Avaliação em Saúde
Avaliação em Saúde
SAÚDE
Ana Cristina Reis
Cátia Martins de Oliveira
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
CARGA HORÁRIA:
32 HORAS | 4 SEMANAS
Autores:
Ana Cristina Reis
Cátia Martins de Oliveira
Reitor
Sidney Luiz de Matos Mello
Vice-reitor
Antônio Cláudio Lucas da Nóbrega
Pró-Reitoria de Graduação - Prograd
Pró-reitor: Renato Crespo Pereira
Coordenação de Educação a Distância - CEAD | UFF
Regina Célia Moreth Bragança
Revisão técnica
Camilla Maia Franco
Revisão de Conteúdo
Camila Louzada e Nathália de Ornelas
Projeto Gráfico
Daniele da Costa Pereira
Diagramação
Marcos Maurity e Paulo Carvalho
Autor
Túlio Batista Franco
Autores
Ana Lúcia Fontes Eppinghaus | Luiz Carlos Hubner Moreira | Maria Amelia Costa | Rozidaili dos Santos Santana
Penido
DVD
Edição e Produção
Marco Charret Brandt
E641 Organizado por: Abrahão, Ana Lúcia; Franco, Túlio Batista e Franco, Camilla Maia
e Casotti, Elisete.
Autoras: Reis, Ana Cristina; Oliveira, Cátia Martins de.
Micropolítica da Gestão e Trabalho em Saúde / Abrahão, Ana Lúcia; Casotti,
Elisete; Franco, Túlio Batista; Franco, Camilla Maia; Oliveira, Cátia Martins de; Reis,
Ana Cristina. Niterói: UFF. CEAD, 2018.
36p.
ISBN:
METAS
Oferecer subsídios teóricos e metodológicos na temática do monitoramento e
da avaliação em saúde, tendo como eixo norteador o processo de regionalização da
atenção à saúde em curso no país.
OBJETIVOS
1. Compreender as diferenças e similaridades entre monitoramento e avaliação em
saúde.
2. Conhecer as etapas de um processo avaliativo, com a perspectiva de sedimentar
e fortalecer os conhecimentos dos profissionais envolvidos com intervenções em
saúde pública.
3. Apresentar as bases teóricas e conceituais da institucionalização da avaliação em
saúde, estimulando a incorporação no cotidiano dos gestores.
4. Discutir experiências que almejam a incorporação da avaliação ao sistema
como eixo norteador e atividade intrínseca à rotina dos serviços, das ações, dos
programas e das políticas de saúde.
Tópicos de aulas:
Semana Temática/conteúdo
AULA 1 - Breve histórico da avaliação em saúde; Objetivos e usos da
1
avaliação em saúde
AULA 2 - Monitoramento e avaliação: diferenças e similaridades. A
2
Intervenção
3 AULA 3 - Etapas do processo avaliativo em saúde
4 AULA 4 - Institucionalização da avaliação
6 AVALIAÇÃO EM SAÚDE
SUMÁRIO
AULA 1 – BREVE HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO EM SAÚDE; OBJETIVOS
E USOS DA AVALIAÇÃO EM SAÚDE 11
AULA 2 – MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO: DIFERENÇAS E
SIMILARIDADES. A INTERVENÇÃO 15
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DE APRENDIZAGEM
Esta Unidade de Aprendizagem foi produzida com a intenção de discutir com
você, gestor, alguns pontos relevantes no campo da avaliação em saúde, entre eles:
as diferenças e similaridades entre monitoramento e avaliação, os objetivos e usos
da avaliação, as etapas do processo avaliativo, bem como os avanços e desafios da
institucionalização da avaliação em saúde no Brasil.
O tema é apresentado ao longo das aulas como uma ação inerente e indissociável
ao processo de gestão, tendo como eixo norteador a estruturação das redes de atenção
à saúde em curso nos país, reconhecidas como um modelo organizativo que busca a
consolidação dos princípios e diretrizes do SUS.
No entanto, não podemos deixar de mencionar que, mesmo a avaliação sendo
apontada como uma importante ferramenta de gestão, tanto do setor público quanto
privado, ela ainda é utilizada de forma muito incipiente e marginal nos processos de
decisão. Portanto, um dos grandes desafios para a disseminação da cultura avaliativa
é, sem dúvida, encontrar formas de mensurar os efeitos das intervenções e fornecer
informações úteis que permitam subsidiar a tomada de decisão de forma oportuna
e efetiva. À luz dessa discussão, iremos debater sobre algumas questões apreendidas
com as práticas avaliativas, com o intuito de produzir informações cientificamente
válidas e socialmente legítimas que gerem aumento da capacidade de reflexividade
e de julgamento para melhoria da atenção à saúde.
Esta unidade faz parte de uma série de esforços que vem se consolidando no
país para ampliar, entre os profissionais inseridos no SUS, a cultura do monitoramento e
da avaliação como prioridade para melhoria dos sistemas de saúde. E é com satisfação
que convidamos você a participar dessa jornada de reflexão no campo da avaliação em
saúde, em busca de um SUS efetivamente universal, equânime e integral.
Bom trabalho!
8 AVALIAÇÃO EM SAÚDE
BIBLIOTECA VIRTUAL
Esta é a biblioteca virtual da Unidade de Aprendizagem de Avaliação em Saúde.
Nela, sugerimos artigos, teses e livros que irão ajudar você a realizar as atividades
apresentadas ao longo das aulas. Consideramos que o estudo do material on-line
e a leitura dos textos de referência são fundamentais para que você amplie seus
conhecimentos sobre essa temática.
Lembre-se: é muito importante que você estabeleça uma rotina semanal de
estudos para que possa se dedicar às leituras, aos fóruns e às atividades programadas
para esta unidade.
Esperamos que você possa aproveitar bem este espaço! Bom estudo!
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
9
CONCEPÇÕES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS DA
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
Aqui serão apresentadas as concepções teórico-metodológicas do campo da
avaliação em saúde, com ênfase nas diferenças e similaridades entre monitoramento
e avaliação, seus objetivos e as etapas do processo avaliativo. Serão abordados o
uso do modelo lógico para descrever a intervenção, a elaboração de perguntas
avaliativas, e da matriz de relevância e de julgamento, bem como a importância da
disseminação das informações produzidas durante o processo avaliativo.
As intervenções, isto é, as políticas, os programas, os serviços e/ou as
tecnologias de saúde são tratados como objeto-alvo da avaliação. Sendo assim,
ao avaliar uma intervenção, também é necessário identificar qual foi a situação-
problema que a originou, em que contexto a intervenção está inserida e quais são
os efeitos esperados para aquela intervenção.
Desse exercício resultou a definição de cinco temas articulados entre si, com os
quais você irá interagir, e que estão apresentados no Quadro 1. É importante ressaltar
que, na organização curricular da UA, os temas representam “partes” que abrigam
as aulas e oferecem um conjunto sistematizado de conhecimentos que irão ajudar
você a compreender melhor as concepções teóricas e os desafios de um sistema de
avaliação em saúde no Brasil.
10 AVALIAÇÃO EM SAÚDE
1
Aula
BREVE HISTÓRICO DA
AVALIAÇÃO EM SAÚDE,
OBJETIVOS E USOS DA
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
11
1) BREVE HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO EM SAÚDE
Nesta aula, apresentamos o período em que a prática avaliativa surgiu e como ela
vem se modificando ao longo dos tempos, assim como seus objetivos e usos no campo
da saúde.
12 AVALIAÇÃO EM SAÚDE
• Produtividade dos trabalhadores.
Existe em nossa sociedade uma preocupação cada vez maior com a complexi-
dade dos problemas existentes e com os esforços que se estabelecem para resolvê-
los. Porém, a implementação dessas intervenções, para responder também de forma
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
13
oportuna e eficiente, exige recursos financeiros, e o gestor, muito frequentemente,
se vê comprometido com os déficits orçamentários, precisando de informações
precisas sobre a necessidade de manutenção da intervenção, seus custos e
necessidade de adaptações. Nesse sentido, a avaliação como função gestora tem
por finalidade qualificar a tomada de decisão por meio de informações baseadas no
acompanhamento sistemático das intervenções ou no julgamento reflexivo sobre as
intervenções.
