FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO - Unidade 2 PDF

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31

As autoras

Abadia de Lourdes da Cunha, mestre em Ciências Ambientais pelo programa de pós-


graduação em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente (UniEVANGÉLICA-
2013/2015). Possui graduação em Matemática pela Universidade Católica de Goiás
(1989). Especialista em Matemática Superior pela Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais (1994) e Formação Sócioeconômica do Brasil (1995). Professora efetiva
na Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esporte de Goiás e professora de
Matemática no curso de Pedagogia da Faculdade Araguaia.

Maria Aparecida Costa, mestre em Educação pela Universidade Federal de Goiás,


especialista em Orientação Educacional pela Fundação Centro de Capacitação e
Aperfeiçoamento de Supervisores das Unidades de Ensino do Estado de Goiás, no
projeto Educando o Educador. Especialista em Gestão da Educação Pública pela
Universidade Federal de Juiz de Fora. Graduada em Pedagogia pela Pontifícia
Universidade Católica de Goiás. Professora efetiva da Secretaria de Estado da
Educação, Cultura e Esporte de Goiás e professora no curso de Pedagogia da
Faculdade Araguaia.

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FACULDADE ARAGUAIA - FARA
1º Edição - 2016

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer
fim. Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais

DIRETORIA GERAL:
Professor Mestre Arnaldo Cardoso Freire
DIRETORIA FINANCEIRA:
Professora Adriana Cardoso Freire
DIRETORIA ACADÊMICA
Professora Ana Angélica Cardoso Freire
DIRETORIA ADMINISTRATIVA
Professor Hernalde Menezes
DIRETORIA PEDAGÓGICA:
Professora Mestra Rita de Cássia Rodrigues Del Bianco
VICE-DIRETORIA PEDAGÓGICA
Professor Mestre Hamilcar Pereira e Costa
COORDENAÇÃO GERAL DO NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Professora Especialista Terezinha de J. Araújo Castro
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Isabel C. Melo Alencar
COORDENAÇÃO E REVISÃO TÉCNICA DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO EM VÍDEO E WEB
Professora Doutora Tatiana Carilly Oliveira Andrade
DESIGN GRÁFICO E EDITORIAL
Bruno Adan Vieira Haringl

FACULDADE ARAGUAIA
Unidade Centro – Polo de Apoio Presencial
Endereço: Rua 18 nº 81 - Centro - Goiânia-GO, CEP: 74.030.040
Fone: (62) 3224-8829
Unidade Bueno
Endereço: Av. T-10 nº 1.047, Setor Bueno - Goiânia-GO, CEP: 74.223.060
Fone: (62) 3274-3161
Site Institucional
www.faculdadearaguaia.edu.br

NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Polo Goiânia: Unidade Centro
Correio eletrônico: [email protected]

33
SUMÁRIO

UNIDADE II – A EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE: DA INFORMAÇÃO DO


CONHECIMENTO E DA APRENDIZAGEM ............................................................. 36
Capitulo 1 - Concepções da educação na atualidade .......................................... 40
1.1 Educação Tradicional .......................................................................................... 40
1.2 Educação Internacionalizada .............................................................................. 41
1.3 Educação Popular ............................................................................................... 42
1.4 Universalização da educação básica e novas matrizes teóricas ......................... 42
Atividade Complementar ........................................................................................... 43
Capítulo 2 - A educação e a sociedade ................................................................. 46
Atividade Complementar ........................................................................................... 46
Questionário ............................................................................................................ 52
Referências .............................................................................................................. 55

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APRESENTAÇÃO

Caro(a) estudante,

Digo: o real não está na saída nem na


chegada: ele se dispõe para a gente
é na travessia.

Guimarães Rosa

Apresentamos a você o caderno de estudos da disciplina Fundamentos da


Educação, que objetiva contribuir com a sua aprendizagem no desenvolvimento dos
conteúdos.
Em cada unidade, você tem a oportunidade de refletir sobre os objetivos, os
temas e realizar atividades que vão colaborar de forma efetiva para a compreensão
do que foi abordado. Observe cuidadosamente o que está proposto e conte com a
mediação do professor que vai propiciar intervenções e contribuições para ampliação
de seus conhecimentos. A disciplina contempla a carga horária de 72 horas e você
tem a oportunidade de organizar o seu tempo para estudo e observar a realização das
atividades de leitura, escrita, complementares e avaliativas.
A disciplina está organizada em três unidades, subdivididas em capítulos de
forma dialética. Espera-se, ainda, que os conteúdos aqui disponibilizados ofereçam
novos elementos sobre a educação brasileira, identifiquem desafios e proponham
alternativas.
Este material pedagógico representa a construção e reconstrução de
conteúdos essenciais em seu processo de aprendizagem.
Percebam os conteúdos aqui apresentados como chegada e também como
partida. Esta apresentação representa um convite para você estudar, ler
criteriosamente cada texto, realizar as atividades propostas e, assim, frutificar novas
aprendizagens.

Seja bem-vindo(a) à disciplina Fundamentos da Educação!

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UNIDADE II – A EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, DO
CONHECIMENTO E DA APRENDIZAGEM

A educação corresponde a toda modalidade de influências e inter-relações


que convergem para a formação de traços de personalidade social e de
caráter, implicando uma concepção de mundo, ideais, valores, modos de agir,
que se traduzem em convicções ideológicas, morais, políticas, religiosas,
princípios de ação frente a situações reais e desafios da vida prática. Implica,
portanto, “uma busca realizada por um sujeito que é o homem” (FREIRE,
1988, p.70).

