David Harvey - A Loucura Da Razão Econômica - CAP 1 PDF
David Harvey - A Loucura Da Razão Econômica - CAP 1 PDF
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As análises
à sua forma de teorizar,
is de compreender o
e estudados critica-
r. A vrsuAlrzuçÃo Do cAPrrAL coMo
de capital e suas VALOR EM MOVIMENTO
a compreender nossos
Ed. bras.: Karl Marx, O capital: crítica da econornia polírtca, Livro l: O procexo de produç,ío do
capital(tad, Rubens Enderle, 2. ed., Sáo Paulo, Boitempo, 2Ol7), p. 639. (N. E.)
l6 / A loucura da razáo econômica A visualizaçáo do capital como valor em movimento / 17
nt filrma de rios e córregos (e parte evapora e volta à atmosfera) ou indo para baixo
rlcl,t, na forma de lençóis freáticos. Ao longo desse percurso, a água é usada por
plantas e animais que devolvem uma parte dela diretamente à atmosfera por meio
du cvapotranspiraçáo. Há também uma enorme quantidade de água represada em
runlpos gelados ou aquíferos subterrâneos. Nem tudo se move no mesmo ritmo. As
gclciras se deslocam no conhecido ritmo glacial, as torrentes despencam velozmente
r os lcnçóis freáticos por vezes levam anos para percorrer alguns quilômetros.
(
) que me agrada nesse modelo é que ele descreve a molécula HrO sob diferen- ,§
tm Íilrmas e estados, e em diferentes velocidades, antes de retornar aos oceanos
purrr reiniciar o ciclo. O capital se movimenta de maneira muito semelhante. \
Atrtcs de assumir a forma-mercadoria, ele começa como capital-dinheiro, passa \\\
por sistemas de produçáo e emerge como novas mercadorias que seráo vendi- \
dlr (rrronetizadas) no mercado e distribuídas sob diferentes formas a diferentes \
lhuç(rcs de demandantes (na forma de salário, juros, aluguel, imposto, lucro),
lillcs de retornar ao papel de capital-dinheiro. Há, entretanto, uma diferença
hlrt,rnte significativa entre o ciclo hidrológico e a circulaçáo do capital. A força \
fltotriz, do ciclo hidrológico é a energia proveniente do Sol, que é relativamente
§ttttstirnte (embora oscile um pouco). Sua conversáo em calor mudou muito no \
Frcuna l: o ciclo hidrológico conforme a US Geological survey (usGS). Fontes: u. S. Dept. plmutlo (mergulhando o planeta em eras glaciais significativamente, devido à \
of the lnterior; U. s. Geological survey; Howard Perlman, USGS, John Evans; disponível em:
Illettçíto por gases do efeito estufa (decorrentes do uso de combustíveis fosseis). h
< http://ga.water. usgs.gov/ed u/watercycle. html ), acesso em j u l. 20 I 8.
() volrrme total de água em circulaçáo permanece razoavelmente constante ou
ffittrln lcntamente (medido em tempo histórico, e náo geológico), à medida que
{
ll luLrtas polares derretem e os aquíferos subterrâneos se esgotam por conta do §
Nas ciências naturais, encontrarnos muitas representaçóes simplificadas de pro-
cessos complexos que nos ajudam a visualizar
IÍt ltutnano. No caso do capital, veremos que as fontes de energia sáo mais varia-
o que está acontecendo em certo
campo de investigaçáo. Uma dessas representaçóes, que considero particularmente
llr a ,, volume de capital em movimento se expande continuamente, em ritmo §
lpottctrcial, em razáo de uma exigência de crescimento. O ciclo hidrológico está
interessante e usarei como modelo para representar o funcionamento do capital, é a
lltlh pr«'rximo de um ciclo genuíno (embora haja sinais de que esteja se aceleran-
do ciclo hidrológico (Figura 1). O que considero particularmenre interessante é que
do 1t,,t causa do aquecimento global), ao passo que a circulaçáo do capital é, por
o movimento cíclico de HrO implica alteraçóes de forma. o líquido nos oceanos
iollvos que logo explicaremos, uma espiral em constante expansáo.
