Ondas Sonoras
Ondas Sonoras
Ondas Sonoras
Ondas sonoras
1. Ondas sonoras
O som é definido como uma onda longitudinal que se propaga em um meio. Estudaremos
principalmente a propagação do som no ar mas as ondas sonoras podem se propagar no meio
gasoso, líquido ou sólido.
As ondas sonoras mais simples são ondas senoidais de amplitude, frequência e comprimento
de onda definidos. O ouvido humano é sensível aos sons com frequências entre 20 e 20000 Hz, que
delimitam o chamado intervalo audível. No caso de frequências maiores, falamos de ultra-som e no
caso de frequências menores de infra-som.
No caso real, as ondas sonoras se propagam em todas as direções a partir da fonte, com
amplitudes que dependem da direção e da distância entre o ouvinte e a fonte. No caso ideal, a onda
sonora se propaga apenas no sentido positivo do eixo Ox. Essa onda é descrita por uma função de
onda y(x,t) que fornece o deslocamento instantâneo y de uma partícula em um meio para a posição x
e no instante t. Caso a onda seja senoidal, podemos representá-la usando a equação:
Ondas sonoras podem ser descritas em termos de variações de pressão em vários pontos. Em
uma onda sonora, a pressão flutua acima e abaixo da pressão atmosférica Pa em uma variação
senoidal com a mesma frequência que os movimentos das partículas do ar. O ouvido humano ou um
microfone funcionam captando essas variações de pressão.
Seja P(x,t) a flutuação instantânea da pressão em uma onda sonora para cada ponto x e
instante t. P(x,t) fornece a diferença entre a pressão da onda e a pressão atmosférica normal Pa. Ela
pode ser positiva ou negativa e a pressão absoluta em cada ponto é igual a Pa + P(x,t).
Consideramos um cilindro imaginário de um meio ondulatório (gasoso, líquido ou sólido)
com seção reta de área S e eixo ao longo da direção de propagação. Quando não existe nenhuma
onda sonora, o comprimento do cilindro é Δx e então o volume V = SΔx.
y1 = y(x,t) y2 = y(x+Δx,t)
O Δx
x
x x + Δx
Quando uma onda atravessa o cilindro, no instante t a extremidade que estava inicialmente no ponto
x é deslocada de y1 = y(x,t), e a extremidade que estava inicialmente no ponto x + Δx é deslocada de
y2 = y(x + Δx,t). Quando y2 > y1, o volume do cilindro aumenta, produzindo uma diminuição de
pressão. Quando y2 < y1, o volume diminui e a pressão aumenta. Quando y2 = y1, o cilindro é
simplesmente deslocado e a pressão não varia. A flutuação de pressão P(x,t) depende então da
diferença entre os deslocamentos y(x,t) de pontos vizinhos do meio.
A variação de volume ΔV do cilindro é
Δ V =S ( y 2− y 1 )=S [ y (x +Δ x ,t )− y (x ,t )]
dV ΔV S [ y ( x+ Δ x , t)− y ( x , t)] ∂ y ( x , t)
= lim = lim =
V Δ x→0 V Δ x →0 SΔx ∂x
∂ y ( x ,t )
P( x ,t)=−B
∂x
Embora y(x,t) e P(x,t) descrevam a mesma onda, essas funções têm uma diferença de fase de um
quarto de ciclo; em um dado instante, o deslocamento é máximo quando a flutuação de pressão é
igual a zero e vice-versa, as compressões e expansões são pontos de deslocamento zero. Na
compressão máxima (P(x,t) = +Pmáx), as partículas se juntam, as da esquerda sendo deslocadas para
a direita (y > 0) e as da direita sendo deslocadas para a esquerda (y < 0). Na expansão máxima
(P(x,t) = -Pmáx), as partículas se separam, as da esquerda sendo deslocadas para a esquerda e as da
direita sendo deslocadas para a direita.
y
x
y<0 y<0
-A
Pmáx
-Pmáx
Pmáx=B k A
Exemplo:
Em uma onda sonora com intensidade moderada, a variação máxima da pressão é da ordem
de 3,0.10-2 Pa acima e abaixo da pressão atmosférica Pa (igual a 1,013.105 Pa ao nível do mar).
