Manual Redação Enem
Manual Redação Enem
Manual Redação Enem
da Redação
ENEM
Redações nota 1000 de 2011 até 2018
Dicas de como você criar seu esquema de Redação
157 citações para você usar na Redação
@vestmapamental
Este “Manual da Redação do ENEM” foi
desenvolvido por mim, Lucas Montini, do
@vestmapamental, para ajudar você que está
precisando de auxílio na Redação ou está buscando
motivação para melhorar suas Redações.
Com isso, as novas redes sociais, surgidas nesse início do século XXI, se tornam os
principais vetores da alienação cultural e social da população, uma vez que todos possuem um
perfil virtual com acesso imensurável a todo o tipo de informações. Por isso, diversas
empresas e personalidades se valem da criação de perfis próprios, atraindo diversos
seguidores, aos quais impõe sua maneira de agir e pensar. Esses usuários, então, se tornam
mais vulneráveis e suscetíveis à manipulação virtual .
Outro ponto negativo dessas redes, como o Facebook e o Twitter, é o fato de todo o
conteúdo publicado ficar armazenado na internet, permitindo a determinação do perfil dos
usuários e a escolha da melhor maneira midiática de agir para conquistá-los. Além disso, o uso
indiscriminado de tais perfis possibilita a veiculação de imagens ou arquivos difamadores,
servindo como ferramenta política e social para aumentar a credibilidade de determinadas
personalidades, como ocorre com Hugo Chaves em sua ditadura na Venezuela e
comprometendo outras, com falsas denúncias, por exemplo.
Cidadania virtual
Assistimos hoje ao fenômeno da expansão das redes sociais no mundo virtual , um
crescimento que ganha atenção por sua alta velocidade de propagação, trazendo como
consequência , diferentes impactos para o nosso cotidiano. Assim, faz-se necessário um
cuidado, uma cautelosa discussão a fim de encarar essa nova realidade com uma postura
crítica e cidadã para então desfrutarmos dos benef ícios que a globalização dos meios de
comunicação pode nos oferecer.
A internet nos abre uma ampla porta de acesso aos mais variados fatos, verbetes,
imagens, sons, gráficos etc. Um universo de informações de forma veloz e prática permitindo
que cada vez mais pessoas, de diferentes partes do mundo, diversas idades e das mais
variadas classes sociais, possam se conectar e fazer parte da grande rede virtual que integra
nossa sociedade globalizada. Dentro desse contexto as redes sociais simbolizam de forma
eficiente e sintética como é o conviver no século XXI, como se estabelecem as relações sociais
dentro da nossa sociedade pós-industrial , fortemente integrada ao mundo virtual .
Toda a comodidade que a rede virtual nos oferece é , no entanto, acompanhada pelo
desafio de ponderar aquilo que se publica na internet, ficando evidente a instabilidade que
existe na tênue linha entre o público e o privado. Afinal , a internet se constitui também como
um ambiente social que à primeira vista pode trazer a falsa ideia de assegurar o anonimato. A
fragilidade dessa suposição se dá na medida em que causas originadas no meio virtual podem
sim trazer consequências para o mundo real . Crimes virtuais, processos jurídicos,
disseminação de ideias, organização de manifestações são apenas alguns exemplos da
integração que se faz entre o real e o virtual .
Para um bom uso da internet sem cair nas armadilhas que esse meio pode
eventualmente nos apresentar, é necessária a construção da criticidade , o bom senso entre
os usuários da rede , uma verdadeira educação capaz de estabelecer um equilíbrio entre os
dois mundos, o real e o virtual . É papel de educar tanto das famílias, dos professores como da
sociedade como um todo, só assim estaremos exercendo de forma plena nossa cidadania.
As inovações tecnológicas, em sua maioria , buscam criar soluções que facilitem cada
vez mais as nossas tarefas do cotidiano. Uma dessas tarefas, imposta pela sociedade , é a de
mantermo-nos presentes e participativos em nossos círculos de relacionamentos,
principalmente no dos amigos. Tarefa árdua em meio ao agito e falta de tempo do nosso
estilo de vida contemporâneo, tornou-se muito mais simples com o advento das redes sociais
digitais, como o “Facebook” e “Orkut ”, por exemplo. O sucesso dessas inovações é notado
pela adesão maciça e pelo aumento considerável no número de acessos.
A velocidade com a qual as redes virtuais foram inseridas em nossa sociedade ainda
não permitiu que as pessoas assimilassem e reconhecessem os limites que separam o
ambiente público do privado. Mediante esse descompasso, é importantíssimo que os
governos incluam na agenda da universalização do acesso às redes, também ações educativas
– palestras ou cursos – a fim de orientar os cidadãos, novos atores, sobre o que é e como
funciona esse novo palco de relações. Atitudes como essa é que vão garantir, com dignidade,
o acesso a esse mundo virtual de relações.
Orkut, Twiter e Facebook são alguns exemplos das redes sociais (virtuais) mais
acessadas do mundo e , convenhamos, a popularidade das mesmas se tornou tamanha que
não ter uma página nessas redes é praticamente como não estar integrado ao atual mundo
globalizado. Através desse novo meio as pessoas fazem amizades pelo mundo inteiro,
compartilham ideias e opiniões, organizam movimentos, como os que derrubaram governos
autoritários no mundo árabe e , literalmente , se mostram para a sociedade. Nesse momento
é que nos convém cautela e reflexão para saber até que ponto se expor nas redes sociais
representa uma vantagem.
Não saber os limites da nossa exposição nas redes virtuais pode nos custar caro e
colocar em risco a integridade da nossa imagem perante a sociedade. Afinal, a partir do
momento em que colocamos informações na rede , foge do nosso controle a consciência das
dimensões de até onde elas podem chegar. Sendo assim, apresentar informações pessoais em
tais redes pode nos tornar um tanto quanto vulneráveis moralmente.
Percebemos, portanto, que o novo fenômeno das redes sociais se revela como uma
eficiente e inovadora ferramenta de comunicação da sociedade, mas que traz seus riscos e
revela sua faceta perversa àqueles que não bem distinguem os limites entre as esferas
públicas e privadas “jogando” na rede informações que podem prejudicar sua própria
reputação e se tornar objeto para denegrir a imagem de outros, o que, sem dúvidas, é um
grande problema.
Dado isso, é essencial que nessa nova era do mundo virtual , os usuários da rede
tenham plena consciência de que tornar pública determinadas informações requer cuidado e ,
acima de tudo, bom senso, para que nem a própria imagem, nem a do próximo possa ser
prejudicada. Isso poderia ser feito pelos próprios governos de cada país, e pelas próprias
comunidades virtuais através das redes sociais, afinal , se essas revelaram sua eficiência e
sucesso como objeto da comunicação, serão, certamente, o melhor meio para alertar os
usuários a respeito dos riscos de seu uso e os cuidados necessários para tal .
Para os jovens, a maior dificuldade parece ser discernir o real do literário. Ainda em
formação moral , muitos deles assimilam as piadas e idéias alheias como suas, sem prévia
crítica. Acontecem assim, sem que haja controle , disseminações de brincadeiras de mau
gosto, de padrões comportamentais prejudiciais, muitas vezes, à vida e sociedade e à
construção de sua personalidade.
Diante das inúmeras discussões comportamentais que a nova era digital propicia, é
preciso repensar e nortear as ações individuais para que se mantenha agradável e saudável a
vivência coletiva. Órgãos públicos, agentes de educação e família devem trabalhar na
disseminação de informações sobre a vida online. Nesse sentido, será possível percebê-la
como qualquer outro ambiente social , que implica respeito e reconhecimento de limites
pessoais
2012
O Movimento Imigratório para o Brasil no século XXI
A imigração no Brasil
Durante , principalmente , a década de 1980, o Brasil mostrouse um país de
emigração. Na chamada década perdida , inúmeros brasileiros deixaram o país em busca de
melhores condições de vida. No século XXI, um fenômeno inverso é evidente: a chegada ao
Brasil de grandes contingentes imigratórios, com indivíduos de países subdesenvolvidos
latinoamericanos. No entanto, as condições precárias de vida dessas pessoas são desafios ao
governo e à sociedade brasileira para a plena adaptação de todos os cidadãos à nova
realidade.
Como se não bastasse , a economia brasileira também tem sofrido com a chegada dos
migrantes. Existem, entre eles, tanto trabalhadores desqualificados como profissionais
graduados. O problema reside na pouca oferta de emprego a eles destinada. Visto que não
recebem oportunidades, passam a integrar setores informais da economia , sem direitos
trabalhistas e com ausência de pagamento dos devidos impostos. O Estado, dessa forma ,
deixa de arrecadar capital e de aproveitar a mão-de-obra disponível , o que auxiliaria no
andamento da economia nacional .
Não parece que a solução seja simplesmente deixar que imigrantes pouco
qualificados continuem entrando no país de forma irregular e esperar que eles, sozinhos,
encontrem um ofício para se sustentar. O governo ainda não percebeu que a regularização
desses imigrantes e a inserção dos mesmos no mercado de trabalho formal poderiam servir
como oportunidades para o país arrecadar mais impostos e possíveis futuros cidadãos, ou seja
, novos contribuintes para a deficitária Previdência Social .
Visando aproveitar tais benef ícios, o governo poderia começar a implantar, nas
regiões por onde chegam os imigrantes, mais órgãos e agências que oferecessem serviços de
regularização do visto e da carteira de trabalho, posto que ainda há muita deficiência de
controle nesse setor. Além disso, nos destinos finais desses imigrantes poderiam ser
oferecidos cursos de português e cursos qualificantes voltados para os mesmos. Isso facilitaria
muito a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho formal e poderia inclusive suprir a
alta demanda por mão-de-obra em setores como o da construção civil , por exemplo.
Nesse sentido, é preciso que atitudes mais energéticas sejam tomadas a fim de que o
país não deixe escapar essa oportunidade: a de transformar o problema da imigração
crescente em uma solução para outros. A questão merece mais atenção do governo,
portanto, pois não deve ser a toa que o Brasil , além de ser conhecido pela hospitalidade ,
também o é pelo modo criativo de resolver problemas. Prestemos mais atenção aos olhares
que nos cercam; deles podem vir novas oportunidades.
Desde o Brasil Colônia , a imigração para o Brasil é expressiva. Foi preciso povoar o
território para garantir o controle da região e , além disso, escravos foram trazidos da África
para satisfazer as necessidades econômicas das lavouras. Mais tarde , já no Brasil Império,
com a abolição da escravatura , imigrantes europeus encheram os portos brasileiros para
substituir a mão-de-obra e embranquecer a população. No Brasil República , a abertura para o
capital estrangeiro trouxe multinacionais para o país. Neste século XXI, as causas da imigração
são outras e decorrem dos avanços do país.
