Perda Gestacional e Neonatal

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CARTILHA DE

SENSIBILIZAÇÃO DA
PERDA GESTACIONAL
E NEONATAL:
É um dos lutos mais complexos e
de menor validação social;
Jamais julgue a forma como os pais
A PERDA estão passando pelo processo de
GESTACIONAL E
NEONATAL EXISTE luto.
E TEM ROSTO.
PRECISAMOS
FALAR SOBRE Elaborada pelos alunos do Curso de Psicologia

ISSO.
Emanuelly Galvão Garcia
Jeison dos Passos da Silva
Jéssica Martins Oliveira
Henrique Tadeu Zanetta Sarmento
Como lidar com a perda
gestacional e neonatal?

A chegada de um bebê transforma completamente a vida da pessoa desde


o momento em que a gravidez é descoberta. Após receber o resultado positivo,
a pessoa, os pais e família já começam a se planejar para que a gestação ocorra
da melhor forma e a expectativa de conhecer o bebê aumenta dia após dia. O
afeto e o amor vão crescendo ao longo dos meses, à medida que a pequenina
vida se desenvolve.

No entanto, muitos têm esse turbilhão de sonhos interrompidos ao receber


a dolorosa notícia de um aborto espontâneo ou do falecimento de seu bebê
recém-nascido. Infelizmente, essas perdas não são reconhecidas socialmente,
em razão do curto período de tempo em que os familiares tiveram com seus
bebês.

Por isso, a importância do acolhimento adequado a esses casos de perda


gestacional e neonatal.
A falta de reconhecimento na perda
gestacional e neonatal

Uma pesquisa realizada em outubro de 2020 pela Organização Mundial da


Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas em conjunto com outras
instituições revelou que, a cada ano, dois milhões de bebês nascem sem vida.
Esse número representa um natimorto a cada 16 segundos e indica que 40%
dos casos ocorrem durante o trabalho de parto. Além disso, estudos apontam
que a maior parte das perdas gestacionais ocorrem entre 8 e 12 semanas,
sendo que metade delas são resultantes de anormalidades cromossômicas.

Ainda que os números sejam relevantes, esses tipos de luto ainda são
bastante incompreendidos e cercados de tabus. Frases como “não era para ser”,
“você ainda é muito nova e poderá engravidar novamente” ou até mesmo “você
vai superar” são ditas com frequência por familiares, amigos e até mesmo
profissionais da saúde com o propósito de consolar a pessoa enlutada, mas
podem ser o pontapé para o desenvolvimento de transtornos emocionais.

Maneiras de agir com empatia diante dessas situações:

Refira-se ao bebê pelo nome que os pais


definiram (caso já tenha um nome);
Deixe que a pessoa, pais e família
compartilhem os sentimentos de forma
genuína;
Não minimize o sofrimento do outro;

Esteja sempre disponível para ajudá-los;


Jamais julgue a forma como os pais estão passando pelo processo de luto;
Ofereça o atendimento com profissional da psicologia disponível no hospital
e/ou maternidade.
Permita-se sentir

A morte é uma experiência complicada para qualquer pessoa e a falta de


apoio dos mais próximos pode torná-la ainda pior, transformando-a em um
luto não reconhecido – onde não há espaço na sociedade para vivenciar o
momento. Pais que acabam de perder um filho durante uma gestação ou pós-
nascimento se veem desamparados diante do sofrimento e não sentem sua
dor validada.

Essa atitude de incompreensão ocorre


porque o falecimento de um neonato não é
tratado da mesma forma que o de um filho
adulto. A falta de lembranças, memórias,
fotos, recordações e, principalmente, a
oportunidade de se envolver fisicamente
com o bebê acabam descaracterizando a
existência desse filho(a).

Não reprimir a dor da perda é a melhor forma de elaboração do luto


saudável. Esconder os sentimentos, fingir que não é um momento difícil ou
retomar às atividades cotidianas antes da hora podem contribuir para o
surgimento de um luto atrasado ou complicado.

Tentar superar a dor a todo custo também pode ser extremamente


prejudicial para a saúde emocional, pois a pessoa estará escondendo a
experiência de si mesma e uma hora ou outra terá que encará-la novamente.

A perda pode vir acompanhada do sentimento de culpa e fracasso,


característicos nesses casos. A mãe passa a se sentir responsável e tenta
buscar justificativas sem fundamento para o ocorrido. Nos momentos em que
as emoções se afloram e bate o desespero, é aconselhável conversar com
pessoas que passaram pela mesma situação. Há diversos grupos de mães nas
redes sociais que compartilham suas experiências e podem servir como uma
importante rede de apoio.
A assistência ao luto
gestacional e neonatal

A falta de atendimento humanizado e assistência adequada dos


profissionais da saúde após revelar aos pais a perda do bebê, também trazem
sérias consequências para o processo de elaboração do luto. Muitas famílias
relatam que não há uma rede de suporte dentro do hospital e nem mesmo um
acolhimento sensível aos pais.

empatia e
O desenvolvimento de
habilidades de comunicação e de
uma escuta qualificada aos
profissionais

O problema não está apenas nos enfermeiros, médicos e a equipe


multidisciplinar. Desde a formação, há uma carência na capacitação para lidar
com esse tipo de luto e os profissionais na ânsia de “tirar” os pais daquele
sofrimento acabam tendo condutas erradas por falta de conhecimento, como:
evitar falar sobre o assunto, não dar atenção ao emocional da mãe e impedir
que os pais tenham um tempo com o bebê (nos casos de óbito neonatal).

