Princípios de Geodesia Elementar
Princípios de Geodesia Elementar
Princípios de Geodesia Elementar
Florianópolis-SC
2018
Curso Técnico em Agrimensura:
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fins educativos e não comerciais.
Inclui Bibliografia.
ISBN: 978-XX-XXXX-XXX-X
1.1 CONCEITOS
1.1.1 Topografia
A palavra Topografia teve origem do idioma grego em que Topo=lugar e grafia=descrição, ou seja,
topografia é a descrição de um lugar. A Topografia é uma ciência que estuda o conjunto de procedimentos
para determinar as posições relativas dos pontos sobre a superfície da terra e abaixo da mesma, mediante a
combinação das medidas segundo os três elementos do espaço: distância, elevação e direção.
A Topografia explica os procedimentos e operações do trabalho de campo, os métodos de cálculo, o
processamento de dados e a representação do terreno em um plano chamado de desenho topográfico em
escala. Ela é utilizada em várias áreas de aplicação sendo para execução de levantamentos topográficos bem
como implantação de obras. A imagem a seguir, ilustra o conjunto topografia com algumas áreas de aplicação
que tem relação com ela.
Agrimensura Edificações
Topografia Agronomia
Estradas
Urbanismo
1.1.2 Geodésia
O termo Geodésia, em grego Geo = terra, désia = 'divisões' ou 'eu divido', foi usado, pela primeira
vez, por Aristóteles (384-322 a.C.), e pode significar tanto 'divisões (geográficas) da terra' como também o
ato de 'dividir a terra' (por exemplo entre proprietários). A Geodésia é uma Engenharia e, ao mesmo tempo,
um ramo das Geociências. Ela trata, global e parcialmente, do levantamento e da representação da forma e
da superfície da terra com as suas feições naturais e artificiais. A Geodésia é a ciência da medição e
representação da superfície da Terra.. Helmert 1880)
Na visão de Torge (1991), a Geodésia pode ser dividida em três grupos: Geodésia Global, Geodésia
Local e Levantamentos Topograficos. A Geodésia Global é responsável pela determinação da figura da Terra
e do seu campo gravitacional externo. A Geodésia local estabelece as bases para determinação da superfície
e campo gravitacional de uma região da terra, um país, por exemplo. Neste caso implanta-se um grande
número de pontos de controle formando as redes geodésicas e gravimétricas que servirão de base para os
levantamentos no plano topográfico. Os levantamentos topográficos são responsáveis pelo detalhamento do
terreno inclusive cadastro e levantamentos para engenharia. Alguns autores classificam a Topografia como
Geodésia Inferior.
1.1.3 Geomática
Geomática, conforme a definição nos Referenciais Curriculares Nacionais(2000) , consiste em um
campo de atividades que, usando uma abordagem sistemática, integra todos os meios utilizados para a
aquisição e gerenciamento de dados espaciais necessários como parte de operações científicas,
administrativas, legais e técnicas envolvidas no processo de produção e gerenciamento de informações
espaciais.
1.1.4 Agrimensura
Agrimensura é a área que trata da medição, demarcação e divisão legal da propriedade, usando
métodos topográficos e geodésicos de acordo com as prescrições legais, normas técnicas e administrativas
em vigor.
1.1.5 Geomensura
Geomensura é a área da atuação que trata das questões legais das propriedades territoriais. Possui
amplos conhecimentos jurídicos e das técnicas de medições (Geodésia), além dos conhecimentos técnicos,
sociais e de informática. Possui uma ligação muito grande com levantamento e mapeamento, integrando
elementos como topografia, cartografia, hidrografia, geodésia e agrimensura com as novas tecnologias.
Atualmente o Técnico de Agrimensura possui todos os atributos de geomensura.
2.14 NÍVEL: instrumento destinado a gerar um 2.17 RÁDIO COMUNICADOR: instrumento para
plano horizontal de referência para calcular os comunicação entre os operadores do
desníveis entre pontos. Podem ser automáticos ou levantamento.
digitais.
Erro é a diferença entre o valor encontrado em relação ao valor correto (exato). Todas as medidas ou
observações feitas, estão afetadas de erros de diferentes tipos. Assim é impossível determinar a verdadeira
magnitude de uma distância ou de um ângulo medido. O valor exato fica somente na nossa imaginação. Não
se pode obter mais que o valor provável. Segundo o postulado de Gauss:
“Para uma série de medidas (x 1 ,x 2 ,....x n ) dignas de confiança, o valor mais provável da grandeza, x é a
média aritmética simples de todas as grandezas medidas”, isto é :
x 1 + x 2 + .... + x n
x= ; onde x cada uma das medições;
n
n o número de medições.
Exemplo:
Calcule a média das medições:
Leitura 1 2 3 4 5
Distância (m) 25,360 25,330 25,340 25,370 25,350
25,36+25,33+25,34+25,37+25,35
𝑥= → 𝑥 = 25,350𝑚
5
a) Erros grosseiros: Este erro é devido à inabilidade do medidor, sendo facilmente evitáveis através
de treinamento e prática. Resultam de um descuido e pode ser evitado efetuando as medições com cuidado.
Este tipo de erro é descoberto repetindo-se a medição, isto é, fazendo medições de controle.
b) Erros sistemáticos: Os erros sistemáticos atuam num só sentido e possuem ou sinal positivo, ou
negativo.Erros sistemáticos são provocados por medidas não conformes (por exemplo, trena dilatada, baliza
torta e prumo de cantoneira desretificado), pela ação unilateral da atmosfera sobre a linha de visada e por
instrumentos desretificados ou mal calibrados. Estes erros devem ser corrigidos na medida do possível,
tomando-os em conta nos cálculos, pelo conhecimento de sua magnitude determinada anteriormente, usando
métodos de medição apropriados e aferindo cuidadosamente os instrumentos. Segundo o INMETRO (Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial):
- Calibrar ou aferir significa constatar os desvios de medidas e os valores reais corretos. Os instrumentos de
medição não sofrem alteração alguma.
- Ajustar ou Regular significa interferir no equipamento de tal forma que os desvios de medição seja
reduzidos ao mínimo possível, ou que as medidas não ultrapassem limites previamente estabelecidos.
c) Erros aleatórios (ou acidentais): O termo acidental não tem aqui conotação de acidente e sim
imprevisibilidade. Os erros acidentais são as imprevisões inevitáveis que afetam cada medida. Estes erros
são provocados pela imperfeição dos nossos sentidos, por irregularidades atmosféricas e por pequenos erros
inevitáveis na construção dos instrumentos. Os erros acidentais atuam de maneira completamente irregular
sobre os resultados das medições e se apresentam com sinal positivo e negativo. Somente estes erros
irregulares e acidentais são considerados na compensação e no ajustamento através de estatística.
Conforme a NBR 13133/1994, “Exatidão é o grau de aderência das observações em relação ao seu
valor verdadeiro...” e “Precisão é o valor que expressa o grau de aderência das observações entre si.”
O grau de aderência é representado por um número estatístico denominado Desvio Padrão.
A exatidão também é conhecida como acurácia.
A figura a seguir representa quatro situações distintas de medições em uma base de calibração.
Em (a), temos muito boa aderência nas medições, erros acidentais muito pequenos, os pontos
medidos encontram-se bem agrupados o que indica boa precisão. Porém, observa-se que apesar de
apresentar boa precisão, o agrupamento está deslocado do valor verdadeiro, o que indica a presença de um
erro sistemático. Portanto a medição tem precisão, mas não tem exatidão (acurácia).
Em (b) o resultado da medição é exato, pois a distribuição é uniforme em torno do valor verdadeiro.
Nota-se que o resultado é pouco preciso por haver grande dispersão das medições entre si (fraco
agrupamento). Uma possível causa é o uso de instrumento com precisão baixa. Neste caso é sempre
recomendável a verificação da dispersão com relação à tolerância.
Em (c), temos fraca precisão, pois os resultados não estão bem agrupados e nota-se que há a
existência de erro sistemático. O resultado neste caso não é exato pelo fato de que as medidas não
encontram-se distribuídas uniformemente em torno do valor verdadeiro. Esta medição não deve ser
considerada, Deve-se retornar a campo e fazer uma análise dos instrumentos e dos procedimentos
utilizados.
Em (d) a precisão é boa, boa aderência nas medições e o resultado é exato. Os valores estão bem
distribuídos com relação ao valor verdadeiro. Erros acidentais pequenos e isenta de erros sistemáticos. É a
melhor das medições.
Quando isentos de erros sistemáticos, os valores medidos estão distribuídos aleatoriamente em
torno do valor verdadeiro, isto é, todos os valores medidos se repartem ao redor, pouco mais ou menos do
valor verdadeiro, tem exatamente os mesmos à esquerda e à direita. Eles sempre estão mais densos nas
proximidades do valor verdadeiro e mais dispersos na medida em que se afastam deste.
Como a distribuição é aleatória, isto caracteriza um erro acidental (pequenos erros inevitáveis na
medição). Estes são erros acidentais, não havendo portanto erro sistemático.
Observa-se que a precisão está associada ao agrupamento dos valores em relação ao valor médio.
Percebe-se que em (d) os valores estão praticamente tão agrupados quanto em (a) e isto quer dizer que em
(d) tem-se a mesma precisão que em (a), assim como (c) é mais preciso que (b). Como a exatidão é o
agrupamento dos valores medidos em relação ao valor mais provável, as medidas de (b) e (d) estão mais
próximas do exato se comparadas com (a) e (c), pois estão mais agrupadas em relação ao valor verdadeiro.
Observa-se também que em (b), mesmo existindo uma grande variação das medidas, elas se encontram
em torno do valor verdadeiro. A média das medidas em (b) estará próxima do valor verdadeiro.
As propriedades dos erros acidentais são ressaltadas claramente na curva de erros, conhecida
como Curva de Gauss.
precisões, podemos considerar um valor médio como sendo o exato para efeito de comparação com futuras
medições.
É a menor graduação que um equipamento pode apresentar. A leitura mínima nada tem a ver com a
precisão do equipamento e muito menos com a exatidão. Muitas vezes é possível estimar uma leitura abaixo
da mínima, mas a leitura mínima continua sendo a definida pela menor graduação.
O desvio padrão também é chamado de Raiz Média Quadrática. É bastante comum o uso do acrônimo
RMS da designação em inglês Root Meas Squared. O símbolo internacional que identifica o desvio padrão é
a letra grega sigma (σ). Matematicamente pode ser representada pela letra m ou pela letra s.
∑(x - x) ²
O cálculo é feito pela equação: m=±
n-1
sendo; x – cada uma das leituras;
x – a média de todas as leituras para a precisão e o valor verdadeiro para a exatidão;
n – o número de leituras executadas.
EXEMPLOS
O desvio padrão e a média poderão ser calculados utilizando uma calculadora científica. A título de
exemplo, demonstramos os passos para calcular a média e o desvio padrão utilizando uma calculadora Casio
fx-82MS.
1º) Entre no modo estatístico: MODE 2
2º) Entre os dados: digite o 1º valor e tecle M+, 2º valor e tecle M+, e assim consecutivamente para todos
os valores
3º) Consulte a média: SHIFT 2 1 =
4º) Consulte o desvio padrão: SHIFT 2 3 =
5º) Para fazer outros cálculos saia do modo estatístico: MODE 1
EXEMPLOS
A precisão da média obtida numa série de leituras de um equipamento, deve ser melhor ou igual a
sua precisão nominal, ou seja M≤PN.
Se um equipamento obtiver numa série de medições precisão pior que a especificada pelo fabricante
(M>PN), deve-se analisar a possibilidade de rejeitar as medidas inválidas e, restando medições suficientes,
utilizá-las para recalcular a nova média e novos desvios padrão.
Persistindo M>PN, deve-se refazer o trabalho para averiguação dos procedimentos de campo.
Permanecendo a precisão inferior, é necessário o encaminhamento do equipamento para aferição junto à
assistência técnica.
A precisão não garante qualidade das medições. Garante apenas que o procedimento e o
equipamento estão adequados com o especificado pelo fabricante. O que garante a qualidade (exatidão) é a
confiabilidade do equipamento/fabricante e a redução dos erros sistemáticos.
Serão aceitas as leituras que tiverem variação (x- x ) inferior ou igual a três vezes a precisão nominal
do equipamento.
Portanto uma leitura somente poderá ser excluída do cálculo da média quando: (x- x ) > 3.PN.
Procedimento:
1º) Calcular a média das medições ( x ), desvio padrão de uma observação (m) e o desvio padrão da
média (M);
2º) Se M≤PN, os valores obtidos no item 1 são válidos e os cálculos estão concluídos;
3º) Se M>PN, calcular as variações das medições em relação à média (x – x ) e continuar os demais
passos;
4º) Eliminar as variações maiores que ±3.PN;
5º) Com os dados restantes, calcular a média das medições ( x ), desvio padrão de uma observação
(m) e o desvio padrão da média (M);
6º) Se M≤PN, os valores obtidos no item 5 são válidos e os cálculos estão concluídos;
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7º) Se M>PN, invalida-se todas as medições e novas devem ser feita em campo.
EXEMPLOS
EXERCÍCIOS
1) Foi realizado um levantamento topográfico de uma área e o agrimensor necessita saber se as medidas de
campo estão dentro da tolerância considerando a Precisão Nominal do equipamento. Para o trabalho foi
utilizada uma estação total com PNlinear = ±(3mm + 3ppm) PNangular = ±3”.
A seguir as medições de campo:
2) De acordo com as medições lineares a seguir, verificar se as mesmas serão aceitas ou rejeitadas e calcular
o valor médio para a distância medida e a precisão da mesma. PNlinear do equipamento ±(3mm+10ppm).
a) b) c)
Medições das Medições das Medições das
n n n
distância (m) distância (m) distância (m)
1 100,003 1 202,235 1 152,958
2 100,005 2 202,228 2 152,930
3 99,999 3 202,237 3 152,949
4 99,970 4 202,235 4 152,959
5 202,233 5 152,960
6 152,962
7 152,946
4 MEDIÇÃO LINEAR
Para determinar o valor numérico de uma grandeza, é necessário que se disponha de uma outra
grandeza de mesma natureza, definida e adotada por convenção, para fazer a comparação com a primeira.
Medições Lineares são medições efetuadas em apenas uma dimensão, ou seja, definem apenas um
comprimento.
9.999,99999m
centésimo de milímetro
décimo de milímetro
milímetro (mm)
centímetro (cm)
decímetro (dm)
metro (m)
decâmetro (dam)
hectômetro (hm)
quilômetro (km)
Como na topografia a unidade padrão é o metro, podemos ocultá-la na escrita. Portanto uma distância
informada de 10,000 (sem explicitar a unidade) será 10 metros. As demais unidades a sua identificação é
obrigatória.
Além do metro, utilizamos comumente o quilômetro, centímetro e o milímetro. O esquema de
conversão entre estas unidades mais utilizadas fica assim:
x1000
1m = 0,001km 1km = 1000m
x1000 x100 x10 1m = 100cm 1cm = 0,01m
km m cm mm 1m = 1000mm 1mm = 0,001m
1cm = 10mm 1mm = 0,1cm
÷1000 ÷100 ÷10
÷1000
EXERCÍCIOS
Das unidades da tabela 1 o palmo, a braça e a légua brasileira são as mais comuns em escrituras,
documentos e mapas antigos.
Em alguns medidores eletrônicos de distância é possível configurar as medições para as unidades
pés e polegadas.
4.3 DIASTÍMETROS
Ela mede a distância inclinada e quando a distância horizontal ou vertical for importante, é necessário
algum dispositivo para auxiliar nesta função. Pode ser um simples nível de bolha acoplado a ela ou mesmo
um inclinômetro embutido para fazer o cálculo da distância horizontal.
Estas trenas são muito utilizadas para medições curtas em campo (poucas dezenas de metros) pela
dificuldade de pontaria. Para facilitar a pontaria em campo, recomenda-se o uso de tripé. Pela dificuldade de
visualizar o ponto laser em campo (principalmente em dias de sol), alguns modelos possuem câmera
fotográfica interna que facilita a pontaria.
A medição
A precisão das trenas a laser são definidas pelo fabricante (na ordem de poucos milímetros) e não
possuem classificação específica por norma.
Trena de fita
Fonte: http://www.cstberger.us/us/en/index.htm
a) Fibra de vidro: as trenas de fibra de vidro são classificadas quanto ao grau de exatidão, conforme o
erro máximo admissível definido na NBR 10124/1987:
classe I ± (0,3 + 0,2 x L)
classe II ± 2*(0,3 + 0,2 x L)
onde L é o comprimento em metros..
Principais características das trenas de fibra:
- baixo custo;
- facilidade de operação;
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- não-condutoras e não-corrosíveis;
- resistentes à umidade;
- revestidas de vinil;
- baixa precisão;
- deformação elástica com o uso;
- não se observa que as fibras internas sofreram rupturas;
- desgaste da graduação.
b) Aço: as trenas de aço são classificadas quanto ao grau de exatidão, conforme o erro máximo
admissível definido na NBR 10123/1987;
classe I ± (0,1 + 0,1 x L)
classe II ± (0,3 + 0,2 x L)
onde L é o comprimento em metros.
As trenas de aço também são classificadas em plana e curvas.
Principais características das trenas de aço:
- boa precisão;
- baixo coeficiente de dilatação (0,0115 mm por metro);
- uniformidade da graduação;
- custo elevado;
- condutora de eletricidade;
- quebra com facilidade.
4.3.2.3 Acessórios
- Baliza e bastão, para materializar a vertical de um ponto;
- Prumos esféricos, para auxiliar operações de nivelamento ou verticalização dos acessórios;
- Estacas e piquetes, para materializar pontos de apoio;
- Dinamômetro para controle das tensões aplicadas na trena de fita;
- Termômetro, instrumento usado para a medição da temperatura;
- Barômetro, instrumento usado para a medição da pressão atmosférica;
- Tripé e bipé, utilizados para a sustentação de outros acessórios.
4.3.2.4 Erros
Durante uma medição linear, estaremos sujeitos a diversos tipos de erros, que deveremos tomar o
máximo de cuidado para eliminá-lo ou até minimizá-lo.
- Falta de Horizontalidade da trena: A trena fora da horizontal resultará numa medição maior que a
correta. O menor valor para a distância é a distância horizontal.
- Baliza fora do alinhamento: Ocorre quando as seções de medição não estão alinhadas com os
pontos extremos. A minimização deste erro se dá fazendo o alinhamento das balizas com mais
atenção.
- Verticalidade das balizas: é ocasionado por uma inclinação da baliza quando esta se encontra
posicionada sobre o alinhamento a medir. A minimização deste erro se dá fazendo o uso de nível
de cantoneira.
- Catenária excessiva da trena: curvatura que se forma ao tencionar pouco a trena. A catenária
ocorre em função do peso da trena, do seu comprimento e da tensão aplicada. Para minimizar
este erro, deve-se aplicar a tensão correta especificada pelo fabricante. Se possível apoiar a trena
na superfície, desde que ela seja horizontal.
Trena com catenária elevada - ERRADO! Trena com catenária admissível - CORRETO!
- Graduação das trenas: erro ocasionado na fabricação ou no uso indevido das trenas;
- Temperatura: acarreta dilatação que depende do material de composição do instrumento, do
comprimento da trena e da diferença entre a temperatura ambiente e a de aferição;
- Tensão diferenciada nas trenas: afetado pela tensão aplicada em suas extremidades. A correção
depende dos coeficientes de elasticidade com que o mesmo é fabricado;
- Erro de zero: deve-se observar, em função da variedade de trenas, o inicio da graduação das trenas;
- Trena torcida: provoca um aumento da distância medida.
b) Leitura de trena
Deve-se observar onde é o “zero da trena”, pois cada modelo de trena pode utilizar padrões
diferentes.
automação de dados, podendo inclusive armazenar os dados coletados e executar alguns cálculos mesmo
em campo.
Surgiu comercialmente na década de 1980, vem evoluindo cada vez mais em termos de programas
internos, interface, acessórios, robustez e peso.
𝑐.∆𝑡
A equação aplicável a este modelo é: 𝐷=
2
Onde: D: Distância entre o emissor e o refletor
c: Velocidade de propagação da luz no meio
Δt: Tempo de percurso do sinal
Logo, para obter a distância AB, usando esta metodologia é necessário conhecer a velocidade de
propagação da luz no meio e o tempo de deslocamento do sinal. Atualmente não existem cronômetros para
uso em campo capazes de determinar este tempo. Pelo fato da velocidade a luz ser de 300000km/s, o tempo
que a onda leva para percorrer a distância é pequeno e seu desvio admissível é da ordem de 10-12s (1
picosegundos). A alternativa encontrada foi relacionar a variação de tempo com a variação da fase do sinal.
2. 𝐷 = 𝑛. 𝜆 + Δ𝜆
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𝜙 𝜙
∆𝜆 = .𝜆 ∴ 2. 𝐷 = 𝑛. 𝜆 + .𝜆
2. 𝜋 2. 𝜋
Fazendo
𝜙
𝜇=
2. 𝜋
sendo µ a defasagem do sinal recebido em função da diferença de fase, tem-se:
𝜆 𝜆
𝐷 = 𝑛. + 𝜇.
2 2
onde D e n são incógnitas.
Para solucionar a indeterminação desta equação as estações totais emitem dois diferentes sinais L1
e L2 (SILVA, 1993).
Se λ1 ≈ λ2 tal que n1 = n2 = n então
𝜆1 𝜆1 𝜆2 𝜆2
𝐷 = 𝑛. + 𝜇1 . e 𝐷 = 𝑛. + 𝜇2 .
2 2 2 2
e assim tem-se um sistema de duas equações e duas incógnitas podendo ser igualadas as equações para
descobrir n.
𝜆1 𝜆1 𝜆2 𝜆2 𝜆1 𝜆2 𝜆2 𝜆1 𝜆1 𝜆2 𝜆2 𝜆1
𝑛. + 𝜇1 . = 𝑛. + 𝜇2 . ∴ 𝑛. − 𝑛. = 𝜇2 . − 𝜇1 . ∴ 𝑛. ( − ) = 𝜇2 . − 𝜇1 .
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Conhecendo o valor de n, pode-se calcular o valor de D.
A medição com infravermelho requer o uso de prisma. Já a medição à laser o uso do prisma é
recomendado somente para grandes distâncias. Para pequenas distâncias não há a necessidade de uso de
prisma, sendo o alcance dependendo do modelo da estação totak.
Nas medições sem prisma, quinas exigem um cuidado a mais, pois o erro pode ser de poucos
milímetros (casos 1 e 2 abaixo) ou de até muitos metros dependendo onde o laser refletir (caso 3).
Vertical
DV Z DI
Z DV
DH
𝐷𝐻 = 𝐷𝐼. 𝑠𝑒𝑛𝑍
A posição do centro ótico do prisma em relação ao centro do ponto medido influencia a medição da
distância. Para compensar esta diferença, os fabricantes adotam coeficientes na estação total para
compensar este deslocamento. Desta forma, a constante do prisma se torna ZERO.
Para facilitar o trabalho em campo ou aumentar a precisão da medição, existem vários tipos de prisma
e consequentemente teremos para cada um deles uma constante. Também podemos ter vários suportes de
prisma que deixam o prisma em posições diferentes, o que também significará constantes diferentes.
Se forem utilizados prismas diferentes do previsto pelo fabricante, as constantes devem ser
determinadas em campo.
Se existe uma distância conhecida confiável pode-se compará-la com a medição efetuada para
determinar a constante com a seguinte equação:
𝑐 = 𝐷𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑑𝑎 − 𝐷𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎
Se você não dispõe de uma distância conhecida confiável, você poderá definir 3 pontos num único
alinhamento, onde os extremos (AB) terão distância próxima de 100m. Efetue as medições AC, AB e BC.
Chamaremos de Estação Total Padrão a maioria das estações totais do mercado que utilizam o
mesmo tipo de prisma, sendo elas: Nikon, Pentax, Sokkia, Topcon, Trimble, Geodimeter, Spectra Precision,
Zeiss, Ruide, Geodetic, entre outras. Somente a Leica e suas similares, adotam prismas com constantes
diferentes para uso exclusivo nelas.
TIPO DE ESTAÇÃO
TIPO DE PRISMA
Padrão Leica
Adesivo 0 +34,4
Laser 0 +34,4
Tabela de constantes de prisma (mm)
Fonte: adaptado de Bohnenstingl
4.3.3.6 Acessórios
- Tripé para a estação total - Barômetro
- Prisma com suporte - Umbrela
- Mini-prisma com suporte - Cabo de transferência
- Prisma adesivo - baterias
- Bastão - Carregador de baterias
- Bipé ou Tripé para bastão - trena de bolso
- Termômetro
4.3.3.7 Erros
- Centragem da estação total no ponto
- Centragem do bastão no ponto
- Nivelamento da estação total
- Temperatura
- Pressão
- Constante do prisma
- verticalidade do bastão
Os instrumentos topográficos não podem cumprir por completo suas funções se não forem tratados
e conservados com cuidado e se os métodos empregados não forem os indicados às propriedades do
instrumento.
Os cuidados abaixo são destinados a todos os profissionais que trabalham com equipamentos
topográficos, sem exceção, mesmo que pareçam comuns e já vistos, mas em nosso cotidiano muitas vezes
se passam despercebidos. São sugestões pesquisadas em catálogos de equipamentos, livros de topografia,
assistência técnica e revistas especializadas.
a) Conservação
Deve-se conservar o instrumento, se possível, em lugar seco e ventilado, sem pó e sem grandes
variações de temperatura. Um instrumento que permanece muito tempo sem ser usado está exposto
ao perigo do fungo. Se por algum motivo, o instrumento ficar exposto à umidade, provida de sereno,
neblina, garoa, chuvisco, etc, deve-se sacá-lo de seu estojo para permitir que o ar circule em sua
volta, colocando-o em um armário arejado e com uma pequena calefação ao fundo, direcionada à
ele. Poderá ser uma estufa de resistência ou uma lâmpada incandescente de 25W. Deste modo se
evita o depósito de vapor d’água sobre a ótica e que haja condensação no interior do instrumento.
Não tendo uma calefação, é importante deixa-lo exposto a um ventilador para secar a umidade
excessiva.
b) Inspeção
Antes de começar cada período de trabalho de campo, deve-se examinar o instrumento segundo as
instruções para emprego, contidas no manual e ajustá-lo se for necessário e possível. Isto também
se aconselha após terminadas as tarefas de campo em prolongadas pausas de trabalhos e depois
de transportes longos, para evitar horas de trabalho perdidas por deficiência do instrumento.
Observações:
- tirar do armário o estojo fechado com o instrumento dentro
- colocar o estojo sobre o balcão
- Abrir o estojo, analisando a maneira correta de se fazê-lo
- Conduzir o instrumento dentro do estojo ao local de trabalho
- Ao conduzir o instrumento no estojo dentro de automóveis, este deve estar sobre o banco
da viatura ou, de preferência, sobre o colo do caroneiro, evitando desta forma que o
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instrumento receba impactos fortes, pois nem todos os instrumentos possuem estojo que
proteja o equipamento de impactos.
b) Retire o instrumento de seu estojo e coloque-o sobre o tripé conforme orientação no item anterior
desta apostila “Cuidados com Instrumentos”.
c) Posicione os três calantes numa mesma altura (de preferência num ponto intermediário do recurso
total do calante). Normalmente os instrumentos possuem marcas fiduciais como anéis pintados ou
parafusos de fixação de seu eixo que podem servir de referência.
d) Posicione a marca central do prumo ótico ou do prumo laser sobre o ponto topográfico utilizando as
duas pernas do tripé que ainda não estão cravadas.
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e) Quando a marca estiver perfeitamente sobre o ponto topográfico, crave as pernas soltas e inicie o
nivelamento da bolha circular utilizando as três pernas. Preste muita atenção na direção formada pela
bolha e o círculo. Esta direção irá definir com qual perna você deverá subir ou abaixar a mesa.
perna 1 perna 2
bolha circular Conforme as ilustrações ao lado, a perna que deverá baixar a mesa
retículos perna a2 bolha circular está na sua direção para o seu
é a perna 1, pois
mesa lado.
direção
direção
perna 3
vista superior da bolha circular vista superior do tripé
f) Com a bolha dentro do círculo (automaticamente a mesa estará nivelada, pois os calantes estão numa
mesma altura), verifique se a marca central do prumo ótico saiu da vertical do ponto. Caso tenha
saído afrouxe o instrumento do tripé e posicione novamente a marca sobre o ponto topográfico. Faça
isso sem soltar o parafuso completamente e ao posicionar o equipamento sobre o ponto, aperte o
parafuso monitorando se o centro não saiu do ponto.
g) Inicie então o nivelamento da bolha tubular utilizando o “Método dos Três Calantes” ou o “Método do
Calante Perpendicular” (ambos descrito a seguir). Independente de qual método você optar, deverá
ser feito duas vezes. Após feito, verifique se a marca central do prumo ótico saiu do ponto. Caso
tenha saído volte ao passo “f”.
Método dos Três Calantes: Deixe a bolha tubular paralela aos calantes 1-2 e
nivele-a utilizando somente estes dois calantes. O movimento dos calantes 1
deverão ser sempre em sentidos opostos (quando um for girado no sentido 2
horário o outro deverá ser girado no anti-horário). Em seguida posicione a bolha
tubular paralela aos calantes 2-3 e use estes calantes para nivelar a bolha. Não
esqueça que os calantes devem giram em sentidos opostos. Finalmente deixe
a bolha paralela aos calantes 3-1 e nivele-a também. 3
Método do Calante Perpendicular: Deixe a bolha paralela aos calantes 1-2 e nivele-a utilizando somente estes
dois calantes. O movimento dos calantes deverão ser sempre em sentidos opostos (quando um for girado no
sentido horário o outro deverá ser girado no anti-horário). Em seguida posicione a bolha tubular perpendicular
aos calantes 1-2 e use somente o calante 3 para nivelar a bolha.
Movimento do calantes
4.3.3.10 Medições lineares em campo
a) Interseção Angular
C
A
α
b
b) Trigonometria
c) Estadimetria
MIRA
LS
Z LS
LI LI
DH
Ângulo Lido (L) é a leitura do ângulo horizontal realizada diretamente no instrumento. É a medição
propriamente dita, onde o 0º pode estar para qualquer direção.
0º 1
Exemplo:
5.1.2.1 Conceito
Ângulo Irradiado (I) é o ângulo horizontal formado a partir de uma direção visada de referência (visada
à ré), até a direção dos pontos visados à frente (visada à vante).
EXEMPLOS
Tendo a caderneta abaixo, calcule os ângulos irradiados com as várias possibilidades de visada à ré.
a) Com ré em 1:
I1-2= 75° 25’ 34” - 50° 15’ 20” = 25º 10’ 14”
I1-3= 120° 35’ 49” - 50° 15’ 20” = 70º 20’ 29”
b) Com ré em 2:
I2-3= 120° 35’ 49” - 75° 25’ 34”= 45º 10’15”
I2-1= 50° 15’ 20” - 75° 25’ 34”= -25º 10’14” + 360º = 334º 49’ 46”
c) Com ré em 3:
I3-1= 50° 15’ 20” - 120° 35’ 49”= -70º 20’29” + 360º = 289º 39’ 31”
I3-1= 75° 25’ 34” - 120° 35’ 49”= -45º 10’15” + 360º = 314º 49’ 45”
EXERCÍCIOS
5.1.3.1 Conceito
A B d d
IAC
C A B
EXEMPLOS
EXERCÍCIOS
5.1.4.1 Conceito
São ângulos medidos entre dois alinhamentos topográficos, pelo lado interno a uma poligonal
fechada (polígono). É obrigatório a existência de uma poligonal fechada (polígono). Variam de 0° a 360°.
Até a década de 80 era muito medido em campo. Atualmente ele é calculado a partir dos azimutes.
5.1.4.2 Fechamento
Para verificar se os ângulos internos de um polígono estão consistentes, pode-se verificar o
fechamento adotando a equação ∑ < i = 180. (n − 2)
Onde, n: número de vértices
< i: ângulo interno
EXEMPLO
Calcule o fechamento dos ângulos internos do polígono abaixo:
EXERCÍCIO
6) Calcule o fechamento dos ângulos internos do polígono abaixo:
5.1.5.1 Conceito
São ângulos medidos entre dois alinhamentos topográficos, pelo lado externo a uma poligonal
fechada (polígono). É obrigatório a existência de uma poligonal fechada. Variam de 0° a 360°.
EXERCÍCIO
7) Calcule o fechamento dos ângulos internos do polígono abaixo:
5.1.6 Orientação
Em Ciências Geodésicas, a medida de direção consiste em determinar uma direção única, fixa e
imutável, no terreno, capaz de ser reconstituída em qualquer época; a esta direção são referidas todas as
medidas de um levantamento, com o objetivo de garantir a uniformidade na representação, isto é, garantir
que os elementos nelas constantes ocupem posições relativas semelhantes, de forma que uma representação
possa ser acoplada a outras, mesmo que executadas em épocas diferentes. Esta direção chamamos de
orientação.
