MCI Mod1 Comportamento Do Fogo
MCI Mod1 Comportamento Do Fogo
MCI Mod1 Comportamento Do Fogo
Módulo 1
- Comportamento do fogo -
2006
Manual Básico de Combate a Incêndio do
Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal
Aprovado pela portaria no 30, de 10 de novembro de 2006 e publicado no Boletim
Geral no 216, de 16 de novembro de 2006.
Comissão de Elaboração
TEN-CEL QOBM/Comb. RICARDO V. TÁVORA G. DE CARVALHO, mat. 00188-0
CAP QOBM/Comb. LUCIANO MAXIMIANO DA ROSA, mat. 00322-0;
CAP QOBM/Comb. MARCELO GOMES DA SILVA, mat. 00341-7;
CAP QOBM/Compl. FÁBIO CAMPOS DE BARROS, mat. 00469-3;
CAP QOBM/Compl. GEORGE CAJATY BARBOSA BRAGA, mat. 00477-4;
CAP QOBM/Comb. ALAN ALEXANDRE ARAÚJO, mat. 00354-9;
CAP QOBM/Comb. HELEN RAMALHO DE O. LANDIM, mat. 00414-6;
CAP QOBM/Comb. DEUSDETE VIEIRA DE SOUZA JÚNIOR, mat. 00404-9;
1o TEN QOBM/Comb. VANESSA SIGNALE L. MALAQUIAS, mat. 09526-6;
1o TEN QOBM/Comb. ANDRÉ TELLES CAMPOS, mat. 00532-0;
1o TEN QOBM/Comb. SINFRÔNIO LOPES PEREIRA, mat. 00570-3;
1o TEN QOBM/Comb. MARCOS QUINCOSES SPOTORNO, mat. 00565-7;
2o TEN QOBM/Comb. KARLA MARINA GOMES PEREIRA, mat. 00583-5;
2o TEN QOBM/Comb. RISSEL F. C. CARDOCH VALDEZ, mat. 00589-4;
2o TEN QOBM/Comb. MARCELO DANTAS RAMALHO, mat. 00619-X;
2o TEN KARLA REGINA BARCELLOS ALVES, mat. 00673-4;
1o SGT BM GILVAN BARBOSA RIBEIRO, mat. 04103-3;
2o SGT BM EURÍPEDES JOSÉ SILVA, mat. 04098-3;
3o SGT BM JOAQUIM PEREIRA LISBOA NETO, mat. 06162-X;
3o SGT BM HELDER DE FARIAS SALAZAR, mat. 07265-6.
Comissão de Revisão
TEN-CEL QOBM/Comb.WATERLOO C. MEIRELES FILHO, mat.00186-4;
MAJ QOBM/Comb. MÁRCIO BORGES PEREIRA, mat. 00249-6;
CAP QOBM/Comb. ALEXANDRE PINHO DE ANDRADE, mat. 00383-2;
1o TEN QOBM/Compl. FÁTIMA VALÉRIA F. FERREIRA, mat. 00597-5;
2o TEN QOBM/Comb. LÚCIO KLEBER B. DE ANDRADE, mat. 00584-3.
Revisão Ortográfica
SBM QBMG-1 SOLANGE DE CARVALHO LUSTOSA, mat. 06509-9.
Sumário
Introdução.................................................................................3
2. Combustão ..........................................................................11
Bibliografia............................................................................163
3
Introdução
assunto, é enfatizado que pode haver explosões tanto pela mistura ar/gás
quanto pela mistura ar/poeira, exigindo-se dos bombeiros cuidados
essenciais na abordagem de silos e similares.
Para compreensão da propagação dos incêndios, são abordados
os conceitos de energia, calor e temperatura, bem como das formas de
transferência de calor, condução, convecção e radiação térmica.
A dinâmica do incêndio mostra como os incêndios se comportam
conforme suas fases — inicial, crescente, totalmente desenvolvida e final —
e a influência de elementos como a carga de incêndio, a fumaça e os
aspectos construtivos da edificação nesse processo, com o objetivo de que
os bombeiros saibam reconhecer e utilizar essas informações a favor das
ações de prevenção e combate aos incêndios.
Por fim, são apresentados os comportamentos extremos do fogo,
também conhecidos como incêndios de propagação rápida, distribuídos
em três grandes fenômenos: flashover, que é a generalização do incêndio;
o backdraft, que é a explosão da fumaça; e a ignição da fumaça, que
ocorre quando a fumaça encontra uma fonte de calor suficiente para
deflagrá-la.
