Anamnese Modelo

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Anamnese

Queixa principal

Tosse e dificuldade de concentração há quatro semanas.

Histórico do problema atual

Paciente relata que o Agente Comunitário de Saúde (ACS) da microárea dois agendou
uma consulta para a enfermagem porque o paciente apresentava tosse há mais de três
semanas, sendo identificado como sintomático respiratório. Na consulta de enfermagem
foi solicitado baciloscopia de escarro. No retorno foi avaliado que o resultado foi
negativo nas duas amostras. Então o enfermeiro agendou uma consulta médica para o
paciente ser avaliado. Na consulta médica o paciente queixa-se de tosse há quatro
semanas. Apresenta também dificuldade de concentração na faculdade, notando piora na
última semana. Além disso, apresenta espirros, coriza e obstrução nasal. Refere que
sempre apresenta esses sintomas na época da primavera. Nega febre ou mialgia. Nega
“chiado no peito”.

Revisão de sistemas

Nega emagrecimento.

Histórico

História social

Relata que nunca rodou de ano na escola, terminando o terceiro ano do ensino médio
aos 17 anos. Mora com os pais, sendo o pai trabalhador da construção civil e a mãe
costureira.

Antecedentes familiares

Não tem irmãos. Pai é tabagista, não usa nenhuma medicação. Mãe tem história de
asma.

Antecedentes pessoais

História de asma na infância. Nega tabagismo.

Medicações em uso

Sem uso de medicamento

Exame Físico

Sintomas gerais:

 T.Ax.: 36,8 °C
 PA: 120/80 mmHg
 Frequência cardíaca: 68 bpm
 Frequência respiratória: 17 irpm
 Peso: 63 Kg;
 Altura: 1,69 m;
 IMC: 22,1 kg/m²;
Geral:

 Face alongada, respiração predominantemente oral, lábios ressecados, halitose,


língua rebaixada e mordida cruzada.
 Nariz e seios da face: prega nasal transversa, mucosa nasal edemaciada e de
coloração pálida. Nega dor a palpação da região dos seios da face.
 Cardiovascular: ritmo regular em dois tempos, sem sopro, sem alteração de
ictus.
 Respiratório: murmúrio vesicular presente, sem ruídos adventícios.
 Abdome: normotenso, depressível, sem organomegalias, ruídos hidroaéreos
presentes.

A tosse é classificada pela duração em aguda, subaguda e crônica. No caso a tosse é


classificada como subaguda porque tem duração de quatro semanas. Não é tosse aguda
porque a duração seria de menos de três semanas; enquanto a tosse subaguda tem duração
de três e oito semanas; por outro lado, a tosse crônica é caracterizada por período de mais de
oito semanas. Respirador bucal, porque respira com a boca aberta cronicamente devido a
obstrução nasal. O padrão fisiológico seria de respiração nasal.

Trata-se de um caso de rinossinusite que é caracterizado pela inflamação da mucosa do nariz e


seios paranasais. Provavelmente a origem é alérgica, porque existe história pessoal de asma na
infância com piora na primavera, e alterações na anatomia facial. Assim, a hipótese mais
provável é de um quadro de rinite alérgica crônica. Por ser um quadro crônico se exclui a
chance de ser resfriado comum que costuma ser autolimitado no tempo. A asma tem como
sinal predominante a sibilância que não foi encontrado. Na faringite, o sintoma predominante
é dor de garganta que não foi referido. A pesquisa de baciloscopia no escarro negativo diminui
a probabilidade de tuberculose.

Não é necessário pedir nenhum exame na Atenção Primária para classificar a rinite alérgica
sem sinais de complicação. A rinite alérgica é classificada normalmente com base na
intensidade dos sintomas e seu impacto sobre a qualidade de vida do paciente. Neste caso, o
paciente apresenta rinite alérgica persistente moderada/grave.

