Modulo6 - UrgenciaEmergencia - Metabólicas e Respiratórias PDF
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DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
Chefe do Departamento Lúcia Nazareth Amante
Subchefe do Departamento Jane Cristina Anders
COMITÊ GESTOR
Coordenadora Geral do Projeto e do Curso de Especialização Vânia Marli Shubert Backes
Coordenadora Didático-Pedagógica Kenya Schmidt Reibnitz
Coordenadora de Tutoria Lúcia Nazareth Amante
Coordenadora de EaD Grace Terezinha Marcon Dal Sasso
Coordenadora de TCC Flávia Regina Souza Ramos
Coordenadoras Pólos Silvana Martins Mishima, Lucieli Dias Pedreschi Chaves, Lucilene
Cardoso
EQUIPE DE APOIO
Secretaria: Claudia Crespi Garcia e Viviane Aaron Xavier
Tecnologia da Informação: Fábio Schmidt Reibnitz
AUTORAS
Sayonara Barbosa
Grace Terezinha Marcon Dal Sasso
REVISÃO TÉCNICA
Lolita Dopico da Silva
© 2013 todos os direitos de reprodução são reservados à Universidade Federal de Santa Catarina.
Somente será permitida a reprodução parcial ou total desta publicação, desde que citada a fonte.
ISBN: 978-85-88612-63-1
CDU – 616-083.98
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
LINHAS DE CUIDADO EM ENFERMAGEM
MÓDULO VI
LINHA DE CUIDADO NAS URGÊNCIAS/EMERGÊNCIAS
CLÍNICAS RESPIRATÓRIAS E METABÓLICAS
FLORIANÓPOLIS
2013
Carta do Autor
Caro aluno,
Neste módulo, compartilharemos com você aspectos fundamentais no cui-
dado ao paciente em condições de urgências¬/emergências clínicas respi-
ratórias, metabólicas e intoxicações exógenas. Este módulo é composto por
três unidades: Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respi-
ratórias; Aplicação da metodologia da assistência nas urgências/emergên-
cias metabólicas e eletrolíticas; e Aplicação da metodologia da assistência
nas intoxicações exógenas, grupos farmacológicos, e técnicas e procedimen-
tos de assistência ventilatória. Ao trilhar todas estas unidades você estará
construindo um caminho para exercer a sua prática profissional de forma
melhor fundamentada o que lhe propiciará prestar um cuidado mais ade-
quado aos pacientes. Que você faça uma excelente caminhada!
Nós somos o que fazemos repetidas vezes. Portanto, a excelência não é um ato, mas um hábito.
Aristóteles
Objetivo Geral
Ao final da leitura deste Módulo você deverá compreender os principais as-
pectos do cuidado de enfermagem aos pacientes nas urgências/emergências
respiratórias clínicas, metabólicas, eletrolíticas e intoxicações exógenas.
Carga Horária
45 horas.
Sumário
Referências....................................................................................................138
Minicurrículo do(s) autor(es)...........................................................................141
UNIDADE 1
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
1.1 Introdução
Os distúrbios respiratórios são uma causa frequente de procura por aten-
dimento nas unidades de emergência. Por implicarem em condições que
rapidamente colocam a vida em risco, é preciso que o enfermeiro tenha
condições de identificar precocemente as alterações presentes e riscos po-
tenciais e intervir prontamente, de modo a propiciar melhores resultados
para o paciente.
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Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
1.2.1 Anamnese
Na anamnese (ou história clinica) são obtidas as informações de interesse
do enfermeiro que permitem compreender as dimensões do processo saú-
de-doença vivenciado pelo paciente. A anamnese também visa à relação
enfermeiro-paciente. É fundamental que a anamnese siga um roteiro para
facilitar o cruzamento e análise das informações na sequência. Dentre al-
guns dos dados mais comumente obtidos destacam-se:
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Inspeção
A inspeção envolve uma observação global da aparência do paciente e in-
clui a visão, a escuta e o odor. O objetivo da inspeção é observar os dados
normais e alterações do paciente, prestando atenção a mudanças óbvias e
súbitas que podem requerer investigação posterior. Vários são os parâme-
tros a serem observados na inspeção, tais como (a) frequência respiratória,
(b) o ritmo respiratório, (c) a qualidade da respiração, (d) o grau de esforço
ventilatório, (e) a cor da pele, (f) presença de deformidades, (g) estado men-
tal, (h) tosse, todos descritos a seguir (MOORE, 2007):
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
c) Qualidade da respiração
Normalmente, o movimento torácico é simétrico. Falência da parede to-
rácica em elevar-se adequadamente pode indicar fibrose, colapso de lo-
bos superiores ou obstrução brônquica. Dor torácica súbita e aguda, como
encontrada no pneumotórax, pode inibir o paciente a realizar respirações
profundas, resultando em hipoventilação alveolar.
e) Cor da pele
A cianose pode ocorrer quando há uma grande quantidade de hemoglo-
bina não saturada, e pode ser detectada quando a saturação de oxigênio
no sangue arterial cai abaixo de 85%. A cianose geralmente é considerada
um sinal tardio da disfunção respiratória, entretanto é sujeita a uma varia-
ção considerável. A cianose é de difícil avaliação sob luz artificial e melhor
identificada nos lábios e na língua. Há dois tipos de cianose.
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Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Palavra do profissional
Deve-se ter uma atenção especial ao avaliar a cor da pele em
pacientes de pele com cor escura, pois as mudanças na cor da
pele, particularmente cianose, não são facilmente detectáveis.
É importante notar que pacientes anêmicos podem ter
hemoglobina insuficiente para produzir a cor azulada das
membranas mucosas que caracteriza a cianose.
f) Presença de deformidades
O baqueteamento digital ocorre como resultado de uma condição crônica
formada durante um longo período de tempo. Isso pode ser indicativo de
hipoxemia originada por doença pulmonar crônica ou cardiovascular.
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
g) Estado mental
A redução do nível de consciência do paciente e/ou a alteração do estado
mental pode indicar hipoxemia. Os sinais podem incluir um comporta-
mento inapropriado, agitação e confusão mental. Qualquer mudança no
estado mental deve ser comunicada imediatamente, pois isto pode indicar
que o cérebro esta sofrendo privação de oxigênio. Se não forem tomadas
medidas apropriadas e imediatas, o paciente pode desenvolver deteriora-
ção do quadro clinico e apresentar inconsciência, que pode resultar em
dano cerebral irreversível.
h) Tosse
Avaliação da tosse do paciente é importante, pois indica a dificuldade de
eliminação de secreção ou líquidos que estejam obstruindo os pulmões ou
vias aéreas. A avaliação da tosse inclui várias observações importantes,
sendo o escarro um indicativo útil da patologia pulmonar.
Palpação
É o uso do toque para identificar sinais físicos, e geralmente é usada para
determinar a densidade dos tecidos e movimento do tórax. Outras con-
dições que podem ser determinadas pela palpação incluem: temperatura
e turgor da pele, simetria de movimento ventilatório, expansão torácica,
uso de musculatura ventilatória, qualidade das vibrações pulmonares,
crepitação (enfisema subcutâneo), posição traqueal. A palpação da caixa
torácica pode ser particularmente efetiva no diagnóstico diferencial. Ela é
realizada colocando ambas as mãos no tórax posterior (ou anterior) com
os polegares em contato na linha média espinhal (ou esternal). O tórax
deve mover-se simetricamente. Movimentos assimétricos do tórax podem
indicar: atelectasia unilateral, pneumotórax, tórax instável (fratura de cos-
telas), dentre outras condições.
Percussão
A informação obtida pela percussão é limitada. Apenas lesões grandes ou
processos patológicos (por exemplo, derrames pleurais com mais de 500 ml)
podem ser determinados por esta técnica. A avaliação de estruturas subja-
centes (identifica ar, líquido ou material sólido) é realizada através da per-
cussão sobre osso, músculo, líquido ou tecido pulmonar consolidado para
produzir um o respectivo som. Áreas de tecido preenchidas com ar produ-
zem sons ressonantes (timpânicos), que são normais sobre o tecido pulmo-
nar sadio. Áreas de tecido hiperinflado produzem sons hiperressonantes.
Ausculta
Os sons ventilatórios são reflexos do modo como o ar circula nas vias aére-
as, podem ser normais ou anormais. Os tipos de sons normais são:
a) Som traqueal
Som de caráter tubular, timbre rude, presente nas duas fases da respira-
ção, mais intenso na expiração, ouvido principalmente na região cervical
anterior e esternal.
b) Som brônquico
Variante do som traqueal ouvido sobre as zonas de projeção dos brônquios
de grande calibre, principalmente sobre o manúbrio esternal. O compo-
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
c) Som broncovesicular
É ouvido nas regiões paraesternais, infra e supraclaviculares e possui algu-
mas características dos sons brônquico e vesicular. É mais grave que o som
vesicular e mais suave do que o som brônquico, é audível igualmente na
inspiração e expiração. A expiração tem duração e intensidade iguais, não
havendo pausa entre elas.
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Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
a) Sons contínuos
São os sons que se superpõem ao som vesicular, podendo ser ouvidos em
qualquer fase da respiração. Resultam de condições no parênquima pul-
monar que favorecem a transmissão do som, tais como a consolidação. São
mais extensos na expiração. Esses sons podem ser intensos e obscurecer os
sons normais da respiração. Podem ocorrer na inspiração e/ou na expiração,
ser localizados ou difusos e ser encontrados em pequena ou grande quan-
tidade; todas essas características devem ser registradas. Dividem-se em:
• Ronco
É usado para denominar os sons graves com ruído alto, semelhan-
tes ao roncar ou ressonar das pessoas. São produzidos quando as
vias respiratórias maiores estão repletas de líquido.