A abordagem desses assuntos visa ao aprendizado por parte dos
bombeiros dos conceitos, características e riscos que decorrem desses
fenômenos, a fim de que não venham a ser surpreendidos com a
ocorrência de um comportamento extremo capaz de ferir e até matar
5
1. Conceituação básica
Figura 1 — Fogo
O incêndio retratado
ao lado causou a
perda total do
estabelecimento e de
dois veículos esta-
cionados em seu
interior e quase a
perda de uma vida
humana.
2. Combustão
Pirólise é a decomposição
química de uma substância
mediante a ação do calor.
Módulo 1 - Comportamento do fogo
É possível observar a
existência de quatro triângulos.
As faces da pirâmide
representam o oxigênio, o
combustível e o calor. O
triângulo da base representa a
reação em cadeia, sendo a
interface entre os outros três
Figura 5 - Tetraedro do fogo elementos.
Fluxo de
Temp. de
liberação de
Material ignição
energia
(˚C)
(kW/m2)
Madeirite (0,635cm) 390 16
Madeirite (1,27cm) 390 16
O oxigênio intensifica
Módulo 1 - Comportamento do fogo
a combustão.
Elemento Concentração
Nitrogênio 78%
Oxigênio 21%
Outros 1%
novamente. Isso pode ocorrer com a entrada dos bombeiros no local para
o combate.
Em um incêndio estrutural, a condição do ambiente pouco
ventilado devido à delimitação das paredes e do teto exigirá maior
cuidado e atenção por parte dos bombeiros, pois a quantidade de ar
disponível para a queima é limitada.
Sublimação
Módulo 1 - Comportamento do fogo
Fusão Evaporação
LÍQUIDO
SÓLIDO
VAPOR
Fusão Decomposição
+ Evaporação
Decomposição Decomposição
+ Fusão + Evaporação
Decomposição + evaporação
H H H H
O O H H
H H
H H H H
O O H H
H H
H O H H
Módulo 1 - Comportamento do fogo
hidroxila
O H H
H H
H O H H
O H H
H H
H O H H
Combustão incompleta
Todos os produtos instáveis (íons) provenientes da reação em
cadeia caracterizam uma combustão incompleta, que é a forma mais
comum de combustão.
Combustão completa
Em algumas reações químicas pode ocorrer uma combustão
completa, o que significa dizer que todas as moléculas do combustível
reagiram completamente com as moléculas de oxigênio, tornando seus
produtos estáveis. Também chamada de combustão ideal, seus produtos
são apenas dióxido de carbono e água.
Como exemplo, analise-se a combustão do metano: uma
molécula de metano (CH4), ao reagir com duas moléculas de oxigênio
(O2), forma duas moléculas de água (H2O) e uma de dióxido de carbono
(CO2) em uma combustão completa, conforme a equação:
Combustão viva
A combustão viva é o fogo caracterizado pela presença de
chama. Pela sua influência na intensidade do incêndio, é considerada
como sendo o tipo mais importante de combustão e, por causa disso,
costuma receber quase todas as atenções durante o combate.
reação como combustão viva. Para que isso ocorra é necessário que uma
quantidade suficientemente perceptível de energia seja liberada, ou seja, é
a relação entre a energia de ativação e a unidade de volume de uma
reação química que determina se a reação é fogo ou não.
No começo da combustão, esse nível de energia inicial pode ser
em torno de 1.000 (103) kW/m3, que é suficiente para aquecer 1 grama de
água em 1 ºC por segundo. Reações sustentáveis de incêndio podem
atingir densidades muito maiores — algo em torno de 1010 kW/m3. A
temperatura nessa zona de reação pode atingir 2000 ºC em combustíveis
líquidos e 1000 ºC em combustíveis sólidos (incandescência).
A taxa de liberação de calor em uma combustão caracteriza a
potência, ou seja, a quantidade de energia liberada em um determinado
intervalo de tempo (normalmente dado em kJ/s ou kW) e é uma medida
quantitativa do tamanho do incêndio. Ela descreve como será liberada a
energia disponível dos materiais existentes no local. Alguns exemplos de
pico de taxas de liberação de calor podem ser vistos na tabela Tabela 4:
35
Pico da taxa
Material Massa (kg) de liberação
de calor (kW)
Cesta de lixo pequena 0,7 — 6,1 4 — 18
Saco de lixo com 5kg de plástico e papel 1,1 — 3,4 140 — 350
Colchão de algodão 11,8 — 13,2 40 — 970
Combustão lenta
A incandescência — smoldering — é um processo de combustão
relativamente lento que ocorre entre o oxigênio e um sólido combustível,
comumente chamado de brasa.