Calcule o deslocamento máximo correspondente em uma frequência de 1000 Hz. Nas condições
normais de pressão atmosférica e densidade, a velocidade do som é 344 m/s, e o módulo de
compressão é 1,42.105 Pa.
2. Velocidade do som
v=
√ Força de restauração que atua durante o retorno ao equilíbrio
Força resistiva inercial durante o retorno ao equilíbrio
Consideramos um fluido (um gás ou um líquido) com densidade ρ em um tubo com uma
seção reta com área A com a extremidade esquerda fechada por um pistão. No equilíbrio, a pressão
P é uniforme. Tomamos o eixo Ox ao longo do comprimento do tubo, que é também a direção de
propagação da onda longitudinal, de modo que o deslocamento y é também medido ao longo do
tubo. No instante t = 0, o pistão é deslocado para a direita com velocidade constante vy. Isso provoca
um movimento ondulatório que se propaga da esquerda para a direita ao longo do comprimento do
tubo, no qual seções sucessivas do fluido se movem e se comprimem em instantes sucessivos.
PA PA Fluido inicialmente
t=0
em equilíbrio
vt
vyt
vy
vy
(P + ΔP)A PA instante t
vy
vy
Em movimento Em repouso
P
p y =(ρv t A) v y
O volume original do fluido que se move vtA, diminuiu de um valor vytA. Pela definição do módulo
de compressão B
−Variação de pressão −Δ P
B= = ou seja,
Fração da variação de volume −Av y t / Avt
vy
Δ P=B
v
A pressão no fluido que se move é P + ΔP, e então a força que o pistão exerce sobre o fluido é (P +
ΔP)A. A força que o fluido à direita, de pressão P, exerce sobre a parte do fluido em movimento é
PA. Assim, a força resultante que atua sobre o fluido é ΔPA, e o impulso longitudinal é
vy
J y =Δ PAt =B At
v
Como o fluido estava em repouso no instante t = 0, a variação do momento linear até o instante t é
igual ao momento linear nesse instante. Aplicando o teorema do impulso-momento linear, achamos
vy
B At =ρ v t A v y ou seja,
v
B
v= ρ √
Essa equação é válida para qualquer onda longitudinal se propagando em um fluido de grande
volume.
Exemplos:
1) Um navio usa um sistema de sonar para detectar objetos submersos. O sistema emite ondas
sonoras embaixo da água e mede o intervalo de tempo que a onda refletida leva para retornar
ao detector. Determine a velocidade das ondas sonoras na água, de módulo de compressão B
= 2,18.109 Pa, e ache o comprimento de onda de uma onda com frequência igual a 262 Hz.
2) A amplitude máxima de variação de pressão Pmáx que o ouvido humano pode suportar em
sons muito altos é da ordem de 28 Pa. Qual é a amplitude A do deslocamento
correspondente, supondo que a densidade do ar é ρ = 1,21 kg/m³, a frequência do som é
1000 Hz e a velocidade do som no ar é 344 m/s?
A maioria das ondas sonoras que encontramos se propagam no ar. O módulo de compressão
de um gás depende da pressão do gás; quanto maior a pressão aplicada a um gás para comprimi-lo,
mais ele resiste a uma compressão adicional, e maior o módulo de compressão. Uma expressão para
o módulo de compressão que se pode usar é
B=γ P0
onde P0 é a pressão de equilíbrio do gás, e γ é a razão das capacidades caloríficas, uma grandeza
adimensional que caracteriza as propriedades térmica do gás. Para o ar, γ = 1,40 e, em condições
normais de pressão atmosférica, P0 = 1,01.105 Pa, portanto B = 1,42.105 Pa.