evapora sob os raios solares e se desloca verticalmente como vapor até se condensar
na forma de gotículas que compóem as nuvens. Quando as gotículas se formam em
uma dtitude suficientemente elevada, elas se cristalizam como partículas de gelo,
üâl,ott F,M MovrMENTo
criando os cirros que nos dáo belos pores do sol. Em determinado momento, as
gotícules ou partículas de gelo se fundem e, à medida que ganham peso, despencam
scrirl, cntáo, um fluxograma do capital em movimento e como ele pode nos
das nuvens por força da gravidade como precipitação, que ocorre numa variedade
drr rr visualizar o que, afinal, é o capital para Marx?
de formas (chuva, neblina, orvalho, neve, gelo, granizo, chuva congelada). De volta ( iotrrcç«r com a d.finiçao preferida de Marx de@/co.no "urlo, .gl-rnoui-
à superfície da terra, parte da água cai diretamente nos oceanos, parte fica presa em I a, f I t . -
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\ !,
§
\
t", l)rctendo usar aqui os próprios termos de Marx, oferecendo definiçóes
^ à ii
terrenos elevados ou regióes frias na forma de gelo, movendo-se extremamenre de-
fi-.1t',. .rr,',çamos. Alguns dc seus tcrmos sáo um pouco esquisitos e podem
vagar (se é que se move); o restantc cscorre em direçáo Ao occano, cortândo a terra
,prrtet r.'onÍitsos orJr atét nristcriosânrcntc tccnocri(tic«ls. Mas, na verdade, eles náo
I fl / A loucura da razão econômica A visualizaçáo do capital como valor etll movimento / l9
síro difíceis de compreender quando explicados, e a única forma de ser fiel à minha /l'obietiva. !-'-Náo importa quanrq eu disseqge-uma camisa, iamais encontrarei nela fi
It/tt
nrissáo é tentar contar a história do capital na própria linguagem de Marx. ,J/ I ,ir.,mos dê uàl-o_r,.da mesma forma como iamâis poder.fj,t..g1ljl, 83. 'll
O que significa, entáo, o "valor" que esrá em movimento? O significado que nela átomos de gravidade. Tanto a gravidade quanto o vâlor sáo rela-
lcncontrar
Marx lhe dá é bastante especial, enráo esse é o primeiro de seus rermos que exige / çóes imareriais que têm consequências materiais objetivas. E impossível
enfatizar
ccrta elaboraçáor. Tentarei desdobrar seu significado completo à medida que avan- i 6 suficienre a imporrância dessa concepçáo. O materialismo físico, particular-
çrrnnos. Mas a definiçáo inicial é: o trabalho social que realizltmos para os outros tdl prente em sua modalidade empiricista, tende a náo reconhecer as coisas ou os
torno ele é organizado por meio de trocas de mercadorias em mercddos competitiuos, processos que náo podem ser Êsicamente documentados e diretamente Inensura-
iltt um bocado complicado, mas
seus mecanismos de determinaç,1o de preços. Parece .los. Mas usamos conceitos imateriais, porém obietivos, como o "valor" o temPo \Y\
rriro é táo difícil de entender. Tenho sapatos, mas fabrico saparos para vender aos todo. Se digo que "o poder político é altamente descentralizado na China", a \
()utros e uso o dinheiro que recebo por eles para comprar de outras pessoas as cami- Irlaioria das pessoas compreenderá o que quero dizer, mesmo que náo possamos \
srrs dc clue preciso. Numa troca desse tipo, estou efetivamente trocando o tempo de ir às ruas mensurá-lo direramente.