Incandescências podem ser o início ou o fim de uma chama, ou
seja, de uma combustão viva. Em todos os casos há produção de luz,
calor e fumaça.
Figura 15 - Material sob ação da ferrugem, que caracteriza uma reação lenta
38
apagar a chama.
Figura 17 — Esquema da chama de uma vela quando atravessada por uma tela metálica.
A figura mostra a
combustão ao redor
do pavio, provando
que a combustão é
uma reação gasosa.
A ponta do pavio, ao
ser dobrada, entra na
zona de reação, apre-
sentando luminescência.
Isso significa que está
queimando.
A chama pré-
misturada produz
uma queima limpa,
ou seja, sem
resíduos.
Na foto ao lado, é
possível observar a
coloração azulada
na base da chama,
caracterizando a
parte que é pré-
misturada.
Com a tela
próxima à base da
chama, a fumaça
branca entra em
ignição quando se
Módulo 1 - Comportamento do fogo
aproxima de um
fósforo aceso.
A chama do
palito de fósforo
é extinta ao se
L f = 0, 23 Q
2
5
− 1, 02 D
Na qual:
Lf é a estimativa de altura da chama, dada em metros
Q é a taxa de liberação de energia, dada em kW
D é o diâmetro do material combustível, dada em metros
Taxa de Altura de
Diâmetro
Material liberação de chama
(m)
calor (kW) (m)
Madeira 130 1 0,59
Heptano 2661 1 4,37
Gasolina 1887 1 3,68
Módulo 1 - Comportamento do fogo
2.4. Explosão
Existe combustão que ocorre em uma velocidade de queima
muito alta, geralmente com a presença de chamas não sustentáveis (de
efeito passageiro), porém muito perigosas.
Uma explosão é o resultado de uma expansão repentina e
violenta de um combustível gasoso, em decorrência da ignição da mistura
entre um gás (ou vapor de gás) e o oxigênio presente no ar. Essa ignição
se dá em alta velocidade, gerando uma onda de choque que se desloca em
todas as direções, de forma radial.
49
Ac etile no
Hid rog ênio
Mo nóxid o d e Ca rb ono
Me ta nol
Ac etona
Me ta no
Pro pa no
N-Butano
Be nzeno
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% Vo lum e
(a)
(b) (c)
Figura 28 - Desenvolvimento de um BLEVE
pressão interna, ainda que o líquido não tenha ficado abaixo do ponto de
contato com a fonte de calor.
O resultado de um BLEVE pode ser desde um escape mínimo
do vapor pela ruptura (até a equalização da pressão interna do cilindro),
até uma explosão (que libera um grande onde de impacto e calor). Para
se compreender melhor esse fenômeno, basta lembrar a pipoca: o líquido
dentro da casca dura do milho é aquecido, ferve e exerce uma pressão
contra esta até que se rompa, resultando em um núcleo cozido que
escapou da sua casca enquanto a pressão interna se igualava à do
ambiente.
Esse fenômeno pode ocorrer em recipientes que armazenam ou
transportam líquidos ou gás, como os caminhões tanque (ver Figura 29)
ou reservatórios quando são aquecidos.
As ações a serem adotadas pelos bombeiros devem seguir o
Procedimento Operacional Padrão (POP) específico para ocorrências
envolvendo tanque. Em linhas gerais, a guarnição de socorro deve:
• resfriar o tanque (à distância);
• isolar a área; e
• controlar o vazamento.
59
3. Transferência de calor
q = m c ΔT
Na qual:
m é a massa.
c é o calor específico do material.
ΔT é a diferença de temperatura entre os corpos (ou entre
as partes).
uma área para outra é essencial para saber como controlar um incêndio.
O controle é o primeiro passo para extingui-lo.
3.1. Condução
Condução
(T2 − T1 )
q = kA
l
70
Na qual:
k é a condutividade térmica (pode ser observada na Tabela 10).
A é a área através da qual o calor é transferido.
T2 e T1 são as temperaturas nas diferentes faces do corpo
(zona quente e zona fria).
l é a espessura (ou o comprimento) do corpo.
