Prova TJSP
Prova TJSP
Prova TJSP
Prezado(a) aluno(a),
Nossos professores corrigiram e comentaram as questões da prova do TJSP, com exceção das
questões de Direito da Criança e do Adolescente, por impossibilidade do professor Rodrigo
Machado, promotor de justiça do MPDFT, que está na Espanha em seu Mestrado. Reunimos tais
correções comentadas e enviamos a você, a fim de otimizar sua análise da prova. Recomendamos
que leia os comentários, tendo consigo a prova.
Direito Civil – Versão 4 – Aurélio Bouret – Advogado, professor de Direito Civil da Escola da
Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e do CP Iuris
Questão 1
Fundamento: Art.16 da LINDB – A banca parece utilizar o termo retorno como sinônimo de reenvio.
Quando for caso de aplicação da lei estrangeira deve-se aplicar as suas disposições, desconsiderando
quaisquer remissões feitas à outras leis.
Questão 2
(c) coação...
Fundamento: art. 151 do CC – No caso em tela foi incutido no paciente um temor de mal iminente à
sua pessoa, fazendo celebrar um negócio jurídico que não era de sua vontade. O prazo para anular é
de 4 anos a contar da data em que cessar a coação. Art. 171 II c/c 178 do CC
Questão 3
Fundamento: Direito ao voto, matrimônio e sexualidade estão ligados a questões existenciais, e não
são alcançados pela curatela. Art. 85 Caput e §1º da Lei 13146/15
Questão 4
Fundamento: Art. 11 da Lei 10.741/03 c/c art. 1697 do CC – O Estatuto do Idoso impõem a obrigação
solidária de prestar alimentos, de acordo com as regras estabelecidas no Código Civil. No entanto, a
obrigação de prestar alimentos só vai até colaterais de 2º grau de acordo com o art. 1697 do CC.
Questão 5
Questão 6
b) nesta, a fim de que os devedores se exonerem para com todos os credores, exige-se o pagamento
conjunto ou mediante caução, enquanto naquela não se exige tal cautela; a obrigação indivisível,
quando se resolver em perdas e danos, torna-se divisível, enquanto a obrigação solidária conserva
sua natureza; a remissão de dívida não extingue a obrigação indivisível para com os outros credores,
entretanto, extingue-a a solidariedade até o montante do que foi pago, e pode a obrigação ser
solidária e divisível ou indivisível e não solidária.
Questão 7
Questão 8
a) recebida pelos dois sobrinhos, aproveitando-lhes a prescrição iniciada, mas responderão pela
indenização devida a Rodolfo, nos limites da força da herança, proporcionalmente ao que se
atribuir a cada um, se a ação indenizatória for proposta depois da partilha.
Fundamento:
Havendo sobrinhos os tios nada herdam, por força do art. 1.843 do CC.
O prazo prescricional de 3 anos (art. 206 §3º V) estava impedido por força do art. 200 do CC, só se
iniciando com a sentença criminal.
Os sobrinhos respondem pela indenização nos limites das forças da herança - art. 1.792 e art. 1997
do CC
Questão 9
d) poderá opor-se, provando interversão da posse e que adquirira o imóvel pela usucapião
extraordinária.
Fundamento – Em regra o possuidor precário não tem posse ad usucapionem. Contudo, no caso em
tela, ante ao abandono do imóvel pelo proprietário, ocorreu a intervenção do caráter da posse,
passando de posse injusta, para posse justa ad usucapionem. No caso em tela, aplicável a usucapião
extraordinária do art. 1238 §único do CC.
Questão 10
c) credor do afiançado, podendo ser gratuito ou oneroso, mas o fiador, se como tal demandado,
poderá compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
(B) a regra de competência estabelecida para quando o réu for incapaz, conforme critério territorial,
é inderrogável e sua inobservância gera incompetência absoluta.
(C) para ação fundada em direito real, em regra, será competente o foro da situação da coisa, móvel
ou imóvel.
Comentários:
A) Correta. Nos termos do art. 781, I, do CPC, “a execução fundada em título extrajudicial será
processada perante o juízo competente, observando-se o seguinte: I - a execução poderá ser
proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação
dos bens a ela sujeitos”. Trata-se de hipótese de foros concorrentes (fórum shopping), podendo o
exequente, portanto, optar por qualquer um deles quando da propositura da ação.
B) Incorreta. A própria assertiva já indica que está incorreta, ao se referir a “critério territorial”. Isso
porque, como regra, a competência em razão da matéria é relativa, salvo algumas exceções, como,
por exemplo, o foro da situação da coisa nas ações reais imobiliárias (art. 47 do CPC), o foro do local
do dano na ação civil pública (art. 2º da LACP). Registre-se, ainda, que não se pode confundir “foro
do domicílio do incapaz” com “foro de domicílio da criança ou adolescente”. Isso porque o art. 147,
incisos I e II, do ECA refere-se à competência pelo domicílio dos pais ou responsável; ou pelo lugar
onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável. Para o Superior Tribunal
de Justiça, tal regra de competência, embora seja territorial, tem natureza absoluta, na medida em
que consagra o chamado princípio do juízo imediato1 .
C) Incorreta. Somente quando se tratar de ação real imobiliária, nos termos do art. 47 do CPC (“Para
as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa”).
D) Incorreta. Como regra, a carta precatória possui caráter itinerante. Isso permite com que antes ou
depois de lhe ser ordenado o cumprimento, seja ela encaminhada a juízo diverso do que dela consta,
a fim de se praticar o ato. Exemplo: juízo A (deprecante) expede uma carta precatória para que o
juízo B (deprecado) realize a penhora de um bem localizado na sua respectiva comarca. O oficial de
justiça do juízo B (deprecado), responsável pela realização da penhora, certifica que o bem encontra-
se na comarca C. Tendo em vista o caráter itinerante da carta, o juízo B (deprecado), ao invés de
devolver a carta ao juízo A (deprecante), promoverá o redirecionamento da carta diretamente ao
juízo C, para que lá seja cumprida. Note que a assertiva fala em “incompetência territorial”. A recusa
ao cumprimento da carta precatória e consequente devolução ao juízo deprecante ocorrerá na
hipótese de em incompetência em razão da matéria ou da hierarquia, conforme art. 267, II, do CPC.
12. O autor residente fora do Brasil ficará dispensado de prestar caução suficiente ao pagamento de
custas e honorários
(A) quando o réu nada alegar, presumindo-se de sua inércia a inexistência de prejuízo cuja reparação
devesse ser garantida.
Resposta: letra “D”. Comentários: O tema vem tratado no art. 83 do CPC, que estabelece que “o
autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou deixar de residir no país ao longo da
tramitação de processo prestará caução suficiente ao pagamento das custas e dos honorários de
advogado da parte contrária nas ações que propuser, se não tiver no Brasil bens imóveis que lhes
assegurem o pagamento”. Contudo, o seu § 1º traz três exceções, ou seja, hipóteses de dispensa de
caução. São elas: I - quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional de que o
Brasil faz parte; II - na execução fundada em título extrajudicial e no cumprimento de sentença; III -
na reconvenção.
(A) na majoração em grau de recurso, o limite máximo deverá computar apenas o valor dos
honorários e não aqueles decorrentes de multas e de outras sanções processuais.
(B) eles serão proporcionalmente distribuídos e compensados entre os litigantes se cada qual for
parcialmente vencido.
(C) não são devidos em processo de mandado de segurança, ainda que haja má-fé da parte.
(D) a verba será devida no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje a
expedição de precatório, se tiver sido ofertada impugnação.
Comentários:
A) Correta. A questão está disciplinada nos §§ 11 e 12 do art. 85 do CPC. Vejamos: § 11. O tribunal,
ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho
adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a 6o ,
sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do
vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de
conhecimento.
C) Correta. Nos termos do art. 25 da Lei nº 12.016/09 “não cabem, no processo de mandado de
segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários
advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé”. Note que caso
haja litigância de má-fé, a parte responderá pelas sanções processuais respectivas, mas não pelos
honorários advocatícios.
D) Correta. Nos termos do § 7º do art. 85 do CPC, “não serão devidos honorários no cumprimento de
sentença contra a Fazenda Pública que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido
impugnada”. Trata-se de regra que vai ao encontro do entendimento firmado pelo STF no RE
420.816/PR que restringiu o campo de incidência do art. 1º-D da Lei nº 9.494/97 e que decorre do
fato de que o pedido de cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública independe de qualquer
resistência desta, na medida em que, inexoravelmente, a ordem de inscrição dos precatórios deverá
ser observada. Por outro lado, se o cumprimento de sentença for de pequeno valor3 , a expedição
de precatório será substituída pela requisição de pequeno valor – RPV. Nesse caso, se após
condenação transitada em julgado, a Fazenda Pública não expedir, voluntariamente, a ordem de
pagamento, deverá o vencedor requerer o cumprimento de sentença, diante da resistência da
Fazenda Pública. Por conseguinte, independentemente de haver ou não impugnação, o patrono do
credor fará jus aos honorários advocatícios na fase de cumprimento de sentença.
(A) Eles serão distribuídos livremente e caberá ao juízo que ordenou a constrição, tanto que
comunicado do ajuizamento da medida, eventualmente suspender o processo até julgamento dos
embargos.
(B) Para obtenção de medida liminar, o embargante tem o ônus de apresentar prova préconstituída
de sua posse ou domínio.
(C) No caso de embargos opostos por credor com garantia real, a lei estabelece um limite de
cognição horizontal ou em extensão.
(D) Na fase de conhecimento, eles podem ser opostos até o trânsito em julgado e, no cumprimento
ou execução, no mesmo prazo para impugnação ou para embargos à execução.
A) Incorreta. Nos termos do art. 676 do CPC, “os embargos serão distribuídos por dependência ao
juízo que ordenou a constrição e autuados em apartado”. O seu parágrafo único, por sua vez,
estabelece que “nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos serão oferecidos no
juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta”.
B) Incorreta. Não há qualquer exigência no CPC quanto à apresentação de prova préconstituída para
a obtenção de medida liminar. À luz do art. 677 do CPC, “na petição inicial, o embargante fará a
prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e
rol de testemunhas”, sendo “facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo
juiz” (§ 1º). Por conseguinte, o art. 678 do CPC dispõe que “a decisão que reconhecer
suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas
sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória
da posse, se o embargante a houver requerido”. Note, portanto, que a concessão de medida liminar
não pressupõe prova pré-constituída.
C) Correta. Nos termos do inciso IV do § 1º do art. 674 do CPC, é legitimado para opor embargos de
terceiro “o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de
garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos”. Isso
porque, nos casos de contrição que recaia sobre bem objeto de direito real de garantia, o credor
detentor da garantia real deve ser devidamente intimado. Nesse sentido, dispõe o art. 799, I, do CPC
que “incumbe ainda ao exequente: I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário,
anticrético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca,
anticrese ou alienação fiduciária”. Com efeito, o art. 680 do CPC traz uma espécie de limitação
horizontal (ou por extensão) à cognição ao dispor que “contra os embargos do credor com garantia
real, o embargado somente poderá alegar que: I - o devedor comum é insolvente; II - o título é nulo
ou não obriga a terceiro; III - outra é a coisa dada em garantia”.
D) Incorreta. Nos termos do art. 675 do CPC “os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no
processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de
sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por
iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
15. Relativamente à comunicação dos atos processuais, é correto afirmar:
(A) a lei faculta ao advogado promover a intimação do colega adversário, desde que o faça pelo
correio.
(B) é vedado que, na intimação dirigida ao advogado, figure apenas o nome da sociedade a que
pertença.
