A Ética Utilitarista e o Caso Da Coroa Contra Dudley e Stephens
A Ética Utilitarista e o Caso Da Coroa Contra Dudley e Stephens
A Ética Utilitarista e o Caso Da Coroa Contra Dudley e Stephens
STEPHENS.
Resumo: A todo instante o indivíduo se depara com decisões para tomar. Quais as
implicações dos atos do indivíduo na sociedade? O presente artigo visa refletir acerca
da ótica filosófica da ética utilitarista, analisando o caso concreto da Coroa contra
Dudley e Stephens, que envolveu atos de canibalismo. Pode o canibalismo ser aceito
em casos extremos ? Podemos relativizar o horror do ato em si em prol da
sobrevivência humana ?
Introdução
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Advogada, Especialista em Direito Público e Direito Privado pela ESMEPI – Escola Superior de
Magistratura do Estado do Piauí em convênio com a UFPI – Universidade Federal do Piauí.
Especializanda em Direito de Propriedade e Desenvolvimento Sustentável pelo IDP – Instituto
Brasiliense de Direito Público. Mestranda em Educação pelo Florida Christian University.
1.Sobre o caso Coroa contra Dudley e Stephens
No bote, eles estavam sem água potável e tinham apenas duas latas de
nabos em conserva para se alimentarem. Os dias se passavam e a esperança
de resgate tornava-se cada vez mais remota. Nos primeiros dias, alimentaram-
se dos nabos, depois, pegaram uma tartaruga e conseguiram sobreviver por
mais uns dias. Logo ficaram sem ter o que comer nem beber por oito dias, e
Richard Parker, o jovem taifeiro, bebeu água do mar, contrariando as
instruções dos companheiros, e ficou muito doente.
O breve relato dos fatos faz pensar: o que faríamos numa situação
extrema como essa? Deixando a perspectiva legal de lado, seria moralmente
aceitável sacrificar uma vida para manter outras? Há como mensurar o valor de
uma vida?
O jovem taifeiro, era candidato natural ao sacrifício, já que morreria de
qualquer maneira, por ter bebido água salgada. Ademais, não tinha pais nem
dependentes, sua morte não privaria o sustento de ninguém, ao contrário de
Dudley e Stephens, que tinham mulher e filhos.
É certo que a necessidade não justifica atos ilegais, mas existe um grau
de necessidade que se exonera a culpa? O canibalismo é uma prática
moralmente e legalmente reprovável em todas as sociedades do mundo, mas é
importante relevar que as regras que permeiam a sociedade são formuladas
em abstrato, ou seja, podem surgir novas situações em que as situações
previamente legisladas não se encaixem.
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KETZER, Patricia. O caso da Coroa contra Dudley e Stephens e o Utilitarismo . Anais do Simpósio de
Filosofia e Direito, Vol. 1, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo – RS, 2015.
preferências de cada um forem consideradas em conjunto co
as de todos os demais. E isso significa que a lógica utilitarista,
se aplicada de forma consistente, poderia sancionar a violação
do que consideramos normas fundamentais da decência e do
respeito no trato humano [...]”
Outro filósofo utilitarista, John Stuart Mill reformula a teoria proposta por
Bentham, conciliando as premissas utilitaristas com os direitos individuais,
defendendo que a liberdade individual é inerente a todo ser humano, que todos
são livres pra fazer o que desejam, desde que não interfiram ou prejudique a
vida de outros.
3. Conclusão
SANDEL, Michael. Justiça: O que é fazer a coisa certa? 15. Ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2014.