Outro fator relacionado à imigração para o país envolve aspectos sociais. A educação
e a saúde são elementos fundamentais nesse processo. Por meio delas, os índices de pobreza
e analfabetismo reduzem, e grande parte da população tem acesso à estabilidade financeira e
qualidade de vida. A partir disso, o Brasil adquire estabilidade social e inverte o papel de
fornecedor de profissionais qualificados, os quais procuravam os centros de poder como a
Europa e os Estados Unidos.
Contudo, apesar de tais benef ícios, o fluxo imigratório pode ser prejudicial . Um
exemplo, verificado principalmente na fronteira com a Bolívia , é o tráfico de drogas, o qual é
facilitado. Além disso, doenças podem ser trazidas, vitimando brasileiros. Outra questão
problemática é a adaptação à língua portuguesa , o que pode dificultar a garantia de trabalhos
dignos. Com isso, pode aumentar a informalidade , bem como a criminalidade. Tal situação se
agrava quando a imigração é ilegal , pois dificulta a atuação do Estado brasileiro.
Desse modo, percebe-se que boa parte de tais problemas pode ser solucionada a
partir da integração do migrante à sociedade , de forma plena. No caso da sociedade civil ,
faz-se importante recepcionar bem os estrangeiros, o que pode ser conseguido com festas ou
encontros públicos, que facilitam a interação e o aprendizado da língua portuguesa. Quanto
ao Estado, é importante garantir a dignidade dos empregos, aplicando as dirigências da
Consolidação das leis do trabalho (CLT), além de fiscalizar regiões de fronteiras, combatendo
o tráfico de drogas.
2013
Efeitos da Implantação da Lei Seca no Brasil
Sucesso absoluto
Historicamente causadores de inúmeras vítimas, os acidentes de trânsito vêm
ocorrendo com frequência cada vez menor, no Brasil . Essa redução se deve , principalmente ,
à implantação da Lei Seca ao longo de todo o território nacional , diminuindo a quantidade de
motoristas que dirigem após terem ingerido bebida alcoólica. A maior fiscalização, aliada à
imposição de rígidos limites e à conscientização da população, permitiu que tal alteração
fosse possível .
Outro aspecto de suma relevância para essa mudança foi a definição de limites
extremamente baixos para o nível de álcool no sangue , próximos de zero. Isso fez com que
acabasse a crença de que um copo não causa qualquer diferença nos reflexos e nas reações do
indivíduo e que , portanto, não haveria problema em consumir doses pequenas. A capacidade
de julgamento de cada pessoa , outrora usada como teste , passou a não mais sê-lo e , logo,
todos têm que respeitar os mesmos índices independentemente do que consideram certo
para si .
Ademais, uma questão muito subjetiva é tratada e trabalhada pela nova legislação: a
empatia. É muito presente , ao longo da história das civilizações, a ocorrência de casos nos
quais alguns decretos e leis contribuíram na construção de uma sociedade mais ética e
virtuosa. Em decorrência disso, a implantação e a propaganda da Lei Seca , ao estimularem o
motorista a não beber antes de dirigir, podem também levá-lo a pesar as consequências de
seus atos: desrespeitar a lei , nessa situação, pode custar a vida de outrem. Assim, acidentes
advindos do alcoolismo no trânsito poderão ser evitados, não só pelo medo da punição, mas
também pela via da consciência ética.
Destarte , fica claro que a Lei Seca ajuda tanto regulamentação do trânsito, quanto na
formação moral do cidadão brasileiro. No entanto, a forma de tratar os que desrespeitam a lei
pode ser mudada. Ao invés de aplicação de multas, o governo federal poderia buscar parcerias
com ONGs interessadas e implantar um programa de reeducação social para os infratores.
Cursos de conscientização, aliados a trabalho voluntário em comunidades carentes poderiam
servir como orientação pedagógica para quem costuma beber e dirigir. Assim o trânsito no
Brasil poderá tomar as formas de uma dinâmica mais ética e segura para todos.
Ademais, como toda legislação vigente , tal proposta deve ser constantemente
reafirmada tanto nos âmbitos da cultura comum quanto na representação administrativa.
Vale ressaltar que , apesar de se registrar a diminuição de casos infracionais, eles ainda
existem, porquanto a organização social não absorveu totalmente o senso de direção
responsável . Em várias ocasiões ainda , o cumprimento legal é prejudicado por burocracias
relacionadas a áreas e limites de atuação dos governos.
Há , entretanto, um papel que a sociedade deve cumprir ao tornar uma lei parte da
conjuntura nacional . Esse papel se refere à transformação de comportamentos culturais, para
que a consciência coletiva enxergue o que a lei exige não como apenas uma obrigação legal ,
mas sim como um dever moral . Ou seja , dirigir após beber deve ser visto por todos como
uma agressão ao direito à vida e como falta de maturidade moral . A lei , portanto, tem seu
valor de conscientizadora de conduta.
Para efetivar essa consciência coletiva , distintas esferas políticas devem se integrar:
o governo federal deve se responsabilizar pela emissão de verbas e pela elaboração de
diretrizes a serem seguidas, e os governos estadual e municipal devem atuar na fiscalização e
na ação punitiva. Além disso, é essencial que aqueles que desrespeitam essa norma sejam
acompanhados por programas de assistência social , para que seja oportunizada uma
verdadeira mudança de comportamento. Por último, mostra-se pertinente que ações de
esclarecimento quanto à necessidade da Lei Seca ocorram frequentemente em escolas de
formação de condutores, construindo gerações conscientes.
