Seafood Brasil 030 Anuário 2019 DIGITAL
Seafood Brasil 030 Anuário 2019 DIGITAL
Seafood Brasil 030 Anuário 2019 DIGITAL
br
ISSN 2319-0450
#30 - 2019
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 2
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 3
Como usar este anuário?
O
5º Anuário Seafood Brasil foi criado para ser juntura; produção (aquicultura e pesca); comércio exterior;
uma fonte de consulta de dados estatísticos, de comércio e consumo. O período a que o dado se refere
opiniões mercadológicas e de fornecedores de estará sempre indicado, já que a maior parte das informa-
toda a cadeia produtiva de pescado. Ele é válido ções se refere a 2018, mas algumas englobam o período até
para o período de julho de 2018 a agosto de 2019. julho de 2019, enquanto outras abordam anos anteriores.
Índice
Índice
06 Artigos 38 Estatísticas
80 Guia de Fornecedores
Expediente
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 4
Horizonte de
perspectivas
Por Jorge Seif Jr.*
D
o nascimento da Secretaria era necessário e não contribuía para • NA AQUICULTURA: elaboração de
Especial de Aquicultura a desejável harmonia do ambiente de projetos de gestão de ordenamento,
e Pesca (SEAP/PR), lá em trabalho. novas tecnologias e incentivos às vilas
2003, até o seu atual desenho produtivas rurais, visando um traba-
institucional, esta é a primeira vez que Nesse exercício diário, digitaliza- lho mais estratégico e com menor uso
a pasta conta com um gestor vindo do mos mais de um milhão e quinhentas do dinheiro público; realização do I
setor pesqueiro. mil folhas de documentos, respon- Workshop Nacional de Ordenamento
demos em torno de mil demandas do Cultivo do Pangasius, direcionan-
Desde que topamos e iniciamos, em judiciais, elaboramos diagnósticos e do as ações voltadas à regularização,
janeiro de 2019, o desafio para gerir as iniciamos a modernização de sistemas organização e fortalecimento da cadeia
políticas públicas da aquicultura e da que clamavam por isso. produtiva desta espécie no Brasil;
pesca, várias foram as adversidades licitações de 72 áreas aquícolas, em
enfrentadas. Na última década, as Em sua atuação finalística, a Se- que foram arrematadas 31 áreas com
diferentes mudanças de estrutura admi- cretaria de Aquicultura e Pesca (SAP/ um potencial de produção aproximado
nistrativa que afetaram a organização MAPA) exerce competência primordial de 118.413,3 toneladas/ano, gerando
administração federal no tema aquicul- em quatro grandes eixos: ordenamento, mais de 300 empregos diretos; inserção
tura e pesca – extinção do Ministério desenvolvimento, registro e monito- dos preços de referência no Manual de
da Pesca e Aquicultura e a alocação ramento das atividades aquícola e Crédito Rural (MCR) para pescado de
de suas competências, com reduzidís- pesqueira, formulando as diretrizes da aquicultura, beneficiando o acesso ao
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 6
sima estrutura, em diferentes órgãos ação governamental para a política crédito mais facilitado por meio do Pla-
– deixaram feridas que levam tempo nacional da aquicultura e da pesca, no Safra, ação para desburocratização
para cicatrizarem. Porém, não havia disciplinada pela Lei nº 11.959, de 29 de da cessão de águas públicas da união
tempo e nem espaço para lamentações. junho de 2009. para fins de aquicultura, por meio da
revisão do Decreto 4895/2003;
A retomada se iniciou do mesmo Com efeito, orientado por estas
modo quando mudamos de nossas re- diretrizes, desde que assumimos esta • NA PESCA: descentralização das reu-
sidências. Fomos para uma nova casa, valorosa missão encontram-se em ple- niões dos Comitês Permanentes de Ges-
arrumamos e carregamos as caixas, no vapor, na nossa casa, as seguintes tão (CPGs), que passaram a ser realiza-
deixando para trás o que não mais ações: das nas regiões-alvo das pescarias em
pauta, com ampliação de participantes de Mapas de Bordo e do sistema do
nas discussões, entregando à sociedade Programa Nacional de Registro de
brasileira as normativas de Pelágicos Embarcações Pesqueiras por Satélite
Sul e Sudeste, com a publicação das (PREPS), proporcionando confiabilidade
Instruções Normativas MAPA nº 8 e nº 9, dos dados relacionados à pesca brasi-
de maio de 2019; elaboração de versão leira; padronização do procedimento de
final de normativos de pesca e comer- cancelamento de licenças de pescador
cialização da lagosta; levantamento de profissional artesanal no SisRGP e
embarcações interessadas em regula- solicitação de cancelamento do seguro-
mentar a frota de cardume associado -defeso; elaboração de procedimentos
para atuns e afins; nas bacias do Norte, para a realização do recadastramento
o encaminhamento para revisão da Ins- dos pescadores profissionais artesanais
trução Normativa MMA nº 06, de 2004, e no SisRGP, que dará mais segurança
a apresentação de propostas de manejo às ações da SAP e do Instituto Nacional
sustentável e os casos de sucesso com do Seguro Social (INSS); e, em ação
os acordos de pesca. conjunta com o INSS, já houve solici-
tações de cancelamento voluntário de
• REGISTRO E MONITORAMENTO: recebimento do seguro-defeso, totali-
desenvolvimento de sistema eletrônico zando uma economia aproximada de *Secretário de Aquicultura e Pesca (SAP/Mapa)
próprio para o R$ 5 milhões.
monitoramento da safra de tainha, do nosso setor. Dessa forma, conclama-
já em funcionamento na safra 2019; O cenário aqui colocado deixa evi- mos a todos para, com conhecimento de
modernização – em andamento – do dente que, não obstante os resultados cada qual, contribua para o desenvolvi-
Sistema de Registro Geral da Ativi- ora apresentados, os desafios ainda são mento e ordenamento da aquicultura e
dade Pesqueira (SisRGP), do sistema imensos para o pleno desenvolvimento da pesca no País.
Sustentabilidade do
pescado no Brasil,
América Latina e mais...
Por Laurent Viguie*
O
Aquaculture Stewardship
Council (ASC) foi criado pela
World Wildlife Fund (WWF)
e iniciou a certificação de
viveiros em 2012.
A demanda por produtos ASC cer- será solicitada, bem como camarão
tificados cresceu muito rapidamente brasileiro, truta e pangasius.
nos principais mercados: Europa,
EUA, Ásia e Japão. O ASC agora tem Espécies nativas brasileiras, como
mais de 19.000 produtos de varejo tambaqui e pirarucu, estão se tornando
com o logotipo no pacote. cada vez mais populares e são produtos
muito bons. O ASC começará a certi-
*Diretor da Aquaculture
Os varejistas brasileiros buscam ficar espécies nativas brasileiras em Stewardship Council Brasil
mais produtos certificados pelo ASC 2021.
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Conjuntura
Acordo Mercosul e
União Europeia: história
finalmente feita!
Por Fernanda Lemos e Jogi Humberto Oshiai*
N
os anos 90, Ernesto Fraga das maiores áreas de livre comércio produtos sejam reposicionados no
Araújo, na época ainda um do mundo devido a sua importância mercado global.
simples segundo-secretário econômica e abrangência social,
da Missão do Brasil junto às aproximadamente 780 milhões de Entendemos que existe uma grande
Comunidades Europeias, participou consumidores deverão ser beneficiados oportunidade para as indústrias de pro-
dos estudos que levariam as negocia- diretamente. cessamento trabalharem questões de
ções do futuro acordo Mercosul-UE, qualidade e marca para posicionar os
concluído em 28 de junho de 2019, em Isso se deve porque ambos os blocos produtos brasileiros na UE. Isso deman-
Bruxelas, após 20 anos com ele já na representam 25% do PIB mundial e o dará um investimento interno grande
função de Chanceler. acordo abrange três pilares essenciais: cujo retorno será enorme dentro das
diálogo político, cooperação e livre fronteiras da UE e também em outros
Parabéns ao referido Chanceler, comércio. Portanto, um mercado países que seguem seus paradigmas.
extensivos a ministra Tereza que estará aberto às exportações
Cristina, governo Bolsonaro e a todos inclusive a nossa pesca, piscicultura Como nós temos batido na tecla há
amigos e colegas, especialmente do e carcinicultura, ainda que sem o anos, temos de organizar as cadeias
Ministério da Agricultura, Pecuária benefício de cotas, desde que tenhamos produtivas do nosso setor para no míni-
e Abastecimento (Mapa) e do setor condições de atender as exigências, mo dobrar ou triplicar essa perspectiva
privado, que durante mais de dois especialmente as sanitárias da UE - isso no agronegócio brasileiro. A ministra
decênios condividiram conosco não acontece com o setor brasileiro Tereza Cristina, nossa representante
esforços que o grande público nunca de suínos, que não pode ainda se na pesca e piscicultura, também deve
terá conhecimento. Nosso maior beneficiar da cota prevista no acordo nos apoiar para superar os obstáculos
respeito a todos eles que lutaram por não ter o nosso País habilitação do nosso setor como fez para resolver
incansavelmente durante mais de 20 para exportar este produto in natura ao os conflitos existentes para carnes de
anos pelos interesses do Brasil. bloco europeu. bovino, frango, suíno, etanol e açúcar,
assim como a conquista que conseguiu
Na vitória do multilateralismo, nós Segundo as estimativas do inclusive para a nossa hortifruticultura.
dos agronegócios, especialmente do Ministério da Economia, o acordo
setor de proteínas animais, lutamos Mercosul-UE representará um Temos conhecimento da
intensamente para obter cotas a altura incremento do PIB brasileiro processualística para terminar o
das nossas produções e exportações de US$ 87,5 bilhões em 15 anos, texto final do Acordo assim como
que acabaram refletindo nas que foram podendo chegar a US$ 125 bilhões a aprovação dele em todos os
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publicadas em 1 de julho, no texto do se consideradas a redução das parlamentos europeus e dos países do
acordo disponibilizado ao público (99 barreiras não-tarifárias e o incremento Mercosul. Negligenciar a existência
mil toneladas de carne bovina, 180 mil esperado na produtividade total dos de divergências em todos os países da
toneladas para aves e 25 mil toneladas fatores de produção. A participação UE e do Mercosul seria ingenuidade
para suínos). do agronegócio neste incremento é nossa, especialmente do lobby forte dos
altamente esperada, em especial por agricultores europeus contra o nosso
Embora estas não tenham sido produtos diferenciados e não apenas interesse.
preenchidas, as nossas expectativas commodities agrícolas, o que pode fazer
iniciais quanto ao acordo é que este com que nossas perspectivas alcancem A UE é o segundo parceiro
proporcionará a constituição de uma valores destacados e ainda nossos comercial do Mercosul - o Brasil
registrou, em 2018, comércio de US$ 76
bilhões com a UE e superávit de US$ 7
bilhões. O nosso País exportou mais de
US$ 42 bilhões, aproximadamente 18% do
total - devemos ter a consciência de que
governo e setor privado devem agir de
forma ainda mais organizada e integrada
para atender o lema “from farm to fork” -,
para ter os futuros benefícios do Acordo
que podem ser suspendidos em nome de
barreiras não tarifárias fantasiadas de
exigências sanitárias.