5.1.6.1 Azimute
Chama-se azimute de um alinhamento, o ângulo formado a partir da direção Norte (magnético,
verdadeiro, quadrícula ou arbitrário) no sentido horário até chegar no alinhamento. Ele varia de 0° à 360°.
N
N N N
B
AZA-B A
B AZA-B
AZA-B A
A A B B AZA-B
AZQ
A
NV NM Norte Arbitrário NM
NV NA
NA
AZA
AZA
C
B B
C
N ré 𝐴𝑍𝑣 = 𝐴𝑍𝑟é + 𝐼
AZré
AZv Onde o AZv é o azimute à vante.
I
Se AZv>360, 𝐴𝑍𝑣 = 𝐴𝑍𝑣 − 360
vante
estação
EXEMPLOS
Calcule os azimutes à vante com os dados abaixo
a) AZré=136º 22’17” b) AZAB= 348º 35’08”
I = 208º 04’56” Estação: A
AZv=136º22’17”+208º 04’56” LB= 167º 19’44”
AZv=344º 27’13” L45= 309º 30’01”
I45 = 309º 30’01” – 167º 19’44” = 142º 10’17”
AZA-45 = 348º 35’08” + 142º 10’17” = 490º 45’25”
AZA-45 = 130º 45’25”
EXERCÍCIOS
8) Calcule os azimutes à vante com os dados abaixo
5.1.6.1.6 Contra-azimute
Contra azimute e o azimute no sentido contrário do alinhamento.
N
𝐴𝑍𝐵𝐴 = 𝐴𝑍𝐴𝐵 ± 180
N
Condições para usar + ou - :
B Se AZAB<180º então 𝐴𝑍𝐵𝐴 = 𝐴𝑍𝐴𝐵 + 180
AZA-B
Se AZAB≥180º então 𝐴𝑍𝐵𝐴 = 𝐴𝑍𝐴𝐵 − 180
AZB-A
A
EXEMPLOS
Calcule os Contra-azimutes dos alinhamentos
a) AZA-B= 34º18’05” b) AZM1-30= 337º45’52”
AZB-A= AZA-B+180= 34º18’05”+180 AZ30-M1= AZM1-30 - 180= 337º45’52” - 180
AZB-A= 214º18’05” AZ30-M1= 157º45’52”
EXERCÍCIOS
9) Calcule os Contra-azimutes dos alinhamentos
5.1.6.2 Rumo
5.1.6.2.1 Conceito
Rumo é o ângulo a partir do Norte ou do Sul, variando de 0° à 90° no sentido horário ou anti-horário.
Na notação do rumo é obrigatória a indicação do quadrante (NE, SE, SW ou NW).
A A
W E W E W E W E
A A
B RA-B
RA-B B
S S S S
Ex.: 30º18’57”NE Ex.: 57º49’03”SE Ex.: 72º07’22”SW Ex.: 61º47’15”NW
EXEMPLO
Converter rumos em azimutes
a) R=30º18’57”NE b) R=57º49’03”SE c) R=72º07’22”SW d) R=61º47’15”NW
Az=R AZ=180-R AZ=180+R AZ=360-R
AZ=30º18’57” AZ=180-57º49’03” AZ=180+72º07’22” AZ=360-61º47’15”
AZ=122º10’57” AZ=252º07’22” AZ=298º12’45”
EXERCÍCIOS
10) Converter rumos em azimutes
a) R=30º18’57”NW b) R=57º49’03”SW c) R=72º07’22”NE d) R=61º47’15”SE
5.2 GONIÔMETROS
Goniômetros são instrumentos que medem ângulos sobre um plano (horizontal, vertical ou inclinado)
chamado limbo. Entre eles estão instrumentos simples como o transferidor e complexos como uma estação
total.
5.2.1 Bússola
Inventada pelos Chineses em 2000 a.C. e historicamente usada para navegação, a bússola possui
um campo magnético que é levemente atraído pelo campo magnético da terra que chamamos de polo
magnético. A partir desta direção, pode-se ler o ângulo em relação ao norte como o azimute ou o rumo.
5.2.1.1 Tipos
5.2.1.1.1 Mecânica
A bússola mecânica utiliza uma agulha imantada para apontar a direção do norte. Com um limbo
graduado em graus, pode-se medir o azimute diretamente na direção requerida. O uso da bússola nivelada é
fundamental para seu perfeito funcionamento, pois a agulha deve se mover livre sobre um eixo devidamente
equilibrada ou flutuando num ambiente com água.
5.2.1.1.2 Digital
A bússola digital não possui uma agulha imantada, mas o campo magnético é gerado por duas
bobinas que medem a direção do campo magnético. Existem bússolas digital que funcionam em 3 eixos
permitindo que ela seja usada fora de nível o que é uma grande vantagem para uso em campo.
Com o avanço dos smartphones, ela está disponível em diversos modelos, sendo bem acessível hoje
em dia. Também se pode encontrar a bússola magnética nos receptores GPS de navegação e relógios de
pulso. Existem no mercado algumas mini-estações meteorológicas que além de bússola digital também
possuem barômetro (importante para medir pressão atmosférica para as medições de distância com estação
total).
5.2.1.2 Erros
As bússolas possuem precisão que varia de poucos graus (2º-3º) até muitos graus (10-15º)
dependendo do modelo. Além da precisão inerente ao equipamento, influências do campo magnético externo
à bússola influenciam e muito a detecção do norte magnético. Elementos com composição metálica ou com
energia (elétrica ou magnética) são potenciais causadores de interferências como: linhas de transmissão,
veículos, relógios, celulares, marretas, rochas com composição metálica, etc.
Uma grande vantagem da bússola digital é que elas possuem calibração, permitindo identificar os
campos magnéticos do ambiente e compensá-los. Por este motivo, sempre que necessitar usar uma bússola
digital, é necessário calibrá-la. A calibração consiste em movimentá-la sobre seus eixos conforme orientação
do fabricante.
Por este motivo, a bússola serve somente para orientação em campo de forma expedita, sem alcançar
a precisão angular necessária aos levantamentos topográficos.
Para uma orientação mais precisa em relação ao norte, utilizaremos o georreferenciamento utilizando
posicionamento por satélites (GNSS), assunto este que será tratado nas unidades curriculares de Geodésia
e GNSS.
AZIMUTE
5.2.2 Teodolito
Equipamento destinado para medição de ângulos horizontais (AH) e verticais (AV) através de limbos.
Possui uma luneta (eixo de visada) com conjunto de lentes para visualizar mais detalhes.