• Sibilo
Sons agudos produzidos pelas vias respiratórias quando em cons-
trição e que ocorrem durante a expiração; semelhantes a um as-
sobio ou chiado.
b) Sons descontínuos
São sons explosivos, intermitentes e de curta duração. São pequenos sons
de estalidos, borbulhante ou do tipo chocalho que se ouvem numa parte do
pulmão. Eles ocorrem quando o ar se move através das vias respiratórias
repletas de líquido. Dividem-se em:
Saiba mais
Neste site você encontra um tutorial que irá auxiliá-lo na
avaliação dos sons pulmonares - <http://www.virtual.unifesp.
br/unifesp/torax/>
• Gasometria arterial
• Oxigenação
a. PaO2
É a pressão parcial de O2 dissolvida no sangue arterial. A PaO2 nor-
mal (ou pO2) é de 80 a 100 mmHg ao nível do mar. A pO2 diminui
no idoso; o valor de indivíduos de 60 a 80 anos de idade varia de 60
a 80 mmHg.
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Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
b. SaO2
Refere-se à quantidade de oxigênio ligado à hemoglobina. A satu-
ração normal de hemoglobina varia de 93 a 99%. A SaO2 é muito
importante porque a maioria do O2 fornecido aos tecidos é trans-
portado através da hemoglobina.
Tanto a PaO2 quanto a SaO2 são usadas para avaliar a oxigenação. A dimi-
nuição da oxigenação do sangue arterial (pO2 menor que 80 mmHg) é refe-
rida como hipoxemia. Hipoxemia é diferente de hipóxia, que é diminuição
de oxigênio a nível tissular. A força com que o oxigênio liga-se à molécula
de hemoglobina tem implicações clínicas importantes. Se o oxigênio liga-se
fracamente, a hemoglobina pode liberar o oxigênio antes que alcance os te-
cidos que dele necessitam. Se o oxigênio liga-se muito fortemente, ele pode
não ser transferido aos tecidos. A força da ligação oxigênio-hemoglobina é
graficamente representada na curva de dissociação da hemoglobina, que
pode ser usada para estimar a PaO2 se a saturação de oxigênio é conhecida.
Por exemplo, a pO2 é 97 mmHg e está associada com uma SaO2 de 97%. Se
a pO2 cai para 80 mmHg, a SaO2 cai apenas para 95%. Porém, se a pO2 cai de
80 para 60 mmHg, a SaO2 irá cair de 95 para 90%. Embora estes exemplos
reflitam uma diminuição da pO2 o paciente não estaria imediatamente com-
prometido já que a hemoglobina ainda está bem saturada com O2 .
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
a) PCO2: ou PaCO2
É a pressão parcial de CO2 dissolvida no plasma arterial. A PCO2 normal
varia entre 35 a 45 mmHg e sua concentração é regulada pelo sistema
neurológico. Uma pCO2 > 45 mmHg indica acidose respiratória, e um valor
inferior a 35 mmHg indica alcalose respiratória. Se um paciente hipoventi-
la, o CO2 é retido, levando a acidose respiratória. Se um paciente hiperven-
tila, o excesso de CO2 é eliminado pelos pulmões, resultando em alcalose
respiratória.
b) HCO3
É a concentração de bicarbonato de sódio no sangue. A sua faixa de norma-
lidade vai de 22 a 26 mEq/l. O HCO3 é regulado pelos rins. O bicarbonato
neutraliza ácidos. A regulação do equilíbrio acidobásico ocorre por meio
do sistema tampão, que pode ser descrito como um mecanismo para neu-
tralizar os ácidos. Três sistemas tampão existem para a manutenção do
equilíbrio acidobásico: o sistema tampão no sangue, no sistema respirató-
rio e no sistema renal.
Compensação
É o termo usado para descrever os mecanismos corporais para a restaura-
ção do pH normal, quando confrontado com estados de acidose ou alcalo-
se. Em um pH normal, a proporção de bicarbonato para o dióxido de car-
bono é de 20:1. A compensação envolve o ajuste do pCO2 ou bicarbonato
usando o componente que não está afetado para voltar esta relação para
20:1. Por exemplo, durante um problema respiratório, os rins fazem esta
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Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Raio X do tórax
O RX de tórax é um instrumento diagnóstico importante na identificação rá-
pida de anormalidades respiratórias na unidade de emergência. O RX de tórax
pode fornecer confirmação de observações clínicas, mostrar limites anatômi-
cos e também identificar mudanças no quadro respiratório do paciente.
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Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Visualização do RX
A incidência padrão do tórax é a radiografia póstero-anterior ou abreviada-
mente “tórax PA”. O termo póstero-anterior refere-se à direção do feixe de
raios X que, neste caso, atravessa o paciente de trás para frente. Por outro
lado, na incidência antero-posterior (AP), o feixe de raio X atravessará o
paciente da frente para trás. Comparada com a radiografia AP, a radiografia
PA apresenta imagens com menor magnificação e maior nitidez. As radio-
grafias AP ou PA são visualizadas como se você estivesse olhando de frente
para o paciente. Em todas as radiografias, o lado esquerdo do paciente fica
a sua direita.
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Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Saiba mais
Nos sites indicados a seguir, você encontrará um rico material
que lhe ajudará a sistematizar melhor a avaliação das
radiografias torácicas.
Avaliação sistemática de radiografias do tórax:
<http://www.2gse.cbmerj.rj.gov.br/documentos/Protocolo%20
UPAs%2024h/Cap_114.pdf>
Radiografia simples do tórax: incidências, aspectos técnicos e
sistematização da análise.
<http://xa.yimg.com/kq/groups/19318271/1182650970/name/
RaioX>
Métodos de diagnóstico por imagem aplicados ao tórax.
<http://www.hcnet.usp.br/inrad/departamento/graduacao/
aula_2009/Highlights_Torax.pdf>
Agora que você já sabe como avaliar a função respiratória do paciente, ve-
jamos algumas condições que se apresentam com frequência na unidade
de emergência.
1.3.1. Fisiopatologia
Na insuficiência respiratória aguda os pulmões são incapazes de realizar
as trocas gasosas de forma adequada, e há vários mecanismos envolvidos
nesse processo. A troca gasosa adequada depende do funcionamento de
diferentes etapas relacionadas a diferentes componentes do sistema respi-
ratório. Essas etapas são: ventilação, perfusão, relação, ventilação/perfusão
e difusão. Qualquer condição que interfira nestas etapas pode provocar
insuficiência respiratória aguda.
Ventilação
É o processo responsável pela renovação do gás alveolar, resulta de um
uma ação integrada entre o centro respiratório, localizado no sistema
nervoso central, vias nervosas que inervam os músculos respiratórios, cai-
xa torácica (estrutura osteomuscular) e os pulmões. Alterações na ventila-
ção levam ao prejuízo do aporte de oxigênio e eliminação de CO2 e podem
ocorrer em situações que provoquem alteração da elasticidade pulmonar
(ex: enfisema), obstrução alveolar (ex: asma), modificações na expansibili-
dade pulmonar (presença de secreção, tumor ou fibrose na parece alveolar)
ou ainda diminuição da frequência respiratória (acometimento do sistema
nervoso, deformidades da caixa torácica e/ou músculos respiratórios).
Perfusão
Os pulmões são bastante irrigados pela corrente sanguínea, sendo que os
pequenos vasos são os responsáveis pela sua atividade funcional, ou seja,
pelas trocas gasosas. A perfusão pulmonar pode ser alterada por obstrução
do vaso sanguíneo (doenças tromboembólicas, por exemplo), redução dos
capilares pulmonares (enfisema).
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Difusão
É a troca gasosa entre o ar no interior do alvéolo e o sangue no interior
do capilar pulmonar, por difusão passiva através da membrana alvéolo-
-capilar. A difusão ocorre pela diferença de concentração do oxigênio, que é
maior no alvéolo do que no capilar, e do gás carbônico, maior no capilar do
que no alvéolo. Diferentes fatores podem alterar a capacidade de difusão
pulmonar, tais como o espessamento e alteração da composição da mem-
brana alveolocapilar (ex: doença intersticial pulmonar) ou a redução da
superfície da membrana alveolocapilar (observado no enfisema).
Apresentação clínica
A IRpA pode ocorrer em decorrência de diferentes condições patológicas,
com sintomas e sinais específicos e diversos e, assim, pode apresentar-se
clinicamente de forma muito variada. Entretanto, independente da etiolo-
gia da IRpA, alguns dados são comuns, tais como:
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
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Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Saiba mais
<http://www.fmrp.usp.br/revista/2003/36n2e4/7_insuficiencia_
respiratoria.pdf>.
1.3.3 Asma
A asma é uma doença inflamatória crônica, caracterizada por hiperrespon-
sividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo,
reversível espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se clinica-
mente por episódios recorrentes de sibilância, dispneia, aperto no peito
e tosse, particularmente à noite e pela manhã ao despertar (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2012). Resulta de uma in-
teração entre genética, exposição ambiental a alérgenos e irritantes e ou-
tros fatores específicos que levam ao desenvolvimento e manutenção dos
sintomas. Os fatores responsáveis pelo desencadeamento de uma crise
asmática são conhecidos como gatilhos. Entre os principais, destacam-se
(DALCIN; PERIN, 2009):
• Infecção viral.
• Fumaça de cigarro.
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
• Mudanças climáticas.
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Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Sinais e sintomas
A manifestação subjetiva de “aperto no peito”, acompanhada de tosse seca,
geralmente marca o início de uma crise asmática. Em seguida, a respiração
se torna rude e bem audível, com presença de sibilos, principalmente à ex-
piração. Os pulmões se tornam hiperinsuflados e há aumento no diâmetro
anteroposterior do tórax. Os pacientes geralmente apresentam taquipneia
(FR > 20 irpm), taquicardia e hipertensão sistólica leve. Nos casos mais
graves, ocorre uso da musculatura respiratória acessória com tiragem in-
tercostal, cornagem, cianose, redução ou desaparecimento difuso do mur-
múrio vesicular à ausculta (Brasil, 2010a).
Intervenções de enfermagem
1. Avaliar o nível de consciência.
2. Abrir via aérea.
3. Verificar respiração.
4. Administrar oxigênio suplementar sob máscara 10 a 15 litros por
minuto.
5. Monitorizar o paciente com cardioscópio, oxímetro de pulso.
6. Obter acesso venoso periférico com cateter calibroso.
7. Colher gasometria arterial de pacientes intensamente dispnéicos,
com alterações do nível de consciência ou hemodinâmicas.