Módulo 1 - Comportamento do fogo
q " = q
A
(T2 − T1 )
q = q "⋅ A = kA
l
(T2 − T1 )
q " = k
l
Módulo 1 - Comportamento do fogo
t = l 2/16 α
Na qual:
t é o tempo de penetração térmica (dado em segundos).
l é a espessura da parede (dada em metros).
α é o coeficiente de difusividade térmica.
Parede de tijolo:
Tempo = (0,12)2 / 16 x 5,2 x 10-7
Tempo = 1730 s ≅ 28 minutos
Parede de aço:
Tempo = (0,12)2 / 16 x 1,26 x 10-5
Tempo = 71 s ≅ 1 minuto
Módulo 1 - Comportamento do fogo
200
180 3h
160
Tempo de Penetração (min)
140
120 2h
100
60 1h
40
20
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Espessura (cm)
3.2. Convecção
Em um fluido em movimento, a transferência de seu calor até
uma superfície sólida ou para outro fluido é chamada de convecção. Um
fluido é qualquer material que possa escoar. Trata-se sempre de um
líquido ou de um gás (ar, fumaça, gás combustível, etc.).
76
Módulo 1 - Comportamento do fogo
Ar frio descendente
Ar frio descendente
Módulo 1 - Comportamento do fogo
Ar quente
Ar frio Ascendente Ar frio
arrastado arrastado
q " = q A = k ΔT l
q " = h(T2 − T1 )
ERRADO
(Princípio de Arquimedes).
Pelos dois aspectos acima citados, a parte mais alta do cômodo
estará a uma temperatura bem mais alta do que próximo ao solo,
influenciando, sobremaneira, o comportamento dos bombeiros durante o
combate a incêndio quanto à: necessidade do uso completo e correto do
equipamento de proteção individual; necessidade de escoamento da
fumaça acumulada no ambiente; entrada e trabalho agachado ou
ajoelhado; utilização do jato apropriado na fumaça a fim de que a
temperatura do ambiente seja estabilizada dentro da técnica adequada
antes de alcançar o foco do incêndio. Tal procedimento encontra-se
presente no Módulo 3 deste manual.
A radiação é a forma de
transferência de calor por meio de
ondas eletromagnéticas.
q = σε (T ) 4
ondas e terá sua temperatura elevada, o que poderá causar a pirólise, ou,
até mesmo, fazer com que atinja seu ponto de ignição.
Para que se manifestem os efeitos da radiação térmica, é
necessário que:
• a fonte de calor esteja com temperatura elevada o suficiente
para produzir um fluxo de calor significativo;
Módulo 1 - Comportamento do fogo
Retirando-se um ou mais
elementos do tetraedro do fogo,
o incêndio extinguir-se-á.
4.1.2 Resfriamento
Consiste no combate ao incêndio por meio da retirada do calor
Módulo 1 - Comportamento do fogo
Apesar de ser feita, na maioria das vezes, com uso de água, uma
ação de ventilação tática também constitui uma ação de resfriamento.
Isso porque, ao escoar a fumaça do local sinistrado, se remove também
calor do ambiente.
93
4.1.3 Abafamento
É o método que atua na diminuição do oxigênio na reação até
uma concentração que não permita mais combustão. Esse processo
também inclui ações que isolam o combustível do comburente, evitando
que o oxigênio presente no ar reaja com os gases produzidos pelo material
combustível.
Em regra geral, quanto menor o tamanho do foco do incêndio,
mais fácil será utilizar o abafamento.
Exemplo de ações de abafamento:
• tampar uma panela em chamas;
• lançar cobertor sobre um material incendiado;
94
4.2.1 Água
A água, na sua forma líquida, é o agente extintor mais utilizado
nos combates a incêndios e, durante muito tempo, foi o único recurso
utilizado na extinção dos incêndios. Sua grande utilização se deve à sua
disponibilidade na natureza e às suas propriedades físicas e químicas.
A grande eficiência da água no combate ao fogo é decorrente
basicamente de duas propriedades:
• a mudança de estado físico de líquido para vapor a 100 ˚C —
a passagem da água para estado de vapor reduz a
concentração do comburente (oxigênio) no fogo; e
O cálculo será feito para cada 1.000 litros de água. Esse valor
equivale a 1.000 kg, já que a densidade da água a 25 oC é praticamente
1,0 g/ml. Sabe-se que a quantidade de calor latente de vaporização da
água (QL) é obtida pela seguinte fórmula:
QL = m.L
QL = 1.000 . (40.000/0,018)
QL =2 222,2 x 103 kJ ou QL = 2 222MJ
1906 MJ.
Para estabelecer uma relação desse valor com o calor liberado
em um ambiente, será adotado como padrão o calor liberado por 1 kg de
madeira, que é de 18,6 MJ. Logo, 1906 MJ correspondem ao calor
liberado por 102 kg de madeira.