A densidade ρ de um gás depende também da pressão, que depende da temperatura. Assim, a
razão B/ρ para um dado tipo de gás não depende da pressão, apenas da temperatura. Podemos
escrever a velocidade do som em um gás ideal como uma função da temperatura T:
v=
√ γ RT
M
onde T é a temperatura absoluta em kelvins (K), M é a massa molar da substância de que o gás é
composto, e R é a constante universal dos gases perfeitos que possui o mesmo valor para todos os
gases supostos perfeitos R = 8,314 J.K-1.mol-1.
Exemplo:
3. Intensidade do som
As ondas sonoras, como todas as ondas progressivas, transferem energia de uma região do
espaço para outra. Consideramos uma onda sonora se propagando no sentido positivo do eixo Ox. A
potência por unidade de área nessa onda sonora é igual ao produto da força pela velocidade, por
unidade de área, ou seja ao produto da flutuação de pressão P(x,t) pela velocidade da partícula
vy(x,t). Encontramos
∂ y (x , t)
v y (x , t)= =ω A sen (kx−ω t)
∂t
P( x ,t) v y (x , t)=[BkA sen ( kx−ω t)][ω A sen (kx−ω t)]=B ω k A2 sen 2 (kx−ω t)
Por definição, a intensidade I é a taxa temporal média com a qual a energia é transportada,
por unidade de área, através de uma superfície perpendicular à direção de propagação da onda, ou
seja o valor médio de P(x,t)vy(x,t). Para qualquer valor de x, o valor médio da função sen²(kx – ωt)
ao longo de um período T = 2π/ω é igual a ½, logo
1
I= B ω k A2
2
1
I=
2
√ ρ B ω2 A 2
Um dispositivo com frequência baixa deve vibrar com amplitude maior do que o dispositivo com
frequência alta para produzirem a mesma intensidade sonora.
Usando a relação da velocidade da onda v² = B/ρ, podemos também escrever a intensidade de uma
onda sonora senoidal nas formas
2 2
P P
I = máx = máx
2 ρ v 2 √ρ B
Podemos verificar que ondas sonoras senoidais de mesma intensidade, porém com frequências
diferentes, possuem amplitudes de deslocamento A diferentes, mas a mesma amplitude de pressão
Pmáx.
A potência média total transportada ao longo de uma superfície por uma onda sonora é igual
ao valor da intensidade da onda sobre a superfície multiplicado pela área da superfície quando a
intensidade é uniforme ao longo da superfície.
Exemplos:
O ouvido humano é sensível a uma enorme faixa de intensidades. Para calcular a intensidade
de uma onda sonora percebida pelo ouvido humano, podemos então utilizar uma escala logarítmica.
O nível de intensidade sonora β de uma onda sonora é definido por
I
β=( 10 dB)log
I0
Exemplos:
1) Uma exposição de dez minutos a um som de 120 dB produz um desvio típico do limiar de
audição a 1000 Hz de 0 dB até cerca de 28 dB durante alguns segundos. Uma exposição a
um som de 92 Hz durante dez anos produz um desvio permanente de sensibilidade até 28
dB. A que intensidades correspondem 28 dB e 92 dB?
2) Uma fonte puntiforme emite um som com potência constante, em uma intensidade que varia
com o inverso do quadrado da distância entre a fonte e o ouvinte. Qual é a variação da
intensidade do som quando você se afasta até o dobro da distância inicial entre você e a
fonte?
λ
0
T/8
2T/8
3T/8
4T/8
5T/8
6T/8
7T/8
T
N V N V
v
f 1=
2L
λn 2L
L=n ou λ n= (n = 1,2,3,...)
2 n
nv
f n= =n f 1 (n = 1,2,3,...)
2L
Quando o tubo tem uma extremidade fechada, falamos de tubo fechado. A extremidade
aberta é um ventre de deslocamento (nó de pressão) e a extremidade fechada corresponde a um nó
de deslocamento (ventre de pressão). A distância entre um nó e o ventre adjacente é sempre igual a
um quarto de comprimento de onda. A frequência fundamental é então
v
f 1=
4L
λn 4L
L=n ou λ n= (n = 1,3,5,...)