O Estado, como defensor dos direitos da população e do bem estar social , deve criar
leis que impeçam a dominação das crianças pelo consumismo, impedindo a associação entre
produtos e elementos atrativos a elas. Deve-se utilizar da educação, principal elemento
transformador da sociedade , para criar nas crianças o discernimento entre o frívolo e o
necessário, coibindo o egoísmo e estimulando a solidariedade. A sociedade , por sua vez, deve
conscientizar-se , limitando o consumo das crianças para impedir o desenvolvimento da
cultura de consumo. Dessa forma , será possível criar um corpo social ético, harmonioso e
saudável .
É sabido que, no período da infância, o ser humano ainda não desenvolveu claramente
seu senso crítico, e assim é facilmente influenciado por personagens de desenhos animados,
filmes, gibis, ou simplesmente pela combinação de sons e cores de que a publicidade dispõe.
Os adolescentes também são alvo, numa fase em que o consumo pode ser sinônimo de
autoafirmação. Ciente deste fato, a mídia cria os mais diversos produtos fazendo uso desses
atributos, como brindes em lanches, produtos de higiene com imagens de personagens e até
mesmo utilizando atores e modelos mirins nos comerciais.
Do VHS ao Blu-Ray
Nas antigas fitas VHS, a divulgação dos novos filmes disponíveis para aparelhos de
DVD tornava a criança uma consumidora compulsória , capaz de qualquer coisa por aquele
novo meio de assistir filmes. Na atualidade , isso se repete quando os discos da Disney
mostram-se disponíveis em Blu-Ray. Entretanto, até onde essa publicidade infantil influencia
no desenvolvimento da criança? Tal influência seria benéfica? Para o Conselho Nacional de
Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), não. Essa postura representa um importante
passo para o Brasil .
Ademais, esse banimento não deve ser feito apenas com acordos entre o setor
publicitário e o governo. É necessária uma legislação que assegure um desenvolvimento livre
de manipulações para as crianças. Além de coibir tais propagandas deve-se punir aqueles que
as utilizarem. Para isso, é preciso reformular o Código Penal brasileiro, vigente desde 1941 –
contexto de um país ruralizado, com relações jurídicas menos complexas que as atuais – e
insuficiente para punir tais infratores. Não é , no entanto, responsabilidade única do Estado a
atual situação da publicidade infantil brasileira. Como afirmou Sérgio Buarque , em sua obra
“Raízes do Brasil”, os brasileiros estão acostumados a tratarem o Estado como um pai ,
deixando todas as questões político-sociais em suas mãos. Com a finalidade de proteger suas
crianças, cabe aos pais abandonar essa característica patrimonialista e exigir mudanças, sem
depender de governo ou de agências publicitárias.
Percebe-se , destarte , que a publicidade infantil , para ser regulamentada e
controlada , necessita de uma ação conjunta entre o Estado, o setor publicitário e os cidadãos.
No nível juridico, estabelecer normas para as agências publicitárias (não utilizar
personalidades infantis ou associar felicidade a consumo) é uma medida extremamente
eficaz. Corrobora tal ação a fiscalização das propagandas por parte da sociedade , a partir de
reclamações publicadas em fóruns virtuais. Desse modo, assegura-se o desenvolvimento das
crianças brasileiras livre de instrumentos de alienação.
Além disso, a continuidade de práticas violentas contra a mulher é favorecida pelo que
o pensador Pierre Bourdieu definiu como violência simbólica. Nesse tipo de violência , a
sociedade passa a aceitar como natural as imposições de um segmento social hegemônico,
neste caso, o gênero masculino, causando a legitimação da violação de direitos e/ou da
desigualdade. Nesse contexto, urge a tomada de medidas que visem mitigar a crença de que
as mulheres são inferiores. Para isso, cabe à sociedade civil organizada , o terceiro setor, a
realização de palestras que instruam acerca da igualdade entre os gêneros. Ao poder público,
cabe instituir a obrigatoriedade de participação masculina em fóruns, palestras e seminários
que discorram acerca da importância do respeito às mulheres.
O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal . Isso
se dá porque , ainda no século XXI, existe uma espécie de determinismo biológico em relação
às mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de Beauvoir “Não se nasce mulher,
torna-se mulher ”, a cultura brasileira , em grande parte , prega que o sexo feminino tem a
função social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio social , capaz
de construir um ser como mulher livre. Dessa forma , os comportamentos violentos contra as
mulheres são naturalizados, por estarem dentro da construção social advinda da ditadura do
patriarcado. Consequentemente , a punição para esse tipo de agressão é dificultada pelos
traços culturais existentes, e , assim, a liberdade para o ato é aumentada.
De acordo com o Mapa da Violência de 2012, entre 1980 e 2010 houve um aumento de
230% na quantidade de mulheres vítimas de assassinato no país; além disso, 7 de cada 10
mulheres que telefonaram para o Ligue 180 afirmaram ter sido violentadas pelos
companheiros. Em países como o Afeganistão, a mulher que trai o marido é enterrada até que
somente a cabeça fique à mostra e , então, é apedrejada; apesar de reagirmos com horror
perante tal atrocidade , um país que triplica a quantidade de mulheres mortas em 30 anos
deve ser tratado com igual despeito quando se trata do assunto. Apesar de acharmos que a
mentalidade do povo melhora com o passar do tempo, a mentalidade brasileira mostra
crescente atraso quanto à igualdade de direitos entre os gêneros, e tal mentalidade leva a
fatalidades que deveriam ser raras em pleno século XXI.
