Lugares-Comuns Da Lírica, Ontem e Hoje
Lugares-Comuns Da Lírica, Ontem e Hoje
Lugares-Comuns Da Lírica, Ontem e Hoje
Um
*
Professor de Literatura Brasileira na UNESP/Araraquara desde
2004, onde defendeu tese de Doutorado (2002) em Estudos
Literários. Ex-professor de Literatura Brasileira na UnB –
Universidade de Brasília (1998 – 2004).
LINGUAGEM – Estudos e Pesquisas, Catalão, vols. 10-11 – 2007
nem mais alto nem mais puro / Porque para tudo havia
deuses, menos tu. [...]” (p. 87); “Tão cedo passa tudo quanto
passa! / Morre tão jovem ante os deuses quanto / Morre!
Tudo é tão pouco! / Nada se sabe, tudo se imagina. /
Circunda-te de rosas, ama, bebe / E cala. O mais é nada.” (p.
99); “Dia em que não gozaste não foi teu: / Foi só durares
nele. Quanto vivas / Sem que o gozes, não vives. // Não pesa
que ames, bebas ou sorrias: / Basta o reflexo do sol ido na
água / De um charco, se te é grato. // Feliz o a quem, por ter
em coisas mínimas / Seu prazer posto, nenhum dia nega / A
natural ventura!” (p. 143); “Vivem em nós inúmeros; / Se
penso ou sinto, ignoro / Quem é que pensa ou sente. / Sou
somente o lugar / Onde se sente ou pensa. // Tenho mais
almas que uma. / Há mais eus do que eu mesmo. / Existo
todavia / Indiferente a todos. / Faço-os calar: eu falo. // Os
impulsos cruzados / Do que sinto ou não sinto / Disputam
em quem sou. / Ignoro-os. Nada ditam / A quem me sei: eu
’screvo.” (p. 150); “De uma só vez recolhe / Quantas flores
puderes. / Não dura mais que até à morte o dia. / Colhe de
que recordes. // A vida é pouco e cerca-a / A sombra e o
sem-remédio. / Não temos regra para compelir-nos, /
Súbditos sem governo. // Goza este dia como / Se a vida
fosse nele. / Homens nem deuses fadam, nem destinam /
Senão o que ignoramos.” (p. 246).
Largamente utilizado por poetas líricos de várias
latitudes e altitudes, esse conjunto de lugares-comuns
também foi estudado por Antonio Candido, segundo vimos,
e por Helena Parente Cunha (“O tema da fugacidade do
tempo”), que percorre sua recorrência da lírica grega ao
Arcadismo brasileiro.
Além da migração de metáforas, temas, motivos e
tópicos, a Literatura Comparada também estuda outras
formas de migração, como as representadas por mitos,
personagens e figuras históricas. Como os mais conhecidos,
citam-se Orfeu – emblema mesmo do poeta lírico –, Medéia,
LINGUAGEM – Estudos e Pesquisas, Catalão, vols. 10-11 – 2007
Dois
Três
Referências bibliográficas