-
O materialismo histórico reconhece a impor-
t-.
u'rrlralho que gasto fabricando os sapatos pelo tempo de trabalho que ourra pessoa
i tância desses poderes imateriais, Porém objetivos. Em geral, recorremos a eles !It
girst()u fabricando camisas. Numa economia competitivâ, em que muitas pessoas llrrra explicar fenômenos como a queda do lvluro de
Berlim, a eleiçáo de Donald
Íirhriclrn camisas e sapatos, faz sentido pensar que, sagr*§jTpgjgsllgl_bo j 'liump, senrimenros de identidade nacional ou o deseio das populaçóes indíge- ü
lflsr() crll rrrédia com a [abricaçáo de sapatos (em comparaçáo com a fábricaçâo rres de viver conforme suas normas culturais. Descrevemos noçóes como poder,
.i.' .,,,r'r.ri, .r-irrJõ pÊço*ào, irrfluência, crença, starus, lealdade e solidariedade social em termos imateriais. O lr
"^l,G@o oyi 1.
',,1,',t,ilõõõffito.ro á.@camiiás v,rlor, para Marx, é precisamente um conceito desse tipo. "[E]lementos materiais (:-
em torno de '
rlutlir rni'dia. O valor sublinha a diÊerença enrre essas médias. Ele pode revelar, por rr:16 convertem o capital em capital", escreve ele. Pelo contrário, eles relembram ,
&, §
rr',,rrl,r rlt'determinada :o:1
ll':r','r,r:':1-1::::::,: maneira."":Tr1.,..::".r:'Í:-1j:'1111'.1,'
Essa distinçáo é fundamental para Marx. Ele náo **'':' h §§
{§ , ,r( com a definiçáo mais familiar de capital (embora po, u.r., a cite como um
()r'(Ll § \
J
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E -W t§
§
, trt, ttrlitttct'tto comum) como dinheiro usado parafazermais dinheiro. Marx prefere
rl, lirri l«r c«rrno "valor em movimento" por motivos que mais adiante se tornaráo cla-
iF'
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§ rrr l.rl tlcfiniçáo permite, por exemplo, que ele desenvolva uma perspecriva crítica \ t \
2 §t
*rl rrt', rlrrc é o dinheiro.
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ll I l\lrrrri.l., jg-fulslgcomo capiral, o capiralista vai ao mercado e adguigdais s h
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o "i: R \
f[rg,,,.,1, 'i,.lr.]ããffi'rça de tratalho e meios de oroducáo. lsso oresum.ã"
F ê /|rr.rl',rllr.,.rsslrl:triadoiáexistaequeafo'',@,7.'ando|i§\,
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r< = h,tr,,t ,h'tr':rbrrlho para sobreviver. O valor dessa força de trabalho é determinado ..
= ; lr,r rr'u\ , rrstos tle reproduçáo em determin"do p"drao de vida. Equivale ao valor \\--
4
h tl,,,,tt;ttttlo brisico de mercadorias de que o trabalhador precisa para sobreviver §§§
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llJ r ,', r,1'r,,.lrrzir. Mas repare que o capitalista náo compra o trabalhador (isso seria .\ \
o
r< er, r,rr'rrl,r,r), t'sirn o uso da força de trabalho do trabalhador por um período fixo
,§.\§
a rL r.rrrp. (por urna jornada diária de oito horas, por exemplo) ;. §
o
ú ( )', ttr.i.s tlc procluçâo sáo mercadorias que se apresenram em uma variedade d.
ô- .. $' §
e hrl tn,t',, trr.tttit irts-prirnas extraídas diretamente da natureza como dádivas gratuitas,
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r< Srlrxlttt,,r l,,rtti,tlrttcrtte acabados como peças de automóveis ou chips de silício, má- ( \t
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t;ttltt,tr r',t r'nt'tgirt para fà2.ê-las funcionar, Êibricas e o uso das infraestruturas ffsicas $ '.
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§ r§^ loucura da ruzâoeconômica A visualizaçáo do capital como valor em movimento / 23
§{ N I
Nesse ponto do processo de circulaçáo, o valor sofre uma metamorfose (as- Iflr Íirrça permanentemente revolucionária na história do mundo. A base tecno- t il
§ transformaçáo.
