#Caderno Sistematizado de Execução Penal (2018)
#Caderno Sistematizado de Execução Penal (2018)
#Caderno Sistematizado de Execução Penal (2018)
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DIREITO DAS EXECUÇÕES PENAIS 2018.1
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 8
LEI DE EXECUÇÃO PENAL (LEI 7.210/84).................................................................................... 9
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 9
2. REGRAS DE TÓQUIO ............................................................................................................. 9
2.1. ORIGEM ........................................................................................................................... 9
2.2. PROPOSTA ...................................................................................................................... 9
2.3. REFLEXOS NO BRASIL................................................................................................. 10
2.4. EXEMPLOS NO BRASIL ................................................................................................ 10
2.5. CRÍTICAS ....................................................................................................................... 10
3. REGRAS DE MANDELA........................................................................................................ 11
3.1. PALAVRA DE ORDEM ................................................................................................... 11
3.2. OBJETIVO ...................................................................................................................... 11
3.3. ORIGINALIDADE............................................................................................................ 12
3.4. PRÁTICAS PROIBIDAS ................................................................................................. 12
4. REGRAS DE BANGKOK ....................................................................................................... 12
4.1. CONCEITO..................................................................................................................... 12
4.2. OBJETIVO ...................................................................................................................... 13
4.3. ALGEMAS x GESTANTES ............................................................................................. 13
5. REGRAS DE PEQUIM (BEIJING) .......................................................................................... 14
6. DIRETRIZES DE RIAD .......................................................................................................... 14
7. NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO PENAL ................................................................... 14
8. INÍCIO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO PENAL ................................................................. 15
9. FINALIDADES DA LEP (art. 1º) ............................................................................................. 15
9.1. “EFETIVAR AS DISPOSIÇÕES DA SENTENÇA OU DECISÃO CRIMINAL” .................. 15
9.2. “INTEGRAÇÃO DO CONDENADO E DO INTERNADO AO CONVÍVIO SOCIAL”:
RESSOCIALIZAÇÃO................................................................................................................. 16
10. PRINCÍPIOS DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL ................................................................... 17
10.1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (ART. 3º, CAPUT) ....................................................... 17
10.2. PRINCÍPIO DA IGUALDADE (ART. 3º, PARÁGRAFO ÚNICO) .................................. 17
10.3. PRINCÍPIO DA PERSONALIZAÇÃO DA PENA OU DA EXECUÇÃO (PRINCÍPIO DA
INDIVIDUALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO PENAL)......................................................................... 18
10.3.1. Previsão constitucional/legal ................................................................................ 18
10.3.2. Comissão Técnica de Classificação ..................................................................... 19
10.3.3. Qual a diferença do exame de classificação para o exame criminológico? .......... 19
Olá!
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas +
doutrina + informativos + + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que
você faça uma boa prova.
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É
muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas.
1. INTRODUÇÃO
2. REGRAS DE TÓQUIO
2.1. ORIGEM
Salienta-se que a ideia de que a prisão não é a melhor alternativa penal não é nova, desde
Beccaria, com a obra Dos Delitos e Das Penas, criticava-se o modelo de punição, exigindo-se
respeito aos direitos fundamentais.
2.2. PROPOSTA
2 Idem.
No Brasil, a Lei 9.099/95, com seus institutos despenalizadores, pode ser considerada
como um reflexo das Regras de Tóquio.
Além disso, podemos citar a Lei 9.714/98 que reformou o Código Penal que trouxe
alternativas ao encarceramento, privilegiando as penas restritivas de liberdade.
Há, atualmente, um rol extenso de penas não privativas de liberdade. A seguir citaremos
as dez mais utilizadas:
a) Multa
b) Prestação pecuniária
2.5. CRÍTICAS
Ex.: Se o fato for socialmente tão relevante que uma simples multa seja suficiente e
necessária para a reprovação e prevenção da reiteração de sua prática, por que o Direito Penal
deve intervir?
3. REGRAS DE MANDELA
3.2. OBJETIVO
Impõe o respeito pelo Estado aos direitos do preso, e a proteção destes contra qualquer
espécie de tratamento ou castigo degradante ou desumano.
3.3. ORIGINALIDADE
Ressalta-se que as Regras de Mandela não foram o primeiro documento a tratar acerca da
dignidade do preso. São na verdade uma atualização, uma revisão das Regras Mínimas para o
Tratamento de Presos, fruto do 1ª Congresso das Nações Unidas, ocorrido me Genebra, sobre a
Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes.
e) Castigos coletivos.
4. REGRAS DE BANGKOK
4.1. CONCEITO
As Regras de Bangkok são as Regras das Nações Unidas para o tratamento de mulheres
presas, bem como medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras.
4.2. OBJETIVO
Segundo o Ministro Ricardo Lewandowski: “Essas Regras propõem olhar diferenciado para
as especificidades de gênero no encarceramento feminino, tanto no campo da execução penal,
como também na priorização de medidas não privativas de liberdade, ou seja, que evitem a
entrada de mulheres no sistema carcerário. Embora se reconheça a necessidade de impulsionar a
criação de políticas públicas de alternativas à aplicação de penas de prisão às mulheres, é
estratégico abordar o problema primeiramente sob o viés da redução do encarceramento feminino
provisório. De acordo com as Regras de Bangkok, deve ser priorizada solução judicial que facilite
a utilização de alternativas penais ao encarceramento, principalmente para as hipóteses em que
ainda não haja decisão condenatória transitada em julgado.”
Importante salientar a redação dada pela Lei 13.434, de 2017, ao parágrafo único do art.
292 do CPP, vejamos:
Por fim, salienta-se que o CNJ reconhece que a Lei 13.434 foi fruto das Regras de
Bangkok.
6. DIRETRIZES DE RIAD
Focam na prevenção aos atos infracionais Trazem normas para o tratamento mais
humanizado do adolescente que está
cumprindo medida socioeducativa.
Não prevalece, pois, a execução não tem natureza de caráter puramente administrativo,
eis que há na execução penal, em todo momento, decisões jurisdicionais
Igualmente, não é a corrente que prevalece, pois na execução penal não há exclusividade
de atos jurisdicionais.
Essa sim corrente é a que prevalece, a execução penal tem natureza de caráter misto.
Segundo Ada Pellegrini, “a execução penal é atividade complexa, que se desenvolve,
entrosadamente, nos planos jurisdicional e administrativo. Nem se desconhece que dessa
atividade participam dois Poderes estatais: o Judiciário e o Executivo, por intermédio,
respectivamente, dos órgãos jurisdicionais e dos estabelecimentos penais”.
Na hipótese de execução provisória da PPL, deve-se expedir guia? SIM, deve-se expedir a
guia de recolhimento provisória, nos termos da Resolução 113 do CNJ.
Essas duas finalidades coincidem com a doutrina de Roxin. Para o alemão, as finalidades
da pena são:
1) Pena em abstrato tem finalidade de prevenção geral. Atua antes do crime e quer evitar
que a sociedade pratique infrações penais.
1.1) Prevenção geral negativa: Busca evitar que o cidadão venha a delinquir Poder
de intimidação;
1.2) Prevenção geral positiva: Afirma a validade da norma desafiada pela conduta
criminosa;
2) Pena em concreto (sentença) tem a finalidade de:
2.1) Prevenção especial negativa (atua depois do crime e quer evitar a reincidência do
acusado);
2.2) Retribuição (retribuir o mal com outro mal);
Ex.: art. 121, CP: pena de 6 a 20 Ex.: art. 121, CP: sentença Concretizar as finalidades da
anos. condenatória de 8 anos. prevenção especial e retribuição.
Finalidade de prevenção geral: visa à Finalidade de prevenção especial Prevenção especial (positiva):
sociedade e atua antes da prática do (negativa): visa ao delinquente, ressocialização - reintegração do
delito. buscando evitar a reincidência. condenado ao convívio social.
Espécies de prevenção geral: Finalidade de retribuição: retribuir com Estas duas finalidades estão no artigo
um mal o mal causado. 1º da LEP.
a) Prevenção geral POSITIVA: afirma
a validade da norma desafiada pelo Questão: a prevenção geral não se
crime; opera nesta fase? Para a doutrina LEP, Art. 1º A execução penal tem por
moderna, aqui não se tem a pretensão objetivo efetivar as disposições de
b) Prevenção geral NEGATIVA: evita de fazer da decisão um exemplo para sentença ou decisão criminal e
que o cidadão venha a delinquir. outros possíveis infratores em nome proporcionar condições para a
da prevenção geral. Na sentença harmônica integração social do
deve-se pensar na pessoa do condenado e do internado.
condenado. Caso se pense na
sociedade, será ignorado o princípio
da individualização da pena.
Nesse ponto, é importante mencionar outro dispositivo constitucional que, embora permita a
realização de distinções, também está a retratar a isonomia, ao tratar desigualmente os desiguais:
É bom lembrar que também é possível distinção CULTURAL, manifestada pela previsão de
prisão cautelar especial para portadores de diploma superior (a LEP também se aplica às prisões
cautelares).
A Comissão Técnica de Classificação tem suas atribuições previstas no art. 6º, que teve sua
redação alterada pela Lei 10.792/03: hoje, ela apenas acompanha a execução da pena privativa
de liberdade.
Nos demais casos (que não seja PPL) a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e
será integrada por fiscais do serviço social (LEP, art. 7º, parágrafo único).
Segundo Avena, conforme se infere do art. 8º, caput, da LEP, para o condenado ao
cumprimento de pena privativa de liberdade em regime fechado, além do exame de classificação,
deverá ser obrigatoriamente submetido a exame criminológico. Isso se justifica na circunstância
Qual a única forma de assistência que se preocupa com a VÍTIMA? Assistência social,
nos termos do art. 23, VII da LEP.
A defensoria pública ganhou um capítulo próprio na LEP (Incluído pela Lei nº 12.313, de
2010):
Ademais, o Conselho da Comunidade passou a ser órgão da execução penal (art. 81):
Egresso é aquele que deixa o presídio pelo prazo de um ano, bem como o que se encontra
em livramento condicional.
Nenhuma pena pode ser cruel, desumana ou degradante (Convenção Americana: 5.2;
CR/88, art. 5º, III).
11.1. EXEQUENTE
Estado, apenas. Não obstante a possibilidade de o particular, nos casos expressos em lei,
perseguir a pena (ação penal privada), sua execução é monopólio do Estado (arts. 105 e 171 da
LEP).
Preso em flagrante, preso temporário e preso preventivo. A LEP aplica-se a eles no que
couber (exemplo: direitos do preso etc.).
Depende. Apenas o condenado provisório preso, com sentença transitada em julgado para o
MP, pode ter execução provisória; o solto não pode (VER ITEM 3.2.4)
Cabe execução provisória (com direito a progressão de Não cabe execução provisória, pois o condenado
regime e demais direitos relativos ao cumprimento de não definitivo só pode ser preso se presentes os
pena), desde que a sentença condenatória tenha fundamentos da prisão preventiva (princípio da
transitado em julgado para o MP (pois do contrário é presunção de inocência).
possível a majoração de pena ou alteração de regime,
o que inviabiliza o exercício dos direitos acima
relatados).
Cabe execução provisória, nos mesmos termos acima. (ANTIGO ENTENDIMENTO DO STF): Não cabe
execução provisória. O art. 637 do CPP foi
ATUAL ENTENDIMENTO DO STF: A execução revogado implicitamente pela LEP (1984) e pela
provisória de acórdão penal condenatório proferido em CF (1988), que preveem o princípio da presunção
grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial de inocência.
ou extraordinário, não compromete o princípio
constitucional da presunção de inocência. STF.
Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki,
Preso com condenação Preso com condenação Preso provisório sem Condenado
definitiva provisória condenação provisório solto
Aplica-se a LEP. Aplica-se a LEP. Aplica-se a LEP, no que Não se aplica a LEP.
couber. (Ex.: aplicam-se
os direitos e deveres do
preso).
