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CONSUMIDOR
NOVAS TENDÊNCIAS E PERSPECTIVA COMPARADA
Organizadores
Isabela Maiolino
Luciano Benetti Timm
Editora Singular
MAIOLINO, Isabela; TIMM, Luciano Benetti (Orgs). Direito do
consumidor: novas tendências e perspectiva comparada. Brasília:
Editora Singular, 2019.
ISBN: 978-85-53066-25-4
Organizado por:
Isabela Maiolino
Luciano Benetti Timm
Diagramação e edição: Isabela Maiolino
Revisão: Isabela Maiolino
Capa: Luiza Ribeiro de Menezes Souza
2
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
SUMÁRIO
3
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
4
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
SOBRE OS ORGANIZADORES
5
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
SOBRE OS AUTORES
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Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
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Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
8
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
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Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
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Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
INTRODUÇÃO
14
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
1. Introdução
1
Cabe destacar que a Lei nº 8.031 foi revogada pela Lei no 9.471 de julho de 1997,
a qual regulamenta, atualmente, o Programa Nacional de Desestatização.
2 Art.
1° É instituído o Programa Nacional de Desestatização, com os seguintes
objetivos fundamentais:
I - reordenar a posição estratégica do Estado na economia, transferindo à
iniciativa privada atividades indevidamente exploradas pelo setor público;
II - contribuir para a redução da dívida pública, concorrendo para o saneamento
das finanças do setor público;
III - permitir a retomada de investimentos nas empresas e atividades que vierem
a ser transferidas à iniciativa privada;
IV - contribuir para modernização do parque industrial do País, ampliando sua
competitividade e reforçando a capacidade empresarial nos diversos setores da
economia;
V - permitir que a administração pública concentre seus esforços nas atividades
em que a presença do Estado seja fundamental para a consecução das
prioridades nacionais;
15
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
4
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...)
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
(...)
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias e
permissionárias, ou sob qualquer forma de empreendimento, são obrigados a
fornecer serviços adequados, eficientes, seguros, e quanto aos essenciais,
contínuos.
5
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade,
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua
qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de
21.3.1995)
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade,
segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de
desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos
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Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
lucrativos, fundada em 2011, que tem como objetivo principal incentivar o uso da
Jurimetria, estudo empírico do Direito, como ferramenta de tomada de decisão e
melhora da prestação Jurisdicional Brasileira. É formada por pesquisadores das
áreas do direito, da estatística e atualmente é a única organização brasileira que
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Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
TJAM Telecomunicações
1997 13,5% 61,5%
TJBA Instituições
Financeiras 3700 51,5% 51,5%
TJBA Companhias de
seguro 1141 15,9% 67,3%
TJBA Telecomunicações
263 3,7% 71,0%
TJDFT Telecomunicações
13251 20,4% 20,4%
TJDFT Instituições
9538 14,7% 35,2%
Financeiras
TJDFT Transporte Aéreo
3353 5,2% 40,3%
TJMT Instituições
Financeiras 41367 24,9% 24,9%
TJMT Telecomunicações
39941 24,1% 49,0%
TJMT Companhias de
seguro 15305 9,2% 58,2%
TJRJ Telecomunicações
574943 32,7% 32,7%
TJRJ Instituições
Financeiras 428275 24,3% 57,0%
20
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
PERCENTUAL
TRIBUNAL AREA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
ACUMULADO
TJRJ Concessionárias de
154413 8,8% 65,8%
serviços básicos
TJRS Instituições
308171 28,0% 28,0%
Financeiras
TJRS Telecomunicações
246293 22,4% 50,4%
TJRS Administradoras de
Cadastro de 183300 16,7% 67,0%
Inadimplentes
TJSP Instituições
409940 40,3% 40,3%
Financeiras
TJSP Telecomunicações
152812 15,0% 55,3%
TJSP Companhias de
32278 3,2% 58,5%
seguro
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Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
8O
veto parcial encontra-se pendente de apreciação pelo Congresso Nacional.
9Agência reguladoras federais: a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC),
Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), Agência Nacional do Petróleo (ANP), Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (ANTAQ), Agência Nacional do Cinema (ANCINE). Agência
Nacional de Transporte Terrestres (ANTT), Agência Reguladora de Águas,
Energia e Saneamento do Distrito Federal (ADASA), Agência Nacional de Águas
(ANA), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No Distrito Federal
existe também a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento (Adasa).
10
Recomendação do Conselho Sobre Política Regulatória e Governança (2012, p.
01). Disponível
em: www.oecd.org/regreform/regulatorypolicy/2012recommendation.htm.
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“A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”
(Constituição, art. 5º, XXXXV).
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Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
5. Conclusão
19https://www.conjur.com.br/2018-out-27/stj-adotado-deferencia-regulacao-ans-
ministro. Acessado em 17.08.2019
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Referências bibliográficas
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1. Introdução
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1
Com relação à AED, Salama (2017, p.23) afirma que “a Economia ilumina
problemas e sugere hipóteses, mas se torna mais rica quando conjugada com
outros ramos do conhecimento, notadamente a Antropologia, a Psicologia, a
História, a Sociologia e a Filosofia”.
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3
Wilson e Waddams (2005) realizaram em sua pesquisa, estudo sobre o mercado
de eletricidade nos Estados Unidos. No mercado de eletricidade americano,
diferentemente do Brasil, as geradoras de energia não são mais reguladas,
enquanto a transmissão e a distribuição continuam reguladas.
40
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4 https://www.oecd.org/sti/consumer/consumer-policy-toolkit-9789264079663-
en.htm
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5
A Secretaria Nacional do Consumidor coordena uma ferramenta de Resolução
de Disputas Online (Online Dispute Resolution - ODR), o Consumidor.gov.br,
plataforma que permite a interlocução direta entre consumidores e empresas para
solução de conflitos de consumo pela internet.
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Referências Bibliográficas
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1. Introdução
1
A alteração da Lei 12.414/2011, que é lei ordinária (art. 47 da CF), se deu por
meio de lei complementar (art. 69 da CF) unicamente pela necessidade de
modificar pontualmente a Lei Complementar 105/2001, que trata de sigilo
bancário das instituições financeiras. A Nova Lei do Cadastro Positivo, todavia,
permanece com status de lei ordinária perante o ordenamento jurídico brasileiro.
51
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Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
2
De fato, foi-se a época em que fornecedor e consumidor se conheciam e estavam
unidos por uma relação de confiança mútua. “As relações de consumo não mais
se processam esporádica e lentamente (em dias certos de feira pública),
assumindo, ao contrário, um caráter de continuidade, de imprevisibilidade e de
velocidade: o consumidor, em um único dia, adquire produtos e serviços os mais
diversos, dos mais diferentes fornecedores e com muitos jamais teve, com certeza,
qualquer contato ou nunca mais voltará a tê-lo.” (BENJAMIN, 2007, p. 420).
3 REsp 1.630.889/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, j, em 11.09.2018, DJe
57
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
58
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
4
A comunicação de abertura de cadastro positivo é única e, feita por um banco
de dados (gestor), tem validade para todos. O § 5º do art. 4º, dispensa
expressamente a comunicação “caso o cadastrado já tenha cadastro aberto em
outro banco de dados.” Em relação à forma, a comunicação pode ser encaminhada
por carta para o endereço residencial ou comercial. Admite-se também que seja
enviada para o endereço eletrônico, com base em informações oferecidas pelo
consumidor à fonte (art. 4º, § 4º).
