pORNOGRAFIA EM REDE
pORNOGRAFIA EM REDE
pORNOGRAFIA EM REDE
FORTALEZA
2015
BRUNA GERMANA NUNES MOTA
FORTALEZA
2015
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
CDD 371.33
BRUNA GERMANA NUNES MOTA
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof. Dr. José Rogério Santana (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_____________________________________________
Prof. Drª. Lia Machado Fiuza Fialho (Co-orientadora)
Universidade Estadual do Ceará (UECE)
_____________________________________________
Prof. Dr. José Gerardo Vasconcelos
Universidade Federal do Ceará (UFC)
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter renovado minhas energias para sempre
seguir em frente. Este trabalho é para todas as pessoas que fazem parte da minha vida, por
todas que passaram e deixaram suas contribuições e incentivos, pelo carinho e estímulos de
que acreditar é importante para alcançar nossos sonhos.
À minha família, meus pais e irmão, por serem o esteio nos momentos mais
angustiantes e desafiadores de minha vida.
Ao meu Orientador José Rogério Santana que contribui com de forma
significativa para o meu aprendizado. Agradeço toda a dedicação, cumplicidade e
profissionalismo na construção do trabalho final.
À minha querida amiga e Coorientadora Lia Machado Fiuza Fialho que me ajudou
em todos os momentos, pela paciência e estímulos. Dedicou o seu precioso tempo em orientar
e traçar comigo os rumos da minha dissertação.
A todos os professores, parceiros e companheiros de luta pelas contribuições
valiosíssimas e nas relações estreitadas durante o tempo de convívio.
A Daniele Xavier que me ajudou na coleta de materiais, sempre muito atenciosa,
buscava as reportagens nas mídias para contribuir no trabalho.
A todos aqueles que não deixam seus sonhos definharem e que buscam fortalecê-
los no cotidiano de suas práticas.
Nesses sombrios tempos de falsificação do
erotismo, falar de obscenidade continua sendo
tão difícil quanto falar de Deus. (Henry Miller,
1934).
RESUMO
The Internet gives us the access to information in real time and also allows the most varied
content connections. With all these facilities, the Internet also provides dangers, called Virtual
Crimes that are characterized by crimes committed through the virtual environment. They can
be framed in the Brazilian Penal Code and violators are subject to penalties under the law.
The test purpose is to discuss the Digital Educational Practices (DEPs) related to cybercrime,
especially revenge porn. This has been a recurring problem among teenagers, so
understanding how the DEPs can collaborate with the prevention of exposure teens on the
web. The goal is to understand how the Digital Educational Practices may mediate the
learning in the use of virtual networks, minimizing cyber crime and pornography for revenge.
To conduct the research, was necessary to use concepts of DEPs, revenge porn and the
Republic Constitution, since we treat the penalties for cybercrime. The research methodology
is a study supported in literature searches as: Alfradique 2006, Burke 2008, Castells 2003,
Grillo 2011 Junior 2006, Kenski 2007, Lemos and Maingueneau 2010, Pinheiro 2006 and
Virilio 1996. It is based on oral plan, aimed to collect data in order to appropriate the
historical facts. Through interviews, as one of the methodological procedures, all lines were
recorded, as a way to approach the history of the subject, in other words, to seek a greater
understanding of the vestiges of the past. In addition to interviews, we apply questionnaires
with the students, teachers and a management representative. Those questionnaires proposed a
more comparative and qualitative analysis. Trying to understand the occurrence of
pornography related to young people, we clarify that the practice is well known among them,
but the revenge of pornography term brings strangeness. So, between the results, it is
concluded that between forty-four students, twenty one students met someone who was a
victim of exposure and, at least, sixteen students have received pornographic materials,
characterized with pornography for revenge. Currently, the expansion of the Internet and the
facility of communication through instant messaging, such as WhatsApp application, have
contributed to the increased dissemination of pornographic material. The fact is that
something must be done to protect girls who are victims of exposure. The laws have been
mild and hardly anyone is punished for committing the acts, because the photos are released
through the application WhatsApp and are several people share and contribute to the
dissemination of the material to a very large number of users, making it difficult in this way,
the punishment of those involved in the release of the photos.
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................11
2 OS CRIMES VIRTUAIS E A PORNOGRAFIA DE REVANCHE..........................20
2.1 Crimes, Cybercrimes e as suas tipificações..................................................................24
2.2 Pornografia de vingança.................................................................................................28
2.3 História da pornografia..................................................................................................33
2.4 Redes sociais....................,,,,,,,,,.......................................................................................35
2.5 Pornografia de vingança e a Mídia................................................................................43
3 BIOGRAFIA DA VÍTIMA NA INTERFACE COM A PORNOGRAFIA
DE VINGANÇA..............................................................................................................48
3.1 Entrevistas com as jovens vitimadas.............................................................................50
4 AS PRÁTICAS EDUCATIVAS VIVENCIADA PELAS BIOGRAFADAS.............65
4.1 Entrevistas.......................................................................................................................68
5 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS.............................................................................77
5.1 Questionários respondidos pelos professores...............................................................85
5.2 Questionários respondidos pelo representante da direção..........................................88
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................90
REFERÊNCIAS..............................................................................................................91
APÊNDICE A – CADERNO DE DADOS...................................................................95
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO...126
APÊNDICE C – HISTÓRICO ESCOLAR DA ALUNA INGRID...........................128
APÊNDICE D – HISTÓRICO ESCOLAR DA ALUNA MARISA..........................129
APÊNDICE E – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS............................130
APÊNDICE F - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES.................133
APÊNDICE G – QUESTIONÁRIO APLICADO AO REPRESENTANTE DA
DIREÇÃO.......................................................................................................................136
APÊNDICE H - QUESTIONÁRIO 001 – A................................................................139
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1 INTRODUÇÃO
Nos últimos tempos temos nos deparado em situações na qual jovens aparecem
em circunstância inadequada nas redes sociais, muitas vezes protagonizando conteúdos
pornográficos. Com a difusão das redes sociais esse tipo de material tem sido propagado com
uma facilidade. Paul Virilio (1976), utiliza o termo Dromologia, para definir o estudo da
velocidade com que se propaga informações no campo virtual. Segundo o autor, Dromo, vem
do grego, e significa corrida, ou seja, indica rapidez. Essa característica infere o que acontece
nas redes sociais, a divulgação de conteúdo se efetiva de forma acelerada e quase instantânea.
Os conteúdos sexuais aparecem a cada dia com maior variedade, na mídia e
contribuem de certa maneira, para a propagação de temas importantes da pós-modernidade 1.
A difusão destes eventos no âmbito da sexualidade e sua exploração pelo mundo virtual, têm
mudado a percepção dos brasileiros e constituído diferentes opiniões dos cidadãos na atual
sociedade. O país é marcado pelos contrastes, as diferentes maneiras de lidar com estas
questões sinalizam as elaborações sócio históricas da nossa cultura e sociedade. Garrafoni
(2011), discute que as lutas cotidianas para o reconhecimento das diferenças e das diferentes
maneiras de vivenciar a sexualidade, as manifestações contra as formas de violência, sejam
físicas ou psicológicas, as denúncias das severas desigualdades sociais as quais o país está
submetido ou das formas de exclusão como discriminações étnicas, de gênero ou de minorias
são experiências que propagam conflitos, incertezas, novas formas de vida e, também,
reflexão sobre o cotidiano que nos envolve. O autor exprime a importância da reflexão acerca
da violência sexual e como se manifesta na sociedade em que vivemos.
A presença de temas como sexo, violência e tecnologias tem levado o meio
acadêmico a refletir sobre tais fenômenos. Por se tratarem de problemas inerentes a diversas
sociedades, especialistas de muitas áreas têm se dedicado aos estudos destes assuntos. Em
especial as Ciências Humanas e Sociais têm se repensado conceitos e métodos para interpretar
os aspectos que compõem as percepções de sexualidade e de violência nas sociedades nos
mais diversificados períodos históricos.
Foucault (1984. p. 127), propõe a reflexão acerca dos “atos sexuais devem,
portanto ser submetidos a um regime extremamente cauteloso. Mas esse regime é bem
diferente daquilo que poderia ser um sistema prescritivo que procurasse uma forma natural,
1
É um conceito da sociologia histórica que designa a condição sócio-cultural e estética prevalente
no capitalismo após a queda do Muro de Berlim (1989).
12
legítima e aceitável das práticas. [...] Enfim, trata-se de regimes circunstanciais exigindo
muitas precauções para determinar as condições que perturbarão menos o ato sexual, e
aquelas nas quais ele afetará menos o conjunto dos equilíbrios. Há toda uma técnica da
imagem a ser organizada pró e contra o amor. Aliás será um dos aspectos mais constantes da
ética sexual, desde o fim da antiguidade, a luta contra as imagens internas ou externas como
condição e garantia da boa conduta sexual”.
Ante a relevância e atualidade da temática, a pesquisa em questão discute sobre a
Pornografia de Vingança (PV), O objetivo é compreender as causas e consequências da
exposição de adolescentes nas redes sociais, mais particularmente pelo WhatsApp, e seus
desdobramentos no âmbito educacional e social. Conhecido popularmente como Zap ou Zap
Zap, esse aplicativo consiste em uma plataforma de mensagens instantâneas. Além de
mensagens de texto, o usuário do aplicativo tem a opção de mandar e receber vídeos, imagens
e mensagens de áudio de mídia. Todos os usuários que fazem parte do contato do telefone,
podem se comunicar gratuitamente, bastando apenas estar interligados ao aplicativo e
adicionar os contatos via internet. Outro detalhe peculiar no WhatsApp é que o mesmo possui
uma ferramenta de localização que identifica a localização do usuário. Atualmente o
Whatsapp é o aplicativo mais utilizado em cento e quarenta países do mundo, somando-se um
quantitativo aproximado de trezentos e cinquenta milhões de usuários em todo mundo. De
acordo com os dados da revista Abril.
O WhatsApp possui diversas funcionalidades práticas para o dia a dia dos
usuários, facilita a comunicação, difusão de informação e materiais. No entanto, dentre
diversos tipos de conteúdos disseminados, e os mais frequentes têm sido os materiais de
pornografias. O site oficial do WhatsApp define o aplicativo como um receptor de mensagens
de uma multiplataforma que permite a troca de informações pelo celular. Ele não gera custo
para enviar as mensagens e proporciona o contato em tempo real com amigos. Além das
mensagens básicas, os usuários podem criar grupos, enviar imagens, vídeos, localização,
contatos e áudio.
Adolescentes entre doze e dezesseis anos têm protagonizado vídeos íntimos com
conteúdo sexuais explícitos, essas exposições acontecem quando meninas se permitem filmar
nos momentos das relações sexuais com seus parceiros ou em outras situações de intimidade.
Vídeos contendo esse tipo de conteúdo são divulgados por algum motivo pelos parceiros,
geralmente isso acontece por vingança, principalmente quando há uma quebra de
relacionamento, sob este contexto, chamamos o conteúdo das postagens de pornografia de
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vingança. Outro termo que surgiu recentemente para caracterizar a exposição de menores na
Internet é o Sexting, este tem origem inglesa, da contração de sex, associado ao sexo e texting,
a torpedo. Refere-se à divulgação de conteúdos eróticos e sensuais através de celulares.
Iniciou-se através das mensagens de texto de natureza sexual e com o avanço tecnológico
tem-se aumentado o envio de fotografias e vídeo, aos quais aplicam-se o mesmo termo.
Mesmo que texting se refira, originalmente, mensagens enviadas como texto. Essa palavra é
um anglicismo, ou seja, é um termo ou expressão da língua inglesa introduzidas a outra
língua, costumeiramente devido à necessidade de designar objetos ou fenômenos novos, para
os quais não existe designação adequada na língua alvo.
O meu envolvimento com esse tema se deu devido aos diversos materiais que tenho
recebido no WhatsApp, questiono-me a cada imagem pornográfica observada, como aquelas
adolescentes se sentem ao ter suas fotos ou intimidades expostas na Internet? Por esse motivo
resolvi compreender os motivos que as fazem mandar fotos íntimas para alguém bem como os
desdobramentos dessa exposição.
A facilidade em produzir fotografias e o acesso à Internet pode levar um grande
número de adolescentes a praticar sexting ou pornografia de vingança. Utilizamos esta última
terminologia por ser conhecida no nosso idioma. Há uma verdadeira competição por números
de acessos às suas fotografias tornando-se uma prática. É cada vez mais comum entre jovens e
adolescentes, ensejando um fenômeno de preocupação pública devido os riscos de estímulo a
pornografia infantil.
É necessário perceber que adolescentes que passam por tal constrangimento, por
vezes, precisam de acompanhamento psicológico, pois muitas deles não suportam a exclusão
e a discriminação, há casos em que o suicídio tem sido o único meio de saírem daquela
situação principalmente no que concerne a exposição feminina para a qual a sociedade é
menos permissiva. Essa afirmação se fundamenta no recente caso real que ocorreu com uma
garota de dezessete anos, a piauiense Júlia Rebeca, que foi encontrada morta por suicídio no
quarto após ter um vídeo íntimo compartilhado na internet e não ter suportado as
consequências da exposição. A adolescente gravou um vídeo, no qual pratica sexos com uma
garota e um rapaz, ambos menores de idade, essas imagens foram distribuídas por celulares,
via WhatsApp principalmente, na sua cidade e em todo país. Envergonhada após o
compartilhamento do vídeo, ela se despediu da mãe em uma rede social e deu a fim a sua
vida.
14
Essa jovem não foi a única a acabar sua vida por causa da pornografia de
vingança, há registros de que mais garotas tenha cometido suicídio, mas não se sabe
quantificar, ao certo. Em outros casos, garotas precisam passar por uma transformação na
aparência, objetivando o não reconhecimento, ou transferência de cidade, ou mudança de
escola e local de trabalho, dentre outras nuances, para retornar a sua vida minimizando as
consequências negativas da exposição.
Procurou-se observar casos como a exposição nas escolas, onde adolescentes
estariam sendo vítimas da PV. Pudemos constatar que esse tipo de ação estaria se tornando
comum entre os adolescentes, não se demorou muito para encontrar eventos que trazem a
relação jovens e pornografia. O maior problema foi manter a afinidade com as vítimas dessa
ação, muitas delas ficavam abaladas com a situação o que dificultou a aproximação. Esse foi
um dos percalços que enfrentamos na pesquisa, faltava encontrar um sujeito que se sentisse a
vontade em relatar o assunto.
Foucault (1884. p. 231) traz um reflexão sobre a moral da atividade sexual e seus
prazeres, estes parecerem marcar, nos dois primeiros séculos de nossa era, um certo reforço
dos temas de austeridade. Médicos e pais mais conservadores inquietam-se com os efeitos da
prática sexual, recomendam de bom grado a abstenção, e declaram preferir a virgindade ao
uso dos prazeres, na contramão desse postulado, se observa que vida sexual dos jovens está
começando cada vez mais cedo, e em consequência, a maioria dos vídeos expostos trazem
adolescentes praticando o ato sexual.
Durante muitos anos a sociedade prezou como mulheres dignas, aquelas que se
mantinham virgens até o casamento, e as que não conseguiam, se sentiam pressionadas em
esconder a ruptura do hímen para não serem discriminadas.
Atualmente, essa construção sócio histórica vem sendo banalizada e, com a expansão
da Internet e a facilidade de comunicação por meio das mensagens instantâneas, há um
contribuição para o aumento da divulgação de material pornográfico incentivando a
prematuridade nas relações sexuais.
O fato é que algo precisa ser feito para proteger as vítimas da exposição indevida,
mas as leis têm sido brandas e dificilmente alguém é punido por cometer a pornografia de
vingança, pois as fotos são divulgadas por meio do aplicativo WhatsApp, são dificultando a
identificação dos propagadores. As diversas as pessoas que compartilham e contribuem para a
disseminação do material para um número muito grande de usuários, impossibilitando desta
forma, a punição dos envolvidos na divulgação das fotos.
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A maior parte das interações humanas são hoje realizadas em ambientes digitais e
o ordenamento jurídico deve proteger os cidadãos de crimes e da propagação de conteúdos
difamatórios e caluniosos, pois esse tipo de conduta traz transtornos sérios às vítimas.
O argumento defendido é o de que tanto os jovens como a escola não percebem a
gravidade das verberações da exposição dos adolescentes nas redes sociais e não estão
preparados para lhe dar com a pornografia de revanche, o que agrava esse problema.
A problemática central desse estudo foi: o que os jovens compreendem por
pornografia de vingança e quais as práticas educativas que permearam o contexto desse crime.
O intuito da pesquisa que se realizou foi compreender aspectos educativos e
culturais que permeiam o contexto social de adolescentes em fase escolar que foram vítimas
da pornografia de vingança. Propomos realizar um estudo sobre os aspectos que motivaram a
exposição das vítimas, quais as consequências dessa exposição e com a comunidade juvenil e
a escola se comportam diante dos acontecimentos ligados a pornografia. Tem-se por objetivo,
com efeito, compreender a pornografia de vingança na perspectiva de jovens vitimadas, bem
como as práticas educativas desenvolvidas acerca da temática.
Tem-se por objetivo compreender a pornografia de vingança na perspectiva de
jovens vitimadas, bem como as práticas educativas desenvolvidas acerca da temática.
Procurar compreender que tipo de reação as jovens sofreram e sofrem, até hoje, por terem
sido expostas sem consentimento.
A pornografia de vingança têm se tornado comum dentro do espaço escolar,
provocando um embaraço entre a escola e a família, ambas interpretam o fenômeno da
sexualidade com fragilidade e vivenciam diferentes maneiras de trabalhar questões
relacionadas a sexualidade, que na maioria das vezes propagam conflitos e incertezas ao invés
de clareá-los. Tal apreensão permite inferir que a temática em tela, ainda pouco estudada, é
relevante.