Inovação: um caminho
trilhado na Embrapa
Por Alexandre Freitas*
O
contexto da tecnologia e da produção e oferta, para um processo • melhorar a qualidade da carne de
inovação no Brasil, no qual a mais dinâmico, que vincula a agenda tambaqui e seus híbridos, tilápia e
Embrapa está inserida, mos- corporativa da empresa às demandas camarão marinho pelo controle das
tra que o nosso País, embora do setor produtivo, com o objetivo contaminações químicas, biológicas e
tenha uma destacada produção cien- de aumentar o impacto das nossas ambientais nas unidades de processa-
tífica, naufraga no quesito inovação. pesquisas e entregar mais valor para mento;
Além do baixo investimento em P&D a sociedade.
(1,27% do PIB), temos uma pequena • sanar os entraves associados à repro-
participação do setor privado (menos Os projetos agora deixam de dução de pirarucu e camarão-da-Ama-
de 50%) quando comparada com outros atender às linhas de pesquisa e zônia (Macrobrachium amazonicum) na
países (em torno de 70%). passam a focar em soluções para região Norte do país;
os desafios de inovação. Essas
• viabilizar a adoção de plataforma
A Embrapa se assemelha ao soluções, ou “ativos de inovação”,
digital para tomada de decisão quan-
cenário brasileiro quanto à produção são tecnologias desenvolvidos pela
to ao manejo sustentável de sistemas
científica, obtendo um aumento de Embrapa, isoladamente ou em
aquícolas em reservatórios;
300% no número de artigos publicados conjunto com parceiros. Após estudos
nos últimos 12 anos, mas uma e consultas aos stakeholders, foram • viabilizar a automação da cadeia
participação ainda tímida na dimensão definidos os seguintes desafios de aquícola nos processos de gestão, ma-
inovação, como pode ser constatado no inovação para a aquicultura nacional: nejo da produção, despesca e unidades
Scimago Institutions Ranking 2018. de processamento;
• adequar os programas de nutrição e
O Balanço Social, elaborado pela de alimentação de tilápia, tambaqui, • viabilizar a produção regular de
empresa desde 1997, mostra que as pirarucu e bijupirá; alevinos de alta qualidade de peixes da
tecnologias desenvolvidas têm gerado região amazônica de interesse para a
considerável retorno para a sociedade • aprimorar o diagnóstico a cam- piscicultura;
brasileira. Em 2018, para cada real po das principais enfermidades de
investido na Embrapa, retornaram organismos aquáticos de produção • viabilizar sistemas de produção de
R$12,16 para a sociedade. No entanto, comercial; camarões, algas e peixes das espécies
quando avaliamos o esforço em torno tainha, tilápia e tambaqui em águas
• diminuir a incidência de monoge- salobra e doce na região Nordeste do
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A segunda fase da
piscicultura no Brasil
Por Francisco Medeiros*
A
correria do dia-a-dia às vezes passar para a segunda fase e, nesse já mostramos para eles que temos
não nos permite analisar momento, parece que já estamos espe- excelentes produtos, seja em qualidade
a velocidade que estamos cialistas no jogo. Para nosso desespero, e em preço.
imprimindo no nosso negócio porém, aparecem novos desafios e a
de piscicultura. Uma coisa é certa: nos luta continua. Mas não conseguimos passar para
últimos anos estamos indo rápido, a segunda fase somente com o esforço
aliás, muito rápido. No entanto, temos a satisfação de braçal do produtor. Adquirimos armas
já ter ultrapassado a primeira fase e importantes em toda a cadeia produ-
Detalhar todos os aspectos ligados a sempre que recomeçamos o jogo rapi- tiva, como na ração, na qual a indús-
essa mudança talvez não consigamos, damente estamos na segunda. tria investe em novos equipamentos,
mas com um pouco de conversa talvez em matérias-primas mais nobres que
explique melhor. O interessante de tudo isso proporcionam melhor desempenho zoo-
é que chegamos à segunda fase técnico e melhor qualidade de água.
Como em um jogo de videogame, na piscicultura no Brasil e, mais Na ação específica de arraçoamen-
a evolução se dá por fases. E sempre a especificamente, da tilapicultura. to, novos procedimentos de manejo e
primeira fase é a mais difícil, pois ne- Nesta segunda fase, temos de descobrir equipamentos trouxeram novos recor-
cessitamos conhecer todos os recursos novos produtos e estratégias para des de produtividade. O segmento de
existentes para seguir em frente sem oferecer ao mercado; temos novos aditivos e de sanidade proporcionam
morrer, sem sair do negócio. Depois de clientes a conquistar, pessoas que não mais bem-estar e proteção a esses pei-
algum tempo jogando, conseguimos acessavam nosso peixe, mas agora xes que retornam com maiores ganhos
e menores perdas.
Na indústria de processamento,
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 16
Ainda pouca
evolução mensurável
Por Alexandre Espogeiro*
A
qui estamos novamente no semelhantes à albacora lage (YFT), procurarmos o reestabelecimento
Anuário Seafood Brasil. Incrí- complicando ainda mais as pretensões comercial nos pescados.
vel revisar nosso texto de 2018 nacionais de desenvolvimento, pois
e perceber o quanto o tempo onde pretendemos expansão de Em 2017 foi criada no Mapa a
passa e pontos apresentados naquela direitos sem sustentação documental Câmara Setorial da Produção e
edição não foram resolvidos. e técnica firme, os recursos biológicos Indústria do Pescado. Conseguimos
demandam redução de capturas, num a aceitação e o estabelecimento,
Propomos retomar quatro pontos conflitante cenário. em março de 2019, de um Grupo de
elencados na edição 2018 desta mesma Trabalho dedicado ao tema União
publicação: Este ano tivemos crises Européia, e deste GT, esperava-se uma
comerciais, onde grandes sintonia governamental e setorial que
1. Atuns quantidades desembarcadas não construísse uma versão equilibrada
A pescaria de atuns por meio encontravam compradores ou de um Plano de Ações que pudesse
da agregação de cardumes sob as preço que justificassem a operação, ser aceita pela Autoridade Sanitária
embarcações, pescaria de sombra ou cargas foram descartadas. Há um Europeia (DG Sante). Infelizmente
cardume associado, foi regulamentada evidente descompasso entre oferta o Plano acabou sendo enviado sem
em 2018 pela Portaria 59-A. Até agora e demanda, e a organização desta o devido consenso, e, em resposta
não estão definidos os critérios cadeia produtiva evidentemente está recebida no final de junho, soubemos
para acesso a estas autorizações e, vinculada à gestão governamental, que o processo precisará ser retomado.
portanto, ninguém produz atuns de a limitação de volumes e seu
forma regulamentada nesta proposta. alinhamento com a capacidade Em recente workshop realizado em
Embarcações e tripulações desta de processamento, de número Itajaí (SC), entre 15 a 19 de julho, impor-
pescaria, realizada em águas fora de embarcações, ao controle dos tante parte do programa fez referência
das 100 milhas náuticas, devem, pelas desembarques. ao atendimento de normas sanitárias
normas de navegação, ter nível de daquele mercado. Destaque aos pontos
capacitação de comando e tripulações 2. Exportações de pescado a serem observados nos HACCPs dos
que não são observados na maioria dos para a União Europeia estabelecimentos exportadores; às nor-
casos, assim como de características Em março deste ano enviamos mas e controles a serem observados por
de construção e equipamentos de a 3ª Proposta de Plano de Ações em embarcações fresqueiras ou congelado-
salvatagem. atendimento às não conformidades ras e nos pontos de desembarque. Isto,
apontadas na auditoria de 2017, para somado à recente notícia de formaliza-
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 18
Não evoluímos neste ponto e mais apreciação da DG Sante. No entanto, ção do acordo comercial Mercosul-UE,
uma vez precisaremos de justificativas não tivemos o aceite e a situação nos traz expectativas positivas em rela-
para apresentar à ICCAT. A comissão continua igual: não há programação de ção ao tema, mas igualmente entende-
está sob pressão, pois não conseguiu retomada de visitas ou de habilitação mos que expectativas não geram renda
aprovar em 2018 medidas de redução de estabelecimentos processadores de ou empregos, não trazem segurança ou
de capturas para a albacora bandolim pescado para o mercado europeu. E sustentabilidade ao negócio. É preciso
(BET), contrariando aconselhamento está definido, deve o Brasil implantar um foco objetivo, técnico e uma susten-
técnico-científico. Este ano prepara os controles e protocolos que atendam tação política e diplomática eficiente
análise e trará, certamente, sugestões a legislação europeia para então para que esta situação seja revertida.
3. Safra de tainha Neste 2019 mostra com grande latitudes, distâncias e profundidades
A cada ano uma grande insegurança evidência a dependência de fenômenos fixas. Mais uma vez comprova-
jurídica ronda esta atividade e o que ambientais-oceanográficos como se a grande interdependência e a
é uma riqueza natural e um processo gatilhos orientadores de migração necessidade de pesquisas isentas
biológico extraordinário se torna uma e amadurecimento gonadal. Neste que levem ao aprofundamento de
batalha em tribunais. Prevalece a inverno diferente, somente em um conhecimento, ao prevalecer da razão
radicalização e a participação sempre julho já bem avançado vimos de fato e da ciência sobre o emocional que
impositiva e inibidora do Ministério cardumes grandes sendo reportados domina esta e outras pescarias Brasil
Público Federal, prevalece a emoção em migrações à nordeste e fica claro afora.
por cima de regras e autorizações e que a gestão de recursos deve,
se arriscam na atividade mesmo sob necessariamente, estar atrelada à Temos em curso algumas ações
vigilância de satélites. natureza e não presa a calendários, judiciais e talvez a que mereça maior
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 19
Produção e Processamento
destaque seja a ação de Improbidade excessos e não ponderações da portaria do Anuário, precisamos alertar a
Administrativa movida pelo MPF RS de 2014. sociedade sobre os desdobramentos
contra o secretário da Aquicultura do decreto presidencial que extinguiu
e Pesca, Jorge Seif Jr., e importante Isso ocorre após a publicação de al- os Comitês Permanente de Gestão.