60
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7
Destaque-se importante passagem do voto do Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, relator do recurso especial: “No caso específico do ‘credit scoring’,
devem ser fornecidas ao consumidor informações claras, precisas e
pormenorizadas acerca dos dados considerados e as respectivas fontes para
atribuição da nota (histórico de crédito), como expressamente previsto no CDC e
na Lei nº 12.414/2011. O fato de se tratar de uma metodologia de cálculo do risco
de concessão de crédito, a partir de modelos estatísticos, que busca informações
em cadastros e bancos de dados disponíveis no mercado digital, não afasta o dever
de cumprimento desses deveres básicos, devendo-se apenas ressalvar dois
aspectos: De um lado, a metodologia em si de cálculo da nota de risco de crédito
(‘credit scoring’) constitui segredo da atividade empresarial, cujas fórmulas
matemáticas e modelos estatísticos naturalmente não precisam ser divulgadas (art.
5º, IV, da Lei 12.414/2011: [...] ‘resguardado o segredo empresarial’). De outro
lado, não se pode exigir o prévio e expresso consentimento do consumidor
avaliado, pois não constitui um cadastro ou banco de dados, mas um modelo
estatístico. Com isso, não se aplica a exigência de obtenção de consentimento
prévio e expresso do consumidor consultado (art. 4º). Isso não libera, porém, o
cumprimento dos demais deveres estabelecidos pelo CDC e pela lei do cadastro
positivo, inclusive a indicação das fontes dos dados considerados na avaliação
estatística, como, aliás, está expresso no art. 5º, IV, da própria Lei nº
12.414/2011”.
64
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
8
“Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar a boa-
fé e os seguintes princípios: I - finalidade: realização do tratamento para
propósitos legítimos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem
possibilidade de tratamento posterior de forma incompatível com essas
finalidades;”
65
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
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“Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar a boa-
fé e os seguintes princípios: I - finalidade: realização do tratamento para
propósitos legítimos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem
possibilidade de tratamento posterior de forma incompatível com essas
finalidades; II - adequação: compatibilidade do tratamento com as finalidades
informadas ao titular, de acordo com o contexto do tratamento; III - necessidade:
limitação do tratamento ao mínimo necessário para a realização de suas
finalidades, com abrangência dos dados pertinentes, proporcionais e não
excessivos em relação às finalidades do tratamento de dados;”
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Referências bibliográficas
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1Alimentos
processados são fabricados pela indústria com a adição de sal ou
açúcar ou outra substância de uso culinário a alimentos in natura para torná-los
duráveis e mais agradáveis ao paladar. São produtos derivados diretamente de
alimentos e são reconhecidos como versões dos alimentos originais. São
usualmente consumidos como parte ou acompanhamento de preparações
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2
https://alimentacaosaudavel.org.br/
80
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3
http://www.rederotulagem.com.br/
4
Vários são os casos de grandes fabricantes penalizados por práticas enganosas
nos rótulos de produtos, a exemplo dos noticiados em:
https://www.justica.gov.br/news/tang-multada-em-r-1-milhao-por-propaganda-
enganosa; e http://www.asbran.org.br/noticias.php?dsid=1429
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5
https://www.valor.com.br/patrocinado/rede-rotulagem/seminarios-
valor/especialistas-defendem-rotulagem-de-alimentos-informativ;
http://www.vivalacteos.org.br/imprensa/newsletter-semanal-15-10-2018/;
https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/leis-e-normas/industria-e-
representantes-da-sociedade-discutem-modelo-de-rotulagem-nutricional/
6
http://portaldaautopeca.com.br/proteste-discute-futuro-varejo-em-seminario/
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Impactos sócio econômicos da implementação de modelos e rotulagem
nutricional no painel frontal das embalagens de alimentos e bebidas”. GO
Associados, julho 2018.
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4. Considerações finais
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Referências bibliográficas
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Introdução
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Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
formas de aquisição, uso e descarte de bens, não se explicam mais por meio
da mera necessidade física e biológica de consumir.
O nível e o estilo do consumo tornaram-se a principal fonte de
identidade cultural e de participação na vida coletiva. De acordo com o
contexto, nós hierarquizamos os bens e consideramos que alguns sejam
mais lícitos do que outros, e assim, certos significados culturais recaem
sobre os bens e as práticas sociais, classificando as pessoas pelo que elas
consomem. Barbosa e Campbell (2006) elucidam que é mais lícito ou
interessante consumir livros e Cds, de modo genérico, do que roupas,
sapatos e bolsas, pois o que importa é que, no primeiro caso, somos
considerados intelectuais e, no segundo, fúteis e vazios.
Classificamos também os bens em “básicos” e “supérfluos”, e
consideramos a compra daqueles moralmente legítima, enquanto a compra
dos supérfluos exige de nós retóricas e justificativas que diminuam nossa
culpa. Assim, desenvolvemos critérios de legitimidade e retóricas de
justificativas sobre o que, quando, e por que consumimos. Desenvolvemos
discursos justificadores: 'se comprar agora estarei economizando mais
adiante, devido ao preço baixo do momento, ou mesmo 'foi uma ótima
oportunidade, pois eu estava mesmo precisando'. Daí, quando esse tipo de
retórica se esgota, recorre-se ao discurso recente do 'eu mereço'. Mereço
porque 'trabalho muito', 'porque há tempos não compro nada para mim, só
para os outros', 'porque a vida não pode ser só trabalho, tem que ter prazer',
'porque se for esperar sobrar dinheiro não compro nunca' etc. (BARBOSA
e CAMPBELL, 2006).
Outro alicerce d acultura do consumo é a estimulação da emoção
e o pouco cultivo à razão. A aposta na irracionalidade ou na racionalidade
limitada, pode estar relacionada aos baixos índices de poupança e ao alto
grau de endividamento dos consumidores brasileiros.
Ocorre que nosso cérebro contém uma espécie defeito, numa
linguagem menos técnica, relacionado às emoções, de maneira que
tendemos a supervalorizar ganhos imediatos e despreocuparmo-nos das
despesas futuras. As emoções excitam-se com as recompensas imediatas,
e incompreendem as consequências de suas decisões a longo prazo. Sobre
o tema, Jonah Lehrer (2010, p. 111) ensina que:"[…] Como é certo que as
partes emocionais do cérebro darão menos valor ao futuro – a vida é curta,
e queremos o prazer agora –, todos nós acabamos gastando demais hoje e
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E ainda acrescenta:
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v = Ve-kD (1),
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atraso, que também prevê a inversão na preferência, tem sido testada e seu
poder preditivo tem se mostrado superior ao da hipérbole com amostras
brasileiras (COELHO; HANNA; TODOROV, 2003; TODOROV, 2005),
o qual pode assim ser sistematizado:
v = V/aDb (3),
v = V. aD-b (4),
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Considerações finais
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Referências bibliográficas
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Introdução
1
É a definição, no original: “2.9. A visitor is a traveler taking a trip to a main
destination outside his/her usual environment, for less than a year, for any main
purpose (business, leisure or other personal purpose) other than to be employed
by a resident entity in the country or place visited. These trips taken by visitors
qualify as tourism trips. Tourism refers to the activity of visitors. […]. 2.13. A
visitor (domestic, inbound or outbound) is classified as a tourist (or overnight
visitor), if his/her trip includes an overnight stay, or as a same-day visitor (or
excursionist) otherwise” (UNWTO, s/d).