Uma pesquisa feita pela Rede Globo mostrou que , entre homens e mulheres
entrevistados, mais da metade afirmou que mulheres que vestem roupas curtas merecem ser
abusadas sexualmente. A violência contra a mulher começa exatamente com as regras
implícitas que a sociedade impõe: se a mulher não seguir tal regra , merece ser violentada.
Portanto, apesar de todos os direitos conquistados constitucionalmente pelo sexo feminino,
normas culturais que passam entre gerações fazem o pensamento conservador e machista se
perpetuar e ser a justificativa para as atrocidades f ísicas e psicológicas cometidas contra a
mulher.
Não se deve esquecer que as atitudes femininas são sutis, levando-as a questionarem
o poderio de uma denúncia a uma delegacia de polícia mais próxima. Portanto, com o intuito
de atenuar os maus tratos e a submissão da mulher na contemporaneidade , cabe ao Estado a
fiscalização da Lei Maria da Penha e também a aplicação da mesma com maior rigor. Além
disso, é papel da sociedade a criação de fóruns de discussão sobre os direitos da mulher,
inspirados em grandes figuras adeptas à valorização feminina , como Frida Kahlo e Simone de
Beavouir. Cabe à mídia a divulgação de casos de violência doméstica , via televisão e internet,
que promoverão a conscientização da sociedade a respeito do quanto a mulher tem valor.
2016
Caminhos para combater a intolerância religiosa no
Brasil
Redação de Vinícius Oliveira de Lima
Tolerância na prática
A Constituição Federal de 1988 – norma de maior hierarquia no sistema jurídico
brasileiro – assegura a todos a liberdade de crença. Entretanto, os frequentes casos de
intolerância religiosa mostram que os indivíduos ainda não experimentam esse direito na
prática. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre os caminhos para combater a
intolerância religiosa é medida que se impõe.
Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da casa
colonial , como disserta Gilberto Freyre em “Casa-grande e Senzala”. O autor ensina que a
realidade do Brasil até o século XIX estava compactada no interior da casa-grande , cuja
religião oficial era católica , e as demais crenças – sobretudo africanas – eram marginalizadas
e se mantiveram vivas porque os negros lhes deram aparência cristã , conhecida hoje por
sincretismo religioso. No entanto, não é razoável que ainda haja uma religião que subjugue as
outras, o que deve , pois, ser repudiado em um Estado laico, a fim de que se combata a
intolerância de crença.
Além disso, é importante destacar que intolerância religiosa é crime de ódio: não é
sobre ter a liberdade de expressar um descontentamento ou criticar certa crença , mas sim
sobre a tentativa de imposição, a partir da agressão, de entendimentos pessoais acerca do
assunto em detrimento dos julgamentos individuais do outro sobre o que ele acredita ser
certo ou errado para sua própria vida. Tal visão etnocêntrica tem por consequência a falta de
respeito para com o próximo, acarretando em episódios imprescritíveis e humilhantes para
aqueles que os vivenciam.
Sob esse viés, ressalta-se que algumas ações já foram realizadas, como a criação da lei
de proteção ao sentimento religioso e à prática de diferentes cultos. Entretanto, as medidas
tomadas até então não são suficientes para inibir essa problemática , uma vez que a fraca
punição aos criminosos e a falta de conscientização da sociedade são alguns dos principais
motivos que ocasionam a persistência de atos violentos em decorrência da intolerância
religiosa. Outrossim, a falta de comunicação dos pais e das escolas com os jovens sobre esse
assunto é um agravante do problema , aumentando as possibilidades destes agirem de
maneira desrespeitosa.
Desde a colonização, o país sofre com imposições religiosas. Os padres jesuítas eram
trazidos pelos portugueses para catequizar os índios, e a religião que os nativos seguiam – a
exaltação da natureza – era suprimida. Além disso, a população africana que foi trazida como
escrava também enfrentou fortes repressões ao tentar utilizar sua religião como forma de
manutenção cultural. É relevante notar que, ainda hoje, as religiões afro-brasileiras são os
maiores alvos de discriminação, com episódios de violência física e moral veiculados pelas
mídias com grande frequência.
Concomitantemente, ainda que o Brasil tenha se tornado um Estado laico, com uma
enorme diversidade religiosa devido à grande miscigenação que o constituiu, o respeito pleno
às diferentes escolhas de crença não é realidade. A palavra religião tem sua origem em
“religare”, que significa ligação, união em torno de um propósito; entretanto, ela tem sido
causa de separação, desunião. Mesmo que legislações, como a Constituição Federal e a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, já prevejam o direito à liberdade de expressão
religiosa, enquanto não houver amadurecimento social não haverá mudança.
Por tudo isso, é imprescindível que todos os segmentos sociais unam-se em prol do
combate à intolerância religiosa no Brasil. Assim, cumpre ao governo efetivar de maneira
mais plena as leis existentes. Ademais, cabe às escolas e às famílias educarem as crianças para
que, desde cedo, aprendam que têm o direito de seguir suas escolhas, mas que devem ser
tolerantes e respeitar as crenças do outro, afinal, como disse Nelson Mandela, “a educação é a
arma mais poderosa para mudar o mundo”. Dessa forma, assim com a desintegração de um
átomo tornou-se simples na atualidade, preconceitos poderão ser quebrados.