3. Determinar o mérito dos efeitos de uma intervenção para decidir se ela deve
ser mantida, modificada ou interrompida – objetivo somativo.
Quanto aos usos da avaliação, vários autores têm destacado a sua importância
para demonstrar os resultados às partes interessadas (financiadores, clientes, gestores,
trabalhadores etc.), proporcionando maior transparência às ações, bem como para
produzir comparações entre programas e decidir qual deve ser mantido, examinar
intervenções efetivas para replicação em outros locais, favorecer o aprendizado como
oportunidade de reflexão e disseminação do conhecimento. Porém, para identificar
os usos esperados de uma avaliação, é importante saber quem são os interessados e
ouvi-los, a fim de verificar o que eles querem saber do processo avaliativo, auxiliando
Para Refletir...
14 AVALIAÇÃO EM SAÚDE
2
Aula
MONITORAMENTO E
AVALIAÇÃO: DIFERENÇAS E
SIMILARIDADES. A
INTERVENÇÃO
Nesta aula apresentaremos o monitoramento e avaliação (M&A) como
funções gestoras em saúde, bem como o seu objeto: a intervenção. Ambos são
processos organizativos que visam à melhoria das atividades em andamento,
agregar informações para prestação de contas, além de produzir evidências válidas
e fidedignas sobre a efetividade e a eficiência das intervenções. No entanto, existem
algumas diferenças que destacamos abaixo.
Para Refletir...
Você identifica uma política ou programa de saúde que tenha sido
avaliado nos últimos anos em seu estado ou em seu município?
A avaliação foi conduzida pela equipe da própria secretaria de saúde
ou por agentes externos?
Qual a contribuição dessa avaliação para a gestão em saúde? Leve
suas reflexões para o fórum dessa Unidade e troque ideias com seus colegas
e tutor.
16 AVALIAÇÃO EM SAÚDE
O Objeto do M&A: a intervenção
Para dar início ao monitoramento ou a uma avaliação, a primeira coisa a se
fazer é conhecer todas as características da intervenção, que serão o objeto-alvo do
processo avaliativo. Começaremos pela descrição da situação-problema que deu
origem à intervenção, para, em seguida, descrever os processos envolvidos em sua
configuração.
Uma intervenção pode ser concebida como um sistema organizado de ação que
visa, em um determinado ambiente e durante um determinado período, a modificar o
curso previsível de um fenômeno/agravo para mudar uma situação-problema. (CHAM-
PAGNE, et al2011).
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
17
Exemplos de intervenções:
18 AVALIAÇÃO EM SAÚDE
• Planejamento: é um processo que diz respeito à formulação dos
objetivos e das ações orientadas para tornar realidade um objetivo futuro.
Considera aspectos como prazo, os custos, a qualidade, a segurança, o
desempenho e outros condicionantes. Nessa etapa formula-se a estratégia de
ação da intervenção.
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
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20 AVALIAÇÃO EM SAÚDE
3
Aula
ETAPAS DO
PROCESSO AVALIATIVO
Agora que você, gestor, já conheceu um pouco mais sobre monitoramento e ava-
liação e se apropriou dos seus conceitos, usos, diferenças e similaridades, está convidado
a percorrer conosco as etapas de um estudo avaliativo sistemático.
22 AVALIAÇÃO EM SAÚDE
Por que usar o modelo lógico para descrever a intervenção? Porque ele?
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
23
Figura 5: Modelo lógico das ações de estruturação de uma rede
de atenção em saúde com foco no Fortalecimento da AB
Avaliação de Processo:
Usualmente, é equivalente à análise de implantação/implementação.
Complementa ou explica como os recursos foram mobilizados e/ou como as
atividades foram realizadas.
