e realizadas dentro dos limites ambientais da Numa escala de 0 a 100, o campeão Vanuatu obteve 68,2
Terra, todas as nações poderiam se sair melhor – nenhum pontos, enquanto os EUA conseguiram 28,8 pontos e a
país alcança uma pontuação geral “alta” no Índice, e ne- 150a colocação no ranking. O Reino Unido somou 40,3
nhum país se sai bem em todos os indicadores. pontos e ficou em 108o lugar. Os habitantes das ilhas de
Vanuatu vivem cerca de 69 anos, aproximadamente oito
Nenhum país individualmente listado no Happy Planet anos a menos do que os norte-americanos, e o Produto
Index está fazendo tudo certo. Temos de reconhecer de Interno Bruto (PIB) per capita é de US$ 2.944, um valor
saída que, embora alguns países sejam mais eficientes 13 vezes menor do que o dos EUA. “As pessoas podem
em oferecer vida longa e feliz a seus povos, todo país viver bastante e ter vidas felizes sem utilizar mais do que
tem seus problemas e nenhum possui desempenho tão sua cota justa dos recursos naturais do planeta”, segundo
bom quanto poderia. No entanto – uma observação o relatório publicado no site da fundação.
fascinante –, é possível enxergar padrões emergentes
que indicam formas melhores de obter vida longa e fe- Cuba e Vietnã, países que na, década de 1960, represen-
liz para todos e, ao mesmo tempo, viver dentro de nos- tavam o “perigo vermelho”, são, atualmente, paraísos de
sos meios ambientais. felicidade, ocupando colocações que estão mais de 100
posições acima da dos EUA.
O desafio será saber se somos capazes de aprender com
as lições do HPI – e de aplicá-las. De acordo com a pesquisa, os EUA e a Alemanha pos-
suem níveis semelhantes de satisfação e de expectativa
O Índice é montado a partir de três indicadores diferen- de vida, embora os alemães, que obtiveram a 81a colo-
tes, dois dos quais são objetivos: a expectativa de vida cação, disponham de uma “reserva ecológica” ou área
e a pegada ecológica – uma medida da nossa utilização exigida para sustentar sua população, com metade das
de bens e serviços ambientais. O terceiro indicador é o dimensões da dos Estados Unidos.
bem-estar subjetivo das pessoas, ou a “satisfação com a
vida”. (Note que a maneira pela qual as pessoas relatam Entre os países membros do G-8, a Itália foi o país que
sua satisfação corresponde a fatores objetivos, como obteve a melhor colocação, ficando com o 66o lugar. Já
sua saúde f ísica e mental.) a Rússia teve a pior: 172o lugar, ficando bem perto do
último país do ranking. Entre os mais ricos, Japão, Ca-
Passo a passo nadá e França ficaram, respectivamente, na 95a, 111a e
129o colocação.
Como é calculado:
Países da América Central responderam por nove das dez
O HPI incorpora três indicadores separados: a pega- primeiras posições dos países mais felizes. As economias
da ecológica, a satisfação com a vida e a expectativa de africanas, entre as quais a Suazilândia e a Guiné Equato-
vida. Os cálculos estatísticos que embasam o HPI são rial, formam o grupo dos dez últimos, segundo o índice.
bastante complexos. Entretanto, conceitualmente, o ra-
ciocínio é direto e intuitivo: O Brasil ficou na 63a posição, contabilizando 48,6 pon-
tos no índice, bem atrás da Argentina, que ficou na
Satisfação com a vida x expectativa de vida 47a colocação, com 52,2 pontos. Colômbia ficou em
HPI = segundo lugar, com 67,2 pontos. O país mais infeliz do
Pegada ecológica mundo é o Zimbábue, que ficou em último no ranking,
com 16,6 pontos.
O HPI é calculado pela multiplicação da expectativa de
vida pelo nível de satisfação com a vida. Esse resultado Com base nessas descobertas, a NEF propõe um ma-
é dividido pelo impacto ambiental de cada país, fator nifesto global por um planeta mais feliz. A NEF aponta
que inclui as emissões de gás carbônico. as políticas e áreas nas quais os países com baixa ex-
pectativa de vida, pouca satisfação com a vida ou alta
Resultados pontuação na pegada ecológica devem se concentrar,
de modo que todos possam viver dentro dos limites
O índice foi compilado durante dois meses, com a ajuda ambientais da Terra e ampliar o bem-estar para todos.
dos dados referentes à expectativa de vida da Organi-
zação das Nações Unidas (ONU), divulgados em 2003, Referências
das estatísticas do Banco de Dados Mundial sobre a Fe-
www.neweconomics.org/gen
licidade, de 2005, e de uma pesquisa sobre consumo e
impacto ambiental realizada pela World Footprint. PDF: www.neweconomics.org/gen/uploads/dl44k145g5scuy
453044gqbu11072006194758.pdf
Cento e setenta e oito países, cujas informações esta- Calcule seu próprio HPI
vam disponíveis, constam no ranking HPI. http://www.itint.co.uk/hpisurvey
69
17 IDS
Indicadores de Conteúdo
A atual edição (2008) reúne 60 indicadores, dentre eles
Sustentável – IDS
sustentável.
Eles são apresentados em quatro dimensões:
• Ambiental: 23 indicadores
IBGE • Social: 19 indicadores
70
IDS 17
71
18 IEWB
Well-being – IEWB completo que o PIB2, visa contribuir para que os in-
divíduos de uma sociedade analisem e julguem com
mais propriedade se as decisões e políticas públicas
Centre for the Study adotadas naquele país trazem melhorias efetivas para
a sociedade.
of Living Standards O IEWB não é uma tentativa de resumir o “bem-estar
econômico da sociedade” em um único número obje-
tivo, mas é uma tentativa de prover os meios para que
cada indivíduo faça a sua avaliação subjetiva – a partir
de dados objetivos – e tire sua conclusão pessoal do que
venha a ser o bem-estar da sociedade.
Conteúdo
(1) O Centre for the Study of Living Standards é uma organização, independente, sem fins lucrativos, que busca contribuir, por meio de pesquisas, para a melhor
compreensão das tendências e determinantes da produtividade, dos padrões de vida e do bem-estar econômico e social.
(2) Para o Centre for the Study of Living Standards, o PIB é uma medida incompleta do consumo ao ignorar o valor do lazer e as expectativas de vida mais longas, bem
como o valor da acumulação para as gerações futuras. Além disso, por ser uma média, o PIB per capita não dá nenhuma indicação da probabilidade de que um indivíduo
venha a compartilhar da prosperidade, nem do grau de ansiedade com a qual os indivíduos contemplam seus futuros.
72
IEWB 18
Resultados
Referências
www.csls.ca/iwb/macdonald.pdf
www.csls.ca/iwb.asp
www.csls.ca/iwb/iewb-guide.pdf
73
19 IPRS
Índice Paulista de
processo complexo que, ao lado dos aspectos econômi-
cos, deve considerar as dimensões relativas à vida social
e à qualidade de vida dos indivíduos. Procurou-se, as-
Responsabilidade sim, construir um indicador que identificasse o estágio
de desenvolvimento de um determinado município nas
Objetivo
A apresentação da versão atual, com base nos dados
de 2002, permite uma radiografia da situação socioe-
conômica de seus municípios, de sua trajetória recente
e de seus principais desafios, além das análises e com-
parações da evolução dos índices de cada município ou
região do Estado, no que diz respeito à produção de ri-
queza e ao impacto nos seus indicadores sociais.
PaÍs
Brasil Conteúdo
O IPRS é composto de quatro indicadores: três sinté-
O que é
ticos setoriais (*), que mensuram as condições atuais
O IPRS é um sistema de indicadores socioeconômicos de um município em termos de renda, escolaridade
referidos a cada município do Estado de São Paulo, des- e longevidade – permitindo o ordenamento dos 645
tinado a subsidiar a formulação e a avaliação de políti- municípios do Estado de São Paulo segundo cada uma
cas públicas voltadas para o desenvolvimento dos mu- dessas dimensões; e uma tipologia constituída de cinco
nicípios paulistas. Não se trata de um desenvolvimento grupos, denominada grupos do IPRS (**), que resume a
comum, mas aquele do qual a sociedade participe e se situação dos municípios segundo os três eixos conside-
beneficie, na procura por um maior equilíbrio econô- rados, sem, no entanto, ordená-los.
mico e social do Estado.