Esta unidade tem como objetivo contribuir para que vocês, acadêmicos(as) do
curso de Pedagogia, tenham uma compreensão sobre o contexto educacional na
sociedade da informação, do conhecimento e da aprendizagem. Para isso,
buscaremos contextualizar a educação em uma sociedade que traz como
características a complexidade, a incerteza e um enorme avanço, principalmente nas
questões tecnológicas e científicas. O que aponta para uma necessidade de
mudanças de atitudes, ideias e posicionamentos. No âmbito educacional destaca-se
a urgência de uma educação coesa ao contexto, uma educação realmente de
qualidade.
Nossa finalidade é conduzir você a uma leitura reflexiva sobre a educação
nesse contexto contemporâneo e a urgência de mudanças significativas no trabalho e
na formação dos educadores para atender às exigências postas à sociedade. Para
tal, nosso estudo será fundamentado em estudiosos da área que discutem as
principais características educacionais para o século XXI, bem como seus
antecedentes históricos.
A educação na sociedade da informação, do conhecimento e da aprendizagem
está organizada em dois capítulos com o objetivo de facilitar a compreensão das
discussões propostas. Antes de iniciarmos nosso diálogo nessas duas vertentes,
vamos apresentar a você uma visão rápida do que seja, para alguns autores, essa
sociedade a qual nos referimos: sociedade da informação, do conhecimento e da
aprendizagem. Para atingir nosso objetivo são sugeridos, ao longo da unidade, textos
complementares e vídeos para que ampliem os conhecimentos e as discussões.
Os fundamentos teóricos são respaldados pelos autores Gadotti (2000),
Dermeval Saviani (2007) e José Carlos Libâneo (1990), dentre outros, para a
compreensão dos percursos da educação e as tendências na atualidade. Ao longo

36
do texto serão inseridas referências dos principais autores citados para que você
conheça o lugar do qual falamos e se aproprie das ideias defendidas pelos autores.
Também são apresentadas atividades com o objetivo de levá-lo(a) a reflexão
sobre os assuntos abordados. É imprescindível que você realize todas as atividades,
pois estas comporão a sua avaliação ao final da disciplina, além de ajudá-lo(a) a
compreender os conteúdos abordados.

Bons estudos!

Introdução

Vivemos em uma sociedade globalizada e altamente tecnológica que passa por


processos de transformações constantes, com informações fluindo em quantidades e
com rapidez antes inimaginável, por meio do computador e da Internet. Na
compreensão de Castells (2003), deparamo-nos com a sociedade da informação ou
sociedade em rede alicerçada no poder da informação. Hargreaves (2003) a classifica
como a sociedade do conhecimento e Pozo (2004) a define como a sociedade da
aprendizagem que tem ocasionado mudanças em todas as áreas da sociedade.
Nessa direção, discute-se muito sobre essa nova sociedade. Assim, essas
concepções foram incorporadas pelos diversos segmentos da sociedade e, em
especial, pela educação. É necessário, antes de contextualizar a educação na
sociedade contemporânea, trazermos algumas concepções de pesquisadores da área
sobre a sociedade da informação, sociedade do conhecimento e sociedade da
aprendizagem.
Nessa direção trazemos Gouveia (2004) que diz que a sociedade da
informação é aquela que predominantemente utiliza como recurso as Tecnologias da
Informação e da Comunicação (TIC) para a troca de informação em formato digital.
Essa sociedade está baseada nas tecnologias de informação e comunicação: estas
envolvem a aquisição, o armazenamento, o processamento e a distribuição dela por
meios eletrônicos, como a rádio, a televisão, telefone e computadores, entre outros.
Vivemos momentos de grandes mudanças que se caracterizam pelas múltiplas
possibilidades de aprender. Nesse contexto, a escola deixa de ser o único local para
a construção do conhecimento.

37
Para Jonassen (2007), é preciso que o professor tenha competência
pedagógica para fazer uma leitura crítica das informações que estão disponíveis na
Internet. Quanto ao aluno, ele deve ter capacidade cognitiva para transcender do
pensamento elementar para o pensamento crítico, que compreende a reorganização
dinâmica do conhecimento em formas significativas e utilizáveis por meio de três
competências gerais: avaliar, analisar e relacionar. Coutinho (2011) chama a atenção
para o fato de que o acesso à informação não é garantia de conhecimento. Para que
ocorra a aprendizagem, é necessário que, frente às informações apresentadas, as
pessoas possam reelaborar o seu conhecimento ou até mesmo desconstruí-lo com o
propósito de uma nova construção, uma vez que o conhecimento se adquire quando
as diversas informações se inter-relacionam e criam uma rede de significações que
se interiorizam no indivíduo.

O conhecimento é entendido como a capacidade que o aluno tem, diante da


informação, de desenvolver uma competência reflexiva, relacionando os seus
múltiplos aspectos em função de um determinado tempo e espaço, com a
possibilidade de estabelecer conexões com outros conhecimentos e de
utilizá-lo na sua vida quotidiana (PELIZZARI et al., 2002).

Pellicer (1997) afirma que as informações constituem a base do conhecimento;


porém, para que isto aconteça, é necessário o desencadear de uma série de
operações intelectuais que estabelecem relação entre os novos dados e as
informações armazenadas previamente pelo indivíduo. Para Rezende e Abreu (2000),
a informação é todo o dado trabalhado, útil, tratado, com valor significativo atribuído
ou agregado a ele e com um sentido natural e lógico para quem a usa. Já o
conhecimento é quando a informação é “trabalhada” por pessoas e pelos recursos
computacionais, e possibilita a geração de cenários, simulações e oportunidades. O
professor, para atender essa exigência na atualidade, precisa ter competências
tecnológicas, mas possuir, mais do que nunca, competências pedagógicas para fazer
uma análise criteriosa das informações encontradas na rede, organizá-las com seus
alunos para que delas possam construir o conhecimento e alcançar assim a
aprendizagem.
Fabela (2005) caracteriza a sociedade da aprendizagem como um ambiente no
qual a pluralidade de atores contribui para que haja a construção do conhecimento de
forma partilhada, numa perspectiva contínua e processual, quer individual ou
coletivamente, e em todos os domínios da sociedade. Nessa sociedade, exige-se que
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os indivíduos desenvolvam competências e habilidades que possibilitem o exercício
da sua criatividade. Estas devem satisfazer suas perspectivas e necessidades.
A educação bancária citada por Paulo Freire (2003), na qual os alunos são
meros telespectadores e que deveriam absorver tudo conforme as concepções de
seus professores sem questionar, não corresponde a uma educação progressista.
Atualmente, observa-se a necessidade de uma horizontalidade no processo de ensino
e aprendizagem, no qual todos devem ser agentes desse processo. No entanto, para
que ocorra essa horizontalidade na aprendizagem são necessários três elementos, no
entendimento de Fabela (op cit): o desafio – elemento desencadeador para que, de
fato, se efetive uma sociedade da aprendizagem, porque trata de situações até então
não vivenciadas pelo aprendente, o que vai impulsioná-lo a buscar formas
diferenciadas de conceber e construir o conhecimento, alicerçado em redes
interpessoais e sociais, no qual a comunicação bidirecional assume valor significativo.
Outro elemento é o significado – hoje em dia a aprendizagem tem que vir ao encontro
dos anseios e necessidades dos alunos para que, a cada nova associação de
conteúdos às suas estruturas cognitivas, possa haver um ganho de significado para
eles. Este ganho ocorre a partir da relação que estabelece com os seus
conhecimentos prévios e evita, assim, uma aprendizagem mecânica. Contexto
relacional – o processo de desenvolvimento da aprendizagem envolve elementos
emocionais e cognitivos de desconforto gerados pelo confronto com a incerteza, a
dúvida e o questionamento pessoal. Deste modo, a construção de um contexto
relacional seguro assume-se como um ambiente de expressão, partilha e,
simultaneamente, de teste de novas formas de ação e intervenção social.
“A aprendizagem significativa acontece quando uma informação nova é
adquirida mediante um esforço deliberado por parte do aprendiz em ligar a
informação nova com conceitos ou proposições relevantes preexistentes em
sua estrutura cognitiva”. (Ausubel et al., 1978, p. 159)”.

