O Vovo Não Vai Voltar
O Vovo Não Vai Voltar
O Vovo Não Vai Voltar
COM CRIANÇAS
NÃO VAI
?
Ilustrações/editoração: Mauro Cézar Freitas (Mauzi Estudio)
Revisão: Lívia Algayer Freitag
Supervisão editorial: Mônica Ballejo Canto
N482t
Neufeld, Carmem Beatriz
O vovô não vai voltar: trabalhando o luto com crianças
VOLTAR
/ Carmem Beatriz Neufeld e Aline Henriques Reis. – Novo
32p.
Hamburgo : Sinopsys, 2015.
TRABALHANDO O LUTO COM CRIANÇAS
ISBN 978-85-64468-61-0
Sinopsys Editora
Fone: (51) 3066.3690
e-mail: [email protected]
www.sinopsyseditora.com.br
2015
APRESENTAÇÃO
Perder alguém de que gostamos é algo muito difícil e doloroso. criança, bem como esclarecer que as pessoas mortas não voltarão
No caso das crianças, isso se torna ainda mais complicado, pois seu e que todos morrerão um dia, incluindo ela própria, ainda que não
entendimento sobre a morte é restrito, dificultando a elaboração do se saiba como ou quando. É fundamental, no entanto, frisar que as
luto. Nesse sentido, a orientação repousa no fato de que crianças pessoas próximas não desaparecerão todas ao mesmo tempo. Cabe,
DEDICATÓRIA precisam receber informações claras sobre a morte, para evitar a
propagação de sentimentos como medo, insegurança e culpa.
ainda, ressaltar que, ao contrário do que comumente vemos no
cotidiano, deve-se convidar as crianças a participarem dos rituais e
compartilharem sentimentos. O tempo para elaborar a perda também
Dedico este livro ao meu pai Willy Neufeld, O presente livro visa ser um recurso para pais, educadores e
é um aspecto importante. Essa fase requer comunicação livre de
terapeutas abordarem o tema com crianças de 4 a 12 anos. Para tanto,
porque foi a partir dessa perda que, com o tempo, a obra baseia-se na compreensão dos quatro pilares que apoiam os
censura ou julgamentos prévios, com espaço para a expressão de
sentimentos.
aprendi a sentir sua presença apesar da sua ausência. estudos1 sobre a elaboração do luto por parte das crianças:
Outro ponto que pode auxiliar as crianças na compreensão e
1. Universalidade: a compreensão de que todos os seres vivos
elaboração mais saudável do luto é a morte de animais de estimação.
Carmem Beatriz Neufeld devem morrer um dia.
Embora cause sofrimento, a morte de animais de estimação ajuda
2. Irreversibilidade: o fato de que, uma vez morto, não se pode a criança a compreender os ciclos da vida e a superar frustrações
voltar à vida. com as quais terá de lidar durante toda a sua existência. Portanto,
•••
3. Cessação da vida corporal: a compreensão de que a morte é importante que ela vivencie a perda e a falta do animal antes de
envolve o fim de todas as funções corporais e dos órgãos. ganhar um novo animal de estimação. Lembre-se: os que amamos
Dedico este livro ao meu avô Manoel. não são facilmente substituídos na nossa vida!
4. Causalidade: a noção de que é precisamente a cessação das
Às boas lembranças que tenho dos momentos funções corporais que causa a morte. Esperamos, com este livro, auxiliar pais, educadores e terapeutas
em que íamos visitá-lo. a guiar as crianças neste doloroso, mas necessário caminho da
Tais pilares preconizam que é necessário fornecer apoio à elaboração das perdas que acontecem na vida.
Pedro tem 7 anos e é um garoto muito alegre. Uma das coisas que ele mais gosta de fazer é jogar – Isso... Então... O médico acabou de ligar dizendo que ele ficou mais fraco... e morreu.
xadrez com seu avô. Um dia, o avô de Pedro ficou muito doente e foi internado em um hospital. – Eu não queria que o vovô morresse. Eu gostava muito dele – disse Pedro chorando.
– Mamãe, você e o papai vão morrer também?
– Sim, Pedro, infelizmente, um dia todos nós vamos morrer... Mas não sabemos como será e nem
quando vai acontecer.
A mãe de Pedro estende seus braços e lhe dá um longo abraço. Depois, pergunta carinhosamente:
– Como você se sente quando pensa que seu pai e eu vamos morrer?
– Isso fica na minha cabeça. Dá um nó na minha barriga, meu coração parece que vai sair pela boca.
Eu não quero que vocês morram...
– Pedro, meu filho, o nome disso que você sente é preocupação. É normal se sentir assim. Isso ocorre
porque você pensou que o mesmo que aconteceu com o vovô pode acontecer comigo ou com o seu
pai. A preocupação é um sentimento que nos lembra daquilo que temos de importante e temos medo de
perder. Mas, se damos muita atenção a ela, ela toma conta da gente. Sempre que a preocupação vier à
sua cabeça, lembre-se de que seu pai e eu estamos aqui para cuidar de você e que você sempre poderá
falar de suas preocupações comigo.
Exercício*
Alguém ou algum animal de estimação de que você gostava já morreu também? Faça o
desenho dessa pessoa/animal.
Que pensamentos e que sentimentos você teve quando essa pessoa/animal morreu? Marque
um “X” nos pensamentos e nos sentimentos que você teve e depois ligue o pensamento ao
sentimento correspondente.
Pensamentos: Sentimentos:
( ) “Foi culpa minha”. ( ) Tristeza.
– E o vovô está sentindo dor agora?
