Ética Empresarial e Responsabilidade Social - Maria Leonor Galante Delmas

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MBA em Gestão de Projetos e Implantação de

Empreendimentos de Engenharia
Professor: Maria Leonor Galante Delmas
Disciplina: Ética Empresarial e
Responsabilidade Social

UM MAR DE CONHECIMENTO
Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material didático são reservados ao(s) autor(es).

Delmas, Maria Leonor G.


Ética Empresarial e Responsabilidade Social; 1a Edição;
Rio de Janeiro; FGV in Company
Cursos de educação continuada.
104 páginas

1 Ética. 2. Responsabilidade Social. 3. Sustentabilidade 4.


Valores Humanos

Coordenadores Acadêmicos
Prof. Carlos A. C. Salles Jr.
Prof. Carlos Magno da S. Xavier

Proibida a reprodução dos textos originais, mesmo parciais, e por qualquer processo, para a utilização fora da Petróleo Brasileiro S.A.
– Petrobras, sem prévia autorização.

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Sumário
1. Programa da disciplina ....................................................................................................................... 5 
1.1 Ementa .......................................................................................................................................... 5 
1.2 Carga horária total ........................................................................................................................ 5 
1.3 Objetivos....................................................................................................................................... 5 
1.4 Conteúdo programático ................................................................................................................ 6 
1.5 Metodologia .................................................................................................................................. 6 
1.6 Critérios de avaliação ................................................................................................................... 6 
1.7 Bibliografia ................................................................................................................................... 9 
1.8.Currículo resumido do professor .................................................................................................. 9 
2. Material Complementar .................................................................................................................... 11 
2.1 Introdução ................................................................................................................................... 11 
2.2 Código de Ética .......................................................................................................................... 15 
2.3. Ética ........................................................................................................................................... 17 
2.4. Responsabilidade Social ............................................................................................................ 18 
2.5. O domínio da transparência e da ética ....................................................................................... 22 
2.6. A ética saiu de moda? ................................................................................................................ 24 
2.7. Por que as empresas estão implantando códigos de ética? ........................................................ 25 
3. Textos para estudo ............................................................................................................................ 30 
3.1 Introdução à ética empresarial e à responsabilidade social ........................................................ 30 
3.2 Campo da ética e seus elementos ............................................................................................... 31 
3.3 As duas teorias éticas.................................................................................................................. 33 
3.4 Ética Empresarial........................................................................................................................ 38 
3.5 Responsabilidade Social ............................................................................................................. 49 
3.6 Vetores da Responsabilidade Social ........................................................................................... 59 
3.7. Código de Ética da Petrobrás..................................................................................................... 66 
3.8. Conclusão .................................................................................................................................. 76 
3.9. Referências Bibliográficas......................................................................................................... 78 
4. Material Complementar .................................................................................................................... 80 
Texto 1: A Escolha de Sofia ............................................................................................................. 81 
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Texto 2: O Naufrágio do Titanic ...................................................................................................... 82 
Caso 1. O Dilema do Delator .......................................................................................................... 83 
Caso 2. O Fumo sob Fogo ............................................................................................................... 84 
Caso 3 . O Desastre do Exxon Valdez .............................................................................................. 88 
Caso 4 : A Confissão do Golpista.................................................................................................... 93 
Case 5 . Liderança Offshore ............................................................................................................. 95 
5. Dow Jones Social Índex -Lei Sarbanes Oxley.................................................................................. 97 
Slides da disciplina ......................................................................................................................... 104 

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1. Programa da disciplina
1.1 Ementa
 Os mitos sobre negócios.
 O conceito de ética e seu objeto de estudo.
 As teorias éticas e os processos de decisão.
 A dupla moral brasileira.
 Por que ética nos negócios?
 As morais empresariais.
 Dow Jones Social Índex.
 Lei Sarbanes Oxley.

1.2 Carga horária total


12 horas-aula

1.3 Objetivos
Trazer à reflexão a ética, os valores morais e os seus dilemas no âmbito da gestão empresarial.
Enfatizar a importância do comportamento ético voltado para o bem comum e para a qualidade dos
relacionamentos, através dos códigos de conduta. Realçar a necessidade do engajamento da
comunidade empresarial em ações e projetos sociais, tanto internos quanto externos, gerando a
responsabilidade social corporativa

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1.4 Conteúdo programático

- Relações gerenciais
- Relações com outras empresas
Ética e Responsabilidade Social - Relações com a comunidade
- Relações com a sociedade
- Relações com o ambiente
- Respeito
- Auto-estima
Valores-chave para
- Autonomia
a gerencia ética
- Individualidade
- Responsabilidade

1.5 Metodologia
- Aula interativa.
- Apresentação de conceitos.
- Debates.
- Análise de caso.

1.6 Critérios de avaliação


Resenha - um capítulo escolhido pelo aluno do livro Livro "Um Mundo sem Pobreza" (Creating a
World Without Poverty), Muhammad Yunus "A Empresa Social e o Futuro do Capitalismo".
Cada aluno deverá escolher um capítulo, fazer a resenha do mesmo e concluir seu trabalho linkando
suas conclusões a um dos itens do Código de Ética da Petrobrás.

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Comentários:
1 Bilhão de pessoas vivem com cerca de 1 dólar por dia.
3 Bilhões de pessoas vivem com cerca de 2 dólares por dia.
A paz duradoura só será alcançada quando grandes grupos de pessoas saírem da pobreza.

IMPOSSÍVEL? Não.

Algumas doenças infecciosas já foram consideradas imbatíveis. Quisemos ir à Lua e fomos. Temos a
tecnologia, temos os recursos. Quando consideramos a história do ser humano, fica claro que sempre
conseguimos o que queremos.
Devido a pressupostos errados, tratamos os homens como se visassem apenas o lucro máximo.
Criamos instituições que excluem metade do mundo e destroem o meio-ambiente.
A pobreza existe por causa desses fracassos intelectuais, não por falta de capacidade das pessoas na
pobreza.
Alguns têm a oportunidade de explorar seu potencial, mas outros jamais tiveram a chance.
Ninguém nasce para sofrer a miséria da fome e da pobreza. Cada um que vive na pobreza tem o
potencial para se tornar tão bem-sucedido quanto qualquer outra pessoa no mundo.
Esse talento das pessoas na pobreza acaba morrendo com elas e o mundo é privado de tudo que elas
poderiam ter feito.
Eliminar a pobreza é possível porque ela não é natural nos seres humanos - ela lhes é imposta
artificialmente.
Cada geração deveria deixar um mundo melhor do que aquele que encontrou.
Precisamos eliminar a pobreza, deixá-la apenas nos museus, o mais rápido possível, de uma vez por
todas.

(Muhammad Yunus)

Esse é um livro sobre pobreza em que o autor não é um teórico delirante, pregando soluções
mirabolantes e inviáveis, sem nenhum experimento real.

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O Yunus colocou tudo em prática e há 30 ANOS o sucesso de suas empreitadas repercutem mais do
que seus livros. Em 2006, ele e sua empresa ganharam o prêmio Nobel da Paz.
O que ele propõe é simples, lógico, eficaz (as conquistas dele comprovam) e pode ser um grande
salto na luta contra os problemas sociais.

BASICAMENTE, o que ele propõe?

- Microcrédito
- Empresas Sociais

Na prática, o que ele já fez?

- Grameen Bank
- Família Grameen
- Grameen Danone
- Prêmio Nobel da Paz em 2006

Se o "caso perdido" Bangladesh pode, quem não pode?

Reportagem do Jornal da Globo (NOV/2008):

http://www.youtube.com/watch?v=-4hWXSxwPqI

Entrevista no Rodaviva da TV Cultura (OUT/2000)

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1.7 Bibliografia
FERRELL, O. C., FRAECRICH, J. & FERRELL, L. Ética empresarial: dilemas, tomadas de decisões
e casos. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso, 2001.
GHEMAWAT, Pankaj. A Estratégia e o Cenário dos Negócios – Textos e Casos – Colaboradores:
David J. Collis, Gary P. Pisano & Jan W. Rivkin; trad. Nivaldo Montingelli Jr. - Porto Alegre:
Bookman, 2000.
MACINTYRE, A. A short history of ethics. 2. ed. London : Routledge, 1998. 280 p
OSBORNE, R. Philosophy for beginners. New York : Writers and readers, 1992. 184 p.
NOLT, J.E. (1984) Informal logic: Possible worlds and imagination. Nova York, McGraw-Hill.
PERELMAN, C.; Olbrechts-Tyteca, L. (1996) Tratado da argumentação: a nova retórica. São Paulo,
Martins Fontes.
SINGER, P. Ética prática. São Paulo: Martins Fontes. 1998
SMULLYAN, R. (2000) Alice no País dos enigmas: incríveis problemas lógicos no País das
maravilhas. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor.
SMULLYAN, R. (1998) O enigma de Sherazade e outros incríveis problemas das Mil e uma noites à
lógica moderna. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor.
SROUR, R. H. Ética empresarial. Rio de Janeiro. Campus. 2000.
WILSON, J. (2001) Pensar com conceitos. São Paulo, Martins Fontes

1.8.Currículo resumido do professor


Doutora em Psicologia Organizacional;
Mestre em Educação;
Especialista em Relações Humanas, Especialista em Supervisão Pedagógica Orientação
Educacional;
Especialista em Docência Superior, Especialista em Psicopedagogia e Especialista em Tutoria de
EAD;
Assistente social, psicóloga e pedagoga;
Atuação nos aspecto comportamentais da Gestão de Pessoas e em processos de treinamento e
consultoria organizacional;
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Treinamento e execução de processos de motivação e apoio ao desenvolvimento de lideranças em
várias organizações;
Trabalhos na área de pessoas: coaching, treinamento, liderança, formação de equipes e
desenvolvimento de competências;
Implantação de projetos de identificação de áreas de conflito e cabíveis intervenções;
Construção de código de ética em organizações de ensino e consultoria na área de projetos sociais;
Consultora na área de Gestão de Pessoas, Clima organizacional e Construção de Códigos de Ética e
Conduta;
Supervisora da Unidade Barra da FGV – RJ (2003-2008);
Professora da FGV MANAGEMENT;
Professora convidada na UERJ -- PUC-RS -- UCP -- UCS (Caxias do Sul) – UFJF;
Sócia diretora da PHOENIX Consultoria e Treinamento.

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2. Material Complementar
2.1 Introdução

Os valores que acompanham as sociedades são como um “código de ética”, grandes


orientações, mais ou menos gerais, que cada sociedade estipula para seus membros. De forma
compatível com o momento histórico e sua produção cultural, cada grupo social desenvolve um
conjunto de valores relativamente correntes. Já faz parte do senso comum dizer que a nossa
sociedade está em crise e esta crise passa por fatores econômicos, sociais, culturais e, naturalmente,
atinge seus valores.
Esse movimento dinâmico das sociedades exige uma resposta das instituições que a
compõem. Nesse contexto estão as organizações. Responsáveis em parte pela sobrevivência social
dos grupos humanos devem comprometer-se com valores que permitam que sua ação seja efetiva. As
organizações que não respeitarem os valores que seguem a sustentabilidade da vida estarão perdendo
o direito a existirem, uma vez que nelas se estará esgotando a capacidade de sustentar o papel que
lhes é reservado. Sem a preocupação Ética, as organizações entrarão na área do abuso. Perdendo a
identidade com a ética as organizações poderão abusar das pessoas porque não sentirão qualquer
ligação com elas.

“Eu posso abusar de você porque não sinto qualquer ligação com você; eu deixo de ver a mim
mesmo em seus olhos.”
(William E. Pinar)

Alertar os gestores para a postura ética como fonte de sustentabilidade seja, talvez, a única
saída para a sobrevivência da espécie humana.
Sem respeito pelo outro, solidariedade e cooperação com o outro, sem o resgate de valores
que neutralizam a desumana competitividade do mundo dos negócios, as organização estarão dando
início ao derradeiro apagar das luzes do futuro da Humanidade.

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Ética e responsabilidade social

Cresce o movimento pela ética e responsabilidade social das empresas. Uma tendência
que começa a se concretizar em fatos que nos enchem de esperança e otimismo. Surge uma
nova consciência nos dirigentes de empresas, nos profissionais que prezam a ética em seus
negócios e relações de trabalho e, sobretudo, nos cidadãos que querem consumir com a
certeza de que estão contribuindo para um mundo mais limpo e harmonioso.
Seja porque no coração do homem pulsa o desejo de ser plenamente humano ou
apenas por questões de sobrevivência, importa que estamos caminhando para um novo
modelo de gestão que tem a ética e a responsabilidade social como fundamentos. E nesse
caminho todos ganham: a empresa, seus colaboradores e acionistas, clientes e fornecedores e a
comunidade onde está inserida.
Certamente há muito ainda que se investir no desenvolvimento desses valores nas
empresas, na reflexão e na elaboração de um código de ética, na implantação voluntária do
balanço social como resultado de ações solidárias, na participação nos resultados, na gestão
participativa etc. Mas aos poucos o mundo organizacional tem avançado.
Falar de ética no Brasil parece algo sui generis, e por isso precisamos de uma
definição do quem vem a ser ética.
Ética pode ser o valor do comportamento humano, um conjunto de valores morais
fundamentais, ação de acordo com o bem particular e comum. A ética respeita os limites e
direitos das pessoas, passando pelos outros seres vivos e pelo resultado dos maus tratos que se
impõe a natureza.
Num mundo de transformações tão rápidas podemos vir a esquecer valores morais
imutáveis que jamais devem ser desprezados. Conceitos como: honra, honestidade, palavra,
respeito e atitudes socialmente produtivas, arcabouços de uma formação social voltada para o
conjunto, não devem ser abalados, independente das circunstâncias.
Falando mais especificamente da ética nas organizações, temos bons e maus exemplos,
os bons devem ser enaltecidos, os maus levados à transformação. As organizações,
principalmente as mais desenvolvidas já atentaram para a importância de uma conduta ética,
formando comitês de ética, programas de treinamento para os empregados sobre o assunto e
principalmente agindo eticamente, tanto quanto em seu relacionamento funcional quanto em relação
aos seus produtos e ações sociais.

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Uma empresa pode ser considerada ética quando cumpre todos os compromissos com
aqueles com quem ela se relaciona. Isso é lucrativo, mesmo que a longo prazo, mas o
aumento da credibilidade é quase imediato. Já os que não guardam esse compromisso
percebem que não ser ético pode gerar prejuízos e altos custos gerados pelos escândalos e
danos ao entorno.
Ética não tem a ver apenas com o tamanho ou projeção da organização, mas não é por
acaso que as grandes organizações se preocupam mais com a ética e sua imagem, pois
sabem que isso é primordial para a manutenção da competitividade e credibilidade junto a
seu público.
As demais devem acordar enquanto há tempo. A ética deve invadir todos os departamentos da
empresa, e o exemplo deve começar por quem tem o dever de apregoá-lo: o gestor.
Nos Estados Unidos grande parte das grandes organizações têm seu próprio código de
ética. Mas não basta criar ou copiar este modelo, pois ele não terá nenhum valor se
empregados, gerentes, clientela interna e externa, fornecedores não tiverem conhecimento e
aquiescência em relação ao seu conteúdo.
A ética não deve ficar no plano de intenções, mas refletir nos comportamentos.
No Brasil um código de ética é particularmente importante, pois a confiança do público,
em geral, nas instituições públicas e privadas é muito pequena.
A ética é um ferramenta geradora de confiança; portanto, geradora de novos negócios. O
“levar vantagem em tudo” é algo bastante entranhado na cultura brasileira e potencial
responsável pela desconfiança entre concorrentes e consumidores.
Nos relacionamentos externos das empresas os deslizes éticos das grandes organizações
atualmente costumam se refletir muito mais nos seus relacionamentos com os seus
fornecedores do que com os seus clientes.
Os clientes, principalmente aqueles pertencentes à iniciativa privada, quase sempre têm acesso
a níveis neutros das grandes organizações que lhes são fornecedoras. E nesses níveis
elevados podem, sem receio, apresentar as suas reclamações, sem se exporem a riscos de
vinganças. O mesmo não acontece com os fornecedores, que quando têm os seus direitos
legítimos violados, acabam sem um caminho válido para se defender, sob pena de serem
excluídos do “privilegiado quadro de fornecedores qualificados”, na verdade um simples rol
de “vítimas de executivos de carreira”.
Não poderíamos, por fim, deixar de falar no que Chiavenato chamou de um código de
ética para a gestão de pessoas ao criar “Os 10 Mandamentos”, um código de ética com os
seguintes imperativos morais:
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1. Dignificar o ser humano: Não mais administrar as pessoas - como se elas fossem meros
recursos empresarial isto são, sujeitos passivos e inertes de nossa administração - mas,
sobretudo, administrar juntamente com as pessoas - como se elas fossem os sujeitos ativo isto
é, parceiros da atividade empresarial, colaboradores do negócio, tomadores de decisões a
respeito dos demais recursos físicos e materiais e, sobretudo, dotados de espírito
empreendedor. Pessoas como pessoas e não como recursos.
2. Tornar estratégica a administração de RH: Transformar a administração de recursos
humanos de uma área operacional de prestação de serviços internos e basicamente
burocratizada em uma área estratégica de consultoria interna e direcionamento de metas. De
uma área preocupada em fazer, executar e controlar em uma área voltada para orientar e
impulsionar. Ensinar a pescar e não mais apenas fornecer o peixe.
3. Compartilhar a administração com os gerentes e suas equipes: Descentralizar delegar e negar
monopólios a área de pessoas, até então fechada e introspectiva, transferindo as decisões e
ações de RH para os gerentes, transformando-os em gestores de pessoas. Fazer da pessoas
uma responsabilidade de linha e uma função de staff.
4. Mudar e inovar incessantemente: Transformar a gestão de pessoas no carro-chefe das
mudanças e da inovação dentro das empresas, através da renovação cultural e da
transformação da mentalidade que reina na organização. Não mais manter o status quo, mas
criar as condições culturais para a melhoria contínua da organização e das pessoas que nela
trabalham.
5. Dignificar e elevar o trabalho: Dar prioridade ao foco fundamental na cultura
participativa e democrática, com o incentivo e desenvolvimento de equipes autônomas e de
autogestão. Incentivar e promover e não mais coibir e controlar.
6. Promover a felicidade e buscar a satisfação: Desenvolver a intensa utilização de
mecanismos e técnicas de motivação, ênfase em metas e resultados e melhoria da qualidade
de vida dentro da organização através da elevação do clima organizacional e da satisfação
no trabalho.
7. Respeitar a individualidade de cada pessoa e sua realização pessoal: Adequar continuamente
as práticas de RH - até então homogêneas, fixas, genéricas e padronizadas - às diferenças
individuais das pessoas através da flexibilização da remuneração, benefícios, horários, carreiras,
etc. Permitir que cada pessoa realize dentro de suas próprias características de personalidade,
fazendo da organização o meio adequado para que isto possa acontecer.
8. Enriquecer continuamente o capital humano: Enfatizar o contínuo criar e agregar valor
através do desenvolvimento das pessoas, da gestão do conhecimento e do capital intelectual.

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Fazer com que a organização e as pessoas que nela trabalham tenham um valor mais
elevado a cada dia que passa. Fazer disso a missão da área: agregar riqueza material e
intelectual.
9. Preparar o futuro e criar o destino: Enfatizar a preparação da empresa e das pessoas para
o futuro, criando o destino e as condições de competitividade necessária para a atuação em
um mundo de negócios globalizado e competitivo. Fazer disso a visão da área: visualizar o
que virá e o que será.
10. Focar o essencial e buscar sinergia: Promover a concentração no core business da área,
isto é, o foco no essencial através de uma nova organização flexível e enxuta baseada em
equipes de processos e não mais na tradicional departamentalização funcional. Isto significa
juntar e não mais separar, fragmentar e dividir o trabalho. Sobretudo, integrar esforços para
expandir e multiplicar resultados que certamente serão devidamente compartilhados.
Agir corretamente, hoje, não é só uma questão de consciência, mas um dos quesitos
fundamentais para quem quer ter uma carreira longa respeitada e sólida. Para Robert Henry
Srour, ser ético é ser altruísta. “É estar tranqüilo com a consciência pessoal. Ser ético é,
também, agir de acordo com os valores morais de uma determinada sociedade”.
Espera-se que o início dos novos tempos leve os profissionais que movem e representam suas
empresas a uma mudança significativa, que leve, pessoas e organizações a, conscientemente ampliar
a aplicações de princípios e ações de cunho ético em todos os relacionamentos e ambientes
organizacionais.

"Difícil não é fazer o que é certo, é descobrir o que é certo fazer" – (Robert Henry Srour )

2.2 Código de Ética

A abrangência das responsabilidades de um gestor é grande. Profissionais, clientes, operários,


sociedade empresarial, confiam e dependem de conselhos dados, planejamentos prévios, suporte,
exemplos. Gestores precisam de amplo conhecimento dos ativos (tangíveis e intangíveis) de que
disponibilizam e qual a melhor maneira de aproveitá-los.
Tendo estes gestores tantas responsabilidades, é importante que todos os seguidores entendam as
normas e os princípios que regem as suas tarefas. Um código de ética apresenta essas normas e
princípios como cânones genéricos. Tal código deve ser usado pelos indivíduos, guiados pelo seu
bom senso profissional, levando em conta o ambiente e a situação em que se encontram.
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Este código descreve obrigações, responsabilidades e requisitos dos membros do grupo de gestores
dentro das empresas ou setores empresariais que dirigem.

Este Código de Ética tem os seguintes objetivos:

 Oferecer uma série de princípios gerais de posições éticas a serem assumidas pelos gestores;
 Servir como referência para a elaboração de regulamentações que otimizem os processos
decisórios;
 Aumentar o profissionalismo e imagem do gestor e de seus membros individuais através da
promoção de comportamento ético;
 Servir como referência de "comportamento padrão", para ser usado tanto em situações
complexas como corriqueiras;
 Servir como base para discussão de temas mais complexos.

Este Código não é:

 Um conjunto de leis;
 Uma lista de procedimentos;
 Respostas sugeridas para situações;
 Completo;
 Uma lista de restrições ou punições.

Cânone 1
A integridade de um gestor deve ser impecável. .

Cânone 2
Um gestor não deve violar desnecessariamente os direitos de seus funcionários.

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Cânone 3
Todos os contatos realizados por gestores devem ser compatíveis com altos padrões de conduta
profissional.

Cânone 4
A continuidade do processo de educação profissional é essencial para o gestor manter-se atualizado.

Cânone 5
Um gestor deve manter um perfil de trabalho exemplar.

Cânone 6
Gestores devem sempre manter uma postura profissional na execução de suas tarefas.

Todas as atitudes tomadas devem servir de exemplo para enaltecer a profissão como um todo. O lidar
com funcionários problemáticos, alta gerência, fornecedores ou outros gerentes devem ser feito com
o máximo de paciência e cuidado para garantir que o respeito mútuo não seja abalado. .
A ética ilumina a consciência humana, sustenta e dirige as ações do homem norteando a conduta
individual e social. É um produto histórico-cultural e, como tal, define o que é virtude, o que é bom
ou mal, certo ou errado, permitido ou proibido, para cada cultura e sociedade

2.3. Ética

Mas afinal de contas, o que é ética?

Ética é um conjunto de regras de condutas, de princípios morais.

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E para que serve a ética?

Quando existe ética no trabalho, existe confiança. A confiança permite a agilização das tarefas e
ganhos de produtividade.
As empresas precisam de funcionários que "vistam a camisa", daqueles que se comprometem a
exercer uma tarefa e a buscar soluções para os problemas que surgem, respeitando os colegas de
trabalho e as normas da sociedade.
É preciso, acima de tudo, ser honesto, inclusive com você mesmo, aceitando seus limites e
valorizando seus potenciais.

