Baralho Das Distorções

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Vanina Andrade Bezerra Cartaxo

Baralho das Distorções:


Enfrentando as Armadilhas dos Pensamentos

Ilustrador Leandro Ismael de Azevedo Lacerda

2014
Vanina Andrade Bezerra Cartaxo
© Sinopsys Editora e Sistemas Ltda., 2014

Capa: Paola Yohana Bonne

Ilustrações: Leandro Ismael de Azevedo Lacerda

Supervisão editorial: Mônica Ballejo Canto

Editoração: Formato Artes Gráficas

C322b Cartaxo, Vanina Andrade Bezerra


Baralho das distorções: enfrentando as armadilhas dos
pensamentos / Vanina Andrade Bezerra Cartaxo. – Novo
Hamburgo : Sinopsys, 2014.
60p.

ISBN 978-85-64468-16-0

1. Psicologia – Crianças. I. Título.

CDU 159.9-053.2

Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto – CRB 0/1023

Sinopsys Editora
Fone: (51) 3066-3690
E-mail: [email protected]
Site: www. sinopsyseditora.com.br
“Só conheço uma liberdade, e essa
é a liberdade do pensamento.”
Antoine de Saint-Exupéry
Dedico este material à minha filha Marina, que me ensina
diariamente a compreender esse universo encantado da infância
e o grande desafio de ser mãe. A todas as crianças que completam o
meu trabalho com sorrisos e lágrimas, que me encorajam a pensar
e a me transformar por elas, que levam de mim e deixam de si.
Agradecimentos

Sou especialmente agradecida às crianças e aos familiares que fi-


zeram do material uma grande diversão a ser construída, tornando uma
ferramenta de transformação.
Aos meus amigos Renato e Marina Caminha, que facilitaram a
realização de um sonho, com contribuições significativas no material.
À querida Ana Cláudia Peixoto, pelo encorajamento na obra. Por
perceber além, quando o material era apenas uma simples brincadeira
para trabalhar com as crianças.
A Leandro Ismael, que transformou minhas ideias em ilustrações
apaixonantes.
Aos meus eternos professores, que contribuíram e ampliaram meu
universo acadêmico e de pesquisa: Ana Luiza Peixoto, Marcos Túlio Fer-
nandes, Jacira Castor, Andreia Lígia (in memoriam), Adriana Gaião, Al-
fredo Minervino, Carla Minervino, Fabíola Braz Aquino, Karina Simões
e Sandra Benevides
Aos meus amigos, Ana Sandra Fernandes, Emellyne Lima, Gabrie-
la Peixoto, Ivana Holanda, Julianne Guimarães, Ludmila Xavier, Marcella
Peixoto, Roberta Peixoto, Rodrigo Trindade, Priscilla Gambarra, Talita
Queiroga e Talita Brandão, que me impulsionaram com entusiasmo e
estímulo, cada um de sua maneira, neste desenvolvimento.
A todos da minha família que, de uma maneira ou de outra, cons-
truíram esse material junto comigo, seja torcendo, brincando, criticando
ou incentivando.
Ao meu pai, Jorge Bezerra, e ao meu irmão, Vitor Bezerra, pela de-
monstração de orgulho e satisfação. À minha sogra, Virginia Flora, pelo
incentivo constante.
8 Agradecimentos

Gratidão ao meu marido, Rodolfo Cartaxo, pelo apoio, leitura e


sugestões valiosas na obra.
Minha avó, Valderez Andrade (in memoriam), que fez das palavras
poesias e serviu de exemplo para que eu pudesse acreditar que a imagina-
ção é a porta para realização dos ideais.
Em especial, à minha mãe, Vânia de Andrade Bezerra, minha
maior fã, que me ensinou e proporcionou o verdadeiro sentido do saber e
aprender, fez planos e teve sonhos para minha vida que nem eu acreditava
que seriam possíveis. Conseguimos!
Apresentação

