A Cultura Da Maca
A Cultura Da Maca
A Cultura Da Maca
o
Maçã
Mlnltt'rlo d. Agricultura, do Abnl.elmento, d. R.forma Agr.rI.
(e)
O) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária· EMBRAPA
Centro de Puqulu AgroptoCuJirll de Clima Temperado - CPACT
( \
A CUL URA DA MAÇÃ
Editor Responsável
Carlos M. Andreotli. M. Sc., Sociologia
Produção Editorial
T exlonovo Edilora e Serviços Editoriais lida.
São Paulo, SP
Tiragem: 5.000 exemplares
Reservados todos os direitos .
Fica expressamente proibido reproduzir esta obra, total ou
parcialmente, através de quaisquer meios, sem autorização
expressa da EMBRAPA-SPL
Darcy Carnelatto
Engo. Agro., Ph.D., Fi sio logia
Adalécio Kovaleski
Engo. Agro., M.Sc., Entomologia
9
TABELA 1 - Valor nutricional da maçã
fresca por 100g de porção
comestível.
10
Clima e solo
12
Se o terreno escolhido para a insta la-
ção do pomar for de mata, o ideal é desto-
cá- lo e semear gramíneas anuais durante
doi s anos c, só então, plantar as mudas de
macieira. Se necessário, protege-se o po-
mar com espécies arbóreas, plantadas per-
pendi cularmente aos ventos dom inantes,
atuando, assim, como quebra- ve ntos.
Ca lagem e adubação
13
disponibilidade de elementos tóxicos pre-
sentes no solo. De modo geral, esses solos
também não exibem boa fertilidade. Salvo
raras exceções, apresentam baixa dispo-
nibilidade de fósforo, cálcio e magnésio.
A disponibilidade de potássio costuma ser
boa, apesar da capacidade de suprimento
desse nutriente, a longo prazo, ser restrita.
Em geral, os teores de matéria orgânica
são considerados de bons a elevados.
Na implantação do pomar, o produtor
tem a melhor oportunidade, se não a única,
de realizar uma boa correção da acidez e
da fertilidade do solo, mediante a incorpo-
ração profunda do calcário e dos fertilizan-
tes fosfatados e potássicos.
Antes do plantio, a análise do solo é o
melhor método para avaliar as necessida-
des de calcário, fósforo e potássio. Em
face da baixa disponibilidade de cálcio e
14
magnésio nesses solos e da alta exigência
do primeiro elemento, deve-se dar prefe-
rência ao uso de calcário dolomítico, cuja
relação cálcio/magnésio seja superior a
3: 1. Os calcários disponiveis no mercado
possuem eficiência muito variável , em
função de sua composição quimica e de
sua finura. A quantidade recomendada
pela análise do solo deve ser corrigida
para PRNT (poder relativo de neutraliza-
ção total) 100%, determinado por meio da
análise do calcário.
O calcário deve ser distribuído em
toda a área, considerando-se efetiva sua
ação por quatro a cinco anos. Após esse
período, faz-se nova análise do solo para
verificar se há ou não necessidade de outra
calagem.
Efetuam-se a coleta da amostra de
solo e a análise com a devida antecedência
15
do plantio, recomendando-se um intervalo
mínimo de seis meses, a fim de que haja
tempo suficiente para a aplicação do cal-
cário e sua reaçao no solo. A amostra de
solo é coletada na camada de O a 40cm, se
houver disponibilidade de implementos
capazes de incorporar os fertilizantes e
corretivos nessa profundidade. Se possi-
vel,retira-se uma amostra para a camada
de O a 20cm e outra para a de 20 a 40cm.
Para quantidades de calcário acima de
5t1ha recomenda-se parcelar a aplicação:
metade antes da aração e o restante após
esta, mas antes da gradagem. Nunca se
deve fazer a aplicação simultânea de cal-
cário e de adubos, especialmente de fosfa-
tados. Sempre que houver disponibilidade
de implementos e considerando a profun-
didade das raízes da macieira, a correção
16
da acidez e da fertilidade deve contemplar
os 40cm superficiais do solo.
17
Adubação de crescimento - Realizada
a adubação de pré-plantio, recomenda-se,
na fase de crescimento da macieira, usar
somente adubação nitrogenada. Nessa
fase, no primeiro ano, aplicam-se 5kg/ha
de N trinta dias após a brotação; outros
5kg/ha, sessenta dias após essa primeira
aplicação, e mais 5kg/ha, após a segunda.
No segundo ano, são 6kg/ha de N no in-
chamento das gemas; 7kg/ha, sessenta dias
após essa primeira aplicação; mais 7kg,
quarenta e cinco dias após a segunda. No
terceiro ano, aplicar 11 kg, 7kg e, nova-
mente, 7kg/ha de N, no inchamento das
gemas, na queda das pétalas e após a co-
lheita, respectivamente.
Dependendo da fertilidade do solo e
do crescimento das plantas, as quantidades
de fertilizante nitrogenado poderão ser
aumentadas ou reduzidas.
18
Cb
Adubação de manutenção - Do
quarto ano em diante, quando as plantas
devem entrar em produção comercial, os
nutrientes e as quantidades a aplicar são
determinados a partir da análise conjunta
das segui ntes informaçõe : dados de análi-
se foliar e da análise periódica do solo,
idade e crescimento das plantas, aduba-
ções anteriores, quantidade de frutos pro-
duzidos e espaçamento.
Para a análise foliar coletam-se folhas
completas, da parte mediana das brotações
do ano, entre 15 de janeiro e 15 de feverei-
ro, em altura acessível e nos diferentes la-
dos das plantas. Cada amostra é composta
de, aproximadamente, cem folh as, oriun-
das de, no mínimo, vinte plantas represen-
tativas da área.
Sempre que for indicada a aplicação
de adubos fo sfatados ou potássicos, eles
19
de ve m ser usados no início da brotação .
Não se util izam fórm ulas NPK indiscrim i-
nadamente. Independente do teor na fol ha,
não se aplica potáss io, se o teor no solo for
maio r do que 100ppm (partes por milhão)
na camada de O a 20cm e maior do que
50ppm na de 20 a 40cm.
Sempre que houver disponi bil idade,
reco menda-se usar adubo orgânico, em
substi tui ção ao m inera l. Para tanto, consi-
derar o teo r de nitrogên io e de potássio do
adubo orgân ico e a necessidade de apl ica-
ção de sses nutrientes.
A adubação nitrogenada se faz parce-
ladamente, no inchamento das gemas, na
queda das pétalas e logo após a col heita.