parte de sua equipe. Temos um gumas normas sob domínio ambiental e Os quatro pontos aqui elencados
secretário oriundo da pesca, foi normas então compartilhadas SAP-M- têm extrema dependência do
criado neste meio, com predomínio MA, com base em Planos de Recupera- restabelecimento, dentro de regras
da pesca das traineiras em Santa ção trabalhados neste GT, bem às vés- e representatividade autêntica, de
Catarina, igualmente tem um vínculo peras do recesso judicial de fim do ano, ferramentas de interlocução entre
emocional muito forte com a atividade na passagem de 2018 para 2019, Numa reguladores e regulados, em suas
e o recurso tainha. Defendeu e achou rara oportunidade em que diálogo e variadas faces e com o envolvimento
argumentos para garantir uma cota equilíbrio pareciam ter brotado e onde de agentes isentos da ciência e
de aproximadamente 1500 toneladas as discussões foram desenvolvidas sem de entidades colaboradoras. A
para a safra 2019 das traineiras polarização e sob respeito institucional situação de momentânea inexistência
industriais, mas ainda individualizaram e pessoal, muito restando a ser feito, desta interlocução formalmente
esta cota em inicialmente previstas outra vez apareceu a judicialização, institucionalizada é indesejada e não
30 embarcações. Ora, a armação, inibindo um movimento colaborativo e pode ser relevada. O caminho para
investimentos e o risco envolvido nesta todos os benefícios a ele atrelados. o progresso dos assuntos até aqui
pescaria dificilmente se justificariam retomados e tantos outros que rondam
se razoavelmente comparados à 50 Desde 2016, após assumir postu- a SAP/MAPA, precisa estar envolto pela
toneladas de tainha por barco, isto ra institucional de não judicializar e representatividade, pelo entendimento
num mercado complexo herdado de baseada em ciência e responsabilidade e pelo respeito à diversidade biológica,
2018, com ova e carcaça em estoque. representativa de longo prazo , desta cultural e econômica, características e
Mas igualmente se viu a corrida, a vez pedimos para entrar na briga, e, inerentes ao processo democrático que
aventura e certamente importantes nesta ação movida pelo MPF-RS contra defendemos.
recursos financeiros foram e ainda o MMA e o ICMBio, entramos como réus
serão gastos em ações, em defesas, em acessórios ou terceira parte interessada, Todos os agentes envolvidos nesta
viagens e no pagamento de multas. sustentando argumentos favoráveis cadeia produtiva, do mais simples
ao caminho trilhado, ao respeito aos pescador ao consumidor mais refinado,
Entender que recursos aplicados em atores envolvidos, aos recursos expen- devem este respeito e reverencia
ciência e conhecimento, ano a ano, com didos e principalmente, ao importante à natureza e a sua capacidade de
método e dedicação, trarão subsídio à marco que o trabalho representa. suporte, sob este conceito teremos
gestão eficiente, equilíbrio ao mercado Nosso ingresso na ação foi acatado sucesso e um futuro pesqueiro para
e principalmente, benefícios capazes de pelo Judiciário, mesmo sob tentativa de gerações que nos seguirem.
sustentar a atividade de forma econô- impedimento do MPF e a liminar não
mica, social e ambientalmente dura- foi concedida; as pescarias que estão
douras. Priorizar estes investimentos acontecendo com base nos desdobra-
sobre os aplicados em ações judiciais é mentos da Portaria 73 são decorrência
um movimento desejável. desta interpretação, sem absolutamente
nenhum relaxamento ao apregoado
4. Portaria 445 nas portarias de liberação das espécies
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Em um levantamento feito
recentemente pela Coordenadoria
Técnica do Sindipi, concluímos que
somente nas embarcações associadas
à nossa entidade temos cerca de
3.884 pescadores empregados. Já
nas indústrias de processamento
associadas, são 7.207 trabalhadores. Ou
seja, mais de 11 mil empregos diretos
são gerados na nossa região, somente
pelas empresas e armadores ligados
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 23
ao Sindipi.
Carcinicultura:
desafios, oportunidades
e perspectivas
Por Itamar Paiva Rocha*
E
m 2003, o Brasil produziu e ma exportação, enquanto o Equador bilhões), com 2.369.311 km2 e 2.979 km
exportou, respectivamente, (255.370 km2 e 600 km de costa), elevou de costa, bem como o fato de que as
90.190 t e 58.045 t de camarão sua produção/exportações de camarão perdas financeiras da carcinicultura
cultivado, volumes superiores cultivado, para 508.900 t / US$ 3,235 brasileira no período de 2004 a 2018,
aos números reportados pelo Equador bilhões, de um valor global de importa- comparativamente com o desempenho
(78.500 t / 58.011 t). Inclusive ocupou a ções setorial de US$ 25 bilhões/ano. do Equador, foram da ordem de US$
liderança mundial de produtividade 12,0 bilhões.
setorial (6.083 kg/ha/ano) e o 1º lugar O que chama a atenção para
das importações de camarão pequeno/ esse exponencial desempenho do Notadamente, quando se tem
médio dos EUA naquele ano, bem como camarão cultivado do Equador é o presente que diante da real queda
o 1º lugar das importações de camarão fato de que esse montante foi superior de produção da China e Tailândia,
tropical da UE em 2004. às exportações de todo o conjunto em decorrência dos efeitos negativos
do agronegócio de 13 Estados (AP, da EMS e EHP (vibrioses), associado
No entanto, em 2018, sua produção RO, AC, AM, PI, CE,RN, PB, PE, ao crescente apetite dos chineses por
foi reduzida para 77.000 t, sem nenhu- AL,SE, DF e RJ) do Brasil (US$ 2,795 camarões, a China, visando uma maior
Consolidado Estimado
250,000
200,000
200,000
150,000
150,000
120,000
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 24
90,190 90,000
100,000
77,000
60,000 65,000
50,000
0
2003 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Fonte: ABCC/Consultor Itamar Rocha
competitividade das importações, Na verdade, o Ministro Dias Toffoli,
reduziu o imposto de importação de no recesso de final de ano (27/12/18),
camarões de 5% para 2% em 2017. sem analisar o mérito e desconside-
Como resultado, as suas importações rando os preceitos jurídicos da IN
de camarão cresceram de tal ordem 02/2018, revogou a abalizada decisão
que já ameaçam a liderança dos EUA e da Ministra Carmen Lúcia (STF) de
da própria União Europeia (28 países), manter a suspensão das importações de
com projeções de atingir 800.000 t em filé de camarão cultivado do Equador,
2019, tendo com destaque, o fato de condicionadas à realização de uma
os chineses (2,4 bilhões de habitantes) contemporânea Análise de Risco de
já assumiram a liderança mundial de Importação (ARI) e autorizou as suas
consumo per capita (2,6 kg) de camarão importações, sem prévia ARI.
marinho.
Nesse contexto, na certeza de
Na oportunidade, se destaca ainda vencer mais essa querela jurídica, o
que a Índia, que havia produzido foco principal do setor carcinicultor
113.240 t de camarão cultivado em 2003, brasileiro, no contexto do retorno
um pouco superior à produção do Brasil às exportações, será, sem dúvida, o *assessor especial da ABCC
(90.190 t) atingiu um volume de 670.000 mercado da China e da Coreia do
t, com exportações de 617.000 t / US$ 3,4 Sul. Isso, tendo presente que o Brasil
bilhões em 2018, passando a ocupar o 1º tem condições de produzir e atender imediato incremento da produtividade
lugar das exportações setorial, seguida às crescentes e insatisfeitas demandas e da produção setorial, tendo presente
de perto pelo Vietnã e Equador, com das bases consumidoras chinesas, por o retorno do camarão brasileiro ao
US$ 3,3 e US$ 3,2 bilhões. camarões inteiros nas classificações promissor e expressivo mercado (US$ 25
pequeno (100-120) e médio (80-100), bilhões/ano) internacional.
Por isso, diante desses números e diferentemente do Equador, principal Claro que, ao se levar em conta que
tendo presente o significativo avanço fornecedor de camarão cultivado da a base da pirâmide produtiva da carci-
tecnológico da carcinicultura brasileira, China, com camarões nas classificações nicultura marinha brasileira é formada
dos últimos anos, mesmo diante (50-60 / 40-50), atendendo consumidores por micros e pequenos empreendimen-
das equivocadas e intempestivas das classes médias e altas. tos (75%), seguidos por médios (20%)
iniciativas de liberação das e grandes (5%) produtores, o desafio
importações de camarão do Equador, Em 2019, depois de vários anos sem presente será a organização da rede de
inclusive na contramão dos pareceres financiamentos, os carcinicultores assistência técnica e capacitação seto-
técnicos de dezenas de doutores brasileiros passaram a contar com rial, o que passa necessariamente, pela
especialistas em sanidade, bem como o apoio financeiro do BNB/FNE e do seleção e fortalecimento de empresas
da PGR, há uma firme decisão setorial BB/BNDES para investimento tanto âncoras, a exemplo do vitorioso sistema
de aumentar a produção de camarão nas adequações técnicas como para operacional utilizado pelos setores da
cultivado. novos empreendimentos, visando o avicultura e suinocultura brasileiros.
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 25
Produção e Processamento
C
om a eleição de Jair Bolsonaro, cosul-União Europeia, que estabelece pescado. O desenvolvimento de manuais
um clima de euforia tomou desgravação imediata para a maioria e de treinamentos para a padronização
conta de parte do Brasil e dos produtos pesqueiros. O acordo de ações são medidas que necessitam ser
com a classe empresarial necessita ser aprovado pelo Parlamento tomadas para minimizar esse problema e
não foi diferente. O momento político dos países membros para entrar em aumentar a segurança jurídica – essen-
favorável se alinhou à postura voltada vigor. cial para os empresários desenvolverem
ao liberalismo na economia, inédita no os seus negócios com o devido amparo.
País, onde se ressalta a importância Este ano está sendo marcado pela
da abertura econômica para ampliar a elaboração de novos Regulamentos Convém sublinhar também a
participação dos produtos brasileiros no Técnicos de Identidade e Qualidade importância da antiga Semana do Peixe,
comércio mundial. Além disso, o avanço (RTIQ), como o RTIQ de peixe salgado, agora Semana do Pescado para o setor.
positivo da Reforma da Previdência no publicado em janeiro, e os RTIQs de Neste ano, com uma proposta inovadora,
Congresso Nacional renova o fôlego camarão e de lagosta, que devem ser a campanha se inicia com força total.
para que a economia cresça em 2019, publicados em breve. Com a publicação Essa iniciativa é extremamente eficaz em
uma vez que a sua aprovação trará a de Regulamentos Técnicos a aprovação aprofundar o diálogo da cadeia com o
segurança necessária para o aumento de registros de produtos passa a ser consumidor e deve ser a cada ano mais
dos investimentos, internos e externos, automática. fortalecida para que tenhamos êxito no
e para o retorno das contratações e, aumento do consumo.
consequentemente, do consumo. Um outro assunto de grande impor-
tância para o setor é a aprovação de uma À luz do exposto, este é um ano de
Ainda do ponto de vista político, lista de aditivos e coadjuvantes de tecno- construção de um crescimento susten-
destaca-se o trabalho que a Abrapes e logia para pescado. Sobre esse tema, no tável e duradouro. É preciso usufruir
outras entidades do setor têm realizado final de junho terminou o período de Con- dessa oportunidade de ter a alta gestão
com vistas à sensibilização de parla- sulta Pública estabelecido pela Anvisa. A do governo a nosso favor e alavancar
mentares aos gargalos da cadeia do Abrapes encaminhou em conjunto com a cadeia, por meio da implantação de
pescado, angariando apoio para a cria- os demais membros da Câmara Setorial políticas de fomento e de medidas desbu-
ção de políticas públicas que fomentem da Produção e Indústria de Pescado uma rocratizantes, que simplifiquem processos
o crescimento e elevem o setor a um única contribuição. A publicação da lista, e impulsionem o setor.
lugar de destaque dentro do agronegó- considerando o exposto pelas entidades
cio do País. em apreço, representará um grande
avanço para a cadeia.
Com relação ao Ministério da
Agricultura (Mapa), as recentes missões Ademais, a liberação das
da Ministra Tereza Cristina trouxeram importações de camarão da
avanços nas negociações em andamento Argentina em junho último significou
com a China e com a União Europeia. o término de uma barreira não
Com relação à missão à China, a Abra- tarifária vigente desde 2013 e
pes pode se fazer presente e podemos contribui para a melhoria da imagem
afirmar que foi estabelecido um diálo- do Brasil perante os seus parceiros
go bilateral intenso. Como resultado, comerciais – dado que o impedimento
a autoridade chinesa encaminhou ao do comércio por questões comerciais
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 26
Comunicação é chave
para vender mais peixe
nos supermercados
Por Marcio Milan*
A
seção de peixaria é oportunidades para o setor de pesca- Como já mencionei, também é
muito relevante para o do, afinal, uma dessas escolhas é por necessário informar ao consumidor a
autosserviço brasileiro, proteínas mais acessíveis e estas estão origem do peixe que ele compra. Nesta
tendo movimentado R$ disponíveis nas peixarias dos super- seara, a rastreabilidade também é uma
2,5 bilhões nas lojas do setor no mercados. vertente da comunicação — certamente
ano passado, de acordo com o mais a mais complexa, desafiadora e
recente Ranking Abras/SuperHiper, Para que supermercados e o setor necessária. Afinal, o consumidor tem
divulgado em maio. E a boa notícia de pescado capitalizem essas e outras direito à informação sobre a origem
é que o canal supermercado oportunidades é preciso aprimorar dos alimentos que consome e essa é
tem potencial para ampliar sua uma importante e indispensável ferra- uma demanda crescente em nossa
participação nas vendas de pescado menta: a comunicação. Essa é a chave sociedade, tanto que outras cadeias
e, consequentemente, contribuir com para que o autosserviço venda mais produtivas, como as de vegetais frescos,
o aumento do consumo per capita peixe e ajude no aumento do consumo estão com um padrão de comunicação
no País. desta importante proteína. mais avançado neste sentido por causa
de recentes normativas que entraram
Podemos, diante dessa perspectiva, A comunicação possui várias em vigor. Essa é uma questão que
listar três fatores que se traduzem em vertentes e, quando falamos deste deve ser tratada como prioridade pela
oportunidades para o setor de pescado tema, diversas são as possibilidades indústria de pescado.
e para os supermercados. Um deles é a e caminhos. Fato é que o consumidor
crescente preocupação dos brasileiros ainda tem dificuldades de escolher Em resumo, a informação é chave
com a saúde. Nunca a palavra “sauda- seu peixe, por falta de hábito ou para comunicar, educar e gerar mais
bilidade” foi tão pronunciada, ouvida, de conhecimento. Assim, varejo e transparência à cadeia produtiva de
escrita e lida no Brasil, e é fato que este fornecedores devem se unir no sentido peixes, o que se refletirá no consumo e
movimento está apenas começando e de compartilhar mais informações com na geração de riquezas para este setor
deve ser muito bem explorado. o shopper, que é o responsável pelo e para o varejo.
ato da compra, principalmente em
Ele, a propósito, está associado a um relação aos benefícios e origem dos
segundo fator, que é o amadurecimento produtos.
da população. Em 11 anos, o Brasil já
será um país predominantemente de Informar é educar e isso é
idosos, fato que tende a estimular ainda fundamental para a sustentabilidade
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 28
Oferta argentina de
origem selvagem:
camarão e merluza
Por Karina Solá*
O
Brasil é um dos principais Esse fato gera expectativas pois per- importações correspondentes a esse
aliados comerciais da mite incentivar uma nova oportunidade item.
Argentina e, em termos de crescimento para o vínculo comer-
de produtos pesqueiros, a cial. A oferta de camarões argentinos Desta forma, os filés comuns de
ligação entre os dois países continua (Pleoticus muelleri), reconhecida inter- merluza (Merluccius hubbsi) são o
amadurecendo e se aprofundando. nacionalmente por ser de origem selva- produto mais relevante que a Argen-
Nesse sentido, um passo muito gem, 100% natural e capaz de abastecer tina oferece ao Brasil e o mercado
importante foi a recente decisão mercados grandes e exigentes como brasileiro tem sido historicamente seu
judicial suspendendo a medida Espanha, China, Itália, Estados Uni- principal comprador. No ano passado,
cautelar que, desde outubro de 2013, dos e Japão, permitiria acompanhar o após o crescimento de 50% alcança-
proibia a exportação de camarão e aumento da demanda e preferência dos do em 2017 pelas exportações dessa
camarão para o Brasil. O acórdão do consumidores brasileiros pelos produtos espécie para o Brasil, as vendas foram
Tribunal de Primeira Instância é de do mar argentino. reduzidas em 15% em dólares e 18%
grande relevância, pois se baseia no em volume. Embora esta diminuição
trabalho científico realizado de forma A Argentina é um dos principais possa ser parcialmente explicada
colaborativa entre os dois países, mercados de origem dos produtos da por uma diminuição nos desembar-
demonstrando que as importações pesca que entram no Brasil. Em 2018, ques gerados pela orientação da fro-
de camarão e camarão da Argentina apesar de uma queda nas vendas de ta para a captura de outras espécies,
não representam risco efetivo para o filés de merluza, nosso país teve uma um fator relevante são as dificuldades
Brasil. participação próxima a 77% do total de associadas à implementação dos
regulamentos que estabeleceram
novos parâmetros físico-químicos para
entrada de peixe congelado para o
mercado brasileiro.
Salmão chileno no
Brasil: recuperação
e posicionamento
Por Arturo Clement *
O
Chile é o segundo maior Brasil, a marca chilena Salmon de Em outro aspecto, a indústria
produtor de salmão do Chile conquistou um importante está trabalhando duro para conti-
mundo (28%) e o principal valor para a indústria, com a marca nuar a dar valor ao salmão chileno,
produtor do Hemisfério Sul. de 47% de lembrança hoje entre seus a partir do compromisso com a
A Noruega, maior produtora mundial consumidores-alvo. Essa experiência sustentabilidade. Como uma indús-
(54%), aloca suas exportações para nesse mercado levou a indústria a tria, estamos preocupados com a
o mercado local e para a Europa, começar a construir marcas em outros mudança climática e seus efeitos
continente que responde por 90% de mercados, como os Estados Unidos e, ambientais e sociais, e é por isso
suas exportações. O Chile, ao contrário, no futuro próximo, na China. que estamos disponíveis para discu-
exporta produtos para mais de 100 tir e avançar com soluções realistas
destinos em todo o mundo, com foco nos E, precisamente, dados os bons nesta área, é claro, começaremos
mercados do Japão, EUA e Brasil, sendo resultados da marca no Brasil, o setor a medir e reduzir nossa pegada de
caracterizado por outros produtores de salmão chileno tem uma firme carbono, que é a menor de indús-
por oferecer uma parte importante de convicção sobre a necessidade de trias de proteína animal.
sua produção em apresentações de continuar com a campanha e solicitar
múltiplos valores agregados. sua renovação por mais dois anos ao
ProChile, que co-financia a campa-
Os EUA, Japão e Brasil lideram os nha.
três destinos de exportação de salmão
do Chile para o mundo, representando Temos a convicção de que o mer-
juntos 63% (ano de 2018), dos quais as cado brasileiro recuperará sua força
exportações para o Brasil representam econômica e que sua classe emergen-
15% do total exportado. te retornará para recuperar o poder
de consumo que tinha antes da crise,
As exportações para o Brasil para voltar a retomar os hábitos de
aumentaram 92% no período total da consumo anteriormente adquiridos.
campanha do salmão chileno neste
mercado entre os anos de 2011 a 2018. Um crescimento do PIB de 2,1% já
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 32
O
Alasca tem a indústria é um processo público conduzido pelos ram em modelos para estimar a dinâmi-
de pesca comercial mais diferentes grupos de usuários no Alasca. ca da população e dos ecossistemas. Um
produtiva dos Estados Unidos, As comunidades no Alasca elegem conjunto crítico de dados nesses modelos
produzindo mais volume de comitês consultivos regionais para trans- são os dados de séries temporais que
captura do que todos os outros Estados mitir a voz do público em questões para monitoram a bacia para mudanças no
juntos e considerada um modelo para o Board of Fish, um painel de assessores clima e no ecossistema em escala local
o manejo sustentável. Os esforços dos de recursos eleito pelo governo. ao longo do tempo, sem excluir dados de
biólogos, gerentes e formuladores de conhecimento sociocultural, econômico e
políticas da região ajudam a garantir Em 1976, a Lei de Conservação e tradicional.
estoques saudáveis e pescarias Gestão da Pesca Magnuson Stevens
produtivas para os pescadores do (MSA) foi adotada pelo governo dos EUA. O investimento das agências estadu-
Alasca e para as empresas que A MSA criou os conselhos regionais de ais e federais em pesquisa para coletar
dependem de suas capturas. gestão de pescas e as pescarias federais dados é uma prioridade para apoiar
do Alasca são geridos pelo Conselho a conservação e o gerenciamento dos
Então, o que o modelo de gestão de Gestão das Pescas do Pacífico Norte recursos marinhos do Alasca.
sustentável realmente contém? Bem, a (NPFMC). Este conselho desenvolve
história desempenha um papel importan- planos de manejo pesqueiro e objetivos Então, o que o modelo de gestão
te na forma como o Alasca desenvolveu de pesquisa para frutos do mar do Alasca sustentável realmente contém? Como se
seu modelo de sustentabilidade. Como o extraídos pelo governo federal. pode ver, é um sistema abrangente e co-
pescado capturado foi reconhecido como laborativo com uma estrutura adaptável
criticamente importante para o cresci- Os biólogos da Administração a mudanças nos problemas das partes
mento do Estado recém-adotado em 1959, Oceanográfica e Atmosférica Nacional interessadas, bem como na dinâmica do
o Alasca citou autoridade constitucional (NOAA) conduzem pesquisas e projetos ecossistema.
para o gerenciamento de recursos reno- regionais de pesquisa para gerar
váveis que pertencem ao Estado. avaliações de estoques e relatórios de É crítico para as práticas de manejo
avaliação da pesca para fornecer a melhor sustentável da pesca no Alasca o apoio
Especificamente, “peixe… deve ser ciência disponível ao comitê científico e à pesquisa em andamento para obter a
utilizado, desenvolvido e mantido no estatístico que apóia, no final das contas, melhor ciência disponível que apoie a
princípio do rendimento sustentável…” os tomadores de decisão no NPFMC em tomada de decisões políticas para con-
relação às decisões de cota de captura. servar os recursos de frutos do mar do
Exclusivo na Constituição do Alasca, Alasca para as próximas gerações.
