KOVÁCS, Julia - Educação para A Morte PDF
KOVÁCS, Julia - Educação para A Morte PDF
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Maria
Julia Kovács
Universidade
de São Paulo
Experiência
a ficar terá que apagar a luz”, o temor de que anônimas, por um lado, distantes
não sobre mais nenhum dos amigos. Temos, geograficamente, e, por outro, próximas
também, observado um fenômeno ainda mais quando da possibilidade de uma certa
grave e que se torna cada vez mais comum: identificação, pela idade, aparência, profissão,
pais idosos perdendo filhos na fase adulta, trazendo a impressão de ser gente como a
criando-se, então, um duplo problema: lidar gente.
com a perda extremamente dolorosa do filho
e também do próprio cuidador, uma vez que Apresentamos, a seguir, propostas para a
a este cabe acompanhar de perto o ampliação dos espaços de reflexão sobre o
envelhecimento dos pais e deles cuidar. tema da morte, em locais e instituições, que
ainda necessitam de maior desenvolvimento.
Todavia, como em todas as outras fases de
desenvolvimento, na velhice existem também
A discussão do tema da morte
aspectos positivos, que precisam ser
nas escolas
destacados, se não existentes as dificuldades
O tema da morte não está presente nas
econômicas apontadas, ou seja, a
escolas, usando-se como argumento a falta de
aposentadoria pode ser vista como uma
preparo dos professores. Propomos, então,
oportunidade de realização de atividades que
uma parceria entre as escolas e o Instituto de
não puderam ser realizadas antes, por falta
Psicologia, na figura do Laboratório de Estudos
de tempo. Nesse sentido, o envelhecimento
sobre a Morte, com as seguintes atividades:
tem sido comparado à adolescência, pela
possibilidade de experimentar coisas novas,
Oferecer a disciplina Psicologia da Morte
como uma nova “moratória”, podendo ser (disciplina optativa oferecida, desde 1986, no
descobertas novas habilidades e talentos, um Instituto de Psicologia da USP) especialmente
tempo a ser dedicado a estudos, lazer, para os professores, ou convidá-los a
viagens. Essa disposição para viver a vida pode freqüentarem a disciplina regularmente
explicar o sucesso dos programas de terceira oferecida no Instituto;
idade.
Propor espaços de treinamento em serviço na
A velhice pode ser um tempo de balanço, de própria escola, com módulos específicos,
significação e ressignificação da vida, e também como, por exemplo: como falar com uma
um tempo de se preparar para seu fim e para criança que sofreu a perda de pessoas
a morte – mas o que se vê é que esta última significativas; como integrar uma criança
continua um tema tabu, sobre o qual não se gravemente enferma nas atividades didáticas
deve falar porque poderá provocar sofrimento e de recreação; como lidar com o suicídio de
e, principalmente, constrangimento. pessoa conhecida na escola;
● Como desenvolver o tratamento de base para esses encontros sobre bioética. Além
pacientes sem possibilidade de cura, dos hospitais, fóruns de discussão de bioética
aprofundando a questão da diferença entre podem ser propostos nas universidades, escolas
curar e cuidar; e demais instituições de saúde e educação.
E-mail: [email protected]
KOVÁCS, M.J. Educação para a Morte. Temas e Reflexões. São Approach. Londres, Edward Arnold, 1991.
Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.