Enfim, se fosse possível utilizar 1.000L de água com 100% de
sua eficiência (condição ideal), um combate seria capaz de absorver uma
quantidade de calor liberada por uma queima total de aproximadamente
100 kg de madeira.
4.2.3 Espuma
A espuma surgiu da necessidade de encontrar um agente
extintor que suprisse as desvantagens encontradas quando da utilização
da água na extinção dos incêndios, principalmente naqueles envolvendo
líquidos derivados de petróleo. A solução encontrada foi o emprego de
agentes tensoativos na água, a fim de melhorar sua propriedade
extintora. Os agentes tensoativos são aditivos empregados para diminuir
102
4.3.1 Classe A
CLASSE A
4.3.2 Classe B
CLASSE B
4.3.3 Classe C
CLASSE C
direita da figura.
4.3.4 Classe D
CLASSE D
CLASSE K
5. Dinâmica do incêndio
É o comportamento do incêndio quanto à sua propagação em
um ambiente, confinado ou não, dentro das suas fases. A dinâmica do
incêndio é diretamente influenciada pelos diversos fatores, variáveis caso
a caso, tais como: a temperatura atingida no ambiente, projeto
arquitetônico da edificação, o comportamento da fumaça e a carga de
I. Fase inicial
Inicia-se após a ignição de algum material combustível. É a fase
em que o combustível e o oxigênio presentes no ambiente são
abundantes. A temperatura permanece relativamente baixa em um
espaço de tempo maior e abrange a eclosão do incêndio, o qual fica
116
Fases do Incêndio
Fase Totalmente
Fase Inicial Fase Crescente Fase Final
Desenvolvida
• chamas restritas • chamas se • generalização do • diminuição ou
ao foco inicial; propagando para incêndio, com a extinção das
• combustível os materiais ignição de todos chamas;
“ilimitado”; próximos; os materiais • combustível não
• oxigênio em • combustível presentes no disponível;
abundância; ainda em ambiente; • baixa
• temperatura abundância; • combustível concentração de
ambiente; • diminuição da limitado; oxigênio;
• duração de curto quantidade de • oxigênio restrito • temperatura
espaço de tempo. oxigênio; e diminuindo; muito alta,
• aumento • grandes diminuindo
exponencial da diferenças de lentamente;
temperatura; temperatura • presença de
• ascenção da entre o teto e o muita fumaça e
massa gasosa por piso; incandescência;
ação da • calor irradiado • risco de ignição
convecção. do teto em da fumaça se
direção ao piso. injetado ar no
ambiente.
122
Açougues 40
Artigos de couro, borracha, esportivos 800
Automóveis 200
Bebidas destiladas 700
Brinquedos 500
Calçados 500
Drogarias (incluindo depósitos) 1000
Ferragens 300
Floricultura 80
Livrarias 1000
Lojas de departamento ou centro de
Comércio compras 600
varejista Máquinas de escritório ou de costura 300
Materiais fotográficos 300
Móveis 500
Papelarias 700
Perfumarias 400
Produtos têxteis 600
Supermercados 400
Tapetes 800
Tintas 1000
Verduras 200
Vinhos 200
Vulcanização 1000
Agências bancárias 300
Agências de correios 400
Centrais telefônicas 100
Consultórios médicos ou odontológicos 200
Copiadora 400
Serviços
Encadernadoras 1000
profissionais,
Escritórios 700
pessoais e
Estúdios de rádio, televisão ou fotografia 300
técnicos
Lavanderias 300
Oficinas elétricas 600
Oficinas hidráulicas ou mecânicas 200
Pinturas 500
Processamentos de dados 400
125
Academias 300
Educacional
Creches 400
e cultura
Escolas 300
Bibliotecas 2000
Locais de Cinemas ou teatros 600
reunião de Igrejas 200
5.3. Fumaça
A fumaça é um fator de grande influência na dinâmica do
incêndio, de acordo com as suas características e seu potencial de dano.