I
- \ slm como a agua que passa do estado líquido para o gasoso no ciclo hidro- hglcrr tla atividade produtiva está em constante t §§
N lOgico). O capital tinha inicialmente a forma de dinheiro. Agora o dinheiro No cntanto, há aqui uma contradiçáo importante, que Marx faz questáo de -d j
§ d.r"p"r.ceu e o valor aparece na forma de mercadorias: força de trabalho à Ilrmlrrrr. Quanto mais sofisticada é atecnologia, menos trabalho é cristalizado S em S i
l- .rp.r, de uso e meios de produçáo reunidos e prontos para serem usados na lldr nrcrcadoria individual produzida. E pior: é possível criar menos valor total se .ü. : &
\ produçao. Manter o conceito de valor como central permite a Marx investigar I ltlont.lnte da saída de mercadorias náo aumentar o suficiente para compentrt o , ) §,
gll(lr rrr",rr.,. de cada peça individual. Se a prodgjividade dobra, É erecisoJrroduzir. 14 § \§
[', ,rrru..ra da metamorfose que converte o valor na forma-dinheiro em valor nâ
J§ for-"-.rrercadoria. Esse momento de metamorfose poderia tornar-se problemá-
N rico? Marx nos convida a refletir sobre essa questáo. Ele vê nele a possibilidade fntlcr.lu*, u.r., -ri, -.r-.*É.g1r3go{, f. Il,,I
li
- lf Mns acontece algo mai§ no proõesso te produçáo material de mercadori-as. Pala " tt
| *", apenas a possibilidade - de crises. nprccndcr tsso,
Dmprccndcr de voltâr
isso, temos Cte voltar aà teorla
teoria oo valor-trabalho. \J
do valor-treDalno. O valor oa
da rorça de §
força oe Y'l
Yi
rí brlho, dissemos, equivalia aos custos das mercadorias necessárias para reprodu- §.t
o trnbelhador em determinado padráo de vida. Esse valor pode variar de acordo \ §
_t
nnoouÇÁo DE MERCADoRIAS E PRoDUÇÁo DE MAIS-VALoR tu lugar e o tempo, mas em um dado período contratual ele é sabido. Em ?
-f nu«lo momento do procesro de produçáo, o trabalhador conseg". g;;;-; -§ §
f ,-. vez que a força de trabalho e os meios de produçáo estejam d.',rida-ente reu- ! equivalente ao valor da força de trabalho. Ao mesmo tempo, o trabalhador '§ \
§ nidos sob a supervisáo do capitalista, eles sáo postos para funcionar num processo dc ! t I transferência dos valores dos meios de produçáo para a nova mercadoria. \
e
-[ trabalho que visa produzir uma mercadoria para venda. É aqui que o valor é produ' i nrrt[çáo de Marx, esse ponto ocorre na jornada de trabalho quando o trabalha- ..,--,\
I o equivalente
equlvalente a u
? (o valor da força
torça de traballlo,
trabalho, que Marx
Nlarx denomlna
denomina
6 z,ido pelo trabalho na forma de uma nova mercadoria. O valor é produzido e susteÍl- llÍoduz
Strrxluz § §
§- -§
\3r rado por um movimento que vai de coisas (mercadorias) a processos (as atividadea pltul vrrriável") e transfere o valor de c (os meios de produçáo, que Marx deno- \
§ a" trabalho que cristalizam valor nas mercadorias) a coisas (novas mercadorias). It "erpital constante") para a forma da nova mercadoria. N "l
§ O pro..rro de trabalho implica a adoçáo de certa tecnologia cujo caráter determi, !) trnbalhador ou trabalhadora náo para de trabalhar depois O. .n:i1-1,,:::
