Design Territorial para Santo Ângelo - UNISINOS
Design Territorial para Santo Ângelo - UNISINOS
Design Territorial para Santo Ângelo - UNISINOS
SANTO ÂNGELO
PROJETO EM DESIGN ESTRATÉGICO
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DESIGN TERRITORIAL PARA
SANTOÂNGELO
PROJETO EM DESIGN ESTRATÉGICO
ISBN 978-85-7431-513-3
CDU 711.4(816.5)
Catalogação na Publicação:
Bibliotecária Fabiane Pacheco Martino - CRB 10/1256
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SUMÁRIO
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1 INTRODUÇÃO
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 94
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 95
8 FICHA TÉCNICA 96
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1. INTRODUÇÃO
Fabricio Tarouco e Paulo Reyes
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1.1 OS TERRITÓRIOS NA BUSCA DE UMA IDENTIDADE
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1.2 AS PREMISSAS ABORDADAS
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O processo de territorialização de San- Atualmente, a cidade conta com uma
to Ângelo teve no século XVIII um dos pon- população estimada em 75 mil habitantes
tos fortes de sua história, quando foi um (segundo dados do IBGE, 2008, apresenta-
dos Sete Povos das Missões Jesuíticas que dos na figura 20).
colonizaram o Rio Grande do Sul. Inicial- Distante 459 km da capital gaúcha, a
mente ocupada por índios, a redução foi cidade é hoje reconhecidamente um pólo
consagrada ao Anjo Custódio das Missões, regional de comércio, serviços e indústria.
protetor de todos os povos missioneiros, e Vive recentemente um processo de mu-
fundada oficialmente no dia 12 de agosto danças econômicas e sociais que, segundo
de 1706, quando o povoado deu origem à relatos, a revela como um dos melhores
cidade. Sua população anteriormente habi- cenários de crescimento sócioeconômico
tara Concepción, passara por Ijuí e por fim da cidade. Nos anos 1980, diversas eman-
se fixara-se em Santo Ângelo, com 2.879 cipações ocorreram, retalhando o território
pessoas sob o comando do Padre Diogo de de Santo Ângelo, reduzindo-o a menos de
Hasse, da Companhia de Jesus. Quase dois 10% do território original. Além das eman-
séculos depois, em 22 de março de 1873, o cipações, uma quebra geral nas indústrias
povoado foi emancipado da cidade de Cruz locais e a corrida por oportunidades no
Alta e reconhecido como município, no es- centro-oeste do país provocaram uma gran-
tado do Rio Grande do Sul, Brasil. de emigração. No final da década de 1990,
Já no final do século XIX, grandes le- a cidade começou um processo de “ressur-
vas de imigrantes chegaram também a San- reição”. A população, que chegou a 90.000
to Ângelo. Destacam-se alemães, italianos, habitantes nos melhores momentos, voltou
poloneses, russos, holandeses, entre ou- a aumentar, devido à reabertura de indús-
tros grupos vindos da Europa. trias e à atração de novos investimentos.
CRESCIMENTO POPULACIONAL
57.253
80.754
93.667
76.592
76.745
73.800
77.306
77.705
79.086
79.603
80.117
75.620
100.000
50.000
0
1991
2000
2002
2005
1927
1970
1980
2001
2004
2006
2007
2008
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2.1 A Identidade de Santo Ângelo
Identidade é a fonte de significado danças econômicas e sociais da cidade que a
e experiência de um povo, com base em promoveram como pólo da região.
atribuitos culturais inter-relacionados Portanto, seguindo a ideia de que a
que prevalecem sobre outras fontes de construção de uma identidade territorial é
significado, normalmente relacionados com o algo complexo e que envolve vários fatores
seu território e com a sua história (CASTELLS, que mudam a cada realidade, listam-se di-
2000). Segundo Reyes (2010), muitas das versos elementos que contribuem para essa
pequenas e médias cidades do Rio Grande construção e analisa-se a identidade de Santo
do Sul se desenvolvem ainda em torno da Ângelo com base nesses elementos.