O desenvolvimento de habilidades de comunicação e de uma escuta


qualificada dos profissionais podem auxiliar a família na despedida e contribuir
para a construção de memórias afetivas.

A experiência de uma perda gestacional e neonatal deve ser vista pela


sociedade como qualquer outro tipo de perda. Mesmo que tenha sido por um
curto período de tempo, esses bebês existiram e fazem parte dessas famílias.
Por isso, a elaboração do luto faz parte do processo de aceitação da nova
realidade e será ele que dará a força necessária para seguir em frente.
A equipe profissional
frente ao luto
gestacional e neonatal
Geralmente, os profissionais da
saúde lidam com aspectos ligados a
morte e morrer de acordo com as sua forma de lidar com a dor e perdas. A
sua história pessoal de perdas e a sua elaboração de processos de luto que já
vivenciou irá influenciar diretamente no modo de lidar com essas situações.

Não existe uma receita de como lidar com a

morte! É necessário que cada profissional

conheça suas dificuldades e busque por

formas que auxiliem a enfrentar esse

sentimento. Assim, o profissional conseguirá

atender seus pacientes e familiares da

melhor forma e de maneira confortável.

É sabido que a postura dos profissionais de saúde perante a essa situação


de óbito gestacional e neonatal pode interferir de forma significativa no luto
das pessoas gestantes e familiares que passaram por essa perda.

No entanto, entendemos que grande maioria dos profissionais de saúde


não recebe preparo suficiente e adequado para lidar com a morte e luto
durante sua formação, quase nula quando se está relacionada a uma
maternidade.

a perda na
Como lidar com
maternidade?
O que fazer para ajudar?
A pessoa e familiares que perderam o seu bebê, antes ou logo após o
nascimento, obviamente estão passando por uma das experiências mais
dolorosas e marcantes de toda sua vida. Por isso, é primordial o cuidado
empático, com paciência e respeito às suas necessidades.

Respeito a dor
Independente do tempo de gestação, condições do feto, tipo de perda, a
dor da pessoa e familiares deve ser compreendida e respeitada pela equipe e
jamais minimizada.

Cada pessoa deve ser vista como única e respeitada em suas reações
particulares de luto.

Dar espaço para a pessoa paciente expressar suas emoções e falar sobre
o que ela quiser.

Procurar conhecer e atender as necessidades dos familiares que podem


auxiliar no processo de luto, sem tomar efetivamente as decisões no lugar
deles.
Acompanhante
Pergunte para a pessoa paciente sobre quem ela gostaria que estivesse
junto dela nesse momento.

O apoio é muito importante no processo de luto e ninguém melhor do


que a própria pessoa para saber quem será(ão) a(s) melhor(es) pessoa(s) ao
seu lado.

Evitar
sugerir
alguém.
Pergunte e tente ajudar na escolha!

Isolamento
Estar no mesmo ambiente que outras pessoas com bebês saudáveis
pode ser muito angustiante para alguém que acabou de perder seu bebê.
Buscar um quarto isolado pode proteger a pessoa de mais sofrimento e
promover a privacidade necessária.

Adequar algumas regras e rotinas podem amenizar muito o sofrimento


dessas pessoas e familiares.
O contato com o bebe
Não há uma regra ou receita sobre a pessoa paciente e familiares
verem o bebê ou não e de como esse contato deve ser feito. Porém, alguns
cuidados são extremamente importantes e podem auxiliar as famílias sobre
o melhor caminho a seguir.

Estimular ou não a pessoa paciente a ver seu bebê?


Não deve ser uma imposição, é importante que haja uma estimulação
em ter contato físico e/ou visual com o bebê pelo fato de isso poder ajudar
na elaboração da perda.

O luto só pode ser elaborado quando a perda é concretizada. Pois,


algumas pessoas pacientes podem fantasiar que houve um engano da
equipe de saúde e que o bebê está vivo. Por isso, ver e se despedir do bebê
poderá ajudar na elaboração do luto.
Falas que devem ser evitadas
Muitas vezes, na tentativa de amenizar a dor e consolar a pessoa
paciente e familiares, a equipe de saúde usa palavras chavões inadequados:

Em casos de aborto:
"Foi melhor assim, ele poderia vir com uma malformação!"
"Você ainda é nova, pode tentar novamente!"

Em casos de malformação:
"Poderia nascer e não viver. E se vivesse, poderia sofrer muito!"

Em casos de qualquer outra perda:


"Deus sabe o que faz. Logo você irá engravidar de novo!"
"Você não deve chorar. Precisa deixar o bebê descansar em paz!"
Referências bibliográficas
https://lutocuritiba.com.br/2021/05/07/como-lidar-com-a-perda-gestacional/

https://dolutoalutaapoioaperdagestacional.wordpress.com/

http://hdl.handle.net/11449/183170

Imagens: google imagens

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