8. Radiografar tórax no leito, caso o paciente apresente febre, sinais
de complicação (infecciosa ou pneumotórax) ou esteja em estado
grave.
9. Indicar a intubação e a ventilação mecânica nos pacientes com ní-
vel de consciência deprimido ou que apresentem fadiga extrema.
10. Assistir ventilação, caso necessário, com bolsa antes de proceder à
intubação.
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
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Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
A bronquite crônica, por sua vez, é definida como a presença de tosse pro-
dutiva crônica por pelo menos três meses em cada um de dois anos con-
secutivos, em um paciente em que outras causas de tosse crônica tenham
sido afastadas. Esta definição, diferentemente da observada no enfisema, é
de natureza clínica e epidemiológica, não guardando, no entanto, relação
direta com a limitação ao fluxo aéreo, podendo precedê-la ou mesmo estar
ausente nos pacientes com obstrução aérea significativa.
Causas
A identificação dos fatores de risco representa ponto importante para o
desenvolvimento de estratégias para a prevenção a tratamento da DPOC.
Dentre os principais fatores destacam-se:
• Suscetibilidade individual.
• Desnutrição na infância.
Fisiopatologia
Na DPOC, ocorre uma inflamação crônica nas vias aéreas centrais e pe-
riféricas, além dos alvéolos e dos vasos pulmonares causando dispneia,
aumento de secreção brônquica e hipertensão pulmonar. No enfisema, a
inflamação ocasiona comprometimento da elastina do alvéolo e por con-
sequência perda de sua integridade. Na bronquite crônica, a inflamação
desencadeia disfunção ciliar, dilatação dos bronquíolos e acúmulo de se-
creções. Ocorre, então, obstrução brônquica, aumento da resistência das
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Sinais e sintomas
Os principais sintomas incluem dispneia aos esforços que pode progredir
para dispneia de decúbito (ortopneia) e dispneia paroxística noturna, tos-
se produtiva matinal (pois há um acúmulo das secreções/muco produzidos
durante a noite na árvore traqueobrônquica), hemoptise, expectoração.
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Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Obstrução grave
Fonte: http://pulmaosarss.files.wordpress.com/2010/10/dpoc-netter.jpg
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Intervenções de enfermagem
1. Verificar o nível de consciência.
2. Providenciar desobstrução de vias aéreas
3. Verificar respiração.
4. Administrar oxigênio suplementar sob máscara dez litros por minu-
to observando cuidados com depressão respiratória.
5. Assistir respiração com BVM, se indicado.
6. Manter saturação > 90%.
7. Monitorizar o paciente com cardioscópio, monitor de pressão arte-
rial não invasivo, capnógrafo e oxímetro de pulso.
8. Obter acesso venoso periférico com cateter calibroso.
9. Obter sangue para: hemograma, gasometria arterial, função renal,
eletrólitos e coagulação.
10. Providenciar ECG de 12 derivações.
11. Tratar os fatores de descompensação.
12. Radiografar tórax em PA e perfil, se possível.
13. Aplicar CPAP sob máscara em pacientes colaborativos.
14. Intubar imediatamente pacientes com nível de consciência depri-
mido (Glasgow ≤ 8), instabilidade hemodinâmica ou fadiga extrema.
15. Empregar broncodilatadores por via inalatória para reverter bronco-
espasmo (principalmente os anticolinérgicos). Evitar a aminofilina
devido a seu alto potencial de toxicidade.
16. Considerar o emprego de corticosteróides IV especialmente em pa-
cientes com broncoespasmo intenso (20 a 40 mg de metilpredniso-
lona 8 em 8 horas).
17. Iniciar ventilação assistida, caso necessário.
18. Manter continuamente monitorizados o ritmo cardíaco, oximetria e PNI.
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Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Saiba mais
A seguir disponibilizamos sites de interesse para consultar
e aprofundar mais sobre as Doenças Broncopulmonares
Obstrutivas Crônicas (DPBOC).
• DPOC - definições e conceitos - as bases clínicas. <http://
www.sopterj.com.br/atualizacoes_tematicas/2009/05.pdf>.
• Consenso Brasileiro de DPOC: <http://www.
jornaldepneumologia.com.br/PDF/Suple_124_40_DPOC_
COMPLETO_FINALimpresso.pdf>.
1.3.5 Pneumonia
A pneumonia é uma inflamação do parênquima pulmonar provocada por
vários microorganismos, incluindo bactérias, micobactérias, fungos e vírus.
As pneumonias são classificadas como pneumonia adquirida na comuni-
dade, pneumonia nosocomial, pneumonia no hospedeiro imunocompro-
metido e pneumonia aspirativa.
Fisiopatologia
Normalmente, as vias aéreas superiores previnem que partículas poten-
cialmente infecciosas alcancem o trato respiratório inferior. A pneumo-
nia surge da flora normal presente em pacientes cuja resistência tenha
sido alterada ou da aspiração da flora presente na orofaringe; os pacientes
frequentemente tem uma doença aguda ou crônica subjacente que pre-
judica as defesas do organismo. A pneumonia também pode resultar de
organismos na corrente sanguínea que penetram na circulação pulmonar
e em seguida no leito capilar pulmonar. A pneumonia afeta a ventilação e
a difusão. Uma reação inflamatória pode ocorrer nos alvéolos, produzindo
um exsudato que interfere com a difusão de oxigênio e de gás carbônico.
Glóbulos brancos, a maioria neutrófilos, também migram para os alvéolos
e preenchem os espaços que normalmente estão preenchidos com ar. Áre-
as do pulmão não são adequadamente ventiladas devido às secreções e ao
edema da mucosa que provocam oclusão parcial dos brônquios ou alvéo-
los, com uma resultante diminuição na tensão do oxigênio alveolar. Pode
ocorrer broncoespasmo nos pacientes com doença reativa das vias aéreas.
Devido à hipoventilação, ocorre alteração na relação ventilação-perfusão
na área afetada do pulmão. O sangue venoso que entra na circulação pul-
monar passa pela área não ventilada e vai pobremente oxigenado para o
lado esquerdo do coração. A mistura do sangue oxigenado e não oxigenado
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Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Sinais e sintomas
A pneumonia apresenta sinais e sintomas variados dependendo do tipo,
organismo causal, e presença de doença subjacente. Entretanto, não é
possível diagnosticar uma forma específica de pneumonia apenas pelas
manifestações clinicas. O paciente com pneumonia estreptocócica geral-
mente tem um início súbito com calafrios, febre rapidamente crescente
(38.5 a 40.5 C) e dor torácica pleurítica agravada pela respiração profunda
e tosse. O paciente apresenta taquipneia, acompanhada por outros sinais
de angústia respiratória (respiração curta, uso de musculatura acessória)
e o pulso apresenta-se rápido. Uma bradicardia relativa pode sugerir infec-
ção viral, infecção por micoplasma ou infecção por Legionella. Alguns pa-
cientes apresentam uma infecção do trato respiratório superior (congestão
nasal, por exemplo) e o início dos sintomas da pneumonia é gradual e não
específico. Os fatores predominantes podem ser cefaleia, febre baixa, dor
pleurítica, mialgia, rash e faringite. Após alguns dias, ocorre a eliminação
de escarro mucóide ou mucopurulento. Na pneumonia severa, o paciente
apresenta vermelhidão na face e o leito ungueal mostra cianose central.
O paciente pode apresentar ortopneia, preferindo ficar sentado inclinado
para frente, em um esforço de melhorar a troca gasosa sem tossir ou res-
pirar profundamente. Há sudorese profusa e o paciente fica cansado facil-
mente. O escarro frequentemente é purulento, entretanto este não é um
fator confiável do agente etiológico.
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Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Intervenções de enfermagem
1. Mantenha vias aéreas desobstruídas e forneça oxigenação adequada.
2. Obtenha amostra de escarro.
3. Se o paciente não conseguir expectorar, realize aspiração.
4. Para prevenir a disseminação de infecção, descarte as secreções cor-
retamente.
5. Monitorize os valores da gasometria arterial, especialmente se o pa-
ciente estiver hipóxico.
6. Avalie o estado respiratório do paciente frequentemente, auscultan-
do-o, pelo menos, a cada 4 horas.
7. Avalie a efetividade dos medicamentos administrados
8. Avalie o estado respiratório, incluindo frequência, profundidade, fa-
cilidade das ventilações, dispneia, uso de musculatura acessória e
diminuição dos sons ventilatórios.
9. Observe mudanças no estado mental, cor da pele, cianose.
10. Observe a qualidade da tosse e a capacidade em eliminar secreções
incluindo a consistência e características do escarro, pois a remoção
de secreções previne a obstrução de vias aéreas e seu acúmulo pode
levar a piora da infecção e consolidação dos pulmões.
11. Mantenha o paciente com oximetria de pulso.
12. Mantenha o paciente com cabeceira elevada.
13. Encoraje a tosse e a respiração profunda.
14. Realize higiene oral.
44
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Acidose respiratória
A acidose respiratória é definida como o pH inferior a 7.35 com uma PaCO2
maior que 45 mmHg. A acidose é causada pelo acúmulo de CO2 que com-
bina-se com a água no organismo para produzir gás carbônico, formando
o ácido carbônico e assim diminuindo o pH do sangue. Ocorre quando o
sistema respiratório falha em eliminar o CO2 tão rapidamente quanto é
produzido, provocando uma diminuição no pH. Qualquer condição que re-
sulte em hipoventilação pode provocar acidose respiratória. Essas condi-
ções incluem:
45
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Alcalose respiratória
A alcalose respiratória é definida como o pH maior que 7.45 com uma
PaCO2 inferior a 35 mmHg. Ocorre quando o sistema respiratório elimina
o CO2 mais rapidamente do que este é produzido. Qualquer condição que
cause hiperventilação pode resultar em alcalose respiratória. Estas condi-
ções incluem:
• Dor
Acidose metabólica
Ocorre por acúmulo de ácidos metabólicos ou perda de base. Ocorre quan-
do o pH está inferior a 7,35, a PaCO2 está normal e o [HCO3-] está diminu-
ído (< 22mEq/l). Frequentemente, devido à rápida intervenção do sistema
respiratório para compensar as anormalidades do pH, ocorre à respiração
de Kussmaul, que é um padrão respiratório para eliminar o CO2, em uma
tentativa de normalizar o pH. Condições que podem produzir acidose me-
tabólica incluem o metabolismo anaeróbico, uma das causas mais comuns
46
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Alcalose metabólica
Ocorre quando o pH está superior a 7,35, a PaCO2 está normal ou ligeira-
mente elevada, e o [HCO3-] está elevado (> 22mEq/l). Tanto o excesso de
base quanto à perda de ácidos no organismo podem provocar alcalose me-
tabólica. O excesso de base ocorre da ingestão excessiva de antiácidos, uso
excessivo de bicarbonato ou uso de lactato em diálise. A perda de ácidos
pode ocorrer secundária a vômitos intensos, administração excessiva de
diuréticos, níveis elevados de aldosterona.