na o total quantitativo de força de trabalho, matéria-prima, energia e maquinaria que [ttt, §cu contrato determina que ele ou ela trabalhe dez horas para o capitalista. §
§ §
L ,t
t o capitalista adquiriu no mercado. É evidente que, à medida que a tecnologia muda, llor ua
e vrlor da rorça
força oe trabalho eé atingido
de traDalno aungrqo nas Pnmerras seis noras,
primeiras sel§ trabalhador rlü
horas, o üaDalna(Ior N ,\
§
muáa também a quantidade de cada u- d.rr., ir,sumos no proc€sso de produçáo. É ttubrlhando de graça para o capital por mais quatro horas. Essas quatro ho- § b
evidente também que a produtiüdade da força de trabalho empregada na produçâo produçáo gratuita criam o que Marx denomina mais-valor (que ele designa l\ §
depende da sofisticaçáo da tecnologia. Um pequeno número de trabalhadores utill. a). O mais-valor está na rúz do lucro monetário. O enigma que assombror, N §
zando uma tecnologia sofisticada pode produzir muito mais peças do que centenú tmia política clássica - de onde vem o lucro? - é resolvido num instant.. O/f . § §
detrabalhadoresutilizandoferramentasprimitivas.9"d-.ry urlrhg:re4qlgé4à" + n'Á*fusí$4q,,,çÊPi41lEfry "\ ü
I
o uso de-um:r t§glologg I qu. hn ---., _,
ir'po.."rrr. aqui. O q"e fái piodüádô:é-ffiercadoria
' Pllgggw'g
h"
E; úãtiãq".stáo da tecnologiá é dàflrande importância, áfficomo cm
' "igá
() val<lr e o mais-valor estáo cristalizados na forma-mercadoria. Quando
quase todas as formas de análise econômica. A definiçáo de Marx é ampla e abrane o valor supostemente em movimento, ele existe simplesmente como
gente. A tecnologia náo se refere apenas a máquinas, ferramentas e sistemas de ener. pllhn dc produtos no cháo de fábrica. E náo importa quanto eu cutuque e fure
!i" .rn mouirrr.rito (o hard.ware, po, ,rrim Ãirrr). Ela abrange também formrd pnrdutosr náo verei nenhum sinal de valor em movimento. O único movi-
"s
de organizaçáo (divisáo do trabalho, estruturas de cooperaçáo, formas corporatird quc contará nessc ponto é a pressa do capitalista para colocar esses produtos
etc.) e o software de sistemas de controle, estudos de tempo e movimento' sistemtl c rcconvcrter scu valor oculto em forma-dinheiro.
de produçáo just-in-time, inteligência artificial e similares. Em uma economia dc ncompanharmos o "possuidor de dinheiro", como Marx costuma-
;}anizadacomPetitivemente.elutaentrefirmas.i úrnrA-Ir,, ittd' o ntcrcado, prccisamos admitir algo que ocorre na esfera oculta
( ) r:uc é uroduzido lá náo é aucnas uma nova mercadoria mate-
fiiroduz um padráo d. l .
I llr", essc motivo (c outros quc estúaarcmos adiante em dctalhcs), o capital se torna üuli1- rclrç,4g ünff" .-pmüi@ A produçáo
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{},l,,.;in**.^ ",*lrintl M;rrx'.r I lidrlcrr Abrxlc: lirr urr l'lxp:rndctl
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C:rpitrrlisrn",
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I (l lla,iru,, tl6, 20 I 4.
