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Figuras de Estilo

Este documento descreve diferentes figuras de estilo literárias divididas em três categorias: 1) Figuras de sintaxe, 2) Figuras de pensamento, e 3) Tropos. Dentro destas categorias, define e exemplifica figuras como metáfora, alegoria, sinestesia, personificação, metonímia e outras.

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Este documento descreve diferentes figuras de estilo literárias divididas em três categorias: 1) Figuras de sintaxe, 2) Figuras de pensamento, e 3) Tropos. Dentro destas categorias, define e exemplifica figuras como metáfora, alegoria, sinestesia, personificação, metonímia e outras.

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Figuras de estilo ou recursos estilísticos

É comum distribuírem-se as figuras de estilo em três grandes categorias:

a) Figuras de Sintaxe ou de Construção (Elipse, Zeugma, Pleonasmo, Anáfora,


Anástrofe, Hipérbato, Anacoluto, Assíndeto, Silepse);

b) Figuras de Pensamento Interrogação (Pergunta de Retórica), Exclamação,


Hipérbole, Apóstrofe, Prosopopeia (Personificação ou Animismo), Perífrase, Antítese,
Oxímoro, Paradoxo, Gradação);

c) Tropos (Comparação, Metáfora, Imagem, Alegoria, Ironia, Eufemismo,


Disfemismo, Sinédoque, Metonímia).

A comparação, como o próprio nome indica, consiste "Dentro da casa o mar ressoa como no interior de
Comparação na associação entre dois termos diferentes, mas entre um búzio." (Sophia M. B. Andresen);
os quais há algo que permite aproximá-los.
"O silêncio pesava como chumbo."

"As árvores pareciam velas desfraldadas ao vento."


Metáfora A METÁFORA, como precisa a sua etimologia, "Trave da tua casa, lume da tua lareira." (José
além de procurar a concisão, transfigura o sentido das Saramago) [Referindo-se à avó]
palavras, dando a ideia de um transporte e de uma
mutação. A escrita metafórica surge como um Fios de sol escorriam de uma azinheira, perto da
procedimento de codificação, exigindo, da parte do estrada" (Vergílio Ferreira)
leitor, uma espécie de tradução, tentando decifrar o
referente que se encontra detrás do signo. Na "Amor é fogo que arde sem se ver," (Camões)
metáfora está sempre implícita uma comparação, ou
seja, como que corresponde a uma associação
comparativa entre duas realidades, entre duas ideias,
mas coladas uma à outra sem quaisquer elementos
que explicitem essa associação
Alegoria A ALEGORIA é uma composição simbólica, feita "O polvo, com aquele seu capelo na cabeça,
de vários elementos que formam um conjunto parece um monge; com aqueles seus raios
coerente e reenviam termo a termo para o conteúdo estendidos, parece uma estrela; com aquele não ter
significado. A alegoria pode ser considerada como osso nem espinha, parece a mesma brandura, a
uma metáfora ou como uma comparação prolongada. mesma mansidão." (A. Vieira)
Sinestesia Fala-se de SINESTESIA quando detectamos uma Gritam-me sons de cor e de perfumes." (M. Sá-
combinação ou fusão de diversas impressões Carneiro)
sensoriais (visuais, auditivas, olfactivas, gustativas e
tácteis) entre si, e também entre as referidas "E fere a vista com brancuras quentes" (Cesário
sensações e sentimentos. Verde)
Personificação Consiste em atribuir qualidades ou características "Entretanto, Lisboa arrojava-se aos meus pés."
humanas a tudo o que não seja humano (ideias, (Eça de Queirós)
animais, plantas, coisas, objectos inanimados, o "A tarde descia, pensativa e doce, com
irracional, etc.). nuvenzinhas cor-de-rosa" (Eça de Queirós)
Metonímia A METONÍMIA (do grego metonymía = mudança - ser uma pena brilhante = ser um grande escritor
de nome) consiste em designar uma determinada - ter cinco bocas para alimentar = ter cinco
realidade por meio de um termo que se refere a uma pessoas para alimentar
outra realidade, mas entre as quais (entre as duas - foi movimentada a redonda na relva = foi
realidades) existe uma relação. Na metonímia, a movimentada a bola
associação que se estabelece entre X e Y (entre duas - ser o Cristo da turma = ser o que sofre todas as
realidades, entre duas ideias) é o resultado de uma consequências
relação por contiguidade e não por semelhança. A - ter uma óptima cabeça
METONÍMIA funda-se em relações de causalidade, - beber um copo => beber o líquido contido num
procedência ou sucessão entre as duas palavras que copo
se interligam.
Sinédoque A SINÉDOQUE é uma variedade de METONÍMIA, “Que, da Ocidental praia lusitana" => Portugal
que consiste em exprimir a parte pelo todo (pars pro "o português é valente" => os portugueses são
toto), ora o todo pela parte (totum pro parte): o valentes
telhado pela casa, a nação pelo governo, etc.
Antítese A ANTÍTESE reside na oposição dos contrastes em "No terror e esplendor da emoção" (Eça de
estado puro e na forma mais ou menos simétrica que Queirós)
os coloca em relevo. A significação ideológica que
daí se pode retirar pertence a um outro domínio.
Oximoro O OXÍMORO, assentando na ligação de duas "Amor é fogo que arde sem se ver;
imagens que, na realidade, parecem excluir-se, É ferida que dói e não se sente; (Camões)
representa uma intensificação especial da
ANTÍTESE. Enquanto na ANTÍTESE, se explicita "Foste tu que partiste,
numa contradição entre dois campos perfeitamente Meu amargo prazer, doce tormento!"
distintos (A / B), no OXÍMORO, assiste-se a uma
espécie de sobreposição dos dois campos AB.
Ironia A Ironia consiste em dar a sensação de louvar o que "Que belo empregado tu me saíste!" [=
se pretende condenar, em exprimir as suas intenções irresponsável, incompetente...]
por ANTÍFRASES, em dizer o inverso do que se
pretende deixar entender. Com a IRONIA pretende- “A inteligente Silveirinha” (E. Queirós)
se sugerir o contrário daquilo que se diz com as
palavras.
Hipérbole Corresponde sempre a um exagero, seja do real seja "A sua alma era um vulcão"
do imaginário, por excesso ou por defeito.
Eufemismo O EUFEMISMO surge assim como forma de atenuar "Entregar a alma ao criador." (por 'morrer')
a verdade catastrófica, com vista a diminuir a força
do impacto que a verdade poderá causar. Isto é,
consiste em suavizar o carácter desagradável,
horrível, penoso, grosseiro ou indecoroso, de um
julgamento, de uma notícia, de um pensamento, etc.
Hipálage A hipálage consiste em atribuir a um substantivo um "Na rua, a estanqueira chegou-se à porta, vestida
epíteto que apropriadamente se devia atribuir a outro de luto, estendendo o seu carão viúvo" (Eça Q.)
substantivo do co-texto. Trata-se de uma alteração ['carão de viúva']
gramatical e simultaneamente semântica, da relação "fumar um pensativo cigarro" (Eça Q.) ['fumar
entre um adjectivo e um substantivo: em vez de o pensativamente um cigarro']
adjectivo se encontrar ligado ao substantivo que "Abria os olhos molhados de culposas lágrimas."
semanticamente o exigiria, aparece relacionado com (Camilo C. Branco) [A culpa é relativa ao sujeito e
um outro: não às lágrimas]
"O aro de oiro dos seus óculos burocráticos" (Eça
de Queirós)
"Atacou com um pedal solene o hino da carta."
(Eça de Queirós)
"As tias faziam meias sonolentas" (Eça de
Queirós)
Anáfora A Anáfora consiste em iniciar vários versos ou frases, Cresci de mais, como destino"
ou sucessivos membros de frases por uma mesma Cresci de mais para a o meu berço. (José Régio)
palavra ou grupo de palavras (x... / x... / x...). A
Anáfora pratica-se tanto em prosa quanto em verso
Pleonasmo Designa as redundâncias mal formadas, sobretudo do "Vi claramente visto o lume vivo
ponto de vista gramatical e lexical: Que a gente tem por santo" (Camões)
Paralelismo Genericamente, PARALELISMO significa toda a "Ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, afia-lhe o
forma de construção que reproduz um mesmo nariz, abre-lhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-
esquema, sobretudo se se trata de correspondências lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe
verticais entre as frases. A construção paralela torna- as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os
se mais intensa quando é sublinhada pela repetição de vestidos." (Vieira)
palavras dominantes sintacticamente, como pode
acontecer com a ANÁFORA.
Aliteração Enquanto a assonância recai sobre a repetição de sons "Que o fraco rei faz fraca a forte gente." (Camões)
vocálicos, a Aliteração incide sobre a repetição de "Na messe, que enlourece, estremece a
sons consonânticos. A ALITERAÇÃO tem sobretudo quermesse...
uma função imitativa. O sol, o celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos
fenos... (Eugénio de Castro)
Hipérbato O HIPÉRBATO é uma figura de construção que "Casos que o Adamastor contou futuros" (L.
consiste na inversão violenta da ordem normal dos Camões)
membros de uma frase, podendo manifestar-se pela
separação do substantivo e do adjectivo, pela "Tamanho o ódio foi e a má vontade" (L.
colocação do sujeito ou do verbo no fim da oração, Camões)
pela alteração do lugar habitual de complementos
regidos preposicionalmente, etc.
Anástrofe É um tipo de HIPÉRBATO, mas cuja inversão da "Longas são as estradas da Galileia." (Eça de
ordem natural das palavras na cadeia sintagmática se Queirós)
revela menos violenta:
Perífrase A PERÍFRASE propriamente dita é uma designação "... a gente chama
descritiva que substitui uma palavra. Ou seja, Aquele que a salvar o mundo veio" (L. Camões)
consiste em exprimir por meio de expressões ou => 'Cristo'.
frases completas o que seria possível dizer-se numa "Tenho estado doente. Primeiramente, estômago e
só palavra. depois, um incómodo, um abcesso naquele sítio em
que se levam pontapés..." (Eça de Queirós) [a
perífrase coabita com o eufemismo]
Enumeração Trata-se de uma técnica de escrita que justapõe "Em vós, ó coisas grandes, banais, úteis, inúteis
palavras ou grupos de palavras, suprimindo ao Ó coisas todas modernas" (F. Pessoa)
máximo as partículas de ligação.
Assíndeto O ASSINDETO é uma figura de PARATAXE que "...uma vasta cidade, onde o homem tenha durante
omite os elementos de ligação entre vocábulos ou o dia os clubes, o cavaco, os museus, as ideias, o
orações, sobretudo as conjunções de coordenação, e, sorriso de outras mulheres - a mulher tenha as
em particular a copulativa e (geralmente substituída ruas, as compras, os teatros, a atenção de outros
pela vírgula, mas podendo não aparecer qualquer homens;" (Eça de Queirós)
sinal de pontuação).
"Eu que sou feio, sólido, leal, / A ti, que és bela,
frágil, assustada" (C. Verde)
Polissíndeto Contrariamente ao que acontece com o
ASSÍNDETO, o POLISSÍNDETO consiste na "Que as estrelas e o céu e o ar vizinho
repetição intencional da conjunção, visando criar E tudo quanto se via namorava" (Camões)
determinadas sugestões, ou pode ocorrer, com ou sem
valor sugestivo, para preservar um determinado
metro (mesmo número de sílabas):

Gradação consiste numa seriação não de elementos, mas de "Os vales aspiram a ser outeiros, e os outeiros a
ideias. Daí que seja natural considerar-se dois tipos ser montes, e os montes a ser Olimpos e a exceder
de gradação: as nuvens." (António Vieira)

GRADAÇÃO ASCENDENTE ou PROGRESSIVA "Correi, subi, voai, num turbilhão fantástico." (G.
Azevedo)

"Uma pequena coisa, uma insignificância, uma


GRADAÇÃO DESCENDENTE ou REGRESSIVA nica, tudo o afligia."

Interrogação A utilização da pergunta de retórica não pretende "Que fica da vida? Os grandes feitos ou o dia?"
retórica obter ou dar qualquer resposta. Ela é introduzido seja (Ruy Belo)
para tornar mais vivo o discurso, seja para realçar o
pensamento, seja para reflectir sobre algo que é
inquestionável...
Apóstrofe ou Por APÓSTROFE entende-se uma interpelação a "Ó tu, Guarda divina, tem cuidado
invocação alguém, presente ou ausente, leitor ou ouvinte, De quem, sem ti..." (Camões)
personagem ou objecto personificado, humano ou
divino “Ó mar salgado, quanto do teu sal/são lágrimas de
Portugal!” (F. Pessoa)

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