Os adubos de vem ser di stribuídos ao
redor das plantas, na projeção da copa,
forma ndo uma coroa di stanciada 30cm do
tronco.
20
Planti o
21
de base ou de pré-plantio e terraceamento
(caso de terrenos inclinados).
Antes do plantio das mudas, deve-se
marcar as linhas ou filas e o local das
plantas, nas filas. O importante é demar-
car as filas previamente ao plantio, ao pas-
so que o local das plantas na fila pode ser
realizado antes ou durante o plantio. No
caso de áreas com terreno inclinado
(acima de 3% de declividade), as filas de-
vem ser marcadas em nível, ou seja, se-
gundo um gradiente de decli vidade de cer-
ca de 0,5% (nunca mai s do que I %, mes-
mo nas extremidades das filas).
Mesmo com a manutenção de relvado
nas entre-filas, quando a declividade do
terreno atinge 5% ou mais, é recomendado
construir um terraço de base larga a cada 5
ou 6 linhas. Uma fila de plantas é locali-
zada no centro do terraço, enquanto que as
22
cinco ou seis filas seguintes são marcadas
paralelamente ao terraço acima. Se houver
área vaga abaixo da última fila e o próxi-
mo terraço abaixo, pode-se completar tais
áreas com filas curtas, as quais devem ser
em um único local , a fim de facilitar as
pulverizações e outros tratos culturais des-
sas linhas curtas.
23
necessário irrigá-lo em torno da muda.
Neste caso, recomenda-se deixar um circu-
lo de cerca de 20cm de raio em tomo do
tronco da muda, com superficie levemente
rebaixada, formando uma espéc ie de bacia
rasa, o que facilitará a irrigação e a pene-
tração da água em volta da muda.
Cultivares
24
Como cultivar precoce (colheita em
janeiro) inclui-se apenas esta:
25
usadas a ' Dorsett Golden' e a ' Golden
Ashmi '.
No grupo das semi-precoces desta-
cam-se as seguintes:
'Gala' - Originária da Nova Zelândia,
é de média exigência em frio. É bastante
produtiva, produz frutos de pelicula ver-
melho-estriada, de sabor adocicado e pou-
co ácido, bastante crocantes e suculentos.
É muito suscetível à sarna. Nos meses de
dezembro e janeiro de anos muito chuvo-
sos, pode ser seriamente atacada pela po-
dridão amarga. Os frutos desenvo lvem
pouca coloração ve rmelha, especialmente
no interior da planta.
Em pomares de 'Gala ', algumas
plantas têm apresentado va riações expon-
tãneas (mutações) de coloração da epi-
derme (casca) para maior intensidade de
ve rmelho. Essas plantas são chamadas
26
"clones" ou "mutações" e são descritas a
segUir:
'Royal Gala' - Produz frutos com epi-
derme vermelho-estriada, com tonalidade
escura intensa e uniforme . As demai s ca-
racterísticas são semelhantes às da 'Gala' .
A 'Royal Gala', por ter exigência climáti-
ca semelhante à da ' Gala ' , é recomendada
para plantio comercial , no Sul do Brasil
'Imperial Gala' - Produz frutos com
epiderme de coloração vermelho-rosa-
-estriada sobre fundo amarelo. Podem ser
maiores do que os da 'Gala'. As demai s
características são semelhantes às desta
última,
'Gala R W l' - Produz frutos maiores
do que os da ' Gala', com epiderme verme-
lho-rosada, sem estrias em toda a superfi-
cie do fruto, O sabor e a te xtura são seme-
lhantes aos da 'Gala',
27
'Gala SM 7' - Os frutos têm epiderme
vermelho-escura, sem estrias. As demais
características assemelham-se às da
'Gala'.
'Gala Melhorada' - Tem as mesmas
características da 'Gala', mas a maturação
dos frutos ocorre de três a quatro semanas
mais tarde.
'Hatsuaki' - De origem japonesa, pro-
duz frutos com alguma semelhança com
os da Gala, quanto à coloração da epider-
me, sabor e textura da polpa. Os frutos
amadurecem entre uma e duas semanas
depois dos da Gala. É altamente produtiva,
mas muito exigente em frio. Tende a apre-
sentar deficiências na brotação. Normal-
mente, as gemas de flor são menos exigen-
tes em frio do que as vegetativas. Se hou-
ver pouco frio no inverno, poderá ter bro-
tação deficiente na primavera, mesmo com
28
tratamento qui mico especial. Nesse caso
há exigência de raleio mais intenso, para
evitar que fiquem muitos frutos para pou-
cas folhas, o que pode resultar em frutos
pequenos e em alternância de safra, É cul-
tivar muito suscetível ao oídio, mas, se
essa doença for controlada, pode ser boa
alternativa para colheita entre a da Gala e
a da 'Golden Del icious',
As principai s cultivares do grupo de
meia-estação são as seguintes:
'Golden Deliciouo' - É uma das mai s
plantadas no mundo inteiro, há mais de
cem anos, Tem sabor equilibrado entre
açúcar e acidez, polpa suculenta e com
textura crocante. Por ter epiderme amare-
lo-esverdeada, é menos acei ta no Brasil do
que a 'Gala' e a 'Fuji ' , Tende a desenvol-
ver "russeting", uma rugosidade bronzeada
na epiderme, que ocorre principalmente
29
em anos de primavera úmida e fria. Há
clones que praticamente nào apresentam
esse problema e podem substituir a
' Golden Delicious':
'Belgolden' - Originária dos Estados
Unidos, tem as mesmas características de
sabor, textura de polpa e tamanho dos
frutos da 'Golden Delicious', mas a epi-
derme é mais brilhante e atrativa. Os fru-
tos desses clones não apresentam
"russeting" e amadurecem na mesma épo-
ca que os da 'Golden Delicious'.
'Golden clones A e B' - Originários
da Itália, produzem frutos com as mesmas
caracteristicas dos da 'Golden Delicious'.
Sào muito produtivos e apresentam menos
problema de tl russetingll.