presença militar mais ampla, com as despesas associadas a ela, também tende r rc ficllltrrndo .onro pro-ovcnd«r a rcconversáo d<l dinheiro em capital-dinheiro'
clcvar. O podcr do complexo militar-industrial não d dcsprczívcl c a circulaçáo do
capitel é claranrcnrc afctada pelo excrcício dcsuc podcr,
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30 / A loucura da razâo econômica A visualizaçáo do capital como valor em movimento / 3l
\
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çáo de valor na produçáo. É po...se motivo que financistas e banqueiros sáo tanle
d scmelhante ao que acontece no ciclo hidrológico, quando ocorre precipita-
Itn vúrias formas diferentes. Nos últimos tempos, por exemplo, o fluxo de capital §r
impulsionadores da circulaçáo de valor como beneffciários da produçáo
de mais-valor. A circulaçáo de capital portador de juros que demanda um
u diminuir em relaçáo à produçáo de valor, à medida que o capital-dinheiro
Inxm de retorno maiores em outros lugares, como na especulaçáo imobiliária
I§
1\
,:,
baseado no direito de propriedade introduz uma dualidade no interior daquilo líria. O efeito é exacerbar a estagnaçáo a longo prazl.^ na produçáo de valor \
tem sido conceitualizado até agora como um simples fluxo de valor em g{ructeriza boa parte da economia global desde a crise de 2007-2008.
Y,
to. Os capitalistas industriais internalizam esse duplo papel: como organi () clcmcnto contraditório é que a criaçáo.de endividamento dentro do sistema vI.\!.,
da produçáo de mais-valor, eles se engajam em um conjunro de práticas; 'clro impulsiona persistentemente a acumulaçáo futura. A busca frenética por
proprietários de capital na forma-dinheiro, recompensam a si mesmos com o rr §otnr
) tc §ornr il necessidacle trenctlca
i\ nece§slclâde frenética de âmoru7,âr
amortiz,ar a§ dÍvidas. E parte
as cttvlctes. buscal
Parte dessa busca \\\
rnento de juros sobre o dinheiro que eles próprios acliantanr. ou entáo tomam dh iü5g prcçlsa ggcpptrar.founas d
nheiro cnrprcstaclo pirrâ comcçar scus próprios ncgócios c pxl{iun iuros a tcrccirolr () vllor náo rctorna às práticas dc vrrlorizaçáo que nnalisamos sob e mesma' \.[
,-
32 I Alotcuredarazáo econômica A visualizaçáo do capital como valor em movimento / 33 §*
§l
forma que tem quando inicia seu percurso. Ele evolui à medida que se movi
e se expande à medida que evolui. Agora, porém, essa expansáo abarca náo
a busca por mais-va.lor mas também a necessidade adicional de amortizar as d
que se acumulam no interior da rede distributiva exigida para que a circula$o
lissa força motriz poderia derivar de mudanças públicas de vontades, neces-
c desejos de valores de uso. Enquanto Marx tendia a ver o estado das von-
nccessidades e desejos como "consumo racional", conforme deffnido pelo
pode haver circunstâncias em que o caso seja outro. Por exemplo, quando
\l
§
capital efetivamente funcione. prrrte significativa da populaçáo (trabalhadores ou burgueses, náo importa)
o desejo de estabelecer uma relaçáo diferente com a natureza, em que a §
ambiental, a extinçáo de hábitats e as mudanças climáticas que resul-
AS FORÇAS MOTRTZES DO VALOR EM MOVTMENTO rhr práticas capitalistas realmente existentes podem ser revertidas, o processo §
I dc ecumulaçáo de capital pode ser forçado a seguir caminhos alternativos. Se \
'
l\
h, A visualizaçáo
vsualrzaçâo do fluxo
tluxo de capital proposta aqui é, evidentemente, uma sim
si vontades, necessidades e desejos forem apoiados pela capacidade de pagar (e )
\§ caçáo. Mas náo se rrata de uma simplificaçáo gratuita. Ela represenm querro ot lncentivos e subsídios estatais podem fazer adiferença), proteçáo ambiental .l I,
À\
,
§..rro, fundamentais no interior do processo geral de circulaçáo do â rcnováveis podem .o*.ç", substituir os combustíveis fosseis. \.1
"apital: "
'1y valoizaçâo, em que o capital é produzido na forma de mai
valonzaçâo, mais-valor na Mrrx nâo considerou questóes desse tipo, mas a visáo construída com base em \.\
^
p
Ç da realizaçáo, em que o valor é transformado novamente na forma-dinheiro
r p0nmmento pode ser àcilmente adapiada para levar em conta questóes como § §
§meio da rroca mercandl das mercadorias; o da distribuiçáo de valor e mais-r r. Adcmais,
Â.1-.-..:^ o^ E^-^.J^ ^^ tornar ,,^^
^^l^ se
Estado pode ç^--^ motriz
uma força *^+-:- na
^^ acumulaçáo,
^^"*"1^^^^ ^^ medi-
na ^^Ai
\' f,
\* -\
I
§ veremos em breve, desempenham um papel crucial na esrruturaçáo do texto dG,
caPhal O Livro I se dedica àvalorizaçáo, o Livro IIàreilízaçáo e o Livro III
as diversas formas de distribuiçáo.