(C) se não for comunicada modificação de endereço da parte, a lei presume válida a intimação feita
naquele constante dos autos, exceto quando se tratar de mudança temporária.
(D) a intimação feita ao ensejo da retirada dos autos de cartório é inválida se a carga for feita por
quem não seja advogado investido de mandato.
Comentários
A) Correta. Dispõe o art. 269, “caput”, do CPC que “intimação é o ato pelo qual se dá ciência a
alguém dos atos e dos termos do processo”. No tocante à intimação realizada pelo próprio advogado,
a regra vem insculpida no § 1º do referido dispositivo, segundo o qual “é facultado aos advogados
promover a intimação do advogado da outra parte por meio do correio, juntando aos autos, a seguir,
cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento”. Note que a lei exige que a intimação seja
feita pelo correio. Além disso, “o ofício de intimação deverá ser instruído com cópia do despacho, da
decisão ou da sentença” (§ 2º).
C) Incorreta. A questão é tratada de forma expressa no parágrafo único do art. 274 do CPC, segundo
o qual “presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que
não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva não tiver
sido devidamente comunicada ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do
comprovante de entrega da correspondência no primitivo endereço”.
D) Incorreta. A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga poderá ser realizada pelo
advogado, por pessoa credenciada a pedido do advogado ou da sociedade de advogados, pela
Advocacia Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério Público e implicará intimação de
qualquer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de publicação (art. 272, § 6º, do
CPC). Note que é possível que o advogado ou a sociedade de advogados credencie pessoa que não
seja advogada. É o que ocorre, por exemplo, com o preposto. Nesse sentido, o § 6º do art. 272 do
CPC dispõe que “o advogado e a sociedade de advogados deverão requerer o respectivo
credenciamento para a retirada de autos por preposto”.
(A) reputa-se impedido de depor sob compromisso legal aquele que tiver interesse no litígio.
(B) como regra, ela será indeferida quando o fato só puder ser comprovado por documento ou prova
pericial.
(C) a testemunha não é obrigada a comparecer para depor sobre fatos que lhe acarretem grave dano.
(D) ela não comporta a qualificação jurídica de prova nova para efeito de ação rescisória.
Comentários:
A) Incorreta. A testemunha que tiver interesse no litígio não é impedida, mas sim suspeita, nos
termos do art. 447, § 3º, inciso II, do CPC.
B) Correta. Nos termos do art. 443, inciso II, do CPC, “o juiz indeferirá a inquirição de testemunhas
sobre fatos: II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados”.
C) Incorreta. A testemunha é obrigada a comparecer sempre que intimada, sob pena de ser
determinada, pelo juízo, a sua condução coercitiva. Contudo, nos termos do art. 448 do CPC, “a
testemunha não é obrigada a depor sobre fatos: I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu
cônjuge ou companheiro e aos seus parentes consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até
o terceiro grau; II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo”.
D) Incorreta. Nos termos do art. 966, VII, do CPC, “a decisão de mérito, transitada em julgado, pode
ser rescindida quando: VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja
existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento
favorável”. O dispositivo, diferentemente da previsão contida no art. 485, VII, do CPC/73, não fala
em “documento novo”. Contudo, a expressão “prova nova” deve ser compreendida como a prova
que já existia antes mesmo do trânsito em julgado, mas que não pode ser produzida no processo
originário. Questão passível de anulação Embora a doutrina discuta o sentido da expressão “prova
nova”, o fato é que tal expressão comporta, pelo menos, duas interpretações, as quais ainda não
chegaram aos tribunais superiores.
Interpretação restrita: prova nova é a prova documentada (materializada em documento, ainda que
se trate de prova oral ou pericial).
Interpretação ampla: prova nova é qualquer prova, existente à época, mas que não pode ser
produzida. Inclui-se, aqui, a prova testemunhal, que, em tese, poderá ser produzida na própria ação
rescisória. Tendo em vista os sentidos possíveis que podem ser atribuídos ao inciso VII do art. 966 do
CPC, entendo que a questão é passível de anulação.
17. Se a parte desiste de recurso que interpôs contra sentença que julgou o mérito,
(A) para que a desistência seja homologada, é necessária concordância da parte recorrida.
(C) a situação equivale, em termos práticos, à renúncia ao direito em que se funda a demanda.
(D) a desistência não impedirá a análise de questão objeto de julgamento de recurso especial
repetitivo.
Resposta: “D”
Comentários:
B) Incorreta. A desistência do recurso em nada prejudica o mérito da causa, pois este somente pode
ser atingido com o julgamento do próprio recurso.
C) Incorreta. A renúncia ao direito em que se funda a demanda equivale não à desistência do recurso,
mas sim à renúncia ao direito de recorrer. Nos termos do art. 999 do CPC, “a renúncia ao direito de
recorrer independe da aceitação da outra parte”.
D) Correta. A questão vem tratada no parágrafo único do art. 998 do CPC, segundo o qual “a
desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido
reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos”.
(B) a decisão será inválida porque a condenação deve ser sempre líquida, ainda que o pedido do
autor seja genérico.
(C) será inviável ao credor promover o cumprimento de sentença, ainda que parte da decisão seja
líquida.
(D) terá lugar liquidação por cálculo, caso o credor não apresente o demonstrativo do débito
atualizado.
Comentários:
A) Correta. Nos termos do art. 509, I, do CPC, “quando a sentença condenar ao pagamento de
quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: I - por
arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela
natureza do objeto da liquidação.
B) Incorreta. Como regra, a sentença deve ser sempre líquida, tendo em vista que o pedido do autor
deve ser determinado (art. 324, “caput”, do CPC). Não obstante, o § 1º do art. 324 do CPC admite a
formulação de pedido genérico nas seguintes hipóteses: I -nas ações universais, se o autor não puder
individuar os bens demandados; II - quando não for possível determinar, desde logo, as
consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação
depender de ato que deva ser praticado pelo réu. Consequentemente, a sentença, nessas hipóteses,
poderá ser ilíquida. Se a sentença não pudesse ser ilíquida em nenhuma hipótese, não faria sentido a
previsão no CPC de um procedimento de “liquidação de sentença” (art. 509 a 512 do CPC).
C) Incorreta. Quando uma parte da decisão for líquida, o credor poderá, desde logo, requerer o
cumprimento da parte líquida e a liquidação da parte ilíquida. Nesse sentido, dispõe o § 1º do art.
509 do CPC que “quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito
promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta”.
Comentários:
A) Correta. A alegação da existência de convenção de arbitragem deve ser feita pelo réu em sede de
preliminar de contestação (art. 337, X, do CPC). Trata-se de matéria que não conhecível de ofício
pelo juiz. Por conseguinte, “a ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na
forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral” (art.
337, § 6º, do CPC). A revelia, por sua vez, é a ausência de contestação (art. 344 do CPC). Logo, se o
réu não oferecer contestação, não poderá alegar a existência de convenção de arbitragem e,
consequentemente, haverá aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.
B) Incorreta. A eficácia preclusiva da coisa julgada é efeito que decorre da decisão de mérito
transitada em julgado, independentemente de a contestação ter sido ou não apresentada pelo réu
no curso do processo. Diz o art. 508 do CPC que “transitada em julgado a decisão de mérito,
considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor
tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido”.
C) Incorreta. Nos termos do § 3º do art. 292 do CPC “o juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o
valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao
proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas
correspondentes”. Trata-se de poder conferido ao juiz que não está vinculado à oferta, pelo réu, de
contestação.
(A) o respectivo membro será civilmente responsável, de forma direta quando agir com fraude e
regressivamente quando agir com dolo ou culpa grave.
(B) se o respectivo membro deixar de cumprir decisão jurisdicional ou criar embaraço para tanto,
será a ele imposta multa de até vinte por cento do valor da causa, sem prejuízo da apuração de
eventual responsabilidade disciplinar.
(C) quando a prova pericial por ele requerida não seja realizada por entidade pública, caberá a ele,
Ministério Público, adiantar os custos respectivos, desde que haja previsão orçamentária.
Comentários:
A) Incorreta. Nos termos do art. 181 do CPC, “o membro do Ministério Público será civil e
regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções”. O
dispositivo não faz qualquer distinção entre “dolo” e “culpa grave”. Aliás, a responsabilidade pessoal
e regressiva não pode decorrer da atuação do membro do Ministério Público de forma culposa, mas
somente dolosa e fraudulenta.
B) Incorreta. A sanção pelo não cumprimento de decisão judicial ou criação de embaraço para tanto
não é aplicada ao membro do Ministério Público. Isso porque, a questão deve ser resolvida no
âmbito da corregedoria da instituição. Nos termos do art. 77, IV, do CPC, “além de outros previstos
neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer
forma participem do processo: IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza
provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação”. Por conseguinte, o § 1º do referido
dispositivo prevê que, nesse caso, “o juiz advertirá qualquer das pessoas mencionadas no caput de
que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à dignidade da justiça”. Não observando a
parte a advertência, deverá o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis,
aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da
conduta (art. 77, § 2º, do CPC). Não obstante, tal sanção não se aplica aos advogados públicos ou
privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério Público, conforme previsão do § 6º
do art. 77 do CPC (“Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do
Ministério Público não se aplica o disposto nos §§ 2o a 5o , devendo eventual responsabilidade
disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará”).
C) Correta. Dispõe o art. 91, “caput”, do CPC que “as despesas dos atos processuais praticados a
requerimento da Fazenda Pública, do Ministério Público ou da Defensoria Pública serão pagas ao
final pelo vencido. Já o seu § 1º estabelece que “as perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo
Ministério Público ou pela Defensoria Pública poderão ser realizadas por entidade pública ou,
havendo previsão orçamentária, ter os valores adiantados por aquele que requerer a prova”.
D) Incorreta. Não há, em relação ao Ministério Público, presunção de veracidade de suas alegações
ou mesmo de autenticidade dos documentos juntados, sob pena de violação ao princípio da
isonomia. O Mistério Público, quer seja atuando como parte, quer seja como fiscal da ordem jurídica,
deve provar os fatos alegados. E quando atua como parte, a ele também se impõe o ônus da prova,
na forma do art. 373 do CPC.
Prezados alunos,
Tal como esperado e alertado previamente nas aulas do curso Contagem Regressiva – 188º Concurso
do TJSP, na disciplina de Direito do Consumidor a prova não fugiu do esperado. A maioria das
questões eram passíveis de resolução tão somente com a leitura da lei seca e dos verbetes das
súmulas de jurisprudência dos Tribunais Superiores, no caso, o Superior Tribunal de Justiça. Assim
sendo, as questões sequer comportam a interposição de recurso.
QUESTÃO 21: LETRA DE LEI
“Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano, regateando um tostão em côvado, receoso de ser
enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança dava-lhe gestos oblíquos. À tarde puxou o
dinheiro, meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos os caixeiros furtavam no preço e na
medida: amarrou as notas na ponta do lenço, meteu-as na algibeira, dirigiu-se à bodega de Seu
Inácio, onde guardara os picuás. Aí certificou-se novamente de que o querosene estava batizado e
decidiu beber uma pinga, pois sentia calor. Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano virou
o copo de um trago, cuspiu, limpou os beiços à manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha
água. Por que seria que Seu Inácio botava água em tudo?” (Graciliano Ramos. Vidas Secas. 27ª
edição. Livraria Martins Editora: São Paulo, 1970. p. 62).
Furtar na medida e colocar água no querosene e na pinga, do que se queixa Fabiano, configura:
A resposta correta é “vício do produto”, na esteira do que dispõe o art. 18, caput e § 6º, II, do CDC. O
artigo cuida da responsabilidade por vício de qualidade e de quantidade do produto e do serviço. Ao
contrário da responsabilidade pelo fato do produto (arts. 12 e 13), não há responsabilidade
diferenciada para a figura do comerciante.