47
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Quadro 1: Valores de referência dos parâmetros da gasometria arterial (ao nível do mar):
Parâmetros Valores
PH 7,35 a 7,45
CO2(mmHg) 35 a 45
PO2(mmHg) 80 a 120
SatO2(%) 97%
BE +2a-2
HCO3(mEq/l) 22 a 26
48
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
49
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Saiba mais
A seguir, você encontra um site de referência importante para
aprofundar os distúrbios acidobásicos, não deixe de consultar.
Distúrbios do equilíbrio acidobásico
<http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/3332/
disturbios_do_equilibrio_acido_basico.htm>
50
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Broncodilatadores
Os broncodilatadores provocam o relaxamento da musculatura lisa das
vias aéreas, melhorando o seu calibre. Podem ser administrados por várias
formas, particularmente na forma de sprays de aerossol ou nebulizadores.
Os broncodilatadores por via inalatória são um componente essencial no
tratamento da asma e DPOC. Estes medicamentos são agrupados em dife-
rentes grupos.
Agonistas adrenérgicos
Esta classe terapêutica inclui a adrenalina, a terbutalina, fenoterol e sal-
butamol.
Mecanismo de ação
A ação no sistema respiratório é decorrente da estimulação dos receptores
beta2 adrenérgicos presentes no pulmão, que resulta no relaxamento da
musculatura lisa da árvore traqueobrônquica, com consequente bronco-
dilatação. Além disso, inibem a liberação de mediadores químicos envol-
vidos na precipitação das crises de broncoespasmo. O tempo de início do
efeito terapêutico dos medicamentos desta classe são diferentes, porém a
metabolização de todos é hepática e a excreção renal. O inicio do efeito da
adrenalina é imediato (um minuto) quando usada por via inalatória. A ter-
butalina quando administrada por via oral, tem efeito em 30 a 45 minutos,
com meia vida de 11 a 16 horas. O salbutamol tem seu início de ação em
2 a 3 horas (via oral) com meia vida de 3,7 a 5 horas. O inicio de ação ina-
latória do fenoterol é rápido (5 minutos) sendo o pico do efeito obtido nos
primeiros 30 a 60 minutos, com duração de 3 a 4 horas.
Pontos a observar
O uso destes agentes deve ser cuidadoso nos pacientes portadores de dia-
betes, doenças cardiovasculares, hipertireoidismo, aterosclerose cerebral,
quadros convulsivos, hiperplasia prostática, glaucoma e idosos. É reco-
mendado que a adrenalina seja diluída quando utilizada na nebulização.
Derivados da xantina
Este grupo farmacológico inclui a teofilina e seus congêneres, como a ami-
nofilina.
51
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Mecanismo de ação
Estes agentes provocam inibição da fosfodiesterase, reduzindo a degrada-
ção do AMP cíclico; com isso, há aumento deste mensageiro no interior da
célula, que produz efeitos semelhantes aos agonista beta2 adrenergicos.
Entretanto, os níveis séricos da teofilina necessários para exercer essa ação
broncodilatadora são maiores que a faixa terapêutica habitual, sugerindo
que o medicamento possa aumentar as concentrações intracelulares do
cálcio e causar inibição dos receptores de adenosina.
Pontos a observar
A administração dos derivados de xantina deve ser cautelosa em idosos,
pacientes com doenças cardiovasculares ou hepáticas, com úlcera péptica
ativa, diabetes e hipertireoidismo. A aminofilina é utilizada preferencial-
mente por via endovenosa, o que demanda cuidados relativos à incompa-
tibilidade com outros medicamentos, muitas vezes infundidos de modo
simultâneo. Sua infusão deve ser feita de forma lenta e diluída. Desse
modo, é recomendado evitar a administração concomitante com os se-
guintes agentes: amiodarona, ciprofloxacina, claritromicina, dobutamina e
ondanstrona. Como a dose terapêutica da aminofilina é muito próxima do
nível tóxico, é fundamental observar os sinais de toxicidade, especialmen-
te em idosos que incluem: náusea, vômito, ansiedade, agitação, insônia,
taquicardia e convulsões.
Anticolinérgicos
O principal agente é o ipratrópio.
Mecanismo de ação
Sua ação broncodilatadora é resultado da inibição da liberação de acetil-
colina das terminações nervosas parassimpáticas da musculatura lisa brô-
nquica. Este anticolinérgico também provoca redução das secreções pro-
duzidas pelas mucosas nasal e brônquica. A sua ação broncodilatadora
ocorre em 1 a 3 minutos, com pico entre 1,5 a 2 horas.
Pontos a observar
Deve ser administrado com cautela em mulheres que estão amamentan-
do, crianças menores de 12 anos e pacientes com glaucoma ou hipertrofia
prostática.
52
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
No quadro abaixo, você pode observar algumas das reações adversas e in-
terações medicamentosas dos broncodilatadores.
Musculo-esquelético:
Miscelânea:
53
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Neurológico:
↑ toxicidade da terbutalinal:
Cardiovascular:
Simpaticomiméticos, metildopa,
Respiratório:
inibidores da MAO e antidepressivos
Terbutalina Digestivo: tricíclicos
Musculo-esquelético: tremores, câimbras, ↓ efeito broncodilatador:
fraqueza.
betabloqueador
Miscelânea: urticária, hipocalemia, sudorese.
↑ toxicidade da aminofilina:
xerostomia.
54
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Corticosteroides
Os corticosteroides são utilizados para reduzir a inflamação brônquica, e
são os agentes mais antiinflamatórios mais efetivos utilizados para tra-
tar pacientes com obstrução reversível do fluxo de ar. Os corticosteroides
atuam agem sobre as respostas imunes e reduzindo a inflamação. Dro-
gas sistêmicas como dexametasona, metilprednisolona e prednisona são
administradas durante um evento respiratório agudo como insuficiência
respiratória aguda ou exacerbação do DPOC. Estes medicamentos inicial-
mente são administrados por via endovenosa e quando o paciente está
estabilizado, podem ser substituídos pela sua forma oral. Pacientes com
asma comumente utilizam esteroides inalatórios, que também suprimem
a resposta imune reduzindo a inflamação das vias aéreas.
Insuficiência cardíaca
Arritmias
Esteróides Utilizado com cautela em pacientes
Edema
sistêmicos com infarto agudo do miocárdio
Colapso circulatório
Dexametasona recente, hipertensão, doença renal
Tromboembolismo
Metilprednisolona e úlcera gastrointestinal.
Úlcera péptica
Prenisona Monitorizar pressão sanguínea e
Hiperglicemia
glicemia.
Hipocalemia
Insuficiência suprarenal
55
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
1.6 Oxigenoterapia
Oxigenoterapia é o termo utilizado para o uso clínico de oxigênio suple-
mentar e consiste na administração de oxigênio acima da concentração do
gás ambiental normal ao nível do mar (21%). O objetivo da oxigenoterapia é
corrigir a hipoxemia, através da otimização da oferta de oxigênio e, conse-
quentemente, manter a oxigenação tecidual adequada, além de promover
a diminuição da carga de trabalho cardiopulmonar através da elevação dos
níveis alveolar e sanguíneo de oxigênio. A oxigenoterapia é indicada para
pacientes com hipoxemia aguda e aqueles com sintomas de hipoxemia
crônica ou sobrecarga cardiopulmonar.
56
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
57
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
58
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Geradores de Fluxo – São recursos utilizados para gerarem alto fluxo atra-
vés de arrastamento de ar. A fonte de oxigênio passa através de duas vál-
vulas de agulha; uma propulsiona o jato, determinando a quantidade de ar
arrastado e a outra fornece oxigênio suplementar para aumentar a FiO2.
Este tipo de gerador é utilizado para se realizar ventilação não invasiva
através de máscara facial siliconizada e é acoplado a uma fonte de 50 pseg,
fornecendo concentrações de O2 de 30% a 100% com fluxos até 100l/min.
59
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Quadro 5: Diferenças entre o fluxo e a FiO2 ofertada de acordo com os diferentes dispositivos.
Fluxo de O2
Dispositivo FiO2 Considerações de enfermagem
(l/min.)
Baixo Fluxo
Alto fluxo
60
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
• Hipoxemia grave.
61
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
62
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
1.8 Registro
• Sinais vitais frequentes e leituras do oxímetro de pulso devem ser
registrados antes durante e após a intubação.
• Registrar medicamentos utilizados, o profissional que realizou o
procedimento, tamanho do tubo utilizado, marca de inserção em ní-
vel da comissura labial, pressão de enchimento do balonete.
• Registrar como foi confirmada a localização da posição do tubo e se
o mesmo foi reposicionado.
63
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Compartilhando
O papel do enfermeiro na assistência ventilatória mecânica é
intenso, extenso e complexo. Os cuidados de enfermagem para
minimizar os eventos adversos da instalação e manutenção da
ventilação mecânica incluem a monitorização dos parâmetros
ventilatórios, o controle das condições gerais do paciente, a
umidificação e o aquecimento dos gases inalados, a mobilização
e a remoção de secreções.
