Fundacoesprofundas Apostila
Fundacoesprofundas Apostila
Fundacoesprofundas Apostila
A formação do alargamento da base, ou cebolão, é executada Como foi visto, este sistema pode ser enquadrado na categoria
fixando-se o tubo de revestimento à torre e apiloando-se o concreto daqueles que possuem revestimento lateral cravado e recuperado.
para expulsá-lo. No entanto, ele apresenta outras variantes, quais sejam:
A NB-51 esclarece que uma estaca só será considerada com base i. Franki mista: o fuste é pré-fixado e ancorado à base
alargada se os últimos 150 litros de concreto desta base forem alargada, executada pelo processo convencional; o espaço
introduzidos com uma energia mínima de 2,5 MN.m para estacas anelar existente entre o fuste e o solo é depois preenchido
de diâmetro inferior a 45 cm e 5,0 MN.m para diâmetros maiores com argamassa de cimento ou betume. São recomendadas
do que 45 cm. No caso de volume diferente, deve compatibilizar-se para obras onde a cabeça da estaca deve ficar acima do
a energia. nível do solo (obras portuárias e pontes) ou em situações de
águas agressivas (fuste pintado ou executado com cimentos
A armadura da estaca (composta de 6 ou 8 ferros de de 1/2" metalúrgicos). Neste processo tem-se um controle do
estribados com armadura helicoidal) é ancorada no cebolão. concreto do fuste.
A concretagem do fuste é feita com o apiloamento do concreto
simultaneamente com a retirada do tubo de revestimento. A estaca ii. Franki com perfuração prévia: o fuste é escavado como no
pronta apresenta uma base alargada (cebolão), um diâmetro sistema Strauss. Atingindo-se a cota apropriada, faz-se o
nominal inferior ao diâmetro real da estaca e a superfície lateral alargamento da base e a concretagem pelo processo
rugosa. A Tabela 5 fornece alguns dados das estacas Franki. convencional.
8
iii. Franki tubada: é a variante em que o tubo de revestimento é locais próximos a construçes antigas, sensíveis a virbaçes e ao
perdido. A resistência estrutural da estaca aumenta deslocamento do solo.
consideravelmente, pois considera-se a estaca como um A NB-51 recomenda o ensamisamento com concreto ou pintura das
pilar cintado. estacas de aço sempre que elas forem implantadas em aterros ou
Este tipo de estaca, com as suas variantes, pode ser utilizada em quando parte do fuste ficar desenterrada; esta preocupação destina-
qualquer condição (são necessários cuidados especiais em solos se a evitar a corroso.
moles), mas, devido à elevada carga nominal, deve ser empregado Elas possuem elevada resistência ao manuseio e cravação e
para obras de médio e grande portes. apresentam grande facilidade de corte e de emenda, que pode ser
D. Outros Tipos executada por meio de solda ou de parafuso. Estas estacas podem,
também, ser empregadas como elementos de suporte em
Existe uma série de tipos diferenten de estacas moldadas "in loco"; escavações, pois são resistentes a cargas laterais.
além dos descritos, poderiam ser citados: Simples, Duplex, Vibro,
West, Raymond etc. A Tabela 6 fornece carcaterísticas gerais das estacas metálicas.
2.1.2.3. Estacas metálicas Tabela 6 – Características gerais das estacas metálicas
As estacas metálicas são constituídas de perfis laminados ou Tipo de S (cm2) h (cm) b (cm) Peso Pe (kN)
soldados e trilhos, simples ou múltiplos. No Brasil, utilizam-se com perfil (kN/m)
mais freqüência os perfis H, II soldados, trilhos simples ou TR – 45 56,9 142,9 130,2 446,5 50
soldados em estrela. Os perfis mais utilizados são I de 10 ou 12".
Também são utilizados estacas tubulares ocas compostas de tubos TR – 50 64,2 152,4 136,5 503,5 60
de chapa dobrada com seções circulares, quadradas ou TR – 57 72,5 168,3 137,7 569,0 70
retangulares.
I – 10 75,9 254,0 129,0 593,3 70
A tensão admissível de compressão para o aço é admitida no
intervalo de 800 a 1.000 kgf/cm2. Apesar das seções transversais I – 12 100,4 305,0 142,0 818,5 90
serem reduzidas, estas estacas possuem cargas nominais elevadas e
enquadram-se na classe das pré-moldadas. 3. CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS
A energia de cravação pode ser elevada, o que permite o uso destas
3.1. Consideraçes Gerais
estacas em perfis geotécnicos onde existam camadas resistentes
situadas acima da cota de apoio. Requer-se, na cravaçã, nega nula. A capacidade de carga de estaca isolada é o valor nominal de carga
O atrito lateral entre o solo e o aço é bastante reduzido, e por isso a que, se aplicada à estaca, causa a ruptura ou o escoamento do solo
resistência de ponta é quase sempre a parte mais significativa. e/ou recalques excessivos para os fins a que se destina a obra. Esse
mesmo conceito aplica-se a grupos de estacas.
Os perfis I, H e os trilhos, denominados perfis abertos, deslocam
pouco o solo durante a cravação e por isso so empregados em As teorias de capacidade de carga devem envolver todos esses
aspectos, ou seja, definição da carga de ruptura para estacas
9
i
isoladas e em grupos e a determinação dos recalques em ambas as
situaçes. Antes de iniciar os estudos de capacidade de carga é de Qi P j pL j
j 1
interesse discutir o comportamento das estacas e o modo como elas
recebem e transferem as cargas para os solos. Sendo Qi a carga aplicada ao elemento i; p a carga aplicada à
estaca; j a resistência específica de atrito lateral; p o perímetro da
Uma estaca isolada, Figura 5, quando carregada, mobiliza reações
estaca e Lj o comprimento de cada segmento.
do solo de duas espécies: de atrito ou de adesão ao longo de todo o
comprimento cravado; e, de ponta, esta similar à de uma placa A deformação elástica da estaca será o somatório das compressões
apoiada a certa profundidade. dos vários segmentos.
n
Qi Li
e
A estaca, como peça estrutural, i 1 A E
apresenta uma deformação
Além disto, a estaca, quando implantada sobre estratos
elástica análoga à de um pilar
compressíveis, apresenta o recalque p referente à compresso das
carregado axialmente. Neste,
camadas de apoio.
como a carga pode ser assumida
constante ao longo de todo o Um outro aspecto a considerar é a forma de implantação das
comprimento (desconsidenrando- estacas no solo. Há, basicamente, duas formas: cravação e
se o peso próprio), a deformação escavação.
resulta ser: Na cravação, o solo ao redor da estaca tem o seu índice de vazios
PL reduzido e o diagrama de tensões horizontais caminha para o valor
e extremo de empuxo passivo. Nos solos arenosos a redução dos
AE
vazios provoca um aumento da compacidade e do ângulo de atrito
Na expressão acima e é a entre solo e estaca. Nos solos argilosos, há um acréscimo das
deformação elástica; P a carga tensões neutras que, ao se dissiparem, podem causar o fenômeno
axial aplicada; L o comprimento; conhecido como atrito negativo. Nas argilas duras e areias muito
Figura 5 – Transferência de A a área transversal e E o módulo compactas ocorre, durante a cravação de grupos de estacas, o
carga em estaca isolada de elasticidade do material levantamento das estacas já cravadas. Na escavação, as tensões
constituinte do pilar. horizontais situam-se mais para o lado ativo.
Como a resistência lateral em areias é diretamente proporcional às
tensões horizontais que atuam no fuste, as estacas cravadas
Nas estacas, a carga é parcialmente transferida so solo pelo atrito
apresentam componente atritiva superior à de estacas escavadas.
ou adesão lateral; portanto, a carga aplicada à estaca decresce com
Em argilas a resistência lateral cresce com a coesão.
a profundidade. Dividindo-se a estaca em n segmentos, devido ao
atrito lateral, um elemento i estará sujeito a uma carga:
10
DE BEER (1972) cita que a cravação pode levar a resistência
lateral a valores de até três vezes maiores do que os observados em
estacas escavadas em areias e argilas, respectivamente.
A Figura 6 (REESE 1972) mostra as curvas Cargas x Recalque
para duas provas de carga.
Como se pode notar na Figura 6, a capacidade de carga da estaca 2
é aproximadamente cinco vezes maior que a da estaca 1; além
disto, os recalques necessários para a mobilização total das
capacidades de carga são também bastante diferentes.
Vê-se, também, na Figura 6, que a parcela de atrito lateral das duas
estacas é praticamente a mesma e que um recalque insignificante já
é capaz de mobilizar toda esta parcela. A resistência de ponta da
estaca alargada, como esperado, é bem maior e a sua mobilização
total requer recalques também maiores.
Na prova de carga 1, a estaca é cilíndrica, tem um comprimento de
8 m, aproximadamente, e um diâmetro de 75 cm. A estaca da prova
de carga 2 tem a mesma geometria, porém possui uma base
alargada, com diâmetro de 225 cm.
No processo de transferência de carga (Figura 7), observa-se que a
resistência de ponta exige recalques maiores para ser mobilizada
que a de atrito lateral. Esta Figura mostra uma evolução das
parcelas de Rp e Rl ao longo do comprimento da estaca, para
valores crescentes da carga normal aplicada.
Figura 6 – Curvas carga x recalque (Reese, 1972)
Uma prova de carga sobre uma estaca isolada, Figura 8, conduz a
uma curva Carga x Recalque onde podem ser identificados os
seguintes trechos (VARGAS, 1977).
11
ii. Trecho II: visco-elástico: regio de deformação visco- onde Rp é a resistência de ponta; z a resistência específica de atrito
elástica, onde os recalques so função da velocidade de lateral na cota z, e p o perímetro da estaca.
carregamento e onde aparecem os fenômenos de relaxação;
A relação =Rl/Rp é denominada de coeficiente de transferência de
iii. Trecho III: ruptura para níveis de tenso constante; as carga e explicita que a resistência de atrito lateral é uma fração da
deformaçes crescem, aí se define a capacidade de carga da resistência de ponta. Segundo este autor, existe uma tendência em
estaca Pr. adotar-se uma faixa de variação para que, em areias, varia de 0,1
a 0,3.
12
3.2. Capacidade de Carga de Estaca Isoladas iv. carga de ruptura é expressa por:
A NB-51 comenta que a carga admissível de estacas isoladas pode Pr Al f s Ap q p
ser calculada por:
onde: Al é a área lateral do fuste da estaca; fs a resistência
i. Fórmulas teóricas: Determina-se a capacidade de carga específica de atrito lateral; Ap a área transversal da ponta da estaca;
com base em teorias difundidas na literatura e reduz-se este e qp a resistência específica de ponta.
valor através de um coeficiente de segurança variável
segundo a teoria empregada;
iii. quando ocorre o atrito negativo as forças atritivas têm A resistência específica de atrito lateral, expressa em termos
sentido descendente e somam-se a carga aplicada; médios, oferece dificuldades maiores em sua determinação
analítica em vista da necessidade de computar o coeficiente de
13
empuxo. Para estacas cravadas este coeficiente está numa faixa A resistência lateral Rl é obtida multiplicando-se a tenso horizontal
entre o repouso e o passivo; em estacas escavadas, entre o repouso que atua ao longo do fuste pelo coeficiente de atrito entre o solo e
e o ativo. estaca. A resistência lateral específica por unidade de área é:
3.2.3.1. Determinação da capacidade de carga em estacas f s h tg ; sendo o ângulo de atrito entre solo e estaca.
isoladas em solos granulares
A tensão horizontal situa-se entre os extremos:
A – Método Convencional
1 sen 1 sen
As idéias clássicas de capacidade de carga de estacas em solos z e z
1 sen 1 sen
granulares, aquelas que podem ser denominadas métodos
convencionais, datam de meados do século passado. Em termos médios, tem-se:
Desconsiderem os fenômenos de expansão e compactação dos
L 1 sen L 1 sen
solos e o modelo esquemático poderá ser visualmente na Figura 10. h
2 1 sen 2 1 sen
Ou seja, a tensão horizontal média situa-se entre os estados ativo e
passivo.