'Melros.' - Altamente produtiva, de
fruto s re lativamente grandes, porém mais
ácidos do que os da 'Gala' e da ' Fuji'. Os
30
fruto s são vermelho-estriados sobre fundo
verde-amarelado. As plantas se mostram
bastante exigentes em fr io e pouco susce-
tí veis à sarna e à podridão amarga, mas
são muito suscetí ve is ao oídio. A
' Melrose' é recomendada como poliniza-
dora da 'Go lden Oelicious'
'Senshu' - De origem Japonesa, é
muito produti va e produz frutos parecidos
com os da ' Fuji ', quanto à coloração, sa-
bor e textura da polpa, mas de forma mai s
arredondada e uniforme em tamanho e
form ato. Amadurecem entre os períodos
de maturação dos frutos da ' Hatsuaki ' e da
'Fuji '. A 'Senshu ' é menos exigente em
frio e apresenta menor incidência de sarna
do que a ' Fuji'.
No grupo das culti va res tardias (co-
lheita de abril em diante) incluem-se estas:
31
'Fuji' - De origem japonesa, apresen-
ta o problema de desuniformidade de ta-
manho e de forma e o de deficiente colo-
ração da epiderme dos frutos, quando
plantada nas regiões mai s quentes do Sul
do Brasil. A cavidade do cálice tende a
abrir-se, em alguns anos, favorecendo a
ocorrência de podridão carpelar. Entretan-
to, o fruto é bem aceito por ter sabor bas-
tante adocicado, polpa suculenta e de tex-
tura muito crocante. Os frutos se conser-
vam muito bem em câmara fria. Por essa
razão é das mai s plantadas, especialmente
por produtores que dispõem de câmaras
frigorifica s para estocagem . É muito pro-
dutiva, mas tende a gerar frutos irregulares
nào só quanto à forma mas também quanto
ao tamanho, pois os que se desenvolvem
sobre esporões cunos ou gemas latera is
são pequenos, achatados e assimétricos.
32
Como a planta é vigorosa, necessita mais
de desbaste de ramos do que de desponte,
de vendo os ramos serem conduzidos mais
inclinados, horizontalmente, do que os da
'Gala ' ou da 'Go lden De licious'. O raleio
é feito de modo a deixar na planta o má-
ximo possível de frutos bem formado s e
com bom crescimento. Em geral, deixam-
se um ou dois frutos por cacho floral ou a
cada doi s cachos florai s (em anos de in-
tensa floração). As plantas tendem à alter-
nância de produção . Há clones da ' Fuji '
selecionados por ter melhor coloração da
epiderme:
'Fuji' ,,0 I - Produz frutos com epi-
derme vermelha, sem estrias, sobre fundo
esverdeado, conferindo uma tonalidade
ve rmelho-purpúrea.
'Fuji' ,, 02 - Os frutos são de ep ider-
me vermel ho-estriada, sobre fundo esver-
33
deado, conferindo tonalidade vermelho-
rosada, semelhante à . Melrose'. É cultivar
recomendada para plantio comercial no
Sul do Brasil.
(Fuji' ,,0 6, 'Fuji Kobayashi ' e
'Cltofu' n O 6 - Produze m frutos mais co-
loridos do que os da 'Fuji', mas menos
atraentes do que os da 'Fuji' nO 2. As três
têm as demais características da 'Fuj i' .
' Romu 50' - É muito produtiva. Seus
frutos, embora seme lhantes em aparência
aos da 'Fuji', amadurecem duas ou três
semanas depois. O sabor é semelhante ao
do s frutos da 'Fuj i' , mas a textura da polpa
é mais macia . As plantas são de porte
médio, relativamente exigentes em frio e
produzem frutos arredondados, grandes,
mas bastante suscetíveis à podridão amar-
ga. É indicada para colheita tardia no ou-
tono e estocagem em fri gorífico.
34
Na instalação do pomar, o plantio de
variedades polinizadoras é imprescindível
para o bom rendimento . Há dois modos de
distribuí-Ias no pomar. O primeiro consis-
te em plantar duas linhas de uma cultivar e
duas de outra. O segundo, em plantar uma
cultivar polinizadora a cada grupo de oito
a dez árvores. Nos pomares já formados,
quando há deficiência de polinizadoras,
pode-se enxertar um ramo de polinizadora
por planta e, se for julgado conveniente,
podem ser eliminados os frutos desse
ramo.
35
bém é possive l, mas, além de demorada e
pouco práti ca, é muito cara.
As seguintes variedades são boas poli-
nizadoras da ' Gala', da ' Golden Delicious '
e da 'Fuji' , mas produzem frutos com algu-
ma deficiência para o mercado brasi leiro:
'Willie S harp' - Muito produtiva, tem
floração inten sa e prolongada e por isso é
bastante efeti va para polinização cruzada.
Apresenta, porém, fruto s de baixa qualida-
de e conservação, de película amarela e sa-
bor ácido demai s para O mercado brasilei-
ro. É muito suscetivel à podridão amarga.
\Mollie's Delicious' - E muito produ-
tiva, gera frutos atraentes pelo tamanho,
formato e coloração da epiderme. Apre-
senta pouca incidência de sam3. Tem boa
floração e dá flore s grandes, com bastante
pólen. O sabor dos frutos é levemente
adstringente, quando nào estào bem madu-
36
ros. Conservam-se por pouco tempo, em
condições ambientes. A maturação ocorre
praticamente junto com os da 'Gala', com
a qual não compete em sabor. É bem
aceito para consumo imediato, quando
colhido antes da 'Gala'.
'Royal Red Delicious' - O sabor e a
textura dos frutos são semelhantes aos da
'Red Delicious'. mas com a coloração
vermelho-i nte nsa da epiderme mais atra-
ente. É pouco suscetível à podridão amar-
ga e ao oídio. Dependendo do ano e do lo-
cai, as plantas produzem pouco, sendo os
frutos uniformes em tamanho e formato.
'Granny Smíth' - Muito produti va,
apresenta frutos de tamanho médio a
grande, uniformes e de boa conservação
no frio. A floração é intensa e prolongada,
fator muito importante para a polinização.
Os frutos, porém, são verdes, bastante sus-
37
cetíveis à podridão amarga e muito ác idos
para o mercado brasileiro, em geral.
A 'Gala ' , a 'Golden Delicious' e a
'Fuji' também se polinizam bem entre si.
Quebra da dormência
38
veis desses reguladores do crescimento.
Dentre esses fatores destaca-se a tempera-
tura.
40
entes de flores tardias permaneça menos
tempo na planta e apresente menor tama-
nho e qualidade inferior.
Vale ressaltar que a condição de dor-
mência se localiza nas gemas, de modo
que cada gema se comporta como um in-
divíduo. Assim, as exigências em frio po-
dem variar em uma mesma planta, com as
gemas vegetativas laterais precisando de
maior número de horas de frio do que as
gemas floríferas ou terminais. Essa varia-
ção também ocorre em relação ao vigor
dos ramos ou das plantas, observando-se
que os mais vigorosos são os mais exigen-
tes em frio. A época de ocorrência do frio
também é importante: quando se registra
no final ou em meados do inverno é mais
eficiente no atendimento às necessidades
da macieira do que no início da estação.