Posição ANTERIOR do STF: NÃO – (STF. Plenário. HC 84078, Rel. Min. Eros Grau, julgado em
05/02/2009)
A CF/88 prevê que ninguém poderá ser considerado culpado até que haja o trânsito em
julgado da sentença penal condenatória (art. 5º, LVII, da CF/88). É o chamado princípio da
presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade), que é consagrado não apenas na
Constituição Federal, como também em documentos internacionais, a exemplo da Declaração
Universal dos Direitos do Homem de 1948 e da Convenção Americana Sobre os Direitos
Humanos.
Logo, enquanto pendente qualquer recurso da defesa, existe uma presunção de que o réu
é inocente.
Dessa forma, enquanto não houver trânsito em julgado para a acusação e para a defesa, o
réu não pode ser obrigado a iniciar o cumprimento da pena porque ainda é presumivelmente
inocente.
Este era o entendimento adotado pelo STF desde o leading case HC 84078, Rel. Min. Eros
Grau, Tribunal Pleno, julgado em 05/02/2009.
Obs.: o condenado poderia até aguardar o julgamento do REsp ou do RE preso, desde que
estivessem previstos os pressupostos necessários para a prisão preventiva (art. 312 do CPP).
Dessa forma, ele poderia ficar preso, mas cautelarmente (preventivamente) e não como execução
provisória da pena.
O recurso especial e o recurso extraordinário não possuem efeito suspensivo (art. 637 do
CPP e art. 27, § 2º da Lei nº 8.038/90). Isso significa que, mesmo a parte tendo interposto algum
O Min. Teori Zavascki defendeu que, até que seja prolatada a sentença penal, confirmada
em 2º grau, deve-se presumir a inocência do réu. Mas, após esse momento, exaure-se o princípio
da não culpabilidade, até porque os recursos cabíveis da decisão de segundo grau ao STJ ou STF
não se prestam a discutir fatos e provas, mas apenas matéria de direito.
Há o exemplo recente da LC 135/2010 - Lei da Ficha Limpa, que, em seu art. 1º, I,
expressamente consagra como causa de inelegibilidade a existência de sentença condenatória
por crimes nela relacionados, quando proferidas por órgão colegiado. A presunção de inocência
não impede que, mesmo antes do trânsito em julgado, o acórdão condenatório produza efeitos
contra o acusado.
O Ministro Teori, citando a ex-Ministra Ellen Gracie (HC 85.886) afirmou que “em país
nenhum do mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, a execução de uma
condenação fica suspensa aguardando referendo da Suprema Corte”.
Para início do cumprimento provisório da pena o que interessa é que exista um acórdão de
2º grau condenando o réu, ainda que ele tenha sido absolvido pelo juiz em 1ª instância.
Dessa forma, imagine que João foi absolvido em 1ª instância. O MP interpôs apelação e o
Tribunal reformou a sentença para o fim de condená-lo. Isso significa que o réu terá que iniciar o
cumprimento da pena imediatamente, ainda que interponha recursos especial e extraordinário. A
execução provisória pode ser iniciada após o acórdão penal condenatório proferido em grau de
apelação, não importando se a sentença foi absolutória ou condenatória. Para o início da
execução provisória não se exige dupla condenação (1ª e 2ª instâncias), mas apenas que exista
condenação em apelação e a interposição de recursos sem efeito suspensivo.
Imagine que o réu, após ser condenado pelo Tribunal em apelação, iniciou o cumprimento
provisório da pena (foi para a prisão). O STF, ao julgar o recurso extraordinário, concorda com os
argumentos da defesa e absolve o réu. Ele terá direito de ser indenizado pelo período em que
ficou preso indevidamente?
Se formos aplicar, por analogia, a jurisprudência atual sobre prisão preventiva, o que os
Tribunais afirmam é que se a pessoa foi presa preventivamente e depois, ao final, restou
absolvida, ela não terá direito, em regra, à indenização por danos morais, salvo situações
excepcionais.
Tecnicamente, não. A decisão foi tomada pelo Plenário da Corte em um habeas corpus, de
forma que não goza de efeito vinculante. No entanto, na prática, o entendimento será
obrigatoriamente adotado. Isso porque, ainda que o TJ ou o TRF que condenarem o réu não
impuserem o início do cumprimento da pena, o Ministro Relator do recurso extraordinário no STF
irá fazê-lo. Dessa forma, na prática, mesmo os Tribunais que tinham posicionamento em sentido
contrário acabarão se curvando à posição do STF.
SIM. Apesar de ter havido uma brutal alteração da jurisprudência do STF, não houve
modulação dos efeitos (pelo menos até agora).
Além disso, o STJ acompanha o STF e também admite a execução provisória da pena.
Ressalta-se, ainda, que é possível a execução provisória da pena mesmo que a sentença
tenha permitido ao réu recorrer em liberdade até o trânsito em julgado.
Há regra específica sobre a hipótese, prevista no art. 171, da Lei de Execuções Penais,
segundo a qual a execução iniciar-se-á após a expedição da competente guia, o que só se mostra
possível depois de “transitada em julgado a sentença que aplicar a medida de segurança”.
Não é possível execução provisória quando a pena aplicada for restritiva de direitos.
Vejamos a excelente explicação do Prof. Márcio Cavalcante (Dizer o Direito):
O STF, ao modificar sua jurisprudência, e decidir que cabe a execução provisória da pena
(HC 126292/SP) analisou casos envolvendo penas privativas de liberdade, tratando
exclusivamente sobre “prisão”.
Assim, não existe ainda uma decisão do Plenário do STF afirmando que é possível a
execução provisória de penas restritivas de direito.
Vale ressaltar, inclusive, que existe expressa previsão na Lei de Execuções Penais (Lei nº
7.210/84) exigindo o prévio trânsito em julgado. Confira:
Dessa forma, o STJ entende que, até que haja a declaração de inconstitucionalidade do
art. 147 da LEP, não se pode afastar sua incidência, sob pena de violação literal à disposição
expressa de lei (STJ. 5ª Turma. AgRg na PetExe no AREsp 971.249/SP, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 09/03/2017).
12. COMPETÊNCIA
A competência na LEP não é ditada pelo local ou natureza da vara criminal onde transitou
em julgado o processo de conhecimento, mas sim pelo local do estabelecimento onde o réu
estiver preso ou internado.
A pena privativa de liberdade será executada no local onde o condenado estiver preso. A
execução penal sempre vai atrás de onde está preso/internado o sentenciado. Exemplo: A
execução do Fernandinho beira-mar já passou por diversas comarcas brasileiras.
Se o sentenciado tiver sido condenado pela JF, porém estiver preso em estabelecimento
estadual, a execução correrá em Vara Estadual. Quem dita a competência é o estabelecimento
Essa regra pode ser extraída dos arts. 2º e 3º da Lei 11.671/08, que trata das
transferências para presídios federais.
No caso do sentenciado com foro por prerrogativa de função (e que não perdeu o cargo
com a condenação), a execução será da competência do próprio tribunal que o processou e
julgou.
A pena de multa é executada pela Fazenda Pública por meio de execução fiscal que
tramita na vara de execuções fiscais. O rito a ser aplicado é o da Lei n. 6830/80. Não se aplica a
Lei n. 7.210/84 (LEP). A execução da pena de multa ocorre como se estivesse sendo cobrada
uma multa tributária.
Exemplo: João foi sentenciado por roubo e o juiz de direito (Justiça Estadual) o condenou a
4 anos de reclusão e mais 10 dias-multa no valor de meio salário mínimo cada. Depois do trânsito
em julgado, o condenado foi intimado para pagar a pena de multa no prazo de 10 dias, mas não o
fez. Diante disso, o escrivão da vara irá fazer uma certidão na qual constarão as informações
sobre a condenação e o valor da multa e o magistrado a remeterá para a Procuradoria Geral do
Estado. Um dos Procuradores do Estado irá ajuizar, em nome do Estado, uma execução fiscal
que tramitará na vara de execuções fiscais (não é na vara de execuções penais).
É competente o juiz da execução para unificar as penas todas, uma vez que há prolação
de diversas sentenças separadamente, burlando as regras de concurso.
Unificação Soma
O art. 3º explicita que o rol é exemplificativo: O preso tem direito a TUDO, salvo o que a
sentença lhe retirar.
Somente os direitos desses incisos (V, X e XV) podem ser restringidos ou suspensos. Essa
restrição é feita pelo DIRETOR DO ESTABELECIMENTO, como forma de sanção disciplinar
(art. 53, III), salvo o acesso à correspondência do preso, que antes de ser sanção, trata-se de
medida de cautela e segurança.
O excesso está ligado à quantidade da pena; o desvio está ligado à qualidade da pena
(exemplo: preso do semiaberto no regime fechado; excesso de trabalho; horas escassas de
recreação e descanso etc.).
Uma corrente minoritária diz que só são suspensos os direitos políticos se a execução da
pena imposta for incompatível com o exercício dos direitos políticos.
Para a maioria, porém, o preso definitivo não vota nunca, pois tem suspensos os diretos
políticos (efeito secundário da condenação), independentemente do tipo ou da quantidade da
pena (STF e art. 8º da Resolução 113 do CNJ).
O preso provisório tem direito ao voto. Inclusive o TSE e o CNJ estão vendo alternativas de
viabilizar esse direito.
14. DISCIPLINA
14.1. RECOMPENSAS
A LEP ao tratar das recompensas só prevê o elogio e concessão de regalias. Quem trata
de tais regalias são os instrumentos extralegais.
Os presídios federais já têm esse sistema, instituído por meio do Dec. 6.049/07.
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e
anterior previsão legal ou regulamentar.
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física
e moral do condenado.
§ 2º É vedado o emprego de cela escura.
§ 3º São vedadas as sanções coletivas.
Há quem diga que a fuga sem violência ou grave ameaça não constitui falta grave, pois
traduz o instinto natural de homem de buscar sua liberdade.
1) O preso surpreendido com o aparelho pratica falta grave (art. 50, VII da LEP). Obs.: o STJ
decidiu que o chip de celular se enquadra na falta grave.
2) O diretor de penitenciária que não veda a entrada do aparelho pratica o crime do art. 319-A
do CP (pena de 03 meses a 01 ano) – prevaricação imprópria.
• Se a sanção disciplinar for leve ou média: quem aplicará a sanção disciplinar será
sempre o diretor do estabelecimento.
• Se a sanção disciplinar for grave: o diretor deverá comunicar o juiz da execução penal
para que este aplique determinadas sanções que o legislador quis que ficassem a cargo do
magistrado.
Quais sanções são essas que somente podem ser aplicadas pelo juiz da execução? Elas
estão previstas no parágrafo único do art. 48:
• Conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade (art. 181, §§ 1º, “d” e
2º).
Ocorre que o STF entende que essa SV NÃO se aplica à execução penal. Ela é aplicável
apenas em procedimentos de natureza não-criminal.
É a forma mais grave de sanção disciplinar, devendo ser utilizada como última ratio,
restringindo, como nenhuma outra, a já limitada liberdade de locomoção do preso e alguns dos
seus direitos.
Lembrar: é a ÚNICA sanção disciplinar que só pode ser imposta pelo JUIZ.
No caso de REPETIÇÃO da mesma falta grave que ensejou a sanção, é possível nova
aplicação de RDD, obedecido, aqui, o limite de 1/6 da pena APLICADA (veja que não se trata de
pena cumprida ou a cumprir).
Uma corrente entende que esse limite se refere à soma de TODAS as ‘internações’ no
RDD por conta de repetição de falta grave (Nucci, Junqueira); outra corrente entende que 1/6 da
pena é o limite para cada NOVA ‘internação’ no RDD.
1ª Corrente: cabe RDD, não podendo todas as inclusões em razão da reincidência serem
superiores a 1/6 da pena aplicada.
2ª Corrente: cabe RDD, com duração de até 1/6 da pena aplicada, pois a lei não restringiu a
quantidade de inclusão.
E o preso provisório?
Não se trata de cela escura (masmorra) ou de cela insalubre, que são proibidas pelo art. 45,
§2º da LEP e pela própria CF.
15.3.3. Visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas
horas;
Os poucos que comentam esse dispositivo entendem que crianças podem visitar, não sendo
computadas no número máximo das duas visitas semanais (maioria).
A Lei n.°12.962/2014 determinou que a pessoa que ficar responsável pela criança ou
adolescente deverá, periodicamente, levar esse menor para visitar a mãe ou o pai na unidade
prisional ou outro centro de internação.
15.3.4. O preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol;
1) Prática de fato previsto como crime doloso que ocasione subversão da ordem e
disciplina internas (art. 52, ‘caput’);
Vejamos:
15.4.1. Prática de fato previsto como crime doloso que ocasione subversão da ordem e
disciplina internas (art. 52, ‘caput’):
Prevalece que não é necessário o trânsito em julgado do processo que julga o crime
praticado. Entendimento sumulado do STJ.
1) Para configurar falta grave, o art. 52 da LEP não exige a condenação por crime doloso. O
referido artigo menciona que a prática de fato previsto como crime doloso já representa falta
grave.
Entretanto, não basta que o apenado pratique fato previsto como crime doloso; é
imprescindível que esse fato ocasione perturbação da ordem interna do estabelecimento.
Essa expressão, altamente aberta, é um campo fértil para o Direito Penal do Autor. Assim,
para que o sujeito seja remetido ao RDD não basta que seja um preso perigoso; esse alto risco
deve ser materializado em algum fato concreto.
Apesar de somente esse parágrafo falar em estrangeiros, é lógico que no caput eles
também estão abrangidos.
O juiz não pode incluir de ofício um preso no RDD. É necessário requerimento do diretor
do estabelecimento ou outra autoridade administrativa, como o secretário de segurança pública,
por exemplo (art. 54, §1º).
Sim, com fundamento no art. 68, II ‘a’ da LEP. É uma atribuição extremamente ampla.
Nucci: diz que não. O MP, de acordo com o art. 54, §1º, não tem essa atribuição. Deve
limitar-se a dar pareceres quanto aos pedidos formulados pelas autoridades administrativas.
Toda a sanção disciplinar deve ser individualizada; não se admite sanção coletiva (art. 45,
§3º). Assim, quando aplica o RDD, o juiz deve individualizá-lo.
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e
anterior previsão legal ou regulamentar.
§ 3º São vedadas as sanções coletivas.
QUESTÃO DE PROVA: a DPE/MA (2015 FCC) cobrou, na peça processual de penal, um agravo
em execução. Uma das teses era justamente essa.
RDD fere a dignidade da pessoa humana, O RDD não representa a submissão do preso a
constituindo sanção cruel, desumana e degradante. padecimentos físicos e psíquicos, o que somente restaria
caracterizado nas hipóteses em que houvesse, por exemplo,
celas insalubres, escuras ou sem ventilação.
O RDD configura sanção desproporcional aos fins da O sistema penitenciário, em nome da ordem e da disciplina,
pena. há que se valer de medidas disciplinadoras, e o RDD atende
ao primado da proporcionalidade entre a gravidade da falta e
a severidade da sanção.
O RDD ofende a coisa julgada, representando quarta RDD não é regime de cumprimento de pena, mas sanção
modalidade de regime de cumprimento de pena. disciplinar cabível na nova relação Estado X Executado.
STJ: O RDD é constitucional. Inclusive esses argumentos acima esposados são todos do STJ.
QUESTÃO DE PROVA: a DPE/PA cobrou na prova discursiva o RDD, pedindo para fazer uma
crítica ao sistema.
Não existe lei federal prevendo prazo prescricional. Por essa razão, a jurisprudência aplica,
por analogia, o menor prazo prescricional existente no Código Penal, qual seja, o de 3 anos,
previsto no art. 109, VI, do CP.
Assim, se entre o dia da infração disciplinar e a data de sua apreciação tiver transcorrido
prazo superior a 3 anos, a prescrição restará configurada.
Exemplo:
- Recaptura em 10/06/2007.
STF: Enquanto o preso está foragido, está-se diante de falta PERMANENTE, de forma que
a prescrição somente começa a correr com a recaptura. Somente vai prescrever a falta em
09/06/2010.
O sentenciado cumpre a pena integralmente na cela, sem dela nunca sair. É nesse
sistema que surgem as solitárias.
O sentenciado, durante o dia, trabalha com os demais presos (em silêncio - É vedada a
comunicação oral entre eles), recolhendo-se no período noturno para a sua cela. É também
chamado de “silent system”. Foi nesse sistema que surgiram as comunicações por mímicas e
gestos entre os presos.
Há um período inicial de isolamento. Após esse estágio, passa-se a trabalhar com outros
presos durante o dia. O último estágio da execução é cumprir a pena em liberdade. Adotado pelo
Brasil, nos termos do art. 112 da LEP.
Reclusão Detenção
A CF prevê o princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI). Esse princípio também
deve ser observado no momento da fixação do regime inicial de cumprimento de pena. Assim, a
fixação do regime prisional também deve ser individualizada (ou seja, de acordo com o caso
concreto), ainda que se trate de crime hediondo ou equiparado.
Desse modo, deve ser superado o disposto na Lei dos Crimes Hediondos (obrigatoriedade
de início do cumprimento de pena no regime fechado) para aqueles que preencham todos os
demais requisitos previstos no art. 33, §§ 2º, e 3º, do CP, admitindo-se o início do cumprimento de
pena em regime diverso do fechado.
Qual é o regime inicial de cumprimento de pena do réu que for condenado por crime hediondo ou
equiparado (ex: tráfico de drogas)?
O regime inicial nas condenações por crimes hediondos ou equiparados (ex: tráfico de
drogas) não tem que ser obrigatoriamente o fechado, podendo ser o regime semiaberto ou
aberto, desde que presentes os requisitos do art. 33, § 2º, alíneas b e c, do Código Penal.
Assim, será possível, por exemplo, que o juiz condene o réu por tráfico de drogas a uma
pena de 6 anos de reclusão e fixe o regime inicial semiaberto.
CUIDADO: O sujeito punido com detenção pode ir para o regime fechado, mas somente através
da regressão de regime. O que não existe é o regime inicial fechado na detenção.
O juiz da execução deve somar ou unificar as penas, o que poderá resultar num regime
inicial diferente daquele imposto pelo juiz da condenação.
1) MP;
2) Reeducando (que todo o ano recebe o atestado de pena cumprido e a cumprir);
3) Defensor do reeducando;
4) Defensor Público;
5) Juiz, de ofício.
1) Requisitos Objetivos:
1.1) Condenação transitada em julgado;
1.2) Requisito objetivo temporal: cumprimento, em regra, de 1/6 da pena;
1.3) Oitiva do MP;
1.4) Exame criminológico (caso concreto);
1.5) Casos de crimes praticados contra a Administração Pública;
Por que em regra? No caso de crimes hediondos esse quantum varia: 2/5 para primário;
3/5 para reincidente.
STJ Info 554 - O STJ, interpretando o § 2º do art. 2º da Lei n. 8.072/90, decidiu que o
legislador não fez menção à necessidade de a reincidência – que impõe o cumprimento de prazo
maior da pena – ser específica em crime hediondo ou equiparado para que incida o prazo de 3/5
para fins de progressão de regime. Em outras palavras, ao exigir que os condenados por delitos
hediondos ou assemelhados, se reincidentes, cumpram lapso maior para serem progredidos de
regime, a lei não diferenciou as modalidades de reincidência, de modo que deve ser exigido do
apenado reincidente, em qualquer caso, independentemente da natureza dos delitos antes
cometidos, o lapso de 3/5.
ATENÇÃO: A pena a ser considerada é a pena global, e NÃO o limite de 30 anos previsto
no art. 75 do CP, a ser estabelecido na unificação de penas. Nesse sentido:
3) Oitiva do MP
4) Exame criminológico
ANTES DA LEI 10.792/03 (ART. 112) DEPOIS DA LEI 10.792/03 (ART. 112)
1ª Corrente: O exame foi abolido. Não é mais requisito para a progressão de regime.
2ª Corrente (STF/STJ): Apesar de não estar previsto no art. 112, o exame continua previsto
no art. 8º da LEP. Por isso, não se pode dizer que a intenção do legislador foi abolir o exame.
Antes da Lei 10.792/03 (art. 112) Depois da Lei 10.792/03 (art. 112)
1ª Corrente (MP): In dubio pro societate. Só pode progredir se existir certeza do bom
comportamento.
1) O requisito de 1/6 da pena deve incidir sobre a pena imposta na sentença, descontado o
tempo já cumprido no regime fechado, pois pena cumprida é pena extinta!
2) Atenção para os arts. 113, 114 e 115, todos da LEP. Veremos abaixo.
Vejamos:
2) Comprovação de trabalho
E o estrangeiro irregular?
A doutrina nega essa progressão, entendendo que o estrangeiro irregular não pode
trabalhar no Brasil.
Não foi o que decidiu recentemente o STF, que vem admitindo a progressão de
estrangeiros.
Normalmente, os juízes exigem do reeducando que apresente uma carta com proposta de
emprego, ou seja, uma carta na qual determinado empregador afirma que pretende contratar o
apenado tão logo ele vá para o regime aberto.
No julgado noticiado neste informativo, o STJ afirmou que essa regra descrita no art. 114,
I, deve ser interpretada com temperamento. Isso porque a realidade mostra que, estando a
No caso concreto julgado pelo STJ, o réu cumpriu os requisitos exigidos pelo art. 112 da
LEP, deixando, contudo, de obter a progressão de regime porque não tinha uma carta de proposta
de emprego. Com base nessa argumentação, o STJ afirmou que seria possível a concessão da
progressão mesmo sem a carta de proposta de emprego.
Após conceder a progressão, caso o apenado fique inerte e não demonstre o exercício de
trabalho lícito, o juiz poderá cassar o benefício e determinar a regressão.
Existem alguns casos em que a própria LEP dispensa a exigência de trabalho para a
concessão de progressão para o regime aberto? SIM. Estão previstos no art. 117. Assim, a
Lei afirma que poderão ser dispensadas do trabalho as seguintes pessoas:
Art. 117
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
II - condenado acometido de doença grave;
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV - condenada gestante.
SIM. O STF afirmou que o fato de estar pendente a extradição de “IRS” não poderia ser
motivo suficiente para impedir a sua progressão de regime.
• o estrangeiro não pode progredir de regime porque ainda está pendente a sua extradição;
• a extradição, por sua vez, somente poderá ser deferida após ele cumprir a pena.
• desse modo, o estrangeiro nem pode ser extraditado nem receber a progressão.
No caso concreto, se “IRS” fosse brasileiro, com igual condenação, bastaria cumprir um
sexto da pena (cinco anos de prisão) para receber a progressão. No entanto, ele já havia
cumprido nove anos em regime fechado e não tinha direito à progressão.
O cenário acima descrito viola o sistema progressivo de cumprimento de pena e conflita com
os princípios constitucionais da prevalência dos direitos humanos e da isonomia (arts. 4º, II, e 5º,
caput, da CF/88).
Assim, com o objetivo de evitar esse impasse, o STF reconheceu que o fato de o
estrangeiro estar aguardando o processo de extradição não poderia ser motivo suficiente para
impedir a sua progressão de regime. STF. Plenário. Ext 947 QO/República do Paraguai, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 28/5/2014 (Info 748).
“A” foi condenado a 6 anos por roubo (roubo não é hediondo, salvo o latrocínio).
Como “A” praticou falta grave, seu período de tempo para obter a progressão de regime irá
reiniciar do zero. O prazo se reinicia a partir do cometimento da infração disciplinar.