[...]
A assertiva correta é a que completa a frase com o trecho “quando fornecido sem identificação clara
de seu fabricante; mas se efetuar o pagamento ao consumidor prejudicado, poderá exercer direito de
regresso contra o fabricante, segundo sua participação na causação do evento danoso, em processo
autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir nos mesmos autos, mas vedada a denunciação da
lide”. Para chegarmos a tal conclusão é necessário conjugar o disposto nos arts. 13, II e parágrafo
único e 88 do C.D.C. Vejamos:
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou
importador;
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de
regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada
em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a
denunciação da lide.
QUESTÃO 23: LETRA DE LEI
Nas obrigações sujeitas ao Código de Defesa do Consumidor, pelo defeito do produto, as sociedades:
Correta a alternativa que indica que “coligadas só respondem por culpa, as consorciadas são
solidariamente responsáveis e as integrantes dos grupos societários, ou controladas, são
subsidiariamente responsáveis”, a qual sintetiza o disposto nos parágrafos 2º, 3º e 4º do art. 28 do
C.D.C, in verbis:
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação
dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência,
estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má
administração.
[...]
O item correto é aquele que aponta que, em tais casos, a cláusula contratual é “nula”, pois assim
preconiza o art. 53 do C.D.C. Vejamos:
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações,
bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas
que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do
inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado.
De acordo com orientação atualmente fixada em súmula do Superior Tribunal de Justiça, a inscrição
do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito:
A alternativa a ser assinalada é a que aponta até o prazo máximo de “cinco anos,
independentemente da prescrição da execução”.
Súmula 323 do S.T.J. - A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao
crédito por até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da execução.
Resposta: D
Comentários:
Concurso de pessoas: teoria monística. Item 25 da exposição de motivos da Parte Geral (25. Ao
reformular o Título IV, adotou-se a denominação "Do Concurso de Pessoas", decreto mais
abrangentes, já que a co-autoria não esgota as hipóteses do concursus delinquentium. O Código de
1940 rompeu a tradição originária do Código Criminal do Império, e adotou neste particular a teoria
unitária ou monística do Código italiano, como corolário da teoria da equivalência das
causas(Exposição de Motivos do Ministro Francisco Campos, item 22).
Crime continuado: teoria objetiva. Item 59 da exposição de motivos da Parte Geral (59. O critério da
teoria puramente objetiva não se revelou na prática maiores inconvenientes, a despeito das
objeções formuladas pelos partidários da teoria objetivo-subjetiva).
32. Quanto ao Título II, da Parte eral do Código Penal, “Do Crime”, é correto afirmar que
(A) quanto às excludentes de ilicitude, o excesso doloso ou culposo punível aplica-se à legítima
defesa e ao estado de necessidade, enquanto ao estrito cumprimento do dever legal e ao exercício
regular de direito, somente o doloso.
(B) se o fato é cometido sob coação moral irresistível, só é punível o autor da coação. Se resistível,
coator e coato respondem em concurso de pessoas, atenuando-se obrigatoriamente a pena do
último.
Gabarito: B
A) incorreta. O Código não faz tal distinção, englobando todas as excludentes de ilicitude citadas.
Art. 23, Parágrafo único, CP - “O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo
excesso doloso ou culposo”.
33. (São) requisito(s) para a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos:
(B) ter a vítima mais de 14 (quatorze) e menos de 60 (sessenta) anos de idade, na data dos fatos.
(C) salvo no caso de delação premiada prevista na Lei no 12.850/2013, e se o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa, se doloso, que a pena aplicada não supere 4 (quatro) anos;
se culposo, independentemente da quantidade de pena.
(D) não reincidência comum ou específica em crime doloso, ainda que em face da condenação
anterior a medida seja socialmente recomendável.
Gabarito: C
C) correta. A colaboração premiada pode implicar substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos (art. 4º, caput, da Lei 12.850/13.
34.
(A) em se tratando de “posse de droga para consumo pessoal”, previsto no artigo 28, da Lei no
11.343/2006, os lapsos prescricionais tanto da pretensão punitiva quanto da executória são de 2
(dois) anos, reduzidos da metade se o agente, ao tempo do crime, era menor de 21 (vinte e um)
anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
(B) depois de transitada em julgado a sentença condenatória para a acusação ou improvido seu
recurso, a prescrição retroativa ou superveniente regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos
prazos fixados em lei, os quais são aumentados de 1/3 (um terço), em caso de reincidência.
(C) a decisão de pronúncia é causa interruptiva da prescrição, salvo se o Tribunal do Júri venha a
desclassificar o crime.
A) correta. Lei de Drogas, Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas,
observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nosarts. 107 e seguintes do Código Penal.
C) incorreta. Ainda que o tribunal do júri desclassifique o crime, a decisão de terá sido válida e
interrompido o curso do prazo prescricional;
35. Quanto aos crimes contra a pessoa previstos no Título I, da Parte Especial do Código Penal, é
correto afirmar:
a) o homicídio realizado para ocultar a prática de outro crime é qualificado pela conexão teleológica.
b) homicídio híbrido é a coexistência de uma forma privilegiada com qualquer das qualificadoras,
mesmo que mais de uma.
d) a calúnia e a difamação previstas no Código Penal admitem a exceção da verdade e não são
puníveis quando a ofensa for irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu
procurador.
A) incorreta. O homicídio realizado para ocultar a prática de outro crime é qualificado pela conexão
consequencial.
B) consideramos como incorreta, mas pode ser o gabarito. O homicídio híbrido é a coexistência de
uma forma privilegiada com uma qualificadora de natureza objetiva.
C) incorreta. Perigo de vida é caso de lesão corporal grave.
D) incorreta. Calúnia admite exceção da verdade. Difamação, em regra, não admite. No caso da
difamação, a exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa
é relativa ao exercício de suas funções (art. 139, parágrafo único, do CP). Injúria e difamação não são
puníveis quando a ofensa for irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu
procurador (artigo 142, I, do CP).
36. Quanto aos crimes contra o patrim nio, é correto afirmar que
(A) qualifica a extorsão mediante sequestro se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) anos ou maior
de 60 (sessenta) anos, de sorte que se restituído à liberdade depois de completar 18 (dezoito) anos,
ou sequestrado antes de completar 60 (sessenta) anos, embora libertado a partir dessa idade, não
incide a qualificadora.
(B) a absolvição pelo crime pressuposto da receptação impede a condenação do receptador quando
não existir prova de ele ter concorrido para a infração penal, ficar provada a inexistência do fato, não
houver prova da existência do fato, não constituir o fato infração penal ou existir circunstância que
exclua o crime.
(D) na Apropriação Indébita Previdenciária, é facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar
somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que tenha promovido,
após o início da ação fiscal e antes de ser oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social
previdenciária, inclusive acessórios.
Gabarito: D
A) incorreta. No crime permanente, a situação de flagrante se protrai no tempo. Art. 159, §1º, CP.
B) incorreta. A absolvição por falta de provas não gera qualquer vinculação ao processo
subsequente.
C) incorreta. STJ, Súmula 511: “ possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155
do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o
pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva”.
(B) Configura crime de estelionato na modalidade fraude no pagamento por meio de cheque sem
previsão de fundos a cártula emitida para pagamento de dívida preexistente.
(D) A pena aumenta-se de 1/3 (um terço), se o crime é cometido em detrimento de entidade de
direito público ou instituto de economia popular, assistência social ou beneficência, excluindo-se
entidades autárquicas da Previdência Social que são regidas por lei própria.
Gabarito: C
C) correta. “O crime previsto no artigo 171, § 2º, inciso V, do Código Penal é de natureza
formal, de modo que independe, para sua consumação, do resultado naturalístico consistente na
obtenção da vantagem indevida, estando consumado com a ocultação, destruição ou lesão do
objeto material com o fim de haver indenização ou valor de seguro, sendo o recebimento, mero
exaurimento da conduta delitiva a ser valorada na dosimetria penal” AgRg no AREsp 780326 / SP,
relator: Min. Jorge Mussi.
D) incorreta. Não há tal exclusão. Art. 171, § 3º, CP - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular,
assistência social ou beneficência.
(C) Para efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o
título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis
e o testamento particular.
(D) Atribuir-se falsa identidade perante a autoridade policial em autodefesa, uma vez que procurado
pela justiça, não constitui crime, aplicando-se o princípio da dignidade da pessoa humana.
Gabarito: C
A) incorreta. Súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade
lesiva, é por este absorvido. Aplicação do princípio da consunção.
D) incorreta. Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é
típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.
(C) O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido não subsistirá se demonstrado
inequivocamente que ela estava desmuniciada.
(D) Os crimes tipificados na Lei de Tortura são doutrinariamente classificados como comuns, porque
não demandam sujeito ativo próprio ou especial.
Gabarito: B
A) incorreta. Súmula 607 do STJ: “A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da lei
11.343/06) se configura com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não
consumada a transposição de fronteiras”.
D) incorreta. “1. O conceito de tortura, tomado a partir dos instrumentos de direito internacional,
tem um viés estatal, implicando que o crime só poderia ser praticado por agente estatal (funcionário
público) ou por um particular no exercício de função pública, consubstanciando, assim, crime
próprio. 2. O legislador pátrio, ao tratar do tema na Lei n. 9.455/1997, foi além da concepção
estabelecida nos instrumentos internacionais, na medida em que, ao menos no art. 1º, I, ampliou o
conceito de tortura para além da violência perpetrada por servidor público ou por particular que lhe
faça as vezes, dando ao tipo o tratamento de crime comum. 3. A adoção de uma concepção mais
ampla do tipo, tal como estabelecida na Lei n. 9.455/1997, encontra guarida na Convenção contra a
Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, que ao tratar do
conceito de tortura estabeleceu -, em seu art. 1º, II -, que: o presente artigo não será interpretado
de maneira a restringir qualquer instrumento internacional ou legislação nacional que contenha ou
possa conter dispositivos de alcance mais amplo; não há, pois, antinomia entre a concepção adotada
no art. 1º, I, da Lei n. 9.455/1997 - tortura como crime comum - e aquela estatuída a partir do
instrumento internacional referenciado. 4. O crime de tortura, na forma do art. 1º, II, da Lei n.
9.455/1997 (tortura-castigo), ao contrário da figura típica do inciso anterior, não pode ser
perpetrado por qualquer pessoa, na medida em que exige atributos específicos do agente ativo,
somente cometendo essa forma de tortura quem detiver outra pessoa sob sua guarda, poder ou
autoridade (crime próprio).” REsp 1738264 / DF. Relatoria: Min. Sebastião Reis.
(A) O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime
doloso no cumprimento da pena não prescinde do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.
(C) A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena, apenas para
indulto.
(D) Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, não se considera o tempo
de cumprimento da pena no regime fechado, somente o no semiaberto.
Gabarito: B
A) incorreta. Súmula 526 STJ. O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato
definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença
penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.
B) correta. Súmula 533-STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da
execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído
ou defensor público nomeado.
C) incorreta. “Os benefícios do indulto natalino e da computação de penas não podem ser
concedidos a presos que praticaram falta grave nos 12 meses anteriores à publicação do decreto
presidencial”. STJ, informativo 591. EResp 1.549.544. Fonte: CONJ R.
D) incorreta. Súmula 40 STJ: Para obtenção dos beneficios de saída temporaria e trabalho externo,
considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado.