39
Após as considerações apresentadas nesta unidade sobre a sociedade da
aprendizagem, da informação e do conhecimento, convidamos você a ampliar os
estudos sobre as concepções de educação e os fundamentos sociais, a qualidade na
educação e as tendências pedagógicas.

Que a educação seja o processo através do qual o indivíduo toma a história


em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma. Como?
Acreditando no educando, na sua capacidade de aprender, descobrir, criar
soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as consequências
de sua escolha.
Irene Terezinha Fuck

Capitulo 1 - Concepções da Educação

Esse novo século nos apresenta desafios e perspectivas sobre a educação.


Gadotti (2000) evidencia teorias e práticas que se fixaram, criaram raízes,
atravessaram o milênio e estão presentes ainda hoje, com destaque para alguns

Moacir Gadotti: possui graduação em Pedagogia (1967) e Filosofia (1971) pela Faculdade de
Filosofia Nossa Senhora Medianeira, mestrado em Educação: História, Política, Sociedade
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1973) e doutorado em Ciências da
Educação pela Universidade de Genebra (1977). É doutor honoris causa pela Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (2000). É professor titular aposentado da Universidade de São
Paulo e presidente de honra do Instituto Paulo Freire. Tem vasta experiência na área de
Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, Paulo Freire, filosofia da
educação, educação de jovens e adultos e educação para a sustentabilidade. Tem numerosos
livros publicados no Brasil e no exterior, entre os quais se destacam: Pedagogia da Terra
(2001), Educar para a sustentabilidade (2008), Boniteza de um sonho: ensinar e aprender
com sentido (2002), Os mestres de Rousseau (2004), Paulo Freire: uma bibliografia
(1996), Pedagogia da Práxis (1995), História das Ideias Pedagógicas (1993), Escola
Cidadã (1992), Pensamento pedagógico brasileiro (1987), Concepção dialética da
educação (1983) e A Educação contra a educação (1981). Para visualizar a versão original
e atualizada de seu currículo, consulte o sítio do
CNPq:<http://lattes.cnpq.br/03935582893782>

Dermeval Saviani: possui graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1966)
marcos que persistem na educação brasileira.
e doutorado em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1971). Em 1986
obteve o título de livre-docente; em 1990 foi aprovado no Concurso Público de Professor Adjunto de História
da Educação da UNICAMP; e em 1993 foi aprovado no Concurso Público de Professor Titular de História da
Educação da UNICAMP. Atualmente é pesquisa e desenvolvimento, ensino da Universidade Estadual de
1.1Campinas
Educação Tradicional
e professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas. É Professor Emérito da
UNICAMP, Pesquisador
Enraizada naEmérito do CNPqde
sociedade e Coordenador Geral do Grupo
classes escravista dade Idade
Estudos eAntiga,
Pesquisasdestinada
"História, a
Sociedade e Educação no Brasil" (HISTEDBR). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em
uma pequena
Filosofia minoria,
e História a educação
da Educação, tradicional iniciou
atuando principalmente seu declínio
nos seguintes já no brasileira,
temas: educação movimento
legislação do ensino e política educacional, história da educação, história da educação brasileira,
renascentista, mas ela sobrevive até hoje, apesar da extensão média da escolaridade
historiografia e educação, história da escola pública, pedagogia e teorias da educação, além de ser autor
de diversos livros. Para conhecer mais sobre o professor Saviani procure pelo seu currículo lattes disponível 40
em: <http://lattes.cnpq.br/2205251281123354>.
trazida pela educação burguesa. A educação nova, que surge de forma mais clara a
partir da obra de Rousseau1, desenvolveu-se nesses últimos dois séculos e trouxe
consigo numerosas conquistas, sobretudo no campo das ciências da educação e das
metodologias de ensino. Temos o conceito de "aprender fazendo" de John Dewey i e
as técnicas Freinetii. A educação tradicional e a nova têm em comum a concepção da
educação como processo de desenvolvimento individual. Todavia, o traço mais
original da educação desse século é o deslocamento de enfoque do individual para o
social, para o político e para o ideológico. A pedagogia institucional é um exemplo
disso. A experiência de mais de meio século de educação nos países socialistas
também o testemunha. A educação, no século XX, tornou-se permanente e social.
Existem ainda muitas diferenças entre regiões e países, entre o Norte e o Sul, entre
países periféricos e hegemônicos, entre países globalizadores e globalizados.
Entretanto, há ideias universalmente difundidas, entre elas a de que não há idade para
se educar, de que a educação se estende pela vida e que ela não é neutra.