Os três indicadores sintéticos são expressos em uma
escala de 0 a 100, constituindo uma combinação linear
Origem de um conjunto específico de variáveis. A estrutura de
A Fundação Seade recebeu da Assembleia Legislativa ponderação foi obtida de acordo com um modelo de
do Estado de São Paulo, no âmbito do Fórum São Pau- análise fatorial, em que se estuda o grau de interdepen-
lo, em 2000, a incumbência de construir um indicador dência entre diversas variáveis.
que permitisse mensurar o grau de desenvolvimento
(*) TRÊS SINTÉTICOS SETORIAIS:
humano de todos os municípios paulistas. O indicador
deveria traçar um retrato detalhado do Estado de São I Riqueza Municipal
Paulo em termos de desenvolvimento, compartilhando • Consumo residencial de energia elétrica
com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) o • Consumo de energia elétrica na agricultura, no comércio e
entendimento de que o desenvolvimento humano é um nos serviços
74
IPRS 19
Resultados
75
20 ISEW
Conteúdo
País
O Isew, (Index of Sustainable Economic Welfare), ou
Reino Unido Ibes (Índice de Bem-Estar Econômico Sustentável),
mede o desempenho econômico de uma nação a partir
O que é de 20 indicadores, agregando medidas convencionais
É um índice monetário que visa substituir o PIB como – como o crescimento dos investimentos de capital –
medida de progresso das nações e vai muito além da com elementos sociais e ambientais – como, por exem-
medida total das atividades econômicas, pois leva em plo, a distribuição da renda, o trabalho doméstico, a
conta o quanto as políticas nacionais realmente resul- poluição do ar e da água, a degradação do solo agrícola
tam em melhor qualidade de vida para todos. e a perda de recursos naturais. Ou seja, inclui as ques-
tões econômicas distributivas e uma série de variáveis
Origem ambientais e sociais que possuem um peso importante
para o bem estar agregado.
As organizações Friends of the Earth, Centre for Envi-
ronmental Strategy (CES), New Economics Foundation Em vez de simplesmente somar todos os dispêndios,
(NEF) e outras trabalharam em conjunto para desen- como no Produto Interno Bruto, o dispêndio no con-
volver indicadores econômicos alternativos ao PIB. O sumo é equilibrado por fatores como a distribuição de
mais avançado deles é o Índice de Bem-estar Econô- renda, o custo associado à poluição e outros custos eco-
mico Sustentável (Isew), que já foi calculado para nove nomicamente não sustentáveis. O cálculo do progresso
países e acaba de ser revisado no Reino Unido pela CES, nacional leva em conta as contribuições negativas (cus-
NEF e Friends of the Earth. tos sociais e ambientais ligados às desigualdades de ren-
O índice baseia-se nas ideias apresentadas por Nord dimentos, à poluição aos ruídos, às perdas nos ecossiste-
haus e Tobin em sua Medida de Bem-Estar Econômi- mas naturais, à diminuição dos recursos não renováveis,
co. Foi desenvolvido, pela primeira vez, em 1989, por à erosão da camada de ozônio etc.) e positivas (trabalho
Daly e Cobb. Posteriormente, eles vieram a adicionar doméstico e despesas públicas de educação e de saúde)
vários outros “custos” à definição do Isew. das atividades econômicas, políticas e sociais.
76
ISEW 20
Resultados 0
Além dos Estados Unidos, em muitos outros países, 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000
como na Holanda, Grã-Bretanha, Áustria, Austrália,
Itália, Suíça, Alemanha e Chile, a metodologia de Daly PIB Isew
e Cobb tem sido adotada. Em todos os países, pode-se
observar uma tendência semelhante: o bem-estar social
nacional tem divergido do PIB desde 1970.
Em cálculos realizados usando-se o novo índice, en- Isew Sueco
Coroa sueca (milhões) per capita (preços de 1985)
Isew Italiano
Dica
1.000.000 Friends of the Earth criou uma ferramenta disponível
Lira (milhões) per capita (preços de 1985)
200.000 Referências
www.foe.co.uk/campaigns/sustainable_development/progress
0
1960 1970 1980 1990 Livro: Herman Daly e John Cobb, Jr – For the Common
Good: Redirecting the Economy Toward Community, the
Environment, and a Sustainable Future, 1989, Beacon
PIB ISEW
Press, Boston, Massachusetts, USA.
77
21 ISH
Index Social
CRIANÇA
• Mortalidade infantil
Health – ISH
• Maus-tratos
• Pobreza infantil
ADOLESCENTE
ADULTOS
• Desemprego
• Salário mensal médio
• Cobertura por seguro-saúde
IDOSOS
• Pobreza dos maiores de 65 anos
• Expectativa de vida aos 85 anos
TODAS AS IDADES
• Crimes violentos
• Acidentes de trânsito fatais por embriaguez
País
• Acesso à habitação a um custo acessível
EUA • Desigualdade de renda familiar
O que é Resultados
Indicador que sintetiza múltiplas variáveis sociais dos A partir de 1973, PIB e ISH deixam de se equivaler. O
EUA. PIB continua a aumentar, e o ISH passa a despencar for-
te e permanentemente.
Origem
Cinco indicadores melhoraram desde 1970: mortalida-
O índice foi criado por Marc e Marque-Luisa Mirin- de infantil, evasão escolar, pobreza – idosos de 65 ou
goff, em meados dos anos 1980. É de responsabilidade mais–, homicídios e acidentes de carro relacionados
do Institute for Innovation in Social Policy (Fordham com o consumo de álcool.
Institute for Innovation in Social Policy – Universidade
Fordham, Tarrytown, Nova York) desde 1987. Onze indicadores pioraram desde 1970: abuso infan-
til, pobreza infantil, suicídio de adolescentes, abuso de
droga por adolescentes, desemprego, salários semanais
Objetivo
médios, cobertura de seguro-saúde, despesas extras de
A premissa do índice baseia-se no fato de que a vida saúde para idosos de 65 anos ou mais, auxílio-alimenta-
social norte-americana deve ser conhecida a partir da ção, acesso a empréstimos imobiliários e desigualdade
combinação de vários indicadores, que influenciam uns de renda.
aos outros. Ao analisar problemas que afetam os nor-
Em 2004, último ano em que os dados completos foram
te-americanos em todos os estágios de sua vida ou em
disponibilizados, o ISH ficou em 54/100, a mais baixa
cada um deles (infância, juventude, idade adulta, velhi-
marca desde 1998. Entre 1970 e 2004, o índice declinou
ce), o índice busca fornecer uma compreensão da saúde
de 69,2 para 54,0, ou seja, 22%.
social da nação.
Referências
Conteúdo
iisp.vassar.edu/ish.html
O Índice é calculado a partir de 16 variáveis sociais, que M & M-L Miringoff. The Social Health of the Nation: How
são agrupadas por cinco categorias de idade: America is Really Doing? (NY Oxford University Press, 1999)
78
LPI 22
79
23 RCI
Responsible
ções Unidas e instituições parceiras na África, na Ásia,
na Europa e na América Latina.
Index – RCI
Rockefeller Brothers Fund e em parceria com a Fundação
Dom Cabral, o Pacto Global das Nações Unidas, redes de
negócios, organizações de pesquisa e instituições públicas
na África, na Ásia, na Europa e na América Latina.
AccountAbility
Objetivo
Revelar quais os países que estão atingindo crescimento
econômico sustentável baseado em práticas de respon-
sabilidade social.
Conteúdo
O Índice de Competitividade Responsável oferece in-
dicadores e métodos que permitem explorar a relação
entre a responsabilidade empresarial e a competitivida-
de, e inclui o Índice Nacional de Responsabilidade Em-
presarial, que mede a situação nacional da responsabi-
lidade empresarial em 85 países de cinco continentes,
com base em critérios que incluem grau de corrupção,
liberdade civil, governança corporativa e gerenciamen-
País
to ambiental, para se estabelecer o ranking global.
Reino Unido
Resultado
O que é
As conclusões de Competitividade Responsável baseiam-
É um índice que relaciona o estado da responsabilidade -se em numerosos casos de setores e temas específicos
corporativa com a competitividade das nações. do Brasil, Camboja, Chile, Europa e África do Sul, dos
novos e inovadores índices de avaliação de países, além
Origem dos já citados conceitos provenientes de um Diálogo de
Políticas Globais com o Pacto Global das Nações Unida.
Para elaborar o índice, a AccountAbility, uma organi-
zação internacional baseada em Londres que trabalha A mais recente edição do relatório, que traz os resultados
para fazer as empresas se tornarem transparentes em dos estudos feitos com o Índice de Competitividade Res-
seus impactos sobre as pessoas e o planeta, diagnos- ponsável e o Índice Nacional de Responsabilidade Em-
ticou, primeiramente, o estado da responsabilidade presarial, Competitividade Responsável: A Reformulação
corporativa em 80 nações, analisando critérios como dos Mercados Globais através de Práticas Empresariais
corrupção, manejo ambiental e governança corporativa Responsáveis – América Latina, foi lançada no final de
em cada país. A pesquisa foi, depois, relacionada com o 2006. Esse relatório surge de esforço de colaboração en-
índice de competitividade do Fórum Econômico Mun- tre AccountAbility, FDC e Incae, com o generoso apoio
dial, que define competitividade como a habilidade de do Fórum Empresa e do Fundemas.
um país atingir um crescimento sustentável no médio e
Esse relatório analisa o avanço da América Latina em
no longo prazo, para produzir o Índice de Competitivi-
relação à meta da competitividade responsável. Para
dade Responsável.
alcançar o seu potencial, a região precisa de mercados
Os inovadores Índice Nacional de Responsabilidade e regulamentações que impulsionem a produtividade,
Empresarial e Índice de Competitividade Responsável o desenvolvimento humano e a responsabilidade am-
foram desenvolvidos a partir do Diálogo de Políticas biental. O potencial para essa relação positiva existe,
Globais sobre Competitividade Responsável, realizado mas a “corrida para baixo” gerada pela competição con-
em 2004, em colaboração com o Pacto Global das Na- tinua sendo uma possibilidade concreta.