A resistência específica de atrito lateral é o produto de tensão
horizontal, h, que atua no fuste, pela tangente do ângulo de atrito
solo-estaca. A resistência lateral total é este valor multiplicado pela
área lateral da estaca, ou seja:
O limite inferior correspondente mais ao caso de estacas escavadas
e o limite superior ao de estacas cravadas.
L 1 sen L 1 sen
tg h tg
2 1 sen 2 1 sen
A resistência de ponta é obtida considerando-se o equilíbrio de
tensões dos elementos A e B, conforme esquematizado na Figura 10:
h 1 sen 1 sen
Em A, : e, em B: h ; desta forma:
p 1 sen L 1 sen
ql qp
Dc/B
Db/B
Figura 18 – Variação de qp
B. Método de Meyerhof
i. Resistência de ponta
A parcela de ponta é expressa como:
q p c N c v N q ql
c a r r e g a m e n to
Recalque (mm)
d e s c a r r e g a m e n to
Pr K N A p K N A l
Para estacas Franki, sugere-se tomar a área da base como: Franki e Franki tubada 2,50 5,0
2/3 Aço 1,75 3,5
3V
Ap ; onde V é o volume do cebolão.
4 Concreto pré-moldada 1,75 3,5
Escavada 3,00 6,0
Silte argiloso 230 3,4 Como exemplo destas expressões, mostra-se, a seguir, a fórmula de
Brix que se embasa nas seguintes hipóteses simplificadoras:
Silte argilo-arenoso 250 3,0
após o choque, o martelo separa-se da estaca no fornecendo
Argila 200 6,0 contribuição adicional além da energia transferida pelo golpe;
Argila arenosa 350 2,4 despreza-se o comportamento elástico que o martelo e a estaca
Argila areno-siltosa 300 2,8 possam apresentar
Com base nestas hipóteses, e ainda considerando a constância da
Argila siltosa 220 4,0
energia no processo de cravação, tem-se:
Argila silto-arenosa 330 3,0
- o trabalho resistente (T):
26
TRs E como há conservação de energia no processo, tem-se:
- a energia fornecida no processo (E) será: Q v2
Rs
1 2 Q v2 g 2
E mv E 2
2 g 2 Q 1 P
Rs 2 gh ; ou
onde: g 2 PQ
Q = peso da estaca; P 2Q h R
R ; e P
v = velocidade de cravação da estaca após o choque; ( P Q) 2 s FS
s = nega (mm/golpe). onde, nesta expressão, FS = 5,0
Segundo a teoria dos choques, a velocidade de cravação da estaca Uma série de fórmulas similares a esta foram propostas ao
será: longo dos tempos. Como ilustração, tem-se a recomendação do
Q P Engineering News:
v1 2 gh
m1v1 m2 v 2 g g i. Fórmula Geral:
v
m1 m2 Q P
Ph
g g R ; e FS 6,0
S C
sendo: C = 2,5 para martelos de queda livre;
v1 = velocidade de cravação da estaca antes do choque; C = 0,25 para martelos a vapor.
v2 = velocidade de queda do martelo na eminênciado choque; ii. Fórmulas de Hiley
m1 = massa da estaca; A fórmula de Hiley apresenta-se na forma:
m2 = massa do martelo;
Ph P 2 Q
R ; e FS 2,0
P= peso do martelo; s 0,5(C1 C 2 C 3 ) P Q
h= altura de queda do martelo;
onde:
g= aceleração da gravidade.