Atualmente os teodolitos não são mais utilizados pela baixa produtividade. Em pouquíssimos casos
o uso do teodolito se justifica, como ocorre na topografia industrial.
vertical
vertical 0°
Eixo
Eixo
Limbo vertical
AV
Limbo
vertical Luneta Alidade
AH Limbo
Horizontal
Limbo horizontal
Base nivelante
Esquematicamente os teodolitos são construídos entorno de três eixos característicos: Eixo Vertical
ou Eixo Principal, Eixo Horizontal ou Eixo Secundário e Eixo de Visada ou Eixo Óptico.
A principal parte do teodolito chama-se alidade, que é o corpo do equipamento propriamente dito que
gira em torno do Eixo Vertical para fazer a medição dos ângulos horizontais. O Eixo Horizontal é o eixo em
que a luneta gira para fazer a medição dos ângulos verticais. O Eixo de Visada é o eixo óptico da luneta.
Os teodolitos são classificados segundo a precisão nominal definida pelo fabricante seguindo a norma
DIN 18723, conforme Tabela a seguir:
Classe Desvio-padrão
1 – Precisão Baixa ≤±30”
2 – Precisão Média ≤±7”
3 – Precisão Alta ≤±2”
Classificação dos teodolitos segundo a NBR 13133/1994
Fonte: ABNT NBR 13133/1994
Desvio-padrão Desvio-padrão
Classe
angular linear
1 – Precisão Baixa ≤±30” ≤±(5mm+10ppm)
2 – Precisão Média ≤±7” ≤±(5mm+5ppm)
3 – Precisão Alta ≤±2” ≤±(3mm+3ppm)
Classificação das estações totais segundo a NBR 13133/1994
Fonte: ABNT NBR 13133/1994
5.2.3.1 Erros
Nas operações de medição angular, desde a instalação do instrumento no vértice até a leitura do ângulo,
uma série de erros pode ocorrer. Dentre as principais fontes que dão origem a erros, destacamos:
minimizar este efeito, recomenda-se observar o mais próximo da ocular possível e buscar fazer as
visadas sempre nesta mesma posição;
e) Erro de Colimação: o erro de colimação é a falta de alinhamento do eixo de visada com o ponto
visado;
f) Falta de verticalidade da baliza/bastão: a falta de verticalidade da baliza ou do bastão, produz erros
maiores quanto mais alto do ponto for feita a visada. Por este motivo, recomenda-se sempre fazer as
visadas o mais próximo possível do ponto.
g) Graduação Variável do Limbo: os limbos possuem uma determinada acurácia e sua graduação sofre
variações que, apesar de aceitáveis, podem se acumular quando utilizamos sempre a mesma parte
do limbo;
h) Erro de índice: é o erro angular vertical resultante da falta de verticalidade do eixo vertical provocado
pela falta de ajuste do nível tubular ou circular;
i) Refração: a visada em ambientes com reverberação ou através de vidros, são expressamente
proibidos. Estes ambientes possuem índice de refração muito diferentes da atmosfera, produzindo
erros angulares que podem ser muito grandes;
j) Registro errado dos dados: erros grosseiros podem ser evitados com maior atenção na leitura e na
anotação. Com o registro eletrônico dos dados medidos, este erro foi eliminado.
3 (113º11’44”)
Este método minimiza os erros de colimação e da graduação do limbo, assim como elimina o erro de
centragem do eixo de visada com o eixo vertical.
𝑃𝐼 ± 180 + 𝑃𝐷
𝐿=
180º PI 2
0º PI Se PI>PD, usa-se PI-180, caso contrário usa-se
PI+180
EXEMPLO
Calcular o ângulo lido médio
a) PD= 134º10’17” b) PD= 263º45’59”
PI = 314º10’28” PI = 83º46’13”
(314°10’28” − 180) + 134°10’17” (83°46’13” + 180) + 263°45’59”
𝐿= 𝐿=
2 2
268°20’45" 527°32’12"
𝐿= = 134º10’23” 𝐿= = 263º46’06”
2 2
EXERCÍCIO
11) Com as leituras conjugadas abaixo, calcular o ângulo lido médio.
a) PD= 37º00’47” b) PD= 179º59’55”
PI = 217º00’53” PI = 0º00’09”
A A A
Para cada série de leituras, poderemos definir quem será a visada à ré e calcular os ângulos
irradiados. Tendo os ângulos irradiados de cada série, calcula-se o ângulo médio, desvio-padrão de uma
observação e o desvio-padrão da média.
A A A
Para que as leituras sejam feitas em diferentes posições do limbo, espaçadas pelo intervalo de
reiteração, é necessário girar o limbo fisicamente. Nos equipamentos eletrônicos, isso só é possível soltando
ele do tripé e cuidadosamente, girar sua base num ângulo próximo do intervalo de reiteração, pois o limbo
está fixo em sua base.
Assim como no método de repetição, para cada série de leituras, poderemos definir quem será a
visada à ré e calcular os ângulos irradiados. Tendo os ângulos irradiados de cada série, calcula-se o ângulo
médio, desvio-padrão de uma observação e o desvio-padrão da média.
As medidas de área são derivadas das medidas lineares, expressando uma grandeza bidimensional.
A unidade-base para medida de área é derivada do metro, sendo denominada metro quadrado.
Quando precisarmos ler ou escrever por extenso uma área que possui o seu valor fracionário,
devemos indicá-la em décimos, ou centésimos, ou milésimos ou décimo de milésimo da sua unidade.
Exemplo: 12380,97m2 (doze mil, trezentos e oitenta metros quadrados e noventa e sete centésimos de metro
quadrado). Alguns profissionais usam várias unidades (por exemplo, metros quadrados e centímetros
quadrados), mas não devemos fazer isso para não gerar confusão.
De acordo com a ABNT, a medida padrão utilizada em topografia, é o metro quadrado (m2). Porém o
hectare (ha) e o quilômetro quadrado (km2) são muito utilizados no Brasil, principalmente em éreas rurais. Em
algumas regiões ainda se perdura o uso do Alqueire em seus vários tamanhos, mas cada vez menos utilizado.
Para apresentação dos resultados, normalmente utilizamos a quantidade de casas decimais de
acordo com a unidade:
m2 → 2 casas (exemplo: 348,87m 2)
ha → 4 casas (exemplo: 63,9031ha)
km2 → 2 casas (exemplo: 27,56km 2)
É muito comum encontrar alguém confundindo unidade linear com unidade de superfície. A unidade
de superfície é elevada ao expoente de 2, ou seja, é a representação da multiplicação de duas unidades
lineares. Portanto quando informamos que uma área possui 1000m2 , isto não quer dizer que esta área é
igual a 1km2, pois uma área de 1km2 equivale a um quadrado de 1km por 1km e portanto possui 1.000.000
m2 (1.000mX1.000m).
