Ludicidade e Desenvolvimento Cognitivo Uma Relação Necessária em Alunos Com Dificuldades de Aprendizagem
Ludicidade e Desenvolvimento Cognitivo Uma Relação Necessária em Alunos Com Dificuldades de Aprendizagem
Ludicidade e Desenvolvimento Cognitivo Uma Relação Necessária em Alunos Com Dificuldades de Aprendizagem
Porto
2012/2013
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Porto
2012/2013
RESUMO
Nos dias que correm, há cada vez mais crianças que fazem da escola um
problema para si e consequentemente para os outros, nomeadamente, pais, família,
professores e a sociedade em geral. Crianças que, mesmo tendo capacidades
intelectuais e cognitivas suficientes para evoluirem cada vez mais e melhor, não
conseguem ir além de resultados satisfatórios em áreas específicas, como a
aprendizagem da língua materna, leitura e escrita, apresentando múltiplos resultados
de insucesso escolar.
A escola é uma instituição que deve responder às dificuldades de cada criança,
adequando assim, os seus processos de ensino-aprendizagem. Para isso, devem ser
aplicadas medidas e materiais adequados que satisfaçam os alunos, que melhorem a
qualidade da sua aprendizagem e que façam com que o ensino, não seja visto como
uma imagem negativa e de pouco interesse por parte dos mesmos. Nesse sentido, a
abordagem da ludicidade parece ser um recurso imprescindível para a aprendizagem
e para o desenvolvimento cognitivo das crianças com dificuldades de aprendizagem.
Os alunos em estudo são crianças com dificuldades de aprendizagem, inseridas
em turmas regulares e a frequentar um centro de estudos, com apoio escolar e
desenvolvimento de programas de apoio especializado. Após a caraterização e
avaliação inicial das crianças, segundo o programa Decifrar de Emílio Salgueiro, foi
importante a criação e elaboração de um plano de intervenção com base na
ludicidade, relacionando dois blocos, nomeadamente o linguístico e o psicomotor, para
colmatar as dificuldades sentidas e fazer com que o processo de ensino-aprendizagem
seja mais favorável. Os dados foram obtidos através da observação participante e
posteriormente pela comparação dos resultados das avaliações realizadas aos alunos,
no momento inicial e após a aplicação das atividades lúdicas, com a aplicação de um
pré e um pós-teste. Quanto à metodologia este estudo segue uma metodologia
qualitativa e, no término desta investigação, fomos capazes de verificar melhorias
significativas no processo de aprendizagem das crianças em estudo.
Nowadays, more and more children make the school a problem for themselves
and, consequently, for the others, namely, their parents, other family members,
teachers and society in general. These are children that, although they possess
enough intellectual and cognitive skills to progress further and further, cannot go
beyond satisfactory results in specific areas, such as the learning of their mother
tongue, reading and writing, and show multiple results of academic failure.
Therefore, school is an institution that must respond to the difficulties of each
child, thus adapting their teaching and learning processes. To achieve this, educators
must implement measures and use materials that meet the needs of the students, that
improve the quality of their learning process and that allow learning not to be seen
negatively and with little interest by the students. To do so, the approach to ludicity
seems to is an indispensible resource to learning and the cognitive development of
children with learning difficulties.
The main focus of analysis are children with learning difficulties, included in
classes with regular teaching and attending after school care centres, with school
support and development of specialized support programmes. After the initial
characterization and assessment of the children based on Emílio Salgueiro’s Decifrar
programme, we created and developed an action plan based on ludicity, relating two
areas, both the linguistic area and the psychomotor area, to overcome the difficulties
felt and make the teaching and learning process more favourable. The data were
collected through participant observation and, subsequently, in the comparison of the
evaluation administered to the students, initially and after the leisure activities, with the
application of a pre- and post-test. Finally, the data from this survey follow a qualitative
methodology and, in the end of this investigation, we were able to affirm significant
improvements in the learning process of the children studied.
À minha família, mãe e pai, avós, pela compreensão, ajuda e sobretudo carinho
dado ao longo destes meses árduos de trabalho. E à minha irmã que, mesmo longe,
se mostra a parte principal da minha vida e do meu trabalho, que me preenche com
todo o amor do mundo e me orienta em todos os passos que dou.
Ao Diogo, por estar sempre comigo e incentivar, não só aquilo em que acredito,
mas a pessoa que sou, por me ter no seu coração, pela ternura, paciência e pelo amor
incondicional.
Aos meus amigos, pelo apoio, atenção, ajuda e por me incentivarem no meu
trabalho. E, sobretudo, à mais importante amiga e companheira Susana, que esteve
comigo, e juntas lutámos pela realização das nossas investigações, por tudo o que fez
e por aquilo em que se tornou.
INTRODUÇÃO ............................................................................................................13
....................................................................................................................................17
1. Ludicidade.....................................................................................................43
3.1.1. Linguagem..........................................................................................86
3. Metodologia ..................................................................................................98
ANEXOS
ÍNDICE DE ESQUEMAS
Esquema 1 - Algumas correntes atuais das DA, segundo Fonseca (1999). ................25
Esquema 2 – Causas das Dificuldades de Aprendizagem (Lopes J. A., 2005, p. 33) ..34
Esquema 12 - Sistemas de classificação dos Jogos, segundo Piaget (1998, p.37) .....60
Esquema 21- Avaliação Inicial dos Alunos, segundo Decifrar - Prova de Avaliação da
Linguístico)................................................................................................................123
Psicomotor) ...............................................................................................................124
Esquema 30 - Quadro Comparativo das Avaliações Inicial e Final dos Alunos .........145
ÍNDICE DE GRÁFICOS
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
Binet e Simon (cit. in Fonseca V. d., 1999, p.18), vieram a reconhecer que uma
grande quantidade de crianças não poderia sequer seguir os programas e a avaliação
da escola regular, o que fez com que surgissem as “classes especiais”. Ao encarar a
problemática das dificuldades de aprendizagem importa analisar a noção que a própria
escola que a criança frequenta tem acerca do assunto, porque é essencial identificar
os problemas, as dificuldades e as competências da criança em causa.
Fonseca (1999, p. 19) defende que
“as atuais teorias estão mais devotadas à descrição do que à prescrição, tornando
o diagnóstico um fim em si próprio, muitas vezes alienado de preocupações
investigativas, mas pouco centrado na avaliação dinâmica e na maximização do
potencial de aprendizagem da criança (ou do jovem) observados.”
experimentais e de controlo. Por seu lado, Reitan, sob influência de Halstead, realizou
os seus trabalhos no âmbito de lesões cerebrais em adultos. Segundo o trabalho de
Halstead, com base num estudo qualitativo acerca dos lóbulos frontais, Reitan criou
uma interessante bateria de testes neuropsicológicos. Com este instrumento, que
continha vários subtestes, o autor realizou ainda, estudos de interesse, junto de
crianças com lesões cerebrais mínimas e crianças afásicas, entrando assim, na
discussão dicotómica da função de ambos os hemisférios, o esquerdo associado às
capacidades verbais e o direito às capacidades não verbais.
Num outro conjunto de perspetivas, sendo estas referentes à integração,
Gaddes é um dos autores que considera fundamental a ligação entre neuropsicólogos
e educadores, considerando que a sua separação não é propícia à resolução dos
problemas com DA, uma vez que os contributos da neuropsicologia (significação do
diagnóstico, predicção e otimização de potencial das aprendizagens das crianças com
dificuldades de aprendizagem), podem vir a ser válidos aos educadores.
Bateman é outro nome sonante nas perspetivas da integração, uma vez que
defende, que o diagnóstico deve ser mais que uma clarificação, deve determinar os
métodos adequados aos problemas de cada criança. As inter-relações entre
diagnóstico e intervenção, para Bateman, são fundamentais, adotando, por isso,
planificações e avaliações contínuas do progresso da criança, ajustando
continuamente as condições externas de intervenção, às condições internas de
aprendizagem. Esta autora, recomenda ainda, a identificação precisa das dificuldades
no plano da comunicação verbal e no plano da integração visuomotora, ou seja,
compreensão e expressão da linguagem falada e aspetos psicomotores.
Deutsch e Schumer são outras autoras a assinalar no campo das DA (Fonseca
V. d., 1999, p. 68). Os estudos de ambas, permitiu-lhes análises detalhadas dos
processos de aprendizagem das variáveis psicológicas intermediárias, e o papel que
as variáveis recetivas nelas desempenhavam. Os seus trabalhos não só se centraram
na validade dos testes, mas também na construção de instrumentos que pudessem
medir aspetos comportamentais decisivos na aprendizagem. Também Wiseman,
destacado por Fonseca (1999, p.69), contribuíu com programas pedagógicos. Este
apresenta, um modelo de aprendizagem, no qual, distinguiu as várias áreas,
nomeadamente, descodificação auditiva e visual, associação, memória,
completamento automático auditivo e visual e codificação vocal e motora. Fernald, foi
outra figura notável no âmbito das DA, ao defender uma abordagem caraterística de
uma relação interdependente entre diagnóstico e intervenção. Ela descreve técnicas
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1- Modelo
Interacional
(Adelman) 2- Teoria
Integrada da
(...) Informação
(Senf)
3- Teoria do
Desenvolvimento
das Capacidades
7- Modelo
Correntes percetivas e
Hierarquizado
linguísticas (Satz e
(Wiener e Cromer) Atuais das DA Van Nostrand)
4- Teoria do Atraso
6- Hipótese do do Desenvolvimento
Educando Inativo da Atenção Seletiva
(Torgesen) (Ross)
5- Hipótese do
Défice Verbal
(Vellutino)
Fazendo uma breve abordagem de cada uma das perspetivas, referimos, que de
acordo com Fonseca (1999, p.83), Adelman, defendeu o modelo interacional, segundo
o qual o sucesso escolar não dependia somente das capacidades e incapacidades de
cada aluno, mas também das metodologias de ensino, das diferenças individuais dos
professores e das limitações e condições de cada sala de aula. Adelman, com o seu
modelo, rejeitava a hipótese de o insucesso escolar, recair numa desordem da
criança. Assim, para ele, o sucesso escolar seria tanto maior quanto maior fosse a
concordância entre as caraterísticas da criança e as exigências do programa. Segundo
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Ainda que esta perspetiva não seja novidade, Ross, ao centrar o atraso destas
crianças numa diminuição cognitiva, a atenção em seleccionar, vai constituir um marco
importante no trabalho de planificação, na medida em que, nas DA, Ross recomenda o
aumento da distinção entre pares de letras e/ou palavras, para assim, diminuir ou
eliminar as dificuldades de reconhecimento. O relevante desta teoria é segundo
Fonseca (1999, p. 89), atribuir a origem das DA à própria criança e ignorar as
interações que se produzem entre as capacidades da criança em mostrar uma
atenção seletiva e as variáveis externas, nomeadamente, situacionais e
envolvimentais. Mas, surge um problema nesta perspetiva, que são naturalmente, as
distrações externas que afetam o nível de atenção da criança. E por isso Fonseca
(1999, p.89), sugere a necessidade de novas investigações nesta área, para,
determinar com eficácia, a importância e o significado que determinados elementos
acarretam nas condições normais de aprendizagem.
