Tópicos de Física

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U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

TÓPICOS DE FÍSICA

Impressão
e
Editoração

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SUMÁRIO
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 3

UNIDADE 2 - MECÂNICA .................................................................................................................................. 6

UNIDADE 3 - TERMOLOGIA .............................................................................................................................10

UNIDADE 4 - ONDULATÓRIA ...........................................................................................................................16

UNIDADE 5 - ÓPTICA GEOMÉTRICA .................................................................................................................21

UNIDADE 6 - ELETRICIDADE ............................................................................................................................27

UNIDADE 7 - FÍSICA MODERNA .......................................................................................................................32

UNIDADE 8 - ANÁLISE DIMENSIONAL ..............................................................................................................47

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................62

ANEXOS ..........................................................................................................................................................64

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UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO

Começaremos nossa apostila de Tópicos de Física com uma frase elementar


e muito pertinente ao estudo em questão: “a ausência de certeza em relação às
coisas, e às teorias, é o que move a ciência”, entretanto, para muitas pessoas,
principalmente estudantes do ensino médio, esta disciplina não chega com a
praticidade que deveria.

Para ponderarmos sobre a assertiva acima, no XVIII Simpósio Nacional de


Ensino de Física, ocorrido em 2009, na cidade de Vitória – ES, uma pesquisa
apresentada por Fernandes e Filgueira intitulada: “Por que ensinar e por que estudar
física? O que pensam os futuros professores e os estudantes do ensino médio?”,
chamou atenção, a qual nos serve de base para comerçarmos este estudo.

Necessariamente, o ensino de física faz parte da educação básica na


formação do cidadão e deve atender tanto àquelas pessoas que darão continuidade
aos seus estudos, quanto àquelas que depois do ensino médio não terão mais
contato escolar com esta disciplina. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN+ Ensino Médio):

a Física deve apresentar-se, portanto, como um conjunto de competências


específicas que permitam perceber e lidar com os fenômenos naturais e
tecnológicos, presentes tanto no cotidiano mais imediato quanto na
compreensão do universo distante, a partir de princípios, leis e modelos por
ela construídos. Isso implica, também, a introdução à linguagem própria da
Física, que faz uso de conceitos e terminologia bem definidos, além de suas
formas de expressão que envolvem, muitas vezes, tabelas, gráficos ou
relações matemáticas (BRASIL, 2002, p.59).

É importante que professores e alunos reconheçam a importância do


conhecimento em física na formação básica de qualquer indivíduo, porém, isso nem
sempre acontece. Para os alunos essa disciplina é vista como difícil e desvinculada
da realidade.

Embora Fernandes e Filgueira (2009) digam que para os professores a


disciplina é fácil, diretamente relacionada ao cotidiano, e geralmente atribuem as

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dificuldades dos seus estudantes à falta de embasamento matemático, acreditamos


que essa verdade não se adéqua a todos os professores e esperamos que este
curso traga algumas contribuições teóricas e um modo mais direto e prático de
ensinar física.

Relacionar as leis da física ao cotidiano é uma das maneiras mais efetivas de


mostrar a importância da disciplina para os alunos.

Dentre os resultados obtidos pela pesquisa dos autores citados acima, a


maior concordância encontrada foi com relação à percepção do conhecimento de
física como uma importante ferramenta para compreender e explicar fenômenos
naturais, fenômenos cotidianos e o funcionamento de aparelhos que fazem parte do
aparato tecnológico moderno.

Existe uma visão partilhada de que vivemos em uma sociedade tecnológica,


que convivemos o tempo todo com aparelhos elétricos e que o conhecimento em
física é essencial para entendermos e desfrutarmos dessa tecnologia. Além disso,
alunos do curso de licenciatura em física e alunos do ensino médio veem a física
como a disciplina escolar capaz de explicar todos os tipos de fenômenos naturais,
mas principalmente aqueles presentes no seu cotidiano imediato. Entre os
estudantes do ensino médio essa visão é mais forte, talvez porque parece existir a
crença de que a ciência é completa, perfeita, fechada e, portanto, tudo o que é tido
como cientificamente comprovado ou é cientificamente explicado passa a ser
verdade absoluta.

Outro ponto de vista bem comum entre os grupos diz respeito ao fato de o
conhecimento em física contribuir para uma forma de pensar científico. Para os
estudantes do ensino médio, esse pensar se relaciona à aplicação do pensamento
racional no dia-a-dia. De certa forma, essa visão envolve a explicação de
fenômenos, porém a partir da aplicação direta do conhecimento científico. Os
estudantes do curso de licenciatura vão um pouco mais além. O pensar científico
nesse caso promove o rompimento com crenças, conhecimentos intuitivos e
pensamentos sem fundamentação teórica.

Argumentos a respeito do desenvolvimento da ciência e a transformação dos


indivíduos e da sociedade foram exclusivos dos estudantes de licenciatura. Acredita-

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se que isso se deva à influência dos Parâmetros Curriculares Nacionais e Diretrizes


Curriculares Nacionais que foram discutidos em sala de aula. Tais documentos
defendem o ensino voltado à formação do cidadão crítico e participante ativo da
sociedade em que vive.

Em relação aos estudantes do ensino médio verificou-se ainda uma visão


lúdica da física, capaz de explicar questões que fazem parte da vida de toda criança
quando começa a descobrir o mundo. Segundo os argumentos utilizados pelos
alunos as respostas a essas questões encontradas na física ativam a nossa
curiosidade e nos faz procurar por mais “porquês”. Acredita-se que esse
pensamento muito comum dos alunos, se deve ao fato de ser o primeiro contato
mais aprofundado com essa disciplina. É no primeiro ano que os alunos começam a
estudar física e assim começam a descobri-la. Antes disso, as respostas para seus
questionamentos, quando havia, ficavam soltas sem explicações mais consistentes.

Pretendemos com esta breve introdução levá-los a refletir sobre a importância


de ensinar física, refletir sobre o contexto em que inserem os seus alunos, refletir
sobre sua práxis.

Procurou-se utilizar além de referências atualizadas, artigos que utilizassem


de uma linguagem simples, no entanto, alguns assuntos merecem voltar a
publicações mais antigas justificando que existem certos autores os quais não se
pode furtar ao seu conhecimento.

Salientamos que este trabalho é uma compilação de artigos de vários autores


e material do que entendemos ser o mais importante em termos de tópicos de física.
Dúvidas podem surgir e pedimos desculpas por eventuais lacunas, mas para saná-
las, ao final da apostila estão diversas referências que foram utilizadas, pelas quais
poderão aprofundar algum conhecimento que chame a atenção ou tenha despertado
dúvida.

Desejamos a todos uma boa leitura e bons estudos!

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UNIDADE 2 - MECÂNICA

O movimento é talvez a melhor forma de descrever a mecânica, ou seja, o


estudo de qualquer movimento é o objeto da mecânica. Associada a Newton com a
famosa história da queda da maçã na sua cabeça, após a teoria da relatividade de
Einstein, veio a ter a sua atualização histórica. Sem grandes preocupações na
explicação da sua origem, o movimento é tudo, usando mesmo aproximações que
podem parecer grosseiras, como idealizar objetos reais em pontos. No entanto, as
previsões sempre dão resultado. Graças à mecânica é que o Homem foi à lua e hoje
quer ir muito mais longe.

Na Física, a Mecânica é o estudo do movimento das partículas e dos fluidos.


Para efeitos didáticos, a Mecânica pode ser dividida em três partes: a Cinemática,
Dinâmica e Estática.

Uma parte da Mecânica, a Clássica, também é conhecida como Mecânica de


Newton, pois as leis de Newton formam a base deste estudo.

A cinemática é o estudo descrito dos corpos em movimento, sem se


preocupar com as causas destes movimentos.

Dá-se o nome de Cinemática à parte da Mecânica que se ocupa do estudo do


movimento dos corpos. Aqui se encontra explicitada não só a forma como é feita a
descrição do movimento, mas também a forma como observadores independentes
podem comparar as suas observações de um mesmo fenômeno.

Nesta parte da física são introduzidos conceitos essenciais como referencial,


vetor de posição, velocidade ou aceleração. São ainda introduzidas noções muito
mais abstratas como referencial inercial e não inercial, conceitos que ao longo da
história da Física foram sendo refinados e sujeitos a alterações profundas. Nesta
primeira abordagem fixaremos a nossa atenção à abordagem clássica (Galileana) do
tema, deixando para mais adiante a reformulação mais moderna dos conceitos.

A primeira tarefa com que nos deparamos ao tentar estudar um movimento é


encontrar uma representação que nos permita descrevê-lo matematicamente.
Existem duas boas razões para esse fazer: em primeiro lugar, essa descrição pode

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fornecer-nos uma função para prever o comportamento futuro do sistema; em


segundo lugar, essa construção permite a dois observadores independentes do
movimento comparar as suas observações de forma exata. Temos aqui dois
princípios elementares:

1. Princípio da objetividade: o que é visto por um observador tem de o ser por


qualquer outro que esteja em condições de presenciar o mesmo fenômeno.
Todavia, cada observador tem liberdade de escolher qual o referencial que
mais lhe convém. O princípio da objetividade implica que tem que haver uma
forma de relacionar as observações de todos eles.

2. Princípio da causalidade: A efeitos iguais correspondem causas iguais ou,


inversamente, a causas iguais correspondem efeitos iguais. Os conceitos de
previsibilidade e reversibilidade estão contidos, respectivamente, na primeira
e segunda proposições. A primeira diz-nos que se conhecermos o efeito E1 e
a causa C1 e sabemos que a causa C2 = C1 então o seu efeito E2 = E1. A
segunda diz-nos que se conhecermos dois efeitos iguais E1 = E2 e que a um
deles corresponde a causa C1 então a causa C2 = C1.

Antes desse processo de descrição procede-se, em geral, a uma análise da


situação em estudo de forma a simplificar o problema e a eliminar efeitos pouco
relevantes para o que pretendemos descrever. Desta forma, fazemos ressaltar as
características mais importantes do movimento. O objeto que se move toma então a
designação genérica de corpo.

À medida que o corpo se move, descreve uma trajetória. Na nossa descrição,


o que pretendemos é indicar onde ele se encontra a cada momento. Assim, a
trajetória corresponde a uma função matemática que nos fornece para cada instante
de tempo a posição do corpo.

O tempo é outro conceito importante em Física. Ele mede-se


experimentalmente, como se sabe, com um relógio e a unidade de medida é o
segundo (abreviadamente s). A distância (espaço) percorrida pelo corpo mede-se
com uma régua em relação a um ponto de referência escolhido pelo observador. A
unidade de medida é o metro (abreviadamente m).

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É importante lembrar que um corpo está em movimento quando, à medida


que o tempo passa, sua posição varia em relação a um referencial. Na cinemática
estudamos dois tipos de movimento retilíneo, o movimento uniforme e o movimento
uniformemente variado, logo em seguida, passa-se ao estudo do movimento circular
que também pode ser dividido da mesma maneira, movimento circular uniforme e
movimento circular uniformemente variado.

A parte da Mecânica que estuda os movimentos e as causas que os


produzem ou os modificam, é a dinâmica, utilizando também dos conceitos da
cinemática.

As ideias de Galileu Galilei sobre a dinâmica, seus estudos sobre os


movimentos dos corpos foram precursoras das Leis de Newton. Utilizando os
fluxions, Isaac Newton conseguiu dar um enorme salto na ciência, conseguiu o que
todos buscavam na época, uma teoria física unificada. Analisando o movimento da
lua ele chegou a uma descrição perfeita para os movimentos, uma descrição que
poderia ser utilizada tanto para os astros como para objetos menores na terra.

Enquanto que com a cinemática aprendemos a descrever o movimento de um


corpo, com a dinâmica aprendemos a perceber as causas desse movimento.
Sabemos que a alteração de movimento de um corpo será sempre resultado de uma
interação entre ele próprio e os corpos que o rodeiam. Essa interação é
normalmente descrita como uma força aplicada ao corpo, seja única, seja a
resultante de todas as forças exercidas pelo sistema que o rodeia.

E quando um corpo não está sujeito a força alguma? Newton resumiu


elegantemente a resposta a esta pergunta na sua Primeira Lei (ou Lei da Inércia):

Primeira Lei de Newton – Um corpo livre move-se sempre com quantidade


de movimento constante, isto é, sem aceleração (Newton foi o primeiro a notar que a
quantidade de movimento é a quantidade que contém mais informação acerca da
dinâmica de um sistema). Assim, ou se move com movimento uniforme retilíneo
(quantidade de movimento não nula) ou está parado (quantidade de movimento
nula). Define-se como corpo livre um corpo que não esteja sujeito a nenhuma
interação, ou melhor, no qual a força resultante é nula. As duas restantes leis têm a
ver com corpos não livres:

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Segunda Lei de Newton – A força aplicada a um corpo é igual à variação da


quantidade de movimento em ordem ao tempo.