64
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
1.10 Alarmes
Os sistemas de alarme são necessários para advertir os enfermeiros sobre
a ocorrência de problemas na ventilação mecânica, e devem permanecer
sempre ligados e com valores limites dos parâmetros ajustados adequa-
damente às necessidades do paciente. O disparo dos alarmes pode estar
relacionado à condição do paciente, ao ventilador ou ao circuito ventilató-
rio. Os alarmes de baixa pressão advertem para a desconexão do paciente
do ventilador ou para extravasamentos do circuito. Já os alarmes de alta
pressão advertem para as pressões crescentes. Os alarmes de falha elétrica
são necessários para todos os ventiladores. Os alarmes nunca devem ser
ignorados ou desligados, e o disparo de qualquer alarme deve ter sua cau-
sa avaliada imediatamente. Algumas condutas relacionadas ao disparo de
alarmes de ventiladores mecânicos estão no quadro abaixo.
66
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
67
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
68
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
Saiba mais
Complemente a seguir sua aprendizagem sobre ventilação
mecânica acessando os sites disponibilizados abaixo:
Ventilação mecânica: princípios, análise gráfica e modalidades
ventilatórias.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-
37132007000800002&script=sci_arttext>
Modos de assistência ventilatória
Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/revista/2001/vol34n2/
modos_assistencia_ventilatoria.pdf>
Intervenções de enfermagem
Mantenha a cabeceira do paciente elevada em 30 a 45 graus, se não houver
contraindicação, pois este procedimento previne a pneumonia associada à
ventilação mecânica.
69
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
1.11 Resumo
Nesta unidade você aprendeu os diferentes distúrbios respiratórios mais
comuns no atendimento de emergência, bem como suas diferenças e simi-
laridades. Também aprendeu a identificar e avaliar distúrbios acidobásicos
e a interpretar suas manifestações por meio da gasometria arterial.
70
Aplicação da metodologia da assistência nas urgências respiratórias
1.12 Fechamento
Os distúrbios respiratórios e acido-básicos são comuns na emergência.
Exercite sua habilidade de avaliação destas condições, que muitas vezes
são prejudicadas pela ausência de possibilidade de realização de exames
laboratoriais, onde a experiência clínica tem valor fundamental.
71
UNIDADE 2
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
2.1 Introdução
As desordens metabólicas e hidroeletrolíticas podem variar muito, tanto
na sua apresentação clínica quanto na sua classificação. Muitas vezes,
alguns sinais e sintomas frequentemente são similares a outras situações
de emergência. O conteúdo que apresentamos a seguir tem o objetivo de
discutir o reconhecimento e o cuidado dos pacientes que apresentam de-
sordens específicas tais como: hiper e hipoglicemia, hiper e hipocalemia,
hiper e hiponatremia e acidose metabólica.
Ao final deste conteúdo você deverá ser capaz de conhecer e intervir nas
principais desordens metabólicas e desequilíbrios hidroeletrolíticos em si-
tuações de urgência/emergência
73
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
• Acidose lática.
• Hipoglicemia.
Saiba mais
Para aprofundar mais sobre o Diabetes recomendamos os links
dos sites abaixo, com vídeos bastante interessantes, em:
Diabetes o que é e como prevenir: <http://www.youtube.com/
watch?v=GOo6nGSkcwU&feature=related>
Diabetes: <http://www.youtube.com/watch?v=nyvu2euX8tM&f
eature=related>
Diabetes Mellitus: <http://www.youtube.com/watch?v=LdBKnJ
xfk88&feature=fvwrel>
74
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Você sabia que 8,9% dos pacientes com diabetes tem um episódio de cetoa-
cidose diabética em um ano: 42% dos pacientes com cetoacidose têm mais
do que um episódio: 14% dos pacientes com glicose (superior) > 11mmol/l
e qualquer queixa, têm cetoacidose, e 25% dos pacientes com cetoacidose
têm novo início de diabetes, e, ainda, a cetoacidose, neste caso, pode não
ter causa subjacente (NIMMO et al., 2009).
75
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Sinais e Sintomas
Como então podemos avaliar os sinais e sintomas?
Palavra do profissional
Na cetoacidose pode haver hipotermia, mesmo na presença
de infecção subjacente, portanto, menospreze a avaliação da
temperatura corporal em busca de sinais de infecção. A pele
é normalmente seca (ao contrário da hipoglicemia). Os olhos
ficam caídos na severa desidratação.
76
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Depleção
Severidade HCO3 pH Vômito
de volume
Moderada; evidência
Cetoacidose moderada 10-15 mEq/l 7.2-7.3 Comum
clinica
Caso 1: Você recebe um paciente, Sr. MNO, na Unidade de Emergência, do sexo mas-
culino, 49 anos acompanhado de sua esposa, vomitando, confuso, pálido e hálito ce-
tônico. Sua pele está discretamente fria e sudoréica. SV revelam PA: 160/90mmHg;
P:120bpm; FR: 28mvpm e T:35,5°C. A esposa revela que MNO é diabético e faz uso
de insulina regular há seis anos. Segundo informações MNO faz controle diário da
glicemia capilar. Neste período, revela ainda que o Sr MNO perdeu bastante peso e
vem se sentido muito fraco.
Palavra do profissional
Lembre-se de utilizar os conhecimentos adquiridos no Módulo
anterior (V) para estabelecer a classificação de risco deste
paciente nesta situação. Veja que ele se apresenta confuso.
A classificação que o paciente deve receber é a Laranja, pois
apresenta alteração do nível de consciência. A continuidade
do atendimento não deve levar mais do que dez minutos.
Selecione a terminologia de referência que você aprendeu no
início deste módulo e dê continuidade a sua linha de cuidado.
77
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Relembrando o Módulo V:
1 Emergente Vermelho 0
3 Urgente Amarelo 60
Intervenções de Enfermagem
Após a classificação inicial continue monitorando o paciente e prestando
os cuidados necessários como:
78
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Potássio (K+)
79
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Sódio (Na+)
Na+ corrigido=Na+(glicose-5)/3.5.
80
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Palavra do profissional
Você observou até aqui que as intervenções de enfermagem
ocorrem desde o momento da admissão do paciente e incluem
gerenciamento com medida de resultados destas intervenções.
Ou seja, é um processo contínuo e dinâmico que requer
monitoramento, vigilância e adequada tomada de decisão do
enfermeiro para garantir a segurança do cuidado. Não esqueça
de registrar suas ações no prontuário do paciente conforme
terminologia de referência de sua unidade.
81
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Sinais e Sintomas
Quais são então os principais sinais e sintomas?
82
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Intervenções de Enfermagem
Os mesmos princípios do gerenciamento da cetoacidose devem ser aplica-
dos com alguns ajustamentos. Como você deve proceder? (NIMMO et al.,
2009; MARTINS; SCALABRINI NETO; VELASCO, 2005; KWON; TSAI, 2007).
Palavra do profissional
Esteja atento às diferenças e observe com rigor as alterações
dos pacientes.
83
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
84
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Intervenções de Enfermagem
Texto ou informações baseadas em (NIMMO et al., 2009; MARTINS; SCALA-
BRINI NETO; VELASCO, 2005; KWON; TSAI, 2007).
Palavra do profissional
Lembre-se, aplique o protocolo de classificação de risco nos
pacientes independentemente do diagnóstico médico e
prossiga com os cuidados de enfermagem conforme a situação
clínica do paciente exija.
2.6 Hipoglicemia
Esta é a complicação mais comum da terapia de insulina e de medicações
para a diabetes, sendo mais comum devido ao fato de que os pacientes
insulino-dependentes necessitam controle glicêmico mais rigoroso. Isso li-
mita o que pode ser alcançado com o tratamento de insulina, sem mencio-
nar a ansiedade que provoca aos pacientes e seus familiares (NIMMO et al.,
2009; MARTINS; SCALABRINI NETO; VELASCO, 2005; KWON, TSAI; 2007).
Uma pequena minoria sofrerá ataques de hipoglicemias que serão tão fre-
quentes e severos quanto serão virtualmente incapacitantes.
85
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Intervenções de Enfermagem
Fundamentadas em Nimmo et al. (2009); Martins, Scalabrini Neto e Velasco
(2005); e Kwon e Tsai (2007).
86
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
87
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Fonte: http://www.medicinapratica.com.br/
88
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Distribuição transcelular
1. Ácido-básico:
a. Acidose: para cada 0,1 unidade de pH que cai, o potássio se eleva
em 0,6 mEq/L.
b. Alcalose: para cada 0,1 unidade de pH que sobe, o potássio di-
minui em 0,1 mEq/L.
2. Insulina.
3. Aldosterona.
4. Agentes beta-adrenérgicos (epinefrina).
2.7.2 Hipercalemia
Dentre os distúrbios encontrados na prática clínica, os relacionados ao po-
tássio são muito frequentes e, muitas vezes, constituem-se em emergência
clínica. A Hipercalemia pode causar a morte súbita sem sinais de alerta.
Ela é definida como uma concentração sérica maior que 5mEq/L. Mais fre-
quentemente ela ocorre devido à liberação de potássio das células ou à
prejudicada excreção pelos rins. (NIMMO et al., 2009; MARTINS; SCALABRI-
NI NETO; VELASCO, 2005).
1. Excreção reduzida
• Falência renal.
• Acidose
3. Ingestão excessiva
4. Pseudohipercalemia
• Trombocitose, leucocitose.
90
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Saiba mais
A seguir, convidamos você a aprofundar esta temática
acessando os links abaixo disponibilizados:
Alterações eletrocardiográficas pelos distúrbios eletrolíticos
em: <http://www.youtube.com/watch?v=1ZS1KlVQl9k>
Na série de vídeos em: <http://www.youtube.com/playlist?list=
PLC510C39C6BECE365>
Distúrbio do equilíbrio hidroeletrolítico:
<http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1344/
hipernatremia.htm>
Esperamos que você tenha assistido aos vídeos, mas ressaltamos que as
principais alterações do ECG (Figura 4) na Hipercalemia são:
• Intervalo PR prolongado.