O tratamento deve ser realizado com lavagem nasal com solução salina e corticoide nasal. As
soluções salinas isotônicas (0,9%) de uso tópico são seguras e auxiliam na desobstrução e
limpeza nasal. As soluções salinas hipertônicas (até 3%) aumentam a frequência do batimento
ciliar e reduzem o edema da mucosa nasal, favorecendo o transporte mucociliar e diminuindo
a obstrução nasal. A lavagem nasal com solução salina hipertônica traz maior benefício como
terapia coadjuvante nas rinossinusopatias alérgicas. Os corticoides tópicos devem ser
recomendados para pacientes com rinite alérgica. Caso não haja melhora do quadro em uma
semana pode ser avaliada a necessidade de adicionar um anti-histamínico ao tratamento. Os
descongestionantes tópicos podem ser usados ocasionalmente em adultos, porém o uso por
mais de três dias deve ser evitado pelo risco de rinite química.
Anamnese

Queixa principal

Corrimento e obstrução nasal, dor facial e cefaléia.

Histórico do problema atual

Iniciou com sintomas de resfriado comum há 7 dias e dificuldade para respirar por
obstrução nasal há aproximadamente 3 dias e há dois dias refere forte dor facial do lado
esquerdo. Em alguns momentos sente pressão retro-orbitária esquerda e cefaléia frontal.
Secreção nasal espessa e esverdeada. Está em uso de descongestionante nasal
(automedicação) para aliviar sintomas.

Histórico

História social

J.L.M.,marceneiro há 20 anos (empresa em casa), não faz uso de EPI, fumante. Casado
(esposa tem 40 anos, ajuda na marcenaria), 2 filhos (12 e 10 anos), casa de alvenaria,
renda mensal familiar de 4 salários mínimos.

Antecedentes pessoais

Fuma há 25 anos, em média de 15 cigarros ao dia. É comum ter resfriado nos anos
anteriores. Relata apresentar crises de rinite alérgica, mas nunca realizou tratamento.

Medicações em uso

Descongestionante nasal a base de Cloridrato de oximetazolina 0,5mg, utiliza várias


vezes ao dia.

Antecedentes familiares

Pai faleceu aos 68 anos de câncer de pulmão. Mãe tem 72 anos é diabética e hipertensa.

Exame Físico

 Estado geral: ativo, lúcido, orientado, deambulando


 Pele: pele levemente ressequida com sinais de exposição permanente ao sol.
 Face: mucosa oral hidratada e corada. Dor à palpação em seios paranasais
esquerdos (maxilar, etmoidal e esfenoidal).
 Tórax: simétrico, ausculta cardíaca com ritmo regular, bulhas normofonéticas, 2
tempos. Ausculta pulmonar sem presença ruídos, sem esforço respiratório.
 Abdômen: abdômen plano, pele sem lesões, ruídos peristálticos regulares.
 Membros: ausência de lesões na pele, unhas amareladas em dedos indicadores
dos membros superiores (MMSS).
 Pulsos arteriais periféricos simétricos.

Sinais Vitais e Medidas Antropométricas:

 Pressão arterial: 124 x 82 mmHg


 Frequência cardíaca: 70 bpm
 Frequência respiratória: 20 mrpm
 Temperatura = 37,2ºC
 Peso: 62 kg
 Altura: 1,73m
 IMC: 20,7 kg/m2

Saiba mais

Conceito de rinossinusite

A rinossinusite é uma inflamação da mucosa que reveste a cavidade nasal e os seios


paranasais, decorrente de processos infecciosos virais, bacterianos ou fúngicos, podendo estar
associada à alergia, polipose nasossinusal e disfunção vasomotora da mucosa. Este termo é
utilizado para doenças com sintomas predominantemente nasais (resfriado comum, sinusite e
rinofaringite). Tem sido utilizado termo rinossinusite em substituição à sinusite, pois é rara a
inflamação dos seios paranasais sem o acometimento da mucosa nasal, ou seja, a rinite pode
existir isoladamente, mas a sinusite sem rinite é infrequente (DIRETRIZES BRASILEIRAS DE
RINOSSINUSITES, 2008).