Responde a questões do tipo:
As ações de controle estão ocorrendo em conformidade com as normas
técnicas? Os insumos necessários para realização das ações estão disponíveis?
As ações se acomodam aos direitos assistenciais dos usuários? São
convenientes?
Avaliação de Resultado:
Contempla ou explica as razões pelas quais as atividades do programa
alcançaram ou não os seus resultados. Enfatiza as relações causais entre o
programa e o seu efeito na população-alvo.
24 AVALIAÇÃO EM SAÚDE
Responde a questões do tipo:
O programa foi responsável pelo aumento da taxa de cura? Quais fatores
influen- ciam esse aumento?
Em que medida o modo de organização das ações influencia o grau de
satisfação dos usuários do programa?
Avaliação de Impacto:
Analisa as relações entre as tendências epidemiológicas da doença e os
programas de controle e outros fatores associados. A avaliação de impacto,
além de exigir um certo tempo de consolidação da intervenção e ter foco na
população geral, requer um desenho ainda mais complexo, usualmente de
alto custo, e, por isso não é realizada com tanta frequência.
b) Julgamento da avaliação
• Teoria;
• Experiências anteriores;
• Recursos técnicos-científicos disponíveis;
• Interesses de diferentes grupos sociais.
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
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26 AVALIAÇÃO EM SAÚDE
4
Aula
INSTITUCIONALIZAÇÃO
DA AVALIAÇÃO EM SAÚDE
Nesta aula, você irá refletir sobre os limites e desafios da incorporação da avaliação
no sistema de saúde, no intuito de produzir respostas mais oportunas e efetivas para
qualificar os processos de planejamento e gestão das políticas e programas.
A ênfase será dada em uma abordagem de avaliação orientada para a tomada
de decisão, visando a apoiar os gestores locais no desenvolvimento de linhas de ação
que produzam melhoria na atenção prestada à população. Com efeito, cria-se uma
oportunidade de aprendizado participativo, interdisciplinar e dialógico (FIGUEIRÓ et
al, 2010;, FELISBERTO, 2006).
Serão apresentados os pressupostos teóricos da institucionalização da
avaliação e um breve resgate de como esse movimento reverberou no Brasil,
destacando alguns exemplos de estudos avaliativos, com vistas ao fortalecimento
da capacidade de gestão do sistema, principalmente se considerarmos o processo
de regionalização de redes de atenção à saúde em curso no país.
É importante ressaltarmos que a institucionalização da avaliação tem como pre-
missa refletir a realidade, por meio de ferramentas que auxiliem o aprimoramento
das ações de cuidado em saúde, incorporando-as no cotidiano de gestores e
profissionais. Esse processo, que pode ser reconhecido como “fator qualificador do
processo de gestão” (HARTZ & CONTADRIOPOULOS, 2006), vem sendo desenvolvido
em diversos países, tais como Estados Unidos, Inglaterra, Canadá e França, desde os
anos 70, associado à expansão da atenção à saúde e ao desenvolvimento científico e
tecnológico em saúde (TANAKA & TAKAMI, 2012; CARVALHO, 2012).
No Quadro 2, estão destacados os temas e objetivos que irão ajudar você a
compreender melhor a dinâmica apresentada nesta disciplina, visando à produção
de conhecimento, no âmbito da avaliação em saúde, que poderá apoiar pessoas,
organizações e grupos sociais a fazerem escolhas mais consistentes na busca de
resultados mais efetivos.
a) Institucionalização da avaliação em saúde: bases teóricas e conceituais
Ninguém poderá jamais aperfeiçoar-se se não tiver o mundo como mestre.
A experiência se adquire na prática
(William Shakespeare)
Mesmo reconhecendo que a capacidade de avaliação contribui para a gestão,
a sua incorporação ocorre ainda de forma muito incipiente e marginal nos processos
de decisão, em função, principalmente, da dinâmica dos serviços e da necessidade
de recursos e tempo. Os gestores, assoberbados com as tarefas do dia a dia, precisam
lidar com o excesso de burocracia e a dificuldade de obtenção de recursos e estão
assumindo cada vez mais novas atribuições, principalmente com o processo de
regionalização da atenção à saúde, que adquire espaço crescente na agenda do SUS
(TANAKA e TAMAKI, 2012).