1.2 Educação Internacionalizada


No início da segunda metade do século XX, educadores e políticos imaginaram
uma educação internacionalizada, confiada a uma grande organização, a
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Os
países altamente desenvolvidos já haviam universalizado o ensino fundamental e
eliminado o analfabetismo. Os sistemas nacionais de educação trouxeram um grande
impulso desde o século XIX, o que possibilitou numerosos planos de educação que
diminuíram custos e elevaram os benefícios. Pode-se dizer que hoje todos os
sistemas educacionais contam com uma estrutura básica muito parecida. No final do
século XX, o fenômeno da globalização deu novo impulso à ideia de uma educação

1Jean-Jacques Rousseau foi um importante filósofo, teórico político e escritor suíço. Nasceu em 28 de
junho de 1712 na cidade de Genebra (Suíça) e morreu em 2 de julho de 1778 em Ermenoville (França).
É considerado um dos principais filósofos do iluminismo, sendo que suas ideias influenciaram a
Revolução Francesa (1789). Escreveu, além de estudos políticos, romances e ensaios sobre educação,
religião e literatura. Sua obra principal é Do Contrato Social. Nesta obra, defende a ideia de que o ser
humano nasce bom, porém a sociedade o conduz a degeneração. Afirma também que a sociedade
funciona como um pacto social, onde os indivíduos, organizados em sociedade, concedem alguns
direitos ao Estado em troca de proteção e organização. Obras principais: Discurso Sobre as Ciências
e as Artes; Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens; Do Contrato Social;
Emílio, ou da Educação; Os Devaneios de um Caminhante Solitário.
Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/biografias/rousseau.htm>. Acesso em 19 jun. 2016.
41
igual para todos, agora não como princípio de justiça social, mas apenas como
parâmetro curricular comum.

1.3 Educação Popular

O paradigma da educação popular, inspirado originalmente no trabalho de


Paulo Freire nos anos 1960, encontrava na conscientização sua categoria
fundamental. A prática e a reflexão sobre a prática levaram a incorporar outra
categoria não menos importante: a organização. Afinal, não basta estar consciente, é
preciso organizar-se para poder transformar. As práticas de educação popular
também se constituem em mecanismos de democratização, em que se refletem os
valores de solidariedade e de reciprocidade e novas formas alternativas de produção
e de consumo, sobretudo as práticas de educação popular comunitária, muitas delas
voluntárias. A educação popular, como modelo teórico reconceituado, tem oferecido
grandes alternativas. Dentre elas, está a reforma
Busque você!
dos sistemas de escolarização pública. O modelo  O significado de neoliberal!
teórico da educação popular, elaborado na
 O que é projeto neoliberal de
reflexão sobre a prática da educação durante
educação?
várias décadas, tornou-se, sem dúvida, uma das
grandes contribuições da América Latina à teoria e à prática educativa em âmbito
internacional. A noção de aprender a partir do conhecimento do sujeito, a ideia de
ensinar a partir de palavras e temas geradores, a educação como ato de
conhecimento e de transformação social e a politicidade da educação são apenas
alguns dos legados da educação popular à pedagogia crítica universal.

1.4 Universalização da educação básica e novas matrizes teóricas

Neste começo de um novo milênio, a educação se apresenta em uma dupla


encruzilhada: de um lado, o desempenho do sistema escolar não tem dado conta da
universalização da educação básica de qualidade; de outro, as novas matrizes
teóricas não apresentam ainda a consistência global necessária para indicar caminhos
realmente seguros numa época de profundas e rápidas transformações. Essa é uma
das preocupações do Instituto Paulo Freire, que busca, a partir do legado de Paulo

42
Freire, consolidar o seu "Projeto da Escola Cidadã", como resposta à crise de
paradigmas. A concepção teórica e as práticas desenvolvidas a partir do conceito de
Escola Cidadã podem constituir-se numa alternativa viável, de um lado, ao projeto
neoliberal de educação, amplamente hegemônico, baseado na ética do mercado, e,
de outro lado, à teoria e à prática de uma educação burocrática, sustentada na
"estadolatria" (Antonio Gramsci). É uma escola que busca fortalecer autonomamente
o seu projeto político-pedagógico, ao relacionar-se dialeticamente - não mecânica e
subordinadamente - com o mercado, o Estado e a sociedade.
Seja qual for à perspectiva que a educação contemporânea tomar, uma
educação progressista será sempre contestadora, superadora dos limites impostos
pelo Estado e pelo mercado; portanto, uma educação muito mais voltada para a
transformação social do que para a transmissão cultural. Por isso, acredita-se que a
pedagogia da práxis, como uma pedagogia transformadora, em suas várias
manifestações, pode oferecer um referencial geral mais seguro do que as pedagogias
centradas na transmissão cultural, neste momento de perplexidade.

No contexto de educação contemporânea crítica, cabe à escola a incumbência

Atividade Complementar
Vamos entender o que dizem Paulo Freire e Moacir Gadotti sobre “Escola Cidadã”! Para
isso, veja o vídeo e leia o texto apresentado na sequência. Em seguida produza um texto
sobre a Escola Cidadã.
 A Escola Cidadã, por Paulo Freire.
https://www.youtube.com/watch?v=ZC1ruqUnX7I

 Por uma Escola Cidadã - Por Moacir Gadotti. Disponível em:


http://cirandas.net/instituto-paulo-freire/blog/por-uma-escola-cidada
Acesso em 28 jun. 2016.

de se consolidar como uma instituição que crie possibilidades de aprendizagens de


conteúdos necessários para a vida em sociedade ao oferecer instrumentos de
compreensão da realidade, proporcionar metodologias diversificadas com o propósito
de contribuir para que os estudantes assimilem determinadas noções culturais,
consideradas fundamentais para o desenvolvimento individual e coletivo.