80
RCI 23
A América Latina enfrenta um conjunto único de de- 6. sensibilização das regras do comércio, investimento e
safios de competitividade. Os índices de competiti- competitividade;
vidade mais recentes mostram que, enquanto alguns 7. alinhamento das normas de responsabilidade com as
países da região estão melhorando rapidamente o oportunidades de competitividade;
seu potencial para crescimento no médio prazo, ou-
Como mostra esse relatório, a América Latina con-
tros permanecem estáticos ou até apresentam sinais
ta com bons exemplos em cada uma dessas áreas; no
de piora diante de seus competidores. A realidade
entanto, o relatório também argumenta que ainda há
das condições persistentes de pobreza e desigualda-
muito o que fazer.
de sugere que a distribuição irregular do crescimento
econômico não levará, por si só, ao desenvolvimento O relatório argumenta que as práticas empresariais res-
sustentável. É necessário uma forma mais responsável ponsáveis estão se convertendo em fatores importantes
de competitividade. da competitividade econômica nacional e regional. So-
bre a base dessas práticas, os governos e as empresas
Os países da América Latina avançam para a respon-
integrarão, cada vez mais, os temas de responsabilida-
sabilidade empresarial. Nesse sentido, o progresso da
de a suas estratégias, com a intenção de desenvolver e
América Latina é heterogêneo e varia desde o nível in-
manter a competitividade nacional.
termediário até os níveis mais baixos entre os 85 que
compõem a mostra de dados.
A Competitividade Responsável...
Os principais achados do Índice Nacional de Responsa-
bilidade Empresarial demosntram o seguinte: Prevê que os governos e as empresas de todo o mundo
incorporarão cada vez mais questões relacionadas com
• Os países nórdicos obtiveram uma pontuação muito boa. a responsabilidade social em suas estratégias de desen-
Apesar de a Noruega ser uma exceção (12o) os outros pa-
íses escandinavos se encontram entre os cinco primeiros
volvimento e manutenção da competitividade nacional.
(Suécia, primeiro; Finlândia, segundo; e Dinamarca, quar- Oferece um sólido quadro de propostas políticas para
to). esse propósito, assim como propostas concretas para a
• África do Sul é a economia emergente que ocupa a melhor
investigação e formulação de políticas.
posição dentro do ranking (sem contar a Europa Oriental),
A Competitividade Responsável constitui a condição
seguida por Coreia, Chile, Malásia, Costa Rica e Tailândia.
necessária para uma globalização viável, que alinhe a
• China alcança a posição número 66, enquanto Índia, seu ampliação de oportunidades e papéis da empresa no
grande competidor asiático, está mais acima, no número 43.
desenvolvimento com a redução de pobreza e desigual-
• Não há países da América Latina no terço superior do dade e a estabilidade ambiental.
Índice.
Em 2007, AccountAbility e seus parceiros lançaram um
• Os líderes regionais, Chile (29o) e Costa Rica (32o),
encontram-se no extremo superior do terço intermediário. novo Relatório de Competitividade Responsável, que serve
para monitorar o progresso da região e do mundo inteiro.
• Logo, encontramos um bloco intermediário de países
que inclui Brasil (37o), Panamá (47o), El Salvador (50o) e www.accountability21.net/default.asp?id=2074
México (54o).
Referências
• O terceiro grupo de países da América Latina encontra-se
no terço inferior da tabela global. Nesse grupo, estão 10 www.accountability21.net
dos 18 países da região incluídos no ranking. www.accountability21.net/uploadstore/cms/docs/
Competitividade%20Responsavel.pdf
O progresso na área de competitividade responsável
requer o desenvolvimento de ações em diversas frentes: Relatório 2006 (Am. Latina)
81
23 RCI
O relatório O Estado de Competitividade Responsável Composto por 21 indicadores, o índice avaliou o quanto
2007 – Fazendo a Sustentabilidade Ser Levada em Con- as estratégias e práticas dos negócios levam explicita-
ta no Mercado Global, lançado em julho de 2007, pela mente em conta seus impactos sociais, econômicos e
AccountAbility e pela Fundação Dom Cabral, coloca o Brasil ambientais; o quanto o macroambiente nacional orien-
na 56a colocação de um ranking feito com 108 países. A Sué- ta essas estratégias e práticas; e o quanto fatores como
cia ocupa o primeiro lugar, seguida de Dinamarca, Finlândia, liberdade de imprensa e intolerância à corrupção in-
Islândia e Reino Unido. A Austrália ocupa a nona colocação, fluenciam a promoção da competitividade responsável.
e o Japão, a 18a. Dentre os países emergentes, destacam-se o O primeiro fator foi o que teve a maior importância na
Chile, em 24o, e a África do Sul, na 28a posição. composição do índice.
90
América Latina
Países emergentes
Outros
80
70
Argentina
Rep. Dominicana
60 Peru Rússia
Colômbia
50 Panamá
Ranking ICC
Brasil
Índia Uruguai
30
20
Chile
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Ranking Inre
82
SF 24
83
24 SF
Bottom Total da Marca Social Quociente Social - Quanto mais alto, melhor
Lines _________________________ = (QS), ou a chamada - QS ≥ 1 é sustentável
Sociais* Lacunas no Suprimento Pegada Social - QS < 1 é insustentável
Próprio de Capital Antro
Sustentabilidade Quociente
Organizacional Quociente Social - Se verdadeiro, são sustentáveis
são 1 E são 1
Definida Ecológico (QE) - Se falso, são insustentáveis
(QS)
* Defendemos a posição de que há muitos Bottom Lines Ecológicos e muitos Bottom Lines Sociais, cada um correspondendo a impactos em algum aspecto do capital
ecológico e/ou antro, respectivamente. Os chamados Bottom Lines Econômicos são meramente tipos de Bottom Lines Sociais, e o Bottom Line Financeiro é uma questão à parte.
(1) People Feet é uma unidade métrica principalmente usada para especificar o denominador num quociente de sustentabilidade.
84
WN 25
The Well-being
suprimento de água, atmosfera global, qualidade do ar,
diversidade de espécies, uso da energia e pressões so-
bre os recursos naturais em um Índice de Bem-Estar do
of Nations Ecossistema (Ecosystem Well-being Index – EWI).
Os dois índices são, então, combinados em índices de
Bem-Estar/Estresse (Well-being Index – WI e Stress
IDRC Index – WSI), que medem quanto bem-estar humano
International Research Centre é obtido em cada país pelo grau de estresse exercido
sobre o ambiente. Sessenta e sete mapas geopolíticos,
codificados por cores, representam, de forma vívida, o
IUCN desempenho de cada uma das 180 nações em todos os
World Conservation Union índices, bem como nos principais indicadores relativos
a eles. Além disso, todos os dados são apresentados em
160 páginas de tabelas, e a metodologia altamente aces-
sível é descrita em apêndices, de modo que os leitores
País possam realizar suas próprias avaliações.
Canadá Observação
O que é A Avaliação do Bem-Estar pode ser usada em qualquer
âmbito, desde um único município até o mundo todo.
É uma nova análise da situação mundial – um levan-
Ela difere de outras abordagens para avaliação de sus-
tamento que avalia 180 países, que mede o desenvolvi-
tentabilidade por seu foco duplo, sobre o bem-estar hu-
mento humano e a conservação ambiental por meio do
mano e o do ecossistema, e por seu uso do Barômetro
método de Avaliação de Bem-Estar.
da Sustentabilidade para combinar um conjunto abran-
Origem gente de indicadores no HWI, EWI, WI e WSI.
A Avaliação de Bem-Estar, o método usado em The O método da Avaliação de Bem-Estar cobre uma gama
Well-being of Nations, foi desenvolvida e testada com mais ampla de fatores humanos e ecológicos do que ou-
o apoio do International Research Centre (IDRC) e da tras medidas mais tradicionais, como o Produto Inter-
World Conservation Union (IUCN). Nasceu de um no Bruto, o Índice de Desenvolvimento Humano ou o
projeto que visava produzir uma síntese de diversas Índice de Sustentabilidade Ambiental (ESI).
metodologias de avaliação de sustentabilidade, incluin-
do o Barômetro da Sustentabilidade de Prescott-Allen. Resultados
Foi testado e melhorado durante os primeiros anos do O relatório mostra que todos os países detentores de alto
projeto (1994-1996), até que Prescott-Allen desenvol- padrão de vida estão exercendo pressões indevidas sobre
veu o método para a segunda fase do projeto IUCN/ o ambiente. Trinta e sete países estão próximos de atingir
IDRC (1997-1999) e para The Well-being of Nations. um bom equilíbrio entre uma população saudável e um
Testes adicionais do Barômetro da Sustentabilidade e meio ambiente saudável, mas, a fim de verdadeiramente
do método completo foram realizados no Canadá, na alcançar esse equilíbrio, mesmo esses 37 países têm de
Índia, na Nicarágua, na Zâmbia e no Zimbábue. melhorar muito seus esforços ambientais.