Logo, para que “A” obtenha o direito à progressão, precisará cumprir 1/6 do restante da
pena período contado a partir de 15/12/2010. Até o dia da fuga, “A” cumpriu 11 meses. Restam
ainda 5 anos e 1 mês de pena. Desse período, “A” terá que cumprir 1/6. Conta-se esse 1/6 do dia
da recaptura (15/12/2010).
1) Quando houver demora por culpa do Estado na transferência do preso (exemplo: preso já
cumpriu 2/6 da pena (equivalente a duas progressões), mas ainda se encontra no regime
fechado por culpa estatal.
2) Quando o Estado não oferece vaga no regime conquistado pelo reeducando (exemplo: Na
falta de colônia agrícola, deve o preso ser colocado no regime mais benéfico; jamais no
mais severo).
SIM. É admitida, pela doutrina, a progressão para RDD, devendo o preso, contudo, primeiro
cumprir a sanção disciplinar para depois progredir de regime. O tempo de contagem
normalmente começa junto com o RDD, haja vista que a falta grave interrompe a contagem.
Frise-se: A prisão domiciliar só cabe para quem já está no REGIME ABERTO. Não
abrange nem preso provisório.
OBS: Hoje, o juiz pode conceder a prisão domiciliar com a monitoração eletrônica.
STJ Info 554 – a falta de casa de albergado não gera direito à prisão domiciliar quando o
paciente estiver cumprindo a pena em local compatível com as regras do regime aberto.
Cuidado com a data do fato. 29/03/07 entrou em vigor a Lei 11464/07: Modificação para
2/5 ou 3/5. Antes disso, deve-se trabalhar com 1/6. Isso porque o STF havia declarado
inconstitucional o dispositivo na LCH que regulava a progressão nos crimes hediondos (dizia que
seria regime integralmente fechado). Declarada a inconstitucionalidade, passou a viger a regra
anterior a edição da LCH, qual seja, a progressão comum de 1/6.
Pela Lei (Código Penal e Lei nº 7.210/84), existem três regimes de cumprimento de pena
que seguem às seguintes regras:
Na prática, contudo, é muito comum que não existam colônias agrícolas e industriais e
casas de albergado, unidades prisionais previstas na Lei como sendo as adequadas para o
cumprimento da pena nos regimes semiaberto e aberto.
O STF debateu este tema no RE 641.320/RS, mencionado na SV, e fixou três parâmetros
para tentar resolver as situações decorrentes da falta de estabelecimento penal adequado.
João foi condenado à pena de 5 anos de reclusão, tendo o juiz fixado o regime semiaberto.
Ocorre que, no momento de cumprir a pena, verificou-se que não havia no local estabelecimento
destinado ao regime semiaberto que atendesse todos os requisitos da LEP. João poderá cumprir
a pena no regime fechado enquanto não há vagas no semiaberto?
Desse modo, os presos dos referidos regimes estão sendo mantidos nos mesmos
estabelecimentos que os presos em regime fechado e provisórios. Essa situação viola duas
garantias constitucionais da mais alta relevância:
Ainda que privados de liberdade e dos direitos políticos, os condenados não se tornam
simples objetos de direito (art. 5º, XLIX, da CF/88).
De igual forma, em muitos Estados não existem casas de albergado e os detentos que
estão no regime aberto ficam em unidades diferentes dos demais presos. Há discussão se essa
prática é válida ou não. O STF decidiu que os magistrados possuem competência para verificar,
no caso concreto, se tais estabelecimentos onde os presos do regime semiaberto e aberto ficam
podem ser enquadrados como "estabelecimento similar" ou "estabelecimento adequado". Assim,
os presos do regime semiaberto podem ficar em outra unidade prisional que não seja colônia
agrícola ou industrial, desde que se trate de estabelecimento similar (adequado às características
do semiaberto).
De igual forma, os presos do regime aberto podem cumprir pena em outra unidade
prisional que não seja casa de albergado, desde que se trate de um estabelecimento adequado.
Veja como o STF resumiu este entendimento em uma tese:
Objetivo das medidas acima é o de que surjam novas vagas nos regimes semiaberto e
aberto.
Exemplo de como essas medidas fazem surgir vaga no regime semiaberto: João estava
cumprindo pena no regime fechado e progrediu para o regime semiaberto. Ocorre que não há
vagas na unidade prisional destinada ao regime semiaberto. João não poderá continuar
cumprindo pena no fechado porque haveria excesso de execução. Nestes casos, o que acontecia
normalmente é que João seria colocado em prisão domiciliar. No entanto, o STF afirmou que essa
alternativa (prisão domiciliar) não deve ser a primeira opção para o caso.
Diante disso, o STF entendeu que o juiz das execuções penais deverá antecipar a saída
de um detento que já estava no regime semiaberto, fazendo com que surja a vaga para João. Em
nosso exemplo, Francisco, que estava cumprindo pena no regime semiaberto, só teria direito de ir
para o regime aberto em 2018. No entanto, para dar lugar a João, Francisco receberá o benefício
da "saída antecipada" e ficará em liberdade eletronicamente monitorada, ou seja, ficará livre para
trabalhar e estudar, recolhendo-se em casa nos dias de folgas, sendo sempre monitorado com
tornozeleira eletrônica.
Com isso, surgirá mais uma vaga no regime semiaberto e esta será ocupada por João. E
se a ausência de vaga for no regime aberto?
Ex: Pedro progrediu para o regime aberto, mas não há vagas, o que fazer? Neste caso, o
Juiz deverá conceder a um preso que está no regime aberto a possibilidade de cumprir o restante
da pena não mais no regime aberto (pena privativa de liberdade), mas sim por meio de pena
restritiva de direitos e/ou estudo.
Ex: Tiago, que estava no regime aberto, só acabaria de cumprir sua pena em 2018. No
entanto, para dar lugar a Pedro, o Juiz oferece a ele a oportunidade de sair do regime aberto e
cumprir penas restritivas de direito e/ou estudo. Com isso, surgirá nova vaga no aberto. Assim, se
não há estabelecimentos adequados ao regime aberto, a melhor alternativa não é a prisão
domiciliar, mas a substituição da pena privativa de liberdade que resta a cumprir por penas
restritivas de direito e/ou estudo.
Benefícios devem ser concedidos aos detentos que estão mais próximos de progredir ou
de acabar a pena. Vale ressaltar que os apenados que serão beneficiados com a saída
antecipada ou com as penas alternativas deverão ser escolhidos com base em critérios
isonômicos.
Assim, tais benefícios deverão ser deferidos aos sentenciados que satisfaçam os requisitos
subjetivos (bom comportamento) e que estejam mais próximos de satisfazer o requisito objetivo,
ou seja, aqueles que estão mais próximos de progredir ou de encerrar a pena.
Para isso, o STF determinou que o CNJ faça um "Cadastro Nacional de Presos", com as
informações sobre a execução penal de cada um deles. Isso permitirá verificar os apenados com
Por que o STF afirma que a prisão domiciliar não pode ser a primeira opção, devendo-se
adotar as medidas acima propostas? Segundo o STF, a prisão domiciliar apresenta vários
inconvenientes, que irei aqui resumir:
1º) Para ter esse benefício, cabe ao condenado providenciar uma casa, na qual vai ser
acolhido. Nem sempre ele tem meios para manter essa residência. Nem sempre tem uma família
que o acolha.
3º) Existe uma dificuldade grande de fiscalização se o apenado está realmente cumprindo
a restrição imposta.
5) Resumo
(iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride
ao regime aberto.
6) Apelo ao legislador
7) Interpretação conforme
iv) Relatório, que deverá avaliar (a) a adoção de estabelecimentos penais alternativos;
(b) o fomento à oferta de trabalho e o estudo para os sentenciados; (c) a facilitação
da tarefa das unidades da Federação na obtenção e acompanhamento dos
financiamentos com recursos do FUNPEN; (d) a adoção de melhorias
9) Decisão manipulativa
A decisão tomada pelo STF e acima explicada pode ser classificada como uma "decisão
manipulativa" de caráter aditivo. Gilmar Mendes, citando a doutrina italiana de Riccardo Guastini,
afirma que decisão manipulativa é aquela mediante a qual "o órgão de jurisdição constitucional
modifica ou adita normas submetidas a sua apreciação, a fim de que saiam do juízo constitucional
com incidência normativa ou conteúdo distinto do original, mas concordante com a Constituição"
(RE 641320/RS).
"A sentença aditiva pode ser justificada, por exemplo, em razão da não observância do
princípio da isonomia, notadamente nas situações em que a lei concede certo benefício ou
tratamento a determinadas pessoas, mas exclui outras que se enquadrariam na mesma situação.
Nessas hipóteses, o Tribunal Constitucional declara inconstitucional a norma na parte em que
trata desigualmente os iguais, sem qualquer razoabilidade e/ou nexo de causalidade. Assim, a
decisão se mostra aditiva, já que a Corte, ao decidir, 'cria uma norma autônoma'', estendendo aos
excluídos o benefício. " (LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo:
Saraiva, 2014, p. 177).
Ex1: ADPF 54, Rel. Min. Marco Aurélio, julgada em 12/4/2012, na qual o STF julgou
inconstitucional a criminalização dos abortos de fetos anencéfalos atuando de forma criativa ao
Ex2: MI 670, Red. para o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/10/2007, na qual o
STF determinou a aplicação aos servidores públicos da Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o
exercício do direito de greve na iniciativa privada, pelo que promoveu extensão aditiva do âmbito
de incidência da norma.
Em 11/11/2011, ele foi condenado pelo juiz a uma pena de 12 anos de reclusão.
Segundo a defesa, esse 1/6 da pena (equivalente a 2 anos) deve ser contado desde a data
em que ele foi preso preventivamente (10/10/2010). Logo, ele teria cumprido o requisito objetivo
em 10/10/2012. O Ministério Público manifestou-se contrariamente ao pedido, afirmando que esse
1/6 da pena deve ser contado da data da sentença condenatória.
A questão chegou até o STF. O que foi decidido? Qual será o termo inicial para a obtenção
do benefício da progressão: a data em que o réu foi preso preventivamente (tese da defesa) ou o
dia da publicação da sentença condenatória (tese do MP)?
A data em que o réu foi preso preventivamente (tese da defesa). Se o condenado estava
preso preventivamente, a data da prisão preventiva deve ser considerada como termo inicial para
fins de obtenção de progressão de regime e demais benefícios da execução penal, desde que não
ocorra condenação posterior por outro crime apta a configurar falta grave. STF. 1ª Turma. RHC
142463/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/9/2017 (Info 877).
Assim, em caso de crime único, o marco para progressão de regime é contado da prisão
cautelar (e não da publicação da sentença condenatória).
O preso provisório deve fazer jus aos mesmos direitos que o preso definitivo, salvo se o
benefício for incompatível com o texto expresso da lei. Não há qualquer mandamento legal
impedindo o cômputo do período em que o sentenciado ficou preso cautelarmente para fins de
progressão do regime fechado para o semiaberto.
A dúvida, no entanto, diz respeito à data-base que deverá ser considerada para este novo
cumprimento do requisito objetivo:
O início do cumprimento do requisito objetivo (1/6 da pena) para a nova progressão deverá
ser considerado na data em que o apenado preencheu os requisitos da progressão anterior
(02/05/2015) ou na data em que o juiz proferiu a decisão deferindo a progressão (02/10/2015)?
Em nosso exemplo, João ficou 5 meses a mais no regime fechado aguardando a decisão da
progressão; este período já conta como tempo de pena cumprido no regime semiaberto para fins
de nova progressão (agora para o aberto)?
Em nosso exemplo, quando o juízo for analisar o requisito objetivo para João progredir do
semiaberto para o aberto, deverá computar o tempo de cumprimento de pena no semiaberto a
partir de 02/05/2015 (e não de 02/10/2015).