4 n
nv
f n= =n f 1 (n = 1,3,5,...)
4L
5. Ressonância e som
Quando aplicarmos uma força variando periodicamente sobre um sistema que pode oscilar, o
sistema é então forçado a oscilar com a mesma frequência da força aplicada, chamada de força
propulsora. Esse movimento denomina-se oscilação forçada. Quando a frequência da força
aplicada é igual a frequência próprio do sistema oscilando, ocorre um fenômeno de ressonância. A
ressonância também ocorre quando uma força periódica é aplicada a um sistema com muitos modos
normais de vibração.
Consideramos um tubo aberto colocado nas proximidades de um alto-falante, alimentado
por um amplificador, emitindo ondas senoidais puras com frequência f que pode variar ajustando-se
o amplificador. O ar no interior do tubo é força a oscilar com a mesma frequência f da força
propulsora produzida pelo alto-falante. Quando a frequência f da força propulsora tiver um valor
próximo ao de uma das frequências dos modos normais, o ar no interior do tubo oscilará com a
mesma frequência desse modo normal, e a amplitude aumentará consideravelmente. Se a frequência
da força propulsora for exatamente igual a uma das frequências dos modos normais, a amplitude da
oscilação forçada atingirá seu valor máximo. Caso não houvesse atrito nem nenhuma dissipação de
energia, a força propulsora continuaria a adicionar energia ao sistema e a amplitude cresceria
indefinidamente. Contudo, em sistemas reais existe sempre alguma dissipação de energia, ou
amortecimento, e a amplitude da oscilação na ressonância pode ser muito grande, mas não pode ser
infinita.
Exemplo:
Um tubo fechado de um órgão emite um som nas vizinhanças de uma guitarra fazendo
vibrar com grande amplitude uma de suas cordas. Fazemos a tensão da corda variar até achar a
amplitude máxima. O comprimento da corda é igual a 80% do comprimento do tubo fechado.
Sabendo que a corda e o tubo vibram com a mesma frequência fundamental, calcule a razão entre a
velocidade de propagação da onda na corda e a velocidade de propagação do som no ar.
6. Interferência de ondas
Exemplo:
1,0 m
2,0 m
4,
0
m
A
7. Batimentos
O efeito de interferência ocorre quando duas ondas com amplitudes diferentes e mesma
frequência se superpõem na mesma região do espaço. Vejamos agora o que ocorre quando há
superposição de duas ondas de mesma amplitude, mas de frequências levemente diferentes.
Consideramos um ponto particular do espaço onde as duas ondas se superpõem. Os
deslocamentos das ondas individuais nesse ponto são apresentados em função do tempo na figura
seguinte. O comprimento total do eixo do tempo representa um segundo, e as frequências são fa =
18 Hz (senóide preta) e fb = 16 Hz (senóide cinza). Aplicando o princípio de superposição,
adicionamos os deslocamentos em cada instante para achar o deslocamento total no respeito
instante. O resultado dessa superposição é apresentada em baixo. Em certos momentos, as duas
ondas estão em fase; seus máximos coincidem e as duas amplitudes se somam. Como as ondas
possuem frequências ligeiramente diferentes, elas não ficam sempre em fase. Em certos instantes
(como t = 0,50 s na figura), elas estão completamente fora de fase. Nesse caso, as duas ondas se
cancelam, e a amplitude total é zero.
y
1,0 s
0,25 s 0,50 s 0,75 s
y
A onda resultante parece uma única onda senoidal com uma amplitude variável que vai
desde zero quando as duas ondas estão fora de fase, até um valor máximo quando as duas ondas
estão em fase. Na figura, a amplitude atinge dois máximos e dois mínimos consecutivos em um
segundo; logo, a frequência desta variação de amplitude é igual a 2 Hz. A variação de amplitude
produz variações de intensidade denominadas batimentos, e a frequência dessa variação de
intensidade denomina-se frequência dos batimentos. A frequência do batimento é a diferença entre
as duas frequências. Quando a frequência dos batimentos for de poucos hertz, podemos ouvi-la
como uma ondulação ou pulsação no tom.