O país com melhores resultados é a Suécia, que obteve o
Objetivo primeiro lugar no índice, ainda que o relatório a considere
Promover altos níveis de bem-estar humano e do ecos- um país com “deficit no ecossistema”: a Suécia obtém seu
sistema, demonstrar a aplicabilidade prática e o poten- avançado padrão de vida à custa de danos ambientais.
cial do método de Avaliação de Bem-Estar e encorajar A Alemanha ocupa o 13o lugar; a Austrália, o 18o; o Ja-
países, comunidades e corporações a realizar suas pró- pão, o 24o, e os Estados Unidos, o 27o. Em mais de 140
prias avaliações de bem-estar. nações, o estresse do ecossistema é mais alto do que o
Pretende aumentar a conscientização sobre a necessida- bem-estar humano – evidência de que os esforços da
de de planejamento e gerenciamento do desenvolvimento maioria da população para melhorar sua condição são
humano e da proteção ao ecossistema, simultaneamente. ineficientes e exploram em demasia o ambiente.
“O relatório sugere que um alto padrão de vida é possí-
Conteúdo
vel sem arruinar o meio ambiente, mudando-se a forma
Combinam-se 36 indicadores de saúde, população, ri- como o desenvolvimento é buscado”, diz Achim Steiner,
queza, educação, comunicação, liberdade, paz, crimina- diretor-geral da IUCN.
lidade e igualdade em um Índice de Bem-Estar Huma-
no (Human Well-being Index – HWI) e 51 indicadores Referência
de saúde da terra, áreas protegidas, qualidade da água, www.iucn.org/en/news/archive/2001_2005/press/wonback.doc
85
3
Índice de Iniciativas
1. Redefinição de Prosperidade 87
2. CMPEPS 88
3. France Libertés 90
4. Orbis 92
86
WN 1
Redefinição de Prosperidade
Redefinição Conteúdo
O projeto divide-se em quatro partes principais:
87
2 CMPEPS
La Commission Conteúdo
Essa comissão é organizada em torno de três temas:
sur la Mesure des Reconsiderar o progresso da sociedade: refletir so-
bre as medidas e as dimensões do bem-estar e progres-
Performances so social, sabendo, por exemplo, que o “crescimento”
não é necessariamente um sinal do aumento de bem-
du Progrès Social
sim, “medir outra coisa”. Isso impõe o questionamento
sobre o valor e os valores que fundamentam as nossas
medidas. A questão do “o quê” medir está intimamente
(CMPEPS) relacionada com o “por que medir”. A razão da busca
por outros indicadores vem da vontade de esclarecer
os fins que são inatingíveis, por se basear apenas nos
valores que são levados em conta pelos indicadores
Collectif FAIR: Forúm que dão prioridade à economia mercantil e à política
pour d’Autres Indicateurs monetária. Seria conveniente, por exemplo, perguntar-
-se se os nossos cidadãos não dão maior importância
de Richesse para a saúde ambiental e social, bem como para o de-
senvolvimento humano sustentável.
Comissão sobre a medição das Elaborar uma construção coletiva: reconsiderar que o
performances econômicas e progresso social não pode ser deixado exclusivamente
nas comissões de peritos, mesmo que as expertises de
progresso social várias disciplinas sejam indispensáveis. Cabe dar aos
cidadãos a oportunidade de dizer quais os fins a serem
Coletivo Fair: Fórum para Outros levados em conta e dar a oportunidade de participar
das discussões sobre a forma de levá-los em considera-
Indicadores de Riqueza ção. A participação da sociedade civil, as deliberações
políticas, a mobilização das pesquisas são necessárias
para dizer e selecionar os fins que são visados e para
ponderar os critérios e procedimentos de avaliação cor-
País respondentes. É tempo de refletir sobre os procedimen-
tos e métodos para elaborar essa construção coletiva.
França
Organizar os indicadores locais: refletir sobre os
territórios, comunidades e grupos dentro da popula-
O que é
ção cuja participação é relevante para reconsiderar o
Uma comissão que oferece uma reformulação da visão progresso da sociedade e desenvolver uma construção
da riqueza e do desenvolvimento humano sustentável. coletiva. Aprender com as experiências existentes, ter
práticas que partem das iniciativas em curso. Partilhar
Origem experiências na construção de indicadores. É, portan-
to, um tema central porque os âmbitos locais (comu-
Criada pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, em nidades, municípios, departamentos, países, regiões...)
janeiro de 2008: emergem como lugares nos quais se desenrolam mui-
• para esclarecer as limitações do PIB como instrumento tas experiências coletivas de elaboração de indicadores
para medir os resultados econômicos e do progresso social; sociais que deverão ser colocados em comum.
• para identificar as informações suplementares necessária
para identificar indicadores mais pertinentes; Passo a passo
• para determinar qual seria a apresentação mais adequada
de tais informações bem como avaliar a viabilidade dos A Comissão está organizada em torno de três grupos
instrumentos alternativos de medição. de trabalho:
88
WN 2
CMPEPS
• Perguntas convencionais para medir o Produto Interno Bruto 2. Julgamentos de avaliação (no que diz respeita à vida
• Sustentabilidade e Meio Ambiente como um todo e seus principais componentes).
3. Capacidade (saúde, habilidades etc.).
• Qualidade de vida
Pontos determinantes da qualidade de vida
PONTO UM. ESBOÇO DOS TRABALHOS REFERENTE ÀS
QUESTÕES RELACIONADAS COM O PIB 4. Atividades pessoais (por exemplo, lazer, viagens entre a
residência e o local de trabalho, tempo de trabalho).
1. A passagem do PIB ao rendimento disponível real,
na economia como um todo tanto quanto ao âmbito das 5. Segurança pessoal (por exemplo, vitimização, o medo da
famílias, levando em conta a depreciação, do declínio dos criminalidade, conflitos, guerras).
recursos, da degradação ambiental, das transferências dos 6. Ambiente social (por exemplo, laços sociais, confiança,
rendimentos em âmbito internacional, dos índices de preço garantia de assistência, se necessário).
ajustados, refletindo as mudanças de qualidade e outros
7. Ambiente institucional (por exemplo, liberdades,
aspectos da nossa sociedade em mutação.
participação na política, sistema judiciário).
2. Rendimento disponível real por unidade de consumo para
8. Ambiente natural (por exemplo, exposição a ruído, a
as diferentes classes de rendimentos. A mediana da renda,
poluição, o acesso aos espaços públicos).
em oposição ao rendimento médio.
3. As medidas de volume e de valor com base nos resultados Os temas transversais
obtidos nas áreas de saúde, educação e outros serviços não
9. Média das desigualdades em termos de qualidade de vida.
mercantis, incluindo os prestados pelo Estado.
10. Avaliação de diferentes métodos para sintetizar
4. O ganho/perda de capital/rendimento.
informações sobre o conjunto das áreas da qualidade de vida.
5. O trabalho doméstico não remunerado e a renda,
incluindo as medidas de desigualdades. Esta Comissão desenhou nove desafios a serem enfren-
6. O trabalho doméstico não remunerado e o lazer. tados para rever o PIB:
7. A educação como investimento para capital humano, 1. Migrar do PIB para a renda real líquida disponível para
incluindo a depreciação e o investimento. o conjunto da economia e para os domicílios, levando em
conta depreciações, depleção dos recursos, degradação
8. A avaliação da segurança, especialmente quando à
ambiental, transferências dentro e fora da economia, assim
prestação de contas do setor público.
como índices de preços apropriados.
9. O tratamento das despesas de defesa, incluindo as 2. Calcular a renda real disponível por unidade de consumo
despesas públicas e privadas ligadas à segurança. (domicílio corrigido) para diferentes grupos de renda e
comparando médias a medianas.
PONTO DOIS. ESBOÇO DO TRABALHO SOBRE O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE 3. Para saúde, educação e outros serviços não mercantis,
inclusive os garantidos pelo governo, obter medidas de
1. Examinar a maneira como as variáveis ambientais volume e de preços baseadas em outputs.
importantes (por exemplo, a qualidade do ar e da água)
contribuem para o bem-estar atual, direta e indiretamente 4. Comparar as rendas aos ganhos e à s perdas de capital.