Vellutino, surge como um autor atual, ao defender a hipótese do Défice Verbal,
ao sugerir que as DA, resultam de uma dificuldade de rememorização e renomeação
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Por outro lado, quando um aluno não está a avançar conforme os objetivos
curriculares do ano em que se encontra, o professor não deve alhear-se do problema
mas antes, ter ideias limpas e objetivas quanto à natureza das dificuldades de
aprendizagem, para melhor conseguir identificar e diagnosticar, para uma melhor
intervenção e mais adequada ao aluno em questão.
Contudo, e segundo uma perspetiva histórica já abordada, o termo dificuldades
de aprendizagem surge-nos a partir dos anos 60, ao ser utilizado em larga escala por
vários autores e, consequentemente, várias definições nos vão surgindo. No entanto,
apenas nos interessam as perceções que ainda hoje são viáveis e aceites.
Bateman sugeriu uma definição que introduz o conceito de discrepância, aptidão
e rendimento, em que
“crianças que têm desordens de aprendizagens são aquelas que manifestam uma
discrepância educativa significativa entre o seu potencial intelectual estimado e o
nível atual de realização relacionada com desordens básicas nos processos de
aprendizagem, as quais podem ou não ser acompanhadas por disfunções
nervosas centrais demonstráveis, e que não são secundárias a uma deficiência
mental generalizada, privação educativa ou cultural, distúrbios emocionais
severos, ou perda sensorial” (Bateman, 1965, p. 220 cit in Hammill, 1990, p. 78).
Podemos então verificar que esta definição não faz referência às causas das DA
e enfatiza o papel do indivíduo sem especificar os tipos de DAE. Porém, esta
designação não teve tanta aceitação como a proposta que Kirk lançou.
Samuel Kirk autor reconhecido pelo IPTA, foi o primeiro a utilizar a expressão
Pré, Peri e
Pós-Natais
Genéticos Neurobiológicas e
Neurofisiológicas
Fatores
Biológicos
Considerando os fatores pré, peri e pós-natais, os estudos que têm vindo a ser
efetuados, são pouco conclusivos. Mas, as causas apontadas são:
Anoxia
Complicações
Outras... na gravidez
(sem anoxia)
Fatores
Pré, peri e
Pós-Natais
Parto
Baixo peso
prolongado
Prematuridade
Fatores de
Envolvimento e
Classes Sociais
de Privação
Cultural
Fatores
Sociais
Desta maneira, defendemos a ideia de que para ser possível formar meios
adequados a todas as crianças, para estas melhor atingirem as aquisições da
linguagem, e assim, se tornarem membros adultos ativos e criadores, devemos, como
sociedade e escola, educar todas as crianças e não aguardar pelo critério do
insucesso escolar. Assim, podemos e devemos identificar precocemente e prevenir,
para nos tornarmos mais humanos e as escolas mais justas.
Para nós, a ludicidade é vista como um desafio do futuro para prevenir as DA e
desenvolver a cognição de cada aluno. Queremos investigar e encontrar ferramentas
necessárias que justifiquem que é uma estratégia importante e necessária em todas
as escolas, para criar nos alunos responsabilidades e interesses que lhes permitirão
ser ativos e criadores e não apenas, não se submetendo apenas a critérios de
insucesso escolar.
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importantes e eliminando os que são irrelevantes, para assim se chegar a uma melhor
definição operacional das dificuldades de aprendizagem.
Muitos autores abordam a importância de critérios para um diagnóstico eficaz e
possível, sendo Shaw et al. (1995) os primeiros a abordarem a importância de uma
definição operacional viável, a descrever os critérios que devem ser aplicados e a
orientar para a associação que é feita entre aptidão e rendimento, de forma a permitir
uma identificação precoce e que não esteja associada a erros devido a limitações do
examinador ou dos instrumentos. Os critérios devem guiar para a dimensão do
processamento de informação e para os vários fatores de exclusão mencionados na
maioria das definições.
Hammill (1990) identificou ainda cinco elementos que surgiram em todas as
formulações concetuais, sendo elas, o fracasso nas tarefas, a discrepância potencial-
rendimento, os fatores etiológicos, os de exclusão e as disfunções num ou mais
processos psicológicos.
Por seu lado, Correia (2008) sugeriu que aquando da definição de DA, estão
integrados quatro critérios, sendo eles: a existência de danos cerebrais mínimos, a
presença de problemas nos processos psicológicos básicos, uma discrepância entre a
realização e o potencial, e a exclusão de outras causas possíveis.
Também Kirk, Gallagher & Anastasiow, apontam para quatro critérios a serem
considerados: a presença de dificuldades académicas (uma vez que o aluno com
dificuldades de aprendizagem tem dificuldades em ler e/ou fazer cálculos
matemáticos, comparativamente a alunos da mesma idade), o aluno com DA
apresenta uma discrepância séria entre a habilidade intelectual e o rendimento escolar
(referente à discrepância aptidão-rendimento), a exclusão de outros fatores (pois um
aluno não pode ser classificado com DA se os problemas de aprendizagem residirem
em causas como distúrbios visuais ou auditivos, deficiência mental, deficiência motora,
distúrbios emocionais ou fatores envolvimentais), e, por fim, o último critério indica que
as DA resultam de desordens neurológicas.
Mercer et al. (1996), mais recentemente, também identificaram seis critérios a
saber: a componente académica (refere a realização por parte do aluno no currículo
escolar), a componente de exclusão (considera outras condições que não as DA), a
inteligência (não provoca deficiência mental no indivíduo com DA), a componente da
discrepância (diferencia o potencial de realização de um indivíduo e o seu rendimento
atual), os fatores de processamento (apontam às habilidades percetivo-motoras, às
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CAPÍTULO II
1. Ludicidade
É desde a mais tenra idade que as crianças brincam e têm contacto com a maior
variedade de brinquedos. E é neste contexto que durante a sua infância, as crianças,
fazem apropriação de imagens e representações diversas, através de muitas fontes
que podem surgir por intermédio dos brinquedos.
Na verdade, os jogos e o brincar são atividades que têm uma ação direta em
todos os níveis de desenvolvimento da criança: físico, moral, emocional e espiritual. E
é através destes que o ser humano pode expressar livremente as suas ideias, defeitos
e virtudes, habilidades e dificuldades, que sentem. É a maneira mais digna que a
criança encontra para expressar e agregar experiências, estabelecendo relações com
a sociedade com que se depara.
Dado isto, podemos afirmar que a utilização de jogos e brincadeiras em contexto
de sala de aula, potencializa a exploração e a construção do conhecimento da criança,
pois estimula a motivação interna, bem como a imaginação, produção e reprodução de
conceitos aprendidos.
Em 1997, a autora Maria Teles definiu três estilos de brincadeira: o funcional, o
simbólico e o construtivo. Assim, no estilo de brincadeira funcional, a criança brinca
com o seu corpo e sente agrado ao observar os seus movimentos; já no estilo
simbólico, a criança brinca ao “faz de conta”, e surge por volta dos dois aos quatro
anos de idade; por fim, no estilo construtivo a criança brinca com um objetivo definido.
É na base destes três estilos que podemos afirmar que a ludicidade acarreta a
necessidade do próprio ser humano a usar, sobretudo enquanto crianças, pois é nessa
altura que ela precisa de jogar, brincar e divertir-se, já que é por meio de atividades
lúdicas que irá compreender e interagir com a sua realidade, fazendo incansáveis
reconstruções do seu “eu”, expondo assim, mais facilmente, opiniões e expressando
sentimentos. Contudo, também
Sociológico
Folclórico Educacional
Antropológico Psicológico
Por meio de tais conceções compreende-se que o jogo surge como uma
atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de determinados limites de tempo e
espaço, segundo regras consentidas no meio cultural, mas, obrigatórias para obter um
fim e um sentido de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida quotidiana.
Desta forma, é segundo esta perspetiva que Brougére (1995, p.16) acrescenta que
Perante isto, o jogo constitui uma atividade primária do ser humano. É na criança
que se manifesta de maneira espontânea, alivia a tensão interior e permite a educação
do comportamento, sendo que se verifica que o jogo auxilia no desenvolvimento físico,
mental, emocional e social do sujeito.
Murcia surge em 2005 (p. 11) para referenciar a importância que o jogo tem
como componente imprescindível à cultura humana:
Tipos de
Atividade
Lúdica
Jogo
Popular
Jogo Jogo
Tradicional Folclórico
Tipos de
Jogos
crianças menores. (...) O jogo popular faz referência ao que procede do povo, por
isso se define o ‘jogo popular’ como aqueles que ‘são praticados pelas massas e
não necessariamente são jogos tradicionais, mesmo que com o tempo possam se
perpetuar.” (Murcia, 2005, p. 110)
Para este autor, os jogos podem ser classificados por diferentes terminologias
dependendo apenas da sua origem no meio social e cultural do povo. Apesar disso, o
jogo está inserido em diferentes contextos, onde se destacam outro tipo de jogos, os
jogos folclóricos, por evidenciarem uma escolha de manifestações dependentes da
realidade sócio-histórica de uma dada sociedade.
Relativamente à utilização do jogo, este é direcionado a um leque de utilizadores
diversificado e com diferentes idades. Brougère (1995, p.13) evidencia que “o jogo
pode ser destinado tanto à criança quando ao adulto: ele não é restrito a uma faixa
etária. Os objetos lúdicos dos adultos são chamados exclusivamente de jogos,
definindo-se, assim, pela função lúdica”.
Além disso, o jogo envolve um referencial de cultura, pois através dele retrata-se
a história de um povo e é nesse contexto que o jogo, exerce ligações com a
historicidade dos antepassados da humanidade, que deixaram um forte legado de
atividades lúdicas que servem, hoje em dia, para entretenimento, lazer e sobretudo,
desenvolvimento do próprio “eu”, pois é com as atividades desenvolvidas no contexto
educativo, que as crianças estimulam pensamentos e linguagem para questionar,
resolver situações problemáticas na leitura e escrita, para partilhar vivências e
construir saberes. A necessidade que a criança tem se exprimir, leva a que esta,
durante a ludicidade, construa um esquema de comunicação que lhe permita
desenvolver socialmente em diversos contextos. Ao brincar e ao jogar, as crianças
começam a compreender a importância das regras, cooperando e respeitando os
outros. Neste sentido, as atividades manifestam ser recursos úteis e fundamentais,
para desenvolver aspetos das atividades da vida diária, potenciar posturas,
comportamentos e saberes corretos para a sua vida.
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dogmas criados pela igreja distanciavam o objetivo primordial dos jogos e estes
passavam a ser associados a “jogos de azar”, e por isso, o jogo perdia o seu estatuto
e dava lugar a uma educação com base em princípios rígidos e disciplinadores, onde
este era proibido como Kishimoto refere “o interesse pelo jogo decresce com o
advento do Cristianismo, a poderosa sociedade cristã que toma posse do império
desorganizado impõe uma educação disciplinadora” (1994, p. 15 cit in. Nogueira,
2004, p. 82).
Mas, esta negatividade face aos jogos, não permaneceu ao longo dos anos, uma
vez que, com a Renascença ressurgiu o interesse pelo saber, originando uma nova
pedagogia da educação. Com a Companhia de Jesus revalorizaram-se mais os jogos
que foram integrados no ensino, recriando o caráter lúdico dos mesmos e dando-lhe
um valor mais pedagógico e educativo.