É nesse sentido que a avaliação precisa que seu poder de indução de mudanças
possa ser percebido para dar respostas às situações que estão sendo vivenciadas no
âmbito da gestão, tanto para aqueles que ocupam cargos de direção quanto para os
responsáveis pela implementação de ações decorrentes da decisão tomada.
Em outras palavras...
É preciso despertar nesses atores o interesse em avaliar o seu processo de
trabalho, de forma a torná-los mais motivados a fortalecer as suas práticas e a influir
no aperfeiçoamento da gestão do SUS. Além disso, o envolvimento da audiência na
avaliação contribui para o seu êxito, pois assegura maior credibilidade e legitimidade
(CHAMPAGNE, 2011).
28 AVALIAÇÃO EM SAÚDE
Então, o que é institucionalizar a avaliação?
De acordo com Tanaka (2006), é importante nos remeter ao dicionário
para entender o significado de institucionalizar que é, segundo o Aurélio,
“dar começo, estabelecer, fazer comum”.
Institucionalização da avaliação
• Dar começo a uma prática inerente às ações e às organizações de saúde,
visando a à qualificação dos processos (TANAKA, 2006)
• Incorporar a avaliação ao sistema, possibilitando monitorar a
capacidade dos serviços em responder as necessidades de saúde
(TAKEDA e TALBOT, 2006).
• Criar uma cultura de avalição, permitindo que qualquer decisão seja
tomada com bases em evidências (CONTANDRIOPOULOS, 2006)
Fonte: Samico et al, 2010.
Esses autores destacam que ter um sistema de avaliação instituído pode gerar
maior garantia na utilização dos recursos, estimular que as atividades se realizem de
maneira oportuna e assegurar maior acesso aos serviços demandados pela população.
A gestão pública se fortalece tomando suas decisões a partir da observação das
evidências, do desempenho e, em alguns casos, do impacto resultante das ações
implementadas (TAMAKI, 2012; CONNIL, 2012).
Note que, ao discutir sobre institucionalização da avaliação em saúde, não
estamos queremos querendo, necessariamente, criar uma nova função, um outro
departamento e novos papéis profissionais com regras de decisão diferenciadas. A
proposta consiste em estabelecer um movimento que incorpore a prática avaliativa
de forma transversal aos processos de trabalho em saúde já desenvolvidos, tornando
distintos atores partícipes e interessados pelos resultados da avaliação (FELISBERTO,
2006).
O que estamos querendo dizer com isso?
Que esse processo, para se legitimar, pressupõe o envolvimento e a dis-
posição de diversos atores em participar de processos avaliativos que pro-
movam a capacidade de reflexividade para produção social do conhecimento
Esse envolvimento será o caminho para o uso da avaliação na gestão dos servi
ços de saúde, visando à incorporação de práticas inovadoras à forma habitual
de trabalho das pessoas e da organização (TANAKA e TAMAKI, 2012).
Tendo em vista esses aspectos, é importante destacarmos que a incorporação da
avaliação deve acontecer sem estar atrelada ao poder de cobrança de compromissos
ou perseguição de metas e produtividade, mas com a intenção de redirecionar as
prioridades no âmbito da gestão do cuidado. Segundo Felisberto (2006), é muito
comum os processos avaliativos ficarem subordinados à prestação de contas a
organismos financeiros ou medição de resultados das intervenções para atender
aos formuladores de programas ou políticas setoriais. A institucionalização deve
extrapolar esses limites e se afirmar como uma ação que dialoga com os sujeitos do
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
29
sistema, para a formação de novas práticas de gestão que sejam coerentes com as
necessidades da população.
Para Refletir...
Quais fatores podem facilitar ou dificultar a institucionalização
da avaliação em saúde?
Para Refletir...
30 AVALIAÇÃO EM SAÚDE
Atividade de Avaliação UA 6
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
31
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