o princípio do rendimento sustentável é O processo do conselho é transpa-
um conceito de gestão segundo o qual rente, permitindo que o público, incluin-
o número de peixes que podem ser do pescadores, membros da comunida-
extraídos em determinadas condições de e outros grupos de usuários, testifique
ambientais não reduzirão a base dos es- e expresse suas preocupações sobre
toques pesqueiros, criando um sistema certas decisões de alocação e cota. Não
de recursos naturais auto-renovável. só as pescarias federais são monitoradas
durante a temporada, todas as espécies
Nas águas do Estado, o Departamen- que são coletadas na captura, incluindo
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 35
À
flor da pele. É assim que de braço é um temor mundial de aplica ao que ocorre agora. Com
se comporta a economia desaceleração global: os analistas já um Parlamento focado na aprova-
mundial no atual contexto vislumbram um crescimento mundial ção das reformas como plataforma
da guerra comercial entre a nesta década que representará 1/3 política, cada vez mais desconectado
China e os Estados Unidos. Enquanto a do que o mundo cresceu na década do Executivo e sua agenda diversio-
gestão Trump - com a qual o presidente passada. A guerra comercial, no nista, o Brasil ainda assiste ao PIB
Jair Bolsonaro demonstra ter um entanto, também abre oportunidades a patinando em meio à instabilidade
alinhamento automático - aprofunda potências agrícolas como o Brasil, que política. O ministro da Economia,
sanções comerciais contra os chineses são naturalmente alçadas à condição Paulo Guedes, pediu paciência com
e uma política de sobretaxas, o governo de fornecedores substitutos dos EUA em os resultados do Índice de Atividade
comandado por Xi Jinping não deixa diversos segmentos. Econômica do Banco Central, uma
por menos: desvalorizou sua moeda espécie de “prévia” do PIB, que re-
em níveis inéditos para tornar mais No âmbito doméstico, nem a galinha cuou 0,13% no segundo trimestre. Até
competitivas as exportações e cortou voa. O termo dado pelos economistas para quem votou na mudança para
importações de commodities norte- para uma rápida reação da economia o paradigma liberal, no entanto,
americanas. O reflexo da queda seguida de uma queda brusca não se paciência tem limite.
Euro Dólar
A análise ainda não capta os reflexos da
desvalorização cambial do yuan, na China,
e da eleição na Argentina, cujas primárias
apontavam favoritismo do candidato Alberto 5.000 4,776
4.515
Fernández, apoiado pela ex-presidente e 4.470 4.334 4.423 4.474 4.367
4.287 4.280 4.341 4.380
agora candidata a vice, Cristina Kirchner. Em 4.099
4.219
3.912 3.997
meados de agosto, o dólar voltou a bater R$ 4.000
3.823 3.769 3.772 3.889 3.748 3.716
3.840 3.899 3.867
4,00, o que não acontecia desde setembro
de 2018, período pré-eleitoral. A eleição de
Jair Bolsonaro e a aprovação da Reforma 3.000
da Previdência trouxeram certa trégua, que
no segundo semestre de 2019 já parece se 2018 2019
distanciar novamente. 2.000
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 38
1.000
0
Julho
Agosto
Setembro
Outrubro
Janeiro
Fevereiro
Novembro
Dezembro
M\arço
Abril
Maio
Junho
Taxa SELIC
Período de vigência
Meta % Tx. ao
ao ano ano %
ÍNDICE DE INCERTEZA DA ECONOMIA BRASIL FGV | PONTOS
01/08/2019 - 6.0
21/06/2019 - 31/07/2019 6.5 6.4
130 09/05/2019 - 20/06/2019 6.5 6.4
21/03/2019 - 08/05/2019 6.5 6.4
125
07/02/2019 - 20/03/2019 6.5 6.4
121.5
119.5 119.1
13/12/2018 - 06/02/2019 6.5 6.4
120
117.3 01/11/2018 - 12/12/2018 6.5 6.4
115.7 114.2
115
20/09/2018 - 31/10/2018 6.5 6.4
113
110.3 111.7 111.5 111.3 02/08/2018 - 19/09/2018 6.5 6.4
109.2
110
Fonte: Banco Central
2018 2019
105
O Banco Central surpreendeu o mercado financeiro e inaugurou uma
nova trajetória de queda dos juros básicos da economia (Selic) na
100
esteira da aprovação da Reforma da Previdência. Há um ano estagnada
95
em 6,5%, a meta caiu para 6% na mais recente reunião do Comitê de
Política Monetária e deve estimular a captação de empréstimos junto aos
bancos, favorecendo a expansão programada do setor.
Julho
Agosto
Setembro
Outrubro
Janeiro
Fevereiro
Novembro
Dezembro
M\arço
Abril
Maio
Junho
No gráfico ao lado, chama a atenção a escalada do índice de incerteza da
economia medido pela FGV no início do ano, que se deveu ao temor de
que as reformas não seriam aprovadas no ritmo que se esperava após as
Eleições Gerais de 2018.
-5.00
15,000
Desocupadas
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 40
Ocupadas 10,000
Agricultura
5,000
Indústria
0
A
trajetória de ascensão bem próximo das 800 mil toneladas - o desde 2013, mas a julgar pela tendência
da piscicultura parece que posicionaria o Brasil como a 11ª de estagnação das capturas e pela
irrefreável, apesar de um potência mundial do segmento. Não informalidade, podemos imaginar
cenário político-econômico podemos fazer qualquer macroanálise que estamos próximos a 1,6 milhão de
tão adverso. A continuar neste ritmo, sobre a pesca marinha e continental, já toneladas de pescado produzido em
a produção em cativeiro pode chegar que não há dados oficiais consolidados território nacional no ano passado.
200.000
98.729 107.092 107.092
78.296 85.059 87.824 84.029 80.829 85.941
77.000
0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Pesca
239.492 248.911 234.719 236.551 238.555 239.646 239.646 239.646 239.646 239.646
Continental
Pesca
585.672 536.455 530.679 583.563 526.732 552.620 552.620 552.620 552.620 552.620
Marinha
Aquicultura
337.353 394.340 350.647 384.781 392.493 578.800 638.000 640.510 691.700 722.560
Continental
Aquicultura
78.296 85.059 87.824 98.729 84.029 107.092 97.064 80.829 85.941 77.000
Marinha
TOTAL GERAL 1.240.813,2 1.264.764,9 1.203.869,2 1.303.624,1 1.241.807,7 1.478.157,7 1.527.329,6 1.513.604,5 1.569.907,3 1.591.825,9
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 42
*Os últimos dados oficiais sobre a produção pesqueira e aquícola nacional foram divulgados em 2013. Desde então fazemos uma projeção baseada em: a) estagnação da produção pesqueira nacional (dados
em vermelho); b) projeção da aquicultura continental com dados da PeixeBR (grifados em amarelo) e c) projeção da aquicultura marinha com dados da ABCC (camarão) e PPM/IBGE (ostras e mexilhões)
(grifados em amarelo). Para 2018, no caso da aquicultura marinha, consideramos apenas os dados da carcinicultura fornecidos pela ABCC.
Após mais um ano sem dados das capturas consolidados oficialmente, seguimos com três fontes principais para a piscicultura (IBGE e PeixeBR) e para a carcinicultura
(IBGE e ABCC). A piscicultura nacional, puxada pela crescente popularização da tilápia em número cada vez maior de pólos produtivos, chegou a 722,5 mil toneladas,
um recorde histórico. Em 10 anos, a produção mais que dobrou, mas o desempenho trouxe problemas de excesso de oferta. O mercado já não absorve tanto peixe, o
que desestimula alguns novos entrantes e diminui os povoamentos - sugestão de aumento de preços em um futuro breve. Já a carcinicultura parece ter encontrado
um novo rumo pós-mancha branca e a projeção de produção da ABCC é uma escalada quase em ângulo reto, embora o ânimo dos produtores tenha arrefecido com a
reabertura do mercado nacional ao crustáceo importado.
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 43
Estatísticas
Produção - Aquicultura
PRODUÇÃO DA AQUICULTURA NACIONAL | 2013 A 2017 - IBGE
15,59%
Nordeste 140.750 152.994 156.875 131.994 141.153
25,80%
Sudeste 50.297 54.680 61.801 88.129 84.176
Norte 13,15%
Nordeste 15,38%
Sul 107.447 126.152 138.438 146.222 164.560 Sudeste
Sul
Centro-Oeste
30,08%
Centro-Oeste 105.010 90.047 72.345 63.840 71.973
21,18%
Nordeste 113.500 116.600 104.680 111.400 134.330
18,59%
Sudeste 90.000 101.500 103.830 115.300 124.120
Norte 15,57%
Nordeste 17,18%
Sul 123.000 134.800 152.430 178.500 198.600 Sudeste
Sul
Centro-Oeste
27,49%
Centro-Oeste 128.800 133.500 120.670 122.000 112.490
O Paraná não sai da dianteira do balanço da PeixeBR total de peixes nativos, segue líder no segmento. Para Os dados da PeixeBR sinalizam uma retomada, já
para 2018, que coloca (assim como o IBGE), a Região a associação, a queda aconteceu porque o Estado teve que a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM 2018), com
Sul na liderança nacional. Puxados pelas cooperativas, que enfrentar problemas ambientais, mercadológicos dados de 2017, havia capturado um cenário negativo
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 44
os paranaenses apuraram crescimento de 16% na e sanitários em 2018. para a produção. O volume total da produção aquícola
atividade, segundo o anuário da Associação Brasileira (peixes, moluscos e crustáceos) naquele período havia
da Piscicultura 2019 (PeixeBR). O Mato Grosso caiu 12,08% e fechou o ano passado caído 5,67% em 2017 ante o ano anterior.
com 54.510 toneladas no quarto lugar. Logo atrás vem
O pólo paranaense saltou de 112.000 toneladas para Santa Catarina com 45.700 toneladas. O desempenho negativo foi puxado por uma queda
129.900 toneladas em 2018. acentuada da carcinicultura, que saiu de 52,1 mil
Na lista dos 10 maiores produtores de peixes de toneladas produzidas em 2016 para 40,9 mil toneladas
No Sudeste, São Paulo também foi destaque no período cultivo do País, o Maranhão chamou a atenção com no ano passado. O volume de produção nacional da
com 73.200 toneladas produzidas. O crescimento de evolução de 47,4%, saltando para a sexta posição ao piscicultura caiu 2,6% em 2017 ante o ano anterior,
5,3% o colocou na segunda colocação do ranking. Já atingir 39.050 toneladas, das quais 35.200 toneladas para 485,2 mil toneladas, motivada em grande parte
Rondônia caiu 5,5% e ficou na terceira posição com de peixes nativos, no ano de 2017 o total produzido foi pela forte diminuição da produção na Região Norte,
72.800 toneladas no geral, mas com uma produção de 26.500 toneladas. que deixou de liderar o ranking no estudo do IBGE.