Procedimento metodológico
utilizam de maneira sensata, pois sabemos que a internet é um espaço livre, e muitos acabam
excedendo as suas condutas fazendo emergir que novas modalidades de crimes.
O fato é que enquanto não houver leis específicas na repressão dos crimes
virtuais, não será possível que exista por parte do Estado uma atuação coercitiva e eficaz na
punição desses criminosos.
O Brasil começou a se preocupar com os crimes virtuais nas últimas décadas, com o
aumento e a popularização da Internet, o Estado se viu com necessidade de assegurar os
direitos de quem é vítima de crimes cibernéticos. A Constituição Federal é de 1988, na qual
aprovaram leis relativas às competências do Estado sobre os crimes informáticos, mas a
evolução dos meios de comunicação a deixaram desatualizada nesse aspecto.
Os crimes virtuais são delitos cometidos por meio da internet principalmente por
meio das redes sociais. Devido ao anonimato que a rede de computadores proporciona e
aliado a falta de legislação pertinente ao assunto, o delito aumenta consideravelmente no
mundo contemporâneo, desta maneira, a população se vê obrigada a tomar medidas
preventivas contra os criminosos virtuais.
Os crimes virtuais vêm se tornando cada dia mais frequente em nosso país, e,
infelizmente, a lentidão do poder legislativo em tipificar essas modalidades de crimes, vem
criando um clima de “terra sem lei” na internet, pois os criminosos sabem que suas
identidades são quase impossíveis de identificações, e mesmo que estas sejam descobertas, a
lentidão do judiciário ao punir essas condutas cria um clima de impunidade.
Para agravar, não existe um crime se não houver uma lei anterior que assim o
defina. Esse é um dos princípios da Constituição Federal Brasileira. Como lidar então com as
condutas indevidas na internet que não possuem uma legislação específica? Entrou em vigor a
Lei 12.737/2012, que tipifica alguns delitos ocorridos no ambiente cibernético, como invasão
de computadores, produção e disseminação de códigos maliciosos e a clonagem de cartões.
Conhecida popularmente como Lei Carolina Dieckmann, a lei 12.737 traz
alterações no Código Penal Brasileiro, definindo certos crimes eletrônicos, como a
falsificação de cartões de crédito e débito, o uso indevido de imagens, dentre outros. Ela
representa um avanço, porque antes havia uma grande dificuldade em criminalizar quem
clona cartões e obtinha dados pessoais de outra pessoa indevidamente, uma vez que só era
possível incriminá-lo no momento em que realiza a fraude.
22
4
São ponto de acesso para conexão à internet. O ponto de acesso transmite o sinal sem fios numa pequena
distância, geralmente de até 100 metros.
5
Provê uma maneira de conectar e trocar informações entre dispositivos como telefones celulares, notebooks,
computadores, impressoras, câmeras digitais e consoles de videogames digitais através de uma frequência de
rádio de curto alcance globalmente licenciada e segura.
23
distraído das TDICs podem causar danos, visto que não sabemos o que/quem se encontra por
trás da tela de um computador ou de qualquer dispositivo móvel com acesso à Internet.
6
É uma aplicação multi-plataforma de mensagens instantâneas para smartphones. Além de mensagens de texto,
os usuários podem enviar imagens, vídeos e mensagens de áudio de mídia.
7
É um sistema operacional baseado no núcleo do Linux para dispositivos móveis, desenvolvido pela Open
Handset Alliance, liderada pelo Google Inc.
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digital que podem ser enquadrados no Código Penal Brasileiro, sendo assim, os seus
infratores, estão sujeitos às penalidades previstas na Lei.
Os usuários com variados tipos de acessos a Internet têm autonomia para
disseminar qualquer conteúdo, ainda que esse seja criminoso. Dentre as postagens de caráter
negativo, há e um tipo específico que tem sido bastante divulgado nos aplicativos, em especial
o WhatsApp, as pornografias, que geralmente são fotos ou vídeos com forte apelo ao sexo.
Disseminar fotos ou vídeos pornográficos não se configura crime, é considerado
delito apenas se a publicação for com pornografia Infantil e material que não tenha sido
autorizado pelo responsável em produzir o conteúdo. A pornografia de vingança, por
exemplo, é caracterizada pela divulgação de fotos ou vídeos íntimos sem a autorização dos
envolvidos, geralmente é divulgado na Internet por parceiros ou companheiros da vítima, são
delitos. Esses atos acontecem geralmente após o fim do relacionamento, uma das partes,
geralmente o homem, divulga as cenas íntimas na internet como forma de "vingar-se" da
pessoa com quem se relacionou.
A pornografia de vingança é considerada crime por que fere a integridade moral e
física da vítima. A pena varia de três meses a um ano, podendo ser revertida em ações
comunitárias, as penas ainda são brandas para esse tipo de delito. A pessoa que se utiliza do
vídeo para expor alguém se apoia em dois aspectos: o primeiro por ser através de dispositivos
móveis que dificultam a identificação do responsável pela difusão dos vídeos na rede, e o
segundo se refere a pena que é leve e dificilmente o criminoso é condenado ou vai para a
cadeia.
Ameaça é caracterizada no artigo 147 do Código Penal Brasileiro define o crime
em questão como a conduta de ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer
outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave, impondo a mesma a pena de
detenção, de um a seis meses, ou multa. A ameaça consiste em escrever ou mostrar uma
imagem que ameace alguém, avisando que a pessoa será vítima de algum mal ainda que seja
em tom de piada ou brincadeira.
Mesmo se isso é feito de maneira anônima, é possível para a polícia e para o
provedor descobrir quem foi o autor da ameaça. Segundo Colares (2004), trata-se de
comportamento que atinge a paz de espírito da vítima e cerceia sua liberdade, na medida em
que passa a não mais se conduzir conforme a sua livre vontade, efeitos maléficos estes que se
estendem aos seus familiares e àqueles com os quais convive, os quais também passam a ser
26
vítimas do ato criminoso, ampliando de forma incomensurável a amplitude dos danos que
acarreta, tornando, assim, de fácil constatação o seu poder ofensivo.
A difamação são crimes contra a honra. Essa infração está assegurada pelo artigo
139 do Código Penal Brasileiro. Consiste na divulgação de informações falsas que
prejudiquem a reputação de outra pessoa, ofenda sua dignidade ou maldosamente acusem
alguém de criminoso, desonesto ou perigoso. Queiroz (2000), explica que a difamação, baseia
em atribuir a alguém fato determinado ofensivo à sua reputação.
A discriminação persiste em escrever uma mensagem ou publicar uma imagem
que seja preconceituosa em relação a raça, cor, etnia, religião ou origem de uma pessoa. Isso
acontece mais frequentemente em redes sociais. De acordo Salles e Silva (2008) apud
Goffman (1988), o preconceito é definido como aquilo que é imputado ao indivíduo e adquire
uma conotação depreciativa, são os estigmas ou estereótipos.
Outro crime muito comum no mundo virtual é o estelionato, ocorre quando o
criminoso engana a vítima para conseguir uma vantagem financeira. Pode acontecer em sites
de leilões, por exemplo. Alfradique (2006) nos apresenta que “O estelionato é um delito
contra o patrimônio, cuja natureza marcante não é a violência ou ameaça e sim, a fraude ou o
engano”.
Quando alguém mente seu nome, idade, estado civil, sexo e outras características
com o objetivo de obter alguma vantagem ou prejudicar outra pessoa. Esse crime pode ser
caracterizado com falsa identidade ou falsificação ideológica tipificado no Art. 299 do Código
Penal Brasileiro. Pode acontecer numa rede social, por exemplo, se um adulto mentir de má fé
e se faz passar por um adolescente para se relacionar com usuários jovens.
Ocorre o pshishing 8quando informações particulares ou sigilosas (como número
do CPF, da conta bancária e senha de acesso) são capturadas para depois serem usadas em
roubo ou fraude. Müller (2012), afirma que essa prática, como o nome sugere (“phishing” em
inglês corresponde a “pescaria”), tem o objetivo de “pescar” informações e dados pessoais
importantes através de mensagens falsas. Com isso, os criminosos podem conseguir nomes de
usuários e senhas de um site qualquer, como também são capazes obter dados de contas
bancárias e cartões de crédito.
8
De acordo com a Wikipédia Em computação, phishing, termo oriundo do inglês (fishing) que quer dizer pesca,
é uma forma de fraude eletrônica, caracterizada por tentativas de adquirir dados pessoais de diversos tipos;
senhas, dados financeiros como número de cartões de crédito e outros dados pessoais. O ato consiste em um
fraudador se fazer passar por uma pessoa ou empresa confiável enviando uma comunicação eletrônica oficial.
27
Quem divulga tem o claro objetivo de humilhar, denegrir a imagem. Seria quase
impossível punir quem compartilha, são milhares de pessoas. Embora eu acredite
que pessoas com visibilidade social devam ter muita responsabilidade. Os veículos
de notícias também devem evitar expor fotos que identifiquem a vítima. Isso é
avassalador. (ROMÁRIO 2013).
Abaixo, seguem imagens com exemplo de exposições não premeditadas que poderiam
ser evitadas com o devido cuidado com o armazenamento e disseminação do material
pornográfico, bem como chama atenção Romário (2013) em seu posicionamento.
Leite (2006), propõe uma analise sobre o pornô no livro, Das maravilhas e
prodígios sexuais a pornografia “bizarra como entretenimento, a intenção do autor é
compreender o tal entretenimento para adultos, como forma de revelar as particularidades
íntimas, intituladas de bizarras, sadomasoquistas e fetichistas. Interessa-lhe delimitar o campo
do que é vivido hoje como perversão sexual ou como gozo ilegítimo, escapando das
convenções sociais do corpo sadio, natural. A obra não dispensa a relação do mercado que
supõe o sexo como diversão com o que vivemos hoje na sociedade moderna.
Nesta linha de pornografia, o foco é o corpo que escapa as convenções sociais do
“normal” e “sadio”. Desta forma, tantos físicos cujas formas fogem aos padrões de beleza,
como pessoas muito gordas, velhas, anões e travestis, até as práticas eróticas não
convencionais como açoitamento e masturbações com os mais diversos objetos, tornam-se o
espetáculo principal destas ramificações do mercado pornô.
Segundo o autor Leite (2006), a pornografia visando à excitação sexual de seu
público como única motivação e um fim em si mesma é um conceito recente, datando apenas
do final do século XIX. Procurando o início do processo que separou as representações da
sexualidade em um corpus de conhecimento distinto e potencialmente “perigoso” pode-se
situar a origem da assim classificada pornografia moderna, no início da própria modernidade,
ou seja, no renascimento. As tecnologias de impressão do século XVI aumentaram a produção
de livros e gravuras obscenas, causando seu barateamento, aumento do público consumidor e
uma consequente preocupação social, seja religioso, político ou sexual, fora dos meios de uma
elite culta.
Outro fator de grande importância são as representações sexuais de cunho mais
realistas que surge no século XIX, a obscenidade tem como função a crítica social e política,
utilizando-se para isto de descrições e ilustrações nas quais os corpos, desejos e atos sexuais
são minuciosamente apresentados.
Percebe-se já neste período, que o obsceno está intimamente associado ao
universo popular à tecnologia e o comércio. Ou seja, a obscenidade na representação sexual
aproveita o incremento da editoração, desenvolvendo-se como o ramo de um próspero
34
em bairros ou cidades), redes políticas, dentre outras, e permitem analisar a forma como as
organizações desenvolvem a sua atividade, ou seja, como os indivíduos alcançam os seus
objetivos.
A interação social, no âmbito do ciberespaço e das redes sociais, pode dar-se de
forma síncrona ou assíncrona (REID 1991). Essa diferença remonta a altercação de
construção temporal causada pela mediação, atuando na perspectiva de resposta de uma
mensagem. Uma comunicação síncrona é aquela que simula uma interação em tempo real. É o
caso, por exemplo, dos chats e do MSN. Já os e-mails e os fóruns têm as características
assíncronas, pois as expectativas de respostas não são imediatas.
As redes sociais virtuais têm adquirido importância crescente na sociedade
moderna. São caracterizadas primariamente pela auto geração de seu desenho, pela sua
horizontalidade e sua descentralização.
Um ponto em comum dentre os diversos tipos de rede social é o
compartilhamento de informações, conhecimentos, interesses e esforços em busca de
objetivos comuns. A intensificação da formação das redes sociais, nesse sentido, reflete um
processo de fortalecimento da Sociedade Civil, em um contexto de maior participação
democrática e mobilização social.
É possível perceber que as redes sociais propiciam aos indivíduos, pela sua
estrutura aberta e extremamente convidativa, um sentimento que permeia sensações de
dominação, oscilando entre o polo dominante e o dominado, ao oferecer ao indivíduo a
possibilidade de vigiar e ser vigiado. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que os sujeitos que
utilizam o site de relacionamento se sentem poderosos, dominantes por poderem empreender
a vigilância, quando atentam ao detalhe de que seus movimentos sociointerativos também
estão sendo vigiados, isto os torna fracos, desprovidos de poder, entes dominados. Contudo, o
desejo de criar e estreitar vínculos sociais acaba superando o mal-estar provocado pelo
sentimento de regulação, supressão ou renúncia forçada, impingido aos movimentos
individuais no site. Em decorrência desse fenômeno, observamos estratégias criadas pelos
sujeitos para fugir da vigilância empreendida no site de relacionamentos, como a omissão de
informações pessoais, esta é uma das maneiras construídas de forma a, mesmo receosos em
decorrência do controle, manter seus perfis no intuito de conservar seus movimentos
sociointerativos nas redes. Nesse sentido, observamos que informação e poder estão
intimamente relacionados nas redes sociais.
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O Facebook hoje é a rede social com maior número de usuários no mundo que
chega a aproximadamente um bilhão, no Brasil são cerca de setenta e seis milhões de
usuários. Devido a essa popularidade das redes sociais ficou mais fácil e rápida a interação. O
foco dessa pesquisa, no entanto, é a rede denominada WhatsApp, recentemente elaborada em
2012, se configura, um novo aplicativo de mensagens instantâneas, rapidamente difundidos,
que consiste em uma multi-plataforma de mensagens rápida para smartphones, pois o
software está disponível apenas para Android .
A Hitwise, empresa de marketing digital, divulgou um relatório sobre as dez redes
sociais mais acessadas no mundo, são elas:
A rede Google+, é uma rede social pronunciada Google Plus, abreviada com G+.
Foi lançada em 2011, com objetivo de agregar serviços do Google, Youtube e Gmail. E
também são introduzidas características novas como círculos, que são grupos de amigos.
Porém o Google não assume que seja uma rede social para competir com os líderes do
mercado, diz ser apenas uma unificação dos seus serviços.
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c) 8º Badoo (0,54%)
Figura 6 – Ícone do Badoo
A Badoo foi fundada por Andrey Andreev, empreendedor russo, no ano 2006.
Owebsite tem administração partindo de Londres, onde fica a sede da empresa. O Badoo é
uma espécie balada virtual, onde você pode ver e conversar com todo o mundo. Xavecar é a
principal intenção. Uma conversa pode resultar num relacionamento real. Diferente de outras
redes sociais, não é o lugar de se relacionar com seus parentes e amigos, mas sim, conhecer
pessoas novas com interesses semelhantes ao seu, e o melhor, perto de você. Através da
localização do aplicativo do celular, é possível conhecer o perfil das pessoas ao seu redor. Já
são 211 milhões de usuários no mundo todo, e o Brasil é a maior audiência da rede social.
d) 7º Orkut (0,64%)
e) 6ºInstagram(0,67%)
O Instagram ocupa o sexto lugar no ranking das redes sociais mais acessadas no
mundo, esta rede social de compartilhamento de foto e vídeo possibilita para usuários capturar
fotos e produzir vídeos, aplicação de filtros digitais e compartilhamento de materiais em
muitos serviços de redes sociais, como Twitter e Facebook.
Em quinto lugar ficou com Yahoo Answers. Este serviço permite às pessoas
cadastradas o envio de perguntas e respostas, e foi lançado pelo portal Yahoo, no ano de 2005.
Mais tarde a questão é finalizada pelo autor da pergunta, escolhendo a resposta mais
adequada, ou a questão é posta em votação em omissão do responsável da pergunta.Esse
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serviço não permite perguntas ou respostas anônimas. É necessário cadastro e e-mail válido.
Um sistema de pontos/níveis incentiva as pessoas realizarem ações diversas dentro da rede
social.
g) 4º Ask.fm (1,69%)
h) 3º Twitter (1,77%)
i) 2º YouTube (21,11%)
j) 1º Facebook (67,96%)
Facebook é líder nesta seleção, entre as 10 redes sociais mais acessadas do país. É
site e também um serviço de rede social, com lançamento em 2004, e de propriedade privada
da Facebook Inc., responsável pela operação. A rede social é a mais acessada do mundo, e em
2013 ultrapassou até o Google em número de acessos no Brasil. O sucesso refletiu em cerca
de 1,5 bilhões de usuários cadastrados na rede. Desses, aproximadamente 83 milhões são
usuários do Brasil, o terceiro maior pais no Facebook. No topo, os Estados Unidos possuem
179 milhões de usuários, seguido pela Índia com 100 milhões. Porém, quando se leva em
conta o número de usuários ativos, o Brasil fica em segundo lugar, são 47 milhões de
brasileiros que acessam o Facebook todos os dias.
Ressalta-se que dentre todas as redes sociais apresentadas nesse estudo cerca da
pornografia de vingança é o aplicativo Whatsapp, devido à facilidade de difusão de materiais
pornográficos.
entretenimento. Não tem como negar a influência da televisão e da Internet, presente na quase
totalidade dos domicílios brasileiros.
