Manual Digiplaq - Como Fazer Sua Primeira Placa de Circuito Impresso (Parte 1)

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MANUAL DIGIPLAQ

COMO FAZER SUA PRIMEIRA


PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO

PARTE 1 - TRAÇADO DAS PISTAS

O primeiro passo na fabricação doméstica ou artesanal de uma placa é imprimir o


traçado das pistas, sobre uma placa virgem. Chamamos de "placa virgem" uma chapa
de material isolante, recoberta por uma fina lâmina de cobre, firmemente colada por
um processo industrial, em uma ou nas duas faces. O material isolante usado
geralmente é o fenolite ou a fibra de vidro, este último tendo melhores características
mecânicas e elétricas, mas também sendo mais caro e mais difícil de ser trabalhado.

As placas revestidas de cobre em uma face


são chamadas de "face simples", e as de
"dupla face" são revestidas dos dois lados.

A maioria das placas usadas em hobby e


circuitos caseiros são de fenolite e face
simples.

Na figura ao lado, vemos como é uma placa


virgem, com a folha de cobre parcialmente
descolada.

A placa é cortada usando-se uma régua e um riscador de ponta dura. Marca-se a


dimensão certa do corte, alinha-se a régua com a marca, e em seguida a placa é
riscada até produzir um rasgo profundo o suficiente para parti-la. Deve-se riscar a
placa profundamente, pelos dois lados, para evitar a quebra fora do risco. Depois de
cortada, a borda da placa deve ser desbastada com uma lixa ou rebolo, para eliminar
as irregularidades.

A figura ao lado mostra uma régua de corte e um


riscador específicos para cortar circuito impresso.
Também é possível cortá-lo com uma régua de aço
comum e um riscador para fórmica, fáceis de obter
em lojas de ferramentas.

A impressão das trilhas pode ser feita de várias maneiras. Essencialmente, consiste
em recobrir partes da placa com uma tinta resistente a um líquido corrosivo que será
usado na fase dedecapagem ou corrosão (que iremos ver na Parte 2 deste manual). A
placa impressa é banhada em uma solução que dissolve o cobre das áreas expostas,
deixando somente o cobre que foi protegido pela tinta. Assim, teremos uma cópia,
gravada no cobre, do desenho que fizemos sobre a placa.

Antes de começarmos a efetuar a impressão do traçado, seja qual for o método usado,
o a placa deve ser meticulosamente limpa. Como o cobre se oxida em contato com o
ar, deve-se lavar a superfície cobreada para remover toda e qualquer impureza. Se a
placa não estiver perfeitamente limpa, a sujeira e a oxidação irão impedir uma boa
corrosão. A limpeza pode ser feita com um pedaço de palha de aço ("Bom-Bril"), água
e pequena quantidade de sabonete ou detergente. Depois de limpa, deve ser lavada
com bastante água para retirar totalmente os resíduos de sabão. A partir daí, a
superfície não pode mais ser tocada diretamente com as mãos, para não ser
contaminada pelo sal e gordura presentes na pele. Segure a placa somente pelas
bordas, ou use luvas de borracha limpas. Uma vez limpa, a placa deve ser
imediatamente impressa e corroída, ou o cobre irá se oxidar novamente, pondo a
perder todo o trabalho.

TRAÇAGEM MANUAL

O método mais simples, menos preciso e mais trabalhoso de se fazer a gravação é a


traçagem manual. Com o desenho (ou lay-out) das trilhas feito previamente em papel,
colocamos um papel carbono e o desenho sobre a placa, fixamos tudo com fita
adesiva. Em seguida riscamos o desenho com uma caneta esferográfica ou uma
ponta seca, para o papel carbono transferir uma cópia para a superfície da placa. A
seguir, traçamos o desenho sobre a placa, por cima da cópia carbono, com uma
caneta apropriada, tendo ao lado a cópia impressa em papel para comparação e
conferência. Terminado o traçado, o desenho deve ser reconferido, e a placa está
pronta para o banho de corrosão.

Uma variação deste processo consiste em fixar a cópia do lay-outsobre a placa, sem
usar o papel carbono, e em seguida marcar a posição dos furos com um punção. Em
seguida, o desenho é copiado a caneta para a placa, usando as marcas de punção
como guias. Este processo é bastante prático para placas simples, ficando inviável
para desenhos mais complexos.
Cópia sobre a placa Puncionando Resultado

No lugar de apenas puncionar, também é possível furar a placa, eliminar as rebarbas, e


a seguir usar os furos como guias. Veremos o processo de furação na Parte 3 deste
manual.

A caneta mais usada neste método de traçado é o


marcador permanente, ou caneta de retro-projetor, do
tipo usado para escrever em CDs, à venda em
qualquer papelaria bem sortida.

Na figura ao lado vemos alguns tipos. Da esquerda


para a direita, uma Faber Castell, uma Sharpie, e duas
Pilot, de ponta normal e ponta fina (1mm). Esta última
é muito útil para detalhes pequenos, como trilhas e
ilhas extrafinas.

A principal desvantagem da caneta de retro-projetor é que sua tinta não é muito


resistente ao banho corrosivo, permitindo que as áreas protegidas sejam parcialmente
atacadas. Em algumas situações, principalmente quando a placa fica no banho por
tempo demais, podem se formar grandes áreas defeituosas sob a impressão,
inutilizando a placa. Mesmo tendo esta e outras desvantagens, este processo é usado
por vários hobbystas, devido à sua simplicidade.

