Apostila de Psicogênese Da Lingia Escrita
Apostila de Psicogênese Da Lingia Escrita
Apostila de Psicogênese Da Lingia Escrita
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_______________________________________ PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 3
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LEITURA E DA ESCRITA ....................................................... 4
SURGIMENTO DA ESCRITA ................................................................................................ 4
MÉTODOS ALFABETIZADORES TRADICIONAIS ............................................................... 7
MÉTODOS SINTÉTICOS ...................................................................................................... 9
MÉTODOS ANALÍTICOS .................................................................................................... 12
CARTILHAS ALFABETIZADORAS ..................................................................................... 15
PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA: CONTRIBUIÇÕES PARA A ALFABETIZAÇÃO ... 17
UMA PERSPECTIVA INOVADORA .................................................................................... 18
REFERÊNCIAS CONCEITUAIS.......................................................................................... 18
O OLHAR CONSTRUTIVISTA ............................................................................................ 19
CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET ........................................................................................... 20
NÍVEIS DE LEITURA .......................................................................................................... 23
NÍVEIS DE ESCRITA .......................................................................................................... 24
A SONDAGEM .................................................................................................................... 33
INTERAÇÕES COMO INSTRUMENTO AUXILIADOR NA APRENDIZAGEM ..................... 34
INTERAÇÃO GRUPAL ........................................................................................................ 35
PROFESSOR MEDIADOR .................................................................................................. 36
AMBIENTE ALFABETIZADOR ............................................................................................ 37
CONSEQUÊNCIAS GERADAS PELA PESQUISA .............................................................. 39
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 42
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INTRODUÇÃO
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SURGIMENTO DA ESCRITA
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um significado para cada um deles. Aos poucos, estes sinais evoluíram para a escrita
cuneiforme, em que o significante não se assemelhava ao objeto descrito (CÓCCO;
HAILLER, 1996). Todavia, notou-se que estes sinais não eram suficientes para
expressar a imensidão de conceitos existentes.
Observa-se, portanto, que embora a
escrita tenha se evoluído neste período, seu
aperfeiçoamento ainda não dava conta de
expressar com totalidade as informações. A
partir disso, iniciou-se um processo de junção de
duas unidades de escrita para representar uma
terceira. O mesmo ocorreu com a representação
de gestos e outros tipos de analogias, todos com
a finalidade de especificar a mensagem
(CÓCCO; HAILLER, 1996, p.17).
Como se pode observar, houve a introdução de uma representação mais
elaborada para abranger a diversidade de objetos e pensamentos que há no mundo,
em que para se representar um conceito utilizavam-se duas unidades de escrita
diferentes que resultava na interpretação desse primeiro.
Contudo, segundo Cócco e Hailler (1996), ainda assim, ocorria certa
dificuldade em registrar palavras abstratas e nomes pessoais, que só pode ser
superada com uma notação gráfica da fala. Durante esse processo, progrediu-se a
escrita alfabética.
Diante desta constatação, observa-se que os desenhos iniciais se sofisticaram
até alcançar um sistema que envolvia elementos que correspondessem a fala, sendo
um marco de herança cultural. Logo, deduziu-se a importância da comunicação
estabelecida por meio de registros e os novos horizontes que esta expressão trouxe
para a vida humana.
Por mais que o ganho da viabilidade de representar a fala tenha sido uma
grande conquista, persistiu-se a necessidade de lapidar a escrita, da mesma forma
que houve a preocupação de todos usufruí-la em sua totalidade. A partir desta visão,
Emília Ferreiro e Ana Teberosky iniciam um estudo com o objetivo de desvendar
como a criança pensa, em relação ao sistema de escrita alfabética, uma vez que os
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B + A = BA / B + E = BE
BALA / BEBÊ
A BALA É DO BEBÊ
O BEBÊ PEGOU A BALA
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aquilo que lhe era transmitido. As atividades propostas eram extremamente limitadas
e pouco reflexivas. Partindo desta ideia, deduz-se que o educador tradicional
acreditava que ele era a única fonte que forneceria conhecimento. Agindo assim
como um transmissor de informações.