O profissional ético é aquele que:

 não enrola, faz seu trabalho, sem esperar que outro faça;
 diz quando não sabe realizar uma tarefa e mostra entusiasmo em assume a responsabilidade por
seus erros;
 não faz fofoca no ambiente de trabalho;
 não aceita fazer ou ajudar a fazer coisas que vão contra seus princípios e que possam prejudicar a
empresa ou outras pessoas.
 não esconde informação importante de seus colegas para ter vantagem;
 que trata colegas, chefes e subordinados com respeito.

Pense nisso e boa sorte!

2.4. Responsabilidade Social

Pressupostos da nossa Intervenção

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As empresas são agentes importantes de promoção do desenvolvimento econômico, tecnológico e
social das comunidades onde operam.
As empresas, adotando um comportamento socialmente responsável, tornam-se poderosos agentes de
mudança para, juntamente com as empresas e entidades oficiais, contribuírem para uma sociedade
melhor.
Este comportamento deverá ser caracterizado por uma coerência ética nas suas ações e relações com
os diversos públicos com os quais interagem, contribuindo para o desenvolvimento contínuo das
pessoas, das comunidades e das relações entre si e o meio ambiente.
Ao adicionar às suas competências básicas um comportamento ético e socialmente responsável, as
empresas obtêm o respeito das pessoas e das comunidades nas quais as suas atividades têm impacto,
sendo recompensadas com o reconhecimento e envolvimento dos seus colaboradores e a preferência
dos consumidores.
A responsabilidade social torna-se assim, e cada vez mais, um fator de sucesso das organizações.

Empresas Socialmente Responsáveis:

São empresas que se assumem estrategicamente como:


Agentes de uma nova cultura empresarial e de mudança social.
Criadoras de valor para todos os intervenientes: acionistas, colaboradores e comunidade envolvente.
Diferentes e com maior potencial de sucesso e de longevidade.

A gestão como responsabilidade social incide

Na ética pelos princípios e valores adotados.


Na criação de valor acrescentado para todos os intervenientes.
Na qualidade das relações que são estabelecidas com.

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A gestão com responsabilidade social tem como objetivos:

Valorização da imagem institucional e da marca.


Maior lealdade do consumidor.
Maior capacidade de atrair e reter talentos.
Flexibilidade e capacidade de adaptação.
Longevidade e melhoria da performance financeira.
Diminuição de custos de exploração.
Aumento da produtividade e da qualidade.

Empresa Mercado Sociedade

• Incorporar a • Criar mecanismos de • Fazer da


Responsabilidade Social mercado que valorizem Responsabilidade Social
na gestão e atividades a gestão com um critério de apreciação
regulares da empresa Responsabilidade Social da empresa e percepção
(produção, distribuição, (vantagens de seu valor social.
marketing, RH). competitivas).
Objetivos

• Desenvolver • Criar projetos • Envolver acadêmicos


estratégias integrados com e especialistas.
e instrumentos diferentes tipos de • Mobilizar
de gestão. parceiros com impacto
a imprensa e meios
• Estimular e reconhecer na comunidade. de comunicação.
Ação boas práticas. • Estimular
• Criar um ambiente os consumidores.
pedagógico.

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A intervenção da GLOBAL CHANGE, visa apoiar os seus clientes a:

Compreender e incorporar de forma progressiva o conceito do comportamento empresarial


socialmente responsável.
Implementar políticas e práticas que sustentem critérios éticos, contribuindo para alcançar sucesso
econômico a longo prazo.
Assumir as suas responsabilidades com todos aqueles que são influenciados pela sua atividade.
Demonstrar aos seus acionistas como a relevância de um comportamento socialmente responsável
favorece, a longo prazo, o retorno dos seus investimentos.
Identificar formas inovadoras e eficazes de atuação em parceria com as comunidades na construção
do bem estar comum.
Prosperar, contribuindo para um desenvolvimento social e econômico ecologicamente sustentável.

Domínios de Intervenção
MERCADO – Relação da empresa com os seus clientes.
VISÃO, MISSÃO e VALORES – Princípios subjacentes na empresa e sua relação com os processos
de tomada de decisão e com os seus objetivos estratégicos.
ÉTICA - Forma como a empresa integra valores chave – como a honestidade, a confiança, a verdade,
o respeito e a equidade – nas suas políticas, práticas e processos de tomada de decisão.
CONDIÇÕES DE TRABALHO – Recursos que são afetos aos processos de trabalho e sua relação
com a produtividade, qualidade, envolvimento e satisfação dos colaboradores.

Fases de Implantação de um Processo de Responsabilidade Social


Um processo de responsabilidade social difere de empresa para empresa em função da sua dimensão,
setor de atividade, cultura e compromisso dos seus líderes.
As várias fases de um processo desta natureza, devem contemplar estes fatores e adequá-los nas
diferentes fases:
Definição da visão, missão e valores.
Integração dos conceitos de inovação e autonomia/empowerment nos valores da empresa.

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Diferentes e com maior potencial de sucesso e de longevidade.
Definição da visão, missão e valores.
Integração dos conceitos de inovação e autonomia/empowerment nos valores da empresa.
Compromisso da gestão e liderança.
Responsabilidade dos gestores executivos.
Planejamento estratégico.
Responsabilidade partilhada.
Comunicação, educação e formação.
Reconhecimento e recompensa dos colaboradores.
Auditorias sociais.
Aplicação de processos de influência interna e externa.

Fonte: www.globalchange.pt

2.5. O domínio da transparência e da ética


A derrocada da gigante de energia americana Enron certamente será um divisor de águas. A
companhia maquiava o seu balanço para aparentar ser mais lucrativa e, com isso, manter o preço das
ações nas alturas. Resultado: os investidores e acionistas em geral estão com os dois pés atrás na hora
de aplicar seu rico dinheirinho. A saída para as empresas é só uma: não só serem, mas parecerem os
mais transparentes e honestas que puderem. Afinal, no mundo globalizado e hipercompetitivo, será
difícil crescer somente com capital próprio. “E os investidores só vão procurar aquelas empresas que
prestarem contas e forem transparentes”, atesta Heloísa Bedicks, diretora executiva do Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa. E isso não vale somente para as companhias que negociam
papéis na bolsa de valores. Serve para qualquer uma com pretensão de disputar mercado.
Na prática, ainda falta muito para se atingirem os níveis de transparência ideais. A grande maioria
das empresas brasileiras não divulga balanço, até porque não é obrigada a isso. As multinacionais
com atuação no Brasil, por exemplo, não precisam abrir os resultados obtidos aqui para ninguém,
mesmo aquelas que negociam ações em outros países. “Se nas suas nações de origem elas são
obrigadas a publicar balanço, porque a subsidiária brasileira também não é?”, interroga Heloísa.
Outra prova de que ainda falta muito para avançar é a recente onda de fechamento de capital na
Bovespa, antecipando-se à entrada em vigor da nova lei das S.A., que exige exatamente maior
transparência.
UM MAR DE CONHECIMENTO

22
Mesmo dentro das organizações, são poucos os funcionários que sabem, de fato, qual a receita anual.
Essa postura contradiz outra premissa que ganha força: promover a transparência internamente não é
só politicamente correto. Produz resultados práticos. Evita sentimentos prejudiciais, tais como
desconfiança e insegurança. E, com isso, ajuda a reter os funcionários, sobretudo os talentosos. Nos
Estados Unidos, por exemplo, está provado que os CEOs permanecem mais tempo nas organizações
que abrem mais seus números. Além disso, a transparência contribui para melhorar o clima
empresarial, o que, como se verá adiante, é fundamental para a empresa atingir bons resultados.
Mas a maior abertura interna não se refere apenas aos números. Aos poucos, ficará mais claro para
todos quais são as principais estratégias e posicionamentos da corporação. Até porque há claramente
uma descentralização das decisões. Que está longe de ser novidade, mas é mais incipiente do que se
pensa. “O processo decisório ainda é bastante centralizado. Afinal, esse tipo de mudança é
demorado”, explica Luis Fernando Giorgi, presidente da seção brasileira da Hay, uma das principais
consultorias de recursos humanos do mundo. Segundo Giorgi, não adianta querer que os gerentes,
supervisores e funcionários em geral comecem a tomar decisões de uma hora para outra, se não têm
uma boa noção das estratégias.
Dever de casa – A transparência não é a única posição politicamente correta a ser adotada pelas
empresas competitivas. É preciso ser ético. Parece óbvio? Não é. Ainda são pouquíssimas as
companhias que incluem a ética entre os tópicos fundamentais da gestão. Não que todas realizem
práticas moralmente discutíveis ou infrinjam deliberadamente a lei. Mas não utilizam meios de evitar
que seus funcionários o façam. E, em geral, esse meio é o código de ética. “Ali, ficam definidos quais
os valores da organização e como os funcionários devem agir em relação aos públicos interno e
externo”, explica Maria Cecília Arruda, coordenadora do Centro de Estudos de Ética nas
Organizações da Fundação Getúlio Vargas.
No mundo globalizado e hipercompetitivo, será difícil crescer somente com capital próprio. E os
investidores só procurarão as companhias que forem transparentes.
No exterior, este tipo de código já é regra e, no Brasil, é comum as multinacionais terem o seu. Aos
poucos, algumas companhias nacionais começam a adotá-la. O problema é que, mesmo estas, não
fazem o dever de casa corretamente. Não adianta criar o código e, depois, a própria diretoria ignorá-
lo. “Há empresas que fazem o código de ética apenas para impressionar, ou para conseguir um
contrato no exterior, e depois não o seguem”, flagra Maria Cecília. Outras têm boas intenções, mas
não percebem que é preciso avaliar se as normas são respeitadas.
E, segundo Maria Cecília, ainda é muito comum empresas brasileiras agirem de forma moralmente
discutível. A desculpa é sempre a mesma: se todo o mundo faz, eu também vou fazer. Dentro de um
cenário tão competitivo, quem for antiético perderá muitos pontos. A pressão da sociedade para que
as empresas adotem boas práticas continuará crescendo. Hoje, quase todas as grandes companhias

UM MAR DE CONHECIMENTO

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têm ações na área social. E muitas trabalham sob padrões de sustentabilidade ambiental. Ambos os
casos tendem a crescer muito daqui por diante. “Em pouco tempo, todas as empresas farão gestão
ambiental”, prevê Pedro Paulo Guimarães, vice-presidente para a América Latina da Bureau Veritas,
auditoria especializada em certificação.
Isso será especialmente importante nas companhias que quiserem vender para os Estados Unidos e
para a Europa, onde o consumidor já exige muito mais engajamento social e ambiental das empresas.
Mesmo nesses casos, porém, há uma ressalva: “Não adianta nada pagar salários baixíssimos e ter
programas sociais que envolvem pessoas fora da organização. A responsabilidade social começa
dentro da própria empresa”, alerta Maria Cecília.

Fonte: www.amanha.terra.com.br

2.6. A ética saiu de moda?


Quantos escândalos! "Todo o mundo" está "roubando"! Políticos, Juízes, Empresários,
Funcionários...epa!
Como já vimos, a Imprensa mudou seu papel, e o chamado Jornalismo Investigativo veio para ficar.
Na prática, significa mais investigadores para os mesmos "ilegais" de sempre - que não são todos, é
claro...
Não falta assunto para a primeira página dos jornais...
O problema, para você, é que, infelizmente, isso influencia, negativamente, seus funcionários - e eles
passam a ter más idéias...
Pela minha experiência prática, este fenômeno afeta de 1 a 2 % dos funcionários - e você tem que
montar sistemas de "vigilância" para não ser "roubado" também... e a traição sempre virá de quem
você menos espera...
Mas qual foi a última vez que você "exigiu" postura ética de seus funcionários? Ou você pediu a um
deles que o ajudasse a "reduzir" determinado Imposto?
Não é assunto fácil, mas é possível tratá-lo com um bom planejamento - só não se deve desprezá-lo
por completo, pois o preço pode ser alto!
Qual foi o último caso empresarial do qual você teve notícia?

Fonte: http://correionet.br.inter.net

UM MAR DE CONHECIMENTO

24
2.7. Por que as empresas estão implantando códigos de ética?
16/08/2006 - Escrito por Maria do Carmo Whitaker* e publicado originalmente no livro "Ética na
Vida das Empresas - Depoimentos e Experiências", o artigo defende que o código de ética é um
facilitador para se aliar lucros, produtividade, qualidade e eficiência de produtos e serviços, além de
outros valores intangíveis que advêm das pessoas que as integram as empresas, tais como
honestidade, justiça, cooperação, compreensão.
“Nossa empresa é ética. Temos uma filosofia de trabalho que prioriza a coerência entre o que se diz e
o que se faz. Preservamos nossos valores. Somos reconhecidos no mercado por essa nossa postura.
Não transigimos com nossos princípios. Assim, não precisamos de código de ética”.
Não raro esse comentário advém de empresários que exercem importante papel de liderança, sem
perceberem as reais vantagens de adotar, para suas empresas, códigos de ética ou guias de conduta.
Isso não quer dizer que para ser ética, seja imprescindível que a empresa adote um código de
conduta. O importante é que, se optar por adotá-lo, deverá estimular a vivência prática de seu
conteúdo no dia-a-dia.

Código de ética ou guia de conduta

O código de ética é um instrumento de realização da filosofia da empresa, de sua visão, missão e


valores. “É a declaração formal das expectativas da empresa à conduta de seus executivos e demais
funcionários.” 1
O código de ética deve ser concebido pela própria empresa, expressando sua cultura. Serve para
orientar as ações de seus colaboradores e explicitar a postura da empresa em face dos diferentes
públicos com os quais interage. É um instrumento que serve de inspiração para as pessoas que
aderem a ele e se comprometem com seu conteúdo. É imperioso que haja consistência e coerência
entre o que está disposto no código de ética e o que se vive na organização. Se o código de conduta
de fato cumprir o seu papel, sem dúvida significará um diferencial que agregará valor à empresa.

Por que as empresas estão implantando códigos de ética?


As empresas estão implantando códigos de ética porque esse documento tem a faculdade de:
 Fornecer critérios ou diretrizes para que as pessoas se sintam seguras ao adotarem formas
éticas de se conduzir.

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 Garantir homogeneidade na forma de encaminhar questões específicas.
 Aumentar a integração entre os funcionários da empresa.
 Favorecer ótimo ambiente de trabalho que desencadeia a boa qualidade da produção, alto
rendimento e, por via de conseqüência, ampliação dos negócios e maior lucro.
 Criar nos colaboradores maior sensibilidade que lhes permita procurar o bem-estar dos
clientes e fornecedores e, em conseqüência, sua satisfação.
 Estimular o comprometimento de todos os envolvidos na elaboração do documento.
 Proteger interesses públicos e de profissionais que contribuem para a organização.
 Facilitar o desenvolvimento da competitividade saudável entre concorrentes.
 Consolidar a lealdade e a fidelidade do cliente.
 Atrair clientes, fornecedores, colaboradores e parceiros que se conduzem dentro de elevados
padrões éticos.
 Agregar valor e fortalecer a imagem da empresa.
 Garantir a sustentabilidade da empresa.

Eis as razões2 que respondem à pergunta formulada no título. Elas levam as pessoas a acreditarem na
possibilidade de explorar um caminho que abre espaço para que percorram juntos, sem antagonismo,
os valores intangíveis e os resultados econômicos.
As pessoas que se dedicam à consultoria podem facilmente identificar, senão todos, ao menos alguns
dos efeitos gerados nas empresas e nos seus colaboradores, durante e após o processo de implantação
do código de ética ou do guia de conduta.

A crescente preocupação dos empresários


Os líderes empresariais perceberam que a ética passou a ser um fator de competitividade. Por isso é
crescente a preocupação, entre os empresários brasileiros, com a adoção de padrões éticos para suas
organizações. Sem dúvida, os integrantes dessas organizações serão analisados através do
comportamento e das ações por eles praticadas, tendo como base um conjunto de princípios e valores.
Da mesma forma que o indivíduo é analisado pelos seus atos, as empresas (que são formadas por
indivíduos) passaram a ter sua conduta mais controlada e analisada, sobretudo após a edição de leis
que visam à defesa de interesses coletivos.
UM MAR DE CONHECIMENTO

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Todas as pessoas querem ser éticas. E a empresa?
De modo muito simples e resumido pode-se afirmar que é ético aquele que, livremente, com a
consciência bem formada, responsabilidade e reta intenção, aplica a inteligência na procura da
verdade e a vontade na busca do bem, em todas as circunstâncias. Nessa definição está a referência, o
parâmetro da pessoa ética e pode-se afirmar com toda segurança, que existem muitas pessoas que se
esforçam por atingir essa meta.
A fonte da Ética é a própria realidade humana, o ambiente em que se vive. Desta forma, o ambiente
de trabalho, no qual se convive grande parte do dia, se desenvolve em uma sucessão de escolhas para
tomadas de decisões e de práticas de virtudes, que nada mais são do que os valores transformados em
ação.
A credibilidade de uma instituição é o reflexo da prática efetiva de valores como a integridade,
honestidade, transparência, qualidade do produto, eficiência do serviço, respeito ao consumidor, entre
outros. Conclui-se, portanto, que quando se fala em empresa ética, quer-se dizer que as pessoas que
nela trabalham são éticas e buscam a excelência. Que os princípios e valores eleitos pelos seus
fundadores e que impregnam a cultura da organização são éticos. Que os seus colaboradores, desde a
alta administração até o último contratado, zelam pela conduta ética, e procuram exercer a liberdade
com responsabilidade, tanto no seu relacionamento interno, como com o público externo.
Em suma, as pessoas são éticas; a empresa é uma pessoa jurídica, uma ficção de direito que, como se
disse, refletirá a conduta daqueles que a representam.

Vulnerabilidade das empresas


Em conseqüência, se a ética é questão de conduta das pessoas não cabe a indagação sobre que tipo
de empresas são mais vulneráveis às fraudes e problemas éticos, se as pequenas ou as grandes. Cada
ser humano desenvolve um papel na sociedade. São as convicções e comprometimentos das pessoas,
que conduzidas pela sua consciência, bem ou mal formada, praticarão condutas éticas ou antiéticas.
Qualquer um de nós está sujeito às fraquezas humanas e, portanto, torna-se um imperativo a
manutenção de um esforço diário para a prática do bem. Assim, o problema não é das pequenas ou
grandes empresas, mas das pessoas que integram as grandes e pequenas empresas.

Dois grandes desafios


Nessa dimensão ética distinguem-se dois grandes planos de ação que são propostos como desafios às
organizações: de um lado, em termos de projeção de seus valores para o exterior, fala-se em empresa
cidadã, no sentido de respeito ao meio ambiente, incentivo ao trabalho voluntário, realização de
algum benefício para a comunidade, responsabilidade social, sustentabilidade, etc.

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De outro lado, sob a perspectiva de seu público mais próximo, como executivos, acionistas,
empregados, colaboradores, fornecedores, envidam-se esforços para a criação de um sistema que
assegure um modo ético de operar, sempre respeitando os princípios gerais da organização e os
princípios do direito e da moral.
São muito pesados os ônus impostos às empresas que, despreocupadas com a ética, enfrentam
situações que muitas vezes, em apenas um dia, destroem uma imagem que consumiu anos para ser
conquistada. Multas elevadas, quebra da rotina, empregados desmotivados, fraude interna, perda da
confiança na reputação da empresa, são exemplos desses ônus.
Daí o motivo de muitas empresas terem adotado elevados padrões pessoais de conduta para seleção
de seus empregados, cientes de que, atualmente, a integridade nos negócios exige profissionais
altamente capazes de conciliar princípios pessoais e valores empresariais.

Gestão da ética
Ao lidar com pessoas, é imprescindível considerar a dignidade da pessoa, facilitando e promovendo o
seu crescimento integral. Não se pode considerar as pessoas como simples elementos de produção e
geração de lucros, que estão a serviço da empresa. Ao contrário, a empresa ética torna-se um
instrumento do desenvolvimento econômico, a serviço da mulher e do homem integral, um campo
riquíssimo de aperfeiçoamento da pessoa.
O empresário ético, que tem visão de futuro, investe na formação de seus colaboradores e conquista o
comprometimento deles; lança desafios para que cresçam e se superem.
Por essa razão, muitas empresas de respeito empreendem um esforço organizado, a fim de encorajar a
conduta ética entre seus empregados. Para tanto, implantam códigos de ética, reciclam o aprendizado
de seus executivos e colaboradores, idealizam programas (hoje em dia programas virtuais) de
treinamento, criam comitês de ética, capacitam líderes que percorrem os estabelecimentos da
organização incentivando o desenvolvimento de um clima ético. Nessa perspectiva, servem-se de
consultores externos que os assessoram na elaboração de códigos de conduta e no desenvolvimento
do clima ético, sensibilizando seus integrantes, mediante cursos e palestras, e participando ativamente
de treinamentos, procurando adequar tudo à legislação e aos critérios oferecidos por instituições
internacionais de renome.

O empresário ético no seu dia-a-dia


Após inúmeras conversas e entrevistas com empresários que privilegiam a ética foi possível
identificar os seguintes itens em suas condutas:
 Certificam-se de que sua consciência foi bem formada.

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 Seguem a voz de sua consciência.
 Não transigem com seus princípios.
 Agem com liberdade e responsabilidade.
 Cercam-se de bons assessores.
 Desenvolvem suas próprias competências e estabelecem planos estratégicos.
 Aglutinam e mobilizam pessoas, estimulam iniciativas e novas idéias.
 Conquistam a confiança de seus colaboradores e investem no seu treinamento.
 Respeitam as pessoas, valorizando a dignidade de cada colaborador, cliente, fornecedor,
concorrente, e todas as demais pessoas de seu círculo de relacionamento.

Aliar resultados econômicos aos valores intangíveis


Pode-se concluir, portanto, que o código de ética é um facilitador para se aliar lucros, resultados,
produtividade, qualidade e eficiência de produtos e serviços, além de outros valores típicos de
empresa, com valores intangíveis que advém das pessoas que a integram, tais como: honestidade,
justiça, cooperação, tenacidade, compreensão, exigência, prudência, determinação, entre outros.

*Maria do Carmo Whitaker, professora universitária, sócia fundadora e ex-diretora da Associação Latino-Americana de Ética, Negócios e Economia, -
Alene. Advogada, membro do Tribunal de Ética da OAB/SP. Membro do Grupo de Excelência em Ética e Responsabilidade Social do Conselho
Regional de Administração - CRA/SP, consultora de Ética nas organizações e organizadora do site de ética empresarial do Portal Academus.

1 ARRUDA, Maria Cecilia Coutinho de, RAMOS, Jose Maria Rodriguez e WHITAKER, Maria do Carmo. Fundamentos de Ética Empresarial e
Econômica. São Paulo: Atlas, 2003. p.64.

2 ARRUDA, Maria Cecilia Coutinho de. Código de Ética: um instrumento que adiciona valor. São Paulo: Negócio Editora, 2002. p. 2-18. (com
adaptações)

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3. Textos para estudo

3.1 Introdução à ética empresarial e à responsabilidade social

Em seu Diccionário Enciclopedico de la Psique, Székely (1963, p. 243, apud Macedo et al. 2005, p.
58) afirma que “de acordo com o conceito filosófico, a ética tem por objeto o exame e a explicação
dos chamados feitos morais, tentando não somente descrevê-lo, mas também explicar valores e
conduta”.
Segundo Vásquez1 “a ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em
sociedade”, enquanto na visão de Arruda et al.2 “ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade
do agir humano: quer dizer, considera os atos humanos enquanto são bons ou maus’.
A responsabilidade social é o exercício do relacionamento de uma organização com os seus
diversos públicos (ou como também chamados, stakeholders), com o objetivo de resgatar e reerguer o
respeito pelas pessoas, bem assim, a sua dignidade e cidadania.
Ashley3 define a responsabilidade social como “o compromisso que uma organização deve ter para
com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo,
ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo pró-ativamente e coerentemente no que tange a
seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela”.
Na visão de Srour4 empresas éticas são aquelas que subordinam suas atividades e estratégias a uma
prévia reflexão ética, e agem de forma socialmente responsável.