É perfeitamente possível a REGRESSÃO em saltos, por expressa previsão legal (o que falta
à progressão em saltos).
Dispensa sentença penal condenatória. Basta a prática. Para o STJ e STF, esse
dispositivo NÃO FERE a presunção de inocência.
A última causa (conversão) foi implicitamente revogada pela Lei 9.268/96, que transformou
a multa não paga em dívida ativa, vedando sua conversão em PPL.
Obs.: O STF entende que o inadimplemento injustificado das parcelas da pena de multa
autoriza a regressão de regime.
Pro societate: A maioria admite regressão cautelar, mesmo sem previsão legal.
Fundamento: O juiz, dentro do poder cautelar que lhe é inerente (PGC) não só pode como deve
determinar, de imediato, o retorno do sentenciado ao regime mais severo, observando o fumus
boni iuris e o periculum in mora.
Pro reo: Não é possível, por falta de previsão legal (art. 3º da LEP - princípio da legalidade -
ver acima).
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar ATÉ 1/3
(um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57,
recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.
(Redação pela 12.433 de 2011)
Há quem defenda a ocorrência no caso de ‘bis in idem’ (ou até ‘tris in idem’).
STJ: De acordo com o STJ, não há que se falar em bis in idem ou duplo apenamento, pois a
regressão de regime decorre da própria LEP, que estabelece tanto a imposição de sanção
disciplinar quanto a regressão em caso de falta grave (RESp. 939.682). Uma coisa é a pena
como reposta estatal oriunda do Direito Penal, outra coisa é o regramento de execução,
estabelecida pelo Direito das Execuções Penais.
Assim, temos:
b) Indulto parcial: quando somente diminui ou substitui a pena. Neste caso, é chamado de
comutação.
Ocorre que ele praticou, há um mês, falta grave. O juiz negou a concessão do indulto,
afirmando que, como o condenado praticou falta grave, a contagem do prazo deverá ser
interrompida (reiniciar-se do zero). Ocorre que o Decreto não previu isso.
Desse modo, essa exigência imposta pelo juiz é ilegal e não pode ser feita. Não cabe ao
magistrado criar pressupostos não previstos no Decreto Presidencial, para que não ocorra
violação do princípio da legalidade.
Ressalte-se que a redação do enunciado, com a devida vênia, poderia ser mais completa.
Isso porque o cometimento de falta grave não interrompe o prazo para o deferimento do indulto ou
da comutação de pena. Ocorre que é possível imaginar que o Presidente da República decida
prever, no Decreto, a interrupção do prazo em caso de falta grave. Se isso for fixado no Decreto,
tal consequência poderá ser exigida. Logo, o ideal seria que a súmula tivesse dito: a prática de
falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto, salvo disposição
expressa em contrário no decreto presidencial.
2) Progressão de regime
3) Livramento condicional
João, indivíduo muito rico, foi condenado, com trânsito em julgado, pela prática de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Na sentença, recebeu duas penas:
Após cumprir 1/6 da pena (requisito objetivo) e tendo bom comportamento carcerário
(requisito subjetivo), João pediu a progressão do regime semiaberto para o aberto. Depois de toda
a tramitação, com a oitiva do MP, o juiz indeferiu o pedido porque o sentenciado, embora
devidamente notificado, não efetuou o pagamento da pena de multa imposta na sentença.
Diante disso, indaga-se: a decisão do juiz foi correta? O não pagamento voluntário da pena
de multa impede a progressão no regime prisional?
Exceção: mesmo sem ter pago, pode ser permitida a progressão de regime se ficar
comprovada a absoluta impossibilidade econômica do apenado em quitar a multa, ainda que
parceladamente. STF. Plenário. EP 12 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
8/4/2015 (Info 780).
O pagamento da multa está previsto no art. 112 da LEP como sendo um requisito para a
progressão? NÃO. O pagamento da multa não está previsto expressamente no art. 112 como um
dos requisitos necessários para a progressão de regime. Apesar disso, o STF entendeu que esse
pagamento poderá ser exigido porque a análise dos requisitos necessários para a progressão de
regime não se restringe ao referido art. 112 da LEP. Em outras palavras, outros elementos podem,
e devem, ser considerados pelo julgador na decisão quanto à progressão.
Essa decisão não viola o art. 51 do CP, que proíbe a conversão da pena de multa em
prisão? NÃO. O art. 51 do Código Penal previa que se o condenado, deliberadamente, deixasse
de pagar a pena de multa, ela deveria ser convertida em pena de detenção. Essa regra foi
Importante, no entanto, esclarecer que, mesmo com essa mudança feita pela Lei n.
9.268/96, a multa continua tendo caráter de sanção criminal, ou seja, permanece sendo uma
pena.
Esse entendimento não viola a regra constitucional segundo a qual não existe prisão civil
por dívida? NÃO. Não se está prendendo alguém por causa da dívida, mas apenas impedindo que
ela tenha direito à progressão de regime em virtude do descumprimento de um dever imposto ao
condenado. O benefício da progressão exige do sentenciado “autodisciplina e senso de
responsabilidade” (art. 114, II da LEP), o que pressupõe o cumprimento das decisões judiciais que
a ele são aplicadas.
Desse modo, o STF “cria” um novo requisito objetivo para a progressão de regime: o
apenado deverá pagar integralmente o valor da multa que foi imposta na condenação ou, então,
provar a sua absoluta impossibilidade econômica em quitar a multa, ainda que parceladamente.
Foi permitido que o condenado fizesse o pagamento em 12 parcelas. Enquanto isso, João,
que estava cumprindo a pena em regime semiaberto, teve direito de progredir para o regime
aberto. Ocorre que, após pagar as 4 primeiras parcelas, João tornou-se inadimplente, deixou de
pagar as prestações restantes e não justificou o motivo de ter feito isso.
O que acontecerá neste caso com João? Ele deverá regredir de regime.
Previsão legal: arts. 120 e 121 da LEP. Previsão legal: arts. 122 a 125.
Beneficiários: Beneficiários:
a) Preso definitivo dos regimes fechado e a) SOMENTE Preso definitivo do semiaberto, desde
semiaberto. que:
b) Preso provisório. I) Comportamento adequado;
II) Tenha cumprido 1/6 (se primário) ou ¼ (se
reincidente) da pena. Súmula 40 do STJ:
“contabiliza-se o tempo de regime fechado”.
OBS: O preso do regime aberto não precisa de
III) A saída seja importante para a
permissão, pois já está ‘solto’. Entretanto, caso
ressocialização.
necessite de flexibilização dos horários de entrada e
saída do albergue, deverá requerer ao juiz.
Autoridade competente para conceder: Diretor do Autoridade competente para conceder: Juiz da execução,
estabelecimento. ouvido o MP e a administração penitenciária.
a) visitarem a família;
c) participarem de outras atividades que ajudem para o seu retorno ao convívio social.
Obs.: o juiz pode determinar que, durante a saída temporária, o condenado fique utilizando
um equipamento de monitoração eletrônica (tornozeleira eletrônica).
Obs2: os presos provisórios que já foram condenados (ainda sem trânsito em julgado) e
estão cumprindo a pena no regime semiaberto podem ter direito ao benefício da saída temporária,
desde que preencham os requisitos legais que veremos abaixo.
19.2.2. Previsão
A saída temporária encontra-se disciplinada nos arts. 122 a 125 da Lei n. 7.210/84 (LEP).
A autorização para saída temporária será concedida por ato motivado do Juiz da
execução, devendo este ouvir antes o Ministério Público e a administração penitenciária que irão
dizer se concordam ou não como o benefício.
19.2.4. Requisitos
II - cumprimento mínimo de 1/6 da pena (se for primário) e 1/4 (se reincidente).
Deve-se lembrar que o apenado só terá direito à saída temporária se estiver no regime
semiaberto. No entanto, a jurisprudência permite que, se ele começou a cumprir a pena no regime
fechado e depois progrediu para o semiaberto, aproveite o tempo que esteve no regime fechado
para preencher esse requisito de 1/6 ou 1/4. Em outras palavras, ele não precisa ter 1/6 ou 1/4 da
pena no regime semiaberto.
Poderá se valer do tempo que cumpriu no regime fechado para preencher o requisito
objetivo.
Com outras palavras, foi isso o que o STJ quis dizer ao editar a Súmula 40: “Para obtenção
dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, considera-se o tempo de cumprimento da
pena no regime fechado.”
Ressalte-se que o simples fato de o condenado que cumpria pena no regime fechado ter
ido para o regime semiaberto não significa que, automaticamente, ele terá direito ao benefício da
saída temporária. Isso porque o juiz deverá analisar se ele preenche os demais requisitos do art.
123 da LEP (STJ. 6ª Turma. RHC 49.812/BA, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
06/11/2014).
Regras gerais:
Cada preso terá o máximo de 5 saídas temporárias por ano (1 mais 4 renovações).
Cada saída temporária tem duração máxima de 7 dias. Em outras palavras, o preso
receberá a autorização para ficar 7 dias fora do estabelecimento prisional.
Entre uma saída temporária e outra deve haver um intervalo mínimo de 45 dias.
Peculiaridade: no caso da saída temporária para estudo, o prazo da saída temporária será
igual ao necessário para as atividades discentes (ex: pode ser autorizada a saída temporária
todos os dias).
Recomendo ler o art. 124 porque às vezes ele é cobrado literalmente nas provas:
19.2.6. Condições
I – o condenado deverá fornecer o endereço onde reside a família a ser visitada ou onde
poderá ser encontrado durante o gozo do benefício;
Além dessas, o juiz pode fixar outras condições que entender compatíveis com as
circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado. Nesse caso, chamamos de condições
judiciais (ou facultativas).
19.2.7. Revogação
1. praticar fato definido como crime doloso (não se exige condenação; basta a notícia);
2. for punido por falta grave (aqui se exige que o condenado tenha recebido punição
disciplinar);
Se o benefício for revogado por uma das causas acima listadas, o condenado só poderá
recuperar o direito à saída temporária se:
Pela literalidade da Lei de Execução Penal, a cada saída temporária deve ser formulado
um pedido ao juiz que, então, ouve o MP e a administração penitenciária, e, após, decide.
“Ante o exposto, preenchidos os requisitos previstos nos arts. 122, I, e 123, da LEP,
CONCEDO ao apenado JOÃO DA SILVA autorização para 5 (cinco) saídas temporárias por ano,
com duração de 7 (sete) dias cada, para visita à família, que deverá ser realizada nas seguintes
datas:
I – Páscoa;
IV – Natal;
V – Ano Novo.
Desse modo, após o juiz deferir o benefício para o apenado nesta primeira vez, as novas
saídas temporárias deste mesmo reeducando não mais precisarão ser analisadas pelo juiz e pelo
MP, sendo concedidas automaticamente pela direção do Presídio, desde que a situação
disciplinar do condenado permaneça a mesma, ou seja, que ele tenha mantido o comportamento
adequado no cumprimento da pena. Se cometer falta grave, por exemplo, é revogado o benefício.
19.2.10. Insurgência do MP
Além disso, para alguns Promotores, essa prática seria vedada porque cada saída
temporária, para ser autorizada, deve ser individualmente motivada com base no histórico do
sentenciado.
Depois que o STF decidiu que o calendário anual de saídas temporárias é válido, o STJ
teve que, na prática, rever o seu entendimento. Assim, ao reapreciar o tema em sede de recurso
repetitivo o STJ firmou as seguintes conclusões:
• Como regra, antes de cada saída temporária do preso deverá haver uma decisão judicial
motivada. Isso é o ideal, o recomendável.