A mídia tem veiculado diversas reportagens sobre a pornografia de vingança, e de
certa maneira até ajuda na difusão dessas imagens. Muitas vezes quando dão visibilidade a
voz das vítimas, também as expõem. Recentemente surgiu o caso Fran, vítima de pornografia
de vingança que obteve uma repercussão em quase todas as redes sociais (GLOBAL
VOICES, 2013).
A jovem ficou conhecida por Fran, não sabemos se é seu nome verdadeiro, mas
ela vítima da exposição em 2013.
Fran, uma estudante universitária de 19 anos, residente na cidade de Goiânia.
Pratica sexo oral com o parceiro de 22 anos, ela se deixa filmar pela câmera do celular dele, e
no momento do ato, Fran faz o sinal de “OK” em alusão ao sexo anal. Dias depois, ele
compartilha o vídeo através do aplicativo WhatsApp, onde cenas íntimas entre casais têm se
espalhado indiscriminadamente por celulares no Brasil e em diversos países do mundo.
Seu caso teve uma grande repercussão nacional, tanto na mídia como no Facebook,
recebendo apoio de internautas famosos, como os jogadores Neymar e Daniel Alves, como
mostras nas imagens a seguir.
Fonte:
(CASO..., 2013).
divulgação fizeram uma cópia da página dela no Facebook em que ela aparece com a filha, ou
seja, a criança também foi exposta.
No entanto, após a repercussão do caso, internautas sensibilizados coma
exposição pejorativa, manifestaram apoio à garota difamada com a divulgação de imagens de
pessoas, sozinhas ou em grupos, fazendo o mesmo sinal de 'OK', com a palavra "força"
ganharam espaço nas redes sociais.
Para a construção deste capítulo, foi necessária a técnica das entrevistas de jovens
que vivenciaram a experiência da exposição, com escopo de constituir biografias das vítimas
e compreender o motivo, causas e consequências da pornografia de vingança através das redes
sociais, nesses casos, no deteremos a disseminação viabilizada pelo ao aplicativo WhatsApp.
Gil (2014), define entrevista como a técnica em que o investigador se apresenta
frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que
interessam à investigação. A entrevista, nesse estudo, apesar de possuir uma semiestrutura,
foi livre, portanto, uma forma de interação social espontânea. Mais especificamente, é uma
maneira de diálogo assimétrico, em que uma das partes buscou coletar dados (pesquisador) e a
outra se apresenta como fonte de informação (sujeito da pesquisa).
A entrevista é uma das técnicas de coleta de dados mais utilizada no âmbito das
ciências sociais. Psicólogos, Sociólogos, Pedagogo, Assistentes sociais e diversos outros
profissionais que tratam de problemas humanos valem-se dessa técnica, não apenas para
coleta de dados, mas também com objetivos voltados para o diagnóstico e orientação.
As entrevistas, nessa pesquisa, foram gravadas por um equipamento digital, para
que pudesse prezar pela fidelidade das falas das jovens.
O local das gravações foi na escola na qual as meninas estudavam. Cada gravação
tinha em média trinta minutos. Foram entrevistadas duas jovens uma de quatorze anos e outra
de dezesseis anos. As entrevistas aconteciam normalmente às quintas feiras, pela manhã, antes
das aulas começarem, o horário foi escolhido de acordo com a preferência das jovens.
Cabe salientar que as jovens antes do início da pesquisa, foram comunicadas que
fariam parte de uma pesquisa acadêmica, por isso houve a necessidade de um termo de
consentimento autorizando pela jovens e seus responsáveis para elas pudessem fazer parte da
pesquisa. O termo foi assinado pelas jovens e seus pais, concedendo aos pesquisadores a
utilização das informações como fonte de História oral. Segundo Verena (2010), A História
oral é uma metodologia de pesquisa e de constituição de fontes para o estudo contemporâneo.
Esta consiste na realização de entrevistas gravadas com indivíduo que participaram, ou
testemunharam acontecimentos e conjunturas do passado e do presente.
Antes de começar a primeira entrevista houve a necessidade de uma conversa para
deixar as jovens mais à vontade, pois o fato das conversas serem gravadas, as incomodaram
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Eu conheci o Simon, nós éramos amigos, ele era namorado de uma amiga minha e
eles terminaram e tentei fazer com que eles voltassem, mas não voltaram, e uma
certa vez estávamos conversando e a gente acabou dizendo que se gostava. Os
amigos dele não eram a favor, eles gostavam da outra (ex namorada de Simon) e
ai a gente ficou no cinema com pipoca que teve na escola. Sendo que depois eu me
distanciei um pouco dele porque eu disse que os amigos dele não estavam
gostando nenhum pouco e disse que ia me afastar dele aí me afastei. E nisso a
gente ficava se afastando e voltando, nesse negócio o Severiano, que é um amigo
dele, chegou para mim e disse que se eu não mandasse a foto, eu nunca mais nem
encostava o dedo nele (p. 103, Caderno de dados).
Marisa relata que tudo começou com um término de namoro entre o seu melhor
amigo Simon e a namorada, depois do rompimento a jovem se aproximou do garoto, os
amigos dele não ficaram satisfeitos com essa aproximação e um deles, chamado de Severiano,
pediu uma foto da adolescente seminua, alegando que se ela não ela enviasse a foto pelo
whatsApp, os amigos iriam atrapalhar o romance entre os dois. Marisa afirma que foi
chantageada por Severiano para não perder o contato com Simon.
Sob esse pretexto a adolescente mandou a foto, o garoto pelo qual Marisa estava
apaixonada desconhecia essa situação, inclusive ele pediu para que a jovem não mandasse a
foto. Três meses depois a foto foi divulgada para todos do colégio. Lembrando que, outras
meninas também foram vítimas do mesmo garoto, mas não foi possível manter contato com
todas, uma vez que, as meninas optaram por sair da escola para evitar maiores
constrangimentos e foram instituídas a silenciar e esquecer o episódio vivenciado.
Perguntamos a Ingrid como tudo aconteceu, a jovem responde com um certo
receio e até com algumas omissões dos fatos, lembrando que durante as entrevistas elas
conseguem expor melhor os fatos. Na primeira conversa a garota se mostrou um pouco
retraída e falava pouco, mas contou como tinha se envolvido na situação em discussão. Ingrid
assim como Marisa, gostava do mesmo garoto e relata.
Foi quase do mesmo jeito, eu gostava do menino, o Simon, que é o mesmo menino
que a Marisa gostava. O Severiano, o amigo dele, também me pediu as fotos, eu
também fui enrolando, enrolando. Eu mandei a foto para ele apenas de short. Foi
no mesmo mês só muda a semana em que minha foto e da Marisa foram
divulgadas. E foi assim que aconteceu, ele disse que ia apagar as fotos, mas não
apagou e mandou para o colégio “todinho”, mas ele assumiu a culpa toda (p. 104,
Caderno de dados).
conveniente, mas enviou por que o Severiano também fez chantagem alegando que o Simon
iria se afastar dela.
Procuramos entender como as fotos foram divulgadas, quem foi o culpado ou os
culpados. A Marisa responde:
Toda a história aconteceu no mês de maio de 2013, através do menino que mexeu
no celular do Severiano, somente ele continha as fotos, que se eu não me engano
foi o Guilherme, que estudava aqui e não estuda mais, ele passou a foto para o
celular dele e para o Matheus Santos que por maldade passou para todos da
escola (P. 104, Caderno de dados).
Foi criado um grupo no WhatsApp chamado de “putaria eterna”, foi nesse grupo
que as fotos das meninas foram divulgadas. Esse grupo tinha como característica o repúdio as
jovens que foram expostas na web, além de humilhar, os integrantes do grupo “zombavam”
das adolescentes. Tal atitude fazia das jovens vítimas de bulling e exclusão, pois não eram
bem vistas pelas outras garotas e tão pouco pelos rapazes.
Severiano sabia do relacionamento entre Simon e as duas meninas Marisa e
Ingrid, as adolescentes não sabiam que elas mantinham envolvimento amoroso com o mesmo
rapaz, embora elas alimentassem desconfiança devido a comentários de outros colegas.
Levantamos a hipótese sobre o que teria acontecido se as jovens não tivessem
mandado as fotos e elas respondem.
Com certeza se não tivéssemos mandado, o Simon romperia com a gente, porque
ele faz tudo que o Severiano quer. Ele parece não ter personalidade, o Severiano
dizia o que ele tinha que fazer (Ingrid, p.105, Caderno de dados).
Indagamos então, porque elas acreditaram naquela pressão feita por Marcos.
Alegaram temer que o garoto que elas gostavam, podia ceder à pressão que Severiano fazia.
Simon era muito submisso ao amigo, motivo esse não esclarecido, não entendemos o porquê
dessa submissão e nem as adolescentes souberam explicar. Mas elas afirmam que Severiano
tinha uma forte influência sobre Simon.
Marisa e Ingrid não possuíam nenhum tipo de amizade, pelo contrário, as duas
garotas nutriam entre si uma antipatia que todos da escola conheciam. Essa indiferença que
uma tinha pela outra, era devido a conversas que o rapaz mantinha um relacionamento com as
duas meninas ao mesmo tempo. E de fato essas conversas procediam, como pode ser constato
posteriormente a exposição de ambas na rede social.
51
O pessoal olhou estranho, mas ninguém ficou comentando, ninguém chegou para
gente e esculhambar, chegaram no meu ASK na época que o pessoal tinha. O Ask 9,
me xingavam de tudo que é nome, sendo que eu não respondi, mas chegar para
mim e falar alguma coisa ruim de mim, ah você é tal coisa ninguém chegou. Até
hoje quando a gente passa o povo olha estranho. Algumas pessoas têm receio de
chegar perto e já perdi amigos esse ano por causa disso.
Ingrid diz que ainda sente pessoas falando sobre ela e que ainda observa colegas
com receio de se aproximar com a finalidade de manter uma amizade.
Vi muitas pessoas se afastarem da gente, é muito ruim, amigos que eu achava que
eram meus amigos, não deram nenhum apoio, apenas se afastaram.
Já perdi um amigo esse ano, os novatos chegaram, eu virei amiga de um. Eu era
muita amiga do carinha, mas ele se afastou quando soube das fotos. Ele se afastou
do nada, a gente era muito amigo mesmo.
Quando soubemos, a gente correu para o banheiro para chorar lá, eu fiquei no
chão, as duas no chão. A Ingrid que chegou para me falar, eu cai no chão, eu não
aguentei, fiquei sem acreditar, por que a gente acha que isso vai acontecer com
todo mundo menos com a gente. (Marisa, p. 105, Caderno de dados).
Perguntamos as garotas quem foi a figura mais importante na vida delas depois da
exposição das fotos, quem as deu apoio, uma vez que elas não podiam contar com a família,
por não saberem do ocorrido. Elas responderam que buscaram apoio uma na outra, embora
não fossem amigas, mas aquele fato fez com que as meninas se unissem para enfrentar toda
aquela situação.
9
Ask é uma rede social é da Letônia, que permite aos usuários o recebimento de perguntas de qualquer pessoas
que têm cadastro ou não.
52
Ingrid também pensou como Marisa e declara que não saiu por causa da amiga.
“Eu pensei em sair, só não sai por causa dela, não, não sai não, porque se tu sair você está
sendo besta, tu vai tá se rebaixando a eles.” (p. 106, Caderno de dados).
Marisa e Ingrid pensaram em sair da escola, pois a situação estava destruindo a
vida social delas, mas perceberam que não deviam fugir do problema e resolveram encarar
todos que as humilharam.
Quase um ano depois elas ainda sofrem com olhares maliciosos e recriminatórios,
hoje elas tentam lidar melhor com essa situação, mas no início elas informaram que foi muito
difícil.
Assim, eu fui forte, apesar de eu não ser muito forte, mas procurei não demonstrar
que eu estava me importando muito com isso, mas quando eu chegava em casa a
ficha caía, muitas vezes passei dia e noite chorando por causa disso. É uma
sensação horrível ver você sendo divulgada, para todo mundo ver o teu corpo
(Marisa, p. 106, Caderno de dados).
Durante algumas conversas não gravadas, Marisa chegou ame relatar que muitas
pessoas criticaram o corpo e os seios dela. Por ter formas arredondadas, a jovens foi motivo
de brincadeiras e piadas.
Quando questionadas sobre a postura da escola ante o acontecido, elas me
informaram que a diretora teve uma conversa com as adolescentes, a frase mais ideal seria, a
diretora deu um sermão nas meninas. A gestora demonstrou nas suas atitudes acreditar que as
garotas eram as culpadas e não as vítimas. Lembrando que ninguém foi punido pelo ato,
embora soubessem quem foi o responsável.
[...]a diretora da escola, chegou dizendo que foi a gente que tinha espalhado a foto
para o colégio inteiro. E dissemos que não foi bem assim, que a gente tinha
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mandado para o Severiano, mas ele foi logo se saindo a culpa não é minha e o
Matheus Santos também, mas depois que eles saíram, ela começou a falar bem
serio aí o Severiano realmente assume a culpa (Marisa, p. 106, Caderno de
dados).
Marisa fala que chorava muito, mas não por causa da foto e sim por causa dos
avós, afirma a jovem que os avós mantém uma postura conservadora e na época do
acontecido o seu avô estava internado no hospital. Por esse motivo a escola optou por não
informar os pais das duas jovens Ingrid e Marisa que são criadas desde a infância pelos avós.
Marisa completa com a seguinte fala:
Se tivesse avisado a minha família, hoje minha vida seria totalmente diferente
agora. Por que primeiro meus pais me tirariam da escola, eles ficariam muito
decepcionados comigo minha família toda na verdade, fora que minha avó é
doente, se ela soubesse disso, eu moro com ela, ela é muito apegada a mim, era
capaz dela sentir algo muito ruim e meu avô estava no hospital na época,
chegando a falecer em outubro (p. 106, Caderno de dados).
A diretora exigiu que todos os alunos que tivessem as fotos das meninas no
celular as excluíssem, caso contrário quem tivesse alguma foto seria suspenso, mas as
adolescentes contam que ninguém foi punido e até hoje as fotos delas ainda estão circulando
de celular para celular.
[...] muita gente apagou, mas algumas pessoas com certeza têm, por que a
diretora teve um momento que quem tivesse a foto ela ia suspender ou expulsar do
colégio, e na verdade ela não fez isso, só falou da boca para fora. Foi só no
momento para tentar acalmar a gente. Ela podia ter ido de sala em sala pedir pra
excluir a foto, mas nem isso, não puniu o menino que fez isso, como se toda culpa
tivesse sido só da gente mesmo. Foi assim que ela olhou para gente. Nada e
ninguém era mais culpado que a gente. (Marisa, p.110, Caderno de dados).
Já no tocante aos alunos da escola, que divulgaram as fotos, a reação foi bem
diferente. “Ele foi tido como “o cara”, mas a gente foi chamada de tudo que é nome, até hoje
um ou outro fala.” (p.107, Caderno de dados).
Sem apoio da família, da escola, dos amigos, só restava um a outra:
A gente, nós duas, uma dava apoio a outra. Por que todo mundo se afastou da
gente, quem era amigo da gente, nesse momento vimos que não era, por que
demorou um tempo para gente voltar a andar com o pessoal (Ingrid, p. 109,
Caderno de dados).
Sobre o grupo no WhatsApp “Putaria Eterna” Marisa informa: “Eu nem tinha
whatsApp nessa época.” (p. 109, Caderno de dados).
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Eu fiz parte, mas me tiraram, eu entrei e dez minutos depois eu sai. Não vi nada
meu e nem dela (Marisa), vi de outras meninas. Eram meninas que estudavam
aqui, mas saíram, só uma menina que permaneceu, a foto dela foi divulgada pelo
namorado, ele era o “topzinho” daqui do colégio e ninguém falou nada e até hoje
ela age naturalmente.
Percebemos que algumas alunas que tiveram as fotos expostas não conseguiram
lidar com a humilhação e por esse motivo elas deixaram de frequentar a escola, outras não
tiveram os mesmos problemas, uma vez que ser popular não abala a reputação, não nesse caso
contado pelas jovens.
Cabe questionar se realmente a garota popular também não foi vítima de humilhações
e discriminação, já que tentar levar uma vida normal e ignorar a exposição parece ser a saída
escolhida pelas jovens expostas.
Tentamos compreender a posição da escola diante o ocorrido, se alguém chegou
conversar com elas. Marisa responde: “Conversar não, ela deu sermão, só isso. Ela não deu
nenhum tipo de apoio e nem orientou a um psicólogo” (p. 110, Caderno de dados).
As jovens descrevem como elas estavam nas fotos que enviaram. “Eu lembro que
estava só de calcinha” (Marisa, p.110, Caderno de dados). “Eu estava só de short” (Ingrid,
p.110, Caderno de dados).
Entre umas e outras conversas informais Ingrid conta uma novidade que não
agradou Marisa, ela diz que Severiano (o garoto que expôs as fotos) estaria de volta à escola
no ano seguinte. Conta também como ela ficou conhecida depois da divulgação das fotos
íntimas.
Sabe quem vai entrar aqui ano que vem? Severiano, aquele foi responsável por
divulgar as fotos. Ah! e ontem eu estava numa loja com a Carol e a Cibele, aí sabe
a Daniele do oitavo? (comenta Ingrid com a Marisa). Ela perguntou quem eu era,
aí o Matheus Santos falou, a amiga da Marisa, aquela que teve as fotos divulgadas
(p. 111, Caderno de dados).
Ingrid conta que ficou muito chateada por ser lembrada desta forma, e que havia
outras formas de ser apresentada, esse tipo estereótipo é agressivo e se é algo que a incomoda,
é melhor que seja evitado.
Matheus Santos, tanto na perspectiva de Ingrid e Marisa, foi um dos jovens que
ajudaram na difusão das fotos? Embora ele não assuma.