Terceira Lei de Newton – Quando dois corpos interagem, a força sobre o


primeiro é igual em módulo, mas de sentido inverso, à aplicada no segundo.

Com relação a implicação destas leis, podemos dizer que a primeira implica
um dos princípios mais importantes da Física – o Princípio da Conservação do
Movimento – e que a terceira também é conhecida como a Lei da Ação-Reação.

Força é outro conceito comum e importante no nosso cotidiano, que está


frequentemente associado à noção de força mecânica, como por exemplo, no caso
da força que fazemos para empurrar um caixote, para levantá-lo, atirá-lo, puxá-lo, ou
da força que fazemos para nos segurarmos quando estamos num ônibus, que tem
as habituais oscilações, travagens, entre outras.

Na Natureza, para além da força mecânica, existem ainda as chamadas


forças à distância que estão associadas às interações gravítica, elétrica, magnética,
entre outras.

Na realidade, todas as forças são aplicadas a uma determinada distância.


Mesmo no caso de uma força mecânica, as moléculas das nossas mãos interagem à
distância com as moléculas do objeto sobre o qual estamos atuando.

Na estática estudamos a ação das forças no equilíbrio de um sistema.


Utilizando as leis de Newton, estudamos o equilíbrio e as forças nestes sistemas.

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UNIDADE 3 - TERMOLOGIA

Termologia é a parte da Física que estuda os fenômenos relativos ao


aquecimento, resfriamento ou mudanças de estado físico em corpos que recebem
ou cedem um determinado tipo de energia. Mais precisamente, a termodinâmica é a
parte que estuda as relações entre trabalho mecânico e calor, e:

 Estuda a energia e suas transformações;

 Fornece a base científica para a análise dos processos de conversão de


energia;

 Permite verificar a eficiência do uso da energia – custo e fatores ambientais


envolvidos no processo de conversão;

 Permite entender da tendência futura energia-consumo e seu impacto


socioeconômico.

As leis da termodinâmica são baseadas na experiência. São elas:

Lei zero: Descreve a possibilidade de definir a temperatura dos objetos.

1ª Lei: Princípio da Conservação de energia. De acordo com o princípio da


Conservação da Energia, a energia não pode ser criada nem destruída, mas
somente transformada de uma espécie em outra.

2ª Lei: Permite descrever a direção dos processos; calcular a eficiência de


equipamentos e ciclos termodinâmicos; verificar se é possível ou não a ocorrência
de um processo.

Nas transformações naturais, as conversões energéticas são tais que a


energia total permanece constante, de acordo com o princípio da conservação de
energia, a primeira lei de termodinâmica é uma reafirmação desse princípio. De
Acordo com a Segunda Lei da termodinâmica, nas transformações naturais, a
energia se “degrada” de uma forma organizada para uma desordenada, isto é, a
energia térmica. E por essa lei, a energia térmica circula de regiões mais quentes
para as mais frias.

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3ª Lei: Se ocupa das propriedades da matéria a temperaturas muito baixas.

Estudos de Oliveira (2007) apontam dois grandes nomes da Física, Walther


Nernst (11864-1941) e Max Planck (1858-1947), os quais estabeleceram
distintamente dois princípios que tentam estabelecer a terceira lei da
Termodinâmica, idealizando sistemas cuja entropia tende a um valor mínimo, ou
mesmo zero.

Nernst propôs um princípio que a entropia de um sistema em equilíbrio


termodinâmico tende a uma constante S0 finita quando a temperatura tende ao zero
absoluto,

S → S0 quando T → 0

A constante S0 é a mesma para qualquer estado de um sistema à


temperatura nula. Em outros termos, S0 é independente das grandezas
termodinâmicas.

Já o Princípio de Planck resulta em:

S0 = 0

Desta forma, de acordo com Planck, a constante S0 = 0 é universal, ou seja, é


a mesma para qualquer sistema.

Esta lei foi rediscutida em 1930, quando Franz Simon coloca em xeque
levantando questionamentos acerca do vidro, para o qual não se aplicariam os
princípios. Segundo o princípio, a entropia seria zero para sistemas em equilíbrio
termodinâmico. Uma possível justificativa para isto é de que o vidro não seria um
sistema em equilíbrio termodinâmico. Simon também contesta, em 1937, que a
terceira lei se aplicaria somente a cristais puros.

Até hoje não há uma certeza absoluta se é uma lei ou uma regra. Alguns
estudiosos da área alegam que há uma exceção, então a dúvida. A forma original
enunciada diz que é impossível que um sistema consiga atingir o zero absoluto, pois
para isto teria que haver uma ordem perfeita das moléculas que constituem a porção
de matéria em questão (OLIVEIRA, 2007).

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São conceitos fundamentais dentro da termodinâmica:

3.1 SISTEMA

Que é o objeto de análise identificado para estudo das interações (trocas de


energia e/ou matéria) com o meio externo.

- A composição da matéria dentro do sistema pode ser fixa ou variável.

- A forma ou o volume do sistema não é necessariamente constante.

Vizinhança: Tudo externo ao sistema.

Fronteira: Separa o sistema do meio externo ou vizinhança. Pode estar em


repouso ou movimento.

Qualquer análise termodinâmica começa com a seleção do sistema, fronteira


e vizinhanças, conforme ilustrado abaixo:

3.2 TIPOS DE SISTEMAS

Temos três tipos de sistemas:

a) Isolados – não trocam matéria ou energia com o meio externo.

b) Fechados – não trocam matéria, mas podem permutar energia.

c) Abertos – podem trocar matéria e energia com sistemas vizinhos.

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3.3 TRATAMENTO MACRO E MICROSCÓPICO

Macroscópico (Termodinâmica Clássica):

 Relacionado ao comportamento ou efeitos totais ou médios de moléculas que


compõe o sistema.

 Não interessam detalhes moleculares e estrutura atômica.

Microscópico (Termodinâmica estatística):

 Quando se considera a natureza molecular e atômica da matéria.

 Para aplicações envolvendo laser, escoamento de gás à alta velocidade,


cinética química, criogenia, cálculo de propriedades, entre outras.

3.4 PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS

São características macroscópicas do sistema.

Ex: massa, volume, pressão, temperatura, entre outras.

Propriedades Extensivas Propriedades Intensivas

Valor da propriedade para um sistema global é Não são aditivas. Seus valores são
a soma de seus valores para as partes nas independentes do tamanho ou extensão de um
quais o sistema é dividido. sistema.

Dependem da quantidade de matéria contida São funções da posição e do tempo, mas não
no sistema, podem variar com o tempo. se alteram quando o sistema é subdivido.

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Ex: massa, volume, energia interna, entalpia, Ex: pressão, temperatura, viscosidade, massa
entropia. específica, entre outras.

3.5 ESTADO

· Condição do sistema descrito por suas propriedades.

· Quando as propriedades do sistema variam, o estado varia e o sistema é


dito ter passado por um processo.

3.6 PROCESSO

É a transformação de um estado a outro.

A variação no valor de uma propriedade entre dois estados independe do


processo.

Ex: DT=T2-T1

Processos em que uma propriedade se mantém constante:

Processo isotérmico = T constante

Processo isobárico = p constante

Processo isocórico ou isovolumétrico = V constante

3.7 EQUILÍBRIO

Um sistema em equilíbrio não experimenta nenhuma variação em suas


propriedades.

A termodinâmica trata com estados de equilíbrio.

 Equilíbrio térmico = mesma temperatura

 Equilíbrio mecânico = mesma pressão

 Equilíbrio químico = mesma concentração

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 O equilíbrio termodinâmico deve satisfazer todas as formas de equilíbrio.

Processo de quase equilíbrio ou quase estático:

Processo em que o desvio do equilíbrio termodinâmico é infinitesimal


(processo lento).

Todos os estados pelos quais o sistema passa durante o processo podem ser
considerados como estados de equilíbrio.

3.8 FASE

Quantidade de matéria que é homogênea na composição química e estrutura


física (toda sólida, ou gás ou líquida).

Em cada fase a substância pode existir a diferentes pressões e temperaturas.


Exemplos:

 água líquida e vapor d’água – 2 fases;

 os gases podem ser misturados e formar uma simples fase.

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UNIDADE 4 - ONDULATÓRIA

Iniciaremos nossos estudos sobre a parte da Física denominada de


Ondulatória, ou seja, que estuda as ondas, citando alguns exemplos práticos, um
tanto lúdicos e interessantes.

Quando colocamos uma fila de dominós, por exemplo, e derrubamos o


primeiro, podemos dizer que causamos uma perturbação somente no primeiro
dominó. Mas sabemos que todos os outros irão cair em seguida, certo? Este é o
famoso “efeito dominó”. Podemos ver neste caso o que é uma perturbação se
propagando de um lugar para o outro. A perturbação causada no primeiro dominó
chegou até o último, derrubando-o, apesar de cada dominó não ter saído da sua
posição inicial. Notamos também que somente a energia aplicada ao primeiro
dominó chegou até a última peça, portanto, a perturbação transportou somente
energia.

O que acontece na onda é mais ou menos isso. Uma perturbação é causada,


por alguém ou por alguma fonte, e esta perturbação propaga-se de um ponto para o
outro na forma de pulsos. Vejamos outros exemplos:

 Uma pessoa movimentando a extremidade de uma corda, e a perturbação


propagando-se até a outra extremidade;

 Um terremoto no fundo do mar causa uma perturbação nas águas do oceano,


e esta perturbação propaga-se até encontrar algum continente, causando
ondas gigantes conhecidas como Tsunamis. Estas ondas causam muita
destruição quando chegam às praias;

 Um alto falante causa uma perturbação nas moléculas de ar, e esta


perturbação propaga-se até nossos ouvidos permitindo que possamos ouvir o
som gerado pelo mesmo.

Até agora temos um pulso ou uma perturbação que se propaga e uma onda,
que é a sequência de pulsos periódicos. As ondas podem ser mecânicas e
eletromagnéticas.

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Ondas mecânicas são aquelas que precisam de um meio material para poder
se propagar.

A perturbação causada no dominó somente se moveu por causa dos


dominós, sem eles ela nem existiria. Como exemplo, temos as ondas no oceano, o
som, entre outros. Todas são perturbações causadas em meios materiais.

Já as ondas eletromagnéticas não precisam de meios materiais para ir de um


lugar para o outro. A perturbação é causada em campos eletromagnéticos e se
propaga através deles. A luz é um bom exemplo deste tipo de onda.

Basicamente existem dois tipos de ondas, as ondas transversais e as


longitudinais. Vamos ver as diferenças que existem entre elas.

Ondas Transversais

Uma onda no mar ou uma corda balançando possuem esta aparência. A


característica principal deste tipo de onda é a seguinte:

 a onda está propagando-se da esquerda para a direita, na horizontal, mas


qualquer ponto da corda move-se para cima e para baixo, na vertical (repare
no movimento de subida e descida da pontinha da corda). Como a direção de
propagação da onda é perpendicular, ou seja, forma um ângulo de 90º com a
direção de oscilação de qualquer ponto sobre a corda, dizemos que ela é
transversal.

Ondas longitudinais

Este tipo de onda move-se na mesma direção de oscilação dos corpos que
estejam em seu caminho. O exemplo mais comum é a onda sonora.

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Características das ondas

Amplitude

Imagine um barco no oceano, e imagine que uma onda passe por ele.
Obviamente o barco irá subir e descer, a amplitude da onda que passou pelo barco
é dada pelo quanto ele subiu ou desceu. Se por exemplo, o barco subiu 5 cm,
dizemos que a amplitude da onda que passou por ele é de 5 cm. Veja o desenho.

Note que no primeiro exemplo a amplitude da onda que faz com que o barco
suba e desça é maior que a amplitude da onda mostrada no segundo exemplo.

O ponto mais alto da onda chama-se crista, e o ponto mais baixo denomina-
se vale.

Velocidade

Toda onda possui uma velocidade de propagação. Geralmente a velocidade


da onda depende muito do meio material onde ela está se movendo.

A tabela abaixo nos permite comparar, por exemplo, a velocidade do som em


diferentes meios.

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Comprimento de onda (λ)

O comprimento de onda, representado pela letra (lâmbda), mede a distância


entre duas cristas consecutivas da mesma onda, ou então a distância entre dois
vales consecutivos da mesma onda.

Período (T)

O período de uma onda é o tempo que se demora para que uma onda seja
criada, ou seja, para que um comprimento de onda seja criado. O período é
representado pela letra T.

Frequência (f)

A frequência representa quantas oscilações completas1 uma onda dá a cada


segundo. Se, por exemplo, dois comprimentos de onda passarem pelo mesmo ponto
em um segundo, dizemos que a onda oscilou duas vezes em um segundo,
representando que a frequência dela é de 2 Hz2.

1
Uma oscilação completa representa a passagem de um comprimento de onda - λ.
2
Hertz (Hz) significa ciclos por segundo.

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A relação entre frequência e período, que é muito importante no estudo das


ondas, é dada pela expressão: f = 1/T

Esta equação é importante, pois relaciona três características de uma onda, a


velocidade, a frequência e o comprimento de onda. Ela é sempre muito usada em
problemas de ondulatória, e merece ser memorizada.

É aconselhável o uso do Sistema Internacional, onde a velocidade é dada em


m/s, o comprimento de onda em metros e a frequência em Hertz. O período neste
caso ficaria em segundos.

Com relação à direção de propagação, as ondas se classificam em:

1. UNIDIMENSIONAIS – quando se propagam em uma direção. Ex.: Onda


nas cordas.

2. BIDIMENSIONAIS – quando se propagam no plano. Ex.: Onda na água.

3. TRIDIMENSIONAIS – quando se propagam no espaço. Ex.: Som (CRUZ,


2010).

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UNIDADE 5 - ÓPTICA GEOMÉTRICA

A parte da Física que estuda os fenômenos relacionados à luz é chamada de


Óptica. A Óptica Geométrica estuda os fenômenos que são explicados sem se
preocupar com a natureza da luz. Para este estudo utilizaremos alguns conceitos
básicos e princípios fundamentais que serão apresentados ao longo do texto.

Um dos grandes nomes da Óptica é Isaac Newton. Mas a óptica já


interessava o homem há muito mais tempo.

Em 1025, Al-Hazen, um estudioso árabe, escreveu que a visão era o


resultado dos raios de luz que entravam nos nossos olhos. O que não era tão
comum se dizer na época, já que, acreditava-se que os olhos emitiam raios de luz
que possibilitavam a visão. Al-Hazen também estudou as propriedades das lentes e
fez grandes observações nesta área.

Para o estudo da Óptica Geométrica, vamos conceituar a luz como sendo um


ente físico capaz de sensibilizar os nossos olhos. Logo, é através da luz que
enxergamos.

Conceitos básicos da Ótica Geométrica

Raio de luz - O raio de luz é um agente geométrico que representa a direção


e o sentido da propagação da luz.

Pincel de luz - O pincel de luz pode ser entendido como sendo um conjunto
de raios de luz.

Fonte de luz - Denomina-se fonte de luz todo corpo capaz de emitir luz.

Fonte de luz primária - São aquelas que emitem luz própria, isto é, que
produz energia luminosa. Exemplos: O Sol e as Lâmpadas incandescentes.

Fonte de luz secundária - São aquelas que emitem apenas a luz recebida de
outros corpos. Estas fontes de luz apenas refletem os raios de luz provenientes de
outros corpos. Exemplo: a Lua e o teclado do seu computador.

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Princípios da óptica geométrica

1) Princípio da propagação retilínea da luz: em meios homogêneos a luz se


propaga em linha reta.

2) Princípio da reversibilidade dos raios de luz: a trajetória dos raios não


depende do sentido de propagação.

3) Princípio da independência dos raios de luz: cada raio de luz se propaga


independentemente de outro.

Com estes três princípios, observamos que a luz se propaga em linha reta,
que o caminho de ida de um raio de luz pode ser igual ao caminho de volta e, um
raio de luz pode se cruzar com outro se haver nenhuma mudança.

Na Física, o estudo do comportamento dos raios luminosos em relação ao


globo ocular é conhecido como óptica da visão. Para entender a óptica da visão é
necessário anteriormente, estudar, mesmo que rapidamente, a estrutura do olho
humano.

Nossos olhos são constituídos de vários meios transparentes que levam os


raios luminosos até a retina (onde formam-se as imagens).

Observe a figura abaixo:

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Na óptica da visão é importante entender a função das partes mais


importantes na formação de imagens no globo ocular:

 O cristalino funciona como uma lente convergente biconvexa.

 A pupila funciona como um diafragma, controlando a quantidade de luz que


penetra no olho.

 Os músculos ciliares alteram a distância focal do cristalino, comprimindo-o.

 A retina é a parte do olho sensível à luz. É nesta região que se formam as


imagens.

Para que o olho consiga formar uma imagem com nitidez, um objeto é
focalizado variando-se a forma do cristalino. Essa variação da distância focal do
cristalino é feita pelos músculos ciliares, através de uma maior ou menor
compressão destes sobre o cristalino. Esse processo é chamado de acomodação
visual.

O sistema óptico do globo ocular forma uma imagem real e invertida no fundo
do olho, mais precisamente na retina. Como esta região é sensível à luz, as
informações luminosas são transformadas em sinais elétricos que escoam pelo
nervo óptico até o centro da visão (região do cérebro). O cérebro trata de decodificar
estes sinais elétricos e nos mostrar a imagem do objeto focalizado.

Voltando à óptica física, esta estuda as propriedades da luz, sua interação


com objetos, e com ela mesma. Ela ocupa-se de aspectos do comportamento da luz,
tais como emissão, composição, absorção, polarização, interferência e difração.

A polarização da radiação

A luz é uma onda eletromagnética sendo, portanto, uma onda transversal, na


qual os campos elétricos e magnéticos ocorrem em planos perpendiculares à
direção de propagação da onda e perpendiculares entre si. Quando os campos se
mantêm sempre na mesma direção, dizemos que a onda é linearmente polarizada.

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O campo elétrico da luz proveniente do Sol pode ser um vetor com qualquer direção
perpendicular à direção de propagação, pois esta luz não é polarizada.

Existem quatro fenômenos que podem produzir ondas eletromagnéticas


polarizadas a partir de ondas não-polarizadas: absorção, birrefringência, reflexão e
espalhamento.

A polarização por absorção ocorre com o uso de materiais que têm a


capacidade de transmitir a luz quando o campo elétrico está paralelo ao eixo de
transmissão, e de absorver a luz quando o campo elétrico está perpendicular ao seu
eixo de transmissão. Desta forma, a luz que passa por um polarizador está
linearmente polarizada.

Se ao sair de um polarizador, o feixe tiver que atravessar um segundo cujo


eixo de transmissão faça um ângulo (a) com o eixo de transmissão do primeiro, a
intensidade da luz transmitida será dada pela equação abaixo que representa a Lei
de Malus, onde Io é a intensidade da luz que incide na segunda película:

I = Io cos2 a

Sobre a interferência, Young desenvolveu o seguinte experimento: fez


passar dois feixes de luz por orifícios separados, e como resultado ele percebeu que
ao incidirem sobre um anteparo, os feixes de luz resultaram num desenho que
apresentava áreas claras entremeadas com outras totalmente escuras. Estas
últimas só podiam ser causadas pela interferência de ondas. Apesar dessas
evidências, tais demonstrações foram consideradas insuficientes, por muito tempo,
na Inglaterra, até serem complementadas, mais tarde, pelo trabalho de outros
pesquisadores europeus (LOURENÇO; LOPES, 2003).

A interferência é um importante fenômeno que distingue as ondas das


partículas, pois duas partículas não podem atravessar-se mutuamente e depois
continuar sua trajetória anterior, mas duas ondas podem. Ela só acontece quando a
diferença de fase entre as duas ondas for mantida constante no tempo, isto é,
quando as fontes forem coerentes. A interferência é a combinação, por superposição
de duas ou mais ondas que se encontram num ponto do espaço.

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Quando se combinam duas ondas harmônicas de mesma frequência e


mesmo comprimento de onda, a onda resultante será uma onda harmônica cuja
amplitude depende da diferença de fase das duas ondas iniciais.

Se a diferença for zero, ou múltiplo de 360 graus, as ondas estão em fase, e a


interferência é construtiva. Deste modo, a amplitude resultante é igual a soma das
amplitudes individuais, e a intensidade (que é proporcionada ao quadrado da
amplitude) é máxima.

Se a diferença de fase for de 180 graus, ou qualquer múltiplo ímpar de 180


graus, as ondas estão fora de fase, e a interferência é destrutiva. A amplitude da
onda resultante é, então, a diferença entre as medidas de cada onda, e a
intensidade é um mínimo.

A difração é um fenômeno tipicamente ondulatório. As ondas na água, ao


passar pelo orifício de um anteparo, abrem-se ou difratam-se, formando um feixe
divergente (LOURENÇO; LOPES, 2003).

Em 1803, Young realizou uma experiência demonstrando que a luz possuía


natureza ondulatória. Ele a fez passar por uma abertura estreita e constatou que,
num anteparo instalado do outro lado, não surgia simplesmente uma linha nítida,
mas sim um conjunto de faixas luminosas de diferentes intensidades. Isso mostrava
que a luz sofria difração, tal como ocorria com as ondas sonoras ou as ondas de um
lago. Se ela fosse constituída de partículas, esse comportamento seria impossível.

A difração também ocorre quando as ondas encontram um pequeno


obstáculo – elas se abrem e tendem a contorná-lo. A difração da luz também pode
ser observada tanto pela tendência de contornar obstáculos, aparecendo na forma
de franjas claras e escuras, como pela abertura do feixe depois de atravessar uma
fenda estreita. Quando a fenda não for estreita, a intensidade da luz num anteparo
distante não é independente do ângulo, mas diminui quando o ângulo aumenta. A
maior parte da intensidade da luz está concentrada num máximo de difração central
bastante largo, embora existam máximos secundários nos dois lados do máximo
central. Os primeiros zeros de intensidade ocorrem nos ângulos dados por: a

senb = na qual o termo a corresponde a largura da fenda, e é o


comprimento de onda da luz incidente na fenda.
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A grandeza a senb é a diferença de percurso entre um raio de luz que parte


da extremidade superior da fenda, e um raio de luz que parte da extremidade inferior
da fenda. Vemos que o primeiro mínimo de difração ocorre quando estes dois raios
estão em fase, isto é, quando a diferença de fase entre eles for de comprimento
de onda (LOURENÇO; LOPES, 2003).

Podemos entender este resultado considerando cada ponto na frente de onda


como se fosse uma fonte puntiforme de luz, de acordo com o Princípio de Hyugens.
A expressão geral dos pontos de intensidade nula na figura de difração numa fenda
é então:

a senb = m com m = 1,2,3,…

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UNIDADE 6 - ELETRICIDADE

A eletricidade está presente a todo tempo ao nosso redor e até em nós


mesmos. Na natureza, a eletricidade pode ser observada no relâmpago, uma grande
descarga elétrica produzida quando se forma uma enorme tensão entre duas
regiões da atmosfera. Na Física, a Eletricidade é um fenômeno físico originado por
cargas elétricas estáticas, ou em movimento, e por sua interação (ESTEVÃO, 2009).

No corpo humano também observamos a eletricidade: impulsos elétricos do


olho para o cérebro. Nas células da retina existem substâncias químicas que são
sensíveis à luz, quando uma imagem se forma na retina estas substâncias
produzem impulsos elétricos que são transmitidos ao cérebro.

Na Grécia antiga, por volta de 600 a.C., Tales de Mileto fez algumas
experiências com uma barra de âmbar (resina sólida fossilizada proveniente das
árvores). Ele descobriu que, quando atritada com a pele de animal, a barra de âmbar
adquire a propriedade de atrair pequenos pedaços de palha.

A palavra eletricidade se origina do vocábulo elektron, nome grego do âmbar.


Apesar das descobertas feitas pelos gregos, a eletricidade só teve seus
conhecimentos sistematizados a partir da segunda metade do século XVIII.

Muitos corpos, como o âmbar, ao serem atritados adquirem a propriedade de


exercer força de atração. Para explicar este fenômeno, geralmente estuda-se a
estrutura da matéria.

Eletricidade pode ser entendida, então, como sendo o fenômeno resultante da


interação das partículas que formam a matéria, em especial os elétrons.

Tópicos importantes em Eletricidade:

O átomo: elétrons prótons e nêutrons

A matéria é formada de pequenas partículas, os átomos e estes são formados


por partículas elementares, sendo as principais os prótons, os elétrons e os
nêutrons. Os prótons e nêutrons são formados por quarks. Entender esta estrutura é
o primeiro passo para entender a eletricidade no estudo da Física.

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No núcleo do átomo estão os prótons e os nêutrons, e girando em torno deste


núcleo estão os elétrons. Um próton em presença de outro próton se repele, o
mesmo ocorre com os elétrons, mas entre um próton e um elétron existe uma força
de atração, como no exemplo do âmbar e da palha. Desta maneira, atribuímos ao
próton e ao elétron uma propriedade física denominada carga elétrica.

Os prótons têm carga elétrica positiva, enquanto os elétrons carga elétrica


negativa. Os nêutrons são desprovidos de carga elétrica, pois não apresentam
efeitos elétricos. Num átomo, normalmente não existe predominância de cargas
elétricas, ou seja, o número de prótons é igual ao número de elétrons. Neste caso
dizemos que o átomo é eletricamente neutro.

Eletrização, condutores e isolantes

Chamamos de condutores os corpos onde as partículas portadoras de carga


elétrica conseguem se mover sem dificuldade, os corpos onde isso não acontece
chamamos de isolantes.

A eletrização é um fenômeno importante na eletricidade. Quando um corpo


ganha elétrons dizemos que ele foi eletrizado negativamente, pois o número de
elétrons no corpo é maior que o número de prótons no mesmo. E quando um corpo
perde elétrons o número de prótons no corpo é maior que o de elétrons, então,
dizemos que o corpo está positivamente eletrizado.

A eletrização pode acontecer por atrito, por contato e por indução.

Na eletrização por atrito os corpos atritados ficam com cargas elétricas


opostas, como por exemplo, o pedaço de flanela com cargas positivas e o bastão de
vidro com cargas negativas.

Na eletrização por contato, os corpos ficam com a mesma distribuição


superficial de cargas elétricas. Isto significa que se os corpos forem idênticos, eles
terão a mesma carga elétrica.

Dois corpos, A e B, sendo A positivamente eletrizado e B um corpo


eletricamente neutro, são colocados próximos um do outro sem haver contato.

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As cargas positivas de A atraem as cargas negativas de B. Se aterrarmos o


corpo B, as cargas elétricas negativas da terra vão se deslocar para o corpo B.
Retirando o condutor que aterra o corpo B e só depois afastar o corpo A,
observamos então que o corpo B ficou negativamente eletrizado. Seria a eletrização
por indução.

Outra contribuição para a Eletricidade foi dada por Charles Augustin Coulomb.
Coulomb desenvolveu uma teoria que chamamos hoje de Lei de Coulomb. Ele
estudou a força de interação entre as partículas eletrizadas, sabemos hoje que as
partículas de mesmo sinal se repelem e as de sinais opostos se atraem.

Tensão elétrica e diferença de potencial (ddp)

Considere um aparelho que mantenha uma falta de elétrons e uma de suas


extremidades e na outra um excesso. Este aparelho é chamado gerador e pode ser
uma pilha comum. A falta de elétrons em um polo e o excesso em outro origina uma
diferença de potencial (d.d.p.).

Corrente elétrica

Se um condutor é ligado aos polos do gerador, os elétrons do polo negativo


se movimentam ordenadamente para o polo positivo, esse movimento ordenado dos
elétrons é denominado corrente elétrica. Muitas vezes a corrente elétrica é
confundida com o termo eletricidade.

O Efeito Joule

Quando um condutor é aquecido ao ser percorrido por uma corrente elétrica,


ocorre uma transformação de Energia Elétrica em Energia Térmica. Este fenômeno
é conhecido como Efeito Joule, em homenagem ao Físico Britânico James Prescott
Joule (1818-1889).

Resistência Elétrica

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A dificuldade que alguns materiais apresentam à passagem da corrente


elétrica é expressa por uma grandeza física chamada resistência elétrica.

Resistor

Os resistores são dispositivos cujas principais funções são: dificultar a


passagem da corrente elétrica e, transformar Energia Elétrica em Energia Térmica
por Efeito Joule. Entendemos a dificuldade que os resistores apresentam à
passagem da corrente elétrica como sendo resistência elétrica. O material mais
comum na fabricação dos resistores é o carbono.

Associação de Resistores

Em nosso dia-a-dia utilizamos vários aparelhos elétricos onde são


empregados circuitos com dois ou mais resistores. Em muitos destes circuitos, um
único resistor deve ser percorrido por uma corrente elétrica maior que a suportada, e
nestes casos utiliza-se uma associação de resistores. Em outras aplicações, vários
resistores são ligados um em seguida do outro para obter o circuito desejado, como
é o caso das lâmpadas decorativas de natal.

A Primeira Lei de Ohm

A primeira Lei de Ohm afirma que, ao percorrer um resistor (R) a corrente


elétrica (i) é diretamente proporcional à tensão (U).

U = R. i

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Segunda Lei de Ohm

George Ohm realizou diversos experimentos envolvendo a eletricidade.


Muitos destes experimentos estavam relacionados à resistência elétrica, e nestes,
ele verificou que a resistência (R) de um resistor é diretamente proporcional ao
comprimento (l) do resistor, inversamente proporcional à área da secção transversal
(A) e depende do material do qual o resistor é feito. Esta relação é conhecida como
a Segunda Lei de Ohm.

Energia Elétrica

A Energia Elétrica pode ser definida como a capacidade de trabalho de uma


corrente elétrica. Como toda Energia é a propriedade de um sistema que permite a
realização de trabalho, ela é obtida através de várias formas. Logo, o que
chamamos de “eletricidade” pode ser entendido como Energia Elétrica se no
fenômeno descrito a eletricidade realiza trabalho por meio de cargas elétricas.

Gerador

O gerador é um mecanismo que transforma energia mecânica, química ou


outra forma de energia em energia elétrica. O gerador elétrico mais comum é o
dínamo (gerador de corrente contínua) de bicicleta.

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UNIDADE 7 - FÍSICA MODERNA

O mais comum no ensino médio é estudarmos os fundamentos da física


clássica, que são os conteúdos tratados até o momento, mas temos a física
moderna, denominação dada ao conjunto de teorias surgidas no começo do século
XX, principiando com a Mecânica Quântica e a Teoria da Relatividade e as
alterações no entendimento científico daí decorrente, bem como todas as teorias
posteriores. De fato, destas duas teorias resultaram drásticas alterações no
entendimento das noções do espaço, tempo, medida, causalidade,
simultaneidade , trajetória e localidade.

Aguiar, Gama e Costa (2005) pontuaram muito bem a importância da Física


para os alunos que estão no Ensino Médio. Para eles, em consenso com o
pensamento dos físicos, física é, em muitos aspectos, a mais básica de todas as
ciências naturais.

Ela tem uma abrangência notável, envolvendo investigações que vão desde a
estrutura elementar da matéria até a origem e evolução do Universo. Usando uns
poucos princípios físicos, podemos explicar uma grande quantidade de fenômenos
naturais presentes no cotidiano, e compreender o funcionamento das máquinas e
aparelhos que estão à nossa volta. A inclusão da Física no currículo do ensino
médio dá aos estudantes a oportunidade de entender melhor a natureza que os
rodeia e o mundo tecnológico em que vivem.

Tão importante quanto conhecer os princípios fundamentais da Física é saber


como chegamos a eles, e porque acreditamos neles. Não basta ter conhecimento
científico sobre a natureza; também é necessário entender como a ciência funciona,
pois só assim as características e limites deste saber podem ser avaliados.

O estudo da Física coloca os alunos da escola média frente a situações


concretas que podem ajudá-los a compreender a natureza da ciência e do
conhecimento científico. Em particular, eles têm a oportunidade de verificar como é
fundamental para a aceitação de uma teoria científica que esta seja consistente com
evidências experimentais. Isso lhes permitirá distinguir melhor entre ciência e

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pseudociência, e fazer sua própria avaliação sobre temas como astrologia e


criacionismo. Eles poderão também reconhecer as limitações inerentes à
investigação científica, percebendo que existem questões fundamentais que não são
colocadas nem respondidas pela Ciência.

Um terceiro fator é que, ao ter contato com a Física, os alunos da escola


média farão uso de linguagens e procedimentos de aplicação muito ampla. Objetos
e métodos utilizados corriqueiramente ao estudo de Física – sistemas de unidades,
gráficos, modelos matemáticos, tratamento de erros experimentais – fazem parte da
maioria dos processos produtivos modernos, e a familiaridade com eles é um
requisito importante para o acesso a mercados de trabalho de base tecnológica
(AGUIAR; GAMA; COSTA, 2005).

Pois bem, hoje em dia, adotamos uma divisão da Física que leva em conta,
basicamente, os constituintes da matéria, suas interações e seus aglomerados. A
seguir, apresentamos as principais áreas de pesquisa da Física hoje e convidamos
os professores de Física a investirem em novos conhecimentos, a levarem seus
alunos a questionar, pesquisar, e porque não, criar, transformar dúvidas em novos
conhecimentos. Vale a pena para todos!

7.1 Porque Inserir a Física Moderna no Ensino Médio

A Física Moderna inaugurou um novo modo de pensar não só na ciência


como também em várias outras áreas do conhecimento, permitindo visualizar o
mundo como uma teia inter-relacionada e interdependente de fenômenos. Essa
visão permitiu relacionar as partes com o todo e o todo com as partes, rompendo
com a causalidade linear e dando lugar à outra que contempla a interação, a
probabilidade e a complementaridade que favorece a apropriação, o diálogo e a
negociação, características necessárias na construção de uma nova organização
social em que devem participar atores diferentes dada a complexidade atual. Por
isso, a educação científica de hoje precisa contemplar aquilo que é antagônico e
complementar (PUJOL, 2002).

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A introdução da Física Moderna no ensino médio é de suma importância


conforme atestam vários estudos na área. Podemos destacar dentre os motivos
mais convincentes aqueles que permitem que os alunos dialoguem com os
fenômenos físicos que estão por trás do funcionamento de aparelhos que,
atualmente, são utilizados de forma corriqueira no dia-a-dia da maioria das pessoas,
fato, aliás, que torna o assunto bastante interessante.

É imprescindível que o estudante do ensino médio conheça os fundamentos


da tecnologia atual, já que ela atua diretamente em sua vida e certamente definirá o
seu futuro profissional. Daí a importância de se introduzir conceitos básicos da
Física Moderna e, em especial, de se fazer uma ponte entre a física da sala de aula
e a física do cotidiano (VALADARES, 1998).

A importância de se fazer essa relação é candente para o estudante/cidadão,


pois através dela é possível analisar algumas implicações da ciência no aspecto
social, cultural, ecológico, enfim, global. Conhecendo essas implicações é possível
adotar posturas éticas e políticas, cada vez mais necessárias, quanto ao uso das
modernas tecnologias que o avanço da ciência possibilita.

O exercício da cidadania baseia-se no conhecimento das formas


contemporâneas de linguagem e no domínio dos princípios científicos e tecnológicos
que atuam na produção moderna (VALADARES, 1998).

Como pudemos perceber, são inúmeras as razões para que o ensino da


Física Moderna seja implantado nas escolas do ensino médio, porém sabemos que
a carga horária das aulas de Física nas escolas, principalmente nas públicas, é
pequena, que o vestibular é um grande fator limitante e que a compatibilidade do
estudo da Física Clássica e da Física Moderna, dentro da mesma programação de
três anos do Ensino Médio, talvez seja o problema mais difícil a ser enfrentado, de
modo a garantir a aceitação e, consequentemente, as chances de sucesso de uma
reformulação do tipo proposto (TERRAZAN, 1992).

Mas, parafraseando o professor João Zanetic, da USP, sabemos que é


necessário que “ensinemos a física do século XX antes que ele acabe”. Bem, o
século XX já acabou e outra forma de ver o mundo se iniciou, temos que correr atrás
do prejuízo (CARVALHO, 2009).

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Física das Partículas Elementares

A física de partículas elementares é o estudo dos constituintes últimos da


matéria e suas interações. Nossa compreensão dessas interações, reunida no que é
chamado o modelo 'Standart', atingiu um grau de coerência que seria otimista prever
há vinte anos. A ideia básica é que as simetrias da natureza dão origem a forças,
chamadas forças 'gauge', cuja a teoria é chamada teoria 'Gauge' (BIANCHI, 1992).

Este é o caso para as forças eletromagnéticas, nuclear fraca, nuclear forte e


gravitacional, ou seja, todas as forças conhecidas. No caso da força gravitacional, a
simetria é a do próprio espaço-tempo, mas para as outras forças, a simetria se refere
a espaços 'internos', que não são acessíveis aos nossos sentidos. Em distâncias
próximas a do raio dos núcleos, a força gravitacional é desprezível se comparada
com as outras forças. As interações são descritas pela teoria de campo quântica
incorporando o princípio de 'gauge': os quantuns são os fótons, os glúons e os
bósons W+ , W- e Z0. São estes os quantuns que são trocados nas interações entre
as partículas materiais, os leptons e os quarks. Existem importantes problemas sem
solução dentro do modelo 'Standart', mas a abrangência e a economia desta teoria
indica que ela contém os ingredientes essenciais de qualquer teoria mais complexa.

Sabemos que a matéria é constituída por átomos e que os átomos


compreendem-se em um núcleo cercado por uma nuvem de elétrons. Por sua vez, o
núcleo é formado por prótons e nêutrons, os quais são estruturas complexas feitas
de quarks. Os quarks, junto com os léptons, dos quais o elétron é o exemplo mais
conhecido, aparentemente são os constituintes últimos da matéria (BIANCHI, 1992).

Os quarks e os léptons são os férmions fundamentais, isto é, eles possuem


spin 1/2 e obedecem a estatística de Fermi-Dirac. Eles são a substância da qual a
matéria é criada e são chamados de partículas materiais. Existem também outras
partículas fundamentais chamadas de partículas de campo, que são os portadores
das forças entre as partículas materiais. Dessas partículas, o exemplo mais
conhecido é o fóton, o portador da força eletromagnética. Todas as partículas de
campo são bósons e obedecem a estatística de Bose-Einstein Estuda as
propriedades dos constituintes últimos da matéria (as partículas elementares), suas

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interações e seus possíveis aglomerados (outras partículas). Algumas das partículas


elementares são: o elétron (símbolo e), o fóton (símbolo g) e os quarks (símbolo u
ou d, por exemplo). A partir dessas partículas elementares podemos produzir outras
partículas. Hoje sabemos, por exemplo, que os prótons e os nêutrons são
compostos por quarks (BIANCHI, 1992).3

FÍSICA NUCLEAR

Neste ramo da Física, procura-se entender as propriedades dos vários


núcleos atômicos. Os núcleos dos átomos são compostos por prótons e nêutrons.
Assim, a Física Nuclear propõe-se a entender esses aglomerados, desde um
número relativamente pequeno de prótons e nêutrons (um próton mais um nêutron,
por exemplo) até um número de uma ou duas centenas deles.

FÍSICA ATÔMICA E MOLECULAR

O átomo resulta da formação de um aglomerado contendo um núcleo e vários


elétrons. Os elétrons nos átomos comparecem sempre em igual número ao de
prótons.

Nesta área da Física, o interesse é pelo estudo das propriedades físicas dos
possíveis átomos que resultam da associação dos núcleos com os elétrons. Os
átomos podem formar moléculas, estas compostas de um número pequeno de
átomos (2 ou 3) ou de um grande número deles.

3
Para aqueles que se interessam pela Física das partículas elementares vale a pena ler na íntegra o
artigo de Bianchi, disponível em: http://www.fei.edu.br/~rbianchi/publications/particulas-
elementares.pdf

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FÍSICA DA MATÉRIA CONDENSADA

Nesta área da Física, concentram-se os esforços para se entender o


comportamento da matéria quando esta resulta de um grande número de átomos
(1024 átomos, por exemplo). Observe-se que a matéria pode se aglomerar,
produzindo três estados distintos: o líquido, o sólido e o gasoso.

Dependendo dos átomos, da concentração de diferentes átomos e de certas


condições físicas (pressão, temperatura e volume), a matéria condensada exibe
propriedades fascinantes e/ou de interesse tecnológico. Dentre elas, destacamos a
supercondutividade e a superfluidez. De interesse tecnológico destacamos os
materiais semicondutores e os materiais magnéticos.

Em maio de 2009 aconteceu o XXXII Encontro Nacional de Física da Matéria


Condensada, envolvendo as áreas de Óptica, Física Atômica, e Molecular, Física
Estatística, Biofísica e Física Médica. Este é o maior evento de Física no Brasil e
acontece ininterruptamente desde 1978.

Como exemplo de estudo neste encontro, dentro da área de


Nanobiotecnologia, observamos que o grande desenvolvimento da nanociência e
nanotecnologia é marcado principalmente pelo seu caráter inter e multidisciplinar, a
partir da capacidade de desenvolver nanomateriais com aplicações em áreas
conjuntas, como física, química, engenharia, biomedicina e biotecnologia.

Das muitas áreas de fronteira, os desenvolvimentos associados à biomedicina


são de grande importância, devido a seus impactos na chamada nanomedicina.
Neste simpósio discutiu-se o caráter transversal das aplicações de nanomateriais,
buscando compreender o estado atual de desenvolvimento da nanociência e
nanotecnologia nestas duas áreas correlatas.

FÍSICA DO PLASMA

Além dos três estados usuais da matéria, queremos destacar que, para
temperaturas extremamente elevadas, a matéria se encontra num estado com

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propriedades distintas das anteriores (sólido, líquido e gasoso). Nessas


circunstâncias, os átomos se dissociam, produzindo elétrons (soltos) e núcleos.

A matéria nesse novo estado – o plasma – é grosseiramente falando, uma


“sopa” de elétrons e núcleos.

Como a maior parte da matéria no Universo se encontra nesse estado (todas


as estrelas), o plasma é de interesse em Astrofísica, bem como de interesse
tecnológico por poder propiciar, no futuro, as condições de energia barata e sem
risco para o meio ambiente.

O objetivo da física dos plasmas é compreender o comportamento de gases


ionizados usando uma metodologia interdisciplinar e novas técnicas de análise. A
física dos plasmas moderna aborda problemas importantes associados a fenômenos
não-lineares, que envolvem muitos corpos, em sistemas fora do equilíbrio.

Avanços na física dos plasmas dependem, essencialmente, do inter-


relacionamento entre teoria e experimento. Experimentos em física básica são de
vital importância para o avanço da física dos plasmas. Eles devem ser projetados
para identificar um determinado fenômeno e explorar uma larga faixa de parâmetros
envolvidos nestes fenômenos. A física dos plasmas teórica e computacional
complementa a observação experimental (INPE, 2010).

ÓPTICA

Na Óptica estuda-se a luz e suas propriedades.

Observe-se que a Óptica faz parte de uma disciplina das áreas clássicas. No
entanto, a sua revitalização deve-se à compreensão, bastante recente, de que a luz
é composta por partículas elementares (os fótons). O interesse pela Óptica clássica
persiste, mas o maior interesse hoje é pela Óptica chamada quântica, a qual se
propõe a tratar a luz como sendo composta de partículas diminutas: os fótons.

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ÁREAS INTERDISCIPLINARES

Além das áreas de pesquisa já apontadas, os físicos atuam em áreas ditas


interdisciplinares (ou, às vezes, multidisciplinares). Isso porque muitos fenômenos
requerem, para a sua compreensão, a incorporação do conhecimento de outras
áreas da Ciência além da Física. Dentre elas podemos destacar o Ensino de Física
(Física e Educação), a Biofísica (Física e Biologia), a Física Médica (Física e
Medicina), a Astrofísica (Astronomia e Física) e a Físico-Química, dentre outras.

7.2 Desmistificando a Física Moderna

Chamamos de física clássica tudo o que vai da física de Galileu e Isaac


Newton até o final do século XIX, ou seja, a mecânica, a termofísica, a óptica, a
ondulatória e o eletromagnetismo. A física clássica compreende mais ou menos o
que tradicionalmente se aprende hoje em dia no ensino médio, exceto que ao final
do século XIX já havia um formalismo matemático muito maior e que os estudantes
de colégio ainda não conhecem, só terão contato no nível superior. Mas os
conceitos são basicamente os mesmos. Física moderna é tudo o que vem depois, já
no século XX. Se tivéssemos que marcar uma data oficial para o início da física
moderna poderíamos tranquilamente adotar a virada do século XIX para o século
XX, mais especificamente dezembro de 1900, data da publicação do trabalho de
Max Planck sobre a quantização da energia.

Ao final do século XIX havia um grande furor em torno da Física. As pessoas


estavam deslumbradas com as novas tecnologias que haviam mudado a cara do
mundo. E tudo isso era em grande parte fruto das descobertas dos físicos. Havia
uma enorme sensação de sucesso científico no ar, o que levava os físicos a um
estado de “missão cumprida”.

O notável cientista William Thomson, mais conhecido como Lord Kelvin,


chegou mesmo a desaconselhar que jovens da época estudassem Física. Era como
se essa área do conhecimento estivesse chegando ao fim. Segundo Kelvin, não
havia nada mais para ser feito, estava tudo descoberto e praticamente pronto.

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Restavam apenas alguns refinamentos nas medidas, trabalho mais braçal do que
intelectual e, por isso mesmo, desinteressante. Mas Kelvin admitia que havia duas
“nuvens nos horizontes da Física”, duas questões “pontuais” ainda em aberto. No
entanto ele acreditava que em breve tais questões seriam solucionadas, era apenas
uma questão de tempo. É curioso que exatamente dessas “nuvens” surgiram a
relatividade restrita e a física quântica que, junto com a cosmologia, são hoje as três
vertentes da física moderna, que falaremos adiante.

Algumas pessoas se assustam diante da Física que aprendem no ensino


médio quando deparam com uma infinidade de conceitos, fórmulas, leis e princípios
da natureza e descobrem espantadas que toda essa “teoria” está presente em
situações comuns de seu cotidiano. Mais espantoso ainda é saber que todo esse
conhecimento foi produzido há mais de 100 anos.

A rapidez com que a tecnologia tem avançado sobre nossas vidas e as


milhares de novas descobertas que são feitas todos os dias em todas as áreas do
saber nos levam a desconfiar que essa física que aprendemos no ensino médio não
tenha todas as respostas e que nos últimos 100 anos novos conceitos, novas leis e
novas descobertas tenham ocorrido também no mundo da Física. E realmente
foram.

É espantoso, ou melhor, é assustador que essa “nova Física” passe


despercebida por muitos currículos escolares de maneira que, mesmo tendo
aprendido “Física” no ensino médio, muitos alunos vão para a universidade sem ter
pelo menos uma noção da física moderna, isto é, da Física que vem sendo
desenvolvida nos últimos 100 anos.

Para tentar resolver esse problema têm surgido algumas iniciativas aqui e ali
de se inserir o estudo básico da física moderna dentro do currículo do ensino médio.
A editora Companhia da Escola deu um passo decisivo na direção de inserir
formalmente e de maneira abrangente e eficaz o estudo da física moderna no
currículo do ensino médio produzindo um livro paradidático que consta oficialmente
de seu currículo proposto para o ensino médio, a obra Física moderna: Tópicos para
o ensino médio, do professor Dulcidio Braz Júnior, também autor da coleção Novo
Ensino Médio na qual essa obra faz parte integrante do currículo.

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Abaixo traduzimos trechos de uma entrevista do professor que revelam e


esclarecem muito dessa física que se não tomarmos cuidado, passa despercebida
pelo ensino médio.

O primeiro ponto interessante são as nuvens de Kelvin!

Segundo o professor Dulcidio, a primeira das nuvens de Kelvin era o fato de


que os cientistas à época acreditavam na existência de um meio material no qual a
luz e todas as ondas eletromagnéticas deveriam se propagar. Era inconcebível
supor que uma onda pudesse viajar no vazio, no vácuo. Esse suposto meio foi
chamado de éter. No entanto, nunca ninguém havia conseguido medir a presença
do éter. Um histórico procedimento experimental conhecido como experimento de
Michelson-Morley, ao final do século XIX, deu resultado negativo, não detectou o
éter mesmo após melhorias no equipamento, o que intrigava bastante os físicos.

A outra “nuvem” era a completa descrição da distribuição da energia na


radiação de corpo negro, a radiação eletromagnética emitida por corpos aquecidos e
supostamente ideais. Nenhum cientista tinha conseguido até então criar uma teoria
que fosse boa, que funcionasse bem nesse sentido.

A física moderna nasce justamente de trabalhos sobre esses dois temas e


aquilo que Kelvin achava que fosse o fim era apenas um “virar de página”, para
começarmos um novo e interessante capítulo na história da ciência. Sorte nossa, a
Física ficou muito mais interessante nesses últimos 100 anos.

Aqui cabe mais uma vez diferenciar a física clássica da moderna, uma vez
que a maioria das pessoas acha que física é uma coisa só, mas há inúmeras
diferenças.

Para o professor Dulcidio, o que mais parece marcante é que a física clássica
é a física do senso comum, é aquilo que observamos no nosso mundo newtoniano.
A física clássica versa sobre coisas que juramos serem verdades absolutas, pois
estamos tão acostumados com elas que não faz sentido imaginar que não o sejam.

A física moderna rompe essas barreiras preestabelecidas e mostra que o


Universo esconde fatos estranhos e inimagináveis. O determinismo do mundo
clássico cede espaço para dualidades, descontinuidades, incertezas e

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comportamentos probabilísticos, o que obriga os cientistas a uma mudança radical


de pensamento e a uma reinterpretação do Universo. Há uma ruptura muito forte de
ideias já prontas o que, num primeiro momento, provoca muita estranheza, até
mesmo entre os maiores cientistas da época. Mas um mundo intrigante e diferente
aos poucos vai se revelando. O desenrolar da física moderna é uma grande
aventura.

Em Física, dizer que alguma grandeza é absoluta significa afirmar que


qualquer observador, em qualquer referencial, sempre tomará a mesma medida para
ela. De posse dessa definição, se perguntarmos para as pessoas se o tempo é
relativo ou absoluto, a maioria vai dizer que é absoluto. A resposta será dada em
função do senso comum, fruto daquilo que observamos no nosso mundo
newtoniano, de velocidades baixas em comparação com a velocidade “c” da luz no
vácuo (que é cerca de 300.000 km/s). Nesse mundo, muito bem descrito pela física
clássica, estamos acostumados a um padrão de tempo. Sabemos que se agora são
15 horas em Brasília, também são 15 horas em São Paulo. No máximo fazemos
correções de fusos horários para diferentes fatias do globo terrestre, mas
observadores em pontos distintos do planeta, parados ou viajando em relação à
Terra, sempre vão medir o mesmo intervalo de tempo para um certo evento, como
uma partida de futebol, por exemplo, que terá 90 minutos para cada um deles,
desprezados os acréscimos dados pelo juiz .

No entanto, num mundo de Einstein, descrito pela teoria da relatividade, isso


não é mais verdade. Se um dos observadores viajar numa nave com velocidade não
mais desprezível em relação à velocidade “c” da luz, medirá uma dilatação do tempo
da partida de futebol. Parece impossível, é desconcertante, mas é a previsão da
teoria! Para “complicar” ainda mais as coisas, o observador na nave terá a
impressão de que o estádio como um todo encolheu. Se o movimento for paralelo a
um eixo transversal ao campo, verá que as traves opostas estão mais próximas uma
da outra! Em relatividade sempre há uma contração do comprimento medido numa
direção paralela ao movimento.

O observador vai concluir pela sua medida que os jogadores, que também
ficaram achatados nessa direção, terão menor espaço para jogar futebol, mas um

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tempo maior de partida. No referencial dos jogadores nada muda, a partida acontece
como sempre, mas o observador viajando na nave toma medidas radicalmente
diferentes. Isso é relatividade. A dilatação do tempo e a contração do comprimento
são apenas dois resultados surpreendentes e apenas estamos começando a falar de
relatividade, uma das vertentes da física moderna.

É bem verdade que tudo isso parece difícil de aceitar, principalmente porque
enquanto seres humanos não gostamos muito do novo, do diferente, do misterioso,
realmente é paradoxal e empolgante.

Para o professor Dulcidio, em Física não existe certo ou errado, mas sim
aquilo que funciona e aquilo que não funciona. Uma teoria obviamente só é boa
quando funciona. Quando deixa de dar bons resultados, precisa ser melhorada,
adaptada, ou em alguns casos substituída por outra que dê conta do recado. É o
que acontece com a mecânica clássica de Newton. Ela funciona maravilhosamente
bem para o mundo de baixas velocidades. Mas num mundo diferente daquele no
qual estamos acostumados, as equações falham e precisam ser corrigidas.

Aí entra a nova teoria, a relatividade. Nunca o homem conseguiu fabricar um


veículo que pudesse chegar a uma velocidade não desprezível diante do enorme
valor de “c”. Uma viagem para a Lua com nossas naves mais rápidas dura alguns
dias, mas a luz gasta pouco mais de 1s para percorrer o mesmo caminho de cerca
de 380.000 km. Estamos muito longe do valor de “c” e, por isso mesmo, nunca
pudemos testar a teoria “na nossa própria pele”.

Aliás, nem sabemos direito quais os efeitos que uma viagem dessas poderia
acarretar sobre o corpo humano. Mas existem provas contundentes da dilatação do
tempo e da contração de comprimento para movimentos de subpartículas atômicas,
o que nos leva a imaginar que a teoria é boa, ou seja, funciona! Quem sabe um dia
teremos tecnologia para testarmos a relatividade em veículos tripulados por seres
humanos?

Vamos voltar às nuvens de Kelvin e falar um pouco sobre a física quântica!

A física quântica nasce do trabalho de Planck sobre a radiação térmica, a


radiação eletromagnética emitida por corpos quentes. Planck sugeriu que tanto a
absorção quanto a emissão dessa radiação deveria ser feita de forma discreta, não
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contínua. Em outras palavras, a radiação térmica se apresentaria sempre em


pacotes de energia “E”, cada qual chamado de quanta de energia, daí o nome
quântica.

De acordo com Planck, cada quanta carrega uma energia “E” dada por “E =
h.f” em que “f” é a frequência da radiação e “h” uma constante típica, chamada
constante de Planck. O trabalho de Planck foi revolucionário para a época e seu
grande feito foi conseguir descrever muito bem a distribuição de energia da radiação
térmica, coisa que ninguém antes havia conseguido. A semente plantada por Planck
gerou muitos frutos, dentre eles o trabalho de Einstein sobre o efeito fotoelétrico que
descreve muito bem como a luz pode arrancar elétrons de uma placa metálica.

Einstein considerou que a luz também era quantizada, ou seja, feita de


pacotinhos de energia que hoje conhecemos por fótons. O modelo atômico proposto
por Bohr também se vale de uma ideia de quantização. Bohr vai além de Rutherford
e prevê que as órbitas eletrônicas em torno de um núcleo obedecem a um critério
restritivo, um elétron não pode estar a qualquer distância do núcleo, mas apenas em
órbitas permitidas associadas a valores discretos de energia.

A partir do modelo de Bohr fica evidente a ideia do salto quântico, ou seja, um


elétron pode ganhar um quanta de energia e saltar para uma camada mais
energética ou, ao contrário, pode emitir um quanta de energia (ou fóton) e decair
para uma camada menos energética. A diferença de energia entre as camadas
ocupadas pelo elétron durante o salto quântico é quantizada de acordo com a ideia
de Planck. Isso explica inclusive de forma brilhante e certeira o aparecimento das
linhas espectrais discretas quando um gás excitado emite luz, por exemplo. Na física
quântica a continuidade dá lugar para o discreto, ou seja, para a descontinuidade.

Evidentemente não podemos esquecer da terceira vertente da física moderna


que é a Cosmologia!

O professor Dulcídio explica que Cosmologia é a ciência que estuda a origem,


a estrutura e a evolução do Universo. Com os avanços científicos e tecnológicos,
nossa concepção de Universo mudou muito nos últimos tempos, especialmente nos
últimos 100 anos. Descobrimos que o Universo está em expansão e teve um

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começo, daí o surgimento do modelo do big-bang que supõe que o Universo nasceu
de uma enorme explosão (do inglês big = grande e bang = o barulho da explosão).

Na verdade, explosão é o termo mais próximo que encontramos para tentar


descrever o que aconteceu, mas, ainda assim, não é bom. Explosão pressupõe a
existência prévia de alguma coisa, mas no momento da criação tudo é criado, o
espaço e até mesmo o tempo. Não existe nada antes, aliás nem o antes existe já
que o próprio tempo está sendo criado! Existem muitas evidências de que de fato
ocorreu há cerca de 15 bilhões de anos algo muito semelhante ao que entendemos
como big-bang. É incrível como os cientistas, notadamente os físicos, aprenderam a
“ler” e “interpretar” as ideias físicas espalhadas pelo Universo e que guardam
informações sobre um passado tão distante.

A cosmologia é um dos ramos mais empolgantes da física moderna e


consegue agregar inúmeros conceitos de relatividade e de quântica, além de ideias
clássicas, para tentar entender o Universo como um todo. Aliás, é muito curioso
como a física quântica, uma teoria que se adapta muito bem na descrição do mundo
das escalas atômicas e subatômicas está sendo usada pelos astrofísicos para
explicar estruturas muito maiores como as estrelas, por exemplo.

A pesquisa da “matéria estranha”, por exemplo, uma matéria ainda impossível


de ser obtida em laboratório, mas provavelmente presente em algumas estrelas, é
um exemplo claro disso. Há pouco tempo, astrofísicos detectaram estrelas
candidatas a terem esse tipo de matéria estranha. São estrelas com massa parecida
com a do Sol, mas com diâmetro entre 5 km e 10 km. Nessas estrelas, os quarks
que na matéria que conhecemos aqui na Terra são partículas unidas para formar os
prótons e os nêutrons, supostamente existem separados, livres.

Como vemos, a física moderna ainda é misteriosa, mas os educadores


deveriam ser os primeiros a estarem nessa vanguarda e abrirem caminhos para os
estudantes virem juntos. Não necessariamente levá-los a serem todos cientistas,
mas conhecerem e questionarem os mistérios do universo onde vivemos.

Os jovens são bem informados, estão mais maduros em relação a décadas


atrás e antes de mais nada, é um direito de cidadão, tomar conhecimento daquilo
que é patrimônio da humanidade. Vivemos hoje cercados de tecnologia que surgiu a

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partir de conceitos de física moderna, não dá mais para ignorá-los. Infelizmente tais
assuntos têm sido abordados tradicionalmente somente no curso superior e com um
formalismo matemático muito elaborado, o que distancia o conhecimento mais atual
dos jovens do ensino médio.

Precisamos esquecer que é difícil ensinar física moderna. Encarar de frente o


desafio, vencer a inércia!

Só para finalizar, vamos lembrar onde a física moderna comparece no nosso


dia-a-dia:

Você chega em casa e, cansado, vai ouvir música. Coloca o CD no aparelho


de som e relaxa, ouvindo as ondas sonoras registradas com perfeição digital no
disquinho de plástico revestido de material refletor. Como todos sabemos, o CD
player lê as informações a partir de um feixe de luz laser que pode ser ou não
refletido pela superfície do CD. O laser é um bom exemplo de aplicação prática de
física moderna. Ele surge a partir da ideia de salto quântico no modelo atômico de
Bohr e, portanto, é fruto da teoria quântica. Mas temos vários avanços na
microeletrônica, por exemplo, que também são consequência direta da física
moderna. As câmeras de vídeo portáteis utilizam-se de dispositivos que funcionam
com base no efeito fotoelétrico. A coisa vai longe. Vários aparelhos que usamos em
casa estão lá graças aos avanços tecnológicos que ocorreram a partir do
entendimento do mundo nanométrico muito bem descrito pela física quântica. E
muitas ideias de relatividade estão presentes na quântica. E na cosmologia tudo se
junta para tentar entender o todo, o Universo. Aliás, acho que saber um mínimo de
cosmologia hoje em dia é fundamental para entendermos melhor as notícias sobre
espaço que saem quase toda semana nos jornais, revistas, na TV. A boa informação
qualifica o indivíduo a dominar o mundo e não ser por ele dominado. A informação
de qualidade passou a ser uma moeda de peso no nosso mundo (DULCIDIO, 2000).

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UNIDADE 8 - ANÁLISE DIMENSIONAL

A partir do entendimento que a análise dimensional é uma ferramenta de


grande utilidade no estudo da Física, ao fornecer pistas importantes para a solução
de um problema, ajudar a intuição, e poder reduzir significativamente a
complexidade de um problema, pretende-se mostrar que usando adequadamente a
análise dimensional, podem-se obter inúmeros resultados importantes a partir de
conhecimentos rudimentares de Física (VIEIRA, 2003).

Estudamos Transmissão de Calor com um objetivo em mente: o entendimento


das características das trocas de calor entre dois ou mais corpos. Isto envolve o uso
de princípios básicos, a dedução das equações fundamentais (Lei de Fourier,
Equações de Conservação, entre outras), das condições limites (ou de contorno),
entre outras. constituindo o chamado modelo matemático, que pode ser definido por
equações algébricas, diferenciais ordinárias e parciais, e integrais.

Entretanto, ainda que consigamos descrever adequadamente os fenômenos


físicos que nos interessam, através de uma correta modelagem matemática, isto não
se traduz automaticamente em que saibamos determinar a necessária solução,
muito pelo contrário. A complexidade das situações de interesse que precisamos
conhecer e a consequente complexidade dos modelos matemáticos têm impedido a
obtenção das soluções de forma sistemática. Assim, a experimentação feita em
laboratórios numéricos ou físicos constitui uma etapa importante no entendimento
dos problemas.

A Análise Dimensional é uma ferramenta poderosa para o planejamento de


experimentos, reduzindo significantemente sua complexidade e com isto, o custo da
experimentação, seja ela física ou numérica, e para a apresentação de resultados
experimentais, através da redução matematicamente organizada dos dados
levantados. Claro, ela não é mágica e o atendimento às suas conclusões não é
garantia alguma de que os resultados dos experimentos serão mais ou menos
corretos e nem que a teoria que levou aos resultados é adequada.

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Já utilizou-se em diversos momentos alguns parâmetros adimensionais, como


por exemplo, o número de Biot, o número de Fourier e outros. Além disto, o estudo
da Convecção é muito dependente destes parâmetros: trataremos do número de
Nusselt, que relaciona o coeficiente de troca de calor por convecção, h, do número
de Grashof (para convecção natural), do número de Reynolds (para convecção
forçada) e outros. Assim, um panorama do potencial desta ferramenta é útil no
estudo de Transmissão de Calor (BRAGA FILHO, 1998).

Obtenção dos Grupos Adimensionais:

Embora possamos definir uma longa lista de grupos adimensionais, o mais


importante é mostrar a relevância deles no contexto de um experimento. Assim,
vamos focar nossa discussão em alguns experimentos passíveis de serem feitos no
laboratório (físico ou numérico), para o devido encaminhamento.

O primeiro passo consiste na identificação de todas as variáveis que possam


nos interessar. Por exemplo: vamos supor que queiramos estudar a perda de carga

(isto é, a queda de pressão), P, de um escoamento de um fluido definido pela

densidade e viscosidade absoluta , escoando com velocidade V através do


duto de diâmetro D e comprimento H. Deve ser mencionado que, embora possamos
determinar analiticamente este valor, nosso objetivo aqui é o planejamento do
experimento a partir da Análise Dimensional. No desenvolvimento desta prática,
estamos lidando com tubos lisos.

Uma vez que tenhamos a lista de variáveis relevantes, o primeiro passo é


escrever a lei de dependência:

Antes de prosseguirmos com a Análise Dimensional, vamos avaliar o tamanho


do problema. Isto é: suponhamos que o experimento vá ser conduzido sem
planejamento. Nesta situação, precisaremos realizar inúmeras “corridas”, montando,
por exemplo, uma tabela do tipo abaixo:

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primeira medição H1

segunda medição H2

----- ----

n-ésima medição Hn

Ou seja, vamos supor que para estudar a influência da variável independente


do comprimento H, tenhamos que fazer as corridas com o mesmo fluido, com o
mesmo diâmetro, mesma velocidade, mas com diversos valores para o comprimento
do tubo (Obs: você já imaginou a complexidade de se fazer isto no laboratório?).
Para cada valor de H, teremos um valor associado da queda de pressão. Simples?
Ok, então vamos supor agora que queiramos determinar a influência da velocidade,
V. Fixaremos as outras variáveis independentes e faremos ensaios com diferentes
valores de V, obtendo então uma nova tabela:

primeira medição V1

segunda medição V2

----- ----

n-ésima medição Vn

e assim iremos fazendo sucessivamente com o diâmetro, a densidade e a


viscosidade. Não é difícil imaginar que realizar estes ensaios é uma tarefa
gigantesca, que irá consumir seguramente preciosos recursos.

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Felizmente, esta tarefa de identificação é auxiliada pela Análise Dimensional,


como queremos mostrar. O primeiro passo consiste em aproveitar a lista de
variáveis para se escrever as respectivas dimensões (em termos das unidades
fundamentais) ao lado de cada uma delas. Por exemplo:

Como queremos obter uma relação adimensional a partir da relação


dimensional acima, precisaremos eliminar todas as dimensões existentes, no caso,
M (massa), T (tempo) e L (comprimento), através de combinações entre as variáveis
da lista.

O primeiro passo a ser dado é a escolha da primeira dimensão a ser


eliminada. Vamos escolher aleatoriamente uma delas: L. Em seguida, corremos a
lista, olhando o lado direito e descubro que a dimensão L aparece na densidade, na
velocidade, na viscosidade, no diâmetro e no comprimento do tubo, ou seja, em
todos os termos. Entretanto, se tivéssemos escolhido a massa M, só teríamos a
densidade e a viscosidade. O próximo passo consiste na escolha da variável
independente (isto é, da lista que aparece no termo da direita) que será a operadora.
Novamente, a escolha é aleatória e no caso, trabalharemos com o diâmetro, D. Isto
é, por opção nossa, eliminaremos inicialmente a dimensão L através da manipulação
ordenada do diâmetro D.

Para eliminar L, devemos observar a dimensão de cada um dos termos e


multiplicar, dividir, elevar ao quadrado, extrair a raiz, operar em suma, cada um dos
termos da relação. Por exemplo: o termo de pressão tem a dimensão de [ M / T . L ].
Assim, se multiplicarmos o diâmetro pela queda de pressão, o resultado terá
dimensão [ M / T ]. A densidade, que tinha dimensão [M / L3 ], é multiplicada por D3,
resultando num termo de dimensão [M]. Finalmente, chegamos à:

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Duas observações cabem aqui. A primeira é o termo H / D que é agora um


termo adimensional [1], nada mais precisando ser feito nele. Entretanto, o termo D /
D é um termo que pode ser eliminado, pois a razão é igual a 1, nada contribuindo
para a perda de carga. Desta forma, nesta primeira rodada, a lista de dependências
fica resumida a:

Novamente escolheremos uma das dimensões resultantes, que tal [ M ]

agora?, e uma das variáveis que a relacionam. Que tal o produto da densidade, ,
por D3? Se operarmos o termo do lado esquerdo, bastará dividi-lo pelo citado
produto para eliminarmos a massa [ M ]:

e por extensão, operando nos demais termos, obtemos:

Neste caso, a única dimensão que falta ser eliminada é o tempo, o que

poderá ser feito pelos dois candidatos (V/D e ). Para exemplificar as


possibilidades, mostraremos as duas aqui.

Eliminação de T via V/D:

Para adimensionalizarmos o termo do lado esquerdo, basta multiplicá-lo por


(D / V)2, resultando em:

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e portanto, a relação se reduz à:

como os termos são adimensionais, poderemos alterá-los ao nosso prazer.


Por exemplo: o primeiro termo do lado direito é o inverso do número de Reynolds.
Por comodidade, poderemos escrever:

Eliminação de T via :

Para facilitar, vamos repetir a expressão novamente:

Operando agora com o segundo termo, obteremos:

Aparentemente, são dois resultados diferentes. Entretanto, deve ser


observado que o termo do lado esquerdo pode ser escrito como um produto de dois
termos:

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ou seja, um produto entre número de Reynolds e o grupo adimensional obtido


no caso anterior. Assim, as duas expressões são equivalentes.

Resumindo, podemos concluir que a dependência funcional entre as variáveis


de interesse:

neste primeiro problema é:

As seguintes observações podem ser feitas:

 A ordem de eliminação das dimensões ou a escolha das variáveis de


eliminação não é importante;

 Outras expressões podem ser obtidas, mas as formas são equivalentes;

 Embora o resultado acima seja válido apenas para tubos lisos, não é difícil
concluir que para tubos rugosos (nos quais a rugosidade seja medida por um

[ L ]), se escreve:

Rigorosamente falando, a cada uma das etapas de alteração dos termos e


eliminação de outros, a natureza da função muda. Entretanto, as formas exatas
delas não são importantes nesta análise, pois são todas desconhecidas. Esta é a
razão de não termos usado diferentes símbolos para cada uma das funções.

Claro, uma vez que uma relação funcional adimensionalizada como a acima
tenha sido encontrada, o experimento poderá ser conduzido. Observe que agora a
natureza do fluido, o diâmetro e cada uma das outras variáveis, escritas em qualquer
sistema de unidades, deixou de ser importante. O fundamental agora é o valor de
cada um dos grupos adimensionais formados.

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Antes de prosseguirmos, vejamos mais dois exemplos:

Queda de Esfera

Vamos supor uma esfera de um determinado material (densidade ) que

cai, sob a ação da gravidade em um fluido de densidade e viscosidade .


Pede-se determinar a velocidade terminal da esfera. Naturalmente, este é um outro
experimento “simples” que pode ser feito em um dos nossos laboratórios. Entretanto,
pretendemos aplicar Análise Dimensional. Uma primeira observação deve ser feita,
antes de iniciarmos os procedimentos matemáticos. Um balanço de forças nos
indicará três forças presentes: a força viscosa, a força de inércia e o empuxo (devido
à diferença de densidades entre esfera e fluido). Assim, poderemos listar:

a força que poderá acelerar a queda da esfera, seu peso, é contrabalançada


pelo empuxo. Em termos das unidades fundamentais, a relação se escreve:

A primeira eliminação será a do comprimento e será conduzida pelo diâmetro


D. Apenas por comodidade. O resultado será:

Em seguida, iremos eliminar M, operando pelo termo , resultando em:

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e finalmente, operaremos T com o último termo:

onde o primeiro termo é o número de Reynolds e o segundo é o número de


Grashof. Assim, o experimento a ser conduzido no laboratório deverá reportar
apenas:

Como visto no texto, o número de Reynolds é uma relação entre forças de


inércia e forças viscosas e o número de Grashof é uma relação do tipo:

e portanto, a relação anterior se escreve:

Nota: escreva o número de Grashof como uma relação entre a força de


empuxo, força de inércia e força viscosa, como mostrado.

Convecção Mista:

Para finalizar esta fase do estudo, veremos um problema envolvendo troca de


calor por convecção mista (natural e forçada). Vamos supor uma esfera quente
exposta ao ar ambiente frio. Embora um ventilador esteja funcionando, empurrando
fluido sobre a superfície, a diferença de temperaturas (fluido e placa) é tal que
podemos esperar movimentação de fluido também devido ao empuxo. Nesta
situação, nossa lista de variáveis pode ser:

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onde VF indica a velocidade induzida pelo escoamento forçado e VN a


velocidade induzida pelo empuxo. Pela definição de convecção natural, não há uma
velocidade prescrita para o escoamento, sendo esta a resultante do empuxo. Assim,
convém substituir a velocidade VN por algo mais correto. Observando o exemplo 2
deste texto, no qual tratamos da velocidade de queda de uma esfera em um meio
fluido, a lista de variáveis envolvidas se escreveu:

assim, comparando as duas listas acima, poderemos concluir que é o termo

que deve ser incluído no lugar de VN, resultando então em:

Entretanto, no caso que estamos interessados, a diferença de densidades é


resultante da diferença de temperaturas entre dois pontos no fluido, o que é melhor
tratado através do coeficiente de expansão volumétrica:

ou seja,

Em termos das dimensões fundamentais, a relação acima se escreve:

Seguindo as etapas abaixo:

eliminação de M, operando via k (condutividade térmica);

eliminação de L, operando via D (diâmetro);

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eliminação de , operando via ;

eliminação de T, operando via ;

Obtemos:

Pode-se ver que esta expressão significa:

O estudo da convecção mista é complicado pela existência de dois


mecanismos de movimentação, embora por vezes, um deles possa ser desprezado
em função do outro. O parâmetro relevante neste estudo será uma razão entre a
força de empuxo (responsável pela movimentação por convecção natural) e a força
de inércia (responsável pela movimentação por convecção forçada). Assim, se
escrevermos:

teremos obtido uma relação que indica adequadamente quando


desprezarmos um dos termos em presença do outro. Como foi argumentado no
texto, quando Gr / Re2 > 1, efeitos de empuxo não poderão ser desprezados.

Grandezas e Dimensões:

Antes de prosseguirmos, uma breve observação sobre as dimensões das


grandezas de interesse. Embora tenhamos usado diferentes grandezas e suas
respectivas unidades, é frequente a situação na qual nós esquecemos a dimensão

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de uma propriedade qualquer. Nestas situações, devemos apenas nos lembrar qual
equação fundamental ou lei constitutiva utiliza a tal propriedade. Primeiramente,
vejamos um exemplo óbvio. Vamos supor que tenhamos esquecido a dimensão da
velocidade. Entretanto, uma maneira simples de recuperá-la é pela equação da
cinemática, que define que o espaço percorrido [L] é igual ao produto da velocidade
pelo tempo decorrido [T]. Daí, a dimensão da velocidade segue diretamente: V = d x
t implicando em que [V] = [L / T].

Vamos supor que precisemos utilizar a condutividade térmica em um


problema de Transmissão de Calor. A lei de Fourier, mostrada abaixo, é uma lei que
define aquela propriedade. Neste caso, a dimensão dela poderá ser determinada
através da própria lei. Veja adiante:

e portanto:

e desta forma, a dimensão de k é dada diretamente:

Dimensões de outras propriedades, tais como viscosidade absoluta, calor


específico, entre outras, podem ser determinadas por este processo.

Planejamento de Experimentos

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Uma vez que tenhamos utilizado Análise Dimensional para a obtenção de


uma relação adimensional para a lista de variáveis pertinentes ao nosso
experimento, o próximo passo será analisar como os resultados realizados com o
modelo, no nosso laboratório, poderão ser utilizados para o dimensionamento do
protótipo. Isto é, queremos determinar em quais condições poderemos transpor os
resultados levantados no nosso modelo para o cálculo ou dimensionamento do
protótipo. Isto envolve o conceito de similaridade.