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2
Confira a carta do Foro Iberoamericano de las Agencias Gubernamentales de
Protección al Consumidor (FIAGC) ao Secretariado Geral da Conferência de
Haia, em 3 de setembro de 2018: “Vivimos en un tiempo de creciente
diversificación de destinos y países generadores del turismo internacional, así
como la auto-reserva de servicios turísticos. Hoy el 45% de los destinos turísticos
son economías emergentes (puntos destacados de la OMT 2017), que no siempre
están bien equipados para informar, ayudar y ayudar a los turistas a tener acceso
a Justicia, ADR y otros canales para resolver sus problemas de manera rápida y
económica. Sabemos que su institución está estudiando canales para ayudar a
llenar este vacío de instrumentos internacionales o esquemas cooperativos para
ayudar a los consumidores que enfrentan problemas en el extranjero en los
países visitados. En la actualidad, 1.300 millones de personas que realizan
turismo transfronterizo y la proyección de la OMT es que en 2030 habrá 1,8
millones: la mayoría de los destinos turísticos internacionales serán economías
emergentes (57%). Este turista debería tener sus derechos respetados en todo el
mundo” (FIAGC, 2018).
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Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
3
Afinal, a proposta brasileira na HCCH e as convenções da UNWTO são
complementares: cf. MARQUES, 2013, p. 311-323.
4 De acordo com o UNWTO World Tourism Barometer, datado de janeiro de 2019,
1.400.000.000
1.200.000.000
1.000.000.000
800.000.000
600.000.000
400.000.000
200.000.000
0
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2018
600
400
200
0
2018 2017 2016 2015 2014
Europe Americas Asia & Pacific Middle East Africa
5
Em 2018, os números são: África, 4,77%, Oriente Médio, 4,56%, Ásia e
Pacífico, 24,43%, Américas, 15,46% e Europa, 50,78%. Em 2002, o número era:
África, 4,24%, Oriente Médio 4,03%, Ásia e Pacífico, 17,66%, Américas, 16,5%
e Europa, 57,66%. Para mais, cf. ROSER (2019).
111
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6
A lista completa dos 15 principais países é: Estados Unidos, Espanha, França,
Tailândia, Reino Unido, Itália, Austrália, Alemanha, Macau, Japão, Hong Kong,
China, Índia e México (UNWTO, 2018a).
112
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
7
O setor do turismo vem logo após a indústria de produtos químicos e
combustíveis, ficando à frente dos setores automotivo e de alimentos,
representando um em cada dez empregos no mundo, e sendo equivalente a 10%
do PIB global (contemplando setores diretos, indiretos e induzidos) (HCCH,
2018, p. 12).
114
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9
Uma pesquisa do governo brasileiro em preparação para a Copa do Mundo de 2014
diz que “a maioria dos turistas que visitam o Brasil em 2010 não utilizou agências de
viagens (65,4%)” (BRASIL, 2014).
10Para
mais detalhes sobre, o procedimento de reparação, cf. LATIL, 2017, p. 199.
11Deve-se notar que, a partir de julho de 2018, a diretriz da UE no. 2015/2302
sobre viagens organizadas é aplicável em vez da Diretiva n. 90/314/EEC do
Conselho da União Europeia de junho de 1990. No entanto, apesar de ter ampliado
consideravelmente as proteções dos viajantes em relação a pacotes de viagem,
agora incluindo pacotes customizados, ele é aplicável para casos de insolvência
do prestador de serviço, não contemplando toda a evolução do setor de turismo
(HCCH, 2018, p. 18 – nota de rodapé n. 56).
116
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contra quem) sempre que ele sofre de um micro-dano14/15, mas também que
tal formulário deve ser apresentado a uma autoridade competente (a ser
designado por cada parte contratante). Este organismo, que será
responsável por fornecer as informações devidas aos visitantes, deverá
também tomar “todas as medidas necessárias, incluindo o fornecimento de
informações, assistência prática e encaminhamento à instituição
responsável […] ou procedimentos alternativos, ou mesmo ao tribunal
competente, para tentar resolver a questão relativa ao serviço turístico que
é objeto de uma queixa” (HCCH, 2015). Nesse sentido, esses órgãos
podem ter um duplo objetivo: agir antes e depois de um acidente acontecer
com o turista-consumidor.
Entretanto, mesmo que a mediação deva ser especificamente
prevista/permitida na legislação nacional para garantir sua legitimidade,
nenhuma fórmula particular para tomar tais medidas é prescrita pelo
Projeto de Convenção, podendo, então, incluir não apenas ajuda
presencial, mas também ajuda remota através do uso de novas tecnologias
de comunicação – o que já está disponível dentro do Estado seria melhor
(devido a custos!) – a fim de resolver as situações havidas durante a
viagem, mas em total equiparação às condições conferidas aos nacionais,
como sugerido pelo Sr. Guinchard (HCCH, 2018, p. 31-32). No entanto,
14
Como o Relatório Final indica, a Colômbia instituiu tal formulário: “[the
consumer] will have to prove the usual information: name and addresses of the
parties as well as a document providing his identity and of course a description
of the dispute along with relevant evidence. The complaint may only be submitted
in writing by post. No email or phone number or online form is provided. The
authority will investigate the case and, accordingly, impose or not, administrative
sanction, which may ultimately be challenged before the administrative courts
after the exhaustion of international recourses within the administration” (HCCH
2018, p. 22).
15O Brasil também tem um exemplo similar de 2019 do uso de tal formulário na
Copa América, quando os formulários foram usados em algumas cidades-sede
(por exemplo, Porto Alegre e Rio de Janeiro) por turistas para queixas de micro-
danos civis sofridos durante sua permanecia nestas cidades - formulários estes que
foram submetidos aos PROCONs locais (à luz do Código de Defesa do
Consumidor), haja vista serem estes responsáveis por investigar as situações e, se
necessário, aplicar multas aos prestadores de serviços.
122
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
16“[R]eviews
play an important role in the trip planning process for those who
actively read them. They provide ideas, make decisions easier, add fun to the
planning process and increase confidence by reducing risk making it easier to
image what places will be like” (YOO, 2008, p. 35-46).
123
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
17
O relatório final sugere que o mecanismo implementado pela Suíça quando se
trata de casos transfronteiriços é um exemplo positivo, onde “indivíduos
domiciliados no exterior apresentam documentos a qualquer representação
diplomática ou consular suíça no exterior”. Se o documento legal for adotado, isso
seria realizado através das autoridades centrais (HCCH, 2018, p. 34)
124
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
18
Esse é o exemplo do Uruguai, onde “é possível iniciar um procedimento via
proxy” (mesmo que a presença física do requerente seja considerada necessária
na audiência inicial) (HCCH, 2018, p. 34).