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 45
Estatísticas
Produção - Aquicultura
Apesar de possuírem metologias diferentes, o acom- Mas é possível perceber que o desempenho dos Esta- O Piauí também teve melhora de produção, com uma
panhamento das pesquisas PPM/IBGE e da PeixeBR dos segundo a PeixeBR segue a mesma lógica do ano evolução de 7,3%: fechou 2018 com 19.310 toneladas
são o retrato mais fiel que temos da produção nacional anterior. produzidas. Roraima também elevou os números: fo-
da piscicultura. Na maior parte do País os dados do ram 17.100 toneladas em 2018 contra 16.000 tonela-
IBGE estão aquém do levantamento da PeixeBR, mas No levantamento dos demais Estados, o Pará cresceu das de 2017, um salto de 6,88%.
há exceções, como os casos de Alagoas, Pernambuco 18,6% com 23.720 toneladas que deixaram o Estado
e Minas Gerais, cujo volume é superior ao levantado na 11ª colocação, também entre os líderes na produ- O Amazonas apresentou um dos piores resultados do
pela entidade. Há casos de muita diferença, como ção de peixes nativos. Fechando o ano de 2018 bem ano passado. De acordo com a PeixeBR o Estado teve
Amazonas: o IBGE registrou apenas 7.570 toneladas, na atividade, Pernambuco cresceu 38% ao produzir que enfrentar diversos problemas, especialmente sani-
enquanto a PeixeBR calculou 28 mil toneladas. 23.470 toneladas. E o Rio Grande do Sul também tários, e caiu 45,5% indo da oitava para a 16ª posição
encerrou o ano passado com um saldo positivo, teve com 15.270 toneladas produzidas em 2018.
Os dados da PPM são sempre divulgados em setembro, o 23.000 toneladas produzidas, que correspondem a um
que inviabiliza a comparação de 2018 para este anuário. salto de 4,5%.
Alagoas 4.745.487 33,54% 2.830 4,81% 11.647.736 24,30% 3.500 23,67% 8.250 135,71% 6600 1.500 150
Amapá 685.854 27,69% 650 8,33% 753.684 6,18% 1.000 53,85% 1.030 3,00% 80 950
Amazonas 12.199.182 0,48% 27.500 10,00% 7.573.943 -6,88% 28.000 1,82% 15.270 -45,46% 15.270
Bahia 13.573.867 12,33% 25.500 2,00% 18.168.013 -6,44% 27.500 7,84% 30.460 10,76% 24.600 5.800 60
Ceará 42.802.348 -23,13% 12.000 -57,14% 22.086.824 -37,73% 7.000 -41,67% 4.900 -30,00% 4.900
Distrito Federal 1.065.964 -1,32% 2.620 4,80% 820.164 -57,13% 1.500 -42,75% 1.500 0,00% 1.500
Espírito Santo 5.362.701 -16,10% 10.800 -10,00% 3.750.928 -19,68% 12.000 11,11% 13.190 9,92% 11.800 340 1.050
Goiás 15.471.502 -27,67% 34.000 0,00% 16.502.562 -1,06% 33.000 -2,94% 30.630 -7,18% 18.200 12.300 130
Maranhão 24.587.629 16,69% 24.150 5,00% 27.978.876 15,39% 26.500 9,73% 39.050 47,36% 3.500 35.200 350
Mato Grosso 40.411.720 -22,16% 59.900 -19,05% 36.609.433 -14,81% 62.000 3,51% 54.510 -12,08% 2.500 52.000 10
Mato Grosso do Sul 6.891.245 36,71% 24.150 5,00% 18.040.523 1,60% 25.500 5,59% 25.850 1,37% 20.500 5.300 50
Minas Gerais 32.811.486 17,02% 23.000 -8,00% 31.326.786 57,42% 29.000 26,09% 33.150 14,31% 31.500 550 1.100
Pará 13.010.915 17,42% 19.080 6,00% 12.269.365 -7,66% 20.000 4,82% 23.720 18,60% 1.000 22.600 120
Paraíba 3.024.370 50,34% 2.500 127,27% 4.992.557 -5,95% 3.000 20,00% 2.930 -2,33% 2.900 30
Paraná 76.216.321 20,79% 93.600 17,00% 98.201.110 9,82% 112.000 19,66% 129.900 15,98% 123.000 3.400 3.500
Pernambuco 8.825.438 39,25% 12.100 10,00% 22.792.324 -0,69% 17.000 40,50% 23.470 38,06% 23.000 400 70
Piauí 11.947.318 6,62% 17.000 6,25% 10.401.557 7,39% 18.000 5,88% 19.310 7,28% 10.000 9.300 10
Rio de Janeiro 1.494.939 1,84% 4.630 2,89% 1.490.277 26,04% 4.800 3,67% 4.580 -4,58% 3.700 500 380
Rio Grande do Norte 17.046.415 4,85% 2.500 -24,24% 17.606.509 -4,62% 2.300 -8,00% 2.410 4,78% 2.300 70 40
14.689.248 -2,68% 20.000 2,56% 13.740.876 -0,70% 22.000 10,00% 23.000 4,55% 4.100 1.700 17.200
Rondônia 90.636.090 12,62% 74.750 15,00% 39.883.742 7,27% 77.000 3,01% 72.800 -5,45% 72.800
Roraima 10.473.270 -22,42% 14.700 -30,00% 9.378.795 -4,60% 16.000 8,84% 17.100 6,88% 17.100
Santa Catarina 55.316.497 5,41% 38.830 10,00% 52.617.545 4,19% 44.500 14,60% 45.700 2,70% 33.800 2.200 9.700
São Paulo 48.459.852 19,69% 65.400 9,00% 47.607.572 47,52% 69.500 6,27% 73.200 5,32% 69.500 3.300 400
Sergipe 5.441.485 -34,37% 6.100 -6,15% 5.479.026 3,06% 6.600 8,20% 3.550 -46,21% 1.000 2.500 50
Tocantins 9.544.222 -7,74% 15.200 -5,00% 11.542.055 7,61% 14.500 -4,61% 14.600 0,69% 100 14.500
TOTAL 571.152.898 -1,05% 640.510 0,39% 547.161.864 -4,20% 691.700 7,99% 722.560 4,46% 400.280 287.910 34.370
¹Até o fechamento desta edição, os dados mais recentes da Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE eram relativos a 2017
5 ESPÉCIES MAIS PRODUZIDAS EM 2017 | IBGE PPM 5 ESPÉCIES MAIS VALORIZADAS EM 2017 | IBGE PPM
4,4%
8,6% 14,4%
8,9% 29,7%
15,2
%
59,5%
18,6%
20,2% 20,6%
Camarão Dourado
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Pescados com qualidade Um
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ita o
forne mei
seu alidade ambi
ente o
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Estatísticas
Produção - Aquicultura PRODUÇÃO DA AQUICULTURA POR TIPO DE PESCADO | (IBGE PPM 2017)
Volume (KG) Receita (R$ milhões) Preço médio (R$/KG)
Ranking Var. % Var. % Var. %
Pescado 2016 2017 2016 2017 2016 2017
volume 2016>2017 2016>2017 2016>2017
Sementes de
3 66.702,00 67.625,00 1,36% 1.836.000 1.882.000 2,51% R$ 27,53 R$ 27,83 1,09%
moluscos
TOTAL 13.818.206 12.158.300 -13,65% 386.908.000 356.621.000 -7,83% R$ 28,00 R$ 29,33 4,76%
A tilápia há tempos é a estrela da piscicultura nacional e neste retrato de 2017 o aumento de 18,55% ilustra bem claramente o desempenho. O balanço mostra ainda um
descenso importante do tambaqui (-33,26%), parte da categoria de peixes nativos que, segundo a PeixeBR, também caiu em 2018 (4,76%).
O articulista da Seafood Brasil e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Ricardo Ribeiro, ainda faz uma análise sobre a presença preponderante de car-
pas e tilápias nas propriedades em todas as regiões do Brasil. “Isso nos remete à função que estas espécies estão cumprindo na Agricultura Familiar, estão vinculadas à
Segurança Alimentar do País, pois são uma importante fonte de proteína de excelente qualidade para populações, que em muitos casos são vulneráveis do ponto de vista
alimentar.”
No âmbito das formas jovens, chama a atenção o fraco desempenho das vendas de pós-larvas, o que denota uma diminuição no ritmo de povoamento apesar da retomada
pós-mancha branca. E também é digno de nota o aumento de produção de alevinos com consequente queda de preço, um indicativo de maior eficiência, escala de produção
e também de um mercado ligeiramente saturado.
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 49
Estatísticas NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS DA AQUICULTURA | 2017 | IBGE
PEIXE OSTRAS/VIEIRAS
CAMARÃO MEXILHÕES
Produzir ração para peixes, camarões e outras espécies aquícolas ainda não é um
negócio tão expressivo quanto as demais proteínas. A disparidade é tremenda quan-
2014 2014 2014 do analisamos os dados do Sindirações: o peso da aquicultura no volume comerciali-
37,000 15,200 8,020 zado de ração corresponde à metade do peso do segmento pet.
2015 Var. % 2015 Var. % 2015 Var. %
As taxas de crescimento, porém, foram as mais expressivas entre todos os itens
38,000 2,70% 15,800 3,95% 8,000 -0,25%
desde 2015, o que torna o segmento a menina dos olhos dos fabricantes de ração.
2,500
2014 2014 2014
2,084 2,092
0,600 2,492 0,100 2,000 1,829
1,770 1,756
2015 Var. % 2015 Var. % 2015 Var. %
0,580 -3,33% 2,440 -2,09% 0,105 5,00% 1,500
1,160 1,160
2016 Var. % 2016 Var. % 2016 Var. %
0,910
1,000
0,580 0,00% 2,500 2,46% 0,085 -19,05% 0,830 0,830
Volume (ton.) e receita ao produtor (R$ mil) | Volume (ton.) e receita ao produtor (R$ mil) |
IBGE PPM 2017 IBGE PPM 2017
Receita (RS mil) Volume (mil ton.) Receita (RS mil) Volume (mil ton.)
1.207.189
1.579.028
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 54
1.335.024 1.009.484
1500000
1.179.167 250000 892.791
1250000 772.205
969.187
250000 750000
766.251
750000
500000
500000
238.924 283.249
199.948 218.799
169.306
250000 250000 149.182 179.899 176.073 177.569 130.811
2013 2014 2015 2016 2017
2013 2014 2015 2016 2017
CAMARÃO
Litopenaeus vannamei
Área (ha) Produção (ton) Produtividade (KG/ha/ano) Mercado interno (ton) Exportações (ton)
10401,9
9404,3
7417,1
5511,2
4881,9
3252,4
2931,6 3048,5
2614,3 2673,8
1884,1 2010,7
1884,6
1530,9
1450,3
957,9 1101,8 1124,7
885,5 733,6 752,0
438,2
320,9 245,4 92,8 205,8 172,3 139,9 187,3 221,7 221,7
108,0 103,5
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
O sistema ProPesqWeb continua a ser a fonte mais confiável sobre a indústria pesqueira brasileira e a metodologia usada pelas três entidades do convênio
(Instituto de Pesca/SP, Univali/SC e Fundepag/PR) deveria ser replicada a todo o País de forma a uniformizar as estatísticas pesqueiras. Enquanto isso não
acontece, seguimos com a análise dos três Estados monitorados, ainda que a pesca extrativa em São Paulo e Paraná seja praticamente irrisória.
O desempenho paulista chama a atenção em junho de 2018, quando atingiu o pico para o ano com a safra da tainha acompanhada de camarão sete-barbas, porco
e corvina. Já no mês de agosto o salto vertiginoso de Santa Catarina após o término da safra da tainha se deu por conta da sardinha-verdadeira que reapareceu
com 3,2 mil toneladas e a sardinha-lage com 1,9 mil toneladas, a corvina com 1,9 mil toneladas e a palombeta com 1,4 mil toneladas só naquele mês.