Profecia futurística
Em meados do século passado, o escritor austríaco Stefan Zweig mudou-se para o
Brasil devido à perseguição nazista na Europa. Bem recebido e impressionado com o potencial
da nova casa, Zweig escreveu um livro cujo título é até hoje repetido: “Brasil, país do futuro”.
Entretanto, quando se observa a deficiência das medidas na luta contra a intolerância
religiosa no Brasil, percebe-se que a profecia não saiu do papel. Nesse sentido, é preciso
entender suas verdadeiras causas para solucionar esse problema.
Outrossim, vale ressaltar que essa situação é corroborada por fatores socioculturais.
Durante a formação do Estado brasileiro, a escravidão se fez presente em parte significativa
do processo, e com ela vieram as discriminações e intolerâncias culturais, derivados de
ideologias como superioridade do Homem Branco e Darwinismo Social. Lamentavelmente,
tal perspectiva é vista até hoje no território brasileiro. Bom exemplo disso são os índices que
indicam que os indivíduos seguidores e pertencentes das religiões afro-brasileiras são os mais
afetados. Dentro dessa lógica, nota-se que a dificuldade de prevenção e combate ao desprezo
e preconceito religioso mostra-se fruto de heranças coloniais discriminatórias, as quais
negligenciam tanto o direito à vida quanto o direito de liberdade de expressão e religião.
De modo análogo, a certeza da impunidade faz com que crimes de ódio continuem
acontecendo. Consoante aos ideais liberais de John Locke, as leis brasileiras caracterizam-se
pelo respeito às liberdades individuais, o que é, sem dúvidas, uma grande conquista dos
brasileiros. Todavia, o que é proposto pela legislação não é colocado em prática
integralmente, contribuindo, assim, para o crescimento do preconceito no país. O crescente
número de denúncias relacionadas à intolerância religiosa, constatadas pela Secretaria dos
Direitos Humanos, comprova que uma parcela da população brasileira ainda não tem acesso à
plena liberdade de culto e religião.
Portanto, é necessária a criação de cotas, ação que deve ser feita pelo poder público,
que garantam a presença de representantes das diversas expressões religiosas na política, o
que permitiria a aprovação de medidas afirmativas que reduziriam a intolerância no Brasil.
Além disso, é válida a implantação de espaços de discussão nas escolas, direcionadas aos pais
e alunos, sobre a diversidade de expressões culturais, o que conscientizaria os futuros
cidadãos sobre a legitimidade de cada manifestação religiosa e diminuiria a visão etnocêntrica
presente nos indivíduos. Por fim, deve haver a criação de campanhas nas redes sociais,
realizadas pela sociedade civil, que amenizem o preconceito presente na população, o que
conduziria a uma sociedade progressivamente mais justa, igualitária e democrática.
2017
Desafios para a formação educacional de surdos no
Brasil
Destarte , para que as pessoas com deficiência na audição consigam o acesso pleno ao
sistema educacional , é preciso que o Ministério da Educação, em parceria com as instituições
de ensino, promova cursos de Libras para os professores, por meio de oficinas de
especialização à noite – horário livre para a maioria dos profissionais – de maneira a garantir
que as escolas e universidades possam ter turmas para surdos, facilitando o acesso desse
grupo ao estudo. Em adição, o Estado deve divulgar propagandas institucionais ratificando a
importância do respeito aos deficientes auditivos, com postagens nas redes sociais, para que a
discriminação dessa minoria seja reduzida , levando à maior inclusão.
O filósofo italiano Norberto Bobbio afirma que a dignidade humana é uma qualidade
intrínseca ao homem, capaz de lhe dar direito ao respeito e à consideração por parte do
Estado. Nessa lógica , é notável que o poder público não cumpre o seu papel enquanto agente
fornecedor de direitos mínimos, uma vez que não proporciona aos surdos o acesso à educação
com a qualidade devida , o que caracteriza um irrespeito descomunal a esse público. A
lamentável condição de vulnerabilidade à qual são submetidos os deficientes auditivos é
percebida no déficit deixado pelo sistema educacional vigente no país, que revela o
despreparo da rede de ensino no que tange à inclusão dessa camada , de modo a causar
entraves à formação desses indivíduos e , por conseguinte , sua inserção no mercado de
trabalho.
Além disso, outra dificuldade enfrentada pelos surdos para alcançar a formação
educativa se dá na falta de apoio enfrentada por muitos no âmbito familiar, causada pela
ignorância quanto às leis protetoras dos direitos do deficiente , que gera uma letargia social
nesse aspecto. Esse desconhecimento produz na sociedade concepções errôneas a respeito
do papel social do portador de deficiências: como consequência do descumprimento dos
deveres constitucionais do Estado, as famílias – acomodadas pela pouca instrução –
alimentam a falsa ideia de que o deficiente auditivo não tem contribuição significante para a
sociedade , o que o afasta da escolaridade e neutraliza a relevância que possui .
Sob esse viés, muitos deficientes auditivos encontram dificuldades para acessar o
Ensino Fundamental, Médio ou Superior, visto que diversas instituições de ensino carecem de
uma infraestrutura adaptada a esses indivíduos, como intérpretes da Libras durante as aulas.
Tal panorama representa a violação da Constituição Federal de 1988 e do Estado da Pessoa
com Deficiência, os quais são mecanismos jurídicos que asseguram o acesso à educação como
um direito de todos os deficientes. Isso atesta a ineficiência governamental em cumprir
prerrogativas legais que garantem a efetiva inclusão dos surdos na educação.