Sinais e sintomas

A rinossinusite está entre as três infecções das vias aéreas superiores mais comuns em adultos
e crianças (faringite e otite média), sendo que adultos tem em média de dois a cinco episódios
anuais destas infecções, frequentemente são episódios brandos e autolimitados,
eventualmente evolui com complicações (BRASIL, 2012).

Quadros agudos de afecções das vias aéreas superiores são muito frequentes no acolhimento
à demanda espontânea na Unidade Básica de Saúde, sendo o tratamento e encaminhamento
adequados o diferencial para evitar complicações. Frequentemente, o diagnóstico da
rinossinusite é clínico, não sendo necessária a solicitação de exames de imagens (BRASIL,
2012).

No geral os sintomas mais frequentes são rinorreia e obstrução nasal. A tosse não é padrão,
sendo resultante da irritação da orofaringe devido à drenagem posterior dos seios da face ou
da infecção direta das grandes vias aéreas. A febre não é um sintoma predominante, se
ocorrer costuma ser baixa. O nariz, a orofaringe e as membranas timpânicas podem ficar
hiperemiados. Depois dos primeiros dias, é comum a secreção nasal ficar mais espessa e
esverdeada, em decorrência da destruição de células epiteliais e de neutrófilos. Também
podem ocorrer espirros e irritação na garganta (BRASIL, 2012).

A cefaleia ocorre nas sinusopatias com características diversas, dependendo do seio sinusoidal
acometido. A mais comum é a sinusopatia frontal, caracterizada por dor intensa frontal e
retro-orbitária, com sensação de pressão ou latejante que piora com a movimentação da
cabeça (BRASIL, 2012).
Anamnese

Queixa principal

Edema e dor em pálpebra direita.

Histórico do problema atual

K.L.F. procura a Unidade Básica de Saúde, pois apresenta quadro gripal há


aproximadamente 10 dias, com os sintomas descritos: obstrução nasal, rinorreia
mucopurulenta, com pressão facial leve, anosmia (perda do olfato), tosse seca, sendo
que houve piora dos sintomas há 4 dias. Também referiu dor de dente na região maxilar.
O edema na pálpebra direita iniciou no dia anterior. Relata que terceira vez, no mesmo
ano, que sintomas idênticos aparecem.

Histórico

História social

K.L.F. reside com o esposo (30 anos, autônomo), com a única filha de 10 anos e com a
mãe (55 anos, aposentada por invalidez). Vivem em uma casa de alvenaria, com energia
elétrica e água encanada, sem coleta de esgoto. É vendedora em loja de vestuário. A
renda familiar de três salários mínimos e meio.

Antecedentes pessoais

É fumante há 15 anos (parou apenas durante a gestação).


Teve parto normal. Exame citopatológico de colo uterino realizado há 8 meses, sem
alterações. Faz uso de dispositivo intrauterino há 7 anos.

Antecedentes familiares

Mãe tabagista há 35 anos, tem problema crônico nas articulações do joelho, dificultando
seu deslocamento (motivo da aposentadoria aos 54 anos), é hipertensa. Pai morreu
atropelado aos 45 anos.

Medicações em uso

Faz uso de descongestionante nasal tópico a base de cloridrato de oximetazolina 0,05%

Exame Físico

 Estado geral: ativa, lúcida, orientada, deambulando.


 Pele: levemente ressecada.
 Face: corada; mucosa oral ressecada. Ao exame dos seios da face: dor à
palpação na hemiface direita com piora na inclinação da face para a frente.
 Tórax: simétrico, ausculta cardíaca com ritmo regular, bulhas normofonéticas, 2
tempos. Ausculta pulmonar sem esforço respiratório.
 Abdômen: abdômen plano, pele sem lesões, ruídos peristálticos regulares.
 Membros: ausência de lesões na pele. Pulsos arteriais periféricos simétricos.