41
Em termos práticos, para a quebra da
dormência da macieira - e de outras frutei-
ras de clima temperado - o ideal é que
ocorra um inverno com dias de frio e nu-
blados. Presentes tais condições, a planta
exibe desenvolvimento normal da dor-
mência.
42
4% de óleo mineral com 0,25% de ciana-
mida hidrogenada.
Intercalação e capinas
43
Deve-se, entretanto, cuidar para que numa
faixa de 70cm de cada lado da linha de
macieiras, o solo seja mantido livre de
culturas ou de plantas invasoras. Em geral,
as culturas intercalares dificultam a apli-
cação dos tratamentos fitossanitários na
macieira, daí porque a escolha dessas cul-
turas deve levar em conta esse aspecto.
Essa cobertura vegetal pode também
ser formada com uma leguminosa sem
objetivos comerciais, como os trevos
(mais recomendáveis, por seu porte bai-
xo), ou ainda deixar que ela se estabeleça
com plantas nati vas. De todo modo, essa
cobertura vegetal deve ser ceifada periodi-
camente, quando atingir altura de 20 a
30cm.
Deve-se evitar que as plantas de co-
bertura do solo floresçam na mesma época
da macieira, porque as abelhas poderão
44
preferir as flores das primeiras, prej udi-
cando assim a polin ização da fruteira.
Depoi s do segundo ano de instalação
do pomar, a faixa li vre de ervas daninhas,
de cada lado das linhas de macieiras, deve
ter slla largura aumentada para 1,20m. o
controle das invasoras usam-se herbicidas
pré-emergentes, pós-emergentes e os de
ambos os efeitos. O reconhecimento das
plantas invasoras presentes é de impor-
tância fundamental, poi s deve depender
dessa identificação a escolha dos produtos
a aplicar. O uso continuado de um mesmo
herbicida pode eliminar certas plantas in-
vasoras e propiciar condições para a do-
minância de outras, que se encontravam
inicialmente em menor quantidade. No
caso de produtos residuais, a utilização
contínua pode tomá- los tóxicos para a
macieira . A fim de evitar tai s problemas, o
45
melhor é fazer a rotação de herbicidas ou
alternar métodos de controle mecânicos e
químicos. ao longo dos anos.
Bastante empregado, o controle me-
cânico das in vasoras se faz com o uso de
roçadeira nas entrelinhas das plantas,
complementado por uma capina manual
nas linhas. Mas é preciso tomar cuidado
para que a enxada nào remo va a terra
junto ao tronco das macieiras nem fira as
raízes.
Condução e podas
46
No Sul do Brasi l predominam dois ti-
pos de pomares, quando se consideram O
espaçamento, a condução e poda da plan-
ta. Um dos tipos é o pomar de densidade
média, com aproximadamente 1.000
plantas por hectare. O outro é o de alta
densidade, com cerca de 2.000 árvores por
hectare. Basicamente, as podas são neces-
sárias nos períodos de crescimento e fruti -
fic ação. A poda de formação é feita no
período em que a planta está desenvolven-
do a estrutura necessária para suportar o
peso dos frutos, que serão produzidos nos
anos futuros . O objetivo é faze r com que a
macieira ocupe o espaço que lhe eorres-
ponde, sem competir com as vizinhas, e
permitir que capte melhor a luz so lar. Já a
poda de frutificação visa a distrib ui ção e a
renovação de ramos frutíferos, med iante
raleio e encurtamento.
47
Nos pomares de densidade média, a
condução da planta se faz sem suporte
permanente. As podas permitem formar
dois tipos de estruturas: a de líder ou eixo
central (Figura IA), e a de "vaso" ou
"gobelet" (Figura I B).
A estrutura de líder central resulta em
uma planta mais equilibrada e com melhor
distribuição dos ramos da copa, pois é
mais fácil obter galhos com ângulos aber-
tos, ao mesmo tempo em que a planta ad-
quire uma forma mais compacta, porque o
centro fica ocupado pelo eixo. No entanto,
é mais dificil controlar a altura da planta já
que a corrente de seiva é mais forte do que
quando distribuída entre quatro a seis ra-
mos principais ou mestres, como no caso
de centro aberto, taça ou gobelet.
A formação da estrutura do líder cen-
tral c~meça com o corte da muda a 70cm
48
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do solo, antes do seu plantio no pomar.
Pouco depois do início do crescimento,
quando os ramos novos atingirem de 10 a
J Sem de comprimento, faz-se um raleio,
deixando um broto na ponta do caule, para
continuar o eixo central, e quatrp a seis
brotos laterais. Esses brotos laterais, que,
no futuro, serão os mestres, de vem estar
separados de, pelo menos, Sem um do ou-
tro, sobre o tronco, e distribuídos o mais
uniformemente possível no plano hori zon-
tal. Um desses ramos-mestres poderá ser
substituído por outro mai s alto ou melhor
colocado. Uma variante dessa técnica
consiste em deixar crescer alguns brotos
entre os mestres e mantê-los encurtados,
podando-os verdes, três ou quatro vezes
durante a estação de cresc imento. Isso fa-
vorece a formação de ângu los abertos.
pois a presença desses ramos curtos ou t3-
50
cos, mantidos de um a dois anos, faz com
que os mestres se abram, por efeito hor-
monal (Figura 28).
A poda nos anos seguintes à obtenção
dos primeiros três ou quatro ramos-
mestres consistirá, principalmente, no en-
curtamento do líder, uma vez por ano, no
inverno, na altura em que se deseje obter o
próximo grupo de mestres. Raleiam-se os
ramos, eliminando-se os que ficarem fe-
chados sobre o eixo e encurtam-se os que
forem muito mais vigorosos que os outros.
A partir do segundo ano removem-se
os ramos que cresceram vo ltados para o
interior da copa e as forquilhas fechadas,
que se formam por causa da poda de en-
curtamento. A condução dos mestres é
feita forçando a abertura em cerca de 45
graus com o tronco principal (líder), amar-
rando os ramos com fitas de náilon ou
51
barbante a estacas fincadas no chão. Se os
mestres forem abertos demais, perderão o
vigor, gerando ramos "ladrões", que alte-
ram a forma da planta.