Fonte: <http://ecgepm.com/2011/12/28/ecg-e-hipercalemia-principais-alteracoes-eletrocardio-
graficas/>
91
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Caso II: suponhamos que você recebe em sua unidade a paciente NFO, de 58 anos,
lúcida, queixando-se de formigamento nos braços e mal estar geral. Você verifica a
PA que se revela 160/90 mmHg. NFO relata que faz uso de Captopril 40mg há três
anos. Logo após a verificação da PA você percebe que NFO apresenta-se subitamen-
te sonolenta quase letárgica. Qual sua conduta neste caso?
Palavra do profissional
Lembre-se de utilizar os conhecimentos adquiridos no Módulo
anterior (V) para estabelecer a classificação de risco desta
paciente nesta situação. Veja que ela apresentava-se lúcida
e subitamente fica sonolenta. A classificação que a paciente
deve receber é a Laranja, pois apresenta alteração do nível
de consciência. A continuidade do atendimento não deve
levar mais do que dez minutos. Selecione a terminologia de
referência de enfermagem que você aprendeu no início deste
curso e dê continuidade a sua linha de cuidado.
92
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Saiba mais
Convidamos você a entender melhor as novas recomendações
relacionadas a Parada Cardiopulmonar acessando o link
disponibilizado a seguir:
Guidelines RCP 2010: <http://heart.org/idc/groups/heart-public/@
wcm/@ecc/documents/downloadable/ucm_317343.pdf>
93
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Palavra do profissional
Lembre-se que esta paciente pode requerer encaminhamento
para uma Unidade especializada como uma UTI, por exemplo.
Assim, observe esta necessidade, desde o primeiro atendimento,
que pode ser uma Unidade de atenção primária ou qualquer
outro contexto da Rede de Atenção à urgência/emergência (RUE).
94
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Saiba mais
Não esqueça, continue aprofundando a temática acessando os
links abaixo disponibilizados.
Distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico. Disponível em:
<http://www.mineralmed.com.pt/documentos/pdf/f1627aa5-
735a-40f6-b7b5-92d8fb2fc75d.pdf>
Distúrbio do equilíbrio hidroeletrolítico: <http://www.
medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1344/hipernatremia.
htm>
Hipercalemia: conduta na emergência. Disponível em: <http://
www.sumarios.org/sites/ default/files/pdfs/32966_4208.PDF>
Hipercalemia. Disponível em: <http://www.jbn.org.br/detalhe_
artigo.asp?id=2>
2.7.3 Hipocalemia
É definida como uma concentração sérica de potássio menor que 3,5
mEq/L. Da mesma forma que ocorre com a hipercalemia, os principais
efeitos deletérios são em nervos e músculos, inclusive com danos no mio-
cárdio (NIMMO et al., 2009; MARTINS; SCALABRINI NETO; VELASCO, 2005).
95
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Saiba mais
Hipocalemia: Conduta na Emergência em: <http://www.
sumarios.org/sites/default/files/pdfs/48632_5802.PDF>
Distúrbio do equilíbrio hidroeletrolítico: <http://www.medicinanet.
com.br/conteudos/revisoes/1344/hipernatremia.htm>
• Presença da Onda U
• Desaparecimento de T
• Prolongamento de PR
• Desaparecimento do QRS
Fonte: http://www.medicinanet.com.br/
96
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Palavra do profissional
Após a concentração sérica de potássio, podem ser necessários
vários dias de reposição para recompor os estoques corporais
do íon no compartimento intracelular.
2.8.1 Hipercalcemia
Hipercalcemia severa (cálcio corrigido > de 3.0mEq/L) é incomum e nor-
malmente é devido ao hiperparatireoidismo, ou doença maligna (ex. mie-
loma). Os sintomas podem ser mascarados por malignidade subjacente.
Em qualquer indisposição, o paciente com malignidade conhecida deve ser
verificado o cálcio no soro, e a albumina (NIMMO et al., 2009; MARTINS;
SCALABRINI NETO; VELASCO, 2005).
97
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Causas
• Hiperparatireoidismo primário e malignidade: tumores sólidos com
metástases ósseas. Estas duas causas correspondem a acima de 80%
dos casos.
• Hipercalcemia hipocalciúrica familiar.
Sintomas:
• Sede
• Poliúria
• Constipação
• Náusea e anorexia
• Dor abdominal
• Depressão
• Confusão
Complicações:
• Úlcera péptica
• Pancreatite aguda
• Fraqueza Muscular
• Calcificação da córnea
Fonte: http://www.fac.org.ar/6cvc/llave/c155/perezra.php
Caso III: suponhamos que você recebe uma paciente de 58 anos, senhora LJ, na
emergência referindo sede intensa, poliúria, náuseas e falta de apetite. Os sinais
vitais estão estáveis e após descartar alterações glicêmicas pela glicemia capilar
e história da paciente você suspeita de distúrbio de eletrólitos, neste caso o cálcio.
Avaliação
Como deve ser a avaliação e as intervenções de enfermagem neste caso?
Na avaliação, normalmente para todos os pacientes o profissional médi-
co solicitará (NIMMO et al., 2009; MARTINS; SCALABRINI NETO; VELASCO,
2005):
• Hemograma, coagulograma
• Ureia e eletrólitos
• Cálcio e fosfatos
• Eletrocardiograma (ECG)
• Raio-X de Tórax
• Hormônio da paratireoide
99
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
• Cintilografia óssea.
Tratamento
Dentre os principais aspectos do tratamento destacam-se:
Para cada grama de albumina que for abaixo de 40g/L, adicionar 0,02 mEq/L
ao cálcio não corrigido. Por exemplo, cálcio 2,62 mEq/L com uma albumina
de 30 g/L dá um cálcio corrigido de 2.62 + (10 x 0.02)= 2.82mEq/L (NIMMO
et al., 2009; MARTINS; SCALABRINI NETO; VELASCO, 2005).
100
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Saiba mais
Saiba mais: Continue aprofundando os distúrbios do equilíbrio
hidroeletrolítico acessando o link sugerido a seguir:
Distúrbio do equilíbrio hidroeletrolítico:
<http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1344/
hipernatremia.html>
Outros aspectos que devem ser observados são: se o paciente estiver to-
mando digoxina, interromper o seu uso. Os esteroides também não devem
ser usados rotineiramente. Eles podem ser úteis na sarcoidose, mieloma e
na hipervitominose-D (NIMMO et al., 2009; MARTINS; SCALABRINI NETO;
VELASCO, 2005).
101
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Palavra do profissional
Não esqueça que, independentemente do diagnóstico médico,
você deve fazer a classificação de risco conforme aprofundado
no Módulo V. Mantenha vigilância constante do paciente
com adequada anamnese, avaliação clínica, laboratorial e de
imagens. Faça a transferência do paciente na rede de cuidado
conforme a sua necessidade e organize as informações do
paciente para que o cuidado tenha continuidade e segurança.
2.8.2 Hipocalcemia
Vamos agora ver outro distúrbio eletrolítico, a hipocalcemia. A Hipocalce-
mia espúria, que é a incapacidade de corrigir a albumina (verifique cálcio
ionizado). Adicionar 0,02 mEq / l ao cálcio total, para cada g/l de albumina
que estiver abaixo de 40g/l. ((NIMMO et al., 2009; MARTINS; SCALABRINI
NETO; VELASCO, 2005).
Causas:
• Hipoparatireoidismo cirúrgico.
• Falência renal.
• Deficiência de vitamina D.
• Hipomagnesemia.
Características Clínicas:
A Hipocalcemia leve pode ser assintomática. As características precoces
incluem:
• Ansiedade e nervosismo
• Convulsões.
• Papiloedema.
102
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
• Câimbras musculares.
• Contrações musculares.
Fonte: http://www.fac.org.ar/6cvc/llave/c155/perezra.php
Avaliação:
A investigação clínica deve incluir:
• Monitorar ECG.
103
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
104
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Saiba mais
Continue aprofundando sobre esta temática tão importante para
o cuidado de enfermagem acessando o link sugerido a seguir:
Distúrbio do equilíbrio hidroeletrolítico: <http://www.medicinanet.
com.br/conteudos/revisoes/1344/hipernatremia.htm>
Causas
As principais causas da hipernatremia são: (NIMMO et al., 2009; MARTINS;
NETO; VELASCO, 2005).
105
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Saiba mais
Convidamos você para, a seguir, acesssar os links sugeridos
abaixo para que você possa aprofundar mais sobre a
hipernatremia.
Hipernatremia: uma revisão: <http://www.fcmmg.br/lat/
arquivos/Biblioteca/hipernatremia.pdf>.
Hipernatremia: <http://www.medicinanet.com.br/conteudos/
revisoes/1344/hipernatremia.htm>.
Distúrbio do equilíbrio hidroeletrolítico: <http://www.
medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1344/hipernatremia.
htm>
Manifestações Clínicas:
• Sede intensa
• Fraqueza muscular
• Convulsões
• Confusão mental
• Coma e morte
106
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
Tratamento:
O tratamento da hipernatremia tem três objetivos conforme destacam
Martins, Scalabrini Neto e e Velasco (2005):
Uma queda muito rápida no sódio pode ser mais grave do que
a própria hipernatremia.
Intervenções de Enfermagem:
• Monitorar o quadro hemodinâmico.
• Administrar volume.
107
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Caso IV: suponhamos que você recebe um paciente, senhor LO, de 58 anos, na emer-
gência com quadro de sudorese intensa e referindo fraqueza muscular. PA 120/80
mmHg e P: 86bpm. Por suspeitar-se de hipernatremia, o médico solicitou exames
de eletrólitos e constatou que o sódio era de 158mEq/L, potássio 4,6 mEq/L. Seu
peso era de 68 Kg. A partir de todos os cuidados de enfermagem realizados e o tra-
tamento médico iniciado a meta era normalizar o sódio. Como foi feito isso?
2.9.3 Hiponatremia
A hiponatremia é definida como sódio sérico menor que 135mEq/L. Nor-
malmente é observado em 1.5% das admissões nas emergências hospi-
talares. Ocorre frequentemente por diluição (depuração de água renal in-
suficiente) ou por depleção. Muitas vezes, uma combinação de ambos os
fatores (NIMMO et al., 2009; MARTINS; SCALABRINI NETO; VELASCO, 2005).