8,4% 7,1%
9,8% 13,3%
28,1%
25,7%
17,1%
10,6%
15,9%
54,0%
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 56
19,8% 18,5%
26,7% 25,0%
20,1%
25.000
38.317
40.000
35.000
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
7.816 12.000
SARDINHA
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8
200 200 200 200 200 200 200 200 200 201 201 201 201 201 201 201 201 201
O levantamento do consultor Wilson Santos ilustra mais uma vez o colapso da captura de sardinha no País. Até o defeso, em junho de 2019, as capturas
seguiram em baixa, enquanto as importações subiram fortemente (mais detalhes na área Comex deste anuário). “Com quatro anos de capturas reduzidas
e forte importação, vejo situação dos armadores da pesca deste recurso muito difícil. As características do produto importado (mais de 80% da sardinha
já vem eviscerada, sem cabeça e cauda) são totalmente diferentes do produto interno onde somente sardinha inteira é ofertada para a indústria de
conservas.”
7,441 20.170,334
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 59
Estatísticas
Comex
As vendas e compras
externas de pescado
A
s exportações brasileiras de patamar de 357,6 mil toneladas, com As análises sobre o comércio
pescado fecharam o período dispêndio de U$ 1,331 bilhões - redução exterior do 5º anuário Seafood Brasil
entre julho de 2018 e junho de de 3,17% em valor quando comparado são fruto de uma parceria com a
2019 com um volume de 39.511 com 2017. Mesmo com a crise, o preço Projepesca Consultoria e o serviço de
toneladas (incluindo conservas), com médio das importações em 2018 ficou big data Jubarte - uma ferramenta que
divisas da ordem de US$ 261 milhões. em US$ 3,723/tonelada, aumento de captura, tabula e cria gráficos sobre
A comparação com 2017 mostra uma 8,92%. todos os itens da balança comercial
redução de 3,35% do volume, mas brasileira com Nomenclatura Comum
aumento de 6,14% no valor - reflexo Nos últimos 10 anos, o Brasil do Mercosul (NCM).
de uma valorização de 9,82% no preço manteve estabilidade no volume de
médio ante o período anterior, para US$ exportação em 37 mil toneladas (+/-
6,603,24/tonelada. 4.000). Na média da última década, as
importações equivalem a 10x o que
Já as importações em 2018 tiveram exportamos – 349 mil toneladas e um
uma redução de 11,10% no volume, no dispêndio 5x maior de U$1,222 bilhões.
Importações
07/2018 a 06/2019 07/2017 a 06/2018 % 2018 x 2019
us$ kilos us$ kilos us$ kilos
Pescado (Seção 03) 1.265.250.723 339.465.792 1.267.244.014 349.732.575 -0,2% -2,9%
Conservas e preparações (Cap. 1604) 66.526.323 18.174.032 64.397.349 18.402.488 3,3% -1,2%
TOTAL 1.331.777.046 357.639.824 1.331.641.363 368.135.063 0,0% -2,9%
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 60
Fonte: SECEX/Mdic
Estatísticas
Comex - Exportação
$2.000.000.000 $7.000
$1.500.000.000 $6.000
$1.000.000.000 $5.000
$500.000.000 $4.000
Valor (U$)
Valor (U$)
Balança Comercial
Exportações
$3.000 Exportações
$0
Importações
1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 Importações
-$500.000.000 $2.000
-$1.000.000.000 $1.000
-$1.500.000.000 $0
Anos 1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
Anos
40000
35.581
29.478 30.146
30000 27.079
23.990
21.116
10000
5.217
4.116 4.326 3.990 3.909
2.457 2.652 3.217 3.187 2.845 2.337 2.569
JUL/18 AGO/18 SET/18 OUT/18 NOV/18 DEZ/18 JAN/19 FEV/19 MAR/19 ABR/19 MAI/19 JUN/19
Com o embargo europeu a China se tornou o pote de ouro no fim do arco-íris para os exportadores de lagosta e outros produtos de alto padrão, como a bottarga
- um aumento de 141% no balanço de todo o ano de 2018 ante 2017, sem contar seus territórios associados (Hong Kong e Taiwan), para o qual despachamos
subprodutos para reprocessamento local. Já a Coreia do Sul despencou 71%, enquanto o Equador passou a integrar o Top 10 com 1,7 mil toneladas de bonitos-
listrado majoritariamente.
Os Estados Unidos continuam a ser o principal cliente, principalmente com lagostas congeladas, espadarte (meka), albacora-bandolim (bigeye, no qual somos
líderes locais) e albacora-bandolim. Apesar de crescentes, as exportações de filé de tilápia ainda representaram apenas 1,7% da pauta exportadora total aos
norte-americanos nos primeiros sete meses de 2019.
OS 10 PRODUTOS MAIS RENTÁVEIS EM 2018 | RECEITA (US$)
Outros
MS 5%
PE 2% ESTADO Receita 2018 (US$) Receita 2017 (US$) Variação
ES 1
%
140,0%
120,0%
100,0%
80,0%
60,0%
40,0%
20,0%
0%
-20,0%
-40,0%
-60,0%
-80,0%
PA CE SP RN SC RS BA ES PE MS OUTROS
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 64
O desempenho dos Estados em 2018 mostra claramente que há um esforço concentrado no Pará e no Ceará por conta da pesca do pargo e dos atuns, respectiva-
mente. Esta última pescaria, aliás, segue a tendência de ascensão em 2019. Segundo a análise do consultor Wilson Santos, no 1° semestre de 2019 as albacoras
bandolim e lage, além do bonito-listrado, representaram 20% em valor do total exportado de pescado pelo Brasil e 30% em quantidade. “Anualizando o resultado
do 1° semestre, projeta-se fechar o ano com crescimento acima de 25 % tanto em valor como nas quantidades comprando-se com real de 2018.”
De volta à análise de 2018, São Paulo teve alta de 128,1% ante a receita obtida em 2017, desempenho impressionante creditado à operação com caudas de lagosta
aos Estados Unidos. Já o Rio Grande do Sul diminuiu pela metade o faturamento com bonito-listrado e a Bahia deu lugar aos paulistas nas exportações de cauda
de lagosta congelada.
Estatísticas
Comex - Importação
1.435.806
1.500.000 1.332.820 1.317.607 1.265.251
1.190.683 1.158.483
1.250.000 1.109.578 1.099.360
956.596
1.000.000
749.307
688.642
750.000
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
O pescado importado segue com alto nível de faturamento apesar da instabilidade político-econômica-social dos últimos anos. Só nos primeiros sete meses de
2019 já gastamos mais com pescado importado que o ano todo de 2009.
A análise do dispêndio, muito relacionado à volatilidade do câmbio, mascara os volumes importados. O ano de 2017, em pleno governo Temer e o escândalo da
JBS, foi o melhor da década em termos de volume, superando 2013 com 383,6 mil toneladas.
As tensões advindas da greve dos caminhoneiros, da falta de retomada da economia e das eleições ceifaram a tendência de recuperação iniciada em 2016, e
2019 não dá indícios de que será muito melhor. Até julho o volume importado (194,7 mil toneladas) era muito similar a 2018 (199,5 mil toneladas) e 2015 (192,4
mil toneladas).
150000
138.082 134.116
130000 121.280
117.101 118.419 116.955
109.341
110000
89.577 92.378
90000 85.140
77.811 80.280
73.832
70000
10000
JUL/18 AGO/18 SET/18 OUT/18 NOV/18 DEZ/18 JAN/19 FEV/19 MAR/19 ABR/19 MAI/19 JUN/19 JUL/19
O segmento dos filés brancos já não é o mesmo. Se em 2015 a disputa estava acirrada entre a polaca processada na China, o panga do Vietnã e a merluza da
Argentina, em 2018 o cenário foi outro. Os vietnamitas tiveram o pior desempenho (-37,65%) no volume em 2018, apenas melhor do que o Peru (-52,61%) entre
os 10 maiores exportadores. A Argentina também não foi exceção, com vendas 15% menores e uma queda de 21,6% no volume com a quebra de matéria-prima
ocasionada pelo foco nos camarões vermelhos - que no balanço de 2019 já devem figurar nas planilhas de importação.
Do lado dos competidores que estão sorrindo, o Chile expandiu o volume no ano passado para 88,7 mil toneladas de salmonídeos e mexilhões e já mostra o melhor
desempenho dos últimos 5 anos. O Marrocos se consolidou como o salvador da pátria da indústria de conservas, depois do colapso das sardinhas nacionais, com
70 mil toneladas, o segundo maior volume importado em 2018 e apenas abaixo do Chile novamente nos primeiros 7 meses de 2019. A julgar por este primeiro
semestre estendido (39,4 mil toneladas), o país norte-africano deve fechar o ano com o maior volume vendido ao Brasil desde que começou o sistema harmonizado,
em 1997.
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Estatísticas
Comex - Importação
ESPÉCIES
SALMÕES
80.000
E TRUTAS
20.000
9.226 9.047 8.484
7.020 6.682 5.814 7.251 8.021 6.864 8.253 7.428 6.858
0
jul/18 ago/18 set/18 out/18 nov/18 dez/18 jan/19 fev/19 mar/19 abr/19 mai/19 jun/19
MERLUZA
20000
18.066,86
5.705
3.867 4.857 4.928 4.963 4.849 4.032
5000 3.269
3.034 3.111 3.153 2.844
0
jul/18 ago/18 set/18 out/18 nov/18 dez/18 jan/19 fev/19 mar/19 abr/19 mai/19 jun/19
Volume (ton.) Dispêndio (US$)
PANGA 12500,00
10012,48
9141,91
10000,00
8726,44 8615,23
8102,10 8162,98
7500,00
5259,22 5198,81
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 68
5000,00
3351,00
2801,46 2713,63 2756,84 2808,44 3036,38
2549,45
1389,80 1626,32 1205,92 1643,40 1355,07
2500,00
1087,85
0
jul/18 ago/18 set/18 out/18 nov/18 dez/18 jan/19 fev/19 mar/19 abr/19 mai/19 jun/19
Volume (ton.) Dispêndio (US$)
SARDINHA 15000
14000 12.714
11.857,06
13000
11.052
12000
10.056,09
9.140
11000
8.336 8.307,75
10000
7.320 7.779
Mês
9000 8.351,71
7.048 6.690 6.899,50
6.960,44 5.439
8000 6.751,30 6.230,29
4.404 5.056,61 5.578
7000
5.050,74 4.914
6000 4305,22 4.676,46
5000
4000
jul/18 ago/18 set/18 out/18 nov/18 dez/18 jan/19 fev/19 mar/19 abr/19 mai/19 jun/19
Volume (ton.) Dispêndio (US$)
BACALHAU
50000
41.939,90
40000
35.362,23
28.949,39
30000
21.434,17
Mês
10.792,57 10.028,64
6.719 8.114,73 4.442,57
10000 7.043,59
2.949 4.315 2.750 2.744 4.969 3.000 738
1.104 1.1511 1.501 1.156
0
jul/18 ago/18 set/18 out/18 nov/18 dez/18 jan/19 fev/19 mar/19 abr/19 mai/19 jun/19
Volume (ton.) Dispêndio (US$)
A
disponibilidade de pescado no Brasil vem do exterior, enquanto metodologia de consumo aparente
per capita no Brasil chegou a produção nacional representou preconizado pela FAO, enquanto,
ao melhor patamar em 2018, 83% da disponibilidade nacional de enquanto o restante se deve ao
segundo o exercício que peixes, crustáceos e moluscos. Dentro monitoramento feito pela Seafood Brasil
fazemos com os dados disponíveis desta oferta nacional, 50,5% se deve à com base em dados da aquicultura
atualmente e a premissa da aquicultura, 34,2% à captura marinha fornecidos pela PeixeBR, IBGE e ABCC
manutenção dos estoques pesqueiros. e 15,2% à pesca continental. Importante (grifados em amarelo).