41. Em relação à prisão temporária, prevista na Lei no 7.960/1989, assinale a alternativa correta.
a. É cabível para os crimes que a admitem, tanto na fase pré-processual quanto na processual,
podendo ser decretada de ofício, ou a requerimento da Autoridade Policial ou do Ministério Público.
b. É cabível para os crimes que a admitem, e somente na fase pré-processual, sendo imprescindível
para a decretação, quando requerida pela Autoridade Policial, a concordância do Ministério Público.
c. É cabível para os crimes que a admitem, tanto na fase pré-processual quanto na processual, a
requerimento da Autoridade Policial ou do Ministério Público, vedada a decretação de ofício, por 5
(cinco) dias, prorrogáveis uma vez e pelo mesmo prazo, em caso de extrema necessidade,
devidamente demonstrada.
d. É cabível para os crimes que a admitem, e somente na fase pré-processual, desde que em
atenção a requerimento da Autoridade Policial ou do Ministério Público, vedada a decretação de
ofício.
Resposta: letra D.
Letra a: incorreta. A prisão temporária apenas pode ser decretada na fase pré-processual. Além
disso, não poderá ser decretada de ofício pelo juiz, dependendo de requerimento da autoridade
policial ou do Ministério Público. Importante a leitura do caput do art. 2º da Lei 7960/1989: A prisão
temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de
requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período
em caso de extrema e comprovada necessidade.
Letra b: incorreta. De acordo com o art. 2º, § 1º, da Lei 7960/1989, na hipótese de representação da
autoridade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. Se faz necessária a oitiva do
Ministério Público, mas não a concordância. Poderá ocorrer, por exemplo, de a autoridade policial
representar pela prisão temporária, o Ministério Público se manifestar de forma desfavorável e o juiz
decretar a prisão.
Letra c: incorreta. Conforme já exposto na letra A, a prisão temporária apenas pode ser decretada
na fase pré-processual. Quanto ao prazo da prisão, o aluno deve ter cuidado. Para crimes comuns, a
prisão será de cinco dias podendo ser prorrogada por mais cinco dias. Para os crimes hediondos e
equiparados a eles, a prisão terá prazo de até 30 dias podendo ser prorrogada por mais 30 dias.
42. Expedido mandado de prisão contra réu condenado, o executor do mandado, encontrando-o em
casa de terceiro, e no período noturno, deverá
a. entrar na casa do terceiro, mesmo contra sua vontade, e efetuar a prisão do condenado em
cumprimento ao mandado judicial.
c. entrar na casa do terceiro, a quem dará voz de prisão pelo crime de favorecimento pessoal,
cumprir o mandado de prisão e conduzir ambos à presença da Autoridade policial.
Resposta: letra B.
Para responder a questão 42, deve se ter atenção ao artigo 293 do Código de Processo Penal: se o
executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o
morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido
imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa,
arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não
for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça,
arrombará as portas e efetuará a prisão. Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o
réu oculto em sua casa será levado à presença da autoridade, para que se proceda contra ele como
for de direito.
b. o curso da ação penal ficará suspenso até a sentença transitar em julgado no juízo cível, sem
prejuízo de produção das provas de natureza urgente, cabendo contra essa decisão recurso em
sentido estrito.
d. contra a decisão que reconhece a existência de questão prejudicial, suspendendo ou não o curso
da ação penal, cabe recurso em sentido estrito.
Resposta: letra A.
Letra b: incorreta. A letra não foi clara se estava se tratando de questão prejudicial heterogênea
obrigatória, prevista no artigo 92, ou se da questão prejudicial heterogênea facultativa, prevista no
artigo 93. Na primeira, o processo ficará suspenso até decisão final no juízo cível. Na segunda, no
entanto, pode ser que o juízo criminal profira decisão sobre a questão prejudicial. Veja o que prevê o
artigo 93, § 1o: o juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente prorrogado, se a
demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o
juiz criminal fará prosseguir o processo, retomando sua competência para resolver, de fato e de
direito, toda a matéria da acusação ou da defesa. Desse modo, não é possível afirmar que na
questão prejudicial heterogênea facultativa o processo necessariamente “ficará” suspenso até a
sentença transitar em julgado no juízo cível.
Letra c: incorreta. É possível que a decisão seja tomada de ofício pelo juiz, conforme artigo 94: a
suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores, será decretada pelo juiz, de
ofício ou a requerimento das partes.
Letra d: incorreta. Apenas caberá recurso em sentido estrito da decisão que ordenar a suspensão do
processo. Da decisão que a denegar, não caberá recurso. Leia sempre o artigo 93 em conjunto com o
artigo 581, ambos do Código de Processo Penal.
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: XVI - que ordenar a
suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial.
VICENTE GRECO FILHO também destaca ser obrigatória a suspensão do processo penal, no caso da
questão prejudicial que verse sobre o estado civil das pessoas e da qual dependa a decisão sobre a
existência da infração (art. 92, CPP – questão prejudicial heterogênea obrigatória), não podendo,
portanto, se falar em discricionariedade. A jurisprudência do STJ adota esse entendimento: (STJ,
REsp 1.617.517/RJ, j. em 31.03.2017, DJe de 11.04.2017.)
a. o sequestro poderá recair sobre bens imóveis adquiridos pelo indiciado com os proventos da
infração, desde que ainda não tenham sido transferidos a terceiros.
Resposta: letra C.
Letra a: incorreta. Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os
proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.
Letra b: incorreta. Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido,
ou mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do
processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.
Do interesse público inerente ao sequestro, decorre sua ampla legitimidade ativa, podendo ser
decretada pelo juiz ex officio (se já instaurada a ação penal), por representação da autoridade
policial (na fase de investigação preliminar) ou por requerimento do ofendido ou do Ministério
Público (durante toda a persecução estatal).
Letra c: correta. Alternativa de acordo com o artigo 137: se o responsável não possuir bens imóveis
ou os possuir de valor insuficiente, poderão ser arrestados bens móveis suscetíveis de penhora, nos
termos em que é facultada a hipoteca legal dos imóveis.
a. o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial,
não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
b. quanto ao ônus da prova, no curso da instrução ou antes de proferir sentença, para dirimir dúvida
sobre ponto relevante, a pedido das partes, o juiz poderá determinar a realização de diligências,
vedado fazê-lo de ofício.
c. são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo as provas ilícitas e as derivadas delas,
mesmo que não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
d. no interrogatório, meio de prova e de defesa, o silêncio do acusado não importará confissão, mas
poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.
Resposta: letra A.
Letra a: correta. Letra da Lei. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.
Letra b: incorreta. O Código de Processo Penal, não obstante a crítica da doutrina, ainda faculta ao
juiz que determine provas de ofício. Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,
porém, facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença,
a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Letra c: incorreta. Exceção no artigo 157: são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou
legais § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado
o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fonte independente das primeiras.
Letra d: incorreta. Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da
acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de
permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. Parágrafo único. O
silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
46. Quanto à sentença penal, é correto afirmar que a.
a. encerrada a instrução probatória, se o juiz entender cabível nova definição jurídica do fato, em
consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não
contida na acusação, prescindirá de abertura de vista ao Ministério Público para eventual
aditamento da denúncia, se não resultar em aplicação de pena mais grave.
b. havendo fundada dúvida sobre a existência de circunstâncias que excluam o crime ou isentem o
réu de pena, o fundamento legal para a absolvição será o da inexistência de prova suficiente para a
condenação.
c. o amplo efeito devolutivo dos recursos possibilita à segunda instância dar nova definição jurídica
ao fato delituoso em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na
denúncia ou queixa.
d. preservada sua competência e sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa,
poderá o juiz atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar
pena mais grave.
Resposta: letra D.
Letra a: incorreta. Está errada quando fala da desnecessidade (“prescindirá”) de vista do Ministério
Público. Mesmo que a pena do crime seja menos grave é necessário o aditamento; portanto,
necessária a abertura de vista (art. 384, CPP).
Letra c: incorreta. Súmula 453, STF: Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único
do Código de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em
virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.
Letra d: correta. De acordo com o artigo 383 (emendatio libelli): o juiz, sem modificar a descrição do
fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em
consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
47. Reconheceu o artigo 5o, inciso XXXVIII, da Constituição Federal, a instituição do júri. Quanto a ela,
é correto afirmar que
a. constatando o Juiz Presidente haver dúvidas sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal
do acusado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do
acusado, procederá de ofício o desaforamento, encaminhando os autos para julgamento em outra
comarca da mesma região, comunicando imediatamente ao Presidente do Tribunal de Justiça.
c. não torna nulo o julgamento ulterior pelo júri a participação de jurado que funcionou em
julgamento anterior do mesmo processo, embora cindido.
d. são relativas as nulidades do julgamento pelo júri, quando os quesitos da defesa não precedem
aos das circunstâncias agravantes, bem como a falta de quesito obrigatório.
Resposta: letra B.
Letra a: incorreta. A competência para determinar o desaforamento é o Tribunal, não do Juiz, que
pode apenas representar para isso (art. 427 do CPP).
Letra b: correta. Súmula 713, STF: O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito
aos fundamentos da sua interposição.
Letra c: incorreta. Súmula 206, STF: É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de
jurado que funcionou em julgamento anterior do mesmo processo.
Letra d: incorreta. Súmula 162, STF: É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os
quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes.
b. Não gera nulidade a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso
da acusação, salvo os casos de recurso de ofício.
c. O acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo seu
recebimento, ainda que nula a decisão de primeiro grau.
Resposta: letra A.
Letra a: correta. Alternativa de acordo com o artigo 580: o caso de concurso de agentes (Código
Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não
sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.
Letra b: incorreta. Súmula 160, STF: É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade
não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
Letra c: incorreta. Súmula 709, STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que
provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
Letra d: incorreta. Súmula 705, STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a
assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
a. é inadmissível o oferecimento de proposta pelo Ministério Público, se o autor do fato tiver sido
condenado definitivamente pela prática de crime unicamente à pena de multa.
Resposta: letra C.
Letra a: incorreta. A transação penal só é impedida em caso de condenação anterior pela prática de
crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva, conforme artigo 76, § 2º, I da Lei 9.099.
Letra b: incorreta. Compete ao Tribunal de Justiça ou ao Tribunal Regional Federal, conforme o caso,
julgar habeas corpus impetrado contra ato praticado por integrantes de Turmas Recursais de Juizado
Especial”. *ARE 676.275 AgR, rel. min. ilmar Mendes, 2ª T, j. 12-6-2012, DJE 150 de 1º-8-2012.
Letra c: correta. Súmula 723, STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime
continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto
for superior a um ano.
Letra d: incorreta. O juiz poderá remeter de ofício ao Procurador Geral de Justiça. O que ele não
pode é propor de ofício a suspensão condicional do processo, já que atribuição do órgão acusatório.
b. intranscendência das penas e motivação das decisões; e intervenção mínima (ou ultima ratio) e
duplo grau de jurisdição.
c. contraditório e impulso oficial; e adequação social e favor rei (ou in dubio pro reo).
Letra a: incorreta. Princípio da insignificância é princípio penal (não processual) e não tem previsão
na Constituição Federal e identidade física está prevista somente no CPP (art. 399, § 2º).
Letra b: incorreta. Princípio da intervenção mínima é penal e não tem previsão expressa na
Constituição Federal.
Letra c: incorreta. Contraditório tem previsão na Constituição Federal (art. 5º, LV), impulso oficial
não. Adequação social é princípio penal (material) e não tem previsão explícita.
Letra d: correta.
(A) a Carta de 1967, cujo projeto foi elaborado pelo Governo e que muitos consideram
outorgada e não promulgada, manteve a prerrogativa que a Carta de 1946 conferiu ao Presidente da
República para expedir Decretos-leis.
A letra A está incorreta. A CF/67 realmente previa a figura do decreto-lei (art. 49, V), mas o
mesmo não ocorria na vigência da CF/46.
A letra B está correta. O art. 6º do AI 5 dispunha o seguinte: “Ficam suspensas as garantias
constitucionais ou legais de: vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade, bem como a de exercício
em funções por prazo certo”. Em complemento, o art. 11 do AI 5 previa: “Excluem-se de qualquer
apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato institucional e seus Atos
Complementares, bem como os respectivos efeitos”.
A letra D está errada, pois o art. 182 da CF/69 (Emenda Constituicional n. 1) manteve em
vigor o AI 5 e os demais Atos posteriormente baixados.
52. Na hipótese de inércia legislativa da União e consequente ausência de lei nacional que
estabeleça normas gerais sobre matéria de competência concorrente da União, dos Estados e do
Distrito Federal, é correto afirmar que
(A) a inércia implicará aquisição de competência legislativa privativa sobre a matéria pelos
Estados e Distrito Federal.
(B) os Estados e Distrito Federal não poderão editar leis específicas sobre a matéria até o
advento da lei nacional ou medida provisória que disponha sobre ela.
(C) a inércia implicará competência plena e temporária dos Estados e Distrito Federal para
legislar sobre a matéria.
(D) a inércia implicará competência plena e definitiva dos Estados e Distrito Federal para
legislar sobre a matéria.
O art. 24 da CF/88 trata da competência legislativa concorrente entre os entes que compõem
a Federação, excepcionando apenas os Municípios. De acordo com o § 3º do referido artigo, a
ausência de lei federal sobre normas gerais faz com que os Estados exercem a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. Contudo, essa competência só permanecerá
plena até a edição da lei federal, a qual suspenderá a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário
(§ 4º).
53. O princípio da legalidade, já incorporado ao direito pátrio pelas Cartas anteriores, foi
mantido pelo artigo 5o, II, da atual Constituição. Sobre o tema, é possível afirmar que
(A) o conceito de legalidade não corresponde exclusivamente à lei em sentido formal, mas
abrange também os preceitos normativos da própria Constituição e aqueles editados com base nela,
como as emendas constitucionais, as leis complementares, as leis delegadas e as medidas provisórias.
A doutrina entende que quando a Constituição preceitua que "ninguém será obrigado a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei" (CF, art. 5. º, II), a interpretação deve ser
feita em sentido amplo, para abarcar todos os atos normativos primários compreendidos no artigo
59 da Constituição: emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, Leis delegadas,
medidas provisórias, decretos Legislativos e resoluções (por todos: MARCELO NOVELINO, 2016, p.
386).
A letra B está errada porque, segundo o STF, “salvo quando versem sobre direitos humanos,
os tratados e convenções internacionais ingressam no direito brasileiro com status equivalente ao de
lei ordinária” (ARE 766.618, j. em 25/05/2017).
A letra C está errada ao dizer outras emendas constitucionais trataram do decreto autônomo,
além da EC 32/01.
A letra D está errada porque a reserva legal pode ser absoluta ou relativa, esta última quando
a disciplina da matéria é em parte admissível a outra fonte diversa da lei, sob a condição de que esta
indique as bases em que aquela deva produzir-se validamente (JOSÉ AFONSO DA SILVA, 2017, p.
426), como ocorre em vários casos do texto constitucional.
54. O artigo 7o, IV, da Constituição Federal assegura ao trabalhador a percepção de salário-
mínimo e proíbe sua vinculação “para qualquer fim”. Diante de tal vedação e de outros preceitos da
Carta, como o artigo 39, § 3o, a Súmula Vinculante no 4 estabeleceu, em relação a vantagem
percebida por servidor público, que
(A) a hipótese é excepcional, dada a garantia de irredutibilidade dos vencimentos, e a ela não
se aplica a vedação de utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo.
(B) também nessa hipótese é vedada a utilização do salário-mínimo como indexador ou base
de cálculo, permitida sua substituição por decisão judicial.
(D) também nessa hipótese é vedada a utilização do salário-mínimo como indexador ou base
de cálculo, proibida, ademais, sua substituição por decisão judicial.
A redação da questão é confusa. Ainda assim, é provável que a banca aponte a letra D como
resposta correta. Vejamos.
A Súmula Vinculante 4 dispõe que, “salvo nos casos previstos na Constituição, o salário
mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou
de empregado, nem ser substituído por decisão judicial”.
A razão de ser da vedação é evitar o efeito cascata que eventual aumento do salário-mínimo
pudesse causar, o que configuraria obstáculo ao propósito constituinte. Confira-se o seguinte
julgado, em que tal argumentação é expressamente trazida à tona:
“Ambas as Turmas entendem que a incidência de gratificações e outras vantagens sobre o
resultado da soma do vencimento com o abono — este utilizado para se atingir o mínimo legal, que
é o salário mínimo — contraria o art. 7º, IV, da CF/1988, por importar vinculação nele vedada. Isso
porque, a cada aumento do salário mínimo e, por consequência, do abono, aumentar-se-iam
também as gratificações e vantagens dos servidores”
[RE 572.921 QO-RG, voto do rel. min. Ricardo Lewandowski, P, j. 13-11-2008, DJE 25 de 6-2-
2009, Tema 141].
Aliás, houve caso concreto em que uma lei complementar paulista foi declarada
inconstitucional, justamente por ofensa ao art. 7º, IV, ante a vinculação do adicional de
insalubridade pago a servidores públicos ao salário-mínimo. Confira-se trecho da ementa:
Por isso, o erro das demais questões e o acerto da letra D, em que pese a própria Súmula
Vinculante 4 ressalvar os casos expressamente previstos na CF da proibição.
55. Com relação aos princípios e métodos de interpretação constitucional, pode-se afirmar
que
(A) por representar ampliação dos poderes do juiz em prejuízo da esfera de opção política do
legislador, sem que tenha sido adotado como norma geral pelo texto constitucional, o princípio da
proporcionalidade só pode ser aplicado pelos tribunais nas hipóteses específicas previstas em
preceitos esparsos da Constituição.
A letra A está errada. Confira-se trecho do meu curso de direito constitucional, a ser lançado
em 2019:
Ademais, não se limita ao controle das medidas restritivas direcionadas apenas aos direitos
fundamentais. A sua principal finalidade é a contenção do arbítrio estatal de um modo amplo,
provendo critérios racionais para a limitação dos atos do Poder Público que restrinjam direitos
fundamentais ou outros interesses juridicamente protegidos. Nesse sentido, leciona DANIEL
SARMENTO que “a proporcionalidade, além de princípio constitucional, é ainda verdadeiro cânone de
interpretação da Constituição, sendo empregada no equacionamento de colisões entre normas
constitucionais, no contexto da ponderação de interesses” (SARMENTO, 2014, p. 467).
(...) A sede material do princípio (ou postulado) no âmbito das Constituições modernas,
contudo, não é tema pacificado. Em âmbito doutrinário, VIRGÍLIO AFONSO DA SILVA cita que boa
parte de nossos constitucionalistas (GILMAR FERREIRA MENDES, LUÍS ROBERTO BARROSO, SUZANA
DE TOLEDO BARROS) aponta como fundamento da proporcionalidade o princípio do Estado de
Direito, o que também seria uma tendência na Alemanha (VIRGÍLIO, o proporcional, p. 21/30). Lá
também se afirma que o princípio da proporcionalidade decorre da própria estrutura e essência dos
direitos fundamentais, o que também encontra eco em nossa doutrina (PEREIRA, 2006, p. 320). Para
fins de concursos públicos, é importante mencionar que o nosso Supremo Tribunal Federal vem
afirmando que a proporcionalidade ou razoabilidade (são geralmente tratados pela Corte como um
só) extrai sua justificação dogmática da cláusula constitucional que consagra a garantia do
substantive due process of law – dimensão material do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV).
A letra B começa bem, mas erra ao dizer que é possível declarar inconstitucional uma norma
da Constituição que pareça incompatível com outra. Na ADI 815, o STF rechaçou a tese de que há
hierarquia entre normas constitucionais originárias, que, se aceita, poderia dar azo à declaração de
inconstitucionalidade de umas em face de outras. Até mesmo as cláusulas pétreas “não podem ser
invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores
em face de normas constitucionais superiores, porquanto a Constituição as prevê apenas como
limites ao Poder Constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituição elaborada pelo Poder
Constituinte originário, e não como abarcando normas cuja observância se impôs ao próprio Poder
Constituinte originário com relação as outras que não sejam consideradas como cláusulas pétreas, e,
portanto, possam ser emendadas” (ADI 815, j. em 28/03/1996).
(A) embora o controle preventivo de constitucionalidade seja exercido, em regra, como fase
própria do processo legislativo, existe também previsão constitucional de seu exercício por órgão
jurisdicional, em via mandamental ou de ação direta de inconstitucionalidade.
(B) de acordo com a jurisprudência do STF, o mandado de segurança pode ser utilizado para
impedir a tramitação de projeto de lei ou proposta de emenda constitucional que contenha vício de
inconstitucionalidade formal ou material.
(D) de acordo com a jurisprudência do STF, têm legitimidade para a impetração de mandado
de segurança com o objetivo de impedir desvios institucionais na elaboração dos atos normativos os
mesmos legitimados pelo artigo 103 da Constituição para a propositura de ação direta de
inconstitucionalidade.
(A) sua atuação administrativa e financeira está sujeita a controle do Conselho Nacional de
Justiça, enquanto a fiscalização contábil, financeira e orçamentária é feita pelo Legislativo dos
respectivos Estados, com o auxílio dos respectivos Tribunais de Contas.
(B) sua atuação administrativa e financeira está sujeita aos órgãos de controle interno e à
fiscalização externa realizada pelos respectivos Tribunais de Contas, restrito o controle exercido pelo
CNJ ao cumprimento dos deveres funcionais de seus juízes.
(C) dotados de órgãos de sistema de controle interno previstos nas respectivas Constituições,
nas Leis de Organização Judiciária e nos Regimentos Internos, sujeitam-se ao controle externo
realizado pelo Executivo dos respectivos Estados.
(D) sua atuação administrativa e financeira está sujeita a controle do Conselho Nacional de
Justiça, e, por isso, eles não se sujeitam à fiscalização externa pelo Legislativo dos respectivos
Estados.
O próprio texto constitucional deixa claro que o controle realizado pelo CNJ deve ser feito
“sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da nião” (art. 103-B, § 4º, II, CF), o que
também se estende para os Tribunais de Contas estaduais, que auxiliam o Legislativo na fiscalização
externa de todos que utilizam e gerem verbas públicas.
58. Com relação aos direitos e deveres dos magistrados, pode-se afirmar que
(A) estão integralmente disciplinados pelo artigo 95 da Constituição Federal, razão por que,
não recepcionadas pela Constituição de 1988, não têm mais vigência as normas da Lei Orgânica da
Magistratura Nacional (LC 35/1975) que dispunham sobre a matéria.
(C) além das vedações estabelecidas pelo artigo 95, parágrafo único da Constituição Federal,
o Conselho Nacional de Justiça pode instituir vedações e restrições aos juízes, com fundamento no
artigo 103-B, § 4o, da Carta.
(D) as penas de advertência e censura são aplicáveis por voto da maioria absoluta do
respectivo tribunal ou Conselho Nacional de Justiça, e as de remoção, disponibilidade e
aposentadoria, por voto da maioria absoluta deste.
Segundo a doutrina, as garantias de imparcialidade dos órgãos judiciários estão previstas sob
a forma de vedações aos juízes, conforme disposto no parágrafo único do art. 95 da CF (JOSÉ
AFONSO DA SILVA, 2017, p. 598).
A respeito da LOMAN, o STF já decidiu sobre a “recepção, pela CF/88, da LOMAN, Lei
Orgânica da Magistratura, Lei Complementar 35/79” (ADI 2.753, Pleno, j. em 26/02/2003). Por isso, é
válido o art. 36 da referida lei, o qual inclusive foi citado no RE 577.297-AgR, j. em 26/05/2009, sem
que o STF tenha reconhecido a sua não recepção pelo texto constitucional vigente. Está errada,
portanto, a letra A, e correta a letra B.
A letra C está incorreta. É verdade que o STF já decidiu que é cabível ADI contra resoluções
do CNMP e do CNJ, por configurarem “ato normativo, de caráter geral e abstrato”, editado pelos
Conselhos “no exercício de sua competência constitucional” e que “constitui ato primário, sujeito a
controle de constitucionalidade, por ação direta, no Supremo Tribunal Federal”.
A letra D está errada porque o art. 93, VIII, CF, dispõe que “o ato de remoção, disponibilidade
e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria
absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa”.
59. É correto afirmar que, em seu Título VII (Da Ordem Econômica e Financeira), a
Constituição dispõe que
(A) a pesquisa e a lavra de recursos minerais somente poderão ser efetuadas mediante
autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de
capital nacional.
(B) a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos
constituem monopólio da União, que poderá contratar a sua realização com empresas estatais ou
privadas, observadas as condições estabelecidas em lei.
(C) é permitida, nos termos da lei, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado,
entre outras hipóteses, quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou relevante
interesse coletivo.
A letra A está errada. Nos termos do art. 176, § 1º, “a pesquisa e a lavra de recursos minerais
e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser
efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou
empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma
da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa
de fronteira ou terras indígenas”. Veja-se que o conceito de empresa (rectius: sociedade empresária)
brasileira tem por critério não o capital nacional, mas a constituição sob as leis brasileiras e a sede e
administração no Brasil.
A letra B está correta por reproduzir o disposto no art. 177, § 1º, CF.
A letra C está errada por dizer que outras hipóteses, além da necessidade aos imperativos da
segurança nacional ou relevante interesse coletivo, podem permitir a exploração direta de atividade
econ mica pelo Estado. Veja o que dispõe o art. 173, CF: “Ressalvados os casos previstos nesta
Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme
definidos em lei”.
A letra D está errada. De fato, nos termos do art. 173, § 1º, “a lei estabelecerá o estatuto
jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo
sobre: (...) II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos
direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários”. Contudo, o § 2º do mesmo
dispositivo estabelece que “as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão
gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado”.
(B) em precedentes dos anos 1990, em especial na ADIN-MC 981, o Supremo Tribunal Federal
adotou entendimento no sentido de que as chamadas emendas de revisão não estavam sujeitas aos
limites materiais estabelecidos pelo artigo 60, § 4o, da Constituição.
A letra B está errada. Destaco em trecho do meu livro (a ser lançado em 2019) que,
“conforme entendimento de abalizada doutrina (por todos: PONTES DE MIRANDA e RAUL
MACHADO HORTA) e do Supremo Tribunal Federal, a revisão constitucional (art. 3º, ADCT) como
processo de mudança na Constituição, é, assim como as emendas, manifestação do poder
constituinte instituído e, por sua natureza, limitado, estando sujeito aos limites estabelecidos no
parágrafo 4º e seus incisos, do art. 60, da Constituição (ADI 981-MC, j. 17.12.1993)”.
A letra D é errada, pois, seguindo o disposto no art. 3º do ADCT, o Congresso Nacional editou
a Resolução nº 1, de 1993-RCF, que regulamentou o funcionamento dos trabalhos de revisão
constitucional. Não foram adotados os mesmos requisitos exigidos para as emendas.
A letra A também parece errada. A redação da questão não ficou muito clara. Contudo, o STF
decidiu na ADI 981-MC que a revisão constitucional somente poderia ocorrer “uma só vez”. Também
destaco no meu curso o entendimento doutrinário no sentido de que “a revisão constitucional (art.
3º, ADCT) só poderia ocorrer uma vez, por ser fruto da vontade do poder constituinte originário”.
Aliás, ressalto que “uma nova revisão constitucional, nos moldes do art. 3º do ADCT, permitiria a
flexibilização da Constituição Federal, ferindo a rigidez que a caracteriza, já que suavizaria o
procedimento solene e mais dificultoso para alterações formais do texto constitucional (art. 60, CF)”.
Por isso, não há falar-se em incorporação da revisão ao texto constitucional como hipótese
permanente de reforma. Atualmente, só podem ser apontadas como hipóteses de alteração da CF as
emendas constitucionais e a mutação constitucional.
A assertiva incorreta é a letra B, pois o art. 2º da Lei 9.504/97 prevê que “será considerado eleito o
candidato a Presidente ou a Governador que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados
os em branco e os nulos”. A assertiva da letra B, de forma equivocada, não mencionou os votos em
branco. Por outro lado, todas as demais assertivas estão corretas. A letra A possui a mesma redação
do art. 2º, §2º da Lei 9.504.
62. É INCORRETO afirmar que, no caso de haver homonímia entre candidatos, cumprirá à Justiça
Eleitoral
(A) não sendo possível resolver a questão pelas soluções indicadas nas alternativas “b” e “c”,
notificar os candidatos para que cheguem a um acordo sobre os respectivos nomes a serem usados.
(B) deferir o uso do nome ao candidato que, até o limite para o registro, esteja no exercício de
mandato eletivo, que o tenha exercido nos últimos 4 (quatro) anos ou que, no mesmo prazo, tenha
se candidatado com o nome em questão.
(C) ainda que não haja dúvida, exigir do candidato prova de que é conhecido por dada opção de
nome, indicada no pedido de registro.
(D) deferir o uso do nome ao candidato que, pela sua vida política, social ou profissional, seja
identificado por um dado nome que tenha indicado.
A assertiva incorreta é a letra C, uma vez que o art. 12 §1º, inciso I da Lei 9.504/97 estipula que
quando verificada a ocorrência de homonímia, somente se cogita de exigir do candidato a prova do
nome de que é conhecido, quando houver dúvida.
A alternativa correta é a letra A, conforme dispõe o art. 53-A da Lei 9.504/97, que dispõe:
Art. 53-A. É vedado aos partidos políticos e às coligações incluir no horário destinado aos candidatos
às eleições proporcionais propaganda das candidaturas a eleições majoritárias ou vice-versa,
ressalvada a utilização, durante a exibição do programa, de legendas com referência aos candidatos
majoritários ou, ao fundo, de cartazes ou fotografias desses candidatos, ficando autorizada a
menção ao nome e ao número de qualquer candidato do partido ou da coligação.
A alternativa B está errada, pois o art. 37, §4º da Lei 9.504/97 não exige que o bem de uso comum
seja de acesso gratuito à população. Ainda que seja um bem de acesso “pago”, pode ser considerado
bem de uso comum (exemplo: cinema).
A alternativa C está incorreta, porque o art. 37, caput da Lei 9.504/97 veda expressamente a
veiculação de propaganda através de cavaletes e bonecos.
A alternativa D está incorreta, pois o art. 45, inciso I da Lei 9.504/97, desde o encerramento do prazo
para a realização das convenções no ano das eleições, veda que as emissoras transmitam imagens de
consulta popular de natureza eleitoral, inclusive daquelas em que seja possível identificar o
entrevistado.
A alternativa A está errada, pois se a ofensa for veiculada no horário eleitoral gratuito, o ofendido
usará, para a resposta, tempo igual ao da ofensa, nunca inferior a 1 (um) minuto, conforme dispõe o
art. 58, §3º, III, a da Lei 9.504/97).
Alternativa B também está equivocada, pois se o ofendido for candidato, partido ou coligação que
tenha usado o tempo concedido sem responder aos fatos veiculados na ofensa, terá subtraído
tempo idêntico do respectivo programa eleitoral, nos termos do art. 58, §3º, III, f da Lei 9.504/97.
A alternativa C está errada, uma vez que na propaganda eleitoral na internet, a resposta ficará
disponível para acesso pelos usuários do serviço de internet por tempo não inferior ao dobro em que
esteve disponível a mensagem considerada ofensiva (art. 58, §3º, IV, b da Lei 9.504/97).
A alternativa D está correta, porém INCOMPLETA. Conforme dispõe o art. 58, §4º da Lei 9.504/97,
“se a ofensa ocorrer em dia e hora que inviabilizem sua reparação dentro dos prazos estabelecidos
nos parágrafos anteriores, a resposta será divulgada nos horários que a Justiça Eleitoral determinar,
ainda que nas quarenta e oito horas anteriores ao pleito, em termos e forma previamente aprovados,
de modo a não ensejar tréplica.
Direito Empresarial – André Santa Cruz – procurador federal, doutor em Direito Empresarial pela
PUC-SP.
Gabarito: B.
Comentários: A subsidiária integral é uma sociedade anônima que tem como único sócio uma outra
sociedade brasileira (art. 251 da Lei 6.404/1976).
Uma universalidade de fato, por sua vez, é uma pluralidade de bens singulares que, pertinentes à
mesma pessoa, possuem destinação unitária (art. 90 do Código Civil).
Já a sociedade coligada tem definições no Código Civil e na Lei 6.404/1976: aquele, que chama a
coligada também de filiada, afirma que ela é “a sociedade de cujo capital outra sociedade participa
com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la” (art. 1.099); esta a conceitua como
a sociedade na qual a investidora tem influência significativa (art. 243, § 1º).
Por fim, a doutrina empresarialista costuma definir filial como uma sociedade que atua sob a direção
de outra (matriz), mas que possui personalidade jurídica e patrimônio próprios, preservando sua
autonomia diante da lei e do público (nesse sentido: TZIRULNIK, Luiz. Empresa & empresários no
novo Código Civil. 2ª ed. São Paulo: RT, 2005. p. 32).
A banca considerou como correta a alternativa B, provavelmente se baseando no REsp 1.355.812-RS,
julgado em 2013 sob a sistemática dos recursos repetitivos. Nesse caso, no qual se discutia a
possibilidade de penhora, via BacenJud, de valores depositados em nome da filial por dívidas da
matriz, decidiu-se que a filial “consiste, conforme doutrina majoritária, em uma universalidade de
fato, não ostentando personalidade jurídica própria, não sendo sujeito de direitos, tampouco uma
pessoa distinta da sociedade empresária”. Lendo o voto, percebe-se que o relator tratou a filial
como estabelecimento empresarial, e assim aplicou a ela a mesma natureza jurídica do
estabelecimento: universalidade de fato.
Vale destacar, porém, algumas coisas: (i) trata-se de um precedente de direito tributário, e não de
direito empresarial; (ii) na última prova do TJSP havia uma questão objetiva sobre a natureza jurídica
do estabelecimento empresarial, e deu-se como correta a alternativa que afirmava ser uma
universalidade de direito, e não uma universalidade de fato; (iii) em 2018, no AgInt nos EDcl no REsp
1.339.719-RS, decidiu-se que, “conforme entendimento firmado pelos órgãos que compõem a
Primeira Seção, a matriz e a filial são entes autônomos para a incidência de taxa de fiscalização da
vigilância sanitária”; (iv) no AgRg no REsp 1.100.690-RJ, que é de 2017, também se decidiu que “para
fins fiscais, matriz e filial são considerados entes aut nomos” (há vários outros precedentes nesse
mesmo sentido); e (v) na prática, a filial guarda, sim, certa autonomia em relação à matriz, possuindo
CNPJ distinto e podendo ter capital social destacado.