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Mas todo mundo sabe que foi ele. Nessa parte o menino (Severiano) não mentiu,
foi ele quem pegou as fotos e saiu passando para todo mundo (Marisa, p. 111,
Caderno de dados).
Ingrid complementa:
Severiano tinha as fotos, o Guilherne “carioca” pegou as fotos que estava com
Severiano passou pro Matheus Santos que saiu espalhando para o colégio (p. 111,
Caderno de dados).
Após a fala da Ingrid começamos a entender que a culpa não foi só do aluno
Severiano, como pensávamos.
Nem toda a culpa é dele, mas a gente pediu para ele apagar, mas não, manteve a
foto no celular dele como se fosse uma foto normal dele (Marisa, p. 111, Caderno
de dados).
Ele nem estava no grupo. Porque quando isso aconteceu e a Rita (a diretora) veio
falar com a gente, ele meio que apoiou a gente, ligou para gente falando que ele ia
mandar apagar todas as fotos, que a gente não se preocupasse que ele ia resolver
tudo isso (Ingrid, p.111, Caderno de dados).
Marisa complementa, “Sendo que eu odeio ele, não acredito nas coisas que ele
fala.” (p. 111, Caderno de dados)
Marisa informa que antes de ter as fotos divulgadas por Severiano, ela já não
nutria nenhuma simpatia por ele. “Nunca gostei dele. Eu passava por ele eu tinha vontade
de...(Ela não termina). “(Marisa, p. 112, caderno de dados).
Marisa explica porque enviou a foto para Severiano: “Por causa do Simon”
(Marisa, p. 112, Caderno de dados). “Porque se a gente não mandasse a foto o Simon nunca
mais olhar na nossa cara” (Ingrid, p. 112, Caderno de dados).
Marisa complementa, “Porque o Simon era capacho do Severiano.” (p.112,
Caderno de dados).
Ingrid completa, “Se o Severiano dissesse: Você não pode olhar para o lado, o
Simon não olhava” (p.112, Caderno de dados).
As jovens relatam o porque temiam perder a amizade de Marcos:
Isso realmente ia acontecer. Acho que o Simon não teve culpa, porque ele pediu
pra gente não mandar as fotos (Ingrid, p. 112, Caderno de dados).
O Simon não teve culpa das fotos, mas a história toda é culpa dele, porque a gente
não gostava dele de verdade, tipo de gostar, a gente era amigo, sendo que ele
começou a elogiar, a falar coisas românticas iludindo a gente (Marisa, p.112,
Caderno de dados).
56
Depois que as fotos foram divulgadas as jovens relatam como ficou a relação
delas com o Simon.
Não queria nem mais olhar na cara dele, ele me mandava mensagens dizendo que
queria ser meu amigo eu nem respondia (Marisa, p. 114, Caderno de dados).
Eu estava dormindo, era uma hora da manhã, ele me ligava. Eu atendia e dizia,
Simon pelo amor de Deus, faz um favor para mim, me deixa dormir, amanhã de
manhã se você quiser me ligar, você me liga. Ele dizia: Preciso falar contigo,
estou com saudades, e eu disse: ah vai procurar a Marisa e ele disse: ela não
atende. Eu sempre desligava o telefone por que sabia que ele ia ligar, quando eu
ligava era ligação, mensagem dele. Quando ele passava pela gente o colégio
ficava rindo (Ingrid, p.114, Caderno de dados).
No dia que soubemos, estávamos no banheiro com muita gente no banheiro, todo
mundo chorando, mas ninguém dizia o por quê. Aí o Severiano pega e manda
mensagem para o telefone da Marisa, por que ele não tinha o meu. Marisa não faz
nada, fica quieta que eu vou resolver isso. Aí Marisa pega e liga para ele quem
atente é o Simon. Ele diz Marisa fica calma que eu vou resolver isso. E depois vai
ser como se nada tivesse acontecido Quanto mais ele mandava a gente se acalmar
mais a situação piorava (Ingrid, p. 114, Cadernos de dados).
A gente se olhava e começava a chorar, por que todo mundo já sabia, passavam
pela gente olhavam e saíam (Marisa, p.114, Caderno de dados).
Quando eu soube das fotos foi bem no feriado, tinha feriado na quarta, quinta,
sexta e segunda, eu soube na segunda, porque eu ficava o dia inteiro por causa do
vôlei, passei a terça feira calma, não falei nada para ela, na quarta eu contei.
Marisa é o seguinte, as fotos, ela não tinha me contado que tinha mandado essas
fotos. Eu sei que você enviou as fotos para o Severiano e as nossas fotos estão
saindo no colégio todinho A Marisa perguntou que fotos, as fotos que enviamos
para o Severiano como todas as meninas que enviaram. Aí pronto, foi lágrimas e
lágrimas. No feriado passei a quinta toda dormindo e desliguei o telefone, quando
acordei era o Severiano e o Simon me ligando perguntando se tinha acontecido
alguma coisa. Eu disse que só estava dormindo (p. 114/115, Caderno de dados).
57
Eu era muito mais emotiva, hoje estou mais forte, não consigo gostar de ninguém,
não confio em mais ninguém, não consigo me apaixonar por mais ninguém, eu
tenho um bloqueio. Eu estou namorando agora, mas eu não gosto realmente do
menino. Ele não sabe das fotos, mas se ele soubesse, ele é muito compreensivo, ele
não gosta de briga, ele entende quando você fala, não gosta de discutir. A gente
nunca brigou, e estamos juntos desde o carnaval. (Marisa, p.115, Caderno de
dados).
A mim ainda incomoda muito, acordo todo dia e me lembro disso e antes de dormir
também, é um peso que vou levar para o resto da vida. É um sentimento de mágoa,
as pessoas me olhando de mau jeito, a maneira que elas reagem quando sabem
disso ainda (Marisa, p.115, Caderno de dados).
Com a nossa vida. Porque quando vou conhecer alguém eu fico com receio muito
grande de alguém saber. Eu não consigo me relacionar com ninguém aqui de
Fortaleza. Tenho medo de algum garoto saber e querer só me usar. É tipo uma
privação, que não dá (Marisa, p.117, Caderno de dados).
58
Sim. Mas ele se afastou, por que ele é muito amigo dos alunos, mas quando ele
soube se afastou. Deve ter dado conselho para a filha dele não chegar perto. A
filha dele estuda na minha sala ele ficou mais afastado. Ninguém aqui dessa escola
teve a coragem de confortar ou dar apoio para gente. (Marisa, p.117, Caderno de
dados).
Procuramos entender como elas sentem quando algo do tipo acontece com uma
outra jovem.
Quando alguém posta foto de alguma menina nua no grupo, eu faço um texto
enorme defendendo a pessoa. Tenho uma posição totalmente diferente do que eu
tinha antes. Por que quando a gente ver o que esta por trás, o motivo real, eu
procuro entender, até porque passei por isso (Marisa, P.118, Caderno de dados).
Alguns se afastaram completamente, tem gente que tem receio de falar com a
gente, de conversar, mas os meus amigos de verdade continuam do mesmo jeito do
meu lado. Sem tocar no assunto, entendeu?(Marisa, p.118, Caderno de dados).
A minha ferida foi maior que a dela, minha foto foi pior que a dela. Porque a
Bárbara foi só os seios, e eu não, foi a parte superior inteira. E não estava escura
(Marisa, p.118, Caderno de dados).
Porque pedi muito e chorei muito para ela não contar. Praticamente implorei,
porque se ela tivesse contado eu estaria morando em baixo da ponte. E até porque
a diretora não teve nenhuma posição sobre o assunto (p.119, Caderno de dados).
Acho que não. Esse grupo era só pornografia, só fotos de meninas nuas da escola.
Inclusive a foto de uma menina daqui também foi divulgada que é filha do
professor (Magno). Ela saiu da escola e está morando no interior. O professor
Magno não tem vínculo com ela, o acho um pai horrível (Marisa, p.119/120,
Caderno de dados).
Depois da divulgação das fotos Ingrid e Marisa, contam como foi difícil
recomeçar, pois não tinham vontade de sair e nem se divertir. Acreditavam que qualquer
pessoa sabia das fotos, se saíssem na rua achavam que alguém comentaria sobre o assunto.
Por esse motivo elas acreditaram que se esconder foi uma boa opção.
Procuramos compreender se algum familiar notou diferenças no comportamento
das duas jovens.
Minha avó percebeu que eu estava muito triste, eu chorava direto, sendo que ela
achou que fosse algum namorado. Ela até perguntou, mas eu disse que não ia me
abrir e ela também quase não fala da vida dela (Marisa, p. 22, Caderno de dados).
Eu também sentia muita vergonha. Mas não entrava de cabeça baixa, não tinha
ninguém que me fizesse entrar de cabeça baixa (Ingrid, p.124, Caderno de dados).
Sobre a relação delas com os amigos, as jovens preferiram se afastar, disseram ter
tido muita vergonha para enfrentar os amigos, mas que nenhum deles as criticaram, apenas
tentaram entender os motivos que as levaram a enviar as fotos.
Possibilitamos uma reflexão sobre as ações dela e perguntamos o que elas
mudariam na vida hoje.
60
Hoje eu acho que nada, por que me tornei outra pessoa, pelo que eu era eu
precisava mudar, tudo acontece para um bem maior, e isso aconteceu para me
tornar a pessoa que sou hoje (Marisa, P.125, Caderno de dados).
Hoje eu sou uma pessoa muito fria, até com a minha família e adquiri maturidade,
hoje penso totalmente diferente de ante (Ingrid, P.125, Caderno de dados).
No dia 12 de novembro de 2014, ouvimos duas amigas das jovens, elas contam
que presenciaram a situação da exposição e relatam todas as dificuldades que Marisa e Ingrid
passaram. A primeira entrevista é a jovem de pseudônimo Vitória.
Perguntamos primeiramente sobre a reação da estudante ao saber que as fotos da
Ingrid e Marisa vazaram pela a escola.
Vitória relata sobre comentários que ouviu dos colegas, e as críticas mais comum.
Ouvi muita piada sobre a Marisa, porque falaram dos seios dela que eram muito
grandes, onde eu passava eu ouvi algo relacionado às fotos (p.125, Caderno de
dados).
Eu perguntei se ela se arrependeu disso, ela disse que sim, eu acho para as
meninas não foi o fato de tirar as fotos e sim por terem vazado e também por terem
passado para uma pessoa que elas confiavam (p.126, Caderno de dados).
Sim, acho isso tão “idiota” porque não tem nada a ver, o que tem ela se sentir sexy
e querer tirar uma foto mais sensual. Quem tem namorado faz isso para agradar o
namorado, todo casal tem intimidade (P.126, Caderno de dados).
Ela disse que queria sumir, que queria morrer, essas coisas. Mas achei as duas
fortes, por encararem tudo de cabeça erguida (p.127, Caderno de dados).
Porque o homem é machista e eles nunca vêem o lado errado que foi o menino. Só
vê o lado da menina e julgam o lado errado. Eu acho que a escola deve tomar uma
atitude, porque elas ainda sofrem com isso, não deveriam abafar e pronto, está
resolvido (p.128, Caderno de dados).
Foi um momento muito triste, eu vi como elas ficaram abaladas, mas graças a
Deus as meninas superaram. As melhores amigas ficaram do lado dela, as que
diziam que eram amigas se afastaram (p.128, Caderno de dados).
Sim, vi muitas, sempre a via sozinha. Ela estava no banheiro sozinha chorando, eu
nem era amiga dela, mas fui lá e apoiei. Mas passou e acho que hoje está
esquecido, porque nem lembrava mais (p.128, Caderno de dados).
Muito julgamento, escutei muitas pessoas falarem que elas são burras por terem
feito isso. Mas a culpa não foi delas, elas foram induzidas por uma pessoa que elas
confiavam. Elas foram iludidas por uma pessoa pensando que era uma “coisa” e
era outra totalmente diferente, acontece muito (p.128, Caderno de dados).
Primeiramente pediria para minha mãe me tirar do colégio, acho que para eu
fazer algo do tipo eu precisaria ter muita confiança na pessoa (p.128, Caderno de
dados).
Beatriz comenta sobre a orientação da escola. “Eu não concordei, porque eles
tentaram abafar o caso e foi só isso. A escola não teve nenhuma ação.” (p.129, Caderno de
dados).
Beatriz explica como teve acesso as fotos. “Todos tiveram, essas fotos estavam no
celular de todos aqui do colégio.” (p.129, Caderno de dados).
Quem te passou as fotos?
Não lembro, mas acho que tinha um grupo na época, mas não era o “eterna
putaria” era outro grupo que não me lembro (P.129, Caderno de dados).
Eu avisei a Ingrid porque na época eu não falava com a Marisa, a gente nunca se
bateu. Mas nunca a critiquei, apenas disse que foi uma grande besteira o que elas
fizeram. E também eu não sabia da chantagem, só fiquei sabendo depois. Porque
as pessoas não querem saber o que realmente aconteceu, só queriam julgar e
criticar, não sabem o que elas sentiram (p.129, Caderno de dados).
Beatriz nos recorda que no momento em que as fotos surgiram ela se não teve
nenhum interesse em se aproximar da Marisa, por não serem amigas.
Embora eu não fosse amiga da Marisa, mas já cheguei sim dar forças a ela. A
gente não se dava, mas eu queria ajudá-la. Sempre me importei com as pessoas
(P.129, Caderno de dados).
fotos, tivemos acesso aos relatos sobre a discriminação e como elas se sentiram diante a
situação e a total falta de apoio da escola.
As próximas informações serão voltadas para o início da vida das jovens,
conheceremos o perfil dos pais das adolescentes, como chegaram à escola, como elas
conseguiram prosseguir com a discriminação e como elas lidam com os comentários hoje.
Claro, que não deixaremos de lado o assunto sobre a exposição e informações sobre a
pornografia de vingança.
64
Comecei a morar com meus avós com um dia de vida, meus pais são separados,
moraram juntos um ano, mas não deu certo. E desde esse dia que moro com os
meus avós. Porque meus pais entraram em discussão para quem ia me criar, aí
meus avós paternos disseram que quem ia criar eram eles porque tinham mais
condições (p. 07, Caderno de dados).
Ingrid não imagina como seria a sua vida se não fosse ao lado dos avós, a
adolescente afirma que a sua avó é uma “mãezona” e garante que sua progenitora não saberia
criá-la tão bem quanto a sua avó.
68
Os pais de Ingrid mantêm contato frequente, eles moram perto e sempre que
podem estão juntos para os lazeres nos finais de semana, atividades e reuniões escolares.
Ingrid não demonstra a falta em relação aos pais. O papel de mãe foi ocupado pela avó
materna.
Marisa é nascida em Potiretama, município cearense que faz divisa com o Rio
Grande do Norte. Um fato interessante é que sua mãe é vereadora na cidade, a adolescente
lembra que saiu da sua cidade de origem aos oito anos de idade, cujo principal motivo foi
devido à educação na cidade que estava defasada e não a proporcionaria o futuro profissional
que ela almejava. Além dessa justificativa, Marisa reclamava por não ter tido convívio com
crianças da sua faixa etária, ela estava sempre rodeada de adultos e políticos.
[...] Ela concordou, eu disse, pois mãe deixa que eu resolvo aí fui conversar com
minha tia. Ela disse que eu podia morar lá por um tempo por que a casa ia passar
por reformas e não ia dar para eu estudar muito bem, nisso a reforma foi
atrasando e morei dois anos na casa da minha tia. E nunca sai dessa escola desde
os dez anos que eu estudo aqui. Como a casa depois entrou em reforma e teve uma
69
confusão entre o meu tio e minha mãe, ele não queria mais que eu morasse lá, por
que ele não queria conviver com a minha mãe (p. 108, Caderno de dados).
Depois desse fato desencadeou uma grande briga familiar e a avó da Marisa,
revoltada com a situação acolheu a menina, na época ela tinha dez anos de idade e a partir de
então, a adolescente vive sob os cuidados dos avós.
Teve uma confusão, ele estava destruindo a casa, ele destruiu a casa toda para
depois reformar. Ela (a mãe) não entendeu porque era como se ele tivesse
destruindo a casa para me tirar dali. Minha mãe foi conversar com ele e ele não
gostou e disse que não queria que eu morasse mais lá. Minha avó ficou com ódio
dele, a família inteira ficou brigada com ele. Minha avó pediu para que eu ficasse
lá na casa dela, meu irmão já havia indo embora fazia um ano. Aí fui morar com
minha avó e moro com ela até hoje.
Para que pudéssemos entender um pouco da trajetória educacional das jovens, foi
relatado por elas como chegaram até a escola que estudam.
Eu disse para minha mãe que esse interior não é para mim, porque eu só tirava
dez e o ensino é muito fraco. Aí ela chorou, chorou, mas aceitou. Eu vim para cá
para estudar no Cônego passei na prova de lá, mas era para estudar a tarde e eu
não podia estudar à tarde. Minha prima estudava aqui, ela disse que não tinha
prova para entrar na escola e tinha turma pela manhã, e me matriculei. Desde do
sexto ano que estou aqui nessa escola (Marisa, p. 120, Caderno de dados)
Eu vim para cá por escolha do meu avô. Estudava no Batista, estudei só um ano,
toda escola eu passo só um ano, essa aqui já faz dois anos (Ingrid, p.120, Caderno
de dados)
Perguntamos a Ingrid os motivos que a faz trocar de escola todo ano. “Por que
gosto, gosto de pessoas novas e ambiente novo.” (p.120, Caderno de dados)
Ingrid relata que não pretende trocar de escola, mesmo depois da exposição,
mesmo com as pessoas criticando, apontando e falando mal dela, ainda sim, afirma gostar da
escola e das pessoas. Ao que parece, os avós de Ingrid também estão satisfeitos com a
metodologia desenvolvida pela escola, particular de grande referência na cidade de Fortaleza.