• Excepcionalmente, será permitido que o juiz, por meio de uma única decisão, fixe um
calendário anual de saídas temporárias definindo todas as datas em que o apenado terá
direito ao benefício durante o ano. O calendário anual de saídas temporárias somente
deverá ser fixado quando ficar demonstrado que há uma deficiência do aparato estatal
(ex.: muitos processos para poucas varas de execuções penais) e que, por causa disso, se
os pedidos fossem analisados individualmente, haveria risco de não dar tempo de o
apenado receber o benefício mesmo tendo direito. Essa deficiência do aparelho estatal é a
realidade que se observa na maioria dos Estados do Brasil, de forma que a exigência de
decisão isolada para cada saída temporária tem causado inúmeros prejuízos aos
apenados.
• Importante destacar também que o benefício será revogado se ocorrer algumas das
hipóteses de revogação automática revogação automática da saída temporária, previstas
no art. 125 da LEP.
Para fins de recurso repetitivo, o STJ firmou duas teses que sintetizam o raciocínio acima
exposto:
A Súmula 520 foi editada em um momento no qual o STJ repudiava a prática da saída
temporária automatizada. Desse modo, ela era invocada sempre que o Tribunal queria dizer que
não cabia o calendário de saídas temporárias.
No entanto, como houve esta mudança de entendimento do STJ, o enunciado foi mantido,
mas agora deverá ser interpretado de outra forma.
De acordo com a concepção atual do STJ, o que a Súmula 520 quer dizer não é que seja
proibida a saída temporária automatizada. O que o enunciado proíbe é apenas que o juiz delegue
ao diretor do presídio a fixação das datas da saída.
A execução penal não constitui mera atividade administrativa. Ela envolve também
decisões judiciais que, por óbvio, somente podem ser tomadas pelos magistrados.
Vale ressaltar, ainda, que não há dificuldade ou obstáculos relevantes que impeçam o juiz
de indicar as datas das saídas temporárias, de sorte que não se justifica e não se mostra legítima
a pretensão de transferir ao diretor do presídio tal competência.
Assim, a Súmula 520 do STJ mantém-se válida, proibindo que o juiz transfira para o diretor
do presídio a competência para fixar as datas das saídas temporárias.
Importante esclarecer, mais uma vez, que a Súmula 520 do STJ não proíbe a adoção das
saídas temporárias automatizadas, desde que o calendário seja fixado pelo magistrado.
Frise-se que a remição por estudo já era admitida pela jurisprudência, consoante com a
súmula 341 do STJ.
Os arts. 126, 127, 128 e 129 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução
Penal), passam a vigorar com a seguinte redação:
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar ATÉ 1/3 (um
terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57,
recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.
OBS: considerando que a CF veda a pena de trabalhos forçados, há doutrina que não admite falta
grave no caso do preso se recusar a trabalhar.
Nucci: Trabalho obrigatório não se confunde com trabalho forçado, que é vedado pela CF.
Diz-se trabalho forçado apenas quando o Estado coage fisicamente o preso a trabalhar (o que não
ocorre em nosso sistema de execução penal). O trabalho obrigatório significa apenas o
apontamento de falta grave no prontuário do apenado, o que lhe inviabilizará, no futuro, o gozo de
benefícios (sistema de sanções e recompensas).
OBS.1: o trabalho do preso não se sujeita à CLT, não tendo ele, v.g., direito ao 13º.
OBS.2: o preso provisório não é obrigado a trabalhar e nem o preso político. Todavia, mesmo o
provisório tem direito ao trabalho.
Obs.: o dever de trabalho imposto pela LEP ao apenado não é considerado como pena de
trabalho forçado, não sendo incompatível com o art. 5º, XLVII, "c", da CF/88.
Não se aplica aos do regime ABERTO (por trabalho, estudo aplica), aos cumpridores de
PRD ou beneficiários de sursis.
A cada três dias trabalhados, desconta-se um dia de pena a ser cumprido. Jornada diária:
06 horas.
O preso quer trabalhar/estudar, mas não lhe ofertam nenhum trabalho. O preso faz jus
à remição ficta?
Os tribunais não têm admitido a remição ficta no caso de falta de oferta de trabalho ao
preso, por ausência de previsão legal.
Único caso de remição ficta: Art. 126, §2º da LEP. Preso trabalhador que sofre acidente,
ficando impossibilitado de continuar trabalhando/estudando. O tempo em que estiver em
recuperação será computado como tempo de trabalho/estudo.
É em razão dessa regra que a provocação deliberada de acidente de trabalho constitui falta
grave. É uma espécie de estelionato contra o instituto da remição.
O preso que está cumprindo pena no regime semiaberto pode trabalhar. Esse trabalho
pode ser:
1) O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por
trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena (art. 126 da LEP). Assim, para cada
3 dias de trabalho, o preso tem direito de abater 1 dia de pena.
2) Um dos requisitos para que o preso obtenha a progressão do regime semiaberto para o
aberto é a de que ele esteja trabalhando ou comprove a possibilidade de trabalhar imediatamente
quando for para o regime aberto (inciso I do art. 114 da LEP);
Além disso, de acordo com o STF (Info 860), será possível a remissão por trabalho ainda
que a jornada seja menor do que a determinada na LEP. Observe a explicação do Prof. Márcio
Cavalcante (Dizer o Direito):
Por fim, destaca-se que o trabalho realizado em dias não úteis, mesmo que sem
autorização, deve ser contado para fins de remição de pena.
O juiz das execuções penais deferiu, em parte, o pedido, uma vez que não aceitou fazer a
remição dos dias trabalhados aos domingos e feriados, sob o argumento de que não havia
autorização para o labor neste período.
O que decidiu o STJ? O condenado possui direito à remição pelos dias trabalhados aos
domingos e feriados mesmo sem autorização? SIM. Se o preso, ainda que sem autorização do
juízo ou da direção do estabelecimento prisional, efetivamente trabalhar nos domingos e feriados,
esses dias deverão ser considerados no cálculo da remição da pena. STJ. 5ª Turma. HC 346.948-
RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 21/6/2016 (Info 586)
É possível computar a remição pelo simples fato de o apenado ficar lendo livros (sem fazer
um curso formal)? SIM.
A atividade de leitura pode ser considerada para fins de remição de parte do tempo de
execução da pena. STJ. 6ª Turma. HC 312.486-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
9/6/2015 (Info 564).
O art. 126 da LEP estabelece que o "condenado que cumpre a pena em regime fechado
ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena".
Desse modo, o dispositivo em tela não prevê expressamente a leitura como forma de remição. No
entanto, o estudo está estreitamente ligado à leitura e à produção de textos, atividades que
Com olhos postos nesse entendimento, foram editadas a Portaria conjunta nº 276/2012, do
Departamento Penitenciário Nacional/MJ e do Conselho da Justiça Federal, bem como a
Recomendação nº 44/2013 do CNJ, tratando das atividades educacionais complementares para
fins de remição da pena pelo estudo e estabelecendo critérios para a admissão pela leitura.
Desse modo, mesmo que o art. 126 da LEP não preveja expressamente a leitura como
forma de remição, a jurisprudência do STJ a admite, valendo-se da analogia in bonam partem
(STJ HC 353.689-SP). Alguns julgados falam que isso seria interpretação extensiva in bonam
partem (STJ HC 326.499-SP). O certo é que a jurisprudência admite.
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um
terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57,
recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.
Como visto, a LEP prevê em seu art. 127, que, se o condenado praticar uma falta grave ele
perderá parte dos dias remidos. Esse artigo foi alterado pela lei n. 12.433/2011. Vejamos o que
mudou:
20.6.2. Perda de 1/3 somente dos dias remidos HOMOLOGADOS ou de TODOS dias
remidos?
1ª Corrente (pro reo): Sabendo que a CF garante ao cidadão respeito ao direito adquirido,
ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada, a falta grave faz com que o preso perca somente os dias
remidos ainda não homologados. Propõe-se uma interpretação conforme à CF.
Nesse sentido, o Informativo 571 do STJ, reconhecida falta grave, a perda de até 1/3 do
tempo remido (art. 127 da LEP) pode alcançar dias de trabalho (ou de estudo) anteriores à
infração disciplinar e que ainda não tenham sido declarados pelo juízo da execução no cômputo
da remição. Não há ofensa a direito adquirido, uma vez que se entende que se trata apenas de
expectativa de direito. Por outro lado, a perda dos dias remidos não pode alcançar os dias
trabalhados (ou de estudo) após o cometimento da falta grave. Isso ocorre pois, caso se
entendesse assim, iria ocorrer um desestímulo ao trabalho/estudo do preso que praticou falta
grave. Como ele já foi condenado pela falta grave, o novo trabalho/estudo seria para ele inútil já
que seria utilizado apenas para "pagar" a pena da falta grave cometida no passado. Desse modo,
a falta grave só acarreta a perda dos dias trabalhados/estudados antes da infração disciplinar.
1) “A” foi condenado a 6 anos por roubo (roubo não é hediondo, salvo o latrocínio).
2) “A” começou a cumprir a pena em 01/02/2010 no regime fechado.
3) Para progredir ao regime semiaberto, “A” precisa cumprir 1/6 da pena (01 ano) e ter bom
comportamento carcerário.
4) No período de cumprimento da pena, “A” trabalhou 90 dias, tendo direito, portanto, a 30
dias de remição, de modo que “A” completaria 1/6 da pena em 31/12/2010.
5) Ocorre que, em 30/10/2010, “A” fugiu, tendo sido recapturado em 15/12/2010.
6) A fuga é considerada falta grave do condenado (art. 50, II, da LEP). Como “A” praticou
falta grave, seu período de tempo para obter a progressão de regime irá reiniciar do zero,
descontado, ainda, ATÉ 1/3 do tempo remido, conforme o art. 127 da LEP.
7) No caso de fuga, a contagem do tempo é recomeçada a partir do dia da recaptura.
8) Digamos que o juiz decidiu revogar 1/3 do tempo remido. Nesse caso, revogou 10 dias.
9) Logo, para que “A” obtenha o direito à progressão, precisará cumprir 1/6 do restante da
pena, contado a partir de 15/12/2010.
10) Até o dia da fuga, “A” cumpriu 10 meses (incluído o período remido). Restariam ainda 05
anos e 02 meses de pena. No entanto, considerando a revogação de 10 dias de remição
(1/3) faltariam, na verdade, 05 anos, 02 meses e 10 dias. Desse período, “A” terá que
cumprir 1/6. Conta-se esse 1/6 do dia da recaptura (15/12/2010).
11) Assim, “A” atingirá 1/6 em 22/10/2011.
Qual era a tese da Defensoria Pública da União e que foi julgada pelo STF? A DPU
queria aplicar o art. 127 da LEP e fazer com que o tempo para obter a progressão de regime não
recomeçasse do zero, mas estivesse limitada a 1/3, que nem ocorre com a perda dos dias
remidos. O objetivo da DPU era o de assegurar ao condenado, para todos os benefícios que
exigem a contagem de tempo, o limite de 1/3, previsto no art. 127 da LEP.
Se a tese da DPU fosse aceita, no exemplo dado, para que “A” obtivesse o direito à
progressão, “A” poderia aproveitar parte do tempo já cumprido antes de cometer falta grave
porque o fato de praticar falta grave não poderia “zerar” a contagem, já que a punição estaria
limitada à perda de 1/3 do tempo que passou (com base no art. 127).
A contagem do prazo para a progressão de regime, por exemplo, não foi alterada pela
nova redação do art. 127. Assim, no dia que o apenado cometer falta grave, terá que recomeçar o
prazo de 1/6 para obter a progressão. O tempo que ele cumpriu de pena e o tempo remido
(descontado até 1/3) continuarão valendo (não serão apagados). No entanto, o apenado terá que
cumprir 1/6 da pena que sobrou (ou seja, descontados o período já cumprido efetivamente e o
remido).
Dessa forma, o reinício do prazo para a progressão e a perda limitada dos dias remidos
são institutos diferentes. A Lei 12.433/2011 somente limitou a perda dos dias remidos, mas não
impediu que o prazo para a progressão fosse reiniciado com a falta grave.