43
Para Delors (1998), a prática pedagógica deve se preocupar em desenvolver
quatro aprendizagens fundamentais que serão, para cada indivíduo, os pilares2 do
conhecimento: aprender a conhecer3 indica o interesse, a abertura para o
conhecimento que verdadeiramente liberta da ignorância; aprender a fazer4 mostra a
coragem de realizar, de correr riscos, de errar mesmo na busca de acertar; aprender
a conviver5 traz o desafio da convivência que apresenta o respeito a todos e o
exercício de fraternidade como caminho do entendimento; aprender a ser6 que,
talvez, seja o mais importante por explicitar o papel do cidadão e o objetivo de viver.
O autor aponta como principal consequência da sociedade do conhecimento a
necessidade de uma aprendizagem ao longo de toda a vida, fundamentada em quatro
pilares que são, concomitantemente, do conhecimento e da formação continuada.
Dolores (1999) complementa que uma nova concepção ampliada de educação
deve fazer com que todos possam descobrir, reanimar e fortalecer o seu potencial
criativo  revelar o tesouro escondido em cada um de nós. Isto supõe que se
ultrapasse a visão puramente instrumental da educação, considerada como a via
obrigatória para obter certos resultados (saber fazer, aquisição de capacidades
diversas, fins de ordens econômicas), e se passe a considerá-la em toda sua
plenitude: realização da pessoa que, na sua totalidade, aprende a ser.
A escola, na sociedade do século XXI, sociedade da informação, do
conhecimento e da aprendizagem, precisar levar em conta que: as TIC alteram o

2Os saberes e competências a se adquirir são apresentados, aparentemente, divididos; não podem, no
entanto, dissociar-se por estarem relacionados e constituírem interação com o fim único de uma
formação holística do indivíduo.
3É necessário tornar prazeroso o ato de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento

para que não seja efêmero, para que se mantenha ao longo do tempo e para que valorize a curiosidade,
a autonomia e a atenção permanentemente. É preciso também pensar o novo, reconstruir o velho e
reinventar o pensar.
4 Não basta se preparar com cuidados para inserir-se no mercado de trabalho. A rápida evolução por

que passam as profissões pede que o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações de emprego e
a trabalhar em equipe. Ele deve desenvolver espírito cooperativo e humildade na reelaboração
conceitual e nas trocas, valores necessários ao trabalho coletivo. Ter iniciativa e intuição, gostar de
certa dose de risco, saber comunicar-se e resolver conflitos e ser flexível. Aprender a fazer envolve
uma série de técnicas a serem trabalhadas.
5No mundo atual, este é um importantíssimo aprendizado por ser valorizado quem aprende a viver com

os outros, a compreendê-los, a desenvolver a percepção de interdependência, a administrar conflitos,


a participar de projetos comuns, a ter prazer no esforço comum.
6É importante desenvolver sensibilidade, sentido ético e estético, responsabilidade pessoal,

pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade, iniciativa e crescimento integral da pessoa


em relação à inteligência. A aprendizagem precisa ser integral, não negligenciando nenhuma das
potencialidades de cada indivíduo.
44
conceito de tempo, espaço e ensino; é responsável pelo desenvolvimento integral da
pessoa humana; precisa preparar o homem para viver em uma sociedade tecnológica
e globalizada; muda o que é necessário saber; foca nas competências e habilidades.
Moran (2011, p. 11) afirma que “[...] a sociedade está caminhando para ser uma
sociedade que aprende de novas maneiras, por novos caminhos, com novos
participantes (atores), de forma contínua”. O autor acrescenta que “[...] a educação
escolar precisa, cada vez mais, ajudar a todos a aprender de forma mais integral,
humana, afetiva e ética, integrando o individual e o social, os diversos ritmos, métodos,
tecnologias, para construir cidadãos plenos em todas as dimensões”.
Diante da exigência da formação integral dos indivíduos, faz-se necessário,
mudanças também no ambiente escolar, o que implica na formação continuada dos
professores. Para Garcia (2010), essas exigências estão relacionadas à
aprendizagem de novos conhecimentos, ao desenvolvimento de novas competências,
às alterações das concepções dos professores e à construção de um novo sentido. A
mudança exige também do docente um compromisso ético e político e a compreensão
de que, em termos incertos, as mudanças estão, cada vez mais, complexas e
frequentes. O autor ainda sugere que esse processo de construção de novas
competências pressupõe que os professores tenham uma nova relação com o saber.
Garcia (2010) afirma não ser possível o educador alterar as estratégias de ensino
sem, ao mesmo tempo, transformar as suas concepções e essas mudanças e a
construção de novas práticas devem acontecer conjuntamente.
Cunha (2013) salienta a necessidade do professor se preparar para ultrapassar
os limites de sua própria formação inicial, sempre em busca de um saber abrangente,
não que queira substituir o conhecimento adquirido até então, mas que consiga fazer
uma ligação entre os diferentes saberes para trabalhar numa concepção mais
globalizada, que venha atender às exigências postas nesse início de século. Para
Leite (2011), também é importante valorizar o conhecimento construído na prática
pedagógica, docentes e alunos ampliarem a sua leitura do mundo, tornando a escola
um espaço aberto de interações diversas, produtora de conhecimento e cultura para
os discentes, professores e sociedade.

[...] o professor, de um modo geral, na realidade da sala de aula, das


orientações, do trabalho com os alunos, da vida institucional e escolar,
enfrenta os problemas de uma prática difícil de ser realizada e, mais ainda,
de ser refletida. Onde a prática e reflexão são duas faces do conhecimento
45
que são fundamentais, complementares e indissociáveis para os professores
e define reflexão como [...] envergar-se de novo, em outro espaço, em outro
tempo, talvez em outro nível. (MACEDO, 2005, p. 32).

Capitulo 2 - Fundamentos sociais, a qualidade na educação e as tendências


pedagógicas

A educação se confronta com a apaixonante tarefa de formar seres humanos


para os quais a criatividade, a ternura e a solidariedade sejam, ao mesmo
tempo, desejo e necessidade.
Hugo Assmann

Caro(a) acadêmico(a), nesse capítulo vamos estudar os fundamentos sociais e


a qualidade na educação, bem como apresentar as principais tendências pedagógicas
brasileiras nas visões de Saviani (1997) e Libâneo (1990), que foram influenciadas

Atividade Complementar
Leia e analise o texto a seguir. A partir de suas vivências e da fala do autor, redija
um texto sobre as exigências e os desafios do professor no século XXI.

pelos momentos cultural e político da sociedade que servem de apoio para a sua
prática pedagógica. Nosso objetivo é proporcionar a você, estudante, uma leitura
crítica sobre essas vertentes para que possam contribuir em sua caminhada
acadêmica no curso de Pedagogia.
Nessa direção apresentamos na sequência, no entendimento de Saviani (1997)
e Libâneo (1990), as principais características das tendências pedagógicas
brasileiras, influenciadas pelos momentos cultural e político da sociedade que servem
de apoio para a sua prática pedagógica. Para Jennifer Fogaça7, não se deve usar uma
delas de forma isolada em toda a sua docência. Mas procurar analisar cada uma e ver
a que melhor convém ao seu desempenho acadêmico, com maior eficiência e
qualidade de atuação. De acordo com cada nova situação que surgir, usa-se a
tendência mais adequada. Hoje, observa-se, na prática docente, uma mistura dessas
tendências. Os professores Saviani (1997) e Libâneo (1990) propõem a reflexão sobre
as tendências pedagógicas e mostram que as principais tendências pedagógicas na

7Disponível em: <http://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/tendencias-pedagogicas-


brasileiras.htm>. Acesso em: 26 jul. 2016.
46
educação brasileira se dividem em duas grandes linhas de pensamento pedagógico:
tendências liberais e tendências progressistas, conforme o esquema a seguir.