As frequências das duas ondas são fa e fb com fa maior do que fb; os períodos correspondentes
são Ta e Tb, sendo Ta < Tb. Se as ondas começam em fase para t = 0, elas voltariam a ficar em fase
quando a primeira onda percorresse um ciclo a mais do que a segunda, no tempo t igual ao período
dos batimentos Tbat. Seja n o número de ciclos da primeira onda no tempo Tbat; então o número de
ciclos da segunda onda no mesmo tempo é (n – 1) e, portanto, obtemos
T bat=nT a e T bat=(n−1) T b
TaTb
T bat=
T b−T a
T b−T a 1 1
f bat= = −
TaTb Ta Tb
e finalmente,
f bat=f a −f b
Suponha que, em certo ponto, as duas ondas sejam dadas por ya(t) = A sen 2πfat e yb(t) = -A
sen 2πfbt. Usamos a seguinte identidade trigonométrica
1 1
sen a−sen b=2 sen ( a−b) cos ( a+b)
2 2
Podemos então escrever a onda resultante y(t) = ya(t) + yb(t) do seguinte modo
[ 1
2 ] 1
y a (t)+ y b ( t)= 2 A sen (2 π)(f a −f b)t cos (2 π)( f a + f b)t
2
O fator da amplitude (a grandeza entre colchetes) varia lentamente com a frequência (fa – fb)/2. O
fator co-seno varia com uma frequência igual à frequência média (fa + fb)/2. O quadrado da
amplitude, que é proporcional à intensidade do som que o ouvido detecta, passa por dois máximos e
dois mínimos em cada ciclo. Logo, a frequência dos batimentos que ouvimos fbat é o dobro da
grandeza (fa – fb)/2 ou, precisamente, fa – fb.
Os batimentos entre dois tons podem ser ouvidos até uma frequência de batimentos da
ordem de 6 ou 7 Hz. Quando há diferenças de frequências maiores do que cerca de 6 ou 7 Hz, naõ
escutamos mais batimentos individuais, e a sensação conflui para uma consonância ou uma
dissonância, dependendo da razão entre as frequências dos batimentos.
8. O efeito Doppler
Quando existe um movimento relativo entre uma fonte sonora e um ouvinte, a frequência do
som percebido pelo ouvinte é diferente da frequência emitida pela fonte, e depende da velocidade
relativa entre a fonte e o ouvinte. Esse fenômeno, descrito pelo cientista austríaco Christian Doppler
no século XIX, denomina-se efeito Doppler.
Consideramos somente o caso unidimensional no qual a velocidade da fonte e a velocidade
do ouvinte possuem direções ao longo da linha reta que os une. Sejam vF e vO as componentes da
velocidade da fonte e da velocidade do ouvinte, respectivamente, em relação ao meio ao longo
dessa linha reta. Vamos considerar positivo o sentido do ouvinte O para a fonte sonora F. A
velocidade do som v em relação ao meio (geralmente o ar) é sempre considerada positiva.
Ouvinte em movimento:
v
v
vO v λ v
O F
v
v
A frequência fO das ondas que chegam ao local onde se situa o ouvinte (ou seja, a frequência ouvida
pelo observador) é dada por
v+v v+ v O
f O= λ O =
v /f F
v+ v O v
f O=( v ) (
f F = 1+ O f F
v )
Quando o ouvinte se aproxima da fonte sonora (vO > 0), ele ouve um som com frequência mais
elevada do que a frequência ouvida quando ele está em repouso. Quando o ouvinte se afasta da
fonte sonora (vO < 0), ele ouve uma frequência menor.