Causas
Mais comumente as causas por diluição são provocadas em situações de:
(NIMMO et al., 2009; MARTIN; SCALABRINI NETO; VELASCO, 2005).
• Cirrose.
• Falência cardíaca.
• Síndrome nefrótica.
• Hipotireoidismo.
108
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
• Vômito e diarreia.
• Diuréticos
• Doença de Addison.
Intervenções de Enfermagem
Conforme destacam Nimmo et al. (2009) e Martins, Scalabrini Neto e Ve-
lasco (2005):
109
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Manifestações Clínicas
Os sinais e sintomas relacionam-se à taxa de início mais do que ao grau
de queda do sódio (NIMMO et al., 2009; MARTINS; SCALABRINI NETO; VE-
LASCO, 2005).
Saiba mais
Não esqueça de sempre aprofundar essa temática acessando o
link sugerido a seguir:
Distúrbio do equilíbrio hidroeletrolítico: <http://www.medicinanet.
com.br/conteudos/revisoes/1344/hipernatremia.htm>.
2.10 Resumo
Você aprendeu nesta Unidade que as desordens metabólicas e hidroeletro-
líticas podem variar muito, tanto na sua apresentação clínica quanto na
sua classificação. Muitas vezes alguns sinais e sintomas frequentemente
são similares a outras situações de emergência. O conteúdo que apresenta-
mos teve o objetivo de discutir o reconhecimento e o cuidado dos pacientes
que apresentam desordens específicas tais como: hiper e hipoglicemia, hi-
per e hipocalemia, hiper e hiponatremia e acidose metabólica.
Você percebeu que pode ser difícil detectar estes distúrbios na prática clí-
nica e que normalmente eles estão associados às diferentes situações ou
doenças de base que os pacientes apresentam.
110
Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas
2.11 Fechamento
As desordens metabólicas e os distúrbios hidroeletrolíticos estão normal-
mente associados a diferentes situações clínicas dos pacientes na emer-
gência. Muitas vezes não há exames laboratoriais e de imagem para auxi-
liar a avaliação clínica e o tratamento e cuidados subsequentes. Por isso,
faça uma cuidadosa anamnese e um exame físico apurado percebendo as
necessidades dos pacientes.
111
UNIDADE 3
Aplicação da metodologia da assistência de enfermagem nas intoxicações exógenas
Ao final deste conteúdo você deverá ser capaz de conhecer e intervir nas
principais intoxicações exógenas em situações de emergência
3.1 Introdução
As intoxicações exógenas agudas têm se destacado entre os atendimen-
tos de urgência e emergência no país. Apresentam-se de diversas formas,
desde intoxicações acidentais até os casos de tentativas de autoextermí-
nio. Alguns autores caracterizam as síndromes tóxicas como conjunto de
sinais e sintomas agrupados e de forma consistente que quando identifi-
cados ajudam os profissionais a estabelecer um diagnóstico diferencial e
orientar na indução de terapias definitivas.
Saiba mais
Para maiores esclarecimentos sobre este tema, acesse o link:
<http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/cgi/cgilua.exe/sys/start.
htm?tpl=home>
113
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Boca seca, pele seca, rubor facial, midríase, íleo Anti-histamínicos, atropina,
paralítico, desorientação, hipertermia, retenção escopolamina, antidepressivos
Anticolinérgica
urinária, visão turva, alucinações, convulsão, coma, tricíclicos, vegetais beladona-
taquicardia. das e outros.
114
Aplicação da metodologia da assistência de enfermagem nas intoxicações exógenas
115
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
116
Aplicação da metodologia da assistência de enfermagem nas intoxicações exógenas
117
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Diarreia Miose
Miofasciculação generaliza-
Náuseas Sudorese profusa
da e mantida
Vômitos Sialorréia
Insuficiência respiratória
Hipermotilidade intestinal Broncorréia
Coma
Dor abdominal (difusa e mal Relaxamento dos esfíncteres
Parada cardiorrespiratória
definida) Miofascirculações
118
Aplicação da metodologia da assistência de enfermagem nas intoxicações exógenas
119
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Grau 3:
Grau 4:
• Catártico salino.
• Telerradiografia de tórax.
• Monitorização cardíaca.
120
Aplicação da metodologia da assistência de enfermagem nas intoxicações exógenas
121
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Manifestações Clínicas:
• Náuseas, vômito, anorexia, palpitações, taquicardia.
• Taquipnéia.
• Ansiedade e nervosismo.
• Diaforese.
• Midríase.
• Hiperatividade.
Manifestações Clínicas:
• Hipertensão branda.
• Alucinações.
122
Aplicação da metodologia da assistência de enfermagem nas intoxicações exógenas
• Face ruborizada.
• Nistagmo crescente.
• Dificuldade em falar.
• Má coordenação motora.
• Coma e morte.
3.5.4 Narcóticos
Nessa categoria encontramos: cocaína, heroína, morfina, codeína, deriva-
dos sintéticos (metadona, maperidina), fentanil.
Manifestações Clínicas:
• Aumento da frequência cardíaca e PA.
• Pupilas puntiformes.
• Estupor (coma).
123
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
• Confusão.
• Turvação da fala.
• Ataxia.
• Edema pulmonar.
• Coma e morte.
124
Aplicação da metodologia da assistência de enfermagem nas intoxicações exógenas
• Hemodiálise.
• Hemoperfusão.
• Uso de antagonistas.
• Exsanguineotransfusão.
• Plasmaférese.
Saiba mais
Para aprofundar esta temática sugerimos que você acesse o
link abaixo disponibilizado
Livro digital: Protocolos das UPAs 24 horas - <http://www.2gse.
cbmerj.rj.gov.br/modules.php?name=Content&file=print&p
id=201>
125
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
3.6.1 Serpentes
Acidente ofídico ou ofidismo é o quadro de envenenamento decorrente da
inoculação de toxinas através do aparelho inoculador (presas) de serpen-
tes. O efeito do envenenamento produz manifestações locais e sistêmicas.
No Brasil, as serpentes peçonhentas são representadas por quatro gêneros:
serpentes do grupo Bothrops, Crotalus (cascavel); Lachesis (surucucu-pico-
-de-jaca) e Micrurus (coral-verdadeira), que provocam os correspondentes
tipos de acidentes ofídicos:
126
Aplicação da metodologia da assistência de enfermagem nas intoxicações exógenas
Manifestações sistêmicas
Sangramentos em pele e mucosas são comuns (gengivorragia, equimoses
a distância do local da picada), hematúria, hematêmese e hemorragia em
outras cavidades pode determinar risco ao paciente. Hipotensão pode ser
decorrente de sequestro de líquido no membro picado ou hipovolemia
consequente a sangramentos, que podem contribuir para a instalação de
insuficiência renal aguda. Bolhas, equimoses, necrose, oligúria e anúria,
levando a insuficiência renal aguda.
Manifestações locais
Não se evidenciam alterações significativas. A dor e o edema são usual-
mente discretos e restritos ao redor da picada; eritema e parestesia são
comuns.
Manifestações sistêmicas
O aparecimento das manifestações neuroparalíticas tem progressão cranio-
caudal, iniciando-se por ptose palpebral, turvação visual e oftalmoplegia.
127
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Manifestações locais
Dor e parestesia na região da picada são discretos, não havendo lesões
evidentes.
Manifestações sistêmicas
Fácies miastênica ou neurotóxica (comum ao acidente crotálico) constitui
a expressão clínica mais comum do envenenamento por coral verdadeira,
complicação decorrente da progressão da paralisia da face para os múscu-
los respiratórios.
Tratamento
O tratamento é feito com a aplicação do soro (antiveneno) específico para
cada tipo de acidente, de acordo com a gravidade do envenenamento. A apli-
cação dos soros deve ser por via intravenosa, podendo ser diluídos ou não,
em solução fisiológica ou glicosada. Durante a infusão e nas primeiras horas
após a administração do soro, o paciente deve ser rigorosamente monito-
rado para a detecção precoce da ocorrência de reações, tais como urticária,
náuseas/vômitos, rouquidão e estridor laríngeo, broncoespasmo, hipotensão
e choque. Uma vez diagnosticada a reação, a soroterapia deve ser interrom-
pida e posteriormente reinstituída após tratamento da anafilaxia.
128
Aplicação da metodologia da assistência de enfermagem nas intoxicações exógenas
Nº de
Acidente Soro Gravidade
ampolas
129
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Intervenções de enfermagem
1. Coloque o paciente em repouso absoluto no leito, com elevação da
região atingida pela picada (posição de drenagem de edema).
2. Lave o local atingido com água e sabão e/ou solução antisséptica.
3. Remova anéis, pulseiras, roupas ou quaisquer objetos constrictivos.
4. Caso haja presença de garrote, não retirá-lo imediatamente (risco
de choque).
5. Instale acesso venoso em veia de médio calibre (antebraço/braço).
Não puncione o membro afetado. A retirada do garrote deverá ser
feita de forma gradual e lenta, levando-se em conta o nível de isque-
mia da extremidade.
6. Na administração da soroterapia, verifique na prescrição o tipo e
quantidade do soro. As ampolas deverão ser diluídas em 100 ml de
SG 5% e infundidas, via EV, com gotejamento rápido.
7. Realize profilaxia contra reações anafilactóides, com a administra-
ção prévia, 10 a 15 minutos, de anti-histamínico e corticóide confor-
me prescrição.
8. Observe possíveis reações precoces durante a infusão, com vigilân-
cia permanente até 2 horas após o término.
9. Caso seja observada urticária, tremores, tosse, náuseas, dor abdomi-
nal, rubor facial ou prurido, interromper imediatamente a infusão
do soro e informar ao médico assistente, para a conduta específica.
A soroterapia poderá ou não ser reiniciada a critério médico.
10. Realize balanço hídrico rigoroso, mantendo hidratação adequada
para diurese entre 30 a 40 ml/hora em adultos e 1 a 2 ml/kg/h em
crianças.