Na estrutura de vaso ou gobelet, a au-
sência do eixo central dificulta a obtenção
de mestres formando ângulos abertos
(Figura 2A). Como os três ou quatro mes-
tres geralmente vão ser conservados por
toda a vida da planta, é fundamental sele-
cioná-los muito bem, a fim de formarem
ângulos abertos e ficarem bem colocados
no plano horizontal, para que a distância
entre eles seja uniforme. Se no primeiro
ano não se conseguirem três ou quatro
mestres bem colocados, é melhor esperar
até o segundo ano, para melhor selecionar
os que estavam faltando, em vez de man-
ter ramos que formam forquilhas fechadas.
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Na fonnação do "vaso", após o plan-
tio, a muda é encurtada de 50 a 70cm do
solo, para que ramifique, fonnando os
mestres. Na primavera, quando os brotos
atingirem de 10 a 15cm de comprimento,
selecionam-se os três ou quatro mais
abertos e dispostos unifonnemente ao re-
dor do caule, para serem os futuros mes-
tres. Também se costuma deixar tacos en-
tre os mestres, como no sistema de líder
central. No segundo ano, a seleção de
mestres é completada, eliminando-se os
ramos que concorrem com eles.
54
lhas, concorrendo com os mestres (Figu-
ras3e4).
No sistema de "vaso", os mestres não
precisam estar separados da linha vertical
mais do que I O ou 20 graus. Os submes-
tres ou secundários (inseridos nos mestres)
são inclinados até cerca de 45 graus, para
não fazerem sombra no centro da copa e
para não impedirem o desenvolvimento
dos ramos superiores. A copa em "vaso"
tem o topo mais largo que a base, assu-
mindo a forma de um sino invertido.
(Figura I B). A poda de inverno é feita
mais por raleio de ramos do que por encur-
tamento. É possível manter o equilíbrio da
copa das árvores de cultivares de fácil
ramificação praticamente sem encurtar o
crescimento terminal. A poda de verão
também se aplica em árvores conduzidas
na forma de "vaso" seguindo o mesmo
1
55
FIG. 3. Planta de três anos, de densidade mé-
dia, formada em vaso e com três mes-
tres.
56
FIG . 4, Mesma planta da Fíg . 3, após a poda.
57
critério usado para a planta com eixo cen-
traI.
A poda de frutificação, tanto na forma
de líder central como na de "vaso", consis-
te na organização dos ramos, procurando
manter um equilíbrio adequado entre o
número de mestres, submestres, secundá-
rios, terciários, etc., além de fazer- se uma
renovação dos ramos frutíferos. Isso é ob-
tido mediante raleio e encurtamento. Com
o raleio eliminam-se os ramos mais fecha-
dos, que conCOrrem com os mestres ou
submestres, os que ti verem esporões fra-
cos ou em pequena quantidade, os baixos
demais e os que crescem para baixo. Per-
manecem os moderadamente vigorosos e
produti vos e que formam ângulos abertos
com os mestres e os submestres, para que
se mantenha um equilíbrio produtivo/ve-
getativo.
58
A forma de cone da estrutura líder
central é mantida através da seleção de
ramos laterais sobre os mestres ou laterais
principais, que estão em posição que
permite eliminar a parte terminal do ramo
principal, tornando-o , portanto, mais cur-
to, mas não se despontando o lateral que
ficou logo abaixo do corte. Assim conse-
gue-se que os ramos principais mais bai-
xos sejam mais longos do que os imedia-
tamente superiores.
Nas cultivares que desenvolvem fa-
cilmente brotos laterais, não é necessária a
poda de encurtamento do crescimento
anual ou lançamento. Nas variedades,
como a 'Fuji' e a 'Granny Smith', em que
o lançamento ou crescimento terminal du-
rante o ciclo é grande e, além disso, como
poucas sào as gemas laterais que brotam
no ano seguinte (no caso de má quebra da
59
dormência), o encurtamento é feito para
obter galhos laterais onde for necessário.
Nos ramos laterais, o encurtamento se faz
apenas nos ramos mais compridos, para se
obter brotação nas partes basal e média,
aumentando-se, assim, a densidade da
copa. Nas plantas adultas e vigorosas,
também se arqueiam os ramos com sepa-
radores e fitas amarradas a estacas finca-
das no solo (Figura 5).
As plantas são ainda limitadas em al-
tura e amplitude para não haver concor-
rência entre elas. O volume e a forma da
copa são controlados, cortando-se os mes-
tres e os submestres, quando necessário,
sempre acima de ramificações que se diri-
jam para fora do centro da planta. Isso visa
a orientar a direção do crescimento das
futuras brotações de tais ramos. Para não
alterar a forma e a capacidade produtiva,
60
"IG.5. Emprego de separadores para obtenção
de maior abertura dos ramos.
61
evita-se o arqueamento demasiado dos
mestres e não se corta o ramo que conti-
nuar na linha do mestre, para substituí-lo
por um secundário mais aberto. Assim,
evita-se um espaço vazio no centro da
planta (Figura 6).
A fim de manter bom rendimento de
frutas de alta qualidade, é imprescindível a
poda de renovação dos raminhos frutífe-
ros. Esta poda requer mais cuidado, sendo
realizada na medida justa, para manter o
equilíbrio vegetativo/produtivo da planta.
Uma poda moderada de esporões e brindi-
las, retirando-se a cada ano, no inverno, as
gemas mais fracas e os raminhos da parte
interna da copa, evita ter que sacri ficar a
produção, para melhorar a qualidade e o
tamanho da fruta. Bastará eliminar os ra-
minhos que crescem para o interior ou di-
retamente para baixo ou para cIma
62
\i.,,-, ' /Í'
v
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-I
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,"
~.,.
--,
',-.-
63
(perpendicular ao mestre) em qualquer
parte da copa, além dos enfraquecidos, por
terem produzido muitas frutas e ficarem
com poucas gemas floríferas .
Pragas
li4
de maçã quando estão do tamanho de uma
azeitona (com mais ou menos Zem de
diâmetro). O ataque continua até a colhei-
ta. Quando a postura de ovos é feita em
frutos verdes, estes ficam deformados ex-
ternamente. Internamente, a larva produz
galerias que cicatrizam e ficam escureci-
das parecendo "cortiça".
65
ção das armadilhas caça-moscas, essas
áreas de vem merecer atenção especial. O
número de armadilhas, para fins de moni-
toramento, deve ser definido em função do
tamanho do pomar.