O art. 127 da LEP determina que, em caso de falta grave, a perda dos dias remidos está
limitada a 1/3. Esse limite de 1/3 de desconto do lapso temporal no desconto da pena NÃO PODE
ser aplicado para os demais benefícios da execução penal, estando limitado à remição.
Para o STF, reconhecida a falta grave no decorrer da execução, não pode ser determinada
a perda dos dias remidos na fração máxima de 1/3 sem que haja fundamentação concreta para
justifica-la.
Para o STJ, a prática de falta grave IMPÕE a decretação da perda de até 1/3 dos dias
remidos, devendo a expressão “poderá”, contida no art. 127 da LEP, ser interpretada coo
verdadeiro poder-dever do magistrado, ficando no juízo de discricionariedade do julgador apenas
a fração da perda, que terá como limite máximo 1/3 dos dias remidos.
Computa-se, como visto, para fins de progressão. Repise-se: o que não se aplica é a
limitação da perda de 1/3 no caso de falta grave, para outros benefícios.
LCP Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor
penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de
prisão comum, em regime semiaberto ou aberto.
§ 1º O condenado a pena de prisão simples fica sempre separado
dos condenados a pena de reclusão ou de detenção.
§ 2º O trabalho é FACULTATIVO, se a pena aplicada, NÃO
EXCEDE A QUINZE DIAS.
5) É possível que o condenado cumule a remição pelo trabalho e pelo estudo, desde que as
horas diárias de trabalho e de estudo sejam compatíveis (§ 3º do art. 126).
7) O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) caso o
condenado consiga concluir o ensino fundamental, médio ou superior durante o
cumprimento da pena (§ 5º do art. 126).
8) A remição pode ser aplicada para a pessoa presa cautelarmente (§ 7º do art. 126). Assim,
se o indivíduo está preso preventivamente e decide trabalhar, esse tempo será abatido de
sua pena caso venha a ser condenado no futuro.
9) A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa (§
8º do art. 126)
21.1. CONCEITO
Soma de penas
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem
SOMAR-SE para efeito do livramento.
21.3.1. Pena privativa de liberdade (não existe livramento para PRD ou multa)
Exemplo: réu condenado a 01 ano e 11 meses. É reincidente em crime doloso, logo não
cabe sursis. Por ser pena inferior a 02 anos, não cabe livramento condicional. Ele não poderia
pedir em sede de recurso para agravar a pena a fim de ter direito ao livramento
condicional? A doutrina diz que SIM. É um raríssimo caso onde a defesa tem interesse em
agravar a pena.
CP Art. 83
1) Condenado não reincidente em crime doloso + bons antecedentes Cumprir MAIS de 1/3
da pena.
2) Condenado reincidente em crime doloso Cumprir MAIS de ½ da pena.
3) Condenado por Crime Hediondo ou equiparado, desde que não reincidente específico
Cumprir MAIS de 2/3 (ver aula de hediondos).
OBS: Se for reincidente específico em crime hediondo, não faz jus ao livramento condicional.
PREVALECE que na falta de previsão legal, aplica-se a fração mais favorável ao réu (1/3 de
pena).
CP Art. 86, inciso II: Condenação + definitiva + CRIME + cometido ANTES do benefício + PPL.
Exemplo: Réu condenado por roubo a 09 anos. Cumprido 1/3, concede-se o livramento.
Computa-se o período de prova como pena cumprida, logo pelo primeiro crime teria ainda
02 anos a cumprir. Soma-se a esse quantum a nova pena de 01 ano pelo furto, totalizando 03
anos. Cumpridos 1/3 dos 03 anos ele fará jus novamente ao benefício.
Revogação facultativa
CP Art. 87 - O juiz PODERÁ, também, revogar o livramento, se o
liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da
sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou
contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
Nesse caso, também há quebra de confiança, motivo pelo qual o tempo de livramento não é
considerado pena cumprida.
CP Art. 87, segunda parte: Condenação + definitiva + crime ou contravenção + pena de multa
ou restritiva de direitos.
Condenação + Contravenção + Prisão simples: Lacuna da Lei. Não gera revogação por falta
de previsão legal.
1) Crime cometido ANTES da vigência do livramento não gera a prorrogação; somente crime
cometido APÓS a vigência. Motivo: quando a infração é anterior ao livramento, o período
de prova é considerado pena cumprida. Logo, se o sujeito completa o período de prova
sem que sobrevenha qualquer sentença condenatória, terá extinta a sua pena
imediatamente referente àquele delito;
2) Somente o cometimento de CRIMES gera a prorrogação; não abrange a contravenção
penal;
3) Inquérito policial não gera prorrogação. Deve haver processo pelo novo crime;
4) Tal como no ‘sursis’, durante a prorrogação ficam SUSPENSAS as condições
impostas.
22.2. RITO
22.3. PRAZO
22.4. EFEITOS
1) Devolutivo;
2) Regressivo (juízo de retratação);
Peça processual: não esquecer de pedir o juízo de retratação na petição de interposição.
3) Extensivo.
Suspensivo? Não.
Existe um ÚNICO caso onde o agravo tem efeito suspensivo: art. 179 da LEP.
Foi publicada no dia 29/05/12 a Lei n. 12.654/2012 que prevê a possibilidade de ser
realizada uma nova espécie de identificação criminal, qual seja, a coleta de material biológico
para a obtenção do perfil genético.
A regra constitucional é a de que a pessoa que for civilmente identificada não será submetida à
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei (art. 5º, LVIII). A Lei que traz essas
hipóteses é a Lei n. 12.037/2009.
Existem inúmeros crimes que cuja execução deixa materiais genéticos como vestígios.
Ex1: o sêmen do autor no caso de um estupro; Ex2: gotas de sangue do agressor na hipótese de
um homicídio consumado, em que a vítima tentou se defender; Ex3: fios de cabelo do agente no
caso de um furto. Em tais situações, será possível a comparação dos vestígios deixados com as
informações constantes desse banco de dados para que se possa descobrir o verdadeiro autor do
crime.
As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão
revelar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de
Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso,
respondendo civil, penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização
para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial.
Até quando ficarão armazenados estes dados? A exclusão dos perfis genéticos dos
bancos de dados ocorrerá no término do prazo estabelecido em lei para a prescrição do delito.
Ponto polêmico: mesmo sem que a lei preveja, seria possível a coleta do material
biológico do acusado durante o processo penal, ou seja, APÓS as investigações?
Entendo que não, considerando que se trata de norma que, por restringir direitos
fundamentais do acusado, não pode ser interpretada de forma ampliativa. Somente em uma
situação seria permitida: quando esta coleta tenha sido requerida pela defesa do réu para fins de
prova de sua inocência.
A nova Lei acrescentou o art. 9º-A à Lei de Execuções Penais, prevendo o seguinte:
Pontos polêmicos:
Para que seja permitida a coleta de material biológico é necessário que a
condenação tenha TRANSITADO EM JULGADO? Sim. A Lei não condiciona expressamente
que tenha havido o trânsito em julgado, no entanto, essa exigência decorre do princípio
constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII).
1ª Hipótese: 2ª Hipótese
A coleta somente pode ocorrer DURANTE AS A coleta somente pode ocorrer APÓS A
INVESTIGAÇÕES (antes de ser ajuizada a CONDENAÇÃO do réu.
ação penal)
Não importa o crime pelo qual a pessoa esteja A coleta somente é permitida se o réu foi
sendo investigada. condenado:
por crime doloso praticado com violência de
natureza grave contra pessoa; ou
por qualquer crime hediondo.
Somente ocorre se se essa prova for É obrigatória por força de lei. O objetivo é o de
ESSENCIAL às investigações policiais. O armazenar a identificação do perfil genético do
objetivo é elucidar o crime específico que está
A coleta é determinada por decisão judicial Não necessita de autorização judicial. A coleta
fundamentada, proferida de ofício, ou mediante é feita como providência automática decorrente
representação da autoridade policial, do MP ou da condenação.
da defesa.
Prevista no parágrafo único do art. 5º da Lei n. Prevista no art. 9º-A da LEP (inserido pela Lei
12.037/2009 (inserido pela Lei n. n. 12.654/2012).
12.654/2012).
Nenhuma. Toda pessoa tem o direito de não produzir prova contra si mesmo. Logo, o
indivíduo que se nega a permitir a coleta de material biológico para se autodefender exerce um
direito garantido constitucionalmente e, por tal razão, não pode ser responsabilizado criminal ou
disciplinarmente por isso.
Forçoso concluir, então, que se trata de Lei de reduzida efetividade. Vale mencionar que é
pacífico o entendimento do STF de que, por conta do princípio da não autoincriminação (nemo
tenetur se detegere), o acusado não é obrigado a fornecer padrão vocal ou padrão de escrita para
que sejam realizadas perícias que possam prejudicá-lo.
Ora, esse mesmo raciocínio será, certamente, aplicado para o fornecimento de material
biológico.
Foi publicada no dia 17/09/2012 a Lei 12.714/2012. Vamos conhecer um pouco mais
sobre ela:
1) O magistrado;
2) O representante do Ministério Público;
3) O defensor;
4) A pessoa presa ou custodiada;
5) Os representantes dos conselhos penitenciários;
6) Os representantes dos conselhos da comunidade.
Um dos aspectos mais interessantes e úteis da nova Lei está neste ponto.
O sistema será programado para informar tempestiva e automaticamente, por aviso
eletrônico, as datas mencionadas no inciso I (conclusão do inquérito, oferecimento de denúncia,
progressão, livramento condicional etc.)
Esta Lei entra em vigor após decorridos 365 dias de sua publicação oficial.
A Lei de Execuções Penais, desde sua redação original, sempre assegurou aos presos o
direito à educação, em seus arts. 17 a 21.
Ocorre que a LEP afirmava que apenas o ensino fundamental (antigo "1º grau") seria
obrigatório.
A Lei nº 13.163/2015 alterou a LEP e passou a prever que o ensino médio também deverá
ser oferecido, obrigatoriamente, aos reeducandos, nos presídios.
Apenas o ensino fundamental ("1º grau") era Agora tanto o ensino fundamental como o
obrigatório nos presídios. ensino médio deverão ser obrigatoriamente
oferecidos aos presos.
A LEP não obrigava o oferecimento de ensino
médio nos presídios. A LEP continua sem obrigar o oferecimento de
ensino superior nos presídios.
As escolas e cursos oferecidos dentro dos presídios devem estar integrados ao sistema
estadual e municipal de ensino, ou seja, o ensino ministrado nos presídios deverá ter a mesma
validade, carga horária, requisitos etc. que aqueles ofertados fora do estabelecimento prisional.
Isso tem o objetivo de fazer com que os presos que forem alunos não tenham nenhuma
dificuldade ou prejuízo ao continuarem seus estudos quando saírem do presídio.
Essa integração atende a recomendação internacional prevista no item 77.2 das Regras
Mínimas da ONU para Tratamento das Pessoas Presas:
A maioria das escolas de ensino médio que funcionará nos presídios será de
responsabilidade dos Estados, uma vez que este ente é quem tem a responsabilidade prioritária
pelo ensino médio. No entanto, pode acontecer também de o ensino médio ser oferecido pelos
Municípios.
SIM. A Lei prevê que a União irá oferecer apoio administrativo e financeiro aos Estados e
Municípios para a manutenção do ensino médio nos presídios.
Vale ressaltar, ainda, que os recursos destinados à educação nos presídios serão oriundos
não apenas do orçamento da educação, como também do orçamento destinado ao sistema
estadual de justiça ou administração penitenciária.
A Lei nº 13.163/2015 acrescentou também o art. 21-A afirmando que deverão ser realizados
censos penitenciários nos quais se constate a situação educacional dos presos. Veja:
A LEP, desde a sua redação original, sempre previu que, dentro do estabelecimento
prisional, os presos provisórios deverão ficar separados dos presos condenados definitivamente.
