3 Carolina Da Costa Fontoura A Identidade Brasileira No Design de Superficie Uma Analise Da Colecao de Revestimentos Da Linha

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XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

A identidade brasileira no design de superfície: uma análise da coleção


de revestimentos da linha Oca Brasil

Carolina da Costa Fontoura


Mestranda em Design
UniRitter - Laureate International Universities
[email protected]

Heli Meurer
Doutor em Informática na Educação
UniRitter - Laureate International Universities
[email protected]

Resumo: O presente artigo investiga a brasilidade como elemento principal no Design de Superfície
(DS) dos revestimentos da linha Oca Brasil – coleção Brasiliana de 2016 e coleção Tropicália de
2017, da empresa de revestimentos Oca Brasil, em parceria com a Designer Renata Rubim. Através
da percepção de uma recorrência de elementos pictóricos que remetem à natureza tropical e
imagens culturais, discutiu-se a articulação dessas coleções com um discurso de valorização da
natureza, construído a partir das narrativas elaboradas no período colonial e modernista do Brasil.
Tendo em vista que há um crescimento em estudos que abordam a cultura do Brasil, e uma
expansão do mercado brasileiro no campo da moda e design, a pesquisa contribui para ampliar os
estudos da brasilidade e o uso de materiais ecológicos e de reflorestamento. A abordagem
metodológica é qualitativa, de caráter descritivo, com pesquisa bibliográfica e documental. O estudo
permitirá ampliar os estudos na área do Design de Superfície e análise de contexto histórico-cultural
brasileiro.

1 Introdução
No cenário atual do design e da moda, há marcas que se destacam pela essência e
criações características relacionadas à brasilidade como elemento visual e cultural, com
referência à natureza, paisagens, artes, história, o artesanal e tradições do Brasil. Na década
de 1990 estilistas brasileiros entraram no mercado exterior e ganhando notoriedade e
prestigio. Mas, o aumento considerável da valorização de produtos brasileiros deu-se nos
últimos anos, consequência do crescimento econômico do país e do aumento da visibilidade
da moda e do design brasileiro no cenário internacional (CALDAS, 2004). Produtos com
brasilidade estão sendo cada vez mais valorizados, dentro e fora do país. No cenário da moda
atual, há marcas que se destacam pela essência e criações características relacionadas à
brasilidade. Pode-se citar: Ronaldo Fraga, Lino Vilaventura, Osklen, Isabela Capeto, Farm,

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Walter Rodrigues, Carlos Miele, entre outros. Tais marcas usam a brasilidade como elemento
visual e cultural, com referência à natureza, paisagens e tradições do Brasil, como o artesanal.
Há uma significação atribuída ao produto por elementos simbólicos culturais e de
diversificação, no qual os consumidores estabelecem uma identificação com o mesmo. A
estampa não deve ser vista apenas como um ornamento para superfícies, e sim, como um
produto de design, estético e funcional, contudo também carregar uma função simbólica e um
propósito de comunicação. A imagem simbólica de um produto ou estampa, relaciona-se
diretamente com as características sociais que definem uma sociedade em uma determinada
época, como por exemplo, as tradições, diferenças de poder entre classes sociais e nível de
desenvolvimento tecnológico. (GOMES FILHO, 2006).
Neira (2012), analisa a hipótese de que, no Brasil, as noções de desenvolvimento,
progresso e modernidade da nação foram apoiadas pelas indústrias têxteis. Sobretudo,
durante as décadas de 1950, 1960 e 1970, indústrias, onde governo e veículos de
comunicação aderiram ao discurso de desenvolvimento por meio da adoção de uma suposta
identidade visual brasileira na estamparia que se relacionava à nossa cultura.
A relevância do presente artigo visa contribuir para estudos posteriores em DS, tendo
em vista que a pesquisa em Design de Superfície é recente no Brasil. Foi a partir dos anos
90, depois do surgimento dos programas de pós-graduação em design, que a pesquisa
passou a ser efetivada de maneira sistemática. Para Moura (2012), as pesquisas científicas
nas áreas de design e moda, onde o Design de Superfície está inserido, devem ser
disseminadas de forma a gerar mais hipóteses, concepções e outras pesquisas. O próximo
capítulo trará o referencial teórico para fundamentar o estudo.

2 Metodologia
No presente artigo, foi realizada uma pesquisa qualitativa, com método de cunho
descritivo analítico, e utiliza o procedimento de investigação e pesquisa bibliográfica, na qual,
o pesquisador apura informações de materiais já publicados, como livros, artigos científicos,
teses, dissertações. Também foi realizada entrevista com a designer Renata Rubim para
coletar dados sobre a coleção. O trabalho dividiu-se em fundamentação teórica e pesquisa.
A primeira consistiu em pesquisa e revisão bibliográfica baseada na Cultura material e
imaterial brasileira, artes, arquitetura e design. A segunda parte do artigo contou com
entrevista, incluindo o levantamento e análise dos produtos com a temática brasilidade da
Oca Brasil.
Segundo Hernández Sampieri, Fernández Collado e Baptista Lucio (2013), a pesquisa
qualitativa baseia-se mais em uma lógica e em um processo indutivo, para explorar e
descrever, e depois gerar perspectivas teóricas. Tal pesquisa colabora de forma positiva e
propicia uma visão crítica aos investigadores e profissionais dos estudos de design. É um
campo que compreende distintos enfoques e procedimentos com a finalidade de examinar e
decodificar o mundo social.

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3 Referencial teórico

3.1 O Design de Superfície e seus fundamentos básicos


O Design de Superfície é uma especialidade na área do Design reconhecida no Brasil
em 2005 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os
primeiros registros acadêmicos, científicos e como atividade profissional ocorreram no Estado
do Rio Grande do Sul. A nomenclatura do termo design de superfície é a tradução da
expressão surface design, a qual teve origem em 1977, nos Estados Unidos da América, com
a fundação da Surface Design Association – SDA (RÜTHSCHILLING, 2008).
Para Rubim (2010) o Design de Superfície propõe-se a lidar com ideias de ordem
principalmente estética. Seu processo criativo é voltado para aplicação na indústria, e
abrange o design têxtil, o setor de papelaria, cerâmica, plásticos, emborrachados, couros,
sintéticos, entre outros. A superfície recebe estampas, texturas, desenhos, cores que a torna
especial. A designer descreve em seu livro a importância das cores, as disposições dos
elementos e as técnicas utilizadas para sua produção, e sua trajetória no design de superfície
no Brasil no início dos anos 80.
De acordo com Briggs-Goode (2014), a padronagem por repetição tem seu próprio
vocabulário:
 Módulo e elementos – são os componentes utilizados para criar o design, de forma
que o design pode ser constituído de um módulo ou diversos.
 Design multidirecional – design que segue várias direções.
 Repetição em bloco – repetição de um design com uma estrutura semelhante a uma
grade.
 Deslocamento 50% – também chamado de repetição passo, pois remete a uma série
de passos. Provavelmente a repetição mais popular.
 Repetição tijolo – padronagem que se assemelha à formação padrão de tijolos.
 Repetição rotativa – um elemento é virado no seu eixo horizontal ou vertical, criando
um efeito de espelhamento.
 Repetição espelhada – um elemento ou módulo é virado no seu eixo horizontal ou
vertical de forma a criar uma imagem espelhada de si mesma.
 Repetição coordenada – possui um único ou uma quantidade limitada de módulos ou
elementos produzidos para parecerem aleatórios ou multidirecionais entre um
quadrado. Há outras variações de repetição, como listra, diamante, aleatória, ogee,
coluna e ondas.

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Figura 1 – Rapport alinhados, simetrias e multimódulos

Fonte: Rüthschilling (2008).

Para Rüthschilling (2008), a composição visual depende da organização dos elementos


ou motivos dentro do módulo e de sua articulação entre os módulos, gerando o padrão, de
acordo com a estrutura preestabelecida de repetição, ou rapport.

3.2 Brasilidade como identidade cultural


A brasilidade, como identidade cultural de um país, é compreendida como um conjunto
de traços derivantes de uma abordagem antropológica, pertencentes a: natureza; cultura
material (produtos e técnicas para realizá-los); cultura social (manifestações econômicas,
diferenciação social, educação, relações sociais, ritos); cultura ideal (comunicação,
conscientização em relação à natureza, ao homem, às formas expressivas, aos valores, à
regulação e aos hábitos). Não existe uma cara “unitária” para o Brasil, sendo que sua maior
especificidade é constituída pela “inespecificidade”, derivada de sua diversidade cultural
interna no mundo contemporâneo, onde os povos estão sendo forçados a aprender a se
relacionar com a diversidade cultural.
Para definir o “conceito Brasil” são de fundamental importância os elementos que constituem
uma imagem unitária interna, identificados em Cara Brasileira (SEBRAE, 2002).
Sintetizam-se os principais elementos:
 Aspectos da natureza (sol, natureza exuberante, país tropical orgânico, pedras
preciosas e semipreciosas, madeiras);
 Características ligadas ao corpo (pele, cor da pele, sensualidade, culto ao corpo e à
saúde);
 Aspectos psicológicos (hospitalidade e sociabilidade, abundância e generosidade,
bom humor, alegria e otimismo, espontaneidade, criatividade e abertura à inovação);
 Manifestações culturais (barroco, pluralismo, modernismo, música, samba,
carnaval, futebol, telenovelas, capoeira).

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Dijon de Moraes (2006) enfatiza o multiculturalismo e mestiçagem no Brasil, mostrando


que essa influência tem início desde o século XVI com os índios brasileiros, e que se
manifesta atualmente em todos os campos da cultura. O país Brasil está aberto às inovações
e ao mercado externo, ao passo que é dotado de uma forte tradição cultural. O recurso desta
tradição pode ser de fundamental importância para a construção e a exportação de uma
brasilidade. Sérgio Buarque de Holanda foi um dos estudiosos que mais influenciaram a
percepção sucessiva da identidade brasileira. A “brasilidade” é a falta de hierarquia, herança
da estrutura sócio-política de Portugal, e que se reflete na sociedade brasileira assumindo a
forma de uma fragmentação na vida social. O “estilo brasileiro”, nesta acepção, se configura
como um conjunto de características heterogêneas, dissonantes, e não como um estilo
clássico, de equilíbrio das formas, das cores, das componentes. Relacionando a tais
circunstâncias o nosso culto tradicional pelas formas impressionantes, o exibicionismo, a
improvisação e a falta de aplicação seguida, o autor interpreta a voga do positivismo no Brasil,
levando ao máximo a confiança nas ideias, mesmo quando inaplicáveis. (HOLANDA, 1976).
Da Matta (2004) destaca que a sociedade brasileira é relacional: isso se reflete em
várias manifestações, como na culinária (que mistura e combina), ou na simbologia da mesa
e do convívio, onde os brasileiros se celebram suas relações familiares e de amizade. Isso
se relaciona com a imagem de “povo hospitaleiro”, indicando uma ligação forte da brasilidade
com conceitos como emoção, alegria, valorização dos afetos, sensorialidade. A interpretação
da identidade cultural brasileira é a complementaridade e relação. Essa lógica é vista como
cultura, política, religião, relações interpessoais e, portanto, representa um elemento crucial
para qualquer tentativa de compreensão da identidade cultural brasileira. Outra relação de
identidade brasileira é o carnaval e o futebol, sendo o carnaval descrito como momento de
liberdade e experiência de excessos, de prazer, riso, alegria, sensualidade e luxo.

3.3 O design brasileiro nas artes e arquitetura


Esta parte do artigo, destaca, brevemente, alguns ícones da arquitetura, artes e design
no Brasil.
Lina Bo Bardi1, arquiteta que nasceu na Itália mas escolheu o Brasil como sua nação,
é uma das figuras mais importantes da arquitetura Latino-americana. Chamou a atenção
pelo estilo moderno, pela preocupação com o entorno e pela atenção dada ao convívio entre
os que interagem com suas obras. Lina tem seus primeiros objetos projetados com a intenção
de produção no Brasil e nasceram dentro do Studio de Arte e Arquitetura Palma, que foi uma
sociedade entre o arquiteto italiano Giancarlo Palanti e Lina. O Studio Palma começa suas
atividades em 1948 com atividades no desenho industrial e departamento de projeto e oficina,

1Achilina di Enrico Bo, nasceu em 1914 em Roma. Forma-se arquiteta e casa-se com Pietro Bardi. Em visita ao
Rio de Janeiro, Pietro é convidado pelo jornalista Assis Chateaubriand para fundar e dirigir um museu de arte
moderna. Lina naturaliza-se brasileira em 1951, e tem seu primeiro projeto arquitetônico realizado: a Casa de
Vidro, ponto de encontro importante para a cultura nacional. Fonte: http://institutobardi.com.br

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realizando uma série de móveis e projetos de interiores. Dedicaram-se ao estudo de materiais


e das madeiras brasileiras, optando inclusive pela madeira compensada, recortada em folhas.
O ponto de partida era a simplicidade estrutural, aproveitando a extraordinária beleza das
madeiras brasileiras. Os móveis visavam a produção em série, utilizando chapas de madeiras
cortadas e encaixes. Particular atenção era dada à adaptação dos móveis ao clima local, para
evitar calor e mofo. Ao projetá-los, a atenção e inspiração não estavam voltadas ao mobiliário
colonial como era comum, mas para influências indígenas, africanas, sertanejas, o uso do
couro, do sisal, fibras e tecidos naturais. (COSULICH, 2007).

Figura 2 – Poltrona Tripé desenhada por Lina Bo Bardi

Fonte: https://noticias.bol.uol.com.br/fotos/entretenimento/2014/10/18/exposicao-mobiliario-lina-bo-
bardi.htm#fotoNav=4

Roberto Burle Marx2 que acreditava que o design paisagístico era uma forma de arte.
O arquiteto propôs um novo estilo de composição, associando uma abordagem plástica de
forte viés artístico com o uso de plantas nativas de cores fortes e vivas, tirando partido de
suas características intrínsecas, tais como: volume, forma e textura.

2 Roberto Burle Marx foi um artista plástico brasileiro, renomado internacionalmente ao exercer a profissão de
arquiteto paisagista. Burle Marx trabalha com Lucio Costa no projeto dos jardins do Ministério da Educação e
Saúde do Rio de Janeiro e do eixo monumental de Brasília; e com Oscar Niemeyer no conjunto da Pampulha,
além de diversos projetos de paisagismo e suas pinturas. Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/
pessoa1461/burle-marx.

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Figura 3 – Calçadão da Avenida Atlântica – Copacabana - RJ

Fonte: http://burlemarx.com.br/bm/portfolio-item/avenida-atlantica-copacabana
Athos Bulcão, Iniciou sua carreira como assistente de Cândido Portinari no
desenvolvimento do painel São Francisco de Assis, na igreja da Pampulha em Minas Gerais,
o que possibilitou seu entendimento filosófico e artístico na relação entre arte e arquitetura.
Responsável por atingir o marco de maior artista em integração da arte na arquitetura no
território nacional, uniu a tradição da azulejaria à inventividade da composição aplicada na
arquitetura. A tradição ceramista, que nasce de nossas raízes remontando as origens
portuguesas através dos painéis figurativos compostos por pequenos módulos cerâmicos
pintados, ganhou destaque a partir do período moderno através de nova vertente trazida pela
produção dos azulejos abstratos geométricos. A obra de Athos Bulcão, diferentemente de
outros campos da arte, é fortemente vinculada ao caráter urbano, por meio da aplicação dos
painéis e azulejaria em elementos arquitetônicos públicos, pautada pela aproximação entre o
pedestre e a obra.

Figura 4 - Painel de azulejos, Brasília Palace Hotel, 1958.

Fonte: fundathos.org - Foto: Edgar César Filho

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Cabe destacar também o decorador Júlio Senna, como representatividade com a


estampa de abacaxis usando as cores da bandeira brasileira, para a Bangu na década de
1950, como a verdadeira pioneira da estampa brasileira em escala industrial.

Figura 5 – Estampa de abacaxis – Júlio Senna

Fonte: Luiz Mazzilli

3.4 Análise das Linhas Oca Brasil


Em 2016 a empresa de revestimentos Oca Brasil lançou novos materiais de base e
superfície para os revestimentos das linhas, inspiradas na poética visual brasileira em três
períodos distintos da história do país. Os modelos de revestimento tribal, colonial e
modernista, que utilizam uma mistura a tecnologia da pigmentação na massa e a nobreza da
madeira, agora também são confeccionados em madeira teca de reflorestamento. Criada em
parceria com a designer de superfícies Renata Rubim, a coleção foi concebida dentro do
formato tradicional do ladrilho português, com medidas de 20x20cm. Cada metro quadrado
comporta 25 ladrilhos que contam um período histórico brasileiro, possibilitando a criação de
painéis únicos e autorais, conforme os módulos são dispostos.
A linha Tribal, da Coleção Brasiliana, resgata um período histórico brasileiro de grande
importância no que diz respeito à construção da nossa cultura: a pré-colonização portuguesa,
caracterizada pela população indígena e seu rico potencial artístico. Com motivos étnicos e
geométricos, os painéis podem ser confeccionados em três estampas diferentes dentro da
mesma inspiração, e que, se combinadas, evidenciam formas inusitadas.

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Figura 6 – Painel montado com placas linha tribal – Oca Brasil

Fonte: Oca Brasil

A linha Colonial se refere ao tempo do Brasil colônia, onde a influência portuguesa


ditava as regras em toda a sociedade. A grande inspiração para os revestimentos são os
renomados azulejos portugueses, com a sua riqueza de detalhes e vasta representatividade
de formas naturais e orgânicas. Os ricos detalhes que remetem aos azulejos portugueses são
diferencial na linha Colonial da Coleção Brasiliana, inspirada nesse importante suporte para
a expressão artística da época da colonização no Brasil. Dando origem a mosaicos, os
revestimentos, apresentam detalhes de formas geométricas e orgânicas. Produzidos em
painel de eucalipto, os painéis têm diferentes opções de uso, podendo receber tratamentos
de cor como a laca alto brilho ou fosca. As placas seguem o formato tradicional do ladrilho
português, com medidas de 20x20cm.

Figura 7 – Revestimentos da linha Colonial – Oca Brasil

Fonte: Oca Brasil

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O movimento modernista guia a terceira linha da Coleção Brasiliana. Inspirada em


Burle Marx, as estampas são abstratas, com fortes traços do concretismo e do construtivismo.
Figura 8 – Revestimentos da linha Burle – Oca Brasil

Fonte: Oca Brasil

Linha Tropicália da Oca Brasil, lançada em 2017, inspirada na Fauna e Flora


brasileiras. Painéis de 2m², compostos de ladrilhos de 20×20, 20×40 e 40×40 cm.
Confeccionado em painel de Eucalipto laminado ou laqueado.

Figura 9 – Revestimentos da linha Tropicália – Oca Brasil

Fonte: Oca Brasil

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4 Conclusões
O presente artigo realizou um breve histórico das artes, design e arquitetura no Brasil,
relacionando alguns ícones das áreas. De acordo com a análise das coleções das linhas de
revestimentos Brasiliana e Tropicália da empresa de revestimentos Oca Brasil, foi possível
identificar a influência das formas inspiradas em obras de arquitetura, design e elementos da
natureza.
Tendo em vista que há um crescimento em estudos que abordam a cultura do Brasil,
e uma expansão do mercado brasileiro no campo da moda e design, a indústria gera formas
de trazer novas informações aos artefatos, como estilos arquitetônicos, barroco, modernismo,
também destacado o uso de materiais ecológicos e de reflorestamento. O uso de materiais
tipicamente brasileiros, tais como madeiras, coco, osso, palhas, pedras são características
que identificam a cultura brasileira, representando uma modalidade eficaz em agregar
diferenciação e exclusividade aos produtos brasileiros.
Para estudos futuros, entende-se que a aplicação desta pesquisa pode ser realizada
também através de pesquisas em outras áreas do design e da moda, trazendo mais
possibilidades de contextualizar os assuntos aqui tratados.

Referências

BRIGGS-GOODE, Amanda. Design de Estamparia Têxtil. Tradução: Claudia Buchweitz et


al. Porto Alegre: Bookman, 2014.

BURLE, Marx. Calçadão da Avenida Atlântica. Disponível em:


<http://burlemarx.com.br/bm/portfolio-item/avenida-atlantica-copacabana/>Acesso em: 20
out. 2017.

CALDAS, Dario. Observatório de Sinais: teoria e prática da pesquisa de tendências. Rio


de Janeiro: Editora Senac Rio, 2004.

COSULICH, Roberta de Marchis. Lina Bo Bardi: do pré artesanato ao design. Dissertação


de Mestrado, Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2007. Disponível em:
http://www.docomomobahia.org/linabobardi_50/19.pdf> Acesso em: 20 out. 2017

DA MATTA, Roberto. O que é o Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 2004.

GOMES FILHO, João. Design do objeto: bases conceituais. São Paulo: Escrituras, 2006.

FUNDATHOS.ORG. Acervo Athos Bulcão. Disponível em:


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<http://itdandy.com.br/2014/04/08/o-arquiteto-e-decorador-julio-senna-por-luiz-otavio-
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MORAES, Dijon de. Análise do design brasileiro: entre mimese e mestiçagem. São Paulo,
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NEIRA, Luz García. Estampas na tecelagem brasileira. Da origem à originalidade. – São


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SAMPIERI, R, FERNÁNDEZ, C, BAPTISTA, P. Metodología de Pesquisa. 5 ed. México:


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