Marisa também comenta que gosta da escola, das pessoas e dos professores e acha
muito difícil se adaptar em outra escola.
Eu gosto, acho que não sairia daqui, por que é difícil se adaptar a outra escola, ao
ensino e as pessoas. E aqui eu já tenho meus amigos, conheço todos os professores
(p.120, Caderno de dados).
70
O positivo foi que não envolveram a nossa família e o negativo foi porque a gente
precisava muito e não podíamos recorrer a eles. Por exemplo, as pessoas falavam
da gente e não podíamos esperar nenhuma atitude da escola, porque eles achavam
que a culpa era nossa e que estávamos sofrendo as consequências (Marisa, p.121,
Caderno de dados).
Não. Porque eles não resolvem, eles acham que se o problema é nosso, nós temos
que resolver. O único problema que eles acham que deve assumir é ensinar e
pronto (Marisa, p.121, Caderno de dados).
As jovens dizem não sentir confiança na gestão da escola, por acreditarem que
eles não são solícitos as necessidades dos seus alunos. Pergunta-lhes então, se confiam nos
pais para desabafar sobre algum problema que as aflige.
Eu confio, mas minha mãe não sabe de nenhum segredo meu, pois é autoritária, é
antiga. Eu não posso ficar com nenhum menino, minha mãe faz um inferno da
minha vida e a do menino e o meu pai ajuda (Marisa, p.121, Caderno de dados).
Minha avó e meu avô também são autoritários, então não conto nada para eles.
Minha avó implica no comecinho, mas meu avô não é totalmente liberal (Ingrid,
p.121, Caderno de dados).
Buscamos saber a quem elas recorrem para desabafar. “A gente (apontando para
Bárbara) e os amigos. Isso é coisa de jovem.” (Marisa, p.121, Caderno de dados).
Eu procuro sempre ter muito cuidado, não me manifesto muito em grupos, é tanto
que a maioria me remove por eu não participar. E só falo com amigos e
conhecidos. E quando tenho algum paquera eu falo, mas meço muito o que falo
(Marisa, p.20, Caderno de dados).
Eu utilizo normal, mas com muito cuidado (Ingrid, p.122, Caderno de dados).
Procuramos entender se houve algum tipo de projeto, palestras ou outra ação que
tenha por intenção alertar aos alunos dos riscos que as redes sociais podem trazer, as alunas
71
garantem que a escola não teve nenhuma preocupação em orientar. Gestão e professores se
mostraram alheios diante a problemática. Ou seja, casos como esse poderiam acontecer
novamente e aconteceu como a Ingrid comenta:
Teve um outro caso que foi esse ano. A menina passou a foto para um menino e
saiu circulando no WhatsApp (p.122, Caderno de dados).
Você olha essa escola e diz que é uma das melhores de Fortaleza, mas quando
você está dentro, ver as diversas falhas, é desorganizado. O coordenador é uma
ótima pessoa, mas o antigo coordenador era muito mais atencioso e reconfortante
do que o atual coordenador. A diretora é a pior (Marisa, p.122, Caderno de
dados).
Minhas médias eram nove e meio, oito e meio, se eu tirasse um sete, eu chorava
igual uma louca. Era sempre dez. Depois das fotos era cinco ou cinco e meio,
quatro (Marisa, P. 123, Caderno de dados).
Vejamos o histórico escolar da Marisa no ano de 2013, ano esse que Marisa diz
ter sido o mais difícil da sua vida devido as exposições que sofreu. Marisa conta que foi
complicado manter as notas boas que ela vinha trazendo ao longo dos anos. Devido ao abalo
emocional Marisa não conseguia se concentrar nos estudos. No ano de 2014, um ano após o
acontecido, Marisa afirma não ter se recuperado completamente “Esse ano ainda dei uma
caída, porque ainda não tinha me recuperado bem, mas depois do meio do ano eu melhorei
muito” (P. 123, Caderno de dados).
72
Ingrid também comenta que suas notas pioraram depois da exposição da foto, que
não conseguia estudar, pois as críticas e discriminação sempre a desestruturava. Além disso,
Ingrid passou por momentos complicados na família.
Nunca fui de tirar muito dez, mas era acima da média e depois das fotos era tudo
nota baixa, difícil eu tirar um sete, eu não tinha cabeça para me concentrar. Esse
ano eu tentei, mas passei por uns momentos difíceis na família, na primeira
semana de aula eu faltei muito. Primeiro foi a morte do meu primo no começo do
ano e agora recentemente foi a internação da minha avó (P. 123, Caderno de
dados).
73
Marisa caiu muito, depois disso ela caiu muito. A Ingrid não, sempre foi
fraquinha, mas a Marisa teve uma queda considerável. Ela é uma excelente
aluna, mas esse ano ela vai ficar de recuperação e no ano passado ela
também ficou (p.130, Caderno de dados).
Lucíola conta sobre a reação dos demais alunos em relação às fotos. “Eles
comentaram muito, mas acabou rápido, pensei que a repercussão seria maior.” (p.130,
Caderno de dados).
Investigamos se houve alguma punição aos alunos responsáveis pela divulgação
das imagens? “Assim, um deles saiu da escola, na verdade, ele não foi expulso, mas ele saiu
da escola.” (p.130, Caderno de dados).
Lucíola, o que você sentiu na quando as fotos foram divulgadas?
Eu fiquei tão chateada, por que a Marisa é muito querida, como ela é do mesmo
interior que a minha mãe, eu fiquei chocada por ter sido ela. Tem alunos que você
até espera certos comportamentos, mas a Marisa nunca esperei e fiquei morrendo
de pena dela sem poder fazer nada (p.131, Caderno de dados).
Pedimos a Lucíola que nos relatasse sobre a intervenção da direção da escola “Eu
sei que a diretora chamou as meninas para conversar.” (p.131, Caderno de dados).
Pesquisamos se os professores tiveram a preocupação em avisar a coordenação.
Depende muito, quando a situação acontece fora da escola a gente tenta orientar
os pais, porque geralmente esse tipo de situação não acontece na escola (p.132,
Caderno de dados).
A gente tenta ajudar, chamamos para conversar, quando a gente sabe que os
outros estão repassando as fotos, nós pedimos para apagar só que a gente não
pode obrigar e nem teremos a certeza se eles realmente apagaram. Alertamos a
família do adolescente que passou por aquela situação, mas muitas vezes eles não
conseguem, permanecer na escola, principalmente se for uma foto muito
comprometedora, uma exposição muito grande. Mas eu já vivenciei isso em várias
escolas, desde a época do Orkut. Geralmente fotos como essas não ficam presas
apenas a uma instituição, o aluno tira foto aqui essa mesma foto chega a outras
escolas. Eu vivenciei em outra escola, um casal que tinha feito um vídeo fora da
escola e foi parar naqueles sites de pornografia internacional. Então assim, é
realmente uma atitude muito impensada deles, eles não avaliam a gravidade da
situação e depois que entra na rede é difícil tirar. O papel da escola é conversar
com os pais porque muitas vezes eles não ficam sabendo, mas a gente chama,
orienta, alerta e diz o que pode ser feito. Mas se a vida social do aluno é
comprometida geralmente eles saem da escola. Mas acontece de eles chegarem em
outra escola e aquela história ser resgatada (P.132, Caderno de dados).
Gil (2014), define questionário como uma técnica de investigação composta por
um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações
sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações,
temores, comportamento presente ou passado.
Os questionários, na maioria das vezes, são propostos por escrito aos
respondentes. Costumam, nesse caso, ser designados como questionários auto aplicados.
Construir um questionário consiste basicamente em traduzir objetivos da pesquisa em
questões específicas. As respostas a essas questões que irão proporcionar os dados requeridos
para descrever as características da população pesquisada ou testar as hipóteses que foram
construídas durante o planejamento da pesquisa. Gil (2014), considera que, a construção de
um questionário precisa ser reconhecida como um procedimento técnico cuja elaboração
requer uma série de cuidados, tais como: constatação de sua eficácia para a verificação dos
objetivos, determinação da forma de conceito e do conteúdo das questões, quantidade e
ordenação das questões, construção das alternativas, apresentação do questionário e pré-teste
do questionário.
Para a referida pesquisa foram aplicados quarenta e quatro questionários com os
alunos do 3° ano do Ensino Médio de uma escola particular em Fortaleza, além dos alunos,
quatro professores de áreas distintas e um representante da direção da escola também
responderam as questões. Os questionários são diferentes para cada categoria, as perguntas
eram direcionadas aos alunos de forma a coletar dados sobre o conhecimento do tema
pornografia de vingança ou de alguém próximo a eles que tenha passado por esta situação.
Para os professores as perguntas eram voltadas para situações de exposição que tenha
ocorrido durante sua docência e para o representante da direção era compreender o papel da
escola diante de exibições pornográficas envolvendo alunos. É importante lembrar, que a
escola no qual se realizou a aplicação do questionário não é a mesma da qual fizemos as
entrevistas com as duas jovens vítimas da pornografia de vingança.
A intenção do questionário é compreender aspectos relacionados aos jovens e a
pornografia de vingança, além das principais formas de acesso à Internet e as redes sócias e
/ou aplicativos mais utilizados por eles. Cada questionário foi codificado, desta forma, para os
alunos o código é “Questionário 001 – A”, como são quarenta e quatro alunos cada
questionário recebeu um indicador, por exemplo, “A” de aluno mais o código contabilizando
77
Na questão de número quatro, observa-se a rede social mais usada pelos alunos da
escola. É importante lembrar que os alunos podiam marcar mais de uma opção.
O número de alunos que utiliza o Facebook é de (77%), o WhatsApp é (93%),
Nenhum aluno marcou a rede social Tinder, Skype é (9%), a rede Badoo apenas um aluno
marcou correspondendo a (2%), o Twitter forma (13%), o Youtube a rede social que agrega
vídeos corresponde a (65%) e por fim o Instagram contabilizou (63%).
80
alunos citam a pornografia como divulgação de vídeos íntimos por vingança e a outra parte
concebem o termo como divulgação de fotos íntimas nas redes sociais. É importante perceber
que três alunos, apenas, tem a consciência de que a pornografia de vingança seja crime.
Outros ainda percebem a o conceito como divulgação de fotos íntimas sem o consentimento.
E apenas um diz que nunca ouviu o termo antes, embora deixe claro em outras respostas que
já vi e ouviu algum caso que retrate a pornografia de vingança.
Questão de identificação
A quadro oito, prever esclarecer qual a rede social ou aplicativos mais utilizados
pelos professores, o Facebook , o WhatsApp e Youtube, são os mais citados entre eles Entre
quatro professores, três faz uso do Facebook, constando setenta e cinco por cento (75%). O
WhatsApp também é citado entre os três docentes, contabilizando também a porcentagem de
setenta e cinco por cento (75%). E o Youtube foi citado entre dois professores mantendo a
frequência de cinquenta por cento (50%). As demais redes sociais não foram citadas.
Professor Faccebook WhatsApp Tinder Skype Badoo Twitter Youtube Instagram Ask.m
A001 X X
A002 X X
A003 X X
A004 X X
Fonte. Dados da pesquisa (2015).
A última categoria está relacionada com rendimento escolar das vítimas que
sofrem a pornografia de vingança, todos os professores concordaram que jovens tenha queda
no rendimento escolar quando vítimas da pornografia de vingança, pois há um
comprometimento social, emocional, psicológico.
Neste quadro, é possível notar a funcionário utiliza apenas o celular para acessar a
internet, nenhum outro item foi citado.
Sim Não
X
Fonte. Dados da pesquisa (2015).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
idosas e tradicionais de acordo com os relatos delas. Mesmo com essa posição da escola, elas
garantem que não confiam na gestão da escola, essa falta de confiança se deu pelo fato da
escola não ter tido uma posição enérgica a favor delas. E por acreditarem que a escola não
levou em consideração os seus anseios.
Ouviu-se também a coordenação da escola onde nos deparamos com algumas
contradições, a auxiliar de coordenação da escola disse que, as jovens tiveram total apoio, que
tentaram ampará-las e repudiou qualquer atitude discriminatória, a auxiliar relatou que as
jovens tiveram acompanhamento da psicóloga da escola, no qual elas não confirmam essa
informação.
Não houve punição aos envolvidos, nem pela escola nem pela lei, fato esse que
incomodam as jovens, porque elas queriam que os garotos tivessem sido expulsos. Importa
esclarecer que a pesquisa não tem a intenção de questionar a posição da escola, mas não se
omitiu as divergências.
Sobre a aplicação dos questionários podemos perceber que a maioria dos alunos
conhecia a prática, da pornografia de vingança e desconheciam esse termo, muitos deles
relataram fatos ocorrido com algum conhecido bem como, já receberam algum conteúdo
pornográfico caracterizado por pornografia de vingança. Essa quantidade de alunos que
recebem os mais diversos materiais de pornografia se dá pela maioria ter acesso a pelo menos
duas redes sociais, dentre elas está o Facebook e o WhatsApp que constam (72%) dos alunos.
91
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CADERNO DE DADOS
Fortaleza/CE
2015
96
CONTEXTUALIZAÇÃO
A entrevista foi realizada com duas adolescentes cujos nomes são pseudônimos
criados por elas mesmas, Ingrid tem quatorze anos e Marisa dezesseis. No ano de 2013 as
jovens passaram por uma situação bastante constrangedora, elas tiveram fotos seminuas
divulgadas pelo aplicativo de mensagem instantânea, o whatsApp. As imagens percorreram
por diversos celulares dos alunos da escola onde elas estudavam. A entrevista tem como
objetivo entender como as fotos foram divulgadas, porque as jovens mandaram as imagens,
que sentimentos prevaleceram naquele momento, qual foi a intervenção da escola e como hoje
elas lidam com a situação.
A entrevista acontece sempre no mesmo horário por decisão delas, pois se
sentiram mais seguras uma estar do lado da outra, o que facilitou, pois elas iam se
complementando, não havendo espaço para contradições de informações.
Ingrid: não manda as fotos. Mas não disse o motivo, só disse para não mandar.
Pesquisadora: Mesmo assim vocês mandaram. E aí? Com quanto tempo essas fotos foram
divulgadas?
Marisa: a gente mandou em maio e foi divulgada em agosto, uns quatro meses depois.
Pesquisadora: uns quatro meses depois né. E foi divulgada aqui na escola?
Marisa: Foi, foi aqui.
Pesquisadora: E aí e os comentários sobre essas fotos?
Marisa: Assim, o pessoal olhou estranho, mas ninguém ficou comentando, ninguém chegou
pra gente e esculhambar, chegaram no meu ASK na época que o pessoal tinha
O Ask, me xingavam de tudo que é nome, sendo que eu não respondi, mas chegar para mim e
falar alguma coisa ruim de mim, ah você é tal coisa ninguém chegou
Pesquisadora: também (me referindo a Ingrid)
Marisa: Até hoje quando a gente passa o povo olha estranho. Algumas pessoas tem receio de
chegar perto e já perdi amigos esse ano por causa disso.
Pesquisadora: exclusão social.
Pesquisadora: E se vocês não tivessem mandado as fotos, o que aconteceria?
Ingrid: Com certeza se não tivéssemos mandado, o Simon romperia com a gente, porque ele
faz tudo que o Severiano quer. Ele parece não ter personalidade, o Severiano dizia o que ele
tinha que fazer.
Marisa: Já perdi amigo esse ano, os novato chegaram, ai eu virei amiga, tu lembra? (olhando
para Barbara). Eu era muita amiga do carinha e ele se afastou.
Pesquisadora: Sério?
Marisa: Ele se afastou do nada, a gente era muito amigo mesmo.
Pesquisadora: o que vocês sentiram com essas fotos foram divulgadas, por que foi na mesma
época ne que as duas foram divulgadas.
Ingrid: Não foi só da gente, foi de mais meninas, mas elas saíram do colégio, e uma daqui
sendo que era a namorada do menino popular, ninguém falou nada.
Marisa: quando a gente soube disso ai, a gente correu para o banheiro chora lá, chorar lá no
chão, as duas no chão.
Pesquisadora: Imagino a decepção que vocês sofreram.
Marisa: ela que chegou para me falar, eu cai no chão, eu não aguentei, fiquei sem acreditar,
por que a gente acha que isso vai acontecer com todo mundo menos com a gente.
Pesquisadora: E vocês pensaram em sair da escola? Depois que tudo isso veio a tona.
99
Marisa: Eu cheguei a pensar, só que se eu saísse era a mesma coisa de dizer, ah ela é fraca,
ela não é capaz de vir aqui levantar a cabeça e seguir em frente.
Ingrid: Eu pensei em sair, só não sai por causa dela, não, não sai não, porque se tu sair você
está sendo besta, tu vai tá se rebaixando a eles.
Pesquisadora: Vocês souberam lidar com os comentários das pessoas? Vocês percebiam
como a Marisa falou, as pessoas comentavam vocês sentiam que elas olhavam estranho para
vocês, como vocês se sentiam nesse momento?
Marisa: Assim, eu fui forte, apesar de eu não ser muito forte, mas consegui, não demonstrar
que eu estava me importando muito com essas coisas, mas quando eu chegava em casa a ficha
caía, muitas vezes passei dia e noite chorando por causa disso. É uma sensação horrível você
ter você ali divulgada, para todo mundo ver o teu corpo.
Pesquisadora: Agora assim, eu achei muito interessante o papel da escola por não ter avisado
aos avós de vocês. E aí o que vocês acharam? Gostaram?
Ingrid: Ouuu (Expressão de alegria)
Marisa: Se tivesse avisado a minha família, hoje minha vida seria totalmente diferente agora.
Por que primeiro meus pais me tirariam da escola, eles ficariam muito decepcionados comigo
minha família toda na verdade, fora que minha avó é doente, se ela soubesse disso, eu moro
com ela, ela é muito apegada a mim, era capaz dela sentir algo muito ruim e meu avô tava no
hospital na época e ele chegou a falecer em outubro. Com certeza iam comentar algo com ele.