Posto isto, os docentes lançavam mão de
alguns métodos alfabetizadores que, de acordo
com Ferreiro e Teberosky (1999), se dividem em
dois grupos. No primeiro, denominado métodos
sintéticos, a aprendizagem parte dos elementos
mínimos num processo que consiste em ir das
partes ao todo, e em contrapartida encontram-se
os métodos analíticos que se iniciam com unidades maiores e posteriormente estas
unidades são fragmentadas. Firma-se assim que a diferença de tais métodos se
centra na gênese do aprendizado, e terá sempre uma disputa sobre o que o aprendiz
deveria aprender inicialmente, unidades linguísticas menores ou maiores,
pressupondo a criança como passiva, que espera a escolha do professor que irá lhe
transferir o conhecimento de leitura e escrita.
MÉTODOS SINTÉTICOS
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sabemos que o indivíduo que não souber o sentido das palavras e só souber decifrar
ainda não aprendeu a ler (1987, p.27).
Considera-se assim, que esta ideologia, dos métodos sintéticos, parte de
palavras que não apresentam função social, imaginando que a utilização desses
escritos usuais e de fácil memorização, seria a melhor maneira para as crianças
aprenderem, visto que esse método trabalha a repetição de elementos isolados. Por
se utilizar palavras carentes de sentido real, o aluno não consegue compreender
aquilo que decifra. Consequentemente, não há apelo à criatividade e ao raciocínio,
pois a criança trilha os caminhos pré-concebidos pelo educador.
Morais (2012) aponta que são encontrados dentro dessa perspectiva métodos
de soletração, que parte o ensino de leitura e escrita do nome das letras; fônico que
se inicia nos sons correspondentes às letras; e de silabação no qual se introduz,
inicialmente, as sílabas.
Deste modo, às crianças são ensinadas a leitura e escrita, a partir da
apresentação dos nomes ou dos sons das letras, ou das silabações para poderem
formar palavras, sempre levando em consideração uma ordem crescente de
dificuldade. Somente depois de algum tempo, elas entrariam em contato com
pequenos textos. Vale ressaltar que, por trás dos métodos alfabéticos (“B com A,
BÁ”, “B com E, BÉ” etc.) existe a crença de que o aprendiz já compreenderia que as
letras substituem sons e que, memorizando “casadamente” os nomes das letras, ele
poderia ler sílabas. Depois de aprender muitas sílabas, o principiante veria que,
juntas, elas formariam palavras e ...um dia ele leria textos (MORAIS, 2012, p.29).
Sob este discurso, o método alfabético centra-se em decorar as letras do
alfabeto e seus nomes, contudo o educando já deveria ter conhecimento de que cada
marca gráfica substitui uma pauta sonora, o que por sua vez não ocorre. Assim,
passando por um longo processo de repetições de leitura de sílabas, a criança
aprende que a junção destas constituem as palavras. A partir desse momento, é
introduzida à leitura de sentenças curtas e, somente em um momento posterior, há
o contato com pequenos textos.
Vale ressaltar que as maiores críticas a esse pensamento são centradas à
repetição dos exercícios, tornando o meio escolar tedioso e cansativo, além de não
considerar os conhecimentos do próprio aluno.
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algumas poucas letras juntas substituem sílabas das palavras que falamos, mas que
ele acreditaria que coisas escritas apenas com duas letras poderiam ser lidas.
Decorando as sílabas e “juntando-as”, ele chegaria a ler palavras e ...um dia ele leria
textos (2012, p.29).
Entende-se, portanto, que os professores que faziam uso método silábico
acreditavam que o aluno deveria ser introduzido à memorização de letras e sílabas
através de exercícios repetitivos. Desta forma, o professor lança alguns exercícios
de fixação das famílias silábicas para, sucessivamente, formar palavras, sem
embasamento em algo concreto e real, crendo que o aprendiz traz, consigo, noções
de que uma sílaba formada com poucas letras pode ser lida. O trabalho escolar fica
preso à leitura destas famílias silábicas durante um bom tempo, até introduzir o uso
de frases pequenas com a mesma sonoridade. Somente depois, o discente teria
contato com pequenos textos, mesmo assim, tais escritos são formados por
repetições da mesma correspondência.
Subjacente a qualquer um desses métodos sintéticos, conclui-se, portanto,
que há a crença de que os educandos já teriam a capacidade de compreender as
unidades menores do sistema alfabético. Dessa forma, o professor impõe atividades
de cópias monótonas do gesto gráfico e memorização destes, gerando um acúmulo
exaustivo de informações.
MÉTODOS ANALÍTICOS
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que “têm significado” (palavras, frases, histórias), e, pouco a pouco, levar os alunos
a analisá-las, isto é, a “parti-las em pedaços menores” (2012, p.29).
Mediante essa constatação, deduz-se que os adeptos a esta concepção
pensavam que o trabalho com unidades maiores que tivessem um “sentido” traria um
envolvimento mais eficaz da criança com o objeto de ensino, mas vale acentuar que
este “sentido” carecia de temas reais. Posteriormente, os elementos mínimos, no
caso as letras, que constituem as palavras, as sentenças e os textos seriam
estudados pelas crianças.
Nicolas Adam apud Feil (1987) esclareceu em 1787 uma corrente de
pensamento contrária ao Método sintético, lançando as bases do Método Analítico.
Segundo seus pensamentos, a alfabetização deve partir do todo, para depois passar
para a decomposição, só que o todo para Adam era a palavra. Ele afirmava que,
quando alguém apresenta um objeto a uma criança, como, por exemplo, uma roupa,
nunca são retiradas a gola, a manga e os bolsos, para depois mostrar a roupa inteira.
É mostrado o conjunto completo e o nome da roupa.
Deste modo, pode-se notar que o pensamento de Adam em relação ao
processo de ensino de alfabetização, referia-se ao fato de possibilitar à criança o
contato com as palavras, para em seguida trabalhar as letras. Em 1818, as ideias de
Adam evoluíram através de Jacotot, o qual enunciou que o início do aprendizado de
leitura e escrita [...] não se limita na palavra. Ele vai além, afirmando que a
alfabetização deve partir de uma frase. Lança-se a frase (pois é ela que dá o
verdadeiro sentido da ideia) e analisa junto à criança os elementos, destacando o
mais importante, passando da análise para a síntese. (JACOTOT apud FEIL, 1987,
p.31).
Considera-se, assim, que, enquanto para Adam o ensino sobre leitura e
escrita inicia-se na palavra, Jacotot (apud FEIL, 1987) afirma que a alfabetização
deve ocorrer com base na frase, que será a geradora dos próximos estudos.
Conforme Morais (2012), partindo dessas divergências, os métodos analíticos
podem iniciar-se na palavra, na sentença ou nas historietas.
No método de palavração, o elemento mais focado em que se introduz o
ensino de leitura e escrita é a palavra. Morais (2012, p.30) menciona que, no método
de palavração, durante um longo período (por exemplo, um semestre letivo), os
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CARTILHAS ALFABETIZADORAS
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REFERÊNCIAS CONCEITUAIS
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O OLHAR CONSTRUTIVISTA
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CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET
O aluno, dentro de uma ótica construtivista, deveria ser visto como um sujeito
que busca ativamente a construção de seu próprio conhecimento, ou, nas palavras
de Piaget, [...] o sujeito cognoscente, o sujeito que busca adquirir conhecimento, o
sujeito que a teoria de Piaget nos ensinou a descobrir. O que quer isto dizer? O
sujeito que conhecemos através da teoria de Piaget é aquele que procura ativamente
compreender o mundo que o rodeia e trata de resolver as interrogações que este
mundo provoca. Não é um sujeito o qual espera que alguém que possui um
conhecimento o transmita a ele por um ato de benevolência. (FERREIRO;
TEBEROSKY, 1999, p. 29).
Pode-se observar que as autoras supracitadas se fundamentaram nos
estudos de Piaget, os quais postulavam que o conhecimento não era totalmente
intrínseco (mas também não era fornecido pelo meio, e sim gerado pela interação
entre sujeito e objeto), para focalizar que o aluno não é um ser passivo, pois constrói
seus pensamentos por meio da interação que estabelece com o ambiente. Deste
modo, compreende-se que há uma relação entre o olhar construtivista e as ideologias
de Piaget, posto que ambos apontam para o fato de o conhecimento não nascer
pronto, nem tampouco ser transmitido, mas sim, construído.
Ferreiro e Teberosky (1999), ao se apoiarem nos estudos de Piaget, expõem
que o sujeito constrói seu conhecimento a partir do instante que responde aos
estímulos provindos do mundo. Neste instante, tais estímulos são transformados
pelos sistemas de assimilação da criança.
Percebe-se, deste modo, que as estudiosas, em concordância com os
pensamentos de Piaget, acreditam que o conhecimento se constrói no momento em
que a criança reage aos diversos estímulos oferecidos pelo meio, visto que esta
situação, a qual resultará na construção do conhecimento, pode modificar-se por
meio dos esquemas de assimilação, que consiste em [...] uma integração à estruturas
prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por
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esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é,
sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação
(PIAGET, 1996, p.13).
Em síntese, nota-se que o indivíduo, ao receber novas informações provindas
do meio externo, adapta estes novos informantes aos já existentes em sua mente,
que por sua vez, podem ou não sofrer leves alterações devido a essa troca.
Piaget, além de conceituar os esquemas de assimilação, também definiu
outro esquema, este chamado acomodação, no qual se refere a “[...] toda
modificação dos esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores
(meio) aos quais se aplicam” (PIAGET, 1996, p.18).
Deste modo, compreende-se que, no processo de acomodação, o sujeito não
apenas recebe e assimila a informação, mas a transforma em função das novas
circunstâncias oferecidas pelo ambiente, acomodando-a.
Segundo Piaget apud Carretero (1997), o produto final da interação entre a
assimilação e a acomodação resulta a equilibração, que sucede quando se alcança
um equilíbrio entre as disparidades provindas da recente informação recebida, em
relação àquela que o sujeito já possuía no qual se acomoda.
Sendo assim, pode-se concluir que a equilibração, ocorre a partir do momento
que a criança estabiliza seus esquemas de assimilação e de acomodação, uma vez
que este ponto de equilíbrio possibilita à criança uma interação eficiente dela com o
meio.
Ferreiro e Teberosky ressaltam que o avanço no conhecimento, por parte das
crianças, [...] não será obtido se não através de um conflito cognitivo, isto é, quando
a presença de um objeto (no sentido amplo de objeto de conhecimento) não-
assimilável force o sujeito a modificar seus esquemas assimiladores, ou seja, a
realizar um esforço de acomodação que tenda a incorporar o que resultava
inassimilável (e que constitui, tecnicamente, uma perturbação) (1999, p.34).
Diante do exposto, verifica-se que o aprendizado somente se interioriza
quando o aluno, ao percorrer pela zona de conflito cognitivo, consegue acomodar e
reestruturar seus esquemas de assimilação e acomodação.
Compreende-se por conflito cognitivo uma perturbação que ocorre quando a
criança se depara com informações que não estão de acordo com seus
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conhecimentos prévios, e que, assim, geram um desafio que fará com que ela
reorganize seus pensamentos.
Torna-se pertinente estabelecer que, no instante do conflito cognitivo, o
educando pode cometer erros inconscientemente, pois, como afirmam Ferreiro e
Teberosky (1999), os erros ocorridos no processo de ensino-aprendizagem não se
dão por falta de conhecimentos, mas sim demonstram os saberes de cada criança.
Observa-se, assim, que o erro deve ser entendido como um apontamento dos
conhecimentos que cada criança carrega durante seu processo educacional e não
como insuficiência de determinado conhecimento.
Ferreiro e Teberosky relataram os “erros construtivos” e afirmaram que, na
teoria de Piaget, o conhecimento objetivo aparece como uma aquisição, e não como
um dado inicial. O caminho em direção a este conhecimento objetivo não é linear:
não nos aproximamos dele passo a passo, juntando peças de conhecimento umas
sobre as outras, mas sim através de grandes reestruturações globais, algumas das
quais são “errôneas” (no que se refere ao ponto final); porém, “construtivas” (na
medida em que permitem aceder a ele). Esta noção de erros construtivos é essencial
[...] Para uma psicologia piagetiana, é chave o poder distinguir entre os erros aqueles
que constituem pré-requisitos necessários para a obtenção da resposta correta
(1999, p.33).
Diante do exposto, frisa-se que o sujeito, para alcançar o produto final da
aprendizagem, passa por um caminho em que terá de reestruturar seus
conhecimentos prévios, mediante aos aprendidos, no qual essas reestruturações
podem manifestar-se de forma inadequada, porém construtivas, no sentido de
permitir, futuramente, o acesso à adequada. A partir desses conceitos, pode-se, até
mesmo, inferir que o educador precisa compreender e analisar os erros de seus
alunos e enxergá-los como um auxílio à sua prática docente, no processo de
alfabetização, visto que os “erros construtivos” podem servir de ponto de partida para
identificar os saberes já existentes, de seus alunos, assim como os que ainda
precisam ser internalizados.
Subentende-se, assim, que as autoras criticavam os métodos tradicionais,
pois baniam todos os erros dos educandos, sem percebê-los como um instrumente
norteador do processo de ensino-aprendizagem, uma vez que os educadores
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NÍVEIS DE LEITURA
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NÍVEIS DE ESCRITA
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equilíbrio geral das operações “concretas”, além das formas parciais já equilibradas
desde o primeiro nível[...] Operações Formais (a partir dos 12 anos)[...] consiste em
poderem elas realizar-se sobre hipóteses e não somente sobre objetos[...](PIAGET,
2002, p. 7 à 54)
A partir destes estudos, compreende-se que Ferreiro e Teberosky se
fundamentaram nos estágios de desenvolvimento de Piaget, posto que o
conhecimento de mundo adquirido pelo contato do aluno com o meio, citado pelas
autoras, ocorre no momento em que o sujeito se percebe como autor e ator de seus
movimentos a fim de conhecer o outro (objeto) que está a sua volta, construindo,
assim, o conhecimento por meio da interação que estabelece com o mundo que o
rodeia. Pode-se destacar, ainda, que as características de cada nível de leitura e de
escrita, os quais a criança percorre até tornar-se alfabética, só se estabelece,
primeiramente, graças ao fato de a criança poder construir conceitos, como descreve
o estágio pré-operatório. Torna-se pertinente mencionar, ainda, que, durante o
processo de compreensão da alfabetização, a criança passa por reestruturações e
estabilizações das operações concretas, visto que somente depois da equilibração
dessas operações a criança poderá utilizar-se de operações mais elaboradas e
abstratas, uma vez que, neste momento, se preocupará com questões hipotéticas
para compreender um objeto de conhecimento. Sendo assim, percebe-se que foram
inúmeras as contribuições dos estudos de Piaget, às concepções de Ferreiro e
Teberosky.
Torna-se pertinente enunciar, ainda, que os níveis de escrita relatados por
Ferreiro e Teberosky são conhecidos, popularmente, como pré-silábico, no qual se
caracteriza pelos dois primeiros níveis; silábico, este envolvendo aspectos do terceiro
nível; silábico alfabético, em que se seguem as peculiaridades do quarto nível e
alfabético, sendo, por fim, o quinto e último nível desta evolução (FERREIRO, 1992).
As estudiosas se destacaram na área pedagógica por terem focalizado os
pensamentos das crianças, em relação à leitura e escrita, no decorrer do processo
de alfabetização, no qual se percebe que, neste processo, a criança passa por níveis
gradativos de escrita e leitura. Cabe, neste momento, ao professor, saber detectar
em qual destes níveis o educando se encontra, para, posteriormente, utilizar tais
informações como norteadoras de sua prática educacional.
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A SONDAGEM
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INTERAÇÃO GRUPAL
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PROFESSOR MEDIADOR
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contato com a escola, posto que [...] é muito o que a escola pode fazer para ajudar
as crianças, especialmente aquelas cujos pais, analfabetos ou semianalfabetos, não
possam transmitir-lhes um conhecimento que eles mesmos não possuem. O
professor é quem pode minorar esta carência, evitando, porém, ficar prisioneiro de
suas próprias convicções: as de um adulto já alfabetizado. Para ser eficaz, terá que
adaptar seu ponto de vista ao da criança (1992, p.60-61).
Deste modo, pode-se perceber que Ferreiro atribui ao professor um papel de
suma importância, no processo de alfabetização sobre leitura e escrita. Todavia, a
autora ressalta que o educador não deve agir embasado no pensamento de que ele
irá transmitir os conhecimentos que já possui, sobre os conceitos do sistema
notacional, aos seus alunos. A estudiosa aponta que o docente deve se submeter ao
ponto de vista de uma criança que ainda não compreendeu o sistema conceitual da
leitura e da escrita, para, deste modo, prosseguir com sua prática pedagógica.