(via custos de produção e de saúde). 5. Considerar o trabalho doméstico não remunerado,
2. Estudar o impacto das falhas do mercado sobre medidas inclusive em termos de desigualdades.
monetárias clássicas de sustentabilidade. 6. Comparar trabalho doméstico não remunerado e lazer.
3. Explorar o uso de outros métodos de medida para 7. Considerar a educação um bem de investimento para a
valorizar as mudanças ambientais. construção de capital humano, assim como sua depreciação.
4. Incorporar ajustes para esgotamento dos recursos e 8. Avaliar a segurança, particularmente quando garantida
degradação ambiental nas diversas medidas de renda pelo setor público.
“verde” (PIB verde, RNN verde etc.).
9. Considerar todas as despesas defensivas, inclusive
5. Incorporar medidas mais amplas de mudanças da riqueza privadas com segurança.
(ENA) e elaborar métodos específicos de medição, quando
uma medida que abarque todos os aspectos é considerada
impossível.
Referências
www.stiglitz-sen-fitoussi.fr
6. Incorporar adequadamente medições de incerteza.
www.stiglitz-sen-fitoussi.fr/documents/Issues_paper_VF.pdf
PONTO TRÊS. ESBOÇO DO TRABALHO SOBRE www.stiglitz-sen-fitoussi.fr/fr/index.htm
QUALIDADE DE VIDA
www.idies.org/public/fichiers%20joints/Note_commission_
Componentes da qualidade de vida Stiglitz.pdf
1. Experiências hedônicas (sentimentos positivos e negativos). www.idies.org
89
3 France Libertés
90
WN 3
France Libertés
DIMENSÃO AMBIENTAL
1. Desenvolvimento sustentável das florestas (excluindo
diversidade)
2. Desenvolvimento sustentável dos recursos da agricultura
3. Desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos
4. Conservação da biodiversidade
5. Resíduos e reciclagem
6. As emissões de dióxido de carbono
7. Qualidade do solo e desertificação
Observação
O governo estadual do Acre usa a fórmula “governo da
floresta” para realçar que ele assume a responsabilida-
de de assegurar um sistema ecológico ao qual o homem
91
4 Orbis
Orbis
de e a qualidade de vida no planeta. Uma resposta a essa
preocupação foi a criação do Orbis, em 2004, orientada,
também, pelas definições da Eco-92/Agenda 21; Confe-
rência Habitat II/1996; Protocolo de Kyoto/1997; Pacto
O Observatório Regional Global/1999; e Cúpula do Milênio/2000.
Conteúdo
Os indicadores organizados pelo Orbis são norteados
pela Agenda Habitat e pelos oito Objetivos do Milênio,
estes definidos na Assembleia Geral das Nações Unidas
de 2000, em Nova York, tendo 191 países signatários.
Em outubro de 2003, foi realizada a ICONS - Conferên- Sistema de consulta de informações ambientais, eco-
cia Internacional de Indicadores de Desenvolvimento nômicas e sociais e análises municipais relativas aos
Sustentável e Qualidade de Vida, em Curitiba, quando municípios do Estado do Paraná, com dados disponí-
especialistas de várias partes do mundo dialogaram so- veis desmembrados, quando possível, por município,
bre alternativas de indicadores para medir a prosperida- estado e país.
92
WN 4
Orbis
Mapeamento da Responsabilidade Social Corporativa Anchieta e Vila Velha/ES; Lençóis Paulistas, Santo
André e São Paulo/SP, além de várias cidades do Pa-
Mapeamento de projetos de responsabilidade social, pos-
raná (2007); Belo Horizonte, Brasília, Maceió, Porto
sibilitando o cruzamento de informações entre a distri-
Alegre/RS (2008).
buição espacial dos projetos; a área de atuação; as neces-
sidades regionais; e as áreas concentradoras de carências.
Permite melhor definir o foco e a região do trabalho; a di- Referência
vulgação das organizações; a articulação de rede capaz de www.orbis.org.br
mobilizar governos e a sociedade civil em parcerias para
melhor distribuição de programas no Estado.
Fontes e Controles de Acesso
Resultados
Em 2004, o levantamento serviu para a confecção do re-
latório Indicadores do Milênio na Região Metropolitana
de Curitiba. Em 2005, foram levantados indicadores so-
cioeconômicos no âmbito estadual, em apoio ao Fórum
Futuro 10, processo de reflexão estratégica sobre os ru-
mos do desenvolvimento do Estado para os próximos 10
anos. Em 2006, lançou a primeira edição dos Indicado-
res do Milênio para o Estado do Paraná, por conta do
Movimento Nós Podemos Paraná. Em 2007, publicou a
segunda edição, além de folderes das mesorregiões, as-
sim como das cidades que compõem cada uma delas; os
dados foram disponibilizados aos participantes dos en-
contros do Movimento, destacando-se como importante
ferramenta de promoção do desenvolvimento regional.
Em 2008, dando início à política de descentralização, foi
implantado o Observatório Regional dos Campos Gerais,
e, numa parceria com o Pnud e o Unicef, estruturou o
Portal ODM Brasil, com os Indicadores do Milênio dos
5.564 municípios brasileiros, a ser lançado em 2009.
O Orbis foi convidado a apresentar sua experiência
de implantação de observatório urbano em vários
eventos nacionais e internacionais, como na Ale-
manha, Equador, Rio de Janeiro/RJ (2005); Colôm-
bia, Canadá e México; Guarujá/SP (2006); Portugal;
93
5 Bogotá Cómo Vamos
O objetivo de Bogotá Cómo Vamos é gerar impacto po- O exercício de avaliação e monitoramento realizado
sitivo sobre a qualidade de vida, na medida que cons- pelo BCV tem como conceito central de qualidade de
trói conhecimento sobre a cidade. Configura-se como vida “o conjunto de direitos dos cidadãos que, por sua
um espaço para a análise e o debate com intuito de ter vez, são deveres do Estado, que constam da Constitui-
um efeito sobre a administração pública, o público em ção de 1991, como o acesso a serviços de qualidade nas
geral e os grupos de experts que trabalham em prol da áreas de: educação, saúde, utilidades domésticas, habi-
cidade. tação, meio ambiente”. Do mesmo modo, é reconhecido
Nesse sentido, promove um governo eficaz e transpa- que a qualidade de vida é um conceito dinâmico; por
rente porque pede prestação de contas da Adminis- conseguinte, pode mudar no tempo e de acordo com as
condições nas quais se encontra a cidade.
94
WN 5
Bogotá Cómo Vamos
95
6 Movimento Nossa São Paulo
Movimento Nossa
ciedade Civil de Interesse Público), foram definidas as
seguintes finalidades do Instituto:
Formalizado na figura jurídica do Instituto São Paulo Comunicar e disponibilizar permanentemente, com
Sustentável (ISPS), associação sem fins lucrativos que atualização periódica e regular, por meio do site São
recebeu a qualificação de Oscip (Organização da So- Paulo Como Vamos, a evolução dos indicadores re-
96
WN 6
Movimento Nossa São Paulo
97
6 Movimento Nossa São Paulo
Outra área que passará a ser monitorada por meio de II. Constituir fóruns nas regiões de todas as subprefei-
metodologia específica é a do Poder Legislativo da turas de São Paulo.
cidade. A Câmara Municipal é dotada de poderes de-
II. Manter o portal www.nossasaopaulo.org.br como
terminantes sobre a Administração Municipal, suas
um canal de comunicação efetivo entre redes, imprensa
prioridades orçamentárias e, consequentemente, sobre
e sociedade civil como um todo.
a qualidade de vida na cidade.
Acompanhamento cidadão:
IV. Gerar exemplaridade para outras cidades, Estados e
regiões do Brasil.
I. Comunicar e disponibilizar, com atualização perió-
dica e regular, a evolução dos indicadores relativos à Exemplo: I Fórum Nossa São Paulo – Propostas para
qualidade de vida em cada subprefeitura, de forma que uma Cidade Justa e Sustentável
possam ser acompanhados por toda a sociedade. - Processo de mobilização da sociedade para a formulação
de propostas para os principais desafios sociais,
II. Fazer o monitoramento sistemático dos trabalhos da econômicos, políticos, ambientais e urbanos de São Paulo.
Câmara Municipal. - Colocar à disposição de toda a sociedade, incluídos os
poderes públicos e os partidos políticos que disputarão as
III. Mobilizar a população para o acompanhamento do próximas eleições municipais.
Orçamento Municipal. - Formar uma rede latino-americana de cidades
sustentáveis.
IV. Realizar pesquisas anuais de opinião pública para
conhecer e divulgar a percepção da população sobre as
várias ações municipais, em todas as regiões administra- Observação
tivas da cidade. Em fevereiro de 2008, foi votada a emenda da Lei Orgâni-
Exemplo: 1 pesquisa de percepção Viver em São Paulo,
a ca número 30, que obriga os prefeitos a divulgar um pla-
no Município de São Paulo em janeiro de 2008. no de governo detalhado, de acordo com as diretrizes da
campanha eleitoral, em até 90 dias após assumir o cargo.