Antigamente, qualificava-se a fumaça basicamente como um
produto da combustão, que dificultava muito os trabalhos dos bombeiros
por ser opaca, atrapalhando a visibilidade, e por ser tóxica, o que a
tornava perigosa quando inalada. A preocupação era, então, estabelecer
meios de orientação por cabo guia e usar equipamento de proteção
126
Características da fumaça:
Q O M I T
ar no interior do ambiente.
Cientes das características da fumaça e dos riscos que ela
representa em um incêndio, os bombeiros podem adotar medidas simples
e de suma importância durante as ações de combate, que garantam a
segurança tanto para si próprios, quanto para as vítimas, tais como:
• resfriar a camada gasosa com o jato d’água apropriado e a
técnica adequada;
• estabelecer meios que permitam o escoamento da fumaça
(ventilação tática);
• monitorar os pavimentos da edificação, principalmente acima
do foco do incêndio;
• ter cuidados com espaços vazios, como fossos, dutos, escadas,
etc.; e
• utilizar o equipamento completo de proteção individual e
respiratória.
Madeira
O forro de madeira, tipo paulista, é combustível e,
normalmente, permite uma fácil e rápida propagação do incêndio, pois
aumenta a carga de incêndio do ambiente, dificultando a extinção do
sinistro.
Gesso
O gesso também é muito utilizado tanto em residências quanto
em edificações comerciais. Ele é incombustível, porém trinca quando
aquecido e produz pedaços cortantes ao ser quebrado, podendo
134
Fibra de madeira
O forro de fibra de madeira prensada foi muito utilizado até a
Módulo 1 - Comportamento do fogo
Apesar de hoje quase não ser utilizado, esse tipo de forro ainda
é comum em edificações antigas.
Figura 61 - Prédio com fachada em vidro laminado - Centro de Convenções Ulisses Guimarães
5.4.5 Dutos
Os dutos são aberturas verticais em uma edificação que
atravessam os pavimentos, servindo para diferentes finalidades, desde a
passagem de instalações elétricas e hidráulicas até uma escada ou fosso de
elevador.
Estudos provenientes das análises de vários incêndios mostram
que os dutos (escadas, fossos de elevadores, dutos de ventilação ou dutos
140
— EUA
1987 Metrô de Londres 31
1991 Hotel — São Petersburgo — Rússia 8 (bombeiros)
1994 Apartamento — Nova Iorque — EUA 3 (bombeiros)
1996 Residência — Blaina — Reino Unido 2 (bombeiros)
1996 Supermercado — Bristol — Inglaterra 1 (bombeiro)
1996 Aeroporto — Dusseldorf — Alemanha 17
1997 Londres (durante o período de um ano) 3 (bombeiros)
2002 Paris (em dois eventos) 5 (bombeiros)
Fonte: Tactical Firefighting, Paul Grimwood
Características:
• ocorrem em espaço físico limitado (confinado ou
compartimentado) — geralmente a delimitação é feita pelos
lados e teto, que servirão para acumular a fumaça no
ambiente em caso de incêndio, principalmente se portas e
janelas estiverem fechadas. Tudo isso impede o escoamento
da fumaça de dentro do ambiente para o exterior.
• surgem com pouco tempo de queima — não são necessários
longos períodos de queima para que um incêndio de
propagação rápida ocorra.
• acontecem em edificações com qualquer estrutura construtiva
— concreto, alvenaria, madeira, metal, etc.
Fonte: www.local1259iaff.org/flashover.html
Figura 72 - Exemplo de situação de backdraft, com dois bombeiros
na escada surpreendidos pela explosão da fumaça.
151
ERRADO
Fonte: http://www.atemshutz.org
Figura 73 - Evolução de um backdraft
152
da fumaça ao entrar em contato com uma fonte de calor, a qual pode ter
onda de choque ou não.
Ao se movimentar por um duto, um forro, ou ainda ser expulsa
do ambiente pela ventilação, a fumaça pode ignir quando entra em
contato com uma fonte de calor.
Isso irá requerer das guarnições de combate a incêndio e de
Ambiente fechado
Explosão da fumaça
Generalização do incêndio
Fonte: Le guide national de référence Explosion de Fumées — Embrasement Généralisé Éclair
160
Ocorre por causa do calor Ocorre por causa Ocorre pelo contato da
irradiado pela camada de da entrada de ar fumaça com uma fonte
fumaça (oxigênio) no de calor
ambiente
Bibliografia