E com satisfação, alegria e muita honra que apresento esse belíssi-


mo instrumento desenvolvido por Vanina Cartaxo, uma profissional ex-
tremamente competente e dedicada ao trabalho da psicoterapia infantil.
Lembro-me a primeira vez que ouvi Vanina relatar a forma como traba-
lhava as distorções das crianças em seu consultório, eu, que naquela oca-
sião estava ali para fazer uma supervisão, acabei aprendendo ao receber
valiosas informações. Também me surpreendi com a criatividade e facili-
dade no procedimento desenvolvido por ela para realizar aquele trabalho.
No mesmo dia, sugeri que ela apresentasse esse trabalho para publicação,
pois, além de inédito e criativo, era de excelente qualidade e coerente com
a terapia cognitivo-comportamental. Sinto-me orgulhosa por ter sido o
canal inicial ou as lentes de aumento para que essa profissional tivesse a
coragem de mostrar o seu potencial ao meio acadêmico e terapêutico.
O objetivo maior deste instrumento é auxiliar psicoterapeutas que
trabalham com crianças e adolescentes a identificar e corrigir, de forma
metacognitiva, uma série de distorções que podem vir a desenvolver nessa
etapa da vida.
O primeiro ao quarto capítulos são dedicados ao entendimento
da cognição como gerenciadora dos comportamentos e mostra como as
falhas desse processamento podem gerar as distorções que perpetuam de-
terminados esquemas disfuncionais, tão prejudiciais ao funcionamento
saudável da mente.
No quinto e sexto capítulos, a autora descreve o instrumento e os pro-
cedimentos para a utilização do mesmo. Através de uma forma inteligente e
criativa, os monstrinhos (personagens tão comuns no universo infantil) serão
os grandes aliados em uma das principais tarefas dos terapeutas.
12 Apresentação

Para fechar com chave de ouro, o sétimo capítulo demonstrará


o passo a passo, através de exemplos e ilustrações, de como o terapeuta
pode agir do início ao fim com crianças e pais no processo da reestrutu-
ração cognitiva.
Tenho a plena convicção de que este material, tão rico e criativo,
contribuirá para ajudar na solução das distorções não somente de crianças
e adolescentes, mas de terapeutas que desejam contribuir para o desenvol-
vimento de uma infância mais protegida.
Cabe a nós parabenizar os insights de monstrinhos produzidos
por nossa querida Vanina e o esforço de torná-lo acessível a todos nós.
Termino essa apresentação expressando publicamente minha admiração
pelo trabalho desenvolvido ocultamente durante anos, mas que agora se
tornou visível. Aproveitem!

Ana Cláudia Peixoto


Professora Doutora do Curso de Psicologia da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Prefácio

Nos últimos anos, a psicoterapia cognitiva com crianças teve gran-


des avanços nos níveis nacional e internacional. O que surgiu de novo,
além de protocolos para intervenções cognitivas em transtornos especí-
ficos, foram os instrumentos denominados de acesso à criança. Tais ins-
trumentos são de fundamental importância, pois eles tornam viável a
trajetória de um trabalho clínico sem que nos afastemos dos princípios
básicos, dos paradigmas que sustentam a terapia cognitiva.
Através de instrumentos bem-elaborados, o trabalho clínico não
perde sua objetividade nem a ludicidade. Via de regra, bons instrumentos
de acesso criam metáforas instigantes e esclarecedoras acerca do conteúdo
que será trabalhado nas sessões com as crianças, tornando o setting tera-
pêutico não só convidativo, mas também elucidativo.
O instrumento intitulado Baralho das Distorções: enfrentando as
armadilhas dos pensamentos, criado por Vanina Cartaxo, é um exemplo
de como o embasamento teórico aliado à sensibilidade e à criatividade
pode tornar a aprendizagem de complexos conceitos sobre as distorções
cognitivas uma deliciosa aventura para nossas crianças.
A metáfora de monstrinhos que atacam os nossos pensamentos
e nos levam a pensar de uma maneira completamente diferente do que
pensaríamos se eles não nos atacassem é genial. Cada monstrinho possui
um nome diferente conforme cada distorção cognitiva específica. Criati-
vo, lúdico e muito bem elaborado.
Acreditamos que a grande aventura de um terapeuta e de um edu-
cador – nesse caso o terapeuta abrange as duas funções – é de transformar
a complexidade em algo útil e magicamente fácil de ser entendido. Vanina
fez essa mágica!
14 Prefácio