11. Mantenha o controle de sinais vitais.
Saiba mais
Convidamos você a acessar o link disponibilizado a seguir para
aprofundar seus conhecimentos sobre essa temática que atinge
muitas pessoas na rede de atenção em saúde.
Veja o Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes com
animais peçonhentos do Ministério da Saúde: <http://portal.
saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manu_peconhentos.pdf>
130
Aplicação da metodologia da assistência de enfermagem nas intoxicações exógenas
3.7 Aranhas
É denominado araneísmo o acidente provocado por aranha. Das 30.000 es-
pécies conhecidas, poucas possuem venenos ativo quando inoculado no
homem. As aranhas peçonhentas de importância para a saúde causam
quadros de envenenamento que se diferenciam tanto nos seus aspectos
epidemiológicos, como nos mecanismo de ação dos venenos, devendo ser
abordados como agravos distintos. As aranhas peçonhentas de interesse
para a saúde no Brasil são representadas pelos gêneros Loxosceles (aranha-
-marrom), Phoneutria (armadeira) e Latrodectus (viúva-negra), que apresen-
tam aspectos biológicos e distribuição geográfica bastante distintos.
3.7.1 Loxoscelismo
Provocado pela aranha marrom (Loxosceles).
Manifestações locais
A picada é usualmente pouco dolorosa, podendo passar despercebida; após
algumas horas, torna-se evidente dor semelhante à queimadura, eritema e
edema na região da picada, com equimose central, áreas de palidez (placa
marmórea) e, eventualmente, bolhas com conteúdo sero-hemorrágico; à
palpação, nota-se área endurecida. A lesão cutânea pode evoluir com ne-
crose seca e úlcera.
Manifestações sistêmicas
Acompanhando o quadro local, queixas inespecíficas como mal-estar, ce-
faleia, febre e exantema são comumente referidas pelos pacientes. A pre-
sença de hemólise intravascular caracteriza a chamada forma cutâneo-
-visceral do loxoscelismo, observada na minoria dos casos, em geral nas
primeiras 72 horas após a picada. Os casos graves podem evoluir com in-
suficiência renal aguda.
131
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
3.7.2 Foneutrismo
Causado pela Phoneutria (aranha-armadeira).
Manifestações locais
A dor local irradiada e de início imediato é o sintoma mais característico,
podendo ser bastante intensa nas primeiras três a quatro horas após a
picada; o quadro pode ser acompanhado por edema e sudorese no local e
parestesia ao longo do membro. As marcas dos pontos de inoculação po-
dem ou não ser visualizadas.
Manifestações sistêmicas
Em associação ao quadro local, os pacientes podem apresentar taquicar-
dia, hipertensão arterial, agitação psicomotora e vômitos. Crianças podem
apresentar manifestações graves, como sudorese profusa, sialorréia, pria-
pismo, hipotensão, choque e edema pulmonar agudo, que podem eventu-
almente levar a óbito.
3.7.3 Latrodectismo
Provocado pela Latrodectus (viúva-negra).
Manifestações locais
Geralmente o quadro se inicia com dor local de pequena intensidade, evo-
luindo com sensação de queimação; observa-se pápula eritematosa e su-
dorese localizada. Pode apresentar mialgia intensa, contraturas muscula-
res generalizadas e convulsões tetânicas.
Manifestações sistêmicas
São mais frequentemente observadas alterações motoras como dor irra-
diada e contrações espasmódicas dos membros inferiores, contraturas
musculares intermitentes, tremores, dor com rigidez abdominal (que pode
simular abdome agudo) e fácies latrodectísmica, caracterizada por contra-
tura facial e trismo dos masseteres.
132
Aplicação da metodologia da assistência de enfermagem nas intoxicações exógenas
Tratamentos
3.7.4 Foneutrismo
O soro antiaracnídico ou antiloxoscélico é indicado a partir do momento
em que a hemólise é detectada e, no quadro cutâneo, quando o diagnóstico
é feito nas primeiras 72 horas; a limitação ao uso de antiveneno se deve
ao diagnóstico tardio, muitas vezes realizado já com a necrose cutânea
delimitada. Nesse caso, medidas de suporte, como uso de antissépticos, la-
vagem com permanganato de potássio (KMnO4) 1:40.000 e curativos locais
são recomendados até ser realizada a remoção da escara e acompanha-
mento cirúrgico para o manejo da úlcera e correção da cicatriz.
3.7.5 Loxocelismo
Tratamento sintomático para a dor com calor local e analgésico sistêmico.
Pode-se usar também infiltração anestésica local ou troncular com lidocaí-
na 2% ou similar, sem vasoconstritor (3-4 ml em adultos e 1-2 ml em crian-
ças). Havendo recorrência da dor, pode ser necessária nova infiltração, em
geral em intervalos de 60 minutos. Caso não haja resposta satisfatória ao
anestésico, recomenda-se o uso de meperidina 50-100 mg (crianças 1mg/
kg) IM. O soro antiaracnídico somente é preconizado nos casos moderados
e graves, onde há manifestações sistêmicas.
3.7.6 Latrodectismo
O soro antilatrodéctico encontra-se em fase experimental, não sendo dis-
ponível para uso de rotina. Assim sendo, o tratamento medicamentoso in-
clui, além de analgésicos sistêmicos, Benzodiazepínicos do tipo Diazepam
– 5-10mg (crianças, 1-2mg) IV, a cada 4 horas, se necessário, Gluconato de
cálcio 10% – 10-20ml (crianças, 1mg/kg) IV, a cada 4 horas, se necessário e
Clorpromazina – 25-50mg (crianças, 0,55mg/kg/dose) IM, a cada 8 horas, se
necessário.
133
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Nº de
Acidentes Soros Gravidade
ampolas
3.8 Escorpiões
Escorpionismo é o quadro de envenenamento que ocorre pela inoculação
de veneno pelo ferrão ou aguilhão, localizado na cauda de escorpiões. Os
escorpiões de importância para a saúde no Brasil pertencem ao gênero
Tityus, com várias espécies descritas: Tityus serru-latus (escorpião-amarelo),
com ampla distribuição desde o Paraná até o norte da Bahia; Tityus bahien-
sis (escorpião-marrom), encontrado em todo o país, com exceção da região
Norte; Tityus stigmurus, espécie mais comum no Nordeste; Tityus paraensis
(escorpião-preto) e Tityus metuendus, encontrados na Amazônia.
Manifestações clínicas
A estimulação de terminações nervosas sensitivas determina o apareci-
mento do quadro local, de instalação imediata e caracterizada por dor in-
134
Aplicação da metodologia da assistência de enfermagem nas intoxicações exógenas
Tratamento
Nos casos leves, onde estão presentes somente as manifestações locais,
o tratamento é sintomático com medidas que visem o alívio da dor:
infiltração local com anestésico sem vasoconstritor (Lidocaína a 2%), ou
analgésicos sistêmicos, como Dipirona. Caso a dor persista, como nos aci-
dentes moderados e graves, está indicada soroterapia específica, com soro
antiescorpiônico ou antiaracnídico. A soroterapia está sempre indicada em
crianças menores de sete anos e adultos com dor persistente. A aplicação
dos soros deve ser feita, como os soros antiofídicos, pela via intravenosa,
bem como os cuidados na administração perante a possibilidade de rea-
ções alérgicas (quadro abaixo).
135
Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências clínicas respiratórias e metabólicas
Nº de
Acidentes Soros Gravidade
ampolas
Saiba mais
Não esqueça, para aprofundamento desta temática acesse
abaixo o link disponibilizado:
Veja o Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes com
animais peçonhentos do Ministério da Saúde:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manu_
peconhentos.pdf>.
136
Aplicação da metodologia da assistência de enfermagem nas intoxicações exógenas
3.9 Resumo
No cuidado ao paciente vítima de intoxicação, a avaliação de enfermagem
deve ser feita de forma sistemática e rápida identificando as prioridades de
cuidado. O reconhecimento precoce da manifestação de intoxicação das
diferentes substâncias é fundamental para que o cuidado seja instituído
de maneira pontual e possa contribuir para a sobrevivência dos pacientes.
Também é extremamente importante o contato com o Centro de Informa-
ção Toxicológica de seu estado, pois estes órgãos concentram informações
mais detalhadas sobre os diferentes tipos de envenenamento. Nos aciden-
tes com animais peçonhentos, é importante conhecer as manifestações
apresentadas nos acidentes provocados pelos diferentes animais, saber
em quais circunstâncias ocorreu o acidente e sempre que possível, obter
o animal para instituição da terapêutica. É importante também conhecer
os acidentes mais comuns de acordo com as diferentes regiões brasileiras.
3.10 Fechamento
As intoxicações exógenas e principalmente os acidentes com animais pe-
çonhentos constituem-se em emergências que por sua natureza implicam
na necessidade de atualização frequente dos profissionais. Aprofunde seus
conhecimentos nesta área, exercitando a interpretação das manifestações
apresentadas pelos pacientes.
137
Referências
AARC (American Association for Respiratory Care). Oxygen therapy in the
home or alternate site health care facility. Respir Care, v. 52, n. 8, p. 1063-
1068, 2007
138
MARTINEZ, J. A. B.; PADUA A. I. ; TERRA FILHO, J. Dispnéia. Medicina,
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Minicurrículo do(s) autor(es)
Sayonara de Fatima Faria Barbosa
É especialista em Informática em Saúde pela FIOCRUZ (2000) e especialista
em Enfermagem em Cuidados Intensivos pela Universidade de São Paulo
(1990). Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Cata-
rina (1995) e Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de São
Paulo (2005). Atualmente é professora da Universidade Federal de Santa
Catarina. Atua na Graduação e no Programa de Pós-Graduação em Enfer-
magem da UFSC. Vice-líder do Grupo de Pesquisa Clínica, Tecnologias e
Informática em Saúde e Enfermagem do Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem da UFSC - GIATE: <http:www.giateinfo.ufsc.br/>. Sub-coorde-
nadora do SIG Tele-enfermagem RUTE-SC.
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