Portanto, creio que os candidatos que se sentirem prejudicados pelo gabarito oficial podem interpor
recurso, em razão de tudo o que expus acima.
Gabarito: B.
Comentários: Considerando que a questão se insere na parte de direito empresarial, a
desconsideração da personalidade deve ser analisada à luz do art. 50 do Código Civil, que assim
dispõe: “em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.
Perceba-se que a lei não restringe o alcance da desconsideração, de modo que ela pode atingir,
abstratamente, quaisquer sócios ou administradores (os quais, no caso de uma sociedade limitada,
podem ser pessoas estranhas ao quadro social, nos termos do art. 1.061 do Código Civil), desde que
eles tenham dado causa ou se beneficiado do abuso de personalidade jurídica (desvio de finalidade
ou confusão patrimonial) que ensejou a decretação da medida excepcional.
É verdade que, conforme dissemos, a desconsideração, num determinado caso concreto, deve
atingir apenas os sócios/administradores que deram causa ao abuso ou se beneficiaram dele, o que
poderia levar algum candidato a marcar como correta outra alternativa, mas creio que a questão não
se referia a um caso concreto, e sim à possiblidade abstrata de a desconsideração atingir qualquer
sócio. Por isso, a alternativa B é realmente a correta.
Gabarito: A.
Comentários: A sociedade de advogados está disciplinada no art. 15 da Lei 8.906/1994. Na sua
redação original, que era anterior ao Código Civil, esse dispositivo dizia que a sociedade de
advogados era uma sociedade civil de prestação de serviços de advocacia.
Como o Código Civil substituiu a expressão sociedade civil pela expressão sociedade simples, sempre
se entendeu que a sociedade de advogados é uma sociedade simples.
Atualmente, esse entendimento está previsto na própria lei, já que o mencionado art. 15 foi alterado
e passou a afirmar, expressamente, que a sociedade de advogados é uma sociedade simples de
prestação de serviços de advocacia, podendo ainda ser constituída por um único sócio (sociedade
unipessoal).
Tudo bem que a sociedade de advogados é uma sociedade profissional, porque seu objeto social é o
exercício da profissão dos seus sócios, mas quando a banca questiona a NATUREZA da sociedade,
induz o candidato a pensar na distinção sociedade simples/sociedade empresária, até porque é essa
a distinção feita pelo Código Civil (art. 982).
Portanto, como é inegável que a sociedade de advogados é uma sociedade simples, conforme
expressa previsão legal, acho que vale a pena recorrer.
(A) administradores.
Gabarito: C.
Não creio que caiba recurso contra essa questão, mas mesmo assim acho que ela foi mal formulada,
porque um minoritário pode, eventualmente, ser administrador (penso, por exemplo, numa situação
em que os minoritários requereram a adoção de voto múltiplo, nos termos do art. 141 da Lei
6.404/1976, e conseguiram eleger um membro do conselho de administração). Por outro lado, um
majoritário não é, necessariamente, controlador (o art. 116 exige dois requisitos para a
caracterização do controle: [i] maioria dos votos e [ii] uso efetivo do poder de direção).
70. Qual das seguintes sociedades não pode ser objeto de dissolução parcial por iniciativa exclusiva
de sócio dissidente?
Gabarito: C.
Comentários: O STJ tem jurisprudência consolidada no sentido de que é cabível a dissolução parcial
de sociedade anônima, desde que se trate de sociedade anônima fechada (companhia familiar) em
que houve quebra de affectio societatis (EREsp 111.294-PR, EREsp 419.174-SP e EREsp 1.079.763-SP).
Seguindo essa linha de entendimento, o novo CPC, ao tratar do procedimento de dissolução parcial
de sociedade, inicialmente restringiu o seu cabimento nas sociedades simples e nas sociedade
empresárias contratuais (art. 599, I, II e III), mas depois previu que “a ação de dissolução parcial de
sociedade pode ter também por objeto a sociedade anônima de capital fechado quando
demonstrado, por acionista ou acionistas que representem cinco por cento ou mais do capital social,
que não pode preencher o seu fim” (art. 599, § 2º).
Assim, pela interpretação a contrario sensu da jurisprudência do STJ e da regra do novo CPC, a banca
entendeu que a sociedade anônima de capital aberto não pode ser objeto de dissolução parcial.
No entanto, é importante notar que o enunciado da questão falou em dissolução parcial “por
iniciativa exclusiva de sócio dissidente”, o que nos remete ao art. 137 da Lei 6.404/1976: “a
aprovação das matérias previstas nos incisos I a VI e IX do art. 136 dá ao acionista dissidente o
direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor das suas ações (art. 45),
observadas as seguintes normas: (...)”.
Enfim, trata-se de mais uma questão mal formulada, mas que não chega a merecer a interposição de
recurso.
(A) 3 anos.
(C) 10 anos.
(D) 5 anos.
Gabarito: D.
Comentários: O STJ tem precedentes específicos no sentido de que a ação monitória de cheque
prescrito (REsp 1.101.412-SP) e a ação monitória de nota promissória prescrita (REsp 1.262.056-SP)
possuem prazo quinquenal de ajuizamento, valendo destacar que tais recursos foram julgados sob a
sistemática dos recursos repetitivos, em 2013.
Em outros julgados, afirmou-se genericamente que “a ação monitória fundada em título de crédito
prescrito está subordinada ao prazo prescricional de 5 (cinco) anos de que trata o artigo 206, § 5º, I,
do Código Civil" (AgRg no AREsp 679.160-SP, julgado em 2017).
Gabarito: B.
AL determina que a nota promissória deve conter “a indicação da data em que é passada” (art.
75, item 6), e que o título em que esse requisito faltar “não produzirá efeito como nota promissória”
(art. 76).
Interpretando esses dispositivos legais, o STJ tem decidido reiteradamente assim: “é pacífica a
jurisprudência desta Corte de que a irregularidade formal de ausência de indicação da data de
emissão da nota promissória afasta a exigibilidade do título” (AgInt no AREsp 1.280.469-SP, julgado
em 2018).
O STJ entende que “a data de emissão da nota promissória é essencial para que se possa verificar a
capacidade do emitente que assumiu a obrigação, bem assim para a escorreita contagem dos prazos
de vencimento nos casos de títulos emitidos com termo certo” (AgRg no AREsp 733.863-RJ, julgado
em 2015).
Gabarito: A.
Comentários: Na verdade, a nota promissória deve ser levada a protesto “no primeiro dia útil que se
seguir (...) ao do vencimento” (art. 28 do Decreto 2.044/1908, aplicável às letras de câmbio e às
notas promissórias por força da ressalva feita pelo Brasil quanto à aplicação da LUG nesse caso,
conforme art. 8º do Anexo II).
No entanto, parece que o examinador quis perguntar algo como “até quando pode uma nota
promissória ser apontada para protesto?”, isto é, o enunciado poderia ter usado a expressão pode, e
não deve.
Nesse caso, parece-nos que se aplica o seguinte entendimento do STJ: “especificamente quanto à
nota promissória, o apontamento a protesto por falta de pagamento mostra-se viável dentro do
prazo da execução cambial – que é de 3 (três) anos a contar do vencimento” (REsp 1.639.470-RO).
verdade que a alternativa D, ao mencionar “no prazo ordinário de prescrição”, pode ter induzido
alguns candidatos a erro, porque eles podem ter pensado que ela se referia ao “prazo ordinário de
prescrição” da nota promissória, que é de três anos, a contar do vencimento.
No entanto, esse “prazo ordinário de prescrição” mencionado pela alternativa D parece ser o prazo
prescricional geral do Código Civil (10 anos), e por isso a alternativa A foi considerada como correta.
Gabarito: D.
Comentários: O direito de retirada na sociedade limitada está regulado no art. 1.029 do Código Civil,
aplicável às limitadas subsidiariamente por força do que dispõe o art. 1.053, caput do mesmo
diploma legislativo: “além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se
da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com
antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa
causa”.
Vê-se, pois, que só se exige demonstração de justa causa quando a retirada se dá em sociedade
constituída por prazo determinado.
Se, por outro lado, a sociedade foi constituída por prazo indeterminado, o que é mais comum, “o
direito de retirada imotivada (...) constitui direito potestativo à luz dos princípios da autonomia da
vontade e da liberdade de associação” (REsp 1.403.947-MG, julgado em 2018).
Gabarito: D.
Comentários: O contrato de franquia é um contrato empresarial, e não de consumo, razão pela qual
não se aplicam as regras do CDC na relação entre franqueador e franqueado, conforme já decidiu o
STJ: “o contrato de franquia, por sua natureza, não está sujeito às regras protetivas previstas no CDC,
pois não há relação de consumo, mas de fomento econ mico” (REsp 1.602.076-SP).
Por fim, por ser um contrato empresarial, em que devem prevalecer a autonomia da vontade das
partes e a força obrigatória da avença, é legítimo pactuar cláusula de eleição de foro na franquia,
não obstante o Judiciário possa, em determinadas situações, declarar sua nulidade: “a cláusula de
eleição de foro inserta em contrato de adesão é, em princípio, válida e eficaz, salvo se verificada a
hipossuficiência do aderente, inviabilizando, por conseguinte, seu acesso ao Poder Judiciário.
Precedentes" (AgInt no AREsp 935.542-PR).
Achei que essa questão também foi mal formulada, porque, como visto, há solidariedade entre
franqueador e franqueado apenas quando os danos causados ao consumidor decorrem da franquia.
Ademais, a cláusula de eleição de foro, apesar de ser válida, em princípio, pode eventualmente ser
anulada quando há hipossuficiência ou vulnerabilidade do franqueado aderente. Assim, as
alternativas C e D podiam ter apresentado uma redação melhor. Mesmo assim, não me parece viável
um evential recurso.
76 – B
77 – D
DJ 07.05.2007)
78 – C
155, II, IX, a, da Constituição Federal é clara ao permitir a incidência de ICMS sobre as importações
de bens ou mercadorias, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual,
independentemente da finalidade dessa aquisição. Assim, nas importações realizadas após a
modificação constitucional, a hipótese de incidência do ICMS prescinde da circulação do bem ou
mercadoria no Brasil, bastando que haja a entrada de produtos no território nacional, não se
aplicando o entendimento contido na Súmula 660/STF.
Precedentes.
(RMS 31.464/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/09/2010, DJe
27/09/2010)
79 – A
80 – D
81- A
Súmula 314/STJ
REsp 1.340.553-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, por unanimidade, julgado
em 12/09/2018, DJe 16/10/2018 (Tema 566)
PROVA VERSÃO 1
A responsabilidade civil do poluidor-pagador é objetiva, nos termos do art. 14, §1º da Lei Federal
6.938/81.
As obrigações ambientais são de natureza real (propter rem), portanto, são transferidas ao sucessor,
nos termos do art. 2º, §2º da Lei Federal 12.651/12.
Todavia, sugiro como correta a letra “B”, nos termos da ementa abaixo colacionada:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM
OBRIGAÇÃO DE FAZER VISANDO À REGULARIZAÇÃO DE LOTEAMENTO IRREGULAR. ÁREA URBANA
DO MUNICÍPIO DE SILVEIRA MARTINS/RS. PARCELAMENTO DO SOLO URBANO. RESPONSABILIDADE
DO LOTEADOR PELA REGULARIZAÇÃO DE INFRA-ESTRUTURA DE LOTEAMENTO PRIVADO.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO MUNICÍPIO. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. LIVRE
CONVENCIMENTO MOTIVADO DO MAGISTRADO. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE
NEGA PROVIMENTO.
3. Veja-se que o julgador não se distanciou dos parâmetros estabelecidos no art. 130 do CPC,
analisando com acuidade os elementos que conduziram ao seu convencimento. E estando o acórdão
recorrido em consonância com a orientação desta Corte Uniformizadora, reparos não há que se
fazer no julgado impugnado.
Súmula 83/STJ.
Obs: Em verdade, trata-se de questão sobre Direito Urbanístico, por isso não a comentarei. Todavia,
sugiro como correta a letra “C”, nos termos do art. 14, inciso V da Lei Federal 13.465/17.
Direito Administrativo – João Costa Neto – Juiz do TJSP
91. B: "os de uso comum podem ser objeto de uso exclusivo por particular a título oneroso ou
gratuito e, desde que previamente desafetados, podem ser alienados."
Quem foi ao aulão de Contagem Regressiva do CP Iuris matou essa questão no peito. Como já era
esperado, a prova teve um perfil bem tradicional. No Contagem Regressiva e no Intensivo para o
TJSP, foi dito exatamente que os bens públicos são condicionadamente alienáveis. Somente os bens
dominicais podem ser alienados, de forma que bens de uso comum e de uso especial dependem de
prévia desafetação para serem alienados.
92. C "decorre da aplicação do princípio da intangibilidade da obra pública a uma situação originada
de ato ilícito indenizável praticado pela Administração contra o proprietário
ou possuidor."
Conforme a doutrina, a desapropriação indireta é o esbulho praticado pelo Estado. Ocorre quando o
bem é apossado, sem o devido processo legal. Trata-se de ato ilícito, que gera pretensão
indenizatória titularizada pelo particular.
Conforme o STJ, o prazo prescricional para o particular ajuizar ação é de 10 anos (mesmo prazo da
usucapião extraordinária por posse-trabalho)-. Esse ponto foi expressamente abordado no aulão de
Contagem Regressiva do CP Iuris.
93. D "a anulação do ato administrativo que tenha produzido efeitos no campo dos interesses
individuais não prescinde de prévio contraditório que garanta o exercício da defesa da legitimidade
do ato por aqueles que serão por ela atingidos."
Esse ponto também foi abordado no Contagem Regressiva. A revogação serve apenas para atos
lícitos e discricionários. Baseia-se em juízo de conveniência e oportunidade. A anulação depende de
ilegalidade. É nesse sentido a conhecida Súmula 473 do STF: "A administração pode anular seus
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos;
ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial."
Como dito na aula do Intensivo TJSP, até mesmo um PAD ou uma sindicância pode ter como origem
uma denúncia anônima. A autotutela dispensa provocação do interessado, tendo a Administração o
poder-dever de agir de ofício quando caracterizada ilegalidade. Todavia, pode haver
responsabilidade administrativa perante terceiros, caso seus direitos sejam atingidos e não seja
franqueado o contraditório. Assim, embora possa haver dúvida entre "a" e d", a anulação de ato que
tenha produzido efeitos individuais exige (ou "não prescinde de") prévio contraditório.
94. A "demonstrado em juízo o abuso de poder ou o desvio de finalidade, a pena aplicada pela
Administração não pode ser substituída, mas anulada por decisão judicial."
O STF e o STJ entendem que a pena administrativa deve pautar-se pela legalidade. Eventuais
excessos podem ser sanados pelo Poder Judiciário. A dúvida reside em saber se o Poder Judiciário
pode substituir a pena ou se deve apenas anulá-la.
Uma corrente mais tradicional entende que caberia apenas anulação. Há precedentes nesse sentido:
MS 14.993/DF, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Terceira Seção, DJe 16.6.2011; STJ, MS
15810/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 29/02/2012, DJe
30/03/2012; MS 16.385/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
13/06/2012, DJe 26/06/2012.
Outros julgados alinham-se a uma posição diversa, segundo a qual é possível alterar a pena, com
base na proporcionalidade e na razoabilidade: STJ, MS 12.200/DF, 1ª Seção, DJe 03/04/2012; STJ, MS
17.515/DF, 1ª Seção, DJe 03/04/2012; STJ, RMS 33.281/PE, 1ª Turma, DJe 02/03/2012).
Esse tema não foi abordado no Contagem Regressiva. Entretanto, com adiantado, a prova teve um
perfil tradicional.
Parte da doutrina (mais moderna) e da jurisprudência entende, portanto, que a proporcionalidade
pode ser utilizada para mudar o enquadramento para, por exemplo, um tipo legal que não gere
demissão.
As demais alternativas estão incorretas, porque o Poder Judiciário não substitui a pena, conforme a
orientação adotada pelo examinador e porque não há juízo discricionariedade na imposição da pena,
que não é escolhida. A pena é um poder-dever administrativo.
95. C "seu efetivo exercício pode ser delegado do superior hierárquico ao subordinado, com
possibilidade de retomada pelo delegante e desde que a lei o preveja."
A delegação pode ocorrer havendo ou não subordinação hierárquica. É vedada para a edição de atos
de competência exclusiva, atos normativos e atos de decisão de recursos (NOREEX).
A delegação é revogável a qualquer tempo (art. 14, § 2º, da Lei n. 9.784/99). Logo, somente o item
indicado acima é verdadeiro.
É errado afirmar que haverá perda da atribuição ou competência material por decurso de prazo. Essa
é uma lição básica. A falta de exercício não gera desuetudo da atribuição. É assim em Direito
Administrativo e em Direito Tributário, inclusive.
A única dúvida do aluno poderia ser a exigência de que lei preveja a delegação. De fato, a doutrina
aponta nesse sentido. Trata-se de decorrência da legalidade. Na esfera federal, já há a lei, conforme
mencionado. Por isso, a delegação é a regra. Mas toda atuação administrativa depende autorização
em lei. Logo, se não houvesse a Lei do Processo Administrativo Federal, a delegação seria, em regra,
vedada, como ocorre com tudo, para a Administração Pública, que não está autorizado em lei.
96. B "deve ser observado com mitigação do formalismo de modo a possibilitar que sejam superados
eventuais vícios formais que não importem prejuízo ao interesse coletivo ou aos demais licitantes."
Essa questão exigia apenas conhecimentos básicos de Administraitivo, mas também uma boa dose
de bom senso. Também no Contagem Regressiva foi dito que o concurso selecionará juízes. Posições
moderadas e de bom senso são sempre essenciais. Por outro lado, é passível de anulação, já que
não fica claro, na "d", em que parte inexistiria discricionariedade.
Se não for o caso de anulação, certo é que a questão exigia leitura atenta. Logo, de fato, a vinculação
ao instrumento convocatório é crucial para que se assegurem a impessoalidade e a moralidade
administrativas.
Mas essa vinculação não pode transformar-se em formalismo cego. Em outras palavras, a vinculação
implica justamente inexistência de discricionariedade, já que as cláusulas e condições decorrem de
lei e a escolha da melhor proposta não é uma faculdade, mas sim um direito daquele que oferece a
melhor proposta e vence o certame ( art. 37, XXI, CF e art. 3º, § 1º, I, da Lei n. 8.666/93).
Logo, eventuais vícios formais que não importem prejuízo devem superados. Afinal, é essa a posição
mais compatível com a finalidade pública.
A resposta encontra-se na Súmula 378 do STJ: "Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às
diferenças salariais decorrentes." Entende-se não incidir a Súmula 339 do STF (atual Súmula
Vinculante n. 37) ao desvio de função (RE nº 433.578-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Carlos
Britto, DJ de 27/10/06).
O STF estabeleceu, inclusive, que a matéria não tem repercussão geral (ARE 877025 AgR / DF; Rcl
23934 AgR / SP; Rcl 22024 AgR / RN).
Logo, o pagamento das diferenças não viola as Súmulas Vinculantes 37 e 43 (Rcl 23934 AgR / SP).
Daria para responder essa pergunta somente com o que foi dado no Intensivo TJSP e, em parte, no
que foi dado no Contagem Regressiva.
Explicou-se que a concessão tem regras licitatórias próprias, incluindo a inversão de fases. Logo, a
"a" seria falsa.
Disse-se expressamente que a concessão depende de licitação na modalidade concorrência (art. 175,
caput, CF c/c art. 2º, I e II, da Lei n. 8.987/95).
A manifestaçaõ de interesse por pessoa física tem base no art. 20 da referida lei. De fato, esse ponto
não era tão fácil. Pessoa jurídica não pode celebrar contrato de concessão de serviço público, mas
pode manifestar interesse, de modo a constituir empresa, caso vencedora.
Quanto à alternativa "b", o examinador filiou-se à orientação doutrinária não unânime de que não se
aplicam às concessões de serviços públicos as hipóteses de dispensa da Lei n. 8.666/93.
Seria possível acertar a questão sem ingressar nessa discussão.
A posição adotada baseia-se na literalidade do art. 175 da CF, que, diferentemente do art. 37, XXI, da
CF, não permitiria à lei criar exceções à licitação.
Essa posição é adotada, sobretudo, para obrigar os entes públicos municipais a licitar a concessão do
serviço público de transporte coletivo urbano.
Essa orientação também encontra fundamento literal no art. 14 da Lei n. 8.987/95, segundo o qual
"toda concessão de serviço público... será objeto de prévia licitação".
99. A "a caracterização de ato de improbidade por violação dos princípios da administração pública
exige prova de dolo do agente."
Essa era uma questão de baixo nível de exigência. A resposta foi dada no Contagem Regressiva, no
Intensivo do TJSP e no Magis 8 Extreme.
Na verdade, esse ponto foi bastante enfatizado em todos esses cursos, que apresentaram um
panorama bastante verticalizado dos principais pontos referentes à improbidade.
Infelizmente, a cobrança não foi profunda. Todavia, essa questão era de acerto garantido.
A alternativa "b" está incorreta, já que não haverá perda do valor do contrato como um todo, já que,
havendo obra superfaturada, o objeto foi realizado. A simples perda do valor geraria enriquecimento
sem causa (art. 59, parágrafo único, da Lei n. 8.666/93).
Esse artigo pode dar a impressão de que, sendo a nulidade imputável ao contratado, não lhe seria
devido absolutamente nada.
De fato, em concursos que cobraram a literalidade do dispositivo, essa orientação foi adotada.
A jurisprudência, contudo, tem mitigado esse rigor, entendendo por não exigir devolução total,
quando houve o cumprimento do contrato. O superfaturamento deve ser corrigido, mas não com
total devolução, sob pena de enriquecimento sem causa por parte do Poder Público, que também
deu causa à nulidade e não poderia locupletar-se da própria torpeza.
100. C "se lícito o ato do agente público que causou o dano, este só implicará dever de indenizar se
for antijurídico, ou seja, anormal e especial."
De fato, para a doutrina majoritária, a responsabilidade civil extracontratual do Estado por ato ilícito
funda-se no princípio da legalidade.
Todavia, tratando-se de ato lícito, funda-se na isonomia. Logo, a responsabilidade por ato lícito
depende de dano anormal e especial. É exatamente a visão tradicional.
A culpa exclusiva da vítima é típica excludente de responsabilidade na teoria do risco administrativo,
tornando a alternativa "a" incorreta.
Já o princípio da igualdade gera sim o dever de indenizar nos casos em que haja distribuição
excessiva dos ônus e encargos sociais sobre determinados indivíduos.
Por fim, provada a culpa anônima concorrente, haverá sim dever de indenizar, pois houve falha do
serviço e o nexo causal não estará totalmente excluído. Essa alternativa era mais capciosa e exigia
conhecimentos doutrinários ou uma boa capacidade interpretativa do candidato.