Tradicional

Renovadora Progressista

Tendências liberais
Renovadora não diretiva
(Escola Nova)

Tendências Tecnicista
pedagógicas
brasileiras
Libertadora

Tendências Libertária
progressistas
"Crítico-social dos conteúdos"
ou "histórico-crítica"

Deste modo, no quadro 1, apresentamos explicações das características de cada uma


dessas formas de ensino.

Quadro 1 – Tendências pedagógicas

TENDÊNCIA DESCRIÇÃO
Não tem a ver com algo aberto ou democrático, mas com a
instigação da sociedade capitalista ou sociedade de classes,
que sustenta a ideia de que o aluno deve ser preparado para
Liberais
papéis sociais de acordo com as suas aptidões, aprender a
viver em harmonia com as normas desse tipo de sociedade,
tendo uma cultura individual.
Linhas de pensamento pedagógico liberais
Foi a primeira a ser instituída no Brasil por motivos históricos.
Nesta tendência, o professor é a figura central e o aluno é um
Tradicional receptor passivo dos conhecimentos considerados como
verdades absolutas. Há repetição de exercícios com
exigência de memorização.
Por razões de recomposição da hegemonia da burguesia,
Renovadora
esta foi a próxima tendência a aparecer no cenário da
Progressiva
educação brasileira. Caracteriza-se por centralizar no aluno,

47
considerado como ser ativo e curioso. Dispõe da ideia de que
ele “só irá aprender fazendo”, valorizam-se as tentativas
experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio
natural e social. Aprender se torna uma atividade de
descoberta, é uma autoaprendizagem. O professor é um
facilitador.
Anísio Teixeira foi o grande pioneiro da Escola Nova no
Brasil. É um método centrado no aluno. A escola tem o papel
Renovadora não
de formadora de atitudes e se preocupa mais com a parte
diretiva (Escola
psicológica do que com a área social ou pedagógica. Para
Nova)
aprender, deve estar significativamente ligado com suas
percepções, modificando-as.
Skinner foi o expoente principal dessa corrente psicológica,
também conhecida como behaviorista. Neste método de
ensino, o aluno é visto como depositário passivo dos
conhecimentos que devem ser acumulados na mente por
meio de associações. O professor é quem deposita os
Tecnicista conhecimentos, pois ele é visto como um especialista na
aplicação de manuais e sua prática é extremamente
controlada. Articula-se diretamente com o sistema produtivo
para aperfeiçoar a ordem social vigente  o capitalismo  e
formar mão de obra especializada para o mercado de
trabalho.
Partem de uma análise crítica das realidades sociais,
sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da
educação. Essas são tendências que não condizem com as
Tendências
ideias implantadas pelo capitalismo. A evolução e a
progressistas
popularização da análise marxista da sociedade
possibilitaram o desenvolvimento da tendência progressista,
que se ramifica em três correntes:
Linhas de pensamento pedagógico progressistas
Também conhecida como a pedagogia de Paulo Freire, essa
tendência vincula a educação à luta e organização de classe
do oprimido. Para esse, o saber mais importante é a de que
ele é oprimido, ou seja, ter consciência da realidade em que
Libertadora vive. Além da busca pela transformação social, a condição de
se libertar pela elaboração da consciência crítica passo a
passo com sua organização de classe. Centraliza-se na
discussão de temas sociais e políticos; o professor coordena
atividades e atua juntamente com os alunos.
Procura a transformação da personalidade num sentido
libertário e autogestionário. Parte do pressuposto de que
somente o vivido pelo educando é incorporado e utilizado em
situações novas, por isso o saber sistematizado só terá
Libertária relevância se for possível seu uso prático. Enfoca a livre
expressão, o contexto cultural, a educação estética. Os
conteúdos, apesar de disponibilizados, não são exigidos
pelos alunos e o professor é tido como um conselheiro à
disposição do aluno.

48
Tendência que apareceu no Brasil nos fins dos anos 1970,
ela acentua a prioridade de focar os conteúdos no seu
confronto com as realidades sociais, é necessário enfatizar o
"Crítico-social conhecimento histórico. Prepara o aluno para o mundo
dos conteúdos” adulto, com participação organizada e ativa na
ou "Histórico- democratização da sociedade, por meio da aquisição de
crítica" conteúdos e da socialização. É o mediador entre conteúdos
e alunos. O ensino/aprendizagem tem como centro o aluno.
Os conhecimentos são construídos pela experiência pessoal
e subjetiva.
Fonte: Disponível em: <http://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/tendencias-
pedagogicas-brasileiras.htm>. Acesso em: 26 jul. 2016.

Para Santos (2012), conhecer essas tendências e as perspectivas de ensino é


essencial para a realização de uma prática docente realmente significativa, que tenha
algum sentido para o aluno, pois tais tendências expressam o trabalho do educador.
Elas ajudam o docente a responder a questões sobre as quais deve se estruturar todo
o processo de ensino, tais como: o que ensinar? Para quem? Como? Para quê? Por
quê? O autor diz que, para que a prática pedagógica em sala de aula alcance seus
objetivos, o professor deve ter as respostas para essas questões; pois, para Luckesi
(1994), “a Pedagogia não pode ser bem entendida e praticada na escola sem que se
tenha alguma clareza do seu significado. Isso nada mais é do que buscar o sentido
da prática docente”.
Ainda segundo Santos (2012), o conhecimento dessas correntes pedagógicas
por parte dos professores, principalmente as mais recentes, torna-se de extrema
relevância, visto que possibilitam ao educador um aprofundamento maior sobre os
pressupostos e variáveis do processo de ensino-aprendizagem. Isso abre ao docente
um leque de possibilidades de direcionamento do seu trabalho a partir de suas
convicções pessoais, profissionais, políticas e sociais. Além de contribuir para a
produção de uma prática docente estruturada, significativa, esclarecedora e,
principalmente, interessante para os educandos.
O quadro 2, a seguir, apresenta as principais características de cada tendência
pedagógica, seus conteúdos, métodos e pressupostos de ensino-aprendizagem,
assim como seus principais expoentes e os papéis da escola, do professor e do aluno
comuns a cada uma delas.

Quadro 2 - Tendências pedagógicas liberais


49
Tendência Papel da Professor x
pedagógica Conteúdos Métodos Aprendizagem Manifestações
escola Aluno

São
conhecimentos
Preparação A aprendizagem é
e valores Exposição e
intelectual e Autoridade do receptiva e Nas escolas que
sociais demonstração
moral dos professor que mecânica, sem se adotam filosofias
acumulados ao verbal da
Tradicional alunos para exige atitude considerar as humanistas
longo do tempo matéria e/ou
assumir seu receptiva do características clássicas ou
e repassados por meio de
papel na aluno próprias de cada científicas
aos alunos modelos
sociedade idade
como verdades
absolutas

Os conteúdos
são
Por meio de
A escola deve estabelecidos a O professor é É baseada na
experiências, Montessori, Decroly,
adequar as partir das auxiliador no motivação e na
Renovada pesquisas e Dewey, Piaget,
necessidades experiências desenvolviment estimulação de
Progressivista método de Cousinet, Lauro de
individuais ao vividas pelos o livre da problemas. O aluno
solução de Oliveira Lima
meio social alunos frente às criança aprende fazendo
problemas
situações
problema

Centralizada no
aluno; o
professor deve
Baseia-se na
Método garantir um Aprender é
Renovada Não busca dos Carl Rogers,
Formação de baseado na clima de modificar as
Diretiva conhecimentos "Sumnerhill", escola
atitudes facilitação da relacionamento percepções da
(Escola Nova) pelos próprios de A. S.Neill
aprendizagem pessoal e realidade
alunos
autêntico,
baseado no
respeito

São Relação
É modeladora
informações Procedimentos objetiva em
do
ordenadas e técnicas para que o professor Aprendizagem Skinner, Gagné,
comportament
Tecnicista numa a transmissão transmite baseada no Bloon, Mager. Leis
o humano ao
sequência e recepção de informações e desempenho 5.540/68 e 5.692/71
usar técnicas
lógica e informações o aluno deve
específicas
psicológica fixá-las

Fonte: Santos (2012), Roberto Ferreira dos. Tendências pedagógicas: o que são e para que servem.
Disponível em: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0327.html>. Acesso em: 10
ago. 2016.

50
Quadro 3 - Tendências pedagógicas progressistas
Tendência Papel da Professor x
pedagógica Conteúdos Métodos Aprendizagem Manifestações
escola Aluno
Não atua em
escolas, porém Valorização da
visa levar experiência
professores e Temas vivida como base
alunos a atingir geradores da relação
A relação é de
um nível de retirados da Grupos de educativa.
Libertadora igual para igual, Paulo Freire
consciência da problematizaçã discussão Codificação-
horizontalmente
realidade em o do cotidiano decodificação.
que vivem na dos educandos Resolução da
busca da situação
transformação problema
social

Também prima Lobrot, C.


Transformação
pela valorização Freinet, Miguel
da As matérias É não diretiva, o
Vivência grupal da vivência Gonzales,
personalidade são colocadas, professor é
Libertária na forma de cotidiana. Vasquez, Oury,
num sentido mas não orientador e os
autogestão Aprendizagem Maurício
libertário e auto exigidas alunos livres
informal via Tragtenberg,
gestionário
grupo Ferrer y Guardia

Conteúdos
O método parte
culturais
de uma relação Papel do aluno Makarenko, B.
universais que Baseadas nas
Crítico-social direta da como Charlot,
são estruturas
dos conteúdos Difusão dos experiência do participador e do Suchodolski,
incorporados cognitivas já
ou histórico- conteúdos aluno professor como Manacorda, G.
pela estruturadas nos
crítica confrontada com mediador entre o Snyders
humanidade alunos
o saber saber e o aluno Demerval Saviani
frente à
sistematizado
realidade social
Fonte: Santos (2012), Roberto Ferreira dos. Tendências pedagógicas: o que são e para que servem. Disponível
em: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0327.html>. Acesso em: 10 ago. 2016.

Fórum de discussão

A partir do texto 1 e da imagem 1 redija um texto sobre os principais pontos de cada vertente,
essa produção deve ser postada no FÓRUM DE DISCUSSÃO.
Texto 1 - Tendências pedagógicas na prática escolar, de José Carlos Libâneo:
https://blogdonikel.wordpress.com/2014/03/26/tendencias-pedagogicas-na-pratica-
escolar-segundo-jose-carlos-libaneo/ Acesso em: 2 set. 2016.

Figura 1 – Tendências pedagógicas segundo Libâneo

51
Questionário

O questionário a seguir é uma atividade que tem como objetivo contribuir na


sistematização dos temas abordados na Unidade II. Convidamos você a responder as
questões para refletir e ampliar seus conhecimentos.

1 - Para que ocorra essa horizontalidade na aprendizagem é necessária a presença


de três elementos, no entendimento de Fabela (op cit). São eles, exceto:
(A) o desafio – elemento desencadeador para que, de fato, se efetive uma sociedade
da aprendizagem, porque trata de situações até então não vivenciadas pelo
aprendente que vão impulsioná-lo a buscar formas diferenciadas de conceber e
construir o conhecimento, alicerçado em redes interpessoais e sociais, em que a
comunicação bidirecional assume valor significativo.
(B) o significado – hoje em dia a aprendizagem tem que vir ao encontro dos anseios
e necessidades dos alunos, para que, a cada nova associação de conteúdos às suas
estruturas cognitivas, possa haver um ganho de significado para eles, a partir da
relação que estabelecem com os seus conhecimentos prévios e, assim, evitam uma
aprendizagem mecânica.
(C) a informação - é todo o dado trabalhado, útil, tratado, com valor significativo
atribuído ou agregado a ele, e com um sentido natural e lógico para quem a usa.
(D) o contexto relacional – o processo de desenvolvimento da aprendizagem envolve
elementos emocionais e cognitivos de desconforto gerados pelo confronto com a
incerteza, a dúvida e o questionamento pessoal.

2 - O traço mais original da educação desse século é o deslocamento de enfoque do


individual para o social, para o político e para o ideológico. Das pedagogias a seguir,
aquela é exemplo disso é:
(A) A pedagogia tradicional.
(B) A pedagogia institucional.
(C) A pedagogia transformadora.
(D) A pedagogia da práxis.

52
3 - A prática pedagógica, segundo Delors (1998), deve preocupar-se em desenvolver
quatro aprendizagens fundamentais, que serão para cada indivíduo os pilares do
conhecimento. Das alternativas a seguir a que não caracteriza aprendizagens
fundamentais é:
(A) aprender a conhecer.
(B) aprender a ter.
(C) aprender a conviver.
(D) aprender a ser.

4 - Os professores Saviani (1997) e Libâneo (1990) propõem a reflexão sobre as


tendências pedagógicas e mostram que as principais tendências pedagógicas na
educação brasileira se dividem em duas grandes linhas de pensamento pedagógico:
tendências liberais e tendências progressistas.
(A) verdadeiro
(B) falso

5 – Das tendências pedagógicas brasileiras a seguir, aquela que não está vinculada
a tendência liberal é:
(A) tradicional.
(B) renovadora progressiva.
(C) tecnicista.
(D) libertária.

6 - Foi a primeira a ser instituída no Brasil por motivos históricos. Nesta tendência, o
professor é a figura central e o aluno é um receptor passivo dos conhecimentos
considerados como verdades absolutas. Há repetição de exercícios com exigência de
memorização. Essa é uma descrição da tendência pedagógica...
(A) renovadora progressista. (C) tradicional.
(B) tecnicista. (D) libertária.

7 - Procura a transformação da personalidade num sentido libertário e autogestionário.


Parte do pressuposto de que somente o vivido pelo educando é incorporado e utilizado
em situações novas, por isso o saber sistematizado só terá relevância se for possível

53
seu uso prático. Enfoca a livre expressão, o contexto cultural, a educação estética. Os
conteúdos, apesar de disponibilizados, não são exigidos pelos alunos e o professor é
tido como um conselheiro à disposição do aluno. Essa descrição é de uma tendência
pedagógica...
(A) tradicional da linha de pensamento pedagógico liberal.
(B) libertária da linha de pensamento pedagógico progressista.
(C) libertadora da linha de pensamento pedagógico progressista.
(D) tecnicista da linha de pensamento pedagógico liberal.

8 – A tendência pedagógica renovada progressivista tem como principal característica:


(A) A escola deve adequar as necessidades individuais ao meio social.
(B) O professor é auxiliador no desenvolvimento livre da criança.
(C) Os conteúdos são estabelecidos a partir das experiências vividas pelos alunos
frente às situações problema.
(D) Todas as alternativas estão corretas.

9 - A escola, na sociedade do século XXI, sociedade da informação, do conhecimento


e da aprendizagem, precisar levar em conta que:
(A) as TIC não alteram o conceito de tempo, espaço e ensino.
(B) fica a sociedade responsável pelo desenvolvimento integral da pessoa humana.
(C) precisa preparar o homem para viver em uma sociedade tecnológica e globalizada.
(D) foca nos objetivos e habilidades.

10 – Para Moran (2011), a sociedade está caminhando para ser uma sociedade que
aprende de novas maneiras, por novos caminhos, com novos participantes (atores),
de forma contínua. O autor acrescenta que a educação escolar precisa, cada vez
mais, ajudar a todos a aprender de forma mais individual, humana, afetiva e ética, com
a integração do individual e do social, os diversos ritmos, métodos, tecnologias, para
construir cidadãos plenos em todas as dimensões.
(A) verdadeiro.
(B) falso.
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SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores


Associados, 2007.

iJohn Dewey e sua influência na educação. Em 20 de outubro de 1959, há exatos 150 anos, nascia o
filósofo John Dewey, um dos maiores pedagogos norte-americanos. Dewey foi um dos pioneiros em
psicologia funcional e principal nome de uma corrente filosófica que ficou conhecida como pragmatismo
ou instrumentalismo, uma vez que, para essa escola, as ideias só têm importância quando servem de
instrumento para a resolução de problemas reais. O filósofo também defendia a educação progressiva,
na qual o objetivo é educar a criança como um todo, visando seu crescimento físico, emocional e
intelectual. Dewey acreditava na ideia de que os alunos fixavam melhor os ensinamentos quando
realizavam tarefas associadas ao conteúdo que fora ensinado. Foi assim que as atividades manuais e
criativas ganharam espaço no currículo escolar e os alunos foram estimulados a experimentar e
desenvolver seus próprios pensamentos. Desta forma, a democracia e liberdade de expressão
ganharam peso, por permitirem o maior desenvolvimento dos indivíduos. Ele considerava ambos como

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instrumentos essenciais para a manutenção emocional e intelectual das crianças. Disponível em:
<http://noticias.bol.uol.com.br/educacao/2009/10/20/conheca-as-ideias-de-john-dewey-e-sua-
influencia-na-educacao.jhtm>. Acesso em 19 jun. 2016.
iiAs técnicas Freinet não fazem sentido se vistas isoladamente, compartimentalizadas. Elas devem ser

vistas como uma coleção de estratégias e formas de ação que, em conjunto, permitem atingir o objetivo
proposto. Cada uma das atividades tem sentido se desenvolvida a partir de uma concepção cooperativa
de produção. Algumas destas técnicas têm uma relação quase imediata com as atividades que
desenvolvemos para o MuLEC. Outras justificam o desenvolvimento de alguns aspectos da interface
ou de alguns módulos auxiliares. As principais técnicas, que serão descritas a seguir, são: cooperativa
escolar; a imprensa na escola; o jornal escolar; a correspondência interescolar; o livro da vida; o jornal
mural; o fichário escolar cooperativo; o estudo do meio; a aula-passeio; a biblioteca; o fichário
autocorretivo; os planos de trabalho; os cantos das atividades; os complexos de interesse.

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