19
Mediação/conciliação remota é possível em Hong Kong, de acordo com o
Relatório Final. O documento também aponta que outros países também
sugeriram esta possibilidade em certas circunstâncias, como na Argentina, Brasil,
China Continental, Croácia, República Tcheca, França, Alemanha, Israel, Japão,
Lituânia, Paraguai, Portugal, Romênia, Seychelles, Eslováquia. Eslovênia,
Espanha (Catalunha), Suécia e Suíça. Em matéria de processos instaurados no
exterior, embora a Internet (por exemplo, Israel e Lituânia) ou pós (por exemplo,
Bulgária e Ucrânia). Assim, é possível dizer que as novas tecnologias estão
tornando a justiça mais palpável (HCCH, 2018, p. 32 e 34).
20
Na verdade, essa possibilidade de plataforma de ADR ("Alternative Dispute
Resolution") com uma ferramenta de tradução automática é considerada um dos
métodos mais adequados/proporcionais para resolver reclamações sobre micro-
danos ex post facto, já que não apenas os turistas não se preocupariam com o
tempo de sua estadia ou sua presença física (porque estariam disponíveis quando
o consumidor retorna à sua origem), mas também por causa de custos, pois não
haveria necessidade de envolver tribunais e honorários indiretos com
representantes legais para ambos os lados envolvidos (e até mesmo para superar
outras questões, como a cautio judicatum solvi) (HCCH, 2018, p. 47 e 50). Não
apenas isso, esses procedimentos são rápidos e eficazes, como o exemplo da
plataforma brasileira <consumidor.gov.br> que resolve 80% dos seus casos em
uma média de 10 dias, sem quaisquer intermediários, deixando as partes livres
para transacionar livremente. Existem outros exemplos, como o Regulamento
Europeu sobre ODR em vigor na Europa (MORENO, 2019, p. 61), embora
limitado a compras on-line e aberto a residentes europeus. Nesse sentido e à luz
dos custos, os países que já possuem essas plataformas poderiam disponibilizá-
los para visitantes internacionais como já fazem com seus nacionais, cumprindo,
inclusive, com a cláusula de não-discriminação.
125
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
21
Caso sejam, isso decorre de alguma conexão com a residência do consumidor,
do fornecedor do produto comprado/serviço e/ou do território onde o processo foi
iniciado. Especificamente sobre isso, cf. SOARES, 2016, p. 340.
22Para um argumento similar, cf. LEAR, 2007, p. 559-603; e LIU, 2014, p. 137-
173.
126
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
Conclusão
23 “No security, bond or deposit of any kind may be required by reason only of
their foreign nationality or of their not being domiciled or resident in the State in
which the proceedings are commenced, from persons (including legal persons)
habitually resident in a Contracting State who are plaintiffs or parties intervening
in proceedings before courts or tribunals of another contracting state. The same
rule shall apply to any payment required of plaintiffs or intervening parties as
security for court fees” (HCCH, 1980).
127
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
Referências bibliográficas
129
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
131
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
132
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
133
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
1. Introdução
134
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
1
Vide BRANCO, 2016.
135
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
2
Art. 18, da Lei nº 12.965/14: “O provedor de conexão à internet não será
responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por
terceiros”. Cumpre ressaltar que o disposto no artigo em questão diz respeito tão
somente a responsabilidade dos provedores de conexão por conteúdo de terceiros.
Em momento algum – e nem poderia – o dispositivo ilegal isenta esses provedores
dos danos que vierem a causar por atos próprios.
3 Art. 19, caput, da Lei nº 12.965/14: “Com o intuito de assegurar a liberdade de
expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente
poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado
por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para,
no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado,
tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as
disposições legais em contrário”.
136
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
Civil, essa postura ativa dos provedores não gerou maiores controvérsias
em território nacional. No entanto, em especial por conta do fenômeno da
desinformação, impulsionado pelo compartilhamento de notícias falsas nas
redes sociais, e da necessidade de se combater o discurso de ódio na rede,
passou-se a demandar uma postura mais atuante dos provedores de
aplicações de internet em relação ao conteúdo de terceiros em sua
plataforma.4
Nessa direção, os provedores têm adotado comportamento cada
vez mais ativo em relação à remoção de conteúdo postado por terceiros
como forma de manter a integridade de suas plataformas. Mas essas
medidas se dão a partir de quais diretrizes? Como elas são aplicadas na
prática? A ausência de comunicação clara sobre como essas remoções
acontecem terminam por gerar um problema adicional. Quando os
provedores não removem o conteúdo apontado como infringente, alegando
ser o mesmo protegido por liberdade de expressão, questiona-se a sua
inação. Ao mesmo tempo, quando eles vão adiante e promovem a retirada
ativa e a partir de critérios pouco transparentes também são criticados pela
sua atuação. Como legisladores, reguladores e magistrados podem
contribuir para reduzir as complexidades e garantir que direitos venham a
ser preservados nesse contexto?
Esse questionamento reflete os dois lados do regime de
responsabilização dos provedores de aplicações de Internet por conteúdo
de terceiros. Em um primeiro lado, há o regime previsto no artigo 19 do
Marco Civil da Internet, segundo o qual a responsabilidade do provedor de
aplicações de Internet só restará configurada quando houver o
descumprimento de uma decisão judicial. Enquanto que, no outro lado,
encontra-se a responsabilidade civil nas situações em que o provedor de
aplicações incorretamente remove, seja ex officio seja após notificação
extrajudicial, conteúdo de terceiros, implicando restrição indevida a
direitos constitucionalmente garantidos, como os direitos à liberdade de
4
Um exemplo de como o setor privado busca comunicar as medidas adotadas para
remoção de conteúdo em plataformas pode ser encontrada no relatório “Working
to stop Misinformation and False News”, elaborado pelo Facebook:
<https://www.facebook.com/facebookmedia/blog/working-to-stop-
misinformation-and-false-news>. Acesso em: 13.06.2019.
137
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
5
Com opinião crítica, Erica Barbagalo já pontuava: “As atividades desenvolvidas
pelos provedores de serviços na Internet não são atividades de risco por sua
própria natureza, não implicam em riscos para direitos de terceiros maior que os
riscos de qualquer atividade comercial. E interpretar a norma no sentido de que
qualquer dano deve ser indenizado, independente do elemento culpa, pelo simples
fato de ser desenvolvida uma atividade, seria, definitivamente, onerar os que
praticam atividades produtivas regularmente, e consequentemente, atravancar o
desenvolvimento”. (BARBAGALO, 2003, p. 361)
138
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
6
Nas palavras de Marcel Leonardi, “Do mesmo modo, um provedor de
hospedagem não exerce controle direto sobre as atividades de seu usuário, assim
como o proprietário de um imóvel não controla diretamente o que faz seu
inquilino, ocorrendo a mesma situação com provedores de conteúdo que
disponibilizam espaço para divulgação de mensagens sem exercer controle
editorial prévio sobre o que é publicado. Em todas estas hipóteses, não existe
relação de causalidade entre a conduta dos provedores e o dano experimentado
pela vítima. Afigura-se preocupante o crescente desejo social de, com fundamento
na teoria do risco criado, responsabilizar objetivamente os provedores de serviços
de Internet também pelas condutas de terceiros.” (LEONARDI, 2006, p. 110).
139
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
140
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
7
Antes da aprovação do Marco Civil da Internet, esse entendimento encontrou
grande amparo nos tribunais nacionais, inclusive no Superior Tribunal de Justiça.
Conferir: STJ. REsp 1.337.990/SP. Relator: Ministro Paulo de Tarso Sanseverino.
Brasília, 21 de agosto de 2014; STJ. REsp 1.323.754/RJ. Relatora: Ministra
Nancy Andrighi. Brasília, 19 de junho de 2012; STJ. REsp 1.328.706/MG.
Relatora: Ministra Nancy Andrighi. Brasília, 15 de outubro de 2013; e STJ. REsp
1.406.448/RJ. Relatora: Ministra Nancy Andrighi. Brasília, 15 de outubro de
2013.
141
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
8
Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize conteúdo gerado
por terceiros será responsabilizado subsidiariamente pela violação da intimidade
decorrente da divulgação, sem autorização de seus participantes, de imagens, de
vídeos ou de outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de
caráter privado quando, após o recebimento de notificação pelo participante ou
seu representante legal, deixar de promover, de forma diligente, no âmbito e nos
limites técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse conteúdo. Parágrafo
único. A notificação prevista no caput deverá conter, sob pena de nulidade,
elementos que permitam a identificação específica do material apontado como
violador da intimidade do participante e a verificação da legitimidade para
apresentação do pedido.
9Art. 19. (...)§ 2o A aplicação do disposto neste artigo para infrações a direitos de
autor ou a direitos conexos depende de previsão legal específica, que deverá
142
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
10
Confira-se trecho do v. acórdão: “Para fins indenizatórios, todavia, condicionar
a retirada do perfil falso somente "após ordem judicial específica", na dicção desse
artigo, significaria isentar os provedores de aplicações, caso da ré, de toda e
qualquer responsabilidade indenizatória, fazendo letra morta do sistema protetivo
haurido à luz do Código de Defesa do Consumidor, circunstância que, inclusive,
aviltaria preceito constitucional (art. 5°, inciso XXXII, da Constituição Federal).
(...) Destarte, condicionar a responsabilização da ré à prévia tomada de medida
judicial pela autora, na conformidade do art. 19 do "Marco Civil da Internet',
fulminaria seu direito básico de "efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos" (art. 6°, inciso VI, do
Código de Defesa do Consumidor). Logo, a indenização pelos danos morais é
medida que se impõe, à vista da defeituosa prestação de serviços pela ré (art. 14
do Código de Defesa do Consumidor), ainda mais quando da análise das
mensagens partidas em nome da ré pelo(a) falseador(a) denota- se palavreado
chulo e ofensivo aos destinatários, dentre eles seus próprios familiares; atitudes
ilícitas (como, p.ex., desvio de valores de aposentadoria); pecha de fofoqueira; e
fotografia que descaracteriza sua verdadeira imagem (fls. 22 e 72), circunstâncias
que evidentemente a expuseram ao ridículo e prescindem de dilação probatória
para comprovação de danos, caracterizados que estão in re ipsa.”
145
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
11
Tema n.º 987, STF: “Discussão sobre a constitucionalidade do art. 19 da Lei n.
12.965/2014 (Marco Civil da Internet) que determina a necessidade de prévia e
específica ordem judicial de exclusão de conteúdo para a responsabilização civil
de provedor de internet, websites e gestores de aplicativos de redes sociais por
danos decorrentes de atos ilícitos praticados por terceiros.” Disponível em: <
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.
asp?incidente=5160549&numeroProcesso=1037396&classeProcesso=RE&num
eroTema=987>. Acesso em 24.06.2019.
146
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
12
Vide o posicionamento de Anderson Schreiber ao afirmar que “(e)xigir a
judicialização de um conflito relacionado à veiculação de conteúdo na Internet
não significa apenas caminhar na contramão de todas as tendências nessa matéria,
jogando fora aquilo que o notice and takedown tem de mais precioso – a
possibilidade de fornecer uma solução célere e eficiente para o conflito sem impor
um necessário recurso à via judicial -, mas também propagara uma perigosa
“irresponsabilidade civil” dos provedores, perpetuando danos cuja interrupção
permanecerá à espera de uma ordem judicial específica, de produção naturalmente
lenta, situação que se afigura particularmente preocupante no tocante à violação
de direitos da personalidade”. (SCHREIBER, 2011, p. 219).
147
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
13
Imperioso destacar precedentes do STJ que evidenciam a convivência
harmônica entre o CDC e o MCI, assegurando a liberdade de expressão dos
próprios consumidores, permitindo que suas reclamações e críticas sejam
divulgadas. Veja-se: “AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. Retirada de vídeo
ofensivo do YouTube e impedimento de nova postagem ou acesso através de
links. Sentença de parcial procedência. Determinação de retirada de conteúdo
ofensivo. Insurgência de ambas as partes. O conteúdo veiculado não é ofensivo a
ponto de ultrapassar as fronteiras do razoável. Liberdade de manifestação do
pensamento, vedado o anonimato (artigo 5o, inciso IV). O vídeo não transcende
os limites do legítimo exercício do direito à livre manifestação de pensamento ou
mesmo aos padrões socialmente aceitáveis, tendo em vista que o consumidor tem
o direito de expor a sua insatisfação. Sentença reformada. Recurso do autor
desprovido. Recurso da ré provido.” (TJ-SP, Apelação 0158131-
50.2012.8.26.0100, j. em 22 de fevereiro de 2017, Rel. Mary Grun) e
“COMINATÓRIA. EXCLUSÃO DE PERFIS EM REDE SOCIAL.
FACEBOOK. Não há dúvida de que os consumidores, nos perfis apontados, por
vezes, manifestaram-se agressivamente, com críticas fortes aos serviços prestados
pela autora, que recebeu, inclusive, a pecha de fraudadora. E não há dúvida de que
estas críticas causaram abalo à reputação da empresa e, por isso, a cada nova
criação de perfil, que lançava críticas aos serviços, buscava a autora a extensão da
tutela antecipada a fim de que os perfis fossem removidos. Considerando-se os
elementos de prova trazidos pelo réu, nota-se que os usuários, responsáveis pela
criação das páginas, apenas buscaram noticiar e criticar na rede social a falta de
atendimento de seus pedidos, o que representa exercício regular do direito à
manifestação do pensamento. Recurso provido para julgar improcedente o
pedido.27” (TJ-SP, Apelação 1035638-20.2013.8.26.0100, j. em 18 de outubro de
2016, Rel. Carlos Alberto Garbi).
148
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
são assegurados os seguintes direitos: (...) XIII - aplicação das normas de proteção
e defesa do consumidor nas relações de consumo realizadas na internet.
149
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
16
“Os escândalos de privacidade e a dificuldade do Facebook em lidar com sua
amplitude machucou a empresa onde mais dói: o engajamento. De acordo com
uma pesquisa publicada no Reino Unido, a utilização da rede social caiu 20%
desde abril de 2018, quando foram detonados os escândalos da Cambridge
Analytica, uma das maiores crises de privacidade que a companhia já sofreu.” A
íntegra da notícia pode ser lida em: < https://canaltech.com.br/redes-sociais/uso-
do-facebook-caiu-20-desde-o-escandalo-cambridge-analytica-142313/>. Acesso
em: 25.06.2019.
