Ensaio Sobre A Educação Cristã Do Ponto de Vista de Uma Igreja Batista Local

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Seminário Teológico Missão Juvep

Disciplina: Educação Cristã


Professora: Luzauri
Aluno: Davyson Gustavo de Moura Silva. Período: 2016.2
João Pessoa: 26/05/2017

A Educação Cristã na igreja local e seus desafios

Historicamente as igrejas batistas tem uma grande inclinação para o ensino


religioso baseado na Educação Cristã. Isso é visível analisando a ação dos missionários
batistas que se mostraram bons discípulos de Jesus, bem instruídos nas Escrituras Sagradas e,
ao menos nos registrados com maior ênfase, uma boa capacidade de adaptação cultural e
contextualização do Evangelho segundo as necessidades dos povos que eles alcançavam. Mas
hoje o que percebo é que esta tradição da formação continuada nas igrejas batistas tem se
perdido e isso pode ser constatado quando não conseguimos, sem um esforço extra de um
ensino mais teológico, informar aos que nos cercam as razões de nossa fé.

Sou cristão e sirvo desde minha conversão em uma igreja batista. Lá aprendi a
amar missões e evangelismo de forma ativista e não como sendo parte da minha vida cristã,
pois o ensino recebido nunca fora para ser como Jesus, mas para parecer ser como Jesus. Não
há um ensino continuado pois, os exemplos vistos se acomodam com as atitudes do mundo.

Denominacionalmente, os conceitos estão deturpados e precisamos estar atentos


ao que o próprio Jesus nos ensina na Bíblia, mas quando temos a possibilidade de discernir
através do estudo e da compreensão do texto bíblico, somos tratados como insurgentes
rebeldes que não aceitam a direção da liderança e acabamos nos isolando para não ser pedra
de tropeço para os irmãos que não percebem os erros pela ingenuidade ou ignorância.

Como igreja local, não há uma organização coerente do que é ensinado e não há
uma sinergia entre a EBD, os Departamentos e as Pregações. São ensinos independentes e
cada um em uma direção, o que dificulta a assimilação do conteúdo e não há uma unidade da
congregação, visto que cada departamento escolhe um direcionamento. Unindo as
disparidades do ensino com pouco testemunho, temos o enfraquecimento da identidade da
congregação pois, não é formado nas pessoas um pensamento coeso e dirigido para que
possamos ter uma unidade na congregação e expandir de forma centrífuga a mensagem
Bíblica que deveria começar na igreja local.

A pouca observância da importância do ensino nas igrejas tem levado as pessoas a


não depositar confiança nos vocacionados ao ensino. Desta forma, fica limitando o
desenvolvimento deste ministério pelo descrédito e pelo pouco investimento. Fica a impressão
que há um medo de ensinar as pessoas a pensarem independentes e assim enfraquecer a igreja,
quando, biblicamente, vemos que o efeito é justamente o contrário. Uma igreja forte é uma
igreja que cada um de seus membros compreende e é capaz de compartilhar a sua fé com
responsabilidade e fidelidade às Escrituras Sagradas, gerando o efeito centrífugo que tanto se
deseja. Em vez de termos poucos tentando alcançar muitos, o ensino transforma muitos em
multiplicadores em uma ação conjunta e responsável de evangelização através do testemunho
diário e cotidiano, ficando assim delimitado de forma natural o espaço de ação de um cristão
no mundo que o cerca. Mas a maturidade espiritual dos cristãos não tem sido o alvo das
igrejas hoje, e por isso vemos muitos irmãos se perdendo em movimentos que incluem
corrupção e defraudação, seja financeira, política, institucional ou sobre relacionamentos.

É quase impossível aceitar este pensamento visto que somos detentores da


mensagem mais importante e necessária de todos os tempos. Podemos perceber esta
necessidade mesmo nestes tempos de pós-modernidade quando o ser humano tenta direcionar
suas realizações para suprir o espaço que o afastamento de Deus lhes deixou no coração.

O Evangelho continua sendo a melhor e mais procurada mensagem, mas não


temos representado bem o seu significado, visto que não temos sido preparados para isso nas
igrejas locais. Poucos são os que tem a possibilidade de fazer um seminário, e quando o
fazemos somos induzidos à, o que aprendermos, não ser usado para mudar a história onde
congregamos. Na teoria somos impactados pela profundidade dos ensinos de Jesus e pela
percepção de quão incompreensível é o Evangelho da Salvação em Cristo Jesus, mas na
prática não podemos compartilhar tudo o que aprendemos pois geraria dissensão nas igrejas
visto que muitos são imaturos demais para ouvir certas coisas e, talvez, muitos passariam a
questionar demais, vendo as verdades absolutas que a Palavra nos ensina.

É bem verdade que devemos ter cuidado no que estamos colocando para todos na
igreja. Alguns amadurecerão mais rápido do que outros e por isso algumas informações
poderão ser recebidas da forma errada pelos menos avançados, mas é preciso começar de
algum ponto. O Evangelho não pode ficar limitado ao ponto de ser simplesmente uma
mensagem de “venha que Jesus quer lhe dá o melhor”, referindo-se a Vida Eterna, mas
precisa informar aos irmãos que é também uma mensagem de “cuide dos seus irmãos e vão
em busca dos que ainda não conhecem esta mensagem”. A mensagem completa vai impactar
não só os indivíduos que estão fechados em seus mundos “gospels denominacionais”, mas
impactará um mundo que tem percebido esta necessidade, mas nos vê como péssimos
representantes.

Há uma frase, escrita em um muro às margens da BR 230 PB no caminho da


cidade de Cabedelo-PB, que diz: “Jesus é da hora, o que @#$%$ (palavrão) é o seu fã
clube.”. Esta frase mostra o quanto estamos representando mal o tão belo Evangelho de Nosso
Senhor, mas também revela que influencia bem, mas precisa ser bem explicado para aqueles
que ainda não foram alcançados. Nossa responsabilidade!

Com a acomodação sorrateira a esta pós-modernidade imposta às nossas


estruturas denominacionais, tem empurrado a qualidade e o compromisso com a Educação
Cristã para um nível de baixa prioridade quando, na verdade, pela necessidade destes dias,
deveria ser fortalecida e muito bem planejada. Mesmo quando aprendemos e pensamos em
mudar as estruturas, somos sempre convencidos de que “para o bem do todos” é preciso não
confrontarmos e isso nos leva a exercer um ministério mais bitolado e acompanhando as
tendências impostas pela “sociedade pós-moderna”, e não conseguimos recomeçar esta tão
boa tradição que certamente culmina com o amadurecimento cristão coletivo e o
fortalecimento, não de estruturas denominacionais, mas da estrutura espiritual que realmente é
relevante e transcende qualquer barreira denominacional: A Igreja do Senhor Jesus.

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