imagem de uma identidade relacionada a uma
etnia fundante da comunidade, corroborando Aspectos Históricos de Santo Ângelo
o conceito acima descrito. A origem inicial de ocupação por índios
No entanto, sabe-se que, a partir da guaranis retrata apenas o começo de um pro-
ampliação do conceito de identidade desen- cesso particular de construção de uma identi-
volvido recentemente, este recebe hoje uma dade que, assim como em um livro de contos,
multiplicidade de interferências tanto de sofreu inúmeras influências e intervenções
ressignificações do mundo globalizado, como com o passar dos anos e com a ação de per-
dos sujeitos de identidades multifacetadas. sonagens que realizam suas práticas neste
Assim, entende-se que a identidade está em contexto territorial, mas que também sofrem
permanente construção e nunca está aca- influências do ambiente externo. Entretan-
bada; ela desenvolve-se sofrendo a ação da to, a história, ou seja, o passado registrado,
história. continua essencial para a construção dessa
No caso específico de Santo Ângelo, identidade.
pode-se afirmar que parte da construção de Os Guaranis são uma das mais represen-
sua identidade está relacionada, em certa tativas etnias indígenas da América do Sul.
medida, ao tempo e aos detalhes do que se Eram povos nômades, vindos da Amazônia,
conta. Seu território é rico devido, entre ou- e migravam em busca da terra sem mal. Se-
tras coisas, ao seu forte apelo ao imaginário gundo Meliá, citado em Custódio (2004), “a
marcado por uma sequência de ocupações de terra sem mal é antes de tudo a terra boa,
culturas tão diversas. Mas, Santo Ângelo tem, fácil de ser cultivada, produtiva, suficiente e
em sua história, uma história ainda a contar. amena, tranquila e aprazível, onde os Guara-
Assim, percebe-se que a identidade em San- nis podem viver em plenitude seu modo de
to Ângelo foi construída por uma mescla de ser autêntico”. Em busca da terra sem mal,
atributos materiais consolidados e projetados os Guaranis foram à Argentina, ao Paraguai,
no binômio Tradição x Modernidade, sendo a à Bolívia e ao Brasil, onde se concentraram
tradição dada pelo forte apelo à história, e a no centro meridional sul, região na qual está
modernidade conferida pelos avanços e mu- inserida Santo Ângelo.
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Anos mais tarde, na derradeira onda colonizadora jesuíta na região, foram fundados
os Sete Povos, depois de terem sido fundadas dezoito reduções em tempos anteriores,
todas destruídas pelos bandeirantes brasileiros e exploradores portugueses. Essas mis-
sões foram uma forma alternativa de colonização cristã dos índios, difundida por padres
espanhóis da Companhia de Jesus, congregação Católica. Os objetivos eram evangelizar
índios e criar sociedades com benefícios e qualidades europeias, porém livres de vícios e
maldades. A localização geográfica das missões jesuíticas é vista a seguir.
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A Arquitetura de Santo Ângelo
Segundo dados cedidos pela prefeitu- em escala e, por não ser compreendida em
ra, apesar de ter havido, na formação da curto espaço-tempo, requer a sequência de
cidade, uma forte influência das coloniza- diferentes planos, que se alteram dentro de
ções germânica, italiana e polonesa, hoje uma dinâmica conformada por inúmeros ele-
existem poucos remanescentes da arqui- mentos, móveis e imóveis. São esses conjun-
tetura típica dessas etnias, dos quais se tos de diferentes fatores que denotam a legi-
encontram ainda algumas casas com man- bilidade das cidades, conceito desenvolvido
sardas, telhados altos, beirais, rendilhados por Kevin Lynch (1997).