66
capoeira. A cobertura total é realizada
quando forem capturadas mais de quatro
moscas por frasco/semana, dando prefe-
rência aos inseticidas com ação de pro-
fundidade e que sejam seletivos em rela-
ção aos Inimigos naturais da mosca.
oÁcaro vermelho - Recebe este nome
porque a fêmea adulta é de coloração ver-
melho-escura. Os ovos, também verme-
lhos, são depositados nas folhas, durante a
primavera/verão. No outono, as fêmeas
colocam os ovos na casca dos troncos e
ramos. Estes ovos resistem a baixas tem-
peraturas e eclodem na primavera.
Os ácaros alimentam-se do conteúdo
celular inserindo seus estiletes na epider-
me das folhas. O resultado das inúmeras
perfurações que fazem é o bronzeamento
das folhas e sua queda prematura. Outros
danos resultantes da ação dos ácaros são a
67
redução no crescimento das plantas, no
tamanho dos frutos e em sua coloração.
A infestação no pomar pode ser pro-
vocada pelas próprias mudas. Por isso é
importante comprá-Ias junto a viveiristas
idôneos.
O controle dos ácaros tem início na
primavera quando se faz o tratamento para
a quebra da dormência. O óleo mineral
utilizado neste tratamento (3 a 5%) garan-
te um excelente controle dos ovos deposi-
tados no inverno.
Na fase vegetativa, quando a planta
está enfolhada, o monitoramento do pomar
é que vai indicar o momento mais adequa-
do para o controle dos ácaros. Para isso,
retiram-se de 5 a 8 folhas por planta de 1%
das plantas do pomar. Quando for consta-
tada a presença de mais de 3 ácaros, em
média, por folha, está no momento de co-
68
meçar a aplicação de um acaricida especí-
fico. Os pomares com um bom manejo
apresentam baixas populações do ácaro
vermelho devido à presença de inimigos
naturais. É importante a existência de co-
bertura verde tanto nas filas como entre as
plantas, pois isto favorece o aumento da
população de inimigos naturais (preda-
dores) .
. Lagarta-enroladeira - Recebe este
nome porque consegue enrolar as folhas
da macieira com teias transformando-as
em "cartuchos"(folhas semi-enroladas),
dentro dos quais se esconde. Pode escon-
der-se, i~almente, no meio de uma penca
ou "cachopa" de frutos. Também por esta
razão, o raleio dos frutos toma-se uma
prática muito importante.
A postura é sempre efetuada na parte
lisa das folhas, em "massa" de ovos (mais
69
ou menos 40 ovos/massa) de coloração
clara. Assim que os ovos eclodem, as la-
gartas abrigam-se na parte inferior da fo-
lha, construindo galerias. Quando bem
desenvo lvidas, medem em tomo de 1,5cm.
Para empupar, fazem da fo lha um
"pastel "(folha totalmente enrolada), abri-
gando-se em seu interior.
O controle deve ser feito quando 5%
das plantas estiverem infestadas com a
praga. Os inseticidas mais eficientes con-
tra a lagarta enroladeira são os piretróides
que, entretanto, favorecem o aumento das
populações do ácaro vermelho. Os fosfo-
rados empregados no controle da mosca-
das-frutas têm boa eficiência quando apli-
cados no m·omento adeq uado, isto é, logo
após a eclosão dos ovos da lagarta .
. Grafolita ou broca-dos-ponteiros-
Os adultos são pequenas mariposas de
70
coloração cinza-escuro. Na fase jovem, é
uma lagarta de coloração rosácea com a
cabeça escura.
Os danos são causados durante a fase
larval quando as lagartas atacam frutos e
ponteiros. A presença de "serragem" na
entrada do orificio da lagarta denuncia o
ataque desta praga.
Em pomares de macieira esta praga
toma-se tanto mais importante quanto me-
nor for o pomar e quando há outras frutei-
ras, como pessegueiro ou ameixeira, nas
proximidades. Em geral, os tratamentos
para controle da mosca-das-frutas são,
também, eficientes para o controle da gra-
folita.
G.-monitoramento pode ser feito com
as mesmas armadilhas usadas para a mos-
ca-das-frutas. Inicia-se o tratamento quan-
do forem encontradas mais de 15 maripo-
71
sas por armadilha/semana. Em temperatu-
ras inferiores a 15°e , as mariposas não fa-
zem postura nos hospedeiros .
. Cochonilha piolho-de-são-josé - A
cochoni lha adulta apresenta uma colora-
ção amarelada e é protegida por uma cara-
paça cinza-escura, produzida por ela
mesma.A carapaça da fêmea é circular
com 2mm de diâmetro; a do macho é oval
e menor que a da fêmea.
Ao se fixarem na planta (tronco, ra-
mos, frutos) para sugar a seiva, suas per-
nas cómeçam a ficar atrofiadas, imobili-
zando-se a cochonilha no local de fixação.
Grandes populações dessa praga podem
debilitar a planta. Os sinais de seu ataque,
na casca, são manchas violáceas; nos fru-
tos, esses sinais caracterizam-se pela for-
mação de áreas concêntricas de coloração
vermelha em volta da carapaça.
72
o treinamento do podador é funda-
mental para a identi ficação dos focos des-
sa praga. O controle pode ser feito quando
do tratamento da quebra da dormência
utilizando óleo mineral. A adição de um
inseticida aumenta a eficácia do controle,
particularmente se as apl icações forem di-
rigidas aos focos .
73
sistema radicular. O uso de porta-enxertos
resistentes é a melhor maneira de controlar
esta praga. Quando isto não é possível, a
solução é aplicar inseticidas .
. Coleópteros - Vários besouros po-
dem, eventualmente, tomar-se praga da
macieira como o gorgulho do milho e o
burrinho da macieira.
74
Doenças
• Sarna (Venturia inaequalis) - Este
fungo é a principal doença da macieira.
Causa lesões nas folhas e frutos, depre-
ciando-os comercialmente . Há relatos, em
outros países, de ataque a ramos novos,
ocorrência não registrada entre nós.
Nas folhas as lesões começam na face
inferior: são de cor verde olivácea e aspec-
to aveludado. Mais tarde, atingem as duas
faces das folhas que ficam pardacentas,
quase negras (Figura 7). Quando a infec-
ção é severa, as folhas ficam onduladas.
Pode ocorrer o desfolhamento precoce, o
que debilita a planta com o passar dos
anos.
Nos frutos a cor das lesões é seme-
lhante à das lesões das folhas. Quando os
frutos são jovens, a sarna provoca defor-
mações, rachaduras e a queda prematura
75
FIG. 1. Slnlorn, d, ."n. nn folhn.