Eu fiquei mais desesperada mais por causa disso. Quando a Rita chamou a gente...
Pesquisadora: Quem é a Rita?
Marisa: É a diretora e a dona do colégio, ela chamou a gente para conversar...
Pesquisadora: Então ela soube do caso?
Marisa: Todo mundo soube, a Rita chegou achando que fosse a gente que tinha espalhado a
foto para o colégio inteiro. E dissemos que não foi bem assim, que a gente tinha mandado pro
Severiano, mas ele foi logo se saindo a culpa não é minha e o Matheus Santos também, mas
depois que eles saíram, ela começou a falar bem serio aí o Severiano não a culpa foi
realmente minha (Barbara complementa)
Pesquisadora: Ele saiu da escola por causa desse acontecimento?
Marisa: Não, ele saiu por que repetiu de ano... E eu estava muito preocupada com a minha
família, eu tava chorando por causa deles e não por que era fresca. Aí ela não ligou, chorei
muito
Pesquisadora: hoje superaram?
100
Marisa: Mais ou menos. Por que é muito ruim se a gente for pra outra escola, por que
sabemos que não seremos inclusas em nenhum grupo por causa disso e também por que as
pessoas te olham com um olhar de julgamento, ou então olha e se vira.
Pesquisadora: Engraçado que ninguém criticou a atitude dele, mas vocês...
Marisa: Ele foi tido como “o cara”, mas a gente foi chamada de tudo que é nome, até hoje um
ou outro fala.
Pesquisadora: Pelas fotos terem sido compartilhadas pelo whatsApp então muitas pessoas
tiveram acesso
Marisa: e criaram um grupo no facebook também
Pesquisadora: Para divulgar as fotos de vocês?
Marisa: Sim, no Whatsapp era putaria eterna e no facebook também era o mesmo nome.
Pesquisadora: Ai eles não divulgaram não só as fotos de vocês, mas de todas as meninas.
Pesquisadora: Gostaria de entender o começo da vida de vocês, porque moram com os avós?
Ingrid: Comecei a morar com meus avós com oito dias de vida, meus pais são separados,
moraram juntos um ano, mas não deu certo. E desde esse dia que moro com os meus avós.
Pesquisadora: Porque? Sua mãe não pode te criar?
Ingrid: Porque meus pais entraram em discussão para quem ia me criar, aí meus avós
paternos disseram que quem ia criar eram eles porque tinham mais condições.
Pesquisadora: Seus pais te visitam?
Ingrid: Meu pai quase toda semana tá lá em casa e todo final de semana vou para casa da
minha mãe.
Pesquisadora: Eles moram no interior?
Ingrid: Não, eles moram aqui em Fortaleza.
Pesquisadora: Ah, então fica mais fácil o contato de vocês ne.
Ingrid: sim
Pesquisadora: Sua avó é uma mãezona?
Ingrid: Com certeza
Marisa: Acho que avó dela cuida mais dela do que a mãe, tem bem mais atenção.
Pesquisadora: Você não queria que fosse de outra forma, morar com os pais, por exemplo?
101
Minha avó pediu para que eu ficasse la na casa dela, meu irmão já havia indo embora fazia
um ano. Aí fui morar com minha avó e moro com ela até hoje.
Pesquisadora: Com quantos anos você foi morar com sua avó?
Marisa: Uns doze anos, fui morar com ela no oitavo ano.
Pesquisadora: Ela mora aqui pertinho?
Marisa: Mora, mora na cidade dos funcionários.
Pesquisadora: Voltando ao assunto da exposição, quem foi que deu apoio a vocês?
Ingrid: A gente, nós duas, uma dava apoio a outra. Por que todo mundo se afastou da gente,
quem era amigo da gente, nesse momento vimos que não era, por que demorou um tempo
para gente voltar a andar com o pessoal.
Pesquisadora: Você não podiam contar com ninguém, a não ser com vocês mesmas, por que
a família de vocês não foram avisadas sobre o acontecido.
Marisa: E até porque ia ser bem pior, eles (família) não ia apoiar a gente
Pesquisadora: Eu entendo perfeitamente a atitude da escola, claro que se fosse eu, se eu
tivesse uma filha que tivesse passado por isso eu ia querer saber, mas no caso da situação de
vocês, uma com avô doente e a outra com avós conservadores, com certeza não iam aceitar e
a situação ia ficar muito pior. Por que pelo que vocês relatam foi um constrangimento muito
grande.
Marisa: Até hoje
Pesquisadora: Sobre aquele grupo do WhatsApp “putaria eterna” vocês fizeram parte dele?
Marisa: Eu nem tinha whatsApp nessa época
Ingrid: Eu fiz parte, mas me tiraram...eu entrei e dez minutos depois eu sai.
Pesquisadora: Te tiraram?
Ingrid: foi
Pesquisadora: Você chegou a ver alguma coisa tua nesse grupo?
Ingrid: Não, nem minha e nem dela (Marisa), vi de outras meninas
Pesquisadora: Aquelas que estudavam aqui?
Ingrid: Era...as meninas saíram daqui só uma que o namorado dela era o topzinho aqui do
colégio que ninguém falou nada e até hoje ela age naturalmente.
Pesquisadora: Mas quem foi que jogou as fotos dela no grupo?
Ingrid: O namorado dela
Pesquisadora: Vocês sabem que essa prática é crime?
Marisa: Eu sei e eu disse para o menino que expôs minha foto que era crime
103
Marisa: Outro dia o Matheus Santos estava “frescando” com a minha cara, foi um dos que
divulgaram as fotos
Pesquisadora: Ele ainda estuda aqui?
Marisa: Estuda, ele é do 2º ano B
Pesquisadora: Será que eu consigo falar com ele?
Marisa: Acho que sim
Ingrid: Mas ele vai dizer que é mentira
Marisa: Mas todo mundo sabe que foi ele. Nessa parte o menino (Severiano) não mentiu, foi
ele quem pegou as fotos e saiu passando para todo mundo.
Pesquisadora: Severiano que jogou as fotos na web e o Matheus saiu compartilhando?
Ingrid: Severiano tinha as fotos, o Guilherne carioca pegou as fotos que estava com
Severiano passou pro Matheus Santos que saiu espalhando para o colégio.
Pesquisadora: Ah então foi o Matheus Santos que espalhou...Ele pegou a foto...
Ingrid: De um menino que já tinha pegue do Severiano
Pesquisadora: E eu achando que a culpa era toda do Severiano
Marisa: Não, nem toda!
Pesquisadora: Então ele (Severiano) tinha as fotos, mas não divulgou
Marisa: Mesmo a gente dizendo para ele apagar, ele manteve a foto no celular dele como se
fosse uma foto normal dele.
Pesquisadora: Mas será que ele não divulgou a foto no grupo do putaria eterna?
Ingrid: Não, ele nem estava no grupo. Porque quando isso aconteceu e a Rita veio falar com a
gente, ele meio que apoiou a gente, ligou para gente falando que ele ia mandar apagar todas as
fotos, que a gente não se preocupasse que ele ia resolver tudo isso.
Marisa: Sendo que eu odeio ele, não acredito nas coisas que ele fala.
Ingrid: Quem acredita?
Pesquisadora: Você passou a odiá-lo depois que ele pediu as fotos?
Marisa: Antes, nunca gostei dele. Eu passava por ele eu tinha vontade de...(Ela não termina).
Pesquisadora: Mas porque você passou as fotos para ele?
Marisa: Por causa do Simon.
Ingrid: Porque se a gente não mandasse a foto o Simon nunca mais olhar na nossa cara.
Marisa: Porque o Simon era capacho do Severiano.
Ingrid: Se o Severiano dissesse: Você não pode olhar pro lado, o Simon não olhava.
Marisa: Era.
105
Ingrid: A gente estava andando pela quadra, os meninos pararam de jogar futebol, outros
pararam de jogar basquete, parou de jogar tudo. Todo mundo parou de fazer o que estava
fazendo para ver a gente passeando juntas. estava tudo bem e depois de uma semana, as fotos
aparecem.
Marisa: O Severiano e o Simon estavam jogando basquete, e o Severiano falou: Orra Simon,
orra Simon, orra Simon. Cuidado que elas estão juntas. Por que sabiam que vinha bomba.
Pesquisadora: Depois que vocês se uniram, foi que souberam que ele ficava com as duas?
Marisa: Foi, mas eu já não gostava mais dele desde as férias
Pesquisadora: Você ficou muito tempo com ele Thaiza?
Marisa: Seis meses
Pesquisadora: E você Bárbara?
Ingrid: Seis meses também
Marisa: Tem uma cadeira lá na minha sala de provas que é a que eu sento que tem Simon
destruidor de “pepecas”
Ingrid: Tem cadeira que tá escrito Simon e Thaíza, Simon e Babi, e todas as meninas que ele
já pegou
Pesquisadora: Nas mesas da sala?
Marisa: É nas mesas
Pesquisadora: Essa citação “Simon destruidor de pepecas” foi por causa de vocês?
Marisa: Foi pela gente...
Pesquisadora: E vocês já souberam que ele ficou com outras garotas ficando com vocês
Ingrid: Já...ele ficou com outras meninas de outras escolas. Ele no começo namorava uma
menina e ele traía ela com a melhor amiga dela.
Pesquisadora: Ele deve ser um gato?
Ingrid: Não mesmo.
Marisa: Mulher, ele é horroroso (risos). É pelas coisas que ele fala, tem um bom papo. Por
que já iludiu várias meninas.
Pesquisadora: Vocês devem ter ficado muito mal por saberem que ele enganava as duas.
Marisa: Eu não estava nem mais aí para ele, não gostava mais.
Pesquisadora: Ah, quando vocês souberam, já não estavam mais interessadas nele?
Marisa: Não queria nem mais olhar na cara dele, ele me mandava mensagens dizendo que
queria ser meu amigo eu nem respondia.
107
Ingrid: Eu estava dormindo, era uma hora da manhã, ele me ligava. Eu atendia e dizia, Simon
pelo amor de Deus, faz um favor para mim, me deixa dormir, amanha de manha se você
quiser me ligar, você me liga. Ele dizia: Preciso falar contigo, estou com saudades, e eu disse:
ah vai procurar a Marisa e ele disse: ela não atende.
Ingrid: Eu sempre desligava o telefone por que sabia que ele ia ligar, quando eu ligava era
ligação, mensagem dele. Quando ele passava pela gente o colégio ficava rindo.
Marisa: O Severiano quando soube que nós soubemos que as fotos foram divulgadas, ele
mandou o Simon falar com a gente, para tentar acalmar a gente para não fazermos nada com
ele.
Ingrid: No dia que a gente soube, a gente estava no banheiro, muita gente no banheiro, todo
mundo chorando, mas ninguém dizia o por quê. Aí o Severiano pega e manda mensagem para
o telefone da Marisa, por que ele não tinha o meu. Marisa não faz nada, fica quieta que eu vou
resolver isso. Aí Marisa pega e liga para ele quem atente é o Simon. Ele diz Marisa fica calma
que eu vou resolver isso. E depois vai ser como se nada tivesse acontecido.
Pesquisadora: Ou seja, ele queria proteger o amigo.
Marisa: Na verdade foi o Severiano que mandou o Simon falar com a gente. Como se o
Simon tivesse controle sobre a gente.
Ingrid: Quanto mais ele mandava a gente se acalmar mais a situação piorava.
Marisa: A gente se olhava e começava a chorar, por que todo mundo já sabia, passavam pela
gente olhavam e saíam
Ingrid: Quando eu soube das fotos foi bem no feriado, tinha feriado na quarta, quinta, sexta e
segunda, eu soube na segunda, porque eu ficava o dia inteiro por causa do vôlei, passei a terça
feira calma, não falei nada para ela, na quarta eu contei. Marisa é o seguinte, as fotos, ela não
tinha me contado que tinha mandado essas fotos. Eu sei que você enviou as fotos para o
Severiano e as nossas fotos esta saindo no colégio todinho.
Marisa: Eu também não sabia que ela tinha enviado.
Ingrid: A Marisa perguntou que fotos, as fotos que enviamos para o Severiano como todas as
meninas que enviaram. Aí pronto, foi lágrimas e lágrimas. No feriado passei a quinta toda
dormindo e desliguei o telefone, quando acordei era o Severiano e o Simon me ligando
perguntando se tinha acontecido alguma coisa. Eu disse que só estava dormindo.
Marisa: Como tu conseguiu dormir?
Ingrid: Eu chorei tanto que dormi
108
Pesquisadora: Percebo que a Bárbara conseguiu levar melhor a situação do que a Marisa,
parece-me que a Marisa é mais emocional e a Ingrid é mais racional.
Ingrid Mais é porque chorei tanto que dormi. Aí duas horas depois ela me liga dizendo que as
fotos não estão sendo divulgadas. Ela (Marisa) diz que ficou mais de uma hora conversando
com o Severiano, que ele ia descobrir quem tinha divulgado as fotos.
Marisa: Sendo que tudo era mentira.
Ingrid: O Simon liga para ela e pra mim.
Marisa: Ele liga só para dizer “eu avisei”. Como se isso fosse melhorar a minha situação
Pesquisadora: Deu um sermão
Ingrid: foi
Pesquisadora: Eu não consigo imaginar a dor de vocês
Marisa: Eu era muito mais emotiva, hoje estou mais forte, não consigo gostar de ninguém,
não confio em mais ninguém, não consigo me apaixonar por mais ninguém, eu tenho um
bloqueio. Eu estou namorando agora, mas eu não gosto realmente do menino.
Pesquisadora: Seu namorado sabe do acontecido?
Marisa: Não, ele não sabe. Mas se ele soubesse, ele é muito compreensivo, ele não gosta de
briga, ele entende quando você fala, não gosta de discutir. A gente nunca brigou, e estamos
juntos desde o carnaval.
Pesquisadora: E você Ingrid está namorando?
Ingrid: sim
Pesquisadora: Ele da escola?
Ingrid: Não
Pesquisadora: Ele também não sabe das fotos?
Ingrid: Sabe
Pesquisadora: Foi você que contou?
Ingrid: Não. No começo do namoro ele tinha perguntado, eu tive uma discussão com a Laís
ela contou para ele, mostrou a foto. Só que ele não ligou, aí o ex namorado da Laís me liga
dizendo que ela estava com a tua foto e da Marisa.
Pesquisadora: gostaria de saber se esse assunto das fotos ainda incomodam vocês hoje?
109
Marisa: A mim ainda incomoda muito, acordo todo dia e me lembro disso e antes de dormir
também, é um peso que vou levar para o resto da vida.
Pesquisadora: E vem também aquele sentimento de raiva?
Marisa: Para mim é um sentimento de mágoa, as pessoas me olhando de mal jeito, a maneira
que elas reagem quando sabem disso ainda.
Pesquisadora: Algumas pessoas ainda tem essas fotos?
Marisa: Acho que tem
Pesquisadora: Essas fotos ainda são circuladas?
Marisa: A Ingrid recebeu uma mensagem dizendo que essas fotos estavam sendo circuladas
Pesquisadora: Como foi?
Ingrid: um ex-namorado de uma ex-amiga, ele me disse que a Laís estava passando as fotos.
Marisa: A Laís conseguiu com a Clara, que também teve fotos divulgadas, ela manda as fotos
de todas as meninas menos a dela.
Pesquisadora: Mesmo depois de um ano vocês ainda recebem críticas?
Marisa: Não, crítica não, não diretamente, as pessoas não tem coragem de dizer na cara,
falam “nas costas” e a gente percebe.
Pesquisadora: Então até hoje vocês ainda sentem uma certa hostilidade?
Marisa: Muito
Pesquisadora: Que experiências vocês tiram após o ocorrido das fotos?
Marisa: Eu amadureci completamente, me tornei outra pessoa bem diferente do passado. Eu
chorava por tudo.
Pesquisadora: Eu percebo que quando eu toco nesse assunto da exposição, eu sinto que te
incomoda Marisa, a Bárbara não, acho que ela consegue levar melhor a situação.
Marisa: A minha ferida foi maior que a dela.
Pesquisadora: Foi o mesmo estilo de foto?
Marisa: Acho que a minha foi pior que a dela
Pesquisadora: Porque?
Marisa: Porque a Bárbara foi só os seios, e eu não, foi a parte superior inteira. E não estava
escura.
Pesquisadora: Nessa época quem era o coordenador?
Ingrid: É Edvaldo
Marisa: A Rita a diretora até achou que a gente tinha espalhado pro colégio inteiro as nossas
fotos.
Pesquisadora: Ela sabe do ocorrido então?
Ingrid: Sabe
Pesquisadora: Preciso conversar com a Rita, para ver quais foram as atitudes, perguntar
porque ela não teve esse acolhimento com vocês.
Marisa: Eu acho bom não conversar com ela.
Pesquisadora: Porque?
Ingrid: Porque ela vai dizer outra coisa diferente
Marisa: Ou então ela vai querer ligar para os nossos pais. A gente não confia nela.
Pesquisadora: Mas ela não contou na época
Marisa: Porque pedi muito e chorei muito para ela não contar. Praticamente implorei, porque
se ela tivesse contado eu estaria morando em baixo da ponte.
Pesquisadora: Mas mesmo depois de tanto tempo, acha que ela vai remoer o passado
Marisa: A Rita é muito antiquada
Pesquisadora: E o Edvaldo que foi o coordenador na época é mais acessível?
Marisa: Com certeza, bem mais acessível. E até porque a Rita não teve nenhuma posição
sobre o assunto.
Ingrid: Ela só teve a posição de chamar a gente, perguntar o que aconteceu e pronto.
Perguntou se a gente é louca, por ter feito isso.
Pesquisadora: Ela (Rita) chegou a ver as fotos?