nos alpendres. Para Lynch, a cidade que denota clare-
Do início do século XX restam alguns za ou legibilidade seria aquela cujos bairros,
prédios de estilo eclético, ricos em deta- marcos ou vias fossem facilmente reconhecí-
lhes: medalhões, pináculos, guirlandas. Há veis e agrupados num modelo geral. Assim,
também casas e sobrados em estilo colonial os aspectos físicos da cidade, caracterizam-
e alguma influência da arquitetura residen- se, em sua maioria, por apresentar: traçado
cial urbana portuguesa do período colonial, regular em formato xadrez; topografia pra-
além de prédios em estilo art-déco, com fa- ticamente plana; alta taxa de ocupação do
chadas lisas, saliências e reentrâncias pró- solo; edificações baixas de dois pavimentos,
prias do estilo, conciliando retas e curvas. chegando no máximo a oito com ausência de
Resumindo, não existe em Santo Ângelo um afastamento lateral e frontal, em sua maio-
estilo arquitetônico único ou predominan- ria; presença de edificações antigas, algumas
te, existem, sim, vários estilos de várias de interesse histórico; uso de muitas cores
épocas, que convivem com as construções destoantes entre elas; térreo praticamente
recentes. todo comercial; pouca e baixa vegetação ur-
A cidade também é obra arquitetônica. bana e centro urbano claramente evidente e
Como uma construção no espaço se difere diferente dos demais bairros.
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IMAGENM 07: Museu Ferroviário. | IMAGENS 08 a 14: Prédios do Centro Comercial de Santo Ângelo. Fotos de Tiago Balem.
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15 A regularidade do terreno comercial,
bastante presente na região central, é
uma característica bastante positiva para
a imagem e para a dinâmica da cidade, já
que reforça e representa uma cidade viva
e de estreita relação com o espaço público
da rua, além de por si só já construir uma
imagem clara.
Essa dinâmica valoriza uma qualidade
urbana reforçada pela densidade edifica-
da na área central, pela continuidade das
fachadas sem recuos e por ser uma cidade
praticamente plana, fatores que também
tornam o movimento mais fácil e convida-
tivo à circulação.
Entretanto, percebe-se muitas vezes
uma apropriação desregulada dos espaços
públicos da cidade. As calçadas são comu-
mente ocupadas por comerciantes que bus-
cam ampliar o espaço físico de seus esta-
belecimentos a fim de oferecer um maior
conforto e aproximação com seus clientes
ou para atender um público maior do que
poderia. Essa prática irregular pode acabar
prejudicando a imagem do centro comer-
cial, além de dificultar a circulação de pe-
destres pelo local.
A preservação do patrimônio arqui-
tetônico local é um atrativo especial que
ajuda a reafirmar uma identidade para o
município, estabelecendo vínculos fortes
com um passado cada vez mais distante.
As cores predominantes são geralmente o
ocre, os tons de bege e amarelo, que estão
diretamente relacionados com o solo da re-
gião e com as matérias-primas provenien-
tes dele.
IMAGEM 15 - Utilização irregular das calçadas.
Fotos Tiago Balem.
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Um elemento forte da paisagem, que 16
recentemente foi reformado por um novo
projeto, é a Praça da Catedral, que, segun-
do relatos, gerou mais satisfação dos usu-
ários, mais movimentação e ofereceu mais
serviços que anteriormente. Possui espaço
aberto seco, área sombreada por grandes
árvores, pracinha, elementos decorativos,
de arte e alguns funcionais. Há pergolado,
chafariz, esculturas, bancos, luminárias,
jardins, área gramada, bar, loja de artesa-
nato, além de paradas de ônibus e ponto de
táxi. É um ponto de referência na cidade,
além de emoldurar o cartão postal, a ca-
tedral. É circundada por outros elementos
referenciais como o museu da cidade, edi-
ficações de interesse histórico e a prefeitu-
ra, prédio de expressiva arquitetura histo-
ricista que no futuro sediará um centro de
cultura.