150
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
envio de “spam” pelo autor. Ré que não informa ao usuário cuja página foi
excluída ou bloqueada quais mensagens suas teriam sido consideradas contrárias
aos termos de uso, impedindo que ele conteste essas medidas e até mesmo que
adeque a sua conduta aos padrões adotados pela plataforma. Conduta abusiva.
Ausência de comprovação de impossibilidade técnica de reativação da página.
Obrigação de fazer e astreintes mantidas. Dano moral configurado. Quantum
indenizatório fixado com razoabilidade e adequação, atendendo ao caráter
punitivo e pedagógico da condenação. Recurso desprovido.”
18TJSP, 7ª Câmara de Direito Privado, Apelação nº 1001640-22.2017.8.26.0100,
Rel. Des. Mary Grun, j. em 13.06.2018.
152
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
19
TJSP, 5ª Câmara de Direito Privado, Apelação nº 1137529-79.2016.8.26.0100,
Rel. Des. Denise Cavalcante Fortes Martins, j. em 08.05.2019. Em suas razões de
decidir, o magistrado corretamente pontuou que: “Em que pesem as alegações
recursais, os documentos encartados aos autos não comprovam que as autoras
violaram direitos de terceiros e, por conseguinte, os Termos de Uso do site. Ora,
qualquer pessoa poderia denunciar o conteúdo disponibilizado sem que tivesse
ocorrido efetiva violação. Nessa toada, competia ao réu a juntada de prova cabal
de que as autoras utilizaram propriedade intelectual de terceiros. Porém, o réu não
se desincumbiu do ônus que lhe competia”.
153
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
5. Conclusão
20
TJSP, 2ª Câmara D. Privado, Apelação cível nº 1011000-81.2017.8.26.0002,
Rel. Des. José Joaquim dos Santos, j. 25.04.2018
21Nesse sentido, conferir: “Agravo de instrumento. Ação cominatória visando ao
desbloqueio da conta da Autora em redes sociais. Pedido de tutela provisória de
urgência, “inaudita altera parte”. Indeferimento. Bloqueio provocado por violação
à Declaração de Direitos e Responsabilidades do Facebook. Ausência de
probabilidade do direito. Recurso desprovido” (TJSP, 36ª Câmara de Direito
Privado, Agravo de Instrumento nº 2054799-95.2019.8.26.0000, Rel. Des. Pedro
Baccarat, j. em 09.05.2019).
154
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
Referências bibliográficas
155
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
156
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
158
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
Introdução
159
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
160
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
1 Tradução livre de: “Critical mass refers to the minimal level of demand that
platforms must have on their various sides. Platforms that reach that level are
viable and positioned to grow more through positive feedback effects. Platforms
that fall short of that level are not viable” (EVANS, 2012, p. 28).
2
Vide também, nesse sentido EVANS, David S., SCHALENSEE, Richard.
Matchmakers: the new economics of platform business. Boston, Massachusetts.
Harvard Business Review Press, 2016.
161
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
“O argumento que bens de graça não são vendidos ... não faz
sentido econômico. Empresas ainda tem que tomar decisões
referentes a quanto devem fornecer a um preço zero, e
consumidores ainda precisam decidir quanto devem demandar
considerando que eles geralmente precisam despender recursos
para obter e consumir esses produtos de graça. Em termos de
demanda e oferta competitiva, ou o arranjo padrão de uma firma
maximizadora de lucros em estabelecer preços diante de um
planejamento de demanda decrescente, um “preço de graça”
simplesmente significa que o mercado competitivo ou a empresa
maximizadora de lucro estabelece um preço zero. Zero é apenas
um número.”3 (EVANS, 2011, p. 5)
3
Tradução livre de: “The argument that free goods are not sold … does not make
economic sense. Businesses still have to make decisions on how much to supply
at a price of zero, and consumers still need to decide how much to demand given
that they generally need to expend resources to obtain and consume these free
products. In terms of competitive demand and supply, or the standard framework
for a profit-maximizing firm setting price in the face of a downward sloping
demand schedule, a “free price” simply means that the competitive market or the
profit-maximizing firm sets a price of zero. Zero is just another number”.
162
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
produtos ou gerar receita por meio da venda dos próprios dados fornecidos
pelos consumidores; (ii) obtenção da atenção dos consumidores para
direcioná-los a propagandas personalizadas; (iii) desenvolvimento de uma
base de consumidores para (a) aumentar a atratividade da plataforma; (b)
obter receitas derivadas de “free trials” limitados e vendas de produtos
complementares; (c) aumentar a sua participação de mercado quando
concorrentes ofertarem produtos similares; e (iv) altruísmo e objetivos de
longo-prazo, tais como tecnologias “open-source” que refletem visões
filosóficas mais amplas sobre acesso e inovação (OCDE, 2008, p.4).
Já pelo lado do consumidor, preço zero implica a escolha de um
produto ou serviço não apenas pela sua utilidade, mas essencialmente pela
sua qualidade. Como o preço zero é compensado por diferentes estratégias
de monetização e concorrência em mercados digitais – tais como aquisição
de dados, venda de propagandas, produtos e/ou serviços complementares,
dentre outras – as escolhas dos consumidores enfrentarão obrigatoriamente
trade-offs ao decidirem por diferentes produtos e serviços. Além da
qualidade, outros aspectos podem também afetar as preferências dos
consumidores, tais como a dimensão da inovação e o seu grau de confiança
sobre o produto, além dos nudges externos que serão explorados mais à
frente.
163
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
final. Dessa forma, desde que o agente adquira ou utilize o produto como
destinatário final, o seu preço será indiferente para a constituição ou não
de uma relação de consumo. Nesse sentido é a jurisprudência do STJ:
164
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
165
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
4
A OCDE alerta, no entanto, que para determinar se um mercado de preço zero é
afetado pelo “free effect”, são necessários estudos e pesquisas que fundamentem
tal efeito. Isto porque, referido efeito pode não ser dominante em todos os
mercados e mesmo se consumidores indicarem que uma dada qualidade é
166
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
importante para eles, pode ser o caso que qualquer perda na qualidade é mesmo
assim compensada por eles poderem pagar o produto / serviço a um preço zero.
OCDE, 2008, p. 25 e seguintes.
5
Da mesma forma, a OCDE também ressalva que conclusões de determinados
estudos que procuraram analisar a existência de tal efeito ainda são incertas, já
que, em algumas situações, identificaram que consumidores selecionaram
serviços baseados em critérios de privacidade. OCDE, 2008, p. 27.
6
“Furthermore, the more that customer attention, personal information, and/or
information-on-information become important intangible assets in the digital
economy, the more common become exchanges in which information becomes a
currency for what might otherwise be perceived as a free good. The spreading
phenomenon of free goods is consistent with and perhaps even stimulated by the
lower weight given by many consumers to privacy, and the high degrees of
leniency towards the provision of targeted information.5 These trends have
allowed firms to use the increased demand created by free goods to provide
profitable services such as targeted ads. Of particular note is the seemingly
irrational effect of free goods on consumer choices, as lately confirmed by studies
in behavioral economics.6 Finally, free goods create externalities: the more
individuals are accustomed to free goods in one market, the more they expect to
receive them in related markets.” (GAL e RUBINFELD, 2014, p. 2). Nesse
sentido, ver também O’Brien, Daniel, SMITH, Doug. Privacy in Online Markets:
A Welfare Analysis of Demand Rotations (working paper No. 323, 2014),
available at: http://www.ftc.gov/reports/privacy-online- markets-welfare-
analysis-demand-rotations; EVANS, David S. The Online Advertising Industry:
Economics, Evolution, And Privacy. The Journal of Economic Perspectives 37,
2009.