A partir do século XVIII, as ideias recriadas sobre a importância do lúdico na
educação foram fortalecidas, expandindo-se a jogos de leitura de áreas como a
história, geografia e matemática e jogos de exercício físico. Segundo Oliveira (2002,
p.64) o educador Coménio defendia “a exploração do mundo no brincar era vista como
uma forma de educação pelos sentidos. Daí a defesa de uma programação bem
elaborada, com bons recursos materiais, racionalização do tempo e do espaço
escolar”. Desta forma, podemos entender que os jogos eram criados para estimular os
sentidos e com isto facilitar um avanço no desenvolvimento cognitivo das crianças.
No que respeita ao desenvolvimento do jogo no século XIX, apesar de
relativamente calmo, continuou a privilegiar-se a utilização pedagógica deste e
introduziu o jogo como um auxílio da aprendizagem e/ou uma estratégia de ensino. No
que concerne ao século seguinte, Nogueira (2004, p.82) indica que o jogo lúdico “é
uma atividade que apenas desvia o interesse da criança, em dissonância com a mais
valia que atualmente, e de uma forma quase unânime, lhe é reconhecida no processo
de ensino/aprendizagem”. Mas, no entanto, é no século XX que a atividade lúdica
adquire um caráter de preocupação e estudo por parte de psicólogos e educadores.
Rousseau foi um importante pesquisador que incentivou a atividade lúdica na
educação. Este admitia que as atividades lúdicas deveriam ser aproveitas no ambiente
educacional, uma vez que proporcionavam a ideia de liberdade de expressão,
utilização da experiência e a emoção como um incentivo à aprendizagem.
Froebel usou os jogos no campo educacional, contribuindo com variados
recursos pedagógicos, como Kishimoto (2003, p.42) aborda
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“É com Froebel que o jogo é entendido como objeto e ação de brincar, passa a
fazer parte da história da educação pré-escolar. Partindo do princípio de que,
manipulando e brincando com materiais como a bola, cubo e cilindro, montando e
desmontando cubos, a criança estabelece relações matemáticas e adquire noções
primárias de Física e Metafísicas.”
Dessa forma, ao criar diferentes formas de usar o jogo, o autor permitiu à criança
a ação do brincar e de adquirir conhecimentos intelectuais cruciais no espaço escolar,
onde conteúdos diversificados podem ser compreendidos.
Montessouri exerceu forte contributo para o uso do brinquedo como um
instrumento de aprendizagem amplo e significativo. Oliveira (2002, p.74) referenciou
que esta educadora construiu recursos pedagógicos importantes como “letras móveis,
letras recortadas em cartões lixa, contadores e diversos outros instrumentos para levar
a criança a aprender de forma lúdica e prazerosa”, que contribuiram para um
conhecimento e aprendizagem eficazes e favoráveis.
Freinet destacou-se na primeira metade do século XX ao adaptar a sua prática
pedagógica mediante inúmeras atividades manuais e intelectuais, onde os limites da
sala de aula eram excedidos, permitindo oferecer à criança a oportunidade de viver
experiências no meio social. O seu trabalho com jogos, criava um clima de confiança,
diálogo, respeito, tolerância, compromisso e responsabilidade entre os alunos. A
pedagogia deste autor exercia-se por meio de técnicas construídas com base na
experimentação e documentação que davam à criança instrumentos para aprofundar o
seu crescimento e desenvolver a sua ação.
Decroly foi um autor que valorizou na sua pedagogia a atividade lúdica, ao
transformar os jogos sensoriais e motores em jogos cognitivos. Para ele, o
desenvolvimento da relação nas necessidades da criança, no trabalho e na reflexão,
eram o objetivo principal.
Para além de críticas feitas acerca da utilização de jogos nas escolas, todos
estes autores, contribuíram para expandir as formas do jogo, nomeadamente jogos
para aprendizagens da matemática, das ciências, do português, da geografia e da
história, de forma didática.
Huizinga (1951) citado por Kishimoto (2003) contribuiu com estudos para
entender o jogo. Para ele, o jogo era um elemento da cultura que apontava diversas
caraterísticas sociais, como demonstramos no seguinte esquema:
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Prazer
Caráter
Livre Caráter
não-sério
Tempo e
Jogo Mundo
Espaço imaginário
Caráter
Regras fícticio e
imaginário
Christie (1991 cit in. Kishimoto, 2003) aponta algumas caraterísticas do jogo
infantil, seguindo a perspetiva de Huizinga e aproveitando outros pressupostos de
outros autores.
Não
Literalidade
Controle Efeito
Interno Positivo
Jogo
Livre
Flexibilidade
Escolha
Prioridade
do Processo
de Brincar
Simbolismo
Episódico Significação
Jogo
Regras Atividade
Motivação
Intrínseca
Para o autor, todas as caraterísticas que ele admite, clarificam a atividade lúdica.
As primeiras referem-se ao simbolismo e à significação de comportamentos e
experiências que provêm das brincadeiras das crianças. Ao brincar, a criança sente-se
ativa, pois exercita-se e faz algo nesse sentido. Além do mais, a criança deve brincar
partindo dos seus próprios interesses, vontades, necessidades e motivações. Todo o
jogo, segundo Fromberg, deve ainda ser dotado de regras, quer implícitas, quer
explícitas. E a caraterística episódica, aborda todos os acontecimentos, que são
desenvolvidos espontaneamente por quem brinca.
Outros profissionais apresentaram e defenderam as suas teorias referentes à
atividade lúdica. Posto isto, a utilização do lúdico através de importantes contríbutos
de educadores, permite verificar-se que o jogo não se apresentou como uma mera
atividade pedagógica a ser incluída no plano escolar, mas como uma ação
mobilizadora, pelos resultados positivos e por o lúdico ser um recurso de extrema
importância para o desenvolvimento da criança.
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Porém, como atividade infantil, os jogos podem e devem ser desenvolvidos nas
escolas, uma vez que, incluir o jogo e a brincadeira na escola cria um serviço de
desenvolvimento da criança como um instrumento distinto nos processos de
construção de conhecimento.
Ao utilizar-se os jogos no processo de ensino-aprendizagem de uma criança é
justificável alcançar ações que possibilitam uma aprendizagem eficaz, como Queiroz
cita (2003 cit in. Soares, s.d., p. 7) “o jogo pode ser extremamente interessante como
instrumento pedagógico, pois incentiva a interação e desperta o interesse pelo tema
estudado, além de fomentar o prazer e a curiosidade”.
Os jogos ajudam na educação do aluno pois dão conta de uma reflexão social e
histórica do movimento do Homem, oportunizando a criança a investigar e
problematizar as práticas que advêm das mais variadas manifestações culturais e
existentes no dia-a-dia.
É preciso consciencializar que o jogo fornece informações a respeito da criança,
das suas emoções, da forma como interage com o grupo de pares, o seu desempenho
motor, o seu estágio de desenvolvimento ao nível da linguagem e formação moral.
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Uma vez que, numa forma mais descontraída e com diversão, a criança aprende a
relacionar-se com os outros e a descobrir o mundo que o rodeia.
A utilização de jogos e textos diversificados pode tornar-se recurso para
simplificar a participação, integração e comunicação dos alunos que terão, desta
forma, meios para compreender e expressar-se melhor. Além disso, o jogo na escola
como cita Santos (2000, p. 37 cit in. Soares, s.d., p.8)
Desta forma, sujeito assimila eventos e objetos que dizem respeito ao seu “eu” e
às suas estruturas mentais. É através do jogo que a criança assimila as regras, uma
vez que é orientada pelos educadores e após esta fase pode atingir o segundo estágio
e adquirir conhecimento, progredindo o seu processo de aprendizagem, através da
experiência simbólica.
Nos estudos do autor, verificou-se a mais valia dos estágios de desenvolvimento
infantil que este idealizou. No primeiro, respeitante à fase sensório-motora (0-3anos),
consistia na criança brincar sozinha, sem utilização de regras, o que lhes permitirá
desenvolver recursos pessoais para resolver uma série de situações através de uma
inteligência sensório-motora. No segundo, a fase pré-operatória (2-5/6anos), a criança
já é capaz de adquirir noções de que existem regras e começa a jogar com outras
crianças os jogos do faz-de-conta, brincadeiras de roda, fantoches, entre outros. No
terceiro, fase das operações concretas (7-11anos), a criança joga em grupos, como
jogos de futebol, damas, dominó, etc., envolvendo preferencialmente atividades de
cooperação e discussão. Além disso, surge o quarto estágio, que diz respeito ao
P á g i n a | 60
Jogo de Jogo
Regras Simbólico
No que diz respeito aos jogos de exercícios, estes surgem no período sensório-
motor. Neste período não basta constituir sistemas lúdicos independentes e
construtivos, o objetivo principal reside no simples prazer funcional, ou até mesmo,
pelo prazer que se produz na tomada de consciência das suas novas capacidades.
Com o passar da idade da criança estes jogos passam a ser utilizados por ela de
forma a fazerem repetições fortuitas e combinações, ações e manipulações. Depois
definem metas, e os jogos são transformados em construções. De relevar ainda que
os jogos de exercícios adquirem determinadas regras, transformando-se em jogos de
regras.
Os jogos simbólicos, por sua vez, surgem no segundo ano de vida da criança,
aquando da representação e da linguagem. Oliveira admitiu que na teoria de Piaget, o
jogo de faz-de-conta é uma atividade solitária que envolve a utilização de símbolos e
brincadeiras sociodramáticas. Enquanto os símbolos coletivos não aparecem antes
dos três anos de idade. Nesta fase, o jogo de faz-de-conta envolve elementos que
variam com o tempo, como o comportamento descontextualizado (dormir, comer, etc.),
P á g i n a | 61
realizações com outros (dar de comer, fazer que está a dormir, etc.), uso de objetos
substitutos (blocos em vez de bonecas) e combinações sequenciais, imitando ações.
A criança com este tipo de jogo, pré-estabelecido por Piaget (1998, p.37 cit in.
Soares, s.d., p.12), ultrapassou a satisfação da manipulação e passou a assimilar a
realidade externa ao seu “eu”, acabando por fazer distorções e/ou transposições.
Posto isto, o jogo simbólico é utilizado com o princípio de satisfação fantasiosa, por
meio de compensação, superação de conflitos e preenchimento de desejos.
Por fim, o terceiro tipo de sistemas de jogos de Piaget, é o jogo de regras, que
marca a transição da atividade individual para a efetuada em grupo, usada antes dos 4
a 7anos de idade, predominando no período dos 7 a 12anos. Este tipo de jogos
pressupõem a interação de dois indivíduos e a sua principal função é regular e
interligar o grupo social. Estes podem ser classificados em jogos sensório-motores
(futebol) e intelectuais (xadrez). São caracterizados pela existência de um conjunto de
leis impostas pelo grupo e pressupõem a existência de parceiros e um conjunto de
obrigações que lhes confere um caráter social.
Todavia, Piaget (1998 cit in. Soares, s.d., p.12) assegurou que o
desenvolvimento do jogo progredia através de processos individuais que derivavam da
estrutura mental da criança e que só por eles podem ser explicados. É possível
verificar que Piaget admite que a,
Vygotsky (1984, p. 35, cit in. Soares, s.d., p. 13), por seu lado, classificou o
brincar em três fases:
Distanciamento
Convenções Imitação
comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real, tanto pela
vivência da situação imaginária, como pela capacidade de subordinar as regras.