Ingrid: Não sabemos, mas acho que não.
Pesquisadora: E como foi que ela ficou sabendo?
112
Ingrid: Teve sim, e foi esse ano. A menina passou a foto para um menino e saiu circulando
no WhatsApp.
Marisa: Você olha essa escola e diz que é uma das melhores de Fortaleza, mas quando você
está dentro, ver as diversas falhas, é desorganizado. O coordenador é uma ótima pessoas, mas
o antigo coordenador era muito mais atencioso e reconfortante do que o atual coordenador. A
diretora é a pior.
Pesquisadora: E na família, eles chegaram a alertar?
Marisa: Minha avó já
Ingrid: quando eu passo o dia todo no whatsApp, ela fala, “menina toma cuidado com isso
aí”.
Pesquisadora: Eu queria saber como é a personalidade dos pais e avós de vocês?
Ingrid: Meu pai é tranquilo, exige que eu tire notas boas. Já meu avô cobra, mas não “pega
no meu pé”. E meu pai pega, só que eu mal tenho contato com ele porque não me dou com a
mulher dele. Dependendo da situação minha mãe é calma, também exige muito que eu estude,
porque como não é ela e nem meu pai que pagam é meu avô, então ela manda eu dar valor.
Pesquisadora: Quantos anos têm teus avós?
Ingrid: Minha avó tem cinquenta e cinco anos e meu avô sessenta anos
Marisa: Minha mãe é autoritária, meu pai conservador. E também me cobram demais nos
estudos e minha avó é outra que passa o dia inteiro me perturbando. Minha família inteira é
assim autoritária e conservadora, ninguém escapa. De vez em quando eu me abro com a
minha tia, que é mais acessível e não é sempre.
Pesquisadora: Sua avó é tranquila, só mora vocês duas?
Marisa: É só nó duas, minha avó briga demais, se eu não fizer algo como ela quer é a gritaria
na casa, parece que o mundo vais acabar
Pesquisadora: Quantos anos tem sua avó?
Marisa: sessenta e sete anos
Pesquisadora: Pretende daqui a alguns anos sair da casa dela?
Marisa: Pretendo, mas não ao mesmo tempo eu sinto porque ela é sozinha e não tem ninguém
para morar com ela, mas eu acho que quando eu terminar a faculdade eu não vou aguentar,
por que já estou a quatro anos com ela e “Ave Maria” eu só falto enlouquecer, não tem
ninguém que aguente não.
Pesquisadora: Como era o rendimento escolar de vocês antes e depois da divulgação das
fotos?
116
Ingrid: Demais
Marisa: Minhas médias eram nove e meio, oito e meio, se eu tirasse um sete, eu chorava
igual uma louca. Era sempre dez. Depois das fotos era cinco, cinco e meio, quatro.
Pesquisadora: E hoje melhorou?
Marisa: Esse ano ainda dei uma caída, porque ainda não tinha me recuperado bem, mas
depois do meio do ano eu melhorei muito.
Ingrid: Nunca fui de tirar muito dez, mas era acima da média e depois das fotos era tudo nota
baixa, difícil eu tirar um sete, eu não tinha cabeça para me concentrar. Esse ano eu tentei, mas
passei por uns momentos difíceis na família, na primeira semana de aula eu faltei muito.
Pesquisadora: Que tipos de problemas familiares você enfrentou?
Ingrid: A morte do meu primo no começo do ano e agora recentemente foi a internação da
minha avó.
Pesquisadora: Mora só você e ela?
Ingrid: Mora eu, ela e meu avô
Pesquisadora: O que vocês gostam de fazer quando estão em casa?
Ingrid: Eu gosto de sair com meus amigos
Marisa: Eu não gosto muito de sair, mas amo ir na casa dos meus amigos, e ficar comendo o
dia inteiro
Pesquisadora: Como foi depois das fotos?
Marisa: eu me escondia de todos, não saía nem do quarto.
Pesquisadora: Marisa sua avó não estranhou seu comportamento?
Marisa: ela percebeu que eu estava muito triste, eu chorava direto, sendo que ela achou que
fosse algum namorado.
Pesquisadora: Sua avó chegou a perguntar?
Marisa: Perguntou, mas eu disse que não ia me abrir e ela também quase não fala da vida
dela.
Pesquisadora: E você Ingrid, alguém percebeu alguma mudança no seu comportamento?
Ingrid: eu não tinha o costume de dormir de tarde, e passei a dormir a tarde inteira depois das
fotos. Chegou um ponto que meu avô e minha avó vieram conversar comigo para saber o que
estava acontecendo. Me levaram até no médico para saber se eu estava doente, ai comecei a
dizer que era cansaço. Todo final de semana eu vou para casa da minha mãe, aí eles
começaram a proibir, pedindo para eu descansar.
117
Pesquisadora: Qual é o sentimento em acordar de manhã e vir para escola sabendo que todos
vão te apontar por causa das fotos divulgadas?
Marisa: Eu sentia muita vergonha.
Ingrid: Eu também sentia muita vergonha.
Marisa: Se eu pudesse entrar na escola para ninguém me ver eu ia amar, porque eu entrava de
cabeça baixa, na sala eu escolhia o lugar mais isolado.
Ingrid: Eu não, não entrava de cabeça baixa, não tinha ninguém que me fizesse entrar de
cabeça baixa.
Marisa: Eu demorei umas duas semanas para entrar de cabeça erguida.
Pesquisadora: Vocês chegavam a se esconder dos amigos de vocês?
Marisa: Eu me afastei muito dos meus amigos, eu preferia ficar em casa.
Ingrid: Eu também me afastei muito.
Pesquisadora: Como foi a reação dos amigos de vocês quando souberam?
Marisa: Eles ficaram furiosos comigo, eu me afastei muito deles por causa da vergonha.
Ingrid: Meus amigos me deram sermão e me afastei deles
Pesquisadora: Vocês acham que os seus amigos poderiam ter reagido de outra forma?
Marisa: Eu acho que eu reagiria da mesma forma que eles, não tendo passado pela
experiência, como passei pela experiência eu agiria de outra forma.
Pesquisadora: O que vocês aprenderam com isso?
Ingrid: Aprendi a não confiar em qualquer um
Marisa: Também tomo muito cuidado com o que falo e faço nas redes sociais.
Pesquisadora: E quando eu cheguei aqui para conversar com vocês sobre o fato, vocês se
sentiram confortáveis em falar?
Marisa: Não
Ingrid: Eu senti sim.
Pesquisadora: O que vocês mudariam na vida de vocês hoje?
Marisa: hoje eu acho que nada, por que me tornei outra pessoa, pelo que eu era eu precisava
mudar, tudo acontece para um bem maior, e isso aconteceu para me tornar a pessoa que sou
hoje.
Ingrid: Hoje eu sou uma pessoa muito fria, até com a minha família e adquiri maturidade,
hoje penso totalmente diferente de antes.
Pesquisadora: Hoje vocês andam de cabeça erguida pelo colégio?
118
Marisa: Eu ando de cabeça erguida, mas sempre tenho sentimento de que as pessoas
comentam sobre mim, quando saio para o intervalo e volto sempre tenho essa impressão.
Ingrid: Eu não me sinto totalmente a vontade.
Pesquisadora: Qual foi a sua reação ao saber que as fotos da Ingrid e Marisa vazaram pela a
escola?
Vitória: Eu não fiquei assustada e nem me impressionei, por que eu já vi outros casos de
amigas minhas e de ídolos meus que vazaram as fotos. Eu não acho que tenha sido um erro
delas, porque é normal uma mulher se sentir sexy e tirar uma foto nua, é amor pelo próprio
corpo, não é errado, o errado foi ter vazado as fotos.
Pesquisadora: Sobre os comentários dos colegas, que tipo de críticas você escutou?
Vitória: Ouvi muita piada sobre a Marisa, porque falaram dos seios dela que eram muito
grandes, onde eu passava eu ouvi algo relacionado as fotos.
Pesquisadora: Você chegou a conversar com a Marisa sobre as fotos?
Vitória: Eu perguntei se ela se arrependeu disso, ela disse que sim, eu acho para as meninas
não foi o fato de tirar as fotos e sim por terem vazado e também por terem passado para uma
pessoa que elas confiavam.
Pesquisadora: Chegou a dar apoio para a Marisa?
Vitória: Eu disse que apoiava ela em qualquer coisa.
Pesquisadora: Vocês são amigas a muito tempo?
Vitória: Somos, mais ou menos dois anos.
Pesquisadora: E como você se sentiu com isso?
Vitória: Desconfortável, mais por me colocar no lugar delas, é algo desperador, porque ver
uma foto sua íntima na Internet, sem seu consentimento é uma “coisa” horrível, uma sensação
ruim.
Pesquisadora: Você sempre procurou confortar, estar do lado dela?
Vitória: Sempre.
Pesquisadora: Você viu muitas pessoas se afastarem dela?
119
Vitória: Sim, acho isso tão “idiota” porque não tem nada a ver, o que tem ela se sentir sexy e
querer tirar uma foto mais sensual. Quem tem namorado faz isso para agradar o namorado,
todo casal tem intimidade.
Pesquisadora: Em algum momento você pensou em se afastar dela?
Vitória: Não, claro que não.
Marisa: Acho que a Vitória foi a única que não fez isso.
Pesquisadora: No caso da Vitória, eu acredito que foi por que ela se colocou no lugar da
Marisa, as pessoas sempre estão prontas para criticar e julgar, mas nunca se perguntam o
porquê daquela situação ter se tornado um fato de exposição.
Vitória: Ah a menina tirou foto nua, é uma “Puta” e não é, eu não acho isso.
Marisa: Não.
Marisa: Conheço uma história assim. Uma amiga minha esqueceu o celular dela na praça,
estava desbloqueado e pegaram as fotos dela e passaram para os grupo do WhatsApp.
Pesquisadora: Todo cuidado é necessário. Você é livre para fazer o que quiser, o corpo é seu,
mas alguns cuidados são necessários quando pensar em mandar fotos para o namorado, por
exemplo, não fale no vídeo, não mostre seu rosto, nada que a identifique, pois se vazar você
pode muito bem negar e ninguém vai provar que é você.
Vitória: Se por acaso você se apaixonar, ter um namorado e tiver alguma relação íntima e ele
quiser uma foto sua pelada, diga a ele que isso ele só vai ver entre quatro paredes.
Pesquisadora: A gente nunca conhece as pessoas, não sabemos se pode confiar, às vezes, na
raiva ou no rompimento do relacionamento o cara joga as fotos.
Vitória: Não.
120
Pesquisadora: A escola não interferiu, não puniu e não apoiou as meninas, culpando-as pelas
fotos.
Vitória: Está errado, porque até hoje escuto muitas piadas sobre as fotos das meninas.
Pesquisadora: Qual foi o comportamento da Marisa quando ela soube das fotos?
Vitória: Ela disse que queria sumir, que queria morrer, essas coisas. Mas achei as duas fortes,
por encararem tudo de cabeça erguida.
Pesquisadora: E sobre o garoto que divulgou as fotos, ouviu algum comentário sobre ele?
Vitória: Ele saiu do colégio, mas ele saiu por cima da situação.
Vitória: Nenhuma. Porque o homem é machista e eles nunca vêem o lado errado que é foi o
menino. Só vê o lado da menina que julgam o lado errado.
Vitória: Eu acho que a escola deve tomar uma atitude, porque elas ainda sofrem com isso,
não deveriam abafar e pronto, esta resolvido.
Vitória: Acho que sim, eu não cheguei a ver as fotos das duas, foi só os comentários.
Pesquisadora: Beatriz como foi saber que as fotos das meninas foram divulgadas?
121
Beatriz: Foi um momento muito triste, eu vi como elas ficaram abaladas, mas graças a Deus
as meninas superaram. As melhores amigas ficaram do lado dela, as que diziam que eram
amigas se afastaram.
Beatriz: Sim, vi muitas, sempre a via sozinha. Ela estava no banheiro sozinha chorando, eu
nem era amiga dela, mas fui lá e apoiei. Mas passou e acho que hoje está esquecido, porque
nem lembrava mais.
Beatriz: Muito julgamento, escutei muitas pessoas falarem que elas são burras por terem feito
isso. Mas a culpa não foi delas, elas foram induzidas por uma pessoa que elas confiavam. Elas
foram iludidas por uma pessoa pensando que era uma “coisa” e era outra totalmente diferente,
acontece muito.
Beatriz: Primeiramente pediria para minha mãe me tirar do colégio, acho que para eu fazer
algo do tipo eu precisaria ter muita confiança na pessoa.
Beatriz: Eu não concordei, porque eles tentaram abafar o caso e foi só isso. A escola não teve
nenhuma ação.
Beatriz: Todos tiveram, essas fotos estavam no celular de todos aqui do colégio.
Pesquisadora: Você acha que até hoje essas foto são passadas de um celular para outro?
Beatriz: Passadas não, mas muita gente ainda tem essas fotos nos celulares. Eu apaguei a foto
delas do meu celular em janeiro desse ano.
Beatriz: Não lembro, mas acho que tinha um grupo na época, mas não era o “eterna putaria”
era outro grupo que não me lembro.
Ingrid: A Bia tentou me avisar, ela disse, olha o que está rolando pela escola, mas o Matheus
Santos já havia me dito.
122
Beatriz: Eu avisei a Ingrid porque na época eu não falava com a Marisa, a gente nunca se
bateu. Mas nunca a critiquei, apenas disse que foi uma grande besteira o que elas fizeram. E
também eu não sabia da chantagem, só fiquei sabendo depois. Porque as pessoas não querem
saber o que realmente aconteceu, só queriam julgar e criticar, não sabem o que elas sentiram.
Ingrid: Nós passamos quase um mês, chegava no colégio e ia direto para o banheiro, a gente
não vinha para escola, vinha para o banheiro e ficávamos lá chorando no chão.
Marisa: Eu não conseguia assistir a aula, eu ia para sala e ficava super isolada.
Pesquisadora: Beatriz Você viu algum professor comentar algo sobre o assunto?
Pesquisadora: No momento em que as fotos surgiram você não teve nenhum interesse em se
aproximar da Marisa, já que vocês não eram tão amigas?
Beatriz: Embora eu não fosse amiga da Marisa, mas já cheguei sim dar forças a ela. A gente
não se dava, mas eu queria ajudá-la. Sempre me importei com as pessoas.
Pesquisadora: Você tinha alguma proximidade com os meninos que divulgaram as fotos?
Pesquisadora: Lucíola você ficou sabendo sobre a divulgação das fotos da Marisa e Ingrid?
Lucíola: Sim, fiquei sabendo através dos alunos que passaram para alguns professores, que
conseguiram as fotos e trouxeram para a coordenação.
Lucíola: Elas disseram que foi um menino que a Marisa gostava, elas mandaram as fotos para
ele que ficou chantageando as meninas, na verdade, o colega desse menino.
Lucíola: O coordenador na época chamou as meninas para conversar, mas não chegou a
entrar em contato com os pais, mas conversou muito com elas.
Pesquisadora: E o rendimento escolar das meninas ficou comprometido por causa desse
episódio?
Lucíola: A Marisa caiu muito, depois disso ela caiu muito. A Ingrid não, sempre foi
fraquinha, mas a Marisa teve uma queda considerável. Ela é uma excelente aluna, mas esse
ano ela vai ficar de recuperação e no ano passado ela também ficou.
Lucíola: Eles comentaram muito, mas acabou rápido, pensei que a repercussão seria maior.
Pesquisadora: Houve alguma punição aos alunos responsáveis pela divulgação das imagens?
Lucíola: Assim, um deles saiu da escola, na verdade, ele não foi expulso, mas ele saiu da
escola.
Lucíola: Eu fiquei tão chateada, por que a Marisa é muito querida, como ela é do mesmo
interior que a minha mãe, eu fiquei chocada por ter sido ela. Tem alunos que você até espera
certos comportamentos, mas a Marisa nunca esperei e fiquei morrendo de pena dela sem
poder fazer nada.
Lucíola: Alguns professores chegaram sim, avisaram o que estava acontecendo, inclusive
professores que não eram delas. Por que foi um aluno de terceiro ano que passou para o
professor deles e esse mesmo professor trouxe o caso até nós.
Pesquisadora: E de um modo geral, você acha que as escolas estão preparadas para lidar com
a tal situação?
Pesquisadora: Em algum momento teve uma orientação sobre a utilização correta das redes
sociais, os riscos que ela pode oferecer?
Lucíola: Diretamente acho que não. Mas alguns professores conversaram, a psicóloga
também conversou.
Aline: Não, nessa escola não, estou aqui há quase um ano e ainda não tive não vi essa
situação aqui.
Aline: Depende muito, quando a situação acontece fora da escola a gente tenta orientar os
pais, porque geralmente esse tipo de situação não acontece na escola.
Aline: A gente tenta ajudar, chamamos para conversar, quando a gente sabe que os outros
estão repassando as fotos, nós pedimos para apagar só que a gente não pode obrigar e nem
teremos a certeza se eles realmente apagaram. Alertamos a família do adolescente que passou
125
por aquela situação, mas muitas vezes eles não conseguem, permanecer na escola,
principalmente se for uma foto muito comprometedora, uma exposição muito grande. Mas eu
já vivenciei isso em várias escolas, desde a época do Orkut. Geralmente fotos como essas não
ficam presas apenas a uma instituição, o aluno tira foto aqui essa mesma foto chega a outras
escolas. Eu vivenciei em outra escola, um casal que tinha feito um vídeo fora da escola e foi
parar naqueles sites de pornografia internacional. Então assim, é realmente uma atitude muito
impensada deles, eles não avaliam a gravidade da situação e depois que entra na rede é difícil
tirar. O papel da escola é conversar com os pais porque muitas vezes eles não ficam sabendo,
mas a gente chama, orienta, alerta e diz o que pode ser feito. Mas se a vida social do aluno é
comprometida geralmente eles saem da escola. Mas acontece de eles chegarem em outra
escola e aquela história ser resgatada.