Por este motivo a escrita por extenso da área 408,17m 2 na forma “quatrocentos e oito metros
quadrados e dezessete centímetros quadrados” está COMPLETAMENTE ERRADA. Se fossemos expressar
os decimais do metro quadrado em centímetro quadrado ficaria assim: 0,17m 2=1700cm2 o que pode gerar
muita confusão. Por este motivo orienta-se que por extenso sejam expressadas
EXEMPLOS
Converter as unidades
EXERCÍCIOS
12) Escreva as áreas abaixo por extenso:
a. 7218,23m²: _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
b. 218,289ha: _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
c. 13,736km²: _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Plano topográfico é o plano horizontal criado pelo instrumento no ponto da superfície terrestre
considerado como origem do levantamento.
O plano de projeção tem a sua dimensão máxima limitada a 80 km, a partir da origem.
Todos os pontos de detalhe necessários à finalidade do levantamento, serão projetados neste plano,
através dos ângulos horizontais e das distâncias horizontais.
- Pontos de Apoio: são os pontos que serão ocupados com os instrumentos ou usados como visadas à ré. É
a partir deles que iremos medir os pontos de detalhes do levantamento topográfico. Sua posição em
campo é estratégica pois deve se perpetuar ao máximo para que a finalidade do levantamento seja
atendida.
- Pontos de detalhe: São os pontos relevantes para atender a finalidade do levantamento topográfico. Muitas
vezes os pontos de detalhe são elementos existentes em campo (muro, cerca, árvore, poste, etc) mas
tem algumas situações que eles não existem em campo, sendo necessários materializá-los (vértice
de imóveis de um loteamento, por exemplo).
7.1.1.1 Piquete
Usado para materializações temporárias, ele é confeccionado em madeira dura com altura de 15 a
30cm e seção quadrada de 3 a 5cm. Deve ser cravado no solo e ficar exposto apenas 3 a 5cm. No seu centro,
deve estar marcado o ponto topográfico com um prego (recomendado) ou furo. A pintura do piquete faz com
que aumente a durabilidade dele em campo.
Piquete de madeira
Fonte: http://equipedeobra.pini.com.br/
7.1.1.2 Estaca
Usada para materializações temporárias de pontos de detalhe ou para sinalizar o piquete (estaca
testemunha), ela é confeccionado em madeira dura com altura de 40 a 100cm e seção retangular próxima de
3x5cm. Deve ser cravada no solo e ficar exposto o máximo de altura.
Quando usada para sinalizar piquetes, deve estar dele à no máximo 50cm e ela deve ser cravada na
direção dele.
7.1.1.8 Pintura
Pintura com tinta tipo esmalte sintético diretamente sobre superfície rígida, como calçadas, pisos,
rochas e marcos de concreto.
7.1.1.9 Chapa
Chapa de liga metálica não oxidante (alumínio, bronze, aço inoxidável, latão, etc) com impressão do
ponto com o seu nome. Usada para fixação sobre elementos rígidos como marcos, calçada e rocha. Pode ser
fixada com parafuso, chumbada no concreto ou colada com cola epoxy ou cola PU.
7.1.2 Documentação
A documentação dos pontos topográficos é feita através da monografia.
Y
N
B ∆𝑋𝐴𝐵 = 𝑠𝑒𝑛𝐴𝑍𝐴𝐵 . 𝐷𝐻𝐴𝐵
AZA-B 𝑋𝐵 = 𝑋𝐴 + ∆𝑋𝐴𝐵
ΔX
EXEMPLO
Calcule as coordenadas do ponto B:
XA = 1000,0000 YA= 2000,0000 AZAB= 139º12’46” DHAB= 86,039
DXAB= sen139º12’46”.86,039=56,2051 → XB= 1000,0000+56,2051 → XB= 1056,2051
DYAB= cos139º12’46”.86,039=-65,1436 → YB= 2000,0000+(-65,1436) → YB= 1934,8564
EXERCÍCIO
14) Calcule as coordenadas:
a) Do ponto C usando AZAC= 318º03’29” e DHAC= 19,919 e os dados do exemplo anterior.
∆𝑌
𝐴𝑍𝐴𝐵 = 𝑎𝑐𝑜𝑠 (𝐷𝐻𝐴𝐵 ) Se DXAB < 0, fazer AZ = 360-AZ
𝐴𝐵
EXEMPLO
Calcular o azimute e distância do ponto M1 para M2.
PONTO X Y
M1 654,0276 5926,0731
M2 582,0411 5699,3482
DXM1-M2=582,0411-654,0276= -71,9865
DYM1-M2=5699,3482-5926,0731= -226,7249
𝐷𝐻𝑀1−𝑀2 = √(−71,9865)2 + (−226,7249)2 = DHM1-M2= 237,879
−226,7249
𝐴𝑍𝑀1−𝑀2 = 𝑎𝑐𝑜𝑠 ( 237,879
) = 162º23’05”
Como DXM1-M2 < 0, então AZM1-M2 = 360 - 162º23’05” → AZM1-M2 = 197º36’55”
EXERCÍCIO
15) Calcular os azimutes e distâncias dos alinhamentos
a) P1-P2 b) R-J
PONTO X Y PONTO X Y
P1 23862,0923 83021,3822 R 14052,0331 7902,2298
P2 24111,3561 82899,1021 J 14382,9812 8032,1177
Para Calcular os ângulos internos de um polígono, é necessário que todos os azimutes sejam
calculados num mesmo sentido em relação ao polígono: horário ou anti-horário. Você pode escolher o
sentido, mas mantenha sempre o mesmo sentido.
B B
AZAD AZAB
C AZDC C AZBC
AZCB AZCD
AZBA AZDA
A A
D D
Para calcular o ângulo interno de um vértice é necessário ter o azimute anterior (AZ ANT) e o azimute
posterior (AZPOS) ao vértice.
CONDIÇÕES:
Se AZANT <180, usa-se +180. Se AZANT≥180, USA-SE -180
Se i<0, soma-se 360. Se i>360, diminui-se 360
3a) 1,7cm 3b) 0,03m 3c) 21cm 3d) 47mm 3e) 73mm 3f) 0,089m
9a) 123º28’04” 9b) 191º15’24” 9c) 98º55’11” 9d) 147º41’29” 9e) 270º00’00” 9f) 180º00’00”
12a) Sete mil, duzentos e dezoito metros quadrados e vinte e três centésimos de metro quadrado.
12b) Duzentos e dezoito hectares e duzentos e oitenta e nove milésimos de hectare.
12c) Treze quilômetros quadrados e setecentos e trinta e seis milésimos de quilômetro quadrado.
13a) 41900,00m² 13b) 12068000,00m² 13c) 73,4228ha 13d) 4,31km2 13e) 175,0000ha