AMBIENTE ALFABETIZADOR
As interações que a criança estabelece, seja com o professor, ou, até mesmo,
com outras crianças, fornecem informações resultantes da resposta, dos alunos, aos
estímulos externos. Deste modo, torna-se pertinente enunciar que o ambiente na
sala de aula pode oferecer interações construtivas, do aluno com o meio no qual será
alfabetizado. Desta forma, o ambiente escolar deve se organizar em função de propor
melhores condições, para que as crianças consigam elaborar e comprovar suas
hipóteses, acerca de como se estrutura a leitura e a escrita.
Taylor, Blum e Logsdon apud Teberosky e Colomer (2003) enfatizam que um
ambiente rico em cultura letrada deve oferecer às crianças situações de contato com
os suportes de linguagem escritas que contenham diversos textos da vida cotidiana
dos aprendizes, como rótulos, parlendas, logotipos, assim como os suportes (que
geralmente não são muito frequentes nos lares das crianças) como livros, atlas,
enciclopédias, dicionário. Vale ressaltar que os materiais deste ambiente
alfabetizador podem se constituir, ainda, de textos e objetos produzidos pelas
próprias crianças e que, também, estejam ao alcance delas, pois de nada adiantaria
promover um espaço, com todos estes suportes escritos, se tais elementos não
estiverem constantemente acessíveis aos alunos. Cabe, então, ao professor, atentar-
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pesquisadoras como um sinalizador de que o aluno deveria ser livre, pois aprenderia
tudo sozinho. Morais exprime que a [...] má apropriação da teoria da psicogênese [...]
teriam levado à conclusão de que não era preciso ensinar, de modo sistemático e
planejado, a escrita alfabética, porque os alunos espontaneamente a aprenderiam
participando de práticas de leitura e produção de textos (2012, p.24).
Observa-se, portanto, que, por questões interpretativas inadequadas, a teoria
de Ferreiro e Teberosky foi compreendida como uma abertura ao ensino, sem metas
impostas, pois havia a crença de que os alunos dariam conta de aprender todo o
sistema da língua escrita naturalmente. As autoras, realmente, enunciaram que a
criança é capaz de construir seu próprio conhecimento; todavia, lançaram luz à
questão de que, para alcançar a aprendizagem sobre a leitura e a escrita, os alunos
passam por um processo marcado por diversas interações que o auxiliam. Deste
modo, o aprendiz não poderia, por si só, dominar o sistema notacional.
Ferreiro (1992) ressalta que muitas questões foram levantadas, neste sentido,
de que a criança aprenderia tudo sozinha. Uma delas se refere ao papel do professor,
mediante ao fato de os alunos já possuírem um repertório sobre a compreensão da
escrita. Em resposta a esta indagação, a autora afirma que sua pesquisa não
menospreza o papel da escola e do professor, já que os considera como
imprescindíveis, mas atribui-lhes o legado de propiciar condições favoráveis, para
que as crianças descubram por si mesmas os enigmas do sistema notacional.
Vale ressaltar ainda que, apesar da má compreensão da pesquisa, esta
trouxe avanços à prática pedagógica, em razão de lançar uma educação exclusa da
ditadura dos métodos tradicionais. Weisz salienta que as pesquisas de Emília
Ferreiro e colaboradores romperam o imobilismo lamuriento e acusatório e
deflagraram um esforço coletivo de busca de novos caminhos. Deslocando a
investigação do “como se ensina” para o “como se aprende”, Emília Ferreiro
descobriu e descreveu a psicogênese da língua escrita e abriu espaço – agora sim –
para um novo tipo de pesquisa em pedagogia. Uma pedagogia onde a compreensão
do papel de cada um dos envolvidos no processo educativo muda radicalmente. Suas
ideias, quando levadas a prática, produzem mudanças tão profundas na própria
natureza das relações educacionais, alteram de tal maneira as relações do poder
pedagógico que, sonho ou não, é inevitável acalentar a ideia de que esta revolução
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REFERÊNCIAS
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WEIZ, T. Os analfabetos funcionais são fruto de uma escola que produz não leitores.
Nova Escola. São Paulo, n.251, p.35-37, Abril, 2012.
WEIZ, T “Prefácio”. In: FERREIRO, E. Reflexões sobre a alfabetização. São Paulo:
Cortez, 2001.
WEIZ, T “Prefácio”. In: FERREIRO, E; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua
escrita. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
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