Os principais itens destacados: O Programa de Metas terá de ser separado por subprefei-
1. Clima e imagem turas e distritos da cidade. A emenda também determina
2. Qualidade de vida na cidade a prestação de contas do cumprimento das metas à popu-
3. Segurança pública
lação, a cada seis meses. A obrigatoriedade valerá para o
prefeito com início de mandato em janeiro de 2009.
4. Saúde pública
5. Educação pública Assinado pelas mais de 400 organizações participantes
6. Outros serviços do Movimento. A aprovação final é resultado de intensa
articulação do Movimento com as lideranças da Câmara.
7. Inclusão e cidadania
8. Eleições 2008
9. Discriminação e preconceito ReferÊncia
10. Atividades culturais e de lazer www.nossasaopaulo.org.br
11. Administração Municipal e cenário político nacional
12. Confiança nas instituições
A rede Como Vamos, que também recebe o nome de Rede
Cidadã por Cidades Justas e Sustentáveis, integra, na Amé-
Educação cidadã: rica Latina, as iniciativas em Barranquilla, Bogotá, Calí,
Cartagena e Medellín (Colômbia), Buenos Aires (Argenti-
I. Mudanças no comportamento da população. na), Lima (Peru), Quito (Equador) e Santiago (Chile).
II. A revalorização do espaço público. No Brasil, a rede começou com o movimento Nossa São
Paulo. Nacionalmente, foi criada a Rede Social Brasilei-
III. A melhoria da autoestima e o sentimento de pertenci- ra por Cidades Justas e Sustentáveis, e fazem parte dela:
mento a uma cidade que é de todos e que deve ser cuidada Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba
por todos. (PR), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Holambra (SP),
Exemplo: Dia mundial sem carro, em 2007 Ilhabela (SP), Ilhéus (BA), Januária (MG), Maringá (PR),
Niterói (RJ), Peruíbe (SP), Porto Alegre (RS), Recife (PE),
Mobilização cidadã: Salvador (BA), Ribeirão Bonito (SP), Rio de Janeiro (RJ),
Santos (SP), São Luis (MA), São Paulo (SP), Teresópolis
I. Incentivar a incorporação de novas lideranças, em- (RJ), Vitória (ES).
presas e organizações sociais no movimento.
98
WN 7
Rede Cidadã
Rede Social
comportamentos éticos e com o desenvolvimento justo e
sustentável de suas cidades, tendo como valor essencial a
democracia participativa;
Conteúdo Resultados
A missão definida na carta de princípios é “comprome- Fazem parte da Rede Social Brasileira por Cidades Jus-
ter a sociedade e sucessivos governos com comporta- tas e Sustentáveis: Belém (PA), Belo Horizonte (MG),
mentos éticos e com o desenvolvimento justo e susten- Brasília (DF), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Goiânia
tável de suas cidades”. A rede não tem dirigentes, mas
(GO), Holambra (SP), Ilhabela (SP), Ilhéus (BA), Januá-
apenas encarregados, escolhidos de comum acordo
ria (MG), Maringá (PR), Niterói (RJ), Peruíbe (SP), Porto
para realizar determinadas atividades e articular a to-
Alegre (RS), Recife (PE), Salvador (BA), Ribeirão Bonito
mada de decisões, sempre em consenso.
(SP), Rio de Janeiro (RJ), Santos (SP), São Luis (MA), São
Veja a íntegra da carta de princípios Paulo (SP), Teresópolis (RJ), Vitória (ES).
• A Rede Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis é
constituída por organizações sociais locais que têm como Referência
missão comprometer a sociedade e sucessivos governos com Notícias da rede: www.nossasaopaulo.org.br/portal/redecidades
99
8 Juruti Sustentável
Objetivo
A expectativa é que os indicadores de desenvolvimento
sustentável alimentem espaços de mobilização social
com informações sobre as transformações ocorridas
em Juruti e região, subsidiem as políticas públicas, o
investimento social privado na região e instrumentos
financeiros colocados à disposição da comunidade. O
objetivo final é contribuir para um melhor planejamen-
PaÍs to local e a constante capacitação de todos os atores
envolvidos, tornando os indicadores um bem público a
Brasil
serviço de toda a sociedade.
100
WN 8
Juruti Sustentável
101
9 Lucas Legal
Conteúdo
O modelo a ser implementado nesse projeto poderá
servir de orientação aos processos de desenvolvimento
local e regional para o futuro desenvolvimento regional
da Amazônia, com o desafio de estabelecer uma agenda
comum entre o setor produtivo, entidades de pesquisa,
governos em seus diferentes âmbitos, sociedade civil e
organizações ambientalistas, no sentido de testar mo-
delos de desenvolvimento que garantam harmonia en-
tre a produção e a conservação ambiental.
( *) The Nature Conservancy, criada em 1951, é uma das maiores e mais antigas ONGs ambientais do mundo. Atuante em mais de 30 países, tem como missão proteger ecossistemas
naturais, plantas, animais e os que representam a diversidade de vida no planeta, conservando as terras e as águas de que eles precisam para sobreviver. Presente no Brasil desde
1988, desenvolve mais de 20 grandes iniciativas nos principais biomas brasileiros (Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal e Caatinga), com o objetivo de compatibilizar o
desenvolvimento econômico e social com a conservação dos ecossistemas naturais. Nos últimos anos, suas ações contribuíram para a conservação de mais de 20 milhões de hectares
em todo o País, o equivalente à área do Estado de São Paulo.
102
WN 9
Lucas Legal
Referência
www.tnc.org/brasil
103
10 BAWB
BAWB –
convocar e atrair mais de mil executivos de empresas
do porte de Alcoa, Toyota e Unilever, entre outras, re-
nomados professores de administração, gestores res-
Global Forum ponsáveis pela elaboração de políticas públicas, líderes
sociais e jovens estudantes de todo o mundo.
104
WN 10
BAWB
como aquela educação autoconduzida e social onde os • Gestão compartilhada efetiva entre sociedade civil e Governo
sujeitos, de forma cooperativa, tornam-se responsáveis • Caleidoscópio – Redescobrindo Valores
pela aprendizagem, o que implica necessariamente ino- • Resgate dos valores morais e cívicos (valores, ética,
vação e criatividade.” Rodrigo da Rocha Loures cidadania, educação, participação engajada da sociedade civil)
105
10 BAWB
PASSO A PASSO DE UM FÓRUM DE vimento para a ação é guiado por inspiração interna,
INVESTIGAÇÃO APRECIATIVA liderança compartilhada e iniciativa voluntária. As
pessoas trabalham no que têm mais paixão, no que
Todo o sistema participa, por meio de um corte trans- mais lhes interessa e no que acreditam que fará dife-
versal de todos os interessados, até o limite da praticida- rença positiva.
de. Ou seja, mais diversidade e menos hierarquia do que
normalmente se tem numa reunião de trabalho, além da Metodologia
chance dada a cada pessoa de ser ouvida e de aprender A aplicação do processo acontece em quatro fases:
outras maneiras de enxergar a tarefa a ser realizada.
• Descoberta: mobiliza o sistema inteiro por meio do
Iniciamos com uma abordagem para a mudança base- engajamento de todos os interessados na articulação
ada em pontos fortes. Antes de imaginarmos, juntos, de pontos fortes e melhores práticas; é a investigação
sistêmica ou sistemática no núcleo positivo.
as possibilidades futuras, primeiro nos reconectamos
com nossos principais fatores de sucesso – ou seja, • Sonho: cria uma clara visão voltada para resultados
em relação ao potencial descoberto; visualiza os maiores
coisas que nos permitem ser bem-sucedidos quando potenciais da organização para a influência positiva e efeito
estamos no nosso melhor. sobre o mundo, desafiando o status quo.
As pessoas autogerenciam seu trabalho e usam o • Planejamento: formula propostas a partir do núcleo
diálogo – e não “resolução de problemas” – como a positivo presente nas estratégias, processos, sistemas,
decisões e colaborações; é a criação da arquitetura social e
principal ferramenta de mudança. Isso significa nos tecnológica da organização.
ajudarmos mutuamente, a fim de realizarmos as ta-
• Destino: convida a ações inspiradas para implementar a
refas e assumirmos responsabilidade por nossas per- descoberta, o sonho e o planejamento; é a fase de destino,
cepções e ações. em que as imagens positivas de futuro são sustentadas.
É um tempo de aprendizado contínuo, ajustamento e
Pontos comuns e narrativa rica são o referencial – e improvisação – tudo a serviço dos ideais compartilhados.
não gestão de conflito ou negociação. Isso significa É o momento de construir o “olhar apreciativo” na
reconhecer nossas diferenças, em vez de termos de organização, em todos os seus sistemas, procedimentos e
reconciliá-las. Buscamos significado e direção em re- métodos de trabalho.
latos que honrem e nos conectem à nossa “história Essa metodologia é baseada em cinco princípios:
como uma possibilidade positiva”.
• Princípio Construcionista
Ação inspirada em benef ício do todo – porque o sis- • Princípio da Simultaneidade
tema como um todo está representado, fica mais fácil • Princípio Poético
tomar decisões mais rápidas e nos comprometermos
• Princípio Antecipatório
com a ação, publicamente –, abertamente, em que
todos podem apoiar e ajudar a fazer acontecer. O mo- • Princípio Positivo
106
WN 10
BAWB
107
11 Ação Global
A Questão da Origem
É uma iniciativa do Serviço Social da Indústria, reali-
Cidadania zada, em parceria com a Rede Globo de Televisão, des-
de 1991. Foi originalmente desenvolvida pelo Sesi de
Minas Gerais e passou a ocorrer em âmbito nacional
“Quem não tem cidadania está desde 1995.
marginalizado ou excluído da vida social
Objetivo
e da tomada de decisões, ficando numa
posição de inferioridade dentro do grupo A missão da Ação Global é ajudar a reduzir as desigual-
dades sociais do Brasil. A iniciativa beneficia milhares
social.” Dalmo de Abreu Dallari
de brasileiros, todos os anos, e garante acesso gratuito
a uma série de serviços de promoção à cidadania. Ape-
nas na última década, o programa realizou mais de 35
milhões de atendimentos.
Conteúdo
Para resgatar a cidadania de muitos brasileiros que
ainda estão à margem da sociedade, o evento facilita o
acesso a direitos que são essenciais a todos. São quatro
direitos básicos de qualquer cidadão, disponibilizados
Como podemos falar em indicadores de riqueza e feli-
ao público gratuitamente: documentação, saúde, lazer
cidade de uma nação em um país onde parte de seus ha-
e profissionalização.
bitantes está formalmente excluída da sociedade, sem
nenhum direito básico de um cidadão?
Resultado
Eles têm famílias, sonhos e histórias para contar. No
entanto, na prática, inexistem para a sociedade. São Desde o início do Programa, foram beneficiadas mais de
homens e mulheres que passam a vida na sombra, in- 12,4 milhões de pessoas e realizados mais de 35 milhões
capazes de interferir na própria realidade pela falta de de atendimentos. Perfil dos participantes: 65,3% têm renda
acesso a um ou mais direitos básicos de qualquer cida- familiar inferior a dois salários mínimos, 64,4% dos visitan-
dão, como saúde, educação, lazer, trabalho e moradia. tes adultos têm entre 18 e 39 anos e 73,9% são mulheres.
Encontrar esses brasileiros não é dif ícil. Eles estão em Ficou comprovado, com a Pesquisa Científica de Avalia-
nossos lares, nas lojas, nas roças, mas passam desperce- ção de Impacto da Ação Global de 2008, que as pesso-
bidos, justamente por não terem consciência da exclu- as chegam ao evento sem acesso aos direitos básicos de
são da qual são vítimas. qualquer cidadão. Em uma escala que varia de menos 65
pontos (ausência total de direitos) a mais 65 pontos (cida-
A falta de dinheiro está longe de ser o principal proble- dania plena), os participantes obtiveram em média 1,38
ma dos mais de 1 milhão de brasileiros que frequentam, ponto negativo antes da intervenção da Ação Global.
anualmente, a Ação Global. Pior do que viver na pobre-
za é encontrar-se excluído da sociedade, sem acesso aos Essa percepção revela a exclusão vivenciada pelos brasi-
direitos básicos de qualquer cidadão e, portanto, sem leiros que chegam ao evento e permite mapear o impacto
condições de superar essa situação em curto prazo. do programa em suas vidas, no curto e médio prazos.
Dentre os projetos realizados pelo Sesi, destaca-se a O estudo revelou, entre outros inúmeros dados, que al-
Ação Global. guns dos serviços oferecidos na Ação Global – como o
acesso à documentação e a realização de consultas médi-
AÇÃO GLOBAL cas, o lazer e as atividades profissionalizantes – ajudaram
a melhorar em 11,64 pontos o resultado obtido pelos
homens e mulheres assistidos pelo programa em 2008.
O que é
Dois meses após utilizar um ou mais serviços da Ação
A Ação Global consiste em um mutirão de serviços es- Global, essas mesmas pessoas ultrapassaram a linha de
senciais, integrados e gratuitos, promovidos pelo Sesi acesso aos direitos mínimos de qualquer cidadão e en-
e pela Rede Globo de Televisão, com a participação de contraram-se na escala positiva, com 10,26 pontos. Por
mais de 2.700 parceiros que envolvem cerca de 37 mil que essa evolução é tão importante? Os especialistas são
profissionais e voluntários, das áreas de saúde, lazer, unânimes ao afirmar: a cidadania é o pré-requisito básico
educação e cidadania. O programa oferece ao público, para uma pessoa crescer pessoal e profissionalmente. A
simultaneamente, em todos os estados do Brasil e no matemática é simples. Quem está com a saúde em dia e
Distrito Federal diversos serviços em um mesmo local, tem um currículo nas mãos – dois dos indicadores ava-
com infraestrutura e atendimento de qualidade. liados nessa pesquisa – tem muito mais chances de en-
108
Ação Global 11
contrar um emprego. Se tiver carteira de trabalho (docu- grama Ação Global de 2008 gerou um total de ri-
mento disponibilizado na hora, durante a Ação Global), quezas econômicas líquidas para o país no valor de
poderá ingressar no cobiçado mercado formal. Uma vez R$ 34,79 milhões. Além disso, para cada R$ 1,00
contratado, terá direito à previdência social, ao seguro investido no Programa em 2008, foram gerados R$
desemprego e ao fundo de garantia por tempo de serviço 7,22 em riquezas econômicas.
(FGTS). Sem falar no aumento de renda.
O público jovem é o principal beneficiado da Ação
Com a utilização de técnicas avançadas de regressão Global. Ele chega ao evento com quase oito pontos ne-
estatística, controlando por localidade, gênero, idade gativos na Escala da Cidadania e sai com cerca de sete
e raça, projetou-se uma variação positiva de R$ 5,62 pontos positivos. Uma variação de 12,59 pontos, em
na renda mensal dos usuários para cada ponto obti- apenas 24 horas.
do na escala de cidadania saudável. Isso significa que
A Ação Global é um programa que contribui direta-
o impacto na vida útil do usuário médio do Programa
mente para a Diminuição das Desigualdades Regionais
Ação Global em 2008 foi de R$ 65,42 mensais. Sendo
e Sociais, segundo o Mapa Estratégico da Indústria.
assim, mesmo levando em consideração critérios rigo-
rosos de possíveis deduções nesse valor, como taxa de
desemprego, taxa de população economicamente ati- Referências
va, taxa de mortalidade e possibilidade de perda rápida www.sesi.org.br
dos benef ícios concedidos durante o evento, o Pro- 1ª Pesquisa Científica de Avaliação de Impacto da Ação Global
• Estimular a excelência na gestão da sustentabilidade e da • a avaliação de práticas e de performance por gestores das
qualidade no trabalho das Industriais. empresas.
109
4 Iniciativas de selos
ecológicos no mundo
•1 •4
5•
• ••
• • •• •17
•2
•
•18 •19
•14
•16 •20
21•
•22
•3
•23
•15
•24
110
WN 1
Intro
Introdução
produtos e serviços no mercado (como natural, reci-
clável, amigo da natureza, baixo consumo de energia,
conteúdo reciclável etc.). Ao mesmo tempo que isso
atraiu consumidores que buscam meios de reduzir o
Rotulagem ambiental é um método voluntário de cer- impacto ambiental negativo por meio de suas escolhas
tificação e rotulagem de desempenho ambiental prati- de compras, também levou os consumidores a certo
cado em todo o mundo. Um “selo ecológico” é um selo grau de confusão e ceticismo.
que identifica a preferência ambiental por um produto Sem normas orientadoras e verificação externa inde-
ou serviço, dentro de uma categoria específica de pro- pendente, os consumidores não poderão ter certeza de
duto/serviço, baseado em avaliações do ciclo de vida do que as alegações da empresa garantem que cada produto
produto. Diferentemente dos símbolos e declarações ou serviço com rótulo ambiental seja realmente uma al-
“verdes” desenvolvidos por fabricantes e prestadores de ternativa ambiental digna de escolha. Essa preocupação
serviços, um selo ecológico é concedido por organiza- com credibilidade e imparcialidade levou à formação de
ções de verificação externa em relação a determinados organizações, tanto públicas como privadas, que for-
produtos e serviços que, de forma independente, pre- necem rotulagem com verificação externa. Em muitos
tendem atender a critérios de liderança ambiental. casos, tal rotulagem tomou a forma de selos ecológicos,
Há vários selos e declarações voluntárias (ou obrigató- concedidos a produtos aprovados por um programa de
rias) de desempenho ambiental. A ISO (Organização rotulagem nacional ou regional (ou seja, envolvendo vá-
Internacional de Normalização) identificou três tipos rios países).
de selos voluntários, sendo que a rotulagem ambiental Para maiores informações sobre estratégias, questões e
se enquadra na designação do Tipo I. práticas de rotulagem, acesse: www.gen.gr.jp/publications.
html
Definições da ISO de Rotulagem Voluntária de
Desempenho Ambiental
Tipo I – um programa voluntário, baseado em múlti-
Global Ecolabelling
plos critérios, aplicado por terceiros, que concede uma O que é
licença que autoriza o uso de selos ecológicos em pro-
dutos, sugerindo a escolha, por critérios ambientais, de A Global Ecolabelling Network (GEN) é uma organiza-
um produto dentro de uma categoria específica basea- ção sem fins lucrativos, que agrega membros de organi-
da em avaliações do ciclo de vida do produto. zações de rotulagem ambiental de todo o mundo.
111
1 Intro
Objetivo Conteúdo
A organização foi criada em 1994, com o objetivo de apri- O objetivo comum desses selos é informar os consumido-
morar e desenvolver a rotulagem ambiental em todo o res sobre produtos ambientalmente seguros, fornecendo,
mundo. Através da GEN, as diversas organizações nacio- dessa forma, apoio global à proteção ambiental relacio-
nais trocam informações e prestam assistência mútua. nada a produtos.
ALEMANHA CHINA
FEDERAL ENVIRONMENTAL AGENCY GREEN LABEL (2000)
Site: www.blauer-engel.de Site: www.greencouncil.org/
Áustria
UMWELTZEICHEN-BÄUME (1990) COREIA
Site: www.umweltzeichen.at KOREA ECO-LABEL (1992)
Site: www.kela.or.kr/english/
BRASIL
QUALIDADE AMBIENTAL (1993)
Site: www.abnt.org.br CROÁCIA
ENVIRONMENTALLY FRIENDLY (1993)
Site: www.mzopu.hr/default.aspx?id=5145
CANADÁ
ECOLOGOM (1988)
Site: www.environmentalchoice.ca/ ESTADOS UNIDOS
http://www.terrachoice.com GREEN SEAL (1989)
Site: www.greenseal.org
CHINA
China’s Environmental
ESLOVÁQUIA
Protection Administration
ENVIRONMENTÁLNE VHODNÝ VÝROBOK (1996)
Site: www.zhb.gov.cn/english ou www.sepa.gov.cn/ Site: www.sazp.sk/public/index/go.php?id=785
ou www.aela.org.au/mrachina.htm
112
Intro 1
Gestão do Conhecimento
Compêndio de Indicadores
de Sustentabilidade de Nações
ESPANHA república tcheca
REALIZAÇÃO Revisão AENOR MEDIO AMBIENTE (1993) EKOLOGICKY SETRANY VYROBEK (1993)
Anne Louette Assertiva Produções Editoriais Site: www.aenor.es/desarrollo/certificacion/ Site: www.ekoznacka.cz/ENG/
[email protected] productos/tipo.asp?tipop=2#1
Projeto Editorial e Diagramação
EQUIPE:
Report Design SINGAPURA
Pesquisa GREEN LABEL SINGAPORE (1992)
FILIPINAS
Anne Louette Inscrição na Lei Rouanet GREEN CHOICE PHILIPPINES (2001) Site: www.sec.org.sg/greenlabel_htm/greenlable_
frameset.htm
Silvia Laudisio Agência de Cultura Site: www.epic.org.ph/product.htm
Edição e Textos
Editora
Fernando Felício Pachi Filho FRANÇA ESCANDINAVIA
Antakarana Cultura Arte Ciência MILJÖMÄRKT
Prix Consultoria em Comunicação e Ltda. / Willis Harman House NF ENVIRONNEMENT (1992)
Gestão de Prêmios
1.ª edição THE WHITE SWAN”
Site: www.afnor.fr/portail.asp?Lang=English (NORDIC SWAN LABEL) (1989)
Tradução (inglês) Tiragem São Paulo, SP Site: www.svanen.nu/Eng/
André Alonso Marinho Machado 8 mil exemplares 2009 HOLANDA
MILIEUKEUR (1992) SUÉCIA
Site: www.milieukeur.nl BRA MILJÖVAL (1992)
AVISO AOS LEITORES Site: www.snf.se/bmv/english-more.cfm
http://www.milieukeur.nl/nl-NL/default.aspx
Este guia, Gestão do Conhecimento Volume II – Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações, traz informações
de uma variedade de fontes públicas. Foram citadas todas as referências apropriadas à(s) fonte(s) de informação e procuradas
as aprovações para sua divulgação, quando ainda em fase de elaboração. Este levantamento procurou manter a integridade HUNGRIA
TCO (SWEDISH CONFEDERATION OF
das informações e respeitar a forma pela qual o seu conteúdo é apresentado por seus mentores, de modo a trazer ao leitor um KÖRNYEZETBARÁT TERMÉK (1994)
PROFESSIONAL EMPLOYEES)
retrato fiel de como esses indicadores foram concebidos e para que são utilizados. A atualidade e exatidão das informações Site: www.okocimke.kvvm.hu/ Site: www.tcodevelopment.com
devem ser creditadas a essas mesmas fontes, de onde foram extraídas. Caso alguma informação tenha sido atribuída de forma public_eng/?ppid=2200000 ou www.
incorreta, ou possa ser enriquecida com dados e comentários úteis, agradeceremos o contato. É permitida a reprodução do kornyezetbarat-termek.hu/angism.htm
conteúdo desta publicação, desde que citada a fonte correspondente ao texto reproduzido. Agradecemos.
TAILÂNDIA
ÍNDIA GREEN LABEL: THAILAND (1994)
COMPÊNDIO ON–LINE www.compendiosustentabilidade.com.br ECOMARK (1991)
Site: www.tei.or.th/bep/GL_home.htm
Gestão do Conhecimento Volume II – Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações On-line disponibiliza Site: envfor.nic.in/cpcb/ecomark/ecomark.html
o conteúdo desta publicação na Internet, de forma organizada e constantemente revisada, permitindo manter os
indicadores sempre atualizados com as questões mais relevantes da sustentabilidade no País e no mundo. O Compêndio de
Indicadores de Sustentabilidade de Nações On-line é, consequentemente, parte de um esforço coletivo para ampliar o uso TAIWAN
INDONÉSIA GREEN MARK (1992)
dos Indicadores de Sustentabilidade de Nações para sustentabilidade desenvolvidas, no Brasil e no exterior, por articular
EKOLABEL INDONESIA Site: www.greenmark.epa.gov.tw/english/index.asp
tecnologias sociais entre gestores e mentores. O fins são o desenvolvimento sustentável e que sua constante prática faça
parte da cultura, em todos os níveis da sociedade. Informações: [email protected] Site: www.menlh.go.id ou www.greenmark.org.tw/
ISRAEL UCRÂNIA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) GREEN LABEL – THE STANDARDS THE PROGRAM FOR DEVELOPMENT OF
INSTITUTION OF ISRAEL ECOLOGICAL MARKING IN UKRAINE
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Site: www.sii.org.il/siisite.nsf/Pages/GreenMark Site: www.ecolabel.org.ua/
Indicadores de Nações: uma Contribuição ao Diálogo da Sustentabilidade:
Gestão do Conhecimento / organização, pesquisa, textos e captação de recursos Anne Louette. - 1.ed.
São Paulo: WHH – Willis Harman House, 2007. Vários Colaboradores
JAPÃO UNIÃO EUROPEIA
ECO MARK (1989) European Commission – DG
Bibliografia ENVIRONMENT
ISBN 978-85-88262-16-4
Site: www.ecomark.jp/english/
Site: http://europa.eu.int/comm/environment/
ecolabel/index.htm
1. Desenvolvimento sustentável 2. Indicadores políticos 3. Indicadores sociais NOVA ZELÂNDIA Department for Environment, Food and Rural
4. Responsabilidade ambiental 5. Responsabilidade social I. Louette, Anne ENVIRONMENTAL CHOICE Affairs (Defra)
NEW ZEALAND (1990) Site : www.defra.gov.uk/environment/
07 - 8003 CDD - 300.216 consumerprod/ecolabel/index
Site: www.enviro-choice.org.nz
Índices para catágolo sistemático:
patrocínio
IDEALIZADORA e ORGANIZADORA
Indicadores de Nações
Formada pela Faculdade de Administração de
Empresas da Fundação Getúlio Vargas SP.
Indicadores de Nações
É diretora estatutária e voluntária do Reciclar
desde 1998 (www.reciclar.org.br). Uma contribuição ao diálogo da Sustentabilidade
Trabalhou no Instituto Ethos de Empresa e
Responsabilidade Social como coordenadora de um
novo projeto, tratando-se do Instituto Akatu pelo
Consumo Consciente.