Saiba mais

 Pressão arterial: 137 x 86 mmHg


 Frequência cardíaca: 75 bpm
 Frequência respiratória: 22 mrpm
 Temperatura = 39,5ºC
 Peso: 66kg
 Altura: 1,54m
 IMC: 27,8kg/m2

Questão 1

Quais os sinais e sintomas apresentados que indicam que K.L.F. foi


diagnosticada com rinossinusite crônica bacteriana?

Duração do quadro clínico há mais de 20 dias


Dor de dente na região maxilar
Rinorreia mucopurulenta
Tosse seca
Pressão facial
Piora da sintomatologia após o quinto dia de início dos sintomas
Anosmia

28 / 100 acerto
Na rinossinusite aguda o diagnóstico diferencial entre as etiologias viral e bacteriana
baseia-se principalmente na duração e piora da sintomatologia. Na infecção viral os
sintomas tendem a diminuir a partir do quinto dia e desaparecem por volta do décimo
dia. K.L.F. apresenta este quadro clínico há dez dias. Na infecção bacteriana os
sintomas são persistentes mesmo depois dos dez dias do seu aparecimento (10 a 14 dias)
e ocorre a piora do quadro após o quinto dia (BRASIL, 2013).

Saiba mais

Os aspectos clínicos mais encontrados são: obstrução nasal, congestão facial, rinorreia
mucopurulenta ou purulenta, descarga pós-nasal, pressão e dor facial (em peso, não
pulsátil e pior com a inclinação da cabeça para frente), dor de dente na região maxilar
(dor referida), distúrbios do olfato (hiposmia, anosmia ou cacosmia), tosse seca ou
produtiva, entre outros possíveis sintomas (plenitude auricular, irritação faríngea,
rouquidão) (BRASIL, 2013).

Os agentes etiológicos mais comuns nas rinossinusites bacterianas crônicas são:


Staphylococcus aureus e Staphylococcus coagulase negativos (DIRETRIZES
BRASILEIRAS DE RINOSSINUSITES, 2008).

Questão 2

De acordo com os sinais e sintomas apresentados por K.L.F., como


podemos classificar a rinossinusite com relação à sua gravidade?

Leve
Muito grave
Grave
Moderada
Incorreto
A gravidade da infecção é importante para identificar o comprometimento e orientar o
tratamento. De acordo com os sinais e sintomas de K.L.F. (rinorreia purulenta,
congestão nasal, dor facial, edema periorbitário e febre) podemos classificar como
grave.

Saiba mais

Quadro 1: Gravidade dos sinais e sintomas na rinossinusite bacteriana (BRASIL, 2013)

Leve a Moderada Grave


Rinorreia em qualquer quantidade rinorreia purulenta
Congestão nasal congestão nasal
Tosse Dor facial ou cefaleia
Cefaleia, dor facial e irritabilidade
Edema periorbitário(variável)
(variável)
Febre Alta( temperatura axilar acima de
Febre baixa ou ausência de febre
39ºC

Fonte: Ministério da Saúde, 2012, p. 170.

Questão 3

Quais as principais complicações que podem ocorrer na rinossinusite


bacteriana?

Cefaleia intensa com irritabilidade


Sinais de toxemia ou irritação meníngea
Alterações na acuidade visual
Anorexia
Edema periorbitário, equimose; proptose (deslocamento do globo ocular para a
frente); exoftalmia.

100 / 100 acerto


As complicações orbitárias são as mais comuns, secundárias ao acometimento do seio
etmoidal. Mas também podem surgir cefaleia intensa, alterações visuais e sinais de
toxemia ou irritação meníngea. A anorexia não é um sinal de complicação relacionado a
rinossinusite

Saiba mais

As rinossinusopatias causam cefaleias com diversas características, dependendo do seio


sinusoidal acometido. A mais comum é a sinusopatia frontal, caracterizada por dor
intensa frontal e retro-orbitária, com sensação de pressão ou latejante que piora com a
movimentação da cabeça. Esses casos devem ser tratados na própria UBS e somente
serem encaminhados se houver sinais de celulite periorbitária (BRASIL, 2013, p. 33).