Agora, além do ouvinte, a fonte também se move, com velocidade vF. A velocidade da onda
em relação ao meio no qual ela se propaga (o ar) é ainda igual a v, pois essa velocidade só depende
das propriedades do meio e não se altera quando a fonte se move. Porém, o comprimento de onda
não é mais v/fF. O tempo para a emissão de um ciclo da onda é T = 1/fF. Durante esse tempo, a onda
se deslocou uma distância vT = v/fF, e a fonte se moveu uma distância vFT = vF/fF. O comprimento de
onda é a distância entre duas cristas sucessivas, determinada pelo deslocamento relativo entre a
fonte e o ouvinte. Esse deslocamento relativo entre um ouvinte e a fonte é diferente para um ouvinte
que está na frente da fonte e para um ouvinte que está atrás da fonte.
v
v
v
vO v λatrás vF vF λfrente v
O F
v v
v v F v −v F
λ frente = − =
fF fF fF
v+ v F
λ atrás=
fF
v+v v+ v O
f O= λ O =
atrás (v + v F )/f F
v + vO
f O= f
v +v F F
Embora essa equação foi deduzida supondo o ouvinte atrás da fonte em movimento, ela inclui todas
as possibilidades de movimento da fonte e do ouvinte (em relação ao meio) ao longo da reta que os
une, e fornece a frequência fO detectada pelo ouvinte em função da frequência fF da fonte. Quando o
ouvinte está em repouso (vO = 0), a frequência percebida é fO = [v/(v + vF)]fF. Quando o ouvinte e a
fonte estão em repouso ou quando se deslocam com a mesma velocidade em relação ao meio, então
vO = vF e fO = fF. Definimos como positivo o sentido que vai do ouvinte para a fonte. Se a fonte
estiver se movendo na direção do ouvinte (no sentido negativo), então vF < 0, fO > fF, e o ouvinte
escuta uma frequência mais alta do que a emitida pela fonte. Se, ao contrário, a fonte estiver se
afastando do ouvinte (no sentido positivo), vF > 0, fO < fF, e o ouvinte percebe uma frequência mais
baixa. Se for o ouvinte que se afasta da fonte, então vO < 0, fO < fF também.
Exemplos:
1) Uma sirene de polícia emite uma onda senoidal com frequência fF = 300 Hz. A velocidade
do som é 340 m/s. a) Calcule o comprimento de onda das ondas sonoras quando a sirene está
em repouso em relação ao ar. b) Quando a sirene se move a 30 m/s (108 km/h), determine o
comprimento de onda das ondas situadas na frente e atrás da sirene.
9. Ondas de choque
Quando um avião voa com velocidade maior do que a velocidade do som, podemos ouvir
um “estrondo sônico”. Seja vF o módulo da velocidade do avião em relação ao ar, de modo que ele é
sempre positivo. O movimento do avião no ar produz som; quando vF é menor do que a velocidade
do som v, as ondas na parte frontal do avião são comprimidas com um comprimento de onda
v−v F
λ frente =
fF
vF < v vF > v
vFt α
F F1 α F2
vt
vt v
sen α= =
vF t vF
A razão vF/v denomina-se número de Mach. Ele é maior do que um para todas as velocidades
supersônicas, e o valor de sen α é igual ao inverso do número de Mach.
A onda de choque ocorre em três dimensões e forma um cone em torno da direção do
movimento da fonte. É a chegada ao solo dessa onda de choque que produz o estrondo sônico.
Quanto maior for o avião, mais intenso será esse estrondo. Na parte dianteira do cone da onda de
choque não existe nenhum som. No interior do cone, um ouvinte em repouso ouve o som com
frequência deslocada pelo efeito Doppler do avião que se afasta.
Exemplo:
O Concorde está voando com Mach igual a 1,75 a uma altura de 8000 m, onde a velocidade
do som é igual a 320 m/s. Quanto tempo depois de o avião passar verticalmente sobre sua cabeça
você ouvirá o estrondo sônico da onda de choque?