A praça localiza-se onde era a antiga
praça e igreja da Redução de Santo Ângelo
Custódio. No processo de reforma, foram
realizadas escavações arqueológicas, onde
foram encontrados e preservados fragmen-
tos da antiga igreja e elementos do entor-
no imediato daquele sítio, pois nada mais
daquela época é visível aos olhos. Estes
resquícios, protegidos e expostos no local
de origem, compõem os únicos elementos
que de fato confirmam que Santo Ângelo
fez parte das Missões. Outros fragmentos
estão armazenados na Universidade Regio-
nal Integrada (URI).
IMAGENS 17 a 23 - Monumentos de Santo Ângelo (17. Prefeitura Municipal, 18. Antiga Estação Ferroviária, 19. Museu
Municipal, 20. Catedral, 21. Monumento ao Índio Guarani.. 22. Monumento ao Tio Bilia, 23. Memorial Coluna Prestes),
Fonte: Site da Prefeitura Municipal.
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Imagens 24 a 27 - locais da cidade. (24. Av.Brasil, 25. Praça Leônidas Ribas, 26. Praça Pinheiro Machado, 27. Av. Ipiranga).
Fonte: skyscrapercity.com.
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O Mobiliário Urbano de Santo Ângelo
Outros elementos que também re-
forçam a construção de uma imagem e fa-
zem parte desse projeto são as calçadas e o
mobiliário urbano, ambos podem ser vistos
nas figuras 28 e 29. Entende-se por mobili-
ário urbano peças e equipamentos instala-
dos em meio público, para uso dos cidadãos
ou como suporte às redes urbanas funda-
mentais. Em uma análise visual no mobi- 29
liário de Santo Ângelo, percebe-se que ele
é carente de uma identidade integrada. As
formas e cores utilizadas não apresentam
uma uniformidade nem um conceito claro
que valorize e integre o espaço urbano. São
peças aparentemente criadas de forma in-
dependente uma da outra, que perdem seu
poder de embelezamento e de reafirmação
dos aspectos locais.
Embora se verificasse que a área em
questão é, em certa medida, servida de
mobiliário urbano, ele necessita ser melhor
distribuído, precisa de revisão de seu de-
sign para cumprir de forma adequada suas
funções. Como se constatou, as lixeiras não
acondicionam de forma adequada o lixo,
deixando-o vazar. Há inúmeras lixeiras par-
ticulares pela cidade de diferentes padrões.
Os bancos são de materiais de baixo con-
forto térmico e pouco ergonômicos, algu-
mas calçadas são de materiais escorregadi-
ços ou de baixa qualidade, e as luminárias
públicas são de inúmeros padrões.
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IMAGEM 28 - A padronagem e as cores das calçadas de Santo Ângelo. Fotos Tiago Balem.
IMAGEM 29 - O mobiliário urbano do centro comercial de Santo Ângelo. Fotos Tiago Balem.
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Os Símbolos Gráficos de Santo Ângelo
Os materiais gráficos encontrados em 30
Santo Ângelo podem ser divididos em dois
grupos: os alinhados pela “Rota das Mis-
sões”, distribuídos em conjunto com os de
outros povos jesuíticos, e os independen-
tes, que apresentam apenas os atrativos da
cidade. Os assinados pela “Rota das Mis-
sões”, de modo geral, apresentam uma qua-
lidade superior aos materiais municipais.
A linguagem gráfica muda de um material
para o outro, sem uma identidade consis-
tente. São projetos gráficos variados, que
diferem em formato, diagramação, tipo-
grafia, padrão cromático e tratamento das
imagens. Esses materiais objetivam forta-
lecer a identidade missioneira, não abor-
dando outros aspectos da cultura desses
territórios.
Ao analisar as assinaturas visuais da
rota turística “Rota das Missões” e do mu-
nicípio de Santo Ângelo, percebe-se que
elas apresentam grande similaridade com
as marcas das agências turísticas “Missões
Turismo” e “Caminho das Missões”, que
utilizam a cruz missioneira como símbolo
principal. Isso cria uma identidade, mas
gera uma confusão na sua recepção pelo
indivíduo.
O estereótipo de cruz comunica a sim-
bologia jesuítica com facilidade, mas não
consegue se apresentar como algo atrativo,
contemporâneo. Da mesma forma, a mar-
ca da atual gestão de Santo Ângelo possui
como símbolo a Catedral Angelopolitana,
representada com linhas estilizadas. Já o
selo de 300 anos de Santo Ângelo Custódio
tem foco na imagem do anjo, representada
com traços mais realistas.
IMAGEM 30 - Assinaturas Visuais das Missões.
28|
31
Observa-se que todo o conjunto de materiais explora um forte apelo religioso, que em
outro momento teria valor incontestável, mas hoje, com o declínio do catolicismo, deixa
dúvidas sobre sua eficácia, visto que uma imagem mais contemporânea atrairia um público
mais diversificado.
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Quando se afirma que esse é o desafio Dentro das situações urbanas encon-
do centro comercial, se está levando em tradas por Lynch (1997) que denotam legi-
consideração a situação atual dessa área, bilidade e qualidade para a imagem da cida-
que, com base em uma forte competitivi- de, ele apresentou os pontos nodais como
dade local, fez as lojas tomarem iniciativas elementos de referência definidos como
isoladas para atrair o seu público. É o caso focos estratégicos, nos quais o observador
de várias lojas que se utilizam das calçadas pode entrar. Esses espaços se definem por
como mostruário de suas mercadorias, da momentos de alta densidade e dinâmica
mesma forma que inúmeros bares avançam no ambiente público aberto igualmente ao
com toldos, marquises e coberturas, ocu- existente nessa área em Santo Ângelo.
pando até o limite da calçada, inclusive
com mesas e cadeiras.
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Na tentativa de criar uma imagem forte na mente das pessoas, muitas cidades vêm
investindo no que têm de mais característico, diferenciado e atrativo, como elementos de
visibilidade, diferenciação e impacto turístico e comercial. Por esse motivo, esta pesquisa
de referências busca reunir estímulos projetuais que ratifiquem a importância estratégica
de se construir uma identidade territorial forte perante o mundo globalizado, além de
proporcionar também critérios para se analisar e construir um projeto de valorização do
objeto de estudo desta pesquisa.
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IMAGEM 47 - Moodboard de intervenções urbanas como estratégia de marca.
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3.5 Branding Territorial
Quando um território consegue mapear objetivamente os aspectos que formam sua
identidade, torna-se mais fácil projetar as ações e estratégias que contribuirão para o
fortalecimento de sua imagem na percepção do público externo e para diferenciá-lo da
concorrência. As estratégias adotadas procuram criar um reconhecimento fácil do lugar e
uma lembrança espontânea dele, estabelecendo associações positivas com o público-alvo e
desenvolvendo um relacionamento de fidelidade intenso entre o território e seus usuários.
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O desenvolvimento deste projeto foi Para realizar este trabalho, de cunho
construído com base nos processos de de- qualitativo, desenvolveu-se uma experimen-
sign, fazendo uso, quando necessário, das tação sobre o objeto de estudo estabelecido:
metodologias e ferramentas de que o design a cidade de Santo Ângelo. Para o desenvol-
estratégico dispõe. O design estratégico é vimento desta experimentação foram envol-
uma área de pesquisa projetual relacionada vidos os principais responsáveis pelas ações
ao sistema-produto, que se apropria de di- promovidas no território. Neste caso, o SE-
versas outras áreas do conhecimento para BRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
obter respostas inovadoras a necessidades Pequenas Empresas), O CDL de Santo Ângelo
específicas (Meroni, 2008). A expressão (Clube de Dirigentes Lojistas), o poder pú-
sistema-produto se entende pela integra- blico (Prefeitura Municipal) e a comunidade
ção de produtos, serviços, experiências e santo-angelense (moradores locais). Confor-
estratégias de comunicação orientadas ao me mostra a figura, a pesquisa foi estruturada
desenvolvimento de soluções, em que qual- em cinco momentos: análise de referências
quer ator ou rede de atores estão inseridos, bibliográficas, coleta de dados, experimen-
utilizando-se para obter resultados estraté- tação pelo design, apresentação e discussão
gicos específicos e coerentes com as neces- dos resultados com os representantes locais
sidades do cliente e do contexto. e, por fim, a publicação dos resultados.
BLUESKY/TENDÊNCIAS SEBRAE
MARCA
COMUNIDADE
ESTRATÉGIA
DESIGN CONCLUSÃO
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58
Neste cenário, o grupo definiu que o mobiliário no qual se utilize luz alterna-
ritmo do espaço territorial deve ser deter- damente conforme a passagem do tempo,
minado pela frequência e amplitude da luz, transformando a cidade num constante
sendo o espaço percorrido pela passagem evento. Tudo isso ocorre paralelo à limpeza
de cor e o movimento propiciado por ela. de fachadas que promovem o patrimônio
Apropria-se destes fenômenos para com- existente.
posição de espaço urbano, com criação de
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Foram propostos quiosques padronizados para sediar os polos de atração, que ficariam lo-
calizados em pontos estratégicos do centro comercia, os quais são apresentados na figura 63.
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IMAGEM 67 - Marca do projeto Missão das Cores. | IMAGEM 68. Distribuição de cores em segmentos do comércio.
IMAGEM 69 - Outdoor publicitário da campanha.
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Foi pensado um mobiliário urbano alinhado com a proposta das cores e projetado sob
influência dos jesuítas, buscando formas que remetessem a essa referência. As lixeiras,
colocadas em frente aos estabelecimentos, receberiam a cor relacionada à loja. Já os
bancos e demais mobiliários, teriam cor neutra, de forma a preservar a integridade visual
do local.
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73
IMAGEM 70 - Simulação das cores nas fachadas. | IMAGEM 71 - Simulação das cores no período noturno.
IMAGEM 72 - Integração das fachadas com o mobiliário urbano. | IMAGEM 73 - Concepts de mobiliário urbano.
57|
Os eventos e festas da cidade também
receberiam cores, conforme demonstra a
figura 74. Com a ajuda de comerciantes e
moradores, cor do evento seria espalhada
por toda a cidade, como em mercadorias
nas vitrines e decoração das lojas e casas.
À noite, esta cor estaria presente também
na iluminação de locais públicos.
O que se pode ressaltar desse concept
é que o uso da cor no território serve como
elemento de forte impacto na identidade
74
de um lugar, conforme já se argumentou na
pesquisa de referências projetuais. Dessa
forma, acredita-se que testar possibilida-
des da utilização de cores seja um caminho
interessante a ser explorado. Mesmo que
não seja padronizando seu uso, é necessá-
rio aproveitar essa diversidade cromática
existente na cidade de Santo Ângelo.
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85 86
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GASTRONOMIA
VESTUÁRIO
RELIGIÃO
SERVIÇOS
CULTURA
SAÚDE
LAZER
O logotipo proposto pelo grupo visa à representação da mistura dos povos missionei-
ros, caracterizados pelo uso das diferentes cores. São referenciados os ícones relativos às
ofertas de serviços contidas na cidade, bem como o movimento urbano.
94
IMAGEM 93 - Paleta de cores dos serviços. IMAGEM 94 - Marca proposta pelo grupo.
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As linhas tramam a cidade, conectando lugares, sugerindo caminhos e orientando
passeios. As linhas invadem fachadas, mobiliário urbano e interagem com elementos da
cidade. A ilustração simula essa conexão do território com as referências gráficas.
96
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97
98
101
IMAGEM 100 - Sistema de trocas Anjo. IMAGEM 101 - Storyboard do funcionamento do sistema.
69|
Um cartão também é ofertado como 102
ferramenta de controle do acúmulo de mo-
eda local. Com a realização do cadastro e
de posse do cartão pessoal, é possível que
o indivíduo usufrua dos benefícios do ser-
viço. De acordo com o storyboard apresen-
tado, o usuário chega ao estabelecimento,
escolhe o que deseja e paga, utilizando seu
cartão do sistema Anjo, em que tem $e
(serves) acumulados.
Para acumular a moeda, é preciso pres-
tar serviços, vender algo ou comprar crédi-
tos utilizando a moeda nacional (R$ - Re-
ais). A imagem seguinte ilustra o sistema 103
de trocas de serviços por $erves.
A próxima imagem apresenta as fun-
ções online que o sistema oferece. Nele é
possível conferir os créditos disponíveis,
bem como outros serviços que o Projeto
Anjo também disponibiliza, como roteiro de
caronas, eventos da cidade, hospedagem,
entre outros.
Esse concept é inovador, em compara-
ção com os demais, por oferecer uma dinâ-
mica que ainda não havia sido proposta pe- 104
los outros grupos. Ao focar diretamente no
funcionamento dos serviços, ele consegue
intervir nos principais responsáveis pela
movimentação do comércio local, que é a
oferta de produtos e uma moeda de troca
para pagamento, facilitando, assim, o pro-
cesso de compra e venda.
IMAGEM 102 - Cartões para uso do sistema. IMAGEM 103 - Stroyboard do sistema de trocas.
IMAGEM 104 - Serviços do sistema on line.
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4.3 Articulação dos Resultados
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5. PROJETAÇÃO
Gabriel Ramos,
Luhcas Alves,
Giovanni Arroque,
Leonardo Sarmanho
e Fabricio Tarouco.
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111
112
113
114
115
116
117
119
121
IMAGEM 120 - Teste de alturas do suporte de sustentação. | IMAGEM 121 - Suporte central com facetas laterais.
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Também foi pensada uma utilização maior das cores, fazendo referência ao grande
número de tonalidades encontradas nas fachadas das casas da cidade de Santo Ângelo. Os
testes podem ser conferidos na próxima ilustração. Entretanto, considerou-se que o uso
de cores entraria em atrito com as já existentes no território.
122
123
124
125
126
IMAGEM 125 - Proposta de iluminação pública. | IMAGEM 126 - Ambientação das luminárias.
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Como forma de identificar os lojistas
que aderiram ao projeto, forma desenvol-
vidos elementos de numeração dos esta-
belecimentos comerciais. Esses elementos
foram trabalhados em preto e branco para
não entrar em conflito com as múltiplas co-
res existentes nas fachadas das lojas.
127
128
130
132 133
134
A escolha das cores foi definida pelo bom senso de não criar atrito com as múltiplas
cores existentes na área de sua provável aplicação, portanto optou-se por trabalhar apenas
com o preto e o branco de forma equilibrada. O material sugerido são pedras portuguesas
por permitirem a reprodução fiel do desenho proposto. Duas alternativas foram inicialmen-
te apresentadas, ambas exploravam grandes círculos como elemento de identificação e
alinhamento com os outros produtos do projeto.
135
137 138
centro comercial
139
IMAGEM 137 - Logomarcas com payoff do projeto. | IMAGEM 138 - Logomarcas com payoff do Centro Comercial.
IMAGEM 139 - Versões preto e branco, paleta cromática e fontes utilizadas.
92|
5.4. As estratégias
As estratégias de marca a serem colocadas em prática remetem a um conjunto de ações
pensadas para fortalecer a identidade projetada, pois, para que uma marca seja reconheci-
da por todos é necessário que ela esteja fortemente presente na mente das pessoas. Para
isso, precisaria ser criada uma série de pontos de contato dessa marca com a sociedade.
Foi, então, pensada uma gama de materiais da qual deriva essa identidade visual.
A primeira proposta de aplicação da marca foi a criação de sacolas padronizadas para
todo o comércio de Santo Ângelo. As opções de sacolas em papel reciclado guardam um
espaço especial para que cada comerciante possa também aplicar sua marca e associá-la
ao projeto.
140
141
Da mesma forma que a marca seria derivada em diferentes aplicações, a mascote pos-
sibilita a criação de uma família de produtos personalizados.
IMAGEM 142 - Produtos personalizados com uso do mascote: chaveiros, adesivos para diferentes aplicações, copos,
embalagens temáticas e embalagens com marcas.
94|
Com a última etapa de projetação escolhidas para as calçadas, que, segundo
concluída, foi realizado um encontro para eles, é inapropriada para a cidade, pois a
a apresentação e validação dos resultados região possui um solo vermelho muito for-
alcançados. Participaram desta apresenta- te e acabaria manchando e sujando o bran-
ção os principais responsáveis pelas ações co sugerido com a circulação de pessoas
promovidas no território, que neste caso e veículos. Por fim, surgiu a dúvida sobre
foi o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio a viabilidade de aplicação de pedras por-
às Micro e Pequenas Empresas), o CDL de tuguesas na construção das calçadas, por
Santo Ângelo (Clube de Diretores Lojistas), causa do custo elevado e da necessidade
o poder público (Secretários Municipais) e de ser construída na sua extensão total,
representantes da comunidade santo-ange- não permitindo que cada proprietário faça
lense. O encontro aconteceu no auditório a sua parte separadamente, já que os en-
do SEBRAE de Santo Ângelo, situado na caixes da padronagem correriam o risco de
Avenida Venâncio Aires, 1615, com a coor- ficarem desencontrados. Para solucionar
denação da Srª. Lisiani Uggeri Hampel, téc- o problema das calçadas foram propostas
nica do SEBRAE Noroeste. duas alterações no que havia sido pensado
Dessa análise surgiram sugestões de originalmente: a mudança das cores utili-
melhorias: a principal diz respeito às cores zadas e a proposição de ladrilhos.
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Tiago Balém
Mestre em Design Estratégico
Participação em Workshop
Adriana Angar | Agda Fronza | Alessandra Maccali | Aline Molina Medina | Ana von Frankenberg Berger | Ander-
son Dutra Fagundes | Andressa Merola Jacob | Bruna Dutra | Bruna Vieira Spenner Carlos Roberto Flores Torres
| Carolina Costa Dutra | Carolina Hermes Eichenberg | Débora de Souza Edson Busin | Elisa Gijsen | Enio Matheus
dos Santos | Fabiana Kenia de Avila | Fabíula Angonese | Fernando Pereira Flores | Fernando Schlickmann |
Francine Velho Daniel | Gertri Bodini | Gabriela Zambenedetti | Juliana Kohlrausch Silva | Laura Guidali Amaral
| Laura Sarcony Fedrizzi | Lídia de Oliveira Pessoa | Livia Gomes Iglin | Luana Maciel Bruxel | Luciane de Carlo
| Luciano Tatsch Hoeltz | Luísa Prussiano Diebold | Marcelo Diehl | Maria Suzana Graeff | Marina Vargas Garcia
| Max Leandro Amaral Senger | Michael Leite Melchiors | Nicolle Selau da Silveira | Paulo Ricardo Machado |
Sandra Regina Staffa da Costa | Sílvia Bolzan Arroque | Tahis Lopes Garrido | Tiago Toso | Vicente Gomes Pinto.
www.unisinos.br/design - [email protected]
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“A construção de uma identidade territorial é algo complexo, que envolve vários
fatores que mudam conforme as características de cada localidade. Na tentativa
de criar uma imagem forte na mente das pessoas, várias cidades investem no
que têm de mais característico, diferenciado e atrativo. Pensando dessa forma,
a cidade de Santo Ângelo está atenta a essa realidade, iniciando uma discussão
para traçar estratégias de fortalecimento e promoção de usa imagem.”
FOTO: CATEDRAL ANGELOPOLITANA
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