- coeficiente do golpe (em geral tomado como 0,75
A velocidade de cravação da estaca imediatamente antes do choque para martelo em queda livre e 1,0 para martelo a diesel e a
é nula, e portanto: vapor);
Q
v 2 gh
PQ
27
s - nega (mm/golpe), valor médio para os últimos 5 golpes do
1. Define-se r1
martelo-gravidade e dos últimos 20 golpes dos martelos a diesel e a
h
2. Traça-se r0 // r1
vapor; 3. Distância horizontal entre
r1 e r0 é 1/2(C1+C2 +C3)
r1
Cl - perda devido à elasticidade da cabeça daestaca, em mm;
C2 - perda devido à elasticidade de estaca, em mm; h3
não há nenhum mérito em utilizar fórmulas mais complexas; elas Figura 26 – Nega "versus" altura de queda do martelo
são todas de um modo geral imprecisas;
seria de todo recomendável proceder-se a uma prova de carga para
definir os coeficientes de segurança (em geral elevados), que
dependem da consistência e compacidade dos solos, do tipo e
geometria das estacas, dos equipamentos de cravação utilizados e
do operador. 3.2.6. Estacas moldadas "in loco"
Com relação aos coeficientes de segurança, observações de As estacas escavadas são analisadas, quanto à capacidade de carga,
provas de carga têm revelado que a carga de ruptura dada por estas com as mesmas equações apresentadas. A diferença básica reside
fórmulas situa-se de 0,5 a 2,0 vezes o valor encontrado pelas na seleção de valores de (fator de adesão de argilas) ou de K
provas de carga. Assim, o fator de segurança real pode ser um valor (coeficiente de empuxo).
pequeno, bem como pode ser relativamente elevado. Para , sugere-se que seu valor não exceda 0,45, a menos que
resultados de ensaios de prova de carga o forneçam maior.
28
O valor de K não deve ultrapassar o de K0; quando da abertura do estacas em solos expansivos e em fundações de torres de
furo haverá uma tendência de alívio das tensões horizontais, mas transmissão.
acredita-se que o fato do concreto apresentar massa específica Para estacas cônicas em areia, encontraram-se, em testes de tração,
maior que o solo implica no aparecimento de esforços que tendem valores de K 1,75 e valores menores para outros tipos; para estacas
a estabelecer o estado de tensão em torno de K0. escavadas de concreto, em solos coesivos, encontraram-se valores
Devido à rugosidade da superfície da estaca, o valor do ângulo de de K variando de 0,3 a 0,6, com a maioria em torno de 0,45; e para
atrito solo-estaca aproximar-se-á sensivelmente de 0. Para efeitos solos granulares, em poucas estacas, K de 0,8 a 1,0.
práticos toma-se = 0. A no ser em estacas implantadas em argilas moles, onde a
MEYERHOF (1976) sugere: resistência à tração se aproxima da resistência à compressão, a
- para estacas escavadas em argila capacidade de carga das estacas à tração deverá ser determinada
por meio de testes de tração.
fs = h . tg
3.2.7. Atrito negativo
- para estacas escavadas em areia
Quando as estacas atravessam camadas compressíveis, pode
ocorrer o adensamento do solo de embutimento. Neste caso, os
N movimentos relativos entre solo e estaca desenvolvem-se de tal
fs (tsf ) ; f s 1.05 N (kPa) forma que os esforços atritivos têm sentido descendente, e, como
100
têm sentido oposto aos que normalmente aparecem na
3.2.5. Estacas de tração determinação da carga de ruptura das estacas, recebem a
As estacas de tração são usadas em: designação de atrito negativo.
O atrito negativo provoca um acréscimo de carga axial atuante
v. edifícios, para suportar cargas verticais ascendentes,
sobre a estaca e, por conseguinte, recalques adicionais. Em
resultantes da presso hidrostática, cargas de vento, etc.;
condições normais, o bloco de coroamento apóia-se diretamente
vi. fundações em solos expansivos; sobre o solo e sobre a cabeça das estacas; com o adensamento das
camadas subjacentes ele ficará apoiado apenas sobre as estacas e,
vii. fundações de torres de transmissão etc. portanto, sob efeito do peso próprio, podero surgir tensões de
tração no seu corpo.
A carga de ruptura da estaca à tração será (BOWLES, 1977):
O esquema da Figura 27 auxilia a compreeensão do fenômeno
Prt Plt R p Peso da estaca "atrito negativo".
A resistência lateral é calculada de forma análoga àquela vista
anteriormente, e as dificuldades residem na determinação de e K.
A resistência de ponta só deve ser considerada para as estacas
que possuem base alargada. É prática comum alargar a base das
29
positivo, pois a estaca apresenta movimento descendente em
relação ao solo.