Edema palpebral, restrições ao movimento extraocular, proptose, equimose e alterações


da acuidade visual podem ser sinais clínicos de complicações orbitárias. Edema e dor da
região frontal podem ser sinais de osteomielite secundária ao acometimento do seio
frontal.

São sinais de alerta para complicações das rinossinusites: piora dos sintomas após 72
horas do início do tratamento antibiótico, surgimento de edema periorbitário com ou
sem hiperemia, cefaleia intensa com irritabilidade, alterações visuais, sinais de toxemia
ou irritação meníngea (BRASIL, 2013, p. 169).

Os pacientes com complicações graves devem ser prontamente encaminhados a serviços


de urgência ou de referência. Aqueles com complicações leves, com rinossinusite
crônica recidivante ou falha clínica terapêutica devem ser encaminhados ao especialista
(BRASIL, 2013, p. 171).

Questão 4

Após o encaminhamento para atendimento médico, a paciente retorna


com a prescrição medicamentosa. Qual o tratamento indicado?

Antitérmico e analgésico
Corticoides
Amoxicilina + Clavulanato
Ampicilina e Gentamicina
Antiinflamatórios não esteroidais.

80 / 100 acerto
Antitérmicos e analgésicos - para o alívio da febre e dor medicamentos como dipirona
e paracetamol tem um bom desempenho. Por conta dos possíveis efeitos colaterais, é
contra-indicada a prescrição de anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) ou de
corticoides (BRASIL, 2013).

Antibióticos - o objetivo da antibioticoterapia é erradicar a bactéria do local da


infecção, diminuir a duração dos sintomas, prevenir complicações e evitar que o
processo se torne crônico. A escolha do antibiótico é empírica, baseada nos agentes
etiológicos mais prováveis em cada situação, devendo também ser considerada a idade
do indivíduo, a gravidade dos sinais e sintomas e os fatores de risco para infecções
bacterianas resistentes (BRASIL, 2013).

Sendo, nas rinossinusites crônicas, a maior prevalência de Staphylococcus aureus e


Staphylococcus coagulase negativos e a possível associação com bactérias anaeróbicas,
são indicados a combinação de amoxicilina com clavulanato de potássio ou a
clindamicina (DIRETRIZES BRASILEIRAS DE RINOSSINUSITES, 2008).
Saiba mais

Quadro 2: Antibióticos

Antibióticos Adultos Crianças


1,5 a 4g/250 mg/ diacom
Amoxacilina + clavulanato 90 mg/6,4 mg/Kg/dia
8 ou 12h
Clindamicina 900-1800 mg/d c/ 8h 10-30 mg/Kg/dia
15 mg/Kg/ dia + 25 -50
Metronidazol+ Cefalexina 1,2g+ 1,5 g/dia c/ 8h
mg/Kg/dia
1,2g + 500 mg-1g/dia c/ 15 mg/Kg/dia+ 25-30
Metronidazol+ Cefuroxime
12h mg/Kg/dia
Moxifloxacino 400 mg/dia c/24h
Levofloxacino 500 mg/Kg/dia c/24h
Metronidazol+ Cefalosporina de 1ª
ou 2ª geração

Fonte: Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites, 2008, p. 21.

Questão 5

Nos casos de rinossinusite crônica, é frequente a utilização de


descongestionante nasal sem prescrição médica. Assinale a opção correta:

Descongestionante oral a base de cloridrato de fenilpropanolamina, cloridrato de


pseudoefedrina: está indicado para uso por um período superior a três dias.
Descongestionante tópico spray com cloridrato de fenilefrina ou cloridrato de
oximetazolina: provoca alívio imediato da congestão nasal e pode ser utilizado por todo
o período da infecção.
Descongestionante tópico spray com cloridrato de fenilefrina ou cloridrato de
oximetazolina: provoca alívio imediato da congestão nasal porém, o uso contínuo por
mais de 3 a 4 dias pode causar rinite medicamentosa.
Descongestionante oral a base de cloridrato de fenilpropanolamina, cloridrato de
pseudoefedrina: indicado somente nas primeiras 24h.

