A Entrevista Familiar PDF
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RESUMO
ENTREVISTA FAMILIAR
A família possui um papel de
grande relevância no desenvol- COMO FACILITADORA
vimento emocional da criança, é
capaz de desempenhar um pa- NO PROCESSO DE
pel facilitador na compreensão
de sua sintomatologia. O pre- TRIAGEM DE UMA
sente trabalho apresenta a en-
trevista familiar diagnóstica CLÍNICA ESCOLA
como uma técnica utilizada no
processo de triagem infantil em
uma clínica-escola a fim de faci-
litar a compreensão do caso aten-
dido. Para tanto, apresentar-se-
á um caso clínico de uma criança Andressa Pin Scaglia¹
de oito anos de idade, do sexo
masculino, que foi atendida no Fernanda Kimie Tavares Mishima²
Serviço de Triagem e Atendi- Valéria Barbieri³
mento Infantil e Familiar
(STAIF) do Centro de Pesqui-
sa e Psicologia Aplicada (CPA)
da FFCLRP da Universidade
de São Paulo (USP).
Palavras-chave: clínica-esco-
la; triagem infantil; psicodiag-
nóstico interventivo.
405
estudo”, mas para se beneficiar do
processo (Barbieri, 2008).
A situação de psicodiagnóstico
leva o paciente a expressar de manei-
ra mais rápida e direta seus conflitos.
O Psicodiagnóstico Interventivo, por
meio de uma aliança investigativa e
interpretativa, possibilita que, duran-
te todo o processo investigativo, o
profissional faça interpretações e as-
sinalamentos, oferecendo suporte
emocional ao paciente. Desta forma,
o potencial da situação diagnóstica
para elucidar aspectos centrais da per-
sonalidade do indivíduo é trabalhado
conjuntamente (Barbieri, Jacquemin
& Biasoli-Alves, 2007). Esse proces-
so implica em mostrar ao cliente a si-
tuação que ele apresenta de um novo
modo, promovendo uma desestrutu-
ração momentânea das percepções
antigas e reorganizações perceptuais,
em que novas opções de vida pode-
rão ocorrer (Advíncula & Gomes,
1999).
Diferentemente da visão clássi-
ca do psicodiagnóstico, a estratégia
utilizada (entrevistas e sessões lúdicas)
insere os familiares no processo de
triagem. Segundo Aberastury (1986),
é muito importante que se consiga
comparar os dados apresentados pe-
los pais com os obtidos durante a
análise da criança, para avaliar as re-
lações pais/filho.
Não é simples para os pais re-
correrem a qualquer tipo de ajuda
externa diante de problemas internos
da família. Quando os pais o fazem é
porque entendem que o ambiente fa-
miliar não consegue solucionar os sin- te, os pais, bem como todo o restante
tomas da criança, o que desperta ne- dos membros familiares que moram
les ansiedades e angústias. Tal situa- na casa da criança, são convidados a
ção pode fazer com que eles levem compor a sessão de entrevista fami-
seus filhos para atendimento mobili- liar diagnóstica (EFD). Segundo Soi-
zados não só pelo desejo de pedir aju- fer (1983), a entrevista do grupo fa-
da, mas, também, por ansiedades miliar é uma importante ferramenta
persecutórias e depressivas diante da de diagnóstico em psicologia infan-
dificuldade de contato com a criança. to-juvenil, tem como intuito estabe-
Nesse sentido, é importante que o lecer um diagnóstico e um prognós-
profissional não só seja continente às tico consistente. Tal prática usa
necessidades destes pais como tam- brinquedos e materiais de expressão
bém lhes dê espaço para pensarem, que ampliam a dinâmica da entrevis-
cooperarem e se apropriarem da ava- ta. Desse modo, as sessões familiares
liação/atendimento. Esta participação proporcionam uma maior compreen-
ativa dos pais pode deixá-los mais es- são do conflito, pois nelas se eviden-
timulados a utilizarem seus recursos cia o estilo de interação qeu reflete a
(Safra, 2001). maneira como a família transmite os
A entrevista inicial com os pais, ensinamentos para os filhos e, assim,
em especial com a presença de am- podem favorecer a patologia obser-
bos, possibilita um maior entendi- vada. É, portanto, um momento em
mento da criança, já que apresenta que é possível a observação da dinâ-
conteúdos emergentes do grupo fa- mica familiar por meio não só da ob-
miliar. O processo de triagem tam- servação direta da relação e fantasias
bém considera a presença individual familiares, mas, também, pela trans-
da criança, durante a sessão lúdica. ferência estabelecida com o terapeu-
Esta sessão tem a finalidade de co- ta (Franco & Mazorra, 2007). Além
nhecer a realidade infantil, pois é um disso, a entrevista familiar proporcio-
espaço em que se possibilita o apare- na ao profissional o motivo manifes-
cimento da fantasia inconsciente de to e o latente da queixa. Entende-se
doença/cura. Entende-se que o sur- como motivo manifesto o sintoma
gimento tão imediato destas fantasias que preocupa quem solicita o atendi-
é devido ao temor a que se repita a mento, já o latente é mais profundo e
conduta negativa dos objetos originá- relevante, geralmente emerge no de-
rios provocadores da enfermidade/ correr das sessões de psicodiagnósti-
conflito (Aberastury, 1986). co (Arzeno, 1995).