Essa determinação está insculpida no art. 84, caput:
Preso provisório: é aquele que ainda não foi condenado com sentença transitada em
julgado, estando, portanto, preso em virtude de uma prisão cautelar (provisória). Vale ressaltar
que, nessa categoria de preso provisório, inclui-se tanto a pessoa que ainda nem foi julgada, mas
se encontra presa preventivamente como o indivíduo que já foi condenado, mas aguarda o
julgamento de recurso.
O legislador pensou o seguinte: não basta que os presos provisórios fiquem separados dos
presos condenados definitivamente (art. 84, caput). Isso está certo, mas ainda é pouco. É
necessário que, na ala destinada aos presos provisórios, eles sejam divididos de acordo com a
espécie de crime pelo qual estão acusados. De outro lado, na parte do presídio reservada aos
presos definitivos, estes também deverão ser separados conforme a gravidade do crime pelo qual
foram condenados.
REGRA GERAL:
O preso provisório ficará separado do preso condenado por sentença transitada em julgado.
O preso provisório ficará recolhido em cela diferente do preso já condenado definitivamente.
Dessa forma, busca-se evitar que criminosos contumazes ou perigosos possam cooptar
condenados primários que, em tese, teriam maior possibilidade de ressocialização.
Além disso, o Brasil, ao alterar sua legislação prevendo novos critérios de separação dos
detentos, atende a recomendação internacional prevista no item 8 das Regras Mínimas da ONU
para Tratamento das Pessoas Presas:
Quando a lei exige que os presos fiquem separados de acordo com os critérios acima
expostos, isso significa que deverão ser construídos novas unidades prisionais? Eles deverão
obrigatoriamente ficar em estabelecimentos prisionais distintos?
NÃO. Não é necessário que os presos fiquem em prédios separados. O mesmo conjunto
arquitetônico poderá abrigar estabelecimentos de destinação diversa desde que devidamente
isolados (§ 2º do art. 82 da LEP).
Basta que, dentro da unidade prisional, haja a separação bem nítida e concreta entre os
diversos tipos de preso.
Assim, dentro de uma mesma unidade prisional podem ficar presos provisórios e
condenados, mas é necessário que eles sejam separados por meio de pavilhões ou ala, havendo
um isolamento de forma a impedir o contato.
A Lei nº 13.167/2015 também traz a previsão de que os presos que estiverem ameaçados
deverão ficar separados dos demais. Confira:
Art. 84 (...)
§ 4º O preso que tiver sua integridade física, moral ou psicológica
ameaçada pela convivência com os demais presos ficará segregado
em local próprio.” (NR)
27.1. HISTÓRICO
Segundo o entendimento majoritário, contudo, esta regra somente valia para as prisões
envolvendo crimes militares, não sendo aplicadas para os crimes "comuns" (não militares).
Assim, a primeira lei que tratou sobre o uso de algemas no Brasil de forma geral foi a Lei
nº 7.210/84 (Lei de Execuções Penais). Ela, no entanto, não ajudou muito porque afirmou que o
tema deveria ser tratado por meio de decreto. Confira:
A LEP é de 1984 e até 2016 este decreto não havia sido editado.
c) LEI 11.689/2008
Em junho de 2008, foi editada Lei nº 11.689/2008, que alterou o procedimento do Júri
previsto no CPP. Esta Lei aproveitou a oportunidade e tratou também sobre o uso de algemas,
porém apenas no plenário do Júri. Veja os dispositivos que foram inseridos por ela:
Como se vê, tirando a hipótese do Plenário do Júri, a legislação continuava sem disciplinar
o uso de algemas.
d) SV 11-STF
e) DECRETO 8.858/2016
Agora, com 32 anos de atraso, finalmente é editado o Decreto federal mencionado pelo art.
199 da LEP e que trata sobre o emprego de algemas.
Regulamenta o art. 199 da Lei de Execução Penal com o objetivo de disciplinar como deve
ser o emprego de algemas.
Diretrizes
• o Pacto de San José da Costa Rica, que determina o tratamento humanitário dos presos
e, em especial, das mulheres em condição de vulnerabilidade.
• resistência;
• perigo à integridade física própria ou alheia, causado pelo preso ou por terceiros.
Caso tenha sido verificada a necessidade excepcional do uso de algemas, com base em
uma das três situações acima elencadas, essa circunstância deverá ser justificada, por escrito.
Em outras palavras, a pessoa que acaba de ser presa, em regra, não pode ser algemada.
Se ela tiver que ser deslocada para a delegacia, por exemplo, em regra, não pode ser algemada.
Se tiver que comparecer para seu interrogatório, em regra, não pode ser algemada.
Quais são as consequências caso o preso tenha sido mantido algemado fora das
hipóteses mencionadas ou sem que tenha sido apresentada justificativa por escrito?
a) Nulidade da prisão;
Vale ressaltar que, se durante audiência de instrução e julgamento o juiz recusa, de forma
motivada, o pedido para que sejam retiradas as algemas do acusado, não haverá nulidade
processual (STJ HC 140.718-RJ).
DECRETO 8.858/2016 SV 11
Não prevê qualquer consequência ou punição (...) sob pena de responsabilidade disciplinar,
em caso de descumprimento das regras civil e penal do agente ou da autoridade e de
impostas para o emprego de algemas. nulidade da prisão ou do ato processual a que
se refere, sem prejuízo da responsabilidade
civil do estado.
Art. 3º É vedado emprego de algemas em A súmula vinculante não trata sobre esta
mulheres presas em qualquer unidade do situação específica das mulheres em trabalho
sistema penitenciário nacional durante o de parto ou que tiveram seus filhos.
trabalho de parto, no trajeto da parturiente
entre a unidade prisional e a unidade
hospitalar e após o parto, durante o período
em que se encontrar hospitalizada.
Quadro-resumo:
Súmula 40 STJ - Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo,
considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado.
Válida!
Interessante destacar o exemplo usado por Renato Brasileiro, em seu livro Súmulas
Criminais do STF e STJ comentadas: “suponha-se que determinado indivíduo primário tenha sido
condenado ao cumprimento de 10 anos de reclusão no regime inicial fechado pela prática de
crime não hediondo. Após o cumprimento de 1/6 da pena no regime fechado, é beneficiado com a
progressão. Neste caso, poderá, desde já, pleitear o benefício da saída temporário,
independentemente de satisfazer mais 1/6 de pena no regime semiaberto”.
Súmula 192 STJ - Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a
estabelecimentos sujeitos a Administração Estadual.
Importante!
Mesmo que a condenação ainda não tenha transitado em julgado (condenado provisório),
se o réu estiver preso em unidade prisional estadual, a competencia para decidir sobre os
incidentes da execução penal, como por exemplo, a antecipação da progressão de regime, será
Súmula 341 STJ - A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo
de execução de pena sob regime fechado ou semiaberto.
Válida!
No entanto, a súmula está, atualmente, incompleta. Segundo o §6º do art. 126 da LEP,
incluído pela Lei 12.433/2011, o condenado que cumpre pena em regime ABERTO e o
sentenciado que esteja usufruindo de LIBERDADE CONDICIONAL também poderão remir, pela
frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte da execução da pena ou
do período de prova.
É possível a remição para condenados que cumprem pena em regime aberto ou estejam
em livramento condicional?
Súmula 439 STJ - Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.
Importante!
O art. 112 da LEP, em sua redação original, exigia, como condição para a progressão de
regime e concessão de livramento condicional, que o condenado se submetesse a exame
criminológico.
A Lei 10.791/2003 alterou esse art. 112 e deixou de exigir a submissão do reeducando ao
referido exame criminológico. No entanto, o exame criminológico poderá ser ainda realizado se o
juiz, de forma fundamentada e excepcional, entender que a perícia é absolutamente necessária
para a formação de seu convencimento.
Em suma, a Lei 10.791/2003 não dispensou, mas tornou facultativa a realização do exame
criminológico, que ainda poderá ser feito para apreciação da personalidade e do grau de
periculosidade do sentenciado.
Súmula 441 STJ - A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.
Importante!
A falta grave não interfere no livramento condicional por ausência de previsão legal, ou
seja, porque a LEP não determinou essa consequência.
Súmula 471 STJ - Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da
vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de
Execução Penal) para a progressão de regime prisional.
Importante!
Súmula 491 STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.
Importante!
Progressão per saltum significa a possibilidade do apenado que está cumprindo pena no
regime fechado progredir diretamente para o regime aberto, ou seja, sem passar antes pelo
semiaberto. Não é admitida pelo STF e STJ.
Assim, se o apenado está cumprindo pena no regime fechado, ele não poderá ir
diretamente para o regime aberto, mesmo que tenha, em tese, preenchido os requisitos para
tanto.
Súmula 493 STJ – É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição
especial ao regime aberto.
A LEP impõe ao reeducando condições gerais e obrigatórias para que ele possa ir do
regime semiaberto para o aberto (art. 115). A Lei estabelece também que o juiz poderá fixar
outras condições especiais, em complementação daquelas previstas em lei. No entanto, a súmula
afirma que o magistrado, ao fixar essas condições especiais, não poderá impor nenhuma
obrigação que seja prevista em lei como pena restritiva de direitos (art. 44 do CP). Isso porque é
como se o juiz estivesse aplicando uma nova pena ao condenado pelo simples fato de ele estar
progredindo de regime. Haveria ai um bis in idem.
Assim, por exemplo, o juiz não pode impor que o reeducando preste serviços à
comunidade como condição especial para que fique no regime aberto.
Súmula 520 STJ - O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato
jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.
Importante!
Súmula 526 STJ - O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido
como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.
Cometido fato previsto como crime doloso pelo apenado, durante o cumprimento da
reprimenda, resta caracterizada a falta grave, nos termos do art. 52 da LEP, independentemente
do transito em julgado de eventual sentença condenatória.
Súmula 533 STJ - Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução
penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado
constituído ou defensor público nomeado.
Importante!
Súmula 534 STJ - A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de
regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.
Importante!
Súmula 535 STJ- A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena
ou indulto.
Importante!
Súmula 562 STJ - É possível a remição de parte do tempo de execução da pena quando o
condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que
extramuros.
A LEP, ao tratar sobre a remição pelo trabalho, não restringiu esse benefício apenas para
o trabalho interno (intramuros). Desse modo, mostra-se indiferente o fato de o trabalho ser
exercido dentro ou fora do ambiente carcerário. Na verdade, a lei exige apenas que o condenado
esteja cumprindo a pena em regime fechado ou semiaberto para que ele tenha direito à remição
pelo trabalho.
Súmula Vinculante 9: O disposto no art. 127 da LEP foi recebido pela ordem constitucional
vigente e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do art. 58.
Válida!
Este enunciado foi editado em 2008. A redação do art. 127 foi alterada pela Lei
12.433/2011, no entanto, o sentido da súmula permanece sendo válido, ou seja, o referido
dispositivo é compatível com a CF/88.
Súmula Vinculante 26: Para efeito de progressão de regime de cumprimento de pena, por crime
hediondo ou equiparado, praticado antes de 29 de março de 2007, o juiz da execução, ante a
inconstitucionalidade do art. 2, §1º da Lei 8.072/90, aplicará o art. 112 da LEP, na redação
original, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche ou não os requisitos objetivos e
subjetivos do benefício podendo determinar para tal fim, de modo fundamentado, a realização do
exame criminológico.
Importante!
Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção
do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nesta hipótese, os
parâmetros fixados no Recurso Extraordinário 641320.
Súmula 700 STF: É de cinco dias o prazo para a interposição de agravo contra decisão do juiz da
execução penal.
Válida!
Súmula 715 STF: A pena unificada para atender o limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do CP, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como
livramento condicional ou regime mais favorável.
Importante!
Súmula 717 STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença
transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
Válida!