50 / 100 acerto
Os descongestionantes tópicos (sprays com cloridrato de fenilefrina ou cloridrato de
oximetazolina) produzem alívio sintomático imediato na congestão nasal, mas seu uso
ininterrupto por mais de 3 a 4 dias pode causar rinite medicamentosa.
Descongestionante oral a base de cloridrato de fenilpropanolamina, cloridrato de
pseudoefedrina, por possuir efeito sistêmico não tem sua eficácia diminuída com o
decorrer do tratamento, embora tenham sua efetividade questionada pelo fato de
causarem ressecamento das mucosas e espessamento das secreções (DUNCAN et al.,
2013).

Saiba mais

Ao considerar possíveis fatores fisiopatológicos, outros medicamentos coadjuvantes


também podem auxiliar no tratamento da rinossinusite crônica, dentre eles: mucolíticos,
anti-histamínicos, lisados bacterianos, antagonistas de leucotrienos, homeopatia,
acupuntura e vários medicamentos fitoterápicos -, contudo ainda faltam estudos que
evidenciem seus benefícios (DUNCAN et al., 2013).

As soluções salinas hipertônicas (até 3%) auxiliam na melhora dos sintomas em


indivíduos com rinossinusite recorrente e como terapia coadjuvante nas
rinossinusopatias alérgicas e em pós-operatórios de cirurgias nasossinusais, pois
aumentam a frequência do batimento ciliar e reduzem o edema da mucosa nasal,
favorecendo o transporte mucociliar e diminuindo a obstrução nasal. Alguns indivíduos
têm a sensação de irritação da mucosa nasal com soluções hipertônicas e não toleram o
seu uso (BRASIL, 2013).

Objetivos do Caso

Revisar diagnóstico de rinossinusite e a classificação conforme tempo de evolução,


controle ambiental, uso racional de medicações e complicações.

Anamnese

Queixa principal

Rinorreia, espirros, obstrução nasal e redução do paladar.

Histórico do problema atual

Em busca de atendimento na unidade devido a sintomas respiratórios, J.S.C., refere


prurido nasal, rinorreia aquosa, espirros repetidos, constipação nasal e diminuição do
paladar. Os sintomas persistem há mais de três semanas e acometem a paciente de mal-
estar geral, comprometendo atividades diárias e interferindo no sono. Refere que os
sintomas são exacerbados durante as atividades do trabalho (diarista).

Revisão de sistemas

Nega tosse produtiva.

Histórico

História social

Possui ensino médio incompleto e trabalha como diarista. Vive no bairro há cinco anos
com o companheiro e dois filhos (07 e 10 anos). A família reside em casa de alvenaria
com água tratada, energia elétrica, sem sistema de coleta e tratamento de esgoto. O
companheiro trabalha com serviços gerais e a renda familiar é de aproximadamente dois
salários mínimos.

Medicações em uso

Paracetamol 500 mg 6/6 horas se necessário.


Solução fisiológica com vasoconstritor, não sabe precisamente informar quantas vezes
ao dia.

Antecedentes pessoais

Não refere outras queixas, nem tem diagnóstico de doenças associadas. É sedentária e
tabagista há 30 anos.

Exame Físico
Sinais Vitais:
Face: hiperemia conjuntival, lacrimejamento.
Rinoscopia: verifica-se conchas nasais edemaciadas, mucosa nasal pálida e com
secreção mucoide.
Ausculta pulmonar: presença de murmúrios vesiculares e boa expansividade pulmonar.

Questão 1

Quais sinais e sintomas mais comumente compõem o quadro de rinite?

Prurido nasal e a diminuição do paladar.