( ) “Eu não devia ter brigado com ele(a)”. ( ) Medo.
– Não. Quando uma pessoa morre, o
( ) “Eu quero ir junto”. ( ) Raiva. corpo dela para de funcionar. O coração
( ) “Vou ficar triste pra sempre”. ( ) Preocupação. para de bater, os olhos não enxergam mais,
( ) Culpa. os ouvidos não ouvem mais e a pessoa não
sente mais nada, nem dor.
*Disponível em www.sinopsyseditora.com.br/vovofor – E eu vou ver o vovô de novo?
– Não, querido, infelizmente, não. Ele se foi...
Lembra-se do Plush, seu gatinho? Quando ele
Exercício*
morreu, nós o enterramos e nunca mais o vimos. Às
Procure, em revistas ou na internet, imagens de objetos e situações que podem provocar a
vezes, vemos as fotos em que estamos com ele e nos
morte de alguém.
lembramos de como foi divertido enquanto ele estava
com a gente, não é mesmo? Assim será também com o
vovô. Vamos nos lembrar das brincadeiras que ele fazia,
das músicas que ele inventava, do quanto ele gostava
de jogar xadrez, e, assim, a saudade vai diminuir um
pouco.
Faça um desenho de um momento feliz em que você estava com a pessoa/animal que
Agora, Pedro chora mais forte e fala: morreu. Depois, escreva uma carta para essa pessoa/animal, dizendo como você se sente
– Mas, mãe, eu estou muito triste. Eu queria que o agora e lembrando de coisas boas e ruins pelas quais vocês passaram juntos.
vovô continuasse vivo.
A mãe abraça o filho novamente e diz:
– Eu sei, meu querido... Não há problema nenhum em
chorar ou sentir-se triste. Que tal se nós dois fizéssemos
uma homenagem de despedida para o vovô? Podemos
escolher fotos e montar um mural. O que você acha? *Disponível em www.sinopsyseditora.com.br/vovofor
– Eu também posso fazer um desenho pra ele, né, mamãe?
– Isso! E depois, quando formos ao velório, podemos levar nossa homenagem junto.
Exercício*
– O que é um velório, mamãe? Escreva ou desenhe coisas que têm e que acontecem num velório.
– Velório é uma cerimônia em que o corpo da pessoa que morreu fica por algumas horas em um lugar
onde as pessoas possam se despedir e fazer sua homenagem, se quiserem.
– E eu posso ir, mamãe?
– Sim, Pedro, se você quiser, você pode ir. Nós vamos para dizer adeus ao vovô. Você gostaria de ir
conosco?
– Sim, eu quero ir.
*Disponível em www.sinopsyseditora.com.br/vovofor
Exercício*
Faça um desenho de como é um cemitério ou recorte de revistas figuras que representem
elementos do cemitério.
No velório, Pedro se aproxima do caixão e começa a chorar. Coloca a foto que escolheu com o
desenho que fez do avô e diz:
– Vovô, sentirei muitas saudades. Você foi o melhor vô do mundo!
A mãe abraça Pedro e fala:
– Isso mesmo, Pedro, é bom chorar quando nos sentimos tristes. Agora será o enterro do vovô. *Disponível em www.sinopsyseditora.com.br/vovofor
– Como assim? Durante o enterro, Pedro chora bastante e pergunta:
– Quando o velório termina, eles tampam o caixão em que o corpo está e todos vão para o cemitério, – Mamãe, o vovô morreu porque eu fiquei bravo no dia que ele fez aquela brincadeira e eu não gostei?
onde o caixão ficará guardado. A mãe abraça Pedro, olha nos olhos dele, faz um carinho em seu rosto e diz:
– Ah! Então eu ainda poderei visitar o vovô, se vai ter um lugar pra ele. – Não. Às vezes, podemos ficar com raiva de alguém e até mesmo dizer que não queremos mais ver
– Sim, nós poderemos ir ao cemitério, mas não veremos mais o vovô. Apenas estará lá uma essa pessoa, mas isso não faz com que ninguém morra. É normal sentir raiva de alguém em algum
homenagem a ele, uma recordação. momento.
Exercício*
Vamos fazer uma lista de sentimentos que você teve quando uma pessoa/animal que você
gostava muito morreu. Encene esses sentimentos.
– Mamãe, eu estou com raiva agora. Não é justo que o vovô tenha
ido embora.
– Eu também me sinto assim às vezes. Havia tantas coisas que
eu queria fazer com seu avô, queria passar mais tempo com ele. E
quando eu sinto essa raiva, lembro-me de todos os bons momentos
que tivemos e sou grata a ele pela pessoa que ele foi. *Disponível em www.sinopsyseditora.com.br/vovofor
Exercício*
Escreva ou desenhe coisas que a pessoa/animal que morreu fez por você e pelas quais você
se sente grato(a).
*Disponível em www.sinopsyseditora.com.br/vovofor
Exercício*
Há alguma coisa de que você gostaria que a pessoa/animal que morreu soubesse? Escreva
sobre isso aqui.
Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; especialista em Psicologia Clínica
na Abordagem Cognitivo-Comportamental pela Universidade Federal de Uberlândia; formação em Terapia
do Esquema pela Wainer e Piccoloto Centro de Psicoterapia; professora Adjunta do curso de Psicologia da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; terapeuta Cognitiva Certificada pela Federação Brasileira de
Terapias Cognitivas com mais de 10 anos de experiência clínica.
O
VOVÔ Seniam nihilla ceptatior ra delignat ut et rehendit,
etur sam quo bea nost, quia cusciendita corerum qui
?
occullendam, omnis exersperi nis doluptate essum