167
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
169
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
170
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
8
Com relação aos “mercados de atenção”, vide: WU, Tim. Blind Spot: The
Attention Economy and the Law, p. 29. Disponível em:
https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2941094&download=yesWU.
Acesso em 16.08.2019.
9
Vide, nesse sentido, voto-vogal da conselheira Paula Farani de Azevedo Silveira
no Processo Administrativo nº 08012.010483/2011-94 (Representante: E-
Commerce Media Group Informação e Tecnologia Ltda. Representados: Google
Inc. e Google Brasil Internet Ltda.), julgado em 26.06.2019 pelo Plenário do
CADE.
171
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
10
Tradução livre de: “For example, when a strong cross-platform network
externality exists on more than one side of the market, this creates feedback loops.
In these loops, an action can trigger a spiral of reactions, which, as in a multiplier
effect, increase the magnitude of the consequences of the action. As an example,
increasing the price that users pay might reduce the number of users, but this may
also reduce the value of the platform to advertisers and hence reduce the amount
that advertisers are willing to pay. In turn, this may reduce the return that content
providers earn when their content is viewed on the platform, thereby reducing the
amount or quality of content, which may reduce the number of users. Once again,
this may then reduce the amount that advertisers are willing to pay, and so forth.
Each action the platform takes can therefore create a series of reactions (a ripple
effect). If these effects go far enough they may tip the firm towards failure on the
one hand, or dominance (monopoly) on the other”.
172
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
11 Tradução livre de: “In particular, the platforms (…) demonstrate extremely
strong network effects, very strong economies of scale, remarkable economies of
scope due to the role of data, marginal costs close to zero, drastically lower
distribution costs than brick and mortar firms, and a global reach. Markets with
these combined features are prone to tipping—a cycle leading to a dominant firm
and high concentration. Digital markets are prone to tipping for two primary
reasons. First, because fixed costs play such an important role in digital markets,
these markets feature especially large returns to scale. Second, many digital
markets are driven by network effects that strengthen large incumbents and
weaken new entrants”.
12Vide, por exemplo, casos julgados pela Comissão Europeia (e.g., Case
AT.39740 — Google Search (Shopping); Case AT.40099 – Google Android, etc.)
173
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
14
Nesse sentido, vide JOLLS, Christine; SUNSTEIN, Cass R; THALER, Richard
H. A Behavioral Approach to Law and Economics. 50 Stanford Law Rev. 1471
(1998). Disponível em: https://ssrn.com/abstract=2292029. Acesso em
16.08.2019; e THALER, Richard H. Doing Economics Without Homo
Economicus, in Foundations of Research in Economics: How Do Economists Do
Economics? 227, 230-35 (Steven G. Medema & Warren J. Samuels eds., 1996).
175
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
15Nesse sentido, vide: KHAN, Lina M. Amazon's Antitrust Paradox, 126 Yale
L.J. (2016). Disponível em: https://www.yalelawjournal.org/note/amazons-
antitrust-paradox; WU, Tim. The Curse of Bigness. Antitrust in The New Gilded
Age. Columbia Global Reports, 2018, dentre inúmeros outros.
16
Vide, nesse sentido, CRÉMER, Jacques; MONTJOYE, Yves-Alexandre de;
SCHWEITZER Heike. Report on “Competition policy for the digital era”.
Bruxelas: Comissão Europeia, 2019, p. 3 e 4. Disponível em:
http://ec.europa.eu/competition/publications/reports/kd0419345enn.pdf. Acesso
em 16.08.2019; MORTON, Fiona Scott, et. al. Report: Committee for the Study
of Digital Platforms - Market Structure and Antitrust Subcommittee. George J.
Stigler Center for the Study of the Economy and the State, The University of
Chicago Booth School of Business (2019), p. 13. Disponível em:
https://research.chicagobooth.edu/-/media/research/stigler/pdfs/market-structure-
report.pdf?la=en&hash=E08C7C9AA7367F2D612DE24F814074BA43CAED8
C. Acesso em 16.08.2019.
176
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
6. Conclusão
179
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
Referências bibliográficas
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Disponível em:
https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2941094&download
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________. The Curse of Bigness. Antitrust in The New Gilded Age.
Columbia Global Reports, 2018.
184
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1. A Defesa do Consumidor
185
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1
93 – Special Message to the Congress on Protecting the Consumer Interest.
Disponível em: https://www.jfklibrary.org/asset-
viewer/archives/JFKPOF/037/JFKPOF-037-028. Acessado em: 12/08/2019.
186
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3. Conclusão
201
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202
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Referências bibliográficas
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1 O autor se beneficiou muito com o curso e conversar com o professor Omri Ben-
Shahar, sobre ‘novas fronteiras no na análise econômica do direito privado ', em
julho 2017 no curso de Verão da Universidade de Chicago Law School. O autor
é grato ao professor Ben-Shahar e a vários colegas que participaram do curso para
o feedback, comentários e para a troca de idéias em geral, mas as opiniões – e os
equívocos - são pessoais.
2
A divisão entre regulamentação comercial, cível e contratual do consumidor é
clara ao abrigo da legislação brasileira, mas pode não ser tão clara em outros
sistemas. No entanto, o consumidor como sujeito merecedor de proteção especial
é um fenômeno moderno em um grande número de sistemas jurídicos.
3 Por exemplo, a Secretaria de proteção financeira do consumidor, uma agência
criada pela rua Dodd-Frank Wall Reforma e a lei de defesa do consumidor, e cujo
propósito é "para tornar os mercados financeiros dos consumidores,
fornecedores responsáveis e economia como um todo. Protegemos os
consumidores de práticas injustas, enganosas ou abusivas e tomar medidas
contra as empresas que infringem a lei. Nós armamos as pessoas com as
informações, os passos e as ferramentas que eles precisam para tomar decisões
financeiras inteligentes. " (https://www.consumerfinance.gov/about-us/the-
bureau/) afirmou que as razões para regulamentar (e impor) a protecção dos
consumidores são, entre outras, externalidades, falhas de informação, poder de
mercado, bens públicos, vieses cognitivos, a limitação das capacidades
financeiras.
208
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apaixonada e possa às vezes ser um pouco (ou muito) exagerada, eles não
estão totalmente errados.
Como resultado, a proteção dos consumidores ganhou muita
atenção pelos decisores políticos e todos os tipos de regimes
regulamentares e sistemas destinados a proteger os consumidores foram
tentados. Muitas vezes os resultados são decepcionantes. Os regimes são
demasiado dispendiosos e geram demasiados benefícios; em outros casos,
os benefícios criados foram anulados por um impacto não intencional (ou
simplesmente não pensado) no mecanismo de preços e assim por diante.