Edema de conchas nasais;
Hiperemia conjuntival e lacrimejamento;
Obstrução nasal, rinorreia, espirros e prurido nasal;

Acertou
A combinação de obstrução nasal, rinorreia, espirros e prurido nasal são os sinais que
mais comumente compõem o quadro clínico de rinite alérgica. O edema de conchas
nasais isoladamente, assim como a hiperemia conjuntival e o lacrimejamento, sem a
associação com as queixas principais já descritas, não são suficientes para definir o
diagnóstico desta patologia. A diminuição do paladar e do olfato pode ocorrer em casos
crônicos.

Saiba mais

Rinite é a inflamação aguda ou crônica, infecciosa, alérgica ou irritativa da mucosa


nasal, sendo os casos agudos, em sua maioria, causada por vírus, ao passo que os casos
crônicos ou recidivantes são geralmente determinados pela rinite alérgica, induzida pela
exposição a alérgenos, que, após sensibilização, desencadeiam resposta inflamatória
mediada por imunoglobulina E (IgE) (BRASIL, 2010).

Questão 2

Em episódio anterior a paciente foi diagnosticada com rinossinusite


bacteriana aguda moderada. Possivelmente, naquela ocasião, os sinais
apresentados eram os seguintes:

Obstrução nasal, a rinorreia em grande quantidade, prurido nasal, dor facial ou cefaleia
e febre alta. Sintomas persistentes e sem piora do quadro durante uma semana.
Obstrução nasal, congestão facial, rinorreia mucopurulenta ou purulenta, descarga pós-
nasal, pressão e dor facial. Sintomas persistentes por mais de duas semanas.
Obstrução nasal, rinorreia purulenta, cefaleia, dor facial e edema periorbitário. Sinais
que persistiram durante uma semana, sem agravamento.
Obstrução nasal, a rinorreia, espirros, prurido nasal e tosse. Sinais que persistiram
durante cinco dias.

Acertou
A infecção bacteriana (rinossinusite bacteriana) deve ser suspeitada quando os sintomas
persistem após 10-14 dias ou quando os sintomas pioram após o quinto dia de evolução.
Tratando-se de casos virais, a regressão dos sintomas ocorre em menor tempo.

Saiba mais
Uma dificuldade comum na prática clínica é a diferenciação entre resfriado
(rinossinusite viral), rinite alérgica aguda e rinossinusite bacteriana. Para ajudar a
compreender a etiologia alérgica se faz necessária a investigação dos dados clínicos
sugestivos de atopia, quadros anteriores semelhantes, história familiar e fatores
desencadeantes. Já, para a diferenciação entre quadros virais e bacterianos, são dados
importantes o tempo de evolução e a gravidade do quadro (BRASIL, 2013). Nas
rinossinusites bacterianas, os dados clínicos mais encontrados são obstrução nasal,
congestão facial, rinorreia mucopurulenta ou purulenta, descarga pós-nasal, pressão e
dor facial (em peso, não pulsátil, que piora com a inclinação da cabeça para frente), dor
nos dentes maxilares, distúrbios do olfato, tosse seca ou produtiva. Entre outros
possíveis sintomas destaca-se plenitude auricular, irritação faríngea e rouquidão. Os
agentes etiológicos mais comuns são o Streptococcus pneumoniae e Haemophilus
influenzae. Com menor incidência estão envolvidos como agentes causais: Moraxella
catarrhalis, Staphylococcus aureus e Streptococcus beta hemolítico do grupo A
(BRASIL, 2013).

Questão 3

A paciente relata que os sintomas se iniciaram há mais de três semanas,


comprometem atividades diárias, interferem no sono e já foram motivo
de consultas com a equipe de saúde em outras duas ocasiões no mesmo
ano. Nesse contexto, a classificação de gravidade da rinite alérgica será:

Persistente moderada ou grave


Intermitente leve
Persistente leve
Intermitente moderada ou grave

Incorreto
A rinite alérgica persistente possui maior frequência e duração dos sintomas (Quadro 1),
nesse caso, é considerada moderada ou grave, pois, na avaliação de sua intensidade,
compromete as atividades diárias e interfere no sono.

Saiba mais

A rinite alérgica é classificada com base na frequência e intensidade dos sintomas.