126
Sua participação na pesquisa consistirá em responder perguntas a serem realizadas sob a forma
de entrevistas. As respostas às entrevistas serão gravadas, transcritas, textualizadas e validadas por sua
pessoa, isto é, em nenhum momento serão divulgadas informações sem o seu prévio consentimento.
Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode se recusar a responder perguntas
ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo na relação
com o pesquisador.
Este documento está elaborado em duas vias, sendo uma cópia para o participante e outra para
o pesquisador. Você poderá entrar em contato com a pesquisadora, através do e-mail
[email protected], pelos telefones (85) 32958619/ 88256828/ 97586181, na pessoa da
Pesquisadora Bruna Germana Nunes Mota. O Comitê de Ética em Pesquisa poderá ser contatado pelo
telefone (85) 3101.9890 e pelo e-mail: [email protected], para quaisquer dúvidas sobre o projeto.
_______________________________
e-mail: [email protected]
127
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Declaro estar ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e estou de acordo em
participar da pesquisa proposta, “PRÁTICAS EDUCATIVAS DIGITAIS: CRIMES VIRTUAIS E A
EXPOSIÇÃO NA WEB”, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento, sem sofrer qualquer
punição ou constrangimento.
QUESTIONÁRIO 001
Fortaleza/CE
2015
131
QUESTIONÁRIO
2. Idade: _________
1. [ ] Computador de casa
2. [ ] Computador da escola
3. [ ] Tablets
4. [ ] Celular
5. [ ] Não usa Internet
6. [ ] Outros
______________________________________________________________________
1. [ ] Facebook
2. [ ] WhatsApp
3. [ ] Tinder
4. [ ] Skype
5. [ ] Badoo
6. [ ]Twitter
7. [ ] Youtube
8. [ ] Instagram
9. [ ] Ask.fm
Conceito: É uma expressão que remete ao ato de expor na Internet fotos e/ou vídeos
íntimos de pessoas sem o consentimento das mesmas.
5. Você já soube de algum caso de pornografia de vingança com pessoas que você
conhece?
1. [ ] Sim
2. [ ] Não
132
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
1. [ ] Sim
2. [ ] Não
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________
8. Você acha que a pornografia de vingança é uma forma de violência? Explique sua
resposta.
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
133
QUESTIONÁRIO 002
Fortaleza/CE
2015
134
QUESTIONÁRIO
7. [ ] Computador de casa
8. [ ] Computador da escola
9. [ ] Tablets
10. [ ] Celular
11. [ ] Não usa Internet
12. [ ] Outros
______________________________________________________________________
10. [ ] Facebook
11. [ ] WhatsApp
12. [ ] Tinder
13. [ ] Skype
14. [ ] Badoo
15. [ ]Twitter
16. [ ] Youtube
17. [ ] Instagram
18. [ ] Ask.fm
Conceito: É uma expressão que remete ao ato de expor na Internet fotos e/ou vídeos
íntimos de pessoas sem o consentimento das mesmas.
135
3. [ ] Sim
4. [ ] Não
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________
20. Você acha que a pornografia de vingança é uma forma de violência? Explique sua
resposta.
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
22. Quais atitudes e procedimentos você teria se você soubesse de algum caso de
pornografia com o seu aluno?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
13. Você acredita que a pornografia de vingança pode prejudicar o rendimento escolar?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
136
QUESTIONÁRIO 003
Fortaleza/CE
2015
137
QUESTIONÁRIO
______________________________________________________________________
19. [ ] Facebook
20. [ ] WhatsApp
21. [ ] Tinder
22. [ ] Skype
23. [ ] Badoo
24. [ ]Twitter
25. [ ] Youtube
26. [ ] Instagram
27. [ ] Ask.fm
Conceito: É uma expressão que remete ao ato de expor na Internet fotos e/ou vídeos
íntimos de pessoas sem o consentimento das mesmas.
5. [ ] Sim
138
6. [ ] Não
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
29. O que senhor(a) acha da divulgação desse tipo de material nas redes sociais?
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________
30. Senhor(a) acha que a pornografia de vingança é uma forma de violência? Explique sua
resposta.
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
32. Quais atitudes e procedimentos você teria se você soubesse de algum caso de
pornografia com o aluno da sua escola?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
13. Você acredita que a pornografia de vingança pode prejudicar o rendimento escolar?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
139
Código A001
Código A002
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Totalmente contra, isso causa
material no WhatsApp? muitas coisas ruins a vítima e as
vezes até suicidam.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, acho que uma das piores até
uma forma de violência? Explique sua porque você está acabando com a
resposta. imagem da pessoa.
Código A003
Código A004
7° O que você acha da divulgação desse tipo de É uma falta de respeito com a outra
material no WhatsApp? pessoa que confiou aquele conteúdo
a alguém que não tem direito de
divulgar.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, pois violenta a intimidade e o
uma forma de violência? Explique sua corpo do outro, a exposição e os
resposta. comentários que virão depois pode
ser considerado.
9° Vocês já receberam e/ou compartilharam Não, nunca recebi nada parecido.
algum conteúdo contendo a pornografia de
vingança?
141
10° O que é a pornografia de vingança para Para mim é quando por algum
você? motivo uma pessoa divulga fotos
sem direito nenhum, é uma
violência, uma falta de respeito e
até de ética, ninguém tem direito
algum sobre tal conteúdo a não ser
a pessoa de quem se trata.
Código A005
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Acho muito errado, pois é um meio
material no WhatsApp? de divulgação extremamente
rápido, e leva a vítima a um grande
constrangimento.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, pois está expondo a vítima a
uma forma de violência? Explique sua um nível de intimidade sem o
resposta. consentimento da mesma, e fazendo
com que ela seja vítima de
violência verbal pelas pessoas com
quem ela convive.
9° Vocês já receberam e/ou compartilharam Não.
algum conteúdo contendo a pornografia de
vingança?
Código A006
preconceituoso.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, porque expõe a pessoa no
uma forma de violência? Explique sua meio público
resposta.
Código A007
Código A008
Código A009
Código A010
8° Você acha que a pornografia de vingança é Não exatamente uma violência, mas
uma forma de violência? Explique sua constrangimento.
resposta.
Código A011
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Não acho legal, porque isso
material no WhatsApp? marcará a vida dessa pessoa para
sempre.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, pois a pessoa está sendo
uma forma de violência? Explique sua violentada de uma forma
resposta. irreversível.
vingança?
10° O que é a pornografia de vingança para O fato de uma pessoa portar vídeos
você? ou fotos íntimas depois de terminar
o namoro.
Código A012
Código A013
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Constrangedor, tanto para quem
material no WhatsApp? recebe, quanto para a vítima.
Código A014
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Uma falta de respeito ao próximo.
material no WhatsApp?
10° O que é a pornografia de vingança para Uma falta de respeito enorme, com
você? uma pessoa que você já namorou.
Código A015
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Acho isso uma extrema falta de
material no WhatsApp? respeito com o próximo, pois o
remete a brincadeiras de mal gosto
e humilhações.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, pois a “vítima” foi exposta a
147
Código A016
7° O que você acha da divulgação desse tipo de É uma atitude muito antiética, e
material no WhatsApp? desrespeitosa, todavia, a culpa
principal não é de quem divulgou a
imagem, em casos que a namorada
divulgou para o namorado a
irresponsabilidade foi dela, pois não
se deve confiar nas redes sociais.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Com certeza. Pois além de ofender
uma forma de violência? Explique sua a vítima, ainda causa uma
resposta. desmoralização absurda.
Código A017
Se sim, descreva.
6° Você já recebeu alguma foto que retratam a Não.
pornografia de vingança? Se sim, descreva.
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Eu acho muito horrível. Porque é
material no WhatsApp? um material particular, coisas
íntimas da sua vida.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim. Porque é uma forma de
uma forma de violência? Explique sua machucar a pessoa, violentando sua
resposta. intimidade.
10° O que é a pornografia de vingança para É enviar coisas das outras pessoas
você? para machucar outra pessoa.
Código A018
8° Você acha que a pornografia de vingança é Não, é mais uma forma de expor
uma forma de violência? Explique sua seu corpo.
resposta.
10° O que é a pornografia de vingança para Uma forma de vender seu corpo por
você? vingança.
Código A019
Se sim, descreva.
6° Você já recebeu alguma foto que retratam a Não.
pornografia de vingança? Se sim, descreva.
10° O que é a pornografia de vingança para É um crime, pois tal atitude pode
você? “estragar” a vida da vítima podendo
leva-la a quadros sérios de
problemas psicológicos.
Código A020
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Acho desnecessário, pois o que é
material no WhatsApp? compartilhado entre duas pessoas
ou mais pessoas, devem permanecer
apenas entre essas pessoas.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, está expondo material íntimo
uma forma de violência? Explique sua de alguém contra a vontade da
resposta. mesma.
Código A021
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Errada, pois deixa a intimidade das
material no WhatsApp? pessoas expostas.
Código A022
Código A023
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, por ser uma agressão a
uma forma de violência? Explique sua imagem da pessoa.
resposta.
Código A024
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Acho um ato estúpido da parte do
material no WhatsApp? divulgador, mas parte da culpa
também está relacionada a vítima,
porque pode-se evitar isto, a bíblia
mande nos termos “Ordem e
decência” uma pessoa que
compartilha mídia íntimas com o
namorado(a) tem sim sua parcela de
culpa.
vingança?
Código A025
Código A026
10° O que é a pornografia de vingança para É uma forma que o sujeito encontra
você? de fazer a pessoa se arrepender de
ter terminado, brigado joga fora a
confiança que a vítima depositou
nele durante o relacionamento.
Código A027
Código A028
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Errado por expor a intimidade de
material no WhatsApp? alguém. Mas muitas vezes, a
própria vítima envia para alguém,
achando que esta não irá
compartilhar.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim. É uma violência à dignidade
uma forma de violência? Explique sua da pessoa (vítima), que às vezes
resposta. acaba perdendo respeito dos outros.
É tão constrangedor, que há casos
de suicídio por conta disso.
9° Vocês já receberam e/ou compartilharam Não.
algum conteúdo contendo a pornografia de
vingança?
Código A029
Código A030
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Eu acho isso horrível, acaba com a
material no WhatsApp? imagem da pessoa que está sendo
divulgada; isso acaba causando um
constrangimento.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, porque a pessoa que faz isso
uma forma de violência? Explique sua está divulgando uma coisa que não
resposta. é dela, e faz isso naturalmente, ou
tem raiva, inveja ou algo do tipo.
9° Vocês já receberam e/ou compartilharam Não.
algum conteúdo contendo a pornografia de
vingança?
10° O que é a pornografia de vingança para É uma cena que tem que ter
você? punição, cadeia na certa. Ninguém
pode invadir privacidade de
ninguém.
Código A031
Código A032
10° O que é a pornografia de vingança para Expor outra pessoa com o intuito de
você? causar problemas a ela e
constrangimento, por conta de
alguma desavença ou de algo do
tipo.
Código A033
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, uma forma bem bruta de
uma forma de violência? Explique sua vingança, pois uma vez que a
resposta. vítima for exposta ele(a) sempre vai
ser lembrado por aquela foto.
9° Vocês já receberam e/ou compartilharam Sim, em grupos do WhatsApp.
algum conteúdo contendo a pornografia de
vingança?
10° O que é a pornografia de vingança para É uma das formas mais baixa de
você? violência, pois se ele(a) mandou
fotos ou vídeos diretamente é
porque confiava em você e
infelizmente a vítima acaba se
matando devido a pressão.
Código A034
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Acho que se trata de uma falta de
material no WhatsApp? respeito, de bom senso e
principalmente de ética por parte da
pessoa que envia/ divulga, pois
dessa forma estará expondo os
outros.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, de certa forma é, pois acaba
uma forma de violência? Explique sua causando danos morais à pessoa
resposta. que enviou as fotos para um
namorado ou mesmo um amigo.
9° Vocês já receberam e/ou compartilharam Eu já recebi, porém, nunca
algum conteúdo contendo a pornografia de compartilhei.
vingança?
Código A035
Código A036
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Quem divulga, essa pessoa tem
material no WhatsApp? falta de caráter.
10° O que é a pornografia de vingança para Alguma pessoa sem caráter que
você? posta algo sem a permissão da
pessoa.
Código A037
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Eu acho constrangedor, pois passa
material no WhatsApp? algo pessoal de pessoas íntimas e
acaba sendo constrangedor ou
acarretar outros problemas
futuramente.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim. Pois fica expondo algo pessoal
uma forma de violência? Explique sua do indivíduo. E a violência fica só
resposta. para a própria pessoa podendo levar
até um assassinato.
9° Vocês já receberam e/ou compartilharam Não. Pois não acho apropriado e
algum conteúdo contendo a pornografia de nem vai fazer o bem para mim ou
vingança? para outra pessoa.
10° O que é a pornografia de vingança para É algo a ser trabalhado, por alguma
você? coisa que não é boa, pessoa de
autoridade deve investigar. E é
trabalhado psicologicamente com a
pessoa que sofre esse dano.
Código A038
Código A039
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Falta de respeito, de certa forma e
material no WhatsApp? sensibilidade com a pessoa (vítima).
É um conteúdo que, para mim, não
deve ser compartilhado ou levado
como entretenimento.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim. A partir do momento que afeta
uma forma de violência? Explique sua alguém causando constrangimento
resposta. (ou atitude mais sérias), pode ser
sim considerado um tipo de
violência. Esta não acontece apenas
quando existe contato.
9° Vocês já receberam e/ou compartilharam Não.
algum conteúdo contendo a pornografia de
vingança?
Código A040
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Uma falta de respeito tanto para
material no WhatsApp? com a menina que esta sendo
divulgada e também com a família
da garota. O garoto também é um
mau caráter, em expor as fotos.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, pois mesmo que indiretamente
uma forma de violência? Explique sua ou diretamente, a integridade da
resposta. pessoa que é exposta, está sendo
violada.
9° Vocês já receberam e/ou compartilharam Não.
algum conteúdo contendo a pornografia de
vingança?
10° O que é a pornografia de vingança para Uma forma usada tanto por garotos
você? e/ou garotas para encontrar alguma
forma, se vingar e constrange a
pessoa que está nas fotos. Seja por
namorados ou até mesmo entre
amigos.
Código A041
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim. Pois a pessoa que está sendo
uma forma de violência? Explique sua divulgada acaba se constrangendo,
resposta. e que às vezes leva a casos mais
sérios.
9° Vocês já receberam e/ou compartilharam Sim. Diariamente são espalhados
algum conteúdo contendo a pornografia de fotos de meninas nuas por toda a
vingança? cidade.
10° O que é a pornografia de vingança para Um crime de que a vítima não tenha
você? como se defender, e o seu conteúdo
vai ficar exposto para sempre na
Internet.
Código A042
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Acho que é algo desrespeitoso, seja
material no WhatsApp? para quem manda, quanto para
quem recebe, uma atitude horrível
de quem é capaz de fazer essas
coisas.
8° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, pois querendo ou não vira um
uma forma de violência? Explique sua trauma na vida da pessoa.
resposta.
10° O que é a pornografia de vingança para É um ato que muitos cometem por
você? vingança, ou talvez mesmo só para
fazer o mal, utilizando fotos ou
vídeo íntimos das meninas, sem
saber o que pode acontecer
futuramente.
163
Código A043
7° O que você acha da divulgação desse tipo de Errado, pois entra na intimidade da
material no WhatsApp? pessoa.
10° O que é a pornografia de vingança para Nunca ouvi esse termo antes.
você?
Código A044
Código P001
10° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, pois agride e traumatiza
uma forma de violência? Explique sua adolescentes.
resposta.
13° Você acredita que a pornografia de vingança Sim, acredito que a exposição
pode prejudicar o rendimento escolar? inadequada pode comprometer a
assiduidade do aluno.
Código P002
10° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, previsto no código penal
é uma forma de violência? Explique sua tornar público um momento íntimo.
resposta.
11° Qual a sua definição pessoal sobre a Ato covarde de expor um momento
pornografia de vingança? íntimo. Ressalto também que o
vídeo e/ou foto foram permitidos
devido a uma confiança adquirida.
12° Quais atitudes e procedimentos você teria se Trabalhar o psicológico da vítima.
você soubesse de algum caso de pornografia
com o seu aluno?
Código P003
9° O que você acha da divulgação desse tipo de Não concordo, pois, é uma
material no WhatsApp? exposição que não reflete somente a
imagem, mas, todo o social e
cultural.
10° Você acha que a pornografia de vingança é Sim, pois é uma forma de
é uma forma de violência? Explique sua demonstrar e expor a pessoa ao
resposta. ridículo.
11° Qual a sua definição pessoal sobre a É algo que diminui os valores e os
pornografia de vingança? padrões sociais.
12° Quais atitudes e procedimentos você teria se Levaria o caso a direção da escola.
você soubesse de algum caso de pornografia
com o seu aluno?
13° Você acredita que a pornografia de vingança Sim. Pois, após da publicação do
pode prejudicar o rendimento escolar? psíquico da pessoa ficaria
comprometido.
166
Código P004
10° Você acha que a pornografia de vingança é Porque cerceia a liberdade social e
é uma forma de violência? Explique sua coage o outro.
resposta.
11° Qual a sua definição pessoal sobre a Algo fora dos padrões da sanidade,
pornografia de vingança? algo não sadio.
12° Quais atitudes e procedimentos você teria se Convocação a priori dos pais do
você soubesse de algum caso de pornografia agressor.
com o seu aluno?
13° Você acredita que a pornografia de vingança Muito, por isso considero coersão.
pode prejudicar o rendimento escolar?
Código D001