l, l*1'*':::': ;::::*.:: :i:i *:::::" ri
I fittdnnças tecnológicas. Lutas políticas e sociais acerca da:::,T::Í:
,L,,,.rl,ror.o hâe h^ccrrêffi êcrrrirrrr..
"ioniÊrarln
realizaçâo de;n::" \
Í: valores \\ p
snciais rrm frnfô rliferentes rlns \f \
J § Ainda resta fazermos um breve comentário acerca da força motriz ou clrtssicas em torno da valorizaçáo. Isso ocorre
§lllZ9lque mantêm esse fluxo de capital em movimento. A força motriz
i evidente reside no fato de que nenhum capitalista monerário racional se e trabalho, como ocprre no firomerúo de ualorízaçáo.
todo esse trabalho e enfrentaria todos os percalços daorganizaçáo da produçáo mcrnla Íbrma, é difícil ignorar as luta.s. plíticas::=q_-*==
----:- _ggg"J§*f" IP
mercadorias e mais-valor se náo terminasse com mais dinheiro no fim do pd dedistribu$o-tvtas, para lwar a sério essa questáo, devemos ir muito
de valorizaçáo do que tinha no início. Em poucas palavras, e o-lucro_t?dlX,idg.j Mtrx, que confinou sua análise ao modo como essas formas distributivas po-
ps nSgyg. É chro que podemos atribuir isso à ganância humaniããna maior I dcvcrlem cxistir dentro de uma forma pura de capitalismo. Uma perspectiva
das vezes Marx se abstém de considerar isso um defeito moral. É algo soci lcr cnxcrga os capitalistas rentistas, comerciais e financeiros como blocos
necessário para a produçáo dos valores de uso de que precisamos para viver. dlrtlntos, agindo segundo seus próprios interesses, buscando apropriar-se do
vez que a origem do lucro está na produçáo de mais-valor, o processo de do vrlor quc puderem. A grande questáo que se segue é esta: que incentivo
çáo possui um incentivo para prosseguir indefinidamente com base na Ílnancistas e proprietários de terras têm para reinvestir navaloriza$o,
exploraçáo de trabalho vivo na produçáo. No enranro, isso implica uma ex multo hcm de pernas para o ar, desfrutando de ganhos duvidosos, à custa
perpétua da produçáo de mais-valor. O círculo de reproduçáo do capital se ll d0o so trabalho de participar da produçáo? Por que alguém se preocuparia
uma espiral de crescimento e expansáo incessantes. du produçáo, se pudessc viver de rcnda fundiária?
Marx descarta em geral a ideia de que uma força motriz possa estar vinculadr quc r fornra particular tomada pcla circulaçáo do capital portador de
processo dc realizaçáo. Náo há, porém, nenhum motivo pilra pcnsarmos que r;rtrlrn ury papcl decisiv«r. Pcla criaçáo dc cndivldarncnto - que inclui
llt{lr,t rl,t cirt rrl:rçíto clo capital como um todo é uma representação racional da
r urrr,r Mru'x totrccl'rc o movimento de capital como valor, como situar os três
{'( I t rtltitttl rrcssc rnapa?