A primeira providência é construir um modelo em escala reduzida, por


exemplo, mas mantendo a mesma forma geométrica. Espero que seja meio óbvio
que para o estudo do escoamento do ar sobre um cilindro cuja seção reta seja
circular, é preciso termos um modelo geometricamente semelhante, no caso, um
cilindro menor igualmente de seção circular. Esta condição define que a similaridade
geométrica é a primeira restrição. Isto significa que se na “vida real” tivermos um
cilindro de razão de aspectos (relação entre o diâmetro e a altura, por exemplo) igual
a 2.5, precisaremos construir o cilindro-modelo com a mesma proporção. Ou seja,
um cilindro curto não pode ser modelado como um cilindro infinito.

Vamos supor agora que estejamos trabalhando naquele experimento de


perda de carga. A relação funcional que obtivemos lá foi:

Para garantir a similaridade dinâmica entre modelo e protótipo, precisaremos


ainda que:

Remodelo = ReProtótipo

pois a razão H/D já teria sido garantida pela similaridade geométrica. Bem, a
igualdade entre os números de Reynolds impõe restrições entre velocidades,
diâmetros e fluidos. Ou seja, para garantirmos os investimentos feitos, precisaremos
ter:

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Assim, se trabalharmos com o mesmo fluido, para que tenhamos a


similaridade dinâmica, precisaremos ter que:

que define a velocidade do modelo em função da velocidade esperada no


protótipo e a razão entre diâmetros. Nestas condições, poderemos garantir que:

e com isto, calcularmos a perda de carga para o protótipo em função da perda


de carga medida no laboratório para o modelo (BRAGA FILHO, 1998).

Finalizando...

A análise dimensional é uma ferramenta poderosa e simples para avaliar e


deduzir relações físicas.

A similaridade é um conceito diretamente relacionado, que consiste


basicamente na equivalência de experimentos ou fenômenos que são, na realidade,
diferentes. Naturalmente, os métodos são genéricos e de ampla utilização. Não se
limitam a área da Mecânica dos Fluidos.

A análise dimensional é muito empregada em várias áreas da engenharia e


muito adequada para a sistematização de dados. Dentre outros produtos que essa
ferramenta pode propiciar, destaca-se a obtenção de fórmulas envolvendo diversos
parâmetros, sejam físicos, químicos e biológicos, relacionados com o problema em
consideração. Dentre as vantagens do tratamento adimensional dado a um

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problema, a análise dimensional possibilita a utilização mais extensiva de dados


obtidos sob condições mais específicas (ROBERSON E CROWE, 1993).

Entre os mais antigos trabalhos tratando de análise dimensional está um


artigo de François Daviet de Foncenex (1734-1799), de 1761, na Academia de
Ciências de Turim. Habitualmente se considera que a análise dimensional surge
com os estudos de homogeneidade de fórmulas por Jean-Baptiste Fourier na obra
Theórie analytique de la chaleur, de 1822. A análise dimensional foi muito usada na
física dos séculos XIX e início do XX, por autores como Lord Rayleigh e Albert
Einstein.

A Análise Dimensional tem sua grande utilidade na previsão, verificação e


resolução de equações que relacionam as grandezas físicas garantindo sua
integridade e homogeneidade. Este procedimento auxilia a minimizar a necessidade
de memorização das equações. Em análise dimensional tratamos as dimensões
como grandezas algébricas, isto é, apenas adicionamos ou subtraímos grandezas
nas equações quando elas possuem a mesma dimensão.

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REFERÊNCIAS

AGUIAR, Carlos Eduardo M de; GAMA, Eduardo A.; COSTA, Sandro Monteiro.
Física no Ensino Médio. Disponível em:
<omnis.if.ufrj.br/~carlos/documentos/PCNdoB.pdf> Acesso em: 22 set. 2010.

LOURENÇO, Ariane Baffa; LOPES, José Luiz. Óptica física.


<http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2003/of/Autores.html> Acesso em: 13 set. 2010.

BIANCHI, Reinaldo Augusto da Costa. Partículas elementares: A procura das


partículas W e Z. São Paulo; USP, 1992. Disponível em:
<http://www.fei.edu.br/~rbianchi/publications/particulas-elementares.pdf> Acesso em:
22 set. 2010.

BRAGA FILHO, Washington. Análise dimensional (1998). Rio de Janeiro: PUC-Rio.


Disponível em:
<http://venus.rdc.puc-rio.br/wbraga/transcal/topicos/anadim.htm> Acesso em: 21 set.
2010.

BRASIL. Parâmetros Curriculares para Ensino Médio. MEC: PCN +, 2002.

BRAZ FILHO, Dulcídio. Física moderna: tópicos para o ensino médio. Companhia da
Escola, 2002.

CARVALHO, S. H. M. Porque inserir a física moderna no ensino médio. Disponível


em: <http://fisica.cdcc.usp.br/Professores/EinsteinSHMCarvalho/node21.html>
Acesso em: 21 set. 2010.

CRUZ, Emerson F. Mecânica Quântica Ondulatória. Disponível em:


<http://www.cursodefisica.com.br/fisicamoderna/24-mecanica-quantica-ondulatoria-efc.pdf>
Acesso em: 13 set. 2010.

ESTEVÃO, Vanks. Física – eletricidade (2009). Disponível em:


<http://www.efeitojoule.com/2009/10/fisica-eletricidade-vestibular.html> Acesso em: 13 set.
2010.

FERNANDES, Simone Aparecida; FILGUEIRA, Valmária Gomes. Por que ensinar e


por que estudar física? O que pensam os futuros professores e os estudantes do
Ensino Médio? XVIII Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2009 – Vitória,
ES, 26 a 30 de janeiro de 2009. Disponível em:
<http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xviii/> Acesso em: 20 set. 2010.

FÍSICA MODERNA – entrevista com professor Dulcídio Bráz Junior (2000).


Disponível em: <http://www.integral.br/zoom/materia.asp?materia=95> Acesso em: 21
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GRUPO DE ESTUDO DE FÍSICA GEF/UFSM. _____ Santa Maria (RS):


Universidade Federal de Santa Maria, 2010.

INPE. Física do plasma. Disponível em:


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MARTINS, Roberto de Andrade. A busca da ciência a priori no final do século XVIII e


a origem da análise dimensional; Filosofia e História da Ciência no Cone Sul. 3º
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MECÂNICA. 2006 Disponível em: <http://www.e-


escola.pt/ftema.asp?id=25&canal=fisica> Acesso em 22 set. 2010.

OLIVEIRA, Mário J. de. Contribuições de Nernst e Planck para a Terceira Lei da


Termodinâmica Seminário de Física Estatística. Instituto de Física Universidade de
São Paulo, São Paulo, 29 de novembro de 2007.

PUJOL, Rosa. Educacion Cientifica para la ciudadania em formación. In: Alambique,


n. 32, abril, 2002.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE FÍSICA. XXXII Simpósio Nacional de Física da


Matéria Condensada. Disponível em:
<http://www.sbfisica.org.br/~enfmc/index.php?option=com_content&view=category&i
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TEIXEIRA, Edmilson Costa; ANDREOLI, Fabiana de Nadai. Utilização de análise


dimensional como ferramenta de projeto de sistema de tratamento de esgoto
sanitário por infiltração no solo (1997). 19º Congresso Brasileiro de Engenharia
Sanitária e Ambiental. Disponível em:
<http://www.bvsde.paho.org/bvsacd/abes97/dimension.pdf> Acesso em: 21 set.
2010.

TERRAZAN, Eduardo Adolfo. A inserção da Física Moderna e contemporânea no


ensino de Física na escola de 2o grau. Caderno Catarinense de Ensino de Física, v.
9, n. 3: p. 209-214, dez. 1992.

VALADARES, Eduardo de Campos. Ensinando Física Moderna no segundo grau:


efeito fotoelétrico, laser e emissão de corpo negro. Caderno Catarinense de Ensino
de Física, v. 15, n. 2: p. 121-135, ago. 1998.

VIEIRA, Armando. O tamanho conta: a análise dimensional na física. Porto: Instituto


Superior de Engenharia do Porto, 2003. Disponível em:
<http://www.cursodefisica.com.br/dinamica1/37-analise-dimensional-porto.pdf> Acesso em:
21 set. 2010.

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ANEXOS

Na resolução de exercícios e em algumas das equações são usadas letras do


alfabeto grego. Utilizamos o alfabeto grego, pois a quantidade de grandezas supera
o número de letras do alfabeto latino. É importante, então, nos acostumarmos a
utilizar o alfabeto grego.

A título de curiosidade e para familiaridade, temos abaixo uma tabela com as


letras gregas, grafadas em maiúsculo e minúsculo. Essas letras são utilizadas com
frequência na Física.

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Além do alfabeto grego, temos abaixo uma breve cronologia das descobertas
e dos acontecimentos em Física que vai nos ajudar a visualizar um pouco da história
desta ciência e organizar os textos.

? - Árabes, egípcios e outros desenvolvem o atual sistema de numeração, a


geometria primitiva e a matemática básica.

525 a.C. - Pitágoras obtém uma síntese do misticismo e da matemática, desviando-


se dos mitos para os números na busca da fonte da verdade.

335 a.C. - Aristóteles formula modelo de cosmo cujo centro é a Terra, imóvel.

295 a.C. - Euclides publica os Elementos, codificando a geometria clássica.

240 a.C. - Arquimedes desenvolve a mecânica clássica e a física elementar.

100 - Cláudio Ptolomeu elabora complexo modelo do universo centrado na Terra


que é base da astronomia por mais de 1.400 anos.

1543 - Nicolau Copérnico publica De revolutionibus, postulando um universo


centrado no Sol.

1572 - Tycho Brahe observa uma nova (ou estrela nova), prova de que o universo
centrado no Sol.

1600 - O inglês William Gilbert publica De magnete, sobre eletricidade e magnetismo.

1610 - Galileu Galilei observa pela primeira vez o céu noturno através de um
telescópio e anuncia descobertas que confirmam a concepção copernicana do
universo.

1619 - Johannes Kepler demonstra que as órbitas dos planetas são elípticas e
desenvolve leis do movimento planetário.

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1687 - Isaac Newton publica Principia e demonstra que a força gravitacional, que
obedece a uma lei do inverso do quadrado da distância, explica tanto a queda dos
corpos na Terra quanto o movimento da Lua em sua órbita. Leia sobre as Leis de
Newton.

1690 - Huygens formula a teoria ondulatória da luz.

1738 - O suíço Daniel Bernoulli publica estudos sobre a pressão e a velocidade dos
fluidos.

1799 - Pierre-Simon Laplace lança as bases matemáticas da hipótese da gravitação


de Newton: desenvolve a teoria da probabilidade e ajuda a fundar o sistema métrico.

1824 - Christian Doppler descobre que, para um observador estacionário, emissões


(luz ou som) de uma fonte em movimento parecerão ter frequência mais alta se o
objeto estiver se aproximando, mas mais baixas se ele estiver se afastando – o
“Desvio Doppler”.

1827 - O alemão Georg Simon Ohm formula a lei que relaciona o potencial, a
resistência elétrica e a corrente elétrica (Lei de Ohm).

1831 - Michael Faraday descobre a indução eletromagnética.

1843: O físico britânico James Prescott Joule (1818-1889) mede, pela primeira vez, o
equivalente mecânico do calor.

1848 - William Kelvin determina o zero absoluto.

1849 - Jean-Leon Foucault desenvolve métodos para medir a velocidade da luz no


ar e descobre que, na água e em outros meios, essa velocidade diminui
proporcionalmente ao índice de refração.

1860 - Robert Bunsen e Gustav Kichhoff desenvolvem a base da análise espectral.

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1864 - James Clerk Maxwell publica o Tratado sobre eletricidade e magnetismo, que
torna possível uma compreensão muito maior dos fenômenos nesse campo.

1879 - Albert Michelson usa os princípios de Foucalt para determinar a velocidade


da luz.

1894 - Heinrich Hertz demonstra que as ondas eletromagnéticas se deslocam com a


velocidade da luz e podem ser refletidas, refratadas e polarizadas como a luz.

1895 - William K. Roentgen descobre os raios X, o que lhe valeu o primeiro Prêmio
Nobel de Física.

1898 - Marie e Pierre Curie identificam os elementos radioativos rádio e polônio.

1900 - Max Planck postula a teoria quântica da radiação; desenvolve a base da


física quântica.

1904 - Ernest Rutherford propõe que a quantidade de hélio produzida pelo


decaimento radioativo de minerais em rochas poderia ser usada na determinação da
idade da Terra.

1905 - Albert Einstein publica artigos sobre a relatividade restrita e o efeito fotoelétrico.

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