1
VÁSQUEZ, Adolfo S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 24ª ed., 2003, p. 12.
2
Arruda, Maria Cecília C., WHITAKER, Maria do Carmo & RAMOS, José Maria R. Fundamentos de Ética Empresarial
e Econômica. São Paulo: Atlas, 3ª ed., 2005, p. 42.
3
ASHLEY, Patrícia A. (coord.). Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2002, p.6.
4
SROUR, Robert H. Ética empresarial: posturas responsáveis nos negócios, na política e nas relações pessoais. Rio de
Janeiro: Editora Campus, 2ª ed., 2003, p. 18.
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30
Isso representa a sua responsabilidade social, que é exercida tanto no âmbito interno - na construção
social do ambiente e das relações de trabalho, quanto no âmbito externo - através do exercício da
cidadania corporativa.

3.2 Campo da ética e seus elementos

3.2.1 Elementos do campo ético

São três os elementos do campo ético: agente, virtudes e meios. Para preencher as condições
essenciais, o agente deve ter consciência de si e dos outros, responsabilidade por suas ações e
vontade própria para decidir. Enfim, o agente deve ser livre para auto-afirmar-se, dando a si mesmo a
regra, a norma, a lei e o gozo da liberdade.
Do ponto de vista das virtudes, a ética atual associa cultura e sociedade, para definir o que seja
violência, mal ou bem, vício ou virtude, que são antagônicos. Aristóteles definia virtudes,
resumidamente, como expresso a seguir:

Figura 1: VIRTUDES E VÍCIOS POR EXCESSO E DEFICIÊNCIA


Virtude Vício por Excesso Vício por Deficiência
Coragem Temeridade Covardia
Temperança Libertinagem Insensibilidade
Prodigalidade Esbanjamento Avareza
Magnificência Vulgaridade Vileza
Respeito Próprio Vaidade Modéstia
Prudência Ambição Moleza
Gentileza Irascibilidade Indiferença
Veracidade Orgulho Descrédito Próprio
Agudeza de Espírito Zombaria Rusticidade
Amizade Condescendência Enfado
Justa Indignação Inveja Malevolência
5
Fonte: CHAUÍ, 2000:348, apud Macedo et al , p. 56.

5
MACEDO, Ivanildo I., RODRIGUES, Denize F., JOHANN, Maria Elizabeth P. & CUNHA, Neisa M. M. Aspectos
comportamentais da gestão de pessoas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 9ª ed, 2007, p. 56.
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31
Para que a ética atinja sua finalidade, é preciso analisar os meios utilizados no grupo que a instituiu,
ou seja, no universo ao qual ela se destina. Dependendo desse universo, a ética transforma-se, para
atender a novas exigências da sociedade e da cultura.
Segundo Farah6 a primeira doutrina é a chamada Ética das Virtudes, cujo principal representante é o
filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.). Segundo Aristóteles, toda ação visa algum bem, que é o
fim (finalidade) da ação, e esse fim é a felicidade. Assim, uma ação será moralmente válida se seu
fim (seu objetivo) for a felicidade humana.
Muito mais tarde, na antiga Prússia (hoje Alemanha), Kant (1724-1804), opõe-se a Aristóteles, ao
afirmar que não basta uma ação visar o bem, ela deve ser universalmente aceita. “O critério de
moralidade de Kant é simplesmente o seguinte: a ação eticamente correta é aquela praticada por
todos os indivíduos, sem exceção. O ato que não pode ser universalizado é imoral.” (FARAH,
2004:19).

3.2.2 Ética e moral

Srour7, apud Rodrigues et al, compreende a Moral como “Um feixe de normas que as práticas
cotidianas deveriam observar e que, como discurso, ilumina o entendimento dos usos e costumes”.
Ainda na sua visão, as morais são múltiplas no espaço e dinâmicas no tempo.

3.2.2.1 Moral
A moral explica o que diferencia o bem do mal, o certo do errado, enfim, prescreve as normas, os
comportamentos eticamente aceitáveis, em determinada época, lugar e grupo social. Assim, os
valores morais aceitos, definem a moralidade, isto é, qualidade do que é moral.

6
FARAH, Flávio. Ética na gestão de pessoas: uma visão prática. São Paulo: EL Edições Inteligentes, 2004.
7
SROUR, Robert H. Ética empresarial: posturas responsáveis nos negócios, na política e nas relações pessoais. Rio de
Janeiro: Editora Campus, 2ª ed., 2003, p.29.

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32
3.2.2.2 Amoralidade
A amoralidade (ou atitude amoral) ocorre quando um comportamento não é favorável nem contrário
a valores morais, ou quando tem lugar onde não existe qualquer regra para a situação que ensejou
aquele comportamento.

3.2.2.3 Imoralidade
A imoralidade (ou atitude imoral), ao contrário da anterior, ocorre quando um comportamento fere
valores morais existentes em determinado momento e lugar, onde existem normas para aquela
prática.
Como exemplo, descreve-se a seguinte situação:
Comer é uma ação amoral, mas se aquele que está comendo aproveitar o momento para falar do
valor nutricional daqueles alimentos, passa a ser um ato moral, porque o comportamento passa a ser
revestido de um caráter social positivo. Esta mesma prática passa a ser imoral, se o agente passar a
comer e dar de comer a outrem, com as suas mãos.

3.3 As duas teorias éticas


Entre as várias abordagens sobre a ética, duas contribuições foram aqui destacadas: a ética da
convicção e a ética da responsabilidade, mencionadas por Srour8, e apresentadas na figura abaixo.

8
SROUR, Robert H. Ética empresarial: posturas responsáveis nos negócios, na política e nas relações pessoais. Rio de
Janeiro: Editora Campus, 2ª ed., 2003.
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33
Figura 2: TEORIAS ÉTICAS

TEORIA ÉTICA ABORDAGEM FUNDAMENTOS JUSTIFICAÇÃO

CONVICÇÃO (ética do Princípio Leis morais Normas universais


dever, das virtudes e da
tradição)
Esperança Ideais Valores universais

ÉTICA DEONTOLÓGICA

RESPONSABILIDADE Finalidade Objetivos Bondade nos fins


(ética da reflexão, dos
resultados e da deliberação)
Utilitarismo Conseqüências Máximo bem para o
maior número de
ÉTICA TELEOLÓGICA pessoas
Fonte: Srour, 2003:94.

3.3.1 Ética da Convicção

No entendimento de Srour (2000, op. cit), a Ética da Convicção está fundamentada no cumprimento
do dever e as ações praticadas são respaldadas por normas e valores previamente estabelecidos. Esta
ética “é deontológica - deón em grego ou dever - estudos dos princípios e fundamentos da moral, ou
tratado dos deveres”. A Ética da Convicção não sobreleva os efeitos ou conseqüências das decisões.
Essa teoria ética abriga duas ramificações: a do princípio e a da esperança.
- A vertente ética do princípio é dirigida pela obediência às normas (morais) e valores, quando
esses se convertem em mandamentos.
- A vertente ética da obediência é dirigida pelos sonhos e ideais, que se tornam exigências
sagradas.

UM MAR DE CONHECIMENTO

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Nas organizações, a ética da convicção está presente em todos os momentos, porque é exigida uma
obediência absoluta à legislação, normas e regras escritas, ou mesmo aos costumes consagrados pela
prática. Esse esforço organizacional de fazer cumprir as regras, haja o que houver, induz os
funcionários à busca pela eficiência e pela superação.
Assim, desenvolve-se a Ética da Convicção porque as atenções ficam voltadas para o como fazer as
coisas, ou seja, para o processo. Em caso de descumprimento das normas e diretrizes burocráticas, há
punições previstas em diversos graus.

3.3.2 Ética da Responsabilidade

A Ética da Responsabilidade é “teleológica - télos em grego ou fim - estudo dos fins humanos, em
que a obrigatoriedade de uma ação deriva de sua finalidade ou de suas conseqüências prováveis”
(Srour, 2000, op. cit. p. 280). Esta teoria abraça a idéia de que cada um se torna responsável por
aquilo que faz, imagina os impactos que seu atos podem provocar, depois avalia e escolhe a opção
que trouxer mais resultados positivos para a comunidade - ou, dos males, o menor.
Essa teoria ética abriga duas ramificações: a da finalidade e a utilitarista.
- A vertente ética da finalidade defende o cumprimento dos objetivos a qualquer preço,
pressupondo que a bondade dos fins justifica os meios utilizados.
- A vertente utilitarista busca garantir que as decisões gerem o máximo de benefício para a
maior quantidade possível de pessoas.
Macedo et al9 realçam que, nesse contexto, reveste-se de importância a discussão do papel do poder
público diante dos avanços científicos verificados nos últimos 40 anos, especialmente a engenharia
genética, os transplantes de órgãos e a agricultura transgênica.
De um modo geral as ações coletivas ou individuais que tenham repercussões morais se inscrevem
em uma das teorias éticas (convicção e responsabilidade), e dependendo da forma e do conteúdo
dessas ações, elas se filiam a uma das quatro vertentes, quais sejam do princípio, da esperança, da
finalidade ou do utilitarismo. Enquanto os agentes que obedecem à ética da convicção guiam-se por
imperativos de consciências, os que se orientam pela ética da responsabilidade guiam-se por uma
análise de riscos.

9
MACEDO, Ivanildo I., RODRIGUES, Denize F., JOHANN, Maria Elizabeth P. & CUNHA, Neisa M. M. Aspectos
comportamentais da gestão de pessoas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 9ª ed, 2007, p. 64.
UM MAR DE CONHECIMENTO

35
O quadro a seguir mostra as duas Teorias Éticas, enfocando tipos diferentes de referências morais,
configurando dois modos de decidir:

Figura 3: COMPARAÇÃO DAS DUAS TEORIAS ÉTICAS

ÉTICA DA CONVICÇÃO ÉTICA DA RESPONSABILIDADE

Decisões decorrem da aplicação de uma tábua Decisões decorrem de deliberação, em função


de valores preestabelecidos de uma análise das circunstâncias
Máxima: Máxima: “somos responsáveis
“faça algo porque é um mandamento” por aquilo que nossos atos provocam”
Vertente de princípio: Vertente da finalidade:
“respeite as regras haja o que houver” “alcance os objetivos custe o que custar”
Vertente da esperança: “o sonho Vertente utilitarista:
antes de tudo; a fé remove montanhas” “faça o maior bem para mais gente”
Fonte: SROUR, 2003:55

3.3.3 Duplicidade moral

Considerando a ética nas organizações, Srour10 nos leva a refletir sobre o que denomina “duplicidade
moral”, um egoísmo ético que entra em choque com as morais socialmente orientadas, e que abrange
a moral da integridade e a moral do oportunismo.
Na sua visão a moral da integridade caracteriza-se por ser proeminente e pressupor uma honradez
universal. Tem por base uma ética da convicção e é praticada por aqueles que muitos denominam
“rigoristas”, agentes que se orientam pelo rigor moral, escrupulosos, cuidadosos, severos, e
minuciosos no respeito à verdade e à legalidade, e o compromisso com a retidão.
A moral do oportunismo, por sua vez, assume um caráter interesseiro, e repousa na complacência
ante as transgressões às normas morais oficiais. Tem por base o egoísmo ético que, na ânsia de obter
10
SROUR, Robert H. Poder, cultura e ética nas organizações. Rio de Janeiro: Editora Campus, 12 reimpressão, 1998, p.
286-187.
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36
vantagens e saciar caprichos, despe-se de quaisquer escrúpulos. É praticada pelos chamados
“laxistas”, os agentes que tendem a fugir ao dever e à lei, mas se valem de um discurso com boa
consistência interna.
É eticamente marginal, por reduzir-se ao mais estreito interesse pessoal. A moral do oportunismo
funciona com base em procedimentos como o jeitinho, o calote, a falta de escrúpulo, o desprezo
irresponsável pelas conseqüências dos atos praticados,o vale tudo e a exaltação da malandragem.
Assim, desde que a finalidade seja alcançada, a ação se justifica, não importando os meios.

Figura 4: A DUPLICIDADE MORAL

Adaptado de: SROUR, 1998:288.

UM MAR DE CONHECIMENTO

37
3.4 Ética Empresarial

3.4.1 Conceito e abrangência

A ética empresarial é o estudo das morais predominantes nas empresas, que integram uma
determinada coletividade. Essa coletividade poderá estar estratificada por área geográfica, segmento
econômico, natureza jurídica, apenas para citar alguns formatos.

3.4.2 Ética e credibilidade

As empresas que pautam suas ações pela ética, conquistam e mantém credibilidade junto aos seus
stakeholders (elencos diversos com os quais a empresa interage).

3.4.3 Dilemas éticos

Os dilemas éticos resultam do conflito presente nos valores, nos destinatários e nos meios, o que de
certa forma nos impõe ima hierarquia de princípios. Situam-se em zonas “cinzentas” onde a decisão
entre o que é certo e o que é errado, justo e injusto, bem ou mal, requer extremo cuidado do agente.

3.4.3.1 Dilemas dos valores


Os diferentes valores, presentes em determinado grupo ou ambiente, geram a necessidade de seu
escalonamento e hierarquização. Alguns valores prezados pelos stakeholder podem entrar e, choque
com os valores da organização.
A seguir, citam-se alguns exemplos do dilema de valores:
- um recrutador que mantém sigilo sobre atraso de pagamento, na empresa, na hora de
contratar um novo empregado;
- um advogado que defende seu cliente, acreditando que ele é culpado;
- um empregado ambientalista, que trabalha com venda de madeira, ainda que certificada;

UM MAR DE CONHECIMENTO

38
______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

3.4.3.2 Dilema dos destinatários


Ocorre quando determinadas ações em benefício de alguns, podem vir a prejudicar outros. Disso
resulta a necessidade de cruzamento de interesses, para evitar que pequenas diferenças, possa, gerar
grandes conflitos.
A seguir, citam-se alguns exemplos do dilema dos destinatários:
- a publicação de uma matéria, que pode desagradar o principal anunciante da revista;
- o confronto de fumantes e não fumantes em determinados recintos;

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

UM MAR DE CONHECIMENTO

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3.4.3.3 Dilema dos meios
Constata-se a partir de situações onde os meios empregados na busca de soluções, podem ser
rejeitados por aqueles a quem se aplicam.
A seguir, citam-se alguns exemplos do dilema dos meios:
- o uso de doações de procedência duvidosa no combate à fome;
- a adoção da força e da violência para se alcançar a paz;
- o aumento de salário dos funcionários, mediante a redução da verba para segurança do
trabalho;

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

3.4.4 Código de conduta

3.4.4.1 Finalidade
O código de conduta, guia de conduta, ou outra denominação que seja, preferencialmente, de fácil
assimilação e absorção pela cultura do grupo social ou organização para o qual for desenhado, tem
como propósito uniformizar o entendimento dos princípios, normas e valores, que deverão ser
seguidos pelos seus integrantes. No caso específico das empresas, são concebidos com a finalidade
maior de orientar sobre as normas e os procedimentos recomendados e aceitos, e também alertar para
as práticas que são incompatíveis com os valores vigentes.
Normalmente, abrangem os diversos relacionamentos e operações da organização com todos os seus
stakeholders - internos (colaboradores) e externos (governos, acionistas, clientes, fornecedores,
concorrentes e comunidade).

UM MAR DE CONHECIMENTO

40
Dentre os vários aspectos que constituem a conduta ética, são normalmente realçados a valorização
da lisura e do profissionalismo das atitudes, a honestidade, a repressão a ações ilícitas, o
cumprimento à legislação, e o respeito à sociedade como um todo e ao ecossistema. É essencial que
os gestores internalizemos os preceitos contidos nos códigos de conduta, e os estendam aos
colaboradores.
É essencial que os gestores internalizem os preceitos contidos nos códigos de conduta, e os estendam
aos colaboradores, e demais elencos (stakeholders) com os quais a organização se relaciona.
Para tanto, deve ser amplamente divulgado, disponibilizado e sistematicamente aprimorado.

3.4.4.2 Conteúdo do código de conduta


A composição de um código de conduta deverá lançar luz sobre as práticas mais recomendáveis para
a realidade e os valores prezados por cada organização.
São comuns as recomendações de integridade, probidade, respeito, igualdade, solidariedade, apenas
para citar algumas.
Dentre as práticas visíveis, destacam-se os seguintes temas:

- Respeito às leis e costumes;


- Respeito à privacidade dos stakeholders;
- Respeito aos direitos do consumidor; Público
- Respeito ao meio ambiente; Externo
- Transparência nas demonstrações financeiras;

- Segurança no trabalho e saúde ocupacional;


- Incentivo à participação e à criatividade dos empregados;
- Manutenção de clima ético e de boas relações interpessoais; Público
- Participação e assistência às comunidades; Interno
- Igualdade de tratamento para todos (notadamente mulheres,
negros, ex-presidiários e portadores de deficiência);

UM MAR DE CONHECIMENTO

41
Dentre as práticas de conduta questionáveis, ressaltam-se:
- A espionagem industrial, intelectual e econômica, com destaque para a pirataria e a
clonagem;
- Adoção de subornos, propinas e extorsões nos negócios;
- Sonegação fiscal, superfaturamento e calote;
- Utilização de trabalho infantil;
- Mau relacionamento com o meio ambiente, com destaque para a poluição, o uso predatório e
o desperdício de recursos naturais;
- Falta da construção social do ambiente de trabalho;
- Satisfação de necessidades pessoais com recursos da empresa;
- Tráfico de influência, nepotismo e fisiologismo;
- Assédio moral e sexual;

Um código de ética acrescenta valor à organização, uma vez que se reveste do papel de instrumento
de comunicação, destinado a prestar orientações sobre a conduta ética. O seu conteúdo deve prever
boas práticas no diligenciamento com os diversos stakeholders, contemplando as formas de
relacionamento, e as modalidades de eventos e de situações compartilhados.
Deve prever instância que possa realizar o trabalho de ouvidoria, para o caso de denúncias è violação
dos preceitos contemplados no Código.
Deve, igualmente, prever mecanismos que resguardam a privacidade e a integridade daqueles que
porventura venham a apontar violações. Isso requer “clima, educação e cultura ética”.
A título de exemplo, podemos citar Arruda11 que, através do seu livro Código de Ética, nos brinda
com modelos de código de ética de diferentes modalidades de Organizações, tais como empresas
multinacionais, empresas de serviços, bancos e indústrias brasileiras, e associações. Uma vez
estabelecido e implantado um código de conduta impõe-se fiscalização de seu cumprimento, bem
assim, a sua manutenção e atualização, para que sirva permanentemente aos seus propósitos, evitando
que caia em desuso ou seja descumprido. Ainda na sua visão, a implementação e a manutenção do
Código, promove o crescimento ético e o desenvolvimento moral.

11
ARRUDA, Maria Cecília C. Código de Ética. São Paulo: Negócio, 2002.
UM MAR DE CONHECIMENTO

42
A seguir ilustraremos o tema, construindo alguns exemplos:

Relacionamento com empregados (A)


Ética no recrutamento e seleção de pessoas
Ética na avaliação do desempenho
Ética na remuneração, recompensas e promoções

Relacionamento com empregados (B)


Ética na capacitação e treinamento
Ética na segurança e qualidade de vida no trabalho
Ética no desligamento de empregados

Relacionamento com clientes


Ética na propaganda e na formulação do preço
Ética na prestação do serviço ou venda do produto
Ética nos procedimentos de finalização dos serviços / pós-venda

Relacionamento com fornecedores


Ética no atendimento ao fornecedor
Ética no fornecimento de informações
Ética no fechamento de operações de compra

Relacionamento com o governo


Ética na busca por serviços públicos
Ética na utilização do patrimônio público
Ética no atendimento a fiscalizações

UM MAR DE CONHECIMENTO

43
Relacionamento com a comunidade em geral
Ética no relacionamento com a comunidade
Ética na utilização do bem comum e dos recursos naturais
Ética nos programas sociais

3.4.4.3 Assédio moral

De acordo com Hirigoyen (apud RODRIGUES et al.), o assédio moral é representado pela intenção
de constranger ou desqualificar a pessoa ou o profissional, por meios verbais e não verbais.
Essa conduta, nada recente, provoca desgaste psicológico, estresse e angústia, prejudicando o clima
organizacional, e a produtividade e gerando descaso, desconfiança e ausências freqüentes do
trabalhador.
Assim, o abuso de poder e a manipulação perversa são fenômenos que atestam essa guerra
psicológica no local de trabalho. Eles começam com brincadeiras e terminam por humilhar as
pessoas, colocando-as em situação de inferioridade.
Agressões e ofensas, sem justificativa ou pedido de desculpas, vão aos poucos destruindo a pessoa
atingida. Por exemplo, se a chefia não se manifestar, quando um colega agredir um outro, a vítima
poderá reagir de várias formas, experimentando desde a manifestação de medos até a expressão de
comportamentos patológicos. Essas agressões acabam por comprometer o desempenho do indivíduo,
dando até mesmo motivo para a sua demissão.
O surgimento do assédio moral nas organizações se deve a fatores como inveja, preconceitos,
estereótipos, crenças religiosas antagônicas, diferentes formações profissionais, desníveis sociais,
antipatias e conflitos interpessoais. Assim, dependendo da situação e dos valores, qualquer indivíduo,
pode vir a se tornar um agressor. A primeira providência para resolver os conflitos interpessoais
deveria ser tomada pelos superiores, que muitas vezes deixam de fazê-lo por não saber como lidar
com essas situações, ou por indiferença.
Raramente um superior é agredido por subordinados, mas isso pode acontecer quando ele é novo na
empresa e assume posturas não aceitas pelos colaboradores, relutando em adaptar-se à realidade
vigente. Dá-se o mesmo quando um dos integrantes da equipe é convidado a assumir a gestão, sem
consulta prévia aos demais.

UM MAR DE CONHECIMENTO

44
Atualmente existem mais de 80 projetos de lei em diferentes municípios do país. Vários projetos já
foram aprovados e, entre eles, destacamos: São Paulo, Natal, Guarulhos, Iracemópolis, Bauru,
Jaboticabal, Cascavel, Sidrolândia, Reserva do Iguaçu, Guararema, Campinas, entre outros. No
âmbito estadual o Rio de Janeiro, desde maio de 2002, condena esta prática. Existem projetos em
tramitação nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraná, Bahia, entre outros.
No âmbito federal, há propostas de alteração do Código Penal e outros projetos de lei12.
O assédio moral em uma empresa se manifesta em diferentes situações, a maioria delas envolvendo
ruídos de comunicação.
Dentre as várias formas de constrangimentos a que determinadas pessoas são submetidas,
Hirigoyen13, põe em relevo:

a) Deformação da linguagem
Comunicação em voz fria, neutra, desagradável, monocórdia. Essa tonalidade já implica
censuras não verbalizadas, ameaças veladas;

b) Recusa à comunicação direta


Em geral ocorre quando a comunicação se limita a observações em pequenos toques
desestabilizantes.

c) Desqualificação
Significa esvaziar de alguém todas as qualidades, dizer-lhe e repetir-lhe que ele não vale
nada, até que o próprio acabe achando o mesmo.

d) Isolamento e deterioração do ambiente de trabalho


Jogar pessoas umas contra as outras, semeando a discórdia, levando alguns à total
indiferença pelos demais.

12
O que é assédio moral. Disponível em www.assediomoral.org, acesso em 29 mai. 2006.
13
HIRIGOYEN, Marie-France, Assédio moral - a violência perversa do cotidiano. Rio de Janeiro: Betrand Brasil, 2002,
p. 76-80.
UM MAR DE CONHECIMENTO

45
e) Afronta à competência
Desrespeitar o talento profissional, atribuindo ao empregado tarefas inúteis, ou até mesmo
degradantes.

f) Indução ao erro
Levar uma pessoa a cometer uma falta, não só para criticá-la, ou rebaixá-la, mas também para
que tenha uma má imagem de si mesma.

g) Outras formas de discriminação ou violação de direitos humanos.

h) Assédio sexual.
Que não é senão um procedimento a mais, na perseguição moral. Tem relação com os dois
sexos, mas a maior parte dos casos descritos refere-se a mulheres agredidas por homens,
freqüentemente por seus superiores hierárquicos.
A seguir, citam-se diferentes formar de assédio sexual: o assédio de gênero (tratar uma
pessoa do sexo oposto diferentemente, em função dessa característica, com comentários ou
comportamentos sexistas); o comportamento sedutor; a chantagem sexual; a imposição sexual;
a ofensiva sexual.
Hirigoyen14 nos traz a informação de que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o
assédio moral atinge 2% dos trabalhadores, e que as mulheres são as mais expostas, sobretudos as de
idade inferior a 25 anos e as de classes sociais mais humildes.

3.4.4.4 Uma proposta de código de conduta universal


De acordo com Ferrell15, tem havido tentativas de formula um conjunto de padrões éticos universais.
Uma dessas propostas diz respeito a um código internacional de ética (Mesa Redonda de Caux,

14
HIRIGOYEN, Marie-France, Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral. Rio de Janeiro: Betrand Brasil, 2002,
p. 33.
15
FERRELL, O. C., FRAECRICH, J., e FERRELL, L. Ética empresarial - dilemas, tomadas de decisões e casos. Rio de
Janeiro: Reichmann & Affonso, 2001. p. 193-197.
UM MAR DE CONHECIMENTO

46
1998), constituído de 13 princípios que abrangem as mais variadas interfaces das organizações, e são
a seguir citados:
As responsabilidades das empresas: além dos acionistas, para os stakeholders.
O valor de uma empresa para a sociedade está na riqueza e nos empregos que ela gera, e nos produtos
e serviços que ela fornece aos consumidores, a um preço razoável, compatível com a qualidade. As
empresas têm um papel a desempenhar no aprimoramento da vida de todos os seus clientes,
consumidores e acionistas, ao compartilhar com eles a riqueza que criam.
O impacto social e econômico das empresas: voltadas para a inovação, a justiça e a comunidade
mundial.
Empresas que se estabelecem em países estrangeiros para desenvolver, produzir ou vender devem
também contribuir para o progresso social desses países, criando empregos produtivos e ajudando a
elevar o poder aquisitivo de seus cidadãos.
Conduta empresarial além do espírito da lei, voltada para o espírito de confiança.
Enquanto aceitam a legitimidade dos segredos do comércio, as empresas devem reconhecer que a
sinceridade, a franqueza, a veracidade, a fidelidade a promessas e a transparência contribuem não só
para a sua própria credibilidade, mas também para a tranqüilidade e a eficiência das transações
comerciais, sobretudo em nível internacional.

Respeito às regras
Para evitar atritos comerciais e promove o comércio livre, condições iguais para concorrência e
tratamento leal e eqüitativo de todos os participantes, as empresas devem respeitar as regras
internacionais e as internas do país.

Apoio ao comércio multilateral


As empresas devem apoiar os sistemas de comércio multilateral do GATT / Organização Mundial de
Comércio e acordos internacionais semelhantes.

Respeito ao meio ambiente


As empresas devem proteger e, nos casos possíveis, melhorar o meio ambiente, promover
desenvolvimento sustentável e impedir o uso predatório de recursos naturais.

UM MAR DE CONHECIMENTO

47
Prevenção de operações ilícitas
As empresas não devem participar nem tolerar suborno, lavagem de dinheiro nem outras práticas
corruptas. Deve buscar colaboração com outras empresas para eliminá-las.

Relações com clientes


As empresas devem tratar todos os clientes com dignidade, comprem ou não diretamente seus
produtos e serviços, ou os adquiram de alguma outra maneira no mercado.

Relações com empregados


As empresas devem acreditar na dignidade de todo empregados e no respeito aos seus interesses.
Assim, são responsáveis por fornecer empregos e salários que melhorem suas condições de vida,
criar condições de trabalho que respeitem a saúde e a dignidade de todos, dentre outros aspectos.

Relações com proprietários e investidores


As empresas devem honrar a confiança em si depositada pelos seus investidores.

Relações com fornecedores


As relações das empresas com fornecedores e empresas sub-contratadas devem basear-se no respeito
mútuo.

Relações com a concorrência


Acredita-se que a concorrência econômica leal constitui um dos requisitos básicos para aumentar a
riquezas das nações e, em última análise, para tornar possível a justa distribuição de bens e serviços.

Relações com as comunidades


As empresas devem acreditar que, como pessoas jurídicas globais, podem contribuir para as forças de
reforma e direitos humanos em ação nas comunidades onde operarem.

UM MAR DE CONHECIMENTO

48
Observando-se as leis de diversos países, conclui-se que muitos dos valores mencionados no código
proposto já foram incorporados às suas legislações, pois há direitos e responsabilidades a serem
respeitados no mundo dos negócios.
Por exemplo, a fraude tem uma definição universal. No entanto, várias indústrias foram prejudicadas
pelo uso indevido de suas marcas registradas. “A falsificação de marcas registradas é um dos crimes
econômicos em mais rápido crescimento e de maiores conseqüências em todo o mundo”, disse um
diretor da Associação Internacional de Marcas Registradas (Ferrell, 2002, op. cit. p. 194).

3.5 Responsabilidade Social

3.5.1 Conceitos e propósitos

Na visão de Srour16 a responsabilidade social representa o conjunto de decisões empresariais


informadas pelo balanço dos interesses dos stakeholders, e consubstanciadas naquilo que se
denomina “balanço social”.
As ações de responsabilidade social surgiram com a definição de Terceiro Setor, já na metade do
século nos Estados Unidos. Ele seria uma mistura de dois setores econômicos clássicos da sociedade:
o público, representado pelo estado, e o privado, representado pelo empresariado em geral.17
Segundo dados do IBASE (www.ibase.org.br) nos anos 60, nos EUA e na Europa, o repúdio da
população à guerra do Vietnã deu início a um movimento de boicote à aquisição de produtos e ações
de algumas empresas ligadas ao conflito. A sociedade exigia uma nova postura ética e diversas
empresas passaram a prestar conta de suas ações e objetivos sociais. A elaboração anual de relatórios
com informações de caráter social resultou no que hoje se chama de “balanço social”.

O porquê de uma responsabilidade social


A mobilização para a responsabilidade social (por parte da comunidade empresarial, e também pela
sociedade civil) começou a ser percebida a partir de 1948, com a Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Seguiram-se outras iniciativas como a Declaração de Estocolmo (em 1972), a reunião de
16
SROUR, Robert H. Ética empresarial - posturas responsáveis nos negócios, na política e nas relações pessoais. Rio de
Janeiro: Campus, 2ª ed., 2003, p. 195
17
MELO NETO, Francisco P. e FRÓES, César. Responsabilidade social & cidadania empresarial - a administração do
terceiro setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002, p. 13.
UM MAR DE CONHECIMENTO

49
Cúpula da ONU - ECO 92, em 1992, no Rio de Janeiro, e mais recentemente o Protocolo do Kyoto,
em 1997, e o Pacto Global das Nações Unidas18, que estabeleceu as “metas do milênio”, e que foi
lançado formalmente na sede da ONU em 2000 (incluso, resumidamente, ao final da apostila).
O surgimento da responsabilidade social no Brasil encontra respaldo em uma nova ordem social, que
advém das dificuldades em se manter um Estado forte que possa prover todos os serviços sociais aos
cidadãos. Como decorrência da crise do setor público e do incremento populacional, defronta-se com
o crescimento da pobreza e da exclusão social (que contribui para o agravamento de problemas
inerentes à fome, saúde e educação), da exploração do trabalho e da mortalidade infantil, da
violência, da degradação ambiental, apenas para citar alguns dos problemas.
Aqui, a idéia começou a ser discutida na década de 70. Contudo, apenas nos anos 80 surgiram os
primeiros balanços sociais de empresas. A partir da década de 90, corporações de diferentes setores
passaram a publicar balanço social anualmente.
Segundo Ashley, Patrícia A. et al19 “o crescente aumento da complexidade dos negócios,
principalmente em decorrência do processo de globalização e da velocidade das inovações
tecnológicas e da informação, impõe ao empresariado nacional uma nova maneira de realizar suas
transações. Além disso, as crescentes disparidades e desigualdades de nossa sociedade obrigam a
repensar o desenvolvimento econômico, social e ambiental.
Por outro lado, o incremento da produtividade em função do avanço das novas tecnologias e da
difusão de novos conhecimentos levou a um aumento significativo da competitividade entre as
empresas. Dessa forma, elas buscam cada vez mais investir em novos processos de gestão, visando
obter diferenciais competitivos.
Para responder a esse crescente desafio, governos, empresas e sociedade organizam-se para trazer
novas respostas visando um desenvolvimento sustentável que englobe tanto os aspectos econômicos
como os sociais e ambientais.”

3.5.2 Surgimento do Terceiro Setor

O Estado, regulador dos recursos públicos, constitui o Primeiro Setor. O mercado, gerador de riqueza
formado por recursos privados, para fins privados, constitui o Segundo Setor.
Com o aumento da dívida social - caracterizada principalmente pela enorme desigualdade de renda -
a sociedade civil se organizou e constituiu o Terceiro Setor, que é formado por recursos privados para

18
<http://www.onuportugal.pt> Acesso em: 10 mar. 2006
19
ASHLEY, Patrícia A (coord.) et al. Ética e responsabilidade nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2002. p.3
UM MAR DE CONHECIMENTO

50
fins públicos. É representado por entidades filantrópicas, entidades de direitos civis, movimentos
sociais, ONG’s, organizações sociais, agências de desenvolvimento social, órgãos autônomos da
administração pública descentralizada, e fundações e instituições sociais das empresas. O Terceiro
Setor recebe ainda a colaboração de igrejas, escolas e hospitais.
Essas organizações atuam em modelo de gestão aberto e participativo, e buscam recursos,
principalmente, a partir de doações e da prática do trabalho voluntário.
Vale aqui destacar que o Terceiro Setor é parte do segmento de serviços - aquele que mais se
expande em todo o mundo. Acrescente-se a isso o fato de que dentre os três setores é hoje aquele que
mais cresce e, por conseguinte, já emprega uma parcela significativa da população economicamente
ativa. Soma-se o fato de que é uma área que carece de consolidação do fundamento jurídico.
Pinto20, nos brinda com mais de 400 páginas sobre o processo de mobilização e desenvolvimento da
participação social no Brasil, desde as primeiras ações de assistência social, iniciadas pelo governo,
até os modelos atuais de Balanço Social, projetos e programas sociais, e constituição de códigos de
ética, com abrangência a todos os atores sociais da esfera de relacionamento das empresas.
FIGURA 5: ELEMENTOS DEFINIDORES DO TERCEIRO SETOR
Bem-estar público
Foco 
Interesse comum

Questões centrais  Pobreza, desigualdade e exclusão social

Empresas privadas
Estado
Entidades participantes 
ONG’s
Sociedade civil

Nível de atuação  Comunitário e de base

Ações de caráter público e privado


Tipos de ações  Ações associativas
Ações voluntaristas
Fonte: MELO NETO e Fróes, 2002:8

20
PINTO, Luiz Fernando da Silva. Gestão-Cidadã: ações estratégicas para a participação social no Brasil. Rio de Janeiro:
FGV, 2003, 2ª ed.
UM MAR DE CONHECIMENTO

51
3.5.3 Ações Sociais

A responsabilidade social é exercida através de ações sociais. Essas ações sociais podem ser
praticadas sob diferentes modalidades:

Filantropia

É exercida através de doações de pessoas físicas e jurídicas. Geralmente é pontual e tem feição mais
corretiva do que preventiva, sendo focada em situações emergenciais ou no abrandamento de
problemas sociais mais graves.

Programas e projetos sociais

Os programas, e seus desdobramentos, em projetos sociais, também defluem de doações, e de


trabalho voluntário. Contudo, pela constância de propósitos têm caráter mais preventivo e são
focados no desenvolvimento social.

Financiamentos e parcerias

Normalmente reúnem recursos do governo, empresas privadas e comunidade. Em linhas gerais as


parcerias culminam com a formalização de institutos sociais criados para gerir as suas ações, criando
e desenvolvendo os programas, de forma a atender a necessidades específicas e emergentes.

3.5.4 Responsabilidade social interna

No âmbito interno, a responsabilidade social envolve as relações com os empregados e seus


familiares, onde se atém a indicadores como o fomento ao desenvolvimento profissional e
crescimento pessoal, a abertura à participação nos processos decisórios, nos lucros e nos resultados, a

UM MAR DE CONHECIMENTO

52
expansão do leque de benefícios sociais oferecidos, a intensificação da eqüidade e da justiça, e a
permanente melhoria do ambiente físico, psicológico e das condições de trabalho em toda a sua
essência.
Com isso, os empregados e seus familiares tornam-se agentes multiplicadores da filosofia e da prática
da responsabilidade social, podendo inclusive transformar-se em trabalhadores voluntários nos
programas sociais. Dentre as vantagens que essa prática poderá trazer para a empresa, estão a
elevação dos níveis de motivação, de entrosamento e do espírito de equipe.
Melo Neto e Fróes21 destacam as áreas de avaliação do exercício da responsabilidade social interna,
como segue:

a) Gestão de benefícios e remuneração


Nesse âmbito objetiva-se analisar a quantidade e os tipos de benefícios - diretos e indiretos -
concedidos pela empresa a seus empregados e dependentes, bem como o seu sistema de
remuneração.

b) Gestão do trabalho
Aqui avalia-se a qualidade do gerenciamento do trabalho em termos de jornada, carga,
formas de organização, desenho de cargos e postos, uso e desenvolvimento de talentos, habilidades e
competências técnico-profissionais.

c) Gestão do ambiente do trabalho


Seu objetivo é avaliar a qualidade do gerenciamento das condições físicas, sociais e
psicológicas que afetam o desempenho das pessoas no trabalho. São levados em contra os
conceitos de cultura e clima organizacionais, ergonomia e ambiente físico.

d) Gestão da relevância social da vida no trabalho


Consiste na avaliação da percepção e visão dos empregados em relação à imagem, à
responsabilidade social, à qualidade dos produtos e serviços da empresa, e à sua valorização e
participação no trabalho.
21
MELO NETO, Francisco P. e FRÓES, César. Gestão da responsabilidade social corporativa - o caso brasileiro. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 2001, p. 112-113.
UM MAR DE CONHECIMENTO

53
e) Gestão do trabalho e espaço total de vida
Nesta área procura-se cotejar o equilíbrio entre a vida pessoal do empregado e a vida no
trabalho.

f) Gestão dos direitos dos empregados


É avaliada a proteção social que a empresa dá aos seus empregados mediante a adoção dos
direitos de proteção do trabalhador, dos direitos trabalhistas, da manutenção da sua privacidade
pessoal e liberdade de expressão, e garantia de tratamento imparcial.

g) Gestão do crescimento e desenvolvimento dos empregados


Nesse ponto é avaliada a capacidade da empresa de gerenciar o crescimento e
desenvolvimento dos empregados, e a capacidade de proporcionar-lhes segurança no
emprego.

3.5.5 Responsabilidade social externa

No âmbito externo abrange as relações com os vários atores sociais. Em uma dimensão com
fornecedores e cliente - com os quais fortalece laços de parceria e solidifica a fidelização - e através
de práticas de qualidade, sinceridade e confiabilidade. Em outra esfera - com o poder público e a
comunidade em geral - pela realização de ações de respeito e preservação do meio ambiente, e pela
prática da filantropia e de projetos sociais planejados e monitorados, buscando preencher as diversas
rupturas, encontradas no tecido social ao seu redor.
Melo Neto e Fróes22 destacam áreas de avaliação do exercício da responsabilidade social externa,
como segue:
a) Tipo e natureza da relação
Se direta, através de projetos sociais próprios, ou indireta, por meio de doações e
apoios.

22
MELO NETO, Francisco P. e FRÓES, César. Gestão da responsabilidade social corporativa - o caso brasileiro. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 2001, p. 123-124.
UM MAR DE CONHECIMENTO

54
b) Foco da relação
Se está centrada em problemas sociais prioritários, ou se está centrada em problemas
sociais secundários.

c) Alvo das ações


Se focalizado e direcionado para comunidades e populações-alvo, ou se disperso para
diversas comunidades e segmentos populacionais.

d) Natureza das ações


Se são ações de inserção ou de fomento ao desenvolvimento social ou de voluntariado.

e) Escopo da relação
Se restrita a um único órgão ou entidade, ou se mais ampla, envolvendo diversos
parceiros.

f) Impacto das ações


Se contribui para a melhoria da qualidade de vida da população ou se, além disso,
também contribui para o desenvolvimento sustentável da comunidade local ou regional.
Em resumo, a responsabilidade social interna e externa deve ser equilibrada, focando o público
interno e a comunidade, uma vez que, atendidas as necessidades dos colaboradores, esse estarão
muito mais desprendidos e prontos a aceitar desafios, e também contribuir para as ações de cidadania
empresarial em que a empresa for parte, além dos limites de seus muros.

UM MAR DE CONHECIMENTO

55
Figura 6: RESPONSABILIDADE SOCIAL INTERNA E EXTERNA

RESPONSABILIDADE RESPONSABILIDADE
SOCIAL INTERNA SOCIAL EXTERNA

Público interno
Foco  (empregados e seus Comunidade
dependentes)

Educação Educação
Áreas de atuação  Salários e benefícios Saúde
Assistência médica, social e Assistência social
odontológica
Ecologia

Programas de RH Doações
Instrumentos  Planos de previdência Programas de voluntariado
complementar
Parcerias
Programas e projetos sociais

Retorno social propriamente


dito
Tipos de retorno  Retorno de produtividade
Retorno de imagem
Retorno para os acionistas
Retorno publicitário
Retorno para os acionistas
Fonte: MELO NETO e Fróes, 2002:8

UM MAR DE CONHECIMENTO

56
3.5.6 Balanço Social

“O balanço é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa reunindo um conjunto de


informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores,
analistas de mercado, acionistas e à comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e
multiplicar o exercício da responsabilidade social corporativa.
No balanço social a empresa mostra o que faz por seus profissionais, dependentes, colaboradores e
comunidade, dando transparência às atividades que buscam melhorar a qualidade de vida para todos.
“Sua função principal é tornar pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores
vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente.”
(www.balancosocial.org.br/ibase.html)

Figura8 : INDICADORES ETHOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL23


. Compromissos Éticos
Valores, Auto-Regulação da Conduta . Enraizamento na Cultura Organizacional

Transparência e . Governança Corporativa

Governança Relações Transparentes com . Diálogo com as Partes Interessadas


(stakeholders)
a Sociedade
. Relações com a Concorrência
. Balanço Social
. Relações com Sindicatos
Público Interno Diálogo e Participação . Gestão Participativa
. Compromisso com o Futuro das Crianças

Respeito ao Indivíduo . Valorização da Diversidade


. Relações com Trabalhadores Terceirizados
. Política de Remuneração, Benefícios e Carreira
. Cuidados com Saúde, Segurança e Condições
Trabalho Decente de Trabalho

23
INDICADORES ETHOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL. Instituto Ethos de Empresas e
Responsabilidade Social, disponível em www.ethos.org.br, acesso em 29 mai. 2006
UM MAR DE CONHECIMENTO

57
. Compromisso com o Desenvolvimento
Profissional e a Empregabilidade
. Comportamento Frente a Demissões
. Preparação para Aposentadoria
. Comprometimento da Empresa com a Causa
Ambiental
Meio Ambiente Responsabilidade Frente às
Gerações Futuras . Educação e Conscientização Ambiental
. Sustentabilidade da Economia Florestal

Gerenciamento do Impacto . Gerenciamento do Impacto no Meio Ambiente e


do Ciclo de Vida de Produtos e Serviços
Ambiental
. Minimização de Entradas e Saídas de Materiais
. Critérios de Seleção e Avaliação de
Fornecedores
Fornecedores Seleção e Parceria com
Fornecedores . Trabalho Infantil na Cadeia Produtiva
. Trabalho Forçado (ou análogo ao escravo) na
Cadeia Produtiva
. Apoio ao Desenvolvimento de Fornecedores
. Política de Comunicação Comercial
Consumidores Dimensão Social do . Excelência no Atendimento
Consumo . Conhecimento e Gerenciamento dos Danos
e Clientes
Potenciais de Produtos e Serviços
.Gerenciamento do Impacto da Empresa na
Comunidade de Entorno
Comunidade Relações com a Comunidade
Local . Relações com Organizações Locais
. Financiamento da Ação Social
. Envolvimento da Empresa com a Ação Social
Ação Social
. Contribuições para Campanhas Políticas
Governo Transparência Política . Práticas Anti-Corrupção e Propina

e Sociedade . Construção da Cidadania pelas Empresas

Liderança Social . Liderança e Influência Social


. Participação em Projetos Sociais
Governamentais.

UM MAR DE CONHECIMENTO

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Obs: Atualmente o INSTITUTO ETHOS dispõe de indicadores setoriais para os setores Financeiro,
Mineração, Papel e Celulose, Construção Civil, Transporte de Passageiros Terrestres, Petróleo e Gás,
Panificação, Restaurante e Bar, e Varejo.

3.6 Vetores da Responsabilidade Social


Os vetores da responsabilidade social representam a adoção, o crescimento e o direcionamento das
ações sociais adotadas pelas empresas. Disso derivam o seu reconhecimento, crescimento e melhoria
constante do seu desempenho e da sua imagem.

3.6.1 Reconhecimento da empresa socialmente responsável

A cidadania empresarial é um reflexo da responsabilidade social, e é exercida interna e externamente.


Atualmente essa cidadania pode ser atestada, ou certificada, mediante o reconhecimento por
autoridades e organismos que se incumbem de fomentar e acompanhar a prática da responsabilidade
social pelas empresas.

Alguns deles são:


Câmaras Municipais brasileiras
Emitem o Selo da Cidadania, como por exemplo a Câmara Municipal de Porto Alegre. Atualmente,
também os Municípios, podem pleitear junto à organização Greenpeace, o Selo Cidade Amiga da
Amazônia.

Fundação ABRINQ
Que emite o Selo Amigo da Criança, para a empresa que comprovar que em todo o processamento do
seu produto não houve a participação de trabalho infantil.

UM MAR DE CONHECIMENTO

59
Instituto ETHOS
Realiza a avaliação das empresas a partir da reposta ao seu questionário, atendendo aos Indicadores
Ethos de Responsabilidade Social Empresarial.

IBASE- Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada


Que emite o Selo Balanço Social Ibase/Betinho, para as empresas que publicam o Balanço Social,
atendendo aos seus indicadores.

BS 8800
De origem inglesa, refere-se à garantia das condições adequadas de segurança e saúde para os
empregados. Como alguns dos requisitos podemos citar a definição de políticas, implementação e
operação, verificação e ação corretiva, e análise crítica.

ISO 14000
Estabelece o sistema de gestão ambiental da empresa, através da prevenção de processos de
contaminações ou outros danos que possam comprometer o meio ambiente.

ISO 18000
Estabelece normas para segurança e saúde do trabalhador.

SA 8000
De origem norte-americana, especifica requisitos de responsabilidade social, tais como trabalho
infantil, trabalho forçado, saúde e segurança, liberdade de associação & direito à negociação coletiva,
discriminação, dentre outros.

Selo VERDE
Certificação emitida por várias entidades independentes, tem como origem o FSC-Forest Stewardship
Council (Concelho de Manejo florestal), cuja exigência é de que a operação florestal em determinada
área seja feita de modo ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável.

UM MAR DE CONHECIMENTO

60
3.6.2 Desempenho empresarial

A prática da responsabilidade social através de ações sociais responsáveis, contribui para o


engrandecimento de uma imagem positiva da empresa, e para o seu bom desempenho nos negócios.
O Marketing Social já desponta como um segmento que se destina a divulgar ações de cidadania
empresarial, a promover sua marca e produtos através de doações, a patrocinar eventos, e por conta
disso, também, arregimentar parceiros e voluntários. A imagem da empresa, reforçada pelas suas
práticas interna e externamente exercidas, dá maior visibilidade a seus produtos e serviços, e ganha
destaque na preferência dos consumidores.
Na visão de Melo Neto e Fróes24, o marketing das campanhas sociais tem a seguintes características:
- um forte apelo emocional;
- contribui para um movimento sério, que rapidamente obtém a adesão de empresas, governo e
sociedade civil;
- geralmente conta com o apoio da mídia, em especial da televisão;
- assegura grande retorno publicitário para as empresas que participam das campanhas;
- valoriza o produto, cuja embalagem adquire mais “valor” para o consumidor;
- dá mais visibilidade ao produto nas prateleiras, e assim, alavanca suas vendas no ponto da venda;
- mobiliza os próprios funcionários, servindo como um poderoso instrumento de endomarketing;
- constrói uma imagem simpática da empresa para o consumidor;
- além disso, a empresa participante da campanha estreita seus laços institucionais com o governo e
ganha mais visibilidade, confiabilidade, publicidade e admiração do público em geral.
Por oportuno, convém lembrar que integrantes de segmentos populacionais, hoje assistidos pelos
programas de responsabilidade social oferecidos pelas empresas, fidelizam-se à sua marca e no
futuro, vencidas as adversidades, se constituirão, também, em seus fiéis consumidores ou usuários.

24
MELO NETO, Francisco P. e FRÓES, César. Responsabilidade social & cidadania empresarial - a administração do
terceiro setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001, p. 160

UM MAR DE CONHECIMENTO

61
Além dos resultados de ações de responsabilidade social sobre os stakeholders, há de se considerar os
efeitos institucionais externos, observados a partir das mudanças que poderão advir dessas ações.
Uma postura responsável e pró-ativa, em prol de determinadas causas, pode ter uma forte influência
na mudança de políticas públicas ou até mesmo na legislação,
Sob o prisma da questão ambiental, em particular, Motta25 chama a atenção para o fato de que
governos, empresas e instituições comunitárias imporão condições de natureza ecológica sobre suas
próprias transações. No futuro, a própria comunidade não deixará as empresas tão livres para tomar
decisões sobre produtos, qualidade e competição: seus impactos ambientais sempre serão
questionados. O meio ambiente envolve o coletivo e desperta a comunidade para participar.
Aumentando-se a consciência sobre a relação da criação da riqueza com os danos ao meio ambiente,
as empresas mais atentas ao tema levantarão vantagens estratégicas.
Pinto26 coloca-nos à reflexão que “uma presença vigorosa no campo da gestão cidadã retrata o
sentido de missão de uma corporação”. Fala-nos ainda, do sentido estratégico da cidadania
corporativa, e também da sustentabilidade estratégica, que é a “capacidade de se contar com fluxos
de caixa auto-sustentados e inseridos num processo transparente e nítido de alavancagem social.”

25
MOTTA, Paulo R. Transformação organizacional - a teoria e a prática de inovar. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001, p.
25-56.
26
PINTO, Luiz Fernando da Silva. O homem, o arco e a flecha: em direção à teoria geral da estratégia. Rio de Janeiro:
FGV, 2006, 4ª ed., p. 225-226.
UM MAR DE CONHECIMENTO

62
O autor ilustra a sustentabilidade estratégica, com os indicadores apresentados na figura a seguir:

UM MAR DE CONHECIMENTO

63
3.6.3 Os vetores da responsabilidade social

Segundo Mello Neto e Fróes27 a empresa socialmente responsável atua em três vetores éticos:
- o vetor da adoção dos valores éticos;
- o vetor da difusão dos valores éticos;
- o vetor da transferência dos valores éticos.

Na adoção, a empresa inicia a mudança em favor de uma cultura empresarial voltada para o exercício
da responsabilidade social. Ela simplesmente cumpre com suas obrigações éticas, morais, culturais,
econômicas e sociais junto a seus diversos públicos.
Na difusão, a empresa, com uma cultura interna de responsabilidade social, desenvolve ações sociais
sob a forma de projetos sociais e ações comunitárias.
Mas é na transferência de valores éticos que a empresa exerce a responsabilidade social em sua
plenitude. Ao fazê-lo, ela alcança a excelência na gestão da responsabilidade social. Seus projetos e
ações tornam-se sustentáveis e os resultados obtidos asseguram uma melhoria da qualidade de vida
no trabalho e na comunidade.

27
MELO NETO, Francisco P. e FRÓES, César. Gestão da responsabilidade social corporativa - o caso brasileiro. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 2001, p. 132-133.

UM MAR DE CONHECIMENTO

64
Figura 10: VETORES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Vetor da ADOÇÃO dos valores éticos (1)

Vetor da TRANSFERÊNCIA Vetor da DIFUSÃO


dos valores éticos (3) dos valores éticos (2)

Fonte: MELO NETO e FRÓES, 2002: 134

UM MAR DE CONHECIMENTO

65
3.7. Código de Ética da Petrobrás

Palavra do Presidente
Princípios Éticos do Sistema Petrobras
Compromissos de Conduta do Sistema Petrobras

1. No exercício da Governança Corporativa, o Sistema Petrobras compromete-se a:


2. Na relação com seus Empregados, o Sistema Petrobras compromete-se a:
3. Nas relações com o Sistema Petrobras, os seus Empregados comprometem-se a:
4. Nas relações com Fornecedores, Prestadores de Serviços e Estagiários, o Sistema Petrobras
compromete-se a:
5. Nas relações com Clientes e Consumidores, o Sistema Petrobras compromete-se a:
6. Nas relações com o Meio Ambiente, e como demonstração de sua responsabilidade frente às
gerações atuais e futuras, o Sistema Petrobras compromete-se a:
7. Nas relações com as Comunidades, o Sistema Petrobras compromete-se a:
8. Nas relações com a Sociedade, o Governo e o Estado, o Sistema Petrobras compromete-se a:

O Sistema Petrobras vem a público apresentar seu Código de Ética. A presente versão é resultado de
uma ampla revisão, realizada num processo participativo e representativo, que envolveu empregados
e empregadas das diversas Unidades do Sistema em seminários de formação e em participações por
meio eletrônico.
O objetivo deste Código de Ética é definir com clareza os princípios éticos que norteiam as ações do
Sistema Petrobras e os compromissos de conduta do Sistema, tanto da parte institucional como da
parte dos seus empregados e empregadas, explicitando o sentido ético de sua Missão, Visão e Plano
Estratégico.
Expressando a busca de coerência entre o discurso e a prática, este Código de Ética apresenta-se
também como um compromisso público do Sistema Petrobras de fazer valer estes princípios em
práticas concretas cotidianas.
Assim sendo, o Sistema Petrobras posiciona-se ao lado das melhores práticas de empresas do setor no
mercado internacional, que se empenham pelo desenvolvimento sustentável e comprometem-se em
fazer dos empreendimentos econômicos iniciativas que também promovam o desenvolvimento
UM MAR DE CONHECIMENTO

66
ambiental, social, cultural e ético das sociedades. Este compromisso ético levou a Petrobras a
conquistar, em setembro de 2006, o direito de compor o Índice Mundial Dow Jones de
Sustentabilidade, usado como parâmetro para análise dos investidores sócio e ambientalmente
responsáveis. Nesse mesmo sentido, pode ser considerado também uma continuidade da adesão que,
em outubro de 2003, a Petrobras fez com relação aos Princípios do Pacto Global da ONU.
Estou certo de que a apresentação pública deste Código de Ética e seu cumprimento contribuirão para
fortalecer uma nova cultura empresarial, voltada para o desenvolvimento sustentável, com
responsabilidade social e ambiental, no Brasil e nos países onde o Sistema Petrobras atua.

José Sergio Gabrielli de Azevedo


Presidente da Petrobras

Princípios Éticos do Sistema Petrobras


I- O respeito à vida e a todos os seres humanos, a integridade, a verdade, a honestidade, a justiça,
a eqüidade, a lealdade institucional, a responsabilidade, o zelo, o mérito, a transparência, a
legalidade, a impessoalidade, a coerência entre o discurso e a prática, são os princípios éticos
que norteiam as ações do Sistema Petrobras.
II- O respeito à vida em todas as suas formas, manifestações e situações é o principio ético
fundamental e norteia o cuidado com a qualidade de vida, a saúde, o meio ambiente e a
segurança no Sistema Petrobras.
III- A honestidade, a integridade, a justiça, a eqüidade, a verdade, a coerência entre o discurso e a
prática referenciam as relações do Sistema Petrobras com pessoas e instituições, e se
manifestam no respeito às diferenças e diversidades de condição étnica, religiosa, social,
cultural, lingüística, política, estética, etária, física, mental e psíquica, de gênero, de orientação
sexual e outras.
IV- A lealdade ao Sistema Petrobras se manifesta como responsabilidade, zelo e disciplina no
trabalho e no trato com todos os seres humanos, e com os bens materiais e imateriais do
Sistema, no cumprimento da sua Missão, Visão e Valores, em condutas compatíveis com a
efetivação de sua Estratégia Corporativa, com espírito empreendedor e comprometido com a
superação de desafios.

UM MAR DE CONHECIMENTO

67
V- A transparência se manifesta como respeito ao interesse público e de todas as partes
interessadas e se realiza de modo compatível com os direitos de privacidade pessoal e com a
Política de Segurança da Informação do Sistema Petrobras.
VI- O mérito é o critério decisivo para todas as formas de reconhecimento, recompensa, avaliação e
investimento em pessoas, sendo o favorecimento e o nepotismo inaceitáveis no Sistema
Petrobras.
VII- A legalidade e a impessoalidade são princípios constitucionais que preservam a ordem jurídica
e determinam a distinção entre interesses pessoais e profissionais na conduta dos membros dos
Conselhos de Administração, dos Conselhos Fiscais e das Diretorias Executivas e dos
empregados do Sistema Petrobras.
VIII- O Sistema Petrobras compromete-se com o respeito e a valorização das pessoas em sua
diversidade e dignidade, em relações de trabalho justas, numa ambiência saudável, com
confiança mútua, cooperação e solidariedade.
IX- O Sistema Petrobras desenvolve as atividades de seu negócio reconhecendo e valorizando os
interesses e direitos de todas as partes interessadas.
X- O Sistema Petrobras atua proativamente em busca de níveis crescentes de competitividade,
excelência e rentabilidade, com responsabilidade social e ambiental, contribuindo para o
desenvolvimento sustentável do Brasil e dos países onde atua.
XI- O Sistema Petrobras busca a excelência em qualidade, segurança, meio ambiente, saúde e
recursos humanos, e para isso promove a educação, capacitação e comprometimento dos
empregados, envolvendo as partes interessadas.
XII- O Sistema Petrobras reconhece e respeita as particularidades legais, sociais e culturais dos
diversos ambientes, regiões e países em que atua, adotando sempre o critério de máxima
realização dos direitos, cumprimento da lei, das normas e dos procedimentos internos.

Compromissos de Conduta do Sistema Petrobras


1 - No exercício da Governança Corporativa, o Sistema Petrobras
compromete-se a:
1.1 buscar o equilíbrio do poder entre a Alta Administração (Conselhos de Administração e
Diretorias Executivas) e a participação dos acionistas, inclusive os minoritários, tendo em vista a
UM MAR DE CONHECIMENTO

68
compatibilização dos objetivos estratégicos do Sistema com os interesses e direitos de todas as
partes interessadas;
1.2 conduzir seus negócios com transparência e integridade, cultivando a credibilidade junto a seus
acionistas, investidores, empregados, fornecedores, clientes, consumidores, poder público,
imprensa, comunidades onde atua e sociedade em geral, buscando alcançar crescimento e
rentabilidade com responsabilidade social e ambiental;
1.3 estimular todas as partes interessadas, internas e externas, a disseminarem os princípios éticos e
os compromissos de conduta expressos neste Código de Ética;
1.4 manter uma relação com seus concorrentes fundada nos princípios da honestidade e respeito,
adotando regras explícitas e declaradas sobre seus procedimentos de concorrência;
1.5 promover negociações honestas e justas, sem auferir vantagens indevidas por meio de
manipulação, uso de informação privilegiada e outros artifícios dessa natureza;
1.6 registrar seus relatórios e balanços de modo correto, consistente, exato e completo, sem
ambigüidade de informações e disponibilizar seus livros com inteira transparência às auditorias
interna e externa e aos órgãos públicos competentes;
1.7 produzir Balanço Social e Ambiental anual com ampla participação interna, explicitando suas
ações de promoção e desenvolvimento ambiental, social e cultural, assim como as
conseqüências e impactos ambientais, sociais e culturais de suas atividades;
1.8 realizar uma comunicação transparente, verdadeira e correta, facilmente compreensível e
acessível a todos os interessados, e uma publicidade fundada nos princípios estabelecidos neste
Código de Ética;
1.9 manter Ouvidorias como canais formais, entre outros, para recepção, encaminhamento e
processamento de opiniões, sugestões, reclamações, críticas e denúncias sobre transgressões
éticas, provenientes dos diversos públicos de relacionamento do Sistema, respeitando-se a
legislação dos países onde atua;
1.10 cumprir e promover o cumprimento deste Código de Ética mediante dispositivos de gestão e
monitoramento, em âmbito corporativo e local, divulgando-o permanentemente, com disposição
a esclarecimento de dúvidas e acolhimento de sugestões, e submeter este Código e suas práticas
a processos de avaliação periódica.

UM MAR DE CONHECIMENTO

69
2 - Na relação com seus Empregados, o Sistema Petrobras
compromete-se a:

2.1 promover condições de trabalho que propiciem o equilíbrio entre a vida profissional, pessoal e
familiar de todos os empregados;
2.2 garantir segurança e saúde no trabalho, disponibilizando para isso todas as condições e
equipamentos necessários;
2.3 disponibilizar canais formais de escuta para acolher e processar suas sugestões, visando melhorias
dos processos internos de gestão;
2.4 assegurar a disponibilidade e transparência das informações que afetam os seus empregados,
preservando os direitos de privacidade no manejo de informações médicas, funcionais e pessoais
a eles pertinentes;
2.5 reconhecer o direito de livre associação de seus empregados, respeitar e valorizar sua participação
em sindicatos e não praticar qualquer tipo de discriminação negativa com relação a seus
empregados sindicalizados;
2.6 buscar a permanente conciliação de interesses e realização de direitos, por meio de canais
institucionais de negociação, no seu relacionamento com as entidades sindicais representativas
dos empregados;
2.7 assegurar o direito de recusa de seus empregados, aceitando a suspensão de suas atividades, após
terem tomado as medidas corretivas e comunicado o fato imediatamente ao seu superior
hierárquico, caso haja situação de risco grave e iminente à vida ou à integridade física sua e/ou
de seus colegas de trabalho;
2.8 respeitar e promover a diversidade e combater todas as formas de preconceito e discriminação,
por meio de política transparente de admissão, treinamento, promoção na carreira, ascensão a
cargos e demissão. Nenhum empregado ou potencial empregado receberá tratamento
discriminatório em conseqüência de sua raça, cor de pele, origem étnica, nacionalidade, posição
social, idade, religião, gênero, orientação sexual, estética pessoal, condição física, mental ou
psíquica, estado civil, opinião, convicção política, ou qualquer outro fator de diferenciação
individual;
2.9 promover a igualdade de oportunidades para todos os empregados, em todas as políticas, práticas
e procedimentos, usar como critério exclusivo de ascensão profissional o mérito individual
pautado pela aferição de desempenho, e garantir seu direito de conhecer e estar representado na
elaboração dos critérios de avaliação e progressão funcional;
UM MAR DE CONHECIMENTO

70
2.10 desenvolver uma cultura empresarial que valoriza o intercâmbio e a disseminação de
conhecimentos, promover a capacitação contínua dos seus empregados e evitar demissões,
sempre que possível, buscando alternativas de recapacitação técnico científica e recolocação em
área que se apresente mais adequada à situação de seus empregados, em qualquer nível
hierárquico;
2.11 prover garantias institucionais e proteger a confidencialidade de todos os envolvidos em denúncias
éticas, visando preservar direitos e proteger a neutralidade das decisões;
2.12 preparar seus empregados para a aposentadoria, como forma de investir no prosseguimento de sua
qualidade de vida, desenvolvendo atividades sistemáticas de orientação e aconselhamento,
envolvendo familiares na discussão dos aspectos psicológicos e de planejamento financeiro, e
promovendo a disseminação interna do conhecimento para preservar a memória do Sistema.

3 - Nas relações com o Sistema Petrobras, os seus Empregados


comprometem-se a:

3.1 cumprir com o máximo empenho, qualidade técnica e assiduidade as obrigações de seu contrato
de trabalho, aproveitar as oportunidades de capacitação permanente, avaliar-se sistematicamente
e aprender com os erros seus ou de outrem;
3.2 agir de forma honesta, justa, digna, cortês, com disponibilidade e atenção a todas as pessoas com
as quais se relacionam, internamente e externamente, respeitando quaisquer diferenças
individuais;
3.3 utilizar adequadamente os canais internos para manifestar opiniões, sugestões, reclamações,
críticas e denúncias, engajando-se na melhoria contínua dos processos e procedimentos do
Sistema;
3.4 não se envolver em qualquer atividade que seja conflitante com os interesses do Sistema
Petrobras e comunicar aos superiores hierárquicos ou às Ouvidorias qualquer situação que
configure aparente ou potencial conflito de interesses;
3.5 respeitar o sigilo profissional, exceto quando autorizado ou exigido por lei, preservar os interesses
do Sistema sempre que se manifestarem, em ambiente público ou privado, e zelar para que todos
o façam;

UM MAR DE CONHECIMENTO

71
3.6 guardar sigilo das informações estratégicas e das relativas a atos ou fatos relevantes ainda não
divulgados ao mercado, às quais tenham tido acesso, bem como zelar para que outros também o
façam, exceto quando autorizados ou exigido por lei;
3.7 assegurar o uso adequado do patrimônio material e imaterial do Sistema Petrobras, atendendo ao
seu legítimo propósito, inclusive para preservar a imagem e reputação das empresas que o
compõem e não utilizá-lo para obter qualquer tipo de vantagem pessoal;
3.8 não obter vantagens indevidas decorrentes de função ou cargo que ocupam nas empresas do
Sistema Petrobras;
3.9 não praticar nem se submeter a atos de preconceito, discriminação, ameaça, chantagem, falso
testemunho, assédio moral, assédio sexual ou qualquer outro ato contrário aos princípios e
compromissos deste Código de Ética, e denunciar imediatamente os transgressores;
3.10 respeitar a propriedade intelectual e reconhecer os méritos relativos aos trabalhos desenvolvidos
por colegas, independentemente de sua posição hierárquica;
3.11 zelar, no exercício do direito de greve, pela defesa da vida, pela integridade física e segurança
das pessoas e instalações e pela preservação do meio ambiente;
3.12 não exigir, nem insinuar, nem aceitar, nem oferecer qualquer tipo de favor, vantagem, benefício,
doação, gratificação, para si ou para qualquer outra pessoa, como contrapartida a suas atividades
profissionais, podendo aceitar ou oferecer brindes apenas promocionais, públicos, não
exclusivos, sem valor comercial, nos seus relacionamentos com público externo ao Sistema;
3.13 cultivar uma aparência pessoal e vestuário compatíveis com o ambiente institucional e cultural
em que atuam.

4 - Nas relações com Fornecedores, Prestadores de Serviços e


Estagiários, o Sistema Petrobras compromete-se a:
4.1 disponibilizar para os empregados de empresas prestadoras de serviços e para os estagiários do
Sistema Petrobras, quando em atividade em suas instalações, as mesmas condições saudáveis e
seguras no trabalho oferecidas aos seus empregados, reservando-se o direito de gestão do
conhecimento e de segurança da informação do Sistema;
4.2 requerer das empresas prestadoras de serviços que seus empregados respeitem os princípios
éticos e os compromissos de conduta definidos neste Código, enquanto perdurarem os contratos
com as empresas do Sistema;

UM MAR DE CONHECIMENTO

72
4.3 selecionar e contratar fornecedores e prestadores de serviços baseando-se em critérios
estritamente legais e técnicos de qualidade, custo e pontualidade, e exigir um perfil ético em suas
práticas de gestão e de responsabilidade social e ambiental, recusando práticas de concorrência
desleal, trabalho infantil, trabalho forçado ou compulsório, e outras práticas contrárias aos
princípios deste Código, inclusive na cadeia produtiva de tais fornecedores;
4.4 exigir dos estagiários que respeitem os princípios éticos e os compromissos de conduta definidos
neste Código, enquanto perdurarem seus contratos com as empresas do Sistema.

5 - Nas relações com Clientes e Consumidores, o Sistema Petrobras


compromete-se a:

5.1 oferecer produtos e serviços de qualidade, com tecnologia avançada, num padrão de atendimento
transparente, eficiente, eficaz, cortês e respeitoso, visando à plena satisfação dos seus clientes e
consumidores, para a manutenção de relacionamentos duradouros;
5.2 reparar possíveis perdas ou prejuízos decorrentes de danos causados sob sua responsabilidade aos
seus consumidores e clientes, com a máxima agilidade, em prazos exeqüíveis.
11
6 - Nas relações com o Meio Ambiente, e como demonstração de sua
responsabilidade frente às gerações atuais e futuras, o Sistema
Petrobras compromete-se a:
6.1 conduzir seus negócios e atividades com responsabilidade social e ambiental, contribuindo para o
desenvolvimento sustentável;
6.2 manter padrões de excelência em meio ambiente, a fim de garantir produtos e serviços adequados
às expectativas de seus clientes e à legislação ambiental, no Brasil e nos países onde atua;
6.3 contribuir para a preservação e a recuperação da biodiversidade, por meio da gestão dos impactos
potenciais de suas atividades e projetos de proteção a áreas e a espécies ameaçadas;
6.4 definir de modo claro suas políticas e programas de patrocínio ambiental, com dotação
orçamentária e com dispositivos de gestão que assegurem transparência e participação na sua
execução;

UM MAR DE CONHECIMENTO

73
6.5 desenvolver programas visando maximizar sua eficiência energética, e o uso de energias
renováveis, compatibilizando os interesses do Sistema e o desenvolvimento sustentável dos
países em que atua;
6.6 investir na sustentabilidade de seus projetos, produtos e serviços, maximizando seus benefícios,
nas dimensões econômica, social, ambiental e minimizando seus impactos adversos e monitorar
todo o ciclo de vida das suas instalações, operações e produtos;
6.7 promover o uso sustentável de água, petróleo, gás natural e energia; a redução do consumo; a
reciclagem de materiais; a redução da geração de resíduos sólidos e da emissão de gases
poluentes;
6.8 manter um sistema de gestão ambiental, para melhoria contínua dos seus processos, incluindo a
cadeia produtiva e promover ações internas e externas de conscientização ambiental;
6.9 identificar, avaliar e administrar seus passivos ambientais atuando preventivamente e
corretivamente na solução dos problemas que os causaram;
6.10 comunicar prontamente a seus consumidores, clientes, comunidade e sociedade acerca de
eventuais danos ambientais, caso ocorram acidentes;
6.11 fornecer a seus consumidores, clientes, comunidade e sociedade informações sobre eventuais
danos ambientais resultantes do mau uso e sobre a destinação final de seus produtos.

7 - Nas relações com as Comunidades, o Sistema Petrobras


compromete-se a:
7.1 manter canais permanentes de comunicação e diálogo com as comunidades onde atua, com o
objetivo de prevenir, monitorar, avaliar e controlar os impactos de suas atividades;
7.2 participar da elaboração e implantação de projetos em conjunto com entidades locais, mantendo
grupos de trabalho com a participação de integrantes da comunidade, cultivando parcerias de
longo prazo, capacitando lideranças, considerando as suas demandas e expectativas, e
respeitando suas diversidades;
7.3 adotar um processo transparente e democrático de patrocínio, por meio de seleção pública de
projetos sociais, ambientais e culturais;

UM MAR DE CONHECIMENTO

74
7.4 promover iniciativas de voluntariado de seus empregados, com o objetivo de mobilizar e
potencializar seus recursos e competências de forma integrada e sistêmica, em benefício das
comunidades em que atua;
7.5 reparar possíveis perdas ou prejuízos decorrentes de danos causados sob sua responsabilidade às
pessoas ou comunidades afetadas, com a máxima agilidade.

8 - Nas relações com a Sociedade, o Governo e o Estado, o Sistema


Petrobras compromete-se a:

8.1 atuar de modo a contribuir decisivamente para o desenvolvimento econômico, tecnológico,


ambiental, social, político e cultural do Brasil e dos países onde atua;
8.2 exercer influência social, em todos os meios, como parte do exercício de sua responsabilidade
econômica, ambiental, social, política e cultural para com o Brasil e os países em que atua;
8.3 contribuir com o poder público na elaboração e execução de políticas públicas gerais e de
programas e projetos específicos comprometidos com o desenvolvimento sustentável;
8.4 valorizar o envolvimento e o comprometimento dos seus empregados, em debates e elaboração de
propostas, tendo em vista a viabilização e fortalecimento de projetos de caráter social, em ações
articuladas com órgãos públicos e privados, governamentais e não-governamentais;
8.5 estimular a conscientização social e o exercício da cidadania ativa por parte de todos os seus
empregados, por meio de seu exemplo institucional e pelo desenvolvimento de programas de
educação para a cidadania;
8.6 estimular e patrocinar projetos de desenvolvimento de pesquisas e tecnologia para o
desenvolvimento sustentável, interagindo ativamente com a comunidade acadêmica e científica;
8.7 interagir em parceria com instituições de ensino, para a melhoria da qualificação da mão-de-obra
no setor de petróleo, gás natural e energia;
8.8 recusar quaisquer práticas de corrupção e propina, mantendo procedimentos formais de controle e
de conseqüências sobre eventuais transgressões;
8.9 recusar apoio e contribuições para partidos políticos ou campanhas políticas de candidatos a
cargos eletivos;
8.10 acatar e contribuir com fiscalizações e controles do poder público.
UM MAR DE CONHECIMENTO

75
Disposições Complementares
I - O presente Código de Ética abrange os membros dos Conselhos de Administração, dos Conselhos Fiscais, das
Diretorias Executivas, os ocupantes de funções gerenciais, os empregados, os estagiários e os prestadores de serviços
do Sistema Petrobras, constituindo compromisso individual e coletivo de todos e de cada um deles cumpri-lo e
promover seu cumprimento, em todas as ações da cadeia produtiva do Sistema Petrobras e nas suas relações com
todas as partes interessadas.
II - Os empregados do Sistema Petrobras tomarão conhecimento formal deste Código, que será amplamente divulgado,
por meio impresso e eletrônico.
III - O descumprimento dos princípios e compromissos expressos neste Código poderá implicar na adoção de medidas
disciplinares, segundo as normas das empresas que compõem o Sistema Petrobras.
IV - O Sistema Petrobras submeterá este Código de Ética a revisões periódicas, com transparência e participação das
partes interessadas.
V - As Ouvidorias ou instâncias eventualmente responsáveis pelo processamento de denúncias de transgressões éticas,
preservarão o anonimato do denunciante, de modo a evitar retaliações contra o mesmo e lhe darão conhecimento das
medidas adotadas.

Para informações adicionais, visite na intranet


www.rh.petrobras.com.br/hotsites/codigo_de_etica
ou na internet www.petrobras.com.br.

3.8. Conclusão

Rui Barbosa, 1814:


“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes na mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a
rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
(Senado Fedreal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa, v. 41, t. 3, 1914, p. 86)

Constituição Federal de 1988, artigo 3º:


“Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
UM MAR DE CONHECIMENTO

76
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem , raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.”
Cristina Murashco: Assessora de Relações Empresariais do Instituto Ethos, 2003:
“Somos um.
O maior desafio de nossa época é mudar a nossa visão de mundo. É perceber que a interdependência
é uma lei - a lei de sobrevivência da terra, do meio ambiente, da sociedade, das organizações.
Somo um indivíduo, um grupo, uma comunidade, um planeta.
Somo um só”
(ao encerrar sua palestra no I Seminário do Circuito de Capacitação em Responsabilidade
Social - Sistema FIRJAN da Baixada Fluminense / RJ, em 24.06.2003)

Mahatma Gandhi:
“Só existem dois dias do ano em que não podemos fazer nada. O ontem e o amanhã”.

Jornal do Brasil, 19/12/2005, pág. A4:


“Para cada tonelada de papel reciclado, são preservadas seis árvores de dez anos.”

Albert Einstein (1879-1955), JB Ecológico, ano 5, No 70, nov/2007, p.11:


“Se a abelha desaparecer da superfície do planeta, então ao homem restariam apenas quatro anos de
vida. Com o fim das abelhas, acaba a polinização, acabam as plantas, acaba o homem.”

UM MAR DE CONHECIMENTO

77
3.9. Referências Bibliográficas

ARRUDA, Maria Cecília C., WHITAKER, Maria do Carmo & RAMOS, José Maria R.
Fundamentos de Ética Empresarial e Econômica. São Paulo: Atlas, 3ª ed., 2005
_________. Código de Ética. São Paulo: Negócio, 2002
ASHLEY, Patrícia A (coord.) et al. Ética e responsabilidade nos negócios. São Paulo: Saraiva,
2002.
BALANÇO SOCIAL. IBASE - Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada, disponível em
www.balancosocial.org.br, acesso em 10 abr. 2006.
BOHLANDER, George, SNELL, Scott e SHERMAN, Arthur. Administração de recursos humanos.
São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2003.
FARAH, Flávio. Ética na gestão de pessoas: uma visão prática. São Paulo: EL Edições
Inteligentes, 2004.
FERRELL, O. C., FRAECRICH, J., e FERRELL, L. Ética empresarial - dilemas, tomadas de
decisões e casos. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso, 2001.
HIRIGOYEN, Marie-France, Assédio moral - a violência perversa do cotidiano. Rio de Janeiro:
Betrand Brasil, 2002.
____________. .Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral. Rio de Janeiro: Betrand
Brasil, 2002.
MACEDO, Ivanildo I., RODRIGUES, Denize F., JOHANN, Maria Elizabeth P. & CUNHA,
Neisa M. M. Aspectos comportamentais da gestão de pessoas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 9ª
ed, 2007.
MELO NETO, Francisco P. e FRÓES, César. Gestão da responsabilidade social corporativa -
o caso brasileiro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
___________. Responsabilidade social & cidadania empresarial - a administração do terceiro
setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
MOTTA, Paulo R. Transformação organizacional - a teoria e a prática de inovar. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 2001.
PINTO, Luiz Fernando da Silva. Gestão-Cidadã: ações estratégicas para a participação social
no Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2003, 2ª ed.

UM MAR DE CONHECIMENTO

78
_______. O homem, o arco e a flecha: em direção à teoria geral da estratégia. Rio de Janeiro:
FGV, 2006, 4ª ed.
SROUR, Robert H. Ética empresarial - posturas responsáveis nos negócios, na política e nas
relações pessoais. Rio de Janeiro: Campus, 2ª ed., 2003.
________. Poder, cultura e ética nas organizações. Rio de Janeiro: Editora Campus, 12
reimpressão, 1998.
VÁSQUEZ, Adolfo S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 24ª ed., 2003, p. 12.
O QUE É ASSÉDIO MORAL. Disponível em www.assediomoral.org, acesso em 29 mai. 2006.
PACTO GLOBAL: liderança das empresas na economia mundial. Centro de informações das
nações unidas em Portugal, disponível em www.onuportugal.pt, acesso em 15 mai. 2006.

UM MAR DE CONHECIMENTO

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4. Material Complementar
Serão a seguir anexados 3 (três) textos e 5 (cinco) casos, que poderão ser utilizados e discutidos em
classe, ou servirem como referência à prova final da disciplina. São eles:

Texto 1: A ESCOLHA DE SOFIA.

Texto 2: O NAUFRÁGIO DO TITANIC –

Caso 1: O DILEMA DO DELATOR

Caso 2: O FUMO SOB FOGO -

Caso 3: O DESASTRE DO EXXON VALDEZ -

Case 4 : A CONFISSÃO DO GOLPISTA –

Case 5: LIDERANÇA OFFSHORE

UM MAR DE CONHECIMENTO

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Texto 1: A Escolha de Sofia28

O famoso romance “A Escolha de Sofia”, de William Styron, conta-nos que, na fila em direção à
câmara de gás do campo de concentração de Auschwitz, Sofia recebeu uma proposta de um guarda
alemão: se quisesse salvar a própria vida e a de um filho, tinha de deixar um dos dois filhos na fila!
Dilacerada diante de tão hediondo dilema, Sofia entregou Eva de oito anos e foi poupada com seu
filho Jan. Se tivesse exercido a ética das convicção, na sua vertente de princípio, Sofia recusaria a
oferta que lhe foi feita nos seguintes termos: “ou os três se salvam, ou morrem os três.” E por quê?
Porque vidas humanas não são negociáveis. Há como lhes definir um preço? Duas valendo mais do
que uma? A ética da convicção não tolera especulação alguma a este respeito.
Para muitos leitores, a opção de Sofia foi imoral. Outros a vêem como amoral, já que refém de uma
situação extrema, Sofia não tinha condições de fazer uma escolha. Vamos e convenhamos: Sofia fez,
sim, uma escolha - a de salvar a própria vida e a do filho. Em troca, entregou a filha. A morte
provocada numa deixa de ser uma escolha, haja vista os prisioneiros dos campos de concentração que
preferiram o suicídio à morte planejada que lhes era reservada. Sofia adotou a ética da
responsabilidade em sua vertente da finalidade: raciocinou que a salvação de duas vidas, em troca
de uma só, justificava a escola: fez um cálculo; pensou cometer um mal menor para evitar um mal
maior. Ademais, imaginou provável que outros milhares de irmãos de infortúnio seguiriam seu
caminho se a alternativa lhes fosse apresentada.
De fato, as “escolhas de Sofia” (situações extremas em que as opções implicam graves concessões
em troca de objetivos maiores) encontram respaldo coletivo a despeito do horror que suscitam.
Consumado o fato, porém, o remorso corroeu a Sofia do romance. Ela carregou sua angústia pela
vida afora e acabou matando-se com cianureto de potássio. Ao fim de ao cabo, no recôndito de sua
consciência, venceu a ética da convicção.

28
SROUR, Robert H. Ética empresarial - posturas responsáveis nos negócios, na política e nas relações pessoais. Rio de
Janeiro: Campus, 2ª ed., 2003, p. 56-57.
UM MAR DE CONHECIMENTO

81
Texto 2: O Naufrágio do Titanic29

O caso do naufrágio do TITANIC me 1912 permite-nos lançar um olhar sobre os dois critérios que
subjazem ao dilema dos destinatários: eficácia ou eqüidade? No essencial: máximo de bem, para o
menor número ou mínimo de bem para o maior número?
Dos 2287 passageiros e tripulantes que afundaram na viagem inaugural do maior e mais luxuoso
transatlântico da época, houve apenas 705 sobreviventes. Os 20 botes salva-vidas poderiam ter
acolhido, quando muito, 1300 pessoas, mas a tripulação não sabia manejar os botes e, apavorada com
a idéia de que rachariam, desceu muitos deles ao mar com 12 pessoas em vez das 65 possíveis.
Centenas de pessoas pularam nas águas geladas. Nenhum dos barcos - mesmo dentre os poucos
carregados - voltou paras socorrer quem quer que fosse.
Duas decisões tomadas merecem reflexão, ainda que sejam justificadas pela ética da
responsabilidade, na sua vertente da finalidade. A primeira foi feita pelos oficiais e diz respeito à
precedência das mulheres e das crianças, que estavam em menor número e que passaram na frente
por serem consideradas menos resistentes. Prevaleceu a eficácia e o respeito ao valor do
cavalheirismo. Mas a contabilidade das mortes desnudou uma face mais ignominiosa: apenas 3% das
mulheres e das crianças da primeira classe morreram, enquanto morreram 41% delas que pertenciam
à terceira classe. Mais ainda, no total, a divisão percentual de sobreviventes clarifica o privilégio
dado aos endinheirados: ⅔ da primeira classe contra ¼ da terceira chegaram a salvo.
Não só o menor número obteve o máximo de bem, mas os ricos foram amplamente beneficiados. A
discriminação entre as classes sociais (implícita nos compradores dos camarotes) varreu do mapa
qualquer resquício de eqüidade. Ou seja, levanta-se aqui uma indagação: qual é o menor número que
será beneficiado?
A segunda decisão nos remete ao fato de que os botes salva-vidas não tenham retornado para tentar
salvar aqueles que ficaram boiando nas águas geladas. Que riscos correriam? O de serem afundados
pelos homens tomados de pânico. Mais uma vez a eficácia prevaleceu em detrimento da eqüidade.
Eficácia que se escuda na racionalidade, sem dúvida, mas que pode servir a quem ocupa os cumes da
sociedade. Em situação extrema, os mais aquinhoados podem valer-se de seus trunfos e podem
reproduzir o apartheid social.

29
SROUR, Robert H. Ética empresarial - posturas responsáveis nos negócios, na política e nas relações pessoais. Rio de
Janeiro: Campus, 2ª ed., 2003, p. 115-116.
UM MAR DE CONHECIMENTO

82
Caso 1. O Dilema do Delator30

Luiz Silveira trabalha como gerente na PORTO ELÉTRICA S/A há 11 anos. Logo depois de ser
promovido a diretor da divisão de geradores elétricos, ele descobriu algo que mudou radicalmente
sua carreira gerencial. Enquanto eliminava arquivos velhos, ele encontrou um relatório feito sete anos
antes que documentava claramente algumas falhas de projeto no grande gerador elétrico industrial R-
1 da empresa. Embora essas falhas não apresentassem riscos à segurança, elas aumentavam
potencialmente os custos de construção, criando despesas extras para o comprador. Embora os
geradores provavelmente não quebrassem de imediato, os defeitos tornavam as unidades mais
suscetíveis a falha mecânica. Se os aparelhos quebrassem depois de expirado o período de garantia,
consertos onerosos teriam de ser pagos pela organização compradora. Os geradores R-1 eram
vendidos principalmente para empresa concessionárias de serviços públicos, então, os custos
excedentes de falhas mecânicas seriam, em última instância, repassados aos consumidores.
Silveira ficou realmente aborrecido com o relatório e decidiu mostrá-lo rapidamente a Roberto
Medeiros, vice-presidente de produção. A reunião foi breve e objetiva. Medeiros expressou surpresa
e espanto com o relatório, mas pareceu não desejar corrigir os problemas. Embora não negasse as
falhas no projeto, Medeiros explicou que o gerador R-1 era basicamente uma unidade bem desenhada
que oferecia um valor excelente aos compradores. Ele observou ainda que o sucesso da empresa
residia em grande parte nas vendas do gerador e admitir qualquer falha de projeto naquele momento
seria catastrófico para as vendas futuras. A exposição pública levaria a reclamações de grupos de
clientes e de autoridades fiscalizadoras do governo, enquanto ofereceria aos concorrentes
informações sobre defeitos do produto. Quando Silveira afirmou que a PORTO estava
essencialmente “roubando” as empresas-clientes e os consumidores, foi-lhe solicitado que se
acalmasse e esquecesse o relatório. Silveira respondeu que não acreditava que a PORTO arriscaria
sua reputação vendendo geradores com falhas de projeto potencialmente onerosas. Ele encerrou a
reunião dizendo que tinha entrado na empresa devido à sua honestidade e dedicação no
estabelecimento de relações responsáveis com os clientes, mas que agora tinha sérias dúvidas.
Silveira saiu furioso do escritório de Medeiros. Ao voltar para a divisão de geradores, ele pensou em
ligar para órgãos de fiscalização e utilidade pública para relatar as falhas de projeto. Ele reconhecia
claramente que o conhecimento público dos problemas afetaria as vendas do gerador R-1. Ele
também considerou as conseqüências de relatar as falhas de projeto, em sua carreira na PORTO
ELÉTRICA.

30
BOHLANDER, George, SNELL, Scotto e SHERMAN, Arthur, Administração de recursos humanos. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2003, pág. 393-394 (com adaptações)
UM MAR DE CONHECIMENTO

83
Perguntas:

1- Discuta todas as possíveis conseqüências de relatar falhas de projeto para órgãos próprios de
fiscalização e utilidade pública, inclusive para a carreira de Silveira.

2- Sugira um urso de ação para Silveira, na correção dos problemas que envolvem as falhas de
projeto no gerador R-1.

Caso 2. O Fumo sob Fogo31

Em anos recentes, vários documentos mostraram os efeitos prejudiciais do fumo para o ser humano.
Estimativas mundiais de mortes causadas pelo fumo, por exemplo, falam em aproximadamente 3
milhões de indivíduos. Dadas as atuais tendências, uma projeção estatística eleva esse número para
10 milhões em 2030. A perda média em expectativa de vida de fumantes nos países desenvolvidos
chega a 16 anos. É hoje fato bem documentado que o fumo constitui um dos principais fatores
responsáveis por doenças cardíacas e circulatórias, respiratórias e câncer.

A história da publicidade de cigarros

Os anúncios de cigarros começaram em 1929. Um dos primeiros, da Lucky Strike, trombeteava o


fato de que mais de 20.000 médicos diziam que seu produto era menos irritante do que os demais e
que atletas e famosos usavam-no sem qualquer efeito prejudicial. Em 1939, Philip Morris promovia
os seus dizendo que eram bons para o nariz e a garganta. Uma década depois, a Camel também
exaltava os benefícios de seu produto. Em inícios da década de 1950, os consumidores começaram a
desconfiar que os cigarros podiam ser nocivos. Para combater essa idéia, a Kent publicou um anúncio

31
FERRELL, O. C., FRAECRICH, J., e FERRELL, L. Ética empresarial - dilemas,tomadas de decisões e casos. Rio de
Janeiro: Reichmann & Affonso, 2001. pág. 257-260 (adaptação parcial)
UM MAR DE CONHECIMENTO

84
afirmando que se você fosse um daqueles “fumantes sensíveis”, que se preocupavam com os feitos
prejudiciais do cigarro, ela lhe fornecia proteção à saúde e “satisfação ao paladar”.
Como resultado da crescente preocupação do público, os riscos de fumar cigarro foram investigados
em inícios da década de 1950. Em 1953, um relatório do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center,
nos EUA, ligou o hábito de fumar a câncer em ratos. A primeira tentativa de regulamentar a indústria
do fumo ocorreu em 1955, quando a Federal Trade Commission (FTC), dos EUA, proibiu alegações,
em publicidade ou em rótulos, da presença ou ausência de quaisquer efeitos positivos de fumar
cigarros.
Nas décadas de 1960 e 1970, os consumidores e governos começaram a compreender os efeitos
prejudiciais do fumo. Em 1964, o cirurgião geral Luther Terry declarou que o cigarro era uma das
causas de câncer. No ano seguinte, a comercialização do produto passou a ser regulamentada,
exigindo que uma advertência dos riscos para a saúde contasse em todos os maços e proibindo a
publicidade que atingisse pessoas de menos de 25 anos de idade. Além disso, vários países
desenvolvidos começaram a proibir anúncios de cigarros na televisão. Ainda assim, o consumo
aumentou.
O uso do fumo só declinou pouco depois da implementação da doutrina de “tratamento justo” em
1967. Embora criada para regulamentar a propaganda política, ela foi aplicada para exigir que o rádio
e a televisão concedessem tempo igual a anúncios contra o fumo. Em 1971, a Cigarette Advertising
and Labeling Act proibiu por completo a propaganda de cigarro na televisão e no rádio. Uma
alteração na lei, em 1984, exigiu que os fabricantes ou importadores de cigarros exibissem nos maços
e na publicidade uma de quatro advertências de risco para a saúde, que eram alternadas a cada
trimestre.
Na década de 1980, porém, a indústria do fumo descobriu um novo veículo promocional, que logo
depois se transformou em padrão - o endosso de artistas de cinema. Sylvester Stallone, por exemplo,
concordou em fumar cigarros B&W em quatro filmes, Rhinestone Cowboy, Rambo, 50/50 e Rocky
IV, recebendo por isso 5.000.000 de dólares.
Mesmo que pareça que os consumo de cigarro está aumentando entre mocinhas e adolescentes, os
governos começaram a se dar conta dos profundos efeitos prejudiciais do fumo. Como resultado, em
1998, o Parlamento europeu votou a proibição, em etapas até 2006, de qualquer propaganda,
patrocínios e promoções de cigarros de todos os tipos. Reagindo a essa ação, a indústria do fumo
anunciou que iria contestar judicialmente essas diretrizes.
A indústria do cigarro, aliás, opõe-se veementemente a toda legislação que restrinja a propaganda de
cigarros. Em contraste, médicos e vários grupos de consumidores querem regulamentação ainda mais


Cargo equivalente ao de Ministro da Saúde, no Brasil. (N.R.)
UM MAR DE CONHECIMENTO

85
rigorosa da indústria. Muitos defendem a proibição completa de todos os tipos de propaganda.
Pesquisa recente, por exemplo, sugere que a promoção do personagem Joe Camel, da R.J. Reynolds
Tobacco Co., é dirigida a crianças e adolescentes.

Altos interesses

A despeito de prova da demanda em queda em anos recentes, os cigarros continuam a ser um grande
negócio. Devido ao consumo de 600 bilhões de dólares, os interesses econômicos são enormes. Vinte
e dois Estados americanos plantam fumo, transformando-o na sexta maior cultura agrícola comercial
dos EUA. A vasta e complexa rede de suprimento amplia a cadeia de dependência econômica de
fumo e inclui fabricantes de equipamentos agrícolas, agências de publicidade, mídia e outros ramos
de negócio por todo o mundo. A indústria de publicidade e correlatas faturam, todos os anos, um
bilhão de dólares com a propaganda de cigarros. Pode-se argumentar que banir o cigarro e a
conseqüente publicidade produziria repercussões graves na economia. Além do mais, até não-
fumantes acreditam que a publicidade do cigarro é um caso de liberdade de expressão, embora
comercial, protegida pela Primeira Emende à Constituição americana. Há também os que temem que
a proibição da publicidade crie um precedente perigoso, abrindo caminho para mais interferência do
governo nas atividades comerciais.

O futuro

Documentos recentes, bem como legislação no país e um grande número de ações propostas pelo
ministério público de vários Estados americanos, enviaram à indústria de fumo a mensagem de que
não era bem-vinda - mas não os impostos que ela paga. A chave que abriu esse futuro tomou a forma
de Jeffrey Wigand, ex-executivo de pesquisa da Brown & Williamson Tobacco Corp. Quando
Wigand depôs contra os gigantes da indústria, foi preparado um dossiê de 500 páginas atacando-o.
Após exame minucioso desse documento, o Wall Street Journal afirmou que grande parte dele tinha
justificativas fracas, dando origem ao argumento de que estava sendo montada uma campanha de
“difamação contra Wigand”. Noticiosos de televisão, como 60 Minutes, ampliaram o debate se as
indústrias de fumo eram legalmente responsáveis pelos danos causados pelo cigarro. Bilhões de
dólares estão sendo reclamados das companhias, paralelamente a um plano para mantê-las em
atividade, e, portanto, capazes de pagar impostos e gerar empregos.
Se não houver mudanças espetaculares no número de pessoas que deixam de fumar e nenhuma
intervenção, e, se mais crianças começarem a fumar às taxas esperadas, o número atual de fumantes
UM MAR DE CONHECIMENTO

86
no mundo, de 1,1 bilhão, subirá, segundo do prognósticos, para 1,64 bilhão em 2025. Nos países em
desenvolvimento, as mulheres serão um alvo especial da publicidade, uma vez que as taxas de vício
entre elas são muito menores do que entre os homens. A predominância do fumo entre elas nos países
em desenvolvimento poderia subir dos atuais 8% para 20% até 2025. É nesses países que as
companhias vêem futuro, como indica a declaração que se segue:
Eles têm que encontrar uma maneira de alimentar os monstros que criaram. Praticamente a
única maneira de fazer isso será aumentar as vendas ao mundo em desenvolvimento
A tendência é de que o uso do cigarro nas nações desenvolvidas caia lentamente até o fim do
século, ao passo que, nos países em desenvolvimento, o consumo poderá subir em 3% ao ano. Sem
dúvida, um belo espetáculo! Não uma sociedade livre do cigarro, mas um crescimento ininterrupto da
indústria do fumo.
Não devemos nos sentir deprimidos porque o mercado total do mundo livre parece estar
encolhendo. No mercado global há áreas de forte crescimento, sobretudo na Ásia e na África. Novos
mercados estão sendo abertos para nossas exportações, tais como a Indochina e os países do
Comecom, e há grandes oportunidades de aumentarmos nossa fatia de mercado em áreas como a
Europa... Essa indústria é ininterruptamente lucrativa. E há oportunidade de lhe aumentar a
rentabilidade ainda mais. Vocês sabem o que nós queremos... queremos a Ásia.
Ingressando no século XXI, as companhias de fumo dos Estados Unidos e da Europa vêm
repensando suas estratégias nos países em desenvolvimento. Mais de 36 Estados americanos estão
tentando solucionar pedidos de reembolso de despesas pela Medicare e pelo Medicaid por questões
de saúde relacionadas com o fumo. Dissensões provocadas por ações na Justiça incomodaram as
companhias, que são agora obrigadas a perder tempo em tribunais, em vez de tratar exclusivamente
da fabricação e venda de seus produtos. Embora não se espere que o uso de produtos de fumo seja
banido nos Estados Unidos, é muito provável que caia seriamente a publicidade dos mesmos. Além
disso, as gigantes da indústria provavelmente atenderão as reivindicações estaduais com algum tipo
de cláusula que elimine futuras ações legais. O pagamento das indenizações será sem dúvida
estruturado de maneira a não prejudicar os empregos criados e os impostos pagos pela indústria. É
provável também que seja aumentado o imposto sobre produtos de fumo. Conquanto o consumo
diminua lentamente nos países desenvolvidos, uma estratégia de marketing mais dinâmica será
adotada nos países em desenvolvimento. As lições aprendidas no sistema judiciário americano serão


R. Morelli, 1998. “Packing It In”. Marketing Week, 28 de junho de 1991, no 16, p. 30-34.

“Growth Through 2000!, Tobacco Reporter, fevereiro de 1989.

“Tobacco Explained: 7 Emerging Markets’, Action on Smoking and Health, U.K. Paper,
http://ash.org.uk/papers/tobexpld.html (acessado em 16 de junho de 1999).

L. Heise, “Unhealthy Alliance”, World Watch, outubro de 1988, p. 20 (c.7)
UM MAR DE CONHECIMENTO

87
aplicadas nos mercados emergentes, de modo que os litígios na Justiça sejam reduzidos ao mínimo. A
questão da livre expressão, no que interessa a produtos de fumo, provavelmente continuará em pauta
nos Estados Unidos. Se vier a ser uma questão controversa em outros países, dependerá do nível de
pobreza e das taxas de desemprego de cada um.

Questões
1- Quais são os argumentos a favor e contra o fumo?
2- Vender um produto potencialmente nocivo e viciante, embora legal, constitui um problema para
empresários? De que maneira a sociedade poderia regulamentar o uso desses produtos e proteger seus
cidadãos?
3- Se o custo dos cigarros se tornar proibitivo nos Estados Unidos, quais serão, se for o caso, as
repercussões éticas de sua venda em outros países?

Caso 3 . O Desastre do Exxon Valdez32

Em 1989, a Exxon Corporation e a Alyeska Pipeline Service Company, um consórcio de oito


companhias que exploram o Oleoduto Trans-Alasca e o terminal de Valdez, Alaska, foram duramente
criticadas pela maneira como trataram de um grande derramamento de óleo ocasionado por um
petroleiro da primeira, o supertanque Exxon Valdez.
Foram derramados 240.000 barris de petróleo bruto, que acabaram por cobrir uma área de 6.750 km2
do canal Prince William e do golfo do Alasca. Embora não fosse o maior acontecimento até então, o
vazamento da Exxon figura entre os piores em termos de danos ao meio ambiente e perturbação da
indústria, e prejudicou a futura exploração de petróleo em áreas sensíveis da região. Os efeitos do
derramamento ainda podem ser vistos, dez anos após o acidente.

32
FERRELL, O. C., FRAECRICH, J., e FERRELL, L. Ética empresarial - dilemas,tomadas de decisões e casos. Rio de
Janeiro: Reichmann & Affonso, 2001. pág. 269

Nota dos autores:


Este caso foi preparado por O.C. Ferrell, John Fraedrich e Gwyneth Vaughn como um cenário de discussão, e não para
ilustrar a maneira eficiente ou ineficiente de lidar com decisões gerenciais, éticas ou legais.

UM MAR DE CONHECIMENTO

88
O desastre

Aos 4 minutos da manhã de 24 de março de 1989, o Exxon Valdez estava sob o comando do terceiro
piloto Gregory Cousins, não habilitado para pilotar o barco pelas águas do canal Prince William. O
comandante do navio, Joseph Hazelwood, aparentemente, dormia sob o tombadilho. Numa tentativa
de evitar o gelo flutuante do canal, Cousins realizou o que especialistas descreveram mais tarde como
uma série inusitada de voltas para a direita. O navio encalhou no Bligh Reef, derramando grande
parte da carga pelas fendas no casco. O óleo espalhou-se rapidamente nos dias seguintes, matando
milhares de aves marinhas, orcas (lá estava a maior concentração mundial), lontras-do-mar e outros
tipos de vida, cobrindo a costa de óleo e fechando por um espaço de anos a pesca no canal. A
indústria pesqueira tinha vendas anuais de 100 milhões de dólares.

A reação ao desastre

De acordo com transcrições de conversas pelo rádio entre o capitão Hazelwood e a Guarda Costeira
imediatamente após o acidente, o comandante tentou, durante uma hora, safar o petroleiro do
encalhe, em uma manobra que oficiais da Guarda Costeira alegam que poderia ter resultado no
afundamento do navio e em um derramamento ainda maior. Segundo eles, Hazelwood ignorou seus
avisos de que sacudir o navio poderia tornar o derramamento cinco vezes mais grave.
Quando subiram para bordo às 3h30min da manhã, os oficiais da Guarda Costeira informaram que
138.000 barris haviam derramado. De acordo com o plano de emergência do terminal de Valdez,
grupos da Alyeska deveriam ter chegado ao navio, trazendo equipamento de contenção, dentro de
pouquíssimo tempo, mas isso não aconteceu.
Após ter sido notificada do acidente, a Alyeska Pipeline Service, que figura na primeira linha de ação
nos casos de derramamentos, enviou um rebocador de observação ao local e começou a reunir seu
equipamento de contenção de óleo. Embarcou as barreiras flutuantes de contenção e equipamentos de
alívio de peso em uma chata danificada. A Guarda Costeira, porém, decidiu que a chata era lenta
demais, e urgente à necessidade de equipamento para aliviar o peso do navio, de modo que as turmas
da Alyeska tiveram que recarregar o equipamento em um rebocador, perdendo ainda mais tempo.
O primeiro equipamento de contenção da Alyeska só chegou à cena do desastre às 2h30min da tarde.
O restante, na manhã seguinte. Nem a Alyeska nem a Exxon tinham barreiras de contenção flutuantes
em extensão suficiente, nem dispersantes químicos para combater o derramamento. O Exxon Valdez
só ficou inteiramente cercado pelas barreiras de contenção na tarde de sábado, ou 36 horas após o
acidente. A essa altura, o óleo cobria uma área de 30km2. A Exxon realizou mais testes com os
UM MAR DE CONHECIMENTO

89
dispersantes químicos na noite de sábado. Os testes, porém, foram inconclusivos porque as condições
do mar estavam calmas demais. Contornada a situação, a Exxon conseguiu aplicar 25.000 litros de
dispersante, contudo, ao fim da semana, a mancha de óleo se espalhara e cobria 400 km de costa e
mar.
Nove horas após o desastre, a guarda costeira submeteu o capitão Hazelwood a teste de consumo de
álcool. O teste mostrou que Hazelwood tinha um teor de 0,06 litros de álcool no sangue, o que
constitui uma violação uma violação dos regulamentos. Mais tarde, funcionários da Exxon admitiram
que sabiam que o comandante havia passado por um programa de desintoxicação alcoólica, mas,
ainda assim, confiaram-lhe o comando do Exxon Valdez, o maior petroleiro da companhia.

O plano de contenção da Alyeska

A Alyeska e as demais companhias proprietárias do oleoduto prometeram, em 1972, que a frota seria
equipada com sistemas de segurança, tais como cascos duplos e tanques de lastro protetores, a fim de
minimizar a possibilidade de derramamentos. Em 1977, contudo, a Alyeska convenceu a guarda
costeira de que os sistemas de segurança eram desnecessários e apenas poucos petroleiros que
operavam em Valdez os possuíam. Não era esse o caso do Exxon Valdez.
O plano de emergência da Alyeska previa que, eventualidade de derramamento por petroleiro, turmas
de emergência cercariam, em cinco horas, o óleo derramado com barreiras flutuantes de contenção. O
plano previa ainda que uma turma de emergência de pelo menos 15 homens estaria permanentemente
de prontidão. Em 1981, contudo, a maior parte da turma fora demitida, para reduzir custos. Em 1989,
a Alyeska tinha apenas uma equipe de cinco homens para monitorar as operações no terminal, mas,
como o derramamento do Exxon Valdez aconteceu no início dos feriados da páscoa, a companhia
teve problemas para reunir o grupo.
Um outro aspecto é que a chata que transportava as barreiras e armazenava o óleo sugado da
superfície estava encostada, porque fora danificada em uma tempestade. Mesmo que estivesse em
boas condições, era insuficiente para o porte do Exxon Valdez. A Alyeska violou seu próprio plano
de emergência quando deixou de notificar as autoridades estaduais de que a chata estava fora de
serviço.
Embora a Alyeska realizasse “treinamentos de derramamento” regulares, os inspetores estaduais
disseram que os que tinham sido feitos antes haviam apresentado uma série de erros e tinham sido
considerados um fracasso.

UM MAR DE CONHECIMENTO

90
A Limpeza: 1989-2000
O presidente do Conselho de Administração da Exxon, em anúncios de pagina inteira em vários
jornais, pediu desculpas ao público, o que fez também em carta aos acionistas. A companhia aceitou
a culpa pelo derramamento e a responsabilidade pela limpeza da área. No verão, a Exxon tinha 10 mil
pessoas, mil barcos, 38 lanchas escumadoras (inclusive uma Russa) e 72 aeronaves trabalhando para
limpar as praias e tentar salvar a vida silvestre.
A companhia tinha esperança de concluir a limpeza antes de 15 de setembro de 1989. Um
levantamento feito em 1990, porém, mostrou que havia ainda muita coisa a fazer. Os trabalhos de
limpeza e as inspeções da linha costeira se estenderam até 1994.
A Exxon diz que economizou 22 milhões de dólares deixando de equipar o Exxon Valdez com o
segundo casco. Durante o período do derramamento, a companhia gastou mais de 2,1 bilhões de
dólares em trabalhos de limpeza e reembolsos aos governos federal, estadual e municipal por
despesas por eles feitas quando aconteceu o derramamento. Além disso 31 ações judiciais e 1.300
pedidos de indenização foram apresentados contra a Exxon dentro de um mês após o acidente.
O capitão Hazelwood, demitido logo depois do acidente, foi julgado culpado pelo derramamento de
óleo por negligência, mas foi absolvido de três outras acusações mais sérias, dentre elas, a de
comandar o navio, embriagado. A Exxon enfrentou ainda críticas contundentes do público e dos
funcionários estaduais e federais, que achavam ter sido inadequadas as obras de limpeza.
A Exxon ficou sob fogo cerrado por causa da maneira como administrara a crise. O Presidente do
Conselho de Administração esperou quase seis dias para comentar o acidente e, quando o fez, falou
de Nova York. Os especialistas na área acreditaram que a reação retardada da Rawl e a omissão em
visitar a cena do desastre irritaram o público, a despeito dos esforços da Exxon para limpar o
vazamento.
A reação da empresa à crise certamente prejudicou sua reputação e sua credibilidade. Grupos
nacionais de consumidores insistiram com o público para que boicotasse todos os produtos da Exxon
e quase 20.000 portadores de cartões de crédito da companhia rasgaram-nos em sinal de protesto e
devolveram-nos à empresa como maneira de manifestar sua insatisfação com os trabalhos de
limpeza.

Os efeitos do desastre do Exxon Valdez no século XXI


Muitas mudanças ocorreram desde o incidente com o Exxon Valdez. Uma vez que se identificou o
alto teor de álcool no sangue do capitão Hazelwood, três das maiores proprietárias do oleoduto da
Alyeska (incluindo a Exxon) determinaram que fossem feitas buscas aleatórias de álcool e drogas em
todos os navios que usassem o porto de Valdez.
UM MAR DE CONHECIMENTO

91
O governador do Alaska ordenou que o oleoduto Alyeska reestocasse o terminal de Valdez com todas
as barreiras de contenção, lanchas escumadoras e outros equipamentos especificados no plano de
emergência, além de formar a equipe de emergência dentro dos padrões estabelecidos.
Atualmente, a Alyeska é obrigada a cercar com barreiras de contenção todos os navios que estejam
carregando e descarregando.
O Estado suspendeu muitas das isenções fiscais concedidas às companhias que extraíam petróleo em
muitos campos do estado. Acredita-se que a eliminação dos incentivos custará cerca de 2 bilhões de
dólares nos próximos 20 anos.
Em um acordo em uma ação judicial ganha pelo Estado do Alaska e o governo federal, a Exxon
concordou em fazer dez pagamentos anuais totalizando 900 milhões de dólares, por danos aos
recursos naturais e para a restauração dos mesmos. Além disso, a empresa foi condenada a pagar 5
bilhões de dólares para serem divididos entre 14.000 pescadores profissionais, nativos, proprietários
de negócios, donos de terra e empresas estaduais que se associaram na ação. Este é até agora
segundo maior veredicto de um júri na história dos Estados Unidos e a maior sentença de punição
pecuniária jamais imposta a uma empresa.

Tantos anos depois, a área ainda continua em processo de recuperação.

Questões:
1- No contexto desse incidente e das circunstâncias que o ocasionaram, discuta o papel das ações
individuais, dos fatores organizacionais, e de terceiros, significativos nas decisões tomadas.
2- Em futuras atividades de exploração de petróleo, o que deve ter precedência: o meio ambiente ou a
necessidade dos consumidores em obter gasolina e óleo a preços mais baixos? Considere o cenário
global ao justificar sua resposta.

UM MAR DE CONHECIMENTO

92
Caso 4 : A Confissão do Golpista
Bernard Madoff, o maior larápio da história de Wall Street, conta
como enganou os seus clientes usando a velha e boa lábia

Giuliano Guandalini
Shannon Stapleton/Reuters

A ÚLTIMA APOSTA
Madoff chega à audiência: "Estou
dolorosamente ciente de que lesei
muitas, muitas pessoas"

Três meses e um dia. É o tempo que se passou entre a prisão preventiva do maior larápio financeiro
da história, o investidor Bernard Madoff, e sua confissão, na última quinta-feira, da prática de onze
crimes cujas penas, somadas, poderão condená-lo a 150 anos de cadeia. Nos últimos vinte anos, 4
800 clientes – entre fundos de investimento, entidades de caridade, figurões de Hollywood e simples
poupadores de classe média – nutriram a fantasia de ter 65 bilhões de dólares investidos nas empresas
de Madoff, uma aplicação que reputavam sólida e rentável. Esse dinheiro simplesmente sumiu no
ralo da maior pirâmide financeira da história. O investidor, uma verdadeira celebridade no mundo
financeiro, ex-presidente da bolsa eletrônica Nasdaq, admitiu na semana passada que trapaceou com
todos esses milhares de clientes. E que nunca investiu um único centavo a ele confiado.
"Durante muitos anos, até minha detenção, em 11 de dezembro de 2008, eu operei um esquema de
pirâmide financeira", admitiu Madoff em uma confissão entregue ao juiz Denny Chin, do Tribunal
Federal de Manhattan. Uma pirâmide consiste em remunerar os clientes mais antigos com o dinheiro
dos novos investidores, sem produzir rendimentos reais. Depois da confissão, Madoff teve sua
liberdade condicional revogada, foi algemado e colocado novamente atrás das grades. O investidor,
de 70 anos, deixará para sempre a sua cobertura de 7 milhões de dólares e agora passará os próximos
dias entre uma cela de 5 metros quadrados e o pátio onde poderá se exercitar, dia sim, dia não, no
Metropolitan Correctional Center – o mesmo que já guardou gente como o mafioso John "Junior"
Gotti e o terrorista Omar Abdel-Rahman. Ao menos formalmente, ele ficará preso até o anúncio de
sua sentença, em 16 de junho. Com a provável condenação, Madoff deverá passar o resto de seus dias
na cadeia.

UM MAR DE CONHECIMENTO

93
A confissão faz parte de um acordo com os promotores por meio do qual Madoff reconhece a culpa
em troca de benefícios ainda não divulgados. Entre esses benefícios está o de livrar-se de um longo e
desgastante processo em que seria publicamente execrado. Até o momento, os promotores
conseguiram localizar apenas 1 bilhão de dólares dos clientes. Isso significa que praticamente 99%
do dinheiro evaporou. Em sua confissão, Madoff relata de forma objetiva e cândida como enganou
milhares de investidores (veja as frases abaixo). Esse relato dissolve dois mitos:
1) Imaginava-se que, ao menos no início de sua carreira, Madoff tivesse operado em Wall Street
como um investidor honesto. Ele deixou claro que era um criminoso desde então: "Minha fraude
começou no início dos anos 90", disse ele. "O país estava em recessão e não era um bom momento
para investir em títulos e ações. (Mesmo assim) recebi dinheiro de alguns investidores institucionais,
e eles esperavam retornos maiores do que os disponíveis no mercado."
2) Imaginava-se que, para roubar seus clientes na era da informação, Madoff se servisse de
mecanismos financeiros sofisticados. Balela. O investidor simplesmente tomava o dinheiro dos
clientes e, de boca, prometia investi-lo usando uma estratégia financeira infalível desenvolvida por
ele, apelidada de split strike conversion strategy (convém nem tentar traduzir). Um nome pomposo
que não significa absolutamente nada. Nas palavras do próprio picareta, serviu apenas para "dar aos
clientes a impressão de que eu alcançaria os resultados esperados". Para onde então ia o dinheiro? Era
depositado em uma conta-corrente com baixa remuneração, em nome do próprio Madoff. Os clientes
eram mantidos no escuro porque recebiam em casa extratos falsos. Imaginavam que seus lucros
fossem exponenciais. Eram ludibriados.
Madoff tinha talento para atrair o dinheiro no mundo todo. No Rio de Janeiro, contava com um sócio
que se especializou em buscar fundos oriundos de caixa dois. Os lesados agora não podem reclamar o
prejuízo na Justiça americana sem se complicar com a Receita Federal brasileira. Em São Paulo,
Madoff tinha um fundo associado ao Banco Safra, que, segundo o jornal Financial Times, está
indenizando alguns clientes. Cerca de 100 vítimas de Madoff acompanharam a audiência em
Manhattan. Não contiveram os aplausos quando souberam de sua prisão. "Quando colocaram as
algemas nele, foi emocionante. Não sou uma pessoa vingativa, mas quando algo assim acontece você
quer justiça", disse Burt Ross, consultor imobiliário que disse ter perdido 5 milhões de dólares. "Esse
é o momento em que apreciamos o sistema judicial que temos. Em três meses, esse homem foi
colocado atrás das grades, para que passe o resto de sua vida preso."

UM MAR DE CONHECIMENTO

94
"Durante muitos anos, até minha detenção, em 11 de
dezembro de 2008, eu operei um esquema de pirâmide
financeira"
"A essência da minha fraude era prometer a clientes e a
clientes potenciais que eu investiria o seu dinheiro em
ações, opções e outros títulos de companhias tradicionais e
que pagaria a eles os lucros e devolveria o valor do
principal desses investimentos"
"Essas promessas eram falsas. Eu nunca investi o dinheiro
como havia prometido. Em vez disso, esses fundos foram
depositados em uma conta no banco Chase Manhattan"

Case 5 . Liderança Offshore

Liderança offshore
Desafio
Melhorar a performance dos gestores das plataformas de exploração e produção da Petrobras na
Unidade de Negócios da Bacia de Campos (UN-BC), identificando as melhores práticas existentes, as
causas e efeitos dos principais problemas encontrados, e propondo ações de melhoria.
Solução
A Norway desenvolveu um modelo de gestão por competências, sendo estas específicas para a
liderança offshore, baseadas em observações in loco, nos processos de gestão, matriz de
responsabilidades e nos perfis comportamentais.
Instrumentos utilizados
 Mapeamento dos processos de gestão offshore.
 Entrevistas individuais com a liderança offshore.

UM MAR DE CONHECIMENTO

95
 Testes psicológicos presenciais e à distância.
 Avaliações 360° à distância.
 Gestão de projetos com metodologia do PMI (Project Management Institute ).
 Mapeamento dos sistemas de RH.
Benefícios
As ações desenvolvidas atenderam às reais necessidades da Petrobras e lançaram luz sobre alguns
aspectos importantes:
 As competências necessárias para a liderança offshore, com os descritivos e níveis ideais para
cada função;
 Os conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) que compõem as competências;
 Os gaps individuais das competências da liderança offshore e das competências individuais da
Petrobras;
 O perfil psicológico ideal para as funções da liderança offshore;
 As análises e recomendações que vieram a somar com os benefícios

UM MAR DE CONHECIMENTO

96
5. Dow Jones Social Índex -Lei Sarbanes
Oxley.

O que é o Dow Jones Sustainability Index?

O Dow Jones Sustainability Index nasceu em 1999 como o primeiro indicador bolsista da
performance financeira das empresas líderes em sustentabilidade a nível global. As empresas que
constam deste Índice, indexado à bolsa de Nova Iorque, são classificadas como as mais capazes de
criar valor para os accionistas, a longo prazo, através de uma gestão dos riscos associados tanto a
factores económicos, como ambientais e sociais.
A importância dada pelos investidores a este índice é reflexo de uma preocupação crescente das
empresas e grupos económicos com um mundo sustentável. A sua performance financeira está, desta
forma, intrinsecamente associada ao cumprimento de requisitos de sustentabilidade que atravessam
todas as áreas da vida empresarial e que cruzam aspectos económicos, sociais e ambientais.

A Dow Jones & Company elabora três índices de sustentabilidade diferentes:


Dow Jones Sustainability World Index - Este índice reúne, para cada sector económico, as
empresas, consideradas a nível global, que se encontram nos primeiros 10% da tabela.
Dow Jones STOXX Sustainability Index and Dow Jones EURO STOXX Sustainability Index
- Como indicador para os investimentos sustentáveis na Europa, o Dow Jones STOXX
Sustainability Index (DJSI STOXX) reúne as empresas líder em termos de Sustentabilidade dentro
da zona euro. O grupo de empresas abrangidas por este índice inclui as que se encontram nos
primeiros 20% da tabela.
Dow Jones Sustainability North America Index e Dow Jones Sustainability United States
Index - O Dow Jones Sustainability North America Index (DJSI North America) reúne as empresas
nos primeiros 20% da tabela, considerando as 600 maiores da América do Norte no Dow Jones
World Index. O Dow Jones Sustainability United States Index (DJSI United States) é um
subconjunto do DJSI North America, que considera apenas os Estados Unidos.

UM MAR DE CONHECIMENTO

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Dow Jones Sustainability Index é uma família de índices bolsistas cujos integrantes devem acreditar
práticas avançadas nas distintas facetas que constituem a Responsabilidade Corporativa. Desta forma,
Dow Jones Sustainability Index, valoriza, entre outras, questões que se prendem com o governo
corporativo, a gestão de riscos, a estratégia de combate às alterações climáticas ou a atracção e
retenção de talentos. Só 10% dos 2500 valores que fazem parte do Dow Jones Global Index,
constítuido por empresas cotadas nas principais praças do mundo, fazem parte do Dow Jones
Sustainability Index, depois de submetidas a um rigoroso processo de análise e selecção.
Desde o seu lançamento, em 1999, o Dow Jones Sustainability Index converteu-se num dos
principais expoentes de uma corrente que tem vindo a chamar-se de investimento sustentável ou
socialmente responsável. Alguns investidores pensam que as boas práticas em matéria social e
ambiental são um bom indicador acerca da qualidade na gestão e governo de um valor de renda
variável e, por isso, um aspecto a ter em consideração ao constituir carteiras de investimento

Quais os critérios de avaliação das empresas?


A composição do Índice Dow Jones de Sustentabilidade decorre de uma avaliação feita pela SAM
(Sustainable Asset Managment), uma companhia que ordena as empresas (que se candidatam
voluntariamente) de acordo com o cumprimento de critérios de sustentabilidade, considerando três
áreas: económica, social e ambiental. O peso de cada uma destas áreas adapta-se, anualmente, ao
contexto e conjuntura actuais.
A Dow Jones & Company elabora, depois, o índice a partir da ordenação das empresas da SAM.

As fontes de informação usadas pela SAM são:


Questionário rigoroso preenchido pela empresa e específico para cada sector;
Documentos como Relatórios de Sustentabilidade, de Saúde e Segurança, Sociais, Financeiros
ou outra documentação da companhia;
Relatórios dos media ou de stakeholders e outra informação pública disponível;
Contacto pessoal com as companhias.
Os critérios de avaliação são muitos e exigem, por parte das empresas, uma atenção rigorosa e
cuidada ao seu cumprimento.

Qual a importância para a EDP de figurar neste Índice?

UM MAR DE CONHECIMENTO

98
A inclusão de uma empresa neste Índice traz-lhe muitos benefícios, tangíveis e intangíveis. Para além
de haver um reconhecimento público de liderança em áreas estratégicas de dimensão económica,
ambiental e social, há um reconhecimento importante dos investidores, clientes e até legisladores.
Para a EDP, o esforço de entrada no Índice Dow Jones permite, também, traçar objectivos claros e
precisos no que respeita a uma actividade sustentável. A constante avaliação da empresa e a
actualização dos critérios criam no Grupo um rigor indiscutível em todos os âmbitos de actuação.
As práticas da empresa, avaliadas para entrada no Índice, e que passaram a constituir objectivos
concretos da EDP tocam áreas como:
Criação de Valor (criação de valor para o accionista; aumento da produtividade e eficiência;
compromisso de orientação para o cliente, ...)
Eficiência na utilização de recursos
Protecção do Ambiente
Integridade
Diálogo com as partes interessadas (relacionamento aberto e transparente com clientes,
investidores, fornecedores, colaboradores; reportar de forma credível o desempenho da empresa em
todas as áreas)
Gestão do capital humano (implementar sistemas que garantam saúde, segurança e bem-estar
do colaborador, promover desenvolvimento de capacidades, rejeitar práticas abusivas e
discriminatórias)
Promoção do acesso à Electricidade
Apoio ao Desenvolvimento Social
Petrobras renova a participação no Índice Dow Jones
Sex, 04 de Setembro de 2009 10:07

Pelo quarto ano consecutivo, a companhia renovou o direito de participar da composição do Índice
Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI), o mais importante indicador de sustentabilidade do mundo.
A Petrobras conquistou, pelo quarto ano consecutivo, o direito de participar da composição do Índice
Dow Jones de Sustentabilidade World (DJSI), o mais importante índice mundial de sustentabilidade e
que é usado como parâmetro para análise dos investidores social e ambientalmente responsáveis.
Com a renovação, a companhia se consolida como uma das empresas mais sustentáveis do mundo.
O aperfeiçoamento contínuo das práticas de governança corporativa e a adoção de padrões

UM MAR DE CONHECIMENTO

99
internacionais de transparência levaram a Petrobras a receber, mais uma vez, a nota máxima no
critério "Transparência", o que demonstra seu compromisso com a integridade corporativa. A
companhia reforça, assim, sua credibilidade junto ao mercado e aprimora o relacionamento com seus
públicos de interesse.
A Petrobras também obteve nota máxima no quesito "Desenvolvimento de Recursos Humanos", e,
além disso, se destacou como benchmark no critério "Sistema de Gestão e Política Ambiental". O
desempenho da companhia também foi notável nas questões relativas a "Energias Renováveis",
"Impacto Social nas Comunidades" e "Biodiversidade", dentre outros.
A composição do índice é determinada pela avaliação dos desempenhos ambiental, social e
econômico de mais de 317 empresas em 58 setores, em todo o mundo. Atualmente, 19 empresas de
petróleo e gás integram o índice. Os resultados desta renovação influenciam as decisões de gestores
de fundos que se baseiam exclusivamente nas empresas pertencentes ao índice. Atualmente, estes
fundos estão investindo mais de US$ 8 bilhões em ações das companhias que integram o DJSI.
A permanência no índice reflete o reconhecimento do compromisso da companhia em pautar todas as
suas atividades e operações em aspectos sociais e ambientais, minimizando seus impactos na
sociedade e no meio ambiente. Buscando integrar a sustentabilidade ao seu negócio, a Petrobras se
empenha em alcançar seus objetivos estratégicos de crescer com rentabilidade e responsabilidade
social e ambiental.

Lei Sarbanes Oxley.

No final da década dos 90, os escândalos corporativos abalaram os EUA. Os casos Enron e
Worldcom foram os mais graves e notórios. O temor de conduta perniciosa por parte de
administradores gerou uma verdadeira crise de confiança nas práticas contábeis e de governança
corporativa. As suspeitas sobre a integridade dos balanços e demonstrativos financeiros afetaram
profundamente o mercado e alimentaram a queda das Bolsas de Valores.
Em busca da recuperação da credibilidade, o Congresso dos EUA aprovou uma lei de reforma
corporativa, a Sarbanes-Oxley., que gera um conjunto de novas responsabilidades e sanções aos
administradores com o objetivo de coibir práticas lesivas que possam expor as sociedades anônimas a
elevados níveis de risco.
No Brasil, esta lei se aplica às empresas com ações negociadas nos mercados de capitais dos EUA:
multinacionais de capital americano e empresas brasileiras com ADRs nos EUA. No entanto, as
responsabilidades criadas pelo a Lei Sarbanes-Oxley são do interesse de todas as empresas que

UM MAR DE CONHECIMENTO

100
queiram se atualizar sobre práticas rigorosas que estão entrando em vigor nos EUA e que terão
influência global.
É fundamental que sua empresa esteja preparada para os novos procedimentos de controles
internos, administrativos, de auditoria e de controle de riscos. A InterNews reúne neste
seminário dois experientes profissionais que explicarão estas legislações e apresentarão soluções
para a sua empresa se adequar.
 O efeito da lei Sarbanes-Oxley nas empresas brasileiras e multinacionais de capital americano
 As novas responsabilidades dos administradores no novo Código Civil
 Métodos de controles internos e identificação de riscos.
 A conceito do "Public Company Accounting Oversight Board"

GOVERNANÇA CORPORATIVA -PETROBRÁS


CERTIFICAÇÃO EM CONFORMIDADE COM O U.S.C. 18 PARÁGRAFO 1350 CONFORME
ADOTADO EM CONFORMIDADE COM O PARÁGRAFO 906 DA LEI SARBANES-OXLEY

Em conformidade com o parágrafo 906 da Lei Sarbanes-Oxley de 2002 (subparágrafos (a)


e (b) do Parágrafo 1350, Capítulo 63 do Documento 18, do Código dos Estados Unidos), o
abaixo-assinado presidente da Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS (a "Empresa"), por
este ato certifica que, ao seu conhecimento:
O Relatório Anual do Formulário 20-F do exercício findo em 31 de dezembro de 2008 da
Empresa está em conformidade com os requisitos indicados no Parágrafo 13(a) ou 15(d)
do Securities Exchange Act de 1934 e as informações contidas no Formulário 20-F
apresentam de maneira correta, em todos os aspectos essenciais, a condição financeira e os
resultados operacionais da Empresa.

/s/ JOSÉ SERGIO GABRIELLI DE AZEVEDO

Data: 22 de maio de 2009

José Sergio Gabrielli de Azevedo


Diretor Presidente

UM MAR DE CONHECIMENTO

101
O original assinado desta declaração por escrito, tal como requerido no Parágrafo
906, foi entregue à Empresa, sendo por ela retido e fornecido à Securities and
Exchange Commission ou a seu represente, a seu pedido.

CERTIFICAÇÃO EM CONFORMIDADE COM O U.S.C. 18 PARÁGRAFO 1350 CONFORME


ADOTADO NO PARÁGRAFO 906 DA LEI SARBANES-OXLEY
Em conformidade com o parágrafo 906 da Lei Sarbanes-Oxley de 2002 (subparágrafos (a)
e (b) do Parágrafo 1350, Capítulo 63 do Documento 18, do Código dos Estados Unidos), o
abaixo-assinado diretor da Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS (a "Empresa"), por
este ato certifica que, ao seu conhecimento:
O Relatório Anual do Formulário 20-F do exercício findo em 31 de dezembro de 2008 da
Empresa esta em conformidade com os requisitos indicados no Parágrafo 13(a) ou 15(d)
do Securities Exchange Act de 1934 e as informações contidas no Formulário 20-F
apresenta de maneira correta, em todos os aspectos essenciais, a condição financeira e os
resultados operacionais da Empresa.

/s/ ALMIR GUILHERME BARBASSA

Data: 22 de maio de 2009

Almir Guilherme Barbassa


Diretor Financeiro

O original assinado desta declaração por escrito, tal como requerido no Parágrafo
906, foi entregue à Empresa, sendo por ela retido e fornecido à Securities and
Exchange Commission ou a seu represente, a seu pedido.

UM MAR DE CONHECIMENTO

102
Governança Corporativa

CERTIFICAÇÃO EM CONFORMIDADE COM O U.S.C. 18 PARÁGRAFO 1350 CONFORME


ADOTADO EM CONFORMIDADE COM O PARÁGRAFO 906 DA LEI SARBANES-OXLEY

Em conformidade com o parágrafo 906 da Lei Sarbanes-Oxley de 2002 (subparágrafos (a)


e (b) do Parágrafo 1350, Capítulo 63 do Documento 18, do Código dos Estados Unidos), o
abaixo-assinado presidente da Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS (a "Empresa"), por
este ato certifica que, ao seu conhecimento:
O Relatório Anual do Formulário 20-F do exercício findo em 31 de dezembro de 2008 da
Empresa está em conformidade com os requisitos indicados no Parágrafo 13(a) ou 15(d)
do Securities Exchange Act de 1934 e as informações contidas no Formulário 20-F
apresentam de maneira correta, em todos os aspectos essenciais, a condição financeira e os
resultados operacionais da Empresa.

/s/ JOSÉ SERGIO GABRIELLI DE AZEVEDO

Data: 22 de maio de 2009

José Sergio Gabrielli de Azevedo


Diretor Presidente
O original assinado desta declaração por escrito, tal como requerido no Parágrafo
906, foi entregue à Empresa, sendo por ela retido e fornecido à Securities and
Exchange Commission ou a seu represente, a seu pedido.

CERTIFICAÇÃO EM CONFORMIDADE COM O U.S.C. 18 PARÁGRAFO 1350 CONFORME


ADOTADO NO PARÁGRAFO 906 DA LEI SARBANES-OXLEY
Em conformidade com o parágrafo 906 da Lei Sarbanes-Oxley de 2002 (subparágrafos (a)
e (b) do Parágrafo 1350, Capítulo 63 do Documento 18, do Código dos Estados Unidos), o
abaixo-assinado diretor da Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS (a "Empresa"), por
este ato certifica que, ao seu conhecimento:
O Relatório Anual do Formulário 20-F do exercício findo em 31 de dezembro de 2008 da

UM MAR DE CONHECIMENTO

103
Empresa esta em conformidade com os requisitos indicados no Parágrafo 13(a) ou 15(d)
do Securities Exchange Act de 1934 e as informações contidas no Formulário 20-F
apresenta de maneira correta, em todos os aspectos essenciais, a condição financeira e os
resultados operacionais da Empresa.

/s/ ALMIR GUILHERME BARBASSA

Data: 22 de maio de 2009

Almir Guilherme Barbassa


Diretor Financeiro

O original assinado desta declaração por escrito, tal como requerido no Parágrafo
906, foi entregue à Empresa, sendo por ela retido e fornecido à Securities and
Exchange Commission ou a seu represente, a seu pedido.

Slides da disciplina

UM MAR DE CONHECIMENTO

104
MBA em Gestão de Projetos e Implantação de
Empreendimentos de Engenharia

ÉTICA EMPRESARIAL E
RESPONSABILIDADE
SOCIAL

Professor: Maria Leonor Galante Delmas


[email protected]
[email protected]

EMENTA
• Os mitos sobre negócios.
• O conceito de ética
é e seu
objeto de estudo.
• As teorias éticas e os
processos de decisão.
• A dupla moral brasileira.
• Por que ética nos negócios?
• As morais empresariais.
• Dow Jones Social Índex.
• Lei Sarbanes Oxley.

UM MAR DE CONHECIMENTO

105
Os mitos sobre negócios.

O conceito de ética e seu


objeto de estudo.
estudo

O QUE VEM A SER...


ÉTICA – - jeitos de SER, forma de agir, indagação
sobre
b a natureza
t e fundamentos
f d t da d
moralidade: reflexão crítica. Por que?

MORAL – - costumes, padrões e regras de conduta;


objeto da ciência; Como agir?

MORAL SOCIAL - normas e regras resultantes nas relações


que o homem
h estabelece:
t b l organização
i ã social,
i l
coletividade: o bem e o mal.
ÉTICA - Princípios e padrões que orientam o
EMPRESARIAL comportamento no mundo dos negócios.

UM MAR DE CONHECIMENTO

106
As teorias éticas e os
processos de decisão.

A dupla moral brasileira.

TEORIAS ÉTICAS

Ética da Convicção versus


Ética da Responsabilidade
versus Ética da Virtude

Convicção implica na adoção de valores


de humanidade que, de algum modo,
limitam a busca dos resultados
estrategicamente planejados. Nem todos
os caminhos são válidos para cumprir
as metas estabelecidas.

UM MAR DE CONHECIMENTO

107
TEORIAS ÉTICAS
Responsabilidade implica na noção de que toda ação
d organização
da i ã afeta
f pessoas ou grupos sociais,
i i ou
seja, os públicos com os quais se relaciona. A
responsabilidade implica em prever os resultados
das ações.

Virtude é a disposição firme e constante para


a prática do bem. As decisões de uma organização
são decisões de pessoas. Lideranças éticas
promovem o hábito de fazer a coisa certa em cada
processo decisório, o que exige coragem, virtude.

Ética nos negócios e nas organizações da


sociedade civil
• Não é raro que a ética nos negócios seja comparada
com “espelhos para elevador”.
• Ex.em um luxuoso prédio comercial, os usuários se
queixavam continuamente da lentidão dos
elevadores. Quando se estava a ponto de trocar todo
o maquinário por um melhor, mais moderno e mais
caro, surgiu a idéia de se colocarem espelhos no
hall onde se aguarda o elevador. As pessoas
começam a se ver, o tempo se ocupa e se elimina a
sensação de espera. De acordo com a metáfora, a
ética estaria sendo introduzida nas empresas mais
para tranqüilizar as consciências do que para
promover aperfeiçoamentos morais.

UM MAR DE CONHECIMENTO

108
Ética nos negócios e nas
organizações da sociedade civil
• A ética nos negócios é uma forma de gestão e deve
estar imbricada na cultura e nos processos
administrativos, tecnológicos e decisórios de uma
organização. Seu foco é a organização. Sem gerir a
cultura organizacional, sem aperfeiçoar os
processos, sem aplicar
li os valores
l d fi id e sem
definidos
desenvolver as pessoas, a ética nos negócios será
mero discurso, desarticulado da prática cotidiana.
Será como um espelho no hall de um elevador.

MORAL DA INTEGRIDADE
• A moral da integridade
caracteriza-se
i por
acentuar valores
universais de boa
conduta. É praticada por
aqueles que propõem um
rigor moral,
escrupulosos,
cuidadosos, severos,
minuciosos no que diz
respeito ao cumprimento
das normas vigentes .

UM MAR DE CONHECIMENTO

109
MORAL DO OPORTUNISMO

• A moral
o a oportunista
opo u s a
assume um caráter
interesseiro,
considerando
apenas o benefício
próprio na ânsia de
próprio,
obter vantagens e
saciar caprichos sem
nenhum escrúpulo.

MORAL DO OPORTUNISMO
• Oficiosa,
Oficiosa pragmática e dissimulada
dissimulada, furtivamente
praticada entre amigos e celebrada pela
esperteza de seus procedimentos;
• Fundamentada no egoísmo ético,não há
escrúpulos para alcançar vantagens e saciar
caprichos;
• Decisões com base em procedimentos
cínicos:jeitinho , calote, engodo, malandragem
etc.( importam os fins)

UM MAR DE CONHECIMENTO

110
MORAL DO
OPORTUNISMO:FAVORES,
JEITINHOS E CORRUPÇÃO
CORRUPTO

CORRUPTOR

PORTAL DA
CORRUPÇÃO

Duplicidade moral

• Laxismo=restringir em excesso a obrigação moral

• Rigorismo=excessivo rigor

UM MAR DE CONHECIMENTO

111
ARMADILHAS A SEREM EVITADAS
Duplicidade moral típica da cultura brasileira.

EXERCÍCIO
Identifique comportamentos das morais
da integridade e do oportunismo que
podem
d ser percebidas
bid nas relações
l õ
organizacionais..

UM MAR DE CONHECIMENTO

112
Por que ética nos
negócios?

As morais
empresariais.

Por que ética nos negócios?


• 7 Princípios para a Ética nos Negócios
• 1. Inspire confiança: Os clientes querem fazer negócios com
empresas nas quais podem confiar. Quando a confiança está na
cultura de uma companhia, é uma garantia de seu caráter,
habilidades, forças e honestidade.
• 2. Mantenha uma mente aberta: Para a melhoria contínua de uma
companhia, seu líder deve estar aberto a novas idéias. Ele deve
sempre pedir a opinião e as idéias de seus clientes e de sua equipe
para que a organização continue crescendo.
• 3. Cumprap com suas obrigações:
g ç Independente
p das
circunstâncias, faça tudo em seu alcance para ganhar a confiança de
seus clientes, especialmente se houve algum problema em um projeto
ou negociação anterior. Recupere-se de negócios perdidos honrando
todos os seus compromissos e obrigações.

UM MAR DE CONHECIMENTO

113
Por que ética nos negócios?
• 4. Tenha documentos claros: Avalie novamente todo o material da
empresa, incluindo publicidade, folhetos e outros documentos
externos
t d
de negócios,
ó i garantido
tid que sejam
j claros,
l precisos
i e
profissionais. Mais importante ainda, garanta que eles não levem a
más interpretações.
• 5. Envolva-se com sua comunidade: Mantenha-se envolvido com
assuntos e atividades relacionados a sua comunidade, mostrando
que seu negócio contribui responsavelmente com a comunidade.
• 6. Tenha um bom controle contábil: Tenha um controle prático da
contabilidade e dos registros da empresa, não somente como um
meio de conhecer melhor o progresso de sua companhia, mas
também como recurso p para prever
p e evitar atividades “questionáveis”.
q
• 7. Seja respeitoso: Trate os outros com todo o respeito que
merecem. Independente das diferenças, posições, títulos, idade ou
outros tipos de distinções, sempre tenha uma postura profissional
respeitosa e cordial.

Para que ouvir a voz da consciência?

Para construir a possibilidade de um


futuro que gere, alimente e construa a
convivência entre os humanos.

Comportamento moral:
costumes, padrões e regras de
conduta.

UM MAR DE CONHECIMENTO

114
ÉTICA EMPRESARIAL
CREDIBILIDADE

IMAGEM

PRÁTICAS
EMPRESARIAIS

COMPORTAMENTO ÉTICO

Questões Éticas
Ecologia
g e Meio Ambiente

UM MAR DE CONHECIMENTO

115
Questões Éticas

Diversidade e Direitos
Humanos

Exercício

Quais os valores de um
profissional de Gestão de
Pessoas com papel
gerencial?

UM MAR DE CONHECIMENTO

116
Como saber
se o processo
de Gestão
de Pessoas
está sendo
ético?

EXERCÍCIO

REFLEXÃO, Ã
Talvez uma hipótese a ser confirmada:

-Seria a ética apenas um mecanismo chamado


‘Marketing positivo’ ou se pode realmente
agregar valor a uma empresa partindo-se de
ações éticas?

UM MAR DE CONHECIMENTO

117
Dow Jones Social Índex.

Lei Sarbanes Oxley.

Dow Jones Social Índex.

• Primeiro indicador bolsista da performance


financeira das empresas líderes em sustentabilidade a
nível global. As empresas que constam deste Índice,
indexado à bolsa de Nova Iorque, são classificadas
como as mais capazes de criar valor para os
acionistas, a longo prazo, através de uma gestão dos
riscos associados tanto a fatores econômicos, como
ambientais e sociais.

UM MAR DE CONHECIMENTO

118
Lei Sarbanes Oxley.
• A Lei Sarbanes-Oxley foi
editada com o objetivo de
restaurar o equilíbrio dos
mercados por meio de
mecanismos que
assegurem a
responsabilidade da alta
administração de uma
empresa sobre a
confiabilidade da
informação por ela
fornecida.

Ação ética sempre foi


ação pessoal.
Ação que impulsiona
para um caminho sem
volta.

UM MAR DE CONHECIMENTO

119
Para vencer ou perder.
Para o bem ou para o mal.

MUDANDO A MANEIRA
DE PENSAR

Ser Ético
É e
Responsável.

Acreditar
ppara realizar.

UM MAR DE CONHECIMENTO

120
SONHO IMPOSSÍVEL

UM MAR DE CONHECIMENTO

121
Foi um prazer enorme ter podido estar
aqui.

Que cada um de vocês seja, para sempre,


um ético e bem sucedido projeto de vida.

Maria Leonor Galante Delmas


[email protected]
[email protected]

UM MAR DE CONHECIMENTO

122

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