De uma forma geral, a relação entre PC/AP é muito pequena e é um
critério conservador admitir que o atrito negativo desenvolve-se ao
longo de AC.
Vários autores têm proposto expresses para a determinação do
atrito negativo; aqui sero apresentadas apenas as seguintes
expresses:
i. KÉZDI (1975)
___
fn p cu AC
onde fn é o atrito negativo; p é perímetro da estaca; e cu é a coesão
não drenada.
p – recalque da ponta ii.. ZEEVAERT (1972)
a – recalque de adensamento WK
l
Quando as estacas esto desalinhadas, permite-se apenas que a mais ix. as estacas são agrupadas de acordo com suas inclinaçãoes;
solicitada suporte uma carga real 15% superior à carga de projeto.
x. as estacas em cada grupo so submetidas à mesma carga
Durante a cravação das estacas, principalmente em solos
axial.
resistentes, pode surgir um fenômeno denominado "levantamento".
Neste fenômeno as estacas já cravadas, devido ao deslocamento
lateral do solo e à vibração que ocorre na cravação de estacas
vizinhas, so forçadas em movimento ascensional. Uma forma de
reduzir o levantamento é espaçar mais as estacas no bloco ou,
ainda, estabelecer uma sequência de cravação que poderá ser do
centro para as extremidades, ou de uma extremidade a outra.
Se o fenômeno de levantamento é observado em estacas pré-
moldadas de concreto, de madeira ou de ação, a estaca será
simplesmente recravada. Se a estaca for moldada no local, armada
e com revestimento lateral recuperado, deve-se observar, na sua
execução, que, num raio de 6d, medido do eixo da estaca, todas as
demais tenham sido concretizadas há pelo menos 24 horas.
No se aceita a estaca moldada no local, no armada, caso se observe
o seu levantamento ou o do solo circundante; neste caso pode haver
a ruptura de peça estrutural. Figura 31 – Processo gráfico de Culmann
Quando o bloco estiver submetido a esforçãos horizontais, pode ser Para a resolução deste problema, desenham-se escalas, as
dde interesse a cravação de estacas inclinadas para absorvê-los. estacas e locam-se os seus eixos axiais. Em seguida, plota-se a
As inclinações usuais situam-se na faixa de 1H:12V a SH:12V. Até resultante R das cargas externas; a linha da base desta força corta o
a relação 3H:12V, as estacas so cravadas com equipamentos eixo axial das estacas verticais no ponto a. Define-se o ponto b de
convencionais; acima destes valores é necõessário que se cruzamento das retas bases dos eixos axiais dos grupos 2 e 3. Liga-
empreguem equipamentos especiais. se a e b. Decompoe-se a resultante R nas direções vertical e a-b. O
grupo 1, vertical, está sujeito à carga V (componente vertical de R)
A definição das inclinações das estacas pode ser, por exemplo, e os grupos 2 e 3, à B (componente de R segundo a direção a-b).
através dos seguintes procõessos: Decompõe-se B segundo as direções 2 e 3.
i. Processo gráfico de Culmann (Figura 31) ii. Procõesso analítico
34
Se o número de inclinações for superior a três, utiliza-se o Vi
R
procõesso analítico seguinte, ver Figura 32. cos i
sendo i a inclinação de cada grupo de estaca com a vertical.
ex
V Define-se o somatório de todas as cargas horizontais.
H H
k
H Ri sen i
R3 V1
j 1
R2 V2
x 1H : 12V _ i 5H:12V
H
r 1,3 c N c 0,3 N b q N q
Figura 40 – Tubulão benoto
ix. Fórmula de Skempton
4.3. Capacidade de Carga de Tubules
Para tubulão cuja base esteja apoiada em solo argiloso (S = c) pode
A capacidade de carga de um tubulão pode ser definida de forma adotar-se a expressão de Skempton:
análoga à de estacas escavadas e compõe-se de duas parcelas: as
resistências de ponta e as de atrito ou adesão lateral. Segundo a r c Nc q
NB-51, há três formas de definição de capacidade de carga:
Em geral, como o tubulão apóia-se em camadas profundas, o valor
v. fórmulas teóricas; de Nc é 9.
vi. prova de carga; Nas expressões anteriores, Nc, N e Nq são os fatores de capacidade
de carga; b é o diâmetro da base do tubulão; c é a coesão do solo;
vii. correlações. o peso específico e q a tensão efetiva na cota da base do
tubulão.