FOLHAS DE SÍMBOLOS DECALCÁVEIS

Existem algumas folhas decalcáveis, de marcas como Decadry e Alfac, com símbolos
(trilhas e ilhas) para circuitos impressos. Estes decalques se destinam à preparação
em papel vegetal deartes finais, usadas na geração de fotolitos, usados no processo
fotográfico (que descreveremos mais adiante). Alguns hobbystasusam os decalques
para a aplicação direta sobre a placa, embora eles não tendo sido fabricados com este
objetivo. Os símbolos decalcáveis são transferidos para a placa com uma caneta
esferográfica comum, e podem ser usados juntamente com a caneta de retro-projetor.
O processo é similar à traçagem manual, marcando-se o desenho na placa com papel
carbono ou punção, e a seguir aplicando-se os decalques.
Decalcando ilhas Decalcando trilhas Resultado

DECALQUE INTEGRAL
É possível imprimir o traçado em uma folha de papel e transferir o desenho inteiro para
o cobre. Empresas estrangeiras produzem folhas especiais para decalque, especiais
para hobbystas, mas não é fácil obter tais produtos no mercado brasileiro. No entanto,
é possível usar uma impressora a laser para imprimir um decalque em papel comum, e
em seguida tranferi-lo para o circuito impresso. Para saber mais, consulte o
artigo Processo doméstico de decalque feito na impressora laser, que descreve um
resumo deste método.

SERIGRAFIA OU SILK SCREEN


O processo de impressão mais econômico e prático para produção em série é o
método de serigrafia, também chamado desilk-sreen. Este processo é muito usado
para impressão em tecidos e objetos diversos. Deixaremos de descrever a serigrafia
em detalhes, visto que é um processo bastante conhecido, sendo fácil conseguir
material de estudo sobre o mesmo, além de ser algo que foge ao escopo deste
manual.

Para usar o processo de serigrafia em circuitos impressos, o processo tradicional


pode ser usado, tendo-se atenção aos seguintes pontos:

É importante usar uma tela de malha bastante fina, que permita produzir um
desenho nítido, mesmo dos detalhes mais finos do circuito desejado.
A tinta utilizada deve ser preferencialmente do tipo à base deepoxy. Caso não a
consiga, assegure-se de que a tinta disponível não se solta depois de seca, e
permite uma impressão limpa e livre de falhas.
A superfície da placa virgem deve ser lixada levemente, com lixa d'água, para
aumentar a rugosidade superficial (aspereza), e permitir que a tinta se fixe ao
cobre. A placa deve ser manuseada com cuidado, pois a tinta pode descolar se
for submetida a esforço mecânico excessivo, arruinando o trabalho.

É recomendado testar a impressão em alguns retalhos de placa para confirmar a


qualidade da tinta e tela usadas.

PROCESSO FOTOGRÁFICO
Por fim, o processo de impressão que dá melhores resultados: o processo
fotográfico. Neste, a placa de circuito impresso ésensibilizada, ou seja, coberta com
uma fina camada de verniz fotossensível. Tal verniz é um material que se endurece
quando exposto à luz. No exterior, existem companhias que vendem placas virgens
pré-sensibilizadas, especiais para hobbyistas, mas estas não são fáceis de se obter
no mercado brasileiro. Mesmo assim, é possível produzir e aplicar verniz
sensibilizante em placas comuns. A seguir, daremos apenas um breve resumo do
método, visto que se trata de tema complexo e também foge ao escopo deste manual.
Estamos preparando para breve um manual complementar, explicando em detalhes o
processo fotográfico.

Dentre vários vernizes fotossensíveis que podem ser usados, um tipo relativamente
fácil de ser encontrado é o verniz à base de cola plástica comum e dicromato de
potássio, muito usado na produção de telas de serigrafia. O dicromato é misturado à
cola, e em seguida aplicado e "esticado" em uma fina camada sobre a placa. Depois
de aplicado o verniz, a placa deve ser protegida da luz, e de preferência deve ser
submetida à exposição imediatamente.

ATENÇÃO! O dicromato de potássio é um produto


cancerígeno e altamente tóxico, devendo ser manuseado com
EXTREMO cuidado! Somente deve ser usado por pessoas
capacitadas para o manuseio de produtos perigosos. Leia
atentamente as precauções na embalagem, não deixe de usar
EPI (equipamento de proteção individual) e siga todas as
CUIDADO! regras de segurança.

Uma vez sensibilizada, a placa deve ser posta em contato com umfotolito, com o
desenho do circuito em negativo, e exposta à luz. A potência da fonte luminosa, bem
como o tempo de exposição, depende do verniz utilizado. Nas áreas que recebem luz,
o verniz "endurece", permanecendo "mole" nas áreas não expostas. A seguir, a placa
recebe um banho de revelador, que dissolve e lava as partes moles do verniz,
deixando somente as partes endurecidas, com o desenho do circuito.

O fotolito consiste de uma impressão em negativo feita com toner sólido, como o das
impressoras a laser, sobre uma folha transparente de poliéster ou papel vegetal.
Impressoras a jato de tinta não produzem fotolitos satisfatórios, porque a tinta não é
opaca o suficiente. Há várias gráficas que produzem fotolitos de excelente qualidade,
mas os preços são relativamente altos.

O esquema abaixo exibe a exposição de uma chapa virgem. O fotolito, que deve ter a
área de impressão voltada para baixo (em contato com a placa), é exposto como numa
cópia fotográfica de contato.
Lembramos que uma vez revelada, a placa deve ser corroída imediatamente.

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