TCC Murilo Mattei Versao Final
TCC Murilo Mattei Versao Final
TCC Murilo Mattei Versao Final
Florianópolis
2017
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da
UFSC.
Inclui referências.
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Prof. Tiago Bahia Losso, Dr.
Coordenador do Curso
Banca Examinadora:
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Prof. Gabriel Coutinho Barbosa, Dr.
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina
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Prof. Márnio Teixeira-Pinto, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina
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Prof. Jeremy Paul Jean Loup Deturche, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina
AGRADECIMENTOS
1 - INTRODUCÃO ..............................................................................8
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................56
15
1 - INTRODUÇÃO
1
“Outro” em letra maiúscula para indicar a alteridade em geral, no mesmo
sentido em que Viveiros de Castro (2015, p. 21) usa para falar da “produção
objetiva do Outro”.
17
transformações (poderíamos também assumir que existem diversas
alternativas chamadas igualmente de Antropologia), e cabe lembrar que
essas mudanças não ocorrem de forma linear como pode parecer quando
escrevemos sobre o passado da disciplina. Há diferentes escolas e
autores que simultaneamente direcionaram-se tanto para um
conhecimento mais objetivista, que busca explicações, quanto para um
conhecimento mais subjetivista, que se atém às interpretações. Nos
cinco capítulos que compõem este trabalho perceberemos diversos
vieses na forma de conhecer da antropologia, o seu início com uma certa
inspiração na história natural; o funcionalismo de Malinowski e o
determinismo biológico; o estrutural-funcionalismo de Radcliffe-Brown
e as constantes analogias fisiológicas; o estruturalismo de Lévi-Strauss e
o apelo à linguística; o pós-modernismo e a impossibilidade de uma
antropologia objetiva; até a contemporaneidade em que autores como
Roy Wagner, Marilyn Strathern e Eduardo Viveiros de Castro tem
explorado a natureza relacional do fazer antropológico e de seu objeto.
Para articular as discussões sobre o conhecimento antropológico
proposto neste trabalho, gostaria de primeiramente deixar explícito o
que entendo pela oposição entre objetivismo e subjetivismo da maneira
que julguei a mais simples possível. Há uma grande lista de termos
opositivos que estão correlacionados, que são desdobramentos uns dos
outros e surgem em diferentes discussões aparentemente designando o
mesmo problema. É o caso das oposições entre ciências da natureza
versus ciências do espírito, objetivismo e subjetivismo, interpretação e
explicação, realismo e idealismo, realismo e antirrealismo.
Foi partir de leituras sobre debates da filosofia da ciência que
abordam a questão do conhecimento nos termos realismo/antirrealismo
que julguei ter encontrado a forma mais clara para começarmos a pensar
a relação entre objetivismo e subjetivismo nas obras que serão
analisadas neste trabalho. Para autores como o filósofo da ciência
holandês Bas Van Fraassen (1989, p. 7), o realismo (objetivismo) tem a
concepção de que o mundo existe de forma autônoma em relação a
quem o observa. Em última instância, o mundo independe das teorias
científicas para ser como é. De forma bastante simplista, diria que o
realismo (objetivismo) entende que as produções científicas são
descobertas, e não apenas invenções como postula o antirrealismo
(subjetivismo). Para o objetivismo,
2
Ver Costa, 2011; Marcus & Crushman 1982; Marques 2008;
38
Ao propor princípios metodológicos para a pesquisa
antropológica, fazendo uma profunda crítica às tradições anteriores de
grandes comparações, Malinowski inaugura uma nova forma de
pesquisar, rompendo com a chamada “antropologia de gabinete” 3 ,
comum às tradições evolucionista e difusionista4. Porém, é pertinente
lembrar que o autor não criou a pesquisa de campo, ela já era realizada
há bastante tempo, a expedição ao Estreito de Torres é um exemplo, em
que a mesma também tinha metodologia. O que Malinowski
desenvolveu foi um método etnográfico especifico, a observação
participante.
O autor propôs um método que preza pelo aprofundamento na
vida nativa, que busca captar o ponto de vista nativo, de modo que o
antropólogo possa compreender detalhadamente a organização social da
vida tribal. Sua proposta demonstra um profundo ceticismo em relação
às grandes teorias criadas pelos antropólogos predecessores e inaugura
uma nova antropologia. Como aponta Eunice Durham (1984: VII),
Malinowski em sua obra Argonautas
3
Expressão pejorativa para designar as teorias elaboradas a partir de dados
coletados por terceiros; do inglês: armchair antropology.
4
Para compreender o difusionismo de um modo geral, ver Laplantine (2003).
39
família entre os aborígenes australianos (1913), Malinowski já
apontava de forma certeira as deficiências das análises evolucionistas e
sugeria uma nova forma de interpretação do material etnográfico
(DURHAM, 1984: X). Foram os grandes expoentes dessa renovada
antropologia britânica, Malinowski e Radcliffe-Brown, que
estabeleceram “um novo método de investigação e interpretação, que
ficou conhecido como “escola funcionalista” (DURHAM, 1984: IX). No
entanto, há grandes diferenças em termos de método e, sobretudo, de
entendimento sobre a ideia de “função” para esses dois autores, que
serão apontadas no decorrer deste capítulo.
Malinowski, como um grande representante desta tradição
antropológica, defendeu que devemos buscar compreender a cultura em
sua totalidade, procurar as relações funcionais entre as partes desta
totalidade orgânica, pois os “elementos culturais fazem parte de
sistemas concretos definidos, e sua natureza e sentido dependem da
posição que ocupam nesse sistema” (DURHAM, 1986, p. 11). A única
forma de encontrar um elemento cultural é analisar a função que o
mesmo exerce dentro de uma cultura no momento da pesquisa. É
preciso
4.3 – MITOLÓGICAS
5
“It is awkward to refer constantly to both epistemology and ontology and
incorrect to suggest that they are separable in human natural history. There
seems to be no convenient word to cover the combination of these two
concepts”
80
trabalhos, me aprofundando em certas discussões. Diferentemente do
que realizei neste trabalho, que é notavelmente o esboço de um mapa.
81
82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS