O Papel Do Juiz No Processo Penal Acusatório
O Papel Do Juiz No Processo Penal Acusatório
O Papel Do Juiz No Processo Penal Acusatório
Aury Lopes Jr. refere que para a maioria da doutrina brasileira o sistema brasileiro
contemporâneo é misto porque predomina o inquisitório na fase pré-processual e o
acusatório na fase processual. O que autor discorda, afirmado que não existem sistemas
mistos, pois os mesmos não identificam o núcleo fundante do sistema, além de que a
separação entre as atividades de acusar e julgar é insuficiente para essa caracterização,
devendo ser levado em conta outros fatores como iniciativa probatória, contraditório,
igualdade de oportunidades, sendo o que o essencial para esta distinção é a gestão da
prova. O autor entende ser uma falácia pensarmos em sistema misto no Brasil, pois a
prova colhida no inquérito contamina ou serve para embasar a decisão do juiz 2. Dessa
forma, o autor afirma ser o sistema brasileiro inquisitório no começo ao fim.
1
COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. (coord.) “O papel do novo juiz no processo penal”. In: Critica à
Teoria Geral do Direito Processual Penal. Renovar: Rio de Janeiro, 2001, p. 41.
2
LOPES JR. Aury. Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional. Volume I. Lúmen Júris:
Rio de Janeiro, 2007, p. 58, 71 e 72.
3
MARQUES, José Frederico. Estudos de Direito Processual Penal. Rio de Janeiro: Forense, 1960.p. 23.
Hélio Tornaghi menciona que: “O que distingue a forma acusatória da inquisitória
é o seguinte: na primeira, as três funções de acusar, defender e julgar estão distribuídas
a três órgãos diferentes: acusador, defensor e juiz; na segunda, as três funções estão
confiadas ao mesmo órgão”4.
4
TORNAGHI, Hélio. Instituições de Processo Penal. Rio de Janeiro: Forense, 1959. v. I, p. 200/201. O
autor assim se manifesta: “O que distingue a forma acusatória da inquisitória é o seguinte: na primeira, as
três funções de acusar, defender e julgar estão distribuídas a três órgãos diferentes: acusador, defensor e
juiz; na segunda, as três funções estão confiadas ao mesmo órgão”.
5
MARQUES, op.cit., p. 24.
submetidos ao seu exame cruzado, vinculados à espontaneidade e ao desinteresse das
testemunhas, delimitados no objeto e na forma pelas proibições de perguntas
impertinentes, sugestivas, indeterminadas ou destinadas a obter apreciações ou juízos
de valor. De fato, representam resíduos inquisitórios o interrogatório (a oitiva) das
testemunhas pelo juiz; a ditadura por parte dele nas atas de interrogatório; o poder
ilimitado do juiz de admitir ou não admitir provas e, por fim, aquele substituto moderno da
tortura, que é a advertência das testemunhas por meio de incriminação e condenação
por falso testemunho ou por silenciarem, salvo retratações6.
Para Aury Lopes Jr. a legitimação do juiz no Estado Democrático de Direito não é
política e sim Constitucional, “consubstanciada na função de proteção dos direitos
fundamentais de todos e de cada um ainda que para isso tenha que adotar uma posição
contrária a opinião da maioria”8.
6
FERRAJOLI, Lugi. Direito e Razão – Teoria do Garantismo Penal. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2002,p. 489/490.
7
COUTINHO. Op. Cit. p. 45.
8
LOPES JR. Op Cit. p. 116.