Assim, a rinite pode ser:

Frequência e duração dos sintomas


Intermitente < 4 dias por semana ou < 4 semanas de duração (ano)
Persistente ≥ 4 dias por semana e > 4 semanas de duração (ano)
Intensidade
-Sono normal
Leve
-Atividades normais (esportivas, de recreação, na escola e trabalho)
-Sono anormal
-Interferência nas atividades diárias, esportivas e/ou de recreação
Moderada ou grave
-Dificuldades na escola e no trabalho
-Sintomas incômodos
Fonte: Ministério da Saúde, 2010, p. 19.

Questão 4
Entre os fatores de risco para rinite alérgica que a paciente apresentava,
você facilmente associa ao início dos sintomas as atividades desenvolvidas
durante o trabalho da paciente e o tabagismo. Quais outros fatores de
risco para rinite alérgica você investigaria com a finalidade de concluir a
avaliação do caso e direcionar as orientações para prevenção de
recidivas?

Convivência com cães ou gatos, presença de mofo e ácaros no domicílio.


Exposição ao frio e umidade, contato com ácaros e aves no domicílio.
Convivência com animais silvestres, padrão alimentar e exposição à poluentes
ambientais.
História familiar de DPOC, tratamento anterior para pneumonia e contato com
pólen.

100 / 100 acerto


A literatura não indica que o contato com aves ou animais seja fator de risco associado
com rinite alérgica. O tratamento anterior para pneumonia, história familiar de DPOC
não se aplicam nesse caso.

Saiba mais

Entre os principais fatores de risco incluem-se: a exposição ao ácaro, exposição ao


tabagismo, à poluição ambiental, contato com animais domésticos (cães e gatos),
infiltração ou mofo nas paredes do ambiente doméstico. Os compostos voláteis
utilizados em produtos de limpeza e construção também são considerados irritantes
inespecíficos, pois desencadeiam sintomas da rinite alérgica através de mecanismos não
imunológicos. Assim como os ácaros, os fungos, o epitélio, urina e saliva de cães e
gatos, as baratas também se encontram entre os principais alérgenos ambientais
desencadeantes e/ou agravantes da rinite (BRASIL, 2010).

Questão 5

Você consideraria encaminhar a paciente para avaliação de um


especialista na seguinte condição:

Obstrução nasal, rinorreia em qualquer quantidade, cefaleia, dor facial, tosse, febre
baixa.
Falha na resposta terapêutica com presença de desvio de septo e/ou hipertrofia de
adenoide.
Se além de diminuição do paladar a paciente apresentasse diminuição do olfato.
Quadro identificado compatível com rinite persistente moderada/grave.

Acertou
As rinites persistentes moderadas e graves podem ser acompanhadas e tratadas na
atenção básica, mas, nos casos em que o paciente não apresenta a resposta terapêutica
esperada, recomenda-se encaminhamento para especialista. A diminuição do olfato
pode ser encontrada em casos crônicos, mas isoladamente não indica encaminhamento
para especialista.

Saiba mais
Recomenda-se encaminhamento para pediatra, pneumologista, alergista ou
otorrinolaringologista todos os casos em que o quadro clínico deixe margem de dúvida
e/ou apresente condições clínicas que mimetizam rinite alérgica, dificultando o
diagnóstico e acompanhamento na unidade de saúde. Casos que aderem ao tratamento
correto, mas apresentem resposta terapêutica inadequada, também devem ser
encaminhados para avaliação especializada. Da mesma forma, atenção especial aos
casos em que a rinite interfira significativamente na qualidade de vida social, escolar e
produtiva. Essa é uma condição que também pode estar associada a outras condições
como asma, sinusite, otite média, respiração bucal e suas consequências (BRASIL,
2010).

Objetivos do Caso

Avaliar os sinais e sintomas. Revisar os fatores de risco, diagnóstico diferencial,


classificação de gravidade e condições clínicas que indicam o encaminhamento ao
especialista.

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