1.1.1. Método teórico
4.3.12. Prova de carga
A resistência lateral específica de tubules em solos arenosos pode
ser definida como: O esquema do ensaio de prova de carga é o mesmo utilizado para
estacas, tal como prescreve a NB-20.
f s K v tg
A NB-51 simplesmente estabelece que o tubulão ensaiado deve ser,
preferencialmente, um daqueles utilizados na obra e que o valor de
FS seja, no mínimo, igual a 2.
40
4.3.13. Correlações negativo, se existir; a é a taxa de trabalho do solo, definida como
Da mesma forma que em sapatas, a resistência de ponta pode ser arelação entre a capacidade de carga do tubulão e do fator de
definida como: segurança (em geral admitido de 2 a 3).
20 N SPT q (kPa) O fuste é em geral circular, mas pode ter forma qualquer. Sendo
circular, o seu diâmetro pode ser obtido pela expressão:
TOMLINSON (1976) cita que em muitas ocasiões deve-se
4 (1,4 P)
desprezar o atrito ou adesão (freqüentemente são considerados f
apenas para suportar o peso próprio do elemento de fundação). f
(0,85 ck )
Como exemplos dessas situações, têm-se: 1,5
x. i. tubules curtos, onde Df O/, sendo Df a profundidade Os coeficientes de redução de fck são definidos pela NBR 6118. A
relativa ao embutimento do fuste; altura da base é definida como:
b f
xi. ii. terreno do embutimento susceptível de sofrer hbase tg 20 cm
carreamento, como em pilares de ponte; 2
Pilares próximos ao alinhamento da calçada, quando apoiados
xii. iii. existência de espação circundante entre tubulão e
sobre tubulões, terão de obedecer às mesmas recomendações feitas
escavção preenchido com material mal compavctado;
para sapatas. Não há restrição quanto ao avanço do alargamento da
xiii. iv. idem, se o material for argila mole, ou se deixar este base no terreno público.
espação sem preenchimewnto. Pilares próximos á divisa terão base em falsa elipse e, como o
centro de gravidade do tubulão não coincide com o do pilar, o
Para tubulões apoiados em argila, recomenda-se que a tensão tubulão estará sujeito a um momento fletor, sendo necessário
de trabalho seja inferior à sua pressão de pré-adensamento. utilizar uma viga alavanca (Figura 41).
Em areias, sugere-se que a (2 a 3) o , onde a é a taxa de
trabalho para o mesmo tubulão, supondo-o apoiado à superfície.
4.4. Projeto de Fundações por Tubulões
Para o caso de pilares centrais, as bases serão circulares com
diâmetros definidos pela seguinte expressão:
4P
b
a
Onde P é a carga aplicada ao tubulão, resultante da combinação da
carga vertical da superestrutura do peso próprio e do atrito
41
Se o valor de r admite for excessivo, a excentricidade também o
será, incorrendo em valores elevados de R e da área. Se o valor de
r for muito pequeno, m será muito grande e resultará em uma base
inconveniente. É preciso então chegar a um valor médio,
compatível.
O pilar central sofrerá um alívio de carga similar ao caso das
sapatas.
RP
P
2
ii. a realização de sondagens especiais, onde sejam utilizados Argilas arenosas e siltes arenosos 35,0
amostradores de parede fina, tipo Shelby, com diâmetros Siltes arenosos 55,0
superiores a 4".
Areias argilosas 60,0
Sobre estas amostras indeformadas so executados os seguintes
Areias 100,0
ensaios:
43
v. Vane teste A carga nos pilares, nesta fase de estudos perliminares, pode
ser definida, adotando-se as seguintes categorias:
O Vane ou ensaio de palheta é utilizado para medir, em solos
moles, e coeso no drenada cu. - pilares leves 7 . n(tf) - área de influência de 2 x 3 m2;