78
A redução da infecção para ciclos
subseqüentes pode ser obtida mediante a
aceleração da queda e da decomposição
das folhas, por meio da pulverização das
plantas com uréia a 5%, quando as folhas
estão maduras e começam a cair .
79
concentricos. Em frUlOS maduros, a lesào
pode estar circundada por um halo verme-
lho (Figura 8).
80
A doença atravessa Q inve rno nos can-
cros em ramos e frutos mumificados. Os
fruto s sào suscetivei s desde a queda da
péta la até a co lhe ita, di sseminando- se a
doença pe la chuva. vento. insetos e pássa-
ros.
o controle mai s eficaz é aquele feito
com fu ngic idas, assoc iado à remoção dos
ramos doentes. com cancros, e frutos
doentes ou mum ificados.
Em reg iões com cli ma favorável ao
seu apareci mento , o contro le quím ico se
inicia logo após a queda das pétalas, es-
tendendo-se até perto da colheita .
• Cancro (Bollyosphaeria beringe-
ria) - Este fungo ataca ramos e frutos, pe-
net rando pelas lenticelas (aberturas natu-
rai s na epiderme ) e principalmente por fe-
rim entos (Figu ra 9).
1\ infecção nos fruto s ocorre ao longo
81
FIG. 9. Slntoml do Clnc ro no fruto .
83
. Oidio (Podosp haera lellcolricha) -
o sintoma característico de ste fungo é a
cobertura das partes aéreas pelo micélio
esbranquiçado (parte vegetati"a do fungo
com aspecto de algodão) do fun go, junta-
mente com sua frutificação (Figura 11) .
84
FIG. 11 . Sintom~ do oidio na fruto.
85
De modo geral, a doença não é limitante,
no Sul do Brasil.
• Mancha-de-fuligem (Gloeodes po-
migena) e sujeira-de-mosca (Schizothy-
rium pomi) - Estes fungo s atacam a parte
cerosa do fruto, geralmente no final do ve-
rão, não causando, porém, seu apodreci-
mento (Figura 13). A mancha-de-fuligem,
como indica seu nome, tem tal aspecto,
com coloração entre cinza escuro e preto,
de forma irregular.
A sujeira-de-mosca forma pequenos
pontos escuros, de contorno definido,
agrupados, em qualquer parte do fruto.
Ambas atravessam o inverno sobre os
ramos de muitas plantas hospedeiras. São
especialmente favorecidas por alta umida-
de, chuvas freqüentes e temperaturas ame-
nas.
86
o controle inclui
medidas como a re-
moção de hospedeiros ao redor dos poma-
res, a condução das plantas, de modo a
evitar que a umidade permaneça no interi-
or da planta por longo periodo, e uso de
fungicidas a partir da queda das pétalas .
• Podridão-do-colo e das-raízes
(Phytophthora caclOrllm) - O sintoma ca-
racteristico deste fungo é a formação do
cancro no colo da planta, próximo à linha
do solo. Os tecidos atacados tomam-se
marrons, têm aspecto úmido e levemente
afundado (Figura 14).
O cancro tanto pode estender-se em
direção às raízes quanto à parte superior
do tronco. Com o desenvolvimento da do-
ença, ocorre o estrangulamento da planta,
provocando sua morte. Esta poderá ocor-
rer em meses ou anos, dependendo do
87
FIG . 13. Sintom~ d~ maneha-de·fllllgem no lruto.
88
diâmetro do tronco e da velocidade de
desenvo lvimento da doença.
Plantas atacadas podem ter, no verão,
as folhas peq uenas amareladas, que pas-
sam a avermelhadas no outono. A doe nça
sobrev ive por vários anos em solos en-
charcados.
Faz-se o contro le evitando os plantios
em solos mal drenados e utili zando mudas
sadias. No caso de ocorrer a infecção, é
necessário errad icar as plantas, desinfetar
o local e colon izar o solo com Trichoder-
ma.(fungo antagon ista do Phytop hthora) .
• Podridõo-branca-da-raiz (Rose/-
linia necatrix) - Plantas adu ltas, quando
atacadas por este fu ngo, apresentam ama-
re lec imento e queda precoce das fo lhas.
Plantas jovens geral mente morrem no
mesmo c iclo em que foram infectadas e as
fo lhas permanecem nos ramos.
89
As raízes e coroas atacadas inicial-
mente desenvolvem uma massa branca, for-
mada pelo micélio do fungo, que evolui pa-
ra cor cinza e, finalmente, preta (Figura 15).
Como medida preventiva, evita-se o
plantio em áreas recém-desmatadas e em
solos úmidos. Erradicam-se e destroem-se
as plantas atacadas, desinfetando o solo no
loca l. É necessário cuidado espec ial com a
limpeza dos implementos usados para os
tratos cu lturai s, evitando contaminar áreas
sem o problema .
• Podridão-da-raiz (Sclerotium
rolfsii) - Este fungo ataca aproximada-
mente cem famílias botânicas. Na maciei-
ra, o fu ngo inicia a infecção no sistema
radicular que, na grande maioria das ve-
zes, morre até a linha do solo, podendo
também atacar os tecidos que ficam acima
do solo.
90
FIG. 1$. Alallue da pod,idJo·br;mca-da -,alz .
91
Os primeiros sinais de ataque apare-
cem na coroa da planta. com massa branca
de micélio, com aparência de algodão
(Figuras 16 e 17). Posteriormente, podem
ser vistos eseleródios (estruturas do fungo
que lhe permite sobreviver no solo em
condições adversas) de cor branca, que
passam a amarelados, pardos e marrons,
do tamanho aproximado de grãos de mos-
tarda.
Com o avanço da doença, grande área
das raízes é invadida pelo micélio, que pe-
netra na casca e no lenho. Após longo pe-
ríodo, as lesões evoluem do marrom para
o preto e as raí zes são destruidas.
O controle é feito com a erradicação
das plantas atacadas e a desinfecção da
área. Os implementos agricolas usados em
áreas com a doença devem ser cuidadosa-
92
FIG.16. Ataque da pO<fridlo-da·.alz.
93
mente lim pos, an tes de serem usados em
outro so lo.
A Tabela 2 apresenta as doenças fun-
gicas da macieira e os produtos para seu
controle.
Colh eita
94
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q)
a superficie da polpa colocada em contato
com solução de iodo que, reagindo com o
amido, escurece uma maior ou menor área
da polpa. Frutos com tonalidades mais es-
curas nào alcançaram suficiente grau de
maturação. Existem escalas especificas
para comparação.
Frutos co lhi dos verdes são impróprios
para o armazenamento, por perderem peso
e serem suscetíveis a alterações fisiológi-
cas. Do mesmo modo, frutos sobremadu-
ros sào suscetíveis a podridões e têm vida
curta após a colheita.
Realiza-se a colheita de forma seleti-
va, separando, se possível, no campo, os
frutos de qualidade, de acordo com seu
destino (mercado de exportação, consumo
interno etc.). É importante treinar o pes-
soal para a colheita, conscientizando-o da
relevância da operação.
96
Na colheita o fruto é torcido suave-
mente, retirando-se com cada mào apenas
um fruto, por vez. Evita-se colher frutos
juntamente com folhas, para diminuir a
ocorrência de podridões durante o arma-
zenamento e a comercialização. Os frutos
são colocados delicadamente em sacolas e
em caixotes, evitando-se batidas.
Os caixotes ("bins") ficam à sombra,
pois o sol acelera a maturação e aumenta
as podridões. O transporte se faz nas horas
frescas do dia.
Os frutos são colocados rapidamente
no frigorífico ou imediatamente processa-
dos na máquina classificadora para evitar
que a maturação se acelere ou que haja
aumento de podridões e perda de peso.
Todos os objetos que têm contato com
os frutos (sacolas, "bins", componentes
das máquinas processadoras e dos frigorí-
97
fi cos etc.), devem estar sempre limpos e
desinfetados, para evitar o aparecimento
de podridões. Para comercialização, os
frutos são colocados em caixas padro ni za-
das.
Conservação
y8
ra do ar para evitar flutuações, que afetam
a vida de armazenamento do fruto.
O empilhamento adequado das caixas
ou "bins" com frutos também é muito im-
portante, de modo a permitir seu rápido
resfriamento. A umidade relativa alta nas
câmaras frigoríficas é necessária para evi-
tar a perda de peso (murchamento) e pre-
servar a qualidade do produto. O uso de
umidificadores, área adequada de evapo-
ração e baixa temperatura ajudam a manter
a umidade alta. O uso de filmes de polieti-
leno, ceras e outros aditivos usados nas
embalagens de frutas podem complemen-
tar o atendimento a essas exigências.
Fazem-se o controle periódico da tem-
peratura e da umidade relativa e testes de ma-
turação e de outros itens para monitorar a
qualidade do fruto e programar seu perío-
do de armazenamento e a comercialização.
99
osistema de atmosfera controlada é
usado para conservar o produto por perío-
dos mais longos, até mesmo superiores a
um ano. Por esse s istema, modifica-se o ar
dentro da câmara fria, redu zindo-se o oxi-
gênio de 21 % para 3,0-1,5%, enquanto se
aumenta a quantidade de gás carbõnico de
0,03-0,04% até 1,5-4,0%. Também de vem
ser controladas a temperatura e a umidade
relati va, como na refrigeração convencio-
nal. Esse procedimento baixa a taxa de
respiração dos frutos, que se conservam
em boas condições por períodos mais lon-
gos do que sob refrigeração convencional.
Há também o sistema de armazena-
gem em baixa pressão atmosférica (hipo-
bárica). Seu principio base ia-se na altera-
ção da di fusão de gases. Não é adotado na
prática, dada a falta de estrutura de càma-
100
ras resistentes para suportar a baixa pres-
são interna, de custo muito alto.
As condições de armazenamento de
algumas variedades estão indi cadas na Ta-
bela 3.
Fonte: CN PFT (e i\. em Guia Rural - Planlar. Edit ora ,\ bril. São Paulo.
s. d., pàg. 142).
101
Coeficientes de produção
102
e grandes pomares, o mesmo ocorrendo
entre as principais cultivares plantadas
(EPAGRI , 1994). A principal fonte de in-
formações no que se refere a custos de
produção é a Associação Brasileira de
Produtores de Maçã (ABPM) e a Empresa
Estadual de Pesquisa Agropecuária e Ex-
tensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI).
Coeficientes mais utilizados:
- preço da terra: .. .... .. ... .... .... ... ... ... .... US$1.200/ha
- número médio de plantas/ha ... ... ... ............. 1.350
- valor unitário das mudas .. ......... .. ...... ...... ... US$1
- custo da hora/trator com equ ipamentos .. . US$13
- valor do salári o mensa l ... .. .. ... ... ... .... ... .. . US$l 00
- custo da hora/homem .. ....... .. .. ... ........ .... US$ I .80
- taxa de juros ...... ..... .. .. ............................. 6%/ano
103
TABELA4 - Custos de produção em pequenos pomares
...o da macieira.
I mpl antaç l o - tJSS/ha
Anos
Total
2 3
Insumos 1.897 .80 574.60 736.40 3.20880
- Fungicidas 72.50 150.70 297.80 52 1.00
• Inseticida 21.90 43.80 75.70 141.40
• Outros 10.20 142.20 203.10 355.50
• Mudas 1.350.00 67.50 1).50 1,431.00
• Adubos 443.20 170.40 146.30 759.90
Atividades 2359.10 811.10 1.064 . 10 4,234-'JO
- Manuais
- Mecanizadas
1,473.10
886.60
563.70
247.40
756.60
307.50
2.793 .40
1.441 .50
18
Diversos 641 .00 515. 10 543.60 1,699.70
- Juros (insumos/atividades 184.70 58.80 76. 10 3 19.60
- Conservação/reparos 18.80 18.80 22.50 60.10
• Depreciação 37.50 37.50 45.00 120.00
- Administraçao 400.00 400.00 400.00 1,200.00
Total 4.898.50 1,900.80 2,344. 10 9.143.40
Continua ...
~~:i! ~~ ~
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U
lOS
ENDEREÇOS ÚTEIS:
106
Coleção Pla nta r
Titulos lançados
A cultura do alho
As culturas da ervi lha e da lentilha
A cultura da mandioquinha- salsa
O cultivo de horta liças
A cultura do tomateiro (para mesa)
A cultura do pêssego
A cultura do morango
A cultura do aspargo
A cultura da ameixeira
A cultura da manga
Propagação do abacaxizeiro
A cultura do abacaxi
A cultura do maracujá
A cultura do chuchu
Produção de mudas de manga
A cultura da banana
A cultura do mamão
A cultura do limão Tahiti
107
Impress.lo: EMBRAPA· SPI