Vanina é jovem e extremamente bem formada terapeuta infantil,


expressão talentosa da região nordeste de nosso país que vem se ocupan-
do de tratar crianças com problemas clínicos e também se preocupando
em criar modos de chegar até essas crianças e produzir nelas mudanças
profundas através de procedimentos clínicos divertidos e complexos ao
mesmo tempo.
Para nós foi uma honra o convite ao prefácio e a proposta de Va-
nina de denominar de Baralho seu instrumento de trabalho. Honra-nos
muito que os Baralhos tenham se tornado uma linha editorial de instru-
mentos de qualidade para o acesso clínico dos problemas infantis, tendo
como parceiros nomes tão talentosos como o de Vanina.
Quem estuda a terapia cognitiva com certeza conhece as famosas
distorções de pensamento que ensinamos e nomeamos para nossos pa-
cientes adultos. Vanina criou uma maneira de ensinar, identificar e trans-
formar as distorções cognitivas através de seu Baralho.
Nosso encantamento com o instrumento foi imediato, a ponto de
o incluirmos como instrumento oficial de nosso protocolo TRI.
Parabéns a Vanina e a quem tiver acesso a este instrumento, pois a
partir de agora com certeza há uma maneira clara e divertida das crianças
aprenderem como o seu pensamento distorce e, quando isso ocorre, qual
monstro as está atacando.
Boa leitura e bom trabalho clínico. As crianças agradecem também.
Renato Maiato Caminha
Marina Gusmão Caminha
Coordenadores do Curso de Especialização em TCC na Infância e
Adolescência (InTCC/RS) e do Ambulatório de Atendimento
de TCC na Infância e Adolesência (InTCC/RS).
Criadores do Protocolo TRI (Terapia de Reciclagem na Infância).
1
O que são cognições?

Cognição é tudo aquilo que se refere ao conhecimento. Em ter-


mos terapêuticos, podemos considerar todo aquele material mental que
é acessível ao processamento central de informação, ou seja, que é “visí-
vel” em nossa mente como se fosse uma espécie de “tela mental”.
A cognição é um sistema complexo que engloba eventos signifi­
cativos, processos vivenciados, produtos e estruturas cognitivas (a me­mó­
ria e a maneira como as informações são representadas pela memória). Os
conteúdos cognitivos se formam a partir de como essa informação é cap-
tada e interpretada (Kendall, 2006 citado por Petersen & Wainer, 2011).
O material cognitivo se apresenta igualmente no processamento
paralelo, automático ou procedural, o que pode nos levar ao entendi-
mento de uma estrutura e de um modelo de inconsciente cognitivo.
Para Wright, Basco e Tahse (2008), o nível mais alto da cognição
é a consciência, um estado de atenção no qual as decisões podem ser to-
madas racionalmente. Os terapeutas precisam incentivar os pacientes a
atingirem esse nível de consciência e que ela venha através do pensa-
mento racional para que se busquem soluções para os problemas, alcan-
çando-se, assim, o controle dos pensamentos conscientes.
Acessando os conteúdos cognitivos, processo e produto, o tera-
peuta pode auxiliar a construção de estruturas cognitivas benéficas para
o futuro. De acordo com Kendall (2006), citada por Petersen e Wainer
(2011), os terapeutas têm o objetivo de modificar essas estruturas cogni-
tivas da criança e do adolescente para que possam se comportar, sentir e
pensar de maneira diferente no seu futuro.
16 O que são cognições?

Todavia, perceptível ou não, central ou paralelo, o material pode


ser conhecido, revelado através de técnicas terapêuticas cognitivas apli-
cadas às pessoas que os produzem. Assim, imagens mentais, resíduos
acústicos, olfativos, gustativos, qualquer forma de percepção que ative
vivências podem ser classificados como processos cognitivos.
A cognição é a chave da terapia cognitiva justamente pela sua ca­
pa­cidade de modular as emoções, desencadear reações fisiológicas e ge-
renciar comportamentos. Um dos princípios básicos da TCC (Terapia
Cognitivo Comportamental) é o conceito de que as cognições têm uma
influência controladora sobre as emoções e comportamentos (Wright,
Basco, & Tahse, 2008).
Para Knapp (2004), o trabalho da terapia cognitiva é iniciado
pela avaliação e modificação dos pensamentos, pela consequência de ge-
rar impacto em todos os outros componentes.
O encaminhamento de crianças e adolescentes se dá, normalmen-
te, em função de problemas comportamentais e emocionais. Para avalia-
ção do processo terapêutico, é necessária uma visão geral para descrição
do funcionamento e do problema, com a investigação dos fatores cogni-
tivos na causa das perturbações (Shapiro, Freidberg, & Bardenstein cita-
do por Petersen & Wainer , 2011).
Nesta lógica, qualquer instrumento que ajude e facilite o trabalho
do terapeuta e torne inteligível o processo terapêutico ao paciente é mui-
to útil no desenvolvimento do processo de psicoterapia.
Como uma das características da terapia cognitiva comportamen-
tal é o seu caráter educativo, deve-se buscar a aprendizagem do paciente,
para que ele se torne seu próprio terapeuta. A criança é instruída a co-
nhecer-se em termos cognitivos e a levantar seus próprios questiona-
mentos a respeito de suas cognições.

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