Apesar de algumas falhas e expectativas frustradas, a proteção do
consumidor está aqui e veio para ficar. É inútil combatê-la, mesmo se a
pessoa for uma defensora radical da liberdade de contrato e não concorda
com o tratamento regulamentar diferencial. É um esforço muito mais
produtivo para tentar tornar a proteção do consumidor mais eficiente.
Este ensaio vai demonstrar que, embora não haja uma fórmula
predefinida a "prova de balas" para determinar qual combinação de regras,
normas e execução efetivamente funciona para alcançar um nível
adequado de proteção do consumidor, há uma série de experiências
regulatórias que podem ajudar o regulador a atingir o nível desejado de
proteção. Para os propósitos deste artigo, um conceito amplo de regulação,
entendido como qualquer forma de ação humana (principalmente
governamental) que limita o comportamento é adotado4.
Este texto vai apresentar as técnicas regulamentares comumente
adotadas, comentar sobre os pontos fortes e fracos de cada técnica e propor
algumas orientações para a concepção de sistemas de regulamentação de
defesa do consumidor. O texto começa com a questão fundamental da
razão pela qual a regulamentação destinada a proteger os consumidores é
necessária, se necessária, navega criticamente sobre a maioria das técnicas
regulamentares e evolui para desenvolver uma proposta modesta para o
desenvolvimento e concepção de uma regulamentação quase-ótima.
4
Usa-se aqui a expressão “regular” em um sentido amplo, a fim de incluir a
decisão por lei, a ordem executiva (quando aplicável), a regulamentação por
Agência e até mesmo a interpretação aplicada pela jurisprudência.
209
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8Além disso, os consumidores às vezes deixam seu "lado 1" do cérebro, o mais
impulsivo e reativo, prevalecer sobre o ' lado 2 ', mais planejador.
9
Uma exceção seria "prática predatória de preços baseados em emergência",
aumento excessivo dos preços quando a razão estável oferta x demanda é alterada
numa situação de emergência. A maioria dos Estados americanos têm leis contra
esta prática'. A lei brasileira proíbe a prática mesmo que não haja emergência para
dar causa ao aumento súbito e drástico do preço.
214
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10
De fato, não existe um debate sério sobre um ambiente livre de regulamentação
para as transações. Como os contratos são incompletos por definição e por uma
série de outras razões, todos os sistemas regulam os contratos por padrão ou regras
obrigatórias, alguns para um maior, outros em menor grau.
11 ' Lemon ' é um termo leigo para indicar carros em más condições, mas tem sido
comumente usado na literatura de lei e economia para indicar um produto ruim
desde que George Akerloff escreveu o seu clássico ensaio "o mercado dos limões:
a incerteza de qualidade e o mecanismo do mercado", publicado em O jornal
trimestral de economia, Vol. 84, no. 3 (agosto, 1970), pp. 488-500 '. Limões são
carros usados em má forma, mas que interesse é o contexto. O uso de termos
obrigatórios para evitar limões tem por intenção proteger os compradores do
215
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
abuso por vendedores em função de que compradores não têm informações sobre
o que é de qualidade razoável e que não é.
12 Uma recente mudança na LINDB brasileira determinou que os juízes devem
levar em conta as consequências de seus julgamentos.
216
Direito do consumidor: novas tendências e perspectiva comparada
15
Se um considera o número de Dunbar, 150 será o máximo de pessoas dentro de
um grupo social no qual podem manter-se relações pessoais estáveis sem regras
mais restritivas e de uma autoridade central para manter as ditas regras.
16
Como Richard Posner (Análise Econômica do Direito, p. 127) afirma bem: "O
que é importante não é se há regatear em cada transação, mas se a concorrência
obriga os vendedores a incorporar em seus termos de contratos padrão que
protegem os compradores. "
219
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220
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Referências bibliográficas
17
Notas tomadas pelo autor em 21 de setembro de 2017, no dia 10 Anual reunião
da Associação Brasileira de direito e economia (ABDE), na cidade de Porto
Alegre.
221
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222
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Introdução
1
A OCDE, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, assim
define Behavioral Insights: “Behavioural Insights (noun): An inductive
approach to policy making that combines insights from psychology, cognitive
science, and social science with empirically-tested results to discover how
humans actually make choices.” (OECD, 2019). A própria OCDE reconhece que
os termos “Behavioral Economics” e “Behavioral Insights” têm sido utilizados
como se fossem sinônimos, embora ela advirta que não possuem exatamente o
mesmo significado e prefira a expressão “Insights”. Em suas palavras:
“Behavioural economics is generally understood as the incorporation of
psychological insights into the study of economic problems. Behavioural insights
often involve multidisciplinary research in fields such as economics, psychology,
neuroeconomics and marketing science to understand consumer behaviour and
decision making”. (OECD, 2017). Para fins do presente texto, não se considera
relevante a diferenciação e os termos são adotados indistintamente.
223
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2
Para uma compreensão inicial das ideias gerais da Escola, sugere-se a leitura dos
livros: (KAHNEMAN, 2012) e (ARIELY, 2008).
3
Conforme Ivo Gico Jr (in TIMM, 2012) a má notícia é que o comportamento
humano diverge do modelo econômico que sempre pautou as políticas públicas.
A boa notícia é que a divergência é sistemática, no sentido de que, tendo um
padrão, continua sendo previsível.
224
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4
É a opinião de (REISCH; ZHAO, 2017, p. 199.)
5
Leia mais em (OECD, 2017).
6 “The CCP held its first roundtable on this topic in 2005 (Roundtable on
in consumer behaviour; and ii) offers new insights for consumer policy but
requires more consideration before it is widely used in policies (OECD, 2006”).
(OECD, 2017).
7 Link: http://www.oecd.org/gov/regulatory-policy/behaviroual-insights-
events.htm
8Id. Ibid., p. 27. Para conhecer ações da União Europeia que relacionam a B.E. à
política consumerista, confira (BAVEL; HERRMANN; ESPOSITO;
PROESTAKIS, 2013).
226
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227
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9
Id. Ibid.
10
Veja essas correlações em (OECD, 2017).
11 Id. Ibid.
12 Id.Ibid.
228
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13
Confira a respeito: (OLIVEIRA; SARAIVA, 2016, pp. 325-356); (OLIVEIRA;
CARVALHO, 2016, pp. 181-202); (OLIVEIRA; CASTRO, 2014, pp. 231-249);
(OLIVEIRA; FERREIRA, 2012, pp. 13-38).
229
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14
Lei n. 12.291/2010.
15
https://pbs.twimg.com/media/DkE10gqXcAAA1Dx.jpg:large
230
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231
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16
Id.ibid.
17
Sobre o tema, recomenda-se MAGALHAES, 2019.
18
Texto da redação final do projeto. Disponível em
https://legis.senado.leg.br/sdleg-
getter/documento?dm=7979003&ts=1563304556322&disposition=inline
232
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19
Portaria n. 618, de 01 de julho de 2019.
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Considerações Finais
235
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Referências bibliográficas
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MAGALHAES, Simone Maria Silva. Nova rotulagem nutricional frontal
dos alimentos industrializados: política pública fundamentada no direito
básico do consumidor à informação clara e adequada. Brasília, 2019.
Dissertação de mestrado.
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MICKLITZ, Hans-W.; REISCH, Lucia A.; HAGEN, Kornelia Hagen. An
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