Portanto, a fim de garantir que surdos tenham pleno acesso à formação educacional,
cabe ao Estado, mediante o redirecionamento de verbas, realizar as adaptações necessárias
em todas as escolas e as universidades públicas, como o oferecimento de cursos gratuitos que
capacitem profissionais da educação para se comunicarem em Libras e a contratação de mais
intérpretes da Libras para atuarem nessas instituições. Outrossim, famílias e escolas, por meio
de, respectivamente, diálogos frequentes e palestras, devem debater acerca da aceitação às
diferenças como fator essencial para o convívio coletivo, de modo a combater o bullying e a
formar um paradigma comportamental de total respeito aos deficientes auditivos.
Redação de João Pedro Fidelis Belluzo
Na antiga pólis de Esparta, havia a prática da eugenia, ou seja, a segregação dos
denominados “imperfeitos”, como, por exemplo, os deficientes. Passados 2000 anos, o
preconceito contra esse grupo ainda prevalece socialmente e afeta, principalmente, a área da
educação. Nesse contexto, os surdos são grandes vítimas da exclusão no processo de
formação educacional, o que traz desafios e a busca por autonomia e pela participação de
pessoas com essa deficiência no espaço escolar brasileiro.
Além disso, nota-se que as instituições escolares não oferecem suporte adequado
para os deficientes auditivos. Com isso, a independência e a participação desses indivíduos
são comprometidas, o que acentua as desigualdades. Essa ideia se torna paradoxal quando
comparada à Declaração Universal dos Direitos Humanos e à Constituição Federal (1988),
documentos de alta hierarquia, comprovando a necessidade de incluir e assistir a população
surda nos processos educacionais brasileiros.
Portanto, conclui-se que deve-se tomar medidas que incluam os surdos na educação,
assegurando o desenvolvimento desse grupo. As escolas devem, então, promover a
assistência a esses deficientes, por meio da disponibilização de voluntários que dominem a
linguagem de Libras, principal forma de comunicação da população surda, com o objetivo de
inserir as pessoas com essa deficiência nas salas de aula, facilitando também o aprendizado. A
mídia deve, ainda, mostrar, com exemplos, a igualdade que deve prevalecer no ambiente
escolar, acabando com o preconceito e com o bullying. Com essas medidas, a eugenia social
será minimizada e os deficientes auditivos serão incluídos nos processos educacionais
brasileiros.
Nesse sentido, urge que o Estado, por meio do envio de recursos ao Ministério da
Educação, promova a construção de escolas especializadas em deficientes auditivos e a
capacitação de profissionais para atuarem não apenas nessas escolas, mas em instituições de
ensino comuns também, objetivando a ampliação do acesso à educação aos surdos,
assegurando a estes, por fim, o acesso a um direito garantido constitucionalmente.
Outrossim, ONGs devem promover, através da mídia, campanhas que conscientizem a
população acerca da importância do deficiente auditivo para a sociedade, enfatizando em
mostrar a capacidade cognitiva e intelectual do surdo, o qual seria capaz de participar da
população economicamente ativa (PEA), caso fosse concedido a este o direito à educação e à
equidade de tratamentos, por meio da difusão do uso de libras. Dessa forma, o Brasil poderia
superar os desafios à consolidação da formação educacional de surdos.
Educação inclusiva
Durante o século XIX, a vinda da Família Real ao Brasil trouxe consigo a modernização
do país, com a construção de escolas e universidades. Também, na época, foi inaugurada a
primeira escola voltada para a inclusão social de surdos. Não se vê, entretanto, na sociedade
atual, tal valorização educacional relacionada à comunidade surda, posto que os embates que
impedem sua evolução tornam-se cada vez mais evidentes. Desse modo, os entraves para a
educação de deficientes auditivos denotam um país desestruturado e uma sociedade
desinformada sobre sua composição bilíngue.
Além disso, a ignorância social frente à conjuntura bilíngue do país é uma barreira
para a capacitação pedagógica do surdo. Helen Keller – primeira mulher surdo-cega a se
formar e tornar-se escritora – definia a tolerância como o maior presente de uma boa
educação. O pensamento de Helen não tem se aplicado à sociedade brasileira, haja vista que
não se tem utilizado a educação para que se torne comum ao cidadão a proximidade com
portadores de deficiência auditiva, como aulas de LIBRAS, segunda língua oficial do Brasil.
Dessa forma, torna-se evidente o distanciamento causado pela inexperiência dos indivíduos
em lidar com a mescla que forma o corpo social a que possuem.
2018
Manipulação do comportamento do usuário pelo
controle de dados na Internet
Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para
a conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o Ministério de
Educação e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias
nas redes sociais que detalhem o funcionamento dos algoritmos inteligentes nessas
ferramentas e advirtam os internautas do perigo da alienação, sugerindo ao interlocutor criar
o hábito de buscar informações de fontes variadas e manter em mente o filtro a que ele é
submetido. Somente assim, será possível combater a passividade de muitos dos que utilizam
a internet no país e, ademais, estourar a bolha que, da mesma forma que o Ministério da
Verdade construiu em Winston de “1984”, as novas tecnologias estão construindo nos
cidadãos do século XXI.
É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas esferas, a
exemplo da saúde, dos transportes e das relações sociais. No que concerne ao uso da internet,
a rede potencializou o fenômeno da massificação do consumo, pois permitiu, por meio da
construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo com os interesses dos
usuários. Tal personalização se observa, também, na divulgação de informações que, dessa
forma, se tornam, muitas vezes, tendenciosas. Nesse sentido, é necessário analisar tal quadro,
intrinsecamente ligado a aspectos educacionais e econômicos.
Cabe mencionar, em segundo plano, quais os interesses atendidos por tal controle de
dados. Essa questão ocorre devido ao capitalismo, modelo econômico vigente desde o fim da
Guerra Fria, em 1991, o qual estimula o consumo em massa. Nesse âmbito, a tecnologia,
aliada aos interesses do capital, também propõe aos usuários da rede produtos que eles
acreditam ser personalizados. Partindo desse pressuposto, esse cenário corrobora o termo
"ilusão da contemporaneidade" defendido pelo filósofo Sartre, já que os cidadãos acreditam
estar escolhendo uma mercadoria diferenciada mas, na verdade, trata-se de uma
manipulação que visa ampliar o consumo.
Por um lado, a utilização de algoritmos possui seu lado positivo. A internet surgiu no
período da Guerra Fria, com o intuito de auxiliar na comunicação entre as bases militares.
Todavia, com o passar do tempo, tal ferramenta militar popularizou-se e abandonou,
parcialmente, a característica puramente utilitária, adquirindo função de entretenimento.
Hoje, a internet pode ser utilizada para ouvir músicas, assistir a filmes, ler notícias e, também,
se comunicar. No Brasil, por exemplo, mais da metade da população está “conectada” – de
acordo com pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -, o que significa
a consolidação da internet no país e, nesse contexto, surge a relevância do uso de dados para
facilitar tais ações.
Por outro lado, o controle de dados ressalta-se em seu lado negativo. Segundo o
sociólogo Pierre Levy, as sociedades modernas vivem um fenômeno por ele denominado
“Novo Dilúvio” – termo usado para caracterizar a dificuldade de “escapar” do uso da internet.
Percebe-se que o conceito abordado materializa-se em apontamentos do IBGE, os quais
expõem que cerca de 85% dos jovens entre 18 e 24 anos de idade utilizaram a ferramenta em
2016. Tal quadro é preocupante quando atrelado aos algoritmos, pois estes causam,
principalmente, nos jovens a redução de sua capacidade crítica – em detrimento de estarem
sempre em contato com informações unilaterais, no tocante ao ponto de vista, e pouco
distoantes de suas próprias vivências e opiniões -, situação conhecida na Sociologia como
“cognição preguiçosa” – a qual culmina na manipulação do ser.
Ademais, é importante destacar que grande parte da população não tem consciência
da importância da utilização, de forma correta, da internet, visto que as instituições
formadoras de conceitos morais e éticos não têm preconizado, como deveriam, o ensino de
uma polarização digital”, como faz o projeto Digipo (“Digital Polarization Iniciative”), o qual
auxilia os indivíduos a acessarem páginas comparáveis e, assim, diminui, o compartilhamento
de notícias falsas, que, muitas vezes, são lançadas por moderadores virtuais. Nesse sentido,
como disse o empresário Steve Jobs, “A tecnologia move o mundo”, ou seja, é preciso que
medidas imediatas sejam tomadas para que a internet possa ser usada no desenvolvimento
da sociedade, ajudando as pessoas a se comunicarem plenamente.
George Orwell, em sua célebre obra “1984”, descreve uma distopia na qual os meios
de comunicação são controlados e manipulados para garantir a alienação da população frente
a um governo totalitário. Entretanto, apesar de se tratar de uma ficção, o livro de Orwell
parece refletir, em parte, a realidade do século XXI, uma vez que, na atualidade, usuários da
internet são constantemente influenciados por informações previamente selecionadas, de
acordo com seus próprios dados. Nesse contexto, questões econômicas e sociais devem ser
postas em vigor, a fim de serem devidamente compreendidas e combatidas.
Esquema de Redação
Podemos, na maioria das vezes, ver uma Redação com uma Introdução, dois
parágrafos de Desenvolvimento e um parágrafo para a Conclusão.
Cada um escreve da maneira que achar melhor, porém, seguir o padrão acima é
chance de uma nota satisfatória.
Introdução
Na Introdução da sua Redação é o momento onde você irá irá contextualizar
com alguma alusão história, algum autor/filósofo, filme, livro ou até um trecho
de música. O ENEM quer que você problematize o tema proposto, isto é, no
último período da sua Introdução, use um conectivo + uma relação de
causa/causa OU causa/consequência. Como assim? Você precisa mostrar ao
corretor que você está listabdo um problema que você irá debater nos dois
parágrafos seguintes.
Desenvolvimento
No início do seu parágrafo de Desenvolvimento, inicie utilizando um tópico
frasal, isto é, é o que irá introduzir a sua ideia central naquele parágrago. Se
você citou no final da Introdução uma causa/causa, o tópico frasal serve para
você contextualizar essa causa. Após isso, contextualize e fundamente com um
filme/série/música/fato/filósofo. Por fim, explique e recapitule na última oração
do desenvolvimento.
Conclusão
Aqui uma parte importante, visto que a Conclusão é uma competência única do
ENEM. Se você mencionou dois problemas no Desenvolvimento, é necessário,
portanto, elaborar duas propostas de intervenção aqui. Você pode usar um
período ou dois para explicá-los. Use pelo menos dois agentes de intervenção
(Governo, População, Sec. Municipais, Poder Legislativo, Mídia...) e detalhe o
meio/modo que essa ação deverá ser feita com o objetivo de finalidade. Na
idealização, tente trazer à tona novamente contextualização usada na
Introdução ou até mesmo no Desenvolvimento.
Alguns exemplos: