Design Territorial para Santo Ângelo - UNISINOS

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DESIGN TERRITORIAL PARA

SANTO ÂNGELO
PROJETO EM DESIGN ESTRATÉGICO

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DESIGN TERRITORIAL PARA
SANTOÂNGELO
PROJETO EM DESIGN ESTRATÉGICO

PORTO ALEGRE, 2011


3|
D457 Design territorial para Santo Ângelo: projeto em design estratégico /
[coordenação: Fabricio Tarouco... et al.]
Porto Alegre: SEBRAE: Escola de Design Unisinos, 2011.
96 p.: il.color. ;24cm

ISBN 978-85-7431-513-3

1. Planejamento urbano. 2. Santo Ângelo(RS).


1. Tarouco, Fabricio.

CDU 711.4(816.5)

Catalogação na Publicação:
Bibliotecária Fabiane Pacheco Martino - CRB 10/1256

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5|
SUMÁRIO

6|
1 INTRODUÇÃO

06

2 O CONTEXTO DE SANTO ÂNGELO 12

3 PESQUISAS E REFERÊNCIAS PROJETUAIS 34

4 O DESIGN COMO MÉTODO 46

5 O PROJETO: GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS 70

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 94

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 95

8 FICHA TÉCNICA 96

7|
1. INTRODUÇÃO

Fabricio Tarouco e Paulo Reyes

8|
1.1 OS TERRITÓRIOS NA BUSCA DE UMA IDENTIDADE

A identificação do indivíduo com os e ao histórico, no âmbito da tríade habitante-


aspectos simbólicos do seu território e da identidade-lugar (AGNEW, 1987).
sua história consiste num exame sistemático A construção de uma identidade
da economia, do design, dos serviços, da territorial é algo complexo, que envolve
qualidade de vida e dos moradores daquele vários fatores que mudam conforme as
lugar, de tal forma que seja possível analisar características de cada localidade. Na
suas forças e fraquezas, oportunidades e tentativa de criar uma imagem forte na mente
ameaças, para identificar as características das pessoas, várias cidades investem no que
representativas da cidade, nomeadamente têm de mais característico, diferenciado e
quanto à procura por diferentes públicos atrativo, como elementos de visibilidade.
(KOTLER et al., 1999). Sendo assim, existem diversos elementos
Os lugares não devem ser compreendidos que contribuem para a construção da
apenas como o espaço onde se realizam as imagem de um lugar. Citam-se, por exemplo,
práticas diárias; mas também como aquele a arquitetura, os monumentos, o mobiliário
no qual se situam as transformações e a urbano, a história, as indumentárias, os
reprodução das relações sociais de longo fatos políticos, a religiosidade, os símbolos
prazo, bem como a construção física e gráficos e os aspectos culturais e artísticos.
material da vida em sociedade. Nele, realizam- Além desses elementos, são os aspectos
se o cotidiano, o momento, o fugidio; mas sociais e humanos de cada sociedade que
também a história, o permanente, o fixo, dão vida e um caráter dinâmico para essas
correspondendo ao identitário, ao relacional identidades.

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1.2 AS PREMISSAS ABORDADAS

A valorização de um território é conse- to dos Sete Povos das Missões. A construção


quência de ações coletivas e inovadoras que da nova imagem tão pouco consegue satisfa-
façam frente à forte competição global por zer um grupo especializado de turistas, pois
visibilidade e espaços no mundo dos con- normalmente esse público consumidor mais
sumidores. A cidade de Santo Ângelo está experiente é conhecedor do que existe de
atenta a essa realidade atual e para isso ini- mais moderno nos principais centros do país
ciou uma discussão para traçar estratégias e do mundo, sendo consequentemente mais
de fortalecimento e promoção de sua ima- exigente.
gem. Algumas estratégias foram propostas As alternativas geradas na fase de ex-
e analisadas neste trabalho e deverão ser perimentação buscaram potencializar a iden-
construídas por etapas. tidade de Santo Ângelo e, para isso, foi su-
A pesquisa foi desenvolvida com base gerido um caminho projetual que permitirá
no conceito de design estratégico em seus promover este território como pólo regional
diversos aspectos e utilizando-se de seus econômico e cultural, mesclando aspectos
mais variados instrumentos. Durante a coleta históricos de sua territorialização com ele-
de dados, detectou-se um desejo da comuni- mentos contemporâneos de design. A pro-
dade local de estimular o desenvolvimento posta é promover uma imagem diferenciada
de Santo Ângelo, valorizando suas principais e atual, pensada para ser construída coleti-
características arquitetônicas e culturais. A vamente.
pesquisa contextual permitiu compreender As estratégias de comunicação e
as dinâmicas do território, descobrindo suas marketing ajudarão a dar visibilidade ao que
riquezas e oportunidades. estará sendo desenvolvido, além de agregar
A metodologia do design estratégico esforços numa mesma direção. Dessa forma,
possibilitou a aplicação de um processo de destaca-se especialmente o pioneirismo do
experimentação que confrontou os aspectos SEBRAE, parceiro neste projeto, ao acreditar
locais com estudos de casos considerados na viabilidade dessas ideias e, também,
referências de sucesso no cenário interna- defendê-las com propriedade perante o poder
cional. A experimentação realizada, mesmo público local e os demais representantes
representando apenas o início de uma pro- da Associação Comercial e da comunidade.
posta de transformação territorial, conse- Sabe-se que quanto mais grupos estiverem
guiu gerar diversas alternativas promissoras envolvidos na defesa de um ideal, mais
para serem implementadas no território de chances existem de torná-lo concreto.
Santo Ângelo. O primeiro passo foi dado, as diretrizes
Desde o princípio, a identidade missio- foram traçadas e compartilhadas com todos.
neira foi considerada a base de toda a imagem Agora deve começar um segundo momento,
que se deseja construir para este território. uma fase de captação de recursos, divisão de
Entretanto, ela sozinha não é suficiente para responsabilidades, seleção de mão de obra
competir com as cidades vizinhas, pois todas especializada, fiscalização da fase de execu-
compartilham o fato de integrarem o conjun- ção e cobrança de resultados.

Imagem 01. Cruz Missioneira.


10|
11|
1.3 O PAPEL DA ESCOLA DE DESIGN UNISINOS

No intuito de colaborar com o desen- a Escola de Design Unisinos (EDU). A Escola


volvimento regional, a Universidade do de Design é um centro de ensino, difusão e
Vale do Rio dos Sinos e a Escola de Design produção de novos conceitos de design, ali-
Unisinos vêm aprofundando suas pesquisas nhados ao que há de mais avançado nesta
nesta área de conhecimento e posicionan- área. São três os eixos da escola: o ensino,
do-se como uma referência em projetos e que forma novos profissionais em design, a
soluções aplicadas a territórios. As discus- pesquisa, que constrói novos conhecimen-
sões acontecem tanto em salas de aula, tos, e o Design Center, que faz a articula-
com turmas de graduação, especialização e ção entre o mercado e a Universidade.
mestrado, como em espaços acadêmicos e A construção das competências se dá
empresariais, com inegrantes do corpo do- pela formação universitária em nível de
cente, pesquisadores e colaboradores. graduação e pós-graduação, pela capacita-
A Universidade do Vale do Rio dos ção empresarial, produção de pesquisas e
Sinos é uma instituição jesuíta que hoje geração de conhecimento, por meio da ex-
está entre as melhores universidades par- perimentação contínua e da inovação para
ticulares do Brasil. Possui cerca de 30 mil as indústrias e prefeituras. Publicações
estudantes em cursos de graduação e pós- técnico-científicas e divulgação dos casos
graduação. Com mais de quatro décadas, a e resultados, além de consultorias, inte-
UNISINOS preza sua capacidade de ser ino- gram universidade, empresa e prefeitura ao
vadora. Com métodos atuais e emprego de sistema empreendedor produtivo.
novas tecnologias, está atenta ao mundo
contemporâneo e a mudanças sem, no en-
tanto, abrir mão de seus valores originais.
É espaço plural, múltiplo e aberto, em que
a produção e a difusão do saber enaltecem
a vida e a liberdade responsável. Em seu
quadro de pessoal, conta com cerca de 900
professores - dos quais 86% são mestres,
doutores e pós-doutores, porcentagem su-
perior à média nacional.
Neste contexto de permanente busca
pela inovação, em cooperação com o POLI.
02
Design de Milão, a Unisinos criou, em 2006,

Imagem 02 - Workshop na Escola de Design.


12|
1.4 O BRIEFING DO PROJETO
A presente proposta é a etapa inicial de um projeto para estruturação de um ambiente
diferenciado que visa agregar valor ao centro comercial de Santo Ângelo, formado por 28
quadras. Este projeto é baseado na história das Missões, buscando criar um espaço com
linguagem comercial atrativa, com mobiliários urbanos adequados e com uma identidade
visual que valorize o contexto.
Portanto, esse projeto considera como ponto de partida:

• A caracterização de Santo Ângelo com base na história das Missões;


• A necessidade de valorização do centro comercial de Santo Ângelo;
• A necessidade de projetação de mobiliários urbanos para o centro
comercial de Santo Ângelo;
• A necessidade de uma identidade visual apropriada para a cidade
de Santo Ângelo, bem como estratégias de comunicação da mesma;
• A valorização de imóveis existentes;
• O envolvimento da comunidade num mesmo conceito.
• A viabilidade financeira do projeto.

A partir dessas considerações e do


interesse da Prefeitura Municipal de Santo
Ângelo em buscar alternativas para a área,
deu-se início a um processo de construção
de alternativas. Esta etapa inicial tem
por finalidade a proposição e definição
dos cenários e parâmetros que nortearão
o projeto, tais como: a necessidade de
qualificação do espaço urbano, a sua
caracterização física, mobiliários e uso,
serviços e identidade que podem ser
oferecidos naquele contexto, bem como
a articulação com outros equipamentos 03
culturais, entre outros.

Imagem 03 - Vista aérea da área central, objeto do estudo.


13|
2. O TERRITÓRIO DE
SANTO ÂNGELO
Tiago Balem Tiago Balem

14|
O processo de territorialização de San- Atualmente, a cidade conta com uma
to Ângelo teve no século XVIII um dos pon- população estimada em 75 mil habitantes
tos fortes de sua história, quando foi um (segundo dados do IBGE, 2008, apresenta-
dos Sete Povos das Missões Jesuíticas que dos na figura 20).
colonizaram o Rio Grande do Sul. Inicial- Distante 459 km da capital gaúcha, a
mente ocupada por índios, a redução foi cidade é hoje reconhecidamente um pólo
consagrada ao Anjo Custódio das Missões, regional de comércio, serviços e indústria.
protetor de todos os povos missioneiros, e Vive recentemente um processo de mu-
fundada oficialmente no dia 12 de agosto danças econômicas e sociais que, segundo
de 1706, quando o povoado deu origem à relatos, a revela como um dos melhores
cidade. Sua população anteriormente habi- cenários de crescimento sócioeconômico
tara Concepción, passara por Ijuí e por fim da cidade. Nos anos 1980, diversas eman-
se fixara-se em Santo Ângelo, com 2.879 cipações ocorreram, retalhando o território
pessoas sob o comando do Padre Diogo de de Santo Ângelo, reduzindo-o a menos de
Hasse, da Companhia de Jesus. Quase dois 10% do território original. Além das eman-
séculos depois, em 22 de março de 1873, o cipações, uma quebra geral nas indústrias
povoado foi emancipado da cidade de Cruz locais e a corrida por oportunidades no
Alta e reconhecido como município, no es- centro-oeste do país provocaram uma gran-
tado do Rio Grande do Sul, Brasil. de emigração. No final da década de 1990,
Já no final do século XIX, grandes le- a cidade começou um processo de “ressur-
vas de imigrantes chegaram também a San- reição”. A população, que chegou a 90.000
to Ângelo. Destacam-se alemães, italianos, habitantes nos melhores momentos, voltou
poloneses, russos, holandeses, entre ou- a aumentar, devido à reabertura de indús-
tros grupos vindos da Europa. trias e à atração de novos investimentos.

CRESCIMENTO POPULACIONAL
57.253

80.754

93.667

76.592

76.745

73.800
77.306

77.705

79.086

79.603

80.117

75.620

100.000

50.000

0
1991

2000

2002

2005
1927

1970

1980

2001

2004

2006

2007

2008

Tabela 1. Crescimento populacional de Santo Ângelo. Fonte: IBGE 2008.


15|
Sendo o 27º município mais populoso De fato, a oferta de lojas e produtos
do Rio Grande do Sul e o maior da região é bastante diversificada, inclusive com a
das Missões, Santo Ângelo tem uma eco- participação de grandes redes estaduais de
nomia em transformação. Primeiramente varejo. Conforme relatos, o comércio aten-
associada apenas à exploração da agri- de as necessidades e atrai público regional,
cultura (soja, milho e trigo) e da pecuária quando este procura diversidade e preços
(suínos, ovinos e bovinos), hoje concentra competitivos.
seu maior potencial nas atividades do se- Entretanto detectou-se que a dis-
tor terciário, passando a apresentar vanta- tribuição do público nessas 28 quadras
gens em relação a outras cidades de mesmo comerciais não acontece de forma homo-
porte da região. Atualmente o município gênea, pois existe uma procura maior por
compete em âmbito nacional para atração determinadas áreas. Essas zonas de maior
de novas plantas industriais e projetos de interesse devem-se à tradição de algumas
desenvolvimento. Dados comprovam que lojas, bem como à localização geográfica
a cidade avança e acompanha o discurso privilegiada (próximo às principais ave-
que defende a necessidade de se pensar a nidas e aos pontos turísticos) e costumes
cidade além de suas fronteiras e buscar o locais. Isso é visto como um problema pelo
desenvolvimento em ritmo e escala global. Clube de Dirigentes Logistas (CDL) da cida-
Em 2009, registraram-se investimentos pri- de, pois desequilibra as forças empresariais
vados em torno de 280 milhões de reais, locais e dificulta investimentos coletivos.
através de incentivos para microempresas e Santo Ângelo também é reconhecido
incentivos públicos para atração e geração como um pólo educacional, principalmente
de novos empreendimentos. por contar com três instituições de ensino
Conforme se pode constatar, a cidade superior: a Universidade Regional Integrada
possui um comércio bem estruturado, com do Alto Uruguai e das Missões (URI), cam-
inúmeras opções no setor de prestação de pus de Santo Ângelo, o Instituto Cenecista
serviços, com bons locais para entreteni- de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA)
mento e lazer, boa gastronomia e hotela- e a Uníntese. Aproximadamente 6.000 aca-
ria, tudo especialmente concentrado na dêmicos estudam no município. Centenas
área central do município, que é formada de estudantes de outras localidades se des-
por 28 quadras. Esta área da cidade forma, locam periodicamente ou mudam-se para
segundo a comunidade local, um verdadeiro a cidade, sendo, assim, uma oportunidade
“shopping a céu aberto”. para a valorização e o desenvolvimento do
municîpio.

16|
2.1 A Identidade de Santo Ângelo
Identidade é a fonte de significado danças econômicas e sociais da cidade que a
e experiência de um povo, com base em promoveram como pólo da região.
atribuitos culturais inter-relacionados Portanto, seguindo a ideia de que a
que prevalecem sobre outras fontes de construção de uma identidade territorial é
significado, normalmente relacionados com o algo complexo e que envolve vários fatores
seu território e com a sua história (CASTELLS, que mudam a cada realidade, listam-se di-
2000). Segundo Reyes (2010), muitas das versos elementos que contribuem para essa
pequenas e médias cidades do Rio Grande construção e analisa-se a identidade de Santo
do Sul se desenvolvem ainda em torno da Ângelo com base nesses elementos.
imagem de uma identidade relacionada a uma
etnia fundante da comunidade, corroborando Aspectos Históricos de Santo Ângelo
o conceito acima descrito. A origem inicial de ocupação por índios
No entanto, sabe-se que, a partir da guaranis retrata apenas o começo de um pro-
ampliação do conceito de identidade desen- cesso particular de construção de uma identi-
volvido recentemente, este recebe hoje uma dade que, assim como em um livro de contos,
multiplicidade de interferências tanto de sofreu inúmeras influências e intervenções
ressignificações do mundo globalizado, como com o passar dos anos e com a ação de per-
dos sujeitos de identidades multifacetadas. sonagens que realizam suas práticas neste
Assim, entende-se que a identidade está em contexto territorial, mas que também sofrem
permanente construção e nunca está aca- influências do ambiente externo. Entretan-
bada; ela desenvolve-se sofrendo a ação da to, a história, ou seja, o passado registrado,
história. continua essencial para a construção dessa
No caso específico de Santo Ângelo, identidade.
pode-se afirmar que parte da construção de Os Guaranis são uma das mais represen-
sua identidade está relacionada, em certa tativas etnias indígenas da América do Sul.
medida, ao tempo e aos detalhes do que se Eram povos nômades, vindos da Amazônia,
conta. Seu território é rico devido, entre ou- e migravam em busca da terra sem mal. Se-
tras coisas, ao seu forte apelo ao imaginário gundo Meliá, citado em Custódio (2004), “a
marcado por uma sequência de ocupações de terra sem mal é antes de tudo a terra boa,
culturas tão diversas. Mas, Santo Ângelo tem, fácil de ser cultivada, produtiva, suficiente e
em sua história, uma história ainda a contar. amena, tranquila e aprazível, onde os Guara-
Assim, percebe-se que a identidade em San- nis podem viver em plenitude seu modo de
to Ângelo foi construída por uma mescla de ser autêntico”. Em busca da terra sem mal,
atributos materiais consolidados e projetados os Guaranis foram à Argentina, ao Paraguai,
no binômio Tradição x Modernidade, sendo a à Bolívia e ao Brasil, onde se concentraram
tradição dada pelo forte apelo à história, e a no centro meridional sul, região na qual está
modernidade conferida pelos avanços e mu- inserida Santo Ângelo.
17|
Anos mais tarde, na derradeira onda colonizadora jesuíta na região, foram fundados
os Sete Povos, depois de terem sido fundadas dezoito reduções em tempos anteriores,
todas destruídas pelos bandeirantes brasileiros e exploradores portugueses. Essas mis-
sões foram uma forma alternativa de colonização cristã dos índios, difundida por padres
espanhóis da Companhia de Jesus, congregação Católica. Os objetivos eram evangelizar
índios e criar sociedades com benefícios e qualidades europeias, porém livres de vícios e
maldades. A localização geográfica das missões jesuíticas é vista a seguir.

04

IMAGEM 4 - Mapa de localização geográfica das missões jesuíticas. Fonte: rotaseroteiros.com.br


18|
Em meados do século XVII, o modelo pulsão dos jesuítas da América.
missioneiro estava consolidado e forma- Com a expulsão dos jesuítas e o enfra-
vam-se comunidades, baseadas na união da quecimento do povo guarani na região, a
cultura dos jesuítas e dos próprios índios. estratégia dos portugueses foi povoar o sul
Por prescrição de Inácio de Loyola, funda- do Brasil para garantir a posse do território
dor da Companhia de Jesus, as reduções de- ameaçado pelos vizinhos castelhanos. A re-
veriam ser autossuficientes e funcionar num ocupação do antigo local onde se encontra-
regime comunitário, o que em larga medida vam as ruínas do povoado de Santo Ângelo
ocorreu. Dispunham de uma completa in- Custódio se deu inicialmente por luso-brasi-
fraestrutura administrativa, econômica e leiros, a partir de 1831. Somente no final do
cultural, que, adaptada aos costumes dos século XIX, por volta de 1891, começaram a
índios, corformaram um modelo estrutural chegar levas de imigrantes, primeiramente
que mantinha características dos Guaranis os alemães, depois italianos, e em menor
(BOFF, 2005). proporção os poloneses. A grande maioria
De acordo com Custódio (2004), a in- se instalou em núcleos formando colônias
fluência da nova cultura, disseminada pelos de produção familiar. A partir de 1950, che-
rituais católicos e costumes dos jesuítas de garam grupos provenientes do Oriente Mé-
diferentes nacionalidades europeias, in- dio.
troduziu aos poucos novos recursos para Os colonizadores foram atraídos pelas
o discurso: o cenário arquitetônico, o ca- possibilidades de exploração do comércio
tecismo, a rotina, o barroco missioneiro, de terras e pela obtenção de lucros fáceis.
os elementos decorativos de motivos da As terras em Santo Ângelo foram em parte
fauna e flora locais, os grupos de cantos doadas e/ou vendidas aos imigrantes com
e orquestras. Inúmeros documentos regis- a divisão dessas colônias. De acordo com
traram a vocação e adaptabilidade artística Boff (2005), os imigrantes em Santo Ânge-
dos Guaranis. lo conformam-se e agrupam-se em núcleos
Entretanto, a derrocada das Missões urbanos específicos, determinando, assim,
aconteceu devido a uma sequência de fa- uma separação que se cruzava para efetivar
tos: o crescimento e consolidação da Com- ligações comerciais, porém, socialmente,
panhia de Jesus fez com que as cortes havia uma separação.
espanhola e portuguesa se sentissem ame- Corrobora essa assertiva a criação es-
açadas, acusando os jesuítas de formação pecífica de agremiações e clubes com a con-
de um império paralelo; as disputas entre centração de etnias separadas. Santo Ânge-
portugueses e espanhóis geraram a Guerra lo conta ainda com alguns desses clubes,
Guaranítica devido ao descumprimento do perpetuando de certa forma essa história
Tratado de Madrid; a desintegração e ex- que povoa a imaginação da comunidade.

19|
A Arquitetura de Santo Ângelo

Segundo dados cedidos pela prefeitu- em escala e, por não ser compreendida em
ra, apesar de ter havido, na formação da curto espaço-tempo, requer a sequência de
cidade, uma forte influência das coloniza- diferentes planos, que se alteram dentro de
ções germânica, italiana e polonesa, hoje uma dinâmica conformada por inúmeros ele-
existem poucos remanescentes da arqui- mentos, móveis e imóveis. São esses conjun-
tetura típica dessas etnias, dos quais se tos de diferentes fatores que denotam a legi-
encontram ainda algumas casas com man- bilidade das cidades, conceito desenvolvido
sardas, telhados altos, beirais, rendilhados por Kevin Lynch (1997).
nos alpendres. Para Lynch, a cidade que denota clare-
Do início do século XX restam alguns za ou legibilidade seria aquela cujos bairros,
prédios de estilo eclético, ricos em deta- marcos ou vias fossem facilmente reconhecí-
lhes: medalhões, pináculos, guirlandas. Há veis e agrupados num modelo geral. Assim,
também casas e sobrados em estilo colonial os aspectos físicos da cidade, caracterizam-
e alguma influência da arquitetura residen- se, em sua maioria, por apresentar: traçado
cial urbana portuguesa do período colonial, regular em formato xadrez; topografia pra-
além de prédios em estilo art-déco, com fa- ticamente plana; alta taxa de ocupação do
chadas lisas, saliências e reentrâncias pró- solo; edificações baixas de dois pavimentos,
prias do estilo, conciliando retas e curvas. chegando no máximo a oito com ausência de
Resumindo, não existe em Santo Ângelo um afastamento lateral e frontal, em sua maio-
estilo arquitetônico único ou predominan- ria; presença de edificações antigas, algumas
te, existem, sim, vários estilos de várias de interesse histórico; uso de muitas cores
épocas, que convivem com as construções destoantes entre elas; térreo praticamente
recentes. todo comercial; pouca e baixa vegetação ur-
A cidade também é obra arquitetônica. bana e centro urbano claramente evidente e
Como uma construção no espaço se difere diferente dos demais bairros.

05 06

IMAGENS 05 e 06: Arquitetura de Santo Ângelo.


20|
07 08

09 10

11 12

13 14

IMAGENM 07: Museu Ferroviário. | IMAGENS 08 a 14: Prédios do Centro Comercial de Santo Ângelo. Fotos de Tiago Balem.
21|
15 A regularidade do terreno comercial,
bastante presente na região central, é
uma característica bastante positiva para
a imagem e para a dinâmica da cidade, já
que reforça e representa uma cidade viva
e de estreita relação com o espaço público
da rua, além de por si só já construir uma
imagem clara.
Essa dinâmica valoriza uma qualidade
urbana reforçada pela densidade edifica-
da na área central, pela continuidade das
fachadas sem recuos e por ser uma cidade
praticamente plana, fatores que também
tornam o movimento mais fácil e convida-
tivo à circulação.
Entretanto, percebe-se muitas vezes
uma apropriação desregulada dos espaços
públicos da cidade. As calçadas são comu-
mente ocupadas por comerciantes que bus-
cam ampliar o espaço físico de seus esta-
belecimentos a fim de oferecer um maior
conforto e aproximação com seus clientes
ou para atender um público maior do que
poderia. Essa prática irregular pode acabar
prejudicando a imagem do centro comer-
cial, além de dificultar a circulação de pe-
destres pelo local.
A preservação do patrimônio arqui-
tetônico local é um atrativo especial que
ajuda a reafirmar uma identidade para o
município, estabelecendo vínculos fortes
com um passado cada vez mais distante.
As cores predominantes são geralmente o
ocre, os tons de bege e amarelo, que estão
diretamente relacionados com o solo da re-
gião e com as matérias-primas provenien-
tes dele.
IMAGEM 15 - Utilização irregular das calçadas.
Fotos Tiago Balem.
22|
Um elemento forte da paisagem, que 16
recentemente foi reformado por um novo
projeto, é a Praça da Catedral, que, segun-
do relatos, gerou mais satisfação dos usu-
ários, mais movimentação e ofereceu mais
serviços que anteriormente. Possui espaço
aberto seco, área sombreada por grandes
árvores, pracinha, elementos decorativos,
de arte e alguns funcionais. Há pergolado,
chafariz, esculturas, bancos, luminárias,
jardins, área gramada, bar, loja de artesa-
nato, além de paradas de ônibus e ponto de
táxi. É um ponto de referência na cidade,
além de emoldurar o cartão postal, a ca-
tedral. É circundada por outros elementos
referenciais como o museu da cidade, edi-
ficações de interesse histórico e a prefeitu-
ra, prédio de expressiva arquitetura histo-
ricista que no futuro sediará um centro de
cultura.
A praça localiza-se onde era a antiga
praça e igreja da Redução de Santo Ângelo
Custódio. No processo de reforma, foram
realizadas escavações arqueológicas, onde
foram encontrados e preservados fragmen-
tos da antiga igreja e elementos do entor-
no imediato daquele sítio, pois nada mais
daquela época é visível aos olhos. Estes
resquícios, protegidos e expostos no local
de origem, compõem os únicos elementos
que de fato confirmam que Santo Ângelo
fez parte das Missões. Outros fragmentos
estão armazenados na Universidade Regio-
nal Integrada (URI).

IMAGEM 16 - Preservação do Patrimônio Arquitetônico Municipal. Fotos Tiago Balem.


23|
Os Monumentos:
Marcos de Santo Ângelo

Os principais monumentos existentes Este abriga o Memorial Coluna Prestes, pri-


no município, considerados como referên- meiro no país a homenagear a Grande Mar-
cias para a compreensão e o fortalecimento cha, cujas primeiras reuniões aconteceram
da identidade local, bem como para o turis- neste local, em 1924.
mo de Santo Ângelo, são sete construções Já o Museu Municipal é um prédio em
datadas do século XX e apresentadas na fi- estilo colonial, com fachada de tendências
gura 26. Embora essas construções tentem neoclássicas. O acervo do museu preserva
recuperar aspectos da história local, são evidências das várias etapas da história re-
todas contemporâneas, de no máximo 90 gional, desde material arqueológico do perí-
anos que, em conjunto ou não, não con- odo anterior à chegada dos jesuítas até fases
seguem criar uma identidade uniforme que da história local mais recente. Possui ainda
caracterize adequadamente a cidade. uma maquete da Redução de Santo Ângelo
O prédio da Prefeitura Municipal de San- Custódio. O museu desenvolve atividades e
to Ângelo foi inaugurado em 1928. É uma eventos que visam maior valorização e pre-
construção em estilo eclético com forte in- servação do patrimônio histórico e cultural
fluência neoclássica, tombado como patri- do município.
mônio histórico-cultural do município em A Catedral Angelopolitana foi construí-
1994. Em seu interior, encontram-se, além da no mesmo local da antiga Igreja da Redu-
do gabinete do prefeito e várias secretarias, ção de Santo Ângelo Custódio. De estilo neo-
o Acervo Tupambaé, que é uma exposição de -clássico/barroco missioneiro, é uma réplica
telas do artista plástico Tadeu Martins, que aproximada da Igreja do antigo povo de São
retratam aspectos da cultura indígena histó- Miguel Arcanjo, construída em pedra grés e
rica e atual, inaugurado em 1995. tijolos, com pórtico encimado por sete ima-
Edificação de dois pisos de estilo co- gens de pedra, representando os padroeiros
lonial inglês, a antiga Estação Ferroviária dos Sete Povos das Missões. Seu interior é
serviu até 1968 como estação de embarque composto por três naves separadas por ar-
e desembarque de passageiros da Rede Fer- cadas e abóbodas. É de fato o maior marco,
roviária Federal S.A. Sua construção é obra referência urbana e a principal imagem de
do Engenheiro Gildo Castelarim. É o local Santo Ângelo, claramente associada à cons-
de onde saiu a Coluna Prestes em 1924. trução do imaginário missioneiro.

IMAGENS 17 a 23 - Monumentos de Santo Ângelo (17. Prefeitura Municipal, 18. Antiga Estação Ferroviária, 19. Museu
Municipal, 20. Catedral, 21. Monumento ao Índio Guarani.. 22. Monumento ao Tio Bilia, 23. Memorial Coluna Prestes),
Fonte: Site da Prefeitura Municipal.
24|
17

18

19 21

20 22 23

25|
24 25

26 27

Além dessas construções, mais três É necessário também reforçar alguns


obras formam o conjunto de monumentos. significativos marcos urbanos e vias da
São eles: o monumento ao Índio Guarani, cidade, pois também participam efetiva-
uma homenagem aos índios pelo seu hero- mente da construção de sua dinâmica e re-
ísmo e resistência durante a Guerra Guara- presentam sua imagem: Av. Brasil, com seu
nítica; o monumento ao Tio Bilia, uma ho- pequeno boulevard, é a mais agitada via do
menagem ao gaiteiro santo-angelense que município; Praça Leônidas Ribas, ponto de
se projetou nacional e internacionalmente referência da região devido à realização de
no mundo da música; e o Memorial Coluna famoso brique aos domingos; Praça Pinheiro
Prestes, uma das duas obras projetadas pelo Machado, que é a praça da catedral; e Av.
arquiteto Oscar Niemeyer no Rio Grande do Ipiranga, principal acesso da cidade, confor-
Sul, que refaz o caminho da marcha que saiu mada por um grande canteiro central.
de Santo Ângelo, indo até Teresina, no Piauí.

Imagens 24 a 27 - locais da cidade. (24. Av.Brasil, 25. Praça Leônidas Ribas, 26. Praça Pinheiro Machado, 27. Av. Ipiranga).
Fonte: skyscrapercity.com.
26|
O Mobiliário Urbano de Santo Ângelo
Outros elementos que também re-
forçam a construção de uma imagem e fa-
zem parte desse projeto são as calçadas e o
mobiliário urbano, ambos podem ser vistos
nas figuras 28 e 29. Entende-se por mobili-
ário urbano peças e equipamentos instala-
dos em meio público, para uso dos cidadãos
ou como suporte às redes urbanas funda-
mentais. Em uma análise visual no mobi- 29
liário de Santo Ângelo, percebe-se que ele
é carente de uma identidade integrada. As
formas e cores utilizadas não apresentam
uma uniformidade nem um conceito claro
que valorize e integre o espaço urbano. São
peças aparentemente criadas de forma in-
dependente uma da outra, que perdem seu
poder de embelezamento e de reafirmação
dos aspectos locais.
Embora se verificasse que a área em
questão é, em certa medida, servida de
mobiliário urbano, ele necessita ser melhor
distribuído, precisa de revisão de seu de-
sign para cumprir de forma adequada suas
funções. Como se constatou, as lixeiras não
acondicionam de forma adequada o lixo,
deixando-o vazar. Há inúmeras lixeiras par-
ticulares pela cidade de diferentes padrões.
Os bancos são de materiais de baixo con-
forto térmico e pouco ergonômicos, algu-
mas calçadas são de materiais escorregadi-
ços ou de baixa qualidade, e as luminárias
públicas são de inúmeros padrões.

28

IMAGEM 28 - A padronagem e as cores das calçadas de Santo Ângelo. Fotos Tiago Balem.
IMAGEM 29 - O mobiliário urbano do centro comercial de Santo Ângelo. Fotos Tiago Balem.
27|
Os Símbolos Gráficos de Santo Ângelo
Os materiais gráficos encontrados em 30
Santo Ângelo podem ser divididos em dois
grupos: os alinhados pela “Rota das Mis-
sões”, distribuídos em conjunto com os de
outros povos jesuíticos, e os independen-
tes, que apresentam apenas os atrativos da
cidade. Os assinados pela “Rota das Mis-
sões”, de modo geral, apresentam uma qua-
lidade superior aos materiais municipais.
A linguagem gráfica muda de um material
para o outro, sem uma identidade consis-
tente. São projetos gráficos variados, que
diferem em formato, diagramação, tipo-
grafia, padrão cromático e tratamento das
imagens. Esses materiais objetivam forta-
lecer a identidade missioneira, não abor-
dando outros aspectos da cultura desses
territórios.
Ao analisar as assinaturas visuais da
rota turística “Rota das Missões” e do mu-
nicípio de Santo Ângelo, percebe-se que
elas apresentam grande similaridade com
as marcas das agências turísticas “Missões
Turismo” e “Caminho das Missões”, que
utilizam a cruz missioneira como símbolo
principal. Isso cria uma identidade, mas
gera uma confusão na sua recepção pelo
indivíduo.
O estereótipo de cruz comunica a sim-
bologia jesuítica com facilidade, mas não
consegue se apresentar como algo atrativo,
contemporâneo. Da mesma forma, a mar-
ca da atual gestão de Santo Ângelo possui
como símbolo a Catedral Angelopolitana,
representada com linhas estilizadas. Já o
selo de 300 anos de Santo Ângelo Custódio
tem foco na imagem do anjo, representada
com traços mais realistas.
IMAGEM 30 - Assinaturas Visuais das Missões.
28|
31

Observa-se que todo o conjunto de materiais explora um forte apelo religioso, que em
outro momento teria valor incontestável, mas hoje, com o declínio do catolicismo, deixa
dúvidas sobre sua eficácia, visto que uma imagem mais contemporânea atrairia um público
mais diversificado.

32

Ao comparar os materiais do município de São Miguel (de mesma origem) com o de


Santo Ângelo, nota-se uma clara diferença visual. Neste caso, é importante observar que
o material de São Miguel possui a assinatura do governo federal, consequentemente,
uma visibilidade maior do que o escopo dos impressos de Santo Ângelo. Entretanto, pela
riqueza econômica e cultural de Santo Ângelo, e pelo valor que possui para a região, este
deveria equiparar-se, buscando ser um referencial, visto que sua linguagem atual não o
valoriza e o projeta desta forma.

IMAGEM 31 e IMAGEM 32 - Materiais gráficos informativos e promocionais da Região.


29|
Os Aspectos Culturais e Artísticos de Santo Ângelo

A opinião da comunidade local, regis- que mobiliza a cidade e seus moradores,


trada por materiais informativos e entrevis- atraindo aproximadamente 200 mil pesso-
tas realizadas, detectou que a cidade é re- as durante sua realização. É uma feira bia-
conhecida pela grande maioria das pessoas nual com exposição de produtos agrícolas,
como “uma cidade festeira”. Esse fato que animais, industriais e artesanato. Paralela-
pode ser comprovado nos diversos clubes e mente ocorrem shows, seminários e rodeios
associações que promovem atividades regu- crioulos.
larmente. Destacam-se o brique, a feira de É consenso também entre os entrevista-
artesanato dos domingos, a Festa das Tortas, dos que Santo Ângelo é uma cidade hospita-
a procissão de Corpus Christi e os eventos do leira e que tem um bom relacionamento entre
Natal Luz, além das inúmeras e não menos sua comunidade, caracterizando-a como uma
importantes, atividades que ocorrem em clu- “cidade amiga”. Isso é confirmado quando há
bes, ginásios e festas particulares, sempre eventos na cidade que lotam a capacidade ho-
muito frequentadas. Mais recente, embora teleira, hoje limitada. Nesta oportunidade, os
já tradicional na cidade e região, é o carna- moradores abrem as portas de suas casas para
val de rua, com desfiles de carros alegóricos, receberem da melhor forma possível os visi-
pessoas fantasiadas e ruas decoradas por tantes, que seguramente voltam outras vezes,
onde passa o cortejo. É um evento de grande como elogiam-se os moradores.
proporção para a região, também por ser re- É consenso também entre os entrevista-
alizado uma semana antes da data oficial do dos que Santo Ângelo é uma cidade hospita-
carnaval, período em que a cidade registra leira e que tem um bom relacionamento em
grande evasão de pessoas. sua comunidade, caracterizando-a como uma
Essa visão de cidade animada é também “cidade amiga”. Isso é confirmado quando há
confirmada pela rotina noturna de Santo eventos que esgotam a capacidade hoteleira,
Ângelo, bastante elogiada pelos entrevis- hoje limitada. Nesta oportunidade, os morado-
tados. Para eles, a cidade tem festas, bons res abrem as portas de suas casas para rece-
bares e restaurantes, além de pessoas que berem da melhor forma possível os visitantes,
buscam diversão. Isso atrai, além da própria que seguramente voltam outras vezes, como
comunidade, os estudantes universitários elogiam-se os moradores.
que não moram na cidade, mas se deslocam Essa autoimagem, facilmente conectada à
diariamente para ela, bem como pessoas da história de reciprocidade do povo missioneiro,
região, que conhecem o dinamismo da noite é significativamente importante para a cons-
na cidade e procuram por festas que não são trução de uma identidade não somente por
comuns em suas cidades de origem. representar uma autopercepção da comunida-
Parte dessa imagem festeira se deve ao de, mas por ser necessária e positiva para uma
maior evento de Santo Ângelo, a Fenamilho, cidade quer atrair visitantes e investimentos.

30|
33

IMAGEM 33 - Conjunto de fotos de eventos regionais.


31|
A Religiosidade em Santo Ângelo

Não se pode negar que a religiosidade


está fortemente presente na identidade de
Santo Ângelo. Diversos ícones estão distribu-
ídos pelo território. É um município de rica
diversidade religiosa, fato que o coloca em
destaque na promoção de grandes eventos,
envolvendo grupos religiosos das mais diver-
sas crenças. A maioria da população é católica,
especialmente apostólica romana, seguida de
evangélicos (incluindo batistas, adventistas,
luteranos, presbiterianos, metodistas, além
de várias de origem pentecostal), espíritas,
afro-brasileiras, testemunhas de Jeová, e mór-
mons. Existem minorias que seguem o islamis-
mo e o budismo.
A União Municipal Espírita de Santo Ân-
gelo integra mais de 20 casas espíritas da
região. A diocese de Santo Ângelo, cuja Sé é
a Catedral Diocese Anjo da Guarda cujo atual
bispo é Dom José Clemente Weber, congrega
39 paróquias, dentre as quais estão a Sagrada
Família e a Santo Antônio. Um dos principais
cartões postais da cidade é a Catedral Ange-
lopolitana.
Segundo relatos colhidos com moradores,
o fato novo é o deslocamento da sede de igre-
jas evangélicas dos bairros periféricos para o
centro da cidade, o que tem alterado a paisa-
gem e a dinâmica da cidade com a aglomera-
ção de vários desses templos e de seus fiéis. 34

IMAGEM 34 - Îcones religiosos existentes na cidade. Fotos Tiago Balem.


32|
2.2 As estratégias de Santo Ângelo
As principais estratégias adotadas pela comunidade de Santo Ângelo concentram-se
prioritariamente na potencialização e qualificação das 28 quadras que formam o centro
comercial da cidade, composto por aproximadamente 600 lojistas. É nessa área valorizada
da cidade que os principais serviços são disponibilizados e as principais ações são articu-
ladas e executadas. Desse modo, o centro comercial tem o desafio de oferecer para Santo
Ângelo um espaço que resgate aspectos da história e da cultura local, mas, que, acima de
tudo, consiga projetar uma identidade diferenciada e contemporânea para esse território,
proporcionando um ambiente com linguagem comercial atrativa, com mobiliários urbanos
adequados e com uma identidade visual que valorize o contexto, além de estratégias de
ações conjuntas que integrem os envolvidos.

35

IMAGEM 35 - Mapa da Área em estudo.


33|
36

Quando se afirma que esse é o desafio Dentro das situações urbanas encon-
do centro comercial, se está levando em tradas por Lynch (1997) que denotam legi-
consideração a situação atual dessa área, bilidade e qualidade para a imagem da cida-
que, com base em uma forte competitivi- de, ele apresentou os pontos nodais como
dade local, fez as lojas tomarem iniciativas elementos de referência definidos como
isoladas para atrair o seu público. É o caso focos estratégicos, nos quais o observador
de várias lojas que se utilizam das calçadas pode entrar. Esses espaços se definem por
como mostruário de suas mercadorias, da momentos de alta densidade e dinâmica
mesma forma que inúmeros bares avançam no ambiente público aberto igualmente ao
com toldos, marquises e coberturas, ocu- existente nessa área em Santo Ângelo.
pando até o limite da calçada, inclusive
com mesas e cadeiras.

IMAGEM 36 - Comunicação visual de centro comercial. Fotos Tiago Balem.


34|
37

37

Portanto, o desenvolvimento dessa re- Mas, significa compreender que sua


gião, feito por meio de um projeto integrado, história e esse imaginário que se perpetua,
como deseja sua comunidade organizada, po- têm múltiplas facetas, e adquiriram mais
derá afirmar-se cada vez mais a partir de seu significados e agentes. A utilização do uni-
próprio substrato. Contudo, sabe-se que o de- verso simbólico já consolidado, assim como
senvolvimento deve ocorrer de forma planejada a hospitalidade ancorada na reciprocidade,
e consciente. são heranças de suas raízes, mas podem ser
Trazer consciência de seus valores significa retrabalhadas com preceitos da contempora-
construir a identidade que orientará esse pro- neidade dentro do binômio Tradição x Moder-
jeto de reterritorialização. Isso não representa nidade dado pelo novo traço promissor que
afirmar que somente seus traços missioneiros vem sendo desenvolvido pelo município.
são a totalidade do caráter dessa comunidade.

IMAGEM 37 - Cores intensas e destoantes nas fachadas. Fotos Tiago Balem.


35|
3. PESQUISA DE
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Larissa Crippa, Bruna Remus e Igor Casenote

36|
Na tentativa de criar uma imagem forte na mente das pessoas, muitas cidades vêm
investindo no que têm de mais característico, diferenciado e atrativo, como elementos de
visibilidade, diferenciação e impacto turístico e comercial. Por esse motivo, esta pesquisa
de referências busca reunir estímulos projetuais que ratifiquem a importância estratégica
de se construir uma identidade territorial forte perante o mundo globalizado, além de
proporcionar também critérios para se analisar e construir um projeto de valorização do
objeto de estudo desta pesquisa.
38

3.1 Identidade Territorial


Acreditando que uma identidade terri- Os aplicativos que acompanham as
torial se constrói no tempo e se nutre de marcas também agem como estratégia de
uma infinidade de elementos, reuniram-se marca e, assim, ganham inserção nos mais
aqui alguns exemplos destes elementos que variados suportes, que vão desde espaços
foram detectados na revisão bibliográfica, virtuais até os elementos materiais que re-
com o intuito de fortalecer a discussão so- forçam os símbolos locais, conforme pode
bre valorização territorial e fornecer estí- ser observado nas figuras a seguir.
mulos para o processo de experimentação.
Cada vez mais as marcas territoriais ga-
39
nham notoriedade e ajudam a fortalecer a
imagem de uma cidade, região ou país. Tal-
vez o mais bem sucedido esforço de “marca”
territorial seja o caso do estado de Nova
Iorque, conhecido como I Love NY e cria-
do por Milton Glaser em 1977, com base na
campanha publicitária de Wells Rich Greene
“I Love New York” desenvolvida para pro-
mover o turismo no estado de Nova Iorque.
O logotipo (e as muitas camisetas
brancas que o exibem) tornou-se fortemen-
te associado à cidade de Nova Iorque, no
entanto, esta não era a intenção original.
Ao contrário da crença popular, o logotipo
teve por objetivo a promoção do turismo
em nível estadual, e não apenas na cidade.

Imagem 38 - Marca IloveNY. | Imagem 39 - Aplicações da marca IloveNY. Fonte: iloveny.com


37|
3.2 Mobiliário Urbano

De acordo com Serra (1996), o mobi- Os elementos urbanos identificam as


liário urbano (às vezes chamado também cidades e por meio deles é possível conhe-
de equipamento urbano, ou elementos ur- cê-las e reconhecê-las. Chegam a definir-
banos) é o conjunto de objetos e peças de -se como uma parte constituinte do DNA
equipamento instalado na via pública para da identidade da cidade. O desenho de um
vários propósitos. Neste conjunto, incluem mobiliário urbano que responda e possa
-se bancos, marquises, lixeiras, barreiras de adequar aos espaços, ao colorido e aos usos
tráfego, caixas de correios, paradas de ôni- que a sociedade demanda, é uma tarefa um
bus, cabines telefônicas, entre outros. Ge- tanto complexa. Para isso, é fundamental o
ralmente são instalados pelas prefeituras entendimento do meio e uma leitura clara
para o uso da comunidade, ou terceirizados de seu comportamento no marco onde es-
a empresa privada para que este obtenha tará localizado, principalmente quando se
benefícios, explorando a publicidade na via trata de uma cidade monumental ou his-
pública. tórica e com particularidades específicas.

40

IMAGEM 40 - Mobiliário urbano de Chicago.


38|
41

42

43

44

IMAGEM 41 - Mobiliário urbano de Londres.


IMAGEM 42 - Mobiliário urbano de Curitiba.
IMAGEM 43 - Mobiliário urbano de Melbourne, Toronto e Sidney.
IMAGEM 44 - Calçadas do Rio de Janeiro, São Paulo e Lisboa.
39|
Nas últimas décadas, os mobiliários urbanos também passaram a ser projetados por
designers, o que proporcionou projetos inovadores e esteticamente atrativos, dando per-
sonalidade aos territórios.
45

  
 
 

IMAGEM 45 - Moodboard de novas formas para mobiliário urbano.


40|
    
       
3.3 As Cores Urbanas
Outro elemento importante para a formação de uma identidade territorial, e detec-
tado também na revisão teórica, foi a utilização de cores. Muitos lugares exploram este
potencial em seus territórios, como pode ser visto.

46

IMAGEM 46 - A Multiplicidade de cores no território.


41|
3.4 Intervenções Urbanas
Intervenção urbana é a expressão utilizada para designar os movimentos artísticos
relacionados às intervenções visuais e físicas realizadas em espaços públicos. Mais do
que um marco espacial, a intervenção urbana estabelece marcas de corte, particulariza
lugares e, por decupagem, recria paisagens.

47

  

  
  
  
 
     

  

  
 
   
 
    

  
IMAGEM 47 - Moodboard de intervenções urbanas como estratégia de marca.
42|   
 
   
 
3.5 Branding Territorial
Quando um território consegue mapear objetivamente os aspectos que formam sua
identidade, torna-se mais fácil projetar as ações e estratégias que contribuirão para o
fortalecimento de sua imagem na percepção do público externo e para diferenciá-lo da
concorrência. As estratégias adotadas procuram criar um reconhecimento fácil do lugar e
uma lembrança espontânea dele, estabelecendo associações positivas com o público-alvo e
desenvolvendo um relacionamento de fidelidade intenso entre o território e seus usuários.

3.5.1 Projeto Metaflusso


O projeto Metaflusso de Matei Paquin sugere uma instalação colocada nos pontos em
que a cidade está mais viva, com maior número de pessoas e serviços. Este mobiliário
serve para facilitar o acesso do público a uma gama de informações sobre mobilidade, po-
luição, serviços de compartilhamento de carros, entre outros. Dessa forma, o Metaflusso
apresenta em tempo real uma leitura completa do território urbano em que está inserido.

48

3.5.2 Guarda-Chuva Urbano, NY


Promovido pela prefeitura de Nova York, o concurso “UrbanShed” premiou Mr. Choi,
pelo projeto “guarda-chuva urbano”, conforme a imagem 49. O objetivo do concurso foi
obter soluções melhores para proteger as calçadas dos prédios em construção ou reforma.
A solução proposta por Choi permite que os pedestres tenham bom acesso às calçadas e
que os prédios não sejam totalmente escondidos durantes as obras.

49

IMAGEM 48 - Imagens do projeto Metaflusso. Fonte: coroflot.com


IMAGEM 49 - Projeto Guarda-Chuva Urbano. Fonte: inhabitat.com
43|
5.5.3 A nova Oscar Freire, SP
A Rua Oscar Freire, em São Paulo, é outro exemplo de transformação de uma área.
Os custos foram divididos entre a prefeitura, a operadora de cartões American Express e
lojistas. As calçadas ficaram largas e planas, com sinalização tátil-sonora, que favorece
o passeio e está de acordo com as normas de acessibilidade. A sinalização pintada nas
ruas sugere o trânsito lento. Toda a fiação elétrica virou subterrânea, melhorando muito a
impressão visual, favorecendo a fachada das lojas da região. Existem áreas wi-fi, limpeza
de fachada, diversificação de serviços e divisão de custos.

50

3.5.4 A transformação do Batel Soho, Curitiba


O carro-chefe da transformação do bairro Batel de Curitiba foi a revitalização de 10
quarteirões, seguindo influências dos bairros Soho de Tokyo e de New York. Com a imple-
mentação de excelentes pontos de design, gastronomia, moda e ainda atividades cultu-
rais, o fluxo de visitantes foi aumentado na Praça Espanha, e esse é hoje um dos principais
pontos de roteiros turísticos da cidade.

51

IMAGEM 50 - Projeto da Rua Oscar Freire. Fonte: exprima.com.br


IMAGEM 51 - Projeto Batel Soho. Fonte: batelsoho.blogspot.com
44|
3.5.5 São Paulo, cidade limpa
Muitos projetos ajudaram a formar a imagem atual da cidade de São Paulo, mas nos
últimos tempos nenhum foi tão transformador e impactante como o projeto Cidade Limpa.
A Lei Cidade Limpa legisla contra a poluição visual no município de São Paulo, e está em
vigor desde o dia 1º de janeiro de 2007. Ela proíbe a propaganda em outdoors na cidade e
regula o tamanho de letreiros e placas de estabelecimentos comerciais, entre outras pro-
vidências. Os anunciantes têm a opção, entretanto, de utilizar, como alternativa, itens do
mobiliário público urbano, tais como abrigos de ônibus, relógios públicos e placas de rua.

52

3.5.6 Buenos Aires, La Boca


Outro exemplo de transformação de uma área degradada é o bairro La Boca, de Bueno
Aires. O primeiro porto que a cidade teve, La Boca, foi por muito tempo uma das regiões
mais degradadas da cidade. Reduto de criminalidade, o bairro é, para todo o mundo, um
exemplo de revitalização. Formado por imigrantes italianos, em sua maioria, o bairro tem
como característica principal as casas construídas com lata. São cortiços, na verdade, feitos
com pedaços de navios em que chegaram os italianos no passado, como conta a história.
Revitalizadas com ajuda do governo, algumas casas ganharam cores fortes e identificação em
qualquer lugar do mundo. A origem das cores diversas está relacionada às sobras de tintas
que os marinheiros traziam para as suas casas.

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IMAGEM 52 - “Antes” e “depois” da Lei Cidade Limpa – SP. Fonte: caiman.de


IMAGEM 53 - As muitas cores do bairro La Boca em Buenos Aires. Fonte: latidobuenosaires.com
45|
3.5.7 Verona, Romeu e Julieta
Verona é uma cidade italiana da região história que nunca aconteceu de fato, mas
do Vêneto, com cerca de 256.110 habitan- que atrai inúmeros turistas para ela, crian-
tes. É um dos locais onde se passa a his- do experiências e gerando novas histórias
tória da peça Romeu e Julieta, de William vividas naquele lugar, conhecido interna-
Shakespeare. No centro da cidade, existe cionalmente e mencionado por séculos.
uma localidade onde, pelo que conta a his- Quem vier caminhando da Praça Erbe e
tória, Julieta morava. Este é um grande descer a Via Cappello, procurando a “Casa
marco da cidade, que recebe a fama de ci- de Julieta” entrará em um “túnel do tem-
dade dos namorados, atraindo centenas de po”, onde casais genuinamente enamorados
turistas. Essa obra de Shakespeare permite deixam os testemunhos de seu amor rabis-
que a cidade explore exaustivamente uma cados entre corações.

54

55

IMAGEM 54 - Vistas da casa de Julieta, em Verona. Fonte: latidobuenosaires.com


IMAGEM 55 - Interior da casa de Julieta, em Verona. Fonte: latidobuenosaires.com
46|
3.5.8 Cow Parade
A CowParade é uma exposição de arte pública internacional que foi apresentada nas
principais cidades em todo o mundo. As esculturas das vacas são de fibra de vidro, deco-
radas por artistas locais e distribuídas pelas cidades, em lugares públicos, como estações
de metrô, avenidas importantes e parques. Depois da exposição, as vacas são leiloadas, e
o dinheiro é entregue a instituições de caridade.

56

IMAGEM 56 - A arte da CowParade presente em 50 cidades. Fonte: cowparade.com


47|
4 O DESIGN ESTRATÉGICO
COMO METODOLOGIA
Fabricio Tarouco

48|
O desenvolvimento deste projeto foi Para realizar este trabalho, de cunho
construído com base nos processos de de- qualitativo, desenvolveu-se uma experimen-
sign, fazendo uso, quando necessário, das tação sobre o objeto de estudo estabelecido:
metodologias e ferramentas de que o design a cidade de Santo Ângelo. Para o desenvol-
estratégico dispõe. O design estratégico é vimento desta experimentação foram envol-
uma área de pesquisa projetual relacionada vidos os principais responsáveis pelas ações
ao sistema-produto, que se apropria de di- promovidas no território. Neste caso, o SE-
versas outras áreas do conhecimento para BRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
obter respostas inovadoras a necessidades Pequenas Empresas), O CDL de Santo Ângelo
específicas (Meroni, 2008). A expressão (Clube de Dirigentes Lojistas), o poder pú-
sistema-produto se entende pela integra- blico (Prefeitura Municipal) e a comunidade
ção de produtos, serviços, experiências e santo-angelense (moradores locais). Confor-
estratégias de comunicação orientadas ao me mostra a figura, a pesquisa foi estruturada
desenvolvimento de soluções, em que qual- em cinco momentos: análise de referências
quer ator ou rede de atores estão inseridos, bibliográficas, coleta de dados, experimen-
utilizando-se para obter resultados estraté- tação pelo design, apresentação e discussão
gicos específicos e coerentes com as neces- dos resultados com os representantes locais
sidades do cliente e do contexto. e, por fim, a publicação dos resultados.

REVISÃO COLETA DE DADOS EXPERIMENTAÇÃO AVALIAÇÃO


BIBLIOGRÁFICA

GLOBALIZAÇÃO PESQUISA CONTEXTUAL WS1 CENÁRIOS SANTO ÂNGELO

TERRITÓRIO ESTUDO DE CASOS WS2 CONCEPTS PREFEITURA

IDENTIDADE IDENTIDADE/BRANDING PROJETAÇÃO CDL

BLUESKY/TENDÊNCIAS SEBRAE
MARCA
COMUNIDADE
ESTRATÉGIA

BRANDING ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

DESIGN CONCLUSÃO

Tabela 2. Síntese da estrutura de pesquisa deste trabalho.


49|
O processo de experimentação buscou propor alternativas para a valorização da cida-
de de Santo Ângelo por meio da metodologia do design estratégico. Com base na coleta
de dados, dividiu-se esta experimentação em quatro momentos sequenciais. São eles:
criação de cenários, construção de concepts, articulação dos resultados e projetação, que
estão descritos a seguir.

4.1 Criação de Cenários


Com a fase de pesquisas encerrada, pendente, sob a coordenação do Prof. Dr.
iniciou-se a prática de experimentação. As- Carlo Franzato e do Ms. Tiago Balém.
sim, foi realizado um workshop de design, No início da atividade, foi apresenta-
com base no problema de pesquisa descrito da ao grupo a série de pesquisas realizadas
no início deste trabalho. Nessa experiên- e, logo após, deu-se início a um exercício
cia, foram apresentados o problema de pes- de brainstorm. Esse exercício deu forma a
quisa, os objetivos nela desenvolvidos, a três mapas conceituais, como pode ser no-
contextualização do objeto de estudo e as tado na figura a seguir. O primeiro mapa
pesquisas de estímulo geradas para o pro- foi intitulado de “Tempo e Movimento”, o
cesso de experimentação. Os participantes segundo, de “Acolhimento” e o terceiro, de
foram os alunos da turma 2009 de Caxias “Local/Global”. Os grupos optaram por uti-
do Sul, RS, do curso de Especialização em lizar os dois primeiros por considerar que o
Design Estratégico da Escola de Design conceito Local/Global era genérico demais,
Unisinos. poderia servir não só para Santo Ângelo,
Os grupos trabalharam de forma inde- mas também para qualquer outro território.

57

IMAGEM 57 - Brainstorm do workshop 1. Foto Carlo Franzato.


50|
Por causa de uma decisão dos professores de estimular propostas independentes, e
não complementares entre si, os grupos participantes chegaram a dois cenários distintos:
‘Alma Missioneira: uma terra e muitos povos’ e ‘Amplie os seus sentidos’.

4.1.1 Cenário 1: Alma Missioneira – Uma terra e muitos povos


Integrantes: Adriana Angar, Edson Busin, Gertri Bodini e Agda Fronza.
De acordo com o grupo que propôs este e crenças, sendo possível fazer uma leitura
cenário, a história da cidade de Santo Ân- de signos de cada povo que se perpetua ao
gelo é contada por muito mais que sete po- longo do tempo.
vos. Cada um destes povos imprimiu, e ainda Este cenário busca resgatar todos os ele-
imprime, uma faceta à cidade que tantos mentos formadores da história de Santo Ân-
outros haverão de descobrir. A origem da gelo e de sua identidade missioneira, propa-
cidade encontra referência nas famílias que gando-os posteriormente por meio de ações
a povoam, sejam elas de Guaranis, jesuítas, que deverão refletir no comércio, no turismo,
alemães, italianos, poloneses, enfim muitos no interesse coletivo e no desenvolvimento
povos, em uma mistura de pessoas, valores econômico, social e político da cidade.

58

IMAGEM 58 - Síntese do cenário Alma Missioneira.


51|
4.1.2 Cenário 2: Amplie os seus sentidos
Integrantes:
Tiago Toso, Débora de Souza, Alessandra Maccali, Luciane de Carlo e Fabíula Angonese.

Neste cenário, o grupo definiu que o mobiliário no qual se utilize luz alterna-
ritmo do espaço territorial deve ser deter- damente conforme a passagem do tempo,
minado pela frequência e amplitude da luz, transformando a cidade num constante
sendo o espaço percorrido pela passagem evento. Tudo isso ocorre paralelo à limpeza
de cor e o movimento propiciado por ela. de fachadas que promovem o patrimônio
Apropria-se destes fenômenos para com- existente.
posição de espaço urbano, com criação de

59

IMAGEM 59 - Síntese de apresentação do cenário 2.


52|
4.2 Construção de Concepts
Promoveu-se, na sequência, um segundo workshop de design, com o objetivo de
avançar sobre os cenários, desenvolvendo novos concepts para o projeto. Desta vez os
participantes foram os alunos da turma 2008, de Porto Alegre-RS, do curso de Especializa-
ção em Design Estratégico, e os alunos do 5º semestre da Graduação em Design da Unisi-
nos, além dos colaboradores que contribuíram nas pesquisas preparatórias. Esta atividade
teve a participação dos mesmos professores.

60

IMAGEM 60 - Moodboard de momentos do 2º workshop de experimentação. Foto Gustavo Diehl.


53|
4.2.1 Concept 1: União e atração entre povos
Integrantes:
Carolina Dutra, Fabiana Ávila, Fernando Schlickmann, Leonardo Sarmanho, Luísa Diebold e Nicolle Selau.

A proposta do Grupo 1 tem o objetivo gastronomia e entretenimento, bem como


de aumentar a atratividade da área comer- estimular a fluidez e a dinamização da ci-
cial de Santo Ângelo. Trabalha com o con- dade. Os “pontos” ou “polos” se configuram
ceito de ÍMÃ, com as finalidades de unir como espaços de estar e serviços, onde se
a comunidade e os valores locais e atrair localizam alguns totens multimídia com
a população das cidades próximas. Para conteúdos informativos.
isso, é proposto um sistema que parte da Uma nova marca foi desenvolvida para
implantação de polos de atração, ou seja, caracterizar esse sistema. Nela se faz re-
pontos estratégicos na área central que ferência aos diversos pontos comerciais
visam a favorecer a interação dos usuá- existentes na área, dando visibilidade aos
rios com os setores do comércio, cultura, polos de atração que seriam criados.

61

Foram propostos quiosques padronizados para sediar os polos de atração, que ficariam lo-
calizados em pontos estratégicos do centro comercia, os quais são apresentados na figura 63.

62 63

IMAGEM 61 - Proposta de marca para o projeto.


IMAGEM 62 - Localização dos pontos de atração. | IMAGEM 63 - Proposta de quiosque para os pontos de atração.
54|
Seriam criados também aplicativos da marca, como placas de sinalização, diferencia-
das por cores, e um mobiliário urbano alinhado com o projeto, existindo um espaço central
para aplicação da identificação do nome do comércio.

64

65

66

IMAGEM 64 - Placas de sinalização do projeto.


IMAGEM 65 - Aplicação da sinalização no espaço urbano.
IMAGEM 66 - Proposta de mobiliário urbano alinhado.
55|
4.2.2 Concept 2: Missão das cores
Integrantes: Andressa Jacob, Igor Casenote, Livia Iglin, Laura Guidali e Marina Garcia.

A proposta 2 procura aproveitar as 67


múltiplas cores existentes em Santo Ânge-
lo e dar um significado para elas, por isso
trabalha com os conceitos de padronização,
relacionando a organização e frequência, por
meio do ritmo, interação e propagação das
cores. A proposta é criar no centro comercial
de Santo Ângelo uma nova forma de identifi-
cação e organização dos setores comerciais.
Nesse sentido, a identificação é feita pela
divisão desses setores em oito categorias de
estabelecimentos, cada uma sendo identifi-
cada por segmentações cromáticas.
68

69

IMAGEM 67 - Marca do projeto Missão das Cores. | IMAGEM 68. Distribuição de cores em segmentos do comércio.
IMAGEM 69 - Outdoor publicitário da campanha.
56|
Foi pensado um mobiliário urbano alinhado com a proposta das cores e projetado sob
influência dos jesuítas, buscando formas que remetessem a essa referência. As lixeiras,
colocadas em frente aos estabelecimentos, receberiam a cor relacionada à loja. Já os
bancos e demais mobiliários, teriam cor neutra, de forma a preservar a integridade visual
do local.

70

71 72

73

IMAGEM 70 - Simulação das cores nas fachadas. | IMAGEM 71 - Simulação das cores no período noturno.
IMAGEM 72 - Integração das fachadas com o mobiliário urbano. | IMAGEM 73 - Concepts de mobiliário urbano.
57|
Os eventos e festas da cidade também
receberiam cores, conforme demonstra a
figura 74. Com a ajuda de comerciantes e
moradores, cor do evento seria espalhada
por toda a cidade, como em mercadorias
nas vitrines e decoração das lojas e casas.
À noite, esta cor estaria presente também
na iluminação de locais públicos.
O que se pode ressaltar desse concept
é que o uso da cor no território serve como
elemento de forte impacto na identidade
74
de um lugar, conforme já se argumentou na
pesquisa de referências projetuais. Dessa
forma, acredita-se que testar possibilida-
des da utilização de cores seja um caminho
interessante a ser explorado. Mesmo que
não seja padronizando seu uso, é necessá-
rio aproveitar essa diversidade cromática
existente na cidade de Santo Ângelo.

4.2.3 Concept 3: Caminhando pelo tempo


Integrantes: Bruna Dutra, Enio Matheus, Luciano Hoeltz, Marcelo Diehl e Sandra Staffa.

Nesta proposta, o grupo indica um res-


gate da história da cidade de Santo Ângelo,
como um dos sete povos das missões, resu-
mindo seus 317 anos ao longo das 28 qua-
dras do centro comercial da cidade. Para
isso se sugere uma caminhada pelo tempo.
O trajeto da Avenida Brasil, ou calça-
dão, como é popularmente chamado, con-
taria essa história desde sua origem (pas-
sado) até os dias de hoje, utilizando como
referência a entrada principal da cidade
(pela BR-392) como o início do trajeto. 75

IMAGEM 74 - As cores em eventos pontuais.


IMAGEM 75 - São Nicolau, referência usada para a marca.
58|
A história seria contada por meio da 76
construção da cenografia nas ruas, com
estímulos visuais e sensoriais, proporcio-
nando uma experiência rica de reviver cada
marco histórico da cidade, abrangendo,
também, o mobiliário urbano.
O grupo também apresentou uma mar-
ca que identificaria o projeto, desenvolvida,
fundamentada na imagem de São Nicolau.

A ilustração a seguir mostra como essa 77


história poderia ser contada em uma cami-
nhada pela cidade, onde é possível ver, no
piso da calçada ilustrada, símbolos repre-
sentativos da cultura local, experienciada
também no mobiliário urbano, a ser distri-
buído pelo centro comercial.

78

IMAGEM 76 - Marca do projeto Caminhando pelo tempo.


IMAGEM 77 - Ilustração do concept, com detalhe.
IMAGEM 78 - Mobiliário urbano do concept.
59|
4.2.4 Concept 4: A cidade é reflexo do seu povo
Integrantes:
Fernando Flores, Francine Daniel, Juliana Kohlrausch, Giovanni Arroque, Lídia Pessoa e Luhcas Alves.

O quarto grupo parte também da pre- 79


missa de que Santo Ângelo é uma terra de
muitos povos por fazer parte dos Sete Po-
vos das Missões e por ter diferentes culturas
como colonizadoras. Para o grupo, a cida-
de não transparecia a ideia de acolhedora
e não apresentava uma harmonia entre a
comunicação, serviços e seus produtos. As-
sim, decidiu-se pela utilização de padrona-
gens indígenas para mostrar um pouco mais
dessa forte cultura existente, aplicando-as
no centro comercial e no resto da cidade. 80
Cada uma devidamente criada para um se-
tor específico da área, como hospedagem,
comércio, saúde, serviço público e gastro-
nomia. Isso pode ser visto no sistema-pro-
duto redefinido para a cidade: comunicação
(logomarca, totens, padronagem, folders,
site), serviço (hospedagem nas casas ca-
dastradas) e produto (sinalização, lixeira,
banco, calçada, poste e souvenirs).

As padronagens seriam aplicadas sobre uma paleta de cores pré-definida. Trata-se de


cores neutras para dar destaque à padronagem e para não ter uma competitividade com as
suas cores, conforme ilustrado nas imagens a seguir.
81

IMAGEM 79 - Texturas indígenas sugeridas.


IMAGEM 80 - A proposta de marca do grupo 4.
IMAGEM 81 - Paleta de cores para as construções.
60|
82

IMAGEM 82 - Simulações de aplicação das texturas.


61|
83

84

85 86

As próximas três propostas apresenta-


das tiveram como base o cenário “Amplie
os seus sentidos”, desenvolvido no primei-
ro workshop de design.

IMAGEM 83 - Simulação de aplicação das cores. IMAGEM 85 - Aplicação em camisetas.


IMAGEM 84 - Sinalização com as texturas aplicadas. IMAGEM 86 - Aplicação em bolsas e sacolas.
62|
4.2.5 Concept 5: 24hs cambiantes
Integrantes:
Aline Medina, Gabriela Zambenedetti, Larissa Crippa, Michael Melchiors e Sílvia Arroque.
Esta proposta considera que o dia e a transição das atividades que acontecem
noite possuem atmosferas diferentes em entre estes momentos e na dualidade que
Santo Ângelo, caracterizando-se o dia pelo se forma ao compará-los.
comércio e a noite pelas festas, ambos os As figuras retratam o momento de
turnos têm importância para a formação da transição entre o dia e a noite e as múl-
identidade e da dinâmica da cidade. Des- tiplas tonalidades que formam a paleta de
se modo, o grupo optou por explorá-los na cores desta proposta.

87

88

IMAGEM 87 - Origem da paleta cromática.


IMAGEM 88 - Paletas de cores. Faixa superior mostra as cores principais utilizadas na sinalizacão e parte gráfica.
Parte inferior, as cores secundárias, utilizadas na pintura das fachadas.
63|
Entendendo que Santo Ângelo é uma cidade que não para, criou-se o slogan “Santo
Ângelo 24 horas” para representar esse movimento contínuo. Da mesma forma, conside-
rou-se essa característica de dinamismo na identidade visual da cidade, priorizando um
padrão gráfico que pode ser usado com imagens iconográficas diferentes, mantendo a
assinatura visual sempre igual. As próximas imagens das figuras mostram a sugestão de
marca e seus aplicativos.

89

90

IMAGEM 89 - Proposta de marca do grupo.


IMAGEM 90 - Aplicativos da marca proposta.
64|
91

92

IMAGEM 91 - Uso de acrílico translúcido nas fachadas.


IMAGEM 92 - Sinalização proposta pelo grupo.
65|
4.2.6 Concept 6: Remix – Santo Ângelo no seu ritmo
Integrantes: Ana Berger, Bruna Spenner, Carolina Eichenberger, Laura Fedrizzi e Vicente Pinto.

O conceito REMIX apropria-se de um Organiza-se o espaço em sete rotas


significado advindo da música – decodifi- compreendidas por categorias.
car, rearranjar e construir novas frequên- Essas rotas são representadas por li-
cias – por meio de elementos próprios da nhas de diferentes cores, que invadem as
localidade. Assim, foi proposto contemplar fachadas, o mobiliário urbano e interagem
e remisturar culturas de diferentes tons, com os elementos da cidade. O usuário é in-
modificando a batida do contexto social, centivado a percorrer diferentes caminhos,
criando novos ritmos e novas versões de sugeridos por novas tramas e por uma lin-
Santo Ângelo. guagem comercial facilmente identificada,
tornando a cidade mais prática e intuitiva.

93
GASTRONOMIA

VESTUÁRIO

RELIGIÃO
SERVIÇOS
CULTURA
SAÚDE

LAZER

O logotipo proposto pelo grupo visa à representação da mistura dos povos missionei-
ros, caracterizados pelo uso das diferentes cores. São referenciados os ícones relativos às
ofertas de serviços contidas na cidade, bem como o movimento urbano.

94

IMAGEM 93 - Paleta de cores dos serviços. IMAGEM 94 - Marca proposta pelo grupo.
66|
As linhas tramam a cidade, conectando lugares, sugerindo caminhos e orientando
passeios. As linhas invadem fachadas, mobiliário urbano e interagem com elementos da
cidade. A ilustração simula essa conexão do território com as referências gráficas.

96
95

A aplicação de grafismos nos ambientes construídos priorizou o sistema de sinaliza-


ção das ofertas e propostas lúdicas, em combinação com os elementos da cidade.

97

98

IMAGEM 95 - Ícones projetados. IMAGEM 97 - Aplicação de grafismos no território.


IMAGEM 96- Simulação das linhas no território. IMAGEM 98 - Souvenirs.
67|
Privilegiando a população jovem, mo- 99
vimentada pelas festas, eventos e pelas
atividades da Universidade da Região das
Missões, foram propostos souvenirs não ca-
racterísticos de visitações turísticas.
O mobiliário urbano pensado remete
ao conceito do projeto de remix pela so-
breposição de linhas contínuas, com ritmo
e harmônicas.

4.2.7 Concept 7: Projeto Anjo


Integrantes: Carlos Roberto, Elisa Gijsen, Luana Bruxel, Max Senger, Maria Suzana e Tahis Garrido.

Tomando por base a lógica da reterri- Na descrição do grupo, os $e (serve)


torialização, que visa a utilizar a identida- são moedas vinculadas ao CPF do seu usuá-
de para tornar o local o próprio produto, rio e que podem ser trocadas por produtos
valorizando as questões emocionais e a ex- e serviços, ou ainda doadas a terceiros. As
periência, deixando de lado um pouco da trocas e permutas são parte dos serviços,
“arquitetura” física, o grupo desenvolveu que funcionam com base em um cadastro
um projeto imaterial, alicerçado pelo senti- dos interessados: hospedagem, artesanato,
mento de reciprocidade. O projeto consiste alimentação serviços são transformados em
em um sistema de trocas onde todos ga- X $e para parâmetro de troca. A moeda é
nham, agregando toda a comunidade den- gerada de acordo com o produto ou serviço
tro dessas 28 quadras (habitantes, visitan- ofertado. Ex: 10 Serve ou 10 $e. A imagem
tes, empresas e órgãos governamentais), a seguir apresenta a tela de abertura do sis-
organizado por meio de um software de um tema, no qual é possível conhecer um pouco
portal e de uma moeda de crédito local de- mais das funcionalidades do projeto e fazer
nominada $e = serve. o cadastro, portanto do seu CPF.

IMAGEM 99 - Mobiliário urbano e ambientações.


68|
100

101

IMAGEM 100 - Sistema de trocas Anjo. IMAGEM 101 - Storyboard do funcionamento do sistema.
69|
Um cartão também é ofertado como 102
ferramenta de controle do acúmulo de mo-
eda local. Com a realização do cadastro e
de posse do cartão pessoal, é possível que
o indivíduo usufrua dos benefícios do ser-
viço. De acordo com o storyboard apresen-
tado, o usuário chega ao estabelecimento,
escolhe o que deseja e paga, utilizando seu
cartão do sistema Anjo, em que tem $e
(serves) acumulados.
Para acumular a moeda, é preciso pres-
tar serviços, vender algo ou comprar crédi-
tos utilizando a moeda nacional (R$ - Re-
ais). A imagem seguinte ilustra o sistema 103
de trocas de serviços por $erves.
A próxima imagem apresenta as fun-
ções online que o sistema oferece. Nele é
possível conferir os créditos disponíveis,
bem como outros serviços que o Projeto
Anjo também disponibiliza, como roteiro de
caronas, eventos da cidade, hospedagem,
entre outros.
Esse concept é inovador, em compara-
ção com os demais, por oferecer uma dinâ-
mica que ainda não havia sido proposta pe- 104
los outros grupos. Ao focar diretamente no
funcionamento dos serviços, ele consegue
intervir nos principais responsáveis pela
movimentação do comércio local, que é a
oferta de produtos e uma moeda de troca
para pagamento, facilitando, assim, o pro-
cesso de compra e venda.

IMAGEM 102 - Cartões para uso do sistema. IMAGEM 103 - Stroyboard do sistema de trocas.
IMAGEM 104 - Serviços do sistema on line.
70|
4.3 Articulação dos Resultados

Terminada a realização desses dois mento dessas ideias, integrando-as numa


workshops e da proposição de alguns ce- nova proposta que deveria ser desenvolvida
nários e concepts, foi realizado um novo na segunda etapa da experimentação, na
encontro com os membros do SEBRAE Noro- fase de projetação. O cenário considerado
este, que representaram nesta oportunida- ideal foi o intitulado “Alma Missioneira:
de a Associação Comercial de Santo Ângelo, uma terra e muitos povos”, por entender
o Poder Público Municipal e a comunidade que ele fortalece a identidade jesuítica da
local, além do próprio SEBRAE. Esse encon- cidade, tão presente no coletivo popular e
tro encerrou a primeira etapa do processo na expectativa dos turistas que a visitam.
de experimentação, sendo organizado com Com base nesse cenário, a identidade e
o intuito de analisar conjuntamente os re- as formas apresentadas no concept “União
sultados alcançados até aquele momento. e atração entre povos” foram as preferidas
Partiu-se inicialmente de uma revisão da maioria presente, que destacou ainda a
do briefing, em que foram inseridos dois necessidade de se respeitar a multiplicida-
novos itens a pedido dos representantes do de de cores existentes em Santo Ângelo e
SEBRAE: o primeiro foi a necessidade de se que foi descaracterizada por alguns grupos.
pensar na viabilidade financeira do que for Os aplicativos que integravam o concept “A
proposto, e o segundo foi a definição dos cidade é reflexo do seu povo” foram consi-
elementos de mobiliário urbano que deve- derados oportunos para serem explorados
riam ser inseridos na entrega. também na fase de projetação, consideran-
O material foi apresentado e analisa- do que a ideia de uma embalagem padroni-
do pelo grupo que estava reunido. Algumas zada para todo o comércio foi amplamente
considerações foram feitas, chegando-se à elogiada. Por fim, destacou-se a qualidade
conclusão de que existiam ideias interes- gráfica do concept “24 horas cambiantes”
santes em mais de um concept. Assim, o e a ambientação do mobiliário no concept
melhor caminho a seguir seria o aproveita- “Remix: Santo Ângelo no seu ritmo”.

71|
5. PROJETAÇÃO
Gabriel Ramos,

Luhcas Alves,

Giovanni Arroque,

Leonardo Sarmanho

e Fabricio Tarouco.

e.O momento de projetação re-


presentou a última etapa deste
projeto. Neste momento, foram
desenvolvidas soluções projetuais
baseadas nos cenários e concepts
propostos e nas considerações de-
finidas na fase de articulação dos
resultados. As soluções foram di-
vididas em quatro partes para se-
rem apresentadas aqui: conceito,
mobiliário urbano, identidade e
estratégias.
72|
5.1 CONCEITO
5.1 O conceito
O conceito escolhido baseou-se prioritariamente no cenário “Alma missioneira: uma
terra e muitos povos” e no concept “Atração e união entre povos”. A partir dessa definição,
buscaram-se referências na pesquisa contextual, em que Santo Ângelo é visto como parte
fundamental da formação da identidade missioneira regional, composta pelos sete povos

105

IMAGEM 105 - Os sete povos e suas localizações geográficas.


73|
106

É nesse contexto que começa a cons-


trução do conceito “União e atração entre
povos”, afinal, são sete povos que dão vida
a uma identidade regional. No caso de Santo
Ângelo, é preciso ir além, pois se quer repre-
sentar também os povos que colonizaram a
região ao longo dos séculos, não apenas os
índios guaranis e os jesuítas, mas também
italianos, alemães, espanhóis, portugueses
e outros tantos que continuam chegando
até hoje. Para completar essa “união entre
povos”, é importante envolver e representar
também os “colonizadores” da zona comer-
cial, ou seja, os lojistas e a associação co-
mercial que vêm lutando pela valorização da
área. A figura a seguir ilustra graficamente
107
essa união de povos guaranis, jesuítas, colo-
nizadores do território e lojistas.

A figura ao lado ilustra uma forma sim-


plificada da imagem anterior. Forma esta
que permitiu criar uma identidade nortea-
dora do processo de projetação do mobiliá-
rio urbano para o centro comercial de San-
to Ângelo, que será apresentado a seguir.
108

IMAGEM 106 e 107 - Representação gráfica da união entre povos.


IMAGEM 108 - Forma representativa da união entre povos.
74|
5.2 O mobiliário
Com o conceito definido, a primeira
109
proposta de mobiliário urbano partiu de
uma vista de topo de um banco de praça de
uso coletivo. Esta vista seria semelhante à
forma apresentada, que busca representar
o conceito determinado
Além da forma, este banco também re-
presenta a utilização do conceito de união
entre povos, pois, ao ser usado por várias
pessoas, acaba por aproximá-las geografi-
camente, conforme simulado na próxima
ilustração.

110

IMAGEM 109 - Ideia inicial de mobiliário.


IMAGEM 110 - Ambientação do mobiliário proposto.
75|
Ao ser modelado em 3D, com uso de softwares gráficos, o banco foi renderizado com
texturas de madeira e de metal para dar certo grau de realismo. Nas imagens a seguir fo-
ram introduzidas representações humanas para oferecer noções de proporção. O banco foi
finalizado, utilizando-se sete círculos, assim, passou a ser chamado de banco “sete povos”.

111

IMAGEM 111 - Banco Sete Povos.


76|
Para viabilizar sua construção, sugere-se a construção do banco por partes, facilitan-
do sua montagem, conforme é representado no desenho ilustrativo.

112

IMAGEM 112 - Construção e montagem do banco.


77|
Para os bancos menores, projetados para no máximo duas pessoas, foi necessário
pensar uma forma que dialogasse com o banco coletivo e com o conceito adotado no pro-
jeto. Para isso, utilizaram-se os círculos que representam os povos e optou-se pelo mesmo
material anteriormente escolhido, buscando dar uma unidade.

113

114

IMAGEM 113 - Banco menor sem encosto.


IMAGEM 114 - Simulação 3D do banco sem encosto.
78|
Também foi pensada uma versão do mesmo banco com encosto. Todas as opções es-
tariam fixas no chão com parafusos.

115

116

IMAGEM 115 - Banco menor com encosto.


IMAGEM 116 - Simulação 3D do banco com encosto.
79|
Na tentativa de criar uma família de mobiliários, foram projetadas também quatro
opções de bancos “casados”. Eles consideraram as formas anteriores, mas inovaram pela
mescla de possibilidades sugeridas.

117

IMAGEM 117 - Bancos casados.


80|
118

IMAGEM 118 - Bancos casados.


81|
Quando se começou a pensar no forma- desenho próximo ao que se havia trabalha-
to que deveriam ter as lixeiras, rapidamen- do para o banco “sete povos”.
te se retomou a imagem síntese do concei- Paralelo a isso, procurou-se propor algo
to escolhido. A ideia então foi de criar um contemporâneo e adaptado às questões de
produto que tivesse na vista superior um sustentabilidade e reciclagem de lixo.

119

Com base nessa ideia, chegou-se a uma


forma considerada esteticamente apropria-
da e alinhada com a identidade que se está
propondo para o projeto. As lixeiras seriam
construídas, utilizando-se ferro e metal e
teriam um número variado de recipientes,
de acordo com os diversos tipos de lixo que
o local recebesse. Os recipientes seriam
identificados pelo tipo de lixo descrito na
parte superior e por uma pequena linha co-
lorida, na qual a cor também indicaria o
tipo de material, de acordo com normas in-
ternacionais de reciclagem.

IMAGEM 119 - Proposta inicial de lixeiras.


82|
120

As figuras seguintes ilustram a possi-


bilidade desse suporte de sustentação ter
duas alturas diferentes.
As lixeiras teriam um suporte central
de sustentação formado por três facetas
laterais, permitindo o acoplamento de um
número variável de recipientes. Para mais
de três recipientes se utilizaria um maior
número de suportes.

121

IMAGEM 120 - Teste de alturas do suporte de sustentação. | IMAGEM 121 - Suporte central com facetas laterais.
83|
Também foi pensada uma utilização maior das cores, fazendo referência ao grande
número de tonalidades encontradas nas fachadas das casas da cidade de Santo Ângelo. Os
testes podem ser conferidos na próxima ilustração. Entretanto, considerou-se que o uso
de cores entraria em atrito com as já existentes no território.

122

IMAGEM 122 - Versão de lixeiras coloridas.


84|
Na sequência, foram desenhadas placas de sinalização para as esquinas. Elas utiliza-
ram como referência a sinalização hoje existente na Av. Paulista, em São Paulo, SP. Dessa
vez, não se trabalhou diretamente com a forma-conceito por considerar que seu uso ex-
cessivo acabaria desvalorizando a identidade pretendida.

123

124

IMAGEM 123 - Totem de sinalização das ruas.


IMAGEM 124 - Contextualização da sinalização. Simulação da aplicação da sinalização de esquina em um cenário real.
85|
Outro item solicitado no briefing foi a proposição de luminárias para as vias públicas
da cidade. A proposta sugerida trabalhou com formas arredondas para manter um alinha-
mento com o que vinha sendo feito e com o que existe atualmente nas outras áreas de
Santo Ângelo. Foram criados dois modelos, um deles com três luminárias, e o outro com
apenas uma. Os materiais escolhidos foram o ferro fundido, o metal e o vidro. As cores
utilizadas são tons de grafite que permitem um diálogo com as cores do metal existente
nos bancos. A parte inferior, de vidro, é móvel, e as demais são fixas.

125

126

IMAGEM 125 - Proposta de iluminação pública. | IMAGEM 126 - Ambientação das luminárias.
86|
Como forma de identificar os lojistas
que aderiram ao projeto, forma desenvol-
vidos elementos de numeração dos esta-
belecimentos comerciais. Esses elementos
foram trabalhados em preto e branco para
não entrar em conflito com as múltiplas co-
res existentes nas fachadas das lojas.

127

128

IMAGEM 127 - Simulação em 3D dos elementos de numeração de topo.


IMAGEM 128 - Simulação em 3D dos elementos de numeração paralelos à parede.
87|
O próximo passo foi pensar alternati- 129
vas para um relógio de praça, mais um item
do briefing. Várias formas foram discuti-
das, mas prevaleceu a ideia de um produto
com poucas curvas, com linhas que estão
de acordo com o restante do projeto. Para
isso, utilizaram-se novamente os círculos
como elemento principal, servindo de orga-
nizador das informações disponibilizadas.
Essas informações são apresentadas em
formato digital para modernizar um pouco
o aspecto histórico, remetendo à contem-
poraneidade e às tecnologias em uso nos
dias atuais. Na parte inferior da peça, foi
proposta uma luminária integrada, que ga-
nha destaque quando visualizada à noite.
Esse espaço para luminária pode ser apro-
veitado também para inserir o nome de seu
financiador, caso seja necessário.

130

IMAGEM 129 - Relógio de praça.


IMAGEM 130 - Simulação noturna do relógio de praça.
88|
Como último elemento de mobiliário 131
urbano indicado, foi desenvolvido um to-
tem para localização geográfica na cidade,
além de oferecer espaço para outras infor-
mações que possam ser consideradas rele-
vantes. As opções sugeridas dão continui-
dade à família de mobiliários apontados e
aproveitam os círculos como elemento de
sustentação e fixação da peça no piso. As
figuras a seguir mostram uma simulação do
totem idealizado, bem como a sua estru-
tura de sustentação e outras opções pen-
sadas e descartadas no avanço do projeto.

132 133

IMAGEM 131 - Totem de localização.


IMAGEM 132 - Estrutura do totem de localização.
IMAGEM 133 - Outra opção de totem de localização.
89|
5.3 A identidade
A construção de uma identidade para a área central de Santo Ângelo teve início com a
proposição de uma família de mobiliários para a cidade. Entretanto, era preciso fortalecer
essa imagem. Assim, como uma estratégia de marcar o território e dar maior visibilidade e
abrangência para o conceito escolhido, iniciou-se a criação de opções de padronagens para
serem aplicadas posteriormente em todas as calçadas das 28 quadras do centro comercial.

134

A escolha das cores foi definida pelo bom senso de não criar atrito com as múltiplas
cores existentes na área de sua provável aplicação, portanto optou-se por trabalhar apenas
com o preto e o branco de forma equilibrada. O material sugerido são pedras portuguesas
por permitirem a reprodução fiel do desenho proposto. Duas alternativas foram inicialmen-
te apresentadas, ambas exploravam grandes círculos como elemento de identificação e
alinhamento com os outros produtos do projeto.

135

IMAGEM 134 - Grafismos.


IMAGEM 135 - Cores das fachadas.
90|
136

IMAGEM 136 - Simulação da padronagem no contexto local.


91|
Com a identidade física resolvida, iniciou-se o processo de construção de uma iden-
tidade visual. A proposta de marca escolhida faz referência à forma-conceito utilizada
também na construção do banco sete povos e das lixeiras. As cores escolhidas são o preto,
representando a identidade proposta para a área comercial, e as tonalidades de verde,
representando a multiplicidade de cores existentes em Santo Ângelo. O nome da cidade é
apresentado em caixa baixa por uma escolha do designer, que emprega mais uma vez os
círculos para representar os povos colonizadores da região.

137 138

centro comercial

139

IMAGEM 137 - Logomarcas com payoff do projeto. | IMAGEM 138 - Logomarcas com payoff do Centro Comercial.
IMAGEM 139 - Versões preto e branco, paleta cromática e fontes utilizadas.
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5.4. As estratégias
As estratégias de marca a serem colocadas em prática remetem a um conjunto de ações
pensadas para fortalecer a identidade projetada, pois, para que uma marca seja reconheci-
da por todos é necessário que ela esteja fortemente presente na mente das pessoas. Para
isso, precisaria ser criada uma série de pontos de contato dessa marca com a sociedade.
Foi, então, pensada uma gama de materiais da qual deriva essa identidade visual.
A primeira proposta de aplicação da marca foi a criação de sacolas padronizadas para
todo o comércio de Santo Ângelo. As opções de sacolas em papel reciclado guardam um
espaço especial para que cada comerciante possa também aplicar sua marca e associá-la
ao projeto.

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Na sequência, como estratégia de ganhar a simpatia e a aceitação das pessoas ao que


se está propondo, foi idealizada uma família de mascotes com o intuito de colaborar na
comunicação dessa nova identidade. São pequenos anjos na terra jesuítica, cada um com
suas particularidades. A cor dos cabelos foi escolhida para manter um alinhamento com a
marca e por não fazer referência direta a uma única etnia.

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Da mesma forma que a marca seria derivada em diferentes aplicações, a mascote pos-
sibilita a criação de uma família de produtos personalizados.

IMAGEM 140 - Embalagens padronizadas.


IMAGEM 141 - Família de mascotes santo-angelenses. Criação de Nicolle Selau da Silveira e Sílvia Bolzan Arroque.
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IMAGEM 142 - Produtos personalizados com uso do mascote: chaveiros, adesivos para diferentes aplicações, copos,
embalagens temáticas e embalagens com marcas.
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Com a última etapa de projetação escolhidas para as calçadas, que, segundo
concluída, foi realizado um encontro para eles, é inapropriada para a cidade, pois a
a apresentação e validação dos resultados região possui um solo vermelho muito for-
alcançados. Participaram desta apresenta- te e acabaria manchando e sujando o bran-
ção os principais responsáveis pelas ações co sugerido com a circulação de pessoas
promovidas no território, que neste caso e veículos. Por fim, surgiu a dúvida sobre
foi o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio a viabilidade de aplicação de pedras por-
às Micro e Pequenas Empresas), o CDL de tuguesas na construção das calçadas, por
Santo Ângelo (Clube de Diretores Lojistas), causa do custo elevado e da necessidade
o poder público (Secretários Municipais) e de ser construída na sua extensão total,
representantes da comunidade santo-ange- não permitindo que cada proprietário faça
lense. O encontro aconteceu no auditório a sua parte separadamente, já que os en-
do SEBRAE de Santo Ângelo, situado na caixes da padronagem correriam o risco de
Avenida Venâncio Aires, 1615, com a coor- ficarem desencontrados. Para solucionar
denação da Srª. Lisiani Uggeri Hampel, téc- o problema das calçadas foram propostas
nica do SEBRAE Noroeste. duas alterações no que havia sido pensado
Dessa análise surgiram sugestões de originalmente: a mudança das cores utili-
melhorias: a principal diz respeito às cores zadas e a proposição de ladrilhos.

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IMAGEM 143 - Novas sugestões de cores.


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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A valorização de um território é conse- competir com as cidades vizinhas, pois todas
quência de ações coletivas e inovadoras que compartilham o fato de integrarem o conjunto
façam frente à forte competição global por dos Sete Povos das Missões, nem tão pouco
visibilidade e espaços no mundo dos consumi- consegue satisfazer um grupo especializado
dores. A cidade de Santo Ângelo está atenta de turistas, pois normalmente esse público
a essa realidade atual e para isso iniciou uma consumidor mais experiente é conhecedor do
discussão para traçar estratégias de fortale- que existe de mais moderno nos principais
cimento e promoção de sua imagem. Algu- centros do país e do mundo, tornando-o con-
mas estratégias foram propostas e analisadas sequentemente mais exigente.
neste trabalho e deverão ser construídas por As alternativas geradas na fase de experi-
etapas. mentação buscaram potencializar a identida-
A pesquisa foi desenvolvida com base no de de Santo Ângelo e, para isso, foi sugerido
conceito de design estratégico em seus diver- um caminho projetual que permitirá promover
sos aspectos e utilizando seus mais variados este território como pólo regional econômico
instrumentos. O referencial teórico deteve a e cultural, mesclando aspectos históricos de
base de apoio para a análise e diretrizes pro- sua territorialização com elementos contem-
postas. Durante a coleta de dados detectou-se porâneos de design, promovendo assim uma
um desejo da comunidade local de estimular imagem diferenciada e atual, pensada para ser
o desenvolvimento de Santo Ângelo, valori- construída coletivamente.
zando suas principais características arquite- As estratégias de comunicação e marke-
tônicas e culturais. A pesquisa contextual per- ting ajudarão a dar visibilidade ao que estará
mitiu compreender as dinâmicas do território, sendo desenvolvido, além de agregar esforços
descobrindo suas riquezas e oportunidades. numa mesma direção. Dessa forma, destaca-se
A metodologia do design estratégico especialmente o pioneirismo do SEBRAE ao
possibilitou a aplicação de um processo de acreditar na viabilidade dessas ideias e, tam-
experimentação que confrontou os aspectos bém, defendê-las com propriedade perante o
locais com estudos de casos que são consi- poder público local e os demais representan-
derados referências de sucesso no cenário tes da Associação Comercial e da comunidade.
internacional. A experimentação, mesmo re- Sabe-se que quanto mais grupos envolvidos
presentando apenas o início de uma proposta na defesa de um ideal, mais chances existem
de transformação territorial, conseguiu gerar de torná-lo concreto.
diversas alternativas promissoras para serem O primeiro passo foi dado, as diretrizes
implementadas no território de Santo Ângelo. foram traçadas e compartilhadas com todos.
Desde o princípio, a identidade missio- Agora começa um segundo momento, uma
neira foi considerada a base de toda a imagem fase de captação de recursos, divisão de res-
que se deseja construir para este território. ponsabilidades, seleção de mão de obra espe-
Entretanto, ela sozinha não é suficiente para cializada, fiscalização da fase de execução e
cobrança de resultados.
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7. REFERÊNCIAS
AGNEW, J.A. Place and politics: the geo-
graphical mediation on state and society.
Boston and London: Allen and Unwin, 1987.

BOFF, Claudete. A imaginária Guarani:


o acervo do Museu das Missões. EDIURI:
Santo Ângelo, 2005.

CASTELLS, Manuel. O poder da identidade.


2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

CUSTÓDIO, Luiz Antonio Bolcato. Missões


Jesuíticas: Arquitetura e Urbanismo.
Caderno de História, nº 21. Memorial do Rio
Grande do Sul. 2004.

KOTLER, Philip; C. Asplund, I. Rein and D.


Haider. Marketing Places Europe. Pearson
Education Ltd., London, 1999.

LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade.


Tradução Jefferon Luiz Camargo. São Paulo:
Martins Fontes, 1997.

MERONI, Anna. Strategic design: where are


we now? Reflection around the foundations
of a recent discipline. Design Research
Journal, 2008.

REYES, Paulo. Identidade X Identidades:


uma visão pelo Design. In: Cadernos de Es-
tudos Avançados em Design. Belo Horizon-
te: EdUEMG, 2010.

SERRA, José Maria. Elementos Urbanos,


mobiliario e microarquitetura. Barcelona:
Gustavo Gili,1996.
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8. FICHA TÉCNICA
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

REITOR DA UNIVERSIDADE Pe. Marcelo Fernandes de Aquino

Diretor da Unidade de Graduação Prof. Dr. Gustavo Severo de Borba

GERENTE DE BACHARELADOS Prof. Dr. Gustavo Daudt Fischer

Coordenação do Projeto Prof. Fabricio Tarouco


Doutorando em Comunicação

Consultoria Prof. Paulo Reyes


Doutor em Comunicação

Equipe de Pesquisas Bruna Remus
Mestre em Design Estratégico

Igor Casenote
Mestre em Design Estratégico

Larissa Crippa
Especialista em Design Gráfico

Tiago Balém
Mestre em Design Estratégico

Equipe de Projetação Gabriel Ramos – Bacharel em Design


Giovanni Arroque – Bacharel em Design
Leonardo Sarmanho – Bacharel em Design
Luhcas Alves – Bacharel em Design

Articulação Universidade-Prefeitura Lisiani Uggeri Hampel


Técnica do SEBRAE Noroeste

Projeto Gráfico Profª. Leandra Saldanha


Mestranda em Design Estratégico

Participação em Workshop
Adriana Angar | Agda Fronza | Alessandra Maccali | Aline Molina Medina | Ana von Frankenberg Berger | Ander-
son Dutra Fagundes | Andressa Merola Jacob | Bruna Dutra | Bruna Vieira Spenner Carlos Roberto Flores Torres
| Carolina Costa Dutra | Carolina Hermes Eichenberg | Débora de Souza Edson Busin | Elisa Gijsen | Enio Matheus
dos Santos | Fabiana Kenia de Avila | Fabíula Angonese | Fernando Pereira Flores | Fernando Schlickmann |
Francine Velho Daniel | Gertri Bodini | Gabriela Zambenedetti | Juliana Kohlrausch Silva | Laura Guidali Amaral
| Laura Sarcony Fedrizzi | Lídia de Oliveira Pessoa | Livia Gomes Iglin | Luana Maciel Bruxel | Luciane de Carlo
| Luciano Tatsch Hoeltz | Luísa Prussiano Diebold | Marcelo Diehl | Maria Suzana Graeff | Marina Vargas Garcia
| Max Leandro Amaral Senger | Michael Leite Melchiors | Nicolle Selau da Silveira | Paulo Ricardo Machado |
Sandra Regina Staffa da Costa | Sílvia Bolzan Arroque | Tahis Lopes Garrido | Tiago Toso | Vicente Gomes Pinto.

www.unisinos.br/design - [email protected]
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“A construção de uma identidade territorial é algo complexo, que envolve vários
fatores que mudam conforme as características de cada localidade. Na tentativa
de criar uma imagem forte na mente das pessoas, várias cidades investem no
que têm de mais característico, diferenciado e atrativo. Pensando dessa forma,
a cidade de Santo Ângelo está atenta a essa realidade, iniciando uma discussão
para traçar estratégias de fortalecimento e promoção de usa imagem.”
FOTO: CATEDRAL ANGELOPOLITANA

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