Posterior à entrevista inicial, que Berger (1989) aponta para o fato
conta com a participação dos pais, há de que um dos aspectos importantes
outro momento em que a família se para o progresso da psicoterapia com
insere no processo de triagem. Nes- crianças é a motivação desta em se
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desvencilhar das projeções às quais é
objeto dentro da dinâmica familiar. O
distanciamento e elaboração destas
projeções são compreendidos como
sucesso na terapia, mas, muitas vezes,
é tido pelos pais como um movimen-
to negativo. Tal situação se dá devido
a não elaboração dos pais de suas pró-
prias fantasias e projeções que alcan-
çam seu filho, que, por vezes, acabam
barrando/interrompendo o processo
terapêutico da criança. Desta forma,
a sessão familiar representa um mo-
mento de grande importância para o
posterior sucesso terapêutico, pois um
de seus objetivos é permitir um espa-
ço para que os pais apresentem seus
dinamismos e se responsabilizem
diante do quadro sintomático do fi-
lho.
A última etapa do processo de
triagem interventiva, realizada pelo
STAIF, corresponde à devolução de
informação, tanto com os pais quan-
to com a criança. A devolutiva tem
como principal objetivo a transmis-
são, a restituição de informação diag-
nóstica e prognóstica discriminada e
dosificada, relacionada com a capaci-
dade egóica dos destinatários. Ressal-
ta-se, também, a possibilidade de se
observar a resposta verbal e pré-ver-
bal do paciente e de seus pais diante
da recepção da mensagem do psicó-
logo, informação esta que possibilita
uma síntese acertada do caso e a emis-
são de um diagnóstico/prognóstico
com maior base de certeza, na busca
de oferecer um atendimento terapêu-
tico mais adequado (Ocampo, Arzeno
Caso clínico
Davi1 (31 anos) e Thaís (26 anos) moram com seus dois filhos:
Diego (8 anos) e Jonas (3 anos). Eles procuraram o STAIF em bus-
ca de atendimento psicoterápico para Diego, trazendo como queixa
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seu medo excessivo: do escuro, de fi- tendo que permanecer por algumas
car sozinho, de se adaptar a novas si- horas na incubadora. Devido à trom-
tuações. bose da mãe, a criança recebeu alta
No período atual, os pais afirma- antes dela e ficou aos cuidados da avó
ram que Diego tem dificuldade de se paterna: “Ninguém no hospital acreditava
relacionar com outras crianças, difi- que eu pedi para levar meu filho embora,
culdade para encarar novas situações, tinha medo de não conseguir dar conta”. A
medo de escuro e de ficar sozinho. avó paterna foi a cuidadora mais pró-
Sempre que o garoto não quer fazer xima durante os primeiros meses de
algo “ele chora muito e não dá um moti- vida de Diego. Por conta dos fortes
vo”. Foi dito também que o garoto diz remédios para trombose, Thaís sen-
ver pessoas mortas. Quando isso tia muito sono e, certa vez, o marido
acontece, a mãe responde: “Quem vê chegou do trabalho e se deparou com
essas coisas de gente morta é porque faz coi- Diego chorando nos braços da mãe
sa errada”. Outra queixa relatada foi a que estava deitada na cama dormin-
dificuldade de se concentrar nas brin- do profundamente.
cadeiras: “ele brinca no máximo 15 mi- Diego foi amamentado no peito
nutos com os brinquedos e já larga”. Rela- somente na primeira semana de vida.
taram também que o nascimento do Os pais afirmaram que até hoje Diego
irmão parece ter despertado nele a toma diariamente 2 litros de leite. A
vontade de brincar com brinquedos mãe, ao amamentar, sentia-se muito
mais infantis. nervosa por não conseguir, não tinha
Sobre a concepção da criança, a paciência porque ele chorava muito; o
mãe contou que teve uma gravidez pai disse que ela tinha dó. Em seguida,
complicada, ficou de repouso duran- o pai afirmou que a criança sempre foi
te os três primeiros meses devido a muito acomodada, que se tem alguém
uma incompatibilidade sanguínea em casa ela pede para que preparem
(eristoblastose fetal). Além deste pro- as coisas para ela. A mãe disse que a
blema, afirmou que foi um momento avó “dá tudo mastigado”, mas que na casa
difícil, pois sentia muito ciúmes do da família não é assim que funciona.
marido, chegando a agredi-lo fisica- Diego chupou chupeta, mas a
mente. Apesar destes problemas, mãe tirou; porém, ao nascer o irmão
Thaís pontuou que cada novidade da mais novo, ele voltou a chupar escon-
gravidez era bastante comemorada. dido, especialmente na casa de sua
No final da gestação ela apresentou avó. Os pais relataram que Diego tem
um quadro de trombose. Diego nas- um paninho que não larga desde a
ceu de cesárea, com 37/38 semanas, infância, ele fica passando o pano na
com algumas complicações: o cordão boca, apertando e, quando vai viajar,
umbilical no pescoço, batimentos car- esconde o pano para a mãe não lavar,
díacos acelerados e com hipoglicemia, dizendo que tem o cheirinho dele.
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não contém as angústias da criança, exigindo que ela dê conta de
suas próprias necessidades e se cuide. Dessa maneira, a exigência
sobre o menino é grande, fazendo com que ele tenha responsabili-
dades de um indivíduo adulto. Para alcançar estas exigências e não
frustrar os pais, Diego deixa de ser criança para se mostrar autôno-
mo/responsável, deixando pouco espaço para as vivências da tran-
sicionalidade e exigindo um desenvolvimento mental mais intenso
que o emocional, dando indícios de funcionamento falso self.
Sessão lúdica
“Você se distraiu conversando, fez uma jo- de um caso com bom prognóstico,
gada errada”. Ele venceu o jogo, guar- pois ao considerar a sessão como um
dou todas as peças e as levou para a todo, nota-se que houve uma grada-
caixa. ção no brincar: a sessão inicia com
Pegou o jogo de “bolinhas de brinquedos mais estruturados (como
gude” e contou que na casa de sua jogo de palitos e dama) e termina
avó tem uma jarra cheia delas. Disse com jogos menos estruturados (bo-
que gosta muito de ir para lá, pois tem necos) dentro de uma brincadeira
amigos e brinca muito. Ao final do mais simbólica. Este aspecto permi-
jogo, guardou as bolinhas. Por fim, te pensar que Diego inicialmente se
pegou as famílias (pequenos bonecos mostra rígido e, com o passar da ses-
de pano com representação do pai, são, tem possibilidade de se expres-
mãe, avós e dois filhos): uma negra e sar com maior espontaneidade e cria-
outra branca. Perguntou para a psi- tividade.
cóloga com qual ela queria ficar, mas Durante a sessão houve uma sig-
já afirmou que preferia a branca. nificativa preocupação com o ambien-
Começaram a brincar. Na brincadeira te externo, particularmente com a fa-
as duas famílias eram vizinhas; a avó mília que o esperava na sala de espera,
negra batia na casa da avó branca e era o que remete à ideia de um brincar
muito bem recebida, combinaram uma não relaxado, preocupado com o que
festa para todos. Os garotos, negros e poderia estar acontecendo fora dali
brancos, brincavam juntos. Diego, por sem o seu controle. Parece se respon-
muitas vezes, fazia com que algum sabilizar pelo que acontece fora, como
membro de “sua família” carregasse o maneira de controlar o ambiente e
bebê branco, que geralmente caía do manter o desempenho na tarefa de
colo. Em um momento disse: “Nossa, cuidar do irmão menor. Esta respon-
o bebê está chorando, não pára de chorar, vou sabilidade o impede de viver seus pró-
levar para a mãe, ela é surda, ela não ouve!”. prios conflitos, particularmente de
No final do jogo, a avó negra pediu cunho edípico, uma vez que há uma
para que a família branca cuidasse do necessidade maior de cuidar do irmão
bebê branco, pois precisava sair de e de suprir a falta de cuidados que
casa. Ao ser sinalizado sobre o final recebeu de sua família, principalmente
da sessão, Diego prontamente parou de holding. Esta tarefa é de responsa-
a brincadeira para guardar as coisas e bilidade muito grande para uma crian-
saiu tranquilamente para encontrar os ça de sua idade.
pais na sala de espera. As responsabilidades de Diego,
A sessão lúdica trouxe um reper- não condizentes com a maturidade
tório de informações que embasa al- possível de se alcançar em sua idade,
gumas hipóteses descritas anterior- faz com que sua espontaneidade seja
mente. É possível pensar que se trata acobertada por regras e fique preju-
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dicada. O momento em que ele
achou melhor reinventar a brincadei-
ra e entregou o bebê para a psicólo-
ga cuidar pôde ser entendido como
um pedido para ser cuidado, uma
possibilidade de deixar a exigência
pessoal e do ambiente de lado para
permitir brincar e ser criativo, poden-
do ser criança.
Sessão familiar
415
senho bonito que ele tinha feito no caderno da escola, ele disse que
não se lembrava, eles insistiram, mas Diego não se recordou. Neste
momento, o pai se irritou e disse: “Pára de graça vai, você sabe muito bem
o que estamos falando”, Diego respondeu: “Ah, não sei... ah lembrei, é um
super-herói”. Continuaram desenhando e dando sugestões para o de-
senho dos garotos: “Não aperte o lápis Diego, fica feio”. O desenho do
pai foi uma cópia de objetos e personagens infantis. Ao término da
sessão, o pai e os filhos arrumaram tudo, combinaram o horário da
devolutiva e se despediram.
Por meio da sessão familiar, mais uma vez, é possível perceber
a preocupação de Diego com o irmão, que se mostra como o centro
das atenções da família. Nota-se, também, que, em diversos mo-
mentos, o pai se mostra infantilizado (não adere às regras, faz dese-
nhos infantis copiados), parecendo não exercer o papel paterno,
mas se igualando às crianças. A função de autoridade e vigilância
parece ter sido desempenhada pela mãe, que, para tal, deixa de exer-
cer os cuidados maternos (holding) e se isola, olhando as brincadei-
ras sem se envolver.
Nota-se que o ambiente não parece facilitador do gesto espon-
tâneo, como no ato de desenhar, em que os filhos eram direcionados
a fazer determinados desenhos, a exemplo da cópia feita pelo pai.
Pode-se entender, então, que há uma inibição do gesto espontâneo
para atender as expectativas dos adultos e, com isso, ser aceito e
amado.
Sessões de devolutivas
um dia comum, este garoto dormiu, ria que acabara de receber. A mãe deu
teve um sonho revelador e ao acor- o celular para o garoto, que se acal-
dar teve a certeza de que era uma mou e os pais puderam entrar na sala
criança. Logo foi comunicar tal des- de atendimento.
coberta para todos que o rodeavam Inicialmente a psicóloga desta-
e, com a ajuda de seus pais e amigos, cou a responsabilidade que os pais ti-
passou a se dedicar somente às ques- veram frente às sessões, com sua pre-
tões infantis. Dessa forma, no decor- sença e pontualidade. Afirmou que
rer do tempo, as responsabilidades Diego recebeu uma estória como
foram surgindo, de acordo com o devolutiva, que pôde levá-la embora
crescimento dessa criança. e, caso quisesse, os pais poderiam ler
Diego ouviu atentamente toda a a estória para ele quando fosse solici-
estória, não quis comentá-la, mas acei- tado. Já ali, com eles, a devolutiva se-
tou com prontidão levá-la para casa. ria uma conversa.
Em seguida, pediu para mexer na cai- De maneira geral, a psicóloga
xa e retirou um brinquedo bastante pontuou sobre o excesso de respon-
infantil, um aviãozinho com o qual sabilidade depositado na criança, a
brincou por alguns segundos. Deixou probabilidade de seus medos advirem
o avião de lado e escolheu um jogo de não conseguir cumprir a pesada
no qual interagiu com a psicóloga. tarefa imposta e decepcionar seus
Durante a entrevista devolutiva, pais, perdendo, assim, o afeto deles.
primeiro, fez um desenho bem este- Os pais concordaram que o garoto
reotipado (montanha com sol), na realmente possuía muitas responsabi-
sequência, pegou outra folha e iniciou lidades. Pontuou-se, também, a difi-
um desenho de um parque infantil. culdade que Diego tinha em demons-
Em um momento desabafou: “Ah, eu trar criatividade e em ser espontâneo,
não sei desenhar gira-gira, o meu fica feio”. que seu tempo de criança precisava
A psicóloga o incentivou a desenhar ser respeitado, para permitir maior
o que ele conseguisse e ele continuou. contato com o lúdico. Durante a con-
Dado o tempo da sessão, ele se des- versa o pai afirmou não se preocupar
pediu da terapeuta e saiu em direção muito com a situação de Diego: “É
à sala de espera, onde os seus familia- só uma fase, quando eu tinha a idade dele,
res o aguardavam. eu era igual, bem medroso”.
Devolutiva com a família: Ao cha- Ao final, a psicóloga apontou
mar os pais para a devolutiva, o ir- para algumas práticas educativas que
mão menor de Diego começou a cho- poderiam ser pouco beneficiadoras
rar e dar socos na bolsa de sua mãe, do desenvolvimento emocional do
afirmando que também queria entrar garoto, como ser punido severamen-
na sala. Diego, prontamente, tentou te, sem permitir a compreensão do
acalmá-lo, propondo-se a ler a estó- que foi feito, ou ainda, exigir da crian-
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ça comportamentos e atitudes que ele
não estava preparado para desempe-
nhar. Foi proposto aos pais que par-
ticipassem de um grupo de pais na
própria instituição sobre “práticas
educativas”, eles aceitaram. O garoto
foi encaminhado para psicoterapia na
mesma instituição.
Discussão
419
disso, ao devolver as informações aos
pais houve o uso de exemplos do que
ocorreu na sessão familiar, possibili-
tando o entendimento mais amplo.
Também foi permitido aos pais que
pudessem expressar suas opiniões e
se comunicar com o terapeuta, sendo
incluídos no universo infantil e res-
ponsabilizando-se pelo filho.
Entende-se, portanto, que o pro-
cesso de triagem foi eficaz na identi-
ficação de psicodinamismos da crian-
ça e de seu ambiente familiar. Diversas
questões foram abordadas com os
pais ao final do processo e foi dado o
encaminhamento do caso para aten-
dimento na própria clínica-escola. Os
pais seguiram o encaminhamento e o
garoto já está sendo atendido há seis
meses.
FAMILY INTERVIEW AS A
FACILITATOR IN THE PROCESS OF
SCREENING AT A SCHOOL CLINIC
ABSTRACT
The family has a major role in the emotional
development of children and is able to play a
facilitating r ole in understanding their
symptomatolog y. This work presents a family
diagnosis interview as a technique used in the process
of screening children in a school clinic to assist the
understanding of the case attended. For this, it will
be presented a clinical case of an eight-year-old male
who was seen in the “Serviço de Triagem e Atendi-
mento Infantil e Familiar” (STAIF) of the Center
of Research and Psychology (CPA) of FFCLRP
of São Paulo’s University (USP).
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NOTAS
1 Todos os nomes dados aos participantes são fictícios, a fim de preservar sua
identidade.
[email protected]
[email protected]
[email protected]
Recebido em março/2010.
Aceito em junho/2011.
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