O jogo e a brincadeira, ou seja, a atividade lúdica está presente em todas as
fases da vida do Homem, tornando a sua existência especial. E é desta forma, que o
lúdico marca presença e aflora o relacionamento entre as pessoas, possibilitando o
surgimento da criatividade no ambiente escolar.
Na perspetiva de Antunes, todo o seu trabalho foi um enorme contributo às
habilidades da criança, em que ao explorar o trabalho de Gartner acerca da teoria das
Inteligências múltiplas, o autor define a inteligência múltipla como “uma capacidade de
resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais
ambientes culturais ou comunitários” (Antunes, 1998, p. 13 cit in. Soares, s.d., p.14).
Por meio dos estudos de Antunes, este descobre que o jogo é o mais eficaz meio de
estimular a inteligência, permitindo ao aluno a realização de tudo aquilo que deseja.
Para ele, quando se joga passa-se a viver quem se quer ser, organiza-se o que se
quer organizar e decide-se sem obstáculos, nem limitações. O brincar no seu próprio
espaço, permite um envolvimento com a fantasia e estabelece-se ligações entre o
inconsciente e o real.
Os jogos passam desta forma a ser estudados e analisados para se tornarem
eficientes, porque os que não o são, tornam-se ineficazes. Além do mais, uma maioria
deles que não está associada a conteúdos e objetivos de acordo com a aprendizagem,
tornam-se inválidos, uma vez que precisam considerar a maneira como devem ser
trabalhados e não só possuir materiais para o fazer.
Antunes admite ainda, que os jogos devem ser usados como proposta
pedagógica, apenas quando a programação o permitir e quando se puder criar ajuda
eficaz ao alcance de um objetivo, dentro dessa programação. Posto isto, para se criar
um programa deve-se preceder com conhecimento de jogos específicos, e à medida
que estes surgem na proposta pedagógica, estes devem ser aplicados, mas sempre
com apreço para os manter, alterar ou substituir por outros, sempre que se verificar
que ficaram aquém do objetivos que se pretendiam.
Em suma, o autor conclui que se é capaz de alfabetizar uma criança através do
jogo, levando-a a viver situações que desenvolvam as suas funções cerebrais e
abasteçam as suas memórias, com informações capazes de serem utilizadas, sempre
que necessário.
P á g i n a | 64
“deve estar preparado não apenas para atuar como animador, mas também como
observador e investigador das relações e acontecimentos que ocorrem na escola.
Para uma tarefa desta dimensão social, o indivíduo necessita de uma formação
sólida, fundamentada em três pilares ‘formação teórica, pedagógica e pessoal’.”
(Negrine, 1994, p. 13 cit in. Soares, s.d., p. 16).
Desta forma, o educador precisa além de prática, também uma base teórica para
que consiga e possa sustentar a aplicação da atividade lúdica, pois na prática
pedagógica é sempre crucial saber utilizar um recurso didático com base numa
explicação científica, para que possa comprovar a sua eficiência empírica.
Nóvoa (1991, p. 34 cit in. Soares, s.d., p.16) justifica a importância de uma base
teórica ao afirmar que esta implica “entender a aprendizagem numa perspetiva
interdisciplinar e como um processo contínuo que requer uma análise cuidadosa desse
aprender em suas etapas, evoluções, avanços e concretizações”.
A formação da ludicidade nos educadores é uma preocupação dos dias que
correm, principalmente para aqueles que acreditam que o programa educacional deve
ser modificado, pois, da maneira com que este é apresentado, não pode condizer com
as necessidades daqueles que procuram a escola com o objetivo de aprender e saber,
para que possam reivindicar os seus direitos e cumpram os seus deveres, perante a
sociedade.
O educador é a chave do processo e deve-o encarar como essencial e
fundamental, pois uma vez que, quanto maior e mais rica for a história de vida, no
P á g i n a | 65
Desta maneira, o educador deve usar o jogo como uma ferramenta educacional,
em que consiga observar e aplicar mais jogos que suscitem diversas formas de
cooperação entre alunos, que incentivem desafios, criem situações que façam
florescer as habilidades e competências de cada um e clarifiquem o papel que cada
um tem no momento em causa.
P á g i n a | 67
2. Desenvolvimento cognitivo
Além do mais, os autores referem ainda que a essência da cognição passa pela
“propensibilidade para a resolução de problemas”, ou seja, da capacidade que a
P á g i n a | 69
espécie humana tem em se adaptar, uma vez que esta foi operada ao longo do
passado e, hoje em dia, se opera e certamente, num futuro próximo, irá ser operada.
Contudo, definindo o conceito de cognição, este é sinónimo de “ato ou processo
de conhecimento” (Cruz & Fonseca, 2002, p. 20), onde sabemos que envolve a
contribuição de vários componentes, sendo eles, a atenção, a perceção, a emoção, a
memória, a motivação, a integração e a monitorização central, o processamento
sequencial e simultâneo, a planificação, a resolução de problemas e a expressão e
comunicação da informação, isto é, a natureza da cognição “compreende os
processos e produtos mentais superiores, (...) através dos quais percebemos,
concebemos e transformamos o envolvimento (...) Não é uma coleção, mas um
sistema complexo de componentes” (Cruz & Fonseca, 2002, p. 21).
Desta forma, este tema tão mencionado na área da neuropsicologia e do
desenvolvimento infantil, não se apresenta simples de definir e entender. Na nossa
investigação, entendemos que falar acerca do desenvolvimento cognitivo implica,
anteriormente, abordar o conceito de cognição. E para isso, até hoje, não é clara como
deveria ser, uma vez que se atribui um significado de “qualquer coisa que tem a ver
com o cérebro”. Posto isto, entendemos que a cognição refere-se ao conjunto de
habilidades cerebrais e mentais que são necessárias à obtenção de conhecimento
acerca do mundo. Contudo, este conceito remete-nos aos processos cognitivos que se
desenvolvem desde a mais tenra idade, até aos anos do envelhecimento. Todo este
desenvolvimento é relacionado diretamente com a aprendizagem, ou seja, não ocorre
um sem o outro. Assim, este processo acontece e dá-nos a noção de
desenvolvimentos no crescimento:
Desenvolvimento
Aprendizagem Adaptação
Segundo Morais (1996, cit in. Cruz, 2007, p. 8) a abordagem cognitiva tem
ganho importância no âmbito da aprendizagem, sobretudo, devido à preocupação que
este tem em entender como as pessoas organizam a sua mente, considerando as
suas experiências, isto é, realça a análise dos processos cognitivos internos, utilizados
pelas pessoas na resolução de diversas tarefas cognitivas, principalmente, seleção,
codificação, armazenamento e evocação de informação.
Além disso, tem em conta o modo pelo qual as pessoas interpretam e tentam
entender o que acontece, perspetivando o Homem, como um agente ativo no seu
próprio processo de aprendizagem, que tenta processar e qualificar a corrente de
informação obtida a partir do mundo que o rodeia. Isto é, o indivíduo é considerado um
ser ativo e reativo, uma vez que responde ao envolvimento, simultaneamente, e o
transforma, ao longo dos processos de mediação cognitiva.
Nas últimas décadas, têm vindo a ser produzidos avanços que tornaram legítimo
abordar determinadas e complexas questões relacionadas com o processo de leitura,
provocando um nova perspetiva para compreender a teoria e aplicação do ensino da
leitura, bem como das dificuldades que a mesma acarreta (Linuesa & Gutiérrez, 1999,
cit in. Cruz, 2007, p.9).
Jean Piaget foi um dos pioneiros a estudar as fases do desenvolvimento
cognitivo infantil. O seu principal interesse focou-se na investigação das habilidades
que estavam vinculadas em cada estágio de desenvolvimento, em que, para
determinar essas fases, o autor desenvolveu vários estudos. O seu trabalho baseou-
se em cuidadosas e detalhadas observações de crianças em contextos naturais, tais
como, a casa e a escola. Ao estudar o desenvolvimento cognitivo, Piaget descobriu
que as crianças em determinadas idades pareciam ter grande dificuldade em
compreender ideias simples e que se deslumbravam por aquilo que parecesse maior.
Em determinados momentos de cada experiência, Piaget reexaminava
cuidadosamente as suas próprias hipóteses, para assim desenvolver novas formas de
as testar.
Mas, o interesse de Jean Piaget estava dirigido ao estudo, de como os
organismos se adaptavam ao meio, sendo que esta adaptação dependia somente do
“cérebro humano”, isto é, era necessário que o cérebro estivesse preparado e
desenvolvido o suficiente para dar resposta à ação que o meio exercia.
P á g i n a | 72
Além disso, e apesar de reconhecido o seu trabalho, Piaget foi bastante criticado
relativamente às interpretações mal elaboradas. Atualmente, existem conceções
teóricas mais recentes que complementam a sua teoria e outras que tomam posições
contrárias às suas.
Posto isto, na teoria de Piaget o que se desenvolve é sobretudo, o
desenvolvimento cognitivo como competência geral e estrutural do sujeito para pensar
e raciocinar sobre o mundo físico, considerado de um ponto de vista científico. Na sua
perspetiva, o que se modifica com o desenvolvimento cognitivo é uma competência
moral e global, a que o autor chamou de inteligência e que é responsável pelas
mudanças verificadas. Sendo assim, o que se desenvolve e muda com o
desenvolvimento cognitivo na teoria de Piaget é o conhecimento estrutural.
De outra forma, o que evolui igualmente é a forma geral, estrutural e organizada
de pensar e conhecer a realidade, e, não apenas os conhecimentos específicos e
locais que vamos adqurindo sobre ela.
Posto isto, a principal tarefa que Piaget impôs, foi descrever a génese das várias
formas de pensar:
Génese do
Conhecimento
Construção do
Conhecimento
“A criança elabora neste nível o conjunto das estruturas cognitivas que servirão de
ponto de partida para as suas construções percetivas e intelectuais posteriores,
bem como um certo número de reações afetivas elementares que determinarão
em parte a sua afetividade subsequente” (Piaget e Inhelder, 1996, p.7 cit in.
Troadec & Martinot, 2003, p. 63)
eram novas e consideradas hilariantes, neste estágio, o humor é mais sofisticado, até
do ponto de vista dos adultos.
Assim, enquanto no estádio anterior, do pensamento intuitivo, as crianças
demonstravam algumas capacidades, embora escassas, para raciocinar de forma
concreta, da mesma forma, durante o estádio concreto, a criança exibe uma frágil
capacidade de raciocínio abstracto, provocando então, algum manifesto do estádio
seguinte.
Por fim, o último estágio compreendido por Jean Piaget, foi o operatório formal,
caraterizando as crianças entre os onze/doze anos até aos catorze/dezasseis anos.
etapas do desenvolvimento não podem ser invertidas” (Troadec & Martinot, 2003, p.
63) e cada estágio, “caracteriza-se por uma estrutura de conjunto ou um agrupamento
de ações ou de operações que determina todas as operações possíveis e utilizáveis”
(Troadec & Martinot, 2003, p. 63). Além do mais, “as estruturas construídas numa
determinada idade tornam-se parte integrante das estruturas da idade que se segue”
(Troadec & Martinot, 2003, p. 63).
Outro autor que abordou o desenvolvimento foi Vygotsky, que segundo a sua
perspetiva com base na psicologia histórico-cultural, admitiu que o conhecimento do
meio era sempre mediado por práticas culturais, especialmente pela linguagem, mas
não eliminando o poder do mundo, que classifica, recorta, agrupa, representa e
significa o real. Mas,
Desta forma, segundo Cruz M. N., partimos do princípio desta ênfase e da visão
teleológica do desenvolvimento cognitivo implicada, cujo objetivo seria o raciocínio
lógico-abstrato. Tal problematização será feita no interior mesmo das conceções de
Vygotsky, que construiu a possibilidade de compreender o desenvolvimento humano,
como algo que se faz na relação concreta entre os homens e com a cultura e que,
implica variabilidade, descontinuidade e oscilação.
Para esta autor, a criança nascia inserida num meio social, a família, e é nesta
que estabelece as primeiras relações com a linguagem na interação que estabelece
com os outros. Toda esta interação quotidiana com o ser adulto, acontece
espontaneamente no processo de utilização da linguagem num contexto de situações
imediatas. Esta teoria é apoiada na relação que se estabelece entre um sujeito
interativo, capaz de elaborar os seus próprios conhecimentos sobre os objectos e um
processo mediado pelo outro. O conhecimento origina-se nas relações sociais, sendo
produzido e marcado pelas condições culturais, sociais e históricas.
Segundo Vygotsky, o homem produz-se por ela e na linguagem, ou seja, na
interação com os outros sujeitos, em que as formas de pensar são construídas
segundo a apropriação do saber da comunidade onde o sujeito está inserido. A
relação que é estabelecida entre o homem e o mundo, é uma relação na qual entre
P á g i n a | 79
Instrumental
Histórico Cultural
“que o legado dos <dois gigantes>, [...], consiste no facto de, tanto um como o
outro, terem constantemente reconhecido a complexidade do desenvolvimento da
mente humana e rejeitado a via do reducionismo na sua análise” (Troadec &
Martinot, 2003, p. 91).
P á g i n a | 82
Linguagem
Perceção
Autonomia (Auditiva e
Visual)
Sub-Áreas do
Desenvolvimento
Cognitivo
Desenvolvi-
Psicomotrici
mento
-dade
Social
Desenvolvi-
mento Criatividade
Motor
3.1.1. Linguagem
Piaget defende que a criança à medida que evolui, prepara-se para a realidade
que o rodeia, superando de modo eficaz as várias situações com que se confronta.
Admite a existência de estádios diversos relativos à inteligência, linguagem e perceção
da criança.
É possível observar que nas crianças, o pensamento sofre uma transformação
qualitativa, onde estas já não estão limitadas ao seu meio sensorial imediato.
Expandem essa capacidade e aumentam a capacidade de armazenamento de
imagens, como as palavras e as estruturas gramaticais da língua. O desenvolvimento
do vocabulário, incluindo a capacidade de compreender e usar palavras, é
especialmente notável.
Contudo, a perceção é a função cerebral que atribui significado a estímulos
sensoriais a partir do histórico de vivências passadas. Através da perceção, a criança
pode organizar e interpretar as suas impressões sensoriais, para atribuir ao seu meio.
É a forma de aquisição, interpretação, seleção e organização das informação obtidas
pelos sentidos.
A perceção envolve os processos mentais, a memória e outros aspetos que
podem influenciar na interpretação dos dados percebidos.
3.1.3. Psicomotricidade
3.1.4. Criatividade
sentir frustrada e fracassada quer nos jogos e nos desportos, quer nas atividades
recreativas.
É na primeira infância que se aprende a alcançar, agarrar, largar objetos, sentar-
se sem auxilio, levantar-se e conseguir andar com uma postura correta e
independente. As crianças já não permanecem imobilizadas por uma incapacidade
básica para se moverem livremente. Agora são capazes de explorar o potencial motor
dos seus corpos ao moverem-se no espaço (locomoção). As crianças já não têm de se
contentar com o modo imperfeito e ineficaz de alcançar, agarrar e largar dos objetos
característicos da primeira infância.
É nesta fase que as crianças já são capazes de desenvolver e aperfeiçoar as
competências motoras que ele possui, e isso dá-se quando estas se envolvem em
experiências de movimento, coordenadas e adequadas ao seu próprio
desenvolvimento, enriquecendo as suas capacidades motoras básicas.
“A aquisição das competências motoras fundamentais depende em grande
medida de fatores ambientais, tais como a oportunidade de praticar, o encorajamento
e o ensino, e ainda dos objetivos da própria tarefa” (Spodek, 2010, p. 80). Admitimos,
assim, que a maioria das crianças exige um ensino personalizado e adequado, para
que elas possam atingir níveis de maturação elevada, que facilitem competências para
uma variedade de tarefas que exijam a coordenação motora delas.
Quando se fala em desenvolvimento de competências motoras, atribui-se de
imediato que este se relaciona com a idade, mas não depende dela. A aquisição de
novas competências diz respeito a cada um, tendo em conta os seus fatores
hereditários e à experiência que cada um teve, pois cada criança tem o seu padrão e
tempo próprio para se desenvolver.
Considera-se assim, que o melhor modelo educativo para o desenvolvimento
motor, deveria fazer parte das experiências do dia-a-dia de todas as crianças e, para
que se alcançasse o máximo de eficácia, deveria ter-se em conta uma base
desenvolvimental, e só depois de entender os processos que estão ligados ao
desenvolvimento motor é que se podiam tomar decisões curriculares para a melhoria
dos interesses das crianças com que se atua.
CAPÍTULO III
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
1. Objeto de estudo
Atividade Lúdica
promove o
desenvolvimento de ...
Desenvolvimento Motor
3. Metodologia
Serrano (1994) refere que, dentro da metodologia qualitativa, existem três tipos
de técnicas de recolha de dados, sendo elas, por inquérito oral (entrevista), por
observação direta (em que o investigador se encontra exterior à observação) ou
observação participante (em que se observa os fenómenos tal e qual como eles se
apresentam) e, ainda, por análise documental (em que existem documentos relativos a
determinado acontecimento, sendo eles descritos e analisados). Posto isto, para além
do método de estudo de casos múltiplos, recorremos à técnica de observação
participante, a fim de conhecer e compreender as pessoas, os objetos, os
acontecimentos e fenómenos no seu contexto. É uma fonte direta de recolha de dados
e a sua principal vantagem é a possibilidade de obter informações no ato espontâneo.
Ao longo desta investigação privilegiámos, sobretudo, o recurso a este tipo de
observação, uma vez que “observar é um processo que inclui a atenção voluntária e a
inteligência, orientado por um objetivo final ou organizador e dirigido a um objeto para
recolher informações sobre ele” (Ketele, 1980 cit. in Ketele & Roegiers, 1993, p. 23),
para assim, conseguir
5. Recolha de dados
poder analisar o caminho percorrido pelos alunos ao longo das sessões lúdicas
aplicadas durante a intervenção.
Além deste autor, Hébert, Goyette, & Boutin (1994, p.155) admitem que neste
tipo de observação é o próprio investigador o instrumento principal, uma vez que “pode
compreender o mundo social do interior, pois partilha a condição humana dos
indivíduos que observa” (Hébert, Goyette, & Boutin, 1994, p. 155) e, além disso, a
observação participante tem por objetivo recolher os dados relativos a ações, opiniões
e/ou perspetivas, proporcionando ao investigador a capacidade de “compreender um
meio social que à partida lhe é estranho ou exterior e que lhe vai permitir integrar-se
progressivamente nas atividades das pessoas que nele vivem” (Hébert, Goyette, &
Boutin, 1994, p. 155).
Nesta investigação recorremos a dois momentos de avaliação, uma inicial com a
aplicação de um pré-teste para compreender os níveis de desenvolvimento de cada
aluno, registando-se os resultados obtidos (anexo 2) e, outra final através da aplicação
do mesmo teste, sendo referenciado como pós-teste para compreender a evolução da
criança após as intervenções implementadas e verificar se estas foram eficazes face
às caraterísticas e particularidades de cada aluno, apresentando igualmente o registo
dos resultados de cada aluno (anexo 3). Foram momentos importantes e fundamentais
para se captar o que com esta investigação se pretendia saber, possibilitando um
estudo comparativo do desenvolvimento das crianças da amostra, entre o pré-teste e o
pós-teste, ou seja, entre as fases inicial e final da intervenção, toda esta
avaliação/observação permite ao investigador “estar atento ao aparecimento ou à
transformação dos comportamentos, aos efeitos que eles produzem e aos contextos
em que são observados” (Quivy & Campenhoudt, 1998, p. 196). A avaliação que é
feita ao longo de qualquer investigação, pressupõe um processo de recolha de dados,
tratamento e análise, que permitam a tomada de decisões. Ela surge nesta
investigação, como um instrumento de recolha de informação para encontrar bases de
atuação quanto aos alunos constituíntes da amostra. Avaliámos as crianças com base
na prova de capacidade de leitura “Decifrar”, de Emílio-Eduardo Salgueiro, que
segundo este autor,
“a avaliação de uma criança com dificuldades nos aprenderes escolares deve ser
sempre global, da criança e das suas circunstâncias (personalidade, maturidade
afetiva e cognitiva, família, meio social), onde se procurarão inserir, depois, os
pormenores das dificuldades” (Salgueiro, 2009, p. 13)
P á g i n a | 106
Segundo o autor, esta prova foi pensada a partir do “Graded Word Reading
Test”, de Fred Schonell e pretende sobretudo,
Desta forma, a avaliação inicial dos alunos permitiu recolher dados que se
tornaram úteis na implementação prática de atividades lúdicas. Foi identificada a
capacidade de compreensão, foram tipificados os erros mais frequentes na leitura, e
isso foi crucial para desenvolver estratégias e atividades interventivas educativas
diferenciadas e ajustadas às especificidades de cada, com vista ao seu sucesso
escolar.
A prova referida, construída e padronizada para as idades compreendidas entre
os 6 e os 11 anos, pretende sobretudo registar um nível avaliativo inicial da criança,
em termos de “idade de leitura” e que pode ser comparada posteriormente, com novas
avaliações, uma vez que o autor defende a ideia do “uso desta prova para comparar
uma criança com ela própria, menos correto se for para comparar uma criança com
outras crianças” (Salgueiro, 2009, p. 27).
Esta prova avaliativa da capacidade de compreensão é constituída por 120
palavras, organizadas em listas, que refletem uma considerável parte do campo
semântico próprio da infância e compostas por doze grupos etários de dez palavras
cada um, equilibrados quanto ao grau de dificuldade, ou seja, seis grupos, dos 6 aos
11 anos, para cada uma das duas versões paralelas, A e B. Além do mais, a prova
pode ser apresentada como um jogo “aumentando o seu interesse para as crianças:
instala-se assim um clima mais distendido, captando-se-lhes mais facilmente a
atenção” (Salgueiro, 2009, p. 47).
De forma a recolher os dados essenciais à nossa investigação, foram utilizados
instrumentos baseados em grelhas de observação, nas quais se registaram
comportamentos face à aplicação das provas informais e provas informais avaliativas
e interventivas. O uso deste instrumento permitiu-nos ainda, o registo das atitudes que
as crianças tiveram ao longo da atividade (anexo 2).
Segundo Quivy & Campenhoudt (1998, p. 183), o uso de instrumentos para a
recolha de dados é uma operação que “consiste em recolher e reunir concretamente
P á g i n a | 107
CAPÍTULO IV
1. Tratamento de dados
Esquema 21- Avaliação Inicial dos Alunos, segundo Decifrar - Prova de Avaliação da Capacidade de Leitura
(Salgueiro, 2009)
Alunos
Foca
X X X X X X
Gato
X X X X X X
Dado
X X X X X X
Dia
X X X X X X
Lula
X X X X X X
X X X X X X
Curiosidade
X X X X X X
Gomo
Lupa
X X X X X X
X X X X X X
Vela
X X X X X X
Hidroavião
X X X X X X
Objetivo
X X X X X X
Aranhiço
Enxame
X X X X X X
Glicerina
X X X X X X
Cosmonauta
X X X X X X
Interruptor
X X X X X X
X X X X X X
Caleidoscópio
Ferrugens
X X X X X X
Astronomia
X X X X X X
Helicóptero
X X X X X X
Totais 7 13 3 17 10 10 11 9 13 7 16 4
% 35 65 15 85 50 50 55 45 65 35 80 20
% % % % % % % % % % % %
Esquema 22- Sucessos/Insucessos da Avaliação Inicial de Dados
A partir destas fórmulas, foi então possível o cálculo das percentagens exatas de
sucessos e insucessos, que nos permitiram a construção de um gráfico que nos facilita
a obtenção de uma visão mais concreta dos resultados obtidos na aplicação do pré-
teste.
35%
Sucessos
65% Insucessos
15%
Sucessos
Insucessos
85%
Neste caso, podemos admitir que o aluno errou dezassete palavras propostas, o
que dá uma percentagem de 85% de insucessos, perante apenas três leituras feitas
de forma correta, o que será de 15% de sucessos. O aluno em causa apresenta
grandes dificuldades.
Por outro lado, o aluno C apresenta um perfil linguístico equilibrado, como
podemos verificar no seguinte gráfico.
Sucessos
50% 50%
Insucessos
Tal como abordado anteriormente, o aluno C ao ler as vinte palavras dadas pelo
investigador, foi capaz de efetuar uma leitura correta a dez palavras e o mesmo
número de palavras lidas de forma incorreta. Segundo o cálculo realizado através da
fórmula que vai ao encontro da percentagem de sucessos e insucessos, foi-nos
possível achar a igualdade de 50% perante o número de respostas lidas correta e
incorretamente.
P á g i n a | 116
45% Sucessos
55% Insucessos
De acordo com o gráfico anterior e como foi referido, o aluno D apresentou uma
maior percentagem de sucessos, relativamente ao número de insucessos. Posto isto,
o aluno leu onze palavras de forma correta, o que lhe dá uma percentagem de 55% de
sucessos, segundo a fórmula atrás referenciada. Enquanto leu de forma incorreta nove
palavras, o que estatisticamente lhe dá 45% de insucessos.
De seguida, o aluno E apresenta tal como o aluno D, um maior número de
sucessos face a insucessos, como podemos verificar no seguinte gráfico.
35%
Sucessos
65% Insucessos
20%
Sucessos
Insucessos
80%
Aluno : A
Palavras Erros
Substituição Plural Género Acentuação Inversão Invenção Adição Omissão
Foca
Gato
Dado
X
Dia
X
Lula
Curiosidade
X X
Gomo
X
Lupa
Vela
Hidroavião
Objetivo
X X X
Aranhiço
X
Enxame
X X
Glicerina
X X
Cosmonauta
Interruptor
X X
Caleidoscópio
X
Ferrugens
X X X
Astronomia
X X
Helicóptero
X X X
Aluno : B
Palavras Erros
Substituição Plural Género Acentuação Inversão Invenção Adição Omissão
Foca
X
Gato
Dado
X
Dia
X
Lula
X
Curiosidade
X X
Gomo
Lupa
X
Vela
X
Hidroavião
X
Objetivo
X
P á g i n a | 119
Aranhiço
X X X
Enxame
X
Glicerina
X X
Cosmonauta
X X
Interruptor
X
Caleidoscópio
X X X
Ferrugens
X X
Astronomia
X X
Helicóptero
X
Aluno : C
Palavras Erros
Substituição Plural Género Acentuação Inversão Invenção Adição Omissão
Foca
Gato
Dado
Dia
Lula
Curiosidade
X X
Gomo
Lupa
Vela
Hidroavião
X
Objetivo
Aranhiço
X
Enxame
X
Glicerina
X X
Cosmonauta
X
Interruptor
X X
Caleidoscópio
Ferrugens
X
Astronomia
X
Helicóptero
X X
Aluno : D
Palavras Erros
Substituição Plural Género Acentuação Inversão Invenção Adição Omissão
Foca
Gato
Dado
Dia
Lula
Curiosidade
X
P á g i n a | 120
Gomo
Lupa
Vela
Hidroavião
X
Objetivo
X
Aranhiço
X
Enxame
Glicerina
X
Cosmonauta
Interruptor
X X
Caleidoscópio
X
Ferrugens
X
Astronomia
Helicóptero
X
Aluno : E
Palavras Erros
Substituição Plural Género Acentuação Inversão Invenção Adição Omissão
Foca
Gato
Dado
Dia
Lula
Curiosidade
Gomo
Lupa
Vela
Hidroavião
Objetivo
Aranhiço
X X
Enxame
Glicerina
X
Cosmonauta
X
Interruptor
X X
Caleidoscópio
Ferrugens
X X
Astronomia
X
Helicóptero
X
Aluno : F
Palavras Erros
Substituição Plural Género Acentuação Inversão Invenção Adição Omissão
Foca
P á g i n a | 121
Gato
Dado
Dia
Lula
Curiosidade
X X
Gomo
Lupa
Vela
Hidroavião
Objetivo
Aranhiço
X
Enxame
Glicerina
X
Cosmonauta
Interruptor
Caleidoscópio
Ferrugens
Astronomia
Helicóptero
X
Esquema 23 - Tipos de Erros Encontrados na Avaliação Inicial de Dados
Tipo de Erros
45
40
Substituição
35
30 Plural
25 Género
20
Acentuação
15
10 Inversão
5 Invenção
0
Adição
Omissão
posteriormente criar
palavras significativas
para si)
Atividade 9 – Ouvir e Identificar sons isolados 03/04/2013
compreender Associar sons às
(Numa sequência de imagens
sons isolados, as Reconhecer sequências
crianças devem de som
associar-los a Estimular a atenção e a
imagens, reconhecer concentração
de que se trata e Potenciar o
descrever ao grupo de desenvolvimento
forma correta) auditivo
Atividade 10 – As Identificar as letras 09/04/2013
tuas letras! Construir palavras
(Num conjunto de significativas
blocos com as letras Estimular a atenção e a
do alfabeto, são dadas concentração
às crianças
determinadas letras,
em que formam certas
palavras, a criança
deve conseguir
formar-las e também
escrever o seu nome
ou o dos colegas)
Blocos Atividade Objetivos a trabalhar Objetivos a trabalhar Data de
(por bloco) (por atividade) Realização
Bloco Atividade 1 – Jogo Desenvolvimento da Reconhecer a 27/02/2013
Psicomotor do Faz de Conta motricidade ampla e lateralidade
(Consiste em a fina (perceção, Estimular a atenção,
criança de pé, ser-lhe orientação e coordenação e
pedido que faça desenvolvimento concentração
gestos como por motor)
exemplo, comer a
sopa, pentear o
cabelo, passar uma
escova na roupa, lavar
os dentes, pregar um
prego, cortar com a
tesoura, dizer adeus,
registando qual a mão
que é utilizada para
cada exercício)
Como atrás referimos, com base nos dados obtidos na avaliação inicial dos
alunos, o desenvolvimento cognitivo das crianças estava gravemente comprometido,
devido às dificuldades de aprendizagem que estes alunos têm e demonstram no seu
percurso escolar. Além disso, os seis alunos não manifestavam grande interesse pela
descoberta e gosto pela escola, afastando-se dos objetivos previstos para uma criança
das suas idades.
Os dados da avaliação final permitem traçar o perfil de cada um dos alunos em
causa, no final da implementação das atividades lúdico-pedagógicas, constatando-se
que houve uma diminuição considerável de erros, tendo conseguido,
consequentemente, aumentar a idade de leitura e posteriormente o quociente de
leitura, o que lhes permitirá, daqui para a frente, uma maior decifração do código
linguístico e assim, conseguirem ler melhor e interpretar o que lêem, melhorando a
perceção de problemas e enunciados de trabalhos/avaliações na escola.
Apresentamos em quadro os resultados finais de cada criança relativos ao pós-
teste aplicado, que nos permitiu realizar a avaliação do quociente e idade de leitura,
em comparação com a idade cronológica de cada aluno.
Esquema 27 - Avaliação Final dos Alunos, segundo Decifrar - Prova de Avaliação da Capacidade de Leitura
(Salgueiro, 2009)
P á g i n a | 132
Alunos
Foca
X X X X X X
X X X X X X
Gato
Dado
X X X X X X
Dia
X X X X X X
X X X X X X
Lula
Curiosidade
X X X X X X
X X X X X X
Gomo
Lupa
X X X X X X
X X X X X X
Vela
Hidroavião
X X X X X X
P á g i n a | 133
Objetivo
X X X X X X
Aranhiço
X X X X X X
X X X X X X
Enxame
X X X X X X
Glicerina
X X X X X X
Cosmonauta
X X X X X X
Interruptor
Caleidoscópi
X X X X X X
o
X X X X X X
Ferrugens
X X X X X X
Astronomia
X X X X X X
Helicóptero
Totais 15 5 15 5 16 4 16 4 14 6 18 2
% 75 25 75 25 80 20 80 20 70 30 90 10
% % % % % % % % % % % %
Esquema 28 - Sucessos/Insucessos da Avaliação Final de Dados
Relativamente aos erros, podemos concluir que as crianças deram menos erros
por palavra e nenhum deles deu erro em palavras que inicialmente não tinha dado, ou
seja, os erros demonstrados na avaliação final permanecem os mesmos da avaliação
inicial, à exceção de alguns que foram corrigidos pelos próprios, passando a ser
considerados sucessos. Além disso, é visível que os alunos melhoraram a sua
capacidade de decifração de letras, sílabas e palavras, embora em alguns casos, essa
decifração ainda seja considerada uma dificuldade.
Apresentamos os gráficos de percentagens, que nos permite obter uma visão
concreta dos resultados obtidos na aplicação do pós-teste.
Desta forma, os resultados obtidos na avaliação final dos alunos foram obtidos
através de duas fórmulas estatísticas, que nos permitiram o cálculo das percentagens
(%) precisas do número de sucessos/insucessos cometidos pelos alunos:
A partir destas fórmulas, foi então possível o cálculo das percentagens exatas de
sucessos e insucessos, que nos permitiram a construção de um gráfico que nos facilita
a obtenção de uma visão mais concreta dos resultados obtidos na aplicação do pós-
teste.
25%
Sucessos
75% Insucessos
25%
Sucessos
75% Insucessos
Como podemos verificar o aluno B errou cinco palavras propostas, o que dá uma
percentagem de 25% de insucessos, perante quinze leituras feitas de forma correta, o
que dá um total de 75% de sucessos. O aluno em causa apresenta grandes
dificuldades, embora o seu desenvolvimento face ao pré-teste tenha sido bastante
considerável.
Por outro lado, o aluno C apresenta um perfil linguístico desenvolvido, como
podemos verificar no seguinte gráfico:
20%
Sucessos
Insucessos
80%
O aluno C, por sua vez, numa leitura possível de vinte palavras dadas pelo
investigador, foi capaz de efetuar uma leitura correta a dezasseis palavras e quatro
palavras lidas de forma incorreta. Segundo o cálculo realizado através da fórmula que
vai ao encontro da percentagem de sucessos e insucessos, foi-nos possível achar a
percentagem de 80% de sucessos para 20% de insucessos.
Relativamente ao aluno D, este apresentou igualmente uma maior percentagem
se sucessos, perante a percentagem de insucessos, como o próximo gráfico indica:
20%
Sucessos
Insucessos
80%
De acordo com o gráfico anterior e como foi referido, o aluno D leu dezasseis
palavras de forma correta, o que lhe dá uma percentagem de 80% de sucessos,
segundo a fórmula atrás referenciada. Enquanto leu de forma incorreta quatro
palavras, o que estatisticamente lhe dá 30% de insucessos.
De seguida, o aluno E apresenta tal como os restantes alunos, um maior número
de sucessos face a insucessos, como podemos verificar no seguinte gráfico.
30% Sucessos
70%
Insucessos
10%
Sucessos
Insucessos
90%
Aluno : A
Palavras Erros
Substituição Plural Género Acentuação Inversão Invenção Adição Omissão
Foca
Gato
Dado
Dia
Lula
Curiosidade
X
Gomo
Lupa
Vela
Hidroavião
Objetivo
Aranhiço
X
Enxame
Glicerina
Cosmonauta
Interruptor
X
Caleidoscópio
X
Ferrugens
X
Astronomia
Helicóptero
Aluno : B
Palavras Erros
P á g i n a | 138
Gato
Dado
Dia
Lula
Curiosidade
X
Gomo
Lupa
Vela
Hidroavião
Objetivo
Aranhiço
X
Enxame
Glicerina
Cosmonauta
X X
Interruptor
Caleidoscópio
X
Ferrugens
X
Astronomia
Helicóptero
Aluno : C
Palavras Erros
Substituição Plural Género Acentuação Inversão Invenção Adição Omissão
Foca
Gato
Dado
Dia
Lula
Curiosidade
Gomo
Lupa
Vela
Hidroavião
Objetivo
Aranhiço
Enxame
X
Glicerina
X X
Cosmonauta
Interruptor
Caleidoscópio
Ferrugens
X
P á g i n a | 139
Astronomia
Helicóptero
X X
Aluno : D
Palavras Erros
Substituição Plural Género Acentuação Inversão Invenção Adição Omissão
Foca
Gato
Dado
Dia
Lula
Curiosidade
X
Gomo
Lupa
Vela
Hidroavião
Objetivo
Aranhiço
Enxame
Glicerina
X
Cosmonauta
Interruptor
X
Caleidoscópio
X
Ferrugens
Astronomia
Helicóptero
Aluno : E
Palavras Erros
Substituição Plural Género Acentuação Inversão Invenção Adição Omissão
Foca
Gato
Dado
Dia
Lula
Curiosidade
Gomo
Lupa
Vela
Hidroavião
Objetivo
Aranhiço
X X
Enxame
P á g i n a | 140
Glicerina
X
Cosmonauta
X
Interruptor
Caleidoscópio
Ferrugens
X
Astronomia
X
Helicóptero
X x
Aluno : F
Palavras Erros
Substituição Plural Género Acentuação Inversão Invenção Adição Omissão
Foca
Gato
Dado
Dia
Lula
Curiosidade
Gomo
Lupa
Vela
Hidroavião
Objetivo
Aranhiço
Enxame
Glicerina
X
Cosmonauta
Interruptor
Caleidoscópio
Ferrugens
Astronomia
Helicóptero
X
Esquema 29 - Tipos de Erros Encontrados na Avaliação Final de Dados
Tipo de Erros
18
16
Substituição
14
12 Plural
10 Género
8
Acentuação
6
4 Inversão
2 Invenção
0
Adição
Omissão
Podemos concluir assim, que de oito tipos de erros sugeridos para a avaliação
da prova “Decifrar”, num conjunto de 120 palavras, fizeram apenas 3 tipos de erros.
As crianças substituiram letras em 17 palavras, adicionaram 5 das mesmas e
omitiram letras de 9 palavras. Erros dados, quanto ao número, género e invenção,
foram ultrapassados e deixaram de os dar, e erros, como a acentuação e inversão
mantiveram-se sem serem dados pelos alunos. As crianças apresentam ainda
algumas dificuldades no reconhecimento de letras e consequentemente de sílabas e
palavras, embora com menor frequência. São crianças acompanhadas e trabalhadas,
ao longo de todo o percurso escolar, com vista a melhorarem a descodificação das
letras e ultrapassarem as dificuldades sentidas.
Contudo, após a elaboração do plano de intervenção lúdica e realizada a
avaliação final, é possível visualizar que a nossa amostra conseguiu superar algumas
das dificuldades apresentadas no início da investigação.
P á g i n a | 142
Ao longo da avaliação feita aos alunos podemos concluir que estas crianças
escolhidas para este estudo, apresentavam enormes dificuldades de aprendizagem,
que os limitavam no sucesso escolar e, por isso, necessitavam de apoio por parte do
educador responsável, no centro de estudos, por eles, para a realização das tarefas
escolares. Os alunos exibiam baixas notas nas avaliações escolares às várias áreas
académicas. As crianças não reconheciam facilmente as letras, tinham dificuldades
em juntá-las, alterando o processo de leitura, pois não sabiam juntar sílabas e assim,
não formavam palavras. Evidenciavam, além disso, graves dificuldades no domínio da
escrita. Estas alterações estendiam-se a outras áreas académicas, nomeadamente a
matemática, pois uma vez que os alunos não conseguiam ler de forma correta, não
interpretavam os problemas e todos os enunciados da área da matemática e de outras
disciplinas com que os alunos se deparam ao longo do seu percurso escolar.
Outro fator a ter em conta no processo de aprendizagem destes alunos é o
tempo que é necessário dispender nas atividades escolares, que por vezes se
prolongam durante demasiado tempo, se tornam maçadoras para as crianças,
provocando reações de intranquilidade e desatenção. São neles limitações
acentuadas a atenção, a concentração e a retenção da informação.
Referimos os défices que estes alunos apresentam, na relação quotidiana ao
nível da expressão verbal por usarem vocabulário restrito e repetitivo. O discurso deles
era imaturo e pouco expressivo, pois aplicavam frases simples e por isso, o
vocabulário era pouco elaborado.
Contudo, após as sessões lúdicas, foi-nos possível desenvolver o domínio de
algumas competências no âmbito da leitura. As estratégias que foram utilizadas,
estiveram de acordo com as caraterísticas de cada um dos alunos em causa, tendo
por base um trabalho adaptado e uma vertente lúdica, com incidência em atividades
fundamentais no desenvolvimento cognitivo e, consequentemente, para o seu
crescimento ao nível da aprendizagem e a sua autonomia em realizar as atividades
académicas.
O principal objetivo que pretendíamos alcançar era o de estimular e desenvolver
a capacidade linguística dos alunos, através de um conjunto de atividades lúdicas,
motivadoras, significativas e apelativas, que lhes permitiu tornar crianças mais
independentes e capazes de compreender o que lhes é pedido. Para alcançarmos
P á g i n a | 143
A
Idade Idade
Cronológica Cronológica
7,7 7,7
35% 25%
Idade de Idade de
65% Leitura Leitura
75%
6,2 7
Quociente Quociente
de Leitura de Leitura
80 90
B Idade Idade
Cronológica Cronológica
8,3 8,3
15% 25%
Idade de Idade de
Leitura Leitura
85% 5,8 75% 7
Quociente Quociente
de Leitura de Leitura
69 84
C Idade Idade
Cronológica Cronológica
7,7 7,7
20%
50% 50% Idade de Idade de
Leitura 80% Leitura
6,5 7,1
Quociente Quociente
de Leitura de Leitura
84 92
D Idade Idade
Cronológica Cronológica
8,5 8,5
20%
45% Idade de Idade de
55% Leitura 80% Leitura
6,6 7,1
Quociente Quociente
de Leitura de Leitura
77 83
P á g i n a | 145
E Idade Idade
Cronológica Cronológica
7,9 7,9
35% 30%
Idade de Idade de
65% Leitura 70% Leitura
6,8 6,9
Quociente Quociente
de Leitura de Leitura
86 87
F Idade Idade
Cronológica Cronológica
8,4 10% 8,4
20%
Idade de Idade de
80% Leitura 90% Leitura
7,1 7,3
Quociente Quociente
de Leitura de Leitura
84 86
CAPÍTULO V
A ludicidade deve ser, então, uma abordagem que deve estar presente nas
atividades educativas de todas as crianças, em contexto escolar, uma vez que
potencializa aprendizagens interessantes e significativas, favorece o seu processo de
ensino-aprendizagem levando à aquisição de mais e melhores conhecimentos que
acabam por se repercurtir em melhores resultados escolares.
Em jeito de discussão, questionámo-nos sobre se as instituições e os
educadores estarão sensibilizados para passar a dispor de novas e inovadoras
práticas educativas, que ofereçam respostas eficazes a todas as crianças,
privilegiando o seu desenvolvimento cognitivo e maximizando a sua inserção plena na
escola.
P á g i n a | 151
2. Considerações finais
Moderna, 1996.
Porto Editora.
Editora.
Porto Editora.
da-aprendizagem].
Editorial Estampa.
Instituto Piaget.
Pioneira.
Loyola.
disponível em [http://www.ese.ipsantarem.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/
A%20Pedagogia%20de%20JeromeBruner.pdf].
Editora.
P á g i n a | 156
Educar , 81 - 87.
Editorial La Muralla.
Shaw, S. F., Cullen, J. P., McGuire, J. M., & Brinckerhoff, L. C., (1995).
Piaget.
Teyssèrre, C., & Baudonnière, P. M., (1994). Aprender dos 0 aos 4 anos.
Desenvolvimento e Psicologia.
Alegre: Bookman.
ANEXOS
Anexo 1
(Resultados Obtidos no Pré-Teste: Avaliação Inicial dos Alunos)
Atividade 2 – Jogo de Leitura Expandir o vocabulário Algumas das crianças não conseguiram ler as 01/03/2013
(Consiste em fornecer um livro Desenvolver a palavras da história com a rapidez pretendida
com uma história a cada competência da leitura na idade deles. Por vezes, erravam palavras
criança, em que cada uma deve Relatar a história básicas, do quotidiano de cada um. Ainda
ler a sua história, apresentar o Identificar personagens
que leu, descrever imagens Manipular imagens de
assim, descreveram as imagens fornecidas e
fornecidas, dar a sua opinião acordo com o deram a opinião sobre o que leram na história,
perante a história e dizer os desenvolvimento da embora com um vocabulário limitado e pobre.
intervenientes da mesma) ação Quanto aos objetivos, as crianças conseguiram
Apresentar e respeitar relatar a história, identificar personagens,
a opinião sobre a
história identificar imagens. Por outro lado, não
conseguiram expandir muito o seu vocabulário e
a competência de leitura de todos é muito fraca.
A atividade foi cumprida, embora com algumas
limitações, não correspondendo às expetativas
da investigação.
Atividade 4 – Sinfonia dos Identificar e produzir Sendo um jogo conhecido por todos, as 11/03/2013
Sons rimas crianças cumpriram a atividade com muito
(Consiste num jogo de dados, Dividir frases nas sucesso. Conseguiram identificar/produzir rima,
as crianças percorrerem um palavras que a dividir frases, identificar/adicionar/retirar sílabas
caminho com os seus “peões” constituem
conforme o número retirado no Identificar na palavra a
e sons nas palavras e sobretudo, manipular
dado e percorrer um caminho sílaba ou o som pedido fonologicamente.
respondendo em cada casa a Adicionar uma sílaba A atividade foi então realizada com sucesso,
cada tarefa com base no ou um som a uma captando a atenção e concentração de cada
desenvolvimento das palavra um, criando um ambiente descontraído, com
competências fonológicas que Retirar uma sílaba ou muita diversão e sobretudo, muita
se apresentam. Ganha o um som a uma palavra aprendizagem.
jogador que reunir o máximo de Manipular
fotografias dos animais do fonologicamente
safari, e no final, apresentá-las
por ordem alfabética)
Atividade 5 – Quem conta um Expandir o vocabulário Os alunos ao longo da atividade, mostraram 15/03/2013
conto, acrescenta um ponto... Desenvolver a bastante interesse, atenção e concentração.
(Consiste em através de vários competência da leitura São crianças que respeitam a opinião dos
cartões com partes de um ou Relatar a história colegas e ajudam-se, mutuamente. Além disso,
mais contos, serem capazes de Identificar personagens
as ordenar e acrescentar Manipular imagens de
as crianças conseguiram organizar e ordenar os
sempre alguma outra ideia, de acordo com o cartões dos contos, mas, não foram capazes de
modo a criar um conto infantil desenvolvimento da acrescentar ideias convenientes e didáticas ao
didático) ação conto. Como tal, a atividade não foi cumprida de
Apresentar e respeitar forma como a investigadora pretendia, embora,
a opinião sobre a nas crianças, comece a fazer-se sentir algum
história desenvolvimento da competência da leitura e na
manipulação de ideias.
Atividade 6 – Hora do Teatro Criar uma história, As crianças, apesar de terem ajuda, 20/03/2013
(As crianças devem ser capazes seguindo as regras de conseguiram criar uma história, baseada num
de criar uma história infantil com execução de um conto conto infantil, com princípio, meio e fim. A
fantoches sobre algo que lhes (princípio, meio e fim) imaginação deles é bastante, mas, não
suscite mais interesse, Cooperar
cumprindo as regras Desenvolver a
conseguem transmitir as suas ideias, devido à
previamente estipuladas na imaginação e a falta de espontaneidade de cada um. Ainda
atividade) criatividade assim, todos estes parâmetros foram
Desenvolver a trabalhados com os alunos e considera-se que a
motricidade global atividade foi cumprida com sucesso, embora
Desenvolver a com algumas limitações. Todos eles cooperam
espontaneidade e ajudam-se.
Atividade 7 – Lês tu, leio eu! Identificar letras Os alunos, já conseguem, com maior facilidade, 25/03/2013
(As crianças devem através de Formar sílabas e identificar letras, formar sílabas e palavras com
letras, palavras e frases, criar palavras significativas significado e que fazem parte do seu quotidiano.
outras palavras e outras frases para a criança
que façam parte do quotidiano Alargar o vocabulário Mostraram-se atentos e concentrados, e foram
da criança. Cada um deve ler Exprimir-se oralmente capazes de identificar os materiais,
determinada faixa e ser assim Estimular a atenção e a principalmente aqueles que faziam parte do
capaz de identificar o que se concentração quotidiano, assinalando com facilidade a sua
pretende através de
determinado material)
funcionalidade. A atividade, foi então cumprida
com sucesso.
Atividade 8 – Loto das Letras Identificar letras e Os alunos mostraram-se atentos e 29/03/2013
(São dadas a mesma sílabas concentrados. Identificaram com facilidade
quantidade de peças às Construir palavras letras e sílabas e construíram palavras, que
crianças e após ser chamado, significativas para eles eram significativas, palavras essas,
letra a letra, cada um deve Manipular as letras e
avisar que possui a letra explorar palavras
existentes no vocabulário da nossa língua,
chamada e dizer qual a imagem Desenvolver a embora básicas. É considerável, o
a que se adequa a letra, linguagem e a escrita desenvolvimento da linguagem oral e escrita
nomeadamente a primeira letra Estimular a atenção e a das crianças. A atividade, foi cumprida com
de determinado nome. Depois concentração sucesso e atingiu os objetivos pretendidos.
disso, a criança deve escolher
outra letra, em que formará
sílabas e posteriormente criar
palavras significativas para si)
Atividade 9 – Ouvir e Identificar sons As crianças, apresentaram especial atenção, 03/04/2013
compreender isolados nesta atividade, uma vez que se trata de algo
(Numa sequência de sons Associar sons às diferente para eles e o uso de tecnologia,
isolados, as crianças devem imagens
suscita o interesse de qualquer um. Assim, eles
associar-los a imagens, Reconhecer
reconhecer de que se trata e sequências de som
identificaram sons, associaram a imagens e
descrever ao grupo de forma Estimular a atenção e a reconheceram sequências de som. Todo o
correta) concentração potencial desenvolvimento auditivo foi
Potenciar o trabalhado e as crianças cumpriram a atividade
desenvolvimento com facilidade e sucesso, não apresentando
auditivo quaisquer dificuldades.
Atividade 10 – As tuas letras! Identificar as letras A maior dificuldade destas crianças, continua a 09/04/2013
(Num conjunto de blocos com Construir palavras ser a manipulação de sílabas para formarem
as letras do alfabeto, são dadas significativas palavras. Mas, sendo o principal objetivo o de
às crianças determinadas letras, Estimular a atenção e a
em que formam certas concentração identificar letras, estes conseguiram atingi-lo
palavras, a criança deve com sucesso e foram igualmente capazes de
conseguir formar-las e também construir algumas palavras, bem como o seu
escrever o seu nome ou o dos nome e o dos colegas. A atividade, foi portanto,
colegas)
cumprida com sucesso.
Atividade 3 – Jogo das Reter estímulos visuais Nesta atividade, as crianças conseguiram 08/03/2013
Diferenças Discriminar diferenças desenvolver a retenção de estímulos visuais, uma
(Numa sequência de objetos Saber sequenciar vez que obtiveram a distinção entre objetos intrusos e
com uma mesma função a visualmente as figuras que não se adequavam à sequência. Além
criança deve ser capaz de do mais, os alunos atingiram a capacidade de
distinguir qual o objeto intruso sequenciarem visualmente. Contudo, a atividade, foi
e/ou de várias figuras com cumprida e realizada com sucesso, atingindo os
grandezas e espessuras, a objetivos a que nos tinhamos proposto alcançar e
criança nomear a figura que não trabalhar.
se adequa à sequência)
Atividade 4 – Corpo Humano Demonstrar Ao longo do ano letivo, foram trabalhados os sentidos 13/03/2013
Cruzado conhecimento acerca do corpo humano, e, assim, as funções do corpo que
(Consiste na criança responder do esquema corporal, trabalhamos na atividade, foram de acordo com as
as várias funções do corpo e ser nomeadamente saber matérias lecionadas, por cada um. Como tal, as
capaz de completar palavras identificar partes do crianças foram capazes de reconhecer partes do
cruzadas de acordo com o tema corpo corpo e as suas respetivas funções, bem como,
do corpo humano, sendo estas completar as palavras cruzadas, realizadas para o
adequadas à idade da criança) âmbito. Podemos então admitir, que a atividade foi
cumprida com sucesso e os objetivos foram
alcançados.
Atividade 7 – Jogo da Reter estímulos visuais Os alunos, são todos, ligados às suas famílias, 27/03/2013
Perceção de imagens de objetos, havendo forte interesse destas nas crianças. Como
(Consiste na criança identificar e de uma sequência tal, atividades e situações do dia-a-dia, vividas entre
reconhecer imagens fornecidas, Reter estímulos visuais todos, são imediatamente reconhecidas pelos alunos.
ou seja, a criança deve indicar simbólicos Como tal, a atividade foi cumprida e foram
de entre um conjunto de Saber sequenciar alcançados os seus objetivos. As crianças
imagens aquelas que fazem visualmente conseguiram reter estímulos visuais de uma
parte do seu dia-a-dia ou de sequência de imagens e reconheceram imagens do
situações familiares) seu quotidiano e foram, ainda, capazes de
sequenciar essas imagens de atividades.
Atividade 8 – Puzzle do Corpo Demonstrar De acordo com a temática, e sendo já adquirida pelas 01/04/2013
Humano conhecimento acerca crianças, esta atividade foi cumprida com sucesso.
(Como o próprio nome indica, a do esquema corporal As crianças, com facilidade, reconhecem o esquema
criança deve ser capaz de Desenvolver a corporal e as suas funções. Além disso, os alunos
realizar um puzzle do corpo motricidade fina, como apresentam cuidado ao colocar as peças do puzzle e
humano, de forma a a precisão desenvolvem assim, a sua motricidade fina e a
reconhecer-lo, a identificar Estimular a atenção e a precisão. A atividade foi cumprida e alcançou os
algumas partes do mesmo, bem concentração objetivos pretendidos.
como, a reconhecer algumas
das funções das partes do corpo
humano)
Atividade 9 – Jogo do Demonstrar Os alunos mostraram-se atentos e ajudaram-se 05/04/2013
Conhecimento conhecimento acerca mutuamente, embora, as dificuldades sejam notáveis.
(Consiste num jogo de de conteúdos As crianças já foram capazes de responder
perguntas e respostas, sobre as aprendidos em Língua acertadamente a questões académicas, mas ainda
várias temáticas dadas pelas Portuguesa, precisam de um apoio constante, devido, à falta de
crianças nas disciplinas de Matemática e Estudo bases. A preocupação é notável e alguns
Língua Portuguesa, Matemática do Meio conhecimentos ainda não estão adquiridos. Para tal,
e Estudo do Meio, de forma a Reter matérias admitimos que a atividade foi cumprida, embora
rever alguns conhecimentos já lecionadas necessite de mais trabalho. Como tal, reconhecemos
dados) Estimular a atenção e a que a atividade não obteve a totalidade de sucessos
concentração e incutimos a necessidade de trabalhar mais e
melhor, as temáticas das disciplinas do currículo
nacional.
Atividade 10 – Expressão Desenvolver a rapidez Os alunos, na atividade, foram capazes de executar 11/04/2013
Motora de reflexos as ações que lhes foram pedidas, e, portanto,
(A criança deve ser capaz, Desenvolver a conseguiram desenvolver a rapidez dos seus
nesta atividade, de executar execução de ações reflexos, flexibilidade e, o controlo da sua postura
ações motoras básicas, de motoras básicas corporal. Assim, os objetivos foram alcançados e
modo a desenvolver a rapidez Desenvolver a admitimos o sucesso da atividade.
de reflexos, flexibilidade, flexibilidade
agilidade e a controlar a sua Potenciar o
postura corporal) desenvolvimento físico
Desenvolver a
motricidade ampla,
como o equilíbrio e
coordenação global
Anexo 3
(Resultados Obtidos no Pós-Teste: Avaliação Final dos Alunos)