Em torno de 18% do pescado consumido notar que o cálculo até 2014 segue a
2.500.000.000
10,63 10,75
10,14
9,75 9,94
2.000.000.000 8,7
8,96 8,42
8,28 8,05 8,1
1.500.000.000
1.000.000.000
500.000.000
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
O gráfico indica claramente o peso do produto importado no consumo de pescado. Na análise da última década, nota-se que em 2013 a ascensão o volume
comprado de outros países levou o consumo ao topo histórico. No ano seguinte, porém, a crise bateou na porta e derrubou o desempenho do consumo com a
redução das importações.
Já em 2016, porém, houve uma nova recuperação do consumo e no ano passado a disponibilidade per capita já se aproxima dos 10 kg per capita novamente.
julho 2018 agosto 2018 setembro 2018 outubro 2018 novembro 2018 dezembro 2018 janeiro 2019 fevereiro 2019 março 2019 abril 2019 maio 2019 junho 2019
Pescado -0,49 -0,92 0,3 1,42 0,55 0,45 1,59 0,1 0,73 1,27 -1,16 -2,19
Anchova -15,06 -11,28 9,68 12,21 -9,45 -1,86 14,02 -8,45 7,43 5,84 -2,96 -1,35
Badejo -0,96 -0,87 5,77 1,37 1,03 -2,93 0,25 -1,18 2,42 1,53 -2,91 1,77
Corvina 3,34 -1,81 -1,68 0,22 -0,12 4,56 1,55 -2,45 -0,17 3,85 -7,57 7,03
Ccavalinha -2,35 -3,18 1,27 -2,35 3,68 1,83 3,4 0,23 -2,59 -1,21 3,01 -3,55
Pescadinha -1,58 0,52 3,19 3,28 -2,43 2,63 6,43 -3,02 1,13 2,74 -4,57 -4,5
Tainha -0,67 -0,81 -0,97 -0,75 1,89 0,48 2,37 -6,28 4,19 0 -1,73 -2,19
Sardinha -2,05 -0,02 0,49 1,55 7,27 0,85 -5,11 5,13 -3,2 1,02 1,67 2,12
Camarão -1,65 0,35 0,03 1,39 0,31 0,9 0,89 -0,75 0,34 -0,54 -0,84 -1,65
Vermelho 3,75 2,66 1,47 -4,16 2,5 -0,45 5,64 -3,81 -4,99 2,33 -4,73 1,6
Cavala -2,55 1,77 -2,37 3,01 -3,56 1,41 -0,75 -0,16 2,6 4,03 -2,59 1,66
Pacu -6,92 -2,17 8,79 -4,21 4,46 -0,11 0,25 0,05 -1,24 -3,82 2,42 -3,9
Dourado 2,4 1,26 2,51 5,89 -5,28 -2,59 -0,93 7,69 2,38 -4,53 -6,89 -4,82
Cação -1,03 -1,12 3,26 0,51 -0,54 -0,77 2,54 -2,42 1,1 3,2 -4,49 -3,13
Merluza -1,32 0,15 3,3 -1,06 -0,92 1,66 0,2 1,45 -0,09 0,02 3,6 -7,89
Serra 0,54 1,97 4,8 2,11 -3,48 1,36 -0,01 -1,61 4,59 0,34 -4,15 3,48
Pescada -2,66 -0,67 0,5 1,73 2,21 -2,42 4,66 0,8 3,07 2,24 -1,28 -7,73
Caranguejo 5,8 -13,21 1,5 2,19 0 -3,12 7,35 -4,73 3,44 -2,12 -0,34 -2,37
Castanha -2,31 -5,85 2,18 3,51 -2,57 -0,07 3,89 -6,92 6,35 3,58 -3,72 -0,79
Piau -2,08 -0,43 -2,78 -1,1 -1,14 6,9 3,23 3,75 0,42 1,17 -2,01 -1,34
Surubim -0,88 -1,42 -1,34 0,97 4,08 -0,45 4,95 1,41 0,42 0,94 -2,01 -1,34
Sururu -0,8 -2,84 0,07 -0,8 -3,66 -0,39 0,64 -6,57 7,66 1,47 2,04 -5,76
Curimatã 2,26 0,47 -4,78 -3 4,99 -0,39 -4,31 2,27 9,74 1,04 -1,24 3,59
Salmão 6,04 -4,54 -1,25 6,38 -7,85 5,58 -4,36 5,56 0,73 -1,7 -1,95 -0,6
Tilápia -1,51 -4,46 4,12 -5,68 -0,66 1,87 -1,55 -2,3 3,49 1,89 0,8 -0,09
Tucunaré -0,07 -3,15 -0,55 3,81 1,32 -2,25 3,59 2,25 3,5 0,2 -3,35 -6,43
Tambaqui 6,98 -3,76 -5,78 5,28 -1,3 5,64 1,54 -0,13 -3,01 1,37 -2,92 5,5
Dourada 8,03 -1,51 -2,43 2,47 0,14 -2,31 0,57 4,78 0,03 -1,22 -4,86 -5,25
Peroá 0,55 -4,55 -0,4 6,3 -1,3 -4,52 -6,12 2,16 4,69 1,85 -2,59 1,56
Pintado -6,09 4,48 0,24 -4,51 1,57 7,57 -4,33 6,45 0,81 -3,53 3,17 -3,62
Mandi -0,88 -1,42 -1,34 0,97 4,08 -0,45 4,95 1,41 0,42 1,17 -2,01 -1,34
Fonte: IBGE - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Fonte: IBGE - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
1,59
2 1,42 -0,49
0,55 0,45 -0,49
1 0,3
0,1
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 72
-0,49
0 -0,92 -1,16
-1
-2,19
-2
-3
julho 2018 setembro 2018 novembro 2018 janeiro 2019 março 2019 maio 2019
4,9% 8,1%
20,8%
19,6%
42,1 % 21,6%
1,9% 66,7%
53,5 %
0,4%
16,1%
37,1% 11,7%
3,9% 2,6%
O ano passado frustrou ligeiramente a previsão da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). No começo do ano passado, a entidade projetou 3,00% de cres-
cimento nas vendas, e em julho revisou esta perspectiva para 2,53%, por conta da greve dos caminhoneiros e o bolso curto dos consumidores.
Ainda assim, o resultado foi positivo ao setor supermercadista, que registrou 2,07% de crescimento real na comparação com 2017, de acordo com o Índice Nacional de
Vendas ABRAS, apurado pelo Departamento de Economia e Pesquisa da entidade. O Carrefour se consolida na liderança em termos de faturamento, com crescimento
expressivo de 13,5%. A maior alta no faturamento, no entanto, ficou com a rede catarinense Angeloni (+21,7%).
TOP 20 VAREJO
15 17 COMERCIAL ZARAGOZA IMP EXP LTDA Spani Atacadista SP 2.489.656.280 1,3% 2.209.532.732 12,7%
16 16 SUPERMERCADO BAHAMAS S/A Bahamas MG 2.398.159.460 1,2% 2.194.184.601 9,3%
17 19 MULTIFORMATO DISTRIBUIDORA S/A Super Nosso MG 2.300.165.372 1,2% 2.157.638.740 6,6%
COMPANHIA SULAMERICANA DE
18 20 Cidade Canção/Amigão PR 2.280.852.000 1,2% 2.147.834.034 6,2%
DISTRIBUIÇÃO
19 15 COOP - COOPERATIVA DE CONSUMO Coop SP 2.277.066.033 1,2% 2.143.908.694 6,2%
20 18 AM/PM COMESTÍVEIS LTDA AM/PM RJ 2.152.830.266 1,2% 2.115.090.083 1,8%
TOTAL 20 MAIORES 175.576.374.827 100,00% 187.476.007.587 -6,35%
Fonte: Ranking Abras/SuperHiper 2018 | Elaboração: SEAFOOD BRASIL
PARTICIPAÇÃO DA SEÇÃO PEIXARIA NO FATURAMENTO NOS SUPERMERCADOS BRASILEIROS | R$ BILHÕES
100
0,1
O movimento de desprestígio das peixarias prossegue no recorte do faturamento total dos supermercados. O segmento faturou R$ 2,49 bilhões, que perto da receita
total do varejo (R$ 355,7 bilhões) representou apenas 0,7% do total. Importante notar que os dados não contemplam o peixe congelado, categoria para a qual a Abras
não tem um monitoramento específico.
0,09
1 0,79
0,58 0,64
0,72
0,49 0,61 0,41
0,32 0,33
0,29 0,02 -0,04
0,5 0,39 0,15
0,23 0,08 0,1
0,19 0,01 -0,22 0,03 0,02
-0,25
-0,26 0,22
-0
-0,5
-1
julho 2018 outubro 2018 janeiro 2019 abril 2019 julho 2019
O orçamento das famílias continua muito restrito e o segmento da alimentação fora do lar se vê impedido de reajustar preços no mesmo patamar da inflação geral.
Só o almoço e jantar ficaram mais caros neste primeiro semestre, mas na análise anual notamos que a média do custo de comer fora ficou apenas 0,5% mais caro.
R$ 52 BI +5%
Trafego (visitas)
3,6 BI +4%
SEAFOOD BRASIL #30 • ANUÁRIO 2019 • 76
R$ 15 BI +1%
Fonte: Instituto Food Service Brasil
Estatísticas
Comércio e Consumo - Varejo
dia s úteis - 1 o trime R$ 13 é o ticket médio por pessoa de uma visita em um dia útil,
o no s stre
de
feg e esse número é 20% menor que nos finais de semana
tr á
20
12% 9%
19
%
50%
17 % Café da manhã
13 % Das visitas em dias
úteis são individuais
Lanche da manhã
Almoço
U
ma prestação de serviços e, ao mesmo tempo, do pescado no Brasil e exterior, mas certamente abriga as
uma ponte para a realização de negócios. Esta é a companhias mais representativas, da produção em cativeiro
missão deste Guia de Fornecedores, cujos dados ou na pesca extrativa, passando pelo processamento até a
foram fornecidos pelas empresas que adquiriram comercialização no varejo e food service.
estes espaços ou que anunciaram em algum momento dos
seis anos de existência da nossa publicação. Munido das informações de mercado fornecidas nas pági-
nas anteriores, vá em busca de seu parceiro. A Seafood Brasil
Este guia não se pretende uma referência completa lhe deseja excelentes negócios.
de todas as empresas que compõem a cadeia produtiva
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